dissertação de mestrado - competências informacionais - ronald costa - unb - final - v 8.0

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Resumo : A Sociedade da Informação é caracterizada pelo uso massivo de tecnologia e pelo aumento vertiginoso da quantidade de informação disponível. Os cursos superiores na área de Tecnologia da Informação (TI) necessitam preparar seus egressos para o uso e domínio das tecnologias e da informação, para que assim possam exercer de maneira adequada suas futuras tarefas profissionais, sociais, culturais e científicas, como cidadão competente em informação e integrado a esta nova Sociedade. A pesquisa de mestrado utilizou como parâmetros os objetivos e resultados esperados para o desenvolvimento de Competência Informacional sintetizados por Dudziak (2003) tomando por base os Padrões de Competência Informacional para o Ensino Superior propostos pela Association os College and Research Libraries (ACRL). Por meio de uma abordagem quali-quantitativa objetivou-se analisar se os discentes e docentes do Curso Superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (TADS) da União Educacional de Brasília (UNEB) têm conhecimento dos fundamentos e práticas para a aquisição de competência informacional na sua formação; identificar o nível de competência informacional dos discentes e docentes; conhecer os procedimentos utilizados pelos discentes e docentes na busca e uso da informação; identificar ações no Projeto Pedagógico de Curso (PPC), em iniciativas das Coordenações de Curso, dos Professores e da Biblioteca relacionadas ao desenvolvimento da competência informacional dos discentes; e relacionar o nível de competência informacional com o coeficiente de desempenho dos alunos e o nível de formação dos professores. Os instrumentos de coleta de dados foram um questionário com 50 questões abertas e fechadas, aplicado a uma amostra intencional, em junho de 2011, além de uma entrevista, aplicada a alguns membros da direção, coordenação e biblioteca da IES. De forma geral, verificou-se que os alunos e professores dos Cursos de TI da UNEB, participantes da pesquisa, indicaram que possuem a maioria das habilidades relacionadas à competência informacional, sendo possível afirmar que os discentes e docentes possuem compreensão sobre os preceitos das normas da ACRL (2000). O estudo da temática demonstrou a importância de se assegurar a Competência informacional em qualquer formação, entendida como uma competência transversal necessária a todo o cidadão da Sociedade da Informação.Referência:==========COSTA, Ronald Emerson Scherolt da. A competência informacional no ensino superior tecnológico: um estudo sobre os discentes e docentes do curso de análise e desenvolvimento de sistemas da União Educacional de Brasília (UNEB). 2011. xv, 196 f. : Dissertação (mestrado) - Universidade de Brasília, Faculdade de Ciência da Informação, 2011.

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Universidade de Braslia - UnB Faculdade de Cincia da Informao Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao - PPGCINF

A Competncia Informacional no Ensino Superior Tecnolgico: Um estudo sobre os discentes e docentes do Curso de Anlise e Desenvolvimento de Sistemas da Unio Educacional de Braslia (UNEB).

Ronald Emerson Scherolt da Costa

Braslia 2011

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Ronald Emerson Scherolt da Costa

A Competncia Informacional no Ensino Superior Tecnolgico: Um estudo sobre os discentes e docentes do Curso de Anlise e Desenvolvimento de Sistemas da Unio Educacional de Braslia (UNEB).

Dissertao apresentada ao Departamento de Cincia da Informao e Documentao CID da Universidade de Braslia UNB, como requisito parcial para obteno do grau de Mestre em Cincia da Informao. Linha de Pesquisa: Gesto da Informao e do Conhecimento Orientador: Prof. Dr. Emir Jos Suaiden

Braslia 2011

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DEDICATRIA

Dedico esse trabalho ao meu pai, Neloir da Costa, e minha me, Maria Terezinha Scherolt da Costa, pela f e dedicao com que me orientaram com amor e carinho em meus primeiros passos no caminho do conhecimento. Pai, nunca esqueci o primeiro computador. Pai e me, obrigado por acreditarem em mim. Amo vocs. Vocs sempre sero a minha luz. Dedico tambm, a minha esposa Helena Barbacena de Sousa que foi escudo e abrigo em todos os momentos de dvida e dificuldade e que sempre com paixo, amor, pacincia e carinho me fez forte para superar tudo. Obrigado meu amor. Te amo. Dedico ainda, o resultado desse trabalho especialmente s minhas trs lindas estrelinhas que iluminam o meu cu e me fazem sonhar: Danielle, Giovanna e Sabrina. Que esse esforo seja sempre um exemplo para vocs. Apesar de todos os caminhos tortuosos da vida, se cheguei at aqui, foi para demonstrar o quanto amo vocs.

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AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, agradeo a Deus, nosso Senhor, por me iluminar diariamente, e permitir que trilhasse esse caminho cheio de alegrias, sonhos e vitrias. Santa Maria, me de Deus, que com seu manto, me d abrigo e proteo nos momentos mais difceis. De forma especial, aos meus pais, Neloir e Terezinha, minha querida irm Helen e meu irmo Deny, pelo amor, carinho e dedicao. Desde pequeno, vocs foram a minha esperana, meu incentivo, farol e motivao para crescer. minha querida e amada esposa Helena, e aos meus filhos, que souberam compreender os momentos de afastamento, nervosismo e angustia, mas sempre estavam ao meu lado me incentivando e dando carinho. Vocs foram a fora que me fez continuar. Aos amigos, Alan Kardec e Eustquio Mendes Guimares, pela ajuda nos testes noturnos da ferramenta para coleta de dados. Vocs no mediram esforos para ajudar um amigo do Software Livre, compartilhando e colaborando. querida amiga Sueli, que sempre estava presente apoiando nos momentos de indeciso. As suas palavras de apoio e amizade regeneraram o meu esprito angustiado e ajudaram a continuar a caminhada da pesquisa. professora e amiga, Doutora Margarida, pela sua experincia, ensinamentos, pacincia e perseverana. Suas indicaes e conselhos foram valiosos e contriburam para ampliar os meus horizontes. Em especial, ao meu orientador, Professor Doutor Emir Jos Suaiden (UNB), que aceitou o meu projeto e confiou em mim, teve pacincia em me orientar, me incentivou nos momentos difceis que passei, e principalmente porque acreditou na minha capacidade de chegar at o fim. Pelos ensinamentos e pelo companheirismo. Obrigado. Professora Doutora Ceclia Leite Oliveira (IBICT), ao Professor Doutor Valrio Brusamolin (Exrcito Brasileiro) e ao Professor Doutor Rogrio Henrique de Arajo Junior (UNB) que aceitaram participar de minha banca de defesa e pelas suas contribuies para o aprimoramento desta pesquisa. s secretrias Martha e Jucilene, do PPGCInf, que sempre ajudaram e apoiaram na resoluo dos burocrticos procedimentos acadmicos. A todos os professores e alunos de Tecnologia da Informao da Unio Educacional de Braslia que participaram e contriburam com esta pesquisa. A todos os meus amigos, colegas e professores de Mestrado que compartilharam comigo os seus conhecimentos. Enfim, a todos que de alguma forma, direta ou indiretamente, contriburam para a realizao deste projeto de vida.

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POEMA SE Autor: Geraldo M. de Souza Leo Se o tiro no comandas com justeza, inteligncia e mxima presteza, para ceifar os campos com a metralha que ao inimigo as cargas estraalha; Se no mereces por um s instante, o inabalvel crdito do infante, do blindado ou do nobre cavaleiro; Se te amargas saber que o artilheiro da vitria se torna trunfo d'ouros para que outros vo colher-lhe os louros; Se algo existe que o nimo te impea de abraado morrer tua pea em holocausto Ptria inesquecvel; Se no te escudas numa calma incrvel, ante o perigo cheio de inquietude; Se a lealdade em ti no virtude, que s te abone a prtica da ao, que vem d'alma como do canho; Se das bocas de fogo entre os clares Deus no te crs dos raios e troves, digo-te ento: erraste a vocao; Para trs inditoso companheiro! No poders nunca ser um ARTILHEIRO! Eu sou um ARTILHEIRO! Ronald Emerson Scherolt da Costa 1 Sargento de Artilharia Escola de Sargentos das Armas (ESA) Turma 1993

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RESUMO

A Sociedade da Informao caracterizada pelo uso massivo de tecnologia e pelo aumento vertiginoso da quantidade de informao disponvel. Os cursos superiores na rea de Tecnologia da Informao (TI) necessitam preparar seus egressos para o uso e domnio das tecnologias e da informao, para que assim possam exercer de maneira adequada suas futuras tarefas profissionais, sociais, culturais e cientficas, como cidado competente em informao e integrado a esta nova Sociedade. A pesquisa de mestrado utilizou como parmetros os objetivos e resultados esperados para o desenvolvimento de Competncia Informacional sintetizados por Dudziak (2003) tomando por base os Padres de Competncia Informacional para o Ensino Superior propostos pela Association of College and Research Libraries (ACRL). Por meio de uma abordagem quali-quantitativa objetivou-se analisar se os discentes e docentes do Curso Superior de Tecnologia em Anlise e Desenvolvimento de Sistemas (TADS) da Unio Educacional de Braslia (UNEB) tm conhecimento dos fundamentos para a aquisio de competncia informacional na sua formao; identificar o nvel de competncia informacional dos discentes e docentes; conhecer os procedimentos utilizados pelos discentes e docentes na busca e uso da informao; identificar aes no Projeto Pedaggico de Curso (PPC), em iniciativas das Coordenaes de Curso, dos Professores e da Biblioteca relacionadas ao desenvolvimento da competncia informacional dos discentes; e relacionar o nvel de competncia informacional com o coeficiente de desempenho dos alunos e o nvel de formao dos professores. Os instrumentos de coleta de dados foram um questionrio com 50 questes abertas e fechadas, aplicado a uma amostra intencional, em junho de 2011, alm de uma entrevista, aplicada a alguns membros da direo, coordenao e biblioteca da IES. De forma geral, verificou-se que os alunos e professores dos Cursos de TI da UNEB, participantes da pesquisa, indicaram que possuem a maioria das habilidades relacionadas competncia informacional, sendo possvel afirmar que os discentes e docentes possuem compreenso sobre os preceitos das normas da ACRL (2000). O estudo da temtica demonstrou a importncia de se assegurar a Competncia informacional em qualquer formao, entendida como uma competncia transversal, necessria a todo o cidado da Sociedade da Informao.

Palavras-chave: information literacy, competncia informacional, competncia em informao, informao, ensino superior, tecnolgico.

