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  • Elvis Martins de Oliveira

    IMPACTO AMBIENTAL NA EXPLORAO DE PEDREIRAS

    CONTRIBUIO PARA UMA PRTICA SUSTENTVEL

    Departamento de Geologia

    Faculdade de Cincias da Universidade do Porto

    Porto Maio de 2006

  • ii

    Elvis Martins de Oliveira

    IMPACTO AMBIENTAL NA EXPLORAO DE PEDREIRAS

    CONTRIBUIO PARA UMA PRTICA SUSTENTVEL

    Dissertao apresentada no mbito do Curso de Mestrado do Departamento de Geologia da Faculdade de Cincias da Universidade do Porto como requisito parcial para a obteno do ttulo de Mestre em Geologia para o Ensino. Realizada sob a orientao da Professora Doutora Maria ngela C. F. Almeida.

    Porto Maio de 2006

  • iii

    Para os meus pais, lvaro e Mariana.

    Na gratido das melhores recordaes e

    do apoio em tudo que alcancei. Pelos meus filhos, Jnior e Maurcio,

    na ternura tudo que meream alcanar.

  • iv

    Agradecimentos

    Aos meus pais, sobretudo, pelos apoio ao custeios concedidos, sem os quais este trabalho no seria possvel. minha orientadora Professora Doutora Maria ngela de Carvalho Fernandes Almeida pela disponibilidade, amabilidade, estmulo e incentivo sempre demonstrados para a realizao deste trabalho. minha famlia, pela compreenso em sofrer meses de privao e convvio especialmente aos meus filhos e pais; Ao meu amigo Vtor Silva, por todo apoio e solidariedade cientfica cujos trabalhos de reviso dos textos foram vitais melhor compreenso dos mesmos. Aos professores que participaram da Comisso examinadora. A todos os amigos, colegas de curso e familiares que de uma forma ou de outra me estimularam ou ajudaram-me e que possibilitaram a concluso desta dissertao.

  • v

    Resumo O presente trabalho procurou indicar mtodos e prticas desenvolvidas para apoio e

    aprimoramento profissional dos tcnicos que tratam da temtica do impacto ambiental de pedreiras de granito industrial. Sua investigao expe vrias ferramentas e procedimentos de referncia j conhecidos e bem usuais das empresas de extraco mais organizadas. Estes recursos servem ao auxlio dos encarregados de assuntos ambientais na sua ampla e envolvente ramificao de contedos.

    O estudo mostrou como os novos conceitos estratgicos mineiros alteraram o rumo da produo ao encontro da produtividade ambiental. Estas mudanas de conceitos foraram a verdadeiras rupturas de velhos paradigmas frente ao posicionamento tradicional e ultrapassado das velhas prticas na ideia errada de extrair ilimitadamente os recursos

    minerais, sendo hoje assumidamente reconhecida como insustentvel para as futuras geraes. Seu contedo poder contribuir para o preparo e formao contnua da fora de

    trabalho da minerao, associado a uma base criadora de mais-valia, no surgimento de sua responsabilidade scio-ambiental. O granito foi estudado sob uma ptica geradora de recursos como um bem mineral que suporta claramente estas mudanas devido ao seu vigoroso e exponencial mercado mundial.

    O elemento de trabalho para interveno positiva foi a prpria alterao do modo de agir no sector produtivo atravs da disseminao de boas prticas ambientais. Esta nova

    concepo surge de modo bem distinto ao que antes sucedia. Agora, pelo contrrio, a prtica no determinada ou imposta, sob o crivo impositivo da tutela administrativa do Estado, passando a ser vista como uma meta a ser atingida, dentro dos objectivos maiores da gesto total da empresa. Estes objectivos assumem uma natureza de adopo voluntria e muito mais lucrativa na concepo do desenvolvimento sustentvel, no alcance da eco-eficincia e na procura do eco-negcio.

    A aco de formao foi concebida para influir como um elemento vital conscientizao ambiental e promover a reverso de processos tidos como crnicos ou

    crticos, a exemplo daqueles que geram impactos e modificaes ambientais adversas na obstruo dos caminhos da pretendida sustentabilidade mineira. So especificadas e estudas as normas orientadoras que se tornam cada vez mais correntes. A aco de formao indica vrias formas de sintetizar e apoiar um diagnstico integrado, inter disciplinar e abrangente

    das matrizes de anlise ambiental. Acreditar nesta nova concepo de trabalho apostar que a tica dos tcnicos resulte

    como um benefcio profissional ao ser reconhecido como um atributo de valor da assumida responsabilidade scio-ambiental da minerao de granito industrial e dos seus efeitos.

  • vi

    Abstract The present study has aimed the indication of methods and practices developed to

    support professional improvement of the technicians involved with the environmental impact in industrial granite quarries. The research displays some tools and reference proceedings already known and usual in the organized companies of exploitation. These resources serve to

    aid the people in charge of environmental subjects, in their wide and involving branching of contents.

    The study has shown at what extend the mining strategic concepts have modified the route of production to attain the environment productivity. These changes of concepts have forced true ruptures of old paradigms towards a traditional positioning of old practices by the wrong idea of the mineral extraction without limits, a procedure that is nowadays recognized

    as unsustainable for the future generations. The content of this study reveals the preparation and continuous training of the work

    force being the greatest contribution associated with a creative basis of more-value, in the sprouting of the environmental responsibility of the mining. The granite has been regarded as the source that produces natural resources as a mineral commodity that clearly supports these changes due to its vigorous and exponential world-wide market.

    The instrument of work for positive intervention was the proper adjustment of the practices to the productive sector through the dissemination of the new conception of good

    environment practices. This new concept was created in a distinct way from the in past. Today, in contrast, the practices is not determined or imposed, under the imposing State administrative guardianship. On the contrary, they are seen as a goal to be reached, inside the total management of the company and, therefore, they assume a nature of voluntary adoption and much more lucrative in the conception of the sustainable development, towards the Eco-Efficiency in search of an Eco-Business.

    The training has been conceived to be induced as a vital element in the environmental wareness and promote the reversion of chronics or critical processes, such as those that

    generate environmental impacts and adverse modifications, blocking the desirable ways that lead to mining sustainability. Several stages of this study specify the normatives orientations that are becoming more and more common. The Eco-Efficiency Learning Modules indicate some forms to synthesize and to support an integrated, inter discipline and broad diagnosis of

    the matrices of environmental analysis.

    To adopt this new work conception is to believe that the technicians ethics it results as

    a professional benefit recognized as a value attribute from the assumed by the social-environmental responsibility of the industrial granite mining and the respective effects.

  • ix

    Lista de Tabelas e Quadros

    Tabela I.1 Os velhos paradigmas versus o ambientalmente correcto 5

    Tabela I.2 Esquema comparativo entre as etapas do Mtodo Cientfico e o desenvolvimento prtico adoptado 8

    Tabela 1.1 Rochas gneas suas composies relacionadas pelo percentual do mineral, arranjo textural, composio mineral, ndice de cor, teor em Slica, % de FeO + MgO e % (K2O + Na2O) e cor aparente 11

    Tabela 1.2 Relao composicional com as diferentes texturas gneas 12

    Tabela I.3 Distino elementar da tipologia de magmas 21

    Quadro 1.3 Principais origens geolgicas das rochas ornamentais 23

    Quadro 1.4 Panorama scio-econmico da indstria extractiva de rochas ornamentais na Europa 23

    Quadro 1.5 Tabela que relaciona grupos de rochas gneas com seus intervalos percentuais de plagioclase 24

    Quadro 1.6 Mostra comparativa e sinttica das diversas publicaes que abordam o tema estudado 27

    Quadro 3.1 Algumas das primeiras abordagens da geologia ambiental, at fins do sculo passado 57

    Quadro 3.2 Preocupao sobre o exerccio profissional do gelogo que actua na Geologia aplicada rea ambiental, suas funes e objectivos 59

    Tabela 4.1 Enumerao dos princpios de AIA pela IAIA 73

    Quadro 4.1 Situao especfica para enquadramento das massas minerais passveis de explorao que necessitam de apresentar AIA 75

    Tabela 4.2 Valor da importncia dos parmetros ambientais numa pedreira 83

    Tabela 4.3 Parmetros de impacto ambiental numa rea de minerao em Makrana, ndia (sem medidas mitigadoras) 84

    Tabela 4.4 Sntese de estudo proposto sob forma de matriz de Anlise Ambiental na rea de interferncia de uma pedreira 86

    Tabela 5.1 A chave de sucesso da recuperao ambiental pela via dos seus princpios bsicos, adaptado e modificado 91

    Quadro 5.1 Motivos maiores para a normalizao ambiental 106

  • x

    Lista de Figuras, Grficos e Fotos

    Figura I.1 Modelo de formulao de problemas 6

    Figura 1.1 A Srie de reaces de Bowen 10

    Figura 1.2 A representao das rochas gneas no diagrama de STRECKEISEN 18

    Figura 1.3 O termo granito suas variantes, de acordo com diferentes pontos de vista 22

    Grfico 2.1 Distribuio percentual no uso da pedra natural 30

    Figura 2.1 Esquema ilustrativo do desmonte em flanco de encosta 34

    Figura 2.2 Esquema ilustrativo do desmonte em corta 35

    Figura 2.3 Ilustrao de uma pedreira de rocha ornamental 36

    Figura 2.4 e Foto 2.1 Ilustrao com detalha a posio de uma cama para amortecimento das fatias primrias do derrube, retratado no seuxacto momento 37

    Grfico 2.2 Notria participao das pequenas empresas no sector de rochas ornamentais39

    Grfico 2.3 Evoluo da produo mundial de rochas ornamentais no perodo entre 1926 e 1999, por tipo de rocha 40

    Figura 2.5 Intercmbio mundial de rochas ornamentais, em 2000 41

    Grfico 2.4 Desempenho no mercado de rochas ornamentais elaboradas a nvel mundial (% em peso), em 2000 42

    Grfico 2.5 Percentual por valor total das rochas ornamentais, exportao entre 1994 e 1999 43

    Grfico 2.6 Evoluo da exportao de pedra ornamental natural portuguesa conforme os tipos de produtos, comparao entre os anos 1986, 1996 e 1999 44

    Grfico 2.7 Valores de participao mundial dos pases com produo maior que 1.000.000 de toneladas 45

    Grfico 2.8 Produtores secundrios (7 ao 12) de rochas ornamentais e seus grupos congneres em 2004 46

