dissertação herick santos pereira-versão final

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  • 7/28/2019 Dissertao Herick Santos Pereira-verso final

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    UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

    PR-REITORIA DE PESQUISA E PS-GRADUAO

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIA, INOVAO E MODELAGEM

    EM MATERIAIS - PROCIMM.

    ESTUDOS DE APLICA O DE REVESTIMENTOS TERMODIFUNDIDOS E

    DE DIAMANTE AMORFO EM DESFIBRADORES NA INDSTRIA

    SUCROALCOOLEIRA

    HERICK SANTOS PEREIRA

    ILHUS, AGOSTO DE 2012.

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    P436 Pereira, Herick SantosEstudos de aplicao de revestimentos termodifun-

    didos e de diamante amorfo em desfibradores naindstria sucroalcooleira/ Herick Santos Pereira. Ilhus, BA: UESC, 2012.

    112 f.: il.

    Orientador: Danilo Maciel Barquete.Dissertao (Mestrado) Universidade Estadual de

    Santa Cruz. Programa de ps-graduao em Cincia,Inovao e Modelagem em materiais.

    Inclui bibliografia.

    1. lcool como combustvel. 2. lcool comocombustvel - Indstria. 3. Cana de - acar -Derivados. 4. Termodinmica. I. Ttulo.

    CDD 662.6

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    UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

    PR-REITORIA DE PESQUISA E PS-GRADUAO

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIA, INOVAO E MODELAGEM

    EM MATERIAIS - PROCIMM.

    ESTUDOS DE APLICA O DE REVESTIMENTOS TERMODIFUNDIDOS E

    DE DIAMANTE AMORFO EM DESFIBRADORES NA INDSTRIA

    SUCROALCOOLEIRA

    Discente: Herick Santos Pereira

    ILHUS, AGOSTO DE 2012.

    Dissertao apresentada ao Mestrado em

    Cincia, Inovao e Modelagem em Materiais,

    para obteno do ttulo de Mestre em Cinciados Materiais.

    Orientador: Prof. Dr. Danilo Maciel Barquete

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    DEDICATRIA

    Dedico essa dissertao a minha me, pois mesmo no entendendo o que isso representa de fato, sempre buscou me apoiar em todas as decises da

    minha vida.

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    [...] Andei. Por caminhos difceis, eu sei. Mas olhando o cho sob meus ps, vejo a

    vida correr.

    E, assim, cada passo que der, tentarei fazer o melhor que puder. Aprendi. No tanto

    quanto quis, mas vi que, conhecendo o universo ao meu redor, aprendo a me

    conhecer melhor, e assim escutarei o tempo, que ensinar a tomar a deciso certa

    em cada momento.E partirei, em busca de muitos ideais.

    Mas sei que hoje se encontram meu passado, futuro e presente.

    Hoje sinto em mim a emoo da despedida.

    Hoje um ponto de chegada e, ao mesmo tempo, ponto de partida. [...]

    Fernando Sabino

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    Alice: Poderia me dizer, por favor,

    que caminho devo tomar para sair daqui?

    Isso depende bastante de onde

    voc quer chegar, disse o gato de Chesire.

    O lugar no me importa muito...,

    disse Alice.

    Ento no importa que caminho voc

    vai tomar, disse o Gato.

    (Excerto de Alice no Pas das Maravilhas)

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    AGRADECIMENTOS

    Deus, que se mostrou criador, que foi criativo. Seu flego de vida em mim me

    sustentou e me deu coragem para questionar realidades e propor sempre um novo mundo

    de possibilidades.

    Ao Professor Danilo Barquete, no s pela orientao, pelo contnuo incentivo e pelo

    apoio durante a realizao dos experimentos e durante a escrita dessa dissertao.

    Professora rica Almeida pelas sempre palavras de incentivo e por sempre

    acreditar em mim, mas tambm por ser esse ser humano maravilhoso, suas palavras de

    carinho sempre sero lembradas. Professora Cludia Miranda, por sempre estar disposta a ajudar com palavras de

    incentivo, com palavras de carinho e afeto, sempre buscando o melhor para o meu

    trabalho.

    Ao Leonardo Iusuti, ao qual tive o prazer de conhecer desde a minha primeira

    viagem ao INPE, at sua efetivao na UESC, sempre disposto a me ajudar, sem medir

    esforo algum, agradeo muito seu apoio e sua amizade.

    Nila Lopes, por estar sempre preocupada com meu trabalho e com meusresultados, obrigada por tudo.

    Ao pessoal do INPE, principalmente ao Guilherme Faria, Vagner Caetano e a

    Patrcia Silva, pois sem o apoio e o esforo de vocs, meu trabalho todo e sacrifcio teriam

    sido em vo, no tenho palavras para expressar a gratido.

    FAVORIT METAIS, que me enviou sem custo algum, amostras dos seus aos

    para realizao desse trabalho.

    A USINA de SANTA MARIA, localizada no municpio de Medeiros Neto-BA, porpermitir o acesso a seus equipamentos, assim permitindo que esse trabalho pudesse ser

    realizado.

    Ao INPE, na pessoa do Prof. Evaldo Jos Corat, por permitir usar as dependncias

    do INPE e seus laboratrios.

    Ao Gil Capote por me ajudar em minhas amostras.

    Lcia, pelas imagens de MEV.

    Ao Peixoto por sempre estar disposto a ajudar em sua oficina.

    Ao Lus da oficina, por sempre estar disponvel parando seu trabalho para cortar as

    minhas amostras.

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    A Prof. Josanne Francisca Morais Bezerra e ao Prof. Luiz Henrique dos Santos

    Blume, respectivamente diretora e vice-diretor do DFCH, pelo constante apoio,

    preocupao ao me disponibilizar a viagem ao INPE, para que pudesse realizar os

    experimentos, o meu muito obrigado.

    Aos Colegas de trabalho do DFCH, Cristiano Rocha, Berenaldo Neto, Acioli

    Rodrigues e Leandro Silva, pelos incentivos e momentos de descontrao.

    banca examinadora: Professora Claudia Renata Borges Miranda e ao Professor

    Jos Evaldo Corat agradeo imensamente pelas contribuies e sugestes que vieram

    solidificar esse trabalho.

    Aos Colegas do PROCIMM, obrigado pela convivncia e pelas reflexes propiciadas

    nos trabalhos em grupo.Aos meus amigos da tutoria: Flvio, Fbio, Climrio, Marcelo Cassiano, Hudson,

    Danilo Sande, Aylana e Talita, pelas diversas horas de descontrao, apoio, conselhos,

    almoos, brigas, atrasos de bolsas, de dirias, que s ns que estamos no processo de

    aprendizagem distncia conhecemos.

    Aos meus familiares: Franscilan Monteiro, Cssia Monteiro, Adriana dos Santos,

    Leandro da Silva, Alex dos Santos, Dbora Tas, Julia Maria e Neusa Ribeiro pelos

    momentos felizes. minha me e minha Sogra, pelo afeto, amor, preocupao e carinho constantes.

    Ao meu irmo, que mesmo estando longe, me faz sentir de perto seu carinho e

    preocupao.

    minha irm por sempre se fazer presente com palavras de apoio e carinho.

    Ao meu pai e meu sogro, sempre presentes.

    minha amada esposa pelo carinho, amor e pacincia e por sempre me apoiar nos

    momentos mais difceis, durante essa caminhada.A todos aqueles que de alguma forma estiveram e esto prximos de mim, fazendo

    esta vida valer cada vez mais a pena.

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    Esta dissertao foi julgada adequada para obteno do ttulo de Mestre em

    Cincia dos Materiais e aprovada em sua forma final, pelo Orientador e pela Banca

    Examinadora do Curso de Ps-Graduao em Cincia, Inovao e Modelagem de

    Materiais.

    Orientador: Prof. Dr. Danilo Maciel Barquete

    Banca Examinadora:

    ____________________________________________________

    Prof. Dr. Danilo Maciel Barquete (UESC-ILHUS-BA)

    _____________________________________________________

    Prof. Dr. rica Cristina Almeida. (UESC-ILHUS-BA)

    ______________________________________________________

    Prof. Dr. Claudia Renata Borges Miranda. (UESC-ILHUS-BA)

    ______________________________________________________

    Prof. Dr. Jos Evaldo Corat-INPE-SO JOS DOS CAMPOS-SP

    ILHUS-BA, AGOSTO 2012.

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    HERICK SANTOS PEREIRA

    ESTUDOS DE APL ICA O DE REVESTIMENTOS

    TERMODIFUNDIDOS E DE DIAMANTE AMORFO EM DESFIBRADORES

    NA INDSTRIA SUCROALCOOLEIRA

    ILHUS-BA, AGOSTO 2012.

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    RESUMO

    Nos ltimos anos tem-se observado uma grande expanso do setor sucroalcooleiro

    no Brasil. Isso se deve ao surgimento dos veculos bicombustvel, da adio de lcool

    anidro na gasolina, da substituio gradual do diesel pelo biodiesel, que requer no

    processo qumico, a adio de lcool na proporo de 20%, e do aumento das

    exportaes, tanto de acar, quanto de lcool. Nesse processo de fabricao tanto do

    lcool quanto do acar, envolve diversas ferramentas. As facas, seguidas dos martelos

    desfibradores, so as primeiras ferramentas a entrarem em contato com a cana-de-acar

    durante a preparao as impurezas presentes no processo, principalmente grnulos de

    areia oriundos do solo que trazido junto com a cana-de-acar, produzem elevadas taxas

    de desgaste nos martelos e facas desfibradoras. O processo de troca ou recuperao, com

    as paradas de produo resultantes, representa parcela importante no custo final do lcool

    produzido.

    Para aumentar o tempo entre reparos dos martelos e facas desfibradoras so

    utilizados revestimentos duros, normalmente aplicados por processo de soldagem. Neste

    trabalho so propostos dois tipos de revestimentos duros para aumentar a vida destasferramentas, um de carboneto de vandio produzido atravs do processo de termodifuso,

    aplicado em substratos de ao D2 e outro de diamante amorfo (DLC-Diamond Like-

    Carbon), aplicado sobre substratos de aos AISI 1020, AISI 1045 e D2. Para a avaliao

    da resistncia ao degaste destes revestimentos utilizou-se um dispositivo projetado e

    desenvolvido especificamente para esse fim. A caracterizao dos revestimentos

    produzidos e dos desgastes resultantes dos ensaios foi feita por microscopia eletrnica de

    varredura, perfilometria ptica, difrao de raios X e espectroscopia Raman. Os corpos deprova com os revestimentos propostos nesse trabalho mostraram uma perda de massa

    menor para as mesmas condies de teste em comparao ao material que atualmente

    utilizado pela indstria de lcool que foi objeto deste estudo.

