conhecimentos e percepção sobre esporotricose em região...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM VETERINÁRIA Dissertação Conhecimentos e percepção sobre esporotricose em região endêmica: Pelotas, RS, Brasil Franklin de Moraes Vaz da Silva Pelotas, 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM VETERINÁRIA

Dissertação

Conhecimentos e percepção sobre esporotricose

em região endêmica: Pelotas, RS, Brasil

Franklin de Moraes Vaz da Silva

Pelotas, 2014

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FRANKLIN DE MORAES VAZ DA SILVA

Conhecimentos e percepção sobre esporotricose em região endêmica:

Pelotas, RS, Brasil

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Veterinária da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências (Veterinária Preventiva).

Orientador: Prof. Dr. Mário Carlos Araújo Meireles

Coorientador: Profª. Drª. Renata Osório de Faria

Pelotas, 2014

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Dados de catalogação na fonte:

(Gabriela Machado Lopes – CRB- 10/1842)

S111c Silva, Franklin De Moraes Vaz da

Conhecimentos e percepção sobre esporotricose em região endêmica: Pelotas, RS, Brasil / Franklin De Moraes Vaz da Silva; Mário Carlos Araújo Meireles, orientador; Renata Osório de Faria, coorientadora. — Pelotas, 2014.l43f. : il..- Dissertação (Mestrado) — Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, Faculdade de Veterinária, Universidade Federal de Pelotas, 2014.

1. S. schenckii. 2. Micoses. 3. Zoonoses. 4. Saúde pública. 5. Epidemiologia. I. Meireles, Mário Carlos Araújo, orient. II. Faria, Renata Osório de, coorient. III. Título.

CDD : 636.089

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Banca examinadora:

Prof. Dr. Mário Carlos Araújo Meireles (Orientador) - UFPel

Profª Drª. Ana Raquel Mano Meinerz - UFPel

Profª. Drª. Marlete Brum Cleff - UFPel

Profª. Drª. Patrícia da Silva Nascente - UFPel

Profª. Drª. Renata Osório de Faria – UFPel

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Agradecimentos

Primeiramente agradeço ao meu Deus por ter me concedido o dom da vida e

me capacitou para lutar todas as batalhas que vivi.

Ao meu orientador Mário Carlos Araújo Meireles que não mediu esforços para

me ajudar a conquistar meus sonhos profissionais e pessoais.

À minha coorientadora Renata Osório de Faria que sempre me ajudou de

forma pessoal e também profissional com doação de carinho, compreensão e

amizade.

À minha amiga Angelita dos Reis Gomes, por sempre me ajudar a escrever e

ler os trabalhos científicos, além dos diversos conselhos pessoais que levarei para

sempre na minha vida.

Ao grupo de pesquisa em Micologia Veterinária por me proporcionar a

realização dos meus sonhos. Nos últimos 8 anos da minha vida, este grupo tornou-

se membro da minha família e portanto parte importante de mim e do que sou.

Às minhas colegas da pós-graduação Angela, Alessandra, Flávia, Luiza,

Otávia, Stefanie, pela amizade e por toda ajuda na parte operacional do trabalho de

mestrado e por todos outros trabalhos científicos.

Aos estagiários e bolsistas que fizeram ou fazem parte da família MicVet, os

quais não seria possível a concretização deste trabalho de pesquisa e que estiveram

comigo me ajudando nestes últimos anos.

Aos membros da banca examinadora Ana Raquel Meinerz, Marlete Cleff,

Patrícia Nascente por todo ensino e apoio desde o período em que eu estava na

iniciação científica.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e

à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo

fomento a pesquisa com concessão de bolsas e auxílio na infraestrutura para

realização de todos trabalhos.

Aos meus pais Paulo e Aldair e meu irmão Fábio, juntamente com meu

afilhado Jonathan Müchow por me proporcionar toda alegria em viver e me ajudar

em tudo na minha vida.

Muito obrigado a todos.

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RESUMO

SILVA, F. M. V. Conhecimentos e percepção sobre esporotricose em região endêmica: Pelotas, RS, Brasil. 2014. 43f. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Veterinária. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. A esporotricose é uma micose subcutânea zoonótica de distribuição mundial, causada por espécies fúngicas do complexo Sporothrix schenckii, endêmica em áreas com temperatura entre 25 a 28ºC. Causa infecção crônica em humanos, com grande impacto econômico e social, provocando perdas diretas e indiretas na população. Para estudar o conhecimento da população em área endêmica, foi realizado um estudo transversal, de base populacional entre dezembro de 2013 e fevereiro de 2014, na cidade de Pelotas – RS, utilizando questionário estruturado dividido em três seções. Na primeira seção foram coletados dados globais como idade, sexo, ocupação, escolaridade, a segunda seção foram coletados dados referentes à relação entre os entrevistados com animais domésticos, e a terceira seção referente ao conhecimento e percepção dos entrevistados sobre definições e conceitos sobre micose, zoonose e conhecimento sobre esporotricose. Foram realizadas 618 entrevistas, sendo compostas por 40,94% (253/618) de homens e 59,06% (365/618) de mulheres. 73,62% (455/618) são proprietários de animais de estimação. Destes, 50,32% (229/455) mantinham seus animais em regime semidomiciliado, sendo destes 21,53% (49/229) de gatos. Na população que não possui animais de estimação, o gato foi a espécie com maior contato 19,02% (31/163) entre os entrevistados. Os estudantes obtiveram o melhor desempenho nas questões sobre conhecimento de micose e zoonose. Sobre o conhecimento da esporotricose menos da metade dos estudantes 44,17% (273/618) e dos profissionais da saúde 26,51% (164/618) tinham conhecimento, todas as demais categorias ficaram abaixo dos 5% de acertos. Embora, a cidade de Pelotas – RS, seja considerada uma região endêmica para esporotricose, encontramos um baixo índice de conhecimento sobre esporotricose pela população, sendo necessária uma maior divulgação e informação sobre a doença.

Palavras-chave: S. schenckii. Micoses. Zoonoses. Saúde pública. Epidemiologia.

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ABSTRACT

SILVA, F. M. V. Knowledge and perception of sporotrichosis in an endemic region: Pelotas, Brazil. 2014. 43f. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Veterinária. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. Sporotrichosis is a subcutaneous mycosis with worldwide distribution, caused by the fungal species Sporothrix schenckii complex, its endemic in areas with temperatures between 25-28ºC. Cause a chronic infection in humans, with significant economic and social impact, causing direct and indirect losses in population. To study the knowledge of the population in endemic areas, a cross-sectional, population-based between December, 2013 and February, 2014 was conducted in the city of Pelotas - RS, using a structured questionnaire divided into three sections. In the first section, global data such as age , sex, occupation, education, the second section data on the relationship between respondents with pets, and the third section on knowledge and perceptions were collected interviewed about definitions and concepts about mycosis, zoonosis and knowledge of sporotrichosis. 618 interviews, being composed of 40.94% (253/618) men and 59.06% (365/618) of women were conducted. 73.62% (455/618) are owners of pets. Of these, 50.32% (229/455) kept their animals out of home with 21.53% (49/229) of these are cats. In the population that does not have pets, the cat was the species with greater contact between 19.02% (31/163) respondents. Students achieved the best performance on questions about knowledge of ringworm and zoonosis. On knowledge of sporotrichosis least half of the students 44.17% (273/618) and 26.51% (164/618) of health professionals were aware, all other categories were below 5% accuracy. Although the city of Pelotas - RS, is considered an endemic area for sporotrichosis, we found a low level of knowledge about sporotrichosis by population, for this, greater awareness and information about the disease is necessary. Key words: S. schenckii. Mycosis. Zoonosis. Public health. Epidemiology

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Lista de Figuras

ARTIGO 1

Figura 01 Mapa das regiões administrativas do Município de Pelotas, RS

demonstrando as regiões onde foram realizadas as entrevistas.....