    Grfico 2.9 Pases importadores, entre 2002 e 2004 47

    Grfico 2.10 Participao percentual dos principais pases consumidores 48

    Figura 3.1 Um amplo espectro de ramificaes cientficas que d suporte aos estudos ambientais 51

  • xi

    Figura 3.2 Representao grfica da trilogia de enfoque para abordar e cercear um estudo de impacto ambiental 52

    Figura 3.3 Sequncia de eventos histricos que marcaram e alteraram os rumos scio- -polticos pelo mundo 54

    Figura 3.4 Enfoque tcnico-cientfico integrado dos problemas do meio ambiente de componente geolgica 56

    Figura 3.5 Ilustrao esquemtica e interpretativa de disciplinas fundamentais da Geologia Ambiental 58

    Figura 3.6 Componentes do Sistema Terra 60

    Grfico 3.7 A formao de rochas a partir de sedimentos retrabalhados em meio aquoso 63

    Foto 3.1 Alto percentual de resduos provenientes do desmonte de rochas 65

    Figura 3.8 Produo residual no ciclo de produo de uma indstria mineral de rochas ornamentais 66

    Figura 3.9 Cadeia produtiva principal do sector de rochas ornamentais 67

    Figura 4.1 Esquematizao das zonas de uma pedreira de rocha ornamental 78

    Foto 4.1 Detalhe do transporte de bloco j individualizado por via no pavimentada no interior de pedreira 79

    Foto 4.2 Tpica pedreira com mtodo de extraco tradicional de rocha ornamental. A fatia primria desprendida com uso de explosivos e depois trabalhada para individualizao dos blocos 79

    Figura 5.1 Construo de bacias de lamas para decantao do material carreado pelas guas superficiais 96

    Figura 6.1 A relao entre uso de Recursos Minerais X Poluio X Economia X Qualidade de Vida 102

    Figura 6.2 As normas da srie ambiental: a ISO 14000 104

    Figura 6.3 Quadro simplificado da famlia de normas ISO 14000 105

    Figura 6.4 Factores a serem considerados na avaliao de um depsito de rocha ornamental 107

    Figura 6.5 Questionamento e integrao dinmica de um SGA 108

    Figura 6.6 O objecto de estudo nos diversos nveis hierrquicos de actuao e pesquisa. As esferas das redes de investigao 110

  • xii

    Figura 6.7 PDCA proposto para resoluo de problemas crnicos ou crticos na implantao de um SGA 113

    Figura 7.1 O planeamento de uma aco de formao 116

    Figura 7.2 Estgios necessrios para o correcto desenvolvimento de um SGA 118

    Figura 7.3 Esquema de aco formadora adaptada na fundamentao do EPP 122

    Figura 8.1 Limitaes e constrangimentos ao desenvolvimento da pesquisa de investigao 124

    Figura 8.2 A deslocao do ponto de estudo entre os diversos nveis hierrquicos de actuao e pesquisa. As redes de investigao formam outras integraes de apoio e fomento 126

  • xiii

    Lista de Siglas e abreviaturas SIGLAS/

    ABREVIATURAS

    SIGNIFICADO

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    AIA Avaliao de Impacto Ambiental

    BS 7750 Specification for Envirnmental Management Systems (Norma Britnica de Especificao para Sistemas de Gesto Ambiental)

    cf. Confronte dB Decibis (medida da presso sonora) DL Decreto-Lei

    EIA Estudo de Impacto Ambiental

    EPP Ensino por Pesquisa

    EN Norma europia

    FOB Valor da cotao do bem mineral junto extraco (boca-da-mina). IAIA Associao Internacional de Avaliao de Impactes, do acrnimo em ingls

    (International Association for Impact Assessment) IGM Instituto Geolgico e Mineiro (Portugal) IGME Instituto Geolgico e Mineiro de Espanha

    IMM Internazionale Marmi e Macchine SpA

    ISO Organizao Internacional de Normalizao (International Standard Organization) NBR Norma Brasileira de Referncia

    NP Norma Portuguesa

    PDCA Ciclo PDCA (Planear, fazer, verificar e auditar. Do acrnimo em ingls-Plan, Do, Check, Act) constitui um mtodo para a prtica do controlo de processos

    RIO-92 Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento

    SGA Sistema de Gesto Ambiental

    TAC Termo de Ajustamento de Conduta WBSCD Comisso Mundial para o Desenvolvimento Sustentvel (World Business Council

    for Sutainable Development)

  • __________________________________________________________________Introduo

    ___________________________________Impacto ambiental na explorao de pedreiras 1

    Introduo

    Em toda a histria do Homem as dificuldades alheias sua vontade marcaram etapas de vitrias e talharam grandes conquistas sobre as adversidades impostas nomeadamente as advindas da natureza e que obrigaram as mais difceis mutaes. A actualidade enfrenta novos desafios, surge uma nova era e traz consigo mudanas to radicais como as mais importantes que se deram na histria. Na superao das crises e no domnio destas adversidades destacaram-se os povos mais resilientes a estas dificuldades.

    Ao contrrio das situaes anteriores os desafios actuais confrontam efeitos indesejveis de um desenvolvimento, que expe um ambiente marcado pelo prprio homem e, surpreendentemente, pouco acolhedor. Neste contexto que afloram ideias e surgem debates sobre os novos rumos da civilizao e do seu desenvolvimento.

    Conceitos como: meio ambiente, desenvolvimento, eco-eficincia, eco-business... e outros recentes da era ps-industrial, despontam duma imperiosa necessidade de evoluir no sentido de uma abordagem em que a qualidade de vida seja coadjuvante e nunca adversria, operante da sustentabilidade entre geraes.

    Da investigao recente, no mbito dos estudos destes temas, que emergem os novos paradigmas sobre as aces e discursos ultrapassados de outrora. Autnticas quebras de paradigma (Tabela I.1) claramente na concepo evolucionista das sociedades globais atingiram, num srio questionamento sobre o prprio bem-estar da espcie humana em nosso planeta.

    Diante disso que, em vrias frentes, choques e mudanas inverteram a mquina de produo da indstria extractiva mineral, numa inflexo em que se d prioridade ao vector qualidade do ambiente, ao desnortear o vector quantidade de produo desta conjectura actual. O falso dilema entre preservao versus desenvolvimento superado por aces e prticas que introduzem uma verdadeira ruptura, epistemolgica e paradigmtica, na relao do homem com os recursos minerais, pela actuao pragmtica duma tica tecnicista ponderada.

  • __________________________________________________________________Introduo

    ___________________________________Impacto ambiental na explorao de pedreiras 2

    Tabela I.1 Os velhos paradigmas versus o ambientalmente correcto, GAZETA MECANTIL (1996, In MEYER, 2000).

    Acreditar que depois de atingir os profissionais que envolvem-se como agentes transformadores produtivos, nos nveis tcnicos superiores de deciso na indstria extractiva das rochas ornamentais, fazer crer que estes possam servir como multiplicadores de boas-prticas pelos seus sectores. Atravs da tomada de conscincia dos impactos da minerao a cu aberto as unidades produtivas podem ser levadas a alcanar uma sequncia, salutar e desejvel, de medidas mitigadoras e atenuantes dos efeitos reconhecidamente nocivos das lavras ambiciosas (na concepo de MAGNO, 2001), e insustentveis sob a gide das geraes vindouras.

    Agendar objectivos e metas planear o negcio mineiro com vistas a perpassar paulatinamente as fases de conformidade: legal e normativa rumo chamada eco-eficincia inserida num econegcio competitivo e rentvel. Saber gerir cada frente de extraco nos moldes normativos da produtividade reconhecer um ganho social (reflectido consequentemente na finalidade comercial) inserido e adaptado aos padres que surgem para um consumo ambientalmente responsvel.

    Concepes conflituosas

    Os velhos paradigmas Os paradigmas emergentes

    A responsabilidade ambiental corri a competitividade

    X A estratgia empresarial gera

    novas oportunidades de negcios

    A Gesto ambiental coisa apenas para grandes empresas

    X A pequena empresa at

    mais flexvel para introduzir programas ambientais

    O movimento ambientalista age completamente fora da realidade

    X As ONGS consolidam-se tecnicamente e participam da maioria das comisses

    de Certificao Ambiental

    A funo ambiental na empresa exclusiva do

    sector de produo X

    A funo ambiental est em diversos sectores da empresa

  • __________________________________________________________________Introduo

    ___________________________________Impacto ambiental na explorao de pedreiras 3

    Estrutura dos Captulos

    O objectivo principal desta dissertao a investigao de alguns elementos contributivos ao desempenho profissional dos que trabalham em projectos e actividades mineiras comprometidas na melhoria do ambiente. Foi intencionada uma aco de formao que resultasse em mudanas de atitude e proporcionasse o desenvolvimento de boas prticas em unidades produtivas.

    No captulo 1 so feitas referncias breves no respeitante ao tema estudado. Numa forma panormica levanta um amplo apanhado do assunto para introduzi-lo em sua fundamentao terica. Entre diversas possibilidades de recursos minerais que se colocam disposio para a aplicao deste estudo dispensou-se uma ateno mais em particular ao granito por ser das rochas mais intensamente exploradas no nosso Pas, como material de construo e como rocha ornamental. Na inteno de delimitar algumas caractersticas do bem mineral, foram desenvolvidas breves descries das classificaes e formas de reconhecer o granito, ora como visto comercialmente, ora como deve ser classificado e estudado pela petrologia.

    O captulo 2 valoriza o granito como bem mineral. Retrata suas linhas num impacte positivo na matriz de anlise de viabilidade dos projectos de prospeco mineira. Aqui, o texto aponta como o granito intercambiado no mercado mundial, justifica a mais valia do desempenho de trabalhos de avaliao de impactos rumo conformidade normativa que soma qualidade. Expe a realidade deste bem mineral ante um vertiginoso crescimento de uma pujante e vigorosa indstria, com uma constante evoluo, conforme afirmam a compilao dos estudos de SOBREIRO & VIEIRA (2001).

