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ANO LII – VITÓRIA-ES, TERÇA-FEIRA, 14 DE AGOSTO DE 2018 – Nº 8517 – 152 PÁGINAS DPL - Editoração, Composição, Diagramação e Arte-Final 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 18ª LEGISLATURA MESA DIRETORA ERICK MUSSO – PRB Presidente RAQUEL LESSA – PROS 1ª Secretária ENIVALDO DOS ANJOS – PSD 2º Secretário JAMIR MALINI – PP MARCELO SANTOS – PDT 1º Vice-Presidente JANETE DE SÁ – PMN MARCOS MANSUR – PSDB 3º Secretário 2ª Vice-Presidenta 4º Secretário GABINETE DAS LIDERANÇAS DEM - Theodorico Ferraço PDT - Marcelo Santos PT - Nunes PR - Gilsinho Lopes PSB - Freitas PTB – Gildevan FErnandes PSDB – Marcos Mansur PROS - Sandro Locutor PRP - Dary Pagung PATRI - Rafael Favatto PMN – Janete de Sá PTC - Eliana Dadalto PPS - Da Vitória PP - Jamir Malini PSD - Enivaldo dos Anjos PSDC – Euclério Sampaio PRB - MDB REDE – Marcos Bruno RODRIGO COELHO Líder do Governo JAMIR MALINI - PP Vice-Líder do Governo REPRESENTAÇÃO PARTIDÁRIA DEM THEODORICO FERRAÇO. MDB DOUTOR HÉRCULES, JOSÉ ESMERALDO E LUZIA TOLEDO. PT JOSÉ CARLOS NUNES E PADRE HONÓRIO. PR GILSINHO LOPES. PSB BRUNO LAMAS, FREITAS E SERGIO MAJESKI. PDT MARCELO SANTOS E RODRIGO COELHO. PSDB PASTOR MARCOS MANSUR. PRP DARY PAGUNG. PATRI DOUTOR RAFAEL FAVATTO. PMN JANETE DE SÁ. PTC ELIANA DADALTO. PSD ENIVALDO DOS ANJOS E ESMAEL ALMEIDA. REDE MARCOS BRUNO. PROS RAQUEL LESSA E SANDRO LOCUTOR. PP JAMIR MALINI. PPS DA VITÓRIA. PRB AMARO NETO, ERICK MUSSO, HUDSON LEAL E CLAUDIA LEMOS. PTB GILDEVAN FERNANDES. PSDC EUCLÉRIO SAMPAIO. Esta edição está disponível no site: www.al.es.gov.br Endereço: Avenida Américo Buaiz Quadra RC4-B 03 - Enseada do Suá - CEP: 29050-950 Editoração: Simone Silvares Itala (027) - 3382-3666 e 3382-3665 e-mail: [email protected] DIÁRIO OFICIAL PODER LEGISLATIVO

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Page 1: DIÁRIO OFICIAL PODER LEGISLATIVO - Espírito Santo...PODER LEGISLATIVO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO GABINETE DO DEPUTADO GILSINHO LOPES PROJETO DE LEI Nº 216/2018

ANO LII – VITÓRIA-ES, TERÇA-FEIRA, 14 DE AGOSTO DE 2018 – Nº 8517 – 152 PÁGINAS

DPL - Editoração, Composição, Diagramação e Arte-Final

4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 18ª LEGISLATURA

MESA DIRETORA

ERICK MUSSO – PRB Presidente

RAQUEL LESSA – PROS 1ª Secretária

ENIVALDO DOS ANJOS – PSD 2º Secretário

JAMIR MALINI – PP

MARCELO SANTOS – PDT 1º Vice-Presidente

JANETE DE SÁ – PMN

MARCOS MANSUR – PSDB

3º Secretário 2ª Vice-Presidenta 4º Secretário

GABINETE DAS LIDERANÇAS

DEM - Theodorico Ferraço PDT - Marcelo Santos PT - Nunes PR - Gilsinho Lopes PSB - Freitas

PTB – Gildevan FErnandes PSDB – Marcos Mansur PROS - Sandro Locutor PRP - Dary Pagung PATRI - Rafael Favatto

PMN – Janete de Sá PTC - Eliana Dadalto PPS - Da Vitória PP - Jamir Malini PSD - Enivaldo dos Anjos PSDC – Euclério Sampaio PRB - MDB REDE – Marcos Bruno

RODRIGO COELHO Líder do Governo

JAMIR MALINI - PP Vice-Líder do Governo

REPRESENTAÇÃO PARTIDÁRIA

DEM THEODORICO FERRAÇO. MDB DOUTOR HÉRCULES, JOSÉ ESMERALDO E LUZIA TOLEDO. PT JOSÉ CARLOS NUNES E PADRE HONÓRIO. PR GILSINHO LOPES. PSB BRUNO LAMAS, FREITAS E SERGIO MAJESKI. PDT MARCELO SANTOS E RODRIGO COELHO. PSDB PASTOR MARCOS MANSUR. PRP DARY PAGUNG. PATRI DOUTOR RAFAEL FAVATTO. PMN JANETE DE SÁ. PTC ELIANA DADALTO. PSD ENIVALDO DOS ANJOS E ESMAEL ALMEIDA. REDE MARCOS BRUNO. PROS RAQUEL LESSA E SANDRO LOCUTOR. PP JAMIR MALINI. PPS DA VITÓRIA. PRB AMARO NETO, ERICK MUSSO, HUDSON LEAL E CLAUDIA LEMOS. PTB GILDEVAN FERNANDES. PSDC EUCLÉRIO SAMPAIO.

Esta edição está disponível no site: www.al.es.gov.br

Endereço: Avenida Américo Buaiz – Quadra RC4-B 03 - Enseada do Suá - CEP: 29050-950

Editoração: Simone Silvares Itala – (027) - 3382-3666 e 3382-3665 e-mail: [email protected]

DIÁRIO OFICIAL PODER LEGISLATIVO

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DIÁRIO OFICIAL

PODER LEGISLATIVO

COMISSÕES PERMANENTES

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO Presidente: Gildevan Fernandes Vice-Presidente: Luzia Toledo Efetivos: Dary Pagung, Janete de Sá, Rafael Favatto, Marcelo Santos Raquel Lessa e Rodrigo Coelho. Suplentes: Amaro Neto, Bruno Lamas, Esmael Almeida, Sandro Locutor, Padre Honório, Gilsinho Lopes e Pr. Marcos Mansur. (terças-feiras, às 13h30min, Plenário Rui Barbosa)

COMISSÃO DE FINANÇAS, ECONOMIA, ORÇAMENTO, FISCALIZAÇÃO, CONTROLE E TOMADA DE CONTAS Presidente: Dary Pagung Vice-Presidente: Efetivos: Enivaldo dos Anjos, Euclério Sampaio, Jamir Malini, José Esmeraldo e Luzia Toledo. Suplentes: Eliana Dadalto, Esmael Almeida, Freitas, Gildevan Fernandes, Hudson Leal, Marcelo Santos e Nunes. (segunda-feira, às 13h30m, Plenário Rui Barbosa) COMISSÃO DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE E AOS ANIMAIS Presidente: Rafael Favatto Vice-Presidente: Efetivos: José Esmeraldo, Gilsinho Lopes e Sandro Locutor. Suplentes: Amaro Neto, Bruno Lamas, Nunes, e Pr. Marcos Mansur. (terça-feira, às 13h30m, Plenário Rui Barbosa) Reuniões quinzenais. COMISSÃO DE CULTURA E COMUNICAÇÃO SOCIAL Presidente: Marcos Bruno Vice-Presidente: Da Vitória Efetivos: Rafael Favatto. Suplentes: Amaro Neto, Euclério Sampaio e Janete de Sá. (terça-feira, às 9h, Plenário Deputada Judith Leão Castello Ribeiro) Reuniões quinzenais.

COMISSÃO DE EDUCAÇÃO Presidente: Rodrigo Coelho Vice-Presidente: Luzia Toledo Efetivos: Eliana Dadalto, Bruno Lamas e Pr. Marcos Mansur. Suplentes: Hudson Leal, Janete de Sá, Nunes, Padre Honório e Sandro Locutor. (terças-feiras, às 12h, Plenário Deputada Judith Leão Castello Ribeiro)

COMISSÃO DE DEFESA DA CIDADANIA E DOS DIREITOS HUMANOS Presidente: Nunes Vice-Presidente: Padre Honório Efetivos: Claudia Lemos, Gildevan Fernandes e Pr. Marcos Mansur. Suplentes: Enivaldo dos Anjos, Esmael Almeida, Jamir Malini, Dary Pagung e Luzia Toledo. (terça-feira, às13h30m, Plenário Deputada Judith Leão Castello Ribeiro)

COMISSÃO DE SAÚDE Presidente: Doutor Hércules Vice-Presidente: Eliana Dadalto Efetivos: Eliana Dadalto. Suplentes: Gilsinho Lopes e Rafael Favatto. (terça-feira, às 9h, Plenário Rui Barbosa)

COMISSÃO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL, SOCIOEDUCAÇÃO, SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL Presidente: Eliana Dadalto Vice-Presidente: Dr. Hércules Efetivos: Doutor Hércules e Eliana Dadalto. Suplentes: Bruno Lamas, Marcos Bruno, Raquel Lessa.

(quarta-feira, às 12h, Plenário Deputada Judith Leão Castello Ribeiro) Reuniões quinzenais.

COMISSÃO DE COOPERATIVISMO Presidente: Pr. Marcos Mansur Vice-Presidente: Da Vitória Efetivos: Enivaldos dos Anjos. Suplentes: Gildevan Fernandes, Janete de Sá e Sandro Locutor. (terça-feira, às 11h, Plenário Rui Barbosa) Reuniões quinzenais. COMISSÃO DE AGRICULTURA, DE SILVICULTURA, DE AQUICULTURA E PESCA, DE ABASTECIMENTO E DE REFORMA AGRÁRIA Presidente: Janete de Sá Vice-Presidente: Padre Honório Efetivos: Eliana Dadalto, Freitas e Raquel Lessa. Suplentes: Da Vitória, Enivaldo dos Anjos, Hudson Leal, Jamir Malini e Marcelo Santos. (terça-feira, às 10h, Plenário Deputada Judith Leão Castello Ribeiro) COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E DO CONTRIBUINTE Presidente: Euclério Sampaio Vice-Presidente: Sandro Locutor Efetivos: Gilsinho Lopes. Suplentes: Da Vitória, Hudson Leal e Marcelo Santos. (terça-feira, às 11h, Plenário Rui Barbosa) Reuniões quinzenais. COMISSÃO DE SEGURANÇA E COMBATE AO CRIME ORGANIZADO Presidente: Gilsinho Lopes Vice-Presidente: Euclério Sampaio Efetivos: Enivaldo dos Anjos, Jamir Malini e Sandro Locutor. Suplentes: Da Vitória, Eliana Dadalto, Hudson Leal, Marcelo Santos e Pr. Marcos Mansur. (segunda-feira, às 11h, Plenário Dirceu Cardoso)

COMISSÃO DE TURISMO E DESPORTO Presidente: Luzia Toledo Vice-Presidente: Nunes Efetivos: Suplentes: Marcelo Santos e Marcos Bruno. (segunda-feira, às 10h, Plenário Dirceu Cardoso) Reuniões quinzenais. COMISSÃO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA, MINAS E ENERGIA Presidente: Esmael Almeida Vice-Presidente: Jamir Malini Efetivos: Cláudia Lemos e Marcos Bruno. Suplentes: Enivaldo dos Anjos, Gildevan Fernandes, Gilsinho Lopes e Janete de Sá. (terça-feira, às 10h, Plenário Rui Barbosa) Reuniões quinzenais.

COMISSÃO DE INFRAESTRUTURA, DE DESENVOLVIMENTO URBANO E REGIONAL, DE MOBILIDADE URBANA E DE LOGÍSTICA Presidente: Marcelo Santos Vice-Presidente: Jamir Malini Efetivos: Gilsinho Lopes. Suplentes: Dary Pagung, Enivaldo dos Anjos e Janete de Sá. (segunda-feira, às 10h, Plenário Rui Barbosa) COMISSÃO DE POLÍTICA SOBRE DROGAS Presidente: Padre Honório Vice-Presidente: Efetivos: Pr. Marcos Mansur. Suplentes: Amaro Neto, Esmael Almeida e Hudson Leal. (segunda-feira, às 13h, Plenário Judith Leão Castello Ribeiro) CORREGEDORIA GERAL Presidente: Sandro Locutor Vice-Presidente: Jamir Malini Efetivos: Amaro Neto, Gilsinho Lopes e Marcelo Santos. Suplentes: Hudson Leal, Nunes e Pr. Marcos Mansur. (terça-feira, às 18h05m, Plenário Deputada Judith Leão Castello Ribeiro)

DEPUTADO OUVIDOR: AMARO NETO - PRB DEPUTADO OUVIDOR SUBSTITUTO: DA VITÓRIA - PPS

LIGUE OUVIDORIA: 3382-3846 / 3382-3845 / 99531-9393

e-mail: [email protected]

Publicação Autorizada pág. 1 a 19 Atos Legislativos Atos do Presidente Atos Administrativos pág. 19 a 25 Atas das Sessões e das Reuniões das Comissões Parlamentares pág. 26 a 148 Complemento

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 1

PUBLICAÇÃO AUTORIZADA

C O N V O C A Ç Ã O

A MESA DA ASSEMBLEIA

LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO

SANTO, em virtude da ocorrência de uma vaga de

Deputado Estadual prevista nos artigos 303 e 307, II,

do Regimento Interno, com base no artigo 308, I, do

mesmo Regimento, CONVOCA o Sr. Luiz Durão, 1º

suplente da Coligação formada pelo PDT-PT, para

tomar posse no cargo de Deputado Estadual.

PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em 13

de agosto de 2018.

ERICK MUSSO

Presidente

RAQUEL LESSA

1ª Secretária

ENIVALDO DOS ANJOS

2º Secretário

PODER LEGISLATIVO

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

GABINETE DO DEPUTADO GILSINHO LOPES

PROJETO DE LEI Nº 216/2018

Institui o Dia Estadual do Agente de Policia Civil.

A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO

DO ESPÍRITO SANTO

DECRETA:

Art. 1º Fica instituído o dia 14 de outubro como dia

estadual do agente de polícia civil.

Art. 2º Esta lei entra em vigor na data de sua

publicação.

SALA DAS SESSÕES, 09 de agosto de

2018.

GILSINHO LOPES

Deputado Estadual

JUSTIFICATIVA

Esta proposta tem como objetivo valorizar o Agente

de Polícia Civil, profissional que, como agente

político atua na gestão e no exercício das atividades

de Polícia Judiciária e na condução da investigação

criminal, colocando a sua vida em risco,

diuturnamente, em prol da segurança pública.

Entre as principais atribuições do cargo estão:

Praticar os atos de Polícia Judiciária definidos na

esfera de sua competência técnica e funcional pelo

Código de Processo Penal e por outras normas que

regem essa atividade, mediante determinação da

Autoridade Policial;

Cumprir mandados judiciais e custodiar presos;

Dirigir veículos policiais automotores em atividades

pertinentes aos serviços policiais;

Operar equipamentos computacionais e de

comunicação, bem como armamentos policiais;

Manter o sigilo necessário à elucidação dos fatos e às

investigações, dentre outras determinadas pelas

autoridades competentes.

O Agente de Polícia precisa fazer com que a lei seja

cumprida. Tem um trabalho bastante ativo: efetua

prisões, interroga suspeitos, atende a ocorrências,

examina evidências de um inquérito, organiza a

ordem dos acontecimentos, monta a sequência do

processo judicial.

o Agente também que cumpre mandados judiciais,

cuida da custódia dos presos e dirige os veículos dos

policiais durante atividades de serviço.

Sendo assim, diante do fato de que esses valorosos

profissionais, que dedicam as suas vidas na defesa

intransigente dos direitos do cidadão e figuram como

verdadeiros garantidores do cumprimento da lei e da

defesa da ordem.

Motivo pelo qual rogamos a aprovação da presente

lei pelos pares.

PODER EXECUTIVO

GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

GABINETE DO GOVERNADOR

MENSAGEM Nº 109/2018

Excelentíssimo Senhor Presidente da

Assembleia Legislativa

Deputado Erick Musso

Encaminho à apreciação da Assembleia

Legislativa o incluso Projeto de Lei que “Abre o

Crédito Especial no valor de R$ 150.000,00 (cento

e cinquenta mil reais), em favor da Governadoria

do Estado - Fundo Estadual de Combate a

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2 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

Corrupção - FECC”, visando incluir no Orçamento

vigente a Ação “Capacitação e Treinamento de

Recursos Humanos”, para atender despesas com

capacitações e treinamentos relacionados ao tema

combate à corrupção, como a Estratégia Nacional

de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro

- ENCCLA, entre outras, conforme Anexo I do

Projeto de Lei.

Os recursos necessários à execução do

referido Crédito Especial serão provenientes de

anulação parcialde dotação orçamentária constante

do Programa de Trabalho da Governadoria do

Estado - Fundo Estadual de Combate a Corrupção -

FECC, conforme Anexo II do Projeto de Lei.

Esta medida permitirá a adequação do

orçamento vigente às necessidades da

Administração Pública Estadual.

Diante das considerações acima expostas,

Senhor Presidente e Senhores Deputados, solicito o

empenho de Vossas Excelências no sentido de

aprovar o presente Projeto de Lei.

Vitória, 09 de agosto 2018.

PAULO CESAR HARTUNG GOMES

Governador do Estado

PROJETO DE LEI Nº 217/2018

Abre o Crédito Especial no

valor de R$ 150.000,00

(cento e cinquenta mil

reais), em favor da

Governadoria do Estado -

Fundo Estadual de

Combate a Corrupção -

FECC.

Art. 1º Fica aberto o Crédito Especial no valor de

R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), em

favor da Governadoria do Estado - Fundo Estadual

de Combate a Corrupção - FECC, para inclusão no

Orçamento vigente da Ação “Capacitação e

Treinamento de Recursos Humanos”, conforme

disposto no Anexo I que integra a presente lei.

Art. 2º Os recursos necessários à execução do

disposto no artigo 1º, serão provenientes de

anulação parcial de dotação orçamentária, indicada

no Anexo II desta Lei.

Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua

publicação

R$1,00

CÓDIGO ESPECIFICAÇÃO META NATUREZA F VALOR

10.000 GOVERNADORIA DO ESTADO

10.904 FUNDO ESTADUAL DE COMBATE A CORRUPÇÃO

04.128.0003.2077 CAPACITAÇÃO E TREINAMENTO DE RECURSOS

HUMANOS

Diárias - Civil, Passagens e Despesas com

Locomoção e Outros Serviços de Terceiros - Pessoa

Jurídica

3.3.90 0159 150.000

Produto (Unid. de Medida): Servidor Capacitado e

Treinado (Unidade)

Estado 40

TOTAL 150.000

R$1,00

CÓDIGO ESPECIFICAÇÃO META NATUREZA F VALOR

10.000 GOVERNADORIA DO ESTADO

10.904 FUNDO ESTADUAL DE COMBATE A CORRUPÇÃO

04.124.0189.2012 PREVENÇÃO, FISCALIZAÇÃO E REPRESSÃO À PRÁTICA

DE ILÍCITOS3.3.90 0159 150.000

Produto (Unid. de Medida): Auditoria Realizada

(Unidade)

Estado 10

TOTAL 150.000

CRÉDITO ESPECIAL - ANEXO I - SUPLEMENTAÇÃO

CRÉDITO ESPECIAL - ANEXO II - ANULAÇÃO

R E S O L V E:R E S O L V E:R E S O L V E:R E S O L V E:R E S O L V E:

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GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

GABINETE DO GOVERNADOR

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 9

GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

GABINETE DO GOVERNADOR

MENSAGEM Nº 110/2018

Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia

Legislativa

Deputado Erick Musso

Transmito à V. Exa. e dignos Pares,

amparado no artigo 66, § 2º da Constituição Estadual,

as razões de VETO TOTAL ao Autógrafo de Lei nº

099/2018, que “Dispõe sobre período de permanência

gratuita nos estacionamentos públicos e privados

localizados no Estado para os veículos automotores

utilizados por pessoas com deficiência e idosos”, de

autoria da Deputada Luzia Toledo, referente ao

Projeto de Lei nº 264/2017, para cumprimento das

formalidades constitucionais de praxe.

Em que pese o justo propósito que norteou a

iniciativa parlamentar, o Instituto Estadual de

Proteção e Defesa do Consumidor (PROCON), ao

analisar os aspectos técnicos, e a Procuradoria Geral

do Estado (PGE), ao apreciar os aspectos

constitucionais, manifestaram-se pelo veto total ao

presente Autógrafo de Lei, pelas razões e argumentos

que seguem transcritos:

“Em primeiro lugar, observo que há tempos este Centro de Estudos vem analisando projetos de lei em assuntos semelhantes ao que se propõe. Vejamos: Autógrafo de lei nº 204/2007 (PL nº 350/2007); Autógrafo de lei nº 40/06 (PL nº 45/2005); Autógrafo de lei 44/2011 (PL nº 09/2011); Autógrafo de Lei nº 171/2015 (PL nº 168/2015); e Autógrafo de lei n° 145/2016, (PL n° 133/2013). Em todos eles, os posicionamentos da PGE-ES foram conclusivos quanto a inconstitucionalidade formal por invasão da competência legislativa da União para legislar sobre direito civil, uma vez que a proposição de tais regramentos acaba por interferir diretamente na relação privada existente entre o proprietário do imóvel em que funciona o estacionamento e os seus usuários.

Neste mesmo raciocínio, vale reiterar que a Constituição Federal em seu art. 22 I conferiu à União a competência privativa para legislar sobre direito civil, não podendo os Estados nem o Distrito Federal legislarem sobre essas matérias exceto se houver autorização formal da União, mediante edição de Lei Complementar.

Ao estabelecer tempo mínimo de permanência gratuita dos veículos automotores utilizados por pessoa com deficiência e idosos, o Projeto de Lei sob análise interfere indevidamente na relação contratual. Para além da disposição de matéria de direito civil, há também

interferência sobre a livre iniciativa e o direito de propriedade.

Aliás, recentemente o STF, ao apreciar leis estaduais sobre assuntos semelhantes, firmou entendimento no sentido de sua inconstitucionalidade formal, por tratar de matéria civil e usurpar a competência da União (ADI 4862, Relator(a): Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgado em 18/08/2016, Processo Eletrônico DJe-023 Divulg 06-02-2017 Public 07-02-2017 // ADI 4008, Relator(a): Min. Roberto Barroso, Tribunal Pleno, julgado em 08/11/2017, Acórdão Eletrônico DJe-291 Divulg 15-12-2017 Public 18-12-2017 // AI 730856 AgR, Relator(a): Min. Marco Aurélio, Primeira Turma, julgado em 13/05/2014, Acórdão Eletrônico DJe-110 Divulg 06-06-2014 Public 09-06-2014). Assim, a matéria em questão é pacífica e não carece maiores análises.

Acrescento, por fim, que a matéria não é estritamente consumerista, envolvendo regulação sobre as condições do contrato entre particulares, inserindo-se assim no âmbito do direito civil. Em vista disso, mostra-se verossímil a conclusão desta análise quanto a inconstitucionalidade de natureza formal, tendo em vista a incompatibilidade do ato normativo atacado com a Constituição. Corroborando, destaco a ADI nº 1918-1-ES (Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 01/08/2003) em que a Corte julgou inconstitucionais o artigo 2º, caput e seus §§ 1 e 2º da Lei nº 4712/92, do Estado do Espírito Santo, cujos dispositivos, semelhantemente ao Projeto de Lei sob análise, tratavam da cobrança pelo uso de estacionamento.

Por isso, tem-se que o autógrafo de lei sob exame é inconstitucional, do ponto de vista formal por invadir competência privativa legislativa da União. Conclui-se que o Autógrafo de Lei nº 99/2018 deve ser objeto de veto total, tendo em vista que padece de vício de inconstitucionalidade, conforme evidenciado acima.”

Como se verifica, o presente Autógrafo incorre em

vício de inconstitucionalidade formal por ofensa ao

disposto no artigo 22, inciso I, da Constituição

Federal, razão pela qual se impõe o veto jurídico

Total ao Autógrafo 99/2018, referente ao Projeto

de Lei nº 264/2017.

Vitória, 09 de agosto de 2018.

PAULO CESAR HARTUNG GOMES

Governador do Estado

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10 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

GABINETE DO GOVERNADOR

MENSAGEM Nº 111/2018

Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia

Legislativa

Deputado Erick Musso

Transmito a V. Exª. e dignos Pares,

amparado no artigo 66, § 1º da Constituição Estadual,

as razões de VETO TOTAL ao Autógrafo de Lei nº

100/2018, que “Dispõe sobre a colaboração de

corretores de imóveis nos procedimentos de

avaliação de bens imóveis”, de autoria do Deputado

Esmael Almeida, aprovado nessa Casa, relacionado

ao Projeto de Lei nº 309/2017, para cumprimento

das formalidades constitucionais de praxe.

Em que pese o justo propósito que norteou a

iniciativa parlamentar, a Procuradoria Geral do

Estado (PGE), ao apreciar os aspectos

constitucionais, manifestou-se pelo veto total ao

presente Autógrafo de Lei, pelas razões e argumentos

que seguem transcritos:

“Em primeiro lugar, é oportuno esclarecer a quem cabe a execução dos atos administrativos que regem a intervenção na propriedade. No que diz respeito ao instituto da desapropriação, por exemplo, José Cretella Júnior dispõe ser um procedimento complexo de direito público, pelo qual o Estado, fundamentado na necessidade pública, na utilidade pública ou no interesse social, obriga o titular de bem a desfazer-se por transferência e mediante recebimento de justa indenização. Assim, por se tratar de procedimento administrativo amplo, em grande parte acompanhado de uma fase judicial, observa-se que a desapropriação tem início com a fase administrativa, ou seja, momento em que o Poder Público declara seu interesse e dá início às medidas visando à transferência do bem objeto da desapropriação. A declaração expropriatória deve ser formalizada através de lei ou decreto emanado do Chefe do Poder Executivo (Presidente, Governadores, Prefeitos e Interventores), nos termos do art. 8º do Decreto-Lei nº 3.365/41. Observa-se que a regra contida no mencionado artigo é dirigida à própria Administração Pública no procedimento administrativo de desapropriação. Posteriormente, a fase executória, que diz respeito às providências no plano

concreto para a efetivação da manifestação de vontade relativa à primeira fase, poderá ser subdivida em administrativa (quando o Poder Público e o expropriado acordam quanto à indenização e o ato da expropriação) e judicial (quando a Administração entrar com Ação Expropriatória perante o Poder Judiciário). Veja-se, portanto, a necessidade de implementação de procedimentos ulteriores pelo Poder Executivo para que a desapropriação seja efetivada. Com isso, há que se reconhecer que a desapropriação, alienação, aquisição ou locação são decorrentes de atos ou procedimentos administrativos e, como tal, devem ser exercidos privativamente pelo Poder Executivo. Sendo assim, caberá ao Chefe do Poder Executivo Estadual dispor normativamente sobre os procedimentos e autorizações sobre seus atos. O artigo 91, III, da Constituição do Estado do Espírito Santo - por simetria, referente ao artigo 84, IV, da Constituição Federal, previu a competência privativa do Governador do Estado do Espírito Santo para “sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução”. Esses decretos regulamentares, como parece óbvio, devem observância à lei originária sobre a qual incidirão, especialmente por se tratarem de atos de natureza secundária e não primária. Analisando o presente projeto de lei, verifico que à fl. 06 consta o Decreto nº 3736-R/2014 que trata exatamente da possibilidade de colaboração não remunerada de corretores de imóveis nos procedimentos de avaliação para fins de desapropriação, alienação, aquisição ou locação no âmbito do Estado do Espírito Santo. Desse modo, a criação de Decreto Estadual pelo Governador do Estado do Espírito Santo para regulamentar a aplicação e execução de lei em geral é o meio jurídico constitucionalmente criado para esse fim, de modo que, abstratamente, o projeto de lei em análise está formal e materialmente inconstitucional por invadir a competência privativa estampada no art. 91, III, da Constituição Estadual, conforme mencionado acima.

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 11

Os atos decorrentes do poder regulamentar são aqueles editados pelo Executivo com a finalidade de regulamentar uma lei, complementando-a, detalhando-a em minúcias, suprindo suas lacunas. São aqueles que, segundo Hely Lopes Meirelles “contêm um comando geral do Executivo, visando a correta aplicação da lei. O objetivo imediato de tais atos é explicitar a norma legal a ser observada pela administração e pelos administrados.” Portanto, uma vez que se trata de norma de efeito concreto nos procedimentos administrativos de avaliação para fins de desapropriação, alienação, aquisição e locação de bens imóveis no estado, caberá ao Poder Executivo iniciar processo legislativo para dispor sobre tais atos, tanto que foi editado o Decreto nº 3736-R/2014 para essa finalidade. Conclui-se que o Autógrafo em questão deve ser objeto de veto total, tendo em vista que padece de vício de inconstitucionalidade, conforme evidenciado acima.”

Como se verifica, o presente Autógrafo incorre em

vício de inconstitucionalidade por ofensa ao disposto

nos artigos 84, inciso IV, da Constituição Federal e

91, inciso III, da Constituição Estadual, razão pela

qual se impõe o veto jurídico total ao Autógrafo de

Lei nº 100/2018, referente ao Projeto de Lei nº

309/2017.

Vitória, 09 de agosto de 2018.

PAULO CESAR HARTUNG GOMES

Governador do Estado

GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

GABINETE DO GOVENADOR

MENSAGEM Nº 112/2018

Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia

Legislativa

Deputado Erick Musso

Transmito a V. Exª. e dignos Pares,

amparado no artigo 66, § 1º da Constituição Estadual,

as razões de VETO TOTAL ao Autógrafo de Lei nº

101/2018, que “Dispõe sobre o horário de

funcionamento dos radares de avanço de sinal

localizados nas vias urbanas e nas rodovias

estaduais, conforme especifica”, de autoria do

Deputado Padre Honório, aprovado nessa Casa,

relacionado ao Projeto de Lei nº 62/2017, para

cumprimento das formalidades constitucionais de

praxe.

Em que pese o justo propósito que norteou a

iniciativa parlamentar, o Departamento Estadual de

Trânsito do Espírito Santo (DETRAN), ao analisar os

aspectos técnicos, e a Procuradoria Geral do Estado

(PGE), ao apreciar os aspectos constitucionais,

manifestaram-se pelo veto total ao presente

Autógrafo de Lei, pelas razões e argumentos que

seguem transcritos:

“Conforme já mencionado, o autógrafo em

foco se ocupa em trazer regramentos quanto

ao funcionamento dos radares de avanço de

sinal localizados nas vias urbanas e nas

rodovias estaduais, impondo, para tanto,

limitação quanto ao horário e fiscalização.

Em primeiro lugar, a questão que se impõe

no presente caso é sobre a competência

legislativa que deve reger a regulação

normativa sobre esse assunto. No qual

vislumbramos que a titularidade da

pretensão ao desencadeamento do

procedimento legislativo que verse sobre

trânsito cabe à União (art. 22, XI, da CF).

A jurisprudência do Supremo Tribunal

Federal tem sido intransigente no fulminar

de lei estadual, por vício de iniciativa, que

cuida de matérias específicas de trânsito,

entre as quais, as definidoras de limites de

velocidade (ADI n. 2582, Relator o Ministro

Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, DJ

6.6.2003 // ADI n.º 2.718. Rel. Min. Joaquim

Barbosa, julgamento em 6.4.2005. DJE de

24.6.2005 // ADI n. 2582, Relator o Ministro

Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, DJ

6.6.2003 // ADI n. 2328, Relator o Ministro

Maurício Corrêa, DJ 16.4.2004).

Sendo assim, quanto a este aspecto,

indiscutível é, pois, a inconstitucionalidade

do autógrafo, por invasão de competência

privativa da União, uma vez que, cabe ao

legislador federal a competência para

legislar sobre trânsito. Todavia, apesar de a

Constituição Federal reservar

privativamente à União a iniciativa de leis

sobre trânsito e transporte, ela reserva aos

Municípios competência para ordenar o

trânsito urbano e o tráfego local,

abrangendo o transporte coletivo, que é

atividade de interesse local (art. 30, incisos I

e V). Assim, por se tratar de matéria atinente

à ordenação do trânsito, deve ser levado em

consideração o disposto no art. 24, inciso II,

do Código de Trânsito Brasileiro, que

determina competir aos órgãos ou entidades

executivas de trânsito dos Municípios para

planejar, projetar, regulamentar e operar o

trânsito local de veículos, além de implantar,

manter e operar o sistema de sinalização.

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12 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

Desta forma, ainda que não invadisse

competência privativa da União para legislar

sobre trânsito, o presente autógrafo de lei, de

iniciativa parlamentar estadual, adentra na

competência da municipalidade para, diante

da necessidade de ordenamento da vida

urbana, propor leis que tratam de interesse

local.

O art. 1º do presente autógrafo, ao dispor

sobre o horário de funcionamento dos

radares nas vias urbanas fere a competência

legislativa privativa do Município para

assuntos de interesse local. Isso se confirma

ainda mais se considerarmos que a medida

pode, potencialmente, representar aumento

de despesas para o Município, tendo em vista

que se apresenta necessária a divulgação

dessas medidas e, dentro do que disciplinam

as leis e regulamentos existentes, a alteração

de placas e sinais luminosos, a fim de tornar

públicas as novas regras de trânsito. No

aspecto técnico, não se pode olvidar que as

normas de trânsito são elaboradas visando à

segurança no trânsito e a redução de

acidentes, de forma que a simples

possibilidade de avanço nos radares no

período a partir da 00:01 até 05:59 da

madrugada pode acarretar majoração do

número de ocorrências em determinada área.

Há que se considerar que a movimentação de

veículos em algumas regiões pode ter

especificidades que justifiquem o

funcionamento dos radares mesmo durante a

madrugada, a fim de que e evite ocorrências

de acidentes, por exemplo. Assim, não se

afigura compatível com os fundamentos da

legislação de trânsito a simples permissão de

“furar o sinal” em todos os pontos do

Município, sendo necessária a elaboração de

estudo acerca de quais os locais efetivamente

perigosos e quais os locais em que isso pode

gerar aumento do número de acidentes.

Nesse ponto, cabe ao legislador municipal,

considerando as peculiaridades locais de

segurança pública e a regulamentação já

existente, regular os radares em modo

compatível com as condições reinantes de

segurança nas vias urbanas.

Evidencia-se, desse modo, o interesse local

apto a atrair a competência municipal, dado

que as condições de segurança e tráfego,

obviamente, variam sensivelmente a

depender da localidade. Logo, o tratamento

do desligamento dos radares aponta ao

imperativo de segurança de tráfego que se

faz presente de forma peculiar no Município.

Com base nesse entendimento, a 2ª Turma do

STF proveu o Recurso Extraordinário nº

633.551, interposto pelo Município de Belo

Horizonte, para declarar a

constitucionalidade de lei municipal que

previa o desligamento de semáforos durante

a madrugada.

Nota-se, também, que com a invasão da

competência legislativa de outro Ente

federado (Município), as disposições do

autógrafo ferem o Pacto Federativo, cláusula

pétrea da ordem constitucional vigente,

insculpida no art. 18 de nossa Carta Magna,

e afronta o princípio da autonomia municipal

(princípio constitucional sensível insculpido

no art. 34, VII, “c” da CF). Portanto, ao

legislar sobre assunto de interesse

predominantemente local, o legislador

estadual invadiu a competência legislativa

privativa do Município, em afronta ao

disposto no art. 30, I da CF, incorrendo em

inconstitucionalidade formal, ferindo o

princípio do Pacto Federativo (art. 18) e o

princípio constitucional da autonomia

municipal (art. 34, VII, c).

No tocante ao regramento das rodovias

estaduais, entendo que, uma vez que os

demais artigos do presente autógrafo de lei

estão umbilicalmente ligados ao art. 1º, que

trata do funcionamento dos radares

localizados nas vias urbanas e nas rodovias

estaduais, restam também inconstitucionais,

na medida em que o veto não pode incidir

apenas sobre trechos ou palavras do

dispositivo legal. Conclui-se pelo veto total

ao Autógrafo de Lei nº 101/2018.”

Como se verifica, o presente Autógrafo

incorre em vício de inconstitucionalidade por ofensa

ao disposto nos artigos 18, 22, inciso XI, 30, inciso I

e 34, inciso VII, alínea ‘c’, da Constituição Federal,

razão pela qual se impõe o veto jurídico total ao

Autógrafo de Lei nº 101/2018, referente ao Projeto

de Lei nº 62/2017.

Vitória, 09 de agosto de 2018.

PAULO CESAR HARTUNG GOMES

Governador do Estado

GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

GABINETE DO GOVERNADOR

MENSAGEM Nº 113/2018

Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia

Legislativa

Deputado Erick Musso

Transmito à V. Exa. e dignos Pares,

amparado no artigo 66, § 2º da Constituição Estadual,

Page 15: DIÁRIO OFICIAL PODER LEGISLATIVO - Espírito Santo...PODER LEGISLATIVO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO GABINETE DO DEPUTADO GILSINHO LOPES PROJETO DE LEI Nº 216/2018

Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 13

as razões de VETO TOTAL ao Autógrafo de Lei nº

102/2018, que “Dispõe sobre o ensino de noções

básicas da Lei Maria da Penha, no âmbito dos

estabelecimentos de ensino médio da rede pública

estadual”, de autoria da Deputada Luiza Toledo,

referente ao Projeto de Lei nº 75/2017, para

cumprimento das formalidades constitucionais de

praxe.

Em que pese o justo propósito que norteou a

iniciativa parlamentar, a Procuradoria Geral do

Estado (PGE), ao apreciar os aspectos

constitucionais, manifestou-se pelo veto total ao

presente Autógrafo de Lei, pelas razões e argumentos

que seguem transcritos:

“Embora sejam nobres os objetivos da

proposta em análise, qual seja, de criar

mecanismos que incentivem a discussão nas

escolas sobre assuntos relacionados ao

combate à violência contra a mulher, o

presente autógrafo de lei incorreu em

inconstitucionalidade formal, evidenciada

pela inobservância do procedimento exigido

pelos artigos 61, §1º, inciso II, alínea “b”,

da Constituição Federal e artigo 63,

parágrafo único, inciso III, da Constituição

Estadual.

Como se pode perceber os objetivos do

autógrafo estão diretamente ligados às

atribuições da Secretaria de Estado da

Educação (SEDU), criada para atuar no

desenvolvendo políticas públicas estaduais

que garantam ao cidadão o direito à

educação. À SEDU, órgão da Administração

Estadual, compete a implementação de

políticas, programas e projetos

incentivadores da discussão de temas

relacionados ao combate à violência contra

a mulher nas escolas públicas estaduais.

Neste esteira, o autógrafo submete

indevidamente o Poder Executivo, mais

especificamente a SEDU, à ampliação de

atuação administrativa por determinação do

Poder Legislativo.

Para atender a estas exigências do autógrafo

será necessária a adoção de inúmeras ações

de índole administrativa, a serem tomadas

pelo Poder Executivo em escolas públicas

estaduais, tais como capacitação da equipe

escolar quanto às estratégias e metodologias

a serem desenvolvidas no trabalho

pedagógico acerca da temática do projeto

(art. 4º), alteração do currículo pedagógico

para incluir os conteúdos referentes ao tema,

em especial nas áreas de Língua Portuguesa,

História, Filosofia e Sociologia (parágrafo

único do art. 5º), além de destacar parcela

dos recursos pertencentes unicamente à

Administração Pública para que os objetivos

do autógrafo possam ser alcançados.

O presente autógrafo de lei, de iniciativa

parlamentar, é verticalmente incompatível

com nosso ordenamento constitucional por

violar o princípio da separação de poderes,

previsto nos arts. 17 e 91, I e II, da

Constituição Estadual. Assim, cabe

exclusivamente ao Poder Executivo a criação

ou instituição de programas e serviços nas

diversas áreas de gestão, envolvendo os

órgãos da Administração Pública Estadual.

No que concerne especificamente à criação

de programas, campanhas e políticas

públicas, como é o caso do presente

autógrafo, o Supremo Tribunal Federal já se

manifestou no sentido de que essas normas

são inconstitucionais, por afrontarem o

artigo 61, §1º, II, alínea “e”, da Constituição

Federal (ADI 31/80/AP. Tribunal Pleno.

Relator Ministro Joaquim Barbosa. Julgado

em 17/05/2007. Publicado em 14/06/2007).

Portanto, não dúvidas de que o autógrafo em

análise, ao pretender instituir programa

estadual e promover ações com vistas a

incentivar a discussão de temas relacionados

ao combate à violência contra mulher no

âmbito das escolas estaduais, invadiu esfera

de competência reservada ao Chefe do Poder

Executivo, pois a este cabe a iniciativa de lei

que disponha sobre a direção da

administração, o que naturalmente

compreende o juízo de conveniência e

oportunidade acerca da realização de

programas e projetos na seara

administrativa. Conclui-se que o Autógrafo

de Lei nº 102/2018 deve ser objeto de veto

total.”

Importante destacar que o Autógrafo em

exame também foi submetido à apreciação da

Secretaria de Estado da Educação (SEDU) e que,

analisando o presente autógrafo, informou que a

Secretaria atua “no sentido de incentivar seus

educadores a desenvolverem estratégias curriculares

voltadas para os direitos humanos, possibilitando

assim, que as próximas gerações abandonem

comportamentos violentos e caminhem para uma

condição menos machista e menos desigual em

relação às mulheres”, tudo de acordo com a diretriz

disposta na Lei Federal nº 11.340/2006 (Lei Maria da

Penha), a qual estabelece as medidas preventivas que

devem ser integradas aos currículos escolares.

Como se verifica, o presente Autógrafo

incorre em vício de inconstitucionalidade por ofensa

ao disposto no artigo 61, §1º, inciso II, alínea “b”, da

Constituição Federal e artigo 63, parágrafo único,

Page 16: DIÁRIO OFICIAL PODER LEGISLATIVO - Espírito Santo...PODER LEGISLATIVO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO GABINETE DO DEPUTADO GILSINHO LOPES PROJETO DE LEI Nº 216/2018

14 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

inciso III, da Constituição Estadual, razão pela qual

se impõe o veto jurídico Total ao Autógrafo

102/2018, referente ao Projeto de Lei nº 75/2017.

Vitória, 09 de agosto de 2018.

PAULO CESAR HARTUNG GOMES

Governador do Estado

GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

GABINETE DO GOVERNADOR

MENSAGEM Nº 114/2018

Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia

Legislativa

Deputado Erick Musso

Transmito a V. Exª. e dignos Pares,

amparado no artigo 66, § 2º da Constituição Estadual,

as razões de VETO TOTAL ao Autógrafo de Lei nº

103/2018, que “Dispõe sobre a obrigatoriedade de

contratação de músicos ou grupos musicais

capixabas para apresentação na abertura de shows

musicais nacionais e/ou internacionais realizados no

Estado do Espírito Santo”, de autoria do Deputado

Bruno Lamas, aprovado nessa Casa, relacionado ao

Projeto de Lei nº 156/2017, para cumprimento das

formalidades constitucionais de praxe.

Em que pese o justo propósito que norteou a

iniciativa parlamentar e a análise técnica realizada

pela Secretaria de Estado da Cultura (SECULT), a

Procuradoria Geral do Estado (PGE), ao apreciar os

aspectos constitucionais, manifestou-se pelo veto

total ao presente Autógrafo de Lei, pelas razões e

argumentos que seguem transcritos:

“Conforme já mencionado, o autógrafo em

foco se ocupa de regrar a abertura de shows

musicais nacionais e/ou internacionais

realizados no Estado. Basta ver, para tanto,

que tais preceptivos impõem obrigação aos

realizadores de contratarem músicos ou

grupos musicais capixabas para compor a

abertura dos eventos. A questão que se impõe

no presente caso é sobre a competência

legislativa que deve reger a regulação

normativa da atividade de realização de

eventos.

Quanto a isso, o constituinte de 1988 acolheu

o princípio da predominância do interesse,

cabendo à União as matérias em que

predomina o interesse geral, aos Estados as

de predominante interesse regional e aos

municípios os assuntos de interesse local.

Assim, o art. 30 de nossa Constituição

Federal edita as matérias que devem ser

reguladas por cada ente federativo, que no

tocante aos Municípios é assegurado a

prerrogativa de editar normas sobre assuntos

de interesse local (inciso I).

Desta maneira, as normas locais se inserem,

por isso mesmo, na órbita de competência

constitucional dos Municípios, inerentes que

são ao ordenamento da vida urbana. Sendo

assim, tendo por fim a defesa do interesse

local é predominantemente interesse da

municipalidade, logo, competência implícita

decorrente do art. 30, I da Constituição

Federal (interesse local).

Os dispositivos do presente autógrafo, ao

determinarem a contratação de músicos ou

grupos musicais capixabas nas aberturas dos

shows realizados no Estado (art. 1º), afeta a

competência legislativa privativa do

Município para assuntos de interesse local.

Ainda que sejam válidos os objetivos do

presente autógrafo, a atividade caracterizada

pela escolha, conveniência e posterior

fiscalização (polícia administrativa) das

contratações dos artistas capixabas para

abrir os eventos é da alçada do Poder

Municipal que, consequentemente, detém

competência legislativa exclusiva para

dispor sobre tal tema.

Nota-se, também, que com a invasão da

competência legislativa de outro Ente

federado (Município), as disposições do

autógrafo ferem o Pacto Federativo, cláusula

pétrea da ordem constitucional vigente,

insculpida no art. 18 de nossa Carta Magna ,

e afronta o princípio da autonomia municipal

(princípio constitucional sensível insculpido

no art. 34, VII, “c” da CF ).

Portanto, ao legislar sobre assunto de

interesse predominantemente local, o

legislador estadual invadiu a competência

legislativa privativa do Município, em

afronta ao disposto no art. 30, I da CF,

incorrendo em inconstitucionalidade formal,

ferindo o princípio do Pacto Federativo (art.

18) e o princípio constitucional da

autonomia municipal (art. 34, VII, c). Assim,

sugiro o veto do Autógrafo de Lei nº

103/2018, haja vista tratar-se de assunto de

interesse local, de competência legislativa

privativa do Município..”

Como se verifica, o presente Autógrafo

incorre em vício de inconstitucionalidade por ofensa

ao disposto nos artigos 18, 30, inciso I e 34, inciso

VII, alínea ‘c’, da Constituição Federal, razão pela

qual se impõe o veto jurídico total ao Autógrafo de

Lei nº 103/2018, referente ao Projeto de Lei nº

156/2017.

Page 17: DIÁRIO OFICIAL PODER LEGISLATIVO - Espírito Santo...PODER LEGISLATIVO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO GABINETE DO DEPUTADO GILSINHO LOPES PROJETO DE LEI Nº 216/2018

Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 15

Vitória, 09 de agosto de 2018.

PAULO CESAR HARTUNG GOMES

Governador do Estado

GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

GABINETE DO GOVERNADOR

MENSAGEM Nº 115/2018

Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia

Legislativa

Deputado Erick Musso

Transmito à V. Exa. e dignos Pares,

amparado no artigo 66, § 2º da Constituição Estadual,

as razões de VETO TOTAL ao Autógrafo de Lei nº

104/2018, que “Cria o Programa de Incentivo à

Admissão de Pessoas da Terceira Idade no Mercado

de Trabalho”, de autoria do Deputado Marcos

Bruno, referente ao Projeto de Lei nº 203/2017,

para cumprimento das formalidades constitucionais

de praxe.

Em que pese o justo propósito que norteou a

iniciativa parlamentar, a Procuradoria Geral do

Estado (PGE), ao apreciar os aspectos

constitucionais, manifestou-se pelo veto total ao

presente Autógrafo de Lei, pelas razões e argumentos

que seguem transcritos:

“Da inconstitucionalidade formal - Reserva

de iniciativa. Invasão da competência

privativa do Chefe do Poder Executivo

Estadual para legislar sobre matéria

administrativa. Embora sejam nobres os

objetivos da proposta em análise, qual seja,

de criar mecanismos que incentivem as

empresas do Estado do Espírito Santo a

disponibilizarem vagas de trabalho para as

pessoas da terceira idade, o presente

autógrafo de lei incorreu em

inconstitucionalidade formal, evidenciada

pela inobservância do procedimento exigido

pelos artigos 61, §1º, inciso II, alínea “b” e

84, incisos II e VI, alínea “a”, da

Constituição Federal e artigo 63, parágrafo

único, incisos III, da Constituição Estadual.

O presente autógrafo de lei, de iniciativa

parlamentar, é verticalmente incompatível

com nosso ordenamento constitucional por

violar o princípio da separação de poderes,

previsto nos arts. 17 e 91, I e II, da

Constituição Estadual. Cabe exclusivamente

ao Poder Executivo a criação ou instituição

de programas em benefício da população e

serviços nas diversas áreas de gestão,

envolvendo os órgãos da Administração

Pública Estadual e a própria população.

Ainda que o autógrafo de lei não indique

expressamente as ações a serem realizadas,

há que se reconhecer que a viabilização do

programa depende do estabelecimento de

diretrizes na organização estatal. O Poder

Legislativo ao editar lei criando e

determinando prazo ao Poder Executivo

para regulamentar o novo programa de

governo, invade, indevidamente, esfera que

é própria da atividade do Administrador

Público, violando o princípio da separação

de poderes.

A instituição no âmbito estadual de

campanha permanente para determinado

fim no calendário oficial é atividade

nitidamente administrativa, representativa

de atos de gestão, de escolha política para

satisfação das necessidades essenciais

coletivas, vinculadas aos direitos

fundamentais e que demandará o

planejamento, uma vez que pode causar

impacto desproporcional ao orçamento

público.

No que concerne especificamente à criação

de programas, campanhas e políticas

públicas, como é o caso do presente

autógrafo, o Supremo Tribunal Federal já se

manifestou no sentido de que essas normas

são inconstitucionais, por afrontarem o

artigo 61, §1º, II, alínea “e”, da Constituição

Federal (ADI 31/80/AP. Tribunal Pleno.

Relator Ministro Joaquim Barbosa. Julgado

em 17/05/2007. Publicado em 14/06/2007).

Contudo, não dúvidas que o autógrafo em

análise, ao pretender instituir campanha

estadual e promover ações com vistas a

incentivar a admissão de pessoas da terceira

idade no mercado de trabalho, invadiu esfera

de competência reservada ao chefe do Poder

Executivo, pois a este cabe a iniciativa de lei

que disponha sobre a direção da

administração, o que naturalmente

compreende o juízo de conveniência e

oportunidade acerca da realização de

programas e projetos na seara

administrativa. Conclui-se que o Autógrafo

de Lei nº 104/2018 deve ser objeto de veto

total.”

Como se verifica, o presente Autógrafo

incorre em vício de inconstitucionalidade por ofensa

ao disposto nos artigos 61, §1º, inciso II, alínea “b” e

84, incisos II e VI, alínea “a”, da Constituição

Federal e artigo 63, parágrafo único, incisos III, da

Constituição Estadual, razão pela qual se impõe o

veto jurídico Total ao Autógrafo 104/2018,

referente ao Projeto de Lei nº 203/2017.

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16 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

Vitória, 09 de agosto de 2018.

PAULO CESAR HARTUNG GOMES

Governador do Estado

GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

GABINETE DO GOVERNADOR

MENSAGEM Nº 116/2018

Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia

Legislativa

Deputado Erick Musso

Transmito a V. Exª. e dignos Pares,

amparado no artigo 66, § 1º da Constituição Estadual,

as razões de VETO TOTAL ao Autógrafo de Lei nº

105/2018, que “Declara a Festa da Polenta

patrimônio cultural imaterial do Estado do Espírito

Santo”, de autoria do Deputado Jamir Malini,

aprovado nessa Casa, relacionado ao Projeto de Lei

nº 215/2017, para cumprimento das formalidades

constitucionais de praxe.

Em que pese o justo propósito que norteou a

iniciativa parlamentar, a Procuradoria Geral do

Estado (PGE), ao apreciar os aspectos

constitucionais, manifestou-se pelo veto total ao

presente Autógrafo de Lei, pelas razões e argumentos

que seguem transcritos:

“É certo que a Constituição Federal, ao

versar sobre a competência legislativa dos

entes federados, elencou no corpo do seu art.

24 a competência concorrente da União,

Estados e Distrito Federal para dispor

mediante lei sobre a proteção do patrimônio

histórico, artístico e cultural. Como se vê a

salvaguarda do patrimônio histórico

brasileiro constitui dever de todos os entes

da Federação e direito de todos os cidadãos.

Segundo art. 23, incisos III, IV e V, da

Constituição Federal, em se tratando de

fiscalização, prevenção e recuperação do

patrimônio, a competência é comum entre

todos os entes da União. Assim, para

assegurar esse direito dos brasileiros, a

Constituição Federal, em seus art. 215 e 216,

define o que constitui patrimônio cultural e

atribui ao Poder Público a tarefa de

promover e proteger o patrimônio cultural

brasileiro, por meio de inventários, registros,

vigilância, tombamento e desapropriação, e

de outras formas de acautelamento e

preservação.

Logo, em uma primeira análise sob ótica

formal, nada obsta que ato advindo do Poder

Legislativo disponha sobre a proteção de

bens como manifestações culturais ou mesmo

como integrantes do patrimônio cultural

brasileiro, posto que o art. 216, § 1º da

Constituição Federal estabelece que o poder

público tem o dever de protegê-los e em sede

de tutela do patrimônio cultural vige o

princípio da máxima amplitude dos

instrumentos protetivos. Entretanto, tenho

que a declaração não é a forma adequada de

promover a proteção do patrimônio histórico

cultural. Patrimônio cultural pode ser

entendido como o conjunto de bens materiais

e imateriais de uma nação que possuem a

“peculiar condição de estabelecer diálogos

temporais e espaciais relacionados àquela

cultura, servindo de testemunho e de

referência às gerações presentes e futuras” e

por possuírem este valor incondicional

inerente a bens públicos são merecedores de

tutela especial por parte do ente Estatal.

O bem imaterial, por sua vez é aquele

intangível, essencialmente formador da

cultura de um povo, qual seja, seus costumes,

crenças, danças, etc. Em outras palavras, o

patrimônio cultural imaterial é também parte

do meio ambiente e requer a devida

preservação. Uma vez que é passado de

geração a geração, é mister proporcionar-

lhe meios para conservá-lo. Assim, o

principal meio efetivo para tanto é o registro.

Já o registro dos bens imateriais foi

instituído pelo Decreto Lei nº 3551/00, que

também deu origem ao Programa Nacional

do Patrimônio Imaterial - PNPI. Trata-se,

portanto, de instrumento de natureza

preventiva, previsto no artigo 216, § 1º, da

Constituição Federal, sendo regulamentado

pelo mencionado decreto.

Segundo art. 1º, § 1º do Decreto 3551/00, os

bens culturais imateriais são registrados de

acordo com suas características em um dos

quatro Livros existentes para o ato. Assim, o

registro enseja a realização de inventário de

referência cultural, que permite o

mapeamento dessas manifestações no

território e, com estes dados, se pode

desenvolver uma política nacional de

registro e valorização.

No que concerne a competência para

provocar a instauração do procedimento de

registro, o art. 2º do Decreto 3551/00 elenca

os legitimados para instaurar os processos

de registro, dentre eles as Secretarias de

Estado, de Município e do Distrito Federal.

Outrossim, o efeito pretendido pelo

autógrafo de lei em análise, qual seja,

conferir “a Festa da Polenta” o título de

patrimônio histórico cultural imaterial, não

Page 19: DIÁRIO OFICIAL PODER LEGISLATIVO - Espírito Santo...PODER LEGISLATIVO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO GABINETE DO DEPUTADO GILSINHO LOPES PROJETO DE LEI Nº 216/2018

Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 17

poder ser alcançado por ausência de

legitimidade da Assembleia Legislativa para

dispor sobre a matéria por meio de projeto

de lei ordinária. Neste ponto, torna-se

importante destacar o art. 3º, do Decreto

acima citado, e seus parágrafos, que

trazem todo o procedimento para

reconhecimento de patrimônio histórico,

desde a proposta até o efetivo registro.

Assim, a simples declaração por meio de

lei ordinária a fim de alcançar “Festa da

Polenta” como patrimônio cultural

imaterial, sob o abrigo dos art. 215 e 216

da CF, não constitui instrumento hábil

para a busca da proteção, conservação,

preservação e promoção dos bens

culturais, materiais ou imateriais, sejam

eles públicos ou privados,

independentemente da existência prévia de

ato administrativo declaratório de seu

valor referencial.

O ato legislativo pode reconhecer a

relevância da expressão cultural, sem,

contudo, categorizar tal bem como

Patrimônio Cultural Imaterial, resultado

que decorre da análise de dados, pesquisas

e aplicação do Registro de Bens Culturais

Imateriais. A Constituição deixou claro em

seu art. 216, § 1º, mediante uma

enumeração meramente exemplificativa,

que o rol de instrumentos de preservação

do patrimônio cultural é amplo, podendo ser

ele protegido por meio de inventários,

registros, vigilância, tombamento e

desapropriação, e de “outras formas de

acautelamento e preservação”, cabendo à

administração pública a gestão da

documentação governamental e as

providências para franquear sua consulta a

quantos dela necessitem (§ 2º, art. 216, CF).

A edição de lei que confere a declaração de

patrimônio histórico cultural imaterial, sem

obedecer aos regramentos necessários,

dispostos no Decreto Federal nº 3551/00, à

preservação do patrimônio que se quer

conferir tal título, não atende corretamente

ao interesse público, motivo pelo qual

sugerimos o seu veto integral. Conclui-se que

o autógrafo nº 105/2018 deve ser objeto de

veto total, conforme evidenciado acima.

Importante destacar que o Autógrafo em

exame também foi submetido à apreciação da

Secretaria de Estado da Cultura (SECULT) e que,

apesar de considerar válida a iniciativa parlamentar,

pois visa valorizar a cultura e fomentar o turismo em

nosso Estado, observou que a medida esbarra na

determinação disposta na Lei Estadual nº 6.237/2000,

que estabelece esse tipo de Registro como

prerrogativa do Conselho Estadual de Cultura.

Como se verifica, o presente Autógrafo

incorre em vício de inconstitucionalidade por ofensa

ao disposto no artigo 63, inciso VI, da Constituição

Estadual, razão pela qual se impõe o veto jurídico

total ao Autógrafo de Lei nº 105/2018, referente ao

Projeto de Lei nº 215/2017.

Vitória, 09 de agosto de 2018.

PAULO CESAR HARTUNG GOMES

Governador do Estado

GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

GABINETE DO GOVERNADOR

MENSAGEM Nº 117/2018

Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia

Legislativa

Deputado Erick Musso

Transmito a V. Exª. e dignos Pares,

amparado no artigo 66, § 1º da Constituição Estadual,

as razões de VETO TOTAL ao Autógrafo de Lei nº

106/2018, que “Declara a Rota Imperial patrimônio

imaterial do Estado do Espírito Santo”, de autoria da

Deputada Luzia Toledo, aprovado nessa Casa,

relacionado ao Projeto de Lei nº 297/2017, para

cumprimento das formalidades constitucionais de

praxe.

Em que pese o justo propósito que norteou a

iniciativa parlamentar, a Procuradoria Geral do

Estado (PGE), ao apreciar os aspectos

constitucionais, manifestou-se pelo veto total ao

presente Autógrafo de Lei, pelas razões e argumentos

que seguem transcritos:

“É certo que a Constituição Federal, ao

versar sobre a competência legislativa dos

entes federados, elencou no corpo do seu art.

24 a competência concorrente da União,

Estados e Distrito Federal para dispor

mediante lei sobre a proteção do patrimônio

histórico, artístico e cultural. Como se vê a

salvaguarda do patrimônio histórico

brasileiro constitui dever de todos os entes

da Federação e direito de todos os cidadãos.

Segundo art. 23, incisos III, IV e V, da

Constituição Federal, em se tratando de

fiscalização, prevenção e recuperação do

patrimônio, a competência é comum entre

todos os entes da União. Assim, para

assegurar esse direito dos brasileiros, a

Constituição Federal, em seus art. 215 e 216,

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18 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

define o que constitui patrimônio cultural e

atribui ao Poder Público a tarefa de

promover e proteger o patrimônio cultural

brasileiro, por meio de inventários, registros,

vigilância, tombamento e desapropriação, e

de outras formas de acautelamento e

preservação.

Logo, em uma primeira análise sob ótica

formal, nada obsta que ato advindo do Poder

Legislativo disponha sobre a proteção de

bens como manifestações culturais ou mesmo

como integrantes do patrimônio cultural

brasileiro, posto que o art. 216, § 1º da

Constituição Federal estabelece que o poder

público tem o dever de protegê-los e em sede

de tutela do patrimônio cultural vige o

princípio da máxima amplitude dos

instrumentos protetivos. Entretanto, tenho

que a declaração não é a forma adequada de

promover a proteção do patrimônio histórico

cultural. Patrimônio cultural pode ser

entendido como o conjunto de bens materiais

e imateriais de uma nação que possuem a

“peculiar condição de estabelecer diálogos

temporais e espaciais relacionados àquela

cultura, servindo de testemunho e de

referência às gerações presentes e futuras” e

por possuírem este valor incondicional

inerente a bens públicos são merecedores de

tutela especial por parte do ente Estatal.

O bem imaterial, por sua vez é aquele

intangível, essencialmente formador da

cultura de um povo, qual seja, seus costumes,

crenças, danças, etc. Em outras palavras, o

patrimônio cultural imaterial é também parte

do meio ambiente e requer a devida

preservação. Uma vez que é passado de

geração a geração, é mister proporcionar-

lhe meios para conservá-lo. Assim, o

principal meio efetivo para tanto é o registro.

Já o registro dos bens imateriais foi

instituído pelo Decreto Lei nº 3551/00, que

também deu origem ao Programa Nacional

do Patrimônio Imaterial - PNPI. Trata-se,

portanto, de instrumento de natureza

preventiva, previsto no artigo 216, § 1º, da

Constituição Federal, sendo regulamentado

pelo mencionado decreto.

Segundo art. 1º, § 1º do Decreto 3551/00, os

bens culturais imateriais são registrados de

acordo com suas características em um dos

quatro Livros existentes para o ato. Assim, o

registro enseja a realização de inventário de

referência cultural, que permite o

mapeamento dessas manifestações no

território e, com estes dados, se pode

desenvolver uma política nacional de

registro e valorização.

No que concerne a competência para

provocar a instauração do procedimento de

registro, o art. 2º do Decreto 3551/00 elenca

os legitimados para instaurar os processos

de registro, dentre eles as Secretarias de

Estado, de Município e do Distrito Federal.

Outrossim, o efeito pretendido pelo

autógrafo de lei em análise, qual seja,

conferir “a Rota Imperial” o título de

patrimônio histórico cultural imaterial, não

poder ser alcançado por ausência de

legitimidade da Assembleia Legislativa para

dispor sobre a matéria por meio de projeto

de lei ordinária. Neste ponto, torna-se

importante destacar o art. 3º, do Decreto

acima citado, e seus parágrafos, que trazem

todo o procedimento para reconhecimento de

patrimônio histórico, desde a proposta até o

efetivo registro. Assim, a simples declaração

por meio de lei ordinária a fim de alcançar

“A Rota Imperial” como patrimônio

imaterial, sob o abrigo dos art. 215 e 216 da

CF, não constitui instrumento hábil para a

busca da proteção, conservação,

preservação e promoção dos bens culturais,

materiais ou imateriais, sejam eles públicos

ou privados, independentemente da

existência prévia de ato administrativo

declaratório de seu valor referencial.

O ato legislativo pode reconhecer a

relevância da expressão cultural, sem,

contudo, categorizar tal bem como

Patrimônio Cultural Imaterial, resultado

que decorre da análise de dados, pesquisas

e aplicação do Registro de Bens Culturais

Imateriais. A Constituição deixou claro em

seu art. 216, § 1º, mediante uma

enumeração meramente exemplificativa,

que o rol de instrumentos de preservação

do patrimônio cultural é amplo, podendo

ser ele protegido por meio de inventários,

registros, vigilância, tombamento e

desapropriação, e de “outras formas de

acautelamento e preservação”, cabendo à

administração pública a gestão da

documentação governamental e as

providências para franquear sua consulta a

quantos dela necessitem (§ 2º, art. 216, CF).

A edição de lei que confere a declaração de

patrimônio histórico cultural imaterial, sem

obedecer aos regramentos necessários,

dispostos no Decreto nº 3551/00, à

preservação do patrimônio que se quer

conferir tal título, não atende corretamente

ao interesse público, motivo pelo qual

sugerimos o seu veto integral. Conclui-se que

o autógrafo nº 106/2018 deve ser objeto de

veto total, conforme evidenciado acima.”

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 19

Importante destacar que o Autógrafo em

exame também foi submetido à apreciação da

Secretaria de Estado da Cultura (SECULT) e que,

apesar de considerar válida a iniciativa parlamentar,

pois visa valorizar a cultura e fomentar o turismo em

nosso Estado, observou que a medida esbarra na

determinação disposta na Lei Estadual nº 6.237/2000,

que estabelece esse tipo de Registro como

prerrogativa do Conselho Estadual de Cultura.

Como se verifica, o presente Autógrafo

incorre em vício de inconstitucionalidade por ofensa

ao disposto no artigo 63, inciso VI, da Constituição

Estadual, razão pela qual se impõe o veto jurídico

total ao Autógrafo de Lei nº 106/2018, referente ao

Projeto de Lei nº 297/2017.

Vitória, 09 de agosto de 2018.

PAULO CESAR HARTUNG GOMES

Governador do Estado

ATOS ADMINISTRATIVOS

ATOS DA MESA DIRETORA

ATO Nº 989

A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA

LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO

SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve:

EXONERAR, a partir de 13/08/2018, na

forma do Art. 61, § 2º, alínea “a”, da Lei

Complementar nº 46/94, os servidores abaixo

relacionados, dos cargos em comissão do Gabinete do

Deputado Rodrigo Coelho, em razão da renúncia do

deputado, para exercer o cargo de Conselheiro do

Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo.

NOM CARGO CÓDIGO

ALINE SARDINHA DE

OLIVEIRA ASSISTENTE DE

GABINETE

ASGRP

ANTONIO JOSE MIRA DE

ANDRADE BARROS ASSISTENTE DE

GABINETE

ASGRP

BRUNO DE SA CAMPOS

ASSISTENTE DE

GABINETE

ASGRP

CELITO BAHIENSE

BARREIRA JUNIOR

ADJUNTO DE

GABINETE

ADGRP

DANIEL EMANUEL DE

JESUS SOUZA

ADJUNTO DE

GABINETE

ADGRP

ENI FIRMINA PEREIRA

SILVA SUPERV.GER.GAB.REP.

PARLAMENTAR SGGPR

EVANDRO MIRANDA ASSISTENTE DE GABINETE

ASGRP

FERNANDO SANTOS

MOURA

TÉCNICO SÊNIOR DE

GABINETE

TSGRP

JOSIANE GUEDES GOMES

ASSISTENTE DE GABINETE

ASGRP

MARCELINO

COLOMBIANO RAMOS

TÉCNICO JÚNIOR DE

GABINETE

TJGRP

PRISCILA DE OLIVEIRA SALGADO DE ABREU

ADJUNTO DE GABINETE

ADGRP

RODRIGO FERREIRA

SANTANA

SUBCOORDENADOR

DE GABINETE

SCGRP

SILVANA DA SILVA PONTES

ADJUNTO DE GABINETE

ADGRP

TALINE LIBERATO

ALVES

ADJUNTO DE

GABINETE

ADGRP

PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em

14 de agosto de 2018.

ERICK MUSSO

Presidente

RAQUEL LESSA

1ª Secretária

ENIVALDO DOS ANJOS

2º Secretário

ATO Nº 990

A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA

LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO

SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve,

EXONERAR, na forma do artigo 61, § 2º,

alínea “a”, da Lei Complementar nº 46, de 31 de

janeiro de 1994, CAROLINE PINNA DE

OLIVEIRA, do cargo em comissão de Assistente de

Gabinete de Representação Parlamentar, código

ASGRP, do gabinete da Deputada Claudia Lemos,

por solicitação da própria Deputada, contida no

processo nº 182753/2018.

PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em

14 de agosto de 2018.

ERICK MUSSO

Presidente

RAQUEL LESSA

1ª Secretária

ENIVALDO DOS ANJOS

2º Secretário

ATO Nº 991

A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA

LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO

SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve,

EXONERAR, na forma do artigo 61, § 2º,

alínea “a”, da Lei Complementar nº 46, de 31 de

janeiro de 1994, EDMILSON FURTADO

CORASSA, do cargo em comissão de Assistente de

Gabinete de Representação Parlamentar, código

ASGRP, do gabinete do Deputado Rodrigo Coelho,

por solicitação do próprio Deputado, contida no

processo nº 182760/2018.

Page 22: DIÁRIO OFICIAL PODER LEGISLATIVO - Espírito Santo...PODER LEGISLATIVO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO GABINETE DO DEPUTADO GILSINHO LOPES PROJETO DE LEI Nº 216/2018

20 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em

14 de agosto de 2018.

ERICK MUSSO

Presidente

RAQUEL LESSA

1ª Secretária

ENIVALDO DOS ANJOS

2º Secretário

ATO Nº 992

A MESA DIRETORA DA

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO

DO ESPÍRITO SANTO, usando de suas

atribuições legais, resolve,

EXONERAR, na forma do artigo 61, § 2º,

alínea “a”, da Lei Complementar nº 46, de 31 de

janeiro de 1994, ELIZA LUCIA DOS SANTOS,

do cargo em comissão de Técnico Júnior de

Gabinete de Representação Parlamentar, código

TJGRP, do gabinete do Deputado Erick Musso,

por solicitação do próprio Deputado.

PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em

14 de agosto de 2018.

ERICK MUSSO

Presidente

RAQUEL LESSA

1ª Secretária

ENIVALDO DOS ANJOS

2º Secretário

ATO Nº 993

A MESA DIRETORA DA

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO

DO ESPÍRITO SANTO, usando de suas

atribuições legais, resolve,

EXONERAR, na forma do artigo 61, § 2º,

alínea “a”, da Lei Complementar nº 46, de 31 de

janeiro de 1994, JAQUELINE DE OLIVEIRA

VIANNA, do cargo em comissão de Assessor

Júnior de Secretaria, código AJS, da Secretaria da

Assembleia Legislativa.

PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em

14 de agosto de 2018.

ERICK MUSSO

Presidente

RAQUEL LESSA

1ª Secretária

ENIVALDO DOS ANJOS

2º Secretário

ATO Nº 994

A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA

LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO

SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve,

EXONERAR, na forma do artigo 61, § 2º,

alínea “a”, da Lei Complementar nº 46, de 31 de

janeiro de 1994, LENISE CHEIBUB COSTA

COELHO, do cargo em comissão de Técnico Júnior

de Gabinete de Representação Parlamentar, código

TJGRP, do gabinete do Deputado Erick Musso, por

solicitação do próprio Deputado.

PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em

14 de agosto de 2018.

ERICK MUSSO

Presidente

RAQUEL LESSA

1ª Secretária

ENIVALDO DOS ANJOS

2º Secretário

ATO Nº 995

A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA

LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO

SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve,

EXONERAR, na forma do artigo 61, § 2º,

alínea “a”, da Lei Complementar nº 46, de 31 de

janeiro de 1994, MARCILENE LOPES DO

NASCIMENTO, do cargo em comissão de Assessor

Sênior de Secretaria, código ASS, da Secretaria da

Assembleia Legislativa.

PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em

14 de agosto de 2018.

ERICK MUSSO

Presidente

RAQUEL LESSA

1ª Secretária

ENIVALDO DOS ANJOS

2º Secretário

ATO Nº 996

A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA

LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO

SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve,

EXONERAR, na forma do artigo 61, § 2º,

alínea “a”, da Lei Complementar nº 46, de 31 de

janeiro de 1994, NADINE SILVA ALVES, do cargo

em comissão de Assistente de Gabinete de

Representação Parlamentar, código ASGRP, do

gabinete do Deputado Rodrigo Coelho, por

solicitação do próprio Deputado, contida no processo

nº 182758/2018.

Page 23: DIÁRIO OFICIAL PODER LEGISLATIVO - Espírito Santo...PODER LEGISLATIVO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO GABINETE DO DEPUTADO GILSINHO LOPES PROJETO DE LEI Nº 216/2018

Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 21

PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em

14 de agosto de 2018.

ERICK MUSSO

Presidente

RAQUEL LESSA

1ª Secretária

ENIVALDO DOS ANJOS

2º Secretário

ATO Nº 997

A MESA DIRETORA DA

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO

DO ESPÍRITO SANTO, usando de suas

atribuições legais, resolve:

NOMEAR, na forma do artigo 12, inciso

II, da Lei Complementar nº 46, de 31 de janeiro de

1994, ANTONIO AGOSTINHO ANHOLETTI,

para exercer o cargo em comissão de Assessor

Júnior da Secretaria, código AJS, da Secretaria da

Assembleia Legislativa.

PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em

14 de agosto de 2018.

ERICK MUSSO

Presidente

RAQUEL LESSA

1ª Secretária

ENIVALDO DOS ANJOS

2º Secretário

ATO Nº 998

A MESA DIRETORA DA

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO

DO ESPÍRITO SANTO, usando de suas

atribuições legais, resolve:

NOMEAR, na forma do artigo 12, inciso

II, da Lei Complementar nº 46, de 31 de janeiro de

1994, CARLOS AUGUSTO DE ALMEIDA

NETO, para exercer o cargo em comissão de

Assessor Sênior da Secretaria, código ASS, da

Secretaria da Assembleia Legislativa.

PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em

14 de agosto de 2018.

ERICK MUSSO

Presidente

RAQUEL LESSA

1ª Secretária

ENIVALDO DOS ANJOS

2º Secretário

ATO Nº 999

A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA

LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO

SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve:

NOMEAR, na forma do artigo 12, inciso II,

da Lei Complementar nº 46, de 31 de janeiro de

1994, EDMILSON FURTADO CORASSA, para

exercer o cargo em comissão de Assistente de

Gabinete de Representação Parlamentar, código

ASGRP, no gabinete da Deputada Claudia Lemos,

por solicitação da própria Deputada, contida no

processo nº 182759/2018.

PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em

14 de agosto de 2018.

ERICK MUSSO

Presidente

RAQUEL LESSA

1ª Secretária

ENIVALDO DOS ANJOS

2º Secretário

ATO Nº 1000

A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA

LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO

SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve:

NOMEAR, na forma do artigo 12, inciso II,

da Lei Complementar nº 46, de 31 de janeiro de

1994, ELIZA LUCIA DOS SANTOS, para exercer

o cargo em comissão de Assessor Júnior da

Secretaria, código AJS, da Secretaria da Assembleia

Legislativa.

PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em

14 de agosto de 2018.

ERICK MUSSO

Presidente

RAQUEL LESSA

1ª Secretária

ENIVALDO DOS ANJOS

2º Secretário

ATO Nº 1001

A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA

LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO

SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve:

NOMEAR, na forma do artigo 12, inciso II,

da Lei Complementar nº 46, de 31 de janeiro de

1994, GEDSON BRANDAO PAULINO, para

exercer o cargo em comissão de Técnico Sênior de

Gabinete de Representação Parlamentar, código

Page 24: DIÁRIO OFICIAL PODER LEGISLATIVO - Espírito Santo...PODER LEGISLATIVO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO GABINETE DO DEPUTADO GILSINHO LOPES PROJETO DE LEI Nº 216/2018

22 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

TSGRP, no gabinete do Deputado Erick Musso, por

solicitação do próprio Deputado.

PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em

14 de agosto de 2018.

ERICK MUSSO

Presidente

RAQUEL LESSA

1ª Secretária

ENIVALDO DOS ANJOS

2º Secretário

ATO Nº 1002

A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA

LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO

SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve:

NOMEAR, na forma do artigo 12, inciso II,

da Lei Complementar nº 46, de 31 de janeiro de

1994, GILBERTO GAVA MARQUES, para

exercer o cargo em comissão de Assistente de

Gabinete de Representação Parlamentar, código

ASGRP, no gabinete do Deputado Enivaldo dos

Anjos, por solicitação do próprio Deputado, contida

no processo nº 182756/2018.

PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em

14 de agosto de 2018.

ERICK MUSSO

Presidente

RAQUEL LESSA

1ª Secretária

ENIVALDO DOS ANJOS

2º Secretário

ATO Nº 1003

A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA

LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO

SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve:

NOMEAR, na forma do artigo 12, inciso II,

da Lei Complementar nº 46, de 31 de janeiro de

1994, GLAICY MAURO RORIZ MANSUR, para

exercer o cargo em comissão de Assessor Júnior da

Secretaria, código AJS, da Secretaria da Assembleia

Legislativa.

PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em

14 de agosto de 2018.

ERICK MUSSO

Presidente

RAQUEL LESSA

1ª Secretária

ENIVALDO DOS ANJOS

2º Secretário

ATO Nº 1004

A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA

LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO

SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve:

NOMEAR, na forma do artigo 12, inciso II,

da Lei Complementar nº 46, de 31 de janeiro de

1994, LENISE CHEIBUB COSTA COELHO,

para exercer o cargo em comissão de Assessor Sênior

da Secretaria, código ASS, da Secretaria da

Assembleia Legislativa.

PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em

14 de agosto de 2018.

ERICK MUSSO

Presidente

RAQUEL LESSA

1ª Secretária

ENIVALDO DOS ANJOS

2º Secretário

ATO Nº 1005

A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA

LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO

SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve:

NOMEAR, na forma do artigo 12, inciso II,

da Lei Complementar nº 46, de 31 de janeiro de

1994, MARCILENE LOPES DO NASCIMENTO,

para exercer o cargo em comissão de Assessor Júnior

da Secretaria, código AJS, da Secretaria da

Assembleia Legislativa.

PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em

14 de agosto de 2018.

ERICK MUSSO

Presidente

RAQUEL LESSA

1ª Secretária

ENIVALDO DOS ANJOS

2º Secretário

ATO Nº 1006

A MESA DIRETORA DA ASSEMBLEIA

LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO

SANTO, usando de suas atribuições legais, resolve:

NOMEAR, na forma do artigo 12, inciso II,

da Lei Complementar nº 46, de 31 de janeiro de

1994, NADINE SILVA ALVES, para exercer o

cargo em comissão de Assistente de Gabinete de

Representação Parlamentar, código ASGRP, no

gabinete da Deputada Claudia Lemos, por solicitação

da própria Deputada, contida no processo nº

182761/2018.

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 23

PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em

14 de agosto de 2018.

ERICK MUSSO

Presidente

RAQUEL LESSA

1ª Secretária

ENIVALDO DOS ANJOS

2º Secretário

ATO Nº 1007

A MESA DIRETORA DA

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO

DO ESPÍRITO SANTO, usando de suas

atribuições legais, resolve:

NOMEAR, na forma do artigo 12, inciso

II, da Lei Complementar nº 46, de 31 de janeiro de

1994, WILDER BARBOZA DO CARMO, para

exercer o cargo em comissão de Técnico Sênior de

Gabinete de Representação Parlamentar, código

TSGRP, no gabinete do Deputado Erick Musso,

por solicitação do próprio Deputado.

PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em

14 de agosto de 2018.

ERICK MUSSO

Presidente

RAQUEL LESSA

1ª Secretária

ENIVALDO DOS ANJOS

2º Secretário

ATO Nº 1008

A MESA DIRETORA DA

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO

DO ESPÍRITO SANTO, usando de suas

atribuições legais, resolve:

ELEVAR para 10% (dez por cento), a

partir de 16/07/2018, de acordo com art. 106 da

Lei Complementar nº 46/94, de ADICIONAL DE

TEMPO DE SERVIÇO, a que faz jus CLEBER

JOSÉ DA SILVA, matrícula nº 203134, Assessor

Júnior da Secretaria - AJS.

PALÁCIO DOMINGOS MARTINS, em

14 de agosto de 2018.

ERICK MUSSO

Presidente

RAQUEL LESSA

1ª Secretária

ENIVALDO DOS ANJOS

2º Secretário

ATOS DA SUBDIRETORA-GERAL

RESUMO ORDEM

DE FORNECIMENTO Nº 068/2018

REFERENTE AO PREGÃO ELETRÔNICO

Nº 073/2016 (IBGE) E ATA DE REGISTRO DE

PREÇO Nº 073/2016

A Subdireção Geral da Secretaria da Assembleia

Legislativa do Estado do Espírito Santo, em

atendimento ao que dispõe o artigo 61, § único, Lei

nº 8.666, de 21 de junho de 1993, torna pública a

emissão da Ordem de Fornecimento nº 068/2018,

conforme descrito abaixo:

CONTRATADA: CERTISIGN

CERTIFICADORA DIGITAL S/A.

CNPJ: 01.554.285/0001-75.

OBJETO: Fornecimento de dispositivos para

armazenamento certificados digitais do tipo token

USB para E-CPF.

PROCEDIMENTO LICITATÓRIO: Pregão

Eletrônico.

VALOR: R$ 18.493,75 (dezoito mil, quatrocentos

e noventa e três reais e setenta e cinco centavos).

PROCESSO: 171705

Secretaria da Assembleia Legislativa, em

13 de agosto de 2018.

TATIANA SOARES DE ALMEIDA

Subdiretora-Geral da Secretaria

ERRATA

Na publicação do Resumo do 4° Termo Aditivo ao

Contrato nº 024/2014 firmado com a Empresa

ELEVADORES ATLAS SCHINDLER LTDA,

publicado no dia 06 de agosto de 2018:

ONDE SE LÊ:

CONTRATADA: ATLAS

SCHINDLER S/A

LEIA-SE:

CONTRATADA: ELEVADORES

ATLAS SCHINDLER LTDA

Secretaria da Assembleia Legislativa em,

10 de agosto de 2018.

TATIANA SOARES DE ALMEIDA

Subdiretora-Geral da Secretaria

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24 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

• TERÇA-FEIRA - 14.08.18 •

HORA PROGRAMAS SINOPSES

00h15 DIA DE CAMPO NA TV O Dia de Campo na TV vai falar sobre produtividade do

algodoeiro.

01h45 CONEXÃO CIÊNCIA O programa aborda como a nanotecnologia pode ser aplicada ao

agronegócio e quais as pesquisas que estão sendo desenvolvidas

na área. Cauê Ribeiro, pesquisador da Embrapa, fala sobre o

tema.

01h45 COMISSÃO DE SAÚDE Audiência Pública

05h35 COMISSÃO DE

SEGURANÇA

Reunião Ordinária

07h00 DIA DE CAMPO NA TV O Dia de Campo na TV desta semana apresenta a experiência

de sucesso do produtor Vilmar de Almeida, do Sítio Araúna

(Planaltina/DF), que optou pelo sistema agroecológico em sua

propriedade e hoje é considerado referência para outros

agricultores interessados em deixar o modelo convencional de

cultivo.

08h00 STJ: STJ CIDADÃO O programa dessa semana aborda o tema: Crimes cibernéticos

08h30 MOSAICO ENTREVISTA Entrevista com as principais personalidades da cultura e arte

capixaba

08h45 PANORAMA Telejornal com notícias do legislativo estadual

09h00 COMISSÃO DE SAÚDE

(V)

Reunião Ordinária

12h00 A GRANDE

REPORTAGEM

O Espírito Santo é um dos menores estados do país, mas é

grande em diversidade, atrativos naturais e culturais. Apesar

disso, o estado ainda não está na vitrine do turismo no país.

Nesta reportagem você vai saber mais sobre as potencialidades

e desafios do setor turístico no Espírito Santo.

12h30 MP COM VOCÊ O promotor de Justiça do Ministério Público, em Nova

Venécia, Leonardo Augusto de Andrade César dos Santos fala

sobre a corrupção e que é preciso criar consciência do mal que

representa os atos ilícitos, tanto nos poderes públicos e privados

como no cotidiano da sociedade brasileira.

13h00 DEDO DE PROSA Bárbara é um livro de contos. Ambientado em um prédio, cada

apartamento tem uma história para contar. O Centro de Vitória

foi inspiração para a autora, Brunella Brunello.

13h30 COMISSÃO DE JUSTIÇA

(V)

O Espírito Santo é um dos menores estados do país, mas é

grande em diversidade, atrativos naturais e culturais. Apesar

disso, o estado ainda não está na vitrine do turismo no país.

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 25

Nesta reportagem você vai saber mais sobre as potencialidades

e desafios do setor turístico no Espírito Santo.

14h00 # CONFIRMA Sexo frágil. Quantas vezes você já ouviu essa expressão para

definir as mulheres? Será que nos dias atuais, homens e

mulheres precisam ter papéis definidos dentro de casa, no

trabalho, na sociedade e no processo eleitoral? Para responder

essas questões, o #Confirma desta semana quer debater com

você, eleitor, a participação equilibrada de homens e mulheres

na política e na sociedade.

14h30 PANORAMA Telejornal com notícias do legislativo estadual

15h00 SESSÃO ORDINÁRIA

(V)

Trabalhos Do Legislativo Estadual

18h00 A GRANDE

REPORTAGEM

O Espírito Santo é um dos menores estados do país, mas é

grande em diversidade, atrativos naturais e culturais. Apesar

disso, o estado ainda não está na vitrine do turismo no país.

Nesta reportagem você vai saber mais sobre as potencialidades

e desafios do setor turístico no Espírito Santo.

18h30 DEDO DE PROSA Bárbara é um livro de contos. Ambientado em um prédio, cada

apartamento tem uma história para contar. O Centro de Vitória

foi inspiração para a autora, Brunella Brunello.

19h00 MPF - INTERESSE

PÚBLICO

O programa dessa semana fala sobre as postagens censuradas

nas redes sociais.

19h30 STJ: STJ NOTÍCIAS O programa dessa semana esclarece duvidas sobre pensão

alimentícia

20h00 MPT - TRABALHO

LEGAL

OIT divulga dados inéditos sobre o lucro dos trabalhos forçados

no mundo. E ainda, mais de dez milhões de crianças são

exploradas no trabalho doméstico.

20h30 CONEXÃO CIÊNCIA A degradação ambiental é um dos principais motivos da

destruição do ambiente natural dos animais silvestres. Para falar

sobre o assunto, o Conexão Ciência conversa com o presidente

da Fundação Jardim Zoológico de Brasília, Gerson Norberto.

21h00 STJ NOTÍCIAS O programa dessa semana esclarece duvidas sobre pensão

alimentícia

21h30 CIÊNCIAS E LETRAS À Procura de um Mundo Melhor

22h00 PANORAMA Telejornal com notícias do legislativo estadual

22h15 SOM DA TERRA Com mais de dez anos de estrada, a banda Eletrofonia mostra

suas referências no rock dos anos 1980, 1990 e 2000.

22h45 MP COM VOCÊ O promotor de Justiça do Ministério Público, em Nova

Venécia, Leonardo Augusto de Andrade César dos Santos fala

sobre a corrupção e que é preciso criar consciência do mal que

representa os atos ilícitos, tanto nos poderes públicos e privados

como no cotidiano da sociedade brasileira.

23h15 DEDO DE PROSA Bárbara é um livro de contos. Ambientado em um prédio, cada

apartamento tem uma história para contar. O Centro de Vitória

foi inspiração para a autora, Brunella Brunello.

23h45 CIÊNCIAS E LETRAS Portal De Periódicos Da Fiocruz

Legenda: (R) - Reprise; (V) - Ao Vivo

OBS.: A programação da TV ALES pode sofrer alterações em função dos trabalhos legislativos.

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26 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

ATAS DAS SESSÕES E DAS REUNIÕES DAS COMISSÕES PARLAMENTARES

TERCEIRA REUNIÃO ORDINÁRIA, DA

QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA

ORDINÁRIA, DA DÉCIMA OITAVA

LEGISLATURA, DA COMISSÃO DE

ASSISTÊNCIA SOCIAL, SOCIOEDUCAÇÃO,

SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL,

REALIZADA EM 13 DE JUNHO DE 2018.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Boa tarde a todos e todas.

Quero cumprimentar carinhosamente nosso colega

deputado, vice-presidente desta comissão, Deputado

Doutor Hércules. Cumprimentar carinhosamente

nossos convidados, teremos um tema muito

importante, o apadrinhamento de crianças e

adolescentes em acolhimentos. A gente agradece

carinhosamente a participação, já estão conosco, do

nosso colega e amigo Joel Brinco, que está sempre se

dispondo a estar divulgando todos os trabalhos do

Tribunal de Justiça, de todos os trabalhos dos

psicólogos e todos os membros do Tribunal de

Justiça, assim como, cumprimento Katiuscia Soares

Helmer, madrinha afetiva do projeto de

apadrinhamento da Secretaria de Assistência Social,

da Prefeitura de Cariacica.

Ela não chegou ainda, me confundi. É a

Sandra Sousa que está aqui, assistente social da 1.ª

Vara de Infância e Juventude do município de

Cariacica; Amanda Stafanato Verediano, psicóloga

do programa Família Acolhedora, do município de

Cariacica, que gentilmente se colocaram à disposição

em estar aqui, Deputado Doutor Hércules.

Agradecemos.

Havendo número legal, declaro abertos os

trabalhos e solicito à secretária que proceda à leitura

da ata.

(A senhora secretária procede à

leitura da ata da segunda reunião

ordinária, realizada em 30 de maio

de 2018)

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Em discussão a ata. (Pausa)

Não havendo quem queira discutir, em

votação.

Como vota o Deputado Doutor Hércules?

O SR. DOUTOR HÉRCULES - (MDB) -

Pela aprovação, como lida.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Eu acompanho, ata aprovada

como lida.

Antes de solicitar à secretária, quero informar que

chegou a Katiuscia Soares Helmes, madrinha afetiva

do projeto de apadrinhamento da Secretaria de

Assistência Social da Prefeitura de Cariacica. Que

bom, Cariacica está aí! Mais uma madrinha. É você a

Katiuscia? Desculpa. Achei que fosse a Sandra.

Sandra é você, é assistente social. Eu me confundi.

Sandra Sousa é a assistente social da 1.ª Vara de

Infância e Juventude do município de Cariacica. Seja

bem-vinda. E a Cristiana Furtado Caldas Couto, que

coordena o projeto no município de Cariacica. Agora

entendi bem. E a Amanda Stafanato Verediano é

psicóloga do programa Família Acolhedora do

município de Cariacica. Agora está tudo certo,

consegui localizar os nomes e as pessoas. E às nossas

convidadas, a gente agradece a participação. O Joel já

estamos acostumados com ele, o Joel está sempre

junto conosco, sempre visitando a comissão. E

agradecemos, Joel. Não esquecendo de dizer que ele

foi psicólogo-analista das varas de infância e

juventude do Tribunal de Justiça durante os anos de

2014 a 2017. É um brinco de pessoa. Doutor

Hércules está falando, um brinco de pessoa,

brilhante, faz um trabalho muito atuante e brilhante

no Tribunal de Justiça, atuando em todos os projetos.

Ele é um grande colaborador, como falei, da

Comissão de Assistência Social.

Depois nós teremos o momento das

Comunicações e, aí, a gente vai dialogar e ouvir as

informações que vocês têm para todos nós. Não só

nós.

Cumprimento todos os que estão nos

assistindo. A última vez que tivemos a sessão aqui,

Doutor Hércules - é quinzenal -, eu não sabia que

estava sendo transmitida ao vivo para Linhares

também. Cheguei a Linhares, eles ouviram, me

passaram a informação de toda a nossa fala que

fizemos. Alcançou também a região do interior. Isso

é importante, porque a gente estava falando

justamente sobre adoção. E dessa reunião com o tema

sobre adoção aqui no estado do Espírito Santo, surgiu

a ideia de nós falarmos também e discutirmos sobre

apadrinhamento, porque, para mim - eu fui secretária

de Assistência Social do município de Linhares -,

como é um programa novo - 2015 -, e eu trabalhei

entre 2005 e 2008, nós não tínhamos esse programa.

Eu fiquei muito feliz de ter esse avanço. E de

iniciativa do Tribunal de Justiça. Quando eu descobri,

falei: Não, vamos colocar aqui, não é, Doutor

Hércules? A gente aprovou esse momento de

estarmos discutindo e também incentivando a

população do estado do Espírito Santo, de que existe

esse programa e que podem também ter essa adesão.

Cumprimento todos os colaboradores desta

comissão, todos os assessores e os parabenizo pelo

trabalho que vêm desenvolvendo na comissão.

Solicito à secretária que dê procedimento à

leitura do Expediente.

A SR.ª SECRETÁRIA lê:

CORRESPONDÊNCIAS RECEBIDAS:

Não houve no período.

