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ANO LII – VITÓRIA-ES, TERÇA-FEIRA, 14 DE AGOSTO DE 2018 – Nº 8517 – 152 PÁGINAS
DPL - Editoração, Composição, Diagramação e Arte-Final
4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 18ª LEGISLATURA
MESA DIRETORA
ERICK MUSSO – PRB Presidente
RAQUEL LESSA – PROS 1ª Secretária
ENIVALDO DOS ANJOS – PSD 2º Secretário
JAMIR MALINI – PP
MARCELO SANTOS – PDT 1º Vice-Presidente
JANETE DE SÁ – PMN
MARCOS MANSUR – PSDB
3º Secretário 2ª Vice-Presidenta 4º Secretário
GABINETE DAS LIDERANÇAS
DEM - Theodorico Ferraço PDT - Marcelo Santos PT - Nunes PR - Gilsinho Lopes PSB - Freitas
PTB – Gildevan FErnandes PSDB – Marcos Mansur PROS - Sandro Locutor PRP - Dary Pagung PATRI - Rafael Favatto
PMN – Janete de Sá PTC - Eliana Dadalto PPS - Da Vitória PP - Jamir Malini PSD - Enivaldo dos Anjos PSDC – Euclério Sampaio PRB - MDB REDE – Marcos Bruno
RODRIGO COELHO Líder do Governo
JAMIR MALINI - PP Vice-Líder do Governo
REPRESENTAÇÃO PARTIDÁRIA
DEM THEODORICO FERRAÇO. MDB DOUTOR HÉRCULES, JOSÉ ESMERALDO E LUZIA TOLEDO. PT JOSÉ CARLOS NUNES E PADRE HONÓRIO. PR GILSINHO LOPES. PSB BRUNO LAMAS, FREITAS E SERGIO MAJESKI. PDT MARCELO SANTOS E RODRIGO COELHO. PSDB PASTOR MARCOS MANSUR. PRP DARY PAGUNG. PATRI DOUTOR RAFAEL FAVATTO. PMN JANETE DE SÁ. PTC ELIANA DADALTO. PSD ENIVALDO DOS ANJOS E ESMAEL ALMEIDA. REDE MARCOS BRUNO. PROS RAQUEL LESSA E SANDRO LOCUTOR. PP JAMIR MALINI. PPS DA VITÓRIA. PRB AMARO NETO, ERICK MUSSO, HUDSON LEAL E CLAUDIA LEMOS. PTB GILDEVAN FERNANDES. PSDC EUCLÉRIO SAMPAIO.
Esta edição está disponível no site: www.al.es.gov.br
Endereço: Avenida Américo Buaiz – Quadra RC4-B 03 - Enseada do Suá - CEP: 29050-950
Editoração: Simone Silvares Itala – (027) - 3382-3666 e 3382-3665 e-mail: [email protected]
DIÁRIO OFICIAL PODER LEGISLATIVO
DIÁRIO OFICIAL
PODER LEGISLATIVO
COMISSÕES PERMANENTES
COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO Presidente: Gildevan Fernandes Vice-Presidente: Luzia Toledo Efetivos: Dary Pagung, Janete de Sá, Rafael Favatto, Marcelo Santos Raquel Lessa e Rodrigo Coelho. Suplentes: Amaro Neto, Bruno Lamas, Esmael Almeida, Sandro Locutor, Padre Honório, Gilsinho Lopes e Pr. Marcos Mansur. (terças-feiras, às 13h30min, Plenário Rui Barbosa)
COMISSÃO DE FINANÇAS, ECONOMIA, ORÇAMENTO, FISCALIZAÇÃO, CONTROLE E TOMADA DE CONTAS Presidente: Dary Pagung Vice-Presidente: Efetivos: Enivaldo dos Anjos, Euclério Sampaio, Jamir Malini, José Esmeraldo e Luzia Toledo. Suplentes: Eliana Dadalto, Esmael Almeida, Freitas, Gildevan Fernandes, Hudson Leal, Marcelo Santos e Nunes. (segunda-feira, às 13h30m, Plenário Rui Barbosa) COMISSÃO DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE E AOS ANIMAIS Presidente: Rafael Favatto Vice-Presidente: Efetivos: José Esmeraldo, Gilsinho Lopes e Sandro Locutor. Suplentes: Amaro Neto, Bruno Lamas, Nunes, e Pr. Marcos Mansur. (terça-feira, às 13h30m, Plenário Rui Barbosa) Reuniões quinzenais. COMISSÃO DE CULTURA E COMUNICAÇÃO SOCIAL Presidente: Marcos Bruno Vice-Presidente: Da Vitória Efetivos: Rafael Favatto. Suplentes: Amaro Neto, Euclério Sampaio e Janete de Sá. (terça-feira, às 9h, Plenário Deputada Judith Leão Castello Ribeiro) Reuniões quinzenais.
COMISSÃO DE EDUCAÇÃO Presidente: Rodrigo Coelho Vice-Presidente: Luzia Toledo Efetivos: Eliana Dadalto, Bruno Lamas e Pr. Marcos Mansur. Suplentes: Hudson Leal, Janete de Sá, Nunes, Padre Honório e Sandro Locutor. (terças-feiras, às 12h, Plenário Deputada Judith Leão Castello Ribeiro)
COMISSÃO DE DEFESA DA CIDADANIA E DOS DIREITOS HUMANOS Presidente: Nunes Vice-Presidente: Padre Honório Efetivos: Claudia Lemos, Gildevan Fernandes e Pr. Marcos Mansur. Suplentes: Enivaldo dos Anjos, Esmael Almeida, Jamir Malini, Dary Pagung e Luzia Toledo. (terça-feira, às13h30m, Plenário Deputada Judith Leão Castello Ribeiro)
COMISSÃO DE SAÚDE Presidente: Doutor Hércules Vice-Presidente: Eliana Dadalto Efetivos: Eliana Dadalto. Suplentes: Gilsinho Lopes e Rafael Favatto. (terça-feira, às 9h, Plenário Rui Barbosa)
COMISSÃO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL, SOCIOEDUCAÇÃO, SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL Presidente: Eliana Dadalto Vice-Presidente: Dr. Hércules Efetivos: Doutor Hércules e Eliana Dadalto. Suplentes: Bruno Lamas, Marcos Bruno, Raquel Lessa.
(quarta-feira, às 12h, Plenário Deputada Judith Leão Castello Ribeiro) Reuniões quinzenais.
COMISSÃO DE COOPERATIVISMO Presidente: Pr. Marcos Mansur Vice-Presidente: Da Vitória Efetivos: Enivaldos dos Anjos. Suplentes: Gildevan Fernandes, Janete de Sá e Sandro Locutor. (terça-feira, às 11h, Plenário Rui Barbosa) Reuniões quinzenais. COMISSÃO DE AGRICULTURA, DE SILVICULTURA, DE AQUICULTURA E PESCA, DE ABASTECIMENTO E DE REFORMA AGRÁRIA Presidente: Janete de Sá Vice-Presidente: Padre Honório Efetivos: Eliana Dadalto, Freitas e Raquel Lessa. Suplentes: Da Vitória, Enivaldo dos Anjos, Hudson Leal, Jamir Malini e Marcelo Santos. (terça-feira, às 10h, Plenário Deputada Judith Leão Castello Ribeiro) COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E DO CONTRIBUINTE Presidente: Euclério Sampaio Vice-Presidente: Sandro Locutor Efetivos: Gilsinho Lopes. Suplentes: Da Vitória, Hudson Leal e Marcelo Santos. (terça-feira, às 11h, Plenário Rui Barbosa) Reuniões quinzenais. COMISSÃO DE SEGURANÇA E COMBATE AO CRIME ORGANIZADO Presidente: Gilsinho Lopes Vice-Presidente: Euclério Sampaio Efetivos: Enivaldo dos Anjos, Jamir Malini e Sandro Locutor. Suplentes: Da Vitória, Eliana Dadalto, Hudson Leal, Marcelo Santos e Pr. Marcos Mansur. (segunda-feira, às 11h, Plenário Dirceu Cardoso)
COMISSÃO DE TURISMO E DESPORTO Presidente: Luzia Toledo Vice-Presidente: Nunes Efetivos: Suplentes: Marcelo Santos e Marcos Bruno. (segunda-feira, às 10h, Plenário Dirceu Cardoso) Reuniões quinzenais. COMISSÃO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA, MINAS E ENERGIA Presidente: Esmael Almeida Vice-Presidente: Jamir Malini Efetivos: Cláudia Lemos e Marcos Bruno. Suplentes: Enivaldo dos Anjos, Gildevan Fernandes, Gilsinho Lopes e Janete de Sá. (terça-feira, às 10h, Plenário Rui Barbosa) Reuniões quinzenais.
COMISSÃO DE INFRAESTRUTURA, DE DESENVOLVIMENTO URBANO E REGIONAL, DE MOBILIDADE URBANA E DE LOGÍSTICA Presidente: Marcelo Santos Vice-Presidente: Jamir Malini Efetivos: Gilsinho Lopes. Suplentes: Dary Pagung, Enivaldo dos Anjos e Janete de Sá. (segunda-feira, às 10h, Plenário Rui Barbosa) COMISSÃO DE POLÍTICA SOBRE DROGAS Presidente: Padre Honório Vice-Presidente: Efetivos: Pr. Marcos Mansur. Suplentes: Amaro Neto, Esmael Almeida e Hudson Leal. (segunda-feira, às 13h, Plenário Judith Leão Castello Ribeiro) CORREGEDORIA GERAL Presidente: Sandro Locutor Vice-Presidente: Jamir Malini Efetivos: Amaro Neto, Gilsinho Lopes e Marcelo Santos. Suplentes: Hudson Leal, Nunes e Pr. Marcos Mansur. (terça-feira, às 18h05m, Plenário Deputada Judith Leão Castello Ribeiro)
DEPUTADO OUVIDOR: AMARO NETO - PRB DEPUTADO OUVIDOR SUBSTITUTO: DA VITÓRIA - PPS
LIGUE OUVIDORIA: 3382-3846 / 3382-3845 / 99531-9393
e-mail: [email protected]
Publicação Autorizada pág. 1 a 19 Atos Legislativos Atos do Presidente Atos Administrativos pág. 19 a 25 Atas das Sessões e das Reuniões das Comissões Parlamentares pág. 26 a 148 Complemento
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 1
PUBLICAÇÃO AUTORIZADA
C O N V O C A Ç Ã O
A MESA DA ASSEMBLEIA
LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO, em virtude da ocorrência de uma vaga de
Deputado Estadual prevista nos artigos 303 e 307, II,
do Regimento Interno, com base no artigo 308, I, do
mesmo Regimento, CONVOCA o Sr. Luiz Durão, 1º
suplente da Coligação formada pelo PDT-PT, para
tomar posse no cargo de Deputado Estadual.
PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em 13
de agosto de 2018.
ERICK MUSSO
Presidente
RAQUEL LESSA
1ª Secretária
ENIVALDO DOS ANJOS
2º Secretário
PODER LEGISLATIVO
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
GABINETE DO DEPUTADO GILSINHO LOPES
PROJETO DE LEI Nº 216/2018
Institui o Dia Estadual do Agente de Policia Civil.
A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO
DECRETA:
Art. 1º Fica instituído o dia 14 de outubro como dia
estadual do agente de polícia civil.
Art. 2º Esta lei entra em vigor na data de sua
publicação.
SALA DAS SESSÕES, 09 de agosto de
2018.
GILSINHO LOPES
Deputado Estadual
JUSTIFICATIVA
Esta proposta tem como objetivo valorizar o Agente
de Polícia Civil, profissional que, como agente
político atua na gestão e no exercício das atividades
de Polícia Judiciária e na condução da investigação
criminal, colocando a sua vida em risco,
diuturnamente, em prol da segurança pública.
Entre as principais atribuições do cargo estão:
Praticar os atos de Polícia Judiciária definidos na
esfera de sua competência técnica e funcional pelo
Código de Processo Penal e por outras normas que
regem essa atividade, mediante determinação da
Autoridade Policial;
Cumprir mandados judiciais e custodiar presos;
Dirigir veículos policiais automotores em atividades
pertinentes aos serviços policiais;
Operar equipamentos computacionais e de
comunicação, bem como armamentos policiais;
Manter o sigilo necessário à elucidação dos fatos e às
investigações, dentre outras determinadas pelas
autoridades competentes.
O Agente de Polícia precisa fazer com que a lei seja
cumprida. Tem um trabalho bastante ativo: efetua
prisões, interroga suspeitos, atende a ocorrências,
examina evidências de um inquérito, organiza a
ordem dos acontecimentos, monta a sequência do
processo judicial.
o Agente também que cumpre mandados judiciais,
cuida da custódia dos presos e dirige os veículos dos
policiais durante atividades de serviço.
Sendo assim, diante do fato de que esses valorosos
profissionais, que dedicam as suas vidas na defesa
intransigente dos direitos do cidadão e figuram como
verdadeiros garantidores do cumprimento da lei e da
defesa da ordem.
Motivo pelo qual rogamos a aprovação da presente
lei pelos pares.
PODER EXECUTIVO
GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
GABINETE DO GOVERNADOR
MENSAGEM Nº 109/2018
Excelentíssimo Senhor Presidente da
Assembleia Legislativa
Deputado Erick Musso
Encaminho à apreciação da Assembleia
Legislativa o incluso Projeto de Lei que “Abre o
Crédito Especial no valor de R$ 150.000,00 (cento
e cinquenta mil reais), em favor da Governadoria
do Estado - Fundo Estadual de Combate a
2 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
Corrupção - FECC”, visando incluir no Orçamento
vigente a Ação “Capacitação e Treinamento de
Recursos Humanos”, para atender despesas com
capacitações e treinamentos relacionados ao tema
combate à corrupção, como a Estratégia Nacional
de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro
- ENCCLA, entre outras, conforme Anexo I do
Projeto de Lei.
Os recursos necessários à execução do
referido Crédito Especial serão provenientes de
anulação parcialde dotação orçamentária constante
do Programa de Trabalho da Governadoria do
Estado - Fundo Estadual de Combate a Corrupção -
FECC, conforme Anexo II do Projeto de Lei.
Esta medida permitirá a adequação do
orçamento vigente às necessidades da
Administração Pública Estadual.
Diante das considerações acima expostas,
Senhor Presidente e Senhores Deputados, solicito o
empenho de Vossas Excelências no sentido de
aprovar o presente Projeto de Lei.
Vitória, 09 de agosto 2018.
PAULO CESAR HARTUNG GOMES
Governador do Estado
PROJETO DE LEI Nº 217/2018
Abre o Crédito Especial no
valor de R$ 150.000,00
(cento e cinquenta mil
reais), em favor da
Governadoria do Estado -
Fundo Estadual de
Combate a Corrupção -
FECC.
Art. 1º Fica aberto o Crédito Especial no valor de
R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), em
favor da Governadoria do Estado - Fundo Estadual
de Combate a Corrupção - FECC, para inclusão no
Orçamento vigente da Ação “Capacitação e
Treinamento de Recursos Humanos”, conforme
disposto no Anexo I que integra a presente lei.
Art. 2º Os recursos necessários à execução do
disposto no artigo 1º, serão provenientes de
anulação parcial de dotação orçamentária, indicada
no Anexo II desta Lei.
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua
publicação
R$1,00
CÓDIGO ESPECIFICAÇÃO META NATUREZA F VALOR
10.000 GOVERNADORIA DO ESTADO
10.904 FUNDO ESTADUAL DE COMBATE A CORRUPÇÃO
04.128.0003.2077 CAPACITAÇÃO E TREINAMENTO DE RECURSOS
HUMANOS
Diárias - Civil, Passagens e Despesas com
Locomoção e Outros Serviços de Terceiros - Pessoa
Jurídica
3.3.90 0159 150.000
Produto (Unid. de Medida): Servidor Capacitado e
Treinado (Unidade)
Estado 40
TOTAL 150.000
R$1,00
CÓDIGO ESPECIFICAÇÃO META NATUREZA F VALOR
10.000 GOVERNADORIA DO ESTADO
10.904 FUNDO ESTADUAL DE COMBATE A CORRUPÇÃO
04.124.0189.2012 PREVENÇÃO, FISCALIZAÇÃO E REPRESSÃO À PRÁTICA
DE ILÍCITOS3.3.90 0159 150.000
Produto (Unid. de Medida): Auditoria Realizada
(Unidade)
Estado 10
TOTAL 150.000
CRÉDITO ESPECIAL - ANEXO I - SUPLEMENTAÇÃO
CRÉDITO ESPECIAL - ANEXO II - ANULAÇÃO
R E S O L V E:R E S O L V E:R E S O L V E:R E S O L V E:R E S O L V E:
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GABINETE DO GOVERNADOR
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GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
GABINETE DO GOVERNADOR
MENSAGEM Nº 110/2018
Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia
Legislativa
Deputado Erick Musso
Transmito à V. Exa. e dignos Pares,
amparado no artigo 66, § 2º da Constituição Estadual,
as razões de VETO TOTAL ao Autógrafo de Lei nº
099/2018, que “Dispõe sobre período de permanência
gratuita nos estacionamentos públicos e privados
localizados no Estado para os veículos automotores
utilizados por pessoas com deficiência e idosos”, de
autoria da Deputada Luzia Toledo, referente ao
Projeto de Lei nº 264/2017, para cumprimento das
formalidades constitucionais de praxe.
Em que pese o justo propósito que norteou a
iniciativa parlamentar, o Instituto Estadual de
Proteção e Defesa do Consumidor (PROCON), ao
analisar os aspectos técnicos, e a Procuradoria Geral
do Estado (PGE), ao apreciar os aspectos
constitucionais, manifestaram-se pelo veto total ao
presente Autógrafo de Lei, pelas razões e argumentos
que seguem transcritos:
“Em primeiro lugar, observo que há tempos este Centro de Estudos vem analisando projetos de lei em assuntos semelhantes ao que se propõe. Vejamos: Autógrafo de lei nº 204/2007 (PL nº 350/2007); Autógrafo de lei nº 40/06 (PL nº 45/2005); Autógrafo de lei 44/2011 (PL nº 09/2011); Autógrafo de Lei nº 171/2015 (PL nº 168/2015); e Autógrafo de lei n° 145/2016, (PL n° 133/2013). Em todos eles, os posicionamentos da PGE-ES foram conclusivos quanto a inconstitucionalidade formal por invasão da competência legislativa da União para legislar sobre direito civil, uma vez que a proposição de tais regramentos acaba por interferir diretamente na relação privada existente entre o proprietário do imóvel em que funciona o estacionamento e os seus usuários.
Neste mesmo raciocínio, vale reiterar que a Constituição Federal em seu art. 22 I conferiu à União a competência privativa para legislar sobre direito civil, não podendo os Estados nem o Distrito Federal legislarem sobre essas matérias exceto se houver autorização formal da União, mediante edição de Lei Complementar.
Ao estabelecer tempo mínimo de permanência gratuita dos veículos automotores utilizados por pessoa com deficiência e idosos, o Projeto de Lei sob análise interfere indevidamente na relação contratual. Para além da disposição de matéria de direito civil, há também
interferência sobre a livre iniciativa e o direito de propriedade.
Aliás, recentemente o STF, ao apreciar leis estaduais sobre assuntos semelhantes, firmou entendimento no sentido de sua inconstitucionalidade formal, por tratar de matéria civil e usurpar a competência da União (ADI 4862, Relator(a): Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgado em 18/08/2016, Processo Eletrônico DJe-023 Divulg 06-02-2017 Public 07-02-2017 // ADI 4008, Relator(a): Min. Roberto Barroso, Tribunal Pleno, julgado em 08/11/2017, Acórdão Eletrônico DJe-291 Divulg 15-12-2017 Public 18-12-2017 // AI 730856 AgR, Relator(a): Min. Marco Aurélio, Primeira Turma, julgado em 13/05/2014, Acórdão Eletrônico DJe-110 Divulg 06-06-2014 Public 09-06-2014). Assim, a matéria em questão é pacífica e não carece maiores análises.
Acrescento, por fim, que a matéria não é estritamente consumerista, envolvendo regulação sobre as condições do contrato entre particulares, inserindo-se assim no âmbito do direito civil. Em vista disso, mostra-se verossímil a conclusão desta análise quanto a inconstitucionalidade de natureza formal, tendo em vista a incompatibilidade do ato normativo atacado com a Constituição. Corroborando, destaco a ADI nº 1918-1-ES (Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 01/08/2003) em que a Corte julgou inconstitucionais o artigo 2º, caput e seus §§ 1 e 2º da Lei nº 4712/92, do Estado do Espírito Santo, cujos dispositivos, semelhantemente ao Projeto de Lei sob análise, tratavam da cobrança pelo uso de estacionamento.
Por isso, tem-se que o autógrafo de lei sob exame é inconstitucional, do ponto de vista formal por invadir competência privativa legislativa da União. Conclui-se que o Autógrafo de Lei nº 99/2018 deve ser objeto de veto total, tendo em vista que padece de vício de inconstitucionalidade, conforme evidenciado acima.”
Como se verifica, o presente Autógrafo incorre em
vício de inconstitucionalidade formal por ofensa ao
disposto no artigo 22, inciso I, da Constituição
Federal, razão pela qual se impõe o veto jurídico
Total ao Autógrafo 99/2018, referente ao Projeto
de Lei nº 264/2017.
Vitória, 09 de agosto de 2018.
PAULO CESAR HARTUNG GOMES
Governador do Estado
10 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
GABINETE DO GOVERNADOR
MENSAGEM Nº 111/2018
Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia
Legislativa
Deputado Erick Musso
Transmito a V. Exª. e dignos Pares,
amparado no artigo 66, § 1º da Constituição Estadual,
as razões de VETO TOTAL ao Autógrafo de Lei nº
100/2018, que “Dispõe sobre a colaboração de
corretores de imóveis nos procedimentos de
avaliação de bens imóveis”, de autoria do Deputado
Esmael Almeida, aprovado nessa Casa, relacionado
ao Projeto de Lei nº 309/2017, para cumprimento
das formalidades constitucionais de praxe.
Em que pese o justo propósito que norteou a
iniciativa parlamentar, a Procuradoria Geral do
Estado (PGE), ao apreciar os aspectos
constitucionais, manifestou-se pelo veto total ao
presente Autógrafo de Lei, pelas razões e argumentos
que seguem transcritos:
“Em primeiro lugar, é oportuno esclarecer a quem cabe a execução dos atos administrativos que regem a intervenção na propriedade. No que diz respeito ao instituto da desapropriação, por exemplo, José Cretella Júnior dispõe ser um procedimento complexo de direito público, pelo qual o Estado, fundamentado na necessidade pública, na utilidade pública ou no interesse social, obriga o titular de bem a desfazer-se por transferência e mediante recebimento de justa indenização. Assim, por se tratar de procedimento administrativo amplo, em grande parte acompanhado de uma fase judicial, observa-se que a desapropriação tem início com a fase administrativa, ou seja, momento em que o Poder Público declara seu interesse e dá início às medidas visando à transferência do bem objeto da desapropriação. A declaração expropriatória deve ser formalizada através de lei ou decreto emanado do Chefe do Poder Executivo (Presidente, Governadores, Prefeitos e Interventores), nos termos do art. 8º do Decreto-Lei nº 3.365/41. Observa-se que a regra contida no mencionado artigo é dirigida à própria Administração Pública no procedimento administrativo de desapropriação. Posteriormente, a fase executória, que diz respeito às providências no plano
concreto para a efetivação da manifestação de vontade relativa à primeira fase, poderá ser subdivida em administrativa (quando o Poder Público e o expropriado acordam quanto à indenização e o ato da expropriação) e judicial (quando a Administração entrar com Ação Expropriatória perante o Poder Judiciário). Veja-se, portanto, a necessidade de implementação de procedimentos ulteriores pelo Poder Executivo para que a desapropriação seja efetivada. Com isso, há que se reconhecer que a desapropriação, alienação, aquisição ou locação são decorrentes de atos ou procedimentos administrativos e, como tal, devem ser exercidos privativamente pelo Poder Executivo. Sendo assim, caberá ao Chefe do Poder Executivo Estadual dispor normativamente sobre os procedimentos e autorizações sobre seus atos. O artigo 91, III, da Constituição do Estado do Espírito Santo - por simetria, referente ao artigo 84, IV, da Constituição Federal, previu a competência privativa do Governador do Estado do Espírito Santo para “sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução”. Esses decretos regulamentares, como parece óbvio, devem observância à lei originária sobre a qual incidirão, especialmente por se tratarem de atos de natureza secundária e não primária. Analisando o presente projeto de lei, verifico que à fl. 06 consta o Decreto nº 3736-R/2014 que trata exatamente da possibilidade de colaboração não remunerada de corretores de imóveis nos procedimentos de avaliação para fins de desapropriação, alienação, aquisição ou locação no âmbito do Estado do Espírito Santo. Desse modo, a criação de Decreto Estadual pelo Governador do Estado do Espírito Santo para regulamentar a aplicação e execução de lei em geral é o meio jurídico constitucionalmente criado para esse fim, de modo que, abstratamente, o projeto de lei em análise está formal e materialmente inconstitucional por invadir a competência privativa estampada no art. 91, III, da Constituição Estadual, conforme mencionado acima.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 11
Os atos decorrentes do poder regulamentar são aqueles editados pelo Executivo com a finalidade de regulamentar uma lei, complementando-a, detalhando-a em minúcias, suprindo suas lacunas. São aqueles que, segundo Hely Lopes Meirelles “contêm um comando geral do Executivo, visando a correta aplicação da lei. O objetivo imediato de tais atos é explicitar a norma legal a ser observada pela administração e pelos administrados.” Portanto, uma vez que se trata de norma de efeito concreto nos procedimentos administrativos de avaliação para fins de desapropriação, alienação, aquisição e locação de bens imóveis no estado, caberá ao Poder Executivo iniciar processo legislativo para dispor sobre tais atos, tanto que foi editado o Decreto nº 3736-R/2014 para essa finalidade. Conclui-se que o Autógrafo em questão deve ser objeto de veto total, tendo em vista que padece de vício de inconstitucionalidade, conforme evidenciado acima.”
Como se verifica, o presente Autógrafo incorre em
vício de inconstitucionalidade por ofensa ao disposto
nos artigos 84, inciso IV, da Constituição Federal e
91, inciso III, da Constituição Estadual, razão pela
qual se impõe o veto jurídico total ao Autógrafo de
Lei nº 100/2018, referente ao Projeto de Lei nº
309/2017.
Vitória, 09 de agosto de 2018.
PAULO CESAR HARTUNG GOMES
Governador do Estado
GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
GABINETE DO GOVENADOR
MENSAGEM Nº 112/2018
Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia
Legislativa
Deputado Erick Musso
Transmito a V. Exª. e dignos Pares,
amparado no artigo 66, § 1º da Constituição Estadual,
as razões de VETO TOTAL ao Autógrafo de Lei nº
101/2018, que “Dispõe sobre o horário de
funcionamento dos radares de avanço de sinal
localizados nas vias urbanas e nas rodovias
estaduais, conforme especifica”, de autoria do
Deputado Padre Honório, aprovado nessa Casa,
relacionado ao Projeto de Lei nº 62/2017, para
cumprimento das formalidades constitucionais de
praxe.
Em que pese o justo propósito que norteou a
iniciativa parlamentar, o Departamento Estadual de
Trânsito do Espírito Santo (DETRAN), ao analisar os
aspectos técnicos, e a Procuradoria Geral do Estado
(PGE), ao apreciar os aspectos constitucionais,
manifestaram-se pelo veto total ao presente
Autógrafo de Lei, pelas razões e argumentos que
seguem transcritos:
“Conforme já mencionado, o autógrafo em
foco se ocupa em trazer regramentos quanto
ao funcionamento dos radares de avanço de
sinal localizados nas vias urbanas e nas
rodovias estaduais, impondo, para tanto,
limitação quanto ao horário e fiscalização.
Em primeiro lugar, a questão que se impõe
no presente caso é sobre a competência
legislativa que deve reger a regulação
normativa sobre esse assunto. No qual
vislumbramos que a titularidade da
pretensão ao desencadeamento do
procedimento legislativo que verse sobre
trânsito cabe à União (art. 22, XI, da CF).
A jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal tem sido intransigente no fulminar
de lei estadual, por vício de iniciativa, que
cuida de matérias específicas de trânsito,
entre as quais, as definidoras de limites de
velocidade (ADI n. 2582, Relator o Ministro
Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, DJ
6.6.2003 // ADI n.º 2.718. Rel. Min. Joaquim
Barbosa, julgamento em 6.4.2005. DJE de
24.6.2005 // ADI n. 2582, Relator o Ministro
Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, DJ
6.6.2003 // ADI n. 2328, Relator o Ministro
Maurício Corrêa, DJ 16.4.2004).
Sendo assim, quanto a este aspecto,
indiscutível é, pois, a inconstitucionalidade
do autógrafo, por invasão de competência
privativa da União, uma vez que, cabe ao
legislador federal a competência para
legislar sobre trânsito. Todavia, apesar de a
Constituição Federal reservar
privativamente à União a iniciativa de leis
sobre trânsito e transporte, ela reserva aos
Municípios competência para ordenar o
trânsito urbano e o tráfego local,
abrangendo o transporte coletivo, que é
atividade de interesse local (art. 30, incisos I
e V). Assim, por se tratar de matéria atinente
à ordenação do trânsito, deve ser levado em
consideração o disposto no art. 24, inciso II,
do Código de Trânsito Brasileiro, que
determina competir aos órgãos ou entidades
executivas de trânsito dos Municípios para
planejar, projetar, regulamentar e operar o
trânsito local de veículos, além de implantar,
manter e operar o sistema de sinalização.
12 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
Desta forma, ainda que não invadisse
competência privativa da União para legislar
sobre trânsito, o presente autógrafo de lei, de
iniciativa parlamentar estadual, adentra na
competência da municipalidade para, diante
da necessidade de ordenamento da vida
urbana, propor leis que tratam de interesse
local.
O art. 1º do presente autógrafo, ao dispor
sobre o horário de funcionamento dos
radares nas vias urbanas fere a competência
legislativa privativa do Município para
assuntos de interesse local. Isso se confirma
ainda mais se considerarmos que a medida
pode, potencialmente, representar aumento
de despesas para o Município, tendo em vista
que se apresenta necessária a divulgação
dessas medidas e, dentro do que disciplinam
as leis e regulamentos existentes, a alteração
de placas e sinais luminosos, a fim de tornar
públicas as novas regras de trânsito. No
aspecto técnico, não se pode olvidar que as
normas de trânsito são elaboradas visando à
segurança no trânsito e a redução de
acidentes, de forma que a simples
possibilidade de avanço nos radares no
período a partir da 00:01 até 05:59 da
madrugada pode acarretar majoração do
número de ocorrências em determinada área.
Há que se considerar que a movimentação de
veículos em algumas regiões pode ter
especificidades que justifiquem o
funcionamento dos radares mesmo durante a
madrugada, a fim de que e evite ocorrências
de acidentes, por exemplo. Assim, não se
afigura compatível com os fundamentos da
legislação de trânsito a simples permissão de
“furar o sinal” em todos os pontos do
Município, sendo necessária a elaboração de
estudo acerca de quais os locais efetivamente
perigosos e quais os locais em que isso pode
gerar aumento do número de acidentes.
Nesse ponto, cabe ao legislador municipal,
considerando as peculiaridades locais de
segurança pública e a regulamentação já
existente, regular os radares em modo
compatível com as condições reinantes de
segurança nas vias urbanas.
Evidencia-se, desse modo, o interesse local
apto a atrair a competência municipal, dado
que as condições de segurança e tráfego,
obviamente, variam sensivelmente a
depender da localidade. Logo, o tratamento
do desligamento dos radares aponta ao
imperativo de segurança de tráfego que se
faz presente de forma peculiar no Município.
Com base nesse entendimento, a 2ª Turma do
STF proveu o Recurso Extraordinário nº
633.551, interposto pelo Município de Belo
Horizonte, para declarar a
constitucionalidade de lei municipal que
previa o desligamento de semáforos durante
a madrugada.
Nota-se, também, que com a invasão da
competência legislativa de outro Ente
federado (Município), as disposições do
autógrafo ferem o Pacto Federativo, cláusula
pétrea da ordem constitucional vigente,
insculpida no art. 18 de nossa Carta Magna,
e afronta o princípio da autonomia municipal
(princípio constitucional sensível insculpido
no art. 34, VII, “c” da CF). Portanto, ao
legislar sobre assunto de interesse
predominantemente local, o legislador
estadual invadiu a competência legislativa
privativa do Município, em afronta ao
disposto no art. 30, I da CF, incorrendo em
inconstitucionalidade formal, ferindo o
princípio do Pacto Federativo (art. 18) e o
princípio constitucional da autonomia
municipal (art. 34, VII, c).
No tocante ao regramento das rodovias
estaduais, entendo que, uma vez que os
demais artigos do presente autógrafo de lei
estão umbilicalmente ligados ao art. 1º, que
trata do funcionamento dos radares
localizados nas vias urbanas e nas rodovias
estaduais, restam também inconstitucionais,
na medida em que o veto não pode incidir
apenas sobre trechos ou palavras do
dispositivo legal. Conclui-se pelo veto total
ao Autógrafo de Lei nº 101/2018.”
Como se verifica, o presente Autógrafo
incorre em vício de inconstitucionalidade por ofensa
ao disposto nos artigos 18, 22, inciso XI, 30, inciso I
e 34, inciso VII, alínea ‘c’, da Constituição Federal,
razão pela qual se impõe o veto jurídico total ao
Autógrafo de Lei nº 101/2018, referente ao Projeto
de Lei nº 62/2017.
Vitória, 09 de agosto de 2018.
PAULO CESAR HARTUNG GOMES
Governador do Estado
GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
GABINETE DO GOVERNADOR
MENSAGEM Nº 113/2018
Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia
Legislativa
Deputado Erick Musso
Transmito à V. Exa. e dignos Pares,
amparado no artigo 66, § 2º da Constituição Estadual,
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 13
as razões de VETO TOTAL ao Autógrafo de Lei nº
102/2018, que “Dispõe sobre o ensino de noções
básicas da Lei Maria da Penha, no âmbito dos
estabelecimentos de ensino médio da rede pública
estadual”, de autoria da Deputada Luiza Toledo,
referente ao Projeto de Lei nº 75/2017, para
cumprimento das formalidades constitucionais de
praxe.
Em que pese o justo propósito que norteou a
iniciativa parlamentar, a Procuradoria Geral do
Estado (PGE), ao apreciar os aspectos
constitucionais, manifestou-se pelo veto total ao
presente Autógrafo de Lei, pelas razões e argumentos
que seguem transcritos:
“Embora sejam nobres os objetivos da
proposta em análise, qual seja, de criar
mecanismos que incentivem a discussão nas
escolas sobre assuntos relacionados ao
combate à violência contra a mulher, o
presente autógrafo de lei incorreu em
inconstitucionalidade formal, evidenciada
pela inobservância do procedimento exigido
pelos artigos 61, §1º, inciso II, alínea “b”,
da Constituição Federal e artigo 63,
parágrafo único, inciso III, da Constituição
Estadual.
Como se pode perceber os objetivos do
autógrafo estão diretamente ligados às
atribuições da Secretaria de Estado da
Educação (SEDU), criada para atuar no
desenvolvendo políticas públicas estaduais
que garantam ao cidadão o direito à
educação. À SEDU, órgão da Administração
Estadual, compete a implementação de
políticas, programas e projetos
incentivadores da discussão de temas
relacionados ao combate à violência contra
a mulher nas escolas públicas estaduais.
Neste esteira, o autógrafo submete
indevidamente o Poder Executivo, mais
especificamente a SEDU, à ampliação de
atuação administrativa por determinação do
Poder Legislativo.
Para atender a estas exigências do autógrafo
será necessária a adoção de inúmeras ações
de índole administrativa, a serem tomadas
pelo Poder Executivo em escolas públicas
estaduais, tais como capacitação da equipe
escolar quanto às estratégias e metodologias
a serem desenvolvidas no trabalho
pedagógico acerca da temática do projeto
(art. 4º), alteração do currículo pedagógico
para incluir os conteúdos referentes ao tema,
em especial nas áreas de Língua Portuguesa,
História, Filosofia e Sociologia (parágrafo
único do art. 5º), além de destacar parcela
dos recursos pertencentes unicamente à
Administração Pública para que os objetivos
do autógrafo possam ser alcançados.
O presente autógrafo de lei, de iniciativa
parlamentar, é verticalmente incompatível
com nosso ordenamento constitucional por
violar o princípio da separação de poderes,
previsto nos arts. 17 e 91, I e II, da
Constituição Estadual. Assim, cabe
exclusivamente ao Poder Executivo a criação
ou instituição de programas e serviços nas
diversas áreas de gestão, envolvendo os
órgãos da Administração Pública Estadual.
No que concerne especificamente à criação
de programas, campanhas e políticas
públicas, como é o caso do presente
autógrafo, o Supremo Tribunal Federal já se
manifestou no sentido de que essas normas
são inconstitucionais, por afrontarem o
artigo 61, §1º, II, alínea “e”, da Constituição
Federal (ADI 31/80/AP. Tribunal Pleno.
Relator Ministro Joaquim Barbosa. Julgado
em 17/05/2007. Publicado em 14/06/2007).
Portanto, não dúvidas de que o autógrafo em
análise, ao pretender instituir programa
estadual e promover ações com vistas a
incentivar a discussão de temas relacionados
ao combate à violência contra mulher no
âmbito das escolas estaduais, invadiu esfera
de competência reservada ao Chefe do Poder
Executivo, pois a este cabe a iniciativa de lei
que disponha sobre a direção da
administração, o que naturalmente
compreende o juízo de conveniência e
oportunidade acerca da realização de
programas e projetos na seara
administrativa. Conclui-se que o Autógrafo
de Lei nº 102/2018 deve ser objeto de veto
total.”
Importante destacar que o Autógrafo em
exame também foi submetido à apreciação da
Secretaria de Estado da Educação (SEDU) e que,
analisando o presente autógrafo, informou que a
Secretaria atua “no sentido de incentivar seus
educadores a desenvolverem estratégias curriculares
voltadas para os direitos humanos, possibilitando
assim, que as próximas gerações abandonem
comportamentos violentos e caminhem para uma
condição menos machista e menos desigual em
relação às mulheres”, tudo de acordo com a diretriz
disposta na Lei Federal nº 11.340/2006 (Lei Maria da
Penha), a qual estabelece as medidas preventivas que
devem ser integradas aos currículos escolares.
Como se verifica, o presente Autógrafo
incorre em vício de inconstitucionalidade por ofensa
ao disposto no artigo 61, §1º, inciso II, alínea “b”, da
Constituição Federal e artigo 63, parágrafo único,
14 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
inciso III, da Constituição Estadual, razão pela qual
se impõe o veto jurídico Total ao Autógrafo
102/2018, referente ao Projeto de Lei nº 75/2017.
Vitória, 09 de agosto de 2018.
PAULO CESAR HARTUNG GOMES
Governador do Estado
GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
GABINETE DO GOVERNADOR
MENSAGEM Nº 114/2018
Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia
Legislativa
Deputado Erick Musso
Transmito a V. Exª. e dignos Pares,
amparado no artigo 66, § 2º da Constituição Estadual,
as razões de VETO TOTAL ao Autógrafo de Lei nº
103/2018, que “Dispõe sobre a obrigatoriedade de
contratação de músicos ou grupos musicais
capixabas para apresentação na abertura de shows
musicais nacionais e/ou internacionais realizados no
Estado do Espírito Santo”, de autoria do Deputado
Bruno Lamas, aprovado nessa Casa, relacionado ao
Projeto de Lei nº 156/2017, para cumprimento das
formalidades constitucionais de praxe.
Em que pese o justo propósito que norteou a
iniciativa parlamentar e a análise técnica realizada
pela Secretaria de Estado da Cultura (SECULT), a
Procuradoria Geral do Estado (PGE), ao apreciar os
aspectos constitucionais, manifestou-se pelo veto
total ao presente Autógrafo de Lei, pelas razões e
argumentos que seguem transcritos:
“Conforme já mencionado, o autógrafo em
foco se ocupa de regrar a abertura de shows
musicais nacionais e/ou internacionais
realizados no Estado. Basta ver, para tanto,
que tais preceptivos impõem obrigação aos
realizadores de contratarem músicos ou
grupos musicais capixabas para compor a
abertura dos eventos. A questão que se impõe
no presente caso é sobre a competência
legislativa que deve reger a regulação
normativa da atividade de realização de
eventos.
Quanto a isso, o constituinte de 1988 acolheu
o princípio da predominância do interesse,
cabendo à União as matérias em que
predomina o interesse geral, aos Estados as
de predominante interesse regional e aos
municípios os assuntos de interesse local.
Assim, o art. 30 de nossa Constituição
Federal edita as matérias que devem ser
reguladas por cada ente federativo, que no
tocante aos Municípios é assegurado a
prerrogativa de editar normas sobre assuntos
de interesse local (inciso I).
Desta maneira, as normas locais se inserem,
por isso mesmo, na órbita de competência
constitucional dos Municípios, inerentes que
são ao ordenamento da vida urbana. Sendo
assim, tendo por fim a defesa do interesse
local é predominantemente interesse da
municipalidade, logo, competência implícita
decorrente do art. 30, I da Constituição
Federal (interesse local).
Os dispositivos do presente autógrafo, ao
determinarem a contratação de músicos ou
grupos musicais capixabas nas aberturas dos
shows realizados no Estado (art. 1º), afeta a
competência legislativa privativa do
Município para assuntos de interesse local.
Ainda que sejam válidos os objetivos do
presente autógrafo, a atividade caracterizada
pela escolha, conveniência e posterior
fiscalização (polícia administrativa) das
contratações dos artistas capixabas para
abrir os eventos é da alçada do Poder
Municipal que, consequentemente, detém
competência legislativa exclusiva para
dispor sobre tal tema.
Nota-se, também, que com a invasão da
competência legislativa de outro Ente
federado (Município), as disposições do
autógrafo ferem o Pacto Federativo, cláusula
pétrea da ordem constitucional vigente,
insculpida no art. 18 de nossa Carta Magna ,
e afronta o princípio da autonomia municipal
(princípio constitucional sensível insculpido
no art. 34, VII, “c” da CF ).
Portanto, ao legislar sobre assunto de
interesse predominantemente local, o
legislador estadual invadiu a competência
legislativa privativa do Município, em
afronta ao disposto no art. 30, I da CF,
incorrendo em inconstitucionalidade formal,
ferindo o princípio do Pacto Federativo (art.
18) e o princípio constitucional da
autonomia municipal (art. 34, VII, c). Assim,
sugiro o veto do Autógrafo de Lei nº
103/2018, haja vista tratar-se de assunto de
interesse local, de competência legislativa
privativa do Município..”
Como se verifica, o presente Autógrafo
incorre em vício de inconstitucionalidade por ofensa
ao disposto nos artigos 18, 30, inciso I e 34, inciso
VII, alínea ‘c’, da Constituição Federal, razão pela
qual se impõe o veto jurídico total ao Autógrafo de
Lei nº 103/2018, referente ao Projeto de Lei nº
156/2017.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 15
Vitória, 09 de agosto de 2018.
PAULO CESAR HARTUNG GOMES
Governador do Estado
GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
GABINETE DO GOVERNADOR
MENSAGEM Nº 115/2018
Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia
Legislativa
Deputado Erick Musso
Transmito à V. Exa. e dignos Pares,
amparado no artigo 66, § 2º da Constituição Estadual,
as razões de VETO TOTAL ao Autógrafo de Lei nº
104/2018, que “Cria o Programa de Incentivo à
Admissão de Pessoas da Terceira Idade no Mercado
de Trabalho”, de autoria do Deputado Marcos
Bruno, referente ao Projeto de Lei nº 203/2017,
para cumprimento das formalidades constitucionais
de praxe.
Em que pese o justo propósito que norteou a
iniciativa parlamentar, a Procuradoria Geral do
Estado (PGE), ao apreciar os aspectos
constitucionais, manifestou-se pelo veto total ao
presente Autógrafo de Lei, pelas razões e argumentos
que seguem transcritos:
“Da inconstitucionalidade formal - Reserva
de iniciativa. Invasão da competência
privativa do Chefe do Poder Executivo
Estadual para legislar sobre matéria
administrativa. Embora sejam nobres os
objetivos da proposta em análise, qual seja,
de criar mecanismos que incentivem as
empresas do Estado do Espírito Santo a
disponibilizarem vagas de trabalho para as
pessoas da terceira idade, o presente
autógrafo de lei incorreu em
inconstitucionalidade formal, evidenciada
pela inobservância do procedimento exigido
pelos artigos 61, §1º, inciso II, alínea “b” e
84, incisos II e VI, alínea “a”, da
Constituição Federal e artigo 63, parágrafo
único, incisos III, da Constituição Estadual.
O presente autógrafo de lei, de iniciativa
parlamentar, é verticalmente incompatível
com nosso ordenamento constitucional por
violar o princípio da separação de poderes,
previsto nos arts. 17 e 91, I e II, da
Constituição Estadual. Cabe exclusivamente
ao Poder Executivo a criação ou instituição
de programas em benefício da população e
serviços nas diversas áreas de gestão,
envolvendo os órgãos da Administração
Pública Estadual e a própria população.
Ainda que o autógrafo de lei não indique
expressamente as ações a serem realizadas,
há que se reconhecer que a viabilização do
programa depende do estabelecimento de
diretrizes na organização estatal. O Poder
Legislativo ao editar lei criando e
determinando prazo ao Poder Executivo
para regulamentar o novo programa de
governo, invade, indevidamente, esfera que
é própria da atividade do Administrador
Público, violando o princípio da separação
de poderes.
A instituição no âmbito estadual de
campanha permanente para determinado
fim no calendário oficial é atividade
nitidamente administrativa, representativa
de atos de gestão, de escolha política para
satisfação das necessidades essenciais
coletivas, vinculadas aos direitos
fundamentais e que demandará o
planejamento, uma vez que pode causar
impacto desproporcional ao orçamento
público.
No que concerne especificamente à criação
de programas, campanhas e políticas
públicas, como é o caso do presente
autógrafo, o Supremo Tribunal Federal já se
manifestou no sentido de que essas normas
são inconstitucionais, por afrontarem o
artigo 61, §1º, II, alínea “e”, da Constituição
Federal (ADI 31/80/AP. Tribunal Pleno.
Relator Ministro Joaquim Barbosa. Julgado
em 17/05/2007. Publicado em 14/06/2007).
Contudo, não dúvidas que o autógrafo em
análise, ao pretender instituir campanha
estadual e promover ações com vistas a
incentivar a admissão de pessoas da terceira
idade no mercado de trabalho, invadiu esfera
de competência reservada ao chefe do Poder
Executivo, pois a este cabe a iniciativa de lei
que disponha sobre a direção da
administração, o que naturalmente
compreende o juízo de conveniência e
oportunidade acerca da realização de
programas e projetos na seara
administrativa. Conclui-se que o Autógrafo
de Lei nº 104/2018 deve ser objeto de veto
total.”
Como se verifica, o presente Autógrafo
incorre em vício de inconstitucionalidade por ofensa
ao disposto nos artigos 61, §1º, inciso II, alínea “b” e
84, incisos II e VI, alínea “a”, da Constituição
Federal e artigo 63, parágrafo único, incisos III, da
Constituição Estadual, razão pela qual se impõe o
veto jurídico Total ao Autógrafo 104/2018,
referente ao Projeto de Lei nº 203/2017.
16 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
Vitória, 09 de agosto de 2018.
PAULO CESAR HARTUNG GOMES
Governador do Estado
GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
GABINETE DO GOVERNADOR
MENSAGEM Nº 116/2018
Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia
Legislativa
Deputado Erick Musso
Transmito a V. Exª. e dignos Pares,
amparado no artigo 66, § 1º da Constituição Estadual,
as razões de VETO TOTAL ao Autógrafo de Lei nº
105/2018, que “Declara a Festa da Polenta
patrimônio cultural imaterial do Estado do Espírito
Santo”, de autoria do Deputado Jamir Malini,
aprovado nessa Casa, relacionado ao Projeto de Lei
nº 215/2017, para cumprimento das formalidades
constitucionais de praxe.
Em que pese o justo propósito que norteou a
iniciativa parlamentar, a Procuradoria Geral do
Estado (PGE), ao apreciar os aspectos
constitucionais, manifestou-se pelo veto total ao
presente Autógrafo de Lei, pelas razões e argumentos
que seguem transcritos:
“É certo que a Constituição Federal, ao
versar sobre a competência legislativa dos
entes federados, elencou no corpo do seu art.
24 a competência concorrente da União,
Estados e Distrito Federal para dispor
mediante lei sobre a proteção do patrimônio
histórico, artístico e cultural. Como se vê a
salvaguarda do patrimônio histórico
brasileiro constitui dever de todos os entes
da Federação e direito de todos os cidadãos.
Segundo art. 23, incisos III, IV e V, da
Constituição Federal, em se tratando de
fiscalização, prevenção e recuperação do
patrimônio, a competência é comum entre
todos os entes da União. Assim, para
assegurar esse direito dos brasileiros, a
Constituição Federal, em seus art. 215 e 216,
define o que constitui patrimônio cultural e
atribui ao Poder Público a tarefa de
promover e proteger o patrimônio cultural
brasileiro, por meio de inventários, registros,
vigilância, tombamento e desapropriação, e
de outras formas de acautelamento e
preservação.
Logo, em uma primeira análise sob ótica
formal, nada obsta que ato advindo do Poder
Legislativo disponha sobre a proteção de
bens como manifestações culturais ou mesmo
como integrantes do patrimônio cultural
brasileiro, posto que o art. 216, § 1º da
Constituição Federal estabelece que o poder
público tem o dever de protegê-los e em sede
de tutela do patrimônio cultural vige o
princípio da máxima amplitude dos
instrumentos protetivos. Entretanto, tenho
que a declaração não é a forma adequada de
promover a proteção do patrimônio histórico
cultural. Patrimônio cultural pode ser
entendido como o conjunto de bens materiais
e imateriais de uma nação que possuem a
“peculiar condição de estabelecer diálogos
temporais e espaciais relacionados àquela
cultura, servindo de testemunho e de
referência às gerações presentes e futuras” e
por possuírem este valor incondicional
inerente a bens públicos são merecedores de
tutela especial por parte do ente Estatal.
O bem imaterial, por sua vez é aquele
intangível, essencialmente formador da
cultura de um povo, qual seja, seus costumes,
crenças, danças, etc. Em outras palavras, o
patrimônio cultural imaterial é também parte
do meio ambiente e requer a devida
preservação. Uma vez que é passado de
geração a geração, é mister proporcionar-
lhe meios para conservá-lo. Assim, o
principal meio efetivo para tanto é o registro.
Já o registro dos bens imateriais foi
instituído pelo Decreto Lei nº 3551/00, que
também deu origem ao Programa Nacional
do Patrimônio Imaterial - PNPI. Trata-se,
portanto, de instrumento de natureza
preventiva, previsto no artigo 216, § 1º, da
Constituição Federal, sendo regulamentado
pelo mencionado decreto.
Segundo art. 1º, § 1º do Decreto 3551/00, os
bens culturais imateriais são registrados de
acordo com suas características em um dos
quatro Livros existentes para o ato. Assim, o
registro enseja a realização de inventário de
referência cultural, que permite o
mapeamento dessas manifestações no
território e, com estes dados, se pode
desenvolver uma política nacional de
registro e valorização.
No que concerne a competência para
provocar a instauração do procedimento de
registro, o art. 2º do Decreto 3551/00 elenca
os legitimados para instaurar os processos
de registro, dentre eles as Secretarias de
Estado, de Município e do Distrito Federal.
Outrossim, o efeito pretendido pelo
autógrafo de lei em análise, qual seja,
conferir “a Festa da Polenta” o título de
patrimônio histórico cultural imaterial, não
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 17
poder ser alcançado por ausência de
legitimidade da Assembleia Legislativa para
dispor sobre a matéria por meio de projeto
de lei ordinária. Neste ponto, torna-se
importante destacar o art. 3º, do Decreto
acima citado, e seus parágrafos, que
trazem todo o procedimento para
reconhecimento de patrimônio histórico,
desde a proposta até o efetivo registro.
Assim, a simples declaração por meio de
lei ordinária a fim de alcançar “Festa da
Polenta” como patrimônio cultural
imaterial, sob o abrigo dos art. 215 e 216
da CF, não constitui instrumento hábil
para a busca da proteção, conservação,
preservação e promoção dos bens
culturais, materiais ou imateriais, sejam
eles públicos ou privados,
independentemente da existência prévia de
ato administrativo declaratório de seu
valor referencial.
O ato legislativo pode reconhecer a
relevância da expressão cultural, sem,
contudo, categorizar tal bem como
Patrimônio Cultural Imaterial, resultado
que decorre da análise de dados, pesquisas
e aplicação do Registro de Bens Culturais
Imateriais. A Constituição deixou claro em
seu art. 216, § 1º, mediante uma
enumeração meramente exemplificativa,
que o rol de instrumentos de preservação
do patrimônio cultural é amplo, podendo ser
ele protegido por meio de inventários,
registros, vigilância, tombamento e
desapropriação, e de “outras formas de
acautelamento e preservação”, cabendo à
administração pública a gestão da
documentação governamental e as
providências para franquear sua consulta a
quantos dela necessitem (§ 2º, art. 216, CF).
A edição de lei que confere a declaração de
patrimônio histórico cultural imaterial, sem
obedecer aos regramentos necessários,
dispostos no Decreto Federal nº 3551/00, à
preservação do patrimônio que se quer
conferir tal título, não atende corretamente
ao interesse público, motivo pelo qual
sugerimos o seu veto integral. Conclui-se que
o autógrafo nº 105/2018 deve ser objeto de
veto total, conforme evidenciado acima.
Importante destacar que o Autógrafo em
exame também foi submetido à apreciação da
Secretaria de Estado da Cultura (SECULT) e que,
apesar de considerar válida a iniciativa parlamentar,
pois visa valorizar a cultura e fomentar o turismo em
nosso Estado, observou que a medida esbarra na
determinação disposta na Lei Estadual nº 6.237/2000,
que estabelece esse tipo de Registro como
prerrogativa do Conselho Estadual de Cultura.
Como se verifica, o presente Autógrafo
incorre em vício de inconstitucionalidade por ofensa
ao disposto no artigo 63, inciso VI, da Constituição
Estadual, razão pela qual se impõe o veto jurídico
total ao Autógrafo de Lei nº 105/2018, referente ao
Projeto de Lei nº 215/2017.
Vitória, 09 de agosto de 2018.
PAULO CESAR HARTUNG GOMES
Governador do Estado
GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
GABINETE DO GOVERNADOR
MENSAGEM Nº 117/2018
Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia
Legislativa
Deputado Erick Musso
Transmito a V. Exª. e dignos Pares,
amparado no artigo 66, § 1º da Constituição Estadual,
as razões de VETO TOTAL ao Autógrafo de Lei nº
106/2018, que “Declara a Rota Imperial patrimônio
imaterial do Estado do Espírito Santo”, de autoria da
Deputada Luzia Toledo, aprovado nessa Casa,
relacionado ao Projeto de Lei nº 297/2017, para
cumprimento das formalidades constitucionais de
praxe.
Em que pese o justo propósito que norteou a
iniciativa parlamentar, a Procuradoria Geral do
Estado (PGE), ao apreciar os aspectos
constitucionais, manifestou-se pelo veto total ao
presente Autógrafo de Lei, pelas razões e argumentos
que seguem transcritos:
“É certo que a Constituição Federal, ao
versar sobre a competência legislativa dos
entes federados, elencou no corpo do seu art.
24 a competência concorrente da União,
Estados e Distrito Federal para dispor
mediante lei sobre a proteção do patrimônio
histórico, artístico e cultural. Como se vê a
salvaguarda do patrimônio histórico
brasileiro constitui dever de todos os entes
da Federação e direito de todos os cidadãos.
Segundo art. 23, incisos III, IV e V, da
Constituição Federal, em se tratando de
fiscalização, prevenção e recuperação do
patrimônio, a competência é comum entre
todos os entes da União. Assim, para
assegurar esse direito dos brasileiros, a
Constituição Federal, em seus art. 215 e 216,
18 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
define o que constitui patrimônio cultural e
atribui ao Poder Público a tarefa de
promover e proteger o patrimônio cultural
brasileiro, por meio de inventários, registros,
vigilância, tombamento e desapropriação, e
de outras formas de acautelamento e
preservação.
Logo, em uma primeira análise sob ótica
formal, nada obsta que ato advindo do Poder
Legislativo disponha sobre a proteção de
bens como manifestações culturais ou mesmo
como integrantes do patrimônio cultural
brasileiro, posto que o art. 216, § 1º da
Constituição Federal estabelece que o poder
público tem o dever de protegê-los e em sede
de tutela do patrimônio cultural vige o
princípio da máxima amplitude dos
instrumentos protetivos. Entretanto, tenho
que a declaração não é a forma adequada de
promover a proteção do patrimônio histórico
cultural. Patrimônio cultural pode ser
entendido como o conjunto de bens materiais
e imateriais de uma nação que possuem a
“peculiar condição de estabelecer diálogos
temporais e espaciais relacionados àquela
cultura, servindo de testemunho e de
referência às gerações presentes e futuras” e
por possuírem este valor incondicional
inerente a bens públicos são merecedores de
tutela especial por parte do ente Estatal.
O bem imaterial, por sua vez é aquele
intangível, essencialmente formador da
cultura de um povo, qual seja, seus costumes,
crenças, danças, etc. Em outras palavras, o
patrimônio cultural imaterial é também parte
do meio ambiente e requer a devida
preservação. Uma vez que é passado de
geração a geração, é mister proporcionar-
lhe meios para conservá-lo. Assim, o
principal meio efetivo para tanto é o registro.
Já o registro dos bens imateriais foi
instituído pelo Decreto Lei nº 3551/00, que
também deu origem ao Programa Nacional
do Patrimônio Imaterial - PNPI. Trata-se,
portanto, de instrumento de natureza
preventiva, previsto no artigo 216, § 1º, da
Constituição Federal, sendo regulamentado
pelo mencionado decreto.
Segundo art. 1º, § 1º do Decreto 3551/00, os
bens culturais imateriais são registrados de
acordo com suas características em um dos
quatro Livros existentes para o ato. Assim, o
registro enseja a realização de inventário de
referência cultural, que permite o
mapeamento dessas manifestações no
território e, com estes dados, se pode
desenvolver uma política nacional de
registro e valorização.
No que concerne a competência para
provocar a instauração do procedimento de
registro, o art. 2º do Decreto 3551/00 elenca
os legitimados para instaurar os processos
de registro, dentre eles as Secretarias de
Estado, de Município e do Distrito Federal.
Outrossim, o efeito pretendido pelo
autógrafo de lei em análise, qual seja,
conferir “a Rota Imperial” o título de
patrimônio histórico cultural imaterial, não
poder ser alcançado por ausência de
legitimidade da Assembleia Legislativa para
dispor sobre a matéria por meio de projeto
de lei ordinária. Neste ponto, torna-se
importante destacar o art. 3º, do Decreto
acima citado, e seus parágrafos, que trazem
todo o procedimento para reconhecimento de
patrimônio histórico, desde a proposta até o
efetivo registro. Assim, a simples declaração
por meio de lei ordinária a fim de alcançar
“A Rota Imperial” como patrimônio
imaterial, sob o abrigo dos art. 215 e 216 da
CF, não constitui instrumento hábil para a
busca da proteção, conservação,
preservação e promoção dos bens culturais,
materiais ou imateriais, sejam eles públicos
ou privados, independentemente da
existência prévia de ato administrativo
declaratório de seu valor referencial.
O ato legislativo pode reconhecer a
relevância da expressão cultural, sem,
contudo, categorizar tal bem como
Patrimônio Cultural Imaterial, resultado
que decorre da análise de dados, pesquisas
e aplicação do Registro de Bens Culturais
Imateriais. A Constituição deixou claro em
seu art. 216, § 1º, mediante uma
enumeração meramente exemplificativa,
que o rol de instrumentos de preservação
do patrimônio cultural é amplo, podendo
ser ele protegido por meio de inventários,
registros, vigilância, tombamento e
desapropriação, e de “outras formas de
acautelamento e preservação”, cabendo à
administração pública a gestão da
documentação governamental e as
providências para franquear sua consulta a
quantos dela necessitem (§ 2º, art. 216, CF).
A edição de lei que confere a declaração de
patrimônio histórico cultural imaterial, sem
obedecer aos regramentos necessários,
dispostos no Decreto nº 3551/00, à
preservação do patrimônio que se quer
conferir tal título, não atende corretamente
ao interesse público, motivo pelo qual
sugerimos o seu veto integral. Conclui-se que
o autógrafo nº 106/2018 deve ser objeto de
veto total, conforme evidenciado acima.”
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 19
Importante destacar que o Autógrafo em
exame também foi submetido à apreciação da
Secretaria de Estado da Cultura (SECULT) e que,
apesar de considerar válida a iniciativa parlamentar,
pois visa valorizar a cultura e fomentar o turismo em
nosso Estado, observou que a medida esbarra na
determinação disposta na Lei Estadual nº 6.237/2000,
que estabelece esse tipo de Registro como
prerrogativa do Conselho Estadual de Cultura.
Como se verifica, o presente Autógrafo
incorre em vício de inconstitucionalidade por ofensa
ao disposto no artigo 63, inciso VI, da Constituição
Estadual, razão pela qual se impõe o veto jurídico
total ao Autógrafo de Lei nº 106/2018, referente ao
Projeto de Lei nº 297/2017.
Vitória, 09 de agosto de 2018.
PAULO CESAR HARTUNG GOMES
Governador do Estado
ATOS ADMINISTRATIVOS
ATOS DA MESA DIRETORA
ATO Nº 989
A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA
LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve:
EXONERAR, a partir de 13/08/2018, na
forma do Art. 61, § 2º, alínea “a”, da Lei
Complementar nº 46/94, os servidores abaixo
relacionados, dos cargos em comissão do Gabinete do
Deputado Rodrigo Coelho, em razão da renúncia do
deputado, para exercer o cargo de Conselheiro do
Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo.
NOM CARGO CÓDIGO
ALINE SARDINHA DE
OLIVEIRA ASSISTENTE DE
GABINETE
ASGRP
ANTONIO JOSE MIRA DE
ANDRADE BARROS ASSISTENTE DE
GABINETE
ASGRP
BRUNO DE SA CAMPOS
ASSISTENTE DE
GABINETE
ASGRP
CELITO BAHIENSE
BARREIRA JUNIOR
ADJUNTO DE
GABINETE
ADGRP
DANIEL EMANUEL DE
JESUS SOUZA
ADJUNTO DE
GABINETE
ADGRP
ENI FIRMINA PEREIRA
SILVA SUPERV.GER.GAB.REP.
PARLAMENTAR SGGPR
EVANDRO MIRANDA ASSISTENTE DE GABINETE
ASGRP
FERNANDO SANTOS
MOURA
TÉCNICO SÊNIOR DE
GABINETE
TSGRP
JOSIANE GUEDES GOMES
ASSISTENTE DE GABINETE
ASGRP
MARCELINO
COLOMBIANO RAMOS
TÉCNICO JÚNIOR DE
GABINETE
TJGRP
PRISCILA DE OLIVEIRA SALGADO DE ABREU
ADJUNTO DE GABINETE
ADGRP
RODRIGO FERREIRA
SANTANA
SUBCOORDENADOR
DE GABINETE
SCGRP
SILVANA DA SILVA PONTES
ADJUNTO DE GABINETE
ADGRP
TALINE LIBERATO
ALVES
ADJUNTO DE
GABINETE
ADGRP
PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em
14 de agosto de 2018.
ERICK MUSSO
Presidente
RAQUEL LESSA
1ª Secretária
ENIVALDO DOS ANJOS
2º Secretário
ATO Nº 990
A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA
LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve,
EXONERAR, na forma do artigo 61, § 2º,
alínea “a”, da Lei Complementar nº 46, de 31 de
janeiro de 1994, CAROLINE PINNA DE
OLIVEIRA, do cargo em comissão de Assistente de
Gabinete de Representação Parlamentar, código
ASGRP, do gabinete da Deputada Claudia Lemos,
por solicitação da própria Deputada, contida no
processo nº 182753/2018.
PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em
14 de agosto de 2018.
ERICK MUSSO
Presidente
RAQUEL LESSA
1ª Secretária
ENIVALDO DOS ANJOS
2º Secretário
ATO Nº 991
A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA
LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve,
EXONERAR, na forma do artigo 61, § 2º,
alínea “a”, da Lei Complementar nº 46, de 31 de
janeiro de 1994, EDMILSON FURTADO
CORASSA, do cargo em comissão de Assistente de
Gabinete de Representação Parlamentar, código
ASGRP, do gabinete do Deputado Rodrigo Coelho,
por solicitação do próprio Deputado, contida no
processo nº 182760/2018.
20 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em
14 de agosto de 2018.
ERICK MUSSO
Presidente
RAQUEL LESSA
1ª Secretária
ENIVALDO DOS ANJOS
2º Secretário
ATO Nº 992
A MESA DIRETORA DA
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO, usando de suas
atribuições legais, resolve,
EXONERAR, na forma do artigo 61, § 2º,
alínea “a”, da Lei Complementar nº 46, de 31 de
janeiro de 1994, ELIZA LUCIA DOS SANTOS,
do cargo em comissão de Técnico Júnior de
Gabinete de Representação Parlamentar, código
TJGRP, do gabinete do Deputado Erick Musso,
por solicitação do próprio Deputado.
PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em
14 de agosto de 2018.
ERICK MUSSO
Presidente
RAQUEL LESSA
1ª Secretária
ENIVALDO DOS ANJOS
2º Secretário
ATO Nº 993
A MESA DIRETORA DA
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO, usando de suas
atribuições legais, resolve,
EXONERAR, na forma do artigo 61, § 2º,
alínea “a”, da Lei Complementar nº 46, de 31 de
janeiro de 1994, JAQUELINE DE OLIVEIRA
VIANNA, do cargo em comissão de Assessor
Júnior de Secretaria, código AJS, da Secretaria da
Assembleia Legislativa.
PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em
14 de agosto de 2018.
ERICK MUSSO
Presidente
RAQUEL LESSA
1ª Secretária
ENIVALDO DOS ANJOS
2º Secretário
ATO Nº 994
A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA
LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve,
EXONERAR, na forma do artigo 61, § 2º,
alínea “a”, da Lei Complementar nº 46, de 31 de
janeiro de 1994, LENISE CHEIBUB COSTA
COELHO, do cargo em comissão de Técnico Júnior
de Gabinete de Representação Parlamentar, código
TJGRP, do gabinete do Deputado Erick Musso, por
solicitação do próprio Deputado.
PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em
14 de agosto de 2018.
ERICK MUSSO
Presidente
RAQUEL LESSA
1ª Secretária
ENIVALDO DOS ANJOS
2º Secretário
ATO Nº 995
A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA
LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve,
EXONERAR, na forma do artigo 61, § 2º,
alínea “a”, da Lei Complementar nº 46, de 31 de
janeiro de 1994, MARCILENE LOPES DO
NASCIMENTO, do cargo em comissão de Assessor
Sênior de Secretaria, código ASS, da Secretaria da
Assembleia Legislativa.
PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em
14 de agosto de 2018.
ERICK MUSSO
Presidente
RAQUEL LESSA
1ª Secretária
ENIVALDO DOS ANJOS
2º Secretário
ATO Nº 996
A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA
LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve,
EXONERAR, na forma do artigo 61, § 2º,
alínea “a”, da Lei Complementar nº 46, de 31 de
janeiro de 1994, NADINE SILVA ALVES, do cargo
em comissão de Assistente de Gabinete de
Representação Parlamentar, código ASGRP, do
gabinete do Deputado Rodrigo Coelho, por
solicitação do próprio Deputado, contida no processo
nº 182758/2018.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 21
PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em
14 de agosto de 2018.
ERICK MUSSO
Presidente
RAQUEL LESSA
1ª Secretária
ENIVALDO DOS ANJOS
2º Secretário
ATO Nº 997
A MESA DIRETORA DA
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO, usando de suas
atribuições legais, resolve:
NOMEAR, na forma do artigo 12, inciso
II, da Lei Complementar nº 46, de 31 de janeiro de
1994, ANTONIO AGOSTINHO ANHOLETTI,
para exercer o cargo em comissão de Assessor
Júnior da Secretaria, código AJS, da Secretaria da
Assembleia Legislativa.
PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em
14 de agosto de 2018.
ERICK MUSSO
Presidente
RAQUEL LESSA
1ª Secretária
ENIVALDO DOS ANJOS
2º Secretário
ATO Nº 998
A MESA DIRETORA DA
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO, usando de suas
atribuições legais, resolve:
NOMEAR, na forma do artigo 12, inciso
II, da Lei Complementar nº 46, de 31 de janeiro de
1994, CARLOS AUGUSTO DE ALMEIDA
NETO, para exercer o cargo em comissão de
Assessor Sênior da Secretaria, código ASS, da
Secretaria da Assembleia Legislativa.
PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em
14 de agosto de 2018.
ERICK MUSSO
Presidente
RAQUEL LESSA
1ª Secretária
ENIVALDO DOS ANJOS
2º Secretário
ATO Nº 999
A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA
LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve:
NOMEAR, na forma do artigo 12, inciso II,
da Lei Complementar nº 46, de 31 de janeiro de
1994, EDMILSON FURTADO CORASSA, para
exercer o cargo em comissão de Assistente de
Gabinete de Representação Parlamentar, código
ASGRP, no gabinete da Deputada Claudia Lemos,
por solicitação da própria Deputada, contida no
processo nº 182759/2018.
PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em
14 de agosto de 2018.
ERICK MUSSO
Presidente
RAQUEL LESSA
1ª Secretária
ENIVALDO DOS ANJOS
2º Secretário
ATO Nº 1000
A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA
LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve:
NOMEAR, na forma do artigo 12, inciso II,
da Lei Complementar nº 46, de 31 de janeiro de
1994, ELIZA LUCIA DOS SANTOS, para exercer
o cargo em comissão de Assessor Júnior da
Secretaria, código AJS, da Secretaria da Assembleia
Legislativa.
PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em
14 de agosto de 2018.
ERICK MUSSO
Presidente
RAQUEL LESSA
1ª Secretária
ENIVALDO DOS ANJOS
2º Secretário
ATO Nº 1001
A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA
LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve:
NOMEAR, na forma do artigo 12, inciso II,
da Lei Complementar nº 46, de 31 de janeiro de
1994, GEDSON BRANDAO PAULINO, para
exercer o cargo em comissão de Técnico Sênior de
Gabinete de Representação Parlamentar, código
22 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
TSGRP, no gabinete do Deputado Erick Musso, por
solicitação do próprio Deputado.
PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em
14 de agosto de 2018.
ERICK MUSSO
Presidente
RAQUEL LESSA
1ª Secretária
ENIVALDO DOS ANJOS
2º Secretário
ATO Nº 1002
A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA
LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve:
NOMEAR, na forma do artigo 12, inciso II,
da Lei Complementar nº 46, de 31 de janeiro de
1994, GILBERTO GAVA MARQUES, para
exercer o cargo em comissão de Assistente de
Gabinete de Representação Parlamentar, código
ASGRP, no gabinete do Deputado Enivaldo dos
Anjos, por solicitação do próprio Deputado, contida
no processo nº 182756/2018.
PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em
14 de agosto de 2018.
ERICK MUSSO
Presidente
RAQUEL LESSA
1ª Secretária
ENIVALDO DOS ANJOS
2º Secretário
ATO Nº 1003
A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA
LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve:
NOMEAR, na forma do artigo 12, inciso II,
da Lei Complementar nº 46, de 31 de janeiro de
1994, GLAICY MAURO RORIZ MANSUR, para
exercer o cargo em comissão de Assessor Júnior da
Secretaria, código AJS, da Secretaria da Assembleia
Legislativa.
PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em
14 de agosto de 2018.
ERICK MUSSO
Presidente
RAQUEL LESSA
1ª Secretária
ENIVALDO DOS ANJOS
2º Secretário
ATO Nº 1004
A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA
LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve:
NOMEAR, na forma do artigo 12, inciso II,
da Lei Complementar nº 46, de 31 de janeiro de
1994, LENISE CHEIBUB COSTA COELHO,
para exercer o cargo em comissão de Assessor Sênior
da Secretaria, código ASS, da Secretaria da
Assembleia Legislativa.
PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em
14 de agosto de 2018.
ERICK MUSSO
Presidente
RAQUEL LESSA
1ª Secretária
ENIVALDO DOS ANJOS
2º Secretário
ATO Nº 1005
A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA
LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve:
NOMEAR, na forma do artigo 12, inciso II,
da Lei Complementar nº 46, de 31 de janeiro de
1994, MARCILENE LOPES DO NASCIMENTO,
para exercer o cargo em comissão de Assessor Júnior
da Secretaria, código AJS, da Secretaria da
Assembleia Legislativa.
PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em
14 de agosto de 2018.
ERICK MUSSO
Presidente
RAQUEL LESSA
1ª Secretária
ENIVALDO DOS ANJOS
2º Secretário
ATO Nº 1006
A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA
LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve:
NOMEAR, na forma do artigo 12, inciso II,
da Lei Complementar nº 46, de 31 de janeiro de
1994, NADINE SILVA ALVES, para exercer o
cargo em comissão de Assistente de Gabinete de
Representação Parlamentar, código ASGRP, no
gabinete da Deputada Claudia Lemos, por solicitação
da própria Deputada, contida no processo nº
182761/2018.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 23
PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em
14 de agosto de 2018.
ERICK MUSSO
Presidente
RAQUEL LESSA
1ª Secretária
ENIVALDO DOS ANJOS
2º Secretário
ATO Nº 1007
A MESA DIRETORA DA
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO, usando de suas
atribuições legais, resolve:
NOMEAR, na forma do artigo 12, inciso
II, da Lei Complementar nº 46, de 31 de janeiro de
1994, WILDER BARBOZA DO CARMO, para
exercer o cargo em comissão de Técnico Sênior de
Gabinete de Representação Parlamentar, código
TSGRP, no gabinete do Deputado Erick Musso,
por solicitação do próprio Deputado.
PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em
14 de agosto de 2018.
ERICK MUSSO
Presidente
RAQUEL LESSA
1ª Secretária
ENIVALDO DOS ANJOS
2º Secretário
ATO Nº 1008
A MESA DIRETORA DA
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO, usando de suas
atribuições legais, resolve:
ELEVAR para 10% (dez por cento), a
partir de 16/07/2018, de acordo com art. 106 da
Lei Complementar nº 46/94, de ADICIONAL DE
TEMPO DE SERVIÇO, a que faz jus CLEBER
JOSÉ DA SILVA, matrícula nº 203134, Assessor
Júnior da Secretaria - AJS.
PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em
14 de agosto de 2018.
ERICK MUSSO
Presidente
RAQUEL LESSA
1ª Secretária
ENIVALDO DOS ANJOS
2º Secretário
ATOS DA SUBDIRETORA-GERAL
RESUMO ORDEM
DE FORNECIMENTO Nº 068/2018
REFERENTE AO PREGÃO ELETRÔNICO
Nº 073/2016 (IBGE) E ATA DE REGISTRO DE
PREÇO Nº 073/2016
A Subdireção Geral da Secretaria da Assembleia
Legislativa do Estado do Espírito Santo, em
atendimento ao que dispõe o artigo 61, § único, Lei
nº 8.666, de 21 de junho de 1993, torna pública a
emissão da Ordem de Fornecimento nº 068/2018,
conforme descrito abaixo:
CONTRATADA: CERTISIGN
CERTIFICADORA DIGITAL S/A.
CNPJ: 01.554.285/0001-75.
OBJETO: Fornecimento de dispositivos para
armazenamento certificados digitais do tipo token
USB para E-CPF.
PROCEDIMENTO LICITATÓRIO: Pregão
Eletrônico.
VALOR: R$ 18.493,75 (dezoito mil, quatrocentos
e noventa e três reais e setenta e cinco centavos).
PROCESSO: 171705
Secretaria da Assembleia Legislativa, em
13 de agosto de 2018.
TATIANA SOARES DE ALMEIDA
Subdiretora-Geral da Secretaria
ERRATA
Na publicação do Resumo do 4° Termo Aditivo ao
Contrato nº 024/2014 firmado com a Empresa
ELEVADORES ATLAS SCHINDLER LTDA,
publicado no dia 06 de agosto de 2018:
ONDE SE LÊ:
CONTRATADA: ATLAS
SCHINDLER S/A
LEIA-SE:
CONTRATADA: ELEVADORES
ATLAS SCHINDLER LTDA
Secretaria da Assembleia Legislativa em,
10 de agosto de 2018.
TATIANA SOARES DE ALMEIDA
Subdiretora-Geral da Secretaria
24 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
• TERÇA-FEIRA - 14.08.18 •
HORA PROGRAMAS SINOPSES
00h15 DIA DE CAMPO NA TV O Dia de Campo na TV vai falar sobre produtividade do
algodoeiro.
01h45 CONEXÃO CIÊNCIA O programa aborda como a nanotecnologia pode ser aplicada ao
agronegócio e quais as pesquisas que estão sendo desenvolvidas
na área. Cauê Ribeiro, pesquisador da Embrapa, fala sobre o
tema.
01h45 COMISSÃO DE SAÚDE Audiência Pública
05h35 COMISSÃO DE
SEGURANÇA
Reunião Ordinária
07h00 DIA DE CAMPO NA TV O Dia de Campo na TV desta semana apresenta a experiência
de sucesso do produtor Vilmar de Almeida, do Sítio Araúna
(Planaltina/DF), que optou pelo sistema agroecológico em sua
propriedade e hoje é considerado referência para outros
agricultores interessados em deixar o modelo convencional de
cultivo.
08h00 STJ: STJ CIDADÃO O programa dessa semana aborda o tema: Crimes cibernéticos
08h30 MOSAICO ENTREVISTA Entrevista com as principais personalidades da cultura e arte
capixaba
08h45 PANORAMA Telejornal com notícias do legislativo estadual
09h00 COMISSÃO DE SAÚDE
(V)
Reunião Ordinária
12h00 A GRANDE
REPORTAGEM
O Espírito Santo é um dos menores estados do país, mas é
grande em diversidade, atrativos naturais e culturais. Apesar
disso, o estado ainda não está na vitrine do turismo no país.
Nesta reportagem você vai saber mais sobre as potencialidades
e desafios do setor turístico no Espírito Santo.
12h30 MP COM VOCÊ O promotor de Justiça do Ministério Público, em Nova
Venécia, Leonardo Augusto de Andrade César dos Santos fala
sobre a corrupção e que é preciso criar consciência do mal que
representa os atos ilícitos, tanto nos poderes públicos e privados
como no cotidiano da sociedade brasileira.
13h00 DEDO DE PROSA Bárbara é um livro de contos. Ambientado em um prédio, cada
apartamento tem uma história para contar. O Centro de Vitória
foi inspiração para a autora, Brunella Brunello.
13h30 COMISSÃO DE JUSTIÇA
(V)
O Espírito Santo é um dos menores estados do país, mas é
grande em diversidade, atrativos naturais e culturais. Apesar
disso, o estado ainda não está na vitrine do turismo no país.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 25
Nesta reportagem você vai saber mais sobre as potencialidades
e desafios do setor turístico no Espírito Santo.
14h00 # CONFIRMA Sexo frágil. Quantas vezes você já ouviu essa expressão para
definir as mulheres? Será que nos dias atuais, homens e
mulheres precisam ter papéis definidos dentro de casa, no
trabalho, na sociedade e no processo eleitoral? Para responder
essas questões, o #Confirma desta semana quer debater com
você, eleitor, a participação equilibrada de homens e mulheres
na política e na sociedade.
14h30 PANORAMA Telejornal com notícias do legislativo estadual
15h00 SESSÃO ORDINÁRIA
(V)
Trabalhos Do Legislativo Estadual
18h00 A GRANDE
REPORTAGEM
O Espírito Santo é um dos menores estados do país, mas é
grande em diversidade, atrativos naturais e culturais. Apesar
disso, o estado ainda não está na vitrine do turismo no país.
Nesta reportagem você vai saber mais sobre as potencialidades
e desafios do setor turístico no Espírito Santo.
18h30 DEDO DE PROSA Bárbara é um livro de contos. Ambientado em um prédio, cada
apartamento tem uma história para contar. O Centro de Vitória
foi inspiração para a autora, Brunella Brunello.
19h00 MPF - INTERESSE
PÚBLICO
O programa dessa semana fala sobre as postagens censuradas
nas redes sociais.
19h30 STJ: STJ NOTÍCIAS O programa dessa semana esclarece duvidas sobre pensão
alimentícia
20h00 MPT - TRABALHO
LEGAL
OIT divulga dados inéditos sobre o lucro dos trabalhos forçados
no mundo. E ainda, mais de dez milhões de crianças são
exploradas no trabalho doméstico.
20h30 CONEXÃO CIÊNCIA A degradação ambiental é um dos principais motivos da
destruição do ambiente natural dos animais silvestres. Para falar
sobre o assunto, o Conexão Ciência conversa com o presidente
da Fundação Jardim Zoológico de Brasília, Gerson Norberto.
21h00 STJ NOTÍCIAS O programa dessa semana esclarece duvidas sobre pensão
alimentícia
21h30 CIÊNCIAS E LETRAS À Procura de um Mundo Melhor
22h00 PANORAMA Telejornal com notícias do legislativo estadual
22h15 SOM DA TERRA Com mais de dez anos de estrada, a banda Eletrofonia mostra
suas referências no rock dos anos 1980, 1990 e 2000.
22h45 MP COM VOCÊ O promotor de Justiça do Ministério Público, em Nova
Venécia, Leonardo Augusto de Andrade César dos Santos fala
sobre a corrupção e que é preciso criar consciência do mal que
representa os atos ilícitos, tanto nos poderes públicos e privados
como no cotidiano da sociedade brasileira.
23h15 DEDO DE PROSA Bárbara é um livro de contos. Ambientado em um prédio, cada
apartamento tem uma história para contar. O Centro de Vitória
foi inspiração para a autora, Brunella Brunello.
23h45 CIÊNCIAS E LETRAS Portal De Periódicos Da Fiocruz
Legenda: (R) - Reprise; (V) - Ao Vivo
OBS.: A programação da TV ALES pode sofrer alterações em função dos trabalhos legislativos.
26 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
ATAS DAS SESSÕES E DAS REUNIÕES DAS COMISSÕES PARLAMENTARES
TERCEIRA REUNIÃO ORDINÁRIA, DA
QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA, DA DÉCIMA OITAVA
LEGISLATURA, DA COMISSÃO DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL, SOCIOEDUCAÇÃO,
SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL,
REALIZADA EM 13 DE JUNHO DE 2018.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Boa tarde a todos e todas.
Quero cumprimentar carinhosamente nosso colega
deputado, vice-presidente desta comissão, Deputado
Doutor Hércules. Cumprimentar carinhosamente
nossos convidados, teremos um tema muito
importante, o apadrinhamento de crianças e
adolescentes em acolhimentos. A gente agradece
carinhosamente a participação, já estão conosco, do
nosso colega e amigo Joel Brinco, que está sempre se
dispondo a estar divulgando todos os trabalhos do
Tribunal de Justiça, de todos os trabalhos dos
psicólogos e todos os membros do Tribunal de
Justiça, assim como, cumprimento Katiuscia Soares
Helmer, madrinha afetiva do projeto de
apadrinhamento da Secretaria de Assistência Social,
da Prefeitura de Cariacica.
Ela não chegou ainda, me confundi. É a
Sandra Sousa que está aqui, assistente social da 1.ª
Vara de Infância e Juventude do município de
Cariacica; Amanda Stafanato Verediano, psicóloga
do programa Família Acolhedora, do município de
Cariacica, que gentilmente se colocaram à disposição
em estar aqui, Deputado Doutor Hércules.
Agradecemos.
Havendo número legal, declaro abertos os
trabalhos e solicito à secretária que proceda à leitura
da ata.
(A senhora secretária procede à
leitura da ata da segunda reunião
ordinária, realizada em 30 de maio
de 2018)
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Em discussão a ata. (Pausa)
Não havendo quem queira discutir, em
votação.
Como vota o Deputado Doutor Hércules?
O SR. DOUTOR HÉRCULES - (MDB) -
Pela aprovação, como lida.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Eu acompanho, ata aprovada
como lida.
Antes de solicitar à secretária, quero informar que
chegou a Katiuscia Soares Helmes, madrinha afetiva
do projeto de apadrinhamento da Secretaria de
Assistência Social da Prefeitura de Cariacica. Que
bom, Cariacica está aí! Mais uma madrinha. É você a
Katiuscia? Desculpa. Achei que fosse a Sandra.
Sandra é você, é assistente social. Eu me confundi.
Sandra Sousa é a assistente social da 1.ª Vara de
Infância e Juventude do município de Cariacica. Seja
bem-vinda. E a Cristiana Furtado Caldas Couto, que
coordena o projeto no município de Cariacica. Agora
entendi bem. E a Amanda Stafanato Verediano é
psicóloga do programa Família Acolhedora do
município de Cariacica. Agora está tudo certo,
consegui localizar os nomes e as pessoas. E às nossas
convidadas, a gente agradece a participação. O Joel já
estamos acostumados com ele, o Joel está sempre
junto conosco, sempre visitando a comissão. E
agradecemos, Joel. Não esquecendo de dizer que ele
foi psicólogo-analista das varas de infância e
juventude do Tribunal de Justiça durante os anos de
2014 a 2017. É um brinco de pessoa. Doutor
Hércules está falando, um brinco de pessoa,
brilhante, faz um trabalho muito atuante e brilhante
no Tribunal de Justiça, atuando em todos os projetos.
Ele é um grande colaborador, como falei, da
Comissão de Assistência Social.
Depois nós teremos o momento das
Comunicações e, aí, a gente vai dialogar e ouvir as
informações que vocês têm para todos nós. Não só
nós.
Cumprimento todos os que estão nos
assistindo. A última vez que tivemos a sessão aqui,
Doutor Hércules - é quinzenal -, eu não sabia que
estava sendo transmitida ao vivo para Linhares
também. Cheguei a Linhares, eles ouviram, me
passaram a informação de toda a nossa fala que
fizemos. Alcançou também a região do interior. Isso
é importante, porque a gente estava falando
justamente sobre adoção. E dessa reunião com o tema
sobre adoção aqui no estado do Espírito Santo, surgiu
a ideia de nós falarmos também e discutirmos sobre
apadrinhamento, porque, para mim - eu fui secretária
de Assistência Social do município de Linhares -,
como é um programa novo - 2015 -, e eu trabalhei
entre 2005 e 2008, nós não tínhamos esse programa.
Eu fiquei muito feliz de ter esse avanço. E de
iniciativa do Tribunal de Justiça. Quando eu descobri,
falei: Não, vamos colocar aqui, não é, Doutor
Hércules? A gente aprovou esse momento de
estarmos discutindo e também incentivando a
população do estado do Espírito Santo, de que existe
esse programa e que podem também ter essa adesão.
Cumprimento todos os colaboradores desta
comissão, todos os assessores e os parabenizo pelo
trabalho que vêm desenvolvendo na comissão.
Solicito à secretária que dê procedimento à
leitura do Expediente.
A SR.ª SECRETÁRIA lê:
CORRESPONDÊNCIAS RECEBIDAS:
Não houve no período.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 27
PROPOSIÇÕES RECEBIDAS:
Projeto de Lei n.º 64/2018.
Autora: Deputada Janete de Sá
PROPOSIÇÕES RECEBIDAS:
Projeto de Lei n.º 64/2018. Autora: Deputada Janete de Sá.
Projeto de Lei n.º 313/2017.
Autor: Deputado Doutor Hércules.
Ementa: Declara de Utilidade Pública a
Academia Maçônica de Artes, Ciências e
Letras do Grande Oriente do Brasil - Estado
do Espírito Santo.
PROPOSIÇÕES DISTRIBUÍDAS AOS
SENHORES DEPUTADOS:
Projeto de Lei n.º 64/2018. Autora: Janete de Sá.
Projeto de Lei Nº 313/2017.
Autor: Deputado Doutor Hércules.
Projeto de Lei n.º 469/2017.
Autor: Deputado Gildevan Fernandes.
PROPOSIÇÕES SOBRESTADAS:
Não houve no período.
PROPOSIÇÕES BAIXADAS DE PAUTA:
Não houve no período.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Vamos passar agora à Ordem
do Dia.
Avoco a matéria para relatar do Projeto de
Lei n.º 469/2017, de autoria do Deputado Gildevan
Fernandes, que institui o Dia do terceiro setor no
estado do Espírito Santo.
Doutor Hércules, o senhor que
foi um grande defensor do terceiro setor, agora, o
nosso nobre Deputado Gildevan Fernandes vem com
essa ementa que institui o Dia do Terceiro Setor no
Estado do Espírito Santo. Nós precisamos valorizar
muito o terceiro setor. Vejo a luta do Doutor
Hércules também, é um grande batalhador nessa área,
principalmente nesse segmento.
Eu, quando secretária de Assistência Social,
Doutor Hércules, sempre valorizei muito. Eu tive
experiência de gestão na Assistência e a gente
percebia, como o senhor também percebe a
necessidade e a grande demanda que existe. Nós
estamos aqui, nós deputados, como o terceiro setor
nos procura, por que tem que ter essas parcerias, há
necessidade de manter os projetos vivos, funcionando
e assim a gente visita, eu por exemplo, visito muito o
terceiro setor, as ONGs. Muitos conhecem como
ONGs, instituições, tudo a mesma coisa, não é
Doutor Hércules? O terceiro setor. E precisamos dar
atenção especial para essas instituições.
A Comissão de Assistência Social, Sócio
Educação, Segurança Alimentar e Nutricional é pela
aprovação do projeto de lei, de autoria do Deputado
Gildevan Fernandes.
Coloco em discussão.
O SR. DOUTOR HÉRCULES - (MDB) -
Só quero fazer um registro. Parabenizar o Deputado
Gildevan Fernandes por essa preocupação. Ele tem
uma filha, inclusive, deficiente visual. E aqui na
Assembleia nunca se falou; nunca antes na história da
Assembleia, essa frase não é muito boa, não, mas na
verdade, eu criei - desculpe-me falar na primeira
pessoa também -, mas eu criei aqui a Frente
Parlamentar do Terceiro Setor. O terceiro setor são
todas essas ONGs. Em Vila Velha temos a Apae, a
Pestalozzi, a Expenha está fechada, mas temos a
Unicep - União de Cegos - e outras entidades, tem em
Retiro do Congo também.
O terceiro setor movimenta cinco por cento
do PIB brasileiro. Se fosse uma nação, seria a oitava
economia do mundo. Infelizmente, o Poder Público
dá muito pouca atenção para este setor que ocupa um
espaço que deveria ser feito pelo Poder Público.
Infelizmente, é este pessoal que carrega o
piano. Carrega mesmo, trabalha muito. Eu sempre
fico muito feliz, a Deputada Eliana - que foi
secretária de Ação Social em Linhares e fez um
trabalho muito bom - a sensibilidade que ela tem é
muito boa.
Eu só quis duas comissões: Saúde, que é a
minha praia - sou médico há quarenta anos - e quis
Assistência Social, porque são coisas muito
interligadas: Saúde com Assistência Social.
Parabenizo o Deputado Gildevan Fernandes e
lembro-o da Lei n.º 13.019, que veio regulamentar
toda a documentação de fiscalização dessas
entidades. E, hoje, falava também com o procurador
de justiça a dificuldade, essa lei veio naturalmente
regulamentar, evitar muito desfalque que acontecia,
mas por outro lado veio dificultar alguns municípios
pequenos, algumas ONGs que não têm ainda o seu
registro, a documentação, toda essa papelada que
precisa. É preciso que essa lei continue exigindo,
agora, é preciso que as ONGs também se organizem
no sentido de evitar algumas coisas que aconteceram
no passado, especialmente a Profis aqui em Vitória.
Até o carro roubaram da Profis. Quando o Paulo
Hartung era prefeito doou a casa, fizeram uma
bagunça, roubaram. Conseguimos fundar agora a
Afilpa, que atende casos de fenda palatina e lábio
leporino que está, inicialmente, no Meridional, um
favor do doutor Benjamin e também do Carlos
Timóteo que faz essa cirurgia bucomaxilofacial.