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ABSTRACT

The Information Society is characterized by massive use of technology and the increasing amount of information available. The higher education courses in the area of Information Technology (IT) need to prepare their graduates for the use and mastery of technology and information, so that they can adequately perform their future professional tasks, social, cultural and scientific, as a citizen competent information and integrated into this new society. The master's research used as parameters objectives and expected results for the development of Information Literacy synthesized by Dudziak (2003) building on the Information Literacy Standards for Higher Education proposed by the Association of College and Research Libraries (ACRL). Through a qualitative and quantitative approach aimed to examine whether students and teachers of the Course of Technology Development and Analysis System (TADS) Brasilia Education Union (UNEB) have knowledge of the fundamentals for the acquisition of information literacy in their training, identify the level of information literacy of students and teachers, to know the procedures used by students and faculty in the pursuit and use of information, identify actions in Course Pedagogical Project (CPP) initiatives in the Course Coordinators, the Teachers, and Library related to the development of information literacy of students and correlate the level of information literacy with the coefficient of performance of students and the level of training of teachers. The instruments of data collection were a questionary with 50 closed and open questions, applied to a purposive sample, in June 2011, and an interview, applied to some members of the management, coordination and library of the institution. Generally speaking, it was found that students and teachers of IT courses UNEB, research participants, have indicated that most of the skills related to information literacy, it is possible to say that students and teachers are understanding the precepts of ACRL (2000) standards. The study of subject demonstrated the importance of asserting the Information literacy, understood as a transversal competence necessary for every citizen of the Information Society.

Keywords: information literacy, information, education, technology.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: As temticas e os objetivos da pesquisa....................................................................11 Figura 2 : Diferentes concepes de Competncia Informacional............................................26 Figura 3: As temticas e os objetivos da pesquisa....................................................................46 Figura 4: LimeSurvey instalado em servidor Web...................................................................74

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Conceitos de Competncia Informacional de autores estrangeiros.........................24 Quadro 2: Conceitos de Competncia Informacional de autores brasileiros............................25 Quadro 3: Caracterizao e componentes conceituais da Information Literacy.......................27 Quadro 4: Comparativo entre as Concepes da Competncia Informacional e as Concepes Pedaggicas..........................................................................................................32 Quadro 5: Comparao entre a educao tradicional e a voltada para a Competncia Informacional............................................................................................................................33 Quadro 6: Matriz curricular 2010 do Curso Superior de Bacharelado em Administrao em Sistemas de Informaes da UNEB..........................................................................................51 Quadro 7: Interao da reviso de literatura e objetivos da pesquisa.......................................59 Quadro 8: Relacionamento entre pressupostos e variveis.......................................................64 Quadro 9: As variveis e os indicadores da pesquisa...............................................................67 Quadro 10: Diagrama das etapas do processo metodolgico da pesquisa................................70 Quadro 11: Composio do questionrio de pesquisa..............................................................72 Quadro 12: Agrupamento das disciplinas do curso de TADS..................................................88 Quadro 13: Agrupamento dos participantes da pesquisa..........................................................96 Quadro 14: Idade mdia, mnima e mxima dos participantes.................................................99 Quadro 15: Fontes de informao que inicialmente recorrem................................................104 Quadro 16: Tipos de fontes que preferem...............................................................................106 Quadro 17: Critrios utilizados para selecionar fontes de informao.................................107 Quadro 18: Fontes de informao.........................................................................................108 Quadro 19: Estratgias de busca mais utilizadas...................................................................109 Quadro 20: Campos de busca mais utilizados......................................................................110 Quadro 21: Limites para refinar os resultados de busca da informao...............................111 Quadro 22: Recuperao da informao em bases de dados eletrnicas..............................112 Quadro 23: Critrios utilizados na avaliao da Informao.................................................113 Quadro 24: Formas de representar a informao para melhor apreend-la...........................114 Quadro 25: Suporte em que armazenam a Informao recuperada.......................................115 Quadro 26: Modo com organizam a Informao recuperada.................................................116 Quadro 27: Tratamento da informao.................................................................................117 Quadro 28: Canal utilizado para comunicar as pesquisas......................................................118 Quadro 29: Finalidade com que publicam suas pesquisas.....................................................119 Quadro 30: Uso tico da Informao.....................................................................................120 Quadro 31: Modo de atualizar conhecimentos......................................................................121 Quadro 32-A: Comunicao e uso da informao..................................................................122 Quadro 32-B: Consolidao final - busca, localizao e uso da informao..........................123 Quadro 32-C: Mdia de procedimentos utilizados pelos participantes...................................125 Quadro 33: Locais de acesso Internet.................................................................................126 Quadro 34: Frequncia de uso da Internet.............................................................................127 Quadro 35: Autoria em BLOGs.............................................................................................128 Quadro 36: Autoria em WIKIs...............................................................................................128 Quadro 37: Participao em projetos colaborativos..............................................................129 Quadro 38: Participao em Ambiente Virtuais de Aprendizagem......................................131 Quadro 39: Utilizao de ferramentas tecnolgicas em aula.................................................132 Quadro 40: Padres de Competncia Informacional de alunos e professores.......................135

xii Quadro 41: Padres de Competncia Informacional de alunos ingressantes e concluintes...136 Quadro 42: Padres de Competncia Informacional de Professores Especialistas e Mestres/Doutores....................................................................................................................138 Quadro 43: Quantificao dos padres de Competncia Informacional de alunos e professores..............................................................................................................................139 Quadro 44: Mdia geral dos padres de Competncia Informacional...................................140 Quadro 45: Relao dos alunos com maiores nveis de competncia informacional............141 Quadro 46: Relao dos alunos com maiores coeficientes de desempenho..........................141

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LISTA DE GRFICOS

Grfico 1: Evoluo do n de Matrculas em Cursos Tecnolgicos..........................................41 Grfico 2: Evoluo do Nmero de Matrculas em Cursos Tecnolgicos por Categoria Administrativa Brasil 2001 2009.............................................................42 Grfico 3: Levantamento da populao do curso de TADS UNEB......................................48 Grfico 4: Faixa etria de alunos e professores (em anos) - Quantitativo................................96 Grfico 5: Faixa etria de alunos e professores (em anos) - Percentual...................................97 Grfico 6: Sexo de todos os participantes (Professores e Alunos)...........................................97 Grfico 7: Sexo de alunos ingressantes, concluintes e professores..........................................98 Grfico 8: Sexo de alunos ingressantes e concluintes do curso de TADS................................98 Grfico 9: Tipo de vnculo dos professores..............................................................................99 Grfico 10: Comparativo entre as titulaes dos professores.................................................100 Grfico 11: Experincia dos professores lecionando no Ensino Superior (em anos).............100 Grfico 12: Tempo de atividade dos professores na UNEB em anos.....................................101 Grfico 13: Cursos dos discentes que responderam a pesquisa..............................................101 Grfico 14: Motivaes para cursar o Ensino Superior..........................................................102 Grfico 15: Comparativo de fontes de informao que inicialmente recorrem......................105 Grfico 16: Comparativo dos tipos de fontes que preferem...................................................106 Grfico 17: Comparativo dos critrios utilizados para selecionar fontes de informao.......107 Grfico 18: Comparativo das estratgias de busca mais utilizadas.........................................110 Grfico 19: Comparativo das estratgias de busca mais utilizadas.........................................111 Grfico 20: Comparativo dos limites para refinar os resultados de busca..............................112 Grfico 21: Comparativo dos critrios utilizados na avaliao da Informao......................114 Grfico 22: Comparativo das formas de representar a informao.........................................115 Grfico 23: Comparativo do suporte em que armazenam a Informao................................116 Grfico 24: Comparativo do modo com organizam a Informao recuperada.......................117 Grfico 25: Comparativo dos Canais utilizados para comunicar as pesquisas.......................119 Grfico 26: Comparativo da finalidade com que publicam suas pesquisas............................120 Grfico 27: Comparativo sobre o uso tico da Informao....................................................121 Grfico 28: Comparativo sobre o modo de atualizar conhecimentos.....................................122 Grfico 29: Comparativo dos locais de acesso Internet.......................................................125 Grfico 30: Comparativo da frequncia de uso da Internet....................................................126 Grfico 31: Comparativo da autoria em BLOGs...................................................................127 Grfico 32: Comparativo da autoria em WIKIs.....................................................................127 Grfico 33: Comparativo sobre participao em projetos colaborativos................................128 Grfico 34: Comparativo sobre Ambiente Virtuais de Aprendizagem..................................129 Grfico 35: Comparativo sobre a utilizao de TICs em aula...............................................131 Grfico 36: Comparativo dos padres de Competncia..........................................................133 Informacional de alunos e professores....................................................................................133 Grfico 37: Comparativo dos padres de Competncia Informacional de alunos ingressantes e concluintes.......................................................................................135 Grfico 38: Comparativo dos padres de Competncia Informacional de Professores Especialistas e Mestres/Doutores...................................................................136

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LISTA DE SIGLAS

ABP ACRL ALA ANT ASI CES CIMES CMSI CNCST CNE CONFEA CP CST DCNs

Aprendizagem Baseada em Problemas Association of College and Research Libraries American Library Association Associao Nacional dos Tecnlogos Bacharelado de Administrao em Sistemas de Informaes Cmara de Educao Superior Competncia Informacional e Miditica na Educao Superior Cpula Mundial sobre a Sociedade da Informao Catlogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia Conselho Nacional de Educao Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia Conselho Pleno Curso Superior de Tecnologia Diretrizes Curriculares Nacionais

DPNs/DRS Diagnsticos e Planos de Negcios do Desenvolvimento Regional Sustentvel ENADE FAC FB FE FGH FT ICEX ICSA IES IFLA LDB MCT MEC NCLIS NI NTICs OCDE OE OG Exame Nacional de Desempenho do Estudante Formao da rea do Conhecimento Formao para o Bacharelado Formao Especfica Formao Geral Humana Formao Tecnolgica Instituto de Cincias Exatas Instituto de Cincias Sociais Aplicadas Instituies de Ensino Superior International Federation of Library Associations Lei de Diretrizes e Bases Ministrio da Cincia e Tecnologia Ministrio da Educao National Commission on Libraries and Information Science Necessidades de Informao Novas Tecnologias da Informao e Comunicao Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico Objetivos Especficos Objetivo Geral

xv PDI PIL PPC PPI SENAI SETEC SIIF TADS TI TICs UNEB UNESCO Projeto de Desenvolvimento Institucional Project Information Literacy Projeto Pedaggico de Curso Projeto Poltico Institucional Servio Nacional de Aprendizagem Industrial Secretaria de Educao Profissional e Tecnolgica Superviso Indireta de Instituies Financeiras Tecnlogo em Anlise e Desenvolvimento de Sistemas Tecnologia da Informao Tecnologias da Informao e Comunicao Unio Educacional de Braslia Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura

