etapa ii – caderno iii ciências da natureza. tiago ungericht rocha ufpr/seed [email protected]...

68
Etapa II – Caderno III Ciências da Natureza

Upload: yasmin-paranhos-salvado

Post on 07-Apr-2016

260 views

Category:

Documents


8 download

TRANSCRIPT

Etapa II – Caderno IIICiências da Natureza

Tiago Ungericht RochaTiago Ungericht Rocha

UFPR/SEEDUFPR/SEED

[email protected]

[email protected]

FONTE: SEED/PR (2014). Disponível em http://multimeios.seed.pr.gov.br/resourcespace-seed/pages/view.php?ref=23134&search=tirinhas&order_by=relevance&sort=DESC&offset=0&archive=0&k= Acesso em: 06/04/2015.

Algumas questões para Algumas questões para começarcomeçar

Por que ensinamos determinados saberes?

Para quem ensinamos?Como ensinamos?

Visões deformadas?

LDB e DCNEM

EDUCAÇÃO BÁSICA

Manter a curiosidade e o desejo de compreender o mundo é a busca maior de nossos estudos em Ciências da Natureza.

ADOLESCÊNCIA FASE ADULTAINFÂNCIA

ENSINO MÉDIOENSINO FUNDAMENTAL

CIÊNCIAS

BIOLOGIA

FÍSICA

QUÍMICA

Ensino chato, burocrático, “decoreba”.

IntroduçãoIntrodução• O contexto escolar: sujeitos de ontem

e de hoje;• Perfil dos estudantes do Ensino Médio;• Finalidades para o Ensino Médio

(LDB): • Compreensão dos fundamentos científico-

tecnológicos dos processos produtivos;• Aprimoramento do educando como pessoa

humana;• Sugestão: contextualização (articulação

dos conceitos com a realidade social).

Estrutura do cadernoEstrutura do caderno• Unidade 1: Caracterização da área de CN

e como esta contribui para a formação humana integral do estudante do Ensino Médio;

• Unidade 2: Relação entre os conhecimentos da área e o sujeito do Ensino Médio, na perspectiva dos direitos à aprendizagem e ao desenvolvimento;

• Unidade 3: Reflexões sobre as interações entre trabalho, ciência, tecnologia e cultura na área de CN;

• Unidade 4: Possibilidade de abordagens pedagógico-curriculares na área.

Unidade 1Unidade 1 - - Contextualização e Contextualização e

contribuições da área contribuições da área Ciências da Natureza para Ciências da Natureza para a formação do estudante a formação do estudante

do Ensino Médiodo Ensino Médio

Considerações iniciaisConsiderações iniciais

• DCNEM: Inserção no mundo formal dos conhecimentos;

• O ensino dos conteúdos e a lógica conteudista;

• Fragmentação traz prejuízos para a compreensão de princípios e leis gerais, fundamentais para os três componentes;

• É possível questionar o ensino “tradicional” de Biologia, Física e Química?

CIÊNCIAS DA NATUREZA

MUNDO NATURAL

MATÉRIA

QUÍMICA BIOLOGIAFÍSICA

TRANSFORMAÇÃO VIDA

PRINCÍPIOS:i.São constituídas por atividades sociais e culturais produzidas no diálogo com outros conhecimentos;ii.A escolha das temáticas não necessariamente está relacionada com uma simples curiosidade sobre o funcionamento do mundo, mas envolve também pressões sociais, políticas e econômicas.

ÁREA DE CONHECIMENTO - DCNEM

Tales de Mileto

ANTIGUIDADE GRECO-ROMANA

UM BREVE RETROSPECTODAS CIÊNCIAS DA NATUREZA NO OCIDENTE

IDADE MÉDIA IDADE MODERNA E RENASCIMENTO

Demócrito Ptolomeu Roger Bacon Copérnico Galileu Newton

Início da Filosofia Ciência Antiga Ciência Medieval Revolução Científica - Determinismo

Arché (ἀρχή):

água

Arché (ἀρχή): átomo

Taxionomia, Cosmologia,Movimentos(Por que um corpo cai?)

Alquimia,Óptica,

advento do método

científico moderno

Sistema Heliocêntrico (Sol como

centro)

Sistema Geocêntrico (Terra como

centro)

Aristóteles

Óptica, Termologia, Movimentos

(Como um corpo cai?),

método moderno

Leis dos movimentos,

Óptica.