    Para o captulo 3 foi mostrado como o tema ambiente pode ser tratado de uma forma to variada e estruturada a partir duma panormica holstica desenhada por ORIORDAN (1995), dentro de uma abordagem estratgica de tica sustentvel e equilibrada, delineada por COSTA (1999) numa contextualizao de prtica institucional e consoante as consideraes prescritas na conformidade legal estudada por ANTUNES (1998). Esta ltima pode ser vista como parte de um mecanismo regulamentador do tipo comando-e-controlo,

  • __________________________________________________________________Introduo

    ___________________________________Impacto ambiental na explorao de pedreiras 4

    O captulo 4 aborda como metodologias estruturadas se tornaram indispensveis implementao de uma anlise avaliativa do quadro de impacto ambiental, nomeadamente a partir de ferramentas de apoio Avaliao de Impacto Ambiental (AIA) modeladoras de um estudo multidisciplinar como proposto na matriz de LEOPOLD (1971). Esta deve ser a prtica na qual uma pedreira de rocha ornamental se subordinasse. Instrumentos de qualificao e ponderao dos impactes apontam para uma validao tcnica aos indicadores de aces mais correctas rumo a conformidade normativa (NP EN ISO 14001), no mbito da melhoria contnua dos processos numa empresa de minerao. Nesta parte foram apontados os procedimentos de referncia aos mtodos de apresentao dos Estudos de Impacte Ambiental (EIA) numa indstria extractiva mineira.

    O captulo 5 apresenta uma srie de medidas mitigadoras que podem agir sobre os processos de impacto. MENDES (2001) disserta de forma clara sobre quais terminologias apresentam-se como as mais apropriadas para cada estgio exploratrio da lavra em diferentes processos em etapas de interveno e beneficiao, aplicadas reverso do processo de impacto ambiental.

    O captulo 6 adopta a normalizao como uma valiosa contribuio para o trabalho profissional. Enumera uma srie de normas estruturadas para consulta e apoio ao trabalho de elaborao e implementao de Sistemas de Gesto Ambiental (SGA). Os mecanismos apresentados mostram adequao s mudanas muito alm do conceito de obedecer a regulamentao, mais ainda, seguir a recomendaes e linhas gerais de adequao a normas voluntrias. Isto acrescentar em muito a valiosa contribuio do profissional aos assuntos ligados gesto ambiental mineira.

    O captulo 7 delineia uma aco de formao que acrescenta os mdulos de aprendizagem permanente necessrios a uma melhoria contnua do desempenho profissional em nome da qualidade ambiental. Apresenta-se todo o planeamento para a mudana de comportamento frente aos novos paradigmas dos desafios da actualidade. Encara-se o ensino profissional de modo a creditar confiana ao seguimento activo da produo de rochas ornamentais s imperativas inverses nos eixos produtivos de uma sociedade global e mutante.

  • __________________________________________________________________Introduo

    ___________________________________Impacto ambiental na explorao de pedreiras 5

    Delimitao da pesquisa

    Ao desenvolver uma dissertao expomos mltiplas variveis, a ter em conta apenas as que dizem respeito exposio do contedo assim como a forma pela qual esto relacionadas entre si tpicos expostos e encadeados numa relao harmnica e funcional estabelecida entre os captulos. Deve ser tambm relacion-las com os elementos gestores do processo de transformao da actividade produtiva Estas variveis, tidas em conta, permitem uma viso mais holstica de processos sistmicos correlatos, conforme lido em CARVALHO (2002), que tambm podem ocorrer nas pedreiras e serem vistos na ptica do campo prtico aplicado.

    LOURO (2003) recorda que uma dissertao se pode apresentar com maior ou menor peso, dentro de um perspectiva de contributo a oferecer na temtica em que se desenrola. Caso aumente o conhecimento ou se revelem aspectos completamente novos nessa temtica, a dissertao insere-se, ento, num grupo de trabalhos inovadores que abrem caminhos a investigaes futuras, desbravando as bases primrias para posteriores actividades na respectiva rea de investigao.

    Um trabalho de investigao insere-se numa espiral contnua, que nunca se esgota, porque, de facto, nunca se conclui. No seu trmino, se reiniciado, os dados recolhidos seriam outros e no necessariamente condutores s mesmas concluses.

    Assim, esta abordagem s pode concluir uma realidade temporal, localizada num contexto localmente restringido. Naturalmente que o pensamento dedutivo pode levar-nos s realidades de outras pedreiras em outros locais. LOURO (2003) ainda comenta: num mesmo pas (Portugal) onde as realidades de extraco mineira das regies do interior to pouco diferem de forma significativa.

    No que tange a induo intuitiva, em especial, decorrida frente s experincias prprias do autor deste presente trabalhar junto a instituies ambientais camarrias, lado-a-lado a outros profissionais de reas correlatas e afins motivou-o a afirmar que mesmo dentro da esfera de influncia pessoal e cultural, de cada profissional como indivduo, de sua opinio prpria fundamentada sobre suas percepes prprias e interpretativas de fenmenos naturais, deu margem para gerar fortes suspeitas e pressentimentos de que os profissionais das Geocincias deixavam transparecer uma ntida dificuldade no trato de questes ligadas aplicao das cincias geolgicas dentro do dia-a-dia de trabalho profissional aplicado ao

  • __________________________________________________________________Introduo

    ___________________________________Impacto ambiental na explorao de pedreiras 6

    meio ambiente. Esta suspeio, de carcter indutivo, sustenta a proposio e defesa de hipteses que fundamentam a necessidade propositiva da aco de formao, a grande mais-valia deste trabalho.

    Estas dificuldades, provavelmente poderiam estar acrescidas daquelas advindas dos complexos mecanismos de adaptao profissional face s novas regulamentaes e directrizes legais impostas sociedade moderna, em especial num sistema de Comando e Controlo a que o Estado prope-se a tutelar de forma administrativa, arbitrria, concessiva e, nitidamente, ultrapassada. Estas limitaes temporais de demonstrao do poder de polcia foram bem delineadas e hoje ditas como superadas (OLIVEIRA (2003).

    A formulao dos problemas, identificao (a princpio dedutiva) destas dificuldades para proposio dos objectivos gerais de abordagem do assunto na tentativa de dispor os mesmos de forma sistemtica como alvo duma aco de formao, norteia toda a dissertao na sequncia de uma metodologia de trabalho e investigao subordinada e modelada ao mtodo cientfico, por todo o percurso. Fig. I. 1

    Fig. I. 1 Modelo de formulao de problemas, adaptao baseada em exemplo de BARBOUR (2004).

  • __________________________________________________________________Introduo

    ___________________________________Impacto ambiental na explorao de pedreiras 7

    Metodologia do trabalho e investigao

    Ao considerar a natureza do trabalho pretendido e diante da necessidade de avaliar de forma a integrar ambas vertentes qualitativa e quantitativa, do impacto ambiental numa determinada pedreira. Seus objectivos de compor uma aco de formao que actue favoravelmente sobre os actores e meios de produo. Temos o estudo de caso como o mtodo de investigao cientfica do mais recomendado para o tema escolhido para pesquisa nesta investigao. Este mtodo de trabalho caracterizado, de um modo geral, por cada fenmeno poder ser um projecto ou programa no estudo de avaliao, indissocivel do contexto da explorao (YIN, 1993), neste caso a minerao de rochas ornamentais.

    No esforo de construir um sistema de anlise de confiana e consistente para a representao das caractersticas e atribuies desempenhadas de trabalho por um grupo profissional e como a sua limitao, em termos de desenvolver um papel mais destacado na tica tecnicista ambiental, pde ser constatada, sem que a influncia pessoal e cultural do autor transpusesse em forma de opinio interferente nas reais percepes e interpretaes de fenmenos naturais. Esta percepo aponta para o uso de procedimentos e de critrios em forma de guia orientador de procedimento padronizado para minimizar estas influncias interferentes ao desenvolver uma proposta tcnico-acadmica contributiva no apoio ao bom desempenho tcnico do profissional que actua na rea mineral com responsabilidade ambiental.

    Para tanto, foram efectuadas pesquisas bibliogrficas envolvendo autores nacionais e estrangeiros com apoio recursos disponveis em bibliotecas municipais, acadmicas e outras fontes de investigao interligadas em redes de conhecimentos. Tambm utilizou-se como fonte constante de actualizao e renovao de pesquisa a Internet, que ampliou de forma considervel a qualidade e o espectro de informaes.

  • __________________________________________________________________Introduo

    ___________________________________Impacto ambiental na explorao de pedreiras 8

    Num paralelo ao mtodo cientfico podemos traar um esquema no seguinte modelo de correlao:

    Correlao entre: Etapas do Mtodo Cientfico; Metodologia/trabalho desenvolvido.

    Observao e descrio Experincia profissional Pela natureza de captar a repetio em diversas

    situaes de contacto com os profissionais envolvidos em projectos ambientais.

    Hiptese Formulao Ao sentir deficincias e limitaes no exerccio

    profissional, pelo amadurecimento das posies.

    Teste posterior Divulgao/repetio A promoo das propostas em diversas

    publicaes na busca do reconhecimento e da aplicabilidade imediata do estudo.

    Tabela I.2 Esquema comparativo entre as etapas do Mtodo Cientfico e o desenvolvimento prtico adoptado.

    Inspirado em PRESS et al. (2003, pp. 17). Cf. com o esquema de formulao de problemas Fig. I. 1.

    De outra forma, pode-se dizer que a metodologia de pesquisa tentou reduzir ao mnimo a influncia da polarizao ou do conceito preconcebido no desenvolvimento da investigao para elaborar recursos e meios de melhoria tcnica.

    Estas fases seriam assim sentidas:

    na observao e descrio de um fenmeno decorrido e pertinente a um grupo de actores profissionais;

    na proposio de meios para superar estas dificuldades atravs da formulao de um mecanismo simples e aceitvel para intervir no caso;

    pelo uso desta proposio para predizer e receitar continuamente a apresentao dos resultados da pesquisa em novas reprodues na sucesso aplicvel do evento;

    na comparao com outras pesquisas publicadas que reforaram estas predies por diversos investigadores independentes para reforo da argumentao, melhoria, correco e sistematizao do processo;

    no desenvolvimento de mdulos de aces de formao prprias para implementar estas predies, por diversos nveis de pessoal, na melhoria, correco e sistematizao do processo interventivo.

  • 1 Reviso bibliogrfica

    Sendo metdica, a certeza da incerteza

    no nega a solidez da possibilidade cognitiva. A certeza fundamental:

    a de que posso saber. Sei que sei.

    Assim como sei que no sei, o que me faz saber:

    primeiro, que posso saber melhor o que j sei; segundo, que posso saber o que ainda no sei;

    terceiro, que posso produzir conhecimento ainda no existente.