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Sumrio1 INTRODUO........................................................................................................1 1.1 CONTEXTUALIZAO E FORMULAO DO PROBLEMA.............................................3 1.2 JUSTIFICATIVA......................................................................................................7 1.3 OBJETIVOS...........................................................................................................91.3.1 Objetivo geral (OG).............................................................................................................................9 1.3.2 Objetivos especficos (OE)..................................................................................................................9 1.4 DELIMITAO DA PESQUISA................................................................................11

2 FUNDAMENTAO TERICA............................................................................13 2.1 A SOCIEDADE DA INFORMAO...........................................................................13 2.2 O TERMO COMPETNCIA.....................................................................................18 2.3 A COMPETNCIA INFORMACIONAL.......................................................................20 2.4 A EDUCAO PARA COMPETNCIA INFORMACIONAL............................................26 2.5 A COMPETNCIA INFORMACIONAL NO ENSINO SUPERIOR....................................302.5.1 Avaliao da Competncia Informacional.........................................................................................35

2.6 O ENSINO SUPERIOR TECNOLGICO...................................................................362.6.1 O Catlogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia...............................................................42

2.7 A UNIO EDUCACIONAL DE BRASLIA (UNEB)....................................................432.7.1 O Sistema Modular de Cursos...........................................................................................................44 2.7.2 O Curso Superior de Tecnologia em Anlise e Desenvolvimento de Sistemas (TADS) .................46 2.7.3 A Estrutura Curricular........................................................................................................................47 2.8 ESTUDOS RELACIONADOS AO TEMA DE PESQUISA...............................................50

2.9 CONCLUSO DO REFERENCIAL TERICO..............................................................57 3 METODOLOGIA....................................................................................................61 3.1 PRESSUPOSTOS E VARIVEIS..............................................................................62 3.2 POPULAO E SELEO DA AMOSTRA................................................................66 3.3 ETAPAS DO PROCESSO METODOLGICO.............................................................67 3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS..............................................................693.4.2 Roteiro da Entrevista..........................................................................................................................72 3.4.3 Pr-Teste do questionrio..................................................................................................................72 3.4.4 A ferramenta de construo do questionrio.....................................................................................73 3.5 PROCEDIMENTOS PARA COLETA E ANLISE DOS DADOS.....................................74

4 ANLISE DOS DADOS.........................................................................................78 4.1 A BUSCA POR AES SOBRE COMPETNCIA INFORMACIONAL NA UNEB..............784.1.1 A documentao Institucional.............................................................................................................79 4.1.2 Os resultados das Entrevistas..............................................................................................................88 4.1.3 Concluses..........................................................................................................................................91 4.2 OS RESULTADOS DO QUESTIONRIO....................................................................92 4.2.1 O perfil dos docentes e discentes.......................................................................................................93 4.2.2 Os procedimentos de busca e uso da Informao............................................................................102 4.2.2.1 Fontes de Informao Categoria 1........................................................................................102 4.2.2.2 Recuperao da Informao em bases de dados eletrnicas Categoria 2.............................107

xvii4.2.2.3 Tratamento da Informao Categoria 3................................................................................112 4.2.2.4 Comunicao e uso da Informao Categoria 4...................................................................117 4.2.3 O uso de tecnologias e Internet........................................................................................................124 4.2.4 O nvel de Competncia Informacional...........................................................................................132

5 CONCLUSES....................................................................................................141 5.1 RECOMENDAES E PROPOSTAS PARA NOVOS ESTUDOS..................................143 6 REFERNCIAS .................................................................................................. 146 APNDICE A QUESTIONRIO APLICADO.................................................................155 APNDICE B ENTREVISTA APLICADA.....................................................................167 APNDICE C RESULTADOS DETALHADOS DOS PROFESSORES E ALUNOS DE TI DA UNEB UNEBSOBRE

COMPETNCIA INFORMACIONAL (GRFICOS).....................................169 COMPETNCIA INFORMACIONAL - (QUANTITATIVOS)........................181 TI DA UNEB COMPETNCIA INFORMACIONAL -

APNDICE D RESULTADOS DETALHADOS DOS PROFESSORES E ALUNOS DE TI DASOBRE

APNDICE E RESULTADOS DETALHADOS DOS ALUNOS INGRESSANTES ECONCLUINTES DE SOBRE

(QUANTITATIVOS)................................................................................................. 184 APNDICE F RESULTADOS DETALHADOS DOS PROFESSORES ESPECIALISTAS EMESTRES

/ DOUTORES SOBRE COMPETNCIA INFORMACIONAL - (QUANTITATIVOS)..187

APNDICE G AUTORIZAO DA DIREO ACADMICA DA UNEB PARA REALIZAODA PESQUISA...............................................................................................................189

ANEXO A - PADRES DE COMPETNCIA INFORMACIONAL PARA O ENSINO SUPERIOR 191

1 1 INTRODUO H cerca de trs dcadas, apenas alguns poucos visionrios anunciaram o surgimento de mudanas radicais no estilo de vida e no comportamento das pessoas, nas formas de lazer, de fazer negcios, de desenvolvimento de atividades pessoais, nas formas de desenvolver e oferecer produtos. A partir de uma tecnologia desenvolvida para a guerra, o lazer, a cultura e o entretenimento tornaram-se quase bens de primeira necessidade. Esse novo dispositivo, uma rede mundial, tornou-se um meio de comunicao importante, eficaz, abrangente, multicultural, inclusivo, informativo, poliglota e multimdia. Internet modificou a forma como acessamos, criamos, A compartilhamos,

transformamos, armazenamos e comunicamos a informao. Acabou por modificar a nossa sociedade e aproxim-la ainda mais da informao. A Sociedade da Informao caracterizada pelo uso massivo de tecnologia e pelo aumento vertiginoso da quantidade de informao disponvel. Essa sobrecarga de informao est ocorrendo em todas as reas e setores da nossa sociedade, e tem origem na ampliao e distribuio promovida pelos vrios meios e tecnologias digitais. As tecnologias evoluram sobremaneira nesta ltima dcada, particularmente nos servios de informao, impactando profundamente nossa sociedade e alterando os mtodos e as formas de trabalho de alguns profissionais. Cada vez mais tem-se acesso a grande quantidade de dados de todo o tipo e natureza, por meio da televiso, rdio, imprensa, livros, telefonia mvel e Internet. So informaes sobre consumo, esporte, poltica, lazer, moda, costumes, clima, novas tecnologia, enfim, de toda ordem e tipo, sem interrupo, de forma diria e incremental. A informao converteu-se em matria-prima e bem produtivo de importantes setores econmicos. As bolsas de valores, os bancos internacionais, os sistemas financeiros, as empresas de software e contedo, de redes e telecomunicaes, as empresas de publicidade e propaganda, a imprensa (rdio, TV, jornal, revistas, Internet), a industria do entretenimento (videojogos, discografia e msica, produtoras de TV e cinema) e os servios tercirios representam setores em que a informao a razo e o motivo principal de sua atividade produtiva.

2 Esses setores econmicos necessitam recursos humanos qualificados que possuam competncias adequadas para produzir, gerenciar e consumir produtos baseados na gesto da informao. De acordo com Morin, urgente a necessidade em se formar cidados com tal competncia. o problema universal de todo cidado do novo milnio: como ter acesso s informaes sobre o mundo e como ter a possibilidade de articul-las e organiz-las? Como perceber e conceber o Contexto, o Global (a relao todo/partes), o Multidimensional, o Complexo? (MORIN, 2001, p. 35).

Esta competncia um requisito necessrio para que os cidados possam atuar e adaptar-se de maneira satisfatria a um mundo trabalhista, social e cultural em constante mudana, instvel e inovador. Para Morin (2001) essa uma questo fundamental da educao, j que se refere nossa aptido para organizar o conhecimento, sendo importante ressaltar que a produo do conhecimento e a circulao das informaes no esto mais restritas ao espaos formais e oficiais, como a Escola, o Estado ou os meios de comunicao. A produo de conhecimento e a circulao de informao se multiplicaram em nossa vida cotidiana por meio de redes sociais, distribudas em diferentes plataformas tecnolgicas e repercutem nas pesquisas realizadas no meio acadmico e no mundo do trabalho. A informao e o conhecimento assumiram neste novo contexto um papel extremamente relevante. A saturao informacional, resultado do acmulo e excesso de dados, provocar uma viso confusa, incompreensvel, e turva sobre a realidade que nos cerca. Esta a maior contradio lgica de nossa Sociedade da Informao. Possumos os meios e recursos para acessar a informao, mas a capacidade limitada de processamento da mente humana faz com que o limiar da compreenso dos eventos seja ofuscada pela quantidade excessiva de informaes que recebemos. Ter acesso a uma grande quantidade de dados no representa compor informao ou conhecimento. necessrio ter capacidade de interpret-los, dandolhes sentido e significado til para determinado propsito, ou seja, transformar os

3 dados informativos em conhecimento, usando a informao adquirida a servio da resoluo de problemas. A expresso competncia informacional surgiu em meio ao incomensurvel volume de informao disponvel e pelas mudanas advindas do uso de tecnologia no processo de gerao, disseminao, acesso e uso da informao. A incluso nessa sociedade est relacionada ao saber utilizar tecnologias, entre elas a Internet para gerar benefcios prprios ou para a sua comunidade ou grupo social. necessrio, alm de dominar as Tecnologias da Informao e Comunicao (TICs), saber buscar, selecionar, criticar e utilizar a informao para a construo de novos conhecimentos e contedos. Esses so os fatores que determinam no s a incluso desses cidados na sociedade da informao, mas especialmente para o acesso ao mercado de trabalho e sua incluso social. Esse novo paradigma obriga que seus cidados desenvolvam novas competncias. Esta pesquisa buscou identificar o nvel de competncia informacional dos discentes e docentes a partir de padres internacionais, conhecer os procedimentos utilizados pelos discentes e docentes na busca e uso da informao, assim como identificar possveis aes no Projeto Pedaggico de Curso (PPC) ou em iniciativas das Coordenaes de Curso, dos professores ou da biblioteca relacionadas ao desenvolvimento da competncia informacional dos discentes Educacional de Braslia (UNEB). do Curso Superior de Tecnologia em Anlise e Desenvolvimento de Sistemas (TADS) da Unio

1.1 Contextualizao e Formulao do problema A Sociedade da Informao o ambiente onde ocorre o movimento da competncia informacional ou Information Literacy. o local alterado pela rpida disponibilizao de uma abundncia de informao, em uma variedade de formatos (AASL, 1998). Para interagir neste ambiente e ter sua sobrevivncia garantida so necessrias novas habilidades.