    Palavras-Chave: lcool, Desfibradores, DLC, carboneto de vandio, termodifuso,

    desgaste abrasivo.

    ABSTRACT

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    In recent years, there has been a great expansion of this sector in Brazil. This is due

    to the emergence of biofuel vehicles, the addition of anhydrous ethanol in gasoline, the

    gradual replacement of diesel by biodiesel, which requires a chemical process, the addition

    of alcohol in the proportion of 20% and increased exports, both sugar, as alcohol. In this

    manufacturing process so as sugar alcohol, it involves various tools. Knives, hammers

    followed shredders are the first tools to get in touch with cane sugar during preparation The

    impurities present in the process, mainly sand granules from soil that is brought along with

    cane sugar, produce high rates of wear on the hammers or knives shredders. The exchange

    process or recovery, with the resulting production shutdowns, represents important part inthe final cost of the alcohol produced.

    To increase the time between repairs of hammers and knives are used shredders

    hard coatings normally applied by the welding process. In this study are proposed two types

    of hard coatings to extend the life of these tools, a vanadium carbide produced by

    thermodiffusion process, applied to steel substrates D2 and another of amorphous diamond

    (DLC Diamond-Like-Carbon) is applied over substrates AISI 1020, AISI 1045 and D2. To

    assess resistance to wear these coatings used an apparatus designed and developedspecifically for this purpose, designated testing device abrasion. The characterization of the

    coatings produced and the resulting wear testing was done by scanning electron

    microscopy, optical profilometry, X-ray diffraction and Raman spectroscopy. The

    specimens with the coating proposed in this work showed a loss of weight and volume and

    a shorter time to first wear compared to the current industrial alcohol used in our study,

    however, so that it becomes an extremely viable alternative makes become necessary to

    greater insights of studies and tests with such coatings in real operation

    Keywords: Alcohol, Shredders, diamond-like carbon, vanadium carbide, thermodiffusion,

    abrasive wear.

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    SUMRIO

    LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ................................................................... 14

    1.INTRODUO ....................................................................................................... 20

    2.FUNDAMENTAO TERICA ............................................................................. 27

    2.1.BREVEINTRODUOHISTRICA ................................................................... 27

    2.2.PRINCIPAISMECANISMOSDEDESGASTENAIND.SUCROALCOOLEIR......29

    2.2.1 .DESGASTE ADESIVO .................................................................................... 29

    2.2.2.DESGASTE EROSIVO..................................................................................... 31

    2.2.3.DESGASTE CORROSIVO ............................................................................... 31

    2.2.4.DESGASTE POR FADIGA SUPERFICIAL ...................................................... 32

    2.2.5.DESGASTE ABRASIVO ................................................................................... 33

    2.3.REVESTIMENTOSDECARBONETODEVANDIO(VC) ................................ 37

    2.3.1. INTRODUO ................................................................................................ 37

    2.3.2.REVESTIMENTOS DE VC PARA APLICAO TRIBOLGICA. .................... 38

    2.4.REVESTIMENTODEFILMESDEDLC(DIAMOND-LIKECARBON) ............... 40

    2.4.1. PROCESSOS DE DEPOSIO DOS FILMES DE DLC ................................. 41

    2.4.2. PROPRIEDADES E APLICAES DO DLC .................................................. 422.5.REVEST.DEFILMESFINOSDEDLCPARAAPLICAOTRIBOLGICA......43

    2.5.1. DESENVOLVIMENTO HISTRICO ................................................................ 43

    2.6.PROCESSODETERMODIFUSO .................................................................... 45

    2.6.1. CARACTERSTICAS DO PROCESSO DE TERMODIFUSO ....................... 46

    2.6.2. PROCEDIMENTOS E MECANISMOS NA FORMAO DE REVEST ........... 47

    2.6.3 PROCESSOS DE TERMODIFUSO DO CARBONETO DE VANDIO .......... 48

    3. TCNICAS DE CARACTERIZAO ................................................................... 493.1DISPOSITIVOSDEENSAIODEDESGASTEPORABRASO- ......................... 49

    3.2.ESPECTROSCOPIA DEESPALHAMENTO RAMAN......................................... 54

    3.3.MICROSCOPIAELETRNICADEVARREDURA-MEV..................................... 56

    3.4.PERFILOMETRIAPTICA................................................................................. 59

    4. MATERIAIS E MTODOS .................................................................................... 62

    4.1MATERIAIS ......................................................................................................... 62

    4.1.1 SUBSTRATOS ................................................................................................. 62

    4.1.2 PREP. DEPOSIO DOS REVEST. DE DLC E VC TERMODIFUNDIDO ...... 63

    4.1.3 DEPOSIO DE DLC ...................................................................................... 65

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    4.1.4. REAGENTES DO PROCESSO DE TD DE CARBONETO DE VANDIO. ..... 69

    4.1.5 EQUIPAMENTOS PARA TERMODIFUSO .................................................... 70

    4.1.6. PROCESSO DE TERMODIFUSO NOS AOS ............................................ 71

    4.2. CARACTERIZAODOSREVESTIMENTOS ................................................. 73

    5. RESULTADOS E DISCUSSO ............................................................................ 76

    5.1AVALIAODARESISTNCIAAODESGASTEDOSREVESTIMENTOS....... 76

    5.1.1. DESGASTE DOS SUBSTRATOS REVESTIDOS COM VC ............................ 77

    5.1.2. DESGASTE DOS SUBSTRATOS REVESTIDOS COM DLC ......................... 82

    5.1.3 AVALIAO DO REVEST. DA USINA EM RELAO AO DLC E AO VC. ..... 91

    6. CONCLUSO ..................................................................................................... 100

    7. CONSIDERAES PARA TRABALHOS FUTUROS. ....................................... 1038. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................... 104

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    LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

    2D - Duas dimenses

    3D - Trs dimenses

    C - Grau Celsius

    a-C:H - Carbono Amorfo Hidrogenado

    AFM - Microscopia de Fora Atmica

    C6H14 - Hexano

    CI - Circuito Impresso

    CH4 - Metano

    DC - Descarga em corrente contnua

    DIMARE - Grupo de Diamantes e Materiais Relacionados

    DLC - Diamond Like Carbon (Carbono tipo diamante)

    PECVD -Plasma Enhanced Chemical Vapor Deposition (Deposio Qumica a partirda Fase Vapor Assistida por Plasma)

    LAS -Laboratrio de Sensores e Materiais

    RF - Radiofrequncia

    SiH4 - Silano

    ta-C - Carbono amorfo tetradrico no hidrogenado

    ta-C:H - Carbono amorfo tetradrico hidrogenado

    VC - Vanadium Carbide (Carboneto de Vandio)

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Evoluo das Vendas de Etanol Hidratado nas Grandes Regies -2000-2009.

    ......................................................................................................................................... 21

    Figura 2-Vendas de Etanol e Gasolina no Brasil de 2000-2009. Fonte: ANP (2010) ...... 22

    Figura 3-Causas de falha e sua perda relativa sobre a economia................................ 23

    Figura 4- Desfibrador sem desgaste. Fonte: Usina de Santa Maria-Medeiros Neto-

    BA/2011............................................................................................................................ 24

    Figura 5-Desfibrador com desgaste severo. Fonte: Usina de Santa Maria-Medeiros Neto-BA/2011............................................................................................................................ 24

    Figura 6-Desfibrador da Usina de lcool Santa Maria. .................................................... 25

    Figura7-Experimento Tribolgicos sugerido por Leonardo da Vinci (Frene

    et.al,1990).a)Dispositivos para o estudo do atrito; b)Dispositivo para diminuio do atrito.

    ......................................................................................................................................... 28

    Figura 8- Os quatro principais processos de desgaste - Fonte (Zum-Gahr, 1987, p.85). 29

    Figura 9-Tribosistemas envolvidos em desgaste adesivo Fonte: Zum-Gahr, 1987, p.86.......................................................................................................................................... 30

    Figura 10-Desgaste Erosivo devido a partculas duras (slica) no desfibrador. ............... 31

    Figura 11-Processo de Corroso em um desfibrador. ..................................................... 32

    Figura 12-Ciclo de um desgaste por fadiga. Fonte: Stachowiak, pg. 75 ........................ 33

    Figura 13-Sistemas tribolgico envolvidos em desgaste abrasivo. Fonte: Zum-Gahr, 1987,

    p. 93.- ............................................................................................................................... 34

    Figura 14-Mecanismos de desgaste envolvidos em desgaste abrasivo - Fonte (Zum-Gahr,

    1987, p.96) ....................................................................................................................... 35

    Figura 15-Micrografias da superfcie dos slidos que sofreram desgaste abrasivo

    a)Microsulcamento, b) microcorte e c) microlascamento Fonte: Zum-Gahr, 1987, p.95.

    ......................................................................................................................................... 35

    Figura 16-Relao entre ngulo de ataque e os mecanismos de desgaste abrasivo pro

    microsulcamento e microcorte - Fonte (Zum-Gahr, 1987, p.98). ...................................... 36

    Figura 17-Micrografia da seo transversal de um ao 1045 com um filme fino de VC.

