dissertação versão final pós

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE SAÚDE DA COMUNIDADE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA DESCRIÇÃO DO PERFIL DEMOGRÁFICO, CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DAS PACIENTES COM LINFEDEMA POR OBSTRUÇÃO TUMORAL ASSOCIADO AO CÂNCER DE MAMA DO HOSPITAL DO CÂNCER III / INCA / MS PAULA DE CASTRO NUNES ORIENTADOR: PROF. DR. MAURÍCIO CAGY CO-ORIENTADOR: PROF. DR. ALUÍSIO GOMES DA SILVA JR. Niterói - RJ 2011

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Page 1: Dissertação Versão Final Pós

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE SAÚDE DA COMUNIDADE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

DESCRIÇÃO DO PERFIL DEMOGRÁFICO, CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DAS PACIENTES

COM LINFEDEMA POR OBSTRUÇÃO TUMORAL ASSOCIADO AO CÂNCER DE MAMA DO

HOSPITAL DO CÂNCER III / INCA / MS

PAULA DE CASTRO NUNES

ORIENTADOR: PROF. DR. MAURÍCIO CAGY

CO-ORIENTADOR: PROF. DR. ALUÍSIO GOMES DA SILVA JR.

Niterói - RJ

2011

Page 2: Dissertação Versão Final Pós

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PAULA DE CASTRO NUNES

DESCRIÇÃO DO PERFIL DEMOGRÁFICO, CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DAS PACIENTES

COM LINFEDEMA POR OBSTRUÇÃO TUMORAL ASSOCIADO AO CÂNCER DE MAMA DO

HOSPITAL DO CÂNCER III / INCA / MS

Dissertação apresentada à Universidade

Federal Fluminense como requisito à obtenção

do título de mestre em Saúde Coletiva.

ORIENTADOR: PROF. DR. MAURÍCIO CAGY

CO-ORIENTADOR: PROF. DR. ALUÍSIO GOMES DA SILVA JR.

Niterói - RJ

2011

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N972 Nunes, Paula de Castro

Descrição do perfil demográfico, clínico-

epidemiológico das pacientes com linfedema por obstrução

tumoral associado ao câncer de mama do Hospital do Câncer

III/INCA/MS / Paula de Castro Nunes. – Niterói: [s.n.],

2011.

106f. : il., 30 cm.

Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva)–Universidade

Federal Fluminense, 2011.

1. Neoplasia. 2. Neoplasia da mama. I. Título.

CDD 616.99449

Page 4: Dissertação Versão Final Pós

4

PAULA DE CASTRO NUNES

DESCRIÇÃO DO PERFIL DEMOGRÁFICO, CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DAS PACIENTES

COM LINFEDEMA POR OBSTRUÇÃO TUMORAL ASSOCIADO AO CÂNCER DE MAMA DO

HOSPITAL DO CÂNCER III / INCA / MS

Dissertação apresentada à Universidade

Federal Fluminense como requisito à obtenção

do título de mestre em Saúde Coletiva.

Aprovado em ____ de ________ de _____

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________ Prof. Dr. Maurício Cagy (Orientador)

Universidade Federal Fluminense

___________________________________________________ Prof. Dr. Aluísio Gomes da Silva Jr. (Co-Orientador)

Universidade Federal Fluminense

___________________________________________________ Profª. Drª. Luciana Tricai Cavalini Universidade Federal Fluminense

___________________________________________________

Profª. Drª. Anke Bergmann Instituto Nacional do Câncer

Niterói - RJ

2011

Page 5: Dissertação Versão Final Pós

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Dedicatória

A Deus, por me dar força para seguir em frente, mesmo quando não me parecia possível.

Ao meu pai, Luiz Carlos, que sempre acreditou em mim, por me ouvir, me aconselhar, pelo apoio incondicional.

A minha irmã, Carolina, pela amizade e companhia de todas as horas.

A minha mãe, Sara, por se fazer presente, mesmo quando a distância parece enorme e a saudade parece não ter fim.

Ao meu querido e eterno companheiro, André, pelo amor e fé a mim dedicados durante esses anos tão árduos, por ser meu porto seguro e por fazer tudo isso fazer sentido.

Page 6: Dissertação Versão Final Pós

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AGRADECIMENTOS

A minha família brasileira, principalmente a tia Marilda e a querida minha avó, Hilda,

pelas risadas, ternura e aconchego. Também à minha família do lado argentino,

principalmente a minha nona/abuela Ketta e tia Sari, pelo exemplo de pessoa e amor. E, a

querida família Pinaud, à minha “boa-drasta”, Maria Angélia, aos tios, primos, avós, minha

família emprestada tão amada e à Daniel Galli, meu “bom-drasto”, pelas risadas e pela “buena

onda” argentina.

Às minhas amigas tão especiais de todas as horas, família que a vida me deu: Flávia

Moura dos Reis (minha melhor e mais antiga amiga, irmã de alma e coração), Luiggia Girardi

Bastos, Caroline Araújo, Márcia Lins, Fernanda Mota, Luciana Lyra, Aline Onofre e aos

argentinos: Lorena Oroño, Cecília Del Grecco, Ana Inés Bertó e Emmanuel Vera (tão

presentes na minha vida desde o tempo em que vivi na Argentina até hoje).

Ao meu orientador, Prof Dr Maurício Cagy, e ao meu co-orientador, Prof Dr Aluísio

Gomes da Silva Jr, agradeço pela paciência com os meus erros e por terem me ensinado o

certo, com todo o carinho, vou levá-los sempre em meu coração.

Aos queridos professores do Programa de Pós-graduação de Saúde Coletiva da

Universidade Federal Fluminense, pelos imensuráveis ensinamentos e vivências. E, às

queridas Marcinha e Soninha e, mais recentemente à Juliana e Raquel, pelo carinho de

sempre. Também às colegas de mestrado e especialmente à Lina Nunes, Thaís Yamamoto,

Tatiana Fonseca e Luciana Narciso.

Ao Instituto Nacional do Câncer e, mais especificamente, à Direção do Hospital do

Câncer III, representada pelo Dr Carlos Frederico de Freitas Lima e pela Drª Célia Regina de

Page 7: Dissertação Versão Final Pós

7

Andrade Costa e à chefe do serviço de Fisioterapia do HCIII, Drª Érika Fabro, pela liberação

do banco de dados e cooperação no andamento da pesquisa; assim como de todos os

profissionais do setor e seus respectivos alunos de iniciação científica, estagiários e

funcionários administrativos e da limpeza, pelas convivência tranqüila e por serem tão

prestativos. Aos queridos funcionários do Arquivo Médico do HCIII, Marcelo Castagnaro,

Mônica Salles Ribeiro, João de Paula Souza Alves e aos demais, por nos ceder espaço e

estrutura para que a pesquisa fosse desenvolvida, pelas conversas e ajuda presentes a todo

o momento, como eu havia prometido, um agradecimento néon à todos vocês. Finalmente, às

alunas de iniciação científica que participaram do projeto de forma exemplar, Priscila Guyt e

Priscilla Silva, pela dedicação e perseverança nas incansáveis horas de coleta e tabulação

dos dados.

Agradeço especialmente a minha banca examinadora: a Anke Bergmann, pelo ponta-

pé inicial para fascinante estudo do linfedema e pela ajuda fundamental e, por contribuir com

ensinamentos imprescindíveis; e a Luciana Tricai Cavalinni, pela ajuda indispensável.

E, a bibliotecária da ENSP, Gizele Rocha, pelas horas de buscas bibliográficas

realizadas e amizade.

Aos meus queridos pacientes, que me acompanham por todos esses anos e,

principalmente a Dona Isabel, pela paciência, pelo carinho e pela troca de experiências e

vivências que me fazem crescer a cada dia.

Page 8: Dissertação Versão Final Pós

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RESUMO

O linfedema é um extravasamento de líquido tissular por falha da drenagem linfática, geralmente em uma ou

mais extremidades, e pode ser classificado em primário e secundário. O secundário ocorre no sistema linfático

previamente normal, podendo desenvolver-se devido a obstrução tumoral metastática. Neste caso, é um tipo de

alteração decorrente de diagnóstico tardio e estágios avançados do câncer. Em cuidados paliativos do câncer de

mama, pelo aumento do volume tumoral, pode haver obstrução do sistema linfático e conseqüente acúmulo de

líquido intersticial. O objetivo geral do presente trabalho foi descrever as variáveis relacionadas às características

demográficas e clínico-epidemiológicas das pacientes com linfedema secundário por obstrução tumoral

atendidas no Hospital do Câncer III / INCA / MS, no período de janeiro de 2006 a julho de 2009. A prevalência

estimada do linfedema por obstrução tumoral no Serviço de Fisioterapia do Hospital do Câncer III/ INCA foi de

12%. A maior parte das pacientes era casada ou vivia com companheiro, e grande parte apresentou baixo grau

de escolaridade, era "do lar" e apresentou sobrepeso e obesidade. Mais da metade fez uso de métodos

contraceptivos, detectou o câncer de mama através do auto-exame e foi diagnosticada de câncer de mama nos

estadiamentos mais avançados (III e IV). Quase metade da amostra realizou algum tipo de aborto (artificial ou

fisiológico). A quimioterapia paliativa foi o tratamento mais realizado, e a maioria das pacientes não realizou

tratamento cirúrgico. A maior parte dos óbitos foi na faixa etária de 50 a 60 anos. Os tratamentos

fisioterapêuticos empregados para o linfedema por obstrução tumoral foram o enfaixamento compressivo e o uso

de luvas/braçadeiras. Houve uma adaptação da Terapia Física Complexa (TFC) visando à redução do volume,

melhora dos sintomas associados, melhora da auto-estima e conseqüente qualidade de vida. Os tempos médio e

mediano estimados de sobrevida do diagnóstico do linfedema por obstrução tumoral ao óbito foram 529,6 dias

(1,4 ano) e 427 dias (1,2 ano) respectivamente. Se contabilizados a partir do diagnóstico de câncer, os tempos

médio e mediano estimados de sobrevida foram 1942 dias (5,3 anos) e 1298 dias (3,5 anos) respectivamente.

Tais resultados corroboram que o linfedema por obstrução tumoral é um sinal de mau prognóstico no que se

refere à sobrevida.

Page 9: Dissertação Versão Final Pós

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ABSTRACT

Lymphedema is a tissue fluid leakage due to failure of lymphatic drainage and can be classified into primary and

secondary. The secondary occurs in previously normal lymphatic system, which may develop due to metastatic

tumor obstruction. In this case, is a type of change due to late diagnosis and advanced stages of cancer. In

palliative care of breast cancer, increasing tumor volume, there may be obstruction of the lymphatic system and

consequent accumulation of interstitial fluid. The overall objective of this study was to describe the variables

related to demographic characteristics and clinical and epidemiological of patients with malignant lymphedema

treated at the Cancer Hospital III / INCA / MS, from January 2006 to July 2009. The estimated prevalence of

malignant lymphedema on the Department of Physical Therapy of the Cancer Hospital III / INCA was 12%. Most

patients were married and most had low education level, was "housewives" and were overweight or obese. More

than half had used contraception, the breast cancer was detected through self-examination and was diagnosed

with breast cancer in more advanced stages (III and IV). Almost half of the sample held some type of abortion

(artificial or physiological). The palliative chemotherapy was the most performed procedure and most patients did

not undergo surgery. Most of the deaths were aged 50 to 60 years. The physical therapy treatment for malignant

lymphedema used were swaddling and the use of gloves / bracers. There was an adaptation of method of the

Complex Physical Therapy (CFT) in order to reduce the volume, improvement of associated symptoms, improved

self-esteem and the quality of life. The mean and median time estimated of survival of the diagnosis of malignant

lymphedema to death was 529.6 days (1.4 years) and 427 days (1.2 years) respectively. If counted from the

cancer diagnosis, the mean and median times of survival were estimated 1942 days (5.3 years) and 1298 days

(3.5 years) respectively. These results confirm that the malignant lymphedema is a sign of poor prognosis with

regard to survival.

Page 10: Dissertação Versão Final Pós

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABSOLUTE - Sistema de informações clínicas (INCA)

AVD - Atividades da Vida Diária

BI-RADS -Breast Imaging Reporting and Data System

CEP - Comitê de Ética em Pesquisa

CMS - Instituto de Saúde da Comunidade (UFF)

CNS – Conselho Nacional de Saúde

DLM - Drenagem Linfática Manual

EVA - Escala analógica visual numérica de dor

HCIII – Hospital do Câncer III

IMC – Índice de Massa Corpórea

INCA – Instituto Nacional do Câncer

MS – Ministério da Saúde

NCI – National Cancer Institute (EEUU)

OMS – Organização Mundial da Saúde

OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde

PAAF -Punção Aspirativa por Agulha Fina

PAG - Punção por Agulha Grossa

PAHO – Pan American Health Organization

PPGSC - Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva (UFF)

RNM - Ressonância Nuclear Magnética

SESDEC - Secretaria do Estado de Saúde e Defesa Civil

SIM - Sistema de Informações sobre Mortalidade

SISCAF - Sistema informatizado de produtividade da fisioterapia (INCA)

TC - Tomografia computadorizada

TFC - Terapia Física Complexa

TLD - Terapia Linfática Descongestiva

UICC - União Internacional Contra o Câncer

WHO – Word Health Organization

Page 11: Dissertação Versão Final Pós

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SUMÁRIO

1. Introdução ....................................................................................................................... 113

1.1. Justificativa ................................................................................................................ 17

1.2. Objetivos ................................................................................................................... 18

2. Conceitos Relativos ao Câncer de Mama ......................................................................... 19

2.1. Questões Anatômicas, Histológicas e Fisiológicas da Mama .................................... 19

2.2. Conceituação............................................................................................................. 20

2.3. Câncer de Mama no Brasil ........................................................................................ 20

2.4. Diagnóstico do Câncer de Mama .............................................................................. 22

2.5. Investigação Diagnóstica ........................................................................................... 22

2.5.1. Investigação da lesão nodular ............................................................................ 23

2.5.2. Estadiamento (TNM) .......................................................................................... 25

2.6. Tratamentos para o Câncer de Mama ....................................................................... 26

3. Sistema Linfático .............................................................................................................. 29

3.1. Linfa ........................................................................................................................... 29

3.2. Linfedema .................................................................................................................. 30

3.3. Tipos de Linfedema / Classificação ........................................................................... 31

3.3.1. Manifestações Clínicas....................................................................................... 38

3.3.2. Epidemiologia ..................................................................................................... 39

3.3.3. Fatores de Risco ................................................................................................ 40

3.3.4. Critérios Diagnósticos ........................................................................................ 41

3.3.5. Tratamentos para o Linfedema Secundário ....................................................... 42

4. Metodologia ...................................................................................................................... 46

4.1. Questões Éticas ........................................................................................................ 46

4.2. Delineamento ............................................................................................................ 47

Page 12: Dissertação Versão Final Pós

12

4.3. Descrição das Variáveis ............................................................................................ 48

4.3.1. Variáveis Relacionadas às Características e História Fisiológica da Paciente ... 48

4.3.2. Variáveis Relacionadas às Características do Tratamento Oncológico e às

Características do Tumor ................................................................................................. 50

4.3.3. Variáveis Relacionadas às Complicações do Tratamento Oncológico ............... 51

4.3.4. Variáveis Relacionadas ao Tratamento Fisioterapêutico Realizado ................... 52

4.4. Análise dos Dados ..................................................................................................... 53

5. Resultados ........................................................................................................................ 55

5.1. Análise Descritiva das Variáveis Relacionadas às Características da População..... 55

5.2. Análise Descritiva das Variáveis Relacionadas ao Tratamento Fisioterapêutico para o

Linfedema por Obstrução Tumoral ....................................................................................... 62

5.3. Análise das Variáveis relacionadas ao Óbito/Desfecho ............................................ 66

5.4. Análise de Sobrevida ................................................................................................. 67

6. Discussão ......................................................................................................................... 70

7. Considerações Finais ....................................................................................................... 80

Bibliografia ............................................................................................................................... 82

Anexo 1 .................................................................................................................................... 92

Anexo 2 .................................................................................................................................... 93

Anexo 3 .................................................................................................................................... 95

Anexo 4 .................................................................................................................................... 96

Anexo 5 .................................................................................................................................... 97

Anexo 6 .................................................................................................................................... 99

Anexo 7 .................................................................................................................................. 106

Page 13: Dissertação Versão Final Pós

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1. Introdução

O câncer de mama é a maior causa de mortes de mulheres em todo o mundo, com

cerca de um milhão de mulheres diagnosticadas e mais de 500.000 mortes a cada ano

(ROBLES & GALANIS, 2009). Um importante fator prognóstico para o câncer de mama é a

detecção em estádio inicial, pois este é o momento em que o tumor possui maiores

probabilidades de cura. O Brasil, seguindo a tendência de outros paises em desenvolvimento,

tem elevada freqüência de diagnósticos tardios (INCA, 2009; KREPS& SIVARAM, 2008;

BRAY et al., 2004; DRINKWATER& SUGDEN, 1997; PEREIRA et al., 2005).

Aproximadamente 60% dos tumores mamários no Brasil são diagnosticados nos

estágios III e IV (em um estadiamento de quatro níveis) (ABREU& KOIFMAN, 2002). O câncer

de mama, quando diagnosticado em fases iniciais, apresenta grandes chances de cura, com

uma sobrevida de 97% em cinco anos (NCI, 2010). Quanto mais tardiamente o tumor é

diagnosticado, os recursos terapêuticos se tornam mais limitados e mutilantes, tornando-se

maior a morbidade pós-tratamento (BERGMANN, 2000). A grande maioria dos protocolos de

tratamento disponíveis necessita, para melhor eficácia, de que o diagnóstico seja estabelecido

em fases precoces da doença (MOLINA et al., 2003). Por esses motivos, o câncer de mama

tem se tornado uma importante questão para a saúde pública e foco de atenção por

autoridades de saúde mundiais (INCA, 2009; KREPS & SIVARAM, 2008; BRAY et al., 2004;

DRINKWATER & SUGDEN, 1997, PEREIRA et al., 2005; MOLINA et al., 2003).

Na população mundial, a sobrevida média do câncer de mama após cinco anos é de

61%; para países desenvolvidos, essa sobrevida aumenta para 73% e nos países em

desenvolvimento, é estimada em 57% (INCA, 2010). A sobrevida é o parâmetro mais utilizado

para avaliar resultados na área de epidemiologia oncológica, onde as taxas de letalidade em

Page 14: Dissertação Versão Final Pós

14

séries históricas têm alta relevância analítica. Alguns fatores prognósticos para a sobrevida

global em câncer de mama são: o tamanho do tumor, o estado dos linfonodos e dos

receptores hormonais, o grau histológico e a idade (MORAES et al., 2006).

Há apenas duas décadas, o câncer de mama não era considerado uma questão de

saúde pública tão relevante nos países da America Latina e Caribe. Entretanto, a transição

demográfica (a centros urbanos) e as transições epidemiológicas, aceleradas desde a década

de 60, levaram ao aumento da exposição a fatores de risco do câncer de forma geral e

particularmente do câncer de mama. Com o decréscimo crescente das taxas de mortalidade

infantil e de fertilidade, as populações de adultos e idosos tornaram-se proporcionalmente

maiores. O aumento da urbanização ocorreu em grande parte dos países dessa região (de

24% nos anos 50 para uma projeção de cerca de 80% em 2010). Essas e outras mudanças

sociais elevaram o nível de educação e introduziram as mulheres ao mercado de trabalho

(ROBLES & GALANIS, 2002; PAHO, 1998). Os fatores de risco relacionados ao câncer de

mama mostram associação à vida reprodutiva da mulher e estão relacionados com a

independência feminina e à realidade da vida moderna (INCA, 2002).

