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Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção

do grau de Mestre em Ciências da Educação, realizada sob a orientação científica da

Profª. Doutora Maria do Carmo Vieira da Silva

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A minha querida filha Alsónia,

por tudo o que representa para mim.

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AGRADECIMENTOS

No final deste trabalho não posso deixar de expressar o meu sincero

agradecimento às pessoas que, directa ou indirectamente, concorreram para a

concretização desta investigação. Assim, as minhas palavras de apreço e gratidão vão

para:

- A minha orientadora, Professora Doutora Maria do Carmo Vieira da Silva pela

compreensão, apoio e orientação em todas as fases desta investigação. O meu

agradecimento pelos conselhos e orientações metodológicas e pelas críticas e sugestões

relevantes feitas durante a orientação.

- A minha família pelo incentivo, apoio e amizade demonstrados ao longo destes

anos.

- A todas as pessoas que deram o seu contributo nas pesquisas, nas orientações,

nas palavras amigas, ao Adilson Tavares, Suzano Costa, Ludgero Teixeira, Jeff Hessney,

Maria Fernandes, Celinha Monteiro e Sueellen Veiga.

- A direcção do Liceu Amílcar Cabral e aos professores inquiridos pela

imprescindível colaboração na realização desta investigação.

Obrigado a todos.

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A DIVERSIDADE CULTURAL NO ENSINO SECUNDÁRIO EM CABO VERDE: NOVOS

DESAFIOS EDUCATIVOS E CURRICULARES

ESTUDO DE CASO

CULTURAL DIVERSITY IN SECONDARY EDUCATION IN CAPE VERDE: NEW

EDUCATIONAL AND CURRICULAR CHALLENGES

CASE STUDY

RESUMO

As alterações sentidas na caracterização da população escolar transformam a

escola num lugar de encontro e de diálogo de culturas, exigindo que ela, enquanto

instituição responsável pela igualdade de oportunidades de todos os alunos que a

frequentam, as valorize e seja sensível aos seus valores. No contexto cabo-verdiano, a

diversidade cultural é uma realidade nova que impõe exigências à sociedade e à escola

em particular.

O trabalho desenvolvido no presente estudo tem por objectivo verificar em que

medida os professores do ensino secundário em Cabo Verde se sentem preparados para

lidar com a diversidade cultural dos alunos nas escolas. Tendo em atenção os objectivos

propostos para este estudo, optámos por elaborar e aplicar um questionário a noventa e

oito professores do ensino secundário de um Liceu em Cabo Verde.

Os resultados deste estudo apontam para a identificação dos inquiridos quanto à

diversidade cultural existente na escola. Observa-se, contudo, o reconhecimento por

parte dos inquiridos relativamente à importância da formação em educação

multi/intercultural na escola, associada aos novos desafios colocados pelas mudanças

sociais e culturais da sociedade e da escola, em particular, bem como a fraca presença

dos conteúdos relacionados com a diversidade cultural nos currículos escolares e no da

formação dos professores.

PALAVRAS-CHAVE: Diversidade Cultural; Alunos do Ensino Secundário; Formação

docente; Cabo Verde

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ABSTRACT

The alterations seen in the characterization of the student body have transformed

the school into a place for the meeting and dialogue of cultures, requiring it, as the

institution responsible for guaranteeing equal opportunities for all students attending it,

to give them all their due worth and remain sensitive to their values. In the Cape Verdean

context, cultural diversity is a new reality that places demands on society and on schools

in particular.

The objective of the work developed in the present study is to determine to what

degree secondary school teachers in Cape Verde feel prepared to deal with students’

cultural diversity in schools.

Keeping attention focused on the objectives proposed for this study, we opted to

elaborate and submit a questionnaire to 98 secondary school teachers from a high school

in Cape Verde.

The results of this study indicate that the respondents are able to identify the

cultural diversity that exists in the school. Also observed, however, was the respondents’

acknowledgement of the importance of training in multi/intercultural education in the

school, associated with the new challenges being posed by the social and cultural changes

in society and in the school, in particular, as well as the sparse presence of contents

related to cultural diversity in school and faculty training curricula.

KEY WORDS: Cultural diversity; Secondary school students; Faculty training; Cape

Verde

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INTRODUÇÃO

Cabo Verde é um país insular Africano, formado por dez ilhas. Está localizado no

Oceano Atlântico, a 640 km a oeste de Dakar- Senegal. A posição estratégica das ilhas nas

rotas que ligavam a Europa e América e ao resto da África contribui para o facto de essas

serem utilizadas como rota de escravos. A história do país está inevitavelmente ligada à

dinâmica migratória.

A diversidade cultural e diferenças linguísticas de cada ilha, o regresso de ex-

emigrantes e dos seus filhos, os investidores turísticos estrangeiros, são aspectos que

realçam o cenário multicultural em Cabo Verde. No entanto, apesar de sempre receber

estrangeiros, a partir da década de 90, com a instauração da democracia e a entrada em

vigor do Protocolo da Livre Circulação de Pessoas e do Direito de Residência e de

Estabelecimento dos nacionais da comunidade da CEDEAO (Comunidade dos Estados da

África Ocidental), assinado em Dakar em 25/05/1079 e ratificado por Cabo Verde em

1982, pela Lei nº18/II/821 que facilita a mobilidade na região da CEDEAO o número dos

imigrantes nos últimos anos aumentou significativamente.

De acordo com os dados definitivos do Censo 20102 actualmente Cabo Verde tem

uma população de 491.875 habitantes, com uma taxa de crescimento médio anual de

1,2% (2,4% entre 1990 e 2000). Ilhas com crescimento resultante da actividade turística e

afins tiveram um crescimento médio muito elevado (valores mais elevados registaram-se

na Boavista e no Sal: 7,8% e 5,5% respectivamente). Dos 491.683 residentes, 14.373 são

estrangeiros (2,9% da população). Destes, 10.306 são Africanos (71,7%), 1.100 são

Americanos (7,7%), 498 são Asiáticos (3,5%), 23 são da Oceânia (0,2%) e os Europeus com

2446 correspondente a (17%) da população estrangeira.

1 Protocolo A/A1/5/79 publicado em 7/06/1982, Lei n.º18/II/82. (B.O. n. º18,4e Suplemento). O prazo da

implementação da fase II (Direito de Residência) expirava no dia 4 de Junho de 1990. A partir daí passava-se à fase III (Direito de Estabelecimento (CEDEAO, Definições-Suplementar-A-SP2-5-90.pdf). 2 Instituto Nacional de Estatística. Apresentação dos dados definitivos do Recenseamento Geral da

População e habitação (RGPH, 2010) apresentado na Praia em 30 de Março de 2011.

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aulas actuais cruzam-se estudantes de meios familiares diversificados, de

diferentes realidades socioeconómicas, culturais, linguísticas; de diferentes raças, cor da

pele, género, convicções religiosas, ritmos e estilos de aprendizagens entre outras. O

Sistema Educativo Cabo-verdiano terá que adapta-se a essa realidade.

Questões e motivação para o estudo

Em Novembro de 2001, a Assembleia Geral das Nações Unidas adoptou a

Declaração Universal da UNESCO em Diversidade Cultural. Depois a ONU proclamou o dia

21 de Maio como o Dia Mundial da Diversidade cultural para o Diálogo e o

Desenvolvimento por meio da Resolução 57/249.

Assim, tendo em conta contexto da diversidade cultural a nível mundial e

consequentemente nas escolas Cabo-verdianas os educadores não podem continuar a

direccionar as suas práticas para um padrão único de aluno, de currículo e de estratégias

pedagógicas. É fundamental que eles apostem em teorias e práticas pedagógicas

inclusivas, capazes de oferecer oportunidades de aprendizagem para todos, concebendo,

igualmente, as diferenças como uma vantagem para optimizar o processo educativo e

não como uma obstáculo a própria aprendizagem.

Para Moreira (2001, pp.39-52), “é impossível pensar numa educação multicultural

sem que nos questionemos sobre o professor e sua formação”.

Esta formação tem uma grande importância na forma de actuação dos

professores. Estamos de acordo com Pereira (2004, p. 12) quando sublinha que a

formação dos professores para a educação multicultural “reveste-se de uma grande

importância crucial e exige a utilização de metodologias activas e a participação em

projectos de inovação curricular. Essa formação deve centrar-se, não apenas no acesso à

informação e ao conhecimento sobre teorias, modelos e estratégias de educação

multicultural, mas também no desenvolvimento de atitudes e valores que tornem os

professores sensíveis face aos preconceitos, aos estereótipos, às injustiças, ao racismo e à

discriminação”.

Uma das formas de possibilitar essa formação é questionando o próprio currículo

dos cursos em que tais professores são formados, dai a escolha do tema: A diversidade

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cultural no ensino secundário em Cabo Verde: novos desafios educativos e curriculares -

Estudo de caso.

A escolha desse tema prende-se também com o facto de ser um assunto bastante

actual que assume uma importância saliente para a educação. Entretanto, constatamos

que muitos docentes, na sua missão educativa, ainda sentem inúmeras dificuldades em

gerir esta diversidade presente na sala de aula. Um outro aspecto que justifica o estudo

está relacionado com o facto de ter leccionado neste sistema de ensino e ter detectado

lacunas a nível da instrução dos alunos relativamente a consciência multicultural, acredito

que um dos factores que acentua esta lacuna é a falta da formação dos professores sobre

a diversidade cultural nas escolas.

O conceito de multiculturismo surgiu primeiramente em Países com forte tradição

cultural, marcados pela presença de comunidades imigrantes, como Estados Unidos da

América, Canadá e Austrália, que são países habitados por populações de diferentes raças

e etnias onde a descriminação relativas a cor de pele são constantes.

O conceito de multiculturalismo é polissémico. De acordo com Nenevé e Pansini

(2008, p. 32) para a maioria dos autores (Santos, 2003; Gonçalves & Silva 2006; Hall

2006), “o termo multiculturalismo abarca diferentes definições e perspectivas que se

contradizem”. Hall (2006, citado por Nenevé & Pansini, 2008) apresenta a seguinte

definição: Multicultural é um termo qualitativo. Descreve as características sociais e os

problemas de governabilidade apresentados por qualquer sociedade na qual diferentes

comunidades culturais convivem e tentam construir uma vida em comum, ao mesmo

tempo em que retêm algo de sua identidade original. Em contrapartida, o termo

“multiculturalismo” é substantivo. Refere-se às estratégias e políticas adoptadas para

governar ou administrar problemas de diversidade e multiplicidade gerados pelas

sociedades multiculturais. É usualmente utilizado no singular, significando a filosofia

específica ou a doutrina que sustenta as estratégias multiculturais (p.32).

Segundo Santomé (2008, p.22) o termo multiculturalismo inicialmente, “surge

ligada a uma luta de igualdade de oportunidades”.

Vivemos em sociedades multiculturais, marcadas pela pluralidade e também pela

desigualdade. Nesse contexto, ganha relevância o multiculturalismo – cujo conceito é

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normalmente definido como o de um campo teórico, prático e político, voltado à

valorização da diversidade cultural e ao desafio aos preconceitos (Canen, 2000; Canen &

Oliveira, 2000; Canen & Moreira, 1999, 2001; Candau, 1998, 2008; Canen & Xavier, 2005;

Silva, 2008).

Com a existência de várias culturas num país, torna-se necessário um processo de

interacção entre essas culturas. É esse processo que se designa de interculturalismo. Para

Damázio, (2008, p.76), “a proposta intercultural surge no sentido de colmatar o vazio

deixado pelo multiculturalismo”. Neste sentido, podemos dizer que o interculturalismo é

um complemento a multiculturalismo. Portanto, estes dois termos estão intimamente

ligados. Silva, (2008, p.37) refere que “a interculturalidade expressa o contacto entre

culturas numa sociedade multicultural”. Para Walsh (2001, citado por Candau, 2008, p.52)

a interculturalidade é “[...] um processo dinâmico e permanente de relação, comunicação

e aprendizagem entre culturas em condições de respeito, legitimidade mútua, simetria e

igualdade. Um intercâmbio que se constrói entre pessoas, conhecimentos, saberes e

práticas culturalmente diferentes, buscando desenvolver um novo sentido entre elas na

sua diferença. Um espaço de negociação e de tradução onde as desigualdades sociais,

económicas e políticas, e as relações e os conflitos de poder da sociedade não são

mantidos ocultos e sim reconhecidos e confrontados. Uma tarefa social e política que

interpela o conjunto da sociedade, que parte de práticas e acções sociais concretas e

conscientes e tenta criar modos de responsabilidade e solidariedade. Uma meta a

alcançar”.

A escola é um local formado por uma população com diversos grupos étnicos, com

seus costumes e suas crenças. Segundo Morin (2001, p. 56), “a cultura é constituída pelo

conjunto dos saberes, fazeres, regras, normas, proibições, estratégias, crenças, ideais,

valores, mitos, que se transmite de geração em geração, se reproduz em cada indivíduo,

controla a existência da sociedade e mantém a complexidade psicológica e social. Não

sociedade humana, arcaica ou moderna, desprovida de cultura, mas cada cultura é

singular. Assim, sempre existe a cultura nas culturas, mas a cultura existe apenas por

meio das culturas”. Diante da diversidade de culturas dentro de diversas culturas é de

competência do professor ter claros os objectivos e resultados que pretendem alcançar.

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Desenvolvendo actividades para que os alunos tenham as mesmas oportunidades, mas

com estratégias diferentes.

Pela revisão da literatura percebemos que é considerável a diversidade de estudos

relativamente a educação na perspectiva multicultural, (Leite,1996, 2010; Moreira, 2001;

Silva, 2008). Estes autores defendem uma atitude integracionista, partindo do paradigma

educativo das diferenças culturais e sociais.

Há uma considerável bibliografia sobre o multiculturalismo, na qual seus aspectos

mais importantes são tratados. Alguns autores como (Canen, 2000; Canen & Oliveira,

2000; Canen & Moreira, 1999, 2001; Candau, 1998, 2008; Canen & Xavier, 2005; Cardoso,

1996; Nenevé & Pansini, 2008; Silva, 2008; Souta, 1997), fornecem uma ampla visão dos

vários aspectos que o envolvem o multiculturalismo, por exemplo, conceitos, definições e

princípios subjacentes a questão. Na perspectiva de implementação de currículo e uma

pedagogia democrática, focalizaremos, autores como, (Pereira, 2003; Leite & Fernandes,

2008; Leite & Macedo,2010), que defendem que devemos fundamentar o currículo no

reconhecimento dessas diferenças que privilegiam nossos alunos de formas evidentes. Na

educação, o multiculturalismo enforma, por exemplo, perspectivas curriculares que

articulam conteúdos específicos a questionamentos sobre a construção de preconceitos e

à valorização da pluralidade cultural.

Questão de partida e objectivos do estudo

A UNESCO (1994, p.6) expressou claramente que: “as escolas devem adaptar-se a

todas as crianças independentemente das suas condições físicas, intelectuais, sociais,

emocionais, linguísticas ou outras. Incluem-se aqui as crianças com incapacidades e

sobredotados, as crianças de rua e vítimas de trabalho infantil, as crianças de populações

nómadas, as crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e as crianças de grupos

desfavorecidos ou marginalizados”.

Sendo assim, para que se possa questionar o modo como a escola tem legitimado

certos saberes apagando de seu currículo ou afastando do seu quotidiano as práticas

pertencentes à cultura dos grupos subalternos é necessário investir, de maneira enfática,

numa formação pedagógica multicultural orientada que resista às tendências

homogeneizadoras que permeiam as políticas educacionais atuais.

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É assim que este trabalho de investigação se propõe debater, em busca de

respostas fundamentadas, o seguinte problema de investigação, que se nos afigura

pertinente e extremamente relevante para a compreensão da questão da diversidade

cultural no sistema educativo Cabo-verdiano:

Em que medida os professores do ensino secundário em Cabo Verde se sentem

preparados para lidar com a diversidade cultural dos alunos nas escolas?

O problema de investigação, assim definido, desafia-nos a abordar, com base nos

pertinentes subsídios do respectivo campo científico-epistemológico, a diversidade

cultural na escola. Constituem, assim, objectivos deste trabalho:

• Saber se os professores se sentem preparados para lidar com a diversidade

cultural na escola;

• Identificar as principais dificuldades dos docentes em lidar com a questão

da diversidade cultural no contexto escolar;

• Compreender se em termos pedagógicos os docentes levam em

consideração a diversidade cultural dos alunos na preparação das aulas;

• Perceber o que é que os Currículos Cabo-verdiano do Ensino Secundário

referem sobre a diversidade cultural;

• Enumerar o que diz a Lei Base do Sistema Educativo Cabo-verdiano, sobre a

formação dos professores do ensino secundário;

• Perceber se os professores sentem necessidade de formação nos domínios

da diversidade cultural;

• Apontar os aspectos a ter em conta no novo cenário multicultural no

quotidiano escolar Cabo-verdiano e na formação dos professores.

Metodologia

Esta investigação é um estudo de caso, e tem como objectivo principal saber se os

professores do ensino secundário em Cabo Verde se sentem preparados para lidar com a

diversidade cultural dos alunos nas escolas.

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Segundo, Yin (1994) define “estudo de caso” com base nas características do

fenómeno em estudo e com base num conjunto de características associadas ao processo

de recolha de dados e às estratégias de análise dos mesmos”.

Será utilizado o método descritivo e recorremos a inquérito por questionário com

perguntas semiabertas como procedimento de recolha de informações para pesquisa

quantitativa cujas premissas estão subjacentes a pesquisas realizadas nas ciências

humanas e sociais que dão bases de sustentação ao tema em estudo. Depois de

previamente validados os questionários serão plicados aos professores. A análise

documental de carácter geral sobre a diversidade cultural na escola e formação dos

professores assim como uma leitura atenta de obras específicas sobre o multiculturalismo

no geral e, no caso concreto de Cabo Verde. O recurso à internet revelou-se importante

para obtenção de dados e acesso a artigos científicos actualizados sobre a diversidade

cultural.

Primeiramente, faremos a recolha dos dados, posteriormente seguirá a análise e

interpretação dos mesmos, ou seja, interpretação de cada uma das unidades, articulando-

as entre si, tendo por objectivo a formulação de hipóteses explicativas do problema ou do

universo estudado. Após a análise e discussão dos dados, serão apresentados as

conclusões e as respectivas recomendações.

Em forma de recomendação, procuraremos alertar as autoridades sobre a

necessidade de implementação no plano curricular, temas relacionados com a

diversidade cultural, como forma de despertar consciência dos professores e alunos para

o assunto. Uma cópia dos resultados do estudo será entregue a escola, para que possa

servir de base para possíveis decisões.

Estrutura da Tese

Considerando aos objectivos do trabalho, procurou-se estruturar os conteúdos de

uma forma coerente, a fim de permitir a necessária interligação entre os diversos

capítulos que a compõem. Sendo assim, o presente trabalho encontra-se estruturado em

cinco capítulos:

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Assim, e para cumprir esse desígnio, a primeira parte deste trabalho centra-se na

apresentação de diferentes perspectivas em torno da multiculturalidade e

interculturalidade no contexto escolar.

Na segunda parte focalizaremos a escola, a diversidade cultural e o professor,

onde procuraremos apresentar os papéis dos diversos intervenientes no processo do

reconhecimento, integração e de aplicação de políticas educativas que favoreçam a

diversidade cultural dos alunos.

Na terceira parte apresentaremos as perspectivas do currículo em contexto de

diversidade cultural e, o que é que os currículos e planos do estudo do Ensino Secundário

Cabo-verdiano dizem sobre a diversidade cultural.

Na quarta parte procura compreender a formação do professor no contexto da

diversidade cultural, e verificar a formação de professores e a Lei de Bases do Sistema

Educativo em Cabo Verde.

A quinta parte que resulta de um estudo de caso efectuado, tendo como base de

amostragem os professores do ensino secundário de um Liceu – Cabo Verde, faz-se a

apresentação da metodologia de investigação, adoptada num estudo extensivo, do qual

abordamos a natureza da investigação e caracterizamos a amostra e respondentes. Como

técnicas de recolha de dados, são utilizados: o inquérito por questionário (n=98)

professores do ensino secundário de Cabo Verde.

I: A MULTICULTURALIDADE E A INTERCULTURALIDADE NO CONTEXTO ESCOLAR

As alterações sentidas na caracterização da população escolar transformam a

escola num lugar de encontro e de diálogo de culturas, exigindo que ela, enquanto

instituição responsável pela igualdade de oportunidades de todos os alunos que a

frequentam, as valorize e seja sensível aos seus valores. Em vários países, particularmente

nos Estados Unidos de América, os grupos de população negra, asiática, povos índios

nativos organizaram-se em várias frentes reivindicando uma política de igualdade de

oportunidade e a eliminação das políticas de discriminação e apartheid. Assim sendo,

Santomé (2008) afirma que: “a educação multicultural surge com reacção à crença no

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monolitismo cultural. A defesa da multiculturalidade assume-se como ponto de partida

nos territórios habitados por diferentes raças e etnias detentoras de uma rica herança

cultural que há que respeitar, manter e fomentar. Esta filosofia está na base das

propostas de educação multicultural” (p.19).

Portanto, o reconhecimento da diversidade cultural, o respeito pela cultura dos

outros é fundamental no processo de igualdade de oportunidades. Afirma Pereira (2004,

p.43) que “a educação multicultural realiza-se no contexto escolar e o currículo é a chave-

mestra de qualquer programa educativo”. Acrescenta ainda que “o currículo

monocultural não faz qualquer sentido e, a manter-se constitui um obstáculo, quer para

os alunos das minorias étnicas, quer para os restantes”. Neste sentido, cabe ao estado

(Ministério da Educação) em concertação com a escola criar currículos que atende a

diversidade cultural e social dos alunos. Uma das grandes missões da escola é criar

condições para a aprendizagem do aluno. A promoção de igualdades de oportunidades

passa para o reconhecimento da diversidade cultural. Se a escola conseguir promover

essa igualdade de oportunidades, já se teria conseguido muito no campo da educação.

Importa referir que não basta a mudança do currículo. Pereira (2004, p.91)

considera que só é possível a educação multicultural “quando são envolvidos todos os

intervenientes no processo educativo”. Silva (2008, p.35) referencia que “o papel dos

professores parece revelar-se decisivo na medida em que o sucesso da educação

multicultural, nas escolas, dependerá, em grande parte, das atitudes, comportamentos,

conhecimentos e destrezas dos mesmos em sala de aula”. Neste sentido, torna-se

necessário também a promoção de programas de formação de educação multicultural

para os professores.

Esta formação tem uma grande importância na forma de actuação dos

professores. Pereira (2004, p.12) sublinha que: “a formação dos professores para a

educação multicultural reveste-se de uma grande importância crucial e exige a utilização

de metodologias activas e a participação em projectos de inovação curricular. Essa

formação deve centrar-se, não apenas no acesso à informação e ao conhecimento sobre

teorias, modelos e estratégias de educação multicultural, mas também no

desenvolvimento de atitudes e valores que tornem os professores sensíveis face aos

preconceitos, aos estereótipos, às injustiças, ao racismo e à discriminação”. Portanto, os

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professores devem reflectir sobre as suas práticas pedagógicas, no sentido de constatar

se realmente estão sensíveis aos preconceitos.

Em 1983, no Conselho da Europa reunido em Dublin, o termo educação

multicultural é substituído pelo de educação intercultural, Silva (2008, p.36).

Quando falamos na educação intercultural referirmo-nos a uma perspectiva

dinâmica e a um conjunto de dimensões transversais a toda educação. A educação

intercultural implica, pela sua etimologia, uma dinâmica entre grupos. A perspectiva

intercultural quer promover uma educação para o reconhecimento do “outro”, para o

diálogo entre os diferentes grupos sociais e culturais. Uma educação para a negociação

cultural. Segundo Santos (2001, citado por Candau, 2002) é: “uma educação capaz de

favorecer a construção de um projecto comum, pelo qual as diferenças sejam

dialecticamente integradas. A perspectiva intercultural está orientada à construção de

uma sociedade democrática, plural, humana, que articule políticas de igualdade com

políticas de identidade” (p.132).

Assim, Rey (1986, citado por Silva, 2008, p.37) considera que as principais linhas

da educação intercultural “incidem na valorização das culturas, dos seus valores, das suas

interacções e do reforço da solidariedade entre os países com diferentes níveis de

recursos. Esta aproximação intercultural implicaria, quer por parte dos países hospedeiros

quer dos de origem, uma atitude receptiva e criativa de toda a comunidade, uma acção

coerente numa estrutura coordenada, exigindo a participação de todos os membro da

comunidade escolar, administradores competentes, professores equipados com um

melhor conhecimento das culturas confrontadas e recursos necessário para a apropriação

de métodos de ensino”.

Na perspectiva de Pereira (2004, p. 26) a educação será intercultural “desde que

se potencialize a inter-relação entre as pessoas de distintas culturas e origens sociais,

garantindo situações de encontro e convivência, mas sem perda da sua identidade.” Na

maioria das vezes, torna-se necessário o uso de uma segunda língua e uma adaptação à

cultura da maioria. Como afirma Fontoura (2005, p. 15), “A educação multicultural, só por

si só não promove a integração”. Nesta perspectiva torna-se necessária uma educação

intercultural com o intuito de facilitar a inter-relações entre as culturas. Todavia, perante

estas situações podemos dizer que o processo de envolvimento ou convívio entre as

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culturas não é fácil. O grupo da cultura de minoria, muitas vezes é influenciado pela

cultura da maioria.