Vocês devem ter visto, recentemente, no
jornal, o Iarley, o menino que foi operado dezessete
vezes, e para a décima oitava vai ter que entrar na
Justiça para fazer isso, infelizmente.
28 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
Desculpa me alongar, mas sou fã do terceiro
setor e do trabalho voluntário, assim como a
deputada, nossa presidente. Obrigado.
Sou a favor, naturalmente, pela aprovação.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Então, o senhor vota pela
aprovação.
Aprovado à unanimidade, como eu já relatei,
de acordo.
Queremos deliberar, Doutor Hércules, a
audiência pública em conjunto com a Comissão de
Saúde e Saneamento para debater o tema As Doenças
Raras no estado do Espírito Santo, com o horário a
definir. Nós já conversamos, Doutor Hércules,
também sou membro da Comissão de Saúde e
conversamos sobre a necessidade de se discutir mais
sobre essa questão. Eu nem sabia que mais de oito
mil doenças raras existem em nosso país, e a gente
precisa tomar conhecimento. Quantas pessoas têm
seus filhos com problemas e, às vezes, nem sabem
que existem essas doenças! Vão ser bem discutidas
nesse dia. Estamos com a data para marcar; não é,
Doutor Hércules? E é um prazer a Comissão de
Assistência Social participar.
Aproveito a oportunidade e convido todos
que estão nos assistindo e também vocês, nossos
convidados, para participarem deste dia. É importante
a participação do Tribunal de Justiça, assim como dos
programas sociais porque lidam com crianças até ali
dentro dessas instituições. Há necessidade de se
detectar que tipo de doença que essa criança tem.
Agora vamos passar a palavra para nossos
convidados.
O SR. DOUTOR HÉRCULES - (MDB) -
Deputada, me dá licença, me dá um aparte!
Queria aproveitar e pedir a V. Ex.ª para
aceitar um convite nosso para ser vice-presidente da
Comissão de Saúde, uma vez que nosso estimado
amigo e colega Almir está perdendo o mandato, e é o
vice-presidente, então, queria fazer uma dobradinha.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Com o maior prazer.
O SR. DOUTOR HÉRCULES - (MDB) -
Sou vice-presidente aqui e a senhora vice-presidente
lá.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Me fez surpresa agora.
Obrigada.
O SR. DOUTOR HÉRCULES - (MDB) -
Vamos tocar essa bola nós dois.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Vamos! Vamos, sim! Saúde e
Assistência Social. Temos que estar juntos.
O SR. DOUTOR HÉRCULES - (MDB) -
Muito obrigado.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Inclusive, repetindo, quando
secretária de Assistência Social as ambulâncias
ficavam na minha responsabilidade, Doutor Hércules.
Tinha vários serviços da saúde que estava sob a
minha responsabilidade, e é muito grande a
responsabilidade nossa.
Pois é, por isso estou aqui deputada, graças
ao trabalho sério que fizemos, como o Doutor
Hércules, também sempre dinâmico, vejo o trabalho
fantástico que ele faz aqui na Grande Vitória e que
também repercuti no estado do Espírito Santo, sabe,
Doutor Hércules? O senhor é também muito querido
no interior; a gente ouve falar.
Agora, vamos passar para o Joel. A primeira
fala vai ser do Joel e depois a gente passa para as
madrinhas, para as coordenadoras. Que bom que
todos os atores que estão lá na ponta e estão
trabalhando com essas crianças estão aqui conosco. A
gente agradece de coração.
Com a palavra o Joel Brinco.
O SR. JOEL FERNANDO BRINCO
NASCIMENTO - Boa tarde! Quero saudar a todos e
todas, o Doutor Hércules, a Deputada Eliana, os
telespectadores da TV Assembleia.
Atuei como analista judiciário psicólogo na
Coordenadoria das Varas da Infância e da Juventude
de 2014 a 2018. Hoje foi publicado no Diário da
Justiça a minha transferência, a pedido do
desembargador Fernando Zardini e da doutora Gisele,
que pediram ao meu desembargador supervisor
doutor Jorge Henrique que me transferisse para atuar
na coordenadoria das Varas Criminais e de Execução
Penal. Mas eu amo a Infância, desde que comecei a
atuar em 1991 comecei a trabalhar em casas lares,
casa república, depois trabalhei na Unes. A minha
prática sempre coadunou com a psicologia clínica e
social. E a respeito dessa questão do terceiro setor
quero dar uma sugestão para a Mesa, que estabeleça,
acredito que é possível estabelecer, que esta Casa,
esta comissão estabeleça convênio com a sub-reitoria
de Pós Graduação da Ufes e puxar uma pós-
graduação em Gestão de Terceiro Setor, Gestão de
Projetos porque tenho observado pelo que tenho
acompanhado, as medidas que esta comissão propõe
têm um efeito que terapeutiza a comunidade que
recebe a aplicação dessas medidas porque, por
exemplo, a comunidade terapêutica que eu acredito é
uma comunidade onde as relações sociais são
terapeutizadas.
As medidas que a comissão que a senhora e o
Doutor Hércules presidem também tem um aspecto
terapêutico no melhor sentido da palavra. Hoje vou
falar sobre a questão da família acolhedora, que foi
um projeto que foi puxado quando a Doutora Janete
Pantaleão Alves era a juíza coordenadora das varas
da Infância. É curioso porque a Família Acolhedora
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 29
surgiu, na verdade, no pós-guerra, na Segunda Guerra
Mundial, e ela era chamada de foster family, que seria
a tradução, ao pé da letra, família estepe. No cenário
da Segunda Guerra Mundial havia muitas crianças
órfãs pelos pais que morreram nas guerras e daí
surgiram as foster family. E até hoje nos Estados
Unidos eles dão continuidade a essa questão da
Família Acolhedora, Foster Family, e no Brasil, via
CNJ, que determina essa medida em todos os
tribunais de cada estado da Federação, o Espírito
Santo criou uma versão capixaba que tem se
aperfeiçoado e precisa se aperfeiçoar e adequar a
nossa realidade social, geográfica, política e
econômica.
O texto que escrevi é com dados de 2016. A
gente ainda não tem os de 2017. É um texto breve:
No Brasil existem mais de quarenta e
seis mil crianças e adolescentes em
situação de acolhimento que vivem
atualmente nas quatro mil entidades
credenciadas junto ao Judiciário de
todo país, conforme dados do Cadastro
Nacional de Crianças Acolhidas, CNCA,
coordenado pela corregedoria do
Conselho Nacional de Justiça, CNJ.
As famílias acolhedoras se
responsabilizam por cuidar da criança
até que ela retorne à família de origem,
ou seja encaminhada para adoção. A
modalidade de famílias acolhedoras
também conhecidas como guarda
subsidiada permite que famílias
recebam em suas casas crianças e
adolescentes que foram afastados do
convívio da sua família biológica.
De acordo com o censo do Sistema
Único de Assistência Social, Suas, de
2016, o serviço de acolhimento está
presente em quinhentos e vinte e dois
municípios brasileiros, e segundo o
Ministério do Desenvolvimento Social,
MDS, existem duas mil, trezentos e
quarenta e uma famílias cadastradas
para acolher mil, oitocentas e trinta e
sete crianças e adolescentes.
As famílias acolhedoras não se
comprometem a assumir a criança ou o
adolescente como um filho, mas a
acolher e prestar cuidados durante o
período de acolhimento. A família se
torna, desta forma, parceira do serviço
de acolhimento na preparação da
criança para o retorno à convivência
familiar ou para a adoção, se for o caso.
A criança ou o adolescente é
encaminhado a um serviço de
acolhimento quando se encontra em
situação de risco, que teve seus direitos
violados e foram esgotadas as
possibilidades que permitiriam colocá-
lo em segurança.
Quase sempre o acolhimento ocorre
quando o Conselho Tutelar entende
necessário o afastamento do seu
convívio familiar, e comunica o fato ao
Ministério Público, prestando
esclarecimento sobre os motivos de tal
entendimento e sobre as providências já
tomadas no sentido da orientação, do
apoio e da promoção social da família.
Quais são as exigências para se tornar
uma família acolhedora? Para ingressar
no programa, a futura família
acolhedora passa por avaliação e
treinamento, e pode receber crianças em
casa por um período que varia de seis
meses a dois anos. Essa família terá
uma ajuda de custo de um salário
mínimo por mês.
Para ser uma família acolhedora e
receber crianças e adolescentes
temporariamente em casa é preciso ter
disponibilidade de acomodação, estar
em boas condições de saúde física e
mental, não possuir antecedentes
criminais, possuir situação financeira
estável e proporcionar convivência
familiar e livre de pessoas dependentes
de substâncias entorpecentes. Em outras
palavras, é preciso proporcionar um
ambiente saudável.
Benefícios para as crianças e os
adolescentes. Entre os benefícios do
acolhimento por meio dessas famílias
está a garantia do convívio saudável e
dos cuidados individualizados à criança
e ao adolescente que atravessa a etapa
de afastamento de sua família de
origem. Salvo determinação judicial em
contrário, a família acolhedora também
deve preservar vínculo da criança com a
família de origem. As famílias
acolhedoras oferecem condições
favoráveis para o desenvolvimento da
criança e do adolescente em um
ambiente saudável, seguro e afetivo.
Ao serem encaminhadas a essas
famílias, as crianças não são
institucionalizadas, ou seja, não ficam
em abrigos, à espera da adoção ou do
retorno à família de origem.
O afastamento da criança ou do
adolescente do convívio familiar é de
competência exclusiva da autoridade
judiciária. A criança em acolhimento
poderá ser encaminhada para adoção
ou retornar à família de origem, ou seja,
nem toda criança acolhida está apta à
adoção.
30 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
De acordo com o Cadastro Nacional de
Adoção da Corregedoria do CNJ,
existem cerca de sete mil e oitocentas
crianças cadastradas para a adoção no
país, ou seja, cujos genitores biológicos
perderam, definitivamente, o poder
familiar.
O que eu entendo é que, no nosso país, apesar
de a gente não viver uma guerra declarada, nós
vivemos debaixo do efeito de uma guerra civil não
declarada. Tivemos sessenta e cinco mil baixas de
brasileiros, dentre outras questões. Nós vivemos os
efeitos de uma guerra.
Existe uma chaga social, e existe esse
número de crianças para serem adotadas. E o foster
family, ou a família acolhedora no Brasil, para mim, é
um projeto que está a serviço da reconstituição de um
tecido emocional adoecido, enfermo. Porque, o que
eu tenho observado e percebido dos depoimentos de
padrinhos e madrinhas é que existe uma relação de
amor, e o amor é altruísta. A palavra altruísta vem de
alter, que é o outro. Então, o amor se dirige ao outro,
se dirige a outrem, se dirige a um terceiro. A família
acolhedora é um ato de amor, é um amor que se
traduz na materialidade e na concretude das relações
diária das crianças que são acolhidas em uma família
acolhedora.
Acho que está bom. O que eu gostaria de
falar é isso mesmo. Outra coisa que me ocorreu é que
como escrevi aqui, as crianças não são
institucionalizadas, isso é bom, isso é bom. A
institucionalização promove a despersonalização de
uma criança, a perda de uma identidade, a opacidade
de uma identidade emocional ou afetiva de uma
criança.
Como eu disse, entendo a família acolhedora
como um ato de amor, um ato com A maiúsculo,
amor com A maiúsculo também, porque o amor cura.
É isso. Agradeço a oportunidade.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Só perguntando também, Joel,
porque, de repente, pode ter dúvida e eu também
fiquei na dúvida. Existe um projeto da família
acolhedora e do apadrinhamento. Não é?
O SR. JOEL FERNANDO BRINCO
NASCIMENTO - Sim, por exemplo, existe o foster
family, que é a família acolhedora, e existe a
modalidade de apadrinhamento afetivo. No
apadrinhamento afetivo, ele pode ser um padrinho
afetivo prestador de serviço, como um médico, um
dentista, um psicólogo, um psiquiatra, que pode se
cadastrar. Esse profissional pode se cadastrar na
vara do município que ele pertence e dizer que ele
está interessado em ser um padrinho afetivo
prestador de serviço. Ou existe o padrinho que é o
patrocinador que, por exemplo, se ele quer bancar, patrocinar, por exemplo, os estudos de uma criança
que está em uma instituição de acolhimento, livros; e
o afetivo, que é a questão da família acolhedora.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Depois, nós vamos ter as falas
e vamos esclarecer bem, acredito. Vamos deixar,
então, para o final. Não é, Doutor Hércules? O senhor
quer fazer alguma fala?
Então, vamos passar agora para a Sandra
falar também um pouco da experiência, ela como
assistente social da 1.ª Vara da Infância e da
Juventude. Por favor.
A SR.ª SANDRA SOUSA - Boa tarde a
todos.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Boa tarde.
A SR.ª SANDRA SOUSA - Eu tenho
trabalhado nessa área de acolhimento institucional
desde 2003, primeiramente nos abrigos e, depois, nos
órgãos de defesa dos direitos da criança e do
adolescente. Muito me realiza o advento da nova lei,
agora, junto ao Estatuto da Criança e do Adolescente,
que foi acrescido em novembro de 2017, ou seja, é
um bebê.
Na época em que eu trabalhava dentro dos
abrigos, a gente sentia muita falta dessa convivência
familiar e comunitária em que as crianças
institucionalizadas poderiam participar, mostrar as
suas caras, sair dos muros da instituição. Veio essa
nova lei, que tem o mérito de introduzir no estatuto,
ECA ou Ecriad, como preferirem chamar, o programa
do apadrinhamento afetivo, que aconteceu agora em
novembro de 2017, como falei.
Anteriormente, não havia isso nos artigos do
estatuto, o que existia era o artigo 4.º, aquele
conhecido artigo 4.º falando que:
Art. 4.º É dever da família, da
comunidade, da sociedade em geral e
do poder público assegurar, com
absoluta prioridade, a efetivação dos
direitos referentes à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao esporte,
ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e
comunitária.
Que foi quando foi inserido o plano de
convivência familiar e comunitária em nosso país.
Até então o carro-chefe era o artigo 4.º. Nós
não tínhamos algo mais concreto dentro do Ecriad
falando sobre o apadrinhamento afetivo e falando
sobre família acolhedora. E aí vem o mérito dessa
nova lei. Na prática, as ações de apadrinhamento
afetivo já acontecem há muitos anos, mas como algo
informal. Poucas foram as comarcas que
formalizaram isso.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 31
Com a introdução na lei maior dos direitos da
criança e do adolescente, o apadrinhamento já
ganhou um status oficial. As comarcas estão se
adequando para isso.
Vale destacar também que em alguns
municípios, programas dessa natureza, eles eram
acompanhados pelas varas da infância e da
juventude. E em outras, os juízes até evitavam,
muitas vezes, recomendá-los, pelo apadrinhamento
não figurar, até então, no Ecriad.
Então, assim, ficava a vara fazendo esse
acompanhamento. Como não tinha nada muito
concreto, ainda, no estatuto, algumas comarcas
deixavam de fazer um programa, de instituir um
programa de apadrinhamento afetivo, enfim.
O apadrinhamento afetivo é uma ação de
vital importância mesmo para a criança e o
adolescente, com remota possibilidade de reinserção
familiar ou de colocação em família substituta, seja
através de adoção, de guarda, de tutela, enfim.
Então, com a modificação produzida pela Lei
n.º 13.509/2017, o Ecriad, nos artigos 19-B, § 1.º,
indica que:
§ 1.º O apadrinhamento consiste em
estabelecer e proporcionar à criança
e ao adolescente vínculos externos à
instituição para fins de convivência
familiar e comunitária e colaboração
com o seu desenvolvimento nos
aspectos social, moral, físico,
cognitivo, educacional e financeiro.
E nesse mesmo artigo 19-B, o § 5.º indica
também que:
§ 5.º Os programas ou serviços de
apadrinhamento apoiados pela
Justiça da Infância e da Juventude
poderão ser executados por órgãos
públicos ou por organizações da
sociedade civil.
Abriu o leque. Porque até então, nós
tínhamos, por exemplo, grupos de apoio à adoção,
convivência familiar e comunitária, como temos,
posso falar da comarca de Cariacica, o Raízes e Asas;
em Vitória temos o Ciranda; temos em Vila Velha
um recém-criado e temos em Serra também. Então,
temos grupos de apoio à adoção e à convivência
familiar que queriam - pelo menos na comarca de
Cariacica - entrar nesse métier do apadrinhamento
afetivo e não eram autorizados pela lei. Então, já
abriu para a sociedade civil organizada.
Cariacica, ela é uma das pioneiras com o
apadrinhamento afetivo e com família acolhedora.
Quando nada se falava, ainda, em apadrinhamento
afetivo, em 2008, a equipe técnica de lá, junto com a
magistrada, organizaram o programa de
Apadrinhamento Afetivo Carinho Transforma.
E ontem, quando recebi o convite de estar
presente aqui, eu, mexendo dos anais do juizado,
encontrei uma pasta histórica, com o primeiro
projeto, o primeiro fôlder, os termos de adesão, tudo.
E falei: Nossa, é um material rico, historicamente
falando. E a vara da infância e da juventude
coordenou esse cadastro de pretendentes a
apadrinhamento afetivo, a serem padrinhos afetivos.
Em 2011, como inchou também, em 2011,
foi transferido a administração, a coordenação, para o
Executivo municipal, através da secretaria de Ação
Social de Cariacica, que passaram a coordenar os
programas Apadrinhamento Afetivo e Família
Acolhedora, que andam bastante de mãos dadas. Sou
suspeita de falar dos dois porque o Família
Acolhedora, o estatuto já é muito claro em falar que a
prioridade é colocar a criança ou o adolescente
acolhido em âmbito familiar. Então, se eu tenho
famílias acolhedoras na minha comarca eu não vou
colocá-lo numa instituição. Eu vou respeitar a
individualidade daquela criança, daquele adolescente,
e vou colocá-lo em um acolhimento familiar. Então,
já é essa a prioridade.
Em algumas comarcas, em alguns
municípios, há um benefício - e a equipe do
município vai poder explanar melhor -, há um
benefício monetário em que a família recebe uma
quantia por criança colocada em sua casa e a criança
mora ali. Já no apadrinhamento afetivo existem as
três modalidades, que são o padrinho afetivo, o
padrinho provedor, que muitas vezes a criança ou o
adolescente não sabe nem a cara daquele padrinho,
ele está por trás das cortinas custeando a vida daquela
criança ou do adolescente. Em Cariacica nós temos
isso existindo, por exemplo, na Montanha da
Esperança, um acolhimento antigo que existe lá. E o
padrinho prestador de serviço, que é aquele padrinho
ou empresa, porque essa nova lei também abriu para
pessoas jurídicas. Hoje, pessoas jurídicas podem ser
padrinhos. Fizeram isso com a finalidade de ampliar
as possibilidades de apadrinhamento, na verdade.
Então, nesse artigo 19-B do Ecriad, parágrafo 3.º,
indica que pessoas jurídicas poderão apadrinhar
criança ou adolescente a fim de colaborar com seu
desenvolvimento. Claro, em cada situação caberá
analisar as melhores formas de colaboração para o
desenvolvimento daqueles que estão acolhidos.
Mas, existe isso acontecendo e as pessoas
ou as empresas, talvez o trabalho de formiguinha
que a gente vai ter que fazer agora maior, e eu falo
pela comarca de Cariacica, porque lá nós já temos
instituído e funcionando esse programa são com as
empresas, porque é novo para pessoa jurídica.
Quando passou, em 2011, a ser coordenado
pela equipe técnica da Secretaria de Ação Social, nós
nos desvinculamos um pouco; porém, os processos
continuaram a ser encaminhados para o juiz e o
Ministério Público da 1.ª Vara da Infância e da
Juventude de Cariacica tomarem ciência e
decidirem se aquela pessoa estava apta ou não para
ser incluída no cadastro de padrinho ou madrinha do
município. Todo o trabalho técnico é feito pelo
32 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
Executivo e a determinação, a autorização, enfim,
dada pelo Judiciário. A hora em que a juíza autoriza a
saída com o padrinho afetivo, se for o caso, a saída
nos finais de semana, nos feriados, passar férias
escolares. Tudo com o objetivo de a criança ou de o
adolescente conhecer a convivência familiar sadia, se
vincular afetivamente, ter uma referência afetiva,
uma referência de qualidade de vida. Tudo isso a
gente sabe que é muito importante do ponto de vista
emocional, psicológico para a constituição do ser,
daquela criança e daquele adolescente em
desenvolvimento.
Então, o nome foi até muito propício na
época: Carinho transforma. E como transforma. Nós
temos pérolas que foram consequências do programa
Apadrinhamento Afetivo e do programa Família
Acolhedora.
Nós sabemos que vinculação afetiva muitas
vezes pode soar, dar um tom de adoção.
Apadrinhamento afetivo não é via para adoção.
Família acolhedora não é via para adoção. Pode
acontecer? Pode! Não desrespeitando o cadastro
daquelas pessoas que estão habilitadas estadual e
nacionalmente para adoção, pode. A gente sabe que
existem perfis inadotáveis de criança e adolescente,
infelizmente, principalmente de adolescente. Nós
trabalhamos, hoje, em Cariacica, com grupos muito
grandes de irmãos; grupo de quatro irmãos, grupo de
seis irmãos, grupo de nove irmãos. Não temos
pretendentes habilitados para adoção, nem
nacionalmente.
E crianças especiais também temos
dificuldade de colocação e adoção. Então, são casos
em que tem que ter muita cautela ao analisar e
trabalhar dentro da lei, mas sempre visando à justiça
e ao direito da criança e do adolescente de estarem
convivendo comunitariamente e em família.
Só para fechar, ontem fiz um levantamento
só na Grande Vitória, na região metropolitana. Nós
temos, hoje, funcionando o apadrinhamento afetivo
no município de Cariacica. Temos, em Vila Velha,
uma portaria para ser lançada agora em 2018,
colocando o apadrinhamento afetivo para funcionar
lá.
Temos, em Vitória, possivelmente, Vitória,
na verdade, foi a pioneira em família acolhedora. Em
apadrinhamento afetivo, se não me engano, foi
Cariacica. Em Vitória já existia o apadrinhamento
afetivo funcionando, porém ficou um pouco obsoleta
a forma como acontecia e parou. Na verdade, começa
e para. A maioria dos municípios da Grande Vitória
já começou, só que pararam. Cariacica continuou e
agora, com o advento dessa modificação na lei, no
final do ano passado, todos estão tomando esse
fôlego e se reorganizando para colocar para funcionar
novamente. Vitória também está fazendo isso. Serra
existe de modo informal. Acredito que devam se
organizar também. Em Viana deve se organizar
também. Foi um levantamento rápido que fiz ontem e
não sei no interior do estado como está, se tem algo
formalizado com o Executivo ou com alguma
organização de sociedade civil do interior do estado
também.
Mas acredito que a grande maioria, mais de
noventa por cento hoje, no estado do Espírito Santo,
vai precisar de se adequar a essa nova lei, porque
funciona de modo informal ainda, e isso é uma
preciosidade para a vida de nossas crianças e
adolescente e não pode deixar de existir.
Tem um ato normativo que o corregedor fez
em 2015, antecipando-se, inclusive, a essa nova lei,
em que ele colocou um Ato Normativo Conjunto n.º
13/2015, em que o Desembargador Sérgio Bizzotto, o
Desembargador Reinaldo Gonçalves e a
Desembargadora Eliana Junqueira fizeram esse ato
normativo em conjunto, colocando alguns requisitos
necessários à elaboração e execução dos projetos de
apadrinhamento afetivo de crianças e adolescentes
acolhidos no estado do Espírito Santo.
Já existia essa sementinha dentro do
Judiciário desde 2015, e agora, com essa modificação
da lei, os municípios terão que, realmente, se adaptar.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Muito esclarecedora a sua fala,
é a assistente social Sandra. Obrigada pela sua
participação. Foi bem esclarecedora. Muitos que
estão nos assistindo, acredito que entenderam bem.
Vou abrir as falas. Quem vai falar é a
Katiuscia, uma das madrinhas, aliás, só tem ela de
madrinha aqui representando. As outras já são
coordenadoras, que é a Cristiana. Depois eu passo
para ela.
A SR.ª KATIUSCIA SOARES HELMES -
Boa tarde a todos. Sou a Katiuscia. Sei que faz
confusão no final. É muito complicado, mas é
Katiuscia.
A minha experiência é com apadrinhamento
afetivo. Sou madrinha afetiva já tem um ano.
Inicialmente, eu fazia parte do cadastro da Família
Acolhedora, mas logo depois conheci o
apadrinhamento afetivo e fiquei mais apaixonada.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Só um minutinho, Katiuscia. O
Joel precisa se ausentar. Ele tem uma audiência.
O SR JOEL FERNANDO BRINCO
NASCIMENTO - Às catorze horas.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Fica à vontade, está bom?
Obrigada. A gente agradece.
O SR JOEL FERNANDO BRINCO
NASCIMENTO - Queria muito ouvir o depoimento.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Mas é compromisso. É isso aí.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 33
Beleza, obrigada. Agradeço de coração pela
participação, grande batalhador sobre esse tema,
principalmente da criança e do adolescente.
Por favor, Katiuscia.
A SR.ª KATIUSCIA SOARES HELMES -
E aí eu me apaixonei mais pelo projeto do
apadrinhamento afetivo. Não sei se todos já passaram
ou já conheceram alguém que tivera esse tipo de
experiência, mas é uma experiência que muda
totalmente: se você ama, você passa a amar mais; se
você ama pouco, você aprende a amar muito mais e
se você não ama, você aprende rapidamente o que é
amar. É uma coisa muito rápida que acontece em
nossa mente enquanto ser humano.
Eu acho que deveria, realmente, ser mais
expandido, deveria ser mais esclarecedor, porque
muita gente me pergunta. Conheci esse projeto
através do grupo comunitário Raízes e Asas, e eu ia
visitar, exatamente porque eu gosto muito de visitar.
E eu conheci, através desse grupo Raízes e Asas, esse
projeto; e, depois, de lá, eu fui só procurando mais e
mais, até que eu achei o núcleo, onde eu queria
chegar. E, lá, rapidamente eu me cadastrei e
rapidamente eu fui inserida. Foi muito rápido!
Porque, quando você ama e quer ser amado, você tem
que amar na mesma proporção. Não tive objeção
alguma, não fiz objeção alguma; eu queria entrar de
corpo e de alma. Porque é muito bom, é maravilhoso
você se colocar no lugar do outro.
É claro que eu não vim para falar de
experiências ruins, só de experiências boas. Mas, há
muito tempo em minha vida, muito tempo atrás, no
passado, eu gostaria muito de ter tido esse projeto.
Muitas coisas deveriam ter sido evitadas, mas,
infelizmente, não existia. Então, quando eu o
conheci agora, na fase adulta, esse projeto, eu falei:
Nossa! É algo maravilhoso! E aí eu caí: entrei de
corpo e alma.
Sou apaixonada por esse projeto. Gostaria
muito que ele fosse expandido. Gostaria muito que
ele fosse mais aberto, mais esclarecido; e que a
nossa sociedade em geral entendesse que não é
uma coisa difícil. É muito fácil. Você inserir
alguém em seu ambiente familiar, e amá-lo, é uma
coisa muito fácil. Isso não requer financeiro, isso
não requer tempo a mais: requer, simplesmente,
amor. Se colocar no lugar dele.
É o que eu tenho para falar.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Obrigada, Katiuscia, pela sua
participação e experiência. Isto é bom: a gente
transmitir para toda a população que nos assiste, é
importante a gente fazer essa divulgação.
Nós vamos conversar para divulgar mais.
Quem sabe, poderemos conversar na Tribuna Popular
que temos na Assembleia? Vamos convidar, tá,
Fátima? Depois estaremos entrando em contato com
vocês. Assim como com a Sandra também, pela
experiência que ela tem no Judiciário. É importante
divulgar. Nós vamos conversar, para a gente fazer
uma divulgação maior.
Agora, eu passo para a coordenadora do
projeto de Cariacica, uma das pioneiras. Os
municípios pioneiros foram Serra e Cariacica, estão à
frente desse projeto.
A SR.ª SANDRA SOUSA - Serra e
Cariacica com o apadrinhamento afetivo são os
pioneiros, realmente. E em Vitória o família
acolhedora.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Ah, sim. Fique à vontade,
Cristiana.
A SR.ª CRISTIANA FURTADO CALDAS
COUTO - Falar do apadrinhamento afetivo, falamos
com muito carinho. É um projeto, como a Sandra
colocou, que busca oferecer uma experiência
comunitária e afetiva.
A gente coordena, no momento, o
apadrinhamento afetivo e o programa Família
Acolhedora. Quando uma família busca a gente, a
gente vai ver qual é a intenção da família. Porque, no
apadrinhamento, existe diferença entre o
apadrinhamento e a família acolhedora, pois no
apadrinhamento são crianças com possibilidade...
Espere só um minutinho. (Pausa)
Crianças e adolescentes com possibilidade de
reintegração à família de origem ou extensa, ou
colocação em família substituta, para famílias
acolhedoras nós temos esse público. E as crianças
que não podem mais, que não tem mais esse contato
com a família, que podem ir para a adoção, são
crianças que vão para o apadrinhamento. Então a
gente tem dois públicos para dois programas
distintos.
Hoje trouxemos a Katiuscia que trabalha com
a gente, que está com a gente no programa de
apadrinhamento para falar um pouquinho da sua
experiência com essas crianças. Gostaria de passar
para a Amanda falar um pouquinho. Amanda é nossa
psicóloga nos programas Apadrinhamento e Família
Acolhedora.
A SR.ª AMANDA STAFANATO
VEREDIANO - Boa tarde a todas e todos! Acho que
a gente se sente bem contemplada com as falas,
principalmente da Katiuscia e da Sandra, tentando
explanar um pouquinho sobre a importância tanto do
projeto Apadrinhamento, Carinho Transforma quanto
do programa Família Acolhedora, que são programas
que visam a garantir o direito da criança e do
adolescente a uma vida digna, a alargar a convivência
familiar e comunitária dessas crianças e desses
adolescentes que por uma série de fatores tiveram
suas vidas violadas e estão sob medida de proteção
institucionalizada.
Nós, enquanto profissional, psicólogo,
assistente social, que trabalha com acolhimento, seja
34 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
institucional, seja o acolhimento familiar, está o
tempo todo, durante a nossa prática profissional
visando também a se respaldar pelo Estatuto da
Criança e do Adolescente e pelas políticas nacionais
de assistência social que visam a garantir uma vida
digna para as crianças e para os adolescentes. Então,
a gente entende o Apadrinhamento e o Família
Acolhedora como programas, políticas públicas que
possibilitam que essas crianças e esses adolescentes
voltem a sonhar, voltem a pensar numa profissão, em
ter um futuro digno e isso, para nós, é muito
gratificante, pensando em todo um histórico do nosso
Brasil e das nossas políticas de assistência social.
Então, acho que é um pouco isso.
Tanto os municípios quanto as comarcas
precisam se reorganizar agora para implementar o
Apadrinhamento e o Família Acolhedora, visando a
aumentar, para que essas políticas funcionem nos
seus municípios e nas comarcas, mas, principalmente,
garantindo outro funcionamento, tentando ao máximo
diminuir os nossos acolhimentos institucionais para
garantir que essas crianças e esses adolescentes
tenham de fato outras possibilidades de vida, vida
digna principalmente. Então, acho que esse evento,
esse momento também é muito importante porque a
gente carece de divulgação dos programas, para que
mais famílias se cadastrem e se habilitem com a
gente. Parabenizo a iniciativa. Que a gente tenha
outras iniciativas nesse mesmo âmbito de divulgação
e de pensar e de debater com os vários atores e atrizes
da rede socioassistencial, a assistência à saúde,
enfim.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Nós, da Comissão,
agradecemos a participação da Amanda e da
Cristiana.
Como falei em experiência, quando secretária
da Assistência Social, a gente ia a esses abrigos e
percebia que, por mais bem tratadas que eram essas
crianças naquele ambiente e por mais estrutura, mas
elas querem ter um lar, elas querem ter pai e mãe.
Então, a gente percebe que a instituição não substitui
a família. Há necessidade desse afeto. E a gente
percebia que a coordenadora tinha muito carinho
pelas crianças, mas, mesmo assim, elas queriam ser.
Nós falamos sobre adoção, mas querem ter
momentos de lazer, querem ter momentos de diálogo,
querem ter essa referência. E a gente agradece.
Parabéns.
Só uma dúvida: hoje, qual o percentual que
existe dentro desse apadrinhamento? Todas as
crianças são contempladas? Como está?
A SR.ª CRISTIANA FURTADO CALDAS
COUTO - Quem dera! Nosso sonho! Infelizmente,
ainda não. Hoje, em Cariacica, nós temos trinta
famílias inscritas e temos atuando sete famílias com
crianças e dez crianças em apadrinhamento. Famílias
acolhedoras, no momento, temos quatro. Está para
entrar um grupo de irmãos, como a Sandra falou, um
grupo de nove irmãos que temos em Cariacica, que
estão em processo de aproximação para irem para o
família acolhedora.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Nove crianças?
A SR.ª CRISTIANA FURTADO CALDAS
COUTO - São nove crianças que vão estar
separadas.
Tivemos que separar de dois em dois...
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Porque nenhuma família
acolhe.
A SR.ª CRISTIANA FURTADO CALDAS
COUTO - Porque nove crianças em uma família só,
realmente, é difícil.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - É.
A SR.ª SANDRA SOUSA - Infelizmente.
No que preconiza a lei, a gente não consegue cumprir
em todos os casos. Esse caso dos nove irmãos tem
esta situação delicada, não é? Contudo, o contato
deles a equipe vai acompanhar isso direitinho. Visitas
semanais, passeios juntos, enfim. E a conta não
fecha. Pelos dados que ela forneceu trinta famílias
para apadrinhamento afetivo, apenas dez crianças em
apadrinhamento afetivo efetivamente. A conta não
fechou. Assim como a questão da adoção, não é? A
conta não fecha. Por quê? Acredito, Cristiana, que a
resposta disso está no perfil. Sempre o perfil. Então,
nessa divulgação, a gente também precisa trabalhar a
questão do perfil. Quanto mais criterioso o
pretendente colocar o perfil, mais difícil fica.
A Katiuscia falou em amar. Amar não coloca
critérios para amar, não é? É algo que, se você
colocar critérios, vai sair da questão do sentimento,
não é? E aí muitos adolescentes estão fora. A maioria
quer apadrinhar crianças, quer apadrinhar bebês, quer
apadrinhar da etnia branca, quer apadrinhar sem
irmãos, quer apadrinhar sem nenhum problema de
saúde. Uma criança perfeita.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - É difícil.
A SR.ª SANDRA SOUSA - Infelizmente, o
perfil ainda é branco, com preferência para olhos
claros, por cabelos bons, para aqueles sem doença
nenhuma, em irmãos. Infelizmente, ainda é isso.
Falando não só na modalidade de apadrinhamento
afetivo, mas também na adoção e acredito que
também na família acolhedora.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - A necessidade, então, de se
vencer o preconceito, não é?
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 35
A SR.ª SANDRA SOUSA - Exato.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - O problema é esse.
Fale, Katiuscia.
A SR.ª KATIUSCIA SOARES HELMES - Eu não acredito que seja tanto o pré-conceito. Acho
que a gente tem que desmistificar. Eu sou um
exemplo disso. Quando eu fui fazer o perfil, a
psicóloga perguntou: Como você quer? Claro que ela
não falou dessa forma, porque a criança não é uma
mercadoria. Ela perguntou e eu falei: eu quero
quantos tiverem à disposição. Tem algum problema
com irmãos? Nenhum. Algum problema com cor?
Nenhum. Acho que ela ficou um pouco assustada
comigo, Porque, se eu estava apta a entrar, eu
também estou apta a receber aquilo que vai ser dado
para mim. Maravilhoso. Elas conhecem os meus
sobrinhos. Os meus sobrinhos seriam colocados para
mim adolescentes. Eles não são bebês. Eles são
adolescentes e especiais.
Então, assim, quem ouve a minha historia
fala assim? Essa mulher não é normal. Mas eu
acredito que eu peguei o grupo de irmãos mais amado
do abrigo e, no momento, está sendo amado por mim.
Então, a gente tem que desmistificar este negócio.
Isso também faz parte.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Muito bem, Katiuscia.
A SR.ª KATIUSCIA SOARES HELMES - Faz parte. Só para esclarecer que é isso que ela
realmente estava falando. A gente precisa abrir,
deixar à mostra, para que as pessoas entendam que a
gente não tem só que amar bebês, crianças brancas e
perfeitas, porque nenhum de nós é perfeito.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Muito bem.
A SR.ª KATIUSCIA SOARES HELMES -
Nós estamos em aperfeiçoamento.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Parabéns.
A SR.ª KATIUSCIA SOARES HELMES -
Obrigada.
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Muito rica a sua fala. Parabéns.
A gente percebe que nem todos têm este coração
como o seu, sabe? É Deus que te conduz. Parabéns.
Que Ele possa te dar, cada vez mais, este
entendimento e que quem está nos ouvindo também
possa ter este sentimento. Nós não podemos escolher
na verdade. Deixe que Deus vá trabalhando no nosso
coração para que a gente possa fazer algo. Quantas
pessoas estão depressivas? Eu fico falando: meu
Deus, tanta gente precisando deste amor, não é?
Vamos amar. Vamos sair do nosso eu.
A gente olha muito para dentro da gente. A
depressão é olhar para si próprio. Eu já tive
experiência, quando eu era nova. Com vinte e seis
anos, eu tive depressão. A partir do momento que eu
saí de mim e passei a olhar para o próximo, eu fui
curada da depressão.
Quanta experiência que a gente tem, não é
Doutor Hércules? De vida. Doutor Hércules passou
por tantas dificuldades na vida também e ele não
olhou para ele, olhou para o próximo. Por isso que a
gente está aqui olhando para os nossos que estão em
nosso entorno, dentro da política, que é uma missão.
Costumo dizer que política para mim é missão
porque a gente poderia estar cuidando dos nossos
filhos, netos e, no entanto, a gente está aí na luta para
darmos garantias de melhorias, de qualidade de vida
para a população do estado Espírito Santo. Eu vejo
Doutor Hércules aí nessa luta.
Mais alguma fala? Doutor Hércules quer
fazer uma colocação?
O SR. DOUTOR HÉRCULES - (MDB) -
Só queria me dirigir a Katiuscia e dizer que você é
uma pessoa anormal, sim. Você é uma pessoa
anormal do bem. Você é uma pessoa que, realmente,
a gente tem que tirar o chapéu porque são poucas
pessoas, são poucas pessoas mesmo no mundo, no
Brasil, em nosso estado, que se preocupam com o
semelhante. Então, quando vemos uma pessoa que
tem esse desprendimento, de olhar para o próximo,
isso é uma satisfação muito grande. Você é um
exemplo para nós todos.
E lembrar também, nossa vice-presidente da
Comissão de Saúde, que nós discutimos ontem a
questão do estudo à distância. Foi muito debatido. O
psicólogo, por exemplo, como vamos admitir um
psicólogo que vai fazer o estudo da Psicologia à
distância? Assistente social? Como vamos admitir
assistente social? Vai ficar falando com computador?
Tem que falar com gente, tem que sentir na pele os
problemas da sociedade. Então, estamos debatendo
essa questão. Eu e a Deputada Eliana vamos fazer
uma grande audiência, vocês serão convidadas para
debater esse tema e não podemos admitir, de forma
alguma, estudo à distância em Medicina, Serviço
Social, Psicologia, Enfermagem. Esse tipo de
profissão que não são profissões, são missões. Porque
a gente absorve tanto problema dos outros e pede a
Deus para não levar para casa, porque os filhos, a
família, a esposa, o marido, não têm nada a ver com
isso. Temos que debater, discutir muito essa questão.
Quero, hoje, render minhas homenagens, se
assim posso fazer, com bastante tempo de estrada,
não é? São cinquenta anos, quase, de advogado, e
quarenta anos de medicina. Já vi muita coisa. É bom
vermos mais. A gente brinca muito com a questão de
idade. Eu e Ferraço, por exemplo, brincamos muito,
na Assembleia, o Zé Ignácio ontem, até brincou
comigo. O Zé Ignácio, ex-governador, foi devolvido
36 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
o mandato simbólico a ele ontem, ele brincou com a
Maria Helena: esse aqui foi meu pediatra, cuidou de
mim quando era criança. E Zé Ignácio nasceu um dia
antes de mim. Meu aniversário é dia 19 de maio de
1939 e Zé Ignácio é 18 de maio de 39. Então, a gente
brinca muito, assim como brincamos com Ferraço.
Eu falo que o Ferraço me dava a mão em Cachoeiro
para atravessar a rua. Ele já era adolescente. Era
menino assim, na infância. Ele fica brincando que eu
fiz o parto da mãe dele, quando ele nasceu. Então,
viver mais é bom para a gente mostrar o caminho que
a gente passou. Isso é bom.
Pedro Nava era médico e fez uma bobagem
no fim da vida dele, apesar de ser escritor famoso.
Pedro Nava, ele escreveu que a experiência é um
carro andando na escuridão com os faróis virados
para trás, mas que também ensina muito, mostra
muito os caminhos que nós passamos.
Quero dizer que a juventude tem que tomar
o nosso lugar, não? Eu já estou ficando cansado de
tanto mandato, de tanto deixar de cuidar da minha
família, cuidar dos meus netos. Sábado, depois de
amanhã, a minha neta, única neta, tenho quatro
netos e uma neta, mas a tela do meu celular é a foto
da minha neta, do dia em que ela nasceu, e nasceu
comigo. Filha da minha filha, que nasceu comigo,
que nasceu no dia do meu aniversário, de parto
normal, sem indução nenhuma, a minha filha
Renata.
Na verdade, a gente tem histórias muito
lindas para contar e é bom que a gente continue
incentivando a juventude, exatamente para estudar. A
educação não muda o mundo; a educação - a
professora está aqui - muda as pessoas e as pessoas
que mudam o mundo. Paulo Freire escreveu isso.
E dizer que o professor, a professora, ensina
a nós todos, advogado, médico, engenheiro,
assistente social, psicólogo, ensina à população em
geral. Então temos que render nossas homenagens
também aos nossos professores e aqui nós temos a
nossa professora, que muito dignifica a nossa Casa de
Leis.
Muito obrigado!
A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA
DADALTO - PTC) - Tem algumas considerações
finais? Podemos encerrar?
Nada havendo mais a tratar, declaro
encerrada esta reunião, da comissão, e vamos ter a
próxima, ordinária, no dia 27 de junho, quarta-feira,
às 12h.
Agradecemos, mais uma vez, a participação
de todos os convidados, todas as convidadas, ao Joel
Brinco que já teve que sair, mas agradeço de coração
a participação, que abrilhantou esta tarde junto a
todos os nossos capixabas. Muito obrigada!
Um abraço a todos! Parabéns a todos os
membros da comissão! Agradeço também a todos
que estão conosco, aos assessores que estão
trabalhando junto conosco. Muito obrigada!
(Encerra-se a reunião às
13h16min.)
QUARTA REUNIÃO ORDINÁRIA, DA
QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA, DA DÉCIMA OITAVA
LEGISLATURA, DA COMISSÃO DE CIÊNCIA,
TECNOLOGIA, INOVAÇÃO, INCLUSÃO
DIGITAL, BIOSSEGURANÇA,
QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL, ENERGIA,
GÁS NATURAL, PETRÓLEO E SEUS
DERIVADOS, REALIZADA EM 15 DE MAIO
DE 2018.
O SR. PRESIDENTE - (ESMAEL DE
ALMEIDA - PSD) - Bom dia a todos e a todas!
Estamos aqui, mais uma vez, reunidos na
Comissão de Ciência e Tecnologia da Assembleia
Legislativa. Hoje, trataremos de um tema muitíssimo
importante, não tenho dúvida disso. Os
telespectadores da TV Assembleia, não tenho dúvidas
que hoje vão ter conhecimento sobre um assunto que
considero muito relevante, que é o Programa de
Inclusão Digital.
Está aqui conosco a coordenadora e mestra
Eliana Caus, que está do nosso lado; a Renata
Cristina Laranja; a Bianca Rodrigues Souza; a
Cláudia Câmara, da Faesa, do centro universitário; e
a Defensora Pública Roberta, que vai explanar um
tema também muito importante, sobre a
Ressocialização do Sistema Penitenciário através da
Inclusão Digital.
Quero passar, inicialmente, a palavra para a
mestra Eliana Caus Sampaio, para dar início a esse
tema que, não tenho dúvida, é muito importante para
a população de nosso estado, para quem está nos
assistindo pela TV Assembleia e para as pessoas que
estão participando desta reunião.
É sua a palavra.
A SR.ª ELIANA CAUS SAMPAIO - Bom
dia a todos!
É uma grande satisfação estar aqui,
participando deste momento, falando em nome da
instituição Faesa e apresentando um tema que é de
extrema relevância para as atuais e futuras gerações,
que é a aproximação da população com a tecnologia,
especialmente a tecnologia da informação.
Para começar nosso trabalho, queria
apresentar a professora Cláudia Câmara,
coordenadora da Unidade de Engenharia e
Computação de Sistemas da Faesa e vai fazer uma
fala institucional.
A SR.ª CLAUDIA CÂMARA - Bom dia a
todos!
É com muita alegria e com muita honra que
estou aqui, hoje, representando nosso reitor, professor
Alexandre Nunes Theodoro, que é o reitor da Faesa,
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 37
que é um centro universitário que há quarenta e cinco
anos trabalha para a sociedade capixaba, que tem
como missão institucional desenvolvimento social
por meio do conhecimento e que prima pelo
incentivo e inovação e excelência na educação.
Esse projeto que hoje a gente vai apresentar,
na verdade um programa, o PID, Programa de
Inclusão Digital. É com muita alegria que a gente
vem vendo todo o desenvolvimento desse programa,
muito bem representado pelas nossas professoras
Eliana e Renata. É um programa que já vem sendo
desenvolvido desde 2004 - elas vão apresentar toda a
trajetória - e que ao longo dessa trajetória vem
sempre contribuindo para essa aproximação da
sociedade com a tecnologia, promovendo uma
inclusão e, principalmente, formando pessoas e
abrindo novas perspectivas na formação dessas
pessoas. E é nessa vertente que vem também uma
parceria com a Defensoria Pública Estadual, na
pessoa da defensora Roberta Ferraz, que vem sendo
uma parceira e vem ampliando as possibilidades.
A gente vai apresentar para vocês, hoje,
vários exemplos de uma iniciativa que é promissora,
que vem dando muito certo, vem ampliando
horizontes e trazendo novas perspectivas na formação
das pessoas.
E, com certeza, agradecer muito ao
presidente da Comissão, Senhor Esmael, pela
oportunidade de estarmos aqui, porque não temos
dúvidas de que se conseguirmos mais parceiros e
possibilidades, a gente tem na mão um grande projeto
de contribuição social.
Então, a gente quer de novo agradecer a
nossa presença aqui, a oportunidade de estarmos aqui
e também colocar a nossa instituição à disposição de
vocês, se quiserem nos conhecer, a fundo os nossos
projetos. Esse é um dos projetos que temos
capitaneados pela unidade de engenharia e
computação. Estamos à disposição de vocês e a gente
vai conhecer melhor com a professora Eliana, daqui a
pouquinho, toda a vertente desse projeto.
A SR.ª ELIANA CAUS SAMPAIO - Esse
trabalho que vamos apresentar é uma parceria com a
Defensoria Pública, e essa parceria tem se mostrado,
assim, de grandes frutos e de expectativas muito
valiosas.
Queria chamar a Roberta Ferraz, defensora
pública, para poder fazer a sua fala.
A SR.ª ROBERTA FERRAZ - Bom dia a
todas e todos!
Deputado Esmael, agradeço a oportunidade
de estar trazendo ao público um projeto tão essencial
quando estamos tratando de sistema de justiça, de
sistema prisional e, principalmente, de inclusão
digital.
Quando eu vou falar desse projeto, costumo
utilizar uma frase no sentido de que quando a gente
trata de pessoas que estão cumprindo pena, é sempre
importante lembrar que no Brasil não existe pena de
morte nem prisão perpétua. Todas as pessoas que
estão dentro do sistema prisional vão voltar para a
sociedade.
É por isso que o nosso sistema é considerado
ressocializador e progressivo. As pessoas começam
cumprindo pena em um determinado regime e à
medida do tempo em que elas vão cumprindo uma
determinada quantidade de pena e tem bom
comportamento, vão progredindo de um sistema
menos rigoroso até o mais brando.
Nesse contexto, não tem que se pensar só no
sistema de justiça atuando dentro do sistema
prisional, tem que pensar na sociedade, afinal de
contas todas as pessoas que estão ali cumprindo uma
pena vão regressar para a sociedade. Então, como a
sociedade pode contribuir para que essas pessoas
voltem e quando elas voltarem tenham um ofício e
não voltem a delinquir, não voltem a reincidir.
O projeto vem muito com base nesse viés, de
pensar um novo sentido e um novo rumo para as
pessoas que vão voltar para a sociedade. A atuação,
tanto da defensoria pública quanto da sociedade e de
todas as instituições que atuam dentro do sistema de
justiça, tem que ir muito além de um processo. A
gente pensa que tem que ir muito além das grades.
Daí, veio a ideia de unir a defensoria pública com a
Faesa, que é uma instituição de ensino superior
justamente com esse viés muito social, com projetos
lindos em todas as áreas. Foi uma união de esforços e
de vontade que fez esse projeto acontecer.
A defensoria pública tinha notebooks que
estavam se tornando obsoletos, não estavam sendo
utilizados, e através de um termo de cooperação
técnica que foi celebrado entre Faesa e Defensoria
Pública nos unimos ao curso de informática e
tecnologia da informação e pensamos nesse projeto,
inicialmente piloto, em uma unidade prisional com
uma turma pequena, pensando pequeno sempre e à
medida que vai dando certo, a gente vai ampliando.
A ideia inicial era formar uma turma de
conhecimento básico em informática. A primeira
turma foi tão boa e deu tão certo que ampliamos já
para esse ano uma segunda turma. E essa primeira
turma já evoluiu. Agora, eles já estão começando um
segundo nível de desenvolvimento Web. Não é isso,
professora?
A SR.ª ELIANA CAUS SAMPAIO - Isso.
A SR.ª ROBERTA FERRAZ - Perdoa-me
se eu usar algum termo errado. É que sou da área do
Direito e não de Informática.
E a ideia é que ele se expanda cada vez mais,
não só para dentro dessa unidade específica, mas para
muitas unidades prisionais.
E o importante também do projeto e que a
gente foi vendo e que deixa ele ainda mais bonito, é
justamente a entrada da faculdade, do ensino superior
e dos próprios alunos para dentro do sistema, porque
isso quebra o estigma do prisioneiro, o estigma do
sistema prisional, porque os alunos participam do
38 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
projeto, eles monitoram, eles dão a monitoria, eles
dão as aulas.
Então, são pessoas que vão regressar e vão
regressar já com praticamente um ofício. Porque
hoje, a gente vê muito além de analfabetismo escrito,
o próprio analfabetismo digital. E dando esse tipo de
oportunidade, está se ampliando em muito as
oportunidades para essas pessoas quando elas
voltarem para a sociedade. Obrigada!
A SR.ª ELIANA CAUS SAMPAIO -
Usando as palavras de Roberta: analfabetismo digital.
No passado, o domínio da leitura e da escrita era
requisito mínimo para um indivíduo conseguir se
inserir no mercado de trabalho e até mesmo na
sociedade. Dominar a leitura e a escrita tradicional
era uma necessidade fundamental. Nos tempos atuais,
e muito mais no futuro, o domínio da leitura e da
escrita vai ser substituído pelo domínio das
tecnologias, porque essas tecnologias vão favorecer
essa leitura e escrita.
A gente sempre fala que a escrita, usando
essas ferramentas tradicionais muito bonitas e de
várias formas, requer, muitas vezes, um esforço
mecânico, uma destreza mecânica que nem todos os
indivíduos conseguem alcançar. Mas, ao apertar uma
tecla do computador, ele consegue projetar,
materializar esse pensamento da mesma maneira, sem
requerer dele algum esforço mecânico que, talvez,
não seja de uma habilidade que ele tenha.
O que vamos apresentar aqui, hoje, é o
programa de inclusão digital chamado PID-
Redenção, que foi um trabalho realizado na
Penitenciária Estadual de Vila Velha, em Xuri.
Começou em 2017; já fizemos uma parte do trabalho
em 2017, e está continuando em 2018, com novos
empreendimentos, como a Roberta bem falou.
Vinte e cinco por cento, de todos os presos
que saem, voltam para a cadeia, voltam para o
sistema penitenciário. Isso envolve um número de
cento e quarenta e quatro mil pessoas que vão voltar
para o sistema penitenciário depois de terem
cumprido pena e reincidirem em novos crimes.
Porém, esse número... Isso se chama
reincidência legal. Mas se levarmos em consideração
todos os modelos ou tipos de reincidência em que um
apenado pode voltar para o sistema penitenciário,
esse número cresce para setenta por cento. Isso quer
dizer que, do total de quinhentos e setenta e nove mil
presos que a gente tem no Brasil, quatrocentos e
quatro deles vão voltar para o sistema penitenciário.
Isso é muito sério, porque tem todo o desdobramento
que o sistema penitenciário precisa se responsabilizar
e tudo aquilo que afeta a sociedade, em função dessa
reincidência. Pensando nisso, e em dados globais do
nosso país, em que doze por cento da população e
13,7 dos adultos não concluíram o ensino médio, em
que setenta e cinco por cento dos apenados e oitenta e
cinco por cento dos reincidentes não possuem nem o
ensino fundamental, e em que o Brasil é o quarto país
que mais encarcera no mundo, como seria esse
indivíduo depois de cumprir sua pena, já tendo
ultrapassado algumas fronteiras da legalidade,
algumas fronteiras que demonstram uma perda, às
vezes, até da sua própria boa imagem, da
autoimagem? Como é que você consegue pegar esse
indivíduo, recebê-lo na sociedade e fazê-lo se tornar
produtivo, de maneira que remunere seu trabalho, que
tenha remuneração do seu trabalho, que ele possa
manter sua vida e a da sua família, e que não seja,
novamente, seduzido e encantado pelo mundo do
crime? Que ele consiga encontrar encantamento,
sedução e oportunidade num mercado funcional,
num mercado legal?
E nesse contexto, somos da área de
Tecnologia da Informação e Comunicação, vivemos
números muito encantadores o tempo todo. Por
exemplo, temos hoje uma expectativa de mais de
quatrocentos mil postos de trabalho que não estão
sendo ocupados e que estão carentes de mão de obra.
Além disso, a tecnologia propicia um tipo de
liberdade fascinante. Você pode ser um empregado
de alguém e pode ser um empreendedor com a
mesma força. Você pode empreender numa empresa,
numa instituição, e pode empreender dentro da sua
casa.
A Tecnologia da Informação e Comunicação
rompeu fronteiras. Você pode ser um trabalhador
desenvolvendo sistemas ou prestando serviços dentro
de uma empresa, e pode ser uma pessoa
desenvolvendo sistemas e prestando serviços para
um cliente que está geograficamente deslocado.
Então, observe como isso pode ser valioso
para um público que precisa se reconstruir. É uma
dupla reconstrução que ele tem que fazer, a dos
seus conhecimentos e a da sua inserção social.
Por isso que a gente percebeu o quanto
seria vantajoso e valioso aproximar esses detentos,
que têm um tempo ocioso muito grande, de um
conhecimento que pode proporcionar-lhe um novo
posicionamento no mercado de trabalho e uma
nova oportunidade de sobrevivência quando
terminar sua pena.
Foi diante disso que propusemos, junto a
Defensoria, um projeto em parceria com a
Defensoria do PID-Redenção, um projeto de
ressocialização dos detentos a partir dos
conhecimentos de tecnologia da informação.
O objetivo nosso é aproximar esse público
através da computação, dos conhecimentos
comuns, demonstrar e fazer com que eles
percebam as potencialidades que a tecnologia
proporciona e incentivar os alunos da Faesa a
trabalharem projetos sociais. Isso foi um
desdobramento muito valioso que nós percebemos,
que foi colocar os nossos alunos capacitados,
preparados, para viverem nessa nova realidade, a
realidade do sistema penitenciário, mostrando
também o quanto que é transformador para o nosso
aluno essa aproximação com esse público.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 39
Nós começamos fazendo uma inclusão de um
público alvo e fizemos uma inclusão global com o
tempo, porque o nosso aluno, participando de
projetos sociais, pôde perceber as dificuldades de
outro público que, muitas vezes, nunca pôde ou
nunca teve a oportunidade de frequentar escola em
todos os seus níveis e muito menos de participar de
um ensino superior, e se sensibilizar de que a
sociedade tem que colaborar nesse processo de
socialização. Então, eles se tornaram alunos mais
eficientes, alunos mais solidários, mais
comprometidos e conscientes do trabalho que eles
estão fazendo.
Eles vão para o sistema penitenciário, eles
vão para penitenciária... Falo que quem chega lá não
é só um conhecimento de TI, quem chega é um ser
humano que está levando, dentre outras coisas, afeto,
respeito, reconhecimento. Maus-tratos ou algum
outro tipo de problema, às vezes, as pessoas já
tiveram no mundo externo. E quando eles estão
participando do programa de inclusão digital,
tentamos ir lá com muito mais do que a frieza da
tecnologia. Quem chega lá para o treinamento é todo
um calor para que aquele indivíduo perceba nele os
lados positivos, os potenciais e, com isso, ele consiga
realmente ver na tecnologia uma ferramenta de
redenção.
O que nós planejamos para o ano passado foi
um minicurso de trinta e duas horas de informática
básica. As aulas eram ministradas duas vezes por
semana, terças e quintas, de 2h às 4h da tarde. Como
a Roberta comentou, ela conseguiu notebooks, o que
proporcionou o treinamento totalmente prático.
Então, todos os conhecimentos eram abordados na
parte conceitual, o pilar teórico, e na parte de
implementação, o pilar prático, que é, vamos dizer
assim, os dois sustentos para a formação de conceitos
sólidos.
Numa parceria com a Defensoria Pública,
uma maravilhosa parceria com a Defensoria, o
público atendido inicialmente foi de quinze detentos
do grupo GBT, gays, bissexuais e transexuais, porque
eles têm... Não vou me estender, não é minha área,
mas existe uma certa dificuldade de implementar
projetos dentro da penitenciária para esse público
porque há um certo conflito com os demais que não
são desse grupo.
Quem participou do projeto no ano passado
foram três instrutores da Unidade de Engenharia e
Computação, alunos de vários semestres, de vários
cursos da nossa unidade, com conhecimentos sólidos
sobre os assuntos que iam ser abordados. Para esse
tempo de aula, foi aplicada uma remissão de três dias
de pena porque é um dos propósitos também. A cada
doze horas de participação em um trabalho ou
treinamento, o preso tem direito a um dia na remissão
de pena.
O que nós trabalhamos? No primeiro piloto
que realizamos, tentamos levar aquilo que seria mais
acessível a uma pessoa que tinha uma formação
muito heterogênea. Lá temos pessoas com ensino
fundamental incompleto, ensino médio incompleto,
ensino fundamental completo, ou seja, muito
heterogênea a formação e o tempo que essa pessoa já
se afastou da escola. Então, o primeiro projeto piloto
ofereceu o treinamento de informática básica para os
aplicativos do pacote Office, que é o Microsoft
Word, o editor de textos; o PowerPoint, editor de
apresentações; as planilhas eletrônicas do Excel; e
uma aproximação com o conceito de internet sem
acesso à internet. Assim, só a ideia básica da
funcionalidade, principalmente resgatando a ideia de
um ambiente muito sedutor atualmente, que são as
redes sociais: navegação em Facebook. Enfatizando o
lado encantador que ele tem e o lado altamente
perigoso que ele também tem. A visibilidade de uma
dessas mídias pode criar muita vulnerabilidade para
uma pessoa.
Como vamos trabalhar o Word?
Aproveitamos que o nosso aluno, e não mais um
preso, o nosso aluno precisava redigir textos e
selecionamos textos que tinham um cunho social.
Então, por exemplo, um dos textos que nós
oferecemos era a reinserção ou a inserção no
mercado de trabalho de pessoas com deficiência. Era
justamente para que ele, lendo esses textos,
observando que existem pessoas que nascem com
muitos abandonos - vamos chamar assim, da genética
ou, às vezes, até de outras esferas - lutam para
conseguir se colocar, conseguir ter um ganho digno,
conseguir realizar uma tarefa. Então esse texto tinha
esse duplo enfoque. Ele vai digitar o texto e vai
aproveitar e tomar conhecimento dessa camada.
Também colocamos alguns textos de música,
que resgatam o lado branco, positivo e iluminado que
temos dentro de nós. Ou seja, cada um de nós pode
ser um agente transformador de si e transformador do
contexto. Ou seja, nós temos esse poder. Todos nós
temos. Não importa se você está aqui fora ou se você,
por um acaso, ou por um conjunto de acaso, está
cumprindo uma pena no sistema prisional.
Então, era uma maneira deles, à medida que
fossem redigindo esses textos para adquirirem
conhecimento de editor de texto e de formatação,
também se apropriassem daquelas palavras que
estavam ali contidas.
Nós também levamos máquinas lá para
dentro, ou seja, levamos todo um conjunto de
hardware, para que pudessem manusear. Eles
manusearam elementos como placa-mãe, HD,
memória e processador, de forma muito simples.
Assim, eles abriram os componentes e observaram
como cada elemento era construído.
As aulas eram ministradas em notebooks,
receberam todos uma cartilha, uma apostila detalhada
e bem minuciosa. No final, todos eles tinham que
fazer uma apresentação. O trabalho tinha que ser feito
através de uma apresentação de PowerPoint e foi
interessantíssimo, porque, olha que bacana, eles
tinham duas horas de treinamento por dia e nada
40 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
mais. Eles não podem levar nada para dentro da cela;
eles não podem levar um livro, nem um material de
estudo adicional, mas eles tinham que fazer uma
apresentação ao final do nosso projeto.
Essa apresentação envolvia o uso do
PowerPoint, de textos, de imagens e de músicas.
Levamos algumas músicas, mas toda a criatividade
foi deles, em uma última aula. Ou seja, eles tinham
uma última aula de preparação, duas únicas horas e
no dia seguinte fizeram apresentações e foi
emocionante. Foi emocionante vê-los, a desenvoltura,
aqui, nessa imagem, debaixo, o quadrado mais à
direita.
São eles apresentando e faziam depoimentos
comoventes, assim, de coisas que tocam a gente.
Estamos muito felizes por vocês estarem aqui
dedicando um tempo para pessoas como a gente. É
forte ouvir isso, pessoas como a gente.
Você ver, assim, muitos ali pensando quando
é que esse projeto volta para eu continuar
apreendendo e continuar me aperfeiçoando; quando é
que a minha pena termina, que eu quero mexer com
isso logo.
Então, vimos, assim, o envolvimento deles, a
paixão com que eles colocavam as tarefas que eram
colocadas para serem feitas.
Alguns desafios fortes que tivemos de
enfrentar. O primeiro deles, muito natural. Não é
nosso fluxo natural frequentar uma penitenciária.
Acho que não é de muitas pessoas, acho que não é
tradição, uma coisa comum, não é?
Então, quando nós fomos à primeira vez,
tínhamos muitos receios sobre questões de segurança.
Como é que vou entrar lá dentro onde estão os presos
condenados ou algum tipo de preconceito que se
tivesse. Nós íamos levar alunos também lá para
dentro e nós somos responsáveis por essas pessoas.
Eles são nossos alunos da Faesa, que confiam na
gente e confiam na instituição.
Então, na primeira ida, a Roberta nos deu
toda a tranquilidade, passando-nos todo o protocolo
que ocorre.
Nós entramos lá sem nenhum equipamento,
nós passamos por um processo de vistoria, nós
passamos por Raios-X. Então, diferentemente de se
sentir incomodado com todo esse protocolo, nós nos
sentimos felizes. E, quando dentro do sistema prisional,
dentro da sala de treinamento, existe todo um rodízio de
agentes penitenciários que ficam ali acompanhando os
trabalhos. Então, é tudo feito com um rigor fantástico.
Fantástico como as coisas acontecem muito bem lá
dentro da penitenciária.
Uma preocupação que a gente tinha era sobre
aprendizado. Como é que eles vão conseguir
armazenar tanto conhecimento tendo só duas horas de
aula? E uma coisa que foi adotada era o foco.
Durante as aulas todos focados, alunos e instrutores,
instrutores Faesa e alunos do sistema penitenciário,
para que aquelas duas horas rendessem muito. Aí,
lógico, essa pessoa, como falei no início, precisa ser
reconstruída, e essa reconstrução parte não só da
formação de conceitos de tecnologia, mas que ele
reconstrua, também, o seu lado afetivo, seu lado
emocional. Ele precisa acreditar nele novamente.
Porque senão, ele pode se seduzir com outras
alternativas. Então, ele precisa se reconstruir
afetivamente, emocionalmente, e sobre esse vai se
alicerçar o conhecimento cognitivo que nós vamos
passar. Então, como eu falei, entrávamos lá com
corpo e muito coração.
O que nós observamos? Resultados:
assiduidade nas aulas. Muito assíduos. Raramente
alguém deixava de participar dos treinamentos. E
empenho na realização das tarefas. Os instrutores, do
início ao fim, altamente motivados, até se
lamentando: acabou o projeto. Um estado de ânimo
constante de todos demostrava que estavam todos na
mesma sintonia, focados no mesmo objetivo. E uma
coisa bacana: alguns presos, naturalmente, tiveram
melhor desempenho que outros e eles colaboravam
com os que tinham mais dificuldade. Faziam com que
todos... É aquela história. Vamos caminhar todos,
vamos crescer todos juntos.
Programa de Inclusão Digital da Faesa. Vou
fazer um histórico breve aqui. O Programa de
Inclusão Digital da Faesa existe há quatorze anos. Ele
começou em 2004 e ele busca fazer isso, essa
aproximação da sociedade com a tecnologia da
informação e comunicação. Já foi realizado o projeto
em varias localidades aqui no estado, em várias
entidades, e essa, agora, na penitenciária. Em 2004, a
Renata participou de um projeto lá em Linhares,
Regência e Povoação, setenta pessoas foram
atendidas, duzentas e quarenta horas de treinamento,
sete instrutores. Em 2004, nós fizemos um no entorno
da Faesa atendendo a todos que tivessem essa
necessidade. Cem pessoas atendidas, vinte instrutores
e quarenta horas de treinamento - esse foi feito nas
instalações da Faesa. Foi feito em 2005 na Escola
Oral e Aditiva, nove pessoas atendidas, vinte e cinco
instrutores, com dezesseis horas de atendimento.
Sábado na Faesa era uma iniciativa para
disponibilizar os computadores para quem quisesse
realizar uma tarefa ou aprender um novo
conhecimento. Cinquenta pessoas atendidas, nove
instrutores, cinquenta e seis horas de treinamento. Em
2006 um outro programa na Ação Maçônica, na Loja
Maçônica, mais de setenta e cinco pessoas atendidas,
nove instrutores, oito horas de treinamento. Na
Escola João Bandeira foi realizado para alunos da
escola da oitava série, vinte e cinco pessoas, cinco
instrutores e trinta horas de treinamento. De 2007 a
2010 o Programa rodou dentro da Chocolates Garoto;
na verdade, no Sindicato de Alimentos que atende a
Chocolates Garoto e outras instituições. Nós ficamos
três anos lá dentro, foram atendidas duzentas e trinta e
seis pessoas, cinquenta e um instrutores, todos alunos
Faesa, mil duzentas e sessenta e duas horas de
treinamento. Fizemos um movimento que é global,
chamado Dia de Responsabilidade Social no Ensino
Superior, em 2007 e em 2008. Vinte pessoas
atendidas, cinco instrutores e oito horas de
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 41
treinamento. Em 2015 revigoramos o PID Monte
Belo, que é no entorno da Faesa. Foram vinte e duas
pessoas participantes, dez instrutores, vinte e oito
horas de treinamento. Fizemos duas expedições para
a Amazônia. Na verdade, foram três idas e duas
atuações. Em 2016 nós atendemos trinta e sete alunos
numa escola flutuante na região do Vale do Catalão,
numa escola chamada Nossa Senhora Aparecida.
Como eles não têm infraestrutura nenhuma de TI, na
época nós preparamos uma cartilha de orientações
sobre o uso da tecnologia para mostrar desde como
adquirir um computador até como acessar sites úteis,
buscar informações para conhecimento, para
compras.
Então, em 2016, fizemos essa cartilha.
Também, visitamos uma aldeia no Vale do Tupé, a
aldeia da etnia desana e, também, atendemos
dezesseis pessoas da comunidade, dessa aldeia.
Entregamos a cartilha e iniciamos o desenvolvimento
de um website.
Eles tinham uma demanda sobre as visitas
que são feitas nessa comunidade indígena e
precisavam ter algum mecanismo de controlar as idas
desses visitantes. Participou um aluno da Faesa
conosco nesse projeto.
Em 2017, voltamos à Amazônia e atendemos
sessenta pessoas de uma outra escola, uma nova
escola, a escola Vila Nova. Entregamos a cartilha
adaptada com um recurso bastante encantador, se
vocês quiserem ver depois, chamado realidade
aumentada. É uma projeção tridimensional de um
objeto virtual sobre um objeto real. E o objetivo de
colocar essa tecnologia era criar um encantamento
naquelas pessoas, para que elas começassem a ter
maior interesse para a área de computação.
Na escola Nossa Senhora Aparecida, nós
atendemos catorze pessoas e fizemos um minicurso
de linguagem de programação. Usamos uma
linguagem desenvolvida pelo MIT, chamada Scratch.
É uma linguagem criada pelos Estados Unidos, para
divulgar o conceito de programação de computadores
a toda a sociedade, não necessariamente para pessoas
que são da computação.
Elas usam um esquema de programação
visual, que não necessariamente precisa envolver
linhas de código escritas. E ela foi fantástica, ou seja,
a abordagem foi fantástica porque, em duas horas de
treinamento, os nossos alunos, catorze alunos, treze
alunos e um professor, eles já conseguiram realizar um
projeto fantástico. Isso fez com que muitos deles
começassem a repensar a hipótese de não ser só outras
profissões, mas, sim, de migrar ou de se aproximar da
área de computação.
Voltamos à aldeia e apresentamos o site. O
site foi desenvolvido para favorecer tanto a visita de
pessoas à comunidade indígena como a comercialização
de produtos que eles elaboram e, também, mostrar toda
a região amazônica, onde eles estão instalados.
Participou desse projeto um aluno nosso.
Em 2008/2009, o projeto ganhou um prêmio
da ONU, reconhecendo como prática de referência,
podendo ser replicado em qualquer lugar do mundo.
Para esse prêmio veio uma representante da ONU,
fomos à Prefeitura de Vitória e recebemos esse
reconhecimento. Participamos de jornadas científicas
no ano passado. Ganhamos dois prêmios, primeiro e
segundo lugares, com a cartilha e com o site.
E aí fechando, algumas estatísticas globais de
todos os trabalhos ao longo desses anos. São catorze
projetos realizados. A gente fala que começou em
2004, mas tivemos uma parada. Então, são dez anos
de projetos sendo realizados, setecentos e cinquenta e
quatro pessoas atendidas; mil setecentos e trinta e
seis horas de treinamento e projeto; cento e vinte e
sete alunos da Faesa envolvidos; cinco TCCs,
Trabalhos de Conclusão de Curso, das nossas áreas
envolvidas; quatro participações em jornadas
científicas; dois artigos apresentados e publicados no
Seminário Nacional de Inclusão Digital, em 2016;
dois artigos apresentados num congresso chamado
Computer on the Beach, agora, em 2018, e voltamos,
semana passada, apresentando três artigos no
Seminário Nacional de Inclusão Digital em 2018.
O que nós pretendemos, agora,
exclusivamente sobre o PID - Redenção e já estamos
em andamento, já estamos realizando novas turmas
de informática básica, e agora, nós criamos uma
escala - Roberta já falou muito bem. É que a
informática básica é muito introdutória, ela em si vai
só adoçar e aproximar essa pessoa, mas para que ela,
realmente, se torne um profissional da área de TI, que
é uma área muito promissora, estamos realizando o
primeiro projeto-piloto de capacitação em
programação de computadores para esses apenados.
Então, os presos que participaram do
primeiro programa, que foi de informática básica,
estão participando, agora, do curso de programação
de computadores.
Como são pessoas com formação muito
heterogênea, nós começamos com um nível de
programação bem lúdico, usando a linguagem de
programação Scratch. Estamos avançando, agora,
para a formação inicial de desenvolvimento web. Nós
temos consciência de que é um conjunto de conceitos
que requer um empenho muito maior. Na verdade,
requer um grande empenho para que tenha um êxito,
para que tenha um resultado favorável.
Por isso que estamos avançando a passos
firmes, porém cautelosos, porque a gente espera que
cada novo conhecimento seja sólido para que esse
indivíduo se sinta capaz e fortalecido para continuar
avançando.
Temos novos planos de avançar em outras
turmas e o que pensamos em longo prazo é... Hoje
estamos trabalhando com grupo GBT, pretendemos
avançar para os héteros também e para os internos do regime semiaberto. Ou seja, queremos que o projeto se
fortaleça porque o recurso da tecnologia é uma poderosa
ferramenta de inclusão social e de inclusão no
mercado de trabalho. Para isso, precisamos ter maior
disponibilidade de computadores funcionais em
vários momentos do dia. Então, um laboratório fixo
42 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
ou um laboratório itinerante seria essencial para que
esse projeto possa crescer e se fortalecer.
Este é o meu recado. Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE - (ESMAEL DE
ALMEIDA - PSD) - Parabéns, professora Caus.
Tenho um amigo na Cesan há muitos anos, Caus.
Não sei se é parente.
Quero parabenizar a equipe da Faesa pela
brilhante palestra. Antes de encerrarmos, consulto se
alguém tem alguma mais colocação a fazer. A
Claudia, a defensora pública, se quiser fazer alguma
colocação, fique à vontade.
A SR.ª ROBERTA FERRAZ - Deputado, a
ideia quando nós muito bem recebemos o convite
para apresentar o programa, é justamente torná-lo
público ainda mais, porque fazemos questão sempre
de divulgá-lo no site da Defensoria, com a própria
imprensa, dentro da Faesa com os alunos, mas para
cada vez mais trazer a sociedade para dentro do
sistema prisional, porque o sistema prisional deve ser
visto com um todo, como disse inicialmente. Não só
para as pessoas que atuam dentro do sistema da
Justiça, mas para a sociedade em si.
Considerando que a Assembleia Legislativa é
a voz do povo, afinal de contas todos os deputados
estão aqui representando o povo, a ideia é justamente,
agora com o conhecimento e o funcionamento do
programa, do projeto, trabalharmos juntos e vermos
como esse projeto pode ganhar ainda mais força, ter
mais pernas para crescer cada vez mais.
O SR. PRESIDENTE - (ESMAEL DE
ALMEIDA - PSD) - Obrigado. Pode ter certeza de
que a Comissão de Ciência e Tecnologia, o nosso
grupo, vai avançar nessa questão e fazer sugestões,
propostas e projetos. Realmente não tenho dúvida
nenhuma da relevância desse projeto de inclusão
digital lá no Xuri, ou seja, que a experiência no Xuri
seja estendida aos outros presídios também, não só no
Xuri.
Alguém mais?
A SR.ª CLAUDIA CÂMARA - Só quero
reforçar essa apresentação da professora e colocar,
deputado, que esse é um programa, pela abrangência
dele, as possibilidades que ele nos traz, temos essa
vertente que é essa parceria com a Defensoria Pública
que de fato reforça todo esse viés que ele tem para a
questão da ressocialização dos apenados, mas tem
outra vertente ligada à escola, à formação,
experiências que a gente teve em comunidades de
baixa renda, em pessoas com vulnerabilidade social,
inclusive nas escolas.
O que a gente precisa, na verdade, é expertise
no assunto. Duas professoras mais do que expertise,
mais especializadas que é a questão da sensibilidade
para o social, porque às vezes é difícil, às vezes a
pessoa da área da tecnologia não tem essa vertente.
Então quero dizer para vocês que temos tudo
pronto: pessoas apaixonadas e engajadas,
especializadas na área delas e a gente precisa de ter
mais braços e mais parceiros, assim como a
Defensoria Pública vem fortalecendo, a possibilidade
de vir aqui, além de tornar público, é de fato
conseguir parceiros que possam aumentar cada vez
mais a abrangência desse programa.
Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE - (ESMAEL DE
ALMEIDA - PSD) - Queria aproveitar também e
parabenizar a equipe da Sejus que está presente, ali
atrás: a Tiara, a Regina e o Rodrigo que vieram aqui
abrilhantar. Vocês que conhecem de perto, talvez
alguém queira dar alguma sugestão, alguma
contribuição. Fiquem à vontade.
A SR.ª REGIANE KIEPER DO
NASCIMENTO - Bom dia. Meu nome é Regiane.
Hoje estou como Gerente de Educação e trabalho na
Secretaria de Justiça. A gente faz todo o
acompanhamento de toda ação que envolva educação
e trabalho, sempre pensando nessa educação, nesse
sujeito que vai voltar para o mundo do trabalho.
Porque, quando ele sai, se ele não voltar para o
mundo do trabalho, é o próximo candidato,
realmente, à reincidência, como a professora bem
explicou.
A gente fica muito feliz. Até a doutora
Roberta já tinha apresentado esse projeto para a
gente. Como estava como piloto, a gente foi
acompanhando mais de longe, para esperar que, na
medida do possível, quando a gente fosse acionado, a
gente estaria pronto a fazer parte.
A minha preocupação agora, na ampliação do
projeto, é que a Sejus, realmente, faça parte dessa
parceria. Hoje tem um convênio entre a Defensoria e
a Faesa, mas não sei se esse processo chegou até à
doutora, mas coloquei como observação que a Sejus
precisava fazer parte, porque o sistema prisional é
muito dinâmico. Então, para expandir, realmente,
essa unidade onde foi feita, a gente tem, realmente,
muita dificuldade em levar qualquer tipo de projeto
para lá, mas em outras unidades, nós temos muitos
projetos.
A gente precisa pensar juntos porque estou à
porta do Pronatec nacional. Então o Pronatec
nacional vai vir com muitas vagas. Se não pensarmos
isso, juntos, vocês vão pensar lá, temos a política
aqui e, na hora de executar, não conseguiremos
executar as duas.
Por isso, quando foi criada a gerência de
educação e trabalho, ela foi criada para abraçar os
parceiros e fazer a coordenação junto com os
parceiros, então a gente precisa avançar nesse
momento. Se vocês pensam em avançar, a gente
precisa entrar também com vocês, como parceiro,
para que a gente possa pensar juntos para que, depois,
a gente não fique: Poxa! Mas agora vem o Pronatec,
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 43
agora vem a remissão por leitura. A gente já tinha
planejado a ampliação para essa unidade e os
diretores das unidades prisionais ficam meio que
vendidos.
Então, a gente se coloca à disposição. Muito
feliz, porque me formei na Faesa e sei do potencial
que a Faesa tem. Minha filha está estudando na
Faesa. A gente fica muito feliz em ter essa instituição
vindo contribuir para o sistema prisional.
Aí nos colocamos: A Tiara é nossa
coordenadora. Estou como gerente de educação e
trabalho e a Tiara é coordenadora de toda a área
profissional, todos os cursos, Pronatec, voluntários,
tudo está dentro da coordenação da Tiara. O Rodrigo
está respondendo pela gerência de tecnologia,
porque, quando se fala de tecnologia, o Estado já tem
muita dificuldade com a tecnologia, de manutenção,
como falou, novos equipamentos. Então falei: Vão
comigo, porque se vier uma proposta lá, temos que
saber quais são nossas dificuldades. É por isso que
trago também, quando tiver, ele virá junto para a
gente pensar e ampliar da forma...
Hoje, nos colocamos à disposição. Muito
obrigada.
O SR. PRESIDENTE - (ESMAEL DE
ALMEIDA - PSD) - Muito obrigado pela presença
de vocês aqui. Transmita o nosso abraço ao
Secretário Doutor Walace, ao Subsecretário
Alessandro. Meu abraço e parabéns por vocês
estarem aqui. Uma palavrinha bem rápida?
A SR.ª ROBERTA FERRAZ - Só fazer um
adendo. Agradecer. Estava até sendo injusto da
minha parte não agradecer tamanha colaboração da
equipe da AP5, que é onde acontece o projeto. Eu e a
professora estávamos conversando essa semana sobre
isso, como, realmente, uma união de esforços e como
tanto a direção, a chefia de segurança, os inspetores,
têm colaborado, e muito, para que esse piloto dê certo
e, cada vez mais, cresça. É o que a gente sempre fala,
é um piloto e a ideia é que ele realmente cresça e que
ele seja levado para novas unidades e, para que isso
dê certo, é necessária uma soma de esforços. Tanto
chefia, direção, da AP5, quanto todas as pessoas que
entro em contato na Secretaria, são extremamente
proativos e solícitos e colaboram, e muito, para a
realização do projeto.
O SR. PRESIDENTE - (ESMAEL DE
ALMEIDA - PSD) - Queria só fazer uma colocação,
doutora, sobre a questão dos idosos. Não sei o que
vocês estão pensando. Não quer dizer que sou idoso,
mas, as pessoas mais idosas, geralmente, estão muito
excluídas digitalmente, e vejo uma alegria quando
eles começam a mexer nisso, a felicidade deles. Não
sei se já fizeram algum projeto.
A SR.ª ELIANA CAUS SAMPAIO - Já
fizemos e temos planos de reativar projetos abertos à
comunidade. Na verdade, eles nunca foram
encerrados, é porque são ciclos, então a gente vai
atendendo determinadas camadas da sociedade. Já
fizemos, inclusive, colocamos vários idosos lá dentro
da Faesa e foi belíssimo porque - até conversávamos
aquele dia - a tecnologia, diferente do que às vezes
possa se imaginar, a tecnologia aproximou as
gerações. Ela não afastou. Hoje, o vovô e o netinho
falam a mesma linguagem. Tiram selfie, fazem uma
postagem, conversar no WhatsApp então, isso é
fantástico.
O SR. PRESIDENTE - (ESMAEL DE
ALMEIDA - PSD) - Então, está bom.
A respeito do laboratório que comentamos,
vamos trabalhar em cima disso, junto com o Governo
do Estado, a Sejus, o que a gente pode fazer para ter
um laboratório experimental lá no Xuri, implantar
um...
A SR.ª ELIANA CAUS SAMPAIO - Sim.
Porque eles precisam desse reforço.
O SR. PRESIDENTE - (ESMAEL DE
ALMEIDA - PSD) - Porque seria um avanço enorme
nesse projeto de vocês.
A SR.ª ELIANA CAUS SAMPAIO - Com
certeza.
O SR. PRESIDENTE - (ESMAEL DE
ALMEIDA - PSD) - Não tenho dúvida que é um
sonho vocês, mas vamos lutar e trabalhar por isso.
Está bom?
A SR.ª ELIANA CAUS SAMPAIO - Está
bem. Ótimo.
O SR. PRESIDENTE - (ESMAEL DE
ALMEIDA - PSD) - As palavras finais, porque o
horário já está meio, com a doutora Caus.
A SR.ª ELIANA CAUS SAMPAIO - Quero
agradecer imensamente essa oportunidade de estar
aqui. Agradecer a oportunidade de termos tido a
Renata, minha parceira de muitos anos de trabalho na
Faesa, de muitos anos de projeto social e de muitos
anos na computação. Por a gente ter conseguido ser
uma boa ferramenta, uma ferramenta útil nessa
aproximação da sociedade com a computação, pelo
valor que a computação tem nos dias atuais e por
tudo que ainda nos aguarda, com o uso da tecnologia.
É fundamental que os indivíduos tomem
conhecimento disso, qualquer um que seja, do quanto
é importante ter maior domínio sobre essas
tecnologias que estão batendo à nossa porta. Não
estamos falando só de máquinas, estamos falando
também de softwares, de aplicativos, porque eles vão
propiciar ganhos valiosos, mas vão colocar riscos
também muito grandes, como qualquer coisa, um
44 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
veículo também faz isso, um micro-ondas faz isso e é
essa aproximação que é muito valiosa.
Agradecer a oportunidade de estar aqui na
Casa; à Faesa por ter sempre nos apoiado em todas
essas incursões que fizemos, parceira muito forte; à
Roberta, por ter chegado lá conosco e nos oferecido a
oportunidade de fazer essa caminhada. Esperamos
que tudo isso se fortaleça e que a gente consiga,
realmente, fazer um projeto transformador de mentes,
de corações, e de força de trabalho. Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE - (ESMAEL DE
ALMEIDA - PSD) - Precisamos encerrar porque o
horário já... Mas não poderia deixar de agradecer
mais uma vez. Vocês que vieram aqui, aquele que
nos assiste através da TV Assembleia. Não tenho
dúvida nenhuma que...
Quero agradecer também a minha equipe de
trabalho da Ciência e Tecnologia que está aqui,
Davina, Marlon, todos vocês, minha equipe também
de gabinete que está aqui, agradecer a todos vocês.
E dizer que fiquei - quando me apresentaram
- surpreso por esse grande projeto, viu, doutora
Eliana? Grande projeto. Vocês estão de parabéns.
Quero parabenizar a Faesa, primeiro pelos seus
quarenta e cinco anos de fundação, de existência,
parabenizar o doutor Alexandre e toda a equipe dele
por essa grande faculdade que tem desenvolvido um
excelente trabalho. E eu não sabia desse braço, sabia
assim não sei se é braço social também lá dentro da
faculdade.
Então, vocês estão de parabéns por esse
trabalho. Não tenho dúvida nenhuma que os
telespectadores que estão nos assistindo, através da
TV Assembleia, que vai ser repetido, isso repete
umas duas, três vezes, vão ficar encantados com esse
projeto. E aqueles que nos assistem, se quiserem mais
alguma informação, que estão nos assistindo através
da TV Assembleia, vão lá na Faesa ou telefone para a
Faesa, é fácil. Procurem sobre o PID Faesa para obter
mais informações.
Então, parabéns, Faesa, parabéns mesmo
pelos quatorze anos desse projeto, brilhante projeto, e
mais uma vez, pode contar com a Comissão de
Ciência e Tecnologia no que precisar, nós aqui na
Assembleia, aqui é a Casa do Povo, aqui é a Casa de
vocês. Os deputados vão saber, estão assistindo nos
seus gabinetes, aqui no prédio também. Muitos deles
estão assistindo esta sessão.
Então, parabéns! Porque a Faesa... Faço
questão de registrar aqui, esse projeto visa fornecer
conhecimento de tecnologia de informação e
comunicação às comunidades sociais excluídas
digitalmente, de forma a melhorar as condições de
vida e de trabalho. Parabéns! Muito obrigado.
Nada havendo mais a tratar, declaro
encerrada esta reunião. Antes, porém, convido os
pares para a próxima reunião desta comissão, que
será ordinária, no dia e hora marcados.
Está encerrada a reunião.
Encerra-se a reunião às 11h10min.
SÉTIMA REUNIÃO ORDINÁRIA, DA
QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA, DA DÉCIMA OITAVA
LEGISLATURA, DA COMISSÃO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR E DO CONTRIBUINTE,
REALIZADA EM 10 DE JULHO DE 2018.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Invocando a proteção de Deus,
declaro abertos os trabalhos desta comissão.
Saúdo o Deputado Gilsinho Lopes, o
Deputado Hudson, os servidores, procuradores e os
demais presentes.
Solicito que se proceda à leitura das atas da
terceira e quarta reuniões extraordinárias e da quinta
e sexta reuniões ordinárias.
(A senhora secretária procede à
leitura das atas da terceira reunião
extraordinária, realizada em 12 de
junho de 2018; da quarta reunião
extraordinária, realizada em 20 de
junho de 2018; da quinta reunião
ordinária, realizada em 12 de
junho de 2018; e da sexta reunião
ordinária, realizada em 26 de
junho de 2018.)
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Em discussão as quatro atas.
(Pausa)
Não havendo quem queria discuti-las, como
vota o Deputado Hudson?
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) -
Favorável.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Deputado Gilsinho?
O SR. GILSINHO LOPES - (PR) - Pela
aprovação.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Acompanho. Aprovadas as atas
como lidas.
Solicito que faça a leitura do Expediente.
A SR.ª SECRETÁRIA lê:
CORRESPONDÊNCIAS RECEBIDAS:
Ofício S/N, do BR Malls Administradora e
Comércio Rio/Minas Ltda.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Realmente é uma síntese muito
apertada, levantada por eles, mas a comissão entende
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 45
que tem relação de consumo, sim, e o fato de ser
privado não tiraria nunca a atribuição desta Casa. Se
fosse assim, para que existir Procon, Delegacia do
Consumidor? As empresas de telefonia, as lojas são
todas privadas. Ali, o que se mede é a relação, o
poderio de um shopping com o serviço prestado aos
pequenos empresários que estão sendo lesados. E o
fato de ter ações ajuizadas não retira a competência
desta comissão.
Então, rejeitado o requerimento da empresa
BR Malls.
A SR.ª SECRETÁRIA lê:
PROPOSIÇÕES RECEBIDAS: Não houve no período.
PROPOSIÇÕES DISTRIBUIDAS AOS
SENHORES DEPUTADOS:
Projeto de Lei n.º 28/2018 - Análise de
Mérito
Autora: Deputada Luzia Toledo
Ementa: Dispõe sobre a proibição da
operação de serviço de telemarkenting com número
restrito e fora do horário comercial.
Relator: Deputado Gilsinho Lopes
Prazo do Relator: 10/07/2018
Prazo da Comissão: 24/07/2018
Proposições sobrestadas:
Não houve no período.
PROPOSIÇÕES BAIXADAS DE PAUTA:
Não houve no período.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Tenho dois projetos aqui,
senhores deputados. Um de autoria do Deputado
Gilsinho Lopes e o outro do Deputado Amaro Neto.
Dos dois já foram feitos os relatórios pelo Deputado
Da Vitória, que não se encontra presente.
Vou avocar para relatar primeiro o de autoria
do Deputado Gilsinho Lopes. Vou acolher o relatório
do Deputado Da Vitória e vou relatar pela aprovação.
É como voto no Projeto de Lei n.º 105/2017,
do Deputado Gilsinho Lopes, que obriga os
estabelecimentos comerciais a colocarem os
monitores de caixa registradora de forma visível e
sem obstáculos para o consumidor.
O voto é pela aprovação.
Em discussão. (Pausa)
Não havendo quem queira discutir, como
vota o Deputado Hudson?
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) -
Acompanho o voto.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Deputado Gilsinho, autor?
O SR. GILSINHO LOPES - (PR) - Como
autor, pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Aprovado por unanimidade dos
presentes.
O SR. GILSINHO LOPES - (PR) - Até
porque presidente, a questão do monitor visível para
o consumidor é porque quando está se digitando, o
consumidor não está observando.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Ele pode conferir.
O SR. GILSINHO LOPES - (PR) - Ele
pode conferir online. Enquanto está digitando ele vai
conferindo ali mesmo. Porque ele leva a nota para
casa e depois ele vai checar e reclamar, e já foi.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Projeto chamado projeto CD -
não é o seu, não - Projeto de Lei n.º 91/2017, do
Deputado Amaro Neto, que obriga as farmácias e
drogarias do estado do Espírito Santo a manter
recipiente para coleta de medicamentos, chamado
projeto CD.
Também vou encampar o parecer do
Deputado Da Vitória e vou relatar pela aprovação.
É como voto.
Em discussão. (Pausa)
Não havendo quem queira discutir, em
votação.
Como vota o Deputado Gilsinho?
O SR. GILSINHO LOPES - (PR) - Pela
aprovação, pelo projeto CD.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Deputado Hudson Leal?
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) -
Acompanho o projeto, deputado.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Matéria aprovada à unanimidade.
Com a palavra o Deputado Gilsinho.
