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LADY DI JACKIE O. SYLVIA PLATH MARIA CALLAS TINA TURNER INGRID BERGMAN MARILYN MONROE ABANDONADAS Divas TETÉ RIBEIRO

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LADY DI JACKIE O. SYLVIA PLATH MARIA CALLAS TINA TURNER INGRID BERGMAN MARILYN MONROE

ABANDONADASDivas

TETÉ RIBEIRO

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Sobre beleza, amor e felicidade

Li “Divas Abandonadas” em um dia, interrompen-do só para o que era necessário. Apesar de ter várias histórias, esse é um daqueles livros que se lê de uma tacada só. É difícil parar quando você começa a saber mais sobre a vida de uma dessas mulheres, e mais difícil ainda não querer conhecer a próxima história. Além de ser uma leitu-ra superagradável, a vida dessas pessoas sempre me interessou, desde criança eu queria saber tudo sobre elas, que são os grandes ícones do século XX. A única personagem cuja história não me era muito fami-liar era a da Tina Turner, porque só comecei a me interessar por música mais tarde na minha vida. Então não sabia nada, também porque os problemas dela não eram contados nos jornais ou nas revistas. Tudo era muito mais misterioso na época dessas grandes divas, não tinha Internet, TV a cabo, as notícias demoravam mais para chegar.

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Uma história que acompanhei bem de perto foi a da Jackie. Ela e o Jack Kennedy são muito especiais na minha memória. Foram o primeiro casal cuja celebridade aconteceu pela TV. E eles eram lindos, superfotogênicos, isso fez com que eu e a minha geração inteira nos encantássemos com os dois. A Jackie teve um papel formidável na história dos Estados Unidos, ela foi a primeira-dama americana mais pioneira, mais elegante, mais interessante e numa fase em que os EUA estavam no auge da sua expansão cultural, o mundo estava encantado com o país. Eu certamente estava.

Sou européia, nasci na Itália e vim para o Brasil com os meus pais depois da Primeira Guerra, aos 5 anos. E meu fascínio pelos Estados Unidos era enorme exatamente porque foi o país que ganhou a guerra, aquela disputa enorme e cruel que eu vivi e que mudou radicalmente a minha vida. Eu era tão apaixonada pelos americanos que acabei me casando com um, o banqueiro Robert Blocker, meu primeiro marido e pai de minhas duas fi lhas. Durante o nosso casamento, vivíamos dois meses no Brasil e dois meses nos EUA, então participei muito da vida americana. E, lá, a Jackie era muito mais idolatrada do que aqui, porque ela mostrou aos americanos como ser chique. Naquela época tudo que era chique vinha da elite, tudo que era bacana vinha da elite, a elite era considerada referência de estilo e comportamento. Isso mudou muito.

Não sei dizer o quanto Jackie me infl uenciou pessoalmente, mas infl uenciou, sim. Apesar de usar estilistas americanos, ela buscava um estilo meio Givenchy, que era o da Audrey Hepburn, o maior ícone da elegância. Eu adorava o Givenchy, essa sempre foi a minha linha, o meu jeito de vestir, elegante mas sempre mais para o discreto. Em alguns momentos achei que me parecia com ela, sim, sem imitá-la. Nunca imitei ninguém, pelo menos não conscientemente, nunca fui de dizer “a Jackie está vestindo, vou comprar um modelo e vestir também”.

Uma das mulheres do livro que mais me fascina é a Marilyn Mon-roe. Com ela não tenho nenhuma identifi cação, mas fi co cada vez mais