Neste sentido a educação intercultural envolve uma pedagogia intercultural que

promova a igualdades de oportunidades. Rey (1986, citado por Silva, 2008, p.37) realça

que “se a instituição educativa quer estar “centrada no aprendiz” e se considera este na

sua realidade concreta, individual e, em consequência, diversa, não pode ensinar da

mesma maneira a alunos que possuem referências escolares, sociais e culturais

diferentes, sob pena de empobrecer a comunidade. É importante partir do capital cultural

disponível”. Portanto, a educação multi/intercultural traduz na existência de várias

culturas, onde deve haver uma sã convivência entre elas e a promoção para a cidadania

democrática. Esta perspectiva vai ao encontro das propostas contidas no relatório para a

UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o séc:XXI, onde se destaca a

visão de Stavenhagen (2006), “ só uma educação que tenda para uma cultura realmente

cívica, partilhada por todos, poderá impedir que as diferenças continuem a gerar

desigualdades e as particularidades a inspirar inimizades (…) com certeza que o mundo

atingiu actualmente maturidade bastante para ser capaz de fazer despertar uma cultura

cívica democrática fundada nos direitos das pessoas humanas e estimular ao mesmo

tempo. O respeito mútuo das culturas na base do reconhecimento dos direitos colectivos

de todos os povos do planeta, grandes ou pequenos, todos com os mesmos méritos” (p.

223).

Este tipo de educação implica o envolvimento de todos, desde os decisores

políticos, gestores das escolas, professores, família e comunidade. A escola, o seu

ambiente, a sua organização administrativa e pedagógica, têm de se estruturar de modo a

acolherem toda a diversidade dos alunos. Sendo assim no próximo capítulo, vamos

focalizar o papel da escola e dos professores no contexto da diversidade cultural.

II: A ESCOLA, A DIVERSIDADE CULTURAL E O PROFESSOR

Apresentadas algumas perspectivas em torno da multiculturalidade e da

interculturalidade no contexto escolar, constatamos que os diferentes investigadores

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defendem o envolvimento de todos, desde os decisores políticos, gestores das escolas,

professores, família e comunidade, para levar a cabo uma educação global, integradora e

diferenciada que garanta o sucesso educativo e a felicidade de todos os alunos.

Cavaco, (1991) há muito que se defende a escola é uma instituição conservadora,

que funciona em conformidade com o instituído, procurando preservar valores, costumes

e representações. Mas sabe-se, também, que é uma organização que, visando a

continuidade e a coerência, é ainda capaz de abrigar contradições e conflitos pela

introdução de novas ideias, um espaço onde a mudança penetra difusa mas persistente,

através da afirmação dos protagonistas, onde, em resumo, os indivíduos estão em acto,

negociando os seus projectos, tendendo a fazer viver e evoluir a própria estrutura

institucional, (p.190). Estamos de acordo com Giroux (1993, citado por Peres, 2000,

p.118) ao afirmar que “ as escolas não mudam a sociedade, mas podem criar-se nelas

bolsas de resistências que proporcionem modelos pedagógicos para novas formas de

aprendizagem e de relações sociais, formas que possam usar-se noutras esferas mais

directamente implicadas na luta por uma nova moralidade e uma nova visão de justiça

social”.

Assim ao longo do nosso discurso, faremos referência ao papel da escola e dos

professores no contexto da diversidade cultural. Tendo em conta que, a diversidade

cultural dos alunos na escola muitas vezes gera conflitos, focalizaremos a função dos

professores e os problemas multiculturais: tensões e implicações. A diversidade na escola

segundo a legislação em Cabo Verde, torna-se pertinente, tendo em conta que o tema do

trabalho se refere ao nível secundário deste sistema de ensino.

II.1. A Escola e a Diversidade Cultural

A questão da diversidade cultural tem sido estudada em diversos campos dos

saberes, como forma de compreender a sociedade como constituída de identidades

plurais, com base na diversidade de raças, género, classes sociais, padrões culturais e

linguísticos, habilidades e outros marcos identitários. A diversidade, entendida como

variedade, multiplicidade é um componente do desenvolvimento biológico e cultural da

humanidade. No campo do multiculturalismo crítico, a diversidade cultural abrange a

pluralidade de marcadores identitários – etnia, religião, orientação sexual, género, classe,

linguagem etc. que perfazem a constituição dos sujeitos uma vez que “somos ao mesmo

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13

tempo semelhantes e muito diferentes enquanto formas de realização do humano”

Gomes (2006, p. 22).

O termo diversidade cultural foi, primeiramente, utilizado com referência à

diversidade no cerne de um sistema cultural dado, para designar a multiplicidade de

subculturas e de subpopulações de dimensões variáveis que compartilham um conjunto

de valores e de idéias fundamentais. Em seguida, foi utilizado no contexto de

miscigenação cultural, para descrever a coabitação de diferentes sistemas culturais ou,

pelo menos, a existência de outros grupos sociais importantes no seio das mesmas

fronteiras geopolíticas. Nos países do Terceiro Mundo, a diversidade das identidades

culturais vai se transformar rapidamente, na época da descolonização, em argumento

político em favor da libertação e da independência dos países colonizados. Em seguida,

ela vai, a partir dos anos 1960, impulsionar uma nova visão do desenvolvimento, o

desenvolvimento endógeno. Será, de qualquer forma, seguida pela colocação em

evidência de um novo vínculo, entre cultura e democracia, o qual fará com que se dê

prioridade «à promoção de expressões culturais das minorias dentro do contexto do

pluralismo cultural» Kiyindou (2006).

Para Hanashiro (2008, citado por Kadlubitski & Junqueira, 2009, p.183) considera

que o tema da diversidade cultural parece incorporar um amplo conjunto de conceitos,

merecendo a crítica: [...] as definições atuais apresentam um escopo extremamente

variado. Os conceitos variam de amplitude: de definições restritas, que enfatizam apenas

raça, etnia e género, até às extremamente amplas que se referem a todas as diferenças

entre as pessoas [...]. Segundo Canen e Oliveira (2000, p. 61) o tema “diversidade

cultural” constitui uma ruptura epistemológica com o projeto da modernidade, a qual

acreditava na homogeneidade e no acúmulo do conhecimento que levaria à construção

universal do progresso, inserindo-se na visão da sociedade pós-moderna, na qual

descontinuidade e a diferença são percebidas como categorias centrais.

No campo da educação, os estudos e pesquisas referentes à diversidade cultural

são mais recentes, foram impulsionados pelas políticas educacionais e pelas leis em prol

da diversidade cultural cujo tema será discutido a seguir, visando analisar o papel dos

diversos intervenientes do processo educativo no contexto da diversidade cultural. Pérez

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14

Gómes (1992, citado por Peres, 2000, p.125) define o papel da escola em dois eixos

complementares:

- Organizar o desenvolvimento radical da função compensatória das desigualdades

de origem, mediante a atenção e o respeito á diversidade;

- Provocar e facilitar a reconstrução dos conhecimentos, disposições e normas de

conduta que a criança assimila na sua vida paralela e anterior à escola.

A sociedade actual arrasta consigo problemáticas, nomeadamente a presença de

diferentes culturas, etnias e línguas que, em última análise, condicionam a integração e a

progressão escolar dos alunos. São constrangimentos com os quais todos os

intervenientes no processo educativo se deparam e que, até recentemente, não se

manifestavam de uma forma tão marcada nas escolas Cabo-verdiana. Para Peres (2000,

p.118) na realidade, “o fenómeno da escola de massas, a diversidade social e cultural da

população escolar e a visão emancipadora e democrática da escola, aumentam a

complexidade desta organização, trazendo-lhe uma multiplicidade de problemas de

natureza epistemológica, antropológica, sociológica, política e moral que exigem novos

desafios e soluções”.

Em suma, a escola tem sido inábil em transformar-se, de forma a assumir um

papel positivo e determinante no processo de socialização dos mais jovens em contextos

de diversidade, em sociedades cada mais multicultural e globalizadas.

Segundo Bizarro (2006, p.7), “a escola tem um papel primordial a assumir, no

entendimento e na implementação do multiculturalismo”. O reconhecimento da

diversidade cultural, o respeito pela cultura dos outros é fundamental no processo de

igualdade de oportunidades. De facto, como afirma Fontoura (2005, p.15) a integração

dos alunos na escola exige a “criação de uma nova coerência educativa, a

multiculturalidade, de maneira a oferecer aos estudantes diferentes opções culturais e a

interculturalidade de maneira a potenciar a convivência e a cooperação entre os alunos

dentro e fora da escola.” Já Pereira (2004, p. 26) defende que “a melhor maneira de a

escola lidar com a diversidade cultural é através do pluralismo, ou seja, valorizando de

forma igual todas as culturas presentes, dando-lhes espaço no currículo”. O mesmo

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15

acrescenta que “o currículo monocultural não faz qualquer sentido e, a manter-se

constitui um obstáculo, quer para os alunos das minorias étnicas, quer para os restantes.”

A diversidade cultural se constrói sempre em determinado contexto histórico,

social, político e cultural e pressupõe uma interacção entre os sujeitos sociais ao longo do

processo de convivência. No entanto, ainda que a diversidade cultural faça parte do

desenvolvimento social, há uma tensão em relação à tendência nos indivíduos e nas

culturas de considerar como positivos e melhores os valores que lhes são próprios,

gerando um estranhamento e até a rejeição do diferente (Gomes, 2006; Sacrisán, 2001;

MClaren, 1999).

A Escola deve proporcionar, em coexistência dignificadora, diferentes formas de

ser e de estar para que um percurso educativo único se anule em favor de percursos

alternativos, centrados nas vivências e nas diferentes realidades presentes em contexto

de sala de aula. Deve pautar-se por promover a aquisição de sentimentos de auto-estima

em relação a hábitos e práticas culturais diferentes. Deve dar espaço a outros saberes,

como forma de consolidar a integração dos alunos e de promover a curiosidade pelo

conhecimento recíproco. O trabalho em cooperação adquire, por isso, uma relevância

particular.

II.2. A Diversidade na escola segundo a Legislação em Cabo Verde

Tendo em conta que o tema deste trabalho se refere ao nível secundário, é

importante conhecer algumas características deste nível de ensino.

A Lei de Bases do Sistema Educativo3, como legisladora de princípios pelo qual o

sistema de ensino Cabo-verdiano se rege, determina que o ensino secundário dá

continuidade ao ensino básico e permite o desenvolvimento dos conhecimentos e

aptidões obtidos no ciclo de estudos precedente e a aquisição de novas capacidades

intelectuais e aptidões físicas necessárias à intervenção criativa na sociedade. Ainda visa

possibilitar a aquisição das bases científico-tecnológicas e culturais necessárias ao

procedimento de estudos e ingresso na vida activa e, em particular permite, pelas vias

técnicas e artísticas, a aquisição de qualificações profissionais para inserção no mercado

3 I SÉRIE — NO 17 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 7 DE MAIO DE 2010. Decreto-Legislativo

nº 2/2010: Revê as Bases do Sistema Educativo, aprovadas pela Lei nº 103/III/90, de 29 de Dezembro, na redacção dada pela Lei nº 113/V/99, de 18 de Outubro.

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16

de trabalho. De acordo com as capacidades de acolhimento existente, as exigências da

qualidade do ensino a ministrar.

No que refere a organização no artigo 26º, o ensino secundário com a duração de

quatro anos, distribuídos por dois ciclos, de dois anos cada, a saber: o 1º ciclo, de via

ensino geral, constitui um ciclo de consolidação do ensino básico e orientação escolar e

vocacional; o 2º ciclo, com uma via do ensino geral e outra do ensino técnico. No final de

cada um dos ciclos, o aluno poderá seguir um curso de formação profissional, inicial ou

complementar4.

Tendo presente isso, pensamos fazer uma análise referente a legislação Cabo

Verdiana, ressaltando a Lei de Base do Sistema Educativo e a Constituição de Cabo Verde,

com o intuito de conhecer a lógica educativa que apela ao direito à educação a todos os

alunos independentemente da sua diversidade.

Neste sentido, constatamos que no artigo 78º da Constituição de Cabo Verde,

declara que todos têm direito educação e conforme explicitam as alíneas a), d) e f) deve “

ser integral e contribuir para a promoção humana, moral, social, cultural e económica dos

cidadãos; contribuir para a igualdade de oportunidade no acesso a bens materiais, sociais

e culturais; e promover os valores da democracia, o espírito de tolerância, de

solidariedade, de responsabilidade e de participação”.

Face a isto, constatamos que na própria legislação prevalece o direito à educação

para todos. Como consequência nenhum aluno pode ser deixado para trás porque é

considerado diferente. Da análise feita a Lei de Base do Sistema Educativo, no artigo 4

averiguamos que todo o “cidadão tem o direito e o dever da educação e cabe a Estado

promover progressivamente a igual possibilidade de acesso de todos os cidadãos aos

diversos graus de ensino e a igualdade de oportunidades no sucesso escolar”. Portanto, a

escola e o estado têm um novo papel, no sentido de garantir efectivamente a promoção

de igualdade de oportunidades para todos, onde a diversidade não se traduza numa

prática de dificuldades legitimadoras de insucesso, mas a concretização do direito à

4 OBS: Embora já esteja em vigor a “nova” Lei de Base do Sistema Educativo, no que refere a organização do

ensino secundário ainda está estruturado com base no Artigo 23º da LBSE, Lei n° 103/III/90 de 29 de Dezembro onde o ensino secundário tem a duração de seis anos e organiza-se em 3 ciclos de 2 anos cada; a) Um 1º Ciclo ou Tranco Comum; b) Um 2° Ciclo com uma via geral e uma via técnica. c) Um 3º Ciclo com uma via geral e uma via técnica (ver organograma no anexo, apêndice B).

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diferença, onde cada um se faça ouvir e possa intervir de forma participativa numa

sociedade onde todos têm o direito de não ser excluído. E respectivamente ao acesso no

Sistema Educativo dirige-se a todos os indivíduos independentemente da idade, sexo,

nível socioeconómico, intelectual ou cultural, crença religiosa ou convicção filosófica de

cada um.

No entanto, concordamos com a afirmação de Sales e Garcia (1997, citado por

Silva, 2008, p.39), “nem uma lei, nem um curso de formação, nem uma determinada

técnica educativa, nem um programa específico mudam a educação no seu conjunto, mas

cada um deles, planificado e reflectido de um ponto de vista de inter-relação que lhe dê

sentido, pode contribuir para a generalização progressiva de novas percepções educativas

mais justas e democráticas”. Assim, torna-se necessário uma acção concertada entre

todos os intervenientes no processo do sucesso educativo dos alunos,

independentemente da idade, sexo, nível socioeconómico, intelectual ou cultural, crença

religiosa ou convicção filosófica de cada um.

II.3. Os Professores e os Problemas Multiculturais: tensões e implicações

Numa sociedade pluralista, o professor deve dirigir a sua acção tendo como

objectivo o sucesso educativo de todas as crianças, sejam quais forem as suas origens

culturais e étnicas, Pereira (2004, p.12). Portanto, os professores devem reflectir sobre as

suas práticas pedagógicas, no sentido de constatar se realmente estão sensíveis aos

preconceitos. Bizarro (2006) defende que as escolas devem implementar estratégias para

uma aproximação intercultural com o objectivo de proporcionar uma educação de

qualidade a todos os estudantes. Entretanto, é mais fácil ter essa aproximação tendo

professores preparados e sensíveis as causas da multiculturalidade garantindo assim a

igualdade de oportunidades para todas os alunos, independentemente da sua origem,

sexo, classe social, religião etc. Torna-se necessária uma actualização por parte dos

professores no sentido de terem uma visão e perspectivas que supere as desigualdades

sociais, etnocentrismo, o racismo. “As atitudes do professor são uma questão central na

educação multicultural, delas dependendo a eficácia ou o insucesso de qualquer

programa” Pereira (2004, p.29). De facto, a atitude do professor é fundamental neste

processo. Por conseguinte, podemos destacar três atitudes que segundo Pereira (2004, p.

32) deverá ter o professor:

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1. Convicções fortes face à necessidade de institucionalizar a educação

multicultural nas escolas;

2. Reflexão sobre o que faz e vai fazendo nessa direcção. A clarificação dos

conceitos fundamentais associados ao discurso da multiculturalidade, educação

multicultural, igualdade de oportunidades, cultura, racismo etc.;

3. O conhecimento e a consideração crítica dos factores que desfavorecem as

minorias na sociedade e no sistema educativo.

Portanto, independentemente da disciplina que o professor lecciona, este

desempenha um papel importante na formação pessoal e social dos alunos. Às vezes o

professor esquece desse pormenor. Quanto mais consciente o professor estiver desse

papel junto dos seus alunos, a probabilidade da escola alcançar os seus objectivos é

maior. No entanto, construção do currículo multicultural não é pacífica, exigindo

inclusivamente algumas “tensões”. Por conseguinte, podemos destacar algumas

“tensões” que segundo Teixeira (2005, p.100) poderá surgir:

• A primeira tensão verifica-se quando deparamos com professores imbuídos

do espirito multicultural e professores sem este espirito. Normalmente, apercebemo-nos

desse conflito na organização e orientação das actividades. Embora o discurso e a

valorização da realidade multicultural estejam presente, no trabalho da sala de aula as

atitudes são diferentes. Os professores não imbuídos do espírito multicultural sentem-se

confusos e reagem de forma conflituosa a determinadas situações e, não se incluem de

fazer soar bem alto as vozes do preconceito e do discurso integracionista. O discurso do

professor comprometido com a multiculturalidade é o de um mediador entre as minorias

e a sociedade envolvente, tendo sempre presente a selecção de conteúdos da cultura, a

filtragem desses conteúdos e o seu tratamento histórico, a preparação o do material

didáctico;

• A segunda “tensão” nasce do processo de equilíbrio entre os conteúdos da

escola e os da cultura. Talvez um dos pontos maiores de conflito, seja de facto, a escola

que de uma forma homogénea, desenvolveu determinados conteúdos e faz determinado

as leituras do mundo. Ao ser confrontado com outros conhecimentos, com outras

possibilidades, o professor sente-se confuso e inseguro.

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Teixeira, (2005, p.101) observando estas “tensões” procuramos entendê-las e, só

assim, poderemos de facto construir o currículo numa perspectiva multicultural, tendo

presente que:

• O ensino deve apresentar a diversidade cultural como “excepcional e

diferente” promovendo a integração das minorias na estrutura social vigente e os

padrões da cultura hegemónica;

• Deve-se dar ênfase às relações humanas entre os da cultura dominante e

os de cultura diferentes para que a auto-estima saia fortalecida, através de incentivos ao

estabelecimento de relações positivas entre todos os membros, de forma a promover a

igualdade social, respeitando-se os padrões culturais de todas as partes.

Organizar o currículo a partir das contribuições e perspectivas dos diferentes

grupos culturais, promovendo ao mesmo tempo, o combate à discriminação e opressão.

De acordo com Canen e Moreira (1999, pp.18-19) para que um processo curricular e suas

consequentes práticas possam estar informados por essa perspectiva inclusiva

multicultural crítica, faz-se necessário:

[...] articular a pluralidade cultural mais ampla da sociedade à pluralidade de

identidades presentes no contexto concreto da sala de aula [...]; [...] focalizar as

diferenças como processo de construção, de codificar teoria e conceitos na perspectiva

do outro, bem como desafiar mensagens etnocêntricas, racistas e discriminatórias nos

materiais didácticos e nos discursos da sala de aula;

[...] destacar a importância do diálogo como elemento delineador de uma prática

curricular multiculturalmente orientada.

É importante realçar que, não basta apenas ser um excelente professor, temos

também que perceber e respeitar a diferença de cada um. Temos que ter a capacidade de

se colocar no lugar do outro.

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III: CURRÍCULO EM CONTEXTO DE DIVERSIDADE CULTURAL

É inquestionável que a escola e o professor são os “alicerces” de qualquer sistema

educativo. No entanto, a educação realiza-se também, através do currículo. É nele que se

incorpora aquilo que se considera importante que a escola deve fazer aprender aos seus

alunos, porque essa aprendizagem lhes será útil como pessoas e cidadãos.

Juares (2012, p.132) apoiados em Stenhouse (1987), Sacristán (2000), Giroux

(1986, 1987), Tanner e Tanner (1980), Lopes e Macedo (2011), defende que professores

são os atores que mais implicam na constituição do movimento curricular nas escolas;

entretanto, a participação dos profissionais docentes acontece essencialmente nesse

âmbito, ou seja, no trânsito entre currículo escolar e política curricular, enquanto a

pesquisa lhes escapa.

Assim, neste capítulo abordaremos aspectos relevantes acerca de:

a) Conceito do currículo na perspectiva de alguns autores; b) Que currículo para

contextos escolares caracterizados pela diversidade cultural; c) O que é que o plano de

estudo do Ensino Secundário Cabo-verdiano refere sobre a diversidade cultural; e d)

Análise dos programas curriculares das diferentes disciplina como: Formação Pessoal e

Social, História, Filosofia, Cultura Cabo-verdiana e Português.

III.1. Conceitos do Currículo

Pela revisão da literatura em torno do conceito do currículo, apercebemo-nos da

multiplicidade de concepções e da polissemia de significados que este termo contém.

Estamos cientes que é impossível encontrar uma definição universalmente aceite

devido às diferentes perspectivas, interpretações e valores, por vezes contraditórios, da

parte de quem o analisa e tenta definir, o que na opinião de Tanner e Tanner (1980) pode

ser positivo, pois pode imprimir uma maior dinâmica à investigação. Os mesmos autores

encaram o currículo como “a reconstrução do conhecimento e experiência,

sistematicamente desenvolvidos sob os auspícios da escola, para tornar o estudante

capaz de aumentar o seu controlo do conhecimento e da experiência” (in Varela, 2012,

p.20).

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Pelo seu lado, Escudero (1994, citado por Peres, 2002, pp.138 – 139) refere: “Isto

é assim porque, ao fim de contas, no curriculum escolar estão em jogo não só como

ensinar e o que ensinar, mas as grandes questões e problemas que num dado momento

histórico perfilam o mundo de valores, inquietudes e interrogações de um país”. Na

perspectiva de Sacristán e Gómez (1998a, p.129), “o currículo é um âmbito de interação

no qual se entrecruzam processos, agentes e âmbitos diversos, que num verdadeiro e

complexo social, dão significado prático e real ao mesmo. Somente no marco de todas

essas interações podemos chegar a captar seu valor real, daí que é imprescindível um

enfoque processual para entender a dinâmica que dá significado e valores específicos a

um currículo concreto”. É importante a ideia do currículo do ponto de vista prático, assim

para Zabalza (1998, p.12), “ o currículo é o conjunto dos pressupostos de partida, das

metas que se deseja alcançar e dos passos que se dão para as alcançar: é o conjunto de

conhecimento, habilidades, atitudes, etc. que são considerados importantes para serem

trabalhados na escola, ano após ano”.

No entanto, Moreira (1997, citado por Oliveira, 2008) declara que não há

consenso sobre o que é currículo, sobretudo porque é um conceito relacionado a uma

complexidade de problemas e a uma construção cultural, histórica e socialmente

determinada, porém ressalta que as definições de currículo, geralmente, abrangem “[...]

conhecimento escolar e experiência de aprendizagem”(p.538). Dentro do enfoque de

conhecimento escolar, que tem predominado ao longo dos tempos, o currículo é o

“[...]conhecimento tratado pedagógica e didacticamente pela escola e que deve ser

aprendido e aplicado pelo aluno”; aqui surgem questões sobre o que um currículo deve

conter e como devem ser organizados os conteúdos. Pelo enfoque de experiência de

aprendizagem, “[...] currículo passa a significar o conjunto de experiências a serem vividas

pelo estudante sob a orientação da escola”; neste momento, são as questões sobre como

seleccionar as experiências a serem transmitidas e como organizá-las (ibidem).

Apesar da centralidade do currículo na educação, existe, porém, uma diversidade

de concepções e definições do currículo, que reflectem modos diferenciados de encarar e

perspectivar a educação e, em geral, a sociedade, como passamos a evidenciar.

Para Sacristán e Gómez (1998b, p.32), “currículo é a expressão da função

socializadora da escola (...) é um ponto central de referência na melhora da qualidade do

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ensino, na mudança das condições da prática, no aperfeiçoamento dos professores, na

renovação da instituição escolar em geral e nos projetos de inovação dos centros

escolares”. O termo currículo é, por consequência, utilizado com muitas e diferentes

acepções, em função de diferentes perspectivas de abordagem, como é o caso de Taba

(1962, p.76), para quem o currículo “é essencialmente um plano para a aprendizagem»,

de Ribeiro (1990, citado por Varela, 2011, p.20) que o define como “um plano estruturado

de ensino-aprendizagem, englobando a proposta de objectivos, conteúdos e processos”,

na sequência de autores já citados.

O currículo está, também, inseparável da cultura. Tanto a teoria educacional

tradicional, quanto a teoria crítica vêem nele uma forma institucionalizada de transmitir a

cultura de uma sociedade. Sem esquecer que, nesse caso, há um envolvimento político,

pois o currículo, como a educação, está ligado à política cultural. Conforme Moreira e

Silva (1997, citados por Santos, 2009, p.210), “o currículo é um terreno de produção e de

política cultural, no qual os materiais existentes funcionam como matéria-prima de

criação e recriação e, sobretudo, de contestação e transgressão”. O currículo escolar tem

acção directa na formação e desenvolvimento dos alunos e futuros professores. Assim, é

fácil perceber que a ideologia, a cultura e o poder neles configurados são determinantes

no resultado educacional que se produzirá. Devemos, ainda, considerar que o currículo se

refere a uma realidade histórica, cultural e socialmente determinada, e se reflecte em

procedimentos didácticos e administrativos que condicionam a sua prática e teorização.