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 27

PROPOSIÇÕES RECEBIDAS:

Projeto de Lei n.º 64/2018.

Autora: Deputada Janete de Sá

PROPOSIÇÕES RECEBIDAS:

Projeto de Lei n.º 64/2018. Autora: Deputada Janete de Sá.

Projeto de Lei n.º 313/2017.

Autor: Deputado Doutor Hércules.

Ementa: Declara de Utilidade Pública a

Academia Maçônica de Artes, Ciências e

Letras do Grande Oriente do Brasil - Estado

do Espírito Santo.

PROPOSIÇÕES DISTRIBUÍDAS AOS

SENHORES DEPUTADOS:

Projeto de Lei n.º 64/2018. Autora: Janete de Sá.

Projeto de Lei Nº 313/2017.

Autor: Deputado Doutor Hércules.

Projeto de Lei n.º 469/2017.

Autor: Deputado Gildevan Fernandes.

PROPOSIÇÕES SOBRESTADAS:

Não houve no período.

PROPOSIÇÕES BAIXADAS DE PAUTA:

Não houve no período.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Vamos passar agora à Ordem

do Dia.

Avoco a matéria para relatar do Projeto de

Lei n.º 469/2017, de autoria do Deputado Gildevan

Fernandes, que institui o Dia do terceiro setor no

estado do Espírito Santo.

Doutor Hércules, o senhor que

foi um grande defensor do terceiro setor, agora, o

nosso nobre Deputado Gildevan Fernandes vem com

essa ementa que institui o Dia do Terceiro Setor no

Estado do Espírito Santo. Nós precisamos valorizar

muito o terceiro setor. Vejo a luta do Doutor

Hércules também, é um grande batalhador nessa área,

principalmente nesse segmento.

Eu, quando secretária de Assistência Social,

Doutor Hércules, sempre valorizei muito. Eu tive

experiência de gestão na Assistência e a gente

percebia, como o senhor também percebe a

necessidade e a grande demanda que existe. Nós

estamos aqui, nós deputados, como o terceiro setor

nos procura, por que tem que ter essas parcerias, há

necessidade de manter os projetos vivos, funcionando

e assim a gente visita, eu por exemplo, visito muito o

terceiro setor, as ONGs. Muitos conhecem como

ONGs, instituições, tudo a mesma coisa, não é

Doutor Hércules? O terceiro setor. E precisamos dar

atenção especial para essas instituições.

A Comissão de Assistência Social, Sócio

Educação, Segurança Alimentar e Nutricional é pela

aprovação do projeto de lei, de autoria do Deputado

Gildevan Fernandes.

Coloco em discussão.

O SR. DOUTOR HÉRCULES - (MDB) -

Só quero fazer um registro. Parabenizar o Deputado

Gildevan Fernandes por essa preocupação. Ele tem

uma filha, inclusive, deficiente visual. E aqui na

Assembleia nunca se falou; nunca antes na história da

Assembleia, essa frase não é muito boa, não, mas na

verdade, eu criei - desculpe-me falar na primeira

pessoa também -, mas eu criei aqui a Frente

Parlamentar do Terceiro Setor. O terceiro setor são

todas essas ONGs. Em Vila Velha temos a Apae, a

Pestalozzi, a Expenha está fechada, mas temos a

Unicep - União de Cegos - e outras entidades, tem em

Retiro do Congo também.

O terceiro setor movimenta cinco por cento

do PIB brasileiro. Se fosse uma nação, seria a oitava

economia do mundo. Infelizmente, o Poder Público

dá muito pouca atenção para este setor que ocupa um

espaço que deveria ser feito pelo Poder Público.

Infelizmente, é este pessoal que carrega o

piano. Carrega mesmo, trabalha muito. Eu sempre

fico muito feliz, a Deputada Eliana - que foi

secretária de Ação Social em Linhares e fez um

trabalho muito bom - a sensibilidade que ela tem é

muito boa.

Eu só quis duas comissões: Saúde, que é a

minha praia - sou médico há quarenta anos - e quis

Assistência Social, porque são coisas muito

interligadas: Saúde com Assistência Social.

Parabenizo o Deputado Gildevan Fernandes e

lembro-o da Lei n.º 13.019, que veio regulamentar

toda a documentação de fiscalização dessas

entidades. E, hoje, falava também com o procurador

de justiça a dificuldade, essa lei veio naturalmente

regulamentar, evitar muito desfalque que acontecia,

mas por outro lado veio dificultar alguns municípios

pequenos, algumas ONGs que não têm ainda o seu

registro, a documentação, toda essa papelada que

precisa. É preciso que essa lei continue exigindo,

agora, é preciso que as ONGs também se organizem

no sentido de evitar algumas coisas que aconteceram

no passado, especialmente a Profis aqui em Vitória.

Até o carro roubaram da Profis. Quando o Paulo

Hartung era prefeito doou a casa, fizeram uma

bagunça, roubaram. Conseguimos fundar agora a

Afilpa, que atende casos de fenda palatina e lábio

leporino que está, inicialmente, no Meridional, um

favor do doutor Benjamin e também do Carlos

Timóteo que faz essa cirurgia bucomaxilofacial.

Vocês devem ter visto, recentemente, no

jornal, o Iarley, o menino que foi operado dezessete

vezes, e para a décima oitava vai ter que entrar na

Justiça para fazer isso, infelizmente.

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28 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

Desculpa me alongar, mas sou fã do terceiro

setor e do trabalho voluntário, assim como a

deputada, nossa presidente. Obrigado.

Sou a favor, naturalmente, pela aprovação.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Então, o senhor vota pela

aprovação.

Aprovado à unanimidade, como eu já relatei,

de acordo.

Queremos deliberar, Doutor Hércules, a

audiência pública em conjunto com a Comissão de

Saúde e Saneamento para debater o tema As Doenças

Raras no estado do Espírito Santo, com o horário a

definir. Nós já conversamos, Doutor Hércules,

também sou membro da Comissão de Saúde e

conversamos sobre a necessidade de se discutir mais

sobre essa questão. Eu nem sabia que mais de oito

mil doenças raras existem em nosso país, e a gente

precisa tomar conhecimento. Quantas pessoas têm

seus filhos com problemas e, às vezes, nem sabem

que existem essas doenças! Vão ser bem discutidas

nesse dia. Estamos com a data para marcar; não é,

Doutor Hércules? E é um prazer a Comissão de

Assistência Social participar.

Aproveito a oportunidade e convido todos

que estão nos assistindo e também vocês, nossos

convidados, para participarem deste dia. É importante

a participação do Tribunal de Justiça, assim como dos

programas sociais porque lidam com crianças até ali

dentro dessas instituições. Há necessidade de se

detectar que tipo de doença que essa criança tem.

Agora vamos passar a palavra para nossos

convidados.

O SR. DOUTOR HÉRCULES - (MDB) -

Deputada, me dá licença, me dá um aparte!

Queria aproveitar e pedir a V. Ex.ª para

aceitar um convite nosso para ser vice-presidente da

Comissão de Saúde, uma vez que nosso estimado

amigo e colega Almir está perdendo o mandato, e é o

vice-presidente, então, queria fazer uma dobradinha.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Com o maior prazer.

O SR. DOUTOR HÉRCULES - (MDB) -

Sou vice-presidente aqui e a senhora vice-presidente

lá.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Me fez surpresa agora.

Obrigada.

O SR. DOUTOR HÉRCULES - (MDB) -

Vamos tocar essa bola nós dois.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Vamos! Vamos, sim! Saúde e

Assistência Social. Temos que estar juntos.

O SR. DOUTOR HÉRCULES - (MDB) -

Muito obrigado.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Inclusive, repetindo, quando

secretária de Assistência Social as ambulâncias

ficavam na minha responsabilidade, Doutor Hércules.

Tinha vários serviços da saúde que estava sob a

minha responsabilidade, e é muito grande a

responsabilidade nossa.

Pois é, por isso estou aqui deputada, graças

ao trabalho sério que fizemos, como o Doutor

Hércules, também sempre dinâmico, vejo o trabalho

fantástico que ele faz aqui na Grande Vitória e que

também repercuti no estado do Espírito Santo, sabe,

Doutor Hércules? O senhor é também muito querido

no interior; a gente ouve falar.

Agora, vamos passar para o Joel. A primeira

fala vai ser do Joel e depois a gente passa para as

madrinhas, para as coordenadoras. Que bom que

todos os atores que estão lá na ponta e estão

trabalhando com essas crianças estão aqui conosco. A

gente agradece de coração.

Com a palavra o Joel Brinco.

O SR. JOEL FERNANDO BRINCO

NASCIMENTO - Boa tarde! Quero saudar a todos e

todas, o Doutor Hércules, a Deputada Eliana, os

telespectadores da TV Assembleia.

Atuei como analista judiciário psicólogo na

Coordenadoria das Varas da Infância e da Juventude

de 2014 a 2018. Hoje foi publicado no Diário da

Justiça a minha transferência, a pedido do

desembargador Fernando Zardini e da doutora Gisele,

que pediram ao meu desembargador supervisor

doutor Jorge Henrique que me transferisse para atuar

na coordenadoria das Varas Criminais e de Execução

Penal. Mas eu amo a Infância, desde que comecei a

atuar em 1991 comecei a trabalhar em casas lares,

casa república, depois trabalhei na Unes. A minha

prática sempre coadunou com a psicologia clínica e

social. E a respeito dessa questão do terceiro setor

quero dar uma sugestão para a Mesa, que estabeleça,

acredito que é possível estabelecer, que esta Casa,

esta comissão estabeleça convênio com a sub-reitoria

de Pós Graduação da Ufes e puxar uma pós-

graduação em Gestão de Terceiro Setor, Gestão de

Projetos porque tenho observado pelo que tenho

acompanhado, as medidas que esta comissão propõe

têm um efeito que terapeutiza a comunidade que

recebe a aplicação dessas medidas porque, por

exemplo, a comunidade terapêutica que eu acredito é

uma comunidade onde as relações sociais são

terapeutizadas.

As medidas que a comissão que a senhora e o

Doutor Hércules presidem também tem um aspecto

terapêutico no melhor sentido da palavra. Hoje vou

falar sobre a questão da família acolhedora, que foi

um projeto que foi puxado quando a Doutora Janete

Pantaleão Alves era a juíza coordenadora das varas

da Infância. É curioso porque a Família Acolhedora

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 29

surgiu, na verdade, no pós-guerra, na Segunda Guerra

Mundial, e ela era chamada de foster family, que seria

a tradução, ao pé da letra, família estepe. No cenário

da Segunda Guerra Mundial havia muitas crianças

órfãs pelos pais que morreram nas guerras e daí

surgiram as foster family. E até hoje nos Estados

Unidos eles dão continuidade a essa questão da

Família Acolhedora, Foster Family, e no Brasil, via

CNJ, que determina essa medida em todos os

tribunais de cada estado da Federação, o Espírito

Santo criou uma versão capixaba que tem se

aperfeiçoado e precisa se aperfeiçoar e adequar a

nossa realidade social, geográfica, política e

econômica.

O texto que escrevi é com dados de 2016. A

gente ainda não tem os de 2017. É um texto breve:

No Brasil existem mais de quarenta e

seis mil crianças e adolescentes em

situação de acolhimento que vivem

atualmente nas quatro mil entidades

credenciadas junto ao Judiciário de

todo país, conforme dados do Cadastro

Nacional de Crianças Acolhidas, CNCA,

coordenado pela corregedoria do

Conselho Nacional de Justiça, CNJ.

As famílias acolhedoras se

responsabilizam por cuidar da criança

até que ela retorne à família de origem,

ou seja encaminhada para adoção. A

modalidade de famílias acolhedoras

também conhecidas como guarda

subsidiada permite que famílias

recebam em suas casas crianças e

adolescentes que foram afastados do

convívio da sua família biológica.

De acordo com o censo do Sistema

Único de Assistência Social, Suas, de

2016, o serviço de acolhimento está

presente em quinhentos e vinte e dois

municípios brasileiros, e segundo o

Ministério do Desenvolvimento Social,

MDS, existem duas mil, trezentos e

quarenta e uma famílias cadastradas

para acolher mil, oitocentas e trinta e

sete crianças e adolescentes.

As famílias acolhedoras não se

comprometem a assumir a criança ou o

adolescente como um filho, mas a

acolher e prestar cuidados durante o

período de acolhimento. A família se

torna, desta forma, parceira do serviço

de acolhimento na preparação da

criança para o retorno à convivência

familiar ou para a adoção, se for o caso.

A criança ou o adolescente é

encaminhado a um serviço de

acolhimento quando se encontra em

situação de risco, que teve seus direitos

violados e foram esgotadas as

possibilidades que permitiriam colocá-

lo em segurança.

Quase sempre o acolhimento ocorre

quando o Conselho Tutelar entende

necessário o afastamento do seu

convívio familiar, e comunica o fato ao

Ministério Público, prestando

esclarecimento sobre os motivos de tal

entendimento e sobre as providências já

tomadas no sentido da orientação, do

apoio e da promoção social da família.

Quais são as exigências para se tornar

uma família acolhedora? Para ingressar

no programa, a futura família

acolhedora passa por avaliação e

treinamento, e pode receber crianças em

casa por um período que varia de seis

meses a dois anos. Essa família terá

uma ajuda de custo de um salário

mínimo por mês.

Para ser uma família acolhedora e

receber crianças e adolescentes

temporariamente em casa é preciso ter

disponibilidade de acomodação, estar

em boas condições de saúde física e

mental, não possuir antecedentes

criminais, possuir situação financeira

estável e proporcionar convivência

familiar e livre de pessoas dependentes

de substâncias entorpecentes. Em outras

palavras, é preciso proporcionar um

ambiente saudável.

Benefícios para as crianças e os

adolescentes. Entre os benefícios do

acolhimento por meio dessas famílias

está a garantia do convívio saudável e

dos cuidados individualizados à criança

e ao adolescente que atravessa a etapa

de afastamento de sua família de

origem. Salvo determinação judicial em

contrário, a família acolhedora também

deve preservar vínculo da criança com a

família de origem. As famílias

acolhedoras oferecem condições

favoráveis para o desenvolvimento da

criança e do adolescente em um

ambiente saudável, seguro e afetivo.

Ao serem encaminhadas a essas

famílias, as crianças não são

institucionalizadas, ou seja, não ficam

em abrigos, à espera da adoção ou do

retorno à família de origem.

O afastamento da criança ou do

adolescente do convívio familiar é de

competência exclusiva da autoridade

judiciária. A criança em acolhimento

poderá ser encaminhada para adoção

ou retornar à família de origem, ou seja,

nem toda criança acolhida está apta à

adoção.

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30 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

De acordo com o Cadastro Nacional de

Adoção da Corregedoria do CNJ,

existem cerca de sete mil e oitocentas

crianças cadastradas para a adoção no

país, ou seja, cujos genitores biológicos

perderam, definitivamente, o poder

familiar.

O que eu entendo é que, no nosso país, apesar

de a gente não viver uma guerra declarada, nós

vivemos debaixo do efeito de uma guerra civil não

declarada. Tivemos sessenta e cinco mil baixas de

brasileiros, dentre outras questões. Nós vivemos os

efeitos de uma guerra.

Existe uma chaga social, e existe esse

número de crianças para serem adotadas. E o foster

family, ou a família acolhedora no Brasil, para mim, é

um projeto que está a serviço da reconstituição de um

tecido emocional adoecido, enfermo. Porque, o que

eu tenho observado e percebido dos depoimentos de

padrinhos e madrinhas é que existe uma relação de

amor, e o amor é altruísta. A palavra altruísta vem de

alter, que é o outro. Então, o amor se dirige ao outro,

se dirige a outrem, se dirige a um terceiro. A família

acolhedora é um ato de amor, é um amor que se

traduz na materialidade e na concretude das relações

diária das crianças que são acolhidas em uma família

acolhedora.

Acho que está bom. O que eu gostaria de

falar é isso mesmo. Outra coisa que me ocorreu é que

como escrevi aqui, as crianças não são

institucionalizadas, isso é bom, isso é bom. A

institucionalização promove a despersonalização de

uma criança, a perda de uma identidade, a opacidade

de uma identidade emocional ou afetiva de uma

criança.

Como eu disse, entendo a família acolhedora

como um ato de amor, um ato com A maiúsculo,

amor com A maiúsculo também, porque o amor cura.

É isso. Agradeço a oportunidade.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Só perguntando também, Joel,

porque, de repente, pode ter dúvida e eu também

fiquei na dúvida. Existe um projeto da família

acolhedora e do apadrinhamento. Não é?

O SR. JOEL FERNANDO BRINCO

NASCIMENTO - Sim, por exemplo, existe o foster

family, que é a família acolhedora, e existe a

modalidade de apadrinhamento afetivo. No

apadrinhamento afetivo, ele pode ser um padrinho

afetivo prestador de serviço, como um médico, um

dentista, um psicólogo, um psiquiatra, que pode se

cadastrar. Esse profissional pode se cadastrar na

vara do município que ele pertence e dizer que ele

está interessado em ser um padrinho afetivo

prestador de serviço. Ou existe o padrinho que é o

patrocinador que, por exemplo, se ele quer bancar, patrocinar, por exemplo, os estudos de uma criança

que está em uma instituição de acolhimento, livros; e

o afetivo, que é a questão da família acolhedora.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Depois, nós vamos ter as falas

e vamos esclarecer bem, acredito. Vamos deixar,

então, para o final. Não é, Doutor Hércules? O senhor

quer fazer alguma fala?

Então, vamos passar agora para a Sandra

falar também um pouco da experiência, ela como

assistente social da 1.ª Vara da Infância e da

Juventude. Por favor.

A SR.ª SANDRA SOUSA - Boa tarde a

todos.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Boa tarde.

A SR.ª SANDRA SOUSA - Eu tenho

trabalhado nessa área de acolhimento institucional

desde 2003, primeiramente nos abrigos e, depois, nos

órgãos de defesa dos direitos da criança e do

adolescente. Muito me realiza o advento da nova lei,

agora, junto ao Estatuto da Criança e do Adolescente,

que foi acrescido em novembro de 2017, ou seja, é

um bebê.

Na época em que eu trabalhava dentro dos

abrigos, a gente sentia muita falta dessa convivência

familiar e comunitária em que as crianças

institucionalizadas poderiam participar, mostrar as

suas caras, sair dos muros da instituição. Veio essa

nova lei, que tem o mérito de introduzir no estatuto,

ECA ou Ecriad, como preferirem chamar, o programa

do apadrinhamento afetivo, que aconteceu agora em

novembro de 2017, como falei.

Anteriormente, não havia isso nos artigos do

estatuto, o que existia era o artigo 4.º, aquele

conhecido artigo 4.º falando que:

Art. 4.º É dever da família, da

comunidade, da sociedade em geral e

do poder público assegurar, com

absoluta prioridade, a efetivação dos

direitos referentes à vida, à saúde, à

alimentação, à educação, ao esporte,

ao lazer, à profissionalização, à

cultura, à dignidade, ao respeito, à

liberdade e à convivência familiar e

comunitária.

Que foi quando foi inserido o plano de

convivência familiar e comunitária em nosso país.

Até então o carro-chefe era o artigo 4.º. Nós

não tínhamos algo mais concreto dentro do Ecriad

falando sobre o apadrinhamento afetivo e falando

sobre família acolhedora. E aí vem o mérito dessa

nova lei. Na prática, as ações de apadrinhamento

afetivo já acontecem há muitos anos, mas como algo

informal. Poucas foram as comarcas que

formalizaram isso.

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 31

Com a introdução na lei maior dos direitos da

criança e do adolescente, o apadrinhamento já

ganhou um status oficial. As comarcas estão se

adequando para isso.

Vale destacar também que em alguns

municípios, programas dessa natureza, eles eram

acompanhados pelas varas da infância e da

juventude. E em outras, os juízes até evitavam,

muitas vezes, recomendá-los, pelo apadrinhamento

não figurar, até então, no Ecriad.

Então, assim, ficava a vara fazendo esse

acompanhamento. Como não tinha nada muito

concreto, ainda, no estatuto, algumas comarcas

deixavam de fazer um programa, de instituir um

programa de apadrinhamento afetivo, enfim.

O apadrinhamento afetivo é uma ação de

vital importância mesmo para a criança e o

adolescente, com remota possibilidade de reinserção

familiar ou de colocação em família substituta, seja

através de adoção, de guarda, de tutela, enfim.

Então, com a modificação produzida pela Lei

n.º 13.509/2017, o Ecriad, nos artigos 19-B, § 1.º,

indica que:

§ 1.º O apadrinhamento consiste em

estabelecer e proporcionar à criança

e ao adolescente vínculos externos à

instituição para fins de convivência

familiar e comunitária e colaboração

com o seu desenvolvimento nos

aspectos social, moral, físico,

cognitivo, educacional e financeiro.

E nesse mesmo artigo 19-B, o § 5.º indica

também que:

§ 5.º Os programas ou serviços de

apadrinhamento apoiados pela

Justiça da Infância e da Juventude

poderão ser executados por órgãos

públicos ou por organizações da

sociedade civil.

Abriu o leque. Porque até então, nós

tínhamos, por exemplo, grupos de apoio à adoção,

convivência familiar e comunitária, como temos,

posso falar da comarca de Cariacica, o Raízes e Asas;

em Vitória temos o Ciranda; temos em Vila Velha

um recém-criado e temos em Serra também. Então,

temos grupos de apoio à adoção e à convivência

familiar que queriam - pelo menos na comarca de

Cariacica - entrar nesse métier do apadrinhamento

afetivo e não eram autorizados pela lei. Então, já

abriu para a sociedade civil organizada.

Cariacica, ela é uma das pioneiras com o

apadrinhamento afetivo e com família acolhedora.

Quando nada se falava, ainda, em apadrinhamento

afetivo, em 2008, a equipe técnica de lá, junto com a

magistrada, organizaram o programa de

Apadrinhamento Afetivo Carinho Transforma.

E ontem, quando recebi o convite de estar

presente aqui, eu, mexendo dos anais do juizado,

encontrei uma pasta histórica, com o primeiro

projeto, o primeiro fôlder, os termos de adesão, tudo.

E falei: Nossa, é um material rico, historicamente

falando. E a vara da infância e da juventude

coordenou esse cadastro de pretendentes a

apadrinhamento afetivo, a serem padrinhos afetivos.

Em 2011, como inchou também, em 2011,

foi transferido a administração, a coordenação, para o

Executivo municipal, através da secretaria de Ação

Social de Cariacica, que passaram a coordenar os

programas Apadrinhamento Afetivo e Família

Acolhedora, que andam bastante de mãos dadas. Sou

suspeita de falar dos dois porque o Família

Acolhedora, o estatuto já é muito claro em falar que a

prioridade é colocar a criança ou o adolescente

acolhido em âmbito familiar. Então, se eu tenho

famílias acolhedoras na minha comarca eu não vou

colocá-lo numa instituição. Eu vou respeitar a

individualidade daquela criança, daquele adolescente,

e vou colocá-lo em um acolhimento familiar. Então,

já é essa a prioridade.

Em algumas comarcas, em alguns

municípios, há um benefício - e a equipe do

município vai poder explanar melhor -, há um

benefício monetário em que a família recebe uma

quantia por criança colocada em sua casa e a criança

mora ali. Já no apadrinhamento afetivo existem as

três modalidades, que são o padrinho afetivo, o

padrinho provedor, que muitas vezes a criança ou o

adolescente não sabe nem a cara daquele padrinho,

ele está por trás das cortinas custeando a vida daquela

criança ou do adolescente. Em Cariacica nós temos

isso existindo, por exemplo, na Montanha da

Esperança, um acolhimento antigo que existe lá. E o

padrinho prestador de serviço, que é aquele padrinho

ou empresa, porque essa nova lei também abriu para

pessoas jurídicas. Hoje, pessoas jurídicas podem ser

padrinhos. Fizeram isso com a finalidade de ampliar

as possibilidades de apadrinhamento, na verdade.

Então, nesse artigo 19-B do Ecriad, parágrafo 3.º,

indica que pessoas jurídicas poderão apadrinhar

criança ou adolescente a fim de colaborar com seu

desenvolvimento. Claro, em cada situação caberá

analisar as melhores formas de colaboração para o

desenvolvimento daqueles que estão acolhidos.

Mas, existe isso acontecendo e as pessoas

ou as empresas, talvez o trabalho de formiguinha

que a gente vai ter que fazer agora maior, e eu falo

pela comarca de Cariacica, porque lá nós já temos

instituído e funcionando esse programa são com as

empresas, porque é novo para pessoa jurídica.

Quando passou, em 2011, a ser coordenado

pela equipe técnica da Secretaria de Ação Social, nós

nos desvinculamos um pouco; porém, os processos

continuaram a ser encaminhados para o juiz e o

Ministério Público da 1.ª Vara da Infância e da

Juventude de Cariacica tomarem ciência e

decidirem se aquela pessoa estava apta ou não para

ser incluída no cadastro de padrinho ou madrinha do

município. Todo o trabalho técnico é feito pelo

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32 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

Executivo e a determinação, a autorização, enfim,

dada pelo Judiciário. A hora em que a juíza autoriza a

saída com o padrinho afetivo, se for o caso, a saída

nos finais de semana, nos feriados, passar férias

escolares. Tudo com o objetivo de a criança ou de o

adolescente conhecer a convivência familiar sadia, se

vincular afetivamente, ter uma referência afetiva,

uma referência de qualidade de vida. Tudo isso a

gente sabe que é muito importante do ponto de vista

emocional, psicológico para a constituição do ser,

daquela criança e daquele adolescente em

desenvolvimento.

Então, o nome foi até muito propício na

época: Carinho transforma. E como transforma. Nós

temos pérolas que foram consequências do programa

Apadrinhamento Afetivo e do programa Família

Acolhedora.

Nós sabemos que vinculação afetiva muitas

vezes pode soar, dar um tom de adoção.

Apadrinhamento afetivo não é via para adoção.

Família acolhedora não é via para adoção. Pode

acontecer? Pode! Não desrespeitando o cadastro

daquelas pessoas que estão habilitadas estadual e

nacionalmente para adoção, pode. A gente sabe que

existem perfis inadotáveis de criança e adolescente,

infelizmente, principalmente de adolescente. Nós

trabalhamos, hoje, em Cariacica, com grupos muito

grandes de irmãos; grupo de quatro irmãos, grupo de

seis irmãos, grupo de nove irmãos. Não temos

pretendentes habilitados para adoção, nem

nacionalmente.

E crianças especiais também temos

dificuldade de colocação e adoção. Então, são casos

em que tem que ter muita cautela ao analisar e

trabalhar dentro da lei, mas sempre visando à justiça

e ao direito da criança e do adolescente de estarem

convivendo comunitariamente e em família.

Só para fechar, ontem fiz um levantamento

só na Grande Vitória, na região metropolitana. Nós

temos, hoje, funcionando o apadrinhamento afetivo

no município de Cariacica. Temos, em Vila Velha,

uma portaria para ser lançada agora em 2018,

colocando o apadrinhamento afetivo para funcionar

lá.

Temos, em Vitória, possivelmente, Vitória,

na verdade, foi a pioneira em família acolhedora. Em

apadrinhamento afetivo, se não me engano, foi

Cariacica. Em Vitória já existia o apadrinhamento

afetivo funcionando, porém ficou um pouco obsoleta

a forma como acontecia e parou. Na verdade, começa

e para. A maioria dos municípios da Grande Vitória

já começou, só que pararam. Cariacica continuou e

agora, com o advento dessa modificação na lei, no

final do ano passado, todos estão tomando esse

fôlego e se reorganizando para colocar para funcionar

novamente. Vitória também está fazendo isso. Serra

existe de modo informal. Acredito que devam se

organizar também. Em Viana deve se organizar

também. Foi um levantamento rápido que fiz ontem e

não sei no interior do estado como está, se tem algo

formalizado com o Executivo ou com alguma

organização de sociedade civil do interior do estado

também.

Mas acredito que a grande maioria, mais de

noventa por cento hoje, no estado do Espírito Santo,

vai precisar de se adequar a essa nova lei, porque

funciona de modo informal ainda, e isso é uma

preciosidade para a vida de nossas crianças e

adolescente e não pode deixar de existir.

Tem um ato normativo que o corregedor fez

em 2015, antecipando-se, inclusive, a essa nova lei,

em que ele colocou um Ato Normativo Conjunto n.º

13/2015, em que o Desembargador Sérgio Bizzotto, o

Desembargador Reinaldo Gonçalves e a

Desembargadora Eliana Junqueira fizeram esse ato

normativo em conjunto, colocando alguns requisitos

necessários à elaboração e execução dos projetos de

apadrinhamento afetivo de crianças e adolescentes

acolhidos no estado do Espírito Santo.

Já existia essa sementinha dentro do

Judiciário desde 2015, e agora, com essa modificação

da lei, os municípios terão que, realmente, se adaptar.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Muito esclarecedora a sua fala,

é a assistente social Sandra. Obrigada pela sua

participação. Foi bem esclarecedora. Muitos que

estão nos assistindo, acredito que entenderam bem.

Vou abrir as falas. Quem vai falar é a

Katiuscia, uma das madrinhas, aliás, só tem ela de

madrinha aqui representando. As outras já são

coordenadoras, que é a Cristiana. Depois eu passo

para ela.

A SR.ª KATIUSCIA SOARES HELMES -

Boa tarde a todos. Sou a Katiuscia. Sei que faz

confusão no final. É muito complicado, mas é

Katiuscia.

A minha experiência é com apadrinhamento

afetivo. Sou madrinha afetiva já tem um ano.

Inicialmente, eu fazia parte do cadastro da Família

Acolhedora, mas logo depois conheci o

apadrinhamento afetivo e fiquei mais apaixonada.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Só um minutinho, Katiuscia. O

Joel precisa se ausentar. Ele tem uma audiência.

O SR JOEL FERNANDO BRINCO

NASCIMENTO - Às catorze horas.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Fica à vontade, está bom?

Obrigada. A gente agradece.

O SR JOEL FERNANDO BRINCO

NASCIMENTO - Queria muito ouvir o depoimento.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Mas é compromisso. É isso aí.

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 33

Beleza, obrigada. Agradeço de coração pela

participação, grande batalhador sobre esse tema,

principalmente da criança e do adolescente.

Por favor, Katiuscia.

A SR.ª KATIUSCIA SOARES HELMES -

E aí eu me apaixonei mais pelo projeto do

apadrinhamento afetivo. Não sei se todos já passaram

ou já conheceram alguém que tivera esse tipo de

experiência, mas é uma experiência que muda

totalmente: se você ama, você passa a amar mais; se

você ama pouco, você aprende a amar muito mais e

se você não ama, você aprende rapidamente o que é

amar. É uma coisa muito rápida que acontece em

nossa mente enquanto ser humano.

Eu acho que deveria, realmente, ser mais

expandido, deveria ser mais esclarecedor, porque

muita gente me pergunta. Conheci esse projeto

através do grupo comunitário Raízes e Asas, e eu ia

visitar, exatamente porque eu gosto muito de visitar.

E eu conheci, através desse grupo Raízes e Asas, esse

projeto; e, depois, de lá, eu fui só procurando mais e

mais, até que eu achei o núcleo, onde eu queria

chegar. E, lá, rapidamente eu me cadastrei e

rapidamente eu fui inserida. Foi muito rápido!

Porque, quando você ama e quer ser amado, você tem

que amar na mesma proporção. Não tive objeção

alguma, não fiz objeção alguma; eu queria entrar de

corpo e de alma. Porque é muito bom, é maravilhoso

você se colocar no lugar do outro.

É claro que eu não vim para falar de

experiências ruins, só de experiências boas. Mas, há

muito tempo em minha vida, muito tempo atrás, no

passado, eu gostaria muito de ter tido esse projeto.

Muitas coisas deveriam ter sido evitadas, mas,

infelizmente, não existia. Então, quando eu o

conheci agora, na fase adulta, esse projeto, eu falei:

Nossa! É algo maravilhoso! E aí eu caí: entrei de

corpo e alma.

Sou apaixonada por esse projeto. Gostaria

muito que ele fosse expandido. Gostaria muito que

ele fosse mais aberto, mais esclarecido; e que a

nossa sociedade em geral entendesse que não é

uma coisa difícil. É muito fácil. Você inserir

alguém em seu ambiente familiar, e amá-lo, é uma

coisa muito fácil. Isso não requer financeiro, isso

não requer tempo a mais: requer, simplesmente,

amor. Se colocar no lugar dele.

É o que eu tenho para falar.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Obrigada, Katiuscia, pela sua

participação e experiência. Isto é bom: a gente

transmitir para toda a população que nos assiste, é

importante a gente fazer essa divulgação.

Nós vamos conversar para divulgar mais.

Quem sabe, poderemos conversar na Tribuna Popular

que temos na Assembleia? Vamos convidar, tá,

Fátima? Depois estaremos entrando em contato com

vocês. Assim como com a Sandra também, pela

experiência que ela tem no Judiciário. É importante

divulgar. Nós vamos conversar, para a gente fazer

uma divulgação maior.

Agora, eu passo para a coordenadora do

projeto de Cariacica, uma das pioneiras. Os

municípios pioneiros foram Serra e Cariacica, estão à

frente desse projeto.

A SR.ª SANDRA SOUSA - Serra e

Cariacica com o apadrinhamento afetivo são os

pioneiros, realmente. E em Vitória o família

acolhedora.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Ah, sim. Fique à vontade,

Cristiana.

A SR.ª CRISTIANA FURTADO CALDAS

COUTO - Falar do apadrinhamento afetivo, falamos

com muito carinho. É um projeto, como a Sandra

colocou, que busca oferecer uma experiência

comunitária e afetiva.

A gente coordena, no momento, o

apadrinhamento afetivo e o programa Família

Acolhedora. Quando uma família busca a gente, a

gente vai ver qual é a intenção da família. Porque, no

apadrinhamento, existe diferença entre o

apadrinhamento e a família acolhedora, pois no

apadrinhamento são crianças com possibilidade...

Espere só um minutinho. (Pausa)

Crianças e adolescentes com possibilidade de

reintegração à família de origem ou extensa, ou

colocação em família substituta, para famílias

acolhedoras nós temos esse público. E as crianças

que não podem mais, que não tem mais esse contato

com a família, que podem ir para a adoção, são

crianças que vão para o apadrinhamento. Então a

gente tem dois públicos para dois programas

distintos.

Hoje trouxemos a Katiuscia que trabalha com

a gente, que está com a gente no programa de

apadrinhamento para falar um pouquinho da sua

experiência com essas crianças. Gostaria de passar

para a Amanda falar um pouquinho. Amanda é nossa

psicóloga nos programas Apadrinhamento e Família

Acolhedora.

A SR.ª AMANDA STAFANATO

VEREDIANO - Boa tarde a todas e todos! Acho que

a gente se sente bem contemplada com as falas,

principalmente da Katiuscia e da Sandra, tentando

explanar um pouquinho sobre a importância tanto do

projeto Apadrinhamento, Carinho Transforma quanto

do programa Família Acolhedora, que são programas

que visam a garantir o direito da criança e do

adolescente a uma vida digna, a alargar a convivência

familiar e comunitária dessas crianças e desses

adolescentes que por uma série de fatores tiveram

suas vidas violadas e estão sob medida de proteção

institucionalizada.

Nós, enquanto profissional, psicólogo,

assistente social, que trabalha com acolhimento, seja

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34 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

institucional, seja o acolhimento familiar, está o

tempo todo, durante a nossa prática profissional

visando também a se respaldar pelo Estatuto da

Criança e do Adolescente e pelas políticas nacionais

de assistência social que visam a garantir uma vida

digna para as crianças e para os adolescentes. Então,

a gente entende o Apadrinhamento e o Família

Acolhedora como programas, políticas públicas que

possibilitam que essas crianças e esses adolescentes

voltem a sonhar, voltem a pensar numa profissão, em

ter um futuro digno e isso, para nós, é muito

gratificante, pensando em todo um histórico do nosso

Brasil e das nossas políticas de assistência social.

Então, acho que é um pouco isso.

Tanto os municípios quanto as comarcas

precisam se reorganizar agora para implementar o

Apadrinhamento e o Família Acolhedora, visando a

aumentar, para que essas políticas funcionem nos

seus municípios e nas comarcas, mas, principalmente,

garantindo outro funcionamento, tentando ao máximo

diminuir os nossos acolhimentos institucionais para

garantir que essas crianças e esses adolescentes

tenham de fato outras possibilidades de vida, vida

digna principalmente. Então, acho que esse evento,

esse momento também é muito importante porque a

gente carece de divulgação dos programas, para que

mais famílias se cadastrem e se habilitem com a

gente. Parabenizo a iniciativa. Que a gente tenha

outras iniciativas nesse mesmo âmbito de divulgação

e de pensar e de debater com os vários atores e atrizes

da rede socioassistencial, a assistência à saúde,

enfim.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Nós, da Comissão,

agradecemos a participação da Amanda e da

Cristiana.

Como falei em experiência, quando secretária

da Assistência Social, a gente ia a esses abrigos e

percebia que, por mais bem tratadas que eram essas

crianças naquele ambiente e por mais estrutura, mas

elas querem ter um lar, elas querem ter pai e mãe.

Então, a gente percebe que a instituição não substitui

a família. Há necessidade desse afeto. E a gente

percebia que a coordenadora tinha muito carinho

pelas crianças, mas, mesmo assim, elas queriam ser.

Nós falamos sobre adoção, mas querem ter

momentos de lazer, querem ter momentos de diálogo,

querem ter essa referência. E a gente agradece.

Parabéns.

Só uma dúvida: hoje, qual o percentual que

existe dentro desse apadrinhamento? Todas as

crianças são contempladas? Como está?

A SR.ª CRISTIANA FURTADO CALDAS

COUTO - Quem dera! Nosso sonho! Infelizmente,

ainda não. Hoje, em Cariacica, nós temos trinta

famílias inscritas e temos atuando sete famílias com

crianças e dez crianças em apadrinhamento. Famílias

acolhedoras, no momento, temos quatro. Está para

entrar um grupo de irmãos, como a Sandra falou, um

grupo de nove irmãos que temos em Cariacica, que

estão em processo de aproximação para irem para o

família acolhedora.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Nove crianças?

A SR.ª CRISTIANA FURTADO CALDAS

COUTO - São nove crianças que vão estar

separadas.

Tivemos que separar de dois em dois...

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Porque nenhuma família

acolhe.

A SR.ª CRISTIANA FURTADO CALDAS

COUTO - Porque nove crianças em uma família só,

realmente, é difícil.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - É.

A SR.ª SANDRA SOUSA - Infelizmente.

No que preconiza a lei, a gente não consegue cumprir

em todos os casos. Esse caso dos nove irmãos tem

esta situação delicada, não é? Contudo, o contato

deles a equipe vai acompanhar isso direitinho. Visitas

semanais, passeios juntos, enfim. E a conta não

fecha. Pelos dados que ela forneceu trinta famílias

para apadrinhamento afetivo, apenas dez crianças em

apadrinhamento afetivo efetivamente. A conta não

fechou. Assim como a questão da adoção, não é? A

conta não fecha. Por quê? Acredito, Cristiana, que a

resposta disso está no perfil. Sempre o perfil. Então,

nessa divulgação, a gente também precisa trabalhar a

questão do perfil. Quanto mais criterioso o

pretendente colocar o perfil, mais difícil fica.

A Katiuscia falou em amar. Amar não coloca

critérios para amar, não é? É algo que, se você

colocar critérios, vai sair da questão do sentimento,

não é? E aí muitos adolescentes estão fora. A maioria

quer apadrinhar crianças, quer apadrinhar bebês, quer

apadrinhar da etnia branca, quer apadrinhar sem

irmãos, quer apadrinhar sem nenhum problema de

saúde. Uma criança perfeita.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - É difícil.

A SR.ª SANDRA SOUSA - Infelizmente, o

perfil ainda é branco, com preferência para olhos

claros, por cabelos bons, para aqueles sem doença

nenhuma, em irmãos. Infelizmente, ainda é isso.

Falando não só na modalidade de apadrinhamento

afetivo, mas também na adoção e acredito que

também na família acolhedora.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - A necessidade, então, de se

vencer o preconceito, não é?

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 35

A SR.ª SANDRA SOUSA - Exato.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - O problema é esse.

Fale, Katiuscia.

A SR.ª KATIUSCIA SOARES HELMES - Eu não acredito que seja tanto o pré-conceito. Acho

que a gente tem que desmistificar. Eu sou um

exemplo disso. Quando eu fui fazer o perfil, a

psicóloga perguntou: Como você quer? Claro que ela

não falou dessa forma, porque a criança não é uma

mercadoria. Ela perguntou e eu falei: eu quero

quantos tiverem à disposição. Tem algum problema

com irmãos? Nenhum. Algum problema com cor?

Nenhum. Acho que ela ficou um pouco assustada

comigo, Porque, se eu estava apta a entrar, eu

também estou apta a receber aquilo que vai ser dado

para mim. Maravilhoso. Elas conhecem os meus

sobrinhos. Os meus sobrinhos seriam colocados para

mim adolescentes. Eles não são bebês. Eles são

adolescentes e especiais.

Então, assim, quem ouve a minha historia

fala assim? Essa mulher não é normal. Mas eu

acredito que eu peguei o grupo de irmãos mais amado

do abrigo e, no momento, está sendo amado por mim.

Então, a gente tem que desmistificar este negócio.

Isso também faz parte.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Muito bem, Katiuscia.

A SR.ª KATIUSCIA SOARES HELMES - Faz parte. Só para esclarecer que é isso que ela

realmente estava falando. A gente precisa abrir,

deixar à mostra, para que as pessoas entendam que a

gente não tem só que amar bebês, crianças brancas e

perfeitas, porque nenhum de nós é perfeito.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Muito bem.

A SR.ª KATIUSCIA SOARES HELMES -

Nós estamos em aperfeiçoamento.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Parabéns.

A SR.ª KATIUSCIA SOARES HELMES -

Obrigada.

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Muito rica a sua fala. Parabéns.

A gente percebe que nem todos têm este coração

como o seu, sabe? É Deus que te conduz. Parabéns.

Que Ele possa te dar, cada vez mais, este

entendimento e que quem está nos ouvindo também

possa ter este sentimento. Nós não podemos escolher

na verdade. Deixe que Deus vá trabalhando no nosso

coração para que a gente possa fazer algo. Quantas

pessoas estão depressivas? Eu fico falando: meu

Deus, tanta gente precisando deste amor, não é?

Vamos amar. Vamos sair do nosso eu.

A gente olha muito para dentro da gente. A

depressão é olhar para si próprio. Eu já tive

experiência, quando eu era nova. Com vinte e seis

anos, eu tive depressão. A partir do momento que eu

saí de mim e passei a olhar para o próximo, eu fui

curada da depressão.

Quanta experiência que a gente tem, não é

Doutor Hércules? De vida. Doutor Hércules passou

por tantas dificuldades na vida também e ele não

olhou para ele, olhou para o próximo. Por isso que a

gente está aqui olhando para os nossos que estão em

nosso entorno, dentro da política, que é uma missão.

Costumo dizer que política para mim é missão

porque a gente poderia estar cuidando dos nossos

filhos, netos e, no entanto, a gente está aí na luta para

darmos garantias de melhorias, de qualidade de vida

para a população do estado Espírito Santo. Eu vejo

Doutor Hércules aí nessa luta.

Mais alguma fala? Doutor Hércules quer

fazer uma colocação?

O SR. DOUTOR HÉRCULES - (MDB) -

Só queria me dirigir a Katiuscia e dizer que você é

uma pessoa anormal, sim. Você é uma pessoa

anormal do bem. Você é uma pessoa que, realmente,

a gente tem que tirar o chapéu porque são poucas

pessoas, são poucas pessoas mesmo no mundo, no

Brasil, em nosso estado, que se preocupam com o

semelhante. Então, quando vemos uma pessoa que

tem esse desprendimento, de olhar para o próximo,

isso é uma satisfação muito grande. Você é um

exemplo para nós todos.

E lembrar também, nossa vice-presidente da

Comissão de Saúde, que nós discutimos ontem a

questão do estudo à distância. Foi muito debatido. O

psicólogo, por exemplo, como vamos admitir um

psicólogo que vai fazer o estudo da Psicologia à

distância? Assistente social? Como vamos admitir

assistente social? Vai ficar falando com computador?

Tem que falar com gente, tem que sentir na pele os

problemas da sociedade. Então, estamos debatendo

essa questão. Eu e a Deputada Eliana vamos fazer

uma grande audiência, vocês serão convidadas para

debater esse tema e não podemos admitir, de forma

alguma, estudo à distância em Medicina, Serviço

Social, Psicologia, Enfermagem. Esse tipo de

profissão que não são profissões, são missões. Porque

a gente absorve tanto problema dos outros e pede a

Deus para não levar para casa, porque os filhos, a

família, a esposa, o marido, não têm nada a ver com

isso. Temos que debater, discutir muito essa questão.

Quero, hoje, render minhas homenagens, se

assim posso fazer, com bastante tempo de estrada,

não é? São cinquenta anos, quase, de advogado, e

quarenta anos de medicina. Já vi muita coisa. É bom

vermos mais. A gente brinca muito com a questão de

idade. Eu e Ferraço, por exemplo, brincamos muito,

na Assembleia, o Zé Ignácio ontem, até brincou

comigo. O Zé Ignácio, ex-governador, foi devolvido

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36 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

o mandato simbólico a ele ontem, ele brincou com a

Maria Helena: esse aqui foi meu pediatra, cuidou de

mim quando era criança. E Zé Ignácio nasceu um dia

antes de mim. Meu aniversário é dia 19 de maio de

1939 e Zé Ignácio é 18 de maio de 39. Então, a gente

brinca muito, assim como brincamos com Ferraço.

Eu falo que o Ferraço me dava a mão em Cachoeiro

para atravessar a rua. Ele já era adolescente. Era

menino assim, na infância. Ele fica brincando que eu

fiz o parto da mãe dele, quando ele nasceu. Então,

viver mais é bom para a gente mostrar o caminho que

a gente passou. Isso é bom.

Pedro Nava era médico e fez uma bobagem

no fim da vida dele, apesar de ser escritor famoso.

Pedro Nava, ele escreveu que a experiência é um

carro andando na escuridão com os faróis virados

para trás, mas que também ensina muito, mostra

muito os caminhos que nós passamos.

Quero dizer que a juventude tem que tomar

o nosso lugar, não? Eu já estou ficando cansado de

tanto mandato, de tanto deixar de cuidar da minha

família, cuidar dos meus netos. Sábado, depois de

amanhã, a minha neta, única neta, tenho quatro

netos e uma neta, mas a tela do meu celular é a foto

da minha neta, do dia em que ela nasceu, e nasceu

comigo. Filha da minha filha, que nasceu comigo,

que nasceu no dia do meu aniversário, de parto

normal, sem indução nenhuma, a minha filha

Renata.

Na verdade, a gente tem histórias muito

lindas para contar e é bom que a gente continue

incentivando a juventude, exatamente para estudar. A

educação não muda o mundo; a educação - a

professora está aqui - muda as pessoas e as pessoas

que mudam o mundo. Paulo Freire escreveu isso.

E dizer que o professor, a professora, ensina

a nós todos, advogado, médico, engenheiro,

assistente social, psicólogo, ensina à população em

geral. Então temos que render nossas homenagens

também aos nossos professores e aqui nós temos a

nossa professora, que muito dignifica a nossa Casa de

Leis.

Muito obrigado!

A SR.ª PRESIDENTE - (ELIANA

DADALTO - PTC) - Tem algumas considerações

finais? Podemos encerrar?

Nada havendo mais a tratar, declaro

encerrada esta reunião, da comissão, e vamos ter a

próxima, ordinária, no dia 27 de junho, quarta-feira,

às 12h.

Agradecemos, mais uma vez, a participação

de todos os convidados, todas as convidadas, ao Joel

Brinco que já teve que sair, mas agradeço de coração

a participação, que abrilhantou esta tarde junto a

todos os nossos capixabas. Muito obrigada!

Um abraço a todos! Parabéns a todos os

membros da comissão! Agradeço também a todos

que estão conosco, aos assessores que estão

trabalhando junto conosco. Muito obrigada!

(Encerra-se a reunião às

13h16min.)

QUARTA REUNIÃO ORDINÁRIA, DA

QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA

ORDINÁRIA, DA DÉCIMA OITAVA

LEGISLATURA, DA COMISSÃO DE CIÊNCIA,

TECNOLOGIA, INOVAÇÃO, INCLUSÃO

DIGITAL, BIOSSEGURANÇA,

QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL, ENERGIA,

GÁS NATURAL, PETRÓLEO E SEUS

DERIVADOS, REALIZADA EM 15 DE MAIO

DE 2018.

O SR. PRESIDENTE - (ESMAEL DE

ALMEIDA - PSD) - Bom dia a todos e a todas!

Estamos aqui, mais uma vez, reunidos na

Comissão de Ciência e Tecnologia da Assembleia

Legislativa. Hoje, trataremos de um tema muitíssimo

importante, não tenho dúvida disso. Os

telespectadores da TV Assembleia, não tenho dúvidas

que hoje vão ter conhecimento sobre um assunto que

considero muito relevante, que é o Programa de

Inclusão Digital.

Está aqui conosco a coordenadora e mestra

Eliana Caus, que está do nosso lado; a Renata

Cristina Laranja; a Bianca Rodrigues Souza; a

Cláudia Câmara, da Faesa, do centro universitário; e

a Defensora Pública Roberta, que vai explanar um

tema também muito importante, sobre a

Ressocialização do Sistema Penitenciário através da

Inclusão Digital.

Quero passar, inicialmente, a palavra para a

mestra Eliana Caus Sampaio, para dar início a esse

tema que, não tenho dúvida, é muito importante para

a população de nosso estado, para quem está nos

assistindo pela TV Assembleia e para as pessoas que

estão participando desta reunião.

É sua a palavra.

A SR.ª ELIANA CAUS SAMPAIO - Bom

dia a todos!

É uma grande satisfação estar aqui,

participando deste momento, falando em nome da

instituição Faesa e apresentando um tema que é de

extrema relevância para as atuais e futuras gerações,

que é a aproximação da população com a tecnologia,

especialmente a tecnologia da informação.

Para começar nosso trabalho, queria

apresentar a professora Cláudia Câmara,

coordenadora da Unidade de Engenharia e

Computação de Sistemas da Faesa e vai fazer uma

fala institucional.

A SR.ª CLAUDIA CÂMARA - Bom dia a

todos!

É com muita alegria e com muita honra que

estou aqui, hoje, representando nosso reitor, professor

Alexandre Nunes Theodoro, que é o reitor da Faesa,

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 37

que é um centro universitário que há quarenta e cinco

anos trabalha para a sociedade capixaba, que tem

como missão institucional desenvolvimento social

por meio do conhecimento e que prima pelo

incentivo e inovação e excelência na educação.

Esse projeto que hoje a gente vai apresentar,

na verdade um programa, o PID, Programa de

Inclusão Digital. É com muita alegria que a gente

vem vendo todo o desenvolvimento desse programa,

muito bem representado pelas nossas professoras

Eliana e Renata. É um programa que já vem sendo

desenvolvido desde 2004 - elas vão apresentar toda a

trajetória - e que ao longo dessa trajetória vem

sempre contribuindo para essa aproximação da

sociedade com a tecnologia, promovendo uma

inclusão e, principalmente, formando pessoas e

abrindo novas perspectivas na formação dessas

pessoas. E é nessa vertente que vem também uma

parceria com a Defensoria Pública Estadual, na

pessoa da defensora Roberta Ferraz, que vem sendo

uma parceira e vem ampliando as possibilidades.

A gente vai apresentar para vocês, hoje,

vários exemplos de uma iniciativa que é promissora,

que vem dando muito certo, vem ampliando

horizontes e trazendo novas perspectivas na formação

das pessoas.

E, com certeza, agradecer muito ao

presidente da Comissão, Senhor Esmael, pela

oportunidade de estarmos aqui, porque não temos

dúvidas de que se conseguirmos mais parceiros e

possibilidades, a gente tem na mão um grande projeto

de contribuição social.

Então, a gente quer de novo agradecer a

nossa presença aqui, a oportunidade de estarmos aqui

e também colocar a nossa instituição à disposição de

vocês, se quiserem nos conhecer, a fundo os nossos

projetos. Esse é um dos projetos que temos

capitaneados pela unidade de engenharia e

computação. Estamos à disposição de vocês e a gente

vai conhecer melhor com a professora Eliana, daqui a

pouquinho, toda a vertente desse projeto.

A SR.ª ELIANA CAUS SAMPAIO - Esse

trabalho que vamos apresentar é uma parceria com a

Defensoria Pública, e essa parceria tem se mostrado,

assim, de grandes frutos e de expectativas muito

valiosas.

Queria chamar a Roberta Ferraz, defensora

pública, para poder fazer a sua fala.

A SR.ª ROBERTA FERRAZ - Bom dia a

todas e todos!

Deputado Esmael, agradeço a oportunidade

de estar trazendo ao público um projeto tão essencial

quando estamos tratando de sistema de justiça, de

sistema prisional e, principalmente, de inclusão

digital.

Quando eu vou falar desse projeto, costumo

utilizar uma frase no sentido de que quando a gente

trata de pessoas que estão cumprindo pena, é sempre

importante lembrar que no Brasil não existe pena de

morte nem prisão perpétua. Todas as pessoas que

estão dentro do sistema prisional vão voltar para a

sociedade.

É por isso que o nosso sistema é considerado

ressocializador e progressivo. As pessoas começam

cumprindo pena em um determinado regime e à

medida do tempo em que elas vão cumprindo uma

determinada quantidade de pena e tem bom

comportamento, vão progredindo de um sistema

menos rigoroso até o mais brando.

Nesse contexto, não tem que se pensar só no

sistema de justiça atuando dentro do sistema

prisional, tem que pensar na sociedade, afinal de

contas todas as pessoas que estão ali cumprindo uma

pena vão regressar para a sociedade. Então, como a

sociedade pode contribuir para que essas pessoas

voltem e quando elas voltarem tenham um ofício e

não voltem a delinquir, não voltem a reincidir.

O projeto vem muito com base nesse viés, de

pensar um novo sentido e um novo rumo para as

pessoas que vão voltar para a sociedade. A atuação,

tanto da defensoria pública quanto da sociedade e de

todas as instituições que atuam dentro do sistema de

justiça, tem que ir muito além de um processo. A

gente pensa que tem que ir muito além das grades.

Daí, veio a ideia de unir a defensoria pública com a

Faesa, que é uma instituição de ensino superior

justamente com esse viés muito social, com projetos

lindos em todas as áreas. Foi uma união de esforços e

de vontade que fez esse projeto acontecer.

A defensoria pública tinha notebooks que

estavam se tornando obsoletos, não estavam sendo

utilizados, e através de um termo de cooperação

técnica que foi celebrado entre Faesa e Defensoria

Pública nos unimos ao curso de informática e

tecnologia da informação e pensamos nesse projeto,

inicialmente piloto, em uma unidade prisional com

uma turma pequena, pensando pequeno sempre e à

medida que vai dando certo, a gente vai ampliando.

A ideia inicial era formar uma turma de

conhecimento básico em informática. A primeira

turma foi tão boa e deu tão certo que ampliamos já

para esse ano uma segunda turma. E essa primeira

turma já evoluiu. Agora, eles já estão começando um

segundo nível de desenvolvimento Web. Não é isso,

professora?

A SR.ª ELIANA CAUS SAMPAIO - Isso.

A SR.ª ROBERTA FERRAZ - Perdoa-me

se eu usar algum termo errado. É que sou da área do

Direito e não de Informática.

E a ideia é que ele se expanda cada vez mais,

não só para dentro dessa unidade específica, mas para

muitas unidades prisionais.

E o importante também do projeto e que a

gente foi vendo e que deixa ele ainda mais bonito, é

justamente a entrada da faculdade, do ensino superior

e dos próprios alunos para dentro do sistema, porque

isso quebra o estigma do prisioneiro, o estigma do

sistema prisional, porque os alunos participam do

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38 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

projeto, eles monitoram, eles dão a monitoria, eles

dão as aulas.

Então, são pessoas que vão regressar e vão

regressar já com praticamente um ofício. Porque

hoje, a gente vê muito além de analfabetismo escrito,

o próprio analfabetismo digital. E dando esse tipo de

oportunidade, está se ampliando em muito as

oportunidades para essas pessoas quando elas

voltarem para a sociedade. Obrigada!

A SR.ª ELIANA CAUS SAMPAIO -

Usando as palavras de Roberta: analfabetismo digital.

No passado, o domínio da leitura e da escrita era

requisito mínimo para um indivíduo conseguir se

inserir no mercado de trabalho e até mesmo na

sociedade. Dominar a leitura e a escrita tradicional

era uma necessidade fundamental. Nos tempos atuais,

e muito mais no futuro, o domínio da leitura e da

escrita vai ser substituído pelo domínio das

tecnologias, porque essas tecnologias vão favorecer

essa leitura e escrita.

A gente sempre fala que a escrita, usando

essas ferramentas tradicionais muito bonitas e de

várias formas, requer, muitas vezes, um esforço

mecânico, uma destreza mecânica que nem todos os

indivíduos conseguem alcançar. Mas, ao apertar uma

tecla do computador, ele consegue projetar,

materializar esse pensamento da mesma maneira, sem

requerer dele algum esforço mecânico que, talvez,

não seja de uma habilidade que ele tenha.

O que vamos apresentar aqui, hoje, é o

programa de inclusão digital chamado PID-

Redenção, que foi um trabalho realizado na

Penitenciária Estadual de Vila Velha, em Xuri.

Começou em 2017; já fizemos uma parte do trabalho

em 2017, e está continuando em 2018, com novos

empreendimentos, como a Roberta bem falou.

Vinte e cinco por cento, de todos os presos

que saem, voltam para a cadeia, voltam para o

sistema penitenciário. Isso envolve um número de

cento e quarenta e quatro mil pessoas que vão voltar

para o sistema penitenciário depois de terem

cumprido pena e reincidirem em novos crimes.

Porém, esse número... Isso se chama

reincidência legal. Mas se levarmos em consideração

todos os modelos ou tipos de reincidência em que um

apenado pode voltar para o sistema penitenciário,

esse número cresce para setenta por cento. Isso quer

dizer que, do total de quinhentos e setenta e nove mil

presos que a gente tem no Brasil, quatrocentos e

quatro deles vão voltar para o sistema penitenciário.

Isso é muito sério, porque tem todo o desdobramento

que o sistema penitenciário precisa se responsabilizar

e tudo aquilo que afeta a sociedade, em função dessa

reincidência. Pensando nisso, e em dados globais do

nosso país, em que doze por cento da população e

13,7 dos adultos não concluíram o ensino médio, em

que setenta e cinco por cento dos apenados e oitenta e

cinco por cento dos reincidentes não possuem nem o

ensino fundamental, e em que o Brasil é o quarto país

que mais encarcera no mundo, como seria esse

indivíduo depois de cumprir sua pena, já tendo

ultrapassado algumas fronteiras da legalidade,

algumas fronteiras que demonstram uma perda, às

vezes, até da sua própria boa imagem, da

autoimagem? Como é que você consegue pegar esse

indivíduo, recebê-lo na sociedade e fazê-lo se tornar

produtivo, de maneira que remunere seu trabalho, que

tenha remuneração do seu trabalho, que ele possa

manter sua vida e a da sua família, e que não seja,

novamente, seduzido e encantado pelo mundo do

crime? Que ele consiga encontrar encantamento,

sedução e oportunidade num mercado funcional,

num mercado legal?

E nesse contexto, somos da área de

Tecnologia da Informação e Comunicação, vivemos

números muito encantadores o tempo todo. Por

exemplo, temos hoje uma expectativa de mais de

quatrocentos mil postos de trabalho que não estão

sendo ocupados e que estão carentes de mão de obra.

Além disso, a tecnologia propicia um tipo de

liberdade fascinante. Você pode ser um empregado

de alguém e pode ser um empreendedor com a

mesma força. Você pode empreender numa empresa,

numa instituição, e pode empreender dentro da sua

casa.

A Tecnologia da Informação e Comunicação

rompeu fronteiras. Você pode ser um trabalhador

desenvolvendo sistemas ou prestando serviços dentro

de uma empresa, e pode ser uma pessoa

desenvolvendo sistemas e prestando serviços para

um cliente que está geograficamente deslocado.

Então, observe como isso pode ser valioso

para um público que precisa se reconstruir. É uma

dupla reconstrução que ele tem que fazer, a dos

seus conhecimentos e a da sua inserção social.

Por isso que a gente percebeu o quanto

seria vantajoso e valioso aproximar esses detentos,

que têm um tempo ocioso muito grande, de um

conhecimento que pode proporcionar-lhe um novo

posicionamento no mercado de trabalho e uma

nova oportunidade de sobrevivência quando

terminar sua pena.

Foi diante disso que propusemos, junto a

Defensoria, um projeto em parceria com a

Defensoria do PID-Redenção, um projeto de

ressocialização dos detentos a partir dos

conhecimentos de tecnologia da informação.

O objetivo nosso é aproximar esse público

através da computação, dos conhecimentos

comuns, demonstrar e fazer com que eles

percebam as potencialidades que a tecnologia

proporciona e incentivar os alunos da Faesa a

trabalharem projetos sociais. Isso foi um

desdobramento muito valioso que nós percebemos,

que foi colocar os nossos alunos capacitados,

preparados, para viverem nessa nova realidade, a

realidade do sistema penitenciário, mostrando

também o quanto que é transformador para o nosso

aluno essa aproximação com esse público.

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 39

Nós começamos fazendo uma inclusão de um

público alvo e fizemos uma inclusão global com o

tempo, porque o nosso aluno, participando de

projetos sociais, pôde perceber as dificuldades de

outro público que, muitas vezes, nunca pôde ou

nunca teve a oportunidade de frequentar escola em

todos os seus níveis e muito menos de participar de

um ensino superior, e se sensibilizar de que a

sociedade tem que colaborar nesse processo de

socialização. Então, eles se tornaram alunos mais

eficientes, alunos mais solidários, mais

comprometidos e conscientes do trabalho que eles

estão fazendo.

Eles vão para o sistema penitenciário, eles

vão para penitenciária... Falo que quem chega lá não

é só um conhecimento de TI, quem chega é um ser

humano que está levando, dentre outras coisas, afeto,

respeito, reconhecimento. Maus-tratos ou algum

outro tipo de problema, às vezes, as pessoas já

tiveram no mundo externo. E quando eles estão

participando do programa de inclusão digital,

tentamos ir lá com muito mais do que a frieza da

tecnologia. Quem chega lá para o treinamento é todo

um calor para que aquele indivíduo perceba nele os

lados positivos, os potenciais e, com isso, ele consiga

realmente ver na tecnologia uma ferramenta de

redenção.

O que nós planejamos para o ano passado foi

um minicurso de trinta e duas horas de informática

básica. As aulas eram ministradas duas vezes por

semana, terças e quintas, de 2h às 4h da tarde. Como

a Roberta comentou, ela conseguiu notebooks, o que

proporcionou o treinamento totalmente prático.

Então, todos os conhecimentos eram abordados na

parte conceitual, o pilar teórico, e na parte de

implementação, o pilar prático, que é, vamos dizer

assim, os dois sustentos para a formação de conceitos

sólidos.

Numa parceria com a Defensoria Pública,

uma maravilhosa parceria com a Defensoria, o

público atendido inicialmente foi de quinze detentos

do grupo GBT, gays, bissexuais e transexuais, porque

eles têm... Não vou me estender, não é minha área,

mas existe uma certa dificuldade de implementar

projetos dentro da penitenciária para esse público

porque há um certo conflito com os demais que não

são desse grupo.

Quem participou do projeto no ano passado

foram três instrutores da Unidade de Engenharia e

Computação, alunos de vários semestres, de vários

cursos da nossa unidade, com conhecimentos sólidos

sobre os assuntos que iam ser abordados. Para esse

tempo de aula, foi aplicada uma remissão de três dias

de pena porque é um dos propósitos também. A cada

doze horas de participação em um trabalho ou

treinamento, o preso tem direito a um dia na remissão

de pena.

O que nós trabalhamos? No primeiro piloto

que realizamos, tentamos levar aquilo que seria mais

acessível a uma pessoa que tinha uma formação

muito heterogênea. Lá temos pessoas com ensino

fundamental incompleto, ensino médio incompleto,

ensino fundamental completo, ou seja, muito

heterogênea a formação e o tempo que essa pessoa já

se afastou da escola. Então, o primeiro projeto piloto

ofereceu o treinamento de informática básica para os

aplicativos do pacote Office, que é o Microsoft

Word, o editor de textos; o PowerPoint, editor de

apresentações; as planilhas eletrônicas do Excel; e

uma aproximação com o conceito de internet sem

acesso à internet. Assim, só a ideia básica da

funcionalidade, principalmente resgatando a ideia de

um ambiente muito sedutor atualmente, que são as

redes sociais: navegação em Facebook. Enfatizando o

lado encantador que ele tem e o lado altamente

perigoso que ele também tem. A visibilidade de uma

dessas mídias pode criar muita vulnerabilidade para

uma pessoa.

Como vamos trabalhar o Word?

Aproveitamos que o nosso aluno, e não mais um

preso, o nosso aluno precisava redigir textos e

selecionamos textos que tinham um cunho social.

Então, por exemplo, um dos textos que nós

oferecemos era a reinserção ou a inserção no

mercado de trabalho de pessoas com deficiência. Era

justamente para que ele, lendo esses textos,

observando que existem pessoas que nascem com

muitos abandonos - vamos chamar assim, da genética

ou, às vezes, até de outras esferas - lutam para

conseguir se colocar, conseguir ter um ganho digno,

conseguir realizar uma tarefa. Então esse texto tinha

esse duplo enfoque. Ele vai digitar o texto e vai

aproveitar e tomar conhecimento dessa camada.

Também colocamos alguns textos de música,

que resgatam o lado branco, positivo e iluminado que

temos dentro de nós. Ou seja, cada um de nós pode

ser um agente transformador de si e transformador do

contexto. Ou seja, nós temos esse poder. Todos nós

temos. Não importa se você está aqui fora ou se você,

por um acaso, ou por um conjunto de acaso, está

cumprindo uma pena no sistema prisional.

Então, era uma maneira deles, à medida que

fossem redigindo esses textos para adquirirem

conhecimento de editor de texto e de formatação,

também se apropriassem daquelas palavras que

estavam ali contidas.

Nós também levamos máquinas lá para

dentro, ou seja, levamos todo um conjunto de

hardware, para que pudessem manusear. Eles

manusearam elementos como placa-mãe, HD,

memória e processador, de forma muito simples.

Assim, eles abriram os componentes e observaram

como cada elemento era construído.

As aulas eram ministradas em notebooks,

receberam todos uma cartilha, uma apostila detalhada

e bem minuciosa. No final, todos eles tinham que

fazer uma apresentação. O trabalho tinha que ser feito

através de uma apresentação de PowerPoint e foi

interessantíssimo, porque, olha que bacana, eles

tinham duas horas de treinamento por dia e nada

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40 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

mais. Eles não podem levar nada para dentro da cela;

eles não podem levar um livro, nem um material de

estudo adicional, mas eles tinham que fazer uma

apresentação ao final do nosso projeto.

Essa apresentação envolvia o uso do

PowerPoint, de textos, de imagens e de músicas.

Levamos algumas músicas, mas toda a criatividade

foi deles, em uma última aula. Ou seja, eles tinham

uma última aula de preparação, duas únicas horas e

no dia seguinte fizeram apresentações e foi

emocionante. Foi emocionante vê-los, a desenvoltura,

aqui, nessa imagem, debaixo, o quadrado mais à

direita.

São eles apresentando e faziam depoimentos

comoventes, assim, de coisas que tocam a gente.

Estamos muito felizes por vocês estarem aqui

dedicando um tempo para pessoas como a gente. É

forte ouvir isso, pessoas como a gente.

Você ver, assim, muitos ali pensando quando

é que esse projeto volta para eu continuar

apreendendo e continuar me aperfeiçoando; quando é

que a minha pena termina, que eu quero mexer com

isso logo.

Então, vimos, assim, o envolvimento deles, a

paixão com que eles colocavam as tarefas que eram

colocadas para serem feitas.

Alguns desafios fortes que tivemos de

enfrentar. O primeiro deles, muito natural. Não é

nosso fluxo natural frequentar uma penitenciária.

Acho que não é de muitas pessoas, acho que não é

tradição, uma coisa comum, não é?

Então, quando nós fomos à primeira vez,

tínhamos muitos receios sobre questões de segurança.

Como é que vou entrar lá dentro onde estão os presos

condenados ou algum tipo de preconceito que se

tivesse. Nós íamos levar alunos também lá para

dentro e nós somos responsáveis por essas pessoas.

Eles são nossos alunos da Faesa, que confiam na

gente e confiam na instituição.

Então, na primeira ida, a Roberta nos deu

toda a tranquilidade, passando-nos todo o protocolo

que ocorre.

Nós entramos lá sem nenhum equipamento,

nós passamos por um processo de vistoria, nós

passamos por Raios-X. Então, diferentemente de se

sentir incomodado com todo esse protocolo, nós nos

sentimos felizes. E, quando dentro do sistema prisional,

dentro da sala de treinamento, existe todo um rodízio de

agentes penitenciários que ficam ali acompanhando os

trabalhos. Então, é tudo feito com um rigor fantástico.

Fantástico como as coisas acontecem muito bem lá

dentro da penitenciária.

Uma preocupação que a gente tinha era sobre

aprendizado. Como é que eles vão conseguir

armazenar tanto conhecimento tendo só duas horas de

aula? E uma coisa que foi adotada era o foco.

Durante as aulas todos focados, alunos e instrutores,

instrutores Faesa e alunos do sistema penitenciário,

para que aquelas duas horas rendessem muito. Aí,

lógico, essa pessoa, como falei no início, precisa ser

reconstruída, e essa reconstrução parte não só da

formação de conceitos de tecnologia, mas que ele

reconstrua, também, o seu lado afetivo, seu lado

emocional. Ele precisa acreditar nele novamente.

Porque senão, ele pode se seduzir com outras

alternativas. Então, ele precisa se reconstruir

afetivamente, emocionalmente, e sobre esse vai se

alicerçar o conhecimento cognitivo que nós vamos

passar. Então, como eu falei, entrávamos lá com

corpo e muito coração.

O que nós observamos? Resultados:

assiduidade nas aulas. Muito assíduos. Raramente

alguém deixava de participar dos treinamentos. E

empenho na realização das tarefas. Os instrutores, do

início ao fim, altamente motivados, até se

lamentando: acabou o projeto. Um estado de ânimo

constante de todos demostrava que estavam todos na

mesma sintonia, focados no mesmo objetivo. E uma

coisa bacana: alguns presos, naturalmente, tiveram

melhor desempenho que outros e eles colaboravam

com os que tinham mais dificuldade. Faziam com que

todos... É aquela história. Vamos caminhar todos,

vamos crescer todos juntos.

Programa de Inclusão Digital da Faesa. Vou

fazer um histórico breve aqui. O Programa de

Inclusão Digital da Faesa existe há quatorze anos. Ele

começou em 2004 e ele busca fazer isso, essa

aproximação da sociedade com a tecnologia da

informação e comunicação. Já foi realizado o projeto

em varias localidades aqui no estado, em várias

entidades, e essa, agora, na penitenciária. Em 2004, a

Renata participou de um projeto lá em Linhares,

Regência e Povoação, setenta pessoas foram

atendidas, duzentas e quarenta horas de treinamento,

sete instrutores. Em 2004, nós fizemos um no entorno

da Faesa atendendo a todos que tivessem essa

necessidade. Cem pessoas atendidas, vinte instrutores

e quarenta horas de treinamento - esse foi feito nas

instalações da Faesa. Foi feito em 2005 na Escola

Oral e Aditiva, nove pessoas atendidas, vinte e cinco

instrutores, com dezesseis horas de atendimento.

Sábado na Faesa era uma iniciativa para

disponibilizar os computadores para quem quisesse

realizar uma tarefa ou aprender um novo

conhecimento. Cinquenta pessoas atendidas, nove

instrutores, cinquenta e seis horas de treinamento. Em

2006 um outro programa na Ação Maçônica, na Loja

Maçônica, mais de setenta e cinco pessoas atendidas,

nove instrutores, oito horas de treinamento. Na

Escola João Bandeira foi realizado para alunos da

escola da oitava série, vinte e cinco pessoas, cinco

instrutores e trinta horas de treinamento. De 2007 a

2010 o Programa rodou dentro da Chocolates Garoto;

na verdade, no Sindicato de Alimentos que atende a

Chocolates Garoto e outras instituições. Nós ficamos

três anos lá dentro, foram atendidas duzentas e trinta e

seis pessoas, cinquenta e um instrutores, todos alunos

Faesa, mil duzentas e sessenta e duas horas de

treinamento. Fizemos um movimento que é global,

chamado Dia de Responsabilidade Social no Ensino

Superior, em 2007 e em 2008. Vinte pessoas

atendidas, cinco instrutores e oito horas de

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 41

treinamento. Em 2015 revigoramos o PID Monte

Belo, que é no entorno da Faesa. Foram vinte e duas

pessoas participantes, dez instrutores, vinte e oito

horas de treinamento. Fizemos duas expedições para

a Amazônia. Na verdade, foram três idas e duas

atuações. Em 2016 nós atendemos trinta e sete alunos

numa escola flutuante na região do Vale do Catalão,

numa escola chamada Nossa Senhora Aparecida.

Como eles não têm infraestrutura nenhuma de TI, na

época nós preparamos uma cartilha de orientações

sobre o uso da tecnologia para mostrar desde como

adquirir um computador até como acessar sites úteis,

buscar informações para conhecimento, para

compras.

Então, em 2016, fizemos essa cartilha.

Também, visitamos uma aldeia no Vale do Tupé, a

aldeia da etnia desana e, também, atendemos

dezesseis pessoas da comunidade, dessa aldeia.

Entregamos a cartilha e iniciamos o desenvolvimento

de um website.

Eles tinham uma demanda sobre as visitas

que são feitas nessa comunidade indígena e

precisavam ter algum mecanismo de controlar as idas

desses visitantes. Participou um aluno da Faesa

conosco nesse projeto.

Em 2017, voltamos à Amazônia e atendemos

sessenta pessoas de uma outra escola, uma nova

escola, a escola Vila Nova. Entregamos a cartilha

adaptada com um recurso bastante encantador, se

vocês quiserem ver depois, chamado realidade

aumentada. É uma projeção tridimensional de um

objeto virtual sobre um objeto real. E o objetivo de

colocar essa tecnologia era criar um encantamento

naquelas pessoas, para que elas começassem a ter

maior interesse para a área de computação.

Na escola Nossa Senhora Aparecida, nós

atendemos catorze pessoas e fizemos um minicurso

de linguagem de programação. Usamos uma

linguagem desenvolvida pelo MIT, chamada Scratch.

É uma linguagem criada pelos Estados Unidos, para

divulgar o conceito de programação de computadores

a toda a sociedade, não necessariamente para pessoas

que são da computação.

Elas usam um esquema de programação

visual, que não necessariamente precisa envolver

linhas de código escritas. E ela foi fantástica, ou seja,

a abordagem foi fantástica porque, em duas horas de

treinamento, os nossos alunos, catorze alunos, treze

alunos e um professor, eles já conseguiram realizar um

projeto fantástico. Isso fez com que muitos deles

começassem a repensar a hipótese de não ser só outras

profissões, mas, sim, de migrar ou de se aproximar da

área de computação.

Voltamos à aldeia e apresentamos o site. O

site foi desenvolvido para favorecer tanto a visita de

pessoas à comunidade indígena como a comercialização

de produtos que eles elaboram e, também, mostrar toda

a região amazônica, onde eles estão instalados.

Participou desse projeto um aluno nosso.

Em 2008/2009, o projeto ganhou um prêmio

da ONU, reconhecendo como prática de referência,

podendo ser replicado em qualquer lugar do mundo.

Para esse prêmio veio uma representante da ONU,

fomos à Prefeitura de Vitória e recebemos esse

reconhecimento. Participamos de jornadas científicas

no ano passado. Ganhamos dois prêmios, primeiro e

segundo lugares, com a cartilha e com o site.

E aí fechando, algumas estatísticas globais de

todos os trabalhos ao longo desses anos. São catorze

projetos realizados. A gente fala que começou em

2004, mas tivemos uma parada. Então, são dez anos

de projetos sendo realizados, setecentos e cinquenta e

quatro pessoas atendidas; mil setecentos e trinta e

seis horas de treinamento e projeto; cento e vinte e

sete alunos da Faesa envolvidos; cinco TCCs,

Trabalhos de Conclusão de Curso, das nossas áreas

envolvidas; quatro participações em jornadas

científicas; dois artigos apresentados e publicados no

Seminário Nacional de Inclusão Digital, em 2016;

dois artigos apresentados num congresso chamado

Computer on the Beach, agora, em 2018, e voltamos,

semana passada, apresentando três artigos no

Seminário Nacional de Inclusão Digital em 2018.

O que nós pretendemos, agora,

exclusivamente sobre o PID - Redenção e já estamos

em andamento, já estamos realizando novas turmas

de informática básica, e agora, nós criamos uma

escala - Roberta já falou muito bem. É que a

informática básica é muito introdutória, ela em si vai

só adoçar e aproximar essa pessoa, mas para que ela,

realmente, se torne um profissional da área de TI, que

é uma área muito promissora, estamos realizando o

primeiro projeto-piloto de capacitação em

programação de computadores para esses apenados.

Então, os presos que participaram do

primeiro programa, que foi de informática básica,

estão participando, agora, do curso de programação

de computadores.

Como são pessoas com formação muito

heterogênea, nós começamos com um nível de

programação bem lúdico, usando a linguagem de

programação Scratch. Estamos avançando, agora,

para a formação inicial de desenvolvimento web. Nós

temos consciência de que é um conjunto de conceitos

que requer um empenho muito maior. Na verdade,

requer um grande empenho para que tenha um êxito,

para que tenha um resultado favorável.

Por isso que estamos avançando a passos

firmes, porém cautelosos, porque a gente espera que

cada novo conhecimento seja sólido para que esse

indivíduo se sinta capaz e fortalecido para continuar

avançando.

Temos novos planos de avançar em outras

turmas e o que pensamos em longo prazo é... Hoje

estamos trabalhando com grupo GBT, pretendemos

avançar para os héteros também e para os internos do regime semiaberto. Ou seja, queremos que o projeto se

fortaleça porque o recurso da tecnologia é uma poderosa

ferramenta de inclusão social e de inclusão no

mercado de trabalho. Para isso, precisamos ter maior

disponibilidade de computadores funcionais em

vários momentos do dia. Então, um laboratório fixo

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42 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

ou um laboratório itinerante seria essencial para que

esse projeto possa crescer e se fortalecer.

Este é o meu recado. Muito obrigada.

O SR. PRESIDENTE - (ESMAEL DE

ALMEIDA - PSD) - Parabéns, professora Caus.

Tenho um amigo na Cesan há muitos anos, Caus.

Não sei se é parente.

Quero parabenizar a equipe da Faesa pela

brilhante palestra. Antes de encerrarmos, consulto se

alguém tem alguma mais colocação a fazer. A

Claudia, a defensora pública, se quiser fazer alguma

colocação, fique à vontade.

A SR.ª ROBERTA FERRAZ - Deputado, a

ideia quando nós muito bem recebemos o convite

para apresentar o programa, é justamente torná-lo

público ainda mais, porque fazemos questão sempre

de divulgá-lo no site da Defensoria, com a própria

imprensa, dentro da Faesa com os alunos, mas para

cada vez mais trazer a sociedade para dentro do

sistema prisional, porque o sistema prisional deve ser

visto com um todo, como disse inicialmente. Não só

para as pessoas que atuam dentro do sistema da

Justiça, mas para a sociedade em si.

Considerando que a Assembleia Legislativa é

a voz do povo, afinal de contas todos os deputados

estão aqui representando o povo, a ideia é justamente,

agora com o conhecimento e o funcionamento do

programa, do projeto, trabalharmos juntos e vermos

como esse projeto pode ganhar ainda mais força, ter

mais pernas para crescer cada vez mais.

O SR. PRESIDENTE - (ESMAEL DE

ALMEIDA - PSD) - Obrigado. Pode ter certeza de

que a Comissão de Ciência e Tecnologia, o nosso

grupo, vai avançar nessa questão e fazer sugestões,

propostas e projetos. Realmente não tenho dúvida

nenhuma da relevância desse projeto de inclusão

digital lá no Xuri, ou seja, que a experiência no Xuri

seja estendida aos outros presídios também, não só no

Xuri.

Alguém mais?

A SR.ª CLAUDIA CÂMARA - Só quero

reforçar essa apresentação da professora e colocar,

deputado, que esse é um programa, pela abrangência

dele, as possibilidades que ele nos traz, temos essa

vertente que é essa parceria com a Defensoria Pública

que de fato reforça todo esse viés que ele tem para a

questão da ressocialização dos apenados, mas tem

outra vertente ligada à escola, à formação,

experiências que a gente teve em comunidades de

baixa renda, em pessoas com vulnerabilidade social,

inclusive nas escolas.

O que a gente precisa, na verdade, é expertise

no assunto. Duas professoras mais do que expertise,

mais especializadas que é a questão da sensibilidade

para o social, porque às vezes é difícil, às vezes a

pessoa da área da tecnologia não tem essa vertente.

Então quero dizer para vocês que temos tudo

pronto: pessoas apaixonadas e engajadas,

especializadas na área delas e a gente precisa de ter

mais braços e mais parceiros, assim como a

Defensoria Pública vem fortalecendo, a possibilidade

de vir aqui, além de tornar público, é de fato

conseguir parceiros que possam aumentar cada vez

mais a abrangência desse programa.

Muito obrigada.

O SR. PRESIDENTE - (ESMAEL DE

ALMEIDA - PSD) - Queria aproveitar também e

parabenizar a equipe da Sejus que está presente, ali

atrás: a Tiara, a Regina e o Rodrigo que vieram aqui

abrilhantar. Vocês que conhecem de perto, talvez

alguém queira dar alguma sugestão, alguma

contribuição. Fiquem à vontade.

A SR.ª REGIANE KIEPER DO

NASCIMENTO - Bom dia. Meu nome é Regiane.

Hoje estou como Gerente de Educação e trabalho na

Secretaria de Justiça. A gente faz todo o

acompanhamento de toda ação que envolva educação

e trabalho, sempre pensando nessa educação, nesse

sujeito que vai voltar para o mundo do trabalho.

Porque, quando ele sai, se ele não voltar para o

mundo do trabalho, é o próximo candidato,

realmente, à reincidência, como a professora bem

explicou.

A gente fica muito feliz. Até a doutora

Roberta já tinha apresentado esse projeto para a

gente. Como estava como piloto, a gente foi

acompanhando mais de longe, para esperar que, na

medida do possível, quando a gente fosse acionado, a

gente estaria pronto a fazer parte.

A minha preocupação agora, na ampliação do

projeto, é que a Sejus, realmente, faça parte dessa

parceria. Hoje tem um convênio entre a Defensoria e

a Faesa, mas não sei se esse processo chegou até à

doutora, mas coloquei como observação que a Sejus

precisava fazer parte, porque o sistema prisional é

muito dinâmico. Então, para expandir, realmente,

essa unidade onde foi feita, a gente tem, realmente,

muita dificuldade em levar qualquer tipo de projeto

para lá, mas em outras unidades, nós temos muitos

projetos.

A gente precisa pensar juntos porque estou à

porta do Pronatec nacional. Então o Pronatec

nacional vai vir com muitas vagas. Se não pensarmos

isso, juntos, vocês vão pensar lá, temos a política

aqui e, na hora de executar, não conseguiremos

executar as duas.

Por isso, quando foi criada a gerência de

educação e trabalho, ela foi criada para abraçar os

parceiros e fazer a coordenação junto com os

parceiros, então a gente precisa avançar nesse

momento. Se vocês pensam em avançar, a gente

precisa entrar também com vocês, como parceiro,

para que a gente possa pensar juntos para que, depois,

a gente não fique: Poxa! Mas agora vem o Pronatec,

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 43

agora vem a remissão por leitura. A gente já tinha

planejado a ampliação para essa unidade e os

diretores das unidades prisionais ficam meio que

vendidos.

Então, a gente se coloca à disposição. Muito

feliz, porque me formei na Faesa e sei do potencial

que a Faesa tem. Minha filha está estudando na

Faesa. A gente fica muito feliz em ter essa instituição

vindo contribuir para o sistema prisional.

Aí nos colocamos: A Tiara é nossa

coordenadora. Estou como gerente de educação e

trabalho e a Tiara é coordenadora de toda a área

profissional, todos os cursos, Pronatec, voluntários,

tudo está dentro da coordenação da Tiara. O Rodrigo

está respondendo pela gerência de tecnologia,

porque, quando se fala de tecnologia, o Estado já tem

muita dificuldade com a tecnologia, de manutenção,

como falou, novos equipamentos. Então falei: Vão

comigo, porque se vier uma proposta lá, temos que

saber quais são nossas dificuldades. É por isso que

trago também, quando tiver, ele virá junto para a

gente pensar e ampliar da forma...

Hoje, nos colocamos à disposição. Muito

obrigada.

O SR. PRESIDENTE - (ESMAEL DE

ALMEIDA - PSD) - Muito obrigado pela presença

de vocês aqui. Transmita o nosso abraço ao

Secretário Doutor Walace, ao Subsecretário

Alessandro. Meu abraço e parabéns por vocês

estarem aqui. Uma palavrinha bem rápida?

A SR.ª ROBERTA FERRAZ - Só fazer um

adendo. Agradecer. Estava até sendo injusto da

minha parte não agradecer tamanha colaboração da

equipe da AP5, que é onde acontece o projeto. Eu e a

professora estávamos conversando essa semana sobre

isso, como, realmente, uma união de esforços e como

tanto a direção, a chefia de segurança, os inspetores,

têm colaborado, e muito, para que esse piloto dê certo

e, cada vez mais, cresça. É o que a gente sempre fala,

é um piloto e a ideia é que ele realmente cresça e que

ele seja levado para novas unidades e, para que isso

dê certo, é necessária uma soma de esforços. Tanto

chefia, direção, da AP5, quanto todas as pessoas que

entro em contato na Secretaria, são extremamente

proativos e solícitos e colaboram, e muito, para a

realização do projeto.

O SR. PRESIDENTE - (ESMAEL DE

ALMEIDA - PSD) - Queria só fazer uma colocação,

doutora, sobre a questão dos idosos. Não sei o que

vocês estão pensando. Não quer dizer que sou idoso,

mas, as pessoas mais idosas, geralmente, estão muito

excluídas digitalmente, e vejo uma alegria quando

eles começam a mexer nisso, a felicidade deles. Não

sei se já fizeram algum projeto.

A SR.ª ELIANA CAUS SAMPAIO - Já

fizemos e temos planos de reativar projetos abertos à

comunidade. Na verdade, eles nunca foram

encerrados, é porque são ciclos, então a gente vai

atendendo determinadas camadas da sociedade. Já

fizemos, inclusive, colocamos vários idosos lá dentro

da Faesa e foi belíssimo porque - até conversávamos

aquele dia - a tecnologia, diferente do que às vezes

possa se imaginar, a tecnologia aproximou as

gerações. Ela não afastou. Hoje, o vovô e o netinho

falam a mesma linguagem. Tiram selfie, fazem uma

postagem, conversar no WhatsApp então, isso é

fantástico.

O SR. PRESIDENTE - (ESMAEL DE

ALMEIDA - PSD) - Então, está bom.

A respeito do laboratório que comentamos,

vamos trabalhar em cima disso, junto com o Governo

do Estado, a Sejus, o que a gente pode fazer para ter

um laboratório experimental lá no Xuri, implantar

um...

A SR.ª ELIANA CAUS SAMPAIO - Sim.

Porque eles precisam desse reforço.

O SR. PRESIDENTE - (ESMAEL DE

ALMEIDA - PSD) - Porque seria um avanço enorme

nesse projeto de vocês.

A SR.ª ELIANA CAUS SAMPAIO - Com

certeza.

O SR. PRESIDENTE - (ESMAEL DE

ALMEIDA - PSD) - Não tenho dúvida que é um

sonho vocês, mas vamos lutar e trabalhar por isso.

Está bom?

A SR.ª ELIANA CAUS SAMPAIO - Está

bem. Ótimo.

O SR. PRESIDENTE - (ESMAEL DE

ALMEIDA - PSD) - As palavras finais, porque o

horário já está meio, com a doutora Caus.

A SR.ª ELIANA CAUS SAMPAIO - Quero

agradecer imensamente essa oportunidade de estar

aqui. Agradecer a oportunidade de termos tido a

Renata, minha parceira de muitos anos de trabalho na

Faesa, de muitos anos de projeto social e de muitos

anos na computação. Por a gente ter conseguido ser

uma boa ferramenta, uma ferramenta útil nessa

aproximação da sociedade com a computação, pelo

valor que a computação tem nos dias atuais e por

tudo que ainda nos aguarda, com o uso da tecnologia.

É fundamental que os indivíduos tomem

conhecimento disso, qualquer um que seja, do quanto

é importante ter maior domínio sobre essas

tecnologias que estão batendo à nossa porta. Não

estamos falando só de máquinas, estamos falando

também de softwares, de aplicativos, porque eles vão

propiciar ganhos valiosos, mas vão colocar riscos

também muito grandes, como qualquer coisa, um

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44 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

veículo também faz isso, um micro-ondas faz isso e é

essa aproximação que é muito valiosa.

Agradecer a oportunidade de estar aqui na

Casa; à Faesa por ter sempre nos apoiado em todas

essas incursões que fizemos, parceira muito forte; à

Roberta, por ter chegado lá conosco e nos oferecido a

oportunidade de fazer essa caminhada. Esperamos

que tudo isso se fortaleça e que a gente consiga,

realmente, fazer um projeto transformador de mentes,

de corações, e de força de trabalho. Muito obrigada.

O SR. PRESIDENTE - (ESMAEL DE

ALMEIDA - PSD) - Precisamos encerrar porque o

horário já... Mas não poderia deixar de agradecer

mais uma vez. Vocês que vieram aqui, aquele que

nos assiste através da TV Assembleia. Não tenho

dúvida nenhuma que...

Quero agradecer também a minha equipe de

trabalho da Ciência e Tecnologia que está aqui,

Davina, Marlon, todos vocês, minha equipe também

de gabinete que está aqui, agradecer a todos vocês.

E dizer que fiquei - quando me apresentaram

- surpreso por esse grande projeto, viu, doutora

Eliana? Grande projeto. Vocês estão de parabéns.

Quero parabenizar a Faesa, primeiro pelos seus

quarenta e cinco anos de fundação, de existência,

parabenizar o doutor Alexandre e toda a equipe dele

por essa grande faculdade que tem desenvolvido um

excelente trabalho. E eu não sabia desse braço, sabia

assim não sei se é braço social também lá dentro da

faculdade.

Então, vocês estão de parabéns por esse

trabalho. Não tenho dúvida nenhuma que os

telespectadores que estão nos assistindo, através da

TV Assembleia, que vai ser repetido, isso repete

umas duas, três vezes, vão ficar encantados com esse

projeto. E aqueles que nos assistem, se quiserem mais

alguma informação, que estão nos assistindo através

da TV Assembleia, vão lá na Faesa ou telefone para a

Faesa, é fácil. Procurem sobre o PID Faesa para obter

mais informações.

Então, parabéns, Faesa, parabéns mesmo

pelos quatorze anos desse projeto, brilhante projeto, e

mais uma vez, pode contar com a Comissão de

Ciência e Tecnologia no que precisar, nós aqui na

Assembleia, aqui é a Casa do Povo, aqui é a Casa de

vocês. Os deputados vão saber, estão assistindo nos

seus gabinetes, aqui no prédio também. Muitos deles

estão assistindo esta sessão.

Então, parabéns! Porque a Faesa... Faço

questão de registrar aqui, esse projeto visa fornecer

conhecimento de tecnologia de informação e

comunicação às comunidades sociais excluídas

digitalmente, de forma a melhorar as condições de

vida e de trabalho. Parabéns! Muito obrigado.

Nada havendo mais a tratar, declaro

encerrada esta reunião. Antes, porém, convido os

pares para a próxima reunião desta comissão, que

será ordinária, no dia e hora marcados.

Está encerrada a reunião.

Encerra-se a reunião às 11h10min.