O SR. GILSINHO LOPES - (PR) -
Deputado Euclério, semana passada os diretores da
Littig, da BR Malls foram convidados e eles fizeram
contato com a comissão. Mas, em decorrência do
jogo do Brasil, não houve expediente. Em função das
sessões ordinárias funcionarem na terça-feira pela
manhã e pela tarde, não pôde funcionar nenhuma
comissão temática. Portanto, não foi possível, mas os
representantes das empresas estiveram aqui na
Assembleia e tenho certeza de que, se convidados,
eles vão comparecer e nós vamos dirimir todas as
questões.
Eu gostaria de saber da assessoria se eles
encaminharam as repostas, se o Poder Judiciário já
encaminhou resposta, se nós temos cópia dos
documentos, porque, presidente, a gente precisa,
46 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
urgentemente, reconvidá-los para a próxima terça-
feira, para que possamos estar agindo. Até porque
tem a questão do recesso e também o recesso do
Poder Judiciário. Então a gente tem que verificar essa
questão para a próxima terça-feira, se a gente puder
estar convidando...
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - A bem da verdade, não precisa
nem de deliberarmos. Vou acatar a sugestão de V.
Ex.ª. Vamos deliberar, apesar de não haver
necessidade. Ficam para terça-feira, às 11h, neste
plenário, todas as convocações anteriores que não
puderam ser efetivadas.
Como vota o Deputado Hudson?
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Voto
favorável, porém gostaria de justificar. Acho que nós
estamos tendo um péssimo exemplo agora com essa
decisão de tira Lula, volta Lula. Então, na ultima
sessão, eu questionei o Poder Judiciário, porque a
coisa está se arrastando, foi falado aqui. E aqui a
gente tem o direito de ampla defesa e do
contraditório. Nós ouvimos um lado e eu vim aqui
para ouvir o outro lado. Certo? Então, é importante a
gente ouvir para a gente fazer juízo.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - É. Formação de juízo de valor. O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - A gente
vai tornar célere isso aqui para resolver. Então, sou
favorável à vinda deles aqui.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Então, fica aprovado à
unanimidade, para terça-feira que vem, às 11h, os
mesmos convites anteriormente efetivados.
O SR. GILSINHO LOPES - (PR) - Senhor
presidente, o senhor Arnaldo Castor gostaria de fazer
uso da palavra.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Concedo a palavra. Ele manda
mais do que eu aqui.
O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA
CASTOR FILHO - Em primeiro lugar, muito
obrigado, Presidente Euclério, Gilsinho e Hudson, e
dizer que estamos muito felizes. Tem um efeito
colateral do mercado de comerciantes, de
empresários, dos pequenos empresários de shoppings,
muito grande que está acontecendo aqui na
Assembleia.
Nós sempre procuramos alcançar um
equilíbrio de negociação, uma vez que eles são
empresários e nós também. Cada um tem suas
perspectivas, seu planejamento, sua taxa de risco,
mas há uma covardia na relação e eu acho que as
palavras do presidente foram de muita lucidez. Nós
estamos procurando proteção institucional.
Mas, agora, eu queria também deixar
registrado, Deputado Euclério e Gilsinho, que o
shopping tem dito, a gente tem evidentemente uma
reação em cadeia dos lojistas que estão no shopping -
os ex-lojistas também - que o shopping anda fazendo
um certo terrorismo, dizendo que não adianta nada,
eles não vão responder. É só dizer que não
respondem, que não adianta nada, que isso não é
assunto político, isso não é assunto da Assembleia, é
um assunto comercial. A gente entende e se sente
protegido com essa atitude da comissão. Muito
obrigado.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Mas me deixa só fazer um
registro. De fato, na comissão, eles podem até se
recusarem a informar, mas na CPI, não. A CPI tem
poder de polícia e poder de decisão. E eles não vão
passar por cima da gente, não. Entendeu? Esse é o
meu pensamento e tenho certeza de que na CPI, por
azar deles ou não, a maioria da CPI são esses três
deputados, então vai ficar difícil para eles. Eles vão
ter que cumprir.
O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA
CASTOR FILHO - Eu acho que o entendimento é o
melhor caminho. Nós estamos procurando isso há
muito tempo, mas evidentemente...
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Nós estamos procurando
entendimento. Estou bem light, a borracha está
guardadinha.
O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA
CASTOR FILHO - Muito obrigado, presidente!
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - De nada. Deputado Hudson com
a palavra.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Castor,
você pode me dar uma informação, para eu fazer
juízo? Quantos lojistas têm no Shopping Vila Velha?
O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA
CASTOR FILHO - Cento e oitenta e cinco lojistas
ativos.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - E
quantos estão com problemas?
O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA
CASTOR FILHO - Mais ou menos próximo de
vinte ex-lojistas.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Dez por
cento. Deixe-me perguntar, esse despejo que teve
aqui, que vocês falaram que foram despejados, correu
pela Justiça? Qual foi o prazo que correu na Justiça?
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 47
O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA
CASTOR FILHO - Eu tinha quatro lojas. Fiz o
investimento lá e fiquei quatro meses. No quarto mês,
que o público não correspondia a minha expectativa
do investimento, eu procurei o shopping para
negociar. Fiquei seis meses negociando. Quando vi
que não havia possibilidade de entendimento, entrei
na Justiça. Então, no primeiro ano entrei na Justiça.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Quanto
tempo durou até o despejo?
O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA
CASTOR FILHO - No último ano, esse ano, o
despejo foi em dezembro.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Mas,
desde quando é o processo?
O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA
CASTOR FILHO - Se não me engano, agosto.
Agosto, o despejo. O juiz não julgou a ação de pagar
em juízo e houve uma data. Desculpe-me, deputado,
não sou advogado, pode ser que eu tenha alguma
insegurança na explicação, entendeu?
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Eu
também não sou, não. Sou médico, mas já tive
problema de despejo. Então, às vezes o despejo
ocorre antes da sentença, né? Já tive esse problema.
O despejo pode ocorrer antes da sentença final. Isso
acontece.
O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA
CASTOR FILHO - Perfeito. Mas...
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Mas qual
a duração que teve? Só para eu saber se foi célere ou
não na Justiça. Desde quando você entrou até te
despejarem foi um ano, dois anos, um mês, dois
meses?
O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA
CASTOR FILHO - Estou há três anos na Justiça e
no último ano eles entraram com a ação de despejo.
Eu entrei com a rescisória, embargo declaratório e
tal. Estou no Tribunal e só. Desculpa, mas só para
ficar claro, quando houve o despejo eu procurei o
shopping para acelerar as negociações, que não havia
intenção nenhuma de não pagar e não ser
inadimplente.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Eu te
conheço de Vila Velha, sei...
O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA
CASTOR FILHO - Obrigado.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Nesses
quatro meses que você esteve lá, você pagou os
quatro meses?
O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA
CASTOR FILHO - Paguei os quatro meses.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Os quatro
meses você pagou, né? Então, não foi inadimplente.
Você sempre foi adimplente com o shopping.
O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA
CASTOR FILHO - Sempre fui adimplente. Quando
não houve acordo, eu fiz uma proposta. A dívida
naquela época era setenta mil e a loja faturava
cinquenta e cinco. Quarenta e cinco por cento era o
boleto do shopping, do faturamento da loja. Aí, falei:
Olha, não tem a menor lógica, vamos tentar... Aí eles
falaram: Fundamenta isso. Eu contratei um consultor
de Belo Horizonte, e o cara veio e fundamentou.
Gráfico, fotos, dados. Os números da minha loja
todos estão na Fazenda, não tem nenhum risco de
esconder alguma coisa. São números...
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - E depois
que você entrou, judicialmente, você continuou
pagando ou parou? Você parou.
O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA
CASTOR FILHO - Aí foi uma insistência de pagar.
Na Justiça não foi julgado, o juiz não julgava para
que eu depositasse em juízo. Eu reclamava com o
meu advogado toda hora. Rapaz eu quero depositar,
não tem sentido eu não pagar nada.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Porque,
assim, é só essa dúvida que eu... O seu despejo, pelo
o que você tinha falado, foi sumário, mas houve um
prazo na Justiça, né? Porque tem um prazo, corre um
prazo de despejo. Não pode ser sumariamente. É só
para sanar minha dúvida, assim...
O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA
CASTOR FILHO - Só para acrescentar, Deputado
Hudson, o meu despejo se deu na sexta-feira. Foi o
último dia do recesso parlamentar, às cinco horas da
tarde, quer dizer, nem condição de recorrer eu teria,
aí eu falei: Rapaz, como é que pode? Eu achei
assim... Ao oficial de Justiça falei: Rapaz, não tem
sentido isso. Então, está claro, desculpa se estou
extrapolando, acusando a Justiça, mas achei uma
covardia.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Não.
Você estava adimplente, aí, não estava tendo receitas
suficientes, você parou de pagar; tentou negociar e
não conseguiu. Mas esses quatro meses antes de você
entrar na Justiça, você estava em dia.
O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA
CASTOR FILHO - Em dia.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Está
bom. É só isso aí.
48 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA
CASTOR FILHO - Obrigado.
O SR. GILSINHO LOPES - (PR) -
Deputado Hudson, eu vou só acrescentar, veja bem,
as ações na Justiça têm dois pesos e duas medidas,
infelizmente. Quando ele ingressou com a ação para
fazer o depósito em juízo, houve uma morosidade de
mais de um ano. Mais de um ano, dois anos. Quando
o shopping entrou com o despejo, foi, assim,
repentinamente, sem julgar a ação dele, sem julgar a
ação dele. Certo? Uma andou por quê? Porque os
advogados do shopping fizeram lobby lá. Certo?
Andou. E a dele, que estava paralisada, não foi.
Então, quer dizer, ele queria estar fazendo o depósito
em juízo em cima do laudo que ele fez, em cima de
uma condição que dava para ele discutir a questão.
Certo?
Então, estou aqui colocando porque eu
acompanhei esse processo, agora já em via e grau de
apelação no Tribunal de Justiça. Estive lá presente
com o desembargador para verificar as questões. Mas
eu já vi que também o lobby está muito grande. O
lobby está muito grande!
Então, quer dizer, o que V. Ex.ª chegou e
falou sobre o prende e sai, fiz também
pronunciamento, semana retrasada, quando soltaram
o Zé Dirceu, trinta anos e nove meses de condenação,
e simplesmente foi posto em liberdade. Fiz o
pronunciamento. Aqui no nosso estado nós temos um
universo de presos em segunda instância que não
saem. São dois pesos e duas medidas essa Justiça
brasileira, infelizmente.
Mas eu só quis acrescentar, por quê? Porque
para se julgar o despejo tinha que haver necessidade
de se julgar a ação dele de depósito em juízo. Outro
detalhe, em uma vara eles dão uma posição, na outra
vara dão outra posição. Isso tem que alguém tornar
prevento. Tem que se unificar as ações em uma só
vara porque aí sim vai se ter um entendimento único.
O que está acontecendo é simplesmente o
seguinte: o que foi lá, o desembargador ultrapassou a
competência dele, por cima do STJ, e deu a
liberdade. Veio o outro desembargador e caçou a
liberdade, até que teve que ter uma ação do
presidente do TRF-4 para poder decidir essa situação,
e hoje está nas mãos do STJ a soltura ou não do ex-
Presidente Lula. Não estou entrando no mérito da
questão. A questão já foi decidida e julgada pelo
STF, seis a cinco, o entendimento é de que em
segunda instância tem que ficar preso, e por que o
José Dirceu foi solto?
Isso eu estou colocando. Agora, essa questão
é que tem que ser analisada. Foi o que eu conversei
com o desembargador, foi em cima da unificação,
uniformização de decisões. Porque não adianta, um
juiz faz de um jeito, outro juiz faz de outro. Nós
temos cinco varas de feitos da Fazenda Pública do
Estado. Quando tem questão de concurso, um
ingressa com pedido liminar, um concede a favor do
Estado e outro concede contra o Estado. Isso é uma
mesmice todos os dias, Deputado Hudson. Nós não
podemos deixar que a Justiça corra frouxa nesse
sentido. Nós temos que simplesmente mostrar ao
Poder Judiciário que as ações têm que correr na
mesma velocidade para todos. Uai, justiça é para
todos. Justiça não pode ser apenas para os poderosos.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Deputado
Euclério, permite?
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Permito.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Só uma
colocação. Isso aí nem... A dúvida, assim, o
Judiciário, foi falado aquela vez, quem tira um
ministro daquele que está lá? Ninguém! O cara tem
não sei quantas ações e não fez nada. Igual você
estava falando que um lugar despejou, uma vara
despejou e outra não. O mais agravante que teve
agora, você estava depositando em juízo, correto?
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Não. Pediu para depositar em
juízo.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Ah, você
pediu. Chegou...
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Tentando depositar.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Mas ele
estava pagando em dia. Ele estava falando. E quando
teve o problema que a receita caiu, era para
conversar. Então, ele tentou depositar. Foi isso que
aconteceu, não é?
O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA
CASTOR FILHO - Foram dois anos. No último ano
ele entrou com o despejo.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Mas
nesses dois anos você continuou normal lá?
O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA
CASTOR FILHO - Fiquei aprovisionando. O juiz
não julgou a ação. Eu não podia depositar em juízo
porque o juiz não julgou.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Você
pediu para aprovisionar e não foi. Está vendo. Mas a
Justiça...
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Vou te explicar como é que
funciona, doutor Hudson. A pessoa entra com o
pedido de depósito de consignação e o juiz defere ou
indefere. Geralmente defere. Mas ficar dois anos sem
analisar é brincadeira, entendeu? Aí o shopping entra
com uma ação e é despachada imediatamente.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 49
Mas quero propor outra coisa também. Já
designar a extraordinária da CPI após a nossa reunião
porque se não ficarmos satisfeitos com a resposta da
Comissão de Defesa do Consumidor, meia hora após
já tem a CPI da Grilagem. Então, já pedi para
convocar e fica ciente o Deputado Hudson e o
Deputado Gilsinho para terça-feira, após...
O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA
CASTRO FILHO - Presidente, me permite só uma
pergunta? Os lojistas estão sempre em contato
diariamente - os presentes e os ex-lojistas também.
Todo mundo tem uma dúvida com relação à eleição,
parece que não pode haver nada na Assembleia,
porque vai começar o período eleitoral...
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Não tem nada a ver. O que não
pode é matéria de política. O mandato nosso dura
quatro anos - cada mandato. E, todo dia, a gente pode
trabalhar isso aí. Isso é trabalho de deputado, não é
questão de política. Entendeu?
Dizer para a funcionária da liderança do
Governo que ela pode ficar à vontade, sentar-se aqui.
Pode nos vigiar à vontade daqui de dentro. Não
precisa ficar aí fora, não. Pode sentar-se aqui, nos
filmar. Seja bem-vinda, porque para a gente é até
bom que o Governo saiba das nossas atitudes mesmo,
de forma bem elegante.
O SR. GILSINHO LOPES - (PR) -
Deputado Euclério...
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Antigamente, botavam um
sujeito esquisito para vigiar a gente, não é?
O SR. GILSINHO LOPES - (PR) - Era o
Caetano.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Era o Caetano
O SR. GILSINHO LOPES - (PR) - Era o
Caetano, mas agora tem uma princesa. Isso é
importante para nós. Nós nos sentimos lisonjeados.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Uma jovem bonita, simpática.
O SR. GILSINHO LOPES - (PR) - Só para
esclarecer ao Deputado Hudson o que ele me
questionou aqui. Eu disse da sua situação. Explique a
sua situação, Wanderson.
O SR. WANDERSON SIMONASSI - Primeiro, queria agradecer aos nobres deputados pelo
presente, por estar nos ajudando nesse ponto.
Eu sou ex-presidente da Associação dos
Lojistas do Shopping Vila Velha. E vem acontecendo
esse problema já há muito tempo. Logo que entrei no
shopping, a gente colocou uma operação de recreação
infantil. O shopping nos vendeu mundos e fundos,
que teria duas operações para trabalhar, uma em cada
lado do shopping. Logo depois, no dia da minha
inauguração - a gente foi inaugurar a loja
exatamente -, o shopping foi lá e colocou uma
operação gratuita dentro do shopping no mesmo
segmento que o nosso.
Não abri a loja. Cheguei a questionar e
falei assim: Não vou abrir. Um dos diretores da
BR Malls, tivemos uma conversa com ele, e ele falou
assim: Eu garanto a você que, pode ficar tranquilo, a
gente vai conseguir resolver esse problema. Você vai
conseguir operar e vai conseguir ter faturamento.
Falei assim: Senhor, eu não consigo ter uma
operação gratuita junto com uma operação pagando.
Com isso, começaram os problemas dentro
do shopping. Aconteceram os problemas de gesso,
de queda de gesso, de outros problemas de
infraestrutura, que caiu gesso exatamente nessa
área de recreação infantil. E, com isso, essa
operação ficou parada, meu faturamento aumentou
em cem por cento. Nós comprovamos isso, o próprio
shopping entendeu que aquela operação gratuita
estava me afetando diretamente.
Continuamos com a briga, eles não tiraram a
operação. Passaram-se três meses, eles resolveram
tirar, porque eu falei que iria entrar na Justiça. Foi
por isso que virei presidente da Associação dos
Lojistas, por causa dessa confusão toda. E, logo
depois, eles colocaram uma operação cobrando cinco
reais, acabando também com a minha operação.
Então, esses problemas foram acontecendo
durante um período. Nós entramos na Justiça e eu
comecei a brigar com o shopping, no bom sentido,
querendo resolver o problema dos lojistas, porque
não estava acontecendo isso somente comigo; com
vários lojistas a mesma coisa.
Até o momento em que eles chegaram ao
final, eles não tinham como tirar, porque eu
depositava em juízo, sempre depositei em juízo,
nunca tive problema nenhum, paguei tudo, eles
chegaram e falaram bem assim... O meu boleto era
quatorze mil reais. Eles entraram com boleto de
cinquenta e quatro mil reais em dezembro e
colocaram ao mesmo tempo desse ano, em janeiro,
outra área de recreação infantil ao meu lado. Eles
falaram bem assim: Eu não consigo te tirar pela via
normal, pela Justiça, mas consigo te tirar te
quebrando. E o juiz teve que aceitar, porque foi
determinação do juiz para que eu pagasse o boleto
integralmente. Eu estava pagando o boleto, só que
cinquenta e quatro mil me inviabiliza. Minha
operação caiu nada mais nada menos do que
cinquenta por cento.
O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA
CASTRO FILHO - E qual era a sua vara?
O SR. WANDERSON SIMONASSI - A 5.ª
Vara.
50 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA
CASTRO FILHO - A minha era a 4.ª. A dele o juiz
julgou, deixou-o depositar em juízo; a minha não
julgou. Eu entrei antes dele.
O SR. WANDERSON SIMONASSI - Se a
gente for entrar no mérito de falar de todos os
problemas, a gente tem lojista ali... Um da diretoria
do shopping falou assim: Você vai sair do shopping,
e eu vou fazer você sair. Tem colega aqui atrás que
aconteceu justamente porque ele ficou cobrando.
Olha, a sua infraestrutura está caindo, isso aqui está
quebrando, aquilo ali está prejudicando a minha
operação. Vocês não vão me ajudar em nada? Vocês
não vão fazer nada? E continuou caindo. De tanto ele
reclamar no shopping, o shopping disse: Eu vou te
tirar de qualquer jeito.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) -
Wanderson, o Gilsinho falou aqui que você é dono da
academia lá, não é?
O SR. WANDERSON SIMONASSI - Não.
Eu sou dono da área de recreação infantil.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Da área
de recreação infantil. A gente vê que a coisa está se
arrastando, Gilsinho, então eu acho que a gente tem
que ouvir o outro lado para tirarmos a dúvida. Mas,
eu sei que modalidade de shopping você tem duas
formas de pagar. Não é isso? Ou você paga cheio...
O SR. WANDERSON SIMONASSI - Eu
pago o boleto ou pago proporcional.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - A sua
opção era o quê?
O SR. WANDERSON SIMONASSI -
Boleto fechado. Só que se eu conseguisse passar de
uma linha de faturamento isso viraria para um
percentual de dez por cento, além disso.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Então o
senhor disse que se era quinze mil subiria mil e
quinhentos? Em tese.
O SR. WANDERSON SIMONASSI - Não.
O certo seria chegar e pagar em cima do meu
percentual. Se eu faturo cem mil, por exemplo, teria
que pagar dez mil reais. Isso era o correto.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Mas os
quinze mil que você paga fixo está incluído todas as
taxas, porque você tem duas maneiras, você pode
pagar um valor e mais as taxas. Não é isso?
O SR. WANDERSON SIMONASSI - É o
CTO que a gente chama.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Eu sei,
porque já tentei fazer isso em loja. Sei que tem essas
duas modalidades ou fechado.
O SR. WANDERSON SIMONASSI - Eu
tinha o boleto fechado de quatorze mil.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Mas o
shopping não pode, você aumentar quatorze mil,
pagar cinquenta e três, pode?
O SR. WANDERSON SIMONASSI - Não
só pode como ele já está fazendo com todo mundo. O
problema é este, porque a gente não sabe os números.
Não sei quanto é o condomínio.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Só para
tirar minha dúvida, porque eu já tentei ter loja em
shopping, só que o valor é exorbitante, é muito
grande, qualquer shopping. Então, você tinha um
valor fechado, eu sei que fui ao shopping e eram
quinze mil reais, se aumentassem os custos, se
aumentasse a energia, etc, não passava de quinze mil.
Ou eu pagava oito mais os... aí eu poderia passar até
de quinze mil. Então, a opção era fechado. A sua era
isso aí, era a opção fechada?
O SR. WANDERSON SIMONASSI - Era
opção fechada.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Não sei
qual nome você dá, mas mesmo assim cobraram a
mais?
O SR. WANDERSON SIMONASSI -
Cobraram. Cobraram porque eles não conseguem te
apresentar as despesas específicas.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - A menina
do Procon, a representante da Procon esteve aqui. Era
só para saber isso aí. Era fechado e vierem com o
valor a mais. Está bom é só...
O SR. WANDERSON SIMONASSI -
Inclusive com o negócio do imposto.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Então, fica assim, o convite
reiterado para terça-feira às 11h. Se não comparecer,
às 11h30mim teremos a extraordinária da CPI da
Grilagem.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Não
entendi, vai ter na próxima...
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Terça-feira a extraordinária da
Comissão de defesa do Consumidor, convite para
eles. Se eles não comparecerem ou não atenderem
alguns dos requerimentos, a gente faz a CPI da
Grilagem em seguida.
O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Euclério,
não sou mediador aqui não, mas deixa só perguntar:
Por acaso tem chance de vocês conversarem com o
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 51
shopping, quem está devedor de pagar, não sei como?
Vai ter que pagar em vinte anos porque a dívida é...
O SR. WANDERSON SIMONASSI - Acho
que sim, acho que sim.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - DC) - Só vou avisar que não quero só
advogado representando, não. Quero a pessoa do
shopping representando também, tá?
Amanhã tem ordinária da CPI, vou convocar
extraordinária. Tá bom? Vou ter que encerrar e
agradecer a presença de todos.
Nada mais havendo a tratar, vou encerrar a
presente sessão. Antes, porém, convoco para a
próxima, que será extraordinária, terça-feira, às 11h,
neste mesmo plenário.
(Encerra-se a reunião às
11h34mim)
QUARTA REUNIÃO ORDINÁRIA, DA
QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA, DA DÉCIMA OITAVA
LEGISLATURA, DA COMISSÃO DE
COOPERATIVISMO, REALIZADA EM 19 DE
JUNHO DE 2018.
O SR. PRESIDENTE - (PASTOR
MARCOS MANSUR - PSDB) - Bom dia a todos os
presentes! Nossas saudações também ao nosso
público que nos assiste na TV Ales e também no
nosso programa Visão Política.
Invocando a proteção de Deus, quero declarar
abertos os trabalhos desta Comissão. Antes, quero
convidar os senhores e as senhoras para ficarmos de
pé, para fazermos uma leitura de um versículo da
Bíblia, que se encontra no Salmo de número 31 e no
verso de número 24, que diz assim: Esforçai-vos, e
Ele fortalecerá o vosso coração, ó vós todos os que
esperais no Senhor. Podemos nos assentar.
Solicito à nossa secretária que possa, por
favor, efetuar a leitura do nosso Expediente.
A SR.ª SECRETÁRIA lê:
EXPEDIENTE:
CORRESPONDÊNCIAS RECEBIDAS: Ofício GDEA n.º 120/2018 - Do Excelentíssimo
Senhor Deputado Enivaldo dos Anjos, justificando
sua ausência na reunião ordinária desta Comissão,
realizada no dia 08/05/2018.
O SR. PRESIDENTE - (PASTOR
MARCOS MANSUR - PSDB) - Ciente.
A SR.ª SECRETÁRIA lê:
Ofício GAB/DDVI n.º 206/2018 - Do
Excelentíssimo Senhor Deputado Da Vitória,
justificando sua ausência na reunião ordinária desta
Comissão, realizada no dia 08/05/2018.
O SR. PRESIDENTE - (PASTOR
MARCOS MANSUR - PSDB) - Ciente.
PROPOSIÇÕES RECEBIDAS:
Projeto de Resolução n.º 50/2017 Autora: Deputada Raquel Lessa
Ementa: Cria Comenda do Mérito
Legislativo Esthério Sebastião Colnago para
homenagear cooperativistas que se destacarem na
atuação, divulgação e consolidação da cultura
cooperativista no Estado do Espírito Santo.
O SR. PRESIDENTE - (PASTOR
MARCOS MANSUR - PSDB) - Eu avoco o projeto
para relatar.
PROPOSIÇÕES DISTRIBUÍDAS AOS
SENHORES DEPUTADOS: Não houve no período.
PROPOSIÇÕES SOBRESTADAS:
Não houve no período.
PROPOSIÇÕES BAIXADAS DE PAUTA: Não houve no período.
ORDEM DO DIA:
Discutir o tema: Gestão do novo sistema de
registro e fiscalização do transporte
intermunicipal de passageiros.
O SR. PRESIDENTE - (PASTOR
MARCOS MANSUR - PSDB) - Pode fazer a leitura
da Ordem do Dia também. (Pausa)
Já está aqui, já fez a leitura.
Quero, com muita alegria, trabalhar nesse
tema sobre a gestão do novo sistema de registro e de
fiscalização do transporte intermunicipal de
passageiros da Ceturb, representada aqui hoje pelo
diretor-presidente, nosso amigo Alex Mariano. Mas
falar sobre o objetivo, Alex, desta plenária, desta
reunião e do convite, que antecipadamente quero
agradecer a você por estar aqui. Porque gostaria que
as nossas cooperativas, o segmento do transporte no
cooperativismo capixaba possa estar tomando ciência
e se inteirando das mudanças ou das novas propostas
que a Ceturb está implementando e vai implementar.
E se for o caso, se couber discussão, se couber
participação, sugestões, opiniões, o setor está aqui
representado e gostaria de participar, de contribuir
para que a gente possa prestar cada dia e cada vez
mais um trabalho de qualidade e de excelência, que é
o objetivo principal do setor de transporte do
cooperativismo aqui no estado do Espírito Santo.
Quero agradecer sua presença, daqui a pouco
você vai estar falando. Gostaria até de convidar você,
Alex, para ficar comigo, do meu lado direito, para
falar ao lado direito da gente e estar compondo
comigo a Mesa, você é nosso convidado de honra.
52 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
Quero também fazer a menção da presença
do Pedro Rigo, nosso consultor de relações
institucionais da OCB. Também registrar a presença
do Lindolfo Stuhr, presidente da Coopetranserrana,
Cooperativa de Transportes da Região Serrana, que é
membro, inclusive, do nosso Conselho Estadual de
Transporte da OCB. Também o Valtecir, que é um
guerreiro incansável, presidente da Cooptac,
Cooperativa de Transporte da Região Sudoeste
Serrana, também. Ele é presidente do Conselho
Estadual de Transporte da OCB e está presente com a
gente em todas as discussões sobre transportes.
Também o Romério Badaró. Cadê o Badaró?
Badaró é nosso amigo ali da Cooper-Rural, da
Cooperativa de Transportes Rural, lá de Brejetuba. É
um prazer tê-lo aqui com a gente. Também o Elizeu
Costa, um dos diretores também da Cooper-Rural,
que está junto com o Romério. Também da Cooper-
Rural, um dos diretores, José Maria Amorim.
Tivemos o privilégio de já cumprimentá-los ali fora.
É um prazer receber essa turma da região serrana.
Também o Mário Milton Soares, que é
presidente da Cooprest, Cooperativa dos Prestadores
de Serviço em Transporte de Cargas e Passageiros
aqui do estado; e o Victor Fernando da Silva,
presidente da Coopataxi. É um prazer também. E
Manoel Cezário, diretor administrativo da Cooprest.
É um prazer e uma honra receber essas figuras
ilustres, pessoas que a gente conhece o trabalho de
perto.
Eu, particularmente, tenho tido, Alex, o
privilégio de ter feito alguns trabalhos com essa
equipe, com essa turma que citei o nome aqui. É uma
turma que trabalha sério. A maioria deles apresentou
para esta Comissão o que é a cooperativa deles,
mostrou para a gente os bastidores dessas
cooperativas, a qualidade dos equipamentos com os
quais eles trabalham, a seriedade e a excelência que
eles prestam e, acima de tudo, segurança para os
usuários do modal de transportes deles.
É com alegria que vamos passar a palavra
para você, como diretor presidente da Ceturb, para
poder fazer uso e ficar à vontade, para a gente poder
debater o tema aqui.
O SR. ALEX MARIANO - Bom dia a
todos. Deputado, quero cumprimentar o presidente do
Conselho de Transporte da OCB, o Valtecir. Quero
estender o agradecimento a todos; é meu amigo e ele
até mandou aqui o nome dele, e falei: Pedrinho, não
precisa. Pedrinho é um companheiro de longa data -
já tratamos de alguns assuntos inerentes ao interesse
da sociedade -, um cidadão capixaba, uma pessoa que
eu prezo muito, um grande profissional. Vocês estão
muito bem assistidos. Parabéns pela aquisição. É um
craque.
Deputado, eu também fico muito feliz por
esse convite. Todas as vezes que pudemos estar
juntos as conversas foram longas. Além dos assuntos
dos interesses da sociedade, a relação até extrapolou
naquele momento de conversa. Acho que era uma
meia hora de conversa e foi a quase uma hora e meia,
duas. Mas quando a conversa é boa, a gente perde até
o tempo; tomara que isso aconteça aqui, agora, não
fique enfadonho, mas que a gente seja até um pouco
pragmático e objetivo.
Fiquei muito feliz, realmente, pelo convite,
por quê? A Ceturb é uma empresa na qual ela tem o
trato da mobilidade urbana, mas, até então, no seu
histórico, focado ao transporte de pessoas na região
metropolitana. Então, é um modal de transporte de
uma característica diferente daquilo que vocês
trabalham no dia a dia.
O Governador Paulo Hartung nos incumbiu
desse desafio de estar, na verdade, avançando. Não
tirando o mérito do que já foi feito pelo DER, na área
de transporte do DER, mas, de avançar. Avançar em
novas tecnologias, avançar em procedimento, em
relacionamento, inclusive, também, a questão de
normativas.
Quando nós assumimos a Ceturb, deparamos
com o que acontece muito no Brasil, em vários
institutos: é a colcha de retalhos de normas. Às vezes,
a relação do privado com o público se torna muito
burocrática, porque é tanta norma que o contador e o
advogado têm que ficar ali, vinte e quatro horas,
vendo se já publicou alguma coisa ou outra.
Eu fico muito feliz com a sua fala: a
possibilidade de ouvir para construir. É nesse formato
que temos que avançar. Não podemos, o poder
público, o eu - como estou como presidente -, e neste
momento de construção, no dispêndio do meu
esforço junto à empresa, não ouvir. Temos que ouvir,
e ouvir, e ouvir, e debater e, muitas vezes, não é
retroceder, é declinar, em alguns aspectos, das
normas, e avançar.
Neste momento, estamos elaborando um
decreto que regulamenta o transporte do estado do
Espírito Santo. E ali terá um arcabouço do transporte,
dividindo em capítulos, tanto do transporte de
passageiros urbanos quanto de transporte de
passageiros rodoviários.
Tivemos uma reunião no Setpes, uma
primeira reunião, que é o sindicato das empresas de
transporte. Vocês são uma cooperativa, um instituto,
uma personalidade jurídica reconhecida. E naquela
primeira discussão vimos o quanto temos que ouvir, e
ouvir mais porque os segmentos diversos que existem
- fretamento; locação; o próprio transporte
rodoviário, que nós chamamos de convencional -,
eles têm algumas situações que vimos que temos que
dirimir, deixar mais claras; e naquilo que a gente
sente que está distante, nós coadunarmos esse
entendimento.
Exemplo prático: o fretamento - estava até
conversando ali fora - com a própria locação, o que é
um e o que é outro. Nós temos que deixar isso bem
claro, o que nós vamos construir, do que é locação,
do que é fretamento. Por que isso? Porque, a partir do
momento em que nós construímos a normativa - esse
decreto é um decreto do governador, deve passar pela
PGE, vai ser construído, enfim - a partir do momento
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 53
que fizermos a regra do jogo, a regra do jogo vai ser
respeitada. E, aí, nós entramos no âmbito da
fiscalização. Toda pessoa que está regularmente
instituída, ela quer uma boa fiscalização, ela quer que
a fiscalização funcione. Apenas não quer a
fiscalização aquele que tem problema, que, às vezes,
faz de subterfúgios para dar continuidade a uma
prestação de serviço em que o interesse principal,
deputado, que estamos aqui, é a sociedade, é a vida
da pessoa que nós estamos transportando, a família, a
segurança.
Hoje mesmo eu peguei esses números,
porque, infelizmente, mesmo com a nova lei de
trânsito, a nova Lei Seca, ainda continua crescendo o
número de acidentes com ingestão de álcool. A lei
propriamente dita e publicada, deputado, ela por si só
não é autoeficaz. A questão da didática e a própria
construção dela é que podem nos trazer eficiência
disso.
Então, a Ceturb está acabando de elaborar
essa minuta na qual, num primeiro momento, eu
quero convidá-los para esse seminário. O senhor
também sinta-se prestigiado nesse convite, porque
nós estamos pensando em fazer... Pode ser até aqui
na Assembleia. A gente estava pensando em fazer lá
no Setpes, mas podemos fazer aqui na Casa do Povo.
E, aí, as empresas de transporte, cooperativas,
empresas de locação de veículos... Abrimos esse
debate para avançarmos nessa normativa de
fiscalização.
Propriamente dito sobre a fiscalização, nós
estamos preparando, vou falar assim: um plano de
voo. Por que é um plano de voo? Nós estamos ainda
levantando toda a situação do estado do Espírito
Santo, das regiões. E, aí, é muito importante a
participação de vocês, pela experiência de vocês.
Temos a experiência do transporte, experiência de
fazer os cálculos de custo, a experiência da vistoria,
nós temos os nossos engenheiros, temos as
experiências do dia a dia, mas não temos a principal
experiência, que é a vivência. A vivência de vocês,
em relação ao que vocês contam. E nós abrimos esse
espaço para ouvi-los. Então, é muito importante, por
quê? Nesse plano de voo, nós vamos estar, depois da
norma posta, depois da norma regulamentada,
fazendo as ações de fiscalização, sim.
Eu já estou absorvendo muitas reclamações
sobre transporte clandestino, de pessoas que fazem o
transporte clandestino. Isso é um risco tremendo,
porque nós não temos o controle da qualidade, não
sabemos como está o pneu, a questão de frenagem, a
questão de faróis, enfim. Dentro desse plano de voo,
com a norma pronta, vamos avançar na fiscalização
no estado do Espírito Santo - norte, noroeste, sul,
região metropolitana - e, aí, pode se dizer assim: a
bola está rolando; a bola vai começar a rolar.
Agora, é muito importante essa fase em que
nós estamos aqui, neste momento, que é finalizar essa
norma. Algumas coisas não vão estar dentroda norma
diretamente, vamos fazer por instrução normativa
para a gente não engessar, pela dinâmica da natureza
do serviço. Porque se a gente faz um decreto, assina
o decreto e depois tem que mudar o decreto, fica mais
difícil. Então, vamos dar a direção e as instruções
normativas que vão dar a parte operacional dessa
situação.
Quero dizer que em três anos e seis meses de
empresa o desafio foi muito grande, o senhor
acompanhou de perto muitas dessas situações. Mas a
empresa Ceturb, a parte administrativa dela a gente
agora está vendo uma luz no fim do túnel. Porque ela
estava numa situação muito complexa, avançamos
numa equação de gestão e agora a gente já fica numa
situação melhor. E esse serviço também deu um
incentivo para os nossos funcionários de aprendizado,
de avançar em estudos. Inclusive, agora estamos
também avançando numa grande prestação de
serviço.
Estive agora falando com o Deputado
Marcelo Santo, que foi um dos precursores deste
tema que é a rodoviária de Vitória. Tinha algumas
situações que a gente tinha que avançar, parece que
estamos aí avançando também com relação à
rodoviária de Vitória.
Então, é com muita gratidão, Pedrinho já me
conhece há um tempo, e o Pedrinho sabe disso. Às
vezes a agenda fica se complicando, mas todas as
vezes que vocês passarem lá pelo Centro - saímos da
Reta da Penha, não estamos mais ali, não; fomos para
o Centro. Corte de gastos, vamos cortar o custeio,
não é? Na Reta da Penha era muito bem localizada,
mas o Centro, a gente está valorizando o Centro.
Pedrinho só reclamou do estacionamento, não é
Pedrinho? Está difícil estacionar aqui. Mas eu quero
dizer a vocês que é de muito bom grado, todas as
vezes que vocês quiserem ir à presidência, quiserem
conversar comigo... Até fiz uma sugestão de uma
reunião mais ampliada com o nosso corpo técnico
interno para conhecer nosso diretor administrativo,
do financeiro, nosso diretor de planejamento, nossa
diretora de operações, gerências. E, às vezes, nós no
dia a dia da gestão macro não conseguimos atendê-
los, e você tendo o contato direto com a pessoa por
um telefonema, até sem burocratizar, porque sou a
favor de desburocratizar o máximo possível.
Acho que o instrumento do WhatsApp aqui,
o qual não gera prejuízo ao erário público e você está
impulsionando a gestão, é um grande instrumento. Às
vezes uma situação de um equipamento de vocês em
que a vistoria verificou isso e você pode fazer um
contato direto com a gerência e fazer uma explicação
e resolver imediatamente. Depois abre o
procedimento administrativo adequado, não é? Que
se considere adequado. Então, assim, é para isso que
nós estamos aqui. Estamos aqui para ouvir e
construir. Quero agradecer novamente esta
oportunidade.
O SR. PRESIDENTE - (PASTOR
MARCOS MANSUR - PSDB) - Muito obrigado,
54 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
companheiro, amigo Alex, pela maneira, colocaria
até humilde, como você se posiciona. Mas para mim
não é surpresa porque a gente conhece a sua forma de
trabalhar, sempre se pautou pelo princípio
republicano, democrático e sempre ouvindo, sempre
aberto a estar ouvindo.
Acho que o Governador Paulo Hartung
acertou em cheio quando ele mandou, fez essa troca
mandando para a Ceturb... Acredito que o setor do
transporte no cooperativismo vai perceber, vamos
dizer, a mudança. Principalmente de relacionamento.
É muito importante, acho que a palavra correta é esta:
relacionamento. Porque a gente... Todas as vezes que
eu precisei de acesso para alguma questão, para
algum tema para discutir... Isso não significa, é bom
pontuar e colocar aqui, que nós vamos sempre estar
certos também, e que sempre nós vamos conseguir
um sim, de repente, porque todo tema, toda questão,
toda situação, principalmente temas e situações
polêmicas, têm dois lados, às vezes, têm três lados,
quatro lados e tem temas que são assim. Então,
existem questões que são assim. E aí ninguém é dono
da verdade porque você toma uma medida e, às
vezes, afeta um setor e mexe aqui.
Vamos dar um exemplo agora: está lá, no
Congresso, a questão da tabela de fretes para os
caminhoneiros, a corda esticada que indiretamente
fala para transportes. Aqui tem a Cooptrac, que
trabalha com cargas também. Então, são temas que
não tem uma pessoa, um lado só envolvido e aí tem
que discutir mesmo.
Mas o mais importante é que o Alex, isso eu
posso atestar, nunca fugiu do olho no olho, da
franqueza, da transparência, do diálogo. É disso que
estou falando aqui, que o setor ganha muito nesse
aspecto com o nosso amigo Alex na condução dele.
Está certo?
Eu gostaria de franquear a palavra para os
nossos participantes da reunião, principalmente para
os presidentes das cooperativas que estão aqui. Que
vocês possam também, se tem alguma questão a ser
colocada, algo a ser falado, quero franquear a
palavra.
Queria ver se começava pelo Pedro. Pedro é
nosso consultor. Ver o que ele tem para falar
também, representando aqui, oficialmente, a OCB e
depois a gente vai estar ouvindo o Lindolfo, o
Valtecir e os nossos presidentes. O Romério vai estar
falando também. Enfim, os senhores que quiserem
colocar, a palavra vai estar franqueada a partir de
agora.
Companheiro Pedro Rigo.
O SR. PEDRO RIGO - Bom dia, deputado!
O SR. PRESIDENTE - (PASTOR
MARCOS MANSUR - PSDB) - Bom dia!
O SR. PEDRO RIGO - Quero agradecer,
mais uma vez, por atender ao pedido da OCB de
trazer esse tema aqui para a Comissão de
Cooperativismo. Agradecer a toda a equipe da
comissão e ao nosso amigo Alex Mariano, que nos
recebeu - eu, Carlão e Davi - no DER junto com o
Enio. No meio de um ensaio de transição dos
problemas, das questões, tivemos uma boa conversa
lá e se disponibilizou imediatamente a estar conosco
aqui, entendendo a importância desse diálogo, de
conhecer as nossas cooperativas, de a gente, de fato,
fazer um trabalho que seja bom para os órgãos
reguladores, que é o caso da Ceturb, e de gestão
também do transporte, hoje, de passageiros com as
cooperativas.
Tivemos algumas vitórias. E partiu desta
comissão também sobre uma instrução normativa que
levasse em consideração as cooperativas de
transporte, que são diferentes das empresas, são
personalidades jurídicas diferentes e muitas vezes
não são entendidas. Então, temos hoje já a vinda do
DER, uma instrução normativa que levou em
consideração a caraterística das cooperativas e tem
sido importante para nós. E você agora fala desse
decreto que, de fato, é para regulamentar uma lei.
Aproveito para agradecer ao Governador
Paulo Hartung por ter essa sabedoria de pegar essa
parte do transporte de passageiros que estava no DER
e colocar na Ceturb, que já tem uma expertise, não é?
Que já tem uma expertise. Ou seja, está
especializando a Ceturb no transporte de passageiros,
na regulação, na fiscalização, e aos deputados que
aprovaram essa lei passando essa obrigação para a
Ceturb.
Parabenizamos o Governador Paulo Hartung
e os deputados por essa brilhante ideia, inciativa e
atitude. O Alex Mariano, certamente, a gente já
conhece há bastante tempo. Sei da competência e da
capacidade de diálogo dele de tocar esse assunto e
nós, da OCB, que sempre prezamos, sempre, todas as
vezes que viemos à Comissão de Cooperativismo,
nesta Casa de Leis, foi para sustentar, de fato, que a
ordem e que o ambiente fique mais competitivo.
Ou seja, a gente tem um histórico desse setor
que trabalha, e todas as cooperativas são
regulamentadas, têm registro na OCB, são empresas
que estão no mercado para fazer um trabalho sério,
um trabalho, de fato, que respeite principalmente a
população. Mas a gente encontra no meio do mercado
empresas que não fazem, que não respeitam as normas.
Você acabou dizer. Alex Mariano, você tem
conhecimento disso. Então, nós sempre lutamos para
criar um ambiente mais competitivo, mais justo para as
nossas cooperativas no meio em que elas atuam. E o
setor de transporte de passageiros tem esse trabalho.
E esta Comissão do Cooperativismo, durante
este ano e ano passado, quantas vezes aqui
discutimos o transporte de passageiro, desde o
escolar, até o transporte de fretamento, etc. Então,
nosso trabalho sempre é este, buscar aqui que a gente
tenha condições.
Na Ceturb, você tem vários desafios nesse
setor. É um setor que precisa, de fato, de um trabalho
intenso. Não vou dizer que é começar do zero, porque
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 55
o DER fez algum trabalho, mas alguns desafios
foram colocados na Ceturb com esse setor, e
principalmente a informatização dessa área na
Ceturb. A gente entende que se a gente não
informatizar, não tiver uma plataforma tecnológica lá
para lidar com o transporte de passageiro,
intermunicipal e todos os outros setores com que
vocês lidam, certamente tem grandes desafios. Então,
a OCB, já coloco como um desafio lá para você, na
sua gestão, a informatização do registro,
principalmente desse setor, desse segmento, dentro
da Ceturb.
Mais uma vez, parabenizar, agradecer e dizer
que, de fato, confiamos no seu trabalho e na sua
competência. E o diálogo é muito importante, ainda
mais que você está criando um decreto, você já abriu
essa possibilidade de estar presente - a OCB gostaria,
através das cooperativas, estar presente - e também
na instrução normativa, que vai originar a partir do
decreto. Então, gostaríamos muito - já ouvimos isso
de você - de a gente estar participando e colaborar
com o processo. Bom dia a todos!
O SR. PRESIDENTE - (PASTOR
MARCOS MANSUR - PSDB) - Obrigado pela
participação, nosso consultor Pedro Rigo.
Não sei se, em cima dessa consideração, o
Alex quer fazer um contraponto também, um
comentário.
O SR. ALEX MARIANO - Muito bem
lembrado quando o Pedro fala sobre a questão de
informatização do sistema. Nós temos um núcleo de
tecnologia na empresa, no qual, inclusive,
desenvolveu um sistema metropolitano, um sistema
chamado georreferenciamento dos ônibus. E, agora,
acabamos de cruzar as informações da bilhetagem
eletrônica com o sistema georreferenciamento. Então,
é uma área com grande expertise na área de
mobilidade.
Então, nós pegamos uma parte desse grupo e
começamos a deslocar agora para o rodoviário, para
trabalhar na parte de registros, desburocratizar.
Porque isso eu senti agora nessa própria transferência
um grande anseio que existia, até pelas empresas
privadas e por vocês cooperativas, que seria o
seguinte: como a gente vai fazer o procedimento de
registros. A gente não quer estar ilegal; depois vem a
fiscalização...
E eu um pouco que pacifiquei e dei um pouco
de calma para essas pessoas, falando assim: Olha, nós
estamos num processo de adaptação. Não há, por
parte da Ceturb, nenhuma ação fiscalizatória
arrecadativa. Inclusive, é uma característica,
deputado, de que tenho orgulho de falar: todos os
órgãos que trabalham com multas, a multa tem que
ser de forma para você aplicar a questão educativa,
ela não pode ser arrecadatória.
Lembro-me disto, Pedro, junto ao Ipem,
Instituto de Pesos e Medidas do Estado do Espírito
Santo, do qual fui presidente, quando nós abrimos e
vimos a parte de receita e despesa, verifiquei que o
quadro de receita se declinava à prestação de multas.
E eu falei que estava errado! Está errado! Não temos
que usar a multa como sustentação de uma empresa,
e não temos, de forma alguma, que fazer isso!
Foi quando, dentro do planejamento
estratégico do Ipem, Instituto do Espírito Santo,
inclusive, deu um reflexo a nível Brasil, no Inmetro a
nível Brasil, de nós estarmos avançando na prestação
de serviço à sociedade.
Uma das coisas que vocês hoje utilizam - eu
estava conversando ali fora - é até o sistema de
tacógrafo que tem no carro, na condução veicular.
Nós, na época, montamos um projeto, deixamos um
projeto pronto. O próprio Ipem do Estado do Espírito
Santo tem um posto de tacógrafo. Verificamos a área,
fizemos o projeto.
Infelizmente, a gente tem algumas situações
da administração pública, que é a descontinuidade do
gestor. O que tem que ficar, na verdade, é o projeto
ideológico-social. E, às vezes, quando muda o gestor,
ele vai e coloca na gaveta, não avança. Isso é uma das
coisas que prejudica muito o Brasil.
Então, vocês podem saber que, por parte da
Ceturb, a parte de fiscalização e multa será
extremamente educativa. Inclusive, na proposta que
nós estamos avançando é a possibilidade de você
fazer a advertência. Faz a advertência. Quem é
irregular não está dentro do jogo, está fora do jogo, e
já tem que ter um tratamento totalmente diferenciado.
Tem que ser mão de ferro, tem que ser
pesado. Não é verdade? O cara se colocou em uma
situação para ficar irregular, então, não paga imposto,
não tem compromisso com a segurança da sociedade,
com seu filho que está sendo transportado, com sua
esposa, sua mãe, seus familiares, seus amigos e,
depois que acontece um acidente, você vai procurar
se o cara está regularizado ou não está regularizado, e
aí já veio e aconteceu o fato.
Então, temos que ser, na verdade, proativos,
temos que ser preventivos e temos que tratar com
mão de ferro quem está fora.
Quando fui secretário de Transporte de
Vitória, na minha gestão, lembro-me que em um ano
apreendemos setecentos clandestinos. Uma ação com
a Polícia Militar, Batalhão de Trânsito, e foi
apreensão uma atrás da outra. Perguntaram se eu
tinha medo e falei assim: Medo eu tenho, mas estou
aqui e eu tenho que cumprir minha função. Quem diz
que não tem medo é mentiroso, porque a gente sabe
que existem muitas coisas que se envolvem quando
você não tem o controle do Estado. As pessoas
podem reclamar da ineficiência do Estado em vários
aspectos, mas antes ter o Estado e ter o controle, do
que ter o que vemos por aí afora, o PCC, em São
Paulo, com transporte clandestino, e assim
avançando, Minas Gerais, enfim. Temos que ser
eficientes e buscar a eficiência, mas a sociedade tem
que... Não podemos tirar isso do coração da
56 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
sociedade, de que o Estado é a busca do controle
social e da pacificação social.
Então, em questão da parte de
informatização, isso é importante porque aí a gente
vai ter o cadastro. Podemos trabalhar com palm. Puxa
lá a placa na hora e vê se a placa, se o registro é
aquele mesmo ou não, se é falsificado, porque é
muito simples. Você coloca um número lá como se
fosse aquele e está lá, está regulamentado, não tem
problema.
Nós estamos agora saindo, depois de três
anos e meio no Sistema Transcol, de um controle
tecnológico. Inclusive, uma das coisas que nós
colocamos - isso é muito importante, apesar de não
estar dentro do tema de vocês, mas é um tema social -
, nós colocamos um aditivo dentro do contrato do
Transcol, e estou sofrendo para fazer a coisa rodar.
Inclusive, uma coisa que coloquei no contrato - o
Tribunal de Contas me cobrou uma coisa que
coloquei, que me cobre porque eu quis e assim vai ser
- todas as informações do sistema de bilhetagem vão
para o Prodest. Vai ser casado o Prodest e o sistema
GVBus. O que é esse sistema de bilhetagem? É o
controle da demanda. Esse controle é nosso. Tem que
ser do Estado.
Nós trabalhamos com dinheiro público,
aquele cidadão que paga aquela passagem. O
dinheiro, a parte do subsídio que é do erário público,
isso tem que estar dentro do controle do Estado. São
prestadores de serviço, são terceirizados. A função de
controle é nossa. E aí, deputado, é onde sei que a sua
dedicação e, graças a Deus, a sua inteligência, porque
temos que colocar pessoas inteligentes, perspicazes,
precisamos de políticos assim para avançar na
questão de gestão pública propriamente dita.
Não digo que a terceirização é uma função
que deve ser colocada de forma impulsiva em todos
os aspectos. Algumas coisas, o Estado tem que ter o
controle, mas naquilo que nós terceirizamos, a
obrigação nossa é gerir, é fazer a gestão, é ter o
controle, presidente, de forma eficaz para que você
possa dormir e não ter preocupação amanhã de ter uma
multa abusiva, porque está lá o controle, está o sistema
informatizado, tudo certinho. Você poder, inclusive,
acessar ou receber uma mensagem ou e-mail vinte ou
trinta dias antes do vencimento daquele cadastro, a
Ceturb vai lá e te avisa. Não queremos multar. Pode
acontecer no dia a dia uma questão administrativa,
vocês terem alguma situação de ter muito veículos e
passou um veículo, sempre pelo princípio da boa fé.
Então, é uma das metas, Pedro, que nós
estamos colocando na Ceturb: a parte de
informatização do sistema do transporte rodoviário.
Nós estamos auxiliando, inclusive, no processo
licitatório e, dentro desse aspecto do processo
licitatório, do convencional, é onde nós colocamos
também o rastreamento da frota, relatório, sistema de
bilhetagem. Então, é muito importante a sua
colocação, Pedro. É uma das situações que temos que
avançar e, para mim, hoje, além das questões
normativas, é o ponto principal.
O SR. PRESIDENTE - (PASTOR
MARCOS MANSUR - PSDB) - Lindolfo, com a
palavra, também, para... Presidente da
CoopeTranserrana.
O SR. LINDOLFO STUHR - Bom dia,
Pastor.
O SR. PRESIDENTE - (PASTOR
MARCOS MANSUR - PSDB) - Bom dia.
O SR. LINDOLFO STUHR - Bom dia,
Alex; bom dia, Pedro e demais companheiros aqui do
cooperativismo. O Alex citou a questão da
importância da fiscalização, não é? Lembrei-me da
hora que estava falando. Tinha recebido um zap de
um grupo, dizendo assim: Urgente, urgente, tomem
cuidado porque amanhã vai ter fiscalização do
Detran, da Polícia Federal. Vão apreender os
veículos irregulares, os motoqueiros e tal.
Aí, eu respondi depois, para o camarada:
Mas, espera aí, mas isso, você está mandando isso
mesm? Isso deveria, realmente... Não está certo fazer
isso porque quem anda regular, não precisa ter medo
de passar em uma blitz, em uma lei seca, de sair com
o carro de dentro de casa ou da empresa.
Então, acho que é uma ferramenta
importante. É importante essa questão da
fiscalização, porque nós, como cooperativistas, nós
queremos andar certo, temos esse intuito, temos essa
obrigação e, às vezes, somos de fato prejudicados por
pessoas que trabalham de forma desordenada, não
cumprem as leis, não cumprem as regras, e trazem
prejuízos para a gente.
Então, que isso seja uma das ferramentas de
Ceturb, a questão da fiscalização. E não é para passar
de largo nas cooperativas, não. É fiscalizar também
as cooperativas. Aqueles que também não estiverem
certos, que andem de forma correta.
Queria dar os parabéns ao Alex e espero que
este trabalho também tenha continuidade. Como você
também disse que, às vezes, parte do gestor. O gestor
sai e depois tem uma descontinuidade.
Estava até conversando com o Pedro sobre
isso, que esteve na China, independente de quem está
no comando, deve ter uma direção. Não importa se é
A ou B, mas temos que ter uma direção. E dentro das
cooperativas e dentro das empresas, também tem que
ser assim. Tem que ter uma continuação das regras,
seguindo elas de forma ordeira.
O SR. PRESIDENTE - (PASTOR
MARCOS MANSUR - PSDB) - Muito bem,
Lindolfo. Também o Valtecir, presidente do
Conselho e presidente duas vezes, também, da
Cooptac.
O SR. VALTECIR WIL - Bom dia,
deputado. É, no momento, seria mais para agradecer.
Agradecer ao deputado, presidente desta Comissão
do Cooperativismo, pelo excelente trabalho que vem
fazendo nesta Casa de Leis, trazendo para o
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 57
conhecimento do nosso ramo, do transporte, as
novidades, as coisas que vem acontecendo, e também
ajudando a se aproximar mais dos órgãos que nos
representa no estado, constituindo as leis, para que a
gente possa prestar o nosso transporte.
Estender o cumprimento ao Alex e pelo
pouco que a gente conversou, hoje, percebi que vai
ser um companheiro do cooperativismo, vai estar nos
recebendo de braços abertos. Já percebi isso, não é?
Até mesmo pela explanação que você deu, pela
amizade que você tem com o Pedro e da seriedade
que a OCB vem fazendo o trabalho. E estender o que
você acabou de falar.
Nós estamos bem assessorados com o Pedro,
com o Davi e com os demais membros da OCB,
fazendo esse link de intercomparação, chegando até
aos órgãos. E acredito que nós vamos dar um
pouquinho de trabalho para vocês, não é? Porque nós
gostamos de estar participando do contexto da
evolução do nosso estado. Estamos aí para contribuir
dentro do nosso estado.
Além da prestação do serviço que a gente faz,
a gente também tem o lado social, que a gente
trabalha. Então, acredito que é fundamental quando a
gente une essas duas coisas para o desenvolvimento
sustentável do nosso município, do nosso estado, do
nosso Brasil.
A gente está vivendo um momento muito
difícil em que a gente vê muita sonegação. Então, a
gente é a favor da fiscalização porque as nossas
cooperativas têm contribuído muito com o Estado em
termos de arrecadação, de contribuição, e nós
fazemos de tudo para que a gente avance na
legislação, que a gente seja prestador de serviço de
qualidade. A gente ainda está engatinhando na área
do turismo, mas o estado tem ganhado muito com as
cooperativas. Então, eu acredito que trabalhando
juntos, quem sai ganhando é a população, é o estado
é o município, é a sociedade no geral. Então, estamos
aí e queremos participar junto à Ceturb dando essa
oportunidade para a gente contribuir, também, com as
nossas ideias para que a gente possa, juntos, também,
não ter aquela concorrência desleal. Porque às vezes
você não consegue avançar mais na prestação de
serviço porque quem trabalha irregular acaba
pegando o trabalho mais barato e colocando em risco,
ainda, a nossa sociedade.
Então, como o Lindolfo já disse, nós não
precisamos temer a fiscalização porque o que a gente
quer é que ela seja ágil para que todos tenham
condições de trabalhar e evoluir no seu dia a dia, no
seu trabalho.
Essa questão da multa é uma coisa que o
DER deixava a gente muito preocupado. É uma
questão que eu acho que a gente também vai ter
algumas opiniões para poder estar dando, porque eu
não sei qual será o caminho que vocês vão estar
adotando, se é o mesmo procedimento, mas existem
algumas questões que você falou aí que eu achei
muito interessante, que é a parte educativa. Acho que
ela soma muito. Então, essa forma de multa só para
arrecadar, às vezes ela até cria um passivo para as
pessoas que andam clandestinas. Ah, não! Tomei uma
multa lá, mas fizeram o processo administrativo e
estou rodando. Então, acho que a questão educativa
e, também, o acompanhamento dessas pessoas que
são multadas para que elas voltem ao mercado, mas
voltem regular trabalhando. Então, seria uma forma,
também, que eu acho que tem que trabalhar eu
percebi isso de você e isso vai avançar.
Agradecer meus companheiros que estão
aqui, de cooperativas do ramo de transportes, que
sempre têm colaborado nas nossas reuniões, têm
participado.
O que eu queria falar seria só isso aí. É mais
agradecimento mesmo ao deputado estar trazendo
essas pessoas dos órgãos se aproximando ao nosso
ramo de transporte.
O SR. PRESIDENTE - (PASTOR
MARCOS MANSUR - PSDB) - Obrigado você,
Valtecir.
Vamos ouvir, também, a participação do
nosso grande amigo, nosso grande presidente da
Cooper-Rural, Romério. Nome bonito: Romério
Badaró. É um nome, Romério.
O SR. ROMÉRIO BADARÓ - Agradecer,
primeiramente. Bom-dia, Alex Mariano, pela ilustre
presença. Agradecer ao Pastor Marcos Mansur. Um
bom dia a todos os presentes, meus colegas
companheiros que me acompanham sempre, o Elizeu
Costa Rocha e José Maria de Amorim, são os meus
conselheiros também.
Eu não tenho muito a falar. Eu pensei que eu
fosse falar depois do Pedro Rigo - aí eu ia ter alguma
coisa a falar -, mas falou bonito, aqui, o Lindolfo,
falou Valtecir e o que eu for falar vai estar repetindo.
Mas, o que eu gostaria de voltar lá atrás e lembrar é
aquilo que o Alex falou: relacionamento. O
relacionamento é a base de tudo. Se nós
conseguirmos isso junto à Ceturb nós já estaremos
com cinquenta por cento de caminho andado. As
outras mais vêm chegando e o relacionamento vai
reconquistando outras coisas mais.
Agradecer ao Pastor Marcos Mansur pelo
convite de apresentar a nossa humilde cooperativa.
O SR. PRESIDENTE - (PASTOR
MARCOS MANSUR - PSDB) - Nós é que nos
sentimos honrados, Romério.
O SR. ROMÉRIO BADARÓ - Uma
propaganda bacana, 0800. Agradecer e muito. Foi
muito bom. E, o mais a mais, agradecer. Tá, Alex.
Nós estamos aí. Cooperativa quer sim, quer que
fiscalize. Para nós é até uma forma de mais
segurança. Jamais nós vamos ficar aborrecidos se a
fiscalização abordar um veículo nosso que tiver com
alguma coisa irregular, como você mesmo falou, na
58 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
parte mais educativa. Não vai ser a multa para
poder... Então a gente vai ter aquele diálogo para
chegar e solucionar o problema, antes mesmo que ele
se torne um problema.
De mais a mais, obrigado e um bom-dia a
todos.
O SR. PRESIDENTE - (PASTOR
MARCOS MANSUR - PSDB) - Obrigado,
Romério.
Também o Senhor Mario, presidente da
Coopprest, está com a oportunidade. Poderiam
arrumar um microfone para ele.
O SR. MÁRIO MILTON SOARES -
Quero desejar meu bom-dia a todos, Marcos Mansur,
Mariano e dizer que a gente fica feliz de estar
participando das reuniões na Assembleia, que têm
engrandecido muito as cooperativas de transporte.
A Coopprest, por exemplo, não tem efetuado
o transporte escolar nem de carga efetivamente,
apesar de o nome dizer, a gente transporta, sim,
pequenas cargas e passageiros. A Ceturb, para nós,
vai ser muito importante esse decreto, porque a gente
estará podendo se adequar melhor e vai crescendo,
também, nesse sentido para melhorar o atendimento
aos nossos clientes.
A gente quer crescer mais e, daqui a pouco,
estaremos, também, no setor de cargas efetivamente e
podendo contribuir mais com o setor. Muito
obrigado.
O SR. PRESIDENTE - (PASTOR
MARCOS MANSUR - PSDB) - Muito obrigado,
senhor Mario.
O Víctor estava aí, mas precisou sair, da
Coopertáxi. Teria, também, a voz.
Quero, em nome da comissão, Alex,
agradecer a sua presença, a sua participação. Quero
entender e creio, Pedro Rigo, que o objetivo foi
alcançado. Pelo que ouvimos do nosso amigo Alex, o
objetivo principal era esse, era, realmente, através
desta Comissão do Cooperativismo, abrir o canal,
deixar pavimentado esse canal de comunicação
aberto entre o setor de transporte do Cooperativismo
no estado e a Ceturb, repito aqui, muito
assertivamente, o nosso Governador Paulo Hartung,
como ele mesmo costuma dizer, foi um golaço ter,
primeiro, colocado na mão da Ceturb, que tem
realmente todo know how para trabalhar com esse
tema e estar na sua direção, na sua presidência você
que já tomou tanta pancada. Às vezes eu converso
com o Alex e ele está debaixo de fogo cruzado,
principalmente, na época de greve, nos momentos de
apuros e de apertos. Não é, Alex? É apanhando que a
gente se fortalece e a gente cresce.
O Alex, hoje, conhece todos os meandros
dessa questão do transporte no estado do Espírito
Santo. A gente fica feliz de entender que o nosso
objetivo foi alcançado. O objetivo desta comissão é
exatamente fazer esse link, como disse o Romério, é
facilitar para que as partes estejam dialogando,
conversando, olho no olho.
Quero fazer um convite, aproveitar que você
falou do seminário. Acho que podíamos fazer junto
com a comissão, Pedro. Organizarmos essa grande
reunião que você quer fazer aqui na Assembleia.
Você falou na Setpes, mas você mesmo já disse que
pode ser aqui na Assembleia. Fala aí.
O SR. ALEX MARIANO - Presidente, acho
que a gente poderia fazer na Assembleia. Acho que o
espaço físico é muito bom.
O SR. PRESIDENTE - (PASTOR
MARCOS MANSUR - PSDB) - Temos um
auditório maior ao lado.
O SR. ALEX MARIANO - E fazer uma
reunião conjunta com a Comissão de Transporte e
Infraestrutura. Seria interessante. Não sei se é praxe
da Casa, mas seriam as duas comissões.
O SR. PRESIDENTE - (PASTOR
MARCOS MANSUR - PSDB) - Viável,
perfeitamente viável.
O SR. ALEX MARIANO - Mas seriam as
duas comissões; estaríamos aí numa situação
inclusive muito boa. Fico muito feliz. Seria aqui o
local apropriado para nós avançarmos nessa situação.
É um momento que vai ser de debate, de abrir, de
ouvir, de construir; às vezes de voltar com o
processo, sentar novamente, talvez segmentado
algumas situações.
Novamente quero agradecer. Quero
agradecer ao Governador Paulo Hartung a confiança
na minha pessoa. Agradeço a Deus por acordar com
saúde, a família com saúde, com disponibilidade de
trabalho. Desejo a vocês também muita saúde, muita
disposição para o trabalho. O nosso Estado é
reconhecido pelo Brasil e fico muito feliz.
Estive, na semana passada, com um
empresário do setor de combustível, estudando a
possibilidade de investimentos aqui e ele elogiou
muito o estado do Espírito Santo. Inclusive na
questão da greve. Porque às vezes a gente não tem a
noção porque estamos aqui dentro no dia a dia, mas o
nosso estado tem sido muito bem visto por outros
estados. Esse é um empresário que faz parte da
composição da Firjan, do Rio de Janeiro. Inclusive
ele falou: vocês foram um ponto fora da curva no
momento da greve dos caminhoneiros, a forma de
planejamento que o Estado adotou. Posso dizer que
acompanhei de perto. O plano foi imediato. A
perspicácia do governador, ele foi muito grande,
quando começou a aparecer o problema, ele já
marcou uma reunião estratégica com alguns atores e
mandou fazer a parte. Você pode perceber que o
transporte coletivo da região metropolitana na região
sudeste foi o único que não parou. Mas por quê? Pela
estratégia que nós montamos, pelas relações que
tivemos que avançar.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 59
Eu quero agradecer a Deus, agradecer ao
Governador Paulo Hartung e agradecer a todos aqui
presentes, e à sociedade capixaba. Nós todos estamos
aqui com essa finalidade, com uma prestação de
serviço de qualidade para nossos irmãos capixabas.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE - (PASTOR
MARCOS MANSUR - PSDB) - Nós que
agradecemos, Alex Mariano, diretor-presidente da
Ceturb; e a cada um dos senhores e das senhoras que
estão participando conosco, a cada um dos
telespectadores que também abrilhantam os trabalhos
nesta Comissão e nesta Casa de Leis.
Quero terminar dizendo, Alex, que o maior
anseio, o maior desafio desse setor de transporte do
cooperativismo foi colocado aqui, mas quero
terminar reforçando e pontuando esse desafio, que é a
concorrência desleal, ilegal e até mesmo
irresponsável, imoral que o setor enfrenta. E como
você pode ver aqui, eu fiquei feliz e você ouviu dos
presidentes aqui que eles não se importam com a
fiscalização, pelo contrário, eles querem uma
fiscalização séria, uma fiscalização funcional. Você
viu que o compromisso maior deles é prestar
qualidade e segurança para esse setor. Juntos nós
vamos avançando nas discussões.
Não havendo mais nada a tratar, quero
declarar encerrados os nossos trabalhos, e convidar
os senhores membros para a próxima reunião, à hora
regimental, dia 03 de julho de 2018, neste mesmo
Plenário Ruy Barbosa.
Está encerrada a reunião.
(Encerra-se a reunião às
12h19min.)
DÉCIMA REUNIÃO
EXTRAORDINÁRIA, DA QUARTA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA, DA DÉCIMA
OITAVA LEGISLATURA, DA COMISSÃO DE
POLÍTICA SOBRE DROGAS, REALIZADA EM
26 DE JUNHO DE 2018.
O SR. CERIMONIALISTA -
(FERNANDO BATISTA DALCOLMO) -
Senhoras e senhores, autoridades presentes,
deputados e telespectadores que nos assistem pela TV
Ales, boa noite.
É com satisfação, que o presidente da
Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo,
Deputado Erick Musso e o presidente da Comissão
de Políticas sobre Drogas, Deputado Padre Honório
os recebem no plenário Dirceu Cardoso, nesta Casa
de Leis, para audiência pública com o tema: A
Política sobre drogas que queremos.
Solicito que todos coloquem seus aparelhos
celulares em modo silencioso, para darmos início aos
nossos trabalhos.
Neste momento, daremos início à
composição da Mesa da presente audiência. Já
compõe a Mesa, o Excelentíssimo senhor presidente
da Comissão de Políticas sobre Drogas, Deputado
Padre Honório.
Convido para compor a Mesa o doutor Fábio
Almeida Pedroto, delegado da Polícia Civil do
Estado do Espírito Santo; a Senhora Sabrina Ribeiro
Cordeiro, representante do Conselho Regional de
Psicologia e membro da Comissão de Relações
Raciais do CRP; o Senhor Welington Barros,
presidente da União de Negro pela Igualdade,
Unegro/ES; o doutor José Roberto Pereira dos
Santos, membro da Associação Médico-Espírita do
Estado do Espírito Santo. (Pausa)
(Tomam assento à Mesa os
referidos convidados)
O SR. CERIMONIALISTA -
(FERNANDO BATISTA DALCOLMO) -
Convidamos todos para, em posição de respeito,
ouvirmos as execuções do Hino Nacional Brasileiro e
do Hino do Estado do Espírito Santo. (Pausa)
(É executado o Hino Nacional e o
do Espírito Santo)
O SR. CERIMONIALISTA -
(FERNANDO BATISTA DALCOLMO) -
Concedo, neste momento, a palavra ao
Excelentíssimo Senhor Presidente da Comissão de
Políticas sobre Drogas, Deputado Padre Honório,
para dar continuidade aos trabalhos.
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Boa noite a todos e a todas!
Durante todo este mês de junho, a Secretaria de
Estado de Direitos Humanos, por meio da
Subsecretaria de Políticas sobre Drogas, juntamente
com o Conselho Estadual sobre Drogas, Coesad, e
todas as instituições que compõem o conselho
promoveram diversos eventos para debater a temática
das drogas no estado.
A presente audiência pública foi uma
construção entre os membros do Coesad e esta
Comissão tem como principal objetivo a promoção
do debate e exposição dos assuntos em suas várias
vertentes, a fim de esclarecer a população capixaba
sobre o tema e chegar ao ponto principal, que é
promover uma política sobre drogas de forma
eficiente e atualizada.
Gostaríamos de agradecer a todos e a todas
que vieram participar conosco.
Declaro abertos os trabalhos desta Comissão.
Quero agradecer e cumprimentar o público
presente, os servidores da Casa, principalmente os
que estão trabalhando neste momento conosco; e os
servidores da Comissão de Política sobre Drogas; e
os que nos assistem pela TV Assembleia.
60 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
Quero cumprimentar o senhor José Roberto
Pereira dos Santos, membro da Federação Espírita; o
doutor Fábio Pedroto, delegado da Polícia Civil do
Estado do Espírito Santo; a senhora Sabrina Ribeiro
Cordeiro, representante do Conselho Regional de
Psicologia; o senhor Welington Barros, presidente da
União de Negros pela Igualdade do Negro; o senhor
Cássio Nascimento, representante do MNPR; a
senhora Rosa Dulce, da Pastoral da Sobriedade da
Arquidiocese; a senhora Magnólia Batista, terapeuta
ocupacional de Guarapari; e o senhor Antônio Carlos
da Silva, da Pastoral da Saúde de Cariacica. Nós
queremos agradecer a todos e a todas que estão
presentes conosco.
O intuito desta reunião, já falamos, é
aproveitar o momento e debater um pouco. Durante
esses dois anos que estamos à frente da Comissão de
Políticas sobre Drogas, temos tido o zelo de buscar
todos os segmentos que debatem, que conversam, que
atendem, que trabalham com essa questão, porque é
uma questão que incomoda toda a sociedade. Além
de incomodar, destrói a vida de muita gente. Só
através do debate, só através de uma política sobre
drogas, que seja justa, que nós vamos alcançando
aquilo que a sociedade precisa.
Vamos ter algumas falas e as pessoas que
quiserem, depois, farão as suas perguntas, os seus
questionamentos.
Inicialmente, concedo a palavra ao doutor Fábio
Pedroto, delegado da Polícia Civil do estado do
Espírito Santo, pelo período de quinze minutos.
O SR. FÁBIO ALMEIDA PEDROTO -
Muito boa noite a todos!
Quero cumprimentar o Deputado Padre
Honório pelo convite de estarmos aqui nesta noite
debatendo este tema tão importante para todos nós.
Cumprimentando o nobre deputado, cumprimento
todos os demais componentes desta Mesa
multidisciplinar, que teremos, certamente,
abordagens distintas sobre um tema tão complexo e
importante como este.
Quero dizer que embora seja delegado da
Polícia Civil do Espírito Santo, hoje, pretendo fazer
a minha fala muito mais na condição de porta-voz da
LEAP Brasil, Organização Internacional que, no
Brasil, é presidida pela professora Maria Lucia
Karam, juíza de Direito aposentada, que conta,
deputado, com um grande número de agentes da lei,
que professam determinados entendimentos sobre as
políticas de drogas, que acredito merecem
importância.
Na nossa organização temos delegados de
polícia, policiais militares, agentes penitenciários,
guardas municipais, juízes de Direito, promotores de
Justiça, defensores públicos, enfim, todos que de uma
forma ou de outra estão relacionados com a questão
da repressão às drogas no Brasil. Portanto, faço
minha fala antiproibicionista que é, de fato, meu
entendimento a respeito do tema.
Quero dizer que o título é muito interessante:
A Política sobre Drogas que Queremos. É importante
que todos tenham um lugar de fala, todos aqueles que
participam, de uma forma ou de outra, das questões
que envolvem o nosso universo de substâncias
psicoativas que atingem, não tenhamos dúvidas, toda
a sociedade.
Começo minha fala, e sempre dou esse
exemplo, deputado, trazendo uma experiência que
tive quando era da Delegacia de Tóxicos e
Entorpecentes. Certa oportunidade, fizemos uma
operação e apreendemos naquele dia uma tonelada e
meia de drogas numa cidade da região da Grande
Vitória. E passei a questionar minha atividade, na
condição de delegado de polícia, porque passei a
analisar os fatos e verifiquei que eu tinha muito mais
efeitos colaterais quando realizava uma apreensão
como essa do que, efetivamente, benefícios. Aliás,
digo para os senhores: benefícios, eu não vinha
nenhum. E, eventualmente, ainda pergunto para os
policiais que trabalham comigo ou a outros colegas,
também, de outras áreas da segurança pública: qual a
grande importância e o grande benefício de
apreendermos, por exemplo, uma quantidade
significativa de drogas como essa? Não vejo uma
resposta convincente, uma resposta que me convença
de que preciso continuar fazendo essa atividade
repressiva. Mas digo que existem vários outros
efeitos danosos à sociedade que são consequência de
uma apreensão grande como essa.
Por exemplo, eu aprisiono aquele menino que
está lá tomando conta daquele material entorpecente.
Esse menino vai entrar no sistema penitenciário, ele
vai passar por um ciclo dentro do cárcere que vai
receber um estigma, natural de quem ingressa no
sistema penitenciário, e ele vai se formar dentro do
sistema dentro de uma ótica criminosa. Portanto, ele
vai sair do sistema certamente um pouco pior do que
entrou. Muitas vezes, ele entra como um pequeno
traficante e lá ele vai ter um grave problema. Se ele
não escolher um grupo ou uma facção para se
aliançar, inevitavelmente ele terá que fazer isso, pelo
menos no estado do Rio de Janeiro, quando você
ingressa, você tem que escolher uma facção, porque
elas são divididas por facções, as penitenciárias do
meu estado de origem. Sou originário do Rio de
Janeiro, fui inspetor penitenciário por alguns anos no
Rio de Janeiro, fui policial militar também no Rio de
Janeiro, por alguns anos. Então, passei por todo esse
ciclo que envolve a repressão policial às drogas.
O segundo ponto interessante é a violação do
direito à saúde. Veja bem, o fundamento do combate
às drogas é garantir saúde pública. Esse é o
fundamento, é o que chamamos, em Direito, de
objetividade jurídica, bem jurídico tutelado: saúde
pública. Porém, quando o indivíduo é lançado ao
cárcere, ele terá tudo menos a saúde dele garantida.
Ele sofrerá diversas ações contrárias que violarão
seus direitos fundamentais, sobretudo o direito à
saúde. Então, é uma incoerência, é uma esquizofrenia
legal combater uma substância sob o objetivo de
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 61
garantir a saúde pública e, ao mesmo tempo, lançar
esse indivíduo dentro de um cárcere em que ele terá
seus direitos violados sistematicamente. Muito bem!
Confrontos entre as gangues rivais. Quando
você tira de circulação, quando você prende um
menino desse, certamente você vai gerar um
confronto entre grupos rivais que estão ali em busca
da dominação territorial. Uma tonelada de drogas
retirada da sociedade vai gerar, efetivamente, sem
qualquer sombra de dúvidas, uma disputa pela
dominação daquele local em que foi fragilizado e
será ocupado por um novo grupo que buscará
dominar aquela venda naquele bairro, naquela região.
Confronto dentro da própria gangue. Quando
excluo da sociedade, quando prendo aquele indivíduo
em razão do crime de drogas, certamente haverá
outros jovens que estarão ali, buscando aquele lugar
de comando ou de liderança dentro do grupo.
Portanto, haverá, inevitavelmente, um conflito
interno, além de conflitos externos com gangues
rivais, o conflito interno pela busca do domínio
daquela venda. Vou ter aumento dos homicídios
porque a letalidade está diretamente relacionada ao
tráfico de drogas. Setenta por cento dos homicídios
que acontecem no estado do Espírito Santo são em
razão do tráfico de drogas. Significa dizer, se nós, por
exemplo, legalizarmos, hoje, as drogas, teremos uma
redução de setenta por cento dos homicídios no nosso
estado, o que, em tese, ocorreria, já que não teremos
mais grupos rivais nesse verdadeiro coliseu moderno
em que transformamos nossas ruas. E esse coliseu
moderno está localizado, tem um grupo territorial
específico. Ele não está localizado na Praia do Canto,
na Praia da Costa. Esse coliseu moderno, deputado,
acontece no Bairro da Penha, em Itararé, em outras
comunidades economicamente desfavorecidas do
nosso estado.
Veja: digo coliseu moderno porque nós
lançamos aqueles meninos da comunidade e
lançamos nossos policiais fardados nessa luta insana
por um objetivo que ninguém sabe qual é até hoje.
Então, esses jovens, com ou sem farda, estão ali
lutando por uma guerra sem sentido. E eu não gosto
nem de usar o termo guerra, porque a guerra remete a
inimigo. E a gente tende a observar aquele menino
traficante como inimigo sanguinário, que devemos
exterminar. Então, o termo guerra não me parece
adequado para se utilizar nesse campo porque
estamos tratando de pessoas, compatriotas nossos,
que estão ali por um motivo ou outro sobrevivendo
pela venda de substâncias psicoativas.
Tivemos, no Rio de Janeiro, em 2017, cento e
trinta e quatro policiais mortos. Grande parte deles
morreu em serviço. Dos que morreram em serviço,
grande parte foi em razão do combate direto ao
tráfico de drogas. E a pergunta é: por que
continuamos com essa insana guerrilha às drogas que
não nos leva a lugar algum? Muito pelo contrário,
outro efeito colateral dessa apreensão de uma
tonelada e meia a que me referi, deputado, é a
corrupção policial. O que movimenta, hoje, a
corrupção policial é o tráfico de drogas, grande parte
dele. Portanto, nós temos, hoje, um mecanismo de
captura dos nossos policiais através do poder
econômico do tráfico, que não devemos subestimar.
Movimenta quinhentos bilhões de dólares por ano no
mercado ilícito de drogas na mão de quem não
deveria estar.
Portanto, as políticas antiproibicionistas, e o
Canadá deu um passo muito importante nesta
semana, legalizando o consumo recreativo das
substâncias psicoativas, a exemplo do Uruguai, dos
Estados Unidos, em que alguns estados já verificam a
possibilidade de potencial econômico dessa
regularização. E o Brasil, hoje, insiste numa política
antiproibicionista que, de fato, há cem anos não
produz resultados; pelo contrário, produz letalidade,
produz morte. São sessenta mil brasileiros que
perdem a vida por ano, sobretudo em razão desse
combate absolutamente cego e desprovido de razão
às drogas. Portanto, nós pugnamos pela legalização,
pela regulamentação e pela possibilidade de retirar do
grande traficante o seu poder econômico, porque,
veja, quando eu apreendo essa quantidade de drogas,
como eu dei o exemplo, eu estou prendendo aquele
menino que está na ponta ali, aquele que é a base da
pirâmide. Nunca vou atingir o grande traficante,
aquele que está lavando dinheiro em contas bancárias
no exterior, em paraísos fiscais; aquele que está
manipulando nossos policiais, que lutam por uma
política irracional e lutam sem saber por que lutam.
A verdade é esta: policial não tem que ser
vilão nem herói. O policial é um trabalhador, como
diz Orlando Zaccone, em uma de suas obras. O
policial é um trabalhador. Ele tem que voltar para
casa e ver sua família. Perder cento e trinta e quatro
policiais no estado do Rio de Janeiro no ano passado
em razão dessa insana guerra? Eu acredito que
devemos repensar sobre nossos políticos.
Quem morre no Brasil em razão dessa
guerrilha ou desse embate cotidiano? São as pessoas
periféricas e os policiais, porque a elite, a aristocracia
está confortavelmente instalada em seus gabinetes,
em suas salas, em suas delegacias.
Eu, por exemplo, dificilmente vou ser vítima
dessa guerra, mas meus policiais que estão lá na
ponta, nas ruas, todos os dias, os policiais militares e
os guardas municipais, certamente vão sofrer muito
mais esse efeito colateral do combate.
Temos, em tempo de Lava-Jato, a delação
premiada. A delação premiada existe há muitos anos
no Brasil, só que tem um nome diferente. No
subúrbio, é chamado de X9. Sem benefício algum,
esse garoto que colabora com a polícia e com a
Justiça, sem direito à tornozeleira eletrônica ou à
prisão domiciliar, inevitavelmente vai alcançar a
morte, se for descoberto pelos seus algozes. Então,
fica essa reflexão.
Por fim, o efeito colateral, o último que
elenco no que se refere à questão das drogas, da
62 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
geopolítica das drogas, é, efetivamente, o lucro
extraordinário que determinados setores alcançam à
custa das vidas dos nossos meninos, dos nossos
jovens que estão nas zonas periféricas, buscando uma
atividade, através de uma atividade ilícita, uma
atividade em que a própria vítima quer ser
vitimizada. Se você deixar de vender uma substância
psicotrópica para aquele rapaz ou para aquela moça
que está buscando, ela vai ficar chateada com você.
Então, a própria vítima quer se vitimizar e aquele
menino que está ali está vendendo aquela substância
para quem quer comprar. Eu costumo dizer que
pratica um crime que não sai sangue e é um crime
hediondo. Por incrível que pareça, se eu sair daqui
agora, atropelar e matar uma pessoa, ali fora,
embriagado, ou se eu sair agora, se me envolver em
uma briga e amputar os dois braços de alguém lá na
rua, eu vou pegar uma pena menor do que a daquele
menino que está vendendo duas buchas de maconha e
que foi autuado como traficante.
E aqui eu faço um mea-culpa, porque a
polícia, muitas vezes, acaba sendo instrumentalizada
para esta finalidade política de repressão às drogas,
por critérios, evidentemente, arbitrários, porque, se
colocarmos em questão qual seria a droga mais
perigosa para a sociedade, eu não teria dúvidas em
dizer que é o álcool. O que dá problema nos DPJs,
nos plantões policiais é o álcool, quem causa
violência doméstica e familiar contra a mulher é o
álcool. Portanto, se tivermos que proibir, então, que
comecemos pelo álcool. Ao contrário, nós temos
políticas de incentivo ao consumo do álcool pelos
jovens todos os dias na televisão. Em jogo de Copa do
Mundo, sempre gosto de falar isso, está lá o menino
assistindo à televisão e se vê propaganda de álcool no
estádio, se vê uma mulher jovem, sarada, verão, na
praia, consumindo álcool neste verdadeiro marketing
de emboscada, para trazer o jovem para o consumo
desta substância psicotrópica, porém lícita. Então,
fica aqui esse questionamento.
Eu entendo que não há caminho para a
melhoria da nossa questão social que não seja pela
legalização das drogas, pela regulação, trazer para o
Estado essa regulação, tirar o poder econômico do
grande tráfico e chamar a responsabilidade,
arrecadando tributos, aplicando esses tributos na
recuperação de usuários dependentes ou
problemáticos, é a nomenclatura mais utilizada
atualmente. Tentar modificar este quadro social que
não pode acontecer e continuar acontecendo,
Deputado Padre Honório. Efetivamente, esse é o
holocausto que nós vemos todos os dias.
Morreram três jovens ontem, no estado do
Espírito Santo, assassinados. Todos os três
relacionados ao tráfico. Essa é a nossa realidade.
Então, fica a minha fala. Não vou me alongar, porque
o tempo é curto. Para finalizar, gosto sempre de citar
uma frase de um poeta baiano que diz: Às vezes a
gente passa a vida inteira travando a inútil luta com
os "galhos", sem saber que é lá no tronco que tá o
coringa do baralho.
Muito obrigado. Tenham todos uma boa
noite.
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Obrigado, doutor Fábio. Se
algumas pessoas quiserem fazer algum
questionamento ao doutor Fábio ou alguma pergunta,
no final das falas, vocês poderão se manifestar.
Depois ele retorna, não é? Obrigado pela reflexão.
Nós agora vamos ouvir, também pelo período
de quinze minutos, a senhora Sabrina Ribeiro
Cordeiro, representante do Conselho Regional de
Psicologia e membro da Comissão de Relações
Raciais do CRP. Fique à vontade também, Sabrina.
Se quiser usar o microfone aí.
A SR.ª SABRINA RIBEIRO CORDEIRO
- Obrigada. Cumprimento a Mesa, agradeço o convite
em nome do Conselho Regional de Psicologia e da
categoria de psicólogas e psicólogos do Espírito
Santo.
O tema: Política de Drogas que Queremos.
Vou começar falando da política de drogas que temos
do que ela produz. Porque um colega psicólogo hoje
me lembrava pela manhã que, à época da publicação
de lei, em 2006, muitos profissionais de Psicologia
que estavam inseridos no sistema socioeducativo, no
sistema prisional, chegaram a comemorar,
acreditando que seria um divisor de águas dentro da
política de drogas, que alguns elementos trazidos no
corpo da lei poderiam tornar menos pesada a
incidência do poder punitivo sobre usuários. Hoje,
mais de dez anos depois, a gente percebe que foi um
engano muito grande nosso comemorar e a gente
percebe que isso tem produzido muito retrocesso
quando a gente fala da perspectiva da vida, da saúde
e dos direitos humanos.
Aí tenho que começar a minha fala com a
seguinte afirmação: a atual política de drogas
refletida na Lei n.º 11343, de 2006, como estratégia
política de Governo de uns sobre outros, traduz-se
como ferramenta legal de aplicação de condenação
penal sobre jovens negros de periferia. Baseado em
indicadores geográficos, sociais e raciais, opera-se
uma separação leviana entre a população que faz uso
de drogas e a parcela da população supostamente
responsável por alimentar o comércio ilegal de
substâncias psicoativas. Essa divisão que é baseada
em fatores marcadamente racistas produz nada além
da retirada do sujeito jovem, negro empobrecido do
lugar de usuário, promovendo perversamente a
condição de traficante. Essa lei e as práticas policiais
que ela dispara institucionalizam o crime de tráfico
de drogas como principal instrumento de captura e
extermínio da juventude negra. Essa lei que se
apresenta como uma grande narrativa oficial do
Estado veio se tornar um mecanismo formal de
exercício do racismo, via política penal.
Mais de dez anos depois da aprovação dessa
lei, nós vemos um aumento vertiginoso da população
carcerária sem nenhum indício de redução no
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 63
consumo ou no comércio de drogas. Então, a gente
precisa se questionar o que tem sido produzido por
essa lei. Existem discursos por trás das práticas que
foram instituídas por essa política de drogas que nós
temos e que a gente precisa revelar, debater, para
poder, então, superar.
O sistema penal, com os aparatos jurídicos e
policiais, vem se constituindo e se especializando em
torno da construção de um sujeito perigoso, alvo de
repressão, contenção e anulação social. Então,
entendo quando o senhor delegado questiona o termo
guerra porque ele remete a um inimigo, mas o que de
fato a gente vê é a construção de um inimigo interno
e isso acontece muito antes da Ditadura, essa
construção do sujeito perigoso. Aí a gente pode dizer
que vários grupos transitam nesse lugar de grupo de
perigosos, mas que as estratégias de controle e
coerção ao grupo eleito como perigosos sempre
funcionam através de uma mesma lógica penal
punitiva no Brasil.
Então, nós vemos ser operada uma divisão
entre potenciais cidadãos de bem que têm um valor,
cujas vidas precisam ser preservadas, aumentadas em
capacidade econômica, produtiva, e, do outro lado, a
gente vê uma horda de sujeitos considerados
delinquentes, marginalizados, criminalizados. Isso
tudo a partir de uma circunscrição que é etária, racial,
social e geográfica. Nós assistimos e fazemos parte
de um cenário de naturalização de estratégias de
controle e coerção sobre os sujeitos, em especial os
jovens negros, pobres de periferias.
Abdias do Nascimento, um grande autor
negro nosso, diz que ser negro é um fato político
neste país, é um fato decisivo na distribuição de
poder, de justiça e de oportunidades. Existe uma
identificação fenotípica dos sujeitos tidos como
perigosos. Eles são pretos e pardos.
Também existe um confinamento geográfico
dessas pessoas nas periferias das cidades, nas favelas,
nas cadeias e, quando esses sujeitos são encontrados
em bairros nobres, são retirados imediatamente de lá.
A polícia e as políticas públicas, quase todas
- aí também faço mea culpa porque sou trabalhadora
de políticas públicas há dez anos - muitas vezes os
interesses que estão em jogo, as relações de poder
que se colocam nessas políticas e na ação da polícia
são da execução de uma tarefa que é dada pelo
Estado e que fala da eliminação de sujeitos
constituídos como inimigos da ordem e da paz social.
Vera Malaguti, que é uma grande escritora,
também abolicionista penal, retoma nossa história
para dizer que o sistema penal no Brasil sempre se
orientou para a contenção dos sujeitos negros
empobrecidos. Mesmo com o final do período
escravista, esses negros libertos e mestiços
continuaram a ser considerados degenerados por
excelência, constituindo uma população perigosa e
portadora de patologias morais de efeito devastador
naquela sociedade brasileira, a que se pretendia um
projeto de nação em ascensão. Os discursos médico e
criminológico convergiram para produzir avaliações
científicas que sustentaram uma crença e produziram
ferramentas para esse exercício de uma repressão
penal extrema sobre grupos localizados nas regiões
inferiores do espaço social e urbano, produzindo o
que a Vera chamou de um policiamento seletivo, o
viés judicial manifesto baseado em classe e em cor, o
tratamento cruel de infratores, o desrespeito rotineiro
a direitos fundamentais e a indiferença quanto ao
consumo de corpos negros.
A gente pode pegar dados sobre esse sistema
prisional. Eles estão disponíveis em variadas
pesquisas. Nós tivemos, na primeira semana do mês
de junho, a publicação do Atlas da Violência de
2018. Quem não teve a oportunidade de acessar esse
documento, recomendo a leitura, é importante. Traz
dados que nós já conhecemos, mas importa reafirmar
o quanto esses dados são ofensivos e quanto a gente
precisa politizar as leituras sobre esses dados
estatísticos. Esse atlas mostra, mais uma vez, como
várias outras pesquisas já mostraram, que o perfil do
público encarcerado no Brasil é composto por
pessoas negras, pretas - negros, contemplando pretos
e pardos - pessoas, em sua maioria, jovens, com
baixo nível de escolaridade, residentes das periferias
das cidades, apreendidos por roubo e tráfico - a maior
parte dos atos.