Moreira e Silva (1997, citados por Santo & Casali, 2009, p. 211) referem que,

alguns estudos realizados sobre currículo a partir das décadas 1960 e 1970 destacam a

existência de vários níveis de currículo: formal, real e oculto. Esses níveis servem para

fazer a distinção de quanto o aluno aprendeu ou deixou de aprender.

Currículo formal refere-se ao currículo estabelecido pelos sistemas de ensino e é

expresso em directrizes curriculares, objectivos e conteúdos das áreas ou disciplinas de

estudo. Este é o currículo que, institucionalmente, trazem prescritos os conjuntos de

directrizes como os Parâmetros Curriculares Nacionais.

O currículo real é o currículo que acontece a cada dia dentro da sala de aula, com

professores e alunos, em decorrência de um projecto pedagógico e dos planos de ensino.

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O currículo oculto é usado para denominar as influências que afectam a

aprendizagem dos alunos e o trabalho dos professores. Ele representa tudo o que os

alunos aprendem diariamente em relação às várias práticas, atitudes, comportamentos,

gestos e percepções que vigoram no meio social e escolar. Esse currículo é chamado de

oculto porque não aparece na planificação do professor. O currículo oculto corresponde a

tudo aquilo que o aluno aprendeu na escola sem ter sido objecto específico do ensino.

Sousa (2007) no entanto, refere que este está mais relacionado com ideologias,

preconceitos, discriminação e estereótipos presentes nos currículos escolares e não

explicitados por eles. Silva (1999, p. 79), “O currículo oculto ensina, em geral, o

conformismo, a obediência, o individualismo”.

Torres (1995, p.16) considera que, “toda concepção curricular implica sempre uma

determinada proposta pedagógica”. Já Sacristán (2000, p.46) refere que “perde-se de

vista a dimensão histórica, social e cultural do currículo para o converter num

instrumento da racionalidade e gestão”. Em síntese e segundo os autores consultados,

verifica-se que o currículo não se produz no vácuo, e contém duas funções diferentes,

mas complementares: explicitar os propósitos da educação e servir de guia para as

práticas educativas. Assim deve reflectir não só a concepção educativa, mas também, o

contexto social, político, cultural, etc.

É neste contexto que questionamos: Que currículo para contextos escolares

caracterizados pela diversidade cultural?

III.2. Que Currículo para Contextos Escolares caracterizados pela Diversidade

Cultural?

Temos uma sociedade diversa e dinâmica, que possui diferentes culturas e

saberes, pelo que se torna necessária a construção de um currículo que tenha o

compromisso de reconhecer e valorizar essa diversidade cultural e social, trabalhando

com essas diferenças no contexto da sala de aula.

Falar do currículo é falar naquilo que se considera importante que a escola deve

fazer aprender aos seus alunos, porque essa aprendizagem lhes será útil como pessoas e

cidadãos. Muito se tem discutido sobre a diversidade nas escolas, entretanto os currículos

não abrangem adequadamente todos os factores problematizados nesse contexto.

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No entanto, ao longo do tempo foram surgindo respostas curriculares face à

diversidade cultural. Na década de 1960, vários países (EUA, Canadá, Inglaterra, Holanda,

etc.) consideram importante introduzir no currículo conteúdos específicos das várias

culturas em presença na escola, de forma a promover o respeito pelas diferenças

humanas. Este modelo curricular foi denominado por McCarthy (1994, citado por Peres,

2002, p.148) de «compreensão cultural» assente na “ideia fundamental de muitos

estudos étnicos e programas de relações humanas de que os estudantes e professores

deveriam ser mais sensíveis às diferenças étnicas presentes na aula”.

No entanto, nos últimos tempos, segundo Leite (2000, citado por Oliveira & Maria,

2008, p.544), têm surgido propostas para o reconhecimento do multiculturalismo,

buscando modelos curriculares que tenham:

a) a compreensão cultural, ou seja, a meta da ausência de pré-juízos, segundo

Banks (1981 apud Leite, 2000);

b) a alfabetização e competência cultural, que preserve a diversidade,

principalmente o idioma de identidade dos grupos minoritários;

c) o bilingüismo cultural, para que os grupos minoritários possam se recensear na

sua cultura de origem e também na cultura dominante;

d) a emancipação cultural, sendo favorável à inclusão, no âmbito do conhecimento

escolar, de diversos outros conhecimentos, histórias e experiências dos grupos

marginalizados.

Para Lima (2009, pp. 06-07), o currículo multicultural volta-se para: [...] o

reconhecimento da diversidade cultural, étnica, religiosa que permeia o tecido social,

criando espaço de encontro entre as diferentes culturas, possibilitando o diálogo e a troca

de experiência entre os diferentes sujeitos a fim de favorecer, tanto a compreensão mais

aprofundada das diferenças culturais, quanto a reconstrução de valores, hábitos e

saberes entre os sujeitos. Sendo assim, é necessário que as escolas repensem seus

currículos, tornando-os mais democráticos e abertos para o diálogo com os diferentes

saberes produzidos para além dos contextos escolares e académicos, possibilitando o

encontro de saberes.

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Numa perspectiva de valorização da inter-relação entre os diferentes alunos,

alguns autores defende, o currículo intercultural/inclusivo. Assim, para Peres (2002,

p.156) o curriculum intercultural/inclusivo é “ aquele que potencia aprendizagens

significativas para todos os alunos numa autêntica circularidade entre conhecimentos,

habilidades, atitudes e valores e, ao mesmo tempo, promove a interacções positivas e um

clima de convivialidade entre os vários grupos culturais e étnicos que fazem parte da

determinada comunidade educativa”. Um verdadeiro currículo intercultural, na

perspectiva de Sales e Garcia (1997, p.111) “é um processo ético de diálogo criativo,

através do qual se dá oportunidade aos alunos de investigar como as origens culturais, os

marcos de referência e as perspectivas dentro de cada disciplina influem na construção

do conhecimento. E se oferece a oportunidade de criar eles mesmos conhecimento,

identificando seus próprios interesses, ideias, atitudes e experiências”.

Não havendo um currículo específico paralelo ao currículo formal ou enunciado

como forma de responder aos contextos de diversidade, deve este, segundo Cardoso

(2001, p.15) ser “a todo o momento reinventado face a cada contexto e à diversidade dos

alunos da escola, tendo como horizonte a realização do ideal de uma real igualdade de

oportunidades”. O mesmo autor defende que a adequação do currículo formal às

situações concretas deve ter como princípios orientadores o conhecimento, por parte dos

professores, da situação de desfavorecimento social de alguns alunos e a consciência do

papel que devem assumir na efectiva promoção da igualdade de oportunidades, visando

o desenvolvimento da auto-estima, da auto-imagem e da auto - confiança. Deve ser

norteado para o sucesso educativo de todos os alunos, do respeito mútuo, assegurando-

lhes a igual participação nas actividades, proporcionando situações de partilha como

forma de valorização do capital cultural que trazem para a escola, numa dimensão anti –

discriminatória.

Em síntese, constatamos que são várias as propostas, no entanto parece-nos

poder concluir que a estruturação e implementação de um currículo na e para a

diversidade cultural não pode ser fechado e homogéneo, veiculador de uma cultura

oficial, mas sim, um currículo aberto e heterogéneo. Só assim, poderá promover valores,

atitudes e condutas que apoiem o pluralismo étnico e cultural, bem como ajudar os

alunos a desenvolverem competências necessárias às interacções pessoais e intergrupais.

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III.3. O que é que o Currículo Cabo-verdiano do Ensino Secundário diz sobre a

Diversidade Cultural

A diversidade cultural dos alunos no sistema do ensino Cabo-verdiano é uma

realidade. Assim, as políticas da educação e orientações curriculares se deverão nortear

no sentido da valorização dessas diversidades.

Ao professor já é hoje atribuída uma grande diversidade e amplitude de papéis e

decisões; cabe-lhe actualmente ser capaz de interpretar o currículo oficial, recriá-lo

perante as reais necessidades e características do meio, ou seja, no seu real contexto,

tornando-se também um construtor do currículo “[...] trata-se afinal de passarmos a ser

menos funcionários de um sistema que define todas as regras e tornar-nos cada vez mais

gestores de decisões que não costumavam ser nossas” Roldão (1999, p.19).

Wulf e Schaves (1984, citado por Zabalza, 1998) assinalam, muito justamente, que

os professores têm prática como consumidores de currículo, ainda que não a tenham

como elaboradores. De uma maneira geral, o professor acomoda-se aos materiais já

elaborados (textos, guias, material impresso, etc.) e às sugestões, mas do que em lançar-

se à tarefa de construir materiais novos ou de adequar os existentes às necessidades reais

da situação em que vai desenvolver o ensino (p. 12). Neste contexto, torna-se pertinente

levar em consideração, na elaboração dos currículos e dos programas o contexto

multicultural da sociedade e dos alunos em particular. Por programa podemos entender

“o documento oficial de carácter nacional ou autonómico em que é indicado o conjunto

de conteúdos, objectivos, etc. a considerar em um determinado nível” ibdem.

Vamos analisar as orientações curriculares e programas das disciplinas do Ensino

Secundário Cabo-verdiano para verificar o que diz sobre a diversidade cultural.

De acordo com Santomé (2005) é muito raro, no espaço das salas de aula, que os

professores desafiem os alunos e alunas a reflectir e a investigar as questões relacionadas

com a vida e a cultura dos grupos mais próximos do contexto local a que pertencem.

Assim, os materiais e o próprio currículo não oferecem qualquer elemento com o qual

esses educandos se possam identificar; “suas crenças, conhecimentos, destrezas e valores

são ignorados” (p. 170).

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Neste sentido vamos analisar o plano de estudo e os programas das disciplinas do

ensino secundário Cabo-verdiano, dando prioridade às disciplinas de Formação Pessoal e

Social (7º, 8º,9º,10º,11º e 12º anos), Cultura Cabo-verdiana (9º, 10º, 11º e 12º anos),

História (10º, 11º e 12º anos), Filosofia (11º e 12º anos) e Português (7º,8º,9º,10º,11º e

12º anos), para verificar a presença de conteúdos relativos à diversidade cultural.

Optámos por analisar estas disciplinas por considerar que são as que mais se adequam

aos objectivos da transmissão de conhecimentos sobre diversidade cultural.

No que concerne ao plano de estudo do ensino secundário Cabo-verdiano5, este

define entre os factores externos: As expectativas dos pais, dos empregadores, os valores

e premissas da comunidade, as mudanças sociais e culturais em curso. No artigo 10º

referente a objectivos e políticas educativas é referenciado: estimular a preservação e

reafirmação dos valores culturais e do património nacional.

No entanto, averiguou-se que, apesar de reconhecer nos seus objectivos e

políticas educacionais a presença da diversidade cultura no contexto Cabo-verdiano, não

a focaliza como um dos princípios que regem os programas curriculares das disciplinas. É

de destacar que mesmo quando definidas encontram-se mais focalizada para a cultura

Cabo-verdiana.

Da análise feita aos programas curriculares sobre a presença dos conteúdos

relacionados com a diversidade cultural verificou-se que a disciplina de Formação Pessoal

e Social tem como princípio orientador, estabelecido pelo Plano de Estudo do Ensino

Secundário, “ desenvolver a capacidade de pensar racionalmente os problemas pessoais e

sociais e estimular a clarificação, por parte dos alunos dos seus interesses e valores”.

Contudo, não se verificou a presença desses conteúdos em nenhum nível de ensino.

Relativamente à disciplina de Cultura Cabo-verdiana estão estipulados nos seus

princípios orientadores: “permite uma abordagem mais aprofundada das questões

ligadas à formação e evolução da sociedade Cabo-verdiana. O programa corporiza

objectivos essenciais da política educativa ao estimular a preservação e reafirmação dos

valores e do património cultural e ao promover nos alunos o conhecimento da história e

5 Os planos curriculares do ensino básico e do ensino secundário aprovados pelo Decreto-lei nº 32/2009, de

11 de Setembro, apesar de desajustados face à Lei de Bases, continuam a orientar, na prática, o trabalho revisão curricular (in, Varela, 2011).

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da cultura do país, desenvolvendo o apreço pelos valores nacionais”. No entanto, verifica-

se que este programa só aborda a cultura Cabo-verdiana, não fazendo referências a

outras culturas.

Na disciplina de História, embora sejam feitas referências à história de outros

países, no que concerne aos valores culturais o mesmo não se verifica em nenhuma das

classes.

Relativamente à disciplina de Filosofia, observou-se que é a que mais aborda e

valoriza esta questão, a título de exemplo no 11º ano no capítulo referente à Unidade

Antropológica, ponto 1.1 – O homem como ser inacabado, cujo conteúdo é “Ser Cultural”,

tem como objectivos: a)Reconhecer a cultura como algo especificamente humano; b)

Identificar diferentes culturas; c) Analisar a pluralidade cultural existente no mundo; d)

Caracterizar a cultura Cabo-verdiana; e) Apresentar aspectos específicos destas culturas

frente a outras; e f) Distinguir hábitos, acto repetitivo mas mecânico, de ritual, acto

repetitivo consciente repleto de significado e resultante de uma tradição.

Estes conteúdos têm como estratégia de estudo, o debate a partir de extractos de

textos sobre aspectos culturais e comparação do homem com o animal. Como

metodologia, com o auxílio de mapas e histórias dos povos, coloca em confronto

diferentes culturas (ex. uma comunidade ocidental, outra oriental e outra africana).

Salienta o modo como as condições geográficas se relacionam com a cor da pele, o

vestuário usado, as habitações e o “mesmo” desvaloriza as práticas sociais face aos

outros factores. Quanto ao programa de 12º ano, constatámos no conteúdo relacionado

com a Estética e a Arte que, como estratégia de estudo, desenvolvem pesquisas e

dissertações relacionados com o tema, focalizando várias a arte de outras culturas, fazem

visitas de estudo a museus, exposições de pintura e artesanato, e convidam artistas

plásticos, artesões e/ou de outros géneros a partilhar a sua experiência junto dos alunos.

A Língua Portuguesa tem um estatuto especial em Cabo Verde. É a língua oficial do

País e como tal a língua segunda relativamente à língua Cabo-verdiana. Entretanto, não é

raro encontrar, nas escolas Cabo-verdianas, o professor a socorrer-se do crioulo Cabo-

verdiano, como facilitador das aprendizagens, ou até como simples instrumento de

comunicação professor/aluno e/ou professor/professor.

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Ao verificar a presença dos conteúdos relacionados com diversidade cultural nos

programas desta disciplina verificou-se que a utilização de textos internacionais dá uma

visão daquilo que é a literatura estrangeira. No entanto, verificou-se também que não há

uma abordagem metodológica virada para o ensino do Português como língua não

materna. Aliás, o próprio plano de estudo do ensino secundário reconhece que “o

deficiente domínio da Língua Portuguesa e o insucesso escolar dele decorrente são

consequência da metodologia utilizada no ensino dessa língua em Cabo Verde” (p.8).

Estamos de acordo com Varela (2012, p.28) quando afirma que “a magnitude das

mudanças educativas preconizadas implica a introdução de inovações profundas nos

currículos escolares, que não se compadecem com a realização de uma mera revisão

curricular ”. Com as mudanças sociais e escolares que se têm verificado em Cabo Verde

torna-se urgente introduzir estes conteúdos nos currículos escolares para melhor

preparar os alunos para lidar com a aceitação e a valorização da diversidade cultural.

CAPÍTULO IV: A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES E A REFORMA EDUCATIVA

A actividade docente não é exterior às condições psicológicas e culturais dos

professores. Educar e ensinar é, sobretudo, permitir um contacto com a cultura, na

acepção mais geral do termo, trata-se de um processo em que a própria experiência

cultural do professor é determinante. Neste sentido, é importante repensar os programas

de formação de professores, que têm uma incidência mais forte nos aspectos técnicos da

profissão do que nas dimensões pessoais e culturais (Silva, 2011; Sacristan, 1991).

Assim, neste capítulo abordaremos aspectos relevantes acerca de:

a) Formação dos professores e a Lei de Bases do Sistema Educativo em Cabo

Verde; b) Modelos de Formação de Professores; c) A formação dos Professores

face à Diversidade Cultural.

IV. 1. A formação de Professores e a Lei de Bases do Sistema Educativo em Cabo

Verde

Para responder ao objectivo principal da reforma educativa e aos compromissos

assumidos internacionalmente a aprovação da Lei de Bases do Sistema Educativo, em

1990, foi um acontecimento importante para a educação, pelas medidas que

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implementou e pelas opções políticas que exprime. Assim, a Lei de Bases do Sistema

Educativo, Lei n.º 103/III de 29 de Dezembro de 1990, tornou-se a referência principal

para a construção desse novo sistema com a implementação de novos planos de estudos,

de novos programas de ensino e de novos sistemas de avaliação.

Passadas quase duas décadas desde a publicação da Lei de Bases do Sistema

Educativo Cabo-verdiano (Lei n° 103/III/90 de 29 de Dezembro) e ultrapassada uma

década da primeira revisão da mesma lei (Lei nº 113/V/99, de 18 de Outubro), que incidiu

particularmente no subsistema de ensino superior, as profundas mudanças ocorridas no

cenário educacional, quer a nível do país, quer no plano internacional, há muito exigiam

que se procedesse a uma série de reformas e ajustamentos à denominada “lei-mãe” da

educação, posto que detentora de uma hierarquia imediatamente inferior à Constituição.

É neste contexto que, na sequência de uma autorização legislativa concedida ao Governo

pelo Parlamento e da promulgação feita pelo Presidente da República, se fez publicar no

Boletim Oficial de Cabo Verde a “nova” Lei de Bases do Sistema Educativo, na redacção

que lhe foi dada pelo Decreto-Legislativo nº 2/2010, de 7 de Maio6, (in Varela, 2011).

Nesta revisão pretende-se dar especial atenção à qualificação do pessoal docente,

que constitui um recurso fundamental para o sucesso dos objectivos traçados nos

diversos subsistemas do sistema de ensino em Cabo Verde. Consequentemente, neste

particular, propugna-se que em todos os subsistemas do ensino, incluindo no pré-escolar,

os docentes tenham formação qualificada, obtida em estabelecimento de ensino superior

que confira ou não graus académicos superiores, sendo proporcionada a formação em

exercício, nos termos em que tem vindo a acontecer, até aqui, com determinadas classes

do pessoal docente.

Na Lei de Bases do Sistema Educativo de 20107, a questão da formação de

professores é tratada no capítulo VI, referindo-se o artigo 71º aos princípios orientadores

sobre a formação de docentes. Assim a formação do pessoal docente obedece, no plano

institucional, aos seguintes princípios orientadores: a) A formação inicial é

institucionalizada como passo fundamental da formação do docente; b) A formação inicial

6 Decreto-Legislativo nº 2/2010: Revê as Bases do Sistema Educativo, aprovadas pela Lei nº 103/III/90, de 29

de Dezembro, na redacção dada pela Lei nº 113/V/99, de 18 de Outubro. 7 I SÉRIE — NO 17 SUP. «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 7 DE MAIO DE 2010.

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deve ser integrada, quer nos planos científico, técnico e pedagógico, quer no de

articulação teórico-prática; c) A formação contínua de docentes deve permitir o

aprofundamento e a actualização de conhecimentos e competências profissionais; d) A

formação inicial e a formação contínua devem ser actualizadas de modo a adaptar os

docentes a novas técnicas e à evolução da sociedade, das ciências, das tecnologias e da

pedagogia; e) Os métodos e os conteúdos da formação deverão estar em constante

renovação, permitindo a contínua actualização de conhecimento e de atitudes.

A Lei de Bases do Sistema Educativo também consigna, no seu artigo 75º, a

formação contínua como sendo “um direito e um dever” dos professores, da iniciativa das

instituições responsáveis pela formação inicial, dos próprios docentes e das suas

estruturas representativas. Consideramos igualmente pertinente o número dois do

mesmo artigo, quando diz que a formação contínua visa essencialmente melhorar a

qualidade da acção docente permitindo uma actualização permanente e criando a

possibilidade de aquisição de novas competências.

O artigo 92º da LBSE focaliza a formação em exercício de professores do ensino

básico e secundário, onde refere, no ponto 1, que a formação de docentes em exercício

visa a actualização, o aperfeiçoamento, a reconversão e o completamente dos

conhecimentos e formação pedagógica dos professores em serviço à data da entrada em

vigor do presente diploma. No ponto 2 do mesmo artigo, refere que pode ser organizado

um sistema de formação de docentes em exercício, visando garantir a respectiva

qualificação profissional e académica adequada.

A formação de professores de educação especial, consagrada no artigo 73º da

referida lei, assume um carácter valorativo quando esta lei determina que são

qualificados para exercício de funções como docentes de educação especial os

educadores de infância e os professores que obtenham aproveitamento em cursos

especializados ou provindos de instituições de formação especializadas. A formação do

pessoal docente na área artística e cultural é consagrada no artigo 74º e exige que, para

além da formação técnica de base, os docentes tenham uma formação pedagógica a

ministrar por instituições de formação de docentes.

A possibilidade do professor seguir a sua formação em instituições fora do país é

ponderada na referida lei no artigo 77º, uma vez que abre a possibilidade de, a partir de

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uma adequada planificação partilhada entre o Ministério da Educação em colaboração

com outros departamentos governamentais interessados, se ajustar às necessidades de

desenvolvimento do País. Para atingir esses objectivos educativos, as instituições de

formação de professores devem prosseguir os objectivos que a referida lei consigna e

devem organizar e funcionar de acordo com o estipulado no art. 72º. Assim determina-se

como objectivos a serem prosseguidos pelas instituições de formação:

a) Habilitar os docentes a orientar o processo de ensino-aprendizagem segundo

parâmetros educacionais de excelência;

b) Dotar os docentes de informações sobre os aspectos relevantes da política

educativa e do desenvolvimento científico e pedagógico;

c) Promover e facilitar a investigação, a inovação e a utilização das tecnologias de

informação, orientadas para o exercício da função docente;

d) Desenvolver nos docentes competências que lhes permitam participar na

preparação, realização e avaliação de reformas no sistema educativo, de carácter global

ou parcelar;

e) Promover a capacitação dos docentes para a produção de meios didácticos e a

sua introdução na prática escolar;

f) Habilitar os docentes para, com a sua acção, promoverem a dinamização do

meio profissional e socio-cultural em que a escola se insere.

Apesar do reconhecimento pelo sistema da «escola para todos» é certo que a Lei

de Bases continua a pecar, no que se refere a políticas educativas voltadas para o cenário

multicultural nas escolas. Relativamente à formação inicial e contínua dos docentes, o

mesmo não reconhece, nem nos princípios orientadores, nem em objectivos a serem

prosseguidos pelas instituições de formação, a formação para a educação

multi/intercultural como uma área de formação prioritária. No entanto, o ponto 1, e) do

artigo 71º da Lei de Bases do Sistema Educativo refere que “os métodos e os conteúdos

da formação deverão estar em constante renovação, permitindo a contínua actualização

de conhecimento e de atitudes”, e no ponto d) demonstrando uma clara abertura a

possíveis mudanças científicas, tecnológicas e pedagógicas que ocorrerem a todos os

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níveis da sociedade mas, no entanto, presta escassa atenção ao contexto social, político e

cultural da escola.

IV.2. Modelos de Formação de Professores

Os professores constituem o centro do sistema escolar e a qualidade do corpo

docente é essencial, quando um país, qualquer que seja, aspira a excelência de seu

sistema educativo e almeja assegurar que todos os alunos beneficiem de um ensino de

qualidade. É por isso que os poderes públicos devem levar tão a sério a melhoria da

qualidade dos professores.

Ferry (1987, citado por Pacheco & Flores, 1999) dão-nos a conhecer os traços que

distinguem a formação de professores de outro tipo de formação. Assim,

“ a formação de professores, em particular, encerra uma natureza

específica que a distingue de outro tipo de formação. Deste modo são três os traços

distintivos da formação de professores: Em primeiro lugar, trata-se de uma

formação dupla, na medida em que inclui uma componente académica e científica

(conteúdos das chamadas Ciências da especialidade) e uma componente

profissional-pedagógica (conteúdos das ciências da educação), independentemente

da ênfase concedida a uma ou a outra vertente nos diferentes sistemas

organizacionais. Em segundo lugar, a formação de professores é uma formação

profissional, pois, colocando de lado a discussão sobre o ensino como profissão,

estamos perante uma formação com a finalidade concreta de formar pessoas que

irão exercer a actividade de ensino. Por fim, a formação de professores é ainda uma

formação de formadores, decorrente da analogia estrutural entre o lugar físico da

formação e o espaço onde ocorre a prática profissional. Deste isomorfismo resulta,

muitas vezes, a adopção por parte dos formandos do modelo pedagógico de

formadores” (pp. 9 -10).

Na perspectiva de Nóvoa (1997, p. 24) a forma como se encara a formação de

professores “pode desempenhar um papel importante na configuração de uma «nova»

profissionalidade docente, estimulando a emergência de uma cultura profissional no seio

do professorado e de uma cultura organizacional no seio das escolas”. Assim, como

afirma Formosinho (2009, p. 32) a génese da profissão professor consiste na diferença

entre “estar professor” e “ser professor”. Nóvoa (2005, p.15) considera que poderemos

relacionar “ a formação de professores com o desenvolvimento pessoal (produzir a vida

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do professor), com o desenvolvimento profissional (produzir a profissão docente) e com o

desenvolvimento organizacional (produzir a escola) ”.

Focalizando a formação contínua, Chaves (2006, p.30), defende uma concepção de

formação contínua que abarque as suas múltiplas dimensões, isto é, que:

“integre o desenvolvimento pessoal e profissional dos professores, que

tenha em conta a localização da formação centrada nos contextos organizacionais,

que adopte um modelo construtivista optando pelo paradigma investigativo pela

forma interactiva-reflexiva que leve à emancipação profissional, fazendo dos

professores autores da sua própria formação, numa estratégia grupal e geradora de

inovações que levem à alteração das práticas que é suposto a formação contínua

mudar, tendo como objectivo primeiro o sucesso educativo dos alunos” (Idem: 35).