TOTALIDADE ESPECIALIZAÇÃO

Surgimento da Física ClássicaRuptura ao mito Sistemas explicativos Fé x Razão

Lavoisier

IDADE CONTEMPORÂNEA

UM BREVE RETROSPECTO DAS CIÊNCIAS DA NATUREZA NO OCIDENTE

Iluminismo Positivismo O século XX – Implicações CTSA

ESPECIALIZAÇÃO

Biologia Molecular

Surgimento da Química Moderna

Surgimento da Biologia Moderna

Ruptura com a Física Clássica Física Quântica

Dalton Mendel Darwin M. Curie Einstein Bohr Schrödinger

Watson e Crick

INTEGRAÇÃO

Disponível em http://www.observatoriodoensinomedio.ufpr.br/wp-content/uploads/2014/04/o-curriculo-do-ensino-mc3a9dio-caderno-iii-pacto.ppt= Acesso em: 20/04/2015.

Um exemplo...Um exemplo...

ENSINO “TRADICIONAL” ENSINO - DCNEM

BIOLOGIA FÍSICA QUÍMICA

Citologia;Reinos;Genética;Evolução;Ecologia; ...

MecânicaTermologia;Óptica;Ondulatória;Eletromag-netismo...

Modelos;Tabela Periódica;Funções;Físico-Química;Química Orgânica...

Rol de conteúdos que não dialogam entre si com pouca ou nenhuma significação para o estudante.

Estudante visto como “tábula rasa”. Vestibular.

Disciplinar

BIOLOGIA FÍSICA QUÍMICA

Alfabetização científica na qual ocorre a compreensão de princípios e leis gerais. O conhecimento adquire

dimensão estética. Formação integral.

Área CN

- Conteúdos desenvolvidos a partir de questões sociocientíficas.

- Dimensão conceitual associada à dimensão investigativa em diálogo com outras formas de conhecimento.

POR QUE ABORDAR?

QUESTIONANDO A “TRADIÇÃO”EXEMPLOS EM CIÊNCIAS DA NATUREZA

SE...

Abordo apenas o fenômeno sem levar em consideração suas causas?Física

Modelos atômicos Química

Não é possível desenvolver num primeiro momento a teoria que

justifica/refuta os diversos modelos construídos.

BiologiaSe a ênfase dada for fragmentada e

descontextualizada, enfocando e priorizando a memorização de nomes e

características.

Movimentos

Zoologia

I M P O R T A N T E : A crítica deve ser compreendida não apenas em relação ao conteúdo, mas como este se encontra inserido e estruturado nos documentos

(inclusive no plano de trabalho docente).

QUESTIONANDO A “TRADIÇÃO” - QUÍMICA

Extraído de: http://www.norterecicla.com.br/residuos.htm. Acesso em: 20/04/2015.

Extraído de: http://www.tocadacotia.com/cotidiano/por-que-nao-jogar-oleo-de-cozinha-no-ralo-da-pia. Acesso em: 20/04/2015.

QUESTIONANDO A “TRADIÇÃO” - FÍSICA

Extraído de: http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/index.aspx? ID_OBJETO=108037&tipo=ob&cp=996633&cb=&n1=&n2=M%C3%B3dulos%20Did%C3%A1ticos&n3=Ensino%20Fundamental&n4=Ci%C3%AAncias&b=s. Acesso em: 20/04/2015.

Extraído de: Http://pedroepiter.xpg.uol.com.br/a_%20lenda_da_garrafa_pet_no_medidor_de_energia.html. Acesso em: 20/04/2015.

QUESTIONANDO A “TRADIÇÃO” - BIOLOGIA

Extraído de: http://www.mogidascruzes.sp.gov.br/comunicacao/noticia.php?id=6618. Acesso em: 20/04/2015.

Extraído de: http://www.gulosoesaudavel.com.br/2012/08/02/entenda-sobre-alimentos-transgenicos/. Acesso em: 20/04/2015.

PORTANTO, SE FAZ NECESSÁRIO REPENSAR...

Conteúdo fragmentado

SUPERAÇÃO

Questões sociocientíficas

Ditadura do livro didático, currículo importado.

