dirteriz atendimento a transtorno do espectro aautismo

75
5/20/2018 DirterizAtendimentoaTranstornoDoEspectroAautismo-slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/dirteriz-atendimento-a-transtorno-do-espectro-aautismo Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) 1 Diretrizes de Atenção MINISTÉRIO DA SAÚDE Brasília – DF 2013 à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)    V    E    R   S    Ã   O    P    R    E    L    I    M    I    N   A    R

Upload: marcioaltisent

Post on 09-Oct-2015

19 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    1AT

    Diretrizes de Ateno

    MINISTRIO DA SADE

    Braslia DF2013

    Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    VERS

    O P

    RELI

    MINA

    R

  • Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    Diretrizes de Ateno

    MINISTRIO DA SADESecretaria de Ateno Sade

    Departamento de Aes Programti cas Estratgicas

    Braslia DF2013

    F. Comunicao e Educao em Sade

    Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    VERS

    O P

    RELI

    MINA

    R

  • Ministrioda Sade

    54

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    54

    2013 Ministrio da Sade.Todos os direitos reservados. permiti da a reproduo parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que no seja para venda ou qualquer m comercial. A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra da rea tcnica. A coleo insti tucional do Ministrio da Sade pode ser acessada, na ntegra, na Biblioteca Virtual em Sade do Ministrio da Sade: .

    Tiragem: 1 edio 2013 500 exemplares

    Elaborao, distribuio e informaesMINISTRIO DA SADE Secretaria de Ateno SadeDepartamento de Aes Programti cas e Estratgicasrea Tcnica de Sade da Pessoa com DeficinciaSAF/Sul, Trecho 2, Edif cio Premium, Torre 2, bloco F, trreo, sala 11CEP: 70070-600 Braslia/DFSite: E-mail: pessoacomde [email protected]

    CoordenaoDrio Frederico Pasche Vera Lcia Ferreira Mendes

    OrganizaoMariana Fernandes CamposVera Lcia Ferreira Mendes

    Reviso Tcnica: Jacy Perissinoto Mariana Fernandes CamposRuth Ramalho Ruivo Palladino Vera Lcia Ferreira Mendes

    ColaboradoresCleonice Alves Bosa Daniela Fernanda MarquesFernanda Prada MachadoJacy Perissinoto Jos Salomo Schwartzman Maria Amrica Coimbra de AndradeMarisa Furia SilvaRogrio LernerRuth Ramalho Ruivo PalladinoSilvia Maria Arcuri

    Projeto Gr co e diagramaoAlisson Sbrana

    FotosAcervo rea Tcnica de Sade da Pessoa com Deficincia

    Normalizao

    Impresso no Brasil / Printed in Brazil

    Ficha Catalogr ca___________________________________________________________________________________________

    Brasil. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Departamento de Aes Programti cas Estratgicas. Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Auti smo / Ministrio da Sade, Secretaria de Ateno Sade, Departamento de Aes Programti cas Estratgicas. Braslia : Ministrio da Sade, 2013.

    74, p. : il. - (Srie F. Comunicao e Educao em Sade)

    1. Transtornos do Espectro do Auti smo. 2. Sade pblica. 3. Polti cas pblicas. CDU 619.899

    _________________________________________________________________________________________________________

    Catalogao na fonte Coordenao-Geral de Documentao e Informao Editora MS

  • Ministrioda Sade

    76

    Prefcio

    A Conveno sobre os Direitos da Pessoa com De cincia (NY, 2007), promulgada pelo Estado Brasileiro pelo decreto 6.949 em 25/08/09,

    resultou numa mudana paradigmti ca das condutas oferecidas s

    Pessoas com De cincia, elegendo a acessibilidade como ponto

    central para a garanti a dos direitos individuais. A Conveno, em seu

    arti go 1, a rma que a pessoa com de cincia aquela que tm impedimentos de longo prazo, de natureza f sica, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interao com diversas barreiras, podem obstruir sua parti cipao plena e efeti va na sociedade em igualdade

    de condies com as demais pessoas.

    Desde ento, o Estado brasileiro tem buscado, por meio da formulao

    de polti cas pblicas, garanti r a autonomia; a ampliao do acesso

    sade; educao; ao trabalho, entre outros, com objeti vo de

    melhorar as condies de vida das pessoas com de cincia. Em

    dezembro de 2011 lanado o Viver sem Limite: Plano Nacional de Direitos da Pessoa com De cincia (Decreto 7.612 de 17/11/11) e,

    como parte integrante deste programa, o Ministrio da Sade insti tui

    a Rede de Cuidados Sade da Pessoa com De cincia no mbito do SUS (Portaria 793, de 24/04/12), estabelecendo diretrizes para o cuidado s pessoas com de cincia temporria ou permanente;

    progressiva; regressiva ou estvel; intermitente ou cont nua.

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    76

    Tambm em consonncia com a Conveno sobre os Direitos da Pessoa

    com De cincia, o governo brasileiro insti tui a Polti ca Nacional de

    Proteo dos Direitos da Pessoa com Transtornos do Espectro do Auti smo (Lei 12.764 de 27/12/12), sendo esta considerada Pessoa

    com De cincia para todos os efeitos legais.

    Esse processo resultado da luta de movimentos sociais, entre os quais enti dades e associaes de pais de pessoas com transtornos do

    espectro do auti smo que, passo a passo, vm conquistando direitos

    e, no campo da sade, ajudando a construir equidade e integralidade

    nos cuidados das Pessoas com Transtornos do Espectro do Auti smo.

    Esta Diretriz um dos resultados da conjuno de esforos da sociedade civil e do governo brasileiro. Coordenado pelo Ministrio da

    Sade, um grupo de pesquisadores e especialistas e vrias enti dades,

    elaborou o material aqui apresentado, oferecendo orientaes

    relati vas ao cuidado sade das Pessoas com Transtornos do

    Espectro do Auti smo, no campo da habilitao/reabilitao na Rede

    de Cuidados Pessoa com De cincia.

    Vale ainda salientar que para que a ateno integral pessoa com

    transtorno do espectro do auti smo seja efeti va, as aes aqui

    anunciadas devem estar arti culadas a outros pontos de Ateno da

    Rede SUS (ateno bsica, especializada e hospitalar), bem como os

    servios de proteo social (centros dia, residncias inclusivas, CRAS

    e CREAS), e de educao.

  • Ministrioda Sade

    98

    SUMRIO

    1 OBJETIVO

    2 METODOLOGIA

    3 INTRODUO

    4 INDICADORES DO DESENVOLVIMENTO E SINAIS DE ALERTA

    5 INSTRUMENTOS DE RASTREAMENTO

    6 COMPORTAMENTOS ATPICOS, REPETITIVOS E ESTEREOTIPADOS COMO INDICADORES DA PRESENA DE TEA

    7 DIRETRIZES DIAGNSTICAS DOS TEA

    8 O MOMENTO DA NOTCIA DO DIAGNSTICO DE TEA

    9 PROJETO TERAPUTICO SINGULAR: HABILITAO/REABILITAO DA PESSOA COM TEA

    10 APOIO E ACOLHIMENTO FAMLIA DA PESSOA COM TEA

    11 FLUXOGRAMA DE ACOMPANHAMENTO E ATENDIMENTO DA PESSOA COM TEA NA REDE SUS

    REFERNCIAS

    09

    11

    13

    20

    29

    32

    36

    53

    56

    63

    64

    66

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    98

    1 Objetivo

  • Ministrioda Sade

    1110

    O objeti vo desta diretriz oferecer orientaes s equipes

    multi pro ssionais para o cuidado sade da pessoa com Transtornos

    do Espectro do Auti smo (TEA) e sua famlia, nos diferentes pontos de

    ateno da Rede de Cuidados Pessoa com De cincia.

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    1110

    2 Metodologia

    A elaborao das Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa

    com Transtornos do Espectro do Auti smo foi uma ao conjunta

    de pro ssionais, pesquisadores e especialistas, com experincia

    reconhecida em diversas pro sses da sade e pertencentes a

    Sociedades Cient cas e Pro ssionais. Esse grupo contou tambm

    com um representante da sociedade civil.

    A apresentao da problemti ca resultou de pesquisa bibliogr ca

    em material nacional e internacional publicado nos lti mos 70 anos, o que permiti u construir um pequeno, mas representati vo resumo

    do estado da arte. As recomendaes, por sua vez, tambm foram

    consequncia de um trabalho de reviso crti ca da experincia prti ca

    dos membros do grupo, cada um em sua especialidade de trabalho

    com as pessoas com Transtornos do Espectro do Auti smo.

  • Ministrioda Sade

    1312

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    1312

    3 Introduo

    3.1 Histrico

    O termo auti smo foi introduzido na psiquiatria por Plouller, em

    1906, como item descriti vo do sinal clnico de isolamento (encenado

    pela repeti o da auto-referncia) frequente em alguns casos.

    Em 1943, Kanner reformulou o termo como distrbio aut sti co do

    contato afeti vo, descrevendo uma sndrome com o mesmo sinal

    clnico de isolamento, ento observado num grupo de crianas com

    idades variando entre 2 anos e 4 meses a 11 anos . Ele apresentou as

    seguintes caractersti cas, como parte do quadro clnico que justi cava

    a determinao de um transtorno do desenvolvimento: 1) extrema

    di culdade para estabelecer vnculos com pessoas ou situaes;

    2) ausncia de linguagem ou incapacidade no uso signi cati vo da

    linguagem; 3) boa memria mecnica; 4) ecolalia1; 5) repeti o de

    pronomes sem reverso; 6) recusa de comida; 7) reao de horror

    a rudos fortes e movimentos bruscos; 8) repeti o de ati tudes; 9)

    manipulao de objetos, do ti po incorporao; 10) f sico normal; 11)

    famlia normal.

    Em 1956, ele elege dois sinais como bsicos para a identi cao do

    quadro: o isolamento e a imutabilidade e con rma a natureza inata

    do distrbio. O quadro do auti smo passou, desde ento, a ser referido

    por diferentes denominaes, tendo sido descrito por diferentes

    1 Genericamente, a ecolalia se caracteriza pela repetio sistemtica de palavras ou slabas do enunciado do interlocutor.

  • Ministrioda Sade

    1514

    sinais e sintomas dependendo da classi cao diagnsti ca adotada a

    parti r dos dois sinais bsicos estabelecidos por Kanner.

    O conceito do Auti smo Infanti l (AI), portanto, se modi cou desde

    sua descrio inicial, passando a ser agrupado em um cont nuo de

    condies com as quais guarda vrias similaridades, que passaram

    a ser denominadas de Transtornos Globais (ou Invasivos) do

    Desenvolvimento (TGD). Mais recentemente, denominaram-se os

    Transtornos do Espectro do Auti smo (TEA) para se referir a uma parte

    dos TGD: o Auti smo; a Sndrome de Asperger; e o Transtorno Global

    do Desenvolvimento sem Outra Especi cao, portanto no incluindo

    Sndrome de Rett e Transtorno Desintegrati vo da Infncia.