A Declaração Mundial Contra o Câncer 2008 foi publicada pela União Internacional

Contra o Câncer (UICC), adotada pela Cúpula Mundial de Câncer em 2008 e endossada pelo

Congresso Mundial de Câncer de 2008. Tal declaração convoca os governos, organizações

governamentais internacionais, agências de desenvolvimento, organizações profissionais,

setor privado e sociedade civil, a assumir, como metas, medidas visando reverter o número

crescente de mortes evitáveis por câncer. Dentre elas, destaca-se o estabelecimento de

programas para diagnóstico precoce e um alto nível de conscientização profissional (UICC,

2008).

Nos Estados Unidos, o Comitê de Cuidados Primários do Colégio Americano de

Obstetrícia e Ginecologia recomenda que, nos cuidados primários e preventivos relativos ao

Page 15: Dissertação Versão Final Pós

15

câncer de mama, deve-se ter em conta o papel do profissional de saúde, capacitado como

agente de cuidados primários, e enfatiza o papel do rastreamento. Esta recomendação tem

como objetivos, na prevenção primária, a identificação e controle dos fatores de risco com a

intenção de reduzir sua incidência; e, na prevenção secundária, os objetivos são relacionados

à identificação precoce da doença (a fim de prevenir a morbidade e a mortalidade), identificar

e reduzir as principais causas de morte e morbidade, realizar recomendações de acordo com

o grupo etário, assim como recomendações nutricionais , aconselhamento sobre prevenção, e

o rastreamento de diversas patologias (como vários tipos de câncer ginecológico)

(BANKOWSKI, 2006). No Brasil, o mesmo tipo de recomendação foi feita, segundo diretrizes

publicadas pela Sociedade Brasileira de Mastologia, com algumas adaptações relacionadas

com a história fisiológica da mulher, aplicação de testes genéticos, quimioprevenção primária,

rastreamento mamográfico de rotina, entre outros (KEMP et al., 2002).

O linfedema é um extravasamento de líquido tissular por falha da drenagem linfática e

pode ocorrer em qualquer parte do corpo, geralmente em uma ou mais extremidades. Devido

ao seu alto conteúdo protéico, há estímulo para o desenvolvimento de fibrose linfoestática,

provocando danos irreversíveis no sistema linfático, configurando-se como uma condição

crônica. O linfedema pode ser classificado como primário e secundário. O linfedema primário

se desenvolve como conseqüência de patologias congênitas na formação dos vasos linfáticos

e linfonodos ou obstrução idiopática dos vasos linfáticos (como a displasia linfática congênita,

por exemplo) (LYMPHOLOGY, 2009; SZUBA et al, 1998). O linfedema secundário é uma

disfunção anatômica que ocorre no sistema linfático previamente normal, e é

significativamente mais comum, podendo desenvolver-se subseqüente a cirurgias,

radioterapia, obstrução tumoral metastática, traumas, erisipelas, celulites e trombose

inflamatória com cicatrização dos canais linfáticos. (INCA, 2009; ERICKSON et al., 2009;

SZUBA et al, 2002). Ao se apresentar nos membros superiores, em pacientes oncológicos, é

Page 16: Dissertação Versão Final Pós

16

uma das principais morbidades decorrentes do câncer de mama (PEREIRA et al., 2005;

SQUARCINO et al., 2007). Sua incidência encontra-se aumentada quando associada a

técnica cirúrgica inadequada, radioterapia axilar, seromas persistentes e infecções, e ocorre

em 15-20% dos casos de linfadenectomia axilar (BARBOSA et al., 2008). Em cuidados

paliativos, pelo aumento do volume tumoral, pode haver obstrução do sistema linfático e

conseqüente acúmulo de líquido intersticial. Sem intervenção terapêutica, o linfedema pode

progredir, causando fibrose em tecidos moles, infecções, repercussões neurológicas (como

dor e/ou parestesias), tróficas (úlceras e hiperqueratoses, fístulas, elefantíase e deformidades

nas unhas), osteoarticulares (deformidades, calosidades, alterações na coluna vertebral) e

neoplásicas (Síndrome de Steward-Treves) (BERGMANN, 2000, ERICKSON et al., 2009;

PAGÉS, 2003). Quando tratado precocemente, complicações dessa condição podem ser

minimizadas (ERICKSON V. et al., 2009; PILLER, 2010).

A incidência do linfedema é de aproximadamente 10% quando há dissecção axilar;

porém, quando associada à radioterapia, há um incremento para cerca de 40%

(PANOBIANCO, 2008). Nos Estados Unidos, estimativas mostram que entre 3 e 5 milhões de

pacientes possuem linfedema (LAWENDA et al., 2009). Segundo dados do INCA, desde

2007, o linfedema representa 6% dos sintomas apresentados pelos pacientes encaminhados

ao setor de Fisioterapia do Hospital de Câncer - Unidade IV (especializada em cuidados

paliativos na atenção oncológica) (INCA, 2009). Quanto à prevenção do linfedema, este é

iniciado no diagnóstico do câncer de mama e, posteriormente, deve-se priorizar tratamentos

menos agressivos e o mais conservadores possíveis. No pós-operatório, aconselha-se à

paciente evitar punções venosas e vacinas, bem como recomenda-se realizar o tratamento de

fisioterapia oncológica. A equipe de saúde deve ter conhecimento sobre os sinais e sintomas

dos processos infecciosos e do linfedema, para que o planejamento terapêutico seja realizado

de forma adequada (BEVILACQUA, 2008).

Page 17: Dissertação Versão Final Pós

17

Contudo, o linfedema secundário por obstrução tumoral é um tipo de alteração

decorrente de diagnóstico tardio, quando o paciente já possui morbidades e co-morbidades de

estágios avançados do câncer. É um problema freqüente e negligenciado (FRIDI M. et al.,

2006). Portanto, o linfedema secundário por obstrução tumoral faz parte de uma condição

complexa, e pode estar relacionado com a realidade de países que possuem precariedade

nos sistemas de saúde, com falta ou escassa atenção primária de qualidade, poucas

campanhas de prevenção e promoção da saúde e, principalmente aquelas relacionadas ao

câncer de mama (PAHO, 1998; GODOY et al., 2004).

1.1. Justificativa

A detecção precoce do câncer de mama é preconizada, visando à diminuição da

mortalidade e das comorbidades associadas e ao aumento da sobrevida dos pacientes (INCA,

2009; SZUBA et al., 2002). Adicionalmente, na avaliação da viabilidade de programas para o

câncer de mama na América Latina e Caribe, é importante ter em conta: a incidência do

câncer de mama no país; a disponibilidade de acesso aos serviços de saúde para todos os

grupos populacionais em países com alta incidência de câncer de mama; e a viabilidade da

detecção precoce do câncer de mama, tendo em vista a competição na lista de prioridades,

devido os escassos recursos disponíveis (ROBLES & GALANIS, 2002).

Além de prejudicar as funções físicas nas mulheres acometidas, o linfedema afeta

negativa e diretamente a imagem corporal, traz questões psicológicas, dificulta as relações

sociais e de trabalho – as Atividades da Vida Diária (AVD) – e, conseqüentemente, afeta a

qualidade de vida como um todo (PANOBIANCO, 2008; ERICKSON et al., 2009; GOSSELINK

et al., 2003; ERICKSON et al., 2001).

O linfedema secundário por obstrução tumoral é uma patologia freqüente, porém

negligenciada (FRIDI et al., 2006). Tal aspecto é particularmente relevante, considerando-se o

fato de tratar-se de um tipo de alteração decorrente de diagnóstico tardio do câncer, o que é

Page 18: Dissertação Versão Final Pós

18

freqüente no sistema de saúde brasileiro, podendo estar associada à precariedade do

atendimento no sistema de saúde. Sendo assim, a contribuição específica desse estudo está

na ampliação das evidências sobre os parâmetros clínico-epidemiológicos do linfedema

secundário por obstrução tumoral.

Esse estudo é fruto de uma parceria entre o setor de pesquisa e chefia do Serviço de

Fisioterapia Oncológica do Hospital do Câncer III (HCIII) do Instituto Nacional de Câncer e o

Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva (PPGSC) do Instituto de Saúde da

Comunidade da Universidade Federal Fluminense (CMS-UFF). Há também, por parte do

INCA, interesse no conhecimento da real prevalência do linfedema por obstrução tumoral,

assim como no perfil das pacientes com essa morbidade atendidas no setor de fisioterapia,

para a melhor elaboração de futuros protocolos de tratamento, sendo importante para

processos de planejamento.

1.2. Objetivos

Geral: Descrever as variáveis relacionadas às características demográficas e clínico-

epidemiológicas das pacientes com linfedema secundário por obstrução tumoral atendidas no

Hospital do Câncer III / INCA / MS / INCA, no período de janeiro de 2006 a julho de 2009.

Específicos:

Descrever os tratamentos mais utilizados pelo serviço de fisioterapia no linfedema

por obstrução tumoral;

Identificar as características demográficas (local de residência, etc), clínicas

(características clínicas do tumor, variáveis relativas à história fisiológica,

sobrevida) e epidemiológica;

Page 19: Dissertação Versão Final Pós

19

2. Conceitos Relativos ao Câncer de Mama

2.1. Questões Anatômicas, Histológicas e Fisiológicas da Mama

Segundo BANKOWSKI et al. (2006),

As mamas são anexos da pele e sistema reprodutivo humano, constituídas por três

principais tecidos:

Pele (com glândulas sudoríparas e sebáceas);

Tecido subcutâneo;

Tecido mamário:

o Parênquima mamário (corpo glandular ou glândula mamária – destina-se à

secreção láctea), que se divide em lobos mamários, composto também por tecido

adiposo);

o Estroma de tecido conjuntivo (envolve os lobos e a glândula, e confere sustentação

à mama).

Sistema Circulatório da Mama

O principal suprimento sangüíneo da mama é feito pelas artérias mamárias internas

(ramo da artéria subclávia, responsável por cerca de 60% da nutrição da mama) e torácica

lateral (ramo da artéria axilar, toracoacromial ou da subescapular, responsável por 30% da

nutrição mamária) além de ramos anteriores e laterais das artérias intercostais posteriores e

do plexo areolar subdérmico. Consta também de veias superficiais (fundamentalmente,

drenam para a veia mamária interna e jugular interna) e profundas (veias mamárias interna,

axilar e ramos intercostais), que acompanham o suprimento arterial (ROUVIÈRE, H.;

DELMAS, A., 1999).

Page 20: Dissertação Versão Final Pós

20

A drenagem linfática é fundamentalmente unidirecional, da superfície ao plexo linfático

profundo. Cerca de 97-99% da linfa da mama é drenada para a axila correspondente,

enquanto apenas de 1-3% é drenada para a cadeia mamária interna.

Três grupos de vasos linfáticos estão interconectados, e é por onde ocorre a drenagem

linfática mamária (ROUVIÈRE & DELMAS, 1999):

Grupo que tem origem nos canais mamários e confluem para a glândula mamária, nos

espaços interlobulares e canais lactíferos;

Grupo que consiste nos canais do tecido glandular e da pele da região central da

mama, formando o plexo subareolar de Sappey;

Grupo composto por um plexo na face profunda da mama que pode atingir também os

linfonodos mamários internos.

2.2. Conceituação

Conceitualmente, neoplasias malignas podem ser caracterizadas pela proliferação

anormal e desordenada de determinadas células e pela capacidade de invadir e colonizar o

tecido normal circunjacente e distante, as metástases (FERNANDES, 2000).

O câncer de mama, ou neoplasia mamária, pode ser definido como a proliferação

maligna das células epiteliais que margeiam os ductos ou lóbulos. Sua evolução depende de

fatores genéticos e ambientais, como exposição a carcinógenos químicos, físicos e vírus

(CAMARGO; MARX, 2000; FERNANDES, 2000).

2.3. Câncer de Mama no Brasil

Segundo as estimativas de incidência de câncer para o ano de 2010 apresentadas pelo

INCA (INCA, 2010), para o câncer de mama, o número de casos novos esperados será de

Page 21: Dissertação Versão Final Pós

21

49.240, com um risco estimado de 49 casos a cada 100 mil mulheres. Na Região Sudeste, o

risco estimado é de 65 casos novos por 100 mil ao ano, sem considerar os tumores de pele

não melanoma.

Os fatores de risco do câncer de mama mostram associação com a vida reprodutiva da

mulher e estão relacionados com a independência feminina e com a realidade da vida

moderna. Entre eles, destacam-se: nuliparidade, idade da primeira gestação a termo acima

dos 30 anos, uso de anticonceptivos orais, além de dieta rica em gordura animal e pobre em

fibras, obesidade (INCA, 2002). Até os 50 anos, há um aumento rápido das taxas de

incidência e, a partir dessa idade, o aumento é consideravelmente mais lento (atribuído ao

início da menopausa). O câncer de mama mostra também maior risco entre mulheres com

status econômico mais elevado (INCA, 2010).

Quanto ao desenvolvimento do câncer de mama, segundo TIEZZI (2009), o câncer de

mama é considerado esporádico, ou seja, sem associação com fatores hereditários.

Observamos que essa informação contradiz as demais bibliografias encontradas sobre o

tema.

A amamentação, a prática de atividade física e a alimentação saudável com

manutenção do peso corporal são fatores de proteção, ou seja, estão relacionados ao menor

risco no desenvolvimento do câncer de mama (INCA, 2002; MACMAHON, 2006).

O prognóstico do câncer de mama é considerado relativamente bom se diagnosticado

e tratado oportuna e precocemente. Ainda assim, suas taxas de mortalidade continuam

elevadas no Brasil, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estádios

avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos do diagnóstico é de

61%, sendo que para países desenvolvidos essa sobrevida aumenta para 73% e em países

em desenvolvimento reduz para 57% (INCA, 2010; MACMAHON, 2006).

Page 22: Dissertação Versão Final Pós

22

2.4. Diagnóstico do Câncer de Mama

As manifestações clínicas são diversas, sendo assintomática nos casos subclínicos,

podendo apresentar tumoração palpável, endurecida e, em sua maioria, unilateral. Em

estágios mais avançados, pode apresentar derrame papilar “em água de rocha” ou

sanguinolento, uniductal, espontâneo intermitente e ocasionalmente serossanguinolento.

2.5. Investigação Diagnóstica

É realizado principalmente através da anamnese (com questionamentos sobre:

histórico da doença na família; diagnóstico histopatológico de lesão mamária proliferativa com

atípica ou neoplasia lobular in situ [ALEGRANCE, 2007; CONSENSO, 2004]) e exame clínico

(que deve constar de: inspeção e palpação [BANKOWSKI B., 2006]), onde se deve observar:

volume, forma, simetria, retrações ou abaulamentos, alterações da rede venosa, alterações

no complexo aréolo-papilar, descarga papilar (unilateral ou bilateral e cor) e alterações na

pele; a palpação das mamas pode ser executada pela própria paciente (auto-exame) ou pelo

profissional de saúde treinado (ginecologista), que palpará e inspecionará também a região

areolar, axilar, infra e supraclavicular (ALEGRANCE, 2007). O ensino destas técnicas pode

contribuir para alertar as mulheres sobre os potenciais riscos do câncer de mama, embora

não substitua o exame realizado pelo profissional de saúde treinado (MOLINA L et al., 2003;

BANKOWSKI, 2006). O exame clínico pode confirmar até 70% dos casos e a mamografia,

83%. A relação entre estes métodos preventivos eleva a acuidade diagnóstica mostrando a

grande importância desta associação (MOLINA et al., 2003).

Page 23: Dissertação Versão Final Pós

23

2.5.1. Investigação da lesão nodular

Mamografia

A mamografia é considerada o método mais eficiente para detecção precoce do

câncer, devendo ser feita anualmente. Estudos têm demonstrado que mulheres entre 50 e 75

anos são as maiores beneficiárias destes programas de saúde. Testes regulares em mulheres

acima de 65 anos podem reduzir a mortalidade pela doença em até 45% (MOLINA et al.,

2003). O Ministério da Saúde fez recomendações para a detecção precoce do câncer de

mama através do Documento de Consenso para o Controle do Câncer de Mama

(CONSENSO, 2004), onde considera como principal estratégia de rastreamento um exame

mamográfico bianual para mulheres de 50-59 anos e um exame clínico anual de mamas para

as que se encontram na faixa etária de 40-49 anos. Já as mulheres pertencentes aos grupos

populacionais considerados de alto risco para o desenvolvimento do câncer de mama

(histórico familiar de câncer de mama em parentes de 1º grau), recomenda-se exame clínico

da mama e mamografia anualmente a partir dos 35 anos.

O BI-RADS (Breast Imaging Reporting and Data System), é um sistema de

padronização do laudo mamográfico que tem por objetivo obter conclusões diagnósticas e

propor condutas. A mamografia deve sempre ser precedida pelo exame físico e comparada

com exames anteriores (SAÚDE-RJ, 2009; QUADROS, 2003). Uma adaptação da 4ª edição

do BI-RADS publicada em 2003, com algumas alterações feitas pela Sociedade Brasileira de

Mastologia (maiores detalhes no anexo 1), é amplamente divulgada pela Secretaria Municipal

de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-Rio) (SMS-RJ, 2009; QUADROS, 2003; MENDONÇA GAS,

et al., 2005).

Page 24: Dissertação Versão Final Pós

24

Ultra-sonografia (USG) de mamas

É um exame de imagem, indicado para lesões clínicas e subclínicas, para mulheres

com menos de 35 anos, complementar à mamografia no auxílio à caracterização do tumor.

Ajuda a guiar punções citológicas ou histológicas (ALEGRANCE, 2007; INCA, 2004).Não é

utilizada como método de rastreamento do câncer de mama por não ter a capacidade de

detectar microcalcificações (que representam a única forma de apresentação do câncer de

mama). (INCA, 2002).

Outros Métodos Diagnósticos

Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF): Indicada quando o tumor é palpável (com

tamanho ≥ 1 cm). Permite a análise citológica do material, diferenciando as lesões císticas

das sólidas. É um procedimento ambulatorial, de baixo custo, de fácil execução e

raramente apresenta complicações (INCA, 2002).

Punção por Agulha Grossa (PAG) ou Core Biopsy: Também indicada para lesões

palpáveis, permite a análise histopatológica do material. É um procedimento ambulatorial,

e portanto de custo baixo, realizado sob anestesia local, permitindo inclusive a dosagem

de receptores hormonais (CONSENSO, 2004; INCA, 2002).

Biópsia cirúrgica convencional: Procedimento de retirada cirúrgica de um fragmento do

tumor (incisional) ou da sua totalidade (excisional) para posterior análise histopatológica,

sob anestesia local ou geral. É considerado o padrão-ouro para obtenção de amostras dos

tumores (FERNANDES, 2000).

Biópsia do linfonodo sentinela: Pode ser definida como um teste diagnóstico capaz de

prever o status linfonodal regional (PRESSMAN, 1998). Consiste na remoção de 1 a 3

linfonodos que drenam a região da glândula mamária com o tumor (ZUSTER, 2005).

Page 25: Dissertação Versão Final Pós

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Ressonância Nuclear Magnética (RNM): Empregada para o estudo da mama

contralateral, na avaliação de focos secundários do tumor na mama ipsilateral, no rastreio

de recidiva local do tumor e na avaliação de pacientes em uso de implantes mamários.

Também utilizada para a identificação de focos metastáticos e especialmente no caso de

implantes ósseos (INCA, 2004).

Cintilografia: É amplamente empregada para o rastreamento e diagnóstico de metástase à

distância, sobretudo implantes ósseos. Para diagnóstico de lesões mamárias carece de

bons resultados (INCA, 2004).

Tomografia computadorizada (TC): Não possui valor no estudo do tecido mamário. Pode

ser utilizada no rastreio e diagnóstico de metástases (INCA, 2004).

Radiografia simples (Rx): Utilizado no rastreio e diagnóstico de lesões ósseas ou

pulmonares produzidas pelos tumores mamários (INCA, 2004).

2.5.2. Estadiamento (TNM)

Segundo INCA (2002), “...estadiar o câncer é analisar a extensão anatômica de

comprometimento do organismo. Objetiva avaliar de forma uniforme o registro da extensão da

doença e a classificação histopatológica das neoplasias malignas, e auxilia ao médico no

planejamento da abordagem terapêutica, indicação do prognóstico, avaliação dos resultados,

além de facilitar a troca de informação entre centros de tratamento e contribuir para a

pesquisa contínua sobre o câncer humano.”