    PAULO FREIRE, 1995.

  • ________________________________________________________1 Reviso bibliogrfica

    ___________________________________Impacto ambiental na explorao de pedreiras 10

    1.1 A denominao com base na composio mineralgica e qumica

    Numa pequena reviso de conceitos introdutrios BEST (2001, pp. 17) refere-se aos procedimentos analticos em que a moderna a petrologia se apoia, aos dados quantitativos numricos da composio mineral das rochas. A validade destes dados depende da amostragem fidedigna e representativa dos mesmos obtidas em campo.

    As anlises petrogrficas dependem de dois pontos fundamentais a exactido e a preciso. Esta ltima tambm conhecida como reprodutibilidade, numrica e define-se como uma variao estatstica da mdia ou o seu significado numa determinao reprodutiva. Ou seja, ao sobrepor duas anlises a preciso sobre uma determinada composio aumenta. J a exactido uma indicao da proximidade da medida a um valor verdadeiro.

    Para ir de encontro ao objecto de estudo, centrado sobre o granito, podemos considerar que quase todas as rochas gneas so compostas nomeadamente por minerais silicatados, dos quais os mais comuns esto presentes na Srie de Reaces de Bowen (Fig. 1.1): quartzo, plagioclase, feldspatos alcalinos, moscovite, assim como biotite, horneblenda, piroxena e olivina (os mais escuros, tidos como mficos de magnsio + ferro frrico), j estes normalmente encontrados em rochas baslticas.

    Fig. 1.1 A Srie de reaces de Bowen, modificada de PIDWIRNY (2004) com ilustrao de JOHNSON (2005).

    Piroxena

    o

    Rico em clcio Altas

    Temperaturas

    Rico em sdio

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    A denominao de ultramficas refere-se as rochas que contm mais de 90% de minerais mficos. De forma similar, mas sem equivalncia, a designao de leucocrtico refere-se a uma rocha de cor clara e melanocrtica de cor escura. Toda esta nomenclatura parece um pouco dbia o que obriga a ter em ateno o objecto de referncia que enquadra, por exemplo, uma rocha composta por 90% de feldspato escuro, sendo classificada como: flsica e melanocrtica. A cor desta rocha teria sido quantificada com base no ndice de cor, referido como sendo um percentual de minerais escuros. (Tabela 1.1).

    RiolitoGranito

    BsicoGabro

    AndesitoQtz dioritoIntermdio

    Basalto

    cidoMficoIntermdio Flsico

    Clara Cinza Escura: Cor aparente

    KomatiitoPeridotitoUltrabsicoUltramfico

    ExtrusivaIntrusivandice de CorComposio

    Riolito

    Anfbola

    o Piroxena

    o

    o

    %

    Tabela 1.1 Rochas gneas suas composies relacionadas pelo percentual do mineral, arranjo textural, composio mineral, ndice de cor, teor em Slica, % de FeO + MgO e % (K2O + Na2O) e cor aparente. Tabela adaptada de PRESS & SIEVER (2001, pp. 73).

    J os termos puramente qumicos como os siliciosos (SiO2), magnesianos (MgO), alcalinos (Na2O + K2O) e aluminosos (Al2O3) so tambm utilizados quando um destes componentes mostra valores anormalmente elevados. Prioritariamente, os valores de slica so os mais importantes: o termo cido sinnimo de silicioso e bsico o seu oposto.

    1.2 Terminologia da descrio petrogrfica

    Segundo WINTER (2001, pp. 17), o mtodo preferido para classificar qualquer tipo de rocha, seja gnea, metamrfica ou sedimentar, baseado na textura e composio

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    (normalmente mineralgica). O critrio textural geralmente o primeiro a ser considerado, j que a textura representa a melhor forma de anlise de uma rocha e permite classificar dentro duma ampla gama de categorias genticas. O primeiro passo para a descrio de uma rocha gnea consiste no seu enquadramento textural numa das seguintes categorias (Tabela 1.2):

    Texturas Porfirtica/

    Porfiride

    (cristais de 2 tamanhos)

    Minerais principais (acessrios)

    Vtrea

    s/cristais

    Afantica

    (microcristais)

    Fanertica

    (cristais

    visveis)

    Pegmattica

    (cristais

    maiores)

    Afantica Fanertica

    Olivina Dunito

    Olivina &

    Piroxena

    Peridoto

    Piroxena

    Komatiito

    Piroxenito

    Ca-plagiocase,

    Piroxena, Olivina

    (Anfbola, Biotite)

    Escria

    Basalto

    Gabro

    Basalto

    prfiro

    Gabro

    Q T

    Z

    Quartzo Diorito

    Na-plagiocase,

    Anfbola, Biotite

    (Piroxena, Quartzo,

    Ortoclase)

    Andesito

    S

    E

    M

    Diorito

    Andesito

    prfiro

    Q T

    Z

    Granito Granito

    pegmattico

    Granito

    prfiro

    Ortoclase,

    Quartzo, Moscovite,

    (Na-plagiocase, Biotite, Anfbola,

    Piroxena)

    Cinza

    +

    Pmica

    +

    Obsidiana

    T

    u

    f

    o

    Rilito S

    E

    M

    Sienito

    Rilito

    prfiro

    Sienito

    prfiro

    Tabela 1.2 Relao composicional com as diferentes texturas gneas. Retirado de HAYWICK (2005).

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    Fanertica os cristais que compem a rocha so visveis a olho-n. Afantica os cristais, caso apaream, so demasiado pequenos para serem

    identificados a olho-n. Fragmentria a rocha composta de pedaos de materiais gneos desagregados, ou brecha depositados e, em posterior, amalgamados. Os fragmentos destes

    podem incluir pedaos de rochas (predominantemente gnea) fragmentos de cristais ou vidro.

    No caso do granito (em senso estrito) a sua prpria textura revela uma cristalizao lenta, distando da superfcie da Terra, sendo assim denominada por rocha plutnica.

    Algumas rochas classificadas como fanerticas ou afanticas so relativamente equigranulares (tamanho do gro uniforme). Entretanto, outras exibem uma variao de tamanho pelo facto dos seus minerais terem passado por taxas de crescimento distintas entre si. Por outro lado, se a textura da rocha evidenciar dois tamanhos de gros predominantes, ento a mesma ser considerada pofiride (matriz fanertica) e porfirtica (matriz afantica), sendo a matriz caracterizada pelos cristais mais finos. As rochas vulcnicas exibem uma textura afantica e vtrea, enquanto que as rochas plutnicas apresentam textura fanertica.

    1.3 Rochas gneas

    Em PRESS et al. (2003), a rocha gnea (do latim Ignis, que significa fogo) forma-se a partir da cristalizao de um magma, uma massa de rocha fundida com origem em profundidade, na crusta ou no manto superior. Estes so locais onde as temperaturas alcanam 700 C ou mais, o suficiente para fundir a maioria das rochas. Este processo ocorre, basicamente, de duas formas bem distintas:

    1 Quando um magma arrefece abaixo do ponto de fuso lentamente no interior da Terra, cristais microscpicos comeam a formar-se e alguns destes cristais tm tempo suficiente para crescer alguns milmetros, por vezes mesmo antes da cristalizao total da massa, de modo a gerar uma rocha gnea de granulao grosseira;

    2 Quando o magma chega superfcie aquando de uma erupo vulcnica, arrefece e solidifica to rapidamente que os cristais no tm tempo suficiente para crescer de forma gradual. Neste caso, formam-se simultaneamente cristais muito finos, o que resulta numa rocha gnea de granulao fina.

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    Dois tipos de rochas gneas so bem tipificados nestas situaes com base no tamanho dos seus cristais: intrusivas e extrusivas (Fig. 1.1). Estas so originadas por fenmenos de magmatismo que ocorrem superfcie (vulcanismo), gerando rochas vulcnicas ou extrusivas, ou ento em profundidade (plutonismo), originando as rochas plutnicas ou intrusivas.

    1.4 Rochas granitides

    Conforme escreve WINTER (2001, pp. 343) o termo granito frequentemente aplicado de forma indistinta, confundindo-se o termo cientfico prprio com uma larga variedade de outras rochas intrusivas flsicas. Por isso, ao denominar uma rocha por granito (senso estrito) estamos a definir a mesma numa rea composicional restrita de uma gama de rochas contendo propores de minerais de quartzo-plagioclase-feldspato alcalino na classificao I.U.G.S. (do acrnimo em ingls: Unio Internacional de Cincias Geolgicas). Esta situao, um pouco dbia, gera algumas confuses. Os granitides so as rochas plutnicas mais abundantes na crusta continental superior. Entre um largo espectro de tipos de rochas que teriam distintos processos de gnese.

    De acordo com o autor acima citado, a prpria densidade das rochas granitides tem sido objecto de estudos notveis e profundas controvrsias durante mais de 200 anos. O mesmo autor faz uma citao notria deste assunto ao dar destaque para o ttulo: The Granite Controversy de H. H. Reads, 1957. Tambm, na altura do sculo XIX, vrios estudiosos debatiam acaloradamente a origem do granito ao afirmarem:

    Granito no uma rocha que teve uma origem simples mas que pode ser gerada por diversas formas. A respeito da gnese dos granitides possvel fazer algumas generalizaes ao partir de conceitos primordiais sobre o assunto.

    A maioria dos granitos de volume considervel ocorre em reas onde a crusta se tornou espessa devido a movimentos orognicos, a arcos continentais de subduco ou coliso de massas silicas. Muitos granitos, contudo, podem ser ps-orognicos e o efeito de espessamento pode ter dezenas de milhes de anos.

    Pelo facto da crusta ser slida, no seu estado normal, necessria alguma variao trmica para formar granitides.

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    A maioria dos investigadores de opinio de que a maior parte dos granitides so derivados de anatexia crustal, mas o manto pode tambm estar envolvido. A contribuio mantlica pode variar tanto como uma fonte de calor at o ponto de uma anatexia crustal, ou ainda, ser a fonte gentica do prprio material.

    1.5 Processos de formao de magmas granticos e evoluo crustal

    ALMEIDA (1994, pp. 204) citando diversos autores (BROWN et a/., 1984; PEARCE et a/., 1984; HARRIS et a/., 1986; PITCHER, 1987, LAMEYRE, 1988) considera as rochas granticas como estdios finais de diversos processos petrogenticos envolvendo diferentes rochas como fonte. As mesmas possuem uma assinatura geoqumica, em termos de elementos maiores, menores e de terras raras, que revela o seu enquadramento geolgico. As sries granticas esto assim distribudas de acordo com os diferentes ambientes tectnicos que as caracterizam.

