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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM EDUCAÇÃO RELAÇÃO ENTRE FAMÍLIA E ESCOLA:PROPOSTA DE AÇÃO NO PROCESSO ENSINO - APRENDIZAGEM ANA PAULA JARDIM Presidente Prudente – SP 2006

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PR-REITORIA DE PESQUISA E PS-GRADUAOMESTRADO EM EDUCAORELAOENTRE FAMLIA E ESCOLA:PROPOSTA DE AO NOPROCESSO ENSINO - APRENDIZAGEMANA PAULA JARDIMPresidente Prudente SP2006PR-REITORIA DE PESQUISA E PS-GRADUAOMESTRADO EM EDUCAORELAO ENTRE FAMLIA E ESCOLA: PROPOSTA DE AO NOPROCESSO ENSINO - APRENDIZAGEMANA PAULA JARDIMDissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao Stricto Sensu emEducao, comopartedosrequisitosparaobtenodottulodeMestre em Educao - rea deConcentrao:PrxisPedaggicaseGestodeAmbientesEducacionais.Orientador:Prof. Dr Lucia Helena Tiosso Moretti. Presidente Prudente SP2006370 Jardim, Ana PaulaJ37rRelao entre famlia e escola: proposta deao no processo ensino-aprendizagem / AnaPaula Jardim. - Presidente Prudente : [s.n.], 2006.100 f. : il.Dissertao (Mestrado em Educao) Universidade do Oeste Paulista, UNOESTE Presidente Prudente, SPBibliografia1. Processo ensino aprendizagem. 2. Relao famlia e escola. 3. Comportamento infantil. I. Ttulo.ANA PAULA JARDIMRELAO ENTRE FAMLIA E ESCOLA: PROPOSTA DE AO NO PROCESSOENSINO APRENDIZAGEMDissertaoapresentadaaPr-ReitoriadePesquisaePs-Graduao,UniversidadedoOestePaulista,comopartedosrequisitosobtenodottulodeMestreemEducao.Presidente Prudente, 15 de maro 2006.BANCA EXAMINADORA______________________________________Prof Dr. Lucia Helena Tiosso MorettiUniversidade do Oeste Paulista - Unoeste_______________________________________Prof Dr Regina Clia AdamuzUniversidade do Norte do Paran - UNOPAR_______________________________________Prof. Dr. Levino BertanUniversidade do Oeste Paulista - Unoeste DEDICATRIADedico este trabalho ao meu esposo Rui, que de forma incondicional sempre estevepresente em minha vida me apoiando, no permitindo que eu desistisse dos meusideais pr maiores que fossem minhas dificuldades.AGRADECIMENTOS minha famlia que, em todos os momentos de realizao desta pesquisa, estevepresente. Deus, pr me dar essa oportunidade e pr me oferecer condies para a realizaodessa conquista. minha querida Orientadora e amiga Lucia que de maneira muito presente permitiu-me contar com seu apoio, amparando-me em minhas dvidas, alm da sua atenoe dedicao nas minhas aflies e dificuldades[...] Estou preocupado com a relao que a me tem com o beb pouco antes dopartoenasprimeirassemanasemesesapsonascimento.Estoutentandochamar a ateno para a imensa contribuio ao indivduo e sociedade que a boamecomumfazdesdeocomeo,comseumaridodandosuporteequeelafazsimplesmenteprserdevotaaseufilho.Serqueonoreconhecidodacontribuio da me devota se deve justamente ao fato de ela ser imensa? Caso seaceite essa contribuio, segue-se que todo homem ou mulher sadios, todo homemoutodamulherquetemsentimentodeserumapessoanomundo,eparaqualomundo significa alguma coisa, toda pessoa feliz tem um dbito infinito para com umamulher. [...]Donald Woods Winnicott (1957).RESUMOOpresenteestudo,norteadopelapesquisadeEstudodeCasoeassentados nos postulados da Psicanlise teve por objetivos estudara formao deum vnculo entre famlia e escola,analisar a importncia da famlia na aprendizagemdacrianaerealizarpropostasdeaoescolaefamlia.Compuseramaamostra,ospaisde10escolares,deambosossexos,situadosnafaixaetriadeseis anos, e a professora da primeira etapa do Ensino Fundamental da Rede Pblicadeensino.Apesquisafoirealizadaemumaescoladaredepblicadeensinodeumacidadesituadaaonorteparanaenseduranteoperododeabrilaoutubrode2004.Osprocedimentosdecoletaeanlisedosdadosdoestudoobedeceusseguintes fases: entrevista com a direo da escola para a solicitao de autorizaododesenvolvimentodotrabalho;elaboraodoTermodelivreconsentimentoparaospaiseprofessoraparaodesenvolvimentodapesquisa;elaboraoeaplicaodeumquestionrioparaospaiseparaaprofessora,contendoquestesobjetivassobreofuncionamentofamiliar,bemcomosobreadaptaodacrianavidaescolar;anlisequantitativaequalitativadosdadoscoletadosatravsdosquestionrios;realizaodeentrevistasdevolutivasaospaiseprofessores;organizaodepropostasdeaofamliaeescola.Osresultadosmostraramqueorelacionamentofamiliarfoiconsideradobomemsuamaioria;queospaisencontram-seinteressadosemacompanharaeducaoescolardosfilhos,emboraalgunstenhamumacertadificuldadeemfaze-lo;apercepodaprofessoracompatvel com a dos pais no que se refere ao comportamento dos filhos, tais como:imaturos,desatentos,semlimites,etc..Ospaistminteresseemparticipardasatividades propostas pela escola. Conclumos que existe a necessidade de formaodevnculosentreasduasinstituies,paraqueambaspossamatendersnecessidades das crianas nesta fase do desenvolvimento escolar. Palavras chave: Processo ensino;Aprendizagem;Relao famlia e escola;Comportamento infantil.ABSTRACTThis present study, followed by the Case Studies research, based onthepsychoanalyspostulatedhadasgoals:studyingthecreationofrelationshipbetween families and school, analyze the family importance in the learning processof the child and hold offers of action to school and to the family. The parents of tenstudents,bothsexes,attheageofaboutsixyearsoldandthefirstgradeelementary school teacher made up the sample. The research was held in a publicteaching school in a city situated in the north of Paran during the period of April toOctoberof2004.Thecollectionprocedureandthestudyinformationanalysisobeyedthefollowingsteps:interviewwiththeschoolstafftoaskforpermissiontodevelopthework;creationofaletterparentsandteacheragreementtodeveloptheresearch;creationandapplicationofaquestionnairetotheparentsandtheteacher,withobjectivequestionsaboutthefamiliaroperation,aswellasthechildadjustmenttoschoollife;quantitativeandqualitativeanalysisoftheinformationcollectedthroughthequestionnaires;doingreturninginterviewswithparentsandteachers; organization of offers of action to family and to school. The results showedthatthefamiliarrelationshipwasconsideredgoodinitsmajority;parentsareinterested in following their children school education, although some of them havesomedifficultiesindoingit;theteachersperceptioniscompatiblewiththeparentswhen it refers to the children behavior, as being: immature, inattentive, without limits,etcParentshaveinterestintakingpartintheofferedactivitiestoschool.Weconclude that there is the need of partnership between the two institutions, so bothmay attend the need of the children in this phase of school development.Key-words:Learningteachingprocess;Familyschoolrelationship;ChildishbehaviorLISTA DE GRFICOSGrfico 1 Composio da famlia .................................................................... ..52Grfico 2 Relacionamento familiar .....................................................................53Grfico 3 Relacionamento da criana com os pais .......................................... .54Grfico 4 Relacionamento da criana com a professora ...................................55Grfico 5 -Elogio por parte dos pais................................................................... .55Grfico 6 -Participao dos pais na escolaridade dos filhos ...............................56Grfico 7 Comparecimento dos pais s reunies e atividades escolares...........57Grfico 8 Adaptao e socializao da criana no ambiente escolar............... .58Grfico 9 -Comportamento da criana em sala de aula.......................................58Grfico 10 Dificuldade escolar da criana........................................................ ..59Grfico 11- Apresentao da escola criana ....................................................61Grfico 12-Adaptao da criana escola ......................................................... 61Grfico 13 -Acompanhamento criana para a escola ..................................... 62Grfico 14 -Nvel de amizade da criana ............................................................63Grfico 15 Comportamento da criana em sala de aula ..................................64Grfico 16 Participao da criana nas atividades escolares ........................... 65Grfico 17 Nvel de ateno e concentrao da criana ....................................65Grfico 18 Relacionamento da criana com a professora e colegas............... .. 66Grfico 19 Nvel de interesse dos pais no processo de aprendizagem da criana................................................................................................67Grfico 20 Cnjugemais interessado na vida escolar do filho......................... 68Grfico 21-Freqncia de solicitao da escola aos pais ................................... 68Grfico 22 Informao da escola aos pais quanto dinmica defuncionamento. ...........................................................................................................69 LISTA DE TABELASTABELA 1 Percepo dos pais sobre seus filhos ............................................. 60TABELA 2 Percepo da professora sobre seus alunos .................................. 70SUMRIOINTRODUO.................................................................................................11CAPTULO 1 -Desenvolvimento Infantil, Famlia e sua dinmica ...................18CAPTULO 2 -Relao Famlia Escola ........................................................ 41CAPTULO 3- METODOLOGIA ...................................................................50 CAPTULO4- RESULTADOS E DISCUSSO...............................................52CAPTULO 5 - CONSIDERAES FINAIS .................................................... 77REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...................................................................86APNDICES...................................................................................................91APNDICE A Termo de Consentimento Diretor......................................... 92APNDICE B-Termo de Livre Consentimento livreos pais ......................... 93APNDICE C -Termo de Consentimento livre professora............................ 