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interessada em saber sobre sua vida. Tem um ingrediente a mais que é quase uma maldição, não sei explicar direito. Mas tudo parece ser mais complicado para ela. E ninguém se interessa por uma pessoa que tem uma vida toda normalzinha, não é verdade? Também acredito que, quanto mais o tempo passa, mais ela fi ca moderna, contemporânea. Lembro que, quando ela morreu, eu estava em Nova York e fi quei cho-cada, mas naquele tempo eu preferia outras divas, como a Ava Gardner. Ela era linda, brilhante, mas no fi nal acabou sendo menos interessante. A Marilyn era muito esquisita, estava realmente a frente de seu tempo. Ela era estranha fi sicamente mesmo, era gorducha, vivia ganhando e perdendo peso. Era a mais sexy, mas de vez em quando fi cava muita inchada, e a gente sabia que ela se entupia de remédios e bebidas, e fi -cava todo mundo observando isso, “Xi, está mais inchada, será que está grávida? Será que está ainda mais louca?”. Não é que nem a Britney Spears hoje em dia, que dá um espirro e a gente sabe. Mas a Marilyn era tão artifi cial, ela fez cirurgia plástica quando ninguém ousava fazer isso, era um perigo. Enfi m, criou uma coisa tão diferente que continua moderna até hoje. Tão moderna que continua valendo como referên-cia. A Madonna teve sua fase Marilyn no começo dos anos 1980, e até Gwen Stefani, que eu adoro, também teve sua fase Marilyn.

Esse esforço todo para ser bonita era muito estranho para mim, porque desde menina eu era bem bonitinha naturalmente. Por ou-tro lado, sei bem como a beleza física ajuda as pessoas a chegarem mais fácil aos lugares e às pessoas. Às vezes, a beleza faz você pen-sar que pode tudo, depois percebemos que não é bem assim. Claro que as mulheres bonitas têm muito mais gente em volta, mas isso não quer dizer que elas serão mais felizes no amor. Podem ter mais amantes, mais namorados, mais fãs, mas não terão necessariamente mais felicidade. O caso da Diana deixa isso bem claro. Ela era linda, mas não tinha o que o príncipe Charles queria em uma mulher, que era uma cumplicidade, uma intimidade que ele só conseguia com a

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Camilla Parker-Bowles, com quem está até hoje. E Diana também tinha o problema de ser muito moderna para a família real inglesa, em que todo mundo representa um papel, uma mulher não pode estar apaixonada nesse universo, não cabe, não tem sentido. E ela só queria que ele prestasse atenção nela.

E a beleza também tem um lado cruel, porque ela vai embora. Hoje eu sou uma velhinha bacana, sei me arrumar e tal, mas aquela beleza da juventude não existe mais. Lembro que, quando menina, era realmente mais bonita que minhas colegas e isso não era muito legal. Elas tinham inveja de mim, e eu tinha um monte de fãs, mas também não adiantava muito, porque não podia namorar com todos, era ou-tro mundo. E algumas dessas amigas se casaram com ex-namorados meus, que eu descartei e eles escolheram a próxima namorada mais pela afi nidade do que pela beleza, e muitas delas estão casadas e felizes até hoje. Não estou reclamando de nada, sou muito mais inquieta do que todos eles juntos, mas aprendi que é preciso administrar essas pai-xões que a beleza desperta.

O grande amor da minha vida foi meu segundo marido, Giulio Cattaneo della Volta, com quem me casei em 1975 e que morreu em 1990. Era louca por ele, mas também sofri muito durante os mais de 20 anos em que fi camos juntos. Logo que me separei do meu primeiro marido para fi car com ele, fui praticamente deserdada pelos meus pais, depois perdi a guarda das minhas fi lhas durante quatro anos. Foi mi-nha grande história de amor, não tinha como não ter vivido isso depois que eu o conheci. Eu o adorava e ele me dizia: “Nunca tenha ciúme das mulheres bonitas, as feias é que são perigosas, pois fazem tudo direiti-nho quando querem conquistar alguém”. Ele tinha razão, as mulheres bonitas acham que todos correm atrás delas.

