dissertação tiago mar-2007
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UFOP - CETEC - UEMG
REDEMATREDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS
UFOP – CETEC – UEMG
Dissertação de Mestrado
"Atrito Interno em Aços Inoxidáveis Austeníticos
contendo Martensita Induzida por Deformação"
Autor: Tiago Felipe de Abreu Santos
Orientadora: Profª. Dra. Margareth Spangler Andrade
Fevereiro de 2007
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UFOP - CETEC - UEMG
REDEMATREDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS
UFOP – CETEC – UEMG
Tiago Felipe de Abreu Santos
"Atrito Interno em Aços Inoxidáveis Austeníticos contendo Martensita Induzida por Deformação"
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais da REDEMAT, como parte integrante dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Materiais.
Área de concentração: Análise e Seleção de Materiais Orientador: Profª. Dra. Margareth Spangler Andrade
Ouro Preto, fevereiro de 2007
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Catalogação: [email protected]
S237a Santos, Tiago Felipe de Abreu. Atrito interno em aços inoxidáveis austeníticos contendo martensita induzida por deformação [manuscrito] / Tiago Felipe de Abreu Santos. – 2007. xix, 96p.: il. color., grafs e tabs. Orientador: Profa. Dra. Margareth Spangler Andrade. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas. Rede Temática em Engenharia de Materiais. Área de concentração: Análise e seleção de materiais.
1. Aço inoxidável - Teses. 2. Aço Austeníticos - Teses. 3. Austenita. 4. Martensita. 5. Metalografia. 6. Dilatometro I. Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas. II. Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais. Setor de Tecnologia Metalúrgica. III. Título.
CDU: 669.112
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Agradecimentos
“O prazer dos grandes homens consiste em tornar os outros felizes” (Blaise Pascal)
Agradeço as pessoas, entidades, universidade e empresa que tornaram este projeto nessa
realidade. E em todo caminho percorrido, do projeto ao factível, agradeço aos esforços
desmedidos empregados pelas pessoas com as quais convivi, principalmente, pelas
contribuições científicas, mas também pelas gentilezas e pelo ambiente físico favorável ao
desenvolvimento do projeto. Agradeço também, de forma específica, as entidades e
universidade que proporcionaram a importante ajuda financeira para concretizar o projeto e a
empresa pela disponibilização do material estudado.
Em especial a: Dra. Margareth Spangler Andrade, orientadora, meu mentor; M.Sc. Mário Lúcio Talarico, coordenador do Setor de Tecnologia Metalúrgica/CETEC, pela disponibilização dos laboratórios; Dra. Ana Luiza Resende de Castro, pelas constantes e incansáveis contribuições, tanto para minha experiência profissional quanto pessoal; Pesquisadores do Setor de Tecnologia Metalúrgica – SDT/CETEC, pela colaboração; Técnicos e bolsistas de iniciação científica do SDT/CETEC, por eventual ajuda e parceria; CNPq, pelo financiamento da bolsa de mestrado concedida; FAPEMIG, pelo auxílio financeiro a projeto de pesquisa; ACESITA, pelo fornecimento do material estudado; CETEC, pela disponibilidade dos profissionais e laboratórios; REDEMAT/UFOP, pelo apoio institucional e financeiro.
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Aos meus pais, Sra. Adelina de Abreu Santos e Sr. Gentil da Silva Santos.
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Sumário
1. Introdução ........................................................................................................ 1
2. Objetivos........................................................................................................... 3
3. Revisão Bibliográfica ...................................................................................... 4
3.1. Os Aços Inoxidáveis........................................................................................................ 4
3.2. Martensita e as Transformações Martensíticas ............................................................... 6
3.3. Martensita em Aços Inoxidáveis Austeníticos .............................................................. 14
3.4. Dilatometria................................................................................................................... 18
3.5. Anelasticidade ............................................................................................................... 18
3.6. A Técnica de Atrito Interno........................................................................................... 20
4. Parte Experimental .......................................................................................30
4.1. Material ......................................................................................................................... 30
4.2 Ensaios de Tração........................................................................................................... 30
4.3. Ensaios de Dilatometria................................................................................................. 32
4.3. Análise Microestrutural ................................................................................................. 33
4.4. Ensaios de Atrito Interno............................................................................................... 34
5. Resultados e Discussão..................................................................................37
5.1. Material ......................................................................................................................... 37
5.2. Ensaios de Tração.......................................................................................................... 37
5.3. Dilatometria................................................................................................................... 39
5.4. Análise Microestrutural ................................................................................................. 50
vii
5.5. Atrito Interno................................................................................................................. 52
6. Conclusões ......................................................................................................75
7. Relevância dos Resultados............................................................................77
8. Sugestões para Trabalhos Futuros ..............................................................78
9. Publicações .....................................................................................................79
ANEXO – Análise do atrito interno após deconvolução dos espectros........80
Referências Bibliográficas ................................................................................91
viii
Lista de Figuras
Figura 3.1 – Diagrama de fase do sistema Fe-Cr[3]. ................................................................... 5
Figura 3.2 – (a) Célula cúbica de face centrada de parâmetro de rede a0. Uma célula CFC
contém uma TCC com parâmetro de rede igual à metade da diagonal da base da rede CFC.
Em (b) é mostrada o reticulado TCC isoladamente e, em (c), a rede CCC. A transformação do
reticulado TCC em (b) para o reticulado CCC apresentado em (c) é conhecida como distorção
de Bain........................................................................................................................................ 8
Figura 3.3 – Relevo superficial como conseqüência da mudança de forma característica das
transformações martensíticas[9]. ............................................................................................... 10
Figura 3.4 – Aplicação de ligas Ti-Ni com efeito memória de forma na indústria aeroespacial.
(a) Fios da liga utilizados em antenas espaciais no estado martensítico. À medida que há
aquecimento solar, de (b) a (d), a antena volta a sua forma original por meio do efeito
memória de forma[22]. ............................................................................................................... 11
Figura 3.5 – Modelo simplificado de um material exibindo efeito memória de forma explicado
através da transformação martensítica[22]. ................................................................................ 12
Figura 3.6 – Micrografia de liga Cu-Al-Ni contendo placas de martensita com maclas
internas[22]. ................................................................................................................................ 13
Figura 3.7 – Mudança de forma associada com a transformação martensítica de uma
superfície livre (fase matriz)[22]. ............................................................................................... 13
Figura 3.8 – Modelo de empilhamento cúbico de face centrada de esferas rígidas. ................ 14
Figura 3.9 – Modelo de empilhamento hexagonal compacto de esferas rígidas...................... 14
Figura 3.10 – Micrografia óptica de uma liga Fe-Mn-Si com diferentes martensitas: ε, branca,
γ, cinza e α’, regiões pretas nas placas de ε. A, B e C indicam diferentes variantes de ε[27]. .. 17
Figura 3.11 – Reticulado cúbico de corpo centrado com um átomo de C (círculo sólido preto),
átomos de Fe (2 e 4), os primeiros vizinhos do átomo de C (1), os primeiros átomos vizinhos
do solvente (2). Sítio octaédrico (círculo sólido preto menor) em uma das arestas do cubo. .. 20
ix
Figura 3.12 – Estrutura CCC do Ferro-α, mostrando os sítios octaédricos que podem ser
ocupados pelos átomos intersticiais[36-38]. ................................................................................ 22
Figura 3.13 – Representação esquemática da deformação elástica (εe) e anelástica (εan), a
partir da aplicação de uma tensão no regime elástico[36-38]. ..................................................... 22
Figura 3.14 – Decaimento livre das oscilações após uma excitação realizada por meio de um
pulso eletromagnético[41]. ......................................................................................................... 24
Figura 3.15 – Espectros de relaxação do aço ultra baixo carbono com diferentes quantidades
de carbono em solução. Em torno de 40ºC aparece o pico de Snoek do carbono.................... 25
Figura 3.16 – Pico de Snoek de H em Fe medido em 10MHz. Observa-se o “background”
subtraído do espectro de atrito interno obtido para melhor análise do efeito do H no Fe........ 28
Figura 3.17 – Espectro de atrito interno de amostras deformadas em –10ºC. (a) amostra
deformada de 10%, observam-se dois picos nas temperaturas de 120 e 330ºC (b) amostra
deformada de 30%, observa-se um pico em torno de 220ºC. [60].............................................. 29
Figura 4.1 – Desenho esquemático do corpo de prova de tração com as medidas em
milímetros................................................................................................................................. 30
Figura 4.2 – Deslocamento do cabeçote em função da deformação no extensômetro............. 31
Figura 4.3 – Método das tangentes para determinação das temperaturas de reversão das fases
martensíticas e temperatura do pico da primeira transformação. Curva derivada da dilatação
relativa da amostra de 304 deformada de 9% em –50ºC e aquecida à taxa de 0,17ºC/s. ......... 33
Figura 4.4 – Esquema da montagem do pêndulo de torção invertido do tipo Kê no CETEC.. 35
Figura 5.1 – Micrografia óptica do aço inoxidável estudado no estado como recebido: grãos
austeníticos maclados. Ataque: glicerégia................................................................................ 37
Figura 5.2 – Fração volumétrica de martensita α’ em função da deformação aplicada........... 38
Figura 5.3 – Fração volumétrica de martensita α’ em função da temperatura de deformação.39
Figura 5.4 – Curva de dilatação típica (preto) e sua derivada (azul) de uma amostra de aço do
tipo ABNT 304 deformada. Amostra deformada de 9% por tração na temperatura de –50ºC.40
x
Figura 5.5 – Derivada da dilatação relativa em função da temperatura de amostras deformadas
de 3, 6, 9 e 12%, em –50ºC. ..................................................................................................... 40
Figura 5.6 – Derivada da dilatação relativa em função da temperatura de amostras deformadas
de 6, 9 e 12%, em –30ºC. ......................................................................................................... 42
Figura 5.7 – Derivada da dilatação relativa em função da temperatura de amostras deformadas
de 3, 6, 9 e 12%, em –10ºC. ..................................................................................................... 42
Figura 5.8 – Derivada da dilatação relativa em função da temperatura de amostras deformadas
de 3, 6, 9 e 12%, em 20ºC. ....................................................................................................... 43
Figura 5.9 – Derivadas das curvas de dilatação relativa da amostra deformada de 9% em –
10ºC com taxas de aquecimento de 0,17, 0,50, 1,00, 5,00 e 10,0ºC/s...................................... 44
Figura 5.10 – Derivadas das curvas de dilatação relativa da amostra deformada de 9% em –
50ºC com taxas de aquecimento de 0,17, 0,50, 1,00, 5,00 e 10,0ºC/s...................................... 44
Figura 5.11 – Diagramas de aquecimento contínuo das amostras deformadas de 9% em –10ºC
(a) e em –50ºC (b), em função da taxa de aquecimento, 0,17, 0,50, 1,00, 5,00 e 10,0ºC/s...... 46
Figura 5.12 – Diagramas de aquecimento contínuo das amostras deformadas de (a) 3%, (b)
6% em –50ºC. (continua) ......................................................................................................... 47
Figura 5.12 – (continuação) Diagrama de aquecimento contínuo da amostra deformada de
12% em –50ºC.......................................................................................................................... 48
Figura 5.13 – Fotomicrografias de amostras tracionadas na temperatura de –10oC com
deformações de (a) 3%, (b) 6%, (c) 9% e (d) 12%. ................................................................. 50
Figura 5.14 – Fotomicrografias de amostras tracionadas na temperatura de –10oC com
deformações de (a) 3%, (b) 6%, (c) 9% e (d) 12%. ................................................................. 51
Figura 5.15 – Espectro típico de atrito interno de uma amostra de aço inoxidável tipo ABNT
304 no estado como recebido. .................................................................................................. 52
Figura 5.16 – (a) Espectro de atrito interno da amostra deformada de 6% por tração na
temperatura de –50ºC. Nota-se a existência de dois picos, um próximo de 130ºC e outro
próximo de 350ºC. (b) segundo ciclo, observa-se o desaparecimento dos picos. .................... 53
xi
Figura 5.17 – Espectros de atrito interno de amostras deformadas de 3, 6, 9 e 12% em –50ºC.
.................................................................................................................................................. 53
Figura 5.18 – Espectros de atrito interno de amostras deformadas de 3, 6, 9, e 12 em –10ºC.55
Figura 5.19 – Espectros de atrito interno de amostras deformadas de 3, 6, 9, 12 e 35% em
-30ºC......................................................................................................................................... 55
Figura 5.20 – Espectros de atrito interno de amostras deformadas de 3, 6, 9 e 12 em 20ºC. .. 56
Figura 5.21 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 3% em –50ºC. R2=0,99101. 57
Figura 5.22 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 6% em –50ºC. R2= 0,99344.57
Figura 5.23 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 9% em –50ºC. R2= 0,99794.58
Figura 5.24 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 12% em –50ºC. R2= 0,99155.
.................................................................................................................................................. 58
Figura 5.25 – Deconvolução do primeiro pico do espectro de atrito interno das amostras
deformadas de 3, 6, 9 e 12% em –50ºC.................................................................................... 59
Figura 5.26 – Deconvolução do segundo e terceiro picos do espectro de atrito interno das
amostras deformadas de 3, 6, 9 e 12% em –50ºC. ................................................................... 59
Figura 5.27 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 3% em –10ºC. R2= 0,99615.61
Figura 5.28 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 6% em –10ºC. R2= 0,99651.61
Figura 5.29 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 9% em –10ºC. R2= 0,99145.62
Figura 5.30 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 12% em –10ºC. R2= 0,9914.62
Figura 5.31 – Deconvolução do primeiro pico do espectro de atrito interno das amostras
deformadas de 3, 6, 9 e 12% em –10ºC.................................................................................... 63
Figura 5.32 – Deconvolução do segundo e terceiro picos do espectro de atrito interno das
amostras deformadas de 3, 6, 9 e 12% em –10ºC. ................................................................... 63
Figura 5.33 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 3% em –30ºC. R2= 0,99116.65
xii
Figura 5.34 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 6% em –30ºC. R2= 0,99243.65
Figura 5.35 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 9% em –30ºC. R2= 0,99349.66
Figura 5.36 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 12% em –30ºC. R2= 0,99040.
