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Orientador(a): Prof. (ª) THANNYA NASCIMENTO SOARES
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE AGRONOMIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E MELHORAMENTO DE PLANTAS
DIVERSIDADE E ESTRUTURA GENÉTICA EM POPULAÇÕES NATURAIS DE PTERODON EMARGINATUS VOGEL (LEGUMINOSAE)
MARCOS VINÍCIUS PEREIRA PINTO
Setembro – 2017
Goiânia - GO Brasil
Marcos Vinícius Pereira Pinto
Diversidade e estrutura genética em populações
naturais de Pterodon emarginatus Vogel
(Leguminosae)
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Genética e Melhoramento de Plantas, da Universidade
Federal de Goiás, como requisito parcial à obtenção do
título Mestre em Genética e Melhoramento de Plantas.
Orientador (a):
Prof. (ª) Dr. (ª) Thannya Nascimento Soares
Goiânia, GO – Brasil 2017
RESUMO
PINTO, M. V. P. Diversidade e estrutura genética em populações naturais de Pterodon
emarginatus Vogel (Leguminosae). 2017. 49 f. Dissertação (Mestrado em Genética e
Melhoramento de Plantas) – Escola de Agronomia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia,
2017.1
A diversidade genética é componente fundamental para a sobrevivência de qualquer espécie ao longo
do tempo evolutivo, isto porque configura-se como o repertório de possíveis respostas ás pressões
ambientais, que são dinâmicas e constantes. O conhecimento da magnitude e dos padrões de
estruturação dessa diversidade permite entender como fatores ambientais e microevolutivos tem
interagido ao longo do tempo e moldado as populações, possibilitando melhor uso e conservação.
Marcadores microssatélites tem sido a ferramenta molecular mais utilizada nas últimas décadas para
estudos de mapeamento de diversidade e estrutura genética, devido ao seu alto grau de polimorfismo,
abundância genômica e natureza codominante. Para espécies nativas raramente esses marcadores
estão disponíveis, no entanto, as regiões que flanqueiam os microssatélites costumam ser
conservadas entre espécies evolutivamente próximas, o que possibilita a transferência desses
marcadores. Pterodon emarginatus Vogel, popularmente conhecida como Sucupira Branca, é uma
planta arbórea pertencente à família das leguminosas. Esta espécie é amplamente utilizada com
propósitos medicinais devido ao vasto potencial terapêutico de seus compostos secundários. Além
disso, fornece madeira rígida de interesse para construção civil e também é utilizada como espécie
ornamental. Apesar da grande quantidade de estudos direcionados para o potencial medicinal, pouco
se sabe sobre a diversidade genética presente nessa espécie. Diante disso, os objetivos do trabalho
foram transferir para P. emarginatus marcadores microssatélites desenvolvidos para Dipteryx alata
e acessar a diversidade e estrutura genética em populações naturais de P. emarginatus. Para isso, foi
testada à amplificação cruzada de 25 iniciadores e 12 populações naturais foram genotipadas para 6
locos microssatelites. Dos 25 iniciadores testados, 2 (8%) apresentaram bom padrão de amplificação
e polimorfismo. O conjunto de marcadores utilizados revelou um total de quarenta e cinco alelos,
com uma média de 7,667 por loco. Esse valor variou de 4 (DaE12) a 22 (PVESTBR067). As
populações apresentaram nível intermediário de diversidade genética (He=0,555) e maior
variabilidade dentro de populações do que entre populações. Foram detectados pequenos, porém
significativos, níveis de endogamia devido tanto ao sistema de acasalamento quanto a subdivisão
populacional (f= 0,07; Fst= 0,073). Esses resultados suportam que a espécie apresenta sistema misto
de acasalamento. O padrão de divergência entre as populacionais demonstrou-se moderadamente
estruturado no espaço (Mantel= 0,440; p<0,002) indicando um perfil de grandes populações
continuas, com níveis significativos de fluxo gênico em distancias até aproximadamente 400 km.
Palavras-Chave: Pterodon emarginatus Vogel, microssatélite, diversidade genética, estrutura
genética.
________________
1 Orientador (a): Prof.a Dr.a Thannya Nascimento Soares. ICB-UFG
ABSTRACT
PINTO, M. V. P. Diversity and genetic structure in natural populations of Pterodon
emarginatus Vogel (Leguminosae). 2017. 49 f. Dissertation (Master of Science in Genetics
and Plant Breeding) – Escola de Agronomia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2017.1
Genetic diversity is a fundamental component for the survival of any species over evolutionary time,
because it is the repertoire of possible responses to environmental pressures, which are dynamic and
constant. Knowledge of the magnitude and structuring patterns of this diversity allows to understand
how environmental and microevolutionary factors have interacted over time and shaped the
populations. Microsatellite markers have been the most used molecular tool in recent decades for
mapping studies of diversity and genetic structure due to its high degree of polymorphism, genomic
abundance and codominant nature. For native species these markers rarely are available, however,
the regions flanking the microsatellites are usually conserved among evolutionarily close species,
which allows the transfer of these markers. Pterodon emarginatus Vogel, popularly known as
Sucupira branca, is a tree plant belonging to the legume family. This species is widely used for
medicinal purposes because of the broad properties of its secondary compounds. In addition, it
provides rigid wood of interest for construction and is also used as an ornamental species. Despite
the substantial number of studies directed to the medicinal potential, little is known about the genetic
diversity present in this species. Therefore, the objectives of the work were to transfer to P.
emarginatus microsatellite markers developed for Dipteryx alata and to access the diversity and
genetic structure in natural populations of P. emarginatus. For this, the cross-amplification of 25
primers were tested and 12 natural populations were genotyped for 6 loci. Of the 25 primers tested,
2 (8%) showed good amplification and polymorphism pattern. The set of markers used revealed a
total of 45 alleles for the 12 populations evaluated, with a mean of 7.667 per locus. This value ranged
from 4 (DaE12) to 22 (PVESTBR067). Populations showed intermediate levels of genetic diversity
(He = 0.555) and greater variability within populations than among populations. Small but significant
levels of inbreeding were detected due to both the mating system and the population subdivision (f =
0.07; Fst = 0.073). These results support that the species presents a mixed mating system, being
preferentially allogama. The pattern of divergence among populations was moderately structured in
space (Mantel = 0.440, p <0.002) indicating a profile of large continuous populations with significant
levels of gene flow over distances up to approximately 400 km.
keywords: Pterodon emarginatus Vogel, microsatelite, genetic diversity, genetic structure.