94APNDICE D Entrevista com a Professora.....................................................95APNDICE E Questionrio para os pais.........................................................96APNDICE F Questionrio para a professora................................................98ANEXOANEXO A Identificao da Amostra pais....................................................10012INTRODUO O interesse em pesquisar sobre a relao entre famlia e escola surgiudurante a realizao do estgio curriculardo quinto ano do curso de Psicologia daUniFilCentroUniversitrioFiladlfia,dacidadedeLondrina(PR),nareadePsicologiaEscolar,vistoqueasqueixastrazidaspelaDireodaescola,pelosprofessoresepaisestavamvoltadassdificuldadesqueseencontravamemrelao ao processo ensino- aprendizagem dos alunos.Outrossim,estavainteressadaemcompreenderqualopapeldafamliaedaescola,almdeobservaesquantoaocomportamentoinadequadodos alunos, de forma geral.Durante todo o estgio curricular, nos dedicamos ao entendimento detais fenmenos, com muitas discusses durante as supervises com a professora edemais colegas, sobretudo com a equipe pedaggica da escola.Ao final do ano letivo, retornamos nossa cidade natal Bandeirantes(PR),(a85kmsdeLondrina),naesperanadepoderdarcontinuidadeaonossotrabalhonareaescolare/ouemoutrocampodaPsicologiaquefossevivelnacidade ou regio.Nesta mesma poca, nos interessamosemcursar Ps Graduao,especificamente o Curso de Mestrado em Educao, bastante divulgado por algunsprofessores, (um deles j estava cursando o mestrado na UNOESTE), com objetivodequalificar-nosnacarreiradocente,enatentativadepodermos,mediantearealizaodepesquisas,respondermossquesteslevantadasdurantetodooestgionareaescolarenocampodapsicologiadodesenvolvimentoinfanto-juvenil, de forma geral.Envolvendo-nosnaempreitadaembuscadeumtrabalhoarealizar,dirigimo-nosat ao Colgio (escola da rede pblica), ondehavamos cursado o 1e 2 grau para conversarmos com a Direo escolar e deixarmos nosso CurriculumVitae, caso houvesse interesse por parte da Instituio em nossa contratao.EmumaconversainformalcomaDireoescolarfoi-nosrelatadaadificuldadedesta,emestarlidandoetrabalhandocomascrianasqueestoapresentandoproblemasdeaprendizagemedistrbiosdecomportamentocomo: 13indisciplinaeausnciadelimitesdacriana,agressividade,bemcomoafaltadecompromissodospaisemrelaoaseusfilhos,especificamenteascrianasdaprimeira etapa do ensino fundamental.Diantedoexposto,ecomojtnhamosaintenodepesquisarestetema,afirmamosnossointeresseemrealizarumtrabalhoparainvestigaraorigemdetaisproblemas,sobretudoexaminaraspossibilidadesdeformalizararelaoentreafamliaeaescola;identificarquaisasfunesqueospaisexercem,comoovnculoeavivnciaentreosmembroseoqueosfamiliaresdepositameesperamdessascrianasedaescolaqueestoemprocessodeaprendizagem. Entendemos que criar e educar os filhos, prepar-los para portar-secomresponsabilidadeesegurananoconturbadomundoemquehojevivemos,uma tarefa to exigente e desafiadora como prazerosa e gratificante.Escolheraescolaadequadasexpectativasdafamliaeque,aomesmotempo,permitaaadaptaodacriana,umprojetocujosucessodepende,emgrandeparte,dacapacidadedospaisemavaliarasofertasexistentes.Tambmimportantequeospaise/ouresponsveispelascrianasestejamatentosaoprojetoeducativo/pedaggicoeaoperfildisciplinardainstituio,quecontribuiparaselecionarporaquelacujosvaloresefundamentosmaisseassemelhemaosdafamliaemtermosdeexigncias,posturas,visodemundo.Conhecerasdependnciasepossibilidadesdaescola,seusdiferenciais, bem como os professoresque estaro encarregados da educao dosfilhos tambm recomendado e necessrio (BALTAZAR, 2004).A famlia reflete os problemas da sociedade bem como a presena ouausnciadevaloresnosdiversoscontextoshumanos(escola,grupodepares,associaes) e desse modo importante pesquisar sua relao com o desempenhoescolar.Menin(1996,p.52),apontaquePiagetenfatizavaacooperaoenquantooperadoranoestabelecimentodetrocasequilibradascomosoutros,sejam estas trocas relativas a favores, informaes materiais, influncias etc.ConformeosentidoPiagetiano,ovnculoescola-famliaprevorespeitomtuo,oquesignificatornarparalelosospapisdepaiseprofessores,14para que os pais garantam as possibilidades de exporem suas opinies, ouvirem osprofessores sem receio de serem avaliados, criticados, trocarem pontos de vista.Talrelaoimplicaemcolocar-senolugardooutroenoapenasenquanto troca de favores, mas ... a cooperao, em seu sentido mais prodigioso:o de supor afetos, permitir as escolhas, os desejos, o desenvolvimento moral, comoconstruo dos prprios sujeitos, um trabalho constante com estruturas lgicas e asrelaes de confiana. (TOGNETTA, 2002) Segundo Piaget: Umaligaoestreitaecontinuadaentreosprofessoreseospaisleva,pois,amuitacoisamaisqueaumainformaomtua:esteintercmbioacabaresultandoemajudarecprocae,freqentemente,emaperfeioamento real dos mtodos. Ao aproximar a escola da vida ou daspreocupaesprofissionaisdospais,eaoproporcionar,reciprocamente,aos pais um interesse pelas coisas da escola, chega-se at mesmo a umadiviso de responsabilidades... (PIAGET, 1972 - 2000, p.50) Aconvivnciaeorelacionamentofamiliarsofatoresfundamentaisparaodesenvolvimentoindividual:ainserodacriananouniversocoletivo,amediaoentreelaeomundo,entreelaeoconhecimento,suaadaptaoaoambiente escolar, o relacionamento com os professores e funcionrios da escola, aconvivnciacomoscolegas,sofatoresdecisivosparaoseudesenvolvimentosocial. Considerandoqueoserhumanoaprendeotempotodo,nasmaisdiversas instncias que a vida lhe apresenta, o papel da famlia fundamental, poiselaquedecide,desdecedo,oqueseusfilhosprecisamaprender,quaisasinstituiesquedevemfreqentar,oquenecessriosaberemparatomaremasdecises que os beneficiem no futuro.Asrelaesfamiliareseoconhecimentodarotinadacasasoasrefernciasiniciaisdacriana;aidaparaaescolamaternalpodesignificarumarupturacomestemundoconhecidoeporissosetornarmuitoassustadorparaacriana, assim como para seus pais. naturalqueumasituaonovaedesconhecidadesencadeiemedos,angstiaseinsegurana,poristoimportantequeoseducadoresconsideremessasemoescomoalgoesperadonestasituaoenamedidado15possvel ir conversando com a criana ecomseuspaisarespeitodarepercussodestas vivncias.Aintensidadecomquecadacrianasuportaessasituaodependemuitodeaspectosparticularesdapersonalidadeedinmicafamiliar.Essasexperincias podem ter um carter bastante primitivo e fogem de qualquer tentativade explicao racional. Outrofatorpresenteaconvicodequeofilhocomoumaextensodospais,semumadiferenciao;algunspaisserelacionamcomofilhocomosefosseumeternobebsemreconhecerascondieseosrecursosdacriana. Desta forma infantilizam seus filhos. A escola, atravs de seus professoresou diretores podemalert - lose orient-los, na tentativa derepensar sua conduta e agir de forma mais coerentecomarealidadedacriana.(MORETTI,BALTAZAR;BALTHAZARetalli,2003)QuemobservoumuitobemessesfenmenospsquicosinfantisfoiMelanieKlein,psicanalistainglesa.Segundoela,aseparaoentreme-filhopode tambm suscitaro dio na criana ecomo conseqncia surgirem fantasiasmuitoprimitivasehostis,complicandomuitasvezesaseparaocomameeoingresso na escola maternal. (KLEIN, 1981)A experincia da criana no maternal e na pr-escola pode ter poucasemelhana com a educao e o aprendizado formais dos anos seguintes, porm, oqueelaaprenderpodeserdegrandevaliaparasuavida.Almdeterespaoeliberdadeparabrincar,podecomearaaprenderaconvivercomoutrascrianas,que ao nosso ver algo fundamentalpara o seu desenvolvimento e socializao. Opapeldoeducadoressencial,poisestepodeassegurarumambienteseguroparaquetaisdescobertaspossamacontecer.Quantomaisprecocementeumacrianacomdificuldadesforajudada,maioresseroaspossibilidades de se desenvolver de forma salutar aumentandosua autoconfiana,auto- estima e desenvolvendo sentimentos de segurana. Aescolapodeorientarospaisaumareflexosobreosaspectosemocionaisenvolvidosnarelaocomosfilhoseperceberoquantoestesfatoressefazempresenteseinfluenciamnodesenvolvimento,crescimentoesocializaodascrianas;destaforma,tomandoconscinciadassuasprpriasemoeseatitudes podem ser orientados a adotar uma conduta mais adequada e realista comrelao ao filho.16Para Di Santo (2005),observa-se quealguns pais so mais abertosemaleveis,oquefacilitamuitoacomunicao,enquantoqueoutrossomaisrgidos,fechadoseimpenetrveis.Podemsemostrarmuitofragilizadosfrentesobservaes e comentrios dos professores, sentindo-se criticados e culpados. Poristoafunodaescolanofcileexigehabilidadeparalidarcomestassituaes. Entendemosqueambos,aescolaeospais,estandoatentosaodesenvolvimentodascrianas,possamobservarsuascondutas,notandoquandoalgo se expressa de forma exagerada e muito desarmnica. Para Knobel, psiquiatra e psicanalista : A famlia um grupo primrio e natural de nossa sociedade, nos quais oser humano vive e consegue se desenvolver. Na interao familiar, que previaesocial(pormdeterminadapelomeioambiente),configura-sebemprecocementeapersonalidade,determinando-seaascaractersticassociais,ticas,moraisecvicasdosintegrantesdacomunidadeadulta.Porisso,muitosfenmenossociaispodemsercompreendidosanalisandoascaractersticasdafamlia.Muitasdasreaesindividuaisquedeterminammodelosderelacionamentostambmpodemseresclarecidoseexplicados,deacordocomaconfiguraofamiliardosujeitoedasociedadedaqualfazparte.(KNOBEL,1992, p. 19) Decorrente da realidade atual e considerando que a dinmica familiarpermeiatodarelaodegrupo,elapodedesencadearvriosproblemas,sendoadificuldade de aprendizagem um deles.Aasserorelaoescola-famliapodeserestudadasobdiferentescamposdisciplinaresegrupostemticos,conformedestacamNogueira,RomanellieZago(2000,p.10),eatualmentetemsidoinvestigadoemnossopas,temaqueabordaremos posteriormente.Arelaofamliaeescolatmumaimportantefunonodesenvolvimentoescolaredaaprendizagemdecrianasqueestonaprimeiraetapadoensinofundamental,sendoumassuntoquemereceserpesquisadodevido a sua importncia e freqentes dificuldades encontradas nas escolas. Nossoestudopriorizaquestessobredinmicasfamiliares,arelaofamlia x escola e sua influncia no processo de aprendizagem escolar; acreditandoque todos os envolvidos na rea da educao sero beneficiados, pois haverumamaior compreenso da realidade atual da famlia x escola.17O presente trabalho, norteado pelos pressupostos da psicanlise e daeducao, est assentado em procedimentos metodolgicos de Estudo de Caso. Nesta investigao, nosso problema a ser examinado refere-se a: - possvelarelaodafamliacomaescola,nocomprometimentodoprocessoeducativo da primeira etapa do ensino fundamental?Formulamos as seguintes hipteses:1.Umafamliafuncional,permitecrianaumdesenvolvimentopsquico, social e cognitivo saudvel;2. Os papis assumidos pelos pais, refletem, na criana a forma comoela ir se comportar e se relacionar no ambiente escolar, seja com os professores,seja com os colegas;3.Aformacomoaescolaestorganizada,estaptapararecebercrianas com problemasde comportamento e familiares?Paraaanlisedoproblemaedashiptesesformuladas,osobjetivosdo presente estudo foram: GERAL: Compreenderarelaoentrefamliaeescola,focando-senainfluncia de ambas no desenvolvimento da aprendizagem das crianas da primeiraetapa do ensino fundamental. ESPECFICOS: Analisar a importncia da famlia na aprendizagem da criana;Levantardadosarespeitodaproblemticaescolaredecomportamentodas crianas;Efetuarpropostas de ao escola e famlia. 18Paraaconsecuoeefetivaodonossoestudo,suaorganizaocompreende um captulo sobre desenvolvimento infantil,famlia e sua dinmica; ocaptulo2abordaasquestessobrearelaodafamliacomaescola;ametodologiaencontra-senocaptulo4,ondeexplicitamoscomofoidelineadaerealizada a pesquisa. No captulo seguinte,Resultados e Discusso, apresentamosa anlise qualitativa dos dados coletadose as Consideraes Finais encontram-senocaptulo 5. As Referncias Bibliogrficas apontam as contribuies de estudiososdodesenvolvimentoinfantiledaeducao,especificamentenoqueserefereaoprocesso ensino aprendizagem. 19CAPTULO 1 DESENVOLVIMENTO INFANTIL,FAMLIA E A SUA DINMICA Abordamos,inicialmente,sobreainfncia,asrelaesdascrianascom seus pais, cuja etapaem que prevalecea figura maternae que durante muitotempoistofoilevadoaoexagero,comaexclusoparcialeatmesmototaldafigurapaterna,conformeapontamalgunsestudiosos,dentreeles,Freud,MelanieKlein;Ren Spitz, John Bowby, Donald Winnicott, entre outros. Noabordaremosascontribuiestericasdetodoseles,vistonoser o objetivo do nosso estudo,uma vez quedemandaria um estudo exaustivo, massimdelinearalgunsdosprincipaispressupostosdestesestudiososdopsiquismoinfantil essenciais na compreenso do tema proposto.Segundo Cury (s/d), osculo XVIIIfoi magnnimo em apresentar aomundograndesnomesdopensamentopedaggicoqueathojeservemdereferencial para todos os estudiosos e pesquisadores da rea.IniciaremoscomavisodeumgrandeeducadorefilsofoJeanJacquesRousseaucujaessnciadoseutrabalhofoiconsideraraeducaodacriana como promessa de um progresso que inclua em si, a afetividade.Jean-JacquesRousseau(17121778),foioprecursordaspedagogias literrias, foi ele o primeiro a chamar a ateno dos educadores para oestudodascrianas.Paraele,aeducaodacrianaumcompromissodeumprogresso que inclua em si, desde logo, a afetividade. ( CAMBI, 1999)Rousseaudefendiaumaeducaonorepressiva,respeitadoradalivreexpressoemocionaleartsticadosalunos;propunhaumaeducaonatural,longedasinflunciasdoambientesocialecomoapoiodeumpedagogoqueorientasseacriananoprocessoformativoarefletirasexignciasdaprprianatureza.SigmundFreud(1905),foioutroimportanteprecursordodesenvolvimentoinfantilaoimputarasbasesdasexualidadeinfantiledavidainstintivapulsesdevidaedemorte,dosprincpiosdoprazer,darealidade,darelevncia dos afetos amor, dio, inveja,rivalidade,competio-aoevidenciaronarcisismoprimrioesecundrio(oriundosdeinjriasdeautoestima)etambm dos complexos edpicos.