É utilizado como estratégia para a definição de prognóstico e a orientação de condutas

terapêuticas. As últimas orientações na classificação foram editadas pelo Comité Americano

de Câncer (American Joint Committee on Cancer - AJCC) em 2002. A classificação adotada é

a TNM (INCA, 2004).

Page 26: Dissertação Versão Final Pós

26

A estratégia de tratamento preconizado para as mulheres com câncer de mama

depende diretamente do estadiamento tumoral (TNM – anexo 2) (BERGMANN, 2000;

MENDONÇA GAS, et al., 2005).

2.6. Tratamentos para o Câncer de Mama

O tratamento é realizado preferencialmente por uma equipe interdisciplinar, que deverá

ser composta por: médico, enfermeiro, fisioterapeuta, psicólogo, terapeuta ocupacional,

assistente social e nutricionista, além da fundamental participação dos familiares (INCA,

2004). As ações interdisciplinares na atenção ao câncer de mama são iniciadas a partir do

diagnóstico. Enfatizam-se as orientações domiciliares, tratamento ambulatorial, tratamento

hospitalar específico e grupos educativos. A transmissão das informações relacionadas aos

direitos previstos em lei também deve ser garantida, o que favorece prioritariamente o retorno

às atividades sociais, profissionais e físicas (INCA, 2004).

Tratamento cirúrgico

De acordo com a publicação do INCA (2002), o tratamento cirúrgico consiste na

abordagem do tumor primário e da axila, com ou sem associação da radioterapia.

Cirurgias conservadoras

Nessa abordagem cirúrgica preserva boa parte da mama. Limita-se à ressecção da

área que contém o tumor, com uma margem de segurança. A extensão da cirurgia depende

diretamente do tamanho do tumor, sendo ideal que corresponda a 20% do volume total da

mama. Segundo o consenso da Sociedade Brasileira de Mastologia (1997), há três

modalidades empregadas no tratamento cirúrgico conservador do câncer de mama, são eles:

Tumorectomia (ressecção total do tumor, sem margem de segurança);

Setorectomia ou Segmentectomia (ressecção do setor que abarca o tumor, com margem

de segurança de, ao menos, 1 cm);

Page 27: Dissertação Versão Final Pós

27

Quadrantectomia (ressecção de qualquer segmento ou quadrante mamário que abarcar o

tumor, com ampla margem de segurança).

Cirurgias radicais

Mastectomia Mastectomia simples

# Clássica ou de Halsted

Mastectomia radical # Modificada segundo Patey

# Modificada segundo Madden

Esvaziamento axilar

Radioterapia (Rxt)

Têm como principal indicação o controle loco-regional da doença. Pode ser empregada

no pré-operatório para reduzir o volume tumoral, ou no pós-operatório para diminuir as taxas

de recidiva. Pode ser implementada sob a forma de braquiterapia ou radioterapia externa

(INCA, 2002).

Quimioterapia (Qt)

Visa auxiliar no tratamento loco-regional, controlar e tratar o surgimento de metástases

à distancia. Normalmente, é recomendada para pacientes com tumores infiltrantes, linfonodos

positivos ou quando o tumor é grande. É administrada em três formas (INCA, 2002):

Qt neoadjuvante ou pré-operatória – empregada a fim de diminuir o tamanho do

tumor, de forma a possibilitar cirurgias conservadoras em tumores grandes;

Qt adjuvante – propõe-se a complementar o tratamento cirúrgico, diminuindo as

taxas de recidiva e índices de mortalidade;

Tratamento de metástases à distância.

Page 28: Dissertação Versão Final Pós

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Hormonioterapia

Consiste na utilização de substâncias que inibem ou diminuem a atividade dos

hormônios endógenos (estrogênio e progesterona) sobre a mama. É indicada para o

tratamento de tumores receptores hormonais positivos (INCA, 2002).

Page 29: Dissertação Versão Final Pós

29

3. Sistema Linfático

O sistema linfático é composto por diversos vasos linfáticos superficiais que

acompanham as veias e drenam a linfa para os linfonodos superficiais e profundos (menos

frequentes). Têm por função a reabsorção das proteínas plasmáticas que saem do leito

capilar e o transporte de líquidos, além do transporte e processamento das excretas celulares,

remoção de partículas orgânicas, absorção de gorduras / partículas de lipídeos, eliminação de

células mutantes e produção de linfócitos. Os vasos linfáticos iniciam-se em fundo cego, na

forma de canais, localizados no interstício. Estes canais tissulares drenam a linfa para o

sistema pré-linfático, formado pelos pré-coletores, que, por sua vez, drenam para os capilares

sangüíneos ou para os capilares linfáticos. Os capilares linfáticos possuem a mesma estrutura

dos pré-coletores, mas com menos junções abertas e mais valvas intralinfáticas. Os capilares

linfáticos fazem a drenagem para os coletores linfáticos, onde as junções abertas diminuem

até desaparecer, a camada muscular média aparece e as valvas intralinfáticas se tornam mais

freqüentes. Surge a camada adventícia. Dos coletores linfáticos, a linfa segue em direção aos

ductos linfáticos e retorna à circulação sangüínea (GUYTON & HALL, 1996; GUEDES NETO

et al., 2004).

O sistema linfático é responsável por apenas 10% do retorno de líquido ao coração –

equivalendo a aproximadamente 2 a 4 litros por dia – enquanto os 90% restantes ficam a

cargo do sistema venoso (GUYTON & HALL, 1996; GUEDES NETO et al., 2004).

3.1. Linfa

A linfa deriva do líquido intersticial que flui para os vasos linfáticos. Possui basicamente

a mesma composição do líquido intersticial (GUYTON & HALL, 1996).

Page 30: Dissertação Versão Final Pós

30

3.2. Linfedema

O linfedema é um acúmulo de líquido intersticial por falha ou disfunção do sistema

linfático superficial, raramente atingindo o sistema linfático profundo. Pode ocorrer em

qualquer parte do corpo, mas principalmente em extremidades. Ao longo do tempo, devido à

proliferação secundária de fibroblastos, queratinócitos e adipócitos, acúmulo de colágeno,

destruição de fibras de elastina na pele e à sobrecarga do sistema linfático superficial, há

acúmulo de líquidos e proteínas no tecido subcutâneo, fazendo com que o seu volume

aumente. Esse alto conteúdo protéico estimula o desenvolvimento de fibrose linfoestática,

provocando danos irreversíveis ao sistema linfático, o que faz dessa uma condição crônica.

As complicações potenciais decorrentes do não-tratamento do linfedema são: fibroedema

(endurecimento da textura da pele e tecido subcutâneo, devido à elevada concentração

protéica), linfangite e/ou erisipela de repetição, infecções, além de repercussões neurológicas

(como dor e/ou parestesias), tróficas (úlceras e hiperqueratoses, fístulas, elefantíase e

deformidades nas unhas), osteoarticulares (deformidades, calosidades, alterações na coluna

vertebral) e neoplásicas (síndrome de Steward-Treves e linfangiossarcoma) (BERGMANN,

2000, ERICKSON et al., 2009; PAGÉS, 2003; GUEDES NETO et al., 2004, SZUBA et al.,

2002). Em cuidados paliativos, pelo aumento do volume tumoral, pode haver obstrução do

sistema linfático e conseqüente acúmulo de líquido intersticial. Quando tratado precocemente,

as complicações dessa condição podem ser minimizadas (ERICKSON et al., 2009).

Segundo GUYTON & HALL (1996) e GUEDES NETO et al. (2004), o linfedema é

decorrente do déficit na circulação linfática e insuficiência de proteólise extralinfática. Pode

apresentar alto fluxo quando o volume linfático estiver aumentado, superando a capacidade

de transporte. O linfedema também pode ter baixo fluxo, quando o volume linfático está

inalterado e há diminuição da capacidade de transporte (havendo, ainda, elevada

concentração de proteínas no interstício), ou misto, por insuficiência da válvula de segurança,

Page 31: Dissertação Versão Final Pós

31

quando o volume linfático está aumentado e a capacidade de transporte do sistema linfático

está diminuída. É importante considerar que o surgimento do linfedema pode demorar algum

tempo, até anos. Isso ocorre porque os canais tissulares localizados no interstício, numerosos

e muito finos, têm a capacidade de se transformar em plexos linfáticos, aumentando seu

tamanho e evitando, assim, a estase linfática. A esse fenômeno denomina-se reserva linfática.

Ao longo do tempo, as proteínas acumulam-se no tecido celular subcutâneo e obstruem os

plexos linfáticos, culminado na descompensação do sistema e no início da manifestação do

edema linfático.

Deve-se esclarecer que o linfedema, uma vez desenvolvido, torna-se uma doença

crônica e irreversível. Seu diagnóstico é realizado principalmente através da história clínica e

exame físico e pode ser complementado por exames de imagem, como o duplex scan (que

afasta a possibilidades da trombose venosa que poderia estar provocando o edema) e a

linfocintilografia (que é capaz de apontar o grau de comprometimento do retorno linfático e até

o ponto de obstrução da via linfática) (GUEDES NETO et al., 2004; PILLER, 2010; CLARK et

al., 2005).

3.3. Tipos de Linfedema / Classificação

Segundo a classificação de Kinmonth e Kinmonth modificada por Cordeiro, os

linfedemas podem ser, quanto à etiologia, primários ou secundários. Com relação aos

linfedemas primários, as duas classificações divergem quanto às definições pois, segundo a

classificação de Kinmonth, se desenvolvem por conseqüência de patologias congênitas e/ou

etiologia hereditária, e, de acordo com a classificação de Kinmonth modificada por Cordeiro,

se subdivide pela idade de manifestação dos sintomas. O secundário é significativamente

mais comum e pode-se manifestar pós-infecção, pós-cirurgia, pós-tuberculose, neoplásico,

filariótico, pós-radioterapia, pós-traumático, pós-flebítico ou por refluxo quiloso (CONSENSO,

Page 32: Dissertação Versão Final Pós

32

2009; PEREIRA et al., 2005; ERICKSON et al., 2009; GUEDES NETO et al., 2004;

KAFEJIAN-HADDAD et al., 2005).

Tabela 1: Classificação etiológica do Linfedema.

Classificação Tipos de linfedema

Kinmonth (KAFEJIAN-HADDAD et al., 2005)

Kinmonth modificado por Cordeiro (GUEDES NETO et al., 2004)

Primário De acordo com a idade de manifestação dos sintomas: Congênito desde o nascimento até 1 ano de idade.

Precoce até os 35 anos.

Precoce se manifestarem por primeira vez antes dos 15 anos.

Tardio acima de 35 anos.

Tardio ocorrem após os 15 anos de idade.

Secundário é o tipo mais comum e pode se manifestar pós-infecção, pós-cirurgia, pós-tuberculose, neoplásico, filariótico, pós-radioterapia, pós-traumático, pós-flebítico ou por refluxo quiloso.

Clinicamente, segundo a classificação de Mowlen (KAFEJIAN-HADDAD et al., 2005), o

linfedema pode apresentar:

grau I: linfedema reversível com elevação do membro e repouso no leito durante 24-48

horas, edema depressível à pressão;

grau II: linfedema irreversível com repouso prolongado, fibrose no tecido subcutâneo de

moderada a grave e edema não-depressível à pressão;

grau III: linfedema irreversível com fibrose acentuada no tecido subcutâneo e aspecto

elefantiásico do membro.

A partir de um estudo de avaliação linfocintilográfica em membros inferiores realizada

por KAFEJIAN-HADDAD et al. (2005), constatou-se que a localização das manifestações

Page 33: Dissertação Versão Final Pós

33

clínicas do linfedema pode não estar relacionada com a topografia das alterações linfáticas

observadas na linfocintilografia. Pode acontecer, por exemplo, de alterações bilaterais

estarem presentes no exame e manifestações clínicas serem observadas apenas em uma

das extremidades, ou seja, o exame físico do membro pode apresentar normalidade e ainda

assim estar com alterações na linfocintilografia. Este fato auxilia e alerta para o tratamento

preventivo de alterações em um membro aparentemente normal ao exame físico.

Segundo Schingale (2003) e Foldi (2006), o linfedema secundário (ou adquirido) divide-

se primeiramente em benigno e maligno e subdividem-se assim:

Linfedema Primário

Secundário # Linfedema por iatrogenia

Benigno # Linfedema pós-traumático

# Linfedema pós-infeccioso

# Linfedema por doença neoplásica

Maligno por tumor primário, metástase ou recidiva

Maiores detalhes sobre a diferença do linfedema benigno e maligno encontram-se no anexo

3.

Segundo a Divisão de Medicina Cardiovascular da Escola de Medicina da Universidade

de Stanford (SZUBA & ROCKSON, 1998), o linfedema pode ser classificado da seguinte

forma:

Linfedema Primário

Secundário 1) Linfedema por iatrogenia

2) Linfedema pós-traumático

3) Linfedema pós-infeccioso

4) Linfedema por doença neoplásica

Page 34: Dissertação Versão Final Pós

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1) Linfedema por iatrogenia

É causado pela interrupção das vias linfáticas por cirurgia e/ou radioterapia, produzindo

fibrose. A interrupção cirúrgica das vias linfáticas pode ser intencional (dissecção de linfonodo

em cirurgia oncológica) ou acidental (por exemplo, durante uma revascularização iliofemural).

2) Linfedema pós-traumático

A ruptura dos canais linfáticos pode levar à obstrução e ao desenvolvimento do

linfedema. Curiosamente, alguns pacientes com linfedema primário relatam esses como

eventos precursores.

3) Linfedema pós-infeccioso

Relacionam-se com episódios recorrentes de celulite estreptocócica ou linfangite. Tais

episódios têm inicio súbito e vêm acompanhados de febre alta, calafrios e mal-estar

generalizado. Na extremidade envolvida, podem ser observados edema, calor, fragilidade e

eritema, e os linfonodos proximais apresentam-se inchados e de textura macia. Sua resolução

requer 4 a 14 dias, e, após episódios subseqüentes, o edema persiste e se agrava. Os

pacientes afetados apresentam idade entre 30 e 59 anos, com equilíbrio entre os gêneros e é

bastante raro.

A Filaríase é a causa mais comum de linfedema em todo o mundo. O linfedema

filarítico pode chegar a afetar mais de 11% da população de áreas endêmicas, localizadas em

áreas tropicais ao redor do mundo.

Page 35: Dissertação Versão Final Pós

35

4) Linfedema por doença neoplásica, tumorigênico, por obstrução tumoral,

neoplásico ou maligno ou paliativo

O linfedema por obstrução tumoral é causado pelo aumento do volume tumoral que, ao

comprimir a luz do vaso linfático, pode causar a obstrução do sistema linfático com

conseqüente acúmulo de líquido intersticial. É a forma mais grave de linfedema secundário. O

linfedema por obstrução tumoral pode ter origem na obstrução linfática provocada diretamente

pelo tumor, pela sua metástase ou recidiva. Nesses casos, o diagnóstico de câncer ou da

metástase é realizado a partir do surgimento do linfedema, representando um câncer

avançado. Ocorre o comprometimento dos linfonodos dos membros superiores por câncer de

mama e ginecológico, mas também podem ser observados como metástases de carcinomas

de laringe, pulmão, brônquios, esôfago, ossos e tireóide. Outra possibilidade de linfedema por

obstrução tumoral é a existência de um linfedema inicialmente proveniente do tratamento

oncológico (quimioterapia, cirurgia ou radioterapia) e, posteriormente, uma abrupta piora do

quadro por avanço da doença tumoral (recidiva ou metástase). Evolui com alterações na pele

(coloração azulada), linfonodos palpáveis, perda de apetite e peso e, principalmente, com dor,

distinguindo-se assim do linfedema secundário por outras causas que, normalmente cursam

sem dor. (SZUBA & ROCKSON, 1998; BERGMAN, et al., 2009; FOLDI E, 1998; SOUCEK-

HADWIGER E DÖLLER, 2006; SCHINGALE, 2003).

A obliteração neoplásica dos vasos linfáticos, linfonodos (por metástases) e ductos

linfáticos (por compressão externa ou linfangite carcinomatosa) é a maior causa do linfedema

secundário. Nas mulheres, é mais freqüente devido ao câncer de mama: o linfedema de

membro superior; nos homens, devido ao câncer de próstata: linfedema nos membros

inferiores (SZUBA & ROCKSON, 1998).

O linfedema por obstrução tumoral é um tipo de alteração que pode ser decorrente de

diagnóstico tardio, ou seja, quando o paciente já possui morbidades e co-morbidades de

Page 36: Dissertação Versão Final Pós

36

estágios avançados do câncer. É um problema freqüente, porém negligenciado, tendo

critérios diagnósticos duvidosos e estimativas de incidência e prevalência desconhecidas

(BERGMAN et al., 2009).

Soucek-Hadwiger e Döller (2006) relatam que o linfedema secundário “maligno” (ou por

obstrução tumoral) é causado pela infiltração, por compressão tumoral ou recidiva. É um

grande desafio, pois é freqüentemente associado com uma longa história de dor severa e

grande redução de mobilidade. Somente através do diagnóstico precoce e introdução de uma

terapia específica para o tumor é possível prevenir o progresso da doença. Como linfedema

secundário, é uma condição crônica e progressiva, no qual é necessário contar com a

“edematerapia” física complexa como tratamento inicial, que consiste na combinação da

drenagem linfática manual, tratamento compressivo com o uso de bandagens e meias/luvas

especiais para compressão, tratamento físico para o incremento da mobilidade, cuidados

dermatológicos e terapia medicamentosa. O linfedema é uma doença crônica. Portanto, o

objetivo da terapêutica é atingir a estabilidade da doença, eliminando os sintomas, o que

significa reduzir o linfedema ao “estádio 0, fase latente”.

Segundo Foldi E. (1998), a forma maligna do linfedema é causada por um carcinoma

não tratável ou por recidiva após o tratamento de câncer. O linfedema “maligno” distingue-se

do linfedema benigno pelo objetivo inicial do tratamento. No linfedema benigno, o objetivo da

fisioterapia descongestiva complexa é restaurar os sintomas à “fase 0 de latência” e manter a

aptidão para o trabalho e atividades da vida diária. Já para o linfedema maligno, o tratamento

é paliativo, no sentido de amenizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.

O tratamento paliativo para o linfedema maligno consiste na aplicação da fase 1 da

Fisioterapia Descongestiva Complexa (FDC ou CDP, em inglês) e, muitas vezes, é

complementado com diuréticos e tem como objetivo principal a melhora da qualidade de vida

do paciente. A CDP consiste em uma tétrade, contendo a Drenagem Linfática Manual (DLM),

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37

cuidados com a pele (para prevenir micoses e infecções bacterianas), compressão e

exercícios fisioterapêuticos específicos (mobilizando músculos e articulações, melhorando as

suas funções, além de outros tratamentos fisioterapêuticos para o alívio da dor). É composta

de tratamentos em duas fases. O objetivo da primeira fase é mobilizar o fluido edematoso e

iniciar a regressão das alterações do tecido fibroesclerótico. O paciente precisa ser mantido

em repouso e as intervenções devem ser realizadas pelo menos uma ao dia e,

eventualmente, duas vezes por dia. Nos casos menos complicados, os pacientes podem

realizar o tratamento ambulatorial e os casos mais severos são tratados com internação. A

fase dois tem por objetivo prevenir o retorno do acúmulo do fluido edematoso. Nesta fase, o

paciente é tratado ambulatorialmente, e consta do uso de meias/luvas compressivas, auto-

cuidado com a pele e auto-tratamentos (como a auto-massagem e auto-enfaixamento, por

exemplo) e, se e quando necessária, a DLM é aplicada (FOLDI E, 1998).

É importante que, ao examinar o paciente com linfedema, o profissional saiba realizar o

diagnóstico diferencial do linfedema “benigno” e do maligno, por obstrução tumoral ou

neoplásico (anexo 3) (FOLDI, 2006).