Tomando como referência Ribeiro (2003, p. 103), analisaremos, de seguida, os

modelos de formação de professores.

Modelos de Formação de Professores Características Modelo Tecnológico - Subordinação da prática à teoria

- Aplicação rigorosa das regras do conhecimento científico - Metáfora do professor instrutor

Modelo Reflexivo - Reflectir para participar criticamente - Compromisso com a eticidade do ensino - Metáfora do professor moralizador

Modelo das Competências - Saber mobilizar conhecimentos e recursos - Desenvolvimento de competências - Metáfora do professor como habilitador

Quadro 1 - Modelos de formação de professores

IV.2.1. O modelo tecnológico

O modelo tecnológico é um dos modelos usados na formação de professores que

mais se tem evidenciado ao longo do tempo, sendo considerado como uma referência

base da educação.

O papel do professor, no modelo tecnológico, é reduzido a um simples “instrutor”,

limitando-se a instruir e a transmitir o seu saber, os seus conhecimentos científicos e

académicos, aos colegas e a futuros professores. O professor “instrutor” desempenha um

papel especificamente técnico e especialista, aplicando com rigor as regras que advêm do

conhecimento científico. O professor instrutor contribui fortemente para a reprodução de

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teorias e esquemas ao escolher e aplicar de entre o repertório disponível o procedimento

que melhor se adaptará para solucionar o problema surgido. A instrução torna-se então

repetitiva e reprodutora, acentuando Pérez Gómez (1992, p.99), que na lógica deste

modelo, ao não se procurar articular a prática exercida diariamente com o conhecimento

teórico da investigação científica, encaminha-se para a “reprodução dos vícios,

preconceitos, mitos e obstáculos epistemológicos acumulados na prática empírica”.

IV.2.2. O modelo reflexivo

O professor “moralizador” apresenta-se comprometido com a dimensão ética e

moral do seu ofício e da sua profissão enquanto educador. Contreras (2002), é aquele que

procura vincular o seu ofício aos valores da educação. Valores essencialmente morais, na

tentativa de ampliar e desenvolver aquilo que é “desejável educativamente”. É um

professor que se encontra comprometido com os seus alunos, com o seu

desenvolvimento como pessoa, com as relações com os seus pares e com as famílias,

obedecendo a um compromisso com a ética da profissão, consciente dos dilemas e

tensões que esse compromisso possa causar futuramente (p.78).

Perrenoud (2000b, pp. 5-12), após valorizar a importância de uma prática reflexiva

capaz de proporcionar ao professor uma participação activa e crítica onde exista “um

compromisso crítico no debate social sobre as finalidades da escola e seu papel na

sociedade”, acrescenta que é necessário “ancorar a sua prática reflexiva sobre uma base

de competências profissionais”.

IV.2.3. O modelo das competências

O termo competência é um conceito chave, actual e pertinente na abordagem de

uma educação. O conceito de competência, como conceito científico ou como senso

comum, não constitui novidade. No entanto, ao longo dos anos 1990, o conceito emergiu

com maior visibilidade nos debates públicos e políticos nacionais e internacionais e nos

documentos de organizações importantes na área da educação.

A abordagem por competências exige que os professores adoptem novas formas

de ver e encarar a educação. Na perspectiva de Perrenoud (2000a, pp. 25-26), o professor

“deveria ser capaz de identificar e de valorizar (as) suas próprias competências, dentro da

sua profissão e dentro de outras práticas sociais”. O mesmo autor salienta algumas

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posturas a adoptar pelos professores, referindo que por mais especialistas que fossem,

deveriam sentir-se responsáveis pela formação global dos alunos; sair do seu campo de

especialização, discutir e conversar com os restantes colegas; perceber e valorizar a

transversalidade de algumas disciplinas; mobilizar a ajuda de várias disciplinas para a

realização de projectos; trabalhar tanto os conhecimentos como as competências; aceitar

funções mais centradas nos alunos do que nas disciplinas que leccionam; e tentar

convencer os seus alunos a trabalhar e a aprender de uma outra maneira, que não a

forma tradicional (Perrenoud, 1999, pp. 67-68).

Roegiers (2007, citado por Varela, 2012, p.3) encara a competência como “a

possibilidade, para um indivíduo, de mobilizar de, maneira interiorizada, um conjunto

integrado de recursos com vista a resolver uma família de situações-problemas”. Por seu

turno, Perrenoud (2000b, p.7) considera que a competência significa “a faculdade de

mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações, etc.)

para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações”. Importa que as

instituições de formação se comecem a preocupar com a transferência de conhecimentos

e com a sua adequação a diversos contextos. Segundo Perrenoud (1999, p.17), essa

“transferência” não se faz de forma automática, sendo necessário aliar-se à prática

reflexiva o exercício, essencialmente “em situações que possibilitam mobilizar saberes,

transpô-los, combiná-los”, inventando estratégias originais e diversificadas.

IV. 3. A formação dos Professores face à Diversidade Cultural

A globalização facilitou a circulação de pessoas, provocando mudanças quer na

sociedade quer na escola, tornando-as assim cada vez mais multiculturais. Face a este

contexto, a escola e os professores terão de estar preparados para assumir os novos

desafios que lhes são exigidos.

Segundo Nóvoa (1999), “[...] é impossível imaginar alguma mudança que não

passe pela formação de professores”. Para esse autor, é preciso construir lógicas de

formação que valorizem tanto a experiência dos professores como a dos alunos (p. 18).

Relativamente à formação de professores numa perspectiva intercultural, é

frequente que a formação para a diversidade tenha resultados pouco significativos pois

implica uma mudança de atitudes face ao outro diferente, alterar formas de agir e de

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trabalhar e a determinação das causas dessas formas de agir e de pensar. A formação

para a diversidade, de um modo geral, resume-se à «aquisição de conhecimentos sobre

as culturas, a evidenciar e às vezes até confraternizar com alguns costumes e valores,

geralmente numa perspectiva da sua folclorização» (Cortesão, 2000, p.16), mas poucas

vezes se discute problemas reais de poder que estruturam relações entre grupos e

questões de compatibilização de racionalidades. É urgente desenvolver programas de

formação e desenvolvimento profissional dos professores significativos e de qualidade e

de todos os serviços de apoio envolvidos de modo a criar na escola uma nova cultura

organizativa a nível social e pedagógico – didáctico para que todos os grupos –

minoritários e maioritários – aprendam a viver juntos numa verdadeira permeabilidade

de pessoas e culturas e sem separação entre o «nós».

Autores como (Canen,200; Candau, 1998; Fleuri, 2000, 2003; Silva,2008, 2011 ),

defendem uma proposta de formação de professores/as fundamentadas na perspectiva

intercultural; acreditam que somente com uma formação voltada para a diversidade

cultural professores/as podem colaborar para desestabilizar o papel homogeneizador da

cultura escolar e eliminar o preconceito e a discriminação na escola e na sociedade.

Galino e Escribano (1990, citado por Silva, 2008, p.197) referenciando o ensino

cooperativo, consideram que formar professores para a educação intercultural supõe, em

primeiro ligar, «preparar o professor para o ensino recíproco: a reciprocidade e

intercâmbio entre professores e alunos que provêm de diferentes nacionalidades e

culturas e a reciprocidade e intercâmbio entre professores e alunos que, em princípio,

procedem também de distintas culturas». A mesma autora defende que qualquer

proposta de formação, independentemente das suas especificidades, reforça a

importância da articulação teoria/prática e vice-versa, numa formação em contexto, e

põe a tónica na auto-análise dos professores. Este é, aliás, um denominador comum em

grande parte das propostas sobre formação de professores (p.196).

Referente à análise dos programas das disciplinas constatou-se que a presença dos

conteúdos relacionados com a diversidade cultural é mais relevante na disciplina de

Filosofia; a disciplina de Cultura Cabo-verdiana só faz referência a esse tema

contextualizado ao cenário Cabo-verdiano.

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É com alguma decepção que verificamos que a disciplina de Formação Pessoal e

Social não aborda em nenhum dos anos o conteúdo relacionado com a diversidade

cultural, uma vez que um dos objectivos principais da disciplina é formar para saber lidar

com as sociedades e consigo mesmo.

No que concerne a “nova” Lei Base do Sistema Educativo de Cabo Verde, embora

esteja numa fase piloto, consideramos pertinente a sua utilização por considerar que a

mesma é actual.

Estamos cientes que muito mais poderia ser abordado neste trabalho de

investigação, no entanto o tempo limitado de apenas 6 meses para a sua elaboração

limitou a nossa investigação.

V - Estudo de Caso

V.1. Metodologia

Este capítulo enquadra a metodologia de investigação, adoptada num estudo

extensivo, com referência à natureza da investigação, caracterização dos respondentes do

Inquérito por questionário caracterização da amostra e respondentes e técnicas e

instrumentos de pesquisa. O contacto com os professores inquiridos foi pessoal, e desta

forma foi possível esclarecer os inquiridos sobre os objectivos da investigação e

sensibilizá-los para o preenchimento do instrumento de pesquisa.

As estratégias de controlo desenvolvidas foram:

• Validade interna assegurada pela análise documental e inquérito por

questionário;

• Recolha bibliográfica sobre a temática em estudo;

• Contactos com a escola o pedido de autorização para a aplicação dos

questionários;

• Amostra significativa e seleccionada criteriosamente;

• Partilha e discussão de informação com outros investigadores da área;

• Obedecendo aos procedimentos éticos e morais;

• Estudo desenvolvido com pertinência, rigor, valor científico e clareza;

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39

• Tratamento dos dados por via informática;

• Fiabilidade do projecto de investigação.

Na análise dos dados dos inquéritos por questionário, averiguámos a frequência

de cada item, ou seja, observamos o número de vezes que os inquiridos escolheram cada

opção de resposta para cada item. Os inquéritos por questionário foram objecto de

análise estatística para as respostas fechadas e análise de conteúdo para as questões

abertas.

A informação recolhida foi sujeita a um tratamento estatístico realizado com o

programa Microsoft Excel versão 2010. Optamos por apresentar os resultados dos dados

do questionário em representação gráfica.

V.2. Participantes do estudo

Os participantes neste estudo são constituídos professores do ensino secundário a

leccionar na escola secundária Liceu Amílcar Cabral8 em Cabo Verde no ano lectivo

2012/2013. Distribuímos 115 questionários aos professores, tendo 98 sido respondidos e

analisados. No entanto, é importante ter em atenção que não se trata da totalidade dos

docentes das escolas.

A variável independente caracteriza os factores mensuráveis que, segundo

Tuckmam (2000, pp. 121-122), “é um factor que é medido, manipulado e seleccionado

pelo investigador, para determinara sua relação com um fenómeno observado”.

Neste estudo, consideramos os seguintes factores como variáveis independentes e

que melhor permitem caracterizar os respondentes do inquérito por questionário: o sexo,

a idade e a nacionalidade para determinar a caracterização pessoal dos respondentes, e

informações como, se viveu no estrangeiro e em caso positivo por quantos anos, ano de

experiência como professor, disciplina (s) que lecciona, se já exerceu função de

coordenador da disciplina que lecciona e em caso positivo por quantos anos, as

8 O Liceu Amílcar Cabral está situado na cidade de Assomada no conselho de Santa Catarina na Ilha de

Santiago – Cabo Verde, foi construído nos finais da década de 70 e começou a funcionar como Liceu em Outubro de 1985. Aquando da sua inauguração enquanto único Liceu do interior da Ilha (1985), acolhia alunos de todo interior de Santiago (Tarrafal, Calheta, Órgãos, Santa Cruz e São Domingos) e de outras ilhas. Hoje esses concelhos, já possuem escolas secundárias mas, nem por isso deixou de ser a maior escola do país. O presente ano lectivo é frequentado por 4200 alunos em 63 salas de aula o que corresponde 126 turmas de alunos do 1º, 2º e 3º ciclo. As aulas funcionam de segunda a sábado, durantes os dois períodos do dia: das 8 às 12:55 e das 13 às 18 horas. O corpo docente é de 204 professores (LAC, 2013).

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habilitações académicas, qual a instituição da formação inicial e onde situa, ano de

experiência na escola seleccionada para o estudo, o tempo de serviço e a situação

profissional, para verificar a caracterização profissional.

V.2.1. Caracterização dos respondentes do Inquérito por Questionário

De acordo com os dados, dos 98 respondentes ao questionário, passamos à

descrição dos professores de acordo com a sua caracterização pessoal e profissional.

V.2.1.1. Distribuição dos professores por sexo

A amostra ao nível de sexo verifica uma maior representatividade para os

docentes do sexo masculino, neste estudo foram abrangidos 58% de docentes do sexo

masculino e 42% do sexo feminino, (ver Apêndice C, Gráfico 1).

V.2.1.2. Distribuição dos professores por escalão etário

Os agrupamentos etários encontram-se representados por 56% de professores

com idades compreendidas entre 24 a 34 anos, sendo que 44% encontra-se no segmento

35 a 60 anos. Podemos concluir que há uma distribuição relativamente equilibrada de

docentes pelos dois grupos etários definidos, sendo que esta variável será utilizada como

indicador nos estudos apresentados neste trabalho de investigação.

V.2.1.3. Distribuição dos professores por nacionalidade

Verificou-se que 86% dos indivíduos que constituem a amostra deste estudo

referenciaram ter nacionalidade Cabo-verdiana, 3% Portuguesa, 4% Angolana, 6%

Guineense e 1% Brasileira, (ver Apêndice C, Gráfico 3). Sendo que a maior percentagem

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dos elementos que constituem a amostra são de nacionalidade Cabo-verdiana pretendia-

se saber se os professores já tinham sido emigrantes durante um período da sua vida.

V.2.1.4. Distribuição dos professores por período de vivência no estrangeiro

Percebendo que 32% afirmaram terem sido emigrantes, solicitámos que indicasse

o período de vivência no estrangeiro. Note-se que considerámos para a análise da

questão apenas a amostra que respondeu positivamente à questão de ter vivido no

estrangeiro. Constatámos que 28% dos inquiridos afirmaram ter residido no exterior por

um período de 1 a 10 anos, e 4% referiram ter habitado no estrangeiro por mais de 10

anos. Esta variável será utilizada como indicador nos estudos apresentados neste trabalho

de investigação, no entanto, para efectuar a comparação será utilizada a afirmação a

vivência ou não vivência no estrangeiro. Optou-se por utilização desta por considerar que

o contacto com outras culturas poderão influenciar no conhecimento sobre questões

relacionadas com a diversidade cultural.

V.2.2. Caracterização profissional dos professores inquiridos

V.2.2.1. Distribuição dos professores por tempo de serviço

Estabeleceram-se dois escalões para o tempo de serviço designadamente de 1 a

10 anos de serviço e mais de 10 anos de serviço. Pela análise do gráfico 5 observamos que

44% dos respondentes indicaram ter 1 a 10 anos de serviço e, em compensação, houve

56% dos inquiridos que registaram ter tempo de serviço superior a 10 anos. Esta variável

será utilizada como indicador nos estudos apresentados neste trabalho de investigação.

Optou-se por utilizar esta variável por considerar que os anos de experiência poderão

influenciar no conhecimento sobre questões relacionadas com os currículos.

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V.2.2.2. Distribuição dos professores por disciplina (s) que lecciona

Relativamente as disciplina (s) que leccionam, observamos (ver Apêndice C,

Gráfico 6) que foram questionados os professores de todas as disciplinadas do ensino

secundário com maior representatividade para a Português (n=15) a que se segue

matemática e inglês (n=10). Química, Mundo Contemporâneo, Filosofia e Geografia são

as disciplinas com menos representatividade (n=2).

V.2.2.3. Distribuição dos professores por ano com função de coordenador da

disciplina que lecciona

Procurámos perceber se os inquiridos já exerceram a função de coordenador das

disciplinas que leccionam e 57% responderam que não, e 43 % que sim, sendo que 29%

exerceram entre 1 a 5 anos e 14% mais de 5 anos, (ver Apêndice C, Gráfico 7).

V.2.2.4. Distribuição dos professores por habilitação académica

Observando o (ver Apêndice C, Gráfico 8), constatamos que 78% dos inquiridos

são licenciados, a que se segue, 7% em formação e mestrado e bacharelato com 6%

respectivamente. De realçar o baixo número de inquiridos em formação 3%. Em nossa

opinião, isto deve-se a políticas de formação de professores implementadas nos anos 90

em Cabo Verde no âmbito das reformas educativa.

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V.2.2.5. Distribuição dos professores por Instituição/local de formação inicial

Outra questão que tivemos em consideração diz respeito às instituições/local de

formação inicial dos docentes, como podemos observar, (ver Apêndice C, Gráfico 9),

apenas 6% dos inquiridos formaram numa instituição estrangeira e 92% fizeram a

formação inicial em Cabo Verde. Em nossa opinião, isto deve-se à política de formação

dos professores implementada no país.

V.2.2.6. Distribuição dos inquiridos por anos de experiência no Liceu

No que concerne, a distribuição dos inquiridos por anos de experiência no Liceu

Amílcar Cabral, constatamos que 57% dos respondentes indicam ter 1 a 10 anos de

serviço, nesta escola e 39% dos inquiridos têm mais de 10 anos de serviço, (ver Apêndice

C, Gráfico 10).

V.2.2.7. Distribuição dos professores por situação profissional

Em relação à situação profissional é patente que os professores inquiridos não

têm na sua maioria um vínculo ao quadro, 42% pertencem ao quadro e 58% trabalham

em regime eventual, (ver Apêndice C, Gráfico 11).

V.3. Técnicas e Instrumentos de Pesquisa

Neste estudo empírico optou-se pelo inquérito por questionário como

instrumento de pesquisa. Por inquérito por questionário entende-se, “as formas de

inquirir em que as questões são formuladas antecipadamente” (Ghiglione & Matalon,

2005, p. 63).

Quivy e Campenhoudt (1992, p.190) salientam que o inquérito por questionário

“consiste em colocar a um conjunto de inquiridos, geralmente representativo de uma

população, uma série de perguntas relativas à sua situação social, profissional ou familiar,

às suas opiniões, à sua atitude em relação às opções ou a questões humanas e sociais, às

suas expectativas, ao seu nível de conhecimento ou de consciência de um acontecimento

ou de um problema. Assinalam, ainda, que uma das principais vantagens deste

instrumento de pesquisa é “A possibilidade de quantificar uma multiplicidade de dados e

de proceder, por conseguinte, a numerosas análises de correlação”. Em relação ao tipo de

questões do inquérito por questionário referem, no que respeita ao seu conteúdo, que

podemos distinguir duas grandes categoriais de questões: “aquelas que se debruçam

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sobre os factos” e “aquelas que se debruçam sobre opiniões, atitudes, preferências, etc.”

Além da classificação segundo o conteúdo, as questões também se podem distinguir pela

sua forma, nomeadamente “as questões abertas às quais a pessoa responde como quer,

utilizando o seu próprio vocabulário, fornecendo os pormenores e fazendo os

comentários que considera certos” e “as questões fechadas, onde se apresenta à pessoa,

depois de se lhe ter colocada a questão, uma lista preestabelecida de respostas possíveis

dentre as quais lhe pedimos que indique a que melhor corresponde à que deseja dar”.

Acentua-se o facto deste inquérito por questionário, que constitui o instrumento de

pesquisa deste estudo empírico, conter quer questões quanto ao conteúdo sobre factos e

opiniões, bem como questões abertas e fechadas (ibdem, p.191).

O questionário é constituído por cinco partes sendo que: A primeira parte refere-

se à identificação – dados pessoais e profissionais em que se pedia que o inquirido

indicasse o sexo, a idade, a nacionalidade, se viveu no estrangeiro e em caso positivo por

quantos anos, anos de experiência como professor, disciplina (s) que lecciona, se já

exerceu função de coordenador da disciplina que lecciona e em caso positivo por quantos

anos, as habilitações académicas, qual a instituição de formação inicial e onde se situa,

anos de experiência na escola seleccionada para o estudo, o tempo de serviço e a

situação profissional. Pretendia-se, desta forma, recolher informação sobre as

características pessoais e profissionais dos sujeitos inquiridos.

A segunda parte contemplou questões indutoras de recolha de opinião dos

docentes sobre parâmetros que consideravam importantes para definir um bom

professor. Tendo-se estabelecido os seguintes graus de concordância: Total Desacordo =

1; Desacordo = 2; Nem de acordo nem em desacordo = 3; Concordo = 4 e Concordo

plenamente = 5. Os resultados serão comparados com à variáveis idade.

A terceira parte reflecte questões sobre a diversidade cultural, o professor e a

escola onde os inquiridos exercem funções docentes no presente ano lectivo de

2012/2013. Abrange diversas questões com as quais se pretendeu recolher informações

sobre opiniões, atitudes, práticas pedagógicas relativas à diversidade cultural. Os itens

foram constituídos a partir dos seguintes pontos orientadores: (1) a opinião dos

professores sobre diversidade cultural nas turmas e na escola onde trabalha; (2) a

reflexão dos professores sobre a diversidade cultural dos seus alunos; (3) a opinião dos

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docentes sobre a integração dos alunos; (4) a opinião dos docentes sobre a preparação

científica e pedagógica para trabalharem com alunos provenientes de diferentes culturas

e quais as dificuldades em lidar com os alunos e pais ou encarregados de educação. Os

resultados serão comparados com as variáveis idade e vivência no estrangeiro.

A quarta parte contemplou questões sobre a opinião dos professores

relativamente ao currículo em contexto de diversidade cultural. Estabeleceu-se igual

mente os graus de concordâncias: Total Desacordo = 1; Desacordo = 2; Nem de acordo

nem em desacordo = 3; Concordo = 4 e Concordo plenamente = 5. Pretendeu-se

percepcionar as opiniões dos professores sobre a presença dos conteúdos relacionados

com a diversidade cultural nos instrumentos orientadores como sejam: LBSE, Plano de

estudo do ensino secundário e os programas curriculares das disciplinas do ensino

secundário. Os resultados serão comparados com as variáveis idade e tempo de serviço.

A quinta parte diz respeito à formação dos professores no contexto da diversidade

cultural. Os itens foram constituídos a partir dos seguintes pontos orientadores: (1) se já

participara em alguma formação sobre educação multi/intercultural na escola, e em caso

negativos se gostaria de participar; (2) recolher as opiniões dos docentes sobre a

necessidade de formação em educação multi/intercultural na escola; (3) questões

referentes à formação inicial dos professores no contexto da diversidade cultural. Os

resultados serão comparados com as variáveis idade e vivência no estrangeiro.

VI: Análise e discussão dos resultados

Neste sexto capítulo apresenta-se e discussão dos resultados da investigação das

respostas dadas pelos inquiridos: 98 professores do ensino secundário de Cabo Verde.

Todas as informações complementares necessárias podem ser consultadas nos anexos.

VI. 1. Prática docente

Questionados sobre o que consideram ser um bom professor (apêndice D, ponto

I), os respondentes concordam maioritariamente com os itens definidos, salientando-se

com grande concordância o que se refere a “ter método diversificado de ensino” (n=98), a

que se segue “contribuir para a formação pessoal do aluno” (n= 96) e “promover

criatividade / originalidade / imaginação” (n=94). Pela não concordância destaca-se “ter

muitos anos de experiência” (n=48) como menos valorizada. Focalizando as questões

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relacionadas com a valorização da diversidade cultural na escola verificou-se que

“atender à cultura de origem de cada aluno e valorizá-la” e “incrementar o respeito

mútuo das culturas, na sala de aula” obtêm igual concordância (n=92). Relativamente a

“desenvolver uma perspectiva pluralista de cultura”, verificamos que é a menos

valorizada pelos respondentes (n=77).

Contudo, ao analisarmos as repostas em função da variável idade dos

respondentes (24-34 anos), verifica-se que há consenso sobre os itens “contribuir para a

formação pessoal do aluno” e “ter método diversificado de ensino” (n=55), a que se

segue “saber manter o respeito e a disciplina” (n=53). Os itens “atender à cultura de

origem de cada aluno e valorizá-la”, “incrementar o respeito mútuo das culturas, na sala

de aula” e “promover criatividade / originalidade / imaginação” reúnem o mesmo grau de

concordância (n=51). Porém, “ter muitos anos de experiência” é a que apresenta maior

grau de discordância (n=20).

No que concerne aos inquiridos com idade compreendida entre 35 – 60 anos,

“promover criatividade / originalidade / imaginação” e ” ter método diversificado de

ensino” foram as que reuniram maior número de concordância (n= 43). Na leitura dos

itens “saber manter o respeito e a disciplina”, “atender à cultura de origem de cada aluno

e valorizá-la”, “contribuir para a formação pessoal do aluno” e “incrementar o respeito

mútuo das culturas, na sala de aula” a opinião dos respondentes é igualmente de

concordância (n=41); por sua vez, o item que reuniu menos consenso para os inquiridos

desta idade também é “ter muitos anos de experiência” (n=15).

Cruzando os resultados dos itens que valorizam a diversidade cultural dos alunos

com à variável idade dos respondentes é visível um grande consenso na quase totalidade

dos itens, com destaque para “atender à cultura de origem de cada aluno e valorizá-la” e

“Incrementar o respeito mútuo das culturas, na sala de aula” (n=51), para os

respondentes com idades entre 24-34 anos e (n=41) para os respondentes mais velhos.

Por sua vez, “desenvolver uma perspectiva pluralista de cultura” é a menos valorizada

embora com um grau elevado de concordância (n=41 e n=36 respectivamente). Em nossa

opinião, estes resultados reflectem a sensibilidade dos inquiridos em relação à aceitação

e valorização de outras culturas.