SÉTIMA REUNIÃO ORDINÁRIA, DA

QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA

ORDINÁRIA, DA DÉCIMA OITAVA

LEGISLATURA, DA COMISSÃO DE DEFESA

DO CONSUMIDOR E DO CONTRIBUINTE,

REALIZADA EM 10 DE JULHO DE 2018.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Invocando a proteção de Deus,

declaro abertos os trabalhos desta comissão.

Saúdo o Deputado Gilsinho Lopes, o

Deputado Hudson, os servidores, procuradores e os

demais presentes.

Solicito que se proceda à leitura das atas da

terceira e quarta reuniões extraordinárias e da quinta

e sexta reuniões ordinárias.

(A senhora secretária procede à

leitura das atas da terceira reunião

extraordinária, realizada em 12 de

junho de 2018; da quarta reunião

extraordinária, realizada em 20 de

junho de 2018; da quinta reunião

ordinária, realizada em 12 de

junho de 2018; e da sexta reunião

ordinária, realizada em 26 de

junho de 2018.)

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Em discussão as quatro atas.

(Pausa)

Não havendo quem queria discuti-las, como

vota o Deputado Hudson?

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) -

Favorável.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Deputado Gilsinho?

O SR. GILSINHO LOPES - (PR) - Pela

aprovação.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Acompanho. Aprovadas as atas

como lidas.

Solicito que faça a leitura do Expediente.

A SR.ª SECRETÁRIA lê:

CORRESPONDÊNCIAS RECEBIDAS:

Ofício S/N, do BR Malls Administradora e

Comércio Rio/Minas Ltda.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Realmente é uma síntese muito

apertada, levantada por eles, mas a comissão entende

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 45

que tem relação de consumo, sim, e o fato de ser

privado não tiraria nunca a atribuição desta Casa. Se

fosse assim, para que existir Procon, Delegacia do

Consumidor? As empresas de telefonia, as lojas são

todas privadas. Ali, o que se mede é a relação, o

poderio de um shopping com o serviço prestado aos

pequenos empresários que estão sendo lesados. E o

fato de ter ações ajuizadas não retira a competência

desta comissão.

Então, rejeitado o requerimento da empresa

BR Malls.

A SR.ª SECRETÁRIA lê:

PROPOSIÇÕES RECEBIDAS: Não houve no período.

PROPOSIÇÕES DISTRIBUIDAS AOS

SENHORES DEPUTADOS:

Projeto de Lei n.º 28/2018 - Análise de

Mérito

Autora: Deputada Luzia Toledo

Ementa: Dispõe sobre a proibição da

operação de serviço de telemarkenting com número

restrito e fora do horário comercial.

Relator: Deputado Gilsinho Lopes

Prazo do Relator: 10/07/2018

Prazo da Comissão: 24/07/2018

Proposições sobrestadas:

Não houve no período.

PROPOSIÇÕES BAIXADAS DE PAUTA:

Não houve no período.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Tenho dois projetos aqui,

senhores deputados. Um de autoria do Deputado

Gilsinho Lopes e o outro do Deputado Amaro Neto.

Dos dois já foram feitos os relatórios pelo Deputado

Da Vitória, que não se encontra presente.

Vou avocar para relatar primeiro o de autoria

do Deputado Gilsinho Lopes. Vou acolher o relatório

do Deputado Da Vitória e vou relatar pela aprovação.

É como voto no Projeto de Lei n.º 105/2017,

do Deputado Gilsinho Lopes, que obriga os

estabelecimentos comerciais a colocarem os

monitores de caixa registradora de forma visível e

sem obstáculos para o consumidor.

O voto é pela aprovação.

Em discussão. (Pausa)

Não havendo quem queira discutir, como

vota o Deputado Hudson?

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) -

Acompanho o voto.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Deputado Gilsinho, autor?

O SR. GILSINHO LOPES - (PR) - Como

autor, pela aprovação.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Aprovado por unanimidade dos

presentes.

O SR. GILSINHO LOPES - (PR) - Até

porque presidente, a questão do monitor visível para

o consumidor é porque quando está se digitando, o

consumidor não está observando.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Ele pode conferir.

O SR. GILSINHO LOPES - (PR) - Ele

pode conferir online. Enquanto está digitando ele vai

conferindo ali mesmo. Porque ele leva a nota para

casa e depois ele vai checar e reclamar, e já foi.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Projeto chamado projeto CD -

não é o seu, não - Projeto de Lei n.º 91/2017, do

Deputado Amaro Neto, que obriga as farmácias e

drogarias do estado do Espírito Santo a manter

recipiente para coleta de medicamentos, chamado

projeto CD.

Também vou encampar o parecer do

Deputado Da Vitória e vou relatar pela aprovação.

É como voto.

Em discussão. (Pausa)

Não havendo quem queira discutir, em

votação.

Como vota o Deputado Gilsinho?

O SR. GILSINHO LOPES - (PR) - Pela

aprovação, pelo projeto CD.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Deputado Hudson Leal?

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) -

Acompanho o projeto, deputado.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Matéria aprovada à unanimidade.

Com a palavra o Deputado Gilsinho.

O SR. GILSINHO LOPES - (PR) -

Deputado Euclério, semana passada os diretores da

Littig, da BR Malls foram convidados e eles fizeram

contato com a comissão. Mas, em decorrência do

jogo do Brasil, não houve expediente. Em função das

sessões ordinárias funcionarem na terça-feira pela

manhã e pela tarde, não pôde funcionar nenhuma

comissão temática. Portanto, não foi possível, mas os

representantes das empresas estiveram aqui na

Assembleia e tenho certeza de que, se convidados,

eles vão comparecer e nós vamos dirimir todas as

questões.

Eu gostaria de saber da assessoria se eles

encaminharam as repostas, se o Poder Judiciário já

encaminhou resposta, se nós temos cópia dos

documentos, porque, presidente, a gente precisa,

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46 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

urgentemente, reconvidá-los para a próxima terça-

feira, para que possamos estar agindo. Até porque

tem a questão do recesso e também o recesso do

Poder Judiciário. Então a gente tem que verificar essa

questão para a próxima terça-feira, se a gente puder

estar convidando...

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - A bem da verdade, não precisa

nem de deliberarmos. Vou acatar a sugestão de V.

Ex.ª. Vamos deliberar, apesar de não haver

necessidade. Ficam para terça-feira, às 11h, neste

plenário, todas as convocações anteriores que não

puderam ser efetivadas.

Como vota o Deputado Hudson?

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Voto

favorável, porém gostaria de justificar. Acho que nós

estamos tendo um péssimo exemplo agora com essa

decisão de tira Lula, volta Lula. Então, na ultima

sessão, eu questionei o Poder Judiciário, porque a

coisa está se arrastando, foi falado aqui. E aqui a

gente tem o direito de ampla defesa e do

contraditório. Nós ouvimos um lado e eu vim aqui

para ouvir o outro lado. Certo? Então, é importante a

gente ouvir para a gente fazer juízo.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - É. Formação de juízo de valor. O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - A gente

vai tornar célere isso aqui para resolver. Então, sou

favorável à vinda deles aqui.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Então, fica aprovado à

unanimidade, para terça-feira que vem, às 11h, os

mesmos convites anteriormente efetivados.

O SR. GILSINHO LOPES - (PR) - Senhor

presidente, o senhor Arnaldo Castor gostaria de fazer

uso da palavra.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Concedo a palavra. Ele manda

mais do que eu aqui.

O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA

CASTOR FILHO - Em primeiro lugar, muito

obrigado, Presidente Euclério, Gilsinho e Hudson, e

dizer que estamos muito felizes. Tem um efeito

colateral do mercado de comerciantes, de

empresários, dos pequenos empresários de shoppings,

muito grande que está acontecendo aqui na

Assembleia.

Nós sempre procuramos alcançar um

equilíbrio de negociação, uma vez que eles são

empresários e nós também. Cada um tem suas

perspectivas, seu planejamento, sua taxa de risco,

mas há uma covardia na relação e eu acho que as

palavras do presidente foram de muita lucidez. Nós

estamos procurando proteção institucional.

Mas, agora, eu queria também deixar

registrado, Deputado Euclério e Gilsinho, que o

shopping tem dito, a gente tem evidentemente uma

reação em cadeia dos lojistas que estão no shopping -

os ex-lojistas também - que o shopping anda fazendo

um certo terrorismo, dizendo que não adianta nada,

eles não vão responder. É só dizer que não

respondem, que não adianta nada, que isso não é

assunto político, isso não é assunto da Assembleia, é

um assunto comercial. A gente entende e se sente

protegido com essa atitude da comissão. Muito

obrigado.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Mas me deixa só fazer um

registro. De fato, na comissão, eles podem até se

recusarem a informar, mas na CPI, não. A CPI tem

poder de polícia e poder de decisão. E eles não vão

passar por cima da gente, não. Entendeu? Esse é o

meu pensamento e tenho certeza de que na CPI, por

azar deles ou não, a maioria da CPI são esses três

deputados, então vai ficar difícil para eles. Eles vão

ter que cumprir.

O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA

CASTOR FILHO - Eu acho que o entendimento é o

melhor caminho. Nós estamos procurando isso há

muito tempo, mas evidentemente...

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Nós estamos procurando

entendimento. Estou bem light, a borracha está

guardadinha.

O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA

CASTOR FILHO - Muito obrigado, presidente!

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - De nada. Deputado Hudson com

a palavra.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Castor,

você pode me dar uma informação, para eu fazer

juízo? Quantos lojistas têm no Shopping Vila Velha?

O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA

CASTOR FILHO - Cento e oitenta e cinco lojistas

ativos.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - E

quantos estão com problemas?

O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA

CASTOR FILHO - Mais ou menos próximo de

vinte ex-lojistas.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Dez por

cento. Deixe-me perguntar, esse despejo que teve

aqui, que vocês falaram que foram despejados, correu

pela Justiça? Qual foi o prazo que correu na Justiça?

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 47

O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA

CASTOR FILHO - Eu tinha quatro lojas. Fiz o

investimento lá e fiquei quatro meses. No quarto mês,

que o público não correspondia a minha expectativa

do investimento, eu procurei o shopping para

negociar. Fiquei seis meses negociando. Quando vi

que não havia possibilidade de entendimento, entrei

na Justiça. Então, no primeiro ano entrei na Justiça.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Quanto

tempo durou até o despejo?

O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA

CASTOR FILHO - No último ano, esse ano, o

despejo foi em dezembro.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Mas,

desde quando é o processo?

O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA

CASTOR FILHO - Se não me engano, agosto.

Agosto, o despejo. O juiz não julgou a ação de pagar

em juízo e houve uma data. Desculpe-me, deputado,

não sou advogado, pode ser que eu tenha alguma

insegurança na explicação, entendeu?

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Eu

também não sou, não. Sou médico, mas já tive

problema de despejo. Então, às vezes o despejo

ocorre antes da sentença, né? Já tive esse problema.

O despejo pode ocorrer antes da sentença final. Isso

acontece.

O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA

CASTOR FILHO - Perfeito. Mas...

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Mas qual

a duração que teve? Só para eu saber se foi célere ou

não na Justiça. Desde quando você entrou até te

despejarem foi um ano, dois anos, um mês, dois

meses?

O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA

CASTOR FILHO - Estou há três anos na Justiça e

no último ano eles entraram com a ação de despejo.

Eu entrei com a rescisória, embargo declaratório e

tal. Estou no Tribunal e só. Desculpa, mas só para

ficar claro, quando houve o despejo eu procurei o

shopping para acelerar as negociações, que não havia

intenção nenhuma de não pagar e não ser

inadimplente.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Eu te

conheço de Vila Velha, sei...

O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA

CASTOR FILHO - Obrigado.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Nesses

quatro meses que você esteve lá, você pagou os

quatro meses?

O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA

CASTOR FILHO - Paguei os quatro meses.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Os quatro

meses você pagou, né? Então, não foi inadimplente.

Você sempre foi adimplente com o shopping.

O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA

CASTOR FILHO - Sempre fui adimplente. Quando

não houve acordo, eu fiz uma proposta. A dívida

naquela época era setenta mil e a loja faturava

cinquenta e cinco. Quarenta e cinco por cento era o

boleto do shopping, do faturamento da loja. Aí, falei:

Olha, não tem a menor lógica, vamos tentar... Aí eles

falaram: Fundamenta isso. Eu contratei um consultor

de Belo Horizonte, e o cara veio e fundamentou.

Gráfico, fotos, dados. Os números da minha loja

todos estão na Fazenda, não tem nenhum risco de

esconder alguma coisa. São números...

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - E depois

que você entrou, judicialmente, você continuou

pagando ou parou? Você parou.

O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA

CASTOR FILHO - Aí foi uma insistência de pagar.

Na Justiça não foi julgado, o juiz não julgava para

que eu depositasse em juízo. Eu reclamava com o

meu advogado toda hora. Rapaz eu quero depositar,

não tem sentido eu não pagar nada.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Porque,

assim, é só essa dúvida que eu... O seu despejo, pelo

o que você tinha falado, foi sumário, mas houve um

prazo na Justiça, né? Porque tem um prazo, corre um

prazo de despejo. Não pode ser sumariamente. É só

para sanar minha dúvida, assim...

O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA

CASTOR FILHO - Só para acrescentar, Deputado

Hudson, o meu despejo se deu na sexta-feira. Foi o

último dia do recesso parlamentar, às cinco horas da

tarde, quer dizer, nem condição de recorrer eu teria,

aí eu falei: Rapaz, como é que pode? Eu achei

assim... Ao oficial de Justiça falei: Rapaz, não tem

sentido isso. Então, está claro, desculpa se estou

extrapolando, acusando a Justiça, mas achei uma

covardia.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Não.

Você estava adimplente, aí, não estava tendo receitas

suficientes, você parou de pagar; tentou negociar e

não conseguiu. Mas esses quatro meses antes de você

entrar na Justiça, você estava em dia.

O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA

CASTOR FILHO - Em dia.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Está

bom. É só isso aí.

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48 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA

CASTOR FILHO - Obrigado.

O SR. GILSINHO LOPES - (PR) -

Deputado Hudson, eu vou só acrescentar, veja bem,

as ações na Justiça têm dois pesos e duas medidas,

infelizmente. Quando ele ingressou com a ação para

fazer o depósito em juízo, houve uma morosidade de

mais de um ano. Mais de um ano, dois anos. Quando

o shopping entrou com o despejo, foi, assim,

repentinamente, sem julgar a ação dele, sem julgar a

ação dele. Certo? Uma andou por quê? Porque os

advogados do shopping fizeram lobby lá. Certo?

Andou. E a dele, que estava paralisada, não foi.

Então, quer dizer, ele queria estar fazendo o depósito

em juízo em cima do laudo que ele fez, em cima de

uma condição que dava para ele discutir a questão.

Certo?

Então, estou aqui colocando porque eu

acompanhei esse processo, agora já em via e grau de

apelação no Tribunal de Justiça. Estive lá presente

com o desembargador para verificar as questões. Mas

eu já vi que também o lobby está muito grande. O

lobby está muito grande!

Então, quer dizer, o que V. Ex.ª chegou e

falou sobre o prende e sai, fiz também

pronunciamento, semana retrasada, quando soltaram

o Zé Dirceu, trinta anos e nove meses de condenação,

e simplesmente foi posto em liberdade. Fiz o

pronunciamento. Aqui no nosso estado nós temos um

universo de presos em segunda instância que não

saem. São dois pesos e duas medidas essa Justiça

brasileira, infelizmente.

Mas eu só quis acrescentar, por quê? Porque

para se julgar o despejo tinha que haver necessidade

de se julgar a ação dele de depósito em juízo. Outro

detalhe, em uma vara eles dão uma posição, na outra

vara dão outra posição. Isso tem que alguém tornar

prevento. Tem que se unificar as ações em uma só

vara porque aí sim vai se ter um entendimento único.

O que está acontecendo é simplesmente o

seguinte: o que foi lá, o desembargador ultrapassou a

competência dele, por cima do STJ, e deu a

liberdade. Veio o outro desembargador e caçou a

liberdade, até que teve que ter uma ação do

presidente do TRF-4 para poder decidir essa situação,

e hoje está nas mãos do STJ a soltura ou não do ex-

Presidente Lula. Não estou entrando no mérito da

questão. A questão já foi decidida e julgada pelo

STF, seis a cinco, o entendimento é de que em

segunda instância tem que ficar preso, e por que o

José Dirceu foi solto?

Isso eu estou colocando. Agora, essa questão

é que tem que ser analisada. Foi o que eu conversei

com o desembargador, foi em cima da unificação,

uniformização de decisões. Porque não adianta, um

juiz faz de um jeito, outro juiz faz de outro. Nós

temos cinco varas de feitos da Fazenda Pública do

Estado. Quando tem questão de concurso, um

ingressa com pedido liminar, um concede a favor do

Estado e outro concede contra o Estado. Isso é uma

mesmice todos os dias, Deputado Hudson. Nós não

podemos deixar que a Justiça corra frouxa nesse

sentido. Nós temos que simplesmente mostrar ao

Poder Judiciário que as ações têm que correr na

mesma velocidade para todos. Uai, justiça é para

todos. Justiça não pode ser apenas para os poderosos.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Deputado

Euclério, permite?

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Permito.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Só uma

colocação. Isso aí nem... A dúvida, assim, o

Judiciário, foi falado aquela vez, quem tira um

ministro daquele que está lá? Ninguém! O cara tem

não sei quantas ações e não fez nada. Igual você

estava falando que um lugar despejou, uma vara

despejou e outra não. O mais agravante que teve

agora, você estava depositando em juízo, correto?

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Não. Pediu para depositar em

juízo.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Ah, você

pediu. Chegou...

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Tentando depositar.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Mas ele

estava pagando em dia. Ele estava falando. E quando

teve o problema que a receita caiu, era para

conversar. Então, ele tentou depositar. Foi isso que

aconteceu, não é?

O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA

CASTOR FILHO - Foram dois anos. No último ano

ele entrou com o despejo.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Mas

nesses dois anos você continuou normal lá?

O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA

CASTOR FILHO - Fiquei aprovisionando. O juiz

não julgou a ação. Eu não podia depositar em juízo

porque o juiz não julgou.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Você

pediu para aprovisionar e não foi. Está vendo. Mas a

Justiça...

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Vou te explicar como é que

funciona, doutor Hudson. A pessoa entra com o

pedido de depósito de consignação e o juiz defere ou

indefere. Geralmente defere. Mas ficar dois anos sem

analisar é brincadeira, entendeu? Aí o shopping entra

com uma ação e é despachada imediatamente.

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 49

Mas quero propor outra coisa também. Já

designar a extraordinária da CPI após a nossa reunião

porque se não ficarmos satisfeitos com a resposta da

Comissão de Defesa do Consumidor, meia hora após

já tem a CPI da Grilagem. Então, já pedi para

convocar e fica ciente o Deputado Hudson e o

Deputado Gilsinho para terça-feira, após...

O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA

CASTRO FILHO - Presidente, me permite só uma

pergunta? Os lojistas estão sempre em contato

diariamente - os presentes e os ex-lojistas também.

Todo mundo tem uma dúvida com relação à eleição,

parece que não pode haver nada na Assembleia,

porque vai começar o período eleitoral...

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Não tem nada a ver. O que não

pode é matéria de política. O mandato nosso dura

quatro anos - cada mandato. E, todo dia, a gente pode

trabalhar isso aí. Isso é trabalho de deputado, não é

questão de política. Entendeu?

Dizer para a funcionária da liderança do

Governo que ela pode ficar à vontade, sentar-se aqui.

Pode nos vigiar à vontade daqui de dentro. Não

precisa ficar aí fora, não. Pode sentar-se aqui, nos

filmar. Seja bem-vinda, porque para a gente é até

bom que o Governo saiba das nossas atitudes mesmo,

de forma bem elegante.

O SR. GILSINHO LOPES - (PR) -

Deputado Euclério...

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Antigamente, botavam um

sujeito esquisito para vigiar a gente, não é?

O SR. GILSINHO LOPES - (PR) - Era o

Caetano.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Era o Caetano

O SR. GILSINHO LOPES - (PR) - Era o

Caetano, mas agora tem uma princesa. Isso é

importante para nós. Nós nos sentimos lisonjeados.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Uma jovem bonita, simpática.

O SR. GILSINHO LOPES - (PR) - Só para

esclarecer ao Deputado Hudson o que ele me

questionou aqui. Eu disse da sua situação. Explique a

sua situação, Wanderson.

O SR. WANDERSON SIMONASSI - Primeiro, queria agradecer aos nobres deputados pelo

presente, por estar nos ajudando nesse ponto.

Eu sou ex-presidente da Associação dos

Lojistas do Shopping Vila Velha. E vem acontecendo

esse problema já há muito tempo. Logo que entrei no

shopping, a gente colocou uma operação de recreação

infantil. O shopping nos vendeu mundos e fundos,

que teria duas operações para trabalhar, uma em cada

lado do shopping. Logo depois, no dia da minha

inauguração - a gente foi inaugurar a loja

exatamente -, o shopping foi lá e colocou uma

operação gratuita dentro do shopping no mesmo

segmento que o nosso.

Não abri a loja. Cheguei a questionar e

falei assim: Não vou abrir. Um dos diretores da

BR Malls, tivemos uma conversa com ele, e ele falou

assim: Eu garanto a você que, pode ficar tranquilo, a

gente vai conseguir resolver esse problema. Você vai

conseguir operar e vai conseguir ter faturamento.

Falei assim: Senhor, eu não consigo ter uma

operação gratuita junto com uma operação pagando.

Com isso, começaram os problemas dentro

do shopping. Aconteceram os problemas de gesso,

de queda de gesso, de outros problemas de

infraestrutura, que caiu gesso exatamente nessa

área de recreação infantil. E, com isso, essa

operação ficou parada, meu faturamento aumentou

em cem por cento. Nós comprovamos isso, o próprio

shopping entendeu que aquela operação gratuita

estava me afetando diretamente.

Continuamos com a briga, eles não tiraram a

operação. Passaram-se três meses, eles resolveram

tirar, porque eu falei que iria entrar na Justiça. Foi

por isso que virei presidente da Associação dos

Lojistas, por causa dessa confusão toda. E, logo

depois, eles colocaram uma operação cobrando cinco

reais, acabando também com a minha operação.

Então, esses problemas foram acontecendo

durante um período. Nós entramos na Justiça e eu

comecei a brigar com o shopping, no bom sentido,

querendo resolver o problema dos lojistas, porque

não estava acontecendo isso somente comigo; com

vários lojistas a mesma coisa.

Até o momento em que eles chegaram ao

final, eles não tinham como tirar, porque eu

depositava em juízo, sempre depositei em juízo,

nunca tive problema nenhum, paguei tudo, eles

chegaram e falaram bem assim... O meu boleto era

quatorze mil reais. Eles entraram com boleto de

cinquenta e quatro mil reais em dezembro e

colocaram ao mesmo tempo desse ano, em janeiro,

outra área de recreação infantil ao meu lado. Eles

falaram bem assim: Eu não consigo te tirar pela via

normal, pela Justiça, mas consigo te tirar te

quebrando. E o juiz teve que aceitar, porque foi

determinação do juiz para que eu pagasse o boleto

integralmente. Eu estava pagando o boleto, só que

cinquenta e quatro mil me inviabiliza. Minha

operação caiu nada mais nada menos do que

cinquenta por cento.

O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA

CASTRO FILHO - E qual era a sua vara?

O SR. WANDERSON SIMONASSI - A 5.ª

Vara.

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50 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

O SR. ARNALDO DE OLIVEIRA

CASTRO FILHO - A minha era a 4.ª. A dele o juiz

julgou, deixou-o depositar em juízo; a minha não

julgou. Eu entrei antes dele.

O SR. WANDERSON SIMONASSI - Se a

gente for entrar no mérito de falar de todos os

problemas, a gente tem lojista ali... Um da diretoria

do shopping falou assim: Você vai sair do shopping,

e eu vou fazer você sair. Tem colega aqui atrás que

aconteceu justamente porque ele ficou cobrando.

Olha, a sua infraestrutura está caindo, isso aqui está

quebrando, aquilo ali está prejudicando a minha

operação. Vocês não vão me ajudar em nada? Vocês

não vão fazer nada? E continuou caindo. De tanto ele

reclamar no shopping, o shopping disse: Eu vou te

tirar de qualquer jeito.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) -

Wanderson, o Gilsinho falou aqui que você é dono da

academia lá, não é?

O SR. WANDERSON SIMONASSI - Não.

Eu sou dono da área de recreação infantil.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Da área

de recreação infantil. A gente vê que a coisa está se

arrastando, Gilsinho, então eu acho que a gente tem

que ouvir o outro lado para tirarmos a dúvida. Mas,

eu sei que modalidade de shopping você tem duas

formas de pagar. Não é isso? Ou você paga cheio...

O SR. WANDERSON SIMONASSI - Eu

pago o boleto ou pago proporcional.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - A sua

opção era o quê?

O SR. WANDERSON SIMONASSI -

Boleto fechado. Só que se eu conseguisse passar de

uma linha de faturamento isso viraria para um

percentual de dez por cento, além disso.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Então o

senhor disse que se era quinze mil subiria mil e

quinhentos? Em tese.

O SR. WANDERSON SIMONASSI - Não.

O certo seria chegar e pagar em cima do meu

percentual. Se eu faturo cem mil, por exemplo, teria

que pagar dez mil reais. Isso era o correto.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Mas os

quinze mil que você paga fixo está incluído todas as

taxas, porque você tem duas maneiras, você pode

pagar um valor e mais as taxas. Não é isso?

O SR. WANDERSON SIMONASSI - É o

CTO que a gente chama.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Eu sei,

porque já tentei fazer isso em loja. Sei que tem essas

duas modalidades ou fechado.

O SR. WANDERSON SIMONASSI - Eu

tinha o boleto fechado de quatorze mil.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Mas o

shopping não pode, você aumentar quatorze mil,

pagar cinquenta e três, pode?

O SR. WANDERSON SIMONASSI - Não

só pode como ele já está fazendo com todo mundo. O

problema é este, porque a gente não sabe os números.

Não sei quanto é o condomínio.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Só para

tirar minha dúvida, porque eu já tentei ter loja em

shopping, só que o valor é exorbitante, é muito

grande, qualquer shopping. Então, você tinha um

valor fechado, eu sei que fui ao shopping e eram

quinze mil reais, se aumentassem os custos, se

aumentasse a energia, etc, não passava de quinze mil.

Ou eu pagava oito mais os... aí eu poderia passar até

de quinze mil. Então, a opção era fechado. A sua era

isso aí, era a opção fechada?

O SR. WANDERSON SIMONASSI - Era

opção fechada.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Não sei

qual nome você dá, mas mesmo assim cobraram a

mais?

O SR. WANDERSON SIMONASSI -

Cobraram. Cobraram porque eles não conseguem te

apresentar as despesas específicas.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - A menina

do Procon, a representante da Procon esteve aqui. Era

só para saber isso aí. Era fechado e vierem com o

valor a mais. Está bom é só...

O SR. WANDERSON SIMONASSI -

Inclusive com o negócio do imposto.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Então, fica assim, o convite

reiterado para terça-feira às 11h. Se não comparecer,

às 11h30mim teremos a extraordinária da CPI da

Grilagem.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Não

entendi, vai ter na próxima...

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Terça-feira a extraordinária da

Comissão de defesa do Consumidor, convite para

eles. Se eles não comparecerem ou não atenderem

alguns dos requerimentos, a gente faz a CPI da

Grilagem em seguida.

O SR. HUDSON LEAL - (PRB) - Euclério,

não sou mediador aqui não, mas deixa só perguntar:

Por acaso tem chance de vocês conversarem com o

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 51

shopping, quem está devedor de pagar, não sei como?

Vai ter que pagar em vinte anos porque a dívida é...

O SR. WANDERSON SIMONASSI - Acho

que sim, acho que sim.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - DC) - Só vou avisar que não quero só

advogado representando, não. Quero a pessoa do

shopping representando também, tá?

Amanhã tem ordinária da CPI, vou convocar

extraordinária. Tá bom? Vou ter que encerrar e

agradecer a presença de todos.

Nada mais havendo a tratar, vou encerrar a

presente sessão. Antes, porém, convoco para a

próxima, que será extraordinária, terça-feira, às 11h,

neste mesmo plenário.

(Encerra-se a reunião às

11h34mim)

QUARTA REUNIÃO ORDINÁRIA, DA

QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA

ORDINÁRIA, DA DÉCIMA OITAVA

LEGISLATURA, DA COMISSÃO DE

COOPERATIVISMO, REALIZADA EM 19 DE

JUNHO DE 2018.

O SR. PRESIDENTE - (PASTOR

MARCOS MANSUR - PSDB) - Bom dia a todos os

presentes! Nossas saudações também ao nosso

público que nos assiste na TV Ales e também no

nosso programa Visão Política.

Invocando a proteção de Deus, quero declarar

abertos os trabalhos desta Comissão. Antes, quero

convidar os senhores e as senhoras para ficarmos de

pé, para fazermos uma leitura de um versículo da

Bíblia, que se encontra no Salmo de número 31 e no

verso de número 24, que diz assim: Esforçai-vos, e

Ele fortalecerá o vosso coração, ó vós todos os que

esperais no Senhor. Podemos nos assentar.

Solicito à nossa secretária que possa, por

favor, efetuar a leitura do nosso Expediente.

A SR.ª SECRETÁRIA lê:

EXPEDIENTE:

CORRESPONDÊNCIAS RECEBIDAS: Ofício GDEA n.º 120/2018 - Do Excelentíssimo

Senhor Deputado Enivaldo dos Anjos, justificando

sua ausência na reunião ordinária desta Comissão,

realizada no dia 08/05/2018.

O SR. PRESIDENTE - (PASTOR

MARCOS MANSUR - PSDB) - Ciente.

A SR.ª SECRETÁRIA lê:

Ofício GAB/DDVI n.º 206/2018 - Do

Excelentíssimo Senhor Deputado Da Vitória,

justificando sua ausência na reunião ordinária desta

Comissão, realizada no dia 08/05/2018.

O SR. PRESIDENTE - (PASTOR

MARCOS MANSUR - PSDB) - Ciente.

PROPOSIÇÕES RECEBIDAS:

Projeto de Resolução n.º 50/2017 Autora: Deputada Raquel Lessa

Ementa: Cria Comenda do Mérito

Legislativo Esthério Sebastião Colnago para

homenagear cooperativistas que se destacarem na

atuação, divulgação e consolidação da cultura

cooperativista no Estado do Espírito Santo.

O SR. PRESIDENTE - (PASTOR

MARCOS MANSUR - PSDB) - Eu avoco o projeto

para relatar.

PROPOSIÇÕES DISTRIBUÍDAS AOS

SENHORES DEPUTADOS: Não houve no período.

PROPOSIÇÕES SOBRESTADAS:

Não houve no período.

PROPOSIÇÕES BAIXADAS DE PAUTA: Não houve no período.

ORDEM DO DIA:

Discutir o tema: Gestão do novo sistema de

registro e fiscalização do transporte

intermunicipal de passageiros.

O SR. PRESIDENTE - (PASTOR

MARCOS MANSUR - PSDB) - Pode fazer a leitura

da Ordem do Dia também. (Pausa)

Já está aqui, já fez a leitura.

Quero, com muita alegria, trabalhar nesse

tema sobre a gestão do novo sistema de registro e de

fiscalização do transporte intermunicipal de

passageiros da Ceturb, representada aqui hoje pelo

diretor-presidente, nosso amigo Alex Mariano. Mas

falar sobre o objetivo, Alex, desta plenária, desta

reunião e do convite, que antecipadamente quero

agradecer a você por estar aqui. Porque gostaria que

as nossas cooperativas, o segmento do transporte no

cooperativismo capixaba possa estar tomando ciência

e se inteirando das mudanças ou das novas propostas

que a Ceturb está implementando e vai implementar.

E se for o caso, se couber discussão, se couber

participação, sugestões, opiniões, o setor está aqui

representado e gostaria de participar, de contribuir

para que a gente possa prestar cada dia e cada vez

mais um trabalho de qualidade e de excelência, que é

o objetivo principal do setor de transporte do

cooperativismo aqui no estado do Espírito Santo.

Quero agradecer sua presença, daqui a pouco

você vai estar falando. Gostaria até de convidar você,

Alex, para ficar comigo, do meu lado direito, para

falar ao lado direito da gente e estar compondo

comigo a Mesa, você é nosso convidado de honra.

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52 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

Quero também fazer a menção da presença

do Pedro Rigo, nosso consultor de relações

institucionais da OCB. Também registrar a presença

do Lindolfo Stuhr, presidente da Coopetranserrana,

Cooperativa de Transportes da Região Serrana, que é

membro, inclusive, do nosso Conselho Estadual de

Transporte da OCB. Também o Valtecir, que é um

guerreiro incansável, presidente da Cooptac,

Cooperativa de Transporte da Região Sudoeste

Serrana, também. Ele é presidente do Conselho

Estadual de Transporte da OCB e está presente com a

gente em todas as discussões sobre transportes.

Também o Romério Badaró. Cadê o Badaró?

Badaró é nosso amigo ali da Cooper-Rural, da

Cooperativa de Transportes Rural, lá de Brejetuba. É

um prazer tê-lo aqui com a gente. Também o Elizeu

Costa, um dos diretores também da Cooper-Rural,

que está junto com o Romério. Também da Cooper-

Rural, um dos diretores, José Maria Amorim.

Tivemos o privilégio de já cumprimentá-los ali fora.

É um prazer receber essa turma da região serrana.

Também o Mário Milton Soares, que é

presidente da Cooprest, Cooperativa dos Prestadores

de Serviço em Transporte de Cargas e Passageiros

aqui do estado; e o Victor Fernando da Silva,

presidente da Coopataxi. É um prazer também. E

Manoel Cezário, diretor administrativo da Cooprest.

É um prazer e uma honra receber essas figuras

ilustres, pessoas que a gente conhece o trabalho de

perto.

Eu, particularmente, tenho tido, Alex, o

privilégio de ter feito alguns trabalhos com essa

equipe, com essa turma que citei o nome aqui. É uma

turma que trabalha sério. A maioria deles apresentou

para esta Comissão o que é a cooperativa deles,

mostrou para a gente os bastidores dessas

cooperativas, a qualidade dos equipamentos com os

quais eles trabalham, a seriedade e a excelência que

eles prestam e, acima de tudo, segurança para os

usuários do modal de transportes deles.

É com alegria que vamos passar a palavra

para você, como diretor presidente da Ceturb, para

poder fazer uso e ficar à vontade, para a gente poder

debater o tema aqui.

O SR. ALEX MARIANO - Bom dia a

todos. Deputado, quero cumprimentar o presidente do

Conselho de Transporte da OCB, o Valtecir. Quero

estender o agradecimento a todos; é meu amigo e ele

até mandou aqui o nome dele, e falei: Pedrinho, não

precisa. Pedrinho é um companheiro de longa data -

já tratamos de alguns assuntos inerentes ao interesse

da sociedade -, um cidadão capixaba, uma pessoa que

eu prezo muito, um grande profissional. Vocês estão

muito bem assistidos. Parabéns pela aquisição. É um

craque.

Deputado, eu também fico muito feliz por

esse convite. Todas as vezes que pudemos estar

juntos as conversas foram longas. Além dos assuntos

dos interesses da sociedade, a relação até extrapolou

naquele momento de conversa. Acho que era uma

meia hora de conversa e foi a quase uma hora e meia,

duas. Mas quando a conversa é boa, a gente perde até

o tempo; tomara que isso aconteça aqui, agora, não

fique enfadonho, mas que a gente seja até um pouco

pragmático e objetivo.

Fiquei muito feliz, realmente, pelo convite,

por quê? A Ceturb é uma empresa na qual ela tem o

trato da mobilidade urbana, mas, até então, no seu

histórico, focado ao transporte de pessoas na região

metropolitana. Então, é um modal de transporte de

uma característica diferente daquilo que vocês

trabalham no dia a dia.

O Governador Paulo Hartung nos incumbiu

desse desafio de estar, na verdade, avançando. Não

tirando o mérito do que já foi feito pelo DER, na área

de transporte do DER, mas, de avançar. Avançar em

novas tecnologias, avançar em procedimento, em

relacionamento, inclusive, também, a questão de

normativas.

Quando nós assumimos a Ceturb, deparamos

com o que acontece muito no Brasil, em vários

institutos: é a colcha de retalhos de normas. Às vezes,

a relação do privado com o público se torna muito

burocrática, porque é tanta norma que o contador e o

advogado têm que ficar ali, vinte e quatro horas,

vendo se já publicou alguma coisa ou outra.

Eu fico muito feliz com a sua fala: a

possibilidade de ouvir para construir. É nesse formato

que temos que avançar. Não podemos, o poder

público, o eu - como estou como presidente -, e neste

momento de construção, no dispêndio do meu

esforço junto à empresa, não ouvir. Temos que ouvir,

e ouvir, e ouvir, e debater e, muitas vezes, não é

retroceder, é declinar, em alguns aspectos, das

normas, e avançar.

Neste momento, estamos elaborando um

decreto que regulamenta o transporte do estado do

Espírito Santo. E ali terá um arcabouço do transporte,

dividindo em capítulos, tanto do transporte de

passageiros urbanos quanto de transporte de

passageiros rodoviários.

Tivemos uma reunião no Setpes, uma

primeira reunião, que é o sindicato das empresas de

transporte. Vocês são uma cooperativa, um instituto,

uma personalidade jurídica reconhecida. E naquela

primeira discussão vimos o quanto temos que ouvir, e

ouvir mais porque os segmentos diversos que existem

- fretamento; locação; o próprio transporte

rodoviário, que nós chamamos de convencional -,

eles têm algumas situações que vimos que temos que

dirimir, deixar mais claras; e naquilo que a gente

sente que está distante, nós coadunarmos esse

entendimento.

Exemplo prático: o fretamento - estava até

conversando ali fora - com a própria locação, o que é

um e o que é outro. Nós temos que deixar isso bem

claro, o que nós vamos construir, do que é locação,

do que é fretamento. Por que isso? Porque, a partir do

momento em que nós construímos a normativa - esse

decreto é um decreto do governador, deve passar pela

PGE, vai ser construído, enfim - a partir do momento

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 53

que fizermos a regra do jogo, a regra do jogo vai ser

respeitada. E, aí, nós entramos no âmbito da

fiscalização. Toda pessoa que está regularmente

instituída, ela quer uma boa fiscalização, ela quer que

a fiscalização funcione. Apenas não quer a

fiscalização aquele que tem problema, que, às vezes,

faz de subterfúgios para dar continuidade a uma

prestação de serviço em que o interesse principal,

deputado, que estamos aqui, é a sociedade, é a vida

da pessoa que nós estamos transportando, a família, a

segurança.

Hoje mesmo eu peguei esses números,

porque, infelizmente, mesmo com a nova lei de

trânsito, a nova Lei Seca, ainda continua crescendo o

número de acidentes com ingestão de álcool. A lei

propriamente dita e publicada, deputado, ela por si só

não é autoeficaz. A questão da didática e a própria

construção dela é que podem nos trazer eficiência

disso.

Então, a Ceturb está acabando de elaborar

essa minuta na qual, num primeiro momento, eu

quero convidá-los para esse seminário. O senhor

também sinta-se prestigiado nesse convite, porque

nós estamos pensando em fazer... Pode ser até aqui

na Assembleia. A gente estava pensando em fazer lá

no Setpes, mas podemos fazer aqui na Casa do Povo.

E, aí, as empresas de transporte, cooperativas,

empresas de locação de veículos... Abrimos esse

debate para avançarmos nessa normativa de

fiscalização.

Propriamente dito sobre a fiscalização, nós

estamos preparando, vou falar assim: um plano de

voo. Por que é um plano de voo? Nós estamos ainda

levantando toda a situação do estado do Espírito

Santo, das regiões. E, aí, é muito importante a

participação de vocês, pela experiência de vocês.

Temos a experiência do transporte, experiência de

fazer os cálculos de custo, a experiência da vistoria,

nós temos os nossos engenheiros, temos as

experiências do dia a dia, mas não temos a principal

experiência, que é a vivência. A vivência de vocês,

em relação ao que vocês contam. E nós abrimos esse

espaço para ouvi-los. Então, é muito importante, por

quê? Nesse plano de voo, nós vamos estar, depois da

norma posta, depois da norma regulamentada,

fazendo as ações de fiscalização, sim.

Eu já estou absorvendo muitas reclamações

sobre transporte clandestino, de pessoas que fazem o

transporte clandestino. Isso é um risco tremendo,

porque nós não temos o controle da qualidade, não

sabemos como está o pneu, a questão de frenagem, a

questão de faróis, enfim. Dentro desse plano de voo,

com a norma pronta, vamos avançar na fiscalização

no estado do Espírito Santo - norte, noroeste, sul,

região metropolitana - e, aí, pode se dizer assim: a

bola está rolando; a bola vai começar a rolar.

Agora, é muito importante essa fase em que

nós estamos aqui, neste momento, que é finalizar essa

norma. Algumas coisas não vão estar dentroda norma

diretamente, vamos fazer por instrução normativa

para a gente não engessar, pela dinâmica da natureza

do serviço. Porque se a gente faz um decreto, assina

o decreto e depois tem que mudar o decreto, fica mais

difícil. Então, vamos dar a direção e as instruções

normativas que vão dar a parte operacional dessa

situação.

Quero dizer que em três anos e seis meses de

empresa o desafio foi muito grande, o senhor

acompanhou de perto muitas dessas situações. Mas a

empresa Ceturb, a parte administrativa dela a gente

agora está vendo uma luz no fim do túnel. Porque ela

estava numa situação muito complexa, avançamos

numa equação de gestão e agora a gente já fica numa

situação melhor. E esse serviço também deu um

incentivo para os nossos funcionários de aprendizado,

de avançar em estudos. Inclusive, agora estamos

também avançando numa grande prestação de

serviço.

Estive agora falando com o Deputado

Marcelo Santo, que foi um dos precursores deste

tema que é a rodoviária de Vitória. Tinha algumas

situações que a gente tinha que avançar, parece que

estamos aí avançando também com relação à

rodoviária de Vitória.

Então, é com muita gratidão, Pedrinho já me

conhece há um tempo, e o Pedrinho sabe disso. Às

vezes a agenda fica se complicando, mas todas as

vezes que vocês passarem lá pelo Centro - saímos da

Reta da Penha, não estamos mais ali, não; fomos para

o Centro. Corte de gastos, vamos cortar o custeio,

não é? Na Reta da Penha era muito bem localizada,

mas o Centro, a gente está valorizando o Centro.

Pedrinho só reclamou do estacionamento, não é

Pedrinho? Está difícil estacionar aqui. Mas eu quero

dizer a vocês que é de muito bom grado, todas as

vezes que vocês quiserem ir à presidência, quiserem

conversar comigo... Até fiz uma sugestão de uma

reunião mais ampliada com o nosso corpo técnico

interno para conhecer nosso diretor administrativo,

do financeiro, nosso diretor de planejamento, nossa

diretora de operações, gerências. E, às vezes, nós no

dia a dia da gestão macro não conseguimos atendê-

los, e você tendo o contato direto com a pessoa por

um telefonema, até sem burocratizar, porque sou a

favor de desburocratizar o máximo possível.

Acho que o instrumento do WhatsApp aqui,

o qual não gera prejuízo ao erário público e você está

impulsionando a gestão, é um grande instrumento. Às

vezes uma situação de um equipamento de vocês em

que a vistoria verificou isso e você pode fazer um

contato direto com a gerência e fazer uma explicação

e resolver imediatamente. Depois abre o

procedimento administrativo adequado, não é? Que

se considere adequado. Então, assim, é para isso que

nós estamos aqui. Estamos aqui para ouvir e

construir. Quero agradecer novamente esta

oportunidade.

O SR. PRESIDENTE - (PASTOR

MARCOS MANSUR - PSDB) - Muito obrigado,

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54 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

companheiro, amigo Alex, pela maneira, colocaria

até humilde, como você se posiciona. Mas para mim

não é surpresa porque a gente conhece a sua forma de

trabalhar, sempre se pautou pelo princípio

republicano, democrático e sempre ouvindo, sempre

aberto a estar ouvindo.

Acho que o Governador Paulo Hartung

acertou em cheio quando ele mandou, fez essa troca

mandando para a Ceturb... Acredito que o setor do

transporte no cooperativismo vai perceber, vamos

dizer, a mudança. Principalmente de relacionamento.

É muito importante, acho que a palavra correta é esta:

relacionamento. Porque a gente... Todas as vezes que

eu precisei de acesso para alguma questão, para

algum tema para discutir... Isso não significa, é bom

pontuar e colocar aqui, que nós vamos sempre estar

certos também, e que sempre nós vamos conseguir

um sim, de repente, porque todo tema, toda questão,

toda situação, principalmente temas e situações

polêmicas, têm dois lados, às vezes, têm três lados,

quatro lados e tem temas que são assim. Então,

existem questões que são assim. E aí ninguém é dono

da verdade porque você toma uma medida e, às

vezes, afeta um setor e mexe aqui.

Vamos dar um exemplo agora: está lá, no

Congresso, a questão da tabela de fretes para os

caminhoneiros, a corda esticada que indiretamente

fala para transportes. Aqui tem a Cooptrac, que

trabalha com cargas também. Então, são temas que

não tem uma pessoa, um lado só envolvido e aí tem

que discutir mesmo.

Mas o mais importante é que o Alex, isso eu

posso atestar, nunca fugiu do olho no olho, da

franqueza, da transparência, do diálogo. É disso que

estou falando aqui, que o setor ganha muito nesse

aspecto com o nosso amigo Alex na condução dele.

Está certo?

Eu gostaria de franquear a palavra para os

nossos participantes da reunião, principalmente para

os presidentes das cooperativas que estão aqui. Que

vocês possam também, se tem alguma questão a ser

colocada, algo a ser falado, quero franquear a

palavra.

Queria ver se começava pelo Pedro. Pedro é

nosso consultor. Ver o que ele tem para falar

também, representando aqui, oficialmente, a OCB e

depois a gente vai estar ouvindo o Lindolfo, o

Valtecir e os nossos presidentes. O Romério vai estar

falando também. Enfim, os senhores que quiserem

colocar, a palavra vai estar franqueada a partir de

agora.

Companheiro Pedro Rigo.

O SR. PEDRO RIGO - Bom dia, deputado!

O SR. PRESIDENTE - (PASTOR

MARCOS MANSUR - PSDB) - Bom dia!

O SR. PEDRO RIGO - Quero agradecer,

mais uma vez, por atender ao pedido da OCB de

trazer esse tema aqui para a Comissão de

Cooperativismo. Agradecer a toda a equipe da

comissão e ao nosso amigo Alex Mariano, que nos

recebeu - eu, Carlão e Davi - no DER junto com o

Enio. No meio de um ensaio de transição dos

problemas, das questões, tivemos uma boa conversa

lá e se disponibilizou imediatamente a estar conosco

aqui, entendendo a importância desse diálogo, de

conhecer as nossas cooperativas, de a gente, de fato,

fazer um trabalho que seja bom para os órgãos

reguladores, que é o caso da Ceturb, e de gestão

também do transporte, hoje, de passageiros com as

cooperativas.

Tivemos algumas vitórias. E partiu desta

comissão também sobre uma instrução normativa que

levasse em consideração as cooperativas de

transporte, que são diferentes das empresas, são

personalidades jurídicas diferentes e muitas vezes

não são entendidas. Então, temos hoje já a vinda do

DER, uma instrução normativa que levou em

consideração a caraterística das cooperativas e tem

sido importante para nós. E você agora fala desse

decreto que, de fato, é para regulamentar uma lei.

Aproveito para agradecer ao Governador

Paulo Hartung por ter essa sabedoria de pegar essa

parte do transporte de passageiros que estava no DER

e colocar na Ceturb, que já tem uma expertise, não é?

Que já tem uma expertise. Ou seja, está

especializando a Ceturb no transporte de passageiros,

na regulação, na fiscalização, e aos deputados que

aprovaram essa lei passando essa obrigação para a

Ceturb.

Parabenizamos o Governador Paulo Hartung

e os deputados por essa brilhante ideia, inciativa e

atitude. O Alex Mariano, certamente, a gente já

conhece há bastante tempo. Sei da competência e da

capacidade de diálogo dele de tocar esse assunto e

nós, da OCB, que sempre prezamos, sempre, todas as

vezes que viemos à Comissão de Cooperativismo,

nesta Casa de Leis, foi para sustentar, de fato, que a

ordem e que o ambiente fique mais competitivo.

Ou seja, a gente tem um histórico desse setor

que trabalha, e todas as cooperativas são

regulamentadas, têm registro na OCB, são empresas

que estão no mercado para fazer um trabalho sério,

um trabalho, de fato, que respeite principalmente a

população. Mas a gente encontra no meio do mercado

empresas que não fazem, que não respeitam as normas.

Você acabou dizer. Alex Mariano, você tem

conhecimento disso. Então, nós sempre lutamos para

criar um ambiente mais competitivo, mais justo para as

nossas cooperativas no meio em que elas atuam. E o

setor de transporte de passageiros tem esse trabalho.

E esta Comissão do Cooperativismo, durante

este ano e ano passado, quantas vezes aqui

discutimos o transporte de passageiro, desde o

escolar, até o transporte de fretamento, etc. Então,

nosso trabalho sempre é este, buscar aqui que a gente

tenha condições.

Na Ceturb, você tem vários desafios nesse

setor. É um setor que precisa, de fato, de um trabalho

intenso. Não vou dizer que é começar do zero, porque

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 55

o DER fez algum trabalho, mas alguns desafios

foram colocados na Ceturb com esse setor, e

principalmente a informatização dessa área na

Ceturb. A gente entende que se a gente não

informatizar, não tiver uma plataforma tecnológica lá

para lidar com o transporte de passageiro,

intermunicipal e todos os outros setores com que

vocês lidam, certamente tem grandes desafios. Então,

a OCB, já coloco como um desafio lá para você, na

sua gestão, a informatização do registro,

principalmente desse setor, desse segmento, dentro

da Ceturb.

Mais uma vez, parabenizar, agradecer e dizer

que, de fato, confiamos no seu trabalho e na sua

competência. E o diálogo é muito importante, ainda

mais que você está criando um decreto, você já abriu

essa possibilidade de estar presente - a OCB gostaria,

através das cooperativas, estar presente - e também

na instrução normativa, que vai originar a partir do

decreto. Então, gostaríamos muito - já ouvimos isso

de você - de a gente estar participando e colaborar

com o processo. Bom dia a todos!

O SR. PRESIDENTE - (PASTOR

MARCOS MANSUR - PSDB) - Obrigado pela

participação, nosso consultor Pedro Rigo.

Não sei se, em cima dessa consideração, o

Alex quer fazer um contraponto também, um

comentário.

O SR. ALEX MARIANO - Muito bem

lembrado quando o Pedro fala sobre a questão de

informatização do sistema. Nós temos um núcleo de

tecnologia na empresa, no qual, inclusive,

desenvolveu um sistema metropolitano, um sistema

chamado georreferenciamento dos ônibus. E, agora,

acabamos de cruzar as informações da bilhetagem

eletrônica com o sistema georreferenciamento. Então,

é uma área com grande expertise na área de

mobilidade.

Então, nós pegamos uma parte desse grupo e

começamos a deslocar agora para o rodoviário, para

trabalhar na parte de registros, desburocratizar.

Porque isso eu senti agora nessa própria transferência

um grande anseio que existia, até pelas empresas

privadas e por vocês cooperativas, que seria o

seguinte: como a gente vai fazer o procedimento de

registros. A gente não quer estar ilegal; depois vem a

fiscalização...

E eu um pouco que pacifiquei e dei um pouco

de calma para essas pessoas, falando assim: Olha, nós

estamos num processo de adaptação. Não há, por

parte da Ceturb, nenhuma ação fiscalizatória

arrecadativa. Inclusive, é uma característica,

deputado, de que tenho orgulho de falar: todos os

órgãos que trabalham com multas, a multa tem que

ser de forma para você aplicar a questão educativa,

ela não pode ser arrecadatória.

Lembro-me disto, Pedro, junto ao Ipem,

Instituto de Pesos e Medidas do Estado do Espírito

Santo, do qual fui presidente, quando nós abrimos e

vimos a parte de receita e despesa, verifiquei que o

quadro de receita se declinava à prestação de multas.

E eu falei que estava errado! Está errado! Não temos

que usar a multa como sustentação de uma empresa,

e não temos, de forma alguma, que fazer isso!

Foi quando, dentro do planejamento

estratégico do Ipem, Instituto do Espírito Santo,

inclusive, deu um reflexo a nível Brasil, no Inmetro a

nível Brasil, de nós estarmos avançando na prestação

de serviço à sociedade.

Uma das coisas que vocês hoje utilizam - eu

estava conversando ali fora - é até o sistema de

tacógrafo que tem no carro, na condução veicular.

Nós, na época, montamos um projeto, deixamos um

projeto pronto. O próprio Ipem do Estado do Espírito

Santo tem um posto de tacógrafo. Verificamos a área,

fizemos o projeto.

Infelizmente, a gente tem algumas situações

da administração pública, que é a descontinuidade do

gestor. O que tem que ficar, na verdade, é o projeto

ideológico-social. E, às vezes, quando muda o gestor,

ele vai e coloca na gaveta, não avança. Isso é uma das

coisas que prejudica muito o Brasil.

Então, vocês podem saber que, por parte da

Ceturb, a parte de fiscalização e multa será

extremamente educativa. Inclusive, na proposta que

nós estamos avançando é a possibilidade de você

fazer a advertência. Faz a advertência. Quem é

irregular não está dentro do jogo, está fora do jogo, e

já tem que ter um tratamento totalmente diferenciado.

Tem que ser mão de ferro, tem que ser

pesado. Não é verdade? O cara se colocou em uma

situação para ficar irregular, então, não paga imposto,

não tem compromisso com a segurança da sociedade,

com seu filho que está sendo transportado, com sua

esposa, sua mãe, seus familiares, seus amigos e,

depois que acontece um acidente, você vai procurar

se o cara está regularizado ou não está regularizado, e

aí já veio e aconteceu o fato.

Então, temos que ser, na verdade, proativos,

temos que ser preventivos e temos que tratar com

mão de ferro quem está fora.

Quando fui secretário de Transporte de

Vitória, na minha gestão, lembro-me que em um ano

apreendemos setecentos clandestinos. Uma ação com

a Polícia Militar, Batalhão de Trânsito, e foi

apreensão uma atrás da outra. Perguntaram se eu

tinha medo e falei assim: Medo eu tenho, mas estou

aqui e eu tenho que cumprir minha função. Quem diz

que não tem medo é mentiroso, porque a gente sabe

que existem muitas coisas que se envolvem quando

você não tem o controle do Estado. As pessoas

podem reclamar da ineficiência do Estado em vários

aspectos, mas antes ter o Estado e ter o controle, do

que ter o que vemos por aí afora, o PCC, em São

Paulo, com transporte clandestino, e assim

avançando, Minas Gerais, enfim. Temos que ser

eficientes e buscar a eficiência, mas a sociedade tem

que... Não podemos tirar isso do coração da

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56 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

sociedade, de que o Estado é a busca do controle

social e da pacificação social.

Então, em questão da parte de

informatização, isso é importante porque aí a gente

vai ter o cadastro. Podemos trabalhar com palm. Puxa

lá a placa na hora e vê se a placa, se o registro é

aquele mesmo ou não, se é falsificado, porque é

muito simples. Você coloca um número lá como se

fosse aquele e está lá, está regulamentado, não tem

problema.

Nós estamos agora saindo, depois de três

anos e meio no Sistema Transcol, de um controle

tecnológico. Inclusive, uma das coisas que nós

colocamos - isso é muito importante, apesar de não

estar dentro do tema de vocês, mas é um tema social -

, nós colocamos um aditivo dentro do contrato do

Transcol, e estou sofrendo para fazer a coisa rodar.

Inclusive, uma coisa que coloquei no contrato - o

Tribunal de Contas me cobrou uma coisa que

coloquei, que me cobre porque eu quis e assim vai ser

- todas as informações do sistema de bilhetagem vão

para o Prodest. Vai ser casado o Prodest e o sistema

GVBus. O que é esse sistema de bilhetagem? É o

controle da demanda. Esse controle é nosso. Tem que

ser do Estado.

Nós trabalhamos com dinheiro público,

aquele cidadão que paga aquela passagem. O

dinheiro, a parte do subsídio que é do erário público,

isso tem que estar dentro do controle do Estado. São

prestadores de serviço, são terceirizados. A função de

controle é nossa. E aí, deputado, é onde sei que a sua

dedicação e, graças a Deus, a sua inteligência, porque

temos que colocar pessoas inteligentes, perspicazes,

precisamos de políticos assim para avançar na

questão de gestão pública propriamente dita.

Não digo que a terceirização é uma função

que deve ser colocada de forma impulsiva em todos

os aspectos. Algumas coisas, o Estado tem que ter o

controle, mas naquilo que nós terceirizamos, a

obrigação nossa é gerir, é fazer a gestão, é ter o

controle, presidente, de forma eficaz para que você

possa dormir e não ter preocupação amanhã de ter uma

multa abusiva, porque está lá o controle, está o sistema

informatizado, tudo certinho. Você poder, inclusive,

acessar ou receber uma mensagem ou e-mail vinte ou

trinta dias antes do vencimento daquele cadastro, a

Ceturb vai lá e te avisa. Não queremos multar. Pode

acontecer no dia a dia uma questão administrativa,

vocês terem alguma situação de ter muito veículos e

passou um veículo, sempre pelo princípio da boa fé.

Então, é uma das metas, Pedro, que nós

estamos colocando na Ceturb: a parte de

informatização do sistema do transporte rodoviário.

Nós estamos auxiliando, inclusive, no processo

licitatório e, dentro desse aspecto do processo

licitatório, do convencional, é onde nós colocamos

também o rastreamento da frota, relatório, sistema de

bilhetagem. Então, é muito importante a sua

colocação, Pedro. É uma das situações que temos que

avançar e, para mim, hoje, além das questões

normativas, é o ponto principal.

O SR. PRESIDENTE - (PASTOR

MARCOS MANSUR - PSDB) - Lindolfo, com a

palavra, também, para... Presidente da

CoopeTranserrana.

O SR. LINDOLFO STUHR - Bom dia,

Pastor.

O SR. PRESIDENTE - (PASTOR

MARCOS MANSUR - PSDB) - Bom dia.

O SR. LINDOLFO STUHR - Bom dia,

Alex; bom dia, Pedro e demais companheiros aqui do

cooperativismo. O Alex citou a questão da

importância da fiscalização, não é? Lembrei-me da

hora que estava falando. Tinha recebido um zap de

um grupo, dizendo assim: Urgente, urgente, tomem

cuidado porque amanhã vai ter fiscalização do

Detran, da Polícia Federal. Vão apreender os

veículos irregulares, os motoqueiros e tal.

Aí, eu respondi depois, para o camarada:

Mas, espera aí, mas isso, você está mandando isso

mesm? Isso deveria, realmente... Não está certo fazer

isso porque quem anda regular, não precisa ter medo

de passar em uma blitz, em uma lei seca, de sair com

o carro de dentro de casa ou da empresa.

Então, acho que é uma ferramenta

importante. É importante essa questão da

fiscalização, porque nós, como cooperativistas, nós

queremos andar certo, temos esse intuito, temos essa

obrigação e, às vezes, somos de fato prejudicados por

pessoas que trabalham de forma desordenada, não

cumprem as leis, não cumprem as regras, e trazem

prejuízos para a gente.

Então, que isso seja uma das ferramentas de

Ceturb, a questão da fiscalização. E não é para passar

de largo nas cooperativas, não. É fiscalizar também

as cooperativas. Aqueles que também não estiverem

certos, que andem de forma correta.

Queria dar os parabéns ao Alex e espero que

este trabalho também tenha continuidade. Como você

também disse que, às vezes, parte do gestor. O gestor

sai e depois tem uma descontinuidade.

Estava até conversando com o Pedro sobre

isso, que esteve na China, independente de quem está

no comando, deve ter uma direção. Não importa se é

A ou B, mas temos que ter uma direção. E dentro das

cooperativas e dentro das empresas, também tem que

ser assim. Tem que ter uma continuação das regras,

seguindo elas de forma ordeira.

O SR. PRESIDENTE - (PASTOR

MARCOS MANSUR - PSDB) - Muito bem,

Lindolfo. Também o Valtecir, presidente do

Conselho e presidente duas vezes, também, da

Cooptac.

O SR. VALTECIR WIL - Bom dia,

deputado. É, no momento, seria mais para agradecer.

Agradecer ao deputado, presidente desta Comissão

do Cooperativismo, pelo excelente trabalho que vem

fazendo nesta Casa de Leis, trazendo para o

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 57

conhecimento do nosso ramo, do transporte, as

novidades, as coisas que vem acontecendo, e também

ajudando a se aproximar mais dos órgãos que nos

representa no estado, constituindo as leis, para que a

gente possa prestar o nosso transporte.

Estender o cumprimento ao Alex e pelo

pouco que a gente conversou, hoje, percebi que vai

ser um companheiro do cooperativismo, vai estar nos

recebendo de braços abertos. Já percebi isso, não é?

Até mesmo pela explanação que você deu, pela

amizade que você tem com o Pedro e da seriedade

que a OCB vem fazendo o trabalho. E estender o que

você acabou de falar.

Nós estamos bem assessorados com o Pedro,

com o Davi e com os demais membros da OCB,

fazendo esse link de intercomparação, chegando até

aos órgãos. E acredito que nós vamos dar um

pouquinho de trabalho para vocês, não é? Porque nós

gostamos de estar participando do contexto da

evolução do nosso estado. Estamos aí para contribuir

dentro do nosso estado.

Além da prestação do serviço que a gente faz,

a gente também tem o lado social, que a gente

trabalha. Então, acredito que é fundamental quando a

gente une essas duas coisas para o desenvolvimento

sustentável do nosso município, do nosso estado, do

nosso Brasil.

A gente está vivendo um momento muito

difícil em que a gente vê muita sonegação. Então, a

gente é a favor da fiscalização porque as nossas

cooperativas têm contribuído muito com o Estado em

termos de arrecadação, de contribuição, e nós

fazemos de tudo para que a gente avance na

legislação, que a gente seja prestador de serviço de

qualidade. A gente ainda está engatinhando na área

do turismo, mas o estado tem ganhado muito com as

cooperativas. Então, eu acredito que trabalhando

juntos, quem sai ganhando é a população, é o estado

é o município, é a sociedade no geral. Então, estamos

aí e queremos participar junto à Ceturb dando essa

oportunidade para a gente contribuir, também, com as

nossas ideias para que a gente possa, juntos, também,

não ter aquela concorrência desleal. Porque às vezes

você não consegue avançar mais na prestação de

serviço porque quem trabalha irregular acaba

pegando o trabalho mais barato e colocando em risco,

ainda, a nossa sociedade.

Então, como o Lindolfo já disse, nós não

precisamos temer a fiscalização porque o que a gente

quer é que ela seja ágil para que todos tenham

condições de trabalhar e evoluir no seu dia a dia, no

seu trabalho.

Essa questão da multa é uma coisa que o

DER deixava a gente muito preocupado. É uma

questão que eu acho que a gente também vai ter

algumas opiniões para poder estar dando, porque eu

não sei qual será o caminho que vocês vão estar

adotando, se é o mesmo procedimento, mas existem

algumas questões que você falou aí que eu achei

muito interessante, que é a parte educativa. Acho que

ela soma muito. Então, essa forma de multa só para

arrecadar, às vezes ela até cria um passivo para as

pessoas que andam clandestinas. Ah, não! Tomei uma

multa lá, mas fizeram o processo administrativo e

estou rodando. Então, acho que a questão educativa

e, também, o acompanhamento dessas pessoas que

são multadas para que elas voltem ao mercado, mas

voltem regular trabalhando. Então, seria uma forma,

também, que eu acho que tem que trabalhar eu

percebi isso de você e isso vai avançar.

Agradecer meus companheiros que estão

aqui, de cooperativas do ramo de transportes, que

sempre têm colaborado nas nossas reuniões, têm

participado.

O que eu queria falar seria só isso aí. É mais

agradecimento mesmo ao deputado estar trazendo

essas pessoas dos órgãos se aproximando ao nosso

ramo de transporte.

O SR. PRESIDENTE - (PASTOR

MARCOS MANSUR - PSDB) - Obrigado você,

Valtecir.

Vamos ouvir, também, a participação do

nosso grande amigo, nosso grande presidente da

Cooper-Rural, Romério. Nome bonito: Romério

Badaró. É um nome, Romério.

O SR. ROMÉRIO BADARÓ - Agradecer,

primeiramente. Bom-dia, Alex Mariano, pela ilustre

presença. Agradecer ao Pastor Marcos Mansur. Um

bom dia a todos os presentes, meus colegas

companheiros que me acompanham sempre, o Elizeu

Costa Rocha e José Maria de Amorim, são os meus

conselheiros também.

Eu não tenho muito a falar. Eu pensei que eu

fosse falar depois do Pedro Rigo - aí eu ia ter alguma

coisa a falar -, mas falou bonito, aqui, o Lindolfo,

falou Valtecir e o que eu for falar vai estar repetindo.

Mas, o que eu gostaria de voltar lá atrás e lembrar é

aquilo que o Alex falou: relacionamento. O

relacionamento é a base de tudo. Se nós

conseguirmos isso junto à Ceturb nós já estaremos

com cinquenta por cento de caminho andado. As

outras mais vêm chegando e o relacionamento vai

reconquistando outras coisas mais.

Agradecer ao Pastor Marcos Mansur pelo

convite de apresentar a nossa humilde cooperativa.

O SR. PRESIDENTE - (PASTOR

MARCOS MANSUR - PSDB) - Nós é que nos

sentimos honrados, Romério.

O SR. ROMÉRIO BADARÓ - Uma

propaganda bacana, 0800. Agradecer e muito. Foi

muito bom. E, o mais a mais, agradecer. Tá, Alex.

Nós estamos aí. Cooperativa quer sim, quer que

fiscalize. Para nós é até uma forma de mais

segurança. Jamais nós vamos ficar aborrecidos se a

fiscalização abordar um veículo nosso que tiver com

alguma coisa irregular, como você mesmo falou, na

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58 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

parte mais educativa. Não vai ser a multa para

poder... Então a gente vai ter aquele diálogo para

chegar e solucionar o problema, antes mesmo que ele

se torne um problema.

De mais a mais, obrigado e um bom-dia a

todos.

O SR. PRESIDENTE - (PASTOR

MARCOS MANSUR - PSDB) - Obrigado,

Romério.

Também o Senhor Mario, presidente da

Coopprest, está com a oportunidade. Poderiam

arrumar um microfone para ele.

O SR. MÁRIO MILTON SOARES -

Quero desejar meu bom-dia a todos, Marcos Mansur,

Mariano e dizer que a gente fica feliz de estar

participando das reuniões na Assembleia, que têm

engrandecido muito as cooperativas de transporte.

A Coopprest, por exemplo, não tem efetuado

o transporte escolar nem de carga efetivamente,

apesar de o nome dizer, a gente transporta, sim,

pequenas cargas e passageiros. A Ceturb, para nós,

vai ser muito importante esse decreto, porque a gente

estará podendo se adequar melhor e vai crescendo,

também, nesse sentido para melhorar o atendimento

aos nossos clientes.

A gente quer crescer mais e, daqui a pouco,

estaremos, também, no setor de cargas efetivamente e

podendo contribuir mais com o setor. Muito

obrigado.

O SR. PRESIDENTE - (PASTOR

MARCOS MANSUR - PSDB) - Muito obrigado,

senhor Mario.

O Víctor estava aí, mas precisou sair, da

Coopertáxi. Teria, também, a voz.

Quero, em nome da comissão, Alex,

agradecer a sua presença, a sua participação. Quero

entender e creio, Pedro Rigo, que o objetivo foi

alcançado. Pelo que ouvimos do nosso amigo Alex, o

objetivo principal era esse, era, realmente, através

desta Comissão do Cooperativismo, abrir o canal,

deixar pavimentado esse canal de comunicação

aberto entre o setor de transporte do Cooperativismo

no estado e a Ceturb, repito aqui, muito

assertivamente, o nosso Governador Paulo Hartung,

como ele mesmo costuma dizer, foi um golaço ter,

primeiro, colocado na mão da Ceturb, que tem

realmente todo know how para trabalhar com esse

tema e estar na sua direção, na sua presidência você

que já tomou tanta pancada. Às vezes eu converso

com o Alex e ele está debaixo de fogo cruzado,

principalmente, na época de greve, nos momentos de

apuros e de apertos. Não é, Alex? É apanhando que a

gente se fortalece e a gente cresce.

O Alex, hoje, conhece todos os meandros

dessa questão do transporte no estado do Espírito

Santo. A gente fica feliz de entender que o nosso

objetivo foi alcançado. O objetivo desta comissão é

exatamente fazer esse link, como disse o Romério, é

facilitar para que as partes estejam dialogando,

conversando, olho no olho.

Quero fazer um convite, aproveitar que você

falou do seminário. Acho que podíamos fazer junto

com a comissão, Pedro. Organizarmos essa grande

reunião que você quer fazer aqui na Assembleia.

Você falou na Setpes, mas você mesmo já disse que

pode ser aqui na Assembleia. Fala aí.

O SR. ALEX MARIANO - Presidente, acho

que a gente poderia fazer na Assembleia. Acho que o

espaço físico é muito bom.

O SR. PRESIDENTE - (PASTOR

MARCOS MANSUR - PSDB) - Temos um

auditório maior ao lado.

O SR. ALEX MARIANO - E fazer uma

reunião conjunta com a Comissão de Transporte e

Infraestrutura. Seria interessante. Não sei se é praxe

da Casa, mas seriam as duas comissões.

O SR. PRESIDENTE - (PASTOR

MARCOS MANSUR - PSDB) - Viável,

perfeitamente viável.

O SR. ALEX MARIANO - Mas seriam as

duas comissões; estaríamos aí numa situação

inclusive muito boa. Fico muito feliz. Seria aqui o

local apropriado para nós avançarmos nessa situação.

É um momento que vai ser de debate, de abrir, de

ouvir, de construir; às vezes de voltar com o

processo, sentar novamente, talvez segmentado

algumas situações.

Novamente quero agradecer. Quero

agradecer ao Governador Paulo Hartung a confiança

na minha pessoa. Agradeço a Deus por acordar com

saúde, a família com saúde, com disponibilidade de

trabalho. Desejo a vocês também muita saúde, muita

disposição para o trabalho. O nosso Estado é

reconhecido pelo Brasil e fico muito feliz.

Estive, na semana passada, com um

empresário do setor de combustível, estudando a

possibilidade de investimentos aqui e ele elogiou

muito o estado do Espírito Santo. Inclusive na

questão da greve. Porque às vezes a gente não tem a

noção porque estamos aqui dentro no dia a dia, mas o

nosso estado tem sido muito bem visto por outros

estados. Esse é um empresário que faz parte da

composição da Firjan, do Rio de Janeiro. Inclusive

ele falou: vocês foram um ponto fora da curva no

momento da greve dos caminhoneiros, a forma de

planejamento que o Estado adotou. Posso dizer que

acompanhei de perto. O plano foi imediato. A

perspicácia do governador, ele foi muito grande,

quando começou a aparecer o problema, ele já

marcou uma reunião estratégica com alguns atores e

mandou fazer a parte. Você pode perceber que o

transporte coletivo da região metropolitana na região

sudeste foi o único que não parou. Mas por quê? Pela

estratégia que nós montamos, pelas relações que

tivemos que avançar.

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 59

Eu quero agradecer a Deus, agradecer ao

Governador Paulo Hartung e agradecer a todos aqui

presentes, e à sociedade capixaba. Nós todos estamos

aqui com essa finalidade, com uma prestação de

serviço de qualidade para nossos irmãos capixabas.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE - (PASTOR

MARCOS MANSUR - PSDB) - Nós que

agradecemos, Alex Mariano, diretor-presidente da

Ceturb; e a cada um dos senhores e das senhoras que

estão participando conosco, a cada um dos

telespectadores que também abrilhantam os trabalhos

nesta Comissão e nesta Casa de Leis.

Quero terminar dizendo, Alex, que o maior

anseio, o maior desafio desse setor de transporte do

cooperativismo foi colocado aqui, mas quero

terminar reforçando e pontuando esse desafio, que é a

concorrência desleal, ilegal e até mesmo

irresponsável, imoral que o setor enfrenta. E como

você pode ver aqui, eu fiquei feliz e você ouviu dos

presidentes aqui que eles não se importam com a

fiscalização, pelo contrário, eles querem uma

fiscalização séria, uma fiscalização funcional. Você

viu que o compromisso maior deles é prestar

qualidade e segurança para esse setor. Juntos nós

vamos avançando nas discussões.

Não havendo mais nada a tratar, quero

declarar encerrados os nossos trabalhos, e convidar

os senhores membros para a próxima reunião, à hora

regimental, dia 03 de julho de 2018, neste mesmo

Plenário Ruy Barbosa.

Está encerrada a reunião.

(Encerra-se a reunião às

12h19min.)

DÉCIMA REUNIÃO

EXTRAORDINÁRIA, DA QUARTA SESSÃO

LEGISLATIVA ORDINÁRIA, DA DÉCIMA

OITAVA LEGISLATURA, DA COMISSÃO DE

POLÍTICA SOBRE DROGAS, REALIZADA EM

26 DE JUNHO DE 2018.

O SR. CERIMONIALISTA -

(FERNANDO BATISTA DALCOLMO) -

Senhoras e senhores, autoridades presentes,

deputados e telespectadores que nos assistem pela TV

Ales, boa noite.

É com satisfação, que o presidente da

Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo,

Deputado Erick Musso e o presidente da Comissão

de Políticas sobre Drogas, Deputado Padre Honório

os recebem no plenário Dirceu Cardoso, nesta Casa

de Leis, para audiência pública com o tema: A

Política sobre drogas que queremos.

Solicito que todos coloquem seus aparelhos

celulares em modo silencioso, para darmos início aos

nossos trabalhos.

Neste momento, daremos início à

composição da Mesa da presente audiência. Já

compõe a Mesa, o Excelentíssimo senhor presidente

da Comissão de Políticas sobre Drogas, Deputado

Padre Honório.

Convido para compor a Mesa o doutor Fábio

Almeida Pedroto, delegado da Polícia Civil do

Estado do Espírito Santo; a Senhora Sabrina Ribeiro

Cordeiro, representante do Conselho Regional de

Psicologia e membro da Comissão de Relações

Raciais do CRP; o Senhor Welington Barros,

presidente da União de Negro pela Igualdade,

Unegro/ES; o doutor José Roberto Pereira dos

Santos, membro da Associação Médico-Espírita do

Estado do Espírito Santo. (Pausa)

(Tomam assento à Mesa os

referidos convidados)

O SR. CERIMONIALISTA -

(FERNANDO BATISTA DALCOLMO) -

Convidamos todos para, em posição de respeito,

ouvirmos as execuções do Hino Nacional Brasileiro e

do Hino do Estado do Espírito Santo. (Pausa)

(É executado o Hino Nacional e o

do Espírito Santo)

O SR. CERIMONIALISTA -

(FERNANDO BATISTA DALCOLMO) -

Concedo, neste momento, a palavra ao

Excelentíssimo Senhor Presidente da Comissão de

Políticas sobre Drogas, Deputado Padre Honório,

para dar continuidade aos trabalhos.

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Boa noite a todos e a todas!

Durante todo este mês de junho, a Secretaria de

Estado de Direitos Humanos, por meio da

Subsecretaria de Políticas sobre Drogas, juntamente

com o Conselho Estadual sobre Drogas, Coesad, e

todas as instituições que compõem o conselho

promoveram diversos eventos para debater a temática

das drogas no estado.

A presente audiência pública foi uma

construção entre os membros do Coesad e esta

Comissão tem como principal objetivo a promoção

do debate e exposição dos assuntos em suas várias

vertentes, a fim de esclarecer a população capixaba

sobre o tema e chegar ao ponto principal, que é

promover uma política sobre drogas de forma

eficiente e atualizada.

Gostaríamos de agradecer a todos e a todas

que vieram participar conosco.

Declaro abertos os trabalhos desta Comissão.

Quero agradecer e cumprimentar o público

presente, os servidores da Casa, principalmente os

que estão trabalhando neste momento conosco; e os

servidores da Comissão de Política sobre Drogas; e

os que nos assistem pela TV Assembleia.

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60 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

Quero cumprimentar o senhor José Roberto

Pereira dos Santos, membro da Federação Espírita; o

doutor Fábio Pedroto, delegado da Polícia Civil do

Estado do Espírito Santo; a senhora Sabrina Ribeiro

Cordeiro, representante do Conselho Regional de

Psicologia; o senhor Welington Barros, presidente da

União de Negros pela Igualdade do Negro; o senhor

Cássio Nascimento, representante do MNPR; a

senhora Rosa Dulce, da Pastoral da Sobriedade da

Arquidiocese; a senhora Magnólia Batista, terapeuta

ocupacional de Guarapari; e o senhor Antônio Carlos

da Silva, da Pastoral da Saúde de Cariacica. Nós

queremos agradecer a todos e a todas que estão

presentes conosco.

O intuito desta reunião, já falamos, é

aproveitar o momento e debater um pouco. Durante

esses dois anos que estamos à frente da Comissão de

Políticas sobre Drogas, temos tido o zelo de buscar

todos os segmentos que debatem, que conversam, que

atendem, que trabalham com essa questão, porque é

uma questão que incomoda toda a sociedade. Além

de incomodar, destrói a vida de muita gente. Só

através do debate, só através de uma política sobre

drogas, que seja justa, que nós vamos alcançando

aquilo que a sociedade precisa.

Vamos ter algumas falas e as pessoas que

quiserem, depois, farão as suas perguntas, os seus

questionamentos.

Inicialmente, concedo a palavra ao doutor Fábio

Pedroto, delegado da Polícia Civil do estado do

Espírito Santo, pelo período de quinze minutos.

O SR. FÁBIO ALMEIDA PEDROTO -

Muito boa noite a todos!

Quero cumprimentar o Deputado Padre

Honório pelo convite de estarmos aqui nesta noite

debatendo este tema tão importante para todos nós.

Cumprimentando o nobre deputado, cumprimento

todos os demais componentes desta Mesa

multidisciplinar, que teremos, certamente,

abordagens distintas sobre um tema tão complexo e

importante como este.

Quero dizer que embora seja delegado da

Polícia Civil do Espírito Santo, hoje, pretendo fazer

a minha fala muito mais na condição de porta-voz da

LEAP Brasil, Organização Internacional que, no

Brasil, é presidida pela professora Maria Lucia

Karam, juíza de Direito aposentada, que conta,

deputado, com um grande número de agentes da lei,

que professam determinados entendimentos sobre as

políticas de drogas, que acredito merecem

importância.

Na nossa organização temos delegados de

polícia, policiais militares, agentes penitenciários,

guardas municipais, juízes de Direito, promotores de

Justiça, defensores públicos, enfim, todos que de uma

forma ou de outra estão relacionados com a questão

da repressão às drogas no Brasil. Portanto, faço

minha fala antiproibicionista que é, de fato, meu

entendimento a respeito do tema.

Quero dizer que o título é muito interessante:

A Política sobre Drogas que Queremos. É importante

que todos tenham um lugar de fala, todos aqueles que

participam, de uma forma ou de outra, das questões

que envolvem o nosso universo de substâncias

psicoativas que atingem, não tenhamos dúvidas, toda

a sociedade.

Começo minha fala, e sempre dou esse

exemplo, deputado, trazendo uma experiência que

tive quando era da Delegacia de Tóxicos e

Entorpecentes. Certa oportunidade, fizemos uma

operação e apreendemos naquele dia uma tonelada e

meia de drogas numa cidade da região da Grande

Vitória. E passei a questionar minha atividade, na

condição de delegado de polícia, porque passei a

analisar os fatos e verifiquei que eu tinha muito mais

efeitos colaterais quando realizava uma apreensão

como essa do que, efetivamente, benefícios. Aliás,

digo para os senhores: benefícios, eu não vinha

nenhum. E, eventualmente, ainda pergunto para os

policiais que trabalham comigo ou a outros colegas,

também, de outras áreas da segurança pública: qual a

grande importância e o grande benefício de

apreendermos, por exemplo, uma quantidade

significativa de drogas como essa? Não vejo uma

resposta convincente, uma resposta que me convença

de que preciso continuar fazendo essa atividade

repressiva. Mas digo que existem vários outros

efeitos danosos à sociedade que são consequência de

uma apreensão grande como essa.

Por exemplo, eu aprisiono aquele menino que

está lá tomando conta daquele material entorpecente.

Esse menino vai entrar no sistema penitenciário, ele

vai passar por um ciclo dentro do cárcere que vai

receber um estigma, natural de quem ingressa no

sistema penitenciário, e ele vai se formar dentro do

sistema dentro de uma ótica criminosa. Portanto, ele

vai sair do sistema certamente um pouco pior do que

entrou. Muitas vezes, ele entra como um pequeno

traficante e lá ele vai ter um grave problema. Se ele

não escolher um grupo ou uma facção para se

aliançar, inevitavelmente ele terá que fazer isso, pelo

menos no estado do Rio de Janeiro, quando você

ingressa, você tem que escolher uma facção, porque

elas são divididas por facções, as penitenciárias do

meu estado de origem. Sou originário do Rio de

Janeiro, fui inspetor penitenciário por alguns anos no

Rio de Janeiro, fui policial militar também no Rio de

Janeiro, por alguns anos. Então, passei por todo esse

ciclo que envolve a repressão policial às drogas.

O segundo ponto interessante é a violação do

direito à saúde. Veja bem, o fundamento do combate

às drogas é garantir saúde pública. Esse é o

fundamento, é o que chamamos, em Direito, de

objetividade jurídica, bem jurídico tutelado: saúde

pública. Porém, quando o indivíduo é lançado ao

cárcere, ele terá tudo menos a saúde dele garantida.

Ele sofrerá diversas ações contrárias que violarão

seus direitos fundamentais, sobretudo o direito à

saúde. Então, é uma incoerência, é uma esquizofrenia

legal combater uma substância sob o objetivo de

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 61

garantir a saúde pública e, ao mesmo tempo, lançar

esse indivíduo dentro de um cárcere em que ele terá

seus direitos violados sistematicamente. Muito bem!

Confrontos entre as gangues rivais. Quando

você tira de circulação, quando você prende um

menino desse, certamente você vai gerar um

confronto entre grupos rivais que estão ali em busca

da dominação territorial. Uma tonelada de drogas

retirada da sociedade vai gerar, efetivamente, sem

qualquer sombra de dúvidas, uma disputa pela

dominação daquele local em que foi fragilizado e

será ocupado por um novo grupo que buscará

dominar aquela venda naquele bairro, naquela região.

Confronto dentro da própria gangue. Quando

excluo da sociedade, quando prendo aquele indivíduo

em razão do crime de drogas, certamente haverá

outros jovens que estarão ali, buscando aquele lugar

de comando ou de liderança dentro do grupo.

Portanto, haverá, inevitavelmente, um conflito

interno, além de conflitos externos com gangues

rivais, o conflito interno pela busca do domínio

daquela venda. Vou ter aumento dos homicídios

porque a letalidade está diretamente relacionada ao

tráfico de drogas. Setenta por cento dos homicídios

que acontecem no estado do Espírito Santo são em

razão do tráfico de drogas. Significa dizer, se nós, por

exemplo, legalizarmos, hoje, as drogas, teremos uma

redução de setenta por cento dos homicídios no nosso

estado, o que, em tese, ocorreria, já que não teremos

mais grupos rivais nesse verdadeiro coliseu moderno

em que transformamos nossas ruas. E esse coliseu

moderno está localizado, tem um grupo territorial

específico. Ele não está localizado na Praia do Canto,

na Praia da Costa. Esse coliseu moderno, deputado,

acontece no Bairro da Penha, em Itararé, em outras

comunidades economicamente desfavorecidas do

nosso estado.

Veja: digo coliseu moderno porque nós

lançamos aqueles meninos da comunidade e

lançamos nossos policiais fardados nessa luta insana

por um objetivo que ninguém sabe qual é até hoje.

Então, esses jovens, com ou sem farda, estão ali

lutando por uma guerra sem sentido. E eu não gosto

nem de usar o termo guerra, porque a guerra remete a

inimigo. E a gente tende a observar aquele menino

traficante como inimigo sanguinário, que devemos

exterminar. Então, o termo guerra não me parece

adequado para se utilizar nesse campo porque

estamos tratando de pessoas, compatriotas nossos,

que estão ali por um motivo ou outro sobrevivendo

pela venda de substâncias psicoativas.

Tivemos, no Rio de Janeiro, em 2017, cento e

trinta e quatro policiais mortos. Grande parte deles

morreu em serviço. Dos que morreram em serviço,

grande parte foi em razão do combate direto ao

tráfico de drogas. E a pergunta é: por que

continuamos com essa insana guerrilha às drogas que

não nos leva a lugar algum? Muito pelo contrário,

outro efeito colateral dessa apreensão de uma

tonelada e meia a que me referi, deputado, é a

corrupção policial. O que movimenta, hoje, a

corrupção policial é o tráfico de drogas, grande parte

dele. Portanto, nós temos, hoje, um mecanismo de

captura dos nossos policiais através do poder

econômico do tráfico, que não devemos subestimar.

Movimenta quinhentos bilhões de dólares por ano no

mercado ilícito de drogas na mão de quem não

deveria estar.

Portanto, as políticas antiproibicionistas, e o

Canadá deu um passo muito importante nesta

semana, legalizando o consumo recreativo das

substâncias psicoativas, a exemplo do Uruguai, dos

Estados Unidos, em que alguns estados já verificam a

possibilidade de potencial econômico dessa

regularização. E o Brasil, hoje, insiste numa política

antiproibicionista que, de fato, há cem anos não

produz resultados; pelo contrário, produz letalidade,

produz morte. São sessenta mil brasileiros que

perdem a vida por ano, sobretudo em razão desse

combate absolutamente cego e desprovido de razão

às drogas. Portanto, nós pugnamos pela legalização,

pela regulamentação e pela possibilidade de retirar do

grande traficante o seu poder econômico, porque,

veja, quando eu apreendo essa quantidade de drogas,

como eu dei o exemplo, eu estou prendendo aquele

menino que está na ponta ali, aquele que é a base da

pirâmide. Nunca vou atingir o grande traficante,

aquele que está lavando dinheiro em contas bancárias

no exterior, em paraísos fiscais; aquele que está

manipulando nossos policiais, que lutam por uma

política irracional e lutam sem saber por que lutam.

A verdade é esta: policial não tem que ser

vilão nem herói. O policial é um trabalhador, como

diz Orlando Zaccone, em uma de suas obras. O

policial é um trabalhador. Ele tem que voltar para

casa e ver sua família. Perder cento e trinta e quatro

policiais no estado do Rio de Janeiro no ano passado

em razão dessa insana guerra? Eu acredito que

devemos repensar sobre nossos políticos.

Quem morre no Brasil em razão dessa

guerrilha ou desse embate cotidiano? São as pessoas

periféricas e os policiais, porque a elite, a aristocracia

está confortavelmente instalada em seus gabinetes,

em suas salas, em suas delegacias.

Eu, por exemplo, dificilmente vou ser vítima

dessa guerra, mas meus policiais que estão lá na

ponta, nas ruas, todos os dias, os policiais militares e

os guardas municipais, certamente vão sofrer muito

mais esse efeito colateral do combate.

Temos, em tempo de Lava-Jato, a delação

premiada. A delação premiada existe há muitos anos

no Brasil, só que tem um nome diferente. No

subúrbio, é chamado de X9. Sem benefício algum,

esse garoto que colabora com a polícia e com a

Justiça, sem direito à tornozeleira eletrônica ou à

prisão domiciliar, inevitavelmente vai alcançar a

morte, se for descoberto pelos seus algozes. Então,

fica essa reflexão.

Por fim, o efeito colateral, o último que

elenco no que se refere à questão das drogas, da

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62 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

geopolítica das drogas, é, efetivamente, o lucro

extraordinário que determinados setores alcançam à

custa das vidas dos nossos meninos, dos nossos

jovens que estão nas zonas periféricas, buscando uma

atividade, através de uma atividade ilícita, uma

atividade em que a própria vítima quer ser

vitimizada. Se você deixar de vender uma substância

psicotrópica para aquele rapaz ou para aquela moça

que está buscando, ela vai ficar chateada com você.

Então, a própria vítima quer se vitimizar e aquele

menino que está ali está vendendo aquela substância

para quem quer comprar. Eu costumo dizer que

pratica um crime que não sai sangue e é um crime

hediondo. Por incrível que pareça, se eu sair daqui

agora, atropelar e matar uma pessoa, ali fora,

embriagado, ou se eu sair agora, se me envolver em

uma briga e amputar os dois braços de alguém lá na

rua, eu vou pegar uma pena menor do que a daquele

menino que está vendendo duas buchas de maconha e

que foi autuado como traficante.

E aqui eu faço um mea-culpa, porque a

polícia, muitas vezes, acaba sendo instrumentalizada

para esta finalidade política de repressão às drogas,

por critérios, evidentemente, arbitrários, porque, se

colocarmos em questão qual seria a droga mais

perigosa para a sociedade, eu não teria dúvidas em

dizer que é o álcool. O que dá problema nos DPJs,

nos plantões policiais é o álcool, quem causa

violência doméstica e familiar contra a mulher é o

álcool. Portanto, se tivermos que proibir, então, que

comecemos pelo álcool. Ao contrário, nós temos

políticas de incentivo ao consumo do álcool pelos

jovens todos os dias na televisão. Em jogo de Copa do

Mundo, sempre gosto de falar isso, está lá o menino

assistindo à televisão e se vê propaganda de álcool no

estádio, se vê uma mulher jovem, sarada, verão, na

praia, consumindo álcool neste verdadeiro marketing

de emboscada, para trazer o jovem para o consumo

desta substância psicotrópica, porém lícita. Então,

fica aqui esse questionamento.

Eu entendo que não há caminho para a

melhoria da nossa questão social que não seja pela

legalização das drogas, pela regulação, trazer para o

Estado essa regulação, tirar o poder econômico do

grande tráfico e chamar a responsabilidade,

arrecadando tributos, aplicando esses tributos na

recuperação de usuários dependentes ou

problemáticos, é a nomenclatura mais utilizada

atualmente. Tentar modificar este quadro social que

não pode acontecer e continuar acontecendo,

Deputado Padre Honório. Efetivamente, esse é o

holocausto que nós vemos todos os dias.

Morreram três jovens ontem, no estado do

Espírito Santo, assassinados. Todos os três

relacionados ao tráfico. Essa é a nossa realidade.

Então, fica a minha fala. Não vou me alongar, porque

o tempo é curto. Para finalizar, gosto sempre de citar

uma frase de um poeta baiano que diz: Às vezes a

gente passa a vida inteira travando a inútil luta com

os "galhos", sem saber que é lá no tronco que tá o

coringa do baralho.

Muito obrigado. Tenham todos uma boa

noite.

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Obrigado, doutor Fábio. Se

algumas pessoas quiserem fazer algum

questionamento ao doutor Fábio ou alguma pergunta,

no final das falas, vocês poderão se manifestar.

Depois ele retorna, não é? Obrigado pela reflexão.

Nós agora vamos ouvir, também pelo período

de quinze minutos, a senhora Sabrina Ribeiro

Cordeiro, representante do Conselho Regional de

Psicologia e membro da Comissão de Relações

Raciais do CRP. Fique à vontade também, Sabrina.

Se quiser usar o microfone aí.

A SR.ª SABRINA RIBEIRO CORDEIRO

- Obrigada. Cumprimento a Mesa, agradeço o convite

em nome do Conselho Regional de Psicologia e da

categoria de psicólogas e psicólogos do Espírito

Santo.

O tema: Política de Drogas que Queremos.

Vou começar falando da política de drogas que temos

do que ela produz. Porque um colega psicólogo hoje

me lembrava pela manhã que, à época da publicação

de lei, em 2006, muitos profissionais de Psicologia

que estavam inseridos no sistema socioeducativo, no

sistema prisional, chegaram a comemorar,

acreditando que seria um divisor de águas dentro da

política de drogas, que alguns elementos trazidos no

corpo da lei poderiam tornar menos pesada a

incidência do poder punitivo sobre usuários. Hoje,

mais de dez anos depois, a gente percebe que foi um

engano muito grande nosso comemorar e a gente

percebe que isso tem produzido muito retrocesso

quando a gente fala da perspectiva da vida, da saúde

e dos direitos humanos.

