dissertação de mestrado vitor scarpelli

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Vitor Pasquini Scarpelli Comunicação Social e associações comunitárias: a atuação de líderes de opinião em Balsas(MA) Universidade Metodista de São Paulo Programa de Pós- Graduação em Comunicação Social São Bernardo do Campo-SP, 2010

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Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

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Page 1: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

Vitor Pasquini Scarpelli

Comunicação Social e associações comunitárias:a atuação de líderes de opinião em Balsas(MA)

Universidade Metodista de São Paulo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social São Bernardo do Campo-SP,

2010

Page 2: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

Vitor Pasquini Scarpelli

Comunicação social e associações comunitárias:a atuação de líderes de opinião em Balsas(MA)

Dissertação apresentada em cumprimento parcial àsexigências do Programa de Pós-Graduação em

Comunicação Social, da UMESP-Universidade Metodistade São Paulo, para obtenção do grau de Mestre.

Orientadora: Profa: Sandra Reimão

Universidade Metodista de São Paulo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social São Bernardo do Campo-SP,

2010

Page 3: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

A dissertação de mestrado sob o título "Comunicação social e

associações comunitárias: a atuação de líderes de opinião em

Balsas(MA)", elaborada por Vitor Pasquini Scarpelli foi

apresentada e aprovada em 16 de março de 2010, perante banca

examinadora composta por Sandra Reimão (Presidente/UMESP),

Maria Aparecida Ruiz (Titular/UMESP) e Jane Marques

(Titular/USP).

Profa. Dra. Sandra Reimão Orientadora e Presidente da Banca Examinadora

Prof. Dr, Sebastião Squirra Coordenador do Programa de Pós-Graduaçao

Programa: Mestrado em Comunicação Social

Área de concentração: Processos

Page 4: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

Comunicacionais Linha de Pesquisa: Livros e

outras mídias

Agradecimentos

Aos meus pais Roseane Pasquini e Sergio Scarpelli, que sempre me incentivaram

e tornaram possível a realização dos meus projetos de vida.

A Bruno Menegatti, pelos diversos favores que colaboraram para a

realização desta dissertação.

A Luis e Ana Elisa Salvatore por possibilitarem que eu conhecesse um outro lado do

Brasil.

A todos os funcionários da Escola Municipal Agostinho Neves,

especialmente Eliane, Cláudia, Antonieta e Edjane.

Aos moradores do bairro Bacaba, e membros da associação de moradores do

bairro Bacaba, que me receberam calorosamente em sua cidade.

A Aluísio, pela colaboração em pesquisar e organizar documentos, e a sua família,

que me recebeu durante dias em sua casa quando eu estava tão distante da minha.

Page 5: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

A todas as pessoas que estiveram a meu lado durante esse período, em casa ou pelos

sertões, especialmente Murilo, Júnior, Gilmar, Elver, Claiton, Marina, Otávio, Guto, Leandro,

Rafael, Valter e Wolber.

Imagem 1 - Criança no campo de futebol do Bairro Bacaba p.125

Imagem 2 - Apresentação de capoeira do Grupo Guerreiros da Criança p.125

Imagem 3 - Computador doado para informatização da biblioteca p.125

Imagem 4 - Apresentação de um músico local durante a visita do IBS p.126

Imagem 5 - Moradores do bairro Bacaba p.126

Lista de Imagens

Page 6: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

Imagem 6 - Crianças moradoras do Bairro Bacaba p.126

Lista de Imagens p.3

Lista de Tabelas p.4

Introdução p.ll

1 - Sobre o conceito de líder de opinião p.12

2 - Balsas p.23

2.1 - O município de Balsas p.23

2.2 - O bairro Bacaba p.28

2.3 - Os meio de comunicação da cidade de Balsas p.31

3 - Instituto Brasil Solidário p.34

3.1 - O surgimento do Instituto Brasil Solidário p.34

3.2 - O Programa de Desenvolvimento Sustentável da Escola p.40

4 - A atuação dos moradores do bairro Bacaba p.58

4.1 - A associação de moradores do bairro Bacaba p.58

4.2 - A atuação dos líderes comunitários do Bairro Bacaba no PDSE p.64

5 - Considerações finais p.68

6 - Referências p.70

Anexo 1 p.72

Entrevista Antonieta Neves da Silva Matos p.72

Sumário

Page 7: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

Entrevista Isomar de Sousa Neves p.76

Entrevista Norina Neves Quiximtera p.76

Resumo

Page 8: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

Entrevista Edjane Nunes Santos p.77

Entrevista Wadson Oliveira Silva p.81

Entrevista Carmegildo Xavier da Silva p.83

Entrevista Xavier Fiali de Souza p.84

Entrevista Luis Barbosa de Sousa p.85

Entrevista Reni Jorge Grampes p.86

Entrevista Gilson Pereira Botelho p.89

Entrevista Naura de Sousa p.92

Entrevista Juarez Júnior da Silva Oliveira p.93

Entrevista Raimundo Nonato Cardoso Nogueira p.95

Entrevista Clarindo de Sousa Gomes p.97

Entrevista Josivam Pereira de Sá p.99

Entrevista Talita Moura p.99

Entrevista Fabricio Andrade p.101

Entrevista João Batista Rodrigues Araújo p.102

Entrevista Luis Fernando Fogaça Neto p.108

Entrevista José Maria da Silva p.109

Entrevista Antônia Almeida Nunes p.110Anexo 2

Entrevista Luis Salvatore p.lll

p.125

Page 9: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

Esta dissertação visa examinar o bairro Bacaba, um bairro periférico do município de Balsas-MA, durante

a implantação de um projeto social implantado por uma ONG. O objetivo desse estudo é compreender como os

líderes de opinião da comunidade do bairro Bacaba, atuaram junto a comunidade e aos meios de comunicação da

cidade durante a realização de um projeto social em um colégio localizado no bairro Bacaba. A atuação desses

líderes foi observada durante quatro etapas que formaram o projeto implantado na escola e duas visitas posteriores

onde foi observada a continuação desse projeto.

Palavras-Chave: Líder de opinião, Comunicação em comunidades periféricas, Projetos Sociais

Resumo

Page 10: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

Resumen

Esta tesis tiene como objetivo examinar el barrio Bacaba, un barrio en las afueras de la ciudad de

Balsas-MA, durante la ejecución de un proyecto social ejecutado por una ONG. El objetivo de este

estúdio es comprender cómo los líderes de opinión en el distrito de la comunidad Bacaba, actuo en la

comunidad y los médios de comunicación de la ciudad durante la ejecución de un proyecto social en

una escuela situada en el Bacaba. El trabajo de estos dirigentes se observo durante cuatro etapas que

forman el proyecto ejecutado en la escuela y dos visitas posteriores, donde se observo la continuación

de este proyecto.

Palabras-Clave: Líder de opinión, Comunicación en comunidads afueras de la ciudad, Proyecto

Social

This paper intend to make an exam on the Bacaba district, a peripheral distric located in the city of Balsas-

MA, during the introduction of a social project made by an ONG. The objective of this estudy is to

understand how the opinion leaders from the Bacaba community, act with this community and with the

local media during the realization of a social project in a school located in the Bacaba district. The

performance of these leaders was observed during the four stages of the project implantation, and during

two afterwards travels where the continuation of these projects were observed.

Keywords: Opinion Leader, Peripheral communication, Social projects

Page 11: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

Introdução

A ideia desta pesquisa surgiu em 2007 quando realizei um trabalho social voluntário junto ao Instituto

Brasil Solidário. A convivência com as comunidades do sertão brasileiro e o modo como cada uma delas se

organizou para participar do trabalho foi algo que me intrigou. No ano seguinte, voltei a ser voluntário das ações,

dessa vez participando de todas as etapas do trabalho como cinegrafista. Acredito que exercer a função de

cinegrafista foi um fator que facilitou a realização da pesquisa, pois é uma função que tem como princípio básico

observar. Enquanto os outros voluntários ficaram restritos a sala onde exerciam suas funções, pude caminhar pela

escola e observar o andamento das ações e o comportamento dos moradores nos em todos os trabalhos efetuados

pela ação social.

Durante o período em que trabalhei nesse projeto um lugar específico chamou minha atenção, a cidade de

Balsas-MA, mais especificamente o bairro Bacaba, local onde tive oportunidade de trabalhar como voluntário em

quatro ocasiões. A comunidade se destacou por comparecer em grande número durante os trabalhos e se organizar

de uma maneira diferenciada dos outros locais visitados. Essa organização me despertou o desejo de compreender

como pessoas reconhecidas como líderes pela comunidade, atuaram durante o projeto social realizado no

município.

A pesquisa qualitativa apresentada nessa dissertação foi realizada durante as quatro viagens ao município

de Balsas que compuseram o Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Escola realizado pelo Instituto Brasil

Solidário, e em duas viagens posteriores a implantação dos trabalhos que tiveram como principais objetivos

observar se ou como a comunidade do bairro Bacaba deu continuidade aos trabalhos realizados pelo Projeto de

Desenvolvimento Sustentável da Escola, e a realização entrevistas com moradores do bairro Bacaba, funcionários

da Escola Municipal Agostinho Neves e pessoas reconhecidas como líderes pela maioria da comunidade.

Enquanto realizava os trabalhos voluntários na cidade, e em outras duas ocasiões em que estive em Balsas

para realizar a pesquisa, fui recebido de maneira calorosa pelos moradores, que foram

extremamente solícitos e desta maneira facilitaram a realização da pesquisa.

A pesquisa apresentada a seguir descreve o município de Balsas, o bairro Bacaba e o projeto social

do Instituto Brasil Solidário. Em seguida é feita uma descrição da associação de moradores do bairro

Bacaba, e da maneira como esses representantes da comunidade atuaram junto ao projeto social desenvolvido

na comunidade. Através da identificação de alguns líderes da comunidade foi possível observar a maneira com

que esses líderes atuaram junto aos moradores do bairro Bacaba e interagiram com os meios de comunicação da

cidade.

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Abstract

Page 12: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

Capítulo I - Sobre o conceito de líder de opinião

Nesse capítulo, buscaremos traçar os elementos centrais do conceito de líder de opinião. Para

tanto, uma síntese será elaborada, focada nesse tema, utilizando citações de autores (que considero)

relevantes para o desenvolvimento desse conceito. O primeiro estudo citado nesse capítulo esclarece as

ideias básicas sobre o conceito de líder de opinião e serve de base para compreensão dos estudos

posteriores, que aprofundam e estendem os conhecimentos sobre o assunto.

Lazarsfeld, Berelson e Gaudet fizeram um estudo chamado The people's choice: how the voter

makes up his mind in a presidential campaign, sobre a campanha presidencial de 1940, nos Estados

Unidos. Nesse estudo, observaram que algumas pessoas da comunidade exerciam um importante papel na

seleção da informação e na disseminação da influência exercida pelas mensagens transmitidas pelos

meios de comunicação massivos.

Esses autores notaram que as mensagens transmitidas pelo rádio e pelos meios impressos não

tinham grande efeito nas mudanças de decisão de voto. A partir desse ponto, Lazarsfeld, Berelson e

Gaudet procuraram entender como as pessoas tomam suas decisões, e quais os fatores que levam algumas

delas a mudar essas decisões.

Para entender esse fenômeno, Lazarsfeld, Berelson e Gaudet focaram seu estudo nas pessoas que

mudaram a intenção de voto durante a campanha. Os autores descobriram que as principais causas da

mudança de intenção de voto não foram diretamente as mensagens enviadas pelos meios de comunicação

de massa, mas, sim, outras pessoas.

A influência pessoal alcança aqueles que são mais suscetíveis a mudanças, eserve como uma ponte na qual os meios formais de comunicação estendem suainfluência. Além disso, relações pessoais possuem algumas vantagenspsicológicas que as tornam especialmente efetivas no exercício da pressãomolecular, levando à homogeneidade política dos grupos sociais.1

Os autores consideram que os contatos pessoais, na grande maioria dos casos não possuem o

propósito de mudar a opinião política da(s) outra(s) parte envolvida em uma conversa. Quando esse tema

é abordado pelos meios de comunicação massivos, existe em muitos casos um esforço para modificar a

opinião do receptor da mensagem.A força dos contatos pessoais sobre a opinião reside, paradoxalmente, namaior casualidade e falta de propósito em assuntos políticos. Se lermos ououvirmos um discurso, normalmente o fazemos com propósito e já temos umaposição decidida em nossas mentes, que influenciarão nossa receptividade.2

A partir desse ponto, os autores observaram que as pessoas tendiam a votar de maneira idêntica a

de outras pessoas com as quais conviviam, ou seja, esposas votavam como os seus maridos, membros de

clubes como outros membros do mesmo clube, trabalhadores como os seus companheiros de trabalho.

Toda vez que uma propaganda feita por outra pessoa é experimentada comouma expressão da tendência prevalente do grupo, há maiores chances de seobter mais sucesso que a mídia formal, por causa das recompensas sociais.3

1 LAZARSFELD; BERELSON; GAUDET, 1968, p.151 (Tradução nossa)2Ibidem, p. 153 (Tradução nossa)3Ibidem, p. 157 (Tradução nossa)

Page 13: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

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Nesses grupos, em que havia homogeneidade de intenção de voto, os autores observaram que

algumas pessoas exerciam grande influência sobre a intenção de voto dos outros componentes do grupo.

As pessoas que exerciam essa influência foram chamadas, pelos autores, de líderes de opinião.

A confiança no ponto de vista de outra pessoa pode surgir tanto devido aoprestigio que essa pessoa possui como pela plausibilidade do quem tem a dizerou sua relevância para os interesses das outras pessoas. É obvio que em todasas influências o prestígio exerce um papel fundamental. O grau deconformidade é maior quanto maior for o prestígio da pessoa do nosso grupoque tenta nos influenciar. A plausibilidade das consequências que ele apresentavai parecer maior se ele for importante.4

Ao contrário do que se acreditava anteriormente, os líderes de opinião faziam parte de diferentes

grupos de atividade e níveis socioeconómicos. Lazarsfeld, Berelson e Gaudet passaram a tentar descobrir

o que influenciava os líderes de opinião. Diferentemente das outras pessoas, as respostas dos líderes de

opinião revelaram que, para eles, as mensagens transmitidas pelos meios de comunicação massivos foram

determinantes para decidirem em qual candidato votariam.

Essas informações deram origem a uma ideia de comunicação em duas fases:

1- as informações dos meios massivos eram recebidas e/ou absorvidas pelos líderes de opinião e

2- retransmitidas, pelos lideres de opinião, para as outras pessoas com as quais eles conviviam nos mesmos

grupos.

O estudo de Lazarsfeld, Berelson e Gaudet mostrou a relevância de considerar os líderes de

opinião como peças importantes de intervenção na assimilação para o resto do grupo, das mensagens

transmitidas pelos meios de comunicação de massa; ou seja, para que uma mensagem de um meio de

comunicação massivo seja assimilada, a intervenção de um membro destacado do grupo é essencial.

O líder de opinião é um membro de um grupo de pessoas, que se destaca em determinado

assunto, e em relação a esse assunto, é considerado uma fonte de referência para os outros membros.

Todos os grupos de seres humanos têm um elemento que se destaca em certaárea, a quem os outros darão crédito e a quem consultarão quando necessário.Cada líder de opinião exerce influência em um determinado assunto. Assim,por exemplo, o farmacêutico de uma cidadezinha pode ser o líder de opiniãopara questões políticas. Um certo aluno da classe será fatalmente e sempreescolhido para representar os seus colegas e assim por diante. Umainformação nova frequentemente passa a ser aceita pelo grupo apenas quandoé reforçada pelo líder de opinião.5

Em seu livro As utilizações da cultura, Hoggart discute as mensagens transmitidas pelos meios de

comunicação massivos, absorvidas pelos líderes de opinião, segundo Lazarsfeld, Berelson e Gaudet.

Hoggart acredita que a influência desses meios se tornou maior em tempos recentes, tendo em vista que

são muito mais ativas que antigamente, chamando atenção para o fato de que essa influência, algumas

vezes, pode ter um efeito negativo sobre a cultura popular.(...) a influência das publicações de massa se tornou, hoje em dia, pormuitíssimas razões, muito mais insistente e ativa; que essas publicações

4Ibidem, p. 158 (Tradução nossa)5 LUYTEN, 1988, p.10

Page 14: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

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adquiriram uma extensão até agora desconhecida; que nós estamos a dirigirno sentido da criação de uma cultura de massas; que as reminiscências daantiga cultura urbana, do povo estão a ser destruídas; e que, nalguns aspectosimportantes, a nova cultura de massas é menos saudável do que a cultura,muitas vezes tosca, que está substituindo.6

Apesar de acreditar que os meios de comunicação massivos possam, em algumas ocasiões, ser

nocivos para a cultura popular, Hoggart acredita que a tradição popular, muitas vezes, não é afetada pelos

meios de comunicação massivos, pois tratam-se de tradições orais do convívio do dia a dia.

(...) quando ouvimos falar os membros das classes proletárias, em casa comono trabalho, constatamo, em primeiro lugar, não os efeitos de cinquenta anosde cinema e imprensa de grande difusão, mas, antes, a influência praticamentenula desses fenômenos sobre a linguagem do dia a dia, uma vez que osmembros dessas classes continuam a inspirar-se no que a fala e as crenças queimplicitamente se exprimem por meio da fala se refere, numa tradição oral elocal.7

Em 1955, Paul Lazarsfeld e Elihu Katz publicaram o livro Personal Influence: the part played by

people in the flow of mass communication. Nesse livro, como o próprio título indica, os autores

aprofundam os estudos anteriores sobre o papel do líder de opinião na comunicação de massa.

Todos esses estudos tendem expor a validade da ideia do líder de opinião, deuma maneira ou de outra, e deixar explícito que a imagem tradicional doprocesso de persuasão de massa deve abrir espaço para as pessoas comofatores que intervêm entre o estímulo da mídia e as opiniões, decisões e açõesresultantes.8

Uma das maiores preocupações dos autores foi analisar o modo como os líderes interagem com

os grupos em que convivem.

O que chamamos de liderança de opinião, se é que podemos chamar deliderança, é a liderança em sua forma mais simples: é exercitada casualmente,às vezes nem é percebida, nos pequenos grupos de amigos, família e vizinhos.Não é uma Liderança ao nível de Churchill, de um político local ou uma elitesocial local. É o extremo oposto: é quase invisível, sem suspeitas, uma formade comunicação de pessoa para pessoa em um nível casual, intimo, informal,contato do dia a dia.9

Os autores destacaram que o desejo de conformidade é um dos motivos para que as pessoas de

um mesmo grupo adotem opiniões iguais. Um indivíduo que deseja a aceitação de um grupo sente-se

motivado a incorporar a opinião do grupo, mesmo que não esteja ciente disso. Isso não se aplica somente

a novos membros de um grupo. Note-se que membros antigos, que tenham uma opinião muito diferente

do resto do grupo ao qual pertencem, podem vir a perder status dentro do grupo ou, até mesmo, deixarem

de fazer parte do grupo. Por outro lado, os indivíduos que incorporam a opinião do grupo recebem

aceitação e amizade.

6Hoggart, 1973, p.297Ibidem, p.338KATZ; LAZARSFELD, 2006, p.32 (Tradução nossa)9Ibidem, p. 138 (Tradução nossa)

Page 15: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

15

(...) se um indivíduo deseja estreitar ou manter uma relação intima com outraspessoas, ou se ele deseja chegar a algum lugar com um grupo ou através de umgrupo, ele deve se identificar com as opiniões e valores desses indivíduos ougrupos. Isso não significa necessariamente que essa identificação épreviamente calculada. Mas conscientemente ou não, as consequências daconformidade ou não-conformidade continuarão as mesmas.10

Pelo fato de na formação de uma opinião confluir um conjunto de experiências que não foram

vividas diretamente por cada um dos membros do grupo, a informação trazida pelo líder de opinião atua

como mediadora substituta dessa experiência direta. Os autores citam experiências feitas por Sherif (1952)

que evidenciam que as pessoas procuram e dependem das outras para tomarem decisões em situações de

incerteza. Essas experiências também demonstram que indivíduos interagindo com outros, diante de um

problema, tendem a criar uma opinião ou decisão comum.

É dessa maneira que surgem os estereótipos, e é uma das razões porque ideiasdo que é real na religião ou na política variam de grupo para grupo. Muitascoisas no mundo são inacessíveis para a observação.empírica direta, então os indivíduos devem continuar confiando uns nos outrospara compreenderem as coisas.11

Um outro elemento que deve ser considerado para caracterizar a atuação do líder de opinião é a

tendência das pessoas de procurar outros indivíduos com as mesmas opiniões e valores. Lazarsfeld e Katz

afirmam que as pessoas de um grupo não gostam de ver seus companheiros tendo opiniões diferentes das

do resto do grupo. Além disso, os grupos gostam de ter uma identidade, e uma das maneiras de manter

essa identidade é exigir, em alguns aspectos, um comportamento semelhante de todos os membros do

grupo.

(...) devemos apontar outro fator que nos ajudará a explicar porque as opiniõesde um indivíduo são parecidas com as opiniões daqueles a sua volta. Ofenômeno a que nos referimos é a tendência das pessoas procurarem outraspessoas com opiniões e valores parecidos como companheiros.12

Assim como os indivíduos, os grupos possuem metas que, em alguns casos, só poderão ser

atingidas se houver consenso entre os membros do grupo.

Primeiramente, indivíduos não gostam de ver seus associados mudando umavisão tradicional de enxergar algo. É uma experiência desconfortável para osindivíduos descobrirem que um membro do grupo propõe enxergar as coisas deuma maneira diferente. Considere, por exemplo, as consequências de acreditarque bruxas não existem, no contexto de uma comunidade puritana caçadora debruxas. Segundo, grupos gostam de preservar sua identidade, e uma dasprincipais maneiras de um grupo fazer isso é requerer um comportamentouniforme por parte de seus membros. Terceiro, e talvez o mais importante, é ofato de que grupos, assim como indivíduos, têm objetivos, e esses objetivos nãopodem ser alcançados se não houver consenso.13

10Ibidem, p.52 (Tradução nossa)11Ibidem, p.54 (Tradução nossa)12Ibidem, p.59 (Tradução nossa)13Ibidem, p.62 (Tradução nossa)

Page 16: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

16

Lazarsfeld e Katz escrevem que, no imaginário popular, existem diversos tipos de líderes: oficiais

e não-oficiais, de pequenos grupos ou grandes nações, organizadores, agitadores, esclarecidos, líderes

especializados e líderes que atuam em várias áreas. Os líderes oficiais são formalmente designados por

instituições; um presidente de empresa é um exemplo de líder oficial. Os líderes não-oficiais não foram

nomeados por uma instituição organizada formalmente; podem ser os líderes de uma gangue, por

exemplo. Os organizadores e agitadores reúnem pessoas em grandes movimentações, os esclarecidos

transformam o pensamento de seus seguidores. Líderes especializados como, por exemplo, físicos

nucleares, serão consultados dentro de esferas mais específicas, enquanto líderes, como os ditadores ,

interferem em diversos aspectos da vida das pessoas.

Os denominados líderes de opinião, tratados por Lazarsfeld e Katz, são principalmente líderes

informais, e a comunicação geralmente é face a face.

O líder de opinião é, do ponto de vista da pessoa influenciada, um indivíduo "expert" em

determinado assunto ou com grande conhecimento geral, e é alguém confiável.

Os autores fizeram uma pesquisa para analisar a influência do líder de opinião. Para

aproximadamente metade do público que respondeu o questionário aplicado pelos autores, as pessoas

competentes e confiáveis estavam nos círculos familiares; o restante respondeu vizinhos, amigos ou

colegas de trabalho. Em um novo questionário aplicado, meses depois, 40 por cento dos respondentes

disseram que as mudanças de opinião aconteceram devido a alguma conversa com uma pessoa específica.

Aproximadamente metade dos respondentes disse procurar pessoas com quem possui contato diário para

discutir suas opiniões.

A Pesquisa de Lazarsfeld e Katz mostra que é possível identificar e analisar a influência do líder

de opinião nas mensagens transmitidas pelos meios de comunicação massivos.

Hoggart acredita que comunidades pequenas ou afastadas, muitas vezes, não possuem seu dia a

dia retratado ou acontecimentos noticiados nos meios de comunicação massivos. Sobre essas

comunidades Hoggart (1973, p.41) escreve que "(■••) os novos meios de comunicação que a elas se

dirigem não têm conseguido afetar grandemente as classes proletárias, sobretudo se tivermos em conta a

vastidão e expansão desses novos meios de comunicação."

No livro Folkcomunicação: Teoria e metodologia, Luiz Beltrão aponta que a comunicação é o

problema fundamental da sociedade contemporânea, devido à imensa diversidade cultural, etnias,

diferenças sociais e distâncias entre os indivíduos.

Para Beltrão, além dos interesses imediatos de cada grupo, existe um propósito comum: Adquirir

conhecimento e vivência para aperfeiçoar a espécie e a sociedade em que está inserida. Para que esse

processo ocorra, a comunicação é indispensável.

Diferente de algumas épocas da história, em que as pessoas se reuniam para ouvir mensagens e

tomar decisões, a comunicação direta tornou-se limitada. Na sociedade contemporânea, os instrumentos

de comunicação de massa fornecem mensagens, de acordo com as identidades de valores do grupo para o

qual estão destinados.

Page 17: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

17

Simplesmente analisar dados estatísticos não é suficiente para saber os efeitos das mensagens

transmitidas pelos veículos de comunicação massivos. Beltrão acredita que, para otimizar o efeito das

mensagens, é necessário, primeiro, saber a personalidade dos grupos organizados, a situação

socioeconómica e cultural da sociedade como um todo, as diretrizes políticas e a influência das elites

dirigentes sobre o todo e o quadro psicológico da atualidade universal. A análise dos efeitos da

comunicação pode levar o comunicador coletivo a alterar a forma de suas mensagens. Esse processo é

vital na comunicação coletiva e, sem ele, o órgão comunicador aliena-se.

Processo de isolamento e alienação semelhante ocorre com grupos organizados da sociedade que

não analisam os elementos da comunicação coletiva. Isso ocorre, principalmente, quando esses grupos

atuam em uma grande extensão territorial de cultura e economia heterogêneas.

O processo de fluxo da comunicação em dois estágios foi estudado em diferentes ocasiões e

ambientes. As conclusões principais foram que a influência de outras pessoas é mais efetiva do que a dos

meios de comunicação coletiva; que os líderes de opinião e as pessoas influenciadas por eles, na maioria

dos casos, mantêm relações estreitas; que indivíduos que têm uma relação íntima possuem, na maioria dos

casos, opiniões e atitudes comuns; que deve existir um interesse suficiente para que a influência passe dos

mais para os menos interessados.

Para Beltrão (2004, p.77), "(...) os meios convencionais de comunicação coletiva não funcionam

para a obtenção de efeitos positivos para as pretensões das elites culturais e políticas.". Isso acontece

porque suas mensagens não são assimiladas pelos grupos. Para que isso não ocorra, os que controlam os

meios massivos devem não apenas usar esses meios para enviar suas mensagens, mas, também, utilizar os

líderes de opinião populares.

Em seu livro Cruz das Almas, Donald Pierson aponta os encontros de grupos organizados dentro

da comunidade, para realizar atividades cotidianas como espaço em que a liderança comunitária surge e se

fortalece.

A liderança na comunidade se pratica nas calçadas e pescarias, nas missas,procissões e outras cerimônias religiosas, no planejar e realizar festas, naformação da opinião pública, em especial na política, e por ocasião de crisespessoais, familiares ou da comunidade.14

Beltrão procura adaptar o papel do líder de opinião para a realidade brasileira, uma realidade

formada por grupos contrastantes, um com grande desenvolvimento cultural e econômico, e outro,

marginalizado. Cada grupo responde de maneira diferente aos apelos dos meios de comunicação

massivos. Enquanto um grupo muda seus padrões de comportamento, conforme absorve novas ideias e

técnicas difundidas pelos veículos jornalísticos, o outro grupo mantém seus costumes e hábitos, ignorando

e/ou rejeitando até argumentações lógicas.

Para entender o processo por que as camadas menos cultas e mais pobres da sociedade se

informam e transformam suas opiniões em ações, Beltrão observou que para se formar as crenças e

decisões que levam o indivíduo a ação, é necessária comunicação jornalística. Então, no caso do grupo

14 PIERSON, 1966, p.424

Page 18: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

18

que absorve com muito menos intensidade as mensagens dos meios de comunicação massivos, seus

hábitos e costumes tradicionais são veículos jornalísticos.

Com o objetivo de compreender esse processo de comunicação, em que alguns dos agentes

comunicadores não fazem ideia que são jornalistas, editorialistas podem ser analfabetos e bons editores

não tem um tostão, Beltrão busca entender como se comunicavam os indígenas antes da chegada dos

portugueses, e como o contato social modificou-se através dos séculos.

A pesquisa foi feita em coleções de jornais e revistas, livros e arquivos guardados em instituições

públicas e privadas. Beltrão manteve conversas com senhores de engenho, fazendeiros, chefes políticos

do interior, senhoras de quase um século de existência, filhos e netos de escravos, pais-de-santo, gente das

nações africanas e das tribos indígenas, motoristas de transportes rodoviários, cantadores repentistas,

frades missionários, retirantes, tenentes e capitães reformados da polícia, entre outros.

A questão residia em, depois da pesquisa, selecionar entre eles os agentes dacomunicação popular, os catimbozeiros; estudar-lhes a linguagem, situar emsua mensagem, aparentemente distante do propósito informativo-opinativo,porque, na maior parte das vezes, destinada especificamente a preencher ócios,proporcionar mero entretenimento ou fazer negócio - situar-lhe o conteúdo ricoem significado, que produziria no ouvinte, no leitor ou no assistente o mesmoefeito da retórica jornalística entre os receptores do outro Brasil.15

Nos agentes comunitários selecionados e no modo como transmitiam suas mensagens, Beltrão

observou características folclóricas. Formas de expressão oriundas de antepassados longínquos, no tempo

e espaço, sobreviveram através da tradição oral e pelo que Beltrão chama de "(•••) admirável instinto de

preservação das raças oprimidas ou desprezadas." Essas formas de expressão modificaram-se e

sobreviveram ao contato com outra cultura. Para Beltrão, essas manifestações folclóricas "revestem-se de

atualidades e não de memória."

Beltrão acredita que o povo modifica, atualiza, reinterpreta e readapta constantemente seus

modos de agir, pensar e sentir de acordo com as transformações da sociedade e da cultura. Meios de

comunicação utilizados em períodos anteriores da história, como a poesia dos jograis medievais e a

parlenda dos mascates, evoluíram para formas de utilização mais sofisticadas e continuaram a veicular as

mensagens populares, como as novidades trazidas pelos choferes de caminhão e parlendas que

transmitiam simbolicamente normas de conduta.

Danças, pintura, escultura e artesanato possuem elementos folclóricos, e, para Beltrão, essas artes

também são transmissoras da mensagem jornalística para um grupo que não vai ao cinema e tem baixa

escolaridade, por exemplo. Esse processo de transmissão da mensagem tem mais efeito nesse grupo que o

jornalismo tradicional.Folkcomunicação é, assim, o processo de intercâmbio de informações e manifestação de opiniões,ideias e atitudes da massa, por intermédio de agentes e meios ligados direta ou indiretamente aofolclore.16

15 BELTRÃO, 2004, p.44

Page 19: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

2.1-0 município de Balsas

A cidade de Balsas situa-se na mesorregião do Sul Maranhense, microrregião dos Gerais

de Balsas e ocupa uma área de 13.141,64 km16'. Em 2000, a população total era de 69.662

habitantes, sendo 59.113 habitantes localizados na Zona Urbana e 10.549 localizados na Zona

Rural2. Está localizada a aproximadamente 800 km1 da capital São Luis, 650 km de Teresina2, 400

km de Imperatriz e 270 km de Araguaína. O acesso ao município é feito, principalmente, por duas

rodovias federais: a BR 230 e a BR 163 - Belém-Brasília.