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VI. 2. A escola, a diversidade cultural e o professor

VI. 2. 1. Escola e diversidade cultural

Quando questionados sobre a diversidade cultural da escola onde trabalha, 20

respondentes afirmam que não existe, e 78 que existe. As justificações apresentadas

referem, para os que responderam sim (ver apêndice D, ponto II): existem alunos e

professores de outros países e culturas diferentes (n=31), existem alunos de diferentes

ilhas de Cabo Verde e de alguns países estrangeiros, temos alunos com diferentes

diversidades culturais (n=27); há filhos de imigrantes da segunda geração, e porque

realiza várias actividades relacionadas com diferentes culturas (n=1). É pertinente

destacar a justificação pela negação de um respondente: porque a escola é composta por

esmagadora maioria de alunos cabo-verdianos, existe sim variantes educacionais

linguísticas (sem deixar de ser crioulo). Estrangeiro não deve ultrapassar um 1% e são

esses que criam a diversidade cultural, e porque todo o programa escolar, o design do

curriculum e actividades realizadas estão voltadas unicamente para a cultura Cabo-

verdiana. Existe um número reduzido de alunos provenientes de diferente cultura e

nacionalidade. Esporadicamente se vê actividades com diversidade cultural (n=1). Estas

justificações mostram-nos que provavelmente os respondentes não reflectiram sobre o

assunto ou desconhecem o conceito da diversidade cultural, uma vez que consideram

que todos os alunos Cabo-verdianos têm a mesma cultura e que o número reduzido de

alunos provenientes de diferentes culturas e nacionalidades não demonstram a

diversidade cultural.

Comparando os resultados em função da variável idade, verificou-se que os

respondentes consideram existir diversidade cultural na escola onde trabalham (n=46

para os que têm 22-34 anos e os mais velhos n=32). Porém, quando comparada com a

variável vivência no estrangeiro (n=64 para os que nunca viveram no estrangeiro e n=14

para os respondente que afirmaram ter vivido no estrangeiro), é de destacar a posição

dos respondentes que viveram no estrangeiro, uma vez que mais de metade dos mesmos

(n=17) consideram não haver diversidade cultural na escola onde trabalham. Em nossa

opinião, este resultado contraria a teoria de que o facto de viver em países estrageiros e

convivendo com outras culturas o individuo adquire sensibilidade para identificar a

diversidade cultural.

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Quanto aos países de origem dos alunos provenientes de outras culturas que

frequentam a escola, denote-se que para esta questão foram tidas em conta as respostas

dos respondentes que afirmaram existir alunos provenientes de outras culturas. Verifica-

se que a maioria dos alunos indicados é proveniente de Guiné Bissau (n=34), a que se

seguem Senegal (n= 29) e S. Tomé e Príncipe (n= 15). Em contrapartida os países como

Gana e Zimbabué são os que apresentam menor número (n=3). Contudo, é importante

mencionar a proveniência de outros alunos referenciados: 1) Africanos: Ilha de Santo

Antão (n=7), Ilha de São Vicente (n= 6), Ilha do Fogo (n=6), Angola (n=4), Mali (n=3),

Nigéria (n=3); 2) Americana: Brasil (n= 5); 3 Ásia: China (n= 4), Malásia (n=2); 4) Filhos de

emigrantes Cabo-verdianos: Portugal (n=1), Espanha (n=1); 5) Europeia: França (n=5),

Holanda (n=4), Portugal (n=3).

No entanto, quando questionados sobre o número total de alunos provenientes

de outras culturas que frequentam as suas turmas, três respondentes não responderam à

questão, outros três afirmam não saberem quantos existem e os que afirmam ter esses

alunos na sala indicam como número de alunos o valor dez.

VI. 2. 2. Reflexão sobre a diversidade cultural dos alunos

Questionados sobre com que frequência reflecte sobre a diversidade cultural dos

seus alunos, a maioria dos respondentes (n=40) afirma que às vezes o faz, e justifica:

porque já tive caso de violência “brigas” por causa dessas diversidades culturais (n=9);

principalmente quando chega o momento de avaliação e vejo que alguns não tiveram

bons resultados e outro tiveram bons resultados (n=1); compreendendo a diversidade

cultural de um aluno é mais fácil criar um ambiente propício a sua aprendizagem (n=1); e

porque, geralmente a problemas de adaptação e integração, principalmente com a língua

e a questão da bullying que é muito frequente (n=1). Dos 32 respondentes que afirmam

nunca terem reflectido sobre esta questão justificam que: estão todos bem integrados

(n=4); nunca tive necessidade de reflectir sobre este assunto porque não tive dificuldades

em lidar com alunos de culturas diferentes (n=2); e nunca reflecti sobre estas

diversidades porque nas minhas turmas ela praticamente não existe (n=1). Os docentes

que sempre reflectem sobre esta problemática (n=26), justificam que: sempre reflicto,

principalmente quando os alunos lutam ou provocam outros colegas de África,

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chamando-lhe de “Madjaco9 ”,ou dizendo-lhes “Bai bu terra mandjaco” e outras coisas

mais (…..) (n=6); temos muitos casos de bullying aqui na escola resultado de, racismo e

xenofobia. Temos que trabalhar mais esta diferença cultural nos nossos alunos (n=2); é

importante reconhecer o multiculturalismo para podermos enriquecer a nossa cultura

(n=1); e porque ultimamente vi-me exposto a uma grande diversidade cultural que pode

positiva ou negativamente afectar o processo de ensino aprendizagem. Isto desafia-me a

pensar e a melhor preparar-me para ajudar os meus alunos neste sentido (n=1).

Quando comparamos com à variável idade dos respondentes verifica-se que existe

nas duas faixas etárias um número igual (n=13) que afirma sempre reflectir sobre a

diversidade cultural dos seus alunos. Dos respondentes de 24-34 anos, 21 afirmam nunca

terem reflectido sobre esta questão assim como 11 dos mais velhos. Por outro lado, 19

dos respondentes da faixa etária 35-60 anos afirmam que às vezes reflectem sobre a

diversidade cultural dos alunos e 21 da faixa etária 24-34 anos. Já relativamente à variável

vivência no estrangeiro, 32 dos que viveram no estrangeiro afirmam que às vezes

reflectem sobre a diversidade cultural dos seus alunos, assim como alguns que não

viveram (n=8). Por sua vez, são 16 os respondentes que não viveram no estrangeiro e que

afirmam sempre reflectir sobre a questão e 10 dos que residiram. No entanto, 19 dos que

não viveram no estrangeiro afirmam que nunca reflectiram e 13 para os que viveram.

VI. 2. 3. Actividades que favoreçam a integração dos alunos de culturas

diferentes na escola

Procurando perceber se a escola tem desenvolvido actividades que favoreçam a

integração dos alunos de culturas diferentes, é de realças que 50 dos respondentes

afirmam não saber e 30 afirmam que a escola não tem desenvolvido actividades que

favoreçam a integração dos alunos. Verificou-se que uma minoria dos respondentes

(n=18) afirma que sim e apresentam algumas actividades como: a comemoração dos dias

de lusofonia, da francofonia e os dias do inglês (anglofonia) a festa da gastronomia e as

de Cultura Cabo-verdiana (n=13); actividades desenvolvidas pelo grupo disciplinar da

cultura cabo-verdiana (n=1); e actividades culturais como a dança e o teatro (n=1).

9 A expressão “Mandjaco” é utilizada em Cabo Verde para designar “os africanos”. Deriva dos manjacos (em

manjaco: Manjaku) são um povo que habita as ilhas de Pecixe e Jata e as margens dos rios Cacheu e Geba, na Guiné-Bissau. O nome do povo significa "eu digo-te". (http://pt.wikipedia.org/wiki/Manjacos consultado em 28/02/2013).

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Analisando a questão comparativamente com à variável idade verifica-se que os

respondentes mais novos (n=31) afirmam não saber se a escola tem desenvolvido

actividades que favoreçam a integração dos alunos de culturas diferentes; é também

nesta idade que apenas 3 inquiridos afirmam que sim, 15 dos respondentes da faixa

etária 34-60 anos também afirmam que sim. Articulando a questão com à variável

vivência no estrangeiro, observa-se que 38 dos que não viveram no estrangeiro não

sabem das actividades, 16 afirmam que a escola não tem desenvolvido actividades que

favorecem a integração dos alunos de culturas diferentes e 13 responderam que sim.

No que concerne a opinião dos inquiridos sobre a integração dos alunos,

constatou-se que a maioria (n=82) considera que sim, enquanto 16 consideram que os

alunos não estão integrados. Destaca-se algumas justificações para os que responderam

afirmativamente: conseguem adaptar a realidade da escola e convivem normalmente

com os colegas (n=20); porque participam e envolvem em massa nas actividades culturais

realizadas na escola (n=18); e a integração não é plena mas verifica-se aqui na nossa

escola. Não se verifica situação de exclusão embora seja necessário trabalhar mais para

uma integração adequada (n=1). Quando introduzimos à variável idade destaca-se que 12

dos professores com idades entre 24 - 34 anos afirmaram que os alunos não estão

integrados assim como os mais velhos (n=4). Afirmam 13 dos inquiridos que não viveram

no estrangeiro que os alunos não estão integrados enquanto 5 que estão integrados.

Verificou-se que as justificações dos que consideram que os alunos não estão integrados

referem: alguns têm resultados muito baixo (n=2); não é efectuado o teste diagnóstico

aos alunos integrados para avaliar a compreensão dos conteúdos leccionados nos anos

anteriores, mas o uso da língua materna por parte de alguns professores na sala de aula

também prejudica a integração (n=1); e se estivessem integrados não havia tanta

guerra10 por causa da xenofobia e outras coisas mais (n=1).

10

Os testemunhos estão transcritos como foram registados pelos respondentes. Esta opção permite também compreender o nível de língua dos mesmos respondentes / professores.

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VI. 2. 4. Preparação científica e pedagógica dos professores para trabalharem

com alunos provenientes de diferentes culturas

Através da análise das respostas dos professores inquiridos aferimos que 46 dos

sujeitos afirmam que sim, sendo que 52 dos docentes não consideram que os professores

estejam suficientemente preparados. Os inquiridos que responderam sim, justificam que:

porque a maioria convive com pessoas de diferentes culturas (n=4); a que se seguem, uso

de manuais internacionais (n=2); e porque a maioria das actividades são preparadas pelos

professores (n=2). Pela negativa destaca-se conhecimento limitado relativo às diferenças

culturais; Muitas vezes falta de sensibilidade por parte dos professores; Formação

adequada para lidar com essa situação (n=6); a que se seguem uso de língua materna

“crioulo” por parte de muitos professores na sala de aula cria dificuldades aos alunos

vindo de outras culturas (n=5); não porque já presenciei o próprio professor a praticar

bullying, expressando claramente o seu preconceito relativamente a alunos de outra

cultura neste caso em concreto de África. Ignorância dos professores sobre o assunto em

questão (n=1); e não conhecimento de outras culturas, falta de formação, muitos dos

professores só pesquisam sobre aquilo que está nos currículos e como temos poucos

conteúdos relacionado fica difícil (n=1). É importante assinalar que 40 dos professores

questionados não justificaram a sua opinião. Quando introduzida à variável idade

destaca-se que 31 dos professores com idade entre 24 - 34 anos consideram que os

professores estão suficientemente preparados científica e pedagogicamente para

trabalharem com alunos provenientes de diferentes culturas; em contrapartida, 28 dos

mais velhos afirmam que não. Dos inquiridos que viveram no estrangeiro 19 consideram

que os professores estão preparados, e 40 dos que não viveram no estrageiro consideram

que os mesmos não estão preparados.

VI. 2. 5. Dificuldades em lidar com a diversidade cultural dos alunos na sala de

aula

Com o intuito de procurar compreender quais as maiores dificuldades que os

inquiridos sentem ao lidar com a diversidade cultural dos alunos na sala de aula,

verificou-se que 83 afirmam não sentirem dificuldade e 15 reconhecem que sim

justificando: não existe na minha sala de aula mas penso que temos pouca preparação,

falta de formação continua sobre o tema (n=2); para ser sincera é a primeira vez que

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estou a reflectir sobre este tema, já teve confronto entre alunos de outras culturas com os

de Cabo Verde e não foi fácil resolver (n=1); e precisamos de formações, temos que

introduzir estes conteúdos nos programas para ter mais atenção dos professores, para

poder ajudar os nossos alunos da melhor forma (n=1). Algumas das justificações para os

que não sentem dificuldades são as seguintes: não existe alunos de culturas diferentes,

todos são cabo-verdianos (n=19); porque não tenho muitos alunos diversidade cultural

(n=9); porque nas minhas aulas sempre procuro fazer as comparações com as culturas

dos meus alunos vindos de outras culturas (n=6); e culturas diferentes não dificultam a

vivência e a convivência na sala de aula mas sim enriquece. A troca de experiências e

modos de viver diversificado enriquece os alunos e professores (n=1). Quanto à variável

idade, destaca-se que 46 dos professores com idade entre 24 - 34 anos afirmam que não

sentem dificuldades em lidar com esses alunos, enquanto 6 dos que têm entre 35-60 anos

afirmam sentirem dificuldades. Relativamente à vivência no estrangeiro, verificou-se que

um número muito reduzido (n=2) afirma sentirem dificuldades em lidar com estes alunos

e 54 dos que não viveram no estrangeiro afirmam que não.

VI. 2. 6. Situação de confronto de culturas na sua aula

Nesta questão pretendia-se percepcionar se os inquiridos já tinham tido alguma

situação de confronto de culturas na sua aula e se sim como a resolveram. Relativamente

a esta questão averiguámos que apenas 15 dos professores inquiridos afirmam já terem

tido alguma situação de confronto de culturas na sua aula e todos têm idade

compreendida entre 35-60 anos, sendo que 5 já viveram no estrangeiro. As justificações

apresentadas são: tentando mostrar aos envolvidos a importância de saber aceitar o

outro e respeita-lo com os seus hábitos e costumes (n=2); a aluna foi desprezivelmente

chamada de “mandjaco”. Fiz com que o aluno pedisse desculpas e conversei com a turma

sobre o respeito pela diferença e diversidade cultural e esclareci o termo usado (n=1); e

muito desprezo pelo alunos e até professores vindo de África, por exemplo dizem … “kel

professor mandjco feio pom falta disciplinar”, tenho que explica-los sobre as diferenças e

o respeito pelos outros professores (n=1).

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53

VI. 2. 7. Dificuldades em lidar com os pais ou encarregados de educação de

alunos de culturas diferentes

Nesta questão pretendia-se percepcionar se os inquiridos sentem dificuldades em

lidar com os pais ou encarregados de educação de alunos de culturas diferentes.

Relativamente a esta questão verificou-se que apenas 12 dos professores inquiridos

afirmam sentirem essas dificuldades, e todos têm idade compreendida entre 24-34 anos e

8 já viveram no estrangeiro. As justificações apresentadas estão relacionadas com o

factor língua, por causa da língua, alguns não falam português nem crioulo isso torna a

comunicação muito difícil (n=10).

VI. 2. 8. Planificação de actividades e elaboração de materiais em função da

diversidade cultural dos alunos

Pela análise de dados evidencia-se que 58 dos respondentes não têm essas

preocupações e desses 37 têm idade compreendida entre 24-34 anos, e 40 não viveram

no estrangeiro. As justificações são as seguintes: porque todos os meus alunos são

provenientes da mesma cultura, são todos Cabo-verdianos (n=7); nunca achei importante

(n=4); porque não tenho tido muitos alunos provenientes de culturas diferentes (n=4); e

porque o programa da disciplina é muito extenso, os temas abordados na minha disciplina

não contrapõe com a diversidade cultural dos meus alunos visto que é universal (n=1). No

entanto 40 dos respondentes planifica as actividades e concebe materiais pedagógicos

tendo em consideração a diversidade cultural dos seus alunos, sendo que 22 têm idade

compreendida entre 35-60 anos e 13 viveram no estrangeiro. As justificações dadas são:

procurando adaptar a aula de acordo com os seus conhecimentos, dando exemplos

práticos de coisas que acontecem no dia-a-dia (n=8); faço-o focalizando os conteúdos nas

realidades culturais dos alunos. As maiores dificuldades são os materiais e o factor tempo

que é muito reduzido para cada aula (n=1); e os programas curriculares não nos orientam

neste sentido, mas no entanto tento adaptar a minha abordagem sobre qualquer assunto

dado exemplo de como se verifica em outras culturas (n=1).

Em síntese e com base nos dados recolhidos percepcionámos que um número

significativo dos respondentes considera que o número reduzido de alunos provenientes

de outras culturas faz com que esta questão da diversidade cultural não seja muito

tratada. No entanto, reconhecem que deve-se dar uma atenção a esta questão uma vez

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que tem surgido casos de bullying, xenofobia e racismo derivados dessa diversidade e,

com alguma surpresa, afirmam planificar as suas aulas tendo em consideração essa

diversidade.

VI.3. Currículo em contexto de Diversidade Cultural

Propomo-nos neste ponto analisar as opiniões dos professores inquiridos face ao

currículo em contexto de diversidade cultural. Quando questionado se os professores têm

conhecimento de legislação e programas a nível nacional e internacionais relativos à

multi/interculturalidade na escola, verificou-se que um número muito reduzido (n=9) de

respondentes concordam. Desses 6 têm idade compreendida entre 35-60 anos e quando

articulada com a variável tempo de serviço, constata-se que 1 tem entre 1-10 anos de

docência.

Quanto à questão se a Lei Base do Sistema Educativo Cabo-verdiano reconhece e

valoriza a diversidade cultural dos alunos, verificou-se que 55 não concordam, e desses 35

têm idade compreendida entre 24-34 anos. Introduzindo o tempo de serviço, 32 dos

respondentes que concordam têm mais de 10 anos de serviço docente.

Questionados se consideram que o plano de estudo do Ensino Secundário

reconhece e valoriza a diversidade cultural dos alunos, 72 não concordam. Cruzando com

à variável idade, podemos verificar que 40 têm idade compreendida entre 24-34 anos, e

quando articulado com o tempo de serviço 35 têm mais de 10 anos de docência.

Quando questionados se os programas das disciplinas do ensino secundário

devem valorizar a diversidade cultural dos alunos, a tendência de opinião é para a

concordância (n=68); porém, os inquiridos mais velhos são os que menos discordam

(n=10), quando introduzida à variável tempo de serviço, sendo que 46 dos que

concordam têm mais de 10 anos de serviço.

No item, o programa da disciplina que lecciona tem conteúdos que valorizam e

ensinam sobre a diversidade cultural, a tendência é para a discordância (n=66). Cruzando

com à variável idade, podemos verificar que 17 dos que concordam têm entre 35 - 60

anos de idade e em relação aos anos de serviço 13 dos que concordam têm entre 1 - 10

anos.

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No item, os programas das disciplinas do ensino secundário são fechados e

homogéneos, as opiniões revelam uma reduzida concordância (n=24), e desses 6 têm

entre 35 - 60 anos de idade e 7 têm mais de 10 anos de serviço.

No item, os professores têm autonomia para proceder a adaptações curriculares

para alunos provenientes de diferentes culturas, a tendência das respostas é para a não

concordância (n=62), sendo que 13 dos que concordam estão na faixa etária 35 - 60 anos

de idade. Os que têm mais de 10 anos de serviço são os que menos concordam (n=14).

No item, os programas das disciplinas devem ser adaptados à realidade

multicultural dos alunos, as opiniões revelam concordância (n=62) e quando referida à

variável idade verifica-se que 32 têm entre 24 - 34 anos de idade. Por outro lado, quando

correlacionada à variável anos de serviços 42 respondentes têm mais de 10 anos de

serviço.

Quanto à questão, os professores deveriam ter autonomia para adaptar os

programas de acordo com a realidade multicultural da escola, verificou-se que a maioria

(n=64) concorda, e desses 38 têm idade compreendida entre 24-34 anos. Correlacionadas

com o tempo de serviço, 34 respondentes que concordam têm entre 1- 10 anos de

serviço docente.

No item, o programa da disciplina que lecciona não estão adaptados à realidade

multicultural da sociedade Cabo-verdiana, verifica-se que 55 dos respondentes não

concordam, sendo que 29 têm idades entre 24-34 anos. Quando introduzida à variável

tempo de serviço há uma maior discordância (n=33) para os que têm mais de 10 anos de

serviço.

No item, o programa da disciplina que lecciona incrementam o respeito mútuo das

culturas, na sala de aula, a tendência de opinião é para a discordância (n=52), e desses 32

têm idades entre 24-34 anos. Correlacionada à variável tempo de serviço, 32 dos que

discordam têm mais de 10 anos de serviço.

No item, a pouca presença de conteúdos que valorizam e ensinam sobre a

diversidade cultural faz com que os professores ignorem esta realidade, a tendência das

respostas é para a concordância (n=60) e quando correlacionada à variável idade verifica-

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se que 22 dos que concordam estão na faixa etária 35 - 60 anos de idade. Os que têm

mais de 10 anos de serviços são os que mais concordam (n=40).

No item, os programas da disciplina que lecciona têm conteúdos insuficientes que

valorizam e ensinam sobre a diversidade cultural, verificou-se que 55 respondentes

concordam, e desses 29 têm idade compreendida entre 34-60 anos. Correlacionando com

o tempo de serviço, 40 respondentes que concordam têm mais de 10 anos de serviço.

VI.4. Diversidade Cultural na Escola e a Formação de Professores

Propomo-nos neste ponto analisar as respostas dos professores inquiridos face à

formação dos professores no contexto da diversidade cultural.

VI.4.1. Participação em formação multi/intercultural na escola

Quando questionados sobre a participação em formação multi/intercultural na

escola, 92 respondentes afirmam que não participaram, e 6 que já participaram em

formação multi/intercultural na escola. Para os que responderam não, perguntou-se se

gostariam de participar e indicassem qual tipo de formação em que gostariam de

participar. Verificou-se que todos os que responderam sim indicaram as seguintes

formações: Qualquer que possa ser útil para o professor (n=22); a que se seguiu,

formação para a educação multicultural e intercultural (n=20); multiculturalismo (n=7);

diversidade cultural na escola (n=6); e o papel da educação multicultural e intercultural

no desenvolvimento das competências dos indivíduos (n=1). Verificou-se, ainda, que os 6

respondentes que afirmaram ter essa formação têm idade compreendida entre 24-34

anos e viveram no estrangeiro.

IV.4.2. Necessidade de formação sobre educação multi/intercultural

Nesta questão pretendia-se percepcionar se os inquiridos sentiam necessidade de

formação sobre educação multi/intercultural. Verificou-se que 76 dos professores

inquiridos afirmaram sentir essa necessidade. Dos que afirmaram não ter essa

necessidade apenas 4 têm idade compreendida entre 34-60 anos e 5 já viveram no

estrangeiro. As justificações apresentadas para os que responderam sim são: Para dar

melhor resposta no processo de ensino e aprendizagem (n=9); a que se segue, para

melhor lidar com a diferença (n=8); a formação ajuda a valorizar o ensino sobre a

diversidade cultural (n=3); para que haja uma óptima integração e relacionamento com os

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alunos de culturas diferentes (n=1); e dia após dia confrontamos com situações adversas

que só pelo empirismo não é possível lidar. É necessário ter uma formação para que

possamos capacitar melhor para essa tarefa (n=1). De realçar que 21 dos respondentes

não justificaram a sua opinião.

Quando questionados se consideravam que a falta de formação sobre educação

multicultural e intercultural podia prejudicar o trabalho do professor, 75 dos professores

inquiridos responderam que sim. Dos que responderam que sim, 41 têm idade

compreendida entre 24 e 34 anos e 56 não viveram no estrangeiro. As justificações para

os que responderam sim são: Porque ao deparar com esses casos o professor poderá

sentir dificuldades em trabalhar a questão (n=5); a que se segue, não saberá preparar

uma aula pensando na diversidade de culturas dos seus alunos (n=4); tendo formação a

pessoa fica mais capacitada e com mais conhecimento para que possa lidar com a

questão (n=1); e se o professor tiver alunos com diversidades culturais ficaria com a

tarefa mais facilitada se tiver formação nessa área (n=1). De realçar que 22 dos

respondentes não justificaram a sua opinião. Os inquiridos que responderam não

apresentaram as seguintes justificações: Independentemente da questão cultural, todos

os alunos devem ser tratados por igual (n=1); temos que ser auto-suficientes e investir

também no autoconhecimento (n=1); e basta ser compreensivo e ser aberto a outras

culturas (n=1). De realçar que alguns dos professores inquiridos não justificaram a sua

opinião (n=12).

Quando questionados se a falta de formação pode fazer com que os professores

ignorem a presença de alunos de outras culturas na sala de aula, 55 do inquiridos

responderam que sim, e desses 35 têm idade compreendida entre 24 e 34 anos 38 não

viveram no estrangeiro. Quando são chamados a dar a sua opinião relativamente à

formação em educação multi/intercultural para todos os professores, verificou-se que 82

dos professores inquiridos responderam sim. Dos que responderam não, 4 têm idade

compreendida entre 35 e 60 anos e apenas 2 viveram no estrangeiro. Para os que

responderam não, as justificações apresentadas são: porque se numa turma existe muitos

alunos com cultura diferente, de certeza que o professor terá problemas em lidar com

eles. Sou da opinião que ficaria mais fácil, se o aluno adaptar a realidade do professor

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(n=1); basta impor as regras da escola (n=1); e a internet está acessível a todos os

professores por isso podem e devem pesquisar sobre qualquer assunto (n=1).