4 Desde o seu surgimento, a temtica da competncia informacional vem sendo bastante difundida e est ganhando cada vez mais espao para discusso, debate e estudo no mbito da Cincia da Informao. Segundo Melo e Arajo (2007, p. 2) diante deste cenrio, temos um novo enfoque que a valorizao da qualidade do aprendizado, do quanto se capaz de se aprender atravs de informaes diversificadas e contextualizadas e de se aplicar o conhecimento resultante do acesso e uso de tais informaes, de forma flexvel e adaptativa. Em novembro de 2005, os participantes do Colquio Competncia Informacional e Aprendizado ao longo da vida, realizado na Biblioteca de Alexandria, reforaram ainda mais essa proposta declarando que a competncia informacional e o aprendizado ao longo da vida so os faris da Sociedade, iluminando os caminhos para o desenvolvimento, a prosperidade e a liberdade. De acordo com a International Federation of Library Associations (IFLA):A competncia informacional est no cerne do aprendizado ao longo da vida. Ele capacita as pessoas em todos os caminhos da vida para buscar, avaliar, usar e criar a informao de forma efetiva para atingir suas metas pessoais, sociais, ocupacionais e educacionais. um direito humano bsico em um mundo digital e promove a incluso social em todas as naes. (grifo nosso) (IFLA, 2005)

Influenciadas pelas Tecnologias da Informao e Comunicao (TICs), as IES tm colaborado para a exploso informacional por meio da criao e da produo intelectual. Com seu carter inovador, transformador e propiciador de oportunidades por meio do ensino, pesquisa e extenso, as Instituies de Ensino Superior (IES), includas aqui Universidades, Centros Universitrios, Faculdades e Institutos, objetivam formar profissionais competentes e autnomos para o mercado de trabalho. A partir deste novo cenrio os alunos dos cursos superiores na rea de TI (Tecnologia da Informao) precisam desenvolver novas competncias para a sua insero no mercado de trabalho. No bastam apenas competncias de cunho tecnolgico ou habilidades de operao de computadores, redes e equipamentos (hardware), de desenvolvimento de aplicaes e programas (software). necessrio o desenvolvimento, com especial ateno, de competncia informacional.

5 Os cursos de educao superior no Brasil possuem ampla legislao, de responsabilidade do Ministrio da Educao, tais como leis, decretos e pareceres e so norteados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs). A proposta pedaggica, os contedos, a matriz curricular e os objetivos de cada curso superior esto materializados no Projeto Pedaggico de Curso (PPC). O PPC descreve tambm o perfil do egresso, assim como as competncias profissionais esperadas para aquele ramo de atividade. Os cursos superiores na rea de Tecnologia da Informao (TI) necessitam preparar seus egressos para o uso e domnio das tecnologias e da informao, para que assim possam exercer de maneira adequada suas futuras tarefas profissionais, sociais, culturais e cientficas, como cidado integrado a esta nova Sociedade da Informao e competente em informao. De acordo com Hatschabach (2002) na educao:[] constata-se a necessidade de um aprendizado contnuo, que desperte a capacidade de anlise e auxilie o resgate da cidadania. O trabalho educativo torna-se protagonista da construo de uma sociedade emancipadora e igualitria. Adquirir capacitao no uso da informao representa um elemento essencial na educao moderna. (HATSCHABACH, 2002, p. 11 )

Uma definio que est bastante sedimentada na Cincia da Informao da Association of College and Research Libraries (Associao de Bibliotecas Universitrias e de Pesquisa) ACRL 1, segundo a qual competncia informacional pode ser compreendida como [...] um conjunto de habilidades que capacitam o indivduo a reconhecer quando a informao necessria e possuir a habilidade de localizar, avaliar e usar efetivamente a informao (ACRL, 2000, p.2). Neste estudo, entende-se Competncia Informacional como o conjunto de habilidades necessrias para identificar, localizar, avaliar e utilizar eficazmente informao permitindo a tomada de decises, o aprendizado ao longo da vida e a obteno de benefcios individuais e sociais.1

A ACRL uma diviso da American Library Association (ALA). Trata-se de uma associao profissional de bibliotecrios acadmicos e outras pessoas interessadas. Dedica-se a melhorar a capacidade das bibliotecas acadmicas e dos profissionais da informao para atender as necessidades de informao da comunidade de ensino superior, buscando a melhoraria da aprendizagem, do ensino e da pesquisa. ACRL a maior diviso da ALA. Disponvel em: . Acesso em: 20 Jan 2011.

6 A partir de sua definio sobre Information Literacy, a Association of College and Research Libraries (ACRL) desenvolveu 5 (cinco) padres e 22 (vinte e dois) indicadores de desempenho para auxiliar na avaliao de competncia informacional dos estudantes de ensino superior. A documentao elaborada pela ACRL tambm lista uma srie de resultados para avaliar o progresso do aluno em direo competncia informacional. Uma pessoa poder ser considerada competente no acesso e uso da informao, de acordo com esses indicadores, quando capaz de: Determinar a extenso da sua necessidade de informao; Acessar a informao necessria de forma eficaz e eficiente; Avaliar as informaes e suas fontes criticamente; Incorporar a informao selecionada em uma base de conhecimento; Utilizar a informao efetivamente para realizar um propsito especfico; Compreender as questes econmicas, legais e sociais que circundam o uso da informao; e Acess-la e us-la de forma crtica e legal (ACRL, 2000, p.2). Segundo Pasquarelli apud Hatschbach (2002, p. 13),A universidade deve estimular a curiosidade intelectual do estudante, induzindo-o a verificar as constantes expanses no seu campo de estudo. Esse ponto fundamental para evitar que um egresso da universidade caia em processo de desatualizao, devido sua incapacidade de trabalho intelectual sem a presena de um professor e pelo desconhecimento de como e onde colher informaes, analis-las e utiliz-las.

A insero da Competncia Informacional nos currculos educacionais que ir permitir que as pessoas desenvolvam tal competncia. De forma geral os egressos dessa rea j desenvolvem durante o Curso Superior uma base bastante slida de competncia no uso das tecnologias, porm em nossa Sociedade atual desenvolver competncia informacional imprescindvel aos futuros profissionais de Tecnologia da Informao. O pice do desenvolvimento de habilidades e competncias do profissional de TI, ocorre na graduao. esse processo de desenvolvimento de competncia informacional durante a graduao e com influncia e envolvimento de vrios atores (DCNs, projeto pedaggico de curso, coordenao, professores e biblioteca) o ponto de interesse dessa pesquisa.

7 Reforando a temtica apresentada Dudziak (2010, p. 2) questiona que se nas atividades cotidianas o homem comum sente os impactos das tecnologias, mdias e informaes, que se interpenetram contnua e inexoravelmente, o que ocorre no universo da educao. Esse questionamento reflexo das mudanas sociais ocorridas em torno das novas tecnologias, do acesso a informao abundante por meio das redes, assim como pelas novas possibilidades de compartilhamento e armazenamento de informaes. Tais mudanas acarretam reflexos na educao e na formao do cidado para o mercado de trabalho, especialmente no contexto das IES. Para Dudziak (2010, p.3):O estabelecimento de polticas informacionais nacionais e institucionais de fomento ao acesso e cultura da informao uma diretriz a ser trabalhada nas Instituies de Ensino Superior (IES). Paralelamente, projetos transversais de promoo da competncia informacional e miditica devem penetrar e agregar valor a todas as atividades desenvolvidas nas IESs, sejam atividades de ensino, pesquisa ou extenso comunidade.

A partir dessa contextualizao, apresenta-se o seguinte pressuposto: O Ensino Superior Tecnolgico propicia condies favorveis para que o discente desenvolva as competncias necessrias para sua insero no ambiente informacional do sculo XXI, formando um cidado pleno da Sociedade da Informao, ou seja, egressos autnomos, crticos, preparados para continuar aprendendo ao longo da vida. Com base neste pressuposto define-se o problema de pesquisa: Os discentes e docentes do Curso Superior de Tecnologia em Anlise e Desenvolvimento de Sistemas (TADS) da Unio Educacional de Braslia (UNEB) tm conhecimento dos fundamentos para a aquisio de competncia informacional na sua formao de acordo com os padres e indicadores de competncia informacional para estudantes do ensino superior da Association of College and Research Libraries (ACRL)?

1.2 Justificativa

8 A motivao para a escolha deste tema de pesquisa molda-se inicialmente a partir da experincia profissional e acadmica obtida no processo de formao enquanto pesquisador. Na parte profissional, considera-se a experincia docente em disciplinas relacionadas a rea tecnolgica ministradas em cursos de pedagogia e tecnologia. Relaciona-se tambm com a escolha do tema, a experincia enquanto Coordenador de Curso Superior Tecnolgico que permitiu a constatao de que a Competncia Informacional uma competncia transversal a qual permeia as atividades de todos os profissionais, especialmente os docentes e discentes na rea de Tecnologia da Informao (TI). No aspecto acadmico ressalta-se a trajetria deste pesquisador como aluno de curso superior na rea de TI e o seu processo de formao com passagem por quatro instituies de ensino superior no perodo da graduao, o que propiciou a vivncia de diferentes realidades educacionais. A partir da realizao de uma psgraduao em Software Livre, que proporcionou a aproximao da rea educacional, e a interao e o envolvimento com a Comunidade de Software Livre, foi possvel perceber que a colaborao, o compartilhamento de informao e conhecimento poderiam contribuir ainda mais no desenvolvimento habilidades informacionais. Ser competente em informao no contexto do Ensino Superior de suma importncia para que o indivduo seja capaz de desenvolver pesquisas, considerando-se o grande volume de informao e a quantidade diversificada de fontes de informao disponveis. Os egressos de um curso superior, futuros profissionais ou pesquisadores, necessitam ser capazes de utilizar informao disponvel em um universo informacional abundante, para as mais diferentes situaes e em vrios aspectos do seu dia a dia, quer seja no ambiente acadmico, quer seja para o trabalho ou convvio social. Considera-se relevante que o aluno de um Curso Superior de Tecnologia (CST) na rea de TI no seja um ator passivo em seu processo de construo do conhecimento. Ele poder se tornar um agente ativo, que vislumbre nas novas tecnologias e em suas competncias tecnolgicas em desenvolvimento uma possibilidade de formar e trocar conhecimentos.