.................................................................................................................................................. 66
Figura 5.37 – Deconvolução do primeiro pico do espectro de atrito interno das amostras
deformadas de 3, 6, 9 e 12% em –30ºC.................................................................................... 67
Figura 5.38 – Deconvolução do segundo e terceiro picos do espectro de atrito interno das
amostras deformadas de 3, 6, 9 e 12% em –10ºC. ................................................................... 67
Figura 5.39 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 3% em 20ºC. R2= 0,99501. . 69
Figura 5.40 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 6% em 20ºC. R2= 0,998. ..... 69
Figura 5.41 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 9% em 20ºC. R2= 0,99071. . 70
Figura 5.42 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 12% em 20ºC. R2= 0,99466.70
Figura 5.43 – Deconvolução do primeiro pico do espectro de atrito interno das amostras
deformadas de 3, 6, 9 e 12% em 20ºC..................................................................................... 71
Figura 5.44 – Deconvolução do segundo e terceiro picos do espectro de atrito interno das
amostras deformadas de 3, 6, 9 e 12% em –10ºC. ................................................................... 71
Figura 5.45 – Amostras deformadas de 9% nas temperaturas de 20, –10, –30 e –50 ºC. ........ 74
Figura 5.46 – Amostras deformadas de 12% nas temperaturas de 20, –10, –30 e –50 ºC. ...... 74
Figura A.1 – Área dos picos deconvoluídos em função da temperatura de deformação para
amostra defomada de 3%. ....................................................................................................... 81
Figura A.2 – Área dos picos deconvoluídos em função da temperatura de deformação para
amostra defomada de 6%. ....................................................................................................... 81
Figura A.3 – Área dos picos deconvoluídos em função da temperatura de deformação para
amostra defomada de 9%. ....................................................................................................... 81
xiii
Figura A.4 – Área dos picos deconvoluídos em função da temperatura de deformação para
amostra defomada de 12%. ..................................................................................................... 82
Figura A.5 – Altura dos picos deconvoluídos em função da deformação em -50ºC. ............. 82
Figura A.6 – Altura dos picos deconvoluídos em função da deformação em -30ºC. ............. 83
Figura A.7 – Altura dos picos deconvoluídos em função da deformação em -10ºC. ............. 83
Figura A.8 – Altura dos picos deconvoluídos em função da deformação em 20ºC. ............... 84
Figura A.9 – Área dos picos deconvoluídos em função da deformação em -50ºC. ................ 84
Figura A.10 – Área dos picos deconvoluídos em função da deformação em -30ºC. .............. 85
FiguraA.11 – Área dos picos deconvoluídos em função da deformação em -10ºC. ............... 85
Figura A.12 – Área dos picos deconvoluídos em função da deformação em 20ºC. ............... 86
Figura A.13 – Altura dos picos deconvoluídos em função da fração volumétrica de α’ para
amostras deformadas em -50ºC. .............................................................................................. 86
Figura A.14 – Altura dos picos deconvoluídos em função da fração volumétrica de α’ para
amostras deformadas em -30ºC. .............................................................................................. 87
Figura A.15. – Altura dos picos deconvoluídos em função da fração volumétrica de α’ para
amostras deformadas em -10ºC. .............................................................................................. 88
Figura A.16 – Altura dos picos deconvoluídos em função da fração volumétrica de α’ para
amostras deformadas em 20ºC. ............................................................................................... 88
Figura A.17 – Altura do primeiro pico deconvoluídos em função da fração volumétrica de α’
diferentes temperaturas. .......................................................................................................... 89
Figura A.18 – Altura dos segundos picos deconvoluídos em função da fração volumétrica de
α’ diferentes temperaturas. ...................................................................................................... 89
Figura A.19. – Altura dos terceiros picos deconvoluídos em função da fração volumétrica de
α’ diferentes temperaturas. ...................................................................................................... 90
xiv
Figura A.20 – Faixa de temperaturas de ocorrência dos três picos deconvoluídos. ............... 90
xv
Lista de Tabelas
Tabela III.1 – Várias combinações das condições que definem um sólido elástico ideal........ 19
Tabela IV.1 – Composição química do aço ABNT 304 (% em peso). .................................... 30
Tabela V.1 – Quantidade de martensita α’ medida pelo ferritoscópio em função da
temperatura e da quantidade de deformação por tração. .......................................................... 38
Tabela V.2. Temperaturas de transformaçoes reversas, ε→γ e α’→γ, em função da
deformação na temperatura de -50ºC . ..................................................................................... 49
Tabela V.3 – Alturas calculadas dos picos das amostras deformadas em –50ºC..................... 60
Tabela V.4 – Áreas calculadas dos picos das amostras deformadas em –50ºC. ...................... 60
Tabela V.5 – Alturas calculadas dos picos das amostras deformadas em –10ºC..................... 64
Tabela V.6 – Áreas calculadas sob os picos de atrito interno após deconvolução das curvas
das amostras deformadas em –10ºC. ........................................................................................ 64
Tabela V.7 – Alturas calculadas dos picos das amostras deformadas em –30ºC..................... 68
Tabela V.8 – Áreas calculadas dos picos das amostras deformadas em –30ºC. ...................... 68
Tabela V.9 – Alturas calculadas dos picos das amostras deformadas em 20ºC....................... 72
Tabela V.10 – Áreas calculadas dos picos das amostras deformadas em 20ºC. ...................... 72
xvi
Lista de Notações
3R: empilhamento ABC de planos compactos
9R: empilhamento ABCBCACAB de planos compactos
a: parâmetro de rede
ao: parâmetro de rede
aγ: parâmetro de rede da austenita
aε: parâmetro de rede da martensita epsilon
c: parâmetro de rede da estrutura hexagonal compacta
cε: parâmetro de rede da martensita epsilon
E: módulo de elasticidade
J: “compliance” - inverso do módulo de elasticidade
Lo: comprimento inicial do corpo de prova de dilatometria
L: comprimento final do corpo de prova de dilatometria
Q-1: coeficiente de amortecimento
t: tempo
T: temperatura
α: ferrita
α´: martensita alfa linha
β: fase metálica
γ: austenita
ε: martensita epsilon
xvii
ε: deformação verdadeira
εan: deformação anelástica
εan(máx): deformação anelástica máxima
εe: deformação elástica
σ: tensão verdadeira
τ: tempo de relaxação
τσ: tempo de relaxação sob tensão constante
ω: freqüência angular
xviii
Resumo
Foi objetivo deste trabalho estudar o comportamento do amortecimento de vibrações
mecânicas de aço inoxidável austenítico tipo ABNT 304 contendo diferentes tipos e
quantidades de martensitas induzidas por deformação. Ensaios de tração foram realizados em
corpos de prova do aço inoxidável austenítico, em temperaturas no intervalo de –50 a 20ºC e
quantidades de deformação verdadeira de 3 a 12%, com a finalidade de se obterem diferentes
quantidades de fases martensíticas dos tipos ε (hexagonal compacta) e α’ (cúbica de corpo
centrada). As martensitas induzidas por deformação foram caracterizadas quanto a sua
morfologia, distribuição e quantidade por meio de análises metalográficas, dilatometria, e
foram medidas com um ferritoscópio. As temperaturas de transformações reversas, ε→γ e
α’→γ, foram determinadas por ensaios dilatométricos. O comportamento de amortecimento
de vibrações mecânicas em função da temperatura, para diferentes quantidades de martensitas
presentes no aço inoxidável austenítico, foi avaliado por meio de medidas realizadas em um
pêndulo de torção invertido, na faixa de temperaturas de 40 a 400ºC. Foi determinado que a
quantidade de martensita α’ aumenta continuamente com a deformação para uma mesma
temperatura e diminui com a elevação de temperatura para uma deformação constante. Por
outro lado, a quantidade de ε aumenta inicialmente com a deformação e, posteriormente, para
deformações mais elevadas, diminui, passando por um máximo que depende da temperatura
de ensaio de tração. A reversão das martensitas ε e α’ foi observada nas faixas de
temperaturas de 50-200ºC e 500-800ºC, respectivamente. A taxa de aquecimento praticamente
não influencia as temperaturas de reversão de ε→γ. A reversão da martensita α’, ao contrário,
mostrou-se dependente da taxa de aquecimento. Curvas de atrito interno em função da
temperatura de ensaio indicaram a presença de picos nas amostras deformadas. Os espectros
de atrito interno foram decompostos e três picos foram identificados. O primeiro pico,
observado em torno de 100ºC, foi relacionado à reversão da fase ε. O segundo,
aproximadamente em 170ºC, está relacionado com a presença e quantidade de α’ presente no
material. O terceiro pico ocorre em torno de 330ºC e aumenta com a quantidade de
deformação na amostra.
xix
Abstract
The aim of this work was to investigate the mechanical vibration damping behavior in an
AISI 304 austenitic stainless steel with different volumetric fractions of strain induced
martensites. Austenitic stainless steels specimens were deformed by tension in temperatures in
the range of –50 to 20ºC and 0.03 to 0.12 true strain, in order to obtain different volumetric
fractions of ε (hexagonal close packed) and α’ (body centered cubic) strain induced
martensites. The morphology, distribution and volumetric fractions of the strain induced
martensites were characterized by metallography and dilatometry analysis and quantified by
ferrite detector measurements. The reverse transformation temperatures of ε→γ and α’→γ
were detected by dilatometry tests. The damping behavior in function the temperature of
specimens with different volumetric fractions of martensites was studied in an inverted torsion
pendulum in the 40 to 400ºC range. It was determined that the α’ martensite fraction increases
with strain for a constant temperature and decreases with the temperature for a constant strain.
On the other hand, the ε martensite volumetric fraction first rises with the strain and, at higher
deformations, drops from a maximum value, which depends of the deformation temperature.
The ε and α’ martensites reversion was observed in the temperature range of 50-200ºC and
500-800ºC, respectively. The heating rate did not influence the reversing ε→γ temperatures
while the α’→γ transformation temperatures were affected by the heating rate. Internal
friction curves in function of temperature of the deformed samples presented internal friction
peaks. After curve deconvolution three internal friction peaks were found. The first, situated
around 100ºC was related to the ε phase reversion, the second peak, situated around 170ºC,
was linked to the presence of α’ martensite. At last, the peak around 330ºC was found to
increase with the specimen degree of deformation.
1
1. Introdução
Os aços inoxidáveis são muito utilizados em virtude de suas características de excelente
resistência à corrosão, resistência mecânica elevada, boa conformação mecânica, facilidade de
reciclagem, versatilidade, forte apelo estético, higiene/assepsia, facilidade de limpeza e longo
ciclo de vida. Em função destes atributos, os aços inoxidáveis são utilizados como produtos
diversos na área médica, eletrodomésticos, fachadas, esquadrias, sistema de ancoragem de
pedras, conexões, mobiliário, mobiliário urbano, grades e portões, pisos, decoração de
interiores, escadas, gradis e corrimões, monumentos e esculturas, dentre uma infinidade de
outras aplicações que se relacionam principalmente com sua propriedade mais destacável, a
elevada resistência à corrosão.
Estas propriedades dos aços inoxidáveis fazem deles objeto de estudos continuados, para
aperfeiçoar aplicações específicas, adequar novas aplicações e diminuir custos.
Dentre a vasta gama de aços inoxidáveis produzidos, tais como os aços austeníticos, ferríticos,
super-ferríticos, martensíticos e endurecíveis por precipitação, os aços inoxidáveis
austeníticos são os mais aplicados em nosso dia-a-dia. Esses aços possuem altas taxas de
encruamento, que lhes conferem ótima resistência mecânica, alta tenacidade, boas
soldabilidade e conformabilidade a frio, além de serem um dos aços inoxidáveis com melhor
resistência à corrosão. A destacável conformabilidade e a boa soldabilidade dos aços
austeníticos fazem deles materiais ótimos para serem cortados, furados, dobrados,
estampados, curvados e soldados, gerando peças com grande precisão e reprodutibilidade.
Dependendo da composição química, o aço inoxidável austenítico pode sofrer transformação
martensítica quando deformado. Observa-se, nestes aços, a formação de uma martensita ε, de
estrutura cristalina hexagonal compacta, e de uma martensita α’, de estrutura cúbica de corpo
centrado. A presença dessas martensitas no aço altera significativamente suas propriedades. É,
portanto, de grande interesse científico e tecnológico o melhor entendimento do
comportamento destas fases no aço, suas condições e seus mecanismos de formação.
A técnica de atrito interno é bastante sensível e capaz de detectar fenômenos como
transformações de fase, movimento de interfaces, redistribuição de átomos intersticiais ou
lacunas em uma estrutura cristalina. As medidas de atrito interno detectam mudanças na
habilidade de um material amortecer vibrações com o tempo e com a temperatura,
2
correspondentes a mudanças microestruturais ou subestruturais no estado sólido como, por
exemplo, no caso do envelhecimento em aços carbono.
Ensaios de atrito interno foram realizados, neste trabalho, objetivando descrever o
comportamento de amortecimento mecânico de um aço inoxidável metaestável do tipo ABNT
304, no intervalo de temperaturas de 40 a 400ºC. Trabalhos anteriores, realizados por um
grupo de pesquisadores do Setor de Tecnológica Metalúrgica da Fundação Centro
Tecnológico de Minas Gerais – CETEC – indicaram que, para pequenas deformações e
temperaturas de deformação abaixo da ambiente, a fase martensítica ε ocorria em maior
quantidade. No presente trabalho, buscou-se determinar a influência da presença de ε e α’nos
espectros de atrito interno e, por este motivo, foram utilizadas temperaturas e deformações nas
quais a fase ε era evidente. Portanto, curvas de atrito interno em função da temperatura foram
levantadas em amostras deformadas por tração, na faixa de 3 a 12% de deformação verdadeira
e em temperaturas variando de –50 a 20ºC. Medidas magnéticas, análises metalográficas e
ensaios dilatométricos foram realizados para apoiar a interpretação dos resultados de atrito
interno.
3
2. Objetivos
Determinar o comportamento de atrito interno em aço inoxidável austenítico do tipo ABNT
304 submetido a diferentes deformações, objetivando melhor compreensão da influência da
presença de fases, microestruturas e subestruturas no comportamento mecânico nestes aços.
4
3. Revisão Bibliográfica
3.1. Os Aços Inoxidáveis
Os aços inoxidáveis são adequados como materiais de engenharia, em virtude de possuírem
uma série de propriedades interessantes e resistência geral às condições do meio. Um
exemplo, seu limite de escoamento possui valores compreendidos entre 200 a 2000MPa.[1]
Estes aços têm alta ductilidade e tenacidade em um largo intervalo de temperaturas, exibem
excelente resistência à corrosão e algumas classes são resistentes à oxidação em temperaturas
elevadas. São adequados em aplicações onde se exige boa resistência à fluência, em
aplicações estruturais e de armazenamento. A resistência à corrosão é, indubitavelmente, uma
propriedade peculiar dos aços inoxidáveis[1]. Devido às combinações altamente atrativas de
suas propriedades as aplicações possíveis dos aços inoxidáveis acarretam desenvolvimento
comercial e tecnológico[2].
Os aços inoxidáveis foram desenvolvidos porque outras ligas ferrosas não possuíam
resistência à corrosão ou à oxidação suficientes quando a temperatura de serviço aumentava.
Foi descoberto que um mínimo de 12% de cromo em peso confere resistência à corrosão e à
oxidação ao aço. Portanto, uma primeira definição de aço inoxidável é:
Aços inoxidáveis são ligas ferrosas que contém um mínimo de 12% em peso de cromo, que
confere resistência à corrosão[2].
Um diagrama típico do sistema Fe-Cr é apresentado na figura 3.1[3].
As várias classes de aços inoxidáveis, denominados austeníticos, ferríticos, martensíticos e
endurecíveis por precipitação, são baseadas na composição química do material, gerando
diversas características mecânicas e de resistência à corrosão[2,3].
Os aços inoxidáveis ferríticos são ferromagnéticos e têm boa ductilidade, além da resistência à
corrosão. Estes aços apresentam endurecimento por trabalho a frio relativamente baixo
quando comparados aos aços inoxidáveis austeníticos. Exibem um crescimento de grão mais
rápido que os aços austeníticos, não sendo, portanto, endurecíveis por tratamento térmico[1].
5
Figura 3.1 – Diagrama de fase do sistema Fe-Cr[3].
Os aços inoxidáveis ferríticos exibem uma transição de fratura frágil-dúctil que,
freqüentemente, é causa de sua principal limitação – a falta de tenacidade. No entanto,
possuem melhor resistência à fissuração que os aços inoxidáveis austeníticos, causada por
corrosão sob tensão induzida por cloreto. Os aços inoxidáveis ferríticos possuem, geralmente,
menor resistência à corrosão do que os aços austeníticos e também conformabilidade mais
baixa, particularmente na conformação de chapas finas. Porém, eles substituem os aços
austeníticos em aplicações em meios menos corrosivos e onde os requisitos de
conformabilidade são menos rigorosos. Nos últimos anos, as quantidades dos intersticiais C e
N foram diminuídas a fim de melhorar a resistência à corrosão, tenacidade, ductilidade e
soldabilidade destes aços. Estes aços são denominados super-ferríticos, e possuem
quantidades de C e N menor que 0,02% em peso [1]. Aplicações típicas de aços totalmente
ferríticos são para uso doméstico, arquitetural e decorativo. Também são largamente
utilizados na indústria química, de alimentos, de transporte e automobilística[1].
Os aços inoxidáveis martensíticos são ferromagnéticos e endurecíveis por tratamento térmico.
O mais comum destes aços contém de 11 a 13% de Cr e adições de Mo, W, V e Nb, para
aumentar sua resistência durante o revenimento. Ni é adicionado para eliminar a presença de
ferrita da estrutura, que diminui a resistência do aço[1]. As aplicações destes materiais incluem
6
a indústria petroquímica e química, fabricação de tubos de gás, construção e aplicações em
fabricação de aeronaves e indústria aeroespacial. Entretanto, estas ligas apresentam menor
resistência à corrosão quando comparadas com os aços inoxidáveis ferrítico e austenítico[1].
Dentre os aços inoxidáveis produzidos, os austeníticos são os mais utilizados. Eles são
paramagnéticos e apresentam altas taxas de endurecimento por deformação, superiores às
taxas dos aços inoxidáveis ferríticos. Têm melhor soldabilidade e conformabilidade a frio,
particularmente em conformação de chapas finas. Sua tenacidade é alta, não exibindo
transição de fratura frágil-dúctil nas faixas usuais de trabalho. No entanto, são susceptíveis à
fissuração em presença de cloreto, causada por corrosão sob tensão induzida pelo cloreto
proveniente de, por exemplo, ácido clorídrico. Além de cromo, os aços inoxidáveis dessa
classe contêm níquel objetivando estabilizar a fase austenítica[1]. Com um mínimo de 8% de
níquel obtém-se uma estrutura cristalina cúbica de face centrada à temperatura ambiente[2].