IV.4.3. Formação inicial com disciplinas que abordem a diversidade cultural na

escola

Questionados sobre a presença de disciplinas que abordavam a diversidade

cultural na escola durante a formação inicial, verificou-se que apenas 4 professores

inquiridos responderam que sim, e desses 1 tem idade compreendida entre 24 e 34 anos

e 2 viveram no estrangeiro. Foi pedido que indicassem as referidas disciplinas: 2 dos

inquiridos não indicaram, e Educação para Cidadania (n=2). Quando questionados se os

cursos de formação inicial de professores têm informação insuficiente ao nível teórico e

proporcionam reduzida experiência ao nível prático em educação multi/intercultural, 81

professores responderam que sim, e dos respondentes que responderam não 7 têm idade

compreendida entre 24 e 34 anos, e 7 não viveram no estrangeiro.

IV. 4.4. Preparação científica e pedagógica para trabalhar com alunos

provenientes de diferentes culturas

No que concerne a opinião dos professores inquiridos sobre a preparação

científica e pedagógica para trabalhar com alunos provenientes de diferentes culturas

verificou-se que 50 respondentes consideram que não, 39 nunca reflectiram sobre isso e

9 afirmam que sim. Os que responderam sim 3 têm idade entre 24 e 34 anos e 5 viveram

no estrangeiro. As justificações apresentadas são: porque para além de ter estudado as

diversas culturas também ando a fazer pesquisas das culturas estrangeiras (n=1); aprendi

muitas coisas novas, adquiri algumas competências que até hoje me ajuda a leccionar

com os alunos provenientes de diferentes culturas (n=1); e porque para lidar com

situação do género é preciso estar inserido no contexto o que por sua vez exige uma

formação (n=1). No entanto, 6 professores inquiridos não justificaram as suas opiniões.

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59

CONCLUSÃO

Com este trabalho procurámos saber se os professores se sentem preparados para

lidar com a diversidade cultural na escola, em Cabo Verde. Preocupámo-nos em proceder

a uma revisão da literatura sobre a temática em estudo pretendendo conhecer as

perspectivas de vários autores relativamente à diversidade cultural no contexto escolar.

Terminado o estudo que desenvolvemos e depois de analisarmos os respectivos

resultados foi-nos possível encontrar respostas à pergunta de partida. Assim, para

responder aos objectivos traçados de acordo com os dados obtidos parece-nos poder

afirmar que o corpo docente respondente ao inquérito é maioritariamente jovem, com

idades compreendidas entre os 24 e 34 anos, têm uma formação superior e nunca

viveram no estrangeiro. Constatámos que os professores respondentes no presente

estudo reconhecem a importância dos itens relacionados com a diversidade cultural para

definir um bom professor.

Para responder aos objectivos relacionados com a escola, a diversidade cultural e

o professor, verificámos que a opinião da maioria dos professores respondentes (n=78)

relativamente à diversidade cultural da escola onde trabalham é para o reconhecimento

da diversidade cultural existente na escola. Os mesmos apontam a existência de

professores e alunos provenientes de diferentes ilhas e países. No entanto, países

Africanos como Guiné Bissau (n=34), Senegal (n=29) e São Tomé e Príncipe (n=15) são os

mais indicados pelos professores respondentes. Observámos que 41 respondentes por

vezes reflectem sobre a diversidade cultural dos seus alunos e esta reflexão está mais

relacionada com factores como a violência, bullying, racismo e xenofobia. No que

concerne às actividades desenvolvidas na escola que favoreçam a integração dos alunos

de culturas diferentes, 50 professores respondentes não tem conhecimento dessas

actividades e os 18 que têm conhecimento apontam a comemoração dos dias da

lusofonia, da francofonia, os dias do Inglês (anglofonia), a festa da gastronomia e as de

Cultura Cabo-verdiana. Observa-se, contudo, o reconhecimento por parte dos inquiridos

relativamente à integração dos alunos (n=82). Relativamente à preparação científica e

pedagógica dos professores para trabalharem com alunos provenientes de diferentes

culturas, é possível, através da análise das respostas dos professores inquiridos, aferirmos

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que 46 dos sujeitos afirmam que sim, sendo que 52 dos docentes não consideram que os

professores estejam suficientemente preparados. Conhecimento limitado relativo às

diferenças culturais, falta de sensibilidade por parte dos professores, falta de formação

adequada para lidar com essa situação, o uso da língua materna “crioulo” por parte de

muitos professores na sala de aula e a não existência de preocupação à volta da questão,

são alguns factores indicados pelo que consideram não haver preparação para

trabalharem com estes alunos, justificando assim as suas opiniões. Procurámos

compreender quais as maiores dificuldades que os inquiridos sentiam ao lidar com a

diversidade cultural dos alunos na sala de aula, e verificámos que 83 afirmam não

sentirem dificuldade e 15 reconhecem que sim. Contudo, as dificuldades estão

relacionadas com a pouca preparação, a falta de formação contínua sobre o tema,

dificuldades em resolver conflitos derivados deste contexto na sala de aula, a não

existência de conteúdos relacionados com o tema nos programas curricular das

disciplinas. Relativamente à situação de confronto de culturas na sua aula e a sua

resolução, verificámos que apenas 15 dos professores inquiridos afirmaram já terem tido

alguma situação de confronto de culturas na sua aula e como forma de resolução os

professores respondentes justificaram que tentam mostrar aos envolvidos a importância

de saber aceitar o outro e respeitá-lo com os seus hábitos e costumes, fazer com que o

aluno peça desculpas e conversa com a turma sobre o respeito pela diferença e

diversidade cultural e explicação sobre as diferenças e o respeito pelos outros

professores.

No que concerne as dificuldades em lidar com os pais ou encarregados de

educação de alunos de culturas diferentes, apurámos que apenas 12 dos professores

inquiridos afirmam sentirem essas dificuldades. As justificações apresentadas estão

relacionadas com o factor língua. Relativamente ao modo como faz planificação de

actividades e elaboração de materiais em função da diversidade cultural dos alunos e

quais são as maiores dificuldades encontradas, verificámos com alguma surpresa que 40

dos professores respondentes afirmam planificar as actividades e conceber materiais

pedagógicos tendo em consideração a diversidade cultural dos seus alunos, e justificam

que procuram adaptar a aula de acordo com os seus conhecimentos, dando exemplos

práticos de coisas que acontecem no dia-a-dia e tentam apresentar abordagem sobre

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qualquer assunto dando exemplo de como se verifica em outras culturas. Como maiores

dificuldades encontradas, apontam os materiais e o factor tempo que é muito reduzido

para cada aula e os programas curriculares não os orientam neste sentido.

Em síntese e com base nos dados recolhidos percepcionámos que um número

significativo dos respondentes considera que o número reduzido de alunos provenientes

de outras culturas faz com que esta questão da diversidade cultural não seja muito

tratada. No entanto, reconhecem que deve-se dar uma atenção a esta questão uma vez

que tem surgido casos de bullying, xenofobia e racismo derivados dessa diversidade e,

com alguma surpresa, afirmam planificar as suas aulas tendo em consideração essa

diversidade. No entanto, admitem que a falta de formação faz com que os professores

não estejam preparados para lidar com alunos provenientes de outras culturas.

Para responder aos objectivos relacionados com o currículo em contexto da

diversidade cultural, analisámos as opiniões dos professores inquiridos face ao currículo

em contexto de diversidade cultural e apurámos que um número muito reduzido (n=9) de

respondentes concorda que os professores tenham conhecimento de legislação e de

programas a nível nacional e internacional relativos à multi/interculturalidade na escola.

Quanto à questão se a Lei Base do Sistema Educativo Cabo-verdiano reconhece e valoriza

a diversidade cultural dos alunos, verificou-se que 55 não concordam. Verificou-se, ainda,

que 72 dos professores respondentes não concordam que o plano de estudo do Ensino

Secundário reconheça e valorize a diversidade cultural dos alunos. No entanto, 68

professores respondentes concordam que os programas das disciplinas do ensino

secundário devem valorizar a diversidade cultural dos alunos; embora 66 dos inquiridos

reconheçam que os programas da disciplina que leccionam não têm conteúdos que

valorizam e ensinem sobre a diversidade cultural. Com alguma surpresa, verificou-se que

74 dos professores inquiridos não concordam que os programas das disciplinas do ensino

secundário são fechados e homogéneos. No entanto, quando questionados sobre a

autonomia dos professores para proceder a adaptações curriculares para alunos

provenientes de diferentes culturas, a tendência das respostas é para a não concordância

(n=62) contrariando a afirmação anterior. A maioria dos professores respondentes

concordam que os programas da disciplina devem ser adaptados à realidade multicultural

dos alunos, e que os professores deveriam ter autonomia para adaptar os programas de

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acordo com a realidade multicultural da escola. Verificou-se que 55 dos respondentes não

concordam que os programas da disciplina que leccionam não estão adaptados à

realidade multicultural da sociedade Cabo-verdiana. No entanto, 52 professores

respondentes discordam que o programa da disciplina que lecciona incrementa o respeito

mútuo das culturas, na sala de aula. Constatámos, também, que 55 professores

respondentes concordam que os conteúdos são insuficientes e que 60 acredita que essa

insuficiência faz com que os professores ignorem esta realidade.

Pela análise dos dados parece-nos poder concluir que a maioria dos professores

respondentes concorda com a não existência de conteúdo que valorizam e ensinam sobre

a diversidade cultural nos programas da disciplina que leccionam. Esta conclusão reforça

a análise feita por nós aos programas das disciplinas de Português, Formação Pessoal e

Social e História. No entanto, verificou-se que os mesmos concordam com a introdução

desses conteúdos nos currículos escolares.

Para responder aos objectivos relacionados com a diversidade cultural na escola e

a formação dos professores, verificou-se que 92 nunca participaram numa formação

sobre multi/intercultural na escola mas, no entanto, gostariam de participar e apontam,

formação para a educação multicultural e intercultural, interculturalidade na escola e o

papel da educação multicultural e intercultural no desenvolvimento das competências

dos indivíduos, como algumas das formações que gostariam de participar. Constatámos

que 76 dos professores inquiridos afirmam sentirem necessidade de formação sobre a

educação multi/intercultural, para dar melhor resposta no processo de ensino e de

aprendizagem. Pois, 75 dos respondentes consideram que a falta de formação sobre

educação multicultural e intercultural pode prejudicar o trabalho do professor,

justificando que ou poderá sentir dificuldades em trabalhar a questão, ou mesmo não

saberá preparar uma aula pensando na diversidade cultural dos seus alunos. De realçar

que 55 dos inquiridos concordam que a falta de formação pode fazer com que os

professores ignorem a presença de alunos de outras culturas na sala de aula e a maioria

(n=82) é de opinião que todos os professores deveriam frequentar a formação em

educação multi/intercultural.

Quanto à formação inicial dos professores respondentes verificou-se que apenas 4

inquiridos afirmam terem tido disciplinas que abordavam a diversidade cultural na escola.

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No entanto, 81 considera que cursos de formação inicial de professores têm informação

insuficiente ao nível teórico e proporcionam reduzida experiência ao nível prático em

educação multi/intercultural.

No que concerne a opinião dos professores inquiridos sobre a preparação

científica e pedagógica para trabalhar com alunos provenientes de diferentes culturas

verificou-se que 50 respondentes consideram que não têm essa preparação e 39 nunca

reflectiram sobre isso.

Em síntese, parece-nos poder concluir que os professores não se sentem

preparados para trabalhar com alunos provenientes de diferentes culturas e percebemos

pelos resultados da pesquisa que é necessário formar professores tendo em conta o

cenário multicultural da sociedade Cabo-verdiana e das escolas em particular. A

introdução dos conteúdos relacionados com a valorização da diversidade cultural

também deverá ser uma prioridade a seguir. Contudo, essas decisões implicam o

envolvimento de todos, desde os decisores políticos aos gestores das escolas,

professores, família e comunidade. A escola, o seu ambiente, a sua organização

administrativa e pedagógica, têm de se estruturar de modo a acolherem toda a

diversidade de que os alunos são portadores.

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64

BIBLIOGRAFIA

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DECRETO- LEI nº 20/2002.

DECRETO- LEI nº 32/2009, de 11 de Setembro – Aprova os Planos Curriculares do

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LEI DE BASE DO SISTEMA EDUCATIVO nº 103/III/90 de 29 de Dezembro.

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I

Apêndice A: Questionário

Questionário aplicado, no âmbito do estudo de caso sobre a diversidade cultural no ensino secundário em Cabo Verde: novos desafios educativos e curriculares, aos Professores do Liceu Amílcar Cabral.

O presente questionário surge no âmbito de um trabalho de investigação no Mestrado em Ciências da Educação, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. O nosso interesse centra-se nos professores do ensino secundário e, por isso, o seleccionámos para responder a este questionário.

Solicitamos que preencha o questionário, com a máxima sinceridade, pois a sua opinião é muito importante para um conhecimento amplo e rigoroso da realidade.

Não há respostas certas nem erradas, dado que todas as opiniões são válidas desde que reflictam a sua forma de pensar e de agir. O anonimato das suas respostas será garantido e as informações recolhidas serão unicamente utilizadas para o estudo referido. A sua colaboração é imprescindível e, como tal, muito lhe agradecemos o tempo que nos dispensou.

Sónia Magalhães

PARTE I - IDENTIFICAÇÃO – DADOS PESSOAIS E PROFISSIONAIS

(marque com um (X) à frente da opção que corresponde à sua escolha)

1. Género:____________________.

2. Idade (referente a 31/12/2012): ___________ anos.

3. Nacionalidade: ___________________________________________.

4. Viveu no estrangeiro?

Não _______ Sim ________ Durante __________ anos.

5. Anos de experiência como Professor(a). ___________.

6. Disciplina (s) que lecciona. __________________________________.

7. Já exerceu função de coordenador da disciplina que lecciona?

Não _______ Sim _______ Durante __________ anos.

8. Habilitação Académica:_____________________________________.

9. Instituição de Formação Inicial: __________________________________.

9.1. Onde? _____________________________________________________.

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II

10. Anos de Experiência nesta Escola:_______________________________.

11. Situação profissional:

PQE (Professor do Quadro de Escola)____ PC (Professor Contratado)____.

PARTE II – PRÁTICA DOCENTE

Indique a importância que atribui, a cada um dos itens, na definição do que considera ser um bom professor. Para cada um dos itens, utilize a escala:

Total

Desacordo

Desacordo Nem de acordo

nem em desacordo

Concordo Concordo

plenamente

1 2 3 4 5

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III

PARTE III – A ESCOLA, A DIVERSIDADE CULTURAL E O PROFESSOR

As questões apresentadas na terceira parte referem-se à escola em que exerce funções docentes no presente ano lectivo.

1. Considera que a escola onde trabalha é uma escola com diversidade cultural?

Sim ________ Não _________

Tota

l Des

aco

rdo

Des

aco

rdo

Ne

m d

e ac

ord

o

nem

em

d

esac

ord

o

Co

nco

rdo

Co

nco

rdo

p

len

amen

te

1 Saber manter o respeito e a disciplina.

2

Atender à cultura de origem de cada aluno e valorizá-la.

3 Contribuir para a formação pessoal do aluno.

4 Estabelecer relação de empatia com os alunos.

5 Incrementar o respeito mútuo das culturas, na sala de aula.

6 Promover criatividade / originalidade / imaginação.

7 Revelar imparcialidade / sentido de justiça.

8 Desenvolver uma perspectiva pluralista de cultura.

9 Ter muitos anos de experiência.

10 Saber dialogar.

11 Saber ensinar / competência.

12 Ser exigente.

13 Ter método diversificado de ensino.

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IV

1.1. Porquê?

R: _________________________________________________________.

1.2. Se respondeu sim, indique a origem dos alunos provenientes de outras culturas que frequentam a escola.

R: _________________________________________________________.

2. Qual é número total de alunos provenientes de outras culturas que frequentam as suas turmas?

R: __________________________________________________________.

2.1 Quais as origens?

R: __________________________________________________________.

3. Com que frequência reflecte sobre a diversidade cultural dos seus alunos?

Sempre _________ Nunca _________ Às vezes ________

3.1. Porquê?

R: _________________________________________________________.

4. A escola tem desenvolvido actividades que favoreçam a integração dos alunos de culturas diferentes?

Não _________ Não sei ________ Sim ________

4.1. Se sim, aponte algumas.

R: ___________________________________________________________.

4.3. Em sua opinião, os alunos estão integrados?

Sim ________ Não _________

4.4. Porquê?

R: ________________________________________________________.

5. Considera que os professores estão suficientemente preparados científica e pedagogicamente para trabalharem com alunos provenientes de diferentes culturas?

Sim ________ Não _________

5.1. Porquê? Aponta pelo menos três causas.

R: ___________________________________________________________.

6. Tem dificuldades em lidar com a diversidade cultural dos alunos na sala de aula?

Sim _________ Não ________

6.1. Porquê?

R: ________________________________________________________.

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V

7. Já teve alguma situação de confronto de culturas na sua aula?

Sim _________ Não ________

7.1. Se sim, em que situação e como resolveu?

R: _______________________________________________________.

8. Sente dificuldades em lidar com os pais ou encarregados de educação de culturas diferentes?

Sim ________ Não _________

8.1. Porquê?

R: _________________________________________________________.

9. Quando faz preparação metodológica para a sua aula organiza, planifica as actividades e concebe materiais pedagógicos tendo em consideração a diversidade cultural dos seus alunos?

Sim ________ Não _________

Se não, porquê?

R: _________________________________________________________.

9.1. Se sim, como o faz e quais são as maiores dificuldades?

R: _________________________________________________________.

PARTE IV– CURRÍCULO EM CONTEXTO DE DIVERSIDADE CULTURAL

Indique a sua opinião relativamente ao currículo em cada um dos itens, relativo ao currículo em contexto da diversidade cultural.

Total Desacordo

Desacordo Nem de acordo

Nem em desacordo

Concordo Concordo Plenamente

1 2 3 4 5

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VI

Tota

l Des

aco

rdo

Des

aco

rdo

Nem

de

aco

rdo

nem

em

des

aco

rdo

Co

nco

rdo

Co

nco

rdo

Ple

nam

ente

1 Os professores têm conhecimento de legislação e programas a nível nacional e internacionais relativos à multi/interculturalidade na escola.

2 A Lei Base do Sistema Educativo Cabo-verdiano reconhece e valoriza a diversidade cultural dos alunos.

3 O plano de estudo do Ensino Secundário reconhece e valoriza a diversidade cultural dos alunos.

4 Os programas das disciplinas do ensino secundário devem valorizar a diversidade cultural dos alunos.

5 O programa da disciplina que lecciona tem conteúdos que valorizam e ensinam sobre a diversidade cultural.

6 Os programas das disciplinas do ensino secundário são fechados e homogéneos.

7 Os professores têm autonomia para proceder a adaptações curriculares para alunos provenientes de diferentes culturas.

8 Os programas das disciplinas devem ser adaptados à realidade multicultural dos alunos.

9 Os professores deveriam ter autonomia para adaptar os programas de acordo com a realidade multicultural da escola.

10 O programa da disciplina que lecciona não está adaptado à realidade multicultural da sociedade Cabo-verdiana.

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VII

PARTE V – DIVERSIDADE CULTURAL NA ESCOLA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Indique a sua opinião relativamente à diversidade cultural e a formação de professores.

1. Já participou em alguma formação sobre educação multi/intercultural na escola?

Sim _________ Não _________.

1.1. Se não, gostaria de participar? ______________________________.

1.2. Se sim, indica que tipo de formação.________________________.

2. Sente necessidade de formação sobre educação multi/intercultural na escola?

Sim _______ Não __________.

2.1. Porquê?

R: __________________________________________________________.

3. Durante a sua formação inicial teve disciplinas que tratavam sobre a diversidade cultural na escola?

Não ______(avance para questão 6) Não me lembro _____ Sim _____.

3.1. Se sim, quais?

R: ___________________________________________________________.

4. Depois da formação inicial sentiu-se suficientemente preparado científica e pedagogicamente para trabalhar com alunos provenientes de diferentes culturas?

Sim _________ Não ________ Nunca reflecti sobre isso _________.

4.1. Porquê?

11 O programa da disciplina que lecciona incrementa o respeito mútuo das culturas, na sala de aula.

12 A pouca presença de conteúdos que valorizam e ensinam sobre a diversidade cultural faz com que os professores ignorem esta realidade.

13 O programa da disciplina que lecciona tem conteúdos insuficientes que valorizam e ensinam sobre a diversidade cultural.

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VIII

R: __________________________________________________________.

5. Os cursos de formação inicial de professores têm informação insuficiente ao nível teórico e proporcionam reduzida experiência ao nível prático em educação multi/intercultural?

Sim ________ Não _________.

6. Considera que a falta de formação sobre educação multicultural e intercultural pode prejudicar o trabalho do professor?

Sim ________ Não __________.

6.1. Porquê?

R: __________________________________________________________.

7. A falta de formação dos professores pode fazer com que os professores ignorem a presença de alunos de outras culturas na sala de aula.

Sim ________ Não _________.

8. Na sua opinião todos os professores deveriam frequentar uma formação sobre a educação multi/intercultural?

Sim __________ Não ___________.

8.1 Porquê?

R: _________________________________________________________.

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IX

Apêndice B: Respostas ao Questionário

Respostas ao questionário aplicado aos professores do Liceu Amílcar Cabral, que

participaram no estudo sobre a Diversidade Cultural no Ensino Secundário em Cabo

Verde: novos desafios educativos e curriculares.

1 - DADOS PESSOAIS E PROFISSIONAIS

Nº de inquiridos por sexo

Feminino Masculino

41 57

Nº de inquiridos por escalão etário

24 - 34 Anos 35 - 60 Anos

55 43

Nacionalidade dos inquiridos

Cabo-verdiana Portuguesa Angolana Guineense Brasileira

84 3 4 6 1

Período de vivência no estrangeiro

Não 1 a 8 9 a 20 21 a 35

67 27 1 3

Anos de experiência como professor

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X

1 - 10 anos mais de 10 anos

43 55

Disciplinas leccionadas pelos inquiridos

F.P.S E.V.T QUIM. PORT. MAT. E.F HIST. FRAN H.A

6 6 2 15 10 6 7 9 6

E.C ING C.N BIO M.C C.C.V FIL. FIS. GEO.

3 10 3 3 2 3 2 3 2

Função de coordenador da disciplina que lecciona

Não 1 - 5 anos mais de 5 anos

56 28 14

Habilitação académica dos inquiridos

12º ANO EM FORMAÇÃO BACHAREL LICENCIATURA MESTRADO

3 7 6 76 6

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XI

Instituição/local de formação dos inquiridos

JEAN PIAGET –

CABO VERDE

UNICV

CABO VERDE

MANEL

FATARSO

CUBA

ISE –

CABO VERDE

IP – CABO

VERDE

L.AMÍLCAR

CABRAL

CABO VERDE

ISCED -

ANGOLA

19 27 1 25 10 6 1

FCSH UNL

PORTUGAL

ISECMAR

CABO VERDE

EFPES

CABO VERDE

I.S.T -

PORTUGAL

FCT UNL

PORTUGAL

E.N.S TCHICO-

GUINÉ BISSAU

SEM

RESPOSTA

1 1 2 1 1 1 2

Anos de experiência dos inquiridos no Liceu Amílcar Cabral

1 - 10 anos 11 - 25 anos SEM RESPOSTA

56 38 4

Situação profissional dos inquiridos

PROFESSORES DO QUADRO DA ESCOLA PROFESSORES CONTRATADOS

41 57

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XII

II. PRÁTICA DOCENTE

Importância atribuída a cada um dos itens, na definição que se

considera ser um bom professor comparada à variável idade - 24 - 34 anos.

Importância atribuída a cada um dos itens, na definição que se

considera ser um bom professor comparada à variável idade - 35 - 60 anos.

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XIII

III – A ESCOLA, A DIVERSIDADE CULTURAL E O PROFESSOR

Opiniões dos inquiridos sobre atitudes e práticas pedagógicas

relativas à diversidade cultural comparada à variável idade.

Opiniões dos inquiridos sobre atitudes e práticas pedagógicas

relativas à diversidade cultural comparada à distribuição por vivência no

estrangeiro.

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XIV

IV – CURRÍCULO EM CONTEXTO DE DIVERSIDADE CULTURAL

Opinião dos professores inquiridos sobre currículo em contexto da

Diversidade Cultural comparada à variável idade.

Opinião dos professores inquiridos sobre currículo em contexto da

Diversidade Cultural comparada à variável vivência no estrangeiro.

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XV

V – DIVERSIDADE CULTURAL NA ESCOLA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Opiniões dos inquiridos sobre Diversidade Cultural na Escola e a

Formação de Professores comparada à variável idade.

Opiniões dos inquiridos sobre Diversidade Cultural na Escola e a

Formação de Professores comparada à vivência no estrangeiro.

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XVI

Apêndice C: Resposta ao questionário (gráficos)

Resultados, na forma de gráficos, do questionário aplicado aos professores do

Liceu Amílcar Cabral, que participaram no estudo sobre a Diversidade Cultural no Ensino

Secundário em Cabo Verde: novos desafios educativos e curriculares.

Gráfico 1

Gráfico 3

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XVII

Gráfico 6

Gráfico 7

Gráfico 8

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XVIII

Gráfico 9

Gráfico 10

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XIX

Gráfico 11

Gráfico 12

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XX

Gráfico 13

Gráfico 14

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XXI

Gráfico 15

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XXII

Apêndice D: Transcrição das opiniões dos inquiridos

I. Transcrição das opiniões dos inquiridos sobre atitudes e práticas

pedagógicas relativas à diversidade cultural

1. Considera que a escola onde trabalha é uma

escola com diversidade cultural?

SIM (n= 78)

Existem alunos e professores de outros países e culturas diferentes.