    O auti smo considerado uma sndrome neuropsiquitrica. Embora

    uma eti ologia espec ca no tenha sido identi cada, estudos sugerem

    a presena de alguns fatores genti cos e neurobiolgicos que podem

    estar associados ao auti smo (anomalia anatmica ou siolgica

    do SNC; problemas consti tucionais inatos, predeterminados

    biologicamente). Fatores de risco psicossociais tambm foram

    associados. Nas diferentes expresses do quadro clnico, diversos

    sinais e sintomas podem estar ou no presentes, mas as caractersti cas

    de isolamento e imutabilidade de condutas esto sempre presentes.

    O quadro, inicialmente, foi classi cado no grupo das psicoses infanti s.

    Na tentati va de diferenciao da esquizofrenia de incio precoce,

    prevaleceu o conceito de que os sinais e sintomas devem surgir antes

    dos 03 anos de idade, e os trs principais grupos de caractersti cas

    so: problemas com a linguagem; problemas na interao social; e

    problemas no repertrio de comportamentos (restrito e repeti ti vo),

    o que inclui alteraes nos padres dos movimentos.

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    1514

    Sendo assim, duas questes tornaram-se evidentes: a importncia

    da deteco precoce e a necessidade do diagnsti co diferencial. A

    primeira se refere a uma melhor de nio de sinais, ou ainda, a uma

    possibilidade de identi cao dos mesmos no perodo em que a

    comunicao e expresso individual e social comeam a se moldar:

    primeiros meses de vida. Nesse ponto vale uma observao: a

    importncia atribuda dimenso intelectual se d em detrimento do

    estudo da linguagem dessas pessoas, que aparece de forma genrica

    nos apontamentos sobre comunicao, privilegiada para descrever o

    sintoma bsico do isolamento. Portanto, faz-se necessria a de nio

    de indicadores de risco para o quadro, em vrias dimenses. A

    segunda questo se refere construo de protocolos econmicos

    e e cientes de diagnsti co e tratamento, separando os casos

    de transtornos do espectro do auti smo de um quadro geral dos

    transtornos do desenvolvimento, como medida de ajuste rede de

    cuidados sade nesses casos.

    3.2 Epidemiologia

    Os dados epidemiolgicos internacionais indicam uma maior

    incidncia de TEA no sexo masculino, com uma proporo de cerca de

    4,2 nascimentos para cada um do sexo feminino (Fombonne, 2009;

    Rice, 2007). A prevalncia esti mada em um em cada 88 nascimentos

    (Centers for Disease Control and Preventi on, 2012), con rmando a

    a rmao de que o auti smo tem se tornado um dos transtornos do

    desenvolvimento mais comuns (Fombonne, 2009; Newscha er et al.,

    2007).

  • Ministrioda Sade

    1716

    No Brasil, os estudos epidemiolgicos so escassos. No Primeiro

    Encontro Brasileiro para Pesquisa em Auti smo (EBPA - htt p://www6.

    ufrgs.br/ebpa2010/), Fombonne (2010) esti mou uma prevalncia de

    aproximadamente 500 mil pessoas com auti smo em mbito nacional,

    baseando-se no Censo de 2000. Dentre os poucos estudos realizados,

    h um piloto (De Paula, Ribeiro, Fombonne e Mercadante, 2011)

    realizado em uma cidade brasileira, que apontou uma prevalncia

    de aproximadamente 0,3% de pessoas com transtornos globais

    do desenvolvimento. De acordo com os prprios autores, dada a

    pouca abrangncia da pesquisa, no existem ainda esti mati vas de

    prevalncia con veis em nosso pas.

    3.3 Classificao e descrio

    Os sistemas internacionalmente uti lizados na classi cao desse

    quadro so o Cdigo Internacional das Doenas e Problemas

    Relacionados Sade (CID-10) e o Cdigo Internacional de

    Funcionalidades (CIF).

    O CID-10 tem dois objeti vos determinados: estudos epidemiolgicos

    gerais e avaliao da assistncia sade. O seu captulo V trata

    dos Transtornos Mentais e Comportamentais, tendo uma subparte

    dedicada aos Transtornos do Desenvolvimento Psicolgico e,

    nesta parte, uma diviso relati va aos Transtornos Globais do

    Desenvolvimento (F-84), na qual se alocam:

    o auti smo infanti l (F84-0) ,

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    1716

    o auti smo at pico (F84-1),

    a sndrome de Rett (F84-2),

    a sndrome de Aspeger (F84-5),

    o Transtorno desintegrati vo da Infancia (F84-3) e

    o Transtorno Geral do desenvolvimento no especi cado (F84-9) .

    Note-se que, nessa mesma subparte, se alocam: problemas no

    desenvolvimento de fala e linguagem (F-80); no desenvolvimento

    das habilidades escolares (F-81); e no desenvolvimento motor

    (F-82), compondo uma classi cao geral dos problemas do

    desenvolvimento.

    A CIF, um sistema de classi cao funcional, traz as dimenses das ati vidades (execuo de tarefas ou aes por um indivduo) e da

    parti cipao (ato de envolver-se em uma situao vital) de cada pessoa,

    bem como os quali cadores de desempenho (aquilo que o indivduo

    faz no seu ambiente atual/real) e de capacidade (potencialidade ou di culdade de realizao de ati vidades), nas seguintes reas:

    Aprendizagem e aplicao do conhecimento

    Tarefas e Demandas Gerais

    Comunicao

    Mobilidade

  • Ministrioda Sade

    1918

    Cuidado Pessoal

    Vida Domsti ca

    Relaes e Interaes Interpessoais

    reas Principais da Vida

    Vida Comunitria, Social e Cvica

    A CIF permite a identi cao de facilitadores e barreiras dentre os

    Fatores Ambientais (f sico, social e de ati tude) peculiares a cada

    pessoa em diferentes momentos da vida:

    Produtos e Tecnologia (ex.: medicamentos; prteses)

    Ambiente Natural e Mudanas Ambientais feitas pelo Ser

    Humano (ex.: est mulos sonoros)

    Apoio e Relacionamentos (ex.: pro ssionais de sade)

    Ati tudes (ex.: de membros da famlia imediata)

    Servios, Sistemas e Polti cas (ex.: sistemas de educao e

    treinamento)

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    1918

  • Ministrioda Sade

    2120

    4 Indicadores do desenvolvimento e sinais de alerta

    A identi cao de sinais iniciais de problemas possibilita a instaurao

    imediata de intervenes extremamente importantes, uma vez que os

    resultados positi vos em resposta a terapias so to mais signi cati vos

    quanto mais precocemente insti tudos. A maior plasti cidade das

    estruturas antomo- siolgicas do crebro nos primeiros anos de

    vida, bem como o papel fundamental das experincias de vida de

    um beb, para o funcionamento das conexes neuronais e para a

    consti tuio psicossocial, tornam este perodo um momento sensvel

    e privilegiado para intervenes. Assim, as intervenes precoces

    em casos de TEA tm maior e ccia e contemplam maior economia,

    devendo ser privilegiadas pelos pro ssionais.

    Nas aes de assistncia materno-infanti l da Ateno Bsica, por

    exemplo, as equipes pro ssionais so importantes na tarefa de

    identi cao de sinais de alerta s alteraes no desenvolvimento da

    criana.

    H uma necessidade crescente de possibilitar a identi cao precoce

    desse quadro clnico para que crianas com TEA possam ter acesso

    a aes e programas de interveno o quanto antes. Sabe-se que

    manifestaes do quadro sintomatolgico devem estar presentes at

    os trs anos de idade da criana, fator que favorece o diagnsti co

    precoce.

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    2120

    Assim, inventrios de desenvolvimento das competncias e

    habilidades, e de sinais de alerta para problemas so um importante

    material para instrumentalizar as equipes de sade na tarefa de

    identi cao desses casos.

    importante observar no somente a presena ou ausncia de uma

    competncia e/ou habilidade, mas sua qualidade e frequncia nos

    contextos de vida das pessoas. Entre os principais aspectos a serem

    observados, destacamos:

  • Ministrioda Sade

    2322

    Indicadores do Desenvolvimento Infanti lSinais de Alerta para

    TEA

    De

    0 a

    6 M

    eses

    Interao Social

    Por volta dos 3 meses de idade crianas passam a acompanhar e a buscar o olhar de seu cuidador.

    Criana com TEA pode no fazer isto ou fazer com frequncia menor.

    Em torno dos 6 meses de idade possvel observar que as crianas prestam mais ateno em pessoas do que em objetos ou brinquedos.

    Criana com TEA pode prestar mais ateno em objetos.

    Linguagem

    Desde o comeo, a criana parece ter ateno (melodia da) fala humana. Aps os 3 meses, ela j identi ca a fala de seu cuidador, mostrando reaes corporais. Para sons ambientais, apresenta expresses, por exemplo, de susto/choro/tremor.

    Criana com TEA pode ignorar ou apresentar pouca resposta aos sons de fala.

    Desde o comeo, a criana apresenta balbucio intenso e indiscriminado, bem como gritos aleatrios, de volume e intensidade variados, na presena ou na ausncia do cuidador. Por volta dos 6 meses, comea uma discriminao nestas produes sonoras, que tendem a aparecer principalmente na presena do cuidador.

    Criana com TEA pode tender ao silncio e/ou a gritos aleatrios.

    No inicio, o choro indiscriminado. Por volta dos 3 meses, h o incio de diferentes formataes de choro: choro de fome, de birra, etc. Estes formatos diferentes esto ligados ao momento e/ou a um estado de desconforto.

    Criana com TEA pode ter um choro indisti nto nas diferentes ocasies, e pode ter frequentes crises de choro duradouro, sem ligao aparente a evento ou pessoa.

    BrincadeirasAs crianas olham para o objeto e o exploram de diferentes formas (sacodem, ati ram, batem e etc.)

    Ausncia ou raridade desses comportamentos exploratrios pode ser um indicador de TEA.

    Alimentao

    A amamentao um momento privilegiado de ateno por parte da criana aos gestos, expresses faciais e fala de seu cuidador.

    Criana com TEA pode apresentar di culdades nestes aspectos.

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    2322

    Indicadores do Desenvolvimento Infanti lSinais de Alerta para

    TEA

    De

    0 a

    6 M

    eses

    Interao Social

    Por volta dos 3 meses de idade crianas passam a acompanhar e a buscar o olhar de seu cuidador.

    Criana com TEA pode no fazer isto ou fazer com frequncia menor.

    Em torno dos 6 meses de idade possvel observar que as crianas prestam mais ateno em pessoas do que em objetos ou brinquedos.

    Criana com TEA pode prestar mais ateno em objetos.

    Linguagem

    Desde o comeo, a criana parece ter ateno (melodia da) fala humana. Aps os 3 meses, ela j identi ca a fala de seu cuidador, mostrando reaes corporais. Para sons ambientais, apresenta expresses, por exemplo, de susto/choro/tremor.

    Criana com TEA pode ignorar ou apresentar pouca resposta aos sons de fala.

    Desde o comeo, a criana apresenta balbucio intenso e indiscriminado, bem como gritos aleatrios, de volume e intensidade variados, na presena ou na ausncia do cuidador. Por volta dos 6 meses, comea uma discriminao nestas produes sonoras, que tendem a aparecer principalmente na presena do cuidador.

