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Universidade Federal de Santa Catarina Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção Nikolai Dimitrii Braga de Albuquerque UMA ARQUITETURA PARA O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO EM BIBLIOTECAS DIGITAIS Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção. Orientador: Prof. Vinícius Medina Kern, Dr. Florianópolis 2003

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Page 1: Dissertação de Mestrado de Nikolai Dimitrii Albuquerque · do conteúdo e de seus relacionamentos; e a padronização dos recursos, através da descrição de suas propriedades

Universidade Federal de Santa Catarina Programa de Pós-Graduação em

Engenharia de Produção

Nikolai Dimitrii Braga de Albuquerque

UMA ARQUITETURA PARA O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO EM

BIBLIOTECAS DIGITAIS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Federal de Santa Catarina, como

requisito parcial para obtenção do título de Mestre

em Engenharia de Produção.

Orientador: Prof. Vinícius Medina Kern, Dr.

Florianópolis 2003

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Nikolai Dimitrii Braga de Albuquerque

UMA ARQUITETURA PARA O COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO EM BIBLIOTECAS DIGITAIS

Esta dissertação foi julgada e aprovada para obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção no Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina

Florianópolis, 30 de setembro de 2003

_________________________________ Prof. Edson Pacheco Paladini, Dr.

Coordenador do Programa

BANCA EXAMINADORA

________________________________ Prof. Vinícius Medina Kern, Dr. Orientador Universidade Federal de Santa Catarina

_______________________________ Prof. Roberto C. S. Pacheco, Dr. Universidade Federal de Santa Catarina

________________________________ Prof. José Leomar Todesco, Dr. Universidade Federal de Santa Catarina

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À Juliana, minha esposa, pela paciência e companheirismo.

À Daniela, minha filha, pela

alegria em nossas vidas.

A meus irmãos, Andrik Dimitrii, Alexei Dimitrii e Farah Diba pelos

momentos ausentes.

A meus pais, Ubirajara e Lêda pela dedicação.

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AGRADECIMENTOS

Ao Grupo Stela por ter proporcionado o ambiente favorável ao

desenvolvimento dessa dissertação, em particular ao Roberto Pacheco pelas

experiências compartilhadas ao longo desses quatros anos de trabalho.

Também sou muito grato ao professor Vinícius Kern que me orientado nessa

etapa de pesquisa. Não poderia deixar de mencionar os amigos: André

Castoldi, Cid Raulino, Turíbio, Rogério, Humberto Ferro, Lucas, Ricardo,

Giovanni, Marcos Odaguiri, Rodrigo, Rosangela, Sandro Kerber, João Paulo,

Tite e a família do Grupo Stela.

Em especial, gostaria de agradecer ao meu irmão Andrik Dimitrii pelo

companheirismo em todo o desenvolvimento desse trabalho.

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“O maior dos segredos é saber como reduzir a força da

inveja.”

Cardinal de Retz

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RESUMO

ALBUQUERQUE, Nikolai Dimitrii Braga de. Uma arquitetura para o

compartilhamento do conhecimento em bibliotecas digitais . Florianópolis,

2003. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Produção, UFSC, 2003.

A World Wide Web é uma grande fonte de disseminação de informação, com

destaque as bibliotecas digitais. O compartilhamento de recursos distribuídos,

autônomos, heterogêneos e disponibilizados sem a mínima padronização gera

a problemática da recuperação de uma elevada quantidade de informações

que, na maioria das vezes, não atendem às necessidades dos usuários. Essa

realidade está tornando-se um desafio para a comunidade científica que busca

a integração, intercâmbio e entendimento semântico sobre essas informações.

Tal integração engloba: o gerenciamento dos recursos, envolvendo a avaliação

do conteúdo e de seus relacionamentos; e a padronização dos recursos,

através da descrição de suas propriedades e implementação de mecanismos

que dêem suporte à descoberta e recuperação dos mesmos. Várias iniciativas,

como as desenvolvidas pelo World Wide Web Consortium, buscam por

intermédio da criação de padrões, arquiteturas de metadados, serviços de

inferência e ontologias, dentre outras, a melhor forma de tornar a informação

também compreensível pelas máquinas. Este trabalho, propõe o

desenvolvimento de uma arquitetura de integração semântica de bibliotecas

digitais baseada no uso intensivo de padrões de metadados na forma de

ontologias. Essas ontologias são armazenados em um repositório onde

relações semânticas poderão ser estabelecidas, permitindo assim a

interoperabilidade de repositórios de dados heterogêneos. A partir das

tecnologias abordadas e da representação explícita da semântica do dado,

aliados à teoria de ontologias, é possível oferecer serviços com um maior nível

de qualidade, tornando a Web uma ferramenta capaz de tecer uma rede

semântica de informações e ou conhecimentos.

Palavras-chave: compartilhamento do conhecimento , biblioteca digital, web

semântica.

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ABSTRACT

ALBUQUERQUE, Nikolai Dimitrii Braga de. Uma arquitetura para o

compartilhamento do conhecimento em bibliotecas digitais . Florianópolis,

2003. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Produção, UFSC, 2003.

The World Wide Web is a great source of information dissemination, with

prominence, the digital libraries. The distributed resources sharing,

autonomous, heterogeneous and available without any standardization

generates the problematic of the recovery over great amount of information

that, in almost all the times, it doesn´t minister users necessities. his

reality has becoming a challenge for the scientific community that search to

integration, interchange and semantic understanding about these

informations. This integration is composed: resources management, involving

the content evaluation of the and their relationships; and the resources

standardization, through yours properties description and implementation

of mechanisms that gives support to discovery and recovery of it. Several

initiatives, like those developed by the World Wide Web Consortium, try

through the creation of patterns, architectures of metadata, inference

services and onthology, among others, the better way of making information

understandable for the machines. This work proposes the developmente of a

semantic integration of digital libraries based on the intensive use of

patterns of etadata in the form of onthologies. hese onthologies are stored

in a repository where semantic relations will be established, thus allowing

the interoperationability of heterogeneous data repositories. From these

mentioned technologies and the explicit representation of the datum´s

semantic, allied to the theory of onthologies, it is possible to offer

services with a higher level of quality, turning the web a tool capable

of weaving a semantic net of informations and/or knowledge.

Keywords: Knowledge Sharing, Digital Library, Semantic Web

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................viii

LISTA DE REDUÇÕES.........................................................................................ix

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 11 1.1 Apresentação..........................................................................................11 1.2 Justificativa .............................................................................................12 1.3 Objetivo geral..........................................................................................13 1.4 Objetivos específicos..............................................................................13 1.5 Metodologia ............................................................................................13 1.6 Estrutura do Trabalho.............................................................................14

2 METADADOS.................................................................................................. 16 2.1 Processo de Integração de Dados.........................................................17 2.2 O Papel do Metadado no Processo de Integração................................19 2.3 Padrões e Arquiteturas de Metadados...................................................20 2.3.1 Padrões de Metadados .................................................................21 2.3.1.1 Interoperabilidade entre ferramentas...............................22 2.3.2 Arquiteturas de Metadados .................................................................25 2.4 Considerações finais ..............................................................................31

3 ONTOLOGIAS ................................................................................................ 32 3.1. O que são Ontologias?...........................................................................34 3.2. Tipos de Ontologias ................................................................................35 3.3. Profundidade ontológica.........................................................................37 3.4. Benefícios no uso de ontologias ............................................................39 3.5. Problemas no uso de ontologias ............................................................40 3.6. Construção de ontologias.......................................................................41 3.7. Linguagens para a criação de ontologias ..............................................48 3.8. Considerações finais ..............................................................................52

4 DESENVOLVENDO A SEMÂNTICA NA WEB......................................... 53 4.1 Web Semântica ......................................................................................56 4.2 Motivação para Web Semântica? ..........................................................60 4.3 Arquitetura da Web Semântica ..............................................................62

4.3.1 Camada Esquema.........................................................................63 4.3.2 Camada Ontologia.........................................................................66 4.3.3 Camada Lógica .............................................................................70

4.4 O papel dos Web Services na Web Semântica.....................................71 4.4.1 Protocolos utilizados pelos Web Services ..........................................72 4.5 Considerações finais ..............................................................................74

5 INTEGRADOR SEMÂNTICO DE BIBLIOTECAS DIGITAIS .................. 76 5.1 Arquitetura de integração semântica de bibliotecas digitais..................81 5.2 Integração das bibliotecas digitais do IBICT da SciELO .......................89 5.3 Considerações finais ..............................................................................99

6 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS...........................................100

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6.1 Conclusões ...........................................................................................100 6.2 Trabalhos futuros ..................................................................................101

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................103

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 2.1 - EXEMPLO DA UTILIZAÇÃO DA ARQUITETURA WARWICK. ...............................27 FIGURA 2.2 - MODELO DE DADOS DA MCF..........................................................................29 FIGURA 3.1 - TIPOS DE ONTOLOGIAS, SEGUNDO SEU NÍVEL DE DEPENDÊNCIA...................37 FIGURA 4.1 - PROPOSTA ORIGINAL DA WEB........................................................................56 FIGURA 4.2 - EVOLUÇÃO DOS DADOS. .................................................................................58 FIGURA 4.3 - ARQUITETURA DA WEB SEMÂNTICA. ...............................................................63 FIGURA 4.4 - ESTRUTURA DA LINGUAGEM XML..................................................................65 FIGURA 4.5 - SENTENÇA RDF REPRESENTADA NA FORMA GRÁFICA..................................68 FIGURA 4.6 - SENTENÇA RDF ESCRITA EM XML................................................................68 FIGURA 4.7 - SENTENÇA RDF NA FORMA DE TRIPLAS ........................................................68 FIGURA 4.8 - EXEMPLO DA SINTAXE DO RDF SCHEMA.......................................................69 FIGURA 4.9 - EVOLUÇÃO DA TECNOLOGIA DE WEB SERVICES.............................................71 FIGURA 4.10 - ESQUEMA DOS WEB SERVICES COM OS PROTOCOLOS................................72 FIGURA 5.1 - INTEGRAÇÃO ESTRUTURAL DE FONTE DE DADOS...........................................81 FIGURA 5.2 - ARQUITETURA PROPOSTA PARA INTEGRAÇÃO SEMÂNTICA............................84 FIGURA 5.3 - MAPEAMENTO DOS ELEMENTOS DOS MODELOS ............................................90 FIGURA 5.4 - DESENVOLVIMENTO DA ESPECIFICAÇÃO OIL DO MODELO DO IBICT............90 FIGURA 5.5 - LISTAGEM OWL DA SCIELO..........................................................................91 FIGURA 5.6 - LISTAGEM OWL DO IBICT. ............................................................................91 FIGURA 5.7 - INTEGRAÇÃO EM OWL DOS MODELOS DO IBICT E DA SCIELO. ..................92 FIGURA 5.8 - TELA INICIAL DO BASCIN...............................................................................94 FIGURA 5.9 - PESQUISA DE TÍTULOS PELA PALAVRA "SAÚDE".............................................94 FIGURA 5.10 - RESULTADO DA PESQUISA NA BASCIN.......................................................95 FIGURA 5.11 - LINK DO TEXTO COMPLETO NO PORTAL DA BDTD DO IBICT......................96 FIGURA 5.12 - LINK DO TEXTO COMPLETO NO BTD DO PPGEP/UFSC............................96 FIGURA 5.13 - LINK DO TEXTO COMPLETO NO PORTAL DA SCIELO....................................97 FIGURA 5.14 - ACESSO AO TEXTO COMPLETO DA PRODUÇÃO NO PORTAL DA SCIELO. ....98

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LISTA DE REDUÇÕES

ASCII American Standard Code for Information Interchange BDB Biblioteca Digital Brasileira BDTD Biblioteca Digital de Teses e Dissertações CASE Computer Aided Software Enginnering CERN European Organization for Nuclear Research CML Conceptual Modelling Language CORBA Common Object Request Broker Architecture CWM Common Warehouse Model DAML DARPA Agent Markup Language DARs Distributed Active Relationships DC Dublin Core DLF Digital Library Federation DLG Directed Labeled Graph DRM Digital-Right Management DW Data Warehouse EDI Electronic Data Interchange FGDC Federal Geographic Data Committee GIGO Garbage in, Garbage out HTML Hipertext Markup Language IBICT Instituto Brasileiro de Informação Ciência e Tecnologia IDL Interface Definition Language LMPL Linguagem de Marcação da Plataforma Lattes KIF Knowledge Interchange Format MARC MAchine-Readable Catalogue MCF Meta Content Framework MDC Meta Data Coalition MOF Meta Object Facility MTD-BR Metadados de Teses e Dissertações Brasileiras OIM Open Information Model OKBC Open Knowledge Base Connectivity OMG Object Management Group OWL Ontology Web Language PICS Platform for Internet Content Selection RDF Resource Description Framework RDFS Resource Description Framework Schema SciELO Scientific Electronic Library Online SGML Standard Generalized Markup Language SQL Structured Query Language

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TOVE Toronto Virtual Enterprise UDK Umwelt-Datenkatalog UML Unified Modeling Language URL Uniform Resource Locator VSAM Virtual Storage Acess Method W3C World Wide Web Consortium WSDL Web Service Description Language WWW World Wide Web XMI XML Meta Interchange XML eXtensible Markup Language XSL eXtensible Style Language XSLT eXtensible StyleSheets Language Transformations

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação

O crescimento da World Wide Web (WWW) é um acontecimento facilmente

evidenciado principalmente na educação, onde a utilização de recursos na Web

ganha cada vez mais importância devido ao fato de ser uma fonte natural e

universal de pesquisa.

Esse crescimento acelerado exigiu uma demanda por serviços na Web num

ritmo muito acelerado, acarretando na criação de uma infra-estrutura global e

um conjunto de padrões para suportar a troca de documentos, um formato de

apresentação para hipertexto (HTML) e técnicas para recuperação de

informações. Porém, a alta heterogeneidade, autonomia e ampla distribuição

dos dados na web sem uma padronização mínima tornaram a consulta dos

dados pouco confiável, já que não se tem um esquema uniforme para se fazer

consultas. As consultas são efetuadas geralmente através da navegação

exaustiva, que dificilmente resulta em sucesso, devido ao grande volume de

dados a ser consultado, ou através das buscas por palavras-chaves.

Devido a estas deficiências, a recuperação de informação na web vem se

tornando um desafio para a comunidade científica, a qual, focou muitos

estudos em soluções para os problemas emergidos com a consolidação e

crescimento de sistemas web, principalmente no que tange à integração,

intercâmbio e entendimento semântico das informações. Várias iniciativas

concentram esforços na criação de padrões, modelos, linguagens, arquiteturas

de metadados, dentre outros, para atender aos novos requisitos da web.

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1.2 Justificativa

A WWW é hoje uma grande fonte de disseminação de informação nas

principais áreas de conhecimento, mas o seu crescimento desordenado tem

dificultado a localização, acesso, apresentação e manutenção das informações

disponíveis. O compartilhamento de recursos distribuídos, autônomos,

heterogêneos e disponibilizados sem a mínima padronização gera a

problemática da recuperação da informação. A insatisfação dos usuários com

relação à realização de consultas na Web está relacionada sobretudo com a

recuperação de uma elevada quantidade de dados e ou informações que, na

maioria das vezes, não atendem às necessidades dos usuários.

Atualmente as páginas web utilizam-se de mecanismos de representação

embutidos em linguagens como HTML. No entanto, o conteúdo da informação

é disponibilizado principalmente em linguagem natural, havendo portanto uma

grande lacuna entre a informação disponibilizada e a recuperação realizada de

forma automática por ferramentas.

Com base nessas deficiências, a Web se torna um desafio para a

comunidade científica que busca sucesso na integração, intercâmbio e

entendimento semântico sobre essas informações. Tal integração engloba: o

gerenciamento dos recursos, envolvendo a avaliação do conteúdo e de seus

relacionamentos; e a padronização dos recursos, através da descrição de suas

propriedades e implementação de mecanismos que dêem suporte à descoberta

e recuperação dos mesmos. Várias iniciativas, como as desenvolvidas pelo

W3C, buscam por intermédio da criação de padrões, arquiteturas de

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metadados, serviços de inferência e ontologias, dentre outras, a melhor forma

de tornar a informação também compreensível pela máquina.