A notoriedade é mais estranha para mim do que a beleza, eu não sou uma mulher famosa, mas sou conhecida há muitos anos por pou-cas pessoas, primeiro porque fazia parte de uma sociedade mais fecha-

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da e era muito bonita, depois por causa do meu trabalho como editora de moda nas revistas da Abril nos anos 1970 e porque escrevi na Folha de S.Paulo nos anos 1980. Depois disso, virei meio esse símbolo de ele-gância que eu nunca entendi direito de onde veio, mas sempre gos-tei de ser reconhecida. E, no fi nal dos anos 1990, tive meu momento showbiz, que foi o relacionamento com o Nelsinho Motta, que durou 6 anos, dos meus 56 até os 62. A gente começou a namorar quando eu tinha 56 anos, e se casou na igreja quando eu tinha 59. Já devia estar fazendo crochê em casa, e estava me casando pela terceira vez. Foi uma história de amor linda, mas no fi nal fui embora porque achei que estava dedicando um tempo enorme a uma pessoa que precisava cada vez mais de mim e estava dedicando menos tempo do que devia a mim mesma, às minhas fi lhas, aos meus netos. Acho que foi o canto do cisne da minha sexualidade. Agora me sinto aliviada de pensar que não preciso mais de ninguém.

Rezo para não me apaixonar de novo, mas a gente nunca sabe es-sas coisas com certeza, não é mesmo?

Costanza Pascolato é empresária de moda, diretora de produto e criação da Santa Constância, consultora de estilo da H.Stern e colunista da Vogue.

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SumárioLady Di, 14

Jackie O., 44Sylvia Plath, 70

Maria Callas, 98Tina Turner, 144

Ingrid Bergman, 172Marilyn Monroe, 212

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nome de solteiraDiana Frances Spencer

nome de casada Diana Frances Mountbatten-Windsor

nascimento1.º de julho de 1961, em Sandringham, Inglaterra

signoCâncer

morte31 de agosto de 1997, em Paris, França

causa da morteAcidente de carro

casamentoPríncipe Charles (29/7/1981—28/8/1996)

fi lhos William Arthur Philip Louis Mountbatten-Windsor (21/6/1982) e Henry Charles Albert David Mountbatten-Windsor (15/9/1984)

livros sobre elaHá mais de 7 mil livros escritos sobre a princesa Diana.

O mais controverso se chama The way we were — Remembering Diana, escrito pelo seu ex-mordomo Paul Burrell, e o mais recente, The Diana Chronicles, foi escrito pela famosa editora inglesa

Tina Brown, lançado em junho deste ano.

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Um conto sem fadas

A cena fi cou gravada na memória de Diana para sempre: seu pai carregou as malas até o carro, colocou-as no porta-malas, então sua mãe assumiu o volante e foi embora de casa. O casamento de seus pais durou 14 anos e acabou quando o romance de sua mãe com o empre-sário Peter Shand Kydd foi descoberto por seu pai.

Peter também era casado quando começou a sair com a mãe de Diana, mas logo abandonou sua mulher e começou a pressionar a amante que deixasse o marido para que os dois vivessem juntos. O ano era 1967, Diana tinha 6 anos de idade, era a terceira fi lha do casal Frances e John Spencer, ou visconde e viscondessa Althorp — seus títulos como nobres. Suas duas irmãs mais velhas, Sarah e Jane, na época com 12 e 10 anos de idade, já estudavam no colégio interno só para garotas. Seu único irmão, o caçula Charles, tinha 3 anos e, como ela, ainda tomava lições em casa com a governanta da família, Miss Gertrude Allen.

A família era rica, muito rica, mas não tão rica quanto as gera-ções passadas haviam sido. A imensa propriedade chamada Althorp, em Northamptonshire, próximo a Londres, assim como a impres-sionante coleção de quadros famosos, antigüidades, livros raros e ob-jetos de arte adquiridos ao longo dos anos, ainda estavam em posse da família. Althorp havia sido transformada em condado pelo rei Charles I. O homem mais velho da família é até hoje chamado de

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conde Spencer. O pai de Diana era o oitavo conde Spencer. Seu ir-mão, o atual conde, é o nono da linhagem.

Os Spencer fi zeram fortuna no século XV como criadores de car-neiros. Até o século XX, os membros da família freqüentavam cons-tantemente os palácios de Buckingham, Kensington e Westminster, as três moradias reais em Londres, já que comumente tinham cargos de confi ança entre a família real inglesa. A avó paterna de Diana, condessa Spencer, foi dama de companhia da rainha Elizabeth, a rainha-mãe.