________________
1 Orientador (a): Prof.a Dr.a Thannya Nascimento Soares. ICB-UFG
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 10
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................................. 12
2.1 Pterodon emarginatus VOGEL ............................................................................................. 12
2.1.1 Classificação taxonômica .............................................................................................. 12
2.1.2 Descrição Botânica ........................................................................................................ 13
2.1.3 Distribuição, Importância sócio-econômica e ambiental ........................................... 15
2.2 DIVERSIDADE GENÉTICA ................................................................................................ 16
2.3 ESTRUTURA GENÉTICA ................................................................................................... 17
2.4 MARCADORES MICROSSATÉLITES ............................................................................... 19
3. MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................................... 21
3.1 AMOSTRAGEM ................................................................................................................... 21
3.2 EXTRAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DO DNA .................................................................... 22
3.3 TESTE AMPLIFICAÇÃO CRUZADA E SELEÇÃO DE LOCOS MICROSSATÉLITES
POLIMÓRFICOS ........................................................................................................................ 22
3.4 GENOTIPAGEM ................................................................................................................... 25
3.5 ANÁLISES GENÉTICO POPULACIONAIS ....................................................................... 25
4. RESULTADOS ........................................................................................................................... 27
5. DISCUSSÃO ............................................................................................................................... 34
6. CONCLUSÕES .......................................................................................................................... 38
7. REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 39
8. APÊNDICES ............................................................................................................................... 46
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Populações amostradas para análise de diversidade e estrutura genética. Goiás
(GO), Minas Gerais (MG) e Mato Grosso (MT) ............................................................ 21
Tabela 2. Marcadores desenvolvidos para Dipteryx alata utilizados nos testes de
amplificação cruzada. .......................................................................................................... 23
Tabela 3. Marcadores utilizados na genotipagem das populações de Pterodon emarginatus
Vog. ..................................................................................................................................... 27
Tabela 4. Estatísticas descritivas relativas aos seis locos microssatélites avaliados: Número
de indivíduos avaliados (N); Número de alelos por loco polimórfico (A); Número médio de
alelos por loco para as populações (Ar); Heterozigosidade observada (Ho); Heterozigosidade
esperada (He); Índice de fixação intra-populacional (f). ..................................................... 28
Tabela 5. Estatísticas descritivas relativas as doze populações avaliadas. São apresentadas
as estimativas dos parâmetros: Número médio de alelos por loco para as populações (Ar);
heterozigosidade observada (Ho); heterozigosidade esperada (He); índice de fixação intra-
populacional (f).................................................................................................................... 29
Tabela 6. Valores estimados e intervalo de confiança para os parâmetros: índice de fixação
intra-populacional (f), coeficiente de endogamia total (F) e diferenciação inter-populacional
(θ) geradas pela análise de variância das frequências alélicas com seis locos microssatélites
para a espécie Pterodon emarginatus Vog. .......................................................................... 29
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Indivíduo de Pterodon emarginatus Vog.. ........................................................... 14
Figura 2. Variação para a cor das flores em Pterodon emarginatus Vog. ........................... 14
Figura 3. Frutos de Pterodon emarginatus Vog.. ................................................................. 15
Figura 4. Populações amostradas para o estudo de diversidade e estrutura genética em
Pterodon emarginatus Vog. ARGMT= Araguaiana, ARUGO= Aruanã, COCMT=
Cocalinho, IPOGO= Iporá, PERMG= Perdizes, PIRGO= Pirenópolis, POTGO= Portelândia,
PTUMG= Paracatu, SECGO= Serra de Caldas, SFRGO= São Francisco de Goiás, SILGO=
Silvânia, TUPMG= Tupaciguara. ........................................................................................ 22
Figura 5. Análise de Coordenadas Principais. Primeiro eixo (PCo1) e segundo eixo (PCo2).
Entre parêntesis a porcentagem de explicação de cada eixo. .............................................. 30
Figura 6. Correlação entre distancia genética e distancia espacial das populações naturais de
Pterodon emarginatus Vog. ................................................................................................. 31
Figura 7. Representação gráfica da análise de agrupamento bayesiana para 12 populações de
Pterodon emarginatus baseada em 6 locos microssatélites e para k=5. Cada indivíduo é
representado por uma barra vertical, apresentando a proporção do seu genoma pertencente a
cada um dos grupos estabelecidos. ...................................................................................... 31
Figura 8. Correlograma entre I de Moran e classes de distância entre populações naturais de
Pterodon emarginatus Vog. Os pontos representam o valor médio do I de Moran para cada
classe de distância e as linhas tracejadas o desvio padrão. Entre parêntesis a quantidade de
valores significativos a 5% (p<0,001). ................................................................................ 32
Figura 9. Descontinuidade genética (seta) em populações naturais de Pterodon emarginatus
Vog estimada pelo algoritmo de máxima diferenciação de Monmonier a partir do primeiro
eixo da PCoa e da rede de Gabriel. A intensidade da cor que preenche cada quadrado
representa a orientação de cada população no primeiro eixo da PCoA............................... 33
Figura 10. Modelo linear entre latitude e variação genética para as doze populações de
Pterodon emarginatus Vog. ................................................................................................. 33
1. INTRODUÇÃO
A diversidade genética é componente imprescindível para manutenção das
espécies ao longo do tempo, pois permite aos indivíduos responderem as constantes
mudanças ambientais que lhes são impostas. Populações naturais geralmente apresentam
estruturação dessa diversidade no tempo e no espaço, devido à ação de diferentes forças
microevolutivas, fatores ambientais e biologia reprodutiva de cada espécie. O conhecimento
da magnitude da diversidade e dos padrões de estruturação permite entender como esses
fatores tem interagido ao longo do tempo e moldado as populações. Essa compreensão é
fundamental para melhor uso e conservação de qualquer espécie.
Marcadores microssatélites tem sido a ferramenta molecular mais utilizada nas
últimas décadas para estudos de mapeamento de diversidade genética, devido seu alto grau
de polimorfismo, abundancia genômica e natureza codominante. No entanto, para espécies
nativas sem imediato interesse econômico, raramente esses marcadores estão disponíveis. O
desenvolvimento de novo de microssatélites pode demandar quantidade significativa de
tempo e dinheiro, o que geralmente também não está disponível para esse tipo de espécies.
Nesse contexto, a possibilidade de se transferir marcadores disponíveis para espécies
filogeneticamente próximas mostra-se uma alternativa interessante (Kalia et al., 2011).
Pterodon emarginatus Vog. popularmente conhecida como sucupira branca, é
uma planta arbórea pertencente à família das leguminosas. As populações de P. emarginatus
estão distribuídas geograficamente nas regiões norte (Rondônia e Tocantins), nordeste
(Bahia, Ceará, Maranhão, Piauí), centro-oeste (Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul) e sudeste (Minas Gerais e São Paulo) sendo comumente encontrada no
Cerrado. Está presente em quase todos os domínios fitogeográficos brasileiros, exceto nos
Pampas, e não é uma espécie endêmica do Brasil (Almeida et al. 1998; Lima & Lima, 2016).
Esta espécie é amplamente utilizada com propósitos medicinais devido as
propriedades antireumaticas (Coelho, 2004), analgésicas (Coelho, 2005) e anti-inflamatorias
11
(Santos, 2010) de seus compostos secundários. Além das propriedades terapêuticas, P.
emarginatus fornece madeira rígida de interesse para construção civil (Lima et al., 2012) e
também é utilizada como espécie ornamental e apícola devido a beleza de suas flores
(Aquino et al., 2007)
Apesar da grande quantidade de estudos direcionados para o potencial
medicinal, pouco se sabe sobre a diversidade genética presente nessa espécie. Além disso, a
resolução taxonômica do gênero ainda é bastante controversa e, dependendo da literatura
consultada, P. pubescens é tratada como sinônimo de P. emarginatus (Vieira et al., 2007;
Hansen et al., 2012; The Plant List, 2013; International Legume Database and Information
Service, 2015).
Grande parte dessa confusão ocorre devido à existência de duas morfos
distintas: Indivíduos com flores roxas e folíolos glabros e indivíduos com flores rosas e
folíolos pubescentes. Lewis (1987) considerou esse dimorfismo como variação fenotípica
dentro de P. emarginatus. Por outro lado, Rocha (2006) obteve dados moleculares sugerindo
que as duas morfos representam duas entidades biológicas distintas. No entanto, essa questão
ainda carece de dados adicionais e permanece inconclusiva. Em função disto, neste trabalho
utilizamos a abordagem de Lewis (1987), que trata P. emarginatus como uma espécie
politípica.
Os objetivos do trabalho foram transferir para P. emarginatus sensu Lewis
marcadores microssatélites desenvolvidos para Dipteryx alata e acessar a diversidade e
estrutura genética presentes em populações naturais de P. emarginatus.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Pterodon emarginatus VOGEL
2.1.1 Classificação taxonômica
O gênero Ptetodon possui seis espécies descritas até o presente, sendo elas P.
apparicioi Pedersoli, P. macrophyllus Klotzsch, P. abruptus (Moric.) Benth, P. pubescens
(Benth.) Benth, P. polygalaeflorus (Benth.) Benth.e P. emarginatus Vog. No entanto, esse
número não é consenso e varia de acordo com a fonte consultada. O programa The Plant List
(2013) reconhece apenas três desses nomes, atribuindo o status de “aceito” para P. abruptus
e P. emarginatus e “não resolvido” para P. macrophyllus. A base de dados ILDIS
(International Legume Database and Information Service, 2015) lista os seis nomes descritos
para o gênero, porém atribui o status de “aceito” somente para P. emarginatus e P. abruptus.
