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933 RENAN AUGUSTO ABIB PASTORE DIVERSIDADE TAXONÔMICA E BIODEGRADAÇÃO DE LIGNINA EM COMUNIDADE BACTERIANA DO SOLO DA CAATINGA CAMPINAS 2016 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE BIOLOGIA

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933

RENAN AUGUSTO ABIB PASTORE

DIVERSIDADE TAXONÔMICA E BIODEGRADAÇÃO DE LIGNINA EM

COMUNIDADE BACTERIANA DO SOLO DA CAATINGA

CAMPINAS

2016

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE BIOLOGIA

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RENAN AUGUSTO ABIB PASTORE

DIVERSIDADE TAXONÔMICA E BIODEGRADAÇÃO DE LIGNINA EM COMUNIDADE BACTERIANA DO SOLO DA

CAATINGA

CAMPINAS

2016

Dissertação apresentada ao Instituto de

Biologia da Universidade Estadual de

Campinas como parte dos requisitos exigidos

para a obtenção do título de Mestre em

Genética e Biologia Molecular na área de

Genética de Micro-organismos.

ESTE ARQUIVO DIGITAL CORRESPONDE À

VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO

DEFENDIDA PELO ALUNO RENAN AUGUSTO

ABIB PASTORE E ORIENTADA PELA

ORIENTADORA VALÉRIA MAIA MERZEL.

Orientadora: VALÉRIA MAIA MERZEL.

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Campinas, 20 de julho de 2016.

COMISSÃO EXAMINADORA

Profa. Dra. Valéria Maia Merzel (Orientadora)

Dr. Tiago Palladino Delforno

Dra. Suzete Aparecida Lanza Destéfano

Prof. Dr. Alysson Wagner Fernandes Duarte

Dra. Lucélia Cabral

Os membros da Comissão Examinadora acima assinaram a Ata de Defesa, que se encontra no processo de vida acadêmica do aluno.

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“Que os nossos esforços desafiem as

impossibilidades. Lembrai-vos de que as

grandes proezas da história foram conquistas

daquilo que parecia impossível”.

Charles Chaplin

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente ao Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas,

Biológicas e Agrícolas da Universidade Estadual de Campinas, por conceder a oportunidade

acadêmica e espaço institucional necessário que permitisse a realização deste trabalho de

mestrado.

À minha orientadora Valéria Maia Merzel, pela orientação e suporte ao longo do

desenvolvimento deste trabalho; como também à Fabianna Fantinatti Garboggini , pelas

sugestões e apoio prestados na qualificação e pré-banca.

Aos integrantes da banca examinadora, Suzete Aparecida Lanza Destéfano e

Tiago Palladino Delforno, pelo aceite de convite e participação na minha defesa de

dissertação.

À CAPES pelo auxílio financeiro e concessão da bolsa de mestrado, o qual sem a

mesma este trabalho não se concretizaria.

À equipe da Divisão de Recursos Microbianos (DRM) do CPQBA/UNICAMP,

pelo companheirismo e aprendizado conquistados durante todos estes anos no dia a dia do

laboratório.

À minha família e amigos pelo apoio, torcida, dicas, amizade e descontração, que

foram muito importantes durante a minha vida de mestrando. E, finalmente, à minha

namorada Tiemi, que há três anos tem me incentivado bastante a não desistir e a lutar pelos

meus sonhos, independente das dificuldades... Meu muito obrigado com muito amor!

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RESUMO

A Caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro, que cobre aproximadamente 11% do

território nacional e considerada a região semiárida mais diversa do mundo. No entanto, o

conhecimento acerca da diversidade microbiana presente no solo da Caatinga, bem como do

potencial biotecnológico a ela associada, ainda é incipiente e escasso. Atualmente, milhões de

toneladas de lignina e compostos relacionados são produzidos como resíduos de efluentes de

indústrias de produção de papel e polpa de celulose, com a previsão que este número aumente

em um futuro próximo, dado o recente desenvolvimento de combustíveis alternativos gerados

da biomassa lignocelulósica. Enzimas microbianas do grupo das ligninases como as lacases

têm recebido grande atenção dos cientistas nas últimas décadas, uma vez que a catálise destas

enzimas na bioconversão e biodegradação da lignina são exploradas tanto industrialmente

(fábricas de papel e celulose, têxtil e produção de biocombustíveis) quanto ambientalmente

(desintoxicação de compostos aromáticos recalcitrantes e remediação de solos e rios

contaminados). Neste sentido, o presente projeto visou investigar a composição e a dinâmica

de comunidades bacterianas nativas do solo da Caatinga sob a influência da adição de lignina

ao meio/microcosmo, aplicando uma abordagem polifásica para a análise da diversidade

taxonômica. Ao mesmo tempo, bactérias com potencial ligninolítico foram isoladas e

exploradas para a prospecção funcional (ABTS, RBBR e Vermelho Congo) e molecular (uso

de primers degenerados) de genes de lacases, com vistas à aplicação futura no tratamento de

águas residuárias e solos contaminados. Durante 27 dias de amostragem, foram isoladas 156

bactérias potencialmente ligninolíticas (39 oriundas diretamente de microcosmos enriquecidos

com 10% de lignina), todas cultivadas em meios específicos com 0,3 % de lignina (m/v). Os

dados gerados pelo sequenciamento Illumina do gene RNAr 16S mostrou que a introdução da

lignina nos microcosmos proporcionou mudanças na abundância de grupos taxonômicos

pertencentes à comunidade bacteriana ao longo do tempo, interferindo na composição da

microbiota nos microcosmos avaliados. Enquanto que a maioria dos grupos taxonômicos

bacterianos tenha sido suprimida, alguns gêneros como Bacillus e Streptomyces apresentaram

significativo aumento de abundância ao longo do enriquecimento, acompanhados também por

outros grupos taxonomicamente não descritos, ainda, pela literatura. Os ensaios moleculares e

funcionais usados para a prospecção de lacases aparentemente não apresentaram sucesso. No

entanto, alguns isolados foram selecionados para ensaios de cromatografia gasosa acoplada à

espectrometria de massas (CG-EM), no qual os compostos liberados durante a biodegradação

da lignina foram analisados.

Palavras-Chave: Caatinga; lignina; biodegradação; bactérias ligninolíticas; Illumina.

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ABSTRACT

The Caatinga is an exclusively brazilian biome, accounting for approximately 11% of the

national territory and considered the most diverse semi-arid region of the world. However, the

knowledge about the microbial diversity present in the soil of Caatinga and the

biotechnological potential associated with it is still incipient and scarce. Currently, millions of

tons of lignin and related compounds are produced as waste from effluents of paper and

cellulose pulp industries, with the forecast which this number will increase in the near future,

given the recent development of alternative fuels generated from lignocellulosic biomass.

Microbial enzymes from the group of ligninases, such as laccases, have received much

attention of scientists in recent decades, once the catalysis by these enzymes in bioconversion

and biodegradation of lignin is exploited both industrially (paper and pulp mills, textile and

biofuels industries) and environmentally (like detoxification of recalcitrant aromatic

compounds and remediation of contaminated soils and rivers). In this sense, this work

investigated native bacterial communities from soil of Caatinga under the influence of the

addition of lignin, applying a polyphasic approach to the analysis of taxonomic diversity. At

the same time, bacteria with ligninolytic potential were isolated and cultivated for molecular

(use of degenerated primers) and functional (ABTS, RBBR e Congo Red) assays to screening

bacterial genes from laccases, hoping a future application in the treatment of sewage and

contaminated soils. During 27 days of sampling, 156 bacteria potentially ligninolytic were

isolated (39 derived directly from microcosms supplemented with 10% lignin), all of them

grown in culture medium with 0.3% lignin (w/v). The data generated by Illumina sequencing

of 16S rRNA gene showed that the introduction of lignin in the microcosms provided changes

in the abundance of taxa belonging to the bacterial community over time, affecting the

microbiota composition in the evaluated microcosms. While the most bacterial taxonomic

groups have been supressed, some genera such as Bacillus and Streptomyces showed

significant increase in abundance under enrichment, as well as other groups not described yet

in the literature. The molecular and functional assays used to prospect laccases apparently

showed unsuccessful. However, some isolated were selected for gas chromatography-mass

spectrometry (CG-EM) assays, in which the compounds released during biodegradation of

lignin were analyzed.

Keywords: Caatinga; lignin; biodegradation; ligninolytic bacteria; Illumina.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 11

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 14

2.1 O bioma Caatinga ..................................................................................................... 14

2.2 Geologia e geomorfologia ........................................................................................ 15

2.3 Biodiversidade .......................................................................................................... 17

2.4 O solo e a microbiota da Caatinga ............................................................................ 20

2.5 Micro-organismos termofílicos e enzimas termoestáveis ......................................... 22

2.6 Lignina ...................................................................................................................... 22

2.6.1 Ligninases e a atividade ligninolítica ................................................................. 25

2.6.1.1. Lacases – as biocatalisadoras ecológicas ........................................................ 26

2.7 Sequenciamento de DNA.......................................................................................... 27

2.7.1 Plataforma Illumina ............................................................................................. 27

2.8.1.1. Sistema MiSeq................................................................................................. 29

2.9 Análise da diversidade bacteriana através do gene RNAr 16S ................................. 29

3. OBJETIVOS .................................................................................................................. 33

3.1. Objetivo Geral .......................................................................................................... 33

3.2. Objetivos Específicos .............................................................................................. 33

4. MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................... 34

4.1 Local de coleta do solo ............................................................................................. 34

4.1.1. Análise meteorológica ........................................................................................ 35

4.1.2. Análise físico-química do solo ........................................................................... 37

4.2 Microcosmos e enriquecimento ................................................................................ 38

4.2.1 Isolamento de colônias bacterianas potencialmente ligninolíticas ........................ 40

4.2.1.1 Meios de cultivo ............................................................................................... 41

4.2.1.2 Diluição seriada ................................................................................................ 42

4.2.1.3 Plaqueamento ................................................................................................... 42

4.2.1.4 Nomenclatura dos microcosmos ...................................................................... 42

4.2.1.5 Contagem de unidades formadoras de colônias ............................................... 43

4.2.1.6 Construção da coleção de culturas bacterianas potencialmente ligninolíticas

isoladas do solo da Caatinga ........................................................................................ 43

4.2.1.7 Descrição macromorfológica de colônias bacterianas ..................................... 44

4.3 Screening de lacases envolvidas na degradação de lignina ...................................... 44

4.4 Extração de DNA ...................................................................................................... 46

4.4.1 Extração de DNA total dos microcosmos ........................................................... 46

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4.4.2 Extração do DNA genômico de isolados bacterianos ......................................... 47

4.5 Amplificação de genes bacterianos de lacases utilizando primers degenerados ...... 47

4.6 Sequenciamento de DNA dos microcosmos ............................................................. 49

4.7 Estimativas de riqueza e avaliação da diversidade taxonômica bacteriana .............. 50

4.8 Análises filogenéticas ............................................................................................... 52

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 53

5.1 Análise físico-química do solo ................................................................................. 53

5.2 Riqueza e diversidade bacteriana nos microcosmos ................................................. 55

5.3 Afiliação taxonômica de comunidades bacterianas dos microcosmos ..................... 66

5.3.1 Estrutura das comunidades bacterianas em nível de filo ..................................... 67

5.3.2 Estrutura das comunidades bacterianas em nível de família ............................... 71

5.3.3 Estrutura das comunidades bacterianas em nível de gênero ............................... 75

5.3.4 Detalhamento da composição da comunidade bacteriana ao final do enriquecimento

...................................................................................................................................... 82

5.4 Isolamento de colônias bacterianas potencialmente ligninolíticas ........................... 83

5.4.1 Coleção de culturas bacterianas isoladas do solo da Caatinga ............................ 84

5.4.2 Diversidade fenotípica e caracterização macromorfológica das bactérias

isoladas..........................................................................................................................85

5.5 População bacteriana do solo .................................................................................... 87

5.6 Potencial de biodegradação da lignina nos microcosmos enriquecidos ................... 88

5.7 Screening funcional dos isolados para produção de lacases ..................................... 91

5.8 Triagem via PCR de lacases a partir do DNA total dos microcosmos e isolados

bacterianos... ............................................................................................................... ..93

5.9 Filogenia dos isolados bacterianos dos microcosmos enriquecidos ......................... 97

6. CONCLUSÕES ............................................................................................................ 102

7. PERSPECTIVAS ......................................................................................................... 103

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 104

9. ANEXOS ...................................................................................................................... 118

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1. INTRODUÇÃO

A Caatinga é uma das maiores e mais distintas regiões fitogeográficas do Brasil,

ocupando cerca de 10% do território nacional e considerada a região semiárida mais diversa

do mundo (LEAL et al., 2003, 2005). Fatores ambientais característicos da região, como altas

temperaturas, déficit hídrico e chuvas irregulares têm exigido respostas adaptativas

específicas na sua biota nativa, propiciando a existência de um patrimônio genético único

deste que permita a sobrevivência das espécies a estes extremos. Porém, embora recentemente

sua biodiversidade tenha-se revelado elevada e de alto grau de endemismo, a Caatinga é

considerado o bioma menos explorado cientificamente e menos protegido do país,

negligenciado pela maioria das políticas nacionais e unidades de conservação (MMA 2015).

Considerada a região semiárida mais populosa do mundo, a Caatinga tem sido

desmatada de forma acelerada e intensa no decorrer das últimas décadas, no qual o uso

contínuo da terra pelo homem para produção agrícola, pastagem e extrativismo tem

contribuído para a degradação de sua cobertura vegetal nativa e extinção de espécies

endêmicas na região. Tais fatores têm interferido não só na plasticidade e subsistência do

bioma frente às próprias condições extremas inerentes à região, como também tem colocado

em xeque a ciclagem e a dinâmica orgânica e inorgânica de seus ecossistemas e a manutenção

natural de sua biodiversidade, uma vez que atividades econômicas como superpastoreio,

monoculturas e urbanização tem exercido pressão diretamente sobre os recursos naturais

presentes no solo da Caatinga (CASTELLETTI et al., 2003; INPE, 2015).

No caso do solo da Caatinga, o conhecimento acerca da diversidade microbiana

nativa e o potencial biotecnológico a ela associada ainda é bastante escasso (GANS et al,

2005), fato que se torna mais preocupante ao passo que o desmatamento do bioma, associado

ao uso e ocupação do solo, tornam-se atividades cada vez mais frequentes na região (INPE,

2015).

Em solos de ambientes terrestres, a lignina representa parte significativa na

composição dos mesmos, sendo encontrada naturalmente como componente vegetal de raízes

ou matéria orgânica resultante da deposição de folhas, brotos ou troncos no solo, que será

aproveitada por uma grande variedade de microrganismos. Atualmente, milhões de toneladas

de lignina e compostos relacionados são produzidos como resíduos de efluentes de indústrias

de produção de papel e polpa de celulose (RAMOS et al., 2009), com a previsão que este

número aumente em um futuro próximo, dado o recente desenvolvimento de combustíveis

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alternativos gerados da biomassa lignocelulósica que visam substituir o uso de derivados do

petróleo. Mesmo em biorefinarias que trabalham com processos de produção de

biocombustíveis, apenas a parte (hemi) celulósica é aproveitada, com o componente da

lignina limitado a resíduos de baixo valor (STEWART, 2008), ou então, para a geração de

calor e energia através da incineração (HIMMEL et al., 2007). Segundo Gosselink et al.

(2004), atualmente menos de 100 mil toneladas de lignina obtidas por ano a partir do processo

Kraft (processo industrial mais comum empregado na produção de papel e polpa de celulose)

é comercialmente explorado, desprezando as mais de 50-60 milhões de toneladas de lignina

geradas anualmente apenas por indústrias de papel (U.S. DEPARTMENT OF ENERGY,

2004; HOLLADAY et al., 2007; CHRISTOPHER, 2014). Assim, ao mesmo passo que o

desenvolvimento de tecnologias de despolimerização da lignina é importante para a produção

de energia sustentável (como é o caso do etanol de 2ª geração) e geração de produtos

químicos diferenciados e versáteis para a indústria em geral, o tratamento de seus resíduos (ou

análogos estruturais) industriais deve ser considerado igualmente importante e premente, dado

o acúmulo já existente dos mesmos no meio ambiente causado através da industrialização

histórica mundial.

A degradação biológica da lignina pode ser realizada tanto por fungos quanto por

bactérias. Enquanto que o processo de biodegradação por fungos ligninolíticos seja mais

conhecido e documentado, o conhecimento da biodegradação bacteriana da lignina ainda é

bastante incipiente e prematuro, com poucas linhagens ligninolíticas descritas e caracterizadas

até o momento (BANDOUNAS et al., 2011). A despolimerização da lignina por bactérias ou

outros seres vivos é desempenhado através de enzimas específicas, conhecidas como

ligninases ou LMEs (lignin-modifying enzymes), no qual as lacases fazem parte. As lacases

têm sido bastante exploradas em processos de tratamento e remoção de grande variedade de

poluentes liberados por efluentes de indústrias petroquímicas, têxtil, papel e celulose. Estudos

envolvendo a manipulação genética, a modificação de sítios catalíticos e o isolamento de

novas lacases vêm prometendo revolucionar o desafio de recuperação e tratamento de solos e

efluentes que estejam contaminados pelos chamados poluentes emergentes, classe de

contaminantes que incluem hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs), clorofenóis,

bifenilas policlorados (PCBs), fenóis, herbicidas, pesticidas organofosforados, corantes e

compostos xenobióticos de difícil degradação no meio ambiente (PÉREZ, 2002;

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RODRÍGUEZ et al., 2004; MARTÍNEZ et al., 2005; COUTO, 2006; TELLEZ-JURADO et

al., 2006; HUSAIN, 2008; CAÑAS, 2010; SANTHANAM et al., 2011).

Solos de florestas contém uma diversidade de genes de lacases, com grandes

diferenças em seus mecanismos de indução, grau de polimorfismo e propriedades cinéticas e

físico-químicas (massa molecular, ponto isoelétrico, teor de carboidratos) de seus produtos

proteicos (THEVENOT, 2010). Os fungos saprófitas, por exemplo, parecem exibir uma maior

diversidade de genes de lacases quando comparados aos micorrízicos, possivelmente devido à

maior variedade de fontes de carbono e matéria orgânica com os quais os saprófitos interagem

(CAÑAS, 2010). Analogamente, bactérias nativas de ambientes considerados extremos

também poderiam estar sujeitas a diferenças na estrutura dos seus genes de lacases em relação

a outras isoladas de demais ambientes naturais (FERRER et al., 2007). Devido às

particularidades extremas da Caatinga, é provável que os solos deste bioma guardem

isoformas de lacases bacterianas ainda desconhecidas, bem como novas propriedades

moleculares diferentes das lacases fúngicas ou bacterianas já conhecidas. Comunidades

bacterianas nativas do solo da Caatinga podem ter desenvolvido respostas adaptativas

específicas às condições extremas deste bioma, influenciando mecanismos de produção de

energia e a utilização de fontes de carbono que fossem mais complexas, como a lignina, da

qual as lacases estariam envolvidas. Neste sentido, este trabalho teve como objetivo avaliar a

influência da lignina na dinâmica da diversidade taxonômica de uma comunidade bacteriana

nativa do solo da Caatinga e o enriquecimento de bactérias que fossem potencialmente

ligninolíticas, realizando-se ao mesmo tempo a prospecção funcional e molecular de lacases

em isolados bacterianos e na comunidade bacteriana presente no solo.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 O bioma Caatinga

Exclusivamente brasileiro, o bioma Caatinga abrange desde o norte do estado de

Minas Gerais até a região Nordeste do país (Figura 1), ocupando cerca de 70% desta região e

aproximadamente 11% do território nacional (850 mil km²) (MMA, 2003; GIULIETTI et al.,

2006). O nome “caatinga” tem origem Tupi-Guarani e significa “floresta branca”, condizente

com o aspecto da vegetação na estação seca, quando as folhas caem e apenas os troncos

brancos e brilhosos das árvores e arbustos permanecem na paisagem (ALBUQUERQUE &

BANDEIRA, 1995). A Caatinga pode ser caracterizada basicamente pelo predomínio da

vegetação xerófila e clima semiárido, com temperaturas que podem variar entre 24 e 28ºC

(SAMPAIO, 1995). Cerca de 27 milhões de pessoas vivem na região, a maioria carente e

dependente dos recursos do bioma para sobreviver (MMA, 2015b).

Figura 1. Localização do bioma Caatinga (Fonte: EMBRAPA, 2015).

As chuvas na região da Caatinga são distribuídas irregularmente ao longo do ano,

geralmente com índices pluviométricos anuais abaixo de 1000 mm e média de 750 mm. A

maioria das chuvas na região se concentra em três a cinco meses consecutivos, conhecidos

como período chuvoso, enquanto que em mais de seis meses a precipitação é muito baixa ou

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inexistente (período da seca severa), normalmente situada entre maio e novembro

(SAMPAIO, 1995; CHIANG, 2004). A Caatinga apresenta, ainda, muitas características

extremas dentre os parâmetros meteorológicos, como a mais alta radiação solar, baixa

nebulosidade, a mais alta temperatura média anual, as menores taxas de umidade relativa,

evapotranspiração potencial mais elevada, e, sobretudo, as precipitações mais baixas e

irregulares, limitadas, na maior parte da área, a um período muito curto no ano (LEAL et al.,

2003).

2.2 Geologia e geomorfologia

A maior parte da Caatinga é localizada nas depressões interplanálticas

(AB’SÁBER 1974), estendendo-se ao longo de pediplanos ondulados expostos a partir de

sedimentos do Cretáceo ou Terciário que cobriam o escudo brasileiro basal do período Pré-

Cambriano (Figura 2). Um grande processo de pediplanação (desenvolvimento de áreas

aplainadas) ocorreu durante o Terciário Superior e Quaternário inferior (COLE, 1960;

AB’SÁBER 1974), descobrindo as superfícies atuais de rochas cristalinas do Pré-Cambriano

(gnaisses, granitos e xistos) e gerando vestígios (inselbergs, serras ou chapadas, em ordem de

erosão decrescente) isolados de superfícies mais jovens pela Caatinga (LEAL et al., 2003).

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Figura 2. Origem geomorfológica da Caatinga (Fonte: PROBIO, 2000).

Como resultado da origem do substrato da Caatinga (rochas pré-cambrianas

cristalinas e setores sedimentares localizados), os solos são pedregosos e rasos, com a rocha-

mãe escassamente decomposta a profundidades exíguas e muitos afloramentos de rochas

maciças (TRICART 1961; AB’SÁBER 1974; LEAL et al., 2003). A origem geomorfológica e

geológica da Caatinga levou à formação de mosaicos de solos complexos, de características

variadas mesmo dentro de curtas distâncias (SAMPAIO, 1995; LEAL et al., 2003). Porém,

certa predominância de solos marrons sem cálcio é verificada, freqüentemente vertissolos

com pedras e pedregulhos característicos na superfície (BEEK & BRAMAO 1968,

FIGUEIREDO-GOMES 1981; BAUTISTA, 1986). A formação de outros solos como

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entissolos (especialmente latossolos) também é comum; geralmente derivada da influência do

clima nas rochas-mãe. Embora a superfície das rochas desta formação geológica seja alcalina,

as chuvas irregulares da Caatinga provocam uma dissolução de suas bases, lixiviando-as e

criando, desse modo, o microambiente ácido típico do solo da Caatinga (LEAL et al., 2003).

2.3 Biodiversidade

O regime de chuvas altamente variável e imprevisível, secas, temperaturas

extremas e déficit hídrico preponderante têm modelado as vidas animal e vegetal particulares

da Caatinga, favorecendo a seleção de mecanismos adaptativos inerentes à biota local

(NIMER, 1977). Tal cenário evolutivo pode ter contribuído sobremaneira para que a Caatinga

apresente índices de biodiversidade inclusive mais altos que os registrados para outras

florestas secas do mundo (LEAL et al., 2005), sendo considerada a região semiárida mais

diversa do planeta. Estima-se que a Caatinga abrigue aproximadamente 178 espécies de

mamíferos, 591 de aves, 177 de répteis, 79 espécies de anfíbios e 241 de peixes, além de

pequenos vertebrados e milhares de invertebrados (Figura 3). Em relação à vegetação, as

fitofisionomias da Caatinga são muito variáveis, dependendo do regime de chuvas e do tipo

de solo, exibindo florestas altas e secas com até 15-20 metros de altura (“caatinga arbórea”)

até afloramentos de rochas com arbustos baixos e esparsos, com cactos e bromeliáceas nas

fendas (PRADO, 2003; MMA, 2015). Até 1991, dados levantados por Prado apontavam a

flora na Caatinga composta por 45 famílias, 199 gêneros e 437 espécies descritas, números

provavelmente maiores se considerados dados atuais da taxonomia vegetal neste bioma

(PRADO, 1991; TAYLOR, 2000). Estimativas do ICMBio também indicam alto grau de

endemismo na região, com pelo menos 380 espécies endêmicas na Caatinga (ICMBio, 2015).

