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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SEMENTES DISSERTAÇÃO POTENCIAL DE RENDIMENTO, QUALIDADE INDUSTRIAL E FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE TRIGO CULTIVADO EM DIFERENTES REGIÕES TRITÍCOLAS Kassiana Kehl Pelotas, 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA D E SEMENTES

DISSERTAÇÃO

POTENCIAL DE RENDIMENTO, QUALIDADE INDUSTRIAL E FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE TRIGO CULTIVADO EM DIFERENTES REGIÕES

TRITÍCOLAS

Kassiana Kehl

Pelotas, 2013

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Kassiana Kehl

POTENCIAL DE RENDIMENTO, QUALIDADE INDUSTRIAL E FIS IOLÓGICA DE SEMENTES DE TRIGO CULTIVADO EM DIFERENTES REGIÕES

TRITÍCOLAS

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Pelotas, sob orientação do Professor Dr. Géri Meneghello, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes para a obtenção do título de Mestre em Ciências.

Orientador: Dr. Géri Eduardo Meneghello Co-Orientador: Dr. Luiz Carlos Gutkoski

Pelotas, Agosto de 2013.

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Universidade Federal de Pelotas / Sistema de Bibliotecas

Catalogação na Publicação

K11p Kehl, Kassiana

KehPotencial de rendimento, qualidade industrial e fisiológica de sementes de trigo cultivado em diferentes regiões tritícolas / Kassiana Kehl ; Géri Eduardo Meneghello, orientador ; Luiz Carlos Gutkoski, coorientador. — Pelotas, 2013. Keh81 f. : il.

KehDissertação (Mestrado) — Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, 2013.

Keh1. Triticum aestivum l.. 2. Locais. 3. Cultivares. 4. Qualidade fisiológica. 5. Qualidade industrial. I. Meneghello, Géri Eduardo, orient. II. Gutkoski, Luiz Carlos, coorient. III. Título.

CDD : 633.11

Elaborada por Gabriela Machado Lopes CRB: 10/1842

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POTENCIAL DE RENDIMENTO, QUALIDADE INDUSTRIAL E FIS IOLÓGICA DE SEMENTES DE TRIGO CULTIVADO EM DIFERENTES REGIÕES

TRITÍCOLAS

Kassiana Kehl

Orientador: Dr. Géri Eduardo Meneghello Co-Orientador: Dr. Luiz Carlos Gutkoski Banca Examinadora:

Dr. Géri Eduardo Meneghello - UFPel

Prof. Dr. Luiz Carlos Gutkoski - UPF

Prof. Dr. Jean Carlo Possenti - UTFPR

Dr. Alexandre Moscarelli Levien - Fundação Pró-Sementes

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Dedico este trabalho a Deus.

A minha família que sempre acreditou nos

meus ideais e esteve sempre ao meu lado, me apoiando para prosseguir

adiante em busca de meus objetivos.

A Direção da empresa Fundação Pró-

Sementes que acreditou no meu profissionalismo e me concedeu a bolsa de

estudos para realização deste curso.

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AGRADECIMENTOS

Aos professores Dr. Géri Eduardo Meneghello e Dr. Luiz Carlos Gutkoski

pela orientação, amizade e dedicação que tiveram ao me orientar no trabalho

de pesquisa.

Aos meus pais Alberi e Elsa Kehl, minha irmã Keli e cunhado Jeferson

Pelisson, pelo apoio, incentivo, compreensão e confiança.

Ao Diretor Técnico e Administrativo, José Hennigen, amigos e

colaboradores da empresa Fundação Pró-Sementes pela amizade e ajuda

prestada sempre que necessário.

A Universidade de Passo Fundo, em especial ao Centro de Pesquisa em

Alimentação (CEPA) ao disponibilizar sua infraestrutura e equipamentos para

realização das análises laboratoriais.

A empresa OR Sementes LTDA e colaboradores, em especial aos

diretores, Dra. Amarilis Labes Barcellos e MSc. Ottoni de Sousa Rosa, pelo

interesse que demonstraram pelo trabalho, disponibilizando infraestrutura e

equipamentos do laboratório de qualidade industrial da empresa.

Ao Sistema Irriga de Santa Maria e a Fepagro de Júlio de Castilhos por

ter disponibilizado os dados climáticos descritos na pesquisa.

A todos que de uma forma ou outra me apoiaram na realização deste

Curso.

Muito obrigada.

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LISTA DE FIGURAS

Páginas Figura 1. Estrutura geral da semente de trigo ................................... 7 Figura 2. Exemplo de Alveograma .................................................... 14 Figura 3. Aveogramas típicos para massas, pães e biscoitos/bolos.. 14 Figura 4. Relação hipotética entre a germinação e o vigor durante

a deterioração de sementes ........................................... 19

Figura 5. Regiões Tritícolas do estado do Rio Grande do Sul .......... 21 Figura 6. Dados climáticos, precipitação mensal acumulada e

temperatura média mensal observados em Cachoeira do Sul – RS no período compreendido entre maio e novembro de 2012 ..........................................................

23

Figura 7. Dados climáticos, precipitação mensal acumulada e

temperatura média mensal observados em Cachoeira do Sul – RS no período compreendido entre maio e novembro de 2010 ..........................................................

23

Figura 8. Dados climáticos, precipitação mensal acumulada e

temperatura média mensal observados em Cachoeira do Sul – RS no período compreendido entre maio e novembro de 2011 ..........................................................

24

Figura 9. Dados climáticos, precipitação mensal acumulada e

temperatura média mensal observados em Júlio de Castilhos – RS, no período compreendido entre maio e novembro de 2012 ..........................................................

25

Figura 10. Dados climáticos, precipitação mensal acumulada e

temperatura média mensal observados em Júlio de Castilhos – RS, no período compreendido entre maio e novembro de 2010 ..........................................................

26

Figura 11. Dados climáticos, precipitação mensal acumulada e

temperatura média mensal observados em Júlio de Castilhos – RS, no período compreendido entre maio e novembro de 2011 ..........................................................

26

Figura 12. Aparelho de Espectroscopia no Infravermelho Próximo

NIR, Inframatic 9200, utilizado para determinação proteína bruta...................................................................

29

Figura 13. Aparelho para determinação de glúten, Glutomatic 2200.. 30

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Figura 14. Equipamento de medida indireta da atividade da enzima

alfa-amilase, Falling Number............................................ 31

Figura 15. Alveógrafo Chopin NG, aparelho utilizado para medir a

resistência, extensão e a extensibilidade das massas .... 32

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LISTA DE TABELAS

Páginas

Tabela 1. Tipificação da farinha de trigo segundo teor de cinzas, granulometria, teor de proteína, acidez graxa e umidade............................................................................

10

Tabela 2. Características das diferentes classes de trigo destinado

diretamente à moagem e outras finalidades ................... 10

Tabela 3. Rendimento de grãos (kg.ha-1) de cultivares de trigo em

diferentes locais de condução. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS ................................

35

Tabela 4. Massa do Hectolitro (kg.100L-1) de cultivares de trigo em

diferentes locais de condução. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS ................................

36

Tabela 5. Massa de mil grãos (Gr) de cultivares de trigo em

diferentes locais de condução. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS ................................

38

Tabela 6. Proteína bruta (% em base seca) de cultivares de trigo em

diferentes locais de condução. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS ................................

39

Tabela 7. Glúten úmido (%) de cultivares de trigo em diferentes

locais de condução. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS .............................................................

40

Tabela 8. Glúten seco (%) de cultivares de trigo em diferentes locais

de condução. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS .............................................................

41

Tabela 9. Índice de glúten (%) de cultivares de trigo em diferentes

locais de condução. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS .............................................................

42

Tabela 10. Número de queda (s) de cultivares de trigo em diferentes

locais de condução. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS ...............................

43

Tabela 11. Tenacidade da massa - P (mm), Extensibilidade da

massa - L (mm), Relação P/L e Força de glúten (W x 10-

4J) de cultivares de trigo em diferentes locais de condução. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS., Indicações de qualidade de farinhas para produtos de panificação....................................................

46

Tabela 12. Índice de intumescimento – G (ml), Relação P/G e Índice 47

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de elasticidade – Ie (%) de cultivares de trigo em diferentes locais de condução. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS ................................

Tabela 13. Indicações de qualidade de farinhas para produtos de

panificação........................................................................ 48

Tabela 14. Cor de farinha sob determinação da luminosidade L* e

coordenadas de cromaticidade -a* (vermelho) e +b* (amarelo) de cultivares de trigo em diferentes locais de condução. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS.........................................................................

51

Tabela 15. Germinação em rolo papel (%), germinação em areia

(%) e vigor em areia (%) de cultivares de trigo em diferentes locais de condução. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS ................................

54

Tabela 16. Resumo do quadro da análise da variância. Fundação

Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS.......................... 66

Tabela 17. Continução........................................................................ 67 Tabela 18. Continução........................................................................ 67

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SUMÁRIO

RESUMO............................................................................................... vii ABSTRACT ........................................................................................... viii 1- INTRODUÇÃO.................................................................................. 1 2- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................. 3 2.1- Trigo............................................................................................... 3 2.1.1- Histórico...................................................................................... 3 2.1.2- Aspectos econômicos do trigo no Brasil.................................... 3 2.1.3- Efeito do ambiente na produção de trigo.................................... 4 2.1.4- Estrutura da semente de trigo..................................................... 6 2.2- Qualidade industrial do trigo........................................................... 9 2.3- Reflexos das condições ambientais na qualidade fisiológica da

semente de trigo............................................................................ 15

3- MATERIAL E MÉTODOS ................................................................ 21 3.1- Locais e material experimental....................................................... 21 3.2- Cultivares avaliadas....................................................................... 27 3.3- Procedimentos analíticos.............................................................. 28 3.3.1- Componentes do rendimento...................................................... 28 3.3.1.1- Rendimento de grãos............................................................... 28 3.3.1.2- Massa do hectolitro.................................................................. 28 3.3.1.3- Massa de mil grãos.................................................................. 28 3.3.2- Qualidade industrial de grãos.. .................................................. 29 3.3.2.1- Proteína bruta do grão............................................................. 29 3.3.2.2- Condicionamento das amostras e moagem experimental...... 29 3.3.2.3- Glúten...................................................................................... 30 3.3.2.4- Número de queda.................................................................... 30

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3.3.2.5- Alveografia............................................................................... 31 3.3.2.6- Cor........................................................................................... 32 3.3.3- Qualidade fisiológica da semente............................................... 32 3.3.3.1- Poder germinativo.................................................................... 33 3.3.3.2- Emergência em areia............................................................... 33 3.4- Análise estatística.......................................................................... 33 4- RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................ 34 4.1- Componentes do rendimento......................................................... 34 4.1.1- Rendimento de grãos.................................................................. 34 4.1.2- Massa do hectolitro..................................................................... 35 4.1.3- Massa de mil grãos (MMG)......................................................... 36 4.2- Qualidade industrial de grãos........................................................ 38 4.2.1- Proteína bruta............................................................................. 38 4.2.2- Glúten......................................................................................... 39 4.2.3- Número de queda....................................................................... 42 4.2.4- Alveografia.................................................................................. 44 4.2.5- Cor.............................................................................................. 50 4.3- Qualidade fisiológica da semente.................................................. 52 4.3.1- Poder germinativo....................................................................... 52 4.3.2- Emergência em areia.................................................................. 53 5- CONCLUSÕES................................................................................. 56 6- REFERÊNCIAS................................................................................ 59 ANEXOS 66

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POTENCIAL DE RENDIMENTO, QUALIDADE INDUSTRIAL E FIS IOLÓGICA DE SEMENTES DE TRIGO CULTIVADO EM DIFERENTES REGIÕES

TRITÍCOLAS AUTORA: Kassiana Kehl ORIENTADOR: Géri Eduardo Meneghello RESUMO – O trigo tem como principal foco o abastecimento à indústria alimentícia, consumido principalmente na forma de seus subprodutos, pães, massas, bolos e biscoitos. Nesse contexto, torna-se importante no mercado de commodities, o qual seleciona cultivares de alto potencial de rendimento e que atendam às exigências da indústria. O potencial de rendimento, qualidade industrial e fisiológica das sementes estão diretamente relacionados ao estabelecimento de plantas, condições climáticas, solo, manejo da cultura, ponto de colheita e armazenagem. O objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial agronômico, industrial e a qualidade fisiológica das sementes de cultivares de trigo de diferentes classes comerciais, produzidos em duas regiões tritícolas do estado do Rio Grande do Sul. Os experimentos foram conduzidos em Cachoeira do Sul (Região Tritícola II) e Júlio de Castilhos (Região Tritícola I), as cultivares testadas foram Ametista, BRS Louro, Fundacep Nova Era, Topázio, TBIO Mestre e TBIO Pioneiro 2010. A semeadura em Cachoeira do Sul foi realizada no dia 22 de maio e em Júlio de Castilhos dia 05 de junho de 2012, adotando-se o delineamento experimental de blocos ao acaso em três repetições com parcelas de 5,0 m-2. A colheita dos experimentos fez-se em outubro e novembro do mesmo ano. Logo após a colheita foram realizadas as análises dos componentes de rendimento, três meses após fez-se as análises de qualidade industrial e seis meses após a colheita determinou-se a germinação e vigor das sementes. O potencial agronômico na região de Júlio de Castilhos proporcionou as cultivares maior rendimento médio, peso hectolítro e peso de mil sementes que as conduzidas em Cachoeira do Sul. A qualidade industrial do trigo produzido em Cachoeira do Sul foi melhor que em Júlio de Castilhos. A germinação e vigor das sementes não diferiram quanto ao local de condução. As cultivares possuem caracteres próprios, podendo apresentar maior ou menor aptidão à qualidade industrial, potencial de rendimento e estabilidade dependendo do ambiente em que são expostas. As regiões de Júlio de Castilhos e de Cachoeira do Sul, se mostraram marginais para produção de sementes de trigo, das cultivares testadas. Palavras chave : Triticum aestivum L., locais, cultivares, qualidade fisiológica, qualidade industrial.