P. polygalaeflorus é considerado “variante” de P. emarginatus e os demais nomes recebem
o status de “duvidoso”.
O programa Flora do Brasil 2020 (2016) reconhece P. abruptus, P. apparacioi,
P. emarginatus e P. pubescens com entidades taxonômicas distintas e considera
P.polygalaeflorus sinônimo de P. emarginatus. A base de dados IPNI (The International
Plant Names Index, 2005) reconhece todos os seis nomes existentes como válidos. Grande
parte dessa variação no número de espécies aceitas para o gênero é devida à incerteza na
delimitação das espécies P. emarginatus, P. pubescens e P. polygalaeflorus. Essa incerteza
é gerada pela ocorrência de indivíduos apresentando folhas pubescentes com 6-19 folíolos e
flores variando do róseo claro a róseo escuro e indivíduos com folhas glabras com 4-10
folíolos e flores roxas
13
Lewis (1987) considerou essas duas morfos como variação dentro de uma
espécie, P. emarginatus. Mais recentemente, Rocha (2006) realizou análises em nível de
DNA utilizando marcadores moleculares RAPD (Random Amplified Polymorfic DNA) e
dados morfológicos para investigar a variação encontrada dentro de P. emarginatus sensu
Lewis. Apoiada em seus resultados a autora concluiu que P. emarginatus e P. pubescens são
duas espécies diferentes, e P. polygalaeflorus deve continuar sendo mantida como sinônimo
de P. emarginatus. A análise molecular demonstrou que 74% da variância encontrada é
explicada pela diferença entre as formas rósea e roxa, sendo P. emarginatus caracterizada
pela flor roxa e P. pubescens pela flor rósea. No entanto, não existe revisão publicada para
o gênero até o presente, o que torna a questão inconclusiva. Diante disso, optamos por
abordar p. emarginatus como proposto por Lewis (1987).
2.1.2 Descrição Botânica
P. emarginatus é uma árvore de altura aproximada entre 5 e 15 metros (Figura
1), troncos com diâmetros de até 70 cm; ritidoma de cor acinzentada ou amarelada, ásperos
com depressões e deiscência de placas irregulares; casca descamante em arvores velhas,
podendo apresentar rachaduras ou fissuras. Suas folhas são compostas; paripinadas;
alternadas, espiraladas; com 4 a 19 folíolos; podendo ser alternos ou opostos; oblongos ou
ovados; de 2 a 6cm de comprimento e 1 a 4cm de largura; ápices emarginados ou
arredondados (Brasil, 2016).
14
Figura 1. Indivíduo de Pterodon emarginatus Vogel. Fonte: Brasil 2016.
O florescimento ocorre entre os meses de julho e outubro e frutificação entre
junho e setembro. (Lorenzi, 2002; Brasil, 2016). As flores são pequenas, hermafroditas,
zigomorfas, com cálice variando do rosa claro ao roxo (Figura 2) e com duas sépalas
superiores livres e três inferiores fundidas. As flores são polinizadas principalmente por
abelhas do gênero Bombus (Afonso, 1997).
Figura 2. Variação para a cor das flores em Pterodon emarginatus Vogel. Fonte: Brasil 2016.
15
O fruto é do tipo criptossâmara monospérmico, indeiscente, comprimido, oval
ou raramente oblongo, inflado no núcleo seminífero com a superfície composta por venações
concentradas no centro entorno da câmara onde encontra-se a semente tornando-se
inconspícuas em direção as alas (Figura 3). Esse tipo de fruto em P. emarginatus demonstra
uma adaptação para anemocoria em ambientes abertos e está relacionada à ausência de
barreiras físicas e disponibilidade de vento, condições observadas no Cerrado, para que os
frutos contendo a semente sejam facilmente transportados (Janzen, 1980; Paiva et al., 2001;
Pinto et al., 2014). Suas sementes dispersas por anemocoria são elípticas a oblongas,
levemente comprimidas, com arilo reduzido ao redor do hilo, textura coriácea, cor castanho-
clara, com um pericarpo que se desprende e o mesocarpo que forma um alo circundando a
semente proeminente.
Figura 3. Frutos de Pterodon emarginatus Vogel. Fonte: Brasil 2016.
2.1.3 Distribuição, Importância sócio-econômica e ambiental
As populações de P. emarginatus estão distribuídas geograficamente nas regiões
norte (Rondônia e Tocantins), nordeste (Bahia, Ceará, Maranhão, Piauí), centro-oeste
(Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) e sudeste (Minas Gerais e São
Paulo) sendo comumente encontrada no Cerrado. Está presente em todos os domínios
fitogeográficos, exceto nos Pampas, e apesar de sua ampla distribuição, não é uma espécie
endêmica do Brasil (Lima & Lima, 2015; Brasil, 2016).
P. emarginatus conhecida popularmente como “sucupira-branca” ou “faveiro” é
reconhecida na medicina popular por suas propriedades terapêuticas, sendo utilizada para
16
diversas finalidades, muitas já corroboradas por estudos científicos (Hansen et al., 2012). Na
medicina popular todas as partes da planta são utilizadas, desde a raiz até as folhas, sob a
forma de infusão e decocção (Ferreira et al., 2014).
Os frutos são usados em macerações hidroalcoólicas para tratar infecções
laringológicas, para uso infantil em compostos “fortificantes ou estimulantes do apetite”. O
óleo da semente é usado no tratamento de dores de garganta (Nunan et al., 1982) e no
tratamento de infecções ginecológicas (Almeida & Gottilieb, 1975). As túberas radiculares
são empregadas no tratamento do diabetes e a casca tem atividade antimicrobiana
(Bustamante et al., 2010), cicatrizante, leishmanicida, antiulcerogênica, antiinflamatória,
analgésica (Dutra, 2008), antitumoral (Hansen et al., 2012) e para tratamento de doença
remática (Lorenzi, 2002)
A madeira de P. emarginatus é dura e resistente à umidade com grande potencial
para a construção civil (Lima et al., 2012). Além da madeira, possui características
ornamentais e apícolas apreciáveis (Aquino et al., 2007). Por ser tolerante à luz direta e a
baixa fertilidade do solo, é indicada em reflorestamentos mistos destinados a áreas
degradadas de preservação (Lorenzi, 2002).
2.2 DIVERSIDADE GENÉTICA
A diversidade genética é constituída pela variedade de alelos e genótipos
encontrados em determinado grupo de uma espécie (Frankham, 2010). A diversidade
genética é considerada pela International Union for Conservation of Nature (IUCN) como
uma das prioridades globais para a conservação. Isto porque para a manutenção e
persistência das espécies ao longo do tempo evolutivo, estas precisam possuir diversidade
genética suficiente para responder as diversas imposições do ambiente, que são processos
contínuos, ininterruptos e que podem ser intensificados pela ação antrópica.
A compreensão dos padrões de distribuição da diversidade genética e do nível
de diferenciação são de fundamental importância para a definição de estratégias de
conservação e uso sustentado desses recursos genéticos, sendo importante no intuito de
preservar a máxima variabilidade genética possível e subsidiar programas de conservação
para as espécies (Loveless & Hamrick, 1984; Frankham, 2010; Cruz et al., 2011).