    Criana com TEA pode tender ao silncio e/ou a gritos aleatrios.

    No inicio, o choro indiscriminado. Por volta dos 3 meses, h o incio de diferentes formataes de choro: choro de fome, de birra, etc. Estes formatos diferentes esto ligados ao momento e/ou a um estado de desconforto.

    Criana com TEA pode ter um choro indisti nto nas diferentes ocasies, e pode ter frequentes crises de choro duradouro, sem ligao aparente a evento ou pessoa.

    BrincadeirasAs crianas olham para o objeto e o exploram de diferentes formas (sacodem, ati ram, batem e etc.)

    Ausncia ou raridade desses comportamentos exploratrios pode ser um indicador de TEA.

    Alimentao

    A amamentao um momento privilegiado de ateno por parte da criana aos gestos, expresses faciais e fala de seu cuidador.

    Criana com TEA pode apresentar di culdades nestes aspectos.

    Indicadores do Desenvolvimento Infanti l Sinais de Alerta para TEA

    De

    6 a

    12 M

    eses

    Interao Social

    Comeam a apresentar comportamentos antecipatrios (ex: estender os braos e fazer contato visual para pedir colo) e imitati vos (por exemplo: gesto de beijo).

    Crianas com TEA podem apresentar di culdades nesses comportamentos.

    Linguagem

    Choro bastante diferenciado e gritos menos aleatrios.

    Crianas com TEA podem gritar muito e manter seu choro indiferenciado, criando uma di culdade para seu cuidador entender suas necessidades.

    Balbucio se diferenciando; risadas e sorrisos.

    Crianas com TEA tendem ao silncio e a no manifestar amplas expresses faciais com signi cado.

    Ateno a convocaes (presta ateno fala materna ou do cuidador e comea a agir como se conversasse, respondendo com gritos, balbucios, movimentos corporais).

    Crianas com TEA tendem a no agir como se conversassem.

    A criana comea a atender ao ser chamada pelo nome.

    Crianas com TEA podem ignorar ou reagir apenas aps insistncia ou toque.

    Comea a repeti r gestos de acenos, palmas, mostrar a lngua, dar beijo, etc.

    Crianas com TEA podem no repeti r gestos (manuais e/ou corporais) frente a uma solicitao ou pode passar a repeti -los fora do contexto, aleatoriamente.

    Brincadeiras

    Comeam as brincadeiras sociais (como brincar de esconde-esconde), a criana passa a procurar o contato visual para manuteno da interao

    A criana com TEA pode precisar de muita insistncia do adulto para se engajar nas brincadeiras.

    Alimentao

    Perodo importante porque sero introduzidos texturas e sabores diferentes (sucos, papinhas) e, sobretudo, porque ser iniciado desmame.

    Crianas com TEA podem ter resistncia a mudanas e novidades na alimentao.

  • Ministrioda Sade

    2524

    Indicadores do Desenvolvimento Infanti l Sinais de Alerta para TEA

    De

    12 a

    18

    Mes

    es

    Aos 15-18 meses as crianas apontam (com o dedo indicador) para mostrar coisas que despertam a sua curiosidade. Geralmente, o gesto acompanhado por contato visual e, s vezes, sorrisos e vocalizaes (sons). Ao invs de apontar elas podem mostrar as coisas de outra forma (ex: colocando-as no colo da pessoa ou em frente aos seus olhos).

    A ausncia ou raridade deste gesto de ateno comparti lhamento pode ser um dos principais indicadores de TEA.

    Surgem as primeiras palavras (em repeti o) e, por volta do 18o ms, os primeiros esboos de frases (em repeti o a fala de outras pessoas).

    Crianas com TEA podem no apresentar as primeiras palavras nesta faixa de idade.

    A criana desenvolve mais amplamente a fala, com um uso gradati vamente mais apropriado do vocabulrio e da gramti ca. H um progressivo descolamento de usos congelados (situaes do coti diano muito repeti das) para um movimento mais livre na fala.

    Crianas com TEA podem no apresentar este descolamento/sua fala pode parecer muito adequada, mas porque est em repeti o, sem autonomia.

    A compreenso vai tambm saindo das situaes coti dianamente repeti das e se ampliando para diferentes contextos.

    Crianas com TEA mostram di culdade em ampliar sua compreenso de situaes novas.

    A comunicao , em geral, acompanhada por expresses faciais que re etem o estado emocional das crianas (ex: arregalar os olhos e xar o olhar no adulto para expressar surpresa, ou ento constrangimento, vergonha).

    Crianas com TEA tendem a apresentar menos variaes na expresso facial ao se comunicarem, a no ser alegria/excitao, raiva ou frustrao.

    Aos 12 meses a brincadeira exploratria ampla e variada. A criana gosta de descobrir os diferentes atributos (textura, cheiro, etc.) e funes dos objetos (sons, luzes, movimentos, etc.).

    A criana com TEA tende a explorar menos objetos e, muitas vezes, xa-se em algumas de suas partes, sem explorar as funes (ex.: passar mais tempo girando a roda de um carrinho do que empurrando-o).

    O jogo de faz-de-conta emerge por volta dos 15 meses e deve estar presente de forma mais clara aos 18 meses de idade.

    Em geral, isso no ocorre no TEA.

    A criana gosta de descobrir as novidades na alimentao, embora possa resisti r um pouco no incio.

    Crianas com TEA podem ser muito resistentes introduo de novos alimentos na dieta.

    Inte

    ra

    o So

    cial

    Ling

    uage

    mBr

    inca

    deir

    asA

    limen

    ta

    o

    25

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    2524

    Indicadores do Desenvolvimento Infanti l Sinais de Alerta para TEA

    H interesse em pegar objetos oferecidos pelo seu parceiro cuidador. Olham para o objeto e para quem o oferece.

    Crianas com TEA podem no se interessar e no tentar pegar objetos estendidos por pessoas ou faz-lo somente aps muita insistncia.

    A criana j segue o apontar ou o olhar do outro, em vrias situaes.

    Crianas com TEA podem no seguir o apontar ou o olhar dos outros; podem no olhar para o alvo ou olhar apenas para o dedo de quem est apontando. Alm disso, no alterna seu olhar entre a pessoa que aponta e o objeto que est sendo apontado.

    A criana, em geral, tem a iniciati va espontnea de mostrar ou levar objetos de seu interesse a seu cuidador.

    Nos casos de TEA, a criana, em geral, s mostra ou d algo para algum se isso reverter em sati sfao de alguma necessidade imediata (abrir uma caixa, por exemplo, para que ela pegue um brinquedo em que tenha interesse imediato: uso instrumental do parceiro).

    Por volta do 24 meses: surgem os erros, mostrando o descolamento geral do processo de repeti o da fala do outro, em direo a uma fala mais autnoma, mesmo que sem domnio das regras e convenes (Por isso aparecem os erros).

    Criana com TEA tendem a ecolalia.

    Os gestos comeam a ser amplamente usados na comunicao.

    Crianas com TEA costumam uti lizar menos gestos e/ou a uti liz-los aleatoriamente. Respostas gestuais, como acenar com a cabea para sim e no, tambm podem estar ausentes nessas crianas entre os 18 e 24 meses.

    Por volta de 18 meses, bebs costumam reproduzir o coti diano por meio de um brinquedo ou brincadeira; descobrem a funo social dos brinquedos. (ex.: fazer o animalzinho andar e produzir sons)

    A criana com TEA pode car xada em algum atributo do objeto, como a roda que gira ou uma salincia em que passa os dedos, no brincando apropriadamente com o que o brinquedo representa.

    As crianas usam brinquedos para imitar aes dos adultos (dar a mamadeira a uma boneca; dar comidinha usando uma colher, falar ao telefone, etc.) de forma freqente e variada.

    Em crianas com TEA este ti po de brincadeira est ausente ou rara.

    Perodo importante porque, em geral, feito 1) o desmame; 2) comea a passagem dos alimentos lquidos/pastosos, frios/mornos para alimentos slidos/semi-slidos, frios/quentes/mornos, doces/ salgados/amargos; variados em quanti dade; oferecidos em viglia, fora da situao de criana deitada ou no colo; 3) comea a introduo da cena alimentar: mesa/cadeira/utenslios (prato, talheres, copo) e a interao familiar/social.

    Crianas com TEA podem resisti r s mudanas, podem apresentar recusa alimentar ou insisti r em algum ti po de alimento mantendo por exemplo, a textura, a cor, a consistncia, etc. Podem, sobretudo, resisti r a parti cipar da cena alimentar.

    Inte

    ra

    o So

    cial

    Ling

    uage

    mBr

    inca

    deir

    as

    25

    (conti nua...)

    D

    e 18

    a 2

    4 M

    eses

  • Ministrioda Sade

    2726

    Indicadores do Desenvolvimento Infanti l Sinais de Alerta para TEA

    H interesse em pegar objetos oferecidos pelo seu parceiro cuidador. Olham para o objeto e para quem o oferece.

    Crianas com TEA podem no se interessar e no tentar pegar objetos estendidos por pessoas ou faz-lo somente aps muita insistncia.

    A criana j segue o apontar ou o olhar do outro, em vrias situaes.

    Crianas com TEA podem no seguir o apontar ou o olhar dos outros; podem no olhar para o alvo ou olhar apenas para o dedo de quem est apontando. Alm disso, no alterna seu olhar entre a pessoa que aponta e o objeto que est sendo apontado.

    A criana, em geral, tem a iniciati va espontnea de mostrar ou levar objetos de seu interesse a seu cuidador.

    Nos casos de TEA, a criana, em geral, s mostra ou d algo para algum se isso reverter em sati sfao de alguma necessidade imediata (abrir uma caixa, por exemplo, para que ela pegue um brinquedo em que tenha interesse imediato: uso instrumental do parceiro).

    Por volta do 24 meses: surgem os erros, mostrando o descolamento geral do processo de repeti o da fala do outro, em direo a uma fala mais autnoma, mesmo que sem domnio das regras e convenes (Por isso aparecem os erros).

    Criana com TEA tendem a ecolalia.

    Os gestos comeam a ser amplamente usados na comunicao.

    Crianas com TEA costumam uti lizar menos gestos e/ou a uti liz-los aleatoriamente. Respostas gestuais, como acenar com a cabea para sim e no, tambm podem estar ausentes nessas crianas entre os 18 e 24 meses.

    Por volta de 18 meses, bebs costumam reproduzir o coti diano por meio de um brinquedo ou brincadeira; descobrem a funo social dos brinquedos. (ex.: fazer o animalzinho andar e produzir sons)

    A criana com TEA pode car xada em algum atributo do objeto, como a roda que gira ou uma salincia em que passa os dedos, no brincando apropriadamente com o que o brinquedo representa.

    As crianas usam brinquedos para imitar aes dos adultos (dar a mamadeira a uma boneca; dar comidinha usando uma colher, falar ao telefone, etc.) de forma freqente e variada.

    Em crianas com TEA este ti po de brincadeira est ausente ou rara.

    Perodo importante porque, em geral, feito 1) o desmame; 2) comea a passagem dos alimentos lquidos/pastosos, frios/mornos para alimentos slidos/semi-slidos, frios/quentes/mornos, doces/ salgados/amargos; variados em quanti dade; oferecidos em viglia, fora da situao de criana deitada ou no colo; 3) comea a introduo da cena alimentar: mesa/cadeira/utenslios (prato, talheres, copo) e a interao familiar/social.