    Para compreenso dos processos de diferenciao que ocorrem na crosta continental na gnese das rochas granticas tm sido utilizados vrios modelos tericos, segundo diversas vertentes que tentam conduzir ao estabelecimento dos processos qumicos e fsicos responsveis pela evoluo dessas rochas. desta forma que podemos generalizar os estudos para a compreenso da diferenciao da crosta continental.

    As diferentes abordagens vo desde a procura da natureza da fonte e dos mecanismos de gerao, ascenso e instalao de magmas granticos, passando pela preciso das condies de presso e temperatura de cristalizao (atravs do equilbrio entre fases minerais primrias coexistentes) assim como a averiguao do tipo de processo de diferenciao magmtica atravs do uso de modelos baseados nos teores de elementos maiores, vestigiais e elementos de terras raras, at, por fim, se estabelecer um modelo petrogentico para o qual igualmente contribuem os trabalhos da petrologia experimental e dados da geoqumica isotpica.

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    1.6 Modelos tericos e experimentais para a formao de magmas granticos

    ALMEIDA (1994, pp. 204) cita o modelo proposto por WHITE & CHAPPELL (1977) como um dos mais divulgados para a gnese de granitos a partir do estudo de granitides do cinturo de Lachlan, SE da Austrlia. Segundo este modelo, designado por "restite unmixing model", grande parte dos magmas granticos compreende dois componentes; um lquido correspondente a um "melt" grantico mais silicioso, e um slido menos silicioso representando o resduo do material original, sendo ambos produtos de um processo de ultrametamorfismo. Os dois componentes separam-se, em diferentes propores, produzindo as variaes qumicas observadas nas rochas plutnicas, traduzidas por tendncias lineares nos diagramas de variao tipo Harker, o que constitui a base principal deste modelo. Contudo, verifica-se que em sries granticas a variao da concentrao dos elementos com SiO2 no linear, suscitando limitaes aplicao do modelo. Apesar do reconhecimento da importncia de restites na gnese de determinadas rochas granticas o modelo tem sido criticado por diversos autores (e.g., WALL et a/., 1987) que sugerem outros mecanismos para explicar a variabilidade qumica.

    O estudo de ALMEIDA (1994, pp. 205) apoia-se em alguns autores como MICHARD-VITRAC et a/. (1980), para descrever que esta variabilidade de composio dos granitides pode ser atribuda a fuso de nveis de crusta heterognea cuja composio pode ser constituda pela mistura de componentes crustais de diferentes idades (PEUCAT et al., 1988) ou pela mistura de componentes de diferente natureza, crustal e mantlica (McCULLOCH & WASSERBURG, 1978; LEAKE , 1990; DIAS & LETERRIER, 1994) ou a diferentes graus de fuso crustal (STRONG & HANMER, 1981; WICKHAM, 1987; SEVIGNY et a/., 1989; HOLTZ & BAREY, 1991).

    Tambm possvel afirmar que a composio do protlito determinante na composio e volume do "melt" grantico. So ainda propostas modelizaes tericas fundamentadas em trabalhos experimentais que indicam uma origem mais provvel dos respectivos lquidos a fuso de rochas metapelticas segundo: HUANG & WYLLIE (1981); STRONG & HANMER (1981); CLEMENS & VIELZEUF (1987); PICHAVANT & MONTEL (1988); SEVIGNY et a/. (1989), ou ainda em rochas metagneas (e.g, MILLER, 1985; ORTEGA & IBARGUCHI, 1990; TURPIN et al.1990; HOLTZ & BARBEY, 1991), isto para o caso dos granitos peraluminosos e de duas micas,

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    tambm designados de tipo S. J para o caso de granitos cuja fonte tem uma componente de natureza gnea chamada de granitos tipo I, destaca-se uma problemtica da classificao numa aplicao ambgua, uma vez que granitos peraluminosos podem ser produzidos pela fuso de material peraluminoso de origem gnea.

    Para a Pennsula Ibrica ALMEIDA (1994, pp. 205) aponta que os granitos de idade paleozica superior tm sido interpretados como resultado de fontes predominantemente crustais por um processo que consiste de episdios repetidos de fuso parcial por sua vez resultante do progressivo espessamento de crusta radiognica. Esse espessamento crustal quando combinado com o calor desenvolvido em zonas de cisalhamento e com uma maior circulao de volteis, provoca o avano da fuso crustal sem que haja envolvimento de material do manto. PITCHER (1987) sugere uma representao esquemtica combinando a fonte e o contexto geolgico para diferentes tipos de granitos entre os quais define o "Hercinotipo" de que se destacam as seguintes caractersticas: contexto tectnico de coliso continental oblqua, metamorfismo de baixa presso, migmatitos retrabalhados como granitos tipo S, batlitos concordantes, fuso parcial de material crustal reciclado por anatexia, magmas relativamente temperados e hmidos consolidados em profundidade evidenciando recristalizao metamrfica, e espessamento tectnico de crusta radiognica.

    1.7 Granito (senso estrito): exemplo caracterstico de rocha gnea

    O granito , sem dvida, uma das mais conhecidas e abundantes rochas gneas. Considerado como pertencente ao grupo das rochas intrusivas, apresenta cristais bem desenvolvidos, visveis vista desarmada e, portanto, ter-se- formado a partir de magmas que cristalizaram lenta e gradualmente, medida que intruiam corpos rochosos localizados no interior da Terra. O granito, juntamente com outras rochas cristalinas, constitui a base das massas continentais e a rocha intrusiva mais comum da superfcie da terra. Trata-se de uma rocha flsica, com aproximadamente 70% de slica. Em condies excepcionais de arrefecimento, numa fase pneumatoltica, geram uma variedade de granulao muito grosseira denominada pegmatito.

    Embora o granito seja reconhecido como uma rocha gnea derivada de massas fundidas, existem largas evidncias que a sua origem possa tambm ser atribuda a

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    metamorfismo regional actuante sobre rochas pr-existentes devido ao rearranjo e recristalizao que pode ocorrer sem passar por um estgio lquido ou de fuso anattica

    A classificao das rochas gneas encontra-se assinalada abaixo no diagrama de STRECKEISEN (1976). A Fig. 1.2 mostra uma faixa composicional com uma famlia de rochas com estas caractersticas. Em termos mineralgicos contm quartzo e feldspato potssico em abundncia e menor quantidade de plagioclase. Pode ainda conter diferentes quantidades de micas, nomeadamente biotite e/ou moscovite, sendo este um parmetro a considerar na distino dos diferentes tipos de granito. A predominncia de minerais flsicos responsvel pela cor clara (varivel desde o cinzento ao rosa), geralmente apresentada pelo granito.

    Fig. 1.2 A representao das rochas gneas no diagrama de STRECKEISEN (1976).

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    Todavia, os granitos podem ter aspectos diferenciados, variando desde cores claras a tons mais escuros e apresentando diferentes texturas. Segundo BLATT & TRACY (1999), o feldspato mais comum a ortoclase ou a microclina, em ambos os casos geralmente pertticas. A plagioclase tipicamente uma oligoclase. Os fenocristais, quando existem, so geralmente de feldspato. O quartzo vai ocupando os espaos livres, moldando-se entre os outros cristais e pode, com frequncia, apresentar incluses fluidas. As piroxenas so muito pouco usuais e os minerais acessrios incluem apatite, magnetite, ilmenite, hematite, zirco, titanite, turmalina,

    fluorite e, mais raramente, cordierite e granada.

    Para BLATT & TRACY (1999), a exemplo de outros granitides, o granito tambm normalmente classificado com base na sua textura, em trs grupos diferentes:

    GRANULAO FINA: Os granitos finos com a granulao de cristais de Feldspato compreendidos num dimetro mdio com cerca de 1,6 mm (~1/16 polegadas) a 3,2 mm (~1/8 pol.)

    GRANULAO MDIA: Os granitos finos com a granulao de cristais de Feldspato compreendidos num dimetro mdio com cerca de 2,5 mm (~1/4 pol.)

    GRANULAO GROSSEIRA: Os granitos finos com granulao de cristais de Feldspato compreendidos num dimetro mdio com cerca de 1,3 cm (~1/2 pol.), a dimetros com vrios centmetros na sua extenso mxima. Os granitos com granulao grosseira podem ter uma densidade mais baixa.

    1.8 Granito (senso lato): rocha silicatada passvel de polimento e com brilho vtreo

    Do ponto-de-vista comercial, o termo granito frequentemente conotado como um rocha granular, susceptvel de ser polida e refere-se muitas vezes, a outras rochas gneas, metamrficas ou vulcnicas de composio qumica mineralgica idntica ou que apenas tm em comum o facto de serem tambm rochas (silicatadas) passveis de polimento e, na maioria dos casos, com brilho vtreo.

    assim que esta definio abarca rochas to diferentes dos granitos propriamente ditos como os sienitos, quartzodioritos, dioritos, gabros, basaltos e gneisses, entre outras, que quer geneticamente, quer no contexto em apreo, so frequentemente mencionadas como rochas similares na construo civil (cf. MOURA, 2000) tendo apenas uma caracterstica

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    mais silicosa ou, ainda, como granitides Esta conotao aplicada a nvel comercial, que poder ser utilizada no decorrer do trabalho, no deve ser considerada como um antagonismo, ao conceito de granito senso estrito, ou mesmo um erro imprprio, quando comparada com as classificaes tcnico-cientficas mais rigorosas, normalmente representadas no diagrama de STRECKEISEN (1976). Dito isto, a eventual adopo do nome granito no seu emprego usual comercial vem ao encontro do reconhecimento de um recurso mineral que cada vez mais, de forma pujante e vigorosa, se destaca no cenrio da economia mineira mundial.

    1.9 Distino entre o granito verdadeiro versus granito comercial

    Pela descrio de PIVKO (2003) os granitos no sentido comercial, so rochas duras que se apresentam passveis de serem trabalhadas por polimento e necessitam de ferramentas mais duras que o mrmore para o corte, talho e polimento. Eles so normalmente empregues no exterior e no interior das construes. So de origem e de minerais variados. A sua petrografia pode ser tanto de rochas gneas (formadas pela cristalizao do magma) como de rochas metamrficas (formadas a partir de condies de esforo, presso e temperatura).