Portanto, a composição base de um aço inoxidável austenítico é uma liga Fe-Cr-Ni[4]. Na
prática, vários outros elementos podem estar presentes, tais como, Mo, Mn, C e N e outros[6].
Estes aços não são endurecíveis por tratamento térmico[2]. Os aços inoxidáveis austeníticos
têm um comportamento mecânico complexo em torno da temperatura ambiente. As diferenças
de comportamento, em geral, são relacionadas à maior ou menor estabilidade das ligas com
relação à transformação martensítica[5]. Sabe-se da literatura[4,6] que, dependendo de sua
composição química, o aço inoxidável austenítico é metaestável e, portanto, susceptível à
formação de fases martensíticas quando deformado[6], o que pode aumentar sua resistência
mecânica quando trabalhado a frio. O limite de escoamento de um aço inoxidável austenítico
no estado recozido é relativamente baixo, cerca de 200MPa[7]. Após tratamento termo-
mecânico um aço do tipo ABNT 304 pode ter seu limite de escoamento aumentado para cerca
de 1400MPa, com um alongamento acima de 10%[6].
3.2. Martensita e as Transformações Martensíticas
Amplamente estudada no passado, a transformação martensítica é um importante fenômeno
que altera as propriedades mecânicas dos aços e outras ligas[8]. Os primeiros estudos foram
feitos principalmente por microscopia óptica e o alto grau de dureza da martensita em aços
carbono foi interpretado como decorrente de sua microestrutura fina[9]. A transformação
martensítica foi, então, brevemente descrita sob o ponto de vista termodinâmico[9]. Com
avanços nas técnicas de caracterização, por exemplo, difração de raios-X e microscopia
7
eletrônica de transmissão, diferentes microestruturas de martensitas foram encontradas e a
presença de subestruturas e arranjos de defeitos na rede foi observada. Modelos de
transformação martensítica foram propostos considerando os novos dados experimentais[9].
Atualmente, para que uma transformação possa ser caracterizada como martensítica, deve
possuir as seguintes características[9]:
• natureza adifusional;
• existência de plano de hábito;
• relações de orientações da rede;
• mudança de forma;
• transformação por movimento cooperativo de átomos;
• imperfeições na rede da martensita.
É importante ressaltar que somente a existência do plano de hábito e de uma relação de
orientação não são critérios suficientes para caracterizar a transformação martensítica, pois
vários precipitados também exibem essas características[9].
Um passo importante para o entendimento do fenômeno da transformação martensítica foi
dado por Bain[10], em 1924. Ele mostrou que a estrutura cúbica de corpo centrado (CCC) pode
ser gerada a partir de uma cúbica de faces centradas (CFC) por uma compressão de 17% na
direção de um dos eixos do cubo da austenita, por exemplo, ao longo do eixo principal z,
[001]CFC, e uma expansão uniforme simultânea de 12% ao longo dos dois eixos
perpendiculares, [010] e [100]. Esta distorção homogênea é chamada de Distorção de Bain e
está representada na figura 3.2[11].
Na figura 3.2 (a) é mostrado um reticulado tetragonal de corpo centrado (TCC) dentro da rede
cúbica de face centrada, ou seja, a estrutura CFC pode ser representada por um reticulado
TCC. Em (b) vê-se, separadamente, o reticulado TCC com duas arestas medindo metade da
diagonal da base da estrutura CFC. Em (c) vê-se o reticulado CCC. A distorção de Bain
converte (b) em (c)[12]. A distorção que transforma homogeneamente o volume da austenita no
volume da martensita é mostrada na figura 3.2 (b) e (c). Esta contração ao longo de um eixo
do cubo combinada com a expansão em todas as outras direções perpendiculares é chamada
distorção “pura”.
8
Figura 3.2 – (a) Célula cúbica de face centrada de parâmetro de rede a0. Uma célula CFC
contém uma TCC com parâmetro de rede igual à metade da diagonal da base da rede CFC.
Em (b) é mostrada o reticulado TCC isoladamente e, em (c), a rede CCC. A transformação do
reticulado TCC em (b) para o reticulado CCC apresentado em (c) é conhecida como distorção
de Bain.
O primeiro trabalho de Kurdjumov[13] instituiu uma estrita correspondência entre a
tetragonalidade da martensita e a quantidade de carbono na austenita, que foi considerada uma
demonstração válida de que a transformação γ→α’ consiste de uma reorganização regular
adifusional da rede cúbica de face centrada para uma rede cúbica de corpo centrada, com
átomos de carbono permanecendo na mesma posição intersticial. A segunda evidência da
correspondência entre a tetragonalidade da martensita e a quantidade de carbono na austenita
foi obtida pela determinação de rigorosas relações de orientações entre as redes coexistentes
de austenita e martensita[14].
No caso dos aços inoxidáveis austeníticos, estas relações são:
( ) ( ) '111 // 011
γ α (3.1)
[ ]'
101 // 111γ α
⎡ ⎤⎣ ⎦ (3.2)
No caso da martensita formada ser do tipo ε, hexagonal compacta, as relações são:
9
( ) ( )0001 // 111ε γ (3.3)
2110 // 110ε γ
⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎣ ⎦ ⎣ ⎦ (3.4)
Wechesler, Lieberman e Read[11], quase que simultaneamente a Bowles e Mackenzie[15,16,17],
desenvolveram uma teoria fenomenológica para as transformações martensíticas. Utilizando
os dados experimentais obtidos para uma variedade de transformações individuais, a teoria foi
descrita em uma série de artigos publicados em 1954[15-17]. A Parte I do trabalho refere-se à
inter-relação entre os fatores geométricos principais das transformações martensíticas e o
desenvolvimento de uma hipótese geral consistente com estes fatores[15]. Esta hipótese está
relacionada com o deslocamento atômico descrito por uma deformação homogênea da matriz,
seguido de um cisalhamento na estrutura final, por exemplo, por maclação.
Na Parte II dos artigos é desenvolvida em uma teoria quantitativa e é mostrado que as
hipóteses sobre a existência de um plano de hábito, das relações de orientações e outros
fatores geométricos, estão em acordo com os valores experimentais obtidos para ligas ferro-
carbono, ferro-níquel e ferro-carbono-níquel[16].
Esta teoria objetiva a descrição do deslocamento atômico total produzido por uma
transformação martensítica, mas não necessariamente o movimento real dos átomos durante a
transformação, ou seja, trata-se de uma teoria fenomenológica[15]. Conforme citado, o
deslocamento atômico total pode ser descrito por uma deformação homogênea, seguida por
um cisalhamento não-homogêneo. Esse cisalhamento é responsável pela ocorrência de um
plano invariante de rede, ou seja, o plano de hábito[16]. A deformação homogênea é
acompanhada por uma mudança de forma. Por este motivo, todas as transformações
martensíticas apresentam relevo superficial. Na região onde a placa de martensita se localiza,
uma superfície plana livre muda de forma como conseqüência de uma distorção[9,16-18,20]
(figura 3.3).
10
Figura 3.3 – Relevo superficial como conseqüência da mudança de forma característica das
transformações martensíticas[9].
Christian[18] relacionou a duas teorias fenomenológicas desenvolvidas por Wechesler-
Lieberman and Read e por Bowles e Mackenzie e concluiu que as duas chegavam ao mesmo
resultado, através de formalismos diferentes.
Transformações martensíticas estão associadas com uma distorção da rede que resulta na
mudança de forma do material transformado. Para acomodar esta mudança de forma e
diminuir a energia de deformação por unidade de volume do sistema, a martensita,
geralmente, adota uma morfologia de placa[17].
Modelos atomísticos[19,20] foram também propostos para transformações martensíticas de
estrutura cúbica de corpo centrado para estrutura 9R, que consiste basicamente de dois
cisalhamentos da fase matriz. A estrutura 9R é definida como uma seqüência de planos
compactos do tipo ABCBCACAB, típica do samário. Quando sucessivos planos são
cisalhados em uma mesma direção, uma estrutura cúbica de face centrada é obtida, ou seja,
3R. Por outro lado, se dois planos consecutivos cisalharem para uma dada direção e o terceiro
plano cisalhar para a direção oposta, uma seqüência do tipo ABCBCACAB é formada e a
estrutura resultante é 9R. De fato, o processo não é considerado meramente como dois
cisalhamentos simples no plano compacto. Uma componente de contração normal a cada
plano de cisalhamento também está presente[20].
A transformação martensítica não é exclusiva dos aços. Existem uma série de ligas metálicas
e materiais não metálicos que apresentam transformação com as mesmas características
definidas acima: ligas à base de Cu-Zn, Ti-Ni, Au-Cd, In-Tl, cerâmicas e polímeros.
A martensita em aços possui, geralmente, uma dureza mais elevada do que sua fase matriz, a
austenita. No entanto, as ligas com efeito memória de forma podem apresentar dureza inferior
11
à da fase matriz, como na liga Ti-Ni[21,22]. Segundo Otsuka e Wayman[22], o efeito memória de
forma é uma propriedade peculiar de certas ligas que exibem transformação martensítica.
Deformadas em baixa temperatura estas ligas recuperam sua forma original quando aquecidas
até uma temperatura crítica, através de reversão da martensita para austenita.
Na figura 3.4, observa-se o efeito memória de forma exibido por fios de uma antena espacial
de Ti-Ni. Em (a) a antena deformada está no estado martensítico e de (b) a (d) ocorre a
reversão para a austenita e em conseqüência para a forma original, devido ao aquecimento
solar[22].
Figura 3.4 – Aplicação de ligas Ti-Ni com efeito memória de forma na indústria aeroespacial.
(a) Fios da liga utilizados em antenas espaciais no estado martensítico. À medida que há
aquecimento solar, de (b) a (d), a antena volta a sua forma original por meio do efeito
memória de forma[22].
Conforme relatado, a transformação martensítica ocorre por um mecanismo de cisalhamento,
proveniente do movimento cooperativo dos átomos. Geralmente a fase matriz tem maior
simetria que a martensita.
Esquema simples da transformação é esquematizado na figura 3.5 Quando a temperatura é
diminuída abaixo de uma temperatura crítica, a transformação inicia-se por mecanismo de
12
cisalhamento, como observado na figura. As martensitas nas regiões A e B possuem mesma
estrutura, embora orientações cristalográficas diferentes. Desde que a martensita tem uma
baixa simetria, muitas placas de diferentes orientações cristalográficas formam a partir da fase
matriz. Com a elevação da temperatura a martensita torna-se instável, a transformação reversa
ocorre: diferentes orientações de martensita revertem para uma mesma orientação de
austenita. Esta é a origem do efeito memória de forma[22].
Figura 3.5 – Modelo simplificado de um material exibindo efeito memória de forma explicado
através da transformação martensítica[22].
A figura 3.6 mostra uma micrografia de uma martensita típica na liga Cu-Al-Ni. A região
clara representa a fase matriz, na qual a morfologia tipo placa da martensita é observada pelo
relevo de superfície. O fino contraste de bandas em cada variante de martensita são maclas.
Similarmente, quando uma linha reta é marcada na superfície da amostra, ocorre mudança da
direção da linha após a transformação martensítica, como mostrado esquematicamente na
figura 3.7(c). Esses experimentos mostram que a mudança de forma associada com a
transformação martensítica é linear, uma vez que, após a transformação, uma linha e uma
superfície mudam para outra linha e superfície, respectivamente.
13
Figura 3.6 – Micrografia de liga Cu-Al-Ni contendo placas de martensita com maclas
internas[22].
Figura 3.7 – Mudança de forma associada com a transformação martensítica de uma
superfície livre (fase matriz)[22].
14
3.3. Martensita em Aços Inoxidáveis Austeníticos
Os aços inoxidáveis austeníticos possuem uma estrutura cúbica de face centrada – CFC – na
qual os átomos estão idealmente dispostos como esferas idênticas não deformáveis no modo
compacto[5] , conforme mostrado na figura 3.8. Uma outra estrutura compacta é a estrutura
hexagonal compacta – HC, figura 3.9.
Figura 3.8 – Modelo de empilhamento cúbico de face centrada de esferas rígidas.
Figura 3.9 – Modelo de empilhamento hexagonal compacto de esferas rígidas.
O empilhamento de planos compactos na estrutura CFC é do tipo: ...ABC... (ou ... CBA ...)
O outro modo de empilhamento compacto é do tipo[5]:
...AB.....(...ABAB...., ou ...BC..., ou ...AB...)
15
que corresponde a estrutura hexagonal compacta, HC. (figura 3.9).
Quando uma seqüência de átomos empilhados de modo compacto do tipo ABCABC possui
uma descontinuidade na ordem de empilhamento do tipo AB⎮ABC, obtém-se localmente a
estrutura HC. Este empilhamento, denominado ε[5], foi observado no ferro puro sob alta
pressão em baixa temperatura, e suas relações entre os parâmetros da rede são:
1 12, da diagonal de uma face do cubo22a aε γ= (3.5)
2 23, diagonal principal do cubo33c aε γ= (3.6)
2 6 :1,633
ca ε
⎛ ⎞ =⎜ ⎟⎝ ⎠
(3.7)
Nas quais
aε é o parâmetro de rede da fase ε (típico de HC),
cε é a distância entre a seqüência de planos ABA, ou o parâmetro de altura ao longo
do eixo c em uma HC (figura 3.9),
aγ é o parâmetro de rede da fase γ, CFC (figura 3.8).
Descontinuidades, como a apresentada acima, são denominadas falhas de empilhamento.
Como os átomos de ambos os lados de uma falha de empilhamento não estão nas posições que
normalmente ocupariam em um reticulado perfeito, uma falha possui uma energia de
superfície associada, a energia de falha de empilhamento[23]. Em um metal CFC, a adição de
elementos de liga pode alterar a energia de falha de empilhamento. Níquel, cobre e carbono
aumentam a energia de falha de empilhamento dos aços inoxidáveis austeníticos, enquanto
cromo e silício, diminuem tal energia. Schramm and Reed apud Talonen et al [50] sugeriram a
equação abaixo para cálculo de energia de falha de empilhamento em aços inoxidáveis
austeníticos:
2EFE(mJ/m ) = -53+ 6,2%Ni + 0,7%Cr + 3,2%Mn + 9,3%Mo (3.8)
na qual EFE é a energia de falha de empilhamento e % é a porcentagem em peso do elemento.
As martensitas presentes no aço inoxidável austenítico, α’ e ε, de estruturas CCC e HC,
possuem parâmetros de rede típicos de[4]: aα’ = 0,2878nm, aε = 0,2532nm e cε = 0,4114nm.
16
Assumindo[6] aγ = 0,3585nm, calcula-se que a transformação γ→α’ causa um aumento de
volume de 2,57%, enquanto que a transformação γ→ε causa um decréscimo de volume de
0,81%. Em estágios iniciais de deformação, bandas de cisalhamento consistindo de pacotes de
falha de empilhamento e maclas de deformação são formadas, devido à baixa energia de falha
de empilhamento dos aços. A fase ε é finamente dispersa e sua estrutura contém falhas de
empilhamento. A nucleação da α’ ocorre nas intersecções das bandas de cisalhamento[24].
A formação e a quantidade de α’ e ε dependem, portanto, da sua energia de falha de
empilhamento, da sua temperatura, quantidade e taxa de deformação [4,6, 25, 26, 28, 43]. O efeito da
taxa de deformação é de difícil estudo, pois como a taxa de deformação aumenta, a
temperatura do corpo de prova é também aumentada devido à dissipação de calor por efeito
Joule[28].
Mangonon and Thomas[26], trabalhando com o aço inoxidável do tipo AISI 304, encontraram
que, para 20% de deformação em –196ºC, a quantidade de α’ formada pode alcançar valores
da ordem de 50% do volume do material. Durante a deformação, a quantidade de ε aumenta
até 5% de deformação e após este valor decresce. Por outro lado, a quantidade de α’aumenta
continuamente com a deformação. De acordo com os autores a martensita α’ forma
preferencialmente nas interseções entre placas de ε com contornos de macla e com contornos
de grão. Seetharaman and Krishnan apud Padilha[6], trabalhando com um aço AISI 316,
também encontraram que durante a deformação em baixas temperaturas a formação da
martensita ε precede a formação da α’. Eles também encontraram que a quantidade de
martensita ε aumenta com a deformação até um máximo após o qual a quantidade de ε
diminui, enquanto a martensita α’ continua a aumentar com a deformação[6].