Complicações do linfedema neoplásico ou por obstrução tumoral:

Infecciosas, tróficas (hiperqueratose, verrucosidades, fístulas linfáticas, úlceras,

elefantíase e deformidades nas unhas), osteoarticulares (deformidades, calosidades,

alterações da coluna vertebral) e neoplásicas (Síndrome de Stewart-Treves); a pele

pode mostrar coloração azulada;

Angiolinfosarcoma, linfangiossarcoma ou Síndrome de Stewart-Treves (SZUBA e

ROCKSON, 1998; MALDONADO-FERNÁNDEZ et al., 2002; SILVA et al., 2003) Os

primeiros relatos desse caso foram descritos em 1948, por Stewart e Treves. Tal

estudo envolveu 6 pacientes do gênero feminino que apresentavam angiosarcoma nos

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38

membros superiores já edemaciados, devido a complicações do tratamento do câncer

de mama. É uma manifestação rara. Clinicamente, sobre a pele edematosa do membro

superior afetado, observa-se o aparecimento de lesões multicêntricas com nódulos

vermelhos, azulados ou violetas, endurecidas, com placas escleróticas ou alterações

bolhosas, que podem ocasionar hemorragias espontâneas, que crescem e se

multiplicam e metastizam-se com rapidez, quase sempre para os pulmões e cavidade

pleural. É uma neoplasia muito agressiva quanto ao padrão de crescimento, e as taxas

de sobrevivência em 5 anos variam entre 5-29%, independente do tipo de tratamento

realizado. Freqüentemente, o óbito ocorre em um prazo médio de 1-2 anos após o

diagnóstico. O período de latência entre a cirurgia e o desenvolvimento de nova

malignidade pode variar de 4 a 44 anos. Em um estudo com 48 pacientes com relato

de sarcomas pelo tratamento de câncer de mama, o linfangiossarcoma foi observado

em 46% dos casos.

Segundo SZUBA & ROCKSON (1998), há outras causas para o linfedema secundário.

São causas isoladas de linfedema em pacientes com artrite – substancialmente numerosos –

e artrite psoriática. Nesses casos, são mais susceptíveis as extremidades dos membros

superiores.

3.3.1. Manifestações Clínicas do Linfedema Secundário

Os pacientes com linfedema secundário podem apresentar uma ampla gama de sinais

e sintomas, tais como: sensação de peso na extremidade afetada, sensação de pele

“esticada” / ajustada ou diminuição da flexibilidade das articulações (arco de movimento). A

textura da pele pode se tornar hiperqueratinizada, com lesões cutâneas verrucosas e

vesiculares. Quando os membros superiores encontram-se afetados, é comum que o paciente

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39

se queixe de dificuldades para se vestir, usar relógios ou pulseiras e realizar atividades da

vida diária. Nos casos de membros inferiores, as dificuldades então no uso de calçados,

coceiras nas pernas ou artelhos, sensação de queimação e queda dos pelos da área afetada.

A locomoção pode se tornar prejudicada, devido ao aumento do tamanho do membro e do

peso (NCI, 2010).

3.3.2. Epidemiologia do Linfedema Secundário

O linfedema pode apresentar-se após qualquer tipo de câncer ou tratamento de câncer,

pois ambos afetam a drenagem dos linfonodos. No caso do linfedema associado ao câncer de

mama, pode aparecer imediatamente e até 30 anos após o tratamento, sendo que 80% dos

casos acontecem em um prazo de 3 anos após a cirurgia (NCI, 2010).

No ocidente, o exemplo mais comum de linfedema secundário em mulheres é o

linfedema de membro superior, causado em conseqüência da cirurgia de dissecção de

linfonodos axilares, como tratamento do câncer de mama. É, provavelmente, a causa mais

comum de linfedema nos Estados Unidos (SZUBA & ROCKSON, 1998).

A incidência do linfedema pós-mastectomia varia de 5,5% a 80% em diferentes

publicações. Em um estudo realizado por Schunemann e Willich (1992), uma série incluindo

cerca de 400 mulheres que realizaram tratamento cirúrgico para o câncer de mama, foi

observado linfedema em membro superior em 27% dos pacientes. Foi demonstrado que tanto

a extensão da cirurgia de mama como a posterior radioterapia estão associadas ao risco de

edema pós-mastectomia. Também há a descrição da correlação com a radiação, técnica

cirúrgica e obesidade (SZUBA e ROCKSON, 1998).

Segundo SZUBA et al. (2002) e ERICKSON et al. (2001), sem considerar a abordagem

cirúrgica individual e o tempo decorrido desde então, aproximadamente uma em cada quatro

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40

mulheres desenvolve linfedema de membro superior após o tratamento para carcinoma

mamário.

Não há uniformidade de dados sobre a incidência e a prevalência do linfedema

relacionado ao câncer de mama. Isto se deve, possivelmente, às diferenças quanto ao

diagnóstico, às características dos pacientes estudados e ao seguimento inadequado para

captar a forma demorada/crônica do transtorno. Sua incidência pode oscilar entre 8-56% dos

anos de aparecimento após a cirurgia (NCI, 2010; PETREK et al., 2001). A prevalência do

edema de membro superior após a cirurgia de câncer de mama é freqüentemente

subestimada, principalmente em seus graus mais leves. Em um cuidadoso estudo prospectivo

envolvendo 360 pacientes submetidos à terapia para o câncer de mama, o linfedema foi

encontrado em 42% (SZUBA & ROCKSON, 1998).

3.3.3. Fatores de Risco do Linfedema Secundário

Segundo o Instituto Nacional do Câncer norte-americano (2010), os fatores de risco

para o desenvolvimento de linfedema de membros superiores relacionados ao câncer de

mama são:

Linfadenectomia axilar: A mastectomia parcial ou total seguida de dissecção completa

do linfonodos axilares aumenta de forma significativa as probabilidades do paciente sofrer

de linfedema no membro superior.

Biopsia de linfonodo sentinela: O linfedema é mais freqüente em pacientes com câncer

de mama submetidas à linfadenectomia (dissecção linfonodal) axilar do que naquelas

submetidas à biópsia do linfonodo sentinela. Um estudo avaliou 30 pacientes com

carcinoma invasor unilateral de mama submetidas à biopsia de linfonodo sentinela e 30

pacientes submetidas à dissecção do linfonodo axilar. Os resultados mostraram que 20%

das pacientes do grupo que realizou a linfadenectomia axilar apresentou linfedema em

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41

membro superior em comparação com 0% do grupo com biópsia do linfonodo sentinela

(CELEBIOGLU et al., 2007).

Obesidade: Entre todos os pacientes de câncer de mama, a obesidade ou o sobrepeso

pode predispor as mulheres ao linfedema após o tratamento do câncer de mama (SHAW

et al., 2007). Alguns estudos correlacionaram o grau de linfedema ao nível de obesidade.

Da mesma forma, entre as sobreviventes jovens de câncer de mama, se relacionou uma

inflamação persistente com a linfodenectomia e com a obesidade (SCHMITZ, 2009;

SHAW et al., 2007; PETREK et al., 2001).

Outros fatores de risco: Outros fatores de risco para o desenvolvimento do linfedema

são os seguintes, segundo o NCI (2010):

Extensão da cirurgia local (SZUBA et al., 2002);

Radiação local (na região axilar ou supraclavicular) (SZUBA et al., 2002);

Cicatrização demorada;

Tumor que causa obstrução linfática dos linfonodos cervicais, torácicos, axilares;

Cicatrização patológica dos ductos linfáticos subclavios direito ou esquerdo devido a

cirurgia ou radiação;

Fatores anatômicos (SZUBA et al., 2002).

3.3.4. Critérios Diagnósticos do Linfedema Secundário

Segundo BERGMANN et al. (2004) e ERICKSON et al. (2001), o diagnóstico clínico do

linfedema é primeiramente realizado através da historia clinica e exame físico, e possui

elementos subjetivos. Pode ser obtido através do relato de sensação de braço “inchado” ou

de sintomas sugestivos de linfedema, como, por exemplo, sensação de peso no braço,

sensação de aperto no punho e dedos e diminuição da flexibilidade da mão e cotovelo (NCI,

2010).

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O exame físico do paciente com linfedema consta de inspeção, palpação e técnicas de

mensuração. A inspeção deve ser realizada em todo o membro e devem-se verificar: lesões

cutâneas, fístulas e cistos linfáticos, micoses, amplitude de movimento (ADM), alterações

ortopédicas e reumatológicas associadas, etc. Na palpação, observa-se a consistência e

textura da pele, buscando sinais de fibrose linfoestática e a localização do edema. Devem ser

palpados os linfonodos regionais para verificar possíveis metástases regionais. São

igualmente utilizadas técnicas objetivas de diagnóstico, como a perimetria do membro em

pontos fixos, que avalia sua circunferência e as medidas volumétricas, o que pode ser obtido

ao submergir o membro em um cilindro com água (pouco utilizada devido à dificuldade de

deslocamento do medidor aos locais de exame, e o tamanho dos recipientes, que faz com

que o enchimento e esvaziamento sejam demorados; não são indicadas para pacientes com

lesões de pele ou que estejam no período pós-operatório imediato) ou pelo volume estimado

através da circunferência do membro (a perimetria é uma alternativa) (BERGMANN et al.

(2004); ERICKSON et al., 2001).

Segundo BERGMANN et al. (2004), para análise da validade de critério, foi adotado

como padrão-ouro para o diagnóstico de linfedema o volume indireto é igual a 200 ml do

membro ipsilateral ao câncer de mama em comparação ao membro contralateral, estimado a

partir da perimetria.

3.3.5. Tratamentos para o Linfedema Secundário

Segundo BERGMANN et al. (2004), os tratamentos cirúrgicos e farmacológicos

apresentam efeitos colaterais indesejáveis, e raramente são indicados.

Tratamento fisioterápico:

Em 1998, a Sociedade Americana de Câncer (American Cancer Society) realizou uma

conferencia internacional para abordar a necessidade da priorização de estratégias de

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diagnostico e tratamento para pacientes com linfedema associado ao câncer de mama. As

recomendações oficiais enfatizavam o uso prioritário da intervenção fisioterápica para

controlar os sintomas e minimizar possíveis complicações, a partir de um estudo prospectivo

em que se combinavam elementos padronizados da Terapia Linfática Descongestiva (TLD),

incluindo a Drenagem Linfática Manual (DLM), enfaixamento compressivo (ou bandagem

compressiva) e o uso de vestuário compressivo (como luvas, por exemplo), validando-se a

utilidade destas para o controle do linfedema (SZUBA et al., 2002).

Segundo BERGMANN et al. (2006), ao descrever as condutas empregadas no serviço

de fisioterapia do HCIII, a atuação do fisioterapeuta é iniciada no período pré-operatório, com

o objetivo de identificar as alterações físicas pré-existentes e fatores de risco para possíveis

complicações pós-operatórias. O tratamento fisioterápico deve priorizar a minimização e a

prevenção das possíveis seqüelas. No pós-operatório imediato, identificam-se as alterações

neurológicas ocorridas durante o ato cirúrgico, a presença de sintomatologia álgica, edema

linfático precoce e alterações na dinâmica ventilatória (MARCUCCI, 2005).

Ao longo da terapia adjuvante e em seu seguimento, deve-se prevenir e minimizar as

complicações sejam elas linfáticas, posturais, funcionais e/ou respiratórias. As

recomendações domiciliares são apresentadas no anexo 4, enquanto as indicações para a

prevenção, diagnóstico e tratamento do linfedema são apresentadas no anexo 5.

Para o controle dos sintomas álgicos, recomenda-se a realização de exercícios

domiciliares, manobras ativas de relaxamento muscular e automassagem no local da cirurgia.

A atividade física deve ser incentivada, sendo contra-indicado o uso do braço em movimentos

rápidos e repetidos, assim como atividades com carga / peso (como musculação, por

exemplo) (INCA, 2004; MARCUCCI, 2005).

GUEDES NETO et al. (2004) e BERGMANN et al. (2004) apontam a Terapia Física

Complexa (TFC) como tratamento preconizado para o controle do edema linfático,

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44

esclarecendo que, mesmo que através dela as dimensões do membro afetado diminuam,

muitas vezes até próximo às medidas originais, nunca chegarão a ser iguais. Segundo

BERGMANN et al. (2006), esse tratamento consiste na interação de técnicas combinadas,

dependendo da fase em que se encontra o linfedema, e inclui: cuidados com a pele,

drenagem linfática manual (DLM), contenção por enfaixamento ou luvas/braçadeiras e

cinesioterapia específica (MARCUCCI, 2005; BARBALHO et al., 2007). Apresenta-se em duas

fases: a primeira visa reduzir do volume do membro, com duração aproximada de 2 - 6

semanas, e a segunda consiste na manutenção e controle do linfedema. Outros tratamentos

têm sido descritos na literatura, porém seus resultados não são tão satisfatórios quando

comparados à TFC. No Setor de Fisioterapia do HCIII, o tratamento fisioterápico do linfedema

utilizado é uma variação da TFC, adaptada às características e demanda da população

assistida e da estrutura do serviço, sendo adotadas as seguintes condutas:

“Pacientes que apresentam diferença entre os membros superiores de 2,00 a 3,00 cm

em um ou mais pontos, ou diferença de 3,00 a 5,00 cm sem fibrose linfoestática: adaptação

de malha compressiva (tamanho padrão ou sob medida), e orientação domiciliar quanto à

automassagem linfática e cinesioterapia ativa. O retorno para reavaliação é de 30 dias com

retorno para reavaliação a cada 6 meses. Na falha da minimização e controle do volume do

membro, a paciente é encaminhada para o enfaixamento compressivo.Pacientes refratárias

ao tratamento domiciliar, perimetria com diferença de 3,00 a 5,00 cm com fibrose linfoestática

e diferença maior que 5 cm: o tratamento é realizado duas vezes por semana, por um período

aproximado de 30 a 60 dias, constando de enfaixamento compressivo com ou sem dedos,

auto-massagem linfática e cinesioterapia ativa. Após redução máxima do volume do membro,

é adaptada braçadeira padrão ou sob medida. As orientações domiciliares são mantidas. O

retorno para reavaliação é realizado com 30 dias e revisto a cada 6 meses.”

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Tratamento farmacológico

A terapia farmacológica é inserida como adjuvante no tratamento do linfedema.

Benzopironas, flavonóides, antibióticos e diuréticos têm sido mais utilizados. As Benzopironas

não são disponibilizadas para uso nos Estados Unidos. Um estudo com flavonóides revelou

uma tendência de redução do volume do membro afetado após 6 meses de tratamento,

porém não foi estatisticamente significativo. Diuréticos podem apresentar pouco ou nenhum

benefício e não há evidências que apóiem a sua utilização no tratamento do linfedema.

Antibióticos devem ser utilizados de forma agressiva no tratamento de celulite e linfangite.

Embora a profilaxia com antibióticos seja apropriada para o tratamento da celulite recorrente,

não há dados que sugiram que seu uso rotineiro traga benefícios. Assim, o papel das

intervenções farmacológicas no tratamento do edema de membro superior permanece incerto

(ERICKSON et al., 2001).

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46

4. Metodologia

4.1. Questões Éticas

Devido à operacionalização do presente estudo necessitar de informações de sigilosas

e privadas, contidas nos prontuários das pacientes selecionadas pela amostra fez-se

necessária a análise do seu conteúdo pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do INCA.

Dessa forma, o estudo deu entrada no dia 20 de agosto de 2010, tendo sua aprovação no dia

04 de outubro de 2010, sob o nº de registro 75 / 10 (anexo 7).

Além disso, durante a coleta de dados, houve por parte da pesquisadora responsável

os seguintes cuidados: (1) foi obtida a autorização dos responsáveis pela unidade de saúde

para a análise dos prontuários, (2) a coleta de dados foi realizada apenas pela pesquisadora

responsável e as duas alunas de iniciação científica do projeto e (3) a pesquisadora

responsável assumiu o compromisso de encaminhar o projeto ao final da pesquisa à unidade

de saúde a fim de contribuir com o serviço de Fisioterapia através das informações coletadas.

Como este estudo apresenta caráter retrospectivo, sendo baseado em banco de

prontuários previamente compilados, bem como devido ao tamanho da amostra a ser

analisada (173 prontuários referentes à pacientes de diversas partes do estado do RJ, entre

as quais algumas já são falecidas), a aplicação de Termos de Consentimento Livre e

Esclarecidos e/ou Termos de Compromisso para Uso de Dados faz-se inviável. Porém, cabe-

nos reforçar o compromisso da manutenção absoluta do sigilo e a confidencialidade dos

dados. Segundo a Resolução 196/96- IV.3.c,“nos casos em que seja impossível registrar o

consentimento livre e esclarecido, tal fato deve ser devidamente documentado, com

explicação das causas da impossibilidade, e parecer do Comitê de Ética em Pesquisa” (CNS,

2009).

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47

4.2. Delineamento

Foi realizado um estudo observacional de uma série de casos. A população alvo refere-

se a mulheres com câncer de mama que apresentaram linfedema por obstrução tumoral

acompanhadas pelo serviço de Fisioterapia no Hospital do Câncer III / INCA / MS, no período

de março de 2008 a dezembro de 2009.

Como critérios de elegibilidade, foram incluídas no estudo mulheres com câncer de

mama que apresentaram linfedema por obstrução tumoral em membros superiores, e que

foram encaminhadas para tratamento fisioterapêutico ambulatorial, no período de março de

2008 a dezembro de 2009. Foram excluídas as pacientes que realizaram o tratamento

oncológico em outra instituição de saúde. Aquelas cujos prontuários não foram localizados

foram consideradas como perdas.

A coleta de dados foi realizada a partir de instrumentos confeccionados para esta

pesquisa (anexo 6). A coleta de dados foi realizada a partir dos prontuários, das fichas de

encaminhamento padronizadas conforme rotina institucional, do Sistema informatizado de

produtividade da fisioterapia (SISCAF) e do sistema de informações clínicas (ABSOLUTE).

As pacientes que apresentaram o linfedema secundário por obstrução tumoral foram

selecionadas segundo relato de presença de linfedema por obstrução tumoral realizado pelos

Fisioterapeutas nos prontuários dos pacientes e segundo Sistema informatizado de

produtividade da fisioterapia (SISCAF).

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4.3. Descrição das Variáveis

4.3.1. Variáveis Relacionadas às Características e História Fisiológica da

Paciente

Idade: considerada a idade em anos completos na data de matrícula institucional. Para

fins de análise, esta variável foi categorizada em: 29-40, 41-50, 51-60, 61-70, 71-80 e

>81 anos e dicotomizada em: idade adulta (< 60 anos) e avançada (> 60 anos).

Estado Civil: Foi considerado o estado civil no momento da abertura de matrícula na

unidade, conforme disponível no registro hospitalar. As pacientes foram estratificadas

em dois grupos: aquelas que tinham uma união estável (casadas e uniões não

formais); aquelas que não o tinham (solteiras, viúvas, separadas e desquitadas).

Escolaridade: conforme relatado na abertura de matrícula, sendo estratificada em:

analfabetas, 1° grau incompleto, 1° grau completo, 2° grau incompleto, 2° grau

completo, superior incompleto, superior completo e pós-graduação.

Ocupação: conforme relatado em consulta fisioterapêutica, sendo estratificadas em:

atividades do lar e outra atividade externa (trabalho fora).

Comorbidades ou patologias associadas: patologia neurológica prévia, patologia

ortopédica ou reumatológica, sobrepeso e obesidade.

Localidade de residência: conforme informações de identificação no prontuário,

categorizadas de acordo com as áreas programáticas do Município do Rio de Janeiro

(já que a maioria das pacientes residia na cidade) e das regiões do Estado do Rio de

Janeiro (para as pacientes residentes nas demais do estado).

Lado dominante: conforme informações relatadas no prontuário, segundo a rotina da

fisioterapia. Foram categorizados em: direito, esquerdo e bilateral.