32

Figura 02 Organograma de distribuição de frequências relativas sobre

relação e contato dos entrevistados (N=618) com animais de

estimação...........................................................................................

32

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Lista de Tabelas

ARTIGO 1

TABELA 01 Distribuição de frequências conforme ocupação, escolaridade e faixa etária dos entrevistados (N=618) sobre conhecimentos básicos de micose, zoonose e esporotricose na área urbana do município de Pelotas em 2014......................................................

33

TABELA 02 Distribuição de frequências sobre origem de informação em respostas corretas sobre micose, zoonose e esporotricose na área urbana do município de Pelotas em 2014.............................

33

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Sumário

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 09

2. OBJETIVOS ................................................................................................ 11

2.1 Objetivo geral .............................................................................................. 11

2.2 Objetivos específicos .................................................................................. 11

3. REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................... 12

3.1 Aspectos históricos da esporotricose ......................................................... 12

3.2 Aspectos clínicos e epidemiológicos da esporotricose ............................... 13

3.2.1 Descrição .................................................................................................... 13

3.2.2 Características epidemiológicas ................................................................. 14

3.2.3 Agente etiológico ........................................................................................ 15

3.2.4 Fonte de infecção e modo de transmissão ................................................. 16

3.2.5 Patogenia .................................................................................................... 17

3.2.6 Manifestações clínicas ................................................................................ 18

4. DIAGNÓSTICO ........................................................................................... 21

4.1 Diagnóstico diferencial ................................................................................ 22

4.1.1 Felinos e caninos ........................................................................................ 22

4.1.2 Humanos ..................................................................................................... 22

5. TRATAMENTO ........................................................................................... 23

6. MEDIDAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO .............................................. 23

6.1 Referentes a cães e gatos doentes ............................................................ 23

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7. ARTIGO 1 – Conhecimento e percepção sobre esporotricose em região

endêmica: Pelotas, RS, Brasil. ...................................................................

25

7.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 27

7.2 MÉTODOS .................................................................................................. 27

7.3 RESULTADOS ............................................................................................ 28

7.4 DISCUSSÃO ............................................................................................... 29

7.5 REFERÊNCIAS .......................................................................................... 30

8. CONCLUSÃO GERAL ................................................................................ 34

9. REFERÊNCIAS .......................................................................................... 35

10. ANEXOS ..................................................................................................... 44

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1 INTRODUÇÃO

O profissional de medicina veterinária tem de lidar com problemas relativos à

saúde coletiva, campanhas de controle de doenças emergentes ou novas etiologias.

Neste contexto, a epidemiologia veterinária surge como uma ferramenta de grande

utilidade, sendo que a prática veterinária, com a evolução dos tempos, tem se

voltado cada vez mais aos aspectos populacionais e preventivos (PFEIFER, 2002).

Muitas práticas de combate a enfermidades em populações humanas vieram

de contribuições prestadas pela medicina veterinária preventiva, através de suas

maiores formas de atuação dentro da medicina populacional: a da saúde pública e

epidemiologia e da higiene e produção de alimentos (PFUETZENREITER et al.,

2004).

Verifica-se que a emergência de doenças infecciosas surgida nas duas

últimas décadas está relacionada a uma gama de fatores causais, sendo que um

deles inclui as interações, com potencial zoonotico, entre humanos e animais

(DASZAK et al, 2000). Infecções zoonóticas são definidas como doenças que podem

ser transmitidas de animais vertebrados aos humanos e vice-versa (AKRITIDIS,

2011). Estima-se que 60% dos patógenos emergentes em humanos sejam

zoonóticos (CUTLER et al, 2010).

Sob esse contexto, destaca-se a ocorrência crescente do registro de casos e

da mudança no perfil epidemiológico de algumas micoses, a exemplo da

esporotricose, historicamente associada à ocupação profissional ligada a terra,

principalmente em área rurais (DONADEL, et al., 1993). Porém, atualmente observa-

se que sua ocorrência cada vez mais é relacionada à transmissão zoonótica, através

da arranhadura ou mordedura de gatos, levando a surtos familiares e urbanos

(BARROS, SCHUBACH et al., 2004; SILVA et al., 2012), e acometendo

profissionais ligados a área da veterinária (SCHUBACH et al., 2001; MADRID et al.,

2010a).

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10

A esporotricose apresenta um impacto significativo na saúde pública, seja de

ordem econômica que leva a perdas de dias de trabalho e custos com saúde pública

ou devido os custos relacionados a perdas pessoais e psicológicas

causados pela doença (BARROS, SCHUBACH et al., 2010).

Dessa forma, o estudo do conhecimento da população acerca da

esporotricose, em região recentemente considerada endêmica em felinos, é

necessário para estabelecer formas eficientes de controle e profilaxia. Ressalta-se,

ainda, que não existem estudos semelhantes na região sul do Rio Grande do Sul.

Assim, este trabalho objetiva o recolhimento de dados acerca dos conhecimentos

básicos sobre a esporotricose da população da cidade de Pelotas, RS, com o intuito

de quantificar e qualificar estes dados para serem usados como um instrumento útil

para a escolha da melhor forma de abordagem para possível planejamento de ações

informativas e de esclarecimento à população.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Realizar o levantamento dos conhecimentos da população da cidade de

Pelotas, RS, acerca da esporotricose.

2.2 Objetivos Específicos

Avaliar o conhecimento da população estudada sobre os conceitos micose,

zoonose e esporotricose;

Realizar levantamento sobre a relação com animais domésticos, com ênfase

em felinos e da transmissão da esporotricose;

Avaliar dentro da população com conhecimentos sobre esporotricose qual a

fonte de informação.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Aspectos históricos da esporotricose

Sporothrix schenckii foi isolado pela primeira vez em 1896 por Benjamin

Schenck, médico do Hospital Johns Hopkins em Baltimore, nos Estados Unidos.

Schenck isolou o agente etiológico a partir de abscesso localizado na mão e braço

direito de paciente humano, Erwin Smith, micologista, ao examinar o isolado

concluiu que o fungo pertencia ao gênero Sporotrichum (SCHENCK, 1898). Dois anos

depois, Hektoen & Perkins (1900) classificaram o fungo observado por Schenck

como Sporothrix schenckii.