Jang et al[27] mostraram, através de micrografia óptica (figura 3.10), a martensita ε com
diferentes variantes numa matriz γ e martensita α’ paralela a ε numa liga Fe-Mn-Si. Podem
ser observadas na microestrutura a matriz γ (região cinza), martensita ε (região branca) e a
martensita α’ (região preta). As setas A, B e C indicam a localização das variantes da
martensita ε. A martensita α’ é observada somente dentro das placas de ε.
Quando o aço inoxidável austenítico contendo martensita induzida por deformação é
submetido a um tratamento térmico, a martensita pode reverter para a austenita. Esta reversão
17
ocorre em temperaturas mais baixas e tempos mais curtos em relação à temperatura e tempo
necessários para recristalização do aço inoxidável austenítico[8]
Figura 3.10 – Micrografia óptica de uma liga Fe-Mn-Si com diferentes martensitas: ε, branca,
γ, cinza e α’, regiões pretas nas placas de ε. A, B e C indicam diferentes variantes de ε[27].
A indução de martensita por deformação traz alguns cuidados aos procedimentos
metalográficos. Nos aços inoxidáveis, estes procedimentos são basicamente os mesmos
utilizados para aço carbono ou aço-ferramenta. Entretanto, deve existir um cuidado especial
para evitar uma microestrutura modificada. Por exemplo, o aço inoxidável austenítico
endurece rapidamente pelo trabalho a frio devido à variação da estabilidade deste aço. Então,
a martensita induzida por deformação pode ser produzida durante a preparação metalográfica
inadequada. Portanto, o corte e lixamento devem ser feitos cuidadosamente[28]. Na prática, a
indução de martensita sempre ocorre durante o processo de polimento mecânico. No entanto,
com uma preparação metalográfica cuidadosa esse efeito torna-se de menor importância[7].
O polimento eletrolítico pode ser utilizado com muitos aços inoxidáveis, particularmente os
do tipo austenítico. Embora o polimento eletrolítico revele partículas de segunda-fase e
inclusões e seja possível a ocorrência de corrosão por pontos (“pitting”), os resultados são
melhores quando um breve polimento eletrolítico é utilizado após o polimento mecânico final.
A camada superficial de martensita induzida durante o polimento mecânico é removida[7].
Devido à diferença das fases martensíticas e matriz presentes no aço inoxidável, sua
complexidade microestrutural, boa resistência à corrosão um grande número de ataques foram
desenvolvidos. Contorno de grão é um dos importantes parâmetros microestruturais revelados
18
pelo ataque químico, embora o completo delineamento dos contornos de grãos seja algo difícil
nos aços inoxidáveis[7].
3.4. Dilatometria
O dilatômetro é um equipamento capaz de medir precisamente as dimensões de uma amostra,
usualmente o comprimento, quando submetida à variação da temperatura. A sensibilidade do
equipamento amplia a medida da variação do comprimento, e essa medida é registrada
continuadamente em função do tempo ou da temperatura. Técnicas dilatométricas são usadas
com sucesso em metais, ligas, vidros, cerâmicas e outros materiais, para estudo das
transformações de fases e processos tais como sinterização e polimerização[29].
A dilatometria é utilizada para estudos de expansão térmica de materiais, devido à precisão de
sua medida no comprimento da amostra e tem aplicações no estudo do comportamento da
transformação de fases em aços e outras ligas durante o resfriamento ou aquecimento
contínuo e transformações isotérmicas[29].
Através desta técnica pode-se verificar, por exemplo, reversão de fases martensíticas durante
o aquecimento contínuo em aços inoxidáveis austeníticos[29,30].
3.5. Anelasticidade
Para descrever a anelasticidade é conveniente considerar primeiramente um material elástico
ideal, cuja relação entre a tensão σ e a deformação ε é definida pela lei de Hooke[31]:
Eσ ε= (3.9)
ou
1 com EJ Jε σ= = (3.10)
A constante E é chamada módulo de elasticidade, enquanto seu recíproco é chamado módulo
de “compliance”. σ e ε são, respectivamente, a tensão e deformação.
As equações tais como apresentadas são aproximações, ou seja, implicam em um modo
simples de deformação, como cisalhamento puro, deformação uniaxial ou deformação
hidrostática.
19
Existem três condições que definem o comportamento elástico ideal descrito pelas equações
(3.9) e (3.10)[20]:
• a resposta da deformação para cada nível de tensão aplicada tem um valor de
equilíbrio único (recuperação completa);
• a resposta de equilíbrio é atingida instantaneamente;
• a resposta é linear.
Para generalizar sobre o comportamento elástico ideal, as três condições listadas acima podem
ser combinadas em várias possibilidades[20].
Tabela III.1 – Várias combinações das condições que definem um sólido elástico ideal.
Condições Possibilidades
Relação de equilíbrio único (recuperação completa) Instantâneo Resposta
Linear Elasticidade Ideal Sim Sim Sim
Elasticidade Não-linear Sim Sim Não
Plasticidade Instantânea Não Sim Não
Anelasticidade Sim Não Sim
Viscoelasticidade Linear Não Não Sim
Em resumo, para a definição de anelasticidade, podemos utilizar os três postulados abaixo[20]:
• Para cada tensão existe um valor de equilíbrio único de deformação e vice-versa;
• A resposta de equilíbrio é atingida somente depois da passagem de tempo suficiente
(não existe restrição na escala de tempo nesta consideração, o alcance do equilíbrio
pode levar desde microssegundos até períodos de tempo extremamente longos);
• A relação tensão-deformação é linear.
O primeiro e o terceiro postulados são meramente uma repetição daqueles para elasticidade
ideal. Deve ser enfatizado que a completa recuperação é um corolário do primeiro postulado,
somente agora a recuperação, em geral, será dependente do tempo.
Em uma rede CCC tal como a do Fe-α, um átomo intersticial, o carbono, por exemplo,
deforma mais a rede ao longo de uma das direções do cubo do que ao longo das outras duas.
Se o átomo intersticial pula para um sítio vizinho, a direção dessa deformação muda. Se uma
tensão é aplicada no cristal, a energia proveniente da deformação da rede será menor se o
intersticial pular para o sítio no qual seu campo de deformação se alinha com o da deformação
20
aplicada, pois um dos eixos estará mais alongado do que os outros. A permanência nesses
eixos diminui a aproximação dos átomos e, portanto, a energia livre. Este alinhamento
provoca uma deformação adicional, chamada deformação anelástica. A partir da taxa na qual
esta deformação anelástica aparece, a freqüência de pulo pode ser determinada e, assim, o
coeficiente de difusão[32].
A figura 3.11 mostra a distribuição de um intersticial numa rede CCC e como existe distorção
associada com um soluto intersticial, considerando o átomo intersticial como um círculo
sólido preto na rede CCC. Seus dois primeiros vizinhos estão mostrados como círculos com o
número 1, e seus sítios normais distam de a0/2 do centro do soluto, no qual a0 é o parâmetro
da rede. Os quatro átomos de solvente mais próximos ao intersticial (átomos com número 2)
contêm o plano x-y. Esses átomos de solvente distam de a0 / 2 =0,71a0 do centro do átomo de
soluto. Se os átomos da matriz, figura 3.11, estendem-se até que eles toquem um no outro, que
é um modelo razoável para metais de transição, ocorrerá uma distorção oriunda dos átomos
intersticiais, mais acentuada na direção z que nas direções x e y. Portanto, o campo de
deformação introduzido pelo soluto terá simetria tetragonal[32].
Figura 3.11 – Reticulado cúbico de corpo centrado com um átomo de C (círculo sólido preto),
átomos de Fe (2 e 4), os primeiros vizinhos do átomo de C (1), os primeiros átomos vizinhos
do solvente (2). Sítio octaédrico (círculo sólido preto menor) em uma das arestas do cubo.
3.6. A Técnica de Atrito Interno
O atrito interno pode ser definido como a capacidade de um material em amortecer vibrações
mecânicas[33]. O amortecimento é ocasionado por mudanças na vibração da estrutura cristalina
21
dos sólidos provocadas, por exemplo, por interações soluto-discordâncias que resultam na
dissipação da energia vibracional na forma de calor. A mudança da capacidade de um material
em amortecer vibrações como função do tempo ou da temperatura corresponde a uma
mudança no estado microestrutural dos sólidos[33].
A técnica de medidas de atrito interno e a espectroscopia de relaxação mecânica surgiram por
volta da década de 1940, descoberta por Snoek[33,34], relacionadas principalmente com os
estudos clássicos de difusão intersticial[31]. Atualmente, se presta, também, à resolução
problemas de aplicações tecnológicas e industriais, tais como a determinação do teor de
átomos intersticiais de carbono e nitrogênio em solução sólida em aços[33].
A técnica de atrito interno ou a espectroscopia de relaxação mecânica foi baseada no efeito
Snoek[31], causado pela redistribuição de átomos de soluto em sítios octaédricos de um metal
de estrutura cúbico de corpo centrado – CCC (figura 3.12), devido à aplicação de uma tensão
alternada. Em metais, tal como o aço ferrítico, estas medidas permitem a determinação de
quantidades tão baixas quanto 1ppm em peso de átomos intersticiais de carbono ou de
nitrogênio[32, 35, 36]
O modelo de Snoek se baseia no fato de que em um metal CCC como o ferro-α, átomos
intersticiais de carbono e o nitrogênio ocupam posições tanto no meio das arestas do cubo
como no centro de suas faces, os sítios octaédricos[31-33].
Quando uma tensão é aplicada a um metal CCC, no regime elástico aparece instantaneamente
uma deformação elástica (εe). Em conseqüência aos saltos de átomos intersticiais entre os
interstícios da rede cristalina surge uma deformação anelástica. Verifica-se que medidas da
amplitude do pico de Snoek fornecem informações sobre a quantidade de átomos de solutos
intersticiais dissolvidos em um metal CCC[37].
O tempo de aparecimento da deformação anelástica é denominado tempo de relaxação (τ). A
figura 3.13 ilustra a relação entre as deformações elástica e anelástica[37].
22
Z
XY
Figura 3.12 – Estrutura CCC do Ferro-α, mostrando os sítios octaédricos que podem ser
ocupados pelos átomos intersticiais[36-38].
Deformação
Tempo
εElástica
εElástica
εAn (max)
Figura 3.13 – Representação esquemática da deformação elástica (εe) e anelástica (εan), a
partir da aplicação de uma tensão no regime elástico[36-38].
O componente anelástico da deformação, εan, após um tempo t, em um experimento de
relaxação sob tensão constante, é expresso por[37]:
( ) 1t
an an máx e στε ε−⎡ ⎤
= −⎢ ⎥⎢ ⎥⎣ ⎦
(3.11)
na qual εan(máx) é a deformação anelástica máxima que pode ser desenvolvida sob um dada
tensão constante e τσ é o tempo de relaxação sob tensão constante.
23
Retirada a tensão rapidamente, a deformação elástica é recuperada instantaneamente,
enquanto a componente anelástica dependerá do tempo. Para esta condição, a componente
anelástica é dada por:
( )
t
an an máx e στε ε−
= (3.12)
na qual εan é a deformação anelástica em qualquer tempo, εan(máx) é a deformação anelástica no
tempo da remoção da tensão, t é o tempo e τσ é o tempo de relaxação sob tensão constante.
Substituindo t por τσ:
0
( ) ( )1
an an máx an máxee
σ
ττε ε ε
−
= = (3.13)
O tempo de relaxação é, portanto, o tempo que a deformação anelástica leva para cair 1/e do
seu valor original[38].
Uma medida de atrito interno mais comumente utilizada é o decaimento logarítmico natural
da razão entre as amplitudes sucessivas de oscilação de uma amostra submetida a uma tensão
cíclica de torção no regime elástico. Uma bobina eletromagnética induz o movimento de um
prato acoplado à haste que prende a amostra, e uma tensão de torção é aplicada. Com a
retirada da tensão o sistema fica em decaimento livre[32,33,35,38,39]. A figura 3.14 mostra uma
curva em decaimento livre registrada em um computador. Em metais a diferença de fase entre
tensão e deformação é pequena. Portanto, o método de medidas de atrito interno está
relacionado com a diferença de fase de uma amplitude i e outra i+n. e é apresentado pela
equação (3.14.)[33,35,40]. Uma outra medida de atrito interno é perda de energia por ciclo dado
pela equação (3.15.)[32-34]:
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛=
+
−
ni
i
AA
nQ ln11
π (3.14)
WWQππ
δ2
1 ==− (3.15)
24
na qual Q-1 é o atrito interno, i é a i-ésima amplitude de oscilação da amostra e n é a n-ésima
amplitude de oscilação após a oscilação i.
O valor da temperatura de ocorrência do pico de atrito interno depende da freqüência de
oscilação do pêndulo, f, e do tempo de relaxação, τ, e podem ser compreendidos pela seguinte
equação[32,33, 41]:
( )τπ 02ln fRQTmáx = (3.16)
na qual Q é a energia de ativação e R, a constante dos gases.
Figura 3.14 – Decaimento livre das oscilações após uma excitação realizada por meio de um
pulso eletromagnético[41].
Alguns autores[42] mostraram, através de ensaios de atrito interno, que a altura do pico de
atrito interno, 1máxQ− , é proporcional à quantidade de carbono em solução em um aço ultra
baixo carbono (figura 3.15) e que 1máxQ− é maior quanto maior a quantidade de carbono. O pico
em 40ºC é o pico de Snoek para o carbono.
25
-20 0 20 40 60 80 100 120
0
2
4
6
8
Q-1.1
03
T (oC)
Figura 3.15 – Espectros de relaxação do aço ultra baixo carbono com diferentes quantidades
de carbono em solução. Em torno de 40ºC aparece o pico de Snoek do carbono.
O atrito interno apresenta um grande potencial na determinação de fatores que afetam o
desempenho mecânico de um material e pode ser utilizado para avaliar os seguintes
fenômenos e propriedades[28]:
• envelhecimento após deformação, estático e dinâmico, através da análise de
concentrações de átomos intersticiais de C e N móveis, da cinética de empilhamento
de deslocações, das interações deslocações/intersticiais;
• relaxação mecânica, análise da forma e posição dos picos;
• fenômenos de precipitação;
• comparação e avaliação de revestimentos, através de medidas de atrito interno e
mudanças no módulo de elasticidade associadas com as propriedades de vários
revestimentos;
• transformações de fase que envolvem mudança na capacidade de amortecimento
como, por exemplo, as transformações martensíticas[43] e as transformações
magnéticas[44].
Algumas das aplicações do atrito interno envolvendo transformações de fase são o estudo de
transformações martensíticas em ligas com efeito memória de forma[45], e transições de fase
em óxidos magnéticos[46].
Uma medida de atrito interno é um dos melhores métodos para determinar a quantidade de
soluto, como o carbono, presente em ligas binárias Fe-C. Medidas com precisão de 1ppm de C
26
em solução podem ser obtidas através desta técnica. Entretanto, a altura e o perfil do pico de
Snoek de átomos de C em Fe-α sofrem alterações com a adição de elementos de liga
substitucionais. As modificações mais importantes introduzidas no espectro pela presença de
átomos substitucionais estão relacionadas ao campo de deformação devido à diferença no
tamanho atômico desses átomos substitucionais e podem ser[47]:
• redução da altura do pico de Snoek;
• em ligas ternárias Fe-C-X, a adição de elementos substitucionais menor que 1% em
massa pode gerar picos extras[48];
• em alguns casos ocorre aumento da largura de meia altura[49].
Substitucionais tais como Mn, P, Si, Al, Cr e Co reduzem a altura do pico Snoek, sendo que,
dentre estes, o Mn, P, Si e Al tendem a aumentar o valor da largura de meia altura[49].
Medidas de atrito interno revelam importantes informações sobre o mecanismo de formação
da martensita, fenômenos prévios à transformação, mudanças estruturais dentro da
martensita[50]. Por exemplo, o atrito interno na fase β em ligas a base de cobre é causado por
descontinuidades na rede. O alto atrito interno na fase martensita é causado por movimento de
contornos de macla, contornos de placas de martensita, dentre outros mecanismos[50].
Em ligas Cu-Zn-Al, comparações de reordenamento atômico e mecanismo de ancoramento
induzido pela estabilização da martensita levam à conclusão de que a contribuição básica de
ancoramento para estabilização da martensita se dá através de processos dissipativos,
irreversíveis termodinamicamente, durante o movimento de interfaces[51].
Em adição a picos de amortecimento característicos em aços inoxidáveis austeníticos, a
presença de outros picos pode ocorrer em função da presença de martensita deformada na
estrutura. As condições de formação destes picos e os valores de seus parâmetros dependem
da quantidade de carbono e do grau e da temperatura de deformação[52].