Acredita-se, ainda, que o número real de espécies na Caatinga seja eminentemente maior, uma

vez que 41% da região nunca foram investigados e 80% permanecem sub-amostrados (MMA,

2007), correspondendo ao bioma brasileiro menos explorado cientificamente (LEAL et al.,

2005; SANTOS et al., 2011).

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Figura 3. Fauna e flora típicas da Caatinga. A Caatinga é caracterizada por alto grau de endemismo

florístico, com espécies da família Cactaceae particularmente numerosas em sua extensão. A fauna

concentra maior endemismo nos répteis, anfíbios e aves, porém mamíferos como o mocó (Kerodon

rupestres, foto superior direita) e o tatu-galinha (Dasypus novemcinctus, foto inferior direita) são

espécies remanescentes de linhagens evolutivas autóctones desta área (Fotos oriundas de Revista

FAPESP, Scientific American e Cristian Dimitrius®).

Resumidamente, a Caatinga pode ser caracterizada por florestas arbóreas ou

arbustivas, principalmente árvores e arbustos baixos, dos quais muitos apresentam espinhos,

microfilia e algumas características xerofíticas. Além da conservação da Caatinga ser

importante para a manutenção de padrões regionais e globais do clima, equilíbrio na

disponibilidade de água potável e solos agricultáveis, a sua biodiversidade ampara diversas

atividades econômicas voltadas para fins agrossilvopastoris e industriais, abrangendo tanto o

uso sustentável de seus recursos quanto a bioprospecção de moléculas biotecnologicamente

atrativas ao setor farmacêutico, cosmético, químico e alimentício.

Infelizmente, a Caatinga continua sendo desmatada de forma acelerada,

principalmente nos últimos anos, vítima de desenfreadas atividades extrativistas, chegando a

preocupantes 46% de sua área total, com alguns estados apresentando índices de

desmatamento inclusive maiores que as áreas preservadas (Figura 4). Além de ser um dos

ecossistemas menos conhecidos na América do Sul do ponto de vista científico (MMA 2015),

a Caatinga possui a menor extensão territorial protegida por unidades de conservação dentre

todos os biomas brasileiros (Figura 5) (LEAL et al., 2005; MMA, 2007), um sério risco tanto

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ao patrimônio genético inerente à sua biota como ao imenso potencial biotecnológico e uso

sustentável a ela associados, ao mesmo tempo que as pressões antrópicas se tornam crescentes

na região (CASTELLETTI et al., 2003).

Figura 4. Taxa de desmatamento da Caatinga por estado do Nordeste em 2013/2014.

Fonte: INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), 2015.

Figura 5. Desmatamento da Caatinga. Retirado e traduzido de Revista FAPESP e MMA.

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2.4 O solo e a microbiota da Caatinga

O solo é a principal fonte de carbono orgânico da Terra, abrigando a maior reserva

natural de microrganismos e variedade de nichos do planeta (WHITMAN, 1998). São

ambientes considerados complexos, tanto pelo extraordinário número de micro-habitats que

podem abrigar quanto pelas múltiplas interações de elementos físico-químicos (pH,

temperatura, umidade, estrutura das partículas, atividade biótica) possíveis ao longo de sua

extensão (ROESCH et al., 2007).

A diversidade microbiana presente em ecossistemas como o solo excede, de

longe, a de organismos eucarióticos superiores. Um grama de solo é capaz de abrigar até um

bilhão de microrganismos de milhares de espécies diferentes, representando um grande

reservatório natural de diversidade genética e bioquímica de um ecossistema (TORSVIK et al.

2002). No caso do solo da Caatinga, o conhecimento acerca da diversidade microbiana nativa

e o potencial biotecnológico a ela associada ainda é escasso (GANS et al, 2005), fato que se

torna mais preocupante com o uso contínuo da terra pelo homem para produção agrícola,

pastagem e extrativismo (INPE, 2015).

Segundo o monitoramento por satélite da Caatinga realizado pelo grupo de

Geoprocessamento do Centro Regional do Nordeste (CRN) do Instituto Nacional de

Pesquisas Espaciais (INPE), os Estados de Alagoas e Pernambuco revelaram a maior

percentagem de desmatamento entre as áreas mapeadas da Caatinga (Figura 6). Tal

monitoramento consistiu no mapeamento de aproximadamente 90 mil km², o que representa

14% dos seis Estados e 9,15% do total da Caatinga. O monitoramento quantificou as áreas de

vegetação natural e as alteradas, delimitando as áreas de produção agrícola, culturas perenes e

pastagens, entre outras; contabilizando em 40% de Caatinga Preservada, 45% de Caatinga

Degradada, 7,2% de Solo Exposto, 6,5% de lavoura e 0,7% de corpos d’água (Figura 7).

Embora o monitoramento ainda esteja em execução, tais índices de desmatamento já se

mostram alarmantes e ameaçadores à biodiversidade da Caatinga, uma vez que os mesmos

resultados nocivos provavelmente devem se repetir nos quase 90% do bioma que não

entraram neste mapeamento.

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Figura 6. Monitoramento por satélite de desmatamento de áreas pertencentes ao bioma da

Caatinga. Fonte: INPE, 2015.

Figura 7. Uso e ocupação dos solos por estados do Nordeste. Fonte: INPE (Instituto Nacional de

Pesquisas Espaciais), 2015.

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2.5 Micro-organismos termofílicos e enzimas termoestáveis

O clima semiárido da Caatinga propicia naturalmente a existência de micro-

organismos extremófilos, que sobrevivem a temperaturas entre 45 a 80º C (STETTER, 1996).

Com base na temperatura ótima de crescimento, os termófilos podem ser divididos em três

grupos: termotolerantes, que possuem temperatura ótima de crescimento próxima a micro-

organismos mesofílicos, mas são capazes de sobreviver à temperatura máxima de

aproximadamente 50º C; termófilos propriamente ditos, que tem uma temperatura ótima entre

50 e 70º C; e termófilos extremos (ou extremófilos), cuja temperatura ótima ultrapassa os

70ºC (WIEGEL, 1998; GAO, 2012). Micro-organismos termófilos podem fornecer um

importante reservatório natural para o screening de enzimas termoestáveis ou metabólitos de

interesse biotecnológico (VAN DEN BERG, 2003; GAO, 2012), uma vez que alguns

processos industriais que utilizam hidrólises enzimáticas sob altas temperaturas (como a

hidrólise de lignocelulose para a produção de etanol de 2ª geração) apresentam maiores

vantagens em relação a outros processos baseados no uso de enzimas de microrganismos

mesofílicos (TURNER, 2007; GAO, 2012). Além da própria vantagem da termoestabilidade

enzimática, outras vantagens têm sido reportadas na aplicação industrial de processos

termofílicos, tais como aumento da solubilidade de substratos poliméricos (maior

acessibilidade e penetração da enzima ao substrato), maior tolerância a solventes orgânicos,

redução dos riscos de contaminação bacteriana ou fágica e menor perda de atividade

enzimática (TURNER, 2007; GAO, 2012).

2.6 Lignina

A lignocelulose é o principal componente da biomassa do planeta, representando

cerca de metade da matéria produzida pela fotossíntese. É composta por três tipos de

polímeros: lignina, celulose e hemicelulose (PÉREZ, 2002). A lignina é o segundo

biopolímero mais abundante da Terra, representando a maior fonte de compostos aromáticos

vegetais presente em ecossistemas terrestres. Na natureza, a lignina é encontrada em plantas

gimnospermas e angiospermas, constituindo estruturalmente a parede celular de tecidos e

órgãos vegetais (Figura 8). A lignina representa ainda uma parte significativa na composição

de solos (pode chegar até 20%) de ambientes terrestres, como componente do próprio sistema

vegetal de raízes ou como resultado da deposição de folhas, brotos ou troncos; matéria

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orgânica esta que será aproveitada por uma grande variedade de microrganismos do solo

(THEVENOT, 2010).

Figura 8. Representação esquemática de parede celular secundária vegetal. Cadeias lineares de

celulose e ramificadas de hemicelulose estão imersas em uma matriz de lignina formada por siringil,

guaiacil e p-hidroxifenil, unidades fenilpropanóides em uma variedade de subestruturas contendo éter

e ligações C-C, entre outras unidades. Ácidos cinâmicos (CA, ácido p-cumárico; FA, ácido ferúlico; e

SA, ácido sinapílico) também são mostrados, com alguns deles formando pontes de lignina em

carboidratos. Retirado e traduzido de (BIDLACK, 1992; MARTÍNEZ et al., 2009).

A lignina é um heteropolímero aromático complexo, constituído por unidades de

hidroxifenil-propanóides conectadas por ligações C – C e C – O – C (VALÁSKOVÁ, 2007),

formado principalmente por três álcoois precursores (Figura 9): álcool p-hidroxicinamil

(coumaril), que dá origem às unidades p-hidroxifenil (H) no polímero; álcool 4-hidroxi-3-

metoxicinamil (coniferil), que compõe as unidades guaiacil (G); e álcool 3-5- dimetoxi-4-

hidroxicinamil (sinaptil), que forma as unidades siringil (S) (FREUDENBERG, 1968). No

entanto, apesar de numerosos estudos realizados desde seis décadas atrás, até hoje a estrutura

da lignina (Figura 10) não foi completamente elucidada (GLAZER & NIKAIDO, 1995;

CHRISTOPHER, 2014).

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Figura 9. Álcoois precursores da lignina (Traduzido de VELEZ, 2014).

A quantidade e a composição da lignina variam entre os táxons, tipos de células, e

camadas individuais da parede celular, sendo influenciadas por estímulos ambientais ou pelo

desenvolvimento vegetal (CAMPBELL, 1996). Embora existam exceções, a lignina de

angiospermas dicotiledôneas (hardwood) consiste principalmente em unidades G e S e

vestígios de unidades H, enquanto que a lignina de gimnospermas (softwood) é

majoritariamente composta de unidades G, com baixos níveis de unidades H (BOERJAN,

2003; CHRISTOPHER, 2014).

Figura 10. Estrutura central da lignina. Embora alguns grupos funcionais da lignina sejam

conhecidos, sua estrutura ainda não está completamente resolvida, sendo variável entre espécies

diferentes ou mesmo em um único indivíduo (Traduzido de VELEZ, 2014; estrutura proposta por

GLAZER & NIKAIDO, 1995).

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A degradação biológica da lignina pode ser realizada tanto por bactérias quanto por

fungos, sendo estes últimos os organismos da subdivisão dos basidiomicetos os mais

estudados (SÁNCHEZ, 2009; BUGG et al., 2011). Embora as bactérias ligninolíticas não

sejam ainda bem estudadas, várias já foram descritas realizando a degradação da lignina e

metabolismo de compostos aromáticos dela derivados (CRAWFORD, 1980;

ZIMMERMANN, 1990; VICUNA et al., 1993; ARCHANA & MAHADEVANA, 2002;

CHEN et al., 2012; SHI et al., 2013), sendo elas pertencentes a grupos como α-Proteobacteria

(e.g., Sphingomonas spp.), γ-Proteobacteria (e.g., Pseudomonas spp.), Actinobacteria

(Rhodococcus, Nocardia e Streptomyces spp.) e Firmicutes (e.g., Bacillus spp.)

(PERESTELO et al., 1996; ZIMMERMANN, 1990; WENZEL et al., 2002; MASAI, 2007;

CANAS et al., 2007; BUGG et al., 2011; BANDOUNAS et al., 2011).

Kraft-lignin (KL) tem sido o principal composto químico utilizado como lignina

experimental para estudos de biodegradação microbiana da lignina (FORNEY & REDDY,

1979; FIECHTER, 1982; PERESTELO et al. 1996; MORII, 1995; BANDOUNAS et al.,

2011; CHEN et al., 2012; SHI et al., 2013). Kraft-lignin é um subproduto polimérico residual

do tratamento alcalino de sulfetos da lignocelulose, remanescentes da indústria de papel e

celulose, sendo a kraft-lignin considerado um monômero subestrutural da lignina (KUMAR,

2001; CHAKAR, 2004; CHEN et al., 2012). Sua degradação através de bactérias também tem

sido associada com enzimas e vias catabólicas de compostos aromáticos derivados da lignina,

como β-aril éter, bifenil, diarilpropano e fenilpropano (MASAI, 2007; RAJ, 2007; SHI et al.,

2013). O potencial ligninolítico ou de despolimerização da lignina por bactérias ou outros

seres vivos é desempenhado através de enzimas específicas, conhecidas como ligninases ou

LMEs (lignin-modifying enzymes).

2.6.1 Ligninases e a atividade ligninolítica

Dois tipos de sistemas enzimáticos microbianos extracelulares são conhecidos por

participarem da degradação da lignocelulose: o sistema hidrolítico e o sistema oxidativo.

Enquanto o primeiro é mediado por hidrolases e é responsável pela degradação da celulose e

da hemicelulose, o segundo atua no processo da despolimerização oxidativa da lignina, sendo

o único sistema ligninolítico conhecido que ocorre de forma extracelular. Este sistema,

mediado pelas ligninases, atua na oxidação de compostos fenólicos e não fenólicos da lignina

(PÉREZ, 2002; MARTÍNEZ et al., 2005).

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Dentre as ligninases, duas famílias de enzimas ligninolíticas são responsáveis pelo

sistema oxidativo da biodegradação da lignina: as fenol-oxidases e as enzimas dependentes de

peróxido de hidrogênio. A lignina-peroxidase (LiP) e a manganês-peroxidase (MnP) são

enzimas dependentes de peróxido, enquanto que as lacases são cuproproteínas (proteína com

um ou mais íons de cobre como grupo prostético) independentes de peróxido (MARTÍNEZ et

al., 2005; SÁNCHEZ, 2009). As lacases têm recebido bastante atenção dos pesquisadores no

que se refere à biorremediação de solos e rios contaminados nas últimas décadas, graças à sua

natural capacidade de biodegradação de poluentes ambientais altamente recalcitrantes

(PÉREZ, 2002, COUTO, 2006; MAJEAU, 2010).

2.6.1.1. Lacases – as biocatalisadoras ecológicas

As lacases foram as primeiras enzimas ligninolíticas conhecidas no que diz

respeito à biodegradação da lignocelulose. Estão presentes em plantas, fungos (Pleurotus sp.,

Ganoderma sp., Trametes sp., etc), insetos e também em algumas bactérias, como nos

gêneros Bacillus (CLAUS, 1997; KOSCHORRECK et al., 2008; REISS, 2011), Streptomyces

(RAMACHANDRA, 1988; ENDO, 2003; MACHCZYNSKI et al., 2004) e Cupriavidus (SHI

et al., 2013). As lacases são fenol-oxidases de potencial redox baixo, funcionalmente diversas

e relativamente termoestáveis. São consideradas também biocatalisadoras sustentáveis, dado

que durante a biodegradação da lignina (oxidação de unidades fenólicas desta) apenas o

oxigênio do ar é utilizado para a ação da enzima, que gera água como subproduto da reação

(RODGERS et al., 2010).

Em indústrias de papel, o emprego das lacases na conversão de madeira a papel

(biopulping) e no processo de biobranqueamento (biobleaching) tem permitido uma maior

economia de energia elétrica e maior redução no uso de substâncias químicas, diminuindo a

carga de poluentes em águas residuais geradas por estas indústrias (COUTO, 2006; VELEZ,

2014). Outro exemplo é dado pelas indústrias têxteis, que também têm aplicado as lacases

tanto na síntese de corantes quanto na descoloração de efluentes. As lacases também têm sido

maciçamente exploradas para a produção de etanol de segunda e terceira geração, assim como

de outros biocombustíveis renováveis a partir da biomassa lignocelulósica, diante das

consequências ambientais atreladas ao uso dos combustíveis fósseis (CHANDRA et al., 2007,

2008; RAMOS et al., 2009).

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Fungos basidiomicetos de podridão branca, como Trametes versicolor, tem sido

extensivamente estudados e atraentes candidatos às altas taxas de produção extracelular de

enzimas ligninolíticas. Por outro lado, muito pouco se sabe sobre o potencial de lacases

bacterianas para aplicações em biorremediação (MAJEAU, 2010; MARGOT et al., 2013).

Estudos recentes têm indicado que algumas lacases bacterianas podem ser altamente ativas e

estáveis a altas temperaturas e elevados níveis de pH e cloreto, contribuindo para o tratamento

de efluentes e remoção de poluentes emergentes. Lacases bacterianas poderiam, ainda, ser

superiores às suas contrapartes fúngicas no que diz respeito à especificidade,

termoestabilidade, manipulação genética e dependência de mediadores enzimáticos

(SHARMA, 2007; BUGG et al., 2011; DWIVEDI et al., 2011; REISS, 2011; MARGOT et

al., 2013).

2.7 Sequenciamento de DNA

O estudo da diversidade de comunidades microbianas a partir de amostras

ambientais através do uso de sequenciamento de nova geração (Next Generation DNA

Sequencing, NGS, também conhecidos como Deep Sequencing) tem permitido grandes

avanços no campo da ecologia e taxonomia microbiana (EDWARDS et al., 2006; RAES et

al., 2011). Ao contrário do sequenciamento de 1ª geração (Sanger), os sequenciamentos de

segunda (454-Roche, Illumina, SOLiD), terceira (HeliScope, SMRT) e quarta geração (Ion

Torrent) promovem o sequenciamento massivo de DNA em plataformas capazes de gerar

milhões de pares de bases em uma única corrida, com uma grande economia de tempo e

considerável velocidade, dados principalmente pela rápida amplificação in vitro de

fragmentos de DNA e elevada capacidade computacional de manipulação e reconhecimento

de sequências biológicas.

2.7.1 Plataforma Illumina

O sequenciamento na plataforma Illumina se baseia na tecnologia de

sequenciamento de DNA por síntese (sequencing by synthesis, SBS), utilizando DNA

polimerase e nucleotídeos terminadores marcados com diferentes fluoróforos. Este processo

também é referido como sequenciamento por término reversível, desempenhado pelo sistema

de sequenciamento Genome Analyser da plataforma Illumina, uma vez que é baseada em

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terminadores de fluoróforo reversíveis. Este processo pode ser dividido em três etapas

principais: preparo da amostra de DNA (ligação de adaptadores), PCR em ponte (formação de

clusters) e sequenciamento propriamente dito. Inicialmente o DNA é fragmentado

aleatoriamente em vários fragmentos, dos quais suas extremidades são ligadas por

complementariedade a adaptadores (oligonucleotídeos) imobilizados geralmente em uma

superfície sólida de vidro, ou superfície de clonagem (flow cell), dividida em oito fileiras

(lanes) que podem ser utilizadas para o sequenciamento de até oito bibliotecas. Cada fileira

dispõe destes adaptadores fixados à superfície pela extremidade 5’, com a extremidade 3’

livre para a iniciação da reação de sequenciamento dos fragmentos imobilizados no suporte

por hibridização. Com a adição de nucleotídeos (dNTPs) não marcados e DNA polimerase,

inicia-se a amplificação em ponte (“bridge amplification”) ou PCR em fase sólida, que

consiste na ligação do adaptador da extremidade livre 3’ da molécula aderida ao suporte com

o seu oligonucleotídeo complementar, localizado no mesmo suporte. Tal ligação forma uma

estrutura em ponte que, uma vez fornecidos os reagentes necessários, dá-se o início da PCR

formando DNA de fita dupla, com a extremidade 3’ livre do oligonucleotídeo, servindo como

primer para a amplificação. Em seguida, desfaz-se a ponte desnaturando a dupla fita através

da elevação de temperatura, com uma fita simples da molécula de DNA permanecendo

ancorada à superfície, e repetindo-se a etapa de anelamento para a formação de novas

estruturas em ponte e novos ciclos de amplificação. Após uma série desses ciclos, serão

obtidos clusters de moléculas idênticas ligadas ao suporte, nos quais os fragmentos foram

amplificados milhões de vezes. A incorporação de nucleotídeos terminadores marcados com

fluoróforo reversíveis, junto à adição de primers e da DNA polimerase, inicia o ciclo de

sequenciamento, que com excitação à laser, propicia que a fluorescência emitida de cada

cluster seja capturada pelo dispositivo de leitura e interpretada como um dos quatro possíveis

nucleotídeos componentes da cadeia. O mesmo processo (incorporação de nucleotídeo

marcado, excitação e leitura) é repetido continuamente para cada nucleotídeo componente da

sequência, culminando na montagem da sequência completa de cada cluster (FEDURCO,

2006; SHENDURE, 2008; TURCATTI, 2008). O processo de sequenciamento Illumina é

resumidamente mostrado na Figura 11.

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Figura 11. Procedimento ilustrativo do sequenciamento Illumina (Adaptado de RIZZI, 2012).

2.7.1.1. Sistema MiSeq

O sistema MiSeq de sequenciamento da plataforma Illumina é o único

sequenciador que pode produzir 2 x 300 paired-end reads (a distância aproximada que separa

uma read da outra é conhecida) em uma única corrida. O posicionamento conhecido das reads

favorece a sinalização da correta localização de ambos os fragmentos, permitindo o

alinhamento das sequências e a detecção precisa de variantes durante o sequenciamento. O

sistema MiSeq também é capaz de produzir cerca de 13,2 a 15 Gb de dados em um período 56

horas, considerando a extensão de reads (read length) de 2 x 300 bp. Embora o tamanho das

reads seja relativamente pequeno, o Illumina MiSeq é considerado um dos sequenciadores de

melhor rendimento e flexibilidade, tendo em vista a grande quantidade de dados gerados

(TURCATTI, 2008; FADROSH et al., 2014; ILLUMINA, 2015).

2.8 Análise da diversidade bacteriana através do gene RNAr 16S

O gene RNAr 16S é o principal marcador filogenético utilizado para a avaliação

da diversidade bacteriana em amostras ambientais. O fato do gene RNAr 16S ter presença

universal em procariotos, função gênica inalterada ao longo da história evolutiva (mudanças

aleatórias de sua sequência se tornam medidas relativamente acuradas de distância e tempo

evolutivo) e ser uma molécula suficientemente longa (~1,5 kb) para fins informacionais,

permite que o mesmo seja considerado um confiável cronômetro molecular e marcador

taxonômico (WOESE, 1987; WEISBURG et al., 1991; SPIEGELMAN, 2005).

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Os 1550 pares de bases do gene RNAr 16S codificam para a molécula estrutural

do RNA ribossomal 16S, que consiste em oito regiões altamente conservadas (U1-U8) e nove

regiões variáveis (V1-V9) dentro do domínio bacteriano (JONASSON, 2002). A Figura 12

ilustra a estrutura secundária do RNAr 16S com suas regiões conservadas e variáveis. Pelo

fato de mecanismos de transferência lateral de genes RNAr 16S não serem evidentes (OLSEN

et al., 1986) e a estrutura do gene conter tanto regiões altamente conservadas quanto variáveis

(com diferentes taxas de evolução), sua sequência é bastante utilizada na identificação

taxonômica de comunidades bacterianas e inferência de relações evolutivas entre os

organismos (RAOULT, 2009).

Figura 12: Estrutura secundária do RNAr 16S, mostrando as 9 regiões hipervariáveis (V1 a V9)

na molécula. (Retirado de YARZA et al., 2014).

As regiões variáveis (ou hipervariáveis) do RNAr 16S, denominadas e

enumeradas de V1 a V9, possuem graus de variabilidade distintos entre si, específicas para

grupos taxonômicos de filos até espécies. Dado que as regiões V1, V3 e V6 apresentam maior

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grau de variação em relação às outras, elas vêm sendo mais usadas para a inferência de

relações filogenéticas e estudos de diversidade de comunidades microbianas (NEEFS et al.,

1990; WEISBURG et al., 1991).