Os motivos que incentivaram o desenvolvimento desta pesquisa foi a

dificuldade encontrada, na etapa de integração do Banco de Teses e

Dissertações - BTD do PPGEP/UFSC com a Biblioteca Digital de Teses e

Dissertações – BDTD. Projeto coordenado pelo IBICT e auxiliado por um

consórcio de instituições das quais a UFSC faz parte.

1.3 Objetivo geral

O objetivo do presente trabalho é desenvolver uma arquitetura para

integração semântica de bibliotecas digitais, contribuindo para a realização do

compartilhamento do conhecimento.

1.4 Objetivos específicos

1. Especificar uma arquitetura para o gerenciamento e a integração

semântica de bibliotecas digitais.

2. Apresentar um cenário de integração semântica em C&T utilizando os

repositórios da Biblioteca Digital Teses e Dissertações Brasileira (BDTD)

e a Biblioteca Digital da SciELO.

1.5 Metodologia

Quanto à natureza, este trabalho é considerado uma pesquisa aplicada,

pois tem como objetivo a aplicação prática de um modelo dirigido à solução de

problemas específicos, demonstrados na justificativa desta pesquisa. Quanto à

abordagem do problema, este trabalho é considerado qualitativo. Ele está

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baseado em um modelo de desenvolvimento em que não é necessária uma

análise estatística para qualquer comprovação.

Do ponto de vista de seus objetivos, a pesquisa é exploratória, pois visa

proporcionar uma maior relação com o problema através de um levantamento

bibliográfico e de exemplos já existentes. Do ponto de vista dos procedimentos

técnicos, esta pesquisa pode ser classificada como bibliográfica e de estudo de

caso.

Para tratar o problema de pesquisa da dissertação, adotaram-se as

seguintes etapas:

1. Estudo teórico sobre metadados, ontologias e web semântica no

gerenciamento de conteúdos digitais.

2. Elaboração de uma arquitetura de integração semântica em bibliotecas

digitais.

3. Aplicação da arquitetura de integração semântica utilizando a Biblioteca

Digital Teses e Dissertações Brasileiras (BDTB) e a Biblioteca Digital da

SciELO como fonte de dados.

1.6 Estrutura do Trabalho

O presente trabalho está estruturado em seis capítulos organizados de

acordo com os temas relacionados ao desenvolvimento deste trabalho. No

segundo capítulo é apresentada à definição e importância dos metadados no

ciclo de vida e na integração dos sistemas informacionais. Também são

apresentados padrões e arquiteturas de metadados que desempenham um

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papel fundamental no processo de desenvolvimento de software. No terceiro

capítulo são apresentadas definições sobre ontologias e a sua relação

intrínseca com os metadados. Também são apresentados seus tipos e

profundidades ontológicas e as metodologias e linguagens disponíveis no

processo de desenvolvimento e integração. No quarto capítulo são

apresentadas definições sobre a arquitetura da web semântica e a sua relação

com a web atual. Também são apresentados a tecnologia dos web services e

alguns protocolos recomendados pela W3C que desempenha um papel

fundamental no processo de integração de repositórios de dados. No quinto

capítulo é apresentada uma arquitetura de integração semântica e um protótipo

de integração das bibliotecas digitais do IBICT e da SciELO. No sexto capítulo

são apresentados as conclusões e trabalhos futuros.

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2 METADADOS

O gerenciamento integrado de bases de dados heterogêneas não é uma

tarefa trivial. A principal causa desta complexidade reside no fato de que a

maior parte destes repositórios são produzidos de forma independente, usando

tecnologias variadas de redes, sistemas operacionais e modelos de dados.

Além disso, os dados normalmente encontram-se distribuído geograficamente

o que contribui no aumento da complexidade, ainda mais se considerarmos

distribuição no contexto da web. Prover o compartilhamento destas bases entre

usuários de diferentes níveis tem sido o grande desafio da comunidade técnico-

científica.

Algumas das características que dificultam o compartilhamento de dados

segundo (GUNTHER, 1998) e (SIMON, 1998) são:

– Dados dinâmicos na sua conceitualização;

– A quantidade de dados a ser processada varia desde um grande volume

de dados, como é o caso de processamento de imagens, até pequenos

conjuntos de tabelas, como, por exemplo as tabelas contendo medidas

de temperaturas coletadas de diversos sites e que podem apresentar

uma diversidade de formatos;

– Os processos de captura dos dados, coleta, processamento e

armazenamento são realizados geralmente através de diversas fontes

de dados geograficamente distribuídas, o que torna o dado altamente

distribuído e heterogêneo em termos de plataforma de hardware e

software;

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– Os dados podem estar organizados em uma variedade de modelos de

dados (relacional, hierárquico, orientado a objetos, arquivos textos, etc.);

– Os dados são encontrados sob diferentes tipos como: medidas

numéricas, variáveis, séries temporais e seqüências, imagens,

documentos, sons, dentre outros;

– Os dados tendem a serem autônomos à medida que são produzidos e

disponibilizados por instituições e organizações que operam de forma

independente.

O alto grau de heterogeneidade apresentado pelo dado, no formato, nos

diferentes ambientes de hardware e software nos quais se encontram

armazenados, aponta para a necessidade de um mecanismo de integração que

permita o acesso e a analise de dados de múltiplas fontes, que por sua vez

representam diferentes domínios, de uma forma amigável, fácil e precisa.

Metadado tem sido considerado um elemento fundamental no suporte a

interoperabilidade de recursos que apresentam um alto grau de distribuição e

heterogeneidade. Sendo definido como sendo dado sobre o dado. O metadado

auxilia na padronização da descrição, do processamento e da integração de

dados heterogêneos (GUNTHER, 1997).

2.1 Processo de integração de dados

Segundo (HASSELBRING, 2000), o processo de integração de padrões em

ambientes complexos envolve três principais aspectos: heterogeneidade,

autonomia e distribuição, descritos a seguir:

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– Heterogeneidade: é um dos principais fatores que dificulta a tarefa de

integração entre padrões, é observada em dois níveis:

o Nível técnico: resulta de diferentes plataformas de hardware,

sistemas operacionais, sistemas de gerenciamento de bancos de

dados e linguagens de programação;

o Nível conceitual: resulta das diferentes interpretações do

significado de certos termos, dos diferentes modelos de dados

empregados (modelo relacional, modelo orientado a objeto,

modelo de redes etc), bem como dos diferentes processos de

modelagem para os mesmos conceitos do mundo real. Estes

diferentes processos de modelagem derivam as discrepâncias

esquemáticas (KRISHNAMURTHY, 1991), problema típico da

área de banco de dados, onde o dado de uma base de dados

corresponde ao metadado em outras bases de dados. Conciliar

tais discrepâncias não é uma tarefa trivial considerando-se que

cada modelo contém a semântica dos fatos expressa de

diferentes formas. Em ambientes heterogêneos é comum

encontrarmos dados com o mesmo conteúdo semântico, porém

com nomes diferentes (sinônimos). Igualmente comum é a

presença de homônimos para expressar conceitos diferentes.

– Autonomia: considerando os ambientes no contexto da web, as fontes

de dados geralmente operam de forma independente ou semi-

independente. Como conseqüência, estas fontes podem mudar os

esquemas a qualquer momento sem haver qualquer tipo de autorização

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ou mesmo de notificação. Conciliar estas mudanças nos esquemas de

forma que os esquemas resultantes do processo de integração reflitam a

realidade também não é uma tarefa trivial.

– Distribuição: os ambientes Web caracterizam-se por serem altamente

distribuídos em termos de suas fontes de dados. Assim, é comum a

distribuição entre microcomputadores, mainframes, servidores de redes

locais e a própria Internet. Lidar com os diferentes protocolos de acesso

aos dados representa um grande desafio no processo de integração.

Heterogeneidade semântica é reconhecida como um dos principais

obstáculos no processo de interoperabilidade entre múltiplas fontes de dados,

em especial no contexto de integração de esquemas (KENT, 1989),

(KRISHNAMURTHY, 1991). Neste contexto, padrões de metadados estão

sendo considerados cruciais na definição do significado da informação de

modo que esta possa ser compartilhada por comunidades de diversas áreas do

conhecimento.

2.2 O Papel do metadado no processo de integração

Atualmente existem diversos padrões de metadado voltados para domínios

particulares do conhecimento, como por exemplo, a Linguagem de Marcação

da Plataforma Lattes (LMPL) padrão que representa informações de C&T do

Brasil e o Metadados de Teses e Dissertações Brasileiras (MTD-BR) padrão de

teses e dissertações do IBICT. Entretanto, não existe um padrão comum capaz

de atender toda e qualquer situação. Segundo (SIMON, 1998), não existe e

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nunca existirá um padrão de metadado único devido à natureza heterogênea

das aplicações.

Paralelo aos esforços para se obter uma definição de padrão de metadados,

encontra-se a tendência em se descrever os conjuntos de dados e suas fontes

com mais detalhes (qualidade do dado, informação histórica, etc.). Segundo

(SIMON, 1997) é possível prover um melhor acesso aos dados através do uso

de informação contextual, um texto livre associado ao dado.

O surgimento de diversos padrões de metadado originou um grande

problema de incompatibilidade entre os padrões. O padrão Dublin Core (DC)

(WEIBEL, 1999), padrão de referência no contexto de bibliotecas digitais, foi

uma das primeiras tentativas de se gerar um padrão de metadado que fosse

comum a todos os outros padrões. Apesar de ser um padrão aberto, ele não

resolve o problema visto a natureza heterogênea de cada solução. É neste

contexto que surgem as arquite turas genéricas de metadados como solução

para atingir interoperabilidade entre informações descritas em diferentes

padrões de metadado.

2.3 Padrões e arquiteturas de metadados

A necessidade de se compartilhar grandes acervos sob uma perspectiva de

um ambiente integrado tem levado a diversas iniciativas no contexto de

padrões e arquiteturas de metadados por parte da comunidade técnico-

científica. Neste sentido foram desenvolvidos padrões de metadados com

finalidades específicas. Por exemplo, existem padrões que se preocupam

somente com a representação de metadado, definindo que aspectos de um

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recurso que devem ser descritos. Outros se preocupam com a troca de

metadados, estabelecendo as interfaces necessárias. Um padrão para

representação de metadado requer a completa descrição de um metamodelo

com todos os seus elementos, seus conteúdos semânticos e os

relacionamentos entre estes elementos. Este padrão deve ser totalmente

independente de qualquer implementação específica. Um padrão para troca,

por sua vez, é baseado em um único metamodelo e contém as definições de

interface que especificam o metamodelo em linguagens do tipo eXtensible

Markup Language (XML) e Common Object Request Broker Architecture

(CORBA) Interface Definition Language (IDL).

As arquiteturas de metadados por sua vez, estabelecem mecanismos que

permitem a codificação e o transporte de uma grande variedade de metadados

desenvolvidos de forma independente, buscando assim garantir a

interoperabilidade através do uso de convenções comuns a respeito da

semântica, sintaxe e estrutura do metadado (IANELLA, 1998).

2.3.1 Padrões de Metadados

Padrões de metadados na área científica têm sido discutidos como

mecanismos importantes para que agências governamentais, público em geral

e a própria comunidade cientifica possam compartilhar seus acervos científicos.

Nesta linha destacamos os padrões LMPL e MTD-BR, descritos a seguir.

– LMPL: segundo (Pacheco, 2001b), a Plataforma Lattes de sistemas de

informação em ciência e tecnologia surgiu a partir da necessidade de

integração de informações mantidas por CNPq, CAPES, Fapesp, Finep e

outros sistemas do Ministério de Ciência e Tecnologia. Por ser uma

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plataforma de C&T é indispensável sua integração com outros sistemas.

Este esforço de compatibilização foi, de certa forma, precursor da LMLP,

uma padrão de metadados para informações de C&T desenvolvida com

o apoio de nove universidades (PUC-PR, UFBA, UFPE, UFRGS, UFRJ,

UFRN, UFSC, Unicamp e USP). Seu desenvolvimento foi motivado pela

necessidade de ampliação da Plataforma Lattes para atender a uma

demanda das instituições de ensino e pesquisa.

– MTD-BR: é um padrão de metadados para teses e dissertações cuja

principal finalidade é tornar disponível os meios para que a comunidade

brasileira de C&T possa publicar seus trabalhos de forma rotineira,

diretamente na rede, aumentando com isso sua visibilidade nacional e

internacional, otimizando o fluxo da comunicação científica e reduzindo o

ciclo de geração de novos conhecimentos. No capítulo 5 será

apresentada uma definição mais detalhada sobre o MTD-BR bem como

a utilização desse padrão no protótipo desenvolvido.

2.3.1.1 Interoperabilidade entre ferramentas

Nos últimos anos tem sido grande a preocupação entre os fabricantes de

software com relação à interoperabilidade entre ferramentas. A troca de

metadados entre estas é uma tarefa crítica, visto que estas ferramentas

geralmente codificam e armazenam seus metadados de forma proprietária.

De modo a viabilizar o intercâmbio entre códigos gerados a partir de

componentes de ferramentas distintas, alguns padrões foram criados. Dentre

esses, os que mais se destacam são o OIM (OIM, 1999), o CWM (CWM, 2003)

e o XMI (XMI, 1999).

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23

OIM: é um padrão de metadados que surgiu da parceria de múltiplas

empresas, algumas líderes de mercado, com o objetivo de prover suporte a

interoperabilidade entre ferramentas de desenvolvimento, através da adoção

de um modelo de informação compartilhado. Este padrão foi desenvolvido de

forma a permitir o acompanhamento de todas as fases de desenvolvimento de

um sistema de informação, desde a fase de análise até a fase de implantação.

Adotado inicialmente como padrão pelo Meta Data Coalition (MDC), esse

padrão baseia-se nos padrões de indústria Unified Modeling Language (UML),

XML e Structured Query Language (SQL). Busca também prover o suporte a

tecnologias de computação diversas, a exemplo de CASE, intranet, bancos de

dados e data warehouses.

CWM: é um padrão de metadados cujo objetivo é permitir a integração de

sistemas de data warehouse (DW), e-business e sistemas de negócios

inteligentes em ambientes heterogêneos e distribuídos, através de uma

representação e de um formato de troca de metadados. O padrão CWM é parte

dos esforços do grupo Object Management Group (OMG), com o objetivo de

prover um framework orientado a objeto e padronizado para aplicações

distribuídas, visando dar suporte a reusabilidade, portabilidade e

interoperabilidade entre componentes de DW. Adotado como um padrão OMG

em junho de 2000. É baseado nos seguintes padrões OMG:

– UML como linguagem de modelagem padrão para organizar os tipos de

metadados por assunto segundo categorias e funções num DW;

– Meta Object Facility (MOF), uma metalinguagem e um padrão de

repositório de metadados;

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– XMI, um padrão baseado em XML para troca de metadados entre

ferramentas e repositórios orientados a objetos.

Os padrões OIM e CWM atuam no nível conceitual, aspectos de semântica,

especificando metamodelos que podem ser vistos como os esquemas

conceituais para os metadados, incorporando aspectos de aplicações

específicas.

O padrão CWM, por sua vez, foi projetado para lidar somente com

metadados no contexto de DW e provê um framework para representação e

troca de metadados sobre as fontes de dados (origem e destino) envolvidas e

os processos responsáveis pela criação e gerenciamento destas fontes.

XMI: é um padrão de metadado adotado pela OMG desde 1999, criado

como uma iniciativa de fabricantes de software com o objetivo de prover

interoperabilidade no contexto da OO entre ferramentas CASE, repositórios de

metadados e ferramentas de desenvolvimento. Este intercâmbio é feito a partir

de metadados armazenados em sistemas de arquivos tradicionais ou no

formato de fluxo (stream) de dados baseados no padrão XML. O modelo de

metadados utilizado tem como base o metamodelo MOF.

O padrão XMI, por sua vez, atua no nível físico, aspectos de sintaxe,

preocupando-se em estabelecer um conjunto de regras capaz de gerar

documentos XML a partir da especificação de modelos segundo o padrão

MOF.