De modo geral vários são os fenômenos que modificam o espectro de atrito interno átomos de
soluto, discordâncias, contornos de macla e de fase. Em materiais magnéticos, amortecimento
magneto-elástico ocorre devido ao movimento das paredes de block, contornos de domínios
magnéticos. Em materiais com alto amortecimento, o movimento de contornos de fase
matriz/falha de empilhamento e de fase matriz/martensita ε, também são fontes de
amortecimento[53].
27
Alguns autores relacionaram o amortecimento das vibrações mecânicas com:
Defeitos Pontuais. A inserção de defeitos pontuais em um cristal produz uma distorção
elástica local. Como resultado dessa distorção, existirá uma interação entre o defeito e a
tensão homogênea aplicada no cristal. Sobre diversos pontos de vista essa interação é análoga
a interação de um dipolo elétrico com um campo elétrico aplicado[54].
Interação intersticial-substitucional. A presença de átomos substitucionais em metais CCC
contendo impurezas intersticiais modifica o ordenamento induzido por tensão pela formação
de complexos intersticial-substitucional[55].
Interação de discordâncias com defeitos da rede alteram o atrito interno geral do material.
Tem-se relacionado o decréscimo na concentração de obstáculos, ancoramento de
discordâncias, com a diminuição da temperatura, freqüência, amplitude de oscilação e
parâmetros internos, tais como, tamanho de grão, densidade de interfaces e variadas estruturas
de defeitos[56].
Interação Lacuna-carbono em ligas austeníticas. Têmpera, trabalho a frio, e irradiação de
elétrons aumentam o pico de amortecimento associado ao movimento de C. Existe nesses
casos a contribuição dos complexos lacuna-carbono na resistência de relaxação[57].
Freqüentemente a curva de atrito interno em função da temperatura de ensaio vem
acompanhado de um ruído de fundo (“background”), que pode estar relacionado a diversos
fatores. Surge, portanto, a necessidade de subtrair o ruído de fundo a fim de melhor evidenciar
os vários fenômenos que podem ocorrer no material. Relaxações anelásticas em estruturas
metálicas CCC deformadas estão relacionadas com um pico denominado Snoek-Köester, que
ocorre em temperaturas acima de 200ºC.
Na figura 3.16 tem-se um espectro de atrito interno para uma amostra de ferro dopada com
hidrogênio. Observa-se que em 120K aparece um pico de atrito interno que foi relacionado a
um pico de Snoek do hidrogênio. O ruído de fundo foi retirado para análise do pico de
hidrogênio no ferro[35].
28
Figura 3.16 – Pico de Snoek de H em Fe medido em 10MHz. Observa-se o “background”
subtraído do espectro de atrito interno obtido para melhor análise do efeito do H no Fe.
Baraz et al[52] encontraram quatro picos de atrito interno presentes em um aço inoxidável
austenítico do tipo 18/9 em ensaios de atrito interno com freqüência de 1Hz. Os picos foram
localizados nas faixas de temperaturas de 60ºC a 80ºC, 120ºC a 140ºC, 210ºC a 230ºC e
310ºC a 330ºC. Os picos de 60ºC a 80ºC e 310ºC a 330ºC foram relacionados à fase
austenítica deformada. Os outros dois picos foram atribuídos à presença da martensita α’.
Talonen et al[54], em estudos com dois aços inoxidáveis austeníticos AISI 301LN e AISI 304,
levantaram espectros de atrito interno com freqüência de 1,8Hz. Os aços possuem composição
química parecida, exceto pelas quantidades de carbono e nitrogênio presentes nas amostras, o
primeiro com 0,02C e 0,11N e o segundo com 0,05C e 0,05N. De acordo com seus resultados,
os aços estudados foram afetados pelo trabalho a frio através da formação de martensitas ε e
α’ induzidas por deformação e falhas de empilhamento. Dentro da faixa de temperaturas
estudadas, –196ºC a 250ºC, foram encontrados dois picos de atrito interno nos materiais
deformados. O primeiro pico ocorreu na temperatura de 0ºC e teve um valor máximo de atrito
interno para reduções de 10 a 15%. Segundo os autores esse pico provavelmente está
relacionado com a existência de falha de empilhamento e martensita ε. O outro pico foi
encontrado na temperatura de 130ºC e foi relacionado à presença da martensita α’ e o pico é
provavelmente causado pelo revenimento da α’. Tratamento de envelhecimento em 200ºC por
20min diminuiu a capacidade de amortecimento dos materiais estudados.
29
Pinto et al [43,59] trabalhando com um aço do tipo 304 observou três picos de atrito interno nas
temperaturas de 120, 220 e 330ºC para freqüências de 1Hz, figura 3.18. Em deformações
verdadeiras de 0,3 o pico de 220ºC foi relacionado com a quantidade de martensita α’,
potencialmente pela movimentação dos átomos de carbono dissolvidos em solução sólida de
martensita α’ para as discordâncias ou defeitos, durante o aquecimento do material.
40 80 120 160 200 240 280 320 360 4000.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
(b)
(a)
Deformadas em -10ºC de: 10% 30%
Q-1x1
03
T (oC)
Figura 3.17 – Espectro de atrito interno de amostras deformadas em –10ºC. (a) amostra
deformada de 10%, observam-se dois picos nas temperaturas de 120 e 330ºC (b) amostra
deformada de 30%, observa-se um pico em torno de 220ºC. [60].
30
4. Parte Experimental
4.1. Material
Foi utilizado um aço inoxidável austenítico do tipo ABNT 304 cuja composição química é
apresentada na tabela IV.1. O aço, de fabricação comercial, foi fornecido pela ACESITA, na
forma de chapa de 0,6mm de espessura. Para atingir esta espessura, o aço foi submetido ao
processamento padrão de indústria: lingotamento contínuo, laminação a quente, laminação a
frio e recozimento final para eliminar a martensita induzida durante o processo de deformação
a frio.
Tabela IV.1 – Composição química do aço ABNT 304 (% em peso).
C Si Mn Cr Ni Mo N Co Cu
0,060 0,39 1,31 18,09 8,03 0,040 0,0330 0,10 0,07
4.2 Ensaios de Tração
Com o objetivo de obter diferentes quantidades de martensitas, ensaios de tração foram
realizados em corpos de prova retirados das chapas na direção paralela à direção de
laminação. A figura 4.1 mostra um desenho com as medidas reais dos corpos de prova
usinados na ACESITA. Esses corpos de prova foram confeccionados do tipo seção reduzida e
com furo na cabeça com base na norma ASTME646[58].
.
Figura 4.1 – Desenho esquemático do corpo de prova de tração com as medidas em
milímetros.
31
Os ensaios foram realizados em uma máquina universal de ensaios mecânicos marca Instron
1125, com câmara de condicionamento de temperaturas modelo 3111, que utiliza CO2 para
resfriamento e resistências para aquecimento. A temperatura dos corpos de prova durante o
ensaio foi monitorada em um controlador através de um termopar soldado no centro da
amostra. Testes preliminares[59] utilizando a câmara de condicionamento de temperaturas
mostraram que testes realizados a uma velocidade de 2mm/min do deslocamento do cabeçote
da máquina de tração não causam variação da temperatura da amostra. Esta velocidade,
2mm/min, foi utilizada nos ensaios de tração das amostras deformadas de 3, 6, 9, 12% nas
temperaturas de –50, –30 e –10ºC. Nos ensaios realizados em aproximadamente 20ºC, sem
utilização da câmara de condicionamento de temperatura, a velocidade de deslocamento
utilizada foi menor, de 1mm/min, para assegurar que a temperatura da amostra fosse constante
durante o ensaio de tração.
Por falta de espaço no interior da câmara, não foi possível utilizar extensômetro durante a
realização dos ensaios. Foram então realizados testes na temperatura ambiente com a porta da
câmara aberta, com o objetivo de levantar curvas de deslocamento do cabeçote em função da
deformação, medida com um extensômetro de 50 mm. A curva de calibração determinada é
mostrada na figura 4.2[67]. As deformações foram convertidas para deslocamento do cabeçote
(figura 4.2) e conferidas pela medida da diferença entre o comprimento final e o inicial de
50mm, marcado no corpo de prova.
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 200
4
8
12
16
20
24
28
32
36
40
304ADeslocaxExten Deslocamento = 2,08*ΔL + 0,48D
eslo
cam
ento
do
cabe
çote
(mm
)
Deformação no extensômetro - ΔL (mm)
Figura 4.2 – Deslocamento do cabeçote em função da deformação no extensômetro.
Amostras foram retiradas dos corpos de prova deformados em direção paralela à tração para
análises microestruturais, dilatométricas e de atrito interno.
32
Ferritoscópio
Ferritscope® é um dispositivo normalmente utilizado para medir quantidades de ferrita δ de
soldas de aços inoxidáveis[53]. O detector de ferrita – ou ferritoscópio – detecta a fase
ferromagnética presente no material.
A fração volumétrica de martensita α’ foi determinada através de um ferritoscópio Fischer
modelo MP3C. Foram feitas 5 medidas e o erro das medidas foi inferior a 0,01. Foi utilizado o
fator de conversão 2 definido por Vilela et al apud Pinto et al[59] encontrado através de
comparações com técnicas de difração de raio-X, balança de saturação magnética,
microscopia óptica e microscopia de varredura por sonda mecânica.
4.3. Ensaios de Dilatometria
Com o objetivo de estudar o comportamento das fases martensíticas no aço ABNT 304 foram
executados ensaios de dilatometria para identificar as martensitas presentes na amostra e
medir as temperaturas de transformação reversa.
As amostras usadas no dilatômetro mediam 12,0mmx2,00mmx0,60mm e foram cortadas na
direção paralela à direção dos ensaios de tração. Os ensaios foram realizados em um
dilatômetro do tipo Adamel Lhomargy LK02, na faixa de temperaturas de 50 a 1000ºC, com
taxa de aquecimento 1,00ºC/s.
Também foram aquecidas amostras deformadas de 9% em –50 e –10ºC com taxas de 0,17,
0,50, 1,00, 5,00 e 10,0ºC/s Foram ensaiadas amostras deformadas de 3 e 6% na temperatura
de –50ºC com taxas de aquecimento 0,17, 0,50, 1,00 e 10,0ºC/s. A taxa de 0,17ºC/s é similar à
utilizada na rampa de aquecimento no pêndulo de torção invertido.
O início e fim das transformações de fase na amostra observados na dilatometria foram
determinados através do método das tangentes, conforme figura 4.3, nas curvas da derivada da
dilatação relativa das amostras em função da temperatura. As temperaturas medidas foram
relacionadas com a taxa de aquecimento em um diagrama de aquecimento contínuo, a fim de
verificar nas temperaturas de transformação e relacioná-las com comportamento de relaxação
mecânica do material.
33
0 200 400 600 800 1000-2.0x10-5
-1.5x10-5
-1.0x10-5
-5.0x10-6
0.0
5.0x10-6
1.0x10-5
1.5x10-5
2.0x10-5
2.5x10-5
97ºC
737ºC518ºC213ºC
d(ΔL
/L0)/
dT
T (ºC)
Figura 4.3 – Método das tangentes para determinação das temperaturas de reversão das fases
martensíticas e temperatura do pico da primeira transformação. Curva derivada da dilatação
relativa da amostra de 304 deformada de 9% em –50ºC e aquecida à taxa de 0,17ºC/s.
4.3. Análise Microestrutural
Foi realizada análise microestrutural do aço como recebido e deformado de 3, 6, 9 e 12% na
temperatura de –10ºC. A análise microestrutural teve como objetivo observar a microestrutura
típica do aço inoxidável austenítico do tipo 304 após deformação, a morfologia e distribuição
das martensitas induzidas durante o ensaio de tração, bem como identificar as regiões
contendo martensitas ε e α’.
A preparação metalográfica das amostras consistiu no lixamento com lixas d’água de
granulometria 320, 400, 600, 800, 1200 e 1500 mesh, seguido de polimento em panos com
pasta de diamante de granulometria 3 e 1μm. Nas amostras de aço deformado foi feito, ainda,
polimento eletrolítico, solução de ácido perclórico, na proporção de 950ml de ácido metílico
(CH3OH) para 50ml de ácido perclórico (HclO4). O polimento eletrolítico retira a camada
superficial de martensita induzida durante o procedimento de preparação da amostra. O ataque
químico da amostra de aço como recebido foi realizado com o reagente glicerégia[60], 10ml de
ácido nítrico, 10ml de ácido acético e 15ml de ácido hidroclorídrico. O ataque das amostras
deformadas foi feito com o reagente Beraha II[61]. Segundo Petzow[44] esse ataque revela
preferencialmente a martensita. Trata-se de um ataque colorido, onde a martensita α’ aparece
34
na cor preta, a martensita ε na cor branca e a austenita aparece na cor marrom. Na prática, não
foi possível identificar a martensita ε pois são placas extremamente finas conjugadas com
placas de γ. No entanto, a martensita ε pode ser observada indiretamente através dos ponto de
interseção das placas ε de diferentes orientações cristalográficas, que constituem regiões de
martensita α’.
4.4. Ensaios de Atrito Interno
Amostras medindo 50mm de comprimento e 3mm de largura foram retiradas dos corpos de
prova deformados, na direção longitudinal de tração. Os espectros de atrito interno foram
obtidos no pêndulo de torção invertido no intervalo de temperaturas de 40 a 400ºC para
amostras sem deformação (estado como recebido) e com deformações por tração variando de
3 a 12% nas temperaturas de –50 a 20ºC. A rampa de aquecimento média utilizada nos
ensaios de atrito interno foi de aproximadamente 0,17ºC/s (10,0ºC/min). A freqüência de
vibração utilizada foi aproximadamente 1Hz. Após resfriamento até a temperatura ambiente,
um 2º ciclo na mesma faixa de temperaturas foi realizado na mesma amostra, com o intuito de
verificar eventuais fenômenos remanescentes e dissipados, e apoiar a interpretação dos dados
obtidos por atrito interno.
O equipamento utilizado para medidas de atrito interno foi o pêndulo de torção invertido tipo
Kê[62], cujo esquema básico pode ser visto na figura 4.4.
O pêndulo de torção possui sistemas de refrigeração, de aquecimento e de vácuo, dispositivo
para aplicação de campo magnético para condicionamento das amostras e plataforma de
aquisição e tratamento de dados. O esquema da parte mecânica do pêndulo é mostrado na
Figura 4.4. O ajuste do pêndulo de torção consiste de um rigoroso equilíbrio mecânico do
sistema de pesos que balanceiam a amostra com o prato suporte do LVDT, “Linear Variable
Diferential Transducer”. Essa é uma etapa fundamental do ensaio, pois se a amostra estiver
sob tensão durante o ensaio, o espectro de atrito interno pode ser alterado.
35
Campânula
Fio de SustentaçãoContra pesoPeso
Suporte do LVDT
Base
Haste principalSistema de
Amostra
Cabeçote Fixo
Refrigeração / Aquecimento
Figura 4.4 – Esquema da montagem do pêndulo de torção invertido do tipo Kê no CETEC.
Um pulso eletromagnético aciona o pêndulo que gira um prato suporte com o LVDT acoplado
a uma haste que segura a amostra. Após a emissão do pulso, a amostra fica sob uma tensão de
torção, que é aliviada quando o sistema pára de enviar pulsos eletromagnéticos deixando,
assim, a amostra em um decaimento livre. O LVDT detecta o movimento de uma haste
horizontal, também presa ao prato suporte, o computador registra as amplitudes de oscilações
sucessivas. A medida de atrito interno é proporcional à razão de uma dada amplitude e sua
sucessiva, durante o decaimento livre. Se a amostra está sob tensão, a curva da amplitude da
amostra no decaimento é modificada e, portanto, o valor do coeficiente de amortecimento, ou
seja, o valor de atrito interno. Então, o ajuste do pêndulo para um ensaio de atrito interno pode
chegar cerca de 1 hora. Os ensaios de atrito interno são, também, demorados, em torno de 3
horas. O tempo de ensaio depende da taxa de aquisição de dados no aquecimento da amostra.
É importante ressaltar a necessidade de separar diferentes picos de atrito interno, que podem
ser superpostos, ou seja, realizar a deconvolução da curva obtida no pêndulo de torção. As
curvas de atrito interno podem ser modeladas por um grupo de funções matemáticas
(gaussiana, lorentziana, Debye, etc)[63]. A deconvolução deste tipo de curva é o ajuste médio
36
no qual é possível determinar alguns parâmetros, como o quadrado da dispersão, no caso da
gaussiana ou a largura da meia altura do pico no caso da lorentziana. Também há como
determinar parâmetros físicos, como a entalpia do processo, caso da função de Debye. O
ajuste segundo a equação de Debye tem sido utilizado para sistemas relativamente simples,
como soluções diluídas, onde não há muitos fenômenos coexistindo[64,65].