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POTENTIAL YIELD, INDUSTRIAL AND PHYSIOLOGICAL QUALI TY OF THE WHEAT SEEDS CULTIVATED IN DIFFERENT WHEAT GROWING R EGIONS AUTHOR: Kassiana Kehl ADVISOR: Géri Eduardo Meneghello ABSTRACT - Wheat is mainly focused on the supply to the food industry, mainly consumed in the form of by-products, breads, pasta, cakes and biscuits. In this context, it becomes important in the commodity market, which selects cultivars of high yield potential and meets industry requirements. The potential yield, industrial and physiological quality of the seed industry are directly related to the establishment of plants, climatic conditions, soil, crop management, harvesting point and storage. The aim of this study was to evaluate the agronomic and industrial potential and the physiological quality of seeds of wheat cultivars of different commercial grades produced in two wheat growing regions of the state of Rio Grande do Sul. The experiments were conducted in Cachoeira do Sul (Wheat Growing Region II) and Júlio de Castilhos (Wheat Growing Region I). The cultivars under analysis and tested were Ametista, BRS Louro, Fundacep Nova Era, Topázio, TBIO Mestre and TBIO Pioneiro 2010. Sowing in Cachoeira do Sul was held on May 22 and in Júlio de Castilhos held on June 5, 2012, adopting the randomized complete blocks with three replications with plots of 5.0 m2. The harvest of experiments was made in October and November of the same year. Immediately after harvest were conducted analyzes of yield components have been made. Three months after it was made the analysis of industrial quality and six months after harvest determined the germination and how strong the plants are at that moment. The agronomic potential in the region of Júlio de Castilhos, cultivars provided the highest yield; hectoliter weight and thousand seed weight than those conducted in Cachoeira do Sul. The industrial quality of wheat produced in Cachoeira do Sul was better than at Júlio de Castilhos. Germination and strongest did not differ for local driving. Cultivars have themselves characters that may express and present greater or lesser aptitude for industrial quality, yield potential and stability depending on the environment in which they are exposed. The regions of Júlio de Castilhos and Cachoeira do Sul, proved marginal for seed production of wheat cultivars tested. Keywords: Triticum aestivum L., locations, cultivars, physiological quality, industrial quality.

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1. INTRODUÇÃO

A cultura do trigo (Triticum aestivum L.) foi introduzida no Brasil em

1534, trazido de Portugal por Martin Afonso de Souza (Costa et al., 1990). No

Brasil, a região sul sempre foi a maior produtora de trigo, respondendo por

mais de 90% da produção nacional. O clima frio exigido pela cultura, o

desenvolvimento de cultivares adaptadas as condições edafoclimáticas dessa

região e a tradição pelo cultivo explicam a predominância nos estados do Rio

Grande do Sul e Paraná.

A produção nacional de trigo tem sido insuficiente para atender a

demanda do mercado interno, agravada pela perda da qualidade dos grãos em

decorrência de problemas na pré e pós-colheita, por exemplo, o excesso de

chuvas, secagem, armazenamento e a formação de lotes homogêneos

(Carneiro et al., 2005). Com intuito de posicionar de forma adequada as

cultivares de trigo existentes no mercado e otimizar a experimentação realizada

pelas empresas de pesquisa na condução de ensaios de Valor de Cultivo e

Uso (VCU), readequou-se as Regiões Tritícolas em cada estado. A distribuição

encontra-se descrita na Instrução Normativa n° 3 de 14 de outubro de 2008

(Brasil, 2008), denominadas em Região Tríticola I, II, III e IV.

A qualidade do grão de trigo pode ser definida como o resultado da

interação que a cultura sofre no campo, condições de solo, clima, incidência de

pragas e doenças, genética da cultivar, manejo realizado pelo produtor,

operações de colheita, secagem, armazenamento e moagem (Kaybers &

Ferreira, 2007). Um dos constituintes que deve ser levado em consideração e

que determina a qualidade do produto final são as proteínas, principalmente as

frações gliadinas e gluteninas. Estas proteínas combinadas possuem a

propriedade de formar, juntamente com a água e a aplicação de energia

mecânica, uma massa viscoelástica (Carreira et al., 2009). As gluteninas

conferem viscosidade e elasticidade, enquanto que as gliadinas são

responsáveis pela extensibilidade (Dong et al., 2009).

Dentre os fatores ambientais que mais interferem na qualidade do trigo,

destaca-se a ocorrência de chuva na pré-colheita, acarretando a germinação

na espiga. O processo desencadeia uma sequência de eventos fisiológicos,

que incluem a liberação de hormônios vegetais e enzimas, hidrolisando

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carboidratos, que serão translocados e utilizados pelo embrião em crescimento

(Zimmer, 2012). Lotes de trigo com processo de germinação já iniciado,

apresentam na fermentação da massa excesso de açúcar e falta de amido,

tornando-a pegajosa e com qualidade inferior.

Além de interferir diretamente na qualidade industrial dos grãos de trigo,

o ambiente também exerce ação direta sobre os campos de produção de

sementes. Em um sistema produtivo é comum o descarte de lotes de sementes

que não se enquadram dentro dos padrões mínimos de germinação para fins

de comércio, especialmente próximo à época de semeadura. A utilização de

testes de germinação e vigor são indispensáveis para a caracterização do

potencial fisiológico das sementes (Mertz et al., 2012).

O objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial agronômico, industrial e

a qualidade fisiológica das sementes de cultivares de trigo de diferentes

classes comerciais, produzidos em duas regiões tritícolas do estado do Rio

Grande do Sul.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1Trigo

2.1.1 Histórico

O trigo desde a antiguidade serviu de sustento às civilizações, originou-

se na região da Mesopotâmia e do Nilo, tempos depois conquistou a Europa

(Carvalho & Nakagawa, 1988). Com o passar dos anos, a tecnologia de

produção deste cereal disseminou-se pelo mundo (Brum & Heck, 2005)

ocupando o terceiro lugar em volume de produção mundial. Devido à sua

adaptação a muitos tipos de solo e clima, sua faixa de cultivo estende-se entre

30 a 60° da latitude Norte e 20 a 40° da latitude Sul, em condições particulares

encontra-se também no equador e no círculo polar (Quaglia, 1991).

No Brasil, a história do trigo teve início em 1534, quando as naus de

Martim Afonso de Sousa trouxeram as primeiras sementes do cereal para

serem lançadas às terras da Capitania de São Vicente, hoje São Paulo, de

onde foram difundidas para todas as outras, invadindo até a Ilha de Marajó,

cujas plantações, mais tarde, se tornaram famosas (Brum, Heck & Lemes,

2004).

Em meados do século XIX, os trigais foram atacados pelas ferrugens,

praticamente desaparecendo até a Primeira Guerra Mundial. À partir desse

período, o governo brasileiro passou a se interessar mais pela questão,

concedendo prêmios aos produtores e estimulando a pesquisa experimental.

Com esse estímulo a cultura do trigo foi retomada sendo desenvolvidas novas

cultivares, com maior resistência à ferrugem (Federação das Indústrias do

Paraná, 2006).

2.1.2 Aspectos econômicos do trigo no Brasil

Até o início do século XX, a grande maioria da população brasileira vivia

na zona rural, o consumo de trigo ainda era pequeno, não exigindo vultosas

importações. Com o processo de industrialização e de urbanização, à partir da

primeira guerra mundial (1914/1918), o consumo passou a crescer

sensivelmente e, com ele, a necessidade de maiores importações do cereal

(Brum & Heck, 2005).

A produção de trigo foi importante até o início da década de 1820,

quando entrou em decadência. A principal causa do declínio da triticultura foi

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consequência do ataque de ferrugem, uma doença que atingiu os campos e

diminuiu em muito a produtividade (Zarth, 2002). As primeiras medidas oficiais,

objetivando uma produção tecnicamente avançada de trigo no Rio Grande do

Sul, foram tomadas em 1928, por Getúlio Vargas, então presidente do Estado.

Foram criadas, na ocasião, estações fitossanitárias experimentais, quando

técnicos brasileiros deram origem a novas variedades, mais adaptadas ao

clima regional. Depois de 1930, com Getúlio Vargas na Presidência da

República, aumentaram as preocupações em relação à produção nacional de

trigo, que se traduziram em várias medidas legais numa crescente intervenção

do Estado neste setor (Brum & Heck, 2005).

Com o início da compra pelo Estado, em 1967, o trigo iniciou uma fase

de crescimento em ocupação de área e, com o fim da compra pelo Estado, em

1990, teve início a fase de declínio em área cultivada (Tomazini & Ambrozi,

1998). O trigo vive uma fase de incertezas, causada por vários fatores, tais

como: o fim da compra pelo Estado, a competição com o trigo importado do

Mercado Comum do Sul (Mercosul), os custos internos de produção e as

incertezas de um sistema de livre mercado. Mais de 50% do trigo no Brasil é

importado e a produção se concentra quase que exclusivamente na Região sul.

O consumo anual no país tem se mantido em torno de 11 milhões de toneladas

(Gutkoski et al, 2011) com um consumo per capita menor que 60 Kg de

trigo/habitante/ano.

Mundialmente, o trigo ocupa o terceiro lugar em volume de produção, no

Brasil, a produção anual oscila entre 5 e 6 milhões de toneladas, sendo

cultivado nas regiões Sul (RS, SC e PR), Sudeste (MG e SP) e Centro-Oeste

(MS, GO e DF). A produção projetada de trigo para 2021/2022 é de 6,9 milhões

de toneladas e um consumo de 11,7 milhões de toneladas. O consumo interno

de trigo no país deverá crescer em média 1,2% ao ano, entre 2011/12 e

2021/2022, o abastecimento interno exigirá importações de 6,2 milhões de

toneladas em 2021/2022 (Gasques et al., 2012).

2.1.3 Efeito do ambiente na produção de trigo

A agricultura é uma atividade amplamente dependente de fatores

climáticos, cujas alterações podem afetar a produtividade e o manejo das

culturas, além de fatores sociais, econômicos e políticos. As condições dos

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estabelecimentos agrícolas podem ser variáveis, colocando-os em posições

vulneráveis, em função de diferentes cenários climáticos (Nobre, 2004).

O trigo como principal cultura produtora de grãos de inverno na região

sul do Brasil, pode sofrer com possíveis impactos negativos decorrentes de

variações climáticas tornando necessário o ajuste de seu sistema de produção

(Luiz et al., 2005). Dentre os efeitos climáticos que mais afetam a produtividade

agrícola no mundo, destacam-se a temperatura e a precipitação. A temperatura

é de tal forma limitante aos cultivos, que a distribuição geográfica das espécies

vegetais no globo está confinada aos limites térmicos tolerados por cada

espécie ou cultivar. Por outro lado, a disponibilidade hídrica é o fator que mais

causa frustrações de safra em todo o mundo (Caramori, 2003).

A duração das fases de desenvolvimento do trigo, depende da sua

sensibilidade ao fotoperíodo (comprimento do dia), da vernalização (exposição

a baixa temperatura) e do comprimento da sua fase basal (“intrinsic earliness”).

Assim, as cultivares de trigo podem variar largamente na sua sensibilidade ao

fotoperíodo, a vernalização e comprimento basal para cada fase de

desenvolvimento (Rodrigues et al., 2013). A época de ocorrência dos estágios

de desenvolvimento do trigo é determinada pelas condições meteorológicas,

que são inerentes ao local e época de semeadura (Alberto, 2008).

A temperatura, água, radiação solar, nutrição, ocorrência de pragas,

doenças e plantas daninhas são variáveis que influenciam no crescimento e

desenvolvimento das plantas e consequentemente no produto final de interesse

econômico, os grãos. Se uma destas variáveis estiver abaixo de um ótimo,

estará limitando o rendimento de grãos, não importando que todas as outras

estejam em níveis adequados (Cunha & Pirez, 2005).

O excesso de chuvas no período de maturação final da cultura de trigo

causa a redução do peso específico, também denominado peso do hectolitro e

quando inferior a 78, a remuneração é menor com prejuízos ao produtor. Este

índice também reflete no rendimento de farinha dos grãos (Abrecht, 2009). A

ocorrência de chuvas antes e durante a colheita pode induzir o processo de

germinação da semente ainda na espiga, apontada como um dos principais

motivos de redução da qualidade do trigo produzido no Brasil (Bassoi, 2004).

Segundo Gavazza (2010), quando ocorre a germinação na espiga, há sérias

consequências para as indústrias de transformação.

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A influência do ambiente sobre o desenvolvimento da semente é

traduzida principalmente por variações no tamanho, peso, potencial fisiológico

e sanidade (Marcos Filho, 2005). Observam-se reduções no teor de proteínas e

de nitrogênio, em estações agrícolas com alta precipitação pluvial (trigo,

cevada, aveia) ou sob irrigação mal controlada. Nessa situação, pode haver

elevação dos teores de fósforo, cálcio e magnésio, elementos menos solúveis

em água.

Temperaturas elevadas durante a maturação também provoca a redução

da translocação de fotossintatos para as sementes, especialmente em períodos

com baixos índices pluviais. Nessas condições, a maturação é “forçada”, sendo

produzidas sementes de baixo vigor (França Neto et al., 1993), porque não se

verifica a deposição natural de carboidratos, lipídios e proteínas. Por outro lado,

a deficiência hídrica durante o florescimento ou no inicio da formação das

sementes, acarreta na redução do número de sementes produzidas, sem afetar

significativamente o potencial fisiológico (Dornbos Jr., 1995).

Os solos férteis devem ser preferidos para multiplicação de sementes,

pois neles se maiores produções e sementes de melhor qualidade. Os

nutrientes NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) são necessários para a

formação e desenvolvimento de novos órgãos e acúmulo de materiais de

reserva. Dessa maneira, a disponibilidade de nutrientes influi na formação do

embrião, do órgão de reserva e do tecido protetor, assim como na sua

composição química e, consequentemente, em sua qualidade fisiológica e

física (Peske et al., 2012).

2.1.4 Estrutura da semente de trigo

Na semente identificam-se duas partes distintas: o pericarpo e a

semente. O pericarpo recobre a semente e se adere firmemente à capa da

semente (testa). No endosperma está aderido o germe ou embrião e o conjunto

é recoberto pela fina camada de aleurona (Miranda, 2006).

Conforme Posner (2000), as sementes de trigo têm tamanhos e cores

variáveis, formato oval, com as extremidades arredondadas. Em uma das

extremidades, encontra-se o germe e na outra, cabelos finos. Ao longo do lado

ventral nota-se uma reentrância, conhecida como "crease". A presença deste

sulco é um fator que dificulta e particulariza o processo de moagem do trigo,

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um processo simples de abrasão para retirada da casca, torna-se inviável

(Mousia et al., 2004). A Figura 1 apresenta a estrutura da semente de trigo em

corte longitudinal.