2.3.2 Arquiteturas de Metadados

Aspectos de interoperabilidade no nível semântico, sintático e estrutural são

tratados pelas arquiteturas genéricas de forma a permitir que as informações,

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descritas segundo os mais diferentes padrões, possam ser interpretadas e

compartilhadas de forma adequada, evitando assim, a necessidade da

unificação dos padrões de metadados (BARRETO, 1999).

O primeiro aspecto, interoperabilidade semântica, diz respeito à

compreensão do significado de cada elemento componente dos diversos

padrões de metadado, e pode ser alcançada através de duas abordagens

(KERHERVÉ, 1997):

– bottom-up: onde a partir de diversos conjuntos de metadados

desenvolvidos para atender as necessidades de uma determinada

comunidade, deriva-se um único conjunto integrado e reduzido de forma

que possa ser aplicado por esta comunidade. O padrão DC é um

exemplo de uma abordagem bottom-up e, como já mencionado, não

consegue solucionar o problema de se lidar com um grande número de

padrões de metadados diferentes, uma vez que as soluções não

convergem naturalmente a um denominador comum.

– top-down: onde a partir de um conjunto grande e bastante genérico de

metadados especializa-se ou adapta-se para atender as necessidades

de diversas comunidades e aplicações distintas. A Resource Description

Framework (RDF) é um exemplo de arquitetura que emprega a

abordagem top-down , que se mostra ser mais flexível e adaptável às

necessidades das mais diferentes comunidades.

O segundo aspecto, interoperabilidade estrutural, refere-se ao modelo de

dados empregado para definir a estrutura dos elementos componentes do

padrão de metadado.

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O modelo de dados pode variar de muito simples, utilizado para representar

estruturas de metadados do tipo par (nome-elemento, valor-elemento), até

muito complexo, utilizado para representar estruturas que envolvem hierarquia

de classes e composição de classes.

O terceiro aspecto, interoperabilidade sintática, se refere à forma como os

metadados são codificados para transferência. A sintaxe provê uma linguagem

comum para representação das estruturas dos metadados. No contexto Web,

XML é a linguagem que vem sendo utilizada para permitir a troca de

metadados entre aplicações distintas.

Uma variedade de arquiteturas de metadados foi desenvolvida nos últimos

anos, todas com um único objetivo: possibilitar a interoperabilidade entre

provedores, catálogos e indexadores de modo a prover maior eficiência na

descoberta de recursos de informação na Web. Nesse contexto, quatro

arquiteturas podem ser citadas como contribuições importantes: Warwick

(LAGOZE, 1996), Meta Content Framework (MCF) (GUHA, 1997), Platform for

Internet Content Selection (PICS) e RDF. Dentre estas, a de maior destaque é

a RDF, uma iniciativa da World Wide Web Consortium (W3C), que atualmente

tornou-se a plataforma de desenvolvimento de aplicações na Web. Devido a

sua grande importância no contexto da Web Semântica.

Warwick: segundo (LAGOZE, 1996), essa arquitetura também é conhecida

como arquitetura de recipientes, foi concebida para suportar qualquer conjunto

de elementos de metadados. Os componentes básicos desta arquitetura,

representados na Figura 2.1, são:

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27

Figura 2-1: Exemplo da utilização da arquitetura Warwick

– Recipiente: representa a unidade básica para agregação de conjuntos

de pacotes (metadados de determinado tipo).

– Pacote: representa uma estrutura de dados para armazenar metadados

de um determinado tipo, dividida em três categorias:

o Pacote de conteúdo: contém metadados de um determinado

tipo (MAchine-Readable Catalogue (MARC), DC, e outros).

o Pacote indireto: implementa uma referência a um objeto

externo. Este objeto externo pode possuir seus próprios

metadados e condições para acesso a algum recurso. Pacotes

indiretos permitem o compartilhamento de objetos de

metadados, à medida que o objeto alvo do pacote pode

também ser indiretamente referenciado por outros recipientes.

o Pacote recipiente: representa um pacote que também é um

recipiente, armazenando ou servindo como meio de transporte

para outros pacotes.

Uma extensão da arquitetura Warwick denominada de Distributed Active

Relationships (DARs) foi proposta em (LAGOZE, 1996). Esta extensão tem por

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objetivo definir um modelo para expressar relacionamentos entre recursos na

Web, permitindo representar dado e metadado em objetos de biblioteca digital

sem qualquer distinção evidente.

MCF: segundo (GUHA, 1997), essa é uma arquitetura aberta que foi

concebida para ser utilizada na descrição da estrutura de web sites e de

qualquer fonte de informação que possa estar contida na estrutura dos sites.

O modelo de dados da MCF possibilita descrever objetos, com seus

atributos e relacionamentos com outros objetos, segundo tuplas de aridade n

(geralmente 3), onde cada tupla corresponde a uma asserção que declara a

existência de uma propriedade relacionada a um objeto. Este modelo é

expresso segundo a estrutura de um Directed Labeled Graph (DLG), cujos

elementos básicos, são representados na Figura 2.2.

– Conjunto de Nós: cada nó representa um objeto que pode ser um tipo

primitivo (inteiro, caractere, etc.) ou uma entidade do mundo real (um

documento, uma imagem, um mapa, uma pessoa, etc.).

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– Conjunto de Rótulos: cada rótulo representa um nome de propriedade

que está associada ao objeto.

– Conjunto de Arcos: cada arco representa a associação entre os nós. A

estrutura de um arco é uma tripla composta de um nó fonte, um nó

destino e um rótulo, que representa a propriedade que vincula os nós.

O modelo de dados da MCF inclui um conjunto de tipos básicos que podem

ser estendidos para acomodar novos tipos de dados. Além disso, também

define um vocabulário básico que inclui um conjunto de termos comumente

utilizados para descrição de conteúdos de documentos Web. Estes termos

foram derivados de padrões já existentes como o padrão DC.

PICS: segundo (KRAUSKOPF, 1996) , a PICS é uma iniciativa do W3C, é

um sistema para associação de metadado (denominado de PICS labels) ao

conteúdo presente na Web. Inicialmente, foi concebido para ajudar pais e

professores a controlarem o acesso das crianças a Internet, através de um

formato comum para labels, de forma que qualquer software de seleção que

Figura 2.2 Modelo de dados da MCF

Rótulo“ganhou as eleições para”

Nó destino“país”

Nó destino“pessoa”

Lula

presidente

Brasil

Rótulo“político”

Rótulo“ganhou as eleições para”

Nó destino“país”

Nó destino“pessoa”

Lula

presidente

Brasil

Rótulo“político”

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estivesse de acordo com o padrão PICS poderia processar qualquer label

descrito segundo o padrão PICS. Atualmente, PICS tem sido considerada uma

arquitetura concreta para o transporte de diferentes conjuntos de metadados

associados a recursos de Internet, e o seu uso tem sido discutido em contextos

como os de assinatura digital e privacidade.

RDF: o maior objetivo da arquitetura RDF é definir um mecanismo para

descrever recursos não vinculados a um domínio específico de aplicação.

Como resultado do trabalho em conjunto com várias comunidades, o RDF

recebeu a influência de várias fontes diferentes. As principais influências

vieram das comunidades de padronização da Web na forma de metadados

Hipertext Markup Language (HTML) e PICS (PIC, 1996); de biblioteconomia; de

estruturação de documentos na forma do Standard Generalized Markup

Language (SGML) e XML; de representação do conhecimento e ainda de

outras áreas de tecnologia que também contribuíram no projeto RDF:

programação orientada a objetos, linguagem de modelagem e bancos de

dados.

Na área de descoberta de recursos, por exemplo, a arquitetura RDF

possibilita a implementação de mecanismos de pesquisa mais eficientes. Na

área de catalogação a arquitetura RDF pode ser usada para descrever os

recursos de informação em um sítio da Web, em uma biblioteca digital, etc. Na

área de agentes inteligentes o RDF pode facilitar o intercâmbio de informações

e o compartilhamento de conhecimento. A tecnologia RDF será abordada mais

detalhadamente no capítulo 4, que trata a web semântica.

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31

2.4 Considerações finais

Neste capítulo verificamos a necessidade da utilização dos metadados em

todos os níveis organizacionais e principalmente computacionais, que são as

bases das organizações. Como exemplos dessa necessidade, podemos citar a

Internet que vem intensificando o fenômeno da “explosão” de documentos

eletrônicos, ocasionando o aumento, considerado, do volume de informações

disponíveis.

Diante dessa realidade, torna-se imprescindível o desenvolvimento de

padrões de metadados que visem à descrição exata dos recursos de

informação.

Nesse sentido, várias iniciativas estão sendo conduzidas com o propósito de

discutir a questão e propor padrões de descrição de recursos de informação,

como é o caso do Dublin Core Metadata Initiative e o padrão brasileiro de

metadados para teses e dissertações (MTD-BR) desenvolvidos por um

consorcio de instituições nacionais coordenadas pelo Instituto Brasileiro de

Informação Ciência e Tecnologia (IBICT).

No próximo capítulo será descrito o papel das ontologias no contexto da

padronização e relacionamento dos metadados utilizados nas organizações.

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3 ONTOLOGIAS

A representação formal do conhecimento teve sua origem na Índia do

primeiro milênio A.C. com o estudo da gramática de Shastric Sanscrit. No

entanto, esta disciplina tem uma relação muito próxima dos trabalhos

realizados na Grécia antiga, principalmente por Aristóteles (384-322 A.C.) nos

campos da lógica, ciências naturais e filosofia metafísica (RUSSEL, 1995).

As primeiras discussões no campo da Inteligência Artificial focavam a

questão da representação do ponto de vista do problema e não do

conhecimento. Com a proliferação dos sistemas especialistas, a representação

do conhecimento era feita com o objetivo claro de extrair o conhecimento do

perito e formalizá-lo em uma base de conhecimento. Por outro lado, a maior

parte dos esforços para incorporar conhecimento aos sistemas concentrava-se

na construção de mecanismos uniformes e gerais de representação. Segundo

(FALBO, 1998), a forma como o processo era conduzido influenciava

diretamente alguns aspectos:

– Uma vez que a máquina de inferência era de propósito geral, a

estratégia para resolver um problema era embutida como parte da base

de conhecimento. Desta forma, era praticamente impossível separar os

conhecimentos do domínio, da aplicação e da tarefa a ser realizada,

tornando a reutilização do conhecimento praticamente inviável. O

conhecimento do domínio não podia ser usado em outras aplicações

dado que era adquirido para uma tarefa específica;

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– O problema da reutilização era ainda agravado pelo modo no qual o

conhecimento é associado e conseqüentemente disponibilizado por

parte dos peritos. O conhecimento elucidado de especialistas em

entrevistas é disponibilizado de forma bastante compilada através de

heurísticas, o que dificulta a separação dos seus diversos tipos e

praticamente inviabiliza o seu reuso;

– O uso do conhecimento do especialista como única fonte de

conhecimento é, por si só, uma falha. A literatura técnica e sistemas

existentes, desempenham papéis igualmente importantes, devendo ser

utilizadas de forma complementar. Ao relegar estas fontes, a estratégia

de transferência do conhecimento do especialista para o sistema não

apenas tornava a tarefa de aquisição mais difícil, como também

reforçava o problema da superficialidade.

Quando um sistema especialista era desenvolvido em um mesmo domínio,

mas com o objetivo de realizar uma diferente tarefa, todo o processo de

levantamento e codificação do conhecimento deveria ser refeito, expondo o

processo a erros e inconsistências que já poderiam ter sido resolvidas, além de

provocar perda de tempo, esforço e conseqüentemente recursos.

(CLANCEY, 1993) propõe a mudança desta perspectiva, argumentando que

o foco da Engenharia de Conhecimento deve ser à modelagem de sistemas e

não a tentativa de reproduzir a maneira como os especialistas raciocinam,

defendendo a visão de que uma base de conhecimento deve ser vista como

um produto de uma atividade de modelagem e não um repositório de

conhecimento especializado. Desta forma, a modelagem passa a ser o aspecto

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central da Engenharia de Conhecimento e a aquisição de conhecimento passa

a ser essencialmente um processo construtivo, no qual o engenheiro de

conhecimento usa todos os tipos de informação disponíveis e estabelece as

decisões finais de modelagem. Dentro da comunidade de representação do

conhecimento surgiu, então, um grupo de defensores da idéia de que o

conhecimento embutido em uma determinada porção da realidade poderia (e

deveria) ser representado em um nível de abstração tal que fosse

independente e reutilizável ao longo de várias tarefas (GUARINO, 1997). Ao

adotar este paradigma, esta comunidade entrou em um território anteriormente

explorado unicamente por filósofos da ciência e da linguagem, fazendo com

que, devido à imposição de sua disciplina, esta área fosse investigada de forma

mais rápida e profunda do que quando era um domínio exclusivo da filosofia.

Ao produto desta área inicialmente criada por Aristóteles com seu abrangente

sistema de classificação, taxonomização e de representação do conhecimento

de forma geral, chamamos hoje de Ontologias.

3.1. O que são Ontologias?

De acordo com o dicionário Webster (WOOLF, 1981), a palavra "ontologia"

pode ser definida como uma teoria particular que diz respeito à natureza dos

seres e das coisas em si. No sentido filosófico, o termo "ontologia" é referido

como um sistema particular de categorias que versa sobre uma certa visão do

mundo e pode ser visto como um sinônimo de metafísica. Seu propósito é

classificar as entidades de uma porção da realidade, definindo seu vocabulário

e as formulações canônicas de suas teorias (SMITH, 2000). Desta forma, este

sistema não depende de uma linguagem particular. Por exemplo, uma

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ontologia de Aristóteles é sempre a mesma, independente da linguagem usada

para expressá-la. Por outro lado, para a comunidade das Ciências da

Computação, o termo se refere a um artefato de engenharia, constituído de um

vocabulário de termos organizados em uma taxonomia, suas definições e um

conjunto de axiomas formais usados para criar novas relações e para restringir

as suas interpretações segundo um sentido pretendido (NOY, 1997). Apesar da

relação entre essas duas definições, com o intuito de resolver este impasse

terminológico, em (GUARINO, 1998b), é proposto que a definição da

comunidade de computação seja adotada para o termo "ontologia" e que para

a definição filosófica seja dado o nome de conceituação.

Nesse trabalho, o termo ontologia é usado em concordância com a definição

de (GUARINO, 1998b), ou seja, ontologias são tratadas como um artefato

computacional composto de um vocabulário de conceitos, suas definições e

suas possíveis propriedades, um modelo gráfico mostrando todas as possíveis

relações entre os conceitos e um conjunto de axiomas formais que restringem

a interpretação dos conceitos e relações, representando de maneira clara e

não ambígua o conhecimento do domínio.

3.2. Tipos de Ontologias

Segundo Guarino (GUARINO, 1997, 1998b), com base em seu conteúdo as

ontologias podem ser classificadas nas seguintes categorias:

– ontologias genéricas: expressam teorias básicas do mundo, de caráter

bastante abstrato, aplicáveis a qualquer domínio, conhecimento de

senso comum. Tipicamente, ontologias genéricas definem conceitos tais

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como coisa, estado, evento, processo, ação, etc., com o intuito de serem

especializados na definição de conceitos em uma ontologia de domínio;

– ontologias de domínio: expressam conceituações de domínios

particulares, descrevendo o vocabulário relacionado a um domínio

genérico, tal como medicina e direito. São construídas para serem

utilizadas em um micro-mundo;

– ontologias de tarefas: expressam conceituações sobre a resolução de

problemas, independentemente do domínio em que ocorram, isto é,

descrevem o vocabulário relacionado a uma atividade ou tarefa genérica,

tal como, diagnose ou vendas. O estudo de ontologias de tarefas é a

vertente mais recente do estudo de ontologias. Sua principal motivação é

facilitar a integração dos conhecimentos de tarefa e domínio em uma

abordagem mais uniforme e consistente, tendo por base o uso de

ontologias. Trabalhos nesta categoria incluem (CHANDRASEKARAN,

1997), (MUSEN, 1995);

– ontologias de aplicação: expressam conceitos dependentes das

ontologias do domínio e das ontologias de tarefa. Estes conceitos

freqüentemente correspondem a papéis desempenhados por entidades

do domínio quando da realização de uma certa atividade;

– ontologias de representação: expressam os compromissos ontológicos

embutidos em formalismos de representação de conhecimento. Um

exemplo desta categoria é a ontologia de frames, utilizada em

Ontolingua (GRUBER, 1992).