    Crianas com TEA podem resisti r s mudanas, podem apresentar recusa alimentar ou insisti r em algum ti po de alimento mantendo por exemplo, a textura, a cor, a consistncia, etc. Podem, sobretudo, resisti r a parti cipar da cena alimentar.

    Brin

    cade

    iras

    D

    e 18

    a 2

    4 M

    eses

    Alim

    enta

    o

    (conti nuao)

    Ling

    uage

    m

    27

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    2726

    Indicadores do Desenvolvimento Infanti l Sinais de Alerta para TEA

    D

    e 24

    a 3

    6 M

    eses

    Os gestos (olhar, apontar, etc.) so acompanhados pelo intenso aumento na capacidade de comentar e/ou perguntar sobre os objetos e situaes que esto sendo comparti lhadas. A iniciati va da criana em apontar, mostrar e dar objetos para comparti lh-los com o adulto aumenta em frequncia.

    Os gestos e comentrios em resposta ao adulto tendem a aparecer isoladamente ou aps muita insistncia. As iniciati vas so raras, sendo um dos principais sinais de alerta de TEA.

    A fala est mais desenvolvida, mas ainda h repeti o da fala do adulto em vrias ocasies, com uti lizao dentro da situao de comunicao.

    Crianas com TEA podem ter repeti o da fala da outra pessoa sem relao com a situao de comunicao.

    Comea a contar pequenas estrias; a relatar eventos prximos j acontecidos; a comentar sobre eventos futuros, sempre em situaes de dilogo (com o adulto sustentando o discurso).

    Crianas com TEA podem apresentar di culdades ou desinteresse em narrati vas referentes ao coti diano. Podem repeti r fragmentos de relatos/narrati vas, inclusive de dilogos, em repeti o e independente da parti cipao da outra pessoa.

    Canta e pode recitar uma estrofe de versinhos (em repeti o). J faz disti no de tempo (passado, presente, futuro); de gnero (masculino, feminino); e de nmero (singular, plural), quase sempre adequadas (sempre em contexto de dilogo). Produz a maior parte dos sons da lngua, mas pode apresentar erros; a fala tem uma melodia bem infanti l ainda; voz geralmente mais agudizada.

    Crianas com TEA podem tender ecolalia; disti no de gnero, nmero e tempo no acontece; cantos e versos s em repeti o aleatria, no conversam com o adulto.

    A criana, nas brincadeiras, usa um objeto ngindo que outro (um bloco de madeira pode ser um carrinho, uma caneta pode ser um avio, etc.). A criana brinca imitando os papis dos adultos (de casinha, de mdico, etc.), construindo cenas ou estrias. Ela prpria ou seus bonecos so os personagens.

    Crianas com TEA raramente apresentam este ti po de brincadeira ou o fazem de forma bastante repeti ti va e pouco criati va.

    A criana gosta de brincar perto de outras crianas (ainda que no necessariamente com elas) e demonstram interesse por elas (aproximar-se, tocar e se deixar tocar, etc.)

    A ausncia dessas aes pode indicar sinais de TEA; as crianas podem se afastar, ignorar ou limitar-se a observar brevemente outras crianas distncia.

    Aos 36 meses as crianas gostam de propor/engajar-se em brincadeiras com outras da mesma faixa de idade.

    Crianas com TEA, quando aceitam parti cipar das brincadeiras com outras crianas, em geral, tm di culdades em entend-las.

    A criana j parti cipa das cenas alimentares coti dianas: caf da manh/almoo/jantar; capaz de estabelecer separao dos alimentos pelo ti po de refeio ou situao (comida de lanche/festa/almoo de domingo, etc.); incio do manuseio adequado dos talheres; alimentao conti da ao longo do dia (reti rada das mamadeiras noturnas).

    Crianas com TEA podem ter di culdade com este esquema alimentar: permanecer na mamadeira; apresentar recusa alimentar; no parti cipar das cenas alimentares; no se adequar aos horrios de alimentao; pode querer comer a qualquer hora e vrios ti pos de alimento ao mesmo tempo; pode passar por longos perodos sem comer; pode s comer quando a comida dada na boca ou s comer sozinha, etc.

    Inte

    ra

    o So

    cial

    Ling

    uage

    m

    27

    (conti nua...)

  • Ministrioda Sade

    2928

    Indicadores do Desenvolvimento Infanti l Sinais de Alerta para TEA

    D

    e 24

    a 3

    6 M

    eses

    Os gestos (olhar, apontar, etc.) so acompanhados pelo intenso aumento na capacidade de comentar e/ou perguntar sobre os objetos e situaes que esto sendo comparti lhadas. A iniciati va da criana em apontar, mostrar e dar objetos para comparti lh-los com o adulto aumenta em frequncia.

    Os gestos e comentrios em resposta ao adulto tendem a aparecer isoladamente ou aps muita insistncia. As iniciati vas so raras, sendo um dos principais sinais de alerta de TEA.

    A fala est mais desenvolvida, mas ainda h repeti o da fala do adulto em vrias ocasies, com uti lizao dentro da situao de comunicao.

    Crianas com TEA podem ter repeti o da fala da outra pessoa sem relao com a situao de comunicao.

    Comea a contar pequenas estrias; a relatar eventos prximos j acontecidos; a comentar sobre eventos futuros, sempre em situaes de dilogo (com o adulto sustentando o discurso).

    Crianas com TEA podem apresentar di culdades ou desinteresse em narrati vas referentes ao coti diano. Podem repeti r fragmentos de relatos/narrati vas, inclusive de dilogos, em repeti o e independente da parti cipao da outra pessoa.

    Canta e pode recitar uma estrofe de versinhos (em repeti o). J faz disti no de tempo (passado, presente, futuro); de gnero (masculino, feminino); e de nmero (singular, plural), quase sempre adequadas (sempre em contexto de dilogo). Produz a maior parte dos sons da lngua, mas pode apresentar erros; a fala tem uma melodia bem infanti l ainda; voz geralmente mais agudizada.

    Crianas com TEA podem tender ecolalia; disti no de gnero, nmero e tempo no acontece; cantos e versos s em repeti o aleatria, no conversam com o adulto.

    A criana, nas brincadeiras, usa um objeto ngindo que outro (um bloco de madeira pode ser um carrinho, uma caneta pode ser um avio, etc.). A criana brinca imitando os papis dos adultos (de casinha, de mdico, etc.), construindo cenas ou estrias. Ela prpria ou seus bonecos so os personagens.

    Crianas com TEA raramente apresentam este ti po de brincadeira ou o fazem de forma bastante repeti ti va e pouco criati va.

    A criana gosta de brincar perto de outras crianas (ainda que no necessariamente com elas) e demonstram interesse por elas (aproximar-se, tocar e se deixar tocar, etc.).

    A ausncia dessas aes pode indicar sinais de TEA; as crianas podem se afastar, ignorar ou limitar-se a observar brevemente outras crianas distncia.

    Aos 36 meses as crianas gostam de propor/engajar-se em brincadeiras com outras da mesma faixa de idade.

    Crianas com TEA, quando aceitam parti cipar das brincadeiras com outras crianas, em geral, tm di culdades em entend-las.

    A criana j parti cipa das cenas alimentares coti dianas: caf da manh/almoo/jantar; capaz de estabelecer separao dos alimentos pelo ti po de refeio ou situao (comida de lanche/festa/almoo de domingo, etc.); incio do manuseio adequado dos talheres; alimentao conti da ao longo do dia (reti rada das mamadeiras noturnas).

    Crianas com TEA podem ter di culdade com este esquema alimentar: permanecer na mamadeira; apresentar recusa alimentar; no parti cipar das cenas alimentares; no se adequar aos horrios de alimentao; pode querer comer a qualquer hora e vrios ti pos de alimento ao mesmo tempo; pode passar por longos perodos sem comer; pode s comer quando a comida dada na boca ou s comer sozinha, etc.

    Brin

    cade

    iras

    Alim

    enta

    o

    (conti nuao)

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    2928

    5 Instrumentos de Rastreamento

    5.1 Instrumentos de uso livre2 para o Rastreamento/Triagem de Indicadores de Desenvolvimento Infantil e dos TEA

    O diagnsti co do TEA permanece essencialmente clnico e feito

    a parti r de observaes da criana e entrevistas com pais e/ou

    cuidadores, o que torna o uso de escalas e instrumentos de triagem e

    avaliao padronizados uma necessidade.

    Dentre os instrumentos de triagem e de avaliao do TEA, preciso

    reconhecer e diferenciar que alguns desses so para identi cao,

    outros para diagnsti co, para identi car alvos de interveno e

    monitorar os sintomas ao longo do tempo.

    importante salientar que h instrumentos de rastreamento/

    triagem que podem ser aplicados por pro ssionais de diversas reas,

    para ser o mais abrangente possvel. Instrumentos de rastreamento

    so aqueles que, em linhas gerais, detectam sintomas relati vos ao

    espectro, mas no fecham diagnsti co.

    Vale destacar que tais instrumentos fornecem informaes que

    levantam a suspeita do diagnsti co, sendo necessrio o devido

    encaminhamento para que o diagnsti co propriamente dito seja

    realizado por pro ssional treinado e capacitado para isso. No caso

    dos Transtornos do Espectro do Auti smo, recomenda-se que seja

    realizado diagnsti co diferencial.2 Foram includos apenas instrumentos cuja situao de uso livre de direitos autorais foi mencionada na publicao original e/ou na verso brasileira.

  • Ministrioda Sade

    3130

    Dentre os instrumentos de uso livre para rastreamento/triagem de

    indicadores clnicos de alteraes de desenvolvimento, temos:

    IRDI (Indicadores Clnicos de Risco para o Desenvolvimento Infanti l): instrumento de observao e inqurito que pode ser

    usado no rastreamento do desenvolvimento. Criado e validado

    por um grupo de especialistas brasileiros de uso livre pelos

    pro ssionais da sade. composto por 31 indicadores de bom

    desenvolvimento do vnculo do beb com os pais, distribudos em

    4 faixas etrias de 0 a 18 meses, para a observao e perguntas

    dirigidas dade me (ou cuidador)-beb. O possvel risco para

    desenvolvimento decorre de indicadores estarem ausentes.

    (KUPFER et. al., 2009, LERNER, 2011)

    Dentre os instrumentos de rastreamento/triagem de indicadores dos

    TEA adaptados e validados no Brasil, apenas o M-CHAT de uso livre:

    M-Chat (Modi ed Checklist for Auti sm in Toddlers um

    questi onrio com 23 itens, usado como triagem de TEA. Pode ser

    aplicado por qualquer pro ssional de sade. Como mencionado,

    composto por 23 perguntas para pais de crianas de 18 a 24

    meses, com respostas sim ou no, que indicam a presena de

    comportamentos conhecidos como sinais precoces de TEA. Inclui

    itens relacionados aos interesses da criana no engajamento

    social; habilidade de manter o contato visual; imitao;

    brincadeira repeti ti va e de faz-de-conta; e o uso do contato

    visual e de gestos para direcionar ateno social do parceiro

    ou para pedir ajuda (LOSAPIO e POND, 2008; CASTRO-SOUZA,

    2011) WRIGHT E POULIN-DUBOIS, 2011).