    Muitos granitos comerciais podem ser tambm rochas gneas criadas a alguns quilmetros de profundidade crustal (Tabela 1.3). O granito, juntamente com outras rochas cristalinas, constitui a fundao das massas continentais. Estas to citadas rochas plutnicas so constitudas por gros visveis, no equidimensionais, ou com alguns gros maiores que outros textura prfiride (Fig. 1.1). Os gros normalmente no apresentam orientao mas h outras rochas plutnicas de certo modo bandadas que, assemelhando-se a uma leve orientao, que fazem lembrar esta tpica caracterstica das rochas metamrficas.

    O granito verdadeiro, isto , o granito do ponto de vista cientfico, pertence apenas a um grupo de rochas dentro de uma gama de granitos comerciais. Elas so rochas gneas claras formadas pela cristalizao do magma no interior da superfcie terrestre.

    Os granitos comerciais apresentam ainda, gros maiores que os mrmores comerciais, possuem tambm maior resistncia e brilho e a clivagem pode ocorrer mais facilmente nos gros maiores. Uma estrutura homognea ou uma ligeira orientao uma caracterstica das rochas gneas, de tal maneira que elas tm uma aparncia similar (estrutura), a qual, dependeria da amplitude da rea de exposio amostrada.

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    Tabela 1.3 Distino elementar da tipologia de magmas, extrado de PRESS (2003).

    Mficos Os minerais de colorao escura ou minerais mficos (baslticos) pertencem a um grupo de minerais ferro-magnesianos. Geralmente so a olivina, piroxena, hornblenda e anfbola. Os magmas mficos de alta temperatura contm plagioclase clcico escuro. Estes minerais, quando crista-lizados, formam rochas densas de colorao escura, como o basalto ou o gabro.

    Intermdios

    Andesticos ou intermdios, rochas gneas contendo mi-nerais silicatados intermdios hornblenda, piroxena, plagio-clase intermdio, moscovite, quartzo e biotite.

    Flsicos

    Os minerais silicatados so ricos em slica e alumnio e normalmente so de cor clara, como mostrado esquerda. A rocha resultante dever conter um destes minerais flsicos, no caso de um destes magmas sofrer fuso sobre a crusta continental.

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    Os granitos comerciais so rochas que, na realidade, tm uma disposio de minerais intercalados que constituem um conjunto de gros minerais multicoloridos. Os gros de uma cor so cercados por outros de cores diferentes, o que quer dizer que um gro de quartzo cinza estaria envolto por ortoclase rosa, plagioclase branco e mica preta. O granito geralmente esbranquiado ou acinzentado com uma aparncia salpicada causada pelos cristais mais escuros. O feldspato potssico confere uma cor vermelha ou uma tonalidade encarnada rocha.

    O granito mais compacto e, para alm disso, no se deixa riscar pela unha, pela faca ou por pedaos de vidro, como o mrmore. Dependendo das percentagens relativas de quartzo e feldspato, a dureza total do granito mantm-se entre 5,5 e 7 na escala de Mohs. A gravidade especfica do granito varia entre 2,63 e 2,75. A sua resistncia compresso de 1050 a 1.400 quilogramas por cm2 (15.000 a 20.000 libras por polegadas2). O granito possui resistncia superior ao mrmore, ao arenito, ao calcrio e relativamente mais difcil de extrair, dada a sua tenacidade. uma pedra importante na construo civil sendo que das suas melhores caractersticas serem extremamente resistentes meteorizao. Nos ltimos anos o granito

    representou aproximadamente 83% de toda a pedra utilizada na construo de monumentos, sendo o mrmore responsvel apenas por aproximadamente 17 % deste total, segundo dados do Instituto Geolgico Y Minero de Espanha (IGME). A Fig. 1.3 mostra esta relao de sentido entre as diversas conotaes assumidas pelo termo granito.

    Fig. 1.3 O termo granito suas variantes, de acordo com diferentes pontos de vista

    O quartzo geralmente contribui para uma colorao mais clara do granito, aumenta a sua porosidade pela presena de micro fissuras (porque o volume de quartzo diminui durante

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    a cristalizao), sendo portanto, mais baixa a resistncia ao esforo e ao fogo. Caso o granito seja, pelo contrrio, de colorao mais escura, maior ser a quantidade de minerais mais escuros, e mais pesado ser o granito.

    Todo o granito comercial contm feldspatos (com dureza 6 na escala de Mohs) de cores variadas como, por exemplo: branco, rosa, vermelho, castanho, verde e cinza. Os gros de feldspatos so tipicamente no translcidos e apresentam clivagem. Muitos granitos, em especial os mais claros, contm quartzos (de dureza 7 na escala de Mohs) de colorao cinzenta (por vezes azulada ou castanhos) e gros vtreos translcidos, sem clivagem. Alm destes, possuem minerais escuros como a horneblenda, a piroxena e a biotite preta, verde escura ou de tons castanhos. Estes minerais tm gravidade especfica maior e durezas inferiores ao feldspato e ao quartzo. Alguns granitos possuem ainda granada com formas arredondadas e cores que variam do castanho ao vermelho escuro. Outra caracterstica qumica que os granitos comerciais no so afectados por cidos orgnicos comuns como o do vinagre ou do limo, ao contrrio dos mrmores.

    1.10 O tipo petrogrfico

    Conforme mencionado acima, os granitos comerciais tm origens e composies diferentes. Esta uma considerao importante para a aplicao para que a pedra natural seja empregada como rocha de motivo ornamental. Este tambm um termo genrico que engloba as diferentes pedras naturais usadas em infra-estruturas ou para fins decorativos em edifcios.

    Rochas gneas (intrusivas & vulcnicas)

    Granito e diorito, labradorito, gabro, peridotito, prfiro, dolerito, basalto e andesito, etc.

    Rochas sedimentares Calcrio, dolomite e travertino, conglomerado e brecha, arenito, nix, alabastro, etc.

    Rochas metamrficas Mrmore, quartzito, xisto argiloso e ardsia, brecha metamrfica, serpentina, gneisse, etc.

    Quadro 1.3 Principais origens geolgicas das rochas ornamentais, de BRODKOM (2000).

    Dentre uma gama extremamente diversificada de pedras disponveis, as mais comuns so o mrmore e o calcrio (calctico, dolomtico, serpentintico); o granito (cujos gros so rijos, integrados e cristalinos); o arenito (formado a partir de gros de areia ligados por um

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    cimento natural); e a ardsia (com fissilidade evidente e de gro fino), conforme BRODKOM, F. (2000).

    Mineral Produo Milhes de toneladas

    Valor Milhes de euros

    Emprego Principais usos

    Rochas ornamentais 17 5.000 190.000 Revestimentos, infra-estruturas e decorao de edifcios, pedras tumulares.

    Quadro 1.4 Panorama scio-econmico da indstria extractiva de rochas ornamentais na Europa, modificado de BRODKOM (2000).

    Para o caso dos granitides (granitos e rochas similares) a classificao tambm pode ser feita com base no ndice mineral como segue no Quadro 1.5 (simplificada por PIVKO, 2003) que mostra a composio de rochas gneas usadas como granitos comerciais:

    Minerais

    Plagioclase 10 35 %

    Plagioclase 35 65 %

    Plagioclase 65 90 %

    Plagioclase 90 100 %

    Quartzo 20 60 % Granito

    Granodiorito

    Quartzo 5 20 % Quartzo sienito

    Quartzo monzonito

    Quartzo 0 5 % Sienito

    Monzonito

    Diorito Anortosito Gabro

    Quadro 1.5 Tabela que relaciona grupos de rochas gneas com seus intervalos percentuais de plagioclase, simplificada por PIVKO (2003).

    Notas explicativas do Quadro 1.5: 1. Plagioclase calculado a partir do contedo total feldsptico 2. Quartzo calculado a partir do total de minerais claros (quartzo e feldspatos) 3. Quadro Amarelo = grupo do granito Verde = grupo do sienito Azul = grupo do gabro e diorito 4. Charnoquitos pertencem tanto ao grupo do granito quanto ao sienito. 5. As reas em branco so de rochas naturais que quase nunca so utilizadas na construo civil.

    Grupo do Granito (granitides) rochas ricas em quartzo (20 - 60 %) e feldspatos (K-feldspatos, Na-Ca-feldspatos - plagioclases).

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    Granitos feldspticos (K-feldspatos em maior quantidade que as plagioclases), quartzo e um pouco de mica. Colorao cinzenta, cor-de-rosa, vermelha, branca, amarela e castanho clara.

    Granodiorito feldspatos (plagioclases em maior quantidade que os K-feldspatos), quartzo, pouca mica escura e biotite. normalmente de cor cinzenta.

    Pegmatticos rocha de granulao muito grosseira de composio grantica gerada em diques.

    Grupo do Sienito rochas ricas em K-feldspatos com menos plagioclase e quartzo (at 20 %).

    Sienito feldspatos (mais K-feldspatos do que plagioclases), menos biotite, horneblenda.

    Quartzo sienito feldspatos (mais K-feldspatos do que plagioclases), menos quartzo, biotite e horneblenda.

    Larviquito feldspatos especiais, menor quantidade de quartzo, piroxena, magnetite. Monzonito feldspatos (K-feldspatos = plagioclases), menos biotite, horneblenda e

    piroxena.

    Quartzo-monzonito feldspatos (K-feldspatos = plagioclases), menos quartzo, biotite, horneblenda e piroxena.

    Grupo do Diorito rochas ricas em plagioclase, biotite, horneblenda e piroxena. Apresenta-se normalmente de colorao cinza escuro.

    Diorito plagioclase, biotite, horneblenda e piroxena, pequena quantidade de K-feldspato e quartzo.

    Grupo do Gabro rochas ricas em plagioclase e piroxena e sem olivina. Tem geralmente colorao que varia do cinza-escura at cores mais escuras.

    Gabro com plagioclase e menor quantidade de olivina. Anorthosito com plagioclase, pequena quantidade de piroxena e olivina. Dolerito Uma rocha de granulao fina e composio gabrica, formada em diques.

    (Antigo nome diabsio. Trata-se de uma transio entre o gabro e o basalto).

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    ___________________________________Impacto ambiental na explorao de pedreiras 26

    Grupo do Charnoquito rochas ricas em feldspatos (K-feldspatos, plagioclases) com menos quartzo e piroxena. Este grupo especial pode ser adicionado principalmente ao grupo do granito ou ao grupo do sienito, dependendo da sua composio.