Abrangem controvérsias sobre assuntos sociais que estão relacionados com os conhecimentos científicos (abordadas pelos meios de

comunicação)

INTEGRAÇÃO DOS COMPONENTES

ISOLAMENTO – AUSÊNCIA DE SIGNIFICAÇÃO

Educação alimentar e nutricional (Lei 11.947/2009)Estatuto do idoso (Lei 10.741/2003)Educação Ambiental (Lei 9.795/99)

Educação para o trânsito (Lei 9503/97)Educação em direitos humanos (Lei 7.037/2009)

CIÊNCIAS DA NATUREZA

BIOLOGIA FÍSICA QUÍMICA

LINGUAGENS

MATEMÁTICA

CIÊNCIAS HUMANAS

PERSPECTIVA INTEGRADORA

ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA

Alfabetização CientíficaAlfabetização Científica

• Educar em ciências e sobre ciências;• Dimensão conceitual associada à

dimensão investigativa;• Acesso aos valores, linguagens,

símbolos, etc.• Necessário vivenciar situações

argumentativas;• Ensino investigativo: Cuidar para

não confundir com a presença de prática experimental!!!

PONTOS A CONSIDERAR

Em excesso, pode reforçar a ideia de transmissão de conhecimentos

como verdades imutáveis.AULA EXPOSITIVA

SUPERAÇÃO DE CONCEPÇÕES

PRÉVIAS

Pesquisas indicam que é muito difícil para os estudantes

abandonarem suas concepções prévias e substituírem pelo

conhecimento científico.

CONCEPÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO PROFESSOR

É evidenciada nos encaminhamentos metodológicos

adotados.

LEIS DAS ÓRBITAS

GRAVITAÇÃO UNIVERSALGEOCENTRISMO HELIOCENTRISMO

PROCESSO NÃO LINEAR

Ptolomeu Copérnico Galileu Kepler Newton

Um ponto fundamental...Um ponto fundamental...““Aprender Ciências da Natureza na escola Aprender Ciências da Natureza na escola não é o mesmo que aprender a falar não é o mesmo que aprender a falar ciência, a se comportar como um cientista ciência, a se comportar como um cientista ou fazer ciência, mas ou fazer ciência, mas é compartilhar e é compartilhar e negociar o mundo conceitual e negociar o mundo conceitual e linguístico no qual os cientistas linguístico no qual os cientistas atuam, de modo a poder dialogar atuam, de modo a poder dialogar com eles e a se posicionar perante com eles e a se posicionar perante eleseles” (p. 13).” (p. 13).

Unidade 2Unidade 2 – Os sujeitos – Os sujeitos estudantes do Ensino estudantes do Ensino Médio e os direitos à Médio e os direitos à aprendizagem e ao aprendizagem e ao

desenvolvimento humano desenvolvimento humano na área de Ciências da na área de Ciências da

NaturezaNatureza

Os sujeitos do Ensino Os sujeitos do Ensino MédioMédio

• Avaliações externasAvaliações externas: modelo vigente : modelo vigente não é apropriado;não é apropriado;

• Conhecer os Conhecer os interessesinteresses e as e as necessidadesnecessidades dos jovens estudantes dos jovens estudantes torna-se torna-se fundamentalfundamental para a para a organização de um trabalho pedagógico organização de um trabalho pedagógico que vai ao encontro da perspectiva das que vai ao encontro da perspectiva das DCNEM;DCNEM;

• Estudante como sujeito centralEstudante como sujeito central: : necessária reinvenção da escola.necessária reinvenção da escola.

A manipulação de símbolos por si só garante o

aprendizado dos conceitos físicos

e de suas relações?

UM CADERNO CONTA MUITA COISA...

EXEMPLIFICANDOCarvalho e Gil-Pérez (2000)

Um objeto move-se ao longo de sua trajetória conforme a equação:e = 25 + 40t – 5t2 (e em metros, se t em segundos). Que distância terá percorrido após:a)5 segundos?b)6 segundos?

Possíveis soluções

Instante

5 s

6 s

Simples substituição

100 m

85 m

Distância e

75 m

60 m

Resposta correta

85 m (80 m para frente e 5 m para trás)

100 m (80 m para frente e 20 m para trás

Algo vai mal: o objeto não pode ter percorrido em mais tempo, menor distância!!!