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(GUARINO, 1998b) propõe que ontologias sejam construídas segundo seu

nível de generalidade, como é mostrado na Figura 3.1. Os conceitos de uma

ontologia de domínio ou de tarefa devem ser especializações dos termos

introduzidos por uma ontologia genérica. Os conceitos de uma ontologia de

aplicação, por sua vez, devem ser especializações dos termos das ontologias

de domínio e de tarefa.

Figura 3.1 - Tipos de ontologias, segundo seu nível de dependência (Guarino, 1998)

3.3. Profundidade ontológica

Quanto à profundidade ontológica, (GUARINO, 1998a) define quatro níveis:

– Vocabulário: Em sua forma mais simples, uma ontologia é apenas um

vocabulário. Nesse sentido, uma DTD ou um XML-Schema pode definir

uma ontologia. Se diferentes parceiros combinarem com uma XML-

Schema, eles também concordam com a ontologia definida através do

Schema, pois os nomes de tag declarados nele definem um vocabulário

comum. Quando, por exemplo, dois agentes concordam em compartilhar

tal ontologia, eles podem trocar mensagens usando o vocabulário da

ontologia;

Ontologiagenérica

Ontologia detarefa

Ontologia dedomínio

Ontologia deaplicação

Ontologia derepresentação

classes de ontologia

classes deusuário

-

+

nível d

ed

etalham

ento

Ontologiagenérica

Ontologia detarefa

Ontologia dedomínio

Ontologia deaplicação

Ontologia derepresentação

classes de ontologia

classes deusuário

-

+

nível d

ed

etalham

ento

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– Taxonomia: o significado dos termos na taxonomia é estabelecido pela

definição de relacionamentos entre eles. Um dos relacionamentos mais

naturais é a classificação – o estabelecimento de relacionamentos entre

objetos e classes, subclasses e classes pai. Esses sistemas são

denominados taxonomia, sendo que suas relações são conhecidas como

relacionamentos “é-um”. Esse tipo de ontologia normalmente é

estabelecido por sistemas orientados a objetos. Muitas ontologias

existentes são definidas usando-se apenas esses relacionamentos

hierárquicos;

– Sistema Relacional: as ontologias também podem incluir

relacionamentos não hierárquicos. Existem muitos relacionamentos

possíveis entre os objetos além dos relacionamentos hierárquicos “é-

um”. Tais relacionamentos são típicos nos diagramas de relacionamento

de entidades e nos bancos de dados relacionais e, por conseguinte,

cada esquema de banco de dados relacional define sua própria

ontologia;

– Teoria Axiomática: além de escrever relacionamentos, as ontologias

também podem impor restrições. As restrições são definidas como

axiomas. Um axioma é uma afirmação lógica que não pode ser provada

a partir de outras afirmações. Nos bancos de dados relacionais, as

restrições são definidas por regras de integridade. Além disso, algumas

linguagens orientadas a objeto incluem a capacidade de definir

restrições (por exemplo, asserções em C++ e contratos em Eiffel).

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3.4. Benefícios no uso de ontologias

De forma geral, ontologias constituem uma ferramenta poderosa para

suportar a especificação e a implementação de sistemas computacionais de

qualquer complexidade. Ao usar esta abordagem na fase de análise e

especificação do domínio, podemos destacar três áreas:

– Comunicação: ontologias são ferramentas úteis para ajudar as pessoas

a se comunicarem, sob várias formas, acerca de um determinado

conhecimento. Em primeiro lugar, elas podem ajudar as pessoas a

raciocinar e a entender o domínio do conhecimento e, portanto, atuam

como uma referência para a obtenção do consenso numa comunidade

profissional sobre o vocabulário técnico a ser usado nas suas interações.

Além disso, ontologias constituem um excelente guia no processo de

elicitação de conhecimento das diversas fontes;

– Formalização: devido à natureza formal da notação usada, a

especificação do domínio elimina contradições e inconsistências

envolvendo as restrições, resultando, portanto, em uma especificação

não ambígua. Um outro ponto a ser destacado é que, já que uma

notação formal é usada, a especificação formalizada pode ser

automaticamente verificada e validada, se um provador automático de

teoremas existe para aquela notação. Com um mecanismo de inferência,

é também possível derivar novos conhecimentos de forma automática, a

partir da base de conhecimento já presente na ontologia. Por fim, esta

característica torna possível a obtenção de um processo de geração de

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infra-estruturas computacionais de maneira sistemática e idealmente

automática;

– Representação do conhecimento e reuso: A ontologia forma um

vocabulário de consenso e representa o conhecimento do domínio de

forma explícita no seu mais alto nível de abstração, possuindo um

potencial enorme de reuso. O conhecimento formalizado na camada de

domínio pode ser especializado em diferentes aplicações, servindo

diferentes propósitos, por diferentes equipes de desenvolvimento, em

diferentes pontos do tempo.

3.5. Problemas no uso de ontologias

Apesar de todas as vantagens citadas, o uso de ontologias também

apresenta alguns problemas. (O’LEARY, 1997), identifica os seguintes:

– A escolha de uma ontologia é um processo político, já que nenhuma

ontologia pode ser totalmente adequada a todos os indivíduos ou

grupos;

– Ontologias não são necessariamente estacionárias, i.e., necessitam

evoluir. Poucos trabalhos têm enfocado a evolução de ontologias;

– Estender ontologias não é um processo direto. Ontologias são,

geralmente, estruturadas de maneira precisa e, como resultado, são

particularmente vulneráveis a questões de extensão, dado o forte

relacionamento entre complexidade e precisão das definições;

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– A noção de bibliotecas de ontologias sugere uma relativa independência

entre diferentes ontologias. A interface entre elas constitui, portanto, um

impedimento, especialmente porque cada uma delas é desenvolvida no

contexto de um processo político. Ontologias desenvolvidas

independentemente podem não se integrar efetivamente com outras por

vários motivos, desde similaridade de vocabulário até visões conflitantes

do mundo (FALBO, 1998). O pior problema, no entanto, é do ponto de

vista metodológico. Apesar de uma grande quantidade de ontologias já

ter sido desenvolvida por diferentes grupos, sob diferentes abordagens e

usando diferentes métodos e técnicas, poucos trabalhos foram

publicados sobre como proceder, mostrando as práticas, critérios de

projeto, atividades, métodos e ferramentas usadas para sua construção.

A conseqüência é clara: a ausência de atividades padronizadas, ciclos

de vida e métodos sistemáticos, assim como de um conjunto de critérios

de qualidade, técnicas e ferramentas, expõem o desenvolvimento de

ontologias aos mesmos problemas da engenharia de software, ou seja, a

sua realização é conduzida de forma artística e não como uma atividade

de engenharia (FALBO, 1998).

3.6. Construção de ontologias

Algumas propostas de metodologias para construção de ontologias têm sido

apresentadas na literatura nos últimos anos, como por exemplo a "metodologia

inicial" apresentada por (USCHOLD, 1995), METHONTOLOGY (FÉRNANDEZ,

1997) e a apresentada no contexto do projeto Toronto Virtual Enterprise

(TOVE) (USCHOLD, 1996). Apesar disso, os modelos apresentados ainda não

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demonstram um processo suficientemente estruturado a ponto de suportar a

construção de ontologias como uma verdadeira disciplina de engenharia.

Nessa seção, é apresentada uma abordagem sistemática para construção de

ontologias, assim como descrita por (FALBO, 1998). Esta abordagem, além de

unir as principais características das metodologias citadas, discute as várias

atividades do processo de construção de ontologias, apresentando algumas

orientações de como proceder na sua realização. É importante ressaltar que,

devido à complexidade envolvida nas atividades que compõem este ciclo, a

área de engenharia de ontologias urge pelo surgimento de ferramentas CASE

que possam realizar a automatização (ou pelo menos semi-automatização) do

processo.

– Identificação de propósito e especificação de requisitos: A primeira

atividade a ser realizada no processo de construção de uma ontologia é

identificar claramente o seu propósito e os usos esperados para ela

(FALBO, 1998), i.e., a competência da ontologia. A competência de uma

representação diz respeito à cobertura de questões que essa

representação pode responder ou de tarefas que ela pode suportar. Ao

se estabelecer à competência, temos um meio eficaz de delimitar o que

é relevante para a ontologia e o que não é. É útil, também, identificar

potenciais usuários e os cenários que motivaram o desenvolvimento da

ontologia em questão. Uma vez definido o propósito, deve-se especificar

os requisitos da ontologia. Esses devem contemplar os usos projetados

para a ontologia e podem ser expressos em termos de questões de

competência: as questões que a ontologia deve ser capaz de responder

(USCHOLD, 1996). Ao se especificar um relacionamento entre as

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43

questões de competência e os cenários de motivação, está se dando

uma justificativa para a ontologia e, mais importante, se está provendo

um mecanismo para sua avaliação. Uma analogia pode ser feita entre o

papel que as questões de competência desempenham para a

engenharia de ontologias, comparando-o ao dos modelos de casos de

uso no contexto da engenharia de software orientada a objetos. Ambas

as técnicas norteiam todo o processo de desenvolvimento, auxiliando

deste a atividade de especificação de requisitos até a atividade de

avaliação;

– Captura da ontologia: Esta é, sem dúvida, a etapa mais importante no

desenvolvimento de uma ontologia. O objetivo é capturar a conceituação

do universo de discurso, com base na competência da ontologia. Os

conceitos e relações relevantes devem ser identificados e organizados.

Um modelo utilizando uma linguagem gráfica pode ser de grande

utilidade para facilitar a comunicação com os especialistas do domínio.

Este modelo deve ser acompanhado de um vocabulário de termos

(FALBO, 1998). Conceitos primitivos, isto é, aqueles que não são

passíveis de uma definição em termos de outros conceitos da ontologia,

devem ser definidos utilizando linguagem natural e exemplos, tomando o

devido cuidado para se evitar ambigüidades e inconsistências. A escolha

dos termos a serem usados para referenciar as categorias de

conhecimento deve ser feita cuidadosamente, evitando-se termos com

interpretação duvidosa. Conceitos passíveis de descrição em termos de

outros conceitos, devem ser definidos com referências claras a estes,

com o objetivo de facilitar a formalização (FALBO, 1998). Deve-se,

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44

ainda, construir taxonomias, organizando categorias e sub-categorias

interconectadas do conhecimento do domínio de interesse. Os conceitos

e relações formam a base da ontologia. Mas uma característica

essencial de ontologias é a definição de axiomas. Simplesmente propor

uma taxonomia ou um conjunto de termos básicos, não constitui uma

ontologia. Axiomas devem ser providos para definir a semântica dos

termos. Os axiomas especificam definições de termos na ontologia e

restrições sobre sua interpretação. Neste momento, não há necessidade

de se escrever axiomas formais mas, ao contrário, estes devem ser

descritos em linguagem natural, refletindo simplesmente as restrições

existentes sobre o universo de discurso. Os axiomas em uma ontologia

podem apresentar duas formas e propósitos diferentes: axiomas de

derivação e axiomas de consolidação. Axiomas de derivação são

aqueles que permitem explicitar informações a partir do conhecimento

previamente existente. Assim, são meios para a dedução e representam

conseqüências lógicas neste processo. Axiomas de consolidação, por

sua vez, não são utilizados para derivar informação, mas apenas para

descrever a coerência das informações existentes. Neste sentido, não

representam conseqüências lógicas. Tipicamente, os axiomas de

consolidação definem condicionantes para o estabelecimento de uma

relação ou para a definição de um objeto como instância de um conceito

(FALBO, 1998). Os axiomas de derivação podem ter origem no

significado dos conceitos e relações da ontologia ou na forma como são

estruturados. Quando axiomas são descritos para mostrar restrições

impostas pela forma de estruturação dos conceitos, eles são ditos

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axiomas epistemológicos. Quando descrevem restrições de significação

impostas no domínio, são ditos axiomas ontológicos (FALBO, 1998).

Esta classificação quanto à natureza dos axiomas é uma boa diretriz

para guiar a definição dos axiomas de uma ontologia, ou seja, devemos

estar atentos para capturar axiomas que considerem a estruturação dos

conceitos e relações (os axiomas epistemológicos), seus significados e

restrições (os axiomas ontológicos) e as leis de integridade que os

regem (os axiomas de consolidação) (FALBO, 1998). O processo de

definição de axiomas é, talvez, o aspecto mais difícil na construção de

ontologias. Entretanto, esse processo pode e deve ser fortemente

guiado pelas questões de competência. Os axiomas devem ser

necessários e suficientes para expressar as questões de competência e

para caracterizar suas soluções. Além disso, qualquer solução para uma

questão de competência deve ser descrita pelos axiomas da ontologia e

deve ser consistente com eles. Se os axiomas propostos não forem

suficientes para esse propósito, então conceitos, relações ou axiomas

adicionais devem ser introduzidos na ontologia. Por outro lado, axiomas

redundantes ou que não contribuem para responder a uma questão de

competência devem ser eliminados (FALBO, 1998). Neste sentido, a

captura de uma ontologia é um processo iterativo e fortemente ligado à

avaliação (USCHOLD, 1996);

– Formalização da ontologia: Para a realização desta etapa, é

necessário que um formalismo de representação das diversas categorias

de conhecimento da ontologia seja escolhido. À primeira vista, qualquer

linguagem de representação formal do conhecimento, ou mesmo

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informal, poderia ser usada para representar ontologias (FALBO, 1998).

Na prática, entretanto, apenas poucas linguagens têm sido usadas para

este propósito, entre elas: lógica de primeira ordem, Knowledge

Interchange Format (KIF) (GRUBER, 1992), Ontolingua (GRUBER,

1995), Conceptual Modelling Language (CML) (BREUKER, 1994) e

Description Logic (RUSSEL, 1995). A validação de uma teoria sobre um

universo de discurso é, sem dúvida, melhor realizada quando esta é

descrita em uma linguagem formal, ou seja, uma linguagem

fundamentada em um modelo matemático. Nesta linguagem, em

contraste com a linguagem natural, têm-se símbolos não ambíguos e

formulações exatas e, portanto, a clareza e a correção de uma dedução

podem ser testadas com maior facilidade e precisão. Uma dedução em

linguagem natural, geralmente, envolve pressuposições implícitas que

entram desapercebidas no processo de dedução. O tratamento teórico

de qualquer domínio consiste em propor sentenças sobre os objetos

neste domínio (sentenças atribuindo certas propriedades e relações aos

objetos em questão) e em estabelecer regras de acordo com as quais

outras sentenças possam ser derivadas a partir das sentenças dadas. É

importante ressaltar que todas essas linguagens possuem vantagens

específicas e assumem compromissos ontológicos em níveis variados, e

portanto a escolha de que linguagem usar depende diretamente do

propósito da ontologia;

– Integração com ontologias existentes: Durante os processos de

captura e/ou formalização, pode surgir à necessidade de integrar a

ontologia em questão com outras já existentes, visando aproveitar

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conceituações previamente estabelecidas. De fato, é uma boa prática

desenvolver ontologias funcionais modulares, que sejam gerais e mais

amplamente reutilizáveis, e, quando necessário, integrá-las, obtendo o

resultado desejado (FALBO, 1998);

– Avaliação: A ontologia deve ser avaliada para verificar se satisfaz os

requisitos estabelecidos na especificação. Esta etapa deve ser realizada

em paralelo com as etapas de captura e formalização. (GRUBER, 1995)

apresenta um conjunto de critérios para guiar tanto o desenvolvimento,

quanto para avaliação da qualidade das ontologias construídas. Os

principais critérios definidos são: clareza, coerência, extensibilidade e

compromissos ontológicos mínimos. Em (USCHOLD, 1996), é defendido

que, adicionalmente, as questões de competência devem ser usadas

principalmente para avaliar a adequação da axiomatização realizada;

– Documentação: Todo o desenvolvimento da ontologia deve ser

documentado, incluindo propósitos, requisitos e cenários de motivação,

as descrições textuais da conceituação, a ontologia formal e os critérios

de projeto adotados. Como foi dito anteriormente, assim como a

avaliação, a documentação é considerada uma atividade guarda-chuva

do processo, ou seja uma etapa que deve ocorrer durante todas as

iterações do ciclo em paralelo com as demais. Os termos capturados na

conceituação do universo de discurso devem ser descritos em um

Dicionário de Termos, considerando dois princípios importantes:

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48

o Princípio do vocabulário mínimo: indica o vocabulário utilizado

na definição dos termos da ontologia. Este vocabulário deve ser o

menor possível e não deve apresentar ambigüidades;

o Princípio da auto-referência: indica que a definição de um termo

no Dicionário deve, sempre que possível, ser feita utilizando outros

termos já mencionados. Com base neste princípio, o uso de

hipertextos surge como uma abordagem para a documentação de

ontologias. Esta tecnologia mostra-se adequada, tendo em vista

que torna natural a definição de novos termos a partir de outros

mais primitivos, permitindo navegação entre definições, exemplos e

a formalização, incluindo os axiomas (FALBO, 1998).