Esses dados, então, confirmam que, numa
sociedade capitalista, o que tem maior valor não é a
vida, mas a propriedade, os bens permanentes e de
consumo e a produção de relações entre legalidade e
ilegalidade que sustentam o funcionamento desse
sistema econômico e político que a gente tem.
Foucalt, em O Nascimento da Biopolítica,
fala que Estado é o correlato de uma certa maneira de
governar. Então, o Estado brasileiro se implica
profundamente em uma determinada forma de
governar que se apoia em divisões bastante precisas
entre grupos sociais e raciais. Existe uma separação
entre as vidas que devem ser preservadas e aquelas
vidas que podem ser colocadas à disposição. A essas
últimas vidas das quais se pode dispor nessa leitura,
Malaguti chamou de consumidores falhos. Eles são
julgados por um critério de pureza que, na sociedade
capitalista, se identifica como a capacidade de
consumo.
Aí acho importante a gente refletir sobre
como se dá a relação do jovem de periferia com a
droga. Ela se dá, muitas vezes, através do comércio,
que é uma forma acessível, possível de participação
econômica, a partir das muitas limitações da
inscrição desses jovens no sistema produtivo
capitalista, ou de um uso ou abuso.
Aí, da perspectiva de saúde mental, estou
identificando várias colegas que trabalham com
saúde mental aqui no estado, em municípios do
Espírito Santo, que acho que podem compartilhar
com a gente o quanto, muitas vezes, a droga entra na
vida de um sujeito como uma forma de suportar uma
existência torturada, uma existência que se torna
impossível, da perspectiva de uma dimensão
subjetiva da vida, uma dimensão afetiva da vida,
64 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
pensando, considerando urgências e necessidades
fundamentais que não são sanadas por este Estado,
que entra depois, lá no final, e o quanto de sofrimento
que se produz com essa experiência de privação de
apartação social extrema. São experiências extremas.
Desses sujeitos, tudo é tirado, e o Estado
dispõe de suas vidas. A política de drogas, bem como
outras políticas sociais, opera no fim uma gestão da
miséria. Não estamos falando só de uma pobreza
material, que é uma pobreza material elevada mesmo,
ao seu extremo, mas também de uma miséria
subjetiva, de um esvaziamento do sujeito pelo Estado
que os quer amortecidos, anestesiados, impotentes e
dóceis. Trata-se da produção objetiva de morte física,
mas também de uma produção de subjetividades
violadas, de uma produção de morte em vida.
As práticas racistas encarnadas por essa por
política de drogas que nós temos não mata só vidas,
mata possibilidades de vida. Por ação ou omissão,
estamos todas e todos inscritos nessa dinâmica,
coniventes com o extermínio da juventude negra.
Indiferentes ou anestesiados demais para falar, para
agir, seguimos inertes a reboque das perversidades e
violências cotidianas contra esses jovens. E aí não é
só o sistema penal que é seletivo, a nossa indignação
infelizmente também é.
Das sessenta e duas mil, quinhentas e
dezessete mortes por homicídio que aconteceram em
2016, quatro mil duzentas e vinte e duas ocorreram
em decorrência de intervenção policial. Sabemos que
muitas dessas mortes estão contextualizadas nessa
guerra às drogas.
Está posto, e aí nos resta analisar nossas
implicações nisso tudo. Qual é a posição que a gente
vai tomar? Qual é a nossa participação? Refletir,
ampliar o debate, politizar as nossas ações. Quais são
os jogos de poder que se colocam por trás dessa
política antidrogas? Quais são os interesses que
estão em jogo? Que estruturas institucionais
sustentam esse projeto de nação que está dando
certo? E aí é nossa tarefa produzir ruído nessas
relações que estão instituídas e que são dadas como
naturais e como eternas, impassíveis de mudança,
para poder introduzir aí alguns discursos dissonantes
dessa narrativa oficial.
Gosto muito do autor Edson Passetti, ele é
cientista social, também abolicionista penal. Ele fala
dessa seletividade do sistema penal, como outros
falaram, e traz para a gente o quanto que falar de
uma melhor política de drogas, ele diz: A melhor
política de drogas é não ter uma política criminal
de drogas. Ou seja, pensar políticas de saúde para
tratar problemas decorrentes do uso e do abuso de
drogas da mesma forma como lidamos com outras
drogas, o tabaco, o álcool, outras substâncias que
produzem dependência. Trabalhar na lógica da
redução de danos e em uma linha de cuidado que não
seja repressiva e não idealize a saúde. Mais uma vez,
as colegas da saúde mental poderão contribuir muito
nesse debate.
Tem muitos dados que a gente poderia aqui
ler e reler, mas acho que estão disponíveis. Vou
finalizar.
A política de drogas que temos se apoia na
ação policial para lidar com essa questão, e os
esforços desses agentes do Estado se voltam às
abordagens nas periferias, nas favelas, como se esse
fosse o único lugar onde as drogas circulam. A maior
parte dos moradores de periferia não tem nenhum
envolvimento com a criminalidade, mas vivem em
estado de sítio, vigiada, alerta, com medo.
O sucesso da guerra às drogas foi fazer as
pessoas acreditarem que um grupo está mais
propenso à criminalidade do que outro. E nesse jogo,
vemos a droga servir aos propósitos estatais, de
criminalização de certas condutas, de certos sujeitos
ocupantes de espaços bem específicos na organização
geográfica das cidades.
Então, a gente está falando de um projeto
social econômico e político que está em curso, que
está dando certo e que a gente precisa desconstruir.
Obrigada!
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Obrigado, Sabrina!
As pessoas que quiserem, depois, fazer
algum questionamento, fazer alguma pergunta,
também no final a Sabrina vai ter uns minutos para
fazer as considerações.
Gostaria de pedir desculpa, porque a garganta
não está tão boa assim.
Quero cumprimentar também a senhora
Camila Mariani, é psicóloga representante do grupo
de Luta Antimanicomial, obrigado pela presença;
Senhora Nathalia Borba da Sesa, Coordenação
Estadual de Saúde Mental, obrigado; senhora Ivone
Celeste do Projeto Amar, obrigado; senhora Lívia
Alves do Caps de Vila Velha, Capsad; senhora
Luciana Maria Borges, Prefeitura Municipal de
Vitória; Senhor Luciano Coelho, Conselho Regional
de Psicologia; senhora Sandra Mara Pereira, IJSN,
coordenadora de estudos sociais, obrigado; senhor
Thiago de Carvalho, pesquisador do IJSN, do
Instituto Jones dos Santos Neves, obrigado; senhora
Aldinéa Gomes de Melo Coutinho, diretora do
SINDPSI, Sindicato dos Psicólogos e também do
Coesad, obrigado pela presença; senhora Giovanna
Bardi, do Fórum Metropolitano Sobre Drogas;
senhora Pollyana, assistente social; senhora Anelise
Nunes, diretora do Capsad; e o senhor José Carlos
Fiorido, membro do Coesad.
Muito obrigado pela presença de todos os
senhores e senhoras aqui conosco.
Gostaria, também, de agradecer a presença
do senhor Welington Barros, que é presidente da
União de Negros pela Igualdade, o negro Espírito
Santo.
Pelo período de quinze minutos, por favor.
O SR. WELINGTON BARROS - Boa noite
a todos, boa noite a todas!
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 65
Cumprimento a Mesa na pessoa do Padre
Honório, que preside a Comissão Sobre Drogas da
Assembleia; da mesma forma, parabenizar toda a
organização deste mês, para se focar no tema das
drogas.
Acho importante e primeiro gostaria de
destacar de onde vou falar para vocês. Vou falar
enquanto presidente de uma instituição que tem como
foco principal o combate ao racismo e a promoção da
igualdade racial, vou falar do ponto de vista do
militante dos direitos humanos, mas vou falar
também como alguém que já teve a experiência de
passar no setor público tanto nas políticas de direitos
humanos quanto nas políticas de igualdade racial.
Então, acho que a primeira coisa quando a
gente vai tratar de um tema como esse, é buscar o
histórico do consumo de drogas no mundo. O
consumo de drogas não vem de hoje, não vem de
uma década atrás, vem de milênios atrás. Na África
antiga, por exemplo, tinha uma planta chamada
Iboga, ela era utilizada em cerimônias religiosas.
Hoje, todos nós, de certa forma, estamos assustados,
temos medo, a sociedade hoje repulsa de forma
veemente os dependentes de crack nas ruas das
cidades, mas eles são a ponta de um iceberg que não
vem de hoje. Então, é preciso separar o consumo de
drogas em várias vertentes.
Eu, por exemplo, tenho uma definição de
drogas que se aproxima muito do Roberto Freire, que
foi uma pessoa que conheci no Rio, que ele dizia que
até um segundo copo d’água pode ser considerado
droga se o primeiro já saciou a sede.
Foi muito bem falado aqui sobre drogas
lícitas e drogas ilícitas. E se usa drogas em diferentes
contextos. Por exemplo, o Aldous Huxley utilizou o
peiote, no México, e ele escreveu o livro As Portas
da Percepção, que eu recomendaria para quem está
aqui ler para ver que dimensão também se pode ter.
Quando os espanhóis chegaram aqui na
América, os índios já faziam o consumo da folha de
coca. Então, tem esse processo cultural do uso de
drogas que eu acho que é fundamental a gente
entender para a gente poder compreender o que está
nos levando a essa política que temos hoje.
É importante, também, destacar a questão da
proibição. A proibição, como foi muito bem
lembrada aqui, e foi muito bem falada pelo delegado,
tem se tornado ineficaz ao longo do tempo. Nós
tivemos, no século XIX, uma guerra contra o tráfico
de ópio entre a Inglaterra e a China. Durou três anos.
Por quê? Porque se queria garantir o consumo de
ópio aos ingleses.
Então, a questão da lei de 2006, que a
psicóloga lembrou aqui, que parecia descriminalizar
o usuário e penas mais fortes para o traficante, o que
tornou, na verdade, é uma seletividade da prisão. O
que nós temos hoje é que, quando um menino pobre,
de periferia, é pego lá com quatro, cinco, dez buchas
de maconha ou de crack, ou pedra de crack, ou
alguns papelotes de cocaína, quando ele vai à
Delegacia, muito provavelmente ele vai ser autuado
como traficante. E se for lá num bairro de periferia,
alguém for preso lá com cem gramas de cocaína, um
quilo de maconha, ele pode ser tachado como
usuário. Por quê? Antes sequer de ele chegar à
Delegacia, muito provavelmente já vai chegar um
grande criminalista lá para poder fazer a defesa dele.
Então, nós precisamos é entender essa seletividade e
a quem interessa de fundo essa guerra às drogas.
Falando do ponto de vista da nossa juventude
negra, é preciso entender que quando a gente estava
falando dessa guerra às drogas, que é uma guerra,
para mim, perdida, e o histórico tem mostrado, é a
juventude negra que está na linha de frente dessa
droga. É ela que está na linha. Então, quando se
morre tantos jovens...
Aqui no Espírito Santo nós tivemos alguns
problemas visando reduzir a criminalidade. Mas
quando a gente pega os números, as estatísticas,
reduziu no geral, mas não reduziu no que tange à
juventude negra, porque ela está na linha de frente
dessa droga. Então, a gente assiste ao genocídio e a
gente assiste, também, - eu já tive oportunidade de
presenciar durante a greve da PM no ano passado - à
autofagia do jovem negro. Não tem coisa mais cruel,
para mim, do que um jovem negro, que, muitas das
vezes, puxa o gatilho contra o outro jovem negro para
defender o seu território. Esse território que o Estado,
quando ele não chega com a educação, quando ele
não chega com a saúde, quando ele não chega com a
política cultural de qualidade, o que acontece? Sobra
pra esse jovem a criminalidade, o tráfico.
Nós precisamos entender essa lógica que,
muitas das vezes, um menino desses, que está lá no
tráfico de drogas, ganha em uma semana mais do que
o pai dele ganha no mês. E isso tem um impacto do
ponto de vista dessa sociedade de consumo que a
gente vive, individualista, sociedade capitalista, ela
induz esse jovem. Então, nós temos que ganhar essa
juventude antes que ela caminhe rumo ao tráfico.
Essa é uma escolha que a gente tem que fazer.
No Espírito Santo, um jovem na escola custa
trezentos e setenta reais, em uma escola pública
estadual; por outro lado, um detento no sistema
prisional custa mil e setecentos reais para o Estado.
Então, nós temos que pensar, do ponto de vista... Nos
despirmos de preconceito, de discriminação, e
pensar: Que perspectiva de Estado nós queremos? Ou
nós vamos querer um Estado que extermina ou que
encarcera, ou um Estado que promova as pessoas,
que promova a qualidade de vida e acesso à educação
e a bens econômicos e culturais.
Historicamente, tudo isso que a psicóloga
colocou em relação à população negra foi porque ela
sempre teve uma elite no Brasil que foi hegemônica
aos bens culturais e econômicos.
Então, essa parte da população que mora nas
periferias nunca teve acesso a isso. Então, se a gente
quer mudar essa realidade, temos que inverter essa
lógica.
66 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
Outra questão que a gente tem que debater,
discutir muito, é como se está fazendo essa política
de redução de danos hoje. Temos comunidades
terapêuticas que, muitas delas, se baseiam muito com
viés religioso, que tem objetivo e auferir lucros.
Muitas das emendas parlamentares aqui no Espírito
Santo vão para essas comunidades terapêuticas.
Qual é o resultado de tudo isso? Nós já
paramos para olhar? Vamos fazer uma aferição
disso? Estamos aqui na Assembleia Legislativa, que é
uma Casa de Leis que, para além de fazer leis, outra
prerrogativa fundamental de um parlamentar, qual é?
É fiscalizar o Executivo. Então, esta Comissão já se
debruçou em fazer, em auferir onde é que está sendo
investido o dinheiro dessas emendas parlamentares?
Qual o resultado que isso está trazendo em benefício
para a sociedade?
Eu acredito em uma política de redução dos
danos. Eu penso, hoje, e tenho refletido muito sobre
isso, que o caminho passa pela legalização, passa
pela descriminalização, passa, também, pela
tributação das drogas. O delegado colocou aqui e eu
tenho um dado - acho que meu dado está defasado -
de trezentos e vinte bilhões de dólares no mundo. É o
que o tráfico de drogas movimenta. É uma fonte da
ONU que tenho. Provavelmente está defasada, mas
isso não importa. O que importa é o seguinte: Se
movimenta tanto dinheiro, só é possível movimentar
porque há corrupção em várias frentes, seja do ponto
de vista institucional, seja do ponto de vista do
sistema bancário. Esse dinheiro entra no sistema
bancário. Mas será que interessa ao Estado coibir
esse tipo de prática? Esse é um debate que tem que
ser feito, também. Do ponto de vista econômico.
Nós temos que pensar... Eu tenho uma
formação política Marxista. O Marx diz: “O
capitalista perdoa qualquer ofensa desde que não lhe
atinja o bolso”. Então, se nós queremos atingir o
tráfico, nós temos que atingir o bolso do traficante.
Porque quem está lá na periferia, quem está lá no
Morro da Piedade, quem está lá no Morro da Penha
está no varejo. É ilusão achar que o grande traficante
está nessas comunidades. É uma ilusão. Ele não está
lá.
Aqui no Espírito Santo, acho que há dois
anos, se apreendeu um helicóptero cheio de cocaína.
E o que é que deu? O dono desse helicóptero,
inclusive, se transformou depois em Ministro dos
Esportes. E então? É isso que nós queremos para a
nossa sociedade? Nós precisamos refletir muito sobre
essa política de drogas que queremos, para que a gente
não penalize o usuário. Eu penso que o usuário tem que
ser tratado como uma questão de saúde pública. E aí,
no Rio de Janeiro, por exemplo, em 2012 os
traficantes queriam proibir, queriam acabar com o
comércio de crack no Rio de Janeiro porque estava
prejudicando o comércio de outras drogas. Porque a
gente está muito... Hoje, na sociedade, o que mais
nos aflige e o que mais nos atinge é aquele que faz o
pequeno roubo ali, que faz o pequeno assalto ali, ou
aquele moço lá em Vila Velha que jogou uma barra
de ferro e acabou matando uma senhora... A gente
está muito alarmado pelo consumo do crack, mas a
gente não pode se prender somente a isso. Acho que é
uma questão que nos aflige. E o usuário tem que ser
tratado como um dependente e, aí, tem que ter
liberdade de escolha. Eu conheço muitas pessoas,
inclusive que trabalham no mercado financeiro, na
política, que usam drogas, às vezes, no fim de
semana.
No Rio de Janeiro eu tive a oportunidade de
morar tanto na Zona Sul como na Baixada
Fluminense, e é muito comum, usa-se muita droga.
Até fiz uma postagem no facebook na época da
intervenção militar no Rio de Janeiro. Eu coloquei:
“Ninguém deixa de cheirar por decreto” No Rio de
Janeiro existe um consumo enorme de cocaína. É
naturalizado você ir a uma festa e, está lá, são várias
pessoas, muitas pessoas que usam. Mas por que
vamos repreender na favela? E qual é a eficácia
disso? A intervenção da Favela da Maré durou quase
um ano, gastou-se mais de quinhentos milhões de
reais e qual o resultado? Continua o tráfico porque é
a lei da oferta e da procura.
Então, vejo como um caminho para a gente
acabar com essa letalidade, porque há vários anos são
mais de sessenta mil mortes por ano no país, de
mortes violentas, que têm o tráfico de drogas como
causa principal. Nem em países que estão em guerra
se mata tanto. Mas como é jovem, em sua maioria, é
pobre e é negro, então é natural que parte dessa
população morra. Se tivéssemos uma pequena
porcentagem disso nas áreas nobres da cidade,
certamente haveria aqui... A Assembleia Legislativa,
a Câmara dos Deputados, iriam ampliar o debate e
iam propor a mudança nessa legislação.
Então, acho fundamental a mudança e acho
que é importante nós, aqui no Espírito Santo,
estarmos debatendo sobre esse tema. Acho que é
importante nós também tentarmos influenciar do
ponto de vista de políticas em âmbito nacional, já que
essas mudanças têm que passar pela Câmara dos
Deputados em Brasília. Mas nós que estamos aqui no
Espírito Santo, um estado onde se morre tanto em
função do consumo e do tráfico de drogas, acho
que a gente tem que ser protagonista nesse debate,
inclusive promovendo, talvez trazendo esse debate,
trazendo várias instituições em nível federal para
fazer esse debate aqui, de como a educação pode
colaborar para a gente fazer essa redução; de como
a cultura pode ser um aspecto para promover essa
juventude, para apresentar alternativas. Acho que
esse é o nosso papel enquanto ativista, enquanto
militante e como gestores públicos.
Enquanto agentes políticos, não podemos
achar natural que morra tanta gente em função de
uma política sobre drogas que tem se mostrado
ineficaz. Acho que o nosso caminho é cada um no
seu espaço fazer essa disputa de ideias e ainda a
gente ampliar esse debate e promover uma reflexão
com a sociedade.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 67
Não tenho dúvida, acho que o caminho talvez
passasse por um plebiscito, um referendo, que são
instrumentos do ponto jurídico institucional que a
gente tem. Mas acho que a gente deveria estimular,
em âmbito nacional, para que a gente pudesse fazer
essa mudança. Um abraço a todos e nos colocamos
aqui para o debate.
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Obrigado, Welington.
Queremos registrar também a presença do
senhor Elias Ferreira Nunes, da Federação das
Comunidades Terapêuticas; do senhor Kananda
Dutra, do Projeto Amar; do senhor Hugo César
Guangiroli, coordenador do Centro de Apoio de
Direitos Humanos.
Queremos agradecer a todos pela presença. Já
temos aqui inscritos para perguntas a Pollyana
Pazolini. Daqui a pouquinho ela terá a oportunidade
de fazer a pergunta a um dos membros da Mesa que
tem feito as suas falas; Cássio, do Movimento
Nacional de Pessoas em Situação de Rua; José Carlos
Fiorido, do Coesad, e Federação Espírita.
Vamos ouvir agora. Logo após a fala do
doutor José Roberto Pereira dos Santos, teremos a
oportunidade de fazer as perguntas, debater,
questionar. É um espaço livre para que as pessoas...
Aliás, vocês vieram aqui com essa finalidade.
Agradecer mais uma vez a presença do
doutor José Roberto. Ele é membro da Associação
Médico-Espírita do Estado do Espírito Santo. Ele tem
também quinze minutos para fazer as suas
colocações.
O SR. JOSÉ ROBERTO PEREIRA DOS
SANTOS - Boa noite a todos. Eu agradeço o convite
da Comissão de Política sobre Drogas,
principalmente do Deputado Padre Honório.
Parabenizá-lo pelo trabalho que está realizando.
Cumprimento também a todos da Mesa que nos
antecederam.
Venho aqui falar em nome da Associação
Médico-Espírita do Espírito Santo, da Federação
Espírita do Estado do Espírito Santo. Sou médico,
coordeno aqui no estado um grupo de autoajuda com
base na doutrina espírita, que é o apoio fraterno.
A política de drogas que queremos é a
questão da educação. Acho que a questão de drogas,
se libera ou não, é também importante, mas eu acho
que o básico, o fundamental, é a política focalizar,
principalmente, na questão da educação dos nossos
jovens, porque não adianta você trabalhar na periferia
que você não vai resolver.
O problema prisional, o problema da saúde, o
problema só vai ser resolvido quando tivermos um
povo melhor educado, com educação baseada no
civismo, na espiritualidade - que eu acho importante
e não foi tocado aqui. O problema das drogas é muito
sério e é multidimensional, envolve tudo, não só a
questão biopsicossocial, mas também espiritual.
O doutor Harold Koenig, da Universidade de
Duke, um médico psiquiatra católico, é a maior
autoridade em espiritualidade do mundo e tem vários
trabalhos publicados em grandes revistas. Ele fala
que o fator espiritualidade é oque tem maior impacto
na saúde, inclusive na relação das drogas. Ele previne
a dependência e quando o indivíduo é dependente ele
consegue melhor sua recuperação quando a ele é
dado o envolvimento com a espiritualidade. Quando
a gente fala em espiritualidade, não estamos falando
em uma religião, está falando de um ponto de vista
do ser que busca um sentido para sua vida. Não
precisa estar ligado a sua religião. E isso tem que ser
levado para as escolas, para esses jovens.
Eu acho que nós temos que investir na
formação dos jovens, nas escolas, dando estudo de
qualidade, tempo integral, esportes, atividades
lúdicas, formando verdadeiros cidadãos, porque se
não atuarmos nisso, nós vamos sempre nos preocupar
com as consequências e não com as causas. Porque
eu acho que a política de drogas que queremos é a
educação. Melhorar essa educação.
Em relação à questão da liberação ou não de
drogas, eu tenho um parecer contrário à maioria dos
integrantes da Mesa. Eu não vejo que a solução é
liberar as drogas. A Associação Médico-Espírita tem
o mesmo parecer do Conselho Federal de Medicina e
da Associação Brasileira de Psiquiatria, que são
contra a liberação da maconha, que seria a primeira.
Alguns falam em uso recreativo da maconha. Não
existe uso recreativo. Se o indivíduo está usando
aquela droga, ele está sujeito a problemas de saúde,
como é o álcool também, entendeu? Não estou
fazendo diferenciação da maconha. O próprio colega,
o delegado, falou que grande parte dos problemas de
saúde e violência é gerado pelo álcool. Concordo. O
cigarro é a principal causa de morte evitável no
mundo. O cigarro.
E, no Brasil, aconteceu uma coisa
interessante, o consumo de cigarro por homens
diminuiu e aumentou o de mulheres. E o consumo
total de uso de cigarro no Brasil diminuiu. Por quê?
Por causa da proibição que ocorreu em usar cigarro
em espaços públicos, em lugares públicos, espaços
fechados. Você colocar na capinha do cigarro fotos
de pessoas com doenças provocadas pelo cigarro
provocou um impacto que foi positivo. Então, nem
sempre a proibição é uma coisa negativa. Tem que
pensar isso. Se ela vier associada à educação, ela
funciona.
Eu tenho muito temor com a liberação da
maconha. Por quê? Eu acho que o consumo vai
aumentar muito. Nó temos tido problemas com a
Holanda agora. A Holanda, país que liberou o uso da
maconha, está se vendo num problema com o tráfico,
inclusive, na Europa.
No Uruguai, a gente não tem ainda um tempo
para ver qual o resultado disso. Parece que é o
Governo que está controlando, mas a gente vê que
em outros países também, quando se liberou a
68 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
maconha, o consumo aumentou e as pessoas
tornaram a fazer o uso maior cada vez.
Então, aquela dose que é liberada passou a
não ser suficiente. O indivíduo busca o restante da
droga em outros locais, aí o tráfico não acaba. E
quem é que vai controlar essa venda? É o Governo?
O Governo não sabe nem controlar a educação e a
saúde, como é que vai controlar? Não vai ter
corrupção também nisso? Então, são
questionamentos que eu coloco para vocês, entendeu?
Então, não é fácil. A questão não é fácil.
Acredito também que o sistema penitenciário
é falho, não só para as drogas, como para qualquer
outro indivíduo que é preso. Não é o ideal. A gente
tem que melhorar tudo isso, mas acho que a gente
tem que se basear na educação, tem que estar por trás
disso tudo.
Eu só cito aqui um exemplo, por exemplo,
quando a gente fala de drogas ilícitas, tem as drogas
lícitas como o álcool e o cigarro. Hoje, adolescente
fuma e bebe, apesar de ser proibido. Quem é que
controla o adolescente? Hoje nós temos adolescentes
bebendo, comprando. Na lei está que não pode
vender, mas compra-se. E hoje, o consumo de álcool
por adolescentes é muito grande. Não existia isso
antigamente.
O Brasil é campeão mundial do uso de
hipnóticos e sedativos. O Clonazepam, o famoso
Rivotril, é a droga mais consumida no Brasil, no
mundo, aqui. E é uma droga psicoativa. E olha que só
se consegue com receita médica. Imagina se fosse
liberado nas farmácias! E é uma das principais causas
de demência, hoje, conhecidas, de Alzheimer, é o uso
dessas drogas.
Então, vejam que o problema é grave e não
tem essa solução mágica. A gente tem que pensar
muito. Infelizmente, as drogas lícitas não dá para
você proibir mais porque, como é que você vai, com
esse mercado que está aí, lutar contra isso? Então, a
gente tenta, pelo menos, que não sejam liberadas
outras drogas.
A maconha é a porta de entrada, juntamente
com o álcool, para as drogas mais pesadas. É a porta
de entrada. A pessoa começa pela maconha e pelo
álcool, depois vai para cocaína e crack. Isso é
experiência mundial.
O consumo de um cigarrinho de maconha
diário, em dez anos, aumenta três vezes e meio a
incidência de esquizofrenia. Três vezes e meio a
incidência de esquizofrenia. Esquizofrenia é uma
doença psiquiátrica séria, incurável, que o indivíduo
fica totalmente fora do seu comportamento normal.
Então, isso é muito sério, pessoal. A gente tem que
pensar muito.
A questão do uso da maconha para fins
medicinal, na verdade, não é a maconha, não é o
cigarro que tem seu uso em casos de câncer, de
epilepsia, e sim o canabidiol, que pode ser produzido
em laboratório. Não precisa a pessoa fumar o cigarro
para ter os efeitos que a gente entende que, em alguns
casos, deve ser usado, realmente. Porque é a única
droga que vai, muitas vezes, controlar uma epilepsia
dessas.
Então, são questões que a gente traz para
discutir, realmente. Acho que todos têm razão e, ao
mesmo tempo, todos temos pontos que ainda não
temos certeza. Então, acho que toda experiência é
válida, que foi trazida aqui na Mesa, mas eu temo, até
por questão da maconha, pelo contingente grande de
jovens que vão ter problemas mentais quando for
liberado o seu uso.
Eu agradeço a oportunidade e estou à
disposição.
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Obrigado, doutor José Roberto
Pereira dos Santos.
Agora vamos passar para as perguntas. Nós
tivemos algumas colocações muito importantes feitas
pelo nosso representante da Polícia Civil Fábio
Pedroto, delegado, também da Sabrina Ribeiro
Cordeiro, do Welington Barros e do José Roberto,
doutor membro da Associação Médico-Espírita do
Estado do Espírito Santo.
Nós temos a primeira pergunta, feita pela
Pollyana. Por favor, você pode se aproximar do
microfone. Serão falas de no máximo três minutos
para que vocês possam fazer a perguntas, e cinco
minutos para a resposta. Obrigado, Pollyana, pela sua
presença.
A SR.ª POLLYANA TEREZA RAMOS
PAZOLINI - Obrigada!
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Só gostaria que vocês dissessem
o nome e para quem vão direcionar a pergunta que
vocês quiserem fazer.
A SR.ª POLLYANA TEREZA RAMOS
PAZOLINI - Ok. Boa noite! Queria cumprimentar a
Mesa, na figura da Unegro e da Sabrina também,
representante mulher, negra. Unegro, que trouxe uma
fala fantástica, muito obrigada! Muito obrigada pela
sua fala! Foi incrível! Acho que o esforço de
organizar esse evento que compõe uma semana, um
mês para discutir o debate de drogas, infelizmente
cheguei já na metade da sua fala, André, mas que
também foi incrível.
Enfim, estou um pouco incomodada com
vários questionamentos, com a composição, com o
que foi colocado por último, assim, porque acho que
desconsiderou tudo que foi trazido pelos outros
companheiros da Mesa, um exercício, gente, de
pensar para além da aparência. Acho que é esse
exercício que a gente tem feito, inclusive, de
aprofundar e de sair do discurso do senso comum.
Gostaria de ouvir, talvez, a minha pergunta, eu me
desconcertei aqui, que talvez minha pergunta seja
para um membro da Federação. Queria saber um
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 69
pouco mais desses dados, que aumentou o consumo
de drogas. A gente tem feito um esforço imenso.
Inclusive, se vocês virem o nome do evento, que foi:
políticas de drogas baseada em evidências, até que foi
questionada essa nomenclatura, porque como
trabalhar com evidências diante das relações sociais,
que são extremamente complexas? Você pensar em
ciência e evidência, aí você traz esse dado de que
aumentou o consumo da maconha. Quero saber
porque estou começando a pesquisar, então quero
fonte também.
Não sei nem se é pergunta, mas acho que é
importante a gente pensar em buscar a história, por
isso cumprimentei a Unegro. A história da proibição,
a gente precisa pensar e ir à raiz do tal problema.
Então, talvez, não sei se o André tem condições de
trazer um pouquinho sobre esse debate da proibição,
porque talvez, sabe, quando um delegado fala é
diferente do que a gente falando, do seu lugar. É
diferente porque tem sido falado nesta Assembleia
Legislativa. A gente está aqui, cansados.
Trabalhadora, trabalhando o dia inteiro e vem para cá
à noite, o tempo todo. Quero saber da efetividade
dessas audiências. Quero perguntar que nem a
Unegro perguntou. O Legislativo vai fazer o quê?
Plebiscito? Vamos tirar encaminhamento de
audiência pública.
A gente precisa pensar nisso porque a gente
vem para cá, discute, fala entre a gente. A gente está
trazendo e se esforçando. Tem pesquisa. A Ufes
compõe o Coesad. O Coesad está com a sociedade
civil organizada, sabe? Parece que a gente fala com a
parede, não vale, porque o conservadorismo, o
moralismo é tão grande, que isso fecha o ouvido das
pessoas. Está aqui! A gente está com dados: jovens,
pretos, pobres estão morrendo! Gente, isso não é
tirado do nada, isso está no Mapa da Violência, que
inclusive vou consultar, é recente, de agora. Estava
com dados antigos. Outra coisa que ele trouxe: a
guerra. Ninguém tem guerra contra cocaína e crack.
A guerra é contra as pessoas. A guerra está matando
gente.
Só para fechar mesmo, quando a gente fala
de legalização, a gente está falando de
regulamentação. Não é uma liberalização em que
todo mundo vai sair por aí usando drogas em todos os
lugares. Não é isso. Porque já se faz. A gente está
falando de regulamentar, de usar, inclusive, uma
substância que tenha qualidade. Todas nós usamos
drogas, gente! Não sejamos hipócritas. Não sejamos
hipócritas! A gente precisa falar. Inclusive, cadê os
usuários aqui para poder falar? Porque nem isso a
gente tem condição, porque um usuário do Capsad
que trabalho já veio aqui e falou bem ali que o dia em
que ele veio para cá e assumiu que era um usuário de
drogas o quanto que gerou problema, porque é
associado à criminalidade, a pessoa não consegue
emprego.
Então, a gente precisa falar sobre isso. Queria
ouvir um pouco mais. E aí, audiência pública, qual o
nosso próximo passo? A gente precisa sair com um
encaminhamento daqui. Chega de a gente falar, falar.
A gente está com informação, o Coesad está com
gente qualificada. A teoria é importante, ela é
fundamental, ela é o que embasa. E não só teoria, a
gente está falando de gente que trabalha com isso,
que está com pessoas. Gostaria de sugerir, eu não
estou com o livro aqui agora, o livro Quarto de
Despejo. Diário de uma Favelada, de Carolina Maria
de Jesus. Uma autora negra, da década de 50, que
escreveu um livro fantástico, e lá tem várias
passagens que a gente pode utilizar para debater, de
pessoas que viveram isso. Estou falando da década de
50. Estou falando de mim, que sou trabalhadora, que
escuto. Álcool, sim, é um grande problema. A gente
precisa falar sobre isso.
E outra coisa: regulamentar as drogas, para
fechar mesmo.
No sistema capitalista, isso foi falado em
todas as falas de certa maneira, é minimizar o dano
que a droga traz. Não é acabar com os problemas,
porque é isso que você falou, não vai acabar com
tráfico não. Droga é mercadoria, tem muita disputa
em volta disso. Mas, a gente vai reduzir. Pelo menos
vamos deixar de matar nossos jovens, vai reduzir
pelo menos isso. Mas, a gente precisa avançar ou
pouquinho, porque a nossa luta é anticapitalista.
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - A sua pergunta é para quem, por
favor?
A SR.ª POLLYANA TEREZA RAMOS
PAZOLINI - Para a federação espírita. Eu só queria
saber então, onde que estão as informações desse
aumento do consumo.
O SR. JOSÉ ROBERTO PEREIRA DOS
SANTOS - Eu tenho as referências, eu posso deixar.
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - É só dizer à Pollyana que a
composição da Mesa foi discutida no conselho. Não
sei se você participa lá. Participa. Então, essa
composição ela foi feita por vocês.
Doutor.
O SR. JOSÉ ROBERTO PEREIRA DOS
SANTOS - Ela perguntou de onde é a fonte. Eu
tenho as referências aqui, eu posso deixar. Vou
deixar o parecer do Departamento de Saúde Mental,
da Associação Médico-Espírita do Brasil com a
Mesa.
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - O senhor tem cinco minutos. O
senhor gostaria...
O SR. JOSÉ ROBERTO PEREIRA DOS
SANTOS - Na verdade, eu falei da minha
70 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
preocupação também no aumento, como ocorreu na
Holanda, que está tendo esse problema. No Uruguai,
a gente não tem ainda tempo. Eu tenho minhas
dúvidas também. Eu sou contra também, a questão do
aprisionamento como é feito, essas coisas. Eu
questiono a liberação, como vai ser esse controle.
Falar em regulamentação é muito bonito, é fácil, mas,
como vai ser isso? Quem vai cuidar disso? É o
Governo? Porque sempre vai ter alguém ganhando
com a droga. Como vai ser isso?
Sei, mas o Rivotril eu também sou contra. Só
estou falando que a raiz das coisas é a educação. A
raiz de tudo. Se a gente não focar nisso, na base,
porque vai demorar, isso é uma coisa que demora.
Essas coisas não são resolvidas por decretos, nem
essas leis, não vai ser resolvido isso.
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Cássio está inscrito para fazer
perguntas. Por favor, Cássio. Três minutos, por favor.
O SR. CÁSSIO NASCIMENTO - Queria
dar um boa-noite a todos aqui. Meu nome é Cássio.
Faço parte do movimento População de Rua. Não sei
se vou fazer pergunta ou deixar uma indagação.
Queria falar que a droga não é causa das pessoas
estarem descambadas pelas favelas, pelas ruas, mas
uma política que não funciona; funciona gato
pingado, chovendo, aquele sereno.
Fui pessoa de situação de rua, já usei todo
tipo de droga, e, a política, pelo que vejo falar, só
vejo falar. Droga não é uma doença. Eu me libertei
sem remédio, sem nada; sem remédio, sem Caps, sem
nada. Quando eu precisei, não estava no meu critério
ali, para eu querer uma ajuda.
Eu queria deixar aqui, Vitória. Quero falar do
espaço que acolhe as pessoas em situação de rua. De
dentro desses espaços que atendem a essas pessoas
em situação de rua, ela passa ali para as pessoas irem
para o Caps, mas não tem uma passagem. Quando
uma pessoa não vai, ela é punida do espaço, ela posta
para fora. Quando a pessoa vai numa segunda-feira,
numa terça-feira, se alguém que é algum
coordenador, que é alguma coisa desse espaço chega,
bota essa pessoa para fora. Essa pessoa vai ficar mais
exposta ao álcool, à droga, pelo lado de fora, do que
por dentro. Pelo menos ali ela está impedida de ter
acesso ao álcool, ou à droga.
Queria saber assim... Isso está matando as
pessoas onde eu moro, ali no bairro da Penha, em
Vitória. Não vejo a política de saúde subir lá para ver
as pessoas que estão precisando de uma saúde, do
Cras, por exemplo. Aí fica na demagogia falando que
vai ajudar na política, que vai ajudar as pessoas sobre
drogas, sabendo que o Estado não está dando nem
conta de ajudar às pessoas que sustentam o próprio
Estado. Só isso mesmo.
Estou aqui nervoso, estou sem palavras no
momento. Mas estou acompanhando a política dia e
noite.
Queria deixar aqui que, não é a droga que faz
as pessoas serem descambadas do jeito que estão
pelas ruas. Porque eu fui usuário, estava pelas ruas aí,
como falei no começo, e a política não me alcançou,
e fica nessa demagogia que não funciona.
Queria saber de algum de vocês aqui o que
pode fazer para essa política funcionar? Porque só
vejo falar de blá-blá-blá e as pessoas estão
descambadas do mesmo jeito.
O que mais o povo de rua precisa não é
comida, pão, água, não. Precisa de uma moradia
digna. Não é o espaço lá que a prefeitura quer ceder
não, é moradia digna com sua chave ali, no seu
nome; não com nome de prefeitura, com nome de
Governo, não. Dignidade, emprego, é isso que a
população precisa, carente e a de rua também.
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Obrigado, Cássio.
Alguém da Mesa gostaria de direcionar
alguma fala para o Cássio pela reflexão que ele fez?
Então, o terceiro a fazer a sua pergunta é José
Carlos...
A SR.ª SABRINA RIBEIRO CORDEIRO
- Deixe-me só fazer uma observação. Acho
importante, Cássio, demais que você se coloque, e
acho importante, também, que as políticas públicas
ouçam cada vez mais usuários, e que os usuários
possam se fortalecer e ocupar o espaço de
deliberações das políticas.
Temos os conselhos de direito. E, hoje, faço
parte do Conselho Estadual de Assistência Social e
temos um membro do Movimento de População de
Rua lá. Temos membro de fórum de usuários, quanto
isso é importante. O quanto é importante a gente
ouvir das pessoas que fazem uso das políticas.
E acho que temos pessoas aqui, tem Nathalia,
tem Camila, tem a Pollyana, tem outras pessoas,
Luciana, que trabalham na política da saúde mental
dos municípios da Grande Vitória no estado. E, que,
muito embora, você esteja falando da perspectiva de
uma pessoa insatisfeita com esses equipamentos - e
acho superválido porque, de fato, temos falhas,
precisamos olhar para essas falhas para conseguir
produzir um trabalho cada vez melhor - existe uma
direção que tem sido dada por técnicos muito, muito
competentes que estão ocupando espaços de
trabalhadores nessas políticas, e que precisamos ouvir
deles os esforços que têm sido feitos para poder
produzir mais saúde e mais vida nesses espaços. Mas
acho que é isso mesmo da ordem do reivindicado se
colocar, questionar, só assim que a gente avança.
(Pausa)
É não entra. (Pausa) Fato. (Pausa)
Importante, muito importante essa fala. O excesso de
formalidades, as metodologias, muitas vezes até a
nossa linguagem não acessam as pessoas que são as
mais interessadas.
Mas aí, então, assim, no uso desse lugar de
mesa, gostaria de dar fala para as minhas colegas da
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 71
saúde mental que, em algum momento se sentirem à
vontade para poder então, falar um pouquinho desse
trabalho que tem sido construído na direção de uma
política diferente dessa que existe hoje, que estamos
tentando construir numa outra direção.
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - O senhor delegado gostaria de
complementar?
O SR. FÁBIO ALMEIDA PEDROTO -
Vou só complementar à fala do Cássio.
Cássio, a dignidade e a observância dos
direitos fundamentais começa lá na sua rua que, muitas
das vezes, não tem nem nome; a sua casa não tem
número. Isso é dignidade! Começa aí. Muitas das vezes
cumpri mandados de busca e apreensão: rua Projetada
s/n.º. Isso permitia, por uma chancela judicial, eu
entrar em qualquer casa daquela rua e violar os direitos
de todos aqueles moradores, porque a dignidade não
foi observada. O poder público não fez a parte dele em
pelo menos numerar e colocar um nome naquela rua.
São invisíveis sociais, como diria Luiz Eduardo
Soares.
O que a nossa colega Pollyana disse,
rapidamente vou complementar aqui. Pollyana, a
polícia foi criada e sistematizada no Brasil, em 1808,
para garantir os privilégios da nobreza. A polícia foi
criada para punir a pobreza. Muito bem? Então,
lembre-se que no Século XIX, tínhamos o crime de
capoeiragem. Praticar capoeira em via pública, pena:
reclusão de quinze a vinte dias de prisão celular.
Se eu não posso criminalizar uma pessoa,
vou criminalizar os seus hábitos. A origem da
proibição da maconha, na virada do Século XIX para
o XX, foi justamente essa. A origem da proibição foi
voltada por critérios de empreendedorismo moral,
como diz Howard Becker. Por quê? Se eu não posso
criminalizar o negro, ou o mexicano, ou o europeu na
figura, principalmente do irlandês, vou criminalizar a
maconha, a cocaína, que era utilizada pelos negros
das docas dos Estados Unidos naquela época. Então,
se eu não posso criminalizar uma pessoa, eu
criminalizo o hábito.
Marijuana é o nome que foi dado, escolhido;
é um nome latino justamente para você associar a
marijuana aos mexicanos. Se eu não posso expulsar
os mexicanos do meu território, por políticas mais
radicais de xenofobismo, eu posso sim prendê-los,
tirá-los da sociedade. Isso funciona no Brasil nos
tempos atuais, porque temos seiscentos e vinte e sete
mil pobres presos.
Se eu não posso punir o fato de uma pessoa
ser pobre ou negra, moradora de periferia, com pouca
ou nenhuma instrução, eu vou tirar ela da sociedade,
porque uma professora falou: Ele é o consumidor
falho, ele não interessa para a sociedade, então, vou
colocá-lo no cárcere.
Como diria Luc Vacan, o cárcere é a prisão
social e a favela é o guia do Judiciário. Então, eles
orbitam nesses dois campos, e nós continuamos
prendendo pessoas, negros, pessoas de periferia; é a
nossa rotina diária. E eu, como delegado de polícia,
muitas das vezes me envergonho por ver a população
carcerária que temos hoje, eminentemente composta
por essas pessoas, essas classes vulneráveis, esses
clientes preferenciais do direito penal.
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Vamos ouvir agora José Carlos
Fiorido. Ele é do Coesad e da Federação Espírita, por
três minutos.
O SR. JOSÉ CARLOS FIORIDO - Boa
noite a todos!
Com muita alegria estamos aqui
cumprimentando a Mesa.
Queria iniciar minha fala, que é curta. Tenho
problema com esse bicho aqui, porque me dá uma
febre, dá vontade de não largar. Mas eu queria pegar
um gancho na tua fala, meu irmão, quando você disse
que ninguém deixa de cheirar por decreto. Assino
embaixo! Mas eu pegaria uma fala do Mandela, que
diz assim: se a pessoa aprendeu a amar - estou
parafraseando Mandela -, se a pessoa aprendeu a
odiar, ela é também capaz de aprender a amar.
Da mesma maneira que ela aprendeu a
cheirar, ela é capaz também de aprender a não
cheirar, quando ela aprende a conhecer a razão de ter
um corpo, qual é o sentido da vida, qual é o papel
social que ela tem que exercer consigo mesmo na sua
relação com o outro, na sua família, no seu ambiente.
Por isso, faço coro e encho a boca para apoiar
a fala do prezado companheiro. Concordo divergindo
no que toca, não do enfoque em si, o tempo é muito
curto, porque não se fala de proibição em geral. Mas
é preciso saber em que base se dá essa tal liberação,
essa tal redução de danos, porque não se sabe num
país onde não tem esse controle de nada,
absolutamente nada.
Não se controla o dinheiro do presidente da
República, mas se controla o dinheiro da comunidade
terapêutica, muito bem citado pelo senhor, quando a
grande maioria delas é feita por religiosos. E há um
proselitismo religioso aberto em todas elas porque,
como membro do Coesad, eu fiscalizei diversas delas
e constatei o que o senhor disse, não tendo proposta
terapêutica alguma, quando tem, é no papel. Mas eu
vou mais: nós não temos, no Espírito Santo, uma
política pública para esse setor. E, talvez, a questão
mais importante desta audiência seja a própria
pergunta em si.
Sou membro do Coesad desde o início do
Governo que está aí. Fizemos a primeira eleição do
Coesad agora, há pouco tempo. No início, estava na
Sejus, depois foi para a vice-governadoria, agora foi
para a Secretaria de Direitos Humanos.
Curiosamente, o Coesad não foi perguntado a
respeito, ninguém debateu essa questão.
Então, para que serve o Conselho? Para que
serve? Será que nós vamos ficar no debate? Eu fiquei
com vergonha da fala do companheiro, porque eu não
72 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
responderia absolutamente nada. Ele disse,
absolutamente, o real. Então, nós temos que começar
é do zero.
Esse título está aí e, de certa forma, ele foi
proposição, digamos, estimulada por mim, porque o
tema que viria aí seria a descriminalização da droga.
E eu pergunto se a sociedade está, verdadeiramente,
convicta de que esse é o melhor caminho.
Não há estudo suficiente para comprovar
isso, embora um segmento da Ciência, que se diz
Ciência, diga isso. Não é! Há outro segmento dizendo
o contrário. Então, eu concordo plenamente num
debate. E aí, se há que alguém peça mais debate, que
se façam outras audiências, e muitas, não poucas,
para que a gente possa ter, verdadeiramente, uma
discussão ampla, aberta, com informações dos
diversos lados, das diversas correntes, inclusive, a
dos religiosos. Porque se tem alguém que faz um
trabalho de graça, de noite, todo dia, mesmo que seja
dando sopa na rua, é esse povo, porque, de resto, o
serviço público funciona de segunda a sexta, e não
mais. Se tiver feriado, perde uma semana, e tchau.
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Obrigado, Fiorido.
Agora, vamos ouvir o Elias Ferreira Nunes,
presidente da Federação de Comunidades
Terapêuticas. Elias, gostaria que vocês direcionassem
a pergunta para alguns dos membros da Mesa, se for
o desejo de vocês; se não for, também... Por favor,
por três minutos, Elias.
O SR. ELIAS FERREIRA NUNES - Boa
noite a todos e a todas. Primeiro, gostaria de dizer
que nós, das comunidades terapêuticas, não somos a
favor da liberação das drogas. Compartilhamos a
mesma fala do companheiro da Federação Espírita, e
muito nos entristece este momento em que nós não
pudemos estar aí para ajudar no debate também, mas
participamos e estamos presentes. Em todos em que
pudermos estar presentes, nós vamos estar presentes.
A política sobre drogas que queremos é um
conjunto que envolve educação, saúde, habitação,
saneamento básico, lazer, cultura, esporte. Essas
coisas têm que estar em conjunto. E aqui neste debate
deveriam estar reunidos aqueles que fazem parte
dessa política.
Porque uma criança vai para o mundo das
drogas, porque ela não tem direito a um tanto de
outras coisas que ela deveria ter. Porque, enquanto a
mãe e o pai têm que sair para trabalhar, ela não tem a
creche, ela não tem a educação de que ela precisa, ela
não tem o apoio que o Estado deveria dar. E por isso
ela se envolve com o quê? Com as drogas, porque o
traficante está sempre presente para acolher essa
criança, esse adolescente, esse jovem.
Então, a política sobre droga é muito mais
além do que ficar aqui discutindo se libera ou não
libera. Porque, se um dia alguém falar para mim que
tem condições de liberar as drogas, se tem condições
de liberar as drogas, você vai dar conta de cuidar das
crianças e dos adolescentes para que eles não se
envolvam nas drogas, ao ponto de virarem um zumbi,
um dependente de crack que fica por aí igual a um
zumbi. Aí sim nós podemos estar juntos nesse debate
também, e podemos apoiar. Agora, falar e discutir a
questão das drogas, e trazer relatos de livros de não
sei quem, de não sei quem, isso não resolve o nosso
problema agora. O nosso problema agora, está ali do
lado de fora. Porque, se nós sairmos aqui agora, nós
vamos encontrar os zumbis que estão ali, que
ninguém apoia e que ninguém tem condições de ir lá
e ajudá-los.
Agora, as comunidades terapêuticas, Padre
Honório, que o senhor também é um gestor de uma
comunidade terapêutica, apoia uma comunidade
terapêutica, as comunidades terapêuticas estão
fazendo um trabalho, hoje, que o Estado não faz, que
o Estado não tem condições de fazer. E isso, estamos
vendo hoje que um dos melhores resultados que
existe hoje para o dependente químico é a
comunidade terapêutica.
É bom, e o companheiro aqui disse do
dinheiro que vai para as comunidades terapêuticas.
Olha, sou de uma comunidade terapêutica e na minha
comunidade terapêutica, hoje, tem dezenove pessoas.
Digo para vocês, hoje o Estado paga mil reais se ele
estiver no Proviv, mil reais para uma comunidade
terapêutica acolher uma pessoa. Quanto que o Estado
está pagando hoje para uma clínica acolher e internar
um dependente químico?
No ano passado, foram gastos mais de
quarenta milhões com clínicas. Cadê os donos das
clínicas? Por que vocês não perguntam para eles o
resultado deles? Porque nós podemos apresentar os
nossos resultados. Sou da Pastoral da Sobriedade, nós
temos nosso grupo de autoajuda e está aqui a Rosa
Dulce, da Pastoral da Sobriedade, que faz um
trabalho belíssimo junto com a gente. Temos aqui
companheiros do AA que, inclusive, se não me
engano, até foram embora, porque são companheiros
que estão desprezados muitas vezes.
Queria só mais um minutinho para dizer para
vocês de toda a Mesa que, primeiro, o Coesad tem
uma resolução, Fiorido, e você ajudou a aprovar
essa resolução e eu também, em que ela fiscaliza
comunidades terapêuticas e clínicas. Se você for a
alguma comunidade terapêutica que ela não estiver
cumprindo a resolução do Senad, a Resolução n.º
29, se não estou enganado, então, vai lá e fecha
essa instituição, fecha essa comunidade
terapêutica. Agora, vocês têm que olhar o seguinte,
as comunidades terapêuticas estão aí, estão
legalizadas e estão dando resultado.
Queria, para finalizar, lógico que não temos
ainda muito tempo, porque nosso tempo é curto,
mas aqui tem esse rapaz que estava há muitos anos na
rua e ele pode falar para vocês como é uma
comunidade terapêutica. (Pausa)
(É executado o áudio)
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 73
O SR. ELIAS FERREIRA NUNES - Esse é
apenas um. Agora, Padre Honório, a partir de hoje, a
partir deste encontro, vou desafiar este Plenário e vou
desafiar, inclusive, o presidente desta Comissão, que
tanto tem nos apoiado, apoiado a política e buscado
solução, para que nós possamos trazer aqui as
comunidades terapêuticas para um debate neste
plenário, e que nós, a partir de agora, nós vamos
mostrar para essa sociedade o que uma comunidade
terapêutica faz.
Em vários momentos, as comunidades são
descriminadas e são desvalorizadas por fala de
pessoas que, inclusive, não têm, e garanto para você,
o companheiro que falou aí das comunidades
terapêuticas e os outros que falaram, eu, durante esta
semana, recebi vários telefonemas de mães
desesperadas...
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Por favor, Elias.
O SR. ELIAS FERREIRA NUNES - Que
estão desesperadas porque não conseguem
atendimento para seus filhos e nós, das comunidades
terapêuticas, estamos acolhendo essas pessoas e
dando a elas uma oportunidade de rever a sua vida e
de mudar de situação.
Nós encontramos somente pessoas que vêm
pra cá fazer debate, fazer discurso, mas quero dizer:
vamos lá então, vamos mostrar o seu trabalho e
vamos mostrar o nosso. Não estou aqui para ficar
contra o lado a ou lado b, todos são importantes nesse
momento, mas vir aqui falar de comunidades
terapêuticas sem ao menos conhecer, sem saber o que
é esse trabalho e sem saber o que é esse acolhimento,
é covardia. Se quiserem ir nos visitar, estamos na
BR-262, quilômetro vinte e quatro, em Viana.
Vamos, então, ser justos com a nossa política. A
política que queremos envolve toda a política e ela
tem que ser o conjunto...
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Por favor, Elias, direcione sua
pergunta.
O SR. ELIAS FERREIRA NUNES - Hoje,
envolvendo Caps, envolvendo todo o processo
público para que possa ajudar as comunidades
terapêuticas. O resto a gente pode até discutir, mas
agora, no momento, precisamos dar o socorro a esse
povo que está por aí e que está perdido nesse
momento...
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Por favor, Elias.
O SR. ELIAS FERREIRA NUNES -
Atendendo essas mães e esses pais que estão
desesperados, esses jovens, crianças. Aliás, outro dia,
uma mãe me ligou, com uma criança de onze anos,
que está drogada, em surto e ela não tem apoio da
sociedade. Obrigado.
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Olha só, eu gostaria de
esclarecer que a composição da Mesa foi feita pelo
conselho e todos, várias pessoas que já fizeram a fala,
tem cadeira no conselho. Não é função da comissão
dizer quem está certo, quem está errado.
A nossa missão, a nossa função é fazer a
reunião, escutar as pessoas, abrir o espaço, pois tem
centenas, eu acredito que tem talvez milhares de
pessoas acompanhando este debate agora. Não só as
pessoas que estão aqui. Porque a audiência está sendo
transmitido ao vivo.
Então, gostaria de dizer que quem definiu a
composição da Mesa foram pessoas do conselho. Em
nenhum momento nós interferimos, nem no tema e
nem nas pessoas para compor. E esse tema foi
escolhido, também, em reuniões anteriores e é nossa
missão abrir esse espaço.
Eu tenho que ouvir quem pensa diferente,
quem pensa do jeito que eu penso. Imagina o que
seria do calor se não fosse o frio. Então, é necessário
que a gente tenha também a humildade de entender
que cada um olha de um jeito. Um dia a gente vai
errar menos e acertar mais, se a gente tiver a
capacidade de dialogar.
O Thiago de Carvalho Guadalupe, do
Instituto Jones dos Santos Neves, do Coesad. Por
favor Thiago, por três minutos. A gente pede para o
pessoal ficar dentro dos três minutos, porque senão é
injusto com aquele que procurou observar o tempo e
o outro que não está observando o tempo previsto.
O SR. THIAGO DE CARVALHO
GUADALUPE - Boa noite a todas e todos.
Parabenizar a Mesa, o espaço aberto. Acho que está
claro que precisa haver vários espaços como este,
vários debates como este. Hoje, é um reflexo do
quanto a gente precisa debater mais e mais sobre esse
tema. E também parabenizar o apoio do Coesad.
Eu pontuei alguns tópicos e gostaria de
levantar para também ajudar a construir este debate.
E caso algum colega da Mesa ache importante
complementar, fique à vontade. A primeira coisa em
relação à política, o conceito que está no título e o histórico da política sobre drogas, porque eu também
parto de um ponto inicial. O que é a droga? O que é
essa substância que a gente demoniza pelo fato de
ela estar proibida hoje? Porque o café, já se matou
por causa do café, por conta de açúcar. A substância
é arbitrariamente definida como proibida ou não.
E a gente vê, e só estou levantando esse
ponto porque eu quero tocar em outros, porque eu
fiquei, assim como a Poliana, fiquei um pouco
chocado também. A gente tem os pais da guerra às
drogas, e eu ia falar de vários países, aqui, e quem
dera se o Brasil estivesse hoje com os problemas da
Holanda, que foram colocados aqui. Porque a
Holanda está bem resolvida, já bem evoluída em
relação à política sobre drogas.
74 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
Os pais da guerra às drogas abandonaram os
seus filhos e, hoje, a maioria dos estados nos Estados
Unidos, cumprem esse tipo de política de guerra às
drogas, de repressão. Inclusive, e aí quero linkar com
outro tópico, que é quando se fala legalizar,
descriminalizar, não se fala em anarquia. Não se fala
em nenhuma liberação geral que de certa forma, a
gente precisa desses espaços para esclarecer à
sociedade que o debate tem que tirar julgamentos,
preconceitos e mitos e ir para o lado técnico da coisa.
Então, quando se fala em liberar, é
regulamentar. E aí, é sair da clandestinidade, porque
quando o colega fala que está com medo de
regulamentar uma substância, tem algo pior do que a
juventude negra estar sendo exterminada? Eu acho
que não, acho que não. Acho que regulamentar é um
grande avanço.
E países como a Espanha, Portugal e
Uruguai, e tantos outros que estamos vendo, evoluiu,
sim, nesse ponto, pelo menos, na minha avaliação.
Eu queria dar outro dado, em relação a
institutos, hoje, de pesquisa, de saúde, de direitos
humanos, no mundo, estão tirando a maconha dos
formulários de drogas, de abuso, dependência, porque
cientificamente, já está mais que provado que é uma
substância que não tem todo o peso demoníaco que se
coloca na sociedade hoje. Então, hoje, formulários no
mundo estão retirando essa substância e outras,
legalizadas, estão aí causando muito mais danos.
Para fechar, eu acho muito infeliz o termo,
acho que é um mito e a gente precisa quebrar esses
mitos, nesses espaços, de que a maconha é uma porta
de entrada para alguma coisa. Aí não falo isso num
debate ideológico, eu não quero entrar nisso aqui
agora, mas num debate que a neurociência traz.
A gente tem um famoso neurocientista, o
Carl Hart, que toca nisso, mas tem vários outros,
como Gargory e vários outros, que tratam como a
maconha está sendo usada como porta de saída e não
de entrada. Ela é mais porta de saída. As pessoas que
são dependentes de drogas mais pesadas hoje
conseguem ter uma vida normal e conseguem
substituir substâncias mais pesadas pela maconha.
Então, quebra-se esse mito da porta de entrada. Eu
acho que aí, para fazer uma contraposição, a gente
pode falar em porta de saída.
Então, eu só queria reforçar que acho que
pelo tópico proposto na audiência, regular,
regulamentar é o que está vinculado à
descriminalização. Não é nenhum tipo de anarquia
geral, nem de liberou geral.
Eu também tenho muita dúvida em relação à
fonte desses dados, quando se fala dos países que
estão muito mais avançados que o nosso, quando essa
regulamentação ocorreu, o consumo aumentou,
porque também a gente tem outro tipo de informação.
Muito obrigado. (Palmas)
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Obrigado, Thiago!
Agora, quem faz uso da palavra - alguns
estão fazendo pergunta, quase ninguém fez pergunta
até agora, mais fala, mas é importante, cada um está
querendo expressar a sua opinião, faz parte - Camila
Mariani, do Núcleo Estadual da Luta Antimanicomial
e do Capsad, por três minutos.
A SR.ª CAMILA MARIANI - Boa noite.
Eu sou a Camila e eu trabalho na saúde mental já há
dez anos em dois Caps, em dois municípios, e sou da
luta antimanicomial.
Algumas pessoas falaram aqui da
importância de a gente trabalhar a base. O Elias
falou, o José Roberto falou, a Sabrina falou, Fábio,
todo mundo falou. É fato: se a gente não trabalha a
base, a gente não consegue muito coisa. Então, a
eficácia do nosso trabalho, se a gente começar agora
com investimentos públicos, a gente vai ver daqui a
vinte anos. Então, a gente tem que começar. Mas, aí,
o Governo Estadual fecha escola. Aí, tem muitas
creches que não começam a acolher crianças com
seis meses. É verdade. E aí, para aonde vão essas
pessoas? As mães que precisam trabalhar, as crianças
ficam onde? É verdade. Essa é uma questão. A gente
tem bairros que não tem praça. As crianças não têm
onde jogar bola e as crianças de alguns lugares não
podem atravessar a rua para ir ao bairro onde fica a
unidade de saúde porque são filhos ou netos de algum
traficante que matou o outro do outro bairro. Isso
também é uma verdade.
Então, isso aí está relacionado à guerra às
drogas, sim, porque se tivesse uma regulamentação -
que aí a gente tem que estudar como será, porque não
é libera geral - isso tem que ser estudado e tem que
ser discutido e a gente pode tentar fazer diferente.
As drogas não são mais puras como eram
antigamente. Então, isso aí pode levar a alguns
transtornos. Eu trabalho em Caps e eu vejo pessoas
assim, mas não é a droga que leva a isso
necessariamente. A pessoa já desenvolveria. Talvez
um pouco mais tarde, mas já provavelmente teria,
porque tem outras questões contextuais nessa
situação. Inclusive, o medo de assumir que faz uso de
alguma substância também causa uma grande
persecutoriedade. Então, isso também precisa ser
levado em consideração. Conheço algumas pessoas
assim.
Acompanho uma pessoa lá em Vila Velha,
no Caps, que fez uso de crack durante vinte anos e
trabalhava. O que a levou a parar de trabalhar e ser
muito dependente do uso do crack foi o término de
um relacionamento. Olha só! Ela não tinha outra
possibilidade de lazer, nem nada. Ela morava em
outro estado, veio para cá com a mulher e blá, blá,
blá. Então, hoje ela está lá e tudo que ela quer é
trabalho. Ela não tem nenhuma possibilidade de
lazer, ela não tem onde morar. Neste momento ela
está acolhida numa comunidade terapêutica que ela
conhece, que ela detesta, tem pavor, porque ela não
tem onde morar e não tem vaga no abrigo. Olha só!
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 75
Cadê a assistência social? Então, é uma situação
grave. Cadê a questão de trabalho e geração de
renda? Porque se ela tivesse um trabalho, eu, outros
colegas, outros usuários e a própria tem certeza de
que ela estaria numa condição de vida muito melhor,
porque ela já conseguiu isso em outros momentos,
inclusive, já conseguiu ficar abstinente também.
Então, essa é uma situação.
A outra situação, trabalhei na Acard,
Associação Capixaba de Redução de Danos, em
2002, mais ou menos. Naquela época, não me lembro
do nome do cara, mas era um cara coordenador da
atenção de saúde mental da Holanda que trouxe
pesquisas, mas já faz tempo, já não tenho dado, já
casei, já mudei, perdi coisas. Disse, garantiu que não
houve aumento do uso de nenhuma substância
quando a Holanda decidiu descriminalizar e
regulamentar o uso das substâncias todas. Inclusive,
segundo ele, me lembro desta fala, eu estava lá, do
meu ladinho, fui eu que traduzi, ele falou que
diminuiu. Então, tem vários dados. A gente tem que
ver várias coisas.
O Cássio falou da experiência dele e,
realmente, por exemplo, faltam recursos humanos.
Tem unidade de saúde que deveria ter quatro agentes
comunitários numa equipe e tem um. Unidade de
saúde deveria ter três médicos, tem um. Deveria ter
psicólogos, às vezes dois, tem meio, porque está mais
de licença do que lá, porque, às vezes, nem tem, não
é verdade? Porque está de licença porque não aguenta
toda a pressão também, porque não é fácil, gente! A
gente não salva o mundo, mas só vai melhorar se a
gente começar agora. Daqui a vinte anos, talvez
trinta. Então tem que começar.
Agora, um bairro onde os adolescentes, em
que essa paciente de que falei antes que eu
acompanho me disse: No réveillon, doutora Camila,
os meus vizinhos perguntaram o que era aquele
monte de barulho, porque não estava chegando
droga. De onde vinham aqueles fogos de artifício?
Eles nunca tinham ido à praia ver os fogos de
artifício no réveillon. Qual é a diversão dessas
crianças num lugar que não tem uma quadra, um
parquinho? Então isso daí é lazer que não tem. Sorry!
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Obrigado, Sabrina.
A SR.ª CAMILA MARIANI - Ah, só mais
uma coisa: eu estava na audiência pública em que o
Elias estava à mesa, no dia 3 de março, onde as
unidades terapêuticas foram discutidas. Eu estava
aqui.
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Nathalia Borba, por favor, da
Secretaria de Estado da Saúde.
A SR.ª NATHALIA BORBA RAPOSO
PEREIRA - Boa noite. Eu ia comentar alguma coisa
do que foi falado aqui, mas fui me mobilizando. Vou
tentar falar bem rapidinho.
Acho que, Cássio, você mobilizou muito
todos nós com o que você fala e eu concordo muito
com as palavras da Sabrina. Acho que as pessoas que
fazem uso das políticas públicas, dos serviços ou que
demandam, a gente tem que ocupar mais espaços,
ocupar espaço como esse, ocupar movimento social,
ocupar as instâncias onde o que se faz das políticas
públicas, onde essas decisões são tomadas. A gente
precisa de mais usuários de serviços nesses espaços.
Então, acho muito bom que você tenha vindo, que
você tenha pedido a fala e é uma pena que não tenha,
realmente, mais pessoas aqui para fazerem falas
como a sua.
Mas me preocupa só um pouquinho quando a
gente fala e acho que essa não foi a sua intenção.
Estou pegando esse gancho. Mas quando a gente fala
da questão da política pública que não funciona, do
serviço público que não nos atende, de a gente entrar
num discurso de desqualificar aquilo que é público,
de a gente achar que política pública, o público não
nos atende, o público não é bom. Acho que é o
contrário, a gente precisa investir mais. A política
pública, a política de saúde teve gasto congelado.
Eu converso muito, não estou na ponta, estou
num outro lugar, então converso mais com os
profissionais de saúde do que com os usuários de
fato, e é a categoria que mais tem adoecido. Os meus
amigos, os meus colegas, os profissionais de saúde
estão trabalhando à base de tranquilizante, remédio
para dormir, ansiolítico, antidepressivo para aguentar
levantar de manhã e dar a cara de novo, tentando,
brigando por uma política que seja pública, de
qualidade, que permita o atendimento de todos os
cidadãos.
Há exceções, mas geralmente quem escolhe
uma carreira de saúde escolhe um pouco por paixão,
escolhe um pouco porque quer trabalhar por uma
vida mais digna mesmo. Então a gente sofre muito
quando a gente vê as coisas não dando certo, quando
a gente vê a coisa não engatando.
Já estive mais próxima dos usuários, mas
acho que temos que trabalhar junto mesmo. A
política de saúde mental, o que tem de avanço nela
foi construído entre trabalhadores e usuários juntos.
Quando a gente fala da história da reforma
psiquiátrica, é uma história que foi construída junto.
E se a gente conseguiu construir e mudar tanta coisa bacana junto, acho que é junto que a gente consegue
profissionais e os usuários e a sociedade. Até porque
o profissional é usuário, não é? Quando eu falo que a
gente está, também, adoecendo, eu estou falando
que nós também somos usuários, como a minha
colega está me complementando aqui. Só queria fazer
essa reflexão, mesmo. Mas essa nem é a minha fala.
Também não tenho como não falar: eu
preciso fazer uma correção no dado, Elias. Desculpa,
mas quando você fala do recurso que foi gasto, o
estadual: até o final de 2017, as internações feitas
pelo estado eram feitas majoritariamente em
comunidade terapêutica. Então, se essa fosse a
76 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
resposta, nós estaríamos no céu, porque esses trinta
milhões que foram gastos, foram gastos com
comunidades terapêuticas. Foi em novembro de 2017
que nós paramos de fazer.
Eu estou concluindo. Você levou dez
minutos. Elias, você fez dez minutos, me deixa fazer
a minha fala.
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Por favor, Elias.
A SR.ª NATHALIA BORBA RAPOSO
PEREIRA - Em novembro de 2017 nós paramos de
internar em comunidades terapêuticas pela Secretaria
Estadual de Saúde. Então, esse dado de gasto que a
gente tem acesso até aqui, a gente está falando de
comunidades terapêuticas, sim. E eu não estou
falando aqui contra a comunidade terapêutica, não.
Eu acho que ela é uma opção de tratamento, mas ela
não pode ser o gasto prioritário e exclusivo de onde a
gente destina o recurso público. A gente precisa de
várias oportunidades.
Quando eu falo que você mobilizou muita
coisa, você não mobilizou muita coisa. Você fala de
como você parou de usar a droga, não é? E, para
algumas pessoas é a comunidade terapêutica, para
outras é o Capsad, para outras é um novo amor, para
outras é um emprego. Cada pessoa tem a sua
resposta. E a gente precisa é de opções, a gente
precisa dar opções para as pessoas na vida, de
assistência social, de moradia, todos os tipos de
opções.
E aí, falando isso agora, eu vou falar o que eu
ia falar, que me preocupa um pouco. Quando eu vejo
o tema: Políticas sobre drogas que queremos. Eu não
quero uma política sobre drogas, primeiro ponto. Não
quero política nenhuma sobre drogas. Não trato
droga, não cuido de droga; eu cuido de gente, eu trato
gente. Então, acho que, primeira coisa, a gente
precisava começar a falar de políticas de pessoas,
políticas de vida, projetos de vida, políticas públicas
para a vida, para pessoas, projetos de felicidade, o
que quer que seja. Não é sobre drogas. Não estamos
debatendo drogas. Não temos que debater drogas.
Todos nós fazemos uso de café, chocolate,
Rivotril, o que seja. Então, vamos lá, vamos deixar as
drogas, vamos falar de gente. Por que é que, para
algumas pessoas, o uso da droga se torna tão nocivo?
Por que é que algumas pessoas perdem a vida no uso
da droga? E, aí, eu estou falando de gente.
Primeiro ponto: não quero políticas sobre
drogas. Segundo ponto: me preocupa um pouquinho -
e aí é um convite para a Mesa, também, se tiver
alguma reflexão a fazer e parece um paradoxo eu
falar disso porque eu estou falando da Secretaria
Estadual de Saúde -, também, quando a gente traz a
questão das drogas - de novo, as drogas - para o
campo da saúde. Então, droga é uma questão de
saúde pública. Já falando a minha primeira parte:
pessoas são assunto de saúde pública, drogas não.
Mas me preocupa, porque parece que, aí, o uso de
drogas é sempre uma doença.
Será que ele é sempre uma doença? É uma
pergunta, mesmo. Eu, particularmente, acho que nem
sempre. E, aí, considerando todos os tipos de drogas:
eu estou falando de drogas lícitas e ilícitas. Preocupa-
me que isso também não se reflita, um pouco, na
política que a gente tem visto hoje, que é
majoritariamente de internação. E, aí, quando vocês
falam, vocês trouxeram muito essa questão do
encarceramento, que está ligado à lei de drogas.
A outra face, quando a gente está trazendo
para o campo da saúde, é internação compulsória, de
uma forma assustadora. Isso não é outro tipo de
encarceramento? Se as pessoas, sendo internadas? Eu
tenho hoje mais ou menos cinquenta ordens judiciais
não cumpridas, porque a gente está fazendo meio que
um cabo de guerra. Ordens judiciais para a internação
compulsória sem laudo médico, sem nenhum
profissional de saúde ter se pronunciado, embora
tenha uma lei que diga isso.
Então, quando eu trago para o campo da
saúde, eu não estou dizendo que não tem que trazer,
mas que isso tem que ser refletido com muito, muito,
muito cuidado, com muito carinho. Será que eu não
estou trabalhando outro tipo de encarceramento? E,
aí, curiosamente, ou não, quando eu vou aos lugares
visitar, porque eu recebo muito papel, e eu olho para
esses pacientes e eu olho para essas pessoas que estão
ali, internadas contra a sua vontade, por muito mais
tempo do que seria necessário clinicamente, eles são
negros, eles são jovens negros, eles estão saindo da
cadeia e indo para as internações. Mas será que é
isso? Será que a gente não corre o risco de trazer para
o campo da saúde - que é um discurso que eu
defendo, que é mais bonito - e fazer outro tipo de
encarceramento da juventude negra? Será? É uma
preocupação que eu tenho. Eu não sei se a Mesa já
pensou sobre isso.
Desculpe, me alonguei um pouquinho, mas é
isto.
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Obrigada, Nathalia.
Por dois minutos? Por favor.
A SR.ª SABRINA RIBEIRO CORDEIRO
- Acho que Nathalia deixa dois questionamentos
muito importantes para a gente. Um é: será que droga
é sempre uma questão de saúde pública? É sempre
uma questão de doença que se coloca? E a outra é:
será que internar compulsoriamente é tão diferente
assim de encarcerar?
E aí para o primeiro questionamento que ela
deixa eu quero retomar o Passeti, novamente, e
pensando junto com esses autores que falam de uma
abolição das prisões, que não tem outra saída para a
gente pensar formas de sociabilidade mais saudáveis
e mais justas se não for abolindo as prisões e todas as
prisões: as prisões objetivas e as prisões subjetivas.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 77
Ele tem uma fala em que fala da
disseminação de práticas de redução e danos como
respostas percurso capazes de afirmar outras
possibilidades de se conviver com drogas, sejam elas
legais ou ilegais. A busca por drogas não cessará,
pois independe da motivação que leva um jovem a
consumir cocaína, maconha, ecstasy ou crack; uma
senhora de prendas do lar a ingerir antidepressivos;
um trabalhador a buscar estimulantes ilegais para
produzir mais. Cada usuário encontrará a sua maneira
de chegar às drogas, aos melhores fornecedores.
Reduzir danos é uma política que reconhece essa
milenar história do uso de drogas e atua segundo
interesse do usurário. É na linha anti-repressiva que
não idealiza saúde, que lida com acontecimento no
instante.
Então, eu concordo com a Nathalia quando
ela diz que o uso de droga em si não é uma questão
de saúde, que em si não é o problema que deveria
estar sendo discutido, debatido e pensado. O uso da
droga é algo que existe na vida de todas as pessoas e
aí nós sabemos: cafeína, açúcar, enfim, Ok.
Com relação à internação compulsória, o
Conselho Federal de Psicologia já tem se posicionado
há algum tempo contrário às comunidades
terapêuticas. Em 2017, ele encaminhou uma carta ao
Ministério Público Federal dizendo que as
comunidades terapêuticas não podem ser
consideradas estabelecimentos de saúde. E foi
lançado um relatório de inspeção das comunidades
terapêuticas, que foi feito com um trabalho muito,
muito sério, foi lançado esta semana em Brasília.
Tem dados alarmantes que falam, sim, do
encarceramento que é produzido a partir dessas
comunidades. E aí eu não sei, a gente não está
falando de uma comunidade x e y, está falando de
uma prática que é comum a uma forma de cuidado,
mas que não é considerado pelo Conselho Federal de
Psicologia como estabelecimento de saúde. E aqui
estou representando a categoria de psicólogos e
preciso dizer isso.
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Muito bem! Também está
inscrita a Anelise.
Anelise, por favor.
Mais uma vez, eu gostaria que o pessoal
observasse um pouquinho o tempo porque daqui a
um pouquinho as pessoas começam a ter que voltar
para suas casas.
A SR.ª ANELISE NUNES - Boa noite!
Entendo a colocação do senhor de observar o
tempo, mas estamos assim um pouco - vou me
policiar para tanto - mexidos com uma série de
situações.
Gostaria de colocar que a composição da
mesa, assim como foi abordado por vários colegas,
foi um debate dentro do Coesad, no qual estou na
vice-presidência. Então, falo a partir de vários lugares
aqui. E acho que Nathalia abre certo caminho para eu
estar aqui, faz certa introdução e que economiza
muito o meu tempo, porque além de estar lá na vice-
presidência do Coesad, na direção de um CAPS,
estou também no chão da fábrica porque tenho acesso
e contato com os pacientes, às histórias de vida.
E aí, gostaria de começar exatamente por
isso, a composição da mesa foi uma preocupação
desse grupo de pessoas que ocupam diferentes
lugares na sociedade e que querem discutir
experiências de vida, atravessadas por uma situação,
que é essa temática. Vidas essas, que de alguma
forma sofrem com isso, seja na morte de jovens
negros de periferia, seja na experiência do Uninegro,
de grupamentos religiosos, profissionais de CAPS,
profissionais em saúde pública, lideranças de
movimentos sociais.
Então, nós estamos discutindo política
pública aplicada a uma necessidade real de uma
população, em diferentes instâncias e espaços que a
gente ocupa. E eu acho que para a gente discutir e
pensar isso, no primeiro momento, em qualquer
estância de debate público, a gente precisa se acalmar
muito para conseguir ouvir o que o outro tem para
dizer, com muita tranquilidade, serenidade. Porque se
eu partir de um ponto de vista muito aguerrido, não
consigo entender o que o outro quer dizer. Mesmo
que seja uma opinião contrária à minha, mas pode me
acrescer.
Então, a ideia desta Mesa, a gente pensou o
seguinte: A gente precisa discutir muito este tema na
educação, na saúde, na assistência, na escola, na
segurança pública - não sei se você ainda está no
Cras, no CRP -, enfim, em diferentes lugares da
sociedade que a gente ocupa, porque é um tema ainda
imaturo para nós. A gente tem muitas dúvidas, muitas
questões, então a gente precisa estudar muito, discutir
muito e com muita tranquilidade.
A gente também não pode chegar e colocar
nosso ponto de vista, às vezes, de forma
desrespeitosa e agressiva, porque preciso ouvir o que
o outro tem a dizer e saber do lugar que ocupa para
falar isso.
Esta fala que faço aqui é um certo
posicionamento diário até lá na gestão do meu
serviço. Não gosto muito dessa coisa muito
inflamada porque acho que inflama os nossos
ouvidos e aí cimenta a nossa capacidade porosa de
absorver o que a gente tem para absorver, que é da
ordem da experiência humana.
A gente está falando da experiência humana,
não é? Faz uns dois, três anos que não o vejo. Já
esteve lá no vinte e quatro horas, já foi paciente, já
foi tratado. Hoje saiu, mora no Bonfim. Ou seja, sai
com o aluguel social, passa por uma série de coisas,
traz algumas críticas, de forma que hoje já se
atualizam de outra forma porque o serviço já é outro
serviço, com perda de recursos. O colega fala da
comunidade terapêutica... O que a gente precisa
entender também... O outro colega do Coesad, o
78 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
Fiorido, fala, não é? Uma preocupação muito grande
que a Nathalia aponta, que o discurso não só de
Cássio quanto o de Fiorido apontam. Então, se
estamos aqui discutindo experiências, vidas humanas
atravessadas por algum tipo de sofrimento,
precisamos ter respeito e cuidado com isso. E aí,
discutir política pública é algo muito sério porque a
aplicação de recurso de investimento baseado na
necessidade real de uma população. Então, preciso
entender o que essa população hoje precisa, e tirar os
mitos que é da figura do zumbi, das portas de
entrada, da esquizofrenização, não é? E entender isso
para participar da necessidade real e aplicar à política
pública.
Com isso, a minha preocupação é uma
depreciação do serviço público. Quando digo, e a
Natália coloca também, que o serviço público está
fechado... Não, não está fechado! Falo de um lugar
que é um quarto vinte e quatro horas, que atende
quarenta pessoas por dia. Quarenta pessoas diferentes
- segunda, terça, quarta. Oito leitos para
desintoxicação; trezentos atendimentos/mês. E os
funcionários, no dia de jogos de Copa, sabe o que me
pediram para fazer? Que não fossem liberados
conforme o decreto público, não. Que eles abrissem o
serviço para acolher as pessoas, para fazer sabe o
quê? Proteção.
Então, funciona sim, colega Fiorido; funciona
vinte e quatro horas - sábado, domingo, feriado, final
de semana. Já esteve lá, hoje mora, porque tem
recursos da assistência, da saúde, da habitação, só
que com limitações. Limitações que a colega já falou
e a gente sabe disso. Por isso acho que estamos aqui
para, em cima dessas limitações, como a gente pode,
hoje, analisar a necessidade real de nossa população,
do nosso estado, e aplicar recursos públicos de forma
a ter qualidade naquilo que estamos investindo e nos
resultados daquilo que esperamos, ok? Só quem vai
saber falar dos resultados não sou eu, não. Tenho que
ouvir as histórias de vida que trazem isso.
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Obrigado.
Muito bem. Obrigado.
Quando as pessoas forem fazer...
Aproximem-se do microfone porque aí todo mundo
pode acompanhar.
Tínhamos terminado as nossas perguntas. Na
realidade, praticamente não tivemos perguntas; foram
colocações. Cada pessoa teve a oportunidade de fazer
as suas colocações. Mas temos um último inscrito, o
senhor Hugo. Por favor, senhor Hugo.
O SR. HUGO CÉSAR GUANGIROLI -
Bem, queria trazer uma preocupação. Sou
Coordenador do Centro de Apoio de Direitos
Humanos e queria falar de direitos humanos sobre a
política de drogas.
A mim, me inquieta uma situação que
aparece na mídia reportando muita violência contra
os moradores de rua, contra os consumidores de
drogas, a morte de uma mulher, uma coisa assim, que
despertou muita, muita inquietude, e a inquietude
constrói a violência. Então, você usa a violência para
resolver o problema de violência. A violência que se
usaria em um projeto de drogas é a internação
compulsória, por exemplo.
As comunidades terapêuticas, eu quero dizer
isso porque, aqui, no Brasil, houve experiências
importantíssimas que são guias para nós.
Na Europa, Portugal é referência de como
encarou as drogas com o método que se chama
redução de riscos, que são equipes de psicólogos, de
enfermeiras, de assistentes sociais, de pessoas que
têm que ser bem treinadas para poder estar junto a
pessoa que está morando na rua e consumindo
drogas. Estar junto a elas, apoiando-as,
reconhecendo-as. Às vezes se propõe a alguns
moradores de rua que se preocupem com o contágio
de doenças sexuais transmissíveis. Então, dá um
cargo, uma responsabilidade a uma pessoa que está
em um vazio absoluto de representação e de ligação
com outas pessoas. Apoia-se, dá a eles algum
trabalho para ter um pouco de dinheiro, enfim, há
muitas coisas que são feitas. Em Portugal, esse
método fez de Portugal referência para toda a Europa.
Tive a sorte de estar com as pessoas que fizeram isso.
César Colnago me pediu para fazer esse tipo de coisa
e, realmente, essa política para as drogas é a única
política possível.
As comunidades terapêuticas têm uma função
importantíssima, mas o dependente de drogas não
pode tomar como ponto de entrada a comunidade
terapêutica. O ponto de entrada só nos grupos de
redução de drogas, porque eles mesmos levam à
comunidade terapêutica quando o dependente
químico quer se desmamar. Então, quando quer se
desmamar, a comunidade terapêutica é muito boa.
Escrevi um artigo, parece-me que na Gazeta,
04 de junho passado, onde falava: quando uma
pessoa tem uma crise de abstinência, para resolver
essa crise de abstinência é preciso força, é preciso
violência.
Dizia o Doutor João Chequer, que se ocupa
de drogas: noventa e sete por cento das pessoas que
entram nas comunidades terapêuticas sem querer
ir, voltam a tomar drogas. Noventa e sete por
cento. É inútil metê-lo dentro de uma comunidade
terapêutica de entrada. A comunidade terapêutica
tem que ir quando aceita o desmame, porque é essa
a função da comunidade terapêutica, e tem que ser.
Aqui, em São Paulo, temos o projeto De
Braços Abertos, de um querido amigo. Começaram
também o De Braços Abertos na Bahia.
Começaram com oito pessoas e agora são oitenta
pessoas que estão usando a redução de riscos.
Então, ferventemente, queria colocar isso:
não pensar em violências para resolver um
problema de violência, como é a dependência
química.
Obrigado.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 79
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Obrigado, senhor Hugo.
Estamos chegando ao final do nosso debate.
A comissão não tem a função de dizer quem
está certo ou quem está errado. A nossa função,
enquanto parlamentar, já foi dito, é fiscalizar. Por
isso fomos às comunidades terapêuticas, tanto
aquelas que são credenciadas como aquelas que não
são credenciadas, às clínicas... Visitamos alguns
Capes e também a Defensoria, onde centenas de
crianças são depositadas ali. Os presídios... Então, é
nossa função ir lá e fazer o relatório e entregar ao
Governo. Então, a Comissão de Política sobre Drogas
fez o primeiro relatório e entregou à Casa. E cabe a
nós oportunizar às comunidades essas audiências
públicas. Por isso, uma cidade, quando vem
perguntar o que pode ser feito, nós vamos lá e
fazemos uma audiência pública. E aquela
comunidade vai ter que debater. Agora, vocês têm
que entender uma coisa: dificilmente as pessoas
querem debater sobre esse assunto. Todas as pessoas
de instituições foram convidadas; as igrejas, tanto as
católicas quanto não católicas; várias secretarias,
tanto é que alguns de vocês estão aqui representando
a secretaria. Por quê? O convite chegou lá. Pelo
menos, a orientação é que todos fossem convidados.
Já foi dito aí também que tem pouco tempo
que nós estamos discutindo. Esta comissão começou
neste mandato. Não existia Comissão de Política
sobre Drogas. Eu vejo que o debate aqui em que
todas as pessoas colocaram sua experiência. E
concordo em gênero, número e grau que o que falta
são políticas públicas. O pessoal está querendo
combater as drogas, mas não está querendo combater
a causa, o que leva um ser humano a se drogar.
Eu estava ouvindo hoje na reportagem que o
Governo atual retirou do orçamento um bilhão de
reais disponibilizando para a segurança pública. E de
onde saiu esse dinheiro? Falou a reportagem: do
esporte, da cultura, da saúde e do Fies, da educação.
Então, nós não vamos ter muito sucesso enquanto não
tiver uma consciência clara dos gestores de
implementar, respeitar e valorizar as políticas
públicas. Seria bom que não tivesse realmente
comunidade terapêutica filantrópica e que não tivesse
clínica filantrópica ou particular, mas que os
Governos oferecessem.
Propus agora uma audiência pública em
Barra de São Francisco, que tem um Capsad que foi
construído e foi destruído antes de funcionar. Nós já
fizemos várias falas. Como podemos? Como um
Governo pode colocar dois milhões de reais para
construir um Caps e não ter a segurança desse mesmo
instrumento funcionar para atender à população? E
assim as outras instituições.
Eu acredito que a comissão está aí com esta
função. Quando fala, e isso é fato, já se determinou o
público que tem que ser condenado.
Eu estava no primeiro jogo do Brasil, saí um
pouquinho num lugar onde existiam centenas e
centenas de jovens que não eram de periferia e não
eram jovens negros. Noventa por cento eram jovens
brancos e o uso de álcool e maconha estava sendo
utilizado ali abertamente. E a polícia estava lá. Seria
o mesmo comportamento se fosse em outra unidade?
Nós gostaríamos de registrar aqui uma fala que disse
a Sabrina: a vida não tem valor, e sim a propriedade.
Para muitos gestores não interessa uma política
pública. Interessa construir o prédio do Caps. Não
interessa a política pública de esportes, interessa
colocar uns equipamentos de academia. E a
comunidade está tão revoltada que não quer ganhar o
presente, ela quer ganhar a presença. E eu percebo
que a vida precisa ser respeitada, não importa de
quem. Cada um dos senhores e das senhoras aqui têm
colaborado com isso à medida que vocês discordam,
que vocês concordam. Nós não vamos ficar aqui
debatendo. Nós colocamos vários pontos. Eu me
preocupo muito com isso porque, ao ir aos nos
presídios, eu visito os presídios, mais de setenta por
cento são negros, a maioria absoluta é de jovens e a
maioria absoluta é por causa das drogas. Então, isso
tem que ser pensado pelo Governo, tanto pelos
Governos municipais quanto pelos Governos
estaduais, enfim.
Eu não vejo que nós estamos perdendo
tempo, fazendo audiência pública. Pelo contrário. No
dia que nós pararmos... Eu não posso nem deliberar,
porque nós tínhamos que ter, no mínimo, dois
deputados para deliberar. Não podemos. Eu tenho
feito estas reuniões ordinárias da comissão toda
segunda-feira, tendo ou não tendo quorum, porque, se
é a ferramenta que nós temos, o microfone aberto
para as pessoas falarem, então pelo menos isso nós
precisamos fazer. Então, eu gostaria de dizer que o
debate é importante e que a gente precisa continuar
debatendo. No dia 4, agora, nós estaremos lá em
Santa Teresa com outra audiência pública, debatendo
sobre esse assunto.
Eu gostaria agora, para terminar, de pedir que
vocês fossem bastante objetivos, tendo dois minutos
cada membro da Mesa para fazer as suas
considerações finais, por favor. A audiência foi
mudada para o dia 11, não é isso? Sabrina, por favor,
dois minutos.
A SR.ª SABRINA RIBEIRO CORDEIRO
- Eu penso que muito foi dito hoje, mas também sinto
a necessidade de a gente ir um pouco além do
discurso, das falas. Acho que é importante dizer essas
coisas todas, porque estamos falando de uma disputa
de narrativas. Então, assumir um espaço como este,
que é tido como a Casa do Povo, para colocar em
disputa com a narrativa oficial do Estado essas outras
narrativas desses sujeitos que são considerados
menos importantes... Eu falo da perspectiva de uma
psicóloga que tem dez anos de atuação nas políticas
sociais. Trabalhei, durante cinco anos, com medidas
socioeducativas, que é hoje o equivalente ao sistema
penal prisional para os adolescentes e jovens. Então,
80 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
eu não estou dizendo de alguém que não estudou e
que não acumulou um debate neste sentido. Acho que
esta é a responsabilidade que a gente precisa ter com
tudo o que a gente diz, porque cada coisa que a gente
diz produz uma verdade, produz um sujeito. Então, é
importante que, quando a gente falar algo, não seja
somente da perspectiva de alguém que acha ou de
alguém que refletiu um pouco a respeito. A gente
precisa, sim, reunir diferentes perspectivas teóricas e
sempre em um compromisso muito ético, porque
cada coisa que a gente diz, principalmente
publicamente em espaços, reverbera depois, produz
realidades.
Então, acho que é importante este espaço de
disputa de narrativas, mas também acho que fica o
convite para cada uma e para cada um de nós
conseguirmos encarnar esses discursos dissonantes
nas nossas práticas cotidianas. Nós temos muitos
profissionais inseridos em equipamentos das políticas
públicas comprometidos com essa transformação que
a gente quer ver.
Então, agradeço a oportunidade, mas também
fica o desejo de que a gente vá além.
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Obrigado, Sabrina. Eu gostaria
agora de passar para o doutor Fábio. Dois minutos
para o doutor.
O SR. FÁBIO ALMEIDA PEDROTO - Quero agradecer as intervenções de todos aqui
presentes. Foram maravilhosas, foram
multidisciplinares, cada um abordando, sob um
determinado prisma, um problema tão complexo e
tão difícil de ser solucionado e de ser condensado em
uma única solução. Digo que a única solução para a
grave questão social que é decorrente principalmente
da política atual de drogas é a descriminalização, a
legalização e sua consequente regulação deste
mercado.
Gosto sempre de repetir as palavras de Pepe
Mujica, ex-presidente do Uruguai: Aqui em meu país
eu tomei o emprego dos grandes traficantes. E hoje
ele reverte tributos em prol da assistência social, da
saúde mental e de diversas políticas que, realmente,
importam no que se refere a esse tema.