A que cabe atribuir certos resultados errôneos A que cabe atribuir certos resultados errôneos tão generalizados em um problema, como o tão generalizados em um problema, como o exemplo anterior?exemplo anterior?A falta de reflexão qualitativa prévia;Um tratamento superficial que não se detém no esclarecimento dos conceitos.

Refletindo...Refletindo...

“Nenhum cientista pensa com fórmulas. Antes que o cientista comece a calcular, deve ter em seu cérebro o desenvolvimento de seus raciocínios. Estes últimos, na maioria dos casos, podem ser

expostos com palavras simples. Os cálculos e as fórmulas constituem o passo seguinte” (EINSTEIN).

Alguns pontos a destacarAlguns pontos a destacar• Necessidade de superar o paradigma Necessidade de superar o paradigma

tradicional:tradicional:• Professor como centro;• Listas de memorização;• Conteúdos desprovidos de sentido..

• Extinção das disciplinas? Extinção das disciplinas? Não! Não! (p. 18);(p. 18);• Há uma necessidade urgente de Há uma necessidade urgente de

trabalharmos de maneira trabalharmos de maneira integradaintegrada, , atribuindo significado aos conhecimentos atribuindo significado aos conhecimentos científicos escolares.científicos escolares.

““O currículo do Ensino Médio deve ser O currículo do Ensino Médio deve ser organizado de tal forma que se garanta organizado de tal forma que se garanta a educação tecnológica básica, a a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, compreensão do significado da ciência, das letras, das artes, do processo das letras, das artes, do processo histórico de transformação da sociedade histórico de transformação da sociedade e da cultura, bem como o domínio da e da cultura, bem como o domínio da Língua Portuguesa como instrumento de Língua Portuguesa como instrumento de comunicação, acesso aos comunicação, acesso aos conhecimentos e exercício da conhecimentos e exercício da cidadania.” (p.18)cidadania.” (p.18)

OUTRO PONTO FUNDAMENTAL ...

FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL

TRABALHO

CURRÍCULO E O RECONHECIMENTO DOS SUJEITOS

CIÊNCIA

TECNOLOGIA

CULTURA

Relações de interdependência

entre as dimensões.

Trabalho como princípio educativo;Pesquisa como princípio pedagógico;

Direitos Humanos como princípio norteador;Sustentabilidade socioambiental como meta universal.

CONTEÚDOS “ENCHARCADOS NA REALIDADE”

ESCOLA: INSTÂNCIA SOCIALIZADORA

O CURRÍCULO E A ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA

INTERDISCIPLINARIDADECONTEXTUALIZAÇÃO

QUESTÕES SOCIOCIENTÍFICAS

“A justificativa das escolhas pedagógicas não pode se dar em função de uma lógica tradicional que preza pela transmissão de conteúdos desconexos e fragmentados. Até porque conceitos e definições podem ser facilmente

acessados pelos estudantes via pesquisa na web a partir de seus telefones. Logo, defender que a escola é o único meio de o estudante acessar

informação não se justifica mais na atual conjuntura tecnológica” (p. 20).

Unidade 3Unidade 3 – Trabalho, – Trabalho, Cultura, Ciência e Cultura, Ciência e

Tecnologia na área de Tecnologia na área de Ciências da NaturezaCiências da Natureza

Em geral, o ensino de Ciências da Em geral, o ensino de Ciências da Natureza...Natureza...

• Apresenta pouca referência ao contexto do estudante;

• Não se articula com as demais áreas;• Ensino dogmático: perpetua-se a ideia

de que cientistas produzem verdades absolutas, sem interesses sociais e econômicos;

• Livro didático: definidor de currículos.

Visão distorcida da ciência

SETE VISÕES DISTORCIDAS DA CIÊNCIA QUE DEVEM SER SUPERADAS NO ENSINO

(Gil-Pérez et al., 2001)

Empírico-indutivista e

ateórica

A observação e a experimentação são compreendidas como atividades neutras, uma vez que não são guiadas por ideias apriorísticas (as hipóteses são deixadas de lado).

Rígida (algorítmica)

O método científico é visto como um conjunto de etapas a seguir mecanicamente, refletindo assim uma visão exata e infalível da prática científica.