    Fonte: (SATO, 1992) ........................................................................................................ 38

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    Figura 18-Ilustrao esquemtica mostrando os passos durante a nucleao e os

    primeiros estgios do crescimento do filme (WANG, et al,1989,pag 5). .......................... 39

    Figura 19-- Ligaes hibridizadas do Carbono. Fonte: Roberston (2002) ....................... 40

    Figura 20-Representao esquemtica do arranjo atmico dos tomos de carbono. ..... 41

    Figura 21-Diagrama ternrio de fases para vrios filmes DLC com relao sua sp2, sp3

    e contedo de hidrognio. Fonte: Adaptao (Erdemir et al,2008,pag.5) ........................ 44

    Figura 22-Uma representao esquemtica de dureza e coeficientes de atrito (COF) de

    revestimentos base de carbono e outros. Fonte: Adaptao (Erdemir e Donnet, 2008) 45

    Figura 23-Esquema do ciclo trmico do processamento TRD. Fonte: Adaptado de ARAI

    (1991). .............................................................................................................................. 47

    Figura 24-Dureza de superfcie de camadas de metal duro pelo processo TRD em relaoa outros processos de endurecimento de superfcie. Fonte: ARAI (1991). ...................... 48

    Figura 25-Diagrama de energia livre de formao de carbonetos em funo da energia

    livre de formao de xidos atravs de sais fundentes com brax. Fonte: Adaptada de

    Barquete (2002) ............................................................................................................... 49

    Figura 26-Etapas do Projeto de Construo do dispositivo de ensaios. .......................... 49

    Figura 27-Ilustrao inicial feita em CAD da montagem do dispositivo, em trs vistas (A)

    frente, (B) Lateral e (C) superior. ...................................................................................... 50Figura 28-Dispositivo em vista lateral com suporte de amostras inicial. .......................... 51

    Figura 29- Vista lateral do dispositivo com suporte definitivo de amostras. .................... 51

    Figura 30- Vista superior do dispositivo com amostra fixada........................................... 51

    Figura 31-Motor de parabrisa, usado no dispositivo. ....................................................... 52

    Figura 32-rebolo de esmeril. ............................................................................................ 53

    Figura 33-Fonte de Computador utilizada no dispositivo. ................................................ 53

    Figura 34-Primeiro suporte de amostras, (A) vista externa, (B) vista interna do espaoreservado das amostras. . ................................................................................................ 54

    Figura 35-(A) Brao-Suporte definitivo das amostras; (B) modelo inicial do suporte.

    LAS/INPE (2012) .............................................................................................................. 54

    Figura 36-Espectro Raman de um filme de DLC obtido pela tcnica de PECVD em um

    plasma de metano. Fonte: (Robson, 2002) ...................................................................... 55

    Figura 37-Espectro Raman de Filmes DLC em aos AISI 1020,1045 e D2. ................... 55

    Figura 38-Sistema para medies de espectroscopia Raman LAS/INPE (2012). ........... 56

    Figura 39-Representao do funcionamento e componentes de um microscpio eletrnico

    de varredura. Fonte: Costa (2010) ................................................................................... 57

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    Figura 40-Microscpio Eletrnico de Varredura- MEV. . ................................................. 57

    Figura 41-Representao esquemtica dos feixes de eltrons de alta energia sobre a

    amostra. ........................................................................................................................... 59

    Figura 42-Esquema do Interfermetro de Michelson. Fonte: Costa (2010) ..................... 60

    Figura 43-Perfilmetro ptico do LAS/INPE.................................................................... 61

    Figura 44-Modelo do Substrato na forma de disco. ......................................................... 63

    Figura 45-Lixamento das Amostras de Aos. .................................................................. 64

    Figura 46-Amostra de Ao 1045 aps o lixamento e polimento. ..................................... 65

    Figura 47-Cmara de deposio de DLC. . ..................................................................... 66

    Figura 48-Painel eletrnico do controle dos gases. ......................................................... 66

    Figura 49-Plasma na Deposio de filmes DLC em substratos de aos AISI 1020, 1045 eD2. .................................................................................................................................... 67

    Figura 50-Deposio de filmes DLC em substratos de ao.. ........................................... 67

    Figura 51-Substratos com deposio de DLC de 3m. ................................................... 68

    Figura 52-Substratos com deposio de DLC com 4m. ................................................ 68

    Figura 53-Forno EDG Modelo 3000. ............................................................................... 70

    Figura 54-Forno MUFLA da Quimis, usado na segunda operao de termodifuso. ...... 70

    Figura 55-Desenho do cadinho utilizado na termodifuso, com suas dimenses. .......... 71Figura 56-Cadinho e amostra logo aps a retirada do forno de termodifuso. ................ 72

    Figura 57-Segundo Lote de Termodifuso de VC a 950 C, com vrios cadinhos. ......... 73

    Figura 58-Picos caractersticos de uma amostra de ao D2 com revestimento de VC. .. 73

    Figura 59-Espectro de raios X de uma amostra de Ao D2 aps termodifuso,

    evidenciando picos de VC na amostra. ............................................................................ 74

    Figura 60-MEV de uma amostra de ao D2 do primeiro lote. .......................................... 74

    Figura 61-MEV de uma amostra de ao D2 do segundo lote. ......................................... 75

    Figura 62-Espectros Raman dos Aos 1045, D2 e 1020 aps a deposio de DLC. ...... 75

    Figura 63-Filme de VC depositado em ao AISI D2. LAS/INPE-2012) ............................ 77

    Figura 64- MEV do primeiro lote de ao D2 com VC (A) e do segundo lote (B). ............. 78

    Figura 65-Perfil de rugosidade de uma amostra de ao D2 do segundo lote com filme de

    VC em 3D, antes do desgaste. ......................................................................................... 79

    Figura 66-Perfil de rugosidade em 2D de uma amostra de ao D2- do segundo lote com

    filme de VC, depois do desgaste. ..................................................................................... 80

    Figura 67-Imagem 3D do desgaste do ao D2 do segundo lote sem revestimento. ....... 81

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    18

    Figura 68-Imagem 3D do desgaste do ao1-D2 do segundo lote com revestimento de VC.

    ......................................................................................................................................... 81

    Figura 69-Degaste do ao D2-L2 sem o revestimento de VC (a) e com o revestimento (b).

    ......................................................................................................................................... 82

    Figura 70-Teste de riscamento para verificar a aderncia do filme de DLC, em aos

    1020(A), 1045(B) e D2 (C). . ............................................................................................ 83

    Figura 71-Imagens MEV das amostras 2-1020-L1 (A) e 1-1045-L1(B) com revestimento

    DLC. ................................................................................................................................. 85

    Figura 72-Perfilometria 3D do ao 2-1020-L1.................................................................. 86

    Figura 73-Perfilometria 3D do ao 1-1045-L1. ................................................................ 86

    Figura 74-Perfilometria 3D do Ao 2-D2-L2. ................................................................... 87

    Figura 75-Perfilometria da amostra 1-D2-L1. . ................................................................ 89

    Figura 76-Perfilometria da amostra 1-D2-L2. . ................................................................ 90

    Figura 77-Comparao das imagens de MEV das amostras 1-D2-L1 (a) e 1-D2-L2 (B). 90

    Figura 78-Revestimento do desfibrador. ......................................................................... 93

    Figura 79-Martelos e facas desfibradores, com a presena de trincas e slica (areia) logo

    aps a deposio, preparado para entrar em operao. Fonte: Usina de Santa Maria-

    Medeiros Neto-BA (2011). ................................................................................................ 93Figura 80-Perfilometria 3D do revestimento industrial de martelos e facas desfibradores

    aps ensaio de desgaste. ................................................................................................ 94

    Figura 81-Perfilometria 3D do Ao D2 com Revestimento DLC. ..................................... 95

    Figura 82-Perfilometria 3D do Ao 1045 com Revestimento DLC. .................................. 95

    Figura 83-Perfilometria 3D de ao D2 com revestimento de VC (carboneto de vandio) 96

    Figura 84-Perfilometria de Ao 1020 sem revestimento superficial. ................................ 98

    Figura 85-Perfilometria de Ao 1045 sem revestimento superficial. ................................ 98

    Figura 86-Perfilometria de Ao D2 sem revestimento superficial. ................................... 99

    Figura 87-Conjunto de desfibradores com o revestimento de carboneto de cromo. ..... 100

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    LISTAS DE TABELAS

    Tabela 1-Especificaes do Motor. Fonte: Bosch do Brasil S.A. ..................................... 52Tabela 2-Composio qumica mdia dos aos para substratos avaliados neste trabalho

    (% em massa) .................................................................................................................. 62

    Tabela 3-Composio para o banho de sais fundentes. Fonte: Barquete (2002) ............ 69

    Tabela 4-Composio do sal de vanadizao para o segundo lote de amostras ............ 72

    Tabela 5-Dados obtidos com revestimentos de VC ......................................................... 78

    Tabela 6-Perda de massa nos ensaios de desgaste para o primeiro lote de revestimentos

    de DLC ............................................................................................................................. 84

    Tabela 7- Perda de massa nos ensaios de desgaste para o segundo lote de revestimentos

    de DLC ............................................................................................................................. 88

    Tabela 8-Variao da perda de massa entre os primeiro e segundo lotes. ..................... 88

    Tabela 9-Perda de massa por desgaste da amostra com o revestimento do desfibrador 91

    Tabela 10-Relao entre as perdas de massa-mdias-entre o carboneto de cromo, DLC e

    VC. ................................................................................................................................... 92

    Tabela 11-Anlise Qumica quantitativa do metal depositado no substrato (%) .............. 94

    Tabela 12- Resumo dos resultados de desgaste, para todos os substratos com e sem

    revestimento (%). ............................................................................................................. 97

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    1 INTRODUO

    Em 1975, o governo brasileiro criou o Programa Nacional do lcool (Prolcool), que

    diversificou a atuao da indstria aucareira atravs de grandes investimentos apoiados

    pelo Banco Mundial, possibilitando a ampliao da rea plantada com cana-de-acar e a

    implantao de destilarias de etanol. A experincia serviu como alternativa para diminuir a

    vulnerabilidade energtica do Pas, devido crise mundial do petrleo. O desenvolvimento

    da engenharia nacional, aps o segundo choque do petrleo em 1979, permitiu o

    surgimento de motores especialmente desenvolvidos para funcionar com etanol hidratado.

    Em 1984, os carros a etanol passaram a responder por 94,4% da produo das

    montadoras instaladas no Brasil, segundo Brandim et all,2002.A partir de 1986, a reduo do impacto da crise do petrleo e os planos econmicos

    internos para combater a inflao estimularam uma curva descendente na produo de

    carros a etanol, que culminou com a crise de abastecimento de 1989. Com isso, a

    participao anual dos veculos a etanol caiu para 1,02% na frota nacional, em 2001, de

    acordo com a UNICA-Unio das Indstrias de Cana-de-acar. Essa queda ento s foi

    estabilizada com maior concentrao do uso do etanol anidro, misturado gasolina que

    inicialmente era de 5% em 1981, atingindo o nvel atual, que de 20% e 25 % em 2013,para conter a alta dos preos nas distribuidoras (NICA 2011).

    Nova retomada na utilizao de etanol hidratado como fonte de energia em

    automveis ocorreu em 2003 (Figura 1 e 2), como lanamento dos motores flex, onde os

    consumidores podem abastecer tanto com lcool ou gasolina ou a mistura de ambos. Com

    essa nova demanda pelo etanol, observa-se uma grande expanso do setor

    sucroalcooleiro no Brasil, que nos trs primeiros meses de 2011 apresentou um aumento

    de 26,2% (21,6 mil toneladas) no volume de exportaes de etanol, em comparao com

    o mesmo perodo do ano anterior. Na mesma comparao e perodo, as exportaes de

    acar cresceram 14% (491 mil toneladas).