Para tornar possível a análise quantitativa e qualitativa do gene RNAr 16S em

uma comunidade bacteriana, torna-se necessário antes realizar o desenho de oligonucleotídeos

iniciadores específicos ao domínio (no caso, Bacteria) a que se destina, de forma que os

mesmos sejam complementares às regiões que flanqueiam as sequências hipervariáveis dos

seus organismos componentes (BAKER, 2003). De modo geral, tem-se empregado pares de

primers para a amplificação de diferentes regiões do gene RNAr 16S, dos quais em particular

os primers V3-F e V4R têm sido bastante utilizados para a avaliação da riqueza e abundância

taxonômica de comunidades bacterianas oriundas de solo (VON WINTZINGERODE et al.,

1997; SIPOS et al., 2007; MORALES, 2009; KLINDWORTH et al., 2013).

A avaliação da diversidade bacteriana em um ambiente natural, como o solo, pode

ser baseada em dois conceitos: riqueza (número de filotipos/taxa presentes em uma amostra) e

equitabilidade (distribuição de abundância relativa dos taxa). A riqueza é inferida atribuindo-

se à seqüência do gene RNAr 16S o conceito de Unidade Taxonômica Operacional

(Operational Taxonomic Unit – OTU ou filotipo), no qual a percentagem de divergência (ou

cut-off) de 1%, 3%, ou 5% entre as sequências dos nucleotídeos é utilizado como critério para

definir uma OTU. A diversidade da comunidade total de um único ambiente, ou α-

diversidade, muitas vezes é representada por curvas de rarefação, que simulam o número de

OTUs reconhecidos em uma amostra em função do esforço amostral. Curvas de rarefação

possibilitam a comparação da riqueza observada em diferentes amostras, uma vez que a

intensidade de amostragem leva em conta a quantidade de sequências analisadas e o

decréscimo da contagem de filotipos repetidos (HUGHES et al., 2001). Uma amostragem é

considerada estatisticamente confiável quando a curva de rarefação atinge um plateau,

saturando o número de espécies encontrado, significando, assim, que o esforço amostral

(número de sequencias obtidas) foi suficiente para revelar o número total de espécies (ou

OTUs) em uma dada amostra (MAGURRAN, 2005; ROESCH et al., 2007; RAOULT, 2009).

Ao contrário da α-diversidade, a medida de β-diversidade oferece uma

comparação da estrutura da comunidade (composição de grupos microbianos ou taxa e

abundância relativa) entre duas ou mais amostras ambientais. Os índices de β-diversidade

podem ser usados, por exemplo, para comparar duas ou mais comunidades bacterianas sob a

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influência de um fator abiótico, através de várias ferramentas qualitativas (presença ou

ausência de taxa) e quantitativos (abundância de taxon), das quais a UniFrac constitui um

exemplo (LOZUPONE, 2005, 2008). Esta ferramenta é capaz de detectar qualitativamente

diferenças em linhagens bacterianas de acordo com sua abundância relativa entre

comunidades distintas, refletindo o nível de dissimilaridade entre elas (LIU et al., 2008;

LOZUPONE et al., 2007; RAOULT, 2009).

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3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Este trabalho teve como objetivo geral avaliar a influência da lignina na dinâmica

da diversidade taxonômica de uma comunidade bacteriana nativa do solo da Caatinga, assim

como investigar o potencial de degradação ligninolítico de membros desta comunidade. O

sucesso no enriquecimento de bactérias através da lignina poderia corroborar com a hipótese

que o solo da Caatinga é um ambiente nutricionalmente oligotrófico e pobre em matéria

orgânica, nas quais fontes de carbono mais complexas, como a lignina, poderiam consistir em

alternativas para a obtenção de energia por certos grupos bacterianos nativos do solo.

3.2 Objetivos Específicos

Enriquecimento de populações de bactérias potencialmente ligninolíticas a partir

de microcosmos do solo da Caatinga;

Avaliação da composição e diversidade taxonômica da comunidade bacteriana dos

microcosmos ao longo do período de enriquecimento, através do sequenciamento

massivo de amplicons de DNAr 16S e uso de recursos bioestatísticos;

Isolamento de bactérias dos microcosmos de solo da Caatinga ao longo de todo o

período de enriquecimento, utilizando-se meios seletivos específicos;

Triagem funcional e molecular dos isolados bacterianos para lacases, utilizando-se

reagentes específicos e primers degenerados, respectivamente.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Local de coleta do solo

A coleta das amostras de solo foi coordenada pelo pesquisador Dr. Itamar Soares

de Melo (Embrapa/Jaguariúna) em conjunto com o doutorando Gileno Vieira Lacerda Jr.

(CPQBA/UNICAMP), realizada durante o final do período da seca (final de outubro de 2014),

pela equipe técnica da Embrapa no “Campo Experimental da Caatinga”, a 42 km do

município de Petrolina/PE, sede da Embrapa Semiárido (Figura 13).

Figura 13. Mapa geográfico da localização da Embrapa Semiárido (Fonte: EMBRAPA).

Com uma área de aproximadamente 2.067 hectares, o Campo Experimental da

Caatinga localiza-se na região do Submédio São Francisco, servindo como base física para o

desenvolvimento de pesquisas relacionadas à agropecuária dependente de chuva e manejo da

Caatinga. Três sub-amostras (aproximadamente 200 gramas cada uma) foram coletadas em

triplicata em uma profundidade de 0-10 cm a partir de perímetro delimitado para área de

coleta (Figura 14).

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Figura 14. Localização por satélite e características da área de coleta (Foto tirada pelo Google

Earth).

4.1.1 Análise meteorológica

Os dados meteorológicos da Embrapa Semiárido foram pesquisados, referentes ao

período (2014) no qual o solo foi coletado e, também, referente aos anos de 2012 e 2013 para

certos parâmetros. Uma vez que os dados da Estação Experimental da Caatinga tiveram

apenas seus dados meteorológicos anotados a partir de agosto de 2015, a análise

meteorológica deste trabalho baseou-se na estação mais próxima, a Estação

Agrometeorológica de Bebedouro, a 20 km da sede da Embrapa Semiárido e a 40 km do

município de Petrolina/PE, igualmente localizada na região do Submédio São Francisco.

Foram analisadas a precipitação pluviométrica (mm), a evapotranspiração (mm), a

insolação (horas), a radiação solar global (Iy/dia), a temperatura (ºC) e a umidade relativa do

ar (%) para o ano de 2014, bem como 2013 e 2012 para certos parâmetros, de acordo com os

dados disponíveis pela Embrapa Semiárido (Figura 15).

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Figura 15. Informações meteorológicas da Embrapa Semiárido. A seta vermelha indica o

momento aproximado pelo qual o solo utilizado para esta pesquisa foi coletado (Fonte: EMBRAPA

Semiárido).

A coleta do solo foi realizada no final de outubro, que coincide com o final da

época da seca na Caatinga, dado o aumento drástico de precipitação nos meses subsequentes

(Figura 15). A notável baixa pluviosidade, evapotranspiração potencial mais elevada e

menores índices de umidade relativa ao longo do ano corroboram com o período de estiagem

do bioma, normalmente situado entre os meses de abril a novembro. Neste momento do ano

foram registradas também as temperaturas mais altas ao longo do ano, com máximas

alcançando 34º C, provavelmente não sendo maiores devido à amenização pela umidade

relativa da região (~55%).

A longa estiagem na região neste período favorece a decomposição física das

rochas e o aspecto arenoso e pedregoso característico do solo da Caatinga em algumas

regiões, quando a disponibilidade de recursos é marcadamente reduzida. No que tange à

vegetação, a variação sazonal na disponibilidade de água determina, aparentemente, a

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cobertura e o desenvolvimento sazonal das espécies tropicais. Segundo Giulietti et al. (2006),

durante a curta estação chuvosa é um pouco maior a presença do estrato herbáceo na

Caatinga, constituído principalmente por terófitas e geófitas, embora seja uma vegetação

bastante efêmera (GIULIETTI et al., 2006). Juntamente com as plantas lenhosas (ricas em

lignina e celulose) e suculentas, a vegetação da Caatinga caracteriza-se por apresentar alta

resistência à seca, devido principalmente ao desenvolvimento de diferentes mecanismos

anatomo-fisiológicos capazes de suportar a deficiência hídrica. Outras condições extremas

representadas pelos gráficos, como altas temperaturas e taxas de radiação solar intensificam o

intemperismo físico, a baixa retenção de água e a baixa produção de matéria orgânica dos

solos da Caatinga (RODAL, 2005), de forma que até mesmo as atividades fenológicas de

espécies vegetais, como floração, frutificação, queda e produção de folhas também são

afetadas pela seca (LIEBERMAN, 1982; REICH, 1995). É possível que a escassez na oferta

de recursos energéticos no bioma da Caatinga tenha propiciado uma fauna e uma microbiota

de hábitos mais generalistas, dotados de organismos mais adaptados a tal ambiente

oligotrófico. A lignina, neste contexto, poderia fornecer uma fonte de energia alternativa para

bactérias e outros microrganismos do solo capazes de degradá-la, uma vez que é rica em

carbono.

4.1.2 Análise físico-química do solo

A análise do solo se baseou na interpretação sugerida pelo Centro de Pesquisa e

Desenvolvimento de Solos e Recursos Ambientais, do Instituto Agronômico de Campinas

(IAC, 2015), de “Métodos de Análise Química, Mineralógica e Física de Solos do Instituto

Agronômico de Campinas” (CAMARGO et al., 2009). Foram analisados o pH do solo, a

umidade total, a matéria orgânica do solo (M.O.), o carbono orgânico (C.O.), o nitrogênio

total (N total), a acidez potencial (H + Al), a soma das bases trocáveis (SB), a capacidade de

troca de cátions (CTC), a saturação da CTC por bases trocáveis (V%) e a quantidade de

elementos químicos. A acidez potencial (H + Al) foi determinada pela acidez trocável e não-

trocável, sendo a primeira referindo-se aos íons Al³+ e H+ retidos na superfície dos coloides

do solo e a segunda o íon H+ de ligação covalente associado aos coloides em carga negativa e

aos compostos de alumínio. A soma das bases trocáveis (SB) consistiu no cálculo da soma

dos cátions Ca² + Mg² + K + Na, indicando o número de cargas negativas que estão ocupados

por bases nos colóides do solo. Por sua vez, a capacidade de troca de cátions (CTC) ou

capacidade tampão do solo é a medida do poder de adsorção e troca de cátions do solo,

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refletindo a quantidade de cátions que um solo é capaz de reter por unidade de peso. Por fim,

a saturação da CTC por bases trocáveis (V%) expressa quanto por cento dos pontos de troca

de cátions no solo estão ocupados por bases, valor que abaixo de 50% indica um solo pouco

fértil.

4.2 Microcosmos e enriquecimento

Para que fosse possível avaliar a comunidade bacteriana nativa do solo da

Caatinga frente à exposição por lignina, bem como o isolamento de bactérias que exibissem

potencial capacidade ligninolítica e produção de lacases, foram simuladas condições

experimentais que reproduzissem parcialmente o ecossistema do solo da Caatinga, de forma a

se aproximar minimamente do ambiente original. Para isto, foram estabelecidos microcosmos

(DRAKE, 2011) em frascos Erlenmeyer contendo solo da Caatinga, isolados do meio externo

por algodões hidrofílicos e incubados à temperatura de 45ºC (Figura 16), simulando a

temperatura média do solo da Caatinga, que varia de 30 a 60ºC durante o maior período do

dia (MMA/UFPE, 2003).

Figura 16: Foto e ilustração dos microcosmos utilizados para o enriquecimento.

Os microcosmos foram divididos em duas condições: controle e enriquecido com

10% (m/m) de lignina (Lignin-alkali ou kraft, Sigma-Aldrich), cada condição composta por

três amostras (triplicata), gerando um total de seis microcosmos (três microcosmos controles e

três enriquecidos). De acordo com as especificações dos fornecedores, este tipo de lignina é

solúvel em água, contém 5% de impurezas de enxofre e tem uma média de peso molecular de

10.000 daltons (Sigma-aldrich, 2015).

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Figura 17. Esquema da repartição das sub-amostras do solo da Caatinga para o experimento em

microcosmos.

Um total de 60 gramas de massa final foi estabelecido para cada microcosmo

(Figura 17), sendo 60 gramas de solo da Caatinga para a condição controle contida em um

frasco Erlenmeyer e 54 gramas de solo da Caatinga + 6 gramas de kraft-lignin para a condição

enriquecida (10% de lignina; m/m). Os solos enriquecidos foram homogeneizados a fim de

que a lignina se distribuísse igualmente entre as partículas do solo. Todo o processo de

enriquecimento foi monitorado por um período de 27 dias, e as amostras foram coletadas nos

dias 0, 9, 18 e 27 (pontos de amostragem), com o ajuste da umidade do solo nos microcosmos

sendo realizado a cada dois dias com 1 ml de NaCl 0,85% (NaCl no último dia = 0,16 ml/g de

solo). Assim, nos microcosmos enriquecidos (condição enriquecida) a lignina foi adicionada

logo ao 1º dia (início), enquanto que nos microcosmos controles não se deu qualquer adição

artificial de lignina, desde o primeiro até o último dia de amostragem. As amostras coletadas

dos microcosmos ao longo do enriquecimento foram submetidas ao isolamento de bactérias

potencialmente ligninolíticas, à avaliação da dinâmica da sua diversidade taxonômica

bacteriana e a ensaios funcionais e moleculares para a prospecção de lacases, tanto a partir de

isolados bacterianos quanto das comunidades bacterianas dos microcosmos. A Figura 18

ilustra o delineamento experimental geral deste trabalho de mestrado:

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Figura 18. Delineamento experimental das principais atividades desenvolvidas.

4.2.1 Isolamento de colônias bacterianas potencialmente ligninolíticas

Para cada ponto de amostragem foi realizado o isolamento de bactérias

potencialmente ligninolíticas e a extração de DNA total do solo, respectivos ao microcosmo

(controle ou enriquecido) em questão. O isolamento consistiu na coleta de 1 grama de solo de

cada microcosmo e em cada tempo amostral e diluição seriada em solução salina (0,85%

NaCl). A partir de cada diluição, foi realizado o plaqueamento em meios de cultura

específicos, seguido de incubação a 45ºC durante um período de 3 a 5 dias. Após o

crescimento das bactérias ser visualizado, deu-se início ao processo de isolamento de culturas

puras e subsequente preservação dos isolados em solução de glicerol 20% a -80ºC. A Figura

19 ilustra o processo metodológico do isolamento bacteriano.

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Figura 19. Esquema representativo do isolamento de microrganismos ligninolíticos.

4.2.1.1 Meios de cultivo

Meios de cultura específicos para o isolamento de bactérias ligninolíticas foram

preparados e adaptados com base em protocolos desenvolvidos por Bandounas et al. (2011) e

Shi et al. (2013). A composição dos meios de cultura utilizados neste projeto é mostrada na

Tabela 1.

Tabela 1. Composição dos meios de cultivo. Porcentagens expressas em (m/v).

Os meios de cultivo foram definidos com o intuito de verificar o grau de

dependência da lignina como recurso alimentar único aos microrganismos. Partindo desta

ideia, o meio LYB tenderia a ser o meio mais dificilmente assimilável que os demais, uma vez

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que a principal fonte de carbono é a lignina, porém o mais favorável ao crescimento de

bactérias ligninolíticas. Por sua vez, o GLYB se diferencia do primeiro apenas pelo fato de

apresentar glicose em sua composição. A adição de glicose foi realizada não somente para

avaliar a preferência de microrganismos a uma fonte de carbono mais facilmente assimilável,

mas principalmente para verificar se o consumo da glicose poderia consistir em pré-requisito

(ou “start-up”) para o início da biodegradação de lignina. Por último, o meio LAN foi

designado com a finalidade geral de cultivo de uma larga variedade de bactérias, de modo a

suprir quantidades suficientes de nitrogênio, carbono, vitaminas e aminoácidos.

4.2.1.2 Diluição seriada

Para o isolamento de bactérias potencialmente ligninolíticas, 1 grama de cada

microcosmo em cada tempo amostral foi retirado e suspenso em 9 mL de solução salina

(0,85% de NaCl), agitando-se o conteúdo em um agitador de tubos tipo Vortex por 3 minutos.

A mistura foi deixada por duas horas no interior do fluxo laminar para uma melhor dissolução

do solo, procedendo-se então à diluição seriada de 10-1

a 10-6

gramas de solo por mL de

solução.

4.2.1.3 Plaqueamento

Inicialmente foram escolhidas todas as diluições (10-1

a 10-6

gramas de solo por

mL de solução) para plaqueamento, com o objetivo de selecionar aquelas que apresentassem

melhores resultados de crescimento bacteriano. Para isso, foi realizada a técnica de

espalhamento em superfície ou spread-plate, que se caracteriza pela retirada de uma alíquota

de 100 µL de cada diluição espalhando-a (com o auxílio de uma alça de Drigalski) sobre a

superfície do meio sólido contido em uma placa de Petri. Todas as placas foram vedadas por

filme PVC com o intuito de diminuir a desidratação dos meios, sendo em seguida incubadas a

45ºC em estufa bacteriológica durante um período de 5 a 10 dias, ou até que as colônias

fossem visualizadas.

4.2.1.4 Nomenclatura dos microcosmos

Os microcosmos foram identificados de modo a facilitar o reconhecimento e

monitoramento de todos os ensaios realizados, tais como isolamento e sequenciamento. A

identificação foi determinada por três caracteres, sendo o primeiro relativo ao dia de

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enriquecimento (0 – início; 9 – 9º dia; 18 – 18º dia; 27 – 27º dia), o segundo a condição

avaliada (S – solo sem lignina; L – solo com 10% (m/m) de lignina) e o terceiro referente à

unidade da triplicata (1, 2 e 3; cada uma representando uma unidade da triplicata). Assim, por

exemplo, um microcosmo identificado como “9S2” refere-se à segunda unidade da triplicata

do microcosmo sem lignina relativo ao nono dia de enriquecimento, enquanto que “27L1”

refere-se à primeira unidade da triplicata do microcosmo com lignina relativo ao 27º dia de

enriquecimento.

4.2.1.5 Contagem de unidades formadoras de colônias

A contagem de unidades formadoras de colônias (UFC) foi realizada para todas as

placas e todos os meios utilizados, de acordo com Neder (1992). O cálculo consistiu na

multiplicação do valor de UFC pelo valor da alíquota utilizada para o plaqueamento (como a

alíquota foi de 100 µL ou 0,1 mL, multiplicou-se por 10, uma vez que a técnica spread-plate

foi usada), dividindo-se o total pelo valor da diluição correspondente. Assim, tem-se que o

resultado é expresso em UFC por grama de solo, conforme a equação abaixo:

4.2.1.6 Construção da coleção de culturas bacterianas potencialmente

ligninolíticas isoladas do solo da Caatinga

Durante o desenvolvimento deste trabalho, foi construída uma coleção de culturas

bacterianas puras isoladas do solo da Caatinga que apresentassem potencial de biodegradação

ligninolítica. Todos os isolados foram preservados em solução de glicerol 20%, em duplicata

para criotubos e também em placas de 96 wells, ambos armazenados em ultrafreezer a -80ºC.

Todos os isolados foram numerados cardinalmente em ordem crescente de acordo com a

ordem cronológica do enriquecimento, para fácil acesso e consulta dos mesmos. Além do

registro das características macromorfológicas, todos os isolados foram fotografados

individualmente. As características referentes ao dia de amostragem, condição de incubação

(controle ou enriquecido com lignina), unidade da triplicata do microcosmo, meio de cultivo

específico e diluição do qual a bactéria foi isolada também foram registrados.

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4.2.1.7 Descrição macromorfológica de colônias bacterianas

Abaixo estão listadas as principais características utilizadas na descrição

macromorfológica das colônias bacterianas (Koneman et al., 2006):

Tamanho: diâmetro em milímetros.

Aspecto: liso, butiráceo, quebradiço, membranoso, viscoso ou leitoso.

Cor: bege, branca, alaranjada, creme, marrom, bege-esbranquiçada, creme/esbranquiçada,

marrom-esbranquiçada, bege/marrom, bege/creme, bege/alaranjada, alaranjada/creme,

alaranjada/marrom, alaranjada/rosa, creme/marrom, branca-esverdeada ou creme-esverdeada.

Superfície: brilhante ou opaca.

Densidade: opaca ou translúcida.

Forma: circular, irregular, rizóide, filamentosa, puntiforme ou fusiforme.

Borda: liso, lobado, ondulado, filamentoso ou lacerado.

Estrutura: lisa, granulosa, rugosa e filamentosa.

Elevação: côncava, elevada, umbonada, umbilicada, pulvinada ou convexa.

Produção de pigmento (em meio Nutrient Broth): muito intensa (+++), intensa (++),

moderada (+) ou ausente (-).

4.3 Screening de lacases envolvidas na degradação de lignina

A triagem de lacases a partir dos microcosmos do solo da Caatinga foi realizada

utilizando-se a abordagem funcional, baseada na atividade bioquímica de descoloração ou

coloração de reagentes poliméricos que mimetizam a lignina. ABTS (2,2´azino-bis-3-

etilbenzotiazol-6-ácido sulfônico), Remazol Brilliant Blue R (RBBR) e Congo Red (CR)

foram os substratos utilizados para o teste de produção de lacases nas reações enzimáticas dos

isolados. O ABTS é um substrato não-fenólico que produz um radical cátion de coloração

azul-verde quando oxidado por lacases (PANNALA et al., 2001; HUANG et al., 2013). Por

sua vez, o RBBR consiste em um importante grupo de organopoluentes industriais, cuja

degradação (e consequente descoloração) é resultado da ação de enzimas que atuam no

processo de despolimerização da lignina, como a lignina peroxidase, a manganês peroxidase e

a lacase (OSMA, 2010). Por último, o Congo Red (Vermelho Congo) pertence ao grande

grupo de corantes diazo, podendo ser descolorido também na presença de lacases (TELKE,

2010; LIM, 2013).

O teste funcional para lacases foi realizado em meios sólido e líquido (em placas

de 96 poços). Para o ensaio em meio sólido, os isolados foram cultivados inicialmente em NB

(Nutrient Broth), meio universal utilizado com sucesso na obtenção biomassa celular de todos

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os isolados em testes prévios. Os isolados foram incubados a 45 °C e agitados a 200 rpm por

aproximadamente 48 horas, sendo plaqueados em placas de Petri contendo o meio de cultivo

original (LYB, GLYB ou LAN) a partir do qual as bactérias foram isoladas, acrescido de

0.05% (50 mg/L) de RBBR (Sigma ®) ou 1 mM (25 mg/L) de ABTS. A seguir, os isolados

foram novamente incubados a 45ºC por um período de 24 a 72 hrs para a visualização dos

resultados. Já para os ensaios em meio líquido, os isolados foram cultivados em placas de 96

poços contendo meio NB, adicionado de 5% (50 mg/L) de RBBR, 1 mM de ABTS ou 1 mM

(25 mg/L) de Congo Red (testes realizados separadamente), por um período de 24 a 72 horas

a 45ºC e 120 rpm. O meio NB com os respectivos reagentes, porém sem o inóculo do isolado,

foi utilizado como controle negativo (metodologia adaptada do screening funcional de Lim,

2013). Tanto no ensaio em meio sólido quanto em meio líquido adicionou-se 1 mM de CuSO4

aos meios de cultivo, um conhecido indutor para a expressão de lacases (BANDOUNAS et

al., 2011). Os ensaios foram avaliados qualitativamente, adotando-se o princípio da

descoloração do Remazol Brilliant Blue R (RBBR) e do Congo Red, conforme Borokhov &

Rothenburger (2000) e Lim (2013); e do surgimento da coloração verde no caso do ABTS

(BOURBONNAIS, 1990; BANDOUNAS et al., 2011). Os padrões de referência esperados na

avaliação qualitativa podem ser visualizados na Figura 20.

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Figura 20. Triagem funcional de lacases. Tanto a coloração (no caso do ABTS) quanto a

descoloração (para o RBBR e o Congo Red) podem funcionar como parâmetros indicativos

da ação de lacases no meio. A reação da lacase com o ABTS gera uma cor verde no meio,

enquanto que o RBBR e o Congo Red sofrem descoloração, ficando amarelo para o primeiro

e mais claro no segundo. Blank = Controle/Branco; as espécies listadas são fungos

produtores de lacases (Retirado de PANNALA et al., 2001 e LIM, 2013).