Figura 1. Estrutura geral da semente de trigo

Fonte: Adaptado de McKevith (2004)

A parte mais externa da semente é o pericarpo, que é derivado do ovário

das flores e é constituído por seis camadas (epiderme, hipoderme,

remanescentes da parede celular ou células finas, células intermediárias,

células cruzadas e células tubulares (Mousia et al., 2004). O endosperma é a

principal parte da semente, sendo constituído de amido e proteínas de reserva

e circundado pela camada de aleurona. O gérmen é a estrutura que contém o

material genético para o desenvolvimento da nova planta, sendo separado do

endosperma pelo escutelo (Belitz e Grosch, 1997).

Conforme Zardo (2010), existem inúmeras variedades de trigo que

diferem entre si especialmente pela tenacidade da semente, potencial de

extração de farinhas, pelo teor de proteínas, pelas características do glúten,

pela capacidade de absorção de água e pela atividade enzimática. A

composição química das sementes varia dependendo do ambiente, solo e

variedade (Goesaert et al., 2005). Seus constituintes não estão distribuídos de

forma uniforme dentro da cariopse (Miranda, Mori & Lorini, 2004). A farinha de

trigo é o maior ingrediente de alimentos à base de cereais e consiste

principalmente de amido (70-75%), água (14%) e proteínas (10-12%).

Apresenta também polissacarídeos não amiláceos (2-3%) e lipídeos (2%), os

quais estão presente em menor quantidade, mas são importantes na produção

de alimentos derivados da farinha de trigo (Goesaert et al., 2005).

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De acordo com Germani (2008), a semente respira e sua atividade

metabólica depende do teor de umidade, pois muitas reações bioquímicas só

ocorrem na presença de uma dada quantidade de água. Também os fungos

precisam de água para se desenvolver. Assim, sementes com baixa umidade

podem se conservar inalteradas por anos, enquanto o trigo úmido pode-se

estragar em poucos dias. Para um longo prazo de estocagem, recomenda-se

secagem até 11%, para períodos curtos, 13-14% é suficiente. A umidade muito

baixa tem a desvantagem de deixar as sementes mais frágeis sujeitas a

quebras no manuseio. Gutkoski et al. (2011), afirmam que o teor de umidade é

considerado o fator mais importante no controle do processo de deterioração

de sementes armazenadas.

O grânulo de amido é constituído de dois polissacarídeos: amilose e

amilopectina. A proporção destes polissacarídeos no grânulo é controlada

geneticamente existindo, hoje em dia, plantas desenvolvidas pelo homem com

maior ou menor proporção de um destes componentes (Germani, 2008). O

amido armazenado no amiloplasto é degradado durante a germinação,

fornecendo energia para o desenvolvimento das raízes e partes aéreas da

planta. De maneira geral, o grânulo intacto (amido com moléculas de água em

temperatura ambiente) absorve cerca de 1/3 (30%) de seu peso em água,

quando ele é danificado este valor aumenta, aproximadamente, para duas a

três vezes o seu peso. Devido a este fato, o elevado nível de amido danificado

na farinha de trigo afeta, significativamente, a absorção de água na farinografia

e a extensibilidade e resistência da massa à extensão na alveografia (Ortolan,

2006).

Os lipídios são considerados fonte de energia mais eficiente que os

carboidratos durante a germinação e também podem ter função de reserva

estrutural (Marcos Filho, 2005). Os lipídeos presentes na semente estão na

forma de triglicerídeos e a sua hidrólise em ácidos graxos livres e glicerol,

durante o armazenamento, são resultantes da respiração, processos de

oxidação, ação de enzimas, entre outros fatores (Gutkoski et al., 2011). De

acordo com Germani (2008), a farinha contém os lipídios do endosperma, do

germe e da camada de aleurona. Quanto maior a quantidade de lipídios na

farinha, mais rápida a sua deterioração, daí a perecibilidade da farinha integral.

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Das proteínas totais do trigo, 15% correspondem às globulinas e

albuminas (não formadoras de glúten) e 85% à gliadina (alta extensibilidade e

baixa elasticidade) e à glutenina (baixa extensibilidade e alta elasticidade), que

são formadoras de glúten, sendo que a quantidade de proteínas totais no grão

se situa entre 8 a 21% (Wally, 2007). Entre todos os grãos de cereais, as

proteínas do trigo são as únicas a apresentar capacidade para formação de

massa. Esta capacidade está relacionada à formação do glúten, que tem papel

fundamental na determinação da qualidade de panificação do trigo, por conferir

capacidade de absorção da água, coesividade, viscosidade e elasticidade às

massas (Gutkoski et al., 2011).

O entrelaçamento das proteínas, obtido da mistura com água e

batimento da massa, resulta em uma rede elástica, responsável pela retenção

dos gases formados durante o processo de fermentação da massa e por vapor

d’água durante o processo de cocção, que dará o volume final do pão e a

textura característica (Wally, 2007). As proteínas de reserva possuem relação

com parâmetros de qualidade, dentre estes Torres et al. (2009) incluem as

análises de número de queda (NQ); microssedimentação com SDS (MS-SDS);

alveografia, com os seus parâmetros: força de glúten (W); tenacidade (P);

extensibilidade (L) e índice de elasticidade (Ie).

2.2 Qualidade industrial do trigo

A classificação do trigo destinado à moagem e a outras finalidades está

estabelecida pela Instrução Normativa n° 38 de 2010 do Ministério da

Agricultura Pecuária e Abastecimento (Brasil, 2010), em função dos seus

requisitos de identidade e qualidade, em tipos 1, 2, 3 e fora de tipo e classes

melhorador, pão, básico, doméstico e outros usos. O tipo é definido com base

nos limites máximos de tolerância de matérias estranhas e impurezas e dos

defeitos estabelecidos (Tabela 1) e a classe de acordo com a força do glúten e

ou a estabilidade e o número de queda (Tabela 2).

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Tabela 1. Padrões de classificação para tipos de trigo destinado diretamente à moagem e outras finalidades.

Tipos Peso do hectolitro

(kg/hl)

Numero de queda

(segundos)

Matérias estranhas e

Impurezas (% máximo)

Defeitos (% máximo) Total de defeitos

(%) Danificados por insetos

Danificados pelo calor, mofados e

ardidos

Chochos, triguilhos e quebrados

1 78 250 1,00 0,50 0,50 1,50 2,50

2 75 220 1,50 1,00 1,00 2,50 4,00

3 72 150 2,00 1,50 2,00 5,00 7,00

Fora de tipo

Menor que 72

Menor que 150

Maior que 2,00

Maior que 1,50

10,00 Maior que 5,00

Maior que 7,00

Fonte: Adaptado de Brasil (2010).

Tabela 2. Características das diferentes classes de trigo destinado diretamente à moagem e outras finalidades.

Classes Força de glúten (10-4 J) Estabilidade (min.) Número de queda (seg.)

Melhorador 300 E 14 250

Pão 220 Ou 10 220

Doméstico 160 Ou 6 220

Básico 100 Ou 3 200

Outros Usos Qualquer Qualquer Qualquer

Fonte: Adaptado de Brasil (2010).

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A expressão do potencial de rendimento de um genótipo em uma região

depende de fatores genéticos e ambientais, especialmente o fotoperíodo,

temperatura e a radiação solar. Eventos climáticos, como geadas, granizos,

excesso ou deficiência de precipitações pluviais também tem efeitos

importantes sobre o potencial de rendimento e a qualidade do trigo. De modo a

posicionar as cultivares nas diferentes regiões produtoras, definir melhores

épocas de semeadura e otimizar a avaliação de ensaios para determinação de

Valor de Cultivo e Uso – VCU, realizou-se um trabalho de cooperação entre

pesquisadores de empresas de melhoramento genético. A pesquisa objetivou a

divisão das Regiões Tritícolas dentro de cada estado, levando basicamente em

conta o regime hídrico durante o desenvolvimento da cultura nas diversas

zonas de produção.

Os agentes da cadeia produtiva não devem ser esquecidos, sendo o

principal elo para o progresso do trigo brasileiro. Várias são as ações que estão

sendo feitas e que ainda devem ser desempenhadas pela pesquisa, produtor,

responsáveis técnicos, unidades de recebimento e indústria. As empresas

obtentoras têm voltado seus esforços no desenvolvimento de cultivares mais

estáveis, de elevada força de glúten, mais resistentes à germinação na espiga

e à giberela, com parâmetros de qualidade que atendam a demanda da

indústria. No Rio Grande do Sul produzem-se trigos em pé de igualdade com o

que há de melhor no mercado internacional. Até 2008, apenas 30% do trigo

gaúcho era do tipo pão, o mais procurado pelo mercado. Hoje esta tendência

se inverteu: 70% do cultivo atende à indústria da panificação.

O triticultor brasileiro ainda tem em mente que o trigo é uma cultura de

alto risco, podendo sofrer com intempéries climáticas, principalmente a geada

na fase de elongamento e espigamento das plantas e a chuva na pré-colheita.

Com intuito de não investir tanto em função deste “risco”, o produtor por muitas

vezes, deixa de realizar o manejo mais correto, economizando em sementes de

menor qualidade fisiológica, aplicações de fungicidas e fertilização nitrogenada

no momento e quantidades inadequadas. Apesar disto, nos últimos anos o

próprio sistema de produção tem selecionado produtores que investem e

acreditam na cultura. A aquisição de cultivares que atendam nichos de

mercado específicos, interação com empresas de pesquisa, procurando

identificar exigências do material e manejo a ser realizado durante o

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desenvolvimento da lavoura tem demonstrado que nos últimos anos, tanto a

produção quanto a qualidade dos grãos estão melhorando, prova disso são

rendimentos de até 5 mil kg/ha em lavouras tecnificadas e clima favorável

durante o desenvolvimento da cultura.

As unidades de recebimento por sua vez desempenham um papel muito

importante na cadeia produtiva. Além de efetuar a correta secagem e controle

de pragas de grãos armazenados, a segregação dos lotes por destinação à

indústria, torna-se a melhor saída para a valorização do trigo brasileiro. O

maior entrave no processo de segregação está na decisão do método de

seleção dos lotes, o qual pode interferir no tempo de descarga na moega,

investimento em estrutura de armazenagem e logística. Com a adesão ao

processo de segregação, toda a cadeia produtiva se beneficia, o agricultor terá

a valorização do trigo produzido, estimulando-o a investir mais na cultura. A

indústria tem a opção de escolha de lotes que atendam à sua necessidade e a

unidade armazenadora ao intermediar a comercialização produtor x indústria,

também ganha agregando valor a um produto diferenciado.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (ABITRIGO,

2013), do total de farinhas comercializadas no Brasil aproximadamente 55%

são destinadas a panificação, 17% à indústria de macarrão, 13% para

biscoitos, 11% para uso doméstico e 4% em outros segmentos.

Os melhores silos de trigo irão apresentar porcentagem de proteína

acima de 14% (Felício et al., 2001). A quantidade de proteína do grão de trigo

pode variar entre 9 e 17%, dependendo dos fatores genéticos, ambientais e

daqueles associados ao cultivo. Um bom trigo para panificação sempre deve

apresentar no mínimo 12% de proteína (Rosa Filho, 2010).

Conforme Gutkoski & Neto (2002), a quantidade de proteínas está

relacionada à capacidade de formação da massa. Quando são misturadas,

farinha de trigo e água, tem-se como resultado a formação de uma massa

constituída da rede protéica do glúten ligado aos grânulos de amido, que retêm

o gás carbônico produzido durante o processo fermentativo e faz com que o

pão retenha o gás formado e aumente de volume. Segundo Wally (2008), o

glúten tem a função de formar e manter a estrutura da massa até a

gelatinização do amido no cozimento, quando é formada a estrutura final do

pão.

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A proteína no grão é acumulada lentamente nos tecidos do endosperma

do trigo aos 20 dias após antese. Durante este tempo, 40% das proteínas

são compostas pela gluteninas e gliadinas, consideradas as maiores

classes de proteínas de reserva do grão e aos 45 dias o estoque de proteína

do grão esta completa (Tonon, 2010). Nesta fase faz-se necessária a

disponibilidade de nitrogênio para a síntese de proteína nos grãos de trigo. O

nitrogênio é translocado dos tecidos (folhas) para a espiga durante o

enchimento de grãos e transformado em proteína. A deficiência de nitrogênio

nesta fase prejudica levemente o rendimento de grãos, mas tem forte influência

sobre a concentração de proteína no grão (porcentagem de proteína).

De modo geral, a força da farinha tem sido sinônimo de sua qualidade

sendo que a presença ou ausência do fator de força destina a farinha para um

fim específico. A expressão “força de uma farinha” normalmente é utilizada

para designar a maior ou menor capacidade de uma farinha de sofrer um

tratamento mecânico ao ser misturada com água. Também é associada à

maior ou à menor capacidade de absorção de água pelas proteínas formadoras

de glúten, combinadas à capacidade de retenção do gás carbônico (Gutkoski &

Neto, 2002).

Conforme Germani (2007, apud Viecili et al. 2010), deve existir uma

proporcionalidade dos valores de tenacidade (P) e extensibilidade (L) (relação

P e L) para, associados ao valor de W (força geral do glúten) expressarem um

bom potencial da panificação. A farinha que apresentar valores de P/L abaixo

de 0,60 pode ser considerada de glúten extensível, de 0,61 a 1,20 de glúten

balanceado, e valores de P/L acima de 1,21 de glúten tenaz. O índice de

elasticidade (Ie) varia de 25 a 75%, sendo o Ie ótimo de 45 a 50%, para

fabricação francesa de pão, em farinha sem correção. Após adição de ácido

ascórbico (correção), a resistência ótima situa-se entre 50 e 55%.

A alveografia registra a curva de extensão sob pressão de um volume de

ar determinado, da massa teste tencionado até a quebra (Ortolan, 2006). Para

a realização da alveografia é preparada uma massa, com farinha de trigo e

solução de cloreto de sódio, considerando absorção padrão de água. Com esta

massa são feitos pequenos discos de circunferência e espessura uniformes

que são colocados sobre uma meia esfera metálica oca e, através de orifícios,

nessa meia esfera, insufla-se ar, sob a lâmina da massa, para a formação de

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uma "bolha" de massa até a sua ruptura. Durante este processo ocorrem

variações de pressão que são registradas por um manômetro que expressa os

valores em forma de gráfico (Figura 2). À partir deste gráfico são calculados:

força de glúten (W), tenacidade (P), extensibilidade ou elasticidade (L), e a

relação tenacidade / extensibilidade (P/L) (Guarienti, 1996).