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    Figura 1 - Evoluo das Vendas de Etanol Hidratado nas Grandes Regies -2000-2009.Fonte: ANP (2010).

    Notando-se essa expanso, o Brasil visa implantar em mdia uma nova usina de

    lcool e acar por ms nos prximos seis anos. Hoje com 336 unidades, deve chegar a

    409 at o final da safra 2012/2013. Para isso, investidores brasileiros e estrangeiros

    devero aplicar US$ 14,6 bilhes no perodo. Este levantamento da UNICA, associao

    dos usineiros, baseia-se na contabilidade de usinas em construo e naquelas que j

    iniciaram investimentos agrcolas, como a formao das primeiras reas de cana-de-

    acar e a produo de mudas. Alm das 73 usinas confirmadas, h hoje no Brasil 189

    consultas em andamento, tanto para construo como para ampliao de unidades, de

    acordo com a Dedini S.A. Indstrias de Base, que detm 50% das vendas de equipamentos

    para usinas de acar e etanol e que atingiu a marca do R$ 1 bilho de receitas no ano

    passado. (Bah, 2009).

    O setor sucroalcooleiro vem promovendo uma revoluo na rea de

    biocombustveis, no s pela produo de lcool e acar, mas tambm na fabricao de

    materiais biodegradveis, como biopolietileno, biopolipropileno e bioPET, a partir da cana

    de acar.

    importante considerar os benefcios ambientais do etanol de cana-de-acar

    brasileiro para a produo de biopolmeros para embalagens, especialmente no que serefere reduo das emisses de gases que degradam a camada de oznio e produzem

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    o efeito estufa. (Szwarc, 2011).

    Figura 2-Vendas de Etanol e Gasolina no Brasil de 2000-2009. Fonte: ANP (2010)

    O desenvolvimento de produtos com baixo consumo energtico e descarte

    consciente um dos setores com perspectivas de franco crescimento para os prximos

    anos. Esta uma das principais estratgias de mercado das grandes empresas e, para

    isso h a necessidade de desenvolvimentos tecnolgicos que resultem em melhoria de

    produtividade e reduzam os custos de produo e manuteno do setor.

    Embora se observe a expanso do setor sucroalcooleiro, nota-se uma falta de

    investimento em mtodos e tcnicas de gesto na melhoria dos processos produtivos de

    forma a minimizar os custos.

    Uma dessas melhorias o desgaste em peas e equipamentos, que representa nas

    industriais, um dos principais fatores de depreciao de capital e uma significativa fonte de

    despesas com manuteno. Estudos realizados pela American Society for Mechanical

    Engineers (ASME) nos Estados Unidos apontam uma perda econmica de 1% a 2,5% do

    produto interno bruto do pas devido ao desgaste. Na Alemanha uma pesquisa da dcada

    de 80 revela que desgaste e corroso juntos contribuem com a perda de 4,5% do produto

    interno bruto. (Zhum-Gahr, 1987).

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    Figura 4- Desfibrador sem desgaste. Fonte: Usina de Santa Maria-Medeiros Neto-BA/2011.

    Figura 5-Desfibrador com desgaste severo. Fonte: Usina de Santa Maria-Medeiros Neto-BA/2011.

    Nas usinas sucroalcooleiras o desgaste de componentes tem impacto expressivo

    nas fases iniciais do processo de fabricao do etanol e do acar. As facas, seguidas dosmartelos, que compem os desfibradores, so as primeiras partes a entrar em contato com

    os agentes agressivos presentes no processo, como areia, pedras, etc., que so levados

    junto com o processo de colheita. O bagao da cana exerce intensa ao abrasiva, alm

    do alto teor corrosivo do caldo. Estes componentes possuem a funo de cortar e desfibrar

    as clulas da cana-de-acar para possibilitar a maior eficincia na extrao da sacarose

    nas moendas, estgio seguinte. (Paranhos, 2006).

    Com isso temos severas preocupaes em relao aos custos, tanto de ferramentasquanto de mo de obra, levando assim a preocupaes tribolgicas relativas

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    necessidade de se controlar o desgaste, reduzir a necessidades de paradas para

    manuteno, a reduo dos estoques de componentes de reposio e a necessidade de

    aumentar a produtividade por meio do aumento das velocidades das mquinas (ou o

    processo). Os aumentos dos custos de mo de obra associados a um aumento nos

    requisitos de preciso dos componentes mecnicos, tm levado necessidade de

    sistemas automatizados, onde a compreenso do atrito essencial para o estabelecimento

    das estratgias de planejamento e controle da produo.

    Este trabalho se prope a analisar e caracterizar o comportamento diversos tipos de

    revestimentos com potencial de melhorar o desgaste desses desfibradores, figura 6, - facas

    e martelos, no processo de moagem da cana-de-acar. Para tanto foram avaliados

    revestimentos termodifundidos de Carboneto de Vandio (VC) e filmes de diamante amorfo(DLC, do Ingls - Diamond Like-Carbon), em comparao com atuais revestimentos duros

    de liga ferro-cromo-carbono (Fe-Cr-C), onde utilizado um tipo de eletrodo revestido

    disponvel comercialmente para esta finalidade sobre o metal base destas ferramentas que

    o ao SAE 1020.

    Figura 6-Desfibrador da Usina de lcool Santa Maria.Fonte: Usina de Santa Maria-Medeiros Neto-BA (2011)

    Foram tambm avaliadas alternativas para o material do substrato, como a

    alterao do tipo de ao para um ao SAE 1045 e Ao AISI D2, que possuem

    respectivamente 0,45% e 1,5%de carbono. Nesse quesito o ao AISI 1045 possui uma

    vantagem, pois possui percentual de carbono acima de 0,3% em sua composio qumica

    sendo adequado para aplicao de Carboneto de Vandio por processo de TRD

    (thermoreactive deposistion diffusion) ou TD (Thermoreactive Diffusion).

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    A avaliao do desgaste nos referidos revestimentos propostos foi feita utilizando

    um dispositivo desenvolvido para esta finalidade especfica, que simula os efeitos dos

    degastes por abraso nos corpos de provas. A seguir foi feita a anlise da superfcie com

    a utilizao de perfilmetro ptico e de MEV (microscopia eletrnica de varredura), para

    comparar com os desgastes no revestimento atual utilizado pela indstria sucroalcooleira.

    A relevncia desta pesquisa consiste em propor um novo modelo de revestimento

    que reduza a frequncia de paradas para manuteno nos processos de produo da

    indstria sucroalcooleira, atravs do aumento da vida til das peas bem como a reduo

    dos estoques de reposio.

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    2 FUNDAMENTAO TERICA

    Na reviso da literatura foram considerados inicialmente os vrios aspectos

    relacionados com os tipos de desgaste tais como: relevncia histrica, definio e

    classificaes e mecanismos de desgaste por abraso. De acordo com a literatura

    desgaste por abraso predominante na rea deste estudo, sendo o fator principal do

    desgaste em desfibradores.

    Alm disso, foi realizado o estudo da arte dos processos de termodifuso para

    deposio de revestimento de Carboneto de Vandio (VC) e revestimentos de filmes finos

    de DLC (Diamond Like-Carbon), nas referidas literaturas j publicadas.

    2.1 Breve Introduo histrica

    O estudo do desgaste remota a perodos antigos, a cincia que estuda o atrito, a

    frico e o desgaste denominada tribologia. Esta palavra que tem sua origem etimolgica

    no grego ou 'tribo' significando 'esfregar, atritar, friccionar', e ou logos

    significando 'estudo'. A tribologia envolve a investigao cientfica de todos os tipos de

    frico, lubrificao e desgaste e tambm as aplicaes tcnicas do conhecimento

    tribolgico (Zhum-Gahr, 1987).

    Historicamente, Leonardo da Vinci (1452-1519) foi o primeiro a enunciar duas leis

    de atrito (figura 7). De acordo com da Vinci, a resistncia ao atrito foi mesma para dois

    objetos diferentes com o mesmo peso. Ele tambm observou que a fora necessria para

    superar a frico dobrada quando o peso dobrado. Observaes semelhantes foram

    feitas porCoulomb de Charles-Augustin (1736-1806).

    O primeiro teste confivel sobre o desgaste por atrito foi realizada por Charles

    Hatchett (1760-1820) usando uma mquina alternativa simples para avaliar o desgaste

    de moedas de ouro. A decifrao da obra de Da Vinci levou vrios sculos, antes do

    desenvolvimento deste ramo da cincia, hoje chamado de "tribologia".

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Gregohttp://pt.wiktionary.org/wiki/en:%CF%84%CF%81%CE%AF%CE%B2%CF%89http://pt.wiktionary.org/wiki/pt:%CE%BB%CF%8C%CE%B3%CE%BF%CF%82http://www.truck.giftedamersexdating.com/p-Leonardo_da_Vincihttp://www.truck.giftedamersexdating.com/p-Charles-Augustin_de_Coulombhttp://www.truck.giftedamersexdating.com/p-Charles_Hatchetthttp://www.truck.giftedamersexdating.com/p-Charles_Hatchetthttp://www.truck.giftedamersexdating.com/p-Gold_coinhttp://www.truck.giftedamersexdating.com/p-Gold_coinhttp://www.truck.giftedamersexdating.com/p-Charles_Hatchetthttp://www.truck.giftedamersexdating.com/p-Charles_Hatchetthttp://www.truck.giftedamersexdating.com/p-Charles-Augustin_de_Coulombhttp://www.truck.giftedamersexdating.com/p-Leonardo_da_Vincihttp://pt.wiktionary.org/wiki/pt:%CE%BB%CF%8C%CE%B3%CE%BF%CF%82http://pt.wiktionary.org/wiki/en:%CF%84%CF%81%CE%AF%CE%B2%CF%89http://pt.wikipedia.org/wiki/Grego
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    Figura 7-Experimento Tribolgicos sugerido por Leonardo da Vinci (Frene et.al,1990).a)Dispositivos para oestudo do atrito; b)Dispositivo para diminuio do atrito.

    Uma vez que frico a resistncia ao movimento e cresce com as interaes dos

    slidos e com a real rea de contato. Frico e desgaste so respectivamente causas

    srias de dissipao de energia e de material.

    A definio de desgaste na literatura bastante ampla. Pra Zhum-Gahr, 1987,

    desgaste a perda progressiva de matria de uma superfcie de um corpo em decorrncia

    do movimento relativo com a superfcie. Entretanto, com a alta complexidade dos fatores

    envolvidos no desgaste, procura-se estabelecer classificaes que facilitem o estudo do

    fenmeno e a sua preveno.