A região é predominantemente composta por cerrado tropical subcaducifólico e, nas

margens dos rios e córregos, é possível encontrar campo higrófico de várzea e mata ciliar.

O clima na região é característico da região central do Brasil, e é denominado AW

(tropical chuvoso), segundo a classificação Koppen. A precipitação pluviométrica acontece entre

os meses de outubro e abril, variando em torno de 1.300 mm/ano. Entre os meses de dezembro e

março, acontecem cerca de 65% do total anual das chuvas. A temperatura mantém-se entre 24°C a

28°C, durante o ano, com algumas oscilações. Os valores de nebulosidade variam entre 3,7 a 5,0

horas/dia, na maior parte do ano. Os ventos alcançam a velocidade média de l,5m com poucas

variações durante o ano. O vale do rio Balsas apresenta-se heterogêneo no ponto de vista do

zoneamento hidrológico. A bacia não possui nenhum açude, a qualidade das águas no vale do rio

Balsas é de boa qualidade para o aproveitamento agrícola, característica que incentiva a

agricultura local.17

A mesorregião do Sul Maranhense tem como vegetação predominante o cerrado. Este

tipo de vegetação estimula a atividade tradicional da região, a pecuária bovina na modalidade

extensiva, atividade que teve papel significativo no povoamento da mesorregião. A partir da

segunda metade da década de 1970, a ocupação dispersa e de baixa densidade demográfica inicia

um processo de transformação, principalmente com a entrada de imigrantes, proprietários e

arrendatários do sul do país. Essa transformação prioriza a agricultura, principalmente o cultivo

da soja e do arroz, e caracteriza-se por apresentar um número elevado de pequenas fazendas,

embora possam ser encontradas fazendas com 1000 ou mais hectares.

A diminuição dos cultivos tradicionais e a expansão de uma rizicultura mecanizada, são

os principais elementos responsáveis pela diminuição da produção animal na região que, apesar

de ainda ser muito significativa na região, é menos intensiva que a da capital.

Balsas tem aumentado sua atuação econômica na região sul do Maranhão gradualmente a

partir da década de 1980, principalmente pelo crescimento do setor de serviços e implantação de

novos estabelecimentos industriais. O número elevado de gaúchos que compraram terras e

16Arquivo Cultural de Balsas, 200717Ibidem

Capítulo II - Balsas 19

Page 20: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

20

implantaram empresas rurais de médio e grande porte na mesorregião Sul Maranhense, foi um elemento

fundamental para o aumento populacional e desenvolvimento das produções de soja e arroz no estado. Nessa

mesma década, a produção desses grãos aumentou consideravelmente devido à mecanização das terras cultivadas,

emprego de fertilizantes e corretivos.

A história do município de Balsas tem início em meados de 1815. Sargento Alencar, um viajante

comprador de peles de animais, transportava suas mercadorias com cavalos e burros. Durante o trajeto, seus

animais sofreram de uma infecção da qual morreram. Devido à necessidade de voltar à cidade em que morava,

construiu uma Balsa para transportar sua mercadoria até o comércio de Floriano e Teresina. A partir desse

momento, houve um aumento no transporte fluvial através do rio Balsas. As balsas serviram, durante muito

tempo, como meio de transporte para pessoas e mercadorias, principalmente cereais, coco, babaçu, couro de boi,

porcos, arroz, frutas e peles de animais silvestres. As viagens para Teresina e Floriano duravam em média de 15 a

20 dias.

Page 21: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

21

No final do século XIX, diversos fazendeiros possuíam fazendas às margens direitas do

rio Balsas. O ponto mais acessível para chegar até as fazendas era o Porto das Caraíbas, no rio

Balsas, devido ao movimento constante de fazendeiros, vaqueiros e viajantes. O primeiro

morador da região foi o canoeiro, que fazia as passagens no rio e administrava uma pequena

quitanda, que oferecia aos viajantes, principalmente farinha, rapadura, querosene, remédios e

cachaça. Em seguida, estabeleceu-se na região um mercador de fumo e músico Antônio Ferreira

Jacobina. Os registros destacam diversos personagens músicos ou pertencentes à vida boêmia

nesse período da história de Balsas, quase sempre exercendo uma função de cativar as pessoas da

região.4 A partir desse momento, novos casebres foram se agrupando às margens do rio Balsas.

Antônio Ferreira Jacobina organizava festas e pagodeiras. Com isso ganhou a simpatia do

povo e tornou-s o primeiro chefe do povoado, que foi chamado de Vila Nova. Em 1879, havia

duas ruas em Vila Nova. Nesse período, havia, na região, uma capela, pequenos comércios que

traziam a maioria das mercadorias de Terezina e muitas vezes utilizavam o escambo, usando

peles de animais silvestres, couro de boi espichado, carnes secas e cereais como pagamento.

Muitas famílias cearenses habitavam Vila Nova durante esse período. Uma cadeira de primeiras

letras é criada em Santo Antônio de Balsas, no ano de 1882.

No ano de 1892, o Deputado Estadual, Padre Balduíno Pereira Maya, assume a liderança

política na região, agora chamada Santo Antônio de Balsas. O povoado foi elevado à categoria de

vila em 9 de agosto do mesmo ano. A demanda comercial aumentava e fazia-se necessário um

maior número de embarcações no porto de Balsas.

O Governo Estadual publicou, em 11 de Maio de 1896, o orçamento estadual para uma

Escola Mista, com a importância de 840,00 réis anuais. Nesse período, também através do

governo estadual, entra em funcionamento uma escola pública, que se tornaria, em pouco tempo,

a Escola Agrupada Arthur de Azevedo e, mais tarde, se transformou no Grupo Escolar Luiz Rêgo,

que recebia apoio da Paróquia de Balsas.

No dia 26 de abril de 1911, a empresa Oliveira, Pearce e Cia., dirigida pelo Coronel

Pedro Tomás de Oliveira Pierce, chega a Santo Antônio de Balsas. Utilizando um guincho a vapor

removeu tocos de madeira que obstruíam o rio Balsas. A partir de 11 de julho de 1911, a

navegação do rio Balsas se estabelece e desloca para si o eixo do comércio do sertão.

A partir desse período, acentua-se o movimento de balsas e vapores através do rio Balsas,

e a cidade se desenvolve com rapidez. Em 1918, o representante da Zona Sertaneja no congresso

estadual, o deputado Thucydides Barbosa, apresentou um projeto que foi convertido em lei, no

dia 22 de março do mesmo ano, e elevou Santo Antônio de Balsas à categoria de cidade. A

mesma lei permitia se dirigir à cidade pelo nome de Balsas.

4 Ibidem

Page 22: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

22

Com o constante crescimento da cidade e um grande volume de transações comerciais com São Luís e

Piauí, estabelece-se na cidade a linha telegráfica. No mesmo ano, foi criada a primeira associação de futebol, que

foi denominada Associação Esportiva Balsense, sob a presidência de Thucydides Barbosa.

Devido ao grande fluxo de viajantes, a maioria originária do Piauí e Goiás, surge a Pensão do Comércio,

que, alguns anos depois, se tornaria um hotel de médio porte, o Hotel Santo Antônio.

Durante o ano de 1925, houve uma passagem da coluna Prestes no município de Balsas, sob o comando

dos coronéis Siqueira Campos, Luis Carlos Prestes, João Alberto e Cordeiro de Farias. Na época, Thucydides

Barbosa era o prefeito da cidade e alojou a tropa em um antigo prédio, onde havia funcionado a prefeitura, e

abasteceu a tropa com mantimentos e munições. No ano seguinte, no dia 21 de fevereiro, a Polícia Militar do

Maranhão tomou conhecimento de dois remanescentes da tropa e fuzilou-os em praça pública.

Thucydides Barbosa aia, em 1925, o primeiro Jornal impresso de Balsas, A Evolução, dirigido pelo ex-

repórter do jornal Província do Pará, Ascendino Pinto. No final de 1931, Thucydides Barbosa organiza a Empresa

Tipográfica de Balsas, que se torna o Jornal de Balsas. A primeira edição do jornal foi publicada em 27 de janeiro

de 1932 e foi vendido em grande parte da zona sertaneja. O vasto serviço telegráfico facilitava o recebimento de

notícias de São Luís e do Rio de Janeiro.

Em 1926, diversas famílias sírias e libanesas se estabeleceram em Balsas, motivadas pelo período de

prosperidade econômica em que vivia Balsas. A colônia Sírio-Libanesa convida o professor João Joca Rêgo para

fundar na cidade o Instituto Sírio Brasileiro. João Joca Rêgo também foi co-fundador do Instituto Gil Pires e do

Educandário Coelho Neto.

A década de 1930 foi de estagnado crescimento econômico para o município de Balsas. A navegação a

vapor praticamente desapareceu devido às obrigações sociais e à rigorosa fiscalização da Capitania dos Portos de

Parnaíba. Outros agravantes desta situação foram o surgimento das primeiras estradas de rodagem, administradas

pelo departamento de obras contra as secas, e a facilidade de adquirir caminhões importados dos Estados Unidos.

Com a estagnação econômica, muitas famílias de Balsas aventuraram-se nos Garimpos de Diamante e Cristais de

Rocha, localizados no estado de Goiás. Nesta mesma década, foi instalado o 13° Distrito Sanitário na cidade de

Balsas. No final da década, houve diversas sondagens e perfurações com o objetivo de encontrar petróleo, mas os

poços encontrados na cidade não compensavam o investimento.

Na Década de 1950, a criação do Ginásio Balsense começava a ser planejada. O projeto foi colocado em

prática no dia 28 de fevereiro de 1953 com o objetivo de prover formação educacional e cultural. Foi criado,

então, o primeiro estabelecimento de ensino médio gratuito na cidade de Balsas e na região sertaneja.

A Prelazia de Santo Antônio de Balsas é criada, também, na década de 1950, sob a experiência de

evangelização na África e Portugal, no dia 12 de junho de 1952, véspera do dia do padroeiro Santo Antônio. A

ordem dos Combonianos chega a Balsas, vinda do Rio de Janeiro. Essa missão religiosa tinha como locais de

atuação a cidade de Balsas e outras cidades da zona sertaneja.

Page 23: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

23

Durante a década de 50, o comércio no município de Balsas tinha como principal produto o sal, que

chegava a Balsas em embarcações vindas de Parnaíba. Comerciantes de municípios do sul de Goiás, hoje

Tocantins, compravam sal e remédios e vendiam crina de cavalos, peles de animais silvestres e couro de boi.

A Associação Recreativa Balsense constrói, em 1952, um espaço para realização de bailes, uma cópia do

Ideal Clube Fortaleza, que foi chamado de Clube Recreativo Balsense, que passou por diversas modificações até

o ano de 2005. Hoje, o clube continua em funcionamento.

Entre os anos de 1954 e 1958, foi construída a Ponte de Madeira, uma obra destinada a facilitar o acesso

para os moradores da região da Tresidela e das fazendas vizinhas. A ponte tem 75 metros de comprimento, 4,5

metros de largura e aproximadamente 12 metros de altura a partir do nível da água.

Em 1959, Monsenhor Diogo Parodi se torna bispo da Prelazia de Balsas, nomeado pelo Papa João Paulo

XXIII. Monsenhor Diego Parodi lidera a construção do Hospital São José de Balsas, Seminário São Pio X e a

Escola Normal Dom Gabriel Comboini. Nesse período, foram intensificados os programas de obras sociais e

assistenciais.

A década de 1960 foi marcada no município de Balsas pelo cinema. O primeiro cinema da cidade foi

chamado de Cine Santo Antônio, conhecido como cinema dos padres. Em seguida, surge o Cine Éden, onde as

sessões aconteciam quase que diariamente. Além da exibição de filmes, o cinema servia como meio de

comunicação das notícias locais, graças a um sistema de amplificadores que informava os transeuntes e fazia

anúncios dos estabelecimentos comerciais locais.

Durante a década de 1970, houve um grande fluxo de migrantes de diversas partes do Brasil, a maioria do

Rio Grande do Sul. Esses migrantes se estabeleceram, principalmente, na região da Chapada dos Gerais de

Balsas, localizada no sul do município de Balsas, próxima à fronteira com o Tocantins. Esses migrantes vieram

selecionados através de uma empresa responsável por selecionar famílias de colonos dos estados de Mato Grosso,

Goiás e Maranhão e assentá-las no município de Balsas. Com a divulgação das terras férteis para o plantio da

soja, outros migrantes também se alojaram em Balsas, vindos principalmente do Paraná, Mato Grosso, Mato

Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco, Tocantins e Goiás. Também na década de 1970, inicia-se

um processo de mecanização na agricultura do município de Balsas. As plantações nas fazendas são, a partir

desse momento, principalmente de arroz.

A televisão tem início no município de Balsas no ano de 1979. A primeira emissora de televisão no

município foi a TV Rio Balsas, retransmissora da Rede Globo de Televisão. No período inicial de funcionamento,

a retransmissora possuía um pequeno transmissor e um VT, que permitiam a retransmissão principalmente das

novelas e do Jornal Nacional, que era transmitido em Balsas uma semana depois, quando chegavam as fitas

gravadas de São Luis, transportadas por ônibus.

Page 24: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

24

As primeiras antenas parabólicas chegam a Balsas em 1982, popularizando a televisão entre os moradores

da cidade. Em 1989, a TV Rio Balsas é inaugurada como a primeira estação geradora do município, filiada à

Rede Globo de Televisão.

O movimento teatral na cidade de Balsas inicia uma atuação mais intensa durante a década de 1980. Na

década seguinte, o primeiro festival de teatro do estado é criado no município de Balsas.

O Bairro Bacaba

O primeiro morador do bairro Bacaba foi Agostinho Neves, filho de Tiburcio Neves e Maria Neves.

Agostinho Neves nasceu na Serra da Limpeza, na microrregião dos Gerais de Balsas, no dia 28 de agosto de

1909. Agostinho Neves tinha nove anos, quando seu pai faleceu. Após o ocorrido, Maria Neves mudou-se para a

cidade de Balsas.

No ano de 1928, aos 19 anos, Agostinho Neves trabalhava e estudava. No mesmo ano, foi morar com

Thucydides Barbosa e, graças a esse fato, conseguiu um emprego de oficial de justiça.

No dia 04 de novembro de 1934, Agostinho Neves, que estava com 25 anos, casou-se com Arcângela de

Sousa e construiu uma casa de palha em uma região afastada do centro da cidade de Balsas. Em 1935, Arcângela

de Sousa Neves e Agostinho Neves tiveram sua primeira filha. O casal teve mais 13 filhos. Com a chegada da

filha, as despesas aumentaram e Agostinho Neves precisou de um segundo emprego, ajudando um fazendeiro da

região a cuidar do gado em troca de um litro de leite. Com o passar dos anos, Antônio, empregador de Agostinho

Neves, presenteou-o com uma bezerra, para que Agostinho Neves pudesse retirar o leite em casa.

O apelido de Agostinho Neves entre os oficiais de justiça era Canário, e, devido à quantidade de árvores

de bacaba na região onde ele residia, o local ficou conhecido como bairro da Bacaba do Canário.

A filha mais velha de Agostinho Neves e Arcângela de Sousa Neves, Zenite, casou-se com José Alves da

Silva. Construíram sua casa no bairro da Bacaba do Canário e tiveram sete filhos.

Isomar de Sousa Neves, filho de Zenite da Silva e José Alves da Silva conta que, a partir da segunda

metade da década de 1950, o número de moradores no bairro Bacaba começou a aumentar significativamente.

"Rapaz, aqui quando eu me entendi, aqui era só uma estradinha aqui para o centro, sabe? Em 57, aí foi

começando a chegar vizinho, foi indo, foi indo, chegando e se tornou hoje estar morando na cidade".

Antonieta Neves da Silva Matos é a filha mais velha do casal José Alves da Silva e Zenite Silva.

Antonieta foi professora de catequese e, após essa experiência quando tinha entre 15 e 16 anos, seu pai e seu avô

montaram uma pequena escola na própria casa da família, que atendia de Ia a 4a série.

A escolinha nossa aqui começou lá na casa mesmo da minha mãe. Eu trabalhava comocatequista ali no bairro Nazaré, na igrejinha, na capelinha, como chamava, a

Page 25: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

25capelinha. Fui a primeira professora de catequese de lá; aí, como aqui tinhanecessidade dos alunos ali da rua, avenida Tito Coelho, no bairro Nazaré, que só tinhauma rua, eu na idade de 15 a 16 anos, o papai foi mais o meu avô e formaram aescolinha, que era sentar de varão, era palmatória, a campainha era um chocalho eera turma multisseriada, que é da primeira a quarta série que ensinava.18

Alguns anos depois, uma equipe do Edurural19 visitou a saudade de Balsas com o objetivo de capacitar

professores que não tinham magistério. Antonieta Neves da Silva Matos teve um encontro com a equipe do

Edurural, que financiou a construção de uma escola no bairro Bacaba.

Passado tempo, o pessoal de São Luís, vieram aqui, me viram nesse sofrimento eperguntaram se eu queria ter uma escola. Ai nós saímos lá da casa, que era umranchinho de palha, ai viemos entramos aqui nessa mata, porque aqui era mata,viemos para essa mata aqui e ai construíram essa escola, que ficou como umahomenagem ao meu avô Agostinho Neves. E eu como a primeira professora,Antonieta.20

A nova escola do bairro Bacaba foi inaugurada no ano de 1976 e possuía duas salas de aula, três banheiros

e um auditório. As famílias que habitavam o bairro, em constante crescimento, participaram ativamente na escola

nos primeiros anos de funcionamento.

Ah, quando começou era bom demais, que os pais vieram atrás de mim, para tercomeçado essa escola, a escola na zona rural. Ai os pais vieram atrás de mim, paracomeçar essa aula e eu lecionava com toda garra, e os pais, nós fazíamosbrincadeiras, os pais eram participativos demais.21

No ano de 1978, o bairro Bacaba deixa de ser um bairro pertencente à Zona Rural e passa a pertencer à

Zona Urbana. Atualmente, a escola Agostinho Neves é composta por 13 salas de aula, uma biblioteca, uma sala

dos professores, uma secretaria e três banheiros.

O bairro Bacaba está localizado na periferia de Balsas. Poucas casas do bairro são construções de grande

porte, e a maior parte das ruas do bairro é de terra batida. O acesso ao bairro, pelo transporte público, está

limitado a ônibus que circulam em poucos horários do dia. O transporte de pessoas, no bairro, é feito basicamente

por motos.

Os estabelecimentos comerciais são, muitas vezes, extensões ou a parte frontal da casa do proprietário.

Os atendimentos nesses estabelecimentos são feitos sem nenhuma pressa por parte dos atendentes e não

raramente esses interrompem ou diminuem a velocidade do atendimento para manter conversas casuais com

pessoas que, naquele momento, não estão comprando um produto ou solicitando um serviço oferecido pelo

estabelecimento. Segundo Hoggart, os trabalhadores de comunidades menos favorecidas economicamente não

18NEVES, Antonieta. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli19Programa de expansão e melhoria da educação no meio rural do nordeste20NEVES, Antonieta. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli21Ibidem

Page 26: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

26

possuem grande senso de competição no trabalho, pois as chances de ascensão são quase nulas. Para ele, esses

trabalhadores:

(...) sabem que não têm quaisquer possibilidades de promoção ou de fazer carreira. Astarefas dispõe-se num leque horizontal, e não numa hierarquia vertical, a vida não éconcebida em termos de uma ascensão, e o trabalho não é o principal interesse. Orespeito pelo trabalho bem feito mantém-se, mas o homem que está no lugar do ladonão é considerado em termos de competição.22

Devido à falta de perspectiva de crescimento profissional, a carreira passa a figurar em segundo plano, os

laços do trabalhador são mais fortes com o local onde reside do que com o local onde trabalha. Hoggart(1973,

p.76) afirma que o membro do proletário "(...) muda mais facilmente de local de trabalho do que de residência:

pertence mais ao bairro do que à fábrica."

Os meios de comunicação em Balsas

No município de Balsas existem cinco retransmissoras de televisão, duas rádios e dois jornais impressos.

Há uma quantia considerável de rádios não-legalizadas, porém, quantificar essas rádios é uma tarefa complexa

devido às constantes mudanças de frequência, nomes e localização dessas emissoras. Como o objetivo da

descrição dos meios de comunicação é apresentar os meios mais acessíveis aos moradores do bairro Bacaba, as

rádios não legalizadas aqui apresentadas estão localizadas, uma, no bairro Bacaba e outra, em um bairro vizinho,

e ilustram o modo de funcionamento de algumas dessas rádios.

As retransmissores de televisão representam a Rede Globo, Rede TV!, SBT, Rede Record e Rede Vida.

Essas retransmissores possuem um número muito reduzido de funcionários, se comparadas às emissoras que

representam. Por isso, nas emissoras do município de Balsas, com menor número de funcionários, é comum o

acúmulo de funções.

A TV Açucena é afiliada da Rede Record e possui duas horas diárias de programação local. Essa

programação é composta por um telejornal, veiculado de segunda à sexta-feira, e programas dirigidos

principalmente às pessoas oriundas do Rio Grande do Sul ou pessoas que tenham ascendência gaúcha. A TV

Açucena possui sete funcionários.

A TV afiliada à RedeTV!, no município de Balsas, é a TV Capital. A programação local da TV Capital

baseia-se em um telejornal local de três horas de duração, que vai ao ar às segundas, quartas, quintas e sextas-

feiras. Na terça-feira, é veiculado um programa que provê assistência a uma ou mais famílias de baixa renda. Aos

sábados, a programação local é formada por um programa de variedades, dirigido especificamente ao público

22 HOGGART, 1973, p. 100

Page 27: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

27

feminino, e um programa que apresenta talentos locais. Aos domingos, é apresentado um programa direcionado

ao público gaúcho. A TV Capital possui uma equipe de 13 funcionários.

A TV Rio Balsas retransmite a programação da Rede Globo. Um telejornal local de aproximadamente 40

minutos é produzido com fatos locais e exibido durante o dia, de segunda a sábado. À noite, uma versão reduzida

de aproximadamente 20 minutos, com o resumo do telejornal diário, é exibida. A TV Rio Balsas possui uma

estrutura consideravelmente maior que as outras emissoras com um quadro de 45 funcionários.

O SBT tem como emissora afiliada em Balsas a TV Liberdade. A programação local, de segunda a sexta-

feira, é composta por um telejornal de uma hora e quinze minutos, seguido de um programa de variedades. Aos,

sábados são exibidos três produções locais: uma sobre esportes, uma sobre saúde e outra sobre agricultura.

Apoiada pela Diocese de Balsas, a Fundação Brasil de Balsas possui uma emissora de televisão, TV Boa

Notícia, filiada à Rede Vida. A fundação também possui uma rádio, a Rádio Boa Notícia. A programação local

acontece de segunda a sábado. Um noticiário de 45 minutos de duração é veiculado no início da tarde e é

reprisado no início da noite. Ao contrário do que acontece na TV Boa Notícia, a programação religiosa veiculada

na Rádio Boa Notícia compõe apenas uma pequena parte da grade de programação, uma hora e 45 minutos

diários. O resto da programação tem, principalmente, cunho social. A Rádio e TV Boa Notícia têm um conjunto

de 14 funcionários.

A Rádio Cultura FM fica 18 horas diárias no ar. A programação tem início às 6h e é encerrada às 24h. As

participações dos ouvintes basicamente se limitam a pedidos de músicas pelo telefone.

As rádios Nativa e Cidade têm suas programações compostas principalmente de músicas e anúncios de

estabelecimentos comerciais locais. Acontecimentos sobre o bairro e a cidade se misturam com anúncios

comerciais e são transmitidos no período da manhã. Essas rádios se autodenominam comunitárias, porém não se

encaixam no conceito de rádio comunitária nem possuem nenhum tipo de legalização. Essas rádios contam com

um número extremamente reduzido de funcionários. Em alguns casos, o locutor exerce outras funções, como

técnico de áudio, repórter e realiza a manutenção nos equipamentos da rádio.

Os carros de som são um meio de comunicação encontrado com facilidade na cidade de Balsas. Esses

carros veiculam, principalmente, anúncios sobre estabelecimentos comerciais locais e eventos, como festas e

shows. Os motoristas dos carros possuem um convênio com um estúdio local, onde gravam as mensagens que

serão veiculadas nos carros.

No município de Balsas existem dois jornais impressos: o Correio de Balsas e o Jornal Popular Balsense.

O jornal Correio de Balsas é semanal e tem 12 páginas. As notícias sobre a cidade raramente incluem o

bairro Bacaba.

O outro jornal da cidade, o Jornal Popular Balsense, tem 20 páginas por edição e a periodicidade é

mensal. As notícias do Jornal Popular Balsense abrangem principalmente política.

Page 28: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

28

A comunidade do bairro Bacaba tem acesso muito limitado à internet. Em um questionário aplicado em

100 moradores do bairro, 62 dizem nunca ter utilizado a internet, e embora 55 reconheçam a internet como fonte

de conhecimento, apenas 11 utilizam a internet para alguma atividade que não esteja relacionada a programas de

comunicação instantânea e sites de relacionamento pessoal.

Page 29: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

Capítulo III - O Instituto Brasil Solidário

3.1-0 Surgimento do Instituto Brasil Solidário

As atividades sobre as quais será analisada a atuação dos líderes de opinião da cidade de

Balsas - MA são realizadas por uma OSCIP chamada Instituto Brasil Solidário.

A concepção da ideia do Instituto Brasil Solidário (IBS) acontece quando Luis Eduardo

Salvatore, hoje presidente do Instituto, realizou, em 1995, junto com dois amigos, uma viagem de

dois meses e meio pelo litoral da Bahia com o objetivo de conviver com as comunidades do

litoral baiano. No ano seguinte, em outra viagem com o mesmo intuito ao Peru e a Bolívia, o

projeto surge com o nome Juventude Solidária, e tinha o objetivo de resgatar a história oral do

país. No final de 1998, Salvatore e sua irmã Ana Elisa Salvatore, com a intenção de conhecer

melhor o Brasil, começaram a realizar uma série de pesquisas para identificar locais que

possuíssem características interessantes para serem visitados. Segundo Luis Salvatore, o objetivo

na época era:

(...) resgatar a história oral do país, visitar vários lugares onde tenhaacontecido alguma coisa importante para a história do país e resgatarfamiliares dessas pessoas que viveram essa história e ouvir delas aversão dos fatos, não apenas se basear nos livros. Eu comecei a meaproximar de outros trabalhos de pesquisa e documentação que,eventualmente, alguém estava fazendo, eu me aproximei de outrasexpedições que estavam acontecendo para, eventualmente, pegar umacarona e ir no embalo, para justamente adquirir um pouco deexperiência, até de outras pessoas que também tinham alguma históriaparecida, principalmente essa ideia de expedição mesmo ou defotografia, um projeto de conhecer o povo brasileiro... aí, eu realmentecomecei a fazer a história do projeto.23

No ano de 2000, Luis Salvatore, em companhia de duas pessoas, realizou uma viagem de

oito meses e percorreu aproximadamente 30.000km do sertão brasileiro de carro, principalmente,

nas regiões centro-oeste, norte e nordeste. Observaram de perto problemas sociais em algumas

áreas como educação e saúde.

(...) era uma coisa ligada mais à antropologia, a gente conhecia ascomunidades, conhecia as pessoas e resgatava a história, através dahistória oral dessas pessoas, e começou a despertar um sentimentomuito grande de querer trabalhar com elas.

Segundo Luis Salvatore, após visitas a muitas escolas e postos de saúde em condições

que ele julgou muito abaixo do ideal, teve o desejo de que, no futuro, pudesse voltar com alguma

ajuda.

23 SALVATORE, Luis. 2008. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli

Page 30: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

30

Em 2001, os irmãos Salvatore utilizaram a verba restante dos patrocínios de sua viagem

anterior, para estruturar um projeto que pudesse levar algum suporte, principalmente, nas regiões

Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Como não possuíam uma fonte de renda fixa e não conseguiram

renovar os patrocínios, os irmãos, que tinham conhecimentos nas áreas de fotografia e design

gráfico, se uniram e criaram uma agência de design gráfico para gerar uma renda que os

sustentasse e desse suporte ao projeto. No mesmo ano, os irmãos Salvatore foram convidados por

uma equipe de competidores para participar do Rally dos Sertões. A equipe nunca tinha

participado dessa modalidade de competição e precisava do apoio de alguém que tivesse

experiência nesse tipo de trajeto.

Na iniciativa privada, você não tem uma ideia do que se projeta,continua; o projeto é financiado porque alguém gosta de você dentroda empresa; isso não é bom, mas, infelizmente, é a realidade do país.Coincidentemente, nós fomos chamados por uma equipe paraparticipar do Rally dos Sertões. Eu tenho três irmãs, era um amigo daminha outra irmã que sabia um pouquinho da nossa história eprecisava montar uma estrutura para ajudá-lo no Rally dos Sertões.2

Os irmãos Luis e Ana Elisa Salvatore acharam que era uma boa oportunidade de retornar

para algumas comunidades que haviam visitado anteriormente, mas não aceitaram ir como

competidores. Nesse momento surge a primeira ação social dos irmãos. A equipe contava com

um patrocinador que disponibilizou os bens materiais para que pudesse ser realizada a ação. O

recém formado projeto foi nomeado Livro na Estrada e Pé na Tábua.

2 Ibidem

Page 31: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

A gente montou um projeto de distribuição. Na verdade, era umprojeto diferente do que acontece hoje; nós entregávamos livros paraescola, junto com material escolar completo, para todos os alunosdessas escolas. E foi assim que nós saímos em 2001 e a coisa começoua acontecer.3

Utilizando o mapeamento que havia sido feito na viagem anterior, visitaram 14 cidades que

estavam no roteiro do Rally dos Sertões e entregaram cerca de 200 livros para cada escola

visitada nessas cidades e em algumas outras ao longo do trajeto.

(...) e aí, conversando com a Ana Elisa, a gente chegou à conclusãoque essa era a oportunidade que tínhamos de voltar para váriascomunidades onde havíamos passado, mas a gente não queria voltarcom o intuito esportivo, a gente não queira voltar dentro de um carrode competição. A proposta deles era essa, a gente queria voltarlevando ajuda. Foi ai que surgiu a primeira ação social grande.Havíamos feito outros trabalhos sociais menores, foi aí que a gentepercebeu essa possibilidade de troca com o povo brasileiro, troca nosentido de fazer algo por eles e eles fazerem algo por você seja atravésde fotografia, seja através de conhecimento; foi aí que surgiurealmente a ideia de trabalhar a educação com o projeto devisibilidade.4

Na época, as tentativas de conseguir doações com as editoras falharam, então fizeram

campanhas de arrecadação em colégios de São Paulo. Eles visitavam escolas, davam palestras

para alunos e professores, e cada uma dessas pessoas doava um livro e escrevia uma carta

dizendo por que estava doando aquele livro, o que tinha marcado a história dele. A arrecadação

foi de aproximadamente 12.000 livros.

Eles retornaram positivamente, dizendo que interessava e, aí, a gentecolocou algumas condições de bens materiais que a gente precisava;não teve ajuda financeira, mas existiam recursos materiais, que era oque a gente precisava para tornar o sonho real, o sonho de voltar paracada uma dessas comunidades. A gente montou um projeto dedistribuição; na verdade, era um projeto diferente do que acontecehoje; nós entregávamos livros para escolas junto com material escolarcompleto para todos os alunos dessas escolas, e foi assim que nóssaímos em 2001 e a coisa começou a acontecer.5

Em 2003, o projeto começou a ser feito em conjunto com a organização do Rally dos

sertões e foi incorporado apoio financeiro.