Lado da doença: conforme informações relatadas no prontuário, no momento da

matrícula. Foram categorizados em: direito, esquerdo e bilateral.

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Hábito de fumar: estratificado em: não fumante (<100 cigarros na vida); fumante ativo;

ex-fumante (interrompeu o fumo antes do tratamento).

Etilismo: Segundo categorias contidas na ficha específica de avaliação do serviço de

mastologia, é estratificado em: todos os dias; de 3 a 4 vezes por semana; etilista social

(aos fins de semana); nunca; ex-etilista.

Estado nutricional: obtido através do Índice de Massa Corporal (IMC), determinado

pela razão entre peso (kg) e o quadrado da altura (m). O peso corporal e a altura são

aferidos na rotina do serviço de nutrição. As pacientes foram classificadas, segundo

preconizado pela OMS e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia

(SBEM, 2011) em: magreza (IMC < 18,5); adequado (18,5 – 25,0); sobrepeso /

obesidade grau I (25,0 – 29,9); obesidade grau II (30,0 – 39,9) e obesidade grave /

grau III (IMC > 40,0). Para fins da análise, essa variável foi classificada em duas

categorias: IMC até 25,0 e maior que 25,0.

Idade da menarca: Segundo a rotina do setor de oncologia. Para fins de análise, foi

estratificada em: de 8 a 10; de 11 a 13; de 14 a 17; de 17 a 20 anos. E dicotomizadas

em: precoce (<11 anos) e não precoce (Segundo PAIVA et al. [2002]).

Idade da menopausa: Segundo a rotina do setor de oncologia. Para fins de análise, foi

estratificada em:de 20 a 30; de 30 a 40; de 40 a 50 ; e 50 ou mais anos. E

dicotomizadas em: menopausa precoce (<40 anos) e não precoce (>40 anos)

(Segundo PAIVA et al. [2002]).

Número de gestações, abortos e nº de filhos: De acordo com a ficha específica de

rotina da oncologia. Foram divididos em: 0,1, 2, 3 e 4 ou mais filhos (Segundo PAIVA et

al. [2002]).

Idade da 1ª gestação: De acordo com relatado pela paciente. Estratificadas em: de 15

a 20; de 20 a 25; de 25 a 30; e 30 ou mais anos. E categorizadas em: “idade da 1ª

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gestação menor ou igual a 20 anos” e “idade da 1ª gestação maior de 20 anos”. E

dicotomizadas em: “idade da 1ª gestação menor de 30 anos” e “idade da 1ª gestação

maior de 30 anos” (Segundo PAIVA et al. [2002]).

Uso de métodos contraceptivos: De acordo com relatado pela paciente. Dividido em

sim e não. E dicotomizadas em: tempo de contraceptivo, estratificado em: < 1 ano; de 1

a 5 anos; de 5 a 10 anos; > 10 anos (Segundo PAIVA et al. [2002]).

Uso de reposição hormonal: De acordo com relatado pela paciente. Dividido em sim

e não (Segundo PAIVA et al. [2002]).

Antecedentes familiares de câncer: De acordo com relatado pela paciente.

Dicotomizada em sim e não (Segundo PAIVA et al. [2002]).

Método diagnóstico: segundo ficha da específica do serviço de oncologia,

categorizada em: auto-exame; exame por imagem; auto-exame + exame por imagem

(Segundo PAIVA et al. [2002]).

4.3.2. Variáveis Relacionadas às Características do Tratamento Oncológico e às

Características do Tumor

Estadiamento clínico: estádio I, II, III ou IV, segundo preconizado pela UICC. Com

base em dados coletados no exame histopatológico, sendo classificado em: 0, I, IIA, IIB,

IIIA e IIIB. Posteriormente, essa variável foi dicotomizada, segundo PAIVA et al. (2002).:

estadiamento inicial (até IIA) e estadiamento tardio (acima de IIB);

Tipo de cirurgia: conforme descrito no relatório cirúrgico, sendo classificadas como

cirurgia conservadora (segmentectomia, centralectomia, linfadenectomia axilar

exclusiva) ou mastectomia (Halsted, mastectomia radical modificada a Patey,

mastectomia radical modificada a Madden, mastectomia higiênica, mastectomia

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simples, linfadenectomia exclusiva). Para análise, foram agregadas em mastectomia e

cirurgia conservadora (Segundo PAIVA et al. [2002]).

Reconstrução mamária imediata ou tardia: conforme relato cirúrgico, sendo

estratificada em: ausente, reto abdominal, grande dorsal, prótese, expansor e outras.

Tratamento: neoadjuvante, adjuvante e paliativo (Segundo PAIVA et al. [2002]).

Radioterapia (RXT): com base nas anotações constantes nos prontuários, preenchidos

pelo médico radioterapeuta, após término do tratamento, classificada como neo-

adjuvante, adjuvante, paliativa ou ausente. Foi verificado o local irradiado (plastrão,

mama residual, cadeias de drenagem) (Segundo PAIVA et al. [2002]).

Hormonioterapia: com base em anotações em prontuário, sendo estratificada em

neoadjuvante, adjuvante, paliativa ou ausente (Segundo PAIVA et al. [2002]).

Quimioterapia: em caráter adjuvante/neoadjuvante (curativo), paliativo, ausente. Os

dados foram coletados conforme relato em prontuário pela oncologia clínica (Segundo

PAIVA et al. [2002]).

Avaliação fisioterapêutica: foram coletados com base na rotina institucional

estabelecida e conforme anotações constantes em prontuário relacionados ao

linfedema por obstrução tumoral, assim como o tratamento ambulatorial específico

(linfedema, dor, cinesioterapia, mobilização articular).

4.3.3. Variáveis Relacionadas às Complicações do Tratamento Oncológico

Dor: diagnosticada pelo relato subjetivo da paciente descrito em prontuário, através da

escala analógica visual numérica (EVA) de 0 a 10 (onde 0 corresponde a “sem dor” e

10 a “dor insuportável”). Houve também a definição do local da dor.

Escápula alada: foi considerada através do exame físico constante no prontuário,

onde a paciente com o tronco despido e com as mãos espalmadas à frente do tronco

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realiza o movimento de “empurrar” contra a resistência da mão do terapeuta. Ao sinal

positivo, a escápula homolateral ao acometimento apresenta protrusão do seu bordo

medial evidenciando seu aspecto alado. A variável foi categorizada em: presença ou

ausência.

Recidiva loco-regional em mama ou plastrão: conforme anotações constantes em

prontuário médico e categorizada em: presença ou ausência.

Metástase: confirmação, por exames clínicos ou complementares, de doença à

distância. Foram verificadas as evoluções em prontuários, assim como os exames

realizados na instituição. A variável foi categorizada em: presença ou ausência.

Óbito: verificado o relato de óbito no prontuário médico, no sistema de informação

hospitalar e no sistema de informação de mortalidade (SIM) e na base de dados da

Secretaria do Estado de Saúde e Defesa Civil (SESDEC) do Rio de Janeiro.

4.3.4. Variáveis Relacionadas ao Tratamento Fisioterapêutico Realizado

Utilização de luvas/braçadeiras: conforme relatado em consulta fisioterapêutica, a

variável foi categorizada em: presença ou ausência;

Realização de enfaixamento compressivo no(s) membro(s) comprometido(s):

conforme relatado em consulta fisioterapêutica, a variável foi categorizada em:

presença ou ausência;

Outras variáveis relacionadas à conduta traçada: incluídas de forma descritiva na

evolução dos profissionais do serviço de fisioterapia da unidade.

Seleção da amostra: foram encaminhadas para o tratamento fisioterapêutico do linfedema

por obstrução tumoral, no período selecionado, 173 mulheres. Destas, 16 tiveram que ser

excluídas por divergência de dados no sistema ou mesmo por ausência das informações

Page 53: Dissertação Versão Final Pós

53

necessárias para o estudo, totalizando 157. Não foram obtidos, na literatura, dados que

permitissem a determinação ótima do tamanho amostral com vistas às análises descritivas e

de sobrevida envolvendo a população alvo. Dessa forma, estas 157 pacientes compuseram

uma amostra por conveniência tanto pela origem quanto pelo tamanho.

4.4. Análise dos Dados

A análise descritiva das variáveis selecionadas foi realizada através da estimativa das

medidas de tendência central e de dispersão para as variáveis continuas e das distribuições

de freqüência para as demais variáveis independentes (categóricas). A distribuição de

ocorrência do desfecho foi avaliada no início do estudo e nos períodos que se seguem.

A análise de sobrevida do linfedema por obstrução tumoral empregou o método de

Kaplan-Meier, tendo sido efetuada para o período total de seguimento (21 meses). O método

de Kaplan-Meier é um método não-paramétrico, ou seja, que não depende da distribuição de

probabilidade. Os intervalos não são fixos, mas determinados pelo aparecimento de uma

falha, o que elimina a necessidade de assumir que as censuras das observações ocorram

uniformemente durante este intervalo (MEDRONHO et al., 2009). Foram analisados os

tempos da matrícula institucional ao óbito (dado obtido do sistema ABSOLUTE, do Sistema de

Registro Hospitalar, verificado o relato de óbito no prontuário médico, no sistema de

informação de mortalidade (SIM) e na base de dados da Secretaria do Estado de Saúde e

Defesa Civil (SESDEC) do Rio de Janeiro) e do diagnóstico de linfedema por obstrução

tumoral (dado obtido através do SISCAF – Sistema Informatizado do setor de Fisioterapia – e

através de registros completos a partir do setor de informática) ao óbito. Esta última foi

considerada, no presente estudo, como a sobrevida global. Analisamos a obesidade e a idade

avançada como fatores que tradicionalmente influenciam a sobrevida.

Page 54: Dissertação Versão Final Pós

54

Na análise dos dados realizada, foi utilizado o Software SPSS Statistics versão 17.0

(SPSS Inc.), sob o código de autorização 7f180fa044f891a4de31, pertencente ao Instituto de

Saúde da Comunidade (ISC) da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Foi realizada uma estimativa de prevalência do linfedema por obstrução tumoral dentre

outros tipos de linfedema secundário. As informações relativas ao número de atendimentos do

linfedema secundário por obstrução tumoral e o linfedema secundário foram selecionados

através dos códigos de cada patologia, fornecidos pelo setor de informática do INCA. A

estimativa foi realizada através da razão entre o número de pacientes atendidas com

linfedema por obstrução tumoral (n=173) e o número de pacientes com linfedema no membro

superior, no mesmo período – de março de 2008 a dezembro de 2009, cujo n=1373. Sendo

assim, a prevalência estimada foi de 12% (dado pela razão: 173/1373).

Page 55: Dissertação Versão Final Pós

55

5. Resultados

5.1. Análise Descritiva das Variáveis Relacionadas às Características da

População

A fim de descrever o perfil das pacientes estudadas, foram analisadas as seguintes

variáveis: idade, altura, peso, IMC, data de nascimento, data de matrícula, idades (matrícula e

óbito), local de residência, estado civil, escolaridade, ocupação, lado dominante, lado da

doença, hábito de fumar, etilismo.

Figura 1: Distribuição das pacientes por estado civil.

MS/INCA - HCIII, 2008.2009.

Observou-se que a maior parte das pacientes era casada ou residia com companheiro

(55,86%), e pouco menos da metade das pacientes apresentou baixo grau de escolaridade

(analfabetas ou 1º grau incompleto), sendo que 22,29% terminaram o ensino médio (2º grau)

(Figuras 1 e 2).

Page 56: Dissertação Versão Final Pós

56

Figura 2: Distribuição das pacientes segundo o grau de escolaridade.

MS/INCA - HCIII, 2008.2009.

Figura 3: Distribuição das pacientes segundo o local de residência no Estado do Rio de Janeiro (RJ).

MS/INCA - HCIII, 2008.2009.

A região Metropolitana 1 (Rio de Janeiro, Belford Roxo, Duque de Caxias, Itaguaí,

Japeri, Magé, Mesquita, Nova Iguaçu, Queimados, São João de Meriti, conforme dados da

Page 57: Dissertação Versão Final Pós

57

Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro [2011]) corresponde a 75,16% dos locais de

residência das pacientes estudadas, sendo a procedência mais freqüente. Em seqüência,

aparecem a Região Metropolitana 2 (Itaborái, Maricá, São Gonçalo, Silva Jardim, Tanguá), a

região Serrana (principais municípios: Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis) e a região

Centro-Sul (Paraíba do Sul, Três Rios, Comendador Levy Gasparian, Sapucaia) (Figura 3).

Tendo em vista que a maioria das pacientes era proveniente do município do Rio de

Janeiro e região metropolitana (52,23%), as Áreas Programáticas (AP) [segundo dados do

Governo Municipal do Rio de Janeiro (2011)] mais freqüentes foram a AP 3.1 (7,64%), que

corresponde aos bairros: Abolição, Água Santa, Cachambi, Complexo do Alemão,

Consolação, Encantado, Engenho de Dentro, Engenho Novo, Jacaré, Jacarezinho, Lins,

Méier, Piedade, Pilares, Riachuelo, Rocha, São Francisco. Xavier, Sampaio, Todos os

Santos, Vieira Fazenda, e 2.2 (7,64%), que engloba Alto Boa Vista, Andaraí, Grajaú,

Maracanã, Praça. Bandeira, Tijuca e Vila Isabel. Em seguida, aparecem as APs 4 (7,01%),

correspondente aos bairros da zona oeste como Freguesia, Recreio dos Bandeirantes e

Taquara, e 3.3 (7,01%), com bairros como Marechal Hermes, Pavuna, Irajá, Madureira, Vista

Alegre (Figura 4).

Quanto à ocupação, a população foi dividida em “do lar” e “trabalha fora”, obtendo-se

as proporções de 46,1% e 53,9%, respectivamente. A relação referente ao consumo de

tabaco pelas pacientes da pesquisa mostra que grande parte (71,%) não era tabagista,

22,55% era ex-fumante e um 6,02% das pacientes relatou o uso regular de tabaco. Das

pacientes que participaram do estudo, 70,70% nunca havia ingerido bebida alcoólica, o

percentual de ex-etilistas foi de 3,82%, eram pacientes etilistas 3,82%, e 3,18% eram etilistas

sociais.

Page 58: Dissertação Versão Final Pós

58

Figura 4: Distribuição de áreas programáticas de residência das pacientes do Município do Rio de

Janeiro (RJ). MS/INCA - HCIII, 2008.2009.

Das pacientes estudadas, 68,47% apresentaram algum grau de sobrepeso/obesidade

(Figura 5). Considerando a variável idade, a média encontrada foi 55,11 anos (com mediana e

moda de 54 anos, com intervalo entre 29 e 98 anos). Na amostra estudada, 58,6% das

mulheres utilizaram como método diagnóstico o auto-exame, 10,83% detectaram pelo auto-

exame e confirmaram o diagnóstico com a mastografia, e 9,55% utilizaram a mastografia

(Figura 6).

Entre as pacientes que fizeram uso de contraceptivos (54,1% da amostra estudada),

12,1% tiveram um filho. Em nosso estudo, 48% das mulheres sofreram abortos, artificiais e/ou

fisiológicos, sendo que, destas, 17,6% passaram por 2 abortos, 8% por 3, e 1,6% por 4 ou

mais abortos. A menopausa precoce (menor que 39 anos – idade de corte estipulada por

Paiva [2002]) foi freqüente em 15,7% da amostra, e 84,7% das pacientes entraram no

climatério com mais de 40 anos. Pôde-se observar que 86,2% das pacientes fizeram uso de

reposição hormonal.

Page 59: Dissertação Versão Final Pós

59

Figura 5: Distribuição do Índice de Massa Corpórea (IMC) das pacientes.

MS/INCA - HCIII, 2008.2009.

Figura 6: Distribuição de exames diagnósticos realizados pelas pacientes.

MS/INCA - HCIII, 2008.2009.

Com relação às variáveis relacionadas à história fisiológica, 3,7% das pacientes

estudadas apresentaram menarca precoce (menor ou igual a 11 anos), e 15,7%, menopausa

precoce. Quanto à paridade, 20,5% tiveram apenas um filho e 33,9% tiveram 4 ou mais filhos.

Com relação à idade da primeira gestação completa, 29,4% tiveram o primeiro filho com 20

Page 60: Dissertação Versão Final Pós

60

anos ou mais e 10,1% com 30 anos ou mais (Tabela 1). Apresentaram história de aborto 48%

das pacientes; dessas, 45,3% nunca fez uso de contraceptivos e 56,3% apresentou baixa

escolaridade.

Tabela 1: História fisiológica das pacientes. MS/INCA - HCIII, 2008.2009.

Variável N %

Menarca < ou = 11 anos 5 3,70%

Menopausa > ou = 50 anos 28 24,30%

Menopausa precoce (< 39 anos) 18 15,70%

Paridade

Nuliparidade 27 20,50%

4 ou + gestações completas 40 33,90%

Idade em que teve o primeiro filho

20 anos ou menos 32 29,40%

30 anos ou mais 11 10,10%

História de abortos 60 48%

Figura 7: Estadiamento clínico das pacientes do estudo no momento da matrícula institucional. MS/INCA

- HCIII, 2008.2009.

A maior parte das pacientes foi diagnosticada com câncer de mama já em

estadiamento avançado, III (70,5%) e IV (13,7%) (Figura 7). A maioria das pacientes realizou

Page 61: Dissertação Versão Final Pós

61

quimioterapia (neoadjuvante 55,4%, adjuvante 22,7% e paliativa 58%) se comparada com as

demais modalidades de tratamento oncológico. Dentre os tipos de quimioterapia, destaca-se a

paliativa (58%) como a mais utilizada. Já quanto à radioterapia, a neoadjuvante (17,8%)

predominou, o mesmo sendo válido na hormonioterapia (10,2%) (Tabela 2). Entre as

mulheres submetidas à quimioterapia, houve uma média de 5 ciclos de quimioterapia neo-

adjuvante.

Tabela 2: Tipos de tratamentos realizados nas pacientes. MS/INCA - HCIII, 2008.2009.

Neoadjuvante

(n= 131)

Adjuvante

(n= 48)

Paliativa

(n= 102)

N % N % N %

Quimioterapia 87 55,4% 20 22,7% 91 58,0%

Radioterapia 28 17,8% 19 12,1% 9 5,7%

Hormonioterapia 16 10,2% 9 5,7% 2 1,3%

Quanto ao primeiro tratamento realizado na instituição, os principais foram: 49,7% das

pacientes realizaram quimioterapia neo-adjuvante, 29,3% realizaram quimioterapia paliativa, e

15,3%, cirurgia. Há de se esclarecer que a tabela acima foi confeccionada de forma a

contabilizar apenas os valores válidos, ou seja, não foram incluídas as pacientes que não

realizaram os tratamentos descritos ou as perdas, não totalizando os 100%.

Quanto à idade de óbito, dos valores válidos, 7,8% faleceram na faixa etária entre 29 e

40 anos, 20% entre 40 e 50 anos, 35,7% entre 50 e 60 anos, 19,1% entre 60 e 70 anos e

7,8% acima de 80 anos de idade. Não foi realizada cirurgia em 59,24% e em 40,76% houve a

cirurgia.

Page 62: Dissertação Versão Final Pós

62

Tabela 3: Evolução clínica das pacientes estudadas. MS/INCA - HCIII, 2008.2009.

Variável N %

Primeiro Tratamento na Instituição

QT neo-adjuvante 73 49,70%

QT paliativa 43 29,30%

Cirurgia 23 15,30%

Tratamento Cirúrgico

Sim 64 40,76%

Não 93 59,24%

Tipos de Cirurgia

Mastectomia Radical Modificada à Madden 30 19,11%

Mastectomia Radical Modificada à Patey 17 10,83%

Segmentectomia 3 4,70%

Mastectomia Higiênica 3 1,91%

Outras Abordagens Cirúrgicas 11 7,01%

Não Realizaram Cirurgia 93 59,24%

Os tratamentos cirúrgicos foram divididos em conservadores e radicais. Nessa

pesquisa, os tratamentos cirúrgicos conservadores (9,4%) realizados foram: segmentectomia

(4,7%) e mastectomia higiênica (4,7%); o tipo de cirurgia radical mais realizado foi a

mastectomia radical (73,5%), com técnica modificada a Patey (26,6%) e a Madden (46,9%).