    O fenmeno do desgaste de maneira geral, o deslocamento de material causado

    pela presena de partculas duras que esto entre ou embutidas em uma ou ambas as

    superfcies em movimento relativo, (Dias & Gomes, 2003). Nos metais, esse processo pode

    ocorrer pelo contato com outros metais, slidos no metlicos, lquidos em movimento, ou

    ainda partculas slidas ou partculas de lquido transportadas em um fluxo gasoso

    (Ramalho, 1997).

    Budinski (1987) faz a seguinte classificao dos tipos de desgaste: desgaste por

    abraso, eroso, adeso ou frico e fadiga superficial. Entretanto ainda podemos dizer

    que os metais so expostos a algum grau de corroso como consequncia das condies

    ambientais, de maneira que pelculas ou produtos de corroso, invariavelmente,

    modificaro o processo de desgaste, adicionando ento a lista de classificaes de

    desgaste.

    Em ambientes industriais, de uma forma geral, os tipos de desgaste apresentam-se

    da seguinte forma: abraso (50%), adeso (15%), eroso (8%), frico (8%) e corroso(5%). Compreende-se, tambm, que a resistncia solicitao de desgaste no

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    propriedade intrnseca de um material, mas sim, caracterstica do sistema ou do

    equipamento ao qual o componente est ligado mecanicamente e do seu meio operacional

    (Eyre, 1991).

    Sero apresentados conceitualmente, a seguir, os principais tipos de desgaste

    (figura 8). Todavia, devido sua predominncia no desgaste dos equipamentos no setor

    sucroalcooleiro, em especial nos de preparo do etanol, de maior interesse neste trabalho,

    em sequncia dar-se- maior nfase apresentao e discusso do desgaste abrasivo.

    Figura 8- Os quatro principais processos de desgaste - Fonte (Zhum-Gahr, 1987, p.85).

    2.2 Principais mecanismos de desgaste na indstria sucroalcooleira

    2.1.1 Desgaste adesivo

    O termo desgaste adesivo usado algumas vezes, segundo HUTCHINGS (1992),

    para descrever o desgaste por deslizamento (denominao preferida), mas seu uso pode

    ser um equvoco. Adeso representa um importante papel nesse tipo de desgaste, mas

    apenas um dos vrios processos fsicos e qumicos envolvidos. Dentre esses processos,

    apesar de divergncias entre a denominao usada na Europa e nos EUA, citam-se o

    desgaste por rolamento (Scuffing), o riscamento por atrito (Scoring) e a descamao(Galling).

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    Para RABINOWICZ (1995), o desgaste adesivo ocorre quando dois corpos lisos

    deslizam um sobre o outro e os fragmentos so retirados de uma superfcie aderindo em

    outra. Posteriormente esses fragmentos podem se soltar da superfcie na qual so

    formados e for transferido de volta para a superfcie original, ou ento formar partculas de

    desgaste soltas.

    O desgaste adesivo decorre de que a fora adesiva forte configura-se sempre que

    os tomos entram em contato. Existe uma variedade de fatores que intervm quando dois

    metais friccionam entre si, sendo os principais, a adeso e a delaminao. A adeso ocorre

    quando os altos picos e asperezas de uma superfcie aparentemente polida entram em

    contato entre si e se aderem. Por outro lado, a delaminao apresenta um mecanismo de

    remoo diferente, apesar de serem produzidas tambm por contato entre as asperezas,no caso dos desfibradores essas asperezas so a presena de material duro presente na

    cana como slica e pedras.

    Nesse caso a frico repetida, principalmente entre metais similares, origina fissuras

    e rupturas superficiais que, ao unirem-se umas s outras, fazem desprender pequenas

    lminas de metal da superfcie.

    O desgaste originado depender tanto da caracterstica dos metais a friccionar

    quanto da capacidade de formar soldas localizadas. Nos metais que apresentam poucatendncia a aderir-se predominar a fadiga superficial como resultado de deformaes

    elsticas e plsticas.

    Figura 9-Tribosistemas envolvidos em desgaste adesivo Fonte: Zhum-Gahr, 1987, p.86.

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    2.1.2 Desgaste erosivo

    Segundo HUTCHINGS (1992) a eroso por partculas slidas ocorre quando

    discretas partculas slidas golpeiam uma superfcie, sob a ao de diversas foras de

    diferentes origens. Apesar da importncia da fora da gravidade, a fora dominante a

    fora de contato exercida pela superfcie.

    A extenso do desgaste depende da quantidade e da massa individual das

    partculas, alm da sua velocidade de impacto. Para RABINOWICZ (1995) dois tipos de

    eroso so encontrados principalmente, os de baixa velocidade de eroso e os de alta

    velocidade da eroso. Estas duas formas de eroso produzem efeitos to distintos que so

    considerados separadamente.

    Figura 10-Desgaste Erosivo devido a partculas duras (slica) no desfibrador.Fonte: Usina de Santa Maria, Medeiros Neto-BA (2011).

    2.1.3 Desgaste corrosivo

    Corresponde degradao de material metlico ou at mesmo remoo de material

    devido presena de agentes qumicos agressivos, podendo ser uma reao qumica ou

    eletroqumica, facilitando a perda de material pela degradao do substrato exposto. Por

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    32

    serem os primeiros componentes a entrar em contato direto com o caldo da cana os

    desfibradores (martelos) sofrem com os agentes corrosivos do caldo, que extrado ao

    esmagar a cana em pedaos menores para o processo seguinte. Do esmagamento da

    cana obtm-se o caldo, que constitudo e: 78% a 86% de gua, 10% a 20% de sacarose,

    0,1% a 2,0% de acares redutores, 0,3% a 0,5% de cinza, 0,5% a 1,0% de compostos

    nitrogenados e PH entre 5,2 a 6,8 (LIMA et al., 2001).

    DELGADO (1975) apresentou a seguinte constituio do caldo de cana: 75 a 82%

    de gua e 18 a 25% de slidos totais dissolvidos, onde encontram-se os acares, tais

    como sacarose (14,5 a 23,5%), glicose (0,2 a 1,0%) e frutose (0 a 0,5%), 0,8 a 1,5% de

    no-acares orgnicos (protenas, amidas, aminocidos, ceras, pectinas, materiais

    corantes) e 0,2 a 0,7% de compostos inorgnicos (K, P, Ca, Na, Mg, S, Fe, Al e Cl).A acidez aumenta nas canas queimadas, doentes, verdes (no maduras), atacadas

    por insetos (diatrea, castnias), cortadas de vrios dias (acidez artificial e microbiana). A

    presena de cidos e bases torna altamente corrosivo o meio no qual trabalham as

    ferramentas as facas, resultando em desgaste dos metais inseridos neste meio.

    Figura 11-Processo de Corroso em um desfibrador.Fonte: Usina de Santa Maria, Medeiros Neto-BA (2011).

    2.2.4. Desgaste por fadiga superficial

    Este desgaste causado por deformaes em componentes submetidos a

    carregamentos cclicos, onde normalmente no h grandes perdas de material da

    superfcie, entretando com o aumento das tenses locais so geradas trincas na superfciedo substrato.

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    O desgaste nessas condies determinado pela mecnica de iniciao de trincas,

    crescimento e fratura. Superfcies desgastadas contm altos nveis de deformao plstica

    em comparao s superfcies no usadas. Esta morfologia e a consequente modificao

    da microestrutura do material tm forte efeito sobre os processos de desgaste.

    "Fadiga de contato ou fadiga de superfcie so os termos tcnicos comumente

    utilizados na literatura para designar os danos superficiais causados por contacto repetido,

    em geral resultantes de rolamentos. O dano inicial ocorre em uma superfcie lisa e mais

    frequente em sistemas de rolamentos.

    a) Rachadura de iniciao, como resultado processos de

    fadiga. b) Propagao de trincas

    c) Iniciao de Trincas Secundrias d) Propagao de trincas secundrias e formao departculas de desgaste

    Figura 12-Ciclo de um desgaste por fadiga. Fonte: Stachowiak, pg. 75

    2.2.5 Desgaste abrasivo

    Desgaste abrasivo a retirada de material causada pela presena de

    partculas duras, que podem estar aprisionadas na interface entre as duas

    superfcies em movimento relativo, ou serem as protuberncias que fazem parte da

    rugosidade de uma das superfcies. Uma partcula dura pode ser produto de um

    processo - como slica, um fragmento desgastado ou eventuais partculas de fora do

    sistema tribolgico, como sujeiras. A figura 13 a seguir mostra diferentes sistemas

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    nos quais o desgaste abrasivo o processo predominante. So exemplos: sistemas

    hidrulicos com sujeira, extrusoras, cavidades de moldes, entre outros.

    Figura 13-Sistemas tribolgico envolvidos em desgaste abrasivo. Fonte: Zhum-Gahr, 1987, p. 93. -

    O desgaste abrasivo pode ocorrer em baixo ou alto nvel dependendo da razo entrea dureza da partcula e da superfcie (HUTCHINGS, 1992). O desgaste abrasivo est

    relacionado a alguns mecanismos (figura 14), dentre eles os principais esto:

    Microcorte;

    Microsulcamento;

    Microlascamento.

    So diversas as nomenclaturas utilizadas para estes mecanismos de desgaste. Na

    literatura podem ser encontradas denominaes tais como: microusinagem, riscagem,

    descamao, microtrincamento, microfadiga, que so tentativas de aproximar melhor o

    significado dos mecanismos que esto sendo observados nos experimentos (ZHUM-

    GAHR, 1987).

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    Figura 14-Mecanismos de desgaste envolvidos em desgaste abrasivo - Fonte (Zhum-Gahr, 1987, p.96)

    O desgaste abrasivo pode ser classificado como de dois ou trs corpos. Na abraso

    de dois corpos, as partculas abrasivas so movidas livremente sobre a superfcie do

    material como areia nos desfibradores. No desgaste abrasivo de trs corpos, as partculas

    abrasivas agem como elementos de interface entre o corpo slido e o contra corpo.

    O desgaste quando envolve trs corpos cerca de duas a trs vezes menor do que

    quando envolve dois corpos. No caso de trs corpos, devido variao no ngulo de

    ataque, apenas uma pequena poro das partculas causam desgaste (ZHUM-GAHR,

    1987).