(MELLO FILHO;BURD, 2004)20ApartirdaspesquisasdeFreud,surgiramoutrosestudiososinteressadosnosassuntosdodesenvolvimentoinfantil,poisdesuacompreensodependia o futuro do ser humano, para sempre ligado s suasrazes primitivas. Nadcadade40,osgrandesexpoentesquesedestacaramforamRenSpitz,JohnBowlby, Melanie Klein, Anna Freud e Donald Winnicott.Naverdade,todosestestericosmostraramestudosmaiscompletosdoqueosdoprprioFreud,umavezqueobservaramdiretamenteascrianasesuasmesnumsettingclnicoe/ouexperimentalenodiscutiamsomenteareconstituiodainfnciaempacientes(adultos),submetidosanalise.(Ibid.,p,167)Estespesquisadoresdainfnciaacentuavamaimportnciadoscuidados maternos (e paternos) no desenvolvimento infantil como um todo a molapropulsora da sade mental.Analisarafamliaeorelacionamentoentreseusmembrosumaatividadecomplexa,querequerumaminuciosaobservao,umavezquearedefamiliar est inserida num contexto scio-histrico e sofre influncias de problemasoriundosdoambienteexterno,queinfluemdiretaouindiretamentenarotinadafamlia e transparecem na relao com os filhos, podendo assim aliviar tenses ouampli-las.Vrios so os fatores que influenciam as aes familiares, dentre eles,podemos citar a prpria mudana no comportamento da sociedade no decorrer dasdcadas.Nadcadade50,porexemplo,avidaeconmicaeraestvel,afamliaera patriarcal e os valores morais eram extremamente marcantes. Atualmente,namaiorpartedasfamliasasmulheressoasresponsveispeloseusustento,avidaeconmicatornou-sealtamenteinstveleosvaloresmoraispassaramasertransitrios.Almdasmudanassociais,quemodificamaestruturadafamlia,destacamosainstituiodeensino,poisestatende a questionar e por em dvida o papel relevante da famlia naaprendizagemdo filho e avalia, muitas vezes, as crianas como incapazes ou inadaptadas, devidosdificuldadesdeaprendizagemqueapresentam.Estaapreciaodaescolatambm altera significativamente relaes familiares. Sabe-seque,"quandoospaisconstroemaltasexpectativasparasi,passaminevitavelmenteexigirmuitodacriana-queapresentemrendimento21escolarexcelente,quesesobressaiaemtudooquefazparasermelhorqueosoutros etc." (MALDONADO, 2002, p. 20).DeacordocomMaldonado(2002,p.30),ospaisefilhosprecisamcrescerjuntoseemtodasasfasesdodesenvolvimentosonecessriasadaptaes na forma de lidar com as situaes que surgem.Ospais,emsuamaioria,agindodemodoincorreto,tentamdaraofilhoaoportunidadequenotiveram.Noentanto,acobranaexageradadospaispode causarna criana srios problemas na aprendizagem e, ainda, provocarnaescolaumtemordequeafamliapossa"dominarseuterritrio",dificultandosuaautoridade,pois"ospaissevemsendoorientadossobreaformadecomoagircomseusfilhos,masosprofessoresnogostamquelhesdigamoquedevemfazer" (LAHIRE,1997, p. 338).Ascrianascomearamairprecocementeparaaescola,fatoquepodefavorec-lasouno,dependendodoacompanhamentoescolarefamiliarrealizado.Casoacrianasejabemassistida,esseingressoprematuronainstituiopodeajud-laasedesenvolvermelhoremtodososaspectos:sociais,cognitivos etc.Todavia, se a famlia coloca-a na escola, mas no a acompanha podegerarnacrianaumsentimentodeneglignciaeabandonoemrelaoaoseudesenvolvimento."Porfaltadeumcontatomaisprximoeafetuoso,surgemscondutascaticasedesordenadas,queserefletememcasaequasesempre,tambmnaescolaemtermodeindisciplinaedebaixorendimentoescolar"(MALDONADO, 2002, p. 11).Emoutrosmomentospode-secriarumacrianaautoritriaedesobedienteporculpadosprpriospaisqueportrabalharemdemaiseestaremausentesdarotinadofilhopermitem,porumsentimentodeculpa,queacrianafaa tudo o que desejar. Tal comportamento dos pais prejudicial prpria criana,que fora do ambiente familiar no encontrar tamanha facilidade. O relacionamento familiar difcil, isso no quer dizer que uma famliafeliznopossadiscutir,pelocontrrio,essatrocadeopiniesricaparaocrescimento da confiana e auto- estima familiar. Esses dilogos sero necessriosem toda etapa do crescimento da criana e do amadurecimento da famlia.22Para Winnicott (1996), a famlia pode ser considerada como centro e acriana como parte desta. A criana sempre estudada em relao a sua famlia ouem relao falta de uma. Afamliaconstituiumgrupo,cujaestruturaserelacionacomaorganizao da personalidade do indivduo, ela o primeiro agrupamento e o queestmaisprximodaunidadedapersonalidadeeemtermosdecrescimentodoindivduo.Bonspaisconstroemumlaremantm-sejuntos,provendoentoumarelaobsicadecuidadoscrianaemantendo,portanto,umcontextoemquecadacrianaencontragradualmenteasimesma(seuself)eaomundo,eumarelao operativa entre ela e o mundo.Em relao ao selfWinnicott nos esclarece que:Osentimentodeidentidadedesersubjetivo,estvinculadoconstituiodeumselfintegrado,umaunidadepsquicaque,paraseconstituiradequadamente,precisadapresenaedoolhardeumaoutrapessoasignificativa.Naexistnciadeumambientepropcioparareceberosgestosespontneosdobeb,entend-loerefleti-lo,queoserhumanotorna-secapazdeconstruirumarefernciadesimesmo.nobrincar quea pessoa, criana, adolescente e/ou adulto,pode ser criativo eutilizarsuapersonalidadeintegraleaosercriativoqueoindivduodescobre o eu (self). (WINNICOTT, 1975, p. 80-81) neste tipo de ambiente, que Winnicott enfatiza quea famlia possuium lugar claramente definido naquele ponto em que a criana em desenvolvimento,trava contato com as foras que operam na sociedade. As relaes da criana coma me, originam os alicerces da sade mental do indivduo. Acriana,comosesabe,passaporvriosestgiosemseudesenvolvimento e em todas elas ocorre uma srie de aes, mudanas, cada vezmais compatveis com a conservao do vnculo inconsciente com a figura central afamlia.Aestimulaoparaaaprendizagemdevesercompreendidanarelaoentreosaspectosafetivosecognitivosdoindivduo,ambosdependentesdomeiosocial.Destaforma,ascrianasprovenientesdecontextosfamiliaresquenoconseguemvalorizaraaprendizagemescolartendemanoinvestirenergiasuficiente para aprender.Naeducao,ospaispodemtransferirparaacrianatodasassuascrenas,assimcomoservemdemodelosparaacriana.Seafamliaconsegue23oferecer um ambiente facilitador para a criana com certeza s ter a acrescentar eajudar no desenvolvimento dela, porm se esse ambiente familiar no oferecer umacondio satisfatria e sim com patologias e "bodes expiatrios", essa criana terseuaprendizadocomprometidoeafamliaserumprodutordeproblemasdeaprendizagem,pois,acriananotersuporteemocionalenemcondiespsquicas para enfrentar o aprendizado. Na escola, a criana ter de adaptar-se a essa nova realidade e demuitaimportnciaoapoiodospaisnessemomento.Ospaisjdevemestarpreparadosparalidarcomessagrandemudananavidainfantil,poisantes,acrianaviviasomenteentreoseiofamiliareaoladodepessoasdeconfiana.Agora,passaafazerpartedeummundoimensoedesconhecidoetodasasfunes sero necessrias para ela enfrentar esse momento;daaimportnciadeter o seu aparelho emocional e psquico bem estruturado o que lgico s ter se oambiente familiar lhe props.Esse afastamento da criana de seu lar, tambm trar novos desafiose angstia para a famlia, principalmente para a me. A me pode no querer deixarseu filho ir e a criana sentir essa angstia e embora goste da escola chora paranoir,poisnosuportaadordamepelaseparao.Acrianareagemelhoraessasituaodeseparaoquandoamedapoioemocional.Asmesvivemmuitas agonias e bom que as crianas no presenciem isso e nem se envolvam,pois elas j tm suas prprias angstias e desafios pela frente, o que faz parte deseu crescimento.(WINNICOTT,1996)normaltambm,napocadaescola,ascrianaslevaremseusobjetos de transio o que pode ser um cachecol, ursinho, fralda e etc. Esse objetouneacrianarealidadeexternaoucompartilhada.Fazpartetantodacrianacomo da me. Normalmente, ela usa esses objetos nos momentos de transio, ouseja quando a me no est por perto como na hora de dormir e natural querer noincio levar para escola. O professor deve ir devagar e respeitar esse momento dacriana, quando ela sentir-se mais segura com o novo ambiente que ir deixar emcasasentir-se-seguranaescola,numambienteacolhedor,comosuacasaefamlia.Poroutrolado,ascrianastambmtendemasentir-sedesleaisquandogostamdaescolaeapreciamesquecer-sedesuasmesporalgumas24horas.Porisso,sentem-seansiosasquandoseaproximamdecasaoumuitasvezes demoram a chegar. Normalmente as mes se zangam, mas tambmdevem ter pacinciae entender as dificuldades dos filhos que muitas vezes tem reaes inesperadas ouforadocostume,oquenormaldevidosdiversastransformaesquevopassando no decorrer do seu desenvolvimento.(WINNICOTT, 1996)Acriananormal,quevivenumlarnormal,temobjetivosevaiescolaquerendodefatoaprenderalgumacoisa;travacontatocomseuprprioambiente, e chega at a ajudar a conserv-lo ou modific-lo. A criana desajustada,por outro lado,tem necessidade de um ambiente cuja tnica seja o cuidado, e noo ensino.Para a criana que vai pela primeira vez escola, isso funciona comoum alargamento do lar. A escola da criana pequena deve estar integrada ao lar enodevedarmuitanfaseaoensinopropriamentedito,poisascrianasdessaidadenecessitammesmodeoportunidadeparabrincarorganizadamenteecondiescontroladas para poder dar incio a sua vida social. Reconhece-se que overdadeiro grupo da criana pequena seu prprio lar.Winnicott (1982), justifica que:Afunodaescolamaternalnoserumsubstitutoparaumameausente,massuplementareampliaropapelque,nosprimeirosanosdacriana,samedesempenha.Umaescolamaternaloujardimdeinfncia,serpossivelmenteconsideradodeummodomaiscorreto,umaampliaodafamliaparacima,emvezdeumaextensoparabaixodaescola primria. (p. 214) Portanto, antes de verificarqual o papel da escola maternale o daprofessora,emparticular,aconselhvelassegurarqueacrianarealmenteprecisadameeanaturezadopapelqueamedesempenhanaevoluopsicolgicasaudvel.Umavezcompreendidasestasquestes,quesepodeconseguirumentendimentorealdaformacomoaescolamaternalpodedarcontinuidade ao trabalho da me. (Ibid.,p.214)Segundo Regis de Morais (1989), para existir o aprendizado precisouma interao entre o educador, o ensinante e ensinando, respeitando os limites decadaumesuaprivacidade.Omundo,asociedade,tambmeduca,nssomos25marcadosporeles,epodemosaprenderatodoomomento.precisoaparticipao da famlia nesse aprendizado, a qual j se deu incio a socializao.A famlia e a escola tm responsabilidadesquasequeindissociveis,porissoimportantequeajaumacomunicaoentreambosoladosobreoprocessoedesenvolvimentodoaluno,poisqualquerproblemadeumdoslados,com certeza ir interferir de alguma forma no outro.Oprofessortempapelfundamentalnessasmodificaes,vistoqueelesinfluenciamgrandespartesdoscomportamentosdosalunoseensinamascrianasejovensaterconscinciadedeveresevaloresdejulgamentoscomoformadeconvviosocial,outralinhagrandequefazpartedaeducaoseoriginanaescolaemuitoimportanteoprofessortercaractersticasespeciaisparadaruma boa formao ao aluno.Delours et al. (1998), apresenta quatro pilares onde a educao deveorganizar-separafavoreceroconhecimento:aprenderaconhecercomoinstrumentosdacompreensotambmsignificaaprenderaaprender,parabeneficiar-sedasoportunidadesoferecidaspelaeducaoaolongodavida,aprenderafazer,paraaprenderaagirsobreomeioenvolvente,aprenderaviverjuntos,afimdeparticiparecooperarcomosoutrosemtodasasatividadeshumanasefinalmenteaprenderasercomoviaessencialouintegrarostrsprecedentes.Pode-seentochegarconclusodequeaprenderfazpartedeumprocesso integrado no qual toda a pessoa (intelecto, afetividade, sistema muscular),semobilizademaneiraorgnica.Aaprendizagemumprocessoqualitativopeloqualapessoaficamaisbempreparadaparanovasaprendizagens,decorrentedeuma transformao estrutural da inteligncia do sujeito. (BORDENAVE, 1999).Nestecontextosocial,fala-sedeaprendizagemefamliaeapossibilidadedevinculaoentreambas.Abordamos,sucintamente,algunspontosde vista sobre famlia e suas funes.Comopodemosobservar,afamliaeasociedadesofreramgrandestransformaes, devido s influencias que sofreram da prpria relao entre ambas. Soifer(1994),psicanalistaArgentinaeterapeutafamiliar,defineafamlia como:26Estrutura