17
A caracterização da variabilidade genética dentro de populações pode ser
efetuada a partir de medidas de diversidade genética intrapopulacional, que podem ser
estimadas a partir de dados de marcadores genéticos. A análise dos dados genéticos deve ser
baseada em alguma teoria ou modelo. Um modelo é sempre insatisfatório em algum aspecto,
sendo incapaz de refletir toda a complexidade do mundo real. Por outro lado, quanto mais
um modelo se aproxima da realidade, mais complexo matematicamente ele se torna. Desse
modo, um bom modelo é aquele que não é tão distante da realidade e nem tão complexo ao
ponto de ser incompreensível matematicamente (Hedrick, 2004)
A variação intrapopulacional pode ser caracterizada pela variação alélica em
locos estruturais como a porcentagem de locos polimórficos (P), o número médio de alelos
por loco (Ar), heterozigosidade observada (Ho) e a heterozigosidade média esperada (He)
segundo as expectativas do Equilíbrio de Hardy-Weinberg (Hedrick, 2004).
Um loco polimórfico pode ser arbitrariamente definido como aquele que o alelo
mais comum tem frequência igual ou inferior a 0,95 ou 0,99. A medida de locos polimórficos
expressa a quantidade de polimorfismo e é dada pela razão entre os locos polimórficos e o
total de locos da amostra. A porcentagem de locos polimórficos como medida da variação
genética é indicada para análise de populações com um grande número de indivíduos e de
locos. O número médio de alelos por loco polimórfico (Ar) é uma medida de riqueza alélica,
que é proporcional ao polimorfismo (Brown & Weir, 1983) e também é fortemente
dependente do tamanho amostral (Hedrick, 2004).
A heterozigosidade média esperada (He) ou diversidade gênica é a probabilidade
de que dois genes escolhidos ao acaso numa população sejam diferentes. Esta tem sido a
medida mais utilizada nas ultimas décadas e é considerada a mais completa pois reúne a
variação genética de uma população em uma única estatística e não depende da definição de
polimorfismo (Nei, 1987; Berg & Hamrick, 1997). Seja pi a frequência populacional do i-
ésimo alelo em um loco, a heterozigosidade para este loco em uma população de
cruzamentos ao acaso é definida como: ĥ = 1 − Σpi2 (Hedrick, 2004).
2.3 ESTRUTURA GENÉTICA
Na maioria das espécies, as populações são subdivididas em unidades menores
devido a fatores geográficos, ecológicos e comportamentais. Quando uma população está
18
subdividida, a conectividade genética entre suas partes pode diferir. Essa conectividade
depende primariamente da quantidade de fluxo gênico que ocorre entre os subgrupos. A
distância geográfica geralmente representa forte limitante desse fluxo, fazendo com que
populações mais próximas apresentem maiores taxas e populações mais distantes
apresentem menores taxas de fluxo gênico (Hedrick, 2004; Bradburd et al., 2013).
A combinação entre deriva genética local e fluxo gênico restrito resulta em
diferenças locais de frequências alélicas, cuja magnitude tende a aumentar
proporcionalmente com o aumento da distância geográfica. Desse modo, o nível de
diferenciação genética entre populações é determinado pelo balanço entre a força
homogeneizadora do fluxo gênico e processos que promovem a diferenciação, tais como
deriva genética e adaptações locais (Bradburd et al., 2013).
O fundamento dos estudos de estrutura genética parte do teorema de Hardy-
Weinberg. Em conformidade com seus pressupostos (população infinita, cruzamento
aleatório e ausência de mutação, migração e seleção) o modelo assume que as frequências
gênicas e genotípicas permanecem constantes de geração para geração mantendo a variação
genética (Futuyma, 1992). Desse modo, a partir dos desvios encontrados em cada caso,
torna-se possível inferir os fatores responsáveis pela estrutura populacional observada (Foll
& Gaggiotti, 2006).
Diferentes modelos matemáticos foram propostos para caracterizar a estrutura
genética populacional, dos quais cita-se: as estatísticas F (Wright, 1951); a diversidade
genética de Nei (1973) e as análises de variância das frequências alélicas (Cockerham, 1969;
Weir & Cockerham, 1984). Wright desenvolveu uma abordagem para dividir a variação
genética que é comunmente utilizada pois fornece intuitiva descrição da diferenciação. Essa
abordagem consiste em três coeficientes (F) de correlação, usados para para alocar a
variabilidade genética ao nível total da população (T), subpopulações (S) e indivíduos (I).
Na análise de frequências alélicas, os coeficientes de coancestralidade entre indivíduos ou
grupos são obtidos a partir da decomposição dos componentes da análise de variância das
frequências alélicas (Hedrick, 2004; Holsinger & Weir, 2009).
F (FIT de Wright) é a correlação entre alelos dentro de indivíduos em todas as
populações, representando o coeficiente de endogamia dos indivíduos em relação ao
19
conjunto de populações. O estimador θ (FST de Wright) é a correlação de todos os alelos de
diferentes indivíduos na mesma população. É o coeficiente de coancestralidade e mede a
divergência entre populações. O estimador f (FIS de Wrigth) é a correlação dos alelos dentro
de indivíduos dentro da população a qual estes indivíduos pertencem, ou seja, representa
grau de endogamia dentro de populações e pode ser expresso como f = (F - θ) / (1 - θ)
(Holsinger & Weir, 2009; Hart & Clark, 2010).
2.4 MARCADORES MICROSSATÉLITES
Microssatélites são regiões do DNA compostas de pequenos motivos de um a
seis nucleotídeos repetidos em tandem. Outras denominações são utilizadas como
sinônimos de microssatélite, como SSR (Simple Sequence Repeats) e STR (Short Tandem
Repeats) (Ferreira & Grattapaglia, 1998). São classificadas pela composição de motivo
repetido podendo ser mono, di, tri, tetra, penta e hexanucleotídeos e, também, pelo tipo de
sequência repetitiva, como microssatélites perfeitos, imperfeitos e compostos, em função
do tipo de repetição que eles apresentam (Tóth et al., 2000).
São ditos perfeitos os microssatélites onde a repetição não apresenta interrupção
(por exemplo, CACACACACA). São ditos imperfeitos quando a sequência é interrompida
por alguma base que não pertença ao motivo (por exemplo, CACACGACACA). E são
considerados compostos os microssatélites que apresentam dois ou mais tipos de repetição
conjuntamente (por exemplo, CACACAGCGCGC) (Tautz & Schlötterer, 1994; Goldstein
et al., 1994).
A técnica de microssatélites revela polimorfismo em determinado loco devido a
diferenças no número de vezes em que estas repetições de sequência simples ocorrem. Para
iniciar estudos com marcadores microssatélites, há a necessidade de se ter disponível
iniciadores desenvolvidos que flanquearão as regiões microssatélites. Desse modo,
conhecendo-se estas regiões adjacentes às sequências microssatélites, é possível o desenho
de pares de iniciadores específicos, possibilitando a amplificação, via PCR (polimerase
chain reaction), dos fragmentos que contêm o DNA repetitivo em diferentes genótipos (Zane
et al., 2002).
O polimorfismo em cada loco microssatélite é resultado da diferença no número
de repetições de cada unidade de repetição. Podemos, então, distinguir vários alelos, de um
20
mesmo loco, pelo tamanho. As sequências microssatélites em um loco variam de um
indivíduo a outro, contudo, as sequências de DNA que flanqueiam os microssatélites são
bastante conservadas entre espécies evolutivamente próximas (Tautz & Schlötterer, 1994;
Oliveira et al., 2006; Kalia et al., 2011).
A identificação dos alelos nos locos microssatélites pode ser feita diretamente
com auxílio de brometo de etídeo em géis de agarose, nitrato de prata em géis de
poliacrilamida ou através da detecção de picos de fluorescência em analisador automático de
DNA. Os iniciadores marcados com fluorescência possibilitam sistemas múltiplos de
detecção (multiplex), e consequentemente, permitem a genotipagem simultânea de vários
locos de cada amostra analisada (Ferreira & Grattapaglia, 1998).
Nas últimas décadas, os marcadores microssatélites tem sido a ferramenta mais
utilizada para estudos genético populacionais devido principalmente a grande ocorrência nos
genomas de praticamente todos os organismos e sua natureza codominante e multialélica
(Ferreira & Grattapaglia, 1998; Oliveira, 2006; Kalia et al., 2011). Além disso, uma vez
desenvolvidos os iniciadores para microssatélites, estes podem ser rapidamente sintetizados
e testados em espécies evolutivamente proximas (Varshney et al., 2005).