A família da mãe de Diana, os Fermoys, era gente de dinheiro mais novo. E muito mais dinheiro que os Spencer, porém de menor tradição. Eles tinham conexões nos Estados Unidos e na Irlanda, e seus negócios envolvendo os dois países eram a fonte de fortuna da família. Foram os Fermoys que adquiriram a casa conhecida como Park House, em Norfolk, a 120 quilômetros de Londres, onde Diana nasceu e passou parte da infância. Park House, que fi ca no meio de um grande pedaço de terra, foi originalmente construída para acomodar os hóspedes e os empregados de Sandringham, a casa de inverno da família real, em que a principal atividade eram as caça-das, um dos hobbies do príncipe Charles. Foi de Park House que sua mãe foi embora quando resolveu abandonar seu marido em 1967.

Diana nasceu no dia 1o de julho de 1961 e foi uma enorme decepção para seus pais, que torciam por um menino que levasse adiante o sobrenome Spencer. Um ano e meio antes do nascimento da futura princesa de Gales, sua mãe havia dado à luz um menino fraco e todo deformado, John, que viveu apenas dez horas. Quando engravidou novamente, tinha certeza de que teria o fi lho que havia perdido alguns meses antes e passou toda a gravidez se preparando para a chegada do garoto. O casal nem havia considerado nomes fe-mininos para o bebê e levou quase um mês até decidir por Diana Frances Spencer, em homenagem a uma ancestral da família Spencer e, como nome do meio, o de sua mãe.

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O choque de ter outra menina foi tão grande que sua mãe foi mandada ao médico em Londres para uma bateria de exames que visavam procurar as causas do “problema” que a fazia ter tantas fi -lhas e, com alguma sorte, a cura desse “mal”. Na época, o fato de que é o pai da criança quem determina o sexo do fi lho não era conhecido, e a culpa logo caiu sobre Lady Althorp. Quando deu fi nalmente à luz o menino que batizou como Charles, três anos depois, Lady Althorp e seu marido fi caram tão felizes e aliviados que não fi zeram a menor questão de esconder sua preferência da fi lha pequena e ou de qualquer outra pessoa. O batizado do peque-no Charles Spencer foi uma grande festa, e ninguém menos que a própria rainha da Inglaterra foi uma de suas madrinhas.

Diana era com certeza nova demais para comparar seu batizado com o de seu irmão mais novo e sofrer com isso, mas ela sempre se referiu à sua infância como uma fase muito triste de sua vida. Seu primeiro problema — de uma longa lista, entre reais e imaginários — era o de que seus pais gostariam que ela tivesse sido um menino e que sua mãe fora obrigada a passar por mais uma gravidez por causa dela. O segundo problema, provavelmente mais sério, era o fato de seus pais já brigarem pelo menos dois anos antes de decidirem se se-parar. As brigas eram ouvidas por Diana e seu irmão mais novo, que chegaram a presenciar uma bofetada de seu pai na cara de sua mãe. A separação aconteceu poucos dias depois do episódio do tapa e foi seguida por uma batalha feia pela posse deles. O pai, como um ho-mem da nobreza, teve prioridade e fi cou com as crianças. Charles, com apenas três anos, não entendia que sua mãe tivesse ido embora para sempre e passava o dia perguntando a Diana quando ela volta-ria. Toda noite, na hora de dormir, chorava até conseguir pegar no sono. Diana ouvia, mas como sempre teve muito medo do escuro, não tinha coragem de levantar da cama e ir consolar o irmão, então cobria a cabeça com o travesseiro para abafar o som e a tristeza.

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Sobre a autoraTeté Ribeiro é jornalista, autora de A Nova York de Carrie,

Samantha, Charlotte e Miranda (Siciliano, 2003) e Paulo Betti — Na carreira de um sonhador (Imprensa Ofi cial, 2005) e mora em Washington desde 2006.

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