3.7. Linguagens para a criação de ontologias

Para a construção de uma ontologia são utilizados os seguintes objetos:

– Entidades: descrevem conceitos (elementos de um domínio estudado) e

providenciam representações lógicas;

– Atributos: descrevem as propriedades das entidades;

– Relações: descrevem as ligações entre os objetos no modelo (entidades

e atributos);

– Restrições: condições que o projetista impõe sobre as entidades,

atributos ou relações.

Diversas linguagens e mecanismos para a definição de ontologias foram

criados nos últimos anos, a exemplo de: SHOE (LUKE, 2000), XOL (KARP,

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1999); OIL (FENSEL, 2000) (HORROCKS, 2000), DARPA Agent Markup

Language (DAML1), SontoDL (GRUTTER, 2001), dentre outros.

A principal característica dessas linguagens está na capacidade de

representar ontologias em RDF/RDFS, arquitetura já consagrada pela W3C

para interoperabilidade de informações na Web, essa tecnologia será

apresentada no capítulo 4. A seguir serão apresentadas algumas dessas

linguagens que tem merecido maior destaque na literatura.

SHOE (Simple HTML Ontology Extensions): é uma extensão da HTML

(recentemente também utilizado em XML) que provê meios de incorporar

conhecimento semântico de forma a ser entendido por máquina (robôs,

agentes, etc.) ou outros documentos WWW. O objetivo é facilitar os

mecanismos de busca.

A linguagem SHOE inclui um mecanismo de definição de ontologias,

instâncias de dados em páginas Web e de classificação hierárquica de

documentos HTML. Isto é feito a partir de categorias (classes) e regras que

especifica relacionamentos e hierarquias entre instâncias, a partir de um

conjunto de tags acrescidos ao HTML padrão.

XOL (XML-based Ontology Exchange Language): é uma linguagem de

especificação e intercâmbio de ontologias, especificado em DTD ou XML

Schema. Utiliza um modelo semântico baseado em frames denominado Open

Knowledge Base Connectivity (OKBC). Um arquivo XOL consiste de um

módulo cabeçalho de definição contendo: nome e versão que estabelece

1http://www.daml.org/about.html

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metas-informação sobre a ontologia; classes e subclasses que estabelece

hierarquias entre categorias de elementos; slots que estabelece propriedades

aos elementos das classes e definições individuais que permite declarar

nomes, descrições, informações sobre instância, valores, etc.

OIL (Ontology Inference Layer): é uma linguagem para a especificação de

ontologias que reúne as seguintes características: provê primitivas de

modelagem normalmente utilizadas em ontologias baseadas em frames; possui

semântica bem definida, simples e clara baseada em descrição lógica; e

apresenta suporte para dedução automática (BECHHOFER et al., 2000).

Uma ontologia OIL contém descrições para classes, relacionamentos (slots)

e instâncias. Classes podem se relacionar com outras classes através de uma

hierarquia (classes/subclasses) e através de relações binárias estabelecidas

entre duas relações. Além disso, restrições de cardinalidade podem ser

atribuídas aos relacionamentos.

A definição de uma ontologia em OIL é constituída de dois componentes: o

primeiro, que descreve as características da ontologia (ontology container)

utilizando-se de descritores do padrão DC; e o segundo (ontology definitions)

que define o vocabulário particular daquela ontologia.

A linguagem OIL tem sido considerada pela W3C como uma linguagem de

grande relevância no contexto atual de desenvolvimento de aplicações na Web.

DAML (DARP Agent Markup Language): é uma iniciativa da agência

DARPA que está sendo desenvolvida como uma extensão da XML e RDF. A

sua mais recente iniciativa é oriunda da combinação de DAML e OIL

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(DAML+OIL, 2000), uma linguagem padrão para representação de ontologias e

metadados pela W3C.

A combinação de DAML e OIL, denominada DAML+OIL, sofre muita

influência do OIL original, embora não utilize o seu conceito original de frames.

É constituído de uma coleção de classes, propriedades e objetos que são

adicionados ao RDF e RDFS. Assim, declarações (statements) em DAML+OIL

também são declarações RDF.

OWL (Web Ontology Language): é a linguagem de marcação semântica

para representar e compartilhar ontologias na Web. É derivada da DAML+OIL e

é construída sob a sintaxe RDF, disponibilizando outras características que se

concentram basicamente em proporcionar maiores flexibilidades para propiciar

que as ontologias possam ser definidas sob uma forma semântica cada vez

mais rica em detalhes. Segundo (CASTOLDI, 2003), a OWL é dividida em três

sub-linguagens:

– OWL Lite: suporta os usuários que precisam basicamente de uma

hierarquia de classificação e funcionalidades de restrição básicas.

– OWL DL: atende aos usuários que desejam a máxima expressividade ao

mesmo tempo em que seus sistemas inteligentes mantenham

decidabilidade (todos os cálculos terminarão em um tempo finito) e

completude (garantida de que todas as conclusões serão executadas)

computacional.

– OWL Full: destina-se àqueles que desejam o máximo em poder de

expressão e a liberdade sintática do RDF, sem garantias

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computacionais. OWL Full permite que uma ontologia aumente o

significado do vocabulário (RDF ou OWL) predefinido.

3.8. Considerações finais

Ao concluir este capítulo verificou-se que os estudos desenvolvidos com

relação às ontologias vêem demonstrando um potencial promissor no

desenvolvimento da Web, pois além de seus modelos de estruturação de

conceitos e relações, possui um conjunto de axiomas formais que, em forma de

uma teoria lógica, permitem a representação formal em nível de significação

(nível ontológico). Como conseqüência do formalismo empregado, muitos são

os benefícios alcançados, como por exemplo, a verificação/validação

automática do modelo de conhecimento construído, a interpretação não

ambígua das definições de conceitos e relações e a possibilidade de geração

sistemática (e idealmente automática) de infra-estruturas de domínio.

Essa base de definições e relacionamento permite o desenvolvimento de

uma Web muito mais significativa, como será apresentado no próximo capítulo.

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53

4 DESENVOLVENDO A SEMÂNTICA NA WEB

Originalmente, o computador era visto somente como hardware. Na década

de 80, transformou-se em um sistema capaz de simular jogos, processar textos

e elaborar apresentações. Hoje em dia, tornou-se um portal para uma rede de

troca de informações e transações comerciais. Como conseqüência, as

tecnologias que dão acesso a essas informações textuais, não estruturadas e

heterogêneas se tornaram tão essenciais quanto às linguagens de

programação nas décadas de 60 e 70. A Internet, mas especificamente a

tecnologia Web, deu início a estas mudanças e acarretou uma série de

transformações de caráter tecnológico, social e econômico. A Web passou a

propiciar uma nova plataforma para o desenvolvimento de aplicações com

acesso distribuído. Antes de seu surgimento, os principais serviços utilizados

na Internet eram as transferências de arquivos, o correio eletrônico e a

emulação de terminal, e restritos aos meios acadêmicos e militares. O uso

generalizado da Internet só veio a acontecer, em 1992, com o surgimento da

Web, que organizou as informações na Internet por meio de hipertextos e, em

um segundo momento, tornou a interação do usuário com a rede mundial mais

amigável.

Segundo (DACONTA, 2003), no início, a Web era um projeto desenvolvido,

a partir de março de 1989, por Tim Berners-Lee2 no European Organization for

Nuclear Research (CERN3), para acessar informações estanques espalhadas

pelos diversos laboratórios na Europa, tendo evoluído para um serviço usado

globalmente. O que era um sistema baseado em buscas por hipertexto teve

2 http://www.w3.org/People/Berners -Lee/ 3 http://user.web.cern.ch/user/cern.html

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seu crescimento viabilizado pelo traço cooperativo da Internet, ou seja, pela

colaboração mútua entre os componentes da rede. A aparente simplicidade da

Web está criando obstáculos para seu próprio desenvolvimento, já que a

tecnologia utilizada atualmente limita a manipulação da informação.

O primeiro objetivo do projeto da Web era criar um ambiente em que

pudéssemos trabalhar melhor em grupo tanto no trabalho quanto em casa. A

idéia era que criando uma rede de hipertextos, os grupos de usuários seriam

forçados a utilizar um vocabulário comum entre eles para que não ocorressem

mal entendidos e, em algum momento, teriam um modelo na Web dos planos e

idéias em discussão no grupo. O precursor da Web foi um programa para uso

próprio, chamado “Enquire”, desenvolvido por Tim Berners-Lee, em 1980,

quando trabalhava no CERN. Este programa tinha o propósito de manter

registros da complexa rede de relacionamentos entre pessoas, programas,

máquinas e idéias espalhadas pelos diversos laboratórios na Europa. Mais

tarde, em 1989, ele viria a apresentar uma proposta para a Web que, na

verdade, era uma extensão deste programa pessoal. (DACONTA, 2003)

Para o seu pleno funcionamento, a Web não tem que ser apenas fácil de se

navegar, mas também auto-explicativa. Qualquer informação disponível na

Web pode ser facilmente assimilada e qualquer informação que esteja faltando

pode ser facilmente adicionada. A Web deve ser um meio de comunicação

entre as pessoas, servindo com um meio de compartilhamento do

conhecimento. Isso requer que computadores, redes, sistemas operacionais e

programas sejam transparentes aos usuários, disponibilizando somente uma

interface intuitiva e o mais direta possível com a informação.

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55

(DACONTA, 2003) comenta que o segundo objetivo da Web é baseado na

premissa que se há informação disponível na Web então é possível

estruturarmos esta informação, criando um mapa de relacionamentos e

dependências. Isso possibilitaria o acesso dos programas a estas informações

e permitiria que eles nos ajudassem em sua análise e gerenciamento. A

estruturação do conteúdo semântico da informação das páginas web criaria um

ambiente onde agentes de softwares executam tarefas solicitadas pelos

usuários, deixando a cargo dos computadores qualquer tarefa que possa ser

reduzida a um processo racional.

Para atingir os objetivos de criação de uma Web de acesso universal e que

contenha informações estruturadas de maneira a serem utilizadas pelas

máquinas na automação de tarefas e informações confiáveis em que possam

ser identificados os autores e responsáveis por suas publicações, o W3C tem

como foco os seguintes objetivos4:

– Acesso universal;

– Web Semântica;

– Web confiável;

– Interoperabilidade;

– Evolução;

– Descentralização;

– Ambiente interativo.

4 Detalhes dos objetivos e princípios operativos do W3C em http://www.w3.org/Consortium/Points/

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56

4.1 Web Semântica

Existem duas perspectivas distintas para o futuro da Web. A primeira

perspectiva se preocupa em intensificar a colaboração na Internet, enquanto a

segunda perspectiva está voltada para uma Web mais compreensível e,

portanto mais eficiente, para máquinas Figura 4.1.

Mesmo a proposta original da Internet envolvia mais do que a recuperação

de páginas HTML a partir de servidores web. A Figura 4.1 ilustra as relações

Figura 4.1 Proposta original da Web

Copyright © Tim Berners-Lee

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57

entre alguns itens de informação, tais como “includes”, “describes” e “wrote”.

Infelizmente esses relacionamentos entre os recursos não são atualmente

capturados na Web. A tecnologia para capturar esses relacionamentos chama-

se RDF. O ponto chave para compreender a Figura 4.1 e que a visão original

englobava metadados5 adicionais acima e além do que atualmente está na

Internet.

(DACONTA, 2003) comenta que a questão resume-se a como uma criar

uma rede de dados que as máquinas possam processar. Para atingir este fim,

o primeiro passo é uma mudança de paradigma na maneira como as pessoas

pensam sobre dados. Historicamente, os dados eram isolados em aplicações

proprietárias, sendo paradoxalmente considerados recursos secundários para o

processamento de dados. Esta visão incorreta popularizou a expressão

Garbage in, Garbage out (GIGO). O GIGO basicamente revela a falha no

argumento original estabelecendo a dependência entre processamento e

dados. Em outras palavras, o software útil era completamente dependente de

bons dados. Os profissionais de informática começaram a perceber que os

dados eram importantes, e que deveriam ser verificados e protegidos. As

linguagens de programação começaram a implementar os conceitos de

orientação a objetos6 que internamente transformam dados em estruturas de

maior significado.

Entretanto, essa abordagem que enfatiza a importância do dado foi mantida

interna às aplicações de tal forma que os fornecedores poderiam manter os

dados proprietários por razões competitivas. Com o advento da Internet, da

5 Metadados adicionais são necessários para que as máquinas processem informações na Web. 6 Detalhes de orientação a objetos aplicados a Web em http://www.w3.org/OOP/

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XML e, mais recentemente da web semântica o valor até então agregado às

aplicações deslocou-se para os dados. Este fato define essencialmente o que é

a web semântica. O caminho para tornar os dados mais compreensíveis as

máquinas é torná-los mais inteligentes. Todas as tecnologias desse trabalho

são os fundamentos de uma abordagem sistemática para criar dados

inteligentes. A Figura 4.2 mostra os quatro estágios da evolução dos dados,

que se tornam continuamente mais inteligentes. Esses estágios evoluem de

dados minimamente inteligentes a dados embutidos de informações

semânticas suficientes para que as máquinas possam fazer inferências.

(DACONTA, 2003)

O detalhamento dos quatros estágios é apresentado a seguir:

– Texto e banco de dados (pré-XML): a maioria dos dados eram

propriedades de uma aplicação. Portanto, a inteligência estava na

aplicação e não nos dados.

Documentos e bases de dados

Documentos XML para domínios específicos

Taxonomias e documentos comvocabulários mistos

Ontologias e regras

Documentos e bases de dados

Documentos XML para domínios específicos

Taxonomias e documentos comvocabulários mistos

Documentos e bases de dados

Documentos XML para domínios específicos

Taxonomias e documentos comvocabulários mistos

Ontologias e regras

Figura 4.2 Evolução dos dados

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– Documentos XML para domínios específicos: os dados se tornam

independentes da aplicação dentro de um domínio específico. Os dados

agora são inteligentes o suficiente para se moverem entre aplicações de

um domínio. Um exemplo disso poderiam ser os padrões XML da

industria química, automobilística, aeroespacial etc.

– Taxionomias e documentos com vocabulários mistos: os dados

podem ser compostos de múltiplos domínios e podem ser classificados

dentro de uma taxionomia hierárquica. De fato, a classificação pode ser

utilizada para descoberta de dados. Relacionamentos simples entre

categorias na taxonomia podem ser usados para relacionar e combinar

dados. Portanto, os dados são inteligentes o suficiente para serem

facilmente descobertos e sensivelmente combinados com outros dados.