No Brasil, Lutz & Splendore (1907) foram os primeiros que relataram a

doença, e descreveram a micose em ratos e humanos. Anteriormente Linck em 1809

e Lutz em 1889 relataram possíveis casos de esporotricose, contudo a identificação

do fungo não foi possível (KNOW-CHUNG & BENNETT, 1992; LACAZ et al., 2002).

Singer & Muncie (1952) relataram o primeiro caso de esporotricose em

felino. No Brasil, a descrição da infecção em felinos ocorreu 4 anos depois

(FREITAS et al.,1956) e em caninos em 1957 (SOUZA et al., 1957). No entanto,

Almeida et al. (1955) já haviam alertado sobre a transmissão zoonótica e a

importância da espécie felina nesta micose.

Até a década de 90, a esporotricose era caracterizada como uma micose

ocupacional também conhecida como doença dos floristas. O principal grupo de

risco eram pessoas com atividade relacionada a agricultura, jardinagem, horticultura

e exploração de madeira, os quais adquiriam a infecção, principalmente, através do

implante traumático do fungo Sporothrix schenckii na derme por farpas de madeira,

espinhos de plantas e contaminação de feridas. (DONADEL et al., 1993; FARIAS et

al., 1997).

Atualmente verificam-se mudanças no perfil epidemiológico, sendo que os

fatores de risco para o desenvolvimento da esporotricose tem uma maior associação

com a transmissão zoonótica e o grupo de risco inclui profissionais da área

veterinária e proprietários de animais de estimação. Principalmente a partir de 1998

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13

a transmissão zoonótica do S. schenckii envolvendo gatos adquiriu relevância devido

ao crescente número de casos registrados, sobretudo no estado do Rio de Janeiro

(BARROS et al., 2008; SCHUBACH et al., 2004) e a partir dos anos 2000 na região

sul do Rio Grande do Sul (MADRID et al., 2010a).

Estudos epidemiológicos sobre a esporotricose ainda são restritos, e a

maioria descreve surtos localizados, como o surto ocorrido na década de 1940 em

Witwatersrand, África do Sul, em que 300 mineradores foram infectados a partir das

madeiras utilizadas nas minas (HELM & BERMAN, 1947). Ainda, estudos acerca do

conhecimento da esporotricose pela população residente em área endêmica não são

encontrados na literatura.

3.2 ASPECTOS CLÍNICOS e EPIDEMIOLÓGICOS da ESPOROTRICOSE

3.2.1 Descrição

A esporotricose é uma micose subcutânea zoonótica, causada por espécies

fúngicas do complexo Sporothrix schenckii, um sapróbio do solo, matéria orgânica e

plantas, com predileção por regiões de clima subtropical, temperado e úmido

(LACAZ et al., 2002; LOPES-BEZERRA et al., 2006).

Do ponto de vista da saúde pública, avalia-se que o impacto econômico e

social causado em humanos pela esporotricose é indireto, uma vez que leva a

perdas de dias de trabalho, sofrimento e custos causados pela doença ativa, além

do prejuízo estético e psicológico gerado pelas cicatrizes remanescentes (BARROS,

SCHUBACH et al., 2010). Já do ponto de vista da saúde animal, registra-se

atualmente uma epizootia em gatos na região sul do Rio Grande do Sul (MADRID et

al., 2011) e no estado do Rio de Janeiro uma epidemia em gatos e humanos

(BARROS, SCHUBACH et al., 2010).

Em cães, a esporotricose é considerada rara, entretanto, observam-se

relatos cada vez mais frequentes (CAFARCHIA, et al., 2007; MADRID et al., 2007b).

Múltiplos nódulos subcutâneos, úlceras e crostas podem se desenvolver, sendo

importante o diagnóstico diferencial de outras dermatopatias em cães, e para tanto,

é indispensável a realização de exames complementares (SCHUBACH, SCHUBACH

et al., 2006).

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14

A esporotricose é tida como uma infecção crônica em humanos, usualmente

limitada a pele e ao tecido subcutâneo, embora possa tornar-se disseminada

(KWON-CHUNG & BENNETT, 1992). Atualmente os casos ocorridos em humanos

tem em sua maioria origem zoonótica, caracterizada pela associação entre os casos

e o isolamento S. schenckii de unhas, exsudato de lesões e órgãos de felinos

(SCHUBACH, SCHUBACH et al., 2003; SCHUBACH et al., 2004), o que evidencia a

importância dos felinos como fonte de infecção (BARROS, SCHUBACH et al., 2010).

Em gatos a esporotricose pode apresentar um amplo espectro clínico,

podendo ser subclínica, evoluindo para lesões cutâneas múltiplas e

comprometimento sistêmico fatal, associado ou não a sinais extracutâneos. Mais

frequentemente as lesões cutâneas apresentam-se como nódulos e úlcera, contudo,

linfadenite, linfangite nodular ascendente, lesões mucosas e sinais respiratórios

podem estar presentes (SCHUBACH et al., 2004).

3.2.2 Características epidemiológicas

A esporotricose é considerada uma micose de distribuição mundial,

endêmica em áreas com temperatura entre 25 a 28ºC e com umidade relativa entre

80 a 95% (BONIFAZ et al., 2007). Na América Latina é considerada a micose

subcutânea de maior ocorrência (CONTI-DÍAZ, 1989), podendo ser considerada

hiperendêmica em algumas áreas, a exemplo das regiões rurais do Peru (PAPPAS

et al., 2000) e Guatemala (MAYORGA et al., 1978).

No Brasil, o estado do Rio de Janeiro é tido como uma região endêmica

(SCHUBACH et al., 2004; ALVES et al., 2010; BARROS, SCHUBACH et al., 2010).

A região litorânea do sul do estado do Rio Grande do Sul apresenta significativa

casuística (MADRID et al., 2010a; MADRID et al., 2011), e em menor escala

ocorrem casos na região central e oeste deste estado (ALVES et al., 2010). Nos

demais estados a ocorrência de casos de esporotricose em cães e gatos é tida

como ocasional (MADRID et al., 2011).

Atualmente, observa-se a mudança no perfil epidemiológico da

esporotricose, historicamente associada à ocupação profissional ligada a terra,

principalmente em área rurais (DONADEL, et al., 1993), agora é em sua grande

maioria relacionada à arranhadura ou mordedura de gatos, levando à surtos

familiares (BARROS, SCHUBACH et al., 2004, MEINERZ et al., 2007b) e urbanos,

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15

também acometendo profissionais ligados a área da veterinária (SCHUBACH et al.,

2001; MADRID et al., 2010a). Os felinos desempenham importante papel na

epidemiologia da doença (MADRID, et al. 2011; NOBRE et al., 2001b).

3.2.3 Agente etiológico

A esporotricose é uma micose subcutânea causada por espécies fúngicas

do complexo Sporothrix (LOPEZ-ROMERO, REYES-MONTES et al., 2011). Estudos

moleculares demonstraram que o complexo S. schenckii é constituído de pelo menos

seis espécies, discriminadas filogeneticamente, como S. brasiliensis, S. schenckii, S.

globosa, S. mexicana, S. pallida e S. luriei (MARIMON, GENE et al., 2006; MARIMON,

CANO et al., 2007; MARIMON, SERENA et al., 2008).