4.4 Extração de DNA

Tanto o DNA total dos microcosmos quanto o DNA genômico dos isolados,

provenientes de microcosmos enriquecidos com 10% de lignina, foram submetidos ao

procedimento de extração de DNA. A estimativa da concentração de DNA obtida foi

realizada através de eletroforese em gel de agarose na concentração de 1%, usando DNA do

fago lambda como padrão de concentração.

4.4.1 Extração de DNA total dos microcosmos

Para cada ponto de amostragem e condição de microcosmo foi coletado 1 grama

de solo, armazenado em microtubos a -20º C para posterior extração do DNA total. O DNA

total das amostras do solo da Caatinga foi extraído com o kit PowerMax Soil DNA Extraction

(MoBio), conforme as instruções do fabricante.

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4.4.2 Extração do DNA genômico de isolados bacterianos

O DNA genômico das bactérias isoladas dos microcosmos enriquecidos com

lignina foi extraído após cultivo dos mesmos e avaliação de sua pureza. Após a centrifugação

de 40 mL do cultivo das bactérias por 5 minutos a 13.400 g, o sobrenadante foi descartado e

ao pellet foram adicionados 400 μL de TE 1X para a lavagem das células. O conteúdo foi

novamente centrifugado por 2 minutos a 13.400 g, e o sobrenadante descartado. Cerca de 5

μL de lisozima (100 mg/mL) foram adicionados às amostras, agitando-as no vórtex

brevemente e incubando-as por 1 hora a 37ºC. Em seguida, 67,5 μL de SDS 10% e 2,5 μL de

Proteinase K (10 mg/mL) – ambas pré-aquecidas a 65ºC – foram adicionados às amostras, e

estas foram agitadas rapidamente no vórtex e incubadas a 65ºC por 10 minutos. Em seguida,

foram adicionados 100 μL de NaCl 5 M e 100 μL de solução CTAB/NaCl, ambas soluções

pré-aquecidas a 65ºC, agitando-se as amostras no vórtex até que o conteúdo das amostras

apresentasse um aspecto líquido leitoso. Após incubação a 65ºC por 10 minutos, foram

adicionados 750 μL de clorofórmio/álcool isoamílico (1:24), seguido de agitação em vórtex

por 10 segundos e centrifugação das amostras a 13.400 g por 5 minutos. O sobrenadante (fase

aquosa) foi transferido para novos microtubos e 0,6 volumes (aproximadamente 450 μL) de

isopropanol foi acrescido em cada tubo, promovendo a precipitação do DNA por meio de

agitação por inversão. Depois de mantidas a -20ºC por 30 minutos, as amostras foram

centrifugadas à temperatura ambiente a 13.400 g durante 5 minutos, descartando-se o

sobrenadante e adicionando-se 500 μL de etanol 70% gelado (-20ºC). As amostras foram

novamente centrifugadas a 13.400 g por 5 minutos, descartando-se o sobrenadante e

deixando-se o pellet secar em temperatura ambiente. Finalmente, o pellet foi suspenso em 80

μL de água Milli-Q, e posteriormente tratado com RNAse (volume de 1,0 μL com

concentração de 10 mg/mL por amostra) sob 37ºC durante aproximadamente 1 hora. O DNA

das amostras foi armazenado a -20ºC para análises posteriores (adaptado de VAN

SOOLINGER et al., 1993).

4.5 Amplificação de genes bacterianos de lacases utilizando primers

degenerados

Os primers degenerados utilizados para detecção de genes bacterianos de lacases

através de reações de amplificação por PCR estão indicados na Tabela 2. Estes primers foram

utilizados com sucesso em estudos prévios para avaliar a diversidade e distribuição de lacases

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bacterianas em solos, detectando uma grande variedade taxonômica entre bactérias produtoras

da enzima (KELLNER et al., 2008; AUSEC, 2011).

Tabela 2. Sequências dos primers degenerados utilizados para amplificação de genes

bacterianos de lacases.

Tanto as condições para amplificação quanto a concentração dos reagentes e DNA

molde foram seguidas de acordo com Ausec (2011), com o seguinte protocolo: desnaturação

inicial a a 94º C por 3 minutos, 30 ciclos de 30 segundos a 94º C, 30 segundos a 48º C, 1

minuto a 72º C e nessa mesma temperatura por mais 5 minutos. As reações foram conduzidas

em um volume final de 25 μL, contendo primers, dNTPs, BSA, MgCl2, 500 ng de DNA

molde, 1 X de PCR buffer e 1 U de Taq DNA polimerase. Posteriores tentativas adicionais

para amplificação foram realizadas, variando-se certos parâmetros da reação.

Como controle positivo da reação de PCR para os pares de primers degenerados

Cu1AF/Cu2R (KELLNER et al., 2008) e Cu1AF/Cu4R (AUSEC, 2011), foi utilizado um

gene inserido a um clone (E. coli EPI300) previamente detectado de uma biblioteca

metagenômica do solo da Caatinga, cedido gentilmente pelo doutorando em Genética e

Biologia Molecular da Unicamp Gileno Vieira Lacerda Júnior, do qual mantém o projeto

“Análise integrada de metagenômica e metatranscriptômica do solo da Caatinga e

prospecção de genes envolvidos na degradação de lignina”, supervisionado pela Dra. Valéria

Maia Merzel (orientadora deste trabalho) e auxiliado pela FAPESP (Proc. 13/09386-9). Este

gene foi sequenciado e identificado como membro pertencente à superfamília de proteínas

denominadas multicopper oxidases (MCOs), cujas lacases estão incluídas (REISS, 2011). A

busca por domínios conservados na proteína, realizada pelo Blast, detectou dois domínios de

ligação ao cobre, caracterizando-a uma multicopper oxidase tipo 2 ou tipo 3 (Figura 21).

Primer Aplicação Sequência (5’- 3’) Referência

Cu1AF Bacterial laccase-like genes diversity in soil

ACMWCBGTYCAYTGGCAYGG (KELLNER et al., 2008)

Cu2R Bacterial laccase-like genes diversity in soil

GRCTGTGGTACCAGAANGTNCC (KELLNER et al., 2008)

Cu4R Bacterial laccase-like genes diversity in soil

TGCTCVAGBAKRTGGCAGTG (AUSEC, 2011)

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Figura 21. Resultado da busca por domínios conservados na proteína lacase baseado nos

resultados obtidos por BLASTx.

4.6 Sequenciamento de DNA dos microcosmos

O DNA total extraído das amostras de solo dos microcosmos durante o

enriquecimento foi submetido à abordagem de sequenciamento massivo de amplicons do gene

RNAr 16S para análise de diversidade. O sequenciamento foi realizado pela plataforma

Illumina (Illumina 20k avg reads, 2x300 bp, MiSeq Platform) por firma especializada

(MRDNA - Molecular Research, Texas/USA). Os amplicons obtidos resultaram da

amplificação das regiões hipervariáveis V3 e V4 do domínio Bacteria, utilizando os primers

V3-F e V4-R, ou 341F (5′-CCTACGGGNGGCWGCAG-3′) e 785R (5′-

GACTACHVGGGTATCTAATCC-3′) (Figura 22).

Figura 22. Esquema indicando os primers para a amplificação por PCR da região hipervariável

V3-V4 do gene RNAr 16S do Domínio Bacteria (Adaptado de FADROSH et al., 2014).

As amostras foram identificadas por barcodes (sequências únicas acopladas a uma

amostra de DNA em análise quando esta é sequenciada em mistura, o que permite identificá-

la após o sequenciamento), com os primers sendo acompanhados por adaptadores específicos

do sequenciamento MiSeq. Os amplicons gerados foram purificados, quantificados e

agrupados em proporção equimolar, sendo sequenciados após a amplificação por PCR em

fase sólida. Todo o processo de alinhamento e comparação de sequências foi seguido de

acordo com a pipeline padronizada pelo MRDNA, que consiste basicamente em: agrupamento

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de sequências > depleção de barcodes > remoção de sequências quiméricas, de sequências

menores que 150 pb e de sequências com bases ambíguas > definição de OTUs (MRDNA,

2015). As sequências resultantes foram então analisadas por ferramenta de bioinformática

específica (QIIME).

4.7 Estimativas de riqueza e avaliação da diversidade taxonômica bacteriana

Os dados de sequenciamento foram utilizados como arquivo de entrada para o

software QIIME (versão 1.9), um programa especializado na análise da diversidade

taxonômica através do cálculo de índices de diversidade alfa e beta de microbiomas. A

abundância taxonômica utilizada pelo QIIME é baseada na definição de OTUs (Operational

Taxonomic Units - Unidade Taxonômica Operacional), a menor entidade taxonômica, que foi

representada, neste estudo, pelas sequências do gene RNAr 16S que apresentaram ≥ 97% de

similaridade (nível de espécie) (STACKEBRANDT, 1994). O agrupamento (clustering) de

sequências similares (OTUs) foi determinado pelo algoritmo uclust, que cria "seeds" de

sequências que geram clusters baseados na percentagem de identidade (3% de divergência ou

97% de similaridade) de sequências. A limpeza de reads foi realizada pelo programa

Trimmomatic (versão 0.35), a checagem de quimeras pelo usearch 8.1 (Gold database) e a

análise taxonômica pelo algoritmo pynast. A classificação taxonômica das OTUs foi realizada

utilizando-se o BLASTn contra banco de dados curados derivados do GreenGenes e NCBI

(BLASTn x GreenGenes e NCBI). Além disso, foram calculados pelo QIIME a diversidade

alfa e a diversidade beta dos microcosmos, com os dados do sequenciamento sendo

normalizados para ambas as análises (nº de sequências igual a 60.000). Para o cálculo da

primeira, foram utilizadas as curvas de rarefação e a contagem de espécies (OTUs)

observadas para se determinar a riqueza específica, bem como o estimador Chao 1, usado para

estimar a riqueza de espécies na amostra; enquanto que para a segunda empregou-se o

programa UniFrac (LOZUPONE, 2005, 2008).

Considerando que o tamanho populacional (OTUs) das amostras dos

microcosmos não é o mesmo entre elas, foi necessário utilizar uma técnica de rarefação de

modo a permitir a comparação das mesmas, calculando-se o número observado de espécies

em cada amostra de acordo com um tamanho padrão (BRUCE, 2011). A equação abaixo é

utilizada para se obter o número observado de espécies:

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Onde E (S) é o número observado de espécies em uma amostragem aleatória, S é o

número total de espécies registradas, N é o número total de indivíduos registrados, Ni é o

número de indivíduos da espécie i, e n é o tamanho padronizado e escolhido da amostra

(BRUCE, 2011).

Estimativas de riqueza de espécies possibilitam estimar o número total de espécies

numa determinada comunidade a partir dos dados amostrais. A principal vantagem desses

estimadores é a disponibilidade de equações para o cálculo de limites de confiança da

estimativa. O método não paramétrico Chao 1, utilizado neste trabalho, foi calculado nos

mesmos níveis de distância genética das análises de rarefação, baseando-se na abundância de

OTUs únicas (singletons) e raras (doubletons) para estimar a diversidade de uma população

de tamanho desconhecido, com a equação representada abaixo:

Onde SChao1 é a estimativa de riqueza, Sobs é o número de espécies observadas, n1

é o número de OTUs representadas por apenas um indivíduo e n2 é o número de OTUs

representadas por apenas dois indivíduos (BRUCE, 2011).

Por fim, o índice de Shannon é utilizado para medir a diversidade de uma

comunidade, baseando-se na abundância proporcional das espécies (OTUs). Seu cálculo parte

da premissas que a população é indefinidamente grande ou efetivamente infinita, mas que

todas as espécies seriam representadas. O índice foi calculado de acordo com a equação:

Onde Sobs é o número de espécies observadas, Si é o número de sequências da

espécie/OTU (filotipo) i e N é o número de sequências amostradas (BRUCE, 2011).

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4.8 Análises filogenéticas

A reconstrução filogenética de organismos (isolados) do Domínio Bacteria foi

baseada na amplificação dos primers 10F e 1100R do gene RNAr 16S (LANE, 1991; Tabela

3), com as sequências submetidas à busca por similaridade através de alinhamento local

(BLAST) no GenBank (http://www.ncbi.nlm.nih.gov) e no RDP (através da ferramenta

SeqMatch) para a determinação dos vizinhos filogenéticos mais próximos. As sequências

foram alinhadas pelo programa MEGA6, através do algoritmo ClustalW (THOMPSON et al.,

1994; TAMURA et al., 2013). O método de reconstrução utilizado foi o Neighbor Joining

(SAITOU & NEI, 1987), com a opção de deleção completa ou pairwise deletion, em que

apenas os gaps de cada par das sequências que estão sendo comparadas foram ignorados no

processo de montagem. Já as matrizes de distância e similaridade foram calculadas através da

distância p (para cada duas sequências, a distância é um único valor com base na fração de

posições em que as duas sequências diferem), convertida em distância evolutiva pela correção

de Jukes & Cantor (JUKES & CANTOR, 1969; LEMEY, 2009). O número de acesso das

linhagens tipo mais próximas foi obtido com base na lista de nomes de linhagens tipo

caracterizadas e validadas taxonomicamente no LPSN (List of Prokaryotic names with

Standing in Nomenclature) (TINDALL et al., 2006), permitindo o uso das mesmas como

âncoras filogenéticas nas árvores. A topologia das árvores filogenéticas (enraizada e não

enraizada) resultantes foi analisada com um valor de bootstrap baseado em 1000 réplicas, a

partir da busca heurística (anteriorimente descrita) pelo MEGA6 (LEMEY, 2009; BRUCE,

2011).

Tabela 3. Sequências de primers utilizados para a amplificação do gene RNAr 16S de bactérias para a

construção da árvore filogenética dos isolados.

Primer Sequência (5’- 3’) Referência

10F GAG TTT GAT CCT GGC TCA G (LANE, 1991)

1100R AGG GTT GCG CTC GTT G (LANE, 1991)

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Análise físico-química do solo

O solo é um reservatório de nutrientes essenciais aos microrganismos, sendo que

vários elementos minerais não apenas constituem a biomassa microbiana, como também são

importantes para a realização de diversas reações metabólicas (síntese de enzimas, estrutura

do DNA e RNA, divisão celular, etc.) (MOREIRA & SIQUEIRA, 2006). A temperatura e o

pH também são fatores relevantes na distribuição e atividade dos microrganismos do solo.

Enquanto que a primeira afeta diretamente a fisiologia dos microrganismos e indiretamente

exerce mudanças no ciclo de nutrientes e atividade da água, o segundo influencia a

disponibilidade e toxicidade de nutrientes minerais, tais como Fe, Mn e Al. O material de

formação do solo, a exportação de bases trocáveis pelas plantas e a atividade microbiana de

decomposição da matéria orgânica (M.O.) também são capazes de modificar o pH do solo,

alterando consequentemente sua microbiota (LEITE & ARAÚJO, 2007).

A análise química e granulométrica das três sub-amostras (P1, P2 e P3) coletadas

do solo da Caatinga para este projeto foi realizada pelo “Laboratório de Análise de

Microbiologia do Solo”, pertencente à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz –

ESALQ/USP (Tabela 4).

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Tabela 4. Análise química e granulométrica do solo da Caatinga.

Parâmetros Sub-amostras

P1 P2 P3 Média

pH CaCl2 4,9 5,1 4,7 4,9

P (mg.dm -3

) 4 3 5 4

K (mmolc.dm -3

) 2,1 1,8 2,2 2,0

Ca (mmolc.dm -3

) 7 8 8 7,6

Mg (mmolc.dm -3

) 2 2 1 1,6

H+Al (mmolc.dm -3

) 20 20 20 20

SB (mmolc.dm -3

) 11,1 11,8 11,2 11,3

CTC (mmolc.dm -3

) 31,1 31,8 31,2 31,3

V (%) 16 37 36 29,6

B (mg.dm -3

) 0,19 0,24 0,2 0,2

Cu (mg.dm -3

) 0,5 0,4 1,1 0,6

Fe (mg.dm -3

) 21 14 17 17,3

Mn (mg.dm -3

) 5,9 10,1 8,6 8,2

Zn (mg.dm -3

) 0,3 0,5 0,3 0,3

M.O. (g.dm -3

) 13 14 14 13,6

C.O. (g.dm -3

) 8 8 8 8

N total (mg.kg -1

) 1204 896 798 966

UMIDADE TOTAL 0,38 0,38 0,35 0,37

Classe textural do solo: argiloso. Abreviaturas: H + Al = Acidez

potencial; SB = Soma das bases trocáveis; CTC = Capacidade de troca de

cátions; V = Saturação da CTC por bases trocáveis; M.O. = Matéria

orgânica; C.O.: Carbono orgânico; N total = Nitrogênio total

(CAMARGO et al., 2009). Umidade total = massa de 1kg de água por

1kg de solo.

Os teores de fósforo, potássio e magnésio podem ser classificados como baixos

em tipos de solos perenes como o da Caatinga, ao passo que o cálcio apresentou altos teores

(acima de 7 mmolc.dm-3

) nas três sub-amostras. Embora a baixa quantidade de cálcio esteja

associada geralmente com a acidez (solos deficientes em cálcio sendo extremamente ácidos);

deve-se ressaltar que deficiências de cálcio em solos são raras em condições de campo, sendo

difícil correlacionar corretamente a questão da deficiência de cálcio ao problema da acidez

excessiva. Assim, apesar do alto teor de cálcio no solo analisado, o valor do pH do solo em

CaCl2 apresentou indicativo de alta acidez, característico da Caatinga. Já elevadas

concentrações de Mn e Al são mais frequentemente encontradas em solos ácidos, cujos teores

são altos segundo os dados da tabela; ao contrário de solos alcalinos cujos elementos estão

indisponíveis (LEITE & ARAÚJO, 2007). Micronutrientes como B, Cu e Zn apresentaram de

baixo a médios teores no solo, enquanto que os teores de Fe e Mn podem ser considerados

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relativamente altos. Por fim, a matéria orgânica (M.O.) do solo da Caatinga se apresenta como

moderada para solos arenosos, visto que se encontra praticamente na transição de

classificação considerada média (acima de 15 g/dm3).

5.2 Riqueza e diversidade bacteriana nos microcosmos

A riqueza e a diversidade da comunidade bacteriana presente nos microcosmos

foram avaliadas pela ferramenta computacional QIIME, com base nos dados gerados pelo

sequenciamento da região V3-V4 do gene RNAr 16S. As análises se deram de duas formas:

1) Comparando-se os microcosmos enriquecidos com lignina dos dias 9, 18 e 27

com o microcosmo controle do início (solo nativo, sem adição de lignina); e

2) Comparando-se os microcosmos controles (início, 9º, 18º e 27º dias) e

enriquecidos (9º, 18º e 27º dias) existentes para um mesmo dia de amostragem.

Para a primeira forma, os dados de riqueza e diversidade são apresentados

comparando os microcosmos enriquecidos dos dias 9, 18 e 27 com o microcosmo controle

do início da amostragem, com solo nativo (original) e sem adição de lignina. Nesta forma,

foram calculadas as diversidades alfa e beta dos microcosmos, avaliando de que modo se

deu o impacto da ação da lignina ao longo do tempo, ou em outras palavras, quais

características foram preservadas, transformadas ou eliminadas nos microcosmos

enriquecidos com lignina em relação ao microcosmo controle inicial (sem adição de lignina).

Já para a segunda forma, os dados são apresentados comparando-se, para um mesmo dia de

amostragem (9º, 18º ou 27º), os microcosmos controles com os enriquecidos destes dias.

Excetuaram-se desta comparação os microcosmos controles (solo nativo, sem adição de

lignina) do início com os microcosmos recém-enriquecidos com lignina do primeiro dia, uma

vez que se partiu da premissa que a adição da lignina não causaria diferenças ecológicas

instantâneas e estatisticamente significativas à comunidade bacteriana presente no solo. Em

conta disso, os microcosmos “enriquecidos” do dia 0 (início) foram descartados. Preferiu-se

também agrupar as triplicatas de cada condição (controle e enriquecido) de cada dia de

amostragem, para melhor visualização dos resultados. Assim, levando-se em conta os dados

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do sequenciamento da primeira forma, foi obtido um total de 419.418 sequências de alta

qualidade, sendo reconhecidas 36.439 OTUs deste valor (Tabela 5).

Tabela 5. Número de sequências e diversidade das comunidades bacterianas dos microcosmos do

ínicio e subsequentes dias de enriquecimento.

Início 9º dia com

lignina

18º dia com

lignina

27º dia com

lignina

Número de sequências

99701 90001 122902 106814

OTUs observados 19955 18673 11379 11405

Estimador Chao (0.03)

23667 20815 12797 11425

Índice de Shannon 11,52 11,09 7,88 7,86

Os resultados calculados mostraram valores de riqueza e diversidade maiores que

os encontrados na literatura para solo de rizosfera (GREMION, 2003) e da mata atlântica

brasileira (FAORO, 2010; BRUCE, 2010), embora estes trabalhos não tenham sido feitos por

sequenciamento em larga escala, como Illumina (caso deste trabalho de mestrado). No

entanto, nota-se que do início ao último dia de enriquecimento a quantidade de OTUs presente

na comunidade bacteriana dos microcosmos decaiu de 19.955 OTUs para 11.405 (Figura 23),

ocorrendo uma queda expressiva do 9º ao 18º dia. Pode-se dizer que a lignina desempenhou

um papel predominantemente negativo sobre a riqueza da comunidade bacteriana, inibindo o

crescimento e/ou a sobrevivência da maioria dos grupos taxonômicos originais. Embora os

valores do índice de diversidade tenham se mostrados mais altos que outros reportados na

literatura para solos Os resultados levantados mostraram, também, que houve considerável

redução na diversidade da comunidade bacteriana sob efeito da lignina ao longo do tempo,

queda expressa pelo Índice de Shannon (Tabela 5). Os dados mostram que os dois primeiros

dias de amostragem (início e 9º dia) apresentam valores de diversidade muito similares entre

si (~11), sendo posteriormente reduzidos para aproximadamente 7,8 nos dois últimos dias (18º

e 27º). Esta redução na diversidade, acompanhada ao mesmo tempo pela redução na

quantidade de OTUs ao longo do tempo, é um forte indício de que a comunidade bacteriana

sofreu uma grande perturbação em sua biodiversidade e estrutura. O impacto de uma

perturbação biótica ou abiótica dependerá de sua freqüência e intensidade com que a mesma

ocorre ou ocorreu (WILKINSON, 2002). No caso dos fatores bióticos, a interação entre os

microrganismos do meio (solo) do qual este está confinado (microcosmo) pode se dar por

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competição pelo mesmo substrato ou fonte de energia, acarretando uma redução na

viabilidade ou taxa de natalidade de certos grupos e possível desparecimento de funções

ecologicamente importantes ao equilíbrio de um ecossistema (caso não haja mais de uma

espécie desempenhando papéis ecologicamente redundantes). Já abioticamente estes fatores

podem estar restritos à oxidação química de minerais do solo importantes para o metabolismo

bacteriano ou mesmo à diversificação local de condições ambientais, influenciando a

disponibilidade de nutrientes em micro-hábitats (heterogeneidade espacial de recursos). A

alteração nas condições ambientais de um (micro) ecossistema pode representar um tipo de

perturbação à sua comunidade biótica, exercendo pressão seletiva sobre ela (CALBRIX,

2005). No caso do enriquecimento, o input de lignina nos microcosmos significou um estresse

abiótico considerável na estrutura e abundância da comunidade bacteriana ali presente,

propiciando a preponderância de micro-organismos que tolerarassem ou minimizassem as

pressões seletivas ao longo do tempo (FIERER et al., 2010).

Figura 23. Riqueza nos microcosmos ao longo do enriquecimento. O gráfico mostra a quantidade

de OTUs presentes nos microcosmos enriquecidos dos dias 9, 18 e 27 e no microcosmo controle do

primeiro dia (solo nativo; sem adição de lignina).

Para avaliar como a lignina interferiu na diversidade da comunidade bacteriana,

foram aplicados dois conceitos de cálculo de diversidade: a diversidade alfa (α) e a

diversidade beta (β). Enquanto a diversidade alfa se limita a calcular a diversidade em uma

mesma amostra/microcosmo, a diversidade beta compara a diversidade entre duas ou mais

amostras/microcosmos, indicando quais delas são mais similares ou distintas entre si.