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    3130

  • Ministrioda Sade

    3332

    6 Comportamentos Atpicos, Repetitivos e Estereotipados como Indicadores da Presena de TEA

    Comportamentos incomuns no so bons preditores de TEA, porque

    vrias crianas com TEA no os apresentam e, quando o fazem,

    costumam demonstr-los mais tardiamente. Em alguns casos, so

    observados comportamentos at picos, repeti ti vos e estereoti pados

    severos, indicando a necessidade de encaminhamento para avaliao

    diagnsti ca de TEA, como descritos abaixo:

    6.1 Motores

    movimentos motores estereoti pados: apping de mos; espremer-se; correr de um lado para o outro; dentre outros;

    aes at picas repeti ti vas: alinhar/empilhar brinquedos de forma rgida; observar objetos aproximando-se muito deles;

    prestar ateno exagerada a certos detalhes de um brinquedo;

    demonstrar obsesso por determinados objetos em movimento

    (venti ladores, mquinas de lavar roupas etc.).

    di culdade de se aninhar no colo dos cuidadores ou extrema passividade no contato corporal; extrema sensibilidade em

    momentos de desconforto (ex.: dor);

    dissimetrias na motricidade, tais como: maior movimentao dos membros de um lado do corpo; di culdades de rolamento

    na idade esperada; movimentos corporais em bloco e no

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    3332

    suaves e distribudos pelo eixo corporal; di culdade, assimetria ou

    exagero em retornar membros superiores linha mdia; di culdade

    de virar o pescoo e a cabea na direo de quem chama a criana.

    6.2 Sensoriais

    hbito de cheirar e/ou lamber objetos;

    sensibilidade exagerada a determinados sons (liquidi cador, secador de cabelos, etc.), reagindo de forma exagerada e eles;

    insistncia visual em objetos que tm luzes que piscam e/ou emitem barulhos, bem como nas partes que giram (venti ladores,

    mquinas, etc.);

    insistncia tti l: podem permanecer por muito tempo passando a mo sobre uma determinada textura.

    6.3 - Rotinas

    tendncia a roti nas ritualizadas e rgidas;

    di culdade importante na modi cao da alimentao. Algumas crianas, por exemplo, s bebem algo se uti lizarem sempre o

    mesmo copo; outras, para se alimentarem, exigem que os alimentos

    estejam dispostos no prato sempre da mesma forma. Sentar-

    se sempre no mesmo lugar; assisti r apenas a um mesmo DVD; e

    colocar as coisas sempre no mesmo lugar. Qualquer mudana de

    roti na pode desencadear acentuadas crises de choro, grito ou

    intensa manifestao de desagrado.

  • Ministrioda Sade

    3534

    6.4 - Fala

    repetem palavras que acabaram de ouvir (ecolalia imediata). Outras podem emiti r falas ou slogans/vinhetas que ouviram

    na televiso, sem senti do contextual (ecolalia tardia). Pela

    repeti o da fala do outro, no operam a modi cao no uso

    de pronomes;

    podem apresentar caractersti cas peculiares na entonao e no volume da voz;

    a perda de habilidades previamente adquiridas deve ser sempre encarada como sinal de importncia. Algumas crianas

    com TEA deixam de falar e perdem certas habilidades sociais

    j adquiridas por volta dos 12-24 meses. A perda pode ser

    gradual ou aparentemente sbita. Caso isso seja observado

    em uma criana, ao lado de outros possveis sinais, a hiptese

    de wum TEA deve ser aventada, sem, no entanto, excluir

    outras possibilidades diagnsti cas (por exemplo, doenas

    progressivas).

    6.5 Expressividade

    expressividade emocional menos frequente e mais limitada;

    di culdade de encontrar formas de expressar as diferentes preferncias e vontades, e de responder s tentati vas

    dos adultos em compreend-las (quando a busca de

    compreenso est presente na ati tude dos adultos)

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    3534

  • Ministrioda Sade

    3736

    7 Diretrizes Diagnsticas dos TEA

    Toda pessoa com suspeita de apresentar um dos TEA deve

    ser encaminhada para avaliao diagnsti ca. O diagnsti co

    essencialmente clnico e, nesse senti do, no deve prescindir da

    parti cipao do mdico especialista (psiquiatra e/ou neurologista),

    acompanhado de equipe interdisciplinar capacitada para reconhecer

    clinicamente tais transtornos. A equipe dever contar com, no mnimo:

    mdico psiquiatra ou neurologista, psiclogo e fonoaudilogo. Cada

    pro ssional, dentro de sua rea, far sua observao clnica.

    Segue abaixo, um modelo sintti co de aspectos a serem investi gados

    pelas equipes, proposto por BOSA (1998) e ampliada por FERNANDES

    (2000); PERISSINOTO (2004) e MARQUES (2010), e que pode orientar

    os pro ssionais da sade.

    7.1 Entrevista com os Pais ou Cuidadores

    Alm dos dados que j constam no pronturio importante registrar

    os ti pos de atendimentos (data de incio, frequncia, etc.) e obter

    informaes sobre:

    Histria de problemas de desenvolvimento dos pais, irmos

    e outros familiares (desenvolvimento f sico, problemas

    emocionais, problemas de aprendizagem na escola leitura/

    escrita) e se houve necessidade de tratamento.

    Quando surgiram os primeiros sintomas e em que rea do

    desenvolvimento. Problemas no sono (di culdades para conciliar o sono ou

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    3736

    sono agitado; medos) e na alimentao (masti gao; apeti te

    ausente ou excessivamente voraz); parti cularidades em

    relao comida (exigncias sobre certos ti pos de comida;

    temperatura da comida; etc.) de forma rgida.

    Problemas na conduta: agressividade, hiperati vidade,

    comportamento destruti vo, autoagresso.

    Registrar ti pos de atendimentos (data de incio, freqncia,

    etc.)

    7.2 Sugesto de Roteiro para Anamnese:

    7.2.1 Aspectos qualitati vos da comunicao, linguagem e interao

    social

    7.2.1.1 Idade das primeiras vocalizaes (balbucio)

    7.2.1.2 Idade das primeiras palavras (descrever)

    7.2.1.3 Idade das primeiras frases (verbo + palavra)

    7.2.1.4 Atraso no aparecimento da fala

    7.2.1.5 Segura o rosto do adulto para faz-lo olhar em

    determinada direo

    7.2.1.6 Pega na mo do adulto como se fosse uma ferramenta

    para abrir/alcanar algo

    7.2.1.7 Atende quando chamado pelo nome

    7.2.1.8 Como a arti culao/pronncia das palavras e frases?

    (> 4 anos) H di culdade de entendimento por parte de estranhos?

    7.2.1.9 Como o ritmo/entonao da voz (fala montona,

    muito baixa ou alta)?

  • Ministrioda Sade

    3938

    7.2.1.10 Repete a lti ma palavra ou frase imediatamente

    ouvida (considerar a idade)?

    7.2.1.11 Repete, fora de contexto, frases ouvidas anteriormente

    (exatamente da mesma forma)?

    7.2.1.12 Faz confuso entre eu/tu/ele(a) (> 3 anos)?

    7.2.1.13 Inventa palavras ou vocalizaes? Combina palavras

    de forma estranha?

    7.2.1.14 Insiste em falar sempre sobre o mesmo tema?

    7.2.1.15 Insiste em fazer os outros dizerem palavras/frases

    repeti damente da mesma forma?

    7.2.2 Ateno comparti lhada:

    7.2.2.1 Mostra ou traz o objeto para perto do rosto do parceiro

    ou aponta objetos/eventos de interesse variados apenas para

    comparti lhar (no considerar pedidos de ajuda)?

    7.2.2.2 Faz comentrios (verbalmente ou atravs de gestos)?

    7.2.2.3 Olha para onde o parceiro aponta?

    7.2.2.4 Responde aos convites para brincar?

    7.2.3 Respostas/Iniciati vas Sociais Relacionadas a outras pes-

    soas7.2.3.1 H iniciati va de aproximao ou interesse em outras

    pessoas (observa outras crianas brincando, capaz de res-

    ponder mas no toma iniciati va)?

    7.2.3.2 Fica ansioso(a) com a presena de outras pessoas?

    7.2.3.3 capaz de engajar-se em brincadeiras e/ou ati vidades

    simples e simultneas (chutar bola de volta enquanto desloca

    carrinhos na areia; etc.)?

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    3938

    7.2.3.4 Engaja-se em brincadeiras, mas somente aquelas en-

    volvendo os objetos de preocupaes circunscritas (estereoti -

    padas)?

    7.2.3.5 Prefere brincadeiras em duplas a grupos (considerar a

    idade)?

    7.2.3.6 Fica intensamente ansioso na presena de pessoas que

    no sejam familiares (disti nguir ansiedade de ti midez baixar

    os olhos, esconder o rosto, etc.)?

    7.2.3.7 Ignora/evita de forma persistente o contato com pesso-

    as no familiares?

    7.2.3.8 Empurra/agride (componente f sico) de forma persis-

    tente?

    7.2.3.9 H falta de inibio (comum em crianas pequenas) em

    relao a pessoas estranhas?

    7.2.3.10 H variao na resposta conforme o contexto e a pes-

    soa?

    7.2.4 Comportamentos de Apego

    7.2.4.1 Demonstra preocupao quando separada dos pais ou

    cuidadores?

    7.2.4.2 Sorri ou mostra excitao com o retorno dos pais ou

    cuidadores aps separaes?

    7.2.4.3 Busca ajuda dos pais ou cuidadores quando machuca-

    da?

    7.2.4.4 Checa a presena dos pais ou cuidadores em lugares

    estranhos?

    7.2.5 Afeti vidade

  • Ministrioda Sade

    4140

    7.2.5.1 Em que idade ocorreram os primeiros sorrisos?

    7.2.5.2 Apresentou orientao da cabea para a face do adulto

    quando este falava/brincava com ela (beb)?

    7.2.5.3 H sorriso espontneo a pessoas familiares (registrar se

    restrito aos pais)

    7.2.5.4 H sorriso espontneo a pessoas que no sejam fami-

    liares?

    7.2.5.5 H variao na expresso facial (contentamento, frus-

    trao, surpresa, constrangimento, etc.)?

    7.2.5.6 H expresso emocional apropriada ao contexto (ex.:

    sorriso coerente com a situao)?

    7.2.5.7 Comparti lha ati vidades prazerosas com os outros?

    7.2.5.8 Demonstra preocupao se os pais/cuidadores esto

    tristes ou doentes/machucados?

    7.2.6 Brincadeira

    7.2.6.1 Investi gar a qualidade da brincadeira: frequncia, in-

    tensidade, variedade de contextos e tpicos. Se a brincadeira

    for repeti ti va e estereoti pada, investi gar a resistncia inter-

    rupo da mesma.