9 A presente pesquisa busca colaborar com o debate e a compreenso sobre o uso da informao em ambientes educacionais tecnolgicos de nvel superior, no mbito da Cincia da Informao, e assim contribuir para reiterar o conceito de competncia informacional, bem como para o desenvolvimento de estudos nesta rea do conhecimento.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo geral (OG)

Analisar se os discentes e docentes do Curso Superior de Tecnologia em Anlise e Desenvolvimento de Sistemas (TADS) da Unio Educacional de Braslia (UNEB) tm conhecimento dos fundamentos para a aquisio de competncia informacional na sua formao de acordo com os padres e indicadores de competncia informacional para estudantes do ensino superior da Association of College and Research Libraries (ACRL).

1.3.2 Objetivos especficos (OE)

a) OE1 - Identificar o nvel de competncia informacional dos discentes e docentes com base nos padres de competncia informacional para estudantes do ensino superior da Association of College and Research Libraries (ACRL); b) OE2 Relacionar o nvel de competncia informacional e o coeficiente de desempenho dos alunos, assim como o nvel de competncia informacional e o nvel de formao dos professores; c) OE3 - Conhecer os procedimentos utilizados na busca e uso da informao, pelos discentes e docentes do Curso Superior de Tecnologia em Anlise e Desenvolvimento de Sistemas (TADS) da Unio Educacional de Braslia (UNEB);

10 d) OE4 Identificar aes descritas no Projeto Pedaggico Institucional (PPI), no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e no Projeto Pedaggico de Curso (PPC) ou ainda, em iniciativas da Direo Acadmica, dos Professores ou da Biblioteca relacionadas ao desenvolvimento da competncia informacional dos discentes do Curso Superior de Tecnologia em Anlise e Desenvolvimento de Sistemas (TADS) da Unio Educacional de Braslia (UNEB);

11 1.4 Delimitao da pesquisa A presente pesquisa tem por foco o Curso Superior de Tecnologia em Anlise e Desenvolvimento de Sistemas (TADS) da Unio Educacional de Braslia (UNEB), que funciona no Plano Piloto de Braslia, Distrito Federal. Como objetivo principal esta pesquisa busca-se verificar se os discentes e docentes do Curso Superior de Tecnologia em Anlise e Desenvolvimento de Sistemas (TADS) da Unio Educacional de Braslia (UNEB) tm conhecimento dos fundamentos para a aquisio de competncia informacional na sua formao de acordo com os padres e indicadores de competncia informacional para estudantes do ensino superior da Association of College and Research Libraries (ACRL), ou seja, se so pessoas competentes em informao, ou information literate" contexto da Sociedade da Informao. Como objetivos secundrios busca-se ainda identificar o nvel de competncia informacional do corpo discente e docente; relacionar o nvel de competncia informacional e o coeficiente de desempenho dos alunos, assim como o nvel de competncia informacional e o nvel de formao dos professores; conhecer os procedimentos utilizados por eles na busca e uso da informao e se existem aes, no contexto pedaggico e acadmico do curso, relacionadas ao desenvolvimento da competncia informacional dos discentes. no

Curso Superior de TADS UNEBOE1 / OE2 / OE3

Docentes

Competncia Informacional

DiscentesOE1 / OE2 / OE3

Tecnologia da Informao

OE4 PPI, PDI e PPC Integrao ao Currculo

Figura 1: As temticas e os objetivos da pesquisa. Fonte: Elaborao prpria.

12 Neste sentido, foi considerada a documentao que envolve o contexto do estudo, com especial destaque aos documentos institucionais, tais como: Projeto Pedaggico Institucional (PPI), Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), Projeto Pedaggico do Curso (PPC) de Tecnologia em Anlise e Desenvolvimento de Sistemas da UNEB, suas mudanas e atualizaes, das Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos Superiores de Tecnologia, do Catlogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia, e das portarias e resolues do Ministrio da Educao (MEC) que se referem ao cursos de superiores de TI, analisados a partir da literatura sobre Currculo, Projeto Pedaggico, Sociedade da Informao e do Movimento da Competncia Informacional. Espera-se que ao fazer a identificao do nvel de competncia informacional de alunos e professores dos Cursos Superiores de Tecnologia (CST), seja possvel, no futuro, ampliar e aprofundar a identificao dos elementos que contribuem, influenciam, ou dificultam o desenvolvimento de tais competncias. Superada essa etapa inicial de identificao, espera-se ainda que este estudo, possa servir de insumo para a elaborao de propostas de programas de treinamento e capacitao de alunos e professores dos CST no desenvolvimento da competncia informacional, e de forma especial para subsidiar uma possvel reviso do projeto pedaggico de curso, levando-se, ento, em considerao os padres de competncia informacional para o ensino superior, sugeridos pela ACRL. A temtica e a discusso proposta neste estudo podero contribuir para o debate e a compreenso sobre o uso da informao em ambientes educacionais tecnolgicos de nvel superior, no mbito da Cincia da Informao, e contribuir tambm, para o desenvolvimento de estudos nesta rea do conhecimento, assim como ajudar a reiterar o conceito de competncia informacional, recente no contexto brasileiro.

13 2 FUNDAMENTAO TERICA

A reviso de literatura adotada neste estudo busca a fundamentao terica da atual Sociedade da Informao, do surgimento e trajetria da competncia informacional no Brasil, da educao para a competncia informacional, do ensino superior tecnolgico, do catlogo nacional de cursos superiores de tecnologia e das diretrizes curriculares nacionais para os Cursos Superiores de Tecnologia em Anlise e Desenvolvimento de Sistemas. Cada tpico foi analisado a partir dos estudos e ideias de autores que tratam dos assuntos pertinentes a esta pesquisa. 2.1 A Sociedade da Informao

Com origem no termo latim societas, a palavra sociedade significa estado dos homens que vivem sob leis comuns. Os indivduos de uma sociedade mantm regras de conduta, relacionamentos e valores que norteiam sua vida econmica, poltica e social. Para Assmann apud Arajo e Rocha (2009, p. 10), a[...] sociedade da informao a sociedade que est atualmente a constituir-se, na qual so amplamente utilizadas tecnologias de armazenamento e transmisso de dados e informao de baixo custo.

De acordo com Takahashi (2000, p.8), a sociedade da informao :[...] um fenmeno global, com elevado potencial transformador das atividades sociais e econmicas, uma vez que a estrutura e a dinmica dessas atividades inevitavelmente sero, em alguma medida, afetadas pela infraestrutura de informaes disponvel.

possvel compreender ainda que uma sociedade, ao longo do tempo, comporta-se como um organismo vivo, j que est em constante evoluo e mudanas. A velocidade com que tais mudanas acontecem refora a indicao de que estamos vivenciando uma nova era, onde a informao o principal insumo, o combustvel para o desenvolvimento e crescimento das naes, sociedades e organizaes.

14 Nesta nova era, desponta uma nova sociedade, alterada pelo avano das tecnologias, a qual dotada de uma nova dinmica social:[] com nova estrutura, novos canais de comunicao, novas formas de atuao social e de trabalho. Muda a estrutura de poder e das instituies, uma nova cultura e comportamento, instalam-se compreendidos e assimilados, de forma mais natural, completa, com maior interesse, e de forma mais intuitiva, pela nova gerao (TAPSCOTT, 1997 apud TARAPANOFF, 2001, p. 36).

Tarapanoff (2001), interpretando as ideias de Tapscott (1997), refere-se a uma nova sociedade, a qual teve origem a partir de avanos tecnolgicos. Essa nova sociedade esta sendo denominada de Sociedade da Informao. Sobre este novo processo informacional de desenvolvimento de nossa Sociedade Informacional Castells afirma que:[...] a fonte de produtividade acha-se na tecnologia de gerao de conhecimento, de processamento da informao e de comunicao de smbolos. Na verdade, conhecimentos e informao so elementos cruciais em todos os modos de desenvolvimento, visto que o processo produtivo sempre se baseia em algum grau de conhecimento e no processamento da informao. Contudo, o que especfico ao modo informacional de desenvolvimento a ao de conhecimentos sobre os prprios conhecimentos como principal fonte de produtividade, em um crculo virtuoso de interao entre as fontes de conhecimentos tecnolgicos e a aplicao da tecnologia para melhorar a gerao de conhecimentos e o processamento da informao: por isso que voltando a moda popular chamo este novo modo de desenvolvimento de informacional, constitudo pelo surgimento de um novo paradigma tecnolgico baseado na tecnologia da informao (CASTELLS, 1999, p. 35).

De acordo com Castells (1999, p. 21) a revoluo tecnolgica concentrada em Novas Tecnologias da Informao e Comunicao (NTICs) est remodelando a base material da sociedade em ritmo acelerado. Castells (1999, p.50; 57) afirma ainda que o cerne das transformao que estamos vivendo na revoluo atual refere-se s tecnologias de informao, processamento e comunicao. As novas tecnologias, ou tecnologias digitais, esto expandindo a possibilidade de acesso informao e s formas de comunicao, da por que migraram de tecnologias de informtica para serem nomeadas de NTICs. As novas TICs proporcionaram maior competitividade global aos pases e ampliaram os ganhos de produtividade de seus cidados. De acordo com Lopes

15 (2007) estudos especficos apontam seu potencial para ampliar a participao poltica e social, melhorando o fluxo de informaes, e dando maior transparncia administrao pblica, algo premente para democracias em construo. Porm as TICs trouxeram tambm novos desafios. A Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE) afirma que:[...] aqueles a quem negado o direito de desenvolver as habilidades e competncias exigidas pelas novas TICs tornam-se cada vez menos capazes de se inserir e de participar de economias e sociedades crescentemente dependentes de tecnologia. (OCDE, 2000 apud BRASIL 2008, p. 23)