A transferibilidade de um conjunto de iniciadores para amplificar determinados
locos microssatélites facilita os estudos entre espécies estreitamente relacionadas, pois
descarta a necessidade de desenvolver iniciadores específicos para a espécie. A
probabilidade de sucesso de uma amplificação heteróloga para uma sequência de DNA via
PCR está inversamente relacionada a distância evolutiva entre duas espécies (Zucchi, 2003).
A transferabilidade tem demonstrado sucesso principalmente no nível infra-genérico, com
uma estimativa de sucesso de até 60% em dicotiledôneas e de 40% em monocotiledôneas
estreitamente relacionadas (Barbará et al., 2007)
Devido as características desses marcadores para estudos em genética de
populações, os marcadores microssatélites têm sido escolhidos para diversos estudos em
populações de diferentes espécies da flora brasileira, como Dipteryx alata Vogel (Soares et
al., 2012), Tibouchina papyrus (Souza et al., 2014) e Pilosocereus gounellei (Monteiro et
al., 2015).
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 AMOSTRAGEM
Foram coletadas amostras foliares de pelo menos vinte e três árvores adultas de
P. emarginatus em doze localidades (Tabela 1; Figura 3). Estas amostras foram embaladas
em sacos plásticos com sílica gel, identificados com o código da espécie e região de coleta,
para o transporte até o Laboratório de Genética & Biodiversidade, da Universidade Federal
de Goiás onde os dados moleculares foram obtidos.
Tabela 1. Populações de Pterodon emarginatus Vogel amostradas para análise de diversidade e
estrutura genética. Goiás (GO), Minas Gerais (MG) e Mato Grosso (MT)
População Código N° de indivíduos Longitude Latitude
Perdizes/MG PERMG 32 -47,36658 -19,35077
São Francisco de Goiás/GO SFRGO 32 -49,25153 -15,92095
Cocalinho/MT COCMT 32 -51,36029 -14,95497
Ipora/GO IPOGO 32 -51,15724 -16,41614
Aruanã/GO ARUGO 32 -51,07816 -14,94036
Tupaciagura/MG TUPMG 32 -48,90082 -18,53749
Araguaiana/MT ARGMT 32 -51,83409 -15,45103
Silvania/GO SILGO 32 -48,37823 -16,59767
Paracatu/MG PTUMG 32 -47,04568 -17,06915
Pirenópolis/GO PIRGO 31 -48,95528 -15,74817
Portelândia/GO POTGO 23 -52,60776 -17,35041
Serra de Caldas/GO SECGO 32 -48,66000 -17,77250
22
Figura 4. Populações amostradas para o estudo de diversidade e estrutura genética em Pterodon
emarginatus Vogel. ARGMT= Araguaiana, ARUGO= Aruanã, COCMT= Cocalinho,
IPOGO= Iporá, PERMG= Perdizes, PIRGO= Pirenópolis, POTGO= Portelândia,
PTUMG= Paracatu, SECGO= Serra de Caldas, SFRGO= São Francisco de Goiás,
SILGO= Silvânia, TUPMG= Tupaciguara.
3.2 EXTRAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DO DNA
O DNA genômico foi extraído a partir do tecido foliar, seguindo o protocolo
descrito em Doyle & Doyle (1987). Após a extração, o DNA total foi quantificado com
auxílio de um marcador de peso molecular conhecido em gel de agarose 1% e tampão de
eletroforese TBE (Tris Borato EDTA) na concentração de 1X. Em seguida o DNA foi diluído
para uma concentração aproximada de 2,5 ng/μl.
3.3 TESTE AMPLIFICAÇÃO CRUZADA E SELEÇÃO DE LOCOS
MICROSSATÉLITES POLIMÓRFICOS
Para os testes de amplificação cruzada foram utilizados vinte e cinco primers
desenvolvidos para a espécie D. alata (Guimaraes et al., 2017) (Tabela 2). Os testes foram
realizados utilizando o DNA de três indivíduos de P. emarginatus e os primers que
apresentaram bom padrão de amplificação foram avaliados quanto à presença de
polimorfismo, utilizando o DNA de oito indivíduos.
23
Tabela 2. Marcadores desenvolvidos para Dipteryx alata Vogel utilizados nos testes de amplificação
cruzada.
Marcador Sequências (5'-3') Motivo Tamanho fragmento
Dal_01 F:TTGTTGAAAGCTAGCAAAGTGAA
R:CAAAGAACCCAACAAAATCTTTC CT 152
Dal_02 F: AAGCAGCTTCTGCATGAACTAT
R: TAAGCAAGGCCAAATTCGAG GA 167
Dal_03 F: CAAAGCTTTATACAATAACGCAAA
R: TCATTTCCACTGCCCAATTT AC 198
Dal_04 F: AAAGAGTAGCTGCAGACAGAATTG
R: AAAGAAGTCCTCAAATGCCTTG AG 176
Dal_05 F: TGCCATGATGCTACAAGTATGA
R: AGCCCCAAAACCGTTAAAAG AG 188
Dal_06 F: TGAAAGTGGATGCAAAAAGG
R: AATCCTTTAATCCCACAAATCA TG 156
Dal_07 F: CCCATGTCATTATCAAAAATGCT
R: CCTGTCATCATCGTGCGTAT GA 179
Dal_08 F: TTCAAGAAGCTCCGGTTGAT
R: CGAATGAGGAAGGAAGCAAA CT 169
Dal_09 F: ACCTGAGCCGAACCTCTTCT
R: GGCGAAAAGCTTCCCATAAT AG 161
Dal_10 F: AAATAAGATAAAGCTGTTGCAAAAAT
R: GATGCGCACCTAGTCTTTTTC GA 171
Dal_11 F: CATTTGCCCCTTCTTGTCTTT
R: AATGCCGATAATTTGTGTTGTTC TC 174
Dal_12 F: TGCTGCGTTCATTTTATAGTTTT
R: CTTTCTTCTTTGGGAGTTTGCT TC 189
Dal_13 F: GATTTGTTGGGTAACAGGAAG
R: GAGTCATTTTAGTCACACTGAGG AG 192
24
Dal_14 F: CATCTCACCAAAGCCATACAGA
R: TTGTTGCTTCCCGTTTTCTC AG 179
Dal_15 F: CAACTCCATCAACCAATACACC
R: AAATGAACCCCTCCAACACTT CAGGCA 214
Dal_16 F: AATTGCGAGGCACAAAAACT
R: TGAATGATAATGGGGGCAAA TC 185
Dal_17 F: AAAGTGAAATTATGTGCTATAAATGG
R: CAACGAATGATCAAAATCACAA AG 176
Dal_18 F: CGATAAGCATTACTATTTCCCTTT
R: GTGATTGACATCTAACCTCCTCT AG 198
Dal_19 F: CATCATACAGAGGCCAGACATT
R: TTGAGATTTACTGGTGACTTGTCC TG 184
Dal_20 F: CACGACTAGGAACCCCTTATTTT
R: TCTTTGTCATCCTTTCCCTTTG TC 183
Dal_21 F: TCTAGCCTCAACACACTGCTTC
R: CAAGAAAGATGATATGGGAAAAGG TC 162
Dal_22 F: TAGAAAGGACCTGAGAAGGAGA
R: ATCAAGATCATCAATAGCAGCA AG 199
Dal_23 F: TAGACAAAGTGCTTGGGGAAA
R: TTCTTGATTTTTGGATCTCTATCG AG 155
Dal_24 F: ATTTTGAGGAAGTCTCTTTGGT
R: TGGAGTTCATATCCTTATCTTTG AC 129
Dal_25 F: CCAGGTGGTGGGATGAGATA
R: ATGATGGACACACGAAAGTGAA ATTGAG 166
As reações em cadeia da polimerase (PCRs) foram realizadas a partir da
montagem de um coquetel, com volume final de 10 µL por reação, contendo 7,5 ng de DNA,
0,9 µM de cada primer, 5 U de Taq DNA Polymerase (Phoneutria, Belo Horizonte, BR), 2,5
25
µM de cada dNTP, 25mg/ml de BSA, tampão 10X (10 mM Tris-HCl, 50 mM KCl, 1,5 mM
MgCl2, pH 8,3). Os ciclos de amplificação ocorreram em 3 etapas: (1a) desnaturação inicial
da dupla fita de DNA a 94°C/5min; (2a) realização de 30 ciclos, sendo que cada ciclo
compreendeu respectivamente, a desnaturação do DNA a 95°C/5seg, o anelamento dos
primers à fita molde, variando entre 48°- 60°C/1min (dependendo do iniciador) e a extensão
da fita a 72°/30seg; (3a) extensão final a 72°/45min.