Eu, como delegado de polícia, não quero
mais ser engrenagem desse sistema que só gera
letalidade. Não quero mais ser sócio do grande
traficante quando apreendo uma tonelada de drogas
nas ruas da minha cidade, porque sei que retirando
essas drogas fortaleço o mercado, regulo de certa
forma essa grande empresa, que é o tráfico de drogas,
que funciona como uma lógica empresarial em que
há demanda e oferta. Eu regulo favorecendo sempre o
grande traficante e gerando letalidade para aquele
menino que está ali na ponta, sofrendo o reflexo
dessa guerra às drogas.
A guerra às drogas não é uma guerra perdida,
não. Pelo contrário, é uma guerra que teve um grande
sucesso porque conseguiu retirar da sociedade grande
parte da pobreza e coloca-la atrás das grades, fazendo
uma higienia, sem dúvida nenhuma, dos nossos
meninos de nossa sociedade já tão discriminada.
Muito obrigado. Tenham todos uma boa
noite.
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Obrigado, doutor. Com a palavra
o Welington, por favor.
O SR. WELINGTON BARROS - Acho que
foi profícuo o debate de vários pontos de vista.
Certamente é um passo inicial da comissão que
necessariamente precisa ser aprofundado.
Do ponto de vista de onde eu falo tenho duas
questões que acho que a gente tem que estar atento,
que a gente precisa se debruçar sobre ela. Primeiro, é
fim dos autos de resistência, que é quando um jovem
negro em confronto com a polícia, a polícia vai lá,
atira, mata. Isso não tem investigação, esse crime não
tem resolutividade. Acho que acabar com essa
impunidade é um ponto importante.
Outro tema que está muito em voga, que vira
e mexe volta, seja lá no Parlamento, na sociedade,
que é a redução da idade penal. Muitos falam na
redução da idade penal. Ela não é a solução, só
vamos colocar jovens mais precocemente no mundo
do crime.
Outra questão é que a gente precisa
diferenciar as drogas. Cada droga tem a sua
especificidade. Quando falei muito do crack aqui,
hoje, é porque o crack gera esquizofrenia, as pessoas
têm ataques, têm surtos. Outras drogas, não.
Dificilmente alguém morre pelo consumo de droga.
Não é o consumo. O crack é que, talvez, por efeitos,
sobretudo ao pulmão, que é muito danoso ao pulmão,
leva à morte. Mas outras drogas, não. Tem pessoas
que convivem dez, vinte, trinta anos, pessoas que
convivem vinte anos usando drogas, como o Cássio,
e param por um motivo ou por outro.
É importante a gente entender essa dinâmica
do uso de drogas. O colega ao lado falou sobre
efeitos da maconha. Em 1905, comprava-se um
cigarro chamado Índios. Era tabaco com maconha e
tinha um aviso curioso: serve para combater asma,
insônia e catarro. Então, o que hoje é proibido, no
passado já foi, inclusive, usado com fins medicinais.
Acho que o primeiro passo, sem dúvida, no
debate é nos despirmos de preconceito. Tenho
comigo sempre uma reflexão, uma colocação do
Nietzsche, que é: Toda convicção é uma forma de
prisão. Acho que, muitas vezes, a partir das
divergências, podemos chegar a uma convergência.
Um abraço a todos.
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Obrigado, Welington.
Agora o doutor José Roberto, por favor.
O SR. JOSÉ ROBERTO PEREIRA DOS
SANTOS - Agradeço o convite mais uma vez. Acho
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 81
que é um espaço muito importante para a gente
discutir até visões diferentes e tentar que no estado do
Espírito Santo a gente tenha uma política melhor
sobre esse problema, que não é um problema fácil.
Eu, aqui, trouxe muitos questionamentos.
Não trouxe uma verdade, trouxe dados mais
preocupados com a questão da saúde. Tenho muitos
questionamentos, muitas dúvidas, e estou aqui para
aprender também. Mas os dados que eu trouxe sobre
a saúde, que o colega falou que eu demonizei a
maconha, são dados científicos. E esquizofrenização
não é um mito, é uma realidade. Então, esses dados
muitas vezes chocam as pessoas que não conhecem a
realidade, a realidade médica.
Uso de drogas mata, sim. O álcool e o
tabagismo são uma das maiores causas de morte no
mundo inteiro. Então, mata sim. A maconha tem
quatro vezes mais alcatrão e cinco vezes mais
monóxido de carbono que o cigarro. É claro que
ninguém fuma uma quantidade de maconha como o
cigarro, mas se fumasse seria muito mais deletério
em termos de câncer, de enfisema, de problemas
pulmonares. São realidades médicas. A maconha
pode causar dependência dependendo da intensidade
e frequência que é usada e é porta de entrada sim,
mas pode também ser porta de saída.
Na minha experiência, também lido com
grupo de autoajuda, e essa é uma realidade que
vemos nas conversas com dependentes, que
geralmente o álcool e a maconha são a porta de
entrada para outras drogas. É uma realidade.
Agradeço muito a oportunidade novamente e
espero que esse debate continue.
O SR. PRESIDENTE - (PADRE
HONÓRIO - PT) - Mais uma vez queremos
agradecer. Confesso a vocês que torci para que não
tivéssemos hoje esta audiência, porque a febre e a
tosse tomaram conta e achei que não conseguiria
falar por causa da tosse principalmente. Mas estamos
aí para esta função, para esta finalidade.
Gostaria mais uma vez de agradecer a todos e
a todas. A Sandra fez uma fala também, entre tantos
que fizeram, e tenho debatido isso muito: quando
você fecha a porta de uma escola, principalmente no
campo, você abre muitas portas do desemprego na
cidade. E quando você fecha a porta de uma escola na
cidade, você vai abrir muitas portas para o crime em
qualquer lugar que seja. Então, é muito importante
que estejamos debatendo isso sim.
Gostaria só, como encaminhamento e nem
posso colocar em votação, que todo esse relatório
fosse encaminhado para as secretarias de Governo e
também para todos vocês que participaram conosco,
para a Presidência da Casa e para outras comissões
que trabalham o tema.
Agradecemos a presença de todos e todas e
desejamos uma boa noite a todos.
Nada mais havendo a tratar, declaro
encerrados os trabalhos desta comissão e convido os
senhores membros para a próxima, que será dia 11 de
julho do corrente ano, às 18h, no plenário municipal
de Santa Teresa.
Muito obrigado e que Deus abençoe a noite
de todos.
(Encerra-se a reunião às
21h05min)
PRIMEIRA REUNIÃO ORDINÁRIA, DA
QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA, DA DÉCIMA OITAVA
LEGISLATURA, DA COMISSÃO
PARLAMENTAR DE INQUÉRITO DA
GRILAGEM, REALIZADA EM 14 DE MARÇO
DE 2018.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Havendo número legal,
invocando a proteção de Deus, declaro abertos os
trabalhos desta Comissão Parlamentar de Inquérito.
Registro a presença do Senhor Deputado Da
Vitória.
Aos servidores, uma boa tarde!
Solicito à senhora secretária que proceda à
leitura do Expediente e dispenso a leitura da ata até a
chegada de mais um membro para compor o quorum.
A SR.ª SECRETÁRIA lê:
EXPEDIENTE:
CORRESPONDÊNCIAS RECEBIDAS:
Processo administrativo n.º 173398/2017,
do senhor Ricardo Luiz Gomes, requerendo
cópia do depoimento prestado à CPI do
senhor Antônio Sérgio Gaudio Passos Costa.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Em Mesa para deliberação.
Continua a leitura do Expediente.
A SR.ª SECRETÁRIA lê:
Ofício da Defensoria Pública do Espírito
Santo justificando a ausência do defensor
público designado às reuniões da CPI.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Ciente. Junte-se.
Continua a leitura do Expediente.
A SR.ª SECRETÁRIA lê:
Documento da senhora Creusa Maria Dias
Bacelar encaminhando denúncia à CPI.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Ciente. Junte-se.
82 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
Continua a leitura do Expediente.
A SR.ª SECRETÁRIA lê:
Ofício da Polícia Militar do Espírito Santo
em resposta ao ofício CPI n.º 117/2017.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Ciente. Junte-se.
Continua a leitura do Expediente.
A SR.ª SECRETÁRIA lê:
Correspondência do Sicoob em resposta ao
ofício CPI n.º 088/2017.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Ciente. Junte-se.
Continua a leitura do Expediente.
A SR.ª SECRETÁRIA lê:
Ofício do gabinete do Senhor Deputado
Marcelo Santos justificando suas ausências nas
reuniões.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Ciente. Junte-se.
Continua a leitura do Expediente.
A SR.ª SECRETÁRIA lê:
Correspondência do Banco Bradesco em
resposta ao ofício CPI n.º 088/2017.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Ciente. Junte-se.
Continua a leitura do Expediente.
A SR.ª SECRETÁRIA lê:
Correspondência do Banco Citibank em
resposta ao ofício CPI n.º 088/2017.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Ciente. Junte-se, como também
o do Banco BTG Pactual e o do Banco Amazônia.
Continua a leitura do Expediente.
A SR.ª SECRETÁRIA lê:
Correspondência da Corregedoria da Polícia
Militar da PMES.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Junte-se.
Com a presença do Senhor Deputado Bruno
Lamas, passaremos a alguns requerimentos.
Tenho uma denúncia. Não sei se V. Ex.ª,
Senhor Deputado Da Vitória, conhece a área
Ceasinha, em Afonso Cláudio, que fica de fronte à
Coopeavi, na Fazenda do Estado. Seria destinada
para formar uma associação de produtores, mas
existe lá apenas um galpão de um empresário, o
senhor José Paulo, da hortifruticultura.
Então, quero fazer a convocação dele para
ver, tanto na Emater quanto ao senhor para
comparecer aqui para esclarecer por que um terreno
do Estado está sendo ocupado por um particular,
Senhor José Paulo, da hortifruticultura, cujo endereço
vou passar, onde pode ser intimado. É em Domingos
Martins e vou passar para a assessoria.
Em discussão. (Pausa)
O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Quero
discutir, Senhor Presidente!
O que V. Ex.ª recebeu na mão é muito grave.
Pode ser que seja verdade e pode ser que não seja.
Tem que apurar.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Por isso que estou pedindo para
compor.
O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - O nome da
pessoa está aí na mensagem que V. Ex.ª recebeu,
estão os dados, a localização, o imóvel, e também a
instituição. Isso é recurso público para benefício
privado e isso é crime. Isso tem que ser apurado. Esta
Comissão é a comissão específica para isso. Então, já
adianto o voto favorável, voto com V. Ex.ª.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Eles falam que é um terreno
que foi referente a uma autarquia da Seag. Então,
ofício à Seag para que nos informe. Cabia até a
convocação do secretário, mas nem estou pensando
em convocar agora não, Senhores Deputados, se bem
que ele merece, para explicar o porquê.
O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - V. Ex.ª pode
fazer isso em outro tempo.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Mas quero ofício à Seag para
que dê informação sobre o imóvel denominado
Ceasinha, que fica de fronte à Coopeavi. O endereço
está aqui e passarei para a assessoria, para fornecer o
porquê está sendo ocupado por um empresário e a
convocação do senhor José Paulo para que nos
forneça quem deu autorização para que apenas um
empresário ocupe aquela área.
Em discussão.
Já discutido.
Em votação.
Como vota o Senhor Deputado Da Vitória?
O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Acompanho
V. Ex.ª.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Senhor Deputado Bruno
Lamas.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 83
O SR. BRUNO LAMAS - (PSB) - Pela
aprovação.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Fica para o dia 4 de abril,
quarta-feira.
Quero aprovar a prorrogação desta CPI por
mais seis meses.
Como vota o Senhor Deputado Da Vitória?
O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Voto pela
aprovação.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Senhor Deputado Bruno
Lamas.
O SR. BRUNO LAMAS - (PSB) - Pela
aprovação.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Queria que esse ofício fosse
protocolado na Mesa até hoje.
Aprovado.
Próximo requerimento.
Que seja oficiado à UVV, ao Grupo
Opportunity e à Prefeitura Municipal de Vila Velha,
inclusive à a prefeitura para fornecer cópia do
Contrato n.º 31153/2016, porque é um caso mais
grave ainda.
A Justiça, o doutor Aldair Nunes determinou
uma área de preservação no município de Vila Velha.
O que eles estão fazendo? Mesmo com a decisão
transitada em julgado, eles já estão lançando um
empreendimento para fazer na área, de forma
criminosa. Segundo consta, para ajudar, a
Câmara vai aprovar o PDM, alterando a decisão da
Justiça. E a decisão da Justiça transitou em julgado.
Não quero acreditar que isso seja verdade.
Ofício à UVV e ao Grupo Opportunity para
que informem se são verdadeiros as propagandas e
quem autorizou no Parque Nacional Jacarenema, área
de proteção ambiental, que não deveria nunca estar
sendo violada. E ofício à prefeitura para que ofereça
a cópia do processo que citei: 31153/2016, e se há
autorização. Também que saia com urgência.
O outro assunto que quero tratar é uma
invasão em Buenos Aires. Mas não é na Argentina,
não, é Buenos Aires em Guarapari.
Passo a palavra ao Senhor Deputado Bruno
Lamas.
O SR. BRUNO LAMAS - (PSB) -
Cumprimento os Senhores Deputados Da Vitória,
Euclério Sampaio e todos os servidores da CPI.
Apresento, também, três requerimentos,
Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Pode falar.
O SR. BRUNO LAMAS - (PSB) - E V.Ex.ª
pode dar prioridade aos citados e encaixar
posteriormente.
Já temos a aprovação do doutor Ricardo
Velo, advogado do Bandes. Precisamos do
comparecimento dele a esta CPI. Gostaria de
reforçar. Segundo, que a CPI pudesse... A justiça da
cidade de Serra, em um determinado momento,
designou um interventor para a associação de
moradores de Laranjeiras. Estou apresentando o
requerimento, para convocar esse interventor para
colaborar com algumas informações nas
investigações que fazemos sobre as denúncias de
comercialização de áreas públicas da associação de
Laranjeiras.
Por último, Senhor Presidente, dando
seguimento à questão do teatro da Serra, ouvimos
uma parte beneficiada pela doação da área, que foi a
Dadalto. Precisamos ouvir a outra parte. Então,
solicito a convocação de um representante da
Mercantil Reis Magos, responsável pela construção
dos outros cinquenta por cento do Centro Cultural da
Serra.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Podemos colocar em votação e
depois definir a data? Vocês me delegam esse poder?
Em discussão. (Pausa)
Não havendo quem queira discutir, em
votação.
Como vota o Senhor Deputado Da Vitória?
O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Voto
favorável.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Também acompanho.
Aprovado.
Depois decido a data com o Senhor Deputado
Bruno Lamas e o supervisor da comissão.
Em uma invasão em Buenos Aires, como eu
disse, achei o papel, seria oficiado, com urgência,
ainda hoje, que o ofício saia hoje e que, se precisar de
carro, contate meu do gabinete, seja oficiado o Juízo
da 1.ª Vara Cível de Guarapari, para que forneça o
Processo n.º 004180-07.2017.8.08.0021. Forneça a
cópia integral do processo e certidão de objeto de pé
da parte Matrix Consultora Incorporada Ltda, cujo
representando é o seu sócio Dias Amador e que o
mesmo seja convocado para comparecer aqui.
Queremos só apurar se, realmente, isso é verdade.
Isso tem que acabar! Tem denúncia aqui,
Senhor Deputado Bruno Lamas, que o cidadão não
pode entrar dentro de casa, porque o traficante
tomou, aqui, em Cariacica. Tomou e alugou a casa.
Ninguém faz nada, não! Está feio, Senhor Deputado
Da Vitória.
Então esse ofício queria que fosse passado
por e-mail, hoje, os termos do ofício, e fosse
entregue, pessoalmente, ainda hoje. E a convocação
fica também para o dia 04 de abril.
84 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Pra quem é
essa convocação?
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - É para o sócio da empresa,
Israel Dias Amador.
Agora eu quero citar um assunto aqui, do
qual recebi a denúncia, mas não vou tecer
comentários até ouvir a pessoa. Quero convocar aqui
o secretário de Governo, Neivaldo Bragato. Ele e a
empresa...
O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Ele voltou a
ser secretário?
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Ele trabalha no Palácio.
O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Estava
escondido esses dias.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Estava. Mas já botou a carinha
do lado de fora. Ele e a empresa Delta... Não.
Neivaldo e a empresa... Um minutinho que eu me
embolei de novo aqui. Vou suspender por dois
minutos.
Está suspensa a reunião. (Pausa)
(A reunião é suspensa às 12h16min
e reaberta às 12h17min)
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Está reaberta a reunião.
A empresa Delta Construções, responsável
pelas obras da rodovia estadual Geraldo Sartório, ES-
164. Quero que eles compareçam aqui. Também vou
botá-los para o dia onze, o senhor Neivaldo Bragato,
e a empresa Delta Construções.
Em discussão.
Não havendo quem queira discutir...
O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - V. Ex.ª
anunciou a motivação?
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - O assunto, queria que não fosse
colocado, até para preservar, para saber se é verdade.
E acredito que seja.
O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Acredito em
V. Ex.ª. Voto favoravelmente.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - A denúncia está aqui.
Como vota o Senhor Deputado Bruno
Lamas?
O SR. BRUNO LAMAS - (PSB) - Pela
aprovação.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Quero, também, como a CPI é
bem clara aqui... Cadê o primeiro volume da CPI?
(Pausa) A CPI, apesar de ser CPI da Grilagem, ela é
bem clara: denúncia de invasão de terrenos, fraudes,
crimes contra a administração pública, crimes de
estelionato, venda de terrenos e sem registro em
cartório, existência de irregularidades na
comercialização do terreno, imóveis, área pública.
Então tem aqui: fraudes, crimes contra a
administração. Então, também estou convocando o
secretário Paulo Ruy Carnelli, para nos dar
explicações sobre a questão da empresa Delta. E o
ofício ao Ministério Público... Ao Tribunal de
Contas, para que forneça cópia integral do que tiver
em relação ao senhor Paulo Ruy Carnelli.
Em discussão.
Não havendo quem queira discutir, como
vota o Senhor Deputado Da Vitória? A data será dia
18, senhor Paulo Ruy Carnelli.
O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Voto
favoravelmente, Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - E também o representante da
empresa Delta. (Pausa) Não, a Delta já está para o
dia onze, não é? Então está bom.
A empresa Concremat, também o dia 18.
Como vota o Senhor Deputado Bruno
Lamas?
O SR. BRUNO LAMAS - (PSB) - Pela
aprovação.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Aprovado.
O SR. BRUNO LAMAS - (PSB) - Oportunidade, Senhor Deputado, em que apresento
aqui os três ofícios citados em minha fala anterior, já
protocolando aqui na CPI.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Beleza. Já facilita.
Tem essa denúncia de Cariacica, que eu
terminei me esquecendo, lá em cima. Tem até o
ofício da Câmara para o estado apurar e ninguém
apura.
Foi até funcionário aqui: o senhor José Carlos
Estringuette. Botaram-no para fora da casa, os
traficantes alugaram e ele não pode tomar posse
daquilo. E foi aqui na Grande Vitória. Está ficando
pior do que o Rio de Janeiro, Senhor Deputado Bruno
Lamas!
Queria colocar em discussão para marcarmos
uma diligência da Comissão, pedir apoio à Polícia
Civil e Polícia Militar, para que nós possamos
agendar, junto ao chefe de polícia e o comandante da
PM, um dia para que a CPI faça uma vistoria no
imóvel. Junto com a pessoa, Senhor Deputado Da
Vitória.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 85
Queria, também, que a Comissão me
delegasse poder para negociar a data com os
representantes das Polícias Civil e Militar. Daqui vai
a comissão.
Um cidadão que era funcionário da
Assembleia Legislativa, Carlos Estringuette. Botaram
ele para fora da casa e os traficantes alugaram a casa.
Fazer isso na Grande Vitória é brincadeira.
Pedir para designarmos uma data, pode ser
posterior, mas fazer uma diligência da Comissão com
as Polícias Civil e Militar no local e junto à vítima.
O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Voto
favorável, Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Senhor Deputado Bruno
Lamas.
O SR. BRUNO LAMAS - (PSB) - Pela
aprovação.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Também voto.
Consulto se alguém tem mais algum
requerimento a fazer. (Pausa)
O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Requeiro a
presença de V. Ex.ª e do Senhor Deputado Bruno
Lamas para uma agenda, agora, às 14h, de visita
técnica ao Cais das Artes.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - PDT) - Senhor Deputado Da Vitória,
hoje não posso.
Agenda para amanhã, que vou. Quero ir.
Pode ser para amanhã?
O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - ... Acertar a
agenda de V. Ex.ª.
O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO
SAMPAIO - (PDT) - Agradeço a presença de todos.
Nada mais havendo a tratar, declaro
encerrada a reunião e convoco os Senhores
Deputados para a próxima, à hora regimental.
Está encerrada a reunião.
Encerra-se a reunião às 12h19min.
VIGÉSIMA REUNIÃO ORDINÁRIA, DA
QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA, DA DÉCIMA OITAVA
LEGISLATURA, DA COMISSÃO DE SAÚDE E
SANEAMENTO, REALIZADA EM 10 DE
JULHO DE 2018.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Bom dia a todos.
Invocando a proteção de Deus, declaro
abertos os trabalhos da Comissão de Saúde e
Saneamento.
Já estamos aqui com a nossa vice-presidente,
Deputada Eliana Dadalto, que apesar de morar em
Linhares, chega cedo aqui.
Quero, antes de começar nossa pauta,
registrar, com muita alegria, muita satisfação, a
retirada dos últimos meninos e do professor também,
da caverna lá da Tailândia. O mundo inteiro estava
rezando, orando para que isso acontecesse.
Infelizmente, perdemos uma pessoa, um mergulhador
experiente, explorador de cavernas, mas, pelo menos
os onze que estavam ali dentro... Saíram os últimos
agora, o que é uma satisfação muito grande para nós.
Quero dar alguns avisos. Teremos, na terça-
feira próxima, dia 17, uma audiência pública na Barra
do Jucu. Quero convidar a todos. Essa audiência
pública tem por finalidade, foi a frente que criamos
aqui, a Frente Parlamentar em Defesa dos rios Jucu e
Santa Maria... Mas como, infelizmente, a ponte da
Madalena caiu, estamos aproveitando essa questão da
ponte da Madalena para discutir outros assuntos da
Barra do Jucu e do rio Jucu.
Devo lembrar que o ex-secretário de
Agricultura, Octaciano Neto... A ponte caiu hoje,
amanhã ele foi lá e prometeu que o estado faria uma
ponte. Depois ele desapareceu; está licenciado da
Secretaria da Agricultura. Mas, infelizmente, ele não
cumpriu aquilo que prometeu. Não estou falando mal,
estou falando a realidade, sumiu de lá, da Barra do
Jucu.
Então, aproveitamos, como não saio da
Barra... A Barra é o lugar que mais tem inteligência,
resistência, história. Então, a Barra do Jucu, em Vila
Velha, Espírito Santo. O que é a Barra do Jucu? Ali
tem a ponte da Madalena. Historicamente, Martinho
da Vila fez uma música por causa da Madalena, a
ponte da Madalena; e também temos na Barra do
Jucu a Neymara Carvalho, que é pentacampeã
mundial de bodyboarding, e a filha dela, a Luna, já
está no mesmo caminho, já ganhou uma etapa
nacional, está com treze, quatorze anos, já está no
mesmo vácuo da mãe.
Lá na Barra temos o Paulo de Paula, temos o
Mestre Vitalino, que já foi até... Desceu o rio Sena
de caiaque, duas vezes. São oitocentos quilômetros
que ele fez de caiaque. Para quem não sabe - é bom
que os meninos estejam ouvindo aqui, os meninos
da Escola Estadual Almirante Barroso, de
Goiabeiras -, morei na rua 2, no Bairro República,
oito anos, e conheço muito bem aquilo ali,
especialmente as paneleiras, e de vez em quando
vou lá.
Quero também abraçar o nosso professor
Eduardo Gomes. Eduardo Gomes foi um grande
militar, uma história. O professor deve saber disso,
ainda mais que tem o nome dele. Talvez, até o pai
tenha colocado seu nome por isso. Se não foi, mas
é bom lembrar a história. Viver mais é bom porque a
86 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
gente conhece um pouco mais da história, a gente
estuda mais, olha mais. A educação não muda o
mundo, a educação muda as pessoas e as pessoas
que mudam o mundo. Paulo Freire.
Deputada Eliana Dadalto, hoje é o último dia
da nossa Luana aqui. Essa moça tem sido um
exemplo para mostrar a história da Assembleia, como
funciona aqui. Então, Luana, queria que você viesse
aqui um pouquinho. Faça o favor, chegue aqui.
Venha por aqui, por favor. A Luana é uma pérola que
nós temos aqui na Assembleia. Infelizmente, está
chegando o tempo do estágio dela e ela está indo
embora. Luana, por favor, suba e sente-se aqui um
pouquinho, do nosso lado.
Estamos falando ao vivo para o estado, então
queremos mostrar o seu valor e como você mostra,
como você ensina essa moçada que vem aqui. É
importante também que vocês... Falo sempre que a
Luana vai ser uma futura deputada. Nós precisamos
renovar, não é? Já estou quase careca. Não estou
careca não, estou quase careca de tanto ser deputado,
vereador, mas precisamos mudar. A renovação é
importante. Então, a Luana está nos deixando hoje.
Nosso querido Erick está fazendo um vídeo com a
Luana e depois vai passar para vocês esse vídeo.
Muito obrigado por tudo que você fez aqui durante
esse tempo. Com certeza você, como foi uma grande
estagiária, vai ser uma grande profissional da sua
área. Muito obrigado e parabéns!
Voltando ainda a falar sobre o rio Jucu, a
ponte da Madalena, que foi o mote desta questão,
faremos, na terça-feira, no colégio Tuffy Nader, na
Barra do Jucu, a outra audiência pública com relação
à queda da ponte da Madalena.
Também estamos pleiteando o cercamento da
área da Reserva de Jacaranema, uma vez que a
Reserva já foi delimitada, foi demarcada e tudo,
faltando cercar, por causa dos animais que
atravessam a pista e morrem atropelados pelos
veículos; a construção de um píer na Boca da Barra -
o píer é uma contenção da onda porque a onda vem e
joga água para dentro da Boca da Barra do rio e a
areia entope a Boca da Barra, e ano passado foi
reaberta com a Poclain, aquela máquina grande,
quatro vezes -; o desassoreamento do rio Jucu porque
o rio está muito assoreado e não entendemos por que
não tira areia do fundo do rio, que é a areia mais
nobre para a construção civil; a instalação de telas
à margem da Rodovia do Sol para que os animais
não sejam mortos, atropelados; e vamos ouvir as
propostas dos moradores da Barra do Jucu sobre o
modelo da ponte porque não adianta a gente chegar
lá e impor um tipo de ponte para o morador da
barra, para o barrense.
Conforme eu estava falando das histórias
da Barra, na Barra temos também Mestre Vitalino,
que faz aquelas casacas e que já foi até a França,
patrocinado pelo Governo da França, para mostrar a
arte artesanal dele. E sobre o Beto Pêgo, que desceu o
rio Sena duas vezes.
E para os meninos também saberem, o
Congresso da França fica às margens do rio Sena.
Tinha momentos em que o Congresso parava de
funcionar por causa do mau cheiro do rio. Hoje você
vai lá e tem peixe à vontade, água totalmente limpa.
Mas em 1960, o Beto mostrou aqui uma placa
dizendo assim: Jogue o lixo no rio. Isso na França.
Imagine só a França, que é um país milenar, e o
Brasil tem quarenta e dois por cento, só, de esgoto
tratado, é um país atrasadíssimo. Um país que não
tem saneamento é um país atrasado. O Brasil tem
quarenta e dois por cento, só, de esgoto tratado.
Bom, já falei muito, mas quero falar da
importância... Estamos recebendo aqui a Maria
Angélica Machado, que recebeu um transplante da
irmã dela, de medula óssea. Estamos recebendo
também o nosso querido bombeiro militar Stelzimar
Magesck, que está aqui também para mostrar a
importância da doação não só de medula óssea. Ela
sabe que para cada - acabou de falar agora há pouco -
cem mil habitantes, você só tem dez compatíveis. E,
às vezes, passa até de cem mil, e você não consegue.
E ela conseguiu da irmã dela, não é, Maria Angélica?
Eu queria falar, é importante, eu sempre
gosto de falar aqui sobre doação de órgão, é
importante, desde 2010 que venho falando aqui,
sessão especial sobre doação de órgão, de transplante,
27 de setembro - eu tenho essas datas todas na cabeça
de tanto que eu falo disso - é o Dia do Doador de
Órgão. Então, nós temos o Setembro Verde para
homenagear essas pessoas que se dispõem, a família,
porque a maior negativa, mais de sessenta por cento
das negativas são da família em doação de órgãos.
Então, tem que conversar com a família enquanto
está vivo, porque, depois que morreu, não tem jeito.
E a família às vezes fica: Puxa, vai abrir a barriga?
Mas não é isso. Existe uma equipe que faz a
avaliação de morte encefálica. A morte encefálica é
incompatível com a vida. Isso, depois que abre um
protocolo para determinar que a pessoa não tem mais
condições de voltar à vida, ainda demora seis, doze
horas, depois vêm aparelhos para confirmar a morte
encefálica. Depois, então, que desligam os aparelhos.
Esse aparelho desligado, o que acontece? Tem um
prazo, um tempo para tirar esses órgãos da pessoa.
Infelizmente, ainda existe um preconceito
muito grande com relação a isso, mas uma pessoa
pode ajudar dez, dois rins ajudam dois, duas córneas
ajudam mais dois, só aqui tem quatro - a pessoa está
cega, faz um transplante de córnea, passa a enxergar.
E medula óssea geralmente são intervivos,
são transplantes intervivos, como a Maria Angélica, a
irmã dela se prontificou a fazer isso.
Eu já falei muito, mas só mais um aviso
aqui, mais um take, por gentileza: esse é o 6.º
Congresso Brasileiro Médico e Jurídico. O que está
acontecendo? O cidadão tem que recorrer,
Deputada Eliana, à Justiça por um direito que ele já
tem, porque ele não tem o direito pleno. A
Constituição de 88 escreveu assim, os deputados
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 87
federais e os senadores, nós não podemos escrever
nada disso: A saúde é um direito de todos e dever do
Estado. Estou falando um pouco devagar, porque
estou muito gripado. Estado é o município, é o
Estado federado e a União. Só que a União se
esqueceu de botar o dinheiro. Deu a obrigação, deu o
direito e não deu o dinheiro. Então, em sete anos, o
aumento da judicialização da saúde foi de mil e
trezentos por cento.
Então, nós teremos aqui o doutor João Pedro
Gebran Neto, que é esse desembargador lá de
Curitiba, da 4.ª Região, e eu faço a ligação com as
entidades. A doutora Clenir Avanza é a coordenadora
executiva; o doutor Arnaldo Hossepian Salles Junior
é do Conselho Nacional de Justiça e o doutor Ricardo
Oliveira é o Secretário de Estado. E nós teremos aqui
cerca de mil participantes do Amapá até o Rio
Grande do Sul. No ano passado, tivemos novecentos
e dezessete. E esse congresso tem sido um sucesso
para mostrar realmente ao cidadão que ele tem
direito.
Maria Angélica, falei por quatorze minutos,
parece até que estou na tribuna lá. Agora nós vamos
ouvir a nossa querida Maria Angélica. Ela é
enfermeira do Hospital Estadual Central. Aqui, atrás
do Corpo de Bombeiros, Parque Moscoso. Esse
hospital conheço desde quando era Hospital São José.
O hospital virou realmente um brinco, hospital muito
bom, graças à atuação dos servidores de lá, como
você, e também ao Governador Paulo Hartung, que
fez a reforma daquele hospital. Desapropriou o
hospital, fez a reforma e depois deu a concessão para
uma OS, que administra esse hospital hoje.
Com a palavra então a nossa querida Maria
Angélica. Depois, nós vamos ouvir o nosso querido
bombeiro militar, Stelzimar Magesck, nome
complicado.
Pois não, Maria Angélica.
A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO
- Bom dia a todos. Primeiramente quero agradecer
pela oportunidade de estar aqui. Falo hoje como
paciente e não como enfermeira.
Retornei recentemente ao trabalho, fiquei
afastada por três anos por conta da imunidade que
fica baixa pelo transplante e pela quimioterapia de
um modo geral. Mas muito grata pela oportunidade
de estar aqui, de viver depois do tratamento tão difícil
que foi. Acredito que tenha sido... de todo... eu
sempre digo...
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Explica para os meninos a
doença que você teve.
A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO
- Vou contar toda a história aqui, é bem sucinta, mas
é importante. O nome do problema de saúde que eu
tenho é mieloma múltiplo, porque é uma doença
crônica, como a diabetes e a hipertensão, não tem
cura. O transplante é uma forma do tratamento. Ele
faz parte do processo. Continuo portadora de
mieloma múltiplo. Mas de todos os males, sempre
digo, o menor. Tive a oportunidade de fazer um bom
tratamento. Tive o doador compatível dentro da
minha família, então, sou grata, porque quantos estão
aí em busca de doadores, nas filas dos hospitais
esperando a quimioterapia, esperando um leito para
internar, que a gente sabe? Fiz o tratamento no
sistema particular, privado, graças ao plano de saúde.
Então, sempre digo: dos males o menor, eu tive sorte.
E aí, nesse processo de elaboração, de me
tornar um novo ser depois do transplante, assim como
cresceu o cabelo, cresceu dentro de mim uma vontade
de fazer diferente. E aí a gente pensou numa
campanha para orientar. Há muitas campanhas em
relação à doação de medula, nós sabemos, campanhas
nacionais, campanha com artistas, e aí comecei a ver
a quantidade de doadores inscritos, a quantidade de
negativas que havia, daí eu falei: Vou começar a
andar por este Brasil afora para falar sobre a
doação de medula, porque é bacana. Vamos fazer
uma campanha. Vamos lá ao Hemoes, aqui no nosso
estado, lá no Hospital das Clínicas ,nos cadastramos.
É muito fácil. Sentamos lá, passamos os nossos
dados, doamos 5 ml de sangue e vamos embora.
Um dia liga para nós, com sorte, achamos
alguém compatível em Vitória, em Curitiba, onde
seja. Aí ela: Não, mas eu já doei já. Falou: Não, você
doou uma amostra para a gente fazer uma
fenotipagem para a gente ver qual era o tipo para
colocar nesse nosso cadastro. Tem um cadastro
nacional com o nome de Redome e nesse cadastro
fica aí para o mundo todo. Então, a pessoa se nega.
Também há negação depois que você foi lá doar a
amostra para a gente entender e encontrar um
compatível, há quem se negue a ir doar. Assim como
há quem se negue a doar os órgãos, há quem se negue
a doar a medula.
O que é doar a medula? Primeiro a gente faz
essa amostrinha de 5 a 10 ml. Eles fazem essa
tipagem, guardam lá nas anotações do Redome, que é
um sistema nacional de doadores que também tem
compatibilidade com sistemas internacionais.
E aí, quando você tem a sorte de encontrar
um paciente que necessite da sua medula, que é
compatível, aí vamos ter que ir para um ambiente
hospitalar, que é um período, geralmente uma
internação de vinte e quatro horas no máximo a três
dias. O doador vai para o centro cirúrgico para retirar
uma bolsinha de medula. Medula seria sangue
mesmo, só que é um sangue lá de dentro do osso, de
dentro da bacia, de dentro do timo...
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Angélica, só explicar aos
meninos o seguinte: quando se fala em medula a
gente pensa logo na medula espinhal, que comanda o
nosso sistema nervoso através do cérebro, que
emenda até lá na cauda equina, que a gente fala.
Quando se fala em medula óssea, que ela está falando
aí, dentro dos nossos ossos tem umas trabéculas que
88 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
o sangue circula ali dentro. Então vai tirar uma
bolsinha com acesso no osso, geralmente da bacia,
não é?
A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO
- Exatamente.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - E vai tirar um pouquinho de
sangue. Quantos ml mais ou menos?
A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO
- Em média duzentos cinquenta; no máximo
quatrocentos.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Então, uma coisa pequena
que você poderá salvar uma vida ou mais de uma
vida.
Desculpe-me a interrupção, mas foi só para
explicar para os meninos.
A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO
- Fico agradecida, pois só tem a acrescentar,
realmente.
Esse volume que é tirado do nosso corpo, da
medula, em três dias nosso corpo produz novamente.
Então, ninguém está perdendo nada, só está
realmente doando.
O intuito dessa nossa campanha, que chama
Mil passos pela vida, o primeiro é o meu, o milésimo
pode ser o seu: ano passado eu já estava bem melhor
do tratamento, mais resistente, sempre gostei de
esportes, de longas caminhadas, e fui para a região do
Caparaó, de Minas Gerais, fazer o Caminho da Luz,
que sai de Tombos e vai até o Alto Caparaó. São em
média duzentos quilômetros caminhando de segunda
a sábado. Então, fui nesse projeto e lá tinha gente do
Brasil todo e divide minha história de recuperação do
transplante. Lá a gente resolveu, com mais um colega
que mora em Angra dos Reis, que não está aqui hoje,
a fazer essa campanha nas próximas caminhadas.
Toda caminhada que tiver aqui pelo Brasil que eu ou
ele puder fazer, a gente vai sair a divulgar a
campanha, orientar sobre a doação para se tronar um
doador.
Por que tanta dificuldade? Porque, em média,
a cada cem mil, dez... Hoje, já chegou a cada cem
mil, dois apenas... A cada cem mil doadores, apenas a
possibilidade de dois pacientes compatíveis.
Hoje no Brasil a gente tem, em média, quatro
milhões e seiscentos mil doadores inscritos. Mas,
nesse número todo ainda há as negativas pela falta de
orientação, pelo medo de ter que se afastar do
trabalho nesse período de doação. Ah, eu vou para
São Paulo... Por exemplo, aqui no Espírito Santo não
fazemos esse transplante com doador não aparentado;
até com doador aparentado. Tem que ir para São
Paulo ou Rio de Janeiro para fazer esse processo.
Então, o doador teria que viajar, tem que se afastar do
trabalho, por no mínimo, cinco dias nesse processo.
O intuito é orientar, sensibilizar mesmo para
que, além de se cadastrar, porque a gente quer que se
cadastre, sim, lá nos seus hemocentros, no caso do
nosso estado, no Hemoes e nos interiores que a gente
tem também, mas que atualize os dados para que a
gente tenha o contato sempre novo, para quando a
gente entrar em contato e o telefone mudou ou que
não está mais naquele endereço, que também tenha
essa sensibilidade de ir, mesmo que aparentemente
nos prejudiquemos a princípio, nessa primeira fase,
mas ganharemos lá na frente, que é ajudar, doar, se
entregar.
Nesse mesmo caminho da doação de medula
a gente vem orientando o colega de trabalho, o
vizinho. E, nos nossos caminhos que a gente se
propôs a fazer. a gente orienta sobre a doação de
medula, esclarece, tira dúvidas sobre a doação de
sangue.
Como gosto muito de esporte, comecei ano
passado a pedalar também. Comprei uma bicicleta
daquelas e comecei a ir para esses morros e...
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Queria lembrar que eu
conheci Angélica nos Passos de Anchieta, agora, em
maio. E depois pensei que a gente era tão estranho,
mas ela corre junto com minha filha, lá em Vila
Velha. Minha filha corre e Maria Angélica também
corre com a Renata.
A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO
- É isso aí. Eu a conheço. Nunca falei com ela que
estaria aqui, mas fico feliz. Acho que o esporte é um
grande caminho.
Aproveito também para falar que tive poucos
efeitos colaterais no tratamento e muito disso os
médicos relacionaram à qualidade de vida boa que eu
sempre tive, aos bons hábitos alimentares e sempre
pratiquei esportes. Então, assim, vamos cultivar o que
realmente é bom para o nosso corpo, que é essa
máquina que carrega a nossa alma e o nosso espírito.
A gente muitas vezes esquece e brinca, mas eu falo
que é o nosso carro e a gente tem que colocar um
bom combustível aqui, espiritual, psicológico,
alimentar.
Então, nessa historia do pedal a gente assistiu
a um vídeo muito bacana do Pedal pela Vida, que foi
feito em Santa Catarina. Um garotinho agradecendo
aos ciclistas que se uniram para doar sangue. E nós
resolvemos aqui no Espírito Santo também, há pouco
mais de um mês, criar o projeto Pedal pela Vida para
que a gente tenha assiduidade dos doadores.
Eu conheci o Tel, que não participa dos
mesmos grupos de pedal que eu participo, mas eu
agora já quero pular de paraquedas com o grupo dele
e fazer umas aventuras maiores. Eu trouxe ele hoje
também, o Stel...
O SR. STELZIMAR MAGESCK -
Stelzimar.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 89
A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO
- Stelzimar, que eu conheço como Tel, para falar
sobre o nosso projeto de doação de sangue também
que a gente começou agora.
O SR. STELZIMAR MAGESCK - Então, a
partir do momento que assistimos a esse vídeo do
Pedal pela Vida, em Santa Catarina, na cidade de
Tubarão, se não estou enganado, muita gente ficou
sensibilizada. Muitos ciclistas disseram: Ah, vou
fazer alguma coisa e tal... Unimos as forças de
quem queria fazer alguma coisa e convidamos para a
gente começar uma reunião e organizar um pedalaço
pela vida no estado. E no mês passado, dia 17,
fizemos um pedal de abertura envolvendo todos os
grupos. Aqui na Grande Vitória temos mais de quinze
grupos de pedais em todas as cidades e acho que deu
aproximadamente cento e cinquenta a duzentos
ciclistas em direção ao Hemoes, com a ideia de pelo
menos cinquenta ciclistas doarem sangue.
Acho que quase batemos a meta de cinquenta
ciclistas. A nossa ideia é fazer um pedal desse por
mês até chegar o final do ano no dia 25 de novembro,
Dia Nacional do Doador de Sangue, da doação de
sangue, fazer um grande pedal envolvendo ciclistas
da Grande Vitória em direção ao Hemoes também, de
forma a surtir um efeito no banco de sangue do
Hemoes para que tenha sempre uma quantidade
razoável lá, para que não fique passando dificuldade.
Então, a nossa ideia é criar o hábito de
doação de sangue por parte dos ciclistas e da
população em geral. Mas, como estamos ligados ao
esporte, aos ciclistas, a nossa ideia é focar nesse
grupo pelo menos em um primeiro momento. E
vamos dar prosseguimento. Amanhã teremos uma
reunião de organização e vamos tentar a cada mês,
até novembro, fazer um pedal em direção ao Hemoes
para doação de sangue.
A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO
- Dados aqui do Hemoes do Espírito Santo relatam
que a gente precisaria ter no mínimo sessenta, setenta
doadores por dia. E isso tem caído. No último ano
houve uma grande queda no número de doadores.
Acho que quanto mais campanhas, mais a
gente toca. O Hemoes quer hoje e precisa, acho que o
mundo todo precisa, de doadores assíduos. Aquele
que pode doar até de três, quatro meses. Tem o
espaço. O homem, acho que são três meses. Tenho
anotadinho, mas não decorei certinho. E mulher
quatro. Exatamente nesse espaço.
Então, que seja uma rotina, assim como doo a
cesta básica mensalmente, que eu doe sangue a cada
três, quatro meses, depende do sexo e da condição de
saúde de cada indivíduo. Então, nosso martelinho vai
ser... Então, o nosso grupo alerta e abre os olhos dos
ciclistas que são geralmente jovens, saudáveis, têm
todas as características para um doador permanente,
para que não seja só no socorro, só na emergência,
quando acontece lamentavelmente um acidente que
comove todos, que fica bem evidente na mídia, e
chega a faltar espaço para aqueles doadores
voluntários.
Então, que esses voluntários se tornem
permanentes. Esse é o nosso principal objetivo.
Sentamos com uma das responsáveis pelos doadores,
pela recepção desses doadores, e ela mostra para nós
que a maior carência, hoje, aqui no estado, é desse
doador assíduo, que não falte, que procure, que
mantenha uma assiduidade.
Não faz mal nenhum para a saúde. Assim
como a medula se recompõe nesse período de quinze
dias, no máximo, nosso sangue também vai se
reconstituir, porque faz parte da mesma família.
Medula e sangue são tudo nesse processo, então, está
sempre se recompondo. É um intuito mesmo de
colaborar com a campanha para aumentar o número
de doadores, tanto de medula, quanto de doadores de
sangue.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Maria Angélica, se a pessoa
tivesse conhecimento dos benefícios que ela tem de
doar o sangue. Vou dar um exemplo aqui: há uns
quinze anos, eu me mudei de uma casa para um
apartamento, e sobrou muita coisa, aquelas coisas que
a gente guarda em casa. E, na minha obra social, todo
final de semana eu fazia uma brincadeira, chamava o
pessoal para fazer um agradecimento - eu faço isso
com frequência -, e também sorteava uma coisa, um
teclado, um violão, um cavaquinho. E teve um dia
que não tinha nada mais para sortear, mas eu sorteei
duas pessoas e falei: Vocês duas foram sorteadas,
foram premiadas a irem ao Hemoes fazer doação de
sangue. Sabe o que aconteceu? Uma estava com
diabetes, e a outra estava com o colesterol altíssimo,
e triglicerídeo também.
Então, o que acontece? Há algumas doenças
que cursam silenciosas. Ninguém, em lugar nenhum,
aplica o sangue numa pessoa se não fizer uma bateria
de exame muito grande. Então, o que acontece? A
pessoa pode descobrir uma doença que cursa
silenciosa, e pode se tratar, fazer a prevenção disso.
Então, isso aconteceu.
Muitas vezes, a pessoa que doa o sangue,
além do ato de amor e solidariedade, também é um
ato de vigiar a sua própria saúde. Eu sou muito - vou
usar um termo aqui que não é muito usual na fala de
deputado - macaca de auditório de doação de sangue,
sabe por quê? O meu filho teve que fazer duas
exsanguineotransfusão. Para quem não sabe o que é
isso, é trocar o sangue. Você tira do umbigo da
criança ou de outra veia, joga fora e aplica. Ele
trocou o sangue duas vezes. Ele tem só quinze por
cento do sangue dele.
Para vocês terem uma ideia, a bilirrubina
total deveria estar em torno, em pessoas normais, de
quatro por cento, mais ou menos, e ele estava com
trinta e quatro por cento. E o que é isso? Dá
impregnação dos núcleos da base do crânio, do
cérebro, e a criança fica totalmente debilitada
intelectualmente, o sistema motor também fica
90 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
totalmente debilitado. Então, faltava pouco para ele
ter isso.
Acabei eu fazendo o diagnóstico em casa
mesmo. Minha mulher levou meu filho à janela - a
icterícia, você não vê bem com a luz artificial, você
vê com a luz do sol, com a luz natural -, e a gente
brinca que o moleque quase saiu voando. Estava um
canarinho amarelinho. Até a sola dos pés estava
amarelinha. Meu filho tinha tudo para ficar
totalmente debilitado e, hoje, ele é cirurgião,
professor de Medicina, e está com trinta e sete anos.
Realmente, a doação de sangue salvou a vida dele,
nesse tempo. Então, sempre falo da importância da
doação de órgão.
Quer falar mais alguma coisa, Maria
Angélica?
A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO - Eu ia dizer que, com o aumento do número de
motociclistas, o número de acidente aumenta, então,
a necessidade de sangue nos prontos-socorros está
cada vez maior. Então, assim como salva a vida de
crianças também, os acidentes têm consumido os
nossos bancos de sangue.
É importante lembrar também - quero só
acrescentar uma coisinha - que o fator RH negativo é
o mais necessitado no momento, e é o que menos tem
doadores. Então, por favor, os doadores de fator
negativo colaborem conosco.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Eu também faço pré-natal e
quando encontro uma paciente com RH negativo -
naturalmente, tem que fazer o exame de Coombs
indireto, tem que fazer classificação do marido, do
pai -, eu insisto nessa questão da doação, que é
importante, porque tem muito menos pessoas na
população com sangue negativo do que positivo.
Tanto é que o O, a gente fala que é universal, que é o
mais comum o sangue O.
Muito bem.
Quero passar a palavra à Deputada Eliana
Dadalto, que é a nossa vice-presidente, nossa
professora. Já citei aqui o provérbio do nosso querido
Paulo Freire. Então, a nossa professora sabe muito
bem, melhor do que eu.
A SR.ª ELIANA DADALTO - (PTC) - Bom dia. Bom dia, Maria Angélica Machado. Um
prazer ouvir essa experiência de vida e de luta
também. Parabéns pela fala. Também o Stelzimar,
por estar participando junto com vocês nessa luta.
Quero agradecer também a oportunidade de
estar aqui junto com o nosso Presidente Doutor
Hércules, é um mestre. Ele fala que sou professora,
mas aprendo muito com ele, essa experiência,
principalmente na área da saúde - é um grande mestre
na área da saúde, tanto é que tem um filho que está lá
também - pela experiência que teve com seu filho.
Ele já me contou essa história que o filho quase que
saiu voando, um canarinho. Já me contou essa
história e ele tem muitas experiências que vêm para
acrescentar no trabalho dele aqui na Assembleia,
todos os temas que ele traz para esta comissão.
Quero também cumprimentar todos os
colaboradores desta comissão e todos que nos
assistem.
Veja bem. Quando você fala, Maria
Angélica, que você teve, graças a Deus, um plano de
saúde, eu fiquei imaginando: e esses que não têm
plano, que dependem do SUS? Você que trabalha em
um hospital do Estado, o que você me diz? Há
condições dessas pessoas de baixa renda... Os que
não têm hoje? Nem só os de baixa renda, Doutor
Hércules, mas a classe média hoje está saindo dos
planos, estamos vendo e acho que você tem visto isso
no hospital. Pelo menos na minha cidade, em
Linhares, sempre falo com o Doutor Hércules.
Aqui na Grande Vitória o SUS funciona bem.
Fiscalizei hospitais com o Doutor Hércules, fomos ao
Jayme - não é, Doutor Hércules? - e vimos que o
atendimento lá é fantástico. Gostei muito do
atendimento do SUS aqui na Grande Vitória, mas no
interior, principalmente, em Linhares, porque, em
Colatina, vejo que o atendimento é bom. Em São
Mateus, temos hoje o hospital de grande porte que é o
Meridional, que está atendendo bem ultimamente os
munícipes, mas, em Linhares, vemos dificuldade.
Semana passada, Doutor Hércules, eu estive
com uma senhora pedindo socorro, criticando que a
unidade de saúde não tinha um aparelho de
nebulização. Não tinha dentro da unidade de saúde e
aí não tem para onde recorrer. Vão para o hospital, ao
HGL, que está sendo um problema seríssimo no
município, porque é um hospital municipal. Sempre
cobro do secretário de Estado para que o Estado
possa intervir na saúde de Linhares, principalmente
no HGL, porque é lamentável o que estamos vivendo
lá.
Temos o Hemocentro, que funciona bem em
Linhares. Temos dois hospitais, aliás, três hospitais,
mas um município do porte de Linhares, com quase
cento de setenta mil habitantes, só temos apenas três
hospitais e que não funcionam cem por cento. Fica
essa minha preocupação.
Quando você fala, e vou fazer este
questionamento: o SUS aqui está atendendo? Dá para
atender? Como que está? Como você falou, não é
feito aqui o transplante, e sim fora do estado. Você
teria como explicar isso para a população que está
nos ouvindo?
A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO
- Claro que tenho.
Quando o paciente consegue chegar lá dentro
do caminho, que ele conseguiu entrar, fazer a
quimioterapia, ele é encaminhado para São Paulo
pelo SUS. Inclusive, o transporte dele é feito todo
pago pelo SUS. Ele vai para São Paulo, vai para o
Inca, vai para Jaú, no interior de São Paulo, vai para
o Hospital do Câncer de Barretos. Todos os pacientes
são encaminhados, eu acompanho. As redes sociais
me aproximaram de pacientes novos. Então eu tenho
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 91
acompanhado a história. Mas eu digo que é difícil
chegar lá.
O mieloma múltiplo, que vou explicar, pois
tenho um pouco mais de conhecimento, ele tem
vários tratamentos. Pode usar três tipos de medicação
e outros três tipos, só que o SUS só fornece três, não
pode escolher. Se o paciente não deu certo com
aquela medicação que o SUS fornece, ele tem que
entrar judicialmente para conseguir uma nova
medicação.
Então, o paciente sofre com essa questão,
porque o medicamento não está dando certo, ele não
está melhorando com a talidomida, a dexametasona e
a ciclofosfamida, que são nomes que nem todo
mundo conhece, mas é o tratamento que o SUS
oferece. Então, ele não está dando certo com a
talidomida, as células cancerosas não estão
diminuindo, e o médico diz: Olha, nós vamos
precisar entrar com outra medicação. Vou dar o
exemplo do velcade, o SUS não oferece.
Então, o paciente tem que esperar, enquanto a
justiça determina, enquanto o Governo não compra
para que ele tenha acesso àquela medicação e começa
a usar. Enquanto isso, as células cancerosas estão
crescendo.
Então, eu digo que tem grandes tratamentos.
O SUS faz grandes processos. Eu digo que um por
cento do SUS funciona em excelência. O Hospital
Central é um hospital cirúrgico, onde eu trabalho, que
faz cirurgias de excelência, cirurgias neurológicas e
neurocirurgias de excelência. Porém, é um por cento
da população que tem acesso. Por quê? Porque o
número é pequeno para o número de necessitado.
Então, vejo essa carência. Concordo plenamente com
a senhora.
A SR.ª ELIANA DADALTO - (PTC) -
Obrigada pela explanação.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - A Maria Angélica falou em
talidomida. Eu trabalhei dez anos no hospital de
hanseníase, lepra, o Pedro Fontes. Tem até um livro
sobre os filhos da talidomida, porque ele é
teratogênico, essa medicação, e não se tinha
conhecimento há muitos anos. As mulheres tomavam
esse medicamento para surto reacional da hanseníase
e as crianças nasciam mutiladas, sem braços, sem
pernas, uma série de deformidade que vinha da
formação genética ainda embrionária da criança.
Então, me chamou a atenção porque isso, em
hanseníase, está totalmente em desuso. Não se usa
por isso.
A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO
- A talidomida é um quimioterápico para o mieloma
múltiplo. É usado em todo paciente e, em especial, do
SUS; ele inicia o tratamento com a talidomida. Mas
existe todo um processo para conseguir a talidomida.
No meu caso, que sou mulher, e em idade fértil, para
eu conseguir a talidomida, eu teria que ter um método
contraceptivo seguro; o governo considera o DIU ou
ligadura de trompas. Eu coloquei o DIU para que o
Governo me desse a talidomida. Eu usei talidomida
por dezoito meses.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Com relação ao transplante,
a coisa mais séria que tem neste país é o transplante
de órgão, a mais séria. Não se fura fila, não se paga
com dinheiro. Tem as dificuldades de acesso, é
demorado, é verdade. Eu me lembro, o Tadeu Marino
era secretário estadual de Saúde. Ele ficou na fila,
esperou seis anos para fazer o transplante de rins, e
fez o transplante de rins. Então, não adianta ter
posição, ter dinheiro, que não fura a fila. É uma
coisa, realmente, altamente técnica, o transplante de
órgãos no país.
Maria Angélica, no dia 13 de setembro de
2010, nós realizamos uma sessão especial sobre
doação e transplante de órgãos aqui no Espírito
Santo; em 2013, no dia 25 de maio, fiz a lei -
desculpa falar na primeira pessoa, mas foi da minha
iniciativa -, a Lei 10.016, que institui a semana de
conscientização do doador de medula óssea no
Espírito Santo. Depois a gente pode passar uma cópia
para você.
Em 18 de junho de 2013, a Comissão de
Saúde recebeu a visita dos representantes da Igreja
Presbiteriana do Brasil, de Campo Grande, para
apresentar a campanha de doação de medula óssea.
O nome era: Doe sangue, doe vida. Ainda em
2013, dia 25 de junho, a Comissão de Saúde recebeu
a visita do senhor Antônio Carlos Peçanha Mendes,
diretor-geral do Hemoes - Centro de Hemoterapia e
Hematologia do Espírito Santo -, para apresentar os
trabalhos do Centro sobre a doação de medula óssea.
Em 2013 ainda, em 30 de setembro, realizamos uma
sessão especial sobre doação de órgãos, tecidos e
medula óssea. Então, você vê que essa luta nossa já
tem bastante tempo.
Em 2014, no dia 02 de dezembro, a
Comissão de Saúde recebeu a visita da coordenadora
da Central de Notificação, Captação e Distribuição de
Órgãos do Espírito Santo, a enfermeira Rosemery, a
nossa querida Rose, para falar sobre a importância da
doação de órgãos e apresentar dados relativos aos
transplantes no estado. A Rose deixou a Secretaria e
está no doutor Jayme dos Santos Neves, porque o
Evangélico a tomou da gente e está lá, muito bem
entregue.
Em 2015, dia 03 de junho, também uma lei
da nossa autoria, Lei n.º 10.374, institui o Setembro
Verde, mês de conscientização para doação de
órgãos. Em 03 de junho, ainda de 2015, a Lei 10.375,
institui a Semana do Rim. O Doutor Lauro vem aqui
todo ano, o doutor Lauro lá do Hospital das Clínicas,
falar sobre a importância.
Para quem não sabe, você que está em casa,
nasceu uma criança lá uma vez que não tinha os dois
rins - agenesia renal bilateral -, uma menina. Eles
foram fazendo hemodiálise nessa menina e quando
92 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
essa menina chegou com o peso ideal para receber
um rim fizeram o transplante. Essa menina hoje deve
ter uns dezoito anos. Já está entrando na universidade
também. Isso é uma coisa espetacular. Você imagina,
aqui do nosso lado, uma criança que nasceu sem os
dois rins! Isso é incompatível com a vida. Então,
doutor Lauro é um missionário. Nós temos que rezar
para ele todo dia.
Em 2017, no dia 05 de abril, também nós
fizemos a Lei 10.633, que dispõe sobre o
reconhecimento das pessoas portadoras de doença
renal crônica e transplantado como pessoas do
mesmo direito para fim de atendimento prioritário
nos serviços públicos e privados do estado. O que é
isso? Uma pessoa que tem insuficiência renal
normalmente faz três sessões por semana - a grávida
tem que fazer seis - mas, as pessoas que não estão
grávidas, os homens, por exemplo, fazem segunda,
quarta e sexta. Cada sessão fica quatro horas na
máquina. Então, essa pessoa não pode ter a mesma
condição que nós temos, de entrar na fina no
supermercado, no ônibus; enfim, no banco. Então,
essas pessoas têm que ter prioridade. Nós fizemos
essa lei aqui, mandamos também para o Procon
fiscalizar esse direito que a pessoa tem.
A Taquigrafia não precisa copiar o que eu
estou falando rápido porque depois eu passo para
vocês. A Taquigrafia é um dos serviços mais
eficientes que nós temos aqui na Assembleia. Além
dos nossos procuradores que estão aqui, além do
doutor Edson, também, que é odontólogo, acompanha
a nossa sessão. A Taquigrafia registra toda a história
nossa; tudo que nós falamos as coisas boas, as
besteiras que nós falamos também. Eles registram
tudo. Então, eu gosto muito da Taquigrafia também
por isso.
Então, em 14 de junho de 2017, fizemos a
Indicação n.º 881, ao governador do Estado para
instalação de um hemocentro em Cachoeiro de
Itapemirim, porque não tem. Cachoeiro é o maior
centro do Sul do estado de Medicina, de saúde, e a
gente sabe que são vários fatores que o sangue tem e,
com transporte, com as estradas ruins que nós temos,
alteram-se alguns componentes do sangue.
Em 5 de dezembro, também, tem a Lei n.º
10.775, que institui, no calendário oficial do Estado,
o Junho Vermelho, o mês de conscientização da
importância da doação de sangue. É uma lei da nossa
autoria também.
Temos, ainda, outras leis que fizemos.
Aqui descobrimos, Maria Angélica e
Stelzimar, uma doença que só duas moças têm no
estado do Espírito Santo que é Cri du Chat. Isso em
francês é miado do gato. Pouca gente sabe e eu, com
quarenta anos de parteiro, também não sabia. A
criança, quando nasce, não chora igual ao bebê
comum, mia igual a um gato, daí cri, miado, do gato.
Cri du Chat é miado do gato em francês. Então, nós
descobrimos, fizemos caminhada. A gente tem que
mostrar que isso existe, porque eu, por exemplo, não
sabia que isso existia. Comecei a saber três anos
atrás. E essa moça mora no meu prédio e eu não
sabia.
Então, nós temos que mostrar para você que
está em casa que isso existe. Temos ainda muitas
parteiras no Brasil. Então a parteira, também, tem que
saber disso.
Bom, faltando oito minutos para
encerramento da nossa sessão, já recebi um recado
que, às 10h, temos que desocupar o nosso auditório.
Só queria, Deputada Eliana Dadalto, na
Ordem do Dia aprovar. Vou ler todos, depois a gente
vota.
Precisamos deliberar sobre a visita do senhor
Marcos Tadeu D’Azeredo Orlando, professor de
Física Nuclear da Universidade Federal do Espírito
Santo, Ufes, para falar sobre o tema: As prioridades
da areia monazítica nas Praias de Guarapari.
A SR.ª ELIANA DADALTO - (PTC) - As
propriedades. Só corrigindo aí: as propriedades.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Propriedades. Com data a
definir.
Deliberar, também, sobre a visita do senhor
Júlio Cezar Mendel, presidente da Fetaes, Federação
dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras
Familiares do Estado do Espírito Santo, para falar
sobre o tema: Agricultura familiar em relação à
preservação ambiental e recursos hídricos para o
Espírito Santo. Data a definir também.
Deliberar sobre a visita da senhora Dayana
Gomes Conti, mãe de Vitor Henrique Conti
Lourenço, para falar sobre o tema: Distrofia muscular
progressiva de Duchenne. Data a ser definida
também.
Deliberar, por último, sobre a visita do
senhor Elias Francisco Silva, técnico de Enfermagem
para falar sobre o tema: As demandas das pessoas
com hemofilia no Estado do Espírito Santo, com data
a ser definida também.
São as matérias que temos que definir. Quero
colocar em votação.
Deputada Eliana Dadalto, como vota?
A SR.ª ELIANA DADALTO - (PTC) - Pela
aprovação de todas as deliberações.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Eu voto a favor.
Acompanho.
Nós teremos, então, essas visitas que nós
definimos aqui.
Na próxima terça-feira, estaremos recebendo,
no dia 17, de manhã, às 9h, a visita do senhor
Wellington Moura Pego, liderança indígena
tupiniquim de Aracruz, para falar sobre o tema: A
saúde indígena também é responsabilidade do Estado
do Espírito Santo. Cinco caciques estarão aqui
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 93
falando sobre a saúde indígena. Bom momento para
falar também sobre a síndrome Cri du chat porque, lá
na tribo, as parteiras é que fazem ainda os partos.
Mais uma vez, falar um pouco ainda.
Segundo o Ministério da Saúde, trezentos e doze
municípios brasileiros estão com baixa cobertura da
vacina contra a poliomielite, ou contra a vacina de
paralisia infantil, desenvolvida pelo Professor Albert
Sabin, que esteve em Brasília, Maria Angélica. O
Ministro da Saúde era um tal de Waldyr Arcoverde.
Ele foi visitar o ministro da Saúde. E o presidente da
República, desculpe a palavra, era...
Enfim, não me lembro bem, não. O
alemãozinho pegou a minha cabeça outra vez.
O ministro da Saúde não recebeu o Professor
Albert Sabin, porque ele estava atendendo uns
deputados. Imagina só quem foi Albert Sabin para a
humanidade! Era um homem para quem a gente tinha
que rezar o dia todo. Quantas pessoas com problema
físico morreram por falta da vacina de poliomielite!
Ele achou que os deputados eram mais importantes
do que o Professor Albert Sabin. Lamentável isso!
Então o que acontece? Nós temos os dados
do Espírito Santo: não temos ainda nenhuma doença
e nós estamos lutando ainda para cobertura total, que
o ideal seria, pelo menos, noventa e cinco por cento,
porque nós estamos no Brasil ainda com setenta e
sete por cento de cobertura. O Governo Federal
ressalta que não há casos de paralisia infantil no
Brasil. O último registro do vírus selvagem foi feito
em 1989, em Souza, na Paraíba.
A campanha nacional de vacinação contra a
poliomielite acontecerá no período de 06 a 31 de
agosto, mês que vem. Tem que vacinar as crianças.
Tem que responsabilizar os pais que não levam as
crianças para serem vacinadas.
O sarampo, a difteria e rubéola voltam a
ameaçar. São doenças milenares. São doenças que,
infelizmente, estão voltando por falta de programa do
Governo, de esclarecimento do Governo. E por falta,
também, de uma conscientização maior dos pais.
O sarampo era considerado uma doença
erradicada no Brasil desde 2016, quando a
Organização Mundial da Saúde identificou que o país
ficou um ano sem nenhum caso do vírus. Porém,
boletins recentes da entidade advertem que está em
curso um surto da doença, altamente contagiosa, que
pode levar à morte de crianças pequenas ou causar
sequelas graves.
Você quer falar alguma coisa sobre isso,
Maria Angélica?
A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO
- Não.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Não? Muito bem.
Entre 1.º de janeiro a 23 de maio deste ano
foram registrados novecentos e noventa e cinco casos
de sarampo no país, sendo seiscentos e onze, no
Amazonas, e trezentos e oitenta e quatro, em
Roraima, incluindo duas mortes, segundo a
Organização Mundial da Saúde. Uma terceira morte
foi confirmada na última quinta-feira, dia cinco: um
bebê de sete meses morreu em Manaus em 28 de
junho, depois de apresentar febre, manchas na pele...
Presta atenção, você que está em casa!
Olha, mamãe! Porque quem olha mesmo são
as mamães.
Febre, manchas na pele, tosse e coriza. Não
espere esses sintomas: vacine antes!
Segundo o Ministério da Saúde, a erradicação
da pólio e do sarampo criou uma falsa sensação de
que a vacinação não é mais necessária. É necessária,
sim! Tem que tomar a vacina! Tem que levar as
crianças para tomar a vacina.
No Brasil, seis casos suspeitos de difteria,
relatados este ano, aguardam confirmação.
Vou fazer um registro também: eu tive
difteria com cinco anos de idade. Meu irmão teve
com três anos. Meu irmão morreu. Eu, porque sou
um sangue um pouco pior, consegui vencer a difteria.
Para quem não sabe, dá uma placa, dá uma
falsa membrana atrás da língua, na traqueia, que
fecha a respiração da criança. Depois que a gente
aprende isso, é só enfiar o dedo na garganta, desfaz
essa placa, essa membrana, e a criança passa a
respirar e não morre. Meu irmão morreu com três
anos; eu tinha cinco. Felizmente fui mais forte e ele
infelizmente não foi.
Em 2017, com o surto de sarampo em países
vizinhos, o Ministério da Saúde alertou a população
para a importância de tomar a vacina tríplice viral,
vacina que protege contra o sarampo, a caxumba e a
rubéola.
A tríplice viral é uma das quatorze vacinas
oferecidas de graça pelo Programa Nacional de
Imunizações. Ela deve ser tomada na infância em
duas doses, a primeira com doze meses e a segunda
com quinze meses. Na segunda dose, a vacina
recebe um reforço contra uma quarta doença, a
varicela, infecção viral altamente contagiosa que
causa a catapora. Quanta gente ficou manchada com
a catapora.
Chagamos ao final da nossa reunião. Quero
perguntar à Maria Angélica se quer fazer alguma
consideração, algum convite.
A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO
- Convido sim, convido todos a entrarem nessa
campanha conosco e partirem para a doação de
medula e de sangue.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Muito bem!
Stelzimar, por favor.
O SR. STELZIMAR MAGESCK - Só
reforçar também os grupos de pedágio da Grande
Vitória e do interior do estado para poder se envolver
nessa iniciativa e realmente ficar uma campanha
bonita e que seja constante.
94 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Muito bem!
Há aproximadamente quinze anos venho
lutando para que a Rodosol tenha ciclovia. Não tem.
E um pedaço da ciclovia que começa da ponte da
Barra do Jucu e vai até a entrada da Barra do Jucu,
tem um trecho de ciclovia, mas o mato já a invadiu.
Tenho pedido ao prefeito Max Filho - está
me devendo isso - para iluminar aquele trecho. Já tem
os postes, já tem a rede elétrica, só falta colocar a
luminária. Tem um ano e meio que estou pedindo ao
prefeito e não consegui, mas tenho certeza de que o
prefeito Max Filho fará isso e vai proteger o nosso
ciclista, além do exercício que fazem, a segurança
que vocês fazem, as campanhas que vocês fazem,
meus parabéns!
Muito obrigado a todos!
Nada mais havendo a tratar, vou encerrar a
nossa reunião, convidando todos para a próxima, aqui
mesmo, às 9 da manhã.
Bom dia, vamos com Deus e muito obrigado.
(Encerra-se à reunião às
10h03min)
SÉTIMA REUNIÃO
EXTRAORDINÁRIA, DA QUARTA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA, DA DÉCIMA
OITAVA LEGISLATURA, DA COMISSÃO DE
SAÚDE E SANEAMENTO, REALIZADA EM 16
DE JULHO DE 2018.
PRESTAÇÃO DE CONTAS DO
SECRETÁRIO DE ESTADO DA SAÚDE,
SENHOR RICARDO DE OLIVEIRA.
O SR. GABRIEL FRAGA - Senhoras e
senhores, autoridades presentes, um bom-dia. É com
satisfação que o Excelentíssimo Senhor Presidente da
Comissão de Saúde e Saneamento da Assembleia
Legislativa do estado do Espírito Santo, Deputado
Doutor Hércules, os recebe para esta audiência
pública de prestação de contas dos trabalhos
realizados pela Secretaria de Estado da Saúde no 1.º
Quadrimestre do ano de 2018, que serão apresentados
pelo Excelentíssimo Senhor Ricardo de Oliveira, em
conformidade com o disposto no § 5.º do artigo 36 da
Lei Complementar n.º 141/2012.
Já se encontra presente, à Mesa, o
Excelentíssimo Senhor Presidente da Comissão de
Saúde e Saneamento da Assembleia, Deputado
Estadual Doutor Hércules; já se encontra presente, à
Mesa, o Excelentíssimo Secretário de Estado da
Saúde, Doutor Ricardo de Oliveira.
É convidado a compor a Mesa o Secretário-
Chefe da Casa Civil, interino, Senhor Giuliano
Nader; é convidada a compor a Mesa a Promotora de
Justiça e dirigente do Centro de Apoio Operacional
de Implementação das Políticas de Saúde do
Ministério Público - Caps, doutora Inês Thomé Poldi
Taddei; é convidada a compor a Mesa a presidente do
Conselho Estadual de Saúde, a senhora Joseni Valim
de Araújo; é convidado a compor a Mesa,
representando a Federação das Santas Casas e
Hospitais Filantrópicos do Espírito Santo, o diretor
de relações institucionais do Hospital Evangélico de
Vila Velha, senhor Ricardo Ewald. (Pausa)
(Tomam assento à Mesa os
referidos convidados)
O SR. GABRIEL FRAGA - Convidamos a
todos para, neste momento, em posição respeitosa,
ouvirmos a execução do Hino Nacional Brasileiro.
(É executado o Hino Nacional)
O SR. GABRIEL FRAGA - Gostaríamos de
registrar e agradecer a presença do diretor
administrativo do Hospital Estadual de Atenção
Clínica, senhor Enrielton Chaves; do secretário
executivo do Conselho Estadual de Saúde, senhor
Alexandre Fraga; do subsecretário de Estado de
Atenção à Saúde, senhor Fabiano Marily; do diretor-
geral do Hospital Silvio Avidos, de Colatina, Almiro
Schmidt; do diretor-geral do Hospital Estadual de
Atenção Clinica, Renato Vieira; do subsecretário de
Estado de Gestão e Saúde, Luis Fernando Alves; da
diretora-geral do Crefes, Marcela Nogueira da Gama;
do diretor administrativo do Crefes, Antônio Carlos
Roriz; do diretor do Hemoes, Marcos Coelho; do
subsecretário de estado de Saúde Administrativo,
Carlos Tesch; da diretora administrativa do Hospital
Antônio Bezerra de Faria, Uiara Rios; da diretora-
geral do Hospital Antônio Bezerra de Faria, Regina
Avelar.
A partir deste momento, os trabalhos passam
a ser conduzidos pelo excelentíssimo senhor
presidente da Comissão de Saúde e Saneamento,
Deputado Estadual Doutor Hércules.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Bom dia a todos.
Queremos agradecer a presença de todos,
especialmente, àqueles que chegaram exatamente às
9h.
Invocando a proteção de Deus, declaro
abertos os trabalhos da Comissão de Saúde e
Saneamento, para a audiência pública de prestação de
contas do primeiro quadrimestre de 2018, pelo
excelentíssimo senhor doutor Ricardo de Oliveira, em
conformidade com o disposto no § 5.º do art. 36 da
Lei Complementar 141/2012.
Vamos dar início à nossa prestação de contas.
Quero, mais uma vez, agradecer a presença de todos
e vou pedir ao nosso secretário que comece a fazer a
sua prestação de contas, que poderá ser feita aqui ou
poderá ser feita da tribuna, se assim desejar.
Especialmente, quero pedir desculpas aos que
estão à Mesa pelo tamanho da cadeira e o peso dessa
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 95
cadeira. Isso aqui, doutora Inês, é do tempo do
Império. E que dá um trabalho até para a gente passar
por aqui, não é Joseni? Então, são coisas totalmente
desproporcionais.
Quero dizer também que quem não está aqui
à Mesa não é menos importante do que quem está à
Mesa. Estamos à Mesa, exatamente por causa da
função que a gente exerce, temporariamente, com
exceção da doutora Inês, que é promotora, ela não é
temporariamente. Ela, com certeza, vai continuar
fiscalizando e exigindo de nosso trabalho, que possa
servir cada vez melhor o nosso cidadão, no nosso
caso, aqui no Espírito Santo.
Com a palavra, então, o nosso Secretário
Ricardo de Oliveira.
O SR. RICARDO DE OLIVEIRA - Bom
dia. Vou falar daqui, deputado, por conta da
apresentação. Fica mais fácil aqui para eu
acompanhar. Não vai ficar fácil para vocês. O que o
senhor acha? É melhor descer para assistir?
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Ricardo, a gente pode até
desfazer a Mesa e sentar ali. Infelizmente, já pedi
outro microfone, mas a Assembleia é muito pobre,
não tem outro microfone sem fio, para você falar.
Infelizmente.
Então, vamos descer.
O SR. RICARDO DE OLIVEIRA - Acho
que fica melhor para assistir.
Inicialmente, queria saudar o Deputado Hércules, que
é o presidente da nossa Comissão de Saúde, e que
está coordenando essa nossa Mesa; saudar também o
Ministério Público, em nome da doutora Inês, que faz
a fiscalização dos serviços, da prestação dos serviços
de Saúde; saudar a Joseni, que está aqui
representando o Conselho Estadual de Saúde, hoje
submetida a um sacrifício maior, porque subiu e
desceu duas vezes com toda a dificuldade de
locomoção, mas acho que vai ficar melhor para
assistir, senão você vai ficar de costas ali. Agradecer
a presença também do Ricardo, que representa a
Fehofes, que é um parceiro nosso e, também, a
presença, representando o Governo, do nosso
secretário do Gabinete Civil, jovem, aliás, sempre
nos acompanha aqui, você não perde uma das
apresentações nossas aqui. Doutor Hércules exige a
sua presença aqui. Agradeço muito, desde já, por
isso.
Doutor Hércules, vou fazer aqui uma
apresentação um pouco diferente do que eu tenho
feito. Por que isso? Motivos principais: primeiro,
porque o SUS este ano faz trinta anos. Acho que é
importante relembrar para a população capixaba o
que representou nesses trinta anos o SUS para a
população capixaba. Acho que isso é importante.
Depois, porque temos também um ano eleitoral, e o
debate sobre a política de saúde é bastante importante
para a população. E seria bom que essa apresentação
também fornecesse algumas informações que
facilitassem o debate, ou até qualificassem esse
debate. Como eu tenho que acompanhar e
acompanho com prazer esse debate sobre política de
saúde, infelizmente, deputado, devo dizer que o
debate é demagógico e simplista, o que não ajuda em
nada a gente a evoluir na prestação de serviço de
saúde. É importante que tenhamos um bom
diagnóstico, com um bom debate público, para
esclarecer quais são os problemas e como nós
podemos resolver isso enquanto sociedade daqui para
frente.
Isso é uma obra coletiva, é uma construção
social. O SUS é uma construção da sociedade, não
tem e você não vai conseguir pegar aquele ou aquele
ou aquele que é o construtor do SUS. Não é. É uma
construção social. Você tem o debate qualificado
para que a gente possa identificar os problemas e ver
quais são os melhores caminhos para melhorar a
saúde da população. Mas infelizmente não é. O que é
muito ruim, pois a população não consegue fazer uma
avaliação equilibrada da prestação de serviço de
saúde do SUS, o que está certo, o que está errado, o
que tem que consertar. Isso é ruim porque enfraquece
o SUS e enfraquece a nossa política de saúde.
Para contribuir neste debate, em síntese faço
desde já uma proposição aqui, deputado, de quatro
temas, que vou depois detalhar um pouco mais à
frente. São quatro temas que acho importantíssimos
para quem se interessa pela política pública de saúde
e como a gente pode melhorar. A primeira questão
são as regras de gestão do setor público, regras
administrativas e de controle. Essas regras precisam
ser reformadas porque elas colocam uma dificuldade
muito grande para o gestor público no sentido de
prover serviço com eficiência e qualidade. Isso nunca
vem a debate. Fica parecendo que isso não existe.
Abstrai o peso da carga. Esse é um dos maiores
entraves no funcionamento do setor público. Nós
temos que modernizar essa legislação nossa
administrativa e de controle. Claro que estou falando
isso do ponto de vista de quem tem a
responsabilidade de prestar o serviço e atender
milhões de pessoas neste estado.
A segunda questão é o excesso de
judicialização. Isso é grave também. Vou mostrar os
dados aqui. Nós estamos criando uma segunda porta
de entrada no SUS, outra porta de entrada,
mobilizando recursos poderosos, mais de cento e sete
milhões, no ano passado. Então é complicado,
bastante complicado esse assunto, que é um assunto
difícil de resolver. Estamos investindo em um
diálogo muito forte com o Judiciário. Acho que
vamos ter alguns frutos importantes ali, mas isso é
grave também, é um excesso de judicialização muito
grande.
Uma terceira questão é a disputa pelo
orçamento do SUS pelos interesses corporativos e
econômicos. Essa disputa, inclusive, nunca vem a
96 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
público do jeito que ela é. Ela sempre vem travestida
de interesse público. É engraçado quando vejo vários
interesses que disputam o orçamento da saúde e
nunca vem a público - registrar a presença do
Deputado Sergio Majeski, agradeço também a
presença -, nunca vem a público essa disputa pelo
orçamento, nunca vem a público do jeito que é
efetivamente. Vamos dizer assim, é uma luta de
interesses, alguém querendo disputar um pedaço do
orçamento da saúde, mas vai para a mídia e diz: Não,
porque a população vai ficar desassistida! É
impressionante isso. Toda hora tem isso na mídia.
Nós temos dificuldade também muito grande de
conseguir passar para mídia, a real disputa, quando
você tem uma disputa dessa, entre esses interesses
privados e interesses públicos, é muito difícil.
Acho, como o enfoque em geral de matéria é
jogar lama no SUS, é jogar lama no Governo, fica
mais fácil você fazer um discurso desse para dizer
que está defendendo o interesse público e, na
verdade, está defendendo o interesse privado. Esse é
outro problema grave. Toda hora nós vamos ter, são
muitos recursos, muita gente contratada e volta e
meia temos uma disputa dessa, todo o mundo
acompanha publicamente aí, mas precisa ser... Eu não
tenho nada contra que os interesses se articulem para
disputar o orçamento SUS. Só tem que estar claro
quem defende o quê. E o interesse público quem está
defendendo somos nós.
Uma quarta questão, deputado, é uma
questão grave também, que é o subfinaciamento
federal, vou mostrar aqui e é gravíssimo isso no SUS.
Então, assim, temos aqui quatro questões que
a princípio são importantes neste debate para que a
gente saia da demagogia, da denúncia do SUS e da
culpabilização de gestor, que é o padrão do debate.
Quem acompanha o debate do SUS vai perceber isso.
Qual é o padrão? É esse. Denúncia do que não
funciona, diário. E a culpa é do gestor. Pura
enganação, pura enganação! Infelizmente não
conseguimos pegar um culpado efetivamente pelo
pescoço, porque não existe, é pura enganação. Mas é
o que passa aí e o que se veicula na sociedade.
Infelizmente isso acaba dificultando que a gente
consiga efetivamente enxergar os problemas e
construir um diagnóstico comum. É necessário para o
SUS construir um diagnóstico comum com a
sociedade. A sociedade tem que entender que é
errônea uma história de que não tem um serviço tal
ou falhou um serviço B, porque o gestor de plantão
não quis entregá-lo. Equívoco, mas é um equívoco...
E todo mundo é levado a achar isso. Errado!
Um pouco mais à frente - como já falei - vou
detalhar um pouco esses desafios aí porque acho
importante nesse processo eleitoral a gente
aprofundar um pouco o debate para sair da
demagogia do debate.
Outra coisa importante que sempre ressalto
nesta apresentação aqui é de que nós atravessamos,
neste período de Governo, isso é um problema
gravíssimo econômico no Brasil, talvez a pior crise
econômica dos últimos cem anos. Isso impactou
todas as políticas públicas e as políticas de saúde
idem. Mas nós conseguimos dar uma priorização à
política de saúde no estado, atravessamos este
período sem fechar nada, distribuindo medicamento
como tinha que distribuir, não é? Aliás, ao contrário,
nós ampliamos. Todo mundo já falou aí, já
veiculamos, criamos quatrocentos e setenta leitos, já
está mais, já está em quatrocentos e noventa e dois.
Então assim, nós conseguimos, apesar da crise fazer
uma ampliação e até uma inovação importante que é
essa estratégia da Rede Cuidar. Junto com as
prefeituras estamos reorganizando o modelo de
atendimento de saúde.
Faço aqui também, Deputado Hércules,
costumo fazer nesta apresentação um reconhecimento
ao trabalho desses milhares de servidores que
trabalham na saúde. O que mostro aqui é o resultado
dessa obra coletiva de milhares de pessoas, centenas
de gestores por este estado afora que estão
diariamente cuidando da população capixaba. E aqui,
quando apresento esses números que vou apresentar,
isso aí é um pouco o resultado dessa obra coletiva.
Hoje mesmo estamos aqui conversando e
milhares de pessoas estão sendo atendidas nas
unidades de saúde por milhares de servidores e
gestores envolvidos nisso nos estado inteiro. Então,
temos que reconhecer o papel que todas as pessoas
têm. Então, queria começar aqui... Isso é a
primeira parte da apresentação. Vou pegar alguns
dados históricos para mostrar em relação ao
resultado, ao impacto do SUS aqui e não são todos os
resultados, são alguns.
A primeira coisa que é importante, ainda
mais que está se discutindo agora, é o problema da
mortalidade infantil. Hoje eu vi um debate na mídia
sobre isso. Mas de 91 - olha só - a 2017, olha o que
aconteceu aqui com essa mortalidade infantil. Isso
aqui é SUS, gente! Podem ter certeza de que isso é
trabalho do SUS.
Neste início da apresentação, estou falando
de SUS. Estou falando aqui de 91, você viu ali.
Então, não estou falando de Governo A, nem de
Governo B, estou falando do SUS.
A expectativa de vida aumentou nove anos.
Estamos com 78,2 de expectativa de vida. A média
do brasileiro é de setenta e cinco. A nossa média é a
segunda; a primeira é Santa Catarina, segunda
Espírito Santo. Esse indicador de mortalidade infantil
e esse de expectativa de vida, em geral, são os
indicadores mais importantes quando você analisa
um sistema de saúde no mundo inteiro.
Equipe de Saúde da Família. Em 98,
tínhamos 3,14% da população coberta; hoje, temos
quase sessenta por cento. Com certeza esse
investimento aqui está por trás daqueles indicadores
de expectativa de vida e de mortalidade infantil.
Na questão da imunização, é um sucesso
completo. Erradicação de varíola, pólio, eliminação
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 97
do sarampo, rubéola. Recentemente, fomos
referência nacional no combate à febre amarela.
Esse programa que hoje está sendo discutido
no Brasil em função da imigração venezuelana, essa
imigração está trazendo de novo o sarampo. Manaus
está com problema grave, Roraima está com
problema grave. E o Ministério também já disse que
a poliomielite também está vindo no rastro dessa
imigração venezuelana. Isso jogou uma luz em
relação às coberturas vacinais no Brasil.
Estamos até fazendo uma reunião no dia 02,
agora, com todos os municípios, para fazer uma
avaliação do PNI aqui e ver especificamente onde
tem dificuldade, por que não cumprimos, não
atingimos determinadas metas para que a gente possa
numa parceria, efetivamente, cumprir todas as metas
que estão faltando.
O Espírito Santo tem uma cobertura hoje, em
relação ao Brasil, muito boa. É só acompanhar a
cobertura para você ver o ranking do Ministério da
Saúde para vocês verem que temos uma cobertura
média boa no Espírito Santo, mas ainda temos
alguma coisa a avançar em alguns lugares, em alguns
municípios. Então, vamos fazer um seminário dia 02
e a partir daí um plano de ação para ver se até o final
do ano a gente coloca efetivamente todos os nossos
municípios no nível que têm que estar.
Essa informação que tem saído também fica
parecendo que determinados municípios no Espírito
Santo estão muito abaixo do limite. Tem que ter
cuidado porque as informações, infelizmente, que
estão ali não estão completas. Estão faltando dados
ali. Os municípios não conseguiram colocar todas as
informações e aí fica parecendo, como saiu
recentemente na mídia aqui, é o dado oficial, aquele
que eles pegaram lá, mas, infelizmente, tem muito
dado que não foi colocado ali por problemas técnicos
do próprio sistema do Ministério da Saúde, que
vamos corrigir isso também até para que a gente
possa ter uma noção clara de qual é o nosso déficit
em relação às metas de cobertura vacinal. Mas o
importante é que o Espírito Santo tem uma boa
cobertura.
A Farmácia Cidadã em 2007 fazia duzentos e
quarenta e cinco mil atendimentos. Oitocentos e vinte
e nove mil atendimentos. Isso é o SUS.
Em relação à farmácia, em 96 o Ministério da
Saúde padronizou quarenta e sete itens. Temos que
ter quarenta e sete tipos de medicamentos
distribuídos no Brasil. Em 2018, isso foi crescendo.
Chegamos a trezentos e trinta e nove itens no estado
do Espírito Santo.
Por que chegamos a isso? Porque o próprio
Estado incluiu cinquenta e quatro novos que não
estão na rede, e com recurso próprio, que não estão
na rede, que não estão na padronização nacional. É
um serviço, outro serviço, mesmo o medicamento
que não está padronizado. Se o cidadão chega à
farmácia e diz: Olha, eu preciso desse aqui. Não está
padronizado!
Mas foi instituído um serviço de avaliação
também do que não está padronizado. Por quê?
Porque pode ser que efetivamente aquele cidadão
precise daquele remédio e não tem um similar na rede
padronizada. Então, acho que muito pouca gente sabe
disso, desse serviço que temos aqui. Em 2017, foram
três mil, setecentos e noventa e sete atendimentos
nessa modalidade do que não é padronizado, com
gasto 1,2 milhão. Então, é SUS, gente! É SUS!
Em 2005, implantamos um serviço excelente
aqui, que é o SAMU, para fazer atendimento de
urgência e emergência. Temos um problema ainda no
estado, todo mundo sabe, que ainda temos que
ampliar para o estado inteiro. Ainda não conseguimos
fazer isso, mas você tem quase sessenta por cento da
população coberta por esse serviço do Samu. Para
vocês terem uma ideia de tamanho, olhem o volume
de ligação em 2017: oitocentos e oitenta e uma mil
ligações em 2017.
E agora vou elencar também um conjunto de
resultados conseguidos aqui nesse período de
Governo. Estou falando agora antes de um período
muito maior para mostrar do ponto de vista histórico
o que significou o SUS no estado.
Primeira coisa: Rede Cuidar. Fizemos um
projeto inovador nos municípios. Todos os setenta e
oito municípios são parceiros do projeto e que
efetivamente vai dar uma mudança estrutural no
nosso modelo de atendimento e vai dar uma
alavancada enorme. Já está dando, onde ele está
implementado, na qualidade de atendimento.
É um trabalho demorado? Claro que é.
Temos uma estrutura no estado inteiro que envolve
milhares de pessoas. Vamos capacitar vinte e duas
mil pessoas este ano, de janeiro até agosto, nesse
novo modelo de atendimento em todos os
municípios. É um projeto grande, mas que precisa de
sustentação ao longo do tempo. Esse Governo não
resolve tudo isso. Vai precisar do próximo, do
próximo, caminhando na mesma linha. Mas, pode ter
certeza de que se isso acontecer, a qualidade no
atendimento da saúde vai mudar radicalmente no
estado.
Na questão da atenção pediátrica fizemos
duas intervenções importantíssimas. PS 24 horas
todos os dias da semana lá no Himaba, que fechava
na quinta-feira. Criamos lá dez leitos de saúde
mental, um serviço que nunca teve no SUS, saúde
mental infanto-juvenil. E agora tem.
Então, um total de quarenta e seis novos
leitos abertos naquele Hospital Infantil de Vila Velha
e no Infantil de Vitória já passamos de cento e
sessenta e seis para duzentos e oitenta e três leitos,
com a transferência para o HPM aqui. E estamos
terminando lá as obras para descer a oncologia, para
colocar também no HPM; ela sai de Santa Lúcia e
vem para o HPM. E, ao descer, vamos ter mais vinte
e dois leitos de oncologia.
E aquele cinquenta e seis ali é obra que
vamos fazer lá em cima. Primeiro tem que tirar a
98 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
oncologia de lá. Já temos cerca de dez ou onze
milhões já ali do Ministério da Saúde para fazer
aquela obra lá em cima. Está no processo de
aprovação junto à Caixa para a gente poder licitar.
Acho que o primeiro um milhão e meio já está quase
no final e os nove milhões, que é a obra mais parruda,
acho que ainda vamos apresentar os projetos até
agosto.
Essa fotografia, Doutor Hércules, é da
inauguração histórica da primeira unidade de saúde
mental. Essa é uma notícia boa também: A frota do
Samu foi renovada. Dezoito novas ambulâncias.
Isso é uma inovação que fizemos também. É
que o nome diz ali: Monitoramento de Inteligência
Preventiva do Aedes. Implantamos um sistema em
todo o estado para poder fazer o controle da
infestação do mosquito. Um sistema totalmente
bancado pelo Governo do Estado para ajudar na
atenção primária. Mais ou menos três milhões de
reais/ano, mas isso é uma revolução, a nosso ver, na
forma de você controlar essas infestações do
mosquito. Há um aumento de eficiência enorme.
Olha o aumento da eficiência disso. Como
você trabalhava anteriormente? Você pegava uma
cidade, isso é um exemplo real, e tinha que pegar
aquele UBV pesado para jogar aquele remédio na
cidade inteira. O que fazemos agora, depois desse
modelo? Consigo identificar onde tem um problema.
Não preciso tratar a cidade como um todo. Eu
identifico onde tem o problema em uma velocidade
enorme porque isso aqui é online. Quer dizer, o
agente de saúde do município vai com o smartphone
na mão, localizou lá... Nós distribuímos cerca de sete
mil armadilhas, pelo estado inteiro em locais para
captar essa infestação de mosquito. É uma
metodologia desenvolvida na Universidade Federal
de Minas Gerais que trouxemos para cá.
Então, o agente de saúde vai lá, olhou, anotou
e aquela informação vai na hora para o computador
do município que vai fazendo os mapas. Essa
informação que levava dois ou quatro meses, hoje é
na hora. Qual a vantagem disso? A prefeitura
consegue se antecipar ao problema de um surto,
rapidamente. Você já está percebendo que têm
determinados mosquitos ali. E mais: nós
conseguimos saber também - mas aí demora uma
semana - se está infectado. A prioridade é saber
onde é que está o infectado. Essa, demora um pouco
mais, porque tem ir para laboratório. Ele recolhe as
amostras, tem que mandar para o laboratório, e o laboratório verifica se está infectado e qual é o vírus.