    Figura 15-Micrografias da superfcie dos slidos que sofreram desgaste abrasivo a) microsulcamento, b)microcorte e c) microlascamento Fonte: Zhum-Gahr, 1987, p.95.

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    Microsulcamento e microcorte so mecanismos dominantes em materiais mais

    dcteis, conforma apresentado na Figura 15. A ocorrncia de um deles vai depender do

    ngulo de ataque das partculas abrasivas. O microcorte ocorre a partir de um ngulo de

    ataque crtico. Este ngulo de ataque crtico funo do material que est sendo

    desgastado e das condies de teste.

    A transio do mecanismo de microsulcamento para microcorte (figura 16) depende

    tambm do coeficiente de atrito. Normalmente o mecanismo passa de microsulcamento

    para microcorte com o aumento da dureza do material que est sendo desgastado.

    Aumentos ainda maiores de dureza resultam na passagem de microcorte para

    microtrincamento (Rabinowicz, Zhum-Gahr, et.al 1987).

    Figura 16-Relao entre ngulo de ataque e os mecanismos de desgaste abrasivo pro microsulcamento emicrocorte - Fonte (Zhum-Gahr, 1987, p.98).

    O microtrincamento pode ocorrer quando so impostas grandes tenses sobre as

    partculas abrasivas, particularmente em superfcies de materiais frgeis. Neste caso,

    grande quantidade de detrito retirada da superfcie devido formao e propagao de

    trinca.

    Para Zhum-Gahr (1987) partculas de menor ou igual dureza que a superfcie podem

    tambm desgast-la. O ataque das partculas macias pode resultar em deformao

    elstica e plstica, fadiga de superfcie e a superfcie pode ficar severamente danificada.

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    2.3. Revestimentos de carboneto de vandio (VC)

    2.3.1. Introduo

    De acordo com Portolan (2009), tanto os nitretos quanto os carbonetos apresentam

    elevada dureza, tornando-os muito atrativos para uso em engenharia de superfcie. Outros

    revestimentos de nitretos como o nitreto de cromo, o nitreto de zircnio e o nitreto de titnio-

    alumnio foram desenvolvidos.

    Os carbonetos possuem dureza maior que os nitretos. Os filmes finos de carboneto

    de vandio (VC) so produzidos comercialmente sobre ferramentas que contenham acima

    de 0,3% de carbono em sua composio qumica. O processo realizado por

    termodifuso, designado TD (Toyota diffusion) ou uma de suas variantes TRD (termo

    reactive deposition diffusion). Dependendo do contedo de carbono no ao, a espessura

    da camada varia de 5 a15 m. O processo de TD realizado em altas temperaturas em

    banho de sais, portanto, maior ser a camada quanto mais rpida for difuso de carbono

    e sua compatibilidade o substrato: aos para trabalho a frio, aos rpidos e aos para

    trabalho a quente.O carboneto de vandio, com moderada espessura e depositados pelo processo de

    TD, tem sido empregado com sucesso na indstria de forjaria e metal mecnica.

    P a r a B a r qu e te ( 2 0 0 2 ) , a aplicao do processo de Termodifuso de VC em aos-

    ferramenta temperveis ao ar, como os aos ABNT D2, extremamente conveniente, pois

    o resfriamento a partir de temperaturas entre 850 a 1050C j produz no substrato durezas

    de 56 a 58 HRC, suficientes para conferir sustentao para a camada de VC, alm da

    excelente tenacidade resultante. Esta condio adequada para aplicaes emferramentas utilizadas em inmeros processos de conformao plstica de metais

    Estes aos ferramenta revestidos com o carboneto de vandio apresentam em sua

    superfcie carbonetos metlicos de transio que possuem elevada dureza, baixa

    reatividade qumica e boa resistncia a corroso em altas temperaturas. Tambm possuem

    boa resistncia trmica ao choque e boa condutividade trmica, o que favorece a

    dissipao do calor na superfcie de trabalho da ferramenta. O VC possui boa resistncia

    corroso, particularmente em moldes de alumnio.

    Como os carbonetos possuem maior dureza em relao aos nitretos, o revestimento

    de carboneto de vandio mostra algumas propriedades distintas na aplicao em

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    ferramentas de corte.

    A aplicao desse tipo de revestimento em desfibradores utilizados na indstria

    sucroalcooleira apresenta caractersticas potencialmente favorveis ao aumento da vida

    til dessas peas, devido elevada resistncia ao desgaste e corroso. Para que este

    tipo de revestimento possa ser utilizado necessrio alterar o material base dos

    desfibradores, de ao ABNT 1020 para aos com teor de carbono acima de 0,3 %, ou seja

    ao 1045 ou aos ferramenta da classe D2, D6 ou O1. Esta alterao do material do

    substrato resultaria em elevao de custo, mas deve-se considerar o aumento da vida til

    dos desfibradores e o aumento do perodo entre as paradas de produo para recuperao

    dos mesmos. No h na literatura referncias sobre a utilizao de revestimentos

    termodifundidos para a aplicao estudada neste trabalho.

    2.3.2. Revestimentos de VC para aplicao tribolgica.

    Os filmes finos (revestimentos) vm sendo amplamente aplicados em diversas reas

    como: mecnica, eletrnica, decorao, ptica, entre outros. Uma das reas que tem mais

    privilgios atravs destes revestimentos a da indstria metal mecnica, devido aos filmes

    finos melhorarem as propriedades fsicas, qumicas e mecnicas das ferramentas,

    incrementando a vida til destas (SATO, 1992). A Figura 17 a seguir apresenta mostra um

    filme fino de VC depositado sobre um ao 1045.

    Figura 17-Micrografia da seo transversal de um ao 1045 com um filme fino de VC. Fonte: (SATO, 1992)

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    Filmes finos so pelculas delgadas de um determinado material depositado sobre

    um substrato. A espessura varia de alguns angstroms (10-10 m) at micrometros. No

    somente a espessura que determina se o filme fino ou no, mas se deve levar em

    considerao a razo entre espessura do filme com a espessura do substrato (WANG et.

    al,1989).

    Para a formao de um filme fino, existem duas etapas bsicas: a nucleao e o

    crescimento. A Figura 18 a seguir mostra as etapas dos primeiros estgios da formao

    de um filme.

    Os primeiros ncleos correspondem resoluo do microscpio eletrnico de

    transmisso. Aps um determinado tempo de deposio, os ncleos aumentam e atingem

    valores de 1010

    a 1012 ncleos/cm2. Posteriormente, os ncleos coalescem e as grandes

    ilhas continuam crescendo e capturando os tomos adsorvidos formando um filme

    semicontnuo comum a rede de canais e buracos, at a formao de um filme contnuo

    (CHANG, et al,1988).

    Figura 18-Ilustrao esquemtica mostrando os passos durante a nucleao e os primeiros estgios docrescimento do filme (WANG, et al,1989, pg. 5).

    O emprego de filmes finos de carbonetos, como o VC, sobre a superfcie do

    substrato reflete no aumento da dureza superficial e melhora das propriedades mecnicas.

    Estes revestimentos so depositados na superfcie do substrato ou em alguns casos,difundidos para dentro do slido (Butler et al,1994).

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    Atualmente, existem diversas tecnologias para a deposio de filmes finos, cada

    uma com suas caractersticas particulares, sendo que neste trabalho sero utilizados os

    processos PECVD e termodifuso.

    2.4. Revestimento de filmes de DLC (Diamond Like-Carbon)

    O DLC uma forma meta estvel de carbono amorfo que contm uma frao

    significativa de ligaes do tipo sp3. (Robertson, 2002). O carbono forma uma grande

    variedade de estruturas cristalinas e desordenadas, por apresentar trs diferentes

    hibridizaes, sp3, sp2e sp1. A Figura 19 mostra uma representao esquemtica dasligaes hibridizadas do carbono.

    Figura 19-- Ligaes hibridizadas do Carbono. Fonte: Robertson (2002)

    Na configurao sp3, como no diamante, cada um dos quatro eltrons de valncia

    do carbono est em um orbital sp3 tetragonalmente direcionado, fazendo uma forte ligao

    com o tomo adjacente (ROBERTSON, 2002; CAPOTE, 2003). A configurao tpica do

    grafite a sp2, que tem nmero de coordenao 3. Nela, trs dos quatro eltrons de

    valncia esto em orbitais sp2 trigonalmente direcionados, formando ligaes com os

    tomos de carbono no plano. O quarto eltron encontra-se em um orbital p, normal ao

    plano das ligaes . Esse orbital forma ligaes fracas com um ou mais orbitais

    vizinhos (Figura 20).

    Na configurao sp

    1

    , dois eltrons de valncia esto em orbitais , cada umformando ligaes direcionadas ao longo do eixo x ( x). Os outros dois eltrons so

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    colocados em orbitais p, direcionados nos eixos ye z. O arranjo dos tomos de carbono

    pode ser visualizado na Figura 20 a seguir.

    Figura 20-Representao esquemtica do arranjo atmico dos tomos de carbono.

    Os filmes de DLC contm uma parte significativa de ligaes sp3 e sp2, podendo

    ser classificados em trs grupos (DECHANDT, 2005):

    Amorfos hidrogenados (a-C: H), contendo menos de 50% de ligaes sp3com umapequena porcentagem de hidrognio;

    Amorfos tetradricos no hidrogenados (ta-C), contendo alta porcentagem de

    ligaes sp3(>70%) e um teor mnimo de hidrognio.

    Amorfos tetradricos hidrogenados (ta-C:H), contm menos do que 70%de

    ligaes sp3.

    2.4.1. Processos de deposio dos filmes de DLC

    A deposio de filmes de DLC tem como caracterstica comum, em alguns

    processos, o bombardeamento de tomos com energias que variam de 20 a 500 ev. De

    maneira geral, a diferena entre cada tcnica est relacionada com: tipos de descarga

    eltrica, formato dos eletrodos, fonte de energia, temperatura do substrato e proporo

    entre os gases precursores de deposio.

    A superfcie que receber o bombardeamento dos ons deve ser cuidadosamentepreparada por processos de polimento e limpeza, e eventualmente a incluso de processos

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    de difuso.

    As tcnicas Magnetron Sputtering (Yeldose e Ramamoorthy, 2008 apud Silva, 2011)

    e as de deposio via plasma assistidas por PECVD (Plasma Enhanced Chemical Vapor

    Deposition), IBAD (Ion Beam Assisted Deposition) e RF-pulsado so amplamente usadas

    na obteno dos filmes de DLC (ROBERTSON,1994; CAPOTE et al., 2006; BONETTI et

    al., 2006; TRAVA-AIROLDI et al., 2007).