social bsica com entrejogo diferenciado de papis, integrado porpessoasqueconvivemportempoprolongado,emumainter-relaorecprocacomaculturaeasociedade,dentrodaqualsevaidesenvolvendo a criatura humana, premiada pela necessidade de limitar asituao narcsica e transformar-se em um adulto capaz.A defesa da vida seu objetivo primordial. (p. 23) ParaSoifer,ento,asfunesbsicasdafamliaseresumememduas: ensino e aprendizagem.Osprimeirosanosdevidadeensinocabemtotalmenteaospais,aopassoquecorrespondescrianasafunodeaprender.Apartirdaentradanaescolafundamental,osfilhoscomeamatrazerensinamentosobtidosnaescola,que transmitem aos pais. Tal situao comea a se ampliar na escola secundria eatravsdafreqnciaaoutrosambientes,nosquaisosadolescentesvoaprendendonoesrelacionadascomoprogressocientificoearelaoensino-aprendizagemseequilibraentrepaisefilhos,porpartesiguais,comodepraxeem todo relacionamento humano.Aestruturafamiliartomou,duranteamudanadotempo,vriosmodelos e diferentes formas na sua organizao. Com isso, a famlia que antes lheeraatribudooacompanhamentofsico,psicolgicoementalparaaformaodepersonalidadedeseusintegrantes,perdeuseusignificadoefunomuitoimportantes para os seres humanos.Knobel(1992,p.20-21),psiquiatra,psicanalistaepesquisadorBrasileiro nos mbitos da infncia, adolescncia e famlia, comenta que no presentemomentoestamosassistindoprofundasmudanasnaestruturafamiliaresuascorrelaesinternaseexternas.Configura-seassimumcomplexosocial,psicolgico e biolgico com variados e tambm complexos subsistemas.Nahistriadafamliaobserva-sequedafamliatipotribal(ondepraticamente todos os parentes configuravam a famlia e que ainda se observa emalgunsgruposculturais,)passou-sefamliaextensa,comosconsangneosmaisdiretos.Depoispassamosaoquesepodechamardefamlianucleares,formadasspelospais,filhosealgumavouumoutrofamiliar,atchegaratualmentefamliareduzida,comumaprecocedesvinculaodosfilhoseaestrutura complementar do casal.AfamliadosculoXX,passouasemostrarumavidafamiliarmaisprivadaedentrodessaprivacidadeaindividualidadedecadamembro,assim27tambmpassouaconcentrarmomentosespecficos,comorefeies,comemoraes, compromissos, etc.Comaescolarizao,asfamliaspassaramatransferiraescolafuno de ensinar o aprendizado da vida em sociedade. A utilizao das escolinhas(jardimdeinfncia,crecheseoutros),tornousecadavezmaisfreqentes,oqueera no incio como um lugar onde as mes pobres pudessem deixar seus filhos paratrabalhar,hojesetornouquasequeumanecessidadeinfantil,poisnohmaisdiferenciao de quem trabalha ou no; isso se tornou mais uma forma de empresaprivada. Prost e Vincent (1992, p. 74), observam a substituio da famlia pelaescola,comseuprprioconsentimento,poisafamliatemconscinciadesuaincapacidadeestatutria.Afamliatornando-seprivada,deixadeserplenamenteeducativa,porquetodaeducaoeducaoparaavidapblica.Afamliadeixade ser uma instituio para ser apenas um ponto de encontro. NametadedosculoXX,ocasamentoeravistodeformacoletiva,inseridonumarealidadesocialepossuaumacompanhamentojurdicoforteeodivrcio quase no se ouvia falar. Apesar de difcil classificao, os sentimentos visveis que uniam oscasais eram atrao um pelo outro, entendimento entre o casal, entre outros, mas oaspectosexualexistiadeformaforte,maselenoeraaprioridade,poisasexualidade estava associada a procriao.Comachegadadadcada60,oscostumescomearamasemodificar,surgiuagravidezindesejvelefezsenecessrioumplanejamentofamiliar,assimocasamentopassaaserumaformalidade.Essasmudanascontinuaram e nos anos 70 o divrcio j no era novidade na sociedade, com isso onmero de casamentos diminuiu.A famlia est claramente passando por uma crise, a qual Roudinesco,psicanalistafrancesa,atribuiperdadopai.Porsculosopaifoiafiguramaioraqual hoje foi desafiada e concedida o lugar maternidade.ParaRoudinesco(2004,p.26),existemaquelesquetememmaisuma vez sua destruio ou sua dissoluo, mas, objetamos, em contrapartida, queafamliacontempornea,horizontaleemredesvemsecomportandobemegarantindo corretamente a reproduo das geraes.28Assim, ela continua se referindo s instituies da famlia, casamentoe filhos:Despojadosdosornamentosdesuaantigasacralidade,ocasamento,emconstante declnio, tornou-se um modo de conjugalidade afetiva pelo qual,cnjuges,quesvezesescolhemnoserpais,seprotegemdosatosperniciososdesuasrespectivasfamliasoudasdesordensdomundoexterior.tardio,reflexivo,festivooutilefreqentementeprecedidodeum processo de concubinato ou de experincias mltiplas de vida comumou solitria. (p. 27) Cadavezmaisosfilhossoconcebidosforadocasamento,ecomisso podem assistir s npcias de seus pais; infelizmente os pais no unidos para avidatoda,mas,emmuitoscasaisporumcurtoperododetempo,odivrcioaparece.ParaRoudinesco,apesardetodasessasmudanasafamliaamada, sonhada e desejada por homens, mulheres e crianas de todas as idades,de todas as orientaes sexuais e de todas as condies.Jdescrevemosacima,algumasconsideraessobreacriana,suafamliaeseuingressonavidaescolar.Noentanto,torna-seoportunoabordaralgunsaspectosmaisespecficosnoquetangeessasquestesquepermeiamavidafamiliardacriana,antesdediscorrermossobreapossibilidadedeparceriasentre famlia e escola.Estamos nos referindo criana, escola, o professor e os pais.Explanarsobreafamlia,escolaeaformaodesintomasemcrianasumtemainstiganteeaomesmotempocomplexoeabrangente.Abordamos sucintamente alguns tericos que pesquisam o tema. Kpfer,emseulivroEducaoparaofuturo:psicanliseeeducao(2000, p.35), comenta que o ato de educar est no cerne da viso psicanaltica dosujeito.Pode-seconceb-locomoatopormeiodoqualoOutroprimordialseintromete no cerne do infans, transformando-a em linguagem. pela educao queum adulto marca seu filho com marcas de desejo; assim, o ato educativo pode serampliado a todo ato de um adulto dirigido a uma criana.Trabalharcomcrianasquemostramtaiscaractersticasconstruirumlugarintermedirioentreaescolacomumeaescolateraputica,comtodassuasimplicaespedaggico-metodolgicaseinstitucionais.Trata-sedecriarumlugar onde, antes de formar um cidado, ajuda-se a construir e ou a reconstruir umsujeito psquico (ZIMMERMAN, 1995). 29BaltazareMoretti(2004b),explicamquenohmelhorescoladeformao cultural, social e psicolgica que o prprio lar. As teorias psicolgicas dediversosmatizesediferentesorientaespoderoservircomobaseestruturalcientfica, educacional, formativa para jovens e adultos, especialmente para aquelescomprometidoscomaresponsabilidadedeorientarnovasgeraes.Masnadahqueexceda,emsuacapacidadeconfiguracionaldedefiniodapersonalidadedoindivduo, o exemplo do comportamento de seus prprios pais, desde o comeo desuavida(aindaquesejaumreflexodedeterminadaestruturasocioculturaleproduto de um determinado padro poltico-econmico).Emrelaoaosfilhosesexpectativasquantoescola,encontramos vrias fantasias familiares, das quais enumeraremos apenas duas: (a)o desejo de que a instituio escolar eduque o filho naquiloqueafamlianosejulgacapaz,como,porexemplo,emrelaoalimitesesexualidade;(b)queelesejapreparadoparaoingressonauniversidadeeparaobterxitoprofissionalefinanceiro. Afunodaescolaeducar,isto,conformeosignificadoetimolgicodapalavra,colocarparaforaopotencialdoindivduoeoferecerumambientepropcioaodesenvolvimentodessaspotencialidades,aocontrriodeensinar,quein+signo,ouseja,colocarsignosparadentrodoindivduo.Evidentemente,acrianacheganaescolalevandoconsigoaspectosconstitucionais e vivncias familiares, porm o ambiente escolar ser tambm umapeafundamentalemseudesenvolvimento.Essestrselementosaspectosconstitucionais,vnculosfamiliareseambientesescolarconstituirootripdoprocesso educacional. OuteiraleCerezer(2003),relatamqueaescolaeaeducaovivemum momento de perplexidade, sem definio de como conciliar as necessidades deumasociedadeemmudanapermanente(comcontestao,transformaesemudanasdeparadigmasevalores)eumapropostaeducacionalqueprepareohomem do futuro.Temosdepensar,ento,quenemsempreaescolatemrazo,emuitasvezesaapreciaodacrianacorreta.Aescolafeitaporindivduos(professores,supervisores,orientadoresediretoressopessoas),quelidammelhoroupiorcomdeterminadassituaes.Ospaistmqueestaratentosparasituaesquederivamdessesfatos.QualquerManualdeEducaoModerna30aponta como pressuposto a necessidade de respeitar as caractersticas individuaisdoaluno;entretanto,oqueseverifica,naprtica,arealizaodeumensinomassificado,emgrandesescolasdeturmasenormesdealunos,maisaoestilodeuma linha de montagem industrial. Osprofessoressotambm,posteriormenteaospais,objetosdeamoredpico,ocorrendoumatransfernciaedpica.Algumasdificuldadesescolaresnainfnciaassemelham-seasituaesdessetipo.interessantelembrartambmquetrabalharcomcrianas,comojvimos,despertaoinfantequeexistenosadultos,eisso,nosprofessores,poderdesenvolverdistintossentimentos por uma determinada criana que lhes evoque as situaes de vida desua prpria infncia.Oqueconfereescolaimportnciavitalnoprocessodedesenvolvimento infantil o fato de ela ter caractersticas de ser uma simulao davida, na qual existem regras a serem seguidas, mas que se pode transgredi-las semsofrer as conseqncias, impostas pela sociedade, e ser esta uma oportunidade deaprender com a transgresso.Deve-selevaremconta,tambm,quearelaodoalunocomaescola afetada pela significao que os pais do a ela, aos estudos de seu filho easrelaesdelecomosdemaisalunos.Paisquetenhamsidosubmetidosaumaescolarizaomuitorgidapodem,inconscientemente,buscarumaescolapermissiva que compense a sua vivncia escolar de sofrimento. Podem,por outro lado, fazer com que seus filhos sofram tanto quantoelesepassemportalsituaoparatornarem-setoeducadosquantoeles.(BALTAZAR e MORETTI, 2004, p. 130)Umavarivelaserexaminadanestecontextoescolar,sejadeingressoe/oudeadaptaodacriana,refere-sesquestessobreinibiointelectual. Observamos que cada vez mais, crianas de diferentes faixas etrias,encontram- se na escola apresentandoinadequaes do funcionamento intelectualehaquelasquesemanifestamcomumaincapacidadenaaprendizagemporvezes, j assinaladas pela escola, antes do inicio da aprendizagem formal.Ou seja,as crianas que no conseguem acompanhar o raciocnio da professora e de seuscolegas,soencaminhadasparaatendimentopsicolgicooupsicopedaggico,apresentando dificuldades nas mais diversas reas de aprendizagem. 31Averificaodainexistnciadefatoresorgnicosoudficitsintelectuaisfazcomquenosdefrontemoscomoquechamaremosdeinibiointelectual: uma impossibilidade de utilizar-se dos recursos dos quais dispe. Deve-se identificar os sintomas e os diferentes conflitos por eles desencadeados; pode-serecorreraumahistriadavidafamiliareescolardessepaciente,masprimordialmente, o psicanalista deve preocupar-se em compreender os movimentospsquicosquenessacrianaparecemserasfontesdesuasmanifestaespara,depois, relacion-los aos outros elementos. (SOUZA, 1995)No se trata de reduzir a criana a um mundo interno, mas de verificarcomoasexperinciasforamincorporadasnessemundointernoequefatorespodem estar em jogo nesse processo. Geralmente, descobrimos a existncia de umgrandesofrimentoeurgeverificarmosquesignificaessodadasaessasvivncias e por que isso vivido de tal forma. Nos defrontaremos com questes deordempsquicas,familiares,sociais,escolaresouculturais,masvisamoscompreenderaformacomotaiselementosforamsignificadosporaquelacrianapara podermos definir as formas possveis de interveno. Aquestodainibiointelectual,paraFreud,apareceprincipalmenteligadaaosdistrbiosdeintelignciadosneurticos,nosquaisasinibieseassoluesdecompromissossubstituiriamoprazerligadoaousodainteligncia.Essas idias infantis e no papel da represso da curiosidade infantil dessa fase. EmseuartigoInibioSintomaseAngstia,Freud(1926),discutearelaoentreinibioesintoma,esclarecendoqueotermoinibiorefere-seauma diminuio de uma funo, enquanto o sintoma seria mais a transformao detal funo (formao substitutiva). Assim, muitas vezes o ego recorre a uma inibiode suas funes, a fim de evitar, por exemplo, um conflito. (FREUD, 1976) Algumasdificuldadesdascrianasencontramnasuavontadedesaber,enfatizadanosporqusequesedeparamcomalgumasrespostas(imposies de idias feitas)por adultos e que ao responderem, muitas vezes notransmitem a verdade e at desmerecem a inteligncia das crianas.Kleinacreditavaque,aopossibilitarumaeducaomenosrepressiva criana, esta teria mais condies de exercer, na sua plenitude, suas capacidadesintelectuais.Emtalexperinciaeducacional,Kleinrespondiacomsinceridadeefranquezaatodasasperguntasdascrianas,dentreasquaispodemoscitarquestes sobre: o nascimento, a existncia de Deus, sobre a morte, o papel do pai32nonascimentoenoatosexual,darennciaaoprincpiodoprazeretc.