O acesso informao e ao conhecimento tecnolgico so crticos e determinantes para o desenvolvimento nacional. Um fator-chave, com efeitos intensos, desse processo adoo de TICs na produo e na busca de eficincia. Neste sentido McNamara, 2000; Antonelli, 2003 apud BRASIL 2008, p.25 tambm consideram a educao tecnolgica como fator-chave para a plena adoo das TICs na sociedade. De acordo com a UNESCO (1999) as tecnologias digitais ampliaram as formas de acesso informao e comunicao e tornaram-se ferramentas imprescindveis para tornar vivel a aprendizagem permanente, sendo assim compreendida como um processo inevitvel e natural de construo contnua de conhecimentos, os quais se renovam em prazos cada vez menores no mundo digital. A oportunidade de aprender na Sociedade da Informao no esta mais vinculada a um local e tempo pr-determinados. A tecnologia tornou-se o instrumento que permite o acesso informao com maior agilidade, gerando no contexto da Sociedade da Informao um ambiente de abundncia de informao. Porm, no basta ter fluncia em tecnologia, a qual apenas um dos componentes da competncia informacional (CAMPELLO, 2003). Para Campello (2003, p. 33) a sociedade da informao traz grandes promessas para a aprendizagem no contexto das bibliotecas digitais, embora encontrar significados em ambientes de abundncia informacional no seja fcil. Todos os novos paradigmas tm, assim como o das NTICs, caractersticas prprias. Castells apud Santos ressalta que a base material da

16 sociedade da informao constituda pelos aspectos centrais desse novo paradigma:A informao sua matria prima: so tecnologias para agir sobre a informao, no apenas informao para agir sobre tecnologia, como as revolues tecnolgicas anteriores; A penetrabilidade dos efeitos das novas tecnologias: a informao parte integral de toda atividade humana, todos os processos de nossa existncia individual e coletiva so diretamente moldados (embora, no determinados) pelo novo meio tecnolgico; A lgica de redes em qualquer sistema: essa configurao topolgica, a rede, agora pode ser implementada materialmente em todos os tipos de processos e organizaes graas a recentes tecnologias da informao; A flexibilidade: no apenas os processos so reversveis, mas organizaes e instituies podem ser modificadas, e fundamentalmente alteradas, pela reorganizao de seus componentes. O que distingue a configurao do novo paradigma tecnolgico sua capacidade de reconfigurao, um aspecto decisivo em uma sociedade caracterizada por constante mudana e fluidez organizacional; A crescente convergncia de tecnologias especficas para um sistema altamente integrado: a microeletrnica, as telecomunicaes, a optoeletrnica e os computadores so todos integrados nos sistemas de informao. Em termos de sistemas tecnolgicos, um elemento no pode ser imaginado sem o outro (CASTELLS, 1999, p. 78 apud SANTOS, 2010, p. 23).

De forma geral, nos ltimos anos os pases e seus governos demonstram preocupao no desenvolvimento de uma poltica de informao a qual deve ser trabalhada pela sociedade e pelo estado. Na viso de Silva deve ser:[...] um instrumento que integre a sociedade aos avanos cientficos e tecnolgicos, de forma participativa. Assim praticada ela contribui para a melhoria do nvel educacional, cultural e poltico, elementos bsicos para o exerccio pleno da cidadania (SILVA;MENEZES, 1991, p. 12).

De acordo com o Ministrio da Cincia e Tecnologia (MCT), o Livro Verde da Sociedade da Informao (2000) no Brasil uma iniciativa brasileira que aponta uma proposta inicial de aes concretas, composta de planejamento, oramento, execuo e acompanhamento especficos do Programa Sociedade da Informao. O objetivo desse programa, conforme Takahashi, :Integrar, coordenar e fomentar aes para a utilizao de tecnologias de informao e comunicao, de forma a contribuir para a incluso social de todos os brasileiros na nova sociedade e, ao mesmo tempo,

17contribuir para que a economia do Pas tenha condies de competir no mercado global (TAKAHASHI, 2000, p. 10).

Tais propostas, segundo Schwarzelmller (2004, p. 3), delineiam os caminhos a serem percorridos pelo Pas rumo Sociedade da Informao, tendo como linhas de ao: mercado de trabalho e oportunidades; universalizao de servios para a cidadania; educao na sociedade da informao; contedos e identidade cultural; governo ao alcance de todos; produo e desenvolvimento tecnolgicos; infraestruturas avanadas.

A educao da populao deve prever o um processo de conscientizao sobre as implicaes dos avanos tecnolgicos na vida cotidiana e ampliar sua capacidade de desenvolver novas habilidades (SANTOS, 2010). Como resultado final da Conferncia de Cincia, Tecnologia e Inovao, realizada no ano de 2001, o Ministrio da Cincia e Tecnologia lanou, em 2002, o Livro Branco, editado em quatro volumes, objeto de reflexes e sistematizao das contribuies resultantes de documentos e debates. O Livro Branco props o marco institucional para o desenvolvimento da cincia e tecnologia nos prximos dez anos. De acordo com o Livro Branco:A capacidade de aprender e de desenvolver novas habilidades fundamental no novo cenrio de difuso e uso intenso das tecnologias de informao e comunicao. Nesse ambiente de mudana acelerada, a adoo de novos conceitos para educao como atividade permanente na vida das pessoas uma exigncia a ser considerada (BRASIL, 2002, p. 68).

Ainda segundo o Livro Branco (BRASIL, 2002, p. 69) educar para a sociedade do conhecimento compreende: Induzir um ambiente favorvel a um aprendizado permanente; Difundir a cultura cientfica e tecnolgica na sociedade; Ampliar condies de acesso e uso de Tecnologia de Informao

e Comunicao (TIC) para os distintos segmentos da sociedade; Estimular a utilizao da TIC na universalizao do acesso educao cientfica e tecnolgica; Incentivar o envolvimento dos meios de comunicao na cobertura dos assuntos de CT&I; Contribuir para modernizar e aperfeioar o ensino de cincias; Promover e apoiar a implantao de museus e exposies de C&T.

18

A Cpula Mundial sobre a Sociedade da Informao (CMSI), em 2003, em Genebra, e em 2005, em Tnis, debateram a importncia de se estabelecer entre os desafios do milnio as medidas rumo sociedade da informao. Firmou-se compromisso comum de construo de uma Sociedade da Informao centrada na integrao dos indivduos e orientada para o desenvolvimento, em que todos possam consultar, criar e compartilhar a informao e o conhecimento. Sobre a Sociedade da Informao, Sancho apud Oliveira et al. (2008, p.2) fala de uma era da aprendizagem, na qual sobrevive melhor quem desenvolve a sua capacidade de aprender. Uma nova realidade est presente e invade a vida de todos os cidados da sociedade da informao. a possibilidade de acessar conhecimentos com diversas reas, origens, formatos, culturas, e nveis de complexidade. preciso nesta nova dinmica social saber colaborar, compartilhar, trocar, interagir e aprender continuamente. Assim, a possibilidade de acesso e as novas dinmicas sociais demandam novas competncias a serem desenvolvidas especialmente no aspecto informacional. 2.2 O termo Competncia

A informao e o conhecimento tornaram-se fatores fundamentais e integrantes da produo em nossa sociedade. A partir das mudanas no mundo do trabalho e da recolocao do ser humano no centro da produo, de acordo com Miranda (2004, p.113) passou-se a falar de competncias, e no mais de qualificao para um emprego ou um determinado posto de trabalho. O ser humano, com suas caractersticas mais completas que passa a interessar. O dicionrio Aurlio, de acordo com Ferreira (2008), apresenta a seguinte definio para competncia: qualidade de quem capaz de apreciar e resolver um certo assunto, fazer determinada coisa, capacidade, habilidade, aptido, idoneidade, indicando que o termo empregado no contexto de resoluo de problemas.

19 Atualmente, ser competente, com base no senso comum, ser capaz de realizar algo de forma eficiente e eficaz. Ser competente impe mudanas na forma de trabalho e tambm nas relaes do trabalhador com sua organizao. Para Zarifian, nas palavras de Miranda (2006),A competncia est centrada na mudana de comportamento social dos seres humanos em relao ao trabalho e sua organizao. No se trata mais da qualificao para o emprego, e sim da competncia de um indivduo manifestada e avaliada na sua utilizao em situaes profissionais (ZARIFIAN, 2000 apud MIRANDA, 2006, p. 106).

Santos contextualizando vrios autores apresenta a seguinte formulao para o termo competncia:a competncia pode ser entendida como um conjunto de conhecimentos tericos, prticos e intuitivos que envolvem comportamento tico e moral, os quais so adquiridos ao longo da vida e empregados na realizao de uma determinada ao em um determinado contexto profissional. Esta se caracteriza como um processo, est ligado a pessoas e seus resultado podem ser avaliados (SANTOS, 2010, p. 51).

A competncia um saber agir responsvel e reconhecido que implica, mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor (FLEURY; FLEURY, 2001, p. 21 apud MIRANDA, 2004, p. 117), implicando em uma atitude social e pessoal do profissional em assumir responsabilidades de forma consciente e crtica, sendo essencialmente prtica (ZARIFIAN, 2001 apud MIRANDA, 2004, p. 117), a qual tem por atributos principais: iniciativa, responsabilidade, inteligncia prtica, conhecimentos adquiridos, transformao, diversidade, mobilizao dos atores e compartilhamento. Para se ter competncia no basta ter apenas habilidades, to pouco apenas conhecimento. A competncia mobilizao para uma determinada finalidade, o agir, ter virtudes e valores voltados para o auto-desenvolvimento. Assim podemos sintetizar a compreenso de competncia, no contexto dessa pesquisa, como a mobilizao de conhecimento para a resoluo de um problema numa situao autonomia. prtica, envolvendo iniciativa, responsabilidade e

20 O exerccio da docncia por meio do desenvolvimento de competncias implica promover um ensino que seja capaz de dotar os alunos de saberes, capacidades e informaes de forma que eles possam por meio desses instrumentos solucionar com pertinncia e eficcia uma srie de situaes-problema (PERRENOUD, 2000, p. 19). Trata-se de faz-los conseguir mobilizar o que aprenderam em situaes reais, no trabalho e fora dele. Ao discutir o processo de ensino por meio do desenvolvimento de competncias no mbito da atual sociedade da informao e na promoo do conhecimento que dote o aluno de tais saberes, torna-se necessrio compreender como vem evoluindo e o que vem sendo proposto para estimular a construo da competncia informacional. 2.3 A Competncia Informacional

A expresso information literacy ou competencia informacional surgiu nos Estados Unidos, na dcada de 70 segundo Dudziak (2003), criada pelo bibliotecrio americano Paul Zurkowski, em meio a profuso de informaes que demandavam novas tecnologias para viabilizar o acesso, e sobretudo de indivduos capazes e com competncias para lidar com o crescente universo informacional. Paul Zurkowski, em 1974, encaminhou a National Commission on Libraries and Information Science (NCLIS), o relatrio The information service environment relationships and priorities. No relatrio constava a proposta fundamentada para criao de um programa nacional cujo objetivo era a capacitao da populao no desenvolvimento de competncia informacional para a prxima dcada (HATSCHBACH, 2002). Dudziak (2001, p. 22) relata que na viso de Zurkowsky (1974) fundamental que a Information Literacy v alm da instituio Biblioteca e que deva ser popularizada. A partir da formulao de Paul Zurkowski sobre Information Literacy o conceito comeou a ser desenvolvido e discutido por outros autores. Campello (2006, p. 3) retrata que em 1983, aps a publicao de um relatrio que traava um diagnstico da educao norte-americana indicando