O complexo S. schenckii são fungos dimórficos que apresentam fase micelial a

25ºC e fase leveduriforme a 37ºC. Pertencem a subdivisão Deuteromycotina, classe

Hyphomycetes (KWON-CHUNG & BENNETT, 1992) e estão amplamente distribuído

na natureza, sendo associados ao solo, matéria orgânica em decomposição e

plantas (LACAZ et al., 2002).

Os isolados do complexo S. schenckii quando cultivados a 25ºC produzem

colônias de coloração inicialmente creme, posteriormente se tornando marrom

escuras ou cinzas com superfície plana a rugosa e aspecto aveludado a

membranoso, a essa temperatura microscopicamente apresentam hifas finas,

hialinas, septadas e ramificadas com conídios hialinos piriformes no ápice dos

conidióforos e ao redor das hifas (LACAZ et al., 2002).

Quando cultivados a 37ºC as colônias são lisas, cremosas e de coloração

creme e caracterizadas microscopicamente por células ovais a alongadas (LACAZ et

al., 2002; LOPES-BEZERRA, SCHUBACH, COSTA, 2006).

O dimorfismo entre as fases micelial e leveduriforme é influenciado por

fatores como a mudança de meio de cultura, aeração, tensão de dióxido de carbono

(CO2), pH, presença de fontes de carbono, presença de cátions divalentes. Contudo,

o fator determinante para o dimorfismo do complexo S. schenckii é a temperatura

(LOPES-BEZERRA, SCHUBACH, COSTA, 2006).

Há alguns anos diversos trabalhos tem relatado e pesquisado a variabilidade

de virulência do complexo Sporothrix, no entanto ainda não está bem elucidado se isto

ocorre devido as diferentes espécies ou se é atribuível aos diferentes isolados da

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16

mesma espécie (ROMEO & CRISEO, 2013). O que se sabe é que os fatores de

patogenicidade mais descritos são presença de melanina, termotolerância, enzimas

extracelulares (proteinases e fosfatases), e alguns componentes da parede celular,

como por exemplo a ramnose (FERNANDES et al., 1999; LACAZ et al., 2002;

BARROS et al. 2011).

3.2.4 Fonte de Infecção e Modo de Transmissão

Os fungos do complexo Sporothrix schenckii estão presentes em solos ricos em

substâncias orgânicas, sendo esta a fonte primária de infecção. Pode causar

infecções naturais em humanos e diversas outras espécies animais como cães,

gatos, cavalos, golfinhos, macacos, bovinos, camelos, ratos, aves, mulas entre

outros (KWON-CHUNG & BENNETT, 1992; NOBRE et al., 2002; SCHUBACH,

SCHUBACH et al., 2006).

A transmissão da esporotricose geralmente ocorre pela inoculação

traumática do fungo na pele a partir de uma fonte infectante (RIPPON, 1988),

presente no ambiente, fômites ou através da arranhadura e mordedura de gatos

infectados, doentes ou subclínicos, que podem carrear o fungo em suas unhas,

cavidade oral e lesões ricas em formas leveduriformes (BARROS, SCHUBACH et

al., 2010; SOUZA et al., 2006).

Os felinos desempenham importante papel na epidemiologia da doença,

podendo servir como fonte de infecção secundária do fungo (MADRID, et al. 2011,

NOBRE et al., 2001b). Principalmente felinos machos não castrados e de vida livre

(MADRID et al., 2010b; MADRID et al., 2011; SCHUBACH et al., 2004), fato

diretamente relacionado à hábitos comportamentais dos felinos, como a arranhadura

de árvores, escavação do solo para cobrir suas fezes, além do comportamento

territorial e sexual agressivo, característico da espécie (REIS-GOMES et al., 2012).

Atualmente a transmissão zoonótica da doença parece explicar a

persistência da epidemia e a sua manutenção de forma endêmica no estado do Rio

de Janeiro (BARROS, SCHUBACH et al., 2010). Ainda, ressaltam-se casos de

transmissão zoonótica por tatus (Dasypus septemcinctus) registrados no Rio Grande do

Sul (ALVES et al., 2010).

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17

Também são relatadas as formas de infecção consideradas raras através da

picada de insetos e por via respiratória, causada pela inalação de conídios (LOPEZ-

ROMERO, REYES-MONTES et al., 2011).

3.2.5 Patogenia

Após a inoculação da forma filamentosa de fungos do complexo S. schenckii

no organismo, inicia-se a conversão dos conídios para leveduras; entretanto, quando

a transmissão ocorrer através de arranhadura e/ou mordedura, o fungo será

inoculado na forma leveduriforme (MEIRELES & NASCENTE, 2009; SCHUBACH,

SCHUBACH, 2000). Após o estabelecimento da infecção, há desenvolvimento de

lesão cutânea papular ou nodular localizada no(s) ponto(s) de inoculação, podendo

evoluir para cura espontânea. Dependendo do estado imunológico do paciente,

virulência da cepa ou quantidade de unidades infectantes inoculadas, pode haver

envolvimento de vasos linfáticos e sanguíneos que drenam o local, fazendo com que

ocorra a progressão da infecção para a forma cutânea disseminada, que se

caracteriza por múltiplas lesões (o que pode acontecer também por autoinoculação),

podendo ou não evoluir para a forma sistêmica (SCHUBACH, SCHUBACH, 2000;

TABOADA 2004; MEIRELES & NASCENTE, 2009).

Os mecanismos de defesa frente ao complexo S. schenckii não estão

completamente elucidados. Estudos prévios descrevem a imunidade celular

representando um importante papel na defesa do organismo (TACHIBANA,

MATSUYAMA, MITSUYAMA, 1999; FERNANDEZ et al., 2000; MAIA et al., 2006),

neste contexto os neutrófilos, macrófagos e células dendríticas são as principais

células de defesa por desempenharem funções de fagocitose, ativação da

imunidade adaptativa através da produção de mediadores pró-inflamatórios,

incluindo citocinas e quimiocinas, além de realizarem o processo de apresentação

de antígenos (ROMANI, FRANCESCO, PUCCETTI, 2002; ROMANI, 2004;

SHOHAM, LEVITZ, 2005; UENOTSUCHI et al., 2006; MARTINS, 2012).

Tachibana, Matsuyama, Mitsuyama (1999) demonstraram que a imunidade

adquirida contra Sporothrix spp. é principalmente realizada pelos macrófagos ativados

por interferon-gama (IFN-) produzido por LT CD4+. Esses dados também foram

observados em estudos realizados por Fernandez et al. (2000) onde foi descrito que

macrófagos peritoneais de camundongos são capazes de eliminar o agente apenas

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18

após ativação celular com IFN- e LPS com concomitante produção de óxido nítrico

(NO). Nesse mesmo estudo foi observado que e os animais experimentais que não

possuíam o gene para IFN- eram mais suscetíveis à esporotricose sistêmica. O

papel protetor do NO durante o processo infeccioso, foi confirmado após a

observação de que animais infectados e tratados com inibidor da NO sintetase

tinham uma menor sobrevivência (FERNANDEZ et al., 2000; MARTINS, 2012).