(KLEIN,1975)Baseava-se na crena de que tal perspectiva protegeria o pensamentocontraatendnciarepresso,evitandoassimoperigodequetalretiradadaenergia instintiva diminusse a capacidade sublimatria na criana, permitindo umaexpressoclaradesuacuriosidadenaturaledeseuimpulsoparaapesquisadodesconhecido.Assim,seriapossvelevitarinibiesintelectuaisqueteriamporbaseotermosinconscientedequetaisindagaespudessemencontrarcoisasproibidas ou consideradas pecaminosas por seus pais anteriormente. Kleinpercebeuqueduranteoprocessodeanlisedecrianas,asinterpretaestinhamcomoefeitoasuperaodasinibieseaampliaodocampodeexploraodacrianatantonoquesereferesquestesdomundoexterno e do conhecimento, quanto possibilidade de explorao de suas fantasiasedeseumundointerno.Talperspectivaremete,maisumavez,aopapeldosfatores emocionais na determinao das inibies intelectuais. Queixasdeinibiointelectual,dentreelas,asangstiasrelativasscoisas perigosas, que podem estar acontecendo dentro de seu corpo ou no de suame, que podem suprimir toda investigao sobre eles. Tais perigos se referem aosefeitos que, em sua fantasia, imagina poder causar com sua agressividade, alm doconseqente medo da retaliao. De acordo com as constataes de Soifer (1982): Aautoridadedoconhecimentoconstituioeixodopoderparental.Osprogenitoresensinamqueestasuaobrigao,masatravsdoatodetransmissodosconhecimentosexercemsuaautoridadeajudandoosfilhos a discernirem entre a fantasia e a realidade. Na base da formao dosuperego,comosesabe,encontra-seaimagemprotetoraeorientadorados pais, na sua qualidade de mestre. Por conseguinte, junto com a funodeensinaredentrodoconceitodeautoridadeseachamafunodeprlimites. Pr limites significa dar noo de realidade, noo que, em ultimainstncia, constitui o limite decisivo com relao fantasia. (p. 26) Ascontribuiesatuaisapontamparaaimportnciadasprimeirasrelaesdeobjetosque,dealgumaforma,auxiliaramacrianaaformarumaparelho psquico capaz de pensar. Cabe destacar o lugar ao objeto externo real, oque aponta na direo de que o ambiente pode influenciar de forma significativa napossibilidade de a criana usar, com plenitude, suas potencialidades. 33Asquesteslevantadasfazempensarquenosuficientetercapacidadeintelectualparabemaprender,necessriotambmqueestaseacompanhedeumaestruturadepersonalidaderazoavelmentemaduraemocionalmentee,paratal,quetenhasuperado,comauxliodesuafamlia,aetapadeseudesenvolvimentonaqualpredominaoprocessoprimrio,podendoassimutilizar-sedoprocessosecundriodepensamentoedemecanismosdedefesa mais evoludos e adaptado realidade. Assim,avidaescolareaaprendizagemdeummodogeralsoaspectos de extrema importncia na vida de uma criana, sendo que tais aspectostambmdependemdeseuestadodesademental,daestruturadesuapersonalidade e da dinmica familiar na qual esta se encontra includo; porm, nosepodedeixar,massiminsistirnaimportnciadelevaremcontaadinmicadarelao pai-me-crianas-irmos.ParaSouza(1995),aoingressarnaescola,acrianajtrazconsigouma atitude diante da possibilidade de conhecimento. Essa postura foi estabelecidadesdeosprimeirosanosdevida,apartirdaformacomo,dentrodesuafamlia,arelaocomoconhecimentofoiestabelecida.Sendooconhecernoreferentesomente realidade objetiva mas, talvez realidade subjetiva, isto , seus impulsose fantasias.Nesta sua trajetria familiar,a criana j passou por um processo deexploraodomundo,quevaidacuriosidadeaodesejodeaprender,doprincipiodo prazer ao principio da realidade, da onipotncia da fantasia ao pensamento e darelao exclusiva e primordial com a me em direo ao pai e ao mundo.Aautoraaindadestacacomoainibioserelacionacomavidapsquicadacriana,quepodeatrapalharobomdesenvolvimentodoprocessocognitivoesuarelaocomaaquisiodeconhecimentosecomafamlia,namedidaemqueasatitudesparentaisinfluenciamarelaodacrianacomoconhecimentoecomaescola.Elacolocaqueaformacomqueacrianairserelacionar com o professor est ligada forma como foram elaboradas as angstiasedpicas,namedidaemqueoprofessorrepresentaumsubstitutomaternooupaterno.Diantedisso,oqueaescolapretendeensinarnemsemprecoincidecom o que a criana quer ou consegue aprender, pois o professor parte daquilo queparaeledosimplesaocomplexo,atribuindosimplicidadeaocdigoalfabtico,34enquanto para a criana isso o mais complexo, o termino de um processo e noo inicio.(SOUZA, 1995)Comojafirmamosanteriormente,paraacriana,ingressarnaescolaentraremummundonovo,ondeeladeveradquiriralgunsconhecimentosgradualmentemaiscomplexosquelhesseroimportantesemumadadasociedadeecujasbasesseroindispensveisaoseufuturodesenvolvimento.Trata-sedealgonovo,nosomentedopontodevistapsicolgicogeral,porqueapartirda,ojovempassardeumsistemadeconhecimentosnorteadosporumcertonmeroderegrasdeaprendizagem,comotambmdoponto de vista afetivo, porque a escola implica a separao do seio familiar e novaformadeadaptaosocial,emrazodaessencialintegraoaumgruponovo,geralmente heterogneo, distinto do meio familiar. (BALTAZAR, 2004a)Elementounificadoreimportantenogrupooprofessorrepresentantedoconhecimentoedaautoridade.Esteprofessordesempenhaopapeldetransmitirossaberesdeformapedagogicamenteadequadaederesponderstransfernciasdogrupooudecadaumdestegrupoemrelaoaosseus prprios problemas.A relao aluno professor depender,portanto, em grande parte, decomooprofessorinconscientemente,deseugraudematuridadeafetiva,edesuasreaesaocomportamentoinconscientedacrianaestamosfalandoderelaestransferenciais,conformeapontouFreudemseuartigoApsicologiadoescolar (1914) (FREUD, 1976)Nestemomentooportunodiscorrersobrealgumascaractersticasdodesenvolvimentoinfantil,especificamentequelaspertinentesscrianassituadasnafaixaetriade6anosobjetodonossoestudo.Lembramosqueospais e a professora foram os entrevistadoscom vistas a nos dar referncias sobreo comportamentodestas crianas que esto iniciando a vida escolar e apresentaralgumas dificuldades na evoluo de seu desenvolvimento.Em seu desenvolvimento psicolgico, a criana de6 anos apresentaasseguintescaractersticas(STEINER,1993;MORETTIBALTAZAR&BALTHAZAR et al. (2003):1. Gosta de ser o centro do seu prprio universo; 2.Sabe tudo e quer tudo sua maneira;353.Existemmomentosemquesemostradominadora,obstinadaeagressiva;4.Emocionalmente excitvel e desafiadora,5.Eticamentepoucoapta,devidosuafaseevolutiva,quelheimprimeatentaodeenganar,oquemaisnotrionocampodos jogos.6. Aceita a culpa com mais facilidade em determinadas situaes;7.Sempre est espera de um elogio e aprovao dos familiares e/ou professores e amigos;8.Comporta-sedeformalentaounegativamentequandolheordenamalgumatarefa,porm,emseguida,empreendeemrealiza-la;9.Possui dificuldade para decidir, vacila entre duas possibilidades;10. Gosta de ter sua volta, muitas coisas/objetos, mas no se dedicaa cuida-las;11. Algumasgostamdeapropriar-sedecoisasalheias,demodoquepeganoquevedeseja,independentementedequemsejaodono;12. Temcertairresponsabilidade;podeadaptar-seplenamenteemdoismundos:odesuacasa,quelheexigenovasresponsabilidadeseodaescola,comtodasassuasestruturas,regras, normas, valores, etc.;13. Comeaaperceber-seeaconhecer-seasiprpria,firmando,assim,asbasesparaasuaauto-estima,auto-conceitoeauto-imagem, que culminar e amadurecer nos 7 e 8 anos;14. Capta mais coisas do que o que na realidade pode manejar;15. Jtemhabilidadesparaexplorar,tocaremexeremtodososmateriais que utiliza, seja em casa, seja na escola;16. Seucomportamentofrentesituaesansigenas,tensionaisoudescargaschegam,porvezes,aumpontolimite,eatmesmoaperderocontrole,manifestando-seatravsde agitao, roer as unhas, etc.;17. Deseja e precisa ser a primeira, a mais querida por seus familiarese colegas; 3618. Agrada-lhecontarhistriasexageradas,quandoreunidacomosdemais amiguinhos; 19. Mostraverdadeirointeresseaovalordodinheiro,comoganhoerecompensa;20. Tem medo dos rudos, essencialmente aos elementos da natureza(chuva, trovo) assim como aos seres humanos e fantasmas;21. Adora o elogio e no tolera a crtica;22. Temnoodoqueadequado/bomedoinadequado/mau,masdeformarudimentar,poisarelacionaaindamuitocomatividades aprovadas ou desaprovadas pelos pais;23. extremamente dominante em relao s coisas que lhepertencem. Nos mbitos escolares, acriana:1.Gosta do professor e quer agradar-lhe; deseja o seu elogio, a suaateno e ajuda;2.Instintivamente,identifica-secomtudooquesucedeeestsuavolta,peloqueestcapacitadaparainteriorizarnovosconhecimentos e novas experincias pessoais e culturais;3.Aos 6 anos no est ainda preparada para uma instruo formal daleitura,escritaearitmtica,masconsegueaprenderatravsdoconcreto;4.Osseusdesenhosespontneossomaisrealistas;consegueapreender o simples e o primitivo da natureza (casa, rvore, etc.); 5. Deseja seriamente estudar, apesar dos seus altos e baixos. Efetuemosumaleiturasobopontodevistadodesenvolvimentocognitivodacriana(naescola),expondosomenteascontribuiesdeFreudePiaget, de formaresumida. Lembramos tambm que existem outros estudiosos dapsicologiaedapedagogiaqueinvestigaramasquestescognitivasinfantis,relacionadas ao processo ensino - aprendizagem Vygotsky, por exemplo.37Freud(1900),porexemplo,nosoferecedoismodelosdeaparelhopsquico:naprimeiratpica,distingueoinconsciente,opr-conscienteeapercepo-conscincia; na segunda (1920-1923), recorre a uma nova distino dasinstncias o id, o ego e o superego. A contribuio fundamental da primeira tpica o inconsciente.Oegoasededaconscincia.Constri-separaasseguraraestabilidadedapessoa,sustentarsuaidentidade,espciedemonarcaconstitucionaldizFreud,devotadoafalsidadediplomticaencarregadodesedefendercontraostrsdspotas-oid,osuperegoeomundoexterior.Oidpermanececomoreservatriopulsionaleosuperegocomoinstnciacrtica,aconscincia moral. NopensamentoFreudianopercebemosqueoegosempretrabalhadopelasforasinconscientesqueprocuramsemanifestar.Aunidadeeaidentidade no so nunca adquiridas; o conflito permanente.Freudnosforneceurefernciasparalistarosdiferentestiposdeidentificao que o sujeito coloca em prtica para construir seu ego. O ego ideal e oidealdoegoencontramsuafonte,emparte,nosmodelossociais,enquantoosuperego est ligado posio edipiana do sujeito, ele o herdeiro do complexo dedipo.Podehaverconflitoentretodasessasinstnciasquandoumacontradio advm nas aspiraes do sujeito. Um exemplo clssico de um escolarbrilhantequefracassaderepenteemseusestudosporqueseprobe,ultrapassarumpaiquejamaishaviasidobem-sucedido.Trata-sedeumconflitoentreosuperegoeoidealdoegoOsuperegocomseupesodeculpabilidadeedeinterdito,barraoacessoatodarealizaodoidealdoego,idealqueosujeitoencontra, nesse caso, em meio competitividade com seus pares, desejo de saber,sucesso social vista.O ideal do ego tem por origem a identificao com um trao; pode serum valor moral, religioso ou outro. O ego ideal funda-se predominantemente em ummodelo humano, exemplos so os adolescentes que falam, vestem-se, comportam-secomoseusdolosouimitamalgumpersonagemqueossubjuga.Essesideaismudam de acordo com a poca ou idade das crianas. (FREUD, 1976)Demaneirasinttica,Piaget,psiclogosuoeestudiosodosprincpios da construo do conhecimento, interessou-se tambm por filosofia, nas38disciplinas de lgica e, sobretudo, epistemologia. Teve maior contato com as obrasdeKant,BrgsoneHusserl,posicionando-semaisexplicitamentenointeriordoestruturalismo. AapropriaoquePiagetfezdasobrasdestesfilsofosfoimarcadaporumespritocrticodirecionadoainvestigaraepistemologia,baseandoumainterlocuo