Figura 2. Exemplo de Alveograma.

Fonte: Instituto de Ciência e Tecnologia de alimentos – ICTA.

Na Figura 3 podem-se observar gráficos gerados a partir de farinhas

com características reológicas propícias para produção de pães, massas e

biscoitos.

Figura 3. Alveogramas típicos para massas, pães e biscoitos/bolos.

Fonte: Instituto de Ciência e Tecnologia de alimentos – ICTA.

O teste do número de queda ou falling number verifica a atividade da

enzima α-amilase do grão, a fim de detectar danos causados pela germinação

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na espiga. É definido como o tempo em segundos que um êmbolo leva para

atingir a base de um tubo de ensaio que contém uma solução farinácea, da

qual se deseja determinar o teor da enzima alfa-amilase. Ou seja, quanto maior

o tempo de queda, menor a atividade da enzima e a degradação do amido

(Tonon, 2001). O mesmo autor analisando a variabilidade de genótipos de trigo

recomendados para o estado do Rio Grande do Sul com relação à

característica de germinação na espiga verificou que a expressão dessa

característica é influenciada pela interação genótipo x ano x local.

A influência da interação genótipo x ano x local também pode ser

verificada nas cores das farinhas obtidas da moagem dos grãos de trigo.

Segundo Ortolan (2006), o ano da colheita (condições climáticas), local do

plantio, genótipo e teor de pigmentos também afetam a cor da farinha (Germani

& Carvalho, 2004). A cor da farinha é um aspeto ao qual o consumidor dá

bastante importância, preferindo as farinhas mais brancas, embora nem

sempre esta seja a de melhor qualidade. Os colorímetros Hunter Lab e Minolta

são os mais utilizados na colorimetria e apresentam os resultados em diversas

faixas de cores, pela intensidade da cor (L*) que varia de 0 a 100, sendo o zero

preto total e 100 branco total; coordenadas de cromaticidade + a tonalidade

predominante para o vermelho; - a tonalidade predominante para o verde; + b

tonalidade predominante para o amarelo; - b tonalidade predominante para o

azul (Minolta, 1994).

2.3 Reflexos das condições ambientais na qualidade fisiológica da

semente de trigo

No Brasil, há interesse socioeconômico em aumentar a produção de

trigo, pois, além do atendimento à demanda nacional de grãos, seu cultivo

fornece palhada para as culturas de verão. Porém, todos os esforços no

sentido de aumentar a produtividade da cultura, como melhoramento genético

e uso de práticas culturais mais eficientes, poderão ser frustrados se o

desempenho das sementes for fator limitante no processo produtivo (Lima et

al., 2006).

A produção de sementes envolve duas etapas distintas e de alta

tecnologia: a atividade no campo (semeadura, multiplicação, colheita) e a

atividade industrial (secagem, limpeza, testes laboratoriais, embalagem,

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identificação ou beneficiamento). A produção é uma atividade agrícola,

enquanto o beneficiamento é mercantil. O mesmo produtor pode exercer as

duas atividades ou optar pelo auxílio de cooperantes, que complementam o

serviço de produção Santos et al., (1985, apud Camozzato, 2010).

A utilização de sementes de elevada qualidade fisiológica aliada a

práticas culturais adequadas, favorecem a obtenção de estandes mais

uniformes e incremento no rendimento de grãos (Lima et al., 2006). Assim

como na produção de sementes, a identificação do melhor ambiente para

eficiência de um programa de melhoramento é um dos maiores obstáculos

enfrentado pelos melhoristas (Hagemann, 2011).

Segundo Camozzato (2010), a produção de sementes/área aprovada,

oscila devido a fatores climáticos como geada, granizo ou chuva na colheita,

que acarretam perdas nos campos de sementes. Essas perdas podem atingir

parte ou todo o campo de sementes, porém são maiores quando ocorrem na

fase de floração e enchimento de grãos. O déficit hídrico é considerado

importante fator de estresse para a cultura do trigo, reduzindo a área foliar,

podendo ter reflexos negativos ou positivos no rendimento de grãos, uma vez

que a área foliar influencia a eficiência no uso de água pela planta (Gondim,

2006). A avaliação do potencial fisiológico de sementes é importante em todas

as fases de um programa de melhoramento e também auxilia na tomada de

decisões, na adoção de práticas adequadas de manejo para o controle de

qualidade dentro do sistema de produção de sementes.

A colheita retardada, com permanência do grão na lavoura após a

maturação fisiológica, ou a realização de secagem com temperaturas

inadequadas em função do teor de umidade contribuem para alterações

indesejáveis na qualidade fisiológica do trigo Carneiro et al., (2005, apud

Camozzato, 2010). Quando o ambiente (no campo, no armazém ou no

transporte) não for adequado para a semente, também não será para as

células e organelas, causando a deterioração da semente em diferentes níveis

(Zimmer, 2012). Pequenos problemas relacionados à colheita tardia,

velocidade do cilindro da colheitadeira, temperatura de secagem, umidade de

armazenamento, temperatura de armazenamento, presença de fungos,

roedores e insetos, tempo de armazenamento, transporte, temperatura do solo,

vão acumulando danos na semente.

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A qualidade fisiológica de sementes é normalmente determinada por

meio de testes laboratoriais que avaliam diferentes aspectos. Na maioria das

culturas, apenas os testes de germinação e pureza são utilizados para

classificação de lotes de sementes de baixa ou alta qualidade, informações que

nem sempre são suficientes para a correta aferição da qualidade de um lote de

sementes (Boligon, 2010). A análise de sementes consiste nos procedimentos

técnicos utilizados para avaliar a identidade e a qualidade da amostra

representativa de um lote de sementes, entendendo-se como qualidade o

conjunto de atributos de natureza genética, física, fisiológica e sanitária das

sementes (Tillmann & Menezes, 2012).

2.3.1 Poder germinativo

A germinação é um processo biológico que envolve grande número de

reações químicas, nas quais compostos orgânicos, dependentes de condições

ambientais favoráveis, são desdobrados e reorganizados permitindo a

retomada do desenvolvimento do eixo embrionário (Zepka, 2007).

A semente madura e seca (como a de trigo), em estado de quiescência,

caracteriza-se pelo baixíssimo nível de atividades metabólicas. Para que a

semente abandone este estado e inicie sua germinação, ela passa por um

"despertar". Este consiste fundamentalmente de eventos que podem ser

sumarizados como: reidratação, em que ocorre a embebição de água pelas

células do embrião e endosperma; formação e liberação de enzimas, com a

reativação das organelas celulares e macromoléculas e metabolismo das

substâncias de reserva, com geração de energia metabólica através do sistema

citocromo, levando, ao crescimento e divisão da célula Meredith & Pomeranz,

(1985, apud Miranda, 2006).

Embora a germinação possa acontecer dentro de limites de temperatura

bastante amplos, cada espécie possui uma faixa de temperatura ideal do solo

para germinar (Zimmer, 2012). Algumas espécies têm maior porcentagem de

germinação em baixas temperaturas. Segundo as Regras para Análise de

Sementes (Brasil 2009), a temperatura ideal para a germinação do trigo é de

20º C.

O teste de germinação tem por objetivo determinar o potencial máximo

de germinação de um lote de sementes, o qual poderá ser usado para

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comparar a qualidade de diferentes lotes e estimar o valor da semente para a

semeadura (Tillmann & Menezes, 2012). A percentagem de germinação obtida

em laboratório, representa a percentagem de sementes que produziram

plântulas normais sob condições e limites de tempo estabelecidos pelas

Regras de Análise de Sementes. Essas condições são padronizadas e se

destinam à obtenção de germinação rápida e completa das amostras

avaliadas. Isso significa que o teste é conduzido sob condições ótimas, para

proporcionar a máxima germinação da amostra analisada (Marcos Filho, 2005).

Apesar do seu uso generalizado, os resultados oriundos do teste padrão

de germinação, realizado sob condições ótimas em laboratório, normalmente

não predizem o potencial de emergência e o comportamento das plântulas no

campo, onde ocorrem condições quase sempre desfavoráveis (Amaral &

Peske, 2000). Nem sempre uma alta porcentagem de germinação em

laboratório resulta em um excelente desempenho no campo, devido à

diversidade de condições ambientais as quais as sementes estão sujeitas no

campo, e que podem afetar, em maior ou menor escala, o estabelecimento

inicial da cultura (Zepka, 2007).

Como consequência das limitações do teste de germinação, houve a

necessidade de uma estimativa mais segura do potencial fisiológico das

sementes. Diante disso, foram desenvolvidos testes que retratam o

comportamento das sementes sob ampla faixa de condições ambientais,

indicando com maior segurança o potencial fisiológico dos lotes, denominados

testes de vigor (Tillmann & Menezes, 2012).

2.3.2 Vigor de semente

A identificação do vigor como um componente do potencial fisiológico,

independente da germinação, tomou impulso notável à partir de 1950 durante o

IX Congresso promovido pela International Seed Testing Association (ISTA),

realizado em Washington D.C., EUA. Foi apresentada uma proposta para

diferenciar a terminologia e os objetivos de testes conduzidos em substratos

artificiais e condições ótimas de ambiente, avaliando a germinação, daqueles

realizados em solo ou relacionados à percentagem de emergência de

plântulas, denominando-os testes de vigor (Marcos Filho, 2005).

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19

Uma das primeiras referências dirigidas à relação entre germinação,

deterioração e vigor de sementes foi identificada por Delouche & Caldewell

(1960, apud Marcos Filho, 2005), conforme representação Figura 4.

Figura 4. Relação hipotética entre a germinação e o vigor durante a

deterioração de sementes (Delouche & Caldwell, 1960).

A Association of Official Seed Analysts (AOSA) entende que vigor de

sementes compreende aquelas propriedades que determinam o potencial para

uma emergência rápida e uniforme e para o desenvolvimento de plântulas

normais sob uma ampla faixa de condições ambientais (AOSA, 1983). Segundo

Boligon (2010), é necessária a seleção de testes de vigor que predigam o

desempenho das sementes quando semeadas no campo, para cada cultura ou

para cada grupo de culturas. Ainda é uma tarefa difícil avaliar a precisão dos

resultados de testes de vigor, porque não há um teste considerado

completamente padronizado, com exceção do envelhecimento acelerado, em

soja e da condutividade elétrica, em ervilha Hampton & Tekrony,(1995, apud

Marcos Filho, 2005).

São vários os métodos de avaliar vigor em sementes, existem testes

baseados na integridade das membranas celulares (condutividade elétrica e

lixiviação de potássio), testes de resistência à estresse (envelhecimento

acelerado, envelhecimento acelerado com solução salina, deterioração

controlada e teste de frio) e testes baseados no desempenho ou características

de plântulas (primeira contagem, velocidade de germinação, comprimento de

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plântulas ou de suas partes, massa de matéria seca de plântulas e

classificação do vigor de plântulas).

A primeira contagem do teste de germinação pode ser utilizada como um

teste de vigor, uma vez que a velocidade de germinação é reduzida com o

avanço da deterioração da semente. Assim, amostras que apresentam maiores

valores de germinação na primeira contagem podem ser consideradas mais

vigorosas. Trata-se de um teste simples e de fácil execução, mas que

geralmente apresenta baixa sensibilidade, não detectando pequenas

diferenças de vigor entre os lotes (Barros et al., 2009). Este teste se baseia no

princípio de que as amostras que apresentam maior percentagem de plântulas

normais, na primeira contagem da germinação, estabelecida pelas Regras de

Análise de Sementes (Brasil, 2002), são as mais vigorosas, indiretamente está

se realizando uma avaliação da velocidade de germinação (Tillmann &

Menezes, 2012).

A grande variedade de testes de vigor existentes e o fato de não

existirem testes selecionados para a maioria das culturas dificulta sua utilização

no momento da avaliação das sementes (Boligon, 2010). A eficiência dos

testes de vigor depende da escolha adequada do método, em função dos

objetivos pretendidos; o uso de apenas um teste pode gerar informações

incompletas. Assim, a tendência predominante é a combinação dos resultados

de diferentes testes, considerando-se sempre a finalidade do uso dos

resultados, pois nem sempre o teste mais indicado para avaliar o potencial de

emergência das plântulas em campo é o mais adequado para detectar

diferenças entre o potencial de armazenamento dos lotes de sementes de

determinada espécie (Marcos Filho, 2005).

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Locais e material experimental

O experimento de campo foi conduzido em dois locais na safra agrícola de

2012, o primeiro na Agropecuária Capané, localizada no Município de

Cachoeira do Sul, RS, latitude 30º 18’ 52’’, longitude 52º 58’ 02’’ a 118 metros

de altitude. O solo da área experimental, classificado como Argissolo Vermelho

Distrófico latossólico (Reinert et al., 2007), apresentou como atributos químicos

na camada de 0 - 0,20 m de profundidade, anterior à instalação do

experimento, as seguintes propriedades: pH (água) = 5,4; M.O. = 1,8 %; Al =

0,1 cmolc/dm3; Ca = 4,3 cmolc/dm3; Mg = 1,4 cmolc/dm3; P = 19,1 mg/ dm3 e K =

123 mg/ dm3, determinadas pelos métodos descritos em Tedesco et al. (1985).

Pela Instrução Normativa número 3 de 14 de outubro de 2008, o munícipio

pertence à Região Tritícola II (Figura 5), que apresenta um clima

moderadamente quente, úmido e de altitude baixa (Brasil, 2008).

Figura 5. Regiões Tritícolas do estado do Rio Grande do Sul.

Fonte: Adaptado de Cunha et al., (2006).

A semeadura foi realizada no dia 22 de maio 2012 com uso de semeadora

experimental, adotando-se o delineamento experimental de blocos ao acaso

em três repetições com parcelas medindo 6,0 m-2 de área total. Após a

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emergência das plantas foi realizado o recorte químico de parcelas

uniformizando o tamanho das parcelas em 5 m-2, sendo esta a área útil.