Entre as mulheres que realizaram cirurgia, a maior parte (82,1%) não realizou reconstrução

mamária após a abordagem cirúrgica e 16,9% realizaram reconstrução mamária. Das

pacientes que realizaram cirurgia e que evoluíram com metástases, 82% foram

mastecmomizadas e 78,57% realizaram cirurgia conservadora (Tabela 3).

5.2. Análise Descritiva das Variáveis Relacionadas ao Tratamento

Fisioterapêutico para o Linfedema por Obstrução Tumoral

Com relação à idade das mulheres no diagnóstico do linfedema por obstrução tumoral,

a média foi de 58 anos (com um desvio-padrão de 29-95 anos) e a mediana, de 56 anos.

Page 63: Dissertação Versão Final Pós

63

Estão descritas na Tabela 4 todas as variáveis coletadas relacionadas ao tratamento

fisioterapêutico nos prontuários analisados.

Tabela 4: Dados relacionados à primeira sessão/avaliação da Fisioterapia ao

diagnóstico de linfedema por obstrução tumoral. MS/INCA - HCIII, 2008.2009.

1ª Consulta de Fisioterapia N % (n=134)

Sensação de peso 54 83,1%

Patologia ortopédica 12 20,0%

Patologia neurológica 4 6,9% Alteração no membro afetado 28 45,9%

Parestesia 38 65,5%

Ombro 38 65,5%

Escápula 51 94,4%

Fibrose linfoestática 34 65,4%

Dor 44 71,0%

Local da EVA

Membro Superior 31 83,8%

Outros 6 16,2%

Indicação para Fisioterapia

Grupo de Linfedema 33 20,9%

Orientações gerais 58 90,6%

Exercícios domiciliares 42 75,0%

Enfaixamento 42 64,3%

Braçadeira 29 55,8%

Apoio 1 3,4%

Soutien 5 11,1%

Crioterapia 18 11,5%

Exercícios respiratórios 14 33,3%

Auto-enfaixamento 15 31,9%

Atividade externa 0

Órtese 1 2,3%

Prótese 0

Na Primeira consulta de Fisioterapia, 134 pacientes foram atendidas e dessas, 87 não

realizaram cirurgia e 47 realizaram. A sensação de peso no membro superior afetado (83,1%)

e a fibrose linfoestática (65,4%) condizem com a presença do linfedema por obstrução

tumoral. A dor esteve presente em 71% das pacientes, principalmente no membro superior

Page 64: Dissertação Versão Final Pós

64

afetado (83,8%). A média do EVA na segunda consulta foi de 5,34 (d.p.: 3,78). Dentro da

variável “alterações no membro afetado”, foram incluídas as alterações na pele – como

ulcerações e micoses – e acidentes (principalmente queimaduras). A parestesia (65,5%), por

ser um sintoma freqüente na maioria delas. Percebe-se que a maior parte das pacientes

possui assimetrias nos ombros (65,5%) e escápulas (94,4%). A dor esteve presente em 71%

da amostra estudada, principalmente no membro superior afetado (83,8%), sendo que 17%

possuíam dor intensa (EVA 10).

Após a primeira avaliação/consulta com os Fisioterapeutas, as pacientes foram

encaminhadas, principalmente, para o grupo específico de tratamento do linfedema (20,9%).

Os cuidados preventivos estiveram presentes na avaliação fisioterapêutica, com orientações

gerais (90,6%) e de exercícios domiciliares (76%). As primeiras condutas de tratamento

traçadas foram a utilização do enfaixamento compressivo (64,3%), luva/braçadeira (55,8%),

crioterapia (11,5%), exercícios respiratórios (33,3%), auto-enfaixamento (31,9%), apoio

(3,4%), órtese (2,3%) e sutiã (11,1%). Não foi empregado o uso de próteses, e atividades

externas não foram recomendadas.

A partir da 2ª consulta de Fisioterapia, as mesmas variáveis foram selecionadas para

descrever o atendimento fisioterapêutico, com o objetivo de identificar melhor a evolução das

pacientes ao longo do seguimento. Ao se compararem os percentuais das variáveis

relacionadas à dor, nota-se que é uma questão freqüente na maioria das pacientes do estudo

(67,5%, 76,8% e 51,9% na 2ª, 3ª e 4ª consultas de Fisioterapia, respectivamente),

principalmente no membro superior afetado (76%, 21,7% e 36,9% na 2ª, 3ª e 4ª consultas de

Fisioterapia, respectivamente). A média do EVA foi de 5,64 (d.p.: 2,02) na segunda consulta,

de 5,35 (d.p.: 2,54) na terceira e de 6,07% (d.p.: 2,57) na quarta. A parestesia também pôde

ser observada na grande maioria das pacientes do nosso estudo, principalmente nos dados

referentes à terceira sessão de fisioterapia, onde 97,9% relataram ter esse sintoma. Nota-se

Page 65: Dissertação Versão Final Pós

65

também que a maior parte apresentou “sensação de peso” e “sensação de inchaço” no

membro afetado (chegando a estar presente em 100% das pacientes na quarta consulta de

fisioterapia), refletindo sintomas do linfedema (Tabela 5).

Tabela 5: Dados relacionados às demais sessões/avaliações da Fisioterapia após o

diagnóstico de linfedema por obstrução tumoral. MS/INCA - HCIII, 2008.2009.

2ª Fisioterapia 3ª Fisioterapia 4ª Fisioterapia

Variável N % (n=135) N % (n=101) N % (n=52)

Parestesia 53 89,8% 47 97,9% 25 92,6%

Sensação de peso 54 91,5% 50 96,2% 26 100,0%

Sensação de braço inchado 51 87,9% 45 91,8% 26 100,0%

Postura do ombro no ms afetado

Simétrico 37 68,5% 33 78,6% 18 75,0%

Assimétrico 17 31,5% 9 21,4% 6 25,0%

Escápula no ms afetado

Normal 43 78,20% 38 86,4% 20 80,0%

Alada 12 21,80% 6 13,6% 5 20,0%

Dor 40 67,5% 33 76,8% 14 51,9%

Local da EVA

Membro Superior 38 76,0% 34 21,7% 58 36,9%

Outros 12 24,0% 6 3,8% 29 18,5%

Ferida

Efetivada 16 55,2% 7 31,8% 23 100,0%

Curativo oclusivo 13 44,8% 15 68,2% 0 0,0%

Flutuação 19 70,4% 22 84,6% 10 55,6%

Plastrão 20 66,7% 13 56,5% 11 61,1%

Fibrose linfoestática 25 71,4% 11 45,8% 11 57,9%

Retração cicatricial 29 85,3% 20 83,3% 12 63,2%

Enfaixamento compressivo 43 91,5% 37 90,2% 23 95,8%

Luva/braçadeira 28 17,8% 38 95,0% 22 91,7%

Os tratamentos mais freqüentemente empregados para o linfedema por obstrução

tumoral pelos Fisioterapeutas da instituição foram o enfaixamento compressivo (observa-se

que houve predomínio desta técnica, sendo empregada em mais de 90% das pacientes em

todas as consultas) e o uso de luvas/braçadeiras (chegando a 95% na segunda consulta),

além da cinesioterapia, recursos eletrotermofototerapêuticos e crioterapia. A inclusão das

Page 66: Dissertação Versão Final Pós

66

pacientes nos grupos de acompanhamento de linfedema também foi observada em grande

parte dos casos (17,2%), assim como o uso do auto-enfaixamento (31,9%). Recomendações

quanto à higiene e hidratação do membro afetado e cuidados especiais também foram

freqüentemente observados nos prontuários analisados. Além disso, aplica-se o tratamento

específico para prevenção de fraturas patológicas, melhora da locomoção e alívio da dor, ou

seja, medidas que melhorem a qualidade de vida. Dessa forma, empregam-se condutas

fisioterápicas para prover controle álgico (TENS, mobilização passiva, técnicas de

relaxamento muscular), manutenção e/ou melhora da função respiratória, otimização da

independência funcional, ganho de força muscular e amplitude articular.

5.3. Análise das Variáveis relacionadas ao Óbito/Desfecho

A média da idade das pacientes no momento do óbito foi de 59 anos (com valor

máximo de 95 e mínimo de 30 anos), e mediana de 57 anos. Dos valores válidos, 7,8%

faleceram na faixa etária entre 29 e 40 anos, 20% entre 40 e 50 anos, 35,7% entre 50 e 60

anos, 19,1% entre 60 e 70 anos e 7,8% acima de 80 anos de idade.

Tabela 6. Distribuição de Óbitos e Óbitos por Causa das pacientes. MS/INCA - HCIII,

2008.2009.

Óbito N %

Ocorrência de Óbito

Sim 116 73,89%

Não 41 26,11%

Óbitos por Causa Por Câncer Avançado

112 71,34%

Por Outras Causas 4 2,55%

Sem Óbito/ Vivas 41 26,11%

Das pacientes que realizaram cirurgia e que evoluíram com metástases, 82% foram

mastectomizadas e 78,57% realizaram cirurgia conservadora. Das pacientes submetidas à

Page 67: Dissertação Versão Final Pós

67

cirurgia (46), 71,9% tiveram como desfecho o óbito, e das que não realizaram cirurgia (70),

75,3% faleceram. Entre as que sofreram mastectomia, 72% faleceram, e das que realizaram

cirurgia conservadora, 71,42% faleceram. Das pacientes com estadiamentos iniciais (I e IIa),

apenas 7,53% faleceram, e das que possuíam estadiamentos tardios (IIB, III e IV), 71,23

faleceram.

5.4. Análise de Sobrevida

Na figura 8, pode-se observar o tempo (dias) do diagnóstico de linfedema por

obstrução tumoral ao óbito. Nesta análise, das 157 pacientes estudadas, 116 foram incluídas

e 39 (25,2%) foram censuradas. O tempo médio estimado de sobrevida foi de 529,6 dias

(458,9 – 600,3), e o tempo mediano estimado de sobrevida foi de 427 dias (336,4 – 517,6).

Figura 8. Tempo (dias) do diagnóstico de linfedema por obstrução tumoral ao óbito (n=157).

MS/INCA - HCIII, 2008.2009.

Na figura 9, pode-se observar o tempo (dias) da matrícula (diagnóstico do câncer de

mama) ao óbito. Nesta análise, das 157 pacientes do estudo, 115 foram incluídas e 41

Page 68: Dissertação Versão Final Pós

68

(26,3%) foram censuradas. O tempo médio estimado de sobrevida foi de 1942 dias (1580,9 –

2303,2). E o tempo mediano estimado de sobrevida foi de 1298 dias (998,4 – 1597,6).

Figura 9. Tempo (dias) da matrícula institucional ao óbito (n=157). MS/INCA - HCIII, 2008.2009.

Considerando-se a morfologia com dupla inclinação na Figura 9, pode-se inferir que

existiriam dois modos de evolução ao óbito, desde a data da matrícula na instituição. Por

outro lado, o fato de a Figura 8 apresentar uma inclinação simples sugere que aqueles modos

de evolução ocorrem antes do diagnóstico de linfedema, isto é, que existem dois “grupos” de

pacientes no que se refere ao período pré-diagnóstico.

Analisamos a obesidade e a idade avançada como fatores que tradicionalmente

influenciam a sobrevida. A figura 10 ilustra a análise de log-rank realizada com vistas a avaliar

a influência da obesidade na sobrevida das pacientes estudadas. Pode-se observar tanto

graficamente quanto através do valor-p de 0,937, que não houve diferença significativa da

sobrevida entre pacientes obesas e não obesas.

Page 69: Dissertação Versão Final Pós

69

Figura 10. Tempo (dias) de sobrevida em pacientes obesas e não obesas (n=157). MS/INCA - HCIII, 2008.2009.

Figura 11. Tempo (dias) de sobrevida em pacientes com idade avançada e com idade não avançada (n=157). MS/INCA - HCIII, 2008.2009.

A figura 11 ilustra o mesmo tipo de comparação, agora com relação à idade. Pode-se

observar no gráfico e através do valor-p (0,641), que também não há diferença significativa de

sobrevida entre as pacientes com idade avançada (acima de 60 anos) e aquelas com idade

não avançada (abaixo de 60 anos).

Page 70: Dissertação Versão Final Pós

70

6. Discussão

A prevalência estimada do linfedema por obstrução tumoral (dentre outros tipos de

linfedema) no Serviço de Fisioterapia do Hospital do Câncer III/ INCA foi de 12%. Apesar da

extensa busca bibliográfica realizada, não foi encontrado outro estudo que mencionasse a

prevalência do linfedema por obstrução tumoral.

Assim como o apresentado no presente estudo, onde 68,47% das pacientes

apresentaram algum grau de obesidade, Souza (2007) identificou que 90,63% da sua amostra

possuía sobrepeso, sendo que 59,37% delas eram obesas. Bergmann (2005), ao também

estudar a população de pacientes atendidas pelo setor de Fisioterapia do HCIII/INCA, chegou

a valores semelhantes aos nossos, ao referir que aproximadamente 70% da população de

sua pesquisa apresentou sobrepeso (IMC maior que 25) e que as mesmas apresentaram um

risco de desenvolver linfedema 1,84 vezes maior em 2 anos do que as que apresentaram IMC

até 25. Ciucci et al. (2004) destaca a freqüente associação do linfedema com a obesidade,

que, em muitos casos, é de caráter mórbido e impõe sérias dificuldades ao tratamento.

Considerando a variável idade no momento da matrícula, a média encontrada foi 55,11

anos (com mediana e moda de 54, com intervalo entre 29 e 98). Souza et al. (2007)

descrevem que há aumento do risco para o desenvolvimento de linfedema de acordo com o

avanço da idade. Em seu estudo, 60% das participantes possuem idade acima de 60 anos.

Segundo Ozaslan (2004), a idade avançada é fator de risco para o desenvolvimento de

linfedema. Paiva et al. (2002) consideram que o principal fator de risco para a ocorrência do

câncer de mama é a idade avançada, porém fatores hormonais endógenos e exógenos,

hereditariedade, fatores dietéticos e sócio-demográficos interagem na etiologia do câncer de

mama. Além dos fatores endógenos, como a idade, história familiar e reprodutiva e doença

benigna prévia, muitos fatores exógenos têm sido caracterizados como de risco. Dentre estes,

estão incluídos fatores relacionados à dieta, exposição a radiação ionizante e o possível

Page 71: Dissertação Versão Final Pós

71

consumo moderado de álcool (WESSELING et al., 1999; BRADY-WEST, GRAHAM, 2000;

DUELL et al., 2000; MCPHERSON, 2000). Oliveira (2005) descreve que a probabilidade de

desenvolver câncer de mama aumenta com a idade: entre as 1485 pacientes estudadas, a

ocorrência do tumor se deu com 35 anos ou menos em 6,8% dos casos, e com 65 anos ou

mais em 13,4%. A abertura de anastomoses é também dependente da idade e é uma das

principais alterações relacionadas à obstrução linfática (PANOBIANCO et al., 2002).

Bergmann (2005) refere que

“...as anastomoses linfo-venosas conectam o sistema linfático ao venoso, em

vários pontos do organismo. Normalmente, essas anastomoses estão

fechadas, mas, na presença de uma obstrução, o aumento da pressão

linfática faz com que ocorra a sua abertura a fim de promover a drenagem

linfática para o sistema venoso distal, evitando assim a instalação do

linfedema”.

Em seu estudo contendo 1004 pacientes acompanhadas por dois anos, a autora constatou

que as mulheres mais jovens (até 55 anos) apresentaram risco de linfedema 35% menor que

aquelas de 55 anos ou mais e, observou-se um aumento estatisticamente significativo de 2%

no risco de linfedema para cada ano de vida.

Na amostra estudada, 58,6% das mulheres utilizaram como método diagnóstico o auto-

exame, 10,83% detectaram pelo auto-exame e confirmaram o diagnóstico com a mastografia,

e apenas 9,55% utilizaram a mastografia. O INCA preconiza que o auto-exame das mamas

não seja a estratégia única de detecção precoce do câncer de mama. Evidências científicas

sugerem que o auto-exame das mamas não é eficiente para o rastreamento. O exame físico

realizado por profissional de saúde (médico ou enfermeiro) qualificado para essa atividade é

fundamental (INCA, 2010).

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72

Quanto ao uso de contraceptivos orais, estudos mostram que pode haver uma relação

positiva para o aumento na incidência do câncer de mama, e o seu uso prolongado aumenta o

risco de câncer de mama em mulheres mais jovens (BERGMANN, 2000; MENDES et al.,

2004). Segundo Key et al. (2001), acredita-se que o uso de anticoncepcionais orais

combinados possa aumentar em 25% o risco de câncer de mama, aumento esse que persiste

em até 10 anos após a interrupção do uso. A amostra estudada apresentou a freqüência de

54,1% de pacientes que fizeram uso de contraceptivos.

Com relação ao número de filhos, Paulinelli et al. (2003) afirmam que a nuliparidade é

um dos principais fatores predisponentes ao câncer de mama. Na amostra estudada no

presente estudo, 12,1% teve um filho. Lambe et al. (1996) demonstraram uma relação de

proteção quanto à multiparidade, estimando uma diminuição de 10% no risco de desenvolver

câncer de mama para cada gestação completa adicional. Segundo a pesquisa de Paiva et al.

(2002), o grupo de “mulheres com quatro ou mais filhos” teve uma relação de proteção

independente para o desenvolvimento do câncer de mama. Ainda considerando a história

fisiológica das pacientes, 48% das mulheres passaram por abortos, artificiais e/ou fisiológicos,

sendo que, 17,6% fizeram 2 abortos e 9,6% 3 ou mais abortos, dessas, 45,3% nunca usaram

contraceptivos e 56,3% apresentaram baixa escolaridade, deduzimos que ambas questões

podem ter relação direta pois, quanto menor a escolaridade, menor seria o nível de

conhecimento sobre cuidados preventivos de saúde.

A maior parte das pacientes analisadas era casada ou residia com companheiro

(55,86%), e pouco menos da metade das pacientes apresentou baixo grau de escolaridade

(analfabetas ou 1º grau incompleto), sendo que 22,29% terminaram o ensino médio (2º grau).

Segundo Koseki (1997), a escolaridade influencia diretamente a adesão ao tratamento

oncológico, assim como a faixa etária, situação econômica e a credibilidade da população em

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73

relação aos efeitos benéficos da terapia, além da influência da duração dos regimes de

tratamento, da repercussão direta da doença e da qualidade da assistência médica.

Embora seja mais freqüente na pós-menopausa, o câncer de mama pode ocorrer em

todas as faixas etárias a partir da idade reprodutiva (OLIVEIRA, 2005). Estudos demonstram

que a menopausa precoce pode aumentar o risco do desenvolvimento do câncer de mama

(INCA, 2010). No presente estudo, a menopausa precoce (menor que 39 anos – idade de

corte estipulada por Paiva [2002]) foi freqüente em 15,7% das pacientes, e 84,7% das

pacientes entraram no climatério com mais de 40 anos. Pode-se observar que 86,2% das

pacientes fizeram uso de reposição hormonal. Entretanto, CGHFBC (1997) concluíram em

sua pesquisa que a terapia de reposição hormonal pode aumentar o risco de câncer de

mama. A menarca precoce e menopausa tardia são fatores que exercem influência sobre os

hormônios sexuais, acarretando um maior número de ciclos ovulatórios. Além disso, o

estrogênio e a progesterona têm papel indutor na proliferação de células mamárias, pois as

vias de sinalização de estrógenos e de fatores de crescimento possuem grande ligação.

Esses fatores de crescimento podem influenciar a invasividade, angiogênese e sobrevida das

células epiteliais em pacientes com câncer de mama (FERREIRA A, ROCHA R, 2004).