    Utilizando o mtodo de PECVD, a estrutura dos filmes composta pelos

    aglomerados de hibridizao sp2interconectados por carbonos com hibridizao sp3. Se

    aceita geralmente que a adsoro qumica da superfcie dos radicais CH3 a forma

    principal para o crescimento deste tipo de filmes (BONETTI et. al. 2006a;

    DECHANDT2005).

    A deposio de filmes finos de DLC pela tcnica DC pulsado PECVD trata-se de

    uma descarga em plasma de baixa presso utilizando uma fonte chaveada Pulsada para

    a gerao do plasma e deposio dos filmes de DLC nos substratos (Capote et al,2006;

    Trava-Airoldi, et al 2007).

    2.4.2. Propriedades e aplicaes do DLC

    O filme de DLC rene propriedades fsicas e qumicas muito atraentes para diversas

    aplicaes industriais, tais como: elevada dureza mecnica, estabilidade qumica,

    transparncia no visvel, baixo coeficiente de atrito e elevada resistncia ao desgaste

    (ROBERTSON, 2002; TRAVA- AIROLDI ETAL, 2007b). Por esse motivo, tem sido

    extensivamente estudado e aplicado como um revestimento tribolgico assim descrito em

    artigos de reviso (GRILL, 1999; DONNET, 1998; GANGOPADHYAY ET AL, 1998;HOLMBERGET. AL., 2000) e est estabelecido tambm em diversas aplicaes industriais

    (LETTINGTON et. al., 1997; BAKER ET. AL., 2007; TRAVA-AIROLDI ET. AL.2007c;

    MARCIANO ET. AL.2008). Algumas das aplicaes desses filmes esto nas reas da

    eletrnica e ptica (SPITSYN, 1994), alm de implantes e prteses mdicas e

    odontolgicas (IANNO ET. AL. 1995; MARCIANO). (2008).

    Como avano da tecnologia de materiais, muitas peas tm sido desenvolvidas para

    trabalharem em ambientes que exigem grandes esforos tensivos e com condiesextremas de trabalho, como temperaturas elevadas, excesso de carga, alta velocidade de

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    rotao, ou seja, ambientes em que a diminuio de atrito tem papel fundamental na vida

    til das peas, como caso dos desfibradores da indstria sucroalcooleira. Outro fator

    relevante em relao diminuio de atrito a economia de combustvel, que est

    diretamente relacionada a fatores econmicos e ambientais. Sistemas que apresentam

    melhorias em termos tribolgicos tendem a ter uma diminuio na temperatura de trabalho

    contribuindo assim, por exemplo, com a vida til de rolamentos de rotores e mancais,

    intrinsecamente a isso se tm menores rudos, vibraes e frequncias de manuteno,

    alm de um significativo aumento do limite de carga, contribuindo assim em melhorias de

    rendimento, segundo Silva (2011). Como resposta a estes requisitos as excelentes

    propriedades tribolgicas dos filmes de DLC determinam a importncia de pesquisas

    tecnolgicas com o objetivo de viabilizar a aplicao deste revestimento em novosmateriais e condies de utilizao.

    Alm disso, segundo Silva (2011), este revestimento tem apresentado menores

    taxas de desgastes quando em contato com outra superfcie com baixo coeficiente de

    atrito. Relacionado a este fato, existe o efeito de preveno de adeso de resduos

    indesejveis na superfcie de trabalho devido ao baixo atrito.

    O DLC aplicado como lubrificante slido se mostra como excelente alternativa de

    revestimento de esferas de ao em mecanismos de rolamento de uso aeroespacial.Segundo Silva apud Vanhul et al.(2007), revestimentos de DLCaltamente hidrogenados

    (~50%) foram analisados sobre substratos de ao em testes de coeficientes de atrito e

    desgaste e demonstraram excelente desempenho tribolgicos em vcuo, simulando

    ambientes espaciais.

    Alm destes benefcios, segundo Silva (2011), o filme de DLC poderia substituir em

    parte os revestimentos base de cromo.

    2.5. Revestimentos de filmes finos de DLC para aplicao tribolgica.

    2.5.1. Desenvolvimento histrico

    O carbono um dos elementos mais notveis entre todos os outros na tabela

    peridica. Ele existe em mais de 90% de todas as substncias qumicas conhecidas e tem

    o maior nmero de elementos altropos. Materiais slidos a base de carbono exibem

    excepcionais propriedades, como alta dureza e condutividade trmica, como no diamante,

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    ou maciez e lubricidade incomuns, como no grafite. Alm destes, o carbono o bloco de

    construo de altropos baseados em carbono incluindo grafite, nanotubos, fulerenos,

    entre e outros.

    Durante as ltimas trs dcadas ou mais, o carbono tambm tem sido o elemento

    chave na sntese de revestimentos finos de diamante, carbono tipo diamante (DLC), nitreto

    de carbono, carboneto de boro e uma mirade de transio de carbonetos metlicos e de

    nitreto de carbo-revestimentos.

    Por causa de suas excepcionais propriedades mecnicas e tribolgicas, estes

    revestimentos so agora usados em uma ampla gama de aplicaes de engenharia para

    controlar o atrito e o desgaste. A Figura 21 apresenta um diagrama ternrio (proposto por

    ROBERTSON E FERRARI, 2007), que ilustra domnios especficos de vriosrevestimentos base de carbono em relao aos seus orbitais sp2-sp3 e as caractersticas

    do tipo de ligao.

    A famlia de revestimentos DLC talvez a maior e representa um dos mais

    estudados entre todos os outros revestimentos. Estes revestimentos foram descobertos no

    incio dos anos 1950 por Schmellenmeier, mas no atraiu muita ateno at que o trabalho

    de Eisenberg e Chabot, quase duas dcadas depois, o fizesse. Foi durante a dcada de

    1990 que a pesquisa sobre filmes DLC ganhou impulso. (ERDEMIR ET AL, 2008).

    Figura 21-Diagrama ternrio de fases para vrios filmes DLC com relao sua sp2, sp3 e contedo de

    hidrognio. Fonte: Adaptao (Erdemir et al,2008, pag.5)Devido s suas prprias estruturas e propriedades nicas e atraentes caractersticas

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    para uma camada depositada que contm elementos formadores de carboneto ou de

    nitreto, como vandio, nibio, cromo, molibdnio ou tungstnio. O carbono e o nitrognio

    difundidos reagem com os elementos formadores de carboneto ou de nitreto na camada

    depositada para formar uma camada de carboneto ou de nitreto, densa e metalurgicamente

    ligada, na superfcie do substrato (ARAI 1991).

    Ao contrrio dos mtodos convencionais de difuso, o mtodo TRD tambm resulta

    em um acmulo intencional de um revestimento na superfcie do substrato. Estes

    revestimentos TRD, que tm espessura da ordem de 5-15 m, tm aplicaes semelhantes

    s de revestimentos produzidos por deposio qumica a partir da fase gasosa (CVD, do

    Ingls Chemical Vapor Deposition) ou deposio fsica a partir da fase gasosa (PVD, do

    Ingls Physical Vapor Deposition). As espessuras tpicas dos revestimentos CVD, PVDe TRD so semelhantes, geralmente inferiores a 25 m.

    2.6.1. Caractersticas do processo de termodifuso

    Os revestimentos de carbonetos, nitretos e carbonitretos termodifundidos so

    aplicados sobre aos por meio de processamento em banho de sal ou sistemas de leitofluidizados. O mtodo de revestimento por carboneto por imerso em banho de sal foi

    desenvolvido no Japo e tem sido utilizado industrialmente por quase 20 anos, sob o nome

    de Toyota Diffusion (TD) coating process.

    O mtodo TD utiliza brax fundido com adies de elementos formadores de

    carbonetos como vandio, nibio, titnio, ou crmio, que combinam com o carbono do ao

    para a produo das camadas de carboneto.

    Como o crescimento das camadas dependente da difuso do carbono, o processorequer temperaturas relativamente altas, de 800 a 1250C, para manter taxas de

    revestimento adequadas. Camadas de carbonetos de espessuras de 4-7 mm so

    produzidas em 10 min a 8 h, dependendo da temperatura do banho e do tipo de ao.

    Os aos revestidos podem ser resfriados e reaquecidos para serem temperados ou

    a temperatura do banho pode ser selecionada para corresponder temperatura de

    austenitizao do ao, permitindo que o ao seja temperado diretamente a partir da

    temperatura de termodifuso.

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    2.6.3 Processos de termodifuso do carboneto de vandio

    Atravs do processo de Termodifuso, so obtidas camadas finas de carboneto de

    vandio, extremamente duras de 3200 a 3800 HV, no porosas e com estrutura granular

    extremamente fina, em torno 0,3 m, obtidas pelo processo de TD ou TRD. (Barbieri,

    2006), a figura 24 apresenta as faixas de dureza resultantes de cada processo de

    revestimento superficial.

    A formao da camada termodifundida de carboneto de vandio s possvel se o

    ao do substrato possuir teor de carbono superior a 0,3%, sendo recomendveis teores de

    carbono superiores a 1%, o que justifica a escolha dos aos 1045 e AISI D2.

    Figura 24-Dureza de superfcie de camadas de metal duro pelo processo TRD em relao a outrosprocessos de endurecimento de superfcie. Fonte: ARAI (1991).

    Este processo baseado na formao do carboneto de vandio pela reao, na

    superfcie do ao, de carbono que difunde do interior para a superfcie, com ons de

    vandio livres em um banho de sais fundentes. Em particular, os fundentes so baseados

    no brax. A Figura 25 apresenta o diagrama de energia livre de formao de carbonetos

    em funo da energia livre de formao de xidos, no qual se podem verificar os diversos

    materiais que formam carbonetos atravs de sais fundentes por brax. (Barbieri, 2007).

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    Figura 25-Diagrama de energia livre de formao de carbonetos em funo da energia livre de formao dexidos atravs de sais fundentes com brax. Fonte: Adaptada de Barquete (2002)

    3. TCNICAS DE CARACTERIZAONeste captulo so apresentadas as tcnicas utilizadas para a caracterizao das

    amostras antes e aps os ensaios no dispositivo de desgaste por abraso, tanto com filmes

    DLC, quanto queles submetidos termodifuso para formar o revestimento superficial de

    carboneto de vandio.

    3.1 Dispositivos de ensaio de desgaste por abraso

    Considerando que os revestimentos sobre os substratos deveriam ter suas

    propriedades mecnicas avaliadas por um dispositivo que verificasse a aderncia e a

    resistncia dos filmes finos depositados, foi desenvolvido um dispositivo de ensaio de

    desgaste por abraso, onde sero reproduzidas algumas das condies mais significativas

    do regime de desgaste dos desfibradores em operao.