O espaçamento entre linhas empregado foi de 0,20 m, profundidade de 5

cm e densidade de 380 sementes/m-2, no sistema de plantio direto na palha,

sobre restos da cultura de soja.

A adubação de base empregada na semeadura do ensaio foi de 200

kg.ha-1 de Di-amônio-Fosfato (DAP) fornecendo 32 kg ha-1 de N e 76 kg.ha-1 de

pentóxido de fósforo (P2O5). A fertilização de Nitrogênio em cobertura foi

realizada em dose única de 45 kg.ha-1 de N, na fase de perfilhamento. O

Nitrogênio foi aplicado na forma de uréia (45% de N).

O manejo de plantas daninhas foi realizado com o uso do herbicida a base

de Iodossulfurom-Metílico (Hussar®), na dose de 100 g.ha-1.O controle de

doenças foi efetuado através de quatro aplicações intercaladas com os

fungicidas Trifloxystrobin + Tebuconazole (Nativo®), na dose de 0,7 kg.ha-1 e

Azoxistrobina + Ciproconaole (Priori Xtra®) na dose de 300 ml.ha-1. Para o

controle de insetos pragas foram realizadas cinco aplicações intercaladas com

os inseticidas Tiametoxam + Lambda-Cialotrina (Engeo Pleno®) dose de 250

ml.ha-1 e Imidacloprido + Beta-Ciflutrina (Connect®) dose de 700 ml.ha-1.

A colheita dos grãos foi realizada no final de outubro de 2012.

Os dados climáticos de temperatura média e precipitação mensal

registradas durante a realização do experimento na região onde o mesmo foi

realizado estão representados na Figura 6.

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Figura 6. Dados climáticos, precipitação mensal acumulada e temperatura

média mensal observados em Cachoeira do Sul – RS no período

compreendido entre maio e novembro de 2012. (Fonte: Kassiana Kehl).

Figura 7. Dados climáticos, precipitação mensal acumulada e temperatura

média mensal observados em Cachoeira do Sul – RS, no período

compreendido entre maio e novembro de 2010. (Fonte: Kassiana Kehl)

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Meses de condução do experimento

Precipitação (mm) Temperatura (°C)

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Figura 8. Dados climáticos, precipitação mensal acumulada e temperatura

média mensal observados em Cachoeira do Sul – RS, no período

compreendido entre maio e novembro de 2011. (Fonte: Kassiana Kehl)

O segundo local de condução foi na Estação Experimental da Fundação

Estadual de Pesquisa Agropecuária (FEPAGRO), localizada no Município de

Júlio de Castilhos, RS, latitude 29º 10’ 41’’, longitude 53º 41’ 20’’ a 554 metros

de altitude. O solo da área experimental, classificado como Argissolo Vermelho

Escuro Distrófico (Fioreze, 2005), apresentou como atributos químicos na

camada de 0 - 0,20 m de profundidade, anterior a instalação do experimento,

as seguintes propriedades: pH (água) = 5,8; M.O. = 2,4 %; Al = 0,0 cmolc/dm3;

Ca = 8,0 cmolc/dm3; Mg = 5,0 cmolc/dm3; P = 39,0 mg/ dm3 e K = 150 mg/ dm3,

determinadas pelos métodos descritos em Tedesco et al., (1985).

Pela Instrução Normativa número 3 de 14 de outubro de 2008, o munícipio

pertence à Região Tritícola I (Figura 5) que apresenta um clima frio, úmido e de

alta altitude (Brasil, 2008).

A semeadura do ensaio foi realizada no dia 05 de junho 2012 sob a

mesma metodologia e equipamentos que foram utilizados em Cachoeira do

Sul. A adubação de base empregada na semeadura do ensaio foi 300 kg ha-1

da formulação 10-20-20. A fertilização de Nitrogênio em cobertura foi realizada

em dose única de 45 kg.ha-1 de N, na fase de perfilhamento. O Nitrogênio foi

aplicado na forma de uréia (45% de N).

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O manejo de plantas daninhas foi realizado com o uso do herbicida a base

de Iodossulfurom-Metílico (Hussar®), na dose de 100 g.ha-1e Metsulfurom-

Metílico (Ally®) na dose de 5 g.ha-1. O controle de doenças foi efetuado através

de quatro aplicações intercaladas com os fungicidas Trifloxystrobin +

Tebuconazole (Nativo®) na dose de 0,7 kg.ha-1 e Azoxistrobina + Ciproconaole

(Priori Xtra®) na dose de 300 ml.ha-1. Para o controle de insetos pragas foram

realizadas cinco aplicações intercaladas com os inseticidas Tiametoxam +

Lambda-Cialotrina (Engeo Pleno®) dose de 250 ml.ha-1 e Imidacloprido + Beta-

Ciflutrina (Connect®), dose de 700 ml.ha-1.

A colheita dos grãos foi realizada na primeira quinzena de novembro de

2012.

Os dados climáticos de temperatura média e precipitação mensal

registradas na época de realização e região onde o experimento de campo foi

realizado estão apresentados na Figura 9.

Figura 9. Dados climáticos, precipitação mensal acumulada e temperatura

média mensal observados em Júlio de Castilhos – RS, no período

compreendido entre maio e novembro de 2012. (Fonte: Kassiana Kehl)

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Meses de condução do experimento

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Figura 10. Dados climáticos, precipitação mensal acumulada e temperatura

média mensal observados em Júlio de Castilhos – RS, no período

compreendido entre maio e novembro de 2010. (Fonte: Kassiana Kehl)

Figura 11. Dados climáticos, precipitação mensal acumulada e temperatura

média mensal observados em Júlio de Castilhos – RS, no período

compreendido entre maio e novembro de 2011. (Fonte: Kassiana Kehl)

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Meses de condução do experimento

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Meses de condução do experimento

Precipitação (mm) Temperatura (°C)

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3.2 Cultivares avaliadas

Para a realização deste experimento foram avaliadas seis cultivares de

trigo recomendadas para cultivo no Rio Grande do Sul.

Ametista – O obtentor, OR Melhoramento de sementes LTDA, o

caracteriza por ser um material de ciclo precoce, estatura média,

moderadamente resistente à germinação na espiga, classificada como tipo

pão/melhorador, apresentando cor de farinha neutra, peso de mil sementes

médio de 36 gramas, peso hectolitro elevado e força de glúten médio de

330.10-4 Joule.

BRS Louro – Segundo a empresa obtentora, Embrapa Trigo, é um

material de ciclo precoce, estatura média, suscetível à germinação na espiga,

classificada como tipo básico (Região 2 do PR) e outros usos (Regiões 1 e 2 do

RS), apresentando cor de farinha branca, peso de mil sementes médio de 33

gramas e força de glúten médio de 83.10-4 Joule.

Fundacep Nova Era – As principais características desta cultivar,

segundo o obtentor, Cooperativa Central Gaúcha LTDA, é o ciclo médio a

tardio, estatura média, moderadamente suscetível à germinação na espiga,

classificada como tipo básico, apresentando cor de farinha escura, peso de mil

sementes médio de 36 gramas, peso hectolitro elevado e força de glúten médio

de 140.10-4 Joule.

Topázio – O obtentor, OR Melhoramento de sementes LTDA, o

caracteriza por ser um material de ciclo médio, estatura média, resistente à

germinação na espiga, classificada como tipo pão, apresentando cor de farinha

neutra, peso de mil sementes médio de 33 gramas, peso hectolitro elevado e

força de glúten médio de 260.10-4 Joule.

TBIO Mestre – Material que, segundo a Biotrigo Genética LTDA, empresa

que detém o direito de obtenção, caracterizado por ser de ciclo médio, estatura

média a baixa, moderadamente resistente a moderadamente suscetível à

germinação na espiga, classificada como tipo pão/melhorador, apresentando

cor de farinha neutra peso de mil sementes médio de 36 gramas, peso

hectolitro elevado e força de glúten médio de 321.10-4 Joule.

TBIO Pioneiro 2010 – O obtentor, Biotrigo Genética LTDA, o caracteriza

por ser um material de ciclo médio, estatura média a alta, moderadamente

resistente à germinação na espiga, classificada como tipo pão, apresentando

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cor de farinha neutra, peso de mil sementes médio de 36 gramas, peso

hectolitro elevado e força de glúten médio de 265.10-4 Joule.

3.3 Procedimentos analíticos

Os procedimentos analíticos descritos a seguir foram idênticos nos

experimentos razão pela qual será realizada descrição única.

3.3.1 Componentes do rendimento

3.3.1.1 Rendimento de grãos

A colheita das parcelas foi realizada mecanicamente com auxilio de uma

colhedora de parcelas experimental, acondicionando cada parcela em sacos de

algodão devidamente identificados.

Foram realizados na Fundação Pró-Sementes de Apoio à Pesquisa,

localizada no município de Passo Fundo, RS. As operações de secagem, pré-

limpeza e determinação de produtividade (expressos em kg.ha-1), corrigida a

umidade de 13%.

As amostras dos grãos de trigo foram colocadas em sacos de algodão e

armazendas em armazém convencional para posterior avaliação de qualidade

industrial tomando-se como amostra em torno de 700 g de sementes de cada

parcela.

3.3.1.2 Massa do hectolitro

A massa do hectolitro (pH) foi determinada na Fundação Pró-Sementes

de Apoio à Pesquisa de acordo com Regras de Análise de Sementes (Brasil,

2009), pelo uso de balança marca Dalle Molle. As análises foram realizadas

com três repetições e os resultados expressos em kg 100 L-1.

3.3.1.3 Massa de mil grãos (MMG)

A MMG foi determinada na Fundação Pró-Sementes de Apoio à Pesquisa

de acordo com a metodologia descrita nas Regras de Análise de Sementes

(Brasil, 2009), através da contagem manual de cem grãos. As análises foram

realizadas com oito repetições e os resultados expressos em gramas.

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3.3.2 Qualidade industrial de grãos

3.3.2.1 Proteína bruta do grão

O teor de proteína bruta nos grãos foi determinado na empresa OR Sementes LTDA, em aparelho de Espectroscopia no Infravermelho Próximo (NIR) marca Perten, modelo Inframatic 9200, França, Figura 8, sendo realizado de acordo com o manual do fabricante, em triplicata e os resultados expressos em porcentagem em base seca.

Figura 12. Aparelho de Espectroscopia no Infravermelho Próximo NIR, Inframatic 9200, utilizado para determinação proteína bruta.

3.3.2.2 Condicionamento das amostras e moagem exper imental

Para as análises laboratoriais de qualidade industrial de farinha de trigo,

as amostras de trigo foram embaladas, identificadas e encaminhadas ao

Laboratório de Cereais do Centro de Pesquisa em Alimentação (CEPA), da

Universidade de Passo Fundo.

As amostras foram limpas em separador de impurezas Intecnial, modelo

Sintel, Brasil, condicionadas a 15% de umidade e deixadas em repouso por 12

h. A moagem dos grãos de trigo foi realizada em moinho piloto Chopin, modelo

CD1, França, de acordo com o método n° 26-10 da American Association of

Cereal Chemists - AACC (2000), através de uma passagem pelo conjunto de

quebra e duas pelo conjunto de redução e obtida a farinha de trigo.

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3.3.2.3 Glúten

O teor de glúten foi determinado no aparelho Glutomatic, Perten

Instruments, modelo 2200, Suíça, Figura 9, realizado de acordo com método nº

38-12A da AACC (2000), utilizando dez gramas de amostra, com umidade

corrigida para 14 g 100 g-1 e realizado em triplicata, sendo obtidos o valor de

glúten úmido, glúten seco e índice de glúten em porcentagem.

Figura 13. Aparelho para determinação de glúten, Glutomatic 2200.

3.3.2.4 Número de queda

Determinado em farinha de trigo através do uso do aparelho “Falling

Number”, marca Perten Instruments, Figura 10, de acordo com o método 56-

81B da AACC (2000), utilizando sete gramas de amostra, corrigido para 14%

de umidade e realizado em triplicata e os resultados expressos em segundos.

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Figura 14. Equipamento de medida indireta da atividade da enzima alfa-

amilase, Falling Number.

3.3.2.5 Alveografia

As características viscoelásticas da farinha de trigo foram determinadas

em alveógrafo Chopin, modelo NG, França, Figura 11, realizado de acordo com

o método no 54-30 da AACC (2000), através da pesagem de 250 g de farinha e

volume de 129,4 mL de água, corrigido na base de 14 g 100 g-1 de umidade.

Após elaboração da massa pelo aparelho foram formados discos que foram

inflados em bolhas. A variação de pressão dentro de cada bolha foi registrada

em gráficos em forma de um alveograma. A altura máxima da curva fornece

uma estimativa da tenacidade (P) da massa, que mede a sobrepressão

máxima exercida na expansão da massa em mm; e o comprimento da curva é

determinado como a extensibilidade da massa (L), expressa em mm. A área

da curva corresponde ao trabalho mecânico necessário para expandir a bolha

até a ruptura (W), expresso em 10-4 J. A relação tenacidade/extensibilidade

(P/L), o índice de intumescimento (G) expresso em ml, relação

tenacidade/intumescimento (P/G) e o índice de elasticidade expresso em

percentagem também foram determinados. As análises foram realizadas com

três repetições.

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Figura 15. Alveógrafo Chopin NG, aparelho utilizado para medir a resistência,

extensão e a extensibilidade das massas.

3.3.2.6 Cor

A cor das amostras de farinha de trigo foi determinada em aparelho

espectrofotômetro marca HunterLab, modelo ColorQuest II Sphere, Inglaterra,

com sensor ótico geométrico de esfera, realizado de acordo com o método n°

14-22 da AACC (2000), em três repetições e os valores expressos em L*

(luminosidade) e coordenadas de cromaticidade b* e a*.

3.3.3 Qualidade fisiológica da semente

Em torno de seis meses após a colheita, as amostras das sementes de

trigo que se encontravam acondicionadas em sacos de algodão e estocadas

em armazém convencional, foram embaladas em caixinhas de papelão,

identificadas e encaminhadas ao Laboratório de Sementes UNILAB, para as

análises laboratoriais de qualidade fisiológica das sementes. As determinações

de poder germinativo foram realizadas em germinador de câmara e o teste de

emergência em areia em sala de germinação.