Os produtos amplificados foram submetidos a eletroforese vertical em gel
desnaturante de poliacrilamida 6% em TBE 1X submetido a uma corrente elétrica de 70 W
por aproximadamente duas horas. Para a visualização dos fragmentos amplificados o gel foi
submetido a coloração com nitrato de prata conforme o protocolo descrito por Creste et al.
(2001).
3.4 GENOTIPAGEM
Os pares de iniciadores que apresentaram polimorfismo tiveram seus iniciadores
Forward ressintetizados adicionando os fluoróforos 6-FAM (azul), HEX (verde) ou NED
(amarelo) na extremidade 5’ e, juntamente com os marcadores transferidos por Santana
(2015), foram utilizados na genotipagem das populações amostradas. O conjunto de
marcadores padronizados foi organizado em conjuntos para a genotipagem em sistema
multiplex no Analisador genético ABI PRISM® 3500 DNA (Applied Biosystems).
As reações de PCR foram realizadas seguindo o mesmo protocolo descrito na
seção de transferibilidade. A presença de amplificaçao foi confirmada em gel de agarose 3%.
O tamanho dos fragmentos foi determinado usando marcador interno GeneScan 600 LIZ
(Applied Biosystems) e os genótipos de cada indivíduo foram estabelecidos utilizando o
programa Gene Mapper (Applied Biosystems).
3.5 ANÁLISES GENÉTICO POPULACIONAIS
O programa FSTAT 2.9.3 (Goudet, 2002) foi utilizado para estimar os seguintes
parâmetros genéticos: Diversidade genética de Nei (He); Heterozigozidade observada (Ho);
Número de alelos por loco polimórfico (NA); Riqueza alélica (AR); Índice de fixação intra-
populacional (f); Desequilíbrio de ligação entre os locos. O programa Identity 4.0 (Wagner
26
and Sefc, 1999) foi utilizado para estimar a probabilidade de exclusão de paternidade (Q) e
a probabilidade de identidade (I).
Com o intuito de avaliar a magnitude e a distribuição da variabilidade entre e
dentro das populações, foram estimados os parâmetros de estrutura genética por meio de
uma análise de variância de frequências alélicas (Weir & Cockerham, 1984). Foram
utilizadas 10000 reamostragens para estabelecer os intervalos de confiança a 95 % para os
valores de f, F e θ. Essas análises foram realizadas no programa GDA-Genetic Data Analysis
(Lewis & Zaykin, 2002).
O pacote Hierfstat (Goudet, 2005) do software R foi utilizado para estimar os
valores de FST par a par segundo Weir & Cockerham (1984) e gerar uma matriz de distância
genética entre as populações aqui estudadas. A partir desta matriz, foi realizada análise de
coordenadas principais (PcoA – principal coordinates analysis), para verificar possíveis
padrões de divergência genética. O programa Structure 2.3.2 (Pritchard et al., 2000) foi
utilizado para designar indivíduos a grupos genéticos (K) e visualizar a estrutura genética
das populações de P. emarginatus. A determinação do número K mais provável foi realizada
pela estatística ΔK desenvolvida por Evanno et al. (2005).
Com o intuito de verificar padrão espacial na divergência genética entre
populações, o pacote Vegan (Oksanen et al, 2017) do software R foi utilizado para
correlacionar a matriz de distâncias genéticas com a matriz de distâncias geográficas a partir
do teste de Mantel. O software R também foi utilizado para realizar analise de regressão
linear entre latitude e primeiro eixo da PCoA. Foi realizada análise de autocorrelação
espacial para as frequências alélicas, com base no índice I de Moran. Essa análise foi
realizada no software R utilizando script gentilmente cedido por Diniz-Filho (2016). O
pacote Adegenet (Jombart, 2008) do software R foi utilizado para identificação de
descontinuidade genética entre as populações, a partir do algoritmo de Monmonier.
4. RESULTADOS
Dos vinte e cinco marcadores testados, sete (28%) apresentaram amplificação
cruzada e dois (0,8%) apresentaram polimorfismo e completaram a bateria de marcadores
utilizados para a genotipagem das populações. Dos nove marcadores transferidos por
Santana et al. (2015), quatro apresentaram bom padrão de amplificação para todas as
populações avaliadas e foram utilizados na genotipagem das populações. Desse modo, seis
marcadores, dos quais três (BM164, PVESTBR067 e PVESTBR268) transferidos da espécie
P. vulgaris e três (Da_E12, Dal_15 e Dal_25) transferidos da espécie D. alata, foram
utilizados no estudo de diversidade e estrutura genética de P. emarginatus (Tabela 3).
Tabela 3. Marcadores utilizados na genotipagem das populações de Pterodon emarginatus Vogel.
Marcador Sequências (5’ – 3’) Motivo
Amplitude
alélica
(bp)
Ta
(°C) Transferibilidade
BM164 F: CCACCACAAGGAGAAGCAAC (GT)9 (GA)21
160-168 58°
Santana et al. (2015)
R: ACCATTCAGGCCGATACTCC
PVESTBR067 F: CACTGAGGTTTTCCTCTGCTTT (CT)8
254-290 54°
R: TGTTGAAGGCAAAACATGAAAC
Da_E12 F: CCTTCTATGCGCTCTCTGCT (ATTTTT)18 200-224 60°
R: TACTTCAACGCCAGCTTCCT
PVESTBR268 F: AGATGCAGAACAGATGCTTCAA (CCA)6 282-320 58°
R: TGAAAGGGTCTTCTTGTTCCAT
Dal_15 F: CAACTCCATCAACCAATACACC (CAGGCA)9 210-238 58°
Presente estudo
R: AAATGAACCCCTCCAACACTT
Dal_25 F: CCAGGTGGTGGGATGAGATA (ATTGAG)5 152-170 58°
R: ATGATGGACACACGAAAGTGAA
Ta: Temperatura de anelamento.
O conjunto de marcadores utilizados revelou um total de quarenta e cinco alelos
para as doze populações avaliadas, com uma média de 7,667 por loco. Individualmente, esse
valor variou de quatro (DaE12) a vinte e dois alelos (PVESTBR067).
28
A diversidade genética de Nei (1978) apresentou média global de 0,555,
variando de 0,342 (Dal_25) a 0,850 (PVESTBR067). O marcador PVESTBR067 também
apresentou maior riqueza alélica (13,937) enquanto Dal_25 apresentou a menor (2,397)
(Tabela 4).
Não foi encontrado evidência de desequilíbrio de ligação entre os pares de locos.
O conjunto de marcadores apresentou poder de exclusão de paternidade (Q=0.994) e de
probabilidade de identidade (PI=3.551 x 10-8)
Tabela 4. Estatísticas descritivas relativas aos seis locos microssatélites avaliados: Número de
indivíduos avaliados (N); Número de alelos por loco polimórfico (A); Número médio de
alelos por loco para as populações (Ar); Heterozigosidade observada (Ho);
Heterozigosidade esperada (He); Índice de fixação intra-populacional (f).