21 problemas de aprendizagem, existentes naquela dcada, sem que as bibliotecas fossem mencionadas como recurso pedaggico, ocorreu uma grande reao dos bibliotecrios americanos.A excluso gerou forte reao da classe que, por meio de uma srie de iniciativas, procurou ressaltar sua capacidade em contribuir para a aprendizagem, especialmente no que dizia respeito ao ensino de habilidades de pesquisa, de uso da biblioteca e das fontes de informao. O termo competncia informacional foi ento usado para designar o conjunto dessas habilidades, que se faziam necessrias, especialmente em uma sociedade caracterizada por um ambiente informacional complexo (CAMPELLO, 2006, p.3)

De acordo com Campello (2003, p.2) a information literacy foi o grito dos bibliotecrios americanos, na busca de melhorias da imagem da biblioteca, removendo o desprestigio que a cercava na poca. Todo esse movimento resultou no incremento das publicaes sobre o tema competncia informacional, bem como na publicao do relatrio Presidential Committee on Information Literacy da American Library Association (ALA) em 1989 . Segundo Campello (2006, p. 4) o relatrio destacava a necessidade de desenvolver nas pessoas a competncia informacional. Geralmente trabalhado e discutido no contexto da capacitao de usurios de bibliotecas, cada vez mais este assunto ganha vulto e importncia entre os profissionais da informao, no s no mbito da capacitao de usurios de bibliotecas, mas tambm no da Sociedade da Informao. Tal importncia ficou demonstrada quando o Congresso da IFLA, realizado em Buenos Aires, em agosto de 2004, colocou a information literacy como um de seus temas principais. A competncia informacional est em franca avaliao e debate segundo vrios autores, pois de acordo com Vitorino e Piantola (2009) [...] trata de uma discusso relativamente nova dcada de 90 do sculo XX, no que diz respeito Cincia da Informao [...] , em expanso, catalizada e potencializada pelo nosso momento social de uso de TICs e expanso informacional. Para Webber e Johnston (2000) apud Laipelt (2007, p. 37), uma pessoa competente em informao aquela que tem habilidade analtica e crtica para formular questes de pesquisa e avaliar resultados, bem como habilidade para pesquisar e acessar vrios tipos de informao com o objetivo de satisfazer as suas necessidades. Bruce (2003, p. 289) apud Laipelt (2007, p. 37), por sua vez, entende

22 a competncia informacional como [...] um conjunto de habilidades para localizar, manejar e utilizar a informao de forma eficaz para uma grande variedade de finalidades. De acordo com Bruce, trata-se [...] de uma habilidade genrica, muito importante, que permite s pessoas enfrentar com eficcia a tomada de decises, a soluo de problemas ou de investigaes. A American Library Association (ALA), segundo Silva et al. (2005) conceitua information literacy como:a capacidade de saber quando uma informao necessria, ser capaz de identificar, localizar, avaliar e usar de forma eficaz tal informao para para a questo ou problema que se tenha em mos (traduo nossa) (SILVA et al. , 2005).

O termo competncia informacional, em seu sentido amplo como um movimento de transformao, deve ser tratado no singular, pois de acordo com Vitorino (2009), trata-se de:um movimento profundo, capaz de afetar o conjunto do corpo social e que por isso deve ser tratada no singular (competncia e no competncias no plural) e, a partir dela, reconhecidas faces ou dimenses que a caracterizam e que se completam num movimento transformador histrico e complexo e no por competncias (no plural) departamentalizadas e relacionadas viso restrita de adaptao ao mercado de trabalho (VITORINO, 2009, p. 50).

Trata-se de um processo que torna uma pessoa competente em informao, ou seja, um information literate" segundo o conceito da American Library Association (ALA), no contexto da Sociedade da Informao. Esse processo de acordo com Taparanoff, Suaiden e Oliveira (2002, p. 2), tem a finalidade de estimular as pessoas, e particularmente neste estudo, os alunos e professores do ensino superior, para o aprendizado ao longo da vida. Para melhor compreender a conceituao internacional, de vrio autores, sobre a competncia informacional Santos (2010) elaborou o quadro 1.

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Quadro 1: Conceitos de Competncia Informacional de autores estrangeiros. Fonte: Santos (2010) , baseado em Hatschbach (2002) e Dudziak (2003).

24 De forma semelhante Santos (2010) elaborou um resumo dos conceitos sobre competncia informacional de autores brasileiros, conforme o Quadro 2.

Quadro 2: Conceitos de Competncia Informacional de autores brasileiros. Fonte: Santos (2010) .

A dcada de 1970 foi marcada pelo reconhecimento de que a informao essencial sociedade e que portanto, novas habilidades seriam necessrias para a utilizao da mesma. A dcada de 1980 marcada pela influncia da tecnologia da informao, a qual configurou uma nfase instrumental e restrita da information literacy. Finalmente a dcada de 1990 marcada pela busca de fundamentao terica e metodolgica para a information literacy, com a implementao de diversos programas educacionais pelo mundo e o estabelecimento de vrias organizaes. A information literacy ganha dimenses universais.

25 A literatura nacional e internacional contemplam vrios conceitos sobre competncia informacional e sobre o que ser uma pessoa competente em informao. Desde o surgimento desse conceito at a atualidade, conforme observado por Hatschbach (2002, p. 22) apud Santos (2010), ocorre um somatrio de ideias e no a substituio de formulaes. As propostas conceituais no se excluem. Na verdade so complementares. No Brasil, os trabalhos precursores sobre a temtica da Competncia Informacional foram realizados por bibliotecrios que desenvolveram estudos relacionados a educao de usurios. Vrios trabalhos, a maioria da dcada de 80, podem ser considerados como sementes da Competncia Informacional no Brasil (DUDZIAK, 2001, p.52). Na busca de uma ampla compreenso com foco na realidade do Brasileira, j que o conceito foi difundido a partir de publicaes numa perspectiva europia e norte-americana, Dudziak (2003) concebeu uma abordagem integrada da Competncia Informacional, que relaciona trs concepes. A Figura 2 demonstra as concepes identificadas por Dudziak, assim como as suas correlaes com o ambiente.

Figura 2 : Diferentes concepes de Competncia Informacional Fonte: Dudziak (2003, p.31)

26 Dudziak afirma que a informao um conceito chave para todos os segmentos da sociedade. Ela considera que ser bem informado passa a ser um indicador de sintonia com o mundo. O Quadro 3 apresenta a caracterizao e os componentes conceituais da Information Literacy, de acordo com Dudziak (2003).

Competncia Informacional Caracterizao Processo de aprendizado contnuo. Transdisciplinar (envolve a incorporao de habilidades, conhecimentos e valores pessoais e sociais). Envolve informao, conhecimento e inteligncia. Permeia o fenmeno da criao, resoluo de problemas e/ ou tomada de decises. Componentes conceituais Processo investigativo. Aprendizado ativo e independente. Pensamento crtico. Aprender a aprender. Aprendizado ao longo da vida.

Quadro 3: Caracterizao e componentes conceituais da Information Literacy Fonte: Dudziak (2003, p.31)

Para Miranda (2004, p. 113) a Competncia Informacional um tipo de competncia a ser desenvolvida nos mais diversos tipos de trabalho e nas mais diversas organizaes. O termo competncia informacional adotado neste estudo foi definido por Dudziak (2002, p. 2) como [...] o processo de interiorizao de valores, conhecimentos e habilidades ligadas ao universo informacional e competncia informacional. De acordo com Duziak (2003, p. 24) o emprego da expresso competncia informacional, para traduzir information literacy, parece ser a mais adequada em funo de sua definio voltar-se a um saber agir responsvel e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor, direcionados informao e seu vasto universo.

2.4 A Educao para competncia informacional

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A partir desse movimento mundial de bibliotecrios preocupados e conscientes da necessidade de mudana na relao biblioteca-aprendizagem na sociedade da informao, teve origem um novo conceito, a information literacy, caracterizado especialmente pelo acesso informao em redes. Segundo Le Coadic apud Silva et al. (2005, p. 32), essa nova proposta conceitual originou ainda outro conceito denominado ento de information literacy education, ao reconhecer que information literacy uma questo de educao, sendo ento tratada como educao para a informao. Tal conceito, de acordo com Virkus apud Silva et al. (2005, p. 34), emergiu com o advento das TICs no incio dos anos 70, sendo considerada a competncia mais essencial para o sculo XXI. A importncia de tal competncia, na atual Sociedade da Informao foi tamanha, que o Departamento de Educao dos Estados Unidos incluiu essa competncia no seu plano de educao em tecnologia, como objetivo, desde o ano 2000. Na educao o emprego de tecnologias digitais oferece uma diversidade de informaes, abrindo espao para a interatividade e colaborao, ao passo que modificam os papis atualmente desempenhados pelos professores e alunos no processo ensino-aprendizagem. O emprego desses novos meios de acesso a informao viabilizam a autonomia do aprendiz e uma nova forma de atuar por parte do professor: agora como orientador, reconhecendo a experincia prvia do aluno, seus interesses, estilos e ritmos de aprendizagem diferenciados. A utilizao de tecnologias digitais encoraja nos professores o uso de metodologias de aprendizagem centradas no estudante, defendida pela teoria construtivista (Piaget). Esta teoria apresenta a noo de que os estudantes so capazes de buscar, analisar e selecionar informaes por conta prpria, e apropriarse delas a partir de seus conceitos prvios. No processo educacional mediado por tecnologia necessrio realizar a mediao da Informao. A mediao explicitada aqui pode ser compreendida como o apoio pedaggico no processo de ensino/aprendizagem para a busca de informao de qualidade. Trata-se de uma metodologia pedaggica para realizar a mediao da informao no processo educacional mediado por tecnologia. Tal

28 modelo de mediao tem o enfoque no desenvolvimento das habilidades em informao, com vistas a permitir que o individuo aprenda a informar-se.Os ambientes de estudo devem ser interativos, centrados nos alunos, dinmicos e mais criativos, para assegurar que os estudantes determinem seus prprios caminhos de aprendizagem e, assim, obtenham um pensamento crtico e criativo, bem como habilidades de aprendizagem permanente (OLIVEIRA, 2003 - p. 84).