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33

33

3.3.3.1 Poder germinativo

O teste padrão para determinação do poder germinativo foi realizado em

substrato rolo de papel toalha germitest, com quatro repetições de 100

sementes por tratamento, à temperatura de 20°C. A avaliação foi realizada aos

quatro e aos oito dias após a semeadura, computando-se as percentagens de

plântulas normais de acordo com as recomendações das Regras de Análise de

Sementes (Brasil, 2009).

3.3.3.2 Emergência em areia

Realizado com quatro repetições de 100 sementes, foram utilizadas

caixas plásticas contendo três centímetros de areia previamente esterilizada,

onde foram distribuídas as sementes e, logo após, foram cobertas por um

centímetro de areia. No decorrer dos dias a areia foi umedecida com água

conforme necessidade, obedecendo a capacidade de campo. As bandejas

foram mantidas em uma sala de germinação em temperatura de 20 ºC. A

avaliação foi realizada aos sete dias após a semeadura.

3.4 Análise estatística

Os dados experimentais foram submetidos à análise da variância

(ANOVA) e nos modelos significativos as médias foram comparadas pelo teste

de Tukey com o uso do programa estatístico Assistat Versão 7.6 beta (Silva,

2011), desenvolvido pela Universidade Federal de Campina Grande.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Componentes do rendimento

Nas Tabelas 3, 4 e 5 estão apresentados os componentes de

rendimento obtidos através dos testes realizados para cada cultivar e locais

avaliados neste trabalho. Os resultados auxiliam na identificação da melhor

cultivar e local quando considerados apenas estas variáveis.

4.1.1 Rendimento de grãos

Conforme apresentado na Tabela 3, o rendimento de grãos variou de

2.439 a 5.528 kg.ha-1. Pode-se observar que entre as cultivares não houve

diferença estatística, porém Ametista foi a mais rentável na localidade de Júlio

de Castilhos, seguida de TBIO Mestre e Fundacep Nova Era. O menor

rendimento foi verificado na cultivar Fundacep Nova Era em Cachoeira do Sul.

Verifica-se que a interação cultivar x local foi significativa, sendo a maior

rentabilidade em Júlio de Castilhos para todas as cultivares avaliadas. Este

comportamento pode ser explicado pelo local possuir altitude mais elevada e

apresentar temperaturas mais baixas que as evidenciadas em Cachoeira do

Sul. Júlio de Castilhos encontra-se na Região Tritícola I, proporcionou à cultura

do trigo condições mais favoráveis. O mesmo foi verificado por Felício (2001),

quando os genótipos avaliados em seu trabalho apresentaram respostas às

variações regionais, sugerindo a existência de genótipos ou grupos de

genótipos de adaptação específica ou ampla a todos os locais. Os dados

também corroboram com os encontrados por Hagemman, (2011), onde foi

avaliada a influência do ambiente em caracteres relacionados ao rendimento

de grãos em 36 genótipos de trigo em duas gerações (F1 e F2) conduzidas em

dois ambientes (Pato Branco e Pelotas) e por Caierão et al., (2006) ao avaliar

sete linhagens, três cultivares de trigo em 30 ambientes diferentes durante dois

anos também evidenciaram a interação genótipo x ambiente.

É necessário incrementar o potencial de rendimento em condições de

lavoura, onde os cultivares precisam interagir com diferentes situações de

ambiente e de manejo, ou seja, é necessário identificar cultivares que

respondam a estímulos específicos de ambiente ( Valério et al., 2009).

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Tabela 3. Rendimento de grãos (kg.ha-1) de cultivares de trigo em diferentes locais de condução. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS.

Locais

Cultivar Cachoeira do Sul Júlio de Castilhos Média Ametista 3.459* 5.528 4.494* ns

BRS Louro 3.551 4.423 3.987 Fundacep Nova Era 2.439 5.306 3.873

Topázio 3.484 4.446 3.965 TBIO Mestre 3.410 5.510 4.460

TBIO Pioneiro 2010 2.740 4.943 3.841 Média 3.181 b 5.026 a CV (%) 16,36

* Médias seguidas por letras distintas na linha diferem, entre si, pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro.

4.1.2 Massa do hectolitro

A Instrução Normativa nº 38 do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento de 30 de novembro de 2010 (Brasil, 2010) classifica o trigo em

tipos 1, 2, 3 ou fora de tipo de acordo com o peso do hectolitro, número de

queda, teor de matérias estranhas e impurezas e porcentagem de grãos

danificados. O peso do hectolitro das amostras variou entre 72,9 e 78,3

kg.100L-1 não apresentando diferença estatística entre as cultivares avaliadas

em cada local e nem entre os locais de experimentação. Porém, verifica-se que

a média da massa do hectolitro entre as cultivares avaliadas diferiu-se,

enquadrando todas as cultivares analisadas no tipo 2 (Brasil, 2010). TBIO

Pioneiro 2010 alcançou o maior valor e Fundacep Nova Era o menor valor de

pH (Tabela 4).

Para Guarienti (1996), na determinação do peso hectolitro, estão

associadas várias características dos grãos, como a forma, a textura do

tegumento, o tamanho, o peso e as características extrínsecas ao material,

como a presença de palha, de terra e outras matérias estranhas. Um trigo pode

ser considerado muito pesado quando atingir valores entre 80 a 83 kg.100L-1 e

pesado para valores de 76 a 79 kg.100L-1. Ao analisar a qualidade industrial

das cultivares de trigo em um período de oito safras, colhidas em diferentes

locais do Rio Grande do Sul, concluiu que a precipitação e o excesso de

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umidade no solo afetaram negativamente o peso do hectolitro, o peso de mil

grãos e o rendimento de grãos de trigo.

Diferenças estatísticas também foram obtidas por Felício et al. (1998),

ao avaliar a influência do ambiente na produtividade e na qualidade tecnológica

de dezenove genótipos de trigo em seis locais, nas condições de sequeiro e de

irrigação por aspersão, em 1992. A análise da variância demonstrou para peso

hectolitrico efeito significativo para locais e não significativo para genótipos,

neste caso a irrigação por aspersão contribuiu para aumentar o pH em até

cinco pontos em relação aos ensaios conduzidos em sequeiro.

O pH é um indicador que reflete o rendimento dos grãos em farinha ou

sêmola, esse rendimento será tanto mais elevado quanto maior for o pH da

amostra (Oliveira, 2012). Os valores de peso hectolitro em geral não foram

muito elevados podendo ter havido influência do clima ou efeito de colheita

tardia. A precipitação pluviométrica é um fator determinante no rendimento de

grãos, peso de mil sementes e peso hectolítrico (Wendt, Caetano & Nunes,

2007).

Tabela 4. Massa do Hectolitro (kg.100L-1) de cultivares de trigo em diferentes

locais de condução. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS.

Locais

Cultivar Cachoeira do Sul Júlio de Castilhos Média Ametista 76,5 78,3 77,4 AB

BRS Louro 77,4 76,5 76,9 AB Fundacep Nova Era 72,9 77,1 75,0 B

Topázio 77,1 76,8 76,9 AB TBIO Mestre 75,9 75,9 75,9 AB

TBIO Pioneiro 2010 78,3 77,4 77,8 A Média 76,3* ns 77,0 ns CV (%) 2,06

* Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem, entre si, pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro.

4.1.3 Massa de mil grãos (MMG)

Segundo Guarienti (1996), os grãos de trigo podem ser classificados de

acordo com o seu tamanho, em muito pequeno (15 a 25 gramas), pequeno (26

a 35 gramas), médio (36 a 45 gramas), grande (46 a 54 gramas) e muito

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grande (peso maior ou igual a 55 gramas). Grãos de trigo de tamanho pequeno

não são desejados na indústria moageira, pois acarretam em perdas na

produção de farinha, pela diminuição da quantidade de trigo moído.

Os resultados obtidos no presente trabalho, apresentados na Tabela 5

revelam que na localidade de Cachoeira do Sul não houve diferença estatística

nos pesos de mil sementes entre as cultivares. De forma diferente, em Júlio de

Castilhos o peso de mil sementes diferenciou-se, destacando-se TBIO Mestre

com 35,55 gramas, seguida por Ametista com 34,83 gramas. Em Júlio de

Castilhos os pesos de mil sementes obtidos foram mais elevados que

Cachoeira do Sul, isto se deve à região de Júlio de Castilhos ter maior altitude

e condições climáticas mais favoráveis durante a fase de enchimento de grãos,

o que pode ser evidenciado nas Figuras 6 e 9.

Os dados climáticos de Cachoeira do Sul revelam que no mês de

outubro ocorreu maior incidência de chuva na região, sendo que os materiais

encontravam-se em maturação plena sendo colhidos logo após. Em Júlio de

Castilhos também houve maior ocorrência de chuva no mês de outubro, porém,

como a semeadura foi realizada mais tarde, 14 dias após Cachoeira do Sul, os

materiais ainda não haviam alcançado a fase de maturação.

Os dados assemelham-se com os encontrados por Hagemman, (2011)

onde foi avaliada a influência do ambiente em 36 genótipos de trigo em duas

gerações (F1 e F2) conduzidas em dois ambientes (Pato Branco e Pelotas)

sendo encontrada diferença estatística entre as duas gerações em um dos

locais e entre os locais avaliados. O peso de mil sementes é utilizado para

classificar o trigo pelo tamanho, onde grãos de tamanho excessivo não são

desejados pela indústria, pois podem provocar perdas devido às dificuldades

de regulagem dos equipamentos de limpeza e moagem, enquanto grãos

pequenos podem passar pelas peneiras de limpeza e causar perdas na

produção de farinha pela diminuição da quantidade de trigo moído (Guarienti,

1996).

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Tabela 5. Massa de mil grãos (g) de cultivares de trigo em diferentes locais de condução. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS.

Locais

Cultivar Cachoeira do Sul Júlio de Castilhos Média Ametista 30,36* bA 34,83 aAB 32,59

BRS Louro 31,63 aA 33,10 aBC 32,36 Fundacep Nova Era 31,51 aA 31,80 aC 31,65

Topázio 31,26 aA 31,00 aC 31,13 TBIO Mestre 31,97 bA 35,55 aA 33,76

TBIO Pioneiro 2010 31,63 Aa 33,06 aBC 32,34 Média 31,39 33,22 CV (%) 2,79

*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

4.2 Qualidade industrial de grãos

4.2.1 Proteína bruta

O conteúdo de proteína bruta presente nos grãos das diferentes

cultivares de trigo (Tabela 6) ficou compreendido entre 12,80 a 15,33 %

(valores expressos em base seca) nos locais avaliados. Não se observou

diferença estatística entre as cultivares em cada local, porém quando analisada

a média das cultivares nos dois locais BRS Louro apresentou maior percentual

de proteína bruta não se diferenciando estatisticamente de Topázio, Fundacep

Nova Era e TBIO Mestre. Os resultados médios em cada local demostram que

houve diferença estatística, Júlio de Castilhos apresentou superioridade

(14,23%) em relação à Cachoeira do Sul (13,45%).

De acordo com Rosa Filho (2010), o teor de proteína do grão é

determinado principalmente pela disponibilidade de nitrogênio para a planta e

pode variar de 8% até 18%. Para a fabricação de pão francês, o teor de

proteína ideal do grão se situa na faixa de 10,5 a 13,0%; para pão de forma

(tipo sanduíche), de 11,5 a 14,5%; para bolachas tipo cracker, de 8,5 a 10,5 %;

para os demais tipos de bolacha, de 7,5 a 9,0%; para bolos, de 5 a 7,5% e para

massas curtas, de 8,5 a 10,5% (Guarienti, 1996).

Trindade et al. (2006), ao conduzir dois experimentos em Goiás testando

dois manejos de irrigação e manejo de nitrogênio com cinco diferentes doses

em duas cultivares de trigo obtiveram resultados semelhantes aos encontrados

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39

neste trabalho. O teor de proteína bruta do grão não se diferenciou

estatisticamente, porém as doses de nitrogênio proporcionaram um incremento

no teor de proteína. Gutkoski et al., (2007), encontraram diferença estatística

em cinco cultivares de trigo produzidas no cerrado brasileiro.

Levando-se em conta que foram trabalhadas cultivares distintas

esperava-se que a variação no conteúdo de proteínas fosse maior. Os teores

de proteína podem variar dependo do fator genético da cultivar e sua relação

com as condições de ambiente (clima e solo).

Tabela 6. Proteína bruta (% em base seca) de cultivares de trigo em diferentes locais de condução. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS.

Locais

Cultivar Cachoeira do Sul Júlio de Castilhos Média Ametista 13,13* ns 13,43 ns 13,28 B

BRS Louro 14,30 14,93 14,61 A Fundacep Nova Era 13,81 14,00 13,90 AB

Topázio 13,63 15,33 14,48 A TBIO Mestre 13,03 14,35 13,69 AB

TBIO Pioneiro 2010 12,80 13,36 13,08 B Média 13,45 b 14,23 a CV (%) 4,26

*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

4.2.2 Glúten

Os resultados de glúten úmido, glúten seco e glúten índex nas cultivares

e locais são apresentados nas Tabelas 7, 8 e 9. Pela variação dos valores

encontrados podemos observar a diversidade entre as cultivares e locais de

condução. No experimento conduzido em Cachoeira do Sul obteve-se

diferença estatística, as cultivares BRS Louro, Fundacep Nova Era e Topázio

apresentaram os maiores teores de glúten úmido, entre 31,82 e 32,61%. As

demais cultivares, Ametista, TBIO Mestre e TBIO Pioneiro 2010 apresentaram

teores entre 28,31 e 28,78%. Em Júlio de Castilhos observa-se um

comportamento semelhante, encontrando-se diferença estatística entre os

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materiais. As cultivares Topázio e Fundacep Nova Era obtiveram os maiores

teores de glúten úmido, 35,47% e 35,01% respectivamente.

O teor de glúten úmido e seco é uma medida quantitativa das proteínas

formadoras do glúten, as quais são responsáveis pela força e qualidade das

massas. De acordo com Souza et al., (2004), as farinhas consideradas “fortes”

possuem altos teores de glúten e as farinhas “fracas” apresentam teores de

glúten baixo.

Ortolan (2006), ao avaliar 10 genótipos de trigo oriundos do município de

Cascavel/PR também encontrou diferença estatística quanto aos teores de

glúten úmido variando de 28,05 a 43,69%. Os resultados vêm de encontro à

colocação feita por González, Osella & Destefani (1998), quando o conteúdo

protéico é superior a 11%, o valor do glúten úmido pode variar entre 18% e

38%, enquanto o valor do glúten seco varia entre 6,5% a 12,7%.