Mas toda essa informação levava de dois a
quatro messes para chegar ao município, para o
município poder agir. Hoje, ela leva, no caso da
infestação, na hora e, no caso do tipo de vírus, em
uma semana essa informação já está na mão da
prefeitura. Então, nós temos tudo, tudo - e o único
estado que tem isso - para controlar essa infestação e
reduzir, drasticamente, essas doenças advindas do
Aedes.
Olhe o custo. Naquela cidade ali o gasto era
de trezentos e cinquenta. O que aconteceu? Gastou
trinta e cinco. Por que razão? Porque não preciso
fazer na cidade inteira, vou direto ao ponto, porque
eu sei, exatamente, onde está o problema. Isso é uma
coisa importante.
O Espírito Santo controlou e virou referência
nacional. O ministro falou isso, publicamente, várias
vezes. Ligou-me para dizer isto, que o Espírito Santo
tinha sido uma referência nacional no combate à
febre. Foi um momento duro aqui, mas a mobilização
de todos os municípios, mais a Sesa, conseguiu fazer
com que o Espírito Santo controlasse e virasse
referência nacional.
Outra coisa importante: em 2017, atingimos
noventa e seis por cento de rede de cobertura em
farmácia. O que significa? De cada cem pessoas que
vão lá, de noventa e seis, com certeza, o remédio está
lá. Quatro por cento podem ter problema. Por que
razão? Porque o fornecedor não entrega. Nós não
fabricamos remédio, nós compramos e, infelizmente,
temos um problema grave de falta de cumprimento
do prazo de entrega. Ou não entregou, o Ministério
da Saúde não entregou, porque também tem alguns
problemas com o fornecedor, porque alguns remédios
são comprados centralmente.
Então, porque, às vezes, tem alguma falha, a
falha é pequena, desse tamanho aí, e ela acontece por
conta disso. Infelizmente, não temos, ainda, apesar de
notificar, fazemos tudo, mas não tem jeito. Esse
mercado é um mercado muito monopolizado,
cartelizado, e é difícil essa relação aí com a indústria
farmacêutica.
Outra coisa importante de dizer na
contribuição do Estado é que, no ano passado,
tivemos que chegar a ser o Estado que mais investiu
com recurso próprio em saúde pública: 18,75 da
receita corrente líquida. Isso é SAC do Ministério da
Saúde. Ele elenca lá o ranking, você vai lá ver, é isso
aí.
E essa é outra coisa importante, quando eu
estava falando do financiamento aqui, deputado, para
esclarecer o debate. O Fundo Estadual de Saúde é
composto por setenta e seis por cento de recurso do
Estado próprio, e vinte e quatro do Governo Federal.
Está aqui o problema: muitas das discussões que
fazemos, muitas das carências e do drama que
passamos, isso aqui está na raiz do problema. Por quê?
Nós temos um subfinanciamento federal aqui
gravíssimo, que é reconhecido por todos os ministros
que eu conheci desde que estou na Secretaria da
Saúde. Todos reconhecem isto, que o Governo
Federal precisa recuperar o seu financiamento na
saúde, no Brasil inteiro. Estamos em uma situação
piorada aqui, mas, no Brasil inteiro, a situação é
grave também.
Então, é isso, o Governo Federal, em treze,
quatorze anos, foi saindo devagarzinho. E estou
falando treze, quatorze, quer dizer, vários Governos
foram saindo fora do financiamento, e isso está nas
costas do Estado e dos Municípios.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 99
Os Municípios capixabas estão investindo
vinte e dois por cento, em média, da sua receita
corrente líquida. Deveriam estar investindo quinze,
mas já ultrapassaram isso há muito tempo. E o
Estado, que deveria estar investindo doze, está com
18,75.
Alguém tem que pagar essa conta. Porque as
pessoas estão aí na farmácia querendo remédio, vão
ao hospital querendo atendimento, vão à Unidade
Básica de Saúde, e como que faz? Essa conta,
objetivamente, está sendo empurrada para os
Municípios e para o Estado, que é um problema
grave! Mas a gente também não vê essa discussão
com essa clareza que estou colocando aqui.
Para concluir essa primeira parte dos
resultados do SUS, eu também peguei um conjunto
de números que impressiona. Porque, quem
acompanha o SUS pela mídia vai achar que isso aqui
não funciona: Ah! Isso não funciona! Quem
acompanha pela mídia vai achar isso, um desserviço
total à população, não é?
Consultas e atendimentos realizados. Isso só
em 2017. Vinte e cinco milhões. Exames, dezenove
milhões; procedimentos de quimioterapia, e tal,
cirurgia ocular, trezentos e trinta e um mil; TRS,
trezentos e quatro mil sessões. Olha só, é isso.
Internações, duzentos e cinquenta e dois mil;
UTI, vinte mil; cirurgias eletivas, já falei, deu
quarenta e dois mil; partos, trinta e quatro mil;
farmácia, já falei; imunização, sete milhões de doses
aplicadas no passado.
Como não funciona um sistema desses?
Como é que passamos para a população uma imagem
de que esse sistema não funciona? Não é possível. O
que nós temos que fazer é criticar o que tem ser
criticado; consertar o que tem que ser consertado,
mas preservar essa que é uma das políticas sociais
mais importantes do Brasil.
E fazer política de inclusão social no Brasil,
todo mundo sabe que é muito difícil. Isso é histórico
no Brasil. O SUS é uma política de inclusão social,
que tem esse resultado. Então, aí, falta alguma coisa,
mas falta menos. Hoje, não tenho dúvidas em dizer
isso. Falta muito menos porque ele já entrega.
Ele já entrega um volume de serviço bastante
alto e a gente precisa esclarecer à população em
relação a isso.
Vou colocar, agora, também, para auxiliar no
debate, já que falei que nós vamos entrando no
processo eleitoral, qualificar um pouco o debate em
relação à questão da saúde, algumas informações que
acho, absolutamente, relevante para o debate. Vou
começar com um dado importantíssimo, que deveria
ser, na campanha presidencial, um tema
importantíssimo, mas eu duvido que seja, porque eu
não vi acontecer até agora, e que é a discussão no
financiamento do SUS.
Nós criamos, na Constituição, um direito à
saúde, mas esquecemos de definir como vai ser esse
financiamento desse sistema público universal. Até
hoje estamos correndo atrás disso.
Então, assim, eu podia pegar vários países, e
peguei logo o melhor sistema público universal do
mundo, que é o conhecido da Inglaterra. Essa é a
comparação do gasto, do gasto público: do total do
gasto em saúde, qual é o percentual do gasto público?
No caso da Inglaterra, o gasto público, no total do
gasto, entre o público e o privado, deu oitenta e dois
por certo, do gasto público. No Brasil, 45,7.
Não tem, eu tirei a relação para não ficar
muito número, mas não tem em nenhum país do
mundo, que tem um sistema público universal, um
financiamento como esse do Brasil. É tudo setenta
por cento.
Você pega o gasto total, público e privado,
gasto público: setenta por cento. No Brasil, 45,7. Não
tem como ter um sistema público universal. Pelo no
mundo inteiro, todo mundo tem sistema público
universal em torno de setenta por cento do
financiamento público, porque é outro, o sistema
público universal.
No Brasil, nós queremos inventar uma moda,
fazer um sistema público universal com 45,7% do
gasto público. Não vai fazer, é difícil, isso é uma
dificuldade. É um problema que nós vamos resolver
no Congresso Nacional. Não vai resolver aqui, nós
não resolvemos aqui no estado. Isso aqui tem que
resolver no Congresso Nacional.
Mas eu também confesso, nesses três anos e
pouco que estou na saúde, não vi com essa
profundidade, essa clareza, um enfrentamento dessa
questão, que eu acho, assim, que é relevantíssimo.
Essa é uma questão fundamental no debate nacional.
Por favor. Olha que coisa interessante.
Quando você pega o percentual do gasto do PIB, o
Brasil não está longe do Reino Unido, está lá, 8,9
para 9,4, não está longe. Você vê que a diferença
entre o gasto público do Reino Unido e o nosso aqui,
é uma diferença enorme. Mas quando você pega o
gasto do PIB, percentual do PIB, que é uma coisa
comparável, nós não estamos longe. Não estamos
longe. Qual é o nosso problema, de novo? É ali em
baixo, o privado é 4,83 e o público 4,07. Isso tem que
mudar, tem que mudar. Nós vamos ter que aumentar.
Isso aqui vai ter que retirar ali de cima e botar aqui
em baixo. Tem que sair do privado e ir para o
público. É evidente que tem que fazer isso.
Então, nós estamos aqui com várias políticas,
no Brasil, incentivando o gasto privado. O Imposto
de Renda, por exemplo, todo mundo gasta com
saúde e vai lá e abate. E por aí vai. Tem uma série
de questões que estão privilegiando o gasto privado
ao invés do gasto público. Esse negócio de imposto
de renda deve dar uns quinze a vinte bilhões, que
poderia estar no sistema de saúde. E nós
privilegiamos isso. Quer dizer, é uma conversa, uma discussão,
ninguém vai resolver isso aqui. Mas, assim, nós
temos que conversar seriamente, porque senão fica
uma enganação no debate, achando que o negócio é o
100 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
gestor, que não fez, o gestor A não fez, o gestor B
não fez. Sucedem-se os gestores, sucedem-se as
acusações e ninguém bota o dedo numa conversa
franca a respeito de como é que vai resolver o
problema. Está aí. Esse, para mim, é um problema-
mãe dessa história toda da questão do financiamento.
Tem aquela questão que eu já apontei, do
subfinanciamento federal, que é um outro problema.
Mas, a questão central é essa aqui. Essa é a questão
central e que o país tem que olhar para isso ver. Vai
fazer um sistema público universal, como está na
Constituição? Vai. Então, como é que faz o
financiamento? No mundo inteiro é mais ou menos
setenta por cento o gasto público.
Uma outra questão que eu acho relevante,
também, no debate, é a questão de entender como é
que no Brasil o modelo de administração pública está
organizado, particularmente o do SUS - eu vou
mostrar aqui -, para que a gente possa entregar o
serviço de saúde. Então, nós temos um conjunto de
atores, um conjunto de regras envolvendo isso e de
novo as pessoas olham e falam: Aí, o gestor não fez.
Infelizmente não é tão simples assim, é um pouco
mais complexo; mas, também tem que entender a
complexidade do problema para que a gente possa
procurar uma solução e sair do jogo de empurra e da
demagogia porque isso não constrói. Ao contrário.
A primeira coisa que eu estou projetando
aqui é uma questão técnica, uma questão logística.
Nós temos que organizar uma prestação de serviço de
saúde. Quatro milhões de usuários. Eu não posso
olhar para setenta por cento dessa massa porque trinta
por cento tem plano de saúde. Porque cem por cento
têm direito e a qualquer momento, e efetivamente
aparece e comparece à porta do SUS para algum
atendimento. Seja de vacina, seja de transplante, seja
de Samu, seja de alguma coisa, vai acontecer, não
tenho a menor dúvida de que todo mundo é
dependente do SUS no Brasil. Então, olha para isso.
Organização privada, ou pública. Pega uma privada.
No estado tem quatro milhões de clientes. Não tem,
gente. Ninguém. Então, nós temos um desafio do
tamanho do estado. Quatro milhões de clientes.
Como é que a gente se organiza do ponto de vista...
Quais são as dificuldades técnicas para que a gente
consiga prestar serviço a quatro milhões. É só ver, aí,
essas empresas privadas que depois da privatização -
de telefonia e tal - começaram a ter uma massa de
clientes grande, a quantidade de reclamação que tem
com a geoárea dele. Você imagine a dificuldade aqui.
Agora, são quatro milhões de usuários, mas
são serviços especiais, serviços essenciais à
manutenção da vida, da qualidade de vida. Não é
qualquer serviço. Não é qualquer um. Não é ir ao
supermercado e comprar pão.
Depois, o usuário pode necessitar do serviço
a qualquer hora, qualquer dia, em qualquer local do
estado e nós temos que ter uma estrutura para atender
isso e tratar. Usuários necessitam de atenção
personalizada. É aquela história: duas pessoas
quebram o braço. Uma tem diabete e a outra não tem.
Tratamento diferente. Não tem jeito. É um a um. Não
tem essa coisa de todo mundo igual.
Necessidade de grande diversidade de perfis
profissionais e de alta especialização. Eu tenho que
manter uma estrutura no estado inteiro de gente com
alta especialidade, motivada, que queira ficar pelo
interior afora. Temos muita dificuldade de fazer isso.
Muita dificuldade, principalmente na área médica.
Muita dificuldade de manter. E, às vezes, um
determinado serviço não tem, em determinada região
não tem prestador. É a vida. A realidade das coisas é
essa. E muitos serviços têm que ser prestados
imediatamente. Ah, não! Vou comprar amanhã um
quilo de arroz. Vou comprar hoje. Não. Não adianta.
Chegou ali é urgência e emergência. Ou atende, ou
pode morrer, ou pode ter uma sequela.
Isso é um desafio. Olha para isso aqui como
um desafio técnico. Opa! A situação, realmente, é do
ponto de vista da gestão. O que interessa a todos. Isso
aqui não interessa ao gestor. Isso interessa à
população. Interessa a todo mundo entender a
complexidade dessa oferta. Porque senão vai
enganar. Vai achar. Ah, não fez porque não quer. O
outro não quer, o outro não quer. Vai chiar, é óbvio.
Ah, porque não prioriza o atendimento ao cidadão e
por aí vai. E mais uma quantidade de coisas
simplistas que se diz em relação a essa dificuldade
óbvia. Até aí estou falando da questão técnica, vou
complicar um pouquinho agora na questão da
organização da prestação de serviço.
E aqui complica. Olha as condições da
prestação de serviço. Judicialização: cento e sete
milhões. Está criando uma porta alternativa. Como é
que resolve isso? Ninguém vai resolver isso sozinho.
Isso é um problema de ação coletiva, é um debate que
a sociedade tem que fazer. Interesse coletivo versus
interesse individual, como prevalece? Como que
acerta isso? Esse é um ambiente. Cento e sete
milhões. É um hospital que está indo para isso, em
termos de gasto.
Governança tripartite. O sistema é único:
Ministério da Saúde, Estado e Município. No caso
aqui, setenta e oito municípios, setenta e oito
prefeitos, setenta e oito secretários. Olha a
diversidade de pessoas que interfere num processo de
gerenciamento, e tem que interferir, porque o sistema
não funciona se o Município não funcionar, não
funciona se o Estado não funcionar, não funciona se
o Ministério da Saúde não funcionar.
Nós montamos um sistema, mas quem é o
responsável ali? Vamos pegar ali um responsável. É
complicado isso. É complicado. Temos uma
governança ali complexa. Múltiplas autoridades: MP
Federal e Estadual, Poder Judiciário Federal e
Estadual. Todos interferem. Defensoria Estadual e
Federal, Poder Legislativo, CGU, TCU, e por aí vai.
Não sei nem se está todo mundo ali. Todo
mundo aqui interfere num processo. De alguma
forma tem poder e autoridade para isso. É um sistema
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 101
complexo que tem um conjunto de pessoas
interferindo e que interferem efetivamente. Só no
caso da judicialização, acabei de dizer aqui: cento e
sete milhões por decisão judicial. Não é isso? Não é
por conta de um planejamento, não é feito pela
política de saúde, é por decisão judicial. Ah, mas isso
faz parte do Estado democrático de direito. Claro que
faz, mas é um problema que temos que ver como nós
organizamos a nossa ação coletiva para fazer com
que o serviço seja prestado da melhor maneira
possível pelo cidadão.
É complexo. O ambiente do setor público é
complexo. Não é uma coisa simples, não. Por isso
que quando a matéria sai na mídia ou acusações em
debates políticos, demagógicos e simplistas, não está
considerando o tamanho e a dificuldade que temos.
Nós temos, sim, não nós aqui, não. Estou falando o
setor público brasileiro, que está submetido a isso que
vocês estão vendo aqui.
Financiamento já falei. Marco regulatório
administrativo. Regra de gestão de pessoas, compras,
licitações e controle. Tem que reformar, não tem
jeito. É muito difícil você tomar uma decisão com
rapidez, com eficiência para resolver um problema.
Quem dera se pudesse. Tínhamos resolvido muitas
coisas rapidamente, mas não pode. Mas não pode,
porque nós temos uma legislação e tem que
considerar isso. Ou vai mudar essa legislação ou vai
ser nessa velocidade que estamos aí. É simples. Tem
que entender isso também. Ah, não fez porque não
quis! Não é verdade. Isto aqui é um peso enorme num
processo decisório, no setor público. Enorme, não é
pequeno, não.
A judicialização está provocando um
problema grave, também, de insegurança jurídica.
Essa coisa da legislação de controle via Tribunal de
Contas, também, provoca um problema grave. Uma
dificuldade enorme para você montar os seus quadros
gerenciais. Ninguém quer, porque vai se
responsabilizar. Responsabilizado pelo CPF tem que
defender com recurso próprio. Então é um clima.
Mas não adianta abstrair do peso da carga e dizer que
é uma coisa muito simples, que não fez porque não
quer.
Regulamentação excessiva do Ministério da
Saúde é uma coisa absurda. Custo Brasil, TST,
decisões em relação, principalmente, ao problema de
jornada de trabalho, etc, por CLT, aumenta o custo
aqui, porque temos um conjunto de prestadores,
sejam filantrópicos, sejam OSs, sejam privados.
Então, qualquer decisão dessa aí tumultua muito o
orçamento de prestação de serviço.
Não sei nem se, de novo, elenquei todas as
questões que interferem nessa coisa da prestação de
serviço de saúde, mas, com certeza, estão alguns dos
mais importantes aí.
E, por fim, nessa questão do desafio,
podemos olhar para esse conjunto e dizer que temos
um ambiente político complexo no setor público e,
particularmente, na saúde. Não é isso? A própria
demanda da população já cria um problema político
de grandes proporções. É óbvio. Você pode olhar
para isso como uma grande questão política da
sociedade, como resolver e atender essa demanda da
população.
Mas há vários outros atores importantes que
interferem: Poder Judiciário, Ministério Público,
Defensoria, Tribunal de Contas, CGU, servidor,
sindicato dos servidores, que também têm seus
interesses e se articulam para conseguir determinadas
coisas, prestador de serviço. Lembra que, no começo,
aqui, eu falei: Ó, interesse corporativo e econômico é
um dos problemas que precisam ser discutidos, para
ver como é que a gente enfrenta isso, para poder dar
prioridade, no recurso do SUS, aos usuários do SUS.
Não é isso?
Então, assim, prestador de serviço... E essa
conversa vai para a mídia travestida de interesse
público: Ah, como é que eu resolvo esse problema,
aqui? Ah, aumenta o meu contrato aqui. Não é isso o
que nós estamos vendo diariamente aí? Não é isso?
Mídia - já falei aqui ene vezes, e não paro de falar -
maximiza os erros e minimiza os acertos de uma
forma, assim, absolutamente equivocada, em minha
opinião, e isso complica a visão da população em
relação ao SUS.
Entidades profissionais: CRM, Coren, e por
aí vai. Cada conselho também administra e interfere,
porque toda hora acha que tem pouca gente, que tem
que aumentar. Porque está faltando enfermeiro aqui,
está faltando... Sim, e também não estou entrando no
mérito, não; só estou dizendo o seguinte: são atores.
Atores. Atores. Atores. Isso aqui não é um gestor
sozinho, que eu pego os meios e decido o que eu vou
fazer, e vamos lá! Não é assim, não. Não é assim,
não! É um ambiente, vamos dizer assim, complexo,
até político. Prefeitos. Quantos partidos têm aí?
Quantos interesses? Tem de tudo.
Conselho de Saúde, do qual a Joseni faz
parte, é outro ator importante dentro desse processo.
Então, você vê: como é que você pega esse
conjunto de interesses, coordena e articula, no
interesse do usuário do SUS? Como é que você faz
isso? Com um trabalho técnico? Sim. Mas
essencialmente político. Pegar esse conjunto de
interesses dá um trabalho! Para você construir uma
unidade em torno do projeto da Rede Cuidar - e hoje
temos isso no estado, todas as prefeituras apoiando -
é um trabalho de grandes proporções, de
convencimento, e que leva muito tempo, e um
período de Governo até nem dá para você concluir
um projeto desses.
Porque você precisa ter, no setor público,
principalmente na política de saúde, eu tenho
defendido isto onde posso, temos que ter uma
permanência dessa política para sustentar, ao longo
do tempo, um projeto consistente como esse, que foi
discutido abertamente e construído. Hoje eu posso até
dizer: dezenas de pessoas deram opinião e
construíram esse projeto no estado inteiro. Tem que
102 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
se manter. Se a gente não conseguir manter uma linha
de atuação, nós não vamos conseguir resolver. Não
vai conseguir resolver um problema grave da
população, que é o acesso.
Não vamos resolver tudo, porque eu já
mostrei que tem problema grave de financiamento
ali. Mas pode ter certeza de que nós podemos dar
uma melhoria substancial, se a gente se organizar. E,
para isso, precisa se ter um diagnóstico, todo mundo
concordar e sustentar, politicamente, um projeto
como este. Não é fácil você juntar, politicamente,
todo mundo no mesmo barco e remar na mesma
direção.
Talvez eu tenha acontecido isso por não ser
candidato a nada. Pode ser isso. Pode ser que isso
tenha facilitado o meu trabalho. Porque se eu tivesse,
talvez, uma placa aí efetivamente política, isso
poderia ter atrapalhado, não é? Mas o fato é que nós
conseguimos uma coisa inusitada aqui, no Espírito
Santo, que é ter um projeto onde as setenta e oito
prefeituras estão embarcando. E tem que estar!
Ninguém vai reformar o SUS se não estiver todo
mundo - as prefeituras, pelo menos, e o Governo
Estadual - remando na mesma direção.
Isso resolve tudo? Não. Porque vocês viram,
aqui, o ambiente de quantidade de atores nisso. Mas,
pelo menos, já é uma base segura para a gente poder
caminhar. Se se conseguisse que todos os atores
públicos remassem na mesma direção, pelo menos os
públicos! E, aí, eu estou falando: Tribunal de Contas,
Ministério Público, Assembleia, pelo menos. Todo
mundo, mas pelo menos os públicos - o Judiciário -
remassem na mesma direção, aí nós vamos para outro
mundo, em termos de velocidade e de mudança na
questão da melhoria da prestação de serviços de
saúde.
Eu não tenho a menor dúvida quanto a isso,
porque eu sei a quantidade de energia que se gasta
nessas relações. É uma energia enorme: de denúncia,
de apuração, não sei o quê, de ação, é um negócio
assim. Só de mandatos judiciais nós recebemos
quarenta por dia. Quarenta. Como é que se responde
a isso tudo? É complexo. É uma energia enorme
sendo gasta ali, quando a gente poderia estar
gastando essa energia na implementação de alguma
coisa mais planejada e que, efetivamente, resolva o
problema da população.
Outro desafio importante, de que eu já falei
muito - vamos usar pouco tempo - é esse. Mais para
vocês terem ideia dos números. Já que eu falei que ia
sugerir alguns números para orientar o debate
eleitoral. Olha como evoluiu. Por isso nós não estamos
criando uma porta, onde vai parar isso aqui? Acaba ao
SUS e tem tudo de judicialização? Vamos fazer um
raciocínio pelo absurdo, mas com essa trajetória aqui
não há política pública de saúde. É uma outra porta
que está sendo construída aqui, tem outra porta,
insegurança jurídica para o gestor, quantidade de
multa que eu recebo no CPF próprio, bloqueio de
contas e mandado de prisão. Como se isso resolvesse
alguma coisa.
Quer dizer, acho que nós todos - Judiciário,
Ministério Público, etc. e nós -, caímos em uma
armadinha sem solução. É uma armadilha. Todo
mundo cumpre seu papel e passa o macaquinho
adiante, mas não resolve, gente! Imagina, se
resolvesse estava bom. Vamos resolver, prende o
secretário. Pronto! Resolveu. Criou trinta leitos de
UTI! Infelizmente não é assim.
Por isso estou dizendo que nós temos um
problema de ação coletiva, a sociedade precisa
debruçar sobre isso, raciocinar sobre isso e ver como
nós vamos resolver o problema da população, não das
instituições. Não das instituições, da população. As
instituições têm que olhar o interesse da população
para ver como melhora isso.
Isso é um problemaço e ninguém deixa de
responder os mandados porque quer. São quarenta
por dia, um massacre administrativo, nós não
conseguimos resolver, muito menos o prazo que é
dado. Isso é muito complicado. Prazo muito próximo,
quarenta e oito horas, alguns dias. É inviável, é
inviável! Não é que não quer, não existe isso, é
porque a forma de funcionar, que nós organizamos, a
sociedade, neste caso, está tendo uma disfunção que a
gente precisa discutir para ver como a gente corrige
isso.
Já falei sobre o custo e umas informações que
acho que auxilia no debate. Por que tem a
judicialização? Ah, porque não tem estrutura no
estado! São verdades algumas coisas e sei quais são,
onde está faltando e porque estamos sendo
judicializados. Falta estrutura, falta um modelo de
atendimento adequado que resolva o problema onde
tem que resolver - vou mostrar mais adiante - e aí, a
pessoa agudiza e vai para a judicialização, entope um
hospital, porque não tem que estar lá. São várias
questões que levam a essa judicialização, mas eu
levantei alguns dados para dizer o seguinte: de 2011 a
2016, nós tivemos um aumento de trezentos e
quarenta e sete por cento de processo judicial. A
pergunta: A população cresceu quanto? Doze por
cento. Espere aí! Não é possível, não pode estar
havendo aqui um adoecimento da população num
fator de vinte e cinco vezes. Não acredito. Então
temos que procurar outras razões porque essa coisa
cresceu do jeito que cresceu.
Consulta cresceu cinquenta e quatro por
cento a oferta; exame, trinta; leitos de UTI’s,
cinquenta e oito; medicamentos, cento e noventa e oito.
Então, uma parte da infraestrutura cresceu. E, gozado,
UTI temos um congestionamento, mesmo crescendo
assim. Mas, medicamento é o que mais cresceu. E digo
com toda clareza: não tem nenhuma necessidade de
judicializar medicamento no estado do Espírito
Santo. Eu mostrei para vocês aqui, ou tem o
padronizado ou nós até atendemos o que não é
padronizado. A não ser medicamento proibido no
Brasil, esse eu não posso comprar. Aí não tem jeito,
se alguém quiser brigar por isso, vai ter que
judicializar, mas isso é uma parte pequena. E é um
dos volumes, acho que nós chegamos ano passado a
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 103
uns trinta milhões de judicialização de medicamentos
para quê? Uns dez a doze disso aí é aquilo que não
posso mesmo, porque é proibido. Proibido no Brasil,
não adianta, não vou fornecer. Agora, vamos lá,
cinquenta por cento. Os outros cinquenta por cento
não têm nenhum sentido. Quando eu pego esses
números: Ah! Mas a UTI tem, por que está faltando?
Está bom, são questões diferentes, mas o negócio já
generalizou de tal forma que virou uma outra porta de
entrada, efetivamente. É absolutamente complicado.
Claro que esses dados meus não resolvem tudo, não
explicam tudo, evidentemente que não, mas nos
fazem pensar que não é uma coisa automática.
Judicializou, porque não tem serviço.
Outro dia estava um juiz me contando que ele
recebeu uma senhora que queria internar um filho e
ele falou: Mas a senhora foi ao SUS? Ela falou: Não.
Ele falou: Uai, então, vai lá. O juiz me contou isso.
Primeiro a senhora vai lá, porque o Judiciário não é
para isso. O Judiciário é se tiver um problema, nós
vamos entrar para tentar corrigir. Quem me contou
isso foi um juiz. Por que razão? Porque nós estamos,
finalmente, sob o comando e a coordenação da
Desembargadora Elisabeth Lordes. Tem um comitê
de judicialização, reúne todos os atores interessados
nisso. E nós estamos fazendo um trabalho para poder,
através de um diálogo entre Executivo e Judiciário e
o Ministério Público, etc., para ver se a gente
consegue, através desse trabalho, superar o que pode
ser superado.
A judicialização sempre existirá porque faz
parte do estado democrático de direito. Ninguém está
dizendo aqui que não vai ter. Estou discutindo aqui o
excesso. Na minha opinião, temos um excesso ali e a
coisa se espalhou de tal forma que a população,
também, já está vendo isso como uma porta e já está
indo direto lá.
Então, através desse diálogo, estamos
tentando passar algumas informações para que os
juízes possam entender o contexto e separar o joio do
trigo, o que efetivamente é judicializado, por que o
sistema falhou e o que não tem sentido. E tem muita
coisa sem sentido, muita, muita coisa sem sentido. E
aí vamos ver se a gente tira isso do nosso debate do
dia a dia.
Queria terminar só essa primeira parte com
essa frase do Villaça, que eu acho que é uma frase
que sintetiza o que eu quis dizer: O SUS não é um
problema sem solução. É uma solução com
problemas. E é uma solução dos países que têm
sistema público universal. Isso aí é uma solução.
Então, essa frase sintetiza muito o que eu estava
querendo dizer.
Agora a questão da evolução do SUS no
estado. Aí tem a ver mais com o período de Governo.
Primeiro, a nossa estratégia é essa aqui. Feito o
diagnóstico, nós fizemos a seguinte estratégia: o
problema nosso é o acesso ao serviço, então, temos
um conjunto de preocupações e ações nessa área,
qualidade de atendimento e sustentando a qualidade
da gestão, que é o mais difícil no setor público, mas é
o mais importante para garantir a continuidade da
qualidade da prestação de serviços. Isso está sendo a
maior dificuldade. Porque você consegue um
investimento, monta um hospital, bota para
funcionar. Daqui a pouco, se não tiver uma qualidade
de gestão, o que acontece? Depaupera. A prestação
de serviços cai.
Então, o que dá continuidade ao longo do
tempo, é exatamente a qualidade da gestão. E isso, no
setor público é muito difícil. Mas é isso. Nós temos
dois projetos estruturantes que estamos tratando, que
é a Rede Cuidar e a Qualificação da Gestão, pelos
motivos que já expliquei.
A Rede Cuidar é isso aí. Ela olhou o Sistema
Único de Saúde, fez um diagnóstico que tem que ser
do sistema, não pode ser de um pedaço. Isso é um
sistema. É um sistema, só funciona se você tiver uma
visão sistêmica do... Por isso é que esse projeto foi
construído junto com as prefeituras. Por quê? O
projeto da Rede Cuidar começa na unidade de saúde
do município. Nós estamos começando ali a botar
resolutividade, a mudar os processos de trabalho, por
isso que tem vinte mil pessoas capacitadas, de janeiro
a agosto deste ano, nas Unidades Básicas. Porque nós
estamos mudando o processo de trabalho.
Se a Unidade Básica for resolutiva, oitenta
por cento dos problemas de saúde da população
resolve ali. Se aquela unidade de consulta e exame,
que estamos chamando de Unidade de Cuidado
Integral de Saúde for resolutiva, mais quinze. Oitenta
mais quinze, noventa e cinco por cento dos
problemas de saúde da população podem ser
resolvidos se nós cuidarmos desses dois primeiros
itens ali: a Unidade de Saúde e a Unidade de Cuidado
Integral à Saúde. E é o foco da Rede Cuidar.
Claro que nós precisamos, também, fazer
uma reorganização da Rede Hospitalar. Tem um
projeto para isso, mas o foco que estamos tendo
agora, com prioridade, é resolver aqueles dois
primeiros níveis de atenção. A Unidade Básica,
aumentando sua resolutividade, e essa Unidade de
Cuidado Integral, que é o antigo CRE, que nós
mudamos de nome porque ele muda, totalmente, o
processo de trabalho. Ela vai funcionar como um
suporte e um apoio ao trabalho dessa Unidade Básica.
Então, oitenta por cento está aqui, quinze ali,
noventa e cinco por cento. Por isso, a prioridade
nossa e, descentralizado, para as pessoas deixarem de
ficar viajando em direção à Grande Vitória.
Então, o que nós estamos fazendo é isso.
Reordenando esse modelo. Mas isso é difícil. E isso
demora. Mas é o tamanho do problema. Ficar
enganando a população? Dizer que vou construir
hospital aqui, vamos... Não é esse o nosso problema.
O nosso problema é reorganizar o modelo de atenção.
É botar a Unidade Básica para funcionar. É botar a
atenção primária para funcionar. E essa atenção
primária é outra coisa importante. Isso é do município
e não do Estado! Besteira! O SUS é um sistema. Se
104 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
não está funcionando qualquer coisa aqui, todo
mundo é responsável por isso. É assim que a gente
tem que entender. Porque senão começa aquele jogo
de empurra tradicional, que nós estamos vendo, de
vez em quando vemos isso. Estou trabalhando contra
isso. Você aumentar a resolutividade da atenção
primária é um problema da política de saúde. Quem
coordena a política de saúde no Estado é o Estado, é
a Secretaria de Estado da Saúde. Uma das primeiras
coisas que eu fiz foi reunir todos os prefeitos, e reuni
também o secretário, para dizer isso: Gente, o barco é
o mesmo. O barco é o mesmo, não adianta querer
empurrar o problema de um para o outro. Esquece!
Não vamos resolver nada assim.
Nós resolvemos esse problema do
entendimento político, do jogo de empurra? Acredito
que cem por cento não resolvemos não. Volta e meia
vocês verão um jogo de empurra por aí. Quando
alguém é cobrado por alguma coisa, já jogam a coisa
para cá ou para lá. Mas isso não resolve. O que
resolve é isso que estamos fazendo, sentar todas as
partes e tentar resolver.
Temos um problema grave de atenção
primária, principalmente na Grande Vitória,
municípios grandes que não conseguem organizar a
atenção primária, tem recurso para isso, o Ministério
da Saúde repassa pouco. O Estado estava nessa crise
toda e também não tinha condição de ajudar, mas é
um desafio. Se resolver bem a atenção primária aqui,
principalmente Vila Velha e Cariacica, nós vamos
fazer um grande bem para a saúde do Estado. E
estamos fazendo juntos! Quero dizer isso também.
Pedi ao César e esses dois municípios estão sentados
para discutir um planejamento para poder ver como é
que a gente faz, estrutura e organiza a atenção
primária nesses municípios, e está indo muito bem a
conversa. Estamos chegando a um acordo em relação
a esse projeto. Isso é essencialmente a Rede Cuidar,
coordenar isso tudo e mudar o fluxo de atendimento.
Hora marcada na unidade básica de saúde e
lá também. Muda tudo, muda a forma. Mas isso vai
ser? Não, isso é! Quem quiser conhecer vai à região
Norte, que já está implantado há mais tempo, e isso
está sendo implantado agora em Santa Teresa. É só ir
lá ver. Tudo que estou dizendo aqui é só ir lá ver.
Atendimento multiprofissional. O que é isso?
Focamos em doença crônica, que é uma mudança que
o modelo de atendimento do SUS não faz e precisa
fazer. Uma pessoa que tem diabetes ou hipertensão,
alguma doença crônica, tem que cuidar. Daí o nome
Rede Cuidar. Você não vai resolver fazendo uma
consulta e dando um remédio. Tem que cuidar, e vai
cuidar a vida inteira. Ela precisa ter um atendimento
multiprofissional. Uma pessoa que tem diabetes
precisa passar por um cardiologista, um
oftalmologista. Vai passar! Está tudo programado.
No dia tal aquela unidade vai receber os diabéticos da
região. O fluxo de atendimento está montado. Pelo
que ele precisa passar? Precisa passar por três
especialistas? Vai passar! Ele precisa passar por um
nutricionista por causa da alimentação? Vai passar!
Ele precisa passar por um farmacêutico? Vai passar,
para orientação de remédio. Preparador físico? Vai
passar! Psicólogo? Vai passar! Tem um conjunto de
profissionais já adequados dentro da unidade da Rede
Cuidar, e ao final o cidadão sai de lá com um plano
de cuidado com todos esses profissionais orientando.
Ele pega esse plano e volta para a atenção primária.
Olha a importância do sistema! Volta para a atenção
primária. Para quê? Por que tem que acompanhar
esse plano onde? Na atenção primária, acompanha
junto com ele o desenvolvimento desse plano. É uma
mudança radical e muito grande na nossa estrutura de
atendimento.
Importância do autocuidado: Já falei. Doença
crônica, setenta por cento é autocuidado e trinta por
cento é o sistema de saúde.
Rede Cuidar, principais entregas. Vou passar
correndo aqui também, que acho importante dizer.
Isso eu já falei, nós estamos com Nova Venécia e
Santa Teresa inauguradas; Guaçuí, provavelmente até
o final deste mês; Linhares, final do ano; e Domingos
Martins, infelizmente não conseguimos este ano.
Lembra aquela dificuldade da gestão pública?
Olha só, o edital, estamos batalhando nesse edital
praticamente desde que o Governo começou.
Impressionante. Talvez consiga fazer a publicação
agora em dezembro.
O São Lucas nós já publicamos em abril,
mais cinquenta e nove leitos para concluir as torres
que faltam ali.
São Mateus, uma coisa importante também.
A região Norte é uma desassistência, um vazio
assistencial grande, é o maior vazio assistencial do
estado.
Em relação à maternidade, por exemplo, é
um absurdo. As mães ali não tinham para onde ir, em
relação ao alto risco. E mesmo no risco habitual está
faltando algum tipo de atendimento. Assim temos
essa obra já assinada, a obra já começou, é um
hospital filantrópico, temos um convênio, repassamos
o recurso ele está estruturando ali para atender a
demanda da região Norte.
Em Cachoeiro a mesma coisa. Em Cachoeiro
está um pouco ainda atrasado em relação a São
Mateus, estamos ainda aprovando os projetos deles.
Mas já está certo ele vai ser instalado no Aquidaban,
onde hoje está a superintendência, mas vamos sair
dali e aquilo ali vai ser uma maternidade, e a
capacidade de resolver também o sul do Estado.
Mutirões: Começamos a realizar mutirões
para atacar essas filas, tivemos alguma folga
orçamentária e começamos a fazer isso.
Entregamos quase três mil, quinhentos e
oitenta e cinco entre cadeiras de rodas e meio de
locomoção. No ano passado e foi até janeiro ou
fevereiro deste ano. Se não me falha a memória acho
que encerramos, não foi isso? E não tem mais fila de
entrega de cadeira de rodas. Foi zerado e, agora,
pronta-entrega de cadeira padrão.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 105
Oftalmologia, fizemos no ano passado quatro
mil cento e trinta e uma cirurgias e consultas cinco
mil duzentos e setenta e zerou aquela fila e fez outra
agora. Outro mutirão está sendo organizado.
Cirurgia de mão: Duas mil novecentos
cinquenta e cinco, uma fila enorme, zerou também.
E, agora, acabamos de lançar outro mutirão
são treze mil duzentos e cinquenta e quatro cirurgias.
Pegamos uma fila que estava grande
ginecológica, uma fila de angiologia, a oftalmologia
fez outra fila e de reconstrução mamária que vai dar
um investimento de quase vinte milhões.
Por que essas especialidades? Uma reunião
Sesa, secretário de Saúde, Cosemes, debatemos quais
são as prioridades, quais são as principais filas que
nós precisamos atacar. Claro que tem outras filas,
mas as principais onde têm mais gente são essas,
então estamos resolvendo onde você tem um maior
número de demanda.
E uma coisa importante que precisamos dizer
também, estamos organizando uma fila única no
estado, isso é importantíssimo. Não tínhamos fila
única no estado. Estamos lá, tem uma comissão:
Sesa, Cosemes, para organizar essas filas todas.
Como se chega aqui? O município se inscreve, nós
pegamos as inscrições de todos os municípios e
organiza-se uma fila única. Isso nunca foi assim, mas
está sendo agora. Todos os mutirões são dessa forma.
O município identifica o que precisa, nós
construímos, a partir disso, uma fila única, e essa fila
única é que está sendo tratada nesses mutirões.
Nós temos divulgado e até fizemos uma
campanha publicitária dizendo que tínhamos criado
quatrocentos e setenta e já chegamos a quatrocentos e
noventa e dois, e isso continua até o final do ano isso
vai mudar. E esse é um debate importante,
recentemente saiu aí também uma denúncia:
fecharam trezentos e trinta e cinco leitos.
De 2015 a 2018 agora, e vai crescer, nós
criamos quatrocentos e noventa e dois leitos, neste
período de Governo que estou falando agora. No
período de 2010 a 2018, acho que é 2010 a
divulgação do CRM, isso carece de uma qualificação
melhor do que aconteceu com aquela denúncia ali. Pelo
estudo que nós fizemos, muitos leitos fecharam e
deveriam fechar mesmo, porque não tinham a menor
resolutividade. E alguns fecharam por conta da política
de atendimento psiquiátrico. Só no atendimento
psiquiátrico fechou aí mais de quatrocentos e oitenta
leitos, no estado inteiro para atender a política de
desospitalização na área de atendimento psiquiátrico.
Então assim: ah caiu, reduziram trezentos e trinta e dois
leitos. Por isso que eu falo, não pode ficar fazendo
denúncia assim de qualquer jeito, com relação ao
SUS, é complexo isso. Temos que debater um
pouquinho e entender o que está acontecendo, porque
é muito fácil você soltar uma bomba dessas. A
questão é verificar o porquê disso. O que está
acontecendo, o que está por trás, para que a gente não
sirva de instrumento para aqueles que querem jogar
lama no SUS e está cheio de gente assim.
Em relação ao Centro de Unidade e
Especialidade está uma confusão, esse Centro
Metropolitano tem quarenta e seis novos consultórios
lá. Não é mais por falta de consultório. Reforma, São
Mateus também, Cachoeiro.
Farmácia, outra questão que está toda hora na
mídia, e não era falta de medicamento, era aquela
infraestrutura de atendimento; porque a falta já
mostrei, tem noventa e seis por cento de
disponibilidade. Eventualmente alguém vai faltar que
é o que se pega para dizer: oh. não tem remédio. Não
é verdade. Tem. Tem quatro por cento, no máximo,
de gente que vai ter problema lá.
E Vila Velha, já botamos em funcionamento
em maio.
Vitória começou agora em julho, mas, assim,
a infraestrutura de atendimento mudou totalmente. A
farmácia de Vitória levava duas horas e meia. É hora
marcada. Estamos levando agora, em média,
cinquenta minutos. Outro dia ultrapassou e foi um
escândalo na mídia para jogar lama no SUS porque
ultrapassou. É simples, amor! A gerente explicou,
mas botaram lá no final, depois de fazer um
estardalhaço. Era simples: sexta-feira, a farmácia
aberta, jogo do Brasil. Ninguém foi. É isso! Aí foram
onde? Foram depois do jogo, segunda, terça e quarta.
Daí chegou aquela multidão ali, piorou
momentaneamente o tempo de atendimento; agora já
normalizou, mas isso não é notícia.
Cachoeiro também, vamos no segundo
semestre, agora. A Metropolitana já fizemos
adequação enorme lá. Acho que conclui agora em
julho também.
Na Serra estamos negociando lá também, que
é um próprio da prefeitura que ficou de fazer algumas
adequações até o segundo semestre para poder
melhorar a infraestrutura, porque, volto a dizer,
remédio, o que precisava fazer é fazer uma gestão de
fornecedor, que estamos fazendo. Mas, infelizmente,
às vezes compramos pouco e ele prefere entregar
para quem está pagando mais. É isso, é um jogo
difícil. Mas, mesmo assim, quatro por cento, em
média. Noventa e seis por cento de disponibilidade,
um dos maiores índices do Brasil. Essa semana, agora,
está em noventa e sete. Ainda subiu mais um. Aquilo ali
é média de 2017, com noventa e seis.
Outra ação de fortalecimento da atenção
primária. Não adianta dizer que isso é um problema de
município. O Estado tem que se envolver nisso
também e tem se envolvido.
Na atenção farmacêutica, financiamos
também parte das farmácias básicas dos municípios:
três milhões/ano de recurso.
O fortalecimento da atenção primária. Aí são
unidades que foram em 2015, 16, 17 e 18 construídas
e inauguradas.
Já estou terminando.
Em relação à qualificação da gestão Sesa,
porque acho que é importante também dizer, esse é
um desafio, talvez seja onde a dimensão da estrutura
permanente do Estado... Então precisa reconstruir
106 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
isso com capacidade. É difícil fazer isso. Mas é
preciso fazer. Precisamos reorganizar o modelo de
gestão da Sesa através do fortalecimento da
capacidade de planejamento, de gestão e de controle.
Óbvio, é isso que precisamos fazer. Esse é o objetivo
desse projeto. Um impacto e a consequência de você
ter um projeto como esse, olha só a importância
disso. Não estamos falando de crescer hospital, não
estamos falando de abrir unidade básica. Estamos
falando de gestão dos recursos da saúde. Primeiro,
garantir a boa aplicação dos recursos do SUS no
interesse do usuário do SUS. Bagunça é descontrole,
vai favorecer outros interesses, não dos usuários do
SUS. Aí de repente você começa a pegar o recurso e
controlar melhor, você vai ver que está esvaindo
coisa, está indo recurso para lugar que não devia ir.
Errado. Por falta de controle.
Dar sustentabilidade ao processo de melhoria
continua da prestação de serviço de saúde ao longo
do tempo. É aquilo que eu falei: não adianta abrir um
hospital; você tem que manter a qualidade e aí tem
que ter gestão. Não adianta abrir unidade básica de
saúde. Tem que ter gestão, se não vai cair.
Não tem indicador, ninguém acompanha, não
tem resultado, ninguém faz avaliação, não tem jeito,
não vai funcionar. Este é o desafio do setor público:
montar uma estrutura de gestão competente,
permanente para que a gente possa, efetivamente,
garantir ao longo do tempo a sustentabilidade e a
qualificação da gestão, o combate à ineficiência, ao
desperdiço, ao clientelismo, ao corporativismo e ao
desvio de recurso público de suas finalidades. É
evidente. Se você tem o controle...
Nós temos avançado muito nessa questão do
controle. Recentemente, fizemos uma exposição para
o Ministério Público e o Tribunal de Contas a
respeito da relação com as organizações sociais,
como estamos fazendo o controle do recurso ali, e
todo mundo pôde ver a seriedade e a transparência
que os recursos da saúde... Como eles estão sendo
controlados a partir da implantação desse tema. É
outro mundo do ponto de vista do controle da
transparência. Fizemos questão de mostrar e debater
isso com eles lá.
Por fim, a questão do Conselho Estadual de
Saúde. Está aqui a nossa presidente Joseni. Também
faço aqui a apresentação do trabalho do conselho.
Então, tivemos quatro reuniões da mesa, três
extraordinárias, uma extraordinária, três de
coordenação estadual e mais de quinze resoluções
do conselho. As conferências que os conselheiros
têm participado: nacional, de vigilância em saúde.
Saiu agora a primeira política de vigilância em
saúde, fruto dessas conferências todas. Várias
oficinas, formação de pessoal e,
fundamentalmente, a eleição, um trabalho enorme
que o conselho está fazendo de montar a estrutura, os conselheiros nas várias estruturas de saúde. Acho
que isso aí já está dando resultado, Joseni. Acho que
isso já está bem encaminhado.
Por fim eu quero terminar a minha exposição
aqui com esse slide porque acho que temos que nos
fixar nisso que é o objetivo geral da nossa política,
que é defender os usuários do SUS. Parece simples,
mas não é. Se nós conseguirmos montar esse projeto
da qualificação da gestão e se ele conseguir prosperar
do jeito que ele foi pensado, do jeito que ele está
andando, pode ter certeza de que vamos caminhar
para atingir esse objetivo aqui que é garantir que os
recursos da saúde sejam aplicados no interesse do
usuário do SUS.
Obviamente não estou inventando aqui e todo
mundo sabe, todo mundo acompanha o setor público,
todo mundo acompanha o tamanho das compras e da
despesa. São dois bilhões e meio de orçamento, uma
contratação de serviço gigantesca e precisamos
adequar a estrutura da secretaria a esse tamanho
desafio, não só pelo volume de recursos, mas pela
importância do que se faz ali para a sociedade
capixaba.
Esse é um projeto que reputo da maior
importância e da maior dificuldade pela legislação
pública que todos conhecemos.
Dito isso eu encerro.
Muito obrigado pela atenção e a paciência.
(Palmas)
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Muito obrigado, doutor
Ricardo.
Quero convidar todos que estavam à mesa
para voltar, por gentileza, ao mesmo tempo que
convido a doutora Clenir Avanza, representando
todos os secretários de saúde, e também organizadora
do Congresso da Judicialização da Saúde.
Por favor, Deputado Sergio Majeski, também
fazer parte da mesa. Por gentileza, Deputado Sergio
Majeski e novamente os que estavam aqui à mesa,
por gentileza. (Pausa)
Mais uma vez queremos agradecer a presença
de todos.
Vamos abrir o questionamento para as
pessoas que estão à mesa e em seguida para as
pessoas que não estão à mesa. Dizer mais uma vez
que não é mais importante quem está à mesa do que
quem não está. Estamos aqui por força da nossa
função transitória, mas agradeço mais uma vez a
todos. Eu disse isso no início da nossa reunião.
Nós queremos, ainda, convidar - esperando a
assessoria passar para nós - a representante dos
usuários, Maria Lúcia dos Santos Mariano. Uma
salva de palmas para a Maria Lúcia também.
(Palmas)
(Toma assento à Mesa a referida
convidada)
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Muito obrigado!
Secretário, nós vamos passar agora, então, às
perguntas que poderão ser dirigidas a V. Ex.ª. O
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 107
Deputado Sergio Majeski tem outro compromisso e
pediu para falar primeiro. Então, com a palavra o
Deputado Sergio Majeski.
O SR. SERGIO MAJESKI - (PSB) - Muito
obrigado, Doutor Hércules!
Meus cumprimentos ao secretário, aos
demais membros da Mesa e aos demais participantes.
Secretário, os dados que o senhor apresenta
não conferem, como o senhor mesmo disse, com os
dados divulgados recentemente pelo Conselho
Federal de Medicina. Inclusive, no próprio site deles,
afirma que o estado do Espírito Santo está numa das
piores situações em relação a outros estados, em
relação à questão da diminuição de leitos. O senhor
disse que não é verdadeiro, mas está no site do
Conselho Federal de Medicina e do Regional
também, que houve uma diminuição, nos últimos oito
anos, de trezentos e vinte e dois leitos aqui no estado.
Também, nesses mesmos dados, informam
que há um impressionante número de novecentos e
quatro pessoas esperando para cirurgia eletiva. Não
são dados meus, estão lá no próprio site do Conselho
Federal de Medicina. Então, assim, são coisas que
não batem.
Por outro lado, independente de dados, a
gente tem percebido coisas, no sistema aqui do
Estado, que me causam espanto. Nós não vimos, nos
últimos anos, aqui no Estado, uma política preventiva
de saúde efetiva. A gente não tem percebido, por
exemplo, campanhas publicitárias em relação a
consumo de drogas, consumo de álcool, que a gente
sabe que acaba ocupando boa parte dos leitos, assim
como acidentes de trânsito. Essas campanhas
educativas não se dão nem nos meios de
comunicação, apesar de o Governo gastar os tubos
com publicidade aqui no estado, nem mesmo nas
escolas.
Nós recebemos - e Doutor Hércules
provavelmente muito mais do que eu -, o tempo
inteiro, apelos, pessoas implorando por ajuda em
alguma questão relacionada à saúde. Normalmente, é
questão de cirurgia e internação em UTIs. E a gente
quase nada pode fazer, porque eu não tenho essa
influência e não sei se ela existe também junto à
Secretaria de Saúde, ou seja lá quem, para conseguir
isso.
Então, eu vou falar de um fato concreto. Essa
central de vagas que existe aqui, que o senhor me
perdoe se for exagero, mas acho que está havendo
uma classificação ou uma forma seletiva macabra ali.
Porque o que se percebe - isso eu estou falando de
fato concreto - é que pessoas em uma situação muito
delicada, ou idosos, normalmente não viram
prioridade nessa fila de vagas e acabam morrendo
sem internação.
Tem um caso concreto de um rapaz de
quarenta anos, internado atualmente no Jayme - ele
está internado por acaso, porque ele foi fazer o exame
lá, passou mal e eles tiveram que internar lá - e que
foi detectado um tumor na cabeça. Está desde quarta-
feira lá e, segundo a indicação, ele estava na central
de vagas com indicação para o Hospital Santa Rita,
porque seria a referência de oncologia.
Eu entrei em contato - inclusive, pedi ajuda
ao Doutor Hércules na semana passada sobre esse
caso também - tanto com as pessoas do Santa Rita,
quanto do Evangélico, que segundo informaram
seriam os dois hospitais para onde ele deveria ser
indicado. E o caso é gravíssimo.
Segundo a informação dos dois hospitais, não
há a indicação desse paciente para nenhum dos dois
hospitais, o que me causa espanto. E, se é um caso de
tanta urgência, eu não sei como é que isso não foi
resolvido. E eu tenho outros casos, não vou
mencionar aqui casos de pessoas que morreram antes
de a internação sair, enfim.
E quando se fala da judicialização, do
excesso de judicialização, todos os casos de
judicialização que eu conheci, e eu acompanhei, e
muitos que nós ajudamos, inclusive, a fazer, eram
casos gravíssimos mesmo, muito graves.
Então, secretário, a gente fica numa dúvida
muito grande a respeito de como essas coisas
funcionam. Se entende, perfeitamente, a questão de
problema da saúde, o problema dos recursos, como é
a política de saúde, porque depende de verbas
federais, enfim, se entende isso. Mas eu não entendo
como funciona essa central de vagas aqui no estado e
porque ela funciona. E estou falando de casos que eu
conheço. Isso para não falar das pessoas que esperam
na fila para ser atendido, ali, com radioterapia e
acabam morrendo antes que apareça uma vaga, e
tanto outros casos.
Então, eu gostaria que o senhor me
explicasse um pouco sobre como essa central de
vagas funciona, porque a meu ver, o senhor me
desculpe, está havendo uma seletividade macabra. E aí
eu acho que é uma questão de humanismo, de a gente se
colocar no lugar daqueles que estão ali na fila, e dos
seus entes, esperando. Mesmo que o caso seja muito
grave, ou independente da idade, mas que a dignidade
humana está acima de qualquer uma dessas coisas,
porque todas as pessoas são contribuintes, todas as
pessoas pagam, todas as pessoas merecem a mesma
dignidade, o mesmo respeito.
Muito obrigado!
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Secretário.
O SR. RICARDO DE OLIVEIRA - Claro.
Deputado Sergio Majeski, a primeira coisa
que eu queria fazer é convidar o senhor para conhecer
a central de vagas, porque eu acho que é importante o
senhor conhecer a central de vagas, porque muito
provavelmente o senhor vai ter uma opinião diferente
dessa que o senhor acabou de dizer em relação à
questão da seletividade, da seletividade macabra. Isso
não existe!
Evidentemente, você tem lá um conjunto de
médicos, que estão trabalhando ali da melhor maneira
108 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
possível, com todas as restrições que nós
conhecemos, que o sistema de saúde tem, e que eles
priorizam por critérios médicos. Ali, a priorização é
por critérios médicos. E, alguns casos da
judicialização que chegam por mandato, não têm
prioridade com relação ao que está na tela para ser
agendado.
Alguns outros casos, evidentemente, o senhor
tem razão. Muitos casos aí de judicialização, que
chegam pela judicialização, são casos emergentes
mesmo, e etc. E que pode ter certeza que o pessoal da
central de vagas está tentando resolver. É assim
diariamente, tentando resolver, ou na nossa rede
própria ou comprando.
O que eles fazem ali? Resolver problemas
que chgam lá. Todos. Não tem nenhum problema que
chega lá que não é para ser resolvido. Só que quando
chegam dois ou três, tem seletividade por critério de
risco, técnico, do próprio médico.
Pode acontecer, também, de não ter, de não
conseguir na rede própria e nem no privado um
atendimento, porque ou privado está lotado ou
porque aquela especialidade não tem. Mas, assim, de
qualquer forma, não sei se deixo o senhor tranquilo
dizendo isso, é um trabalho essencialmente técnico
que funciona vinte e quatro horas e de um conjunto
de médicos que estão ali, inclusive numa situação de
insegurança jurídica porque a judicialização chegou
para eles, também. Agora o juiz está mandando em
nome do médico que está de plantão ali e passa uma
tensão muito grande.
Mas acho que o que é importante disso tudo,
pela importância que o senhor tem na sociedade, uma
autoridade, é ir lá conhecer. Quero, assim, agendar
com o senhor para ir lá na central de vagas conhecer.
Acho que se conhecer, vai nos ajudar.
E outra questão, que o senhor me permite
também, que é a questão da regulação. Quando nós
chegamos, nós tínhamos um sistema de regulação de
consulta e exame na Grande Vitória. Hoje, está no
estado inteiro. Informatizamos tudo. Por que razão?
Para que a gente pudesse ter, via sistema, um controle
dessas filas, porque todo mundo critica as filas do
SUS, que não tem transparência. E é verdade.
Nós estamos trabalhando para poder construir
essa transparência. Consultas e exames, botamos tudo
informatizado. O que vem para o estado, está tudo
informatizado. Os municípios também têm um
trabalho quanto a isso e têm umas filas próprias. Mas
o que bota no sistema do estado, está tudo
informatizado e transparente, não tem como mexer,
está ali.
Tanto é que eu consegui começar a ter,
inclusive, indicadores a respeito do tempo médio de
espera, que é outra coisa que se fala também. Ah, as
pessoas esperam muito e tal. Quando colocamos esse
sistema e fomos ver o tamanho do problema, tem
problema. Tem gente esperando um ano e meio para
consulta ou até mais. Ou porque deu uma falha no
sistema ou porque é uma coisa especializada e não se
conseguiu resolver. É uma falha do sistema e tem que
resolver. Mas, sessenta e seis por cento acessam em
um mês. Plano de saúde bom. Mas, trinta e quatro
não. Em dois meses, mais ou menos, setenta e seis
por cento das pessoas acessam consulta e exame à
medida que entraram no sistema. Que é um dado que
ninguém conhece também. Agora, tem um grupo de
pessoas, e isso não é pequeno, que espera mais do
que isso. Ou por falha do sistema ou porque não tem,
mesmo, prestador, mas, isso é um desafio que nós
temos que resolver.
Nessa questão da redução de leitos, deixa eu
te dizer... Eu acho que o dado deles... Deixa só te
dizer: Só de doença mental foi muito mais do que
isso que foi fechado. A política determinou que
fechasse. Porque você não pode mais fazer internação
em manicômios. Acabou. Então, esses foram
fechados. Por isso que eu te falei que quando você
faz uma conversa dessas tem que qualificar o debate.
Porque se você somar... Ah! Fechou trezentos leitos.
É, mas era para fechar. Esses quatrocentos e tantos
eram para fechar. A política determinou porque não
tem mais esse tipo de internação.
Outros leitos fecharam pelo interior afora
sem nenhuma resolutividade. É para fechar. Se não
me falhe a memória, eu não trouxe esse dado aqui,
mas nós devemos ter algo como no máximo
cinquenta por cento de ocupação no conjunto de
leitos que o Estado tem. Se eu te der esse dado você
vai dizer: Ué! Então, tem que fechar mais, está
sobrando leito aí, né? Está. Mas, está sobrando leito
que não é resolutivo. Os leitos resolutivos estão todos
abarrotados. Os leitos que não são resolutivos, que é
um conjunto enorme espalhado pelos hospitais de
pequeno porte pelo interior, não têm ocupação e são
leitos que estão lá. Então, fecharam muitos desses
leitos. O que é bom, não é ruim não. O que nós temos
que fazer é o que nós estamos fazendo; já estamos
com quatrocentos e noventa e dois leitos novos
criados.
E o senhor deve ter visto, ali, que nós
estamos criando aqui... Essa obra de São Mateus, da
maternidade, vai criar mais... Acho que são cinquenta
e cinco novos; a da maternidade de Cachoeiro vai
botar mais uns noventa e poucos leitos; o Hospital de
Cariacica mais um quatrocentos leitos; mais
cinquenta e nove no São Lucas. Quer dizer, nós já
criamos quatrocentos e noventa e dois leitos e até o
final do ano vamos criar mais; e já tem um
planejamento de obras para poder criar mais alguns
leitos, mas resolutivos. Os que não são resolutivos
não fazem falta nenhuma. Não faz falta porque o
doente chega ali e não vai conseguir resolver o
problema dele. Nós temos que ter leitos resolutivos,
por isso que eu falei da crítica dos dados lá do CRM.
Nós fizemos, inclusive, um levantamento detalhado
para conversar com eles e vamos fazê-lo. Porque
quando você vai para a mídia do jeito que foi, fica
uma coisa assim: Ah! Fechou leito. E todo mundo
usa isso para fazer denúncia. Todo mundo usa isso.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 109
Tenho reparado que depois que eles fizeram isso
várias matérias aí usam isso para fazer denúncia e
desqualificar o atendimento do SUS. Equívoco. O
que fechou não faz falta, e eu tenho esses dados para
mostrar, e foram criados quatrocentos e noventa e
dois que era para criar. E o que fechou não é
trezentos e trinta e dois. No total pode dar... Não sei,
também, a conta que eles fizeram, mas só de leitos
psiquiátricos foram quatrocentos e oitenta de
manicômios. Tem que fechar porque a política
mandou fechar, corretamente, porque o atendimento,
agora, é outro. Por isso nós abrimos dez leitos no
Himaba, infanto-juvenil, para atender crianças e
adolescentes com problemas mentais. Porque é assim
que a política determina agora. Não é mais em
manicômio. É num hospital-geral e precisa reservar
um pedaço para isso.
Então, eu acho excelente essa proposição que
o senhor fez porque permite esclarecer. Isso é que
nós temos que fazer. Esse contraditório ajuda. O que
não ajuda é denúncia sem esclarecimento. Do jeito
que está o SUS aí, é useiro e vezeiro ser alvo. Eu até
posso dizer já, e eu tenho dito, essa campanha
eleitoral está começando. Eu já sei que uma das
organizações que vai sair machucada nesse processo
é o SUS. Porque é assim. Porque o SUS... E começa-
se a bater nisso. Porque eu vou fazer melhor... Aí
muda. Faz? Aí muda. Faz? Trocam-se os
governantes, a crítica é feita. Faz? Porque o
problema, eu não sei se o senhor estava aqui quando
eu estava dizendo: Se fosse só o gestor, troca.
Quantas vezes nós trocamos de gestor aqui, de
secretário, de governador, de tudo? Quantas vezes?
Isso é uma baboseira. Não é por aí o problema. Tem
que aprofundar o debate para ver qual é o problema
do sistema de saúde. E é um problema de ação
coletiva. Já vou lhe dizer já, na minha avaliação. Eu
mostrei aqui um pouco isso e o senhor deve ter
percebido. Nós estamos numa situação complexa.
Como eu melhoro a saúde, fazendo acusação ou jogo
de empurra de município para estado, de estado para
município? Não vai fazer. Nós estamos trabalhando o
contrario disso. Essa é a unidade política que estou
querendo fazer, hoje no estado, em torno da saúde.
Juntar todo mundo num projeto que todo mundo
sustente em benefício da população. Se fizer isso,
pode ter certeza de que não vamos resolver tudo,
não... O número que o senhor passou aí de pessoas
esperando por cirurgia está errado. É muito mais do
que isso. O senhor falou de novecentas pessoas, que
está no site do CRM. Está errado. Há novecentas mil
pessoas? Falou novecentas, e eu não entendi. Não são
novecentos e quatro mil pessoas. No estado do
Espírito Santo? Tem não. Isso é mais um equívoco
dos dados dele.
Só para ter uma ideia, fizemos, no ano
passado, um mutirão de oftalmologia. Aí falei: Bom,
quantas pessoas há aí para serem operadas? Foi
uma dificuldade. Olha só a dificuldade do sistema de
montar uma fila. Informações desencontradas para
todo lado. Quero saber o tamanho dessa fila para a
gente projetar um mutirão para zerar essa fila. Foi
uma dificuldade até para aparecer gente para operar.
Foi uma dificuldade. Nós corremos atrás. Nós
corremos atrás significa todos os municípios e nós.
Chegou determinado momento que estava
instalado o hospital aguardando e não tinha fluxo de
gente para operar, então tivemos que montar uma
operação de logística para identificar as pessoas e a
gente chegar lá. Aí, zeramos a fila. Como começamos
a organizar essa fila, apareceu outra agora. Fruto
daquele trabalho do ano passado, apareceu outra fila
de oftalmologia agora. Então, estamos, também, de
novo... Qual o volume dessa fila nova que surgiu? O
senhor viu ali. Ela foi projetada para cem por cento
de quem está na fila. Não chega a ser cinco mil
pessoas. Temos na ginecológica, talvez, seiscentas
pessoas aguardando na fila. Não, tem mais, acho que
são dois mil e poucas da ginecológica. E por aí vai.
Esses são os números.
Somando essa fila toda... Eu nem sei. Você
tem esse número, somando a fila toda? Tem, Engle?
Quanto dá a fila toda que nós identificamos com o
município? (Pausa)
Eu sei. O geral. Todas as filas. Ele está
dizendo que tem novecentas mil pessoas na fila para
cirurgia eletiva. (Pausa)
Eu sei, mas você tem ideia...
O SR. SERGIO MAJESKI - (PSB) - Eu
não estou dizendo nada. Quem está dizendo é o
Conselho Federal de Medicina.
O SR. RICARDO DE OLIVEIRA -
Verdade. Só esclarecendo.
O SR. SERGIO MAJESKI - (PSB) - Está
no site deles. Eu só estou dizendo sobre os dados que
estão lá.
O SR. RICARDO DE OLIVEIRA - Isso.
Mas já que o senhor disse, temos que esclarecer.
Eu vou levantar esse dado e te passar em relação a
quem está... O que nós temos, porque tem que olhar
criticamente, porque o SUS tem um problema grave
de dados. Mas eu te garanto que novecentas mil
pessoas não há. E vou te dizer mais, se tivesse, não
tinha problema nenhum de dizer. O meu problema
não e esconder o número, é dizer a verdade. Temos
que estabelecer a verdade dos números. Por isso eu
estava dizendo que temos que ter um diagnóstico
comum para poder construir alguma coisa. Se são
novecentos, se são quinhentos, se são cem, não
importa, tem que ter o número que todo mundo
concorde. É esse o número, é esse o número. Está
bom. Vamos andando para frente. Eu não tenho
preocupação: Ah, tenho cem mil pessoas na fila de
consulta... Eu tenho vinte mil... Isso e quero dizer
mais para os senhores, já que você está levantando
uma questão importante do debate que precisamos
110 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
aprofundar, essas filas, inclusive, estão equivocadas,
estão grandes - de consultas e exames - que devem
chegar perto de duzentos mil por pessoa cadastrada
no sistema. Uns setenta por cento disso não tem
necessidade. A falta de um funcionamento melhor do
processo do modelo de atendimento é que está
levando ao crescimento dessa fila. Quando você
trabalha o modelo de atendimento que estamos
fazendo na Rede Cuidar, essas filas... Setenta por
cento do que está em porta de hospital não tinha que
estar. Não é ali que tinha que estar, porque o modelo
de atendimento não está tratando na unidade onde
deveria, que é a atenção primária. E por aí vai.
Qual é o meu desafio? Qualificar o debate,
porque se a gente qualificar, nós avançamos com o
apoio de todo mundo. Até exagerei.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Deputado Majeski, mais
alguma pergunta?
O SR. SERGIO MAJESKI - (PSB) - Tenho
várias outras, mas preciso sair.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Está bom. Obrigado, Sergio
Majeski. Ele tem outro compromisso.
Só um minutinho, por gentileza. O pessoal da
Mesa vai falar, depois vamos dar o microfone para
vocês falarem daqui, ok? Esse é o sistema da
audiência pública. Todos terão, naturalmente, o
momento de falar.
Obrigado pela presença, Deputado Sergio
Majeski.
Agora, vou abrir a falação para a Mesa, e
gostaria de consultar quem quer falar primeiro, da
Mesa. (Pausa)
Não?
Joseni? Nós vamos ouvir a presidente do
Conselho Estadual de Saúde.
A SR.ª JOSENI VALIM DE ARAÚJO -
Bom dia, todos e todas. Cumprimento principalmente
os usuários que estão presentes, que somos todos nós,
não é? Somos usuários do sistema.
Doutor Hércules. Cumprimento toda a Mesa
em nome do Doutor Hércules. Doutor Ricardo.
Quando se fala assim: prestar contas;
números. E números, ainda, que precisamos, uns
aumentar, e outros, diminuir - não é, Doutor Ricardo?
-, é complicado. Agora, eu concordo com o Doutor
Ricardo: este debate tem que ser feito por todos, cada
um na sua instância. E a gente tem tentado fazer o
mínimo. Eu falo assim: caminhando devagar, mas
nós estamos tentando. E trabalhando aqui.
Eu falo assim: a gente tem que começar a
trabalhar é a saúde, principalmente. A saúde, e não a
doença. Porque a gente só vê números, às vezes, só
da doença.
O deputado falou aqui uma coisa certa: a
gente não vê, às vezes, campanha para a saúde,
algum trabalho assim. Tá, Doutor Ricardo? Eu vejo,
às vezes, que o setor às vezes não há comunicação. A
parte de divulgação, um pouquinho abaixo. Mas eu
espero... Eu vi números, ali, que eu espero que
mudem na próxima prestação de contas. Que os
números mudem, realmente, ali. Eu já estive na outra,
a anterior, e eu esperava melhores números, Doutor
Ricardo. Eu esperava melhores números. Outras
numerações, outras porcentagens ali até que subiram.
Melhorou o serviço.
Eu tenho acompanhado serviços, e posso
falar que, realmente, é como se diz: estão tentando
fazer o dever de casa. Cumprir a tarefa. Agora, tem
serviços, ainda, que estão deixando, ainda, o usuário
à espera, sim. Tem. Agora, qual é a causa? O que nós
precisamos resolver? É isso daí. Onde está esse
problema? Qual o nosso desafio, que o senhor deixou
bem claro?
O grande desafio eu estou falando e estou
vendo quando você vai ao interior, vai ao município:
a atenção primária. O senhor disse, bem claramente,
que o Governo Federal não está ajudando em nada, o
mínimo. Se eu não cuido na base, vai sobrar, vai
superlotar o hospital. Então, esse trabalho é conjunto.
Eu estava conversando aqui, Doutora Clenir:
a gente está lá. A secretária está no município. Então,
o que precisamos? Estar lá na base. Porque, senão,
não adianta vários técnicos trabalharem só para o
hospital, que não vai funcionar. Então, essa ligação -
o senhor fez o quadro muito bem, ali apresentado:
quem são esses atores, para poder resolver isso daí?
Eu falo, numa condição, enquanto conselho:
você está lá no conselho, você trabalha em grupo,
tem grupos e grupos. O grupo todo não está
trabalhando, mas tem alguém que está trabalhando
numa parte, então aquela parte vai sobressair. É a
mesma coisa que acontece, também, na saúde.
Nós estamos num trabalho sobre a
judicialização. Tem aqui técnicos. Nós somos do
comitê. Nós já vimos: o que é que está acontecendo,
sobre muita coisa que acontece? Às vezes é lá na
atenção primária mesmo, lá no princípio, lá na base é
que está acontecendo.
Então, Doutor Ricardo, quando o senhor
apresenta esses números aí, a gente está vendo a
realidade: tem coisa para melhorar. Agora, é uma
realidade que dói para o usuário. Além da doença
dói, dói mesmo. Porque, ficar aguardando uma
vaga na UTI, e você tentar ligar para um ver... E,
às vezes, pula mesmo! Aí, fala assim: Uai, pulou a
fila? Mas é aquela necessidade. E a gente vê as
pessoas falando, uma forma que foi atendida, uma
forma errada. Errada para quem? Porque pulou a
fila ou porque é a necessidade daquele doente,
daquele paciente no momento?
Então eu acho que é tudo um conjunto e,
realmente, números, valores, a gente tem a prestação
de contas no conselho para avaliar, para fazer checar
isso daí. Mas sou muito assim: primeiro tenho que
ter aquela visão e sei onde que está tendo o
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 111
problema, então a gente tenta trabalhar. Enquanto a
gente fala que é um controle de realmente verificar,
eu sinto assim: gente, vamos melhorar porque tem
tanto paciente e tanta gente aguardando nessa fila.
Tem. E tem mesmo.
Eu gostaria de chegar aqui, doutor Ricardo,
sinceramente, e falar assim: Gente, essa fila zerou,
não tem mais fila. Mas isso não vai ser agora, mas é o
caminho que a gente está seguindo. É o caminho que
está seguindo. Quando eu vejo os técnicos, vejo cada
uma aqui no setor fazendo, eu falo: a nossa parte nós
estamos fazendo, mas um horário a gente chega lá. E
chega! Com pouquinho a pouquinho a gente vai
chegando.
Tem uns colegas do controle social que são
justamente os conselheiros, eu falo assim: A gente
está fazendo, vamos fazer cada um a sua parte que a
gente chega. Então quando tem uma audiência
pública, várias pessoas, vários segmentos, para ver
aqui e cada um você vê que está na sua função. Isso é
muito importante, doutor Ricardo.
Isso que o senhor fala assim: jogar lama no
SUS, são trinta anos. Tem gente que é técnico, está
trabalhando aqui, que acho que em na época era
nascido, quando surgiu o SUS e está no sistema e está
aqui trabalhando.
Então é alguma coisa que dá certo. Eu falo
que dá certo, vamos fazer, vamos trabalhar. E essas
audiências quando vierem outros números, agora, as
próximas, com outros números melhores. E que
aquele que está lá dependendo da nossa ação, que ele
possa falar assim: Não, eu posso confiar em alguém
que está lá na frente fazendo isso por mim. E não é
por um só que, às vezes, acontece, mas nós temos
milhares de pessoas esperado, dependendo da nossa
ação.
Então eu falo assim, na prestação de contas
anterior, eu falei: Doutor Ricardo, eu estava vindo de
uma visita a um município e vi. Agora, tem coisas
que nós podemos melhorar mesmo. Coisas para
melhorar. Eu faço no período, completando, agora,
um ano à presidência, substituindo um secretário, no
Conselho Estadual de Saúde, faz, exatamente, um
ano, doutor Ricardo. Então para a gente estar à frente
de um setor e ali na frente você ver o que pode ser
feito, eu posso estar com a consciência tranquila,
porque eu tentei e estou tentando fazer. Não é uma
coisa para mim agora, não, é uma coisa que fique. Na
hora de prestar conta que fique para o outro da
mesma forma que o senhor falou. Não tenho
pretensão política. Não tenho, mas tenho uma
pretensão de trabalhar para aquele usuário que está lá
na ponta.
O município onde moro é o que ele falou, o
problema da Grande Vitória é Cariacica e a gente
sabe onde tem problema e a gente tenta fazer lá. É
estar no local e tentar trabalhar. Então eu agradeço a
presença e a oportunidade de estar aqui, doutor
Ricardo, e ver esta prestação de contas de um ano
atrás que está acontecendo agora. E andar no interior
e ver uma diferença nisso aí. Uma diferença que tem
e falo assim: temos problemas? Temos problemas
graves, sim, mas nós estamos tentando resolver. Falo
tentando, dentro da minha parte que se refere e dentro
do eu vejo outras pessoas tentando fazer isso daí.
Então, é este o espaço que eu falo, é esta prestação de
contas que vejo. Às vezes, tem números A, B, C, mas
é esse o conjunto que vejo da prestação de contas,
essa parte.
Falo com o Doutor Hércules, da Comissão de
Saúde, é outro setor que a gente tem que trabalhar,
então a gente está tentando trabalhar em todos os
setores. Isso que é importante para cada um. Eu falo
assim: cada um é o ser humano que está nesse espaço
para fazer.
É isso, doutor Ricardo. Vamos lá! Vamos
continuar trabalhando mais, independente de quem
esteja falando mal ou criticando, o importante é a
gente estar fazendo, estar caminhando.
Gente, obrigada e bom dia!
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Muito bem. Antes do doutor
Ricardo responder, quero convidar para a Mesa, com
muita satisfação, o doutor Guilherme Rousseff
Canaan, que é procurador de Justiça do Estado.
Doutor Guilherme, por gentileza. Uma salva de
palmas, também. (Palmas) Muito obrigado pela
presença.
Doutor Ricardo, por favor, pode responder à
nossa presidente do conselho.
O SR. RICARDO DE OLIVEIRA - Essa
resposta, Joseni, é simples. Eu não abordei aqui o
conjunto de problemas, que nós temos, assistenciais.
Tem vários. Temos um problema grave da Sífilis;
estamos fazendo uma mobilização com os
municípios, agora, para poder reverter. Gravíssimo,
gravíssimo.
Comentei, rapidamente, algumas coberturas
vacinais, mas eu não quis fazer esse rosário de
problema porque isso aqui é o que se vê todo dia. As
pessoas só olham para o que falta. Ninguém olha para
o que está dentro do copo, só o que falta. E eu, assim,
afirmei e afirmo de novo, o que entrega é muito
maior do que falta. Muito. Você viu o tamanho do
número. Repara que nós temos ali onze mil processos
judicializados. Temos vinte e cinco milhões de
atendimentos, dezenove milhões, milhões de exames.
Então, assim, se você comparar quem não conseguiu
um atendimento aqui e foi aqui, claro que não é só
isso, porque tem muita gente que vem aqui e não vai
ali. Se você considerar que muita gente que entrou
nessa fila de consulta está errado, então, assim, eu
não tenho dúvida, fazer um diagnóstico do sistema
hoje, que ele entrega é muito mais do que falta.
E o objetivo meu aqui, principalmente por
conta do processo eleitoral, é evitar demagogia ou
simplismo num debate sobre saúde, para que a gente
preserve uma política, que é uma política mais
112 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
importante de inclusão social no Brasil, que é essa
política do SUS. E se continuar do jeito que está, que
joga a água suja e o bebê fora, eu, naquela
comemoração dos trinta anos do SUS - você não
estava lá, mas tinha uma representação sua lá - eu fiz
questão de dizer uma coisa, que é fundamental: a
população precisa apoiar o SUS. Como é que ela vai
apoiar o SUS, se é pancada direto, todo dia, na mídia,
dizendo que aquilo não funciona? E ela precisa
apoiar.
Os países que construíram o sistema tiveram
o apoio da sociedade. Eu até dei o exemplo do
modelo inglês. Os ingleses se orgulham do sistema
público de saúde deles lá. E nós vamos ter que
construir esse orgulho aqui. Porque se não fizer isso,
não vamos reverter aquele gasto público versus o
privado que temos no Brasil, hoje. Se não tiver
orgulho e defender o SUS, aquilo não reverte não, tá?
E nós vamos ter um problema grave na
construção do sistema público universal.
Por isso é que eu foquei um pouco essa
apresentação aqui, não nas dificuldades, porque sei,
se for pontuar aqui, tem vários problemas, nós
sabemos do dia a dia, que está sendo tratado. Eu não
tenho a menor dúvida quanto a isso. Mas quero dizer,
o volume de entrega é muito superior ao que falta.
Embora, enquanto tiver alguém em qualquer fila
dessa, nós temos que estar atentos para poder
equacionar um problema, como estamos fazendo
agora com esses mutirões de cirurgia. Aqueles
mutirões ali são para zerar aquelas filas todas que
estão ali. E isso é o que nós vamos fazer. Já zeramos
ano passado e vai zerar agora essas outras que estão
aí. Ainda tem outra? Tem. Ainda tem de exame, de
consulta. Estamos organizando outros mutirões de
consulta e de exame também, para zerar isso aí.
Porque é o papel nosso. Mas eu não olho para os
problemas e maximizo o problema, porque ao fazer
isso, estou desacreditando um sistema. A quem
interessa? Essa é a questão que estou querendo
levantar.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Muito bem. Vou passar a
palavra, agora, para a doutora Clenir Avanza. Eu já
estava pronto para mostrar esse cartaz do 6.º
Congresso Brasileiro, e a doutora Clenir tem mais
autoridade para falar sobre o assunto. E aqui está o
convite. Se não fosse a doutora Clenir, esse
congresso não seria realizado aqui no Espírito Santo.
É um momento ímpar para discutir a questão do
acesso à saúde. Estamos fazendo já o sexto
congresso, com muita dificuldade. Agradecemos ao
Governo do Estado e também ao Secretário Ricardo
de Oliveira, que tem ajudado.
Doutora Clenir, por favor, pode mostrar para
a câmera o convite e o cartaz.
A SR.ª CLENIR SANI AVANZA - Vou
deixar o senhor mostrar porque o senhor fica melhor
na fotografia do que eu.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Só um minutinho, então. Dê
um take, por gentileza. Aqui está o convite. Aqui está
o Maely Coelho, que é o presidente estadual; o
doutor João Pedro Gebran Neto, que é o presidente
nacional, é o desembargador da Lava-Jato. Eu faço a
ligação institucional, naturalmente, com as
instituições do estado e também o Ministério Público
Federal. A doutora Clenir é coordenadora executiva,
o doutor Arnaldo Hossepian Júnior é o representante
do Conselho Nacional de Justiça, e o doutor Ricardo
de Oliveira é o nosso secretário de Saúde, que todo
ano participa com bastante eficácia e com bastante
clareza deste congresso. Haverá a presença do
ministro e de várias autoridades. Estaremos aqui e
nós agradecemos à doutra Clenir. Ela é secretária de
Saúde de Aracruz e também é coordenadora
executiva desse congresso.
Pois não, doutora Clenir.
A SR.ª CLENIR SANI AVANZA - Bom dia
a todos! Quero cumprimentar todos os membros da
Mesa, através do deputado e presidente da Comissão
de Saúde desta Casa de Leis, Doutor Hércules
Silveira; cumprimentar o nosso secretário de Saúde,
doutor Ricardo; e cumprimentar os demais servidores
da Secretaria da Saúde e do Conselho Estadual.
Fazer aqui uma observação. Não estou
representando os demais secretários de Saúde. Na
verdade, estou aqui representando a Comissão de
Saúde da OAB, da qual sou vice-presidente. Apesar
de estar secretária sou impedida de advogar, mas não
sou impedida de ocupar minha função institucional.
Queria fazer algumas observações, doutor
Ricardo, porque é fácil falar quando a gente não está
no campo com a bola no pé. É muito fácil apontar o
dedão e falar: Por que você não chutou? Por que você
não fez o gol? Quem mandou você perder aquilo?
Estava de frente para a trave! Enfim, sempre fui
advogada atuante na questão da judicialização.
Achava que tinha que resolver. Quando você passa
para o outro lado do balcão, você consegue perceber
algumas dificuldades do gestor, quase que
insuperáveis. Por exemplo, quando se trata de
judicialização, no mínimo se espera que a
magistratura cumpra os prazos processuais, isto é, te
exija dentro dos prazos possíveis. Por quê? Não se
pode expedir uma ordem impossível de cumprimento.
Tenho recebido às 18h: Cumpra-se em meio dia.
Como assim meio dia? Até meia-noite? Como é que
vou cumprir?
Outra coisa, nenhum gestor tem dinheiro em
uma caixinha lá para tirar e comprar. E se tivesse,
não poderia. Tem os trâmites formais. Não posso
comprar medicamentos fora da lista Rename, mesmo
com uma ordem judicial. Onde vou comprar esse
medicamento? Como vou justificar? E o laboratório
vai me entregar imediatamente? Não posso
desinternar um paciente à vontade do familiar, como
algumas ordens que tenho recebido: Interne em outro
hospital porque essa é a vontade do familiar; se o
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 113
paciente já está internado em uma unidade hospitalar.
Enfim, tem que se corrigir isso aí e essa é a
importância desse congresso porque vamos discutir
com a magistratura, com o Ministério Público
Federal, com o Estadual, com os procuradores, com a
advocacia e, principalmente, com os gestores.
Essa discussão, que já vai para o sexto ano,
tem promovido uma mudança significativa no pensar,
no mover e no atuar da magistratura brasileira. Tem
sido extremamente importante o congresso por isso.
E ele só é realizado no Espírito Santo porque o
doutor Ricardo não tem medido esforços para que
isso aconteça aqui. Aqui ficam os nossos
agradecimentos antecipados, doutor Ricardo, pelo
esforço que mais uma vez o senhor está fazendo para
que o congresso aconteça aqui neste estado.
Quando a gente fala de SUS - e é o único
sistema de saúde universal desse planeta é o SUS, os
outros não são; todos eles possuem restrições, o
nosso é universal - eu também vejo com muita
cautela às críticas ao sistema de saúde. Não podemos
perder esse sistema, foi à custa de muita luta. Esse
sistema não nasceu da cabeça dos congressistas e,
sim, das conferências de saúde. Foi muito tempo,
estudiosos, universidades, médicos, gestores brigando
para que a gente tivesse esse sistema. Ele é perfeito?
Claro que não. Ele está funcionando? Também
concordo que não. Mas o que precisamos perceber,
que não é a Lei 8080 que não funciona nem as suas
portarias; o que não funciona é o subfinanciamento
da Saúde.
Doutor Ricardo, o senhor pode fazer
quantos mutirões o senhor quiser, o senhor não vai
conseguir zerar a fila. O senhor pode fazer quantas
campanhas o senhor quiser, vocês não vão conseguir
zerar a fila se nós não investirmos na saúde primária.
É preciso ter mais equipes de PSF. Quer um
exemplo? Eu estou secretária no município de
Aracruz, e assim como a minha tese de mestrado e,
agora, no doutoramento, defendo que a porta de
entrada é extremamente importante para que a gente
não sobrecarregue a alta e média complexidade. Só
que para um município que tem cem mil habitantes e
mais vinte mil de população flutuante, isto é, cento e
vinte mil habitantes, eu tenho dezoito equipes de PSF.
Dá conta? Não. Isso significa o quê? Que elas vão
sobrecarregar as pessoas, vão agravar as enfermidades,
e elas vão parar onde? No pronto atendimento. No
único pronto atendimento. E aí entra na sua rede.
Entra na sua rede.
Então, o problema é lá na ponta. Ou se
resolve a ponta com a saúde primária, melhorando o
financiamento e o Governo Federal tem que ficar
atento para isso. É um absurdo que se corte esse
subfinanciamento das equipes de PSF, porque não
cobre nem cinquenta por cento do custo. Nós
sabemos o tamanho do orçamento de uma Secretaria
de Saúde de um município. Então, o problema é de
fácil solução. É só investir na porta de entrada, é só
investir nas vigilâncias, porque aí nós teremos muito
menos pessoas na alta e média complexidade. E, aí
sim, nós vamos conseguir reduzir a sua fila, senão
nós vamos ficar enxugando gelo. A fila só aumenta.
Você vai fazer, acabou, no mês seguinte vai ter mais,
porque essa é uma demanda produzida pela
insuficiência de financiamento da porta de entrada,
isto é, da saúde primária, das equipes de PSF. Então,
precisamos ter consciência quando a gente emite
críticas, tipo: os hospitais estão lotados.
Têm dois equipamentos sociais, Doutor
Hércules, que o senhor pode construir mais milhares,
terminou de construir vai estar lotado: são presídios e
hospitais. Quanto mais você construir, mais eles
ficarão lotados, porque o presídio não resolve e o
hospital também não. Ou se investe na prevenção, na
reeducação, na corresponsabilidade, também do
paciente, ou nós vamos ficar administrando críticas e
vamos ficar administrando longas filas.
Quero parabenizá-lo por sua coragem. Estou
lá há cinco meses, assim, em pânico, tipo assim, eu
quero ir embora! Quero ir embora! Por quê? O
volume de problemas só aumenta. Eu recebo dez
ordens judiciais. Eu advogo mais lá do que no meu
escritório de advocacia. Tem que ficar o tempo todo
advogando. Não, excelência, não é nisso. Pedindo
reconsideração das ordens judiciais, e tem momento
que você pensa assim: Mas o que é isso? Estou sendo
tratada como o quê? Como um contraventor? Não fiz
nada de errado. Enfim, é uma situação muito
complicada do gestor público de saúde e também de
todos os técnicos da Secretaria de Saúde porque eles
respondem solidariamente junto com o gestor.
Então, eu acho que nós precisamos,
realmente, estimular o pensamento coletivo; nós
precisamos que o Conselho de Saúde comece a
pensar também nesse subfinanciamento; precisamos
fazer um grande esforço e investir na porta de
entrada.
De qualquer forma, ficam aqui meus
parabéns pela coragem de prestar conta mais uma
vez.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Queria que senhora falasse
um minutinho sobre o congresso.
A SR.ª CLENIR SANI AVANZA - Gente,
o congresso vai acontecer nos dias 30, 31 e 1.º. Nós
temos da magistratura fora do estado, já inscritos,
trezentos e dez magistrados entre magistrados e
membros do Ministério Público Federal e Estadual;
temos sete secretários de Estados confirmados, o de
Brasília, o de Goiás, enfim.
Temos um público enorme e estamos
segurando as vagas da Secretaria de Saúde.
Nesse congresso nós vamos discutir e vamos
tirar uma carta extremamente importante, que é a
Carta de Fortalecimento do SUS. Por isso que é
importante a participação e o pensar coletivo de
todos. O que podemos sugerir ao próximo presidente
da República para que melhore o SUS?
114 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
Esse documento será entregue na Comissão
de Seguridade da Câmara Federal numa solenidade
onde vão ser chamados os possíveis presidentes, os
candidatos, e será entregue a eles através do doutor
Arnaldo Hossepian, do doutor João Pedro Gebran e
do nosso secretário, já que a carta vai sair daqui de
Vitória. Então, o pensamento de todos os senhores,
que estão aí no dia a dia, para melhorar o SUS, é
importante.
Eu queria também, falando de congresso,
deputado, fazer um agradecimento para os técnicos
que estão lá nos ajudando, da sua Secretaria,
secretário, nos ajudando a viabilizar o congresso. A
todos eles, não lembro muito os nomes, mas queria
agradecer a todos através da doutora Fabrícia Forza
que não tem medido esforços para nos ajudar e
manter o contato lá, da sua subsecretária também que
tem nos ligado, enfim.
Eu acho que esse movimento está no nosso
estado porque há um movimento coeso e coletivo
para que o congresso aconteça da melhor forma
possível.
Nós teremos o Ministro do STF, o Alexandre
de Moraes, que vem falar sobre a posição do STF,
medicamentos de alto custo; teremos o Ministro do
STJ Nefi Cordeiro, a presença do ministro da Saúde.
Ele mandou confirmar. Está lá o e-mail que chegou
hoje pela manhã; teremos a presença de quase toda a
8.ª Turma do TRF4, do Desembargador Leandro
Paulsen que vem falar a respeito dos crimes da
indústria farmacêutica, isso é importante, sobre
patentes, enfim, há a convocação do CNJ.
Então, todos eles foram convocados e estarão
presentes. A TV Justiça vai vir cobrir o evento, e nós
esperamos contar com a presença de todos os
senhores porque esse congresso, com muito orgulho,
acontece, mais uma vez, no estado do Espírito Santo.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Obrigada, doutora Clenir.
Antes de o doutor Ricardo responder aos
questionamentos, eu só me esqueci de falar com meu
querido colega Sergio Majeski que o paciente a que
ele fez referência, só vou falar as iniciais dele por
questão de ética, HD que é o nome dele, tem quarenta
anos e estava, não sei se ainda está, internado no
Hospital Doutor Jayme Santos Neves. No dia 12, ele
ligou para mim e eu imediatamente entrei em contato
com o Hospital Santa Rita, com a direção, que
respondeu para ver com o Hospital Evangélico, que
também era referência em câncer. Entrei em contato
também com o Hospital Evangélico, agora não sei se
realmente já tem diagnostico dessa doença maligna e
que realmente precisa dessa transferência. Até aí eu
acompanhei; depois disso, não. Mas falei com os dois
hospitais, Santa Rita e Evangélico também. Na
época, o diretor do Evangélico disse... (Pausa)
Pois não.