A partir dessa participação no Rally ocorre uma transformação no projeto, e novas áreas

são incorporadas. Começaram a acontecer algumas ações ligadas à área do meio ambiente.

Médicos voluntários realizavam atendimentos nas cidades visitadas.

9 Ibidem10 Ibidem11 Ibidem

31

Page 32: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

Eles trouxeram o conceito de que onde o evento passa, o projeto passa,pode ter um projeto médico junto; e a gente; a partir disso,desenvolveu todas as ações, e você vai crescendo, começa com umdentista, um clínico geral e um pediatra, porque está trabalhando emescola. A partir disso, a gente começa a desenvolver um projetotambém de cardiologia, começa a desenvolver um projeto demicrocirurgia, começa a desenvolver patologia; na verdade, sãoconsequências que ano a ano a gente vai levando.6

As dificuldades encontradas para que os atendimentos médicos pudessem ser realizados

de maneira satisfatória ajudaram a desenvolver um sistema de uso de equipamentos portáteis

dentro das escolas.

A gente acaba ampliando a área médica no sentido de desenvolver osequipamentos compactos que temos hoje e que tem o mesmo padrão dequalidade de um consultório; e assim a gente monta dentro escola em40 minutos.7

Após essa viagem com o Rally dos Sertões, Luis Salvatore observou que a distribuição de

livros não estava sendo feita da maneira que ele gostaria, e as comunidades tinham pouco ou

nenhum acesso aos livros. A partir disso, passou a desenvolver uma capacitação para os

professores trabalharem com os livros doados.

A catalogação também faz parte dos modelos de trabalho, porque agente não quer que a biblioteca seja fechada para escola, a gente querque a comunidade participe mais da vida da escola, inclusive pegandolivros emprestados. E em muitos lugares que a gente vai, a escola nãotem uma biblioteca tão equipada quanto a nossa. E então, a gente querque aqueles livros que foram colocados ali possam circular paraoutros educadores, só que a gente quer que esses livros saibam ocaminho de ida e saibam o caminho de volta.8

O projeto odontológico, hoje uma das maiores frentes de atuação do IBS, foi incorporado

para complementar as ações de saúde.O projeto odontológico criou vários desdobramentos, principalmentena área preventiva; Então, a gente passa de dentista da comunidadepara, também, educador; a gente passa a fazer um planejamento deaulas, a escola monta um escovódromo, para ensinar o aluno aimportância da escovação, mostrar para ele que ele pode ter umsorriso saudável por toda a vida e a importância disso.9

Luis Salvatore, que constantemente tinha suas fotos inseridas em publicações

especializadas no gênero, desenvolveu uma oficina de fotografia para interagir com os

adolescentes das escolas atendidas.

Como o vídeo, a foto é, também, um meio de expressão e a gentecomeçou a trabalhar não só aquele aluno mais novo; a genteconseguiu, também, colocar o adolescente dentro do projeto, dando

9 Ibidem10 Ibidem11 Ibidem

32

Page 33: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

para ele uma opção de trabalho ou uma opção de lazer através dafotografia e do vídeo.10

As cidades que vão receber as ações sociais realizadas pelo IBS são escolhidas em

conjunto com a secretarias de educação dos municípios e, durante um mês, é feito contato por e-

mail, telefone e cartas para que a escola esteja preparada para receber as ações.

Em 2008, o projeto conta com o apoio de cinco editoras: Melhoramentos, DCL, Readers

Digest, Abril e Fundação Educar.

A gente está falando de cinco editoras que estão trabalhando conoscoe essas editoras suprem essa necessidade de cerca de novecentoslivros, alguma coisa misturada com livros doados. Essa história dedoação perdura, as pessoas sabem que se doar um livro para nós, agente vai misturar com livro novo e levar para uma biblioteca sólida.11

As editoras enviam os catálogos dos livros e é feita uma seleção baseada na região que

vai receber aqueles livros e no tema anual da UNESCO.

9 Ibidem10 Ibidem11 Ibidem

33

Page 34: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

34

É claro que, como a gente tem uma ação maior nas regiões norte enordeste, então trabalhamos a questão da Amazônia, a questão daságuas, do São Francisco. Tentamos, também, encaixar os temas anuaisda UNESCO. Ela escolhe, todo ano, um determinado tema, e a gentetenta encaixar o tema que vai ser trabalhado pelo projeto pedagógico;no caso, o do governo, que tem uma orientação de trabalho, e aí, comisso, a gente forma essas bibliotecas. Também tem o que eles pedem.Nas avaliações de impacto eles sugerem livros e a gente vê aviabilidade de, no ano seguinte, levar esses livros para as novasbibliotecas.24

Junto com os livros é doada uma revisteca da editora Abril para cada cidade. A revisteca

contém todas as publicações desse tipo da editora do período de um ano (excluindo as revistas

exclusivas para adultos). Essa demanda por revistas apareceu nas avaliações dos trabalhos, e foi

constatada uma carência desse tipo de publicação nas comunidades visitadas.

(...) a revista tem um intuito mais recreativo, o livro tem cara de umacoisa mais séria; o livro não é sério, mas quando a criança pega, elatem medo, medo de amassar, medo de rasgar, você tem que ter umasérie de cuidados com o livro, mas você não tem que ter medo dele.25

A ideia de Luis Salvatore é que, após serem lidas diversas vezes, as revistas também são

utilizadas para trabalhos dos alunos, que podem, por exemplo, recortá-las. A informatização das

bibliotecas também é apontada por Luis Salvatore como uma das principais ações do projeto.

Eles vão ter acesso a uma tecnologia que, às vezes, eles não têm, mastoda questão humana, toda questão de estrutura tem que ser montadana realidade do cara, para ele não ter medo, não se intimidar com otrabalho. A parte educativa de distribuição de livro e material, a gentefoi percebendo que isso era importante, mas não era a maneira idealde se fazer; então, a gente passou a capacitar os professores,trabalhar contação de história, trabalhar melhor o conteúdo domaterial escolar, para que o material fosse usado não só na entrega,mas durante um longo período.26

Todos os trabalhos são realizados dentro da escola, pois, segundo Luis Salvatore,

isso aproxima mais a equipe de voluntários da comunidade local.

(..) o ideal do trabalho é nos integrarmos ã realidade deles e não elesintegrarem a nossa. Então, a gente que tem que entrar na realidadelocal para conseguir que a transformação aconteça e nunca o inverso.Eles vão ter acesso a uma tecnologia que, às vezes, eles não têm. Mastoda questão humana, toda questão de estrutura tem que ser montadana realidade do cara, para ele não ter medo, não se intimidar com otrabalho.27

O Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Escola (PDSE) é uma ação social realizada

pelo Instituto Brasil Solidário em parceria com o Rally dos Sertões. O PDSE foca seus trabalhos

24Ibidem25Ibidem26Ibidem27Ibidem

Page 35: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

O Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Escola

em escolas localizadas em cidades que estejam localizadas no roteiro do Rally dos Sertões. No ano de 2008, o

PDSE foi divido em três visitas: a primeira ação teve como objetivo apresentar e iniciar os trabalhos; a segunda,

que ocorre concomitantemente com o Rally dos Sertões e propõe o aprofundamento dos trabalhos iniciais; e a

terceira, concluir os projetos pelo PDSE e esclarecer dúvidas.

No ano de 2008, o projeto de desenvolvimento sustentável da escola trabalhou, principalmente, em nove

cidades: Goiânia-GO, Uruaçu-GO, Paranã-TO, Palmas-TO, Balsas-MA, Nova Iorque-MA, Crateús-CE, Mossoró-

RN e Natal-RN.

A primeira etapa do PDSE teve início no dia 6 de abril e foi encerrada no dia 27 de abril. As escolas

recebem um cronograma de ações para preparar e dividir as salas de acordo com os trabalhos de cada área. O

cronograma com a programação foi enviado para as escolas, voluntários, e anexado em alguns locais da escola,

fazendo com que pessoas da comunidade pudessem saber quando ocorreriam as ações. Nove voluntários

participaram da primeira etapa do PDSE: um coordenador, duas pessoas na área odontológica, um cinegrafista,

duas pessoas na área do meio ambiente, duas pessoas na área de biblioteca e um motorista. O cronograma

recebido pelas escolas está representado a seguir.

Page 36: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

O Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Escola

e pressão na população convidada durante o resto do dia.

Público-alvo Descrição

Horário

9h Todos os Professores / agentes desaúde convidados, comunidadeconvidada (pais de alunos einteressados)

Apresentação geral do Programa deDesenvolvimento Sustentável da Escola2008 no município e das novas visitas /atividades decorrentes ao longo do ano.

9h 15 alunos selecionadosaleatoriamente entre as salas daescola

CPOD Odonto (identificação de alunos paraexames de odontologia).

10h Alunos Palestra de odontologia - prevenção(dentista).

10h Agentes* de saúde convidados Orientação com agentes sobre programa demonitoramento de glicemia (diabetes),seleção de pacientes para futurosatendimentos e entrega dos equipamentosAccu-Chek Go.

10h Professores e gestores interessados(monitores de meio ambiente)

Palestra sobre Meio Ambiente, passeio comprofessores selecionados (monitores) parareconhecimento da área de compostagem,local da horta comunitária, coleta seletiva earborização da escola.

10h Professores gestores escolhidos paraorganização da biblioteca

Início dos trabalhos de entrega e catalogaçãodo acervo literário doado e mobiliário

10h Professores / alunos gestoresescolhidos - oficina de foto e vídeo

Início do curso / oficina de fotografia e vídeodigital.

llh Alunos e comunidade Início dos atendimentos com o dentista.^Solicitar que estes agentes fiquem durante a tarde para realizarem os testes de glicemia

Page 37: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

O Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Escola

Horário Público-alvo Descrição9h Professores gestores escolhidos

(monitores de meio ambiente) +alunos*

Bate papo com alunos escolhidos + Plantação*das mudas do programa de arborização na escola/ bairro.

Esclarecimentos finais, continuação daimplementação da horta comunitária,compostagem e outros programas ambientais.

9h Professores / alunos gestoresescolhidos - oficina de foto e vídeo

Continuação da Oficina de fotografia e vídeodigital.

9h Professores Treinamento do programa de oftalmologia (testede visão) para exames que serão feitos nosalunos e comunidade nas visitas futuras.

9h Alunos e comunidade Continuação dos atendimentos do dentista.10h Professores e representantes da

Secretaria de Saúde e de EducaçãoPalestra de Odontologia (Plano de Escovaçãoespecífico para a escola, alunos e professores).

llh Professores, alunos e comunidadeinteressada

Aprofundamento de questões sobre impactoambiental e finalização da área com gestores.

Horário Público -alvo Descrição14h Professores / alunos gestores

escolhidos - oficina de foto e vídeoContinuação da Oficina de fotografia e vídeodigital.

14h Alunos e comunidade Continuação dos atendimentos com o dentista.

14h Professores gestores escolhidos(monitores de meio ambiente)

Continuação do programa ambiental commonitores escolhidos, montagem da composteira,montagem do espaço da horta e do espaço para areciclagem / coleta seletiva na escola.

Esclarecimentos adicionais do programa emgeral e espaço de coleta seletiva na escola.

14h Professores / Secretário deEducação

Palestra, apresentação e entrega da biblioteca,manuais e programas de incentivo e técnicas deleitura, continuidade do programa e outrosdirecionamentos gerais.

19h Todos os interessados Cinema

* Neste dia, os alunos em geral devem ser dispensados das aulas, mas deverão comparecer à escola para participardos trabalhos cabíveis (palestra dentista e oficina). Caso a escola cadastrada não tenha alunos nas faixas etárias/séries solicitadas, a escola deverá / poderá convocar alunos de uma outra escola próxima, que será parceira do

projeto e ações.

Page 38: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

O Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Escolallh Alunos e comunidade Continuação dos atendimentos do dentista.

Tabela 4 - Cronograma primeira etapa - Dia dois - Tarde

Horário Público-alvo Descrição14h Professores / Secretário de

Educação e SaúdeEsclarecimentos finais e apresentação dosprocedimentos para a próxima visita.

* Deverão ser escolhidos - antes da nossa visita à escola - até 30 alunos, de diferentes séries e com interesse no

programa de arborização, que estarão acompanhando e realizando esta atividade neste dia junto com os

professores gestores escolhidos e o responsável pelo programa levado pelo programa na Ia visita.

As ações efetuadas nas escolas são extremamente similares e praticamente não existem diferenças

nas palestras ministradas ou material entregue em cada cidade.

Page 39: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

39

Para montar uma pequena biblioteca, um acervo com cerca de 1.000 livros é

entregue para a escola em conjunto com três prateleiras que vão servir para armazenar os livros

após a catalogação. Os professores participantes devem participar de uma palestra que tem como

objetivo preparar os professores para organizar e catalogar o acervo literário doado para a escola.

São apresentadas técnicas de incentivo à leitura para alunos, montagem e disposição do acervo

nas prateleiras, organização de um espaço, para que os alunos possam ler dentro da biblioteca, e

uso do acervo em sala de aula. As escolas são solicitadas a identificar e convidar escritores locais

para participar junto aos voluntários do IBS na mobilização de professores e alunos com relação

aos programas de leitura.

São realizadas palestras sobre fotografia e vídeo dirigidas, principalmente, para

adolescentes. As turmas são compostas de aproximadamente 20 pessoas. Nas palestras são

apresentados alguns aspectos básicos, práticos e teóricos, da fotografia e vídeo, para que os

alunos apresentem o andamento dos trabalhos realizados nas escolas fora dos períodos de visitas

do IBS. As escolas recebem seis máquinas fotográficas para uso dos alunos que participaram das

palestras de comunicação. O material produzido pelos alunos é colocado pelos mesmos em um

Blog desenvolvido para essa finalidade.

O programa ambiental é composto por palestras dirigidas para professores sobre questões

ambientais (aspectos gerais de preservação, reciclagem e coleta seletiva, compostagem e horta

comunitária), desenvolvimento de composto orgânico a partir da coleta seletiva na escola, para

uso em projeto continuado de manutenção da horta comunitária e na manutenção do programa de

arborização. Os alunos participam junto com os voluntários, para realização de um programa de

coleta seletiva e redução/ reaproveitamento do lixo gerado na escola e no bairro, com

ensinamentos para montagem de coletores (recicláveis, orgânicos e não recicláveis) no local.

Posteriormente, os alunos participam de um programa de arborização da escola e da comunidade

com o plantio de sementes e mudas levadas pelo programa em conjunto com a Secretaria do

Verde local. Professores e alunos que participaram das ações ambientais são convidados a

participar de um programa de revitalização de espaço físico da escola (identificação e limpeza) e

montagem de uma horta comunitária no local, que será utilizada para plantação de legumes e

verduras para reforço da merenda escolar.

A área da saúde é composta por palestras e atendimentos. É solicitada a presença de um

responsável da Secretaria de Saúde de município e quatro agentes de saúde. É realizada uma

palestra sobre escovação de dentes na escola e em casa, para professores e alunos. A escola, em

Page 40: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

40

conjunto com o dentista que irá realizar os atendimentos nessa etapa, organiza um plano de

escovação diária no estabelecimento e a construção de um espaço para que os alunos possam

realizar essa escovação. São realizados em média 30 atendimentos odontológicos por cidade.

Os agentes de saúde da cidade, que devem trabalhar no Posto de Saúde da Família mais

próximo da escola visitada, recebem um equipamento para medição de glicemia e realizam testes

de diabetes e pressão para os moradores do bairro que comparecerem à escola.

Alguns professores recebem treinamento para realizar uma triagem oftalmológica e pré-

cadastrar as pessoas que receberão atendimento oftalmológico na segunda etapa.

Após o término das atividades do primeiro dia de trabalho, um telão é montado no pátio

da escola e um desenho animado é exibido para os interessados.

A segunda etapa do Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Escola tem uma

concentração maior de voluntários, pois essa ação acontece simultaneamente com o Rally dos

Sertões, diminuindo tempo de trabalho em cada cidade para um dia. Vinte e um voluntários

participaram da segunda etapa do PD SE: um coordenador, três pessoas na área de artes, um

cinegrafista, uma pessoa na área de odontologia, três pessoas na área de meio ambiente, sete

pessoas na área da saúde, duas pessoas na área da psicologia, uma pessoa na área da educação, um

motorista e uma pessoa no apoio geral. A segunda etapa foi iniciada no dia 16 de junho e

finalizada no dia 29 de junho. O cronograma da segunda etapa do PDSE está exibido a seguir.

Page 41: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

Horário Público -alvo Descrição7h30 Equipe de trabalhos e apoio local Chegada prevista na escola e organização geral

dos materiais de trabalho.8h Comunidade Início dos atendimentos de Saúde (Odontologia,

Oftalmologia Clínico-Geral, Pediatria,Ginecoloqia, outros) gratuitos.

9h Alunos Oficinas de Pintura + Papel - Turma 1 / Manhã9h Gestores e monitores de Meio

Ambiente/ interessadosVisita aos programas de preservação do meioambiente implementados na escola e verificaçãode andamento das metas da área ambiental.Montagem do Viveiro.

9h Professores Selecionados Psicologia aplicada: Turma 1 - ProfessoresSelecionados.

9h Gestores da biblioteca(professores)

Visita à biblioteca, verificação do andamento dasmetas propostas na área e capacitação paracontação de histórias na escola.

10h Alunos oficina de foto e vídeo Apresentação Módulo II do programa e análisede trabalhos em vídeo e fotografia.

10h Professores e alunos Workshop de manipulação de bonecos - turma1.

llh Professores e alunos Workshop de manipulação de bonecos - turmaII.

12h Todos Almoço.

Tabela 6 - Cronograma segunda etapa - Dia um - TardeHorário Público -alvo Descrição13h Comunidade Continuação dos atendimentos em saúde.14h Alunos Apresentação do Teatro de Marionetes, seguida de

contação de histórias para alunos.14h Comunidade / Pais de Alunos Psicologia aplicada: Turma II - Comunidade

14h Alunos Oficina de PET - Turma 1 / Tarde.14h Alunos Oficinas de Pintura + Papel - Turma II / Tarde15h Estudantes que já

participaram da Oficina naEtapa 1

Oficina de Comunicação (módulo II) - Mostra da ediçãodo vídeo piloto com trabalhos de alunos.

15h30 Professores Conversa sobre o desenvolvimento das atividades noperíodo, entrega dos kits escolares + material de apoio/ continuidade / Análise das metas cumpridas eapresentação do material da fase III para equipegestora da escola.

16h Professores Encerramento previsto de todas as atividades,assinatura de protocolo e entrega de dados e remédiosrestantes para responsável local.

16h30 Todos os interessados Espaço para apresentações locais da escola / Tempoaprox.: 20 minutos. Lanche de saída.

17h Equipe Horário máximo de saída da cidade / escola.

As ações realizadas na segunda etapa são, principalmente, voltadas para atendimentos

médicos e odontológicos. Houve preferência de atendimentos para pessoas previamente tríadas

pelos agentes de saúde. Foi atendida pelo clínico geral uma média de 35 pessoas por cidade,

portadoras de diabetes, colesterol alto e hipertensos. Cerca de 40 crianças acompanhadas pelos

pais receberam atendimento pediátrico em cada cidade. Mulheres acima de 35 anos, que nunca

realizaram exame de papanicolau, receberam atendimento ginecológico. Foram atendidas

aproximadamente 25 mulheres por cidade. Oitenta alunos e moradores dos bairros, onde as

escolas estão localizadas, foram atendidos por um oftalmologista, que averiguou a necessidade de

uso de óculos. Na tentativa de auxiliar o trabalho dos voluntários da área da saúde, uma pequena

farmácia, composta por medicamentos doados, é formada dentro da escola. Os remédios são

Tabela 5 - Cronograma segunda etapa - Dia um - Manhã 41

Page 42: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

42

distribuídos de acordo com as receitas prescritas pelos médicos que estão trabalhando na escola. Após a visita do

IBS, os remédios excedentes são encaminhados para o posto de saúde mais próximo da escola. Assim como na

primeira etapa, são realizados atendimentos odontológicos (cerca de 15 por cidade) e exames de glicemia e

pressão.

Com o objetivo de otimizar os trabalhos de incentivo à leitura e saúde bucal, os alunos das escolas

visitadas recebem um pequeno kit com livros, lápis, borracha, caneta, escova e pasta de dente.

Um voluntário acompanha o andamento da catalogação do acervo literário doado, montagem e

organização da biblioteca.

Nessa etapa, professores assistem a uma palestra onde é apresentado o teatro de marionetes,

voluntários explicam algumas técnicas básicas de manipulação e construção de bonecos. Uma apresentação de

teatro de bonecos de aproximadamente uma hora ocorre ao final dos trabalhos, discutindo temas das áreas do

Projeto de Desenvolvimento da Escola. Na área de artes, também existe uma pequena oficina de pintura, onde os

alunos podem pintar os objetos criados com material reciclado.

Os alunos que participaram das palestras sobre fotografia e vídeo na primeira etapa do projeto

apresentam o material produzido entre as etapas do trabalho e assistem a duas novas palestras sobre fotografia e

vídeo.

Page 43: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

43

A área ambiental trabalhou com duas oficinas para reaproveitamento de material

reciclado: A oficina de papel reciclado, dirigida para os alunos, apresenta o processo básico de

confecção de papel reciclado. A outra oficina direcionada para os alunos foi a de garrafa pet, onde

os alunos constroem alguns utensílios e brinquedos utilizando garrafas pet vazias. As escolas

recebem algumas sementes, e um pequeno viveiro é construído dentro da escola.

Professores e pais de alunos participaram de discussões e dinâmicas realizadas por

psicólogas, na tentativa de evidenciar algumas necessidades da escola.

A etapa final do projeto teve início dia 8 de outubro e foi finalizada no dia primeiro

de novembro. A equipe de voluntários foi composta por 15 pessoas: dois músicos, quatro pessoas

na área ambiental, três pessoas na área da saúde, duas na área de biblioteca, um cinegrafista, uma

pessoa para apoio geral, um coordenador e um motorista. O cronograma dessa etapa está

apresentado a seguir.

Tabela 7 - Cronograma terceira etapa - Dia um - ManhãHorário Público-a Ivo Descrição8h PPT A Mulheres já atendidas na etapa

anterior e interessadas para novosexames de papanicolau +interessados

Palestra geral sobre o assunto e sobre o exame(procedimentos, resultados e importância).

8h Comunidade Diabetes e Pressão: início dos testes daCampanha de controle da Glicemia.

8h Gestores e monitores da biblioteca/ interessados

Biblioteca: Início da nova observação debibliotecas (catalogação), conversas sobre ainformatização do controle do acervo e propostade contação de histórias - avançado.

8h30 PPT B Professores selecionados Psicologia aplicada a educação: professores -módulo II (parte 1).

9h Comunidade e alunos Dentista: início dos atendimentos9h Todos os interessados Abertura das Mostras de Material da Escola e

dos Alunos (kits e biblioteca) e da Feira de Artese Artesanato / Reciclados e Papel.

9h Gestores e monitores de MeioAmbiente/ interessados

Meio Ambiente: visitação e esclarecimento dedúvidas sobre a horta, arborização e viveiros.

9h Todos os interessados /merendeiras da escola

Oficina de Reaproveitamento de alimentos -início,

9h30 PPT B Pacientes examinados na Etapa II eque receberam indicação de óculos

Óculos: palestra para todos que receberão osóculos. Início da entrega dos óculos em seguidapara as pessoas da listagem.

9h30 Comunidade Ginecologia: início dos novos exames depapanicolau.

10h PPT A Alunos da Oficina de foto e vídeoDigital

Oficina de foto e vídeo - Módulo III - edição devídeos em casa.

12h TODOS ALMOÇO.Horário Público -alvo Descrição14h TODOS Artes: Abertura oficial da Exposição Fotográfica

dos alunos da inclusão digital.14h Todos os interessados em geral

sobre Meio AmbienteOficina de artesanato, utilizando sementes dobioma local (sementes recolhidas na região).

14h PPT B Adolescentes da escola e dacomunidade

Palestra sexualidade e drogas.

14h PPT A Gestores e monitores de MeioAmbiente/ interessados

Meio Ambiente: palestra avançada sobre meioambiente e sobre uso sustentável dos recursosnaturais.

14h Gestores e monitores da biblioteca/ interessados

Biblioteca: continuação da nova observação debibliotecas (catalogação), conversas sobre ainformatização do controle do cervo e propostade contação de histórias - avançado.

Page 44: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

Tabela 3 - Cronograma primeira etapa - Dia dois - Manhã14h Comunidade e alunos Dentista & procedimento para gincana da saúde:

CPOD de um a dois alunos de cada sala de aula eCPOD de alunos triados na fase 1 paracomparativo.

14h Pais de alunos selecionados Psicologia aplicada à educação: pais de alunos -módulo II .

14h30 Alunos da Oficina de foto e vídeoDigital

Saída fotográfica em grupo pela cidade comprofessor de fotografia e vídeo.

15h30 Comunidade Ginecologia: continuação dos exames depapanicolau.

16h30 emdiante

TODOS Espaço de apresentações de alunos e artistas dacidade - l9 Dia:

- Apresentações de alunos - resultados deconcurso de poesia e redação / outros;

- Apresentação do teatro da escola e dastécnicas com Marionetes;

- Resultados de projetos esportivosrealizados com o material doado.

19h TODOS Cinema Comunitário.Horário Público-a Ivo Descrição8h Comunidade Diabetes e Pressão: continuação dos testes da

Campanha de controle da Glicemia.8h PPT A Professores e interessados Apresentação final dos trabalhos e resultados e

conversa com gestores do IBS sobre todas aspropostas desenvolvidas com representantes decada área.

8h Gestores e monitores da biblioteca/ alunos e interessados

Oficina de Música com instrumentos a partir dereciclados e outros.

8h Comunidade Ginecologia: continuação dos exames depapanicolau.

8h Comunidade Dentista: continuação dos atendimentos.8h30 PPT B Professores Psicologia aplicada a educação: professores -

módulo II (parte 2).8h Todos os interessados /

merendeiras da escolaOficina de reaproveitamento de alimentos -continuação e apresentação de resultados.

9h Gestores e monitores de MeioAmbiente/ interessados

Meio Ambiente: esclarecimento final de dúvidase finalização dos projetos com observações ecorreções de áreas.

10h PPT B Alunos da oficina de fotografia evídeo

Oficina Oficina de fotografia e vídeo - modulo III- finalização e ampliação de fotos na escola dasaída no dia anterior.

10h PPT A Comunidade Palestra Diabetes e Pressão: educação alimentare importâncias sobre a saúde.

12h TODOS ALMOÇO

Page 45: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

Tabela 3 - Cronograma primeira etapa - Dia dois - Manhã14h TODOS - Alunos, professores e

demais envolvidos/interessadosEventos finais de encerramento 2Q dia:

- Inauguração oficial do escovódromo;

- Premiação e certificação dosprofessores e alunos;

- Apresentação do resultado da gincanada saúde;

- Apresentação dos ganhadores dascâmeras digitais;

- Entrega de premiações às escolas egestores e confraternização final pelaequipe gestora do IBS.

15h00 TODOS - Alunos, professores ecomunidade

Espaço aberto para novas apresentaçõesculturais de alunos e artistas da cidade parafinalização e despedida do projeto na escola.

16h Equipe IBS Saída.

As atividades realizadas na terceira etapa visam, principalmente, elucidar as dúvidas de professores e

alunos das escolas atendidas.

Nessa etapa, novamente são realizados exames de glicemia e pressão arterial pelos agentes de saúde.

Como complemento a esse trabalho, é realizada uma palestra sobre diabetes, hipertensão e educação alimentar.

Cerca de 20 alunos continuam o tratamento odontológico iniciado nas etapas anteriores. É realizada uma

competição

Page 46: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

46

chamada gincana da saúde entre representantes de cada sala de aula. O aluno que possuir o menor

número de resíduos na boca, revelados através de uma pastilha evidenciadora, vence.

Aproximadamente 15 mulheres fazem o exame de papanicolau. Os resultados desses exames

realizados nessas e nas outras etapas são enviados pelos correios de São Paulo para as escolas

onde foram realizados os exames. As mulheres examinadas e outras interessadas da comunidade

assistem a uma palestra sobre prevenção de colo de útero. Nessa etapa acontece uma palestra

sobre sexualidade e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis direcionada,

principalmente, para adolescentes.

As pessoas em quem os oftalmologistas diagnosticaram ter necessidade de usar lentes

corretivas recebem os óculos e assistem a uma palestra sobre a importância do uso constante e

conservação dos óculos.

Nessa etapa, dois computadores são instalados em cada biblioteca das escolas

participantes do PS DE. O objetivo é informatizar o acervo da biblioteca e incentivar professores

e alunos a terem um contato com os softwares básicos mais usados.

Os professores e alunos que participaram da palestra de teatro de bonecos, na segunda

etapa, realizam algumas apresentações para os voluntários do IBS e comunidade escolar.

Uma exposição fotográfica é montada na escola com as melhores fotos dos alunos da

cidade. Os cinco alunos que forem considerados pelos responsáveis da área de comunicação como

os que obtiveram maior destaque receberão uma das máquinas utilizadas durante o projeto.

Um telão é montado no pátio da escola para exibição de um desenho animado, para

alunos da escola e interessados da comunidade, assim como acontece na primeira etapa do PDSE.

Assim como acontece na segunda etapa do PDSE, psicólogas realizam dinâmicas com

professores e conversam com pais de alunos para orientação.

Uma palestra aprofundando os temas ambientais tratados nas outras duas etapas do PDSE

é realizada com professores. São entregues ferramentas para uso na horta comunitária. São

realizadas duas oficinas na área ambiental: uma sobre confecção de artesanato com sementes

locais e outra sobre reaproveitamento de cascas de legumes e verduras para produção de geleias e

compotas.

As escolas recebem materiais esportivos (bolas, redes e uniformes), para uso nas aulas de

educação física.

Após as três etapas programadas no roteiro do PDSE no ano de 2008, foi organizada

uma nova visita em três das nove cidades atendidas pelo projeto, nesse ano, além de uma cidade

que fez parte do PDSE, no ano de 2007. As cidades escolhidas foram consideradas pela direção

do IBS cidades que receberam bem e participaram ativamente do projeto. As cidades selecionadas

para a quarta visita também tinham uma facilidade logística de locomoção entre elas. Balsas-MA,

Nova Iorque-MA e Crateús- CE foram escolhidas entre as cidades que participaram do roteiro do

Page 47: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

47

ano de 2008. São Raimundo Nonato-PI foi selecionada entre as cidades que participaram do

roteiro do PDSE no ano de 2007.

A quarta etapa do projeto das cidades selecionadas aconteceu de 5 a 22 de fevereiro.

O período de trabalhos em cada cidade foi de três dias, o maior período de ação em cada escola

entre as etapas. A equipe do IBS que realizou o trabalho foi composta por seis pessoas: um

coordenador, uma pessoa na área de odontologia, uma pessoa na área do meio ambiente, uma

pessoa na área da biblioteca, um cinegrafista e uma pessoa para apoio geral. A seguir, o

cronograma dos trabalhos exibido nas escolas.

Tabela 10 - Cronograma quarta etapa - Dia um - ManhãHorário Público-a Ivo Descrição8h Comunidade e alunos Dentista: início dos atendimentos.8h Gestores e monitores da biblioteca

/ interessadosBiblioteca: Início da nova capacitação eobservação de bibliotecas (catalogação), uso dosoftware e programas de informática na área.

8h Gestores e monitores de MeioAmbiente/ interessados

Inicio dos trabalhos de Gestão da Água nasEscolas - obras de infraestrutura na escola - 15Dia.