Tabela 7. Glúten úmido (%) de cultivares de trigo em diferentes locais de

condução. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS.

Locais Cultivar Cachoeira do Sul Júlio de Castilhos Média Ametista 28,31*bB 30,98 aBC 29,64

BRS Louro 32,49 aA 32,33 aB 32,41 Fundacep Nova Era 31,82 bA 35,01 aA 33,41

Topázio 32,61 bA 35,47 aA 34,04 TBIO Mestre 28,78 bB 32,63 aB 30,70

TBIO Pioneiro 2010 28,38 bB 30,38 aC 29,38 Média 30,40 32,80 CV (%) 2,16

*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

Os teores de glúten seco também apresentaram diferença estatística

tanto entre as cultivares quanto nos locais de avaliação. Em Cachoeira do Sul

BRS Louro apresentou maior percentual de glúten seco (11,26%) sendo

seguida pelas cultivares Topázio, Fundacep Nova Era, TBIO Pioneiro 2010,

TBIO Mestre e Ametista (9,37%). No ensaio conduzido em Júlio de Castilhos a

cultivar Fundacep Nova Era apresentou maior teor de glúten seco (12,70%),

seguida por BRS Louro, Topázio, TBIO Mestre, Ametista e TBIO Pioneiro 2010

(9,51%).

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Diferenças estatísticas entre os teores de glúten seco entre genótipos de

trigo também foram identificadas por Ortolan (2006), obtendo resultados que

variaram de 12,15 a 15,06%. Para as farinhas destinadas à panificação é

preferível teores de 24 a 36% de glúten úmido, quanto ao teor de glúten seco, a

faixa situa-se entre 7,5 e 14% (Carvalho Júnior, 1999), considerando-se estes

parâmetros, todas as cultivares avaliadas atendem a exigência.

Tabela 8. Glúten seco (%) de cultivares de trigo em diferentes locais de condução. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS.

Locais

Cultivar Cachoeira do Sul Júlio de Castilhos Média Ametista 9,37* bC 10,16 aCD 9,76

BRS Louro 11,26 aA 11,36 aB 11,31 Fundacep Nova Era 10,27 bB 12,70 aA 11,48

Topázio 10,53 bAB 11,08 aB 10,80 TBIO Mestre 9,38 bC 10,67 aBC 10,02

TBIO Pioneiro 2010 9,92 aBC 9,51 aD 9,71 Média 10,12 10,91 CV (%) 2,92

*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

Na variável índice de glúten foi encontrada diferença estatística entre as

cultivares e locais avaliados. No experimento conduzido em Cachoeira do Sul

as cultivares Ametista, TBIO Mestre e TBIO Pioneiro 2010 obtiveram os mais

elevados índices de glúten, 91,38%, 91,15% e 87,29% respectivamente. O

menor índice de glúten foi encontrado na cultivar BRS Louro, 41,08%. O ensaio

conduzido em Júlio de Castilhos apresentou índices de glúten menores do que

os encontrados em Cachoeira do Sul, porém as cultivares que apresentaram

índice de glúten mais elevados foram as mesmas: Ametista (79,23%),TBIO

Mestre (77,55%) e TBIO Pioneiro 2010 (68,06%). O menor índice de glúten foi

encontrado na cultivar Topázio (41,52%) não diferenciando-se estatisticamente

das cultivares BRS Louro e Fundacep Nova Era.

Os resultados corroboram com os encontrados por Curic et al, (2001),

quando os autores extraíram o glúten da farinha de sete cultivares de trigo

obtidas de dois locais de experimentação. O índice de glúten variou de 55,92 %

a 99,60 %, concluindo que esta alta variação pode ser explicada não somente

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pelas características da cultivar, mas também pelas diferentes condições

climáticas.

Tabela 9. Índice de glúten (%) de cultivares de trigo em diferentes locais de condução. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS.

Locais Cultivar Cachoeira do Sul Júlio de Castilhos Média Ametista 91,38* aA 79,23 bA 85,30

BRS Louro 41,08 aC 42,56 aB 41,82 Fundacep Nova Era 62,91 aB 44,58 bB 53,74

Topázio 72,21 aB 41,52 bB 56,86 TBIO Mestre 87,29 aA 77,55 bA 82,42

TBIO Pioneiro 2010 91,15 aA 68,06 bA 70,06 Média 74,33 58,91 CV (%) 6,76

*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

4.2.3 Número de queda

O número de queda variou significativamente entre as cultivares e os

locais de condução dos ensaios de trigo conforme apresenta a Tabela 10. A

cultivar que apresentou o melhor desempenho perante esta variável em

Cachoeira do Sul foi TBIO Pioneiro 2010 com 343,66 segundos. A cultivar BRS

Louro apresentou número de queda baixo 183,33 segundos, enquadrando-se

na classificação de trigos para moagem como tipo básico, bem como o obtentor

a caracteriza.

Em Júlio de Castilhos observa-se que TBIO Pioneiro 2010 também

apresentou melhor resultado perante as demais cultivares, 307,66 segundos,

seguida por Ametista, TBIO Mestre, BRS Louro, Fundacep Nova Era e

Topázio, esta última alcançando apenas 190,33 segundos.

Ao classificar as cultivares apenas pelo número de queda, se

enquadrariam na classe melhorador TBIO Pioneiro 2010, Ametista e TBIO

Mestre. Nas classes pão ou doméstico, Fundacep Nova Era e Topázio e como

básico a cultivar BRS Louro. Quanto maior for o número de queda, menor é a

atividade das enzimas amilolíticas na farinha (Gutkoski et al., 2011).

Destaca-se que as cultivares apresentaram comportamento totalmente

inverso em cada local. As cultivares de ciclo precoce (Ametista e BRS Louro)

apresentaram melhor desempenho que as de ciclo médio (Fundacep Nova Era,

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Topázio, TBIO Mestre e TBIO Pioneiro 2010) em Júlio de Castilhos. Em

Cachoeira do Sul as cultivares de ciclo médio apresentaram melhor

desempenho. Resultados obtidos por Carneiro et al., (2005), demonstraram

que ao retardar a colheita de genótipos de trigo os valores do número de queda

diminuíram. Kaybers & Ferreira (2007), encontraram diferença estatística nos

valores de número de queda ao testar cinco cultivares em duas épocas de

semeadura (abril e maio) no município de Palotina/PR. Ao analisar amostras de

22 cultivares de trigo produzidas nas diferentes regiões tritícolas do Paraná nos

anos 1992 a 2011 Miranda et al. (2011), encontraram valores de número de

queda que variaram de 220 a 392 segundos.

Baixos valores de número de queda poderiam estar relacionados à

elevada ação da alfa-amilase, de modo que farinhas com altos teores desta

enzima tendem a fornecer produtos pegajosos e de baixo volume. Ainda, altos

teores de alfa-amilase em farinhas de trigo têm sido relacionados à três fatores

principais, a citar: germinação antecipada do grão de trigo imaturo, síntese de

alfa-amilase durante a maturação retardada do grão, e germinação do grão

após superação da dormência devido à colheita atrasada (Indriani &Rao,

2007).

Tabela 10. Número de queda (s) de cultivares de trigo em diferentes locais de condução. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS.

Locais

Cultivar Cachoeira do Sul Júlio de Castilhos Média Ametista 266,00* bD 286,66 aB 276,33

BRS Louro 183,33 bE 213,00 aC 198,16 Fundacep Nova Era 291,33 aC 203,33 bC 247,33

Topázio 308,33 aB 190,33 bD 249,33 TBIO Mestre 307,66 aB 284,33 bB 295,99

TBIO Pioneiro 2010 343,66 aA 307,66 bA 325,66 Média 283,38 247,55 CV (%) 1,88

*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

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4.2.4 Alveografia

O teste de Alveografia é utilizado para expressar a força da farinha, a

qual normalmente designa a maior ou menor capacidade da mesma em sofrer

um tratamento mecânico ao ser misturada com água (Gutkoski et al., 2007).

Os parâmetros obtidos nos alveogramas são: tenacidade (P), que mede

a sobrepressão máxima exercida na expansão da massa (mm); extensibilidade

(L), que é a capacidade da massa ser estendida (mm) sem se romper, sendo

que elevado grau de extensibilidade está associado com baixo rendimento de

farinha; P/L= relação tenacidade/extensibilidade, que expressa o equilíbrio da

massa; G= índice de intumescimento, que está diretamente relacionado ao

volume do pão, valores de 20 a 23 indicam grande capacidade de extensão da

massa, e maiores que 23, são melhores para panificação e Ie= índice de

elasticidade da massa que mede o comprimento da curva (mm) e energia de

deformação da massa (W), que corresponde ao trabalho mecânico necessário

para expandir a bolha até a ruptura, expressa em 10-4 J.

O índice de elasticidade varia de 25 a 75%, sendo que o ótimo se situa

entre 45 a 50% para fabricação de pão francês sem a correção da farinha.

Quanto mais próximo de 100% o índice de elasticidade, maior a resistência

elástica, sendo que valores superiores a 50-55% são ideais para panificação

industrial (Kitissou, 1995). Os resultados alcançados (Tabelas 11 e 12) vêm de

acordo com o apresentado pelo autor, observa-se que as cultivares BRS Louro

e Fundacep Nova Era classificadas como tipo básico pelos seus obtentores,

alcançaram Ie bem abaixo dos encontrados nas demais cultivares, 31,6 e

39,5% em Cachoeira do Sul; 15,8 e 12,8% em Júlio de Castilhos.

A extensibilidade, ou “L” é um indicativo de volume do pão, em geral,

quando maior o valor de L, maior será o volume do pão, porém, deve existir

uma proporcionalidade dos valores de P e L (relação P e L) para, associados

ao valor de W (força geral do glúten) expressarem um bom potencial da

panificação. A farinha que apresentar valores de P/L abaixo de 0,60 pode ser

considerada de glúten extensível, de 0,61 a 1,20 de glúten balanceado, e

valores de P/L acima de 1,21 de glúten tenaz (Guarienti, 1996). Neste caso,

observando os resultados da variável P/L no presente trabalho, identifica-se

que BRS Louro apresentou P/L= 0,5 em Cachoeira do Sul caracterizando

possuir glúten extensível e Júlio de Castilhos 0,9 caracterizando glúten

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balanceado. Comportamento semelhante foi verificado na cultivar Fundacep

Nova Era caracterizando glúten balanceado nos dois locais.

As demais cultivares, Ametista, Topázio, TBIO Mestre e TBIO Pioneiro

2010 apresentaram valores P/L acima de 1,21 nos dois locais possuindo um

glúten tenaz. Os resultados da relação P/L, força de glúten e índice de

elasticidade demonstram que as cultivares classificadas como pão/melhorador,

Ametista e TBIO Mestre apesar de apresentarem valores baixos obtiveram os

melhores resultados nos dois locais de condução.

De acordo com Ortolan (2006), para a produção de pães, a farinha deve

possuir valores de relação entre tenacidade e extensibilidade compreendidos

entre 0,50 e 1,20, indicando que esta farinha é balanceada; já para bolos e

biscoitos, exige-se valores abaixo de 0,49, sendo considerada uma farinha

extensível; e, para o fabrico de massas alimentícias, os valores devem ser

superiores a 1,21. Para a produção de biscoitos, o desejável é uma farinha com

baixos teores de glúten e de potencial viscoelástico fraco e extensível, a

atividade enzimática não é relevante, baixo teor de amido danificado e

coloração não definida podendo ser escura (Gutkoski et al., 2011).

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Tabela 11. Tenacidade da massa - P (mm), Extensibilidade da massa - L (mm), Relação P/L e Força de glúten (W x 10-4J) de cultivares de trigo em diferentes locais de condução. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS.

*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

P L P/L W Cultivar C.S J.C C.S J.C C.S J.C C.S J.C Ametista 118,0*aB 105,0 bB 64,33 aB 70,0 aA 1,8 aB 1,5 bB 273,3 aA 242,0 bA

BRS Louro 40,3 aF 39,7 aE 79,66 aA 41,7 bD 0,5 bE 0,9 aC 76,7 aD 45,0 bD Fundacep Nova Era 77,7 aE 51,3 bD 62,66 aB 46,3 bCD 1,2 aD 1,1 aC 153,0 aC 66,0 bC

Topázio 92,0 bD 111,7 aA 70,00 aAB 55,7 bBC 1,3 bCD 2,0 aA 219,0 aB 203,0 bB TBIO Mestre 148,0 aA 115,0 bA 49,00 bC 63,0 aAB 3,0 aA 1,8 bA 282,0 aA 254,33bA

TBIO Pioneiro 2010 98,3 aC 94,7 aC 63,00 aB 62,7 aAB 1,6 aBC 1,5 aB 217,0 aB 194,0 bB Média 95,7 a 86,2 b 64,8 a 56,5 b 1,6 a 1,5 b 203,5 a 167,4 b CV (%) 2,70 6,95 7,11 3,35

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Tabela 12. Índice de intumescimento – G (ml), Relação P/G e Índice de elasticidade – Ie (%) de cultivares de trigo em diferentes locais de condução. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS.

*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

G P/G Ie Cultivar C.S J.C C.S J.C C.S J.C Ametista 17,8 aB 18,6 aA 6,6 aB 5,7 bB 52,1 aA 47,5 aA BRS Louro 19,8 aA 14,4 bD 2,0 bE 2,7 aD 31,6 aB 15,8 bC Fundacep Nova Era 17,6 aB 15,1 bCD 4,4 aD 3,4 bC 39,5 aB 12,8 bC Topázio 18,6 aAB 16,6 bBC 4,9 bD 6,7 aA 50,4 aA 37,5 bB TBIO Mestre 15,6 bC 17,7 aAB 9,5 aA 6,5 bA 50,3 aA 49,4 aA TBIO Pioneiro 2010 17,7 aB 17,6 aAB 5,56 aC 5,4 aB 48,8 aA 42,9 bAB Média 17,8 a 16,6 b 5,5 a 5,1 b 45,2 a 34,3 b CV (%) 3,65 4,23 8,36

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Para a produção de massas alimentícias, as melhores farinhas

apresentam baixa atividade enzimática, teor de glúten forte e elástico e

granulometria uniforme, porém, não muito fina. Necessariamente são claras e

ausentes de partículas do farelo e da camada de aleurona. A presença de

pigmentos carotenóides é uma característica desejável de qualidade e, farinha

com este aspecto pode ser obtida na moagem de grãos de trigo ricos em

xantofilas e pigmentos amarelos (Gutkoski et al., 2011). Para panificação

busca-se uma farinha intermediária entre a de biscoito e de massas. Farinhas

com boa estabilidade farinográfica, boa força de glúten e equilibrada relação

P/L possuem média atividade enzimática e são razoavelmente claras.