    7.2.6.2 Quais so os brinquedos e ati vidades favoritas?

    7.2.6.3 Apresenta brincadeira de faz-de-conta (fazer estorinhas

    com os brinquedos; um boneco conversar com o outro; usar

    um objeto para representar outro)

    7.2.6.4 Alinha ou empilha objetos sem aparente funo na

    brincadeira e de forma repeti ti va?

    7.2.6.5 Faz brincadeiras com partes de objetos ao invs do ob-

    jeto como um todo (por exemplo, ignora o carrinho e gira ape-

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    4140

    nas as rodas por um longo tempo)?

    7.2.6.6 Abre/fecha portas, gavetas repeti damente; liga/desliga

    interruptores de luz repeti da e insistentemente; intenso inte-

    resse por objetos que giram (mquina de lavar, venti lador, ve-

    culos em geral considerar a persistncia/di culdade em ser

    interrompida)?

    7.2.6.7 H resistncia a mudanas na roti na pessoal/da casa?

    7.2.6.8 Exige uma sequncia xa e rgida para ati vidades (ex.:

    vesti r-se, arrumar a casa, higiene pessoal)? Como reage se a

    roti na alterada/interrompida?

    7.2.6.9 Existe apego a objetos pouco comuns (ex.: plsti co,

    pedra, etc.) para a idade (carrega consigo coti dianamente e se

    desorganiza quando reti rado)?

    7.2.7 Comportamentos repeti ti vos e estereoti pados

    7.2.7.1 Maneirismos e Movimentos Complexos do Corpo (re-

    peti o de movimentos sem aparente funo, principalmente

    em movimentos de estresse ou excitao):

    7.2.7.2 H movimentos das mos perto do rosto?

    7.2.7.3 H movimentos dos dedos e mos junto ao corpo?

    7.2.7.4 H balano do corpo?

    7.2.7.5 H movimentos dos braos ( apping)?

    7.2.8 Sensibilidade Sensorial:

    7.2.8.1 H demasiado interesse pelas propriedades senso-

    riais dos objetos (cheiro, textura, movimento)?

    7.2.8.2 Nota-se hipersensibilidade a barulhos comuns (ano-

  • Ministrioda Sade

    4342

    tar reaes como cobrir as orelhas, afastar-se, chorar)?

    7.2.9 Problemas de comportamento:

    7.2.9.1 J manifestou masturbao em pblico e/ou tentati vas

    de tocar em partes nti mas dos outros de forma persistente?

    7.2.9.2 Demonstra hiperati vidade (agitao intensa)?

    7.2.9.3 Tem hbito de roer unhas?

    7.2.9.4 Agride os outros sem razo aparente ou se auto-agride?

    7.2.9.5 Destri objetos com frequncia?

    7.2.9.6 Medos (relacionar medos discrepantes com a etapa

    evoluti va: frequncia, intensidade, grau de interferncia em

    outras ati vidades ou na famlia).

    7.3 Observao Direta do Comportamento

    7.3.1 Interao social, linguagem e comunicao

    7.3.1.1 - Ateno Comparti lhada

    Observar se tenta dirigir a ateno do examinador para brinquedos/eventos de interesse prprio, de forma

    espontnea. Pode ser manifestado por meio de gestos

    (mostrar, apontar, trazer objetos para o parceiro) e/ou

    verbalizaes (comentrios sobre as propriedades f sicas

    dos objetos/eventos; perguntas para esclarecimento

    de dvidas ou obteno de informao em relao a

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    4342

    estes objetos/eventos, por curiosidade). No caso desse

    comportamento estar presente, deve-se considerar o

    comportamento coordenado com o olhar. Alm disso,

    observar se o comportamento de ateno comparti lhada

    aparece em uma variedade de situaes ou somente em

    ati vidades repeti ti vas (estereoti padas).

    Observar tambm se segue os gestos indicati vos de outras pessoas: olha para onde estes esto olhando, etc.

    No inclui fazer gestos ou falar para pedir ajuda (para

    alcanar ou fazer funcionar um brinquedo, etc.).

    7.3.1.2 - Busca de Assistncia

    Neste item deve-se considerar se uti liza gestos (mostrar, apontar, trazer objetos para o examinador) com a

    nalidade de buscar assistncia (ex.: abrir a tampa de

    uma caixa, fazer funcionar um brinquedo) e, ainda, se

    so coordenados com o olhar.

    7.3.1.3 Responsividade Social

    Observar a aceitao/recepti vidade das iniciati vas do examinador (ex.: convites, propostas) para engaj-

    la em brincadeiras, bem como a frequncia em que o

    comportamento aparece.

    Imitao motora ou social esto presentes? Observar se reproduz os gestos ou ati vidades iniciadas

    pelo examinador e com que frequncia isso ocorre; se

  • Ministrioda Sade

    4544

    canta ou dana.

    7.3.1.4 - Sorriso

    Neste item deve-se observar se apresenta sorriso dirigido ao outro e com moti vo aparente; se a direo

    do sorriso difusa e sem moti vo identi cvel, ou se no

    sorri. Considerar tambm se o sorriso acompanhado

    pelo olhar e adequado ao contexto social.

    7.3.1.5 - Outras Expresses Afeti vas Identi cveis pelo

    Observador

    Observar a gama de expresses faciais afeti vas (ex.: alegria, tristeza, frustrao, acanhamento, surpresa,

    medo) manifestadas durante a avaliao. Considerar

    se estas expresses seriam esperadas em uma

    determinada situao (ex.: mediante um brinquedo que

    no funciona como gostaria, se expressa frustrao) ou

    se se apresentam desorganizadas (ex.: chora ou grita

    sem moti vo aparente, no direcionado a algum em

    parti cular).

    7.3.1.6 - Linguagem

    Qual o meio de comunicao prioritrio e suas caractersti cas? Fala? Gestos? Sons?

    o Refere-se linguagem mediada por diferentes recursos (exclusivos ou complementares) como sons,

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    4544

    gestos, palavras, frases, leitura/escrita ou uso de guras,

    a m de iniciar e/ou manter um dilogo; comentar e/ou

    relatar e narrar eventos; ponderar e argumentar frente

    s situaes e os diversos interlocutores.

    Responde fala da outra pessoa? Precisa de apoio para a resposta? Qual(is)?

    Inicia um dilogo? Para que?o Refere-se habilidade em demandar a ateno da outra pessoa e pode ser realizada para chamar a

    ateno para um objeto e/ou evento; pedir um objeto

    ou ao (ex.: pegar algo, abrir porta, etc.). Observar se

    sua expresso depende sempre da iniciati va da outra

    pessoa.

    Mantm o mesmo foco em um assunto? o Refere-se seleo de seu foco de interesse e da habilidade de ampliar a maneira de aborda-lo, a parti r

    da parti cipao da outra pessoa. Ao abordar seu foco de

    interesse, sua expresso mostra coerncia?

    Parti lha do assunto proposto pela outra pessoa? Precisa de ajuda para dirigir sua ateno/interesse e

    mant-la?

    o Refere-se habilidade de parti lhar o que a outra pessoa apresenta, isto , se parti cipa do tema com

    pergunta ou comentrio sobre o objeto ou evento

    apresentado pela outra pessoa. Observe se considera

    as justi cati vas uti lizadas pela outra pessoa, isto

  • Ministrioda Sade

    4746

    , se considera o ponto de vista do interlocutor ou

    personagem de estria.

    Relata ou narra fatos ou historias? Qual a parti cipao da outra pessoa?

    o Refere-se habilidade de fazer relatos/narrati vas de fatos e/ou de situaes imaginrias. Observar se

    depende exclusivamente da parti cipao direcionadora

    da outra pessoa (ex.: perguntas, repeti es, retomadas).

    Expe sua opinio? Usa elementos de justi cati va?o Refere-se ao uso da linguagem para explicar e/ou mudar sua opinio e argumentar sobre um ponto

    de vista. E, tambm, s habilidades de expressar seus

    pontos de vista acerca das situaes, e de mostrar

    tentati vas de explicao para eventos ou ati tudes (ex.:

    causas f sicas ou intenes das pessoas). Observar se

    depende exclusivamente da parti cipao direcionadora

    (perguntas, repeti es, retomadas).

    H variabilidade da melodia de fala?o Refere-se melodia de fala (prosdia) como fator comunicati vo. Isto , considere se a prosdia de fala

    da pessoa com suspeita de TEA carrega informao

    (ex.: expresso de pergunta, de resposta, negao,

    exclamao, etc.), tambm, se a carga comunicati va

    da variao meldica da outra pessoa moti vadora da

    ateno da pessoa com TEA.

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    4746

    Considere ainda o vocabulrio de recepo e de expresso; a complexidade gramati cal de recepo e

    expresso; e caractersti cas fonolgicas.

    Observe se reconhece letras, palavras, frases e/ou nmeros sem ter sido formalmente ensinado (anterior

    aos 4anos) e, especialmente, se mostra compreenso

    deste ti po de leitura.

    Observe as habilidades de leitura e de escrita, isto , na leitura, analise a compreenso; taxa de leitura e

    acurcia; na escrita, registre a coerncia e a coeso do

    texto escrito; caractersti cas dos perodos; vocabulrio

    selecionado; e autonomia de construo do tema.

    7.3.2 - Relao com Objetos/Brincadeiras/Ati vidades

    7.3.2.1 - Manipulao/explorao

    Observar a gama de objetos manipulados/explorados pela pessoa com suspeita de TEA. O comportamento

    exploratrio pode aparecer com diferentes objetos/

    brinquedos ou, ainda, pode estar ausente (ex.: criana

    anda sobre os brinquedos, sem parecer not-los).

    Aqui deve ser considerada se a explorao dos objetos considerada t pica, conforme o esperado para a idade, ou

    se realizada de forma estereoti pada (ex.: interesse pelo

    movimento dos objetos, por partes e no pelo objeto

  • Ministrioda Sade

    4948

    inteiro, ati vidade repeti ti va - alinhar, girar objetos, sem

    funo aparente).

    7.3.2.2 - Brincadeira Funcional

    A brincadeira funcional refere-se manipulao de objetos/brinquedos no apenas com ns exploratrios,

    mas de acordo com suas funes (ex.: acionar brinquedos

    musicais, fazer encaixes, jogos de construo, etc.).

    7.2.2.3 - Brincadeira de faz-de-conta (simblica)

    Ati vidade na qual um objeto uti lizado para representar outro (ex.: um pedao de madeira serve como espada;

    um bloco de madeira pode ser usado como telefone).

    conhecida como brincadeira de faz-de-conta, ou ainda

    representa situaes/papis, mesmo sem o uso de

    objetos (ex.: ngir que mdico, professora, etc.). Deve-

    se considerar tambm se a brincadeira simblica aparece

    restrita s ati vidades estereoti padas e repeti ti vas (ex.:

    na insistncia em um mesmo tpico e de forma rgida).

    7.2.2.4 - Ati vidade Gr ca

    Nesse item deve ser avaliado o registro gr co da criana. Observar se h apenas rabiscos, garatujas (desenhos

    sem forma de nida, mas ao qual a criana atribui uma

    representao) ou representaes de nidas de pessoas

    (mesmo que na forma de trao, palito), animais,

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    4948

    objetos, natureza, etc. Considerar tambm se a criana

    no desenha, mesmo aps tentati vas do adulto.