A análise da altura, área e temperatura de aparecimento dos picos deconvoluídos pode
fornecer dados relacionados com as quantidades de fases e outros fenômenos, como
envelhecimento.
37
5. Resultados e Discussão
5.1. Material
A figura 5.1 mostra uma micrografia do aço tipo ABNT 304 no estado como recebido.
Observa-se uma microestrutura constituída de grãos austeníticos maclados.
Figura 5.1 – Micrografia óptica do aço inoxidável estudado no estado como recebido: grãos
austeníticos maclados. Ataque: glicerégia.
5.2. Ensaios de Tração
Diferentes quantidades de martensitas do tipo ε e α’ foram formadas durante ensaios de
tração, realizados nas temperaturas e quantidades de deformação descritas no capitulo 4.
Os resultados das medidas da quantidade de martensita α’ realizadas com o ferritoscópio são
apresentados na Tabela V.1. Observa-se que a quantidade de martensita α’ aumenta com a
deformação em uma mesma temperatura de ensaio de tração. E, para uma mesma quantidade
de deformação, constata-se diminuição de α’ com a elevação da temperatura de ensaio. A
amostra com maior quantidade relativa de α’ foi aquela deformada de 12% em –50ºC. A
amostra com menor quantidade de martensita α’ foi aquela deformada de 3% em 20ºC.
38
Estes resultados são mais bem visualizados por meio dos gráficos de fração volumétrica de α’
em função da temperatura e da quantidade de deformação na amostra, apresentados nas
figuras 5.2. e 5.3.
Tabela V.1 – Quantidade de martensita α’ medida pelo ferritoscópio em função da
temperatura e da quantidade de deformação por tração.
Deformação (%) Temperatura de
deformação (ºC) 3 6 9 12
20 0,07 0,12 0,36 1,22
–10 0,26 2,46 9,18 15,74
–30 0,40 6,22 17,56 29,00
–50 2,25* 14,68* 26,80* 37,00
Os dados em asterisco foram obtidos por Pinto et al[32].
3 6 9 12
0
5
10
15
20
25
30
35
40
20ºC -10ºC -30ºC -50ºC
Fraç
ão v
olum
étric
a de
α'
Deformação (%)
Figura 5.2 – Fração volumétrica de martensita α’ em função da deformação aplicada.
39
-50 -40 -30 -20 -10 0 10 200
5
10
15
20
25
30
35
40
Deformações de: 3% 6% 9% 12%
Fraç
ão v
olum
étric
a de
α'
Temperatura de deformação (ºC)
Figura 5.3 – Fração volumétrica de martensita α’ em função da temperatura de deformação.
Constatou-se, ainda, que mesmo as amostras como recebidas continham uma pequena
quantidade de martensita α’, aproximadamente 0,03%. Esta observação está de acordo com a
literatura[6,28], visto que mesmo processos de preparação e corte de amostras extremamente
cuidadosos podem induzir martensita e, na prática, sua remoção completa é extremamente
difícil.
A quantidade de martensita ε não pode ser medida pelo ferritoscópio uma vez que esta fase
não é ferromagnética. As curvas dilatométricas, no entanto, fornecem uma boa indicação da
presença e quantidade relativa desta fase.
5.3. Dilatometria
Uma curva dilatométrica típica das amostras deformadas é mostrada na figura 5.4. A amostra
apresentada nesta figura foi deformada de 9% na temperatura de –50ºC. A curva (a), em preto,
é a curva de dilatação em função da temperatura. A curva (b), em azul, é a derivada da curva
(a) em função da temperatura. Observa-se, nestas curvas, a ocorrência de duas transformações
de fase, uma na faixa de temperaturas de 50 a 200ºC, e outra na faixa de 500 a 800ºC. Tratam-
se das transformações reversas ε→γ e α’→γ, respectivamente. A figura 5.5. mostra a
influência da quantidade de deformação no comportamento de dilatação de amostras
40
deformadas na temperatura de –50°C. Diferenças nas curvas são observadas nas regiões de
transformações para as deformações aplicadas.
0 200 400 600 800 1000
0.000
0.002
0.004
0.006
0.008
0.010
0.012
(b)
(a)
T (ºC)
ΔL/L
0
-1.5x10-5
-1.0x10-5
-5.0x10-6
0.0
5.0x10-6
1.0x10-5
1.5x10-5
2.0x10-5
2.5x10-5
α'−> γ
ε−> γ
ε−> γ
d(ΔL
/L0)/
dT
Figura 5.4 – Curva de dilatação típica (preto) e sua derivada (azul) de uma amostra de aço do
tipo ABNT 304 deformada. Amostra deformada de 9% por tração na temperatura de –50ºC.
0 200 400 600 800 1000-3,0x10-5
-2,0x10-5
-1,0x10-5
0,0
1,0x10-5
2,0x10-5
304Ataxa aquec.: 1,00ºC/s
Deformadas em -50ºC de: 3% 6% 9% 12%
d(ΔL
/L0)d
T
T (ºC)
Figura 5.5 – Derivada da dilatação relativa em função da temperatura de amostras deformadas
de 3, 6, 9 e 12%, em –50ºC.
41
A identificação das fases e suas temperaturas de reversão foram identificadas neste trabalho e
estão de acordo com a literatura[66].
Na figura 5.5 pode-se verificar que as quantidades de martensitas ε e α’ variam com a
deformação aplicada, para uma temperatura fixa. A quantidade de martensita ε diminui com o
aumento da deformação aplicada. Na temperatura de –50ºC, a quantidade máxima de ε é
observada em 3% de deformação. A partir desta deformação, a quantidade de ε que reverte
para austenita diminui. Por outro lado, pode-se verificar que a quantidade de martensita α’
que reverte para austenita aumenta continuamente com o aumento da quantidade de
deformação, para uma mesma temperatura. Esta observação está de acordo com os resultados
encontrados neste trabalho nas medidas com o ferritoscópio (Tabela V.1 e figura 5.2). Outros
autores apresentaram resultados similares[6, 10, 24, 43, 59, 66].
As figuras 5.6 a 5.8 apresentam os resultados obtidos para as amostras deformadas nas
temperaturas de –30ºC, –10 e 20ºC, respectivamente.
Cabe destaque a variação no comportamento de reversão de ε em função da temperatura de
deformação. Geralmente, ocorre um máximo seguido por diminuição da quantidade de ε
presente na amostra. Na temperatura ambiente o valor máximo de ε ocorre em 12% de
deformação, nas amostras deformadas em –10ºC e –30ºC o máximo está em 6% e nas
amostras deformadas em –50ºC o máximo de ε ocorre para 3% de deformação (figuras 5.5 a
5.8).
Estas observações indicam que o decréscimo da martensita ε ocorre por meio da
transformação desta fase para a martensita α’. A transformação ε→α’ também foi sugerida
na literatura por outros autores[5, 6, 10].
42
0 200 400 600 800 1000-2.0x10-5
-1.5x10-5
-1.0x10-5
-5.0x10-6
0.0
5.0x10-6
1.0x10-5
1.5x10-5
2.0x10-5
2.5x10-5
304ADeformadas em -30ºC de:
6% 9% 12%
d(ΔL
/L0)/
dT
T (ºC)
Figura 5.6 – Derivada da dilatação relativa em função da temperatura de amostras deformadas
de 6, 9 e 12%, em –30ºC.
0 200 400 600 800 1000-5,0x10-6
0,0
5,0x10-6
1,0x10-5
1,5x10-5
2,0x10-5
2,5x10-5
304ADef. em -10ºC de:
3% 6% 9% 12%
d(ΔL
/L0)/
dT
T (ºC)
Figura 5.7 – Derivada da dilatação relativa em função da temperatura de amostras deformadas
de 3, 6, 9 e 12%, em –10ºC.
43
0 200 400 600 800 10005.0x10-6
1.0x10-5
1.5x10-5
2.0x10-5
2.5x10-5
304ADeformadas em 20ºC de:
3% 6% 9% 12%
d(ΔL
/L0)/
dT
T (ºC)
Figura 5.8 – Derivada da dilatação relativa em função da temperatura de amostras deformadas
de 3, 6, 9 e 12%, em 20ºC.
A influência da taxa de aquecimento na reversão das fases martensíticas presentes nas
amostras foi estudada por dilatometria com dois objetivos: avaliar o comportamento
difusional-adifusional das transformações de fase e conhecer as temperaturas das
transformações reversas, para melhor interpretar os resultados dos ensaios de atrito interno.
As figuras 5.9 e 5.10 mostram as curvas da derivada da dilatação relativa de amostras
deformadas de 9% em –10 e –50ºC, para as taxas de aquecimento de 0,17, 0,50, 1,00 , 5,00 e
10,0ºC/s. Observa-se que a primeira transformação, ε→γ, praticamente não é influenciada
pela variação da taxa de aquecimento, indicando que a reversão da martensita ε ocorre
predominantemente por um mecanismo adifusional, ou seja, cisalhamento.
Ao contrário, observam-se alterações nas temperaturas de reversão durante a segunda
transformação reversa, α’→γ, em função da taxa de aquecimento. Quanto maior a taxa de
aquecimento mais elevada a temperatura de transformação de α’. A temperatura de fim de
transformação depende mais fortemente da taxa de aquecimento, marcadamente a partir de
5,0ºC/s. Mecanismos difusionais atuam, portanto, durante a transformação reversa α’→γ.
44
0 200 400 600 800 10000.0
5.0x10-6
1.0x10-5
1.5x10-5
2.0x10-5
2.5x10-5
304A: 9% em -10ºC 0,17ºC/s 0,50ºC/s 1,00ºC/s 5,00ºC/s 10,0ºC/s
d(ΔL
/L0)/
dT
T (ºC)
Figura 5.9 – Derivadas das curvas de dilatação relativa da amostra deformada de 9% em –
10ºC com taxas de aquecimento de 0,17, 0,50, 1,00, 5,00 e 10,0ºC/s.
0 200 400 600 800 1000-2,0x10-5
-1,0x10-5
0,0
1,0x10-5
2,0x10-5
304A9% em -50ºC
0,17ºC/s 0,50ºC/s 1,00ºC/s 5,00ºC/s 10,0ºC/s
d(ΔL
/L0)/
dT
T (ºC)
Figura 5.10 – Derivadas das curvas de dilatação relativa da amostra deformada de 9% em –
50ºC com taxas de aquecimento de 0,17, 0,50, 1,00, 5,00 e 10,0ºC/s.
45
Observa-se, ainda, que a reversão varia também em função da temperatura de deformação: em
amostras tracionadas em –10ºC a reversão ocorre em temperaturas mais elevadas que
naquelas tracionadas em –50ºC.
A figura 5.11 apresenta o diagrama de aquecimento contínuo para amostras deformadas de
9%, em –10 e –50ºC. As taxas de aquecimento utilizadas foram 0,17, 0,50, 1,00, 5,00 e
10,0ºC/s e, no gráfico, crescem da direita para esquerda em escala logarítmica. A temperatura
de inicio da transformação ε→γ não foi medida por estar abaixo da temperatura de início do
teste.
Observa-se que a temperatura do pico de transformação ε→γ é constante com a mudança da
taxa de aquecimento (figura 5.11, curva preta).
A temperatura de fim de transformação ε→γ (figura 5.11, curva vermelha) praticamente não
varia com a taxa de aquecimento, evidenciando o caráter adifusional da transformação.
A variação da temperatura de início de transformação α’→γ com a taxa de aquecimento é
pouco pronunciada (figura 5.11, curva verde), indicando que mecanismos adifusionais e
difusionais estão envolvidos nesta transformação.
A temperatura de fim de transformação α’→γ (figura 5.11, curva azul) mostra uma forte
dependência com a taxa de aquecimento, indicando que próximo a essa temperatura a
transformação é predominantemente controlada por difusão.
Diagramas de aquecimento contínuo das amostras deformadas de 3, 6 e 12% em –50ºC foram
construídos para verificar o comportamento das amostras em função da deformação aplicada
(figura 5.12). Observa-se comportamento semelhante ao da amostra deformada de 9% em
-50ºC.
46
101 100 10-10
100
200
300
400
500
600
700
800
900
9% em -10ºC T do pico de ε T de fim de ε-γ T de início de α'-γ T de fim de α'-γ
Tem
pera
tura
(ºC
)
Taxa de aquecimento (ºC/s)
(a)
101 100 10-10
100
200
300
400
500
600
700
800
900
9% em -50ºC T do pico de ε T de fim de ε-γ T de início de α'-γ T de fim de α'-γ
Tem
pera
tura
(ºC
)
Taxa de aquecimento (ºC/s)
(b)
Figura 5.11 – Diagramas de aquecimento contínuo das amostras deformadas de 9% em –10ºC
(a) e em –50ºC (b), em função da taxa de aquecimento, 0,17, 0,50, 1,00, 5,00 e 10,0ºC/s.
47
101 100 10-10
100
200
300
400
500
600
700
800
900
Tem
pera
tura
(ºC
)
Taxa de aquecimento (ºC/s)
3% em -50ºC T do pico de ε T de fim de ε-γ T de início de α'-γ T de fim de α'-γ
(a)
101 100 10-10
100
200
300
400
500
600
700
800
900
6% em -50ºC T do pico de ε T de fim de ε-γ T de início de α'-γ T de fim de α'-γ
Tem
pera
tura
(ºC
)
Taxa de aquecimento (ºC/s)
(b)
Figura 5.12 – Diagramas de aquecimento contínuo das amostras deformadas de (a) 3%, (b)
6% em –50ºC. (continua)
48
101 100 10-10
100
200
300
400
500
600
700
800
900
12% em -50ºC T do pico de ε T de fim de ε-γ T de início de α'-γ T de fim de α'-γTe
mpe
ratu
ra (º
C)
Taxa de aquecimento (ºC/s)
(c)
Figura 5.12 – (continuação) Diagrama de aquecimento contínuo da amostra deformada de
12% em –50ºC.
A tabela V.2 mostra dados calculados de desvio padrão das temperaturas de pico de ε, de
transformação ε→γ e de início e fim de transformações α’→γ. Observa-se que a variabilidade
da temperatura de ocorrência do pico de ε é menor que 5%, portanto, como constatado na
figura 5.8 e nos diversos diagramas apresentados (figuras 5.11 e 5.12), a temperatura do pico
não varia. No entanto a variação da temperatura de reversão de ε aumenta, mas relativamente
pouco. A temperatura de fim de transformação de ε mostrou-se com um desvio em torno de
15%, ressaltando seu caráter predominantemente adifusional devido a variação da temperatura
de transformação não ser grande. A temperatura de início de transformação α’→γ apresentou
uma variação mais pronunciada mas, indicando uma justaposição dos fenômenos difusionais e
adifusionais. No entanto, a temperatura de fim de transformação α’→γ mostrou-se com
grande variação em função da taxa de aquecimento, indicando uma transformação
predominantemente difusional.
49
Tabela V.2. Temperaturas de transformaçoes reversas, ε→γ e α’→γ, em função da
deformação na temperatura de -50ºC .
Deformação Temperaturas de transformações Valor Médio Desvio padrão
Temperatura do pico de ε 95 3,83 Temperatura de fim de transformação ε→γ 166,5 20,57 Temperatura de início de transformação α’→γ 507 43,10
3% (-50ºC)
Temperatura de fim de transformação α’→γ 707,5 33,13
Temperatura do pico de ε 94,5 5,92 Temperatura de fim de transformação ε→γ 171,5 10,25 Temperatura de início de transformação α’→γ 493 30,30
6% (-50ºC)
Temperatura de fim de transformação α’→γ 728,75 29,64
Temperatura do pico de ε 97,40 4,79 Temperatura de fim de transformação ε→γ 186,31 13,50 Temperatura de início de transformação α’→γ 526,97 22,57
9% (-50ºC)
Temperatura de fim de transformação α’→γ 727,50 33,10
Temperatura do pico de ε 99,00 3,54 Temperatura de fim de transformação ε→γ 192,40 11,44 Temperatura de início de transformação α’→γ 533,2 19,49
12% (-50ºC)
Temperatura de fim de transformação α’→γ 725,8 36,41
50
5.4. Análise Microestrutural
As figuras 5.13 (a-d) apresentam fotomicrografias representativas das amostras tracionadas na
temperatura de –10ºC com deformações de 3, 6, 9 e 12%, respectivamente. As regiões escuras
delineiam a martensita α’ e as regiões claras correspondem à matriz austenítica. As regiões de
martensita ε não são definidas pelo ataque utilizado, confundindo-se com a matriz. Esta
ineficiência do ataque está associada às reduzidas dimensões desta fase (placas extremamente
finas) e à alta densidade de defeitos internos (falhas de empilhamento).