    1.11 Origem dos nomes comerciais

    Os nomes comerciais tm as mais variadas origens. A partir da organizao investigadora e da pesquisa de amostragem feita por PIVKO (2003), pode-se resumir que a maioria dos nomes deriva de uma rea geogrfica ou cor. O stio geogrfico pode ser uma pedreira ou uma cidade prxima. A cor descrita em ingls, italiano, espanhol ou outra lngua. Algumas rochas tm designaes de acordo com as cores de pedras preciosas (gemas), plantas ou animais.

    Para uniformizar os termos nos dois sentidos, comercial e cientfico, com vista a facilitar o entendimento e perpasse em ambos os meios recomendvel que os granitos, ditos comerciais, sejam identificados com base nos seguintes dados:

    1. determinao do nome petrogrfico; 2. descrio petrogrfica; 3. composio mineral; 4. composio qumica*; e, 5. propriedades fsicas e mecnicas.

    1.12 Publicaes sobre o tema

    Alguns autores trataram o tema do impacte ambiental de pedreiras de granito sob formas distintas. RODRIGUES (2002) explorou o assunto numa abordagem aplicada ao ensino regular, em especial alunos do ensino secundrio. Na opinio dos participantes a visita de estudo estaria mais vocacionada para aplicar aos alunos dos 7 ano de Cincias Naturais, 10 e 11 anos de Cincias da Terra e da Vida e 12 de Geologia, podendo ainda ter interesse em algumas matrias pontuais da rea de Geografia, isto tendo em conta os actuais programas curriculares.

    * Onde so normalmente citados os seguintes elementos: K= Potssio, Mg= Magnsio, Fe= Ferro, Al= Alumnio, Na= Sdio, Ca= Clcio.

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    Outras publicaes revelaram aspectos intrnsecos ao material causador do impacto ambiental, a destacar VALENTE (2002) que debruou a sua pesquisa sobre a tipologia geral do impacto das actividades extractivas a cu aberto na zona do Minho.

    A abordagem feita por GONZALEZ (1990) enumera os vrios impactos das minas, sempre com uma preocupao de fazer frente s novas restries legais, que j na altura da publicao, acalorava debates entre estudiosos envolvidos na rivalidade entre Minerao X Meio Ambiente. O autor deixava sua marca com pioneirismo de tcnicas e meios avanados para estudar a questo da extraco sob uma perspectiva de profissionalismo.

    O extenso trabalho de MENDES (2002) d ateno especial no embate entre a actividade e os transtornos causados populao vizinha com destaque na interaco entre Pedreiras X Impactos Ambientais X Comunidade Envolvente.

    Outras publicaes de: Referncia principal

    Ttulo semelhante Abordagem/Comentrio MENDES (2000) Levanta a questo ambiental pelo

    ordenamento de territrio em Penafiel RODRIGUES (2002) Objectiva apoiar a prtica da docncia

    secundria Analisa material impactante

    VALENTE (2002) Reabilitao de pedreiras abandonadas e neutralizao de efeitos do impacto.

    MONTEIRO (2003). Faz uso de estudos sedimentolgicos para caracterizao residual mineira.

    Avaliao de impacto

    GONZALEZ (1990) Enumera os impactos das minas, frente as novas restries legais

    JIMENO (1988) Auditoria como instrumento avaliativo PARTIDRIO & JESUS (1994). Sistematiza a AIA a fornecer um roteiro na

    correlao de Causa & Efeito. VALENTE & GOMES (2001) Fornece a tipologia de impactos e de

    qualidade ambiental no Minho. Quadro 1.6 Mostra comparativa e sinttica das diversas publicaes que abordam o tema estudado.

  • ________________________________________________________1 Reviso bibliogrfica

    ___________________________________Impacto ambiental na explorao de pedreiras 28

    MONTEIRO (2003) que aprofundou os estudos granulomtricos das escombreiras aprofunda sua caracterizao sobre a composio das mesmas e a indicao de medidas mitigadoras de bacias (lagoas rasas) de decantao dos materiais residuais em suspenso.

    PARTIDRIO & JESUS (1994) organizam uma publicao que mostra como vrios profissionais, de reas tcnicas diversas, se envolvem numa avaliao sistmica do impacto ambiental. A questo retomada por PARTIDRIO (2003), onde feita uma tomada histrica da evoluo e sintetiza as suas ferramentas at publicao pela Associao Internacional de Avaliao do Impacto Ambiental (IAIA).

  • 2 A Indstria Extractiva

    O ambiente das componentes no econmicas

    de maior peso econmico. OTTMAN, In CASEIRO, 2002.

  • ________________________________________________________2 A indstria extractiva

    ___________________________________Impacto ambiental na explorao de pedreiras 30

    2.1 A utilizao de um bem mineral relevante

    O granito pode ser visto como um bem mineral envolto numa cadeia de interesses dos mais diversos nveis de enlace e participao. Com base no texto de SOBREIRO & VIEIRA (2001), os dados apresentados atestam este facto, evidenciando uma constante e slida evoluo da histria da indstria extractiva de rochas ornamentais, ainda pouco atrada pelos mais notveis estudiosos, em trabalhos de investigao cientfica.

    Sobre as crescentes aplicaes de rochas ornamentais granticas RODRIGUES (2002, pp. 18), afirma que o uso do granito na construo de habitaes tem evoludo desde tempos imemoriais, adaptando-se ao gosto e s necessidades de cada poca, tendo como paradigmas a segurana e durabilidade.

    Os desenvolvimentos do Imprio Grego e depois o do Imprio Romano foram acompanhados por uma expanso das actividades de minerao de metais e de materiais para construo (mrmores, pedras britadas, ornamentais...). Cresceu, em volume e uso, a participao dos recursos minerais na vida econmica dessas sociedades (ALMEIDA, 2003, pp. 43).

    Na construo de castelos, monumentos, templos, casas e edifcios tm-se usado tipos de rochas ornamentais diferentes: pedra macia para alvenaria e cantarias, em placas para revestimentos de paredes interiores e exteriores. Cerca de 70% da produo mundial transformada em chapas e ladrilhos para revestimentos, cerca de 14% desdobrada em peas para arte funerria, 10% para obras estruturais e algo em torno de 6% para outros campos de aplicaes (adaptado de CHIODI, 2001). Podemos observar o Grfico 2.1 ilustrando o seu uso diversificado pelas suas diferentes aplicaes da rocha ornamental em Espanha.

    Nos revestimentos interiores podemos ver granitos nas mais diversas situaes: degraus de escadarias, pavimentos de cho (salas, cozinhas, entradas), soleiras, pavimentos, pias, mesas, bancos, balces (de cozinhas e cales), lareiras foges de sala, colunas e ornamentos diversos (Grfico 2.1).

  • ________________________________________________________2 A indstria extractiva

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    Grfico 2.1 Distribuio percentual no uso da pedra natural. (Espessura mdia de 2 cm, salvo em arte funerria, com espessura normal de 6 cm). Fonte: DIRECTRIO ROC-MAQUINA (2003), extrada de PANORAMA MINERO (2003).

    No exterior usam-se granitos nas caladas, passeios, ruas, muros, colunas, guarnies de portas e janelas, prticos, escadarias exteriores, varandas, ornatos de fachadas, cornijas, pilares, balastres, bancos e mesas de jardim (MOURA, 2002).

    2.2 Suas condies de explorao

    Nos conceitos fundamentais da explorao, torna-se importante definir o que se entende por explorao e quais os tipos existentes, introduzindo o conceito de mtodo de explorao e por ltimo o de mtodo de desmonte.

    Explorao a actividade posterior prospeco e pesquisa, abrangendo o reconhecimento, a preparao e a extraco do minrio bruto, a nvel do solo ou subsolo, bem como o seu preparo e desdobramento, quando processados na prpria rea da lavra. Este preparo, especificamente para rochas ornamentais, pode ser basicamente de dois tipos:

    Subterrneo - os trabalhos realizados para a retirada do minrio no esto em contacto com o ar livre, encontrando-se rodeadas pelos terrenos em caves de subsolo.

    A cu aberto - os trabalhos para a retirada do minrio esto em contacto com o ar livre. o caso da maioria das pedreiras e minas a cu aberto.

    Com destaque sobre uma lavra a cu-aberto vale citar a definio do termo pedreira em AREIAS (1994): o conjunto formado por qualquer massa mineral em explorao, pelas

    Aplicaes de rochas ornamentais

    Outras aplicaes

    18

    10 Estruturas Arte funerria

    Pavimentos 37

    10 14

    Revestimentos internos

    Revestimentos externos

    11

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    instalaes necessrias sua lavra e pelos depsitos das substncias extradas, desperdcios e terras removidas e reeditado pelo artigo 2 do Decreto-Lei n. 270/2001 como o conjunto formado pela rea de extraco e zonas de defesa, pelos depsitos de massas minerais extradas, estreis e terras removidas e, bem assim, pelos seus anexos.

    O que se entende, bem assim, como sendo os seus anexos quaisquer "instalaes e oficinas existentes junto da pedreira para preparao e manuteno das substncias extradas, bem como das instalaes e servios exclusivamente afectos pedreira, a exemplo: as instalaes de quebra, britagem e classificao de pedra, os telheiros, os solos, as oficinas de manuteno e reparao de mquinas, escritrios, etc., ou ainda melhor pelo Decreto-Lei n. 270/2001 pelas instalaes e oficinas para servios integrantes ou auxiliares de explorao de massas minerais e exclusivamente afectos quela, nomeadamente as oficinas para a manuteno dos meios mecnicos utilizados, as instalaes para acondicionamento das substncias extradas, para os servios de apoio imprescindveis aos trabalhadores, bem como os estabelecimentos de indstria extractiva.

    Outros mtodos de preparo para explorao j foram experimentados: o Hidrulico, que pode ser tanto subterrnea como a cu aberto, que consiste em utilizar a fora hidrulica sob altssima presso (essencialmente gua) nas frentes de trabalho para o corte de rochas ornamentais; e, o jet-flame (lana trmica) que utiliza maaricos de fogo com alto poder calorfico para corte nas frentes de lavra. Cada um deles com vantagens e desvantagens em relao aos mtodos mais empregues. Este ltimo, por exemplo, deixa os minerais com uma aparncia queimada nas zonas limtrofes do corte.