PAIVA et al. (2002) concluíram que mulheres com quatro ou mais filhos possuem um

fator protetor para câncer de mama, uma vez que, durante a gravidez, a mama deixa de sentir

os efeitos do ciclo menstrual (Brady-West, Graham, 2000; PAIVA et al., 2002). Entretanto, de

acordo com o documento recente sobre as estimativas para o câncer de mama para o ano de

2010 (INCA, 2010), a uniparidade é fator de risco bem estabelecido pela literatura, assim

como outras variáveis relacionadas à vida reprodutiva da mulher, como menarca, menopausa

precoces e idade tardia da 1ª gestação (considerados menor ou igual a 11 anos de idade,

menor que 39 anos e maior que 30 anos respectivamente, segundo Paiva [2002]) (INCA,

2010). Embora não tenham sido objetos do presente estudo, estudos posteriores que incluam

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74

os dados coletados podem analisar as possíveis associações de fatores de risco referentes a

estas variáveis.

No presente estudo, a maioria das pacientes foi diagnosticada com câncer de mama já

em estadiamento (TNM) avançado, III (70,5%) e IV (13,7%). Além disso, a análise de

sobrevida sugeriu que existam dois modos na evolução ao óbito a partir da data de matrícula

na instituição, e que esta distinção se deve ao período anterior ao diagnóstico do linfedema.

Assim, pode-se inferir que este resultado se deva à diferença no estadiamento do câncer no

momento da matrícula, indicando, como esperado, que diagnósticos precoces estariam

relacionados a uma maior sobrevida. Nos gráficos de sobrevida realizados, considerando-se a

morfologia com dupla inclinação (Figura 9), pode-se inferir que existiriam dois modos de

evolução ao óbito, desde a data da matrícula na instituição. Por outro lado, o fato de a outra

figura apresentar uma inclinação simples sugere que aqueles modos de evolução ocorrem

antes do diagnóstico de linfedema, isto é, que existem dois “grupos” de pacientes no que se

refere ao período pré-diagnóstico (Figura 8).

A abordagem terapêutica depende do TNM encontrado; levando em consideração o

panorama brasileiro de câncer de mama, os tratamentos tendem a ser mais radicais, e as

possibilidades de complicações se tornam maiores e com maior morbidade (BERGMANN,

2000). Uma das principais complicações pós-operatórias é o linfedema, sendo que a

incidência de linfedema se vê reduzida à medida que a abordagem cirúrgica for menos

agressiva (PANOBIANCO, MAMEDE, 2002). No estudo de Bergmann (2005), cerca de 50%

das mulheres tiveram estadiamentos IIA e IIB. A probabilidade condicional de linfedema

aumentou à medida que o estadiamento era mais avançado.

Observou-se que a maioria das pacientes realizou quimioterapia (neoadjuvante 55,4%,

adjuvante 22,7% e paliativa 58%) se comparada com as demais modalidades de tratamento

oncológico. Das terapias sistêmicas, quimioterapia e hormonioterapia neoadjuvantes têm

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75

como objetivo reduzir a dimensão do tumor para torná-lo operável, ou proporcionar a

possibilidade de uma cirurgia conservadora (Brandão, 1999). Já as terapias sistêmicas

adjuvantes são importantes no controle da doença à distância. A radioterapia é fundamental

no tratamento do câncer de mama, sendo útil no pós-operatório (após cirurgias radicais em

pacientes com alto risco de recidiva local e após cirurgias conservadoras em tumores

invasivos, in situ, e tumores ocultos da mama), no pré-operatório (carcinoma inflamatório e

resposta ruim à quimioterapia neo-adjuvante), exclusiva (lesões inoperáveis ou no carcinoma

inflamatório) e paliativa (em metástases ósseas, ganglionares, cerebrais e com compressão

medular) (LEITE, 1999; BERGMANN, 2000). Segundo Bergmann (2005), diversos estudos

não encontraram associação entre linfedema e tratamento sistêmico com quimioterapia e

hormonioterapia. Entre as mulheres submetidas à quimioterapia, houve uma média de 5 ciclos

de quimioterapia neo-adjuvante, assim como achados no estudo de Bergmann (2005).

Das 157 pacientes participantes desse estudo, 59,24% não realizaram cirurgia e

40,76% realizaram. O fato de a maioria não ter realizado cirurgia pode ser explicado pelo

avançado estadiamento das pacientes ao início do estudo. Os tratamentos cirúrgicos podem

ser divididos em conservadores e radicais. Neste estudo, os tratamentos cirúrgicos realizados

foram: tratamentos conservadores, como segmentectomia e mastectomia higiênica, sendo o

tipo cirúrgico mais realizado a mastectomia radical (73,5%), com técnica modificada a Patey

(26,6%) e a Madden (46,9%). Ambas técnicas, conservadoras e radicais, são associadas à

linfadenectomia axilar total ou parcial. Segundo o National Breast Cancer Center (NBCC)

(1999), as técnicas conservadoras apresentam um número menor de complicações e, sempre

que indicadas, devem ser realizadas, uma vez que diversos estudos publicados não

mostraram diferenças entre os dois tipos de tratamento cirúrgico em relação ao aparecimento

de metástases à distância e à sobrevida. Entretanto, observa-se que, no INCA, opta-se pela

abordagem mais radical. Segundo Bevilacqua em 2008: “Nas últimas décadas, houve

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extraordinários avanços no tratamento do câncer de mama, tanto na cirurgia como nos

tratamentos adjuvantes. Porém, hoje no Brasil, ainda assim, 30% a 50% das pacientes

necessitarão de linfadenectomia axilar clássica como parte do tratamento cirúrgico. Se

fizermos um cálculo baseado nas estimativas de câncer de mama no Brasil, cerca de 3 mil a 5

mil pacientes ao ano com câncer de mama desenvolverão linfedema.”

Entre as mulheres que realizaram cirurgia, a maior parte (82,1%) não realizou

reconstrução mamária após a abordagem cirúrgica. Este percentual é diferente do encontrado

na pesquisa realizada em 2000 por Bergmann, na qual apenas 7,5% foram submetidas à

reconstrução.

Estudos mostram que quanto mais tardio o câncer é diagnosticado maior é o risco de

óbito. Ao realizar um estudo sobre a incidência e mortalidade do câncer de mama no Brasil e

no mundo, Paulinelli et al. (2003) observaram que os países desenvolvidos têm conseguido,

apesar do aumento na incidência, reduzir a sua mortalidade, através de um diagnóstico mais

precoce e de um tratamento mais eficaz. Em nosso estudo, das pacientes com estadiamentos

iniciais (I e IIa), apenas 7,53% faleceram, e das que possuíam estadiamentos tardios (IIB, III e

IV), 71,23 faleceram.

Ao compararmos os percentuais das variáveis relacionadas à dor, notamos que esta é

uma questão bastante freqüente nas pacientes do estudo, principalmente no membro superior

afetado. A dor é um sintoma que afeta diretamente a qualidade de vida da paciente, causando

limitação funcional do membro. Na paciente oncológica, a dor pode aparecer em decorrência

dos tratamentos a que foram submetidas, como quimioterapia, radioterapia (ARNIDT et al.,

2005) e a cirurgia.

Segundo Baraúna (2004), as conseqüências do tratamento oncológico na

funcionalidade da paciente são diminuição da força muscular, diminuição do arco de

movimento, linfedema, tensões musculares e dores. A parestesia também pôde ser

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77

observada na grande maioria das pacientes do nosso estudo, principalmente nos dados

referentes à terceira sessão de fisioterapia. Andrade (2002) refere que, nos casos cirúrgicos

de câncer de mama, o linfedema ocorre em cerca de 25% das pacientes.

A conduta fisioterapêutica deve ser instituída em todas as fases do câncer da mama,

ou seja: pré-tratamento (diagnóstico e avaliação); durante o tratamento (quimioterapia,

radioterapia, cirurgia, e hormônioterapia); após o tratamento (período de seguimento); na

recorrência da doença e nos cuidados paliativos (BARAÚNA, 2004; CAMARGO, 2000).

Ressalta-se que, em cada uma dessas fases, é necessário identificar as necessidades do

paciente, os sintomas e suas causas, além do impacto no cotidiano da paciente, abrangendo,

assim, orientações domiciliares e tratamentos específicos (BERGMANN, 2006; CAMARGO,

2000 e INCA/MS, 2004).

O tratamento fisioterapêutico pós-operatório precoce é decisivo na prevenção das

complicações decorrentes de cirurgias para tratamento do câncer de mama. Dessa forma,

indica-se cinesioterapia nos primeiros dias após a cirurgia como prevenção do linfedema, de

retrações miotendíneas, dor e diminuição funcional do ombro, além de incentivar o retorno

precoce de suas atividades habituais (CIUCCI, 2004; FÖLDI, 1984; LEDUC, 1991). Além

disso, no pós-operatório, busca-se identificar algias, alterações na dinâmica respiratória e

alterações neurológicas decorrentes do ato cirúrgico. Através de orientações domiciliares e

tratamentos específicos durante o período de seguimento, prioriza-se a detecção precoce de

complicações, como as linfáticas, posturais, funcionais, motoras e respiratórias. Outra

orientação importante no pós-peratório é o cuidado com a pele para evitar traumas e

ferimentos. Acrescentam-se orientações sobre o cotidiano, exercícios e automassagem

linfática (BERGMANN, 2006; CAMARGO, 2000; SCHULTZ, 1997; INCA/MS, 2004).

Os tratamentos mais freqüentemente empregados para o linfedema por obstrução

tumoral pelos Fisioterapeutas da instituição foram o enfaixamento compressivo e o uso de

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luvas/braçadeiras, além da cinesioterapia, recursos eletrotermofototerapêuticos e crioterapia.

A inclusão das pacientes nos grupos de acompanhamento de linfedema também foi

observada em grande parte dos casos, assim como o uso do auto-enfaixamento.

Recomendações quanto à higiene e hidratação do membro afetado e cuidados especiais

também foram freqüentes. A terapia física complexa pode ser adaptada (como é feito na

instituição estudada), visando à redução do volume, melhora dos sintomas associados,

melhora da autoestima e conseqüente qualidade de vida. Nos casos de plexopatia associada,

pode ser necessária a adaptação de órtese para o membro superior. O linfedema por

obstrução tumoral pode ser tratado através do enfaixamento compressivo, desde que não

haja trombos tumorais ou carcinomatoses difusas infiltrativas. A redução do volume é útil para

melhora dos sintomas (dor, desconforto, alteração da sensibilidade, função do membro etc.)

(BEVILAQUA et al., 2008; BERGMANN, 2000).

O tempo médio estimado de sobrevida do diagnóstico do linfedema por obstrução

tumoral ao óbito foi de 529,6 dias (458,9 – 600,3), equivalente a 1,4 anos; já o tempo mediano

estimado de sobrevida foi de 427 dias (336,4 – 517,6), o que corresponde a 1,2 anos. O

tempo médio estimado de sobrevida do diagnóstico do câncer de mama ao óbito foi de 1942

dias (1580,9 – 2303,2), referente a 5,3 anos; o tempo mediano estimado de sobrevida foi de

1298 dias (998,4 – 1597,6), o que corresponde a 3,5 anos. Podemos observar, então, que o

linfedema por obstrução tumoral é um sinal de mau prognóstico no que se refere á sobrevida.

Motivados pelo estudo de Bergmann (2005) – que concluiu que o risco de as pacientes

apresentarem linfedema aumenta 2% a cada ano de vida (HR=1,02 – IC 1,01-1,04), além de

ser 2 vezes maior entre as mulheres com sobrepeso e obesidade – analisamos a obesidade e

a idade avançada ao diagnóstico como fatores que possivelmente influenciam a sobrevida a

partir do diagnóstico de linfedema. Contudo, não se encontrou diferença significativa da

sobrevida entre as pacientes com sobrepeso ou obesidade e aquelas que possuíam peso

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adequado (p = 0,937), bem como entre as pacientes com idade avançada (acima de 60 anos)

e aquelas com idade não avançada (p = 0,641), resultado que é possivelmente devido ao fato

de grande parte das pacientes apresentar a doença já em forma avançada. Cabe ressaltar,

entretanto, que o estudo de Bergmann (2005) aborda o linfedema secundário ao tratamento

oncológico, enquanto que o presente estudo restringe-se à categoria neoplásica do linfedema

(sendo um subtipo do mesmo).

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7. Considerações Finais

A prevalência estimada do linfedema por obstrução tumoral no Serviço de Fisioterapia

do Hospital do Câncer III/ INCA foi de 12%. A maior parte das pacientes era casada ou vivia

com companheiro, residia na região metropolitana 1 e grande parte apresentou baixo grau de

escolaridade (analfabetas ou 1º grau incompleto), tinha como ocupação "do lar" e apresentou

sobrepeso e obesidade. Mais da metade das mulheres estudadas fez uso de métodos

contraceptivos, detectaram o câncer de mama através do auto-exame e a maior parte delas

foi diagnosticada de câncer de mama nos estadiamentos mais avançados (III e IV) e utilizou a

reposição hormonal. A nuliparidade e a menopausa precoce foram freqüentes em apenas

12,1% e 15,7%, respectivamente, e quase metade da amostra realizou algum tipo de aborto

(artificial ou fisiológico). Quase 30% das mulheres tiveram o primeiro filho com menos de 20

anos e 10% com 30 anos ou mais. A quimioterapia paliativa foi o tratamento para o câncer de

mama mais realizado, o primeiro tratamento foi à quimioterapia neo-adjuvante e a maioria das

pacientes não realizou tratamento cirúrgico, porém, das que realizaram a mastectomia radical

modificada à Madden foi a mais freqüente. A maior parte dos óbitos foi na faixa etária de 50 a

60 anos, com média de 59 anos e mediana de 57 anos (95-30).

Os tratamentos fisioterapêuticos mais freqüentemente empregados para o linfedema

por obstrução tumoral foram o enfaixamento compressivo e o uso de luvas/braçadeiras, além

da cinesioterapia, recursos eletrotermofototerapêuticos e crioterapia. Podemos observar que

houve uma adaptação da Terapia Física Complexa (TFC) visando à redução do volume,

melhora dos sintomas associados, melhora da auto-estima e conseqüente qualidade de vida.

A inclusão das pacientes nos grupos de acompanhamento de linfedema também foi

observada em grande parte dos casos, assim como o uso da técnica de auto-enfaixamento.

Recomendações quanto à higiene e hidratação do membro afetado e cuidados especiais

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81

também foram freqüentes. O sintoma mais freqüente nas pacientes foi a dor, estando

presente em todo o seguimento.

Através dos tempos médios e medianos estimados para a sobrevida do diagnóstico do

linfedema por obstrução tumoral ao óbito e do diagnóstico do câncer de mama ao óbito,

confirma-se, como esperado, que o linfedema por obstrução tumoral é um sinal de mau

prognóstico no que se refere á sobrevida.

Estudos de seguimento a este devem ser desenvolvidos, contemplando informações

relacionadas ao linfedema por obstrução tumoral, atividades realizadas com o membro antes

e após o diagnóstico de câncer de mama, assim como a fisiopatologia, tratamento,

diagnóstico precoce, incidência, prevalência e sobrevida.

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Anexo 1

BI-RADS (SAÚDE-RJ, 2009)

Categoria Risco de Câncer

Classificação

Achados Mamográficos Conduta

0 – _ Inconclusivo

Realizar outras incidências

mamográficas, ultra-sonografia

etc.

1 0,05% NEGATIVA Mamas normais (sem

achados mamográficos; sem sinais de malignidade)

MM de acordo com a faixa etária

(Controle anual após os 40 anos)

2 0,05% B Benignos(B)

MM de acordo com a faixa etária

(Controle anual após os 40 anos)

3 Até 2% PB Provavelmente benigno

(PB)

MM semestral no 1º ano, anual no 2º e 3º anos. Após, de acordo com a faixa

etária.

4 > 20% S

Suspeitos de malignidade (S), mas não podem ser classificadas como PB

Realizar estudo histopatológico

(Biópsia)

4a Suspeita

baixa

4b Suspeita

moderada

4c

Suspeição alta (sem

lesões típicas)

5 >75% AS Altamente suspeitos (AS)

de malignidade

Realizar estudo histopatológico

(Biópsia)

6 100% –

Lesão biopsiada, diagnóstico de maligno histologicamente, não

retirada ou tratada

Page 93: Dissertação Versão Final Pós

93

Anexo 2

Classificação TNM, segundo as tabelas acima, para tumores malignos de mama

do INCA (2004), onde T = definição do tumor; N = definição do comprometimento de

linfonodos regionais; M = definição da presença de metástase à distância.

Tis T1 T1mic T1a T1b T1c T2 T3 T4 T4a T4b T4c T4d

Carcinoma in situ < ou = 2 cm ≤ 0,1 cm > 0,1 cm até 0,5 cm > 0,5 cm até 1 cm > 1 cm até 2 cm > 2 cm até 5 cm > 5 cm Parede torácica/pele Parede torácica Edema/ulceração cutânea, nódulos cutâneos satélites Ambos T4a e T4b Carcinoma inflamatório

N1 N2a N2b N3c

Linfonodos Axilares móveis Linfonodos infra-claviculares Linfonodos mamários internos e axilares Linfonodos supra-claviculares

pN1mi

pN1a pN1b

pN1c

pN3a

pN3b

pN3c

Micrometástase, > 0,2 mm ≤ 2 mm 1-3 linfonodos axilares Linfonodos mamários internos com metástase microscópica por biopsia de linfonodo sentinela, mas não clinicamente aparente. 1-3 linfonodos axilares e mamários internos com metástase microscópica por biopsia de linfonodo sentinela, mas não clinicamente aparente. > 10 linfonodos axilares ou infra-claviculares. Linfonodos mamários internos, clinicamente aparentes, com linfonodo(s) axilar(es) ou > 3 linfonodos axilares e mamários internos com metástase microscópica por biopsia de linfonodos sentinela, mas não clinicamente aparente Linfonodos supraclaviculares

Page 94: Dissertação Versão Final Pós

94

Anexo 2 (Continuação)

Classificação completa, segundo INCA (2002)

AGRUPAMENTO POR ESTÁDIOS

(UICC/TNM )

Estádio 0

Tis

N0

M0

Estádio I

T1

N0

Estádio II

IIa T0 T1

N1

T2 N0

IIb T2 N1

T3 N0

Estádio III IIIa T0

T1 N2

T2

T3 N1, N2

IIIb T4 Qualquer N

Qualquer T N3

Estádio IV

Qualquer T Qualquer N M1

Page 95: Dissertação Versão Final Pós

95

Anexo 3

Diagnóstico diferencial entre linfedema benigno e maligno (FOLDI, 2006; BERGMANN,

et al., 2009).

SINAIS LINFEDEMA

BENIGNO MALIGNO

Início Lento Agudo

Progressão Lenta ou intermitente Rápida

Dor Ausente (com algumas exceções)

Insuportável

Perda de apetite Não Sim

Emagrecimento Não Sim

Fraqueza Não Sim

Paresia / paralisia Nunca (exceção na plexopatia)

Possível

Cor da pele Normal (com algumas exceções)

Brilhante / cianose

Veias colaterais Não Comum

Centralmente pronunciado

Não (exceção displasia) Sim

Estágio II/III Possível Normalmente vai a óbito antes

Úlcera Úlcera radiogênica Ulcera por câncer

Protusão da fossa supraclavicular

Não Possível

Linfangiose carcinomatosa

Não Possível

Temperatura da pele Normalmente levemente elevada

Fria (exceção linfangiose carcinomatosa)

Distância diminuída entre acrômio e

pescoço

Não Possível

Nódulos palpáveis Não Possível

Page 96: Dissertação Versão Final Pós

96

Anexo 4

As figuras abaixo demonstram os exercícios indicados pelos profissionais de saúde à

paciente após a cirurgia de dissecção axilar. (INCA e SBM, 1997)

Page 97: Dissertação Versão Final Pós

97

Anexo 5

PREVENÇÃO, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO LINFEDEMA (CONSENSO, 2004)

A mobilização do braço deve ser limitada a 90º de flexão e a abdução de ombro e a rotação

externa até o limite de tolerância da paciente, para prevenir complicações relacionadas à

restrição articular e linfedema, sem aumentar o risco da formação do seroma. Após a retirada

dos pontos e do dreno, não havendo intercorrências proibitivas, a mobilização do braço deve

ser realizada com amplitude completa. As pacientes devem ser orientadas a adotar uma

postura confortável, com o membro superior levemente elevado quando estiverem restritas ao

leito.