A riqueza e a diversidade de organismos em uma comunidade são estritamente

dependentes do esforço amostral realizado, tendo em vista que o número de OTUs tende a

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aumentar à medida que a quantidade de sequências-marcadoras (no caso, o gene RNAr 16S)

são analisadas. Neste sentido, medidas que estimem a riqueza (número de espécies ou OTUs)

permitem avaliar o quanto os dados amostrais representam a riqueza presente no ambiente,

além de oferecer também dados mais consistentes na realização de analogias ou estudos

comparativos entre comunidades. Tais medidas podem ser dadas através de curvas de

acumulação ou estimadores de riqueza. Nesse contexto, foram aplicadas curvas de

acumulação e o estimador de riqueza Chao1 para cada comunidade de microcosmo, adotando

um tamanho amostral (número de sequências/OTUs) padrão. A seguir, são apresentadas as

quantidades de OTUs em função do número de sequências analisadas (curva de acumulação,

Figuras 25 e 25) e a estimativa da riqueza das comunidades através do método não-

paramétrico Chao1 (Figuras 26 e 27).

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Figura 24. Curva de rarefação mostrando o número de OTUs observado em função do número

de sequencias do gene RNAr 16S analisadas a partir dos microcosmos enriquecidos dos dias 9,

18 e 27 e do microcosmo controle (solo nativo). Painel (A): triplicatas das amostras foram analisadas

individualmente; Painel (B): triplicatas das amostras foram agrupadas antes da análise.

Os gráficos da Figura 24 mostram a significativa diferença entre o número de

OTUs dos dois primeiros dias (início e 9º dia) e dos dois últimos (18º e 27º dias), à medida

que o número de sequências analisadas e o tempo de exposição à lignina aumentam. Tal

resultado reforça a hipótese que a lignina influencia negativamente a riqueza bacteriana de

uma comunidade ao longo do tempo, mesmo que o input da mesma tenha se dado apenas uma

única vez no início do enriquecimento. Apesar da concentração de lignina (10% m/m)

adicionada ao microcosmo não ser comum em meios naturais, e a mesma corresponder a uma

forma prontamente disponível (lignin-alkali em pó), a diminuição no número de OTUs indica

que a maioria das bactérias que habitam o solo possivelmente não detém mecanismos capazes

de biodegradar, detoxificar ou tolerar a lignina quando em contato com as suas células,

levando à seleção de alguns grupos microbianos em detrimento de outros.

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Por outro lado, os valores de riqueza observados nos microcosmos controles

(início, 9º, 18º e 27º dias) e enriquecidos (9º, 18º e 27º dias) foram comparados entre si para

cada dia de amostragem, cujos dados são expressos na Figura 25.

Figura 25. Curva de rarefação mostrando o número de OTUs observado em função do número

de sequencias do gene RNAr 16S analisadas, comparando os microcosmos controles (início, 9º,

18º e 27º dias) e enriquecidos (9º, 18º e 27º dias) para cada dia de amostragem. As linhas

tracejadas mostram maior diferença na riqueza encontrada entre os microcosmos controles e

enriquecidos dos 18º e 27º dias de amostragem.

É possível notar que, para praticamente qualquer quantidade de sequências

analisadas (principalmente a partir de aproximadamente 25.000), a quantidade de OTUs na

condição controle é sempre maior que na condição enriquecida. Isto evidencia que a adição de

lignina impactou a comunidade bacteriana ao longo do tempo, sendo a menor diferença

encontrada no 9º dia e a maior no 27º dia (os microcosmos controles têm quase o dobro de

OTUs em relação aos enriquecidos, para mais de 60.000 sequências analisadas).

Os resultados obtidos pelo método não-paramétrico Chao1 corroboraram os

resultados observados nas curvas de rarefação. Os números de OTUs dos dois primeiros dias

de amostragem (início e 9º dia) são menores do que dos dois últimos dias (18º e 27º dias),

indicando novamente o impacto negativo da lignina sobre a riqueza da comunidade bacteriana

ao longo do tempo (Figura 26).

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Figura 26. Estimativa de riqueza pelo método não-paramétrico Chao 1, comparando-se os

microcosmos enriquecidos dos dias 9, 18 e 27 com o início (solo nativo). Número de OTUs

estimado em função da quantidade de sequências do gene RNAr 16S analisadas, para as triplicatas

analisadas individualmente (A), ou com suas triplicatas agrupadas (B).

Assim como realizado na análise da riqueza observada, a estimativa de riqueza

pelo método Chao1 também comparou os microcosmos controles (início, 9º, 18º e 27º dias) e

enriquecidos (9º, 18º e 27º dias) para cada dia de amostragem (Figura 27). Do mesmo modo,

maiores diferenças na estimativa de riqueza também foram encontradas entre os microcosmos

controles e enriquecidos à medida que o tempo de exposição à lignina aumenta, ou seja, nos

18º e 27º dias de amostragem.

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Figura 27. Estimativa de riqueza pelo método não-paramétrico Chao 1, comparando os microcosmos

controles (início, 9º, 18º e 27º dias) e enriquecidos (9º, 18º e 27º dias) para cada dia de amostragem.

As linhas tracejadas mostram maior diferença na riqueza estimada entre os microcosmos controles e

enriquecidos do 18º e 27º dias de amostragem.

A Figura 27 mostra que, para praticamente qualquer quantidade de sequências

analisadas (principalmente a partir de aproximadamente 25.000), a quantidade de OTUs na

condição controle é sempre maior que na condição enriquecida. Isto corrobora novamente

com a tese que a adição da lignina aos microcosmos impactou negativamente a riqueza da

comunidade bacteriana nativa do solo da Caatinga ao longo do tempo, reduzindo sua riqueza

no final para praticamente à metade do seu valor inicial. No entanto, uma vez que qualquer

distúrbio possui a capacidade de modificar o tamanho de uma comunidade, diminuindo o

número de indivíduos (OTUs) e a frequência como os mesmos são aleatoriamente amostrados

(PETRAITIS, 1989; MYERS et al., 2015), é necessário avaliar como a composição da mesma

foi afetada nos vários microcosmos, o que pode ser feito pelo cálculo da diversidade beta.

Uma perturbação, como a adição de lignina ao microcosmo, poderia aumentar a

convergência de espécies mais tolerantes ou causar divergência na composição de

comunidades através da formação de gradientes ambientais, que poderiam ser criados após a

introdução da lignina no habitat em questão (MYERS et al., 2015). Por conta disso, a

dissimilaridade na composição taxonômica entre as duas situações de estudo (controle e

adição de lignina) é bem explorada pela diversidade beta, dado que a heterogeneidade

ambiental entre ambas se evidencia principalmente pela quantidade de lignina adicionada

inicialmente ao microcosmo.

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Nesse contexto, a diversidade beta entre todas as comunidades bacterianas dos

microcosmos/dias de enriquecimento foi calculada pela ferramenta QIIME, determinando-se

as distâncias entre os pontos de amostragem através do método UniFrac. A análise das

coordenadas principais (PCoA) foi realizada tanto na forma weighted (ponderada) quanto

unweighted (não ponderada), ambos representados pela ferramenta de visualização Emperor,

integrada ao QIIME. A principal diferença entre a forma ponderada e não ponderada baseia-se

na inclusão da abundância de OTUs no cálculo das distâncias entre as comunidades. Enquanto

a forma não ponderada (unweighted) toma todas as OTUs dos grupos em níveis iguais de

abundância, a forma ponderada (weighted) considera as OTUs de cada grupo com seus

específicos níveis de abundância nas comunidades, sendo assim mais coerente para estudos

biológicos, e a escolhida para representação (Figuras 28 e 29). Assim como nos gráficos de

alfa-diversidade, estão representados os microcosmos de forma individual (triplicatas separadas)

e com as triplicatas agrupadas, bem como a comparação dos mesmos em diferentes condições

para cada dia de amostragem.

Figura 28. Análise de Coordenadas Principais (PCoA) da diversidade beta (via PCoA-UniFrac) entre

as comunidades bacterianas dos microcosmos enriquecidos dos dias 9, 18 e 27 e início (solo nativo)

utilizando a ferramenta Unifrac ponderada (weighted). Painel (A): triplicatas das amostras foram

analisadas individualmente, Painel (B): triplicatas analisadas de maneira agrupada.

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Na Figura 28, pode-se observar considerável distância entre os pontos

pertencentes a aparentemente dois grupos distintos: um abrangendo as amostras relativas ao

início e 9º dia de enriquecimento com lignina (dias iniciais) e outro abrangendo as amostras

relativas aos 18º e 27º dias de enriquecimento (dias finais). O grau de dissimilaridade entre os

dois grupos pode ser verificado pela distância entre os seus pontos representantes, sendo mais

expressiva quando as triplicatas das amostras são analisadas de maneira agrupada (Figura

28B). Destes resultados, podemos deduzir que do início ao 9º dia com lignina a comunidade

bacteriana não teve alterações significativas em sua estrutura e diversidade.

A diversidade beta (via PCoA-weighted-UniFrac) da comunidade bacteriana entre

os microcosmos controles (início, 9º, 18º e 27º dias) e enriquecidos (9º, 18º e 27º dias) para

cada dia de amostragem também foi calculada e analisada, cujos resultados estão mostrados

na Figura 29.

Figura 29. Análise de Coordenadas Principais (PCoA) da diversidade beta (via PCoA-UniFrac) entre

as comunidades bacterianas dos microcosmos controles (início, 9º, 18º e 27º dias) e enriquecidos (9º,

18º e 27º dias) para cada dia de amostragem utilizando a ferramenta Unifrac ponderada (weighted).

Na Figura 29, percebe-se que há a formação de três grupos distintos, dos quais o

primeiro consiste das amostras relativas ao início + 9º dia de solo enriquecido; o segundo

engloba as amostras relativas ao 9º dia de solo sem lignina + 18º dia de solo sem lignina +

27º dia de solo sem lignina, e o terceiro grupo engloba as amostras relativas ao 18º dia de

solo com lignina + 27º dia de solo com lignina. Estes resultados sugerem que do início ao 9º

dia com lignina não houve alterações significativas na estrutura e diversidade da comunidade

bacteriana. Ainda, a comunidade bacteriana dos microcosmos sem lignina parecem ter se

diferenciado relativamente da comunidade inicial, mantendo-se constante depois nos 9º, 18º e

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27º dias, isto é, não apresentarando relevantes diferenças na diversidade bacteriana entre si. Já

o terceiro grupo (microcosmos enriquecidos dos dois últimos dias de amostragem) se mostra

bastante disperso em relação aos demais, sugerindo uma diferenciação mais profunda na

comunidade bacteriana em relação ao início do experimento e em relação aos microcosmos

sem lignina. Isto se deu provavelmente em função da pressão seletiva exercida pela lignina,

que favoreceu apenas grupos de bactérias capazes de tolerar e/ou utilizar a lignina como fonte

de carbono, partilhando, assim, poucas características em comum com o início do

enriquecimento.

De maneira geral, é possível observar que houve duas situações distintas às quais

a comunidade bacteriana presente no microcosmo esteve sujeita: uma relativa ao início do

enriquecimento e outra ao final, estágio pelo qual os efeitos da lignina já são mais intensos.

Além da própria heterogeneidade na composição taxonômica existente entre os microcosmos,

a diversidade beta mostra alterações na microbiota ao longo do tempo, resultantes

principalmente da ação da lignina e esgotamento nutricional do ecossistema, dado que a troca

de componentes dos microcosmos com o meio externo é praticamente nula.

O diagrama de Venn mostra o número de OTUs exclusivas e compartilhadas entre

os microcosmos enriquecidos dos diferentes pontos de amostragem (Figura 30).

Figura 30. Diagrama de Venn mostrando as OTUs exclusivas e compartilhadas entre as comunidades

bacterianas dos microcosmos enriquecidos dos dias 9, 18 e 27 e do início (solo nativo).

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Na Figura 30 é possível notar que 4684 OTUs são unicamente exclusivas ao

primeiro dia de amostragem (início), ao passo que apenas 1883 OTUs são exclusivas ao

último dia de amostragem (27º dia). Isto não significa que tais OTUs não estavam presentes

nos outros dias anteriores, mas que possivelmente a abundância destas na comunidade

bacteriana aumentou significativamente ao longo do enriquecimento, permitindo sua detecção

ao final do experimento através do sequenciamento Illumina.

Outra observação que merece destaque é que das 19.995 OTUs existentes no

primeiro dia de amostragem (Figura 23), 953 (Figura 30) permaneceram até o 27º e último dia

de enriquecimento, sendo a maioria (~95,2%) erradicada pela exposição à lignina ao longo do

tempo. No entanto, apesar da lignina ter exercido um papel devastador na riqueza da

comunidade, nem todos os grupos taxonômicos bacterianos sofreram impacto negativo em

sua abundância na comunidade. Muitos deles não só sobreviveram ou toleraram a influência

da lignina ao longo do tempo, mas sim se beneficiaram após o input da mesma nos

microcosmos, como detalhado a seguir.

5.3 Afiliação taxonômica de comunidades bacterianas dos microcosmos

A introdução de lignina aos microcosmos proporcionou evidentes mudanças na

abundância de grupos taxonômicos ao longo do tempo, interferindo na composição da

microbiota respectiva. Embora os microcosmos mimetizem parcialmente um ambiente a partir

de condições controladas, eles foram projetados como sistemas isolados do meio externo,

determinados pela ciclagem limitada de materiais (e elementos) em seu interior. Por conta

disso, é mais provável que variações na estrutura e diversidade de uma comunidade bacteriana

tenham sido estimuladas estritamente pelas condições ou perturbações internas que foram

propositalmente induzidas ao microcosmo, como adição de lignina, temperatura elevada

(45ºC) constante e duração do processo de enriquecimento (dias), com as devidas

consequências associadas (por exemplo, ocorrência de intemperismo químico ou

decomposição dos minerais do solo). Para investigar como a comunidade bacteriana foi

impactada mediante tais fatores, em termos de diversidade, procedeu-se a análise taxonômica

em diferentes níveis de organização, buscando, se possível, grupos que pudessem funcionar

como marcadores ou preditores das alterações.

Os dados gerados pelo sequenciamento Illumina da região V3-V4 do gene RNAr

16S de comunidades bacterianas presentes nos microcosmos, durante o enriquecimento,

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foram avaliados para os níveis taxonômicos de filo, família e gênero, este último com a mais

profunda resolução taxonômica analisada. Embora a análise dos dados em nível de espécie

tenha sido realizada para a determinação das OTUs, ela não foi incluída na descrição e

discussão dos resultados neste item, uma vez que o número de espécies determinado para

todos os microcosmos, incluindo aquelas com abundâncias menores que 0,1%, tornaram esta

tarefa inviável.

Neste sentido, o número de OTUs correspondentes aos níveis taxonômicos filo,

família e gênero foi analisado durante o enriquecimento concomitante à identificação de seus

representantes, considerando sequências do gene RNAr 16S com similaridade igual ou maior

a 95% como pertencentes ao mesmo gênero, igual ou maior que 90% como pertencentes à

mesma família e igual ou maior que 80% como pertencente ao mesmo filo. Sequências

desconhecidas foram assim denominadas pelo QIIME pelo fato de não apresentarem

alinhamento com sequencias de RNAr 16S disponíveis nos bancos de dados.

A seguir, inicialmente cada nível taxonômico dispõe de informações, análises e

gráficos da variação da diversidade nos microcosmos enriquecidos (dos 9º, 18º e 27º dias de

amostragem) em relação ao início do processo de enriquecimento (sem adição de lignina),

enquanto que, em um segundo momento, os dados dos microcosmos enriquecidos dos 9º, 18º

e 27º dias são comparados com os microcosmos controles para cada um destes dias de

amostragem. Do mesmo modo, excetuaram-se da análise taxonômica os microcosmos

controles (solo nativo, sem adição de lignina) do início com os microcosmos recém-

enriquecidos com lignina do primeiro dia. Todas as triplicatas de cada condição (controle e

enriquecido) referentes a um mesmo dia de amostragem também foram reunidas em uma

única amostra (média percentual das triplicatas).

Em geral, nossos resultados mostraram uma notável variação na abundância de

grupos taxonômicos ao longo do tempo, em diferentes níveis e etapas. Basicamente,

observou-se a repressão de alguns grupos taxonômicos em detrimento da sucessão de outros

ao longo do enriquecimento, em diferentes proporções. A seguir, cada nível taxonômico é

abordado individualmente para análise de seus representantes e discussão dos dados.

5.3.1 Estrutura das comunidades bacterianas em nível de filo

As sequências obtidas dos microcosmos foram distribuídas em 34 filos, com 14

deles apresentando abundâncias médias totais (em todos os microcosmos) maiores que 0,1%.

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A Tabela 6 lista os principais filos encontrados do início ao fim do enriquecimento. Assim

como em outras tabelas de níveis taxonômicos, para cada dia de amostragem é mostrada a

média percentual de determinado grupo taxonômico, calculada a partir de seus valores

representativos nas triplicatas. Além disso, é expressa também a percentagem média total de

cada grupo taxonômico tendo-se em base todos os dias do enriquecimento.

Tabela 6. Distribuição dos principais filos encontrados do início ao fim do enriquecimento do solo

com lignina.

Filos % média total Início 9º dia com

lignina

18º dia com

lignina

27º dia com

lignina

Actinobacteria 37,2% 33,56% 43,26% 34,23% 37,73%

Proteobacteria 21,7% 20,5% 18,73% 22,96% 24,63%

Firmicutes 16,6% 2,26% 4,23% 32,2% 27,53%

Acidobacteria 7,3% 14,0% 10,43% 3,23% 1,66%

Chloroflexi 6,9% 9,7% 9,96% 3,26% 4,73%

Gemmatimonadetes 2,6% 5,13% 3,13% 1,0% 0,93%

Planctomycetes 2,1% 4,16% 2,56% 0,9% 0,9%

Verrumicrobia 2,0% 3,66% 2,9% 1,0% 0,63%

Bacteroidetes 1,7% 3,6% 2,03% 0,53% 0,46%

Nitrospirae 0,3% 0,63% 0,36% 0,16% 0,13%

Cyanobacteria 0,3% 0,66% 0,63% 0,0% 0,0%

Elusimicrobia 0,1% 0,16% 0,1% 0,03% 0,0%

TM7 0,1% 0,2% 0,2% 0,03% 0,06%

WPS-2 0,1% 0,2% 0,2% 0,0% 0,0%

Obs.: As porcentagens referentes aos dias de amostragem (início, 9º, 18º e 27º dia) correspondem à

média das porcentagens das respectivas triplicatas. A porcentagem média total é a média aritmética de

todas as porcentagens do grupo apresentada em todos os microcosmos, considerando a média das

triplicatas.

Considerando a percentagem média total, os filos mais comuns de todos os

microcosmos foram Actinobacteria (37,2%), Proteobacteria (21,7%) e Firmicutes (16,6%),

sendo os dois primeiros responsáveis por mais da metade dos filos encontrados (Tabela 6).

Acidobacteria (7,3%), Chloroflexi (6,9%), Gemmatimonadetes (2,9%), Planctomycetes

(2,1%), Verrucomicrobia (2,0%) e Bacteroidetes (1,7%) aparecem em seguida, com valores

intermediários a raros. Por outro lado, Cyanobacteria, Elusimicrobia, Nitrospirae, TM7 e

WPS-2 apresentaram-se como filos excepcionalmente raros dentre os demais em praticamente

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todos os dias de enriquecimento, com índices percentuais menores que 1%. Os dados relativos

aos filos bacterianos estão ilustrados na Figura 31.

Os resultados de diversidade de filos bacterianos chamam principalmente a

atenção para o aumento na abundância do filo Firmicutes a partir do nono dia de

enriquecimento, subindo de aproximadamente 2-4% do início e 9º dia até 27-32% nos dias

18º e 27º, além do aumento discreto do filo Proteobacteria (Figura 31). Este proeminente

aumento na quantidade de OTUs fez com que o filo Firmicutes passasse de uma das menores

percentagens de abundância na comunidade dos primeiros dois dias de amostragem (início e

9º dia) para o segundo filo mais abundante nos dias 18º e 27º, ficando atrás apenas do filo

Actinobacteria, que dominou os microcosmos durante todo o período de enriquecimento. O

aumento do filo Firmicutes é bastante visível quando comparado aos outros filos bacterianos

que decresceram em abundância na comunidade do início ao último dia, como nos casos dos

filos Acidobacteria, Bacteroidetes, Chloroflexi, Cyanobacteria, Elusimicrobia,

Gemmatimonadetes, Nitrospirae, Planctomycetes, TM7, Verrumicrobia e WPS-2. Quase

metade destes filos apresentavam abundâncias menores que 2,0% nos dois primeiros dias de

amostragem, decaindo para índices próximos à zero até o final do enriquecimento (27º dia). Já

outros filos que exibiram percentagens superiores a 2,0% nos dois primeiros dias de

amostragem, como Chloroflexi, Bacteroidetes, Gemmatimonadetes, Planctomycetes e

Verrumicrobia, tiveram suas abundâncias reduzidas a índices menores que os iniciais ao

decorrer do enriquecimento. Por outro lado, os filos Actinobacteria e Proteobacteria

mantiveram aproximadamente as mesmas abundâncias em todos os dias amostrados, com

leves flutuações entre os valores médios percentuais. Isto indica que ambos não parecem ter

sido afetados pela manutenção da temperatura constante de 45º C ou introdução da lignina,

sugerindo a existência de possível tolerância as tais condições entre os seus representantes.

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Figura 31. Gráfico de área mostrando a diversidade de filos bacterianos presentes nos microcosmos

enriquecidos dos dias 9, 18 e 27 e início (solo nativo).

Já os dados dos filos bacterianos referentes à comparação entre os microcosmos

controles com os enriquecidos para cada um dos dias de amostragem (9º, 18º ou 27º) são

representados na Figura 32 (gráfico de barras).

Figura 32. Gráfico de barras mostrando a diversidade de filos bacterianos presentes nos microcosmos

controles (início, 9º, 18º e 27º dias) e enriquecidos (9º, 18º e 27º dias) existentes para cada dia de

amostragem.

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Os dados da Figura 32 mostraram resultados interessantes quanto aos filos

Actinobacteria, Firmicutes, Acidobacteria, Gemmatimonadetes e Chloroflexi. A abundância

de Actinobacteria mostrou-se maior com a adição de lignina nos dias amostrados em relação

aos microcosmos controles. Tal comportamento pode ser explicado pelo filo possuir

representantes com características tolerantes à lignina, como espécies do gênero Streptomyces

(RAMACHANDRA, 1988; ENDO, 2003; MACHCZYNSKI et al., 2004), capazes de

degradar bioquimicamente o composto. Firmicutes é outro filo que aparece de forma

expressiva nos microcosmos enriquecidos, principalmente nos dias 18º e 27º, apresentando

um enriquecimento expressivo em seus níveis de abundância sob o efeito da lignina. Os

principais responsáveis por este aumento são espécies do gênero Bacillus (PERESTELO et

al., 1996; CLAUS, 1997; MARTINS et al., 2002; RUIJSSENAARS & HARTMANS, 2004;

RAJ, 2007; KOSCHORRECK et al., 2008; REISS, 2011; BANDOUNAS et al., 2011;

CHANG et al., 2014; MIN et al., 2015), das quais algumas espécies como B. subtilis

(CHANG et al., 2014; MIN et al., 2015) e B. pumilus (PERESTELO et al., 1996; REISS,

2011) têm sido descritas como ligninolíticas. Já os filos Acidobacteria, Gemmatimonadetes e

Chloroflexi mostraram redução de seus níveis de abundância sob o efeito da lignina, ao passo

que nos controles os níveis praticamente se mantém os mesmos ao longo da amostragem.

5.3.2 Estrutura das comunidades bacterianas em nível de família

A avaliação taxonômica dos microcosmos em nível de família resultou na

verificação de 177 famílias bacterianas, das quais 133 apresentaram abundâncias médias

totais (em todos os microcosmos) maiores que 0,1%. A Tabela 7 fornece as principais

famílias encontradas do início ao fim do enriquecimento, com suas proporções exibidas

graficamente na Figura 33.