Aproblemática e Ahistórica

Caracterizada pela transmissão dos conhecimentos já elaborados, sem a apresentação dos problemas que lhe deram origem, de qual foi o caminho trilhado, não possibilitando a identificação das limitações do conhecimento científico atual nem as perspectivas que se desdobram (visão dogmática e fechada).

Exclusivamente analítica

Preza por uma visão exclusivamente parcelar dos estudos científicos, refletindo o seu caráter limitado e simplificador, em detrimento do tratamento de problemas presentes em diferentes campos do conhecimento.

SETE VISÕES DISTORCIDAS DA CIÊNCIA QUE DEVEM SER SUPERADAS NO ENSINO

(Gil-Pérez et al., 2001)

AcumulativaPropaga-se a visão de que existe um crescimento acumulativo linear em relação aos conhecimentos científicos, ignorando as crises e remodelações ocorridas ao longo de sua história.

Individualista e elitista

Propaga-se a visão de que a atividade científica é um domínio reservado apenas a minorias especialmente dotadas, reforçando a ideia de discriminação em função de natureza social e sexual.

Socialmente neutraPropaga-se a visão na qual a atividade científica é vista como descontextualizada, ignorando as relações entre ciência, tecnologia e sociedade.

Pressupostos teóricos da áreaPressupostos teóricos da área

FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL

TRABALHO

Necessidade de se articular estas quatro

dimensões no currículo.

CIÊNCIA

TECNOLOGIA

CULTURA

MOVIMENTO CTS

Possibilidade concreta para os componentes

curriculares de Ciências da Natureza.

O movimento CTSO movimento CTS• Segunda metade do século XX: discussões

sobre a crise do ensino de Ciências;• Crise do ensino de Ciências não foi/é um

problema local, regional ou nacional, mas internacional;

• Os questionamentos que impulsionaram as mudanças na pesquisa em ensino não aconteceram inicialmente no âmbito educacional, mas no contexto da sociedade como um todo;

• Década de 1960: ambientalistas e ativistas sociais suscitaram reflexões sobre contaminações, desastres naturais, etc.

O movimento CTSO movimento CTS

• Movimento CTS/CTSA: questiona a concepção clássica das relações entre ciência e tecnologia, em que se acreditava que o avanço nesses dois campos traria mais riquezas e, consequentemente, maior bem-estar social;

• É uma concepção de ensino! Não corresponde a um método;

• Os conteúdos são estudados em conjunto com questões sociais ou socioambientais, abordando, além desses conteúdos, os aspectos históricos, políticos, econômicos e éticos;

• Isso significa ensinar os conteúdos de maneira que a ciência esteja embutida no ambiente social e tecnológico do estudante.

CIÊNCIA

TECNOLOGIA

SOCIEDADE

AMBIENTE

Organização dos conceitos a serem ensinados a partir de sua relação com

temas de natureza sociocientífica (atuais).

MOVIMENTO CTS/CTSA

i. Interação entre Ciência, Tecnologia e Sociedade;

ii. Processos tecnológicos;iii. Temas sociais relativos à ciência e à tecnologia;iv. Aspectos filosóficos e históricos da Ciência;v. Aspectos sociais de interesse da comunidade

científica;vi. Inter-relação entre os aspectos enumerados.

Uso de recursos naturais (água, solo, minérios);Produção e uso de energia (usinas, fontes

renováveis);Questões ambientais (lixo, poluição, aquecimento

global);Saúde pública (drogas, doenças, saneamento);

Processos industriais e tecnológicos;Fome e alimentação da população;

Aspectos ético-sociais (guerra tecnológica, substâncias perigosas, manipulação genética).

ENSINOMÉDIO

As experiências concretas dos estudantes ocupam posição

central no trabalho.

UM PONTO FUNDAMENTAL...

O ensino de Biologia, Física e Química no Ensino Médio não deve ser visto como um ensino simplificado em relação ao Ensino Superior. A finalidade é outra, os sujeitos

são diversos, os conteúdos escolares são próprios. A estrutura dos conteúdos, presente na maior parte dos livros didáticos, não leva esta especificidade em

consideração...

ENSINOSUPERIOR

Os estudantes lidam com questões mais abstratas.

CAMPOS DE REFERÊNCIA

COMPONENTES CURRICULARES

O ponto de partida é um problema/questão na esfera da sociedade.