Aí tenho que começar a minha fala com a

seguinte afirmação: a atual política de drogas

refletida na Lei n.º 11343, de 2006, como estratégia

política de Governo de uns sobre outros, traduz-se

como ferramenta legal de aplicação de condenação

penal sobre jovens negros de periferia. Baseado em

indicadores geográficos, sociais e raciais, opera-se

uma separação leviana entre a população que faz uso

de drogas e a parcela da população supostamente

responsável por alimentar o comércio ilegal de

substâncias psicoativas. Essa divisão que é baseada

em fatores marcadamente racistas produz nada além

da retirada do sujeito jovem, negro empobrecido do

lugar de usuário, promovendo perversamente a

condição de traficante. Essa lei e as práticas policiais

que ela dispara institucionalizam o crime de tráfico

de drogas como principal instrumento de captura e

extermínio da juventude negra. Essa lei que se

apresenta como uma grande narrativa oficial do

Estado veio se tornar um mecanismo formal de

exercício do racismo, via política penal.

Mais de dez anos depois da aprovação dessa

lei, nós vemos um aumento vertiginoso da população

carcerária sem nenhum indício de redução no

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 63

consumo ou no comércio de drogas. Então, a gente

precisa se questionar o que tem sido produzido por

essa lei. Existem discursos por trás das práticas que

foram instituídas por essa política de drogas que nós

temos e que a gente precisa revelar, debater, para

poder, então, superar.

O sistema penal, com os aparatos jurídicos e

policiais, vem se constituindo e se especializando em

torno da construção de um sujeito perigoso, alvo de

repressão, contenção e anulação social. Então,

entendo quando o senhor delegado questiona o termo

guerra porque ele remete a um inimigo, mas o que de

fato a gente vê é a construção de um inimigo interno

e isso acontece muito antes da Ditadura, essa

construção do sujeito perigoso. Aí a gente pode dizer

que vários grupos transitam nesse lugar de grupo de

perigosos, mas que as estratégias de controle e

coerção ao grupo eleito como perigosos sempre

funcionam através de uma mesma lógica penal

punitiva no Brasil.

Então, nós vemos ser operada uma divisão

entre potenciais cidadãos de bem que têm um valor,

cujas vidas precisam ser preservadas, aumentadas em

capacidade econômica, produtiva, e, do outro lado, a

gente vê uma horda de sujeitos considerados

delinquentes, marginalizados, criminalizados. Isso

tudo a partir de uma circunscrição que é etária, racial,

social e geográfica. Nós assistimos e fazemos parte

de um cenário de naturalização de estratégias de

controle e coerção sobre os sujeitos, em especial os

jovens negros, pobres de periferias.

Abdias do Nascimento, um grande autor

negro nosso, diz que ser negro é um fato político

neste país, é um fato decisivo na distribuição de

poder, de justiça e de oportunidades. Existe uma

identificação fenotípica dos sujeitos tidos como

perigosos. Eles são pretos e pardos.

Também existe um confinamento geográfico

dessas pessoas nas periferias das cidades, nas favelas,

nas cadeias e, quando esses sujeitos são encontrados

em bairros nobres, são retirados imediatamente de lá.

A polícia e as políticas públicas, quase todas

- aí também faço mea culpa porque sou trabalhadora

de políticas públicas há dez anos - muitas vezes os

interesses que estão em jogo, as relações de poder

que se colocam nessas políticas e na ação da polícia

são da execução de uma tarefa que é dada pelo

Estado e que fala da eliminação de sujeitos

constituídos como inimigos da ordem e da paz social.

Vera Malaguti, que é uma grande escritora,

também abolicionista penal, retoma nossa história

para dizer que o sistema penal no Brasil sempre se

orientou para a contenção dos sujeitos negros

empobrecidos. Mesmo com o final do período

escravista, esses negros libertos e mestiços

continuaram a ser considerados degenerados por

excelência, constituindo uma população perigosa e

portadora de patologias morais de efeito devastador

naquela sociedade brasileira, a que se pretendia um

projeto de nação em ascensão. Os discursos médico e

criminológico convergiram para produzir avaliações

científicas que sustentaram uma crença e produziram

ferramentas para esse exercício de uma repressão

penal extrema sobre grupos localizados nas regiões

inferiores do espaço social e urbano, produzindo o

que a Vera chamou de um policiamento seletivo, o

viés judicial manifesto baseado em classe e em cor, o

tratamento cruel de infratores, o desrespeito rotineiro

a direitos fundamentais e a indiferença quanto ao

consumo de corpos negros.

A gente pode pegar dados sobre esse sistema

prisional. Eles estão disponíveis em variadas

pesquisas. Nós tivemos, na primeira semana do mês

de junho, a publicação do Atlas da Violência de

2018. Quem não teve a oportunidade de acessar esse

documento, recomendo a leitura, é importante. Traz

dados que nós já conhecemos, mas importa reafirmar

o quanto esses dados são ofensivos e quanto a gente

precisa politizar as leituras sobre esses dados

estatísticos. Esse atlas mostra, mais uma vez, como

várias outras pesquisas já mostraram, que o perfil do

público encarcerado no Brasil é composto por

pessoas negras, pretas - negros, contemplando pretos

e pardos - pessoas, em sua maioria, jovens, com

baixo nível de escolaridade, residentes das periferias

das cidades, apreendidos por roubo e tráfico - a maior

parte dos atos.

Esses dados, então, confirmam que, numa

sociedade capitalista, o que tem maior valor não é a

vida, mas a propriedade, os bens permanentes e de

consumo e a produção de relações entre legalidade e

ilegalidade que sustentam o funcionamento desse

sistema econômico e político que a gente tem.

Foucalt, em O Nascimento da Biopolítica,

fala que Estado é o correlato de uma certa maneira de

governar. Então, o Estado brasileiro se implica

profundamente em uma determinada forma de

governar que se apoia em divisões bastante precisas

entre grupos sociais e raciais. Existe uma separação

entre as vidas que devem ser preservadas e aquelas

vidas que podem ser colocadas à disposição. A essas

últimas vidas das quais se pode dispor nessa leitura,

Malaguti chamou de consumidores falhos. Eles são

julgados por um critério de pureza que, na sociedade

capitalista, se identifica como a capacidade de

consumo.

Aí acho importante a gente refletir sobre

como se dá a relação do jovem de periferia com a

droga. Ela se dá, muitas vezes, através do comércio,

que é uma forma acessível, possível de participação

econômica, a partir das muitas limitações da

inscrição desses jovens no sistema produtivo

capitalista, ou de um uso ou abuso.

Aí, da perspectiva de saúde mental, estou

identificando várias colegas que trabalham com

saúde mental aqui no estado, em municípios do

Espírito Santo, que acho que podem compartilhar

com a gente o quanto, muitas vezes, a droga entra na

vida de um sujeito como uma forma de suportar uma

existência torturada, uma existência que se torna

impossível, da perspectiva de uma dimensão

subjetiva da vida, uma dimensão afetiva da vida,

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64 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

pensando, considerando urgências e necessidades

fundamentais que não são sanadas por este Estado,

que entra depois, lá no final, e o quanto de sofrimento

que se produz com essa experiência de privação de

apartação social extrema. São experiências extremas.

Desses sujeitos, tudo é tirado, e o Estado

dispõe de suas vidas. A política de drogas, bem como

outras políticas sociais, opera no fim uma gestão da

miséria. Não estamos falando só de uma pobreza

material, que é uma pobreza material elevada mesmo,

ao seu extremo, mas também de uma miséria

subjetiva, de um esvaziamento do sujeito pelo Estado

que os quer amortecidos, anestesiados, impotentes e

dóceis. Trata-se da produção objetiva de morte física,

mas também de uma produção de subjetividades

violadas, de uma produção de morte em vida.

As práticas racistas encarnadas por essa por

política de drogas que nós temos não mata só vidas,

mata possibilidades de vida. Por ação ou omissão,

estamos todas e todos inscritos nessa dinâmica,

coniventes com o extermínio da juventude negra.

Indiferentes ou anestesiados demais para falar, para

agir, seguimos inertes a reboque das perversidades e

violências cotidianas contra esses jovens. E aí não é

só o sistema penal que é seletivo, a nossa indignação

infelizmente também é.

Das sessenta e duas mil, quinhentas e

dezessete mortes por homicídio que aconteceram em

2016, quatro mil duzentas e vinte e duas ocorreram

em decorrência de intervenção policial. Sabemos que

muitas dessas mortes estão contextualizadas nessa

guerra às drogas.

Está posto, e aí nos resta analisar nossas

implicações nisso tudo. Qual é a posição que a gente

vai tomar? Qual é a nossa participação? Refletir,

ampliar o debate, politizar as nossas ações. Quais são

os jogos de poder que se colocam por trás dessa

política antidrogas? Quais são os interesses que

estão em jogo? Que estruturas institucionais

sustentam esse projeto de nação que está dando

certo? E aí é nossa tarefa produzir ruído nessas

relações que estão instituídas e que são dadas como

naturais e como eternas, impassíveis de mudança,

para poder introduzir aí alguns discursos dissonantes

dessa narrativa oficial.

Gosto muito do autor Edson Passetti, ele é

cientista social, também abolicionista penal. Ele fala

dessa seletividade do sistema penal, como outros

falaram, e traz para a gente o quanto que falar de

uma melhor política de drogas, ele diz: A melhor

política de drogas é não ter uma política criminal

de drogas. Ou seja, pensar políticas de saúde para

tratar problemas decorrentes do uso e do abuso de

drogas da mesma forma como lidamos com outras

drogas, o tabaco, o álcool, outras substâncias que

produzem dependência. Trabalhar na lógica da

redução de danos e em uma linha de cuidado que não

seja repressiva e não idealize a saúde. Mais uma vez,

as colegas da saúde mental poderão contribuir muito

nesse debate.

Tem muitos dados que a gente poderia aqui

ler e reler, mas acho que estão disponíveis. Vou

finalizar.

A política de drogas que temos se apoia na

ação policial para lidar com essa questão, e os

esforços desses agentes do Estado se voltam às

abordagens nas periferias, nas favelas, como se esse

fosse o único lugar onde as drogas circulam. A maior

parte dos moradores de periferia não tem nenhum

envolvimento com a criminalidade, mas vivem em

estado de sítio, vigiada, alerta, com medo.

O sucesso da guerra às drogas foi fazer as

pessoas acreditarem que um grupo está mais

propenso à criminalidade do que outro. E nesse jogo,

vemos a droga servir aos propósitos estatais, de

criminalização de certas condutas, de certos sujeitos

ocupantes de espaços bem específicos na organização

geográfica das cidades.

Então, a gente está falando de um projeto

social econômico e político que está em curso, que

está dando certo e que a gente precisa desconstruir.

Obrigada!

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Obrigado, Sabrina!

As pessoas que quiserem, depois, fazer

algum questionamento, fazer alguma pergunta,

também no final a Sabrina vai ter uns minutos para

fazer as considerações.

Gostaria de pedir desculpa, porque a garganta

não está tão boa assim.

Quero cumprimentar também a senhora

Camila Mariani, é psicóloga representante do grupo

de Luta Antimanicomial, obrigado pela presença;

Senhora Nathalia Borba da Sesa, Coordenação

Estadual de Saúde Mental, obrigado; senhora Ivone

Celeste do Projeto Amar, obrigado; senhora Lívia

Alves do Caps de Vila Velha, Capsad; senhora

Luciana Maria Borges, Prefeitura Municipal de

Vitória; Senhor Luciano Coelho, Conselho Regional

de Psicologia; senhora Sandra Mara Pereira, IJSN,

coordenadora de estudos sociais, obrigado; senhor

Thiago de Carvalho, pesquisador do IJSN, do

Instituto Jones dos Santos Neves, obrigado; senhora

Aldinéa Gomes de Melo Coutinho, diretora do

SINDPSI, Sindicato dos Psicólogos e também do

Coesad, obrigado pela presença; senhora Giovanna

Bardi, do Fórum Metropolitano Sobre Drogas;

senhora Pollyana, assistente social; senhora Anelise

Nunes, diretora do Capsad; e o senhor José Carlos

Fiorido, membro do Coesad.

Muito obrigado pela presença de todos os

senhores e senhoras aqui conosco.

Gostaria, também, de agradecer a presença

do senhor Welington Barros, que é presidente da

União de Negros pela Igualdade, o negro Espírito

Santo.

Pelo período de quinze minutos, por favor.

O SR. WELINGTON BARROS - Boa noite

a todos, boa noite a todas!

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 65

Cumprimento a Mesa na pessoa do Padre

Honório, que preside a Comissão Sobre Drogas da

Assembleia; da mesma forma, parabenizar toda a

organização deste mês, para se focar no tema das

drogas.

Acho importante e primeiro gostaria de

destacar de onde vou falar para vocês. Vou falar

enquanto presidente de uma instituição que tem como

foco principal o combate ao racismo e a promoção da

igualdade racial, vou falar do ponto de vista do

militante dos direitos humanos, mas vou falar

também como alguém que já teve a experiência de

passar no setor público tanto nas políticas de direitos

humanos quanto nas políticas de igualdade racial.

Então, acho que a primeira coisa quando a

gente vai tratar de um tema como esse, é buscar o

histórico do consumo de drogas no mundo. O

consumo de drogas não vem de hoje, não vem de

uma década atrás, vem de milênios atrás. Na África

antiga, por exemplo, tinha uma planta chamada

Iboga, ela era utilizada em cerimônias religiosas.

Hoje, todos nós, de certa forma, estamos assustados,

temos medo, a sociedade hoje repulsa de forma

veemente os dependentes de crack nas ruas das

cidades, mas eles são a ponta de um iceberg que não

vem de hoje. Então, é preciso separar o consumo de

drogas em várias vertentes.

Eu, por exemplo, tenho uma definição de

drogas que se aproxima muito do Roberto Freire, que

foi uma pessoa que conheci no Rio, que ele dizia que

até um segundo copo d’água pode ser considerado

droga se o primeiro já saciou a sede.

Foi muito bem falado aqui sobre drogas

lícitas e drogas ilícitas. E se usa drogas em diferentes

contextos. Por exemplo, o Aldous Huxley utilizou o

peiote, no México, e ele escreveu o livro As Portas

da Percepção, que eu recomendaria para quem está

aqui ler para ver que dimensão também se pode ter.

Quando os espanhóis chegaram aqui na

América, os índios já faziam o consumo da folha de

coca. Então, tem esse processo cultural do uso de

drogas que eu acho que é fundamental a gente

entender para a gente poder compreender o que está

nos levando a essa política que temos hoje.

É importante, também, destacar a questão da

proibição. A proibição, como foi muito bem

lembrada aqui, e foi muito bem falada pelo delegado,

tem se tornado ineficaz ao longo do tempo. Nós

tivemos, no século XIX, uma guerra contra o tráfico

de ópio entre a Inglaterra e a China. Durou três anos.

Por quê? Porque se queria garantir o consumo de

ópio aos ingleses.

Então, a questão da lei de 2006, que a

psicóloga lembrou aqui, que parecia descriminalizar

o usuário e penas mais fortes para o traficante, o que

tornou, na verdade, é uma seletividade da prisão. O

que nós temos hoje é que, quando um menino pobre,

de periferia, é pego lá com quatro, cinco, dez buchas

de maconha ou de crack, ou pedra de crack, ou

alguns papelotes de cocaína, quando ele vai à

Delegacia, muito provavelmente ele vai ser autuado

como traficante. E se for lá num bairro de periferia,

alguém for preso lá com cem gramas de cocaína, um

quilo de maconha, ele pode ser tachado como

usuário. Por quê? Antes sequer de ele chegar à

Delegacia, muito provavelmente já vai chegar um

grande criminalista lá para poder fazer a defesa dele.

Então, nós precisamos é entender essa seletividade e

a quem interessa de fundo essa guerra às drogas.

Falando do ponto de vista da nossa juventude

negra, é preciso entender que quando a gente estava

falando dessa guerra às drogas, que é uma guerra,

para mim, perdida, e o histórico tem mostrado, é a

juventude negra que está na linha de frente dessa

droga. É ela que está na linha. Então, quando se

morre tantos jovens...

Aqui no Espírito Santo nós tivemos alguns

problemas visando reduzir a criminalidade. Mas

quando a gente pega os números, as estatísticas,

reduziu no geral, mas não reduziu no que tange à

juventude negra, porque ela está na linha de frente

dessa droga. Então, a gente assiste ao genocídio e a

gente assiste, também, - eu já tive oportunidade de

presenciar durante a greve da PM no ano passado - à

autofagia do jovem negro. Não tem coisa mais cruel,

para mim, do que um jovem negro, que, muitas das

vezes, puxa o gatilho contra o outro jovem negro para

defender o seu território. Esse território que o Estado,

quando ele não chega com a educação, quando ele

não chega com a saúde, quando ele não chega com a

política cultural de qualidade, o que acontece? Sobra

pra esse jovem a criminalidade, o tráfico.

Nós precisamos entender essa lógica que,

muitas das vezes, um menino desses, que está lá no

tráfico de drogas, ganha em uma semana mais do que

o pai dele ganha no mês. E isso tem um impacto do

ponto de vista dessa sociedade de consumo que a

gente vive, individualista, sociedade capitalista, ela

induz esse jovem. Então, nós temos que ganhar essa

juventude antes que ela caminhe rumo ao tráfico.

Essa é uma escolha que a gente tem que fazer.

No Espírito Santo, um jovem na escola custa

trezentos e setenta reais, em uma escola pública

estadual; por outro lado, um detento no sistema

prisional custa mil e setecentos reais para o Estado.

Então, nós temos que pensar, do ponto de vista... Nos

despirmos de preconceito, de discriminação, e

pensar: Que perspectiva de Estado nós queremos? Ou

nós vamos querer um Estado que extermina ou que

encarcera, ou um Estado que promova as pessoas,

que promova a qualidade de vida e acesso à educação

e a bens econômicos e culturais.

Historicamente, tudo isso que a psicóloga

colocou em relação à população negra foi porque ela

sempre teve uma elite no Brasil que foi hegemônica

aos bens culturais e econômicos.

Então, essa parte da população que mora nas

periferias nunca teve acesso a isso. Então, se a gente

quer mudar essa realidade, temos que inverter essa

lógica.

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66 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

Outra questão que a gente tem que debater,

discutir muito, é como se está fazendo essa política

de redução de danos hoje. Temos comunidades

terapêuticas que, muitas delas, se baseiam muito com

viés religioso, que tem objetivo e auferir lucros.

Muitas das emendas parlamentares aqui no Espírito

Santo vão para essas comunidades terapêuticas.

Qual é o resultado de tudo isso? Nós já

paramos para olhar? Vamos fazer uma aferição

disso? Estamos aqui na Assembleia Legislativa, que é

uma Casa de Leis que, para além de fazer leis, outra

prerrogativa fundamental de um parlamentar, qual é?

É fiscalizar o Executivo. Então, esta Comissão já se

debruçou em fazer, em auferir onde é que está sendo

investido o dinheiro dessas emendas parlamentares?

Qual o resultado que isso está trazendo em benefício

para a sociedade?

Eu acredito em uma política de redução dos

danos. Eu penso, hoje, e tenho refletido muito sobre

isso, que o caminho passa pela legalização, passa

pela descriminalização, passa, também, pela

tributação das drogas. O delegado colocou aqui e eu

tenho um dado - acho que meu dado está defasado -

de trezentos e vinte bilhões de dólares no mundo. É o

que o tráfico de drogas movimenta. É uma fonte da

ONU que tenho. Provavelmente está defasada, mas

isso não importa. O que importa é o seguinte: Se

movimenta tanto dinheiro, só é possível movimentar

porque há corrupção em várias frentes, seja do ponto

de vista institucional, seja do ponto de vista do

sistema bancário. Esse dinheiro entra no sistema

bancário. Mas será que interessa ao Estado coibir

esse tipo de prática? Esse é um debate que tem que

ser feito, também. Do ponto de vista econômico.

Nós temos que pensar... Eu tenho uma

formação política Marxista. O Marx diz: “O

capitalista perdoa qualquer ofensa desde que não lhe

atinja o bolso”. Então, se nós queremos atingir o

tráfico, nós temos que atingir o bolso do traficante.

Porque quem está lá na periferia, quem está lá no

Morro da Piedade, quem está lá no Morro da Penha

está no varejo. É ilusão achar que o grande traficante

está nessas comunidades. É uma ilusão. Ele não está

lá.

Aqui no Espírito Santo, acho que há dois

anos, se apreendeu um helicóptero cheio de cocaína.

E o que é que deu? O dono desse helicóptero,

inclusive, se transformou depois em Ministro dos

Esportes. E então? É isso que nós queremos para a

nossa sociedade? Nós precisamos refletir muito sobre

essa política de drogas que queremos, para que a gente

não penalize o usuário. Eu penso que o usuário tem que

ser tratado como uma questão de saúde pública. E aí,

no Rio de Janeiro, por exemplo, em 2012 os

traficantes queriam proibir, queriam acabar com o

comércio de crack no Rio de Janeiro porque estava

prejudicando o comércio de outras drogas. Porque a

gente está muito... Hoje, na sociedade, o que mais

nos aflige e o que mais nos atinge é aquele que faz o

pequeno roubo ali, que faz o pequeno assalto ali, ou

aquele moço lá em Vila Velha que jogou uma barra

de ferro e acabou matando uma senhora... A gente

está muito alarmado pelo consumo do crack, mas a

gente não pode se prender somente a isso. Acho que é

uma questão que nos aflige. E o usuário tem que ser

tratado como um dependente e, aí, tem que ter

liberdade de escolha. Eu conheço muitas pessoas,

inclusive que trabalham no mercado financeiro, na

política, que usam drogas, às vezes, no fim de

semana.

No Rio de Janeiro eu tive a oportunidade de

morar tanto na Zona Sul como na Baixada

Fluminense, e é muito comum, usa-se muita droga.

Até fiz uma postagem no facebook na época da

intervenção militar no Rio de Janeiro. Eu coloquei:

“Ninguém deixa de cheirar por decreto” No Rio de

Janeiro existe um consumo enorme de cocaína. É

naturalizado você ir a uma festa e, está lá, são várias

pessoas, muitas pessoas que usam. Mas por que

vamos repreender na favela? E qual é a eficácia

disso? A intervenção da Favela da Maré durou quase

um ano, gastou-se mais de quinhentos milhões de

reais e qual o resultado? Continua o tráfico porque é

a lei da oferta e da procura.

Então, vejo como um caminho para a gente

acabar com essa letalidade, porque há vários anos são

mais de sessenta mil mortes por ano no país, de

mortes violentas, que têm o tráfico de drogas como

causa principal. Nem em países que estão em guerra

se mata tanto. Mas como é jovem, em sua maioria, é

pobre e é negro, então é natural que parte dessa

população morra. Se tivéssemos uma pequena

porcentagem disso nas áreas nobres da cidade,

certamente haveria aqui... A Assembleia Legislativa,

a Câmara dos Deputados, iriam ampliar o debate e

iam propor a mudança nessa legislação.

Então, acho fundamental a mudança e acho

que é importante nós, aqui no Espírito Santo,

estarmos debatendo sobre esse tema. Acho que é

importante nós também tentarmos influenciar do

ponto de vista de políticas em âmbito nacional, já que

essas mudanças têm que passar pela Câmara dos

Deputados em Brasília. Mas nós que estamos aqui no

Espírito Santo, um estado onde se morre tanto em

função do consumo e do tráfico de drogas, acho

que a gente tem que ser protagonista nesse debate,

inclusive promovendo, talvez trazendo esse debate,

trazendo várias instituições em nível federal para

fazer esse debate aqui, de como a educação pode

colaborar para a gente fazer essa redução; de como

a cultura pode ser um aspecto para promover essa

juventude, para apresentar alternativas. Acho que

esse é o nosso papel enquanto ativista, enquanto

militante e como gestores públicos.

Enquanto agentes políticos, não podemos

achar natural que morra tanta gente em função de

uma política sobre drogas que tem se mostrado

ineficaz. Acho que o nosso caminho é cada um no

seu espaço fazer essa disputa de ideias e ainda a

gente ampliar esse debate e promover uma reflexão

com a sociedade.

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 67

Não tenho dúvida, acho que o caminho talvez

passasse por um plebiscito, um referendo, que são

instrumentos do ponto jurídico institucional que a

gente tem. Mas acho que a gente deveria estimular,

em âmbito nacional, para que a gente pudesse fazer

essa mudança. Um abraço a todos e nos colocamos

aqui para o debate.

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Obrigado, Welington.

Queremos registrar também a presença do

senhor Elias Ferreira Nunes, da Federação das

Comunidades Terapêuticas; do senhor Kananda

Dutra, do Projeto Amar; do senhor Hugo César

Guangiroli, coordenador do Centro de Apoio de

Direitos Humanos.

Queremos agradecer a todos pela presença. Já

temos aqui inscritos para perguntas a Pollyana

Pazolini. Daqui a pouquinho ela terá a oportunidade

de fazer a pergunta a um dos membros da Mesa que

tem feito as suas falas; Cássio, do Movimento

Nacional de Pessoas em Situação de Rua; José Carlos

Fiorido, do Coesad, e Federação Espírita.

Vamos ouvir agora. Logo após a fala do

doutor José Roberto Pereira dos Santos, teremos a

oportunidade de fazer as perguntas, debater,

questionar. É um espaço livre para que as pessoas...

Aliás, vocês vieram aqui com essa finalidade.

Agradecer mais uma vez a presença do

doutor José Roberto. Ele é membro da Associação

Médico-Espírita do Estado do Espírito Santo. Ele tem

também quinze minutos para fazer as suas

colocações.

O SR. JOSÉ ROBERTO PEREIRA DOS

SANTOS - Boa noite a todos. Eu agradeço o convite

da Comissão de Política sobre Drogas,

principalmente do Deputado Padre Honório.

Parabenizá-lo pelo trabalho que está realizando.

Cumprimento também a todos da Mesa que nos

antecederam.

Venho aqui falar em nome da Associação

Médico-Espírita do Espírito Santo, da Federação

Espírita do Estado do Espírito Santo. Sou médico,

coordeno aqui no estado um grupo de autoajuda com

base na doutrina espírita, que é o apoio fraterno.

A política de drogas que queremos é a

questão da educação. Acho que a questão de drogas,

se libera ou não, é também importante, mas eu acho

que o básico, o fundamental, é a política focalizar,

principalmente, na questão da educação dos nossos

jovens, porque não adianta você trabalhar na periferia

que você não vai resolver.

O problema prisional, o problema da saúde, o

problema só vai ser resolvido quando tivermos um

povo melhor educado, com educação baseada no

civismo, na espiritualidade - que eu acho importante

e não foi tocado aqui. O problema das drogas é muito

sério e é multidimensional, envolve tudo, não só a

questão biopsicossocial, mas também espiritual.

O doutor Harold Koenig, da Universidade de

Duke, um médico psiquiatra católico, é a maior

autoridade em espiritualidade do mundo e tem vários

trabalhos publicados em grandes revistas. Ele fala

que o fator espiritualidade é oque tem maior impacto

na saúde, inclusive na relação das drogas. Ele previne

a dependência e quando o indivíduo é dependente ele

consegue melhor sua recuperação quando a ele é

dado o envolvimento com a espiritualidade. Quando

a gente fala em espiritualidade, não estamos falando

em uma religião, está falando de um ponto de vista

do ser que busca um sentido para sua vida. Não

precisa estar ligado a sua religião. E isso tem que ser

levado para as escolas, para esses jovens.

Eu acho que nós temos que investir na

formação dos jovens, nas escolas, dando estudo de

qualidade, tempo integral, esportes, atividades

lúdicas, formando verdadeiros cidadãos, porque se

não atuarmos nisso, nós vamos sempre nos preocupar

com as consequências e não com as causas. Porque

eu acho que a política de drogas que queremos é a

educação. Melhorar essa educação.

Em relação à questão da liberação ou não de

drogas, eu tenho um parecer contrário à maioria dos

integrantes da Mesa. Eu não vejo que a solução é

liberar as drogas. A Associação Médico-Espírita tem

o mesmo parecer do Conselho Federal de Medicina e

da Associação Brasileira de Psiquiatria, que são

contra a liberação da maconha, que seria a primeira.

Alguns falam em uso recreativo da maconha. Não

existe uso recreativo. Se o indivíduo está usando

aquela droga, ele está sujeito a problemas de saúde,

como é o álcool também, entendeu? Não estou

fazendo diferenciação da maconha. O próprio colega,

o delegado, falou que grande parte dos problemas de

saúde e violência é gerado pelo álcool. Concordo. O

cigarro é a principal causa de morte evitável no

mundo. O cigarro.

E, no Brasil, aconteceu uma coisa

interessante, o consumo de cigarro por homens

diminuiu e aumentou o de mulheres. E o consumo

total de uso de cigarro no Brasil diminuiu. Por quê?

Por causa da proibição que ocorreu em usar cigarro

em espaços públicos, em lugares públicos, espaços

fechados. Você colocar na capinha do cigarro fotos

de pessoas com doenças provocadas pelo cigarro

provocou um impacto que foi positivo. Então, nem

sempre a proibição é uma coisa negativa. Tem que

pensar isso. Se ela vier associada à educação, ela

funciona.

Eu tenho muito temor com a liberação da

maconha. Por quê? Eu acho que o consumo vai

aumentar muito. Nó temos tido problemas com a

Holanda agora. A Holanda, país que liberou o uso da

maconha, está se vendo num problema com o tráfico,

inclusive, na Europa.

No Uruguai, a gente não tem ainda um tempo

para ver qual o resultado disso. Parece que é o

Governo que está controlando, mas a gente vê que

em outros países também, quando se liberou a

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68 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

maconha, o consumo aumentou e as pessoas

tornaram a fazer o uso maior cada vez.

Então, aquela dose que é liberada passou a

não ser suficiente. O indivíduo busca o restante da

droga em outros locais, aí o tráfico não acaba. E

quem é que vai controlar essa venda? É o Governo?

O Governo não sabe nem controlar a educação e a

saúde, como é que vai controlar? Não vai ter

corrupção também nisso? Então, são

questionamentos que eu coloco para vocês, entendeu?

Então, não é fácil. A questão não é fácil.

Acredito também que o sistema penitenciário

é falho, não só para as drogas, como para qualquer

outro indivíduo que é preso. Não é o ideal. A gente

tem que melhorar tudo isso, mas acho que a gente

tem que se basear na educação, tem que estar por trás

disso tudo.

Eu só cito aqui um exemplo, por exemplo,

quando a gente fala de drogas ilícitas, tem as drogas

lícitas como o álcool e o cigarro. Hoje, adolescente

fuma e bebe, apesar de ser proibido. Quem é que

controla o adolescente? Hoje nós temos adolescentes

bebendo, comprando. Na lei está que não pode

vender, mas compra-se. E hoje, o consumo de álcool

por adolescentes é muito grande. Não existia isso

antigamente.

O Brasil é campeão mundial do uso de

hipnóticos e sedativos. O Clonazepam, o famoso

Rivotril, é a droga mais consumida no Brasil, no

mundo, aqui. E é uma droga psicoativa. E olha que só

se consegue com receita médica. Imagina se fosse

liberado nas farmácias! E é uma das principais causas

de demência, hoje, conhecidas, de Alzheimer, é o uso

dessas drogas.

Então, vejam que o problema é grave e não

tem essa solução mágica. A gente tem que pensar

muito. Infelizmente, as drogas lícitas não dá para

você proibir mais porque, como é que você vai, com

esse mercado que está aí, lutar contra isso? Então, a

gente tenta, pelo menos, que não sejam liberadas

outras drogas.

A maconha é a porta de entrada, juntamente

com o álcool, para as drogas mais pesadas. É a porta

de entrada. A pessoa começa pela maconha e pelo

álcool, depois vai para cocaína e crack. Isso é

experiência mundial.

O consumo de um cigarrinho de maconha

diário, em dez anos, aumenta três vezes e meio a

incidência de esquizofrenia. Três vezes e meio a

incidência de esquizofrenia. Esquizofrenia é uma

doença psiquiátrica séria, incurável, que o indivíduo

fica totalmente fora do seu comportamento normal.

Então, isso é muito sério, pessoal. A gente tem que

pensar muito.

A questão do uso da maconha para fins

medicinal, na verdade, não é a maconha, não é o

cigarro que tem seu uso em casos de câncer, de

epilepsia, e sim o canabidiol, que pode ser produzido

em laboratório. Não precisa a pessoa fumar o cigarro

para ter os efeitos que a gente entende que, em alguns

casos, deve ser usado, realmente. Porque é a única

droga que vai, muitas vezes, controlar uma epilepsia

dessas.

Então, são questões que a gente traz para

discutir, realmente. Acho que todos têm razão e, ao

mesmo tempo, todos temos pontos que ainda não

temos certeza. Então, acho que toda experiência é

válida, que foi trazida aqui na Mesa, mas eu temo, até

por questão da maconha, pelo contingente grande de

jovens que vão ter problemas mentais quando for

liberado o seu uso.

Eu agradeço a oportunidade e estou à

disposição.

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Obrigado, doutor José Roberto

Pereira dos Santos.

Agora vamos passar para as perguntas. Nós

tivemos algumas colocações muito importantes feitas

pelo nosso representante da Polícia Civil Fábio

Pedroto, delegado, também da Sabrina Ribeiro

Cordeiro, do Welington Barros e do José Roberto,

doutor membro da Associação Médico-Espírita do

Estado do Espírito Santo.

Nós temos a primeira pergunta, feita pela

Pollyana. Por favor, você pode se aproximar do

microfone. Serão falas de no máximo três minutos

para que vocês possam fazer a perguntas, e cinco

minutos para a resposta. Obrigado, Pollyana, pela sua

presença.

A SR.ª POLLYANA TEREZA RAMOS

PAZOLINI - Obrigada!

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Só gostaria que vocês dissessem

o nome e para quem vão direcionar a pergunta que

vocês quiserem fazer.

A SR.ª POLLYANA TEREZA RAMOS

PAZOLINI - Ok. Boa noite! Queria cumprimentar a

Mesa, na figura da Unegro e da Sabrina também,

representante mulher, negra. Unegro, que trouxe uma

fala fantástica, muito obrigada! Muito obrigada pela

sua fala! Foi incrível! Acho que o esforço de

organizar esse evento que compõe uma semana, um

mês para discutir o debate de drogas, infelizmente

cheguei já na metade da sua fala, André, mas que

também foi incrível.

Enfim, estou um pouco incomodada com

vários questionamentos, com a composição, com o

que foi colocado por último, assim, porque acho que

desconsiderou tudo que foi trazido pelos outros

companheiros da Mesa, um exercício, gente, de

pensar para além da aparência. Acho que é esse

exercício que a gente tem feito, inclusive, de

aprofundar e de sair do discurso do senso comum.

Gostaria de ouvir, talvez, a minha pergunta, eu me

desconcertei aqui, que talvez minha pergunta seja

para um membro da Federação. Queria saber um

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 69

pouco mais desses dados, que aumentou o consumo

de drogas. A gente tem feito um esforço imenso.

Inclusive, se vocês virem o nome do evento, que foi:

políticas de drogas baseada em evidências, até que foi

questionada essa nomenclatura, porque como

trabalhar com evidências diante das relações sociais,

que são extremamente complexas? Você pensar em

ciência e evidência, aí você traz esse dado de que

aumentou o consumo da maconha. Quero saber

porque estou começando a pesquisar, então quero

fonte também.

Não sei nem se é pergunta, mas acho que é

importante a gente pensar em buscar a história, por

isso cumprimentei a Unegro. A história da proibição,

a gente precisa pensar e ir à raiz do tal problema.

Então, talvez, não sei se o André tem condições de

trazer um pouquinho sobre esse debate da proibição,

porque talvez, sabe, quando um delegado fala é

diferente do que a gente falando, do seu lugar. É

diferente porque tem sido falado nesta Assembleia

Legislativa. A gente está aqui, cansados.

Trabalhadora, trabalhando o dia inteiro e vem para cá

à noite, o tempo todo. Quero saber da efetividade

dessas audiências. Quero perguntar que nem a

Unegro perguntou. O Legislativo vai fazer o quê?

Plebiscito? Vamos tirar encaminhamento de

audiência pública.

A gente precisa pensar nisso porque a gente

vem para cá, discute, fala entre a gente. A gente está

trazendo e se esforçando. Tem pesquisa. A Ufes

compõe o Coesad. O Coesad está com a sociedade

civil organizada, sabe? Parece que a gente fala com a

parede, não vale, porque o conservadorismo, o

moralismo é tão grande, que isso fecha o ouvido das

pessoas. Está aqui! A gente está com dados: jovens,

pretos, pobres estão morrendo! Gente, isso não é

tirado do nada, isso está no Mapa da Violência, que

inclusive vou consultar, é recente, de agora. Estava

com dados antigos. Outra coisa que ele trouxe: a

guerra. Ninguém tem guerra contra cocaína e crack.

A guerra é contra as pessoas. A guerra está matando

gente.

Só para fechar mesmo, quando a gente fala

de legalização, a gente está falando de

regulamentação. Não é uma liberalização em que

todo mundo vai sair por aí usando drogas em todos os

lugares. Não é isso. Porque já se faz. A gente está

falando de regulamentar, de usar, inclusive, uma

substância que tenha qualidade. Todas nós usamos

drogas, gente! Não sejamos hipócritas. Não sejamos

hipócritas! A gente precisa falar. Inclusive, cadê os

usuários aqui para poder falar? Porque nem isso a

gente tem condição, porque um usuário do Capsad

que trabalho já veio aqui e falou bem ali que o dia em

que ele veio para cá e assumiu que era um usuário de

drogas o quanto que gerou problema, porque é

associado à criminalidade, a pessoa não consegue

emprego.

Então, a gente precisa falar sobre isso. Queria

ouvir um pouco mais. E aí, audiência pública, qual o

nosso próximo passo? A gente precisa sair com um

encaminhamento daqui. Chega de a gente falar, falar.

A gente está com informação, o Coesad está com

gente qualificada. A teoria é importante, ela é

fundamental, ela é o que embasa. E não só teoria, a

gente está falando de gente que trabalha com isso,

que está com pessoas. Gostaria de sugerir, eu não

estou com o livro aqui agora, o livro Quarto de

Despejo. Diário de uma Favelada, de Carolina Maria

de Jesus. Uma autora negra, da década de 50, que

escreveu um livro fantástico, e lá tem várias

passagens que a gente pode utilizar para debater, de

pessoas que viveram isso. Estou falando da década de

50. Estou falando de mim, que sou trabalhadora, que

escuto. Álcool, sim, é um grande problema. A gente

precisa falar sobre isso.

E outra coisa: regulamentar as drogas, para

fechar mesmo.

No sistema capitalista, isso foi falado em

todas as falas de certa maneira, é minimizar o dano

que a droga traz. Não é acabar com os problemas,

porque é isso que você falou, não vai acabar com

tráfico não. Droga é mercadoria, tem muita disputa

em volta disso. Mas, a gente vai reduzir. Pelo menos

vamos deixar de matar nossos jovens, vai reduzir

pelo menos isso. Mas, a gente precisa avançar ou

pouquinho, porque a nossa luta é anticapitalista.

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - A sua pergunta é para quem, por

favor?

A SR.ª POLLYANA TEREZA RAMOS

PAZOLINI - Para a federação espírita. Eu só queria

saber então, onde que estão as informações desse

aumento do consumo.

O SR. JOSÉ ROBERTO PEREIRA DOS

SANTOS - Eu tenho as referências, eu posso deixar.

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - É só dizer à Pollyana que a

composição da Mesa foi discutida no conselho. Não

sei se você participa lá. Participa. Então, essa

composição ela foi feita por vocês.

Doutor.

O SR. JOSÉ ROBERTO PEREIRA DOS

SANTOS - Ela perguntou de onde é a fonte. Eu

tenho as referências aqui, eu posso deixar. Vou

deixar o parecer do Departamento de Saúde Mental,

da Associação Médico-Espírita do Brasil com a

Mesa.

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - O senhor tem cinco minutos. O

senhor gostaria...

O SR. JOSÉ ROBERTO PEREIRA DOS

SANTOS - Na verdade, eu falei da minha

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70 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

preocupação também no aumento, como ocorreu na

Holanda, que está tendo esse problema. No Uruguai,

a gente não tem ainda tempo. Eu tenho minhas

dúvidas também. Eu sou contra também, a questão do

aprisionamento como é feito, essas coisas. Eu

questiono a liberação, como vai ser esse controle.

Falar em regulamentação é muito bonito, é fácil, mas,

como vai ser isso? Quem vai cuidar disso? É o

Governo? Porque sempre vai ter alguém ganhando

com a droga. Como vai ser isso?

Sei, mas o Rivotril eu também sou contra. Só

estou falando que a raiz das coisas é a educação. A

raiz de tudo. Se a gente não focar nisso, na base,

porque vai demorar, isso é uma coisa que demora.

Essas coisas não são resolvidas por decretos, nem

essas leis, não vai ser resolvido isso.

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Cássio está inscrito para fazer

perguntas. Por favor, Cássio. Três minutos, por favor.

O SR. CÁSSIO NASCIMENTO - Queria

dar um boa-noite a todos aqui. Meu nome é Cássio.

Faço parte do movimento População de Rua. Não sei

se vou fazer pergunta ou deixar uma indagação.

Queria falar que a droga não é causa das pessoas

estarem descambadas pelas favelas, pelas ruas, mas

uma política que não funciona; funciona gato

pingado, chovendo, aquele sereno.

Fui pessoa de situação de rua, já usei todo

tipo de droga, e, a política, pelo que vejo falar, só

vejo falar. Droga não é uma doença. Eu me libertei

sem remédio, sem nada; sem remédio, sem Caps, sem

nada. Quando eu precisei, não estava no meu critério

ali, para eu querer uma ajuda.

Eu queria deixar aqui, Vitória. Quero falar do

espaço que acolhe as pessoas em situação de rua. De

dentro desses espaços que atendem a essas pessoas

em situação de rua, ela passa ali para as pessoas irem

para o Caps, mas não tem uma passagem. Quando

uma pessoa não vai, ela é punida do espaço, ela posta

para fora. Quando a pessoa vai numa segunda-feira,

numa terça-feira, se alguém que é algum

coordenador, que é alguma coisa desse espaço chega,

bota essa pessoa para fora. Essa pessoa vai ficar mais

exposta ao álcool, à droga, pelo lado de fora, do que

por dentro. Pelo menos ali ela está impedida de ter

acesso ao álcool, ou à droga.

Queria saber assim... Isso está matando as

pessoas onde eu moro, ali no bairro da Penha, em

Vitória. Não vejo a política de saúde subir lá para ver

as pessoas que estão precisando de uma saúde, do

Cras, por exemplo. Aí fica na demagogia falando que

vai ajudar na política, que vai ajudar as pessoas sobre

drogas, sabendo que o Estado não está dando nem

conta de ajudar às pessoas que sustentam o próprio

Estado. Só isso mesmo.

Estou aqui nervoso, estou sem palavras no

momento. Mas estou acompanhando a política dia e

noite.

Queria deixar aqui que, não é a droga que faz

as pessoas serem descambadas do jeito que estão

pelas ruas. Porque eu fui usuário, estava pelas ruas aí,

como falei no começo, e a política não me alcançou,

e fica nessa demagogia que não funciona.

Queria saber de algum de vocês aqui o que

pode fazer para essa política funcionar? Porque só

vejo falar de blá-blá-blá e as pessoas estão

descambadas do mesmo jeito.

O que mais o povo de rua precisa não é

comida, pão, água, não. Precisa de uma moradia

digna. Não é o espaço lá que a prefeitura quer ceder

não, é moradia digna com sua chave ali, no seu

nome; não com nome de prefeitura, com nome de

Governo, não. Dignidade, emprego, é isso que a

população precisa, carente e a de rua também.

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Obrigado, Cássio.

Alguém da Mesa gostaria de direcionar

alguma fala para o Cássio pela reflexão que ele fez?

Então, o terceiro a fazer a sua pergunta é José

Carlos...

A SR.ª SABRINA RIBEIRO CORDEIRO

- Deixe-me só fazer uma observação. Acho

importante, Cássio, demais que você se coloque, e

acho importante, também, que as políticas públicas

ouçam cada vez mais usuários, e que os usuários

possam se fortalecer e ocupar o espaço de

deliberações das políticas.

Temos os conselhos de direito. E, hoje, faço

parte do Conselho Estadual de Assistência Social e

temos um membro do Movimento de População de

Rua lá. Temos membro de fórum de usuários, quanto

isso é importante. O quanto é importante a gente

ouvir das pessoas que fazem uso das políticas.

E acho que temos pessoas aqui, tem Nathalia,

tem Camila, tem a Pollyana, tem outras pessoas,

Luciana, que trabalham na política da saúde mental

dos municípios da Grande Vitória no estado. E, que,

muito embora, você esteja falando da perspectiva de

uma pessoa insatisfeita com esses equipamentos - e

acho superválido porque, de fato, temos falhas,

precisamos olhar para essas falhas para conseguir

produzir um trabalho cada vez melhor - existe uma

direção que tem sido dada por técnicos muito, muito

competentes que estão ocupando espaços de

trabalhadores nessas políticas, e que precisamos ouvir

deles os esforços que têm sido feitos para poder

produzir mais saúde e mais vida nesses espaços. Mas

acho que é isso mesmo da ordem do reivindicado se

colocar, questionar, só assim que a gente avança.

(Pausa)

É não entra. (Pausa) Fato. (Pausa)

Importante, muito importante essa fala. O excesso de

formalidades, as metodologias, muitas vezes até a

nossa linguagem não acessam as pessoas que são as

mais interessadas.

Mas aí, então, assim, no uso desse lugar de

mesa, gostaria de dar fala para as minhas colegas da

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 71

saúde mental que, em algum momento se sentirem à

vontade para poder então, falar um pouquinho desse

trabalho que tem sido construído na direção de uma

política diferente dessa que existe hoje, que estamos

tentando construir numa outra direção.

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - O senhor delegado gostaria de

complementar?

O SR. FÁBIO ALMEIDA PEDROTO -

Vou só complementar à fala do Cássio.

Cássio, a dignidade e a observância dos

direitos fundamentais começa lá na sua rua que, muitas

das vezes, não tem nem nome; a sua casa não tem

número. Isso é dignidade! Começa aí. Muitas das vezes

cumpri mandados de busca e apreensão: rua Projetada

s/n.º. Isso permitia, por uma chancela judicial, eu

entrar em qualquer casa daquela rua e violar os direitos

de todos aqueles moradores, porque a dignidade não

foi observada. O poder público não fez a parte dele em

pelo menos numerar e colocar um nome naquela rua.

São invisíveis sociais, como diria Luiz Eduardo

Soares.

O que a nossa colega Pollyana disse,

rapidamente vou complementar aqui. Pollyana, a

polícia foi criada e sistematizada no Brasil, em 1808,

para garantir os privilégios da nobreza. A polícia foi

criada para punir a pobreza. Muito bem? Então,

lembre-se que no Século XIX, tínhamos o crime de

capoeiragem. Praticar capoeira em via pública, pena:

reclusão de quinze a vinte dias de prisão celular.

Se eu não posso criminalizar uma pessoa,

vou criminalizar os seus hábitos. A origem da

proibição da maconha, na virada do Século XIX para

o XX, foi justamente essa. A origem da proibição foi

voltada por critérios de empreendedorismo moral,

como diz Howard Becker. Por quê? Se eu não posso

criminalizar o negro, ou o mexicano, ou o europeu na

figura, principalmente do irlandês, vou criminalizar a

maconha, a cocaína, que era utilizada pelos negros

das docas dos Estados Unidos naquela época. Então,

se eu não posso criminalizar uma pessoa, eu

criminalizo o hábito.

Marijuana é o nome que foi dado, escolhido;

é um nome latino justamente para você associar a

marijuana aos mexicanos. Se eu não posso expulsar

os mexicanos do meu território, por políticas mais

radicais de xenofobismo, eu posso sim prendê-los,

tirá-los da sociedade. Isso funciona no Brasil nos

tempos atuais, porque temos seiscentos e vinte e sete

mil pobres presos.

Se eu não posso punir o fato de uma pessoa

ser pobre ou negra, moradora de periferia, com pouca

ou nenhuma instrução, eu vou tirar ela da sociedade,

porque uma professora falou: Ele é o consumidor

falho, ele não interessa para a sociedade, então, vou

colocá-lo no cárcere.

Como diria Luc Vacan, o cárcere é a prisão

social e a favela é o guia do Judiciário. Então, eles

orbitam nesses dois campos, e nós continuamos

prendendo pessoas, negros, pessoas de periferia; é a

nossa rotina diária. E eu, como delegado de polícia,

muitas das vezes me envergonho por ver a população

carcerária que temos hoje, eminentemente composta

por essas pessoas, essas classes vulneráveis, esses

clientes preferenciais do direito penal.

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Vamos ouvir agora José Carlos

Fiorido. Ele é do Coesad e da Federação Espírita, por

três minutos.

O SR. JOSÉ CARLOS FIORIDO - Boa

noite a todos!

Com muita alegria estamos aqui

cumprimentando a Mesa.

Queria iniciar minha fala, que é curta. Tenho

problema com esse bicho aqui, porque me dá uma

febre, dá vontade de não largar. Mas eu queria pegar

um gancho na tua fala, meu irmão, quando você disse

que ninguém deixa de cheirar por decreto. Assino

embaixo! Mas eu pegaria uma fala do Mandela, que

diz assim: se a pessoa aprendeu a amar - estou

parafraseando Mandela -, se a pessoa aprendeu a

odiar, ela é também capaz de aprender a amar.

Da mesma maneira que ela aprendeu a

cheirar, ela é capaz também de aprender a não

cheirar, quando ela aprende a conhecer a razão de ter

um corpo, qual é o sentido da vida, qual é o papel

social que ela tem que exercer consigo mesmo na sua

relação com o outro, na sua família, no seu ambiente.

Por isso, faço coro e encho a boca para apoiar

a fala do prezado companheiro. Concordo divergindo

no que toca, não do enfoque em si, o tempo é muito

curto, porque não se fala de proibição em geral. Mas

é preciso saber em que base se dá essa tal liberação,

essa tal redução de danos, porque não se sabe num

país onde não tem esse controle de nada,

absolutamente nada.

Não se controla o dinheiro do presidente da

República, mas se controla o dinheiro da comunidade

terapêutica, muito bem citado pelo senhor, quando a

grande maioria delas é feita por religiosos. E há um

proselitismo religioso aberto em todas elas porque,

como membro do Coesad, eu fiscalizei diversas delas

e constatei o que o senhor disse, não tendo proposta

terapêutica alguma, quando tem, é no papel. Mas eu

vou mais: nós não temos, no Espírito Santo, uma

política pública para esse setor. E, talvez, a questão

mais importante desta audiência seja a própria

pergunta em si.

Sou membro do Coesad desde o início do

Governo que está aí. Fizemos a primeira eleição do

Coesad agora, há pouco tempo. No início, estava na

Sejus, depois foi para a vice-governadoria, agora foi

para a Secretaria de Direitos Humanos.

Curiosamente, o Coesad não foi perguntado a

respeito, ninguém debateu essa questão.

Então, para que serve o Conselho? Para que

serve? Será que nós vamos ficar no debate? Eu fiquei

com vergonha da fala do companheiro, porque eu não

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72 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

responderia absolutamente nada. Ele disse,

absolutamente, o real. Então, nós temos que começar

é do zero.

Esse título está aí e, de certa forma, ele foi

proposição, digamos, estimulada por mim, porque o

tema que viria aí seria a descriminalização da droga.

E eu pergunto se a sociedade está, verdadeiramente,

convicta de que esse é o melhor caminho.

Não há estudo suficiente para comprovar

isso, embora um segmento da Ciência, que se diz

Ciência, diga isso. Não é! Há outro segmento dizendo

o contrário. Então, eu concordo plenamente num

debate. E aí, se há que alguém peça mais debate, que

se façam outras audiências, e muitas, não poucas,

para que a gente possa ter, verdadeiramente, uma

discussão ampla, aberta, com informações dos

diversos lados, das diversas correntes, inclusive, a

dos religiosos. Porque se tem alguém que faz um

trabalho de graça, de noite, todo dia, mesmo que seja

dando sopa na rua, é esse povo, porque, de resto, o

serviço público funciona de segunda a sexta, e não

mais. Se tiver feriado, perde uma semana, e tchau.

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Obrigado, Fiorido.

Agora, vamos ouvir o Elias Ferreira Nunes,

presidente da Federação de Comunidades

Terapêuticas. Elias, gostaria que vocês direcionassem

a pergunta para alguns dos membros da Mesa, se for

o desejo de vocês; se não for, também... Por favor,

por três minutos, Elias.

O SR. ELIAS FERREIRA NUNES - Boa

noite a todos e a todas. Primeiro, gostaria de dizer

que nós, das comunidades terapêuticas, não somos a

favor da liberação das drogas. Compartilhamos a

mesma fala do companheiro da Federação Espírita, e

muito nos entristece este momento em que nós não

pudemos estar aí para ajudar no debate também, mas

participamos e estamos presentes. Em todos em que

pudermos estar presentes, nós vamos estar presentes.

A política sobre drogas que queremos é um

conjunto que envolve educação, saúde, habitação,

saneamento básico, lazer, cultura, esporte. Essas

coisas têm que estar em conjunto. E aqui neste debate

deveriam estar reunidos aqueles que fazem parte

dessa política.

Porque uma criança vai para o mundo das

drogas, porque ela não tem direito a um tanto de

outras coisas que ela deveria ter. Porque, enquanto a

mãe e o pai têm que sair para trabalhar, ela não tem a

creche, ela não tem a educação de que ela precisa, ela

não tem o apoio que o Estado deveria dar. E por isso

ela se envolve com o quê? Com as drogas, porque o

traficante está sempre presente para acolher essa

criança, esse adolescente, esse jovem.

Então, a política sobre droga é muito mais

além do que ficar aqui discutindo se libera ou não

libera. Porque, se um dia alguém falar para mim que

tem condições de liberar as drogas, se tem condições

de liberar as drogas, você vai dar conta de cuidar das

crianças e dos adolescentes para que eles não se

envolvam nas drogas, ao ponto de virarem um zumbi,

um dependente de crack que fica por aí igual a um

zumbi. Aí sim nós podemos estar juntos nesse debate

também, e podemos apoiar. Agora, falar e discutir a

questão das drogas, e trazer relatos de livros de não

sei quem, de não sei quem, isso não resolve o nosso

problema agora. O nosso problema agora, está ali do

lado de fora. Porque, se nós sairmos aqui agora, nós

vamos encontrar os zumbis que estão ali, que

ninguém apoia e que ninguém tem condições de ir lá

e ajudá-los.

Agora, as comunidades terapêuticas, Padre

Honório, que o senhor também é um gestor de uma

comunidade terapêutica, apoia uma comunidade

terapêutica, as comunidades terapêuticas estão

fazendo um trabalho, hoje, que o Estado não faz, que

o Estado não tem condições de fazer. E isso, estamos

vendo hoje que um dos melhores resultados que

existe hoje para o dependente químico é a

comunidade terapêutica.

É bom, e o companheiro aqui disse do

dinheiro que vai para as comunidades terapêuticas.

Olha, sou de uma comunidade terapêutica e na minha

comunidade terapêutica, hoje, tem dezenove pessoas.

Digo para vocês, hoje o Estado paga mil reais se ele

estiver no Proviv, mil reais para uma comunidade

terapêutica acolher uma pessoa. Quanto que o Estado

está pagando hoje para uma clínica acolher e internar

um dependente químico?

No ano passado, foram gastos mais de

quarenta milhões com clínicas. Cadê os donos das

clínicas? Por que vocês não perguntam para eles o

resultado deles? Porque nós podemos apresentar os

nossos resultados. Sou da Pastoral da Sobriedade, nós

temos nosso grupo de autoajuda e está aqui a Rosa

Dulce, da Pastoral da Sobriedade, que faz um

trabalho belíssimo junto com a gente. Temos aqui

companheiros do AA que, inclusive, se não me

engano, até foram embora, porque são companheiros

que estão desprezados muitas vezes.

Queria só mais um minutinho para dizer para

vocês de toda a Mesa que, primeiro, o Coesad tem

uma resolução, Fiorido, e você ajudou a aprovar

essa resolução e eu também, em que ela fiscaliza

comunidades terapêuticas e clínicas. Se você for a

alguma comunidade terapêutica que ela não estiver

cumprindo a resolução do Senad, a Resolução n.º

29, se não estou enganado, então, vai lá e fecha

essa instituição, fecha essa comunidade

terapêutica. Agora, vocês têm que olhar o seguinte,

as comunidades terapêuticas estão aí, estão

legalizadas e estão dando resultado.

Queria, para finalizar, lógico que não temos

ainda muito tempo, porque nosso tempo é curto,

mas aqui tem esse rapaz que estava há muitos anos na

rua e ele pode falar para vocês como é uma

comunidade terapêutica. (Pausa)

(É executado o áudio)

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 73

O SR. ELIAS FERREIRA NUNES - Esse é

apenas um. Agora, Padre Honório, a partir de hoje, a

partir deste encontro, vou desafiar este Plenário e vou

desafiar, inclusive, o presidente desta Comissão, que

tanto tem nos apoiado, apoiado a política e buscado

solução, para que nós possamos trazer aqui as

comunidades terapêuticas para um debate neste

plenário, e que nós, a partir de agora, nós vamos

mostrar para essa sociedade o que uma comunidade

terapêutica faz.

Em vários momentos, as comunidades são

descriminadas e são desvalorizadas por fala de

pessoas que, inclusive, não têm, e garanto para você,

o companheiro que falou aí das comunidades

terapêuticas e os outros que falaram, eu, durante esta

semana, recebi vários telefonemas de mães

desesperadas...

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Por favor, Elias.

O SR. ELIAS FERREIRA NUNES - Que

estão desesperadas porque não conseguem

atendimento para seus filhos e nós, das comunidades

terapêuticas, estamos acolhendo essas pessoas e

dando a elas uma oportunidade de rever a sua vida e

de mudar de situação.

Nós encontramos somente pessoas que vêm

pra cá fazer debate, fazer discurso, mas quero dizer:

vamos lá então, vamos mostrar o seu trabalho e

vamos mostrar o nosso. Não estou aqui para ficar

contra o lado a ou lado b, todos são importantes nesse

momento, mas vir aqui falar de comunidades

terapêuticas sem ao menos conhecer, sem saber o que

é esse trabalho e sem saber o que é esse acolhimento,

é covardia. Se quiserem ir nos visitar, estamos na

BR-262, quilômetro vinte e quatro, em Viana.

Vamos, então, ser justos com a nossa política. A

política que queremos envolve toda a política e ela

tem que ser o conjunto...

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Por favor, Elias, direcione sua

pergunta.

O SR. ELIAS FERREIRA NUNES - Hoje,

envolvendo Caps, envolvendo todo o processo

público para que possa ajudar as comunidades

terapêuticas. O resto a gente pode até discutir, mas

agora, no momento, precisamos dar o socorro a esse

povo que está por aí e que está perdido nesse

momento...

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Por favor, Elias.

O SR. ELIAS FERREIRA NUNES -

Atendendo essas mães e esses pais que estão

desesperados, esses jovens, crianças. Aliás, outro dia,

uma mãe me ligou, com uma criança de onze anos,

que está drogada, em surto e ela não tem apoio da

sociedade. Obrigado.

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Olha só, eu gostaria de

esclarecer que a composição da Mesa foi feita pelo

conselho e todos, várias pessoas que já fizeram a fala,

tem cadeira no conselho. Não é função da comissão

dizer quem está certo, quem está errado.

A nossa missão, a nossa função é fazer a

reunião, escutar as pessoas, abrir o espaço, pois tem

centenas, eu acredito que tem talvez milhares de

pessoas acompanhando este debate agora. Não só as

pessoas que estão aqui. Porque a audiência está sendo

transmitido ao vivo.

Então, gostaria de dizer que quem definiu a

composição da Mesa foram pessoas do conselho. Em

nenhum momento nós interferimos, nem no tema e

nem nas pessoas para compor. E esse tema foi

escolhido, também, em reuniões anteriores e é nossa

missão abrir esse espaço.

Eu tenho que ouvir quem pensa diferente,

quem pensa do jeito que eu penso. Imagina o que

seria do calor se não fosse o frio. Então, é necessário

que a gente tenha também a humildade de entender

que cada um olha de um jeito. Um dia a gente vai

errar menos e acertar mais, se a gente tiver a

capacidade de dialogar.

O Thiago de Carvalho Guadalupe, do

Instituto Jones dos Santos Neves, do Coesad. Por

favor Thiago, por três minutos. A gente pede para o

pessoal ficar dentro dos três minutos, porque senão é

injusto com aquele que procurou observar o tempo e

o outro que não está observando o tempo previsto.

O SR. THIAGO DE CARVALHO

GUADALUPE - Boa noite a todas e todos.

Parabenizar a Mesa, o espaço aberto. Acho que está

claro que precisa haver vários espaços como este,

vários debates como este. Hoje, é um reflexo do

quanto a gente precisa debater mais e mais sobre esse

tema. E também parabenizar o apoio do Coesad.

Eu pontuei alguns tópicos e gostaria de

levantar para também ajudar a construir este debate.

E caso algum colega da Mesa ache importante

complementar, fique à vontade. A primeira coisa em

relação à política, o conceito que está no título e o histórico da política sobre drogas, porque eu também

parto de um ponto inicial. O que é a droga? O que é

essa substância que a gente demoniza pelo fato de

ela estar proibida hoje? Porque o café, já se matou

por causa do café, por conta de açúcar. A substância

é arbitrariamente definida como proibida ou não.

E a gente vê, e só estou levantando esse

ponto porque eu quero tocar em outros, porque eu

fiquei, assim como a Poliana, fiquei um pouco

chocado também. A gente tem os pais da guerra às

drogas, e eu ia falar de vários países, aqui, e quem

dera se o Brasil estivesse hoje com os problemas da

Holanda, que foram colocados aqui. Porque a

Holanda está bem resolvida, já bem evoluída em

relação à política sobre drogas.

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74 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

Os pais da guerra às drogas abandonaram os

seus filhos e, hoje, a maioria dos estados nos Estados

Unidos, cumprem esse tipo de política de guerra às

drogas, de repressão. Inclusive, e aí quero linkar com

outro tópico, que é quando se fala legalizar,

descriminalizar, não se fala em anarquia. Não se fala

em nenhuma liberação geral que de certa forma, a

gente precisa desses espaços para esclarecer à

sociedade que o debate tem que tirar julgamentos,

preconceitos e mitos e ir para o lado técnico da coisa.

Então, quando se fala em liberar, é

regulamentar. E aí, é sair da clandestinidade, porque

quando o colega fala que está com medo de

regulamentar uma substância, tem algo pior do que a

juventude negra estar sendo exterminada? Eu acho

que não, acho que não. Acho que regulamentar é um

grande avanço.

E países como a Espanha, Portugal e

Uruguai, e tantos outros que estamos vendo, evoluiu,

sim, nesse ponto, pelo menos, na minha avaliação.

Eu queria dar outro dado, em relação a

institutos, hoje, de pesquisa, de saúde, de direitos

humanos, no mundo, estão tirando a maconha dos

formulários de drogas, de abuso, dependência, porque

cientificamente, já está mais que provado que é uma

substância que não tem todo o peso demoníaco que se

coloca na sociedade hoje. Então, hoje, formulários no

mundo estão retirando essa substância e outras,

legalizadas, estão aí causando muito mais danos.

Para fechar, eu acho muito infeliz o termo,

acho que é um mito e a gente precisa quebrar esses

mitos, nesses espaços, de que a maconha é uma porta

de entrada para alguma coisa. Aí não falo isso num

debate ideológico, eu não quero entrar nisso aqui

agora, mas num debate que a neurociência traz.

A gente tem um famoso neurocientista, o

Carl Hart, que toca nisso, mas tem vários outros,

como Gargory e vários outros, que tratam como a

maconha está sendo usada como porta de saída e não

de entrada. Ela é mais porta de saída. As pessoas que

são dependentes de drogas mais pesadas hoje

conseguem ter uma vida normal e conseguem

substituir substâncias mais pesadas pela maconha.

Então, quebra-se esse mito da porta de entrada. Eu

acho que aí, para fazer uma contraposição, a gente

pode falar em porta de saída.

Então, eu só queria reforçar que acho que

pelo tópico proposto na audiência, regular,

regulamentar é o que está vinculado à

descriminalização. Não é nenhum tipo de anarquia

geral, nem de liberou geral.

Eu também tenho muita dúvida em relação à

fonte desses dados, quando se fala dos países que

estão muito mais avançados que o nosso, quando essa

regulamentação ocorreu, o consumo aumentou,

porque também a gente tem outro tipo de informação.

Muito obrigado. (Palmas)

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Obrigado, Thiago!

Agora, quem faz uso da palavra - alguns

estão fazendo pergunta, quase ninguém fez pergunta

até agora, mais fala, mas é importante, cada um está

querendo expressar a sua opinião, faz parte - Camila

Mariani, do Núcleo Estadual da Luta Antimanicomial

e do Capsad, por três minutos.

A SR.ª CAMILA MARIANI - Boa noite.

Eu sou a Camila e eu trabalho na saúde mental já há

dez anos em dois Caps, em dois municípios, e sou da

luta antimanicomial.

Algumas pessoas falaram aqui da

importância de a gente trabalhar a base. O Elias

falou, o José Roberto falou, a Sabrina falou, Fábio,

todo mundo falou. É fato: se a gente não trabalha a

base, a gente não consegue muito coisa. Então, a

eficácia do nosso trabalho, se a gente começar agora

com investimentos públicos, a gente vai ver daqui a

vinte anos. Então, a gente tem que começar. Mas, aí,

o Governo Estadual fecha escola. Aí, tem muitas

creches que não começam a acolher crianças com

seis meses. É verdade. E aí, para aonde vão essas

pessoas? As mães que precisam trabalhar, as crianças

ficam onde? É verdade. Essa é uma questão. A gente

tem bairros que não tem praça. As crianças não têm

onde jogar bola e as crianças de alguns lugares não

podem atravessar a rua para ir ao bairro onde fica a

unidade de saúde porque são filhos ou netos de algum

traficante que matou o outro do outro bairro. Isso

também é uma verdade.

Então, isso aí está relacionado à guerra às

drogas, sim, porque se tivesse uma regulamentação -

que aí a gente tem que estudar como será, porque não

é libera geral - isso tem que ser estudado e tem que

ser discutido e a gente pode tentar fazer diferente.

As drogas não são mais puras como eram

antigamente. Então, isso aí pode levar a alguns

transtornos. Eu trabalho em Caps e eu vejo pessoas

assim, mas não é a droga que leva a isso

necessariamente. A pessoa já desenvolveria. Talvez

um pouco mais tarde, mas já provavelmente teria,

porque tem outras questões contextuais nessa

situação. Inclusive, o medo de assumir que faz uso de

alguma substância também causa uma grande

persecutoriedade. Então, isso também precisa ser

levado em consideração. Conheço algumas pessoas

assim.

Acompanho uma pessoa lá em Vila Velha,

no Caps, que fez uso de crack durante vinte anos e

trabalhava. O que a levou a parar de trabalhar e ser

muito dependente do uso do crack foi o término de

um relacionamento. Olha só! Ela não tinha outra

possibilidade de lazer, nem nada. Ela morava em

outro estado, veio para cá com a mulher e blá, blá,

blá. Então, hoje ela está lá e tudo que ela quer é

trabalho. Ela não tem nenhuma possibilidade de

lazer, ela não tem onde morar. Neste momento ela

está acolhida numa comunidade terapêutica que ela

conhece, que ela detesta, tem pavor, porque ela não

tem onde morar e não tem vaga no abrigo. Olha só!

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 75

Cadê a assistência social? Então, é uma situação

grave. Cadê a questão de trabalho e geração de

renda? Porque se ela tivesse um trabalho, eu, outros

colegas, outros usuários e a própria tem certeza de

que ela estaria numa condição de vida muito melhor,

porque ela já conseguiu isso em outros momentos,

inclusive, já conseguiu ficar abstinente também.

Então, essa é uma situação.

A outra situação, trabalhei na Acard,

Associação Capixaba de Redução de Danos, em

2002, mais ou menos. Naquela época, não me lembro

do nome do cara, mas era um cara coordenador da

atenção de saúde mental da Holanda que trouxe

pesquisas, mas já faz tempo, já não tenho dado, já

casei, já mudei, perdi coisas. Disse, garantiu que não

houve aumento do uso de nenhuma substância

quando a Holanda decidiu descriminalizar e

regulamentar o uso das substâncias todas. Inclusive,

segundo ele, me lembro desta fala, eu estava lá, do

meu ladinho, fui eu que traduzi, ele falou que

diminuiu. Então, tem vários dados. A gente tem que

ver várias coisas.

O Cássio falou da experiência dele e,

realmente, por exemplo, faltam recursos humanos.

Tem unidade de saúde que deveria ter quatro agentes

comunitários numa equipe e tem um. Unidade de

saúde deveria ter três médicos, tem um. Deveria ter

psicólogos, às vezes dois, tem meio, porque está mais

de licença do que lá, porque, às vezes, nem tem, não

é verdade? Porque está de licença porque não aguenta

toda a pressão também, porque não é fácil, gente! A

gente não salva o mundo, mas só vai melhorar se a

gente começar agora. Daqui a vinte anos, talvez

trinta. Então tem que começar.

Agora, um bairro onde os adolescentes, em

que essa paciente de que falei antes que eu

acompanho me disse: No réveillon, doutora Camila,

os meus vizinhos perguntaram o que era aquele

monte de barulho, porque não estava chegando

droga. De onde vinham aqueles fogos de artifício?

Eles nunca tinham ido à praia ver os fogos de

artifício no réveillon. Qual é a diversão dessas

crianças num lugar que não tem uma quadra, um

parquinho? Então isso daí é lazer que não tem. Sorry!

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Obrigado, Sabrina.

A SR.ª CAMILA MARIANI - Ah, só mais

uma coisa: eu estava na audiência pública em que o

Elias estava à mesa, no dia 3 de março, onde as

unidades terapêuticas foram discutidas. Eu estava

aqui.

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Nathalia Borba, por favor, da

Secretaria de Estado da Saúde.

A SR.ª NATHALIA BORBA RAPOSO

PEREIRA - Boa noite. Eu ia comentar alguma coisa

do que foi falado aqui, mas fui me mobilizando. Vou

tentar falar bem rapidinho.

Acho que, Cássio, você mobilizou muito

todos nós com o que você fala e eu concordo muito

com as palavras da Sabrina. Acho que as pessoas que

fazem uso das políticas públicas, dos serviços ou que

demandam, a gente tem que ocupar mais espaços,

ocupar espaço como esse, ocupar movimento social,

ocupar as instâncias onde o que se faz das políticas

públicas, onde essas decisões são tomadas. A gente

precisa de mais usuários de serviços nesses espaços.

Então, acho muito bom que você tenha vindo, que

você tenha pedido a fala e é uma pena que não tenha,

realmente, mais pessoas aqui para fazerem falas

como a sua.

Mas me preocupa só um pouquinho quando a

gente fala e acho que essa não foi a sua intenção.

Estou pegando esse gancho. Mas quando a gente fala

da questão da política pública que não funciona, do

serviço público que não nos atende, de a gente entrar

num discurso de desqualificar aquilo que é público,

de a gente achar que política pública, o público não

nos atende, o público não é bom. Acho que é o

contrário, a gente precisa investir mais. A política

pública, a política de saúde teve gasto congelado.

Eu converso muito, não estou na ponta, estou

num outro lugar, então converso mais com os

profissionais de saúde do que com os usuários de

fato, e é a categoria que mais tem adoecido. Os meus

amigos, os meus colegas, os profissionais de saúde

estão trabalhando à base de tranquilizante, remédio

para dormir, ansiolítico, antidepressivo para aguentar

levantar de manhã e dar a cara de novo, tentando,

brigando por uma política que seja pública, de

qualidade, que permita o atendimento de todos os

cidadãos.

Há exceções, mas geralmente quem escolhe

uma carreira de saúde escolhe um pouco por paixão,

escolhe um pouco porque quer trabalhar por uma

vida mais digna mesmo. Então a gente sofre muito

quando a gente vê as coisas não dando certo, quando

a gente vê a coisa não engatando.

Já estive mais próxima dos usuários, mas

acho que temos que trabalhar junto mesmo. A

política de saúde mental, o que tem de avanço nela

foi construído entre trabalhadores e usuários juntos.

Quando a gente fala da história da reforma

psiquiátrica, é uma história que foi construída junto.

E se a gente conseguiu construir e mudar tanta coisa bacana junto, acho que é junto que a gente consegue

profissionais e os usuários e a sociedade. Até porque

o profissional é usuário, não é? Quando eu falo que a

gente está, também, adoecendo, eu estou falando

que nós também somos usuários, como a minha

colega está me complementando aqui. Só queria fazer

essa reflexão, mesmo. Mas essa nem é a minha fala.

Também não tenho como não falar: eu

preciso fazer uma correção no dado, Elias. Desculpa,

mas quando você fala do recurso que foi gasto, o

estadual: até o final de 2017, as internações feitas

pelo estado eram feitas majoritariamente em

comunidade terapêutica. Então, se essa fosse a

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76 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

resposta, nós estaríamos no céu, porque esses trinta

milhões que foram gastos, foram gastos com

comunidades terapêuticas. Foi em novembro de 2017

que nós paramos de fazer.

Eu estou concluindo. Você levou dez

minutos. Elias, você fez dez minutos, me deixa fazer

a minha fala.

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Por favor, Elias.

A SR.ª NATHALIA BORBA RAPOSO

PEREIRA - Em novembro de 2017 nós paramos de

internar em comunidades terapêuticas pela Secretaria

Estadual de Saúde. Então, esse dado de gasto que a

gente tem acesso até aqui, a gente está falando de

comunidades terapêuticas, sim. E eu não estou

falando aqui contra a comunidade terapêutica, não.

Eu acho que ela é uma opção de tratamento, mas ela

não pode ser o gasto prioritário e exclusivo de onde a

gente destina o recurso público. A gente precisa de

várias oportunidades.

Quando eu falo que você mobilizou muita

coisa, você não mobilizou muita coisa. Você fala de

como você parou de usar a droga, não é? E, para

algumas pessoas é a comunidade terapêutica, para

outras é o Capsad, para outras é um novo amor, para

outras é um emprego. Cada pessoa tem a sua

resposta. E a gente precisa é de opções, a gente

precisa dar opções para as pessoas na vida, de

assistência social, de moradia, todos os tipos de

opções.

E aí, falando isso agora, eu vou falar o que eu

ia falar, que me preocupa um pouco. Quando eu vejo

o tema: Políticas sobre drogas que queremos. Eu não

quero uma política sobre drogas, primeiro ponto. Não

quero política nenhuma sobre drogas. Não trato

droga, não cuido de droga; eu cuido de gente, eu trato

gente. Então, acho que, primeira coisa, a gente

precisava começar a falar de políticas de pessoas,

políticas de vida, projetos de vida, políticas públicas

para a vida, para pessoas, projetos de felicidade, o

que quer que seja. Não é sobre drogas. Não estamos

debatendo drogas. Não temos que debater drogas.

Todos nós fazemos uso de café, chocolate,

Rivotril, o que seja. Então, vamos lá, vamos deixar as

drogas, vamos falar de gente. Por que é que, para

algumas pessoas, o uso da droga se torna tão nocivo?

Por que é que algumas pessoas perdem a vida no uso

da droga? E, aí, eu estou falando de gente.

Primeiro ponto: não quero políticas sobre

drogas. Segundo ponto: me preocupa um pouquinho -

e aí é um convite para a Mesa, também, se tiver

alguma reflexão a fazer e parece um paradoxo eu

falar disso porque eu estou falando da Secretaria

Estadual de Saúde -, também, quando a gente traz a

questão das drogas - de novo, as drogas - para o

campo da saúde. Então, droga é uma questão de

saúde pública. Já falando a minha primeira parte:

pessoas são assunto de saúde pública, drogas não.

Mas me preocupa, porque parece que, aí, o uso de

drogas é sempre uma doença.

Será que ele é sempre uma doença? É uma

pergunta, mesmo. Eu, particularmente, acho que nem

sempre. E, aí, considerando todos os tipos de drogas:

eu estou falando de drogas lícitas e ilícitas. Preocupa-

me que isso também não se reflita, um pouco, na

política que a gente tem visto hoje, que é

majoritariamente de internação. E, aí, quando vocês

falam, vocês trouxeram muito essa questão do

encarceramento, que está ligado à lei de drogas.

A outra face, quando a gente está trazendo

para o campo da saúde, é internação compulsória, de

uma forma assustadora. Isso não é outro tipo de

encarceramento? Se as pessoas, sendo internadas? Eu

tenho hoje mais ou menos cinquenta ordens judiciais

não cumpridas, porque a gente está fazendo meio que

um cabo de guerra. Ordens judiciais para a internação

compulsória sem laudo médico, sem nenhum

profissional de saúde ter se pronunciado, embora

tenha uma lei que diga isso.

Então, quando eu trago para o campo da

saúde, eu não estou dizendo que não tem que trazer,

mas que isso tem que ser refletido com muito, muito,

muito cuidado, com muito carinho. Será que eu não

estou trabalhando outro tipo de encarceramento? E,

aí, curiosamente, ou não, quando eu vou aos lugares

visitar, porque eu recebo muito papel, e eu olho para

esses pacientes e eu olho para essas pessoas que estão

ali, internadas contra a sua vontade, por muito mais

tempo do que seria necessário clinicamente, eles são

negros, eles são jovens negros, eles estão saindo da

cadeia e indo para as internações. Mas será que é

isso? Será que a gente não corre o risco de trazer para

o campo da saúde - que é um discurso que eu

defendo, que é mais bonito - e fazer outro tipo de

encarceramento da juventude negra? Será? É uma

preocupação que eu tenho. Eu não sei se a Mesa já

pensou sobre isso.

Desculpe, me alonguei um pouquinho, mas é

isto.

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Obrigada, Nathalia.

Por dois minutos? Por favor.

A SR.ª SABRINA RIBEIRO CORDEIRO

- Acho que Nathalia deixa dois questionamentos

muito importantes para a gente. Um é: será que droga

é sempre uma questão de saúde pública? É sempre

uma questão de doença que se coloca? E a outra é:

será que internar compulsoriamente é tão diferente

assim de encarcerar?

E aí para o primeiro questionamento que ela

deixa eu quero retomar o Passeti, novamente, e

pensando junto com esses autores que falam de uma

abolição das prisões, que não tem outra saída para a

gente pensar formas de sociabilidade mais saudáveis

e mais justas se não for abolindo as prisões e todas as

prisões: as prisões objetivas e as prisões subjetivas.

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 77

Ele tem uma fala em que fala da

disseminação de práticas de redução e danos como

respostas percurso capazes de afirmar outras

possibilidades de se conviver com drogas, sejam elas

legais ou ilegais. A busca por drogas não cessará,

pois independe da motivação que leva um jovem a

consumir cocaína, maconha, ecstasy ou crack; uma

senhora de prendas do lar a ingerir antidepressivos;

um trabalhador a buscar estimulantes ilegais para

produzir mais. Cada usuário encontrará a sua maneira

de chegar às drogas, aos melhores fornecedores.

Reduzir danos é uma política que reconhece essa

milenar história do uso de drogas e atua segundo

interesse do usurário. É na linha anti-repressiva que

não idealiza saúde, que lida com acontecimento no

instante.

Então, eu concordo com a Nathalia quando

ela diz que o uso de droga em si não é uma questão

de saúde, que em si não é o problema que deveria

estar sendo discutido, debatido e pensado. O uso da

droga é algo que existe na vida de todas as pessoas e

aí nós sabemos: cafeína, açúcar, enfim, Ok.

Com relação à internação compulsória, o

Conselho Federal de Psicologia já tem se posicionado

há algum tempo contrário às comunidades

terapêuticas. Em 2017, ele encaminhou uma carta ao

Ministério Público Federal dizendo que as

comunidades terapêuticas não podem ser

consideradas estabelecimentos de saúde. E foi

lançado um relatório de inspeção das comunidades

terapêuticas, que foi feito com um trabalho muito,

muito sério, foi lançado esta semana em Brasília.

Tem dados alarmantes que falam, sim, do

encarceramento que é produzido a partir dessas

comunidades. E aí eu não sei, a gente não está

falando de uma comunidade x e y, está falando de

uma prática que é comum a uma forma de cuidado,

mas que não é considerado pelo Conselho Federal de

Psicologia como estabelecimento de saúde. E aqui

estou representando a categoria de psicólogos e

preciso dizer isso.

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Muito bem! Também está

inscrita a Anelise.

Anelise, por favor.

Mais uma vez, eu gostaria que o pessoal

observasse um pouquinho o tempo porque daqui a

um pouquinho as pessoas começam a ter que voltar

para suas casas.

A SR.ª ANELISE NUNES - Boa noite!

Entendo a colocação do senhor de observar o

tempo, mas estamos assim um pouco - vou me

policiar para tanto - mexidos com uma série de

situações.

Gostaria de colocar que a composição da

mesa, assim como foi abordado por vários colegas,

foi um debate dentro do Coesad, no qual estou na

vice-presidência. Então, falo a partir de vários lugares

aqui. E acho que Nathalia abre certo caminho para eu

estar aqui, faz certa introdução e que economiza

muito o meu tempo, porque além de estar lá na vice-

presidência do Coesad, na direção de um CAPS,

estou também no chão da fábrica porque tenho acesso

e contato com os pacientes, às histórias de vida.

E aí, gostaria de começar exatamente por

isso, a composição da mesa foi uma preocupação

desse grupo de pessoas que ocupam diferentes

lugares na sociedade e que querem discutir

experiências de vida, atravessadas por uma situação,

que é essa temática. Vidas essas, que de alguma

forma sofrem com isso, seja na morte de jovens

negros de periferia, seja na experiência do Uninegro,

de grupamentos religiosos, profissionais de CAPS,

profissionais em saúde pública, lideranças de

movimentos sociais.

Então, nós estamos discutindo política

pública aplicada a uma necessidade real de uma

população, em diferentes instâncias e espaços que a

gente ocupa. E eu acho que para a gente discutir e

pensar isso, no primeiro momento, em qualquer

estância de debate público, a gente precisa se acalmar

muito para conseguir ouvir o que o outro tem para

dizer, com muita tranquilidade, serenidade. Porque se

eu partir de um ponto de vista muito aguerrido, não

consigo entender o que o outro quer dizer. Mesmo

que seja uma opinião contrária à minha, mas pode me

acrescer.

Então, a ideia desta Mesa, a gente pensou o

seguinte: A gente precisa discutir muito este tema na

educação, na saúde, na assistência, na escola, na

segurança pública - não sei se você ainda está no

Cras, no CRP -, enfim, em diferentes lugares da

sociedade que a gente ocupa, porque é um tema ainda

imaturo para nós. A gente tem muitas dúvidas, muitas

questões, então a gente precisa estudar muito, discutir

muito e com muita tranquilidade.

A gente também não pode chegar e colocar

nosso ponto de vista, às vezes, de forma

desrespeitosa e agressiva, porque preciso ouvir o que

o outro tem a dizer e saber do lugar que ocupa para

falar isso.

Esta fala que faço aqui é um certo

posicionamento diário até lá na gestão do meu

serviço. Não gosto muito dessa coisa muito

inflamada porque acho que inflama os nossos

ouvidos e aí cimenta a nossa capacidade porosa de

absorver o que a gente tem para absorver, que é da

ordem da experiência humana.

A gente está falando da experiência humana,

não é? Faz uns dois, três anos que não o vejo. Já

esteve lá no vinte e quatro horas, já foi paciente, já

foi tratado. Hoje saiu, mora no Bonfim. Ou seja, sai

com o aluguel social, passa por uma série de coisas,

traz algumas críticas, de forma que hoje já se

atualizam de outra forma porque o serviço já é outro

serviço, com perda de recursos. O colega fala da

comunidade terapêutica... O que a gente precisa

entender também... O outro colega do Coesad, o

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78 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

Fiorido, fala, não é? Uma preocupação muito grande

que a Nathalia aponta, que o discurso não só de

Cássio quanto o de Fiorido apontam. Então, se

estamos aqui discutindo experiências, vidas humanas

atravessadas por algum tipo de sofrimento,

precisamos ter respeito e cuidado com isso. E aí,

discutir política pública é algo muito sério porque a

aplicação de recurso de investimento baseado na

necessidade real de uma população. Então, preciso

entender o que essa população hoje precisa, e tirar os

mitos que é da figura do zumbi, das portas de

entrada, da esquizofrenização, não é? E entender isso

para participar da necessidade real e aplicar à política

pública.

Com isso, a minha preocupação é uma

depreciação do serviço público. Quando digo, e a

Natália coloca também, que o serviço público está

fechado... Não, não está fechado! Falo de um lugar

que é um quarto vinte e quatro horas, que atende

quarenta pessoas por dia. Quarenta pessoas diferentes

- segunda, terça, quarta. Oito leitos para

desintoxicação; trezentos atendimentos/mês. E os

funcionários, no dia de jogos de Copa, sabe o que me

pediram para fazer? Que não fossem liberados

conforme o decreto público, não. Que eles abrissem o

serviço para acolher as pessoas, para fazer sabe o

quê? Proteção.

Então, funciona sim, colega Fiorido; funciona

vinte e quatro horas - sábado, domingo, feriado, final

de semana. Já esteve lá, hoje mora, porque tem

recursos da assistência, da saúde, da habitação, só

que com limitações. Limitações que a colega já falou

e a gente sabe disso. Por isso acho que estamos aqui

para, em cima dessas limitações, como a gente pode,

hoje, analisar a necessidade real de nossa população,

do nosso estado, e aplicar recursos públicos de forma

a ter qualidade naquilo que estamos investindo e nos

resultados daquilo que esperamos, ok? Só quem vai

saber falar dos resultados não sou eu, não. Tenho que

ouvir as histórias de vida que trazem isso.

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Obrigado.

Muito bem. Obrigado.

Quando as pessoas forem fazer...

Aproximem-se do microfone porque aí todo mundo

pode acompanhar.

Tínhamos terminado as nossas perguntas. Na

realidade, praticamente não tivemos perguntas; foram

colocações. Cada pessoa teve a oportunidade de fazer

as suas colocações. Mas temos um último inscrito, o

senhor Hugo. Por favor, senhor Hugo.

O SR. HUGO CÉSAR GUANGIROLI -

Bem, queria trazer uma preocupação. Sou

Coordenador do Centro de Apoio de Direitos

Humanos e queria falar de direitos humanos sobre a

política de drogas.

A mim, me inquieta uma situação que

aparece na mídia reportando muita violência contra

os moradores de rua, contra os consumidores de

drogas, a morte de uma mulher, uma coisa assim, que

despertou muita, muita inquietude, e a inquietude

constrói a violência. Então, você usa a violência para

resolver o problema de violência. A violência que se

usaria em um projeto de drogas é a internação

compulsória, por exemplo.

As comunidades terapêuticas, eu quero dizer

isso porque, aqui, no Brasil, houve experiências

importantíssimas que são guias para nós.

Na Europa, Portugal é referência de como

encarou as drogas com o método que se chama

redução de riscos, que são equipes de psicólogos, de

enfermeiras, de assistentes sociais, de pessoas que

têm que ser bem treinadas para poder estar junto a

pessoa que está morando na rua e consumindo

drogas. Estar junto a elas, apoiando-as,

reconhecendo-as. Às vezes se propõe a alguns

moradores de rua que se preocupem com o contágio

de doenças sexuais transmissíveis. Então, dá um

cargo, uma responsabilidade a uma pessoa que está

em um vazio absoluto de representação e de ligação

com outas pessoas. Apoia-se, dá a eles algum

trabalho para ter um pouco de dinheiro, enfim, há

muitas coisas que são feitas. Em Portugal, esse

método fez de Portugal referência para toda a Europa.

Tive a sorte de estar com as pessoas que fizeram isso.

César Colnago me pediu para fazer esse tipo de coisa

e, realmente, essa política para as drogas é a única

política possível.

As comunidades terapêuticas têm uma função

importantíssima, mas o dependente de drogas não

pode tomar como ponto de entrada a comunidade

terapêutica. O ponto de entrada só nos grupos de

redução de drogas, porque eles mesmos levam à

comunidade terapêutica quando o dependente

químico quer se desmamar. Então, quando quer se

desmamar, a comunidade terapêutica é muito boa.

Escrevi um artigo, parece-me que na Gazeta,

04 de junho passado, onde falava: quando uma

pessoa tem uma crise de abstinência, para resolver

essa crise de abstinência é preciso força, é preciso

violência.

Dizia o Doutor João Chequer, que se ocupa

de drogas: noventa e sete por cento das pessoas que

entram nas comunidades terapêuticas sem querer

ir, voltam a tomar drogas. Noventa e sete por

cento. É inútil metê-lo dentro de uma comunidade

terapêutica de entrada. A comunidade terapêutica

tem que ir quando aceita o desmame, porque é essa

a função da comunidade terapêutica, e tem que ser.

Aqui, em São Paulo, temos o projeto De

Braços Abertos, de um querido amigo. Começaram

também o De Braços Abertos na Bahia.

Começaram com oito pessoas e agora são oitenta

pessoas que estão usando a redução de riscos.

Então, ferventemente, queria colocar isso:

não pensar em violências para resolver um

problema de violência, como é a dependência

química.

Obrigado.

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 79

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Obrigado, senhor Hugo.

Estamos chegando ao final do nosso debate.

A comissão não tem a função de dizer quem

está certo ou quem está errado. A nossa função,

enquanto parlamentar, já foi dito, é fiscalizar. Por

isso fomos às comunidades terapêuticas, tanto

aquelas que são credenciadas como aquelas que não

são credenciadas, às clínicas... Visitamos alguns

Capes e também a Defensoria, onde centenas de

crianças são depositadas ali. Os presídios... Então, é

nossa função ir lá e fazer o relatório e entregar ao

Governo. Então, a Comissão de Política sobre Drogas

fez o primeiro relatório e entregou à Casa. E cabe a

nós oportunizar às comunidades essas audiências

públicas. Por isso, uma cidade, quando vem

perguntar o que pode ser feito, nós vamos lá e

fazemos uma audiência pública. E aquela

comunidade vai ter que debater. Agora, vocês têm

que entender uma coisa: dificilmente as pessoas

querem debater sobre esse assunto. Todas as pessoas

de instituições foram convidadas; as igrejas, tanto as

católicas quanto não católicas; várias secretarias,

tanto é que alguns de vocês estão aqui representando

a secretaria. Por quê? O convite chegou lá. Pelo

menos, a orientação é que todos fossem convidados.

Já foi dito aí também que tem pouco tempo

que nós estamos discutindo. Esta comissão começou

neste mandato. Não existia Comissão de Política

sobre Drogas. Eu vejo que o debate aqui em que

todas as pessoas colocaram sua experiência. E

concordo em gênero, número e grau que o que falta

são políticas públicas. O pessoal está querendo

combater as drogas, mas não está querendo combater

a causa, o que leva um ser humano a se drogar.

Eu estava ouvindo hoje na reportagem que o

Governo atual retirou do orçamento um bilhão de

reais disponibilizando para a segurança pública. E de

onde saiu esse dinheiro? Falou a reportagem: do

esporte, da cultura, da saúde e do Fies, da educação.

Então, nós não vamos ter muito sucesso enquanto não

tiver uma consciência clara dos gestores de

implementar, respeitar e valorizar as políticas

públicas. Seria bom que não tivesse realmente

comunidade terapêutica filantrópica e que não tivesse

clínica filantrópica ou particular, mas que os

Governos oferecessem.

Propus agora uma audiência pública em

Barra de São Francisco, que tem um Capsad que foi

construído e foi destruído antes de funcionar. Nós já

fizemos várias falas. Como podemos? Como um

Governo pode colocar dois milhões de reais para

construir um Caps e não ter a segurança desse mesmo

instrumento funcionar para atender à população? E

assim as outras instituições.

Eu acredito que a comissão está aí com esta

função. Quando fala, e isso é fato, já se determinou o

público que tem que ser condenado.

Eu estava no primeiro jogo do Brasil, saí um

pouquinho num lugar onde existiam centenas e

centenas de jovens que não eram de periferia e não

eram jovens negros. Noventa por cento eram jovens

brancos e o uso de álcool e maconha estava sendo

utilizado ali abertamente. E a polícia estava lá. Seria

o mesmo comportamento se fosse em outra unidade?

Nós gostaríamos de registrar aqui uma fala que disse

a Sabrina: a vida não tem valor, e sim a propriedade.