9h Alunos da Oficina de foto e vídeoDigital

Início das atividades: Rádio Escola - teoria emontagem de equipamentos com alunos eprofessores.

llh Todos os interessados Abertura das Mostras de Material da Escola edos Alunos (kits e biblioteca) e da Feira de Artese Artesanato / Reciclados e Papel / OUTRASMOSTRAS.

12h TODOS ALMOÇO

Page 48: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

Horário Público-alvo Descrição14h Comunidade e alunos Dentista: continuação dos atendimentos.14h Gestores e monitores da biblioteca

/ interessadosBiblioteca: continuação da nova capacitação eobservação de bibliotecas (catalogação), uso dosoftware e programas de informática na área.

14h Gestores e monitores de MeioAmbiente/ interessados

Continuação dos trabalhos de Gestão da Águanas Escolas - obras de infra-estrutura na escola -1Q Dia.

14h Alunos da Oficina de foto e vídeoDigital

Rádio Escola - teoria e montagem e abertura dostrabalhos da rádio com alunos - continuação dasatividades.

14h Todos os interessados Abertura da exposição fotográfica temática dosalunos na escola.

16h Todos os interessados Apresentações de alunos sobre o tema SAÚDEBUCAL;

Outras apresentações programadas para o lg Dia.

18h TODOS CINEMA - Espaço para mostra dos trabalhos dosalunos da fotografia e vídeo.

Tabela 12 - Cronograma quarta etapa - Dia dois - Manhã

Horário Público-alvo Descrição8h Agentes de Saúde e Professor

responsávelDentista: Capacitação Projeto Sorriso.

8h Alunos e interessados Oficina de música com material desenvolvidopela escola: instrumentos feitos a partir doreciclável.

8h Gestores e monitores de MeioAmbiente/ interessados

Continuação dos trabalhos de Gestão da Águanas Escolas - obras de infra-estrutura na escola -29 Dia.

9h Alunos da Oficina de foto e vídeoDigital

Módulo vídeo clipe: experimentação depequenas montagens de arquivos de foto-vídeo.

10h Comunidade e alunos Dentista: CPOD com alunos escolhidos.12h TODOS ALMOÇO.Horário Público-a Ivo Descrição14h Comunidade e alunos Dentista: continuação dos atendimentos.14h Alunos e interessados Biblioteca: atividade prática de contação de

histórias e fomento à leitura na biblioteca comalunos.

14h Gestores e monitores de MeioAmbiente/ interessados

Continuação dos trabalhos de Gestão da Águanas Escolas - obras de infraestrutura na escola -2Q dia.

14h Alunos da Oficina de foto e vídeoDigital

Saída fotográfica e para vídeos: estudos sobretema determinado a ser trabalhado com alunose interessados.

16h Todos os interessados Apresentações de alunos sobre o tema OFICINADE MÚSICA com instrumentos confeccionados eaprendizados da aula dada pela manhã;Outras apresentações programadas para o 22Dia.

17h Todos os interessados Torneio equipe IBS e alunos da escola - jogoamistoso com alunos e integrantes.

Tabela 11 - Cronograma quarta etapa - Dia um - Tarde 48

Page 49: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

Tabela 13 - Cronograma quarta etapa - Dia dois - Tarde

18h TODOS CINEMA - Espaço para mostra dos trabalhos dosalunos da fotografia e vídeo.

Tabela 14 - Cronograma quarta etapa - Dia três - Manhã

Horário Público-a Ivo Descrição8h Comunidade e alunos Dentista: continuação dos atendimentos.8h Gestores e monitores da biblioteca

/ interessadosBiblioteca: FINALIZAÇÃO E OBSERVAÇAO danova capacitação e observação de bibliotecas(catalogação), uso do software e programas deinformática na área.

8h Gestores e monitores de MeioAmbiente/ interessados

Palestra MA: combate às pragas na horta escolare observação dos projetos ambientaisdesenvolvidos e em andamento;

Palestra MA: uso de detergentes orgânicos paraimplementação do projeto de reciclagem daágua.

9h Alunos da Oficina de foto e vídeoDigital

Módulo fotografia avançado: photoshop.Experimentação de arquivos de foto-vídeo nophotoshop. Finalização e trabalho em fotos dasaída no dia anterior.

12h TODOS ALMOÇO.

Page 50: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

Tabela 15 - Cronograma quarta etapa - Dia três - Tarde

Horário Público -alvo Descrição14h Professores e Coordenadores /

Representantes da SecretariaApresentação formal das propostas da escolapara continuidade de cada área e planos demanutenção das mesmas na escola.

15h emdiante

TODOS - Alunos, professores ecomunidade

Espaço de apresentações de alunos e artistas dacidade - 3Q Dia:

- Apresentações de alunos - resultados deaprendizados / outros;

- Entrega da Certificação 2009 / 2010 doIBS à escola.

- Espaço aberto para novasapresentações culturais de alunos eartistas da cidade para finalização edespedida do projeto na escola.

16h30min Equipe IBS Saída.

Na quarta etapa do PDSE, aproximadamente 20 pessoas por cidade realizaram exame

odontológico. O voluntário do IBS na área de odontologia realizou uma palestra para professores

e agentes do Posto de Saúde de Família que participaram das etapas anteriores do PDSE. Essa

palestra tem como objetivo ampliar o programa de escovação implantado nas escolas, para a

comunidade do bairro. Dois representantes de cada sala de aula são escolhidos para uma

competição de escovação de dentes realizada através de um revelador de resíduos.

A catalogação digital dos livros é finalizada nessa visita, caso não tenha sido

anteriormente. Uma oficina de contação de histórias é dirigida para os professores, objetivando

incentivar o uso da biblioteca de maneiras alternativas.

Os alunos que participaram das palestras de comunicação, realizadas nas etapas

anteriores, assistem a uma palestra que apresenta os princípios básicos de edição de vídeo e

fotografias. Esses alunos participam de outra palestra, que explica o funcionamento básico de

uma rádio. Essa palestra visa preparar os alunos para montarem uma programação e operarem

tecnicamente um sistema de som, composto por quatro caixas de som espalhadas pela escola e

equipamento básico de produção de áudio.

Assim como na primeira e terceira visitas do IBS às escolas, em 2008, um telão é

estruturado no pátio central das escolas e um desenho animado é exibido para os alunos e

interessados da comunidade.

Para aprofundamento do tratamento da horta escolar, na área ambiental foi realizada uma

palestra sobre controle de pragas em plantações. Um sistema de reuso de água foi instalado nas

escolas. O objetivo desse sistema é que água reaproveitada tenha uso na limpeza da escola e

manutenção da horta, estruturada nas etapas anteriores. Uma palestra explicando a fabricação

caseira de detergente, utilizando matéria prima não- agressiva ao meio ambiente, foi dirigida

principalmente para funcionários da escola, encarregados da limpeza da mesma.

Um jogo de futebol ou vôlei entre a equipe de funcionários da escola e a equipe do IBS é

organizado, visando utilizar o material esportivo doado anteriormente e integrar as duas equipes.

Page 51: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

51

O método de avaliação utilizado pelo IBS, no ano de 2008 e em fevereiro de 2009,

consiste em avaliar as impressões de cada voluntário sobre o desempenho da área em que

trabalhou, consultar os trabalhos postados no blog por participantes das escolas atendidas pelo

projeto e um questionário que deverá ser respondido pela escola, seis meses depois do término

dos trabalhos. É muito difícil mensurar a eficácia dos projetos implantados pelo PDSE. A

avaliação de resultados é vaga e poucos ou nenhum número real sobre os resultados do projeto

podem ser obtidos. O número de pessoas impactadas, por exemplo, situa-se na casa das centenas

de milhares, número questionável, uma vez que as escolas atendidas pertencem, na maioria das

vezes, a comunidades pequenas e afastadas de grandes centros, além de apenas uma pequena

parcela dessas comunidades participar efetivamente das ações do PDSE. De acordo com

representantes de cada área de atuação do PDSE, os resultados de cada projeto específico variam

consideravelmente em cada cidade participante, Nenhum método de pesquisa é utilizado no

planejamento do projeto para identificar as diferenças culturais existentes entre essas

comunidades, permitindo planejar diferentes métodos de implantação dos programas do PDSE em

cada uma dessas comunidades. Entre os períodos que abrangem as visitas às cidades

participantes, poucas são as mudanças na forma com que os projetos são trabalhados nas escolas.

Na grande maioria das vezes, continuam sendo trabalhados de maneira praticamente idêntica,

independentemente dos diferentes desempenhos de cada escola em cada projeto. As principais

diferenças do PDSE são projetos extras implantados nas escolas ou comunidades que

apresentaram interesse e dedicação nas propostas apresentadas para a escola. Em algumas

cidades, moradores da comunidade, alunos e funcionários das escolas que receberam o PDSE em

anos anteriores, citam projetos que tiveram resultados a longo prazo e continuam a ser

desenvolvidos. Devido à falta de uma avaliação de resultados mais precisa, é tarefa árdua realizar

a mensuração desses resultados.

A interação com as comunidades locais é incentivada pelo coordenador do projeto, que

acredita ser um fator fundamental para a realização bem sucedida do PDSE. Essa interação

aproxima os voluntários do IBS com os participantes das ações na escola e cria um clima

intimista, diminuindo a formalidade entre as partes envolvidas no trabalho. Embora esse trabalho

informal crie algumas facilidades para a realização dos PDSE, algumas vezes são criadas

situações que comprometem o profissionalismo do trabalho. Por exemplo, o coordenador do

projeto levou com a equipe seu cachorro na primeira, terceira e quarta etapas do projeto, segundo

ele, com o objetivo de divertir as crianças. Apesar de, na maioria das cidades visitadas pelo PDSE,

no ano de 2008, as crianças brincarem algumas horas com o cachorro, frequentemente um

voluntário é desviado de sua função para vigiar o mesmo.

As ações do PDSE nas escolas tiveram início no dia 6 de abril de 2008 e terminaram no

dia 22 de fevereiro de 2009.

Page 52: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

Capítulo VI - A atuação dos moradores do bairro Bacaba

4.1 - A associação de moradores do bairro Bacaba

A associação de moradores do Bairro Bacaba foi fundada no ano de 1993 e funcionou até o ano de

2002, quando o então presidente da associação vendeu o terreno e o material de construção que seriam

utilizados para construir uma sede para a associação de moradores do Bairro Bacaba. Em 2008 os moradores

de bairro realizaram uma eleição para presidente da associação, com o intuito de reativá-la.

(..)o presidente tomou de conta e depois acabou com tudo que tinha, nós já tinhaterreno, tijolo, nós já tinha tudo, ai terminou ele vendeu o terreno, os tijolo, tudo eacabou. Aí, aqui tava sem ninguém, ai como eles queriam renovar a associação,queriam correr atrás do que já tinha sido, não ia valer a pena, aí já não tinha maislivro de ata, não tinha mais nada, não sabia... aí com muita luta eu mesmoconsegui o livro de ata da antiga associação, e formemos uma pequena eleição né.Ai votemo o Gilson, ai tamo lutando né, para ver o que que consegue.28

Atualmente é realizada na associação de moradores do bairro Bacaba, uma reunião mensal no

segundo sábado de cada mês. Nessas reuniões moradores do Bairro discutem assuntos de interesse da

comunidade local. Existe um esforço do atual presidente afim de envolver líderes religioso, comerciantes,

indo de donos de salão de beleza a donos de bar. São convidados também para esas reuniões, pessoas que não

fazem parte da comunidade do bairro Bacaba, mas podem ser relevantes na resolução das questões tratadas.

Na reunião que estive presente, os tópicos eram a implantação da coleta seletiva no bairro e as ruas que

deveriam fazer parte de um pedido formal de asfaltamento, que seria enviado para o prefeito. Um vereador

local estava presente, ouviu as reivindicações e respondeu as questões dos moradores. Além das reuniões

mensais, reuniões extraordinárias são organizadas se os moradores entendem que o assunto a ser tratado têm

caráter de urgência. Para Antônio Cândido essas organizações não têm apenas a função de discutir assuntos

de interesse da comunidade, mas também integrar os moradores que passam a se sentir membros do grupo.

"É membro do bairro quem convoca e é convocado para tais atividades. A obrigação bilateral é aí elemento

integrante da sociabilidade do grupo, que desta forma adquire consciência de unidade e funcionamento."

(CANDIDO, 1979, p.67).

Para o presidente da associação de moradores do bairro Bacaba, os moradores do bairro poderiam ter

uma participação mais ativa na tentativa de resolução dos problemas que afligem o bairro.

28 Sousa, Luis, 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli

58

Page 53: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

53

Tem um ano de associação, que nós reativamos a associação, e até que eles nãosão muito de ir na minha casa me cobrar, eu me deparo com eles pelo bairro,quase todos os dias eu estou visitando, estou trabalhando na arborização, estoumolhando junto com eles, estou acompanhando os meninos que estão jogando bolanos campos; e às vezes eles procuram a gente para falar que a rua tá semiluminação, precisa melhorar a infra-estrutura, tampar os buracos, o prefeito nãofaz nada e os vereadores não fazem nada, aquela reclamação dos políticos. Eutento conscientizar eles que existe uma associação, uma associação preocupada,existem pessoas preocupadas, pessoas que querem oferecer, que tem algo aoferecer e que eles participem, que eles nos procurem para participar das nossasreuniões, porque juntos nós podemos estar mudando a realidade de nosso bairro eda nossa cidade como um todo.29

As datas das reuniões são divulgadas em carros de som, que transitam pelo bairro durante uma hora

anunciando o dia e a hora do encontro, ofícios fixados em locais de grande trânsito de pessoas, como a escola

e o posto de saúde, e a associação entra em contato com as emissoras de televisão locais que em algumas

ocasiões anunciam a reunião em sua programação.

Tanto faz eu ir pessoalmente, ou qualquer membro aqui da associação, a gente fazum ofício com o nome da associação, têm toda uma organização e a gente sempretêm um apoio assim, fantástico, da TV Rio Balsas e de todos os meios decomunicação aqui da cidade. Carro de som nós usamos, a gente paga uma hora decarro de som, que ta equivalente a 25 reais, todas as reuniões que a gente faz comas autoridades ou com os moradores como foi esta hoje.30

São realizados diversos tipos de trabalho na comunidade em conjunto com a associação de

moradores do bairro Bacaba. O grupo de capoeira Guerreiros da Criança têm contato muito próximo com a

associação, que apoia as apresentações do grupo. São organizados treinamento e jogos de futebol para

crianças da comunidade, a polícia militar está organizando junto com a associação de moradores um projeto

de polícia comunitária no bairro.

Aqui com o Jorge quase todos os dias a gente um têm contato aqui com o grupocultural dele, da criança, que eles estão jogando capoeira, ou então com a dançada fita, com o maculelê, ou então com outras apresentações culturais. Temostambém um contato muito grande com as crianças e jovens aqui do bairro com ofutebol, que é uma coisa que ta dando certo nós temos um número muito grande decrianças participando, precisamos de repente de apoio, apoio financeiro, que àsvezes é muito difícil.31

Existe uma parceria da associação com o Colégio Municipal Agostinho Neves, que objetiva

aproximar os moradores do bairro com a comunidade escolar, e colaborar com projetos que estejam sendo

implantados na Escola Municipal Agostinho Neves ou na associação de moradores do bairro Bacaba.

Durante as visitas do IBS para a implantação do PDSE representantes da associação de moradores estavam

presentes para participar das ações e oferecer ajuda para os funcionários da Escola Municipal Agostinho

Neves. Quando existe a necessidade de um espaço maior que a sede da associação de moradores do bairro

Bacaba, a escola cede seu espaço para a associação, esse tipo de troca é comum entre as duas organizações.

29Botelho, Gilson, 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli30Ibidem31Ibidem

Page 54: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

54

(...) agora mesmo a gente ta organizando a horta, a horta comunitária foi umainiciativa do Brasil Solidário, e a gente põe a mão na massa, vamos lá, vamosajudar, o que estiver faltando a gente vai correr atrás junto, vamos ajudar no queestiver faltando. E por exemplo fizemos uma noite cultural, a primeira noitecultural do Bairro Bacaba, onde tivemos o apoio do colégio Agostinho Neves, coma instalação do colégio, a energia, a diretora tava lá presente, enfim tudo que agente precisa eles estão lá nos ajudando e vice-versa.32

O local utilizado para realização das reuniões da associação de moradores do bairro Bacaba é uma

pequena construção próxima ao colégio municipal Agostinho Neves, a construção pertence a igreja católica,

fato que não aparenta diminuir ou desencorajar a presença de pessoas adeptas de outras religiões nas reuniões

da associação. Não raramente as atividades que reúnem moradores da comunidade têm em seu começo ou

término orações entoadas por todos os participantes da atividade a ser realizada.

Inúmeras são as situações consideradas inacessíveis a um controle racional ou,quando se admite a existência de recursos racionais, não se atribuem efeitoscomparáveis aos que produziriam a intervenção de forças sobrenaturais tidasgeralmente como superiores. Seria difícil apontar uma esfera da vida que nãofosse impregnada de fé no sobrenatural, em que não empregassem meios julgadosadequados para assegurar o auxílio de poderes sobrenaturais, "(p.134)33

Para Hoggart organizações entre membros das classes menos favorecidas economicamente, como é o

caso da associação de moradores do bairro Bacaba, fornece aos membros a sensação de estar integrado ao

grupo e de possuir um compromisso de ajuda mútua, pois membros dessas classes não raramente necessitam

da ajuda dos vizinhos.

É antes fruto do saber de experiência feito, que ensina que o indivíduo se encontrainevitavelmente integrado no grupo; o indivíduo sabe que está integrado numgrupo, porque experimenta o calor humano e a sensação de segurança que lhe sãofacultados pelo próprio fato de pertencer ao grupo, porque o grupo se mantémsempre igual a si mesmo, e porque se vê frequentemente obrigado a recorrer àajuda dos vizinhos, uma vez que não pode geralmente pagar os serviços deoutrem. Os membros do proletariado sentem a necessidade de formar um grupo,porque a vida é dura e a eles sempre lhes cai em sorte tudo o que é mau. "34

A cooperação entre vizinhos moradores do bairro Bacaba é frequente e tratada de forma casual,

durante o período de realização das entrevistas que foram usadas nesta dissertação, em diversas ocasiões os

entrevistados pediram que os vizinhos realizassem durante o período da entrevista as tarefas que seriam

interrompidas pela mesma, a cooperação dos vizinhos foi quase sempre imediata e encarada como algo

casual.

A existência de todo grupo social pressupõe a obtenção de um equilíbrio relativoentre as suas necessidades e os recursos do meio físico, requerendo da parte dogrupo, soluções mais ou menos adequadas e completas, das quais depende aeficácia e a própria natureza daquele equilíbrio. As soluções, por sua vez,dependem da quantidade e qualidade das necessidades a serem satisfeitas. (p.23f

32Ibidem33WILLENS, 1961. p.13434HOGGART, 1973. p.99

Page 55: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

55

Os serviços e favores que vizinhos se prestam não estão limitados a favores que exigem pouco tempo

e esforço, muitas vezes quando um morador se encontra em uma situaçãos que exige maior dedicação para

ser resolvida, este é amparado pelos vizinhos com quais possui maior intimidade.

Há uma série de atividades seculares e sacras, cuja realização depende decooperação vicinal. Ao lado de serviços ocasionais que vizinhos ocasionais seprestam mutuamente, figuram acontecimentos que afetam, mais profundamente, avida de indivíduos e famílias e que, usualmente, exigem a assistência de umnúmero restrito de vizinhos.35

O presidente da associação de moradores do bairro Bacaba Gilson Pereira Botelho é reconhecido

pelos moradores do bairro Bacaba como uma pessoa que trabalha em função dos melhores interesses do

bairro. Gilson Pereira Botelho trabalha como assessor de uma vereadora da cidade, fato que não parece

importar aos moradores do bairro, uma que em nenhum momento isso foi citado nas entrevistas. Na reunião

da associação de moradores que estive presente, estava presente também um vereador que não possui

associação partidária com a vereadora para qual o presidente da associação de moradores do bairro Bacaba

trabalha. Em nenhum momento a associação do presidente com a vereadora foi citada na reunião da

associação, embora a maioria das discussões girassem em torno de decisões políticas e Gilson Pereira

Botelho fosse o mediador da discussão.

35WILLENS, 1961. p.49

Page 56: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

Como em todas as comunidades, os partidos políticos exercem a junção primordialde peneirar os líderes locais, através de complicados processos de competição,conflito e acomodação. Outra função vital dos partidos é a de controlar osindivíduos, mormente as do partido oposto, que ocupem cargos públicos naadministração comunal. Além do mais, através dos partidos os jovens aprendem ospadrões políticos da cultura local.36

O bairro Bacaba é na maioria das vezes retratado nos meios de comunicação de maneira negativa, em

muitas ocasiões esses meios noticiam crimes ocorridos na região.

O bairro Bacaba tem suas peculiaridades, como já esta saindo da zona urbanapara uma periferia mais avançada, é o problema do dia-a-dia, da vida, da própriasociedade, a comunidade mais pobre, mais humilde, sofredora, é falta de água, ésaúde, é a droga, o tráfico de drogas, boca de fumo. A emissora não pode dar ascostas, ela tem que participar no dia-a-dia, presente, estar no local, a polícia fazuma parada a televisão tem que mostrar essa realidade, a Bacaba faz parte dessecontexto de notícias, infelizmente a maioria desagradável, é prisão, éassassinato(...)u

Devido a essa imagem negativa, a Escola Municipal Agostinho Neves, em conjunto com a

associação de moradores do bairro Bacaba, decidiram atuar junto aos meios de comunicação para modificar a

imagem do bairro.

(...)houve uma coordenadora que ela entrou e ai o que ela queria era, dizer assim,mudar a imagem da escola. A escola passou assim por um tempo que era ruim,assim, fazer parte daquela escola, então, ela quis mudar essa imagem da escola eai então começou a fazer projetos e todos os projetos e atividades que eramrealizados na escola, ela convidava os meios de comunicação, e as TVs para virfilmar. Então no começo aqui a escola Agostinho Neves só era na TV. E ai comisso a imagem foi mudando, então, devido o uso desse meio de comunicação. Opresidente também, ele entrou no ano passado, e então ele começou a usar tambémbastante a televisão para divulgar as reuniões, divulgar também o trabalho dele,ele criou também um blog da associação de moradores do bairro Bacaba, então táse expandindo mais pelos meios de comunicação.37

A maioria dos representantes dos meios de comunicação pesquisados apontam Gilson Pereira

Botelho como uma pessoa presente nesses meios para anunciar eventos que irão ocorrer no bairro Bacaba,

além de ser entrevistado em algumas ocasiões. A Rádio Cultura entrevista o presidente da associação de

moradores do bairro Bacaba mensalmente.

(...)a gente tem muitas participações da Bacaba, inclusive o presidente daassociação de moradores de lá, o Gilson, mensalmente ele participa da nossaprogramação, trazendo os projetos que ele consegue para a comunidade daBacaba, e muitos ouvintes lá participam diariamente, ao vivo, da nossaprogramação.13

Talita Moura, produtora de jornalismo da Tv Rio Balsas conta que representantes daassociação de moradores do bairro Bacaba interagem com frequência junto a emissora.

36Ibidem, p.82.

37SANTOS, Edjane. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli

56

13 SILVA, Carmegildo. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli

Page 57: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

(...)o bairro Bacaba eu posso destacar que é um bairro atuante na cidade, porconta da associação de moradores. A associação junto com os moradores dobairro, eles estão sempre se reunindo, reivindicando melhorias para o bairro eainda que seja um bairro um pouco afastado do centro, nós também priorizamosisso, porque é notícia, uma forma também de incentivar outros bairros areivindicar seus direitos, a questão do saneamento básico, iluminação, que sãodireitos básicos de qualquer pessoa. Eles têm essa preocupação de promoverpalestras, informativos para os moradores com parceria com a secretaria de meioambiente, secretaria de saúde, enfim, o bairro Bacaba é bastante atuante nessesentido. Quando eles aparecem aqui na tv, o presidente ou algum membro daassociação, já fala que a gente enjoou da cara deles, mas que eles vão promoveralguma coisa no dia tal e queriam nossa presença. Claro que como a gente tásempre em busca de notícias que seja também de relevância para sociedade agente vai.38

Na Tv Liberdade, retransmissora do SBT na cidade de Balsas, a comunidade do bairro Bacaba

participa principalmente através da associação de moradores. O bairro Bacaba é considerado pelo

representante da emissora Fabrício Andrade como um bairro atuante junto a Tv Liberdade.

São poucas pessoas que nesses assuntos de matéria se interessam, e semprequando têm esses assuntos que interessam a Bacaba vem até aqui e participa,porque é um dos bairros que faz um chamado com a reportagem para que a genteparticipe, faça cobertura, o bairro Bacaba ta sempre participando.39

A atuação do presidente da associação de moradores do bairro Bacaba também acontece nos meios

impressos, apesar do Jornal Correio de Balsas apresentar esporádicas matérias sobre eventos ocorridos no

Bairro Bacaba, o Jornal Popular de Balsas que possui uma ótica voltada para temas políticos, realizou uma

entrevista com Gilson Pereira Botelho em uma ocasião.

Eu recebi o presidente da associação do bairro Bacaba, ele nos fez uma matéria eessa matéria inteira vai sair agora em fevereiro, não se dirigiu ninguém daBacaba, a não ser ele que veio dar uma entrevista, falar sobre como estava asituação no bairro Bacaba, que estava desprezada pelo poder público, segundo opresidente da associação relatou ao JPB.16

A intensidade menor com que o presidente da associação de moradores do bairro Bacaba atua junto

aos meios impressos e internet se deve ao fato desses meios serem menos utilizados pelos moradores do

bairro. Não existe ponto de venda de jornais no bairro e o acesso a internet nas residências é quase nulo

sendo praticamente limitado a Lan Houses.

38MOURA, Talita. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli

39ANDRADE, Fabrício. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli

57

13 SILVA, Carmegildo. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli

Page 58: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

58

Além do presidente da associação de moradores do bairro Bacaba, Gilson Pereira Botelho, outros

moradores do bairro foram reconhecidos pela comunidade como lideranças locais. Reni Jorge Grampes

coordena um grupo de capoeira do bairro e é membro da associação de moradores, junto com um artista

local, planeja dar início a uma nova associação para atuar principalmente com crianças da comunidade do

bairro Bacaba.

E está abrindo outra associação, que vai ser associação cultural e socialguerreiro da criança né, que a coordenação vai ficar por conta minha e um artistaaqui da cidade que é o Alni; e a corporação da associação vai ser feita porpessoas idôneas né, advogados né, economistas, planejamento, uma coisa que vaiser feita tudo transparente em prol da comunidade, até inclusive tamo pleiteando,temos um voto já, de murada, e vamos começar a construção da nossa tãosonhada sede né, que futuramente quando você vier lá de São Paulo, até inclusiveeu to querendo fazer um ou dois quartos na própria associação, para receberartista, gente que vem de fora né, ficar mais dentro da comunidade, da própriacomunidade, se tu vem estudar a comunidade, tu vai ficar dentro dacomunidade(...)40

Naura de Sousa realiza diversos tipos de trabalho voluntário no bairro, para ela a reativação da

associação de moradores do bairro Bacaba foi de grande importância para a eficácia desses trabalhos.

Olha, foi uma grande mudança, eu conheci o Gilson já fazia um ano que eu faziao trabalho voluntário sozinha, com as mulheres as crianças e os adolescentes, aiele me convidou para participar da associação, ele disse: Você vai ser minhaassessora. Então ai esse trabalho que a gente fez de mutirão de limpeza, aplantação das árvores, as lixeiras, todo esse trabalho, os cursos que vieram paracá, as palestras, tudo eu ajudei a organizar. Fui chamada para ser secretária dotime de futebol das crianças, hoje nós já temos uma equipe, duas bolas, e o Jorgetambém, to ajudando ele nessa parte também com os meninos, as crianças eadolescentes com o grupo Guerreiro da Criança.41"

O soldado da Polícia Militar do Estado do Maranhão, Clarindo de Sousa Gomes, realiza trabalhos

com jovens no colégio Agostinho Neves e trabalhos voluntários na igreja evangélica que frequenta.

A gente faz um trabalho principalmente de cidadania, somos moradores,acreditamos no potencial do bairro que a gente mora e trabalhamos de uma formaque conscientize nossos jovens. Como nós temos um contato muito forte com aescola Agostinho Neves, nós trabalhamos diretamente em sala de aula com asquartas e algumas sextas séries, fazendo assim um trabalho extra de palestras,dinâmicas com os jovens, oficinas, trabalhos que venham ajudar na cidadania danossa comunidade, principalmente dos nossos jovens da Bacaba.42

40GRAMPES, Reni. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli

41SOUSA, Naura. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli

42GOMES, Clarindo. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli

Page 59: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

4.2 - A atuação dos líderes comunitários do bairro Bacaba no PDSE

Durante o período de trabalhos do IBS em Balsas com o PDSE, a Escola Municipal Agostinho Neves

recebeu apoio de diversos moradores do bairro Bacaba, entre eles alguns que foram apontados por pessoas da

comunidade como lideranças locais. As ações do PDSE foram realizadas nos dias 16 e 17 de abril, 23 de

junho, 19, 20 de outubro, nove, 10 ell de fevereiro. Na primeira etapa do PDSE o volume de participantes foi

visivelmente menor do que nas etapas seguintes, segundo Antonieta Neves da Silva Matos, a comunidade

ainda não sabia o que esperar do projeto. Segundo funcionários da escola, a partir da segunda etapa do

projeto a presença dos líderes comunitários e da comunidade do bairro intensificou-se.

Temos o presidente da associação foi feito o convite para ele, que havia essa visitado Instituto Brasil Solidário, então ele aceitou o convite porque ele também ficoumuito interessado, porque ele é uma pessoa que trabalha em busca de benefíciospara comunidade, tanto na parte de meio ambiente, de desenvolvimento cultural,então ele aceitou o convite de imediato. Na primeira visita ele não podecomparecer, porque ele trabalhava em uma determinada empresa, não teve comoele vir participar, mas nas outras visitas ele já estava fora dessa empresa,ai entãoele participou mais ativamente desse encontro. E também teve essas outraspessoas que receberam também convite da escola e vieram participar e conheceresse instituto. Temos a secretária também do meio ambiente aqui do município,temos o Jorge também que é responsável por cultura, e ele aceitou o convitetambém, ajudou também, até os meninos do meio ambiente que participaram dahorta, eles fizeram algum dinheiro com arrecadações das verduras que foramvendidas e tudo. Então o Jorge ele era um voluntário da escola, ele da capoeirapara os alunos gratuitamente, então ele assim, é um voluntário e um líder nessaquestão de cultura.20

A implantação do PDSE na Escola Municipal Agostinho Neves foi visivelmente mais eficaz do que

nos outros municípios que participaram do PDSE na mesma época. Houve presença de grande número de

moradores do bairro durante as visitas do IBS, os voluntários responsáveis por cada área ficaram satisfeitos

com os resultados das ações implantadas, a escola deu continuidade a parte considerável dos projetos após o

término do PDSE, e alguns projetos foram estendidos para a comunidade do bairro Bacaba.

20 SANTOS, Edjane. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli

Page 60: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

66

A biblioteca recebida pela Escola Municipal Agostinho Neves foi nomeada em homenagem a

escritora local e autora do hino do município de Balsas, Edilza Virgínia Pereira, que compareceu na

escola durante a primeira etapa do PDSE. A biblioteca foi destacada pelos professores, moradores e

líderes locais como uma das ações mais importantes para a escola e a comunidade. O acesso ao livro é

muito restrito no bairro Bacaba, não existem livrarias próximas e o baixo poder aquisitivo da maioria dos

moradores da comunidade dificultam a aquisição de livros. No

65

Page 61: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

67

município de Balsas existem três bibliotecas, uma localizada no centro da cidade, uma dentro de um

colégio e a terceira localizada em uma fazenda. Nenhuma dessas bibliotecas fica próxima ao bairro Bacaba.