A força de glúten (W) variou significativamente entre os locais e

cultivares, apresentando valores de 45,0 a 282,0 x 10-4 J.

Os menores valores de W foram verificados nas amostras de farinhas

dos cultivares BRS Louro e Fundacep Nova Era enquanto que os maiores

valores expressos pelas cultivares TBIO Mestre e Ametista. Este

comportamento foi observado nos dois locais de experimentação,

apresentando conformidade com o informado pelos obtentores. Ao classificar

as cultivares quanto à sua qualidade de farinha e indicação (Tabela 13), obtém-

se uma grande variabilidade. BRS Louro e Fundacep Nova Era apresentam

características de força de glúten, número de queda e relação P/L que as

destinam para utilização no fabrico de bolos ou biscoitos; a cultivar Ametista no

fabrico de massas alimentícias e pão francês; TBIO Mestre para fabricação de

cracker e pão francês; Topázio para pão francês e uso doméstico e TBIO

Pioneiro no preparo de massas alimentícias.

Tabela 13. Indicações de qualidade de farinhas para produtos de panificação.

Produto W (10-4J) P/L Número de queda (s) Bolo 50 – 150 0,4 – 1 150 Biscoito 51 – 150 0,4 – 2 150 Cracker 250 – 350 0,7 – 1,5 225 – 275 Pão Francês 180 – 250 0,5 – 1,2 200 – 300 Uso Doméstico 150 – 220 0,5 – 1 201 – 300 Pão de forma 220 – 300 0,5 – 1,2 202 – 300 Massas alimentícias 200 1,0 – 3 250 Fonte: Gutkoski et al., 2011.

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Tomando-se por base a média dos resultados nos dois locais, os valores

de W foram baixos, o que levaria a enquadrar as cultivares nas distintas

classes comerciais (Brasil, 2010) como trigo para uso doméstico. Em

Cachoeira do Sul a força de glúten média das cultivares foi superior à obtida no

experimento de Júlio de Castilhos, os baixos valores de W observados em Júlio

de Castilhos podem ser explicados pelo elevado índice pluviométrico registrado

no florescimento. A semeadura foi realizada dia 05 de junho e o florescimento

dos genótipos ocorreu em setembro, mês que registrou média pluviométrica

próxima aos 150 mm e temperatura de 20°C.

Estes resultados corroboram com trabalho realizado por Tonon (2010),

que ao avaliar a interação genótipo x ambiente na qualidade industrial do trigo

em seis ambientes e 20 genótipos, encontrou diferença estatística entre

ambientes e genótipos.

O atributo Índice de intumescimento (G) abaixo do ideal, variando de

14,4 a 19,8 ml, demonstrou que as massas provenientes das cultivares

avaliadas apresentam baixa capacidade de se estender, rompendo-se

facilmente. Para esta variável, as cultivares que mais se mantiveram estáveis

quanto ao fator local de condução, foram Ametista e TBIO Pioneiro 2010. Entre

os locais observa-se que os valores de G foram melhores em Cachoeira do

Sul.

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4.2.5 Cor

Normalmente cada moinho estabelece padrões para a cor de suas

farinhas, a maioria considera uma farinha branca aquela que apresenta valores

de L* superiores a 95, coordenada a* próxima à zero (seja valor positivo ou

negativo) e coordenada b* em torno de +8 (Ortolan, 2006).

Segundo Miranda et al., (2011), as farinhas de cor branca apresentam L*

≥ 93, a* ≤ 0,1 e b* ≤ 8,0 enquanto que farinha com coloração amarelada

apresenta b* > 12 e com tendência a cor amarela b*= 12.

Os resultados da análise de cor de farinha (Tabela 14) demonstram que

houve diferença estatística entre as cultivares e locais. Considerando as

observações dos autores citados acima, observa-se que a cultivar que

apresentou a coloração mais branca foi a BRS Louro para os dois locais de

experimentação.

Segundo Gutkoski et al. (2007), a cor da farinha é avaliada pelas

medidas de luminosidade e intensidade de amarelo. A luminosidade da farinha

é afetada pelo conteúdo de farelo ou material estranho, enquanto a intensidade

de amarelo coordenada de cromaticidade b* está relacionada com a

quantidade de pigmentos carotenóides desta cor, presentes no trigo. A cor da

farinha de trigo é afetada por variáveis como genótipo do trigo,

condicionamento do grão antes da moagem, grau de extração da farinha do

grão, tamanho das partículas, estocagem, efeito de tratamento de

branqueamento, condições climáticas da colheita e o local do plantio (Ortolan,

2006).

Tonon (2010) encontrou diferença estatística entre ambientes e

genótipos para a característica luminosidade (L*) encontrando valores que

variaram de 89,78 a 95,81. Entre os ambientes, observou que dois ambientes

que receberam uma quantidade elevada de chuvas na época do florescimento

dos materiais tiveram as cores de farinha mais escuras. O autor acredita que

essa caracterização se deveu a grande infestação de giberela (Fusarium

graminearum), fungo que se desenvolve nas condições de chuvas em excesso

infectando as flores das plantas de trigo.

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*Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

Tabela 14. Cor de farinha sob determinação da luminosidade L* e coordenadas de cromaticidade a* e b*de cultivares de trigo em diferentes locais de condução. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS.

Cor de farinha

Cultivar L* (luminosidade) - a* (verde) + b* (amarelo) Cachoeira do

Sul Júlio de

Castilhos Cachoeira do

Sul Júlio de

Castilhos Cachoeira do

Sul Júlio de

Castilhos Ametista 91,45* bD 92,27 aB -1,00* bCD -1,16 aC 8,93* bC 9,23 aD

BRS Louro 93,03 bA 94,09 aA -0,25 bE -0,92 aF 6,95 aE 6,46 bF Fundacep Nova Era 90,99 bE 92,13 aC -0,98 bD -1,33 aA 9,96 bA 10,57 aA

Topázio 91,06 aE 91,08 aD -1,01 aC -0,94 bE 9,67 aB 9,67 aC TBIO Mestre 92,02 aC 92,03 aC -1,20 aA -1,21 aB 9,98 aA 9,89 bB

TBIO Pioneiro 2010 92,45 aB 92,30 bB -1,06 aB -1,07 aD 8,53 bD 9,00 aE Média 91,83 b 92,32 a - 0,92 b -1,11 a 9,00 b 9,14 a CV (%) 0,05 0,01 0,42

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4.3 Qualidade fisiológica da semente

Na avaliação da qualidade de sementes, o teor de água, peso

hectolítrico e a germinação são fatores importantes, assim como o crescimento

e o desenvolvimento das plântulas e a viabilidade das sementes.

O potencial de germinação e vigor das sementes são condicionados por

características genéticas, influenciados por sinais externos (ambientais), que

quando percebidos pela semente desencadeiam sinais internamente, em nível

molecular, que induzem a ativação dos processos metabólicos, culminando

com o crescimento do eixo embrionário (Viganó et al., 2010).

4.3.1 Poder germinativo

O potencial fisiológico das sementes, rotineiramente é avaliado por meio

do teste de germinação (Brasil, 2009), o qual analisa a capacidade das

sementes produzirem plântulas normais, em condições ideais de temperatura,

umidade e substrato (Lima et al., 2006).

Relativamente à germinação das sementes não foram encontradas

diferenças estatísticas entre fatores cultivares e locais de condução, na Tabela

15 são apresentadas, as porcentagens médias de plântulas normais obtidas no

teste de germinação. A maioria das percentagens de germinação das sementes

das cultivares avaliadas foi inferior à 90 % variando de 59% a 92%. Tanto em

Cachoeira do Sul quanto em Júlio de Castilhos as cultivares Fundacep Nova

Era e Topázio não obtiveram o percentual mínimo de germinação (80%)

exigido para poder realizar a comercialização de sementes, o que pode ser

indício de que as regiões não reúnem as condições mais favoráveis para

produção de sementes de trigo.

Os resultados indicam que os genótipos testados possuem adaptação

similar às regiões estudadas, diferente do que foi apresentados por Viganó et

al. (2010). Ao estudar o comportamento fisiológico de sementes de seis

cultivares de trigo em resposta à cinco épocas de semeadura durante dois

anos no município de Palotina/PR, os autores encontraram diferença estatística

para os percentuais de germinação tanto nas cultivares quanto nas épocas de

semeadura, evidenciando diferenças de adaptação àquela região. De forma

semelhante Franco et al., (2009), ao avaliar a germinação de sementes de

doze cultivares de trigo oriundas de dois locais de experimentação encontraram

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diferença estatística no percentual germinativo, obtendo em um dos locais

valores inferiores a 80%.

4.3.2 Emergência em areia

Os resultados obtidos para a característica vigor das plântulas foram

semelhantes aos observados no teste de germinação, não havendo efeito

significativo dos fatores cultivares e ambientes de condução. Na Tabela 15 são

apresentadas, as porcentagens médias de plantas emergidas, que variaram de

47 a 85%, valores considerados baixos.

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Tabela 15. Germinação em rolo papel (%), germinação em areia (%) e vigor em areia (%) de cultivares de trigo em diferentes locais de condução. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS.

Cultivar Germinação em rolo papel Germinação em areia Vigor em areia Cachoeira do

Sul Júlio de

Castilhos Cachoeira do

Sul Júlio de

Castilhos Cachoeira do

Sul Júlio de

Castilhos Ametista 91* ns 86 90* ns 82 84* ns 74

BRS Louro 86 81 85 78 78 72 Fundacep Nova Era 59 75 55 73 47 68

Topázio 74 66 71 64 65 58 TBIO Mestre 92 85 91 81 85 73

TBIO Pioneiro 2010 86 88 86 86 79 79 Média 81 80 80 77 73 78 CV (%) 13,54 15,03 16,02

*Médias não apresentaram diferença significativa pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

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Sementes com baixo vigor apresentam maior queda de sua viabilidade

quando submetidas a condições de alta temperatura e umidade, enquanto que

sementes mais vigorosas, geralmente, retêm sua capacidade de produzir

plântulas normais e apresentam germinação mais elevada após serem

submetidas ao envelhecimento (Vieira & Carvalho, 1994).

Silva (2007) constatou em duas cultivares de cevada submetida a três

épocas de colheita que há tendência ao decréscimo na germinação, na

viabilidade, na primeira contagem de germinação, e no envelhecimento

acelerado, conforme ocorre atraso da colheita. Por outro lado Tekrony et al.,

(1980), constataram que a intensidade de redução da germinação e do vigor

das plântulas varia de acordo com a época de semeadura, com as condições

de temperatura, umidade relativa e precipitações pluviais durante as fases de

maturação e colheita.

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5. CONCLUSÕES

Nas condições em que foi realizado o presente trabalho, pode-se

concluir que:

A. O potencial agronômico na região de Júlio de Castilhos

proporcionou às cultivares maior rendimento médio, peso hectolítro e

peso de mil sementes mais elevado que as conduzidas em

Cachoeira do Sul;

B. A qualidade industrial do trigo produzido em Cachoeira do

Sul foi melhor que em Júlio de Castilhos;

C. A germinação e vigor das sementes não diferiram quanto

ao local de condução.

D. As cultivares possuem caracteres próprios, podendo

apresentar maior ou menor aptidão à qualidade industrial, potencial

de rendimento e estabilidade dependendo do ambiente em que são

expostas;

E. As regiões de Júlio de Castilhos e de Cachoeira do Sul, se

mostraram marginais para produção de sementes de trigo, das

cultivares testadas.

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ANEXOS Tabela 16. Resumo do quadro da análise da variância. Fundação Pró-Sementes, 2013. Passo Fundo, RS.

Causas de variação GL

QM Rendimento de grãos

QM Massa do hectolitro

QM Massa de mil grãos

QM Proteína bruta

QM Glúten úmido

QM Glúten seco

Locais (L) 1 30643741.99** 3.80ns 30.05** 5.54** 51.89** 5.20** Cultivares (C) 5 520810.92ns 6.56* 4.82** 2.31** 23.34** 3.72**

L X C 5 904540.06ns 6.02ns 5.11** 0.53ns 2.92** 1.47** Tratamentos 11 3433681.53** 6.06* 7.25** 1.80** 16.65** 2.87**

Resíduo 24 450481.11 2.50 0.81 0.35 0.46 0.09 Total 35

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste de F * Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de F nsNão significativo pelo teste de F

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67

67

Tabela 17.Continuação.

Causas de variação GL

QM Índice de glúten

QM Número de queda

QM Tenacidade da

massa (P)

QM Extensibilidade da massa (L)

QM

Relação P/L

QM Força de

glúten (W)

Locais (L) 1 2139.99** 11556.25** 812.25** 608.44** 0.07* 11736.11** Cultivares (C) 5 1971.99** 11751.36** 6613.63** 133.73** 1.90** 41292.78**

L X C 5 188.76** 5133.45** 543.18** 521.64** 0.65** 983.98** Tratamentos 11 1176.70** 8725.48** 3326.94** 353.21** 1.17** 20283.17**

Resíduo 24 20.27 25.03 6.03 17.78 0.01 38.50 Total 35

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste de F * Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de F nsNão significativo pelo teste de F Tabela 18.Continuação.

Causas de variação GL

QM Índice de intumescimento

(G)

QM Relação P/G

QM Índice de elasticidade

(Ie)

QM Luminosidade da farinha L*

QM

Germinação em rolo papel

QM Vigor em

areia

Locais (L) 1 12.96** 1.69** 1113.33** 2.12** 13.44ns 38.03ns Cultivares (C) 5 2.93** 22.39** 838.39** 4.34** 560.04** 563.49**

L X C 5 10.91** 3.98** 131.73** 0.51** 119.78ns 212.83ns Tratamentos 11 7.47** 12.14** 542.18** 2.40** 310.23* 356.33*

Resíduo 24 0.40 0.05 11.12 0.01 119.17 132.33 Total 35

** Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste de F * Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de F nsNão significativo pelo teste de F