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http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3 %A3o_Goulart Acesso em 23/08/2013. Slogan ufanista "Brasil, ame-o ou deixe-o", muito usado durante os Anos de Chumbo no Brasil. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Brasil_ame- o_ou_deixe-o.png Acesso em 23/08/2013. Ditadura militar no Brasil Democracia, nação e cidadania no Brasil: governo, cultura e repressão O texto apresentado abaixo e as atividades propostas têm como objetivo principal o desenvolvimento das seguintes competência e habilidade: Competência: Compreender as variadas formas de organização política e suas implicações na sociedade. Habilidade: Analisar as consequências sociais e econômicas da organização e do pensamento político de determinado contexto brasileiro. Em 1964, a história do Brasil mudou. A democracia com eleições diretas foi substituída após um golpe militar, que implantou uma ditadura, que durou até 1985 e cerceou a liberdade de expressão, inibiu seus “inimigos internos” com o CCC – Comando de Caça aos Comunistas. A expressão “comunista” rotulava todos aqueles que negavam o regime implantado, após a deposição do presidente João Goulart (Jango), que se exilou no Uruguai. Para muitos historiadores o período populista foi substituído pelos “Anos de Chumbo”. Essa expressão diz respeito à forma como os militares organizaram o controle da nação e do poder. Os donos do novo regime criaram grupos defensores da ditadura militar que auxiliaram na formatação de um sistema bipartidarista, em substituição ao multipartidarismo. Existiam dois partidos somente: um da situação (ARENA - Aliança Renovadora Nacional) e um da oposição consentida (MDB - Movimento Democrático Brasileiro). O objetivo da existência de um partido de oposição era mostrar para a opinião pública internacional a imagem de que no Brasil existia democracia. Regime Militar (1964- 84) Dividido entre ARENA (pró- militares) e MDB (oposição) Escolha indireta do presidente e dos governadores (a partir de 1969); congresso limitado e executivo forte, baseado no AI-5. Sistema bipartidário obrigatório até as reformas de 1981-2

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Page 1: Ditadura militar no Brasil Democracia, nação e cidadania ... · Ditadura militar no Brasil Democracia, nação e cidadania no Brasil: governo, cultura e repressão O texto apresentado

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3

%A3o_Goulart – Acesso em

23/08/2013.

Slogan ufanista "Brasil, ame-o ou deixe-o",

muito usado durante os Anos de Chumbo no

Brasil. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Brasil_ame-

o_ou_deixe-o.png – Acesso em 23/08/2013.

Ditadura militar no Brasil

Democracia, nação e cidadania no Brasil: governo, cultura e repressão

O texto apresentado abaixo e as atividades propostas têm como objetivo principal o desenvolvimento das seguintes competência e habilidade: Competência: Compreender as variadas formas de organização política e suas implicações na sociedade. Habilidade: Analisar as consequências sociais e econômicas da organização e do pensamento político de determinado contexto brasileiro.

Em 1964, a história do Brasil mudou. A democracia com eleições diretas

foi substituída após um golpe militar, que implantou uma ditadura, que

durou até 1985 e cerceou a liberdade de expressão, inibiu seus

“inimigos internos” com o CCC – Comando de Caça aos Comunistas. A

expressão “comunista” rotulava todos aqueles que negavam o regime

implantado, após a deposição do presidente João Goulart (Jango), que

se exilou no Uruguai.

Para muitos historiadores o período populista foi substituído pelos “Anos

de Chumbo”. Essa expressão diz respeito à forma como os militares

organizaram o controle da nação e do poder. Os donos do novo regime

criaram grupos defensores da ditadura militar que auxiliaram na

formatação de um sistema bipartidarista, em substituição ao

multipartidarismo. Existiam dois partidos somente: um da

situação (ARENA - Aliança Renovadora Nacional) e um da

oposição consentida (MDB - Movimento Democrático Brasileiro).

O objetivo da existência de um partido de oposição era mostrar

para a opinião pública internacional a imagem de que no Brasil

existia democracia.

Regime

Militar

(1964-

84)

Dividido entre

ARENA (pró-

militares) e

MDB

(oposição)

Escolha indireta do

presidente e dos

governadores (a partir de

1969); congresso limitado e

executivo forte, baseado no

AI-5. Sistema bipartidário

obrigatório até as reformas

de 1981-2

Page 2: Ditadura militar no Brasil Democracia, nação e cidadania ... · Ditadura militar no Brasil Democracia, nação e cidadania no Brasil: governo, cultura e repressão O texto apresentado

O Brasil era governado, nos “anos de chumbo”, por generais que eram eleitos indiretamente e

que formulavam leis chamadas de Atos Institucionais (AI) para garantir seu controle sobre a

nação e inibir gestos de cidadania através da repressão violenta, de torturas e da censura

prévia. O mais severo desses Atos Institucionais foi o AI-5.

Havia uma distorção dos conceitos de democracia e ordem. Manifestações e passeatas eram

reprimidas diretamente pelas forças armadas, que usavam dos veículos de comunicação de

massa para afirmar que agiam em nome da “segurança e do desenvolvimento”, contra os

“inimigos internos” do país, da ordem e do progresso.

Dentro do sistema antidemocrático de controle implantado pelos governantes militares, foram

nomeados civis, que eram chamados de “biônicos” como era o caso de governadores dos

Estados, de prefeitos e também de senadores. Neste contexto, ser biônico significava ser

indicado para um cargo político pelo governo central, sem participar de eleição. Um biônico era

um aliado civil do regime militar.

O governo ditatorial usava de diversos artifícios para fazer-se valer enquanto discurso

hegemônico, sendo que o principal era a censura. Alterar a visão da conjuntura brasileira era o

objetivo. Para tanto, os veículos de comunicação jornalística e a produção radiofônica, literária,

cinematográfica e televisiva sofriam interferência dos censores oficiais do governo. O foco era

doutrinar as massas com a visão de mundo divulgada pelo regime militar.

Pessoas, textos e contextos encarados como perigosos para o sistema eram severamente

punidos. Muitos escritores, pensadores, músicos, professores e intelectuais foram exilados

devido à sua postura e suas obras. Políticos foram cassados por serem encarados como

comunistas e subversivos. Disciplinas, como Filosofia e Sociologia, foram retiradas do currículo

escolar e as aulas de Ciências Humanas eram monitoradas pelos defensores do sistema

político autoritário.

Após aproximadamente 21 anos de cerceamento dos direitos constitucionais, falta de

democracia efetiva e perseguição política, o povo clamou nas ruas por eleições diretas e o

contexto internacional, com a crise do petróleo e o relaxamento da Guerra Fria entre socialistas

e capitalistas, apontou novos caminhos para a política interna e externa brasileira. A herança

deste período foi a existência de desaparecidos políticos, violência contra os direitos humanos

e a distorção do termo democracia.

Aprender a fazer - Sugestão de atividades para reflexão dos alunos

1. Escute a música “Pra não dizer que não falei das flores”, interpretada por Charlie Brown Jr.,

de autoria de Geraldo Vandré, censurada durante a ditadura militar.

1.1 - http://www.youtube.com/watch?v=RxSrek8iE-U

1.2 – Interprete o conteúdo da letra da música e INDIQUE três motivos para sua censura,

no contexto da ditadura.

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2. Peça à turma que assista a reportagem com Geraldo Vandré, o autor da música:

http://www.youtube.com/watch?v=k4sLANlH7Nk

3. Reflita com os estudantes, em um debate, sobre a frase: “Vem, vamos embora que esperar

não é saber... Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.