O SR. GIULIANO NADER - Os seus
subsecretários são muito eficientes e se apressaram
logo em me dar a informação. Então, transmito aqui o
que a doutora Joana e Fabiana me passaram. Foi
agendada consulta no Santa Rita amanhã. Paciente
em bom estado geral, lúcido e orientado. Teve um
quadro parecido com AVC e então procurou o Jayme
quando encontraram múltiplas lesões espalhadas pelo
fígado, rim, peritônio, mas não sabem de onde veio a
origem do câncer. Pelas descrições, tem as condições
de consulta em determinado hospital. Paciente
permanece na sala amarela, aguardando regulação
para hospital de referência em Oncologia, uma vez
que o paciente apresenta tumores em diversos pontos.
Nesse fim de semana, o paciente apresentou melena e
por conta disso ficou agendado um exame de
endoscopia alta. Está confirmada uma consulta no
Hospital Santa Rita para análise da biópsia de modo a
identificar a origem de todos os tumores.
Certo? Obrigado, Doutor Hércules.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Muito bem. Para quem não
sabe, melena é vômito sanguinolento.
Doutor Ricardo, por gentileza.
O SR. RICARDO DE OLIVEIRA - Eu
queria concordar com a avaliação que a Clenir fez.
Olhou corretamente para a porta de entrada. A Rede
Cuidar tem prioridade na porta de entrada, por isso
que mostrei o esquema aqui. O SUS é um só, não
adianta consertar um pedaço, vai ter que começar
pela porta que é a base, e a prioridade é a porta de
entrada. Tem que reorganizar aquela porta de entrada.
E é o que estamos fazendo em parceria com todos os
municípios em relação à Rede Cuidar.
Acho que é importante essa constatação que
você fez porque se todos tivermos o mesmo
diagnostico, é mais fácil remar na mesma direção. E
você apontou o dedo na prioridade da Rede Cuidar.
Por isso é que nós também acabamos com esse jogo
de empurra. Porque o sistema é um só e não adianta
dizer que isso é um problema do Município. Isso é
um problema do Município, e do Estado e do
Ministério da Saúde.
Você mesma falou do subfinanciamento, que
é um problema grave nos Municípios. Vila Velha não
consegue articular a atenção primária dela, Cariacica
menos ainda. Por que razão? Ah, aqueles prefeitos lá...
São vários prefeitos em sucessão. Isso é uma bobagem.
Isso é uma bobagem! Ah, o prefeito não faz... Isso é
uma bobagem!
Isso que estava tentando dizer aqui em
relação ao problema do... Isso é um problema grave.
Não consegue financiar a estrutura que precisa
colocar em Vila Velha, nem em Cariacica, e aí gera
um problema grave no hospital do jeito que ela falou.
Setenta por cento está na porta do hospital
equivocadamente. Não devia estar lá, porque não
estamos conseguindo reorganizar a porta de entrada
para reorganizar o modelo de atendimento
corretamente.
E o que é tratado em hospital, eu sempre
estava usando um indicador de trinta a quarenta por
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 115
cento, já reduzimos. Já está em vinte e cinco ou vinte
e seis por cento. Quase vinte e seis por cento o que é
atendido em hospital e que não deveria estar lá. Olha
só! Olha o volume de gente. Por que chega lá?
Agudizou porque a porta de entrada não conseguiu
resolver.
Então, assim, a Rede cuidar está focada
nisso. Agora, por que o mutirão? Porque quem já está
na fila, quem já entrou por um processo anterior, tem
que ser tratado. Tem muita gente que já entrou e tem
muita gente que vai começar a entrar agora por esse
novo modelo. Esse novo modelo vai evitar a
agudização, mas quem já agudizou e já está na fila,
não tem jeito. Então, vamos ter que continuar com
mutirão para poder tratar o que está na fila, enquanto
reorganizamos a porta de entrada através da Rede
Cuidar.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Na verdade, o Programa de
Saúde da Família, quando começou no Canadá,
houve uma diminuição de ocupação de leitos
hospitalares. Aqui a gente constrói, constrói e não dá
conta. Então, na verdade, é preciso que o cidadão
também saiba se cuidar.
Você quer usar a palavra, Maria Lúcia,
representando o usuário? (Pausa)
Então, faça o favor, sente-se aqui, por causa
do microfone.
O Subsecretário Giuliano Nader teve que
sair, porque foi chamado para uma reunião de
urgência agora.
A Maria Lúcia representa os usuários.
(Pausa)
É, o secretário. Assumiu no lugar de Roberto
Carneiro.
A SR.ª MARIA LÚCIA DOS SANTOS
MARIANO - Bom dia a todos. Quero cumprimentar
a Mesa na pessoa do coordenador da Comissão de
Saúde parlamentar desta Casa, as autoridades
presentes, os diretores de hospitais, todos os
funcionários da Secretaria de Saúde, os diretores de
hospitais e, em especial, nosso secretário de Saúde,
que parabenizo pelo excelente trabalho que vem
desenvolvendo.
Sim, entre aspas, há algumas gerências que
precisam melhorar, que precisam dar apoio melhor às
nossas OSs que estão dirigindo nossos hospitais,
porque eles estão carentes de informação. E as
dificuldades cada vez surgem dentro dos nossos
hospitais públicos com as nossas gerências, um
pouco por falta de habilidade, porque os nossos
pacientes não têm culpa de estarem ali dentro.
Sou presidente do Conselho Gestor do
Himaba e recebi uma denúncia no pleno do Conselho
Gestor por falta de acolhimento e humanização.
Então, eu acredito que o setor de Regulação e o setor
de Gerência precisam acolher melhor os nossos
hospitais, porque as OSs que estão lá também não
têm culpa. Elas estão lá por mérito delas e precisam
ser assistidas para poderem atender melhor o usuário.
O Himaba é gerência mista e pública, e é de
porta aberta agora, e as demandas dentro dos seus
indicadores de saúde se multiplicaram no setor
principalmente de Ginecologia. As demandas
atendendo aos municípios e aos estados dobraram, e
o recurso, muita das vezes, não dão. E quem paga, na
ponta, é o gestor, porque a gerência ainda não está
qualificada para atender tanto os profissionais quanto
os usuários que estão lá dentro do sistema.
Em relação aos nossos hospitais dentro do
estado, estão carentes também de informação. Não
sabem acolher nem o conselho que, muita das vezes,
chega à porta para fazer uma acolhida, para fazer um
atendimento, para melhorar o sistema e não é bem
recebido. E precisa melhorar isso, porque o hospital
SUS é para atender usuário, e usuários têm que ser
atendidos com qualidade.
Precisa melhorar muito isso, porque as nossas
OSs que estão gerando serviços, vão surgir novos
problemas em relação aos conselhos gestores que são
implantados dentro dos hospitais. Porque quem está
lá dentro não pediu para entrar. É um sistema que é
público e que vai de encontro à necessidade do
usuário. Então, o conselho, lá dentro, é para acoplar e
ajudar a gestão pública da direção, não para eles
virarem de costas para aquele conselho que está
implantado lá. Nós precisamos de estrutura, não
estamos tendo. E precisa ser visto com novos olhos
aquele conselho gestor que está dentro das unidades
de saúde.
Quanto à Promotoria Pública, ela precisa
rever e estar junto com os conselhos gestores dentro
dos hospitais. Muita das vezes, o usuário que está
internado lá dentro não protocola a denúncia no
hospital, vai direto à Promotoria Pública ou, muita
das vezes, vai ao Conselho Estadual de Saúde. Nós
temos que fazer o nosso papel.
Precisamos de ajuda. Estamos pedindo
socorro tanto ao secretário como às gerências da
Secretaria de Saúde. Precisa estar lá mais em foco
para estar junto, para desenvolver esse trabalho. O
cartão SUS é um plano excelente, precisamos de
gerenciamento.
Muito obrigada e um bom dia a todos.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Muito bem, Maria Lúcia, eu
queria assinar embaixo do que você fala quando fala
do SUS. Um dos serviços mais sérios que nós temos
no Brasil é o serviço de transplante de órgão, todo
feito pelo SUS. Não tem pagamento nenhum e não
tem negócio de furar fila porque é mais rico, é mais
pobre, se é autoridade ou não é. Não tem!
Vou citar até um exemplo aqui do ex-
Secretário de Saúde Tadeu Marino. Ele, hoje, é um
transplantado renal. Ele ficou seis anos esperando na
fila para ser transplantado. Seis anos, por quê?
Porque chegavam outros casos mais graves, então,
116 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
naturalmente, dá-se preferência aos casos mais
graves.
Antes de passar a palavra para o nosso
secretário, quero dizer que aqui na Mesa nós temos o
Ministério Público e temos um representante de uma
OS. Se os dois quiserem falar, poderão responder,
antes do secretário ou depois. Mas quero pedir
também às pessoas que querem fazer algum
questionamento, que se sentem logo aqui na frente.
Quem quer falar? Você que se manifestou mais cedo,
pode se sentar aqui.
Ofereço a palavra ao doutor Ricardo. Depois
do doutor Ricardo, a doutora Inês vai falar,
representando o Ministério Público.
O SR. RICARDO DE OLIVEIRA - A
nossa conselheira aqui trouxe outro aspecto
importante, que é o usuário do SUS e como é que o
usuário usa o SUS. Isso é uma coisa importante para
a gente problematizar e entender a situação. Nós
temos quarenta por cento de absenteísmo em
consultas. O que isso significa? O SUS contratou o
serviço, disponibilizou, marcou e o usuário não vai.
Ah, não vai! É culpa do usuário. Não estou dizendo
isso. Às vezes, não tem dinheiro para a passagem; às
vezes, a informação não chegou. Mas é uma questão.
O próprio usuário do SUS também vai ter que
aprender a usar o SUS. Também vai ter que aprender.
Olha como é complexo.
Eu fiz uma exposição aqui e não toquei nesse
ponto da relação do usuário com o sistema, mas isso
é importante. Mais ou menos trinta ou trinta e poucos
por cento dos exames não são buscados. Não são
buscados. O usuário não vai. Você imagina se a gente
sempre estivesse preenchendo as vagas de consulta,
se a fila estaria desse tamanho! Não está. Isso é um
problema que nós vamos ter também que administrar
para ver por que isso está acontecendo. E também
não se trata de culpabilizar o usuário. Trata-se de
levantar os problemas, colocar ele na mesa, para ver
como é que a gente vai resolver esse problema.
Mas a sua representação aqui, enquanto
usuário, até me permitiu dizer que também tem uma
discussão, tem o gestor, tem tudo aquilo que mostrei
aqui de pessoas que interferem dentro do processo,
também, de várias autoridades. E tem a postura do
usuário que precisa também ser educado, não só
educado no sentido de usar o serviço. Mas também
no autocuidado, que é uma preocupação que nós
estamos tendo na Rede Cuidar.
Se ele não se cuida, por que não botamos um
psicólogo da Rede Cuidar? Quando fui ver esse
modelo, falei: Mas por que tem um psicólogo aqui?
O modelo que nós fomos ver e trouxemos para cá e
trouxemos para cá, sabe por quê? Porque se
identificou que muita gente não se cuida, não
consegue tomar remédio.
Como a Rede Cuidar tem que ser resolutiva,
nós precisávamos ter uma avaliação do psicólogo,
para se aquele paciente que passou lá, ele
efetivamente vai se cuidar. É por isso que tem que ir
ao psicólogo, também. O psicólogo tem que dizer:
Esse cuida... Não, esse não se cuida, porque tem
depressão. Aí nós vamos fazer e vai para a assistente
social, outro profissional que está dentro da Rede
Cuidar, para poder fazer um contato com a família e
ver como é que resolve o problema. Olha só como é
que é.
Essa coisa é complexa para você ficar
apontando o dedo e dizer: Oh, o fulano não foi
atendido, porque a regulação e não sei o que lá...
Não é assim a conversa. Essa conversa é para
enganar, tá! Essa conversa não é para resolver. A
conversa para resolver tem que fazer um diagnóstico
correto dos problemas e entender que tem um
problema de ação coletiva. É sistêmico isso. Volto a
dizer, seria muito fácil você dizer o seguinte: Ih, não
está funcionando e tal e tal. Tira o diretor! Agora,
vai passar a funcionar. Seria a coisa mais fácil do
mundo. A coisa mais fácil do mundo. Ah, a unidade
de saúde não funciona. Tira o prefeito! Isso é
brincadeira. Quantas vezes trocou o prefeito?
Quantas vezes? Isso é bobagem, gente! Para de
enganar! O debate é demagógico e simplista. Ele é
mais profundo que isso. É um problema de ação
coletiva e que a gente tem que se organizar enquanto
sociedade para superar esse problema em benefício
dos usuários do SUS. É só isso.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Vamos ouvir agora a doutora
Inês, representando o Ministério Público do Estado.
A SR.ª INÊS THOMÉ POLDI TADDEI -
Gostaria de cumprimentar o excelentíssimo Deputado
Doutor Hércules Silveira, em nome de quem
cumprimento toda a Mesa.
Quero cumprimentar também o Secretário de
Estado da Saúde, Ricardo de Oliveira, e todos os
presentes.
Primeiramente, eu gostaria de pegar o gancho
da fala do doutor Ricardo de Oliveira e parabenizá-lo
pela exposição. E simplesmente acrescentar que a
saúde vem evoluindo. A condução da saúde aqui no
nosso estado vem se evoluindo constantemente. Mas
nós temos muitos desafios a serem enfrentados. Não
restam dúvidas de que existem inúmeros serviços que
precisam ser melhorados, inúmeras políticas públicas
de saúde que precisam ser implantadas. E essa
judicialização é exatamente a imagem desse gargalo
na saúde. Ela representa essas políticas públicas que
não estão sendo implementadas, esses erros que estão
ocorrendo na administração.
Em relação aos conselhos gestores, que foi
colocado aqui, nós temos um trabalho que o
Ministério Público vem implantando junto com o
Conselho Estadual de Saúde, que é a questão de toda
a estruturação dos conselhos gestores dos hospitais
públicos. Em razão de uma demanda, de uma
notificação recomendatória, o Conselho Estadual
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 117
vem percorrendo todo o estado para que esses
conselhos gestores sejam implementados nesses
hospitais. E, com certeza, com essa implementação,
essas questões serão resolvidas com mais facilidade,
principalmente na capacitação desses conselheiros,
até mesmo enfrentando alguns desafios em relação
aos próprios hospitais, que muitas vezes vêm
impedindo a criação desses conselhos gestores.
Em relação à saúde como um todo, nós
verificamos que existem demandas que vão continuar
ocorrendo enquanto elas não forem enfrentadas.
Iniciamos lá na atenção básica, o que já foi colocado
aqui. Nós sabemos que existem áreas totalmente
descobertas, e essa população que reside nessa área
descoberta, com certeza ela vai impactar nas
unidades de pronto atendimento e, com certeza,
dessas unidades de pronto atendimento elas vão parar
nos prontos-socorros dos hospitais que temos, quer
seja público, quer seja filantrópico. Então, isso aí é
uma situação também que nós precisamos enfrentar,
e que se inicia lá na atenção básica com a construção,
com a ampliação, com a implementação dessas
políticas para atendimentos locais.
Além disso, nós temos também a questão
dessas demandas de média e alta complexidade, que
recaem sobre os exames, consultas especializadas,
cirurgias especializadas. Quer queria ou quer não, são
essas unidades que alimentam todo o sistema que
vem para a Secretaria de Estado da Saúde. Então, se
nós não temos uma secretaria municipal em pleno
funcionamento, com certeza essa comunicação vai
dificultar e, consequentemente, a demanda vai
aumentar no município sem uma contrapartida do
Estado. Isso vem sendo enfrentado, nós não temos
dúvida. Inclusive, as demandas judiciais propostas
são exatamente para isso.
Hoje, nós temos inúmeras ações civis
públicas ajuizadas pelo Ministério Público
objetivando sanar essa demanda reprimida nessa área
de média complexidade. Por exemplo, a
oftalmologia, que foi citada aqui, o Ministério
Público, pelo município de Vitória, judicializou e
essa ação, apenas no município de Vitória, nessa
listagem, nós tínhamos uma demanda reprimida de
cinco mil pessoas na fila. Se essa fila é atual, é a real,
nós só vamos saber e ter uma noção dessa dimensão a
partir do momento que essa fila for enfrentada, e é o
que vem sendo feito. É lógico, contando também com
a ajuda da judicialização. Nós temos duas vertentes
que precisam ser analisadas em relação à
judicialização. Por um lado, ela acaba ultrapassando
determinados limites, mas por outro lado, o objetivo
é simplesmente mostrar para o gestor aqueles vazios
onde a política pública precisa ser implementada. E
isso o Estado vem buscando também com base nessa
judicialização enfrentada.
Já tivemos inúmeras audiências, composições
feitas nas audiências de instrução e julgamento, e isto
vem sendo implementado por parte do Estado e
também em outras áreas que não sejam Oftalmologia,
o próprio Ministério Público vem demandando
judicialmente e até administrativamente na Secretaria
de Estado da Saúde.
Com base nessas informações, temos a
problematização dos municípios em relação ao
quantitativo de unidades de saúde, de assistência.
Vem impactando nessa questão da média
complexidade, que, por sua vez, vamos enfrentar o
gargalo lá na alta complexidade, que são nos
hospitais públicos.
Tudo isso traz consequências gigantescas
para a saúde. Não resta dúvida de que essa demanda
gigantesca de leitos de hospitais em UTI, leitos
clínicos vem, realmente, de uma falta de trabalho na
questão preventiva, que começa na assistência básica
de saúde.
Agora, isso tudo nós sabemos que está
atrelado a uma série de consequências que
influenciam diretamente ali. O que seriam? Esse
subfinanciamento. Nós temos a questão, também, dos
servidores. Temos uma deficiência muito grande no
Estado em relação à efetividade dos servidores
públicos até mesmo pela precariedade da contratação
desses servidores.
Temos problemas gravíssimos, inclusive, que
não chegam até as promotorias de Justiça que são de
profissionais que são contratados, ficam três meses,
são capacitados nesses três meses, vão embora, tudo
se perde. Outros profissionais vêm e não conseguem
dar continuidade ao tratamento específico
especializado que um hospital deveria prestar ao
usuário, e com isso deixa a desejar na assistência à
saúde daquela pessoa.
Isso aí e muito grave. Essa precariedade no
serviço público, na prestação do serviço do servidor
público, isso afeta diretamente a saúde. Sabemos que
o Estado hoje vem passando a administração de
inúmeros hospitais públicos para organizações
sociais, para gerir, mas também sabemos que temos
inúmeros servidores contratados no estado e essa
precariedade nessa contratação vem causando
inúmeras consequências no serviço público.
Temos áreas que acabam ficando
descobertas, áreas que às vezes vêm crescendo, vêm
tendo um atendimento satisfatório, mas por
encerramento de um contrato temporário de trabalho
tudo se perde e ali se inicia um novo profissional que
deixa de dar continuidade àquele tratamento, não
como o esperado em relação à especificidade daquela
doença. Temos, também, esse problema na prestação
de serviço, não é só a falta de unidade básica de
saúde, subfinancimaento, mas temos a precarização
do trabalho que influencia diretamente a prestação do
serviço público.
Em relação à judicialização, não resta dúvida,
como foi colocado pela secretária municipal de Saúde
de Aracruz, algumas decisões extrapolam, mas às
vezes, podem extrapolar por aquele serviço estar
bastante tempo sem qualquer tipo de política prestada
naquele município e isso realmente vai impactar. O
118 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
secretário daquele momento vai sofrer todo esse
impacto, principalmente porque vai tudo recair em
cima dele, porque ele é o gestor público. E o que nós
devemos entender com isso tudo, na área da saúde, é
que o serviço público é contínuo.
E, aqui, nós temos que tratar da seguinte
forma: hoje o Ricardo de Oliveira é o Secretário de
Estado da Saúde do estado do Espírito Santo.
Amanhã, o outro secretário que vier, ele terá que
seguir, e tudo aquilo que ele deixou de fazer - o
Secretário Ricardo de Oliveira -, ele continua sendo o
responsável, porque o serviço público é contínuo. E
não é porque hoje hoje é o Ricardo, e amanhã é outra
pessoa, essa pessoa não terá esse ônus sobre as suas
costas. Vai ter porque, se o serviço é contínuo, todos
aqueles que passaram fazendo o certo ou o errado,
essa carga virá em cima de qualquer um que
continuar como gestor público.
Então, este é o papel do gestor público, tentar
desenvolver uma política pública de saúde voltada
para a coletividade da melhor forma possível, e
capacitar os seus funcionários para que, quem quer
que venha dali para frente, continue dando segmento,
e que faça isso para, só assim nós, no futuro,
podermos falar que nós estamos crescendo na área da
saúde.
Zerar fila, como foi falado aqui, jamais!
Nunca nós vamos zerar uma fila no SUS. Não por
ineficiência do serviço público, dos gestores, dos
funcionários, dos médicos. Não. Nós não vamos zerar
porque a população continua se adoentando. Ela vai
continuar tendo os seus problemas de saúde.
O que nós temos que fazer é buscar amenizar
a quantidade de tempo que uma pessoa fica nessa
fila. Nós não podemos considerar como fato natural e
normal uma pessoa ficar numa fila, esperando uma
consulta com um oftalmologista por mais de um ano;
por mais de três meses, seis meses, o que for! Três
anos, como está sendo falado. O que nós temos que
fazer é minimizar esse problema de uma forma
eficiente, em conjunto, traçando políticas públicas de
saúde, de forma que essa fila continue a existir,
porque é o natural da população. Principalmente
agora, a nossa população está envelhecendo e nós
vamos precisar de muito mais serviços para uma
população envelhecida. Uma ciência que, a cada dia,
descobre novos medicamentos, ela descobre novas
formas de tratamento, e nós vamos ter que tentar
trazer isso para o SUS, brigando, tentando mais
financiamento para a saúde. Isso faz parte da
evolução de uma sociedade.
Nós temos que traçar políticas públicas para
que nós possamos absorver tudo isso que nós vamos
enfrentar daqui para frente - que já estamos
enfrentando -, de uma forma que o SUS não seja um
fardo para a população. Ela falar: Eu vou, hoje, para
enfrentar uma unidade básica de saúde. Não imagine
que ela vai chegar lá, e vai ficar tendo que ir às cinco
horas da manhã para conseguir uma senha, para saber
se ela vai conseguir uma consulta. Ah, eu preciso me
tratar. Eu tenho um problema nos olhos, eu preciso
de um oftalmologista, eu vou entrar naquela fila, e eu
vou ficar um, dois, três anos, dependendo de quando
alguém vai fazer alguma coisa. Essas interferências
políticas deixarão de existir, à medida que essa fila
seja contínua e caminhe dentro de um tempo
razoável, que cada um de nós suportamos.
Muitos aqui têm um plano de saúde. Mas nós
sabemos, também, que não é imediata uma consulta,
às vezes, com um médico bom de Oftalmologia, um
médico bom de Ginecologia. Nós temos, também, os
nossos gargalos dentro do sistema privado de saúde.
Mas nós temos que ter isso no serviço público dentro
de um prazo razoável, e que, qualquer pessoa que
esteja debilitada e doente possa, dentro daquele
prazo, se sentir acolhida pelo sistema, e saber que ela
terá o seu direito à saúde prestado de forma digna.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Doutora Inês, eu queria
aproveitar a fala da senhora e da Doutora Clenir, com
relação a essa questão dos processos.
Os processos têm aumentado muito,
realmente, e uma das lutas deste congresso são os
núcleos de apoio técnico. A gente tem lutado muito.
Não é, doutora Clenir? Para que não seja dada
alguma ordem judicial, às vezes, até descabida,
naquele momento, por falta de conhecimento. Então,
a intensão desse núcleo é exatamente dar à Justiça, ao
Ministério Público, ao juiz, todo o aparato, todo o
esclarecimento com relação. Se é um medicamento,
ao Conselho Estadual de Farmácia. Se é com relação
a uma cirurgia, ao Conselho Regional de Medicina.
Porque, na verdade, o juiz, o promotor não têm
obrigação de conhecer aquela patologia e ele fica
também numa saia justa, como diz a gíria: Se eu não
der, o paciente vai morrer e eu vou ficar com a
culpa.
Então eu queria só pegar esse gancho e não
deixar passar essa oportunidade.
Quer falar mais alguma coisa, doutora Clenir,
sobre isso? (Pausa)
Doutora Inês, quer continuar? Pois não.
A SR.ª INÊS THOMÉ POLDI TADDEI -
Eu queria só complementar. Com o Mistério Público,
no âmbito, a gente tem uma parceria muito grande
com os conselhos regionais, tanto de Medicina,
Enfermagem, nutricionistas, Fisioterapia. Então nós
temos uma ligação muito grande com todos esses
conselhos, que nos ajudam bastante nessas questões
mais técnicas.
Também nós temos, eu diria, entre aspas,
uma parceria muito grande com a secretaria, em
relação a todas essas áreas que nós citamos, seja
farmacêutica, a regulação, a questão dos exames de
média e alta complexidade. Isso aí ajuda não só a
dirimir essas dúvidas técnicas que muitas vezes nós
não temos, mas também ajuda a gente a enxergar um
pouco a política pública de saúde e até mesmo cruzar
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 119
tanto aquela demanda que vem do Ministério
Público, que é aquela espontânea, que chega até a
nós, como a que a secretaria vem nos passar.
Muitas das vezes, nós conseguimos resolver
essas questões de forma administrativa e eliminar a
demanda judicial, nesse sentido. Isso aí vem sendo
uma constante na atuação do Ministério Público.
Na magistratura, eu acredito que isso também
vem acontecendo agora com o comitê que, inclusive,
nós integramos e nós temos a implementação do
NAT, que auxilia muito nessa questão da assistência
farmacêutica, que vem dando uma orientação muito
grande e significativa para os juízes.
Eu acredito que agora a secretaria, também
em pareceria com o Poder Judiciário, vem fazendo
várias palestras, até mesmo para explicar
tecnicamente como funciona a questão das
internações ao Judiciário. Até mesmo para que essas
ordens judiciais que são emanadas do Poder
Judiciários, os prazos sejam mais razoáveis para
cumprimento.
Essas demandas, infelizmente, só vão acabar
- com certeza não acabarão - a partir do momento que
toda a saúde tiver cem por cento perfeita. Isso a gente
sabe que nunca vai acontecer em lugar nenhum, mas
elas tendem a diminuir a partir do momento em que
essas políticas públicas de saúde forem
implementadas.
Com certeza é uma questão de lógica. Se a
política pública, para o coletivo, aumenta e é
satisfatória, as individuais, com certeza, vão cair,
porque se nós tratarmos só demandas individuais e
não as coletivas, pelo contrário, essas demandas
tendem a aumentar drasticamente, ou seja, essa
percentagem que foi colocada corre o risco de no
outro ano ser duplicada. Então nós temos que tratar o
coletivo para tentar desafogar as individuais, porque
as individuais, do ponto de vista de política pública
de saúde, não levam a nada, pelo contrário, levam a
um gasto exagerado da saúde. Em contra, a política
pública tem um tempo para você traçar um
planejamento de atuação onde você vai englobar
muito, mas muitos usuários que necessitam daquele
tratamento de uma forma mais única, universal, da
forma do SUS mesmo.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Doutora Clenir.
A SR.ª CLENIR SANI AVANZA - Então,
eu concordo com a senhora, doutora Inês, quando a
senhora diz que nós temos um comitê e não foi fácil.
Inclusive, o comitê não tinha, na época, o doutor
Cleto fazendo parte e nós brigamos. Até porque,
agora em Aracruz, o meu maior auxílio é a
Promotoria, doutora Mariana, que é bastante severa,
mas é uma pessoa que me ajuda. Ela liga, manda
Whatsapp, tira as dúvidas dela.
Quando assumi a secretaria, havia uma
proposta de assinatura de dezessete TACs. Eu
conversei com ela, pedi um tempo, tracei o prazo
onde eu entregaria aquelas exigências e, dos
dezessete, já consegui resolver doze.
O décimo terceiro, eu dependo do secretário
e ele não sai daqui hoje sem me dar uma posição.
Viu, secretário? Porque esse vai ser um TAC
conjunto, eu e o senhor. Então, como não quero
assinar o TAC, porque sei da responsabilidade de um
TAC, você vai ter que continuar respondendo aquele
termo de ajustamento de conduta. Então, acho bom a
gente se entender e responder para a doutora Mariana
e para o próprio Ministério Público.
Mas, doutora Inês, o que o Doutor Hércules
acabou de dizer é que não só aqui, mas Minas Gerais
já fez isso, Tocantins fez em Palmas, o resultado foi,
assim, muito bom.
Lá tem a juíza Milene Carvalho. As pessoas
de Tocantins tinham, assim, verdadeiro pavor dela.
Ela já havia mandado prender secretários municipais.
Enfim, ela é juíza da Fazenda Pública, com atuação
forte na saúde. Aí, o Desembargador Renato Dresch,
de Minas, do Comitê Nacional, lá do CNJ, falou para
ela o seguinte: Olha, vamos criar um Nat municipal
aí. Ouça antes, entendeu? Antes de uma decisão tão
agressiva como a prisão e tudo. Aí ela criou, fez a
experiência de criar.
Hoje, passados dois anos da existência lá, a
situação da saúde em Tocantins é outra. Ela consegue
conversar, ela tem um comitê onde ela pode se
consultar. É claro que a decisão de um magistrado
não se prende a coisa alguma, mas o bom senso pode
nortear uma decisão menos equivocada.
Aqui, não estou advogando contra o direito à
saúde, o direito individual de cada cidadão ir ao
Judiciário demandar, não. De forma alguma. Acho
que esse é um direito importantíssimo, conquistado a
duras penas, e demorou muito para que as nossas
cortes de Justiça resolvessem sair de dentro dos
tribunais. Porque eles não saíam e não iam ouvir.
Hoje, eles já participam. Hoje, o CNJ já tem o Fórum
Nacional da Saúde, e isso é um avanço, enfim.
E aqui, a nossa luta hoje é para que se criem
essas câmaras técnicas. Por quê? A realidade de
Aracruz é uma e a realidade de Colatina é outra. É
possível se ouvir, se tivermos essas câmaras técnicas
locais. Por exemplo, uma recomendação do comitê,
às vezes, não é aplicável em Aracruz. Às vezes, se
for aplicar, em vez de ajudar, vai piorar a solução
daquele problema. Como na saúde tudo tem que ser
célere, porque a consequência da demora é um óbito,
então, ter uma câmara técnica, fazer com que a
Magistratura tenha acesso à lista Rename, fazer com
ele tenha acesso, também, à regulação daquele
município.
Outra coisa: saber se o secretário de Saúde
realmente é o gestor do Fundo da Saúde. Isso é um
fato importantíssimo e raramente vejo o Ministério
Público ou a Magistratura arguindo esse fato. Na
maioria dos municípios, não é. E isso é um dado
sério.
120 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
Outra coisa: o Fundo da Saúde tem que
financiar ações de saúde e ações de saúde incluem
treinamento, incluem tudo isso. Mas nós precisamos
saber de que treinamento estamos falando, aonde está
indo isso, quantas pessoas estão sendo beneficiadas
com isso.
Então, ter uma câmara técnica significa
discutir antecipadamente todos esses procedimentos,
porque depois o gestor da pasta vai responder por
isso. E responder de uma forma muito dura, não é
Ricardo? Não é de uma forma branda, é de uma
forma muito dura e muitas vezes com o próprio CPF.
Então, eu acho que queremos pedir a adesão
da senhora nessa causa, convidá-la para o congresso
que vai acontecer. As vagas do Ministério Público,
que são vinte e oito vagas para o nosso Ministério
Público, já foram colocadas à disposição pelo Doutor
Hércules no gabinete do doutor Eder. Então, pode
convidar os promotores que atuam na saúde.
A sua adesão, doutora, a essa causa, vai ser
extremamente importante. Imagine se em cada
município tivermos uma câmara técnica, o quanto
isso vai facilitar e o quanto isso vai agilizar o
recebimento do serviço por aquele paciente que está
lá numa lista de espera. Muitas vezes nem haverá
necessidade do ajuizamento da ação e o problema
será resolvido de forma imediata, sem sobrecarregar
a Procuradoria. Não é isso, doutor?
Muito obrigada!
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Muito bem! NAT é Núcleo
de Apoio Técnico, que ela disse; e Rename é a lista
de medicamento aprovada pela Anvisa. Porque
muitas vezes determina a ordem para dar um
medicamento que não é aprovado pela Anvisa e,
naturalmente, os secretários, estadual e municipais,
ficam impedidos de fazer isso.
Doutor Ricardo Ewald, quer falar alguma
coisa? Pois não! Depois, em seguida, devolvo a
palavra ao nosso secretário. Depois nós vamos ouvir
a doutora Eliza, que está aqui esperando a vez.
O SR. RICARDO EWALD - Bom dia!
Quero cumprimentar a Mesa, na pessoa do Deputado
Doutor Hércules.
Secretário Ricardo, realmente, nessa questão
das AMAs municipais, a gente tem visto e ouvido
que estruturalmente eles se perdem naquilo que,
digamos assim, se propõem. Lá pelo Evangélico a
gente participou do mutirão de oftalmologia no ano
passado e, feito o trabalho, ali se trabalhou sábado,
domingo e feriado para de fato demandar o que
estava posto.
Recebi alguns telefonemas, viu Doutor
Hércules, no final do ano. O prefeito falou: mas meu
secretário não ficou sabendo desse mutirão de
oftalmologia. Outro perguntava: Como eu faço para
chegar? Quem eu procuro? Vou direto? Então, a
minha pergunta é a seguinte: Tem alguma logística
imposta por parte da Sesa com relação a essas AMAs
no estado, de orientação daquele pessoal local? Para
que de fato levantem a lista, regulem o munícipe e
façam ele, após regulado, chegar ao serviço. Porque o
que se perde no meio do caminho de oportunidade é
muito grande e, consequentemente, o cidadão fica
pelo caminho e acaba não sendo atendido.
Essa é a minha pergunta. Inclusive, à
Fehofes, doutor Ricardo, tem chegado, às vezes,
essas perguntas. Quem eu procuro? Ligo para quem?
Tem alguma referência na Sesa específica? Algum
telefone? Nesse tom de importância, gostaria de
deixar minha colaboração.
Muito obrigado!
O SR. RICARDO DE OLIVEIRA - Vamos
começar pelo Ricardo.
Esse prefeito está mal informado, porque a
fila foi combinada com todos os secretários
municipais em reuniões. Tem, inclusive, uma
comissão tirada na Assembleia, junto com o Paulo
Reblin, ali, que está cuidando dessas filas. E mais, o
mutirão de oftalmologia atendeu pessoas de todos os
municípios. Como chegou do dele se a AMA não
sabe? E quem inscreve é a AMA. Tem alguma coisa
errada nessa informação, porque todos os municípios
participaram. Todos! Acho que não teve nenhum de
fora. Teve gente de tudo quanto é lugar. Se tivesse
um: Ah, de repente aconteceu alguma coisa. Não, se
tivesse um que não tinha é porque não tinha nenhum
ali com necessidade, porque foi levantada a
necessidade de todo município. Então, tem alguma
desinformação. Essa informação e esse trabalho é
feito junto com todos os secretários municipais,
sempre. Até porque essa fila vem do município, não é
a Sesa que inventa a fila. A fila vem do município.
Então, como é que constrói a fila? Então, tem alguma
coisa errada aí.
Queria pedir ao Deputado Hércules para
passar também para o Deputado Majeski. Pedi para
levantar aqui o volume de pessoas que tem na fila
para cirurgias. Ele falou em novecentos mil. Aqui
tem dezenove mil oitocentos e setenta. Essa fila foi
montada a partir do imposto de todos os municípios.
Por isso é que nós montamos aquele mutirão, que vai
atender treze mil duzentos e cinquenta e quatro
dessas dezenove mil oitocentos e setenta que estão
aqui. Então, assim, aquele número de novecentos mil,
não sei o que é. Preciso entender aquele número. O
que foi levantado aqui por todos os municípios é isso
aqui. Pode ser que seja uma expectativa, sei lá, que
nos próximos anos. Não sei o que é aquilo. O número
que nós temos aqui é esse aqui.
Em relação às observações feitas pela
doutora Inês, nós concordamos quase em tudo ali, na
colocação que ela fez em relação à questão da
judicialização. Eu só chamei a atenção, porque acho
que é importante para a gente não ficar penalizando o
gestor e culpabilizar o gestor. Porque mostrei que
temos um problema complexo de ação coletiva, que
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 121
envolve Ministério da Saúde, envolve Governo
Estadual, Municipal e todos os atores públicos aqui,
todo mundo interferem no processo. Então, fica
muito difícil de você fazer o que o judiciário tem
feito de penalizar o CPF do gestor. É um equívoco.
Não está entendendo o que está acontecendo num
processo de administração pública, particularmente
na questão da saúde. Mas isso se repete em outros
setores também. É um equívoco. Ah manda prender
ou manda suspender conta de banco, como foi no
meu caso. Para quê? No meu ponto de vista está
faltando o entendimento de como é que as coisas
funcionam. E estão apontando o dedo para o lugar
errado, infelizmente. Se fosse fácil, estava resolvido.
Já repeti aqui várias vezes. Troca o gestor,
bota outro porque esse aqui não serve e por aí vai. É
de uma simplicidade. Mas cria um problema legal,
como disse ali a Cleni, cria um problema legal para o
gestor e para os gestores. É uma situação difícil. O
clima dentro do setor público é muito complicado
nessa relação com o Judiciário, principalmente na
saúde, por que quem é que vai assumir a central de
vagas para fazer a regulação lá. É um problema
grave. A Joana vive me dizendo lá, está com
dificuldade enorme de segurar os médicos lá.
Ninguém quer ficar. Por quê? Porque ficam sendo
criminalizados ou judicializados pelo CPF. E nós
vamos ajudar o quê fazendo isso, criando esse clima
no Executivo ou de quem deveria estar trabalhando e
ter tranquilidade para resolver o problema? É um
equívoco.
Acho quer precisa fazer uma reflexão e
estamos fazendo isso. Esse debate eu tive com o juiz
recentemente, organizado pelo próprio TJ para
discutir a judicialização lá, e continua. Mas essa
temática teve lá também porque não adianta. Ah!
Mas nós temos que culpabilizar alguém. Sim, não
adianta, resolver o quê? Você está criando uma
insegurança numa estrutura gerencial que deveria ter
segurança para produzir o serviço que a população
quer. E nós estamos causando um tumulto ali nessa
relação, no comportamento dessas pessoas. Mas não
é só também no Judiciário, é Tribunal de Contas
também. Têm as duas coisas que, conjuntamente,
estão criando uma insegurança gerencial muito
grande e que a gente precisa resolver, porque as
pessoas têm que ter tranquilidade para resolver. Não
adiante ficar ali, toda hora, ou sobressaltado, como
ficaram os médicos da regulação lá com o Tribunal
de Contas indicando uma multa de cem mil para cada
médico, porque comprou um serviço no privado.
Entendeu? Pelo amor de Deus! Aí ninguém quer ficar
lá. Como é que faz? Então, quem vai regular, se nós
criamos esse clima? Entendeu?
Volto a dizer, nós temos que separar o que
é judicialização, para corrigir aquilo que não
funciona do que se transformou o setor público,
principalmente da saúde, em relação a essas
demandas judiciais - mas não é só isso - e de controle
também.
Acho que tem que botar em discussão toda
essa legislação, também, que orienta o trabalho do
Tribunal de Contas, que também está criando um
problemão gigante para você poder ter tranquilidade
de trabalhar e entregar o serviço que você tem que
entregar.
Eu só estou chamando a atenção porque são
vários interesses, como eu mostrei ali, ou são vários
pontos de vista, com vários papéis institucionais.
Tem que chegar a um consenso, a um acordo de
como é que nós vamos trabalhar em conjunto, porque
tem que prevalecer o interesse do usuário e não dos
vários componentes institucionais ali do sistema. Não
pode é perder o foco! Nós todos existimos por conta
disso: Tem um usuário, tem uma população a ser
atendida, e esse é o foco que tem que orientar o
trabalho, qualquer que seja a decisão também do
Judiciário, porque não pode partir do pressuposto que
as pessoas, assim, individuais, que foram citadas aqui
pelo Deputado Sergio, não estão sendo atendidas
porque ninguém quer. Isso é brincadeira! Alguma
dificuldade existe. Não tem... Como que é? Uma
seletividade macabra disso aqui. Isso é uma baboseira
total. Vamos ser sérios nessa conversa. O que existe é
uma preocupação diária de milhares de pessoas aqui
para poder atender, e tem dificuldade. Tem
dificuldade, às vezes, porque falta recurso; tem
dificuldade porque a legislação complica.
Aqueles quatro por cento de remédio ali, é
fornecedor que não entrega. E você notifica e não
entrega porque ele prefere entregar para outro,
porque está vendendo mais em São Paulo do que
aqui. É isso! Entendeu? E somos notificados ali
porque não entregou. Gente, vamos entender o
mundo, vamos entender o mundo! Tem que
entender.
É para isto que eu estou chamando a atenção.
Existe um ambiente que é... Ninguém criou aqui, é
uma criação coletiva. Portanto, é um problema de
ação coletiva e precisamos entender o papel de todo
mundo. Por que precisa entender? Porque temos que
entregar o serviço ao cidadão, só por isso que precisa
entender. Porque se não entender e cada um ficar na
sua posição, não vamos entregar o serviço, ou vai
entregar a um custo gigantesco, ou vai entregar da
forma que estamos entregando hoje, aqui, e já foram
identificados vários problemas aqui, principalmente a
questão da porta de entrada que precisa ser
qualificada, que estamos fazendo com a Rede Cuidar.
Se não entender, nós vamos chega lá na
frente, em algum momento, e resolver essa porta de
entrada, mas a um custo muito alto para população. E
se entender todo mundo e remar na mesma direção,
essa solução vai chegar mais rápido. Essa é minha
tese, pelo que aprendi nesse tempo que eu estou na
Secretaria de Saúde.
Se juntar todo mundo na mesma direção, ao
invés de ficar disputa institucional, vamos conseguir.
E todo mundo entender o lado do outro, a dificuldade
que está passando e até as limitações e as obrigações
122 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
legais, pode ter certeza de que vamos agilizar a
solução para o cidadão que demanda o serviço do
SUS. Não tenho a menor dúvida.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Muito bem!
Vamos passar, agora, a fala para as pessoas
que estão no plenário.
Inicialmente, convidar a doutora Eliza Leal
Suzano, que é neurocirurgiã, por gentileza.
Estamos sem microfone sem fio. Peço
desculpas a todos.
A SR.ª ELIZA LEAL SUZANO - Boa tarde
a todos!
Meu nome é Eliza Leal Suzano, sou
neurocirurgiã. Na verdade, eu nunca falo, eu sempre
fico quietinha ouvindo. Mas queria deixar aqui a
minha humilde opinião.
Sou médica neurocirurgiã há vinte e cinco
anos pela rede pública. Trabalho na urgência pesada.
Gosto disso e sei fazer isso.
A matemática é uma ciência bem exata, é
fácil de resolver, mas saúde é bem complexo.
Enquanto tivermos pacientes na sala vermelha,
pacientes no respirador, em tubos, pacientes graves,
vamos ter falta de leitos no CTI.
Então, em todos os hospitais de gestão
pública, de gestão privada, desculpa, de gestão de
parceria pública privada, temos observado que temos
pacientes na sala vermelha e temos pacientes no CTI;
todos eles são graves. E a nossa rotatividade em
nossos hospitais é alta no CTI, então, o doente está
no CTI porque necessita ficar no CTI. O doente está
na sala vermelha aguardando essa vaga no CTI. Isso
é fato! Está faltando leito de CTI. Está faltando leito
para doente grave.
Foram criados quarenta leitos no hospital de
urgência e emergência de CTI, mais dez do ABC.
Foram criados quarenta leitos, no total, no Hospital
Doutor Dorio Silva. Eu não sei no Hospital Jayme,
porque é um hospital que eu não frequento, mas aqui
são cinquenta leitos. E no Hospital Central um
número pequeno de leitos.
Nós atendemos a urgência pesada no hospital
de urgência e emergência. Nós tínhamos o antigo São
Lucas, onde o CNPJ está no Dorio Silva. O Hospital
de Urgência e Emergência é um hospital de gestão
privada. É outro hospital, outro CNPJ.
Nós verificamos essa importância, essa
atenção. Esses doentes são graves. Não tem doente
ali porque não teve uma assistência melhor. São
doentes graves. Estão na sala vermelha e precisam de
uma vaga de CTI. Todos os dias, em todos os
hospitais, vamos encontrar esses doentes na sala
vermelha... Não pode ter doente na sala vermelha. O
doente na sala vermelha chega para um atendimento
e tem que subir para a UTI.
E quando falo isso, a gente observa o
seguinte: está faltando o quê, em minha opinião, em
minha simples e humilde opinião? Está faltando
prevenção. Está faltando orientação. Está faltando um
trabalho para melhorar à população nessa questão. Os
acidentes estão aumentando. A gente vê, por
exemplo, no hospital de urgência e emergência, a
idade dos pacientes que estão lá. São pacientes muito
jovens. São pacientes que sofreram acidentes,
pacientes usuários de drogas. É um público
diferente do CTI do Hospital Dorio Silva porque o
Hospital Dorio Silva recebe muita judicialização de
pacientes mais idosos, pacientes que estão no interior.
É um público totalmente diferente. Então, está
faltando orientação para a população, está faltando
um trabalho maior de prevenção, está faltando
atenção primária já diagnosticada em todos os
setores.
Eu acho - pode ser um achismo - que os
municípios nos ajudam muito pouco. Em oito anos de
Governo criamos quantos leitos aí? Cento e vinte,
cento e quarenta leitos de UTI, eu não sei, nos
centros maiores. Mas, por exemplo, em um hospital...
Aracruz. Como funciona Aracruz? Eu conheço muito
pouco de Aracruz, mas Aracruz tem cem mil
habitantes; tem um hospital, acho que o São Camilo...
Conheço o CTI de lá. Fui lá. Um CTI de dez, doze
leitos. Um CTI pequeno, muito bonitinho, muito
limpinho, muito certinho, mas um CTI pequeno.
Atendimento à rede especializada: fui lá para dar um
parecer neurocirúrgico com um conhecido.
Se alguém sofrer um acidente em Aracruz,
um TCE, um traumatismo grave, a referencia é
Colatina. Aracruz é uma região que tem cem mil
habitantes. Como que não tem um hospital de grande
porte, um hospital que possa atender uma alta
complexidade?
Quanto à fila. A fila da neurocirurgia para a
doutora Inês... Não temos fila na neurocirurgia. A
Cooperativa de Neurocirurgia junto à Neurogrupo
acabou com a fila de neurocirurgia no estado. Se
você olhar, nesses dezenove mil não tem paciente
atendido pela Cooperativa de Neurocirurgia,
Neurogrupo, aguardando paciente.
Achei muito interessante, com a denúncia do
Hospital Jayme Santos Neves, na hora que falam
assim: o paciente do Hospital Jayme Santos Neves
não foi atendido. Eu fiquei até muito atenta porque
na verdade, entre aspas, a equipe que está lá são
nossos opositores. Como? Como não foi operado o
paciente? Um paciente de tumor não precisa ser
transferido do Jayme Santos Neves para operar no
Hospital Santa Rita.
O Hospital Jayme Santos Neves tem um
microscópio zeiss, tem acesso à angiografia, tem
acesso à tomografia, à ressonância e à esterotaxia.
Não existem tumores que não podem ser resolvidos
lá. Tinha alguma coisa estranha e foi bem esclarecida
aqui. O paciente realmente não necessita de um
cuidado diferenciado de oncologia para ver onde está
esse tumor primário. Não precisa transferir paciente
do Jayme, nem paciente do Central. Paciente do
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 123
Dorio, sim, porque os microscópios vão chegar
provavelmente nos próximos quarenta e cinco dias.
Mas desses hospitais para o Hospital Santa Rita, que
é um hospital de referência em oncologia, onde o
menor serviço de neurocirurgia está no Hospital
Santa Rita. É uma equipe muito pequena, faz um
atendimento qualificado, mas é uma equipe muito
pequena. Então, não precisa transferir do Jayme
Santos Neves nem do Hospital Central. Nós não
temos fila. A neurocirurgia não tem fila nesses
dezenove mil atendimentos. O senhor pode procurar
um por um.
Agora, para o paciente chegar ao nosso
ambulatório, ele aguarda, às vezes, seis meses para
uma consulta. O município, às vezes, manda em seis
meses uma consulta para nós. E faltar a um
ambulatório de neurocirurgia nosso é quase um
crime, porque o paciente fica aguardando há seis
meses.
Agora, o que acontece? Nós temos quatorze
pacientes marcados, temos que aumentar o número
de ambulatório? Não sei. Talvez. Mas quando eu vou
ver o resultado lá, dos quatorze pacientes, quatro
faltam, cinco faltam. Como é que nós vamos fazer
esse controle? Por que nós temos uma falta, mais ou
menos, de oitocentos pacientes/ano num
ambulatório? O que é? Nós temos que aumentar o
número de ambulatório ou nós temos que fazer essa
correção? Porque é menos gasto público.
Então, tem um monte de coisinhas pequenas
que talvez a gente pudesse fazer para ajudar. Mas a
questão das filas, eu tenho um interesse muito grande
pela Oftalmologia, porque volta e meia eu tenho
problema oftalmológico, e eu tenho uma grande
amiga que trabalha nesse setor.
Eu acho que nós temos três grandes centros
interessantes de Oftalmologia no estado: o Hospital
Evangélico, que cuida muito bem da catarata; o
Hospital Santa Casa, com um bom serviço; e um
hospital muito bom no Hospital das Clínicas em
referência à Oftalmologia.
Agora, e a urgência oftalmológica, como
está? Porque a última vez que eu tive notícia, a
urgência oftalmológica estava no HPM. Eu conheço
o microscópio do HPM. O microscópio do HPM já
não está funcionando muito bem para fazer uma
urgência.
Minha preocupação, hoje, doutor Ricardo, é,
às 19h30min, às 20h, eu ter um problema, uma
perfuração no olho, um acidente no olho, mesmo
tendo um plano de saúde. Porque, em nenhum desses
hospitais, você encontra oftalmologista. Quando
abriu agora o Instituto dos Olhos ali na subida da
ponte, eu fiquei feliz da vida: pronto, temos um
hospital de urgência oftalmológica, pelo menos para
a rede privada. Não temos! Funciona até às 19h.
Então, isso tudo, a urgência, quando eu falo
assim: os hospitais da rede pública têm que ser bem
cuidados, porque nós podemos sofrer um acidente a
qualquer momento, a qualquer hora, o 192 nos leva
para lá. Até nos reconhecer, nós já fomos atendidos,
já fomos operados e já estamos no CTI.
Então, esses hospitais públicos têm que
funcionar muito bem. Eu não sei como que funciona,
eu tenho dúvida de como está funcionando a urgência
oftalmológica no estado, porque as filas estão
andando para áreas eletivas, mas para urgência, não.
Agora, quando falam também nessas
dezenove mil pessoas aguardando na fila, eu penso,
por exemplo, no Hospital Doutor Dório Silva. Eu fui
diretora clínica, assumi quatro meses e tive que largar
por questões pessoais, quando eu estava resolvendo
uma questão da cirurgia-geral, porque a cirurgia-geral
foi chamada porque tinha uma fila para fazer cirurgia
endoscópica.
Mas o que é? O que está acontecendo? Ah!
Cirurgias para vesícula. Mas quanto está a fila? Ah!
Mil, oitocentos, novecentos. Mas por que tem fila?
Não! Tem que ter fila porque o aparelho vai para o
Esterileto. A Esterileto é uma empresa que faz
esterilização. Sim, e por que não está esterilizando
aqui? Não está esterilizando aqui porque a máquina
quebrou. Mas quebrou quando? Quebrou! E tem
conserto? Não, não tem conserto. Como é que nós
vamos fazer? Temos que comprar outra máquina.
Quanto custa? Ah! Duzentos mil. Temos dinheiro?
Não temos dinheiro, porque o hospital não tem essa
autonomia para isso. Vamos alugar uma máquina
enquanto cria uma licitação, enquanto compra.
Vamos diminuir essa fila.
Então, são ações menores, mas a ação maior
ainda acho que está na atenção básica, na atenção
primária, na prevenção e na orientação simples, rumo
à saúde, mesmo, que a gente, a cada dia, vai vendo
em palestras que nós estamos promovendo, com os
médicos conceituados.
Era só isso que eu queria falar. Obrigado,
senhor Ricardo. Parabéns.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Muito obrigado, doutora
Eliza.
A doutora Clenir é Secretária de Saúde de
Aracruz. Então, ela pediu para responder alguma
coisa. Peço que faça em cinco minutos, por gentileza,
porque já são três horas e vinte e cinco minutos de
audiência.
A SR.ª CLENIR SANI AVANZA - Então, a
urgência e emergência de Aracruz é muito bem
atendida pela rede de regulação do Estado. Eu estou
lá há cinco meses e nós não tivemos nenhum óbito
derivado de traumatismo que necessite de
neurocirurgias. Todos eles, nós fomos muito bem
atendidos com o tempo necessário pela regulação do
Estado, todas as vezes. E o Hospital São Camilo não
é um hospital de excelência em neurocirurgias, muito
pelo contrário. Ele não se aventura nisso. Mas ele é
rápido e eficiente na hora de promover o transporte.
Lá em Aracruz, nós temos cinco ambulâncias
124 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
avançadas e temos a chamada vaga zero. Então, não
há porque nós termos preocupação em instalar esse
serviço lá em Aracruz, que é um serviço caro, um
serviço complicado, junto à cooperativa de neuros.
Então, nós temos outras prioridades,
demandadas até pelo Ministério Público, que é a
atenção primária. Estamos focando nisso, já que o
Estado nos atende bem.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Doutor Ricardo, por
gentileza. Já para encerrar a nossa prestação de
contas.
Não tem mais ninguém que quer falar, não é?
Você? Então, pois não.
O SR. ALEXANDRE LOURENÇO DE
LOYOLA - Bom dia a todos. Aliás, já é boa tarde,
não é? Sou o Alexandre, presidente da Associação de
Diabéticos do Espírito Santo. Gostaria de
cumprimentar a todos em nome do Deputado Doutor
Hércules, que já nos apoia há algum tempo em
algumas demandas, e parabenizar o nosso secretário,
o doutor Ricardo, que eu já estive com ele em uma
reunião e falei da coragem dele de encarar essa
atividade, que não é fácil.
Eu teria muitos questionamentos, mas já
tentei e devo em breve conseguir uma agenda com o
doutor Ricardo e algumas coisas pontuais, eu trataria
nela, mas eu gostaria de externar o que houve,
recentemente. Porque eu vi a entrevista da Gabrieli,
que se não me engano é a gerente da Geaf, da Sesa,
dando informação de que as farmácias cidadãs
tiveram uma sobrecarga em função de Copa e ouve
algum acúmulo, durante esse tempo, de pessoas que
não compareceram.
Realmente, a estrutura, a farmácia cidadã de
Vitória está maravilhosa. As pessoas estão
conseguindo ficar sentadas, bem acomodadas, com
ar-condicionado. É claro, ainda faltam alguns
pequenos detalhes, mas a realidade não é da média de
cinquenta minutos. Até formalizei há pouco tempo na
Secretaria de Saúde, para estar vendo como pode ser
feito esse controle.
O meu atendimento não foi na segunda, nem
na terça e nem na quarta-feira, que eu vou buscar os
insumos e medicamentos para o meu filho que é
diabético tipo 1. E eu, da hora que peguei a senha até
a hora que fui atendido, foram duas horas e
cinquenta. Na quinta-feira, que já estaria fora desse
prazo de acúmulo de Copa.
E não sei, realmente não há um controle
muito certo, porque as senhas, eu não sei se teria
como ter realmente essa estatística, como hoje
funcionam as senhas. Outra coisa que acho muito
importante, que já comentei na reunião anterior, é a
questão dos estoques não se comunicarem.
Hoje, as farmácias cidadãs fazem um
controle em planilha de Excel e não tem a interação
entre o estoque da própria Secretaria de Saúde, do
Almoxarifado, com as farmácias cidadãs. Isso deve
criar um desencontro de informações.
Mas, de qualquer forma, tenho que
parabenizar o trabalho dessa gestão, que está sendo
muito bom. Aliás, nos últimos anos que venho
acompanhando, na minha opinião, é a melhor gestão
da Secretaria de Saúde.
E queria tirar algumas dúvidas. Já ouvi falar,
o pronunciamento de todos, realmente acredito que
não tem nada mais importante para a saúde do que a
prevenção. Isso já foi falado por vários. Uma das
coisas que a gente sente muita falta na área do
diabetes é justamente a questão de falta de
campanhas.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Queria que fizesse o favor de
falar para eles que seu filho é portador do diabetes
tipo 1, e o que é isso e as dificuldades que você
sempre encontrou.
O SR. ALEXANDRE LOURENÇO DE
LOYOLA - Meu filho é diabético tipo 1 há quase
dez anos. Ele abriu o quadro com um ano e cinco
meses, ele foi diagnosticado. Aí é um processo
complexo, é UTI. Ainda bem que eu tive um estalo a
tempo e ele não teve complicações. Mas, isso pode
vir até a óbito, porque o diabetes tipo 1 é fulminante,
é uma doença autoimune, completamente diferente da
tipo 2, que a pessoa pode levar uma vida inteira com
diabetes e às vezes nem perceber. A tipo 1, se não
tiver um tratamento rápido, vem a óbito ou no
mínimo uma sequela. Então, ele passa a ser
dependente de insulina imediatamente após o
diagnóstico. E aí, depois de alguns anos, eu constituí
a associação, fundei a associação de diabéticos para
tentar ajudar as pessoas a ter um acesso melhor, um
tratamento melhor, conhecimento sobre a patologia.
Mas o que a gente, hoje, tem muito em falta
no nosso estado, e isso também em nível Brasil, são
campanhas ligadas ao diabetes, à alimentação, ao que
é um tratamento mais adequado. A gente tem
campanha sobre câncer de mama, câncer de próstata
e algumas outras também que tenham um pouco de
ênfase, mas sobre o diabetes, que é uma enfermidade
que ataca, diretamente, quase dez por cento da
população brasileira e, indiretamente, colocando
parentes, familiares, isso pode chegar a trinta por
cento da população. E você não tem uma campanha
anual sobre questões de melhor tratamento, de
acesso, de informação para que tenha uma vida
saudável e sem sequelas no futuro. Isso é um outro
pedido que eu gostaria que o Estado tivesse um
pouco mais de atenção.
E como eu soube que tem, também, a
presidente do Conselho de Saúde estadual, eu
gostaria de depois saber se há possibilidade de um
pleito de participar do conselho.
Também gostaria de saber se o congresso é
aberto ou única e exclusivamente para a área de
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 125
saúde e jurídica, se a gente poderia estar participando
também.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - O congresso é aberto e
naturalmente tem um custo de inscrição. Custa
quinhentos reais a inscrição. Obrigado!
O Ricardo vai responder. Queria logo falar
com você. Nós já tivemos algum movimento com
relação ao diabético, mas eu queria que depois você
fosse à Comissão de Saúde conversar com a Leila
para agendar um dia também para você ir à Comissão
de Saúde falar sobre o assunto e ver o que a gente
pode ajudar, também, o Estado, nesse sentido. Ok?
O SR. RICARDO DE OLIVEIRA - Bom,
eu queria agradecer, então, as críticas feitas aqui pelo
Alexandre. Nós estamos acompanhando ali o tempo
de atendimento para melhorar, porque aquela
infraestrutura estava horrível, da farmácia, um
absurdo. Agora você tem uma estrutura melhor e o
nosso desafio, agora, é fazer o tempo reduzir. Por
isso é que está agendando. O agendamento é para
isso, para evitar que as pessoas efetivamente fiquem
lá muito tempo esperando. E tem muita gente que
agenda, mas não confia ainda. É um problema de
confiabilidade, ainda, do processo de agendamento,
mas nós vamos chegar lá porque é uma questão de
educação, também, do usuário de respeitar o horário
do agendamento. Quando ele perceber que funciona
isso aí vai começar a ajustar. Mas, de qualquer forma,
o foco agora exatamente é você reduzir esse tempo de
atendimento lá na farmácia.
Em relação à questão do diabetes, a Rede
Cuidar está com foco nas doenças crônicas. Eu acho
que seria importante explicar para a associação, pois
acho que você tem contato com outros diabéticos.
Seria importante, Joana, explicar para o presidente, o
Alexandre, marcar uma reunião com ele, porque por
ele essa informação pode chegar a todos os outros.
Uma das prioridades da Rede Cuidar é
exatamente o atendimento ao diabético, ao
hipertenso, ao diabético e a mais duas ou três
prioridades que colocamos na Rede Cuidar, porque é
para cuidar a vida inteira e a forma que o SUS está
tratando, hoje, não resolve. Você vai lá, faz uma
consulta, bota remédio e não resolve.
Então, quando o cidadão entrar lá e tiver um
problema desse tipo, vai passar pelo nutricionista, ele
vai passar num preparador físico. Por que razão? Foi
feita uma avaliação de que esse tipo de doença, como
você combate isso? Não combate só com remédio.
Alimentação é absolutamente fundamental, e essa
orientação precisa ser dada.
Acho que você vai gostar de ver
como está sendo o modelo de atendimento dessas
unidades da Rede Cuidar e de todas as nossas
unidades. Mesmo o CRE Metropolitano, o CRE de
Colatina, vão passar pelo mesmo modelo.
Começamos pelo interior, porque esse interior estava
carente de consulta e exame. As pessoas tinham que
vir em direção a Vitória. Agora estamos começando
por lá, mas já iniciamos uma discussão aqui com o
secretário do entorno de Vitória para transformar,
também, esse CRE Metropolitano numa unidade da
Rede Cuidar com esse modelo de atendimento para
doença crônica.
Acho que é uma notícia muito boa para os
diabéticos, a forma como os SUS reformulou o
modelo de atendimento para esse tipo de doença.
Estou pedindo à Subsecretária Joana para marcar uma
reunião contigo, porque acho que é importante,
através dessa associação, essa informação chegar a
todos os diabéticos. É até uma falha, já devia ter
chegado. Estamos fazendo um projeto desse tipo,
com essa importância, e esse assunto ainda não
chegou.
Muito bem, Doutor Hércules, muito obrigado
pela oportunidade de fazermos mais um balanço.
Iniciei e termino dizendo que esse balanço aqui é
fruto de um trabalho de milhares de pessoas, de
centenas de gestores espalhados pelo estado inteiro,
que estão diariamente cuidando da saúde do capixaba
e produzem esses números a que estamos chegando
aqui. São pessoas que também sofrem por não
conseguirem atender todos os casos. Podem ter
certeza disso.
Vejo a agonia das pessoas quando têm um
problema e não conseguem atender. Quem tiver
dúvida, vai para a central de vagas, combina com a
doutora Joana, nossa subsecretária da regulação, e vai
lá ver a agonia daqueles médicos de estarem
recebendo e, às vezes não conseguirem colocar
alguém no lugar. Isso não faz porque é macabro. Não
faz, porque às vezes não conseguem. É uma agonia
daqueles profissionais que estão ali, porque você tem
uma rede própria, não atende; tem o filantrópico, não
consegue atender; nós vamos comprar no privado e,
às vezes, não consegue atender, porque não tem
infraestrutura no estado para atender. E as pessoas
ficam com aquele problema ali tentando alocar o
mais rápido possível, da melhor maneira possível. É
assim o dia a dia dessas pessoas.
Então, por isso que comecei aqui fazendo o
reconhecimento, em nome do Governo do Estado, a
todos esses milhares de servidores do SUS, seja do
Município, seja do Estado, profissionais de todas as
áreas. Aqui temos um grupo deles de gestores,
basicamente, que estão pelo estado inteiro,
diariamente, suando a camisa, ralando, tirando leite
de pedra para fazer com que as pessoas sejam bem
atendidas.
Temos falhas. Óbvio que temos falhas. O
sistema é muito grande, gente, e tem o
subfinancimento brutal aí. E a legislação pública não
ajuda - tem que botar o guizo no gato. Não ajuda, não
dá velocidade, não dá agilidade para tomar decisão e
consertar coisas que quebram. Há aparelhos que
ficam meses quebrados, porque é processo licitatório
etc, etc. Isso é um absurdo, e a culpa é do gestor. É
126 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
inacreditável como nós nos acostumamos com essa
baboseira. E a culpa é do gestor. Infelizmente, tenho
que dizer que não é, não é. É mais grave do que isso,
é muito mais grave do que isso. É um problema de
ação coletiva, e se formos capazes, - essa é minha
mensagem principal, aqui -, de articular esse conjunto
de interesses, priorizando o interesse do usuário do
SUS, pode ter certeza de que vamos dar uma
velocidade enorme a esse processo de mudança, num
modelo de atendimento ao usuário do SUS que
estamos implementando em parceria com os
municípios, que é o projeto da Rede Cuidar, que é um
projeto absolutamente inovador e está mudando o
paradigma de atendimento.
O Espírito Santo já está sendo uma referência
no Brasil por conta desse projeto. Já teve
apresentação do projeto na CIT. A CIT é o órgão
máximo deliberativo da Saúde no Estado brasileiro,
presidido pelo ministro, secretário, a bancada dos
secretários estaduais e dos secretários municipais.
Depois, a Rede Cuidar foi solicitada para que se
fizesse uma apresentação lá, para que o Brasil
conhecesse essa experiência que nós estamos fazendo
aqui. E foi feita. Foi feita em janeiro, no Conselho
Nacional de Secretários; e foi feita em fevereiro deste
ano, na CIT, e virou essa referência aí. Por que virou
referência? Porque é consistente, porque resolve o
problema, e não enxuga gelo, como nós vamos
demonstrar aqui, com o nosso Alexandre aqui, que
comanda essa associação de diabéticos.
Então, deputado, é isso. Agradecer. E dizer,
por fim: o SUS funciona. Tem problema, mas o SUS
funciona. O que nós precisamos é consertar os
problemas. Nós não podemos jogar a água suja fora,
e a criança junto, que é o que nós estamos fazendo
num debate público hoje em dia aí. Está errado. Está
errado. Nós temos que nos contrapor a isso, e não
entrar nessa onda de desqualificação do SUS, que é
um equívoco. Um equívoco! Não é porque nós temos
aqui problemas pontuais sendo colocados, e
dificuldades, que nós vamos inviabilizar um sistema
do tamanho que é o SUS, e com o resultado que ele
tem.
Nada disso também me faz descansar.
Enquanto tiver problema, nós temos que estar
mobilizados para resolver. Não tem problema algum.
Mas o SUS funciona. Essa é a mensagem que eu
queria passar para a população que nos assiste aqui.
Muito obrigado. (Palmas)
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Brevemente nós teremos
uma exposição aqui - não é, Ricardo? -, sobre os
trinta anos do SUS, aqui mesmo, na frente do Pilotis,
para mostrar a importância do SUS para o cidadão
brasileiro.
Bom, estamos chegando ao final da nossa
audiência pública. Eu iria projetar alguma ação da
Comissão de Saúde, mas já são 12h40min, então nós
vamos deixar para outra oportunidade.
Quero agradecer a Deus por nós estarmos
aqui, com saúde, pedindo para melhorar o
atendimento a quem não tem, de saúde.
Agradecer ao nosso querido Ricardo de
Oliveira, nosso Secretário. Agradecer ao Governador
Paulo Hartung, porque... Infelizmente, ele não é
candidato mais. Mas ele, nesses quatro anos,
aumentou quase quatrocentos leitos hospitalares no
estado. (Pausa) Quase quinhentos leitos?
O SR. RICARDO DE OLIVEIRA - É, já
está em 492, e vai passar de quinhentos.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Muito bem. Eu pensei que
fossem quase quatrocentos.
Então, na verdade, foi feita muita coisa. Tem
que ser feita muita coisa ainda, porque o Governo
não para, as necessidades do cidadão não param. Se
não se precisasse cobrar, não se precisaria de
secretário da Saúde. O secretário está aí para isso, e
nós ficamos muito felizes, porque o time do
secretário é muito bom.
Ninguém faz nada sozinho. O time que o
secretário escala é um time que sabe jogar; assim
como o Governador Paulo Hartung escalou um time
que é muito bom de secretários. E ele fala mesmo: Ó,
se eu souber mais do que o meu secretário da pasta,
eu não vou ser governador, eu vou ser secretário.
Então, assim é a Secretaria de Saúde: não dá mais,
porque realmente não pode. Tem coisas que não
pode, não tem como.
Até mesmo o sistema de serviço público, ele
é muito moroso. Para comprar um microfone desses,
é preciso fazer uma carta-convite ou, enfim... É muito
complicado o serviço público, é demorado. E a saúde
não pode esperar, a gente sabe disso. O cidadão está
lá, passando mal, quer internar. Olha o calvário que o
Alexandre passa com o menino, desde um ano e seis
meses. Eu conheço bem a luta dele, a gente sabe o
que é ter uma criança com diabetes tipo 1. O tipo 2 é
aquela que a gente adquire ao passar do tempo, e
muitas vezes a adquire por falta de orientação, por
falta de cuidados com a saúde da gente mesmo.
Bom, eu quero agradecer a nossa Comissão
de Saúde, a Leila, ao Gabriel e a todos da Comissão
de Saúde. Agradecer ao pessoal do meu gabinete.
Agradecer ao som, apesar de estar faltando um
microfone, que está com defeito, e não consertaram.
Não é a Comissão de Saúde, é a Assembleia. A
minha parte eu faço. Economia eu faço.
Eu não tenho carro da Assembleia. Eu já
economizei, só de combustível aqui, neste tempo,
mais de sessenta mil reais, que saíram do meu bolso,
só para abastecer o meu carro. Não tenho carro da
Assembleia. Não tenho nada com quem tem,
problema de cada um, mas eu não tenho.
Agradecer à TV Ales; agradecer à
taquigrafia, que registra toda a nossa história, tudo o
que a gente fala aqui; à segurança da Assembleia;
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 127
agradecer ao garçom que trouxe a água para nós aqui.
Enfim, queremos agradecer a todos.
Mais uma vez, Secretário Ricardo, nós temos
consciência de que o seu time é muito bom. A equipe
do Governador Paulo Hartung é muito boa. O que
mais não tem sido feito é exatamente por falta da
contrapartida do Governo Federal.
Agradecer ao Ministério Público; à
Procuradoria de Justiça do Estado; agradecer à nossa
presidente que, apesar das dificuldades, está sempre
presente, doutora Clenir. Leve um abraço ao meu
Prefeito Jones Cavalieri, da nossa cidade de Aracruz.
Amanhã nós teremos aqui cinco caciques lá de
Aracruz que vêm falar na Comissão de Saúde
também sobre saúde. Até o índio vem falar aqui,
porque aqui é o lugar de reclamar mesmo de toda a
dificuldade. À nossa querida colega, cirurgiã, doutora
Inês; ao Ricardo; à Maria Lúcia, representando o
usuário.
Nada mais havendo a tratar, dou por
encerrada a nossa reunião, nossa audiência pública,
convidando todos para a próxima, que será amanhã
cedo, às 9h. Quem puder, aqui, no nosso auditório
Rui Barbosa.
Boa tarde! Muito obrigado a todos. Vão com
Deus!
(Encerra-se a reunião às
12h46min.)
VIGÉSIMA PRIMEIRA REUNIÃO
ORDINÁRIA, DA QUARTA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA, DA DÉCIMA
OITAVA LEGISLATURA, DA COMISSÃO DE
SAÚDE E SANEAMENTO, REALIZADA EM 17
DE JULHO DE 2018.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Bom dia a todos!
Invocando a proteção de Deus, declaro
abertos os trabalhos da Comissão de Saúde e
Saneamento e peço ao Gabriel Fraga que faça a
leitura das atas que faltam para serem lidas.
(O senhor secretário procede à
leitura da ata da décima quinta
reunião ordinária, realizada em 29
de maio de 2018)
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Gabriel, antes de começar
outra ata, só um minutinho. Quero que deem um take,
por favor, na Joseni, do Conselho Estadual de Saúde.
Ela veio aqui para prestigiar, por algum período, a
nossa reunião. Chegou às 8h30, logo em seguida à
minha chegada. Ela está aguardando o povo indígena
para falar, também, da saúde da população indígena.
Como eles não chegaram até agora e a Joseni tem
outro compromisso às 9h, em Cariacica, gostaria só
que vocês registrassem a presença dela na nossa TV
Ales, nossa competente TV, e agradecer Joseni. Se os
indígenas não chegarem, a Joseni está totalmente
liberada para ir a Cariacica, conforme a sua agenda.
Muito obrigado pela presença, nossa
competente conselheira do Conselho Estadual de
Saúde.
Pois não, Gabriel, continue.
(O senhor secretário procede à
leitura das atas da décima sexta
reunião ordinária, realizada em 5
de junho de 2018; décima sétima
reunião ordinária, realizada em 12
de junho de 2018; décima oitava
reunião ordinária, realizada em 19
de junho de 2018)
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Lidas as quatro atas, vamos
colocá-las em apreciação.
A Deputada Eliana Dadalto tem alguma
emenda a propor?
A SR.ª ELIANA DADALTO - (PTC) -
Não. Aprovo-as como lidas.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Eu acompanho.
Aprovadas as atas.
Continua com a leitura do Expediente.
Por favor, Gabriel.
O SR. SECRETÁRIO lê:
CORRESPONDÊNCIAS RECEBIDAS:
Ofício n.º 96/2018, da Deputada Eliana
Dadalto, justificando sua ausência na reunião
ordinária desta comissão do dia 29/05/18,
devido ao cumprimento de agenda
parlamentar externa.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Ciente.
O SR. SECRETÁRIO lê:
Ofício n.º 71/2018, do Deputado Almir
Vieira, justificando sua ausência na reunião
ordinária desta comissão do dia 29/05/18,
devido a demandas e agendas externas.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Ciente.
O SR. SECRETÁRIO lê:
Ofício n.º 106/2018, do subprocurador-geral
do município de Sooretama, doutor Oziel
Nogueira Almeida, em resposta ao Of. CSS
n.º 526/2017, encaminhando a relação de
128 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
motoristas condutores de ambulância
cadastrados naquele município, assim como
os comprovantes de capacitação dos mesmos.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Ciente.
O SR. SECRETÁRIO lê:
Ofício n.º 511/2018, da Gerência Executiva e
Negocial de Governo da Caixa Econômica
Federal, Vitória, senhor Jeferson Won Rodon
de Souza, notificando sobre o crédito de
recursos financeiros, sob bloqueio, em
16/05/2018, no valor de R$ 659.322,09, na
conta vinculada ao Termo de Compromisso
n.º 0350819-82/2011, firmado com o Estado
do Espírito Santo, que tem por objeto a
ampliação e melhoria no sistema de
abastecimento de água do setor de Nova Rosa
da Penha, Itanhenga.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Ciente.
O SR. SECRETÁRIO lê:
Ofício n.º 103/2018, da Deputada Eliana
Dadalto, encaminhando o Ofício n.º 55/2018,
do presidente do Conselho Municipal de
Saúde de Linhares, Itamar Francisco
Teixeira, o qual solicita cópia da ata da
audiência pública realizada por esta comissão
na Câmara Municipal de Linhares, em
11/05/18.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Ciente.
O SR. SECRETÁRIO lê:
Ofício n.º 378/2018, do Excelentíssimo
Senhor Secretário de Estado da Saúde
Ricardo de Oliveira, solicitando o adiamento
da prestação de contas do primeiro
quadrimestre de 2018.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Ciente.
O SR. SECRETÁRIO lê:
Ofício n.º 545/2018, da Gerência Executiva e
Negocial de Governo da Caixa Econômica
Federal, Vitória, senhor Jeferson Won Rodon
de Souza, notificando a liberação de recursos
financeiros em 01/06/18, no valor de R$
239.914,81, destinados a este Estado,
referente à parcela do Contrato de
Financiamento n.º 0403338-96/2013, no
âmbito do Programa Saneamento para Todos.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Ciente.
O SR. SECRETÁRIO lê:
E-mail do senhor Wellington Moura Pego,
liderança do povo indígena Tupiniquim de
Aracruz, solicitando o uso da fala na reunião
ordinária desta comissão para falar sobre o
tema: a saúde indígena também é
responsabilidade do Estado do Espírito
Santo.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Ciente.
O SR. SECRETÁRIO lê:
Ofício n.º 433/2018, da Gerência Executiva e
Negocial de Governo da Caixa Econômica
Federal, Vitória, senhor Jeferson Won Rodon
de Souza, notificando a liberação de recursos
financeiros em 25/04/2018, no valor de R$
410.481,67, destinados a este Estado,
referente à parcela do Contrato de
Financiamento n.º 0403338-96/2013, no
âmbito do Programa Saneamento para Todos.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Ciente.
O SR. SECRETÁRIO lê:
Ofício n.º 182/2018, do secretário Municipal
de Desenvolvimento Econômico e Meio
Ambiente de Conceição da Barra, senhor
André Luiz Campos Tebaldi, em resposta ao
Of.CSS n.º 684/2017, encaminhando cópia
da Lei n.º 2.799/2018, que institui o Plano de
Saneamento Básico daquele município.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Ciente.
O SR. SECRETÁRIO lê:
Ofício n.º 675/2018, da Gerência Executiva e
Negocial de Governo da Caixa Econômica
Federal, Vitória, senhor Jeferson Won Rodon
de Souza, notificando sobre o crédito de
recursos financeiros, sob bloqueio, no valor
de R$ 50.000,00, em 21/06/2018, na conta
vinculada ao contrato de Repasse n.º
842443/2016, no âmbito do Programa
Aperfeiçoamento do SUS, sob a gestão do
Ministério da Saúde, que tem por objeto a
reforma de unidade de atenção especializada
em saúde, Hospital Infantil Nossa Senhora da
Glória.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Ciente.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 129
O SR. SECRETÁRIO lê:
Ofício n.º 3/2018, do presidente do Conselho
de Administração da Cesan, senhor Rodrigo
Rabello Vieira, encaminhando o relatório
anual de prestação de contas do plano de
negócios do exercício 2017.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Ciente.
O SR. SECRETÁRIO lê:
Ofício n.º 227/2018, da excelentíssima
senhora Secretária de Meio Ambiente de
Anchieta Jéssica Martins de Freitas, em
resposta ao Of. CSS n.º 740/2017,
informando que encaminharam à Câmara de
Vereadores o Projeto de Lei n.º 19/2018, que
dispõe sobre a autorização para realização de
convênio de cooperação com o Estado e a
celebração de contrato de programa com a
Cesan, além do Projeto de Lei n.º 20/2018,
que dispõe sobre a autorização de convênio
de cooperação com a Arsp.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Ciente.
O SR. SECRETÁRIO lê:
E-mail da diretora executiva da Associação
de Distrofia Muscular do Espírito Santo,
senhora Tássia Maria de Vasconcelos
Furtado, solicitando um espaço na reunião
ordinária desta Comissão para as
representantes da diretoria falarem sobre o
tema: informações sobre a distrofia muscular,
principalmente a distrofia muscular do tipo
Duchenne.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Ciente.
O SR. SECRETÁRIO lê:
OFÍCIO N.º 15/2018, do diretor executivo
da faculdade Multivix, senhor Tadeu Antônio
de Oliveira Penina em resposta ao Of. CSS
n.º 172/2018, se colocando à disposição para
agregar e participar do grupo de abordagem
aos acometidos pela doença Recklinghausen
e disponibilizando os contados do
coordenador adjunto do curso de Medicina,
professor Adenilton Mota Rampinelli.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Ciente.
O SR. SECRETÁRIO lê:
Denúncia da secretária-geral do Sindicato dos
Trabalhadores da Saúde do Estado do
Espírito Santo - Sindsaúde, senhora Wilta
Maria Tosta, protocolada na presidência
desta Casa de Leis, encaminhada a esta
comissão requerendo que seja instaurado o
processo investigatório para a devida
apuração dos fatos narrados, e consequente
regularização da situação no Hospital
Estadual de São José do Calçado.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Ciente.
O SR. SECRETÁRIO lê:
PROPOSIÇÕES RECEBIDAS:
Projeto de Lei nº 319/2017 - De autoria da
Deputada Raquel Lessa, que dispõe sobre a
fixação de cartazes em revendedoras e
concessionárias de veículos informando
sobre isenções tributárias específicas
concedidas às pessoas com deficiência ou
portadoras de enfermidade de caráter
irreversível no estado do Espírito Santo.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Ciente.
O SR. SECRETÁRIO lê:
Projeto de Lei nº 358/2018 - De autoria do
Deputado Esmael de Almeida, que institui o
Selo Empresa Solidária, destinado às
empresas que desenvolvem programas de
esclarecimento e incentivo aos seus
funcionários para a doação de sangue,
medula óssea, órgãos e tecidos humanos, e dá
outras providências.
PROPOSIÇÕES DISTRIBUÍDAS AOS
SENHORES DEPUTADOS:
Não houve no período.
PROPOSIÇÕES SOBRESTADAS:
Projeto de Lei nº 166/2017 - De autoria do
Deputado Pastor Marcos Mansur.
PROPOSIÇÕES BAIXADAS DE PAUTA:
Projeto de Lei nº 445/2017 - De autoria do
Deputado Sandro Locutor.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Vamos passar à Ordem do
Dia. Obrigado, Gabriel.
Antes de passar à Ordem do Dia, nós já
aprovamos as atas, vamos passar, então... A
comissão está recebendo hoje o povo indígena, com
muita honra para nós.
130 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
Temos que deliberar só a visita da diretoria
da Adimes - Associação de Distrofia Muscular do
Espírito Santo, senhora Tássia Maria de Vasconcelos
Furtado, diretora- presidente; Juliana De Luna
Pereira, diretora de Comunicação e Eventos; doutora
Flavia Munin Fernandes, membro do conselho
técnico e Fabiana Endlich Valim, representante de
mães de pacientes com distrofia muscular, no dia 11
de setembro, terça-feira, às 9h, neste plenário para
falar sobre informações sobre as distrofias
musculares, principalmente sobre distrofia muscular
de Duchenne.
Então quero colocar em votação.
A Deputada Eliana Dadalto como vota?
A SR.ª ELIANA DADALTO - (PTC) - Pela
liberação.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Eu acompanho.
Aprovado.
Bem, estamos recebendo a visita dos
representantes indígenas, mas eu quero antes registar
e convidar para se assentar aqui à Mesa, na frente,
por gentileza, Neiriele Marques da Silva, que é
gerente de Política de Igualdade Racial da Secretária
de Estado de Direitos Humanos. Muito obrigado pela
visita, Neiriele.
Muito bem, então estamos hoje com a visita
de Douglas da Silva Lemos, nosso presidente da
Associação de Indígenas Tupiniquins e Guaranis;
Lindomar José de Almeida, apoiador da saúde
indígena do Ministério da Saúde, obrigado também
pela presença; Paulo Tupiniquim, que é coordenador
geral da Articulação dos Povos e Organizações de
Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito
Santo, coordenador executivo da Articulação dos
Povos Indígenas do Brasil, assessor da saúde
indígena; Wellington Pego, que já é nosso conhecido,
já esteve aqui, liderança indígena e tupiniquim de
Aracruz. Muito obrigado pela visita.
Aquele que quiser falar primeiro a palavra
está franqueada. Não precisa ter muita presa mais
porque nós não teremos reunião aqui. A Deputada
Eliana Dadalto sim.
A SR.ª ELIANA DADALTO - (PTC) - Não. Não tenho, não.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Não vai ter. Então, vamos
poder continuar falando aqui. Ok. Quem é o primeiro
a usar a palavra? O Wellington Moura Pego. Muito
bem, Wellington.
O SR. WELLINGTON MOURA PEGO -
Bom dia a todos na plenária. É uma satisfação,
Doutor Hércules, mais uma vez, por a gente estar
aqui nos recebendo. O senhor, como nosso deputado,
V. Ex.ª sabe, é um parceiro que vem acompanhando
há muito tempo a causa indígena.
Gostaria de expressar, primeiramente,
saudações do povo indígena Tupiniquim, conforme
lideranças presentes aqui e também expressar os
nossos sentimentos pela não presença do nosso
cacique Fabiano, que gostaria muito de participar,
que teria muito a questionar. Ele não pôde vir por
questões pessoais. Mas, se me permiti V. Ex.ª, vou
passar a palavra para Paulo Tupiniquim que vai dar
início, conforme está previsto no assunto de hoje.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Muito bem! Paulo, antes,
quero registar que estamos falando ao vivo e
certamente o Espírito Santo está assistindo a esta
reunião nossa.
Com a palavra Paulo Tupiniquim.
O SR. PAULO TUPINIQUIM - Como diz
em nossa língua: T-PE-KO’EMA. Bom dia! Meu
nome é Paulo Tupiniquim.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Queira repetir, Paulo, como
se fala bom dia em tupiniquim.
O SR. PAULO TUPINIQUIM - T-PE-
KO’EMA. Significa bom dia, falando para todo
mundo. Se eu falasse só para Wellington, seria T-
NDE-KO’EMA.
Meu nome é Paulo Tupiniquim. Sou
liderança da aldeia Caieiras Velhas e represento
também os povos indígenas do Espírito Santo. São
dois povos, Tupiniquim e Guarani, na articulação dos
povos indígenas do Brasil da qual também sou um
dos coordenadores executivos dessa organização e o
coordenador-geral da Apoinme, que é Articulação
dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste,
Minas Gerais e Espírito Santo.
A gente vem acompanhando essa trajetória
de luta, vem nessa militância já há um bom tempo.
Para ser mais preciso, já há vinte anos a gente vem
discutindo, participando de todas essas discussões, de
construções de política, debates, enfrentamento; tudo
que é posto contra os povos indígenas e também os
avanços que conseguimos ter ao longo desse tempo.
Mas nesta ocasião a gente falando um pouco
sobre a questão da saúde indígena, que a saúde como
um todo para toda a população brasileira é ainda um
problema essa questão de saúde, mas se tratando
especificamente de povos indígenas, a gente tem
garantido na Constituição Federal os nossos direitos,
que garante um direito a uma atenção de saúde,
enfim. A Constituição fala que saúde é direito de
todos e dever do Estado. Então, o Estado tem o dever
de cumprir esse papel de fazer saúde para toda a
população.
E os povos indígenas, por si só, eles já são
uma população que vive em situação de risco, em
situação de vulnerabilidade. E, nesse sentido, existe
um subsistema de saúde que dá uma atenção
diferenciada às populações indígenas do Brasil.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 131
A saber, a Lei n.º 9836, criada em 1999,
garante esse direito e atenção diferenciada. É um
subsistema que foi criado dentro do Sistema Único de
Saúde, SUS, para poder atender os povos indígenas
com uma atenção diferenciada, e ali define que o
Estado e os Municípios entram com ações
complementares de atenção à saúde dos povos
indígenas.
O que deixa a gente muito encabulado, às
vezes, é que quando a gente vai falar ou vai discutir
saúde indígena no nível de estado, no nível de
município, as pessoas, os gestores, os secretários eles
falam: Mas os povos indígenas são de
responsabilidade da União, é responsabilidade do
Governo federal. A saúde indígena é
responsabilidade da Sesai porque é lá que está o
recurso para poder trabalhar a saúde indígena.
Mas, na verdade, a gente sabe que não é
assim que funciona. Como eu acabei de falar, a Lei
n.º 9836 define que o Estado e os Municípios têm que
entrar com ações complementares à saúde. Então,
eles também são parte disso.
A saúde indígena é discutida nos três setores,
é tripartite. Ela não é única e exclusiva ação do
Governo Federal. Trata-se de recurso pelo fato de
vivermos, de estarmos situados e o Estado e o
Município também têm recurso para poder trabalhar
com populações indígenas. E aí a gente fala de PAB
fixo, fala de PAB variável, a gente fala de assistência
farmacêutica, que são recursos que vêm, mas é claro
que vem no bolo para poder atender a toda
população. Mas nós, povos indígenas, também
estamos nesse bolo. Estamos enquadrados ali.
Então, a gente precisa ter essa assistência,
essa atenção voltada para a atenção à saúde dos
povos indígenas. Quando a gente faz essa cobrança a
gente não está falando de ter exclusividade, de ser
exclusivo ou de ter preferência. O que estamos
falando é tratar o diferente como de fato diferente.
Não está pedindo aqui exclusividade. Ah, mas poxa.
Vocês estão querendo prioridade que não sei o quê.
Não!
Vamos citar um exemplo: Quando a gente
fala da diferença, quando a gente fala que os povos
indígenas por si só já vivem em situação
vulnerável, situação de risco, quando vem uma
vacina H1N1, que é da gripe, quais são as
populações, pessoas que são priorizadas para tomar
essa vacina? Idoso, pessoas que vivem no sistema
prisional, profissional de saúde, povos indígenas, que
são as pessoas que têm prioridade para tomar essa
vacina.
Então, isso é um exemplo claro de que os
povos indígenas já têm essa diferença, essa
prioridade, essa prerrogativa de ser tratado como
diferente, porque realmente vive em uma situação
de risco. E a gente ainda se atenta por uma
Medicina de fato diferenciada que trabalhe com o
nosso conceito, com a nossa cultura, porque quando a
gente fala de Medicina a gente não fala apenas do
remédio ou de sentar à frente do médico e o médico
ali escrever a receita ali, não!
Quando a gente fala de saúde a gente está
falando de saúde ligada ao território. A gente está
falando de saúde ligada à natureza, aos recursos
naturais, ligado a nossa ancestralidade e a nossa
espiritualidade. Isso é um conjunto de coisas que para
nós, povos indígenas, é fazer saúde. E isso deve ser
respeitado.
O art. 231 da Constituição garante para nós o
nosso direito de se organizar. Ele reconhece a cultura
e a tradição dos povos indígenas ali no caput do art.
231. Então, quando a gente trata de saúde a gente fala
de todo esse bojo, de tudo isso, fala de ter água
saudável, uma água que de fato não precise colocar
veneno dentro dela para poder tomar, mas temos água
saudável. A gente ter as nossas matas preservadas, a
gente conseguir tirar um alimento saudável de dentro
da nossa própria natureza. Isso tudo para nós é saúde.
O art. 24 da Declaração das Nações Unidas
fala da saúde, fala que nós, povos indígenas, temos
que ter essa atenção diferenciada. Tem que ser
voltada essa atenção para os povos indígenas
relacionado à saúde.
Então, companheiros e companheiras,
estamos aqui não, como falei, para pedir preferência,
não para pedir prioridade. Nós estamos aqui para que,
de fato, o Estado reconheça que existe uma
população indígena aqui no estado do Espírito Santo.
Fica muito cômodo para a gente muitas das vezes
olhar nos programas de televisão, nas propagandas,
nos eventos que acontecem e tal, e nada contra aos
parentes de outras etnias, mas quando se trata disso
se trata de pomeranos, de poloneses, de ciganos, de
negros aqui no estado do Espírito Santo, mas se
esquecem de quem de fato habitou aqui primeiro
nessa terra, que foi a população indígena.
Não existe uma política pública, e aí falo em
todos os sentidos, não só no sentido de saúde. Mas
não existe uma política pública específica que atenda
os povos indígenas do Espírito Santo.
Em outros estados que a gente for olhar, em
outros estados existem políticas públicas que
atendem especificamente os povos indígenas. Mas
aqui no estado do Espírito Santo não tem. Por quê?
Só porque somos apenas quatro mil pessoas? Ou
por que a gente vive num território que compreende
dezoito mil hectares de terra? Ou por que nós temos
apenas doze aldeias, somos apenas dois povos? Mas
somos povos que estamos aqui necessitados e que
contribuímos também para o desenvolvimento deste
estado.
E, nesse sentido, a gente reivindica que nós
também possamos ser enxergados, que a gente saia
desse sentido de invisibilidade e o Estado do Espírito
Santo possa enxergar a gente, tirar esse romantismo
de que o índio bom é o índio lá no mato, é o índio
pelado, é o índio que é de responsabilidade do
Governo Federal. Isso é romantismo, isso ficou no
passado. Porque nós, agora, dos povos indígenas,
132 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
mantemos a nossa cultura, mantemos a nossa
tradição, mas queremos ter a nossa casa boa,
queremos ter o nosso celular, queremos ter o nosso
carro, queremos ter uma saúde de qualidade,
queremos ter uma educação de qualidade, frequentar
uma universidade, porque nós somos capazes como
qualquer outro cidadão brasileiro.