Loco A Ar Ho He f
BM164 5 4,776 0,306 0,403 0,240
DaE12 4 3,653 0,539 0,551 0,022
Dal_25 4 2,397 0,329 0,342 0,037
Dal_15 6 5,040 0,684 0,670 -0,021
PVESTBR268 4 3,641 0,473 0,517 0,086
PVESTBR067 22 13,937 0,778 0,850 0,085
Média 7,667 5,674 0,518 0,555 0,075
Em nível populacional, ARGMT apresentou maior riqueza alélica (5,245) e
SILGO apresentou a menor riqueza (3,712). ARGMT também apresentou maior diversidade
genética (He=0,694) enquanto que COCMT apresentou menor diversidade (He=0,479).
ARGMT foi a única população que apresentou valor significativo para a estatística f (0,249),
indicando déficit de heterozigotos em relação ao esperado sob equilíbrio de HW (Tabela 5).
29
Tabela 5. Estatísticas descritivas relativas as doze populações avaliadas. São apresentadas as
estimativas dos parâmetros: Número médio de alelos por loco para as populações (Ar);
heterozigosidade observada (Ho); heterozigosidade esperada (He); índice de fixação
intra-populacional (f).
População Ar Ho He f
PERMG 4,641 0,422 0,480 0,121
SFRGO 4,567 0,516 0,545 0,054
COCMT 4,127 0,453 0,479 0,054
IPOGO 4,415 0,563 0,534 -0,054
ARUGO 4,519 0,495 0,528 0,062
TUPMG 5,142 0,542 0,580 0,066
ARGMT 5,245 0,521 0,694 0,249*
SILGO 3,712 0,547 0,546 -0,002
PTUMG 4,294 0,464 0,541 0,144
PIRGO 5,027 0,581 0,611 0,050
POTGO 4,333 0,630 0,608 -0,037
SECGO 4,245 0,484 0,518 0,065
Média 4,522 0,518 0,555 0,048
*Valor significativo ao nível de 5% (p<0,00069).
A análise de variância das frequências alélicas apresentou valores significativos
para as três estatísticas estimadas (Tabela 6). O valor de θ indica estruturação moderada entre
as populações avaliadas.
Tabela 6. Valores estimados e intervalo de confiança para os parâmetros: índice de fixação intra-
populacional (f), coeficiente de endogamia total (F) e diferenciação inter-populacional
(θ) geradas pela análise de variância das frequências alélicas com seis locos
microssatélites para a espécie Pterodon emarginatus Vog.
Estimativas f F θ
Limite superior (95%) 0,017 0,075 0,050
Limite Inferior (95%) 0,136 0,218 0,094
Média dos locos 0,070 0,138 0,073
O primeiro e o segundo eixos da PCoA foram capazes de explicar
aproximadamente 57% e 35% da variação presente na matriz, respectivamente. PERMG,
PTUMG e SILGO demonstraram-se as populações mais divergentes enquanto que o restante
das populações foram agrupadas em praticamente um grande grupo (Figura 4).
30
Figura 5. Análise de Coordenadas Principais. Primeiro eixo (PCo1) e segundo eixo (PCo2). Entre
parêntesis a porcentagem de explicação de cada eixo.
O teste de Mantel apresentou valor de correlação matricial igual a 0,440
(p=0,002) (Figura 5), indicando que parte do padrão de divergência genética presente entre
populações avaliadas pode ser explicado pela distância espacial, ou seja, indivíduos distantes
espacialmente tendem a ser distantes geneticamente.
31
Figura 6. Correlação entre distancia genética e distancia espacial das populações naturais de
Pterodon emarginatus Vogel.
O número de grupos K=5 é o que melhor explica a estrutura genética presente
nas populações, conforme a estatística delta K. A atribuição de genótipos realizada pelo
Structure revelou grande quantidade de mistura dentro dos indivíduos para a maioria das
populações (Figura 6). No entanto, PERMG, SILGO e POTGO apresentaram-se mais
homogêneas, contendo indivíduos com genótipos quase que totalmente atribuídos a apenas
um grupo.
Figura 7. Representação gráfica da análise de agrupamento bayesiana para 12 populações de
Pterodon emarginatus Vogel baseada em 6 locos microssatélites e para k=5. Cada
indivíduo é representado por uma barra vertical, apresentando a proporção do seu genoma
pertencente a cada um dos grupos estabelecidos.
32
A população de ARGMT apresentou composição de praticamente dois grupos distintos:
16 indivíduos alocados quase que totalmente ao grupo amarelo e 16 indivíduos apresentando mistura
entre os grupos roxo, rosa e verde. Ao considerar esses dois conjuntos de 16 indivíduos como duas
populações distintas, foi obtido um θ de 0,279 entre elas. Esse valor representa alta divergência entre
os indivíduos e é aproximadamente quatro vezes maior do que o valor de θ encontrado para todas as
populações.
O correlograma resultante da análise de autocorrelação espacial das frequências
alélicas revelou inexistência de padrão espacial em curtas distâncias e indicou que
populações com distâncias acima de 400 km tendem a se tornar geneticamente diferentes
(Figura 7).
Figura 8. Correlograma entre I de Moran e classes de distância entre populações naturais de
Pterodon emarginatus Vogel. Os pontos representam o valor médio do I de Moran para
cada classe de distância e as linhas tracejadas o desvio padrão. Entre parêntesis a
quantidade de valores significativos a 5% (p<0,001).
O algoritmo de Monmonier revelou a existência de descontinuidade genética
entre SILGO e as populações PIRGO e SECGO, separando as populações em dois subgrupos
(Figura 8).
33
Figura 9. Descontinuidade genética (seta) em populações naturais de Pterodon emarginatus Vogel
estimada pelo algoritmo de máxima diferenciação de Monmonier a partir do primeiro eixo
da PCoa e da rede de Gabriel. A intensidade da cor que preenche cada quadrado representa
a orientação de cada população no primeiro eixo da PCoA.
A análise de regressão linear entre latitude e o primeiro eixo da PCoA revelou r2
ajustado no valor de 0,640, indicando que aproximadamente 64% da variação genética
presente em P. emarginatus pode ser explicada pela latitude (Figura 9).
Figura 10. Modelo linear entre latitude e variação genética para as doze populações de Pterodon
emarginatus Vogel.
5. DISCUSSÃO
A chance de sucesso de amplificação cruzada de um iniciador microssatélite é
inversamente proporcional à distância evolutiva entre as espécies envolvidas. Considerando
que o parentesco entre P. emarginatus e D. alata ocorre em nível de tribo, a taxa de sucesso
obtida no presente estudo (0,8%) pode ser considerada baixa (Dayanandan et al.,1997;
Barbará et al. 2007). Em concordância com a maior distância evolutiva, Santana (2015)
obteve menor taxa de sucesso na amplificação cruzada de 539 iniciadores desenvolvidos
para P. vulgaris.
O loco Dal_25 apresentou maior número de alelos em P. emarginatus (4)
quando comparado com o encontrado D. alata (3) e maior heterozigosidade observada
(Ho=0,329 e Ho=0,261), no entanto, apresentou menor heterozigosidade esperada,
respectivamente (He=0,342 e He=0,595). O loco Dal_15 apresentou o mesmo número de
alelos (6), no entanto, apresentou tanto maior heterozigozidade observada (Ho=0,684 e
Ho=0,361) quanto heterozigosidade esperada, respectivamente (He=0,670 e He=0,463).
Entretanto, essa comparação pode estar enviesada devido ao menor número de indivíduos
avaliados em D. alata (Guimaraes et al., 2017).
Santana (2015) utilizou 88 indivíduos provenientes de 3 populações para a
caracterização dos 9 marcadores transferidos para P. emarginatus, sendo que 4 desses
marcadores foram utilizados no presente estudo. Apesar do menor número de indivíduos
avaliados, a autora encontrou para esses 4 marcadores estatísticas semelhantes com as do
presente estudo. A única exceção ocorreu para PVESTBR067, para o qual o aumento de
indivíduos avaliados resultou em um aumento de 9 alelos.