Estudos demonstraram que a resposta imune celular é deprimida entre a

quarta e sexta semana de infecção, quando é possível observar um aumento na

multiplicação fúngica, em animais experimentais, indicando um agravamento da

doença. Essa depressão na imunidade pode em parte ser devido à produção

anormal de interleucina-1 (IL-1) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-) pelos

macrófagos ativados, prejudicando assim a amplificação da resposta imune (MAIA et

al., 2006). Estudos recentes em ratos inoculados experimentalmente evidenciaram

que antígeno de S. schenckii induz resposta humoral específica com a presença de

IgG1 e IgG3. Altos níveis de IgG1 contribuem para que a imunidade humoral

controle a infecção, visto que essa é uma importante imunoglobulina na

neutralização do antígeno, estando envolvido com a opsonização e aumento da

eficiência na fagocitose (NASCIMENTO, ALMEIDA, 2005; MARTINS, 2012).

3.2.6 Manifestações clínicas

Diferentes formas clínicas de esporotricose são relatadas conforme a

condição do hospedeiro, a rota de infecção e a virulência do agente, enquanto a

virulência sugere-se que esteja associada a diferentes espécies de Sporothrix

(ARRILLAGA-MONCRIEFF et al., 2009; FERNANDES et al., 2013).

Classicamente a esporotricose pode se manifestar de duas formas clínicas

diferentes: cutânea (fixa, linfocutânea e disseminada) e extra-cutânea (ossos,

articulações e pulmão) (SIDRIM & ROCHA, 2004; MADRID et al., 2007a).

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19

A) Forma cutânea fixa e linfocutânea:

É caracterizada geralmente por lesão única, no local da inoculação

traumática do fungo, que não acompanha o trajeto linfático. Podem ter várias

morfologias, principalmente pápulas que drenam exsudato sero-sanguinolento

resultando em úlceras e crostas (BARONI et al., 1998; LARSSON, 2000),

abscessos, placas achatadas, lesões eritematosas, podendo se desenvolver amplas

áreas de necrose (ZAITZ et al., 2010).

Essa forma ocorre principalmente em humanos e cães, propensos a

desenvolver formas clínicas restritas ao tecido subcutâneo (SIDRIM & ROCHA,

2004; MEINERZ et al., 2007a; LARSSON, 2011).

A forma linfocutânea ocorre quando a forma cutânea fixa evolui para

linfangite ascendente, seguindo o trajeto linfático de forma ascendente nos

membros, formando nódulos indolores ao longo dos vasos linfáticos, o que resulta

no denominado “rosário esporotricótico” (DUNSTAN et al., 1986; ZAITZ et al., 2010).

Ainda, essa característica clínica é o motivo dessa forma clínica da esporotricose

receber a denominação de linfangite ascendente nodular (LOPES-BEZERRA et al.,

2006). Esses nódulos podem ulcerar e fistular (ZAITZ et al., 2010).

Assim como a forma cutânea fixa, a linfocutânea é mais frequentemente

vista em humanos e cães (LOPES-BEZERRA et al., 2006; SCHUBACH,

SCHUBACH et al., 2006). As formas cutânea fixa e linfocutânea correspondem a

90% das manifestações clínicas em humanos (ZAITZ et al., 2010).

B) Forma cutânea disseminada:

É mais forma de apresentação da doença mais comum em felinos,

geralmente é o resultado da progressão da forma cutânea localizada, que ocorre por

auto-inoculação, disseminação hematógena ou linfática dos fungos do complexo S.

schenckii, podendo levar ao comprometimento sistêmico (FARIAS et al., 1997;

IWASAKI, HAGIWARA, 1988).

Em felinos as localizações mais comuns são a região cefálica, cauda e

membros. A esporotricose nesta forma, em felinos, deve incluir como diagnóstico

diferencial lesões decorrentes de carcinoma epidermóide, criptococose e

piodermites em feridas ocasionadas brigas (SCHUBACH, SCHUBACH, 2000).

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20

Felinos frequentemente desenvolvem formas disseminadas e sistêmicas da

doença, comumente resultando na morte dos animais (FARIAS et al., 1997;

LARSSON, 2000).

Em humanos a forma cutânea disseminada é pouco frequente, geralmente

está associada a imunodepressão, como a síndrome da imunodeficiência adquirida

(AIDS), alcoolismo, idade avançada, diabetes, uso prolongado de corticoides, e

frequentemente associada a forma extra cutânea ou sistêmica (SIDRIM & ROCHA,

2004).

C) Formas extra-cutânea:

A forma extra-cutânea, também chamada de invasiva, pode acometer

qualquer tecido ou órgão (ZAITZ et al., 2010). Inclui as formas pulmonar, óssea,

articular e ocular, tem ocorrência rara estando ligadas principalmente a casos em

humanos com problemas imunológicos, debilitados, especialmente em pacientes

HIV positivos (portadores e doentes), ou pacientes recebendo terapias prolongadas

com antimicrobianos, corticóides e quimioterápicos (NETO et al., 1999;

APPENZELLER et al., 2005; HARDMAN et al., 2005; RAMOS-SILVA et al., 2007).

A forma sistêmica, também é associada a imunodepressão em pacientes

HIV positivos, acomete principalmente olhos e nariz (ZAITZ et al., 2010). As formas

viscerais, embora raras, tem evolução grave e prognóstico desfavorável, podendo

levar a óbito (ESTEVES et al.,1990).

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4 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico presuntivo da esporotricose pode ser obtido por anamnese,

epidemiologia, manifestações clínicas e exames complementares. Para o

diagnóstico definitivo, é necessária a cultura micológica de exsudatos, tecidos ou

aspirados de lesões e isolamento do agente (TABOADA, 2004; GREENE, 2006;

LARSSON, 2011; CRUZ, 2013).

A visualização de células leveduriformes ao exame direto das amostras nem

sempre é possível em exsudato humano ou de animais, devido à pequena

quantidade do agente fúngico presente, com exceção dos felinos, que possuem

grande número de células leveduriformes nas lesões (KNOW-CHUNG & BENNETT,

1992; MEIRELES & NASCENTE, 2009) variando de formas clássicas de “charutos”

até arredondadas e ovaladas (PEREIRA et al., 2011). O cultivo deve ser realizado

em duplicata, incubados a 25ºC e 37ºC por até três semanas, para confirmação do

dimorfismo do agente e caracterização macro e micromorfológica das colônias

(LACAZ et al. 2002; MEIRELES & NASCENTE, 2009).

O Sporothrix spp. se desenvolve bem no meio de cultura ágar Sabouraud com

cloranfenicol acrescido de cicloheximida, podendo, também, ser cultivado nos meios

ágar fubá, infusão cérebro-coração (BHI) e ágar batata (KNOW-CHUNG &

BENNETT, 1992; LACAZ et al., 2002).

Testes sorológicos não são realizados na rotina de clínicas veterinárias,

somente para diagnóstico em humanos (MEIRELES & NASCENTE, 2009;

TABOADA, 2004), os mais empregados são reações de fixação de complemento,

imunodifusão, imunofluorescência indireta e a técnica mais sensível e de fácil

execução que é o teste de soroaglutinação, o qual é útil para monitorar a resposta

ao tratamento e na detecção de esporotricose extracutânea (RESENDE, FRANCO,

2001; LARSSON, 2011).

A técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) pode também ser

utilizada diretamente a partir de amostras teciduais biopsiadas de pacientes felinos,

caninos ou humanos (LARSSON, 2011), tomando por base o gene da quitina

sintetase para os quais foram desenvolvidos primers de oligonucleotídicos (KANO et

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22

al., 2001; CRUZ, 2013). Entretanto, ainda não se utilizam frequentemente métodos

baseados em detecção molecular para o diagnóstico da esporotricose e, certamente,

ainda há muito o que fazer para torná-los mais simples e baratos (CRUZ, 2013).

O exame histopatológico é outro exame auxiliar no diagnóstico da

esporotricose, sendo que os tecidos afetados corados pelas técnicas histoquímicas

de Hematoxilina-Eosina (H.E), Ácido Periódico de Schiff (P.A.S.) e metenamina

argêntica de Gomori permitem evidenciar a forma leveduriforme do S. schenckii

(FARIAS et al., 1997; FLEURY et al., 2001).

4.1 Diagnóstico diferencial

4.1.1 Felinos e caninos

Em felinos os diagnósticos que devem ser investigados são carcinoma

células escamosas e principalmente criptococose. Nos caninos, leishmaniose é o

principal doença que deve ser realizado um diagnóstico diferencial (LOPES-

BEZERRA et al., 2006)

4.1.2 Humanos

Nos seres humanos, deve ser investigado como diagnóstico diferencial, as

Síndromes Verrucosas, que são a Leishmaniose, cromomicose, tuberculose

verrucosa e psoríase (LOPES-BEZERRA et al., 2006; ZAITZ et. al., 2010).

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5 TRATAMENTO

A escolha de antifúngicos adequados no tratamento de micoses depende da

sensibilidade do agente, da forma clínica da doença, extensão de lesões, efeitos

colaterais e envolvimento sistêmico. Para o tratamento da esporotricose os fármacos

mais utilizados são o itraconazol, iodeto de potássio, terbinafina, fluconazol e

anfotericina B (NOBRE et al., 2002b; LOPES-BEZERRA; SCHUBACH, COSTA,

2006).

Os iodetos segundo alguns autores, em Medicina Veterinária tinha seu uso

limitado, devido aos efeitos tóxicos, principalmente na espécie felina (ZAPEDA et al.,

1990; KELLY, CLARK, 1991; FARIAS et al., 1997; COSKUN et al., 2004).

Atualmente, alguns autores consideram a utilização do iodeto de potássio usual para

o tratamento da esporotricose, na dose de 20mg/Kg por no mínimo três semanas

após a resolução dos sinais clínicos (LAPPIN & SADEK, 2004). A anfotericina B é

um fármaco utilizado em humanos para as formas sistêmicas da enfermidade. No

entanto, devido a sua toxicidade, principalmente renal, tem seu uso restrito nos

animais domésticos (GALLIS, DREW, PICKARD, 1990; HOPPE-TICHY, 1997). A

terbinafina, antifúngico do grupo das alilaminas, tem sido avaliada como uma

alternativa para o tratamento da esporotricose, sendo que estudos in vitro e in vivo

demonstraram boa atividade frente ao S. schenckii, assim como, boa tolerabilidade e

ação no tratamento da esporotricose cutânea e cutânea linfática (COSKUN et al.,

2004; MEINERZ et al., 2007a).

6 MEDIDAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO

6.1 Referentes a cães e gatos doentes

Cães e gatos com esporotricose geralmente apresentam lesões cutâneas,

como úlceras e nódulos que fistulam drenando exsudato que pode vir a entrar em

contato com a pessoa que os manipula. Com o felino especialmente, deve ser

tomado um cuidado especial, pois essa espécie possui grande quantidade de

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24

organismos fúngicos presentes nas lesões e carreiam o agente nas unhas e

cavidade oral, tornando mais provável a transmissão. Por isso é necessário que se

minimize os riscos utilizando-se equipamentos e vestuário de proteção individual

(TABOADA, 2004; ANTUNES et al., 2009; PEREIRA et al., 2011).

É obrigatório o uso de avental e luvas, sendo facultativa a utilização de

touca, máscara e óculos de proteção. É importante que se faça uma boa contenção

(física ou química) e que esta não seja realizada por uma só pessoa para diminuir o

risco de acidentes. Se estes acontecerem lavar a pele com água e sabão, e procurar

atendimento médico. É importante que se faça uma boa descontaminação do

ambiente e utensílios que entraram contato com o animal doente. Nos animais que

vierem à óbito realizar a incineração de carcaças (GREMIÃO et al. 2006; SILVA et

al., 2012).

O proprietário deve ser esclarecido quanto aos riscos por se tratar de uma

doença zoonótica que apresenta alto risco de contaminação, portanto a correta

orientação sobre o manuseio e necessidade de isolamento do paciente é

imprescindível (SILVA et al., 2012; MARTINS, 2012).

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7 ARTIGOS

7. 1 ARTIGO 1

Conhecimentos e percepção sobre esporotricose em região endêmica:

Pelotas, RS, Brasil

Angelita dos Reis Gomes1, Franklin da Silva Vaz1, Alessandra Jacomelli Teles1,

Clairton Marcolongo-Pereira2, Ana Paula N. Albano1, Ângela Leitzke Cabana1,

Renata O. Faria3, Willian S. Barros4, Mario C. A. Meireles3

(ARTIGO irá ser submetido para Revista de Cadernos de Saúde Pública (CSP)

1Programa de Pós-graduação em Veterinária, Setor de Micologia, Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, Faculdade de Veterinária (FV), Universidade Federal de Pelotas (UFPel). 2Laboratório Regional de Diagnóstico, FV, UFPel. 3Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, FV, UFPel. 4Departamento de Matemática e Estatística, Instituto de Física e Matemática, UFPel. Correspondência A. Reis-Gomes Centro de Diagnóstico e Pesquisa em Micologia Veterinária, MicVet, Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, Faculdade de Veterinária, Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Campus Universitário s/n, 96010-900, Pelotas, RS, Brasil. E-mail: [email protected]

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Conhecimentos e percepção sobre esporotricose em região endêmica: Pelotas, RS, Brasil

Knowledge and perception of sporotrichosis in endemic area: Pelotas, RS, Brazil

Conocimiento y percepción de la esporotricosis en una región endémica: Pelotas, Brasil

Angelita dos Reis Gomes2, Franklin da Silva Vaz

1, Alessandra Jacomelli Teles

1, Clairton

Marcolongo-Pereira2, Ana Paula N. Albano

1, Ângela Leitzke Cabana

1, Renata O. Faria

3,

Willian S. Barros4, Mario C. A. Meireles

3

ABSTRACT Sporotrichosis is the most common subcutaneous mycosis in Brazil, with the highest

incidence in the metropolitan region of Rio de Janeiro and the southern coast of Rio Grande

do Sul. A study was performed on the knowledge and perception of sporotrichosis by the

population of the city of Pelotas, through structured questionnaire. The results show that

73.62% (455/618) of population is owner a pet, 41.11% (187/455) have cats, and in 21.53%

(40/187) of cases cats are semi domiciled. 44.17% (273/618) of the interviews are students

and showed more knowledge about sporotrichosis than other interviews. The population of

Pelotas has no knowledge about the mode of transmission, treatment and control of

sporotrichosis, and is exposed to the risk of contracting the disease.