Para as pacientes submetidas à reconstrução com retalho miocutâneo do músculo reto

abdominal, o posicionamento adequado é com a cabeceira elevada e semiflexão de joelhos,

nas duas primeiras semanas de pós-operatório.

A prevenção do Linfedema requer uma série de cuidados, que se iniciam a partir do

diagnóstico de câncer de mama. As pacientes devem ser orientadas quanto aos cuidados

com o membro superior homolateral à cirurgia, visando prevenir quadros infecciosos e

linfedema.

Evitar micoses nas unhas e no braço; traumatismos cutâneos (cortes, arranhões, picadas de

inseto, queimaduras, retirar cutícula e depilação da axila); banheiras e compressas quentes;

saunas; exposição solar; apertar o braço do lado operado (blusas com elástico; relógios, anéis

e pulseiras apertadas; aferir a pressão arterial); receber medicações por via subcutânea,

Page 98: Dissertação Versão Final Pós

98

intramuscular e endovenosa e coleta de sangue; movimentos bruscos, repetidos e de longa

duração; carregar objetos pesados no lado da cirurgia e deitar sobre o lado operado.

Preconiza-se: pele hidratada e limpa; uso de luvas de proteção ao fazer as atividades do lar

(cozinhar, jardinagem, lavar louça e contato com produtos químicos); intervalos para

descanso durante a execução de atividades de vida diária; utilização de removedor de

cutículas ao fazer a unha do lado operado; usar cremes depilatórios, tesoura ou máquina de

cortar cabelo na retirada de pelo da axila do lado operado; atenção aos sinais de infecção no

braço (vermelhidão, inchaço, calor local); e uso de malhas compressivas durante viagens

aéreas.

Deve-se tomar o cuidado para não provocar sensação de incapacidade e impotência

funcional.

As pacientes devem ser encorajadas a retornarem as atividades de vida diária e devem ser

informadas sobre as opções para os cuidados pessoais.

O diagnóstico do linfedema é obtido através da anamnese e exame físico. Os exames

complementares são utilizados quando se objetiva verificar a eficácia de tratamentos ou para

analisar patologias associadas.

Considera-se linfedema a diferença de pelo menos 2 cm entre os membros, em um ou mais

pontos, obtidos através da perimetria ou volume residual de 200 ml obtido de forma direta

(volume de água deslocada) ou indireta (perimetria).

Page 99: Dissertação Versão Final Pós

99

Anexo 6

Ficha de pesquisa

Ficha 1

IDENTIFICAÇÃO

Prontuário Nome__________________________________________

Data matrícula _______/________/__________ Bairro/Localidade de

Residência__________________________

Data nascimento _______/________/__________

Estado civil ( 1 ) casada ( 2 ) companheira ( 3 ) divorciada / separada ( 4 ) viúva ( 5 ) solteira ( 9 )

sem informação

Escolaridade ( 1 ) analfabeto ( 3 ) 1º completo ( 5 ) 2º completo ( 7 ) superior completo

( 2 ) 1º incompleto ( 4 ) 2º incompleto ( 6 ) superior incompleto ( 9 )

sem informação

Ocupação ( 1 ) do lar ( 3 ) limpeza ( 5 ) cozinheira (7)outros_____________________

( 2 ) comércio ( 4 ) escritório ( 6 ) costureira ( 9 ) sem informação

Lado dominante ( 1 ) direito ( 2 ) esquerdo ( 3 ) ambidestro ( 9 ) sem informação

Hábito de fumar ( 1 ) não fumantes (< 100 cigarros na vida) ( 2 ) fumantes ativos ( 3 ) ex-fumantes

(interromperam o fumo antes do tratamento)

Álcool (1) todos os dias (3) nos fins de semana (2) 3 a 4 vezes por semana (4) raramente (

5 ) Nunca ( 6 ) Ex etilista

Idade da menarca______(anos) n° de gestações ________ n° de abortos ________ n° de filhos ________ Idade da

primeira gestação ______ (anos) Última_____anos

Menopausa (1) não (2) sim fisiológica (3) sim artificial (4) sim, sem informação (9) SI

Idade menopausa ______(anos)

Uso de contraceptivos (1) não (2) sim Tempo de uso _______ (anos)

Uso de reposição hormonal (1) não (2) sim Tempo de uso _______ (anos)

Antecedente familiar de câncer (1) não (2) sim

Tipo de câncer 1 (CANCER1) _______________________ Parentesco 1 (PARENT1)

_______________________

Tipo de câncer 2 (CANCER2) _______________________ Parentesco 2 (PARENT2)

_______________________

Tipo de câncer 3 (CANCER3) _______________________ Parentesco 3 (PARENT3)

_______________________

Pesquisa “Descrição do perfil das pacientes com linfedema por

obstrução tumoral associado ao câncer de mama do Hospital Luiza

Gomes de Lemos / INCA / MS / INCA com base na análise de

prevalência”

Page 100: Dissertação Versão Final Pós

100

EVOLUÇÕES NO PRONTUÁRIO (OUTRAS INFORMAÇÕES)

Óbito ( 1 ) não ( 2 ) sim Data do óbito _____/_____/_________

Motivo do óbito ( 1 ) câncer avançado ( 2 ) Causas externas ( 3 ) outras doenças não relacionadas ao

câncer

Encaminhamento HC IV ( 1 ) não ( 2 ) sim Data do encaminhamento _____/_____/_________

DIAGNÓSTICO DE LINFEDEMA PALIATIVO / POR OBSTRUÇÃO TUMORAL

Data da 1ª consulta do lindefema paliativo:_______/_______/________

Data final de CENSURA (por óbito, desistência ou encerramento) :_______/_______/________

Observações:

Método Diagnóstico: ( ) auto-exame ( ) outros

Page 101: Dissertação Versão Final Pós

101

Ficha 2

ESTADIAMENTO CLÍNICO (DADOS DA PRIMEIRA CONSULTA MÉDICA) ( ) esq ( ) dir ( ) bilat

Tamanho do tumor ( 1 ) T0 (sem tumor) ( 2 ) Tis (in situ ( 3 ) T1 (< 2,0 cm) ( 4 ) T2 (> 2,0 e < 5,0) ( 5 ) T3 (> 5,0

cm) ( 6 ) T4 (extensão torácica/pele)

( 9 ) sem informação

Status dos linfonodos ( 1 ) N0 (ausência de metástases) ( 2 ) N1 (meta axilar, homo , móvel)( 3 ) N2 (meta axilar

fixo) ( 9 ) S/ Inf.

Metástase ( 1 ) M0 (ausência de matástase) ( 2 ) M1 ( presença de metástase) ( 3 ) MX ( 9 ) sem

informação

Estadiamento Cínico ( 1 ) 0 ( 2 ) I ( 3 ) II A ( 4 ) II B ( 5 ) III A ( 6 ) III B ( 7 ) IV

PRESENÇA DE COMORBIDADES PRÉ TRATAMENTO ONCOLÓGICO

Altura (serviço de nutrição) _____________________m IMC:

Peso (serviço de nutrição) _____________________Kg

TRATAMENTO NEO-ADJUVANTE ( ) NÃO REALIZADO

Quimioterapia neo ( 1 ) Não ( 3 ) Sim ( 9 ) Sem informação Data início ____/____/_______ Data término

_____/____/_______ ( ) ciclos

Radioterapia ( 1 ) Não ( 2 ) sim ( 9 ) Sem informação Data início ____/____/_______ Data término

____/____/_______ ( ) ciclos

Hormônioterapia neo ( 1 ) Não ( 3 ) Sim ( 9 ) Sem informação Data início ____/____/_______ Data término

____/____/_______ ( ) ciclos

AVALIAÇÃO suporte neo (PRÉ-OPERATÓRIO) ( ) NÃO REALIZADO

Data da avaliação ______/_____/______

Sensação peso braço afetado ( 1 ) não ( 2 ) sim Grau __________ ( 9 ) sem

informação

Relato de Patologias ortopédicas MS ( 1 ) não ( 2 ) sim

_____________________________________________

Relato de Patologias neurológicas MS ( 1 ) não ( 2 ) sim

_____________________________________________

Alterações no MS afetado ( 1 ) não ( 2 ) sim ( 9 ) sem

informação

Parestesia ICB afetado ( 1 ) não ( 2 ) sim ( 9 ) sem informação

Postura ombro MS afetado ( 1 ) normal ( 2 ) alterado ( 9 ) sem

informação

Escápula MS afetado ( 1 ) normal ( 2 ) alada ____/ 4+ ( 9 ) sem

informação

Linfedema ( 1 ) não ( 2 ) sim ( 9 ) sem informação

Fibrose linfoestática ( 1 ) não ( 2 ) sim ( 9 ) sem

informação

Dor ( 1 ) não ( 2 ) sim ( 9 ) sem informação

EVA ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) ( 6 ) ( 7 ) ( 8 ) ( 9 ) ( 10) ( 99 ) sem

informação

Local EVA (88 ) não aplica ( 1 ) MS afetado ( 2 ) MS contra ( 3 ) Mama afetada ( 4 ) Cervical ( 5 ) Cervico-

dorsal( 6 ) Dorsal ( 7 ) Dorso-lombar ( 8 ) Lombar ( 9) Lombo-sacra ( 10 ) Toda coluna

(99) Sem informação

Indicado fisioterapia ( 1 ) não ( 2 ) linfedema ( 3 ) dor ( 4 ) cinesioterapia ( 5 ) outro______________(

9 ) sem informação

CONDUTA FISIOTERAPIA NEO-ADJUVANTE:

Orientações gerais domiciliares ( 1 ) sim ( 2 ) não Crioterapia/compressa fria (NEOCRI) ( 1 ) sim

( 2 ) não

Page 102: Dissertação Versão Final Pós

102

Exercícios domiciliares ( 1 ) sim ( 2 ) não Exerc respirat domiciliar (NEORESP) ( 1 ) sim

( 2 ) não

Enfaixamento compressivo ( 1 ) sim ( 2 ) não Auto-enfaixamento (NEOAUT) ( 1 ) sim

( 2 ) não

Adaptação de braçadeira ( 1 ) sim ( 2 ) não Atividade física externa (NEOAFE) (

1 ) sim ( 2 ) não

Adaptação de apoio ( 1 ) sim ( 2 ) não Adaptação de órtese (NEOORTE) (

1 )sim ( 2 ) não

Adaptação de soutien ( 1 ) sim ( 2 ) não Adaptação de prótese (NEOPRO) ( 1 ) sim

( 2 ) não

AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA (30 Dias) ( ) Não realizado

Data da avaliação: ______/_____/______

Parestesia MS afetado ( 1 ) não ( 2 ) sim ( 9 ) sem

informação

Sensação peso braço ( 1 ) não ( 2 ) sim Grau __________

Sensação braço inchado ( 1 ) não ( 2 ) sim Grau __________

Postura ombro MS ( 1 ) simétrico ( 2 ) elevado ( 3 ) Deprimido ( 4 ) Anterior ( 5 ) Posterior ( 9 )

sem informação

Escápula MS (teste resistido) ( 1 ) normal ( 2 ) alada ____/ 4+ (

9 ) sem informação

Linfedema ( 1 ) não ( 2 ) sim ( 9 ) sem

informação

Dor ( 1 ) não ( 2 ) sim ( 9 ) sem

informação

EVA ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) ( 6 ) ( 7 ) ( 8 ) ( 9 ) ( 10)

Local EVA ( 1 ) MS afetado ( 2 ) MS contra ( 3 ) Mama afetada ( 4 ) Cervical ( 5 ) outras ( 8 )

não aplica

Ferida ( 1 ) efetivada ( 2 ) curativo oclusivo ( 9 ) sem informação

Flutuação ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 9 ) sem informação

Plastrão pinçamento cutâneo ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 9 ) sem informação

Fibrose cicatricial ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 9 ) sem informação

Retração cicatricial ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 9 ) sem informação

Enfaixamento Compressivo ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 9 ) sem informação

Luva/braçadeira ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 9 ) sem informação

AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA PÓS—OPERATÓRIO 6 MESES (FT6) ( ) NÃO REALIZADO

Data da avaliação: ______/_____/______

Parestesia MS afetado ( 1 ) não ( 2 ) sim ( 9 ) sem informação

Sensação peso braço ( 1 ) não ( 2 ) sim Grau __________

Sensação braço inchado ( 1 ) não ( 2 ) sim Grau __________

Postura ombro MS ( 1 ) simétrico ( 2 ) elevado ( 3 ) Deprimido ( 4 ) Anterior ( 5 ) Posterior ( 9 ) sem

informação

Escápula MS (teste resistido) ( 1 ) normal ( 2 ) alada ____/ 4+ ( 9 ) sem informação

Linfedema ( 1 ) não ( 2 ) sim ( 9 ) sem informação

Dor ( 1 ) não ( 2 ) sim ( 9 ) sem informação

EVA ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) ( 6 ) ( 7 ) ( 8 ) ( 9 ) ( 10)

Local EVA ( 1 ) MS afetado ( 2 ) MS contra ( 3 ) Mama afetada ( 4 ) Cervical ( 5 ) outras ( 8 )

não aplica

Ferida ( 1 ) efetivada ( 2 ) curativo oclusivo ( 9 ) sem informação

Flutuação ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 9 ) sem informação

Plastrão pinçamento cutâneo ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 9 ) sem informação

Fibrose cicatricial ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 9 ) sem informação

Page 103: Dissertação Versão Final Pós

103

Retração cicatricial ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 9 ) sem informação

Enfaixamento Compressivo ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 9 ) sem informação

Luva/braçadeira ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 9 ) sem informação

AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA PÓS—OPERATÓRIO 12 MESES (FT12) ( ) NÃO REALIZADO

Data da avaliação: ______/_____/______

Parestesia MS afetado ( 1 ) não ( 2 ) sim ( 9 ) sem informação

Sensação peso braço ( 1 ) não ( 2 ) sim Grau __________

Sensação braço inchado ( 1 ) não ( 2 ) sim Grau __________

Postura ombro MS ( 1 ) simétrico ( 2 ) elevado ( 3 ) Deprimido ( 4 ) Anterior ( 5 ) Posterior ( 9 ) sem informação

Escápula MS (teste resistido) ( 1 ) normal ( 2 ) alada ____/ 4+ ( 9 ) sem informação

Linfedema ( 1 ) não ( 2 ) sim ( 9 ) sem informação

Dor ( 1 ) não ( 2 ) sim ( 9 ) sem informação

EVA ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) ( 6 ) ( 7 ) ( 8 ) ( 9 ) ( 10)

Local EVA ( 1 ) MS afetado ( 2 ) MS contra ( 3 ) Mama afetada ( 4 ) Cervical ( 5 ) outras ( 8 ) não aplica

Ferida ( 1 ) efetivada ( 2 ) curativo oclusivo ( 9 ) sem informação

Plastrão pinçamento cutâneo ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 9 ) sem informação

Fibrose cicatricial ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 9 ) sem informação

Retração cicatricial ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 9 ) sem informação

Enfaixamento Compressivo ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 9 ) sem informação

Luva/braçadeira ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 9 ) sem informação

Page 104: Dissertação Versão Final Pós

104

Ficha 3

DADOS CIRÚRGICOS

Data da cirurgia _______/________/__________

Lado da cirurgia ( 1 ) Direito ( 2 ) Esquerdo ( 3 ) Bilateral

Cirurgia realizada ( 1 ) Halsted ( 3 ) Higiênica ( 5 ) Patey ( 7 ) LA exclusiva

( 2 ) Simples ( 4 ) Madden ( 6 ) Conservadora ( 9 ) Sem informação

Abordagem axilar ( 1 ) não ( 3 ) Nível I ( 5 ) Nível III ( 7 ) LA sem informação do nível

( 2 ) Sentinela ( 4 ) Nível II ( 6 ) Amostragem ( 9 ) Sem informação

Reconst. Imediata ( 1 ) não ( 3 ) G. dorsal ( 5 ) expansor ( 9 ) Sem informação

( 2 ) TRAM ( 4 ) prótese ( 6 ) outra __________________

LAUDO HISTOPATOLÓGICO (Pós-cirúrgico)

Linfonodos retirados Linfonodos positivos

Tipo histológico ( 1 ) CDI ( 3 ) lobular in situ ( 5 ) medular ( 7 ) sarcoma ( 9 ) sem informação

( 2 ) ductal in situ ( 4 ) lobular invasivo ( 6 ) inflamatório ( 8 ) outros_________

Grau histológico ( 1 ) Grau 1 ( 2 ) Grau 2 ( 3 ) Grau 3 ( 9 ) Sem informação

Classificação T ( 1 ) T0 ( 2 ) Tis ( 3 ) T1 ( 4 ) T2 ( 5 ) T3 ( 6 ) T4 ( 7 ) TX ( 9 ) sem informação

Classificação N ( 1 ) N0 ( 2 ) N1 ( 3 ) N2 ( 4 ) N3 ( 5 ) NX ( 9 ) sem informação

Classificação M ( 1 ) M0 (ausência de metástase) ( 2 ) M1 (presença de metástase)( 9 )sem informação

Estadiamento ( 1 ) 0 ( 2 ) I ( 3 ) II A ( 4 ) II B ( 5 ) III A ( 6 ) III B ( 7 ) IV ( 9 ) s/infor

TRATAMENTO ADJUVANTE ( 1 ) NÃO REALIZADO ( 2 ) REALIZADO

Tipo de tratamento ( 1 ) Adjuvante ( 2 ) Paliativo

Quimioterapia adjuvante ( 1 ) Não ( 2 ) Sim Data início ____/____/_______

Data término____/____/_______ ( ) ciclos

Radioterapia ( 1 ) Não ( 2 ) sim Data início ____/____/_______

Data término ____/____/_______

Hormônioterapia adj ( 1 ) Não ( 2 ) Sim Data início ____/____/_______

Data término ____/____/____ ( 3 ) em curso

Bifosfonatos ( 1 ) Não ( 2 ) Sim Data início ____/____/_______

Data término _____/____/_______

Page 105: Dissertação Versão Final Pós

105

DOENÇA ATIVA APÓS TRATAMENTO NEO E ADJUVANTE ( 1 ) NÃO REALIZADO ( 2

) REALIZADO

Aumento da dça locorregional ( 1 ) não ( 2 ) sim Data _____/______/______

Recidiva ( 1 ) não ( 2 ) sim Data _____/______/______

Ca de mama contra-lateral ( 1 ) não ( 2 ) sim Data _____/______/_______

Metástase Cutânea ( 1 ) não ( 2 ) sim Data _____/______/_______

Metástase FSC ( 1 ) não ( 2 ) sim Data _____/______/_______

Metástase Pulmão ( 1 ) não ( 2 ) sim Data ______/_____/______

Metástase Osso ( 1 ) não ( 2 ) sim Data ______/_____/_______

Metástase SNC ( 1 ) não ( 2 ) sim Data _____/_____/_______

Metástase Fígado ( 1 ) não ( 2 ) sim Data ______/_____/_______

Metástase Linfática ( 1 ) não ( 2 ) sim Data ______/_____/_______

TRATAMENTO RADIOTERÁPICO E HORMONIOTERÁPICO ADJUVANTE ( )

NÃO REALIZADO

Radioterapia ( 1 ) não ( 2 ) sim

Data início ____/____/_______ Data término ____/____/_______

Hormônioterapia adj ( 1 ) Não ( 2 ) Sim ( 9 ) Sem informação

Data início ____/____/_______ Data término ____/____/_______

Page 106: Dissertação Versão Final Pós

106

Anexo 7