(a) Deformação 3% T= –10oC
(b) Deformação 6% T= –10oC
(c) Deformação 9% T= –10oC
(d) Deformação 12% T= –10oC
Figura 5.13 – Fotomicrografias de amostras tracionadas na temperatura de –10oC com
deformações de (a) 3%, (b) 6%, (c) 9% e (d) 12%.
Pode-se observar o aumento da quantidade de α’com a deformação e que esta fase se
apresenta como placas paralelas interceptando a superfície da amostra. Quando estas placas
atingem densidades maiores elas se juntam, formando um contínuo como se fossem partículas
de martensita. Outro aspecto interessante é que estas placas vão perdendo o paralelismo com o
aumento da deformação.
α’
α’
51
Imagens com maior aumento, como as apresentadas na figura 5.14, mostram que as placas
observadas nas figuras anteriores são na verdade ripas de martensita α’ que cruzam a
superfície da amostra como pequenos pontos. A maioria destas ripas forma-se nas
intersecções das placas de martensita ε de diferentes orientações cristalográficas. No entanto,
a martensita α’ pode também se formar nas placas da martensita ε mesmo fora destas
intersecções.
Estas análises microestruturais indicam que, na temperatura de deformação utilizada, –10oC, o
principal mecanismo de formação de martensita se dá através da transformação γ→ε→α’[7,26].
(a) Deformação 3% T= –10oC
(b) Deformação 6% T= –10oC
(c) Deformação 9% T= –10oC
(d) Deformação 12% T= –10oC
Figura 5.14 – Fotomicrografias de amostras tracionadas na temperatura de –10oC com
deformações de (a) 3%, (b) 6%, (c) 9% e (d) 12%.
α’ α’
52
5.5. Atrito Interno
A figura 5.15 mostra uma curva típica de atrito interno de uma amostra de aço inoxidável
austenítico do tipo 304 no estado como recebido. Observa-se pequena elevação do coeficiente
de amortecimento nas temperaturas próximas a 100 e 330ºC, provavelmente decorrente de
deformação da amostra durante seu processo de corte. É possível que tenha até ocorrido
indução de martensita. Em alguns casos, o ferristocópio acusou a presença de pequenas
quantidades de martensita α’.
0 50 100 150 200 250 300 350 400 4500.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.15 – Espectro típico de atrito interno de uma amostra de aço inoxidável tipo ABNT
304 no estado como recebido.
A figura 5.16 mostra uma curva típica de atrito interno obtida para o aço inoxidável 304
deformado. A curva apresentada é de um aço deformado de 6% por tração na temperatura de
-50°C. Dois picos são observados na curva de Q-1 em função da temperatura de ensaio, o
primeiro em torno de 130ºC e o outro em aproximadamente em 330ºC. No segundo ciclo de
aquecimento não foi observado o pico em torno de 130ºC, mas ainda existe uma elevação em
torno de 330ºC. As curvas de atrito interno obtidas para as amostras do aço inoxidável 304
deformado de 3, 6, 9 e 12% por tração, na temperatura de –50ºC são mostradas na figura 5.17.
53
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
(b)
(a)
304A6% em -50ºC
1º ciclo 2º ciclo
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.16 – (a) Espectro de atrito interno da amostra deformada de 6% por tração na
temperatura de –50ºC. Nota-se a existência de dois picos, um próximo de 130ºC e outro
próximo de 350ºC. (b) segundo ciclo, observa-se o desaparecimento dos picos.
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
Q-1.1
03
T (ºC)
Deformadas em -50º de: 3% 6% 9% 12%
Figura 5.17 – Espectros de atrito interno de amostras deformadas de 3, 6, 9 e 12% em –50ºC.
54
Observa-se que o primeiro pico desloca-se para temperaturas mais elevadas à medida que a
quantidade de deformação aumenta de 3 até 12%. Este deslocamento está associado com a
quantidade de deformação e, provavelmente, com a quantidade de α’ presente no material.
Observa-se que, para amostras deformadas de 3%, uma quantidade maior de martensita ε
alinha o espectro de atrito interno em temperaturas mais baixas e tem maior altura. Com o
aumento da quantidade de martensita α’ na amostra, amosrtra deformada de 6%, parte do
espectro de atrito interno se move para temperaturas mais altas, essa amostra ainda apresenta
quantidades significativas de ε. Com deformações maiores, 9%, a quantidade de ε é muito
pequena e a da α’ é bem maior, então o deslocamento fica mais pronunciado embora com
altura de pico menor. Em amostras deformadas de 12%, a quantidade de α’ aumenta
surpreendentemente e o pico apresenta uma maior altura, além de se mover para temperaturas
mais altas. A análise das curvas de dilatometria para estas deformações e temperatura de –
50ºC (figura 5.5) mostra que o primeiro pico está relacionado com a presença de ε e α’
sinergéticamente. A altura e a posição do pico variam com a quantidade relativa destas fases.
Em acordo com estes resultados, Pinto et al[32] relatam que, em amostras de aço inoxidável
304 bastante deformadas em temperaturas acima da ambiente, a influência de α’ predomina.
As curvas de atrito interno obtidas para as amostras do aço inoxidável 304 deformado de 3, 6,
9, e 12% por tração nas temperaturas de –10, –30, e 20ºC estão mostradas nas figuras 5.18 a
5.20, respectivamente. No que se referem à temperatura do primeiro pico, estas amostras
apresentam a mesma tendência já observada naquelas deformadas a –50ºC (figura 5.17).
Contudo, a altura dos picos segue tendência inversa, isto é, verifica-se, sutilmente, que a
altura dos picos aumenta com o aumento da quantidade de deformação. A avaliação da
dilatometria (figuras 5.6 a 5.8) mostra, novamente, que o primeiro pico é resultado da
interação entre os dois tipos de martensita presentes na amostra. A temperatura e a posição do
primeiro pico dependem da quantidade relativa das martensitas presentes nas amostras.
Nas amostras deformadas em 20ºC nota-se um aumento contínuo na altura dos picos com a
deformação, mas o deslocamento do primeiro pico não é evidente. Isto porque a quantidade de
α’ nestas amostras é muito pequena (figura 5.8).
55
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
304ADeformadas em -10ºC de:
3% 6% 9% 12%
Q1 .1
03
T (ºC)
Figura 5.18 – Espectros de atrito interno de amostras deformadas de 3, 6, 9, e 12 em –10ºC.
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
304ADeformadas em -30º de:
3% 6% 9% 12%
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.19 – Espectros de atrito interno de amostras deformadas de 3, 6, 9, 12 e 35% em
-30ºC.
56
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
Deformadas em 20ºC de: 3% 6% 9% 12%
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.20 – Espectros de atrito interno de amostras deformadas de 3, 6, 9 e 12 em 20ºC.
A análise acima e a observação de que as curvas apresentadas nas figuras 5.17 a 5.20
apresentam uma elevação dos valores de Q-1 com o aumento da deformação em torno de
250ºC, indicam a existência de um outro pico. A literatura relata a existência de três picos de
atrito interno no intervalo 40-400 ºC[43, 59], em amostras deformadas de 30%, em temperaturas
mais elevadas que a do presente trabalho.
A presença de um terceiro pico superpondo-se aos dois outros foi investigada por meio da
deconvolução das curvas de atrito interno. A seguir, as figuras 5.21 a 5.24 mostram a
separação dos três picos por meio de Gaussianas para amostras deformadas a –50ºC. Nota-se
que o fator de correlação de ajuste das curvas (R2) foi acima de 0,99, indicando bom ajuste
aos dados experimentais.
As figuras 5.25 e 5.26 apresentam, respectivamente, a deconvolução do primeiro e do
segundo e terceiro picos de atrito interno das amostras deformadas de 3, 6, 9 e 12% em –50ºC.
As alturas e as áreas dos picos foram calculadas e estão expressas nas tabelas V.3 e V.4.
57
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.53% em -50ºC
Q-1.1
0-3
T (ºC)
Figura 5.21 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 3% em –50ºC. R2=0,99101.
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
6% em -50ºC
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.22 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 6% em –50ºC. R2= 0,99344.
58
0 50 100 150 200 250 300 350 400-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
9% em -50ºC
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.23 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 9% em –50ºC. R2= 0,99794.
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
12% em -50ºC
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.24 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 12% em –50ºC. R2= 0,99155.
59
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
304A: 1º pico de atrito internoDeformadas em -50ºC de:
3% 6% 9% 12%
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.25 – Deconvolução do primeiro pico do espectro de atrito interno das amostras
deformadas de 3, 6, 9 e 12% em –50ºC.
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
304A: 2 e 3º picos de atrito internoDeformadas em -50ºC de:
3% 6% 9% 12%
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.26 – Deconvolução do segundo e terceiro picos do espectro de atrito interno das
amostras deformadas de 3, 6, 9 e 12% em –50ºC.
60
Tabela V.3 – Alturas calculadas dos picos das amostras deformadas em –50ºC.
Deformação Primeiro pico Segundo pico Terceiro pico
3 2,06 1,74 0,18
6 1,50 1,76 0,37
9 0,79 1,42 0,42
12 1,02 2,31 1,05
Tabela V.4 – Áreas calculadas dos picos das amostras deformadas em –50ºC.
Deformação Primeiro pico Segundo pico Terceiro pico
3 128 163 41
6 115 207 53
9 74 195 39
12 73 307 133
As figuras 5.27 a 5.30 mostram os espectros de atrito interno das amostras deformadas de 3, 6,
9 e 12% em –10ºC, bem como os espectros deconvoluídos de cada uma delas. As figuras 5.31
e 5.32 apresentam, respectivamente, a deconvolução do primeiro e do segundo e terceiro picos
de atrito interno destas amostras. As alturas e áreas calculadas dos picos são apresentadas nas
Tabelas V.5 e V.6.
61
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
3% em -10ºC
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.27 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 3% em –10ºC. R2= 0,99615.
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
6% em -10ºC
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.28 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 6% em –10ºC. R2= 0,99651.
62
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
9% em -10ºC
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.29 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 9% em –10ºC. R2= 0,99145.
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
12% em -10ºC
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.30 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 12% em –10ºC. R2= 0,9914.
63
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
304ADeformadas em -10º de:
3% 6% 9% 12%Q
-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.31 – Deconvolução do primeiro pico do espectro de atrito interno das amostras
deformadas de 3, 6, 9 e 12% em –10ºC.
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
304ADeformadas em -10ºC de:
3% 6% 9% 12%
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.32 – Deconvolução do segundo e terceiro picos do espectro de atrito interno das
amostras deformadas de 3, 6, 9 e 12% em –10ºC.
64
Tabela V.5 – Alturas calculadas dos picos das amostras deformadas em –10ºC.
Deformação (%) Primeiro pico Segundo pico Terceiro pico
3 1,43 0,54 0,29
6 1,77 1,15 0,20
9 1,21 1,77 0,63
12 1,20 1,76 0,62
Tabela V.6 – Áreas calculadas sob os picos de atrito interno após deconvolução das curvas
das amostras deformadas em –10ºC.
Deformação (%) Primeiro pico Segundo pico Terceiro pico
3 118 58 32
6 144 104 41
9 81 183 41
12 116 215 79
As figuras 5.33 a 5.36 mostram os espectros de atrito interno e deconvoluções das amostras
deformadas de 3, 6, 9 e 12% em –30ºC. As figuras 5.37 e 5.38 apresentam, respectivamente, a
deconvolução do primeiro e do segundo e terceiro picos de atrito interno destas amostras. As
alturas e áreas calculadas dos picos são apresentadas nas Tabelas V.7 e V.8.
65
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
3% em -30ºC
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.33 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 3% em –30ºC. R2= 0,99116.
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
6% em -30ºC
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.34 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 6% em –30ºC. R2= 0,99243.
66
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
9% em -30ºC
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.35 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 9% em –30ºC. R2= 0,99349.
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
12% em -30ºC
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.36 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 12% em –30ºC. R2= 0,99040.
67
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
Pico 1Deformadas em -30ºC de:
3% 6% 9% 12%
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.37 – Deconvolução do primeiro pico do espectro de atrito interno das amostras
deformadas de 3, 6, 9 e 12% em –30ºC.
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
Picos 2 e 3Deformadas em -30º de:
3% 6% 9% 12%
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.38 – Deconvolução do segundo e terceiro picos do espectro de atrito interno das
amostras deformadas de 3, 6, 9 e 12% em –10ºC.
68
Tabela V.7 – Alturas calculadas dos picos das amostras deformadas em –30ºC.
Deformação Primeiro pico Segundo pico Terceiro pico
3 1,79 0,66 0,13
6 1,78 1,63 0,41
9 0,95 1,70 0,77
12 1,02 2,29 1,26
Tabela V.8 – Áreas calculadas dos picos das amostras deformadas em –30ºC.
Deformação Primeiro pico Segundo pico Terceiro pico
3 140 61 17
6 155 180 63
9 71 226 76
12 75 339 146
Os espectros deconvoluídos das amostras deformadas de 3, 6, 9 e 12% na temperatura de 20ºC
podem ser vistos nas figuras 5.39 a 5.42. As deconvoluções do primeiro e do segundo e
terceiro picos de atrito interno destas amostras são apresentados nas figuras 5.43 e 5.44. As
alturas e as áreas dos picos estão expressas nas tabelas V.9 e V.10.
69
0 50 100 150 200 250 300 350 400 4500.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
3% em 20ºCQ
-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.39 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 3% em 20ºC. R2= 0,99501.
0 50 100 150 200 250 300 350 400 4500.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
6% em 20ºC
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.40 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 6% em 20ºC. R2= 0,998.
70
0 50 100 150 200 250 300 350 400 4500.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
9% em 20ºC
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.41 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 9% em 20ºC. R2= 0,99071.
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
12% em 20ºC
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.42 – Espectro deconvoluído da amostra deformada de 12% em 20ºC. R2= 0,99466.
71
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
Pico 1Deformadas em 20ºC de:
3% 6% 9% 12%
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.43 – Deconvolução do primeiro pico do espectro de atrito interno das amostras
deformadas de 3, 6, 9 e 12% em 20ºC.
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-0.5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
Picos 2 e 3Deformadas em 20ºC de:
3% 6% 9% 12%
Q-1.1
03
T (ºC)
Figura 5.44 – Deconvolução do segundo e terceiro picos do espectro de atrito interno das
amostras deformadas de 3, 6, 9 e 12% em –10ºC.
72
Tabela V.9 – Alturas calculadas dos picos das amostras deformadas em 20ºC.
Deformação Primeiro pico Segundo pico Terceiro pico
3 0,48 0 0,16
6 0,58 0,34 0,36
9 0,80 0,83 0,71
12 0,83 0,94 0,69
Tabela V.10 – Áreas calculadas dos picos das amostras deformadas em 20ºC.
Deformação Primeiro pico Segundo pico Terceiro pico
3 55 0 21
6 54 32 55
9 76 85 162
12 25 109 32
O primeiro pico deconvoluído nas amostras deformadas foi relacionado à reversão da
martensita ε. O segundo pico de atrito interno deconvoluído cresce de baixas para altas
deformações, indicando estar relacionado com o aumento da quantidade de martensita α’.
Nas amostras deformadas de 9% em –50ºC e 12% em –30ºC ocorreu um comportamento
diferente. Na primeira amostra, a altura e a área do segundo pico foram menores do que das
amostras deformadas nas outras temperaturas estudadas, o que está em desacordo com os
dados do ferritoscópio (tabela V.1), e ao ensaio dilatométrico realizado para amostras
deformadas de 9% em diferentes temperaturas (figura 5.45). Na segunda amostra, a área do
segundo pico deconvoluído foi muito maior do que se esperava pela curva dilatométrica,
apresentada na figura 5.46, e dados de ferritoscópio (tabela V.1). Com base nos dados obtidos
neste trabalho não foi possível esclarecer o comportamento destas amostras.
O terceiro pico de deconvolução das curvas de atrito interno não é bem entendido, mas
observa-se que ele é mais pronunciado em amostras mais deformadas e que esta relação é
73
válida para as amostras deformadas em todas as temperaturas estudadas. Baraz et al[52]
encontraram, em seus estudos de atrito interno em aços inoxidáveis austeníticos, um pico em
torno de 330ºC, o qual foi relacionado à austenita deformada.