As famílias mais abundantes (média percentual total de todos os dias de

amostragem) durante o enriquecimento foram: Rubrobacteraceae (8,4%),

Sporolactobacillaceae (7,9%), Alcaligenaceae (6,1%), Streptomycetaceae (6,0%) e

Bacillaceae (4,0%). Com médias percentuais um pouco mais baixas, aparecem as famílias:

Gaiellaceae (2,7%), Micromonosporaceae (2,7%), uma família desconhecida pertencente à

classe Chloracidobacteria (2,4%); Rhodospirillaceae (1,8%), uma família desconhecida da

classe Acidobacteria (1,6%) e Sphingomonadaceae (1,4%).

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Membros das famílias Sporolactobacillaceae, Alcaligenaceae, Streptomycetaceae

e Bacillaceae apresentaram considerável aumento de suas abundâncias na comunidade nos 18º

e 27º dias, com as maiores delas registradas pelas famílias Streptomycetaceae (subindo de

aproximadamente 0,8% nos dois primeiros dias de amostragem para 10-11% nos últimos) e

Alcaligenaceae (passando de 0,1-0,2% nos dois primeiros dias de amostragem para 10-13%

nos últimos). Já famílias como Rubrobacteraceae, Rhodospirillaceae e Sphingomonadaceae

exibiram queda na abundância relativa nos últimos dias de amostragem em comparação ao

início do enriquecimento, enquanto que outras como Gaiellaceae e Micromonosporaceae

aparentemente oscilaram de forma estável entre 1,5-4,0 %.

Algumas características podem ser levantadas a partir da literatura sobre as

famílias mais comuns encontradas durante o enriquecimento. A família Sporolactobacillaceae,

pertencente ao filo Firmicutes, é conhecida por possuir bactérias tanto aeróbicas quanto

fermentativas, muitas das quais sendo termófilas, isoladas majoritariamente do solo e da água

(MADIGAN et al., 2010; BERTRAND, 2015). Outra família pertencente ao filo Firmicutes é

a Bacillaceae, que consiste de bactérias em forma de bastonete formadoras de esporos,

responsáveis pela disseminação ubíqua e abundante deste grupo tanto em ambientes aquáticos

quanto terrestres (solo). Seus membros podem ser tanto aeróbicos quanto anaeróbicos

restritivos ou facultativos (NAZINA et al., 2001; MADIGAN et al., 2010). Rubrobacteraceae

e Streptomycetaceae, por outro lado, são famílias do filo Actinobacteria. Enquanto a primeira

família é bastante conhecida por conter espécies do gênero Rubrobacter, tolerantes a altos

níveis de radiação ionizante (FERREIRA et al., 1999), a segunda é frequentemente associada

ao gênero Streptomyces, considerado o mais representativo e numeroso em espécies da

família como um todo (ANDERSON, 2001; MADIGAN et al., 2010). Alcaligenaceae, por

último, pertence ao filo Proteobacteria e ordem Burkholderiales, cujos membros são

encontrados no solo, na água, em animais e humanos (GARRITY et al., 2005; MADIGAN et

al., 2010). Uma espécie (Comamonas sp. B-9) desta ordem foi descrita como capaz de

degradar a lignina (CHEN et al., 2012).

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Tabela 7. Distribuição das principais famílias encontradas do início ao fim do enriquecimento do solo

com lignina.

Famílias % média total Início 9º dia com

lignina

18º dia com

lignina

27º dia com

lignina

Rubrobacteraceae 8,4% 10,03% 12,1% 6,1% 5,23%

Sporolactobacillaceae 7,9% 0,23% 0,8% 15,93% 14,5%

Alcaligenaceae 6,1% 0,2% 0,13% 13,2% 10,7%

Streptomycetaceae 6,0% 0,73% 0,8% 11,66% 10,63%

Bacillaceae 4,0% 0,5% 3,33% 8,16% 6,1%

Gaiellaceae 2,7% 2,96% 4,16% 1,53% 2,1%

Micromonosporaceae 2,7% 2,3% 4,06% 2,16% 2,06%

Família desconhecida da

classe Chloracidobacteria

2,4% 0,5% 3,23% 1,03% 0,36%

Rhodospirillaceae 1,8% 2,06% 2,83% 1,0% 1,03%

Família desconhecida da

classe Acidobacteria

1,6% 2,96% 2,2% 0,96% 0,43%

Sphingomonadaceae 1,4% 2,1% 2,13% 0,66% 0,8%

Obs.: As porcentagens referentes aos dias de amostragem (início, 9º, 18º e 27º dia) correspondem à

média das porcentagens das respectivas triplicatas. A porcentagem média total é a média aritmética de

todas as porcentagens do grupo apresentada em todos os microcosmos, considerando a média das

triplicatas.

Figura 33. Gráfico de área mostrando a diversidade de famílias bacterianas presentes nos

microcosmos enriquecidos dos dias 9, 18 e 27 e início (solo nativo).

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Por sua vez, a comparação dos dados referentes às famílias bacterianas entre os

microcosmos controles e enriquecidos para os mesmos dias de amostragem mostrou

significativas diferenças nos níveis de abundância de certas famílias (Figura 34, gráfico de

barras). Para as famílias Sporolactobacillaceae e Bacillaceae (ambos pertencente ao filo

Firmicutes), Streptomycetaceae (filo Actinobacteria), Acetobacteraceae e Alcaligenaceae

(ambos pertencentes ao filo Proteobacteria), as abundâncias foram maiores nos microcosmos

enriquecidos, para um mesmo dia de amostragem. Tais diferenças são bastante visíveis nos

18º e 27º dias de amostragem, nos quais tais famílias chegam a ultrapassar 10% de

abundância na comunidade. Por outro lado, Sphingomonadaceae e Xanthomonadaceae

(ambos pertencentes ao filo Proteobacteria) indicam potencialmente uma influência negativa

da lignina sobre o crescimento e sobrevivência bacteriana, uma vez que nos microcosmos

controles tais famílias apresentaram maiores quantidades de OTUs do que nos ensaios

enriquecidos. Essa influência negativa pode ter ocorrido de forma direta ou indireta, neste

último caso através da dominância de outros grupos taxonômicos que seriam desfavoráveis ou

antagônicos às suas presenças na comunidade (FIERER et al., 2010).

Figura 34. Gráfico de barras mostrando a diversidade de famílias bacterianas presentes nos

microcosmos controles (início, 9º, 18º e 27º dias) e enriquecidos (9º, 18º e 27º dias) para cada dia de

amostragem.

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5.3.3 Estrutura das comunidades bacterianas em nível de gênero

Por último, as sequências obtidas dos microcosmos foram analisadas em nível de

gênero, sendo confrontados 231 gêneros conhecidos com os dados do sequenciamento, em que

161 deles apresentaram abundâncias médias totais (em todos os microcosmos) maiores que 0,1%.

A Tabela 8 lista os principais gêneros encontrados do início ao fim do enriquecimento.

Alguns gêneros identificados pelo sequenciamento dos microcosmos ao longo do

enriquecimento foram: Rubrobacter, Streptomyces, Bacillus, Kaistobacter, Rhodoplanes,

Paenibacillus, Dyella, Balneimonas, Flavisolibacter, Pseudonocardia, Geodermatophilus e

Amycolatopsis. No entanto, também se verificou a presença significativa de gêneros

desconhecidos pertencentes a vários níveis taxonômicos. Exemplos deles foram gêneros não

identificados das classes Acidobacteria e Chloracidobacteria; das ordens Micrococcales,

Solirubrobacterales, Acidimicrobiales e Rhizobiales; e das famílias Acetobacteraceae,

Conexibacteraceae, Rhodospirillaceae, Thermogemmatisporaceae, Sporolactobacillaceae,

Alcaligenaceae, Gaiellaceae e Bacillales, com as respectivas abundâncias detalhadas na

Tabela 8. Tais resultados destacam a presença de uma diversidade bacteriana ainda

desconhecida e inexplorada, que pode guardar importantes informações ecológicas,

metabólicas e filogenéticas de seus componentes em resposta à indução por lignina. Embora a

técnica de sequenciamento da região V3-V4 do DNAr 16S não esteja isenta de artefatos ou

outros fatores responsáveis pela perda de informação biológica, ela permite com segurança a

percepção de mínimas diferenças de diversidade taxonômica bacteriana ao longo de um

processo contínuo, demonstrando de maneira robusta a variação da abundância de uma

comunidade ao longo do tempo. Além da classificação de espécies com base na comparação

das OTUs com sequências de organismos conhecidos depositadas em bases de dados

públicas, o sequenciamento do gene RNAr 16S torna possível a detecção de novas espécies

bacterianas ainda não reconhecidas na literatura, que podem representar grande potencial ou

aplicabilidade no ramo industrial, sustentável e biotecnológico.

Embora a completa identificação de todos os representantes ao longo do

enriquecimento não tenha sido possível, nossos dados mostram uma variação considerável da

abundância relativa de certos gêneros bacterianos ao longo do tempo, passando de uma

comunidade relativamente homogênea no início para uma mais heterogênea na presença de

lignina. Na Figura 35, é possível reconhecer pelo menos quatro gêneros bacterianos com

abundância significativa ao longo do enriquecimento: Bacillus, Streptomyces, Rubrobacter e,

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mais sutilmente, Dyella. Enquanto Rubrobacter se destaca no início e 9º dia enriquecimento,

ele não é mais o único gênero a se sobressair dos demais nos 18º e 27º dias, sendo

acompanhado por outros gêneros mais ou menos abundantes, como Streptomyces, Bacillus e

Dyella, além de vários outros desconhecidos. Dentre os gêneros que não foram identificados,

embora reconhecidos até certo grau taxonômico e que exibiram expressivo aumento de

abundância nos 18º e 27º dias de amostragem, temos: um gênero desconhecido da família

Alcaligenaceae, um desconhecido da família Sporolactobacillaceae e outro da família

Acetobacteraceae; assim como outros gêneros não identificados pertencentes à família

Bacillaceae.

Os gêneros Rubrobacter, Streptomyces, Bacillus e Dyella incluem bactérias que

são normalmente isoladas do solo. Entre estes, Bacillus e Streptomyces são os gêneros mais

comumente encontrados na natureza, com o maior número de espécies conhecidas

(MADIGAN et al., 2010; GRAUMANN, 2012) e representantes capazes de biodegradar a

lignina (RAMACHANDRA, 1988; PERESTELO et al., 1996; CLAUS, 1997; MARTINS et

al., 2002; ENDO, 2003; RUIJSSENAARS & HARTMANS, 2004; MACHCZYNSKI et al.,

2004; RAJ, 2007; KOSCHORRECK et al., 2008; REISS, 2011; BANDOUNAS et al., 2011;

CHANG et al., 2014; MIN et al., 2015).

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Tabela 8. Distribuição dos principais gêneros encontrados do início ao fim do enriquecimento do solo com lignina.

Gêneros % média total Início 9º dia com

lignina

18º dia com

lignina

27º dia com

lignina

Rubrobacter 7,8% 9,26% 11,33% 5,7% 4,8%

Desconhecido da família Sporolactobacillaceae

7,8% 0,2% 0,8% 15,83% 14,4%

Desconhecido da família Alcaligenaceae

6,0% 0,2% 0,13% 13,0% 10,56%

Streptomyces 5,7% 0,63% 0,7% 11,43% 10,2%

Bacillus 3,4% 0,4% 1,03% 7,23% 3,6%

Desconhecido da ordem Micrococcales

2,9% 1,7% 2,8% 3,16% 3,76%

Desconhecido da família Gaiellaceae 2,7% 2,96% 4,16% 1,53% 2,2%

Desconhecido da ordem Solirubrobacterales

2,6% 3,03% 3,66% 1,76% 1,96%

Outros gêneros da família Bacillales 2,5% 0,8% 1,2% 3,13% 4,83%

Desconhecido da classe

Chloracidobacteria

2,4% 5,0% 3,23% 1,03% 0,36%

Desconhecido da família

Acetobacteraceae

2,0% 0,66% 0,43% 1,2% 5,7%

Desconhecido da classe Acidobacteria 1,6% 2,96% 2,2% 0,96% 0,43%

Desconhecido da família Conexibacteraceae

1,4% 2,23% 2,16% 0,43% 0,6%

Desconhecido da família Rhodospirillaceae

1,3% 1,83% 2,1% 0,7% 0,56%

Desconhecido da família Thermogemmatisporaceae

1,1% 2,0% 1,73% 0,23% 0,2%

Kaistobacter 1,0% 1,43% 1,4% 0,53% 0,63%

Desconhecido da ordem

Acidimicrobiales

1,0% 0,46% 0,83% 1,0% 1,2%

Rhodoplanes 0,9% 1,53% 1,4% 0,33% 0,3%

Paenibacillus spp. 0,9% 0,13% 0,13% 2,23% 1,03%

Dyella 0,8% 0,03% 0,0% 1,66% 1,56%

Balneimonas 0,8% 1,16% 1,26% 0,4% 0,4%

Flavisolibacter 0,7% 1,43% 0,8% 0,23% 0,26%

Pseudonocardia spp. 0,7% 0,6% 0,73% 0,46% 1,13%

Outros gêneros da ordem Rhizobiales 0,7% 0,9% 1,06% 0,23% 0,3%

Geodermatophilus 0,2% 0,23% 0,36% 0,13% 0,23%

Amycolatopsis 0,2% 0,16% 0,1% 0,3% 0,43%

Obs.: As porcentagens referentes aos dias de amostragem (início, 9º, 18º e 27º dia) correspondem à média das

porcentagens das respectivas triplicatas. A porcentagem média total é a média aritmética de todas as

porcentagens do grupo apresentada em todos os microcosmos, considerando a média das triplicatas.

O gênero Bacillus inclui bactérias gram-positivas e formadoras de endósporos,

podendo ser aeróbias ou anaeróbias facultativas (GRAUMANN, 2012). Embora não

dominante, o gênero mostrou resultados interessantes durante o período compreendido pelo

enriquecimento. Um pico de abundância no 18º dia (7,23%) foi verificado, ao mesmo tempo

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em que a abundância de Rubrobacter e certos grupos eram reduzidos e outros eram

aumentados (e.g., Streptomyces e demais gêneros desconhecidos da família

Sporolactobacillaceae e Alcaligenaceae). É viável supor que Bacillus tenha se beneficiado de

uma condição específica no microcosmo, dada provavelmente pela morte de demais grupos

taxonômicos. Assim, tanto os fatores abióticos quanto bióticos influenciaram de alguma

maneira a dominância ecológica dos gêneros Bacillus e Streptomyces a partir do 18º dia.

Provavelmente estes gêneros que dominaram os microcosmos com lignina são tolerantes a

este composto ou mesmo capazes de degradá-lo e usá-lo como fonte de carbono. Ou

alternativamente, puderam ainda ser detectados em função do fato de conseguirem esporular e

tolerar condições adversas por longos períodos (ANDERSON, 2001). Várias espécies de

Bacillus tem indicado a biodegradação de lignina (CHANDRA et al., 2007, 2008; REISS,

2011; CHANG et al., 2014; MIN et al., 2015) e demonstrado a atividade de lacases, tais como

B. sphaericus (CLAUS, 1997), B. subtilis (MARTINS et al., 2002; CHANG et al., 2014; MIN

et al., 2015), B. halodurans (RUIJSSENAARS & HARTMANS, 2004), B. licheniformis

(KOSCHORRECK et al., 2008, KOSCHORRECK, 2009); B. pumilus (REISS, 2011) e B.

tequilensis (SONDHI et al., 2015).

Em geral, solos arenosos como o da Caatinga são favoráveis ao desenvolvimento

de Streptomyces, uma vez que teoricamente fornecem condições mais aeróbias do que solos

alagadiços (MADIGAN et al., 2010). O gênero Streptomyces é constituído por bactérias

filamentosas, gram-positivas e aeróbias estritas, com a maioria delas formadora de esporos

(conídios). Também denominado de estreptomicetos, mais de 500 espécies de Streptomyces

são reconhecidas, majoritariamente habitantes do solo, muitas das quais são produtoras

importantes de antibióticos e biomoléculas de interesse biotecnológico (ANDERSON, 2001;

MADIGAN et al., 2010). A maioria dos estreptomicetos produz enzimas hidrolíticas

extracelulares capazes de degradar polissacarídeos (amido, celulose e hemicelulose), proteínas

e gorduras. Outras linhagens também conseguem utilizar a fonte de carbono disponível em

hidrocarbonetos, lignina, tanino e borracha, consistindo em um grupo bacteriano de extrema

versatilidade enzimática. Um único isolado pode ser capaz de degradar mais de 50 fontes de

carbono distintas (ANDERSON, 2001; MADIGAN et al., 2010). Algumas espécies de

Streptomyces têm sido reportadas desempenhando atividade ligninolítica através de

ligninases, como Streptomyces viridosporus (CRAWFORD, 1983; RAMACHANDRA,

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1988), Streptomyces griseus (ENDO, 2003) e Streptomyces coelicolor (MACHCZYNSKI et

al., 2004).

Já os gêneros Rubrobacter e Dyella abrangem um número bem menor de

espécies, com a filogenia de seus representantes pouco conhecida. Enquanto o primeiro

pertence à classe Actinobacteria e é mais conhecido por apresentar linhagens radiotolerantes

(R. radiotolerans) e termofílicos (R. xylanophilus); o segundo só foi descoberto a partir de

2005 entre isolados do solo, pertencente à família Xanthomonadaceae e com seis espécies

descritas até o momento (ANANDHAM et al., 2011).

Os gêneros desconhecidos que mostraram expressivos níveis de abundância nos

18º e 27º dias de amostragem são referidos como pertencentes às famílias Alcaligenaceae,

Acetobacteraceae, Sporolactobacillaceae e Bacillales. Embora potencialmente representantes

de gêneros novos, tais bactérias constituem parcelas significativas na comunidade no final do

enriquecimento, principalmente aquelas pertencentes às famílias Alcaligenaceae e

Sporolactobacillaceae que, ao lado do gênero Streptomyces, são responsáveis pelas maiores

abundâncias relativas nos microcosmos enriquecidos dos últimos dias (18º e 27º). Vale

ressaltar o grau de variação de tais grupos taxonômicos ao longo do enriquecimento, dado que

os mesmos se encontravam em abundâncias ínfimas no início do processo.

O gênero desconhecido da família Alcaligenaceae passa de desprezíveis valores

de 0,1-0,2% de abundância relativa no início e 9º dia de enriquecimento para 10-13% e

segunda maior abundância nos 18º e 27º dias. Caso semelhante se observa para o gênero

desconhecido da família Sporolactobacillaceae, que de 0,2-0,8% de abundância relativa nos

dois primeiros dias de amostragem passa para índices percentuais próximos a 15% nos dois

últimos dias, detendo ainda a maior abundância na comunidade neste período. Similarmente,

o gênero Streptomyces passa de 0,7% de abundância no início e 9º dia de enriquecimento para

10-11% nos dois últimos dias, correspondendo a terceira maior abundância relativa da

comunidade neste período.

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Figura 35. Gráfico de área mostrando a diversidade de gêneros bacterianos presentes nos

microcosmos enriquecidos dos dias 9, 18 e 27 e início (solo nativo).

Por fim, a comparação dos dados referentes aos gêneros bacterianos entre os

microcosmos controles e enriquecidos dos 9º, 18º e 27º dias de amostragem pode ser

observada na Figura 36.

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Figura 36. Gráfico de barras mostrando a diversidade de gêneros bacterianos presentes nos

microcosmos controles (início, 9º, 18º e 27º dias) e enriquecidos (9º, 18º e 27º dias) existentes para

cada dia de amostragem.

A partir dos dados, nota-se que certos gêneros, como Streptomyces, Bacillus e

outros desconhecidos das famílias Sporolactobacillaceae, Acetobacteraceae e Alcaligenaceae

exibiram níveis de abundância expressivamente maiores nos microcosmos enriquecidos frente

aos controles, para o mesmo dia de amostragem analisado. Tais grupos possuem grandes

chances de abrigar espécies ligninolíticas ou que se relacionam, de certa maneira, com a

biodegradação da lignina, dada a larga superioridade e dominância na abundância na

comunidade quando na presença e influência da lignina ao longo do tempo. Outro dado

interessante é a presença do gênero Rubrobacter em praticamente todas as situações

analisadas, do início ao fim do período de amostragem, indicando que espécies deste gênero

poderiam potencialmente ser indiferentes ou tolerantes à influência da lignina.

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5.3.4 Detalhamento da composição da comunidade bacteriana ao final do

enriquecimento

A análise mais detalhada dos grupos que mostraram-se mais abundantes no último

dia de enriquecimento permitiu identificar algumas espécies dos gêneros Bacillus e

Streptomyces e alguns gêneros das famílias Alcaligenaceae e Sporolactobacillaceae (dados

expressos na Tabela 9). A espécie Tuberibacillus calidus aparece com a maior percentagem

de abundância dentre todos os grupos listados, apresentando 13,8% em relação aos demais.

No entanto, esta bactéria tem tido sua taxonomia discutida recentemente entre as espécies

Bacillus naganoensis e Pullulanibacillus naganoensis (HATAYAMA, 2006). A denominação

de uma nova espécie foi proposta por Hatayama e colaboradores em 2006, após os autores

sugerirem uma reclassificação da espécie Bacillus naganoensis para Pullulanibacillus

naganoensis (novo gênero), baseado em análises filogenéticas (RNAr 16S e espaçadores

transcritos internos– ITS, internal transcribed spacer - entre os genes RNAr 16S e 23S),

características fisiológicas e quimiotaxonômicas. Tuberibacillus calidus seria uma nova

espécie que abriga dois isolados obtidos de uma pilha de compostagem no Japão mantida a

alta temperatura. Os isolados mostraram alta similaridade (>99,8%) a um clone bacteriano

isolado de um biofiltro de sulfeto de hidrogênio e metanol, porém com nenhuma proximidade

a espécies conhecidas, apenas com a maior similaridade correspondendo a Bacillus

naganoensis (94% de similaridade). Ainda, a nova espécie proposta mostrou baixa

similaridade com o gênero Bacillus (abaixo de 91,9%) e Sporolactobacillus (91-92,5%) que,

no caso deste último, poderia explicar a alta abundância encontrada no grupo desconhecido da

família Sporolactobacillaceae, evidenciada nas Figuras 35 e 36 (HATAYAMA, 2006). Por

outro lado, o gênero Pullulanibacillus (Tabela 9) também foi detectado pelo sequenciamento,

fato que poderia reforçar a hipótese de nova espécie de Hatayama (2006).

Já o(s) membro(s) desconhecido(s) das famílias Alcaligenaceae e

Acetobacteraceae pertencem possivelmente aos gêneros Bordetella (11,8%) e Roseomonas

(6,5%), respectivamente, os quais abrigam espécies que podem ser encontradas mais

comumente em solos e rios naturais ou poluídos (RIHS, 1993; MATTOO, 2005). Da mesma

forma como o Tuberibacillus calidus, não há dados na literatura a respeito de linhagens

ligninolíticas para estes gêneros. Finalmente, algumas espécies de Streptomyces e Bacillus

puderam ser reconhecidas dentro de seus grupos, que foram Streptomyces viridiviolaceus

(7,70%), Bacillus ginsengihumi (3,3%), Bacillus niacini (2,1%) e Streptomyces

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yokosukanensis (1,4%). Streptomyces viridiviolaceus foi identificado pela primeira vez

em 1958 (PRIDHAM, 1958), com apenas um trabalho publicado sobre esta espécie na

literatura (EL-GAMMAL, 1986), que a descreve como nativa do solo e capaz de produzir um

pigmento com função antibiótica. Bacillus ginsengihumi foi proposta como nova espécie em

2006 (TEN, 2006), sendo associada potencialmente à função ligninolítica, com alguns

trabalhos indicando sua presença em várias plantas e participando do processo de deterioração

da madeira (CLAUSEN, 1996) e da lignina (BUGG et al., 2011; BRUEZ, 2015). Já Bacillus

niacini é uma espécie bacteriana predominantemente encontrada no solo e em plantas,

descrita pela primeira vez como capaz de utilizar a niacina (ácido nicotínico) como única

fonte de carbono e nitrogênio (NAGEL, 1991). É possível que sua presença em plantas

também esteja relacionada com a biodegradação de lignina, relação que ainda precisa ser

melhor investigada. Por fim, a espécie Streptomyces yokosukanensis também é nativa do solo

(KONUK, 2008); porém, não há dados na literatura acerca sua relação com a lignina ou

lignocelulose até o momento, podendo ou não participar do processo de biodegradação.