Segundo o livro Retratos da Leitura no Brasil43, livros emprestados por bibliotecas públicas e escolares

compõem a principal forma de acesso aos livros para os jovens, 49% da população de cinco a 10 anos, 53%

da população de 11 a 13 anos e 47% da população entre 14 e 17 anos consideram as bibliotecas como uma

maneira de acesso aos livros.

Após tomar conhecimento do PDSE, membros da comunidade se organizaram para realizar a

expansão de alguns projetos, implantados na Escola Municipal Agostinho Neves, para todo o bairro Bacaba.

O projeto de arborização foi expandido para outras ruas do bairro, além desse projeto a associação de

moradores expandiu outro projeto da área ambiental, foi feito um pedido para que o IBS fizesse uma doação

de lixeiras para serem instaladas no bairro, o pedido foi atendido e 10 lixeiras foram doadas para a associação

de moradores. Ao final da reunião da associação de moradores do bairro Bacaba que estive presente,

membros da associação discutiam uma maneira de iniciar a coleta seletiva no bairro, que ainda não existe na

cidade de Balsas. A ações da área ambiental por terem uma facilidade logística e um custo baixo, quando

comparadas as ações das outras áreas, são mais facilmente implantadas no bairro.

Eu participei de algumas oficinas, participei de palestras onde nós tivemos aulascom pessoas que retrataram situações como o meio ambiente, reciclagem,inclusive até coloquei em prática uma reciclagem que eu aprendi para fazer umtipo de sabão liquido, então eu estive na escola, não estive em todos os dias mastodas as vezes que veio eu estive na escola.44

Alguns projetos estão sendo discutidos pela associação de moradores do bairro Bacaba e pelo IBS para que

assim como a arborização e as lixeiras, sejam ampliados para comunidade. Uma cozinha comunitária foi

aprovada e o local de sua instalação está sendo decidido pelos membros da associação. O projeto instalação

de uma rádio comunitária no bairro Bacaba está sendo discutida pelos membros da associação de moradores.

(,..)eu participei com o Instituto Brasil Solidário na segunda vez que eles vieramaqui para Bacaba e foi a convite da Eliane, diretora, que eu me aproximei dosmeninos que trabalham no Brasil Solidário, daí eu comecei a conversar com elesa possibilidade de por exemplo, a arborização, como eles poderiam nos ajudar,nós também da associação montamos uma relação de alguns projetos que a gentepretende desenvolver aqui para os moradores e repassamos para eles. E paranossa surpresa o Luis entrou em contato com a gente, autorizando 10 lixeiras etambém uma cozinha comunitária que só depende de nós escolhermos o local paraque ela seja instalada, então a minha participação foi dessa forma.45

43AMORIN, Galeno (Org.), 2008

44GOMES, Clarindo. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli

45BOTELHO, Gilson. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli

Page 62: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

No preparo da Escola Municipal Agostinho Neves para receber as etapas do PDSE um grande

número de atividades voluntárias foram realizadas por membros da associação de moradores, que possui

parceria com a Escola Municipal Agostinho Neves do bairro Bacaba. Os membros da associação de

moradores participaram dos preparativos realizados pela escola e participaram de algumas ações do PDSE.

Eu perguntei se podia ajudar em alguma coisa e elas disseram que podia, ai elasperguntaram o que eu queria fazer, eu trabalho com decoração também, eutrabalho com minha cunhada que faz enfeite, festa, pois eu faço a decoração. Euparticipei também com a psicologa, fiz uma consulta com ela, gostei muito.46

Os membros da associação convocaram moradores do bairro Bacaba para participarem das ações,

esse chamado foi feito através de carro de som, que circulou durante uma hora pelo bairro informando aos

moradores o dia e o horário em que seriam realizados os trabalhos. Emissoras de rádio foram informadas

sobre o evento e anunciaram o mesmo durante sua programação, assim como as emissoras de televisão.

Ofícios avisando sobre o evento foram colocados em lugares de grande circulação de pessoas no bairro.

Embora não tenha sido possível visitar todas as casas, membros da associação de moradores, compareceram

em parte das casas do bairro avisando sobre a realização do PDSE.

Membros da associação de moradores informaram e solicitaram a presença de meios de comunicação

de Balsas durante a implantação do PDSE. Nos períodos que abrangeram as visitas do IBS, notou-se a

presença de equipes de reportagem de rádio e televisão. Os profissionais dessas equipes, trataram os

voluntários do IBS com familiaridade e em raros casos participaram das ações do PDSE. Um homem que

declamou um poema no primeiro dia de trabalho da primeira etapa do projeto, compareceu no dia seguinte

com uma equipe de gravação, revelando-se um repórter da Tv Liberdade, retransmissora local do SBT.

Para os professores da Escola Municipal Agostinho Neves a atuação dos líderes da comunidade do

bairro Bacaba durante as ações do PDSE foi um fator que colaborou para que houvesse uma interação maior

dos moradores do bairro com a escola durante o projeto.

Então com a visita do Brasil Solidário houve o que: uma ligação entre a família ea escola, até mesmo para desenvolver algumas atividades. Por exemplo, teve lá ode odontologia, teve a comunicação, o aviso dos pais e tudo, então houve umareunião, se os pais aceitavam, porque tem que ter essa relação. E também naentrega do material, então houve primeiramente um contato geral com os pais,então assim na primeira visita só o pessoal do bairro ver essa movimentação aquina escola, eles já ficavam surpresos e queriam saber o que é(...)2s

46SOUSA, Naura. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli

Page 63: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

69

V - Considerações finais

Na primeira etapa PDSE na Escola Municipal Agostinho Neves, houve uma participação menos

intensa da comunidade do que nas etapas subsequentes. A escola mantém uma parceria com a associação de

moradores do bairro Bacaba, a associação de moradores do bairro Bacaba colabora com os eventos

organizados na escola e a escola colabora, cedendo o espaço para eventos da associação por exemplo. A partir

da segunda etapa do PDSE a associação de moradores colaborou com os preparativos das ações e

compareceu em maior número nos dias que as ações estavam ocorrendo nas escolas. A partir da segunda

etapa houve grande presença de moradores do bairro Bacaba durante as ações. Nos períodos em que as ações

do PDSE estavam sendo implantadas na Escola Municipal Agostinho Neves, os moradores do bairro

reconhecidos pela comunidade como líderes estiveram presentes na escola ajudando na organização e

participando das ações.

A associação de moradores do Bairro Bacaba, além de possuir a função de reunir os moradores para

discutir assuntos de interesse dos moradores do bairro e algumas vezes propor ações, cria um sentimento de

comunidade, os membros participantes se sentem mais integrados com o bairro e colaboram entre si para

resolver problemas pessoais.

As reuniões da associação de moradores acontecem em uma construção cedida pela igreja católica.

Dentro da associação de moradores existem membros que frequentam igrejas católicas e evangélicas.

Durante os encontros dos membros da associação, frequentemente é feita uma oração em conjunto. Embora a

religião seja um aspecto importante para a maioria da comunidade, a diversidade religiosa não é motivo de

conflito entre os membros.

Funcionários da Escola Municipal Agostinho Neves, acreditam que existe um envolvimento

consideravelmente maior de moradores da comunidade do bairro Bacaba, nos eventos realizados na escola,

quando os membros da associação de moradores do bairro Bacada divulgam e comparecem no evento.

Para moradores do bairro Bacaba, a revitalização da associação de moradores do bairro Bacaba foi

um fator importante para mobilizar a comunidade e conseguir implantai- melhorias no Bairro.

Membros da associação de moradores do bairro Bacaba constantemente utilizam os meios de

comunicação da cidade de Balsas para divulgar eventos do bairro. O presidente da

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Page 64: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

associação participa mensalmente de um programa de rádio e contata outras rádios e emissoras de

televisão para que esses meios anunciem ou noticiem eventos no bairro. Um carro de som contratado pela

associação de moradores circula durante uma hora no bairro Bacaba anunciando o evento. Também são

colocados ofícios em pontos de grande circulação no bairro.

Funcionários dos meios de comunicação do município de Balsas afirmam que existe uma presença

constante dos membros da associação de moradores do bairro Bacaba nesses meios. Os membros da

associação de moradores comparecem principalmente nas emissoras de rádio e televisão. Moradores da

comunidade do bairro Bacaba acreditam que essa atuação da associação de moradores junto aos meios de

comunicação, tornou positiva a imagem do bairro Bacaba, que antes só aparecia retratado nesses meios

quando algum crime era noticiado na região.

Os moradores do bairro Bacaba possuem uma cultura tipicamente oral, os meios de comunicação que

exigem leitura, no caso o jornal impresso e a internet (a velocidade da conexão no município de Balsas é

muito lenta para utilizar os recursos de áudio e vídeo que alguns sites oferecem), são menos utilizados pelos

líderes comunitários para realizar a divulgação de eventos ocorridos no bairro Bacaba.

Alguns projetos implantados na escola através do PDSE foram estendidos para a comunidade através

do trabalho conjunto do Instituto Brasil Solidário com a associação de moradores do bairro Bacaba. O projeto

de arborização foi implantado no bairro Bacaba durante o período em que o IBS estava realizando ações na

Escola Municipal Agostinho Neves. Lixeiras foram entregues para a associação de moradores do bairro

Bacaba através do IBS, essas lixeiras serão instaladas em diversos pontos do bairro Bacaba, a associação de

moradores planeja em seguida iniciar o primeiro sistema de coleta seletiva do município. Uma cozinha

comunitária doada pelo IBS será instalada no bairro. A associação de moradores do bairro Bacaba está

desenvolvendo um projeto para enviar ao IBS, solicitando um sistema de rádio, com o objetivo de instalar

uma rádio comunitária no bairro e atuar diretamente com os moradores do bairro.

Considerando o que foi apresentado anteriormente, pode-se concluir que a atuação os líderes de

opinião do bairro Bacaba, influencia a comunidade de modo que, quando esses líderes atuam junto à

comunidade na realização de ações dirigidas ao bairro Bacaba, essas ações têm maior eficácia.VI - Referências 70

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Page 66: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

Anexo 1

Entrevista Antonieta Neves da Silva Matos - Professora da Escola Municipal Agostinho Neves

Como começa o bairro da Bacaba?

O primeiro morador daqui era o meu avô, ele só tinha a casinha dele, ele morou aqui com 18 anos, ai

ele encontrou Arcanja, que era a mulher dele, moravam no Gerais de Balsas, em um lugar chamado Serra da

Limpeza. Ele veio para cá, casou com essa senhora, construiu a família dele aqui, depois ele pegou o cargo de

oficial de justiça aqui em Balsas, que não tinha, era só ele e 3 oficiais de justiça, mas ele continuou morando

aqui na Bacaba que era residência dele. Teve 14 filhos, depois teve criação de gado, que era fazenda, a

família toda aqui, no bairro Bacaba. Devido a quantidade de pés de bacaba que tinha aqui, botaram o nome

de Bacaba, Bairro Bacaba do Canário, porque Canário era o apelido dele, os oficiais lá que colocaram esse

apelido nele, mas ele não era amarelo não, era pretinho. Depois apareceu um rapaz, que é meu pai, chamado

José Alves da Silva, casou com a filha dele mais velha que é a Zenite da Silva, ai que construiu

Meu Pai disse que veio para cá em 46, ai casou com minha mãe em 60, e fui eu que foi a primeira filha deles,

essa senhora que é a Zenite, que é minha mãe, teve 7 filhos, eu como a mais velha. Aqui não tinha professora,

tinha só a comunidade, que era meu pai com meu avô, ai contraíram uma casinha ali e eu fui. Aqui só tinha

mato, aqui nesse lugar que nós estamos que era o lugar deles procurarem caça, pegar piqui, caju, pega lenha,

que eles cozinhavam na lenha, era nesse lugar bem aqui da escola que eles pegavam essas coisas.

E como começou a escola?

A escolinha nossa aqui, começou lá na casa mesmo da minha mãe, eu trabalhava como catequista ali

no bairro Nazaré, na igrejinha, na capelinha, como chamava, a capelinha. Fui a primeira professora de

catequese lá, ai como aqui tinha necessidade dos alunos ali da rua, av. Tito Coelho, no bairro Nazaré, que só

tinha uma rua, eu na idade de 15 a 16 anos, o papai foi mais o meu avô e formaram a escolinha,

que era sentar de varão, era palmatória, a campainha era um chocalho e era turma multiseriada, que é da

primeira a quarta série que ensinava.

72

Page 67: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

73

Passado tempo, o pessoal de São Luís, vieram aqui, me viram nesse sofrimento e perguntaram se eu queria

ter uma escola. Ai nós saímos lá da casa, que era um ranchinho de palha, ai viemos entramos aqui nessa

mata, porque aqui era mata, viemos para essa mata aqui e ai construíram essa escola, que ficou como uma

homenagem ao meu avô Agostinho Neves. E eu como a primeira professora, Antonieta.

E desse tempo para cá, o que mudou na escola e no bairro?

Ah meu amigo, mudou muita coisa, aqui era só nós, era só nossa família, olha hoje o tanto de família

que tem hoje, só que ainda continua a Bacaba, o bairro Bacaba do Canário, mas mudou muita coisa, tem

muito comércio, tem muita casa, era só nossa casa e o curral. Mudou demais, nossa escola não era essa, era

coberta de palha, mudou demais nossa escola.

Como foi essa mudança?

A escola mudou assim: Aqui era conhecido como zona rural, ai depois da evolução que foi construir

essa escola, ficou zona urbana, veio um pessoal de São Luis chamados Edurural, não sei se você já ouviu

falar. Veio uma equipe de gente lá de São Luis da esse curso do Edurural para o professor, professor que não

tinha magistério. Eu era aluna no dia, eu lecionava só tinha a 8a série quando eu comecei. E hoje eu estou

pós-graduada e ta aqui nossa escola. Aumentou as salas, aumentou a quantidade de alunos, naquela época só

tinha 35 alunos, que era alfabetização, Ia, 2a, 3a e 4a mas eram duas de cada série. E hoje nossa escola tem na

faixa de 1049 alunos, e quando nós começamos eram 35 alunos, e também quando nos saímos da nossa

casinha de palha, vinha para cá era só duas salas, três banheiros e o auditório. E hoje tem 13 salas, uma

biblioteca, uma sala dos professores e uma secretaria.

Quando a escola começou como era a participação de pais de alunos e da comunidade?

Ah, quando começou era bom demais, que os pais vieram atrás de mim, para ter começado essa

escola, a escola na zona rural. Ai os pais vieram atrás de mim, para começar essa aula e eu lecionava com

toda garra, e os pais, nós fazíamos brincadeiras, os pais eram participativos demais. Hoje eu já acho assim

um pouco diferente, porque os pais só faz jogar assim para nós professores. Não quer comparecer, quando

vem já vem assim com aquela agressão, Eu achava assim, no tempo que nós começamos eu achava melhor,

assim, eu achava melhor no ritmo de ensinar, por que eu tinha minha palmatória, menino não queria aprender

eu dizia: bote lá para estudar tabuada. Ai eu "bolo", palmatória. Até o marido da minha irmã foi aluno meu,

hoje eu digo: Ele pode judiar da minha irmã mas já passou pela minha mão e pega bolo, já pegou muito bolo

o marido dela, aí hoje a gente não pode fazer mais isso, com a evolução nós não pode faze mais isso.

E a comunidade é distante ou próxima da escola?

Assim, como eu te falei, quando começou eu achava assim melhor, mas hoje, assim, eu acho que

nossa escola ta chamando mais atenção, sempre eu elogio assim e digo para Eliane: Eliane tem que trazer

esses pais para comunidade, eu to achando que eles melhoraram também. Eu falei no sentido de quando era

zona rural, mas agora não, eles tão vindo na escola, temos alguns probleminhas, mas nós resolvemos. Mas

Page 68: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

74

eles tão participando, a diretora também chama atenção, nós funcionários também trazemos eles para escola,

têm muito programa bom, que é o jovens e adultos, que é junco com nós aqui, o presidente do bairro. Eu

acho assim que evoluiu mais, claro, têm muita diferença, porque não existe mais, aquele bolo para bater nos

alunos, não existe mais, mas eu achei que melhorou. Claro que melhorou, os professores naquele tempo não

eram capacitados, hoje a gente não vê mais nenhum professores sem ter a graduação, a maioria, acho que nós

aqui todos temos, acho que não tem nenhum sem, todo mundo é graduado, mas tem que ter uma educação de

qualidade.

Quando o Instituto fez o projeto na escola, o que você achou que funcionou e o que você achou que não

funcionou?

Eu gostei. Eu elogiei demais o projeto, porque trouxe mais a comunidade para nossa escola, os

projetos eu gostei, o que eu participei, mas eu gostei de todos os projetos. O que eu participei foi o da horta,

eu adorei, ainda estou adorando. Eu disse para Eliane que eu estou muito emocionada e que estava de

parabéns, de parabéns porque vocês trouxeram novidades para nossa escola e tava precisando.

Como foi durante o projeto e como é agora, sua participação no trabalho da horta?

Eles explicaram o que fazer com a garrafa pet ua horta, eu pelo menos não sabia que dava para fazer

aquelas carreirinhas, eu não mexia também. Achei muito lindo aquilo ali. Ai hoje tem nossa horta, através do

Brasil Solidário, e eu gostei e disse para Eliane: Tomara que eles tragam mais projetos, para nós, para nossa

escola, para o pessoal ver a comunidade, todo mundo ficou elogiando.

Como foi a participação da comunidade nesse projeto?

No começo a maioria da comunidade não participou porque os filhos não comunicaram para eles,

quando o pessoal viu aqueles projetos de vocês, ai que eles vieram: Teve esse projeto?

Foram quatro etapas do projeto, você acha que houve um aumento na participação da comunidade entre

uma etapa e outra?

A primeira não teve tanto não, mas no final tinha bem mais. Eu achei, o meu ponto de vista, sabe?

Porque a primeira ninguém sabia o que tava acontecendo, culpa dos alunos que não avisaram e nossa

também.

Existem pessoas na comunidade que podem ter influenciado outras a participarem do projeto?

Tem minha irmã Joanice, o presidente do Bairro, José Soares Quixabeira, Agostinho Neves, que é

neto, ele mexe com futebol, o Erivelton que é policial, acho que são esses ai.

E como essas pessoas que você citou participaram do projeto?

Participaram com a colaboração de vir participar com a gente aqui na escola, participa das reuniões

com o presidente, para nós falarmos, debater o assunto.

Page 69: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

75

Você acha que a presença deles na escola enquanto estava acontecendo o projeto fez a comunidade

participar mais das ações?

Fez, fez porque a gente se reúne ai nós vamos. Agora mesmo, amanhã, nós vamos participar de uma

reunião, eu junto com eles aqui na comunidade.

Existe algo sobre a história do bairro, da escola ou sobre a participação da comunidade que você

gostaria de acrescentar?

A escola, ela foi fundada em 1976. Até 77, 78 era zona rural, ai de 78 até hoje, é zona urbana.

Como foi a transição de zona rural para zona urbana?

Foi a prefeitura junto com esse projeto do Edurural em São Luis, veio uma equipe de lá de São Luis,

ai nos procurou aqui, ai nós mudamos. Mudamos da casinha de palha para a casinha de tijolo.

Entrevista Isomar de Souza Neves - Neto de Agostinho Neves

Como começa a história do bairro Bacaba?

Rapaz, aqui quando eu me entendi, aqui era só uma estradinha aqui para o centro, sabe? Em 57, ai

foi começando a chegar vizinho, foi indo, foi indo, chegando e se tornou hoje estar morando na cidade. Ai

foi faltando o pai, faltando a mãe, os irmãos mais velhos, ai foi ficando a geração mais nova. Inclusive que

eu to sendo o mais velho da turma.

Como você acha que é a participação da comunidade na escola?

É boa, mas sempre tem umas falhinhas.

Entrevista Norina Neves Quiximtera - Neta de Agostinho Neves

Como foi o inicio do bairro?

Aqui só tinha um morador, quando eu entendi, que era o meu pai, que morava aqui, ai depois chegou

o Pedro João Antônio, que morava ali na Bacaba, na passagem.

Você acha que a comunidade participa na escola?

Meus filhos, quando eles eram pequenos eles estudavam no Agostinho Neves, eu ia nas reuniões do

colégio.

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Entrevista Edjane Nunes Santos - Professora da E.M. Agostinho Neves 77

Me conte a história do bairro

Quando eu cheguei aqui no bairro Bacaba, eu vim com meus avós e foi no ano de 1989, já faz 20

anos, aqui era como se fosse o fim da cidade, então havia poucos moradores, muita vegetação, muitas

fazendas ao lado e a população era bem pouca. Havia uma escola, sempre morei aqui ao lado da escola, a

escola Agostinho Neves, que foi construída por um morador.

Qual sua relação com a escola?

Eu fiz todo meu primário, a minha vida escolar nessa escola, ao lado. Antes tinha só de primeira a

quarta série, então eu fiz, estudei nela de primeira a quarta série e ai então não havia o ensino fundamental

maior, de quinta a oitava, então eu tive que estudar em uma escola no centro da cidade, para você ver o grau

de desenvolvimento do bairro, e então sempre participando da vida do bairro, fazia catequese, então sempre

tinha uma vida assim bem participativa.

O que você faz na escola atualmente?

Agora eu sou professora do Agostinho Neves, engraçado que eu trabalho com colegas que foram

meus professores lá na infância, na primeira série né, tem uma colega minha que é minha colega de trabalho

e que foi minha professora na educação infantil. Eu trabalho com o ensino fundamental pela manhã, segundo

ano, e a tarde de quinta a oitava.

Qual a participação da comunidade na escola?

Você não percebe a forma, mas você vê que a comunidade participa, porque se tem qualquer

manifestação, você observa que ela já está inserida, até mesmo as decisões, que são realizadas na escola,

você já pensa assim: Como a comunidade vai reagir? Então se você vai fazer algum evento, você já vai

pensar na participação da comunidade, e uma coisa que ta sendo bem interessante agora aqui no bairro, é

uma parceria que está entre a comunidade, representada pela associação do bairro, que deu início no ano

passado essa associação, e a parceria com a escola, então essa parceria ta levando muito também a

comunidade participar das atividades da escola, e a escola também participando das atividades da

comunidade. Por exemplo: Se há uma reunião da associação, como teve agora, que vão escolher o nosso

bairro para fazer a coleta seletiva, primeiro bairro da cidade como modelo para dar início a essa coleta

seletiva. Essa reunião foi no sábado, então o que aconteceu, o corpo docente da escola, a direção, estava lá

presente nessa reunião, juntamente com a comunidade e outros órgãos públicos. Então ai você já observa que

as atividades que são desenvolvidas na sociedade aqui do bairro, envolvem tanto a escola quanto a

comunidade em geral.

Page 71: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

77

Como a comunidade participou do Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Escola, implantado

pelo instituto Brasil Solidário?

Bom, no ano de 2008, a escola recebeu a visita do Instituto Brasil Solidário, primeiramente a diretora

fez uma reunião geral com todos os professores e funcionários, e apresentou uns DVDs com material a

disposição do que era essa instituição, esse instituto. Então a primeira impressão: Meu Deus, será que nós

vamos dar conta de tanto trabalho? E ao mesmo tempo assim, a alegria de ver aquele tanto de benefícios

vindo até nossa comunidade, foi a nossa comunidade escolhida. Então o primeiro impacto foi o desafio: Será

que vamos conseguir? Porque aqui nunca tinha acontecido, na nossa cidade um trabalho como esse. E

aconteceu a primeira visita, foi muito bem recebida, tanto pelos pais quanto pelos alunos, pelo quadro de

funcionários também da escola, e deu-se então início as atividades que chegava o fim do dia você: Ufa!

Quanta coisa. Então foi um trabalho assim que foi bem aceito pela comunidade e pelos alunos. Você observa

assim o comportamento dos alunos frente a esses trabalhos. Tem-se dito assim: O antes e o depois dessa

visita. Porque você observa uma escola de bairro e têm muitas adjacências, outros bairros carentes, então é

difícil você proporcionar uma educação de qualidade né, com tudo que tem direito, então é muito difícil, a

começar pela participação da família, você fazer uma reunião com os pais, eles não davam esse apoio,

achavam que era dever da escola educar os filhos, e que eles não tinham responsabilidade nessa tarefa. Já

ouvi mesmo até pais chegarem dizer que bota o filho na escola, é para os professores ensinarem. Então você

observa tanto o nível de carência, de cultura mesmo, do próprio valor da educação, quanto financeiro. Então

por motivos financeiros muitos têm que trabalhar e ai não acompanham os seus filhos na escola. Então com a

visita do Brasil Solidário houve o que: uma ligação entre a família e a escola, até mesmo para desenvolver

algumas atividades. Por exemplo, teve lá o de odontologia, teve a comunicação, o aviso dos pais e tudo,

então houve uma reunião, se os pais aceitavam, porque tem que ter essa relação. E também na entrega do

material, então houve primeiramente um contato geral com os pais, então assim na primeira visita só o

pessoal do bairro ver essa movimentação aqui na escola, eles já ficavam surpresos e queriam saber o que é,

então isso já chamou atenção, vendo esses carros, tinha o quadriciclo, então foi uma novidade que chamou a

atenção tanto visual quanto na obtenção de recursos, então só isso ai atraiu a atenção da comunidade para

escola, e o que se observa é que mudou a percepção deles em relação a várias coisas, por exemplo, vários

projetos foram desenvolvidos na escola: o meio ambiente, se plantava várias plantas ao redor da escola, não

saiam do tamanho, eram destruídas antes mesmo de dar uma sombra, então a escola toda era no sol e tudo.

Então o Brasil Solidário veio e implantou essa idéia e as sementes e ai você observa que as plantas estão

crescendo. E na medida que elas crescem você observa que a consciência também vai crescendo, tanto dos

alunos quanto da família

Existem pessoas na comunidade que podem ter influenciado outras a participarem do projeto?

Tem, começando assim pela própria associação, quando se fala de uma reunião: Ah isso ai não vai

dar ninguém, então aquela vez começou por persistência de alguns líderes mesmo da comunidade, nós temos

a Joanice que também foi professora e diretora da escola, então ela assim as pessoas têm o maior respeito

Page 72: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

78

assim por ela, quando foi para ela sair assim da direção da escola, houve assim revolução, porque os alunos

não queriam que ela saísse, então temos assim alguns líderes aqui do bairro que as pessoas ouvem.

E como foi a atuação desses líderes?

Temos o presidente da associação foi feito o convite para ele, que havia essa visita do Instituto Brasil

Solidário, então ele aceitou o convite porque ele também ficou muito interessado, porque ele é uma pessoa

que trabalha em busca de benefícios para comunidade, tanto na parte de meio ambiente, de desenvolvimento

cultural, então ele aceitou o convite de imediato. Na primeira visita ele não pode comparecer, porque ele

trabalhava em uma determinada empresa, não teve como ele vir participar, mas nas outras visitas ele já estava

fora dessa empresa,ai então ele participou mais ativamente desse encontro. E também teve essas outras

pessoas que receberam também convite da escola e vieram participar e conhecer esse instituto. Temos a

secretária também do meio ambiente aqui do município, temos o Jorge também que é responsável por

cultura, e ele aceitou o convite também, ajudou também, até os meninos do meio ambiente que participaram

da horta, eles fizeram algum dinheiro com arrecadações das verduras que foram vendidas e tudo. Então o

Jorge ele era um voluntário da escola, ele da capoeira para os alunos gratuitamente, então ele assim, é um

voluntário e um líder nessa questão de cultura.

Quais são os meios de comunicação aqui da cidade?

Temos a TV Boa Notícia, que é legalmente, ai temos outras rádios também que funcionam por

período, quando vem a fiscalização ai encerra, ai passa um periodozinho assim parada e depois continua

novamente. Mas legalmente temos a rádio e TV Rio Balsas, a rádio e TV Boa Notícia, também temos a TV

Liberdade, e temos também o jornal O Correio, que é impresso.

E como a comunidade da Bacaba é retratada nesses meios?

Primeiramente a escola mudou a direção, e ai houve uma coordenadora que ela entrou e ai o que ela

queria era, dizer assim, mudar a imagem da escola. A escola passou assim por um tempo que era ruim, assim,

fazer parte daquela escola, então, ela quis mudar essa imagem da escola e ai então começou a fazer projetos e

todos os projetos e atividades que eram realizados na escola, ela convidava os meios de comunicação, e as

TVs para vir filmar. Então no começo aqui a escola Agostinho Neves só era na TV. E ai com isso a imagem

foi mudando, então, devido o uso desse meio de comunicação. O presidente também, ele entrou no ano

passado, e então ele começou a usar também bastante a televisão para divulgar as reuniões, divulgar também

o trabalho dele, ele criou também um blog da associação de moradores do bairro Bacaba, então ta se

expandindo mais pelos meios de comunicação.

E como esses meios e esses líderes atuam em conjunto com a comunidade?

E: A comunidade passou um tempo assim, adormecida,então quando foi para ela acordar, houve-se muito a

questão, passava o carro de som, quando ia fazer uma reunião, passava o carro de som avisando, fazia

Page 73: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

79

recados, convites impressos, e, o que mais ele usava era o carro de som antes da reunião, né, se a reunião era

a noite então ele passava a tarde circulando carro de som no bairro para reforçar o convite.

Existe algo sobre os assuntos que conversamos que você gostaria de acrescentar?

A escola municipal Agostinho Neves desenvolveu muito bem os projetos propostos pelo Instituto

Brasil Solidário, graças à união entre os professores, que foi dividido por coordenação, cada professor ficou

responsável por um grupo: Grupo do meio ambiente, grupo da oficina digital, grupo da odontologia, que era

o da escovação. Então essas atividades foram divididas e você obteve um resultado melhor. Podemos citar no

grupo de fotografia, tiveram alunos que se destacaram a ponto de arrumarem emprego devido a essa oficina

de fotografia que foi implantada na escola. Então as vezes a escola, ela é não só uma instituição de passar

conteúdo mas também de preparar os alunos para a vida e esse papel ele foi visto assim com esse projeto.

Porque as vezes você da aula, vem dar aula na escola e pronto. E com esses projetos, eu, eu digo, respondo

por mim que você se enturma mais, você se interage mais com os alunos. Os alunos da tarde, você ta dando

aula pela manha, professora, isso e aquilo, sobre determinado projeto. Então há uma comunicação maior, não

fica só aquela, conteúdo, prova, esses trabalhos mais tradicional, mas assim uma interação deles até mesmo

no próprio comportamento deles, você observa mudanças. Não, vamos melhorar aqui, como se portar? Então,

com essa parceria do Brasil Solidário, a escola só teve crescimento, e melhoras e muito trabalho. Tanto pelo

professor, quanto pela coordenação e também pelos alunos.

Entrevista Wadson Oliveira Silva - Locutor da Rádio Nativa

Como é o seu trabalho aqui na rádio, você é remunerado?

Eu trabalho na rádio mesmo, tem muito tempo que eu mexo com isso, trabalho com rádio. E eu

trabalho como locutor e também entendo um pouco sobre isso aqui, computador, essas coisas...

Como funciona a rádio?

Ela tem só apoio mesmo de um empresário, que é uma pessoa que mexe com shows, festas locais,

eventos locais da cidade, e ai ela tem o apoio de um rapaz empresário que tem uma empresa: Clube da Viola,

a rádio representa ela, a empresa clube da viola.

E qual a situação legal da rádio?

Quando chega a fiscalização tem que esconder.

Qual a participação da comunidade na rádio?

A participação é boa, é bem aceita na cidade, o pessoal gosta, até porque aqui na cidade o pessoal

gosta de rádio.

Page 74: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

80

E como ocorre a participação do bairro Bacaba?