com a Biologia. Tal percurso permitiu-lhe uma construo consistente eprofunda que denominou epistemologia gentica. (CHIAROTTINO, 2005)Piagetcomeouaacompanharcrianas,medianteobservaessistemticas,interessadoemsabercomoseprocessavaoconhecimento(aconstruo da inteligncia), desde o nascimento de uma criana. Nesse sentido, eleutilizouummtodoclnicoenoexperimental,rompendocomumatradioquesustentava as pesquisas psicolgicas de ento. (PIAGET, 1960)A epistemologia gentica investiga as idias (os conceitos) ou comoo ser humano desenvolve sua cognio, como elabora o conhecimento, construindoainteligncianesseprocesso.AintelignciaparaPiagetadaptaoeseudesenvolvimentoestvoltadoparaoequilbrio.Aconstruodaintelignciapodeseresquematizadacomoumaespiralcrescentevoltadaparaaequilibraoresultante da combinao dos processos de assimilao e acomodao.Atravsdaassimilao,acrianaprocurafazercomqueumanovasituao,ounovosobjetosapresentados(aseremconhecidos)setornefamiliaresdemodoaseremincorporadosaseuorganismoeelapossautiliz-losparasuaadaptaoaomundo.Aacomodaoacombinaodeesquemaspararesolverproblemas que venham de experincias novas dentro do ambiente.Piaget distinguiu quatro perodos principais em que ocorre a evoluodopensamento,apresentandomarcantesvariaesqualitativas:osensrio-motor(do nascimento aos 2 anos), o pr-operacional (2 a 7 anos), operaes concretas (7a 12 anos) e operaes formais, perodo de adolescncia (dos 12 anos em diante). Cada perodo define um momento do desenvolvimento como um todo,aolongodoqualacrianaconstrideterminadasestruturascognitivas.Umnovoestgio se diferencia dos precedentes pelas evidncias no comportamento de que acrianadispedenovosesquemas,contendopropriedadesfuncionaisdiferentesdaquelas observadas nos esquemas anteriores.39A ordem de seqncia em que as crianas atravessam essas etapas sempreamesma,variandoapenasoritmocomquecadaumaadquireasnovashabilidades.Oprimeiroestgiodenomina-sesensrio-motordonascimentoa1ano/2,emmdia,nocursodoqualseconstituemossistemasdeesquemasqueprefiguramasfuturasoperaes.Obebaindanoapresentapensamentonemafetividadeligadosarepresentaesquepermitamevocarpessoasouobjetosnaausncia deles.Ao longo dos primeiros dois anos de vida, a criana diferencia o que dela do que do mundo, adquire noo de causalidade, espao e tempo, interagecomomeiodemonstrandoumaintelignciafundamentalmenteprtica,caracterizada por uma intencionalidade e uma certa plasticidade.O segundo estgio do desenvolvimento cognitivo o pr-operatrio-perododopensamentointuitivode2aos7anos,emmdia-eseuprincipalprogressoemrelaoaoseuantecedenteodesenvolvimentodacapacidadeinstaladaemsuasdiferentesformas:alinguagem,ojogosimblico,ainteraopostergada,etc..Aolongodosprimeirosdoisanosdevida,acrianadiferenciaoquedeladoquedomundo,adquirenoodecausalidade,espaoetempo,interagecomomeiodemonstrandoumaintelignciafundamentalmenteprtica,caracterizada por uma intencionalidade e uma certa plasticidade.Acrianavomundoapartirdesuaprpriaperspectivaenoimaginaquehajaoutrospontosdevistapossveis.Condutaegocntricaouautocentrada. O perodo das operaes concretas de 7 a 12 anos, em mdia nocursodoqualsealcanaumadeterminadareversibilidadenaformaodasprimeirasestruturasoperatriasequecomportaumaspectoimplicativo.Atendncia para a socializao da forma de pensar o mundo acentua-se ainda maisnesteperodoevoluindodeumaconfiguraoindividualizada(egocntrica)paraoutra mais socializada, onde as regras ou leis de raciocnio so usadas em comum,portodasaspessoas.Comodesenvolvimentodacapacidadeparapensardemaneiralgicacaractersticadesteperodoacriananoapenasbuscacompreenderocontedodopensamentoalheio,mastambmseempenhaemtransmitirseuprpriopensamentodemodoquesuaargumentaosejaaceitapelas outras pessoas.40Oraciocniotransdutivo,tpicodesseestgioanterior,vaisendosubstitudo por outro maisadaptativo, isto , pelo raciocnio indutivo. Apreendendoorealdaspartesparaotodo,acrianamanipulaoperaeslgicaselementaresque implicam sempre a possibilidade de reconstituio do caminho percorrido pelopensamento,ouseja,implicamoperaesdereversibilidade.Aindaencontramosnesseperodo:oabandonodopensamentofantasioso;oconseqenteaparecimentodanecessidadedecomprovaoempricadaselaboraesmentais(diminuio das atitudes egocntricas). O estgio operatrio-formal apresenta como caracterstica a distinoentre o real e o possvel. A criana se relaciona com o mundo construindo sistemasoperatrios atravs do seu contato direto com os objetos e situaes de realidade.O adolescente se relaciona com o mundo, buscando fazer generalizaes amplas,construindoteorias;nomaisempresenadeobjetosconcretos,masapartirdeprincpios abstratos a que chegoudecorrente de sua experincia concreta.Piagetmostraqueabasedasoperaeslgicasaaosensrio-motora. (COSTA, 2002; CHIAROTTINO, 2005)AlgunspressupostosdeFreudePiaget,brevementecomentadosaqui,nospermitecompreenderqueapersonalidadedeumapessoaseformaapartirdainteraoentreinflunciasmaturacionaiseambientais,bemcomodeexperincias pessoais, e que o desenvolvimento caracterizado pela continuidadeedescontinuidade.Aprogressoprocededevrioscaminhos,cadaumtendoumpadrotpicodeestgiosseqenciaisesobrepostos,jqueodesenvolvimentocontnuo.Cada estgio tem uma organizao nica com algumas caractersticasdominantesquenopodemserprognosticadasapartirdeestgiosanteriores,jqueeledescontnuo.Aemergnciadestascaractersticas,enoaidadedapessoa, o critrio para a progresso do desenvolvimento isto significa que cadacriana progride no seu prprio ritmo.Consideradosalgunsaspectosdacrianaemfaseescolar,apresentamos, a seguir, a relao entre famlia e escola.Muito se fala sobre essa complexa relao, mas ainda estamos longedesanarasdificuldadesqueencontramosaoconfrontarfamlia,escolaeprofessores. 41Ovnculoentreainstituioescolareafamliabaseia-senocompartilhamentodotrabalhodeeducaodosfilhos,sejameles,crianasoujovens,contendoreciprocidadenasexpectativas.Quandoseabordaoquedesejvelnarelaoescolafamliaesolicita-seaparticipaodospaisnaeducao,sobretudopelastarefasescolarescomoumestratagemadexitoescolar,precisolevaremconsideraoalgunsfatores,taiscomo:astransformaeshistricas e a discrepnciacultural nos moldes educacionais e naconceposocial;orelacionamentodepoderentreestasinstituieseseusagentes;asnovasevariadasconstituiesfamiliareseosprejuzosmateriaiseculturaisdamaioriadasfamlias;asrelaesdegneroqueorganizamastarefasdomsticase escolares. 42CAPTULO 2 -A RELAO FAMLIA E ESCOLA Analisarafamliaeorelacionamentoentreseusmembrosumaatividadecomplexa,querequerumaminuciosaobservao,umavezquearedefamiliar est inserida num contexto scio-histrico e sofre influncias de problemasoriundosdoambienteexterno,queinfluemdiretaouindiretamentenarotinadafamlia e transparecem na relao com os filhos, podendo assim aliviar tenses ouampli-las. (WEIL, 2001)A relao entre famlia e escola atualmente uma das questes maisdiscutidas, pois a grande dvida saber os limites entre os deveres dafamlia e osdaescola.Comosesabe,noaescolaesimafamliaqueproporcionaasprimeiras experincias educacionais criana.A famlia o primeiro grupo destinado essencialmente ao cuidado davida, pois nesse grupo que os relacionamentos entre pais e filhos permitir ou noumaboaformaodeidentidadeeauto-estima.Ospaistambmfornecemaosseusfilhosbasespsicolgicasenolarqueaspautasculturaisesociaissoaprendidas, por isso a tarefa da famlia (pais) de vigiar o comportamento, reaesa fim de acompanhar o desenvolvimento e fazer as devidas correes necessriase se necessrio, procurar ajuda de especialistas.Devidosmudanasnafamliaeaparticipaodasmulheresnomercadodetrabalho,acriaodosfilhosficoucadavezmaisaoscuidadosdeinstituiesextrafamiliarescomo:berrios,crecheseescolas.Comessasmodificaes,espera-sequeaescolaassuma,almdafunodedesenvolveropotencialdaaprendizagem,tambmafunodeeducarvalores.sexpectativasdospaisaoprocuraremumaescolapassouasermaisexigentesendoqueosmesmosbuscamencontrarumaescolaquecorrespondaasuasideologiasevalores.Issonoslevaarefletirque,agrandemaioriadospaispodeencontrar-se43comansiedadeemasseguraraosfilhosumaboaposionavidaeingressonasuniversidades para obter bom xito profissional e financeiro.DeacordocomOuteiraleCerezer(2003),aescolaeaeducaoestosemdefiniodecomoconciliarsuasnecessidadesdeumasociedadeemmudanapermanente(comcontestao,transformaesemudanasdeparadigmas e valores) a uma proposta educacional que prepare o homem do futuro.A realidade que a maioria dos educadores atribui aos pais a origemdos problemas e acusam como fator s mudanas na famlia. Assim entre escola efamliaocorreumaconfusodepapis,cobranasparaambasinstituies.Oquepareceocorrerumaincapacidadedecompreensoporpartedospaisarespeitodaquiloquetransmitidopelaescolaeporoutro,umafaltadehabilidadedosprofessores em promover comunicao.Martins (2005), acrescenta que os docentes enfrentam dificuldades deensinaraaprender,isto,desconhecemmuitasvezes,comoosalunospodemaprenderosprocessosquedevemrealizarparaqueseusalunosadquiram,desenvolvameprocessemasinformaesensinadaseaprendidasemsaladeaula. necessrio enfatizar que a escola constituda por pessoas e quepossuemsentimentos,frustraes,realizaes,ouseja,avidaparticularalmdaprofissional e que essas pessoas se comportam melhor ou pior em determinadassituaes,refletindoassim,naescola.Diantedisso,ospaisdevemestarsempreatentos e informados dos acontecimentos ocorridos com seus filhos na escola.A responsabilidade de educar no pode ser s atribuda famlia ou aescola,poisseafamliaatuadeformaprofundaedurantemaistempo,aescolaoferececondiesespeciaisparainfluirsobreoeducando,pelaformaoespecializada de seus elementos.A famlia e a escola so parceirasem relao educao dos filhos;poisnenhumadasduaspodesubstituirtotalmenteaoutra,tornando-seassimnecessrioobomrelacionamentoentreambas,contribuindocadaumacomasuaexperincia e respeitando as exigncias de cada uma para que se possa evitar queo educando sofra as conseqncias.importantequeafamliadesempenhepapel-chavenasinstruesoutransmissodevaloresdaculturaparaacriana.atravsdaparticipao44efetivanoseventosdiriosdafamliaqueseesperaqueacrianaaprendaavalorizarapropriedade,aleieaordem,arespeitarosdireitosesentimentosalheios. As expectativas so as de que a escola d continuidade educao,poisestarealizamelhorfunoquandopodeampliareaprofundaraeducaojiniciada pela famlia.Como dizem Montandon e Perrenoud (1987), de uma maneira ou deoutra,onipresenteoudireta,agradvelouameaadora,aescolafazpartedavidacotidiana de cada famlia.Arelaofamliaescolaamaisconflitante,porqueapesardeambas terem como objetivo central a educao de uma criana, os papis de cadaumadevemserdiferenciadosduranteesteprocesso.Afamlia,demaneirageneralizada,delegaalgumasobrigaesdaeducaodofilhoescolaeaoprofessor,eximindo-sedoseupapelfundamentaldeparceiradainstituiodeensinonaeducaodacriana.Osprofessores,frenteaessanovaobrigao,sevm forados a responder pelo comportamento positivo ou negativo do aluno, almdesepreocuparcomoprogramacurricular,provas,exercciosetc.