Tabela 9. Distribuição dos principais grupos encontrados no último dia de enriquecimento do solo com lignina.

Gêneros/Espécies 27º dia com lignina

Tuberibacillus calidus (família Sporolactobacillaceae) 13,8%

Bordetella sp. (família Alcaligenaceae) 11,8%

Streptomyces viridiviolaceus 7,7%

Roseomonas spp. (família Acetobacteraceae) 6,5%

Rubrobacter spp. 5,2%

Bacillus ginsengihumi 3,3%

Pullulanibacillus sp. 2,9%

Bacillus niacini 2,1%

Fulvimonas sp. (família Xanthomonadaceae) 1,8%

Geodermatophilus spp. 1,6%

Streptomyces yokosukanensis 1,4%

Obs.: As porcentagens correspondem à média das porcentagens das triplicatas do 27º dia.

5.4 Isolamento de colônias bacterianas potencialmente ligninolíticas

O processo de isolamento de bactérias potencialmente ligninolíticas passou por

várias tentativas e mudanças nas formulações dos meios de cultivo antes que pudessem ser

visualizadas colônias representativas. Inicialmente, foi testado um meio mínimo (Bushnell

Haas, BH – Sigma Aldrich; 0,2 g de Sulfato de Magnésio, 0,02 g de Cloreto de Cálcio, 1 g de

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Fosfato de Monopotássio, 1 g de Fosfato Dipotássio, 1 g de Nitrato de Amônia e 0,05g de

Cloreto Férrico em 1 L de água destilada, pH 7,0) acrescido de lignina na concentração de 1%

(m/v), seguido posteriormente pela mesma formulação acrescida de 0,3% (m/v) de extrato de

levedura, além de ágar para solidificação. Não houve qualquer crescimento bacteriano em

ambos os ensaios, fato que poderia ser explicado pela hipótese que concentrações de lignina

maiores que 0,3% (m/v) no meio de cultivo são tóxicas aos microrganismos, como apontado

por Chen et al. (2012) e Shi et al. (2013). Diminuiu-se, então, a concentração de lignina do

meio BH para 0,3% (m/v), mantendo-se o extrato de levedura (0,3% m/v), permitindo

finalmente o surgimento das primeiras colônias no meio denominado LYB. Assim, a menor

concentração de lignina foi usada também nos outros meios (GLYB e LAN) para os

posteriores processos de isolamento.

Os isolados foram selecionados principalmente com base na morfologia, muitos

dos quais com aspecto morfológico similar, uma vez que foi dada prioridade para se obter o

maior número possível de isolados para a posterior triagem de lacases. Um total de 156

bactérias foi isolado dos microcosmos com e sem enriquecimento durante os 27 dias de

experimento.

5.4.1 Coleção de culturas bacterianas isoladas do solo da Caatinga

Foi estabelecida uma coleção de 156 culturas bacterianas puras isoladas do solo

da Caatinga (Figura 37), com potencial atividade ligninolítica (de acordo com os meios

utilizados). Estas bactérias encontram-se preservadas no acervo de pesquisa da Coleção

Brasileira de Microrganismos de Ambiente e Indústria (CBMAI), localizada na Divisão de

Recursos Microbianos (DRM), do CPQBA/UNICAMP. Os isolados foram preservados em

glicerol 20% e mantidos a -80ºC.

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Figura 37. Exemplos de isolados bacterianos obtidos a partir dos microcosmos de solo da Caatinga.

Os isolados foram numerados de 1 a 269 seguindo-se a ordem cronológica dos

dias de enriquecimento, quando possível, totalizando 156 isolados bacterianos. Tal diferença

entre a enumeração dos isolados e a quantidade total real deve-se ao fato de que alguns

isolados bacterianos não se mostraram viáveis, sendo excluídos da coleção.

5.4.2 Diversidade fenotípica e caracterização macromorfológica das bactérias

isoladas

Em geral, as colônias bacterianas originárias dos microcosmos controles ou

enriquecidos apresentaram-se em sua maioria morfologia similar, com pouca variação entre as

colônias. Durante todo o experimento de enriquecimento predominaram bactérias do tipo

actinomicetos e bactérias puntiformes ou circulares, de cor branca ou bege e margem lobada

ou lisa. No entanto, algumas colônias apresentaram exceções, mais especificamente nas cores

e formas, indicando uma interessante diversidade fenotípica nos meios utilizados (Figura 38).

O levantamento das características macromorfológicas das colônias isoladas dos

microcosmos da Caatinga baseou-se na análise de tamanho, aspecto/consistência, cor,

superfície, densidade, forma, borda/margem, estrutura, elevação e pigmentação, revelando

relativa diversidade bacteriana (ANEXO 1). O tamanho, expresso em milímetros, foi

resultado da média aritmética do diâmetro das colônias para cada isolado.

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Figura 38. Diversidade fenotípica dos isolados bacterianos obtidos neste estudo.

Adicionalmente, muitos isolados também mostraram pigmentação quando

cultivados em meio líquido (Figura 39), fenótipo comum entre bactérias do solo, das quais a

melanina é um exemplo destes pigmentos produzidos (SHARMA, 2007; LIU, 2009;

FOWLER et al., 2011). A melanina confere uma vantagem de sobrevivência ao hospedeiro,

uma vez que tem sido relacionada com o aumento da sobrevivência de um micro-organismo

através da proteção contra o estresse oxidativo, radiação (e.g., UV), temperatura extrema,

toxicidade de metais pesados e enzimas digestivas de predadores e decompositores, como

amebóides e nematóides (GONYAR, 2014).

Figura 39. Pigmentação de alguns isolados bacterianos da Caatinga.

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5.5 População bacteriana do solo

Para a quantificação da população bacteriana do solo foi realizada a contagem de

unidades formadoras de colônia (UFC) por grama de solo seco para cada ponto de

amostragem e condição de estudo (controle ou enriquecido) (Figura 40). Para a construção do

gráfico foram calculados os valores da média de UFCs das triplicatas para um mesmo meio de

cultivo e condição estudada (controle ou enriquecida), respeitando-se as diluições

correspondentes. Curiosamente, o meio LYB foi o que recuperou a maior quantidade de

unidades formadoras de colônias bacterianas (239 UFCs), em detrimento dos demais meios

considerados mais ricos nutricionalmente, a saber, GLYB (53 UFCs) e LAN (56 UFCs). Isto

poderia ser explicado pela baixa quantidade de fontes de carbono mais facilmente

assimiláveis em ambientes que são considerados extremos, como a Caatinga; propiciando a

seleção de populações bacterianas mais adaptadas à escassez de recursos energéticos ou à

assimilação de outras fontes existentes no ecossistema, como a lignina. Por outro lado, a

presença da lignina (10% m/m) no solo dos microcosmos enriquecidos parece ter influenciado

negativamente o crescimento de bactérias em praticamente todas as situações, uma vez que a

quantidade total média de UFCs bacterianas em microcosmos enriquecidos com lignina foi

menor que a quantidade total de UFCs dos microcosmos controles, para todos os pontos de

amostragem/isolamento. É provável que a concentração de 10% (m/m) de lignina seja tóxica

ou estressante para a comunidade bacteriana nativa do solo da Caatinga, sendo excessiva até

mesmo para bactérias ligninolíticas. Tais resultados estão de acordo com os encontrados em

linhagens bacterianas isoladas por Chen et al. (2012) e Shi et al. (2013), onde o aumento da

concentração de lignina se revelou inibitório ao crescimento bacteriano.

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Figura 40. População bacteriana média dos microcosmos ao longo do enriquecimento. As barras com

intervalos indicam os limites estatísticos de confiança de 95%.

5.6 Potencial de biodegradação da lignina nos microcosmos enriquecidos

Durante o período de 27 dias, foram isoladas dos microcosmos 156 bactérias,

todas cultivadas em meios específicos com 0,3 % de lignina (m/v) na composição, de forma

que a seleção de bactérias ligninolíticas fosse estimulada. Além do fato do crescimento de

bactérias em meios contendo lignina indicar potencial de degradação ou consumo deste

composto, 39 (~25%) das 156 bactérias isoladas foram oriundas diretamente dos

microcosmos enriquecidos com 10% de lignina dos dias 9º, 18º e 27º, sugerindo maior

capacidade de degradação ou tolerância destas bactérias à lignina (Figura 41). Ainda, nossos

resultados demonstram que a quantidade de isolados oriundos de microcosmos enriquecidos é

decrescente ao longo do experimento, sugerindo uma forte seleção de alguns membros da

comunidade pela lignina.

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Figura 41. Percentagem das bactérias isoladas diretamente dos microcosmos enriquecidos com 10%

de lignina em relação aos dias de amostragem.

Ainda em relação aos isolados obtidos a partir dos microcosmos enriquecidos,

houve diferenças numéricas em função do meio de cultivo usado, sendo 17 (43,59%) isolados

do meio LYB, 13 (33,33%) do GLYB e 09 (23,08%) do LAN (Figura 42).

Figura 42. Proporção de bactérias isoladas de microcosmos com 10% de lignina em função do meio

de cultivo utilizado para isolamento.

Tais resultados são intrigantes, pois hipoteticamente o meio LYB consiste na

fonte de energia mais oligotrófica em relação aos outros meios (GLYB e LAN), com a lignina

representando o constituinte principal de fonte de carbono potencialmente assimilável neste

meio de cultivo em especial. Ainda, o meio LYB permitiu o isolamento de colônias

bacterianas procedentes de todos os dias de amostragem, do início ao final do experimento

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(Figura 43). Assumindo que o último dia corresponda ao ponto crítico de estresse abiótico

exercido pela lignina à comunidade bacteriana, os dois isolados obtidos no 27º dia podem

apresentar mecanismos de resistência ou tolerância particulares em nível genético e

molecular, com um maior potencial de biodegradação da lignina.

Figura 43. Quantidade de bactérias isoladas diretamente dos microcosmos enriquecidos com 10% de

lignina em relação aos meios de cultivo e dias de amostragem.

Em teoria, a exposição da comunidade bacteriana presente no solo à lignina

parece impactar negativamente a diversidade cultivável ao longo do tempo, uma vez que a

quantidade de isolados que sobrevivem a ela é reduzida, como também a abundância relativa

é alterada. Até hoje, apenas alguns isolados bacterianos foram reportados na literatura como

capazes de degradar Kraft-Lignin, com composição variável entre 0,1-0,3% (m/v) nos meios

de cultivo (PERESTELO et al., 1996; CHANDRA et al., 2007; BANDOUNAS et al., 2011;

CHEN et al., 2012; SHI et al., 2013).

Por outro lado, o tempo de exposição da comunidade bacteriana a uma

temperatura de 45ºC também poderia interferir negativamente na viabilidade e sobrevivência

das bactérias presentes nos microcosmos, dado que a temperatura extrema foi mantida

constante durante todo o período de amostragem. É possível que ambas as condições extremas

(temperatura elevada e alta concentração e tempo de exposição à lignina) tenham efeitos

sinérgicos na viabilidade e tolerância das bactérias frente a estes ou outros estresses abióticos,

afetando mecanismos de resposta ou adaptações que funcionariam normalmente na ausência

de um ou outro fator. Este trabalho é o primeiro na área a realizar o cultivo de bactérias (com

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vistas à biodegradação de lignina) sob a temperatura de 45ºC, diferenciando-se dos demais

cuja temperatura de incubação foi de 30ºC.

5.7 Screening funcional dos isolados para produção de lacases

O ensaio funcional qualitativo para lacases, utilizando-se os reagentes RBBR,

ABTS e Congo Red, foi realizado para todas as 156 bactérias isoladas, em meios líquido e

sólido (exceto Congo Red). A descoloração ou coloração destes substratos tem sido bastante

reportada na detecção de lacases por fungos; porém, a detecção em bactérias tem sido mais

escassa.

A descoloração de corantes que tenham semelhança estrutural com a lignina ou

polifenóis, como o RBBR, sugerem a atividade enzimática de oxidases de compostos

aromáticos, as quais incluem as lacases. A verificação de halos ou zonas de descoloração em

placas contendo meio de cultivo geralmente indica a presença de lacases (BANDOUNAS et

al., 2011).

Figura 44. Ensaio funcional de lacases usando o corante RBBR como substrato. As setas vermelhas

apontam para isolados bacterianos que absorveram o corante para o interior das células.

O teste de RBBR em meio sólido e líquido foi realizado com o propósito de

detectar qualitativamente algum tipo de descoloração nos 156 isolados, de forma que o

mesmo consistisse em um screening para a seleção de potenciais bactérias produtoras de

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lacases. No entanto, não foram encontrados sinais indicativos de descoloração que pudessem

sugerir a presença de lacases em ambos os testes. No caso do RBBR em meio sólido, apenas

verificou-se a absorção do corante pelos isolados 129, 154, 206 e 212 (Figura 44), porém sem

a presença de um halo ou descoloração ao redor das colônias, típica em fungos produtores de

lacases. No meio líquido, também não se verificou um indício de descoloração do RBBR

(Figura 45). De forma análoga, o teste com Congo Red evidenciou alguns poços nos quais o

meio ficou mais escuro, ao contrário do efeito esperado (a descoloração do meio). O ABTS

também não demonstrou nenhum indicativo de coloração verde nos isolados testados, não

apresentando variação entre os controles e os ensaios, tanto em meio sólido quanto em meio

líquido.

Figura 45. Teste em meio líquido utilizando análogos estruturais à lignina.

A pigmentação se mostrou variável entre os reagentes, sendo expressa em uns e

ausente em outros. Existem várias razões para bactérias produzirem pigmentos. Nesta situação

em particular, a pigmentação pode ter sido resultante de estresse celular quando em contato

com os reagentes, da ativação de mecanismos de defesa, da aquisição de nutrientes minerais

(por exemplo, do cobre proveniente do CuSO4), do acúmulo de metabólitos secundários ou,

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ainda, da ocorrência de reações enzimáticas. Apesar dos compostos análogos da lignina não

terem se mostrado oxidados em comparação com os padrões qualitativos referentes à

mudança de cor ou descoloração, a possibilidade de algum isolado de produzir lacases não

deve ser descartada. Artefatos inerentes à semelhança imprecisa dos reagentes aos

monômeros da lignina, bem como a escassez de dados na literatura sobre a detecção funcional

de lacases bacterianas dificultam a obtenção de respostas assertivas da produção da enzima

pelos isolados. Os mesmos reagentes podem estar sendo transformados ou degradados não

pelas lacases, porém por outras ligninases da classe das peroxidases, como LiPs e MnPs, ou

até mesmo por vias metabólicas ou enzimas independentes das próprias ligninolíticas. A

expressão de lacase bacteriana nos meios de cultivo, de forma que a mesma seja detectável

pelos ensaios funcionais também deve ser ponderada, uma vez que muitas enzimas têm sua

expressão favorecida com a adição de indutores ou metais. No caso de lacases, átomos de

cobre em seu sítio ativo auxiliam a enzima em seu processo de catálise. Além do sulfato de

cobre (CuSO4), outros indutores de expressão ou métodos de optimização da atividade

enzimática das lacases poderiam contribuir para a detecção destas enzimas em isolados

bacterianos, necessitando de maiores estudos de suas aplicações em lacases bacterianas. A

variação do padrão de pigmentação e absorção de corantes entre as amostras testadas parece

ser devida às diferenças genéticas e fisiológicas associadas aos isolados bacterianos (LIU,

2009) do que à produção de lacases pelos mesmos.

5.8 Triagem via PCR de lacases a partir do DNA total dos microcosmos e

isolados bacterianos

Foram realizadas várias tentativas para amplificação de sequências gênicas de

lacases que poderiam estar presentes no DNA total dos microcosmos e no DNA genômico de

cada isolado bacteriano. Foi detectada um sinal de amplificação intenso de aproximadamente

600 pb apenas para o par de primers Cu1AF/Cu4R (Figura 46).

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Figura 46. Eletroforese em gel de agarose (1%) dos produtos de PCR utilizando primers degenerados

para lacases para o controle positivo (C+). Temperatura de anelamento dos primers: 48°C.

O DNA total de cada microcosmo (inclusive triplicatas) foi utilizado como

molde em reações de PCR para a triagem de lacases através do uso dos primers Cu1AF/Cu4R

(AUSEC, 2011). No entanto, nenhuma banda de tamanho similar à do controle positivo foi

observada no DNA total dos microcosmos testados. Sabendo-se que condições como

concentração dos reagentes e temperatura de anelamento podem interferir na eficiência de

uma reação em cadeia da polimerase, variou-se a concentração do íon magnésio e primers na

reação, de forma a otimizar a atividade da Taq DNA Polimerase, além de testar outras

temperaturas de anelamento (49ºC, 50ºC, 51ºC, 52ºC, 53ºC e 54ºC). Porém, não houve

qualquer sinal de amplificação de genes de lacases a partir dos DNAs avaliados. Uma das

principais questões em relação à amplificação usando amostras de DNA ambiental é superar a

inibição da PCR por substâncias extraídas conjuntamente com os ácidos nucléicos, como

ácidos húmicos provenientes do solo. Para contornar este possível problema, diluiu-se a

solução de DNA 10x (1:10), bem como aumentou-se levemente a concentração de BSA

(albumina de soro bovino) na reação de PCR (RÖLING & HEAD, 2005). Apesar disso, não

foi encontrado qualquer indício de amplificação nestas condições. A fim de se verificar a

possibilidade da falta de sensibilidade dos primers utilizados na detecção de lacases

bacterianas, foi realizada a técnica de Nested-PCR, ou seja, produtos de uma primeira PCR

foram utilizados como molde para uma nova reação de amplificação com os mesmos primers.

Todavia, foram obtidos os mesmos resultados de ausência de amplificação no DNA total dos

microcosmos.

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Já o teste de amplificação (via PCR) de sequências bacterianas de lacases

(utilizando-se pares de primers degenerados) a partir do DNA genômico das bactérias

isoladas dos microcosmos enriquecidos, indicou uma possível presença putativa destas

sequências no DNA de algumas bactérias isoladas (Figura 47). Inicialmente, realizou-se a

reação de PCR com os primers Cu1AF/Cu4R e temperatura de anelamento de 48ºC para

todos os isolados provenientes dos microcosmos enriquecidos. Alguns isolados (129, 152,

164, 165, 166, 212 e 214) apresentaram uma banda muito próxima à banda de referência do

controle positivo utilizado neste estudo, cujo tamanho correspondente é 600 pb (Figura 47B).

Figura 47. Eletroforese em gel de agarose (1%) dos produtos da PCR utilizando primers degenerados

para lacases bacterianas a partir do DNA genômico dos isolados. (A) Ausência de produtos de

amplificação para os isolados testados; (B) São visíveis bandas inespecíficas em alguns dos isolados,

referenciados com a cor vermelha. Temperatura de anelamento de 48ºC.

Embora estes isolados não tenham apresentado uma banda exatamente do mesmo

tamanho da banda do controle positivo, optou-se por investigar mais detalhadamente a

especificidade de bandas situadas próximas àquela do controle, verificando como as mesmas

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se comportavam diante do aumento da temperatura de anelamento em PCR. Adotando a

estratégia de PCR com gradiente de temperatura, com aumentos de 1ºC na temperatura de

anelamento em reações de PCR em um intervalo entre 49 e 52ºC, foi possível reduzir um

pouco o grande número de bandas inespecíficas dos isolados em análise. Observou-se que, a

na temperatura de anelamento de 52ºC, quase todas as amplificações inespecíficas foram

eliminadas; no entanto, tanto a banda do controle quanto a correspondente a ela nos isolados

testados foram substancialmente comprometidas (Figura 48). Por outro lado, embora em

intensidade fraca, o isolado 166 continuou a apresentar a banda próxima à do controle mesmo

a 51ºC, o que não ocorreu com os outros isolados. Para que um processo de sequenciamento

desta banda fosse viável, decidiu-se selecionar a temperatura de anelamento de 49ºC para os

isolados 166 e 164. Ainda na Figura 48, é possível perceber que estes isolados apresentaram

uma banda de maior intensidade em relação aos demais isolados, situada abaixo da banda do

controle, indicada na figura através das setas amarelas. Embora ela não estivesse alinhada

com a banda controle, foi necessário determinar se tal banda corresponderia a alguma

sequência de lacase bacteriana.

Figura 48. Eletroforese em gel de agarose (1%) dos produtos da PCR adotando-se um gradiente de

temperatura (49 a 52ºC).

Para isso, foi realizada uma nova reação de PCR dos isolados 164 e 166,

utilizando-se a temperatura de anelamento de 49ºC. No entanto, nesta nova reação apenas o

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isolado 166 apresentou uma banda próxima à banda de referência do controle, desta vez

levemente acima da banda controle (Figura 49). Por outro lado, o isolado 164 não exibiu

qualquer banda suficientemente próxima a esta última.

Figura 49. Eletroforese em gel de agarose (1%) dos produtos da PCR dos isolados 164 e 166

utilizando primers degenerados para lacases bacterianas (temperatura de anelamento = 49ºC). A seta

amarela indica a banda de interesse no isolado 166, próxima à banda correspondente à lacase do

controle positivo.

Tal inconstância nos resultados de amplificação pode ser explicada, em parte, pela

natureza dos próprios primers degenerados, que podem amplificar produtos inespecíficos ou

formar dímeros de primers durante a reação de PCR, dificultando a confirmação dos dados

apenas por eletroforese. Sendo assim, escolheu-se sequenciar a banda do isolado 166 (entre

500 e 750 pb) situada próxima à banda controle (+-600 pb). A banda foi concentrada,

excisada do gel, purificada e submetida ao sequenciamento Sanger para que a sequência fosse

confrontada contra o banco de dados do GenBank, através da ferramenta BLASTx. Porém, a

qualidade do sequenciamento não se mostrou adequada, comprometendo a análise dos

resultados em software específico, muito provavelmente por se tratarem de primers

degenerados.

5.9 Filogenia dos isolados bacterianos dos microcosmos enriquecidos

Com a finalidade de identificar os vizinhos filogenéticos mais próximos dos

isolados dos microcosmos enriquecidos dos 9º, 18º e 27º dias, foi construída uma árvore

filogenética baseada nas sequências do gene RNAr 16S para 36 isolados bacterianos,

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resultados expressos nas figuras 50 e 51. Destes 36 isolados, 29 mostraram-se afiliados ao filo

Firmicutes e gênero Bacillus (Figura 50), ao passo que os 7 isolados restantes mostraram ser

pertencentes ao filo Actinobacteria e provavelmente relacionados com o gênero Streptomyces

(Figura 51).

Os isolados pertencentes ao gênero Bacillus mostraram-se proximamente

relacionados às espécies B. subtilis, B. aerius, B. licheniformis, B. sonorensis, B. tequilensis,

B. hemicellulosilyticus, B. clausii e B. rhizosphaeae. B. subtilis foi a primeira espécie da qual

uma lacase bacteriana foi caracterizada (MARTINS et al., 2002; CHANG et al., 2014; MIN et

al., 2015), abrindo um precedente para a descoberta de outras espécies com atividade

ligninolítica e genes ortólogos à lacase bacteriana, como B. licheniformis (KOSCHORRECK

et al., 2008, KOSCHORRECK, 2009), B. clausii (BRANDER, 2014) e B. tequilensis

(SONDHI et al., 2015). Já um estudo de Oke (2016) demonstrou que um isolado da espécie

de B. aerius, obtido de um cacho de uma fruta de palma em decomposição na Malásia,

mostrou melhor crescimento em substratos lignocelulósicos do que outros contendo apenas

substratos de celulose (OKE, 2016). Finalmente, B. sonorensis foi proposto como uma nova

espécie bacteriana após oito isolados serem obtidos do solo do deserto de Sonoran (Arizona,

Estados Unidos), por Palmisano et al. (2001), a qual seria proximamente relacionada a

Bacillus licheniformis, embora com diferenças genéticas e fisológicas em relação a última

(PALMISANO et al. 2001). Há de se considerar a semelhança do local de isolamento de B.

sonorensis com o bioma da Caatinga, ambientes áridos ou semiáridos consideravelmente

oligotróficos, bem como elevada temperatura e escassez hídrica.

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Figura 50. Análise filogenética baseada no gene RNAr 16S dos isolados bacterianos, representando

membros do filo Firmicutes. Os números nos nós são valores de bootstrap com base em 1000

replicatas, a partir do método de neighbor joining. O número do GenBank para cada sequência

individual é indicado entre parênteses, com os números em vermelho correspondentes ao número de

um isolado específico. Os números antecedentes aos números em vermelho representam apenas os

identificadores usados para a confecção da árvore. A barra de escala indica o coeficiente de

similaridade (distância genética em substituições por nucleotídeo).