Para muitos gestores não interessa uma política

pública. Interessa construir o prédio do Caps. Não

interessa a política pública de esportes, interessa

colocar uns equipamentos de academia. E a

comunidade está tão revoltada que não quer ganhar o

presente, ela quer ganhar a presença. E eu percebo

que a vida precisa ser respeitada, não importa de

quem. Cada um dos senhores e das senhoras aqui têm

colaborado com isso à medida que vocês discordam,

que vocês concordam. Nós não vamos ficar aqui

debatendo. Nós colocamos vários pontos. Eu me

preocupo muito com isso porque, ao ir aos nos

presídios, eu visito os presídios, mais de setenta por

cento são negros, a maioria absoluta é de jovens e a

maioria absoluta é por causa das drogas. Então, isso

tem que ser pensado pelo Governo, tanto pelos

Governos municipais quanto pelos Governos

estaduais, enfim.

Eu não vejo que nós estamos perdendo

tempo, fazendo audiência pública. Pelo contrário. No

dia que nós pararmos... Eu não posso nem deliberar,

porque nós tínhamos que ter, no mínimo, dois

deputados para deliberar. Não podemos. Eu tenho

feito estas reuniões ordinárias da comissão toda

segunda-feira, tendo ou não tendo quorum, porque, se

é a ferramenta que nós temos, o microfone aberto

para as pessoas falarem, então pelo menos isso nós

precisamos fazer. Então, eu gostaria de dizer que o

debate é importante e que a gente precisa continuar

debatendo. No dia 4, agora, nós estaremos lá em

Santa Teresa com outra audiência pública, debatendo

sobre esse assunto.

Eu gostaria agora, para terminar, de pedir que

vocês fossem bastante objetivos, tendo dois minutos

cada membro da Mesa para fazer as suas

considerações finais, por favor. A audiência foi

mudada para o dia 11, não é isso? Sabrina, por favor,

dois minutos.

A SR.ª SABRINA RIBEIRO CORDEIRO

- Eu penso que muito foi dito hoje, mas também sinto

a necessidade de a gente ir um pouco além do

discurso, das falas. Acho que é importante dizer essas

coisas todas, porque estamos falando de uma disputa

de narrativas. Então, assumir um espaço como este,

que é tido como a Casa do Povo, para colocar em

disputa com a narrativa oficial do Estado essas outras

narrativas desses sujeitos que são considerados

menos importantes... Eu falo da perspectiva de uma

psicóloga que tem dez anos de atuação nas políticas

sociais. Trabalhei, durante cinco anos, com medidas

socioeducativas, que é hoje o equivalente ao sistema

penal prisional para os adolescentes e jovens. Então,

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80 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

eu não estou dizendo de alguém que não estudou e

que não acumulou um debate neste sentido. Acho que

esta é a responsabilidade que a gente precisa ter com

tudo o que a gente diz, porque cada coisa que a gente

diz produz uma verdade, produz um sujeito. Então, é

importante que, quando a gente falar algo, não seja

somente da perspectiva de alguém que acha ou de

alguém que refletiu um pouco a respeito. A gente

precisa, sim, reunir diferentes perspectivas teóricas e

sempre em um compromisso muito ético, porque

cada coisa que a gente diz, principalmente

publicamente em espaços, reverbera depois, produz

realidades.

Então, acho que é importante este espaço de

disputa de narrativas, mas também acho que fica o

convite para cada uma e para cada um de nós

conseguirmos encarnar esses discursos dissonantes

nas nossas práticas cotidianas. Nós temos muitos

profissionais inseridos em equipamentos das políticas

públicas comprometidos com essa transformação que

a gente quer ver.

Então, agradeço a oportunidade, mas também

fica o desejo de que a gente vá além.

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Obrigado, Sabrina. Eu gostaria

agora de passar para o doutor Fábio. Dois minutos

para o doutor.

O SR. FÁBIO ALMEIDA PEDROTO - Quero agradecer as intervenções de todos aqui

presentes. Foram maravilhosas, foram

multidisciplinares, cada um abordando, sob um

determinado prisma, um problema tão complexo e

tão difícil de ser solucionado e de ser condensado em

uma única solução. Digo que a única solução para a

grave questão social que é decorrente principalmente

da política atual de drogas é a descriminalização, a

legalização e sua consequente regulação deste

mercado.

Gosto sempre de repetir as palavras de Pepe

Mujica, ex-presidente do Uruguai: Aqui em meu país

eu tomei o emprego dos grandes traficantes. E hoje

ele reverte tributos em prol da assistência social, da

saúde mental e de diversas políticas que, realmente,

importam no que se refere a esse tema.

Eu, como delegado de polícia, não quero

mais ser engrenagem desse sistema que só gera

letalidade. Não quero mais ser sócio do grande

traficante quando apreendo uma tonelada de drogas

nas ruas da minha cidade, porque sei que retirando

essas drogas fortaleço o mercado, regulo de certa

forma essa grande empresa, que é o tráfico de drogas,

que funciona como uma lógica empresarial em que

há demanda e oferta. Eu regulo favorecendo sempre o

grande traficante e gerando letalidade para aquele

menino que está ali na ponta, sofrendo o reflexo

dessa guerra às drogas.

A guerra às drogas não é uma guerra perdida,

não. Pelo contrário, é uma guerra que teve um grande

sucesso porque conseguiu retirar da sociedade grande

parte da pobreza e coloca-la atrás das grades, fazendo

uma higienia, sem dúvida nenhuma, dos nossos

meninos de nossa sociedade já tão discriminada.

Muito obrigado. Tenham todos uma boa

noite.

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Obrigado, doutor. Com a palavra

o Welington, por favor.

O SR. WELINGTON BARROS - Acho que

foi profícuo o debate de vários pontos de vista.

Certamente é um passo inicial da comissão que

necessariamente precisa ser aprofundado.

Do ponto de vista de onde eu falo tenho duas

questões que acho que a gente tem que estar atento,

que a gente precisa se debruçar sobre ela. Primeiro, é

fim dos autos de resistência, que é quando um jovem

negro em confronto com a polícia, a polícia vai lá,

atira, mata. Isso não tem investigação, esse crime não

tem resolutividade. Acho que acabar com essa

impunidade é um ponto importante.

Outro tema que está muito em voga, que vira

e mexe volta, seja lá no Parlamento, na sociedade,

que é a redução da idade penal. Muitos falam na

redução da idade penal. Ela não é a solução, só

vamos colocar jovens mais precocemente no mundo

do crime.

Outra questão é que a gente precisa

diferenciar as drogas. Cada droga tem a sua

especificidade. Quando falei muito do crack aqui,

hoje, é porque o crack gera esquizofrenia, as pessoas

têm ataques, têm surtos. Outras drogas, não.

Dificilmente alguém morre pelo consumo de droga.

Não é o consumo. O crack é que, talvez, por efeitos,

sobretudo ao pulmão, que é muito danoso ao pulmão,

leva à morte. Mas outras drogas, não. Tem pessoas

que convivem dez, vinte, trinta anos, pessoas que

convivem vinte anos usando drogas, como o Cássio,

e param por um motivo ou por outro.

É importante a gente entender essa dinâmica

do uso de drogas. O colega ao lado falou sobre

efeitos da maconha. Em 1905, comprava-se um

cigarro chamado Índios. Era tabaco com maconha e

tinha um aviso curioso: serve para combater asma,

insônia e catarro. Então, o que hoje é proibido, no

passado já foi, inclusive, usado com fins medicinais.

Acho que o primeiro passo, sem dúvida, no

debate é nos despirmos de preconceito. Tenho

comigo sempre uma reflexão, uma colocação do

Nietzsche, que é: Toda convicção é uma forma de

prisão. Acho que, muitas vezes, a partir das

divergências, podemos chegar a uma convergência.

Um abraço a todos.

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Obrigado, Welington.

Agora o doutor José Roberto, por favor.

O SR. JOSÉ ROBERTO PEREIRA DOS

SANTOS - Agradeço o convite mais uma vez. Acho

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 81

que é um espaço muito importante para a gente

discutir até visões diferentes e tentar que no estado do

Espírito Santo a gente tenha uma política melhor

sobre esse problema, que não é um problema fácil.

Eu, aqui, trouxe muitos questionamentos.

Não trouxe uma verdade, trouxe dados mais

preocupados com a questão da saúde. Tenho muitos

questionamentos, muitas dúvidas, e estou aqui para

aprender também. Mas os dados que eu trouxe sobre

a saúde, que o colega falou que eu demonizei a

maconha, são dados científicos. E esquizofrenização

não é um mito, é uma realidade. Então, esses dados

muitas vezes chocam as pessoas que não conhecem a

realidade, a realidade médica.

Uso de drogas mata, sim. O álcool e o

tabagismo são uma das maiores causas de morte no

mundo inteiro. Então, mata sim. A maconha tem

quatro vezes mais alcatrão e cinco vezes mais

monóxido de carbono que o cigarro. É claro que

ninguém fuma uma quantidade de maconha como o

cigarro, mas se fumasse seria muito mais deletério

em termos de câncer, de enfisema, de problemas

pulmonares. São realidades médicas. A maconha

pode causar dependência dependendo da intensidade

e frequência que é usada e é porta de entrada sim,

mas pode também ser porta de saída.

Na minha experiência, também lido com

grupo de autoajuda, e essa é uma realidade que

vemos nas conversas com dependentes, que

geralmente o álcool e a maconha são a porta de

entrada para outras drogas. É uma realidade.

Agradeço muito a oportunidade novamente e

espero que esse debate continue.

O SR. PRESIDENTE - (PADRE

HONÓRIO - PT) - Mais uma vez queremos

agradecer. Confesso a vocês que torci para que não

tivéssemos hoje esta audiência, porque a febre e a

tosse tomaram conta e achei que não conseguiria

falar por causa da tosse principalmente. Mas estamos

aí para esta função, para esta finalidade.

Gostaria mais uma vez de agradecer a todos e

a todas. A Sandra fez uma fala também, entre tantos

que fizeram, e tenho debatido isso muito: quando

você fecha a porta de uma escola, principalmente no

campo, você abre muitas portas do desemprego na

cidade. E quando você fecha a porta de uma escola na

cidade, você vai abrir muitas portas para o crime em

qualquer lugar que seja. Então, é muito importante

que estejamos debatendo isso sim.

Gostaria só, como encaminhamento e nem

posso colocar em votação, que todo esse relatório

fosse encaminhado para as secretarias de Governo e

também para todos vocês que participaram conosco,

para a Presidência da Casa e para outras comissões

que trabalham o tema.

Agradecemos a presença de todos e todas e

desejamos uma boa noite a todos.

Nada mais havendo a tratar, declaro

encerrados os trabalhos desta comissão e convido os

senhores membros para a próxima, que será dia 11 de

julho do corrente ano, às 18h, no plenário municipal

de Santa Teresa.

Muito obrigado e que Deus abençoe a noite

de todos.

(Encerra-se a reunião às

21h05min)

PRIMEIRA REUNIÃO ORDINÁRIA, DA

QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA

ORDINÁRIA, DA DÉCIMA OITAVA

LEGISLATURA, DA COMISSÃO

PARLAMENTAR DE INQUÉRITO DA

GRILAGEM, REALIZADA EM 14 DE MARÇO

DE 2018.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Havendo número legal,

invocando a proteção de Deus, declaro abertos os

trabalhos desta Comissão Parlamentar de Inquérito.

Registro a presença do Senhor Deputado Da

Vitória.

Aos servidores, uma boa tarde!

Solicito à senhora secretária que proceda à

leitura do Expediente e dispenso a leitura da ata até a

chegada de mais um membro para compor o quorum.

A SR.ª SECRETÁRIA lê:

EXPEDIENTE:

CORRESPONDÊNCIAS RECEBIDAS:

Processo administrativo n.º 173398/2017,

do senhor Ricardo Luiz Gomes, requerendo

cópia do depoimento prestado à CPI do

senhor Antônio Sérgio Gaudio Passos Costa.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Em Mesa para deliberação.

Continua a leitura do Expediente.

A SR.ª SECRETÁRIA lê:

Ofício da Defensoria Pública do Espírito

Santo justificando a ausência do defensor

público designado às reuniões da CPI.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Ciente. Junte-se.

Continua a leitura do Expediente.

A SR.ª SECRETÁRIA lê:

Documento da senhora Creusa Maria Dias

Bacelar encaminhando denúncia à CPI.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Ciente. Junte-se.

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82 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

Continua a leitura do Expediente.

A SR.ª SECRETÁRIA lê:

Ofício da Polícia Militar do Espírito Santo

em resposta ao ofício CPI n.º 117/2017.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Ciente. Junte-se.

Continua a leitura do Expediente.

A SR.ª SECRETÁRIA lê:

Correspondência do Sicoob em resposta ao

ofício CPI n.º 088/2017.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Ciente. Junte-se.

Continua a leitura do Expediente.

A SR.ª SECRETÁRIA lê:

Ofício do gabinete do Senhor Deputado

Marcelo Santos justificando suas ausências nas

reuniões.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Ciente. Junte-se.

Continua a leitura do Expediente.

A SR.ª SECRETÁRIA lê:

Correspondência do Banco Bradesco em

resposta ao ofício CPI n.º 088/2017.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Ciente. Junte-se.

Continua a leitura do Expediente.

A SR.ª SECRETÁRIA lê:

Correspondência do Banco Citibank em

resposta ao ofício CPI n.º 088/2017.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Ciente. Junte-se, como também

o do Banco BTG Pactual e o do Banco Amazônia.

Continua a leitura do Expediente.

A SR.ª SECRETÁRIA lê:

Correspondência da Corregedoria da Polícia

Militar da PMES.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Junte-se.

Com a presença do Senhor Deputado Bruno

Lamas, passaremos a alguns requerimentos.

Tenho uma denúncia. Não sei se V. Ex.ª,

Senhor Deputado Da Vitória, conhece a área

Ceasinha, em Afonso Cláudio, que fica de fronte à

Coopeavi, na Fazenda do Estado. Seria destinada

para formar uma associação de produtores, mas

existe lá apenas um galpão de um empresário, o

senhor José Paulo, da hortifruticultura.

Então, quero fazer a convocação dele para

ver, tanto na Emater quanto ao senhor para

comparecer aqui para esclarecer por que um terreno

do Estado está sendo ocupado por um particular,

Senhor José Paulo, da hortifruticultura, cujo endereço

vou passar, onde pode ser intimado. É em Domingos

Martins e vou passar para a assessoria.

Em discussão. (Pausa)

O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Quero

discutir, Senhor Presidente!

O que V. Ex.ª recebeu na mão é muito grave.

Pode ser que seja verdade e pode ser que não seja.

Tem que apurar.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Por isso que estou pedindo para

compor.

O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - O nome da

pessoa está aí na mensagem que V. Ex.ª recebeu,

estão os dados, a localização, o imóvel, e também a

instituição. Isso é recurso público para benefício

privado e isso é crime. Isso tem que ser apurado. Esta

Comissão é a comissão específica para isso. Então, já

adianto o voto favorável, voto com V. Ex.ª.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Eles falam que é um terreno

que foi referente a uma autarquia da Seag. Então,

ofício à Seag para que nos informe. Cabia até a

convocação do secretário, mas nem estou pensando

em convocar agora não, Senhores Deputados, se bem

que ele merece, para explicar o porquê.

O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - V. Ex.ª pode

fazer isso em outro tempo.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Mas quero ofício à Seag para

que dê informação sobre o imóvel denominado

Ceasinha, que fica de fronte à Coopeavi. O endereço

está aqui e passarei para a assessoria, para fornecer o

porquê está sendo ocupado por um empresário e a

convocação do senhor José Paulo para que nos

forneça quem deu autorização para que apenas um

empresário ocupe aquela área.

Em discussão.

Já discutido.

Em votação.

Como vota o Senhor Deputado Da Vitória?

O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Acompanho

V. Ex.ª.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Senhor Deputado Bruno

Lamas.

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 83

O SR. BRUNO LAMAS - (PSB) - Pela

aprovação.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Fica para o dia 4 de abril,

quarta-feira.

Quero aprovar a prorrogação desta CPI por

mais seis meses.

Como vota o Senhor Deputado Da Vitória?

O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Voto pela

aprovação.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Senhor Deputado Bruno

Lamas.

O SR. BRUNO LAMAS - (PSB) - Pela

aprovação.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Queria que esse ofício fosse

protocolado na Mesa até hoje.

Aprovado.

Próximo requerimento.

Que seja oficiado à UVV, ao Grupo

Opportunity e à Prefeitura Municipal de Vila Velha,

inclusive à a prefeitura para fornecer cópia do

Contrato n.º 31153/2016, porque é um caso mais

grave ainda.

A Justiça, o doutor Aldair Nunes determinou

uma área de preservação no município de Vila Velha.

O que eles estão fazendo? Mesmo com a decisão

transitada em julgado, eles já estão lançando um

empreendimento para fazer na área, de forma

criminosa. Segundo consta, para ajudar, a

Câmara vai aprovar o PDM, alterando a decisão da

Justiça. E a decisão da Justiça transitou em julgado.

Não quero acreditar que isso seja verdade.

Ofício à UVV e ao Grupo Opportunity para

que informem se são verdadeiros as propagandas e

quem autorizou no Parque Nacional Jacarenema, área

de proteção ambiental, que não deveria nunca estar

sendo violada. E ofício à prefeitura para que ofereça

a cópia do processo que citei: 31153/2016, e se há

autorização. Também que saia com urgência.

O outro assunto que quero tratar é uma

invasão em Buenos Aires. Mas não é na Argentina,

não, é Buenos Aires em Guarapari.

Passo a palavra ao Senhor Deputado Bruno

Lamas.

O SR. BRUNO LAMAS - (PSB) -

Cumprimento os Senhores Deputados Da Vitória,

Euclério Sampaio e todos os servidores da CPI.

Apresento, também, três requerimentos,

Senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Pode falar.

O SR. BRUNO LAMAS - (PSB) - E V.Ex.ª

pode dar prioridade aos citados e encaixar

posteriormente.

Já temos a aprovação do doutor Ricardo

Velo, advogado do Bandes. Precisamos do

comparecimento dele a esta CPI. Gostaria de

reforçar. Segundo, que a CPI pudesse... A justiça da

cidade de Serra, em um determinado momento,

designou um interventor para a associação de

moradores de Laranjeiras. Estou apresentando o

requerimento, para convocar esse interventor para

colaborar com algumas informações nas

investigações que fazemos sobre as denúncias de

comercialização de áreas públicas da associação de

Laranjeiras.

Por último, Senhor Presidente, dando

seguimento à questão do teatro da Serra, ouvimos

uma parte beneficiada pela doação da área, que foi a

Dadalto. Precisamos ouvir a outra parte. Então,

solicito a convocação de um representante da

Mercantil Reis Magos, responsável pela construção

dos outros cinquenta por cento do Centro Cultural da

Serra.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Podemos colocar em votação e

depois definir a data? Vocês me delegam esse poder?

Em discussão. (Pausa)

Não havendo quem queira discutir, em

votação.

Como vota o Senhor Deputado Da Vitória?

O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Voto

favorável.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Também acompanho.

Aprovado.

Depois decido a data com o Senhor Deputado

Bruno Lamas e o supervisor da comissão.

Em uma invasão em Buenos Aires, como eu

disse, achei o papel, seria oficiado, com urgência,

ainda hoje, que o ofício saia hoje e que, se precisar de

carro, contate meu do gabinete, seja oficiado o Juízo

da 1.ª Vara Cível de Guarapari, para que forneça o

Processo n.º 004180-07.2017.8.08.0021. Forneça a

cópia integral do processo e certidão de objeto de pé

da parte Matrix Consultora Incorporada Ltda, cujo

representando é o seu sócio Dias Amador e que o

mesmo seja convocado para comparecer aqui.

Queremos só apurar se, realmente, isso é verdade.

Isso tem que acabar! Tem denúncia aqui,

Senhor Deputado Bruno Lamas, que o cidadão não

pode entrar dentro de casa, porque o traficante

tomou, aqui, em Cariacica. Tomou e alugou a casa.

Ninguém faz nada, não! Está feio, Senhor Deputado

Da Vitória.

Então esse ofício queria que fosse passado

por e-mail, hoje, os termos do ofício, e fosse

entregue, pessoalmente, ainda hoje. E a convocação

fica também para o dia 04 de abril.

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84 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Pra quem é

essa convocação?

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - É para o sócio da empresa,

Israel Dias Amador.

Agora eu quero citar um assunto aqui, do

qual recebi a denúncia, mas não vou tecer

comentários até ouvir a pessoa. Quero convocar aqui

o secretário de Governo, Neivaldo Bragato. Ele e a

empresa...

O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Ele voltou a

ser secretário?

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Ele trabalha no Palácio.

O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Estava

escondido esses dias.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Estava. Mas já botou a carinha

do lado de fora. Ele e a empresa Delta... Não.

Neivaldo e a empresa... Um minutinho que eu me

embolei de novo aqui. Vou suspender por dois

minutos.

Está suspensa a reunião. (Pausa)

(A reunião é suspensa às 12h16min

e reaberta às 12h17min)

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Está reaberta a reunião.

A empresa Delta Construções, responsável

pelas obras da rodovia estadual Geraldo Sartório, ES-

164. Quero que eles compareçam aqui. Também vou

botá-los para o dia onze, o senhor Neivaldo Bragato,

e a empresa Delta Construções.

Em discussão.

Não havendo quem queira discutir...

O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - V. Ex.ª

anunciou a motivação?

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - O assunto, queria que não fosse

colocado, até para preservar, para saber se é verdade.

E acredito que seja.

O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Acredito em

V. Ex.ª. Voto favoravelmente.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - A denúncia está aqui.

Como vota o Senhor Deputado Bruno

Lamas?

O SR. BRUNO LAMAS - (PSB) - Pela

aprovação.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Quero, também, como a CPI é

bem clara aqui... Cadê o primeiro volume da CPI?

(Pausa) A CPI, apesar de ser CPI da Grilagem, ela é

bem clara: denúncia de invasão de terrenos, fraudes,

crimes contra a administração pública, crimes de

estelionato, venda de terrenos e sem registro em

cartório, existência de irregularidades na

comercialização do terreno, imóveis, área pública.

Então tem aqui: fraudes, crimes contra a

administração. Então, também estou convocando o

secretário Paulo Ruy Carnelli, para nos dar

explicações sobre a questão da empresa Delta. E o

ofício ao Ministério Público... Ao Tribunal de

Contas, para que forneça cópia integral do que tiver

em relação ao senhor Paulo Ruy Carnelli.

Em discussão.

Não havendo quem queira discutir, como

vota o Senhor Deputado Da Vitória? A data será dia

18, senhor Paulo Ruy Carnelli.

O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Voto

favoravelmente, Senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - E também o representante da

empresa Delta. (Pausa) Não, a Delta já está para o

dia onze, não é? Então está bom.

A empresa Concremat, também o dia 18.

Como vota o Senhor Deputado Bruno

Lamas?

O SR. BRUNO LAMAS - (PSB) - Pela

aprovação.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Aprovado.

O SR. BRUNO LAMAS - (PSB) - Oportunidade, Senhor Deputado, em que apresento

aqui os três ofícios citados em minha fala anterior, já

protocolando aqui na CPI.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Beleza. Já facilita.

Tem essa denúncia de Cariacica, que eu

terminei me esquecendo, lá em cima. Tem até o

ofício da Câmara para o estado apurar e ninguém

apura.

Foi até funcionário aqui: o senhor José Carlos

Estringuette. Botaram-no para fora da casa, os

traficantes alugaram e ele não pode tomar posse

daquilo. E foi aqui na Grande Vitória. Está ficando

pior do que o Rio de Janeiro, Senhor Deputado Bruno

Lamas!

Queria colocar em discussão para marcarmos

uma diligência da Comissão, pedir apoio à Polícia

Civil e Polícia Militar, para que nós possamos

agendar, junto ao chefe de polícia e o comandante da

PM, um dia para que a CPI faça uma vistoria no

imóvel. Junto com a pessoa, Senhor Deputado Da

Vitória.

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 85

Queria, também, que a Comissão me

delegasse poder para negociar a data com os

representantes das Polícias Civil e Militar. Daqui vai

a comissão.

Um cidadão que era funcionário da

Assembleia Legislativa, Carlos Estringuette. Botaram

ele para fora da casa e os traficantes alugaram a casa.

Fazer isso na Grande Vitória é brincadeira.

Pedir para designarmos uma data, pode ser

posterior, mas fazer uma diligência da Comissão com

as Polícias Civil e Militar no local e junto à vítima.

O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Voto

favorável, Senhor Presidente.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Senhor Deputado Bruno

Lamas.

O SR. BRUNO LAMAS - (PSB) - Pela

aprovação.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Também voto.

Consulto se alguém tem mais algum

requerimento a fazer. (Pausa)

O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Requeiro a

presença de V. Ex.ª e do Senhor Deputado Bruno

Lamas para uma agenda, agora, às 14h, de visita

técnica ao Cais das Artes.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - PDT) - Senhor Deputado Da Vitória,

hoje não posso.

Agenda para amanhã, que vou. Quero ir.

Pode ser para amanhã?

O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - ... Acertar a

agenda de V. Ex.ª.

O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO

SAMPAIO - (PDT) - Agradeço a presença de todos.

Nada mais havendo a tratar, declaro

encerrada a reunião e convoco os Senhores

Deputados para a próxima, à hora regimental.

Está encerrada a reunião.

Encerra-se a reunião às 12h19min.

VIGÉSIMA REUNIÃO ORDINÁRIA, DA

QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA

ORDINÁRIA, DA DÉCIMA OITAVA

LEGISLATURA, DA COMISSÃO DE SAÚDE E

SANEAMENTO, REALIZADA EM 10 DE

JULHO DE 2018.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Bom dia a todos.

Invocando a proteção de Deus, declaro

abertos os trabalhos da Comissão de Saúde e

Saneamento.

Já estamos aqui com a nossa vice-presidente,

Deputada Eliana Dadalto, que apesar de morar em

Linhares, chega cedo aqui.

Quero, antes de começar nossa pauta,

registrar, com muita alegria, muita satisfação, a

retirada dos últimos meninos e do professor também,

da caverna lá da Tailândia. O mundo inteiro estava

rezando, orando para que isso acontecesse.

Infelizmente, perdemos uma pessoa, um mergulhador

experiente, explorador de cavernas, mas, pelo menos

os onze que estavam ali dentro... Saíram os últimos

agora, o que é uma satisfação muito grande para nós.

Quero dar alguns avisos. Teremos, na terça-

feira próxima, dia 17, uma audiência pública na Barra

do Jucu. Quero convidar a todos. Essa audiência

pública tem por finalidade, foi a frente que criamos

aqui, a Frente Parlamentar em Defesa dos rios Jucu e

Santa Maria... Mas como, infelizmente, a ponte da

Madalena caiu, estamos aproveitando essa questão da

ponte da Madalena para discutir outros assuntos da

Barra do Jucu e do rio Jucu.

Devo lembrar que o ex-secretário de

Agricultura, Octaciano Neto... A ponte caiu hoje,

amanhã ele foi lá e prometeu que o estado faria uma

ponte. Depois ele desapareceu; está licenciado da

Secretaria da Agricultura. Mas, infelizmente, ele não

cumpriu aquilo que prometeu. Não estou falando mal,

estou falando a realidade, sumiu de lá, da Barra do

Jucu.

Então, aproveitamos, como não saio da

Barra... A Barra é o lugar que mais tem inteligência,

resistência, história. Então, a Barra do Jucu, em Vila

Velha, Espírito Santo. O que é a Barra do Jucu? Ali

tem a ponte da Madalena. Historicamente, Martinho

da Vila fez uma música por causa da Madalena, a

ponte da Madalena; e também temos na Barra do

Jucu a Neymara Carvalho, que é pentacampeã

mundial de bodyboarding, e a filha dela, a Luna, já

está no mesmo caminho, já ganhou uma etapa

nacional, está com treze, quatorze anos, já está no

mesmo vácuo da mãe.

Lá na Barra temos o Paulo de Paula, temos o

Mestre Vitalino, que já foi até... Desceu o rio Sena

de caiaque, duas vezes. São oitocentos quilômetros

que ele fez de caiaque. Para quem não sabe - é bom

que os meninos estejam ouvindo aqui, os meninos

da Escola Estadual Almirante Barroso, de

Goiabeiras -, morei na rua 2, no Bairro República,

oito anos, e conheço muito bem aquilo ali,

especialmente as paneleiras, e de vez em quando

vou lá.

Quero também abraçar o nosso professor

Eduardo Gomes. Eduardo Gomes foi um grande

militar, uma história. O professor deve saber disso,

ainda mais que tem o nome dele. Talvez, até o pai

tenha colocado seu nome por isso. Se não foi, mas

é bom lembrar a história. Viver mais é bom porque a

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86 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

gente conhece um pouco mais da história, a gente

estuda mais, olha mais. A educação não muda o

mundo, a educação muda as pessoas e as pessoas

que mudam o mundo. Paulo Freire.

Deputada Eliana Dadalto, hoje é o último dia

da nossa Luana aqui. Essa moça tem sido um

exemplo para mostrar a história da Assembleia, como

funciona aqui. Então, Luana, queria que você viesse

aqui um pouquinho. Faça o favor, chegue aqui.

Venha por aqui, por favor. A Luana é uma pérola que

nós temos aqui na Assembleia. Infelizmente, está

chegando o tempo do estágio dela e ela está indo

embora. Luana, por favor, suba e sente-se aqui um

pouquinho, do nosso lado.

Estamos falando ao vivo para o estado, então

queremos mostrar o seu valor e como você mostra,

como você ensina essa moçada que vem aqui. É

importante também que vocês... Falo sempre que a

Luana vai ser uma futura deputada. Nós precisamos

renovar, não é? Já estou quase careca. Não estou

careca não, estou quase careca de tanto ser deputado,

vereador, mas precisamos mudar. A renovação é

importante. Então, a Luana está nos deixando hoje.

Nosso querido Erick está fazendo um vídeo com a

Luana e depois vai passar para vocês esse vídeo.

Muito obrigado por tudo que você fez aqui durante

esse tempo. Com certeza você, como foi uma grande

estagiária, vai ser uma grande profissional da sua

área. Muito obrigado e parabéns!

Voltando ainda a falar sobre o rio Jucu, a

ponte da Madalena, que foi o mote desta questão,

faremos, na terça-feira, no colégio Tuffy Nader, na

Barra do Jucu, a outra audiência pública com relação

à queda da ponte da Madalena.

Também estamos pleiteando o cercamento da

área da Reserva de Jacaranema, uma vez que a

Reserva já foi delimitada, foi demarcada e tudo,

faltando cercar, por causa dos animais que

atravessam a pista e morrem atropelados pelos

veículos; a construção de um píer na Boca da Barra -

o píer é uma contenção da onda porque a onda vem e

joga água para dentro da Boca da Barra do rio e a

areia entope a Boca da Barra, e ano passado foi

reaberta com a Poclain, aquela máquina grande,

quatro vezes -; o desassoreamento do rio Jucu porque

o rio está muito assoreado e não entendemos por que

não tira areia do fundo do rio, que é a areia mais

nobre para a construção civil; a instalação de telas

à margem da Rodovia do Sol para que os animais

não sejam mortos, atropelados; e vamos ouvir as

propostas dos moradores da Barra do Jucu sobre o

modelo da ponte porque não adianta a gente chegar

lá e impor um tipo de ponte para o morador da

barra, para o barrense.

Conforme eu estava falando das histórias

da Barra, na Barra temos também Mestre Vitalino,

que faz aquelas casacas e que já foi até a França,

patrocinado pelo Governo da França, para mostrar a

arte artesanal dele. E sobre o Beto Pêgo, que desceu o

rio Sena duas vezes.

E para os meninos também saberem, o

Congresso da França fica às margens do rio Sena.

Tinha momentos em que o Congresso parava de

funcionar por causa do mau cheiro do rio. Hoje você

vai lá e tem peixe à vontade, água totalmente limpa.

Mas em 1960, o Beto mostrou aqui uma placa

dizendo assim: Jogue o lixo no rio. Isso na França.

Imagine só a França, que é um país milenar, e o

Brasil tem quarenta e dois por cento, só, de esgoto

tratado, é um país atrasadíssimo. Um país que não

tem saneamento é um país atrasado. O Brasil tem

quarenta e dois por cento, só, de esgoto tratado.

Bom, já falei muito, mas quero falar da

importância... Estamos recebendo aqui a Maria

Angélica Machado, que recebeu um transplante da

irmã dela, de medula óssea. Estamos recebendo

também o nosso querido bombeiro militar Stelzimar

Magesck, que está aqui também para mostrar a

importância da doação não só de medula óssea. Ela

sabe que para cada - acabou de falar agora há pouco -

cem mil habitantes, você só tem dez compatíveis. E,

às vezes, passa até de cem mil, e você não consegue.

E ela conseguiu da irmã dela, não é, Maria Angélica?

Eu queria falar, é importante, eu sempre

gosto de falar aqui sobre doação de órgão, é

importante, desde 2010 que venho falando aqui,

sessão especial sobre doação de órgão, de transplante,

27 de setembro - eu tenho essas datas todas na cabeça

de tanto que eu falo disso - é o Dia do Doador de

Órgão. Então, nós temos o Setembro Verde para

homenagear essas pessoas que se dispõem, a família,

porque a maior negativa, mais de sessenta por cento

das negativas são da família em doação de órgãos.

Então, tem que conversar com a família enquanto

está vivo, porque, depois que morreu, não tem jeito.

E a família às vezes fica: Puxa, vai abrir a barriga?

Mas não é isso. Existe uma equipe que faz a

avaliação de morte encefálica. A morte encefálica é

incompatível com a vida. Isso, depois que abre um

protocolo para determinar que a pessoa não tem mais

condições de voltar à vida, ainda demora seis, doze

horas, depois vêm aparelhos para confirmar a morte

encefálica. Depois, então, que desligam os aparelhos.

Esse aparelho desligado, o que acontece? Tem um

prazo, um tempo para tirar esses órgãos da pessoa.

Infelizmente, ainda existe um preconceito

muito grande com relação a isso, mas uma pessoa

pode ajudar dez, dois rins ajudam dois, duas córneas

ajudam mais dois, só aqui tem quatro - a pessoa está

cega, faz um transplante de córnea, passa a enxergar.

E medula óssea geralmente são intervivos,

são transplantes intervivos, como a Maria Angélica, a

irmã dela se prontificou a fazer isso.

Eu já falei muito, mas só mais um aviso

aqui, mais um take, por gentileza: esse é o 6.º

Congresso Brasileiro Médico e Jurídico. O que está

acontecendo? O cidadão tem que recorrer,

Deputada Eliana, à Justiça por um direito que ele já

tem, porque ele não tem o direito pleno. A

Constituição de 88 escreveu assim, os deputados

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 87

federais e os senadores, nós não podemos escrever

nada disso: A saúde é um direito de todos e dever do

Estado. Estou falando um pouco devagar, porque

estou muito gripado. Estado é o município, é o

Estado federado e a União. Só que a União se

esqueceu de botar o dinheiro. Deu a obrigação, deu o

direito e não deu o dinheiro. Então, em sete anos, o

aumento da judicialização da saúde foi de mil e

trezentos por cento.

Então, nós teremos aqui o doutor João Pedro

Gebran Neto, que é esse desembargador lá de

Curitiba, da 4.ª Região, e eu faço a ligação com as

entidades. A doutora Clenir Avanza é a coordenadora

executiva; o doutor Arnaldo Hossepian Salles Junior

é do Conselho Nacional de Justiça e o doutor Ricardo

Oliveira é o Secretário de Estado. E nós teremos aqui

cerca de mil participantes do Amapá até o Rio

Grande do Sul. No ano passado, tivemos novecentos

e dezessete. E esse congresso tem sido um sucesso

para mostrar realmente ao cidadão que ele tem

direito.

Maria Angélica, falei por quatorze minutos,

parece até que estou na tribuna lá. Agora nós vamos

ouvir a nossa querida Maria Angélica. Ela é

enfermeira do Hospital Estadual Central. Aqui, atrás

do Corpo de Bombeiros, Parque Moscoso. Esse

hospital conheço desde quando era Hospital São José.

O hospital virou realmente um brinco, hospital muito

bom, graças à atuação dos servidores de lá, como

você, e também ao Governador Paulo Hartung, que

fez a reforma daquele hospital. Desapropriou o

hospital, fez a reforma e depois deu a concessão para

uma OS, que administra esse hospital hoje.

Com a palavra então a nossa querida Maria

Angélica. Depois, nós vamos ouvir o nosso querido

bombeiro militar, Stelzimar Magesck, nome

complicado.

Pois não, Maria Angélica.

A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO

- Bom dia a todos. Primeiramente quero agradecer

pela oportunidade de estar aqui. Falo hoje como

paciente e não como enfermeira.

Retornei recentemente ao trabalho, fiquei

afastada por três anos por conta da imunidade que

fica baixa pelo transplante e pela quimioterapia de

um modo geral. Mas muito grata pela oportunidade

de estar aqui, de viver depois do tratamento tão difícil

que foi. Acredito que tenha sido... de todo... eu

sempre digo...

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Explica para os meninos a

doença que você teve.

A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO

- Vou contar toda a história aqui, é bem sucinta, mas

é importante. O nome do problema de saúde que eu

tenho é mieloma múltiplo, porque é uma doença

crônica, como a diabetes e a hipertensão, não tem

cura. O transplante é uma forma do tratamento. Ele

faz parte do processo. Continuo portadora de

mieloma múltiplo. Mas de todos os males, sempre

digo, o menor. Tive a oportunidade de fazer um bom

tratamento. Tive o doador compatível dentro da

minha família, então, sou grata, porque quantos estão

aí em busca de doadores, nas filas dos hospitais

esperando a quimioterapia, esperando um leito para

internar, que a gente sabe? Fiz o tratamento no

sistema particular, privado, graças ao plano de saúde.

Então, sempre digo: dos males o menor, eu tive sorte.

E aí, nesse processo de elaboração, de me

tornar um novo ser depois do transplante, assim como

cresceu o cabelo, cresceu dentro de mim uma vontade

de fazer diferente. E aí a gente pensou numa

campanha para orientar. Há muitas campanhas em

relação à doação de medula, nós sabemos, campanhas

nacionais, campanha com artistas, e aí comecei a ver

a quantidade de doadores inscritos, a quantidade de

negativas que havia, daí eu falei: Vou começar a

andar por este Brasil afora para falar sobre a

doação de medula, porque é bacana. Vamos fazer

uma campanha. Vamos lá ao Hemoes, aqui no nosso

estado, lá no Hospital das Clínicas ,nos cadastramos.

É muito fácil. Sentamos lá, passamos os nossos

dados, doamos 5 ml de sangue e vamos embora.

Um dia liga para nós, com sorte, achamos

alguém compatível em Vitória, em Curitiba, onde

seja. Aí ela: Não, mas eu já doei já. Falou: Não, você

doou uma amostra para a gente fazer uma

fenotipagem para a gente ver qual era o tipo para

colocar nesse nosso cadastro. Tem um cadastro

nacional com o nome de Redome e nesse cadastro

fica aí para o mundo todo. Então, a pessoa se nega.

Também há negação depois que você foi lá doar a

amostra para a gente entender e encontrar um

compatível, há quem se negue a ir doar. Assim como

há quem se negue a doar os órgãos, há quem se negue

a doar a medula.

O que é doar a medula? Primeiro a gente faz

essa amostrinha de 5 a 10 ml. Eles fazem essa

tipagem, guardam lá nas anotações do Redome, que é

um sistema nacional de doadores que também tem

compatibilidade com sistemas internacionais.

E aí, quando você tem a sorte de encontrar

um paciente que necessite da sua medula, que é

compatível, aí vamos ter que ir para um ambiente

hospitalar, que é um período, geralmente uma

internação de vinte e quatro horas no máximo a três

dias. O doador vai para o centro cirúrgico para retirar

uma bolsinha de medula. Medula seria sangue

mesmo, só que é um sangue lá de dentro do osso, de

dentro da bacia, de dentro do timo...

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Angélica, só explicar aos

meninos o seguinte: quando se fala em medula a

gente pensa logo na medula espinhal, que comanda o

nosso sistema nervoso através do cérebro, que

emenda até lá na cauda equina, que a gente fala.

Quando se fala em medula óssea, que ela está falando

aí, dentro dos nossos ossos tem umas trabéculas que

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88 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

o sangue circula ali dentro. Então vai tirar uma

bolsinha com acesso no osso, geralmente da bacia,

não é?

A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO

- Exatamente.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - E vai tirar um pouquinho de

sangue. Quantos ml mais ou menos?

A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO

- Em média duzentos cinquenta; no máximo

quatrocentos.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Então, uma coisa pequena

que você poderá salvar uma vida ou mais de uma

vida.

Desculpe-me a interrupção, mas foi só para

explicar para os meninos.

A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO

- Fico agradecida, pois só tem a acrescentar,

realmente.

Esse volume que é tirado do nosso corpo, da

medula, em três dias nosso corpo produz novamente.

Então, ninguém está perdendo nada, só está

realmente doando.

O intuito dessa nossa campanha, que chama

Mil passos pela vida, o primeiro é o meu, o milésimo

pode ser o seu: ano passado eu já estava bem melhor

do tratamento, mais resistente, sempre gostei de

esportes, de longas caminhadas, e fui para a região do

Caparaó, de Minas Gerais, fazer o Caminho da Luz,

que sai de Tombos e vai até o Alto Caparaó. São em

média duzentos quilômetros caminhando de segunda

a sábado. Então, fui nesse projeto e lá tinha gente do

Brasil todo e divide minha história de recuperação do

transplante. Lá a gente resolveu, com mais um colega

que mora em Angra dos Reis, que não está aqui hoje,

a fazer essa campanha nas próximas caminhadas.

Toda caminhada que tiver aqui pelo Brasil que eu ou

ele puder fazer, a gente vai sair a divulgar a

campanha, orientar sobre a doação para se tronar um

doador.

Por que tanta dificuldade? Porque, em média,

a cada cem mil, dez... Hoje, já chegou a cada cem

mil, dois apenas... A cada cem mil doadores, apenas a

possibilidade de dois pacientes compatíveis.

Hoje no Brasil a gente tem, em média, quatro

milhões e seiscentos mil doadores inscritos. Mas,

nesse número todo ainda há as negativas pela falta de

orientação, pelo medo de ter que se afastar do

trabalho nesse período de doação. Ah, eu vou para

São Paulo... Por exemplo, aqui no Espírito Santo não

fazemos esse transplante com doador não aparentado;

até com doador aparentado. Tem que ir para São

Paulo ou Rio de Janeiro para fazer esse processo.

Então, o doador teria que viajar, tem que se afastar do

trabalho, por no mínimo, cinco dias nesse processo.

O intuito é orientar, sensibilizar mesmo para

que, além de se cadastrar, porque a gente quer que se

cadastre, sim, lá nos seus hemocentros, no caso do

nosso estado, no Hemoes e nos interiores que a gente

tem também, mas que atualize os dados para que a

gente tenha o contato sempre novo, para quando a

gente entrar em contato e o telefone mudou ou que

não está mais naquele endereço, que também tenha

essa sensibilidade de ir, mesmo que aparentemente

nos prejudiquemos a princípio, nessa primeira fase,

mas ganharemos lá na frente, que é ajudar, doar, se

entregar.

Nesse mesmo caminho da doação de medula

a gente vem orientando o colega de trabalho, o

vizinho. E, nos nossos caminhos que a gente se

propôs a fazer. a gente orienta sobre a doação de

medula, esclarece, tira dúvidas sobre a doação de

sangue.

Como gosto muito de esporte, comecei ano

passado a pedalar também. Comprei uma bicicleta

daquelas e comecei a ir para esses morros e...

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Queria lembrar que eu

conheci Angélica nos Passos de Anchieta, agora, em

maio. E depois pensei que a gente era tão estranho,

mas ela corre junto com minha filha, lá em Vila

Velha. Minha filha corre e Maria Angélica também

corre com a Renata.

A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO

- É isso aí. Eu a conheço. Nunca falei com ela que

estaria aqui, mas fico feliz. Acho que o esporte é um

grande caminho.

Aproveito também para falar que tive poucos

efeitos colaterais no tratamento e muito disso os

médicos relacionaram à qualidade de vida boa que eu

sempre tive, aos bons hábitos alimentares e sempre

pratiquei esportes. Então, assim, vamos cultivar o que

realmente é bom para o nosso corpo, que é essa

máquina que carrega a nossa alma e o nosso espírito.

A gente muitas vezes esquece e brinca, mas eu falo

que é o nosso carro e a gente tem que colocar um

bom combustível aqui, espiritual, psicológico,

alimentar.

Então, nessa historia do pedal a gente assistiu

a um vídeo muito bacana do Pedal pela Vida, que foi

feito em Santa Catarina. Um garotinho agradecendo

aos ciclistas que se uniram para doar sangue. E nós

resolvemos aqui no Espírito Santo também, há pouco

mais de um mês, criar o projeto Pedal pela Vida para

que a gente tenha assiduidade dos doadores.

Eu conheci o Tel, que não participa dos

mesmos grupos de pedal que eu participo, mas eu

agora já quero pular de paraquedas com o grupo dele

e fazer umas aventuras maiores. Eu trouxe ele hoje

também, o Stel...

O SR. STELZIMAR MAGESCK -

Stelzimar.

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 89

A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO

- Stelzimar, que eu conheço como Tel, para falar

sobre o nosso projeto de doação de sangue também

que a gente começou agora.

O SR. STELZIMAR MAGESCK - Então, a

partir do momento que assistimos a esse vídeo do

Pedal pela Vida, em Santa Catarina, na cidade de

Tubarão, se não estou enganado, muita gente ficou

sensibilizada. Muitos ciclistas disseram: Ah, vou

fazer alguma coisa e tal... Unimos as forças de

quem queria fazer alguma coisa e convidamos para a

gente começar uma reunião e organizar um pedalaço

pela vida no estado. E no mês passado, dia 17,

fizemos um pedal de abertura envolvendo todos os

grupos. Aqui na Grande Vitória temos mais de quinze

grupos de pedais em todas as cidades e acho que deu

aproximadamente cento e cinquenta a duzentos

ciclistas em direção ao Hemoes, com a ideia de pelo

menos cinquenta ciclistas doarem sangue.

Acho que quase batemos a meta de cinquenta

ciclistas. A nossa ideia é fazer um pedal desse por

mês até chegar o final do ano no dia 25 de novembro,

Dia Nacional do Doador de Sangue, da doação de

sangue, fazer um grande pedal envolvendo ciclistas

da Grande Vitória em direção ao Hemoes também, de

forma a surtir um efeito no banco de sangue do

Hemoes para que tenha sempre uma quantidade

razoável lá, para que não fique passando dificuldade.

Então, a nossa ideia é criar o hábito de

doação de sangue por parte dos ciclistas e da

população em geral. Mas, como estamos ligados ao

esporte, aos ciclistas, a nossa ideia é focar nesse

grupo pelo menos em um primeiro momento. E

vamos dar prosseguimento. Amanhã teremos uma

reunião de organização e vamos tentar a cada mês,

até novembro, fazer um pedal em direção ao Hemoes

para doação de sangue.

A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO

- Dados aqui do Hemoes do Espírito Santo relatam

que a gente precisaria ter no mínimo sessenta, setenta

doadores por dia. E isso tem caído. No último ano

houve uma grande queda no número de doadores.

Acho que quanto mais campanhas, mais a

gente toca. O Hemoes quer hoje e precisa, acho que o

mundo todo precisa, de doadores assíduos. Aquele

que pode doar até de três, quatro meses. Tem o

espaço. O homem, acho que são três meses. Tenho

anotadinho, mas não decorei certinho. E mulher

quatro. Exatamente nesse espaço.

Então, que seja uma rotina, assim como doo a

cesta básica mensalmente, que eu doe sangue a cada

três, quatro meses, depende do sexo e da condição de

saúde de cada indivíduo. Então, nosso martelinho vai

ser... Então, o nosso grupo alerta e abre os olhos dos

ciclistas que são geralmente jovens, saudáveis, têm

todas as características para um doador permanente,

para que não seja só no socorro, só na emergência,

quando acontece lamentavelmente um acidente que

comove todos, que fica bem evidente na mídia, e

chega a faltar espaço para aqueles doadores

voluntários.

Então, que esses voluntários se tornem

permanentes. Esse é o nosso principal objetivo.

Sentamos com uma das responsáveis pelos doadores,

pela recepção desses doadores, e ela mostra para nós

que a maior carência, hoje, aqui no estado, é desse

doador assíduo, que não falte, que procure, que

mantenha uma assiduidade.

Não faz mal nenhum para a saúde. Assim

como a medula se recompõe nesse período de quinze

dias, no máximo, nosso sangue também vai se

reconstituir, porque faz parte da mesma família.

Medula e sangue são tudo nesse processo, então, está

sempre se recompondo. É um intuito mesmo de

colaborar com a campanha para aumentar o número

de doadores, tanto de medula, quanto de doadores de

sangue.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Maria Angélica, se a pessoa

tivesse conhecimento dos benefícios que ela tem de

doar o sangue. Vou dar um exemplo aqui: há uns

quinze anos, eu me mudei de uma casa para um

apartamento, e sobrou muita coisa, aquelas coisas que

a gente guarda em casa. E, na minha obra social, todo

final de semana eu fazia uma brincadeira, chamava o

pessoal para fazer um agradecimento - eu faço isso

com frequência -, e também sorteava uma coisa, um

teclado, um violão, um cavaquinho. E teve um dia

que não tinha nada mais para sortear, mas eu sorteei

duas pessoas e falei: Vocês duas foram sorteadas,

foram premiadas a irem ao Hemoes fazer doação de

sangue. Sabe o que aconteceu? Uma estava com

diabetes, e a outra estava com o colesterol altíssimo,

e triglicerídeo também.

Então, o que acontece? Há algumas doenças

que cursam silenciosas. Ninguém, em lugar nenhum,

aplica o sangue numa pessoa se não fizer uma bateria

de exame muito grande. Então, o que acontece? A

pessoa pode descobrir uma doença que cursa

silenciosa, e pode se tratar, fazer a prevenção disso.

Então, isso aconteceu.

Muitas vezes, a pessoa que doa o sangue,

além do ato de amor e solidariedade, também é um

ato de vigiar a sua própria saúde. Eu sou muito - vou

usar um termo aqui que não é muito usual na fala de

deputado - macaca de auditório de doação de sangue,

sabe por quê? O meu filho teve que fazer duas

exsanguineotransfusão. Para quem não sabe o que é

isso, é trocar o sangue. Você tira do umbigo da

criança ou de outra veia, joga fora e aplica. Ele

trocou o sangue duas vezes. Ele tem só quinze por

cento do sangue dele.

Para vocês terem uma ideia, a bilirrubina

total deveria estar em torno, em pessoas normais, de

quatro por cento, mais ou menos, e ele estava com

trinta e quatro por cento. E o que é isso? Dá

impregnação dos núcleos da base do crânio, do

cérebro, e a criança fica totalmente debilitada

intelectualmente, o sistema motor também fica

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90 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

totalmente debilitado. Então, faltava pouco para ele

ter isso.

Acabei eu fazendo o diagnóstico em casa

mesmo. Minha mulher levou meu filho à janela - a

icterícia, você não vê bem com a luz artificial, você

vê com a luz do sol, com a luz natural -, e a gente

brinca que o moleque quase saiu voando. Estava um

canarinho amarelinho. Até a sola dos pés estava

amarelinha. Meu filho tinha tudo para ficar

totalmente debilitado e, hoje, ele é cirurgião,

professor de Medicina, e está com trinta e sete anos.

Realmente, a doação de sangue salvou a vida dele,

nesse tempo. Então, sempre falo da importância da

doação de órgão.

Quer falar mais alguma coisa, Maria

Angélica?

A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO - Eu ia dizer que, com o aumento do número de

motociclistas, o número de acidente aumenta, então,

a necessidade de sangue nos prontos-socorros está

cada vez maior. Então, assim como salva a vida de

crianças também, os acidentes têm consumido os

nossos bancos de sangue.

É importante lembrar também - quero só

acrescentar uma coisinha - que o fator RH negativo é

o mais necessitado no momento, e é o que menos tem

doadores. Então, por favor, os doadores de fator

negativo colaborem conosco.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Eu também faço pré-natal e

quando encontro uma paciente com RH negativo -

naturalmente, tem que fazer o exame de Coombs

indireto, tem que fazer classificação do marido, do

pai -, eu insisto nessa questão da doação, que é

importante, porque tem muito menos pessoas na

população com sangue negativo do que positivo.

Tanto é que o O, a gente fala que é universal, que é o

mais comum o sangue O.

Muito bem.

Quero passar a palavra à Deputada Eliana

Dadalto, que é a nossa vice-presidente, nossa

professora. Já citei aqui o provérbio do nosso querido

Paulo Freire. Então, a nossa professora sabe muito

bem, melhor do que eu.

A SR.ª ELIANA DADALTO - (PTC) - Bom dia. Bom dia, Maria Angélica Machado. Um

prazer ouvir essa experiência de vida e de luta

também. Parabéns pela fala. Também o Stelzimar,

por estar participando junto com vocês nessa luta.

Quero agradecer também a oportunidade de

estar aqui junto com o nosso Presidente Doutor

Hércules, é um mestre. Ele fala que sou professora,

mas aprendo muito com ele, essa experiência,

principalmente na área da saúde - é um grande mestre

na área da saúde, tanto é que tem um filho que está lá

também - pela experiência que teve com seu filho.

Ele já me contou essa história que o filho quase que

saiu voando, um canarinho. Já me contou essa

história e ele tem muitas experiências que vêm para

acrescentar no trabalho dele aqui na Assembleia,

todos os temas que ele traz para esta comissão.

Quero também cumprimentar todos os

colaboradores desta comissão e todos que nos

assistem.

Veja bem. Quando você fala, Maria

Angélica, que você teve, graças a Deus, um plano de

saúde, eu fiquei imaginando: e esses que não têm

plano, que dependem do SUS? Você que trabalha em

um hospital do Estado, o que você me diz? Há

condições dessas pessoas de baixa renda... Os que

não têm hoje? Nem só os de baixa renda, Doutor

Hércules, mas a classe média hoje está saindo dos

planos, estamos vendo e acho que você tem visto isso

no hospital. Pelo menos na minha cidade, em

Linhares, sempre falo com o Doutor Hércules.

Aqui na Grande Vitória o SUS funciona bem.

Fiscalizei hospitais com o Doutor Hércules, fomos ao

Jayme - não é, Doutor Hércules? - e vimos que o

atendimento lá é fantástico. Gostei muito do

atendimento do SUS aqui na Grande Vitória, mas no

interior, principalmente, em Linhares, porque, em

Colatina, vejo que o atendimento é bom. Em São

Mateus, temos hoje o hospital de grande porte que é o

Meridional, que está atendendo bem ultimamente os

munícipes, mas, em Linhares, vemos dificuldade.

Semana passada, Doutor Hércules, eu estive

com uma senhora pedindo socorro, criticando que a

unidade de saúde não tinha um aparelho de

nebulização. Não tinha dentro da unidade de saúde e

aí não tem para onde recorrer. Vão para o hospital, ao

HGL, que está sendo um problema seríssimo no

município, porque é um hospital municipal. Sempre

cobro do secretário de Estado para que o Estado

possa intervir na saúde de Linhares, principalmente

no HGL, porque é lamentável o que estamos vivendo

lá.

Temos o Hemocentro, que funciona bem em

Linhares. Temos dois hospitais, aliás, três hospitais,

mas um município do porte de Linhares, com quase

cento de setenta mil habitantes, só temos apenas três

hospitais e que não funcionam cem por cento. Fica

essa minha preocupação.

Quando você fala, e vou fazer este

questionamento: o SUS aqui está atendendo? Dá para

atender? Como que está? Como você falou, não é

feito aqui o transplante, e sim fora do estado. Você

teria como explicar isso para a população que está

nos ouvindo?

A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO

- Claro que tenho.

Quando o paciente consegue chegar lá dentro

do caminho, que ele conseguiu entrar, fazer a

quimioterapia, ele é encaminhado para São Paulo

pelo SUS. Inclusive, o transporte dele é feito todo

pago pelo SUS. Ele vai para São Paulo, vai para o

Inca, vai para Jaú, no interior de São Paulo, vai para

o Hospital do Câncer de Barretos. Todos os pacientes

são encaminhados, eu acompanho. As redes sociais

me aproximaram de pacientes novos. Então eu tenho

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 91

acompanhado a história. Mas eu digo que é difícil

chegar lá.

O mieloma múltiplo, que vou explicar, pois

tenho um pouco mais de conhecimento, ele tem

vários tratamentos. Pode usar três tipos de medicação

e outros três tipos, só que o SUS só fornece três, não

pode escolher. Se o paciente não deu certo com

aquela medicação que o SUS fornece, ele tem que

entrar judicialmente para conseguir uma nova

medicação.

Então, o paciente sofre com essa questão,

porque o medicamento não está dando certo, ele não

está melhorando com a talidomida, a dexametasona e

a ciclofosfamida, que são nomes que nem todo

mundo conhece, mas é o tratamento que o SUS

oferece. Então, ele não está dando certo com a

talidomida, as células cancerosas não estão

diminuindo, e o médico diz: Olha, nós vamos

precisar entrar com outra medicação. Vou dar o

exemplo do velcade, o SUS não oferece.

Então, o paciente tem que esperar, enquanto a

justiça determina, enquanto o Governo não compra

para que ele tenha acesso àquela medicação e começa

a usar. Enquanto isso, as células cancerosas estão

crescendo.

Então, eu digo que tem grandes tratamentos.

O SUS faz grandes processos. Eu digo que um por

cento do SUS funciona em excelência. O Hospital

Central é um hospital cirúrgico, onde eu trabalho, que

faz cirurgias de excelência, cirurgias neurológicas e

neurocirurgias de excelência. Porém, é um por cento

da população que tem acesso. Por quê? Porque o

número é pequeno para o número de necessitado.

Então, vejo essa carência. Concordo plenamente com

a senhora.

A SR.ª ELIANA DADALTO - (PTC) -

Obrigada pela explanação.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - A Maria Angélica falou em

talidomida. Eu trabalhei dez anos no hospital de

hanseníase, lepra, o Pedro Fontes. Tem até um livro

sobre os filhos da talidomida, porque ele é

teratogênico, essa medicação, e não se tinha

conhecimento há muitos anos. As mulheres tomavam

esse medicamento para surto reacional da hanseníase

e as crianças nasciam mutiladas, sem braços, sem

pernas, uma série de deformidade que vinha da

formação genética ainda embrionária da criança.

Então, me chamou a atenção porque isso, em

hanseníase, está totalmente em desuso. Não se usa

por isso.

A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO

- A talidomida é um quimioterápico para o mieloma

múltiplo. É usado em todo paciente e, em especial, do

SUS; ele inicia o tratamento com a talidomida. Mas

existe todo um processo para conseguir a talidomida.

No meu caso, que sou mulher, e em idade fértil, para

eu conseguir a talidomida, eu teria que ter um método

contraceptivo seguro; o governo considera o DIU ou

ligadura de trompas. Eu coloquei o DIU para que o

Governo me desse a talidomida. Eu usei talidomida

por dezoito meses.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Com relação ao transplante,

a coisa mais séria que tem neste país é o transplante

de órgão, a mais séria. Não se fura fila, não se paga

com dinheiro. Tem as dificuldades de acesso, é

demorado, é verdade. Eu me lembro, o Tadeu Marino

era secretário estadual de Saúde. Ele ficou na fila,

esperou seis anos para fazer o transplante de rins, e

fez o transplante de rins. Então, não adianta ter

posição, ter dinheiro, que não fura a fila. É uma

coisa, realmente, altamente técnica, o transplante de

órgãos no país.

Maria Angélica, no dia 13 de setembro de

2010, nós realizamos uma sessão especial sobre

doação e transplante de órgãos aqui no Espírito

Santo; em 2013, no dia 25 de maio, fiz a lei -

desculpa falar na primeira pessoa, mas foi da minha

iniciativa -, a Lei 10.016, que institui a semana de

conscientização do doador de medula óssea no

Espírito Santo. Depois a gente pode passar uma cópia

para você.

Em 18 de junho de 2013, a Comissão de

Saúde recebeu a visita dos representantes da Igreja

Presbiteriana do Brasil, de Campo Grande, para

apresentar a campanha de doação de medula óssea.

O nome era: Doe sangue, doe vida. Ainda em

2013, dia 25 de junho, a Comissão de Saúde recebeu

a visita do senhor Antônio Carlos Peçanha Mendes,

diretor-geral do Hemoes - Centro de Hemoterapia e

Hematologia do Espírito Santo -, para apresentar os

trabalhos do Centro sobre a doação de medula óssea.

Em 2013 ainda, em 30 de setembro, realizamos uma

sessão especial sobre doação de órgãos, tecidos e

medula óssea. Então, você vê que essa luta nossa já

tem bastante tempo.

Em 2014, no dia 02 de dezembro, a

Comissão de Saúde recebeu a visita da coordenadora

da Central de Notificação, Captação e Distribuição de

Órgãos do Espírito Santo, a enfermeira Rosemery, a

nossa querida Rose, para falar sobre a importância da

doação de órgãos e apresentar dados relativos aos

transplantes no estado. A Rose deixou a Secretaria e

está no doutor Jayme dos Santos Neves, porque o

Evangélico a tomou da gente e está lá, muito bem

entregue.

Em 2015, dia 03 de junho, também uma lei

da nossa autoria, Lei n.º 10.374, institui o Setembro

Verde, mês de conscientização para doação de

órgãos. Em 03 de junho, ainda de 2015, a Lei 10.375,

institui a Semana do Rim. O Doutor Lauro vem aqui

todo ano, o doutor Lauro lá do Hospital das Clínicas,

falar sobre a importância.

Para quem não sabe, você que está em casa,

nasceu uma criança lá uma vez que não tinha os dois

rins - agenesia renal bilateral -, uma menina. Eles

foram fazendo hemodiálise nessa menina e quando

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92 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

essa menina chegou com o peso ideal para receber

um rim fizeram o transplante. Essa menina hoje deve

ter uns dezoito anos. Já está entrando na universidade

também. Isso é uma coisa espetacular. Você imagina,

aqui do nosso lado, uma criança que nasceu sem os

dois rins! Isso é incompatível com a vida. Então,

doutor Lauro é um missionário. Nós temos que rezar

para ele todo dia.

Em 2017, no dia 05 de abril, também nós

fizemos a Lei 10.633, que dispõe sobre o

reconhecimento das pessoas portadoras de doença

renal crônica e transplantado como pessoas do

mesmo direito para fim de atendimento prioritário

nos serviços públicos e privados do estado. O que é

isso? Uma pessoa que tem insuficiência renal

normalmente faz três sessões por semana - a grávida

tem que fazer seis - mas, as pessoas que não estão

grávidas, os homens, por exemplo, fazem segunda,

quarta e sexta. Cada sessão fica quatro horas na

máquina. Então, essa pessoa não pode ter a mesma

condição que nós temos, de entrar na fina no

supermercado, no ônibus; enfim, no banco. Então,

essas pessoas têm que ter prioridade. Nós fizemos

essa lei aqui, mandamos também para o Procon

fiscalizar esse direito que a pessoa tem.

A Taquigrafia não precisa copiar o que eu

estou falando rápido porque depois eu passo para

vocês. A Taquigrafia é um dos serviços mais

eficientes que nós temos aqui na Assembleia. Além

dos nossos procuradores que estão aqui, além do

doutor Edson, também, que é odontólogo, acompanha

a nossa sessão. A Taquigrafia registra toda a história

nossa; tudo que nós falamos as coisas boas, as

besteiras que nós falamos também. Eles registram

tudo. Então, eu gosto muito da Taquigrafia também

por isso.

Então, em 14 de junho de 2017, fizemos a

Indicação n.º 881, ao governador do Estado para

instalação de um hemocentro em Cachoeiro de

Itapemirim, porque não tem. Cachoeiro é o maior

centro do Sul do estado de Medicina, de saúde, e a

gente sabe que são vários fatores que o sangue tem e,

com transporte, com as estradas ruins que nós temos,

alteram-se alguns componentes do sangue.

Em 5 de dezembro, também, tem a Lei n.º

10.775, que institui, no calendário oficial do Estado,

o Junho Vermelho, o mês de conscientização da

importância da doação de sangue. É uma lei da nossa

autoria também.

Temos, ainda, outras leis que fizemos.

Aqui descobrimos, Maria Angélica e

Stelzimar, uma doença que só duas moças têm no

estado do Espírito Santo que é Cri du Chat. Isso em

francês é miado do gato. Pouca gente sabe e eu, com

quarenta anos de parteiro, também não sabia. A

criança, quando nasce, não chora igual ao bebê

comum, mia igual a um gato, daí cri, miado, do gato.

Cri du Chat é miado do gato em francês. Então, nós

descobrimos, fizemos caminhada. A gente tem que

mostrar que isso existe, porque eu, por exemplo, não

sabia que isso existia. Comecei a saber três anos

atrás. E essa moça mora no meu prédio e eu não

sabia.

Então, nós temos que mostrar para você que

está em casa que isso existe. Temos ainda muitas

parteiras no Brasil. Então a parteira, também, tem que

saber disso.

Bom, faltando oito minutos para

encerramento da nossa sessão, já recebi um recado

que, às 10h, temos que desocupar o nosso auditório.

Só queria, Deputada Eliana Dadalto, na

Ordem do Dia aprovar. Vou ler todos, depois a gente

vota.

Precisamos deliberar sobre a visita do senhor

Marcos Tadeu D’Azeredo Orlando, professor de

Física Nuclear da Universidade Federal do Espírito

Santo, Ufes, para falar sobre o tema: As prioridades

da areia monazítica nas Praias de Guarapari.

A SR.ª ELIANA DADALTO - (PTC) - As

propriedades. Só corrigindo aí: as propriedades.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Propriedades. Com data a

definir.

Deliberar, também, sobre a visita do senhor

Júlio Cezar Mendel, presidente da Fetaes, Federação

dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras

Familiares do Estado do Espírito Santo, para falar

sobre o tema: Agricultura familiar em relação à

preservação ambiental e recursos hídricos para o

Espírito Santo. Data a definir também.

Deliberar sobre a visita da senhora Dayana

Gomes Conti, mãe de Vitor Henrique Conti

Lourenço, para falar sobre o tema: Distrofia muscular

progressiva de Duchenne. Data a ser definida

também.

Deliberar, por último, sobre a visita do

senhor Elias Francisco Silva, técnico de Enfermagem

para falar sobre o tema: As demandas das pessoas

com hemofilia no Estado do Espírito Santo, com data

a ser definida também.

São as matérias que temos que definir. Quero

colocar em votação.

Deputada Eliana Dadalto, como vota?

A SR.ª ELIANA DADALTO - (PTC) - Pela

aprovação de todas as deliberações.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Eu voto a favor.

Acompanho.

Nós teremos, então, essas visitas que nós

definimos aqui.

Na próxima terça-feira, estaremos recebendo,

no dia 17, de manhã, às 9h, a visita do senhor

Wellington Moura Pego, liderança indígena

tupiniquim de Aracruz, para falar sobre o tema: A

saúde indígena também é responsabilidade do Estado

do Espírito Santo. Cinco caciques estarão aqui

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 93

falando sobre a saúde indígena. Bom momento para

falar também sobre a síndrome Cri du chat porque, lá

na tribo, as parteiras é que fazem ainda os partos.

Mais uma vez, falar um pouco ainda.

Segundo o Ministério da Saúde, trezentos e doze

municípios brasileiros estão com baixa cobertura da

vacina contra a poliomielite, ou contra a vacina de

paralisia infantil, desenvolvida pelo Professor Albert

Sabin, que esteve em Brasília, Maria Angélica. O

Ministro da Saúde era um tal de Waldyr Arcoverde.

Ele foi visitar o ministro da Saúde. E o presidente da

República, desculpe a palavra, era...

Enfim, não me lembro bem, não. O

alemãozinho pegou a minha cabeça outra vez.

O ministro da Saúde não recebeu o Professor

Albert Sabin, porque ele estava atendendo uns

deputados. Imagina só quem foi Albert Sabin para a

humanidade! Era um homem para quem a gente tinha

que rezar o dia todo. Quantas pessoas com problema

físico morreram por falta da vacina de poliomielite!

Ele achou que os deputados eram mais importantes

do que o Professor Albert Sabin. Lamentável isso!

Então o que acontece? Nós temos os dados

do Espírito Santo: não temos ainda nenhuma doença

e nós estamos lutando ainda para cobertura total, que

o ideal seria, pelo menos, noventa e cinco por cento,

porque nós estamos no Brasil ainda com setenta e

sete por cento de cobertura. O Governo Federal

ressalta que não há casos de paralisia infantil no

Brasil. O último registro do vírus selvagem foi feito

em 1989, em Souza, na Paraíba.

A campanha nacional de vacinação contra a

poliomielite acontecerá no período de 06 a 31 de

agosto, mês que vem. Tem que vacinar as crianças.

Tem que responsabilizar os pais que não levam as

crianças para serem vacinadas.

O sarampo, a difteria e rubéola voltam a

ameaçar. São doenças milenares. São doenças que,

infelizmente, estão voltando por falta de programa do

Governo, de esclarecimento do Governo. E por falta,

também, de uma conscientização maior dos pais.

O sarampo era considerado uma doença

erradicada no Brasil desde 2016, quando a

Organização Mundial da Saúde identificou que o país

ficou um ano sem nenhum caso do vírus. Porém,

boletins recentes da entidade advertem que está em

curso um surto da doença, altamente contagiosa, que

pode levar à morte de crianças pequenas ou causar

sequelas graves.

Você quer falar alguma coisa sobre isso,

Maria Angélica?

A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO

- Não.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Não? Muito bem.

Entre 1.º de janeiro a 23 de maio deste ano

foram registrados novecentos e noventa e cinco casos

de sarampo no país, sendo seiscentos e onze, no

Amazonas, e trezentos e oitenta e quatro, em

Roraima, incluindo duas mortes, segundo a

Organização Mundial da Saúde. Uma terceira morte

foi confirmada na última quinta-feira, dia cinco: um

bebê de sete meses morreu em Manaus em 28 de

junho, depois de apresentar febre, manchas na pele...

Presta atenção, você que está em casa!

Olha, mamãe! Porque quem olha mesmo são

as mamães.

Febre, manchas na pele, tosse e coriza. Não

espere esses sintomas: vacine antes!

Segundo o Ministério da Saúde, a erradicação

da pólio e do sarampo criou uma falsa sensação de

que a vacinação não é mais necessária. É necessária,

sim! Tem que tomar a vacina! Tem que levar as

crianças para tomar a vacina.

No Brasil, seis casos suspeitos de difteria,

relatados este ano, aguardam confirmação.

Vou fazer um registro também: eu tive

difteria com cinco anos de idade. Meu irmão teve

com três anos. Meu irmão morreu. Eu, porque sou

um sangue um pouco pior, consegui vencer a difteria.

Para quem não sabe, dá uma placa, dá uma

falsa membrana atrás da língua, na traqueia, que

fecha a respiração da criança. Depois que a gente

aprende isso, é só enfiar o dedo na garganta, desfaz

essa placa, essa membrana, e a criança passa a

respirar e não morre. Meu irmão morreu com três

anos; eu tinha cinco. Felizmente fui mais forte e ele

infelizmente não foi.

Em 2017, com o surto de sarampo em países

vizinhos, o Ministério da Saúde alertou a população

para a importância de tomar a vacina tríplice viral,

vacina que protege contra o sarampo, a caxumba e a

rubéola.

A tríplice viral é uma das quatorze vacinas

oferecidas de graça pelo Programa Nacional de

Imunizações. Ela deve ser tomada na infância em

duas doses, a primeira com doze meses e a segunda

com quinze meses. Na segunda dose, a vacina

recebe um reforço contra uma quarta doença, a

varicela, infecção viral altamente contagiosa que

causa a catapora. Quanta gente ficou manchada com

a catapora.

Chagamos ao final da nossa reunião. Quero

perguntar à Maria Angélica se quer fazer alguma

consideração, algum convite.

A SR.ª MARIA ANGÉLICA MACHADO

- Convido sim, convido todos a entrarem nessa

campanha conosco e partirem para a doação de

medula e de sangue.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Muito bem!

Stelzimar, por favor.

O SR. STELZIMAR MAGESCK - Só

reforçar também os grupos de pedágio da Grande

Vitória e do interior do estado para poder se envolver

nessa iniciativa e realmente ficar uma campanha

bonita e que seja constante.

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94 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Muito bem!

Há aproximadamente quinze anos venho

lutando para que a Rodosol tenha ciclovia. Não tem.

E um pedaço da ciclovia que começa da ponte da

Barra do Jucu e vai até a entrada da Barra do Jucu,

tem um trecho de ciclovia, mas o mato já a invadiu.

Tenho pedido ao prefeito Max Filho - está

me devendo isso - para iluminar aquele trecho. Já tem

os postes, já tem a rede elétrica, só falta colocar a

luminária. Tem um ano e meio que estou pedindo ao

prefeito e não consegui, mas tenho certeza de que o

prefeito Max Filho fará isso e vai proteger o nosso

ciclista, além do exercício que fazem, a segurança

que vocês fazem, as campanhas que vocês fazem,

meus parabéns!

Muito obrigado a todos!

Nada mais havendo a tratar, vou encerrar a

nossa reunião, convidando todos para a próxima, aqui

mesmo, às 9 da manhã.

Bom dia, vamos com Deus e muito obrigado.

(Encerra-se à reunião às

10h03min)

SÉTIMA REUNIÃO

EXTRAORDINÁRIA, DA QUARTA SESSÃO

LEGISLATIVA ORDINÁRIA, DA DÉCIMA

OITAVA LEGISLATURA, DA COMISSÃO DE

SAÚDE E SANEAMENTO, REALIZADA EM 16

DE JULHO DE 2018.

PRESTAÇÃO DE CONTAS DO

SECRETÁRIO DE ESTADO DA SAÚDE,

SENHOR RICARDO DE OLIVEIRA.

O SR. GABRIEL FRAGA - Senhoras e

senhores, autoridades presentes, um bom-dia. É com

satisfação que o Excelentíssimo Senhor Presidente da

Comissão de Saúde e Saneamento da Assembleia

Legislativa do estado do Espírito Santo, Deputado

Doutor Hércules, os recebe para esta audiência

pública de prestação de contas dos trabalhos

realizados pela Secretaria de Estado da Saúde no 1.º

Quadrimestre do ano de 2018, que serão apresentados

pelo Excelentíssimo Senhor Ricardo de Oliveira, em

conformidade com o disposto no § 5.º do artigo 36 da

Lei Complementar n.º 141/2012.

Já se encontra presente, à Mesa, o

Excelentíssimo Senhor Presidente da Comissão de

Saúde e Saneamento da Assembleia, Deputado

Estadual Doutor Hércules; já se encontra presente, à

Mesa, o Excelentíssimo Secretário de Estado da

Saúde, Doutor Ricardo de Oliveira.

É convidado a compor a Mesa o Secretário-

Chefe da Casa Civil, interino, Senhor Giuliano

Nader; é convidada a compor a Mesa a Promotora de

Justiça e dirigente do Centro de Apoio Operacional

de Implementação das Políticas de Saúde do

Ministério Público - Caps, doutora Inês Thomé Poldi

Taddei; é convidada a compor a Mesa a presidente do

Conselho Estadual de Saúde, a senhora Joseni Valim

de Araújo; é convidado a compor a Mesa,

representando a Federação das Santas Casas e

Hospitais Filantrópicos do Espírito Santo, o diretor

de relações institucionais do Hospital Evangélico de

Vila Velha, senhor Ricardo Ewald. (Pausa)

(Tomam assento à Mesa os

referidos convidados)

O SR. GABRIEL FRAGA - Convidamos a

todos para, neste momento, em posição respeitosa,

ouvirmos a execução do Hino Nacional Brasileiro.

(É executado o Hino Nacional)

O SR. GABRIEL FRAGA - Gostaríamos de

registrar e agradecer a presença do diretor

administrativo do Hospital Estadual de Atenção

Clínica, senhor Enrielton Chaves; do secretário

executivo do Conselho Estadual de Saúde, senhor

Alexandre Fraga; do subsecretário de Estado de

Atenção à Saúde, senhor Fabiano Marily; do diretor-

geral do Hospital Silvio Avidos, de Colatina, Almiro

Schmidt; do diretor-geral do Hospital Estadual de

Atenção Clinica, Renato Vieira; do subsecretário de

Estado de Gestão e Saúde, Luis Fernando Alves; da

diretora-geral do Crefes, Marcela Nogueira da Gama;

do diretor administrativo do Crefes, Antônio Carlos

Roriz; do diretor do Hemoes, Marcos Coelho; do

subsecretário de estado de Saúde Administrativo,

Carlos Tesch; da diretora administrativa do Hospital

Antônio Bezerra de Faria, Uiara Rios; da diretora-

geral do Hospital Antônio Bezerra de Faria, Regina

Avelar.

A partir deste momento, os trabalhos passam

a ser conduzidos pelo excelentíssimo senhor

presidente da Comissão de Saúde e Saneamento,

Deputado Estadual Doutor Hércules.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Bom dia a todos.

Queremos agradecer a presença de todos,

especialmente, àqueles que chegaram exatamente às

9h.

Invocando a proteção de Deus, declaro

abertos os trabalhos da Comissão de Saúde e

Saneamento, para a audiência pública de prestação de

contas do primeiro quadrimestre de 2018, pelo

excelentíssimo senhor doutor Ricardo de Oliveira, em

conformidade com o disposto no § 5.º do art. 36 da

Lei Complementar 141/2012.

Vamos dar início à nossa prestação de contas.

Quero, mais uma vez, agradecer a presença de todos

e vou pedir ao nosso secretário que comece a fazer a

sua prestação de contas, que poderá ser feita aqui ou

poderá ser feita da tribuna, se assim desejar.

Especialmente, quero pedir desculpas aos que

estão à Mesa pelo tamanho da cadeira e o peso dessa

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 95

cadeira. Isso aqui, doutora Inês, é do tempo do

Império. E que dá um trabalho até para a gente passar

por aqui, não é Joseni? Então, são coisas totalmente

desproporcionais.

Quero dizer também que quem não está aqui

à Mesa não é menos importante do que quem está à

Mesa. Estamos à Mesa, exatamente por causa da

função que a gente exerce, temporariamente, com

exceção da doutora Inês, que é promotora, ela não é

temporariamente. Ela, com certeza, vai continuar

fiscalizando e exigindo de nosso trabalho, que possa

servir cada vez melhor o nosso cidadão, no nosso

caso, aqui no Espírito Santo.

Com a palavra, então, o nosso Secretário

Ricardo de Oliveira.

O SR. RICARDO DE OLIVEIRA - Bom

dia. Vou falar daqui, deputado, por conta da

apresentação. Fica mais fácil aqui para eu

acompanhar. Não vai ficar fácil para vocês. O que o

senhor acha? É melhor descer para assistir?

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Ricardo, a gente pode até

desfazer a Mesa e sentar ali. Infelizmente, já pedi

outro microfone, mas a Assembleia é muito pobre,

não tem outro microfone sem fio, para você falar.

Infelizmente.

Então, vamos descer.

O SR. RICARDO DE OLIVEIRA - Acho

que fica melhor para assistir.

Inicialmente, queria saudar o Deputado Hércules, que

é o presidente da nossa Comissão de Saúde, e que

está coordenando essa nossa Mesa; saudar também o

Ministério Público, em nome da doutora Inês, que faz

a fiscalização dos serviços, da prestação dos serviços

de Saúde; saudar a Joseni, que está aqui

representando o Conselho Estadual de Saúde, hoje

submetida a um sacrifício maior, porque subiu e

desceu duas vezes com toda a dificuldade de

locomoção, mas acho que vai ficar melhor para

assistir, senão você vai ficar de costas ali. Agradecer

a presença também do Ricardo, que representa a

Fehofes, que é um parceiro nosso e, também, a

presença, representando o Governo, do nosso

secretário do Gabinete Civil, jovem, aliás, sempre

nos acompanha aqui, você não perde uma das

apresentações nossas aqui. Doutor Hércules exige a

sua presença aqui. Agradeço muito, desde já, por

isso.

Doutor Hércules, vou fazer aqui uma

apresentação um pouco diferente do que eu tenho

feito. Por que isso? Motivos principais: primeiro,

porque o SUS este ano faz trinta anos. Acho que é

importante relembrar para a população capixaba o

que representou nesses trinta anos o SUS para a

população capixaba. Acho que isso é importante.

Depois, porque temos também um ano eleitoral, e o

debate sobre a política de saúde é bastante importante

para a população. E seria bom que essa apresentação

também fornecesse algumas informações que

facilitassem o debate, ou até qualificassem esse

debate. Como eu tenho que acompanhar e

acompanho com prazer esse debate sobre política de

saúde, infelizmente, deputado, devo dizer que o

debate é demagógico e simplista, o que não ajuda em

nada a gente a evoluir na prestação de serviço de

saúde. É importante que tenhamos um bom

diagnóstico, com um bom debate público, para

esclarecer quais são os problemas e como nós

podemos resolver isso enquanto sociedade daqui para

frente.

Isso é uma obra coletiva, é uma construção

social. O SUS é uma construção da sociedade, não

tem e você não vai conseguir pegar aquele ou aquele

ou aquele que é o construtor do SUS. Não é. É uma

construção social. Você tem o debate qualificado

para que a gente possa identificar os problemas e ver

quais são os melhores caminhos para melhorar a

saúde da população. Mas infelizmente não é. O que é

muito ruim, pois a população não consegue fazer uma

avaliação equilibrada da prestação de serviço de

saúde do SUS, o que está certo, o que está errado, o

que tem que consertar. Isso é ruim porque enfraquece

o SUS e enfraquece a nossa política de saúde.

Para contribuir neste debate, em síntese faço

desde já uma proposição aqui, deputado, de quatro

temas, que vou depois detalhar um pouco mais à

frente. São quatro temas que acho importantíssimos

para quem se interessa pela política pública de saúde

e como a gente pode melhorar. A primeira questão

são as regras de gestão do setor público, regras

administrativas e de controle. Essas regras precisam

ser reformadas porque elas colocam uma dificuldade

muito grande para o gestor público no sentido de

prover serviço com eficiência e qualidade. Isso nunca

vem a debate. Fica parecendo que isso não existe.

Abstrai o peso da carga. Esse é um dos maiores

entraves no funcionamento do setor público. Nós

temos que modernizar essa legislação nossa

administrativa e de controle. Claro que estou falando

isso do ponto de vista de quem tem a

responsabilidade de prestar o serviço e atender

milhões de pessoas neste estado.

A segunda questão é o excesso de

judicialização. Isso é grave também. Vou mostrar os

dados aqui. Nós estamos criando uma segunda porta

de entrada no SUS, outra porta de entrada,

mobilizando recursos poderosos, mais de cento e sete

milhões, no ano passado. Então é complicado,

bastante complicado esse assunto, que é um assunto

difícil de resolver. Estamos investindo em um

diálogo muito forte com o Judiciário. Acho que

vamos ter alguns frutos importantes ali, mas isso é

grave também, é um excesso de judicialização muito

grande.

Uma terceira questão é a disputa pelo

orçamento do SUS pelos interesses corporativos e

econômicos. Essa disputa, inclusive, nunca vem a

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96 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

público do jeito que ela é. Ela sempre vem travestida

de interesse público. É engraçado quando vejo vários

interesses que disputam o orçamento da saúde e

nunca vem a público - registrar a presença do

Deputado Sergio Majeski, agradeço também a

presença -, nunca vem a público essa disputa pelo

orçamento, nunca vem a público do jeito que é

efetivamente. Vamos dizer assim, é uma luta de

interesses, alguém querendo disputar um pedaço do

orçamento da saúde, mas vai para a mídia e diz: Não,

porque a população vai ficar desassistida! É

impressionante isso. Toda hora tem isso na mídia.

Nós temos dificuldade também muito grande de

conseguir passar para mídia, a real disputa, quando

você tem uma disputa dessa, entre esses interesses

privados e interesses públicos, é muito difícil.

Acho, como o enfoque em geral de matéria é

jogar lama no SUS, é jogar lama no Governo, fica

mais fácil você fazer um discurso desse para dizer

que está defendendo o interesse público e, na

verdade, está defendendo o interesse privado. Esse é

outro problema grave. Toda hora nós vamos ter, são

muitos recursos, muita gente contratada e volta e

meia temos uma disputa dessa, todo o mundo

acompanha publicamente aí, mas precisa ser... Eu não

tenho nada contra que os interesses se articulem para

disputar o orçamento SUS. Só tem que estar claro

quem defende o quê. E o interesse público quem está

defendendo somos nós.

Uma quarta questão, deputado, é uma

questão grave também, que é o subfinaciamento

federal, vou mostrar aqui e é gravíssimo isso no SUS.

Então, assim, temos aqui quatro questões que

a princípio são importantes neste debate para que a

gente saia da demagogia, da denúncia do SUS e da

culpabilização de gestor, que é o padrão do debate.

Quem acompanha o debate do SUS vai perceber isso.

Qual é o padrão? É esse. Denúncia do que não

funciona, diário. E a culpa é do gestor. Pura

enganação, pura enganação! Infelizmente não

conseguimos pegar um culpado efetivamente pelo

pescoço, porque não existe, é pura enganação. Mas é

o que passa aí e o que se veicula na sociedade.

Infelizmente isso acaba dificultando que a gente

consiga efetivamente enxergar os problemas e

construir um diagnóstico comum. É necessário para o

SUS construir um diagnóstico comum com a

sociedade. A sociedade tem que entender que é

errônea uma história de que não tem um serviço tal

ou falhou um serviço B, porque o gestor de plantão

não quis entregá-lo. Equívoco, mas é um equívoco...

E todo mundo é levado a achar isso. Errado!

Um pouco mais à frente - como já falei - vou

detalhar um pouco esses desafios aí porque acho

importante nesse processo eleitoral a gente

aprofundar um pouco o debate para sair da

demagogia do debate.

Outra coisa importante que sempre ressalto

nesta apresentação aqui é de que nós atravessamos,

neste período de Governo, isso é um problema

gravíssimo econômico no Brasil, talvez a pior crise

econômica dos últimos cem anos. Isso impactou

todas as políticas públicas e as políticas de saúde

idem. Mas nós conseguimos dar uma priorização à

política de saúde no estado, atravessamos este

período sem fechar nada, distribuindo medicamento

como tinha que distribuir, não é? Aliás, ao contrário,

nós ampliamos. Todo mundo já falou aí, já

veiculamos, criamos quatrocentos e setenta leitos, já

está mais, já está em quatrocentos e noventa e dois.

Então assim, nós conseguimos, apesar da crise fazer

uma ampliação e até uma inovação importante que é

essa estratégia da Rede Cuidar. Junto com as

prefeituras estamos reorganizando o modelo de

atendimento de saúde.

Faço aqui também, Deputado Hércules,

costumo fazer nesta apresentação um reconhecimento

ao trabalho desses milhares de servidores que

trabalham na saúde. O que mostro aqui é o resultado

dessa obra coletiva de milhares de pessoas, centenas

de gestores por este estado afora que estão

diariamente cuidando da população capixaba. E aqui,

quando apresento esses números que vou apresentar,

isso aí é um pouco o resultado dessa obra coletiva.

Hoje mesmo estamos aqui conversando e

milhares de pessoas estão sendo atendidas nas

unidades de saúde por milhares de servidores e

gestores envolvidos nisso nos estado inteiro. Então,

temos que reconhecer o papel que todas as pessoas

têm. Então, queria começar aqui... Isso é a

primeira parte da apresentação. Vou pegar alguns

dados históricos para mostrar em relação ao

resultado, ao impacto do SUS aqui e não são todos os

resultados, são alguns.

A primeira coisa que é importante, ainda

mais que está se discutindo agora, é o problema da

mortalidade infantil. Hoje eu vi um debate na mídia

sobre isso. Mas de 91 - olha só - a 2017, olha o que

aconteceu aqui com essa mortalidade infantil. Isso

aqui é SUS, gente! Podem ter certeza de que isso é

trabalho do SUS.

Neste início da apresentação, estou falando

de SUS. Estou falando aqui de 91, você viu ali.

Então, não estou falando de Governo A, nem de

Governo B, estou falando do SUS.

A expectativa de vida aumentou nove anos.

Estamos com 78,2 de expectativa de vida. A média

do brasileiro é de setenta e cinco. A nossa média é a

segunda; a primeira é Santa Catarina, segunda

Espírito Santo. Esse indicador de mortalidade infantil

e esse de expectativa de vida, em geral, são os

indicadores mais importantes quando você analisa

um sistema de saúde no mundo inteiro.

Equipe de Saúde da Família. Em 98,

tínhamos 3,14% da população coberta; hoje, temos

quase sessenta por cento. Com certeza esse

investimento aqui está por trás daqueles indicadores

de expectativa de vida e de mortalidade infantil.

Na questão da imunização, é um sucesso

completo. Erradicação de varíola, pólio, eliminação

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 97

do sarampo, rubéola. Recentemente, fomos

referência nacional no combate à febre amarela.

Esse programa que hoje está sendo discutido

no Brasil em função da imigração venezuelana, essa

imigração está trazendo de novo o sarampo. Manaus

está com problema grave, Roraima está com

problema grave. E o Ministério também já disse que

a poliomielite também está vindo no rastro dessa

imigração venezuelana. Isso jogou uma luz em

relação às coberturas vacinais no Brasil.

Estamos até fazendo uma reunião no dia 02,

agora, com todos os municípios, para fazer uma

avaliação do PNI aqui e ver especificamente onde

tem dificuldade, por que não cumprimos, não

atingimos determinadas metas para que a gente possa

numa parceria, efetivamente, cumprir todas as metas

que estão faltando.

O Espírito Santo tem uma cobertura hoje, em

relação ao Brasil, muito boa. É só acompanhar a

cobertura para você ver o ranking do Ministério da

Saúde para vocês verem que temos uma cobertura

média boa no Espírito Santo, mas ainda temos

alguma coisa a avançar em alguns lugares, em alguns

municípios. Então, vamos fazer um seminário dia 02

e a partir daí um plano de ação para ver se até o final

do ano a gente coloca efetivamente todos os nossos

municípios no nível que têm que estar.

Essa informação que tem saído também fica

parecendo que determinados municípios no Espírito

Santo estão muito abaixo do limite. Tem que ter

cuidado porque as informações, infelizmente, que

estão ali não estão completas. Estão faltando dados

ali. Os municípios não conseguiram colocar todas as

informações e aí fica parecendo, como saiu

recentemente na mídia aqui, é o dado oficial, aquele

que eles pegaram lá, mas, infelizmente, tem muito

dado que não foi colocado ali por problemas técnicos

do próprio sistema do Ministério da Saúde, que

vamos corrigir isso também até para que a gente

possa ter uma noção clara de qual é o nosso déficit

em relação às metas de cobertura vacinal. Mas o

importante é que o Espírito Santo tem uma boa

cobertura.

A Farmácia Cidadã em 2007 fazia duzentos e

quarenta e cinco mil atendimentos. Oitocentos e vinte

e nove mil atendimentos. Isso é o SUS.

Em relação à farmácia, em 96 o Ministério da

Saúde padronizou quarenta e sete itens. Temos que

ter quarenta e sete tipos de medicamentos

distribuídos no Brasil. Em 2018, isso foi crescendo.

Chegamos a trezentos e trinta e nove itens no estado

do Espírito Santo.

Por que chegamos a isso? Porque o próprio

Estado incluiu cinquenta e quatro novos que não

estão na rede, e com recurso próprio, que não estão

na rede, que não estão na padronização nacional. É

um serviço, outro serviço, mesmo o medicamento

que não está padronizado. Se o cidadão chega à

farmácia e diz: Olha, eu preciso desse aqui. Não está

padronizado!

Mas foi instituído um serviço de avaliação

também do que não está padronizado. Por quê?

Porque pode ser que efetivamente aquele cidadão

precise daquele remédio e não tem um similar na rede

padronizada. Então, acho que muito pouca gente sabe

disso, desse serviço que temos aqui. Em 2017, foram

três mil, setecentos e noventa e sete atendimentos

nessa modalidade do que não é padronizado, com

gasto 1,2 milhão. Então, é SUS, gente! É SUS!

Em 2005, implantamos um serviço excelente

aqui, que é o SAMU, para fazer atendimento de

urgência e emergência. Temos um problema ainda no

estado, todo mundo sabe, que ainda temos que

ampliar para o estado inteiro. Ainda não conseguimos

fazer isso, mas você tem quase sessenta por cento da

população coberta por esse serviço do Samu. Para

vocês terem uma ideia de tamanho, olhem o volume

de ligação em 2017: oitocentos e oitenta e uma mil

ligações em 2017.