Keywords: Epidemiology; Sporotrichosis; Endemic Area, Public Health

RESUMO A esporotricose é a micose subcutânea de maior ocorrência no Brasil, tendo uma maior

casuística na região metropolitana do Rio de Janeiro e no litoral Sul do Rio Grande do Sul.

Realizou-se estudo sobre os conhecimentos e percepção da esporotricose pela população da

cidade de Pelotas, RS, através de questionário estruturado. Os resultados demonstram que

73,62% (455/618) da população é proprietário de animal de estimação, destes 41,11%

(187/455) possuem gatos, que em 21,53% (40/187) dos casos são criados semidomiciliados.

Entre os entrevistados, os estudantes 44,17% (273/618) mostraram mais conhecimento sobre

esporotricose do que os demais grupos profissionais pesquisados. A população de Pelotas não

tem conhecimento sobre a forma de transmissão, tratamento e controle da esporotricose, e está

exposta ao risco de contrair a doença.

Palavras-Chave: Epidemiologia; Esporotricose; Área Endêmica; Saúde Pública

RESUMEN La esporotricosis es la micosis subcutánea más frecuente en Brasil, con mayor incidencia en

la región metropolitana de Río de Janeiro y la costa sur de Rio Grande do Sul. Se realizó un

estudio sobre el conocimiento y la percepción de la esporotricosis por la población de la

ciudad de Pelotas, mediante cuestionario estructurado. Los resultados muestran que 73,62%

(455/618) de la población posee mascota, y 41.11% (187/455) tienen gatos, que en 21,53%

(40/187) de los casos se crean semidomiciliados. 44,17% (273/618) de las entrevistas son

estudiantes y mostró un mayor conocimiento sobre la esporotricosis que otras entrevistas. La

población de Pelotas tiene ningún conocimiento sobre el modo de transmisión, tratamiento y

control de la esporotricosis, y está expuesto al riesgo de contraer la enfermedad.

Palabras-Clave: Epidemiología; Esporotricosis; Área Endémica; Salud Pública.

2Programa de Pós-graduação em Veterinária, Setor de Micologia, Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, Faculdade de Veterinária (FV), Universidade Federal de Pelotas (UFPel). 2Laboratório Regional de Diagnóstico, FV, UFPel. 3Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, FV, UFPel. 4Departamento de Matemática e Estatística, Instituto de Física e Matemática, UFPel.

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27 Colaboradores

Todos os autores contribuiriam na concepção, planejamento, desenho, análise e interpretação

dos dados, revisão crítica do conteúdo e aprovação da versão final do manuscrito.

Agradecimentos

Os autores agradecem a FAPERGS, CAPES e CNPq pelo auxílio e financiamento do projeto.

INTRODUÇÃO

Atualmente a proximidade de cães e gatos com os seres humanos é evidente,

especialmente em domicílios onde residem crianças e/ou idosos1. Os benefícios

psicológicos 2 e físicos 3,4 do convívio com animais de companhia é bem documentado.

Contudo, o aumento na interação entre espécies é um dos fatores causais da emergência,

nas últimas décadas, de doenças infecciosas em humanos5. Aproximadamente 61% das

doenças infecciosas são zoonóticas6. Sob esse contexto, destaca-se o crescente número

de casos zoonóticos de esporotricose.

A esporotricose é uma micose subcutânea causada por espécies fúngicas do complexo

Sporothrix schenckii 7

, podendo causar infecções naturais em humanos e diversas outras

espécies animais 8, 9,10

.

Historicamente associada a áreas rurais e profissionais ligados a terra11

, atualmente

tem o perfil epidemiológico voltado para a transmissão zoonótica, através da arranhadura ou

mordedura de gatos, caracterizando surtos familiares e urbanos 12,13

, e profissionais da área

veterinária 14

.

É a micose subcutânea de maior ocorrência na América Latina15

, principalmente no

Brasil, onde na região metropolitana do estado do Rio de Janeiro ocorre uma epidemia 16

. Na

região sul do estado do Rio Grande do Sul é endêmica em felinos 17

, havendo ainda poucos

relatos em humanos 9,18,19,20

.

Considera-se que o conhecimento pela população sobre as doenças presentes em sua

localidade seja fundamental para estabelecer formas eficientes de controle e profilaxia. Assim,

os objetivos do presente estudo foram avaliar a percepção e os conhecimentos da população

urbana do município de Pelotas, RS, Brasil acerca da esporotricose, micose considerada

endêmica na região.

MÉTODOS

Foi realizado um estudo transversal, de base populacional entre dezembro de 2013 e

fevereiro de 2014, na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Com base no mapa da

cidade de Pelotas e nas divisões territoriais administrativas conforme plano diretor da cidade

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28

foi feito o mapeamento da zona urbana do município e os setores pesquisados foram sorteados

aleatoriamente para a coleta de dados. A unidade de estudo foi o domicilio. Participaram do

estudo somente pessoas acima de 16 anos e as questões foram respondidas por apenas um

morador, preferencialmente a(o) dona(o) da casa, após o entendimento e assinatura do termo

de consentimento livre e esclarecido, garantindo o direito a não participação e o sigilo em

relação à identidade dos participantes.

A coleta de dados foi realizada através de um questionário estruturado com questões

pré-codificadas construído em três blocos. O primeiro bloco de perguntas referente à

identificação do entrevistado, com as variáveis: idade, sexo, ocupação, escolaridade. O

segundo bloco referente à relação com animais domésticos com variáveis: proprietário

(contato direto, consulta ao veterinário) e não proprietário (contato indireto, nenhum contato).

O terceiro bloco de perguntas referente ao conhecimento e percepção do entrevistado sobre

definições e conceitos com as variáveis: conhecimento sobre micose, conhecimento sobre

zoonose e conhecimento sobre esporotricose (micro-organismo causador, animal doméstico

mais afetado/transmissor, percepção e reconhecimento de lesões causadas pela esporotricose

utilizando imagens).

RESULTADOS

Foram realizadas 618 entrevistas, na sede do Município de Pelotas (Fig.1), compostas

por 40,94% de homens com idade média de 32,3 anos e por 59,06% de mulheres com média

de 34,7 anos.

A maioria dos entrevistados, 73,62% (455/618) afirmaram serem proprietários de

animais de estimação. Destes, 50,32% (229/455) mantinham seus animais em regime

semidomiciliado. Dentro das categorias de animais de estimação criados semidomiciliados, os

gatos foram referenciados em 21,53% (49/229) (Fig.2).

Dos entrevistados que não possuíam animais de estimação 25,77% (42/163)

mantinham contato direto com animais de outras pessoas. O gato foi o animal mais citado

19,02% (8/42) como tendo contato com humanos não proprietários (Fig.2).