    O examinador deve considerar se a representao foi espontnea ou estereoti pada (insistncia em um

    mesmo tpico com resistncia mudana/interrupo

    da ati vidade). Quando a representao gr ca for

    considerada espontnea, deve-se avaliar se foi ou no

    criati va.

    7.3.3 Movimentos Estereoti pados do Corpo e Aspectos Sensoriais

    7.3.3.1 - Movimentos Repeti ti vos das Mos e do corpo

    Refere-se aos movimentos rpidos e involuntrios dos dedos e mos, de forma repeti ti va e aparentemente

    no-funcional, e que geralmente ocorrem dentro do

    campo visual da criana ou na linha mdia do corpo

    (ex.: retorcer e/ou tremular os dedos; movimentar as

    duas ou uma das mos de um lado para outro; esfregar;

    torcer/apertar as mos). A criana pode andar na ponta

    dos ps, salti tar repeti damente, porm, ao contrrio do

    que acontece comumente com crianas pequenas, esses

    movimentos ocorrem fora de contexto de brincadeira.

    Considerar se so ocasionais ou frequentes e, ainda, a

    reao da criana perante a tentati va de interrupo

    pelo examinador.

    7.3.3.2 - Interesse pelos atributos sensoriais dos objetos

  • Ministrioda Sade

    5150

    Observar se a criana ca excessivamente focada em atributos sensoriais dos objetos, tais como: luzes,

    movimentos, textura, isto , se resiste a ter sua ateno

    desviada para outros est mulos.

    7.3.4 Aspectos a serem considerados na Avaliao de Adultos com TEA

    Para que se possa avaliar as preferncias de adultos e idosos com TEA - e parti cularmente daquelas com d cits

    de comunicao - pode-se usar mtodos indiretos (i.e.

    entrevistas e questi onrios a familiares e cuidadores)

    ou formas diretas de avaliao. No caso dos mtodos

    diretos, podemos observar o indivduo em seu ambiente

    natural e real, atentando s suas escolhas e formas de

    engajamento, ou podemos apresentar situaes de teste

    de preferncia, nos quais um ou mais itens ou ati vidades

    so avaliados simultnea ou sucessivamente.

    No que diz respeito a uma avaliao dos riscos vividos pelo indivduo adulto ou idoso com TEA, h mlti plos

    elementos a serem considerados. Primeiro, a presena

    de comportamentos auto e hetero agressivos. Um

    adulto com TEA que apresenta uma longa histria de

    comportamentos auto-agressivos, pode apresentar

    leses internas que devem ser avaliadas pela equipe

    mdica. A chance de ocorrncia de comportamentos

    auto e hetero agressivos, os riscos que estes apresentam,

    bem como formas de tratamento e gerenciamento dos

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    5150

    mesmos, devem ser extensivamente discuti das pela

    equipe de trabalho. Mas no so apenas os excessos

    comportamentais que colocam o indivduo em risco.

    D cits nas reas de comunicao, auto cuidados e auto

    preservao tambm podem ser crti cos.

    7.3.5 Comorbidades

    Estudos tm reconhecido a ocorrncia de TEA como comorbidade

    em outras condies como, por exemplo, Sndrome de Down,

    Paralisia Cerebral, Sndrome de Tourett e, Sndrome de Turner,

    Sndrome de Willians, Esclerose Tuberosa e De cincia Auditi va e

    Visual, Fenilcetonria no tratada, Amaurose de Leber, De cincia

    Intelectual. entre outras. (Baron-Cohen, Scahill, Izaguirre, Hornsey

    e Robertson, 1999; Cass, 1998; Creswell e Skuse, 1999; Fombonne,

    du Mazaubrun, Cans e Grandjean, 1997; Harrison e Bolton, 1997;

    Howlin, Wing e Gould, 1995; Nordin e Gillberg, 1996).

  • Ministrioda Sade

    5352

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    5352

    8 O Momento da Notcia do Diagnstico de TEA

    O momento da not cia do diagnsti co deve ser cuidadosamente

    preparado, pois ser muito sofrido para famlia e ter impacto em

    sua futura adeso ao tratamento.

    O diagnsti co uma tarefa multi disciplinar, porm, a comunicao

    famlia deve ser feita por apenas um dos elementos da equipe,

    preferencialmente aquele que estabeleceu o vnculo mais forte e

    que, de certa forma, vai funcionar como referncia na coordenao

    do projeto teraputi co indicado pela equipe para o caso. Ele

    dever ter uma postura ti ca e humana, alm de ser claro, conciso

    e disponvel s perguntas e dvidas dos familiares. Mais ainda, o

    local uti lizado dever ser reservado e protegido de interrupes, j

    que a privacidade do momento requisito bsico para o adequado

    acolhimento do caso.

    A apresentao do diagnsti co deve ser complementada pela sugesto

    de tratamento, incluindo todas as ati vidades sugeridas no projeto

    teraputi co singular. O encaminhamento para os pro ssionais, que

    estaro envolvidos no atendimento do caso, deve ser feito de modo

    objeti vo e imediato, respeitando, claro, o tempo necessrio para

    cada famlia elaborar a nova situao.

    importante esclarecer que o quadro do auti smo uma sndrome,

    que signi ca um conjunto de sinais clnicos; conjunto que de ne uma

    certa condio de vida diferente daquela at ento experimentada pela

    famlia, e que impe cuidados e roti nas diferenciadas. igualmente

    importante esclarecer que os cuidados sero comparti lhados entre a

  • Ministrioda Sade

    5554

    equipe pro ssional responsvel pelo tratamento e a famlia. Ou seja,

    importante faz-la notar que no estar sozinha nesse processo, e

    que ter respeitada sua autonomia na tomada das decises.

    9 Projeto Teraputico Singular:

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    5554

  • Ministrioda Sade

    5756

    Habilitao/Reabilitao da Pessoa com TEA

    Aps o diagnsti co e a comunicao famlia, inicia-se imediatamente

    a fase do tratamento e da habilitao/reabilitao.

    A oferta de tratamento, nos pontos de ateno da Rede de Cuidados

    Sade da Pessoa com De cincia, consti tui uma importante

    estratgia na ateno s pessoas com transtornos do espectro

    do auti smo, uma vez que tal condio implica em alteraes de

    linguagem e de sociabilidade que afetam diretamente com maior ou

    menor intensidade grande parte dos casos, limitando capacidades

    funcionais no cuidado de si e nas interaes sociais, o que demanda

    cuidados espec cos e singulares de habilitao e reabilitao3 ao longo das diferentes fases da vida.

    O projeto teraputi co a ser desenvolvido deve resultar do diagnsti co

    elaborado; das sugestes da equipe; e das decises da famlia. Todo

    projeto teraputi co, portanto, ser individualizado e deve atender

    s necessidades, demandas e interesses de cada paciente e de seus

    familiares.

    3 Conforme o documento base para gestores e trabalhadores do SUS (Ministrio da Sade, Secretaria de Ateno Sade, Ncleo Tcnico da Poltica Nacional de Humanizao, 4a Ed., 2008), habilitar tornar hbil, no sentido da destreza/inteligncia ou no da autorizao legal. O re constitui pre xo latino que apresenta as noes bsicas de voltar atrs, tornar ao que era. A questo que se coloca no plano do processo sade/doena se possvel voltar atrs, tornar ao que era. O sujeito marcado por suas experincias; o entorno de fenmenos, relaes e condies histricas, neste sentido, sempre muda. Ento, a noo de reabilitar relativamente problemtica. Na sade, estaremos sempre desa ados a habilitar o sujeito a uma nova realidade biopsicossocial. No entanto, o sentido estrito da volta ou reconquista de uma capacidade antes existente ou legal pode ocorrer. Nesses casos, o rehabilitar se aplica.

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    5756

    A escolha do mtodo a ser uti lizado no tratamento, bem como a

    avaliao peridica de sua e ccia devem ser feitas de modo conjunto

    entre a equipe e a famlia do paciente, garanti ndo informao

    adequada quanto ao alcance e aos benef cios do tratamento, bem

    como favorecendo a implicao e a corresponsabilidade no processo

    de cuidado sade.

    A avaliao sistemti ca do processo de habilitao/reabilitao deve

    ser pautada pela melhora e pela ampliao das capacidades funcionais

    do indivduo em vrios nveis e ao longo do tempo, por exemplo: na

    parti cipao e no desempenho em ati vidades sociais coti dianas; na

    autonomia para mobilidade; na capacidade de autocuidado e de

    trabalho; na ampliao do uso de recursos pessoais e sociais; na

    qualidade de vida e na comunicao. Em sntese, os ganhos funcionais

    so indicadores centrais na avaliao da e ccia do tratamento.

    O tratamento deve ser estabelecido de modo acolhedor e humanizado,

    considerando o estado emocional da pessoa com TEA e seus familiares,

    direcionando suas aes ao desenvolvimento de funcionalidades e

    compensao de limitaes funcionais, como tambm preveno

    ou retardo de possvel deteriorao das capacidades funcionais,

    por meio de processos de habilitao e reabilitao focados no

    acompanhamento mdico e no de outros pro ssionais de sade

    envolvidos com as dimenses comportamentais, emocionais,

    cogniti vas e de linguagem (oral, escrita e no-verbal), pois estas so

    dimenses bsicas circulao e a pertena social das pessoas com

    TEA na sociedade.

    No contexto do atendimento ao adulto e idoso com TEA, alguns

  • Ministrioda Sade

    5958

    fatores adicionais devem ser considerados. Primeiro, a demanda por

    esse ti po de servio tem aumentado no mundo e o mesmo esperado

    aqui no Brasil. Ainda que a intervenes precoces e intensivas tragam

    imensos ganhos para o indivduo com TEA e suas famlias, muitas

    da di culdades vividas por esses indivduos ultrapassam os anos da

    infncia e da juventude. A necessidade por servios e cuidados pode,

    portanto, se estender durante toda a vida do indivduo. No caso do

    adulto ou idoso com TEA um pouco diferente do que ocorre na

    interveno precoce e na educao infanti l, onde h muita nfase no

    desenvolvimento de habilidades de base ou pr-requisitos o foco

    do atendimento deve se voltar integrao e acesso aos servios,

    comunidade, insero no mercado de trabalho, ao lazer. A nfase

    nessas dimenses no exclui a conti nuidade do trabalho para que

    os adultos com TEA possam cuidar de sua sade pessoal, aprimorar

    habilidades funcionais e de autocuidado, bem como intensi car

    suas possibilidades de comunicao e ampliar seu repertrio de

    comportamentos sociais.

    Para o planejamento, seleo de objeti vos e interveno em cada uma

    dessas reas, as equipes pro ssionais devem considerar ao menos

    os seguintes aspectos: (a) preferncias individuais, (b) desempenho

    individual, (c) tolerncia e resistncia demanda da ati vidade

    proposta, (d) riscos ao prprio indivduo ou outros.

    Um bom entendimento das preferncias individuais do adulto com

    TEA, nas diversas reas da vida, permiti r que a equipe selecione

    objeti vos sociais, de lazer e trabalho adequados a pessoa atendida.