E agora vou elencar também um conjunto de

resultados conseguidos aqui nesse período de

Governo. Estou falando agora antes de um período

muito maior para mostrar do ponto de vista histórico

o que significou o SUS no estado.

Primeira coisa: Rede Cuidar. Fizemos um

projeto inovador nos municípios. Todos os setenta e

oito municípios são parceiros do projeto e que

efetivamente vai dar uma mudança estrutural no

nosso modelo de atendimento e vai dar uma

alavancada enorme. Já está dando, onde ele está

implementado, na qualidade de atendimento.

É um trabalho demorado? Claro que é.

Temos uma estrutura no estado inteiro que envolve

milhares de pessoas. Vamos capacitar vinte e duas

mil pessoas este ano, de janeiro até agosto, nesse

novo modelo de atendimento em todos os

municípios. É um projeto grande, mas que precisa de

sustentação ao longo do tempo. Esse Governo não

resolve tudo isso. Vai precisar do próximo, do

próximo, caminhando na mesma linha. Mas, pode ter

certeza de que se isso acontecer, a qualidade no

atendimento da saúde vai mudar radicalmente no

estado.

Na questão da atenção pediátrica fizemos

duas intervenções importantíssimas. PS 24 horas

todos os dias da semana lá no Himaba, que fechava

na quinta-feira. Criamos lá dez leitos de saúde

mental, um serviço que nunca teve no SUS, saúde

mental infanto-juvenil. E agora tem.

Então, um total de quarenta e seis novos

leitos abertos naquele Hospital Infantil de Vila Velha

e no Infantil de Vitória já passamos de cento e

sessenta e seis para duzentos e oitenta e três leitos,

com a transferência para o HPM aqui. E estamos

terminando lá as obras para descer a oncologia, para

colocar também no HPM; ela sai de Santa Lúcia e

vem para o HPM. E, ao descer, vamos ter mais vinte

e dois leitos de oncologia.

E aquele cinquenta e seis ali é obra que

vamos fazer lá em cima. Primeiro tem que tirar a

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98 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

oncologia de lá. Já temos cerca de dez ou onze

milhões já ali do Ministério da Saúde para fazer

aquela obra lá em cima. Está no processo de

aprovação junto à Caixa para a gente poder licitar.

Acho que o primeiro um milhão e meio já está quase

no final e os nove milhões, que é a obra mais parruda,

acho que ainda vamos apresentar os projetos até

agosto.

Essa fotografia, Doutor Hércules, é da

inauguração histórica da primeira unidade de saúde

mental. Essa é uma notícia boa também: A frota do

Samu foi renovada. Dezoito novas ambulâncias.

Isso é uma inovação que fizemos também. É

que o nome diz ali: Monitoramento de Inteligência

Preventiva do Aedes. Implantamos um sistema em

todo o estado para poder fazer o controle da

infestação do mosquito. Um sistema totalmente

bancado pelo Governo do Estado para ajudar na

atenção primária. Mais ou menos três milhões de

reais/ano, mas isso é uma revolução, a nosso ver, na

forma de você controlar essas infestações do

mosquito. Há um aumento de eficiência enorme.

Olha o aumento da eficiência disso. Como

você trabalhava anteriormente? Você pegava uma

cidade, isso é um exemplo real, e tinha que pegar

aquele UBV pesado para jogar aquele remédio na

cidade inteira. O que fazemos agora, depois desse

modelo? Consigo identificar onde tem um problema.

Não preciso tratar a cidade como um todo. Eu

identifico onde tem o problema em uma velocidade

enorme porque isso aqui é online. Quer dizer, o

agente de saúde do município vai com o smartphone

na mão, localizou lá... Nós distribuímos cerca de sete

mil armadilhas, pelo estado inteiro em locais para

captar essa infestação de mosquito. É uma

metodologia desenvolvida na Universidade Federal

de Minas Gerais que trouxemos para cá.

Então, o agente de saúde vai lá, olhou, anotou

e aquela informação vai na hora para o computador

do município que vai fazendo os mapas. Essa

informação que levava dois ou quatro meses, hoje é

na hora. Qual a vantagem disso? A prefeitura

consegue se antecipar ao problema de um surto,

rapidamente. Você já está percebendo que têm

determinados mosquitos ali. E mais: nós

conseguimos saber também - mas aí demora uma

semana - se está infectado. A prioridade é saber

onde é que está o infectado. Essa, demora um pouco

mais, porque tem ir para laboratório. Ele recolhe as

amostras, tem que mandar para o laboratório, e o laboratório verifica se está infectado e qual é o vírus.

Mas toda essa informação levava de dois a

quatro messes para chegar ao município, para o

município poder agir. Hoje, ela leva, no caso da

infestação, na hora e, no caso do tipo de vírus, em

uma semana essa informação já está na mão da

prefeitura. Então, nós temos tudo, tudo - e o único

estado que tem isso - para controlar essa infestação e

reduzir, drasticamente, essas doenças advindas do

Aedes.

Olhe o custo. Naquela cidade ali o gasto era

de trezentos e cinquenta. O que aconteceu? Gastou

trinta e cinco. Por que razão? Porque não preciso

fazer na cidade inteira, vou direto ao ponto, porque

eu sei, exatamente, onde está o problema. Isso é uma

coisa importante.

O Espírito Santo controlou e virou referência

nacional. O ministro falou isso, publicamente, várias

vezes. Ligou-me para dizer isto, que o Espírito Santo

tinha sido uma referência nacional no combate à

febre. Foi um momento duro aqui, mas a mobilização

de todos os municípios, mais a Sesa, conseguiu fazer

com que o Espírito Santo controlasse e virasse

referência nacional.

Outra coisa importante: em 2017, atingimos

noventa e seis por cento de rede de cobertura em

farmácia. O que significa? De cada cem pessoas que

vão lá, de noventa e seis, com certeza, o remédio está

lá. Quatro por cento podem ter problema. Por que

razão? Porque o fornecedor não entrega. Nós não

fabricamos remédio, nós compramos e, infelizmente,

temos um problema grave de falta de cumprimento

do prazo de entrega. Ou não entregou, o Ministério

da Saúde não entregou, porque também tem alguns

problemas com o fornecedor, porque alguns remédios

são comprados centralmente.

Então, porque, às vezes, tem alguma falha, a

falha é pequena, desse tamanho aí, e ela acontece por

conta disso. Infelizmente, não temos, ainda, apesar de

notificar, fazemos tudo, mas não tem jeito. Esse

mercado é um mercado muito monopolizado,

cartelizado, e é difícil essa relação aí com a indústria

farmacêutica.

Outra coisa importante de dizer na

contribuição do Estado é que, no ano passado,

tivemos que chegar a ser o Estado que mais investiu

com recurso próprio em saúde pública: 18,75 da

receita corrente líquida. Isso é SAC do Ministério da

Saúde. Ele elenca lá o ranking, você vai lá ver, é isso

aí.

E essa é outra coisa importante, quando eu

estava falando do financiamento aqui, deputado, para

esclarecer o debate. O Fundo Estadual de Saúde é

composto por setenta e seis por cento de recurso do

Estado próprio, e vinte e quatro do Governo Federal.

Está aqui o problema: muitas das discussões que

fazemos, muitas das carências e do drama que

passamos, isso aqui está na raiz do problema. Por quê?

Nós temos um subfinanciamento federal aqui

gravíssimo, que é reconhecido por todos os ministros

que eu conheci desde que estou na Secretaria da

Saúde. Todos reconhecem isto, que o Governo

Federal precisa recuperar o seu financiamento na

saúde, no Brasil inteiro. Estamos em uma situação

piorada aqui, mas, no Brasil inteiro, a situação é

grave também.

Então, é isso, o Governo Federal, em treze,

quatorze anos, foi saindo devagarzinho. E estou

falando treze, quatorze, quer dizer, vários Governos

foram saindo fora do financiamento, e isso está nas

costas do Estado e dos Municípios.

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 99

Os Municípios capixabas estão investindo

vinte e dois por cento, em média, da sua receita

corrente líquida. Deveriam estar investindo quinze,

mas já ultrapassaram isso há muito tempo. E o

Estado, que deveria estar investindo doze, está com

18,75.

Alguém tem que pagar essa conta. Porque as

pessoas estão aí na farmácia querendo remédio, vão

ao hospital querendo atendimento, vão à Unidade

Básica de Saúde, e como que faz? Essa conta,

objetivamente, está sendo empurrada para os

Municípios e para o Estado, que é um problema

grave! Mas a gente também não vê essa discussão

com essa clareza que estou colocando aqui.

Para concluir essa primeira parte dos

resultados do SUS, eu também peguei um conjunto

de números que impressiona. Porque, quem

acompanha o SUS pela mídia vai achar que isso aqui

não funciona: Ah! Isso não funciona! Quem

acompanha pela mídia vai achar isso, um desserviço

total à população, não é?

Consultas e atendimentos realizados. Isso só

em 2017. Vinte e cinco milhões. Exames, dezenove

milhões; procedimentos de quimioterapia, e tal,

cirurgia ocular, trezentos e trinta e um mil; TRS,

trezentos e quatro mil sessões. Olha só, é isso.

Internações, duzentos e cinquenta e dois mil;

UTI, vinte mil; cirurgias eletivas, já falei, deu

quarenta e dois mil; partos, trinta e quatro mil;

farmácia, já falei; imunização, sete milhões de doses

aplicadas no passado.

Como não funciona um sistema desses?

Como é que passamos para a população uma imagem

de que esse sistema não funciona? Não é possível. O

que nós temos que fazer é criticar o que tem ser

criticado; consertar o que tem que ser consertado,

mas preservar essa que é uma das políticas sociais

mais importantes do Brasil.

E fazer política de inclusão social no Brasil,

todo mundo sabe que é muito difícil. Isso é histórico

no Brasil. O SUS é uma política de inclusão social,

que tem esse resultado. Então, aí, falta alguma coisa,

mas falta menos. Hoje, não tenho dúvidas em dizer

isso. Falta muito menos porque ele já entrega.

Ele já entrega um volume de serviço bastante

alto e a gente precisa esclarecer à população em

relação a isso.

Vou colocar, agora, também, para auxiliar no

debate, já que falei que nós vamos entrando no

processo eleitoral, qualificar um pouco o debate em

relação à questão da saúde, algumas informações que

acho, absolutamente, relevante para o debate. Vou

começar com um dado importantíssimo, que deveria

ser, na campanha presidencial, um tema

importantíssimo, mas eu duvido que seja, porque eu

não vi acontecer até agora, e que é a discussão no

financiamento do SUS.

Nós criamos, na Constituição, um direito à

saúde, mas esquecemos de definir como vai ser esse

financiamento desse sistema público universal. Até

hoje estamos correndo atrás disso.

Então, assim, eu podia pegar vários países, e

peguei logo o melhor sistema público universal do

mundo, que é o conhecido da Inglaterra. Essa é a

comparação do gasto, do gasto público: do total do

gasto em saúde, qual é o percentual do gasto público?

No caso da Inglaterra, o gasto público, no total do

gasto, entre o público e o privado, deu oitenta e dois

por certo, do gasto público. No Brasil, 45,7.

Não tem, eu tirei a relação para não ficar

muito número, mas não tem em nenhum país do

mundo, que tem um sistema público universal, um

financiamento como esse do Brasil. É tudo setenta

por cento.

Você pega o gasto total, público e privado,

gasto público: setenta por cento. No Brasil, 45,7. Não

tem como ter um sistema público universal. Pelo no

mundo inteiro, todo mundo tem sistema público

universal em torno de setenta por cento do

financiamento público, porque é outro, o sistema

público universal.

No Brasil, nós queremos inventar uma moda,

fazer um sistema público universal com 45,7% do

gasto público. Não vai fazer, é difícil, isso é uma

dificuldade. É um problema que nós vamos resolver

no Congresso Nacional. Não vai resolver aqui, nós

não resolvemos aqui no estado. Isso aqui tem que

resolver no Congresso Nacional.

Mas eu também confesso, nesses três anos e

pouco que estou na saúde, não vi com essa

profundidade, essa clareza, um enfrentamento dessa

questão, que eu acho, assim, que é relevantíssimo.

Essa é uma questão fundamental no debate nacional.

Por favor. Olha que coisa interessante.

Quando você pega o percentual do gasto do PIB, o

Brasil não está longe do Reino Unido, está lá, 8,9

para 9,4, não está longe. Você vê que a diferença

entre o gasto público do Reino Unido e o nosso aqui,

é uma diferença enorme. Mas quando você pega o

gasto do PIB, percentual do PIB, que é uma coisa

comparável, nós não estamos longe. Não estamos

longe. Qual é o nosso problema, de novo? É ali em

baixo, o privado é 4,83 e o público 4,07. Isso tem que

mudar, tem que mudar. Nós vamos ter que aumentar.

Isso aqui vai ter que retirar ali de cima e botar aqui

em baixo. Tem que sair do privado e ir para o

público. É evidente que tem que fazer isso.

Então, nós estamos aqui com várias políticas,

no Brasil, incentivando o gasto privado. O Imposto

de Renda, por exemplo, todo mundo gasta com

saúde e vai lá e abate. E por aí vai. Tem uma série

de questões que estão privilegiando o gasto privado

ao invés do gasto público. Esse negócio de imposto

de renda deve dar uns quinze a vinte bilhões, que

poderia estar no sistema de saúde. E nós

privilegiamos isso. Quer dizer, é uma conversa, uma discussão,

ninguém vai resolver isso aqui. Mas, assim, nós

temos que conversar seriamente, porque senão fica

uma enganação no debate, achando que o negócio é o

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100 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

gestor, que não fez, o gestor A não fez, o gestor B

não fez. Sucedem-se os gestores, sucedem-se as

acusações e ninguém bota o dedo numa conversa

franca a respeito de como é que vai resolver o

problema. Está aí. Esse, para mim, é um problema-

mãe dessa história toda da questão do financiamento.

Tem aquela questão que eu já apontei, do

subfinanciamento federal, que é um outro problema.

Mas, a questão central é essa aqui. Essa é a questão

central e que o país tem que olhar para isso ver. Vai

fazer um sistema público universal, como está na

Constituição? Vai. Então, como é que faz o

financiamento? No mundo inteiro é mais ou menos

setenta por cento o gasto público.

Uma outra questão que eu acho relevante,

também, no debate, é a questão de entender como é

que no Brasil o modelo de administração pública está

organizado, particularmente o do SUS - eu vou

mostrar aqui -, para que a gente possa entregar o

serviço de saúde. Então, nós temos um conjunto de

atores, um conjunto de regras envolvendo isso e de

novo as pessoas olham e falam: Aí, o gestor não fez.

Infelizmente não é tão simples assim, é um pouco

mais complexo; mas, também tem que entender a

complexidade do problema para que a gente possa

procurar uma solução e sair do jogo de empurra e da

demagogia porque isso não constrói. Ao contrário.

A primeira coisa que eu estou projetando

aqui é uma questão técnica, uma questão logística.

Nós temos que organizar uma prestação de serviço de

saúde. Quatro milhões de usuários. Eu não posso

olhar para setenta por cento dessa massa porque trinta

por cento tem plano de saúde. Porque cem por cento

têm direito e a qualquer momento, e efetivamente

aparece e comparece à porta do SUS para algum

atendimento. Seja de vacina, seja de transplante, seja

de Samu, seja de alguma coisa, vai acontecer, não

tenho a menor dúvida de que todo mundo é

dependente do SUS no Brasil. Então, olha para isso.

Organização privada, ou pública. Pega uma privada.

No estado tem quatro milhões de clientes. Não tem,

gente. Ninguém. Então, nós temos um desafio do

tamanho do estado. Quatro milhões de clientes.

Como é que a gente se organiza do ponto de vista...

Quais são as dificuldades técnicas para que a gente

consiga prestar serviço a quatro milhões. É só ver, aí,

essas empresas privadas que depois da privatização -

de telefonia e tal - começaram a ter uma massa de

clientes grande, a quantidade de reclamação que tem

com a geoárea dele. Você imagine a dificuldade aqui.

Agora, são quatro milhões de usuários, mas

são serviços especiais, serviços essenciais à

manutenção da vida, da qualidade de vida. Não é

qualquer serviço. Não é qualquer um. Não é ir ao

supermercado e comprar pão.

Depois, o usuário pode necessitar do serviço

a qualquer hora, qualquer dia, em qualquer local do

estado e nós temos que ter uma estrutura para atender

isso e tratar. Usuários necessitam de atenção

personalizada. É aquela história: duas pessoas

quebram o braço. Uma tem diabete e a outra não tem.

Tratamento diferente. Não tem jeito. É um a um. Não

tem essa coisa de todo mundo igual.

Necessidade de grande diversidade de perfis

profissionais e de alta especialização. Eu tenho que

manter uma estrutura no estado inteiro de gente com

alta especialidade, motivada, que queira ficar pelo

interior afora. Temos muita dificuldade de fazer isso.

Muita dificuldade, principalmente na área médica.

Muita dificuldade de manter. E, às vezes, um

determinado serviço não tem, em determinada região

não tem prestador. É a vida. A realidade das coisas é

essa. E muitos serviços têm que ser prestados

imediatamente. Ah, não! Vou comprar amanhã um

quilo de arroz. Vou comprar hoje. Não. Não adianta.

Chegou ali é urgência e emergência. Ou atende, ou

pode morrer, ou pode ter uma sequela.

Isso é um desafio. Olha para isso aqui como

um desafio técnico. Opa! A situação, realmente, é do

ponto de vista da gestão. O que interessa a todos. Isso

aqui não interessa ao gestor. Isso interessa à

população. Interessa a todo mundo entender a

complexidade dessa oferta. Porque senão vai

enganar. Vai achar. Ah, não fez porque não quer. O

outro não quer, o outro não quer. Vai chiar, é óbvio.

Ah, porque não prioriza o atendimento ao cidadão e

por aí vai. E mais uma quantidade de coisas

simplistas que se diz em relação a essa dificuldade

óbvia. Até aí estou falando da questão técnica, vou

complicar um pouquinho agora na questão da

organização da prestação de serviço.

E aqui complica. Olha as condições da

prestação de serviço. Judicialização: cento e sete

milhões. Está criando uma porta alternativa. Como é

que resolve isso? Ninguém vai resolver isso sozinho.

Isso é um problema de ação coletiva, é um debate que

a sociedade tem que fazer. Interesse coletivo versus

interesse individual, como prevalece? Como que

acerta isso? Esse é um ambiente. Cento e sete

milhões. É um hospital que está indo para isso, em

termos de gasto.

Governança tripartite. O sistema é único:

Ministério da Saúde, Estado e Município. No caso

aqui, setenta e oito municípios, setenta e oito

prefeitos, setenta e oito secretários. Olha a

diversidade de pessoas que interfere num processo de

gerenciamento, e tem que interferir, porque o sistema

não funciona se o Município não funcionar, não

funciona se o Estado não funcionar, não funciona se

o Ministério da Saúde não funcionar.

Nós montamos um sistema, mas quem é o

responsável ali? Vamos pegar ali um responsável. É

complicado isso. É complicado. Temos uma

governança ali complexa. Múltiplas autoridades: MP

Federal e Estadual, Poder Judiciário Federal e

Estadual. Todos interferem. Defensoria Estadual e

Federal, Poder Legislativo, CGU, TCU, e por aí vai.

Não sei nem se está todo mundo ali. Todo

mundo aqui interfere num processo. De alguma

forma tem poder e autoridade para isso. É um sistema

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 101

complexo que tem um conjunto de pessoas

interferindo e que interferem efetivamente. Só no

caso da judicialização, acabei de dizer aqui: cento e

sete milhões por decisão judicial. Não é isso? Não é

por conta de um planejamento, não é feito pela

política de saúde, é por decisão judicial. Ah, mas isso

faz parte do Estado democrático de direito. Claro que

faz, mas é um problema que temos que ver como nós

organizamos a nossa ação coletiva para fazer com

que o serviço seja prestado da melhor maneira

possível pelo cidadão.

É complexo. O ambiente do setor público é

complexo. Não é uma coisa simples, não. Por isso

que quando a matéria sai na mídia ou acusações em

debates políticos, demagógicos e simplistas, não está

considerando o tamanho e a dificuldade que temos.

Nós temos, sim, não nós aqui, não. Estou falando o

setor público brasileiro, que está submetido a isso que

vocês estão vendo aqui.

Financiamento já falei. Marco regulatório

administrativo. Regra de gestão de pessoas, compras,

licitações e controle. Tem que reformar, não tem

jeito. É muito difícil você tomar uma decisão com

rapidez, com eficiência para resolver um problema.

Quem dera se pudesse. Tínhamos resolvido muitas

coisas rapidamente, mas não pode. Mas não pode,

porque nós temos uma legislação e tem que

considerar isso. Ou vai mudar essa legislação ou vai

ser nessa velocidade que estamos aí. É simples. Tem

que entender isso também. Ah, não fez porque não

quis! Não é verdade. Isto aqui é um peso enorme num

processo decisório, no setor público. Enorme, não é

pequeno, não.

A judicialização está provocando um

problema grave, também, de insegurança jurídica.

Essa coisa da legislação de controle via Tribunal de

Contas, também, provoca um problema grave. Uma

dificuldade enorme para você montar os seus quadros

gerenciais. Ninguém quer, porque vai se

responsabilizar. Responsabilizado pelo CPF tem que

defender com recurso próprio. Então é um clima.

Mas não adianta abstrair do peso da carga e dizer que

é uma coisa muito simples, que não fez porque não

quer.

Regulamentação excessiva do Ministério da

Saúde é uma coisa absurda. Custo Brasil, TST,

decisões em relação, principalmente, ao problema de

jornada de trabalho, etc, por CLT, aumenta o custo

aqui, porque temos um conjunto de prestadores,

sejam filantrópicos, sejam OSs, sejam privados.

Então, qualquer decisão dessa aí tumultua muito o

orçamento de prestação de serviço.

Não sei nem se, de novo, elenquei todas as

questões que interferem nessa coisa da prestação de

serviço de saúde, mas, com certeza, estão alguns dos

mais importantes aí.

E, por fim, nessa questão do desafio,

podemos olhar para esse conjunto e dizer que temos

um ambiente político complexo no setor público e,

particularmente, na saúde. Não é isso? A própria

demanda da população já cria um problema político

de grandes proporções. É óbvio. Você pode olhar

para isso como uma grande questão política da

sociedade, como resolver e atender essa demanda da

população.

Mas há vários outros atores importantes que

interferem: Poder Judiciário, Ministério Público,

Defensoria, Tribunal de Contas, CGU, servidor,

sindicato dos servidores, que também têm seus

interesses e se articulam para conseguir determinadas

coisas, prestador de serviço. Lembra que, no começo,

aqui, eu falei: Ó, interesse corporativo e econômico é

um dos problemas que precisam ser discutidos, para

ver como é que a gente enfrenta isso, para poder dar

prioridade, no recurso do SUS, aos usuários do SUS.

Não é isso?

Então, assim, prestador de serviço... E essa

conversa vai para a mídia travestida de interesse

público: Ah, como é que eu resolvo esse problema,

aqui? Ah, aumenta o meu contrato aqui. Não é isso o

que nós estamos vendo diariamente aí? Não é isso?

Mídia - já falei aqui ene vezes, e não paro de falar -

maximiza os erros e minimiza os acertos de uma

forma, assim, absolutamente equivocada, em minha

opinião, e isso complica a visão da população em

relação ao SUS.

Entidades profissionais: CRM, Coren, e por

aí vai. Cada conselho também administra e interfere,

porque toda hora acha que tem pouca gente, que tem

que aumentar. Porque está faltando enfermeiro aqui,

está faltando... Sim, e também não estou entrando no

mérito, não; só estou dizendo o seguinte: são atores.

Atores. Atores. Atores. Isso aqui não é um gestor

sozinho, que eu pego os meios e decido o que eu vou

fazer, e vamos lá! Não é assim, não. Não é assim,

não! É um ambiente, vamos dizer assim, complexo,

até político. Prefeitos. Quantos partidos têm aí?

Quantos interesses? Tem de tudo.

Conselho de Saúde, do qual a Joseni faz

parte, é outro ator importante dentro desse processo.

Então, você vê: como é que você pega esse

conjunto de interesses, coordena e articula, no

interesse do usuário do SUS? Como é que você faz

isso? Com um trabalho técnico? Sim. Mas

essencialmente político. Pegar esse conjunto de

interesses dá um trabalho! Para você construir uma

unidade em torno do projeto da Rede Cuidar - e hoje

temos isso no estado, todas as prefeituras apoiando -

é um trabalho de grandes proporções, de

convencimento, e que leva muito tempo, e um

período de Governo até nem dá para você concluir

um projeto desses.

Porque você precisa ter, no setor público,

principalmente na política de saúde, eu tenho

defendido isto onde posso, temos que ter uma

permanência dessa política para sustentar, ao longo

do tempo, um projeto consistente como esse, que foi

discutido abertamente e construído. Hoje eu posso até

dizer: dezenas de pessoas deram opinião e

construíram esse projeto no estado inteiro. Tem que

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102 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

se manter. Se a gente não conseguir manter uma linha

de atuação, nós não vamos conseguir resolver. Não

vai conseguir resolver um problema grave da

população, que é o acesso.

Não vamos resolver tudo, porque eu já

mostrei que tem problema grave de financiamento

ali. Mas pode ter certeza de que nós podemos dar

uma melhoria substancial, se a gente se organizar. E,

para isso, precisa se ter um diagnóstico, todo mundo

concordar e sustentar, politicamente, um projeto

como este. Não é fácil você juntar, politicamente,

todo mundo no mesmo barco e remar na mesma

direção.

Talvez eu tenha acontecido isso por não ser

candidato a nada. Pode ser isso. Pode ser que isso

tenha facilitado o meu trabalho. Porque se eu tivesse,

talvez, uma placa aí efetivamente política, isso

poderia ter atrapalhado, não é? Mas o fato é que nós

conseguimos uma coisa inusitada aqui, no Espírito

Santo, que é ter um projeto onde as setenta e oito

prefeituras estão embarcando. E tem que estar!

Ninguém vai reformar o SUS se não estiver todo

mundo - as prefeituras, pelo menos, e o Governo

Estadual - remando na mesma direção.

Isso resolve tudo? Não. Porque vocês viram,

aqui, o ambiente de quantidade de atores nisso. Mas,

pelo menos, já é uma base segura para a gente poder

caminhar. Se se conseguisse que todos os atores

públicos remassem na mesma direção, pelo menos os

públicos! E, aí, eu estou falando: Tribunal de Contas,

Ministério Público, Assembleia, pelo menos. Todo

mundo, mas pelo menos os públicos - o Judiciário -

remassem na mesma direção, aí nós vamos para outro

mundo, em termos de velocidade e de mudança na

questão da melhoria da prestação de serviços de

saúde.

Eu não tenho a menor dúvida quanto a isso,

porque eu sei a quantidade de energia que se gasta

nessas relações. É uma energia enorme: de denúncia,

de apuração, não sei o quê, de ação, é um negócio

assim. Só de mandatos judiciais nós recebemos

quarenta por dia. Quarenta. Como é que se responde

a isso tudo? É complexo. É uma energia enorme

sendo gasta ali, quando a gente poderia estar

gastando essa energia na implementação de alguma

coisa mais planejada e que, efetivamente, resolva o

problema da população.

Outro desafio importante, de que eu já falei

muito - vamos usar pouco tempo - é esse. Mais para

vocês terem ideia dos números. Já que eu falei que ia

sugerir alguns números para orientar o debate

eleitoral. Olha como evoluiu. Por isso nós não estamos

criando uma porta, onde vai parar isso aqui? Acaba ao

SUS e tem tudo de judicialização? Vamos fazer um

raciocínio pelo absurdo, mas com essa trajetória aqui

não há política pública de saúde. É uma outra porta

que está sendo construída aqui, tem outra porta,

insegurança jurídica para o gestor, quantidade de

multa que eu recebo no CPF próprio, bloqueio de

contas e mandado de prisão. Como se isso resolvesse

alguma coisa.

Quer dizer, acho que nós todos - Judiciário,

Ministério Público, etc. e nós -, caímos em uma

armadinha sem solução. É uma armadilha. Todo

mundo cumpre seu papel e passa o macaquinho

adiante, mas não resolve, gente! Imagina, se

resolvesse estava bom. Vamos resolver, prende o

secretário. Pronto! Resolveu. Criou trinta leitos de

UTI! Infelizmente não é assim.

Por isso estou dizendo que nós temos um

problema de ação coletiva, a sociedade precisa

debruçar sobre isso, raciocinar sobre isso e ver como

nós vamos resolver o problema da população, não das

instituições. Não das instituições, da população. As

instituições têm que olhar o interesse da população

para ver como melhora isso.

Isso é um problemaço e ninguém deixa de

responder os mandados porque quer. São quarenta

por dia, um massacre administrativo, nós não

conseguimos resolver, muito menos o prazo que é

dado. Isso é muito complicado. Prazo muito próximo,

quarenta e oito horas, alguns dias. É inviável, é

inviável! Não é que não quer, não existe isso, é

porque a forma de funcionar, que nós organizamos, a

sociedade, neste caso, está tendo uma disfunção que a

gente precisa discutir para ver como a gente corrige

isso.

Já falei sobre o custo e umas informações que

acho que auxilia no debate. Por que tem a

judicialização? Ah, porque não tem estrutura no

estado! São verdades algumas coisas e sei quais são,

onde está faltando e porque estamos sendo

judicializados. Falta estrutura, falta um modelo de

atendimento adequado que resolva o problema onde

tem que resolver - vou mostrar mais adiante - e aí, a

pessoa agudiza e vai para a judicialização, entope um

hospital, porque não tem que estar lá. São várias

questões que levam a essa judicialização, mas eu

levantei alguns dados para dizer o seguinte: de 2011 a

2016, nós tivemos um aumento de trezentos e

quarenta e sete por cento de processo judicial. A

pergunta: A população cresceu quanto? Doze por

cento. Espere aí! Não é possível, não pode estar

havendo aqui um adoecimento da população num

fator de vinte e cinco vezes. Não acredito. Então

temos que procurar outras razões porque essa coisa

cresceu do jeito que cresceu.

Consulta cresceu cinquenta e quatro por

cento a oferta; exame, trinta; leitos de UTI’s,

cinquenta e oito; medicamentos, cento e noventa e oito.

Então, uma parte da infraestrutura cresceu. E, gozado,

UTI temos um congestionamento, mesmo crescendo

assim. Mas, medicamento é o que mais cresceu. E digo

com toda clareza: não tem nenhuma necessidade de

judicializar medicamento no estado do Espírito

Santo. Eu mostrei para vocês aqui, ou tem o

padronizado ou nós até atendemos o que não é

padronizado. A não ser medicamento proibido no

Brasil, esse eu não posso comprar. Aí não tem jeito,

se alguém quiser brigar por isso, vai ter que

judicializar, mas isso é uma parte pequena. E é um

dos volumes, acho que nós chegamos ano passado a

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 103

uns trinta milhões de judicialização de medicamentos

para quê? Uns dez a doze disso aí é aquilo que não

posso mesmo, porque é proibido. Proibido no Brasil,

não adianta, não vou fornecer. Agora, vamos lá,

cinquenta por cento. Os outros cinquenta por cento

não têm nenhum sentido. Quando eu pego esses

números: Ah! Mas a UTI tem, por que está faltando?

Está bom, são questões diferentes, mas o negócio já

generalizou de tal forma que virou uma outra porta de

entrada, efetivamente. É absolutamente complicado.

Claro que esses dados meus não resolvem tudo, não

explicam tudo, evidentemente que não, mas nos

fazem pensar que não é uma coisa automática.

Judicializou, porque não tem serviço.

Outro dia estava um juiz me contando que ele

recebeu uma senhora que queria internar um filho e

ele falou: Mas a senhora foi ao SUS? Ela falou: Não.

Ele falou: Uai, então, vai lá. O juiz me contou isso.

Primeiro a senhora vai lá, porque o Judiciário não é

para isso. O Judiciário é se tiver um problema, nós

vamos entrar para tentar corrigir. Quem me contou

isso foi um juiz. Por que razão? Porque nós estamos,

finalmente, sob o comando e a coordenação da

Desembargadora Elisabeth Lordes. Tem um comitê

de judicialização, reúne todos os atores interessados

nisso. E nós estamos fazendo um trabalho para poder,

através de um diálogo entre Executivo e Judiciário e

o Ministério Público, etc., para ver se a gente

consegue, através desse trabalho, superar o que pode

ser superado.

A judicialização sempre existirá porque faz

parte do estado democrático de direito. Ninguém está

dizendo aqui que não vai ter. Estou discutindo aqui o

excesso. Na minha opinião, temos um excesso ali e a

coisa se espalhou de tal forma que a população,

também, já está vendo isso como uma porta e já está

indo direto lá.

Então, através desse diálogo, estamos

tentando passar algumas informações para que os

juízes possam entender o contexto e separar o joio do

trigo, o que efetivamente é judicializado, por que o

sistema falhou e o que não tem sentido. E tem muita

coisa sem sentido, muita, muita coisa sem sentido. E

aí vamos ver se a gente tira isso do nosso debate do

dia a dia.

Queria terminar só essa primeira parte com

essa frase do Villaça, que eu acho que é uma frase

que sintetiza o que eu quis dizer: O SUS não é um

problema sem solução. É uma solução com

problemas. E é uma solução dos países que têm

sistema público universal. Isso aí é uma solução.

Então, essa frase sintetiza muito o que eu estava

querendo dizer.

Agora a questão da evolução do SUS no

estado. Aí tem a ver mais com o período de Governo.

Primeiro, a nossa estratégia é essa aqui. Feito o

diagnóstico, nós fizemos a seguinte estratégia: o

problema nosso é o acesso ao serviço, então, temos

um conjunto de preocupações e ações nessa área,

qualidade de atendimento e sustentando a qualidade

da gestão, que é o mais difícil no setor público, mas é

o mais importante para garantir a continuidade da

qualidade da prestação de serviços. Isso está sendo a

maior dificuldade. Porque você consegue um

investimento, monta um hospital, bota para

funcionar. Daqui a pouco, se não tiver uma qualidade

de gestão, o que acontece? Depaupera. A prestação

de serviços cai.

Então, o que dá continuidade ao longo do

tempo, é exatamente a qualidade da gestão. E isso, no

setor público é muito difícil. Mas é isso. Nós temos

dois projetos estruturantes que estamos tratando, que

é a Rede Cuidar e a Qualificação da Gestão, pelos

motivos que já expliquei.

A Rede Cuidar é isso aí. Ela olhou o Sistema

Único de Saúde, fez um diagnóstico que tem que ser

do sistema, não pode ser de um pedaço. Isso é um

sistema. É um sistema, só funciona se você tiver uma

visão sistêmica do... Por isso é que esse projeto foi

construído junto com as prefeituras. Por quê? O

projeto da Rede Cuidar começa na unidade de saúde

do município. Nós estamos começando ali a botar

resolutividade, a mudar os processos de trabalho, por

isso que tem vinte mil pessoas capacitadas, de janeiro

a agosto deste ano, nas Unidades Básicas. Porque nós

estamos mudando o processo de trabalho.

Se a Unidade Básica for resolutiva, oitenta

por cento dos problemas de saúde da população

resolve ali. Se aquela unidade de consulta e exame,

que estamos chamando de Unidade de Cuidado

Integral de Saúde for resolutiva, mais quinze. Oitenta

mais quinze, noventa e cinco por cento dos

problemas de saúde da população podem ser

resolvidos se nós cuidarmos desses dois primeiros

itens ali: a Unidade de Saúde e a Unidade de Cuidado

Integral à Saúde. E é o foco da Rede Cuidar.

Claro que nós precisamos, também, fazer

uma reorganização da Rede Hospitalar. Tem um

projeto para isso, mas o foco que estamos tendo

agora, com prioridade, é resolver aqueles dois

primeiros níveis de atenção. A Unidade Básica,

aumentando sua resolutividade, e essa Unidade de

Cuidado Integral, que é o antigo CRE, que nós

mudamos de nome porque ele muda, totalmente, o

processo de trabalho. Ela vai funcionar como um

suporte e um apoio ao trabalho dessa Unidade Básica.

Então, oitenta por cento está aqui, quinze ali,

noventa e cinco por cento. Por isso, a prioridade

nossa e, descentralizado, para as pessoas deixarem de

ficar viajando em direção à Grande Vitória.

Então, o que nós estamos fazendo é isso.

Reordenando esse modelo. Mas isso é difícil. E isso

demora. Mas é o tamanho do problema. Ficar

enganando a população? Dizer que vou construir

hospital aqui, vamos... Não é esse o nosso problema.

O nosso problema é reorganizar o modelo de atenção.

É botar a Unidade Básica para funcionar. É botar a

atenção primária para funcionar. E essa atenção

primária é outra coisa importante. Isso é do município

e não do Estado! Besteira! O SUS é um sistema. Se

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104 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

não está funcionando qualquer coisa aqui, todo

mundo é responsável por isso. É assim que a gente

tem que entender. Porque senão começa aquele jogo

de empurra tradicional, que nós estamos vendo, de

vez em quando vemos isso. Estou trabalhando contra

isso. Você aumentar a resolutividade da atenção

primária é um problema da política de saúde. Quem

coordena a política de saúde no Estado é o Estado, é

a Secretaria de Estado da Saúde. Uma das primeiras

coisas que eu fiz foi reunir todos os prefeitos, e reuni

também o secretário, para dizer isso: Gente, o barco é

o mesmo. O barco é o mesmo, não adianta querer

empurrar o problema de um para o outro. Esquece!

Não vamos resolver nada assim.

Nós resolvemos esse problema do

entendimento político, do jogo de empurra? Acredito

que cem por cento não resolvemos não. Volta e meia

vocês verão um jogo de empurra por aí. Quando

alguém é cobrado por alguma coisa, já jogam a coisa

para cá ou para lá. Mas isso não resolve. O que

resolve é isso que estamos fazendo, sentar todas as

partes e tentar resolver.

Temos um problema grave de atenção

primária, principalmente na Grande Vitória,

municípios grandes que não conseguem organizar a

atenção primária, tem recurso para isso, o Ministério

da Saúde repassa pouco. O Estado estava nessa crise

toda e também não tinha condição de ajudar, mas é

um desafio. Se resolver bem a atenção primária aqui,

principalmente Vila Velha e Cariacica, nós vamos

fazer um grande bem para a saúde do Estado. E

estamos fazendo juntos! Quero dizer isso também.

Pedi ao César e esses dois municípios estão sentados

para discutir um planejamento para poder ver como é

que a gente faz, estrutura e organiza a atenção

primária nesses municípios, e está indo muito bem a

conversa. Estamos chegando a um acordo em relação

a esse projeto. Isso é essencialmente a Rede Cuidar,

coordenar isso tudo e mudar o fluxo de atendimento.

Hora marcada na unidade básica de saúde e

lá também. Muda tudo, muda a forma. Mas isso vai

ser? Não, isso é! Quem quiser conhecer vai à região

Norte, que já está implantado há mais tempo, e isso

está sendo implantado agora em Santa Teresa. É só ir

lá ver. Tudo que estou dizendo aqui é só ir lá ver.

Atendimento multiprofissional. O que é isso?

Focamos em doença crônica, que é uma mudança que

o modelo de atendimento do SUS não faz e precisa

fazer. Uma pessoa que tem diabetes ou hipertensão,

alguma doença crônica, tem que cuidar. Daí o nome

Rede Cuidar. Você não vai resolver fazendo uma

consulta e dando um remédio. Tem que cuidar, e vai

cuidar a vida inteira. Ela precisa ter um atendimento

multiprofissional. Uma pessoa que tem diabetes

precisa passar por um cardiologista, um

oftalmologista. Vai passar! Está tudo programado.

No dia tal aquela unidade vai receber os diabéticos da

região. O fluxo de atendimento está montado. Pelo

que ele precisa passar? Precisa passar por três

especialistas? Vai passar! Ele precisa passar por um

nutricionista por causa da alimentação? Vai passar!

Ele precisa passar por um farmacêutico? Vai passar,

para orientação de remédio. Preparador físico? Vai

passar! Psicólogo? Vai passar! Tem um conjunto de

profissionais já adequados dentro da unidade da Rede

Cuidar, e ao final o cidadão sai de lá com um plano

de cuidado com todos esses profissionais orientando.

Ele pega esse plano e volta para a atenção primária.

Olha a importância do sistema! Volta para a atenção

primária. Para quê? Por que tem que acompanhar

esse plano onde? Na atenção primária, acompanha

junto com ele o desenvolvimento desse plano. É uma

mudança radical e muito grande na nossa estrutura de

atendimento.

Importância do autocuidado: Já falei. Doença

crônica, setenta por cento é autocuidado e trinta por

cento é o sistema de saúde.

Rede Cuidar, principais entregas. Vou passar

correndo aqui também, que acho importante dizer.

Isso eu já falei, nós estamos com Nova Venécia e

Santa Teresa inauguradas; Guaçuí, provavelmente até

o final deste mês; Linhares, final do ano; e Domingos

Martins, infelizmente não conseguimos este ano.

Lembra aquela dificuldade da gestão pública?

Olha só, o edital, estamos batalhando nesse edital

praticamente desde que o Governo começou.

Impressionante. Talvez consiga fazer a publicação

agora em dezembro.

O São Lucas nós já publicamos em abril,

mais cinquenta e nove leitos para concluir as torres

que faltam ali.

São Mateus, uma coisa importante também.

A região Norte é uma desassistência, um vazio

assistencial grande, é o maior vazio assistencial do

estado.

Em relação à maternidade, por exemplo, é

um absurdo. As mães ali não tinham para onde ir, em

relação ao alto risco. E mesmo no risco habitual está

faltando algum tipo de atendimento. Assim temos

essa obra já assinada, a obra já começou, é um

hospital filantrópico, temos um convênio, repassamos

o recurso ele está estruturando ali para atender a

demanda da região Norte.

Em Cachoeiro a mesma coisa. Em Cachoeiro

está um pouco ainda atrasado em relação a São

Mateus, estamos ainda aprovando os projetos deles.

Mas já está certo ele vai ser instalado no Aquidaban,

onde hoje está a superintendência, mas vamos sair

dali e aquilo ali vai ser uma maternidade, e a

capacidade de resolver também o sul do Estado.

Mutirões: Começamos a realizar mutirões

para atacar essas filas, tivemos alguma folga

orçamentária e começamos a fazer isso.

Entregamos quase três mil, quinhentos e

oitenta e cinco entre cadeiras de rodas e meio de

locomoção. No ano passado e foi até janeiro ou

fevereiro deste ano. Se não me falha a memória acho

que encerramos, não foi isso? E não tem mais fila de

entrega de cadeira de rodas. Foi zerado e, agora,

pronta-entrega de cadeira padrão.

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 105

Oftalmologia, fizemos no ano passado quatro

mil cento e trinta e uma cirurgias e consultas cinco

mil duzentos e setenta e zerou aquela fila e fez outra

agora. Outro mutirão está sendo organizado.

Cirurgia de mão: Duas mil novecentos

cinquenta e cinco, uma fila enorme, zerou também.

E, agora, acabamos de lançar outro mutirão

são treze mil duzentos e cinquenta e quatro cirurgias.

Pegamos uma fila que estava grande

ginecológica, uma fila de angiologia, a oftalmologia

fez outra fila e de reconstrução mamária que vai dar

um investimento de quase vinte milhões.

Por que essas especialidades? Uma reunião

Sesa, secretário de Saúde, Cosemes, debatemos quais

são as prioridades, quais são as principais filas que

nós precisamos atacar. Claro que tem outras filas,

mas as principais onde têm mais gente são essas,

então estamos resolvendo onde você tem um maior

número de demanda.

E uma coisa importante que precisamos dizer

também, estamos organizando uma fila única no

estado, isso é importantíssimo. Não tínhamos fila

única no estado. Estamos lá, tem uma comissão:

Sesa, Cosemes, para organizar essas filas todas.

Como se chega aqui? O município se inscreve, nós

pegamos as inscrições de todos os municípios e

organiza-se uma fila única. Isso nunca foi assim, mas

está sendo agora. Todos os mutirões são dessa forma.

O município identifica o que precisa, nós

construímos, a partir disso, uma fila única, e essa fila

única é que está sendo tratada nesses mutirões.

Nós temos divulgado e até fizemos uma

campanha publicitária dizendo que tínhamos criado

quatrocentos e setenta e já chegamos a quatrocentos e

noventa e dois, e isso continua até o final do ano isso

vai mudar. E esse é um debate importante,

recentemente saiu aí também uma denúncia:

fecharam trezentos e trinta e cinco leitos.

De 2015 a 2018 agora, e vai crescer, nós

criamos quatrocentos e noventa e dois leitos, neste

período de Governo que estou falando agora. No

período de 2010 a 2018, acho que é 2010 a

divulgação do CRM, isso carece de uma qualificação

melhor do que aconteceu com aquela denúncia ali. Pelo

estudo que nós fizemos, muitos leitos fecharam e

deveriam fechar mesmo, porque não tinham a menor

resolutividade. E alguns fecharam por conta da política

de atendimento psiquiátrico. Só no atendimento

psiquiátrico fechou aí mais de quatrocentos e oitenta

leitos, no estado inteiro para atender a política de

desospitalização na área de atendimento psiquiátrico.

Então assim: ah caiu, reduziram trezentos e trinta e dois

leitos. Por isso que eu falo, não pode ficar fazendo

denúncia assim de qualquer jeito, com relação ao

SUS, é complexo isso. Temos que debater um

pouquinho e entender o que está acontecendo, porque

é muito fácil você soltar uma bomba dessas. A

questão é verificar o porquê disso. O que está

acontecendo, o que está por trás, para que a gente não

sirva de instrumento para aqueles que querem jogar

lama no SUS e está cheio de gente assim.

Em relação ao Centro de Unidade e

Especialidade está uma confusão, esse Centro

Metropolitano tem quarenta e seis novos consultórios

lá. Não é mais por falta de consultório. Reforma, São

Mateus também, Cachoeiro.

Farmácia, outra questão que está toda hora na

mídia, e não era falta de medicamento, era aquela

infraestrutura de atendimento; porque a falta já

mostrei, tem noventa e seis por cento de

disponibilidade. Eventualmente alguém vai faltar que

é o que se pega para dizer: oh. não tem remédio. Não

é verdade. Tem. Tem quatro por cento, no máximo,

de gente que vai ter problema lá.

E Vila Velha, já botamos em funcionamento

em maio.

Vitória começou agora em julho, mas, assim,

a infraestrutura de atendimento mudou totalmente. A

farmácia de Vitória levava duas horas e meia. É hora

marcada. Estamos levando agora, em média,

cinquenta minutos. Outro dia ultrapassou e foi um

escândalo na mídia para jogar lama no SUS porque

ultrapassou. É simples, amor! A gerente explicou,

mas botaram lá no final, depois de fazer um

estardalhaço. Era simples: sexta-feira, a farmácia

aberta, jogo do Brasil. Ninguém foi. É isso! Aí foram

onde? Foram depois do jogo, segunda, terça e quarta.

Daí chegou aquela multidão ali, piorou

momentaneamente o tempo de atendimento; agora já

normalizou, mas isso não é notícia.

Cachoeiro também, vamos no segundo

semestre, agora. A Metropolitana já fizemos

adequação enorme lá. Acho que conclui agora em

julho também.

Na Serra estamos negociando lá também, que

é um próprio da prefeitura que ficou de fazer algumas

adequações até o segundo semestre para poder

melhorar a infraestrutura, porque, volto a dizer,

remédio, o que precisava fazer é fazer uma gestão de

fornecedor, que estamos fazendo. Mas, infelizmente,

às vezes compramos pouco e ele prefere entregar

para quem está pagando mais. É isso, é um jogo

difícil. Mas, mesmo assim, quatro por cento, em

média. Noventa e seis por cento de disponibilidade,

um dos maiores índices do Brasil. Essa semana, agora,

está em noventa e sete. Ainda subiu mais um. Aquilo ali

é média de 2017, com noventa e seis.

Outra ação de fortalecimento da atenção

primária. Não adianta dizer que isso é um problema de

município. O Estado tem que se envolver nisso

também e tem se envolvido.

Na atenção farmacêutica, financiamos

também parte das farmácias básicas dos municípios:

três milhões/ano de recurso.

O fortalecimento da atenção primária. Aí são

unidades que foram em 2015, 16, 17 e 18 construídas

e inauguradas.

Já estou terminando.

Em relação à qualificação da gestão Sesa,

porque acho que é importante também dizer, esse é

um desafio, talvez seja onde a dimensão da estrutura

permanente do Estado... Então precisa reconstruir

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106 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

isso com capacidade. É difícil fazer isso. Mas é

preciso fazer. Precisamos reorganizar o modelo de

gestão da Sesa através do fortalecimento da

capacidade de planejamento, de gestão e de controle.

Óbvio, é isso que precisamos fazer. Esse é o objetivo

desse projeto. Um impacto e a consequência de você

ter um projeto como esse, olha só a importância

disso. Não estamos falando de crescer hospital, não

estamos falando de abrir unidade básica. Estamos

falando de gestão dos recursos da saúde. Primeiro,

garantir a boa aplicação dos recursos do SUS no

interesse do usuário do SUS. Bagunça é descontrole,

vai favorecer outros interesses, não dos usuários do

SUS. Aí de repente você começa a pegar o recurso e

controlar melhor, você vai ver que está esvaindo

coisa, está indo recurso para lugar que não devia ir.

Errado. Por falta de controle.

Dar sustentabilidade ao processo de melhoria

continua da prestação de serviço de saúde ao longo

do tempo. É aquilo que eu falei: não adianta abrir um

hospital; você tem que manter a qualidade e aí tem

que ter gestão. Não adianta abrir unidade básica de

saúde. Tem que ter gestão, se não vai cair.

Não tem indicador, ninguém acompanha, não

tem resultado, ninguém faz avaliação, não tem jeito,

não vai funcionar. Este é o desafio do setor público:

montar uma estrutura de gestão competente,

permanente para que a gente possa, efetivamente,

garantir ao longo do tempo a sustentabilidade e a

qualificação da gestão, o combate à ineficiência, ao

desperdiço, ao clientelismo, ao corporativismo e ao

desvio de recurso público de suas finalidades. É

evidente. Se você tem o controle...

Nós temos avançado muito nessa questão do

controle. Recentemente, fizemos uma exposição para

o Ministério Público e o Tribunal de Contas a

respeito da relação com as organizações sociais,

como estamos fazendo o controle do recurso ali, e

todo mundo pôde ver a seriedade e a transparência

que os recursos da saúde... Como eles estão sendo

controlados a partir da implantação desse tema. É

outro mundo do ponto de vista do controle da

transparência. Fizemos questão de mostrar e debater

isso com eles lá.

Por fim, a questão do Conselho Estadual de

Saúde. Está aqui a nossa presidente Joseni. Também

faço aqui a apresentação do trabalho do conselho.

Então, tivemos quatro reuniões da mesa, três

extraordinárias, uma extraordinária, três de

coordenação estadual e mais de quinze resoluções

do conselho. As conferências que os conselheiros

têm participado: nacional, de vigilância em saúde.

Saiu agora a primeira política de vigilância em

saúde, fruto dessas conferências todas. Várias

oficinas, formação de pessoal e,

fundamentalmente, a eleição, um trabalho enorme

que o conselho está fazendo de montar a estrutura, os conselheiros nas várias estruturas de saúde. Acho

que isso aí já está dando resultado, Joseni. Acho que

isso já está bem encaminhado.

Por fim eu quero terminar a minha exposição

aqui com esse slide porque acho que temos que nos

fixar nisso que é o objetivo geral da nossa política,

que é defender os usuários do SUS. Parece simples,

mas não é. Se nós conseguirmos montar esse projeto

da qualificação da gestão e se ele conseguir prosperar

do jeito que ele foi pensado, do jeito que ele está

andando, pode ter certeza de que vamos caminhar

para atingir esse objetivo aqui que é garantir que os

recursos da saúde sejam aplicados no interesse do

usuário do SUS.

Obviamente não estou inventando aqui e todo

mundo sabe, todo mundo acompanha o setor público,

todo mundo acompanha o tamanho das compras e da

despesa. São dois bilhões e meio de orçamento, uma

contratação de serviço gigantesca e precisamos

adequar a estrutura da secretaria a esse tamanho

desafio, não só pelo volume de recursos, mas pela

importância do que se faz ali para a sociedade

capixaba.

Esse é um projeto que reputo da maior

importância e da maior dificuldade pela legislação

pública que todos conhecemos.

Dito isso eu encerro.

Muito obrigado pela atenção e a paciência.

(Palmas)

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Muito obrigado, doutor

Ricardo.

Quero convidar todos que estavam à mesa

para voltar, por gentileza, ao mesmo tempo que

convido a doutora Clenir Avanza, representando

todos os secretários de saúde, e também organizadora

do Congresso da Judicialização da Saúde.

Por favor, Deputado Sergio Majeski, também

fazer parte da mesa. Por gentileza, Deputado Sergio

Majeski e novamente os que estavam aqui à mesa,

por gentileza. (Pausa)

Mais uma vez queremos agradecer a presença

de todos.

Vamos abrir o questionamento para as

pessoas que estão à mesa e em seguida para as

pessoas que não estão à mesa. Dizer mais uma vez

que não é mais importante quem está à mesa do que

quem não está. Estamos aqui por força da nossa

função transitória, mas agradeço mais uma vez a

todos. Eu disse isso no início da nossa reunião.

Nós queremos, ainda, convidar - esperando a

assessoria passar para nós - a representante dos

usuários, Maria Lúcia dos Santos Mariano. Uma

salva de palmas para a Maria Lúcia também.

(Palmas)

(Toma assento à Mesa a referida

convidada)

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Muito obrigado!

Secretário, nós vamos passar agora, então, às

perguntas que poderão ser dirigidas a V. Ex.ª. O

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 107

Deputado Sergio Majeski tem outro compromisso e

pediu para falar primeiro. Então, com a palavra o

Deputado Sergio Majeski.

O SR. SERGIO MAJESKI - (PSB) - Muito

obrigado, Doutor Hércules!

Meus cumprimentos ao secretário, aos

demais membros da Mesa e aos demais participantes.

Secretário, os dados que o senhor apresenta

não conferem, como o senhor mesmo disse, com os

dados divulgados recentemente pelo Conselho

Federal de Medicina. Inclusive, no próprio site deles,

afirma que o estado do Espírito Santo está numa das

piores situações em relação a outros estados, em

relação à questão da diminuição de leitos. O senhor

disse que não é verdadeiro, mas está no site do

Conselho Federal de Medicina e do Regional

também, que houve uma diminuição, nos últimos oito

anos, de trezentos e vinte e dois leitos aqui no estado.

Também, nesses mesmos dados, informam

que há um impressionante número de novecentos e

quatro pessoas esperando para cirurgia eletiva. Não

são dados meus, estão lá no próprio site do Conselho

Federal de Medicina. Então, assim, são coisas que

não batem.

Por outro lado, independente de dados, a

gente tem percebido coisas, no sistema aqui do

Estado, que me causam espanto. Nós não vimos, nos

últimos anos, aqui no Estado, uma política preventiva

de saúde efetiva. A gente não tem percebido, por

exemplo, campanhas publicitárias em relação a

consumo de drogas, consumo de álcool, que a gente

sabe que acaba ocupando boa parte dos leitos, assim

como acidentes de trânsito. Essas campanhas

educativas não se dão nem nos meios de

comunicação, apesar de o Governo gastar os tubos

com publicidade aqui no estado, nem mesmo nas

escolas.

Nós recebemos - e Doutor Hércules

provavelmente muito mais do que eu -, o tempo

inteiro, apelos, pessoas implorando por ajuda em

alguma questão relacionada à saúde. Normalmente, é

questão de cirurgia e internação em UTIs. E a gente

quase nada pode fazer, porque eu não tenho essa

influência e não sei se ela existe também junto à

Secretaria de Saúde, ou seja lá quem, para conseguir

isso.

Então, eu vou falar de um fato concreto. Essa

central de vagas que existe aqui, que o senhor me

perdoe se for exagero, mas acho que está havendo

uma classificação ou uma forma seletiva macabra ali.

Porque o que se percebe - isso eu estou falando de

fato concreto - é que pessoas em uma situação muito

delicada, ou idosos, normalmente não viram

prioridade nessa fila de vagas e acabam morrendo

sem internação.

Tem um caso concreto de um rapaz de

quarenta anos, internado atualmente no Jayme - ele

está internado por acaso, porque ele foi fazer o exame

lá, passou mal e eles tiveram que internar lá - e que

foi detectado um tumor na cabeça. Está desde quarta-

feira lá e, segundo a indicação, ele estava na central

de vagas com indicação para o Hospital Santa Rita,

porque seria a referência de oncologia.

Eu entrei em contato - inclusive, pedi ajuda

ao Doutor Hércules na semana passada sobre esse

caso também - tanto com as pessoas do Santa Rita,

quanto do Evangélico, que segundo informaram

seriam os dois hospitais para onde ele deveria ser

indicado. E o caso é gravíssimo.

Segundo a informação dos dois hospitais, não

há a indicação desse paciente para nenhum dos dois

hospitais, o que me causa espanto. E, se é um caso de

tanta urgência, eu não sei como é que isso não foi

resolvido. E eu tenho outros casos, não vou

mencionar aqui casos de pessoas que morreram antes

de a internação sair, enfim.

E quando se fala da judicialização, do

excesso de judicialização, todos os casos de

judicialização que eu conheci, e eu acompanhei, e

muitos que nós ajudamos, inclusive, a fazer, eram

casos gravíssimos mesmo, muito graves.

Então, secretário, a gente fica numa dúvida

muito grande a respeito de como essas coisas

funcionam. Se entende, perfeitamente, a questão de

problema da saúde, o problema dos recursos, como é

a política de saúde, porque depende de verbas

federais, enfim, se entende isso. Mas eu não entendo

como funciona essa central de vagas aqui no estado e

porque ela funciona. E estou falando de casos que eu

conheço. Isso para não falar das pessoas que esperam

na fila para ser atendido, ali, com radioterapia e

acabam morrendo antes que apareça uma vaga, e

tanto outros casos.

Então, eu gostaria que o senhor me

explicasse um pouco sobre como essa central de

vagas funciona, porque a meu ver, o senhor me

desculpe, está havendo uma seletividade macabra. E aí

eu acho que é uma questão de humanismo, de a gente se

colocar no lugar daqueles que estão ali na fila, e dos

seus entes, esperando. Mesmo que o caso seja muito

grave, ou independente da idade, mas que a dignidade

humana está acima de qualquer uma dessas coisas,

porque todas as pessoas são contribuintes, todas as

pessoas pagam, todas as pessoas merecem a mesma

dignidade, o mesmo respeito.

Muito obrigado!

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Secretário.

O SR. RICARDO DE OLIVEIRA - Claro.

Deputado Sergio Majeski, a primeira coisa

que eu queria fazer é convidar o senhor para conhecer

a central de vagas, porque eu acho que é importante o

senhor conhecer a central de vagas, porque muito

provavelmente o senhor vai ter uma opinião diferente

dessa que o senhor acabou de dizer em relação à

questão da seletividade, da seletividade macabra. Isso

não existe!

Evidentemente, você tem lá um conjunto de

médicos, que estão trabalhando ali da melhor maneira

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108 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

possível, com todas as restrições que nós

conhecemos, que o sistema de saúde tem, e que eles

priorizam por critérios médicos. Ali, a priorização é

por critérios médicos. E, alguns casos da

judicialização que chegam por mandato, não têm

prioridade com relação ao que está na tela para ser

agendado.

Alguns outros casos, evidentemente, o senhor

tem razão. Muitos casos aí de judicialização, que

chegam pela judicialização, são casos emergentes

mesmo, e etc. E que pode ter certeza que o pessoal da

central de vagas está tentando resolver. É assim

diariamente, tentando resolver, ou na nossa rede

própria ou comprando.

O que eles fazem ali? Resolver problemas

que chgam lá. Todos. Não tem nenhum problema que

chega lá que não é para ser resolvido. Só que quando

chegam dois ou três, tem seletividade por critério de

risco, técnico, do próprio médico.

Pode acontecer, também, de não ter, de não

conseguir na rede própria e nem no privado um

atendimento, porque ou privado está lotado ou

porque aquela especialidade não tem. Mas, assim, de

qualquer forma, não sei se deixo o senhor tranquilo

dizendo isso, é um trabalho essencialmente técnico

que funciona vinte e quatro horas e de um conjunto

de médicos que estão ali, inclusive numa situação de

insegurança jurídica porque a judicialização chegou

para eles, também. Agora o juiz está mandando em

nome do médico que está de plantão ali e passa uma

tensão muito grande.

Mas acho que o que é importante disso tudo,

pela importância que o senhor tem na sociedade, uma

autoridade, é ir lá conhecer. Quero, assim, agendar

com o senhor para ir lá na central de vagas conhecer.

Acho que se conhecer, vai nos ajudar.

E outra questão, que o senhor me permite

também, que é a questão da regulação. Quando nós

chegamos, nós tínhamos um sistema de regulação de

consulta e exame na Grande Vitória. Hoje, está no

estado inteiro. Informatizamos tudo. Por que razão?

Para que a gente pudesse ter, via sistema, um controle

dessas filas, porque todo mundo critica as filas do

SUS, que não tem transparência. E é verdade.

Nós estamos trabalhando para poder construir

essa transparência. Consultas e exames, botamos tudo

informatizado. O que vem para o estado, está tudo

informatizado. Os municípios também têm um

trabalho quanto a isso e têm umas filas próprias. Mas

o que bota no sistema do estado, está tudo

informatizado e transparente, não tem como mexer,

está ali.

Tanto é que eu consegui começar a ter,

inclusive, indicadores a respeito do tempo médio de

espera, que é outra coisa que se fala também. Ah, as

pessoas esperam muito e tal. Quando colocamos esse

sistema e fomos ver o tamanho do problema, tem

problema. Tem gente esperando um ano e meio para

consulta ou até mais. Ou porque deu uma falha no

sistema ou porque é uma coisa especializada e não se

conseguiu resolver. É uma falha do sistema e tem que

resolver. Mas, sessenta e seis por cento acessam em

um mês. Plano de saúde bom. Mas, trinta e quatro

não. Em dois meses, mais ou menos, setenta e seis

por cento das pessoas acessam consulta e exame à

medida que entraram no sistema. Que é um dado que

ninguém conhece também. Agora, tem um grupo de

pessoas, e isso não é pequeno, que espera mais do

que isso. Ou por falha do sistema ou porque não tem,

mesmo, prestador, mas, isso é um desafio que nós

temos que resolver.

Nessa questão da redução de leitos, deixa eu

te dizer... Eu acho que o dado deles... Deixa só te

dizer: Só de doença mental foi muito mais do que

isso que foi fechado. A política determinou que

fechasse. Porque você não pode mais fazer internação

em manicômios. Acabou. Então, esses foram

fechados. Por isso que eu te falei que quando você

faz uma conversa dessas tem que qualificar o debate.

Porque se você somar... Ah! Fechou trezentos leitos.

É, mas era para fechar. Esses quatrocentos e tantos

eram para fechar. A política determinou porque não

tem mais esse tipo de internação.

Outros leitos fecharam pelo interior afora

sem nenhuma resolutividade. É para fechar. Se não

me falhe a memória, eu não trouxe esse dado aqui,

mas nós devemos ter algo como no máximo

cinquenta por cento de ocupação no conjunto de

leitos que o Estado tem. Se eu te der esse dado você

vai dizer: Ué! Então, tem que fechar mais, está

sobrando leito aí, né? Está. Mas, está sobrando leito

que não é resolutivo. Os leitos resolutivos estão todos

abarrotados. Os leitos que não são resolutivos, que é

um conjunto enorme espalhado pelos hospitais de

pequeno porte pelo interior, não têm ocupação e são

leitos que estão lá. Então, fecharam muitos desses

leitos. O que é bom, não é ruim não. O que nós temos

que fazer é o que nós estamos fazendo; já estamos

com quatrocentos e noventa e dois leitos novos

criados.

E o senhor deve ter visto, ali, que nós

estamos criando aqui... Essa obra de São Mateus, da

maternidade, vai criar mais... Acho que são cinquenta

e cinco novos; a da maternidade de Cachoeiro vai

botar mais uns noventa e poucos leitos; o Hospital de

Cariacica mais um quatrocentos leitos; mais

cinquenta e nove no São Lucas. Quer dizer, nós já

criamos quatrocentos e noventa e dois leitos e até o

final do ano vamos criar mais; e já tem um

planejamento de obras para poder criar mais alguns

leitos, mas resolutivos. Os que não são resolutivos

não fazem falta nenhuma. Não faz falta porque o

doente chega ali e não vai conseguir resolver o

problema dele. Nós temos que ter leitos resolutivos,

por isso que eu falei da crítica dos dados lá do CRM.

Nós fizemos, inclusive, um levantamento detalhado

para conversar com eles e vamos fazê-lo. Porque

quando você vai para a mídia do jeito que foi, fica

uma coisa assim: Ah! Fechou leito. E todo mundo

usa isso para fazer denúncia. Todo mundo usa isso.

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 109

Tenho reparado que depois que eles fizeram isso

várias matérias aí usam isso para fazer denúncia e

desqualificar o atendimento do SUS. Equívoco. O

que fechou não faz falta, e eu tenho esses dados para

mostrar, e foram criados quatrocentos e noventa e

dois que era para criar. E o que fechou não é

trezentos e trinta e dois. No total pode dar... Não sei,

também, a conta que eles fizeram, mas só de leitos

psiquiátricos foram quatrocentos e oitenta de

manicômios. Tem que fechar porque a política

mandou fechar, corretamente, porque o atendimento,

agora, é outro. Por isso nós abrimos dez leitos no

Himaba, infanto-juvenil, para atender crianças e

adolescentes com problemas mentais. Porque é assim

que a política determina agora. Não é mais em

manicômio. É num hospital-geral e precisa reservar

um pedaço para isso.

Então, eu acho excelente essa proposição que

o senhor fez porque permite esclarecer. Isso é que

nós temos que fazer. Esse contraditório ajuda. O que

não ajuda é denúncia sem esclarecimento. Do jeito

que está o SUS aí, é useiro e vezeiro ser alvo. Eu até

posso dizer já, e eu tenho dito, essa campanha

eleitoral está começando. Eu já sei que uma das

organizações que vai sair machucada nesse processo

é o SUS. Porque é assim. Porque o SUS... E começa-

se a bater nisso. Porque eu vou fazer melhor... Aí

muda. Faz? Aí muda. Faz? Trocam-se os

governantes, a crítica é feita. Faz? Porque o

problema, eu não sei se o senhor estava aqui quando

eu estava dizendo: Se fosse só o gestor, troca.

Quantas vezes nós trocamos de gestor aqui, de

secretário, de governador, de tudo? Quantas vezes?

Isso é uma baboseira. Não é por aí o problema. Tem

que aprofundar o debate para ver qual é o problema

do sistema de saúde. E é um problema de ação

coletiva. Já vou lhe dizer já, na minha avaliação. Eu

mostrei aqui um pouco isso e o senhor deve ter

percebido. Nós estamos numa situação complexa.

Como eu melhoro a saúde, fazendo acusação ou jogo

de empurra de município para estado, de estado para

município? Não vai fazer. Nós estamos trabalhando o

contrario disso. Essa é a unidade política que estou

querendo fazer, hoje no estado, em torno da saúde.

Juntar todo mundo num projeto que todo mundo

sustente em benefício da população. Se fizer isso,

pode ter certeza de que não vamos resolver tudo,

não... O número que o senhor passou aí de pessoas

esperando por cirurgia está errado. É muito mais do

que isso. O senhor falou de novecentas pessoas, que

está no site do CRM. Está errado. Há novecentas mil

pessoas? Falou novecentas, e eu não entendi. Não são

novecentos e quatro mil pessoas. No estado do

Espírito Santo? Tem não. Isso é mais um equívoco

dos dados dele.

Só para ter uma ideia, fizemos, no ano

passado, um mutirão de oftalmologia. Aí falei: Bom,

quantas pessoas há aí para serem operadas? Foi

uma dificuldade. Olha só a dificuldade do sistema de

montar uma fila. Informações desencontradas para

todo lado. Quero saber o tamanho dessa fila para a

gente projetar um mutirão para zerar essa fila. Foi

uma dificuldade até para aparecer gente para operar.

Foi uma dificuldade. Nós corremos atrás. Nós

corremos atrás significa todos os municípios e nós.

Chegou determinado momento que estava

instalado o hospital aguardando e não tinha fluxo de

gente para operar, então tivemos que montar uma

operação de logística para identificar as pessoas e a

gente chegar lá. Aí, zeramos a fila. Como começamos

a organizar essa fila, apareceu outra agora. Fruto

daquele trabalho do ano passado, apareceu outra fila

de oftalmologia agora. Então, estamos, também, de

novo... Qual o volume dessa fila nova que surgiu? O

senhor viu ali. Ela foi projetada para cem por cento

de quem está na fila. Não chega a ser cinco mil

pessoas. Temos na ginecológica, talvez, seiscentas

pessoas aguardando na fila. Não, tem mais, acho que

são dois mil e poucas da ginecológica. E por aí vai.

Esses são os números.

Somando essa fila toda... Eu nem sei. Você

tem esse número, somando a fila toda? Tem, Engle?

Quanto dá a fila toda que nós identificamos com o

município? (Pausa)

Eu sei. O geral. Todas as filas. Ele está

dizendo que tem novecentas mil pessoas na fila para

cirurgia eletiva. (Pausa)

Eu sei, mas você tem ideia...

O SR. SERGIO MAJESKI - (PSB) - Eu

não estou dizendo nada. Quem está dizendo é o

Conselho Federal de Medicina.

O SR. RICARDO DE OLIVEIRA -

Verdade. Só esclarecendo.

O SR. SERGIO MAJESKI - (PSB) - Está

no site deles. Eu só estou dizendo sobre os dados que

estão lá.

O SR. RICARDO DE OLIVEIRA - Isso.

Mas já que o senhor disse, temos que esclarecer.

Eu vou levantar esse dado e te passar em relação a

quem está... O que nós temos, porque tem que olhar

criticamente, porque o SUS tem um problema grave

de dados. Mas eu te garanto que novecentas mil

pessoas não há. E vou te dizer mais, se tivesse, não

tinha problema nenhum de dizer. O meu problema

não e esconder o número, é dizer a verdade. Temos

que estabelecer a verdade dos números. Por isso eu

estava dizendo que temos que ter um diagnóstico

comum para poder construir alguma coisa. Se são

novecentos, se são quinhentos, se são cem, não

importa, tem que ter o número que todo mundo

concorde. É esse o número, é esse o número. Está

bom. Vamos andando para frente. Eu não tenho

preocupação: Ah, tenho cem mil pessoas na fila de

consulta... Eu tenho vinte mil... Isso e quero dizer

mais para os senhores, já que você está levantando

uma questão importante do debate que precisamos

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110 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

aprofundar, essas filas, inclusive, estão equivocadas,

estão grandes - de consultas e exames - que devem

chegar perto de duzentos mil por pessoa cadastrada

no sistema. Uns setenta por cento disso não tem

necessidade. A falta de um funcionamento melhor do

processo do modelo de atendimento é que está

levando ao crescimento dessa fila. Quando você

trabalha o modelo de atendimento que estamos

fazendo na Rede Cuidar, essas filas... Setenta por

cento do que está em porta de hospital não tinha que

estar. Não é ali que tinha que estar, porque o modelo

de atendimento não está tratando na unidade onde

deveria, que é a atenção primária. E por aí vai.

Qual é o meu desafio? Qualificar o debate,

porque se a gente qualificar, nós avançamos com o

apoio de todo mundo. Até exagerei.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Deputado Majeski, mais

alguma pergunta?

O SR. SERGIO MAJESKI - (PSB) - Tenho

várias outras, mas preciso sair.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Está bom. Obrigado, Sergio

Majeski. Ele tem outro compromisso.

Só um minutinho, por gentileza. O pessoal da

Mesa vai falar, depois vamos dar o microfone para

vocês falarem daqui, ok? Esse é o sistema da

audiência pública. Todos terão, naturalmente, o

momento de falar.

Obrigado pela presença, Deputado Sergio

Majeski.

Agora, vou abrir a falação para a Mesa, e

gostaria de consultar quem quer falar primeiro, da

Mesa. (Pausa)

Não?

Joseni? Nós vamos ouvir a presidente do

Conselho Estadual de Saúde.

A SR.ª JOSENI VALIM DE ARAÚJO -

Bom dia, todos e todas. Cumprimento principalmente

os usuários que estão presentes, que somos todos nós,

não é? Somos usuários do sistema.

Doutor Hércules. Cumprimento toda a Mesa

em nome do Doutor Hércules. Doutor Ricardo.

Quando se fala assim: prestar contas;

números. E números, ainda, que precisamos, uns

aumentar, e outros, diminuir - não é, Doutor Ricardo?

-, é complicado. Agora, eu concordo com o Doutor

Ricardo: este debate tem que ser feito por todos, cada

um na sua instância. E a gente tem tentado fazer o

mínimo. Eu falo assim: caminhando devagar, mas

nós estamos tentando. E trabalhando aqui.

Eu falo assim: a gente tem que começar a

trabalhar é a saúde, principalmente. A saúde, e não a

doença. Porque a gente só vê números, às vezes, só

da doença.

O deputado falou aqui uma coisa certa: a

gente não vê, às vezes, campanha para a saúde,

algum trabalho assim. Tá, Doutor Ricardo? Eu vejo,

às vezes, que o setor às vezes não há comunicação. A

parte de divulgação, um pouquinho abaixo. Mas eu

espero... Eu vi números, ali, que eu espero que

mudem na próxima prestação de contas. Que os

números mudem, realmente, ali. Eu já estive na outra,

a anterior, e eu esperava melhores números, Doutor

Ricardo. Eu esperava melhores números. Outras

numerações, outras porcentagens ali até que subiram.

Melhorou o serviço.

Eu tenho acompanhado serviços, e posso

falar que, realmente, é como se diz: estão tentando

fazer o dever de casa. Cumprir a tarefa. Agora, tem

serviços, ainda, que estão deixando, ainda, o usuário

à espera, sim. Tem. Agora, qual é a causa? O que nós

precisamos resolver? É isso daí. Onde está esse

problema? Qual o nosso desafio, que o senhor deixou

bem claro?

O grande desafio eu estou falando e estou

vendo quando você vai ao interior, vai ao município:

a atenção primária. O senhor disse, bem claramente,

que o Governo Federal não está ajudando em nada, o

mínimo. Se eu não cuido na base, vai sobrar, vai

superlotar o hospital. Então, esse trabalho é conjunto.

Eu estava conversando aqui, Doutora Clenir:

a gente está lá. A secretária está no município. Então,

o que precisamos? Estar lá na base. Porque, senão,

não adianta vários técnicos trabalharem só para o

hospital, que não vai funcionar. Então, essa ligação -

o senhor fez o quadro muito bem, ali apresentado:

quem são esses atores, para poder resolver isso daí?

Eu falo, numa condição, enquanto conselho:

você está lá no conselho, você trabalha em grupo,

tem grupos e grupos. O grupo todo não está

trabalhando, mas tem alguém que está trabalhando

numa parte, então aquela parte vai sobressair. É a

mesma coisa que acontece, também, na saúde.

Nós estamos num trabalho sobre a

judicialização. Tem aqui técnicos. Nós somos do

comitê. Nós já vimos: o que é que está acontecendo,

sobre muita coisa que acontece? Às vezes é lá na

atenção primária mesmo, lá no princípio, lá na base é

que está acontecendo.

Então, Doutor Ricardo, quando o senhor

apresenta esses números aí, a gente está vendo a

realidade: tem coisa para melhorar. Agora, é uma

realidade que dói para o usuário. Além da doença

dói, dói mesmo. Porque, ficar aguardando uma

vaga na UTI, e você tentar ligar para um ver... E,

às vezes, pula mesmo! Aí, fala assim: Uai, pulou a

fila? Mas é aquela necessidade. E a gente vê as

pessoas falando, uma forma que foi atendida, uma

forma errada. Errada para quem? Porque pulou a

fila ou porque é a necessidade daquele doente,

daquele paciente no momento?

Então eu acho que é tudo um conjunto e,

realmente, números, valores, a gente tem a prestação

de contas no conselho para avaliar, para fazer checar

isso daí. Mas sou muito assim: primeiro tenho que

ter aquela visão e sei onde que está tendo o

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 111

problema, então a gente tenta trabalhar. Enquanto a

gente fala que é um controle de realmente verificar,

eu sinto assim: gente, vamos melhorar porque tem

tanto paciente e tanta gente aguardando nessa fila.

Tem. E tem mesmo.

Eu gostaria de chegar aqui, doutor Ricardo,

sinceramente, e falar assim: Gente, essa fila zerou,

não tem mais fila. Mas isso não vai ser agora, mas é o

caminho que a gente está seguindo. É o caminho que

está seguindo. Quando eu vejo os técnicos, vejo cada

uma aqui no setor fazendo, eu falo: a nossa parte nós

estamos fazendo, mas um horário a gente chega lá. E

chega! Com pouquinho a pouquinho a gente vai

chegando.

Tem uns colegas do controle social que são

justamente os conselheiros, eu falo assim: A gente

está fazendo, vamos fazer cada um a sua parte que a

gente chega. Então quando tem uma audiência

pública, várias pessoas, vários segmentos, para ver

aqui e cada um você vê que está na sua função. Isso é

muito importante, doutor Ricardo.

Isso que o senhor fala assim: jogar lama no

SUS, são trinta anos. Tem gente que é técnico, está

trabalhando aqui, que acho que em na época era

nascido, quando surgiu o SUS e está no sistema e está

aqui trabalhando.

Então é alguma coisa que dá certo. Eu falo

que dá certo, vamos fazer, vamos trabalhar. E essas

audiências quando vierem outros números, agora, as

próximas, com outros números melhores. E que

aquele que está lá dependendo da nossa ação, que ele

possa falar assim: Não, eu posso confiar em alguém

que está lá na frente fazendo isso por mim. E não é

por um só que, às vezes, acontece, mas nós temos

milhares de pessoas esperado, dependendo da nossa

ação.

Então eu falo assim, na prestação de contas

anterior, eu falei: Doutor Ricardo, eu estava vindo de

uma visita a um município e vi. Agora, tem coisas

que nós podemos melhorar mesmo. Coisas para

melhorar. Eu faço no período, completando, agora,

um ano à presidência, substituindo um secretário, no

Conselho Estadual de Saúde, faz, exatamente, um

ano, doutor Ricardo. Então para a gente estar à frente

de um setor e ali na frente você ver o que pode ser

feito, eu posso estar com a consciência tranquila,

porque eu tentei e estou tentando fazer. Não é uma

coisa para mim agora, não, é uma coisa que fique. Na

hora de prestar conta que fique para o outro da

mesma forma que o senhor falou. Não tenho

pretensão política. Não tenho, mas tenho uma

pretensão de trabalhar para aquele usuário que está lá

na ponta.

O município onde moro é o que ele falou, o

problema da Grande Vitória é Cariacica e a gente

sabe onde tem problema e a gente tenta fazer lá. É

estar no local e tentar trabalhar. Então eu agradeço a

presença e a oportunidade de estar aqui, doutor

Ricardo, e ver esta prestação de contas de um ano

atrás que está acontecendo agora. E andar no interior

e ver uma diferença nisso aí. Uma diferença que tem

e falo assim: temos problemas? Temos problemas

graves, sim, mas nós estamos tentando resolver. Falo

tentando, dentro da minha parte que se refere e dentro

do eu vejo outras pessoas tentando fazer isso daí.

Então, é este o espaço que eu falo, é esta prestação de

contas que vejo. Às vezes, tem números A, B, C, mas

é esse o conjunto que vejo da prestação de contas,

essa parte.

Falo com o Doutor Hércules, da Comissão de

Saúde, é outro setor que a gente tem que trabalhar,

então a gente está tentando trabalhar em todos os

setores. Isso que é importante para cada um. Eu falo

assim: cada um é o ser humano que está nesse espaço

para fazer.

É isso, doutor Ricardo. Vamos lá! Vamos

continuar trabalhando mais, independente de quem

esteja falando mal ou criticando, o importante é a

gente estar fazendo, estar caminhando.

Gente, obrigada e bom dia!

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Muito bem. Antes do doutor

Ricardo responder, quero convidar para a Mesa, com

muita satisfação, o doutor Guilherme Rousseff

Canaan, que é procurador de Justiça do Estado.

Doutor Guilherme, por gentileza. Uma salva de

palmas, também. (Palmas) Muito obrigado pela

presença.

Doutor Ricardo, por favor, pode responder à

nossa presidente do conselho.

O SR. RICARDO DE OLIVEIRA - Essa

resposta, Joseni, é simples. Eu não abordei aqui o

conjunto de problemas, que nós temos, assistenciais.

Tem vários. Temos um problema grave da Sífilis;

estamos fazendo uma mobilização com os

municípios, agora, para poder reverter. Gravíssimo,

gravíssimo.

Comentei, rapidamente, algumas coberturas

vacinais, mas eu não quis fazer esse rosário de

problema porque isso aqui é o que se vê todo dia. As

pessoas só olham para o que falta. Ninguém olha para

o que está dentro do copo, só o que falta. E eu, assim,

afirmei e afirmo de novo, o que entrega é muito

maior do que falta. Muito. Você viu o tamanho do

número. Repara que nós temos ali onze mil processos

judicializados. Temos vinte e cinco milhões de

atendimentos, dezenove milhões, milhões de exames.

Então, assim, se você comparar quem não conseguiu

um atendimento aqui e foi aqui, claro que não é só

isso, porque tem muita gente que vem aqui e não vai

ali. Se você considerar que muita gente que entrou

nessa fila de consulta está errado, então, assim, eu

não tenho dúvida, fazer um diagnóstico do sistema

hoje, que ele entrega é muito mais do que falta.

E o objetivo meu aqui, principalmente por

conta do processo eleitoral, é evitar demagogia ou

simplismo num debate sobre saúde, para que a gente

preserve uma política, que é uma política mais

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112 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

importante de inclusão social no Brasil, que é essa

política do SUS. E se continuar do jeito que está, que

joga a água suja e o bebê fora, eu, naquela

comemoração dos trinta anos do SUS - você não

estava lá, mas tinha uma representação sua lá - eu fiz

questão de dizer uma coisa, que é fundamental: a

população precisa apoiar o SUS. Como é que ela vai

apoiar o SUS, se é pancada direto, todo dia, na mídia,

dizendo que aquilo não funciona? E ela precisa

apoiar.

Os países que construíram o sistema tiveram

o apoio da sociedade. Eu até dei o exemplo do

modelo inglês. Os ingleses se orgulham do sistema

público de saúde deles lá. E nós vamos ter que

construir esse orgulho aqui. Porque se não fizer isso,

não vamos reverter aquele gasto público versus o

privado que temos no Brasil, hoje. Se não tiver

orgulho e defender o SUS, aquilo não reverte não, tá?

E nós vamos ter um problema grave na

construção do sistema público universal.

Por isso é que eu foquei um pouco essa

apresentação aqui, não nas dificuldades, porque sei,

se for pontuar aqui, tem vários problemas, nós

sabemos do dia a dia, que está sendo tratado. Eu não

tenho a menor dúvida quanto a isso. Mas quero dizer,

o volume de entrega é muito superior ao que falta.

Embora, enquanto tiver alguém em qualquer fila

dessa, nós temos que estar atentos para poder

equacionar um problema, como estamos fazendo

agora com esses mutirões de cirurgia. Aqueles

mutirões ali são para zerar aquelas filas todas que

estão ali. E isso é o que nós vamos fazer. Já zeramos

ano passado e vai zerar agora essas outras que estão

aí. Ainda tem outra? Tem. Ainda tem de exame, de

consulta. Estamos organizando outros mutirões de

consulta e de exame também, para zerar isso aí.

Porque é o papel nosso. Mas eu não olho para os

problemas e maximizo o problema, porque ao fazer

isso, estou desacreditando um sistema. A quem

interessa? Essa é a questão que estou querendo

levantar.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Muito bem. Vou passar a

palavra, agora, para a doutora Clenir Avanza. Eu já

estava pronto para mostrar esse cartaz do 6.º

Congresso Brasileiro, e a doutora Clenir tem mais

autoridade para falar sobre o assunto. E aqui está o

convite. Se não fosse a doutora Clenir, esse

congresso não seria realizado aqui no Espírito Santo.

É um momento ímpar para discutir a questão do

acesso à saúde. Estamos fazendo já o sexto

congresso, com muita dificuldade. Agradecemos ao

Governo do Estado e também ao Secretário Ricardo

de Oliveira, que tem ajudado.

Doutora Clenir, por favor, pode mostrar para

a câmera o convite e o cartaz.

A SR.ª CLENIR SANI AVANZA - Vou

deixar o senhor mostrar porque o senhor fica melhor

na fotografia do que eu.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Só um minutinho, então. Dê

um take, por gentileza. Aqui está o convite. Aqui está

o Maely Coelho, que é o presidente estadual; o

doutor João Pedro Gebran Neto, que é o presidente

nacional, é o desembargador da Lava-Jato. Eu faço a

ligação institucional, naturalmente, com as

instituições do estado e também o Ministério Público

Federal. A doutora Clenir é coordenadora executiva,

o doutor Arnaldo Hossepian Júnior é o representante

do Conselho Nacional de Justiça, e o doutor Ricardo

de Oliveira é o nosso secretário de Saúde, que todo

ano participa com bastante eficácia e com bastante

clareza deste congresso. Haverá a presença do

ministro e de várias autoridades. Estaremos aqui e

nós agradecemos à doutra Clenir. Ela é secretária de

Saúde de Aracruz e também é coordenadora

executiva desse congresso.

Pois não, doutora Clenir.

A SR.ª CLENIR SANI AVANZA - Bom dia

a todos! Quero cumprimentar todos os membros da

Mesa, através do deputado e presidente da Comissão

de Saúde desta Casa de Leis, Doutor Hércules

Silveira; cumprimentar o nosso secretário de Saúde,

doutor Ricardo; e cumprimentar os demais servidores

da Secretaria da Saúde e do Conselho Estadual.

Fazer aqui uma observação. Não estou

representando os demais secretários de Saúde. Na

verdade, estou aqui representando a Comissão de

Saúde da OAB, da qual sou vice-presidente. Apesar

de estar secretária sou impedida de advogar, mas não

sou impedida de ocupar minha função institucional.

Queria fazer algumas observações, doutor

Ricardo, porque é fácil falar quando a gente não está

no campo com a bola no pé. É muito fácil apontar o

dedão e falar: Por que você não chutou? Por que você

não fez o gol? Quem mandou você perder aquilo?

Estava de frente para a trave! Enfim, sempre fui

advogada atuante na questão da judicialização.

Achava que tinha que resolver. Quando você passa

para o outro lado do balcão, você consegue perceber

algumas dificuldades do gestor, quase que

insuperáveis. Por exemplo, quando se trata de

judicialização, no mínimo se espera que a

magistratura cumpra os prazos processuais, isto é, te

exija dentro dos prazos possíveis. Por quê? Não se

pode expedir uma ordem impossível de cumprimento.

Tenho recebido às 18h: Cumpra-se em meio dia.

Como assim meio dia? Até meia-noite? Como é que

vou cumprir?

Outra coisa, nenhum gestor tem dinheiro em

uma caixinha lá para tirar e comprar. E se tivesse,

não poderia. Tem os trâmites formais. Não posso

comprar medicamentos fora da lista Rename, mesmo

com uma ordem judicial. Onde vou comprar esse

medicamento? Como vou justificar? E o laboratório

vai me entregar imediatamente? Não posso

desinternar um paciente à vontade do familiar, como

algumas ordens que tenho recebido: Interne em outro

hospital porque essa é a vontade do familiar; se o

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 113

paciente já está internado em uma unidade hospitalar.

Enfim, tem que se corrigir isso aí e essa é a

importância desse congresso porque vamos discutir

com a magistratura, com o Ministério Público

Federal, com o Estadual, com os procuradores, com a

advocacia e, principalmente, com os gestores.

Essa discussão, que já vai para o sexto ano,

tem promovido uma mudança significativa no pensar,

no mover e no atuar da magistratura brasileira. Tem

sido extremamente importante o congresso por isso.

E ele só é realizado no Espírito Santo porque o

doutor Ricardo não tem medido esforços para que

isso aconteça aqui. Aqui ficam os nossos

agradecimentos antecipados, doutor Ricardo, pelo

esforço que mais uma vez o senhor está fazendo para

que o congresso aconteça aqui neste estado.

Quando a gente fala de SUS - e é o único

sistema de saúde universal desse planeta é o SUS, os

outros não são; todos eles possuem restrições, o

nosso é universal - eu também vejo com muita

cautela às críticas ao sistema de saúde. Não podemos

perder esse sistema, foi à custa de muita luta. Esse

sistema não nasceu da cabeça dos congressistas e,

sim, das conferências de saúde. Foi muito tempo,

estudiosos, universidades, médicos, gestores brigando

para que a gente tivesse esse sistema. Ele é perfeito?

Claro que não. Ele está funcionando? Também

concordo que não. Mas o que precisamos perceber,

que não é a Lei 8080 que não funciona nem as suas

portarias; o que não funciona é o subfinanciamento

da Saúde.

Doutor Ricardo, o senhor pode fazer

quantos mutirões o senhor quiser, o senhor não vai

conseguir zerar a fila. O senhor pode fazer quantas

campanhas o senhor quiser, vocês não vão conseguir

zerar a fila se nós não investirmos na saúde primária.

É preciso ter mais equipes de PSF. Quer um

exemplo? Eu estou secretária no município de

Aracruz, e assim como a minha tese de mestrado e,

agora, no doutoramento, defendo que a porta de

entrada é extremamente importante para que a gente

não sobrecarregue a alta e média complexidade. Só

que para um município que tem cem mil habitantes e

mais vinte mil de população flutuante, isto é, cento e

vinte mil habitantes, eu tenho dezoito equipes de PSF.

Dá conta? Não. Isso significa o quê? Que elas vão

sobrecarregar as pessoas, vão agravar as enfermidades,

e elas vão parar onde? No pronto atendimento. No

único pronto atendimento. E aí entra na sua rede.

Entra na sua rede.

Então, o problema é lá na ponta. Ou se

resolve a ponta com a saúde primária, melhorando o

financiamento e o Governo Federal tem que ficar

atento para isso. É um absurdo que se corte esse

subfinanciamento das equipes de PSF, porque não

cobre nem cinquenta por cento do custo. Nós

sabemos o tamanho do orçamento de uma Secretaria

de Saúde de um município. Então, o problema é de

fácil solução. É só investir na porta de entrada, é só

investir nas vigilâncias, porque aí nós teremos muito

menos pessoas na alta e média complexidade. E, aí

sim, nós vamos conseguir reduzir a sua fila, senão

nós vamos ficar enxugando gelo. A fila só aumenta.

Você vai fazer, acabou, no mês seguinte vai ter mais,

porque essa é uma demanda produzida pela

insuficiência de financiamento da porta de entrada,

isto é, da saúde primária, das equipes de PSF. Então,

precisamos ter consciência quando a gente emite

críticas, tipo: os hospitais estão lotados.

Têm dois equipamentos sociais, Doutor

Hércules, que o senhor pode construir mais milhares,

terminou de construir vai estar lotado: são presídios e

hospitais. Quanto mais você construir, mais eles

ficarão lotados, porque o presídio não resolve e o

hospital também não. Ou se investe na prevenção, na

reeducação, na corresponsabilidade, também do

paciente, ou nós vamos ficar administrando críticas e

vamos ficar administrando longas filas.

Quero parabenizá-lo por sua coragem. Estou

lá há cinco meses, assim, em pânico, tipo assim, eu

quero ir embora! Quero ir embora! Por quê? O

volume de problemas só aumenta. Eu recebo dez

ordens judiciais. Eu advogo mais lá do que no meu

escritório de advocacia. Tem que ficar o tempo todo

advogando. Não, excelência, não é nisso. Pedindo

reconsideração das ordens judiciais, e tem momento

que você pensa assim: Mas o que é isso? Estou sendo

tratada como o quê? Como um contraventor? Não fiz

nada de errado. Enfim, é uma situação muito

complicada do gestor público de saúde e também de

todos os técnicos da Secretaria de Saúde porque eles

respondem solidariamente junto com o gestor.

Então, eu acho que nós precisamos,

realmente, estimular o pensamento coletivo; nós

precisamos que o Conselho de Saúde comece a

pensar também nesse subfinanciamento; precisamos

fazer um grande esforço e investir na porta de

entrada.

De qualquer forma, ficam aqui meus

parabéns pela coragem de prestar conta mais uma

vez.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Queria que senhora falasse

um minutinho sobre o congresso.