– Ontologias e regras: novos dados podem ser inferidos a partir dos

existentes seguindo regras lógicas simples. Essencialmente, os dados

são suficientemente inteligentes para serem descritos com

relacionamentos concretos, e formalizam sofisticados onde cálculos

lógicos podem ser realizados com esta “álgebra semântica”. Isso permite

a combinação e recombinação de dados até um nível atômico e uma

análise mais refinada dos dados. Portanto, neste estágio, os dados não

existem como uma bolha, mas sim como parte de um microcosmo

sofisticado. Um exemplo dessa sofisticação dos dados é a tradução

automática de documentos de um domínio para documentos

equivalentes em outros domínios.

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Neste ponto, é possível estabelecer uma nova definição para web

semântica: redes de dados inteligentes que são processáveis pelas máquinas.

De uma maneira mais detalhada, pode-se definir dados inteligentes como

dados que: não dependem de aplicação, classificáveis, de fácil composição e

que fazem parte de um ecossistema de informação maior (Ontologias).

4.2 Motivação para web semântica?

Segundo (DACONTA, 2003) a web semântica não envolve apenas a WWW.

Ela representa um conjunto de tecnologias necessárias às atividades

desenvolvidas em redes coorporativas, intranets. Isto é análogo aos web

services, que representam serviços não somente através da Internet, mas

também nas intranets. Nesse sentido, a web semântica propõe solucionar

vários problemas chaves das atuais arquiteturas de tecnologia da informação

como:

– Sobrecarga de informação: as ferramentas de busca enfrentam a

dificuldade de executar pesquisas entre documentos que não estão

diferenciados em termos de assunto, qualidade e relevância. A

tecnologia atual não é capaz de diferenciar uma informação comercial de

um educacional, ou informação entre idiomas, culturas e mídia. É

necessário haver informações de qualificação da própria informação

para que seja possível classificá-las e tornar os processos de

recuperação de informações mais eficazes.

– Integração de informações: a variedade de fontes de informação

distintas com diferenças sintáticas, semânticas e estruturais é muito

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grande, tornando o compartilhamento, integração e resolução de

conflitos entre informações um problema difícil de ser solucionado. Outra

questão a ser tratada seria a criação ou remoção de fontes de

informação, o que teria que ser realizada com extrema cautela de forma

a não causar grandes impactos ao ambiente integrado. Deve-se

considerar que as fontes de informação podem ter capacidades

computacionais diferentes, podendo variar desde sistemas de banco de

dados a arquivos. As informações podem variar de não estruturadas,

como imagens e vídeos, as semi-estruturadas, como arquivos de e-mail

e páginas Web. A heterogeneidade estrutural e semântica da informação

na Web, atualmente, é imensa e a maioria das propostas de integração

ainda adota soluções com alto índice de centralização, tornando seu uso

na Web inviável.

– Conteúdo não estruturado: um dos motivos do grande sucesso da

Web é sua liberdade de publicação de informação. Essa liberdade

proporcionou uma enorme quantidade de documentos e recursos de

todo tipo disseminado na Web, tais como: bancos de dados, artigos,

programas, arquivos, etc. Por serem criados de forma autônoma, sem

preocupação com regras de estruturação, catalogação e descrições de

suas propriedades, essas informações são difíceis de serem abrangidas

pelos mecanismos de pesquisa, ocasionando demora e ineficácia na

localização de informações. Alguns problemas enfrentados pelos

mecanismos de busca e recuperação de informações são: demora na

localização de informações; informações não localizadas devido às

mudanças de URL; e, recuperação de informações fora do contexto

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solicitado pelo usuário devido a problemas de semântica e ambigüidade.

A efetividade dos mecanismos de busca depende principalmente da

maneira pela qual as informações foram estruturadas e catalogadas na

Web. Documentos podem ser estruturados e organizados de várias

formas diferentes na Web e as ferramentas de busca têm que utilizar

mecanismos de recuperação adequados para cada tipo de organização.

4.3 Arquitetura da web semântica

Na proposta de desenvolvimento da web semântica (BERNERS – LEE et

al., 2001a) sugere uma arquitetura de três camadas conforme Figura 4.3:

– Esquema: que estrutura os dados e define seu significado;

– Ontologia: que define as relações entre os dados;

– Lógica: define mecanismos para fazer inferências sobre os dados.

Page 65: Dissertação de Mestrado de Nikolai Dimitrii Albuquerque · do conteúdo e de seus relacionamentos; e a padronização dos recursos, através da descrição de suas propriedades

63

4.3.1 Camada esquema

A representação do conhecimento é o primeiro passo em direção a web

semântica. É necessário que os dados sejam estruturados e que sejam

atribuídos significados, para que seja possível elaborar um raciocínio lógico.

Para que haja a representação do conhecimento é necessária à satisfação

de três condições:

– Interoperabilidade estrutural: provê a representação para modelos de

dados distintos, permitindo especificar tipos e possíveis valores para

cada forma de representação;

– Interoperabilidade sintática: provê regras precisas para promover o

intercâmbio dos dados na Web;

Figura 4.3 Arquitetura da Web Semântica

camadalógica

camadaontologia

camadaesquema

Web SemânticaWeb Semântica

Motor debusca

Motorheurístico

Interface deconversação

camadalógica

camadaontologia

camadaesquema

camadalógica

camadaontologia

camadaesquema

camadalógica

camadaontologia

camadaesquema

Web SemânticaWeb Semântica

Motor debusca

Motorheurístico

Interface deconversação

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64

– Interoperabilidade semântica: possibilita a compreensão dos dados e

suas associações com outros dados.

A camada esquema irá controlar os dados nos documentos, como uma

gramática de definição, em que os mesmos estarão estruturados e com

significados bem definidos. As tecnologias base dessa camada são descritas a

seguir:

– Uniform Resource Identifier (URI7): é simplesmente um identificador

da Web. O URI é utilizado para identificar itens na Web. Uma Uniform

Resource Locator (URL) é um tipo de URI que fornece um caminho para

obter mais informação sobre determinado recurso. O URI é uma

tecnologia ideal para ser utilizada pelo RDF8.

– XML: as páginas da Web na sua maioria são baseadas em HTML9. Em

uma linguagem pré-definida como o HTML não se tem à possibilidade de

estender o conjunto de tags original, isto é, caracterizar os documentos;

com essa facilidade, as aplicações específicas poderiam associar

significados aos dados e aos campos dos documentos o que viabilizaria

seu processamento automático, indo muito além do que simplesmente

gerar uma visualização. A solução para a extensão do conjunto de tags

foi produzir o XML10 (WEIBEL, 1997). A definição da linguagem XML

consiste em um padrão utilizado para marcação de documentos que

contém informações estruturadas, ou seja, documentos que contém uma

estrutura clara e precisa da informação que é armazenada em seu

7 http://www.w3.org/Addressing/ 8 http://www.w3.org/RDF/ 9 Linguagem descendente do SGML que é uma meta-linguagem padrão utilizado com sucesso há mais de uma década para geração de linguagens de representação de documentos . 10 http://www.w3.org/XML/

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65

conteúdo (WEIBEL, 1997). A estrutura da XML pode ser exemplificada

na Figura 4.4.

o Data Type Definition (DTD) / XML Schema11: gramáticas que

definem as regras para a verificação do documento na sua forma

sintática e também definem os elementos que constituem a

estrutura do documento, assim como seus relacionamentos;

o eXtensible Style Language (XSL12) / XSL Transformations

(XSLT9): linguagens da família XML responsáveis pela

apresentação dos documentos XML;

o XML: provê o formato dos dados para documentos estruturados

sem especificar um vocabulário real, o que irá identificar esse

vocabulário será o DTD / XML Schema.

A linguagem XML consegue atender duas das três condições para

que haja a representação de conhecimento:

11 http://www.w3.org/XML/Schema 12 http://www.w3.org/Style/XSL/

XMLconteúdo

DTD / XML Schemagramática

XSL / XSLTapresentação

XMLconteúdo

DTD / XML Schemagramática

XSL / XSLTapresentação

Figura 4.4 Estrutura da linguagem XML

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66

o interoperabilidade estrutural: realizada através do DTD / XML

Schema, que provê uma representação dos dados, especificando

tipos e possíveis valores.

o interoperabilidade sintática: realizada através do DTD / XML

Schema, que provê regras precisas, utilizando uma gramática,

que estabelece a sintaxe.

4.3.2 Camada Ontologia

É na camada de ontologia que garantimos as definições únicas dos

conceitos, mesmos os conceitos expressos de formas diferentes e em

linguagens diferentes. Essa garantia é atingida através da utilização das triplas

<objeto, atributo, valor> nas linguagens. A seguir será detalhada a linguagem

RDF por ser a linguagem base das representações ontológicas.

RDF: é uma recomendação do W3C para definir uma padronização da

representação e do uso de metadados na Web. O propósito da W3C era

fornecer meios para possibilitar a interoperabilidade entre aplicações na Web,

permitindo que as informações fossem entendidas diretamente pelas

máquinas. (SAUNDERS, 1995).

Segundo (W3C), o RDF define um mecanismo para descrever recursos na

Web de uma forma neutra, sem descrever uma área de aplicação específica ou

domínio de conhecimento. Em princípio, o RDF não define a semântica de

nenhum domínio.

A sintaxe do RDF utiliza a linguagem XML para expressar o significado da

informação. Conseqüentemente, a XML e o RDF se tornam complementares.

Page 69: Dissertação de Mestrado de Nikolai Dimitrii Albuquerque · do conteúdo e de seus relacionamentos; e a padronização dos recursos, através da descrição de suas propriedades

67

Enquanto que a XML define uma estrutura, o RDF permite expressar o

significado associado aos dados. A flexibilidade da XML permite expressar a

semântica através da representação padronizada das triplas <objeto, atributo,

valor>, escritas sob a estrutura sintática do XML.

O modelo de dados RDF é definido como:

– Recursos

– Literais

– Propriedades

– Sentenças

As sentenças são formadas por <objeto, atributo, valor> onde:

– Objeto: é um recurso;

– Atributo: é uma propriedade;

– Valor: é um recurso ou um literal.

O relacionamento entre um recurso e um literal é chamado de sentença. A

sentença relaciona um atributo a um valor através de um objeto. Exemplo:

– Sentença: Bill Gates é dono da http://www.microsoft.com.

o Atributo: dono

o Objeto: http://www.microsoft.com

o Valor: Bill Gates

Os recursos que representam os objetos das sentenças devem utilizar

identificadores no padrão URI, pois representam um endereço único para cada

recurso na Web.

As sentenças RDF podem ser representadas de três formas distintas:

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68

– Grafo: A representação gráfica é a mais fácil de ser compreendida como

mostra a Figura 4.5.

– XML: As sentenças RDF escritas em XML habilitam o intercâmbio entre

máquinas, sem interferência humana, através de várias aplicações e

serviços conforme ilustra a Figura 4.6.

– Triplas: As triplas são acessíveis às aplicações que irão utilizá-las como

entradas para suas operações conforme demonstrado na Figura 4.7.

Figura 4.7 Sentença RDF na forma de triplas

A especificação da RDF não é suficiente para descrever metadados de uma

forma associada, representando semanticamente um dado domínio de

conhecimento. Quando citamos a representação semântica, queremos nos

referenciar principalmente à definição de ontologias e conseqüentemente de

todas as características das informações por elas requeridas como definição de

donohttp://www.microsoft.com Bill Gates

donohttp://www.microsoft.com Bill Gates

Figura 4.5 Sentença RDF representada na forma gráfica

Bill Gatesdonohttp://www.microsoft.com

LiteralPropriedadeRecursoBill Gatesdonohttp://www.microsoft.com

LiteralPropriedadeRecurso

Figura 4.6 Sentença RDF escrita em XML

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69

significado, definição de possíveis relacionamentos, propriedades, herança de

propriedades e restrições de valores.

A W3C definiu o conceito de esquema RDF para expressar a estrutura de

metadados de documentos na Web. Para tal é utilizado o modelo RDF

associado a regras, formando um vocabulário do esquema, que define a

estrutura dos dados, de forma similar a um esquema tradicional de banco de

dados. Logo, os dados definidos de acordo com o esquema estarão sempre em

conformidade. A Figura 4.7 apresenta um pequeno exemplo da estrutura do

RDF Schema.

A linguagem RDF satisfaz as três condições para que haja a representação

de conhecimento:

– interoperabilidade sintática: através do RDF Schema, ou seja, provê

regras precisas, utilizando uma gramática, que estabelece uma sintaxe;

Figura 4.8 Exemplo da sintaxe do RDF Schema

Page 72: Dissertação de Mestrado de Nikolai Dimitrii Albuquerque · do conteúdo e de seus relacionamentos; e a padronização dos recursos, através da descrição de suas propriedades

70

– interoperabilidade estrutural: provendo uma representação aos dados

e especificando tipos e possíveis valores para cada forma de

representação, através do mecanismo de <objeto, atributo, valor>;

– interoperabilidade semântica: através do significado que é atribuído

aos dados, através das triplas de <objeto, atributo, valor>.

4.3.3 Camada Lógica

A camada lógica é composta por um conjunto de regras de inferência que

os agentes poderão utilizar para relacionar e processar a informação. As regras

de inferência fornecem aos agentes o poder de analisar os termos e os seus

significados, que foram definidos na camada esquema e de analisar os

relacionamentos entre os conceitos segundo sua definição na camada

ontologia. “Um agente é um sistema computacional que está situado em um

ambiente e que é capaz de atuar de forma autônoma neste ambiente com

intenção de atingir os objetivos de seu desenvolvedor“ (WOODRIDGE, 1999).

Os agentes possuem algumas características que os distinguem: têm

autonomia (operam, tomam decisão sem intervenção externa), têm reatividade

(são ativos, percebem o seu ambiente e agem), têm comportamento

colaborativo, possuem objetivos (metas), são flexíveis, sociáveis e têm

capacidade de aprender. Os agentes serão capazes de “compreender” o

significado entre objetos, com base em ontologias e de raciocinar sobre eles

utilizando regras de inferência definidas na camada lógica. Alem disso, deverão

ser capazes de trocar dados entre si.

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71

A Web Semântica terá vários agentes interagindo, cooperando e formando

cadeias de valor que facilitem a comunicação e a ação humana. Os agentes

poderão trocar ontologias e adquirirem novas capacidades, quando

descobrirem novas ontologias (BERNERS – LEE et al., 2001b).

4.4 O papel dos web services na web semântica

O uso de web services está crescendo rapidamente por possibilitar de forma

transparente a interoperabilidade e comunicação entre aplicações. Estes

serviços provêem uma arquitetura para implementar a comunicação entre

aplicações de diferentes tipos e plataformas.

Esta arquitetura focaliza-se em como os serviços são descritos e

organizados dinamicamente, propiciando descoberta e uso automático Figura

4.8. Excluem-se aqui sistemas cujas interações são acopladas manualmente

de forma rígida, como é o caso nas aplicações de Electronic Data Interchange

(EDI).

Segundo (W3C, 2002), os web services são softwares identificados por uma

URL, sendo que a maioria das implementações é baseada no protocolo HTTP,

do qual as interfaces, WSDL, podem ser descritas e descobertas por

Recursosdinâmicos

Recursosestáticos

SintaxeInteroperável

SemânticaInteroperável

Web Services

WWW Semantic Web

Semantic WebServices

Recursosdinâmicos

Recursosestáticos

SintaxeInteroperável

SemânticaInteroperável

Web Services

WWW Semantic Web

Semantic WebServices

Figura 4.9 Evolução da tecnologia de web services

Page 74: Dissertação de Mestrado de Nikolai Dimitrii Albuquerque · do conteúdo e de seus relacionamentos; e a padronização dos recursos, através da descrição de suas propriedades

72

instrumentos baseados em XML e ainda suportar interações diretas com outros

softwares utilizando mensagens em XML, SOAP, transportadas sobre

protocolos de Internet.

4.4.1 Protocolos utilizados pelos Web Services

Segundo (WEB SERVICES, 2002), os aplicativos acessam os web services

utilizando os protocolos padrões da Web, sem a necessidade de se

preocuparem como cada web service foi implementado. Todos esses padrões

são definidos pelo W3C, tornando a sua implementação viável em qualquer

plataforma.