(n=31).

Temos alunos de diferentes ilhas de Cabo Verde e de alguns países

estrangeiros, temos alunos com diferentes diversidades culturais

(n=27).

Não justificaram (n= 10).

Alunos de diversas ilhas de Cabo Verde, cada um com os seus hábitos e

costumes e alguns da costa africana (n=8).

Há filhos de imigrantes da segunda geração (n=1).

Porque realiza várias actividades relacionadas com diferentes culturas

(n=1).

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XXIII

NÃO (n= 20)

Não justificaram (n=15).

Não temos alunos de outras culturas, são raros os casos (n=1).

Porque a escola é composta por esmagadora maioria de alunos cabo-

verdianos, existe sim variantes educacionais linguísticas (sem deixar de

ser crioulo). Estrangeiro não deve ultrapassar um 1% e são esses que

criam a diversidade cultural (n=1).

Porque até este momento não deparo com alunos provenientes de

culturas diferentes (n= 1).

Não há uma expressão ou quantidade de alunos provenientes de

culturas distintas, portanto não se verifica manifestação cultural

diferente (n=1).

Porque todo o programa escolar, o design do curriculum e actividades

realizadas estão voltadas unicamente para a cultura Cabo-verdiana.

Existe um número reduzido de alunos provenientes de diferente cultura

e nacionalidade. Esporadicamente se vê actividades com diversidade

cultural (n=1).

1.2. Se respondeu sim, indique a origem dos alunos

provenientes de outras culturas que frequentam a escola.

Africanos: Guiné Bissau (n=34); Senegal (n= 29); S. Tomé e Príncipe (n=

15); Ilha de Santo Antão (n=7); Ilha de São Vicente (n= 6); Ilha do Fogo

(n=6); Angola (n=4); Mali (n=3); Nigéria (n=3); Gana e Zimbabué (n=3);

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XXIV

n = numero

de vezes que

cada país foi

referenciado

Americana: Brasil (n= 5)

Ásia: China (n= 4)

Malásia (n=2)

Filhos de emigrantes Cabo-verdianos: Portugal (n=1), Espanha (n=1);

Europeia: França (n=5), Holanda (n=4), Portugal (n=3)

Não indicou (n= 24).

2. Qual é número total de alunos provenientes de outras culturas

que frequentam as suas turmas?

Número de

alunos

referenciados

pelos

professores

29 professores referiram que tinham 10 alunos;

22 professores referiram que tinham 8 alunos;

14 professores referiram que tinham 6 alunos;

5 professores referiram que tinham 4 alunos;

6 professores referiram que tinham 4 alunos;

7 professores referiram que tinham 3 alunos;

3 professores referiram que tinham 1 alunos;

6 professores referiram que tinham 1 alunos.

3 professores referiram que não sabem 3

3 professores não responderam.

n = numero

de vezes que

cada país foi

referenciado

Africanos: Guiné Bissau (n=22); Senegal (n= 18); S. Tomé e Príncipe (n=

13); Ilha de Santo Antão (n=7); Ilha de São Vicente (n= 6); Ilha do Fogo(

n=6); Angola (=4); Mali (n=3); Nigéria (n=3); Gana (n=3); Zimbabué (n=

1)

Americana: Brasil (n= 5)

Asia: China ( n= 4), Malásia (n=2)

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XXV

Filhos de emigrantes cabo-verdianos: Portugal (n=1); Espanha (n=1)

Europeia: (França (n=5); Holanda (n=4); Portugal (n=3)

Não indicaram (n= 20)

3. Com que frequência reflecte sobre a diversidade cultural dos

seus alunos?

Sempr

e (n= 26)

Sempre reflicto, principalmente quando os alunos lutam ou provocam

outros colegas de África, chamando-lhe de “Madjaco”,ou dizendo-lhes

“Bai bu terra mandjaco” e outras coisas mais (…..) (n=6).

Quando uso exemplos de outras culturas para comparar com a nossa

realidade (n= 5).

Temos muitos casos de bullying aqui na escola resultado de, racismo e

xenofobia. Temos que trabalhar mais esta diferença cultural nos nossos

alunos (n=2).

Sempre, porque na minha disciplina também falamos sobre a

diversidade cultural principalmente em Cabo Verde (n= 1).

Depende das condições socio-economicas, do sucesso nos conteúdos

leccionados nos anos anteriores e local de nascimento (n= 1).

É importante reconhecer o multiculturalismo para podermos enriquecer

a nossa cultura (n=1).

Porque vim de outra cultura e sempre comparo os estilos de vida de lá e

de cá (n=1).

Já houve conflito na sala de aula por ter usado palavras ofensiosa

(Mandjaco) entre colegas (n=1).

Para falar sobre o conceito do racismo e igualdade (n=1).

Porque devemos ter em mente que esses alunos vieram de uma cultura

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XXVI

diferente. As vezes, devemos estar em constante alerta com as nossas

expressões dentro da sala de aula (n=1).

Sempre de vez em quando aparece certas situações na sala de aula a

gente começa a reflectir sobre as outras culturas (n=1).

Sempre faço comparações entre culturas deles e a cultura cabo-

verdiana (n=1).

Porque como professores devemos reflectir com frequência sobre a

diversidade cultural de modo a saber lidar com a situação caso for

necessário (n=1).

As diferenças educacionais na escola são sempre fonte de conflitos e

agressividade manifestada de diferentes formas (n=1).

Do confronto com eles na sala pode-se observar que cada dia estão a se

preocupar menos com a cultura e só observa no facto de actualidade

(meios de comunicação interferindo negativamente na aprendizagem)

(n=1).

Porque ultimamente vi-me exposto a uma grande diversidade cultural

que pode positiva ou negativamente afectar o processo de ensino

aprendizagem. Isto desafia-me a pensar e a melhor preparar-me para

ajudar os meus alunos neste sentido (n=1).

Não tenho esses alunos nas minhas turmas, todos são Cabo-verdianos.

(n= 8).

Desde que lecciono nunca tive alunos de outras culturas, só cabo-

verdianos (n=6).

Não justificaram (n=5).

Estão todos bem integrados (n= 4).

Sempre trato de equacionar um clima favorável nos seios dos alunos.

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XXVII

Nunca:

(n=32)

(n=3).

Nunca tive necessidade de reflectir sobre este assunto porque não tive

dificuldades em lidar com alunos de culturas diferentes (n=2).

Nunca reflecti porque temos os mesmos hábitos, costumes, não há nada

de especial (n=1).

Nunca reflecti sobre estas diversidades porque nas minhas turmas ela

praticamente não existe (n=1).

Porque todos provêm da mesma cultura (n=1).

Porque não tive oportunidade de ter um aluno de outra nacionalidade

que não seja cabo-verdiana, tenho um aluno que é de ilha Fogo que veio

viver ca em Assomada (n=1).

Às vezes (n=

40)

Não justificaram (n=11).

Porque já tive caso de violência “brigas” por causa dessas diversidades

culturais (n=9).

É preciso conhecer a cultura do aluno para poder compreender a sua

forma de comportamento e de agir (n=4).

Principalmente quando chega o momento de avaliação e vejo que

alguns não tiveram bons resultados e outro tiveram bons resultados

(n=1).

Porque já vivi no estrangeiro e tenho noção dessa diversidade, aqui

sinto que pouco se fala sobre este assunto na escola, para ser sincera é

a primeira vez que vejo alguém abordar esta questão aqui na escola

(n=1).

Porque as vezes sinto que os meus alunos vindo de África neste caso

uma aluna da Guiné Bissau é discriminada pelos colegas (n=1).

Compreendendo a diversidade cultural de um aluno é mais fácil criar um

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XXVIII

ambiente propício a sua aprendizagem (n=1).

Porque as vezes surgem momentos em que os alunos manifestam os

seus valores culturais, nas datas festivas dos seus países de origem ou

mesmo de situação conjunturais de instabilidade política de alguns

países (n=1).

Promover a compreensão e tolerância entre alunos e seleccionar textos

que expressam a diversidade cultural e o estilo de vida (n=1).

Para que se algum dia depararem com outras culturas para saberem

integrar e respeitar todas as culturas (n=1).

Porque o racismo e a descriminação cultural é algo que devemos

combater (n=1).

Visto que o programa da disciplina que eu lecciono não aborda este

tema. No dia da cultura cabo-verdiana é realçada a diversidade cultural

(n=1).

Porque, geralmente a problemas de adaptação e integração,

principalmente com a língua e a questão da bullying que é muito

frequente (n=1).

As vezes, porque reflectem no relacionamento e no processo de ensino

aprendizagem (n=1).

Devido ao aproveitamento, o comportamento e a maneira de ser/estar

(n=1).

Sei que têm proveniências diferentes aqui em Santiago e de outras ilhas

de Cabo Verde, por isso, têm suas especificidades (n=1).

Este aspecto (cultural) não se manifesta nas turmas que tenho, e que já

tive, porque também estes alunos têm cultural próxima e se calhar o

número é insignificante (n=1).

Porque nunca tive esses casos (n=1).

São poucos alunos pelo que não há muitas dificuldades (n=1).

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XXIX

4. A escola tem desenvolvido actividades que

favoreçam a integração dos alunos de culturas diferentes?

SIM (n= 18)

A comemoração dos dias de lusofonia, da francofonia e os dias do inglês

(anglofonia); a festa da gastronomia e as de cultura cabo-verdiana

(n=13).

Não respondeu (n=2).

Gastronomia, vestuários enfim várias actividades culturais envolvendo

alunos e professores dos países diferentes (n=1).

Actividades desenvolvidas pelo grupo disciplinar da cultura cabo-

verdiana (n=1).

Actividades culturais como a dança e o teatro (n=1).

4.3. Em sua opinião, os alunos estão integrados?

Conseguem adaptar a realidade da escola e convivem normalmente

com os colegas (n=20).

Porque participam e envolvem em massa nas actividades culturais

realizadas na escola (n=18).

Não justificaram (n=13).

Os alunos manifestam os seus sentimentos de uma forma livre, sem

nenhum constrangimento (n=5).

Nunca reflecti sobre isso, mas acho que sim, nunca tive queixas e os

mesmos alunos também consegue passar de classe (n=2).

Convivem com os colegas e já estão ambientados a nossa realidade,

embora haja sempre conflito por causa do preconceito de alguns

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XXX

SIM (n=82=

colegas (n=2).

Ao tentarem mostrar, como são no vestir, comer, modo estar leva-me a

pensar que eles correspondem positivamente a sua integração na

sociedade (n=2).

Inicialmente há uma certa dificuldade na adaptação pelo facto de não

conhecerem uns aos outros, depois corre tudo na normalidade (n=2).

Porque a própria escola e o sistema de ensino em si cria um ambiente

quente a integração desses alunos (n=1).

Entre individuo do mesmo estrato existe sempre fácil socialização (n=1).

Porque aqueles que não têm condições são apoiados financeiramente

com pagamento de propinas e psicologicamente com atendimento no

gabinete de atendimento psicológico (n=1).

A língua oficial é mesma alguns hábitos aproximam-se a vivência e há

semelhanças (n=1).

Observo uma boa socialização entre esses alunos com a escola, tendo

sucesso escolar. Nunca presenciei qualquer forma de discriminação

(n=1).

O tempo é remédio para essas questões (n=1).

A integração não é plena mas verifica-se aqui na nossa escola. Não se

verifica situação de exclusão embora seja necessário trabalhar mais

para uma integração adequada (n=1).

Porque relacionam normalmente com os outros colegas (n=1).

Têm muitos amigos, por serem alunos que entendem as línguas

cabo-verdianas, tanto o português como o crioulo, comunicam-se com

facilidade (n=1).

Todos os alunos gostam de deixar de viver as suas culturas para viver as

culturas de outros povos (n=1).

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XXXI

Posso apontar o factor língua (n=1).

Porque todos têm a mesmas culturas são cabo-verdianos (n=1).

Porque vejo que os alunos já familiarizaram com número de aulas por

dia, nº de professores, conteúdos (n=1).

Na minha opinião os alunos estão integrados porque na nossa escola,

pelo menos na minha sala de aula não deparo com casos de

divergências do ponto de vista cultural (n=1).

Posso dizer que em larga escala sim pela aderência as actividades, resta

saber se estão realmente engajados as actividades e se estão a

assimilar (n=1).

Pois apesar de alguns casos de falha de integração (novos) há uma

forma consistente de mecanismos de conhecimento dos alunos nas suas

actividades, particularidade para acompanhamento (n=1).

São alunos com bom aproveitamento escolar (n=1).

Há aqueles que estão bem integrados, mas alguns têm dificuldades

principalmente no início devido a problemas da língua e em certos casos

o racismo e preconceito (n=1).

NÃO (n=16) Nunca reflecti sobre isso, mas penso que não (n= 7).

Não justificaram (n=5).

Alguns têm resultados muito baixo (n=2).

Não é efectuado o teste diagnóstico aos alunos integrados para avaliar

a compreensão dos conteúdos leccionados nos anos anteriores, mas o

uso da língua materna por parte de alguns professores na sala de aula

também prejudica a integração (n=1).

Se estivessem integrados não havia tanta guerra por causa da

xenofobia e outras coisas mais (n=1).

5. Considera que os professores estão suficientemente preparados

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XXXII

científica e pedagogicamente para trabalharem com alunos

provenientes de diferentes culturas?

SIM (n=46)

Não justificaram (n=24).

Porque a maioria convive com pessoas de diferentes culturas (n=4).

Uso de manuais internacionais (n=2).

O professor é conhecedor de outras culturas; respeita, aceita e valoriza

todas as culturas (n=2).

Porque a maioria das actividades são preparadas pelos professores

(n=2).

Têm bagagem pedagógica e didáctica, e têm experiências na docência.

(n=2).

Tenho anos de experiência, a muito que trabalho com professores e

alunos de outras culturas (n=1).

Já vivi no estrangeiro e isso ajuda-me muito quando preciso fazer

comparações de culturas (n=1).

Não faço diferença entre os alunos, por isso não tenho problemas em

lidar com os que vêem de outras culturas (n=1).

Apesar de não ter nenhuma formação nesta área tenho resolvido os

conflitos que vão surgindo. Porque a maioria convive com pessoas de

diferentes culturas (n=1).

Porque durante o curso os professores estudam diferentes culturas

(n=1).

Mais de 50% dos professores já têm uma formação superior e muitos

estudaram foram do país com problemas semelhantes. Sendo um país

de emigrantes e imigrantes as culturas diferentes estão sempre

presentes no nosso cotidiano (n=1).

Somos um país de emigrantes e desde sempre tivemos contacto com

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XXXIII

outras culturas. Desde povoação de Cabo Verde (n=1).

Porque somos um povo acolhedor e como tal recebemos bem todos

aqueles que vierem estudar na nossa escola, somo todos profissionais

(n=1).

O professor deve ser portador de múltiplas habilidades (n=1).

O sistema de ensino é favorável. O país em si opta pela democracia

(n=1).

NÃO (n=52)

Não justificaram (n=16).

Conhecimento limitado relativo às diferenças culturais; Muitas vezes

falta de sensibilidade por parte dos professores; Formação adequada

para lidar com essa situação (n=6).

Uso de língua materna “crioulo” por parte de muitos professores na

sala de aula cria dificuldades aos alunos vindo de outras culturas (n=5).

Porque o próprio professor às vezes não tem conhecimento das

culturas de um determinado pais, e as vezes acaba por deixar o aluno

constrangido ao referir algum tema relacionado com cultura do outro

(n=4).

Nunca tratei desse assunto durante a minha formação (n=4).

São raros os casos (não existe experiência); Não há formação na

matéria; Não existe preocupação à volta da questão (n=1).

Não existe uma preparação em relação ao assunto; Falta de

conhecimento da cultura desses alunos; Falta do interesse pelo assunto.

Preconceito e xenofobia expressas normalmente nas reuniões de

coordenações (n=1).

Domínio da língua o principal elo de ligação de culturas, por exemplo

Chines (n=1).

Porque muitos professores sofrem de um certo grau de complexidade

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XXXIV

pelos seus traços culturais, ou mesmo fogem as explicações quando

confrontados com estas questões pelos alunos ou mesmo por outros

professores (n=1).

Porque os professores não conhecem suficientemente as culturas

diferentes de alunos de países por exemplo da China, Os professores

durante a formação académica não recebem formação para tal. Não

existe intercambio entres professores desses países e de Cabo Verde

(n=1).

Não conheço currículo deles (n=1).

O nosso currículo também não ajuda a despertar para esse assunto

(n=1).

Um aspecto importante que poderá ser desenvolvido com pequenas

formações, Workshop (n=1).

Falta de formação nessa área; falta de convívio com diferentes culturas;

talvez medo de errar com alunos (n=1).

Formação do próprio professor falta de intercâmbio cultural,

preconceitos relacionados com aceitação de outras culturas

principalmente as africanas (n=1).

Não conhecimento de outras culturas, falta de formação, muitos dos

professores só pesquisam sobre aquilo que está nos currículos e como

temos poucos conteúdos relacionado fica difícil (n=1).

Será que os professores têm conhecimento dessas culturas? Será que a

escola tem meios que favorecem aos professores? Qual seria o incentivo

que o professor recebe (n=1).

Precisamos de formação contínua para suprir as dificuldades, o assunto

é pouco tratado nos currículos, há pouco interesse dos professores pelo

assunto (n=1).

Falta de formação, presença de xenofobia e racismo em relação aos

alunos Africanos. Uso de nomes pejorativos como “Mandjaco” para

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XXXV

referir ao aluno proveniente de África (n=1).

Ignorância total da presença desses alunos na sala de aula deve-se a

falta de conhecimento dos professores, nos todos precisamos de

formação na área da multi/interculturalidade (n=1).

Não porque já presenciei o próprio professor a praticar bullying,

expressando claramente o seu preconceito relativamente a alunos de

outra cultura neste caso em concreto de África. Ignorância dos

professores sobre o assunto em questão (n=1).

Já sofri preconceito por parte de alunos e acredito que os seus

professores também não os ensinam sobre a aceitação das culturas

diferentes (n=1).

6. Tem dificuldades em lidar com a diversidade cultural dos

alunos na sala de aula?

NÃO (n=83)

Não existe alunos de culturas diferentes, todos são Cabo-verdianos

(n=19).

Não justificaram (n=9).

Porque não tenho muitos alunos diversidade cultural (n=9).

Porque nas minhas aulas sempre procuro fazer as comparações com as

culturas dos meus alunos vindos de outras culturas (n=6).

Porque tento chegar perto dos mesmos de todas as formas (n=5).

Normalmente esses alunos são mais tímidos e respeitam mais os

professores (n=5).

Porque normalmente os alunos de culturas diferentes adaptam-se e

integram-se rapidamente a nossa cultura (n=4).

Nunca tive alunos de culturas diferentes (n=3).

Não há uma expressão ou quantidade de alunos provenientes de

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XXXVI

culturas distintas, portanto não se verifica manifestação cultural

diferente (n=1).

Os alunos de outras culturas com que trabalho este ano estão bem

integrados, excepto uma que está sempre em conflitos com os alunos

preconceituosos (n=1).

Porque respeito-a (n=1).

Tendo em conta que os alunos são de diferentes ilhas alguns com

hábitos e costumes diferentes basta deixar claro como é, e também

como será na turma (n=1).

Porque todos têm os mesmos direitos de igualdade (n=1).

Pesquizo sobre culturas dos meus alunos, para conhece-los melhor e

ajudar os ouros alunos a aceita-los e respeita-los (n=1).

Quando surge brigas levo para o conselho de disciplina (n=1).

Sinto-me a vontade tanto a nível do idioma, hábitos vestuários e

relacionamos sem qualquer limitação procurando facilitar uma fácil

integração (n=1).

Culturas diferentes não dificultam a vivência e a convivência na sala de

aula mas sim enriquece. A troca de experiências e modos de viver

diversificado enriquece os alunos e professores (n=1).

Durante a minha formação académica sempre convivi com alunos de

diversas culturas. No nosso país sempre houve presença de culturas

estrangeiras. Sendo professor hoje sinto preparado científica e

pedagogicamente para trabalhar com os alunos de diferentes culturas.

(n=1).

Tento compreendê-los e inteirar dos seus problemas (n=1).

Porque a minha formação e aminha experiência profissional ajudam-me

a saber lidar com alunos vindo de outras culturas (n=1).

O mais de onde venho é multicultural (n=1).

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XXXVII

Estou habituado a lidar com a diferença (n=1).

Não porque a alguns anos que faço parte de um club das escolas

associadas a UNESCO e tenho desenvolvido algumas actividades com

certos alunos acerca de uma educação para cultura da paz na sociedade

multicultural (n=1).

Não tenho tido caso, mas estou atento (n=1).

São alunos que já adaptaram a nossa cultura (n=1).

Preocupo-me com o conhecimento e respeito pelas diferentes culturas

de modo a combater o preconceitos e aumentar a auto-estima dos

alunos pertencentes da minoria (n=1).

Primeiramente, procuro conscientizar-me dessas diferenças

compreende-las e aceita-la, procurando saber mais sobre outras

culturas e valorizá-los (n=1).

Sempre chamo atenção que devemos respeitar um aos outros porque

somos seres humanos (n=1).

Se calhar porque nunca tive situação de confronto entre culturas (n=1).

Porque estou aberta a novas experiencias e gosto de conhecer culturas

diferentes da minha (n=1).

Não tenho dificuldades, mas a vezes sinto que a falta de formação

prejudica em muito no ensino e aprendizagem desses alunos (n=1).

7. Já teve alguma situação de confronto de culturas na sua aula?

Não justificaram (n=3).

Tentando mostrar aos envolvidos a importância de saber aceitar o

outro e respeita-lo com os seus hábitos e costumes (n=2).

A aluna foi desprezivelmente chamada de “mandjaco”. Fiz com que o

aluno pedisse desculpas e conversei com a turma sobre o respeito pela

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XXXVIII

SIM (n=15)

diferença e diversidade cultural e esclareci o termo usado (n=1).

Muito desprezo pelo alunos e até professores vindo de África, por

exemplo dizem …” kel professor mandjco feio pom falta disciplinar”,

tenho que explica-los sobre as diferenças e o respeito pelos outros

professores (n=1).

Procurando ouvir com atenção, interagindo com os alunos envolvidos

(n=1).

As vezes existe algum conflito entre os alunos, como prática de bullying

e racismo em relação aos africanos chamando-os de “Mandjacos preto

feio” e até mesmo com alunos de outras ilhas “Sampajudos”, mas

sempre tento resolver com uma boa conversa, não gosto de enviar os

alunos ao conselho de disciplina (n=1).

Chamei atenção a turma no sentido de aceitar o aluno que era

Muçulmano e que comemora um natal diferente de nós os cristão (n=1).

Mostrando aos alunos que não somos iguais e que devemos respeitar e

saber viver com as diferenças (n=1).

Em relação à religião que é um tema que mais provoca confronto de

culturas aqui na escola, as vezes há confrontos de ideias entre os alunos,

mas é possível resolver explicando para os alunos o respeito que

devemos ter com pessoas de religião diferente (n=1).

Mandjaca – colegas usam este nome para referir a uma aluna

Guineense e em seguida veio a briga e consequentemente a ida ao

conselho de disciplina. Mas antes tive uma conversa com os colegas

envolvidos na briga explicando principalmente a origem da palavra e

incentivando o respeito pelas outras culturas (n=1).

Alunos de outras ilhas têm um crioulo diferente e algumas vezes

provoca confronto entre alunos porque os de Santiago provocam, eu

tento gerir esta situação mas é muito repetitivo, talvez por causa de

preconceitos (n=1).

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XXXIX

Também já trabalhei no conselho de disciplina e a maioria dos casos de

confronto de culturas estão mais relacionado com o preconceito,

xenofobia em relação aos alunos vindo de outras culturas,

principalmente os de África chamados de “Mandjacos” e de outras ilhas

“ Sampajudos“. Sempre temos que sensibilizar os alunos para o respeito

pelas culturas diferentes (n=1).

8. Sente dificuldades em lidar com os pais ou encarregados de

educação de culturas diferentes?

SIM (n=12)

Por causa da língua, alguns não falam português nem crioulo isso torna

a comunicação muito difícil (n=10).

Não justificaram (n=2).

9. Quando faz preparação metodológica para a sua aula

organiza, planifica as actividades e concebe materiais pedagógicos

tendo em consideração a diversidade cultural dos seus alunos?

Não justificaram (n=19).

Procurando adaptar a aula de acordo com os seus conhecimentos,

dando exemplos práticos de coisas que acontecem no dia-a-dia (n=8).

Dou exemplo referenciando diversas culturas, mas a maior dificuldade é

a compreensão da linguagem (n=1).

Tudo a base dos exemplos (n=1).

Trabalho como que a escola dispõe e procuro outros meios de pesquisa.

(n=1).

Utilizo estratégia de acção que abrange a todos com diferentes exemplo

que vão de encontro de realidade diferentes, tendo em conta a origem

dos alunos e o meio onde vivem (n=1).

Selecciono textos referentes a diversidade cultural e aos estilos de vida,

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XL

SIM (n=40)

a dificuldade está no estilo de aprendizagem diferente (n=1).

Normalmente tendo em conta o conteúdo do programa de língua

português fica fácil porque tem textos de culturas diferentes e que pode

ser adaptável a realidade cultural dos alunos (n=1).

Faço-o focalizando os conteúdos nas realidades culturais dos alunos. As

maiores dificuldades são os materiais e o factor tempo que é muito

reduzido para cada aula (n=1).

Não há nenhuma dificuldade o que se tem fazer é a triangulação das

informações aproveitando algo de cada aluno (n=1).

Faço plano para todos os estilos de aprendizagem (n=1).