Para compreender as questões selecionadas no âmbito da sociedade, é preciso introduzir inicialmente alguns

elementos da tecnologia, já que os estudantes são afetados mais diretamente pelo mundo tecnológico do

que o científico.

O estudante é solicitado a tomar decisões, podendo inclusive discutir quais as políticas que deveriam ser

adotadas no uso de determinadas tecnologias.

COMPREENSÃO DOS CONTEÚDOS

SOCIEDADE → TECNOLOGIA → CONHECIMENTOS CIENTÍFICOS → DECISÕES SOBRE TECNOLOGIA → SOCIEDADE

Por fim...Por fim...• Adotar a educação com enfoque CTS como

uma concepção de ensino permite que outras abordagens presentes na pesquisa da área de Educação em Ciências, como o ensino por investigação e o enfoque histórico-filosófico, por exemplo sejam utilizadas em determinados momentos do processo. (p.27)

• A perspectiva CTS pode ser usada em currículos inteiros ou em momentos específicos, integrando os mais distintos componentes com um ou mais componentes de CN.

Unidade 4 Unidade 4 – Possibilidades – Possibilidades de abordagens de abordagens

pedagógico-curriculares pedagógico-curriculares na área de Ciências da na área de Ciências da

NaturezaNatureza

Questões a serem pensadasQuestões a serem pensadas

1. Como articular os conhecimentos aos interesses dos jovens que hoje chegam a escola?

2. Como superarmos as lógicas propedêuticas e pragmáticas por meio das quais o Ensino Médio tem sido historicamente organizado?

3. Quais conhecimentos da área de Ciências da Natureza podem contribuir na formação humana integral dos sujeitos do Ensino Médio?

4. Como abordaremos em nossas escolas esses conhecimentos, garantindo aos jovens o direito de aprendê-los?

CN: dimensões do currículoCN: dimensões do currículo

• Distância entre a pesquisa em ensino e a escola;

• Conhecimento científico ≠ conhecimento escolar;

• Concepção epistemológica do professor: fundamental para reconhecer a ciência como produção cultural humana e suas implicações para o currículo;

• Fundamental o conhecimento dos pressupostos da teoria da Transposição Didática.

Pontos a serem considerados no Pontos a serem considerados no planejamento de abordagens planejamento de abordagens

pedagógico-curricularespedagógico-curriculares1. Visão de ciência em movimento, superando a visão de

conhecimento fragmentado e descontextualizado;2. Concepção de currículo baseada em uma perspectiva da

formação humana integral dos jovens;3. Interdisciplinaridade, constituída pela integração curricular

entre os componentes curriculares da área;4. Perspectiva dialógica contínua entre os componentes

curriculares da área, a realidade e o contexto sócio-histórico, bem como as diversas áreas;

5. Circularidade entre os inúmeros conhecimentos presentes na escola;

6. Direito de aprender dos jovens..

Perspectivas para abordagens Perspectivas para abordagens pedagógico-curricularespedagógico-curriculares

“As metodologias de produção do conhecimento científico precisam dialogar com a produção do conhecimento escolar e apesar de a escola não produzir conhecimentos da mesma forma e nem usar, necessariamente, os mesmos caminhos metodológicos da produção de ciência, pressupostos semelhantes podem ser utilizados na construção desses conhecimentos e a pluralidade de concepções não significa que existam conhecimentos mais válidos que outros, e sim que há formas diferentes de entender o mundo”. (p. 33)

Perspectivas para abordagens Perspectivas para abordagens pedagógico-curricularespedagógico-curriculares

CIÊNCIAS DA NATUREZA

BIOLOGIA FÍSICA QUÍMICA

A partir da análise das especificidades de cada Ciência que compõe a área será possível construir

uma concepção de Natureza e, consequentemente, uma concepção mais ampla e profunda da mesma.

Históricas Epistemológicas Metodológicas

Especificidades

Como trabalhar em conjunto e Como trabalhar em conjunto e colaborar para que o colaborar para que o

descompasso entre a escola e a descompasso entre a escola e a realidade dos jovens seja realidade dos jovens seja

superado?superado?

A pesquisa como princípio pedagógico nos processos de ensino-aprendizagem na área de Ciências da Natureza, estimula os jovens a olharem de forma diferente para a realidade, para o mundo em que vivem.