O pessoal gosta, ouve muito, também participa muito pelo telefone, o pessoal liga, pede música,

gosta de mandar mensagem para os companheiros, para os ouvintes também.

Como é a programação da rádio?

Tem o horário nobre, horário que é na parte da manhã que é essencial para notícias e essas coisas.

Para quem está em casa, gosta de ouvir notícias, essas coisas do dia-a-dia das pessoas.

E essas notícias são de onde?

Da cidade, as vezes a gente vai nas lojas também , do comércio, das empresas, a gente vai lá, divulga

o que tem de promoção, tal, entendeu? Alguma coisa sobre a polícia daqui, a gente vai lá no quartel vê o que

tem...

Quantos funcionários trabalham na rádio?

Tem três funcionários na verdade, é porque tem pouco tempo que ela foi fundada, tem pouco tempo

que ela ta funcionando.

Quais as funções de cada um?

Eu faço locução, dou manutenção nos equipamentos, os outros fazem programação, outros ficam na

área de patrocínio, das empresas aí, sempre ta na rua aí, é o vendedor comercial.

Existe algo na programação dirigido especificamente para o Bairro da Bacaba?

Bom, o bairro não tem, a gente não criou ainda, mas a gente tem um plano de

criar.

São noticiados fatos ocorridos aqui no bairro?

Sim, é o que a gente mas faz aqui.

Qual o estilo de música mais tocado na rádio?

A gente toca mais forró, sertanejo, o pessoal gosta muito aqui de sertanejo

E são divididos na programação, os diferentes estilos de programas?

Mais é música e entretenimento, a gente passa muita informação também, do mundo artístico.

Entrevista Carmegildo Xavier da Silva - Rádio Cultura FM - 96,3

Qual sua função na rádio?

Eu sou locutor e sou diretor geral da emissora.

Page 75: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

81

Qual o horário de funcionamento da rádio?

A gente funciona 18 horas diárias, das seis às 24, sábado e domingo também.

Com que freqüência vocês noticiam fatos ocorridos no Bairro Bacaba?

Tem várias participações diárias da Bacaba, inclusive eu to construindo a minha residência na

Bacaba, vou morar lá.

E como acontecem essas participações da Bacaba?

Mais nas ligações, na nossa programação, principalmente no programa de domingo, que é de oito ao

meio dia, que é um programa nobre, a gente não da conta de atender os ouvintes, de todos os cantos da

cidade.

E os ouvintes que ligam participam como?

Pedindo músicas mesmo, pedindo músicas, faz serviço de utilidade pública, entrevistas, informações,

notícias, tudo isso a gente faz.

Já houve alguma entrevista com algum morador da Bacaba?

Já, da Bacaba a gente tem muitas participações da Bacaba, inclusive o presidente da associação de

moradores de lá, o Gilson, mensalmente ele participa da nossa programação, trazendo os projetos que ele

consegue para a comunidade da Bacaba, e muitos ouvintes lá participam diariamente, ao vivo, da nossa

programação. Já vieram ao vivo também aqui no estúdio, então tem um interatividade bem grande com o

pessoal da Bacaba, eles participam muito aqui da nossa programação.

Entrevista Xavier Fiali de Souza - Carro de Som

Como funciona seu trabalho?

Nós fazemos a área de propaganda volante, a publicidade é veiculada através de carro de som, em

todas as ruas e bairros da cidade. Eu faço a gravação e veiculo no meu próprio carro.

Como você faz as gravações?

A parte das gravações funciona basicamente no estúdio, a gente têm lá um estúdio completo com

mesa, microfone, cabine de locução e têm os programas de edição que a gente faz a edição do comercial para

rodar no carro de som.

O que você mais anuncia?

A gente anuncia desde promoções a eventos, né, e é isso mesmo, basicamente é promoções e eventos

que a gente anuncia diariamente.

Page 76: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

82

Você já trabalhou no Bairro da Bacaba?

Bairro bacaba a gente roda muito pouco devido a má condição das ruas né, são mal conservadas, é,

uma série de ruas são intransitáveis, então dificulta o acesso da gente para aquele bairro. Já fizemos algumas

divulgações e eventos por lá.

Como é o seu dia-a-dia no trabalho?

O nosso dia-a-dia basicamente é construído em cima de divulgação, a gente sai, tem oito horas

diárias para trabalhar, de oito horas da manhã ao meio-dia e de duas da tarde até às seis, então são oito horas

que dá por dia e essa é nossa capacidade permitida. No final de semana a gente só roda pela parte da manhã

no sábado e no domingo não veicula.

Entrevista Luis Barbosa de Sousa - Membro da associação de moradores do bairro Bacaba

Há quanto tempo o senhor é morador do Bairro da Bacaba?

Tem uns 15 anos

E no que o senhor trabalha?

Trabalho na construtora, eu sou pedreiro né.

Quais as maiores mudanças que ocorreram no bairro nesse período?

Que eu acho que mudou aqui no bairro, só uma coisa que mudou, desde que eu cheguei o que mudou

aqui só cresceu muito, mas beneficiado até agora... o único beneficio que nós temos aqui nesse bairro é o

colégio.

Essa organização que vocês tem hoje com a associação de moradores, isso já existia quando o senhor

mudou para cá?

A questão é que antes de ter a associação eu já morava aqui, ai o presidente tomou de conta e depois

acabou com tudo que tinha, nós já tinha terreno, tijolo, nós já tinha tudo, ai terminou ele vendeu o terreno, os

tijolo, tudo e acabou. Aí, aqui tava sem ninguém, ai como eles queriam renovar a associação, queriam correr

atrás do que já tinha sido, não ia valer a pena, aí já não tinha mais livro de ata, não tinha mais nada, não

sabia... aí com muita luta eu mesmo consegui o livro de ata da antiga associação, e formemos uma pequena

eleição né. Ai votemo o Gilson, ai tamo lutando né, para ver o que que consegue.

Page 77: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

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Entrevista Reni Jorge Grampes - Membro da associação de moradores do bairro Bacaba

Qual sua profissão?

A minha profissão hoje é professor, eu to pegando a minha licenciatura plena de professor, mas to

exercendo um cargo na secretaria do meio ambiente como coordenador do projeto de coleta seletiva que vai

ser implantado, um dos primeiros municípios a ser implantado a coleta seletiva aqui em Balsas.

Você é professor de qual disciplina?

Eu sou geógrafo, veja só a curiosidade, como eu tinha falado, to com 35 anos, eu tinha a sétima série,

eu trabalhava como gerente de fazenda, e a monocultura aqui no sul do Maranhão da muito dinheiro, eu

ganhava muito dinheiro, eu comecei, eu vim para pegar conhecimento, com 35 anos eu tinha a sétima série,

hoje eu to com 45 anos e eu to pegando a minha licenciatura plena para professor. Passei por muitas

dificuldades, inclusive até tendo dias de eu não ter 10 centavos para tirar uma Xerox e gente me oferecendo

serviço de 2.500, 3.000 mil reais ao mês e eu sem querer ir para, já que eu tinha vindo para fazer a faculdade,

hoje eu tenho o ensino superior.Como funciona a associação de moradores?

A comunidade é o seguinte: Eu cheguei ao Maranhão, eu vim do Rio Grande do Sul, eu cheguei ao

Maranhão faz 23 anos né. A comunidade, como deu para você perceber, que o povo do Maranhão é um povo

humilde né, com o decorrer do tempo vem crescendo, vem cada vez se atualizando mais e cada vez precisa

mais de gente voluntária, do tipo do pessoal do Brasil Solidário, o pessoal da associação.

O nosso Bairro da Bacaba, é um bairro que reflete em nossa cidade, grande anseio devido às ações

que faz, certo, as reinvidicações que faz. Hoje nós temos a associação de moradores do Bairro Bacaba, que é

uma realidade né, com um presidente muito trabalhador, temos associações integradas de um time

poliesportivo, de futebol né. E está abrindo outra associação, que vai ser associação cultural e social

guerreiro da criança né, que a coordenação vai ficar por conta minha e um artista aqui da cidade que é o Alni;

e a corporação da associação vai ser feita por pessoas idôneas né, advogados né, economistas, planejamento,

uma coisa que vai ser feita tudo transparente em prol da comunidade, até inclusive tamo pleiteando, temos

um voto já, de murada, e vamos começar a construção da nossa tão sonhada sede né, que futuramente quando

você vier lá de São Paulo, até inclusive eu to querendo fazer um ou dois quartos na própria associação, para

receber artista, gente que vem de fora né, ficar mais dentro da comunidade, da própria comunidade, se tu

vem estudar a comunidade, tu vai ficar dentro da comunidade, isso que eu acho que é uma coisa importante

né.

Como você participou das ações do Instituto Brasil Solidário que ocorreram na escola

Agostinho Neves?

R: Eu participei, achei muito interessante, que a biblioteca foi uma coisa maravilhosa que foi implantada, a

biblioteca ali né. Na parte de arborização, também o pessoal daqui aprendeu muito devido esse projeto do

Brasil Solidário né, e até inclusive esses dias atrás foi colocado essas lixeiras né, que já que nos tamos

Page 78: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

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trabalhando na educação ambiental, isso chegou numa hora boa né, e ta sendo muito elogiado pelo pessoal

aqui da comunidade e refletiu na cidade todinha a mudança, até de hábito, dos próprios alunos da escola, em

vista que foi implantada a horta né, a horta, arborização né. E a própria escola ta participando através do

convênio com o Brasil Solidário, em apresentações, em desfiles né, levando o nome do projeto e dando

credibilidade que foi dada aos alunos do aumento da estima do aluno.

E como você atuou nesse trabalho?

A minha participação foi a seguinte, eu fui convidado, ai eu tenho um trabalho de capoeira né. A

primeira vez que eu participei, que o pessoal do Brasil Solidário chegou aqui, na escola Agostinho Neves,

meu trabalho era, vinha fraco, devido a falta de condição que eu tive na época, que eu tive até 180 alunos,

180 crianças e adolescentes, daí baixou para 30 alunos o meu trabalho. Tive que fechar trabalhos em outros

bairros, porque eu trabalho em cinco bairros da cidade, tive que fechar e ficar só no Bairro da Bacaba,

concentrar no pessoal no Bairro da Bacaba. Aí eu encontrei o pessoal do Brasil Solidário, eles me deram

muito incentivo, parece que aquilo me deu uma força interior para trabalhar. Na outra vez que vieram para cá

com o projeto eu já tava fortalecido, eu já tava com 60 alunos mais ou menos, até o comandante do Brasil

Solidário, ele até me parabenizou por causa que eu já, já tava apresentando atrações, eu já tava apresentando

uma atração mais sofisticada né, que aqui o que não falta, criança artista, é o que não falta aqui no Maranhão,

aqui é incrível a criatividade que a criança tem, só falta oportunidade, tem muitas vezes que a gente fala:

Criança carente. Criança carente entre aspas têm vários sentidos, têm criança carente, aqui no Maranhão nós

não temos criança carente de fome não, nós temos crianças carentes de conhecimento, certo? tudo que tu

passa para uma criança, ela aprende. Seguido, o grupo cultural pegou uma dimensão maior com a diversidade

de apresentações cultural, já partiu em busca de um pedagogo, que hoje o grupo têm um pedagogo e têm um

coordenador artístico, que é o Almir, agora nós já faz apresentações de makulelê, samba de roda, a própria

capoeira, dança da fita, puxada de rede, uma infinidade de apresentações culturais, quer dizer que o grupo

cultural e social guerreiro da criança, ele tomou uma dimensão que se ele é convidado para fazer uma

apresentação, dependendo da festividade, a gente têm a apresentação certa para apresentar, certo? E a gente

pegou uma credibilidade muito grande, até inclusive esse semana passada nós fomos fazer uma apresentação

em um colégio municipal, na hora que foi vista a apresentação da gente a gente já, terça feira a gente vai na

APAE fazer uma apresentação, para fazer a integração né, a integração, todo mundo gostou da apresentação

da gente, certo? E tamo esperando que o Brasil Solidário invista em mais um bairro aqui da cidade porque o

Balsas é muito grande e a carência de projetos dessa natureza, aqui não têm projetos dessa natureza, só gente

que vem de fora para fazer um projeto dessa natureza.

Page 79: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

85

Entrevista Gilson Pereira Botelho - bairro Bacaba

Qual sua função na associação de moradores?

Eu estou aqui na associação de moradores, eu estou trabalhando como acessor parlamentar de uma

vereadora, e sou presidente também da associação de moradores do Bairro Bacaba

Como vocês organizam as reuniões da associação?

A gente se reúne todos os meses, no segundo sábado de cada mês. Quando a gente vai convocar a

comunidade a gente usa os meios de comunicação, rádio, televisão, usamos também carro de som, usamos

também ofício, que é colocado no posto de saúde, é colocado no colégio, onde juntam muitas pessoas.

Como você utiliza os meios de comunicação da cidade para promover os eventos do bairro?

Tanto faz eu ir pessoalmente, ou qualquer membro aqui da associação, a gente faz um ofício com o

nome da associação, têm toda uma organização e a gente sempre têm um apoio assim, fantástico, da TV Rio

Balsas e de todos os meios de comunicação aqui da cidade. Carro de som nós usamos, a gente paga uma hora

de carro de som, que ta equivalente a 25 reais, todas as reuniões que a gente faz com as autoridades ou com

os moradores como foi esta hoje. Hoje o objetivo principal foi só com os moradores, é o único meio de

comunicação que nós temos, ou a mídia ou então o carro de som para convocar, até porque o bairro é muito

grande e não têm como passar de casa em casa, convidando, informando da reunião.

Além das reuniões, existe algum outro momento em que você atua junto com a comunidade?

Sim, além das reuniões do segundo sábado de cada mês, nós também... Por exemplo, quando há a

necessidade de fazer uma reunião extraordinária, a gente usa também né, a gente convoca os moradores, e

também a gente atua também em parceria com o colégio Agostinho Neves. Aqui com o Jorge quase todos os

dias a gente um têm

Presidente da associação de moradores do

Page 80: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

86

contato aqui com o grupo cultural dele, da criança, que eles estão jogando capoeira, ou então com a

dança da fita, com o makulele, ou então com outras apresentações culturais. Temos também um contato

muito grande com as crianças e jovens aqui do bairro com o futebol, que é uma coisa que ta dando certo nós

temos um número muito grande de crianças participando, precisamos de repente de apoio, apoio financeiro,

que às vezes é muito difícil. Nós temos muitas coisas a serem desenvolvidas, e também eu procuro fazer

contato com as igrejas, igreja evangélica, igreja católica, os comerciantes, os donos de bares, procuro

envolver todos eles. A polícia também, o quarto BPM, nós estamos com um projeto da polícia comunitária e

queremos que o Bairro Bacaba seja contemplado e o comandante já nos informou que têm tudo para dar

certo, quando o bairro estiver organizado para receber.

Como funciona essa parceria com o colégio?

A parceria é o apoio que a gente da para o colégio Agostinho Neves e o colégio nos da na associação.

Por exemplo, agora mesmo a gente ta organizando a horta, a horta comunitária foi uma iniciativa do Brasil

Solidário, e a gente põe a mão na massa, vamos lá, vamos ajudar, o que estiver faltando a gente vai correr

atrás junto, vamos ajudar no que estiver faltando. E por exemplo fizemos uma noite cultural, a primeira noite

cultural do Bairro Bacaba, onde tivemos o apoio do colégio Agostinho Neves, com a instalação do colégio, a

energia, a diretora tava lá presente, enfim tudo que a gente precisa eles estão lá nos ajudando e vice-versa.

E como os moradores do Bairro atuam com você?

Olha, os nossos moradores, eu até tenho dito que os moradores do bairro Bacaba não são muito de

cobrar, agora que eles começaram. Tem um ano de associação, que nós reativamos a associação, e até que

eles não são muito de ir na minha casa me cobrar, eu me deparo com eles pelo bairro, quase todos os dias eu

estou visitando, estou trabalhando na arborização, estou molhando junto com eles, estou acompanhando os

meninos que estão jogando bola nos campos; e as vezes eles procuram a gente para falar que rua ta sem

iluminação, precisa melhorar a infra-estrutura, tampar os buracos, o prefeito não faz nada e os vereadores não

fazem nada, aquela reclamação dos políticos. Eu tento conscientizar eles que existe uma associação, uma

associação preocupada, existem pessoas preocupadas, pessoas que querem oferecer, que tem algo a oferecer e

que eles participem, que eles nos procurem para participar das nossas reuniões, porque juntos nós podemos

estar mudando a realidade de nosso bairro e da nossa cidade como um todo.

Como você atuou nos projetos do Instituto Brasil Solidário?

Eu tomei conhecimento através da diretora, gostei dos projetos que nos foram apresentados, foram

apresentados aos alunos do colégio e para a comunidade em geral, procurei aproximar, ajudar se fosse

preciso; e é uma coisa muito boa, nós tivemos o apoio do Instituto Brasil Solidário com a doação das lixeiras,

existe uma possibilidade que nos seja doada uma cozinha comunitária para o bairro Bacaba, o pessoal do

Brasil Solidário já nos informou que tem interesse em nos ajudar, essa cozinha comunitária ela vai beneficiar

as mulheres carentes do nosso bairro, que vão estar fazendo cursos, se aperfeiçoando na parte da culinária e

Page 81: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

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aqui na cidade de Balsas é muito precária essa parte comunitária, então isso vai nos ajudar bastante. Temos

também a parte da arborização que foi um projeto muito bom do Brasil Solidário também, que nós achamos

interessante e estendemos também para o nosso bairro, o bairro Bacaba todo está arborizado.

E qual foi o seu papel nesses projetos?

Na verdade eu participei com o Instituto Brasil Solidário na segunda vez que eles vieram aqui para

Bacaba e foi a convite da Eliane, diretora, que eu me aproximei dos meninos que trabalham no Brasil

Solidário, daí eu comecei a conversar com eles a possibilidade de por exemplo, a arborização, como eles

poderiam nos ajudar, nós também da associação montamos uma relação de alguns projetos que a gente

pretende desenvolver aqui para os moradores e repassamos para eles. E para nossa surpresa o Luis entrou em

contato com a gente, autorizando 10 lixeiras e também uma cozinha comunitária que só depende de nós

escolhermos o local para que ela seja instalada, então a minha participação foi dessa forma.

Como você foi eleito presidente da associação?

A associação de moradores do bairro Bacaba existe desde 1993 e ela funcionou até 2002. De 2002

até 2008 ela estava sem funcionar, daí começou a preocupação de alguns moradores que a associação devia

ser reativada, daí me convidaram para participar dessas reuniões e eu no primeiro momento não queria me

tornar presidente, me candidatar, mas depois cheguei a outra conclusão e sai candidato, daí me escolheram,

votaram, e esta fazendo um ano que eu fui eleito presidente da associação de moradores do bairro Bacaba,

são três anos e temos dois anos ai pela frente. Ao todo foram 200 moradores que votaram, eu tive 150 votos.

Entrevista Naura Sousa - Membro da associação de moradores do bairro Bacaba

Qual sua profissão?

Bom, eu já exerci várias profissões, já fui auxiliar administrativa, secretária, telefonista e hoje eu sou

voluntária no bairro e trabalho com crianças de sete até adolescente de 15 anos, trabalho de futebol. E com o

Gilson também, sou assessora dele, trabalho também com crianças adolescentes e idosos. Sempre que eu

posso procuro trazer cursos para cá, já trouxe curso de garrafa pet, dois cursos de culinária, croché, to

tentando ajudar da melhor maneira possível.

Você é moradora do bairro desde que ano?

Vai fazer sete anos que eu moro no bairro, mas eu vim para cá com 16 anos, eu não sou daqui, sou do

Rio Grande do Sul, tenho 48 anos, fiz agora dia 11 de agosto, mas gosto do Maranhão, amo o Maranhão e to

sempre tentando ajudar.

Page 82: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

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E como foi sua participação nos projetos do Instituto Brasil Solidário?

Eu tava andando no bairro, ajudando uma senhora que estava doente, ela me pediu socorro e eu fui

levar ela em Balsas urgente, quando eu retornei eu vi o carro das Casas Bahia e eu sempre tive vontade que

essa loja viesse para Balsas, ai eu cheguei na escola e vi aquele movimento, como eu conheço a Eliane e a

Cláudia procurei para saber o que estava acontecendo e elas disseram que era o Brasil Solidário. Eu perguntei

se podia ajudar em alguma coisa e elas disseram que podia, ai elas perguntaram o que eu queria fazer, eu

trabalho com decoração também, eu trabalho com minha cunhada que faz enfeite, festa, pois eu faço a

decoração. Eu participei também com a psicologa, fiz uma consulta com ela, gostei muito.

E hoje, você atua nesses projetos?

Eu participei na segunda vez, eu ajudei novamente com o trabalho de decoração, inclusive levei o

trabalho de garrafa pet que a gente faz aqui, eu levei para lá, também participei dos 13 dias de festejo na

secretaria do meio ambiente, onde também eu to desenvolvendo um trabalho voluntário, pedindo para as

empresas o material para gente fazer a reciclagem do lixo e melhorar a qualidade de vida dos moradores.

Nos últimos anos, você notou grandes mudanças no bairro?

Olha, foi uma grande mudança, eu conheci o Gilson já fazia um ano que eu fazia o trabalho

voluntário sozinha, com as mulheres as crianças e os adolescentes, ai ele me convidou para participar da

associação, ele disse: Você vai ser minha assessora. Então ai esse trabalho que a gente fez de mutirão de

limpeza, a plantação das árvores, as lixeiras, todo esse trabalho, os cursos que vieram para cá, as palestras,

tudo eu ajudei a organizar. Fui chamada para ser secretária do time de futebol das crianças, hoje nós já temos

uma equipe, duas bolas, e o Jorge também, to ajudando ele nessa parte também com os meninos, as crianças e

adolescentes com o grupo Guerreiro da Criança.

Entrevista Juarez Júnior da Silva Oliveira - Produtor - Tv açucena

Quais programas vocês produzem aqui em Balsas?

Essa programação regional, como nós estamos em Balsas, é uma cidade diferente de outras do país,

porque aqui nós temos os imigrantes, o polímero da soja, do cerrado, eles trouxeram muita gente de fora, do

sul, sudeste, do centro-oeste, aqueles que praticam agricultura de ponta hoje no Brasil, estão em Balsas.

Então nossa programação é voltada a essas pessoas, o maranhense nato e os imigrantes que estão chegando.

Nós temos o programa jornalístico, Balsas Agora que é voltado a realidade local e o Falando Sério. Temos

programas voltados a ala gaúcha, temos o Estância Gaúcha, Galpão de Estancia, também tem outro na outra

repetidora, Alma Gaúcha, é um programa que trata única e exclusivamente das tradições dos gaúchos.

Qual o tempo de programação regional diária?

Diária 2 horas, disponível na rede em horários diferentes de segunda à sexta, no fim de semana são

os programas gravados como o Alma Gaúcha.

Page 83: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

89

E qual o foco dos noticiários?

J: É o fato do dia-a-dia, questões policiais, administrativas, o dia-a-dia, a vida na cidade, Balsas hoje é uma

cidade tipicamente urbana, ela tem hoje uns 100.000 habitantes e desses 100.000, 90 por cento vivem dentro

da cidade, é mais voltado para o centro e seus bairros, direcionado especificamente para a cidade.

Como o bairro Bacaba aparece retratado nos programas regionais?

O bairro bacaba tem suas peculiaridades, como já esta saindo da zona urbana para uma periferia mais

avançada, é o problema do dia-a-dia, da vida, da própria sociedade, a comunidade mais pobre, mais humilde,

sofredora, é falta de água, é saúde, é a droga, o tráfico de drogas, boca de fumo. A emissora não pode dar as

costas, ela tem que participar no dia-a-dia, presente, estar no local, a polícia faz uma parada a televisão tem

que mostrar essa realidade, a Bacaba faz parte desse contexto de notícias, infelizmente a maioria

desagradável, é prisão, é assassinato...

Os moradores do bairro Bacaba participam da programação de alguma outra maneira?

A participação via telefone é forte e a presença física da televisão lá. Eles sempre vem aqui, a Tv

Açucena é uma Tv muito popular, essa facilidade que a pessoa tem em chegar até a comunicação e a

informação, a Tv ela sempre foi aberta ao público, a Bacaba como os outros bairros, sempre teve esse apoio e

esse carinho

Quantos funcionários tem a emissora?

Sete, teve uma redução, agora tem sete

Quanto tempo tem a emissora?

Aqui em Balsas tem 20 anos, antes era SBT, houve mudança quando o vereador Lobão assumiu há

10 anos atrás, ele fez que onde não tinha apoio político ele tirou o sinal, a Açucena ficou sem sinal nacional,

ai houve comunicação entre Rede Record e

Açucena, a Record interessada era expandir, aqui é retransmissora mas é importante para Record nacional

também.

Você trabalha aqui há quanto tempo?

Eu trabalhei oito anos e agora to retornando.

Entrevista Raimundo Nonato Cardoso Nogueira - Apresentador - Tv Capital

Qual sua função aqui na tv?

Eu sou apresentador, repórter e diretor de jornalismo.

Page 84: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

90

Quais programas são produzidos aqui em Balsas?

A tv Capital é a emissora caçula da cidade de Balsas, hoje nós somos afiliados da Rede tv. Aqui é

uma emissora do grupo Rocha de comunicação e nós temos várias programações locais, aqui é a tv que tem

mais programação local aqui na cidade de Balsas.

A Rede TV é um local maravilhoso para se trabalhar, tem espaço e a gente faz aqui o Diário de

Balsas, que é um diário de notícias com jornalismo comunitário, com plantão 24 horas, é um jornal bem

dinâmico, onde tem abertura para o povo contar sua história. Ele começa sempre ao meio-dia e vai até uma e

quinze, de segunda à sexta, sendo que na terça-feira nós temos um quadro chamado Terça Cidadã, que é um

quadro que a gente ajuda as famílias de baixa renda que não têm acesso à saúde, por exemplo as famílias

humildes dos bairros, que têm que viajar para serem hospitalizados. A gente consegue arrecadar através das

ajudas das pessoas que estão em casa, a gente arrecada esse dinheiro para servir de suporte para às famílias

em se hospedar, comprar os remédios, fazer os exames, porque as vezes eles chegam na capital e vão

enfrentar a fila do SUS e as vezes não consegue. A gente têm conseguido salvar muitas vidas aqui em Balsas,

a gente têm o jornalismo comunitário através dessa terça cidadã, que é um fundo de amparo social e segunda,

quarta, quinta e sexta nós temos o diário de Balsas. Aos sábados nós temos uma revista eletrônica, o

programa Mulheres, que é um programa que mostra a moda, a cidade, mostra as festas, mostra aquele social

da cidade. Também foca a vida das mulheres, aí temos o programa Talentos coladinho com o programa

Mulheres, e é um programa que vai ao ar à partir das 11 horas da manhã, e ele dá oportunidades para as

pessoas mostrarem seu talento, tanto na música, na dança, na poesia, no artesanato, é o programa de maior

audiência em Balsas. Eu até brinco, se tivesse uma premiação à nível nacional, ele seria o programa de maior

IBOPE do Brasil, falando proporcionalmente, porque a gente chega até de 10 televisores ligados, oito, nove,

está no nosso programa. Você pode visitar a cidade, andar de casa em casa, você só ouve minha voz e a dos

artistas, porque as pessoas se identificam, ali chega o artista popular, o sanfoneiro, chega também os grandes

artistas que vem do Rio, de São Paulo, a gente também ta trazendo aqui. É uma referência de programa

cultural, teatro também é enfatizado, e no domingo nós temos o programa Alma Gaúcha, que vai ao ar de 11

horas ao meio-dia, e é um programa que faz um intercâmbio cultural com o Rio Grande do Sul. Admiro

muito o povo gaúcho, povo gaúcho que chegou em Balsas no final da década de 70, vieram aqui para plantar,

para cultivar e aqui implantaram a lavoura mecanizada, através deles que Balsas cresceu e eles trouxeram sua

cultura para cá, eu sempre digo que a gente têm que seguir o exemplo dos maranhenses, porque um povo sem

cultura é um povo sem raiz, um povo sem origem. O Rio Grande do Sul têm o Centro de Tradições Gaúchas,

Centro de Getúlio Vargas, eles cultivam a sua cultura, e ainda têm o programa Alma Gaúcha que mostra a

cultura riograndense, portanto aos domingos os gaúchos que estão aqui ligam a tv para matar a saudade.

Quantos anos tem a Tv Capital?

A Tv Capital já tem vários anos em Balsas, com a programação local ela vai fazer 3 anos agora no

dia dez de fevereiro de 2010.

Page 85: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

91

Quantos funcionários trabalham na Tv Capital?

Nós somos 13, temos dois editores que também são cinegrafistas, nós temos dois cinegrafistas que

também são motoristas, também são editores e também são repórteres, têm eu que apresento, faço a redação

e faço externa, têm o Eduardo Passos que apresenta e faz externa. Tem três que ficam no controle de máquina

colocam a programação desde os comerciais no ar, um para colocar a programação local e temos três

secretárias.

Qual a participação do bairro da Bacaba na programação?

O bairro da Bacaba é um bairro que participa muito da nossa programação, têm os grupos de dança

da Bacaba que vêm se apresentar no programa talentos, têm os grupos musicais que vêm se apresentar, têm

os artistas que são revelados aqui através do show de calouros, têm jornalista comunitário que vai ao bairro

apresentar as hortas comunitárias, alguém que faz alguma coisa interessante, têm uma moça lá por exemplo

que trabalha com artesanato que a gente mostra. Têm vários casos do pessoal da Bacaba que não têm

condições e passam aqui pelo corredor da Bacaba. É um bairro que a gente têm muito contato, porque a Tv

Capital têm um diferencial, porque nós somos uma concessão pública e aqui nós atendemos o povo, aqui se

faz um jornalismo imparcial, aqui se ouve o povo, aqui as pessoas têm oportunidade, as vezes têm uma

pessoa desaparecida, nós somos a primeira emissora que eles procuram, porque a gente vai gravar, a gente vai

mostrar e sempre têm retorno, até os animais desaparecidos que a gente divulga aqui a gente consegue

encontrar, então é uma tv diferente.

Entrevista Clarindo de Sousa Gomes - Polícia Militar

Qual o seu trabalho?

Eu sou soldado da polícia militar, já estou na polícia militar há 17 anos e faço um trabalho de

prevenção às drogas, trabalho internacional denominado PROERD, programa educacional de resistência às

drogas. Você mora no bairro Bacaba?

Sim, eu sou morador da Bacaba, mais precisamente em um bairro que é dentro da Bacaba que é o

bairro Cohab Nova, faz parte da mesma comunidade.

Como você atua com a comunidade da Bacaba?

A gente faz um trabalho principalmente de cidadania, somos moradores, acreditamos no potencial do

bairro que a gente mora e trabalhamos de uma forma que conscientize nossos jovens. Como nós temos um

contato muito forte com a escola Agostinho Neves, nós trabalhamos diretamente em sala de aula com as

quartas e algumas sextas séries, fazendo assim um trabalho extra de palestras, dinâmicas com os jovens,

oficinas, trabalhos que venham ajudar na cidadania da nossa comunidade, principalmente dos nossos jovens

da Bacaba.

Page 86: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

92

Existe algum outro trabalho que você faz junto à comunidade?

Tem. Eu faço parte de uma igreja evangélica, que é uma comunidade muito forte na nossa cidade,

que trabalha de uma forma diferente com cidadania também, com jovens adultos e idosos, então também

trabalho nessa área da igreja. Fora a igreja desenvolvo trabalhos em outros bairros com o programa e em

povoados como o povoado da Geli, a gente faz um trabalho lá de prevenção e da mesma maneira nós

tentamos atuar como atuamos com o Agostinho Neves, através de palestras, dinâmicas e formas que

envolvam os jovens.