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Já os isolados relacionados com o gênero Streptomyces apontaram proximidades

maiores com as espécies S. archromogenes e S. glomeratus, ambas associadas recentemente

com a produção de enzimas lignocelulíticas (GARRITY et al., 2007; JEFFREY, 2007; GAO,

2012; SAINI et al., 2015). S. archromogenes foi a espécie indicada mais proximamente

relacionada (99% de identidade - alinhamento BLAST) a um isolado (nomeado ORS10)

obtido por Gao (2012) da areia do solo de um deserto da Namíbia, local semiárido

considerado extremófilo e oligotrófico, aspectos estes semelhantes à Caatinga. Tal isolado foi

descrito apresentando morfologia típica de colônias de Actinobacteria e crescimento em

condições termofílicas (temperatura de 45Cº), tendo seu DNA genômico digerido com

enzimas de restrição e clonado a uma biblioteca genômica para a triagem de enzimas

hemicelulósicas. O procedimento revelou uma presença putativa de uma acetil-xilana-

esterase, uma hemicelulase relacionada com a hidrólise da biomassa lignocelulósica, embora

com baixa similaridade em nível protéico (GAO, 2012). No entanto, testes para ligninases

nesta espécie ainda não foram executados. Já a espécie S. glomeratus tem sido reportada

quanto a sua produção de celulases extracelulares (JEFFREY, 2007; SAINI, 2015), mas não

de ligninases até o momento.

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Figura 51. Análise filogenética baseada no gene RNAr 16S dos isolados bacterianos, representando

membros do filo Actinobacteria. A espécie de bactéria Rhodococcus cercidiphylli foi usada como a

raiz da árvore. Os números nos nós são valores de bootstrap baseado em 1000 replicatas, a partir do

método de neighbor joining. O número do GenBank para cada sequência individual é indicado entre

parênteses, com os números em vermelho correspondentes ao número de um isolado específico. Os

números antecedentes aos números em vermelho representam apenas os identificadores usados para a

confecção da árvore. A barra de escala indica o coeficiente de similaridade (distância genética em

substituições por nucleotídeo).

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6. CONCLUSÕES

A partir dos resultados obtidos, foi possível concluir que:

Houve influência da lignina na comunidade bacteriana nativa do solo da

Caatinga ao longo do tempo, uma vez que, além da redução do número de OTUs (riqueza) e

de isolados obtidos ao final do enriquecimento, houve também perda de diversidade. Isto pode

ser verificado pelo fato que a maioria dos grupos taxonômicos teve suas abundâncias relativas

diminuídas ao longo do tempo nos microcosmos enriquecidos, em contraste com os gêneros

Streptomyces e Bacillus, que apresentaram aumento em suas abundâncias no 18º e 27º dias.

Além disso, os microcosmos controles (sem adição de lignina) apresentaram seus níveis de

abundância praticamente inalterados ao longo do tempo, evidenciando que a adição de lignina

ao solo foi essencial para a variação da diversidade taxonômica da comunidade bacteriana

encontrada nos microcosmos enriquecidos.

O isolamento de bactérias dos microcosmos do solo da Caatinga a partir dos

meios específicos contendo lignina sugere que a mesma tenha sido utilizada como principal

fonte de carbono para a obtenção de energia, visto que os isolados foram capazes de crescer

em meios de cultivo oligotróficos, basicamente compostos por kraft-lignin.

Embora os ensaios funcionais e moleculares não tenham sido capazes de

detectar a atividade de lacases bacterianas, sua presença não deve ser descartada, uma vez que

os ensaios funcionais podem se comportar diferentemente entre fungos e bactérias, e primers

degenerados amplificar sítios inespecíficos não correspondentes às sequências de lacases.

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7. PERSPECTIVAS

Os resultados da variação da diversidade taxonômica da comunidade bacteriana

sob o efeito da lignina, obtidos através do sequenciamento dos microcosmos, podem servir

não só de alicerce para estudos comparativos de ecologia microbiana e ciclagem de lignina

em solos, como também auxiliar o delineamento de estratégias de recuperação de áreas

degradadas ou prospecção biotecnológica dirigida para enzimas ligninolíticas de origem

bacteriana, através do foco nos grupos taxonômicos mais abundantes ao final do

enriquecimento. Neste sentido, alguns isolados foram selecionados para a avaliação dos

compostos que são liberados durante a biodegradação da lignina, utilizando-se cromatografia

gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-EM), experimentos já em fase de análise. A

identificação das bactérias isoladas dos microcosmos que são capazes de biodegradar a

lignina poderia contribuir para uma melhor compreensão da associação entre vias metabólicas

e enzimas bacterianas envolvidas na conversão de lignocelulose em biocombustíveis ou

outros produtos renováveis, bem como a maior valorização de resíduos de lignina gerados de

indústria de papel e celulose para a geração de energia.

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ANEXO 1. Macromorfologia de colônias bacterianas isoladas dos microcosmos.

Isolado Características macromorfológicas das colônias isoladas

Tamanho Aspecto Cor Superfície Densidade Forma Borda Estrutura Elevação Pigmentação

07 3 mm Quebradiço Bege Opaca Opaca Circular Lobada Lisa Umbilicada -

10 2 mm Quebradiço Bege Opaca Opaca Irregular Ondulada Lisa Convexa -

15 28 mm Leitoso Bege Opaca Opaca Rizóide Ondulada Rugosa Umbilicada -

18 4 mm Quebradiço Creme Brilhante Opaca Circular Lobada Rugosa Umbonada ++

19 6 mm Quebradiço Bege Opaca Opaca Irregular Lisa Lisa Umbonada -

21 25 mm Leitoso Bege Opaca Opaca Rizóide Lacerada Rugosa Côncava -

25 3 mm Quebradiço Bege Opaca Translúcida Irregular Lobada Rugosa Umbonada -

26 26 mm Leitoso Bege/Marrom Opaca Translúcida Rizóide Filamentosa Filamentosa Convexa -

28 2 mm Quebradiço Creme Brilhante Translúcida Circular Lisa Lisa Pulvinada -

29 1 mm Quebradiço Creme Opaca Opaca Circular Lisa Rugosa Pulvinada -

30 17 mm Butiráceo Bege Opaca Opaca Puntiforme Ondulada Granulosa Elevada -

37 15 mm Butiráceo Bege Opaca Opaca Filamentosa Filamentosa Filamentosa Umbonada -

38 1 mm Quebradiço Bege Opaca Opaca Circular Ondulada Lisa Côncava -

40 30 mm Butiráceo Bege Opaca Opaca Irregular Lobada Rugosa Umbonada -

41 5 mm Membranoso Bege/Esbranquiçada Brilhante Opaca Circular Lisa Lisa Convexa -

48 9 mm Butiráceo Creme/Esbranquiçada Opaca Opaca Puntiforme Lacerada Granulosa Umbonada -

52 30 mm Leitoso Bege Opaca Opaca Irregular Ondulada Rugosa Umbonada -

54 35 mm Leitoso Bege/Esbranquiçada Opaca Translúcida Rizóide Filamentosa Filamentosa Umbonada +++

57 3 mm Leitoso Bege Opaca Translúcida Fusiforme Lisa Lisa Elevada -

61 8 mm Membranoso Bege/Esbranquiçada Opaca Opaca Circular Lisa Rugosa Umbilicada -

62 4 mm Butiráceo Alaranjada Opaca Opaca Circular Lisa Granulosa Umbonada -

64 12 mm Membranoso Alaranjada Opaca Opaca Circular Ondulada Rugosa Umbonada -

67 8 mm Membranoso Branca Opaca Translúcida Irregular Lobada Granulosa Pulvinada -

68 29 mm Leitoso Bege Opaca Opaca Irregular Ondulada Rugosa Elevada +++

70 12 mm Membranoso Creme/Esbranquiçada Opaca Translúcida Circular Ondulada Rugosa Umbonada -

71 7 mm Membranoso Marrom Opaca Opaca Circular Lisa Lisa Convexa -

75 1 mm Quebradiço Bege Opaca Opaco Circular Lisa Lisa Umbonada -

79 6 mm Butiráceo Marrom Opaca Translúcida Circular Ondulada Rugosa Umbonada -

83 6 mm Membranoso Creme Brilhante Opaca Circular Lisa Rugosa Pulvinada -

86 5 mm Membranoso Marrom/Esbranquiçada Opaca Translúcida Irregular Lobada Rugosa Umbilicada ++

88 4 mm Membranoso Creme/Marrom Opaca Translúcida Irregular Lobada Rugosa Umbonada -

91 1 mm Butiráceo Marrom Opaca Opaca Irregular Lobada Granulosa Umbonada -

92 6 mm Butiráceo Creme/Esbranquiçada Brilhante Opaca Irregular Ondulada Granulosa Umbonada -

93 2 mm Membranoso Creme Brilhante Opaca Circular Lobada Rugosa Pulvinada -

94 1 mm Liso Marrom/Esbranquiçada Opaca Translúcida Circular Lisa Lisa Convexa -

95 2 mm Viscoso Bege Opaca Opaca Puntiforme Lobada Granulosa Elevada -

96 1 mm Membranoso Creme Brilhante Opaca Irregular Lobada Rugosa Umbonada -

97 3 mm Butiráceo Marrom Opaca Opaca Irregular Lobada Rugosa Umbonada -

98 2 mm Membranoso Creme Brilhante Translúcida Irregular Lobada Lisa Convexa -

99 1 mm Butiráceo Marrom Opaca Opaca Irregular Ondulada Rugosa Elevada -

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ANEXO 1. Macromorfologia de colônias bacterianas isoladas dos microcosmos (continuação).

Isolado Características macromorfológicas das colônias isoladas

Tamanho Aspecto Cor Superfície Densidade Forma Borda Estrutura Elevação Pigmentação

100 2 mm Liso Marrom Opaca Opaca Irregular Ondulada Granulosa Convexa -

101 1 mm Butiráceo Marrom Opaca Opaca Fusiforme Lisa Lisa Côncava -

102 2 mm Butiráceo Marrom Opaca Opaca Puntiforme Ondulada Granulosa Umbonada -

104 3 mm Butiráceo Bege Opaca Translúcida Irregular Lobada Granulosa Umbilicada -

105 4 mm Membranoso Creme Brilhante Opaca Circular Ondulada Rugosa Pulvinada ++

106 9 mm Leitoso Bege Opaca Opaca Irregular Lobada Granulosa Elevada -

107 1 mm Leitoso Bege Opaca Translúcida Puntiforme Ondulada Granulosa Elevada -

108 4 mm Membranoso Bege/Esbranquiçada Brilhante Opaca Circular Lisa Lisa Elevada -

109 1 mm Membranoso Bege Opaca Opaca Irregular Ondulada Rugosa Umbilicada -

110 2 mm Quebradiço Marrom Opaca Translúcida Circular Lobada Rugosa Elevada -

111 2 mm Viscoso Bege Opaca Opaca Circular Lisa Lisa Pulvinada -

112 1 mm Viscoso Bege Opaca Translúcida Irregular Lobada Rugosa Umbonada -

113 2 mm Liso Marrom Opaca Opaca Irregular Lobada Rugosa Umbonada -

114 1 mm Butiráceo Bege Opaca Opaca Irregular Lobada Granulosa Côncava -

115 1 mm Quebradiço Marrom Opaca Translúcida Puntiforme Lisa Granulosa Elevada -

116 3 mm Butiráceo Marrom Opaca Translúcida Circular Ondulada Rugosa Umbonada -

117 6 mm Membranoso Creme Brilhante Opaca Circular Lobada Rugosa Umbonada +

118 1 mm Butiráceo Bege Opaca Translúcida Circular Ondulada Rugosa Elevada -

119 6 mm Quebradiço Bege Opaca Opaca Irregular Lisa Rugosa Umbonada -

120 1 mm Butiráceo Creme Opaca Translúcida Puntiforme Lobada Rugosa Elevada -

122 16 mm Butiráceo Bege Opaca Opaca Puntiforme Lobada Granulosa Côncava -

123 7 mm Membranoso Bege/Creme Brilhante Opaca Circular Ondulada Rugosa Umbilicada -

124 24 mm Membranoso Bege Brilhante Translúcida Circular Lisa Rugosa Umbonada -

125 7 mm Butiráceo Bege Opaca Translúcida Irregular Ondulada Lisa Convexa -

126 5 mm Quebradiço Bege Opaca Translúcida Irregular Ondulada Granulosa Convexa +

127 2 mm Quebradiço Bege Opaca Translúcida Circular Lobada Granulosa Pulvinada -

128 13 mm Membranoso Creme Brilhante Opaca Circular Lisa Rugosa Umbonada -

129 3 mm Butiráceo Bege Opaca Opaca Circular Lisa Lisa Pulvinada -

130 6 mm Quebradiço Bege/Esbranquiçada Opaca Translúcida Circular Lisa Rugosa Umbilicada -

131 1 mm Butiráceo Marrom Opaca Translúcida Irregular Ondulada Rugosa Elevada -

132 1 mm Butiráceo Marrom Opaca Translúcida Fusiforme Lisa Lisa Elevada -

133 2 mm Viscoso Bege Opaca Opaca Irregular Lisa Lisa Pulvinada -

134 5 mm Membranoso Creme Brilhante Translúcida Circular Ondulada Rugosa Umbonada ++

137 35 mm Viscoso Bege Opaca Opaca Puntiforme Filamentosa Granulosa Côncava -

138 32 mm Leitoso Bege Opaca Opaca Puntiforme Filamentosa Granulosa Côncava -

139 34 mm Viscoso Bege Opaca Opaca Puntiforme Filamentosa Granulosa Côncava -

141 30 mm Butiráceo Bege /Alaranjada Opaca Opaca Puntiforme Lobada Granulosa Elevada -

142 29 mm Butiráceo Bege/Esbranquiçada Opaca Opaca Puntiforme Ondulada Granulosa Côncava +

143 31 mm Quebradiço Branca Opaca Opaca Puntiforme Ondulada Granulosa Côncava -

144 28 mm Butiráceo Alaranjada Opaca Opaca Puntiforme Lisa Granulosa Umbilicada -

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119

ANEXO 1. Macromorfologia de colônias bacterianas isoladas dos microcosmos (continuação).

Isolado Características macromorfológicas das colônias isoladas

Tamanho Aspecto Cor Superfície Densidade Forma Borda Estrutura Elevação Pigmentação

145 32 mm Viscoso Bege/Esbranquiçada Opaca Translúcida Filamentosa Ondulada Granulosa Côncava ++

146 33 mm Leitoso Bege/Creme Opaca Opaca Filamentosa Lacerada Granulosa Umbonada -

147 33 mm Butiráceo Bege/Creme Opaca Opaca Puntiforme Lobada Granulosa Umbonada -

148 35 mm Quebradiço Branca Opaca Opaca Puntiforme Lobada Granulosa Elevada -

149 15 mm Membranoso Alaranjada Brilhante Opaca Circular Ondulada Rugosa Umbonada ++

150 14 mm Membranoso Alaranjada Brilhante Opaca Circular Lisa Rugosa Umbilicada +

151 7 mm Butiráceo Marrom Opaca Translúcida Circular Lisa Granulosa Umbilicada -

152 6 mm Membranoso Alaranjada/Marrom Brilhante Opaca Circular Lisa Rugosa Umbilicada +

153 3 mm Membranoso Alaranjada Brilhante Opaca Irregular Lobada Lisa Umbonada -

154 9 mm Butiráceo Alaranjada/Rosa Opaca Opaca Circular Lisa Granulosa Umbonada +

155 1 mm Butiráceo Marrom Opaca Opaca Irregular Ondulada Granulosa Elevada -

156 17 mm Butiráceo Bege Opaca Opaca Irregular Ondulada Rugosa Umbonada -

158 13 mm Butiráceo Bege/Esbranquiçada Opaca Translúcida Irregular Lisa Granulosa Convexa -

163 13 mm Membranoso Bege Opaca Translúcida Circular Ondulada Rugosa Umbonada -

164 16 mm Viscoso Bege/Creme Opaca Opaca Irregular Filamentosa Filamentosa Umbonada -

165 19 mm Butiráceo Bege Opaca Opaca Irregular Lisa Granulosa Convexa -

166 25 mm Leitoso Bege Opaca Opaca Rizóide Filamentosa Granulosa Pulvinada -

167 21 mm Butiráceo Bege Opaca Opaca Circular Filamentosa Granulosa Pulvinada -

168 1 mm Butiráceo Marrom Opaca Opaca Irregular Lobada Granulosa Convexa -

171 2 mm Butiráceo Bege Opaca Opaca Circular Lisa Granulosa Elevada -

172 4 mm Butiráceo Bege Opaca Opaca Circular Ondulada Granulosa Pulvinada -

173 17 mm Butiráceo Bege/Esbranquiçada Opaca Translúcida Irregular Ondulada Granulosa Pulvinada -

174 6 mm Membranoso Alaranjada/Creme Opaca Opaca Irregular Lobada Rugosa Umbonada -

176 10 mm Membranoso Bege/Creme Brilhante Opaca Circular Ondulada Rugosa Umbilicada -

177 5 mm Membranoso Bege Opaca Translúcida Irregular Ondulada Rugosa Umbonada -

178 3 mm Quebradiço Bege Opaca Translúcida Circular Ondulada Rugosa Umbilicada +

179 4 mm Quebradiço Branca-esverdeada Brilhante Opaca Circular Lisa Rugosa Umbilicada -

180 6 mm Quebradiço Bege Opaca Translúcida Circular Lobada Rugosa Umbilicada -

181 6 mm Membranoso Creme-esverdeada Brilhante Translúcida Irregular Ondulada Rugosa Umbonada -

182 3 mm Membranoso Bege Opaca Translúcida Circular Lobada Rugosa Umbonada -

183 4 mm Quebradiço Branca-esverdeada Brilhante Opaca Circular Lobada Rugosa Umbonada +

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ANEXO 1. Macromorfologia de colônias bacterianas isoladas dos microcosmos (continuação).

Isolado Características macromorfológicas das colônias isoladas

Tamanho Aspecto Cor Superfície Densidade Forma Borda Estrutura Elevação Pigmentação

184 3 mm Membranoso Creme Brilhante Opaca Circular Ondulada Rugosa Umbonada +

185 31 mm Butiráceo Branca Opaca Opaca Irregular Lobada Granulosa Pulvinada ++

186 20 mm Quebradiço Bege/Creme Brilhante Opaca Irregular Lobada Rugosa Umbonada -

187 29 mm Butiráceo Branca Opaca Opaca Irregular Filamentosa Granulosa Convexa -

188 15 mm Butiráceo Bege Opaca Opaca Irregular Ondulada Granulosa Elevada -

192 5 mm Quebradiço Branca-esverdeada Brilhante Opaca Irregular Lisa Rugosa Pulvinada -

193 9 mm Membranoso Branca-esverdeada Opaca Opaca Irregular Filamentosa Filamentosa Umbonada -

194 4 mm Quebradiço Creme Opaca Opaca Irregular Ondulada Granulosa Pulvinada -

196 14 mm Butiráceo Creme Opaca Opaca Irregular Filamentosa Granulosa Convexa -

197 14 mm Butiráceo Branca-esverdeada Opaca Opaca Circular Lisa Granulosa Umbilicada ++

198 6 mm Membranoso Bege Brilhante Opaca Circular Ondulada Rugosa Umbilicada -

201 4 mm Membranoso Branca-esverdeada Brilhante Opaca Circular Ondulada Rugosa Umbilicada -

202 4 mm Membranoso Branca-esverdeada Brilhante Opaca Circular Lisa Rugosa Umbilicada ++

203 3 mm Membranoso Creme Brilhante Opaca Circular Ondulada Rugosa Umbonada -

204 10 mm Butiráceo Marrom/Esbranquiçada Opaca Translúcida Puntiforme Ondulada Granulosa Côncava -

205 1 mm Membranoso Bege Opaca Translúcida Puntiforme Lisa Granulosa Elevada -

206 5 mm Quebradiço Branca-esverdeada Opaca Opaca Circular Lisa Rugosa Umbilicada -

207 2 mm Butiráceo Branca Opaca Opaca Puntiforme Lisa Granulosa Convexa -

209 3 mm Membranoso Bege Brilhante Translúcida Circular Lobada Rugosa Umbilicada -

211 2 mm Membranoso Bege Opaca Translúcida Puntiforme Lisa Granulosa Umbonada ++

212 8 mm Membranoso Creme Brilhante Opaca Circular Lisa Rugosa Umbonada -

213 5 mm Quebradiço Branca Opaca Opaca Irregular Lobada Rugosa Umbilicada ++

214 2 mm Leitoso Bege Opaca Opaca Puntiforme Lisa Lisa Elevada -

218 1 mm Butiráceo Marrom Opaca Opaca Puntiforme Lisa Lisa Elevada -

219 3 mm Membranoso Branca-esverdeada Opaca Opaca Circular Lisa Rugosa Umbilicada ++

220 18 mm Leitoso Bege Opaca Translúcida Filamentosa Lacerada Lisa Umbonada -

221 20 mm Butiráceo Bege Opaca Opaca Puntiforme Lobada Filamentosa Convexa -

223 32 mm Leitoso Bege Opaca Opaca Rizóide Ondulada Lisa Elevada -

225 34 mm Viscoso Bege/Marrom Opaca Opaca Rizóide Lacerada Filamentosa Umbonada -

232 21 mm Butiráceo Marrom Opaca Opaca Puntiforme Lisa Granulosa Elevada -

233 2 mm Leitoso Branca Opaca Translúcida Puntiforme Lisa Lisa Pulvinada -

235 2 mm Quebradiço Marrom Opaca Translúcida Circular Lisa Lisa Umbilicada -

236 5 mm Quebradiço Branca Opaca Translúcida Irregular Ondulada Rugosa Umbonada +

238 6 mm Quebradiço Branca-esverdeada Opaca Translúcida Circular Lobada Granulosa Umbilicada ++

243 4 mm Membranoso Bege/Marrom Opaca Translúcida Circular Ondulada Rugosa Umbonada -

248 1 mm Quebradiço Alaranjada/Creme Opaca Translúcida Irregular Lisa Lisa Elevada -

249 36 mm Butiráceo Branca Opaca Translúcida Puntiforme Filamentosa Granulosa Convexa -

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121

ANEXO 1. Macromorfologia de colônias bacterianas isoladas dos microcosmos (continuação).

Isolado Características macromorfológicas das colônias isoladas

Tamanho Aspecto Cor Superfície Densidade Forma Borda Estrutura Elevação Pigmentação

251 6 mm Membranoso Branca Opaca Translúcida Irregular Lobada Rugosa Umbonada -

252 3 mm Quebradiço Creme/Esbranquiçada Opaca Translúcida Irregular Lobada Lisa Elevada -

253 33 mm Leitoso Bege Opaca Opaca Rizóide Lobada Filamentosa Umbonada -

254 4 mm Leitoso Bege Opaca Opaca Irregular Lobada Lisa Côncava -

255 1 mm Quebradiço Bege Opaca Translúcida Fusiforme Ondulada Rugosa Elevada -

266 37 mm Viscoso Bege Opaca Translúcida Puntiforme Ondulada Lisa Convexa +++

268 3 mm Butiráceo Bege Opaca Opaca Puntiforme Lisa Granulosa Pulvinada +

269 30 mm Butiráceo Branca Opaca Translúcida Puntiforme Lisa Granulosa Pulvinada +

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ANEXO 2 - Características macromorfológicas de colônias bacterianas.

Características Macromorfológicas

Tamanho Diâmetro em milímetros (Grande = 5 mm) (Média = 2 a 5 mm) (Pequena = 2 mm)

Aspecto Butirácea (aspecto de manteiga), viscosa, úmida,

membranosa, quebradiça, leitosa, outra.

Cor Branca, amarela, preta, camurça, laranja, outra.

Superfície Brilhante, Fosca, outra.

Brilho Brilhante, Opaca, Translúcida, Transparente, outra.

Forma

Margem/Borda

Estrutura

Elevação

Fonte: Koneman et al., (2006).

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ANEXO 3 – BIOÉTICA

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ANEXO 4 – DIREITOS AUTORAIS