Abordagens pedagógico-Abordagens pedagógico-curriculares apontadas pelo curriculares apontadas pelo

cadernocaderno

Ideias freireanas

Momentos pedagógicos

Pesquisa como princípio pedagógico

Experimentação

Novo olhar sobre a prática experimental

Integração entre os componentes

Investigação temática

MOMENTOS PEDAGÓGICOSETAPAS

Levantamento do tema (individual ou coletivamente) pelos professores referenciados pela realidade

cotidiana dos estudantes.

Estudo da realidade

Problematização da realidade

Organização do conhecimento

Aplicação do conhecimento

Apresentação de aspectos/dados da realidade que embasem a problematização inicial.

Elaboração, pelos estudantes, de questionamentos baseados no estudo da realidade.

Apresentação dos conhecimentos científicos escolares por meio de atividades pedagógicas elaboradas pelos

professores.

Argumentos e conhecimentos elaborados são organizados e publicizados. Releitura da

problematização inicial e ampliação da compreensão da temática. Elaboração de novos questionamentos.

MOMENTOS PEDAGÓGICOSEXEMPLO: USO DE CELULARES PELOS JOVENS

Professores de Biologia: É possível abordar a morfologia do sistema nervoso e questões envolvendo saúde e radiação.Professores de Física: É possível abordar as ondas eletromagnéticas, fundamental para a compreensão da tecnologia.Relação entre Física, Química e Biologia: abordagem da questão das baterias e de seu descarte na natureza.Estudantes: orientados pelos professores, podem realizar pesquisas sobre o uso dos celulares na sociedade, as relações entre celulares e a saúde, o celular como extensão do corpo nos jovens, a relação entre as tecnologias e a juventude.

Organização do conhecimento

Aplicação do conhecimento

Elaboração pelos estudantes de documentários, materiais explicativos, artigos, bem como do aprofundamento sobre a produção e o uso das tecnologias ou sobre outras fontes de radiação e sua relação com a saúde.

Dificuldades

A EXPERIMENTAÇÃO COMO CAMINHO PEDAGÓGICO

Ausência de condições materiais.

Falta de uma correta compreensão do papel da experimentação na Ciência no aprendizado de CN.

Função do experimento

Desenvolvimento da ciência

Processo de ensino da Área

Desenvolvimento de teorias.Aquisição de dados e fatos.

Verificação de hipóteses.Obtenção de novos materiais.

Função pedagógica de ensinar ciências, ensinar sobre as ciências e ensinar a fazer

ciências.

A EXPERIMENTAÇÃO COMO CAMINHO PEDAGÓGICO

Abordagem Tradicional Abordagem Tradicional versusversus Abordagem InvestigativaAbordagem Investigativa

•Na abordagem dita tradicional, basicamente inexiste a explicitação, quer seja por parte do professor ou dos alunos, de um problema a ser investigado e também a não elaboração de possíveis hipóteses para a resolução do problema antes de se partir para a execução do experimento em si.

•Na abordagem investigativa, o objetivo é levar o aluno a uma atitude de pesquisa envolvendo-o diretamente na resolução de um problema (elaboração de hipóteses e planejamento do procedimento experimental).

“Os exemplos de abordagens pedagógico-curriculares apresentados aqui nos mostram a necessidade de planejarmos formas de selecionar e organizar os conhecimentos a serem abordados na área e em seus componentes curriculares. A grande questão é estabelecer quais são os conhecimentos científicos básicos e necessários a esse trabalho pedagógico e, também, suas consequências éticas e estéticas” (p. 38).

Perspectivas para abordagens pedagógico-curricularesPerspectivas para abordagens pedagógico-curriculares

•Seleção de conceitos fundamentais por área de conhecimento.•Identificação de conceitos comuns (inter/intra-áreas do conhecimento);•Proposta de contextos problematizadores que mobilizem os conceitos.

Para construir um currículo integrado (caderno 3, Para construir um currículo integrado (caderno 3, etapa I)etapa I)

Obrigado!Obrigado!

Referências adicionaisReferências adicionais

GIL-PÉREZ, D.; CARVALHO, A.M.P. Formação de Professores de Ciências: Tendências e Inovações 4ª. Ed. São Paulo. Cortez Editora 2000.

GIL-PÉREZ, D. et al. Para uma imagem não-deformada do trabalho científico. Ciência & Educação. v.7, n.2, p.125-153, 2001.