Como você acha que a Bacaba é retratada nos meios de comunicação de Balsas?

Aqui em Balsas nós somos até suspeitos para falar, porque nós participamos da comunidade e

participamos também de outras áreas, mas nós vemos de uma certa forma que há uma observação dos meios.

Sempre que solicitamos, a própria escola quando solicita, quando promove eventos eles costumam ir, então

eu vejo de uma forma razoável.

Como você participou dos trabalhos do Brasil Solidário realizados no Agostinho Neves?

C: Em todas eu estive na escola, inclusive eu posso falar da escola antes do instituto e depois do instituto. Eu

participei de algumas oficinas, participei de palestras onde nós tivemos aulas com pessoas que retrataram

situações como o meio ambiente, reciclagem, inclusive até coloquei em prática uma reciclagem que eu

aprendi para fazer um tipo de sabão liquido, então eu estive na escola, não estive em todos os dias mas todas

as vezes que veio eu estive na escola.Entrevista Josivam Pereira de Sá - Locutor da Rádio Cidade

Qual seu trabalho na rádio?

Trabalho fazendo locução em programa musical e de utilidade pública, a gente toca mais música

sertaneja que é o que agrada mais aqui na região. Na parte de utilidade pública a gente anuncia documentos

perdidos, notícias do nosso setor, você sabe, aqui não abrange muito longe, é mais para cidade, para os

bairros e algumas chácaras aqui por perto.

Como funciona a parte de anúncios da rádio?

A gente faz anúncios de pessoas que querem mandar um abraço ou um alô para alguma fazenda ou

chácara tal... chácara Bom jesus, Nossa Senhora Aparecida, Guiomar Rocha, também tem os anúncios das

lojas.

Como é a participação dos moradores da Bacaba na rádio?

Eles ligam aqui e pedem música, pedem para mandar um recado de um setor para outro, para algum

bairro distante, a gente transmite o recado, oferece músicas, uma brincadeira musical.

Page 87: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

93

A rádio é comunitária?

Isso, comunitária, só para nós aqui mesmo.

Entrevista Talita Moura - Produtora de Jornalismo da Tv Rio Balsas

Como funciona a programação regional da Rio Balsas?

Nós temos quase uma hora de programação local. Balsas tem em média 83.000 habitantes, não é uma

cidade tão grande onde acontecem fatos toda hora, então temos matérias que tem que ser produzidas, então a

gente escolhe um tema e vai procurar uma pessoa, um especialista sobre esse assunto, aí a maior dificuldade

que a gente encontra é justamente essa questão das matérias produzidas, porque a gente também não pode

contar só com os factuais, porque não é todo dia que acontecem fatos chamativos na cidade. Colocar um

jornal de 40,45 minutos é muito complicado para uma cidade do tamanho de Balsas, mas da certo, todos os

dias nós conseguimos fechar o tempo, um frame de tempo, que é como a gente chama aqui uma fração de

seguno, já faz muita diferença. A gente procura alternativas para estar preenchendo esse tempo e cobrir

Balsas somente com programação local, não ter que colocar matérias de outra emissora na nossa tv. O que

interessa para os balsenses são notícias de Balsas, de Balsas e região. A gente produz quadros, valoriza muito

os artistas locais, com o quadro Destaque da Semana, fazer entrevistas com bandas de fora é legal, mas

vamos valorizar também o que é nosso, tem a questão da carreira e tudo mais, então é uma forma de

preencher o tempo e valorizar o que é da terra.

Quais são os programas locais?

O RBTV primeira e segunda edição, a segunda edição tem um tempo mais reduzido, de no máximo

20 minutos, às vezes 17, então O RBTV segunda edição é o resumo, digamos assim, do RBTV primeira

edição, as principais matérias do primeira edição vão para o segunda edição, sendo que o primeiro bloco tem

que ter matérias novas, que foram as matérias que foram produzidas durante o dia.

Quais os dias e horários dos programas produzidos na Rio Balsas?

Nossa programação é de segunda à sábado, meio dia até meio dia e 45 e a noite 19 horas até

19:17,19:20, vinte minutos mais ou menos de jornal no segunda edição.

Quantos funcionários trabalham na Rio Balsas?

São 45 funcionários ao todo, assim, na empresa, no jornalismo acho que têm uns 20, cinegrafistas,

editores, repórteres, apresentadores, produtores e eu coordenadora.

O bairro Bacaba aparece com frequência nos telejornais?

Nós priorizamos todos os acontecimentos dos bairros, e o bairro Bacaba eu posso destacar que é um

bairro atuante na cidade, por conta da associação de moradores. A associação junto com os moradores do

Page 88: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

94

bairro, eles estão sempre se reunindo, reivindicando melhorias para o bairro e ainda que seja um bairro um

pouco afastado do centro, nós também priorizamos isso, porque é notícia, uma forma também de incentivar

outros bairros a reivindicar seus direitos, a questão do saneamento básico, iluminação, que são direitos

básicos de qualquer pessoa. Eles têm essa preocupação de promover palestras, informativos para os

moradores com parceria com a secretaria de meio ambiente, secretaria de saúde, enfim, o bairro Bacaba é

bastante atuante nesse sentido. Quando eles aparecem aqui na tv, o presidente ou algum membro da

associação, já fala que a gente enjoou da cara deles, mas que eles vão promover alguma coisa no dia tal e

queriam nossa presença. Claro que como a gente tá sempre em busca de notícias que seja também de

relevância para sociedade a gente vai.

Eles vêm avisar sobre os eventos?

Na maioria das vezes sim, porque existe a liberdade das pessoas fazerem sugestões, vir até qui, ligar,

nós também temos uma agenda semanal e diária a ser cumprida, por exemplo, na segunda feira o que a

produção faz? A gente faz uma busca em hospitais, delegacias, enfim, associação de moradores, sindicato,

para saber o que está acontecendo na cidade e o que vai acontecer durante a semana para gente fazer essa

cobertura. Como eles sabem que a tv é aberta para isso, para informar e a gente sempre faz cobertura dos

eventos, ele já avisam com antecedência, porque nossa programação é assim: Amanhã eu já programo hoje,

então eles têm que ter cuidado sempre para estar informando os acontecimentos e os eventos que eles vão

promover com antecedência. A gente já coloca na nossa programação e viabiliza a matéria.

Entrevista Fabrício Andrade - Editor da Tv Liberdade

Quantos funcionários trabalham aqui na emissora?

Nossa emissora é uma emissora de pequeno porte, nós trabalhamos aqui com cerca de 12

funcionários, do zelador até o apresentador.

Como funciona a programação regional da emissora?

Nossa programação local, de segunda à sexta nós temos um jornal local, do meio dia a uma e 15, a

gente aborda vários assuntos que rolam na comunidade e também algumas notas que relavam ao nível

nacional, essa é a nossa programação da tv Liberdade. A difusora, a gente é uma repetidora da difusora, a

gente sempre acompanha a programação da difusora, que das oito ao meio dia têm a programação da

difusora que é entretenimento, e após o jornal liberdade têm o programa do Zé Cirilo e aí depois segue a

programação normal do SBT. Isso de segunda à sexta, no sábado a gente têmum programa local de esporte

que é de um apresentador que trabalha com a gente, após o programa de esporte têm um programa Vida e

Saúde, de uma produtora também local, aqui de Balsas. Após o programa Vida e Saúde têm o programa

Page 89: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

95

Balsas Rural, que é de outra produtora que mexe só com matérias de tema rural, agricultura, plantação,

criadores, esses são os temas abordados no programa.

Quantos anos têm a emissora?

A gente começou com rádio em 98, começou a Rádio Liberdade, ela ficou até 2005, a televisão já

entrou em 2002, e aí 2002 para cá a gente está com a tv. A gente começou com a Bandeirantes e depois

passamos para o SBT, a gente ficou uns dois anos mais ou menos com a Bandeirantes e depois conseguimos

a concessão para repetir a difusora do SBT da capital.

O foco maior dos programas é no centro ou nos bairros?

Aqui a gente pega de um tudo, a maioria dos casos que a gente aborda mesmo é bairro, porque nas

periferias hoje é onde têm mais violência, pobreza, e o que a gente tá mais focado é nessa área aí.

Como o bairro Bacaba participa da programação da tv liberdade?

São poucas pessoas que nesses assuntos de matéria se interessam, e sempre quando têm esses

assuntos que interessam a Bacaba vem até aqui e participa, porque é um dos bairros que faz um chamado

com a reportagem para que a gente participe, faça cobertura, o bairro Bacaba ta sempre participando.

Entrevista João Batista Rodrigues Araújo - Diretor da Rádio Boa Notícia / Tv Boa notícia

Vocês retransmitem qual emissora?

Rede Vida, aqui a tv é o canal 13, nós chamamos de tv boa notícia por causa da rádio boa notícia,

mas a tv é a Rede Vida, uma tv religiosa ligada a igreja católica. Rádio Boa Notícia é um nome fantasia, a

razão social diante do ministério é Fundação

Brasil de Balsas, e a fundação Brasil de Balsas é uma entidade ligada a diocese de Balsas, tanto a tv quanto a

rádio tem uma ligação intima com a diocese de Balsas.

Existe um financiamento do governo italiano?

Sobre a questão do financiamento do governo italiano, o padre que trabalho, lutou, sonhou com esse

ideal de criar uma rádio, conseguir a concessão para uma rádio AM para a nossa diocese, para a igreja, ele é

italiano, para isso precisava de recursos, de dinheiro. Através de amigos dele na Itália, através de uma

entidade, uma fundação sem fins lucrativos, uma organização chamada GAL, ele conseguiu que o governo

italiano financiasse os três primeiros anos de funcionamento e também de construção da rádio Boa Notícia. A

diocese de Balsas entrava com uma contrapartida de 50 porcento e a outra parte do governo italiano servia

para compra dos aparelhos, para construções e pagar pelo menos um ano os funcionários. Nós estamos

completando agora cinco anos de funcionamento, esse apoio foi para os três primeiros anos. Foi uma ajuda

para começar e depois a gente arrecadar recursos por aqui mesmo. Então foi o governo italiano, através de

Page 90: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

96

uma fundação, deu esse dinheiro, essa verba para ajudar a diocese na implantação de uma rádio. Nós

agradecemos muito ao governo italiano e também a GAL, essa organização, porque se eles não tivessem nos

dado essa ajuda financeira nós não teríamos conseguido por em funcionamento, ou talvez nem tivéssemos a

concessão da rádio Boa Notícia.

A Boa Notícia começou como rádio e depois começou a televisão?

Como televisão nós tínhamos a concessão muito antes, só que existia uma resistência de não por em

funcionamento, mas eu mesmo disse ao bispo na época, Don Franco Macerdoti, que a gente deveria por em

funcionamento, por menos tempo que fosse, porque a gente não sabe o dia de amanhã, a gente podia precisar

de um canal de tv e não ter, então era melhor aproveitar a concessão. A tv começa a funcionar, como Rede

Vida já funcionava, e nós entrando em contato com a direção, com a presidência nacional da Rede Vida,

conseguimos por dois programas, nós temos muito mais tempo mas nós usamos só dois momentos. Usamos

na faixa de 45 minutos ali na parte do meio dia com formação religiosa e noticiário local, as vezes não só

noticiário local como alguma matéria informativa, seja no âmbito da saúde, da educação, dos direitos

humanos, da criança, do adolescente, da medicina, nós trabalhamos muito essa área da educação, porque nós

nos preocupamos com a formação das pessoas, a valorização das pessoas, a dignidade humana. Outro

momento é no final da tarde, pelas 18 horas, nós repetimos o que já passamos ao meio dia e têm uma certa

audiência porque nosso trabalho é um trabalho independente, nós não dependemos de financiamento de

políticos, de empresários e por não depender, nós fazemos um trabalho como nós achamos que devemos

fazer porque somos independentes. Somos até conhecidos aqui na cidade como aquele canal que não

depende do controle externo de ninguém e se preocupa com a formação humana, a questão do social, sócio-

política e também religiosa, que não temos receio de dizer o que deve ser dito, fazer os anúncios e as

denúncias. Principalmente no âmbito social e político a gente é muito criticado, mas a gente têm que

entender que faz parte da nossa missão, porque criticar político e dizer a verdade nem sempre é muito aceito.

Me fale sobre o funcionamento da rádio Boa Notícia

A rádio está fazendo cinco anos, a tv foi um ano depois, estamos até nos preparando para as

festividades do dia 11 de setembro. Estamos aí no quinto ano, é uma rádio de uma audiência muito grande,

ela não é FM, é AM educativa e funciona com 10 quilos durante o dia, a noite nós colocamos em um aparelho

muito menor, só de 25, um quarto, é a autorização que nós temos do ministério das comunicações, somos

supervisionados pela ANATEL. Nossa audiência é muito grande, não só em Balsas , mas em todos os

municípios vizinhos, nós chegamos também no Piauí, no Tocantins, chegamos no Pará, as vezes a onde foge

e chegamos a Bahia, algumas regiões de Minas Gerais, Goiás, mas a nossa audiência é muito grande no

Maranhão, todo sul do Maranhão, saindo do sul na região de imperatriz, também na região do Pará, na região

de Marabá nós estamos também e Tocantins. Nós temos uma responsabilidade muito grande porque

atingimos uma área muito grande, nós trabalhamos também na área educativa, não só a questão religiosa, a

questão religiosa talvez seja menos, porque nós trabalhamos só cedinho na faixa de 45 minutos e a tardinha

Page 91: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

97

das 18 às 19, uma hora. Toda outra programação é voltada para a cultura popular, para questão regional, para

a questão da formação humana, nós nos preocupamos como eu já falei antes, com a questão da saúde, da

educação, do direito da criança, do adolescente, da mulher e assim por diante.

Essa programação é de segunda à sexta?

A parte religiosa no domingo é só pela manhã uma hora, a tardinha não tem mais, porquê também

nós temos na nossa grade vários sindicatos, sindicatos que nasceram aqui conosco, como o sindicato dos

servidores públicos, nasceu nessa rádio, também tem cantores aqui da região que cresceram nessa rádio,

começaram a cantar nos nossos microfones e foram ganhando espaço, começaram a sair da cidade, da região.

Nós trabalhamos na defesa da ecologia, do meio ambiente, nós temos a programação diariamente, na

medicina alternativa nós trabalhamos com psicólogos, odontólogos, médicos, tem sempre entrevista

diariamente para a gente ir informando as pessoas. Nós não trabalhamos só com os microfones da rádio, mas

trabalhamos também fora. A nossa diocese têm um conjunto de 17 paróquias, então a gente sai por essa

região trabalhando, formando locutores de nível popular, que vão vendo a realidade da sua cidade, ai

mandam para a gente notícias, situações, eles têm um gravadorzinho que eles gravam e mandam a matéria

para nós. Trabalhamos em parceria com alguns organismos, algumas dioceses na formação de agentes de

transformação social, principalmente sócio política e trabalhamos com alfabetização de adultos. Nos dois

primeiros anos de funcionamento da rádio nós tínhamos 19 turmas de alfabetização de jovens e adultos

espalhados em todo esse sul do Maranhão. Hoje com a nossa situação financeira menor, porque antes nós

tínhamos o governo italiano, mas mesmo assim nós temos quatro turmas de alfabetização e estamos somando

pouco mais de 100 jovens e adultos que estão em sala de aula estudando, os monitores, acompanhantes, os

professores são pagos pela rádio Boa Notícia e pela Fundação Brasil de Balsas. Eu faço acompanhamento

porque tenho especialização na área, acompanho pedagogicamente as salas, oriento e ouço a opinião dos

jovens e adultos, então nosso trabalho é muito abrangente, não ficamos presos só ao microfone, até mesmo

porque nós somos uma rádio educativa e sentimos responsabilidade como igreja católica e rádio educativa,

de não ficar preso aos microfones e ir além dos limites dos prédios dos estúdios. Eu sempre costumo dizer

que os nossos microfones se tornaram o telefone móvel, o celular, do nosso povo, você pode observar de

segunda à domingo, o número de cartas que nós recebemos da zona rural e cidades vizinhas, telefonemas

para mandar recado, acontece algo aqui em Balsas a pessoa vem aqui para passar o recado, na mesma hora a

pessoa que está na zona rural ou na cidade vizinha escuta e vem, porque la no interior o pessoal ta na lavoura

com um radiosinho pendurado em um pau, ta trabalhando na roça mas está com o rádio ligado, vai lá nos

córregos nos açudes lavar roupa, as mulheres estão lá com o rádio, na cozinha, a resposta é quase imediata.

Em uma região como essa nossa, não tão desenvolvida como a nossa a rádio Boa Notícia é uma benção, em

especial para o pessoal da zona rural, que ouve uma música, se diverte um pouco, e têm a programação

informativa, então é um meio de comunicação que funciona como o telefone móvel deles, através do

radiosinho que eles têm lá eles sabem o que está acontecendo aqui, na região, no país e também recebem os

recados que as pessoas mandam para eles. Eu estou aqui desde o início, eu que vim para as construções, vim

também ajudar também a providenciar a documentação, tanto aqui como em Brasília e me sinto muito feliz

Page 92: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

98

em prestar um serviço que eu tenho certeza que está sendo útil para as pessoas, tanto assim que nós temos

diariamente um funcionário ou dois, pagos para atenderem as cartas e atender os telefonemas dessas pessoas.

Uma outra dificuldade que nós temos é a nossa rádio educativa, então não temos fins lucrativos, financeiros,

buscar renda, nós temos um conjunto de 14 funcionários, com carteira assinada, décimo terceiro, férias, então

para manter isso não é fácil, e manter toda a estrutura, nós temos dois prédios só de energia, que a fundação

paga três mil reais, você sabe quanto é isso? Três mil reais todo mês, só para pagar energia, três mil, três mil

e duzentos, três mil e trezentos, essa média. Para o ECAD, que é o organismo que é a associação dos

músicos, dos cantores, dos compositores, como se fosse um sindicato deles que regula os direitos autorais,

então eu pago R$512,60 todos os meses para ter o direito de colocar uma música aqui, então quando você vai

somando no final do mês o que chega de pagamento é grande, quatro linhas telefônicas e assim por diante,

mantendo as contas de água, mantendo aparelhagem, a manutenção dos prédios, a conservação. O grande

desafio é que nós temos aqui em Balsas um grupo grande de rádios FM's clandestinas, são piratas, a nível de

programação elas não nos afetam muito, mas a nível financeiro elas nos atrapalham bastante, elas não pagam

nada, quem cumpre com as normas e as leis somos nós que somos legalizados, elas que não são não pagam

nenhum imposto, nenhuma contribuição, não pagam para ANATEL, os funcionários também não são

legalizados, então quase não tem gastos, os gastos nós que somos oficializados, nós que arcamos com toda

uma despesa, o que não é fácil, mas com a ajuda de amigos a gente consegue continuar independente das

forças políticas, independente de alguém que queira interferir na nossa independência e na nossa

programação. Nós até hoje trabalhamos independentemente de qualquer influência, de qualquer corrente

política, de qualquer político, de qualquer pessoa que diga que a gente não pode passar uma matéria, não

podemos falar alguma coisa porque não permitem, nós somos independentes, tanto assim que somos

considerados como a rádio e a tv que diz a verdade doa a quem doer. Como nós não temos condições para

um auto-sustento , nós continuamos pedindo ajuda à amigos na Itália, pedindo ajuda à amigos na Alemanha,

têm uma entidade católica na Alemanha que nos ajuda a financiar a programação religiosa, a Itália as vezes

ajuda a financiar a outra programação, porque senão como você vai pagar 14 funcionários na média de um

salário e meio para cima, com decimo terceiro, férias e todos esses encargos. Nós estamos agora no quinto

ano de aniversário e os depoimentos dos profissionais da área da saúde, da segurança, da área jurídica,

também os lavradores, o sindicato, todos falam que foi e continua sendo uma benção a rádio Boa Notícia

nessa região, não só em Balsas, e nós estamos aqui, a serviço do evangelho, a serviço das pessoas e

principalmente a serviço da questão humana, da questão ambiental, da ecologia, tudo aquilo que dá as

pessoas, aos seres vivos, uma vida com dignidade, essa é a nossa preocupação, fazer com que o ser humano,

com o ambiente, consiga viver e viver com dignidade. Nós acreditamos que não adianta falar só de religião

se nós não buscamos a valorização das pessoas. Evangelizar é isso, não só ensinar a bíblia, é também fazer

com que as pessoas conquistem sua dignidade e vivam com dignidade, porque senão não têm sentido, senão

é uma alienação e nós não concordamos com alienação, pelo contrário.

Page 93: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

99

Você trabalhou aqui desde o início?

Desde o começo, eu que fiz as construções, o que não foi fácil, porque quando trabalhei em

Mangabeiras, que é uma cidade vizinha que têm uma rádio comunitária, também fui eu que mexi lá, consegui

a documentação e ta lá funcionando, aí vim para cá, justamente para ajudar a implantar essa rádio e trabalhar

também na busca de uma universidade católica, só que com o tempo eu fui ficando mais com a rádio, outros

colegas ficaram com a parte da universidade e eu fiquei na área da comunicação. Não foi fácil porque quando

eu vim eu não imaginava a dimensão do trabalho, depois que estava aqui é que percebi o tamanho da

responsabilidade, do compromisso, do desafio pela frente, mas te digo de coração que sou feliz, feliz, feliz,

me sinto realmente a vontade por estar aqui, pelo trabalho que tenho feito, que não faço sozinho, faço com 14

funcionários e com membros da fundação, mas não foi fácil, uma coisa é trabalhar com

FM, outra coisa é com AM, é muito diferente, os aparelhos são diferentes, as estruturas, as construções, as

torres. Uma FM comunitária têm uma torre de no máximo 30 metros de altura, uma das nossas torres têm

105 metros, quando fui aprender tudo isso não foi fácil, mas aí eu fui me acostumando e hoje a gente já sabe

como funcionam as coisas.

Como o pessoal da Bacaba participa da programação?

O pessoal participa via telefone, via carta ou vem aqui pessoalmente, porque o bairro da Bacaba é um

bairro que têm muita influência rural, porque a gente vem da zona rural e essas pessoas mantém família na

zona rural, amigos vêm aqui passar recados, oferecer música, avisos, trazer cartas, às vezes eles não vem

pessoalmente mas telefonam, às vezes nós fazemos cobertura com a tv e com a rádio lá, ver as reivindicações

das pessoas, problemas de infra-estrutura, problemas de saúde, então não existe aqui dentro da cidade de

Balsas nenhum setor, seja centro ou seja de bairros que a gente não esteja ligado, nós temos um elo de

ligação, muito, muito forte, o presidente da associação da Bacaba veio aqui algumas vezes, os nossos

microfones também vão para lá, então existe esse intercâmbio tanto com o bairro da Bacaba quanto com os

outros bairros, têm esse relacionamento bastante estreito através de reivindicações de caráter social, sócio-

político, infra-estrutura, saúde, educação, ecologia, limpeza e ás vezes alguém quer pedir alguma música,

quer passar a música para um aniversariante, um namorado, uma namorada, para mamãe ou para o papai,

mandar um recado para zona rural e assim por diante. Existe uma ligação bastante grande ente o bairro da

Bacaba e todos os outros bairros também.

Entrevista Luis Fernando Fogaça Neto - Jornal Correio de Balsas

Há quanto tempo existe o jornal?

Nós montamos o jornal em 2002 no mês de abril.

Qual o número médio de páginas do jornal?

Desde o princípio nós começamos ele com doze páginas.

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100

Qual a periodicidade do jornal?

O jornal é semanal, sai toda sexta-feira.

O jornal possui páginas coloridas?

A capa e a contracapa são coloridas, o espelho interno, que são as páginas seis e sete, é colorido

também.

A comunidade da Bacaba, participa do jornal de alguma maneira?

As notícias sobre o bairro Bacaba são muito esporádicas.

Entrevista José Maria da Silva - Diretor Presidente do Jornal Popular Balsense

Há quanto tempo existe o jornal e como ele é distribuido?

Ele existe a quase 10 anos, é um jornal com 20 páginas né. A capa e a contracapa são coloridas, além

das páginas 10 e 11. A circulação desse jornal eu mando rodar na gráfica imperatriz, eu mando jornais para

São Luis, mando alguns jornais para Brasília e mado alguns jornais para Baixada do Miarim, região do

Cocais, região do Tocantins, e alguns estados, quando chega a pessoa na cidade se dirige a sede do jornal e

leva o jornal para o seu estado.

Qual a periodicidade do jornal?

Ele é mensal, porque eu não pego matéria pela internet, eu viajo e vou buscar pessoalmente. Eu saio

daqui com uma equipe, repórter fotográfico, repórter de notícias, eu sou diretor e tem um motorista, a gente

viaja todo o estado, entrevistando prefeito, secretário, autoridades, porque esse jornal é um jornal de destaque

político, é um jornal que divulga os trabalhos do legislativo, do executivo, também eu tiro duas ou três

páginas para divulgar as ações da polícia militar em todo estado, da polícia civil, do judiciário e do ministério

público.

Como a comunidade do bairro Bacaba participa do jornal?

Eu recebi o presidente da associação do bairro Bacaba, ele nos fez uma matéria e essa matéria inteira

vai sair agora em fevereiro, não se dirigiu ninguém da Bacaba, a não ser ele que veio dar uma entrevista,

falar sobre como estava a situação no bairro Bacaba, que estava desprezada pelo poder público, segundo o

presidente da associação relatou ao JPB.

É comum essa participação dos bairros?

Não, inclusive quando sair a matéria eu vou distribuir nos bairros para que outras pessoas venham ao

JPB, esclarecer o que o bairro está precisando. Hoje a mídia é importante né?

Page 95: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

101

Entrevista Antônia Almeida Nunes - Moradora do bairro Bacaba

Eu gostaria que a senhora me falasse sobre a história do bairro.

Eu tenho 17 anos que moro aqui, quando eu cheguei aqui o bairro era bem menor, bem menor

mesmo, bem diferente, ele cresceu muito, aumentou muito o número de habitantes daqui. Antes, quando nós

chegamos aqui, o número de participantes era bem menor, e agora já aumentou muito os participantes, para

ajudar mesmo, as lideranças pessoas que ajudam são poucas, mas a participação aumentou muito. Antes

quando a gente chegava antes da celebração, o pessoal procurava, se não tinha padre já voltava, e hoje já não

tem mais isso, tanto faz ter padre ou não eles participam do mesmo jeito.

O que a senhora acha do trabalho da associação dos moradores?

Esses ai tão sempre lutando, querendo fazer alguma coisa, falando, os meninos sempre correm atrás,

vão nos políticos pedir, mas até agora de trabalho assim concreto não tem porque eles não tem a sede ainda,

as reuniões deles são aqui no salão da comunidade, porque não tem ainda a sede própria deles.

E como a senhora participa dos trabalhos do bairro?

Eu de tudo faço um pouco na comunidade, de liturgia, da parte oral do batismo e qualquer coisa que

tenha dentro da comunidade, que eu posso fazer eu faço.

Page 96: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

Entrevista Luis Salvatore - Presidente do Instituto Brasil Solidário

Como surgiu o projeto?

Na verdade é assim, desde que eu me conheço por gente toda a oportunidade que eu

tinha de férias, de viagens, mesmo com os amigos, eu queria não só viajar para o passeio pessoal,

eu queria conhecer as culturas locais, eu queria conviver com as comunidades... Mesmo sem saber

em 95 e depois em 97, eu fiz 2 viagens que casaram muito com o que a gente faz hoje, então em

uma delas eu fiz uma viagem de 2 meses e meio com 2 amigos meus para o litoral da Bahia, e a

gente saiu com ideal que era: viver com todos os povos dos lugares que a gente fosse passar, então

a idéia não era viajar e ficar em hotel, a idéia era viajar e conviver com as comunidades do litoral

baiano inteiro. Então a gente ficou 2 meses e meio, praticamente o litoral inteiro da Bahia,

convivendo com todas as comunidades em que a gente parou, até ai isso era hobby, eu comecei a

perceber minha paixão por esse tipo de trabalho nessa viagem. Depois eu fiz a mesma coisa no

Peru e na Bolívia. Eu fiquei de novo 2 meses e meio viajando só com o perfil de como a

comunidade anda, todos os meios de transporte, as casa os lugares... eu saia para trabalhar com os

moradores... e ai depois dessa viagem para o peru veio a história da diabetes. Então na verdade eu

já tava meio querendo trabalhar com uma coisa diferente, enquanto as pessoas eram contra,

falavam: "ah, o cara ta fazendo isso mas é turismo, é férias..." Na verdade na minha cabeça eu já

tava com um conflito interno querendo que isso fosse meu meio de vida, não fosse férias, ai em 98

para 99 eu descobri que tinha diabetes, foi ai que realmente olhei e falei: não, eu não quero passar

nenhum tipo de susto na minha vida, a vida é muito frágil, as coisas são muito frágeis hoje a gente

ta infeliz, amanhã de repente a gente acorda com alguma doença, sofre um acidente, morre, e o que

a gente fez na nossa vida?" Então foi ai que realmente a coisa andou. Eu chamei nesse momento a

minha irmã e propus para ela o projeto, falei: "olha Lico, eu quero desenvolver um trabalho, eu

quero conhecer a realidade brasileira, eu sinto que as pessoas falam muito do Brasil, mas pouco

conhecem do Brasil." A gente tem muitos doutores, muitos intelectuais, muita gente que por um

motivo ou outro acabou se tornando uma referência, ou é importante, porém eu percebo que o que

falam não é o que a realidade diz. Se fala muito de miséria, se fala muito de pobreza, se fala muito

de seca, e eu quero ver isso um pouco mais de perto, quero conhecer não só o povo, mas também

resgatar a história oral do país, visitar vários lugares onde tenha acontecido alguma coisa

importante para a história do país e resgatar familiares dessas

111

Page 97: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

103

pessoas que viveram essa história e ouvir da boca delas a versão dos fatos, não apenas se

basear nos livros. De cara minha irmã topou e a gente começou a estruturar o projeto Trilha Brasil,

então a partir desse momento de 98 para 99 eu comecei a fazer uma série de pesquisas para

identificar vários lugares interessantes do país, onde a gente poderia estar indo viajar. Nesse

momento eu já larguei o meu emprego, fiquei quase um ano sem trabalhar, só me sustentando com

recursos que eu tinha ganho nos anos anteriores e ai eu comecei a procurar os meios de fazer esse

projeto dar certo. Então eu comecei a me aproximar de outros trabalhos de pesquisa e

documentação que eventualmente alguém estava fazendo, eu me aproximei de outras expedições

que estavam acontecendo para eventualmente pegar uma carona e ir no embalo, para justamente

adquirir um pouco de experiência, até de outras pessoas que também tinham alguma história

parecida, principalmente essa idéia de expedição mesmo ou de fotografia, um projeto de conhecer

o povo brasileiro... ai eu realmente comecei a fazer a história do projeto. Em 2000 a gente

conseguiu efetivar uma viagem grande, nós ficamos quase um ano fora de São Paulo em 3 pessoas

e com um carro a gente percorreu quase 30.000km do Sertão do Brasil, principalmente das regiões

Centro-Oeste, Norte e Nordeste, e foi nesse trabalho que a gente conheceu realmente os problemas

que o Brasil tem, problemas de educação, problemas de saúde... mas a gente ainda não tinha essa

noção de fazer um projeto social, já era um projeto social mas era uma coisa ligada mais a

antropologia, a gente conhecia as comunidades, conhecia às pessoas e a gente resgatava a história,

através da história oral dessas pessoas e começou a despertar um sentimento muito grande de

querer trabalhar com elas. Coincidentemente a gente visitava escolas, visitava hospitais, postos de

saúde mas não com a idéia que no futuro eu voltaria lá com um projeto educativo, mas com a idéia

de que em algum momento a gente poderia usar essa bagagem de informações que a gente tava

tendo com alunos, professores, comunidades e voltar para aqueles lugares com alguma ajuda. Isso

aconteceu em 2000 e em 2001 nos voltamos para São Paulo e é natural você voltar um pouco

perdido, não perdido no sentido do que você quer fazer, mas principalmente da parte financeira,

então a gente retornou com o pouco de verba que havia sobrado dos patrocínios que nós havíamos

conseguido, e com aquele pouco de verba tivemos que estruturar nosso futuro, então naquele

momento a gente não tinha salário mas eu queria que aquela verba fosse usada para continuação do

projeto. A continuação, a gente sabia, embora eu tirasse fotos muito bacanas, a minha irmã tinha

um conhecimento forte na área de design gráfico,

Page 98: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

104

então a gente começou a perceber que a gente poderia trabalhar também alguma coisa

comercial com isso, e geraria um sustento até a gente conseguir viabilizar a continuação do

trabalho. Inicialmente a continuação era expandir a pesquisa para o Brasil todo, não era voltar

direto para o projeto social, mas a gente não conseguiu viabilizar isso, a gente tentou viabilizar

com os mesmos patrocinadores, acabou não acontecendo porque patrocínio não é uma coisa que se

renova tão fácil, infelizmente naquele momento a gente percebeu que o patrocinador olha no seu

olho e gosta de você, mas no ano seguinte ele não é mais o diretor da empresa, tem um novo, e o

novo não tem a mesma visão e não existe um plano de continuação dos projetos, que é um pouco

parecido com a parte política no Brasil, infelizmente. Na iniciativa privada você não tem uma idéia

que se projeta e continua, o projeto é financiado porque alguém gosta de você dentro da empresa,

isso não é bom, mas infelizmente é a realidade do país. Coincidentemente nós fomos chamados por

uma equipe para participar do Rally dos Sertões, eu tenho três irmãs, era um amigo da minha outra

irmã que sabia um pouquinho da nossa história e precisava montar uma estrutura para ajuda-lo no

Rally dos Sertões. Eram cinco pilotos que nunca tinham corrido, nunca tinham viajado pelo Brasil,

não tinham noção do que tem lá para cima, e eles falaram: "Bom, vocês tem muita experiência,

vocês ficaram um ano fora, conhecem bastante coisa, porque vocês não vem trabalhar na nossa

equipe?" E ai conversando com a Ana Elisa a gente chegou a conclusão que essa era a

oportunidade que a gente teria de voltar para várias comunidades onde a gente havia passado, mas

a gente não queria voltar com o intuito esportivo, a gente não queira voltar dentro de um carro de

competição, a proposta deles era essa, a gente queria voltar levando ajuda, foi ai que surgiu a

primeira ação social grande, a gente já havia feito outros trabalhos sociais menores, foi aí que a

gente percebeu essa possibilidade de troca com o povo brasileiro, troca no sentido de fazer algo

por eles e eles fazerem algo por você seja através de fotografia, seja através de conhecimento, foi

aí que surgiu realmente a idéia de trabalhar a educação com o projeto de visibilidade, porque na

verdade eles tinham já um patrocínio que estava sendo firmado com a TAM, uma empresa grande,

e aí nos falamos: "Olha, a gente na verdade não quer voltar como piloto, a gente vai estruturar um

projeto social que vai colocar vocês na mídia, interessa?", porque a gente sabia que a gente tinha

capacidade de fazer um projeto muito legal, e a gente só não tinha a parte financeira para

desenvolver. Eles retornaram positivamente, dizendo que interessava e aí a gente colocou algumas

condições de bens materiais que a gente precisava, não teve

Page 99: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

105

ajuda financeira mas existiam recursos materiais, que era o que a gente precisava para

tornar o sonho real, o sonho de voltar para cada uma dessas comunidades. A gente montou um

projeto de distribuição, na verdade, era um projeto diferente do que acontece hoje, nós

entregávamos livros para escolas junto com material escolar completo para todos os alunos dessas

escolas, e foi assim que nós saímos em 2001 e a coisa começou a acontecer.