Para amostras deformadas em –50ºC nota-se que a área do primeiro pico é maior para
amostras com deformações menores, assim como a altura (figura 5.25 e tabela V.3). O
primeiro pico deconvoluído atinge seu máximo em 3% de deformação e está relacionado com
a reversão da martensita ε, constatada por dilatometria (figura 5.5). O segundo pico de atrito
interno, ao contrário, cresce de baixas para altas deformações, mostrando está relacionado
com o aumento da quantidade de martensita α’, como se pode verificar nas tabelas V.3 e V.4,
Estes resultados estão de acordo com as medidas de ferritoscópio (tabela V.1). O
comportamento da amostra deformada de 9% em –50 ºC desviou da tendência observada em
outras amostras deformadas, conforme acima relacionado.
Em amostras deformadas em –10ºC, observa-se que o primeiro pico tem uma maior área
(tabela V.6) e seu máximo de altura em 6% de deformação (tabela V.5 e figura 5.31).
Segundo Magonon et al[26] e Padilha et al[7], a formação de ε atinge um máximo em torno de
5% de deformação após decresce em detrimento do acréscimo da martensita α’. Observa-se,
portanto, que o máximo de formação de ε depende da temperatura de deformação. Tanto a
área quanto a altura do segundo pico deconvoluído crescem com o aumento da deformação, o
que também é verficado pelos resultados dos ensaios de dilatometria (figura 5.7). Convém
notar que a área e a altura do terceiro pico deconvoluído variam pouco para pequenas
deformações. No entanto, em deformações maiores ele se torna mais pronunciado com o
aumento da deformação. Este comportamento também foi observado nas amostras
deformadas em –50ºC (figura 5.26).
Em amostras deformadas em –30ºC (figura 5.38) observa-se que o primeiro pico tem seu
máximo na faixa de deformação 3–6%. No entanto, a amostra deformada de 6% possui maior
área. Por outro lado, o segundo pico cresce continuamente com a deformação em altura e em
área. Nota-se um pronunciado crescimento do terceiro pico na amostra deformada nessa
temperatura.
Para amostras deformadas em 20ºC (figuras 5.43 e 5.44) nota-se um aumento na altura dos
picos com a deformação, mas não é tão evidente se o pico se desloca com a deformação. É
fato que estas deformações em tal temperatura não são suscetíveis à formação de
74
martensitas[67]. O primeiro pico deconvoluído cresce até 9% de deformação, e há o aumento
do segundo pico durante a deformação.
0 200 400 600 800 1000-2.0x10-5
-1.0x10-5
0.0
1.0x10-5
2.0x10-5
Deformadas de 9% em: 20ºC -10ºC -30ºC -50ºC
d(ΔL
/L0)/
dT
T (ºC)
Figura 5.45 – Amostras deformadas de 9% nas temperaturas de 20, –10, –30 e –50 ºC.
0 200 400 600 800 1000-3.0x10-5
-2.0x10-5
-1.0x10-5
0.0
1.0x10-5
2.0x10-5
3.0x10-5
Deformadas de 12% em: 20ºC -10ºC -30ºC -50ºC
d(ΔL
/L0)/
dT
T (ºC)
Figura 5.46 – Amostras deformadas de 12% nas temperaturas de 20, –10, –30 e –50 ºC.
75
6. Conclusões
• O espectro de atrito interno do aço inoxidável austenítico do tipo ABNT 304 contendo
martensitas ε e α’ induzidas por deformação pode ser interpretado considerando-se a
ocorrência de fenômenos distintos, que se sobrepõem em faixas de temperaturas.
• O espectro de atrito interno em temperaturas no intervalo 40-300ºC desloca-se para
temperaturas mais altas à medida que a quantidade de martensita α’ aumenta.
• O espectro total pode ser decomposto em três curvas gaussianas, gerando três
diferentes picos.
• O primeiro pico, situado em torno de 130ºC, está relacionado com a transformação
reversa ε→γ. Esta transformação foi avaliada por ensaios de dilatometria, que
mostraram a reversão da martensita ε ocorrendo na faixa de temperaturas de 50 a
200ºC, a mesma faixa relacionada ao primeiro pico de atrito interno.
• Nas deconvoluções dos espectros de atrito interno, o segundo pico seguiu a tendência
de ser tão maior quanto maior a quantidade de α’. Este pico, situado em torno de
170ºC, foi relacionado, portanto, à presença da martensita α’.
• O terceiro pico de atrito interno aumenta com a deformação aplicada. O efeito é mais
forte para deformações superiores a 9 e 12% de deformação verdadeira. Esse pico
pode estar relacionado com a quantidade de deformação na austenita.
• Ensaios de dilatometria permitiram verificar, nas amostras deformadas, o tipo, a
quantidade relativa de fases martensíticas, ε e α’, e a faixa de temperaturas de
ocorrências das transformações reversas.
• A dilatometria mostrou duas transformações nas faixas de temperaturas de 50 a 200ºC
e de 500 a 700ºC relacionadas, respectivamente, às transformações ε→γ e α’→γ.
• Ensaios de dilatometria para diferentes taxas de aquecimento mostraram que o
mecanismo que predomina durante a reversão de ε é adifusional e que a transformação
reversa de α’ é predominantemente difusional.
76
• No aço 304, o principal mecanismo de formação de martensita α’, nas faixas de
temperaturas e deformações estudadas, é através da transformação γ→ε→α’.
• O máximo de fração volumétrica de ε formada nos ensaios de tração depende da
temperatura de deformação. Esse máximo ocorreu em 12% de deformação verdadeira
em amostras deformadas à temperatura ambiente, em 6% em amostras deformadas em
–10ºC e em –30ºC e em 3% em amostras deformadas em –50ºC.
• As análises microestruturais mostram que as ripas de martensita α’ nucleiam
preferencialmente nas intersecções das placas de ε de diferentes orientações
cristalográficas. Em baixas deformações, 3 e 6%, as ripas estão finamente distribuídas
na amostra. Em deformações maiores, 9 e 12%, as ripas se agrupam ao longo de uma
direção cristalográfica formando placas e até mesmo pacotes de martensita.
• A ocorrência de martensita α’ no interior de placas de ε também foi observada.
• É possível que haja, ainda, transformação de γ→α’.
• Medidas utilizando o ferritoscópio indicaram que, para uma mesma deformação, a
quantidade de martensita α’ é maior em temperaturas mais baixas e que numa mesma
temperatura, a quantidade de α’ aumenta com a deformação.
77
7. Relevância dos Resultados
Os resultados encontrados neste trabalho possibilitaram melhorar o entendimento de
mecanismos envolvidos na reversão das martensitas presentes em amostras de aço inoxidável
austenítico ABNT 304 deformadas por tração.
• Foi possível identificar o mecanismo que causa o pico que ocorre na temperatura em
torno de 100oC no espectro do atrito interno. Trata-se da reversão da martensita ε, isto
é, a transformação ε→γ.
• A técnica de dilatometria mostrou a presença de martensita ε em amostras tracionadas
em temperatura de –50 a 20ºC.
• Constatou-se que a formação de martensita α’ em amostras submetidas a ensaios de
tração nesta temperatura ocorre preferencialmente através do mecanismo γ→ε→α’,
embora exista outro mecanismo de formação, γ→α’.
• As análises microestruturais mostraram ainda, que a martensita α’ se forma como
ripas nas placas de martensita ε, preferencialmente nas interseções de placas com
diferentes orientações cristalográficas.
• Através dos ensaios dilatoméricos verificou-se o caráter adifusional da transformação
ε→γ, o que possibilita uma avaliação do comportamento de atrito interno desta
transformação independente da taxa de aquecimento.
78
8. Sugestões para Trabalhos Futuros
• Estudo de atrito interno com aços inoxidáveis auteníticos com diferentes composições
químicas relacionando os picos com as diferenças microestruturais. Pequenas
alterações na composição química destes aços, como, por exemplo, a substituição de
parte de níquel por cobre, levam a alterações consideráveis no comportamento
mecânico destes materiais. Materiais com a mesma fração volumétrica de martensita
α’ podem apresentar comportamentos mecânicos distintos, dependendo da morfologia
desta fase, ou seja, em forma de ripas ou maciça.
• Ensaios de atrito interno em temperaturas abaixo da ambiente. Investigar a presença de
picos nesse faixa de temperaturas.
• Ensaios de atrito interno em temperaturas acima da faixa utilizada nessa dissertação.
Acima desta faixa, interessantes efeitos como o aumento do magnetismo e a reversão
da martensita α’ ocorrem. A técnica de atrito interno pode contribuir para esclarecer
estes fenômenos ainda não totalmente entendidos.
• Estudo detalhado do terceiro pico atribuído à deformação da austenita. Sugere-se
análise de amostras deformadas em altas temperaturas, nas quais não há formação de
martensitas, utilizando a técnica de atrito interno.
• Elaborar um estudo da cinética da transformação α’→γ para o aço submetido a
diferentes taxas de aquecimento em um dilatômetro.
• Realizar análises metalográficas através de técnicas de alta resolução, tais como,
microscopia de forca atômica, forca magnética e microscopia eletrônica de
transmissão.
79
9. Publicações
Trabalhos completos publicados em anais de congresso
SANTOS, T.F.A.; ANDRADE, M.S.; PINTO, T.B.; e SILVA, F.H.A. Atrito Interno em Aços
Inoxidáveis Austeníticos contendo Martensita induzida por deformação. In: IV Congresso
Nacional de Engenharia Mecânica, 2006, Recife. Anais do IV CONEM. Rio de Janeiro:
ABCM – Associação Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânicas, 2006, p.38.
Resumos expandidos publicados em anais de congresso
SANTOS, T.F.A.; VILELA, J.M.C.; ANDRADE, M.S. and COTA, A.B. Application of
Atomic Force Microscopy in the Microstructural Identification of Phases and Constituents in
Low Carbon Microalloyed Steel. In: 5th Brazilian Materials Research Society Meeting, 2006,
Florianópolis. 5th Brazilian MRS Meeting 2006.
Resumos publicados em anais de congresso
SANTOS, T.F.A.; ANDRADE, M.S. and CASTRO, A.L.R. On Reverse Strain Induced
Martensite Transformations in AISI 304 Stainless Steel During Heating. In: 5th Brazilian
Materials Research Society Meeting, 2006, Florianópolis. 5th Brazilian MRS Meeting 2006.
80
ANEXO – Análise do atrito interno após deconvolução dos espectros
Neste anexo são mostradas diferentes representações dos dados de atrito interno obtidos no
trabalho, relacionando alturas e áreas dos picos de atrito interno deconvoluídos com as
temperaturas e quantidade de deformação e fração volumétrica de α’.
81
-60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 300
50
100
150
200
250
300
350
3% de deformação 1º pico 2º pico 3º pico
Área
do
pico
dec
onvo
luíd
o
Temperatura de deformação (ºC)
Figura A.1 – Área dos picos deconvoluídos em função da temperatura de deformação para
amostra deformada de 3%.
-60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 300
50
100
150
200
250
300
350
6% de deformação 1º pico 2º pico 3º pico
Área
do
pico
dec
onvo
luíd
o
Temperatura de deformação (ºC)
Figura A.2 – Área dos picos deconvoluídos em função da temperatura de deformação para
amostra deformada de 6%.
82
-60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 300
50
100
150
200
250
300
350
9% de deformação 1º pico 2º pico 3º pico
Área
do
pico
dec
onvo
luíd
o
Temperatura de deformação (ºC)
Figura A.3 – Área dos picos deconvoluídos em função da temperatura de deformação para
amostra deformada de 9%.
-60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 300
50
100
150
200
250
300
350
12% de deformação 1º pico 2º pico 3º pico
Área
do
pico
dec
onvo
luíd
o
Temperatura de deformação (ºC)
Figura A.4 – Área dos picos deconvoluídos em função da temperatura de deformação para
amostra deformada de 12%.
83
3 6 9 120.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
Deformadas em -50ºC 1º pico 2º pico 3º pico
Q-1
máx
.103
Deformação (%)
Figura A.5 – Altura dos picos deconvoluídos em função da deformação em -50ºC.
3 6 9 120.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
Deformadas em -30ºC 1º pico 2º pico 3º pico
Q-1
máx
.103
deformação (%)
Figura A.6 – Altura dos picos deconvoluídos em função da deformação em -30ºC.
84
3 6 9 120.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
Deformadas em -10ºC 1º pico 2º pico 3º pico
Q-1
máx
.103
Deformação (%)
Figura A.7 – Altura dos picos deconvoluídos em função da deformação em -10ºC.
3 6 9 120.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
Deformadas em 20ºC 1º pico 2º pico 3º pico
Q-1
máx
.103
Deformação (%)
Figura A.8 – Altura dos picos deconvoluídos em função da deformação em 20ºC.
85
3 6 9 12
50
100
150
200
250
300
Deformadas em -50ºC 1º pico 2º pico 3º pico
Área
do
pico
dec
onvo
luíd
o
Deformação (%)
Figura A.9 – Área dos picos deconvoluídos em função da deformação em -50ºC.
3 6 9 120
50
100
150
200
250
300
350
Deformadas em -30ºC 1º pico 2º pico 3º pico
Área
do
pico
dec
onvo
luíd
o
Deformação (%)
Figura A.10 – Área dos picos deconvoluídos em função da deformação em -30ºC.
86
3 6 9 120
50
100
150
200
250
300
350
Deformadas em -10ºC 1º pico 2º pico 3º pico
Área
do
pico
dec
onvo
luíd
o
Deformação (%)
Figura A.11 – Área dos picos deconvoluídos em função da deformação em -10ºC.
3 6 9 120
50
100
150
200
250
300
350
Deformadas em 20ºC 1º pico 2º pico 3º pico
Área
do
pico
dec
onvo
luíd
o
Deformação (%)
Figura A.12 – Área dos picos deconvoluídos em função da deformação em 20ºC.
87
0 5 10 15 20 25 30 35 400.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
Amostra deformada em -50ºC 1º pico 2º pico 3º pico
Q-1
máx
.103
Fração volumétrica de α' (%)
Figura A.13 – Altura dos picos deconvoluídos em função da fração volumétrica de α’ para
amostras deformadas em -50ºC.
0 5 10 15 20 25 30 35 400.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0Deformadas em -30ºC
1º pico 2º pico 3º pico
Q-1
máx
.10-3
Fração volumétrica de α' (%)
Figura A.14 – Altura dos picos deconvoluídos em função da fração volumétrica de α’ para
amostras deformadas em -30ºC.
88
0 5 10 15 20 25 30 35 400.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
Deformadas em -10ºC 1º pico 2º pico 3º pico
Q-1
máx
.103
Fração volumétrica de α' (%)
Figura A.15 – Altura dos picos deconvoluídos em função da fração volumétrica de α’ para
amostras deformadas em -10ºC.
0 1 2 3 4 5
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
Deformadas em 20ºC 1º pico 2º pico 3º pico
Q-1
máx
.103
Fração volumétrica de α' (%)
Figura A.16. Altura dos picos deconvoluídos em função da fração volumétrica de α’ para
amostras deformadas em 20ºC.
89
0 5 10 15 20 25 30 35 400.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
Q-1
máx
.103
Fração volumétrica de α' (%)
Altura do 1º pico deconvoluído de atrito interno em: -50ºC -30ºC -10ºC 20ºC
Figura A.17 – Altura do primeiro pico deconvoluídos em função da fração volumétrica de α’
diferentes temperaturas.
0 5 10 15 20 25 30 35 40
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
Q-1
máx
.103
Fração volumétrica de α' (%)
Altura do 2º pico deconvoluído de atrito interno em: -50ºC -30ºC -10ºC 20ºC
Figura A.18 – Altura dos segundos picos deconvoluídos em função da fração volumétrica de
α’ diferentes temperaturas.
90
0 5 10 15 20 25 30 35 400.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
Altura do 3º pico deconvoluído de atrito interno em: -50ºC -30ºC -10ºC 20ºC
Q-1
máx
.103
Fração volumétrica de α' (%)
Figura A.19 – Altura dos terceiros picos deconvoluídos em função da fração volumétrica de
α’ diferentes temperaturas.
1 2 30
50
100
150
200
250
300
350
400
Tem
pera
tura
do
pico
(ºC
)
Picos deconvoluídos
Figura A.20 – Faixa de temperaturas de ocorrência dos três picos deconvoluídos. No primeiro
pico essa faixa variou menos e para o terceiro pico houve uma variação bem expressiva.
91
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