Para implementar web services, a W3C define quatro padrões, Figura 4.9,

primários que são (WEB SERVICES, 2002):

1. XML:. a XML é a linguagem dos Web Services. Ela é equivalente ao

American Standard Code for Information Interchange (ASCII) para a

Internet, onde dados ou conteúdo que são expressos em XML devem

ser entendidos por qualquer aplicativo que entende XML (MARTIN,

2001);

Figura 4.10 Esquema dos web services com os protocolos

SOAP

HTTP

TCP

cliente server

WSDL WSDL

UDDI

SOAP

HTTP

TCP

clientecliente serverserver

WSDL WSDL

UDDI

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73

2. SOAP (Simplified Object Access Protocol): protocolo utilizado para

chamar procedimentos remotos pela Internet. É um documento XML que

define, entre outras coisas, como uma aplicação pode dizer a um

servidor que determinado objeto deve ser carregado, qual método deve

ser executado, com quais parâmetros e qual é o valor de retorno;

3. WSDL (Web Services Description Language): é um documento XML

que auxilia na descrição dos serviços. Proporcionam aos clientes de um

web services todos os detalhes necessários para conexão e utilização

dos web services. (Web Services, 2002) e;

4. UDDI (Universal Description, Discovery and Integration): para

transformar a atual Web semi-estática numa Web dinâmica, dotada de

serviços colaborativos, é necessário criar um diretório mundial para

consultas dos serviços disponíveis, que as empresas divulgarão e

procurarão serviços de forma dinâmica. Tal como uma lista telefônica, o

UDDI contém páginas brancas e amarelas que permitem procurar os

serviços em função do nome da empresa ou do tipo de atividade que

exercem. Porém, o UDDI oferece, também, páginas verdes, e indicam

como negociar com as empresas que figuram no diretório, designando,

por exemplo, os seus procedimentos comerciais ou descrevendo os

serviços que disponibilizam. Brancas, amarelas ou verdes, as páginas

UDDI possuem um modelo de dados baseado em XML, e o seu acesso

exige a utilização do SOAP, tanto para as preencher como para

pesquisar os serviços que as contêm (UDDI, 2002).

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74

4.5 Considerações finais

Um dos objetivos originais da Web era a troca de informação entre pessoas,

mas de forma de que as máquinas pudessem participar da comunicação,

ajudando os usuários. Os computadores na Web, atualmente, têm papel

somente no direcionamento e entrega de informações, não tendo acesso ao

conteúdo das páginas, porque essa informação está estruturada para utilização

pelas pessoas e não por máquinas.

Este capítulo abordou a tecnologia da web semântica, uma proposta de

extensão da Web atual baseada no uso de ontologias para descrever

relacionamentos entre objetos, formados com informações semânticas, para

automatizar o processamento pelas máquinas.

A web semântica não é apenas uma ferramenta para conduzir e auxiliar a

execução de tarefas individuais e pesquisas mais eficientes na Web, mas

também uma ferramenta para assistir no desenvolvimento do conhecimento.

Devido a sua importância no desenvolvimento da próxima geração da Web,

o próximo capítulo irá apresentar uma proposta de arquitetura de integração

semântica de bibliotecas digitais utilizando a web semântica como base de

desenvolvimento.

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75

5 INTEGRADOR SEMÂNTICO DE BIBLIOTECAS DIGITAIS

A publicação de textos completos na rede, principalmente de Ciência e

Tecnologia (C&T), já é uma realidade no Brasil conforme demonstram algumas

iniciativas como a SciELO13, Portal do Conhecimento 14 da USP, Biblioteca

Digital LAMBDA15 da PUC/RIO, Banco de Teses e Dissertação BTD16 do

PPGEP/UFSC, Biblioteca Digital de Teses e Dissertações Brasileira – BDTD17

do IBICT entre outras. A presença desse novo modelo de biblioteca na

sociedade contribuiu para o surgimento do termo biblioteca digital.

(BAX, 1997) traz a seguinte definição de bibliotecas digitais:

“as bibliotecas digitais são entidades capazes de vencer as limitações

naturais, espaço - temporais, impostas a objetos físicos (livros, estantes,

salas, prédios), permitindo novas práticas de trabalho e oportunidades.

[...] é uma reunião de um ferramental de computação, estoque e

comunicação digitais juntamente com o conteúdo e software necessário

para se reproduzir, emular, estender os serviços oferecidos por

bibliotecas convencionais baseadas em papel e outros meios de

coleção, catalogação, e disseminação da informação. Uma biblioteca

digital completa deve ser capaz de oferecer todos os serviços essenciais

de uma biblioteca tradicional, assim como explorar as bem conhecidas

vantagens do estoque, pesquisa e comunicação digital.”.

13 http://www.scielo.br 14 http://www.teses.usp.br 15 http://www.lambda.maxwell.ele.puc-rio.br 16 http://www.teses.eps.ufsc.br 17 http://www.ibict.br/bdtd

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76

(DRANBESTOTT, 1997) comenta que:

"...ao se levar em conta outras características e mecanismos do que se

denomina biblioteca digital, encontram-se termos complementares, tais

como acessibilidade local, nacional, regional, universal, conexão

eletrônica, por meio de computadores massivos e roteadores,

transparência das informações, independentemente de local ou

determinado campus, laboratório de pesquisa, uso de computadores

pessoais e portáteis, instituições, firmas comerciais; usuários

cadastrados com posse de senhas".

(LEVACOV, 1997) comenta que:

“Para alguns, significa simplesmente a troca de informações por meio da

mídia eletrônica e pode abranger uma grande variedade de aplicativos,

[...] para outros, significa a possibilidade de [...] criar uma rede mundial

que fosse um grande depositário (potencialmente infinito) de todos os

documentos da humanidade”.

A Digital Library Federation (DLF18) apresenta sua definição sobre biblioteca

digital com base em características e principalmente exigências funcionais para

o desenvolvimento da mesma.

– Organizações que fornecem os recursos: são organizações que

empregam e indicam uma variedade de recursos, especialmente os

recursos intelectuais pertinentes à equipe especializada, mas não

necessitam ser organizada no modelo das bibliotecas convencionais.

18 http://www.diglib.org/

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77

Embora os recursos que as bibliotecas digitais requerem sejam similares

àquelas dentro das bibliotecas convencionais, eles são, muitas vezes, de

tipos diferentes. Por o exemplo, para o armazenamento e a recuperação,

as bibliotecas digitais são dependentes quase exclusivamente do

computador, das habilidades eletrônicas dos sistemas da rede e da

engenharia dos sistemas.

– Preservam a integridade e asseguram a persistência: devido à

mudança contínua no ambiente torna-se muito difícil assegurar a

persistência e a preservação de integridade. Mas a DLF considera estas

funções como centrais ao conceito de biblioteca digital. A integridade de

objetos digitais é medida em termos de conteúdo, fixação, referência,

origem e contexto (LEVY, 1995). A preservação da integridade do objeto,

embora necessário, não é uma condição suficiente da persistência. A

persistência depende também de outros fatores: vontade organizacional,

meio financeiro e a negociação de direitos legais.

– Coleções de trabalhos digitais: as distinções entre as bibliotecas

geralmente estão no foco do tema da matéria que define as coleções

(por exemplo, medicina, arte, ciência, música, e outros), ou nas

comunidades interessadas nos materiais coletados (por exemplo,

pesquisa, faculdade, público). Para DLF, com o amadurecimento das

bibliotecas digitais, o princípio que define as políticas de suas coleções

não será o material digital. Outrossim, a definição dos princípios estará,

como em outras bibliotecas, na “matéria tema” das matérias e no

interesse protetor da comunidade nelas. A pergunta estratégica chave

para as bibliotecas digitais que antecipam tal desenvo lvimento será

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78

“como integrar coleções de materiais na forma digital com materiais em

outras formas”.

– Prontamente e economicamente disponível: como em outras

organizações, as bibliotecas digitais necessitam desenvolver critérios

para medir seu desempenho num ambiente em desenvolvimento e

altamente competitivo. No mínimo, devem refletir os atributos funcionais

de uma biblioteca digital como descritos anteriormente. Uma medida

essencial da qualidade do serviço avalia o desempenho nos termos de

custo. Embora os custos de serviços de uma biblioteca digital ainda não

sejam bem compreendidos, a DLF comenta que as iniciativas bem

sucedidas têm uma certa segurança dos fatores críticos de custo e

trabalham rapidamente para economizar a influência destes fatores.

Uma segunda medida essencial da qualidade de serviço considera a

disposição e compreensão de como uma biblioteca digital deixa a

informação disponível à comunidade.

– Uso por uma comunidade ou por um conjunto de comunidades

definidas: as bibliotecas em geral, e as bibliotecas digitais

particularmente, são organizações de serviços. As necessidades e os

interesses das comunidades que elas servem determinam a trajetória do

desenvolvimento das bibliotecas digitais, incluindo o investimento feito

no conteúdo e na tecnologia. A maioria das bibliotecas deve ser

dedicada ao suporte da educação e da pesquisa, justificando seu

investimento em desenvolvimentos digitais como um meio poderoso de

realizar os objetivos institucionais das comunidades.

Page 81: Dissertação de Mestrado de Nikolai Dimitrii Albuquerque · do conteúdo e de seus relacionamentos; e a padronização dos recursos, através da descrição de suas propriedades

79

As definições apresentadas em torno das bibliotecas digitais demonstram o

seu papel fundamental no compartilhamento do conhecimento, principalmente

científico, como apresentado por (MARCONDES, 2002):

“a informação de interesse para a pesquisa científica é em grande parte

composta pela chamada documentação não convencional, também

chamada de “literatura cinzenta”, documentos que não são encontrados

no circuito editorial convencional, como relatórios de pesquisa, trabalhos

apresentados em eventos, teses e dissertações, que noticiam com

grande atualidade os resultados de pesquisa.

Coletar esta “literatura cinzenta” sempre foi caro e extremamente

trabalhoso para os sistemas, devido à dispersão da literatura científica. O

surgimento das publicações eletrônicas começa a mudar radicalmente

este quadro. Hoje em dia não é mais suficiente para garantir o máximo

de visibilidade de seu acervo que bibliotecas digitais simplesmente

disponibilizem seus dados na Internet. A quantidade de informações

disponível na rede é tão grande que identificar, localizar, descobrir a

existência e acessar informações relevantes torna-se um problema

crítico, demandando um tempo proibitivo aos usuários.”

Uma visão mais direcionada a realidade de bibliotecas digitais em

universidade é apresentada em (PACHECO, 2001a)

“O avanço das novas tecnologias na área de bibliotecas é evidente. No

entanto, a realização é muito pequena, se comparada ao potencial

realizável. Cada universidade ou cada programa de pós-graduação

desenvolve, ainda, iniciativas pouco integradas. Provedores de

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80

informação privados oferecem soluções também pouco integráveis ao

restante do ambiente bibliotecário”.

A possibilidade de integração de bibliotecas digitais depende da

construção de padrões que permitam o intercâmbio de informações e a

interoperabilidade de aplicativos. A busca por interoperabilidade entre

arquivos abertos, segundo Sena16, visa a transformar cada um dos

arquivos em parte de um arquivo global para a realização de pesquisas

on-line.”

Um dos apelos no desenvolvimento das bibliotecas digitais é a maior

visibilidade dos acervos por ela atendida. Atingir esta visibilidade não significa

mais necessariamente que algum usuário buscando informações deva acessar

a biblioteca digital ou arquivo eletrônico para ter acesso aos documentos

digitais. A possibilidade dos acervos serem consultados simultaneamente sem

que um usuário acesse cada site individualmente, a chamada

interoperabilidade, vem sendo perseguida como o mecanismo viável. Atingir a

interoperabilidade entre repositórios de bibliotecas digitais, distintos e

heterogêneos possibilitando consultas simultâneas, envolve um aporte intenso

em termos de tecnologias, protocolos e padronização.

5.1 Arquitetura de integração semântica de bibliotecas digitais

Na abordagem de integração proposta foi utilizada à visão clássica das

camadas de informação (BERGAMASCHI et al., 1999), (CALVANESE et al.,

1998) como ilustra a Figura 5.1. A camada semântica é representada por um

modelo conceitual que descreve um domínio particular de interesse, domínio

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81

esse que se encontra implícito nas estruturas das fontes a serem integradas. A

camada lógica é representada por um modelo lógico que descreve a estrutura

das fontes participantes do processo de integração. O mapeamento entre as

duas camadas é realizado através do modelo de mapeamento, que contém um

conjunto de regras de mapeamento, responsáveis por especificar como

elementos do modelo lógico devem ser interpretados no modelo conceitual.

– Modelo conceitual: expressa informações semânticas em termos das

associações entre conceitos de um domínio particular de interesse,

diferentemente das perspectivas ontológicas de representação do

conhecimento, que se concentram em expressar a definição de um

conceito.

conceitos

mapeamentos

fonte de dados

camada semântica

camada lógica

conceitos

mapeamentos

fonte de dados

camada semântica

camada lógica

Figura 5.1 Integração estrutural de fonte de dados

Page 84: Dissertação de Mestrado de Nikolai Dimitrii Albuquerque · do conteúdo e de seus relacionamentos; e a padronização dos recursos, através da descrição de suas propriedades

82

– Modelo lógico19: tem por objetivo expressar os elementos que

compõem uma descrição estrutural das fontes de dados participantes, de

forma que cada um destes elementos possa ser mapeado para

elementos do modelo conceitual em uma etapa posterior, garantindo

uma semântica associada a estes elementos, e conseqüentemente,

facilitando o processo de integração destas fontes. Este modelo

corresponde a uma simplificação de uma estrutura, incluindo apenas os

conceitos de esquema, elemento e domínio de um elemento.

– Modelo de mapeamento: tem por objetivo prover informação semântica

ao dado estrutural. O modelo compreende dois elementos:

o um responsável por acomodar um conjunto de restrições, no nível

semântico, presentes nos esquemas;

o um conjunto de regras de mapeamento, as quais são responsáveis

por associar o modelo lógico ao modelo conceitual.

O propósito da arquitetura, baseada na visão clássica das camadas de

informação, é prover um sistema de integração semântico de dados baseado

em web services e ontologias através de um esquema comum que sobrepõe a

heterogeneidade estrutural dos repositórios de dados estruturados. Este

esquema comum é descrito na linguagem OWL e suporta várias ontologias,

relacionadas ou não. A OWL é uma linguagem de marcação semântica para

recursos da web, desenvolvida como uma extensão da linguagem para

ontologias DAML+OIL. Segundo (Smith, 2003), a OWL ultrapassa esta 19 O termo lógico é aqui utilizado no mesmo sentido empregado em ambientes de bancos de dados, onde denota a descrição de dados em termos das estruturas gerenciadas pelos SGBDs (por exemplo tabelas relacionais), as quais se encontram em um nível mais abstrato com relação à organização física dos dados.

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83

linguagem no que se refere à habilidade para representar na web conteúdo

compreensível por máquinas.

É importante salientar que os dados semi-estruturados, páginas HTML,

documentos textos e arquivos XML, não foram contemplados na arquitetura.

Caso exista necessidade da inclusão de tal fonte de dados, será necessário

converter os dados para o formato XML, respeitando a estrutura sintática de

acordo com alguma ontologia disponível no repositório de ontologias, Figura

5.2. Após a geração do novo formato os mesmos deverão ser armazenados em

algum SGBD.

O diagrama da arquitetura de integração é apresentado na Figura 5.2,

sendo seus componentes descritos a seguir.

Page 86: Dissertação de Mestrado de Nikolai Dimitrii Albuquerque · do conteúdo e de seus relacionamentos; e a padronização dos recursos, através da descrição de suas propriedades

84

– Interface usuário: é responsável pela interação do usuário com a

arquitetura proposta. A interface é composta pela interface de

publicação, responsável por transformar, converter e publicar os

documentos XML nos dispositivos web. Para isso, deverá integrar

algumas ferramentas, como processadores e parsers de algumas

linguagens. É importante lembrar que a separação do conteúdo, lógica e

estilo deverá ser respeita, pois essa separação auxilia o processo de

apresentação de forma mais eficiente. É através desta interface que os

Figura 5.2 Arquitetura proposta para integração semântica

SGBDNative XML

SGBDNative XML

SGBDSGBD

Usuário

Publicação

Administrador

Mediador

FiltroXML

FiltroSQL

FiltroXMLS

SGBDNative XML

SGBDNative XML

SGBDSGBD

Usuário

PublicaçãoPublicação

AdministradorAdministrador

MediadorMediador

FiltroXMLFiltroXML

FiltroSQLFiltroSQL

FiltroXMLS

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usuários submetem consultas sem ter conhecimento de como as

informações estão de fato representadas.