Em quantas cidades vocês trabalharam nessa viagem?

Na verdade o Rally dos Sertões naquela época era maior, ele durava 14 ou 15 dias, não 10

dias como hoje, eu não tenho certeza dos dados, mas se eu não me engano foram 14 cidades que a

gente visitou, só que não era assim como você conheceu, que é uma cidade por vez, a gente

entregava 3, 4 bibliotecas por dia, então a gente ia na verdade parando, não só na cidade final, mas

em uma ou duas no meio do caminho também. A gente já tinha feito o mapeamento dessas escolas,

então a gente tinha mais ou menos a noção das escolas para elas estarem nos esperando quando a

gente passasse por lá. Tudo baseado no que a gente colheu em 2000.

Você tem ideia quantos livros eram por cidade?

Cara, na verdade eu não tenho isso de cabeça, mas se hoje a gente entrega 900 livros por

cidade, naquela época acho que foram uns 200 livros por cidade. Foi muito legal, na verdade a

gente não era ninguém, hoje a gente já conseguiu fazer alguma coisa, mas a gente ainda é muito

pequenininho, quem sabe a gente vai ser maior um dia, mas naquela época a gente não era nada.

Naquela época você bater na porta de uma editora para ganhar livro era tomar uma porta na cara,

como a gente tentou e tomou de todo mundo, então a solução que nós encontramos foi ligar para os

colégios e fazer campanhas de arrecadação nos colégios de São Paulo onde cada aluno doasse o

livro que tinha marcado a infância dele. A gente fez várias palestras com esse alunos e com os

professores, e ai cada um doava um livro que tinha marcado sua infância, junto com essa doação

escrevia uma carta dizendo porque ele estava doando aquele livro, o que tinha marcado a história

dele para ele passar o livro para um colega. A gente arrecadou nessa história 12.000 livros. O

material escolar a gente bateu na porta da Fáber Castel e como que um milagre, ao contrário das

editoras, ela abriu a porta, gostou da idéia e doou todo material que a gente precisou naquele ano.

Junto com isso tiveram outros pequenos apoios, da parte gráfica, a própria TAM que financiou o

combustível, hospedagem, o custo mínimo do trabalho foi bancado. Surgiram outros apoios de

divulgação, de mídia, a gente formatou uma coisa muito boa, tanto que naquele ano a gente

Page 100: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

106

conseguiu fazer o Fantástico ir com a gente, e foram essas coisas que fizeram o Rally olhar para

gente e dizer: "Olha, esses caras não estão aqui brincando, ele estão fazendo um negócio para

valer."

Hoje o projeto tem várias áreas, como foi essa transformação?

Luis: essa transformação é uma conseqüência natural, o Walter que você conhece que cuida da

parte ambiental, ele era ajudante de motorista em 2001, ele na verdade depois de mim da minha

irmã e do Trilha, ele é o primeiro cara que entra no trabalho. O que é interessante é que o Walter

sempre gostou da parte ambiental, então ele foi La, ajudou a gente nesse trabalho, distribuindo

livro, distribuindo material escolar, fazendo a conversa com os professores, mas ele se envolveu de

uma maneira pessoal, acho que assim como você. À partir desse trabalho ele resolveu que ia fazer

faculdade de gestão ambiental e ele decidiu também que a gente poderia trabalhar a parte ambiental

nesse projeto. O Walter trouxe a área ambiental com oficinas de reciclagem, e hoje ela é a horta

comunitária, montagem de viveiros, a arborização, planejamento de aula, é uma coisa muito maior.

A área da saúde foi procurada pelo Rally, o Rally dos Sertões havia tentado fazer um projeto

médico que não teve sucesso, foi um projeto que eles tentaram aproximar a área odontológica com

um consultório móvel, mas não deu certo, porque as pessoas que estavam lá não eram pessoas que

estavam engajadas em um projeto social, eles queriam na verdade estar no meio do Rally dos

Sertões, então eles perceberam que para você desenvolver um projeto bacana tem que ter gente

séria empenhada. Em 2001 era assim: "Ah, vocês podem ir lá e fazer", a gente fez um projeto

grande os caras viram e falaram: "Tem coisa séria acontecendo aqui". Em 2002 eles tentaram fazer

o projeto médico que deu errado, e eles nos deram um apoio institucional. Em 2003 a gente

começou a assumir que o que a gente tava desenvolvendo também era projeto deles, então ai foi

incorporada uma verba financeira e através deles haveria uma ação médica. Eles trouxeram o

conceito de que onde o evento passa, o projeto passa pode ter um projeto médico junto, e a gente a

partir disso desenvolveu todas as ações, e você vai crescendo, começa com um dentista, um clínico

geral e um pediatra porque ta trabalhando em escola, à partir disso a gente começa a desenvolver

um projeto também de cardiologia, começa a desenvolver um projeto de micro-cirurgia, começa a

desenvolver patologia, na verdade são conseqüências que ano a ano a gente vai levando. O mais

interessante na área médica, é que essa área tem a participação das empresas do setor, essas

empresas tem vários motivos para entrar em um trabalho desse, tem a questão da divulgação sim,

que é uma coisa que pesa, mas não é só a divulgação eles oferecem a tecnologia, eles me dão o

Page 101: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

107

dialogo: "O que vocês querem levar? O que minha empresa pode fazer para o seu projeto, em

termos de produto?" A gente acaba ampliando a área médica no sentido de desenvolver os

equipamentos compactos que a gente tem hoje que tem o mesmo padrão de qualidade de um

consultório e a gente monta dentro escola, em 40 minutos. Esses foram desafios que a gente foi

percebendo e vencendo e eram coisas que se você falar há 10 anos atrás, cara olhar e falar: "Pô, é

impossível isso que você ta falando, para você fazer o atendimento você tem que levar uma carreta

montada daqui." e a gente foi percebendo que não, você não precisa levar a carreta, porque a

carreta, além dela ser um trambolho para chegar nesses lugares, ela conflita com o ideal do

trabalho, que é nós integramos a realidade deles e não eles integrarem a nossa, então a gente que

tem que entrar na realidade local para conseguir que a transformação aconteça e nunca o inverso.

Eles vão ter acesso a uma tecnologia que às vezes eles não tem, mas toda questão humana, toda

questão de estrutura tem que ser montada na realidade do cara, para ele não ter medo, não se

intimidar com o trabalho. A parte educativa de distribuição de livro e material, a gente foi

percebendo que isso era importante mas não era a maneira ideal de se fazer, então a gente passou a

capacitar os professores, trabalhar contação de história, trabalhar melhor o conteúdo do material

escolar, para que o material fosse usado não só na entrega, mas durante um longo período. O

projeto odontológico criou vários desdobramentos, principalmente na área preventiva, então a

gente passa de dentista da comunidade para também educador, a gente passa a fazer um

planejamento de aulas, a escola monta um escovódromo, ensinar o aluno a importância da

escovação, mostrar para ele que ele pode ter um sorriso saudável por toda a vida e a importância

disso. Em paralelo a gente foi levando também as áreas culturais, então começamos a trabalhar o

teatro, do teatro você começa a trabalhar a pintura, você começa a trabalhar desenho, uma idéia vai

puxando outra idéia e vai construindo um projeto sólido como o que a gente tem hoje. Por ultimo é

o que a gente está fazendo esse ano que é a área da inclusão digital, que é uma coisa muito bacana,

e para mim foi um resgate daquilo que eu sei fazer, por isso que eu fiquei tão feliz com esse

projeto, por isso que eu acredito tanto nele. Como o vídeo a foto é também um meio de expressão e

a gente começou a trabalhar não só aquele aluno mais novo, a gente conseguiu também colocar o

adolescente dentro do projeto, dando para ele uma opção de trabalho ou uma opção de lazer através

da fotografia e do vídeo, e o resultado não precisa nem falar, ta aqui*. A gente fica feliz que por

intuição e às vezes por próprio conhecimento a gente ta sempre adiante de algo que às vezes as

pessoas que tem mais acesso, mais recursos financeiros possam desenvolver. Fico feliz por isso.

Page 102: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

108

Em 2008 como funcionou o projeto de implantação de bibliotecas, a arrecadação dos livros...

Luis: Em 2008 a gente chega com um projeto extremamente maduro, no sentido de ao longo

desses oito anos ter criado um relacionamento com as editoras, e aquelas editoras que antes

disseram não, hoje a gente pede quantos livros a gente precisar e elas atendem. A gente pede livros

caros, livros no topo da cadeia financeira da empresa e eles doam. A gente ta falando de 5 editoras

que estão trabalhando conosco e essas editoras suprem essa necessidade de cerca de novecentos

livros, alguma coisa misturada com livros doados, essa história de doação perdura, as pessoas

sabem que se doar um livro para nós a gente vai misturar com livro novo e levar para uma

biblioteca sólida. Até o ano de 2007 a gente ensinava as escolas a fazer as prateleiras e esse ano

através da Bartira, a gente não só leva os novecentos títulos mas a gente leva 3 modelos de

prateleira onde esses livros são colocados de uma maneira ideal para que seja feito outro trabalho

paralelo que é o da catalogação. A catalogação também faz parte dos modelos de trabalho porque a

gente não quer que a biblioteca seja fechada para escola, a gente quer que a comunidade participe

mais da vida da escola, inclusive pegando livros emprestados, e em muitos lugares que a gente vai

a escola não tem uma biblioteca tão equipada quanto a nossa, então a gente quer que aqueles livros

que foram colocados ali possam circular para outros educadores, só que a gente quer que esse livro

saiba o caminho de ida e saiba o caminho de volta, então nós primeiro fazemos um trabalho de

catalogação manual, e agora no final, no segundo semestre, algumas escolas são informatizadas,

talvez a gente computadores para todas elas, e junto com esse computador a gente ensina que pode

ser feito o controle dessa catalogação pode ser feito no computador. Em paralelo você tem um

material escolar que é entregue para todos os alunos e esse material tem conteúdo que tem

comunicação com o material da biblioteca.

No primeiro semestre os professores ganham um kit que mostra o que vem no kit do aluno e

mostra o que fazer com o material ao longo do ano. Na segunda visita o aluno ganha o kit e

professor já sabe o que tem no kit e tem o conhecimento do que fazer com esse material que o

aluno vai ganhar, então eles estão produzindo isso, e tudo isso esta associado com o material da

biblioteca, o material do aluno tem em alguns momentos livros que falam sobre os mesmos temas

que a gente colocou na biblioteca, não são só livros didáücos e nem só de literatura, você tem

referências para a questão ambiental, para a questão da saúde, a questão cultural, da própria

fotografia, então assim, a gente consegue com isso que o aluno que vai receber o kit escolar passe

também a ser um usuário dessa biblioteca, que já está sendo preparada pelos professores para que

isso aconteça e para que no segundo semestre com a entrega dos computadores, eles já não sejam

Page 103: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

109

só usuários da biblioteca, mas possam aprender que a internet é também uma ferramenta para que

eles busquem conhecimentos acerca daquilo que estão lendo nos livros. Uma outra atividade que

acontece é a contação de história, porque é para mostrar não só para professor, porque junto com o

teatro você tem workshop de marionetes, e o workshop é justamente para mostrar técnicas para

que eles peguem livros e transformem livros em histórias artísticas, em contos rodas de poesias e

apresentações teatrais... E você tem a contação de história propriamente dita que é você pegar a

história de um livro e transformar isso em uma apresentação de 1, 2 , 3 pessoas, e fazer com que os

alunos entendam que eles podem despertar a imaginação deles através da leitura, despertar a

imaginação é também despertar conhecimento e é despertar a visão para que eles possam construir

um mundo melhor não só na realidade daquela comunidade que a gente está ajudando, mas quem

sabe se ele migrar para outra cidade, como São Paulo, ele venha mais qualificado.

O que é a revisteca?

Luis: A editora Abril é a maior editora do país e ela tem um milhão de títulos... Esqueci de te falar,

a gente não foi só ampliando o projeto por intuito ou conhecimento, a gente ampliou o projeto

porque desde o começo a gente fez avaliações e nessas avaliações a gente colocava perguntas, e

ainda faz, muito melhor hoje, sobre o que eles querem que seja levado para la, quais itens podem

ser melhorados, o que pode ser colocado naquela comunidade que pode melhorar uma deficiência

local, e uma das coisas que sempre colocaram na questão de literatura foi se a gente podia doar

revistas também, porque a revista têm um intuito mais recreativo, o livro tem cara de uma coisa

mais séria, o livro não é sério mas quando a criança pega ela tem medo, medo de amassar, medo de

rasgar, você tem que ter uma série de cuidados com o livro, mas você não tem que ter medo dele. A

revista é uma coisa mais largada, então a gente foi atrás da editora Abril justamente para levar não

só o acervo literário, mas levar revistas que pudessem ser manipuladas de uma maneira mais

descontraída por esses alunos e professores, mais também pudessem à partir do momento que elas

esgotam, a revista já foi amplamente lida, usada, enfim, o assunto dela já se foi, elas pudessem ser

recortadas, porque o livro você não pode recortar e transformar em trabalho artístico, a revista você

já tem essa possibilidade, então a gente passou a levar desde 2006, a gente passou a levar a

revisteca que inclui todo o acervo da editora Abril durante o período de um ano, só não tem

Playboy, mas tem revista de natureza, revista de educação, mas tem todo acervo que ela produz

tanto para criança, quanto para o adulto.

Page 104: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

110

Como é feita a escolha dos livros?

A gente tem acesso a todo catálogo da editora e a gente escolhe esse acervo. Um dos

nossos profissionais, no caso o Bruno, ele que tem ajudado nessa parte, e a gente elege quais os

livros prioritários para aquela região que a gente está visitando. É claro que como a gente tem uma

ação maior nas regiões norte e nordeste, então a gente trabalha a questão da Amazônia, a questão

das águas, do São Francisco, e a gente tenta também encaixar os temas anuais da UNESCO, ela

escolhe todo ano um determinado tema e a gente tenta encaixar o tema que vai ser trabalhado pelo

projeto pedagógico, no caso o do governo, que tem uma orientação de trabalho, e ai com isso a

gente forma essas bibliotecas. Também tem o que eles pedem, nas avaliações de impacto eles

sugerem livros e a gente vê a viabilidade de no ano seguinte levar esses livros para as novas

bibliotecas.

O pessoal da escola trabalha no projeto o ano todo, mas o instituto fica aproximadamente 5

dias no ano todo em cada cidade, como o trabalho acontece durante esse período?

Luis: Isso é o mais louco! A gente acabou criando uma forma de trabalhar que a gente ganha em

um curto espaço de tempo... Na verdade é assim, primeiro é feita a escolha da escola junto com a

Secretaria Municipal, a partir daí a gente prepara a cidade pelo menos 1 mês antes dizendo que a

gente vai chegar, ai a gente tem 1 mês de contato por telefone, por documento impresso, por carta,

por e-mail, preparando a escola para nossa chegada. Quando a gente chega, teoricamente tudo já

esta encaminhado para as ações começarem a acontecer, se você pensar que em 5 dias a gente

consegue fazer tanta coisa nem eu sei explicar o sucesso de resultados que a gente tem, eu só sei

dizer que é real, a gente em 5 dias consegue mudar a vida dos caras, e muda mesmo, isso a gente já

sabe, faz alguns anos que a gente já tem transformado. A gente esquematiza cada área para que ela

tenha uma lógica de começo, meio, que seria um aprofundamento, mas nunca vai ter um fim, o fim

na verdade é um aprofundamento maior do conhecimento que foi passado na primeira e na

segunda visita e o fim vai depender dos caras, não vai ter fim eles vão tocar isso para o resto da

vida. A gente formata tudo para conseguir a confiança deles e conseguir o compromisso de que

esse trabalho vai acontecer na nossa ausência, então o primeiro passo é apresentar o que você está

doando, então você não só apresenta o projeto, você apresenta os livros que está doando, mostra a

prateleira, mostra o valor do acervo e apresenta as idéias, a única coisa que a gente quer é a

utilização devida desse material, e para ela ser devida ela deve ser feita através da catalogação e é

claro que a gente escolhe escolas que vão dar um valor absurdo para esse material. Em 2000 a

Page 105: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

111

gente viajou e viu muitas escolas sem biblioteca, e eles reclamavam de como dar uma aula, fazer

um planejamento na escola se você não tem material a não ser o didático, então a gente também

sabe que essas escolas precisam desses acervos. Como se tratam de acervos caros, a gente da

falando de editoras grandes no país, muitas vezes saem livros que o governo não vai comprar, a

gente não conflita em nenhum momento com o governo, a gente complementa e a gente acaba

entregando para essas escolas o sonho de consumo de qualquer escola, que é um acervo literário

que atenda não só o professor, mas atenda o aluno do primeiro grau até o vestibular, porque a gente

entrega livros que vão fazer parte do vestibular. Em um segundo momento você vai checar o que

eles estão catalogando, fazer a entrega do kit escolar, fazer um aprofundamento na contação de

história, e em um terceiro momento a gente consolida todas as dúvidas que eventualmente

surgiram, checa se todo o trabalho de catalogação foi feito e aqueles que receberem computadores

vão aprender a fazer isso na parte digital. É assim que funciona o trabalho nessa área.

Como funciona a avaliação?

A gente não avalia no final, a gente avalia o tempo todo. A cada visita a gente faz uma

avaliação não só pontual, do que esta acontecendo, mas a gente faz uma avaliação também do

grupo, da percepção do grupo sobre o que se passou. Essa avaliação vai ser consolidada agora, no

final do trabalho e a gente já tem várias impressões sobre cada um dos lugares, eles não são iguais,

cada lugar tem um perfil diferente para gente trabalhar e é muito bacana a gente perceber essas

diferenças e poder levar idéias de um lugar para o outro. Uma questão que eu acho muito legal na

nossa oficina de informática é porque através do blog eles puderam conhecer pela primeira vez um

a história do outro e fazer uma auto-avaliação. Olhar a dela e falar: "Poxa, mas a minha tem 2

canteiros, a dos caras tem 8, porque?" isso é só pelo empenho de cada lugar porque a

implementação do projeto é igual para todo mundo e você vai ter as variações de cada lugar, mais

do que fazer uma avaliação nossa, é interessante que a gente permita também que as escolas se

auto-avaliem o tempo todo e possam melhorar, isso a gente já percebe, por exemplo nesse ano,

Mossoró foi uma escola complicada no começo e eu tenho certeza que a gente vai se surpreender

agora quando a gente chegar lá. As escolas dão a volta por cima, elas as vezes se atrapalham mas

dão a volta por cima, e essa volta não tem fim. E agora na terceira fase a gente entrega oficialmente

para eles a avaliação física que vai ser feita 6 meses depois da nossa passagem. Eu entrego o

documento junto com a minha palestra de fechamento e mostro para eles que no final do semestre

que vem, maio ou junho, eles vão ter que mandar para nós um relatório mostrando tudo aquilo que

continua sendo feito, eventualmente aquilo que ampliou e eventualmente aquilo que por algum

Page 106: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

112

motivo ainda não aconteceu. Além disso a gente tem relacionamentos em cada um desses lugares e

eles não tem fim. Tem escolas que apresentam projetos hoje, um ano, dois anos depois que a gente

esteve lá, e a gente vai e financia esses projetos para cada um desses lugares. A gente teve o projeto

da bike, daquele piloto*, eles estão mandando para ca os relatórios, eu preciso até te mostrar, mas

você precisa ver que legal, ai você vai vendo a diferença de cada um, aquilo já é uma avaliação,

uma avaliação da forma como eles conduziram a idéia que a gente colocou, como eles

apresentaram a entrega, então eles se apresentam para um patrocinador, vamos dizer que esse é um

patrocinador, que está do outro lado do mundo, tudo isso são formas de observar como a escola vai

estar preparada para nossa chegada. O lance não é ela se preparar para nossa chegada, mas

permanentemente manter os projetos, isso tudo não acontecia antes da gente passar, cara a gente

muda a história do lugar, alguns mudam mais, outros mudam menos.

Quantas pessoas integraram a equipe durante os trabalhos?

Na primeira de 2008 foram nove pessoas, uma na coordenação, duas na área odontológica,

uma na comunicação, duas no meio ambiente, duas na parte de biblioteca e um motorista. Além

disso a gente teve a presença de alguns representantes da Roche, porque a gente faz um projeto de

diabetes nas escolas e eles foram fazer um acompanhamento disso junto com nossa equipe. Teve

também a Andresa da tv cultura que foi gravar um especial em Goiânia, de equipe era isso. Dos

trabalhos a gente na verdade, fez as ações tradicionais de montagem da biblioteca com um

pequeno workshop voltado para professores, sobre a estruturação dessa biblioteca. Nós fizemos o

trabalho odontológico, que envolvia a prevenção e também o atendimento aos alunos, fizemos um

trabalho com os agentes de saúde para eles aprenderem a manipular os equipamentos de diabetes,

para fazer um trabalho de prevenção de diabetes continuado, palestras de meio ambiente integradas

com ações práticas, que foi a montagem da horta, projeto de coleta seletiva e arborização da

escola, isso tudo acontecia na primeira etapa. Fizemos o trabalho de fotografia e vídeo digital, o

primeiro módulo de vídeo, foto e blog, a noite no primeiro dia a gente fazia o cinema, além disso a

gente fez o trinamento dos professores na oftalmologia, no projeto mais visão para educação, o

plano de odontologia para ensinar eles a montarem o escovódromo nas escolas, e, os

esclarecimentos finais nas escolas, com entregas de apostilas e todo material para fazer a segunda

etapa. A primeira etapa aconteceu de seis a 27 de abril de 2008, em Balsas a gente esteve nos dias

16 e 17 de abril, sendo que a gente chegou la de madrugada, a gente saiu de Palmas tendo

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113

trabalhado, a gente chegou quatro e meia da manhã em Balsas, foi bem complicado, essa viagem

foi puxada.

A segunda etapa é a etapa integrada com o Rally dos Sertões, aconteceu de 14 a 29 de

junho de 2008 eu coordenei a equipe e fiz a oficina de fotografia, além de mim teve uma pessoa na

área de artes, uma na comunicação, duas com teatro de bonecos, uma na odontologia, três no meio

ambiente, sete na saúde, duas na psicologia, uma na educação, um motorista e uma pessoa no

apoio. Para cada escola a gente levou dois computadores, uma impressora, uma televisão, um

aparelho de DVD, que foi na terceira etapa, seis câmeras digitais, uma da escola e cinco dos

alunos, uma biblioteca estruturada. Na oficina de fotografia e vídeo a gente fez um complemento,

fizemos uma nova palestra sobre vídeo e foto, a oficina de meio ambiente teve um trabalho de

pintura que inclusive a Ana Elisa fez, teve oficina de teatro de bonecos, o André fez atendimentos

odontológicos, na parte do meio ambiente teve oficina de papel, montagem do viveiro e oficina de

pet, na psicologia houveram dinâmicas com pais e professores, todas as áreas estavam abertas para

esclarecer dúvidas de trabalhos que aconteceram na primeira etapa. Foram feitos atendimentos

com o clínico geral, ginecológicos e pediátricos, essa foi a segunda etapa em linhas gerais.

A etapa três aconteceu de oito de outubro à primeiro de novembro de 2008, em Balsas nós

chegamos no dia 18 e trabalhamos até o dia 20 à tarde, quando a gente foi embora para Nova

Iorque, estava a mesma equipe da etapa um, mas a gente também levou o Gustavo e o Bruno na

música, duas meninas novas no meio ambiente, a Marcela na psicologia e o Guido, essa é a equipe.

Basicamente nosso trabalho foi finalizar o que a gente havia feito nas etapas anteriores, então a

gente teve palestras de papa nicolau, que não havia tido nas outras, mais o atendimento de papa

nicolau, continuou a campanha de diabetes, houve uma palestra sobre o processo de

informatização da biblioteca, que foi o Bruno que levou com novas propostas, houve um segundo

módulo da psicologia aplicada, continuaram os atendimentos odontológicos, tinha mostra dos

alunos, esclarecimento das ações ambientais, oficina de reaproveitamento de alimentos, a palestra

e entrega dos óculos, o módulo três da oficina de foto e vídeo, onde a gente mostrou resultados,

pequenas edições e entregamos as câmeras para esses alunos, exposição fotográfica dos alunos,

houve uma oficina de artesanato usando sementes locais, palestra de sexualidade, uma palestra

avançada sobre o desenvolvimento sustentável ambiental, saída fotográfica, a gente fez uma saída

fotográfica com os alunos, foi a primeira vez, deu muito certo. Também aconteceram

apresentações locais, resultado do concurso de poesia que a gente havia proposto, apresentação do

teatro usando as técnicas de manipulação de marionetes e resultado do projeto de material

Page 108: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

114

esportivo, eles mostraram com fotos coisas que eles fizeram com o material que a gente levou na

etapa dois, na noite do primeiro dia teve cinema comunitário. No segundo dia teve uma oficina de

música integrada com professores e alunos, inauguração do escovódromo, premiação e certificação

dos professores, apresentação da gincana da saúde, apresentação dos ganhadores das câmeras

digitais, confraternização com o pessoal da escola e apresentações locais, a gente trabalhava um

dia e meio e viajava na noite do segundo dia a gente ia para próxima cidade, basicamente foi isso.

Em função desses resultados nós montamos a etapa de fevereiro que foi do dia cinco ao dia

20 de fevereiro de 2009, em Balsas nós estivemos nos dias nove, 10 e 11 de fevereiro. Foi uma

viagem que a gente construiu para voltar para os lugares que se destacaram por alguma razão no

projeto, foram Balsas, Nova Iorque, São Raimundo Nonato e Crateús, Nova Iorque acabou sendo

meio difícil mas nos outros deu super certo, foi bem bacana. Fomos em seis pessoas, a gente fez

um trabalho aprofundado do uso do software da biblioteca, a gente fez principalmente a

implementação do sistema de reuso da água que foi a construção da caixa, a gente levou a rádio

escola, que foi uma coisa totalmente nova, a gente olhou em 2008 e levou para as escolas em 2009,

eles tiveram que apresentar alguns resultados de mostras e feiras que haviam feito, eles fizeram

uma nova exposição temática com os trabalhos do ano anterior, houveram apresentações de saúde

bucal e o Wolber fez o trabalho de saúde no projeto sorriso, que ele pegava os agentes de saúde

para levar o programa de preventivo de saúde bucal junto com o programa de saúde da família, e aí

tinha cinema à noite. A gente fez oficina de música com instrumentos de material reciclado, a

gente fez um projeto de montagem de videoclipe em paralelo à rádio, a gente fez novas saídas

fotográficas com os alunos, teve apresentação dos alunos de música no encerramento e a gente fez

o jogo amistoso com a escola e fizemos mostras das fotografias dos alunos no nosso telão do

cinema, o Valter fez as palestras de combate a praga com material orgânico e uso de detergente

orgânico ecológico na escola, aí a gente fez um módulo de photoshop com os alunos da oficina, a

gente ensinou eles a usarem o photoshop e instalamos o programa nas escolas que a gente

trabalhou. Teve apresentação dos alunos, apresentação dos resultados que eles tinham alcançado e

entrega do certificado de biênio, que é um certificado diferente, que a gente fez para ser renovado a

cada dois anos nessas escolas, essa foi a etapa de fevereiro. Nós também levamos o material Tite

Setúbal para trabalhar com os adolescentes.

Page 109: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

Anexo 2 - Imagens

Imagem 1 - Criança no campo de futebol vizinha à Escola Municipal Agostinho Neves

agem 3 - Computador para informatização da biblioteca

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Imagem 4 -

t *

Apresentação de um músico local durante a visita do IBSImagem 5 - Moradores do bairro Bacaba

Page 111: Dissertação de Mestrado Vitor Scarpelli

1 IBGE, 20078 CANDIDO, 1979. p.2311 OLIVEIRA, Juarez. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli25 SANTOS, Edjane. 2009. Entrevista concedida a V.P. Scarpelli

Imagem 6 - Crianças moradoras do bairro Bacaba