O conhecimento sobre micose foi o maior em todos os grupos avaliados (Tab.1). Os

estudantes obtiveram o melhor desempenho nas questões sobre micose 92,23% (190/206) e

zoonose 83,50% (172/206), tinham conhecimento sobre os temas. Acerca dos conhecimentos

sobre a esporotricose, os estudantes 44,17% (91/206) e os profissionais da saúde 26,51%

(22/83) tinham conhecimento sobre a doença, todas as demais categorias estudadas ficaram

abaixo dos 5% de acertos (Tab. 1).

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29

Acerca da escolaridade verificou-se que em todas as categorias de perguntas, a maior

frequência de acertos foi diretamente proporcional ao aumento da escolaridade. Contudo os

índices relativos a esporotricose permaneceram baixos em todas as categorias (Tab.1).

A faixa etária com maior conhecimento de micose 93,75% (75/80) e zoonose 81,25%

(65/80) foi de pessoas entre 26 e 31 anos. Já de conhecimento sobre esporotricose 36,54%

(38/104) foi de jovens entre 16 e 21 anos de idade (Tab.1).

Avaliando a fonte de informação dos entrevistados sobre micose 42,56% (86/203) e

zoonose 41,09% (83/203), assim como esporotricose 46,83% (95/203) afirmou ter obtido este

conhecimento através de profissionais da área da saúde, sendo médicos e veterinários (Tab.

2).

DISCUSSÃO

Nosso estudo demonstra que na área urbana de Pelotas 40,90% (27/66) dos felinos

com proprietários são criados de forma semidomiciliada, fator de risco para a esporotricose

felina 20,12

. Associado ao baixo índice 19% de cães e gatos domiciliados esterilizados 21

.

Dos entrevistados que não eram proprietários, 10,43% (17/163) mantinham contato

exclusivamente com gatos, indicando também continuar expostos à transmissão zoonótica da

esporotricose. Além disso, o risco de infecção humana, não está limitado apenas ao âmbito

doméstico, visto que a perpetuação da esporotricose é agravada em decorrência dos animais

de rua, e estima-se que 10% da população de animais de estimação em Pelotas seja errante21

.

Ressalta-se a baixa frequência de conhecimento sobre esporotricose e zoonose no

grupo de profissionais da saúde humana, aliado a baixa representatividade dessa categoria

como fonte de informação de questões relacionadas à saúde pública regional. Provavelmente,

isso possa ser atribuído a incipiente casuística de esporotricose humana relatada na região

18,19,20, uma vez que a estimativa da ocorrência de doenças fúngicas é dependente de relatos de

casos e inquéritos epidemiológicos regionais, o último inexistente até o presente momento.

Apesar de apenas 36,40% (165/455) dos proprietários da região consultarem

anualmente o médico veterinário 21

, essa categoria foi a fonte de informação mais frequente

sobre zoonoses e a segunda sobre esporotricose. O maior conhecimento desses profissionais

sobre a micose, muito provavelmente se deve a ocorrência da epizootia de esporotricose felina

detectada na região a partir do final da década de 1990 9,17,22

e hoje considerada endêmica 17

.

Considera-se pelos dados obtidos neste estudo que é necessário uma maior intersecção

entre médicos e veterinários, principalmente no que concerne a saúde pública. Recentemente,

tem-se criado esforços para sanar esse déficit através de uma maior integração, a exemplo da

One Health Initiative, estratégia mundial que se dedica a melhorar a saúde de todas as

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30

espécies através da integração da medicina humana e veterinária, expandindo colaborações

interdisciplinares e a comunicação sobre a saúde humana, animal e do meio ambiente 3.

Estudos sobre a frequência de casos de esporotricose em humanos na região sul do Rio

Grande do Sul ainda não foram realizados. Acredita-se que em humanos a casuística ainda

seja baixa. Contudo, salienta-se que a não obrigatoriedade de notificação desta micose e o

desconhecimento da população e dos profissionais de saúde humana sobre a epizootia de

esporotricose em curso na região possa evidenciar uma doença subdiagnosticada ou com

potencial emergente.

Assim, são necessárias mais ações de educação em saúde pública para a população de

Pelotas, RS, Brasil, devido ao baixo índice do conhecimento geral sobre esporotricose pela

população local. Da mesma forma sugere-se uma maior interação entre médicos e veterinários

na tentativa de evitar que se repita a epidemia ocorrida no estado do Rio de Janeiro.

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Legendas das Figuras

Figura 1. Mapa das regiões administrativas do Município de Pelotas, RS demonstrando as

regiões onde foram realizadas as entrevistas (N=618).

Figura 2. Organograma de distribuição de frequências relativas sobre relação e contato dos

entrevistados (N=618) com animais de estimação.

Legendas das Tabelas

Tabela 1. Distribuição de frequências conforme ocupação, escolaridade e faixa etária dos

entrevistados (N=618) sobre conhecimentos básicos de micose, zoonose e esporotricose na área

urbana do município de Pelotas em 2014.

Tabela 2. Distribuição de frequências sobre origem de informação em respostas corretas sobre

micose, zoonose e esporotricose na área urbana do município de Pelotas em 2014.

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32 Figura 1.

Figura 2.

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33 Tabela 1.

Ocupação

Entrevistados

(N=618)

Tem conhecimento sobre

Micose (%) Zoonose (%) Esporotricose (%)

Estudante 206 92,23 83,50 44,17

Área da saúde 83 89,16 74,70 26,51

Do lar 63 61,90 41,27 4,76

Comércio\Indústria 84 60,71 36,90 3,57

Outros 182 67,58 52,75 3,85

Escolaridade

Ensino Fundamental 51 41,18 25,49 0

Ensino Médio 211 60,66 51,18 5,69

Ensino Superior 356 92,13 74,72 32,02

Faixa etária

16 --|21 104 86,54 70,19 36,54

21--|26 165 78,18 63,03 27,27

26--|31 80 93,75 81,25 28,75

31--|36 58 77,59 68,97 15,52

36--|41 53 52,83 39,62 5,66

41--|47 28 78,57 67,86 7,14

47--|52 45 62,22 62,22 8,89

52--|57 38 73,68 52,63 5,26

57--|63 26 73,08 30,77 0

> 63 21 61,9 42,86 0

Tabela 2.

Como tomou conhecimento sobre

Micose Zoonose Esporotricose

N % N % N %

Mídia 111 23,27 104 26,87 0 0,00

Amigos\ Família 163 34,17 124 32,04 56 44,44

Médico 96 20,13 27 6,98 22 17,46

Veterinário 107 22,43 132 34,11 37 29,37

Não sabe determinar 0 0,00 0 0,00 11 8,73

Total 477 100,00 387 100,00 126 100,00

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8 CONCLUSÂO GERAL

Embora, a cidade de Pelotas – RS, seja considerada uma região endêmica

para esporotricose, encontramos no nosso estudo um baixo índice de conhecimento

sobre esta enfermidade pela população, sendo necessária uma maior divulgação e

informação para população sobre a doença.

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ANEXOS