Rocha (2006) utilizou 32 marcadores RAPD para avaliar 119 indivíduos
provenientes de 7 populações P. emarginatus sensu Lewis. Apesar do marcador empregado
pela autora possuir diferente natureza genética, a magnitude da diversidade genética
detectada está em concordância com a verificada no presente estudo.
35
No mesmo sentido, Santana (2015) obteve valores intermediários de diversidade
genética para os 88 indivíduos avaliados com 9 marcadores microssatélites. Diante disso, é
possível inferir que P. emarginatus apresenta nível intermediário de diversidade genética.
Quando comparadas com outras plantas do cerrado avaliadas com
microssatélites, P. emarginatus apresentou maior diversidade que D. alata He=0,415
(Guimaraes et al, 2017); e menor diversidade que Byrsonima cydoniifolia He=0,727
(Bernardes et al., 2014) e Cariocar brasiliensis He=0,856 (Collevatti et al, 2001).
Em plantas, as principais fontes de endogamia são autofecundação e fluxo
gênico restrito. Esses fatores aumentam a correlação entre os gametas que são combinados
durante a fecundação, resultando em homogeneização genotípica dentro de populações e
aumentando a diferenciação genética entre populações. No sentido contrário, fecundação
cruzada e fluxo gênico amplo reduzem a correlação entre gametas e a subdivisão intra-
populacional. A estimativa do parâmetro f capta o efeito do sistema de cruzamento na
endogamia que existe dentro das populações, representando a proporção da variação
genética total que está entre indivíduos dentro das populações (Loveless & Hamrick, 1984;
Holsinger & Weir, 2009).
No presente estudo, o valor estimado de f demonstrou-se estatisticamente
diferente de zero, no entanto foi relativamente baixo (0,07), sugerindo baixas taxas de
autofecundação. P. emarginatus apresenta flores hermafroditas, o que possibilitaria a
ocorrência de autofecundação. Estudando a viabilidade de pólen em P. emarginatus, Rocha
(2006) encontrou correlação negativa entre percentagem de pólen fértil e sementes viáveis
dentro de indivíduos, sugerindo que os indivíduos da espécie podem apresentar investimento
diferencial na produção de pólen fértil e sementes. Esses resultados corroboram com a
hipótese de que as flores da espécie não são funcionalmente hermafroditas e que a espécie
apresenta sistema de acasalamento preferencialmente alógamo.
A subdivisão populacional promove a ação da deriva genética, que por sua vez
resulta na diferenciação genética entre as subpopulações. No sentido contrário, o fluxo
gênico entre populações reduz a subdivisão populacional e consequentemente reduz a
estruturação genética. Por serem organismos sesseis, o fluxo gênico em plantas está restrito
a dispersão de seus gametas via pólen, e de indivíduos via semente. O parâmetro θ representa
a proporção da variação genética total que está entre as populações e é influenciado pela
36
subdivisão populacional. No presente estudo foi encontrado valor significativo para essa
estatística (0,075), indicando que aproximadamente 7% da variabilidade genética está entre
as populações, e que 93% da variabilidade está contida dentro das populações. Utilizando
marcadores RAPD, Rocha (2006) encontrou valores semelhantes de estruturação entre
populações. Essa magnitude de estruturação sugere que P. emarginatus apresenta níveis
suficientes de fluxo gênico para contrapor os efeitos da deriva genética.
Esses resultados estão de acordo com o esperado para espécies de plantas que
apresentam estratégias de dispersão de gametas semelhantes as observadas em P.
emarginatus. O movimento de seus polens é mediado por abelhas do gênero Bombus
(Afonso, 1997) que apresentam alto potencial de dispersão. Suas sementes apresentam
adaptações para anemocoria, o que pode resultar também em dispersão de longas distâncias.
Esses dois fatores combinados contribuem para maior fluxo gênico e consequentemente
menor divergência entre populações.
Em concordância com os resultados obtidos no presente estudo, Braga &
Collevatti (2011) avaliaram a dispersão de pólen e estrutura espacial em Tabebuia aurea,
espécie arbórea tropical que também é polinizada por abelhas do gênero Bombus e apresenta
dispersão de sementes por anemocoria. As autoras detectaram longas distâncias de dispersão
de pólen (máxima= 2,608 m e média=351,5 m) e fraca estrutura espacial.
Algumas populações se apresentam individualmente em grupos distintos, como
é o caso de SILGO, PTUMG e PERMG. Para as duas últimas, essa divergência pode ser
explicada pela distância geográfica em relação as demais populações, o que é corroborado
pelo teste de Mantel e pelo padrão latitudinal de divergência genética detectado pela análise
de regressão linear. As demais populações apresentaram relativo baixo nível de divergência,
sugerindo que as populações de P. emarginatus se comportam como grandes complexos
contínuos, com níveis significativos de fluxo gênico entre elas. No entanto, o correlograma
demonstra que essa continuidade é interrompida a partir de distâncias acima de 400 km,
sendo que a partir dessa distância as populações começam a ficar geneticamente mais
distantes do que o esperado pelo acaso.
O presente estudo não foi delineado para avaliar a diferença genética entre as
morfos e provavelmente a maioria dos indivíduos amostrados é da morfo rosa, pois a
literatura descreve a ocorrência da morfo rosa principalmente para o sul de Goiás e os estados
37
de Minas Gerais e São Paulo, o que coincide com região amostrada no presente estudo
(Rocha, 2006). Rocha (2006) encontrou grande divergência genética entre as duas morfos
de P. emarginatus, o que levou a autora concluir que as morfos representam entidades
biológicas (espécies) distintas. O fato de termos encontrado baixos valores de estrutura e
distância genética entre as populações, corrobora com o fato de que provavelmente não
coletamos populações de morfos distintas.
Por outro lado, existe a possibilidade de termos amostrados indivíduos de morfos
distintas dentro das populações, o que explicaria a formação de dois grupos divergentes
dentro de ARGMT e a divergência genética apresentada por SILGO em relação as
populações geograficamente próximas. Ainda assim, a magnitude da divergência obtida para
os dois casos anteriores foi relativamente baixa e também pode ser explicada pela coleta de
um subconjunto de indivíduos aparentados no caso de ARGMT e restrição de fluxo gênico
devido a fatores ambientais para o caso de SILGO. De fato, ARGMT foi a única população
que apresentou nível de endogamia significativo (f=0,249; p<0,00069), o que corrobora a
hipótese de coleta de indivíduos aparentados.
6. CONCLUSÕES
Os marcadores transferidos no presente estudo demonstraram boa qualidade para
realizar analises genético-populacionais e agregaram poder de resolução ao conjunto de
marcadores previamente transferidos para P. emarginatus. As populações naturais avaliadas
apresentaram nível intermediário de diversidade genética e maior variabilidade dentro de
populações do que entre populações. Foram detectados pequenos, porem significativos,
níveis de endogamia devido tanto ao sistema de acasalamento quanto a subdivisão
populacional. Esses resultados suportam que a espécie apresenta sistema misto de
acasalamento, com maiores proporções de alogamia. O padrão de divergência entre as
populacionais demonstrou-se moderadamente estruturado no espaço, apresentando gradiente
latitudinal de divergência genética. Esses resultados indicam um perfil de grandes
populações continuas, com altos níveis de fluxo gênico em distancias até aproximadamente
400 km.
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8. APÊNDICES
Apêndice A. Frequências alélicas obtidas para o loco BM164
47
Apêndice B. Frequências alélicas obtidas para o loco DaE12
48
Apêndice C. Frequências alélicas obtidas para o loco Dal_25
49
Apêndice D. Frequências alélicas obtidas para o loco Dal_25
50
Apêndice E. Frequências alélicas obtidas para o loco PVESTBR268
51
Apêndice F. Frequências alélicas obtidas para o loco PVESTBR067