(CECONetal.2001) Infelizmente,algunspaisnoseconscientizamdaimportnciadoapoiodelesjuntoinstituioescolardofilhoenoconseguemverqueaescolapossuioutrosobjetivosaseremdesenvolvidosemseusfilhos.Issonoquerdizerque a escola no deva se preocupar com odesenvolvimento afetivo e as relaesde vnculo desenvolvidas pelos alunos, mas de forma diferente da famlia a escolautilizacritriosespecficosparaavaliarodesempenho,amaturidadeedesenvolvimento desta criana. So essas peculiaridades que os pais no conseguem internalizar. Aodeixar seus filhos na escola, os pais passam toda a responsabilidade de educaodestacrianaaoseducadoreseinstituioecasoofilhoapresenteumcomportamentoinadequado,ospaisculparoaescola,osprofessores,oscolegas,masnuncacolocaroaculpaemsimesmosouassumiroofatodecontribuir para algumas atitudes do filho. Aescola,porsuavez,tambmprocurasubterfgiosparaescapardaculpapelospossveisfracassosescolaresdeseusalunos,entreasdesculpasmaisfreqentesestadeculparospaispelafaltadetemponoconvviocomos45filhos.Fatoqueacabagerandoalunoscomproblemasdeaprendizagem,relacionamento etc. Observa-se,queofundamentalparaaescola,professoresepaisdescobriralgoconcretoparaserapontadocomocausadordessesproblemasdeaprendizagem, que prejudicam as crianas e aos adolescentes. Segundo Parolin: tantoafamliaquantoaescoladesejamamesmacoisa:prepararascrianas para o mundo; no entanto, a famlia tem as suas particularidadesque a diferenciam da escola, e suas necessidades que a aproximam dessamesmainstituio.Aescolatemsuametodologiaefilosofiaparaeducarumacriana,noentanto,elanecessitadafamliaparaconcretizaroseuprojeto educativo (PAROLIN,2003, p.99). Oquepodemosobservarqueaescolaeafamlia,cadaqualcomseusvaloreseobjetivosespecficosnaeducaodeumacriana,constituemumorganismointrnseco,ondequantomaisdiferentesso,maisnecessitamumadaoutra. Dessa forma, cabe a toda sociedade, no s aos setores ligados educao,transformar atravs de pequenas aes o cotidiano da escola e da famlia, para queestacompreendaaimportnciadosobjetivostraadospelaescola,assimcomooseu lugar de co-responsvel neste processo. fundamentaleurgenteessatransformao,paraquenososalunos,masafamliaeaprpriainstituiopossamestabelecerumelodecooperaoentresi.Entretanto,estacooperaosserefetiva,casoospaiscompreendamqueaescolanodeveexercerafunomoraldafamlia.Serianecessrio,ento,queaescolapromovesseprojetosdeconscientizaojuntosfamliasdeseusalunos,salientandoaimportnciadodeverdecadaumnodesenvolvimentodacrianaequeemboraessaparceriaescola-famliasejaessencial, cada um desses setores deve conservar suas particularidades. Umavezquetodosossetoresdaeducaoestejamconscientesdeseuspapis,aescolapodercontribuirmelhorparaoaprimoramentodacapacidade cognitiva e afetiva da criana, contando com a ajuda da famlia. Esta tambm poder contar com o apoio da escola, a fim de melhoraro relacionamento com os filhos. Desta forma a criana sentir-se- capaz e protegidapara aprender.(SCOZ, 2000)46NoartigointituladoAimportnciadaparceriaentreaescolaeafamlia no ensino fundamental, Moraes & Kude (2003), apresentam os resultados deumapesquisarealizadacomescolaresda6srie,medianteobservaesparticipantes em sala de aula e entrevistas com dez professoras, doze estudantes eoito mes.Atravs das observaes e entrevistas foi possvel perceber dois gruposdistintosnasaladeaula:ogrupodealunosealunasqueapresentambomdesempenho e o grupo dos que apresentam fraco desempenho escolar. Os dadosforamsubmetidosaumaanlisedecontedosobtrseixostemticos:(a)professoras; (b) alunas e alunos; (c) mes. Destacaramalgunspontosinteressantesdapesquisa:aformacomqueasprofessorasconceituavamasalunasealunoscombomefracodesempenho,quedemonstramcomoasprioridadesnaavaliaoestosemodificando,poisemtodososdepoimentos,asprofessorasmostraramtodasuacompreenso e afetividade em relao aos estudantes. O perfil de um aluno com bom desempenho escolar, ou aluna, pois emgeralamaioriadasprofessorasrefere-sesmeninascomorepresentantesdestegrupo,aquelequetem:maisfacilidadedeaprendizagem....oalunoqueconsegueseguiremfrentenocontedo,aquelequetemumbomentendimentoetemumabaseparapoderavanar.Elassointeressadas,somotivadasequandonoentendemperguntam.Procuramfazerosexerccios,procuramajudaroscolegas.Elasmantmumbomnveldeatenoemsaladeauladuranteasaulas.Euacreditoqueessascrianasmantmessaqualidadeemsaladeauladevido motivao que vem de casa.Apartirdessavivnciadepesquisa,pode-seperceberquenoambiente escolar existem dois tipos de famlias: aquelas que demonstram interessepelavidaescolardeseusfilhosefilhas,integrando-seaoprocessoeducacionaleparticipandoativamentedasatividadesdaescola,semprequepossvel,eaquelasqueconsideramquesuaparticipaodispensvelouinadequadaepreferemsimplesmente omitir-se do processo escolar.As comunicaes entre famlia e escola deveriam ser mais estudadasporqueambasprecisamumadaoutra.Ainteraoentrefamliaeescolanodeveriaserreduzidaapenasareuniesformaisecontatosrpidos,masocorrerregularmenteemmomentosdemaiorintercmbionosquaisafamliapudesseefetivamente participar do cotidiano da escola.47importantesalientarqueofracassoouosucessoescolardecadaalunoinfluenciadopordiversosfatores,sendooenvolvimentodafamliacomaescola apenas um deles, visto que acultura familiar, as oportunidades vividas porestesalunosealunastambmdevemserassinaladas.Asexpectativasdepaisemes em relao ao futuro so fatores que podem cooperar ou no para queestascrianasestejammotivadasparaumbomdesempenhoescolar.provvelqueumainvestigaodahistriadevidaescolardospaisemesdestesescolaresaponteosfatoresrelacionadoscomotipoderelaoqueestafamliadesenvolvecom a escola e a origem dessas expectativas.Caetano(2004),explicaqueanecessidadedeseestudararelaofamliaeescolasesustentaereafirmadaquandooprofessorseesforaporconsideraroaluno,semperderdevistaosertotal,ouseja,compreendendoquequando se ingressa no sistema escolar, no se deixa de ser filho, irmo, amigo etc. SegundoParo(2000),odistanciamentoentreescolaefamlianodeveria ser to grande, pois para ele, a escola no assimilou quase nada de todo oprogressodapsicologiadaeducaoedadidtica,utilizandomtodosdeensinomuitoprximoseidnticosaosdosensocomumpredominantesnasrelaesfamiliares. ( p. 16)Acompreensodoseurelatofundamenta-senofatodequeaatualescoladosfilhos,muitosemelhantecomaescolaqueospaiscursaram,eporisso,estesnodeveriamsentir-setodistantesdosistemaescolar,etambmoprofessor,emboraadmitaanecessidadedaparticipaodospaisnaescola,nosabe bem como encaminh-la. O que nospermite compreender desta colocao que existe umadificuldade de compreenso por parte dos pais, daquilo que transmitido na escola;poroutrolado,umafaltadehabilidadedosprofessoresparapromoveremessacomunicao (p.68).Nogueira,RomanellieZago(2000),relatamumconjuntodepesquisas,cujosresultados,soimprescindveisaoseducadores,namedidaqueoferecemaspectosparareflexoeanlisesobreofuncionamentodosistemaescolar, privilegiando o ponto de vista da sua abordagem intrincada com a famlia,at ento, embutida geralmente na comunidade.Tais pesquisas apresentam algunspontoscomuns;entreelesaausnciadeumatradiodeestudossobreasrelaesqueasfamliasmantmcomaescolaridadedosfilhoseo...relativo48consenso, entre os autores, de que se trata de uma relao complexa e, por vezes,assimtrica,noquedizrespeitoaosvaloreseobjetivosentreessasduasinstituies....(p.9)NasconsideraesdeParo(2000),eledeclaraque,almdecontratemposcomoprofessoresmalformados,aescolatemfalhadotambmeprincipalmenteporquequenotemdadoadevidaimportnciaaoqueacontecefora e antes dela, com seus alunos.(p.15)Apesardosinmerosaspectosessenciaisnarelaofamliaescola,fatoresestescomoseobserva,principalmentedeordemafetivaemoral,nota-seque a tarefa de se construir uma parceria entre escola e famlia se fazmister, umavezqueaescolanoafirmaoutalvezjamaistenhasustentadoaposiodesubstitutadafamlianafunoeducadora,topouco,lhecaberadotarumaconduta de resistncia e rivalidade, assentada em uma proximidade unilateral, quevenhaasujeitarfamlia,apartirdadesmedidaconsideraodeumapossvelignorncia e inaptidodesta ltima para educar e socializar. Aescola,portanto,tambmprecisadessarelaodecooperaocom a famlia, pois os professores necessitamcompreender as dinmicas internaseouniversoscio-culturalexperenciadospelosseusalunos,paraquepossamrespeit-los, compreend-los e tenham condiesdeinterviremnoprovidenciardeum desenvolvimento nas expresses de sucesso e no de fracasso diagnosticado.Precisam ainda, dessa relao de parceria para poderem tambm compartilhar comafamliaosaspectosdecondutadofilho:aproveitamentoescolar,qualidadenarealizaodastarefas,relacionamentocomprofessoresecolegas,atitudes,valores, respeito s regras.Muitas so as demandas que se colocam para a escola hoje. Ter porfuno apenas transmitir os conhecimentos acumulados pelas geraes passadasdeixoudeseramuitotempoafunodaescola,emborahajacontrovrsiasepolmicas sobre o que, concretamente, essa instituio est fazendo na atualidade,principalmenteparacomosfilhosdasclassesmenosfavorecidasdasociedade.Porm,inegvelqueasdemandaseasexignciasdasociedadeemrelaoescola, aumentaram muito.Oquesedeseja,segundoapropostadeAlarco(2001),muitodifundidaeaceitahoje,umaescolareflexiva,quesepensacontinuamenteasiprpria,revendosuafunosocialeorganizativa,buscandoproporcionar49ambientesformativosquefavoreamocultivodeatitudesecapacidadesquepermitam ao indivduo viver, conviver e intervir em sociedade, em interao com osoutros cidados. Diantedessamultiplicidadedefunes,queabrangeaformaodeum cidado, capaz de agir e de interagirnomundoemquevive,noapenascomcompetnciascognitivasdesenvolvidas,mas,principalmente,comaquisiestambmafetivas,pessoaisesociais,quelhepossibilitematitudesevalorespositivosparaumatransformaosocialefetiva,quetorneomundoglobalizadomenosexcludenteemaishumano,percebe-sequeaescolanopodetrabalharsozinha. imprescindvelqueaescolaseunaaoutrasinstituiessociaiscomo:famlia,pastoraldacriana,Ongs,etc,paracumprirmelhoroseupapel.Dentre essas instituies sociais com condies de contribuir efetivamente para quea escola cumpra seu papel, entendemos ser a famlia a mais abalizada, at mesmopelasfunesformativasquetambmpossui,emboratenhamosquereconhecerque a mesma tambm passa por profundas transformaes na sociedade atual.Porm,mesmocomtodasastransformaespelasquaisafamliavempassando,elacontinuasendoumainstituiofundamentalebasilarparaodesenvolvimento do ser humano, sendo a primeira que vai referendar a proteo easocializaodoindivduo,seconstituindocomoaprimeirapossibilidadedeaprendizagens afetivas e de relaes sociais.Em sua pesquisa intitulada O diretor de escola como mediador entre afamliaeaescola,Torete(2005),apontoucomoosdiretores,paisalunoseprofessoresconduzemsuasprticas,eascontingnciaseasadversidadesvigentes no dia a diadas escolas, as quais interferem na relao entre famlia eescola. A dificuldade, entretanto, da efetiva construo dessa relao, de umamaneira que proporcione condies de igualdade na relao das duas instituies,isto,estabelecendo-seumaparceria,ondeaparticipaodospaissejareal,diferentedaquelaparticipao,ondeenviamumacontribuiomensal,ondecolaboram comprando rifas, ou vm escola para ouvirem a professora contar dasinmeras dificuldades dos filhos, um dado presente na maioria daspesquisas:querelatamoparalelismoentreasduasinstituies,rompidosporrarosefrgeispontos de interseco.50NapesquisaintituladaRelaoescola-famlia:ascontribuiesnoprocessodeescolarizaosobaperspectivadosprofessores,realizadaporCesrio,Gaeta,Reali&Tancredi(2005)1,emumainstituioescolardoensinomdiodonortedoParan,constatou-sequehsinaistnuesnaconstruodeuma relao de parceria com elos legtimos que abarquem ambas instituies comouma comunidadeinteressada e preocupada com o processo de escolarizao dosalunos. Estamos falando de uma relaomuitocomplexa,todavia, aindaestamoslongedesanarasdificuldadesqueencontramosaoconfrontarfamlia,escolae professores. Examinar afamlia e o relacionamento entre seus membros algo extremamente complexo, que requer uma anlise detalhada, uma vez que aredefamiliarestinseridanumcontextoscio-histricoesofreinflunciasdeproblemas oriundos do ambiente externo, que interferemdireta e/ou indiretamentenocotidianofamiliarerevelam-senauniocomosfilhos,podendoassimaliviartenses ou ampli-las.Lisondo(2003),comentaqueoprofessor,almdeserummodelodeidentificao, deveria ser uma agente de sade mental,pois se encontra num lugarprivilegiado para observar. Para realizar tal faanha, o professor deve conhecer a siprprio,entraremcontactocomseumundoemocionalparaampliarsuaconscincia e sua habilidade de percepo psquica.A mente do professor e sua estrutura, sua personalidade sero o seumelhor instrumento de trabalho na formao de outras pessoas .Se ele no atuar como agente de sade mental, deixar de fazer algoessencial na sua profisso estar se subestimando da formao de seres humanos. A seguir, abordaremos as questes metodolgicas que conduziram apresente pesquisa.