    No caso do adulto, a expresso desempenho individual usada aqui

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    5958

    refere-se s habilidades presentes e ao nvel de ajuda necessrios

    para que o indivduo parti cipe das ati vidades propostas em sua vida.

    importante que se tenha em mente que o fato de se tratar de um

    adulto, no signi ca que no haja aprendizagem. Ou seja, um dos

    objeti vos fundamentais do atendimento, mesmo durante a vida

    adulta, o de habilitar o indivduo para parti cipar de modo ati vo e

    independente das ati vidades que so apresentadas. Conhecer seu

    desempenho independente em diversas reas, permite que a equipe

    planeje estratgias para melhorar esse desempenho e reduzir, gradual

    e sistemati camente, o nvel de ajuda que necessrio.

    Outra rea crti ca na vida do adulto com TEA, que afeta principalmente

    suas chances de insero no mercado de trabalho e na vida

    comunitria, refere-se a sua tolerncia as demandas apresentadas.

    Sejam essas demandas de trabalho (i.e. quanti dade ou tempo de

    ati vidade), ou demandas sociais (i.e. presena de pessoas, rudos,

    interaes). Por isso, importante que se conhea quanto cada

    indivduo consegue tolerar e desempenhar a cada momento do

    atendimento. Por exemplo: possvel que um jovem adulto com

    TEA entre na rede de servios sendo completamente capaz de

    desempenhar bem certas ati vidades de trabalho, porm apresente

    di culdades em permanecer engajado durante perodos mais longos.

    Nesse caso, sua tolerncia ao engajamento pode ser aumentada

    gradati vamente, de modo que ele possa, eventualmente, alcanar

    nveis competi ti vos de desempenho.

    O indivduo que no consegue comunicar dor, ou descrever estados

    internos, depender da habilidade daqueles a seu redor para o

    diagnsti co e tratamento de todo ti po de desconforto. A equipe,

  • Ministrioda Sade

    6160

    por sua vez, deve aprender a entender e acolher os fatos para alm

    daquilo que relatado. Por exemplo: se um indivduo que no

    consegue se comunicar, pode exibir comportamento auto-lesivo

    persistente dirigido regio do rosto. A equipe ter que desenvolver

    formas objeti vas de medir a ocorrncia e os possveis efeitos desse

    comportamento. Medidas de frequncia, porcentagem de ocorrncia,

    etc., so bastante teis nesse senti do. Em alguns casos, tais medidas

    sero a nica forma de se avaliar riscos.

    essencial que a de nio do projeto teraputi co das pessoas com

    Transtornos do Espectro do Auti smo leve em conta as diferentes

    situaes clnicas envolvidas nos transtorno do espectro do auti smo.

    Ou seja, necessrio disti nguir e ter a capacidade de responder

    tanto s demandas de habilitao/reabilitao de durao limitada

    (ati ngimento de nveis sati sfatrios de funcionalidade e sociabilidade

    por parte dos pacientes, evitando manter essas pessoas como usurios

    permanentes dos servios), quanto ao estabelecimento de processos

    de cuidado queles usurios que necessitam de acompanhamento

    cont nuo e prolongado.

    Ao mesmo tempo, alm dos processos de cuidado sade no mbito

    da ateno especializada, que visam responder s especi cidades

    clnicas, importante ressaltar que os servios de sade devem

    funcionar em rede, estando preparados para acolher e responder

    s necessidades gerais de sade das pessoas com TEA, o que inclui

    o acompanhamento (bsico e especializado) tanto da equipe de

    habilitao/reabilitao, quanto mdico, odontolgico e da sade

    mental, sempre que se zer necessrio.

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    6160

    tambm de extrema importncia que os cuidados sade da pessoa

    com TEA, ao longo da vida, estejam arti culados tambm s aes e

    programas no mbito da proteo social, educao, lazer, cultura

    e trabalho, visando o cuidado integral e o mximo de autonomia e

    independncia nas ati vidades da vida coti diana.

  • Ministrioda Sade

    6362

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    6362

    10 Apoio e Acolhimento Famlia da Pessoa com TEA

    O cuidado da pessoa com TEA exige da famlia extensos e

    permanentes perodos de dedicao, provocando, em muitos casos,

    a diminuio das ati vidades de trabalho, lazer e at de negligncia

    aos cuidados da sade de membros da famlia. Isto signi ca que

    estamos diante da necessidade de ofertar, tambm aos pais e

    cuidadores, espaos de escuta e acolhimento; de orientao e at

    de cuidados teraputi cos espec cos.

  • Ministrioda Sade

    6564

    11 Fluxograma de Acompanhamento e Atendimento da Pessoa com TEA na REDE SUS

    64

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    6564

    11 Fluxograma de Acompanhamento e Atendimento da Pessoa com TEA na REDE SUS

    65

  • Ministrioda Sade

    6766

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    6766

    Referncias

    1. Akshoomo N, Neuropsychiatric Aspects of Auti sti c Spectrum Disorders and Childhood-Onset Schizophrenia. In Pediatric

    Neuropsychiatry, Ed: Co ey CE and Brumback RA, Lippincott

    Williams 7 Wilkins 2006, pp 195-214, Philapdelphia

    2. American Psychiatric Associati on (2002). Manual diagnsti co e estatsti co de transtornos mtais (4th ed.) (C. Dornelles, Trans.). Porto Alegre: Artes Mdicas. (Original published in

    2000).

    3. Backes, B et al (submeti do). Instrumentos de avaliao do Transtorno do Espectro Aut sti co: Uma reviso sistemti ca de

    estudos brasileiros. Cadernos de sade publica.

    4. Bair G, Simono E, Pickles A, Chandler S, Loucas T, Meldrum

    D, et al. Prevalence of disorders of the auti sm spectrum in a

    populati on cohort of children in South Thames: The special

    needs and auti sm project (SNAP). The Lancet 2006; 368:210-

    215)

    5. Barbaro J, Ridgway RN and Dissanayake C. Developmental

    surveillance of infants and toddlers by maternal and child

    nurses in an Australian community-based setti ng: promoti ng

    the early identi cati on of auti sm spectrum disorders. J

    Pediatr 2011; 26:334-47)

    6. Bhat, A.; Landa, R. & Galloway, J. (2011) Current perspecti ves on motor functi oning in infants, children and adults with

    auti sm spectrum disorders. Physycal Therapy, (91), 7, 1116-

    1129.

  • Ministrioda Sade

    6968

    7. Bosa, C. (1998). Diretrizes para avaliao psicolgica de

    crianas com transtornos globais do desenvolvimento.

    Manual no-publicado, Insti tuto de Psicologia, Universidade

    Federal do Rio Grande do Sul (produo tcnica).

    8. Bosa, C. (2002). Ateno comparti lhada e identi cao precoce do auti smo. Psicologia,Re exo e Crti ca, 15(1), 77-88. 9. Broadstock M, Doughty C and Matt Eggleston. Systemati c review of the e ecti veness of pharmacological treatments

    for adolescents and adults with auti sm spectrum

    disorder Auti sm 2007 11: 335, 335-348 10. Bryson SE, Clarck BS, Smith IM. First report of a Canadian

    epidemiological study of auti sti c syndromes. J Child Psychol

    Psychiatr 1988; 29(4):433-45).

    11. Bursztejn, C., Baghdadli, A., Lazarti gues, A., Philippe, A., & Siberti n-Blanc, D. (2003, maio). Towards early screening of

    auti sm. Arch Pediatr, 10 Suppl 1, 129s-131s.

    12. Castro-Souza RM. Adaptao Brasileira do M-CHAT (Modi ed Checklist for Auti sm in Toddlers) [thesis]. Braslia (DF):

    Universidade de Braslia; 2011

    13. CHERUBINI, Zuleika Ana; BOSA, Cleonice Alves; BANDEIRA, Denise Ruschel. Estresse e autoconceito em pais e mes

    de crianas com a sndrome do X-frgil.Psicol. Re ex. Crit.,

    Porto Alegre, v. 21, n. 3, 2008 . Available from . access

    on 18 Mar. 2013. htt p://dx.doi.org/10.1590/S0102-

    79722008000300009

  • Diretrizes de Ateno Reabilitao da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)

    6968

    14. Centers for Disease Control and Preventi on (2007). Prevalence of auti sm spectrum disorders: auti sm and developmental

    disabiliti es monitoring network. Retrieved in August, 9, 2010,

    from htt p://www.cdc.gov/mmwr/indss_2007.html.

    15. Doyle1 CA & McDougle 2 CJ, Pharmacotherapy to control behavioral symptoms in children with auti sm, Expert Opinion

    in Pharmacotherapy, 2012, Vol. 13, No. 11 , 1615-1629.

    16. Dowd, A.; Rinehart, N. & McGinley, J. (2010). Motor functi on in children with auti sm: why is this relevant to psychologists?

    Clinical Psychologist, 14(3).

    17. Esposito, G; Venuti , P.; Maestro, S. & Muratori, F. (2009) An explorati on of symmetry in early auti sm spectrum disorders:

    analysis of lying. Brain & Develpment, (31), 131-128.

    18. Esposito, G; Venuti , P.; Apicella, F. & Muratori, F. (2011) Analysis os unsupported gait in toddlers with auti sm. Brain &

    Develpment, (33), 367-373.

    19. Fernandes, F D M-Avaliao Pragmti ca. IN Andrade CRF, Be -Lopes DM, Fernandes FDM, Wertzner HF. ABFW Teste

    de Linguagem Infanti l: nas reas de Fonologia, Vocabulrio,

    Fluncia e Pragmti ca. So Paulo: Pr-Fono; 2000.

    20. Fombonne E. Epidemiology of auti sti c disorder and other pervasive developmental disorders. J Clin Psychiatr 2006;

    67(12):2003).

    21. Fombonne, E. (2009). Epidemiology of pervasive developmental disorders. Pediatric Research,65(6), 591-598.

    22. Fombonne, E. (2009). Epidemiology of pervasive developmental disorders. Pediatric Research, 65(6), 591-598.

  • Ministrioda Sade

    7170

    23. Fombonne, E. (2010, April). Epidemiology of auti sm. Paper presented at the 1. Encontro Brasleiro para Pesquisa em

    Auti smo, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.

    24. Ho man, C.D., Sweeney, D.P., Hodge, D., Lopez-Wagner, M.C. & Looney, L. (2009). Parenti ng Stress and Closeness Mothers

    of Typically Developing Children and Mothers of Children

    With Auti sm. Focus On Auti sm And Other Developmental

    Disabiliti es, 24(3), 178-187.

    25. Kogan MD, Blumberg SJ, Schieve LA, Boyle CA, Perrin JM,

    Ghandour RM et al. Prevalence of parent-reported diagnosis

    of auti sm spectrum disorder among children in the US.

    Pediatrics 2009; 1395-1403.

    26. Kupfer, MCM., Jerusalinsky, NA., Bernardino, LMF., Wanderley,

    DB., Rocha, PSB., Molina, S., et al. (2010). Predicti ve

    value of clinical risk indicators in child development: nal

    results of a study based on psychoanalyti c theory. Revista

    Lati noamericana de Psicopatologia Fundamental, v. 13, 31-

    52.

    27. Lerner, R. (2011). Indicad