    O desenvolvimento do projeto seguiu a metodologia tradicional de desenvolvimento

    de produtos para produo em pequena escala, desde a concepo realizao dos

    ensaios, conforme esquema apresentado na figura 26 a seguir.

    Figura 26-Etapas do Projeto de Construo do dispositivo de ensaios.

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    A concepo do dispositivo buscou, desde seu incio pela facilidade em sua

    fabricao at a questo da sua mobilidade, foram pr-selecionados materiais de baixo

    custo e que pudessem ser adquiridos com a maior facilidade possvel.

    A partir da anlise dos desfibradores foi proposto um dispositivo que apresentasse

    um bom torque e que pudesse realizar o desgaste por abraso atravs de ciclos rotatrios,

    no qual ento foi feita a seleo dos materiais.

    Com a concepo dos materiais que iriam compor o dispositivo, foi necessria antes

    da montagem a realizao de modelo computacional a fim de modelar o dispositivo antes

    de sua montagem real.

    A figura 27 a seguir apresenta todos os componentes que foram utilizados na

    montagem do dispositivo e como seria sua disposio final, que foram a seguir:

    1-Motor de para-brisa. 4-Rebolo de Esmeril.

    3-Fixador de amostras. 5-Suporte Base de madeira 15x8cm.

    2-Fonte de Computador

    Figura 27-Ilustrao inicial feita em CAD da montagem do dispositivo, em trs vistas (A) frente, (B) Laterale (C) superior. (Fonte: UESC/2012)

    Na figura 28, temos o dispositivo j montando mais ainda com o suporte de amostrasinicial e nas figuras 29 e 30 com seu suporte de amostras em alumnio definitivo.

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    Figura 28-Dispositivo em vista lateral com suporte de amostras inicial. (Fonte: INPE/2012)

    Figura 29- Vista lateral do dispositivo com suporte definitivo de amostras. (Fonte: INPE/2012)

    Figura 30- Vista superior do dispositivo com amostra fixada. (Fonte: INPE/2012)

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    Cada material do dispositivo foi selecionado a partir de determinadas caractersticas

    que melhor poderiam ser desenvolvidas a baixo custo e que apresentasse resultados

    amplamente satisfatrios.

    O motor de para-brisa de veculos automotores (Figura 31) possui essas condies,

    e com as seguintes especificaes abaixo:

    Tabela 1-Especificaes do Motor. Fonte: Bosch do Brasil S.A.

    Figura 31-Motor de para-brisa, usado no dispositivo. (Fonte: UESC/2012)

    A fim de realizar os degaste nas amostras com os revestimentos propostos no

    trabalho e que assim pudesse modelar o desgaste por abraso sofrido pelos desfibradores

    durante o processo de desfibramento da cana para a produo do lcool, foi implementado

    no eixo rotatrio do motor de para-brisa um rebolo de esmeril (figura 32), de granulometria

    120, para realizar a avaliao do degaste por abraso dos revestimentos.

    Tenso dos Motores: 12 VCC

    Consumo Nominal: 7,5 A

    Torque/Opes: 48 Nm

    Sentido de Giro: L/R

    Velocidades: 1 ou 2

    Rotaes mximas: 100 rpm

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    Figura 32-rebolo de esmeril. (Fonte: UESC/2012)

    Para selecionar a fonte de alimentao do motor foram consideradas suas

    especificaes de funcionamento de 12 V e corrente de 7,5 A e tambm o requisito de ser

    um produto comercial, de fcil obteno e baixo custo. Aps pesquisa por fontes ou

    baterias, o componente selecionado foi uma fonte padro de computador (Figura 33), que

    possu sadas de corrente e tenso adequadas s especificaes do motor, alm de

    permitir alimentao de 110V ou 220V.

    Figura 33-Fonte de Computador utilizada no dispositivo. (Fonte: UESC/2012)

    Para a fixao das amostras foi desenvolvido um suporte para sua fixao (figura

    34), durante os primeiro testes o mesmo no se mostrou eficaz, devido s amostras no

    permanecerem fixas, movimentando-se constantemente, no qual ento foi necessrio o

    desenvolvimento de um brao que fixasse as amostras num ngulo fixo, sem nenhum

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    deslocamento e que suportasse com preciso necessria qualquer dimetro de amostras

    sendo feito de alumnio e que buscasse representar o movimento dos desfibradores sobre

    a cana (figura 35).

    Figura 34-Primeiro suporte de amostras, (A) vista externa, (B) vista interna do espao reservado dasamostras. (Fonte: INPE/2012)

    Figura 35-(A) Brao-Suporte definitivo das amostras; (B) modelo inicial do suporte. Fonte: LAS/INPE (2012)

    3.2. Espectroscopia de espalhamento Raman

    A espectroscopia Raman uma tcnica muito utilizada para obter informaes sobre

    a estrutura de materiais como o DLC e tambm com relao ao seu grau de desordem

    (TUINSTRA ET AL, 1970). Esta tcnica amplamente usada devido sua simplicidade,

    por ser no destrutiva e por fornecer informao qualitativa sobre o material estudado

    (ROBERTSON APUD MARCIANO, 2002).

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    O diamante tem uma nica banda caracterstica centrada em 1332 cm -1 e o cristal

    de grafite tem uma linha nica centrada em 1580 cm -1, denominada G (Robertson apud

    Marciano). O grafite desordenado tem uma segunda banda ao redor de 1350 cm -1

    chamada D que est relacionada desordem do material. Nos espectros Raman de

    materiais de carbono amorfo observa-se duas bandas largas denominadas de G e D,

    centradas por volta de 1560 cm-1 e 1350 cm-1, respectivamente. Na figura 36 mostrado

    um espectro Raman de um filme de DLC obtido pela tcnica de PECVD em um plasma de

    metano.

    Figura 36-Espectro Raman de um filme de DLC obtido pela tcnica de PECVD em um plasma de metano.Fonte: (Robson, 2002)

    Figura 37-Espectro Raman de Filmes DLC em aos AISI 1020,1045 e D2. (Fonte: INPE/2012)

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    A estrutura dos filmes de DLC foi estudada utilizando o equipamento de

    espectroscopia de espalhamento Raman, a figura 37 mostra os espectros de DLC nos

    substratos de aos AISI 1020,1045 e D2.

    Para se obter os espectros foi utilizado um sistema Renishaw 2000 (Figura 38) com

    um laser inico de Ar+, com comprimento de onda de 514,5 nm e geometria de retro

    espalhamento. O deslocamento Raman foi calibrado utilizando o pico de um diamante

    cristalino em 1332 cm-1.

    Figura 38-Sistema para medies de espectroscopia Raman.Fonte: LAS/INPE (2012).

    3.3. Microscopia eletrnica de varredura-MEV

    Consiste na anlise da topografia da superfcie da amostra, com excelente resoluo

    da imagem obtida. A imagem obtida por reflexo de feixe de eltrons pela superfcie da

    amostra. A amostra deve ser condutora. As amostras de materiais no condutores

    necessitam de recobrimento com uma fina camada de um metal condutor (0, a 5 nm) e

    pouco suscetvel oxidao (geralmente ouro). A Figura 39 mostra a ilustrao do

    funcionamento de um Microscpio Eletrnico de Varredura (MEV) e na figura 40 o MEV

    disponvel no LAS/CTE/INPE.

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    Figura 39-Representao do funcionamento e componentes de um microscpio eletrnico de varredura.Fonte: Costa (2010)

    Figura 40-Microscpio Eletrnico de Varredura- MEV. (Fonte: INPE/2012)

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    A microscopia eletrnica de varredura foi utilizada para a observao, com maiores

    detalhes da microestrutura, buscando-se uma relao entre os microconstituintes e as

    fases detectadas por difrao de raios X.

    As imagens so formadas fundamentalmente do resultado da interao do feixe

    eletrnico colimado de alta energia, aproximadamente de 25kV, com a superfcie da

    amostra. A interao, produzida em todo o campo da amostra, decorrente da varredura

    horizontal e vertical do feixe de eltrons. (BARBIERI, 2007)

    O microscpio eletrnico de varredura (MEV) um dos instrumentos mais versteis

    para investigar microestrutura de materiais metlicos. Comparado ao microscpio ptico,

    sua expanso de resoluo bem maior que uma ordem de magnitude, pois permite

    analisar com resoluo adequada objetos, de at, aproximadamente, 10 nm (100)(BARBIERI, 2007).

    A principal vantagem dessa tcnica, alm da alta resoluo, imensa profundidade

    de foco, que nos consiste obter imagens tridimensionais da amostra, muito teis para

    examinar superfcies desgastas.

    Quando um feixe de eltrons de alta energia incide sobre um material, d origem a

    uma srie de sinais que podem ser captados em pulsos eltricos por meio de um sistema

    eletrnico, sendo em seguida amplificados para, finalmente, serem transformados emimagem por meio de um sistema de visualizao. (BARBIERI, 2007).

    Na microscopia eletrnica de varredura os sinais de maior interesse para a formao

    da imagem so os eltrons secundrios e os retroespalhados. Os eltrons secundrios

    fornecem imagem de topografia da superfcie da amostra e so os responsveis pela

    obteno das imagens de alta resoluo. J os retroespalhados fornecem imagem

    caracterstica de variao de composio. (COSTA, 2010)

    Os eltrons retroespalhados (ERE) so eltrons do feixe primrio (EP) que, apschoques aproximadamente elsticos (interaes com mudana de direo sem perda

    acentuada de energia) com o ncleo dos tomos da amostra, escaparam do material

    (MALISKA, 2009).

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    Figura 42-Esquema do Interfermetro de Michelson. Fonte: Costa (2010)

    A diferena de caminho ptico entre os dois feixes e a mudana na frente de onda

    ocasionada pelo contorno das superfcies de reflexo produz um padro de interferncia

    que percebido pelo detector. O padro de interferncia est relacionado com as

    informaes relativas altura da amostra. (COSTA, 2010)

    O diferencial dessa metodologia em relao perfilometria de contato a maior

    preciso e a leitura de uma rea mais representativa e no apenas de um ponto, e a

    principal vantagem, quando comparado s demais tcnicas, que o instrumento no entra

    em contato com a amostra, o que elimina a chance de danific-la.

    Segundo Radi (2008), a perfilometria ptica uma tcnica de no contato que

    permite