Nós temos essa capacidade e estamos aqui
para poder mostrar isto, mostrar que habitamos aqui
neste estado, vivemos aqui e temos direito como
qualquer outro cidadão. E exigimos que esses direitos
também sejam respeitados. São direitos garantidos na
Carta Cidadã, a Constituição Federal; direitos
garantidos em leis internacionais das quais o Estado
Brasileiro é signatário. Isso deve ser respeitado, e
nós exigimos esse respeito.
Vou citar só um exemplo: no estado de
Minas Gerais, onde há treze etnias e uma população
de aproximadamente doze mil índios, eles têm uma
resolução de nível estadual que cria uma coordenação
de saúde indígena para o estado de Minas Gerais,
com um piso orçamentário para poder trabalhar só
com a saúde dos povos indígenas. Ah! Mas lá são
doze mil e aqui são só quatro. Mas que diferença faz?
São cidadãos, são pessoas do mesmo jeito. O país
passa por uma crise política. Beleza! Mas essa crise
não vai durar para sempre.
Então, a gente precisa pensar em formas que,
de fato, venham ter algumas situações que venham
atender a essa necessidade, que venham atender à
necessidade desses povos que, como qualquer outro
cidadão brasileiro, qualquer outro cidadão espírito-
santense, ele fica na fila do SUS, ele enfrenta os
hospitais cheios, pessoas indígenas também morrem
ali no corredor de hospital. E a gente precisa mudar
essa realidade. Só para os indígenas? Não! Precisa
mudar a realidade como um todo, mas, como
indígena, eu estou aqui reivindicando o direito dos
povos indígenas. É isso. Obrigado!
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Muito bem, Paulo, eu não sei
se a Assembleia em outros tempos já abriu aqui
espaço para vocês falarem. Não sei. Pelo menos,
dentro desse tempo em que eu estou aqui, onze anos e
meio, eu nunca vi a Assembleia abrir espaço para
vocês.
Nós estamos abrindo, então, esse espaço, e,
com certeza, a Deputada Eliana Dadalto - ela é
presidente da Comissão de Assistência Social -, em
conjunto, a gente fará um movimento maior, vamos
engrossar essa corrente. Na verdade, a gente está
vendo que vocês não querem privilégio, vocês
querem o direito que a Carta Magna oferece a vocês.
Eu queria que você pudesse me arranjar uma cópia
dessa resolução. Nós vamos procurar também, mas se
você puder adiantar, seria bom que a gente ia levar
até o Governo do Estado para ver o que pode ser
feito.
O fato é que nós não concordamos, de forma
alguma, com o tratamento pejorativo que vocês têm
tido até o momento. Então, a gente quer,
naturalmente, abrir esse espaço. Nós estamos falando
para o estado, o estado está assistindo a isso.
Bom, agora eu quero registrar a presença do
estudante de Medicina, Matheus Oliveira das
Virgens, que está presente ali. Ele é filho da nossa
querida segurança que fica lá na entrada do
presidente, Rita de Cássia. Muito obrigado pela
presença do Matheus, que aceitou nosso convite de
ontem.
Bom, agora vou franquear a palavra. O
Lindomar ou o Douglas, qual quer falar primeiro?
(Pausa)
Vamos ouvir, então, a palavra do Douglas da
Silva Lemos, presidente da Associação de Indígenas
Tupiniquins e Guaranis.
O SR. DOUGLAS DA SILVA LEMOS -
Bom-dia a todos os presentes! Eu gostaria de
agradecer a oportunidade e dizer a satisfação de estar
pela primeira vez dentro desta Casa de Leis, e assim
me colocar, também, na posição de usuário de um
sistema e de um subsistema de saúde.
Como o meu parente já falou bastante de leis,
de obrigações, de direitos, como usuário dizer que é
triste saber que o Estado, o Município, às vezes, se
exime das suas responsabilidades com a população.
Não ela só indígena, negros, assim como toda ela.
Mas, dizendo dos direitos indígenas, quando você
bate na porta de um município que diz que
responsabilidade de saúde indígena é do Governo
Federal, isso é uma coisa que deixa a gente muito
triste, a nossa população.
A gente, hoje, briga por saúde diferenciada
não foi porque a gente trouxe progresso para dentro
da nossa comunidade. O progresso veio para a nossa
comunidade e com ele trouxe tudo isso aí, a
enfermidade, a doença, uma coisa que a gente não
gostaria. Assim como o parente diz que nós somos
munícipes, a gente faz parte deste estado, a gente
contribui para o desenvolvimento do estado,
financeiro, cultural, acho que sim, a gente deveria ter
essa assistência diferenciada também.
Não o privilégio. A gente não quer furar fila
de SUS, a gente não quer ter quartos particulares,
mas que sim seja aplicado o que é de direito dos
povos indígenas, dentro da saúde que a gente
pretende chegar ao nível estadual, que até hoje a
gente não se sente contemplado pelo Estado e
Município. Dizer que a gente não pode ter um
veículo para conduzir um paciente, pessoas
morrendo. Hoje em dia é muito normal um indígena
morrer por falta de assistência médica. Eu lembro que
há mais ou menos dez anos o índio morria de velhice.
Hoje não. Uma criança não tem o direito de nascer,
de crescer com a saúde igual a antigamente.
Por isso que a gente vem aqui, hoje, nesta
Casa, desabafar. Para mim é muito mais um
desabafo, sentir a população indígena a cada dia
sendo massacrada nessa parte de saúde. A gente não
quer tirar direito de ninguém, mas que sim seja
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 133
aplicado o que é de direito e o que é de dever,
também, do Estado e dos Municípios dentro da
população indígena.
Sem mais delongas. O parente já falou tudo
que a gente acha que é direito. Mas, essa é minha fala
neste momento aqui, e agradecer a oportunidade.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Muito bem, Douglas!
Vamos ouvir, então, Lindomar José de
Almeida, que é apoiador da saúde indígena no
Ministério da Saúde. Em seguida, vamos ouvir
Neiriele. Depois, tá, Neire.
O SR. LINDOMAR JOSÉ DE ALMEIDA
SILVA - Primeiro agradecer a oportunidade de estar
nesta Casa. Eu acho que é uma oportunidade única. A
questão de saúde indígena é muito ampla e o Estado
tem que participar de todas as discussões. Como
Paulo falou, a Lei n.º 9.836, que criou o subsistema
de saúde indígena, é uma lei dentro da lei maior,
dentro da n.º 8.080. Então, criou justamente para
você ter um olhar diferenciado para uma população
diferenciada.
Não adianta a gente ter uma equipe
multidisciplinar lá na aldeia trabalhando e, quando
sai da atenção primária e vai para a atenção
secundária e terciária, a gente tem vários outros
problemas. O fluxo não segue como deveria ser.
Então, é uma situação que o Estado... A gente já
trouxe essa discussão, a gente vem trazendo essa
discussão no comitê, que esse fluxo tem que
funcionar. O indígena tem que ser visto na rede como
um todo, não só lá na atenção primária. Então, o
Estado tem que fazer essa discussão e garantir a
integralidade das ações de saúde. Então, o índio tem
que iniciar o seu tratamento e finalizar, mas muitas
vezes isso não ocorre em virtude de ene problemas
que a gente tem a nível estadual e também a nível
municipal.
Enfim, ano passado, o Governo Federal, o
Ministério lançou uma portaria que a saúde indígena
contratualiza recursos para os hospitais, para ter esse
atendimento diferenciado. E, dentro dessa portaria,
você tem que ter um quantitativo mínimo de
atendimento. O estabelecimento de saúde tem que
preencher esses atendimentos. São três formulários
específicos que têm que ser preenchidos. Aí, quando
a gente sai para compactuar com os hospitais, a nossa
surpresa é que a maioria dos estabelecimentos de
saúde não preenche que o índio foi atendido. A
portaria é muito clara. A gente tem que ter, no
mínimo, para pactuar, quinze atendimentos por mês.
Você parte do valor mínimo até um valor máximo. O
estabelecimento de saúde pode receber até oitenta
cinco mil dentro do quantitativo que ele atende,
dentro dos objetivos da portaria, enfim.
A gente está encontrando muito essa
dificuldade para pactuar recursos com os
estabelecimentos de saúde. O Hospital São Camilo é
porta de entrada para a população indígena de
Aracruz. Aí tem os hospitais federais, os hospitais
estaduais, enfim, a gente tem essa dificuldade, não é,
Paulo? É um recurso que o Ministério tem para
pactuar só que nós não conseguimos pactuar ainda
com nenhum estabelecimento de saúde do Espírito
Santo, porque não registra o atendimento da
população indígena.
É grave, a gente já levou ao conhecimento,
via Comitê Estadual de Promoção da Equidade, essa
situação, enfim. O medo da população indígena, o
nosso medo é que a gente não consiga pactuar em
virtude dessa situação. A gente vem trazer esse
problema para vocês, para a comissão, também, para,
junto com esses estabelecimentos, discutir essa
situação. Se não está aparecendo a população
indígena, as outras populações, também, com certeza,
estão sendo subnotificadas, então o Estado não
consegue fazer uma política pública de fato sem essas
informações. A gente traz, conta com o apoio de
vocês para, dentro dessa portaria, pactuar recursos
que, de fato, vão atender às especificidades da
população indígena.
Como o Paulo falou, o Estado de Minas até
saiu na frente dos demais Estados com a criação de
uma secretaria específica, uma coordenação
específica para atender a saúde indígena, para
atender, de forma complementar a saúde naquele
estado. É um modelo que o Estado do Espírito Santo
poderia estar adotando também, até aperfeiçoando. A
gente vai trazer o modelo de resolução discutido
juntamente para vocês para avaliarem, porque o
Estado fica sem informação da saúde indígena,
porque não participa. Acho que o Estado não sabe
qual o tipo de morbidade que mais acomete a
população indígena do Espírito Santo. Acho que o
Estado do Espírito Santo não tem essa informação. A
Secretaria Estadual de Saúde do Espírito Santo não
tem essa informação.
A gente vê ainda muito entrave nessa
discussão, que chamamos de tripartite, da saúde
indígena. A saúde indígena vem participando junto
ao comitê, mas a gente precisa avançar mais na
política estadual de saúde indígena, voltada para a
população indígena. Nós estamos aqui querendo
fazer essa discussão com o Estado. Colocamo-nos
à disposição do Estado para a gente fazer essa
discussão e, de fato, levar uma saúde de qualidade
para uma população que é carente, que é uma
população que precisa de um cuidado específico.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Muito bem, Lindomar,
queria só lembrar o seguinte. O que você falou, o que
vocês falaram, prometo que vou assinar uma carta e,
com certeza, a Deputada Eliana também vai assinar,
como presidente da Comissão de Assistência Social,
ao Ministério Público, denunciando essa questão,
notificando o Hospital São Camilo, que eu conheço,
e, também, ao Ministério Público, ao secretário de
Saúde, enfim, às autoridades desse contexto.
134 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
Mas queria lembrar, vocês estão falando do
sofrimento do povo indígena, é uma história muito
longa, não é? Vila Velha sempre se chamou Vila
Velha, mas Vitória se chamava Vila Nova. Então,
depois, o que acontecia? Os portugueses vieram para
Vila Nova e, depois, saiam para dizimar os índios em
Vila Velha. Então, como houve a vitória, o massacre
do povo português contra os indígenas, ficou
chamada aqui de Vila Nova da Vitória. Vitória sobre
os índios que eram os verdadeiros donos da terra.
Depois, o que aconteceu? Tiraram Vila Nova e ficou
só Vitória. Mas a história é essa, é de sofrimento
desde mil quinhentos e pouco.
Vamos ouvir, então, agora, Neiriele Marques
da Silva, gerente de Políticas de Igualdade Racial da
Secretaria de Estado de Direitos Humanos.
Queria lembrar também que essa questão de
igualdade e de desigualdade, tenho uma história
longa. Quero convidar você que está em casa também
para dia 29, quando teremos a Parada Gay, em Vila
Velha. Eu ajudo, apoio a Parada Gay. Quem achar
que é absurdo, pode achar. Esse povo existe e precisa
ser olhado. Quem não respeita, precisa respeitar. Sou
o único político que eles deixam subir no trio
elétrico. Todo ano fazemos a Parada Gay, em Vila
Velha. Eu apoio a Parada Gay porque dificilmente
uma família não tem um gay em casa. Então, na
verdade, temos que respeitar as minorias, respeitar a
opção sexual ou qualquer tipo de opção de qualquer
um.
Pois não, Neiriele, com a palavra.
A SR.ª NEIRIELE MARQUES DA SILVA
- Bom dia a todos desta comissão. Dizer que a
Secretaria de Estado de Direitos Humanos, por meio
da Gerência de Promoção da Igualdade Racial,
recentemente voltou a rearticular com as
comunidades indígenas, por meio da Associação
Indígena Tupiniquins e Guaranis, de Caieira Velha.
A gente fez uma primeira reunião onde essas
questões já foram colocadas. E a gente, nesse papel
nosso, da Secretaria de Direitos Humanos, tem feito a
articulação com a Secretaria de Estado da Saúde para
cobrar efetivação.
Realizamos uma reunião com a Gerência de
Assuntos Indígenas do município de Aracruz, para
que o município também tenha ciência dessa pauta,
não somente por meio da saúde, mas pela gerência
competente dos assuntos indígenas do município
também, para que a gente tenha essa parceria tanto do
Estado como do Município, para a gente cobrar essa
efetividade de fato da efetivação do direito à saúde
das comunidades indígenas.
Quando a gente olha o desenho das doze
comunidades e quando o Paulo coloca assim: Somos
somente doze comunidades. Não, nós somos doze
comunidades que estão aí resistindo. E quando a
gente olha essa disposição, até Doutor Hércules e
Deputada Eliana Dadalto, é muito distante algumas
comunidades terem até o acesso básico mesmo, para
acessarem a saúde básica dentro do município. Então
quando a gente olha esse mapa de distribuição das
unidades de saúde básica, muitas comunidades têm
que andar ou passar muito tempo em trânsito, vamos
dizer assim, para conseguir fazer esse acesso.
De fato, quando a gente vem fazendo essa
articulação com o município, com a Secretaria de
Estado, às vezes, tem de fato uma confusão porque
ainda muitos acham que é do Governo Federal essa
competência. Até essa resolução é pouco conhecida,
mas a gente tem feito essa cobrança para que esse
direito seja efetivado.
Quero pedir licença ao Douglas, como
presidente da associação, e deixar o convite para
amanhã, às 10h da manhã, teremos uma reunião na
sede da ETG para discutir, em Caieiras Velha.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Caieiras Velha?
A SR.ª NEIRIELE MARQUES DA SILVA
- Isso. Aracruz.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Ok.
A SR.ª NEIRIELE MARQUES DA SILVA
- Se permitir, Douglas, se eles de repente
participarem ou quem estiver assistindo em casa tiver
também interesse para somar na construção desses
avanços, não somente da saúde, mas em outros
assuntos.
A Deputada Eliana Dadalto, que também é da
Comissão de Assistência, a gente também tem pautas
relacionadas à Assistência Social também. E não
somente nesses dois pontos, mas em outros também
que a gente vem construindo com a comunidade
indígena.
É isso, a gente não vai se eximir dessa nossa
responsabilidade ou a falta de efetividade do
cumprimento dessas medidas, dessas resoluções que
são colocadas nessa distribuição das competências
dentro da saúde, mas dizer que enquanto Gerência de
Promoção da Igualdade Racial e Secretaria de Estado
de Direitos Humanos, a gente está com as
comunidades indígenas para que cada entidade possa
de fato entender o seu papel, tomar conhecimento
dessa resolução, se não tem, ou se já tem, por que não
vem cumprindo. E a gente cobrar, de fato, o
cumprimento de todas as medidas. E quando a gente
vai olhando lá dentro da estrutura da Sesai, que é a
Secretaria Especial de Saúde Indígena, são várias
outras coisas. Além dessa regulação das consultas
com especialistas, vem outras medidas também, que
deveriam estar sendo cumpridas e, de fato, não estão.
Então, é um caso que a gente precisa
entender um pouco mais para a gente chamar cada
ente para sua responsabilidade e cumprimento de
toda essa obrigação, de fato, com a saúde. Porque
sem saúde de fato, como a gente consegue
encaminhar todas as outras questões?
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 135
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Neiriele, inclusive, essa
questão da vacina, porque a gente sabe que a
prevenção é muito melhor do que curar. Isso não é
segredo.
Eu gostaria de lembrar o seguinte: a
secretária de Saúde de Aracruz, hoje é a doutora
Clenir Avanza. E eu vou conversar com ela. É uma
pessoa de muito diálogo. O prefeito também, Jones
Cavaliere, amigo nosso.
Vou aproveitar para fazer o convite para o 6.º
Congresso Brasileiro Médico-Jurídico da Saúde, que
será no final deste mês. A doutora Clenir é a
secretária executiva desse congresso médico-jurídico.
Ano passado, nós tivemos cerca de novecentos e
dezessete inscritos do Amapá ao Rio Grande do Sul.
É um momento bom para o povo indígena também
participar e exigir seus direitos.
A Constituinte de 1988 escreveu que a saúde
é direito de todos e dever do Estado. O Estado é o
Município, Estado Federado e a União, então
ninguém pode se eximir dessa responsabilidade.
Agora eu entendo, Douglas, que tudo acontece no
município. A gente nasce, a gente vive e a gente
morre no município. Então o município é o primeiro
responsável pelo povo que abriga, no caso, vocês.
Nesse congresso teremos o doutor João Pedro
Gebran Neto, que é o desembargador da Lava-Jato,
de Curitiba; eu faço a coordenação institucional, a
ligação com toda a instituição; a doutora Clenir é a
secretária-executiva; Maely Coelho é o presidente
aqui; doutor Arnaldo Hossepian Júnior é do Conselho
Nacional de Justiça e Ricardo de Oliveira, Secretário
da Saúde.
Nós vamos, então, pedir a inscrição de vocês
nesse congresso. Esse congresso vai ser realizado nos
dias 30 e 31 deste mês e 1.º de agosto.
O SR. LINDOMAR JOSÉ DE ALMEIDA
SILVA - O ministro da Saúde vai estar presente?
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Estará presente o ministro da
Saúde e, possivelmente, o ministro da Justiça
também. Então nós vamos conseguir inscrição para
vocês participarem desse congresso.
O SR. PAULO TUPINIQUIM - Me
permite, doutor?
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Pois não! Fale no microfone,
Paulo, por gentileza.
O SR. PAULO TUPINIQUIM - Porque nós
somos, como eu falei, doze comunidades, somos
doze caciques, somos liderança e, como diz o outro,
apenas somos peão, fazemos o que eles mandam.
Seria interessante, se fosse possível, que esses
caciques pudessem estar presentes nesse congresso.
Se conseguisse além dos doze caciques. Pelo menos
umas quinze inscrições para poderem vir os caciques
também, além de algumas lideranças representativas.
Seria interessante.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Vou correr atrás. Não vou
garantir, mas vou prometer e, se Deus quiser, vamos
conseguir. Essa inscrição custa quinhentos reais, mas
eu vou pedir ao congresso. Como eu destinei da
minha verba pessoal cem mil reais para esse
congresso, sem essa verba dificilmente esse
congresso seria realizado, ele está custando hoje uma
faixa de quinhentos mil reais. Porque para patrocinar
todas essas pessoas, só o Itamaraty Hall custa mais de
cem mil o aluguel por esses dias. Então, hoje ainda
eu dou uma reposta para vocês com relação às quinze
inscrições.
Vou passar a palavra para a Deputada Eliana
Dadalto, nossa vice-presidente e presidente da
Comissão de Assistência Social. Eu acho que nós
abrimos um canal bom para vocês começarem essa
luta porque vocês, há tanto tempo, não têm um
espaço tão grande igual a este. Mas nós, eu e a
Deputada Eliana Dadalto também, vamos requerer
um espaço no plenário para, no Grande Expediente,
extinguir a fala do deputado e vocês falarem também
para o Espírito Santo inteiro, mais uma vez, ao vivo.
A SR.ª ELIANA DADALTO - (PTC) -
Bom dia. Quero cumprimentar, carinhosamente, os
nossos convidados, Douglas, Lindomar, Paulo,
Wellington e também a Neiriele, e o nosso presidente
que, tão sabiamente vem abrir esse espaço para a
comunidade indígena, importante, Doutor Hércules,
como eles falaram, nunca foi aberto esse espaço aqui.
Quero cumprimentar o Doutor Hércules.
Quero cumprimentar também todos os colaboradores
desta reunião e dizer que hoje estarei com o prefeito
Jones Cavaliere. Já vou passar também essa fala de
vocês. Quero parabenizar vocês que estão nessa luta.
Todos vocês, o Paulo, o Douglas, enfim, todos que
estão aqui neste momento.
Olha como é importante, como a Comissão,
Doutor Hércules, abre as portas! O Doutor Hércules
sempre faz a divulgação desse congresso e veio
justamente atendendo esse anseio de vocês de estar
participando. Parabéns pela luta de vocês. Podem
contar com a Comissão de Assistência Social. Eu
presido a Comissão de Assistência Social e meu vice-
presidente é o Doutor Hércules, e vice-versa, não é
Doutor Hércules? A gente faz uma dobradinha tanto
lá na Comissão como aqui.
Mas é uma satisfação muito grande estar
ouvindo vocês. A minha família, eu tenho meus
filhos que têm no sangue deles descendentes de
indígena. Minha sogra era descendente de indígena,
da comunidade indígena. Ela sempre contava os
casos e a gente fica feliz de saber que vocês ainda
estão aí sobrevivendo, vocês que foram os primeiros
136 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
moradores da nossa Terra Brasil. E nós temos essa
linda Terra que, infelizmente, a gente vê tão pouco,
agora, o número de indígenas aqui, quatro mil, em
Aracruz. Mas que vocês consigam persistir; consigam
lutar cada vez mais pelos direitos de vocês. Parabéns
por essa luta!
Obrigada. Um abraço.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Pois não, Wellington.
O SR. WELLINGTON MOURA PEGO -
Em todas as situações que a gente tem participado,
juntamente com parceiros, as pessoas que abraçam a
causa, tanto o povo indígena Tupiniquim e Guarani,
sempre falo que todos os que brotam desse solo
espírito-santense têm uma minúscula partícula do
sangue do nosso povo.
Falo isso propriamente de coração, porque é
dessa forma, porque a gente vê que nem todo mundo
tem isso, conforme a senhora vem expressando, e é
dessa forma.
Gostaria de, conforme vem se falando, as
situações que vêm acontecendo, V. Ex.ª, Doutor
Presidente Hércules, que diante do que a Neiriele
vem falando com relação à questão da regulação das
consultas e exames, a gente tem dificuldade muito
grande, inclusive com a falta do nosso cacique
Fabiano, mais uma vez registrado aqui. Ele ficou de
trazer um relatório para que vocês analisassem com
relação à situação dos indígenas dentro do sistema.
Que desde 2013, há indígenas esperando consultas de
média e alta complexidade, importantíssimas. E que
acaba acontecendo, não chegando a tempo hábil,
conforme o nosso parente Paulo relatou aqui,
morrendo até mesmo na fila.
E aí a gente pensou de verificar nessa
situação, a possibilidade de implantação do Sisreg
diferenciado no polo-base da saúde indígena,
justamente para que a gente possa estar monitorando
e acompanhando. Creio que nosso parente Paulo
poderia explicar um pouco com relação a essa
situação, mas, conforme a situação de demandas.
Porque, como eu tenho dito anteriormente, a
dificuldade com relação a algumas especialidades é
muito grande. E indígenas acabam falecendo,
justamente, por não conseguir em tempo hábil
acessar essa oportunidade.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Pois não, Paulo.
O SR. PAULO TUPINIQUIM - Então, o
Sisreg é o sistema que regulamenta, faz essa
regulação de média e alta complexidade. Porém ele é
regulado nos municípios por meio da AMA, a
Agência Municipal de Agendamento. Só que a gente
sabe também da dificuldade de especialidades que a
gente tem no estado hoje. São poucas especialidades
que a gente tem e isso acaba acarretando essa
morosidade de marcação dessas consultas e exames
de média e alta complexidade com essas
especialidades. Mas nada justifica uma pessoa
esperar três anos, quatro anos para uma consulta, ou a
pessoa até morrer e aquela consulta não chegar,
aquele exame não chegar para aquela pessoa.
Nesse sentido que nós trazemos essa
reivindicação. Não sei como esta comissão pode
encaminhar isso, não sei se é da competência ou se é
da competência do secretário de Saúde. Se for da
competência do secretário de Saúde, a gente já
estende a solicitação de tentar um agendamento de
reunião com o secretario estadual de Saúde porque já
tem vários pedidos de reunião com o secretário e ele
não recebe a gente para conversar e abrir esse diálogo
com ele. Mas a ideia de implantação do sistema
dentro do polo base, porque também é uma unidade
gestora da saúde, ter a implantação desse sistema e
definir o quantitativo de cotas de especialidades ali.
Como a gente já falou aqui enfaticamente, não que a
gente queira furar a fila do SUS, mas que a gente
pudesse estabelecer um quantitativo de cotas por
especialidades, que no mínimo, no mês, a gente
tivesse três, quatro, cinco consultas por especialidade
garantida para que o indígena não ficasse nessa longa
fila durante todo esse tempo.
Outra questão, Doutor Hércules, acho que
esse diálogo a gente vai ter que fazer junto com a
Secretaria de Estado da Saúde mesmo, e acho
importante esta comissão fazer essa articulação, é que
além do Sisreg, além do quantitativo de cotas, a gente
perpassa também por outro problema, o do transporte
sanitário. A gente tem os carros que atendem a saúde
da gente, doutor, a população lá, mas eles são carros
de passeio. Nós não temos um carro para poder
transportar uma pessoa que esteja acamada ou uma
gestante. A gente não tem, as pessoas têm que ir no
carro de passeio. Se a gente liga para uma central de
ambulância, demora duas, três horas para chegar.
Cito isto como exemplo de uma situação que eu
passei na minha família. Meu irmão teve um
problema de pancreatite e os rins dele começaram a
entrar em falência. Chamou uma ambulância e a
ambulância chegou duas horas e meia depois que ele
estava passando mal. Quer dizer, a gente precisa ter
esse atendimento também, esse transporte, para
transportar as pessoas da comunidade. Ah, mas isso é
de média e alta complexidade! É, por isso que nós
estamos aqui pedindo, solicitando junto ao Estado
esse atendimento.
Outra questão, para finalizar, em 2015, se
não estou enganado, em 2014 ou 2015, ainda era a
gestão anterior, nós conseguimos com o secretário de
Saúde anterior um recurso do Estado, tinha um
processo de construção de cinquenta unidades de
saúde aqui no Estado. O secretário de Saúde, não me
lembro o nome dele agora, naquela ocasião destinou
uma verba de novecentos mil reais para poder
construir duas unidades de saúde nas aldeias.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - É Tadeu Marino?
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 137
O SR. PAULO TUPINIQUIM - Tadeu
Marino! Isso mesmo, Tadeu Marino. Só que quem
tinha que fazer a gestão desse recurso era o
município. Na época o prefeito do município não quis
assumir essa responsabilidade porque o município
teria que entrar com a contrapartida e ele questionou
que não teria recurso e não ia ter a
responsabilidade de fiscalizar a obra, ele não quis
assumir e nós perdemos o recurso. Aí nós
perdemos o recurso para poder fazer essa
construção dessas unidades.
Só para vocês entenderem melhor, quando
a gente fala de construção e edificação, é claro que
isso também é competência da Secretaria Especial
de Saúde Indígena, que é ligado ao Ministério da
Saúde. Mas também é uma competência do estado e
também do município. Se tem recurso, se tem uma
verba que dá para fazer isso, porque não fazer dentro
das comunidades? E aí acho que a gente precisa
retomar essa discussão dessas construções de
unidades, porque as nossas unidades de saúde, onde
tem unidade de saúde, elas foram construídas em
1994. Aqui na comunidade do meu parente, Lídio,
eles estão reformando a unidade de saúde lá, com
recurso da própria comunidade. A comunidade fez
vaquinha, juntou um dinheiro daqui e dali e estão
reformando. Agora tem unidade de saúde lá que
desde 1994 está em situação precária.
A SR.ª ELIANA DADALTO - (PTC) - Paulo, é porque não conheço as aldeias. São
próximas as aldeias? São doze aldeias?
O SR. PAULO TUPINIQUIM - Sim.
A SR.ª ELIANA DADALTO - (PTC) -
São próximas?
O SR. PAULO TUPINIQUIM - A mais
próxima fica em torno de sete quilômetros uma da
outra. Agora a mais distante são quarenta e oito
quilômetros.
A SR.ª ELIANA DADALTO - (PTC) - Aí
teria que ser mais de uma unidade, na verdade.
Porque se colocasse uma unidade com uma
ambulância para atender toda a demanda aí né...
O SR. PAULO TUPINIQUIM - Então,
como que funciona? A gente tem cinco unidades
de saúde. Teve uma, a mais recente que foi
construída com o recurso da Sesai, que terminou
em 2015, a do Irajá, da aldeia Irajá, terminou em
2015, a construção é uma unidade nova. Ela atende
a comunidade da aldeia Irajá e aldeia Areal. São
duas aldeias que ela atende. A aldeia Caieira Velha
não tem unidade de saúde, o atendimento de saúde
funciona dentro de uma unidade administrativa que
foi construída, um polo base para poder fazer a
parte administrativa da saúde que atende a
comunidade Caieiras Velha e a aldeia Amarelos e a
aldeia Caieiras Velha.
Tem a unidade de saúde de Boa Esperança
que atende as aldeias de Boa Esperança, Três
Palmeiras e Piraquêaçu, que é uma unidade antiga -
como falei essa é uma das que foi construída em
1994. Tem a unidade de saúde aldeia Pau Brasil
que atende a aldeia Pau Brasil, Olho D’água que
também é uma construção antiga. É essa que eles
estão reformando com dinheiro próprio da
comunidade. E tem a unidade de saúde da aldeia
Comboios que também é uma unidade antiga de
saúde. E atende a aldeia Comboios e a aldeia
Córrego do Ouro.
Essa unidade de Comboios ela tem um
dificultador maior, pois para se chegar a aldeia
Comboios tem que atravessar o rio. E é barca
fluvial. Para percorrer as casas têm que ser pelo
rio, porque é areia, não roda veículo lá. Então, tem
que ser tudo pelo rio. Essa é uma situação muito
complicada.
Nesse sentido, se agente conseguisse
articular essa conversa com o secretário para a
gente colocar esses pontos de discussões com ele e
vê em que o estado, a Secretaria de Estado da
Saúde pode ajudar a gente ou pode assumir
algumas responsabilidades acho que seria muito
importante e muito interessante para nós.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Paulo, a gente vai tentar
essa articulação mas sugiro que a gente converse
primeiro com a secretária de Saúde de Aracruz,
porque eu não prometo, agora neste mês, apesar de
a gente estar em recesso, deve começar o recesso
amanhã, isso não iria importar em nada porque a
gente continua trabalhando. Mas estamos
organizando um Congresso Médico Jurídico e a
doutora Cleni é secretaria de Saúde de Aracruz
também, além de ser a secretária-executiva do
nosso congresso e estamos com muito serviço
para organizar esse congresso no qual esperamos
mais de mil participantes este ano.
Logo em agosto, eu me comprometo em ir
à aldeia conversar com vocês. Você pedir à
secretária que vá junto, não prometo, não garanto
que ela irá, mas eu irei. Com certeza se a Deputada
Eliana puder ir também, mora em Linhares é mais
difícil para ela; estamos aqui um pouco mais
próximo e podemos agendar uma visita na aldeia.
Doutor Edson, nosso odontólogo, que
acompanha a nossa Comissão de Saúde, quer fazer
uma pergunta. Pois não doutor Edson.
O SR. EDSON MOREIRA FERREIRA -
Bom dia a todos. O Paulo Tupiniquim, ele falou
muito bem sobre as leis que regulamentam a saúde
138 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
do povo indígena. E dentro dessa política nacional,
Paulo, a gente sabe que existem alguns órgãos
como, por exemplo, a Siasi, o Iaepi e o Condisi,
que é o Conselho Distrital de Saúde, que fiscaliza,
debate, apresenta políticas de saúde ao povo
indígena, e também os Dseis, que são os Distritos
Sanitários que fazem as políticas sanitárias e
controle social com equipes multidisciplinares,
coletando dados, fazendo investigação
epidemiológica, imunização e etc.
Esse Dsei, pelo que tenho conhecimento,
está localizado na cidade de Governador
Valadares, Minas Gerais.
Eu queria saber de você, minha pergunta é:
como é a integração e a interação na comunidade
dos povos indígenas aqui do estado com esse Dsei
de Minas Gerais?
O SR. PAULO TUPINIQUIM - Inclusive
é uma demanda antiga nossa, dos povos daqui do
Espírito Santo, a criação do Distrito Sanitário do
Estado do Espírito Santo.
Como o Doutor Hércules fez o convite,
também vou aproveitar a pergunta do
companheiro, e também fazer um convite. Para
isso, estamos num processo de realização da 6.ª
Conferência Nacional de Saúde Indígena, que vai
acontecer no final de maio, em Brasília. Mas, para
poder acontecer essa etapa da 6.ª Conferência
Nacional de Saúde, vão acontecer as etapas locais e
a etapa distrital.
A etapa da conferência local de saúde
indígena aqui do estado do Espírito Santo vai
acontecer de 14 a 18 do mês de agosto em aldeias
diferentes. Vocês estão convidados. Se puderem,
quiserem participar de, pelo menos, alguma etapa
entre essas datas de 14 a 18, a gente pode elaborar
um convite e estar encaminhando também para esta
comissão.
Mas a interação entre os povos indígenas
aqui do Espírito Santo com o Dsei, vou dizer que
ela boa porque é o distrito que temos, é lá que
estão localizadas todas as ações relacionadas à saúde
dos povos indígenas. Então, a gente precisa fazer essa
interação, essa interlocução.
E a gente tem um controle social que é muito
atuante. O controle social atua no âmbito do distrito.
Então, o Dsei, essa interação é boa. Mas seria bem
melhor se tivéssemos nosso Dsei aqui no estado do
Espírito Santo até porque teríamos uma
descentralização de recurso.
O recurso de nosso distrito hoje, de Minas
gerais e Espírito Santo para poder atender as
populações, tem um teto orçamentário de cinquenta
milhões de reais. Desses cinquenta milhões de
reais, vinte e nove milhões são só para contratação
dos profissionais de saúde.
Temos uma equipe que atende no distrito,
em Minas e Espírito Santo. Temos uma equipe que
se compõem de quatrocentos e cinquenta e oito
funcionários. Isso, todos em áreas que estão aqui
no Espírito Santo e em Minas Gerais e de
funcionários que atuam dentro do distrito.
Então, desses cinquenta milhões que é do
teto orçamentário do Dsei, vinte e oito, vinte e
nove milhões vão para uma conveniada para poder
fazer essa contratação desses profissionais. Aí,
então, ficam vinte um, vinte e dois milhões para o
Dsei fazer a assistência.
Dessa assistência, são as contratações de
motoristas, contratação de pessoal para poder fazer
o serviço de limpeza, vigilante, contrato de
veículos, enfim, é toda essa parte para poder fazer
essa assistência com as populações indígenas.
Porém, este ano, mais precisamente no mês
passado, foi anunciado, no recurso da saúde
indígena, um contingenciamento de cento e
cinquenta e cinco milhões. Esse contingenciamento
afetou, atingiu também os distritos. Desses cento e
cinquenta e cinco milhões contingenciados, vão ser
cortados quinze por cento. Então, quer dizer, eu sei
que tenho cinquenta milhões, mas tenho x milhões
que estão contingenciados e eu não posso mexer.
Então, quer dizer, isso acaba afetando a assistência
cá na ponta. Mas, enfim, o distrito está lá.
Além da participação do controle social,
Edson, que é o Condisi, a gente também tem um
conselho local de saúde. Cada unidade de saúde
tem um conselho local que acompanha a saúde de
nível local, cria as demandas, manda para o
Condisi, que é o Conselho Distrital. O Conselho
Distrital delibera para Brasília, onde tem um fórum
de presidente de Condisi, que reúne os trinta e
quatro presidentes dos trinta e quatro distritos que
existem no país.
Além disso, tem a participação ainda dos
indígenas na Cisi, que é Comissão Intersetorial de
Saúde Indígena, que cria as proposições para o
Conselho Nacional de Saúde.
Então, quer dizer, o controle social que
temos funciona. Ele é bem atuante. Ele tenta fazer as
coisas funcionarem.
Aproveitando que estou com a fala, sabemos
também que existe a Comissão Intersetorial Bipartite
aqui no estado. Todos os estados têm. E essa
Comissão Intersetorial Bipartite participam os
gestores da saúde. Só que no caso da saúde
indígena, não temos o representante da saúde
indígena que participe dessa comissão e o gestor da
saúde indígena, o coordenador do Dsei, é gestor
também. Ele é um gestor legal e nessa CIB é onde
se discutem, se passam todas as situações
relacionadas à saúde nos municípios, no estado. É
onde se discutem e criam as proposições para
poderem ser aprovadas consequentemente.
Isso seria também mais um pedido que a
gente teria a fazer a essa comissão de a gente tentar
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 139
pleitear o assento do nosso representante legal do
Dsei na CIB.
Não sei se respondi sua pergunta.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Ok. Lindomar, quer
complementar?
O SR. LINDOMAR JOSÉ DE
ALMEIDA SILVA - Só queria fazer uma pequena
complementação a respeito da interlocução do Dsei
com o Espírito Santo.
Existe uma grande reclamação dos
caciques, das lideranças, em virtude de o distrito
estar em Minas.
Então, existe a morosidade dos processos
licitatórios, as compras de serviço. A compra, por
exemplo, de medicamento é um processo que dura
em média quase dois anos. Os insumos às vezes
têm esse problema justamente porque o distrito
está em Minas e tem esse problema dos processos
licitatórios.
Então, a gente tem reclamação de falta de
medicamento na farmacinha básica. Temos,
algumas vezes, falta de insumo, material médico-
hospitalar em virtude de morosidade do processo.
Então gera uma reclamação muito grande por parte
das lideranças do Espírito Santo com razão. Por
isso o pleito de ter um distrito no Espírito Santo
para justamente o Espírito Santo fazer essa gestão
do recurso.
Então, esse pleito é desde a 4.º Conferência
Nacional de Saúde e foi aprovado na 4.º
conferência só que não se tornou ainda realidade
aqui para o nosso estado.
Aí a gente também conta com o apoio de
vocês nesse pleito dessa discussão da criação do
Dsei do Espírito Santo.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - Muito bem.
Mais alguém quer complementar? Neiriele,
quer falar? Wellington? Douglas?
Só queria lembrar o seguinte: já
conseguimos algum espaço importante, porque,
ontem na prestação de contas do secretário, aquela
prestação de quatro em quatro meses, convidei a
todos para participarem dessa reunião de hoje.
Tivemos a presença aqui da Joseni, que é
presidente do Conselho Estadual de Saúde, que
falou com você. E agora o Conselho Estadual de
Saúde também por esse convite, já está entrando
nesse contexto. Também é um ganho muito bom o
Conselho Estadual de Saúde que também nunca...
Na hora que eu estava telefonando aqui,
não foi desatenção, não. Foi que eu estava tentando
falar com alguém do congresso para logo dar a
notícia, o aval das inscrições que vocês pediram.
Infelizmente o telefone está na caixa postal. Deve
estar em reunião ou alguma coisa que não pôde me
responder, mas durante o dia ainda tentarei esse
contato.
De qualquer forma, eu acho que nós
deveríamos começar, Deputada Eliana, pelo
município. Chamar a secretária de Saúde do
município, o prefeito, ver se a gente faz uma visita
à aldeia para mostrar a realidade de vocês. Depois,
de lá, a gente vai solicitar uma audiência com o
secretário estadual de Saúde, para a gente, cada
vez, engrossar mais essa corrente, ter mais força
para outros eventos e, naturalmente, para outras
providências.
Deputada Eliana Dadalto, quer fazer mais
alguma complementação?
Satisfeitos todos, tranquilos?
O SR. LINDOMAR JOSÉ DE
ALMEIDA SILVA - Só mesmo para agradecer o
espaço e parabenizar o deputado e a deputada. Para
a saúde indígena, para a população indígena, vai
ser muito lucrativo no sentido de a gente abrir essa
discussão, mesmo, junto com o Estado, e essa
aproximação com o Estado.
O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR
HÉRCULES - MDB) - É, a gente não pode deixar
essa articulação morrer. Nós temos que, cada vez,
avolumar mais. E, independente de resultado de
eleições, a gente tem que continuar. Se for outro
Governo, se forem outros deputados, enfim, a
gente tem um espaço, uma ferramenta que eu já
falei para vocês. A partir do mês de agosto, nós
vamos tentar viabilizar a ida de vocês lá ao
plenário, para mostrar mais essa dificuldade que
vocês têm, a realidade que vocês vivem. Que
vocês, realmente, são o povo da terra e,
naturalmente, estão sendo esquecidos por nós que
invadimos a terra de vocês. A verdade é essa!
Quero, ainda, convidar todos para, hoje, a
partir das 19h, na Barra do Jucu, na escola Tuffy
Nader, a audiência pública sobre a questão da
Ponte da Madalena. A Ponte da Madalena foi o
mote para a gente levantar uma discussão lá em
Vila Velha, especialmente na Barra do Jucu, local
de onde não me afasto. Gosto muito da Barra e
tenho certeza de que o povo da Barra me reconhece
como barrense também.
A queda da Ponte da Madalena, que já tem
mais de sete meses, foi assim: a Ponte da Madalena
caiu hoje, amanhã foram lá e prometeram uma
ponte nova. Prometeram e ficou só nisso. Eu sou
presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Rio
Jucu e Santa Maria. Eu não posso defender só o rio
Jucu, mas o Santa Maria também, que abastece
cerca de um milhão e setecentas mil pessoas aqui
na Grande Vitória.
140 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
Então, nós pedimos outras providências
que precisam ser tomadas também na Barra do
Jucu e no rio Jucu: o cercamento da área da
reserva. A reserva já está demarcada e precisa
cercar por causa dos invasores que tiram as
bromélias, as orquídeas, pesca ilegal, uso de droga,
tudo dentro da Reserva de Jacaranema. Então, nós
precisamos cercar. Além dos animais que saem da
reserva, atravessam a pista da Rodovia do Sol e são
mortos para lá.
Então, a construção também de um píer na
Barra. Por que o píer? Porque na Boca da Barra
tem o Morro da Concha e a maré joga água para
dentro do rio da Boca da Barra. E o rio, às vezes,
tem pouca água, cada vez a maré avança, joga
água, a água às vezes volta, mas a areia fica e fecha
a Boca da Barra. No ano passado, fechou a Boca
da Barra quatro vezes e a gente teve que arranjar
aquela máquina Poclain para fazer a abertura da
Boca da Barra.
A gente precisa fazer o desassoreamento do
rio Jucu. O rio está assoreado e a areia do fundo
do rio é a areia mais nobre, mais cara que tem
para a construção civil. Aí, não deixam tirar
areia, mas vão tirando areia daquela reserva ali,
Paulo Vinha, por ali. E é um absurdo isso! Isso que
é agressão ao meio ambiente. Então, tem que tirar
areia do fundo do rio.
Instalação de telas ao longo da Rodovia do
Sol também, para não deixar os animais
atravessarem. E ouvir as propostas dos moradores
da Barra do Jucu sobre a ponte que nós queremos
lá. Apresentaram um projeto que era até muito
moderno, era simulando o voo da garça - saiu nos
jornais aí -, muito bonito, uma ponte estaiada,
muito linda, mas não é isso que o povo da Barra
quer. E a Barra é um lugar diferente. Não adianta
levar na Barra o que a Barra não quer, porque o
povo não vai aceitar. Então, nós vamos ouvir a
Barra, a proposta que o povo da Barra quer sobre a
Ponte da Madalena.
A Ponte da Madalena é cantada no Brasil
inteiro. Martinho da Vila já deu essa declaração de
que qualquer lugar do Brasil em que ele vai,
pedem para cantar essa música. Eu sou
testemunha da inauguração que Martinho da Vila
fez, estava com ele lá na Barra. Eles fizeram uma
ponte, infelizmente fizeram uma ponte de ferro
batido, não foi ferro fundido, a ferrugem comeu
a ponte e a ponte foi embora. Depois,
fizeram outra ponte, mas puseram
calçamento em cima da ponte, que também é
uma coisa errada. Nós queremos a ponte pelo
menos um trecho como ela foi antes, para você
ver como era o pranchão. Todo o movimento do
Sul do estado, a não ser na BR-101, passava
especialmente por Guarapari, Setiba, enfim, tudo
era passado pela Barra, pela ponte da Barra.
Depois da Rodovia do Sol que pararam de utilizar
muito a ponte.
Então, dá um take aqui, por favor, nesse
cartaz. Hoje, 19h, na Escola Tuffy Nader, na Barra
do Jucu, estaremos fazendo essa audiência pública.
Convido a população em geral, especialmente os
barrenses, que já foram convidados, para
apresentarem uma proposta da Ponte da Madalena.
Nós queremos, também, convidar,
especialmente, e estará lá, Kleber Galvêas, que
mora na Barra; Mestre Vitalino, que faz as casacas,
que mora na Barra; nossa querida Neymara
Carvalho, que é pentacampeã de bodyboard, que
mora na Barra; Paulo de Paula, que mora na Barra;
queremos convidar Deni, que é presidente do
Movimento Comunitário da Barra; e especialmente
a Deputada Eliana Dadalto, que mora em Linhares
e talvez não possa comparecer.
Nada mais havendo a tratar, dou por
encerrada a nossa reunião, convidando a todos para
a próxima, que será, ainda, a definir, pelo recesso
que deverá começar amanhã, ou então nós
estaremos aqui na primeira terça-feira de agosto.
Muito obrigado a todos, especialmente à
TV Ales com seus competentes cinegrafistas, com
a nossa querida competente jornalista, nossa
apresentadora Gabriela.
Obrigado e bom dia a todos!
(Encerra-se a reunião às
19h38min)
OITAVA REUNIÃO ORDINÁRIA, DA
QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA, DA DÉCIMA OITAVA
LEGISLATURA, DA COMISSÃO DE
SEGURANÇA E COMBATE AO CRIME
ORGANIZADO, REALIZADA EM 28 DE
MAIO DE 2018.
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - Havendo número legal, declaro
abertos os trabalhos da Comissão de Segurança e
Combate ao Crime Organizado.
Desejo um bom dia a todos os presentes;
aos representantes da Polícia Técnico-Científica;
aos representantes da PM 96; ao meu querido
amigo Deputado Da Vitória; doutor Matusalém,
nosso procurador, representando à Procuradoria-
Geral em virtude de o doutor Fernando Silva ter
ficado ilhado em Colatina por falta de combustível;
à nossa diretoria de segurança, doutor Cláudio
Victor; ao Zezito Maio, nosso amigo; e aos nossos
colaboradores da Comissão.
Solicito à nossa secretária proceder à
leitura das atas das sessões anteriores.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 141
(A senhora secretária procede à
leitura da ata da sétima reunião
ordinária, realizada em 14 de
maio de 2018)
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - Em discussão.
Não havendo quem queira discutir, em
votação.
Como vota o Senhor Deputado Euclério
Sampaio? (Pausa)
Pela aprovação.
O Deputado Da Vitória?
O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Pela
aprovação.
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - Acompanho.
Ata aprovada a ata como lida.
(A senhora secretária procede à
leitura da ata da primeira
reunião extraordinária, primeira
audiência pública, realizada em
09 de março de 2018)
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - Em discussão.
Não havendo quem queira discutir, em
votação.
Como vota o Deputado Da Vitória?
(Pausa)
Pela aprovação.
O Deputado Euclério Sampaio? (Pausa)
Pela aprovação.
Acompanho.
Ata aprovada como lida.
A SR.ª 1.ª SECRETÁRIA lê:
Correspondências recebidas:
OFÍCIO/CS/Nº 010/2018 encaminhado
pelo Senhor Gustavo de Barros Sant’ana, Vice-
Diretor Presidente do Movimento Comunitário de
Santa Clara e a Senhora Tânia Mara da Silva
Tagarro - Membro da Comissão de Segurança do
Movimento da Comunidade de Santa Clara,
convidando os excelentíssimos senhores deputados
para uma reunião no dia 13 de junho, no horário de
20h às 22 h, local a definir, para tratar do tema
Segurança Pública no Bairro de Santa Clara.
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - Este ofício não foi endereçado
para este presidente. Não sei se a assessoria
observou Ao Senhor Deputado Estadual Gilsinho
Gomes. Portanto, não foi endereçado à minha
pessoa. Mas, mesmo assim, em homenagem ao
movimento, gostaria que vocês dessem a resposta
de que estarei impossibilitado, pois terá uma sessão
solene em homenagem ao doutor José Gilberto de
Barros Faria, nesta Casa, no dia 13, no mesmo
horário.
A SR.ª SECRETÁRIA - (JANDERLEA
CALEZANI SALVADOR) - Foi enviado e-mail
pelo Vereador Dalto Neves, também fazendo o
mesmo convite.
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - Idem a informação.
A SR.ª SECRETÁRIA lê: Ofício/Sindipol
n.º 036/2018 encaminhado pelo senhor Jorge
Emílio Leal, presidente do Sindicato dos
Servidores Policiais Civis do estado do Espírito
Santo, Sindipol/ES, pleiteando reivindicações com
o objetivo da concessão de direitos, garantias e
prerrogativas em prol dos policiais civis.
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - Encaminhe ao excelentíssimo
secretário de Segurança Pública e chefe da Polícia
Civil.
A SR.ª SECRETÁRIA lê: Ofício/Sindipol
n.º 061/2018 encaminhado pelo senhor Jorge
Emílio Leal, presidente do Sindicato dos
Servidores Policiais Civis do estado do Espírito
Santo, Sindipol/ES, solicitando alteração
legislativa, inciso I do artigo 1.º da Lei 8.279/2016,
passando pagamento dia/vencimento, para
dia/subsídio.
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - Encaminhe-se ao excelentíssimo
senhor chefe da Polícia Civil e para o senhor
secretário de Estado da Segurança Pública, bem
como para a Seger.
A SR.ª SECRETÁRIA lê: Ofício/Sindipol
n.º 062/2018 encaminhado pelo senhor Jorge
Emílio Leal, presidente do Sindicato dos
Servidores Policiais Civis do Espírito Santo,
Sindipol/ES, solicitando edição de legislação,
sobre aplicação de descontos na remuneração dos
servidores policiais civis deste Estado, durante
afastamento por motivo de prisão em flagrante ou
decisão judicial provisória, na medida em que
esses atos administrativos vêm contrariando o
disposto no artigo 29, IV, da Lei Complementar n.º
46/94 e demais legislações vigentes.
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - Senhores Deputados, o Sindicato
142 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
da Polícia Civil faz essa solicitação considerando
que os descontos em outros Estados da federação
são no máximo trinta por cento. E mesmo com
prisão provisória do policial civil eles estão
descontando cinquenta por cento do salário. Isso é
um absurdo, Deputado Euclério e Deputado Da
Vitória.
Vamos encaminhar ao excelentíssimo
secretário de Estado da Segurança Pública e pedir
um agendamento com o mesmo para que possamos
discutir pessoalmente essa questão.
Temos outra situação, que é a questão da
moléstia grave. É considerada para os policiais
militares e bombeiro militar, mas para os policiais
civis não, no momento de aposentadoria. Já
fizemos a reivindicação e estamos aguardando o
encaminhamento para esta Casa do projeto de lei
que também garante aos portadores de moléstia
grave que possam se aposentar com todos os seus
benefícios.
Pois não, Deputado Euclério.
O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO - (PSDC)
- Primeiro, bom dia, Deputado Gilsinho, Deputado
Da Vitória e demais presentes!
Quero fazer quorum a V. Ex. ª. Entendo que
é ilegal esse desconto de cinquenta por cento. E
parabenizá-lo por essas medidas que V. Ex.ª
anunciou que a Comissão vai dar ênfase na luta.
É isso, presidente!
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - Deputado Da Vitória.
O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Senhor
Presidente, legislação... Não podemos atuar
desalinhado com as mesmas. Lei é lei, tem que
cumprir. Se quiser, mude a lei. Então, o Governo
não está acima da lei e necessita cumpri-la, a regra
é essa.
O sindicato representa institucionalmente.
Nós estamos aqui representando a sociedade com a
prerrogativa de fazer qualquer mudança na
legislação, mas com o dever e a obrigação de cobrar
do Governo do Estado o cumprimento das mesmas.
Então, V. Ex.ª tem meu total apoio. Se puder me
dispensar na agenda com o Governo eu fico muito
feliz, mas vai ter aqui toda a minha atuação, defesa
em relação aos nossos policiais civis do Espírito
Santo para cumprir essa regra que o Governo está
fazendo. Eu gostaria...
Acho que nem vou afirmar isso porque V.
Ex.ª já está na pauta. Se o que foi praticado em
desacordo com a regra os servidores precisam ser
restituídos. Então, pode contar com o nosso apoio.
Parabéns pela iniciativa.
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - Deputados, realmente tem alguns
entendimentos tanto da Seger quanto da PGE que
diferem da Constituição, diferem das normas
vigentes e nós não podemos aceitar isso. Nós...
Tem alguns benefícios para algumas categorias e
outras não e, inclusive, na questão aqui de acidente
em serviço resultar afastamento superior a cinco
dias será devido ao militar e ao policial civil
indenização por acidente em serviço no valor dia
soldo ou dia vencimento correspondente aos dias
de licença.
Quem recebe por subsídio não entra nesse
diapasão, então, a gente tem que verificar isso.
Estamos encaminhando também para a análise da
Procuradoria.
A SR.ª SECRETÁRIA lê:
OFÍCIO/SII/SESP/N.º 140/2018, encaminhado
pelo Senhor Sérgio Almeida de Mello,
subsecretário de Estado de Integração
Institucional/Sesp, em resposta ao ofício da
Comissão de Segurança n.º 22/2018, referente ao
encaminhamento de representação oriunda da
Assembleia Legislativa em desfavor do Policial
Civil Sérgio Camilo Gomes. Foi encaminhado à
Corregedoria Geral da Polícia Civil do Espírito
Santo para providências conforme documento
anexo.
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - Ciente. Encaminhe-se cópia aos
senhores deputados e arquive-se.
A SR.ª SECRETÁRIA lê:
PROPOSIÇÕES RECEBIDAS:
Não houve no período.
PROPOSIÇÕES DISTRIBUÍDAS AOS
SENHORES DEPUTADOS:
Não houve no período.
PROPOSIÇÕES SOBRESTADAS:
Não houve no período.
PROPOSIÇÃO BAIXADA DE PAUTA:
Não houve no período.
ORDEM DO DIA:
O que ocorrer.
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - Senhores deputados, estamos aqui
com a representação das associações dos peritos
criminais oficiais e quero aqui fazer um registro:
em momento algum este deputado participou de
qualquer reunião que desvie a verba do Bird para
investimento no Afis em troca de construção de
sede ou disso ou daquilo.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 143
Então, eu queria registrar e dizer que fui a
Castelo, Mimoso e Venda Nova com o secretário
de Estado de Segurança Pública, com o chefe da
Polícia Civil e em momento algum isso foi
conversado. Estou do lado de vocês, o dinheiro é
para investimento na área tecnológica. É para
investimento nos profissionais, haja vista que
vocês já deram demonstração inequívoca de
competência e de profissionalismo com a
elucidação do crime do pastor em relação aos seus
dois filhos e em todos os outros crimes que têm
sido apurados com o apoio da Polícia Técnico-
Científica.
Mesmo com a defasagem de policiais vocês
estão dando a sua contribuição, esforçando ao
máximo para poder realizar as perícias mesmo nós
sabendo que em algumas situações faltam
materiais. Mesmo nós sabendo que vocês estão se
desdobrando e nem diárias às vezes estão
recebendo para poder estar lá para dar o resultado
que tem sido um privilégio para o nosso estado na
questão elucidação de crime via Polícia Técnico-
Científica.
Eu estou aguardando já o momento da
autonomia mesmo de vocês para que vocês possam
gerir toda a estrutura da Polícia Técnico-Científica
e que nós possamos ter dias melhores. Eu, ao longo
dos meus quarenta anos de Polícia, ao longo dessa
etapa toda que sempre trabalhei com a Perícia, que
sempre gerou resultados positivos para a
sociedade, positivos para as investigações, e nós só
temos a agradecer.
Podem contar com este deputado e com os
demais deputados, Deputado Da Vitória e
Deputado Euclério Sampaio, que nós não vamos
desvirtuar os valores conquistados. Porque o Jorge,
o Jorjão, tem feito um trabalho junto com o Tadeu
nesse sentido, e com toda a diretoria da associação,
para que possamos ter o Afis, tanto criminal quanto
cível, porque a Polícia Federal já não tem mais
convênio, e isso tem prejudicado, e muito!
Outro dia, num crime que ocorreu em João
Neiva, fui solicitar que fosse realizada comparação
de impressões digitais, tem que ser catalogado uma
a uma, porque não há o convênio.
Então, parabéns a vocês e podem contar
com esses deputados aqui, porque nós não estamos
aqui para remanejar verbas que vieram diretamente
carimbadas para um determinado setor. Então,
fiquem tranquilos, se alguém estiver usando meu
nome ou o nome de algum deputado que nós já
concordamos com isso, não é verdade.
Queria fazer esse registro e passar a
palavra ao Deputado Da Vitória, porque o
Deputado Da Vitória tem um requerimento a fazer
e, junto com o requerimento dele, eu e o Deputado
Euclério também vamos fazer um requerimento em
relação à Polícia Civil.
O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Deputado
Gilsinho, sobre o mesmo tema, esse tema que
chocou nosso estado e nosso país, e virou
referência até fora do nosso país, esse bandido, que
se denomina pastor, e as pessoas ainda ressaltam
que ele é pastor, mas que nunca foi pastor, com
certeza, porque homem de Deus não pratica atos
absurdos como esse, apesar de ser ser humano.
Cumprimento o pastor Messias, que se
encontra aqui, que atua nesta Casa, realmente
saudando, de fato, todos os pastores, que acredito
que já devem estar se organizando até para que
essa referência não seja usada ao cidadão George
Alves, que cometeu aquele bárbaro crime com as
duas crianças de Linhares.
Conversei com V. Ex.ª no decorrer do dia,
já, para que combinasse um encaminhamento, e
que esta Casa, nesta comissão, que é pertinente,
pudesse estar homenageando o trabalho feito por
nossos operadores de segurança pública do Estado
do Espírito Santo, nossos membros da Polícia
Militar, todos que atuaram nesse caso, que
ajudaram a elucidar esse caso, e nossos membros
do Bombeiro Militar.
Estou terminando de fazer um
levantamento de todos os bombeiros e policiais
militares e, junto com V. Ex.ª, também que já
propôs aqui junto com o Deputado Euclério
Sampaio, fazer a todos os membros da Polícia
Civil e suas equipes de trabalho, que deram um
grande exemplo de elucidar um crime como esse,
mostrando o trabalho das instituições, da força
pública do Espírito Santo, transcendendo até suas
obrigações, seu tempo de serviço, mostrando que,
mesmo sem ter todas as condições técnicas de
trabalho, sem ter o efetivo adequado, sem ter, às
vezes, o apoio governamental necessário, e sem
receber o salário digno de um profissional de
segurança pública - como nossos policiais
militares, que recebem o salário mais baixo do país
- fazem um trabalho de excelência. Mostram que
são cidadãos que merecem atuar, merecem o
respeito da sociedade.
E nós, enquanto representantes da
sociedade, e esta comissão, que defende a paz
social, que trabalha pela melhor segurança pública
no Espírito Santo, sinto-me na obrigação de propor
requerer a V. Ex.ª que possamos, aqui, ver o
formato, trazer alguns representantes para
homenageá-los, e encaminhar uma homenagem a
cada um desses representantes. Além disso,
encaminhar aos seus respectivos comandos e
chefias um elogio da Comissão de Segurança, para
que possamos ter, nos seus assentamentos, nas suas
fichas profissionais, um elogio feito pelo povo
capixaba, que nós representamos.
E esta comissão, presidida por V. Ex.ª,
tendo o Deputado Euclério Sampaio como membro
144 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
efetivo, é a comissão pertinente. Somente nós
podemos fazer isso em nome do povo capixaba.
Então, esta Casa representa a sociedade capixaba e
nada mais do que fazer justiça e homenagear esses
profissionais que deram, pelo menos, uma luz de
conforto ao cidadão capixaba que observava a
atrocidade cometida com essas duas famílias, com
essas duas crianças que a gente nunca imaginava
que poderia ser no formato que foi desenrolado e
apresentado.
Eu recebi várias ligações no decorrer do
dia, quando aconteceu esse crime. Hoje, foi uma
experiência de vida para mim, Tadeu. Eu liguei
para o doutor Danilo Bahiense - não posso deixar
de falar - para que pudesse acelerar a liberação dos
corpos, porque foi tanto pastor que me ligou e
lideranças políticas que me ligaram, porque o
movimento do bandido, ele também foi forte,
porque se libera, Deputado Euclério Sampaio, se
houvesse possibilidade disso acontecer, pode ser
que não chegava à elucidação no formato que
chegou, no tempo que chegou.
Então, nós aqui também, às vezes, de boa
intenção, erramos enquanto parlamentares pedindo
que acelere esses procedimentos que têm um rito,
que têm um formato, que têm uma tradição. Nós
somos leigos no assunto, não entendemos nada
disso. Apesar de sermos da segurança pública, não
somos especialistas da área.
Parabenizo, em nome de todos os técnicos
da Polícia Civil, o doutor Danilo Bahiense que, de
forma habilidosa, humilde, mas com sua liderança,
me retornou a ligação e falou: Deputado, esse é um
crime que a gente não tem possibilidade de poder
fazer a liberação nesse formato. Nós precisamos
buscar toda informação possível e só fazemos isso
através do procedimento da polícia técnico-
científica. Assim, nós respondemos às pessoas e
ainda bem que temos profissionais de alta
capacidade como temos na Polícia Civil, no Corpo
de Bombeiros e na Polícia Militar.
Então, Deputado Gilsinho, sei que já era da
vontade de V. Ex.ª, estava também buscando já
fazer isso, e acho que a Comissão é o local
adequado para a gente trazer aqui e o povo
capixaba homenagear isso. A minha proposta é que
seja feita na próxima sessão, na outra segunda-
feira. Gostaria de submeter a V. Ex.ª e ao
Deputado Euclério Sampaio os levantamentos da
Polícia Militar e do Bombeiro Militar. Entrego a V.
Ex.ª no decorrer desta semana.
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - Deputado Da Vitória, é importante
essa homenagem aos profissionais que atuaram
nesse caso. A Diretoria das Comissões já fez uma
comunicação que nós teríamos que entregar essa
pauta até amanhã. Mas, na próxima segunda-feira,
não vou estar presente, mas se vocês quiserem, o
Deputado Euclério, vice-presidente, preside a
sessão, porque vou estar chegando aqui por volta
de 14h. Vou viajar na sexta-feira, volto na segunda
à tarde. Mas, se vocês quiserem, o Deputado
Euclério preside e vou me sentir representado.
O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Nós
propusemos aqui para deixar para a outra segunda-
feira. A Sara que está aqui. Não é feriado na outra
segunda.
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - Não, dia 11 não é feriado.
O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Não é.
Então, a presença de V. Ex.ª é muito importante
para nós aqui.
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - Então, fica para o dia 11 e V. Ex.ª
pede a relação dos policiais militares e bombeiro
militar. Deputado Euclério Sampaio, o delegado
Daré já passou o nome para mim de todos os
policiais, mas a gente vai conferir para saber se não
está faltando alguém. Vamos pedir para emitir o
certificado e também fazer o elogio para todos. O
elogio, tão logo chegue a relação, nós já vamos
deliberar agora, neste exato momento, e tão logo
chegue a deliberação, a gente possa estar
encaminhando ao secretário de Estado de
Segurança Pública para assentamento nas fichas
funcionais dos respectivos profissionais que
trabalharam.
Então, fica estabelecido para o dia 11 a
nossa sessão. Vai ser apenas uma sessão para
homenagem aos profissionais que atuaram nesse
caso. Deputado Euclério.
O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO - (PSDC)
- Pela ordem, senhor presidente! Sou favorável,
claro, porque temos que incentivar aqueles
policiais que se dedicam no desempenho da sua
função. Quanto à questão da perícia que V. Ex.ª
disse, tenho certeza de que nenhum membro da
Comissão, nem V. Ex.ª e nem ninguém, vai pensar
em tirar dinheiro, remanejar verba da perícia.
Porque interessa tirar verba da perícia e uma
perícia deficitária, é aquele, é a criminalidade.
Hoje, qualquer país de primeiro mundo investe na
perícia, porque você tem uma elucidação mais
rápida e com isso você combate um crime e tira,
desestimula que pratique mais. Hoje, com uma
perícia fraca, o cara vai querer praticar mais
crimes.
Então, tenho certeza de que se a gente
puder, a gente coloca verba para a perícia, para que
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 145
ela avance cada vez mais. Aliás, temos uma das
melhores perícias do país, é a do Espírito Santo.
Então, na pessoa do Tadeu, estou
elogiando, fazendo referência a todos os
profissionais da perícia da Polícia Civil do Espírito
Santo. Estão de parabéns. Temos certeza de que
temos que pedir para que mais verbas sejam
enviadas para a perícia e que ela avance cada vez
mais, senhor presidente.
No dia 11, inclusive, à noite, vai ter uma
sessão solene em homenagem à Polícia Civil, aqui,
Deputado Gilsinho. Tenho certeza de que V. Ex.ª
vai estar presente.
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - Com toda a certeza, prestigiando
V. Ex.ª.
O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO - (PSDC) - Não, vai ser feita em conjunto.
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - Mas prestigiando V. Ex.ª, que é o
autor ao longo desses anos todos. Mesmo eu tendo
assumido a presidência, V. Ex.ª continua e eu
sempre tenho prestigiado, porque V. Ex.ª contribui
em todos os projetos que são de interesse da
Polícia Civil.
Tenho dito para os colegas da Polícia Civil,
mesmo V. Ex.a fazendo o trabalho de oposição
aqui, V. Ex.a tem votado em todos os projetos. V.
Ex.ª merece respeito dos policiais civis, V. Ex.ª
tem o meu respeito. Sempre digo em todas as
reuniões: o Deputado Euclério Sampaio nunca
deixou de votar em nenhum projeto da polícia.
Nesse projeto, o último, que foi a questão
da derrubada do veto, o Deputado Euclério já tinha
posição formada e disse para todos os segmentos
que seriam só beneficiados os delegados de polícia,
auditores e coronéis da Polícia Militar. E ele votou
contra. Eu votei a favor da derrubada do veto. Mas
ele votou contra.
O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO - (PSDC) - Eu não votei contra, não. Eu estava em Linhares.
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - Ele não estava presente.
O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO - (PSDC) - O meu pensamento era esse mesmo.
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - Mas se estivesse presente, iria
votar contra, porque já tinha dito que iria votar
contra e tem personalidade. Isso que é importante.
Então, nós três aqui - eu, o Deputado Da
Vitória e o Deputado Euclério Sampaio -, que
sempre estamos participando da Comissão, não
temos divergências nenhuma. Muito pelo contrário,
temos uma união sadia e em defesa do organismo
de segurança pública.
Se o presidente, o Renan ou o Tadeu
quiserem fazer uso da tribuna, está à disposição.
Nós temos ainda vinte e dois minutos.
O SR. ANTÔNIO TADEU NICOLETTI - Excelentíssimos senhores Deputados, Gilsinho
Lopes, presidente da Comissão, Deputado Euclério
Sampaio e Deputado Da Vitória. Estou falando o
nome, enquanto ele está sorrindo. Os colegas da
perícia, o colega Renan, a Fabi e o Mutz, colega
esse, inclusive, que participou diretamente da
resolução do caso em Linhares, senhoras e
senhores presentes.
Deputado Gilsinho e Deputado Euclério,
gostaríamos de estar colocando algumas coisas.
Primeiro, era essa questão da verba do Bird, mas já
esclarecido aqui pelo Deputado Gilsinho. A
segunda questão, Deputado Gilsinho, é referente à
distribuição das gratificações de chefia, no âmbito
da SPTC, porque com essa reformulação do quadro
organizacional da polícia, de duzentas e quarenta e
duas gratificações foram destinadas à SPTC,
Superintendência da Polícia Técnico-Científica,
apenas seis dessas gratificações. E conjuntamente
com uma demora na definição da estrutura da
SPTC, que nós já havíamos apresentado, também
até hoje não saiu e isso vem ocasionando, não sei
por quais motivos do atraso, mas vem ocasionando
esses problemas. Então, nós gostaríamos de estar
solicitando, requerendo do Governo do Estado, que
essa situação seja solucionada o quanto antes
porque há uma grande insatisfação. Nós temos
vários colegas da perícia exercendo as funções de
chefia sem a respectiva contrapartida. E o critério
de distribuição, que nós entendemos que não foi
um critério que albergou a perícia da forma como
nós entendíamos ser um critério justo.
Uma coisa, Deputado Gilsinho, que eu
gostaria de estar colocando, é uma coisa de fora,
não sei se V. Ex.ª está acompanhando, mas é uma
coisa que nós reputamos como grave. É essa
questão do julgamento da Adin 5039, que está
colocando ali em questão a integralidade e a
paridade para os policiais na aposentadoria. Então,
é algo que nós entendemos que é muito grave. Nós
estamos vendo que tem várias entidades de
policiais fazendo a defesa ali no Supremo Tribunal
Federal, o voto do ministro relator foi contra uma
legislação lá do estado de Rondônia, ou seja, nós
estamos com uma grande preocupação para que os
policiais civis não venham a perder a integralidade
e a paridade decorrente de interpretações jurídicas,
de legislações, que causam prejuízos incalculáveis
para a categoria, para os policias. Porque tem que
146 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
se regulamentar as aposentadorias dos servidores
que atuam sob risco, e no caso aqui, nós estamos
falando dos policiais civis, algo que há anos se
demora a fazer e, se reconhecendo que alguns
critérios exigíveis para se atingir a integralidade e
paridade, por exemplo, trinta e cinco anos de
serviço para homens e trinta anos para as mulheres,
não vão ser alcançados pelos policiais civis porque
se trata de uma aposentadoria especial com base no
risco - risco de vida. Mas, não se pode retirar da
categoria esse direito porque não se pode punir o
policial porque ele tem uma aposentadoria especial
decorrente do risco que ele corre. Então, a gente
gostaria de estar pedindo isso, Deputado Gilsinho,
ver se de alguma forma a gente poderia estar
auxiliando lá nesse julgamento, apresentando. O
partido de V. Ex.ª e do Deputado Euclério também
está tentando ingressar, para estar fazendo essa
defesa porque está muito na mão das entidades de
classe, para que desse julgamento não decorra um
prejuízo terrível para os policiais, deputado, até
com tentativas de não garantias de integralidade
para paridade tanto para quem vai se aposentar, ou
para policiais que já se encontram nessa situação.
Esse é um pedido que a gente gostaria de fazer.
A questão da verba do BID, Deputado
Gilsinho, V. Ex.ª explicou, e nós gostaríamos de
estar participando, inclusive. Que nós soubemos
que estava na Secretaria de Direitos Humanos e
parece que foi encaminhado para a Sesp. Inclusive,
as próprias entidades estão participando dessa
destinação da verba para aplicação na perícia, para
estar contribuindo e, também, de certa forma,
apresentando sugestões e fiscalizando. Enfim, isso
nós gostaríamos de estar requerendo ao secretário
de Segurança.
Por fim, nós gostaríamos de parabenizar os
colegas da perícia, todos os demais colegas aqui,
como o Deputado Euclério falou, das outras
instituições, policiais militares e os colegas
policiais civis também, todos, investigadores,
delegados, não só pela resolução desse caso, que
foi um caso emblemático, o caso de Linhares, mas
pelo trabalho no dia a dia. Todas as equipes estão
aí pelas ruas, no dia a dia. Alguns não são casos de
grande repercussão, então não tem toda essa
divulgação. Mas os policiais civis, os peritos da
Polícia Técnico-Científica estão trabalhando,
diuturnamente, para dar as respostas no tempo
mais rápido possível. Às vezes, como o Deputado
Da Vitória colocou, a sociedade exige uma
resposta que está, muitas vezes, aquém da
metodologia que está sendo utilizada para
apresentar as respostas exigidas.
Mas nós estávamos ali trabalhando, dia e
noite, os colegas trabalhando dia e noite e
incansavelmente, para que se chegasse a essa
resposta que hoje é conhecida da população e que
deu para a sociedade condições de estar
conhecendo um pouco do trabalho que realizamos,
dia a dia, em prol da população capixaba.
A questão da insalubridade, Deputado
Gilsinho, que teve a lei, já vai para quase oito
meses a questão da insalubridade, o pagamento da
gratificação de insalubridade para a perícia.
O último andamento de que nós soubemos,
agora também, já havia sido encaminhado para a
Sesp. Algo, também, a que ficamos sem ter acesso;
as entidades representativas ficam também sem ter
acesso. Ninguém sabe o que dizer e oito meses
para se definir. Já foram realizados os laudos dos
locais em que se constataram as condições, o grau
de insalubridade, as condições de insalubridade, o
grau de insalubridade devido para cada local. E, até
este momento, oito meses passados da edição da lei
pelo Governador Paulo Hartung, concedendo a
gratificação de insalubridade, ainda não foi paga a
insalubridade, e não se obtém respostas para essa
questão.
Então, gostaríamos de solicitar,
requerendo, também, aos setores do Governo que
essa questão seja resolvida. Oito meses para estar
pagando uma questão que já foi praticamente
definida. A metodologia de pagamento é algo,
também, bem contundente e inexplicável. Nós
gostaríamos de estar cobrando isso e que seja
efetivado o mais urgentemente possível.
Então, estamos, nesse momento lá, na
perícia, sem a questão das gratificações, da divisão
das duzentas e quarenta e duas gratificações, a
SPTC ficar com seis. Estamos com essa questão da
insalubridade e estamos querendo, também,
Deputado Gilsinho... Estávamos num processo, o
Deputado Da Vitória estava falando do salário dos
policiais militares, que seriam os menores do país.
Estamos aqui, no Espírito Santo, também, com o
salário dos peritos que está no último lugar, no
Brasil.
Não estamos, aqui, falando, se é de
Governo A ou B ou C, enfim, é uma questão que
vem ao longo dos anos e que culminou com isto:
o menor salário do país. Em estados, inclusive,
até mais pobres que o Espírito Santo, e a perícia
do Espírito Santo tem até dificuldade de estar
regimentando, nos concursos, pessoas com a
qualidade exigida, para estar atuando na perícia,
e que essas pessoas, depois, se mantenham no
cargo, porque grande parte dos colegas vão na
base da dedicação mesmo.
Estamos com caso dos colegas, diante da
insatisfação, com pedido de exoneração no
bolso, para pedir a qualquer momento e fazem
esse trabalho em prol da sociedade como um
sacerdócio, porque as pessoas querem dar
resposta, têm compromisso com a população.
Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 147
E solicitamos, também, do Governo o
reinício das negociações para estarmos
trabalhando, tentando encontrar maneiras de estar
valorizando a perícia oficial do estado do Espírito
Santo. Senão jogando lá para os melhores salários
praticados no país, mas pelo menos com níveis
compatíveis com a importância econômica e a
disponibilidade do estado do Espírito Santo. Que a
comissão para tratar dessa questão seja retomada.
Nós tivemos lá a palavra do Governo de
que, acabada a questão do reajuste anual de todos
os servidores - que foi a questão dos cinco por
cento - imediatamente, na semana subsequente,
essa questão seria retomada, e acabou que não o foi
até o presente momento, já passados dois meses.
Nós solicitamos também que isso seja retomado
para que nós estejamos estudando, apresentando as
nossas propostas e tentando encontrar uma saída
junto com o Governo para ir valorizando a perícia,
para que profissionais de qualidade permaneçam
na perícia, para que mais desses profissionais
ingressem na perícia, para que nós possamos estar
cada vez mais dando respostas, tanto em qualidade,
quanto em rapidez para a população - que a
população exige -, nos trabalhos que nós prestamos
para a população capixaba. Aí contamos, como
sempre estivemos contando, em todas as nossas...
Em tudo o que nós apresentamos aqui na Comissão
de Segurança, com o apoio dos deputados Euclério,
Da Vitória, Gilsinho Lopes.
E, depois, estarmos trabalhando essa
questão, Deputado Gilsinho Lopes, da autonomia,
que V. Ex.ª colocou, da autonomia ampla da
perícia oficial. Mas com as garantias, porque nós
recebemos esse tipo de situação. Não é sair por
sair, é uma autonomia que se busca, mas é uma
autonomia com segurança, é uma autonomia com
as garantias legais. Não é sair, não é uma disputa.
É uma autonomia... Por exemplo, aqui, hoje, nós
temos dentro da própria polícia uma autonomia em
que nós estaremos a partir do mês que vem, sob o
comando da Superintendência de Polícia Técnico-
Científica. O superintendente deixa de ser um
delegado e passa a ser um perito da área. Algo que
também foi alcançado agora, neste Governo, uma
luta de muitos anos que a perícia estava buscando.
Mas que seja uma autonomia efetiva e não uma
autonomia para inglês ver. Que seja uma
autonomia efetiva.
A perícia busca uma autonomia efetiva.
Não é fora, nem dentro, de tal ou qual órgão, é ser
parceiro do órgão que nós estamos trabalhando
lado a lado, mas que tenha aquela via de mão
dupla, o respeito mútuo. Porque a nossa intenção é,
ao assumir a SPTC, é estar realizando um trabalho
no mínimo igual. Mas tentar fazer melhor do que
vem sendo feito, do que foi feito, valorizando,
apoiando o colega que assumir, de todas as formas,
para que nós possamos estar caminhando cada vez
mais fortes, dando respostas para a sociedade,
valorizando a perícia oficial do estado do Espírito
Santo.
Obrigado, deputados, pela palavra. Bom-
dia a todos.
O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO - (PSDC)
- Senhor Presidente, pela ordem!
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - Com a palavra o Deputado
Euclério Sampaio.
O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO - (PSDC)
- Só deixar aqui os meus parabéns para o Tadeu,
que tem demonstrado, realmente, que é um grande
sindicalista, tem lutado pela categoria, isso desde a
época em que eu o conheço. E não são poucos anos
não; não é, Tadeu? Parabéns.
O SR. ANTÔNIO TADEU NICOLETTI
- São muitos. Obrigado.
O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO - (PSDC)
- No que depender da gente, pode contar com a
gente.
O SR. ANTÔNIO TADEU NICOLETTI
- Vindo de V. Ex.ª é sempre uma honra, porque é
um parceiro da gente há muitos anos. Há tantos
anos, deputado, V. Ex.ª acompanha. E é partícipe
de todas as nossas lutas também.
O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO - (PSDC)
- Pode ter certeza de que a honra é minha.
O SR. ANTÔNIO TADEU NICOLETTI
- Obrigado.
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - Tadeu, pode ter certeza de que nós
iremos acompanhar a questão da autonomia. Tem
que ser uma autonomia sem ingerências. Porque
nós já estamos tirando comando de um delegado,
porque sempre vocês ficaram submissos aos
delegados. Então: eu sou delegado de polícia, mas
eu entendo que tem que ter um profissional da área
no setor, que converse com o setor, que se entenda
com o setor. E essa união de vocês, tanto dos
peritos criminais, toxicológicos, dos peritos
papiloscópicos, dos peritos em telecomunicações,
que foi feita essa junção, isso é uma demonstração
que vocês amadureceram ao longo dos anos, e
possibilitou que a gente apresentasse esse projeto.
E, ninguém, ninguém vai fazer ingerência no setor
de vocês. Vocês terão autonomia.
Com relação às funções gratificadas, vou
conversar com o chefe da Polícia Civil no sentido
148 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018
de ampliar esse número, porque a gente sabe que
tem outros profissionais merecedores da função
gratificada e não apenas em gabinetes, não apenas
em outros setores da polícia. Isso porque, também,
o superintendente tinha que indicar. Talvez não
tenha indicado alguns outros nomes, mas a gente
sabe dos profissionais éticos, competentes que
temos na instituição.
Com relação à Adin, vou estar hoje, com o
Senador Magno Malta, como você mesmo fez a
solicitação. Vamos pedir para que ele possa marcar
uma audiência com o ministro no sentido de nós
estarmos conversando sobre essa demanda que é
muito, muito, muito esquisita. Num momento
desses, eles mudarem a regra do jogo.
E tem a questão, também, da insalubridade.
Vou conversar com o chefe da Polícia Civil que,
além de vocês, dos policiais civis que merecem,
ainda tem a Deten, que tem que ser incluída,
porque já foi feito o laudo, a Secretaria de Saúde já
fez o laudo e também a Dame, que já foi feito o
laudo, também, para ser incluído, para receber a
insalubridade. Mas, se até agora não estão
recebendo, fica muito difícil. Mas vamos conversar
com o chefe da Polícia Civil ainda hoje. Eu e o
Deputado Euclério Sampaio vamos conversar com
ele e vamos pedir para acelerar essas questões.
Deputado Euclério Sampaio.
O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO - (PSDC)
- Pela ordem, Senhor Presidente! Queria deixar
registrado sobre essa questão de Linhares. Em
todas as funções, todas as profissões têm os bons e
os maus, agora, esse sujeito, que a imprensa gosta
de rotular como pastor, não pertence à convenção
nenhuma. Ele é pastor dele mesmo. Ele mesmo se
ordenou pastor. Tem bandido na política,
infelizmente, também na polícia. Em todos os
lugares, têm os bons e os maus. E na Igreja, também,
Tadeu, não é diferente.
Agora, o sujeito vem de fora, fugindo, chega
à cidade, monta uma igreja, diz que é pastor e não é
registrado em convenção nenhuma. Quem o declarou
pastor? Foi ele mesmo, gente! E todas as igrejas
vão arcar com as consequências de um ato
desses? Não vou nem chamar de cidadão, um
sujeito. Porque é inadmissível, na minha cabeça
não consegue entrar, Deputado Gilsinho, que um
pai tenha coragem de fazer uma maldade com
uma criança. Ainda mais, nesse caso.
Então, quero deixar aqui, porque alguma
parte da imprensa gosta de botar pastor, mas ele é
pastor dele mesmo. Não é pastor de uma convenção,
de uma igreja, realmente, que é respeitada, entendeu?
Quero deixar isso aqui.
Outra coisa, Deputado Gilsinho, agora para
descontrair, eu estava com problema de garganta e
olha o que me melhorou: bala de gengibre - quero
que a câmara pegue - bala de gengibre Casagrande.
Melhora até a garganta, Deputado Gilsinho.
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - Tem supermercado Casagrande,
tem outros comércios também. E essa bala é muito
boa, gostaria que V. Ex.ª me desse uma.
O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO - (PSDC)
- Já acabou, mas quero dizer que vai melhorar
tudo. Vai melhorar até, futuramente, o salário dos
policiais, dos professores. Vai melhorar, Deputado
Gilsinho.
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - A bala?
O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO - (PSDC)
- É. V. Ex.ª entendeu. Obrigado, Senhor
Presidente.
O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO
LOPES - PR) - Tadeu, pode ter certeza que vamos
estar juntos nessa luta. O Deputado Euclério
precisa se retirar, agradeço a participação.
Nós conseguimos botar todos os
requerimentos que estavam na pauta e temos, para
o próximo dia 11, uma sessão, onde serão
homenageados todos os profissionais que
funcionaram no caso desse cidadão Georgeval. Se
podemos assim chamar de cidadão ou de maluco
ou de psicopata, monstro.
Então, quero fazer o registro, porque o
Deputado Da Vitória fez essa solicitação, mas
temos n casos solucionados pela Polícia Civil, pela
Polícia Militar e, com auxílio da nossa perícia, que
hoje a maioria dos profissionais têm se
especializado com os próprios recursos, indo fazer
cursos fora. Tem peritos nossos que estão indo dar
palestras em outros países. Isso é sinônimo que
temos uma perícia eficiente e uma perícia
comprometida com a coisa pública. Mas queremos
agradecer a todos os policiais que trabalham sem
condições nenhuma e trazem os resultados.
A Polícia Civil do estado do Espírito Santo
é a que mais apura crimes no país. As estatísticas
são de oito a dez por cento das apurações, no nosso
estado é de quarenta a cinquenta por cento. Há o
cometimento do crime, estamos com o índice de
crimes alarmante, mas também a resolução é muito
boa e por isso os policiais estão de parabéns.
Vamos encerrar a sessão, antes, porém,
convocamos os senhores deputados para a
próxima, que será ordinária, no dia 11 de junho, às
11h.
Está encerrada. Deus nos abençoe.
(Encerra-se à reunião às
12h01min)
DIÁRIO OFICIAL
PODER LEGISLATIVO
CPI/CE
CPI da Sonegação de Tributos (Res. Nº 3.937/15, aditada pela Res. Nº 4.349/16) Presidente: Dep. Enivaldo dos Anjos (PSD) Vice-Presidente: Dep. Pr. Marcos Mansur (PSDB) Relator: Dep. Marcelo Santos (PDT) Efetivos: (02 (dois) vagas). Suplentes: Sergio Majeski (PSB).
CPI da Máfia dos Guinhos (Res. Nº 3.941/15, aditada pela Res. Nº 4.348/16) Presidente: Dep. Enivaldo dos Anjos (PSD) Vice-Presidente: Dep. Marcelo Santos (PDT) Relatora: Dep. Janete de Sá (PMN) Efetivos: Dep. Raquel Lessa (PROS), 01 (uma) vaga. Suplentes: Dep. Luzia Toledo (MDB).
CPI dos maus tratos contra os animais Presidente: Dep.Janete de Sá (PMN) Vice-Presidente: 01 (uma) vaga. Relator: Dep. Gildevan Fernandes (PTB) Efetivos: Dep. Amaro Neto (PRB), Dep. Marcos Bruno (REDE), Dep. Pr. Marcos Mansur (PSDB) Suplentes: Dep. Luzia Toledo (MDB), Dep. Eliana Dadalto (PTC), Dep. Raquel Lessa (PROS), Dep. Gilsinho Lopes (PR). 01 (uma vaga). CPI da Grilagem Presidente: Dep. Euclério Sampaio (PSDC) Vice-Presidente: Dep. Gilsinho Lopes (PR) Relator: Dep. Bruno Lamas (PSB) Efetivos: Dep. Marcelo Santos (PDT) e Dep. Hudson Leal (PRB) Suplentes: Dep. Da Vitória (PPS), Dep. Freitas (PSB). 01 (uma) vaga.
CPI do Fundap (Res. Nº 4.607/17) Presidente: Dep. Gildevan Fernandes (PTB) Vice-Presidente: Dep. Sandro Locutor (PROS) Relator: Dep. Gilsinho Lopes (PR) Efetivos: Dep. Pr. Marcos Mansur (PSDB) Dep. Rodrigo Coelho (PDT) e Dep. Luzia Toledo (MDB). Suplentes: Dep. Amaro Neto (PRB), Dep. Nunes (PT), Dep. Janete de Sá (PMN), Dep. Enivaldo dos Anjos (PSD), Dep. Dary Pagung (PRP) e Dep. Jamir Malini (PP).
CE do Petróleo, Gás e Energia (Res. Nº 3.932/15) Presidente: Dep. Marcelo Santos (PDT) Vice-Presidente: Dep. Gilsinho Lopes (PR) Relator: Dep. Hudson Leal (PRB) Efetivos: Suplentes: Dep. Luzia Toledo (MDB), e Dep. Padre Honório (PT) CE do Granito e Rochas Ornamentais (Res. Nº 3.934/15) Presidente: Dep. Enivaldo dos Anjos (PSD) Vice-Presidente: Dep. Freitas (PSB) Relator: Dep. Da Vitória (PPS) Efetivos: Suplentes: Dep. Bruno Lamas (PSB) e Dep. Euclério Sampaio (PSDC).
CE da Concessionári ECO 101 (Res. Nº 3.949/15) Presidente: 01 (uma) vaga. Vice-Presidente: Dep. Eliana Dadalto (PTC) Relator: Dep. Freitas (PSB) Efetivos: 02 (duas) vagas. Suplentes: Dep. Bruno Lamas (PSB)
CE da Crise Hídrica Presidente: Dep. Nunes (PT) Vice-Presidente: Dep. Relator: Dep. Marcos Bruno (REDE) Efetivos: Suplentes: Dep. Padre Honório (PT) e Dep. Luzia Toledo (MDB) CE dos 11,98% (Res. Nº 3.990/15) Presidente: Dep. Enivaldo dos Anjos (PSD) Vice-Presidente: Dep. Gilsinho Lopes (PR) Relator: Dep. Sergio Majeski (PSB) Efetivos: Suplentes: Dep.Pr. Marcos Mansur (PSDB). CE dos Resíduos Sólidos (Res. Nº 4.112/15) Presidente: Dep. Marcos Bruno (REDE) Vice-Presidente: Dep. Relator: Dep. Bruno Lamas (PSB) Efetivos: Suplentes: Dep. Padre Honório (PT) e Dep. Freitas (PSB). CE das Divisas Municipais no ES (Res. Nº 4.503/16) Presidente: Dep. Nunes (PT) Vice-Presidente: Dep. Enivaldo dos Anjos (PSD) Relator: 01 (uma) vaga. Efetivos: Suplentes: Dep. Padre Honório (PT) e Dep. Freitas (PSB). CE do Desenvolvimento do Sul (Res. Nº 4.604/17) Presidente: Dep. Rodrigo Coelho (PDT) Vice-Presidente: Dep. Pr. Marcos Mansur (PSDB) Relator: Efetivos: Suplentes: Dep. Amaro Neto (PRB), Dep. Doutor Hércules (MDB) e Dep. Janete de Sá (PMN). CE dos Processos dos Policiais Militares (Res. Nº 4.608/17) Presidente: Dep. Gilsinho Lopes (PR) Vice-Presidente: Dep. Da Vitória (PPS) Relator: Dep. Jamir Malini (PP) Efetivos: Suplentes: Dep. Padre Honório (PT), Dep. Eliana Dadalto (PTC), Dep. Dr. Rafael Favatto (PATRI), Dep. Marcelo Santos (PDT) e Dep. Luzia Toledo (MDB).
CE da Reforma da Previdência Social (Res. Nº 4.609/17) Presidente: Dep. Da Vitória (PPS) Vice-Presidente: Dep. Nunes (PT) Efetivos: Suplentes: Dep. Rodrigo Coelho (PDT), Dep. Pr. Marcos Mansur (PSDB) e Dep. Marcos Bruno (REDE).
.
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
SECRETARIA-GERAL
JOEL RANGEL PINTO JÚNIOR Diretor-Geral
CARLOS EDUARDO CASA GRANDE Secretário-Geral da Mesa
RAFAEL HENRIQUE GUIMARÃES TEIXEIRA DE FREITAS Procurador-Geral
FABIANO BUROCK FREICHO Secretário de Gestão de Pessoas
JEFERSON GONÇALVES FERREIRA Secretário de Comunicação Social
FERNANDO VAILANT SÁ PRADO CARREIRO Chefe de Comunicação Social da Presidência
TATIANA SOARES DE ALMEIDA
Subdiretora-Geral
RICARDO BENETTI FERNANDES MOÇA Subprocurador-Geral
DIRETORIAS LEGISLATIVAS
MARCELO SIANO LIMA Diretor das Comissões Parlamentares
MARCUS FARDIN DE AGUIAR Diretor de Processo Legislativo
WANDERSON MELGAÇO MACEDO Diretor de Redação
JOÃO MANOEL MIRANDA NUNES Diretor da Procuradoria
PAULO MARCOS LEMOS Diretor de Taquigrafia Parlamentar
JONSTON ANTÔNIO CALDEIRA DE SOUZA JÚNIOR Diretor de Tecnologia da Informação
DENILSON JOSE DE OLIVEIRA Diretor de Documentação e Informação
JOSÉ ROBERTO SILVA HERNANDES Diretor da Consultoria Temática
SEBASTIÃO DA SILVEIRA CARLOS NETO Diretor de Infraestrutura e Logística
CLAUDIO VICTOR Diretor de Segurança Legislativa
JANAÍNA DO NASCIMENTO VALOIS Diretora de Finanças
ANDRE GOMES GIORI Diretor de Controle Interno