Oliveira (2003, p. 85) destaca que a Educao ser revitalizada mediante as novas formas de aprendizagem permitidas pelas NTICs, para ajudar os estudantes a se tornar eficientes aprendizes na era da informao. Segundo ela, para que essas mudanas ocorram necessrio considerar o seguinte:o ensino deve estar baseado em recursos de informao do mundo real; deve ser interativo e integrado, em vez de passivo e fragmentado; deve ser colaborativo e compartilhado; deve utilizar-se das novas ferramentas tecnolgicas.

Segundo Lvy (1999, p. 96), novos paradigmas redefinem a prpria relao do sujeito com o saber, pois indicam a necessidade de aprendizagens permanentes e personalizadas com o uso da web (Internet), demandando do professor capacidade de orientao para o bom aproveitamento do espao digital, o incentivo a aprendizagens cooperativas e a inteligncia coletiva nas comunidades virtuais, alm de gerenciamento dinmico das competncias. Consideramos que dentre as competncias descritas por Lvy esto as competncias informacionais. As pessoas competentes em informao so aquelas que aprendem a aprender, sendo assim necessrio que a educao insira esse aprendizado nos seus currculos, pois information literacy uma questo de educao. Considerando-se que em nossa sociedade digital a informao ou o conhecimento podem estar disponveis nas redes ao alcance de todos fica evidente que o processo educativo no est mais restrito aos espaos formais como a Escola (em todos os nveis). Le Coadic observa que:O montante de informao na Internet leva que se proponham questes sobre as habilidades necessrias para aprender a se informar e aprender informar, sobre onde adquirir informao e chama a ateno de que essa aprendizagem totalmente

29inexistente no sistema de ensino (LE COADIC apud SILVA et al. , 2005, p. 33).

O processo de desenvolvimento de competncias informacionais perpassa dois momentos distintos. O primeiro consiste em desenvolver no aluno a aprendizagem para o uso das TICs. O segundo mais abrangente, pois alm de saber utilizar as TICs e por meio delas buscar informaes, necessrio ter compreenso das informaes obtidas e ao utiliz-las modificar o seu arcabouo cognitivo e sua criticidade enquanto cidado da sociedade da informao. Na Sociedade da informao, observa-se o professor, envolto em possibilidades de conectividade e novas tecnologias, atua dentro do contexto escolar na busca, tratamento e socializao de informaes, dados e contedos, a todo instante. Pode-se considerar o professor como um potencial profissional da informao, pois no ambiente educacional ele no mais o referencial de conhecimento (centro do saber), mas sim um mediador do acesso informao de qualidade, pois est diuturnamente, elaborando, transformando e disseminando conhecimento. este profissional que socializa informaes para o aprendizado transformador, para o desenvolvimento de competncias e contribui para a formao dos indivduos de uma sociedade. Takahashi (2000, p. 45) argumenta que a Educao o elemento chave na construo de uma sociedade baseada na informao, no conhecimento e no aprendizado.

30 2.5 A Competncia Informacional no Ensino Superior O estudo de usurios da Biblioteca da Universidade de Colorado, em Denver no E.U.A, realizado por Patricia Breivik em 1985, modificaram o contexto e a forma de atuao do educacional do bibliotecrio, indicando que a competncia informacional deveria ser a principal atividade educacional a ser desenvolvida no Ensino Superior a partir daquele momento (DUDZIAK, 2003). No ano de 1989, em seu relatrio a American Library Association (ALA), ressaltava a importncia da Competncia Informacional para indivduos, trabalhadores e cidados, destacando o papel da informao na tomada de decises e resoluo de problemas, chamando a ateno para um novo formato de aprendizado, que aproximasse a sala de aula da biblioteca (DUDZIAK, 2001). A Competncia Informacional no est ligada exclusivamente aos Profissionais de Informao, uma vez que ela necessria a qualquer atividade profissional, especialmente aquelas baseadas intensivamente em informao (MIRANDA, 2004). Naquela poca j havia ficado evidente que as necessidades de aprendizado dos alunos no estavam mais sendo atendidas apenas com livros textos e materiais disponveis na biblioteca, sendo necessrio, dar condies para que ampliassem seu aprendizado de maneira mais eficaz, independente e autnoma. Dudziak (2010, p. 18) refora esta questo afirmando que a busca pela informao vai (e muito) alm do uso da biblioteca e seus recusos. A passagem do tempo conduziu a ampliao do tema competncia informacional e despertou o interesse de professores, psiclogos, coordenadores de curso e diretores, alm dos bibliotecrios e profissionais da informao (HATSCHBACH, 2008; DUDZIAK, 2010). De acordo com DOYLE (1994) apud Dudziak (2010, p. 7) a competncia informacional no trata somente de achar a informao, mas de us-la para motivar o aprendiz. O Quadro 4, adaptado do trabalho de Dcia (2005, p. 88), demonstra a reunio de reflexes com o objetivo de facilitar a visualizao desses aspectos relevantes para a implementao da Competncia Informacional no Ensino Superior no Brasil e por consequncia o seu desenvolvimento.

31 Pode-se verificar diferentes nveis da Competncia Informacional sistematizados por Dudziak. Observa-se um crescimento no desenvolvimento da competncia informacional, indicado pela seta azul, assim como das concepes pedaggicas do paradigma educacional, indicado pela seta amarela. Assim o 1 nvel, o da Informao e o seu correspondente na concepo pedaggica, o paradigma educacional tradicional, representam um momento inicial (mnimo) que deve ser dominado pelo indivduo / aprendiz. O 2 nvel, o do Conhecimento na concepo da Competncia Informacional e o Alternativo na concepo educacional, privilegiam a aprendizagem por meio da percepo de um indivduo aprendiz que est em um patamar intermedirio. Finalmente o 3 nvel, o do Aprendizado, tanto na concepo da Competncia Informacional como na Educacional, representam um patamar mais elevado, ligados construo de redes de significados em uma dimenso social.

Quadro 4: Comparativo entre as Concepes da Competncia Informacional e as Concepes Pedaggicas Fonte: Adaptado de Dcia (2005, p. 88)

possvel perceber, a partir do Quadro 4, a busca de resultados, independentemente do estgio em que est o sujeito neste processo de crescimento intencional, considerando-se sempre o objetivo de atingir patamares maiores no desenvolvimento de Competncia Informacional com foco no sujeito e no seu

32 processo de aprendizagem em uma perspectiva construtivista e relacional (DCIA, 2005). Dudziak (2002, p. 7-8) apresenta uma comparao entre a educao tradicional e a educao voltada para a informao (Quadro 5), por meio da qual pode-se perceber o distanciamento do Brasil da realidade necessria e ideal que a Sociedade Informacional, comum em vrios pases do mundo.

Quadro 5: Comparao entre a educao tradicional e a voltada para a Competncia Informacional. Fonte: Fonte (Dudziak, 2002, p.7.8)

possvel destacar, a partir da coluna que aborda a educao voltada para a Competncia Informacional, alguns itens que caracterizam essa abordagem: o aprender a aprender, o aprendizado como processo e com abordagens flexveis, a experimentao, o professor facilitador, a significao da informao, a produo e transferncia de informao, a biblioteca com ambiente de aprendizado e a cooperao e dilogo entre os setores (informacional e educacional).

33 O modelo tradicional impe barreiras a implementao de novos modelos de educao e o grande desafio est na superao desses paradigmas, por meio da insero do aprendizado de Competncia Informacional no ambiente acadmico, de forma ampla com a unio entre administradores, coordenadores, docentes, bibliotecrios, tcnicos e estudantes, e no apenas em disciplinas ou capacitaes (DUDZIAK, 2002, p.9). A melhoria da efetividade do Ensino Superior poder ser potencializada com a disseminao de programas para a promoo e o desenvolvimento de competncia informacional de alunos e professores, pois segundo Dudziak (2010, p.18) este um assunto que permeia todo e qualquer processo de aprendizado, investigao, criao, resoluo de problemas e tomada de deciso o qual extrapolou os limites da biblioteconomia transformando-se em um movimento transdisciplinar mundial. Vrios pases esto desenvolvendo e aplicando projetos que buscam compreenso do comportamento informacional dos estudantes do Ensino Superior e o desenvolvimento de Competncia Informacional, inserindo tal formao nas polticas e programas educacionais de suas IES. Esses projetos conduzem experincias de integrao da Competncia Informacional no Projeto Pedaggico do Curso em diversas disciplinas, no uso do mtodo de 'Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP)'2 e no desenvolvimento das habilidades dos prprios docentes. Podemos destacar alguns projetos, tais como:

Na Comunidade Europia (2009) - Study on assessment criteria for Na Universidade de Washington, DC, EUA (2009) - Project

media literacy levels3;

Information Literacy (PIL): a large-scale study about early adults and their research habits4;2

Resource Based Problem (RBP) Estratgia didtica que tem como centro o aluno, a qual faz da busca da resoluo de um caso-problema, englobando os conhecimentos essenciais do currculo, um elemento motivador e integrador do aprendizado (Hatschbach e Olinto, 2008, p.25). 3 O estudo foi realizado por um consrcio do European Association for Viewers Interests (EAVI) em 2009. O objetivo do estudo foi analisar os critrios mais adequados para a avaliao dos nveis media literacy e apresentar Comisso um conjunto de critrios. Disponvel em: . 4 Desenvolvido inicialmente na Universidade de Washington (USA) em 2008. Congrega atualmente 25 universidades/faculdades dos Estados Unidos. Busca conhecer os hbitos dos estudantes de graduao com relao ao uso das TICs e busca e uso da informao. Utiliza questionrios. Disponvel em: .

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O projeto ECAR (Educase)5; Na Universidade do Porto CETAC.MEDIA, Portugal (2010)

Projeto eLit.pt6. No Brasil, o projeto CIMES (Competncia em Informao e Mdia no Ensino Superior), tem por objetivo fornecer estrutura para o desenvolvimento de programas educacionais que tenham a competncia em informao e a competncia miditica como uma aplicao transversal no Ensino Superior (DUDZIAK, 2010, p. 1). Dudziak (2003) apud Dcia (2005, p. 87) indica que a implantao de Competncia Informacional no Ensino Superior tem relao direta com a misso da instituio de ensino e sua proposta curricular, assim como as polticas pblicas que favoream a validao do conceito no Brasil. As afirmaes apresentadas conduzem reflexo sobre a superao de vrios paradigmas no ambiente acadmico para que se possa ter a insero dos alunos do Ensino Superior na Sociedade da Informao, como um trabalhadores ticos, cr