A minha preparação metodológica é feita sempre entre o nosso grupo

disciplinar, tendo sempre em conta o nível de percepção dos alunos na

turma onde manifestamos dentro do grupo, as dificuldades e as formas

de supera-las (n=1).

Os programas curriculares não nos orientam neste sentido, mas no

entanto tento adaptar a minha abordagem sobre qualquer assunto

dado exemplo de como se verifica em outras culturas (n=1).

Elaborando diversos planos de modo a serem adaptável a esses alunos

(n=1).

Utilizo estratégias que vão de encontro com as culturas dos alunos,

embora com pouca frequência (n=1).

Não justificaram (n=19).

Porque todos os meus alunos são provenientes de uma mesma cultura

é todos Cabo-verdianos (n=7).

Porque nunca verifiquei que houvesse necessidade (n=5).

Nunca achei importante (n=4).

Porque não tenho tido muitos alunos provenientes de culturas

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XLI

NÃO (n=58)

diferentes (n=4).

Porque na sala de aula todos são iguais na sala de aula (n=4).

Durante 4 anos de docência nunca fiz isso, mas a partir de agora vou

dar mais atenção a esta questão da diversidade cultural dos alunos

(n=1).

Como já tinha apontado anteriormente os alunos de culturas diferentes

com que já tive oportunidade de trabalhar entendem a língua

portuguesa, por isso não tive dificuldades (n=1).

Porque nas minhas turmas não há casos de alunos provenientes de

culturas diferentes (n=1).

Porque os meus alunos estão bem integrados na nossa cultura e vivem

como se fossem cidadãos nacionais, por isso acho que não há

necessidade (n=1).

Não tenho alunos de outras culturas, todos são cabo-verdianos (n=1).

Pois como lecciona matemática nem sempre terei a necessidade de

fazer uma relação em termos culturais (n=1).

Porque o programa da disciplina é muito extenso, os temas abordados

na minha disciplina não contrapõe com a diversidade cultural dos meus

alunos visto que é universal (n=1).

Porque os conteúdos do programa nem sempre colocam estes desafios

aos professores (n=1).

Os programas lectivos a serem cumpridos não apontam a diversidade

cultural como factor a ser respeitado nas planificações (n=1).

A área da matemática não interfere na diversidade cultural face aos

seus conteúdos (n=1).

Não há uma expressão ou quantidade de alunos provenientes de

culturas distintas, portanto não se verifica manifestação cultural

diferente (n=1).

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XLII

Visto que a disciplina que lecciono é língua estrangeira, eu não tenho

acesso a materiais didácticos como livro, contos, textos dos países

donde esses alunos são, isto torna difícil para o professor quando quer

abordar estas questões (n=1).

Porque eu acho que a propiá escola não está preparada para trabalhar

com esses alunos, não temos formação ao nível da multiculturalidade

(n=1).

Porque não existem nas minhas turmas, mas acho que isso seria

importante para esses alunos (n=1).

Para ser sincero nunca reflecti sobre esta questão, sempre vi todos

como iguais embora não sejam. Por isso prepara as minhas aulas sem

pensar nas diferenças culturais (n=1).

II. Transcrição das opiniões dos inquiridos relativo à diversidade

cultural e a formação dos professores

1. Indica qual é o tipo de formação gostaria de

participar?

Qualquer que possa ser útil para o professor (n=21).

Formação para a educação multicultural e intercultural (n=19).

Não justificaram (n=15).

Interculturalidade na escola (n=14).

Multiculturalismo (n=7).

Diversidade cultural na escola (n=6).

Um intercâmbio cultural (n=2).

Formação para a educação multicultural (n=2).

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XLIII

SIM (n=98) O papel da educação multicultural e intercultural no desenvolvimento

das competências dos indivíduos (n=1).

Pluriculturalismo na adolescência (n=1).

Workshop sobre a vida de Norberto Tavares (n=1).

Formação continua (n=1).

Diversidade cultural no processo de ensino e aprendizagem (n=1).

Educação para o respeito pela diferença cultural, conviver na

diversidade (n=1).

Diversidade cultural em Cabo Verde (n=1).

Abordagem multicultural, ensinar para o dia-a-dia e para o futuro (n=1).

Que incrementa o respeito mútuo das culturas, na sala de aula (n=1).

Apenas na socialização cultural (n=1).

Seminários e qualquer outro (n=1).

Eu pessoalmente gostaria de participar na revisão curricular em curso,

de dar o meu contributo nesta matéria (n=1).

2. Sente necessidade de formação sobre educação

multicultural/intercultural na escola?

Não justificaram (n=21).

Para dar melhor resposta no processo de ensino e aprendizagem (n=9).

É necessário conhecer outras culturas para poder compreende -las e

respeita-las (n=8).

Para melhor lidar com a diferença (n=8).

A formação ajuda a valorizar o ensino sobre a diversidade cultural (n=3).

Para adquirir mais conhecimento e desenvolver as competências e

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XLIV

SIM

(n=76)

habilidades pessoais (n=3).

Para que haja uma óptima integração e relacionamento com os alunos

de culturas diferentes (n=1).

Porque é bom aprender coisas novas (n=1).

Dia após dia confrontamos com situações adversas que só pelo

empirismo não é possível lidar. É necessário ter uma formação para que

possamos capacitar melhor para essa tarefa (n=1).

Para conhecer melhor a diversidade cultural, ampliar os meus

conhecimentos nesta matéria para poder ajudar ainda melhor aqueles

que precisam (n=1).

É muito importante fazer parte da globalização, ter nuções sobre outras

culturas, uma formação ajudaria em muito no melhoramento das

nossas intervenções com esses alunos (n=1).

Embora não havendo muita expressividade de alunos proveniente de

outras culturas, é sempre um ganho saber lidar com estas questões de

diversidade cultural e educacionais, pois as referidas diferenças

constituem frequentemente fonte de conflitos e origem de violências,

ora, um professor também é um gestor de conflitos, um mediador de

problemas, de forma que uma formação na referida área constitui

sempre uma mais-valia para o professor e o sistema (n=1).

Embora a presença de filhos de imigrantes no liceu seja ainda pouco

expressiva, penso que este tipo de formação faz sentido. É uma forma

de nós, professores, promovermos a compreensão e a tolerância entre

pessoas de origens étnicas diferentes (n=1).

Porque esses tipos de formações ajudam o professor a ganhar

experiências de como lidar com esses tipos de problemas (n=1).

Sinto necessidade de formação, devido ao mundo globalizado que

actualmente temos, onde o fluxo das pessoas é grande e mesmo no

nosso dia-a-dia, na rua, em qualquer parte somos abordados por este

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XLV

grande problema e a tolerância das pessoas muitas vezes é abalada por

incompreensão de hábito alheios a nossa cultura e que por fim temos

que sujeitarmos a conviver com eles ao mesmo incorpora-los (n=1).

Porque os alunos são diferentes, tem suas características próprias, suas

crenças, valores que devem ser respeitados e o conhecimento dessas

culturas através da formação seria útil (n=1).

Permite maior conhecimento, evitando magoar os outros de cultura

diferente e saber respeitar os outros (n=1).

Para que o professor consiga relacionar melhor com os alunos e facilitar

a sua integração (n=1).

Actualmente cabo verde recebe emigrantes provenientes de culturas

diferentes uma formação deste género prepara professores para uma

resposta eficaz e ajuda a superar situações de confronto de culturas que

possam surgir (n=1).

Ajuda-nos e de que maneira para fazermos bem a diferença entre o

etnocentrismo e o relativismo cultural (n=1).

É importante para a profissão que exerço visto que a qualquer momento

posso ter alunos provenientes de outras culturas (n=1).

Para melhor integrar os alunos visando uma melhor adaptação dos

mesmos nas actividades lectivas o que possibilita o cumprimento total

das minhas obrigações como educando (n=1).

Porque assim todos os professores precisam estar científica e

pedagogicamente preparados de modo a enfrentarem os desafios da

contemporalidade (n=1).

Para ter mais conhecimento sobre a educação multi/intercultural e

saber lidar mais com os alunos (n=1).

Uma formação ajudaria a tomar consciência da multiculturalidade na

escola e consequentemente teríamos uma boa actuação com os nossos

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XLVI

alunos (n=1).

Porque os professores têm de conhecer a realidade socio cultural dos

alunos. De maneira que estes conseguem criar situações que fazem com

que os alunos sentem integrados na sala de aula (n=1).

Tendo formação sobre educação multicultural e intercultural na escola

ficaria mais preparado para leccionar e conviver com alunos de culturas

diferentes (n=1).

Tornaria mais fácil na preparação metodológica, organizar planificar as

actividades para as aulas, bem como conceber materiais pedagógicos

(n=1).

Para conhecermos a cultura e sabermos lidar de melhor maneira com os

alunos (n=1).

É importante desenvolver a consciência que cada povo tem a sua

cultura que devemos respeitar e aceitar (n=1).

NÃO (n=22)

Não justificaram (n=8).

Porque não tive alunos com culturas diferentes (n=5).

A escola não apresenta dificuldades com este tipo de alunos (n=3).

Não considero que é importante ter referida formação, mas no entanto,

gostaria de ter algumas informações sobre este assunto (n=1).

Embora aconteça muita briga entre os alunos, por causa das diferenças

culturais na escola, tenho lidado muito bem com essa situação (n=1).

Considero todos iguais por isso não há necessidade de formação para

lidar com esses alunos (n=1).

Durante muitos anos trabalhei sem problemas com esses alunos (n=1).

Os alunos devem adaptar-se a realidade da escola (n=1).

Lido muito bem com a diferença (n=1).

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XLVII

3. Durante a sua formação inicial teve disciplinas que tratavam

sobre a diversidade cultural na escola?

SIM (n= 4) Não justificaram (n=2).

Educação para cidadania (n=2).

4. Depois da formação inicial sentiu-se suficientemente

preparado científica e pedagogicamente para trabalhar com alunos

provenientes de diferentes culturas?

SIM (n= 9)

Não justificaram (n=6).

Porque para além de ter estudado as diversas culturas também ando a

fazer pesquisas das culturas estrangeiras (n=1).

Aprendi muitas coisas novas, adquiri algumas competências que até

hoje me ajuda a leccionar com os alunos provenientes de diferentes

culturas (n=1).

Porque para lidar com situação do género é preciso estar inserido no

contexto o que por sua vez exige uma formação (n=1).

NÃO(n= 50)

Não justificaram (n=44).

Pouco ou mesmo nada sobre a questão da diversidade cultural nos

currículos da formação dos docentes (n=3).

Pedagogicamente existe uma grande lacuna a volta desta questão. O

professor tem que contar com o seu “dom” é preciso rever isto (n=1).

O conhecimento de outras culturas ou (realidades culturais) pode

subsidiar o docente no processo de ensino e aprendizagem (n=1).

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XLVIII

Sinto alguma dificuldade em relação a comunicação (n=1).

Nunca

reflecti

sobre isso

(n= 39)

Não justificaram (n= 21).

É primeira vez que sou abordado para reflectir sobre isso (n=5).

Nunca tive necessidade (n=3).

Porque não tive uma cadeira específica mas tive alguns conhecimentos

que me permitiram trabalhar estas questões sem muitos

constrangimentos, visto que sou originário de um país estrangeiro (n=1).

Por eu ainda não ter deparado com situações constrangedoras para os

alunos provenientes de diferentes culturas, não sei como irei lidar com

isto (n=1).

Nunca reflecti sobre isso porque a situação decorrente a minha

formação era de realidade pedagógica mais homogenias na turma,

onde as diferenças eram somente entre alunos ricos e pobre, onde os

alunos identificavam-se pela mesma cultura (n=1).

O professor deve estar sempre preparado, no caso de ter de encontrar

problemas deve procurar solução (n=1).

Se for no âmbito da literatura sim (n=1).

Franca se deu a devida importância a esse assunto, pelo de forma

prestável (n=1).

Nunca tive necessidade (n=1).

Porque na nossa escola quase não se nota a diferença entre as

diferentes culturas (n=1).

Porque nunca tive situação do tipo que me levasse a preocupar (n=1).

Na minha formação nunca se abordou esta temática (n=1).

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XLIX

5. Considera que a falta de formação sobre educação

multicultural e intercultural pode prejudicar o trabalho do professor?

SIM (n= 75)

Não justificaram (n= 31).

Porque ao deparar com esses casos o professor poderá sentir

dificuldades em trabalhar a questão (n=5).

Não saberá preparar uma aula pensando na diversidade culturas dos

seus alunos (n=4).

Na medida em que o professor estiver perante esta situação, o

aproveitamento do aluno pode ser mau (n=1).

Porque vivemos num mundo cada vez mais globalizado o que requer

uma profunda necessidade e habilidade de trabalhar com alunos

provenientes e/ou descendentes de culturas diferentes (n=1).

Dependendo da formação da turma que lecciona porque se tiver turma

em que a diversidade cultural entre os alunos é significante terá alguns

problemas em controlar, mais se for pelo contrário não terá problemas

(n=1).

Iria ajudar ainda mais na integração desses alunos na escola (n=1).

Em alguns casos pode dificultar o relacionamento prof/aluno/aluno

(n=1).

O próprio professor pode ter atitudes inadequadas com esses alunos por

falta de conhecimentos (n=1).

Acredito que muitos desses alunos são ignorados dentro da sala de aula,

por falta de formação do professor (n=1).

Se o professor tiver aluno com diversidades culturais ficaria com a tarefa

mais facilitada se tiver formação nessa área (n=1).

O professor pode não preocupar com o aproveitamento desses alunos

(n=1).

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L

Sendo Cabo Verde país de imigração é urgente ter uma formação

principalmente porque os continentes (africano) tem uma taxa de

natalidade desenfreada e as crianças vão ter que coabitar com culturas

dos pais e do país do acolhimento (n=1).

O professor pode utilizar palavras ou exemplos que pode chocar o aluno

e daí provocar um choque de culturas (n=1).

O professor não traça estratégias pensando nesses alunos, da sua aula

como se todos fossem da mesma cultura (n=1).

O racismo e o preconceito podem pairar na sala de aula, consciente ou

inconscientemente, e se o professor não estiver preparado pode não

saber resolver da melhor forma esta questão, ou mesmo ignorar (n=1).

Acho que a falta de formação sobre a educação multi/intercultural

limita a compreensão e acompanhamento do professor para uma

melhor integração de alunos ou indivíduos de diferentes culturas pois

surge sempre a inclinação do professor para sobrepor os seus valores

culturais aos demais, daí os conflitos (n=1).

Na fraca integração, em saber fazer levar o aluno a socializar-se, em ter

de ser um professor que sabe corresponder (n=1).

Condiciona grandemente o desempenho do professor e a aprendizagem

dos alunos (n=1).

Tendo formação a pessoa fica mais capacitada e com mais

conhecimento que possam lidar com a questão (n=1).

Porque pode cometer erros ao enfrentar alunos de diferentes culturas

(n=1).

Se houver um número considerável de alunos de diferentes culturas já

não seria tão fácil principalmente se for culturas distantes (n=1).

Cria dificuldades no relacionamento e compressão dos outros (n=1).

Porque quando a escola for de uma grande diversidade cultural, está

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LI

tudo perdido. Perde o aluno e perde o professor. A desorientação pode

ser tal que deprime o aluno e desespera o professor (n=1).

A cultura é uma forma de identificar os alunos. Daí conhecendo a

cultura de um aluno, torna-se mais fácil trabalhar com esses mesmos

alunos. O diálogo torna-se recíproco e haverá partilha de opinião (n=1).

Sim, porque a presença de alunos provenientes de outros países implica

mudanças de práticas pedagógicas em sentidos multiculturais (n=1).

Porque durantes estas formações o professores ganha bagagens

suficientes para trabalhar com alunos de diferentes culturas (n=1).

Porque é necessário encontrar melhores estratégias que se adeqúem a

realidade dos alunos, se não temos o conhecimento da identidade da

cultura do aluno, o nosso trabalho fica dificultado (n=1).

O professor deve ter conhecer, ter formação sobre a educação

multicultural para se poder enfrentar com capacidade, competência e

metodologias (n=1).

Se o professor não tiver uma formação adequada não terá capacidade

de saber lidar com os alunos de diferentes culturas (n=1).

Porque tendo em conta as novas tecnologias de informação as vezes o

conhecimento dos alunos sobrepõe aos dos professores nessa matéria, o

que por sua vez exige estes uma formação de modo a prepará-los para

os desafios da vida actual (n=1).

Sente alguma dificuldade em compreender o comportamento de alunos

vindo de outras culturas (n=1).

O professor poder ser preconceituoso por falta de conhecimento. A

formação nessas áreas são necessárias para melhorar o desempenho do

próprio professor (n=1).

O professor pode ter dificuldades em trabalhar noutras escolas (n=1).

Quando temos alunos de culturas diferentes precisamos de formação

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LII

em educação multicultural, para saber lidar melhor com eles (n=1).

O professor poderá não estar preparado para lidar com situações que

surgirem, perante um aluno com outras culturas (n=1).

O professor fica pouco aberto a aceitação de novas culturas, muitas

vezes o diferente incomoda (n=1).

Pelo mesmo motivo apontado acima: a globalização (n=1).

NÃO

(n= 23)

Não justificaram (n= 22).

Independentemente da questão cultural, todos os alunos devem ser

tratados por igual (n=1).

Primeiro, depende da área de formação de cada professor, segundo tem

a ver com a capacidade e responsabilidade de cada professor (n=1).

Os professores devem utilizar métodos adequados de ensino

proporcionando um clima favorável aos alunos (n=1).

Temos que ser auto-suficientes e investir também no autoconhecimento

(n=1).

Basta ser compreensivo e ser aberto a outras culturas (n=1).

Porque o professor deve estar preparado para aceitar qualquer situação

na sua sala de aula e hoje com o acesso a informação ele pode se

informar, desenvolver, abordar e incutir nos alunos essa abordagem

(n=1).

Não prejudica o trabalho do professor, visto que desde sempre tivemos

oportunidade de conviver com colegas vizinhos, das outras ilhas, bem

como os nossos vizinhos do continente africano, e nos somos um povo

de imigração. De forma natural começamos a saber relacionar e muito

bem com o desconhecido (cultura) (n=1).

Porque o professor mesmo não tendo formação sobre a educação

multicultural e intercultural pode fazer as suas pesquizas (n=1).

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LIII

Um bom professor é aquele que zela pelo bom desempenho em sala de

aula, competente e flexível ao nível da compreensão dos alunos (n=1).

Sempre trabalhei com alguns alunos de outras culturas e nunca tive

problemas (n=1).

A internet está acessível a todos os professores por isso podem e devem

pesquisar sobre qualquer assunto (n=1).

8. Na sua opinião todos os professores deveriam frequentar uma

formação sobre a educação multi/intercultural?

SIM (n= 82)

Não justificaram (n= 20).

Para melhorar a qualidade de trabalho com os alunos de culturas

diferentes (n=14).

Todos e sem excepção (n=6)

Acabaria com muitos preconceitos que temos aqui na escola (n=3).

Para que não ignorem a presença de alunos de outras culturas (n=3).

Saber reagir perante as diversidades culturais (n=2).

Porque é uma mais-valia para a formação do professor e mais uma

ferramenta que lhe permite trabalhar melhor (n=2).

Gostaria muito de ter uma formação dessa, pois seria mais fácil

trabalhar com alunos vindo de outras culturas (n=1).

Porque a cada ano que passa recebemos mais alunos vindo de outras

culturas, principalmente da costa de África e temos que estar

preparados, para dar respostas a esses desafios (n=1).

Todos ficam a altura dos problemas, ficam habilitados e suficientemente

preparados para ajudar os alunos a ultrapassarem dificuldades no

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LIV

processo ensino-aprendizagem (n=1).

No sentido de ter mais informação e desenvolver as competências nessa

área (n=1).

Primeiro para mim, é um grande orgulho na formação profissional do

professor e segundo, todos nós o professores estamos expostos a passar

por situações onde devemos ter em mente a realidade sócio cultural de

cada um. Assim poderemos consciencializar os nosso alunos sobre o

respeito mutuo (n=1).

Porque compreendendo a realidade multicultural dos alunos poderiam

desempenhar melhor o seu papel e potenciar a aprendizagem dos

alunos (n=1).

O professor ao trabalhar em uma turma heterogénea, ele em princípio

não sabe que alunos encontram, por isso ter uma formação do tipo

auxilia e de que maneira (n=1).

Para que os professores estejam mais aptos e preparados no

acompanhamento das diferenças culturais para o melhoramento na

abordagem de diferentes conflitos sociais que o mundo vive hoje, isto

tudo se tivermos em conta que muitos dos conflitos mundiais ou

regionais são reflexos da nossa formação numa educação adquirida

com valores culturais muito reduzidos a nossa identidade cultural, fora

de imaginarmos que actualmente as fronteiras entre os povos estão

mais diluídas (n=1).

Facilita o desempenho e a convivência com os demais em Cabo Verde

traz um outro alento a nossa educação (n=1).

Estarão mais aptos a enfrentarem os problemas culturais caso esses

problemas surjam e saberão a melhor forma de enfrenta-los (n=1).

Porque só terá vantagens e mais conhecimentos o que lhe permite lidar

com turmas em que tenham culturas diferentes. Quanto mais formação

tiverem o professor estará mais a vontade perante turmas complexas

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LV

(n=1).

Terá maior possibilidade de conhecer a realidade dos alunos (n=1).

Como a turma não é homogénea quem tiver uma formação sólida neste

campo poderá melhor organizar, planificar e executar as suas aulas, a

bem da aprendizagem dos seus alunos, com a devida antecedência

(n=1).

Para ampliar o nosso horizonte cultural, para melhor servirmos os

nossos alunos. Quanto mais assimilarmos a outras culturas mais ricos

tornarmo-nos (n=1).

Porque qualquer professor a um dado momento poderá passar por esse

tipo de problema, ou seja, pode deparar na turma alunos com culturas

diferentes e ele tem de estar sempre preparado para caso isso venha a

acontecer, terá que saber como e o que fazer para levar os alunos a

verem a multiculturalidade com mais naturalidade e respeitar a cultura

dos outros para que possam ser também respeitados (n=1).

O simples facto de ter alunos filhos de imigrantes nas nossas turmas

leva-nos a incluir na nossa conversas a cerca deles, referencias como

cultura, preconceito, racismo, igualdade, etc. É uma forma eficaz de

rejeitar-mos e combater-mos o racismo e outras formas de

discriminação nas escolas e na sociedade (n=1).

Para melhorar a capacidade do professor em relação ao relacionamento

professor/aluno na sala de aula. A facilitação de transmissão de

conhecimento (n=1).

Porque quando a escola for de uma grande diversidade cultural, está

tudo perdido. Perde o aluno e perde o professor. A desorientação pode

ser tal que deprime o aluno e desespera o professor (n=1).

É necessário, pois permite um conhecimento mais abrangente e geral

dos educandos que provêem de culturas diferentes e com valores

diferentes (n=1).

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LVI

Nunca tinha reflectido sobre esta questão, mas no entanto, considero

importante ter essas formações, pois diminuiria o insucesso escolar

desses alunos (n=1).

Evita desrespeitar as culturas e maneiras de ser dos outros (n=1).

Como vivemos numa aldeia global e somos cidadão do mundo é

imperial que conheçamos a cultura de todos os povos sabendo que

nenhuma cultura é melhor, ou pior do que a outra, daí a necessidade de

recebermos uma formação sobre a educação multicultural que

fortalecerá o papel do professor na inclusão de todos os alunos

independentemente da sua cultura (n=1).

Para fornecer dados para o melhor funcionamento no que toca a

educação multicultural e intercultural (n=1).

Com esta formação ele estará preparado parado para qualquer do tipo

(n=1).

Para melhor qualidade e inclusão de todos é de extrema importância

que todos os professores tenham formação sobre a educação

multicultural e intercultural, para em prol de uma sociedade sã, justa e

inclusiva (n=1).

Porque é uma forma de qualificar os professores de modo a saber lidar

com situações com as quais muitas vezes deparamos no nosso dia-a-dia

(n=1).

Para melhor tratar ou abordar sobre o tema nas escolas ou para melhor

interagir com estes alunos (n=1).

Para adaptação a novos desafios (n=1).

Para podermos ganhar mais capacidades pedagógicas e cientificas para

responder aos desafios que poderão surgir (n=1).

Precisamos de introduzir essas cadeiras nos currículos de formação dos

professores (n=1).

Page 138: Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos ... mestrado sónia... · ... “o termo multiculturalismo abarca diferentes definições e perspectivas que se ... É usualmente

LVII

É sempre uma mais-valia qualquer tipo de formação e no mundo

globalizado em que nos encontramos temos de conhecer outras culturas

para uma melhor integração dos alunos, principalmente nós aqui que

fazemos parte da CDEAO e a presença dessas comunidades e não só é

cada vez mais visível no nosso País (n=1).

Essa formação é muito importante, porque a nossa escola está cada vez

mais multicultural. Os alunos vêem de vários países e precisamos de

mais ferramentas para trabalhar com eles (n=1).

NÃO

(n= 16)

Não justificaram (n=12).

Porque se numa turma existe muitos alunos com cultura diferente, de

certeza que o professor terá problemas em lidar com eles. Sou da

opinião que ficaria mais fácil, se o aluno adaptar a realidade do

professor (n=1).

Basta impor as regras da escola (n=1).

Sempre trabalhei com alguns alunos de outras culturas e nunca tive

problemas (n=1).

A internet está acessível a todos os professores por isso podem e devem

pesquisar sobre qualquer assunto (n=1).

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LVIII

Apêndice E: Organograma do Sistema Educativo Cabo-verdiano

Fonte: Plano de Estudo do Ensino Secundário Cabo-verdiano