– Interface administrador: recurso responsável pelo ciclo de vida das

ontologias. Pode-se dizer que é a parte vital da arquitetura. São tarefas

desta interface:

o Criação e manutenção do esquema conceitual: popular e

manter o repositório de ontologias com instâncias de conceitos,

contendo seus respectivos relacionamentos de dependência e de

integração.

o Criação e manutenção do catálogo de filtros: registrar, no

repositório de ontologias, a localização dos filtros com a

respectiva lista de conceitos envolvidos. Esta informação deve ser

obtida no momento em que o esquema de uma fonte de dados é

mapeado para repositório de ontologias. Essas informações são

de vital importância à arquitetura, pois habilita o mediador a

estabelecer comunicação com os filtros de consulta. Nesse

estágio é indicada a utilização de arquivos WSDL, pois a

funcionalidade é muito semelhante e já é um passo para o

caminho da utilização dos web services como padrão da

arquitetura.

o Suporte à tarefa de mapeamento: disponibiliza a lista de

conceitos para que o responsável pelo repositório de dados a ser

integrado possa mapear corretamente as fontes de dados que se

deseja publicar. Esse processo exige uma atenção especial às

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86

ontologias disponíveis no repositório, já que, o ideal é a

reutilização de estruturas pré-definidas e validadas.

As tarefas de criação e manutenção dos esquemas conceituais e de

mapeamento são fundamentais para garantir a qualidade do repositório

de ontologias, já que são as portas de entradas do repositório.

– Repositório de ontologias: é utilizado para armazenar o esquema

conceitual que se encontra expresso diretamente em OWL. É importante

salientar que a linguagem OWL não é exclusiva na arquitetura. O que é

importante é a utilização de linguagens de definição ontológicas

baseadas em RDF. A sugestão do uso da linguagem OWL faz-se devido

ser esforço mais recente da W3C no que diz respeito a definições de

linguagens semânticas.

A infra-estrutura do repositório de ontologias é baseada na tecnologia de

web services devido ser a tecnologia que melhor desempenha a

funcionalidade de interoperabilidade e por ser completamente

descentralizado. Essa realidade de descentralização justifica a utilização

da tecnologia de computação em grade no balanceamento da carga de

trabalho. O que auxilia de sobre maneira o desempenho do sistema.

O registro de uma ontologia deve iniciar pelo responsável do repositório

de dados a ser integrado. Primeiramente, deverá ser feita uma análise

do modelo do repositório ou de uma ontologia em uso com as ontologias

disponíveis no repositório de ontologias. Havendo compatibilização ou

não com as ontologias do repositório, o administrador do repositório fica

responsável pela tarefa de mapeamento ou de criação da ontologia.

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87

Essa responsabilidade é compartilhada com o responsável do

repositório a ser integrado.

Após a inserção das ontologias no repositório, as mesmas podem ser

dinamicamente atualizadas com novas instâncias de conceitos durante o

seu ciclo de vida, vale ressaltar que as ontologias não terminam como o

ciclo de vida de software e sim estão em constante evolução. Caso uma

ontologia seja descontinuada é porque houve falha na sua constituição.

Além das ontologias, o repositório armazena os catálogos dos filtros.

Esses catálogos contêm a localização, a lista de conceitos e o modelo

de mapeamento do repositório de dados a ser integrado.

– Interface mediador: é responsável por manter uma visão única e

integrada ao usuário do sistema. A interface mediador é o centro da

arquitetura, pois realiza o processo de orquestração entre usuários,

interface de apresentação, repositório de ontologias e filtros da

arquitetura. A única exigência dessa interface é a presença da XML

como linguagem de comunicação com os componentes da arquitetura.

Propostas baseadas em mediadores se mostram adequadas no

contexto das aplicações em função do fraco acoplamento entre as fontes

de dados (visto que não existe um esquema global), respeitando,

portanto, a autonomia dos repositórios. O processo de mediação

também favorece a construção de aplicações com grau de abstração

adequado ao usuário à medida que provê um ponto de acesso único e

uniforme as fontes de dados envolvidas.

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88

– Interface filtro: apresenta três filtros:

o Filtro SQL: responsável por fazer a comunicação com os SGBDs

relacionais através de instruções SQL. Estás instruções são

geradas com auxílio da interface mediador que através do acesso

ao repositório de ontologias elabora as consultas a partir das

definições de mapeamento;

o Filtro XML: responsável por fazer a comunicação com os SGBDs

nativos XML através de instruções XQuery. A vantagem de utilizar

este recurso, XQuery, é que a instrução não precisa ser

transformada, pois já está no formato XML.

o Filtro XMLS: responsável por fazer o mapeamento da estrutura

de um modelo relacional para o padrão XML Schema (PADILHA,

2003). A partir do XML Schema o procedimento de conversão ou

ajuste para RDF gera pouco trabalho.

Com base na arquitetura ora apresentada foi desenvolvido um protótipo de

integração entra as bibliotecas digitais do IBICT e da SciELO. Na próxima

seção é apresentado o protótipo.

5.2 Integração das bibliotecas digitais do IBICT da SciELO

A validação da arquitetura de integração semântica de bibliotecas digitais foi

feita através do desenvolvimento do protótipo denominado de Base Científica –

BASCIN. Esse protótipo fez uso da estrutura da Biblioteca Digital de Teses e

Dissertações do IBICT e da Biblioteca Digital de Artigos da SciELO.

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89

Segundo (Marcondes, 2001), o IBICT, através do projeto da Biblioteca

Digital Brasileira em C&T - BDB, passou a fomentar o desenvolvimento de

recursos informacionais brasileiros de interesse para C&T em texto completo,

como teses e dissertações, artigos de periódicos, trabalhos em congressos,

arquivos eletrônicos de preprints, integrando e provendo interoperabilidade

entre estes recursos através do acesso unificado aos mesmos, via uma única

interface web.

A Scientific Electronic Library Online - SciELO é uma biblioteca eletrônica

que abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros. O

seu objetivo é o desenvolvimento de uma metodologia comum para a

preparação, armazenamento, disseminação e avaliação da produção científica

em formato eletrônico.

Para o desenvolvimento da infra-estrutura foram seguidas as seguintes

etapas:

1. Aquisição dos padrões de metadados das duas bibliotecas digitais.

– MTD-BR em http://www.ibict.br/schema

– Artigo DTD-SciELO v3.1 em http://www.scielo.org/dtd/004_pt.htm

2. Mapeamento dos elementos e definições dos dois modelos na

linguagem OWL. Para o desenvolvimento do protótipo foi

considerado um conjunto mínimo de elementos dos dois padrões,

conforme demonstrado na Figura 5.3.

Page 92: Dissertação de Mestrado de Nikolai Dimitrii Albuquerque · do conteúdo e de seus relacionamentos; e a padronização dos recursos, através da descrição de suas propriedades

90

3. Para codificação foi utilizada a ferramenta OilEd 3.5 que trabalha com

a linguagem OIL. A própria ferramenta disponibiliza vários

conversores inclusive para linguagem OWL, Figura 5.4. O resultado

da codificação em OWL dos padrões pode ser visualizado nas

Figuras 5.5 e 5.6.

IBICTIBICT SciELOSciELO

fnamefname

titletitle

surnamesurname

nomenome

titulotitulo

+

IBICTIBICT SciELOSciELO

fnamefname

titletitle

surnamesurname

nomenome

titulotitulo

+

Figura 5.5 Mapeamento dos elementos dos modelos

Figura 5.4 Desenvolvimento da especificação OIL do modelo do IBICT

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91

A integração semântica é feita relacionando os modelos OWL da SciELO,

Figura 5.5, e do IBICT, Figura 5.6. Esse relacionamento gera um novo arquivo

OWL como demonstrado na Figura 5.7

Figura 5.5 Listagem OWL da SciELO

Figura 5.6 Listagem OWL do IBICT

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92

4. Após a geração dos modelos em OWL, os mesmos devem ser

armazenados em alguma estrutura para futura reutilização. No

protótipo foi utilizado o Microsoft SQL Server 2000 como repositório

de ontologias.

5. A partir do momento em que o repositório de ontologias recebe

modelos, a interface mediadora deve ter acesso ao modelo de

integração para que seja executado o processo de orquestração. É

esse modelo que permitirá uma visão única do ambiente.

Figura 5.7 Arquivo do modelo de integração em OWL dos modelos IBICT e SciELO

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93

6. Como no protótipo os modelos foram armazenados no SQL Server,

só foi utilizado o filtro SQL pela interface mediador. Sendo que esse

filtro terá duas solicitações, uma do modelo IBICT e outra da SciELO.

7. É importante observar que o resultado apresentado ao usuário só

será estruturado quando os filtros retornarem as informações no

padrão XML. Nesse caso, a interface mediadora aguarda por dois

retornos para encaminhar o resultado a interface de publicação que

então efetua o processamento de transformação e encaminha ao

usuário. Dessa forma é finalizado o ciclo da arquitetura com relação

ao protótipo.

Após a preparação da infra-estrutura, os usuários podem acessar o site do

BASCIN para efetuar pesquisas. A seguir é apresentado o fluxo de pesquisa

dos usuários.

Na Figura 5.8 é apresentado à tela inicial onde o usuário poderá efetuar a

pesquisa por três campos: autor, texto e ano. No protótipo o campo texto está

representando apenas o título do trabalho, mas poderia representar vários

campos como resumo, palavras-chave etc. Esse processo de representação é

executado no momento do mapeamento dos relacionamentos. A Figura 5.9

demonstra uma pesquisa de título que contenha a palavra “saúde”.

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94

Figura 5.8 Tela inicial do BASCIN

Figura 5.9 Pesquisa de títulos pela palavra “saúde”

O resultado da pesquisa encontrou produção tanto na base do IBICT quanto

na base da SciELO. O resultado da pesquisa é apresentado na Figura 5.10.

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95

Figura 5.10 Resultado da pesquisa na BASCIN

A partir do resultado o usuário deveria acessar através dos links os

trabalhos disponíveis. Como as duas bibliotecas digitais não permitem o envio

de parâmetros pela URL não foi possível completar esse fluxo. De qualquer

forma iremos simular essa etapa final para completar o fluxo do usuário. A

Figura 5.11 apresenta informações do trabalho pesquisado, uma dissertação

de mestrado. É importante lembrar que o IBICT não armazena os trabalhos na

sua base, apenas os metadados dos trabalhos no padrão MTD-BR. A partir das

informações da página o usuário poderá acessar diretamente a base origem do

trabalho, no caso o BTD do PPGEP/UFSC como mostra a Figura 5.12.

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96

Figura 5.11 Link do texto completo no portal da BDTD do IBICT

Figura 5.12 Link do texto completo no BTD do PPGEP/UFSC

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97

Os passos seguidos no acesso aos trabalhos no portal do IBICT também

deverão ser efetuados no portal da SciELO. A única diferença dos projetos é

que a SciELO armazena os trabalhos e não somente os metadados na sua

base conforme demonstrado nas Figuras 5.13 e 5.14.

Figura 5.13 Link do texto completo no portal da SciELO

Page 100: Dissertação de Mestrado de Nikolai Dimitrii Albuquerque · do conteúdo e de seus relacionamentos; e a padronização dos recursos, através da descrição de suas propriedades

98

Figura 5.14 Acesso ao texto completo da produção no portal da SciELO

5.3 Considerações finais

A abordagem de integração baseada em metadados aqui empregada

reforça a importância do uso de metadados no contexto de integração de

acervos científicos, conforme visto no capítulo 2, à medida que provê

mecanismos que possibilitam descrever os conflitos de representação quanto à

estrutura, mapeamentos, localização, e tipo de cada fonte de dados.

Abordagens que fazem uso de ontologias complementam a tarefa de descrição

dos recursos, uma vez que provê os mecanismos necessários para uma

descrição completa da semântica acerca dos dados.

No capítulo 6 será apresentado as conclusões e principalmente os trabalhos

futuros com base nesta pesquisa.

Page 101: Dissertação de Mestrado de Nikolai Dimitrii Albuquerque · do conteúdo e de seus relacionamentos; e a padronização dos recursos, através da descrição de suas propriedades

99

6 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS

6.1 Conclusões

Apresentamos uma arquitetura para a integração semântica de bibliotecas

digitais que procurou ser flexível o bastante para atender aos requisitos da Web

Semântica. Utilizamos a abordagem de ontologias com o intuito de prover

principalmente o suporte à interoperabilidade e ao consenso semântico na

integração dos dados.

A XML foi adotada como a linguagem padrão na arquitetura devido suas

vantagens na interoperabilidade sintática e no alto ganho de flexibilidade

principalmente na apresentação dos dados em diferentes dispositivos.

As ontologias geradas na arquitetura foram representadas na linguagem

OWL, que se baseia nas tecnologias RDF e XML, permitindo assim uma

arquitetura extensível à implementação dos requisitos da Web Semântica.

Para validação da arquitetura foi desenvolvido um protótipo, denominado de

“Base Científica”. Esse protótipo resolveu a integração semântica da Biblioteca

Digital de Teses e Dissertações do IBICT e da Biblioteca Digital de Artigos da

SciELO. Essa integração foi estabelecida com informações pertinentes dos

autores e dos títulos dos trabalhos.

Para realizar essas relações foram geradas tabelas de correspondência

entre as ontologias envolvidas, como também, regras de correspondências

para a estruturação da tabela de mapeamento.

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100

Durante o desenvolvimento da pesquisa percebeu-se que a Web Semântica

representa atualmente um dos grandes desafios para a comunidade científica,

pois consiste em uma integração de dados que pode ser utilizada por máquinas

e humanos. Além disto, viabiliza a automação e principalmente a reutilização

de dados por várias aplicações.

6.1 Trabalhos futuros

– Estudos mais aprofundados na área de gerenciamento de direitos

digitais, onde essa tecnologia é mais usada para evitar que filmes,

músicas e e-books sejam copiados. Essa tecnologia cria direitos de

acesso persistentes, o que significa direitos que acompanham os objetos

digitais e colocam limites sobre o encaminhamento, impressão, cópia ou

alteração, e determinam quantas vezes e por quanto tempo ele pode ser

visualizado.

– Estudos mais aprofundados em padrões e metodologias que garantam a

persistência dos endereços eletrônicos dos recursos digitais, como:

o URN20 - Uniform Resource Names

o PURL21 - Persistent URL

o DOI22 - Digital Object Identifier

– A experiência no desenvolvimento das ontologias demonstrou a

carência de ferramentas CASE no gerenciamento do repositório de

20 http://www.w3.org/Addressing/ 21 http://purl.oclc.org/ 22 http://www.doi.org/

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101

ontologias. Essa ferramenta a ser desenvolvida poderia auxiliar os

especialistas na orquestração das ontologias.

– Implementação de web services que representem repositórios de

ontologias e filtros de domínios distintos.

– Estudos da tecnologia de computação em grade integrada a

tecnologia de web services.

– Desenvolvimento de agentes inteligentes para recuperação e

principalmente para mapeamento de novos relacionamentos.

– Segundo (Pacheco, 2001b), a Linguagem de Marcação da Plataforma

Lattes (LMPL23) não prevê a interoperabilidade com aplicações

externas à comunidade LMPL. Sendo uma plataforma de C&T torna-

se estratégico a evolução da sua forma de representação sintática

para uma representação semântica, norteando uma nova realidade na

interoperabilidade entre instituições de C&T.

23 http://www.cnpq.br/lattes

Page 104: Dissertação de Mestrado de Nikolai Dimitrii Albuquerque · do conteúdo e de seus relacionamentos; e a padronização dos recursos, através da descrição de suas propriedades

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