    Temos em DMP-IGM (1999) que o conjunto de processos utilizados e de solues adoptadas para a remoo da substncia til contida numa fraco de jazigo denomina-se como: Mtodo de Lavra. A substncia til, neste caso, a prpria rocha em que est contida uma parte de rocha ornamental com o padro esttico pretendido. um conceito mais geral que o Mtodo de Desmonte pois engloba os seguintes elementos fundamentais:

    Domnio dos terrenos; Tipo de preparo efectuado; Disposio das vias de transporte; Modo de retirada dos produtos; Forma, extenso, orientao e sentido de progresso da frente de desmonte Desenvolvimento na horizontal e na vertical, da explorao; Tratamento dos vazios da explorao e deposio dos rejeitos e gesto do bota-fora.

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    ___________________________________Impacto ambiental na explorao de pedreiras 33

    Assim pode-se dizer que o mtodo de lavra engloba operaes de desmonte, o domnio de terrenos, o traar, a preparao, a remoo, etc. Mtodo de desmonte definido como o conjunto de processos utilizados para proceder ao arranque do minrio do macio. Trata-se de um conceito mais restrito que o de mtodo de lavra, pois engloba apenas o conjunto de operaes necessrias extraco da substncia til da frente de trabalho.

    Uma vez compreendidos os conceitos de mtodo de explorao e mtodo de desmonte, torna-se fundamental compreender os princpios e regras fundamentais que regem a explorao mineira.

    So quatro princpios fundamentais da explorao mineira bem concebida: Economia; Segurana; Bom aproveitamento do jazigo. Proteco Ambiental (recentemente incorporado como novo paradigma).

    Um fluxo-de-caixa positivo ser reflexo da adopo de medidas econmicas num jazigo, como um princpio fundamental para sua rentabilidade e s desta forma se torna vivel explorao. A boa gesto deve ser integrante de todo o sistema produtivo dando particular ateno a todos os elementos susceptveis de redundar na reduo do custo do minrio explorado, como sejam por exemplo, a boa gesto na organizao e optimizao do trabalho mineiro na procura constante de melhores solues tcnicas disponveis.

    A segurana pode ser o mais importante princpio da explorao a respeitar, estando relacionada com o princpio atrs referido. Caso ocorram sinistros na lavra os trabalhos sofrem sria perda econmica. Para que uma explorao possa decorrer com normalidade e eficincia os trabalhadores devero sentir-se seguros em condies que possam desempenhar os trabalhos adequadamente. No seguindo isso, resultar num ritmo abrandado de trabalho com o consequente aumento dos custos de explorao, o que vai contra o primeiro princpio enunciado.

    Maximizar o aproveitamento do jazigo parte da lgica que caracteriza a explorao mineral, o que significa dizer que esta riqueza, salvo raras excepes, no se regenera, sendo por conseguinte esgotvel sendo relevante lembrar o porqu da sua limitao no prprio esgotamento progressivo do seu objecto de extraco. , assim, indispensvel que uma boa tcnica mineira se baseie no melhor aproveitamento dos jazigos sendo necessrio ter em considerao os inmeros aspectos resumidos como regras fundamentais da boa explorao:

  • ________________________________________________________2 A indstria extractiva

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    Economia geral; Boa aplicao do mtodo de explorao; Minimizao de custo de operaes diferentes; Aproveitamento racional das disposies e bens naturais; Aperfeioamento permanente, atravs da formao contnua; e, Equilbrio e uso de bom senso entre os princpios fundamentais.

    Uma primeira anlise dos quatro princpios anteriormente enunciados poder levar concluso de que actuam em sentido inverso, j que uma explorao muito segura pode ser cara (na contraposio de Segurana versus Economia). De outro modo, o mau aproveitamento, ou que uma lavra muito econmica pode ser perigosa e ambientalmente agressiva (contrapondo Aproveitamento, Economia versus Ambiente).

    O bom senso e o grau de equilbrio atingido entre os quatro princpios fundamentais, podem constituir uma das caractersticas que melhor define a pretendida perfeio de uma explorao mineira.

    A boa aplicao do mtodo de explorao importante, sendo considerado bom mtodo todo aquele que: seguro, tenha um bom rendimento econmico, aproveite bem o jazigo e proteja eficazmente o ambiente circundante.

    Tanto a aplicabilidade do mtodo quanto a sua regularidade tornam-se elementos especiais, sendo prefervel um mtodo regular, bem aplicado e com continuidade. Um mtodo de lavra que no possa ser compreendido pela sua complexidade, ser imperfeitamente executado ou deficientemente gerido.

    A economia geral uma regra vlida na medida em que qualquer tentativa exagerada de minimizao de custos numa dada operao (por exemplo no desmonte) ir reflectir-se de uma forma negativa numa operao subsequente (por exemplo na esquartejamento). O esforo tendente reduo do preo de custo do produto deve ser feito de um modo geral considerando o todo o processo (retirada de fatias e individualizao dos blocos) e no apenas uma s parte. O aperfeioamento permanente sem dvida uma regra que condiciona todo o processo tcnico e/ou humano. Por conseguinte deve merecer a maior ateno no ramo mineiro e no ser descurado, como o , na maioria dos casos. Neste item destacam-se as maiores e mais organizadas empresas do sector, com contnuos programas de formao envolvendo todos empregados e vrias seces da empresa.

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    O melhor aproveitamento de factores positivos dos bens naturais, caso sejam tomadas em considerao na aplicao e escolha do mtodo de explorao ocorrentes na rea do jazigo, pode determinar substanciais economias.

    2.3 A lavra a cu aberto

    Em DMP-IGM (1999) a explorao que se desenvolva a cu aberto feita, quase sempre, por bancadas ou degraus (rectilneos), sendo necessrio que o profissional tenha um plano de lavra contendo os seguintes elementos:

    diagramas de fogo (se for inevitvel cada vez mais em desuso); posio das mquinas de desmonte em relao frente de lavra em livre deslocao; condies de circulao dos trabalhadores e vias de circulao das mquinas

    perfuratrizes; configurao da escavao, sua estabilidade nas frentes e taludes; dimenses das frentes de desmonte das bancadas (altura e largura das bases dos

    degraus; e, local de deposio de eventuais bota-foras e suas dimenses.

    Fig. 2.1 Esquema ilustrativo do desmonte em flanco de encosta. Modificado de CICCU (2005).

    Manto de cobertura

    Rocha explorvel

    Praa de desdobramento

  • ________________________________________________________2 A indstria extractiva

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    Frentes de desmonte

    Rocha explorvel

    Linhas de superfcie com manto de cobertura a retirar

    Frentes de cobertura mais estril

    Nas exploraes a cu aberto as dimenses das bancadas devem ser uma garantia de execuo segura das manobras nas seguintes condies:

    cuidado na altura dos degraus; na base de cada bancada deve existir um patamar, com largura, para permitir a

    segurana da execuo dos trabalhos e a circulao dos trabalhadores, no podendo na configurao final esta largura ser inferior a 3 m, tendo em vista os trabalhos de recuperao;

    os trabalhos de arranque numa bancada s devem ser retomados depois de retirados os escombros provenientes do arranque anterior, de forma a deixar limpos as suas bases.

    Dois mtodos de desmonte a cu aberto so usados para extraco de rochas ornamentais:

    Flanco de encosta; Corta (abaixo da superfcie_ Fig. 2.2).

    Fig. 2.2 Esquema ilustrativo do desmonte em corta. Modificado de CICCU (20005).

    O mtodo de desmonte est essencialmente dependente das caractersticas da explorao, pelo que o mtodo usado para exploraes de rocha ornamental ser completamente diferente do usado em exploraes de rochas industriais. Assim, dado o facto de as operaes inerentes ao mtodo de desmonte dos dois tipos de explorao serem diferentes, optou-se por trat-los separadamente.

  • ________________________________________________________2 A indstria extractiva

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    2.4 Caracterizao da lavra de rocha ornamental

    Nas exploraes de rocha ornamental programado o desmonte de blocos primrios, blocos esses que so definidos consoante as caractersticas estruturais do macio, pelas produes requeridas, mo-de-obra e equipamentos disponveis DMP-IGM (1999).

    Entende-se por tempo de desmonte de um bloco primrio o tempo necessrio explorao at retirada completa do estril e do minrio gerado pelo mesmo. A explorao de um bloco primrio faz-se em 6 operaes fundamentais, as quais se dividem por sua vez em operaes secundrias.

    Aps a limpeza da rocha til as operaes fundamentais desta lavra seguem desta forma:

    furao; corte; extraco; derrube; esquartejamento; e, preparo na individualizao dos blocos.

    A definio de cada uma das operaes deve constar no plano de lavra e tem por objectivo o aproveitamento mximo de blocos de dimenso comercial.

    O desmonte inicia-se com a operao de furao (Fig. 2.3, ponto 1), sendo os furos realizados com o objectivo de definir materialmente a rea do bloco primrio e a largura das fatias, esta a dimenso do bloco a desmontar.

    Aps a execuo dos referidos furos introduzido o fio helicoidal diamantado, roadora ou jacto hidrulico com vista realizao do corte de levante (corte de fundo). Em seguida, para individualizao do bloco primrio, so realizados os cortes laterais.

    Uma vez terminada a individualizao do bloco primrio (pontos de n 1 da fig. 2.3), procede-se ao corte do bloco em fatias que definem o bloco maior transportvel, com a operao do seu esquartejamento adaptando-o medida ideal para a serragem e desdobramento em placas num tear de serragem (engenho da indstria transformadora) em placas.

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    Fig. 2.3 Ilustrao de uma pedreira de rocha ornamental. (1=corte primrio para desabamento de fatias maiores, 2= esquartejamento em corte secundrio, 3= vias de transporte dos blocos. Modificado de CICCU (2005).

    O derrube de uma fatia realizado com o auxlio de cunhas, lama expansiva, almofada ou macaco hidrulico, que originam o desequilbrio da fatia at esta cair numa "cama" previamente realizada (Fig. 2.4). Este cuidado funciona como amortecedor de impacto na queda da fatia derrubada, minimizando a quantidade de fracturas (mantendo o padro esttico e de sanidade por todo o produto) induzidas pelo choque, e vai ajudar operao futura de esquartejamento. A cama pode ser construda com terra, fragmentos de rochas e pneus velhos.

    Fig. 2.4 e Foto 2.1 Ilustrao com detalha a posio de uma cama para amortecimento das fatias primrias do derrube, retratado no seu exacto m