A SR.ª CLENIR SANI AVANZA - Gente,

o congresso vai acontecer nos dias 30, 31 e 1.º. Nós

temos da magistratura fora do estado, já inscritos,

trezentos e dez magistrados entre magistrados e

membros do Ministério Público Federal e Estadual;

temos sete secretários de Estados confirmados, o de

Brasília, o de Goiás, enfim.

Temos um público enorme e estamos

segurando as vagas da Secretaria de Saúde.

Nesse congresso nós vamos discutir e vamos

tirar uma carta extremamente importante, que é a

Carta de Fortalecimento do SUS. Por isso que é

importante a participação e o pensar coletivo de

todos. O que podemos sugerir ao próximo presidente

da República para que melhore o SUS?

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114 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

Esse documento será entregue na Comissão

de Seguridade da Câmara Federal numa solenidade

onde vão ser chamados os possíveis presidentes, os

candidatos, e será entregue a eles através do doutor

Arnaldo Hossepian, do doutor João Pedro Gebran e

do nosso secretário, já que a carta vai sair daqui de

Vitória. Então, o pensamento de todos os senhores,

que estão aí no dia a dia, para melhorar o SUS, é

importante.

Eu queria também, falando de congresso,

deputado, fazer um agradecimento para os técnicos

que estão lá nos ajudando, da sua Secretaria,

secretário, nos ajudando a viabilizar o congresso. A

todos eles, não lembro muito os nomes, mas queria

agradecer a todos através da doutora Fabrícia Forza

que não tem medido esforços para nos ajudar e

manter o contato lá, da sua subsecretária também que

tem nos ligado, enfim.

Eu acho que esse movimento está no nosso

estado porque há um movimento coeso e coletivo

para que o congresso aconteça da melhor forma

possível.

Nós teremos o Ministro do STF, o Alexandre

de Moraes, que vem falar sobre a posição do STF,

medicamentos de alto custo; teremos o Ministro do

STJ Nefi Cordeiro, a presença do ministro da Saúde.

Ele mandou confirmar. Está lá o e-mail que chegou

hoje pela manhã; teremos a presença de quase toda a

8.ª Turma do TRF4, do Desembargador Leandro

Paulsen que vem falar a respeito dos crimes da

indústria farmacêutica, isso é importante, sobre

patentes, enfim, há a convocação do CNJ.

Então, todos eles foram convocados e estarão

presentes. A TV Justiça vai vir cobrir o evento, e nós

esperamos contar com a presença de todos os

senhores porque esse congresso, com muito orgulho,

acontece, mais uma vez, no estado do Espírito Santo.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Obrigada, doutora Clenir.

Antes de o doutor Ricardo responder aos

questionamentos, eu só me esqueci de falar com meu

querido colega Sergio Majeski que o paciente a que

ele fez referência, só vou falar as iniciais dele por

questão de ética, HD que é o nome dele, tem quarenta

anos e estava, não sei se ainda está, internado no

Hospital Doutor Jayme Santos Neves. No dia 12, ele

ligou para mim e eu imediatamente entrei em contato

com o Hospital Santa Rita, com a direção, que

respondeu para ver com o Hospital Evangélico, que

também era referência em câncer. Entrei em contato

também com o Hospital Evangélico, agora não sei se

realmente já tem diagnostico dessa doença maligna e

que realmente precisa dessa transferência. Até aí eu

acompanhei; depois disso, não. Mas falei com os dois

hospitais, Santa Rita e Evangélico também. Na

época, o diretor do Evangélico disse... (Pausa)

Pois não.

O SR. GIULIANO NADER - Os seus

subsecretários são muito eficientes e se apressaram

logo em me dar a informação. Então, transmito aqui o

que a doutora Joana e Fabiana me passaram. Foi

agendada consulta no Santa Rita amanhã. Paciente

em bom estado geral, lúcido e orientado. Teve um

quadro parecido com AVC e então procurou o Jayme

quando encontraram múltiplas lesões espalhadas pelo

fígado, rim, peritônio, mas não sabem de onde veio a

origem do câncer. Pelas descrições, tem as condições

de consulta em determinado hospital. Paciente

permanece na sala amarela, aguardando regulação

para hospital de referência em Oncologia, uma vez

que o paciente apresenta tumores em diversos pontos.

Nesse fim de semana, o paciente apresentou melena e

por conta disso ficou agendado um exame de

endoscopia alta. Está confirmada uma consulta no

Hospital Santa Rita para análise da biópsia de modo a

identificar a origem de todos os tumores.

Certo? Obrigado, Doutor Hércules.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Muito bem. Para quem não

sabe, melena é vômito sanguinolento.

Doutor Ricardo, por gentileza.

O SR. RICARDO DE OLIVEIRA - Eu

queria concordar com a avaliação que a Clenir fez.

Olhou corretamente para a porta de entrada. A Rede

Cuidar tem prioridade na porta de entrada, por isso

que mostrei o esquema aqui. O SUS é um só, não

adianta consertar um pedaço, vai ter que começar

pela porta que é a base, e a prioridade é a porta de

entrada. Tem que reorganizar aquela porta de entrada.

E é o que estamos fazendo em parceria com todos os

municípios em relação à Rede Cuidar.

Acho que é importante essa constatação que

você fez porque se todos tivermos o mesmo

diagnostico, é mais fácil remar na mesma direção. E

você apontou o dedo na prioridade da Rede Cuidar.

Por isso é que nós também acabamos com esse jogo

de empurra. Porque o sistema é um só e não adianta

dizer que isso é um problema do Município. Isso é

um problema do Município, e do Estado e do

Ministério da Saúde.

Você mesma falou do subfinanciamento, que

é um problema grave nos Municípios. Vila Velha não

consegue articular a atenção primária dela, Cariacica

menos ainda. Por que razão? Ah, aqueles prefeitos lá...

São vários prefeitos em sucessão. Isso é uma bobagem.

Isso é uma bobagem! Ah, o prefeito não faz... Isso é

uma bobagem!

Isso que estava tentando dizer aqui em

relação ao problema do... Isso é um problema grave.

Não consegue financiar a estrutura que precisa

colocar em Vila Velha, nem em Cariacica, e aí gera

um problema grave no hospital do jeito que ela falou.

Setenta por cento está na porta do hospital

equivocadamente. Não devia estar lá, porque não

estamos conseguindo reorganizar a porta de entrada

para reorganizar o modelo de atendimento

corretamente.

E o que é tratado em hospital, eu sempre

estava usando um indicador de trinta a quarenta por

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 115

cento, já reduzimos. Já está em vinte e cinco ou vinte

e seis por cento. Quase vinte e seis por cento o que é

atendido em hospital e que não deveria estar lá. Olha

só! Olha o volume de gente. Por que chega lá?

Agudizou porque a porta de entrada não conseguiu

resolver.

Então, assim, a Rede cuidar está focada

nisso. Agora, por que o mutirão? Porque quem já está

na fila, quem já entrou por um processo anterior, tem

que ser tratado. Tem muita gente que já entrou e tem

muita gente que vai começar a entrar agora por esse

novo modelo. Esse novo modelo vai evitar a

agudização, mas quem já agudizou e já está na fila,

não tem jeito. Então, vamos ter que continuar com

mutirão para poder tratar o que está na fila, enquanto

reorganizamos a porta de entrada através da Rede

Cuidar.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Na verdade, o Programa de

Saúde da Família, quando começou no Canadá,

houve uma diminuição de ocupação de leitos

hospitalares. Aqui a gente constrói, constrói e não dá

conta. Então, na verdade, é preciso que o cidadão

também saiba se cuidar.

Você quer usar a palavra, Maria Lúcia,

representando o usuário? (Pausa)

Então, faça o favor, sente-se aqui, por causa

do microfone.

O Subsecretário Giuliano Nader teve que

sair, porque foi chamado para uma reunião de

urgência agora.

A Maria Lúcia representa os usuários.

(Pausa)

É, o secretário. Assumiu no lugar de Roberto

Carneiro.

A SR.ª MARIA LÚCIA DOS SANTOS

MARIANO - Bom dia a todos. Quero cumprimentar

a Mesa na pessoa do coordenador da Comissão de

Saúde parlamentar desta Casa, as autoridades

presentes, os diretores de hospitais, todos os

funcionários da Secretaria de Saúde, os diretores de

hospitais e, em especial, nosso secretário de Saúde,

que parabenizo pelo excelente trabalho que vem

desenvolvendo.

Sim, entre aspas, há algumas gerências que

precisam melhorar, que precisam dar apoio melhor às

nossas OSs que estão dirigindo nossos hospitais,

porque eles estão carentes de informação. E as

dificuldades cada vez surgem dentro dos nossos

hospitais públicos com as nossas gerências, um

pouco por falta de habilidade, porque os nossos

pacientes não têm culpa de estarem ali dentro.

Sou presidente do Conselho Gestor do

Himaba e recebi uma denúncia no pleno do Conselho

Gestor por falta de acolhimento e humanização.

Então, eu acredito que o setor de Regulação e o setor

de Gerência precisam acolher melhor os nossos

hospitais, porque as OSs que estão lá também não

têm culpa. Elas estão lá por mérito delas e precisam

ser assistidas para poderem atender melhor o usuário.

O Himaba é gerência mista e pública, e é de

porta aberta agora, e as demandas dentro dos seus

indicadores de saúde se multiplicaram no setor

principalmente de Ginecologia. As demandas

atendendo aos municípios e aos estados dobraram, e

o recurso, muita das vezes, não dão. E quem paga, na

ponta, é o gestor, porque a gerência ainda não está

qualificada para atender tanto os profissionais quanto

os usuários que estão lá dentro do sistema.

Em relação aos nossos hospitais dentro do

estado, estão carentes também de informação. Não

sabem acolher nem o conselho que, muita das vezes,

chega à porta para fazer uma acolhida, para fazer um

atendimento, para melhorar o sistema e não é bem

recebido. E precisa melhorar isso, porque o hospital

SUS é para atender usuário, e usuários têm que ser

atendidos com qualidade.

Precisa melhorar muito isso, porque as nossas

OSs que estão gerando serviços, vão surgir novos

problemas em relação aos conselhos gestores que são

implantados dentro dos hospitais. Porque quem está

lá dentro não pediu para entrar. É um sistema que é

público e que vai de encontro à necessidade do

usuário. Então, o conselho, lá dentro, é para acoplar e

ajudar a gestão pública da direção, não para eles

virarem de costas para aquele conselho que está

implantado lá. Nós precisamos de estrutura, não

estamos tendo. E precisa ser visto com novos olhos

aquele conselho gestor que está dentro das unidades

de saúde.

Quanto à Promotoria Pública, ela precisa

rever e estar junto com os conselhos gestores dentro

dos hospitais. Muita das vezes, o usuário que está

internado lá dentro não protocola a denúncia no

hospital, vai direto à Promotoria Pública ou, muita

das vezes, vai ao Conselho Estadual de Saúde. Nós

temos que fazer o nosso papel.

Precisamos de ajuda. Estamos pedindo

socorro tanto ao secretário como às gerências da

Secretaria de Saúde. Precisa estar lá mais em foco

para estar junto, para desenvolver esse trabalho. O

cartão SUS é um plano excelente, precisamos de

gerenciamento.

Muito obrigada e um bom dia a todos.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Muito bem, Maria Lúcia, eu

queria assinar embaixo do que você fala quando fala

do SUS. Um dos serviços mais sérios que nós temos

no Brasil é o serviço de transplante de órgão, todo

feito pelo SUS. Não tem pagamento nenhum e não

tem negócio de furar fila porque é mais rico, é mais

pobre, se é autoridade ou não é. Não tem!

Vou citar até um exemplo aqui do ex-

Secretário de Saúde Tadeu Marino. Ele, hoje, é um

transplantado renal. Ele ficou seis anos esperando na

fila para ser transplantado. Seis anos, por quê?

Porque chegavam outros casos mais graves, então,

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116 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

naturalmente, dá-se preferência aos casos mais

graves.

Antes de passar a palavra para o nosso

secretário, quero dizer que aqui na Mesa nós temos o

Ministério Público e temos um representante de uma

OS. Se os dois quiserem falar, poderão responder,

antes do secretário ou depois. Mas quero pedir

também às pessoas que querem fazer algum

questionamento, que se sentem logo aqui na frente.

Quem quer falar? Você que se manifestou mais cedo,

pode se sentar aqui.

Ofereço a palavra ao doutor Ricardo. Depois

do doutor Ricardo, a doutora Inês vai falar,

representando o Ministério Público.

O SR. RICARDO DE OLIVEIRA - A

nossa conselheira aqui trouxe outro aspecto

importante, que é o usuário do SUS e como é que o

usuário usa o SUS. Isso é uma coisa importante para

a gente problematizar e entender a situação. Nós

temos quarenta por cento de absenteísmo em

consultas. O que isso significa? O SUS contratou o

serviço, disponibilizou, marcou e o usuário não vai.

Ah, não vai! É culpa do usuário. Não estou dizendo

isso. Às vezes, não tem dinheiro para a passagem; às

vezes, a informação não chegou. Mas é uma questão.

O próprio usuário do SUS também vai ter que

aprender a usar o SUS. Também vai ter que aprender.

Olha como é complexo.

Eu fiz uma exposição aqui e não toquei nesse

ponto da relação do usuário com o sistema, mas isso

é importante. Mais ou menos trinta ou trinta e poucos

por cento dos exames não são buscados. Não são

buscados. O usuário não vai. Você imagina se a gente

sempre estivesse preenchendo as vagas de consulta,

se a fila estaria desse tamanho! Não está. Isso é um

problema que nós vamos ter também que administrar

para ver por que isso está acontecendo. E também

não se trata de culpabilizar o usuário. Trata-se de

levantar os problemas, colocar ele na mesa, para ver

como é que a gente vai resolver esse problema.

Mas a sua representação aqui, enquanto

usuário, até me permitiu dizer que também tem uma

discussão, tem o gestor, tem tudo aquilo que mostrei

aqui de pessoas que interferem dentro do processo,

também, de várias autoridades. E tem a postura do

usuário que precisa também ser educado, não só

educado no sentido de usar o serviço. Mas também

no autocuidado, que é uma preocupação que nós

estamos tendo na Rede Cuidar.

Se ele não se cuida, por que não botamos um

psicólogo da Rede Cuidar? Quando fui ver esse

modelo, falei: Mas por que tem um psicólogo aqui?

O modelo que nós fomos ver e trouxemos para cá e

trouxemos para cá, sabe por quê? Porque se

identificou que muita gente não se cuida, não

consegue tomar remédio.

Como a Rede Cuidar tem que ser resolutiva,

nós precisávamos ter uma avaliação do psicólogo,

para se aquele paciente que passou lá, ele

efetivamente vai se cuidar. É por isso que tem que ir

ao psicólogo, também. O psicólogo tem que dizer:

Esse cuida... Não, esse não se cuida, porque tem

depressão. Aí nós vamos fazer e vai para a assistente

social, outro profissional que está dentro da Rede

Cuidar, para poder fazer um contato com a família e

ver como é que resolve o problema. Olha só como é

que é.

Essa coisa é complexa para você ficar

apontando o dedo e dizer: Oh, o fulano não foi

atendido, porque a regulação e não sei o que lá...

Não é assim a conversa. Essa conversa é para

enganar, tá! Essa conversa não é para resolver. A

conversa para resolver tem que fazer um diagnóstico

correto dos problemas e entender que tem um

problema de ação coletiva. É sistêmico isso. Volto a

dizer, seria muito fácil você dizer o seguinte: Ih, não

está funcionando e tal e tal. Tira o diretor! Agora,

vai passar a funcionar. Seria a coisa mais fácil do

mundo. A coisa mais fácil do mundo. Ah, a unidade

de saúde não funciona. Tira o prefeito! Isso é

brincadeira. Quantas vezes trocou o prefeito?

Quantas vezes? Isso é bobagem, gente! Para de

enganar! O debate é demagógico e simplista. Ele é

mais profundo que isso. É um problema de ação

coletiva e que a gente tem que se organizar enquanto

sociedade para superar esse problema em benefício

dos usuários do SUS. É só isso.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Vamos ouvir agora a doutora

Inês, representando o Ministério Público do Estado.

A SR.ª INÊS THOMÉ POLDI TADDEI -

Gostaria de cumprimentar o excelentíssimo Deputado

Doutor Hércules Silveira, em nome de quem

cumprimento toda a Mesa.

Quero cumprimentar também o Secretário de

Estado da Saúde, Ricardo de Oliveira, e todos os

presentes.

Primeiramente, eu gostaria de pegar o gancho

da fala do doutor Ricardo de Oliveira e parabenizá-lo

pela exposição. E simplesmente acrescentar que a

saúde vem evoluindo. A condução da saúde aqui no

nosso estado vem se evoluindo constantemente. Mas

nós temos muitos desafios a serem enfrentados. Não

restam dúvidas de que existem inúmeros serviços que

precisam ser melhorados, inúmeras políticas públicas

de saúde que precisam ser implantadas. E essa

judicialização é exatamente a imagem desse gargalo

na saúde. Ela representa essas políticas públicas que

não estão sendo implementadas, esses erros que estão

ocorrendo na administração.

Em relação aos conselhos gestores, que foi

colocado aqui, nós temos um trabalho que o

Ministério Público vem implantando junto com o

Conselho Estadual de Saúde, que é a questão de toda

a estruturação dos conselhos gestores dos hospitais

públicos. Em razão de uma demanda, de uma

notificação recomendatória, o Conselho Estadual

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 117

vem percorrendo todo o estado para que esses

conselhos gestores sejam implementados nesses

hospitais. E, com certeza, com essa implementação,

essas questões serão resolvidas com mais facilidade,

principalmente na capacitação desses conselheiros,

até mesmo enfrentando alguns desafios em relação

aos próprios hospitais, que muitas vezes vêm

impedindo a criação desses conselhos gestores.

Em relação à saúde como um todo, nós

verificamos que existem demandas que vão continuar

ocorrendo enquanto elas não forem enfrentadas.

Iniciamos lá na atenção básica, o que já foi colocado

aqui. Nós sabemos que existem áreas totalmente

descobertas, e essa população que reside nessa área

descoberta, com certeza ela vai impactar nas

unidades de pronto atendimento e, com certeza,

dessas unidades de pronto atendimento elas vão parar

nos prontos-socorros dos hospitais que temos, quer

seja público, quer seja filantrópico. Então, isso aí é

uma situação também que nós precisamos enfrentar,

e que se inicia lá na atenção básica com a construção,

com a ampliação, com a implementação dessas

políticas para atendimentos locais.

Além disso, nós temos também a questão

dessas demandas de média e alta complexidade, que

recaem sobre os exames, consultas especializadas,

cirurgias especializadas. Quer queria ou quer não, são

essas unidades que alimentam todo o sistema que

vem para a Secretaria de Estado da Saúde. Então, se

nós não temos uma secretaria municipal em pleno

funcionamento, com certeza essa comunicação vai

dificultar e, consequentemente, a demanda vai

aumentar no município sem uma contrapartida do

Estado. Isso vem sendo enfrentado, nós não temos

dúvida. Inclusive, as demandas judiciais propostas

são exatamente para isso.

Hoje, nós temos inúmeras ações civis

públicas ajuizadas pelo Ministério Público

objetivando sanar essa demanda reprimida nessa área

de média complexidade. Por exemplo, a

oftalmologia, que foi citada aqui, o Ministério

Público, pelo município de Vitória, judicializou e

essa ação, apenas no município de Vitória, nessa

listagem, nós tínhamos uma demanda reprimida de

cinco mil pessoas na fila. Se essa fila é atual, é a real,

nós só vamos saber e ter uma noção dessa dimensão a

partir do momento que essa fila for enfrentada, e é o

que vem sendo feito. É lógico, contando também com

a ajuda da judicialização. Nós temos duas vertentes

que precisam ser analisadas em relação à

judicialização. Por um lado, ela acaba ultrapassando

determinados limites, mas por outro lado, o objetivo

é simplesmente mostrar para o gestor aqueles vazios

onde a política pública precisa ser implementada. E

isso o Estado vem buscando também com base nessa

judicialização enfrentada.

Já tivemos inúmeras audiências, composições

feitas nas audiências de instrução e julgamento, e isto

vem sendo implementado por parte do Estado e

também em outras áreas que não sejam Oftalmologia,

o próprio Ministério Público vem demandando

judicialmente e até administrativamente na Secretaria

de Estado da Saúde.

Com base nessas informações, temos a

problematização dos municípios em relação ao

quantitativo de unidades de saúde, de assistência.

Vem impactando nessa questão da média

complexidade, que, por sua vez, vamos enfrentar o

gargalo lá na alta complexidade, que são nos

hospitais públicos.

Tudo isso traz consequências gigantescas

para a saúde. Não resta dúvida de que essa demanda

gigantesca de leitos de hospitais em UTI, leitos

clínicos vem, realmente, de uma falta de trabalho na

questão preventiva, que começa na assistência básica

de saúde.

Agora, isso tudo nós sabemos que está

atrelado a uma série de consequências que

influenciam diretamente ali. O que seriam? Esse

subfinanciamento. Nós temos a questão, também, dos

servidores. Temos uma deficiência muito grande no

Estado em relação à efetividade dos servidores

públicos até mesmo pela precariedade da contratação

desses servidores.

Temos problemas gravíssimos, inclusive, que

não chegam até as promotorias de Justiça que são de

profissionais que são contratados, ficam três meses,

são capacitados nesses três meses, vão embora, tudo

se perde. Outros profissionais vêm e não conseguem

dar continuidade ao tratamento específico

especializado que um hospital deveria prestar ao

usuário, e com isso deixa a desejar na assistência à

saúde daquela pessoa.

Isso aí e muito grave. Essa precariedade no

serviço público, na prestação do serviço do servidor

público, isso afeta diretamente a saúde. Sabemos que

o Estado hoje vem passando a administração de

inúmeros hospitais públicos para organizações

sociais, para gerir, mas também sabemos que temos

inúmeros servidores contratados no estado e essa

precariedade nessa contratação vem causando

inúmeras consequências no serviço público.

Temos áreas que acabam ficando

descobertas, áreas que às vezes vêm crescendo, vêm

tendo um atendimento satisfatório, mas por

encerramento de um contrato temporário de trabalho

tudo se perde e ali se inicia um novo profissional que

deixa de dar continuidade àquele tratamento, não

como o esperado em relação à especificidade daquela

doença. Temos, também, esse problema na prestação

de serviço, não é só a falta de unidade básica de

saúde, subfinancimaento, mas temos a precarização

do trabalho que influencia diretamente a prestação do

serviço público.

Em relação à judicialização, não resta dúvida,

como foi colocado pela secretária municipal de Saúde

de Aracruz, algumas decisões extrapolam, mas às

vezes, podem extrapolar por aquele serviço estar

bastante tempo sem qualquer tipo de política prestada

naquele município e isso realmente vai impactar. O

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118 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

secretário daquele momento vai sofrer todo esse

impacto, principalmente porque vai tudo recair em

cima dele, porque ele é o gestor público. E o que nós

devemos entender com isso tudo, na área da saúde, é

que o serviço público é contínuo.

E, aqui, nós temos que tratar da seguinte

forma: hoje o Ricardo de Oliveira é o Secretário de

Estado da Saúde do estado do Espírito Santo.

Amanhã, o outro secretário que vier, ele terá que

seguir, e tudo aquilo que ele deixou de fazer - o

Secretário Ricardo de Oliveira -, ele continua sendo o

responsável, porque o serviço público é contínuo. E

não é porque hoje hoje é o Ricardo, e amanhã é outra

pessoa, essa pessoa não terá esse ônus sobre as suas

costas. Vai ter porque, se o serviço é contínuo, todos

aqueles que passaram fazendo o certo ou o errado,

essa carga virá em cima de qualquer um que

continuar como gestor público.

Então, este é o papel do gestor público, tentar

desenvolver uma política pública de saúde voltada

para a coletividade da melhor forma possível, e

capacitar os seus funcionários para que, quem quer

que venha dali para frente, continue dando segmento,

e que faça isso para, só assim nós, no futuro,

podermos falar que nós estamos crescendo na área da

saúde.

Zerar fila, como foi falado aqui, jamais!

Nunca nós vamos zerar uma fila no SUS. Não por

ineficiência do serviço público, dos gestores, dos

funcionários, dos médicos. Não. Nós não vamos zerar

porque a população continua se adoentando. Ela vai

continuar tendo os seus problemas de saúde.

O que nós temos que fazer é buscar amenizar

a quantidade de tempo que uma pessoa fica nessa

fila. Nós não podemos considerar como fato natural e

normal uma pessoa ficar numa fila, esperando uma

consulta com um oftalmologista por mais de um ano;

por mais de três meses, seis meses, o que for! Três

anos, como está sendo falado. O que nós temos que

fazer é minimizar esse problema de uma forma

eficiente, em conjunto, traçando políticas públicas de

saúde, de forma que essa fila continue a existir,

porque é o natural da população. Principalmente

agora, a nossa população está envelhecendo e nós

vamos precisar de muito mais serviços para uma

população envelhecida. Uma ciência que, a cada dia,

descobre novos medicamentos, ela descobre novas

formas de tratamento, e nós vamos ter que tentar

trazer isso para o SUS, brigando, tentando mais

financiamento para a saúde. Isso faz parte da

evolução de uma sociedade.

Nós temos que traçar políticas públicas para

que nós possamos absorver tudo isso que nós vamos

enfrentar daqui para frente - que já estamos

enfrentando -, de uma forma que o SUS não seja um

fardo para a população. Ela falar: Eu vou, hoje, para

enfrentar uma unidade básica de saúde. Não imagine

que ela vai chegar lá, e vai ficar tendo que ir às cinco

horas da manhã para conseguir uma senha, para saber

se ela vai conseguir uma consulta. Ah, eu preciso me

tratar. Eu tenho um problema nos olhos, eu preciso

de um oftalmologista, eu vou entrar naquela fila, e eu

vou ficar um, dois, três anos, dependendo de quando

alguém vai fazer alguma coisa. Essas interferências

políticas deixarão de existir, à medida que essa fila

seja contínua e caminhe dentro de um tempo

razoável, que cada um de nós suportamos.

Muitos aqui têm um plano de saúde. Mas nós

sabemos, também, que não é imediata uma consulta,

às vezes, com um médico bom de Oftalmologia, um

médico bom de Ginecologia. Nós temos, também, os

nossos gargalos dentro do sistema privado de saúde.

Mas nós temos que ter isso no serviço público dentro

de um prazo razoável, e que, qualquer pessoa que

esteja debilitada e doente possa, dentro daquele

prazo, se sentir acolhida pelo sistema, e saber que ela

terá o seu direito à saúde prestado de forma digna.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Doutora Inês, eu queria

aproveitar a fala da senhora e da Doutora Clenir, com

relação a essa questão dos processos.

Os processos têm aumentado muito,

realmente, e uma das lutas deste congresso são os

núcleos de apoio técnico. A gente tem lutado muito.

Não é, doutora Clenir? Para que não seja dada

alguma ordem judicial, às vezes, até descabida,

naquele momento, por falta de conhecimento. Então,

a intensão desse núcleo é exatamente dar à Justiça, ao

Ministério Público, ao juiz, todo o aparato, todo o

esclarecimento com relação. Se é um medicamento,

ao Conselho Estadual de Farmácia. Se é com relação

a uma cirurgia, ao Conselho Regional de Medicina.

Porque, na verdade, o juiz, o promotor não têm

obrigação de conhecer aquela patologia e ele fica

também numa saia justa, como diz a gíria: Se eu não

der, o paciente vai morrer e eu vou ficar com a

culpa.

Então eu queria só pegar esse gancho e não

deixar passar essa oportunidade.

Quer falar mais alguma coisa, doutora Clenir,

sobre isso? (Pausa)

Doutora Inês, quer continuar? Pois não.

A SR.ª INÊS THOMÉ POLDI TADDEI -

Eu queria só complementar. Com o Mistério Público,

no âmbito, a gente tem uma parceria muito grande

com os conselhos regionais, tanto de Medicina,

Enfermagem, nutricionistas, Fisioterapia. Então nós

temos uma ligação muito grande com todos esses

conselhos, que nos ajudam bastante nessas questões

mais técnicas.

Também nós temos, eu diria, entre aspas,

uma parceria muito grande com a secretaria, em

relação a todas essas áreas que nós citamos, seja

farmacêutica, a regulação, a questão dos exames de

média e alta complexidade. Isso aí ajuda não só a

dirimir essas dúvidas técnicas que muitas vezes nós

não temos, mas também ajuda a gente a enxergar um

pouco a política pública de saúde e até mesmo cruzar

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 119

tanto aquela demanda que vem do Ministério

Público, que é aquela espontânea, que chega até a

nós, como a que a secretaria vem nos passar.

Muitas das vezes, nós conseguimos resolver

essas questões de forma administrativa e eliminar a

demanda judicial, nesse sentido. Isso aí vem sendo

uma constante na atuação do Ministério Público.

Na magistratura, eu acredito que isso também

vem acontecendo agora com o comitê que, inclusive,

nós integramos e nós temos a implementação do

NAT, que auxilia muito nessa questão da assistência

farmacêutica, que vem dando uma orientação muito

grande e significativa para os juízes.

Eu acredito que agora a secretaria, também

em pareceria com o Poder Judiciário, vem fazendo

várias palestras, até mesmo para explicar

tecnicamente como funciona a questão das

internações ao Judiciário. Até mesmo para que essas

ordens judiciais que são emanadas do Poder

Judiciários, os prazos sejam mais razoáveis para

cumprimento.

Essas demandas, infelizmente, só vão acabar

- com certeza não acabarão - a partir do momento que

toda a saúde tiver cem por cento perfeita. Isso a gente

sabe que nunca vai acontecer em lugar nenhum, mas

elas tendem a diminuir a partir do momento em que

essas políticas públicas de saúde forem

implementadas.

Com certeza é uma questão de lógica. Se a

política pública, para o coletivo, aumenta e é

satisfatória, as individuais, com certeza, vão cair,

porque se nós tratarmos só demandas individuais e

não as coletivas, pelo contrário, essas demandas

tendem a aumentar drasticamente, ou seja, essa

percentagem que foi colocada corre o risco de no

outro ano ser duplicada. Então nós temos que tratar o

coletivo para tentar desafogar as individuais, porque

as individuais, do ponto de vista de política pública

de saúde, não levam a nada, pelo contrário, levam a

um gasto exagerado da saúde. Em contra, a política

pública tem um tempo para você traçar um

planejamento de atuação onde você vai englobar

muito, mas muitos usuários que necessitam daquele

tratamento de uma forma mais única, universal, da

forma do SUS mesmo.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Doutora Clenir.

A SR.ª CLENIR SANI AVANZA - Então,

eu concordo com a senhora, doutora Inês, quando a

senhora diz que nós temos um comitê e não foi fácil.

Inclusive, o comitê não tinha, na época, o doutor

Cleto fazendo parte e nós brigamos. Até porque,

agora em Aracruz, o meu maior auxílio é a

Promotoria, doutora Mariana, que é bastante severa,

mas é uma pessoa que me ajuda. Ela liga, manda

Whatsapp, tira as dúvidas dela.

Quando assumi a secretaria, havia uma

proposta de assinatura de dezessete TACs. Eu

conversei com ela, pedi um tempo, tracei o prazo

onde eu entregaria aquelas exigências e, dos

dezessete, já consegui resolver doze.

O décimo terceiro, eu dependo do secretário

e ele não sai daqui hoje sem me dar uma posição.

Viu, secretário? Porque esse vai ser um TAC

conjunto, eu e o senhor. Então, como não quero

assinar o TAC, porque sei da responsabilidade de um

TAC, você vai ter que continuar respondendo aquele

termo de ajustamento de conduta. Então, acho bom a

gente se entender e responder para a doutora Mariana

e para o próprio Ministério Público.

Mas, doutora Inês, o que o Doutor Hércules

acabou de dizer é que não só aqui, mas Minas Gerais

já fez isso, Tocantins fez em Palmas, o resultado foi,

assim, muito bom.

Lá tem a juíza Milene Carvalho. As pessoas

de Tocantins tinham, assim, verdadeiro pavor dela.

Ela já havia mandado prender secretários municipais.

Enfim, ela é juíza da Fazenda Pública, com atuação

forte na saúde. Aí, o Desembargador Renato Dresch,

de Minas, do Comitê Nacional, lá do CNJ, falou para

ela o seguinte: Olha, vamos criar um Nat municipal

aí. Ouça antes, entendeu? Antes de uma decisão tão

agressiva como a prisão e tudo. Aí ela criou, fez a

experiência de criar.

Hoje, passados dois anos da existência lá, a

situação da saúde em Tocantins é outra. Ela consegue

conversar, ela tem um comitê onde ela pode se

consultar. É claro que a decisão de um magistrado

não se prende a coisa alguma, mas o bom senso pode

nortear uma decisão menos equivocada.

Aqui, não estou advogando contra o direito à

saúde, o direito individual de cada cidadão ir ao

Judiciário demandar, não. De forma alguma. Acho

que esse é um direito importantíssimo, conquistado a

duras penas, e demorou muito para que as nossas

cortes de Justiça resolvessem sair de dentro dos

tribunais. Porque eles não saíam e não iam ouvir.

Hoje, eles já participam. Hoje, o CNJ já tem o Fórum

Nacional da Saúde, e isso é um avanço, enfim.

E aqui, a nossa luta hoje é para que se criem

essas câmaras técnicas. Por quê? A realidade de

Aracruz é uma e a realidade de Colatina é outra. É

possível se ouvir, se tivermos essas câmaras técnicas

locais. Por exemplo, uma recomendação do comitê,

às vezes, não é aplicável em Aracruz. Às vezes, se

for aplicar, em vez de ajudar, vai piorar a solução

daquele problema. Como na saúde tudo tem que ser

célere, porque a consequência da demora é um óbito,

então, ter uma câmara técnica, fazer com que a

Magistratura tenha acesso à lista Rename, fazer com

ele tenha acesso, também, à regulação daquele

município.

Outra coisa: saber se o secretário de Saúde

realmente é o gestor do Fundo da Saúde. Isso é um

fato importantíssimo e raramente vejo o Ministério

Público ou a Magistratura arguindo esse fato. Na

maioria dos municípios, não é. E isso é um dado

sério.

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120 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

Outra coisa: o Fundo da Saúde tem que

financiar ações de saúde e ações de saúde incluem

treinamento, incluem tudo isso. Mas nós precisamos

saber de que treinamento estamos falando, aonde está

indo isso, quantas pessoas estão sendo beneficiadas

com isso.

Então, ter uma câmara técnica significa

discutir antecipadamente todos esses procedimentos,

porque depois o gestor da pasta vai responder por

isso. E responder de uma forma muito dura, não é

Ricardo? Não é de uma forma branda, é de uma

forma muito dura e muitas vezes com o próprio CPF.

Então, eu acho que queremos pedir a adesão

da senhora nessa causa, convidá-la para o congresso

que vai acontecer. As vagas do Ministério Público,

que são vinte e oito vagas para o nosso Ministério

Público, já foram colocadas à disposição pelo Doutor

Hércules no gabinete do doutor Eder. Então, pode

convidar os promotores que atuam na saúde.

A sua adesão, doutora, a essa causa, vai ser

extremamente importante. Imagine se em cada

município tivermos uma câmara técnica, o quanto

isso vai facilitar e o quanto isso vai agilizar o

recebimento do serviço por aquele paciente que está

lá numa lista de espera. Muitas vezes nem haverá

necessidade do ajuizamento da ação e o problema

será resolvido de forma imediata, sem sobrecarregar

a Procuradoria. Não é isso, doutor?

Muito obrigada!

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Muito bem! NAT é Núcleo

de Apoio Técnico, que ela disse; e Rename é a lista

de medicamento aprovada pela Anvisa. Porque

muitas vezes determina a ordem para dar um

medicamento que não é aprovado pela Anvisa e,

naturalmente, os secretários, estadual e municipais,

ficam impedidos de fazer isso.

Doutor Ricardo Ewald, quer falar alguma

coisa? Pois não! Depois, em seguida, devolvo a

palavra ao nosso secretário. Depois nós vamos ouvir

a doutora Eliza, que está aqui esperando a vez.

O SR. RICARDO EWALD - Bom dia!

Quero cumprimentar a Mesa, na pessoa do Deputado

Doutor Hércules.

Secretário Ricardo, realmente, nessa questão

das AMAs municipais, a gente tem visto e ouvido

que estruturalmente eles se perdem naquilo que,

digamos assim, se propõem. Lá pelo Evangélico a

gente participou do mutirão de oftalmologia no ano

passado e, feito o trabalho, ali se trabalhou sábado,

domingo e feriado para de fato demandar o que

estava posto.

Recebi alguns telefonemas, viu Doutor

Hércules, no final do ano. O prefeito falou: mas meu

secretário não ficou sabendo desse mutirão de

oftalmologia. Outro perguntava: Como eu faço para

chegar? Quem eu procuro? Vou direto? Então, a

minha pergunta é a seguinte: Tem alguma logística

imposta por parte da Sesa com relação a essas AMAs

no estado, de orientação daquele pessoal local? Para

que de fato levantem a lista, regulem o munícipe e

façam ele, após regulado, chegar ao serviço. Porque o

que se perde no meio do caminho de oportunidade é

muito grande e, consequentemente, o cidadão fica

pelo caminho e acaba não sendo atendido.

Essa é a minha pergunta. Inclusive, à

Fehofes, doutor Ricardo, tem chegado, às vezes,

essas perguntas. Quem eu procuro? Ligo para quem?

Tem alguma referência na Sesa específica? Algum

telefone? Nesse tom de importância, gostaria de

deixar minha colaboração.

Muito obrigado!

O SR. RICARDO DE OLIVEIRA - Vamos

começar pelo Ricardo.

Esse prefeito está mal informado, porque a

fila foi combinada com todos os secretários

municipais em reuniões. Tem, inclusive, uma

comissão tirada na Assembleia, junto com o Paulo

Reblin, ali, que está cuidando dessas filas. E mais, o

mutirão de oftalmologia atendeu pessoas de todos os

municípios. Como chegou do dele se a AMA não

sabe? E quem inscreve é a AMA. Tem alguma coisa

errada nessa informação, porque todos os municípios

participaram. Todos! Acho que não teve nenhum de

fora. Teve gente de tudo quanto é lugar. Se tivesse

um: Ah, de repente aconteceu alguma coisa. Não, se

tivesse um que não tinha é porque não tinha nenhum

ali com necessidade, porque foi levantada a

necessidade de todo município. Então, tem alguma

desinformação. Essa informação e esse trabalho é

feito junto com todos os secretários municipais,

sempre. Até porque essa fila vem do município, não é

a Sesa que inventa a fila. A fila vem do município.

Então, como é que constrói a fila? Então, tem alguma

coisa errada aí.

Queria pedir ao Deputado Hércules para

passar também para o Deputado Majeski. Pedi para

levantar aqui o volume de pessoas que tem na fila

para cirurgias. Ele falou em novecentos mil. Aqui

tem dezenove mil oitocentos e setenta. Essa fila foi

montada a partir do imposto de todos os municípios.

Por isso é que nós montamos aquele mutirão, que vai

atender treze mil duzentos e cinquenta e quatro

dessas dezenove mil oitocentos e setenta que estão

aqui. Então, assim, aquele número de novecentos mil,

não sei o que é. Preciso entender aquele número. O

que foi levantado aqui por todos os municípios é isso

aqui. Pode ser que seja uma expectativa, sei lá, que

nos próximos anos. Não sei o que é aquilo. O número

que nós temos aqui é esse aqui.

Em relação às observações feitas pela

doutora Inês, nós concordamos quase em tudo ali, na

colocação que ela fez em relação à questão da

judicialização. Eu só chamei a atenção, porque acho

que é importante para a gente não ficar penalizando o

gestor e culpabilizar o gestor. Porque mostrei que

temos um problema complexo de ação coletiva, que

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 121

envolve Ministério da Saúde, envolve Governo

Estadual, Municipal e todos os atores públicos aqui,

todo mundo interferem no processo. Então, fica

muito difícil de você fazer o que o judiciário tem

feito de penalizar o CPF do gestor. É um equívoco.

Não está entendendo o que está acontecendo num

processo de administração pública, particularmente

na questão da saúde. Mas isso se repete em outros

setores também. É um equívoco. Ah manda prender

ou manda suspender conta de banco, como foi no

meu caso. Para quê? No meu ponto de vista está

faltando o entendimento de como é que as coisas

funcionam. E estão apontando o dedo para o lugar

errado, infelizmente. Se fosse fácil, estava resolvido.

Já repeti aqui várias vezes. Troca o gestor,

bota outro porque esse aqui não serve e por aí vai. É

de uma simplicidade. Mas cria um problema legal,

como disse ali a Cleni, cria um problema legal para o

gestor e para os gestores. É uma situação difícil. O

clima dentro do setor público é muito complicado

nessa relação com o Judiciário, principalmente na

saúde, por que quem é que vai assumir a central de

vagas para fazer a regulação lá. É um problema

grave. A Joana vive me dizendo lá, está com

dificuldade enorme de segurar os médicos lá.

Ninguém quer ficar. Por quê? Porque ficam sendo

criminalizados ou judicializados pelo CPF. E nós

vamos ajudar o quê fazendo isso, criando esse clima

no Executivo ou de quem deveria estar trabalhando e

ter tranquilidade para resolver o problema? É um

equívoco.

Acho quer precisa fazer uma reflexão e

estamos fazendo isso. Esse debate eu tive com o juiz

recentemente, organizado pelo próprio TJ para

discutir a judicialização lá, e continua. Mas essa

temática teve lá também porque não adianta. Ah!

Mas nós temos que culpabilizar alguém. Sim, não

adianta, resolver o quê? Você está criando uma

insegurança numa estrutura gerencial que deveria ter

segurança para produzir o serviço que a população

quer. E nós estamos causando um tumulto ali nessa

relação, no comportamento dessas pessoas. Mas não

é só também no Judiciário, é Tribunal de Contas

também. Têm as duas coisas que, conjuntamente,

estão criando uma insegurança gerencial muito

grande e que a gente precisa resolver, porque as

pessoas têm que ter tranquilidade para resolver. Não

adiante ficar ali, toda hora, ou sobressaltado, como

ficaram os médicos da regulação lá com o Tribunal

de Contas indicando uma multa de cem mil para cada

médico, porque comprou um serviço no privado.

Entendeu? Pelo amor de Deus! Aí ninguém quer ficar

lá. Como é que faz? Então, quem vai regular, se nós

criamos esse clima? Entendeu?

Volto a dizer, nós temos que separar o que

é judicialização, para corrigir aquilo que não

funciona do que se transformou o setor público,

principalmente da saúde, em relação a essas

demandas judiciais - mas não é só isso - e de controle

também.

Acho que tem que botar em discussão toda

essa legislação, também, que orienta o trabalho do

Tribunal de Contas, que também está criando um

problemão gigante para você poder ter tranquilidade

de trabalhar e entregar o serviço que você tem que

entregar.

Eu só estou chamando a atenção porque são

vários interesses, como eu mostrei ali, ou são vários

pontos de vista, com vários papéis institucionais.

Tem que chegar a um consenso, a um acordo de

como é que nós vamos trabalhar em conjunto, porque

tem que prevalecer o interesse do usuário e não dos

vários componentes institucionais ali do sistema. Não

pode é perder o foco! Nós todos existimos por conta

disso: Tem um usuário, tem uma população a ser

atendida, e esse é o foco que tem que orientar o

trabalho, qualquer que seja a decisão também do

Judiciário, porque não pode partir do pressuposto que

as pessoas, assim, individuais, que foram citadas aqui

pelo Deputado Sergio, não estão sendo atendidas

porque ninguém quer. Isso é brincadeira! Alguma

dificuldade existe. Não tem... Como que é? Uma

seletividade macabra disso aqui. Isso é uma baboseira

total. Vamos ser sérios nessa conversa. O que existe é

uma preocupação diária de milhares de pessoas aqui

para poder atender, e tem dificuldade. Tem

dificuldade, às vezes, porque falta recurso; tem

dificuldade porque a legislação complica.

Aqueles quatro por cento de remédio ali, é

fornecedor que não entrega. E você notifica e não

entrega porque ele prefere entregar para outro,

porque está vendendo mais em São Paulo do que

aqui. É isso! Entendeu? E somos notificados ali

porque não entregou. Gente, vamos entender o

mundo, vamos entender o mundo! Tem que

entender.

É para isto que eu estou chamando a atenção.

Existe um ambiente que é... Ninguém criou aqui, é

uma criação coletiva. Portanto, é um problema de

ação coletiva e precisamos entender o papel de todo

mundo. Por que precisa entender? Porque temos que

entregar o serviço ao cidadão, só por isso que precisa

entender. Porque se não entender e cada um ficar na

sua posição, não vamos entregar o serviço, ou vai

entregar a um custo gigantesco, ou vai entregar da

forma que estamos entregando hoje, aqui, e já foram

identificados vários problemas aqui, principalmente a

questão da porta de entrada que precisa ser

qualificada, que estamos fazendo com a Rede Cuidar.

Se não entender, nós vamos chega lá na

frente, em algum momento, e resolver essa porta de

entrada, mas a um custo muito alto para população. E

se entender todo mundo e remar na mesma direção,

essa solução vai chegar mais rápido. Essa é minha

tese, pelo que aprendi nesse tempo que eu estou na

Secretaria de Saúde.

Se juntar todo mundo na mesma direção, ao

invés de ficar disputa institucional, vamos conseguir.

E todo mundo entender o lado do outro, a dificuldade

que está passando e até as limitações e as obrigações

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122 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

legais, pode ter certeza de que vamos agilizar a

solução para o cidadão que demanda o serviço do

SUS. Não tenho a menor dúvida.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Muito bem!

Vamos passar, agora, a fala para as pessoas

que estão no plenário.

Inicialmente, convidar a doutora Eliza Leal

Suzano, que é neurocirurgiã, por gentileza.

Estamos sem microfone sem fio. Peço

desculpas a todos.

A SR.ª ELIZA LEAL SUZANO - Boa tarde

a todos!

Meu nome é Eliza Leal Suzano, sou

neurocirurgiã. Na verdade, eu nunca falo, eu sempre

fico quietinha ouvindo. Mas queria deixar aqui a

minha humilde opinião.

Sou médica neurocirurgiã há vinte e cinco

anos pela rede pública. Trabalho na urgência pesada.

Gosto disso e sei fazer isso.

A matemática é uma ciência bem exata, é

fácil de resolver, mas saúde é bem complexo.

Enquanto tivermos pacientes na sala vermelha,

pacientes no respirador, em tubos, pacientes graves,

vamos ter falta de leitos no CTI.

Então, em todos os hospitais de gestão

pública, de gestão privada, desculpa, de gestão de

parceria pública privada, temos observado que temos

pacientes na sala vermelha e temos pacientes no CTI;

todos eles são graves. E a nossa rotatividade em

nossos hospitais é alta no CTI, então, o doente está

no CTI porque necessita ficar no CTI. O doente está

na sala vermelha aguardando essa vaga no CTI. Isso

é fato! Está faltando leito de CTI. Está faltando leito

para doente grave.

Foram criados quarenta leitos no hospital de

urgência e emergência de CTI, mais dez do ABC.

Foram criados quarenta leitos, no total, no Hospital

Doutor Dorio Silva. Eu não sei no Hospital Jayme,

porque é um hospital que eu não frequento, mas aqui

são cinquenta leitos. E no Hospital Central um

número pequeno de leitos.

Nós atendemos a urgência pesada no hospital

de urgência e emergência. Nós tínhamos o antigo São

Lucas, onde o CNPJ está no Dorio Silva. O Hospital

de Urgência e Emergência é um hospital de gestão

privada. É outro hospital, outro CNPJ.

Nós verificamos essa importância, essa

atenção. Esses doentes são graves. Não tem doente

ali porque não teve uma assistência melhor. São

doentes graves. Estão na sala vermelha e precisam de

uma vaga de CTI. Todos os dias, em todos os

hospitais, vamos encontrar esses doentes na sala

vermelha... Não pode ter doente na sala vermelha. O

doente na sala vermelha chega para um atendimento

e tem que subir para a UTI.

E quando falo isso, a gente observa o

seguinte: está faltando o quê, em minha opinião, em

minha simples e humilde opinião? Está faltando

prevenção. Está faltando orientação. Está faltando um

trabalho para melhorar à população nessa questão. Os

acidentes estão aumentando. A gente vê, por

exemplo, no hospital de urgência e emergência, a

idade dos pacientes que estão lá. São pacientes muito

jovens. São pacientes que sofreram acidentes,

pacientes usuários de drogas. É um público

diferente do CTI do Hospital Dorio Silva porque o

Hospital Dorio Silva recebe muita judicialização de

pacientes mais idosos, pacientes que estão no interior.

É um público totalmente diferente. Então, está

faltando orientação para a população, está faltando

um trabalho maior de prevenção, está faltando

atenção primária já diagnosticada em todos os

setores.

Eu acho - pode ser um achismo - que os

municípios nos ajudam muito pouco. Em oito anos de

Governo criamos quantos leitos aí? Cento e vinte,

cento e quarenta leitos de UTI, eu não sei, nos

centros maiores. Mas, por exemplo, em um hospital...

Aracruz. Como funciona Aracruz? Eu conheço muito

pouco de Aracruz, mas Aracruz tem cem mil

habitantes; tem um hospital, acho que o São Camilo...

Conheço o CTI de lá. Fui lá. Um CTI de dez, doze

leitos. Um CTI pequeno, muito bonitinho, muito

limpinho, muito certinho, mas um CTI pequeno.

Atendimento à rede especializada: fui lá para dar um

parecer neurocirúrgico com um conhecido.

Se alguém sofrer um acidente em Aracruz,

um TCE, um traumatismo grave, a referencia é

Colatina. Aracruz é uma região que tem cem mil

habitantes. Como que não tem um hospital de grande

porte, um hospital que possa atender uma alta

complexidade?

Quanto à fila. A fila da neurocirurgia para a

doutora Inês... Não temos fila na neurocirurgia. A

Cooperativa de Neurocirurgia junto à Neurogrupo

acabou com a fila de neurocirurgia no estado. Se

você olhar, nesses dezenove mil não tem paciente

atendido pela Cooperativa de Neurocirurgia,

Neurogrupo, aguardando paciente.

Achei muito interessante, com a denúncia do

Hospital Jayme Santos Neves, na hora que falam

assim: o paciente do Hospital Jayme Santos Neves

não foi atendido. Eu fiquei até muito atenta porque

na verdade, entre aspas, a equipe que está lá são

nossos opositores. Como? Como não foi operado o

paciente? Um paciente de tumor não precisa ser

transferido do Jayme Santos Neves para operar no

Hospital Santa Rita.

O Hospital Jayme Santos Neves tem um

microscópio zeiss, tem acesso à angiografia, tem

acesso à tomografia, à ressonância e à esterotaxia.

Não existem tumores que não podem ser resolvidos

lá. Tinha alguma coisa estranha e foi bem esclarecida

aqui. O paciente realmente não necessita de um

cuidado diferenciado de oncologia para ver onde está

esse tumor primário. Não precisa transferir paciente

do Jayme, nem paciente do Central. Paciente do

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 123

Dorio, sim, porque os microscópios vão chegar

provavelmente nos próximos quarenta e cinco dias.

Mas desses hospitais para o Hospital Santa Rita, que

é um hospital de referência em oncologia, onde o

menor serviço de neurocirurgia está no Hospital

Santa Rita. É uma equipe muito pequena, faz um

atendimento qualificado, mas é uma equipe muito

pequena. Então, não precisa transferir do Jayme

Santos Neves nem do Hospital Central. Nós não

temos fila. A neurocirurgia não tem fila nesses

dezenove mil atendimentos. O senhor pode procurar

um por um.

Agora, para o paciente chegar ao nosso

ambulatório, ele aguarda, às vezes, seis meses para

uma consulta. O município, às vezes, manda em seis

meses uma consulta para nós. E faltar a um

ambulatório de neurocirurgia nosso é quase um

crime, porque o paciente fica aguardando há seis

meses.

Agora, o que acontece? Nós temos quatorze

pacientes marcados, temos que aumentar o número

de ambulatório? Não sei. Talvez. Mas quando eu vou

ver o resultado lá, dos quatorze pacientes, quatro

faltam, cinco faltam. Como é que nós vamos fazer

esse controle? Por que nós temos uma falta, mais ou

menos, de oitocentos pacientes/ano num

ambulatório? O que é? Nós temos que aumentar o

número de ambulatório ou nós temos que fazer essa

correção? Porque é menos gasto público.

Então, tem um monte de coisinhas pequenas

que talvez a gente pudesse fazer para ajudar. Mas a

questão das filas, eu tenho um interesse muito grande

pela Oftalmologia, porque volta e meia eu tenho

problema oftalmológico, e eu tenho uma grande

amiga que trabalha nesse setor.

Eu acho que nós temos três grandes centros

interessantes de Oftalmologia no estado: o Hospital

Evangélico, que cuida muito bem da catarata; o

Hospital Santa Casa, com um bom serviço; e um

hospital muito bom no Hospital das Clínicas em

referência à Oftalmologia.

Agora, e a urgência oftalmológica, como

está? Porque a última vez que eu tive notícia, a

urgência oftalmológica estava no HPM. Eu conheço

o microscópio do HPM. O microscópio do HPM já

não está funcionando muito bem para fazer uma

urgência.

Minha preocupação, hoje, doutor Ricardo, é,

às 19h30min, às 20h, eu ter um problema, uma

perfuração no olho, um acidente no olho, mesmo

tendo um plano de saúde. Porque, em nenhum desses

hospitais, você encontra oftalmologista. Quando

abriu agora o Instituto dos Olhos ali na subida da

ponte, eu fiquei feliz da vida: pronto, temos um

hospital de urgência oftalmológica, pelo menos para

a rede privada. Não temos! Funciona até às 19h.

Então, isso tudo, a urgência, quando eu falo

assim: os hospitais da rede pública têm que ser bem

cuidados, porque nós podemos sofrer um acidente a

qualquer momento, a qualquer hora, o 192 nos leva

para lá. Até nos reconhecer, nós já fomos atendidos,

já fomos operados e já estamos no CTI.

Então, esses hospitais públicos têm que

funcionar muito bem. Eu não sei como que funciona,

eu tenho dúvida de como está funcionando a urgência

oftalmológica no estado, porque as filas estão

andando para áreas eletivas, mas para urgência, não.

Agora, quando falam também nessas

dezenove mil pessoas aguardando na fila, eu penso,

por exemplo, no Hospital Doutor Dório Silva. Eu fui

diretora clínica, assumi quatro meses e tive que largar

por questões pessoais, quando eu estava resolvendo

uma questão da cirurgia-geral, porque a cirurgia-geral

foi chamada porque tinha uma fila para fazer cirurgia

endoscópica.

Mas o que é? O que está acontecendo? Ah!

Cirurgias para vesícula. Mas quanto está a fila? Ah!

Mil, oitocentos, novecentos. Mas por que tem fila?

Não! Tem que ter fila porque o aparelho vai para o

Esterileto. A Esterileto é uma empresa que faz

esterilização. Sim, e por que não está esterilizando

aqui? Não está esterilizando aqui porque a máquina

quebrou. Mas quebrou quando? Quebrou! E tem

conserto? Não, não tem conserto. Como é que nós

vamos fazer? Temos que comprar outra máquina.

Quanto custa? Ah! Duzentos mil. Temos dinheiro?

Não temos dinheiro, porque o hospital não tem essa

autonomia para isso. Vamos alugar uma máquina

enquanto cria uma licitação, enquanto compra.

Vamos diminuir essa fila.

Então, são ações menores, mas a ação maior

ainda acho que está na atenção básica, na atenção

primária, na prevenção e na orientação simples, rumo

à saúde, mesmo, que a gente, a cada dia, vai vendo

em palestras que nós estamos promovendo, com os

médicos conceituados.

Era só isso que eu queria falar. Obrigado,

senhor Ricardo. Parabéns.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Muito obrigado, doutora

Eliza.

A doutora Clenir é Secretária de Saúde de

Aracruz. Então, ela pediu para responder alguma

coisa. Peço que faça em cinco minutos, por gentileza,

porque já são três horas e vinte e cinco minutos de

audiência.

A SR.ª CLENIR SANI AVANZA - Então, a

urgência e emergência de Aracruz é muito bem

atendida pela rede de regulação do Estado. Eu estou

lá há cinco meses e nós não tivemos nenhum óbito

derivado de traumatismo que necessite de

neurocirurgias. Todos eles, nós fomos muito bem

atendidos com o tempo necessário pela regulação do

Estado, todas as vezes. E o Hospital São Camilo não

é um hospital de excelência em neurocirurgias, muito

pelo contrário. Ele não se aventura nisso. Mas ele é

rápido e eficiente na hora de promover o transporte.

Lá em Aracruz, nós temos cinco ambulâncias

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124 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

avançadas e temos a chamada vaga zero. Então, não

há porque nós termos preocupação em instalar esse

serviço lá em Aracruz, que é um serviço caro, um

serviço complicado, junto à cooperativa de neuros.

Então, nós temos outras prioridades,

demandadas até pelo Ministério Público, que é a

atenção primária. Estamos focando nisso, já que o

Estado nos atende bem.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Doutor Ricardo, por

gentileza. Já para encerrar a nossa prestação de

contas.

Não tem mais ninguém que quer falar, não é?

Você? Então, pois não.

O SR. ALEXANDRE LOURENÇO DE

LOYOLA - Bom dia a todos. Aliás, já é boa tarde,

não é? Sou o Alexandre, presidente da Associação de

Diabéticos do Espírito Santo. Gostaria de

cumprimentar a todos em nome do Deputado Doutor

Hércules, que já nos apoia há algum tempo em

algumas demandas, e parabenizar o nosso secretário,

o doutor Ricardo, que eu já estive com ele em uma

reunião e falei da coragem dele de encarar essa

atividade, que não é fácil.

Eu teria muitos questionamentos, mas já

tentei e devo em breve conseguir uma agenda com o

doutor Ricardo e algumas coisas pontuais, eu trataria

nela, mas eu gostaria de externar o que houve,

recentemente. Porque eu vi a entrevista da Gabrieli,

que se não me engano é a gerente da Geaf, da Sesa,

dando informação de que as farmácias cidadãs

tiveram uma sobrecarga em função de Copa e ouve

algum acúmulo, durante esse tempo, de pessoas que

não compareceram.

Realmente, a estrutura, a farmácia cidadã de

Vitória está maravilhosa. As pessoas estão

conseguindo ficar sentadas, bem acomodadas, com

ar-condicionado. É claro, ainda faltam alguns

pequenos detalhes, mas a realidade não é da média de

cinquenta minutos. Até formalizei há pouco tempo na

Secretaria de Saúde, para estar vendo como pode ser

feito esse controle.

O meu atendimento não foi na segunda, nem

na terça e nem na quarta-feira, que eu vou buscar os

insumos e medicamentos para o meu filho que é

diabético tipo 1. E eu, da hora que peguei a senha até

a hora que fui atendido, foram duas horas e

cinquenta. Na quinta-feira, que já estaria fora desse

prazo de acúmulo de Copa.

E não sei, realmente não há um controle

muito certo, porque as senhas, eu não sei se teria

como ter realmente essa estatística, como hoje

funcionam as senhas. Outra coisa que acho muito

importante, que já comentei na reunião anterior, é a

questão dos estoques não se comunicarem.

Hoje, as farmácias cidadãs fazem um

controle em planilha de Excel e não tem a interação

entre o estoque da própria Secretaria de Saúde, do

Almoxarifado, com as farmácias cidadãs. Isso deve

criar um desencontro de informações.

Mas, de qualquer forma, tenho que

parabenizar o trabalho dessa gestão, que está sendo

muito bom. Aliás, nos últimos anos que venho

acompanhando, na minha opinião, é a melhor gestão

da Secretaria de Saúde.

E queria tirar algumas dúvidas. Já ouvi falar,

o pronunciamento de todos, realmente acredito que

não tem nada mais importante para a saúde do que a

prevenção. Isso já foi falado por vários. Uma das

coisas que a gente sente muita falta na área do

diabetes é justamente a questão de falta de

campanhas.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Queria que fizesse o favor de

falar para eles que seu filho é portador do diabetes

tipo 1, e o que é isso e as dificuldades que você

sempre encontrou.

O SR. ALEXANDRE LOURENÇO DE

LOYOLA - Meu filho é diabético tipo 1 há quase

dez anos. Ele abriu o quadro com um ano e cinco

meses, ele foi diagnosticado. Aí é um processo

complexo, é UTI. Ainda bem que eu tive um estalo a

tempo e ele não teve complicações. Mas, isso pode

vir até a óbito, porque o diabetes tipo 1 é fulminante,

é uma doença autoimune, completamente diferente da

tipo 2, que a pessoa pode levar uma vida inteira com

diabetes e às vezes nem perceber. A tipo 1, se não

tiver um tratamento rápido, vem a óbito ou no

mínimo uma sequela. Então, ele passa a ser

dependente de insulina imediatamente após o

diagnóstico. E aí, depois de alguns anos, eu constituí

a associação, fundei a associação de diabéticos para

tentar ajudar as pessoas a ter um acesso melhor, um

tratamento melhor, conhecimento sobre a patologia.

Mas o que a gente, hoje, tem muito em falta

no nosso estado, e isso também em nível Brasil, são

campanhas ligadas ao diabetes, à alimentação, ao que

é um tratamento mais adequado. A gente tem

campanha sobre câncer de mama, câncer de próstata

e algumas outras também que tenham um pouco de

ênfase, mas sobre o diabetes, que é uma enfermidade

que ataca, diretamente, quase dez por cento da

população brasileira e, indiretamente, colocando

parentes, familiares, isso pode chegar a trinta por

cento da população. E você não tem uma campanha

anual sobre questões de melhor tratamento, de

acesso, de informação para que tenha uma vida

saudável e sem sequelas no futuro. Isso é um outro

pedido que eu gostaria que o Estado tivesse um

pouco mais de atenção.

E como eu soube que tem, também, a

presidente do Conselho de Saúde estadual, eu

gostaria de depois saber se há possibilidade de um

pleito de participar do conselho.

Também gostaria de saber se o congresso é

aberto ou única e exclusivamente para a área de

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 125

saúde e jurídica, se a gente poderia estar participando

também.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - O congresso é aberto e

naturalmente tem um custo de inscrição. Custa

quinhentos reais a inscrição. Obrigado!

O Ricardo vai responder. Queria logo falar

com você. Nós já tivemos algum movimento com

relação ao diabético, mas eu queria que depois você

fosse à Comissão de Saúde conversar com a Leila

para agendar um dia também para você ir à Comissão

de Saúde falar sobre o assunto e ver o que a gente

pode ajudar, também, o Estado, nesse sentido. Ok?

O SR. RICARDO DE OLIVEIRA - Bom,

eu queria agradecer, então, as críticas feitas aqui pelo

Alexandre. Nós estamos acompanhando ali o tempo

de atendimento para melhorar, porque aquela

infraestrutura estava horrível, da farmácia, um

absurdo. Agora você tem uma estrutura melhor e o

nosso desafio, agora, é fazer o tempo reduzir. Por

isso é que está agendando. O agendamento é para

isso, para evitar que as pessoas efetivamente fiquem

lá muito tempo esperando. E tem muita gente que

agenda, mas não confia ainda. É um problema de

confiabilidade, ainda, do processo de agendamento,

mas nós vamos chegar lá porque é uma questão de

educação, também, do usuário de respeitar o horário

do agendamento. Quando ele perceber que funciona

isso aí vai começar a ajustar. Mas, de qualquer forma,

o foco agora exatamente é você reduzir esse tempo de

atendimento lá na farmácia.

Em relação à questão do diabetes, a Rede

Cuidar está com foco nas doenças crônicas. Eu acho

que seria importante explicar para a associação, pois

acho que você tem contato com outros diabéticos.

Seria importante, Joana, explicar para o presidente, o

Alexandre, marcar uma reunião com ele, porque por

ele essa informação pode chegar a todos os outros.

Uma das prioridades da Rede Cuidar é

exatamente o atendimento ao diabético, ao

hipertenso, ao diabético e a mais duas ou três

prioridades que colocamos na Rede Cuidar, porque é

para cuidar a vida inteira e a forma que o SUS está

tratando, hoje, não resolve. Você vai lá, faz uma

consulta, bota remédio e não resolve.

Então, quando o cidadão entrar lá e tiver um

problema desse tipo, vai passar pelo nutricionista, ele

vai passar num preparador físico. Por que razão? Foi

feita uma avaliação de que esse tipo de doença, como

você combate isso? Não combate só com remédio.

Alimentação é absolutamente fundamental, e essa

orientação precisa ser dada.

Acho que você vai gostar de ver

como está sendo o modelo de atendimento dessas

unidades da Rede Cuidar e de todas as nossas

unidades. Mesmo o CRE Metropolitano, o CRE de

Colatina, vão passar pelo mesmo modelo.

Começamos pelo interior, porque esse interior estava

carente de consulta e exame. As pessoas tinham que

vir em direção a Vitória. Agora estamos começando

por lá, mas já iniciamos uma discussão aqui com o

secretário do entorno de Vitória para transformar,

também, esse CRE Metropolitano numa unidade da

Rede Cuidar com esse modelo de atendimento para

doença crônica.

Acho que é uma notícia muito boa para os

diabéticos, a forma como os SUS reformulou o

modelo de atendimento para esse tipo de doença.

Estou pedindo à Subsecretária Joana para marcar uma

reunião contigo, porque acho que é importante,

através dessa associação, essa informação chegar a

todos os diabéticos. É até uma falha, já devia ter

chegado. Estamos fazendo um projeto desse tipo,

com essa importância, e esse assunto ainda não

chegou.

Muito bem, Doutor Hércules, muito obrigado

pela oportunidade de fazermos mais um balanço.

Iniciei e termino dizendo que esse balanço aqui é

fruto de um trabalho de milhares de pessoas, de

centenas de gestores espalhados pelo estado inteiro,

que estão diariamente cuidando da saúde do capixaba

e produzem esses números a que estamos chegando

aqui. São pessoas que também sofrem por não

conseguirem atender todos os casos. Podem ter

certeza disso.

Vejo a agonia das pessoas quando têm um

problema e não conseguem atender. Quem tiver

dúvida, vai para a central de vagas, combina com a

doutora Joana, nossa subsecretária da regulação, e vai

lá ver a agonia daqueles médicos de estarem

recebendo e, às vezes não conseguirem colocar

alguém no lugar. Isso não faz porque é macabro. Não

faz, porque às vezes não conseguem. É uma agonia

daqueles profissionais que estão ali, porque você tem

uma rede própria, não atende; tem o filantrópico, não

consegue atender; nós vamos comprar no privado e,

às vezes, não consegue atender, porque não tem

infraestrutura no estado para atender. E as pessoas

ficam com aquele problema ali tentando alocar o

mais rápido possível, da melhor maneira possível. É

assim o dia a dia dessas pessoas.

Então, por isso que comecei aqui fazendo o

reconhecimento, em nome do Governo do Estado, a

todos esses milhares de servidores do SUS, seja do

Município, seja do Estado, profissionais de todas as

áreas. Aqui temos um grupo deles de gestores,

basicamente, que estão pelo estado inteiro,

diariamente, suando a camisa, ralando, tirando leite

de pedra para fazer com que as pessoas sejam bem

atendidas.

Temos falhas. Óbvio que temos falhas. O

sistema é muito grande, gente, e tem o

subfinancimento brutal aí. E a legislação pública não

ajuda - tem que botar o guizo no gato. Não ajuda, não

dá velocidade, não dá agilidade para tomar decisão e

consertar coisas que quebram. Há aparelhos que

ficam meses quebrados, porque é processo licitatório

etc, etc. Isso é um absurdo, e a culpa é do gestor. É

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126 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

inacreditável como nós nos acostumamos com essa

baboseira. E a culpa é do gestor. Infelizmente, tenho

que dizer que não é, não é. É mais grave do que isso,

é muito mais grave do que isso. É um problema de

ação coletiva, e se formos capazes, - essa é minha

mensagem principal, aqui -, de articular esse conjunto

de interesses, priorizando o interesse do usuário do

SUS, pode ter certeza de que vamos dar uma

velocidade enorme a esse processo de mudança, num

modelo de atendimento ao usuário do SUS que

estamos implementando em parceria com os

municípios, que é o projeto da Rede Cuidar, que é um

projeto absolutamente inovador e está mudando o

paradigma de atendimento.

O Espírito Santo já está sendo uma referência

no Brasil por conta desse projeto. Já teve

apresentação do projeto na CIT. A CIT é o órgão

máximo deliberativo da Saúde no Estado brasileiro,

presidido pelo ministro, secretário, a bancada dos

secretários estaduais e dos secretários municipais.

Depois, a Rede Cuidar foi solicitada para que se

fizesse uma apresentação lá, para que o Brasil

conhecesse essa experiência que nós estamos fazendo

aqui. E foi feita. Foi feita em janeiro, no Conselho

Nacional de Secretários; e foi feita em fevereiro deste

ano, na CIT, e virou essa referência aí. Por que virou

referência? Porque é consistente, porque resolve o

problema, e não enxuga gelo, como nós vamos

demonstrar aqui, com o nosso Alexandre aqui, que

comanda essa associação de diabéticos.

Então, deputado, é isso. Agradecer. E dizer,

por fim: o SUS funciona. Tem problema, mas o SUS

funciona. O que nós precisamos é consertar os

problemas. Nós não podemos jogar a água suja fora,

e a criança junto, que é o que nós estamos fazendo

num debate público hoje em dia aí. Está errado. Está

errado. Nós temos que nos contrapor a isso, e não

entrar nessa onda de desqualificação do SUS, que é

um equívoco. Um equívoco! Não é porque nós temos

aqui problemas pontuais sendo colocados, e

dificuldades, que nós vamos inviabilizar um sistema

do tamanho que é o SUS, e com o resultado que ele

tem.

Nada disso também me faz descansar.

Enquanto tiver problema, nós temos que estar

mobilizados para resolver. Não tem problema algum.

Mas o SUS funciona. Essa é a mensagem que eu

queria passar para a população que nos assiste aqui.

Muito obrigado. (Palmas)

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Brevemente nós teremos

uma exposição aqui - não é, Ricardo? -, sobre os

trinta anos do SUS, aqui mesmo, na frente do Pilotis,

para mostrar a importância do SUS para o cidadão

brasileiro.

Bom, estamos chegando ao final da nossa

audiência pública. Eu iria projetar alguma ação da

Comissão de Saúde, mas já são 12h40min, então nós

vamos deixar para outra oportunidade.

Quero agradecer a Deus por nós estarmos

aqui, com saúde, pedindo para melhorar o

atendimento a quem não tem, de saúde.

Agradecer ao nosso querido Ricardo de

Oliveira, nosso Secretário. Agradecer ao Governador

Paulo Hartung, porque... Infelizmente, ele não é

candidato mais. Mas ele, nesses quatro anos,

aumentou quase quatrocentos leitos hospitalares no

estado. (Pausa) Quase quinhentos leitos?

O SR. RICARDO DE OLIVEIRA - É, já

está em 492, e vai passar de quinhentos.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Muito bem. Eu pensei que

fossem quase quatrocentos.

Então, na verdade, foi feita muita coisa. Tem

que ser feita muita coisa ainda, porque o Governo

não para, as necessidades do cidadão não param. Se

não se precisasse cobrar, não se precisaria de

secretário da Saúde. O secretário está aí para isso, e

nós ficamos muito felizes, porque o time do

secretário é muito bom.

Ninguém faz nada sozinho. O time que o

secretário escala é um time que sabe jogar; assim

como o Governador Paulo Hartung escalou um time

que é muito bom de secretários. E ele fala mesmo: Ó,

se eu souber mais do que o meu secretário da pasta,

eu não vou ser governador, eu vou ser secretário.

Então, assim é a Secretaria de Saúde: não dá mais,

porque realmente não pode. Tem coisas que não

pode, não tem como.

Até mesmo o sistema de serviço público, ele

é muito moroso. Para comprar um microfone desses,

é preciso fazer uma carta-convite ou, enfim... É muito

complicado o serviço público, é demorado. E a saúde

não pode esperar, a gente sabe disso. O cidadão está

lá, passando mal, quer internar. Olha o calvário que o

Alexandre passa com o menino, desde um ano e seis

meses. Eu conheço bem a luta dele, a gente sabe o

que é ter uma criança com diabetes tipo 1. O tipo 2 é

aquela que a gente adquire ao passar do tempo, e

muitas vezes a adquire por falta de orientação, por

falta de cuidados com a saúde da gente mesmo.

Bom, eu quero agradecer a nossa Comissão

de Saúde, a Leila, ao Gabriel e a todos da Comissão

de Saúde. Agradecer ao pessoal do meu gabinete.

Agradecer ao som, apesar de estar faltando um

microfone, que está com defeito, e não consertaram.

Não é a Comissão de Saúde, é a Assembleia. A

minha parte eu faço. Economia eu faço.

Eu não tenho carro da Assembleia. Eu já

economizei, só de combustível aqui, neste tempo,

mais de sessenta mil reais, que saíram do meu bolso,

só para abastecer o meu carro. Não tenho carro da

Assembleia. Não tenho nada com quem tem,

problema de cada um, mas eu não tenho.

Agradecer à TV Ales; agradecer à

taquigrafia, que registra toda a nossa história, tudo o

que a gente fala aqui; à segurança da Assembleia;

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 127

agradecer ao garçom que trouxe a água para nós aqui.

Enfim, queremos agradecer a todos.

Mais uma vez, Secretário Ricardo, nós temos

consciência de que o seu time é muito bom. A equipe

do Governador Paulo Hartung é muito boa. O que

mais não tem sido feito é exatamente por falta da

contrapartida do Governo Federal.

Agradecer ao Ministério Público; à

Procuradoria de Justiça do Estado; agradecer à nossa

presidente que, apesar das dificuldades, está sempre

presente, doutora Clenir. Leve um abraço ao meu

Prefeito Jones Cavalieri, da nossa cidade de Aracruz.

Amanhã nós teremos aqui cinco caciques lá de

Aracruz que vêm falar na Comissão de Saúde

também sobre saúde. Até o índio vem falar aqui,

porque aqui é o lugar de reclamar mesmo de toda a

dificuldade. À nossa querida colega, cirurgiã, doutora

Inês; ao Ricardo; à Maria Lúcia, representando o

usuário.

Nada mais havendo a tratar, dou por

encerrada a nossa reunião, nossa audiência pública,

convidando todos para a próxima, que será amanhã

cedo, às 9h. Quem puder, aqui, no nosso auditório

Rui Barbosa.

Boa tarde! Muito obrigado a todos. Vão com

Deus!

(Encerra-se a reunião às

12h46min.)

VIGÉSIMA PRIMEIRA REUNIÃO

ORDINÁRIA, DA QUARTA SESSÃO

LEGISLATIVA ORDINÁRIA, DA DÉCIMA

OITAVA LEGISLATURA, DA COMISSÃO DE

SAÚDE E SANEAMENTO, REALIZADA EM 17

DE JULHO DE 2018.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Bom dia a todos!

Invocando a proteção de Deus, declaro

abertos os trabalhos da Comissão de Saúde e

Saneamento e peço ao Gabriel Fraga que faça a

leitura das atas que faltam para serem lidas.

(O senhor secretário procede à

leitura da ata da décima quinta

reunião ordinária, realizada em 29

de maio de 2018)

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Gabriel, antes de começar

outra ata, só um minutinho. Quero que deem um take,

por favor, na Joseni, do Conselho Estadual de Saúde.

Ela veio aqui para prestigiar, por algum período, a

nossa reunião. Chegou às 8h30, logo em seguida à

minha chegada. Ela está aguardando o povo indígena

para falar, também, da saúde da população indígena.

Como eles não chegaram até agora e a Joseni tem

outro compromisso às 9h, em Cariacica, gostaria só

que vocês registrassem a presença dela na nossa TV

Ales, nossa competente TV, e agradecer Joseni. Se os

indígenas não chegarem, a Joseni está totalmente

liberada para ir a Cariacica, conforme a sua agenda.

Muito obrigado pela presença, nossa

competente conselheira do Conselho Estadual de

Saúde.

Pois não, Gabriel, continue.

(O senhor secretário procede à

leitura das atas da décima sexta

reunião ordinária, realizada em 5

de junho de 2018; décima sétima

reunião ordinária, realizada em 12

de junho de 2018; décima oitava

reunião ordinária, realizada em 19

de junho de 2018)

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Lidas as quatro atas, vamos

colocá-las em apreciação.

A Deputada Eliana Dadalto tem alguma

emenda a propor?

A SR.ª ELIANA DADALTO - (PTC) -

Não. Aprovo-as como lidas.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Eu acompanho.

Aprovadas as atas.

Continua com a leitura do Expediente.

Por favor, Gabriel.

O SR. SECRETÁRIO lê:

CORRESPONDÊNCIAS RECEBIDAS:

Ofício n.º 96/2018, da Deputada Eliana

Dadalto, justificando sua ausência na reunião

ordinária desta comissão do dia 29/05/18,

devido ao cumprimento de agenda

parlamentar externa.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Ciente.

O SR. SECRETÁRIO lê:

Ofício n.º 71/2018, do Deputado Almir

Vieira, justificando sua ausência na reunião

ordinária desta comissão do dia 29/05/18,

devido a demandas e agendas externas.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Ciente.

O SR. SECRETÁRIO lê:

Ofício n.º 106/2018, do subprocurador-geral

do município de Sooretama, doutor Oziel

Nogueira Almeida, em resposta ao Of. CSS

n.º 526/2017, encaminhando a relação de

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128 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

motoristas condutores de ambulância

cadastrados naquele município, assim como

os comprovantes de capacitação dos mesmos.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Ciente.

O SR. SECRETÁRIO lê:

Ofício n.º 511/2018, da Gerência Executiva e

Negocial de Governo da Caixa Econômica

Federal, Vitória, senhor Jeferson Won Rodon

de Souza, notificando sobre o crédito de

recursos financeiros, sob bloqueio, em

16/05/2018, no valor de R$ 659.322,09, na

conta vinculada ao Termo de Compromisso

n.º 0350819-82/2011, firmado com o Estado

do Espírito Santo, que tem por objeto a

ampliação e melhoria no sistema de

abastecimento de água do setor de Nova Rosa

da Penha, Itanhenga.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Ciente.

O SR. SECRETÁRIO lê:

Ofício n.º 103/2018, da Deputada Eliana

Dadalto, encaminhando o Ofício n.º 55/2018,

do presidente do Conselho Municipal de

Saúde de Linhares, Itamar Francisco

Teixeira, o qual solicita cópia da ata da

audiência pública realizada por esta comissão

na Câmara Municipal de Linhares, em

11/05/18.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Ciente.

O SR. SECRETÁRIO lê:

Ofício n.º 378/2018, do Excelentíssimo

Senhor Secretário de Estado da Saúde

Ricardo de Oliveira, solicitando o adiamento

da prestação de contas do primeiro

quadrimestre de 2018.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Ciente.

O SR. SECRETÁRIO lê:

Ofício n.º 545/2018, da Gerência Executiva e

Negocial de Governo da Caixa Econômica

Federal, Vitória, senhor Jeferson Won Rodon

de Souza, notificando a liberação de recursos

financeiros em 01/06/18, no valor de R$

239.914,81, destinados a este Estado,

referente à parcela do Contrato de

Financiamento n.º 0403338-96/2013, no

âmbito do Programa Saneamento para Todos.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Ciente.

O SR. SECRETÁRIO lê:

E-mail do senhor Wellington Moura Pego,

liderança do povo indígena Tupiniquim de

Aracruz, solicitando o uso da fala na reunião

ordinária desta comissão para falar sobre o

tema: a saúde indígena também é

responsabilidade do Estado do Espírito

Santo.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Ciente.

O SR. SECRETÁRIO lê:

Ofício n.º 433/2018, da Gerência Executiva e

Negocial de Governo da Caixa Econômica

Federal, Vitória, senhor Jeferson Won Rodon

de Souza, notificando a liberação de recursos

financeiros em 25/04/2018, no valor de R$

410.481,67, destinados a este Estado,

referente à parcela do Contrato de

Financiamento n.º 0403338-96/2013, no

âmbito do Programa Saneamento para Todos.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Ciente.

O SR. SECRETÁRIO lê:

Ofício n.º 182/2018, do secretário Municipal

de Desenvolvimento Econômico e Meio

Ambiente de Conceição da Barra, senhor

André Luiz Campos Tebaldi, em resposta ao

Of.CSS n.º 684/2017, encaminhando cópia

da Lei n.º 2.799/2018, que institui o Plano de

Saneamento Básico daquele município.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Ciente.

O SR. SECRETÁRIO lê:

Ofício n.º 675/2018, da Gerência Executiva e

Negocial de Governo da Caixa Econômica

Federal, Vitória, senhor Jeferson Won Rodon

de Souza, notificando sobre o crédito de

recursos financeiros, sob bloqueio, no valor

de R$ 50.000,00, em 21/06/2018, na conta

vinculada ao contrato de Repasse n.º

842443/2016, no âmbito do Programa

Aperfeiçoamento do SUS, sob a gestão do

Ministério da Saúde, que tem por objeto a

reforma de unidade de atenção especializada

em saúde, Hospital Infantil Nossa Senhora da

Glória.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Ciente.

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 129

O SR. SECRETÁRIO lê:

Ofício n.º 3/2018, do presidente do Conselho

de Administração da Cesan, senhor Rodrigo

Rabello Vieira, encaminhando o relatório

anual de prestação de contas do plano de

negócios do exercício 2017.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Ciente.

O SR. SECRETÁRIO lê:

Ofício n.º 227/2018, da excelentíssima

senhora Secretária de Meio Ambiente de

Anchieta Jéssica Martins de Freitas, em

resposta ao Of. CSS n.º 740/2017,

informando que encaminharam à Câmara de

Vereadores o Projeto de Lei n.º 19/2018, que

dispõe sobre a autorização para realização de

convênio de cooperação com o Estado e a

celebração de contrato de programa com a

Cesan, além do Projeto de Lei n.º 20/2018,

que dispõe sobre a autorização de convênio

de cooperação com a Arsp.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Ciente.

O SR. SECRETÁRIO lê:

E-mail da diretora executiva da Associação

de Distrofia Muscular do Espírito Santo,

senhora Tássia Maria de Vasconcelos

Furtado, solicitando um espaço na reunião

ordinária desta Comissão para as

representantes da diretoria falarem sobre o

tema: informações sobre a distrofia muscular,

principalmente a distrofia muscular do tipo

Duchenne.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Ciente.

O SR. SECRETÁRIO lê:

OFÍCIO N.º 15/2018, do diretor executivo

da faculdade Multivix, senhor Tadeu Antônio

de Oliveira Penina em resposta ao Of. CSS

n.º 172/2018, se colocando à disposição para

agregar e participar do grupo de abordagem

aos acometidos pela doença Recklinghausen

e disponibilizando os contados do

coordenador adjunto do curso de Medicina,

professor Adenilton Mota Rampinelli.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Ciente.

O SR. SECRETÁRIO lê:

Denúncia da secretária-geral do Sindicato dos

Trabalhadores da Saúde do Estado do

Espírito Santo - Sindsaúde, senhora Wilta

Maria Tosta, protocolada na presidência

desta Casa de Leis, encaminhada a esta

comissão requerendo que seja instaurado o

processo investigatório para a devida

apuração dos fatos narrados, e consequente

regularização da situação no Hospital

Estadual de São José do Calçado.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Ciente.

O SR. SECRETÁRIO lê:

PROPOSIÇÕES RECEBIDAS:

Projeto de Lei nº 319/2017 - De autoria da

Deputada Raquel Lessa, que dispõe sobre a

fixação de cartazes em revendedoras e

concessionárias de veículos informando

sobre isenções tributárias específicas

concedidas às pessoas com deficiência ou

portadoras de enfermidade de caráter

irreversível no estado do Espírito Santo.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Ciente.

O SR. SECRETÁRIO lê:

Projeto de Lei nº 358/2018 - De autoria do

Deputado Esmael de Almeida, que institui o

Selo Empresa Solidária, destinado às

empresas que desenvolvem programas de

esclarecimento e incentivo aos seus

funcionários para a doação de sangue,

medula óssea, órgãos e tecidos humanos, e dá

outras providências.

PROPOSIÇÕES DISTRIBUÍDAS AOS

SENHORES DEPUTADOS:

Não houve no período.

PROPOSIÇÕES SOBRESTADAS:

Projeto de Lei nº 166/2017 - De autoria do

Deputado Pastor Marcos Mansur.

PROPOSIÇÕES BAIXADAS DE PAUTA:

Projeto de Lei nº 445/2017 - De autoria do

Deputado Sandro Locutor.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Vamos passar à Ordem do

Dia. Obrigado, Gabriel.

Antes de passar à Ordem do Dia, nós já

aprovamos as atas, vamos passar, então... A

comissão está recebendo hoje o povo indígena, com

muita honra para nós.

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130 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

Temos que deliberar só a visita da diretoria

da Adimes - Associação de Distrofia Muscular do

Espírito Santo, senhora Tássia Maria de Vasconcelos

Furtado, diretora- presidente; Juliana De Luna

Pereira, diretora de Comunicação e Eventos; doutora

Flavia Munin Fernandes, membro do conselho

técnico e Fabiana Endlich Valim, representante de

mães de pacientes com distrofia muscular, no dia 11

de setembro, terça-feira, às 9h, neste plenário para

falar sobre informações sobre as distrofias

musculares, principalmente sobre distrofia muscular

de Duchenne.

Então quero colocar em votação.

A Deputada Eliana Dadalto como vota?

A SR.ª ELIANA DADALTO - (PTC) - Pela

liberação.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Eu acompanho.

Aprovado.

Bem, estamos recebendo a visita dos

representantes indígenas, mas eu quero antes registar

e convidar para se assentar aqui à Mesa, na frente,

por gentileza, Neiriele Marques da Silva, que é

gerente de Política de Igualdade Racial da Secretária

de Estado de Direitos Humanos. Muito obrigado pela

visita, Neiriele.

Muito bem, então estamos hoje com a visita

de Douglas da Silva Lemos, nosso presidente da

Associação de Indígenas Tupiniquins e Guaranis;

Lindomar José de Almeida, apoiador da saúde

indígena do Ministério da Saúde, obrigado também

pela presença; Paulo Tupiniquim, que é coordenador

geral da Articulação dos Povos e Organizações de

Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito

Santo, coordenador executivo da Articulação dos

Povos Indígenas do Brasil, assessor da saúde

indígena; Wellington Pego, que já é nosso conhecido,

já esteve aqui, liderança indígena e tupiniquim de

Aracruz. Muito obrigado pela visita.

Aquele que quiser falar primeiro a palavra

está franqueada. Não precisa ter muita presa mais

porque nós não teremos reunião aqui. A Deputada

Eliana Dadalto sim.

A SR.ª ELIANA DADALTO - (PTC) - Não. Não tenho, não.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Não vai ter. Então, vamos

poder continuar falando aqui. Ok. Quem é o primeiro

a usar a palavra? O Wellington Moura Pego. Muito

bem, Wellington.

O SR. WELLINGTON MOURA PEGO -

Bom dia a todos na plenária. É uma satisfação,

Doutor Hércules, mais uma vez, por a gente estar

aqui nos recebendo. O senhor, como nosso deputado,

V. Ex.ª sabe, é um parceiro que vem acompanhando

há muito tempo a causa indígena.

Gostaria de expressar, primeiramente,

saudações do povo indígena Tupiniquim, conforme

lideranças presentes aqui e também expressar os

nossos sentimentos pela não presença do nosso

cacique Fabiano, que gostaria muito de participar,

que teria muito a questionar. Ele não pôde vir por

questões pessoais. Mas, se me permiti V. Ex.ª, vou

passar a palavra para Paulo Tupiniquim que vai dar

início, conforme está previsto no assunto de hoje.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Muito bem! Paulo, antes,

quero registar que estamos falando ao vivo e

certamente o Espírito Santo está assistindo a esta

reunião nossa.

Com a palavra Paulo Tupiniquim.

O SR. PAULO TUPINIQUIM - Como diz

em nossa língua: T-PE-KO’EMA. Bom dia! Meu

nome é Paulo Tupiniquim.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Queira repetir, Paulo, como

se fala bom dia em tupiniquim.

O SR. PAULO TUPINIQUIM - T-PE-

KO’EMA. Significa bom dia, falando para todo

mundo. Se eu falasse só para Wellington, seria T-

NDE-KO’EMA.

Meu nome é Paulo Tupiniquim. Sou

liderança da aldeia Caieiras Velhas e represento

também os povos indígenas do Espírito Santo. São

dois povos, Tupiniquim e Guarani, na articulação dos

povos indígenas do Brasil da qual também sou um

dos coordenadores executivos dessa organização e o

coordenador-geral da Apoinme, que é Articulação

dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste,

Minas Gerais e Espírito Santo.

A gente vem acompanhando essa trajetória

de luta, vem nessa militância já há um bom tempo.

Para ser mais preciso, já há vinte anos a gente vem

discutindo, participando de todas essas discussões, de

construções de política, debates, enfrentamento; tudo

que é posto contra os povos indígenas e também os

avanços que conseguimos ter ao longo desse tempo.

Mas nesta ocasião a gente falando um pouco

sobre a questão da saúde indígena, que a saúde como

um todo para toda a população brasileira é ainda um

problema essa questão de saúde, mas se tratando

especificamente de povos indígenas, a gente tem

garantido na Constituição Federal os nossos direitos,

que garante um direito a uma atenção de saúde,

enfim. A Constituição fala que saúde é direito de

todos e dever do Estado. Então, o Estado tem o dever

de cumprir esse papel de fazer saúde para toda a

população.

E os povos indígenas, por si só, eles já são

uma população que vive em situação de risco, em

situação de vulnerabilidade. E, nesse sentido, existe

um subsistema de saúde que dá uma atenção

diferenciada às populações indígenas do Brasil.

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 131

A saber, a Lei n.º 9836, criada em 1999,

garante esse direito e atenção diferenciada. É um

subsistema que foi criado dentro do Sistema Único de

Saúde, SUS, para poder atender os povos indígenas

com uma atenção diferenciada, e ali define que o

Estado e os Municípios entram com ações

complementares de atenção à saúde dos povos

indígenas.

O que deixa a gente muito encabulado, às

vezes, é que quando a gente vai falar ou vai discutir

saúde indígena no nível de estado, no nível de

município, as pessoas, os gestores, os secretários eles

falam: Mas os povos indígenas são de

responsabilidade da União, é responsabilidade do

Governo federal. A saúde indígena é

responsabilidade da Sesai porque é lá que está o

recurso para poder trabalhar a saúde indígena.

Mas, na verdade, a gente sabe que não é

assim que funciona. Como eu acabei de falar, a Lei

n.º 9836 define que o Estado e os Municípios têm que

entrar com ações complementares à saúde. Então,

eles também são parte disso.

A saúde indígena é discutida nos três setores,

é tripartite. Ela não é única e exclusiva ação do

Governo Federal. Trata-se de recurso pelo fato de

vivermos, de estarmos situados e o Estado e o

Município também têm recurso para poder trabalhar

com populações indígenas. E aí a gente fala de PAB

fixo, fala de PAB variável, a gente fala de assistência

farmacêutica, que são recursos que vêm, mas é claro

que vem no bolo para poder atender a toda

população. Mas nós, povos indígenas, também

estamos nesse bolo. Estamos enquadrados ali.

Então, a gente precisa ter essa assistência,

essa atenção voltada para a atenção à saúde dos

povos indígenas. Quando a gente faz essa cobrança a

gente não está falando de ter exclusividade, de ser

exclusivo ou de ter preferência. O que estamos

falando é tratar o diferente como de fato diferente.

Não está pedindo aqui exclusividade. Ah, mas poxa.

Vocês estão querendo prioridade que não sei o quê.

Não!

Vamos citar um exemplo: Quando a gente

fala da diferença, quando a gente fala que os povos

indígenas por si só já vivem em situação

vulnerável, situação de risco, quando vem uma

vacina H1N1, que é da gripe, quais são as

populações, pessoas que são priorizadas para tomar

essa vacina? Idoso, pessoas que vivem no sistema

prisional, profissional de saúde, povos indígenas, que

são as pessoas que têm prioridade para tomar essa

vacina.

Então, isso é um exemplo claro de que os

povos indígenas já têm essa diferença, essa

prioridade, essa prerrogativa de ser tratado como

diferente, porque realmente vive em uma situação

de risco. E a gente ainda se atenta por uma

Medicina de fato diferenciada que trabalhe com o

nosso conceito, com a nossa cultura, porque quando a

gente fala de Medicina a gente não fala apenas do

remédio ou de sentar à frente do médico e o médico

ali escrever a receita ali, não!