1PesquisaapresentadanoVIIICongressoEstadualPaulistaSobreFormaodeEducadoresemguasdeLindia(SP)(2005).51CAPTULO 3 METODOLOGIA A metodologia que norteou o presente estudo insere-se no Estudo deCaso,mtodoqualitativo.Apesquisaqualitativaidealparatratarotemaporquepermite a compreenso do fenmeno em seus aspectos subjetivos e particulares e,dessemodo,contemplaacomplexidadedestarelaodacrianacomseuscuidadores e demais participantes da sua educao. 3.1.Populao Amostrada Participaram deste estudo, a professora da Primeira Etapa do EnsinoFundamentaldaRedePblicadeEnsino,aDiretoradaescolaeospaisde10crianas,6dosexofemininoe4dosexomasculino,situadasnafaixaetriade6anos, que cursam a Primeira Etapa do Ensino Fundamental de uma escola da redepblica de uma cidade situada ao norte do Paran. 3.2. Local de RealizaoA pesquisa foi realizada em uma escola da RedeMunicipalde umacidade situada ao norte paranaense, no perodo letivo de 2004. 3.2.1Caracterizao da EscolaAescolasituadanumavilaprximaaocentrodacidade,promovendo educao do pr-escolar ao ensino fundamental, tendo seu horrio defuncionamento no perodo matutino e vespertino. 52Aequipepedaggicadaescolacompostaporumadiretora,umaorientadora e uma coordenadora.A classe econmica dos alunos a que prevalece classe mdia baixae baixa. Por ser uma escola de fcilacesso, a populao que freqenta a escolamista.Muitospaisapresentamumaboasituaofinanceira2,enquantooutrosseapresentamemsituaoprecria(moradiaemcasastipofavelas,faltadealimentao e de material escolar), pois s trabalham quando h corte de cana-de-acar a essncia da regio.Nogeral,apopulaodomunicpiosobrevivedotrabalhoruraloferecido por uma usina de cana-de-acar. 3. 3.Procedimentos de Coletas e Anlise dos Dados A pesquisa obedeceu s seguintes etapas: 1. Seleodaliteratura especfica sobre oassunto;2.Solicitaodeautorizaoparaodesenvolvimentodotrabalhopara a Direo escolar (Apndice A); 3. Elaborao de uma carta Termo de Livre Consentimento dos paispara o desenvolvimento da pesquisa(Apndice B);4.ElaboraodeumacartaTermodeLivreConsentimentodaprofessora (ApndiceC);5. Elaboraoe aplicaode um questionrio para os pais (ApndiceD)eparaaprofessoracontendoquestesobjetivassobreofuncionamentofamiliar, bem como sobre adaptao da criana vida escolar (Apndice E);6.Anlisequalitativadosdadoscoletadosatravsdosquestionriosdos pais e da professora;7.Realizaodeentrevistasdevolutivasaospais,professoraedireo escolar;8. Elaborao depropostas de ao com a famlia e a escola, visandoo processo ensino aprendizagem, bem como o fortalecimento da relao entreas duas instituies.

2 boa - aqueles paisque tm condies bsicas de moradia, alimentao e educao.53 Osdadosforamanalisadosqualitativamentesegundoumreferencialpsicanaltico e das contribuies das pesquisas na rea da educao.CAPTULO 4 -RESULTADOSE DISCUSSO Neste captulo demonstraremos os resultados analisados em forma degrficosetabelas,obtidosnapesquisaatravsdosquestionriosaplicadosaospais dos alunos e professora.Soapresentadastambm,asentrevistasrealizadascomaDireoescolar e a professora que atua em sala de aula com as crianas.Osdadosaquidelineadosencontram-sedeacordocomaordemdeaplicao dos questionrios. I - DOS QUESTIONRIOSCOM OS PAIS:- A Questes especficas/familiares 0%10%20%30%40%50%nuclearoutrasmonop.recasam.Grfico 1 Composio da famliaComrelaocomposiodafamliademonstradonoGrfico1,encontramos50%defamliasnucleares(paisefilhosbiolgicos)e30%deoutrasconstelaesfamiliares(amecasou-senovamenteeosfilhos,doex-maridomoramjuntocomoscnjuges);em10%doscasos,amevivesomentecomosfilhose10%,ameteveofilhodoprimeirocasamentoedepoissecasou54novamente,constituindonovafamliatendomaistrsfilhosdessesegundocasamento.A concepo da famlia veio se modificando ao longo dos anos dandoorigemanovossistemasfamiliares,essasmodificaespodemocasionarnascrianasumacrisenaconstruodesuasidentidadeseatmesmodaprpriahistoriadevida,poisfaltareferencialfamiliar.Ficaumasituaodelicadaparaessas crianasque acabam tendo que aprender a conviver com a presena de umdos pais, ou com o novo casamento de seus pais que podem vir a ter outros filhosoutrazeremfilhosdeoutrosrelacionamentos;tudoissoacabainfluenciandotambmnaquestoeducacional.Considerandoafamliacomoclulamatrizdaidentidade, Knobel (1992), afirma: Muitosconflitosneurticosdainfncia,daadolescnciaedosadultosjovens podem estar ligados a essa patologiadossistemasfamiliares,queporoutrapartesoemnossasociedadecoexistentes.Diversosproblemasdesadeinfanto-juvenil,derelacionamentoconjugal,devidasexual(impotncia,frigidez,etc),dedesavenasentreospaisefilhosenopoucostiposdeneuroses,condutasagressivaseatviolentas,podemterpartedesuaorigemnosconflitosdessamodalidadedevidafamiliar problemtica. 0%5%10%15%20%25%30%35%40%muito bombomregularruim Grfico 2 Relacionamento familiarNoGrfico2,observamosonvelderelacionamentofamiliar,eencontramos10%comumrelacionamentoconsideradomuitobom,apresentando-secalmoebemrelacional;40%dosrelacionamentosconsideradobom,apresentandopoucasbrigas;20%dosrelacionamentosconsideradosregular,apresentandobrigasmaisfreqentesprincipalmentenosfinaisdesemana;20%55dos relacionamentos considerados normais, no apresentando muitos problemas ediscussese10%dosrelacionamentosconsideradosruins,sendorelaesfamiliares com muitas brigas.A base da famlia corresponde a um relacionamento saudvel entre osmembros,ouseja,comcarinho,respeito,responsabilidades,dedicaoeamor.Parasealcanaressabasefamiliarnecessrioqueospaistenhamumaestrutura psquica para que no aja desarranjos graves no ambiente familiar. 0%10%20%30%40%50%60%bomregularrazovel Grfico 3 -Relao da criana com os paisNoGrfico3,estdemonstradoorelacionamentodacrianacomospais,onde60%doscasosforamconsideradoscomobons,comcrianasquerespeitameobedecemaseuspais;30%avaliadoscomoregular,comcrianasteimosas,irritadasequequasenoobedeceme10%consideradorazovel,comcrianas que se apresentam calmas, mas que preferem brincar e quase no falam.Arelaodospaiscomacrianatmumpapelmuitoimportantenodesenvolvimentopsquico;ospaissomodelosereferencialparaosfilhoseatravsdeseusexemplosqueacrianairassumirdeterminadocomportamentodiante de certas situaes.Duarte (1999) diz: narelaocomosfamiliares,emespecialpaieme,queacrianaestabelece suas primeiras relaes com o conhecimento e vai organizandoum jeito prprio de aprender, de elaborar o aprendido e dar um significadoaquilo que aprende. 560%10%20%30%40%50%60%70%bomnormalruimGrfico 4 Relacionamento da criana com a professoraQuanto aorelacionamentoda criana com a professora e colegas, oGrfico4mostra70%dosrelacionamentosconsideradosbons,apresentandopoucasbrigaseboainteraoentreeles;10%dosrelacionamentosconsideradosnormais,apresentandoalgumasdiscussesmasbrincammuitoe20%dosrelacionamentos considerados ruins, apresentando muitas brigas, poucas amizadese agressividade.O professor atualmente se depara com muitas situaes diversificadasnoambientedasaladeaula,muitasvezes,almdeensinaralereaescrever,assume tambm uma funo materna, onde se faz necessrio dar uma pausa namatriaparaouvir,aconselhareacarinharseualuno.Essarelaoprofessorxaluno,tornouseumaimportadoradevalores,incentivo,confianaecontribuintepara a auto-estima. 0%20%40%60%80%100%elogios Grfico 5 Elogios criana por parte dos pais57Encontramos100%doscasos,emqueospaiselogiamascrianasemrelao:realizaodasatividadesescolares,execuodedesenhos,cumprimentodetarefasdomsticasequandofazemoqueospaissolicitam,deacordo com os dados demonstrados no Grfico 5 acima.Para a criana, a ateno e elogios por parte dos pais e/ou cuidadoressempreforamconsideradosalgopositivosepromotoresdaelevadaauto-estimadas crianas. Tornam-se motivadas para estudar e realizar suas tarefas escolares.Naliteraturapsicanaltica,encontramosestudiososdopsiquismoinfantil que afirmam que a base estrutural da formao egicada criana, desde oseunascimento,encontra-senestarelaosaudvelcomseusprogenitores,osquais valorizam tudo o que a criana produz, dentro de suas possibilidades.

0%10%20%30%40%50%60%70%80%participaopart.indiretano participamGrfico 6 Participao dos pais na escolarizaodos filhosNoquedizrespeitoparticipaodospaisnoprocessodeescolarizao das crianas, cerca de 80%dospaisalegaparticipardestafasedevida, ajudando-asna realizao dos deveres de casa, olhando o material escolar eincentivando-osparaumfuturomelhor.Encontramostambm10%dospaisquenotiveramestudoseporissopedemqueseusfilhosma