Quando a gente fala de saúde a gente está

falando de saúde ligada ao território. A gente está

falando de saúde ligada à natureza, aos recursos

naturais, ligado a nossa ancestralidade e a nossa

espiritualidade. Isso é um conjunto de coisas que para

nós, povos indígenas, é fazer saúde. E isso deve ser

respeitado.

O art. 231 da Constituição garante para nós o

nosso direito de se organizar. Ele reconhece a cultura

e a tradição dos povos indígenas ali no caput do art.

231. Então, quando a gente trata de saúde a gente fala

de todo esse bojo, de tudo isso, fala de ter água

saudável, uma água que de fato não precise colocar

veneno dentro dela para poder tomar, mas temos água

saudável. A gente ter as nossas matas preservadas, a

gente conseguir tirar um alimento saudável de dentro

da nossa própria natureza. Isso tudo para nós é saúde.

O art. 24 da Declaração das Nações Unidas

fala da saúde, fala que nós, povos indígenas, temos

que ter essa atenção diferenciada. Tem que ser

voltada essa atenção para os povos indígenas

relacionado à saúde.

Então, companheiros e companheiras,

estamos aqui não, como falei, para pedir preferência,

não para pedir prioridade. Nós estamos aqui para que,

de fato, o Estado reconheça que existe uma

população indígena aqui no estado do Espírito Santo.

Fica muito cômodo para a gente muitas das vezes

olhar nos programas de televisão, nas propagandas,

nos eventos que acontecem e tal, e nada contra aos

parentes de outras etnias, mas quando se trata disso

se trata de pomeranos, de poloneses, de ciganos, de

negros aqui no estado do Espírito Santo, mas se

esquecem de quem de fato habitou aqui primeiro

nessa terra, que foi a população indígena.

Não existe uma política pública, e aí falo em

todos os sentidos, não só no sentido de saúde. Mas

não existe uma política pública específica que atenda

os povos indígenas do Espírito Santo.

Em outros estados que a gente for olhar, em

outros estados existem políticas públicas que

atendem especificamente os povos indígenas. Mas

aqui no estado do Espírito Santo não tem. Por quê?

Só porque somos apenas quatro mil pessoas? Ou

por que a gente vive num território que compreende

dezoito mil hectares de terra? Ou por que nós temos

apenas doze aldeias, somos apenas dois povos? Mas

somos povos que estamos aqui necessitados e que

contribuímos também para o desenvolvimento deste

estado.

E, nesse sentido, a gente reivindica que nós

também possamos ser enxergados, que a gente saia

desse sentido de invisibilidade e o Estado do Espírito

Santo possa enxergar a gente, tirar esse romantismo

de que o índio bom é o índio lá no mato, é o índio

pelado, é o índio que é de responsabilidade do

Governo Federal. Isso é romantismo, isso ficou no

passado. Porque nós, agora, dos povos indígenas,

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132 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

mantemos a nossa cultura, mantemos a nossa

tradição, mas queremos ter a nossa casa boa,

queremos ter o nosso celular, queremos ter o nosso

carro, queremos ter uma saúde de qualidade,

queremos ter uma educação de qualidade, frequentar

uma universidade, porque nós somos capazes como

qualquer outro cidadão brasileiro.

Nós temos essa capacidade e estamos aqui

para poder mostrar isto, mostrar que habitamos aqui

neste estado, vivemos aqui e temos direito como

qualquer outro cidadão. E exigimos que esses direitos

também sejam respeitados. São direitos garantidos na

Carta Cidadã, a Constituição Federal; direitos

garantidos em leis internacionais das quais o Estado

Brasileiro é signatário. Isso deve ser respeitado, e

nós exigimos esse respeito.

Vou citar só um exemplo: no estado de

Minas Gerais, onde há treze etnias e uma população

de aproximadamente doze mil índios, eles têm uma

resolução de nível estadual que cria uma coordenação

de saúde indígena para o estado de Minas Gerais,

com um piso orçamentário para poder trabalhar só

com a saúde dos povos indígenas. Ah! Mas lá são

doze mil e aqui são só quatro. Mas que diferença faz?

São cidadãos, são pessoas do mesmo jeito. O país

passa por uma crise política. Beleza! Mas essa crise

não vai durar para sempre.

Então, a gente precisa pensar em formas que,

de fato, venham ter algumas situações que venham

atender a essa necessidade, que venham atender à

necessidade desses povos que, como qualquer outro

cidadão brasileiro, qualquer outro cidadão espírito-

santense, ele fica na fila do SUS, ele enfrenta os

hospitais cheios, pessoas indígenas também morrem

ali no corredor de hospital. E a gente precisa mudar

essa realidade. Só para os indígenas? Não! Precisa

mudar a realidade como um todo, mas, como

indígena, eu estou aqui reivindicando o direito dos

povos indígenas. É isso. Obrigado!

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Muito bem, Paulo, eu não sei

se a Assembleia em outros tempos já abriu aqui

espaço para vocês falarem. Não sei. Pelo menos,

dentro desse tempo em que eu estou aqui, onze anos e

meio, eu nunca vi a Assembleia abrir espaço para

vocês.

Nós estamos abrindo, então, esse espaço, e,

com certeza, a Deputada Eliana Dadalto - ela é

presidente da Comissão de Assistência Social -, em

conjunto, a gente fará um movimento maior, vamos

engrossar essa corrente. Na verdade, a gente está

vendo que vocês não querem privilégio, vocês

querem o direito que a Carta Magna oferece a vocês.

Eu queria que você pudesse me arranjar uma cópia

dessa resolução. Nós vamos procurar também, mas se

você puder adiantar, seria bom que a gente ia levar

até o Governo do Estado para ver o que pode ser

feito.

O fato é que nós não concordamos, de forma

alguma, com o tratamento pejorativo que vocês têm

tido até o momento. Então, a gente quer,

naturalmente, abrir esse espaço. Nós estamos falando

para o estado, o estado está assistindo a isso.

Bom, agora eu quero registrar a presença do

estudante de Medicina, Matheus Oliveira das

Virgens, que está presente ali. Ele é filho da nossa

querida segurança que fica lá na entrada do

presidente, Rita de Cássia. Muito obrigado pela

presença do Matheus, que aceitou nosso convite de

ontem.

Bom, agora vou franquear a palavra. O

Lindomar ou o Douglas, qual quer falar primeiro?

(Pausa)

Vamos ouvir, então, a palavra do Douglas da

Silva Lemos, presidente da Associação de Indígenas

Tupiniquins e Guaranis.

O SR. DOUGLAS DA SILVA LEMOS -

Bom-dia a todos os presentes! Eu gostaria de

agradecer a oportunidade e dizer a satisfação de estar

pela primeira vez dentro desta Casa de Leis, e assim

me colocar, também, na posição de usuário de um

sistema e de um subsistema de saúde.

Como o meu parente já falou bastante de leis,

de obrigações, de direitos, como usuário dizer que é

triste saber que o Estado, o Município, às vezes, se

exime das suas responsabilidades com a população.

Não ela só indígena, negros, assim como toda ela.

Mas, dizendo dos direitos indígenas, quando você

bate na porta de um município que diz que

responsabilidade de saúde indígena é do Governo

Federal, isso é uma coisa que deixa a gente muito

triste, a nossa população.

A gente, hoje, briga por saúde diferenciada

não foi porque a gente trouxe progresso para dentro

da nossa comunidade. O progresso veio para a nossa

comunidade e com ele trouxe tudo isso aí, a

enfermidade, a doença, uma coisa que a gente não

gostaria. Assim como o parente diz que nós somos

munícipes, a gente faz parte deste estado, a gente

contribui para o desenvolvimento do estado,

financeiro, cultural, acho que sim, a gente deveria ter

essa assistência diferenciada também.

Não o privilégio. A gente não quer furar fila

de SUS, a gente não quer ter quartos particulares,

mas que sim seja aplicado o que é de direito dos

povos indígenas, dentro da saúde que a gente

pretende chegar ao nível estadual, que até hoje a

gente não se sente contemplado pelo Estado e

Município. Dizer que a gente não pode ter um

veículo para conduzir um paciente, pessoas

morrendo. Hoje em dia é muito normal um indígena

morrer por falta de assistência médica. Eu lembro que

há mais ou menos dez anos o índio morria de velhice.

Hoje não. Uma criança não tem o direito de nascer,

de crescer com a saúde igual a antigamente.

Por isso que a gente vem aqui, hoje, nesta

Casa, desabafar. Para mim é muito mais um

desabafo, sentir a população indígena a cada dia

sendo massacrada nessa parte de saúde. A gente não

quer tirar direito de ninguém, mas que sim seja

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 133

aplicado o que é de direito e o que é de dever,

também, do Estado e dos Municípios dentro da

população indígena.

Sem mais delongas. O parente já falou tudo

que a gente acha que é direito. Mas, essa é minha fala

neste momento aqui, e agradecer a oportunidade.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Muito bem, Douglas!

Vamos ouvir, então, Lindomar José de

Almeida, que é apoiador da saúde indígena no

Ministério da Saúde. Em seguida, vamos ouvir

Neiriele. Depois, tá, Neire.

O SR. LINDOMAR JOSÉ DE ALMEIDA

SILVA - Primeiro agradecer a oportunidade de estar

nesta Casa. Eu acho que é uma oportunidade única. A

questão de saúde indígena é muito ampla e o Estado

tem que participar de todas as discussões. Como

Paulo falou, a Lei n.º 9.836, que criou o subsistema

de saúde indígena, é uma lei dentro da lei maior,

dentro da n.º 8.080. Então, criou justamente para

você ter um olhar diferenciado para uma população

diferenciada.

Não adianta a gente ter uma equipe

multidisciplinar lá na aldeia trabalhando e, quando

sai da atenção primária e vai para a atenção

secundária e terciária, a gente tem vários outros

problemas. O fluxo não segue como deveria ser.

Então, é uma situação que o Estado... A gente já

trouxe essa discussão, a gente vem trazendo essa

discussão no comitê, que esse fluxo tem que

funcionar. O indígena tem que ser visto na rede como

um todo, não só lá na atenção primária. Então, o

Estado tem que fazer essa discussão e garantir a

integralidade das ações de saúde. Então, o índio tem

que iniciar o seu tratamento e finalizar, mas muitas

vezes isso não ocorre em virtude de ene problemas

que a gente tem a nível estadual e também a nível

municipal.

Enfim, ano passado, o Governo Federal, o

Ministério lançou uma portaria que a saúde indígena

contratualiza recursos para os hospitais, para ter esse

atendimento diferenciado. E, dentro dessa portaria,

você tem que ter um quantitativo mínimo de

atendimento. O estabelecimento de saúde tem que

preencher esses atendimentos. São três formulários

específicos que têm que ser preenchidos. Aí, quando

a gente sai para compactuar com os hospitais, a nossa

surpresa é que a maioria dos estabelecimentos de

saúde não preenche que o índio foi atendido. A

portaria é muito clara. A gente tem que ter, no

mínimo, para pactuar, quinze atendimentos por mês.

Você parte do valor mínimo até um valor máximo. O

estabelecimento de saúde pode receber até oitenta

cinco mil dentro do quantitativo que ele atende,

dentro dos objetivos da portaria, enfim.

A gente está encontrando muito essa

dificuldade para pactuar recursos com os

estabelecimentos de saúde. O Hospital São Camilo é

porta de entrada para a população indígena de

Aracruz. Aí tem os hospitais federais, os hospitais

estaduais, enfim, a gente tem essa dificuldade, não é,

Paulo? É um recurso que o Ministério tem para

pactuar só que nós não conseguimos pactuar ainda

com nenhum estabelecimento de saúde do Espírito

Santo, porque não registra o atendimento da

população indígena.

É grave, a gente já levou ao conhecimento,

via Comitê Estadual de Promoção da Equidade, essa

situação, enfim. O medo da população indígena, o

nosso medo é que a gente não consiga pactuar em

virtude dessa situação. A gente vem trazer esse

problema para vocês, para a comissão, também, para,

junto com esses estabelecimentos, discutir essa

situação. Se não está aparecendo a população

indígena, as outras populações, também, com certeza,

estão sendo subnotificadas, então o Estado não

consegue fazer uma política pública de fato sem essas

informações. A gente traz, conta com o apoio de

vocês para, dentro dessa portaria, pactuar recursos

que, de fato, vão atender às especificidades da

população indígena.

Como o Paulo falou, o Estado de Minas até

saiu na frente dos demais Estados com a criação de

uma secretaria específica, uma coordenação

específica para atender a saúde indígena, para

atender, de forma complementar a saúde naquele

estado. É um modelo que o Estado do Espírito Santo

poderia estar adotando também, até aperfeiçoando. A

gente vai trazer o modelo de resolução discutido

juntamente para vocês para avaliarem, porque o

Estado fica sem informação da saúde indígena,

porque não participa. Acho que o Estado não sabe

qual o tipo de morbidade que mais acomete a

população indígena do Espírito Santo. Acho que o

Estado do Espírito Santo não tem essa informação. A

Secretaria Estadual de Saúde do Espírito Santo não

tem essa informação.

A gente vê ainda muito entrave nessa

discussão, que chamamos de tripartite, da saúde

indígena. A saúde indígena vem participando junto

ao comitê, mas a gente precisa avançar mais na

política estadual de saúde indígena, voltada para a

população indígena. Nós estamos aqui querendo

fazer essa discussão com o Estado. Colocamo-nos

à disposição do Estado para a gente fazer essa

discussão e, de fato, levar uma saúde de qualidade

para uma população que é carente, que é uma

população que precisa de um cuidado específico.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Muito bem, Lindomar,

queria só lembrar o seguinte. O que você falou, o que

vocês falaram, prometo que vou assinar uma carta e,

com certeza, a Deputada Eliana também vai assinar,

como presidente da Comissão de Assistência Social,

ao Ministério Público, denunciando essa questão,

notificando o Hospital São Camilo, que eu conheço,

e, também, ao Ministério Público, ao secretário de

Saúde, enfim, às autoridades desse contexto.

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134 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

Mas queria lembrar, vocês estão falando do

sofrimento do povo indígena, é uma história muito

longa, não é? Vila Velha sempre se chamou Vila

Velha, mas Vitória se chamava Vila Nova. Então,

depois, o que acontecia? Os portugueses vieram para

Vila Nova e, depois, saiam para dizimar os índios em

Vila Velha. Então, como houve a vitória, o massacre

do povo português contra os indígenas, ficou

chamada aqui de Vila Nova da Vitória. Vitória sobre

os índios que eram os verdadeiros donos da terra.

Depois, o que aconteceu? Tiraram Vila Nova e ficou

só Vitória. Mas a história é essa, é de sofrimento

desde mil quinhentos e pouco.

Vamos ouvir, então, agora, Neiriele Marques

da Silva, gerente de Políticas de Igualdade Racial da

Secretaria de Estado de Direitos Humanos.

Queria lembrar também que essa questão de

igualdade e de desigualdade, tenho uma história

longa. Quero convidar você que está em casa também

para dia 29, quando teremos a Parada Gay, em Vila

Velha. Eu ajudo, apoio a Parada Gay. Quem achar

que é absurdo, pode achar. Esse povo existe e precisa

ser olhado. Quem não respeita, precisa respeitar. Sou

o único político que eles deixam subir no trio

elétrico. Todo ano fazemos a Parada Gay, em Vila

Velha. Eu apoio a Parada Gay porque dificilmente

uma família não tem um gay em casa. Então, na

verdade, temos que respeitar as minorias, respeitar a

opção sexual ou qualquer tipo de opção de qualquer

um.

Pois não, Neiriele, com a palavra.

A SR.ª NEIRIELE MARQUES DA SILVA

- Bom dia a todos desta comissão. Dizer que a

Secretaria de Estado de Direitos Humanos, por meio

da Gerência de Promoção da Igualdade Racial,

recentemente voltou a rearticular com as

comunidades indígenas, por meio da Associação

Indígena Tupiniquins e Guaranis, de Caieira Velha.

A gente fez uma primeira reunião onde essas

questões já foram colocadas. E a gente, nesse papel

nosso, da Secretaria de Direitos Humanos, tem feito a

articulação com a Secretaria de Estado da Saúde para

cobrar efetivação.

Realizamos uma reunião com a Gerência de

Assuntos Indígenas do município de Aracruz, para

que o município também tenha ciência dessa pauta,

não somente por meio da saúde, mas pela gerência

competente dos assuntos indígenas do município

também, para que a gente tenha essa parceria tanto do

Estado como do Município, para a gente cobrar essa

efetividade de fato da efetivação do direito à saúde

das comunidades indígenas.

Quando a gente olha o desenho das doze

comunidades e quando o Paulo coloca assim: Somos

somente doze comunidades. Não, nós somos doze

comunidades que estão aí resistindo. E quando a

gente olha essa disposição, até Doutor Hércules e

Deputada Eliana Dadalto, é muito distante algumas

comunidades terem até o acesso básico mesmo, para

acessarem a saúde básica dentro do município. Então

quando a gente olha esse mapa de distribuição das

unidades de saúde básica, muitas comunidades têm

que andar ou passar muito tempo em trânsito, vamos

dizer assim, para conseguir fazer esse acesso.

De fato, quando a gente vem fazendo essa

articulação com o município, com a Secretaria de

Estado, às vezes, tem de fato uma confusão porque

ainda muitos acham que é do Governo Federal essa

competência. Até essa resolução é pouco conhecida,

mas a gente tem feito essa cobrança para que esse

direito seja efetivado.

Quero pedir licença ao Douglas, como

presidente da associação, e deixar o convite para

amanhã, às 10h da manhã, teremos uma reunião na

sede da ETG para discutir, em Caieiras Velha.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Caieiras Velha?

A SR.ª NEIRIELE MARQUES DA SILVA

- Isso. Aracruz.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Ok.

A SR.ª NEIRIELE MARQUES DA SILVA

- Se permitir, Douglas, se eles de repente

participarem ou quem estiver assistindo em casa tiver

também interesse para somar na construção desses

avanços, não somente da saúde, mas em outros

assuntos.

A Deputada Eliana Dadalto, que também é da

Comissão de Assistência, a gente também tem pautas

relacionadas à Assistência Social também. E não

somente nesses dois pontos, mas em outros também

que a gente vem construindo com a comunidade

indígena.

É isso, a gente não vai se eximir dessa nossa

responsabilidade ou a falta de efetividade do

cumprimento dessas medidas, dessas resoluções que

são colocadas nessa distribuição das competências

dentro da saúde, mas dizer que enquanto Gerência de

Promoção da Igualdade Racial e Secretaria de Estado

de Direitos Humanos, a gente está com as

comunidades indígenas para que cada entidade possa

de fato entender o seu papel, tomar conhecimento

dessa resolução, se não tem, ou se já tem, por que não

vem cumprindo. E a gente cobrar, de fato, o

cumprimento de todas as medidas. E quando a gente

vai olhando lá dentro da estrutura da Sesai, que é a

Secretaria Especial de Saúde Indígena, são várias

outras coisas. Além dessa regulação das consultas

com especialistas, vem outras medidas também, que

deveriam estar sendo cumpridas e, de fato, não estão.

Então, é um caso que a gente precisa

entender um pouco mais para a gente chamar cada

ente para sua responsabilidade e cumprimento de

toda essa obrigação, de fato, com a saúde. Porque

sem saúde de fato, como a gente consegue

encaminhar todas as outras questões?

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 135

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Neiriele, inclusive, essa

questão da vacina, porque a gente sabe que a

prevenção é muito melhor do que curar. Isso não é

segredo.

Eu gostaria de lembrar o seguinte: a

secretária de Saúde de Aracruz, hoje é a doutora

Clenir Avanza. E eu vou conversar com ela. É uma

pessoa de muito diálogo. O prefeito também, Jones

Cavaliere, amigo nosso.

Vou aproveitar para fazer o convite para o 6.º

Congresso Brasileiro Médico-Jurídico da Saúde, que

será no final deste mês. A doutora Clenir é a

secretária executiva desse congresso médico-jurídico.

Ano passado, nós tivemos cerca de novecentos e

dezessete inscritos do Amapá ao Rio Grande do Sul.

É um momento bom para o povo indígena também

participar e exigir seus direitos.

A Constituinte de 1988 escreveu que a saúde

é direito de todos e dever do Estado. O Estado é o

Município, Estado Federado e a União, então

ninguém pode se eximir dessa responsabilidade.

Agora eu entendo, Douglas, que tudo acontece no

município. A gente nasce, a gente vive e a gente

morre no município. Então o município é o primeiro

responsável pelo povo que abriga, no caso, vocês.

Nesse congresso teremos o doutor João Pedro

Gebran Neto, que é o desembargador da Lava-Jato,

de Curitiba; eu faço a coordenação institucional, a

ligação com toda a instituição; a doutora Clenir é a

secretária-executiva; Maely Coelho é o presidente

aqui; doutor Arnaldo Hossepian Júnior é do Conselho

Nacional de Justiça e Ricardo de Oliveira, Secretário

da Saúde.

Nós vamos, então, pedir a inscrição de vocês

nesse congresso. Esse congresso vai ser realizado nos

dias 30 e 31 deste mês e 1.º de agosto.

O SR. LINDOMAR JOSÉ DE ALMEIDA

SILVA - O ministro da Saúde vai estar presente?

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Estará presente o ministro da

Saúde e, possivelmente, o ministro da Justiça

também. Então nós vamos conseguir inscrição para

vocês participarem desse congresso.

O SR. PAULO TUPINIQUIM - Me

permite, doutor?

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Pois não! Fale no microfone,

Paulo, por gentileza.

O SR. PAULO TUPINIQUIM - Porque nós

somos, como eu falei, doze comunidades, somos

doze caciques, somos liderança e, como diz o outro,

apenas somos peão, fazemos o que eles mandam.

Seria interessante, se fosse possível, que esses

caciques pudessem estar presentes nesse congresso.

Se conseguisse além dos doze caciques. Pelo menos

umas quinze inscrições para poderem vir os caciques

também, além de algumas lideranças representativas.

Seria interessante.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Vou correr atrás. Não vou

garantir, mas vou prometer e, se Deus quiser, vamos

conseguir. Essa inscrição custa quinhentos reais, mas

eu vou pedir ao congresso. Como eu destinei da

minha verba pessoal cem mil reais para esse

congresso, sem essa verba dificilmente esse

congresso seria realizado, ele está custando hoje uma

faixa de quinhentos mil reais. Porque para patrocinar

todas essas pessoas, só o Itamaraty Hall custa mais de

cem mil o aluguel por esses dias. Então, hoje ainda

eu dou uma reposta para vocês com relação às quinze

inscrições.

Vou passar a palavra para a Deputada Eliana

Dadalto, nossa vice-presidente e presidente da

Comissão de Assistência Social. Eu acho que nós

abrimos um canal bom para vocês começarem essa

luta porque vocês, há tanto tempo, não têm um

espaço tão grande igual a este. Mas nós, eu e a

Deputada Eliana Dadalto também, vamos requerer

um espaço no plenário para, no Grande Expediente,

extinguir a fala do deputado e vocês falarem também

para o Espírito Santo inteiro, mais uma vez, ao vivo.

A SR.ª ELIANA DADALTO - (PTC) -

Bom dia. Quero cumprimentar, carinhosamente, os

nossos convidados, Douglas, Lindomar, Paulo,

Wellington e também a Neiriele, e o nosso presidente

que, tão sabiamente vem abrir esse espaço para a

comunidade indígena, importante, Doutor Hércules,

como eles falaram, nunca foi aberto esse espaço aqui.

Quero cumprimentar o Doutor Hércules.

Quero cumprimentar também todos os colaboradores

desta reunião e dizer que hoje estarei com o prefeito

Jones Cavaliere. Já vou passar também essa fala de

vocês. Quero parabenizar vocês que estão nessa luta.

Todos vocês, o Paulo, o Douglas, enfim, todos que

estão aqui neste momento.

Olha como é importante, como a Comissão,

Doutor Hércules, abre as portas! O Doutor Hércules

sempre faz a divulgação desse congresso e veio

justamente atendendo esse anseio de vocês de estar

participando. Parabéns pela luta de vocês. Podem

contar com a Comissão de Assistência Social. Eu

presido a Comissão de Assistência Social e meu vice-

presidente é o Doutor Hércules, e vice-versa, não é

Doutor Hércules? A gente faz uma dobradinha tanto

lá na Comissão como aqui.

Mas é uma satisfação muito grande estar

ouvindo vocês. A minha família, eu tenho meus

filhos que têm no sangue deles descendentes de

indígena. Minha sogra era descendente de indígena,

da comunidade indígena. Ela sempre contava os

casos e a gente fica feliz de saber que vocês ainda

estão aí sobrevivendo, vocês que foram os primeiros

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136 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

moradores da nossa Terra Brasil. E nós temos essa

linda Terra que, infelizmente, a gente vê tão pouco,

agora, o número de indígenas aqui, quatro mil, em

Aracruz. Mas que vocês consigam persistir; consigam

lutar cada vez mais pelos direitos de vocês. Parabéns

por essa luta!

Obrigada. Um abraço.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Pois não, Wellington.

O SR. WELLINGTON MOURA PEGO -

Em todas as situações que a gente tem participado,

juntamente com parceiros, as pessoas que abraçam a

causa, tanto o povo indígena Tupiniquim e Guarani,

sempre falo que todos os que brotam desse solo

espírito-santense têm uma minúscula partícula do

sangue do nosso povo.

Falo isso propriamente de coração, porque é

dessa forma, porque a gente vê que nem todo mundo

tem isso, conforme a senhora vem expressando, e é

dessa forma.

Gostaria de, conforme vem se falando, as

situações que vêm acontecendo, V. Ex.ª, Doutor

Presidente Hércules, que diante do que a Neiriele

vem falando com relação à questão da regulação das

consultas e exames, a gente tem dificuldade muito

grande, inclusive com a falta do nosso cacique

Fabiano, mais uma vez registrado aqui. Ele ficou de

trazer um relatório para que vocês analisassem com

relação à situação dos indígenas dentro do sistema.

Que desde 2013, há indígenas esperando consultas de

média e alta complexidade, importantíssimas. E que

acaba acontecendo, não chegando a tempo hábil,

conforme o nosso parente Paulo relatou aqui,

morrendo até mesmo na fila.

E aí a gente pensou de verificar nessa

situação, a possibilidade de implantação do Sisreg

diferenciado no polo-base da saúde indígena,

justamente para que a gente possa estar monitorando

e acompanhando. Creio que nosso parente Paulo

poderia explicar um pouco com relação a essa

situação, mas, conforme a situação de demandas.

Porque, como eu tenho dito anteriormente, a

dificuldade com relação a algumas especialidades é

muito grande. E indígenas acabam falecendo,

justamente, por não conseguir em tempo hábil

acessar essa oportunidade.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Pois não, Paulo.

O SR. PAULO TUPINIQUIM - Então, o

Sisreg é o sistema que regulamenta, faz essa

regulação de média e alta complexidade. Porém ele é

regulado nos municípios por meio da AMA, a

Agência Municipal de Agendamento. Só que a gente

sabe também da dificuldade de especialidades que a

gente tem no estado hoje. São poucas especialidades

que a gente tem e isso acaba acarretando essa

morosidade de marcação dessas consultas e exames

de média e alta complexidade com essas

especialidades. Mas nada justifica uma pessoa

esperar três anos, quatro anos para uma consulta, ou a

pessoa até morrer e aquela consulta não chegar,

aquele exame não chegar para aquela pessoa.

Nesse sentido que nós trazemos essa

reivindicação. Não sei como esta comissão pode

encaminhar isso, não sei se é da competência ou se é

da competência do secretário de Saúde. Se for da

competência do secretário de Saúde, a gente já

estende a solicitação de tentar um agendamento de

reunião com o secretario estadual de Saúde porque já

tem vários pedidos de reunião com o secretário e ele

não recebe a gente para conversar e abrir esse diálogo

com ele. Mas a ideia de implantação do sistema

dentro do polo base, porque também é uma unidade

gestora da saúde, ter a implantação desse sistema e

definir o quantitativo de cotas de especialidades ali.

Como a gente já falou aqui enfaticamente, não que a

gente queira furar a fila do SUS, mas que a gente

pudesse estabelecer um quantitativo de cotas por

especialidades, que no mínimo, no mês, a gente

tivesse três, quatro, cinco consultas por especialidade

garantida para que o indígena não ficasse nessa longa

fila durante todo esse tempo.

Outra questão, Doutor Hércules, acho que

esse diálogo a gente vai ter que fazer junto com a

Secretaria de Estado da Saúde mesmo, e acho

importante esta comissão fazer essa articulação, é que

além do Sisreg, além do quantitativo de cotas, a gente

perpassa também por outro problema, o do transporte

sanitário. A gente tem os carros que atendem a saúde

da gente, doutor, a população lá, mas eles são carros

de passeio. Nós não temos um carro para poder

transportar uma pessoa que esteja acamada ou uma

gestante. A gente não tem, as pessoas têm que ir no

carro de passeio. Se a gente liga para uma central de

ambulância, demora duas, três horas para chegar.

Cito isto como exemplo de uma situação que eu

passei na minha família. Meu irmão teve um

problema de pancreatite e os rins dele começaram a

entrar em falência. Chamou uma ambulância e a

ambulância chegou duas horas e meia depois que ele

estava passando mal. Quer dizer, a gente precisa ter

esse atendimento também, esse transporte, para

transportar as pessoas da comunidade. Ah, mas isso é

de média e alta complexidade! É, por isso que nós

estamos aqui pedindo, solicitando junto ao Estado

esse atendimento.

Outra questão, para finalizar, em 2015, se

não estou enganado, em 2014 ou 2015, ainda era a

gestão anterior, nós conseguimos com o secretário de

Saúde anterior um recurso do Estado, tinha um

processo de construção de cinquenta unidades de

saúde aqui no Estado. O secretário de Saúde, não me

lembro o nome dele agora, naquela ocasião destinou

uma verba de novecentos mil reais para poder

construir duas unidades de saúde nas aldeias.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - É Tadeu Marino?

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 137

O SR. PAULO TUPINIQUIM - Tadeu

Marino! Isso mesmo, Tadeu Marino. Só que quem

tinha que fazer a gestão desse recurso era o

município. Na época o prefeito do município não quis

assumir essa responsabilidade porque o município

teria que entrar com a contrapartida e ele questionou

que não teria recurso e não ia ter a

responsabilidade de fiscalizar a obra, ele não quis

assumir e nós perdemos o recurso. Aí nós

perdemos o recurso para poder fazer essa

construção dessas unidades.

Só para vocês entenderem melhor, quando

a gente fala de construção e edificação, é claro que

isso também é competência da Secretaria Especial

de Saúde Indígena, que é ligado ao Ministério da

Saúde. Mas também é uma competência do estado e

também do município. Se tem recurso, se tem uma

verba que dá para fazer isso, porque não fazer dentro

das comunidades? E aí acho que a gente precisa

retomar essa discussão dessas construções de

unidades, porque as nossas unidades de saúde, onde

tem unidade de saúde, elas foram construídas em

1994. Aqui na comunidade do meu parente, Lídio,

eles estão reformando a unidade de saúde lá, com

recurso da própria comunidade. A comunidade fez

vaquinha, juntou um dinheiro daqui e dali e estão

reformando. Agora tem unidade de saúde lá que

desde 1994 está em situação precária.

A SR.ª ELIANA DADALTO - (PTC) - Paulo, é porque não conheço as aldeias. São

próximas as aldeias? São doze aldeias?

O SR. PAULO TUPINIQUIM - Sim.

A SR.ª ELIANA DADALTO - (PTC) -

São próximas?

O SR. PAULO TUPINIQUIM - A mais

próxima fica em torno de sete quilômetros uma da

outra. Agora a mais distante são quarenta e oito

quilômetros.

A SR.ª ELIANA DADALTO - (PTC) - Aí

teria que ser mais de uma unidade, na verdade.

Porque se colocasse uma unidade com uma

ambulância para atender toda a demanda aí né...

O SR. PAULO TUPINIQUIM - Então,

como que funciona? A gente tem cinco unidades

de saúde. Teve uma, a mais recente que foi

construída com o recurso da Sesai, que terminou

em 2015, a do Irajá, da aldeia Irajá, terminou em

2015, a construção é uma unidade nova. Ela atende

a comunidade da aldeia Irajá e aldeia Areal. São

duas aldeias que ela atende. A aldeia Caieira Velha

não tem unidade de saúde, o atendimento de saúde

funciona dentro de uma unidade administrativa que

foi construída, um polo base para poder fazer a

parte administrativa da saúde que atende a

comunidade Caieiras Velha e a aldeia Amarelos e a

aldeia Caieiras Velha.

Tem a unidade de saúde de Boa Esperança

que atende as aldeias de Boa Esperança, Três

Palmeiras e Piraquêaçu, que é uma unidade antiga -

como falei essa é uma das que foi construída em

1994. Tem a unidade de saúde aldeia Pau Brasil

que atende a aldeia Pau Brasil, Olho D’água que

também é uma construção antiga. É essa que eles

estão reformando com dinheiro próprio da

comunidade. E tem a unidade de saúde da aldeia

Comboios que também é uma unidade antiga de

saúde. E atende a aldeia Comboios e a aldeia

Córrego do Ouro.

Essa unidade de Comboios ela tem um

dificultador maior, pois para se chegar a aldeia

Comboios tem que atravessar o rio. E é barca

fluvial. Para percorrer as casas têm que ser pelo

rio, porque é areia, não roda veículo lá. Então, tem

que ser tudo pelo rio. Essa é uma situação muito

complicada.

Nesse sentido, se agente conseguisse

articular essa conversa com o secretário para a

gente colocar esses pontos de discussões com ele e

vê em que o estado, a Secretaria de Estado da

Saúde pode ajudar a gente ou pode assumir

algumas responsabilidades acho que seria muito

importante e muito interessante para nós.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Paulo, a gente vai tentar

essa articulação mas sugiro que a gente converse

primeiro com a secretária de Saúde de Aracruz,

porque eu não prometo, agora neste mês, apesar de

a gente estar em recesso, deve começar o recesso

amanhã, isso não iria importar em nada porque a

gente continua trabalhando. Mas estamos

organizando um Congresso Médico Jurídico e a

doutora Cleni é secretaria de Saúde de Aracruz

também, além de ser a secretária-executiva do

nosso congresso e estamos com muito serviço

para organizar esse congresso no qual esperamos

mais de mil participantes este ano.

Logo em agosto, eu me comprometo em ir

à aldeia conversar com vocês. Você pedir à

secretária que vá junto, não prometo, não garanto

que ela irá, mas eu irei. Com certeza se a Deputada

Eliana puder ir também, mora em Linhares é mais

difícil para ela; estamos aqui um pouco mais

próximo e podemos agendar uma visita na aldeia.

Doutor Edson, nosso odontólogo, que

acompanha a nossa Comissão de Saúde, quer fazer

uma pergunta. Pois não doutor Edson.

O SR. EDSON MOREIRA FERREIRA -

Bom dia a todos. O Paulo Tupiniquim, ele falou

muito bem sobre as leis que regulamentam a saúde

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138 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

do povo indígena. E dentro dessa política nacional,

Paulo, a gente sabe que existem alguns órgãos

como, por exemplo, a Siasi, o Iaepi e o Condisi,

que é o Conselho Distrital de Saúde, que fiscaliza,

debate, apresenta políticas de saúde ao povo

indígena, e também os Dseis, que são os Distritos

Sanitários que fazem as políticas sanitárias e

controle social com equipes multidisciplinares,

coletando dados, fazendo investigação

epidemiológica, imunização e etc.

Esse Dsei, pelo que tenho conhecimento,

está localizado na cidade de Governador

Valadares, Minas Gerais.

Eu queria saber de você, minha pergunta é:

como é a integração e a interação na comunidade

dos povos indígenas aqui do estado com esse Dsei

de Minas Gerais?

O SR. PAULO TUPINIQUIM - Inclusive

é uma demanda antiga nossa, dos povos daqui do

Espírito Santo, a criação do Distrito Sanitário do

Estado do Espírito Santo.

Como o Doutor Hércules fez o convite,

também vou aproveitar a pergunta do

companheiro, e também fazer um convite. Para

isso, estamos num processo de realização da 6.ª

Conferência Nacional de Saúde Indígena, que vai

acontecer no final de maio, em Brasília. Mas, para

poder acontecer essa etapa da 6.ª Conferência

Nacional de Saúde, vão acontecer as etapas locais e

a etapa distrital.

A etapa da conferência local de saúde

indígena aqui do estado do Espírito Santo vai

acontecer de 14 a 18 do mês de agosto em aldeias

diferentes. Vocês estão convidados. Se puderem,

quiserem participar de, pelo menos, alguma etapa

entre essas datas de 14 a 18, a gente pode elaborar

um convite e estar encaminhando também para esta

comissão.

Mas a interação entre os povos indígenas

aqui do Espírito Santo com o Dsei, vou dizer que

ela boa porque é o distrito que temos, é lá que

estão localizadas todas as ações relacionadas à saúde

dos povos indígenas. Então, a gente precisa fazer essa

interação, essa interlocução.

E a gente tem um controle social que é muito

atuante. O controle social atua no âmbito do distrito.

Então, o Dsei, essa interação é boa. Mas seria bem

melhor se tivéssemos nosso Dsei aqui no estado do

Espírito Santo até porque teríamos uma

descentralização de recurso.

O recurso de nosso distrito hoje, de Minas

gerais e Espírito Santo para poder atender as

populações, tem um teto orçamentário de cinquenta

milhões de reais. Desses cinquenta milhões de

reais, vinte e nove milhões são só para contratação

dos profissionais de saúde.

Temos uma equipe que atende no distrito,

em Minas e Espírito Santo. Temos uma equipe que

se compõem de quatrocentos e cinquenta e oito

funcionários. Isso, todos em áreas que estão aqui

no Espírito Santo e em Minas Gerais e de

funcionários que atuam dentro do distrito.

Então, desses cinquenta milhões que é do

teto orçamentário do Dsei, vinte e oito, vinte e

nove milhões vão para uma conveniada para poder

fazer essa contratação desses profissionais. Aí,

então, ficam vinte um, vinte e dois milhões para o

Dsei fazer a assistência.

Dessa assistência, são as contratações de

motoristas, contratação de pessoal para poder fazer

o serviço de limpeza, vigilante, contrato de

veículos, enfim, é toda essa parte para poder fazer

essa assistência com as populações indígenas.

Porém, este ano, mais precisamente no mês

passado, foi anunciado, no recurso da saúde

indígena, um contingenciamento de cento e

cinquenta e cinco milhões. Esse contingenciamento

afetou, atingiu também os distritos. Desses cento e

cinquenta e cinco milhões contingenciados, vão ser

cortados quinze por cento. Então, quer dizer, eu sei

que tenho cinquenta milhões, mas tenho x milhões

que estão contingenciados e eu não posso mexer.

Então, quer dizer, isso acaba afetando a assistência

cá na ponta. Mas, enfim, o distrito está lá.

Além da participação do controle social,

Edson, que é o Condisi, a gente também tem um

conselho local de saúde. Cada unidade de saúde

tem um conselho local que acompanha a saúde de

nível local, cria as demandas, manda para o

Condisi, que é o Conselho Distrital. O Conselho

Distrital delibera para Brasília, onde tem um fórum

de presidente de Condisi, que reúne os trinta e

quatro presidentes dos trinta e quatro distritos que

existem no país.

Além disso, tem a participação ainda dos

indígenas na Cisi, que é Comissão Intersetorial de

Saúde Indígena, que cria as proposições para o

Conselho Nacional de Saúde.

Então, quer dizer, o controle social que

temos funciona. Ele é bem atuante. Ele tenta fazer as

coisas funcionarem.

Aproveitando que estou com a fala, sabemos

também que existe a Comissão Intersetorial Bipartite

aqui no estado. Todos os estados têm. E essa

Comissão Intersetorial Bipartite participam os

gestores da saúde. Só que no caso da saúde

indígena, não temos o representante da saúde

indígena que participe dessa comissão e o gestor da

saúde indígena, o coordenador do Dsei, é gestor

também. Ele é um gestor legal e nessa CIB é onde

se discutem, se passam todas as situações

relacionadas à saúde nos municípios, no estado. É

onde se discutem e criam as proposições para

poderem ser aprovadas consequentemente.

Isso seria também mais um pedido que a

gente teria a fazer a essa comissão de a gente tentar

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 139

pleitear o assento do nosso representante legal do

Dsei na CIB.

Não sei se respondi sua pergunta.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Ok. Lindomar, quer

complementar?

O SR. LINDOMAR JOSÉ DE

ALMEIDA SILVA - Só queria fazer uma pequena

complementação a respeito da interlocução do Dsei

com o Espírito Santo.

Existe uma grande reclamação dos

caciques, das lideranças, em virtude de o distrito

estar em Minas.

Então, existe a morosidade dos processos

licitatórios, as compras de serviço. A compra, por

exemplo, de medicamento é um processo que dura

em média quase dois anos. Os insumos às vezes

têm esse problema justamente porque o distrito

está em Minas e tem esse problema dos processos

licitatórios.

Então, a gente tem reclamação de falta de

medicamento na farmacinha básica. Temos,

algumas vezes, falta de insumo, material médico-

hospitalar em virtude de morosidade do processo.

Então gera uma reclamação muito grande por parte

das lideranças do Espírito Santo com razão. Por

isso o pleito de ter um distrito no Espírito Santo

para justamente o Espírito Santo fazer essa gestão

do recurso.

Então, esse pleito é desde a 4.º Conferência

Nacional de Saúde e foi aprovado na 4.º

conferência só que não se tornou ainda realidade

aqui para o nosso estado.

Aí a gente também conta com o apoio de

vocês nesse pleito dessa discussão da criação do

Dsei do Espírito Santo.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - Muito bem.

Mais alguém quer complementar? Neiriele,

quer falar? Wellington? Douglas?

Só queria lembrar o seguinte: já

conseguimos algum espaço importante, porque,

ontem na prestação de contas do secretário, aquela

prestação de quatro em quatro meses, convidei a

todos para participarem dessa reunião de hoje.

Tivemos a presença aqui da Joseni, que é

presidente do Conselho Estadual de Saúde, que

falou com você. E agora o Conselho Estadual de

Saúde também por esse convite, já está entrando

nesse contexto. Também é um ganho muito bom o

Conselho Estadual de Saúde que também nunca...

Na hora que eu estava telefonando aqui,

não foi desatenção, não. Foi que eu estava tentando

falar com alguém do congresso para logo dar a

notícia, o aval das inscrições que vocês pediram.

Infelizmente o telefone está na caixa postal. Deve

estar em reunião ou alguma coisa que não pôde me

responder, mas durante o dia ainda tentarei esse

contato.

De qualquer forma, eu acho que nós

deveríamos começar, Deputada Eliana, pelo

município. Chamar a secretária de Saúde do

município, o prefeito, ver se a gente faz uma visita

à aldeia para mostrar a realidade de vocês. Depois,

de lá, a gente vai solicitar uma audiência com o

secretário estadual de Saúde, para a gente, cada

vez, engrossar mais essa corrente, ter mais força

para outros eventos e, naturalmente, para outras

providências.

Deputada Eliana Dadalto, quer fazer mais

alguma complementação?

Satisfeitos todos, tranquilos?

O SR. LINDOMAR JOSÉ DE

ALMEIDA SILVA - Só mesmo para agradecer o

espaço e parabenizar o deputado e a deputada. Para

a saúde indígena, para a população indígena, vai

ser muito lucrativo no sentido de a gente abrir essa

discussão, mesmo, junto com o Estado, e essa

aproximação com o Estado.

O SR. PRESIDENTE - (DOUTOR

HÉRCULES - MDB) - É, a gente não pode deixar

essa articulação morrer. Nós temos que, cada vez,

avolumar mais. E, independente de resultado de

eleições, a gente tem que continuar. Se for outro

Governo, se forem outros deputados, enfim, a

gente tem um espaço, uma ferramenta que eu já

falei para vocês. A partir do mês de agosto, nós

vamos tentar viabilizar a ida de vocês lá ao

plenário, para mostrar mais essa dificuldade que

vocês têm, a realidade que vocês vivem. Que

vocês, realmente, são o povo da terra e,

naturalmente, estão sendo esquecidos por nós que

invadimos a terra de vocês. A verdade é essa!

Quero, ainda, convidar todos para, hoje, a

partir das 19h, na Barra do Jucu, na escola Tuffy

Nader, a audiência pública sobre a questão da

Ponte da Madalena. A Ponte da Madalena foi o

mote para a gente levantar uma discussão lá em

Vila Velha, especialmente na Barra do Jucu, local

de onde não me afasto. Gosto muito da Barra e

tenho certeza de que o povo da Barra me reconhece

como barrense também.

A queda da Ponte da Madalena, que já tem

mais de sete meses, foi assim: a Ponte da Madalena

caiu hoje, amanhã foram lá e prometeram uma

ponte nova. Prometeram e ficou só nisso. Eu sou

presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Rio

Jucu e Santa Maria. Eu não posso defender só o rio

Jucu, mas o Santa Maria também, que abastece

cerca de um milhão e setecentas mil pessoas aqui

na Grande Vitória.

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140 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

Então, nós pedimos outras providências

que precisam ser tomadas também na Barra do

Jucu e no rio Jucu: o cercamento da área da

reserva. A reserva já está demarcada e precisa

cercar por causa dos invasores que tiram as

bromélias, as orquídeas, pesca ilegal, uso de droga,

tudo dentro da Reserva de Jacaranema. Então, nós

precisamos cercar. Além dos animais que saem da

reserva, atravessam a pista da Rodovia do Sol e são

mortos para lá.

Então, a construção também de um píer na

Barra. Por que o píer? Porque na Boca da Barra

tem o Morro da Concha e a maré joga água para

dentro do rio da Boca da Barra. E o rio, às vezes,

tem pouca água, cada vez a maré avança, joga

água, a água às vezes volta, mas a areia fica e fecha

a Boca da Barra. No ano passado, fechou a Boca

da Barra quatro vezes e a gente teve que arranjar

aquela máquina Poclain para fazer a abertura da

Boca da Barra.

A gente precisa fazer o desassoreamento do

rio Jucu. O rio está assoreado e a areia do fundo

do rio é a areia mais nobre, mais cara que tem

para a construção civil. Aí, não deixam tirar

areia, mas vão tirando areia daquela reserva ali,

Paulo Vinha, por ali. E é um absurdo isso! Isso que

é agressão ao meio ambiente. Então, tem que tirar

areia do fundo do rio.

Instalação de telas ao longo da Rodovia do

Sol também, para não deixar os animais

atravessarem. E ouvir as propostas dos moradores

da Barra do Jucu sobre a ponte que nós queremos

lá. Apresentaram um projeto que era até muito

moderno, era simulando o voo da garça - saiu nos

jornais aí -, muito bonito, uma ponte estaiada,

muito linda, mas não é isso que o povo da Barra

quer. E a Barra é um lugar diferente. Não adianta

levar na Barra o que a Barra não quer, porque o

povo não vai aceitar. Então, nós vamos ouvir a

Barra, a proposta que o povo da Barra quer sobre a

Ponte da Madalena.

A Ponte da Madalena é cantada no Brasil

inteiro. Martinho da Vila já deu essa declaração de

que qualquer lugar do Brasil em que ele vai,

pedem para cantar essa música. Eu sou

testemunha da inauguração que Martinho da Vila

fez, estava com ele lá na Barra. Eles fizeram uma

ponte, infelizmente fizeram uma ponte de ferro

batido, não foi ferro fundido, a ferrugem comeu

a ponte e a ponte foi embora. Depois,

fizeram outra ponte, mas puseram

calçamento em cima da ponte, que também é

uma coisa errada. Nós queremos a ponte pelo

menos um trecho como ela foi antes, para você

ver como era o pranchão. Todo o movimento do

Sul do estado, a não ser na BR-101, passava

especialmente por Guarapari, Setiba, enfim, tudo

era passado pela Barra, pela ponte da Barra.

Depois da Rodovia do Sol que pararam de utilizar

muito a ponte.

Então, dá um take aqui, por favor, nesse

cartaz. Hoje, 19h, na Escola Tuffy Nader, na Barra

do Jucu, estaremos fazendo essa audiência pública.

Convido a população em geral, especialmente os

barrenses, que já foram convidados, para

apresentarem uma proposta da Ponte da Madalena.

Nós queremos, também, convidar,

especialmente, e estará lá, Kleber Galvêas, que

mora na Barra; Mestre Vitalino, que faz as casacas,

que mora na Barra; nossa querida Neymara

Carvalho, que é pentacampeã de bodyboard, que

mora na Barra; Paulo de Paula, que mora na Barra;

queremos convidar Deni, que é presidente do

Movimento Comunitário da Barra; e especialmente

a Deputada Eliana Dadalto, que mora em Linhares

e talvez não possa comparecer.

Nada mais havendo a tratar, dou por

encerrada a nossa reunião, convidando a todos para

a próxima, que será, ainda, a definir, pelo recesso

que deverá começar amanhã, ou então nós

estaremos aqui na primeira terça-feira de agosto.

Muito obrigado a todos, especialmente à

TV Ales com seus competentes cinegrafistas, com

a nossa querida competente jornalista, nossa

apresentadora Gabriela.

Obrigado e bom dia a todos!

(Encerra-se a reunião às

19h38min)

OITAVA REUNIÃO ORDINÁRIA, DA

QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA

ORDINÁRIA, DA DÉCIMA OITAVA

LEGISLATURA, DA COMISSÃO DE

SEGURANÇA E COMBATE AO CRIME

ORGANIZADO, REALIZADA EM 28 DE

MAIO DE 2018.

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - Havendo número legal, declaro

abertos os trabalhos da Comissão de Segurança e

Combate ao Crime Organizado.

Desejo um bom dia a todos os presentes;

aos representantes da Polícia Técnico-Científica;

aos representantes da PM 96; ao meu querido

amigo Deputado Da Vitória; doutor Matusalém,

nosso procurador, representando à Procuradoria-

Geral em virtude de o doutor Fernando Silva ter

ficado ilhado em Colatina por falta de combustível;

à nossa diretoria de segurança, doutor Cláudio

Victor; ao Zezito Maio, nosso amigo; e aos nossos

colaboradores da Comissão.

Solicito à nossa secretária proceder à

leitura das atas das sessões anteriores.

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 141

(A senhora secretária procede à

leitura da ata da sétima reunião

ordinária, realizada em 14 de

maio de 2018)

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - Em discussão.

Não havendo quem queira discutir, em

votação.

Como vota o Senhor Deputado Euclério

Sampaio? (Pausa)

Pela aprovação.

O Deputado Da Vitória?

O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Pela

aprovação.

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - Acompanho.

Ata aprovada a ata como lida.

(A senhora secretária procede à

leitura da ata da primeira

reunião extraordinária, primeira

audiência pública, realizada em

09 de março de 2018)

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - Em discussão.

Não havendo quem queira discutir, em

votação.

Como vota o Deputado Da Vitória?

(Pausa)

Pela aprovação.

O Deputado Euclério Sampaio? (Pausa)

Pela aprovação.

Acompanho.

Ata aprovada como lida.

A SR.ª 1.ª SECRETÁRIA lê:

Correspondências recebidas:

OFÍCIO/CS/Nº 010/2018 encaminhado

pelo Senhor Gustavo de Barros Sant’ana, Vice-

Diretor Presidente do Movimento Comunitário de

Santa Clara e a Senhora Tânia Mara da Silva

Tagarro - Membro da Comissão de Segurança do

Movimento da Comunidade de Santa Clara,

convidando os excelentíssimos senhores deputados

para uma reunião no dia 13 de junho, no horário de

20h às 22 h, local a definir, para tratar do tema

Segurança Pública no Bairro de Santa Clara.

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - Este ofício não foi endereçado

para este presidente. Não sei se a assessoria

observou Ao Senhor Deputado Estadual Gilsinho

Gomes. Portanto, não foi endereçado à minha

pessoa. Mas, mesmo assim, em homenagem ao

movimento, gostaria que vocês dessem a resposta

de que estarei impossibilitado, pois terá uma sessão

solene em homenagem ao doutor José Gilberto de

Barros Faria, nesta Casa, no dia 13, no mesmo

horário.

A SR.ª SECRETÁRIA - (JANDERLEA

CALEZANI SALVADOR) - Foi enviado e-mail

pelo Vereador Dalto Neves, também fazendo o

mesmo convite.

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - Idem a informação.

A SR.ª SECRETÁRIA lê: Ofício/Sindipol

n.º 036/2018 encaminhado pelo senhor Jorge

Emílio Leal, presidente do Sindicato dos

Servidores Policiais Civis do estado do Espírito

Santo, Sindipol/ES, pleiteando reivindicações com

o objetivo da concessão de direitos, garantias e

prerrogativas em prol dos policiais civis.

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - Encaminhe ao excelentíssimo

secretário de Segurança Pública e chefe da Polícia

Civil.

A SR.ª SECRETÁRIA lê: Ofício/Sindipol

n.º 061/2018 encaminhado pelo senhor Jorge

Emílio Leal, presidente do Sindicato dos

Servidores Policiais Civis do estado do Espírito

Santo, Sindipol/ES, solicitando alteração

legislativa, inciso I do artigo 1.º da Lei 8.279/2016,

passando pagamento dia/vencimento, para

dia/subsídio.

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - Encaminhe-se ao excelentíssimo

senhor chefe da Polícia Civil e para o senhor

secretário de Estado da Segurança Pública, bem

como para a Seger.

A SR.ª SECRETÁRIA lê: Ofício/Sindipol

n.º 062/2018 encaminhado pelo senhor Jorge

Emílio Leal, presidente do Sindicato dos

Servidores Policiais Civis do Espírito Santo,

Sindipol/ES, solicitando edição de legislação,

sobre aplicação de descontos na remuneração dos

servidores policiais civis deste Estado, durante

afastamento por motivo de prisão em flagrante ou

decisão judicial provisória, na medida em que

esses atos administrativos vêm contrariando o

disposto no artigo 29, IV, da Lei Complementar n.º

46/94 e demais legislações vigentes.

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - Senhores Deputados, o Sindicato

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142 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

da Polícia Civil faz essa solicitação considerando

que os descontos em outros Estados da federação

são no máximo trinta por cento. E mesmo com

prisão provisória do policial civil eles estão

descontando cinquenta por cento do salário. Isso é

um absurdo, Deputado Euclério e Deputado Da

Vitória.

Vamos encaminhar ao excelentíssimo

secretário de Estado da Segurança Pública e pedir

um agendamento com o mesmo para que possamos

discutir pessoalmente essa questão.

Temos outra situação, que é a questão da

moléstia grave. É considerada para os policiais

militares e bombeiro militar, mas para os policiais

civis não, no momento de aposentadoria. Já

fizemos a reivindicação e estamos aguardando o

encaminhamento para esta Casa do projeto de lei

que também garante aos portadores de moléstia

grave que possam se aposentar com todos os seus

benefícios.

Pois não, Deputado Euclério.

O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO - (PSDC)

- Primeiro, bom dia, Deputado Gilsinho, Deputado

Da Vitória e demais presentes!

Quero fazer quorum a V. Ex. ª. Entendo que

é ilegal esse desconto de cinquenta por cento. E

parabenizá-lo por essas medidas que V. Ex.ª

anunciou que a Comissão vai dar ênfase na luta.

É isso, presidente!

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - Deputado Da Vitória.

O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Senhor

Presidente, legislação... Não podemos atuar

desalinhado com as mesmas. Lei é lei, tem que

cumprir. Se quiser, mude a lei. Então, o Governo

não está acima da lei e necessita cumpri-la, a regra

é essa.

O sindicato representa institucionalmente.

Nós estamos aqui representando a sociedade com a

prerrogativa de fazer qualquer mudança na

legislação, mas com o dever e a obrigação de cobrar

do Governo do Estado o cumprimento das mesmas.

Então, V. Ex.ª tem meu total apoio. Se puder me

dispensar na agenda com o Governo eu fico muito

feliz, mas vai ter aqui toda a minha atuação, defesa

em relação aos nossos policiais civis do Espírito

Santo para cumprir essa regra que o Governo está

fazendo. Eu gostaria...

Acho que nem vou afirmar isso porque V.

Ex.ª já está na pauta. Se o que foi praticado em

desacordo com a regra os servidores precisam ser

restituídos. Então, pode contar com o nosso apoio.

Parabéns pela iniciativa.

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - Deputados, realmente tem alguns

entendimentos tanto da Seger quanto da PGE que

diferem da Constituição, diferem das normas

vigentes e nós não podemos aceitar isso. Nós...

Tem alguns benefícios para algumas categorias e

outras não e, inclusive, na questão aqui de acidente

em serviço resultar afastamento superior a cinco

dias será devido ao militar e ao policial civil

indenização por acidente em serviço no valor dia

soldo ou dia vencimento correspondente aos dias

de licença.

Quem recebe por subsídio não entra nesse

diapasão, então, a gente tem que verificar isso.

Estamos encaminhando também para a análise da

Procuradoria.

A SR.ª SECRETÁRIA lê:

OFÍCIO/SII/SESP/N.º 140/2018, encaminhado

pelo Senhor Sérgio Almeida de Mello,

subsecretário de Estado de Integração

Institucional/Sesp, em resposta ao ofício da

Comissão de Segurança n.º 22/2018, referente ao

encaminhamento de representação oriunda da

Assembleia Legislativa em desfavor do Policial

Civil Sérgio Camilo Gomes. Foi encaminhado à

Corregedoria Geral da Polícia Civil do Espírito

Santo para providências conforme documento

anexo.

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - Ciente. Encaminhe-se cópia aos

senhores deputados e arquive-se.

A SR.ª SECRETÁRIA lê:

PROPOSIÇÕES RECEBIDAS:

Não houve no período.

PROPOSIÇÕES DISTRIBUÍDAS AOS

SENHORES DEPUTADOS:

Não houve no período.

PROPOSIÇÕES SOBRESTADAS:

Não houve no período.

PROPOSIÇÃO BAIXADA DE PAUTA:

Não houve no período.

ORDEM DO DIA:

O que ocorrer.

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - Senhores deputados, estamos aqui

com a representação das associações dos peritos

criminais oficiais e quero aqui fazer um registro:

em momento algum este deputado participou de

qualquer reunião que desvie a verba do Bird para

investimento no Afis em troca de construção de

sede ou disso ou daquilo.

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 143

Então, eu queria registrar e dizer que fui a

Castelo, Mimoso e Venda Nova com o secretário

de Estado de Segurança Pública, com o chefe da

Polícia Civil e em momento algum isso foi

conversado. Estou do lado de vocês, o dinheiro é

para investimento na área tecnológica. É para

investimento nos profissionais, haja vista que

vocês já deram demonstração inequívoca de

competência e de profissionalismo com a

elucidação do crime do pastor em relação aos seus

dois filhos e em todos os outros crimes que têm

sido apurados com o apoio da Polícia Técnico-

Científica.

Mesmo com a defasagem de policiais vocês

estão dando a sua contribuição, esforçando ao

máximo para poder realizar as perícias mesmo nós

sabendo que em algumas situações faltam

materiais. Mesmo nós sabendo que vocês estão se

desdobrando e nem diárias às vezes estão

recebendo para poder estar lá para dar o resultado

que tem sido um privilégio para o nosso estado na

questão elucidação de crime via Polícia Técnico-

Científica.

Eu estou aguardando já o momento da

autonomia mesmo de vocês para que vocês possam

gerir toda a estrutura da Polícia Técnico-Científica

e que nós possamos ter dias melhores. Eu, ao longo

dos meus quarenta anos de Polícia, ao longo dessa

etapa toda que sempre trabalhei com a Perícia, que

sempre gerou resultados positivos para a

sociedade, positivos para as investigações, e nós só

temos a agradecer.

Podem contar com este deputado e com os

demais deputados, Deputado Da Vitória e

Deputado Euclério Sampaio, que nós não vamos

desvirtuar os valores conquistados. Porque o Jorge,

o Jorjão, tem feito um trabalho junto com o Tadeu

nesse sentido, e com toda a diretoria da associação,

para que possamos ter o Afis, tanto criminal quanto

cível, porque a Polícia Federal já não tem mais

convênio, e isso tem prejudicado, e muito!

Outro dia, num crime que ocorreu em João

Neiva, fui solicitar que fosse realizada comparação

de impressões digitais, tem que ser catalogado uma

a uma, porque não há o convênio.

Então, parabéns a vocês e podem contar

com esses deputados aqui, porque nós não estamos

aqui para remanejar verbas que vieram diretamente

carimbadas para um determinado setor. Então,

fiquem tranquilos, se alguém estiver usando meu

nome ou o nome de algum deputado que nós já

concordamos com isso, não é verdade.

Queria fazer esse registro e passar a

palavra ao Deputado Da Vitória, porque o

Deputado Da Vitória tem um requerimento a fazer

e, junto com o requerimento dele, eu e o Deputado

Euclério também vamos fazer um requerimento em

relação à Polícia Civil.

O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Deputado

Gilsinho, sobre o mesmo tema, esse tema que

chocou nosso estado e nosso país, e virou

referência até fora do nosso país, esse bandido, que

se denomina pastor, e as pessoas ainda ressaltam

que ele é pastor, mas que nunca foi pastor, com

certeza, porque homem de Deus não pratica atos

absurdos como esse, apesar de ser ser humano.

Cumprimento o pastor Messias, que se

encontra aqui, que atua nesta Casa, realmente

saudando, de fato, todos os pastores, que acredito

que já devem estar se organizando até para que

essa referência não seja usada ao cidadão George

Alves, que cometeu aquele bárbaro crime com as

duas crianças de Linhares.

Conversei com V. Ex.ª no decorrer do dia,

já, para que combinasse um encaminhamento, e

que esta Casa, nesta comissão, que é pertinente,

pudesse estar homenageando o trabalho feito por

nossos operadores de segurança pública do Estado

do Espírito Santo, nossos membros da Polícia

Militar, todos que atuaram nesse caso, que

ajudaram a elucidar esse caso, e nossos membros

do Bombeiro Militar.

Estou terminando de fazer um

levantamento de todos os bombeiros e policiais

militares e, junto com V. Ex.ª, também que já

propôs aqui junto com o Deputado Euclério

Sampaio, fazer a todos os membros da Polícia

Civil e suas equipes de trabalho, que deram um

grande exemplo de elucidar um crime como esse,

mostrando o trabalho das instituições, da força

pública do Espírito Santo, transcendendo até suas

obrigações, seu tempo de serviço, mostrando que,

mesmo sem ter todas as condições técnicas de

trabalho, sem ter o efetivo adequado, sem ter, às

vezes, o apoio governamental necessário, e sem

receber o salário digno de um profissional de

segurança pública - como nossos policiais

militares, que recebem o salário mais baixo do país

- fazem um trabalho de excelência. Mostram que

são cidadãos que merecem atuar, merecem o

respeito da sociedade.

E nós, enquanto representantes da

sociedade, e esta comissão, que defende a paz

social, que trabalha pela melhor segurança pública

no Espírito Santo, sinto-me na obrigação de propor

requerer a V. Ex.ª que possamos, aqui, ver o

formato, trazer alguns representantes para

homenageá-los, e encaminhar uma homenagem a

cada um desses representantes. Além disso,

encaminhar aos seus respectivos comandos e

chefias um elogio da Comissão de Segurança, para

que possamos ter, nos seus assentamentos, nas suas

fichas profissionais, um elogio feito pelo povo

capixaba, que nós representamos.

E esta comissão, presidida por V. Ex.ª,

tendo o Deputado Euclério Sampaio como membro

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144 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

efetivo, é a comissão pertinente. Somente nós

podemos fazer isso em nome do povo capixaba.

Então, esta Casa representa a sociedade capixaba e

nada mais do que fazer justiça e homenagear esses

profissionais que deram, pelo menos, uma luz de

conforto ao cidadão capixaba que observava a

atrocidade cometida com essas duas famílias, com

essas duas crianças que a gente nunca imaginava

que poderia ser no formato que foi desenrolado e

apresentado.

Eu recebi várias ligações no decorrer do

dia, quando aconteceu esse crime. Hoje, foi uma

experiência de vida para mim, Tadeu. Eu liguei

para o doutor Danilo Bahiense - não posso deixar

de falar - para que pudesse acelerar a liberação dos

corpos, porque foi tanto pastor que me ligou e

lideranças políticas que me ligaram, porque o

movimento do bandido, ele também foi forte,

porque se libera, Deputado Euclério Sampaio, se

houvesse possibilidade disso acontecer, pode ser

que não chegava à elucidação no formato que

chegou, no tempo que chegou.

Então, nós aqui também, às vezes, de boa

intenção, erramos enquanto parlamentares pedindo

que acelere esses procedimentos que têm um rito,

que têm um formato, que têm uma tradição. Nós

somos leigos no assunto, não entendemos nada

disso. Apesar de sermos da segurança pública, não

somos especialistas da área.

Parabenizo, em nome de todos os técnicos

da Polícia Civil, o doutor Danilo Bahiense que, de

forma habilidosa, humilde, mas com sua liderança,

me retornou a ligação e falou: Deputado, esse é um

crime que a gente não tem possibilidade de poder

fazer a liberação nesse formato. Nós precisamos

buscar toda informação possível e só fazemos isso

através do procedimento da polícia técnico-

científica. Assim, nós respondemos às pessoas e

ainda bem que temos profissionais de alta

capacidade como temos na Polícia Civil, no Corpo

de Bombeiros e na Polícia Militar.

Então, Deputado Gilsinho, sei que já era da

vontade de V. Ex.ª, estava também buscando já

fazer isso, e acho que a Comissão é o local

adequado para a gente trazer aqui e o povo

capixaba homenagear isso. A minha proposta é que

seja feita na próxima sessão, na outra segunda-

feira. Gostaria de submeter a V. Ex.ª e ao

Deputado Euclério Sampaio os levantamentos da

Polícia Militar e do Bombeiro Militar. Entrego a V.

Ex.ª no decorrer desta semana.

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - Deputado Da Vitória, é importante

essa homenagem aos profissionais que atuaram

nesse caso. A Diretoria das Comissões já fez uma

comunicação que nós teríamos que entregar essa

pauta até amanhã. Mas, na próxima segunda-feira,

não vou estar presente, mas se vocês quiserem, o

Deputado Euclério, vice-presidente, preside a

sessão, porque vou estar chegando aqui por volta

de 14h. Vou viajar na sexta-feira, volto na segunda

à tarde. Mas, se vocês quiserem, o Deputado

Euclério preside e vou me sentir representado.

O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Nós

propusemos aqui para deixar para a outra segunda-

feira. A Sara que está aqui. Não é feriado na outra

segunda.

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - Não, dia 11 não é feriado.

O SR. DA VITÓRIA - (PPS) - Não é.

Então, a presença de V. Ex.ª é muito importante

para nós aqui.

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - Então, fica para o dia 11 e V. Ex.ª

pede a relação dos policiais militares e bombeiro

militar. Deputado Euclério Sampaio, o delegado

Daré já passou o nome para mim de todos os

policiais, mas a gente vai conferir para saber se não

está faltando alguém. Vamos pedir para emitir o

certificado e também fazer o elogio para todos. O

elogio, tão logo chegue a relação, nós já vamos

deliberar agora, neste exato momento, e tão logo

chegue a deliberação, a gente possa estar

encaminhando ao secretário de Estado de

Segurança Pública para assentamento nas fichas

funcionais dos respectivos profissionais que

trabalharam.

Então, fica estabelecido para o dia 11 a

nossa sessão. Vai ser apenas uma sessão para

homenagem aos profissionais que atuaram nesse

caso. Deputado Euclério.

O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO - (PSDC)

- Pela ordem, senhor presidente! Sou favorável,

claro, porque temos que incentivar aqueles

policiais que se dedicam no desempenho da sua

função. Quanto à questão da perícia que V. Ex.ª

disse, tenho certeza de que nenhum membro da

Comissão, nem V. Ex.ª e nem ninguém, vai pensar

em tirar dinheiro, remanejar verba da perícia.

Porque interessa tirar verba da perícia e uma

perícia deficitária, é aquele, é a criminalidade.

Hoje, qualquer país de primeiro mundo investe na

perícia, porque você tem uma elucidação mais

rápida e com isso você combate um crime e tira,

desestimula que pratique mais. Hoje, com uma

perícia fraca, o cara vai querer praticar mais

crimes.

Então, tenho certeza de que se a gente

puder, a gente coloca verba para a perícia, para que

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Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018 Diário do Poder Legislativo - 145

ela avance cada vez mais. Aliás, temos uma das

melhores perícias do país, é a do Espírito Santo.

Então, na pessoa do Tadeu, estou

elogiando, fazendo referência a todos os

profissionais da perícia da Polícia Civil do Espírito

Santo. Estão de parabéns. Temos certeza de que

temos que pedir para que mais verbas sejam

enviadas para a perícia e que ela avance cada vez

mais, senhor presidente.

No dia 11, inclusive, à noite, vai ter uma

sessão solene em homenagem à Polícia Civil, aqui,

Deputado Gilsinho. Tenho certeza de que V. Ex.ª

vai estar presente.

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - Com toda a certeza, prestigiando

V. Ex.ª.

O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO - (PSDC) - Não, vai ser feita em conjunto.

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - Mas prestigiando V. Ex.ª, que é o

autor ao longo desses anos todos. Mesmo eu tendo

assumido a presidência, V. Ex.ª continua e eu

sempre tenho prestigiado, porque V. Ex.ª contribui

em todos os projetos que são de interesse da

Polícia Civil.

Tenho dito para os colegas da Polícia Civil,

mesmo V. Ex.a fazendo o trabalho de oposição

aqui, V. Ex.a tem votado em todos os projetos. V.

Ex.ª merece respeito dos policiais civis, V. Ex.ª

tem o meu respeito. Sempre digo em todas as

reuniões: o Deputado Euclério Sampaio nunca

deixou de votar em nenhum projeto da polícia.

Nesse projeto, o último, que foi a questão

da derrubada do veto, o Deputado Euclério já tinha

posição formada e disse para todos os segmentos

que seriam só beneficiados os delegados de polícia,

auditores e coronéis da Polícia Militar. E ele votou

contra. Eu votei a favor da derrubada do veto. Mas

ele votou contra.

O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO - (PSDC) - Eu não votei contra, não. Eu estava em Linhares.

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - Ele não estava presente.

O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO - (PSDC) - O meu pensamento era esse mesmo.

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - Mas se estivesse presente, iria

votar contra, porque já tinha dito que iria votar

contra e tem personalidade. Isso que é importante.

Então, nós três aqui - eu, o Deputado Da

Vitória e o Deputado Euclério Sampaio -, que

sempre estamos participando da Comissão, não

temos divergências nenhuma. Muito pelo contrário,

temos uma união sadia e em defesa do organismo

de segurança pública.

Se o presidente, o Renan ou o Tadeu

quiserem fazer uso da tribuna, está à disposição.

Nós temos ainda vinte e dois minutos.

O SR. ANTÔNIO TADEU NICOLETTI - Excelentíssimos senhores Deputados, Gilsinho

Lopes, presidente da Comissão, Deputado Euclério

Sampaio e Deputado Da Vitória. Estou falando o

nome, enquanto ele está sorrindo. Os colegas da

perícia, o colega Renan, a Fabi e o Mutz, colega

esse, inclusive, que participou diretamente da

resolução do caso em Linhares, senhoras e

senhores presentes.

Deputado Gilsinho e Deputado Euclério,

gostaríamos de estar colocando algumas coisas.

Primeiro, era essa questão da verba do Bird, mas já

esclarecido aqui pelo Deputado Gilsinho. A

segunda questão, Deputado Gilsinho, é referente à

distribuição das gratificações de chefia, no âmbito

da SPTC, porque com essa reformulação do quadro

organizacional da polícia, de duzentas e quarenta e

duas gratificações foram destinadas à SPTC,

Superintendência da Polícia Técnico-Científica,

apenas seis dessas gratificações. E conjuntamente

com uma demora na definição da estrutura da

SPTC, que nós já havíamos apresentado, também

até hoje não saiu e isso vem ocasionando, não sei

por quais motivos do atraso, mas vem ocasionando

esses problemas. Então, nós gostaríamos de estar

solicitando, requerendo do Governo do Estado, que

essa situação seja solucionada o quanto antes

porque há uma grande insatisfação. Nós temos

vários colegas da perícia exercendo as funções de

chefia sem a respectiva contrapartida. E o critério

de distribuição, que nós entendemos que não foi

um critério que albergou a perícia da forma como

nós entendíamos ser um critério justo.

Uma coisa, Deputado Gilsinho, que eu

gostaria de estar colocando, é uma coisa de fora,

não sei se V. Ex.ª está acompanhando, mas é uma

coisa que nós reputamos como grave. É essa

questão do julgamento da Adin 5039, que está

colocando ali em questão a integralidade e a

paridade para os policiais na aposentadoria. Então,

é algo que nós entendemos que é muito grave. Nós

estamos vendo que tem várias entidades de

policiais fazendo a defesa ali no Supremo Tribunal

Federal, o voto do ministro relator foi contra uma

legislação lá do estado de Rondônia, ou seja, nós

estamos com uma grande preocupação para que os

policiais civis não venham a perder a integralidade

e a paridade decorrente de interpretações jurídicas,

de legislações, que causam prejuízos incalculáveis

para a categoria, para os policias. Porque tem que

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146 - Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, terça-feira, 14 de agosto de 2018

se regulamentar as aposentadorias dos servidores

que atuam sob risco, e no caso aqui, nós estamos

falando dos policiais civis, algo que há anos se

demora a fazer e, se reconhecendo que alguns

critérios exigíveis para se atingir a integralidade e

paridade, por exemplo, trinta e cinco anos de

serviço para homens e trinta anos para as mulheres,

não vão ser alcançados pelos policiais civis porque

se trata de uma aposentadoria especial com base no

risco - risco de vida. Mas, não se pode retirar da

categoria esse direito porque não se pode punir o

policial porque ele tem uma aposentadoria especial

decorrente do risco que ele corre. Então, a gente

gostaria de estar pedindo isso, Deputado Gilsinho,

ver se de alguma forma a gente poderia estar

auxiliando lá nesse julgamento, apresentando. O

partido de V. Ex.ª e do Deputado Euclério também

está tentando ingressar, para estar fazendo essa

defesa porque está muito na mão das entidades de

classe, para que desse julgamento não decorra um

prejuízo terrível para os policiais, deputado, até

com tentativas de não garantias de integralidade

para paridade tanto para quem vai se aposentar, ou

para policiais que já se encontram nessa situação.

Esse é um pedido que a gente gostaria de fazer.

A questão da verba do BID, Deputado

Gilsinho, V. Ex.ª explicou, e nós gostaríamos de

estar participando, inclusive. Que nós soubemos

que estava na Secretaria de Direitos Humanos e

parece que foi encaminhado para a Sesp. Inclusive,

as próprias entidades estão participando dessa

destinação da verba para aplicação na perícia, para

estar contribuindo e, também, de certa forma,

apresentando sugestões e fiscalizando. Enfim, isso

nós gostaríamos de estar requerendo ao secretário

de Segurança.

Por fim, nós gostaríamos de parabenizar os

colegas da perícia, todos os demais colegas aqui,

como o Deputado Euclério falou, das outras

instituições, policiais militares e os colegas

policiais civis também, todos, investigadores,

delegados, não só pela resolução desse caso, que

foi um caso emblemático, o caso de Linhares, mas

pelo trabalho no dia a dia. Todas as equipes estão

aí pelas ruas, no dia a dia. Alguns não são casos de

grande repercussão, então não tem toda essa

divulgação. Mas os policiais civis, os peritos da

Polícia Técnico-Científica estão trabalhando,

diuturnamente, para dar as respostas no tempo

mais rápido possível. Às vezes, como o Deputado

Da Vitória colocou, a sociedade exige uma

resposta que está, muitas vezes, aquém da

metodologia que está sendo utilizada para

apresentar as respostas exigidas.

Mas nós estávamos ali trabalhando, dia e

noite, os colegas trabalhando dia e noite e

incansavelmente, para que se chegasse a essa

resposta que hoje é conhecida da população e que

deu para a sociedade condições de estar

conhecendo um pouco do trabalho que realizamos,

dia a dia, em prol da população capixaba.

A questão da insalubridade, Deputado

Gilsinho, que teve a lei, já vai para quase oito

meses a questão da insalubridade, o pagamento da

gratificação de insalubridade para a perícia.

O último andamento de que nós soubemos,

agora também, já havia sido encaminhado para a

Sesp. Algo, também, a que ficamos sem ter acesso;

as entidades representativas ficam também sem ter

acesso. Ninguém sabe o que dizer e oito meses

para se definir. Já foram realizados os laudos dos

locais em que se constataram as condições, o grau

de insalubridade, as condições de insalubridade, o

grau de insalubridade devido para cada local. E, até

este momento, oito meses passados da edição da lei

pelo Governador Paulo Hartung, concedendo a

gratificação de insalubridade, ainda não foi paga a

insalubridade, e não se obtém respostas para essa

questão.

Então, gostaríamos de solicitar,

requerendo, também, aos setores do Governo que

essa questão seja resolvida. Oito meses para estar

pagando uma questão que já foi praticamente

definida. A metodologia de pagamento é algo,

também, bem contundente e inexplicável. Nós

gostaríamos de estar cobrando isso e que seja

efetivado o mais urgentemente possível.

Então, estamos, nesse momento lá, na

perícia, sem a questão das gratificações, da divisão

das duzentas e quarenta e duas gratificações, a

SPTC ficar com seis. Estamos com essa questão da

insalubridade e estamos querendo, também,

Deputado Gilsinho... Estávamos num processo, o

Deputado Da Vitória estava falando do salário dos

policiais militares, que seriam os menores do país.

Estamos aqui, no Espírito Santo, também, com o

salário dos peritos que está no último lugar, no

Brasil.

Não estamos, aqui, falando, se é de

Governo A ou B ou C, enfim, é uma questão que

vem ao longo dos anos e que culminou com isto:

o menor salário do país. Em estados, inclusive,

até mais pobres que o Espírito Santo, e a perícia

do Espírito Santo tem até dificuldade de estar

regimentando, nos concursos, pessoas com a

qualidade exigida, para estar atuando na perícia,

e que essas pessoas, depois, se mantenham no

cargo, porque grande parte dos colegas vão na

base da dedicação mesmo.

Estamos com caso dos colegas, diante da

insatisfação, com pedido de exoneração no

bolso, para pedir a qualquer momento e fazem

esse trabalho em prol da sociedade como um

sacerdócio, porque as pessoas querem dar

resposta, têm compromisso com a população.

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E solicitamos, também, do Governo o

reinício das negociações para estarmos

trabalhando, tentando encontrar maneiras de estar

valorizando a perícia oficial do estado do Espírito

Santo. Senão jogando lá para os melhores salários

praticados no país, mas pelo menos com níveis

compatíveis com a importância econômica e a

disponibilidade do estado do Espírito Santo. Que a

comissão para tratar dessa questão seja retomada.

Nós tivemos lá a palavra do Governo de

que, acabada a questão do reajuste anual de todos

os servidores - que foi a questão dos cinco por

cento - imediatamente, na semana subsequente,

essa questão seria retomada, e acabou que não o foi

até o presente momento, já passados dois meses.

Nós solicitamos também que isso seja retomado

para que nós estejamos estudando, apresentando as

nossas propostas e tentando encontrar uma saída

junto com o Governo para ir valorizando a perícia,

para que profissionais de qualidade permaneçam

na perícia, para que mais desses profissionais

ingressem na perícia, para que nós possamos estar

cada vez mais dando respostas, tanto em qualidade,

quanto em rapidez para a população - que a

população exige -, nos trabalhos que nós prestamos

para a população capixaba. Aí contamos, como

sempre estivemos contando, em todas as nossas...

Em tudo o que nós apresentamos aqui na Comissão

de Segurança, com o apoio dos deputados Euclério,

Da Vitória, Gilsinho Lopes.

E, depois, estarmos trabalhando essa

questão, Deputado Gilsinho Lopes, da autonomia,

que V. Ex.ª colocou, da autonomia ampla da

perícia oficial. Mas com as garantias, porque nós

recebemos esse tipo de situação. Não é sair por

sair, é uma autonomia que se busca, mas é uma

autonomia com segurança, é uma autonomia com

as garantias legais. Não é sair, não é uma disputa.

É uma autonomia... Por exemplo, aqui, hoje, nós

temos dentro da própria polícia uma autonomia em

que nós estaremos a partir do mês que vem, sob o

comando da Superintendência de Polícia Técnico-

Científica. O superintendente deixa de ser um

delegado e passa a ser um perito da área. Algo que

também foi alcançado agora, neste Governo, uma

luta de muitos anos que a perícia estava buscando.

Mas que seja uma autonomia efetiva e não uma

autonomia para inglês ver. Que seja uma

autonomia efetiva.

A perícia busca uma autonomia efetiva.

Não é fora, nem dentro, de tal ou qual órgão, é ser

parceiro do órgão que nós estamos trabalhando

lado a lado, mas que tenha aquela via de mão

dupla, o respeito mútuo. Porque a nossa intenção é,

ao assumir a SPTC, é estar realizando um trabalho

no mínimo igual. Mas tentar fazer melhor do que

vem sendo feito, do que foi feito, valorizando,

apoiando o colega que assumir, de todas as formas,

para que nós possamos estar caminhando cada vez

mais fortes, dando respostas para a sociedade,

valorizando a perícia oficial do estado do Espírito

Santo.

Obrigado, deputados, pela palavra. Bom-

dia a todos.

O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO - (PSDC)

- Senhor Presidente, pela ordem!

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - Com a palavra o Deputado

Euclério Sampaio.

O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO - (PSDC)

- Só deixar aqui os meus parabéns para o Tadeu,

que tem demonstrado, realmente, que é um grande

sindicalista, tem lutado pela categoria, isso desde a

época em que eu o conheço. E não são poucos anos

não; não é, Tadeu? Parabéns.

O SR. ANTÔNIO TADEU NICOLETTI

- São muitos. Obrigado.

O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO - (PSDC)

- No que depender da gente, pode contar com a

gente.

O SR. ANTÔNIO TADEU NICOLETTI

- Vindo de V. Ex.ª é sempre uma honra, porque é

um parceiro da gente há muitos anos. Há tantos

anos, deputado, V. Ex.ª acompanha. E é partícipe

de todas as nossas lutas também.

O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO - (PSDC)

- Pode ter certeza de que a honra é minha.

O SR. ANTÔNIO TADEU NICOLETTI

- Obrigado.

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - Tadeu, pode ter certeza de que nós

iremos acompanhar a questão da autonomia. Tem

que ser uma autonomia sem ingerências. Porque

nós já estamos tirando comando de um delegado,

porque sempre vocês ficaram submissos aos

delegados. Então: eu sou delegado de polícia, mas

eu entendo que tem que ter um profissional da área

no setor, que converse com o setor, que se entenda

com o setor. E essa união de vocês, tanto dos

peritos criminais, toxicológicos, dos peritos

papiloscópicos, dos peritos em telecomunicações,

que foi feita essa junção, isso é uma demonstração

que vocês amadureceram ao longo dos anos, e

possibilitou que a gente apresentasse esse projeto.

E, ninguém, ninguém vai fazer ingerência no setor

de vocês. Vocês terão autonomia.

Com relação às funções gratificadas, vou

conversar com o chefe da Polícia Civil no sentido

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de ampliar esse número, porque a gente sabe que

tem outros profissionais merecedores da função

gratificada e não apenas em gabinetes, não apenas

em outros setores da polícia. Isso porque, também,

o superintendente tinha que indicar. Talvez não

tenha indicado alguns outros nomes, mas a gente

sabe dos profissionais éticos, competentes que

temos na instituição.

Com relação à Adin, vou estar hoje, com o

Senador Magno Malta, como você mesmo fez a

solicitação. Vamos pedir para que ele possa marcar

uma audiência com o ministro no sentido de nós

estarmos conversando sobre essa demanda que é

muito, muito, muito esquisita. Num momento

desses, eles mudarem a regra do jogo.

E tem a questão, também, da insalubridade.

Vou conversar com o chefe da Polícia Civil que,

além de vocês, dos policiais civis que merecem,

ainda tem a Deten, que tem que ser incluída,

porque já foi feito o laudo, a Secretaria de Saúde já

fez o laudo e também a Dame, que já foi feito o

laudo, também, para ser incluído, para receber a

insalubridade. Mas, se até agora não estão

recebendo, fica muito difícil. Mas vamos conversar

com o chefe da Polícia Civil ainda hoje. Eu e o

Deputado Euclério Sampaio vamos conversar com

ele e vamos pedir para acelerar essas questões.

Deputado Euclério Sampaio.

O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO - (PSDC)

- Pela ordem, Senhor Presidente! Queria deixar

registrado sobre essa questão de Linhares. Em

todas as funções, todas as profissões têm os bons e

os maus, agora, esse sujeito, que a imprensa gosta

de rotular como pastor, não pertence à convenção

nenhuma. Ele é pastor dele mesmo. Ele mesmo se

ordenou pastor. Tem bandido na política,

infelizmente, também na polícia. Em todos os

lugares, têm os bons e os maus. E na Igreja, também,

Tadeu, não é diferente.

Agora, o sujeito vem de fora, fugindo, chega

à cidade, monta uma igreja, diz que é pastor e não é

registrado em convenção nenhuma. Quem o declarou

pastor? Foi ele mesmo, gente! E todas as igrejas

vão arcar com as consequências de um ato

desses? Não vou nem chamar de cidadão, um

sujeito. Porque é inadmissível, na minha cabeça

não consegue entrar, Deputado Gilsinho, que um

pai tenha coragem de fazer uma maldade com

uma criança. Ainda mais, nesse caso.

Então, quero deixar aqui, porque alguma

parte da imprensa gosta de botar pastor, mas ele é

pastor dele mesmo. Não é pastor de uma convenção,

de uma igreja, realmente, que é respeitada, entendeu?

Quero deixar isso aqui.

Outra coisa, Deputado Gilsinho, agora para

descontrair, eu estava com problema de garganta e

olha o que me melhorou: bala de gengibre - quero

que a câmara pegue - bala de gengibre Casagrande.

Melhora até a garganta, Deputado Gilsinho.

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - Tem supermercado Casagrande,

tem outros comércios também. E essa bala é muito

boa, gostaria que V. Ex.ª me desse uma.

O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO - (PSDC)

- Já acabou, mas quero dizer que vai melhorar

tudo. Vai melhorar até, futuramente, o salário dos

policiais, dos professores. Vai melhorar, Deputado

Gilsinho.

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - A bala?

O SR. EUCLÉRIO SAMPAIO - (PSDC)

- É. V. Ex.ª entendeu. Obrigado, Senhor

Presidente.

O SR. PRESIDENTE - (GILSINHO

LOPES - PR) - Tadeu, pode ter certeza que vamos

estar juntos nessa luta. O Deputado Euclério

precisa se retirar, agradeço a participação.

Nós conseguimos botar todos os

requerimentos que estavam na pauta e temos, para

o próximo dia 11, uma sessão, onde serão

homenageados todos os profissionais que

funcionaram no caso desse cidadão Georgeval. Se

podemos assim chamar de cidadão ou de maluco

ou de psicopata, monstro.

Então, quero fazer o registro, porque o

Deputado Da Vitória fez essa solicitação, mas

temos n casos solucionados pela Polícia Civil, pela

Polícia Militar e, com auxílio da nossa perícia, que

hoje a maioria dos profissionais têm se

especializado com os próprios recursos, indo fazer

cursos fora. Tem peritos nossos que estão indo dar

palestras em outros países. Isso é sinônimo que

temos uma perícia eficiente e uma perícia

comprometida com a coisa pública. Mas queremos

agradecer a todos os policiais que trabalham sem

condições nenhuma e trazem os resultados.

A Polícia Civil do estado do Espírito Santo

é a que mais apura crimes no país. As estatísticas

são de oito a dez por cento das apurações, no nosso

estado é de quarenta a cinquenta por cento. Há o

cometimento do crime, estamos com o índice de

crimes alarmante, mas também a resolução é muito

boa e por isso os policiais estão de parabéns.

Vamos encerrar a sessão, antes, porém,

convocamos os senhores deputados para a

próxima, que será ordinária, no dia 11 de junho, às

11h.

Está encerrada. Deus nos abençoe.

(Encerra-se à reunião às

12h01min)

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DIÁRIO OFICIAL

PODER LEGISLATIVO

CPI/CE

CPI da Sonegação de Tributos (Res. Nº 3.937/15, aditada pela Res. Nº 4.349/16) Presidente: Dep. Enivaldo dos Anjos (PSD) Vice-Presidente: Dep. Pr. Marcos Mansur (PSDB) Relator: Dep. Marcelo Santos (PDT) Efetivos: (02 (dois) vagas). Suplentes: Sergio Majeski (PSB).

CPI da Máfia dos Guinhos (Res. Nº 3.941/15, aditada pela Res. Nº 4.348/16) Presidente: Dep. Enivaldo dos Anjos (PSD) Vice-Presidente: Dep. Marcelo Santos (PDT) Relatora: Dep. Janete de Sá (PMN) Efetivos: Dep. Raquel Lessa (PROS), 01 (uma) vaga. Suplentes: Dep. Luzia Toledo (MDB).

CPI dos maus tratos contra os animais Presidente: Dep.Janete de Sá (PMN) Vice-Presidente: 01 (uma) vaga. Relator: Dep. Gildevan Fernandes (PTB) Efetivos: Dep. Amaro Neto (PRB), Dep. Marcos Bruno (REDE), Dep. Pr. Marcos Mansur (PSDB) Suplentes: Dep. Luzia Toledo (MDB), Dep. Eliana Dadalto (PTC), Dep. Raquel Lessa (PROS), Dep. Gilsinho Lopes (PR). 01 (uma vaga). CPI da Grilagem Presidente: Dep. Euclério Sampaio (PSDC) Vice-Presidente: Dep. Gilsinho Lopes (PR) Relator: Dep. Bruno Lamas (PSB) Efetivos: Dep. Marcelo Santos (PDT) e Dep. Hudson Leal (PRB) Suplentes: Dep. Da Vitória (PPS), Dep. Freitas (PSB). 01 (uma) vaga.

CPI do Fundap (Res. Nº 4.607/17) Presidente: Dep. Gildevan Fernandes (PTB) Vice-Presidente: Dep. Sandro Locutor (PROS) Relator: Dep. Gilsinho Lopes (PR) Efetivos: Dep. Pr. Marcos Mansur (PSDB) Dep. Rodrigo Coelho (PDT) e Dep. Luzia Toledo (MDB). Suplentes: Dep. Amaro Neto (PRB), Dep. Nunes (PT), Dep. Janete de Sá (PMN), Dep. Enivaldo dos Anjos (PSD), Dep. Dary Pagung (PRP) e Dep. Jamir Malini (PP).

CE do Petróleo, Gás e Energia (Res. Nº 3.932/15) Presidente: Dep. Marcelo Santos (PDT) Vice-Presidente: Dep. Gilsinho Lopes (PR) Relator: Dep. Hudson Leal (PRB) Efetivos: Suplentes: Dep. Luzia Toledo (MDB), e Dep. Padre Honório (PT) CE do Granito e Rochas Ornamentais (Res. Nº 3.934/15) Presidente: Dep. Enivaldo dos Anjos (PSD) Vice-Presidente: Dep. Freitas (PSB) Relator: Dep. Da Vitória (PPS) Efetivos: Suplentes: Dep. Bruno Lamas (PSB) e Dep. Euclério Sampaio (PSDC).

CE da Concessionári ECO 101 (Res. Nº 3.949/15) Presidente: 01 (uma) vaga. Vice-Presidente: Dep. Eliana Dadalto (PTC) Relator: Dep. Freitas (PSB) Efetivos: 02 (duas) vagas. Suplentes: Dep. Bruno Lamas (PSB)

CE da Crise Hídrica Presidente: Dep. Nunes (PT) Vice-Presidente: Dep. Relator: Dep. Marcos Bruno (REDE) Efetivos: Suplentes: Dep. Padre Honório (PT) e Dep. Luzia Toledo (MDB) CE dos 11,98% (Res. Nº 3.990/15) Presidente: Dep. Enivaldo dos Anjos (PSD) Vice-Presidente: Dep. Gilsinho Lopes (PR) Relator: Dep. Sergio Majeski (PSB) Efetivos: Suplentes: Dep.Pr. Marcos Mansur (PSDB). CE dos Resíduos Sólidos (Res. Nº 4.112/15) Presidente: Dep. Marcos Bruno (REDE) Vice-Presidente: Dep. Relator: Dep. Bruno Lamas (PSB) Efetivos: Suplentes: Dep. Padre Honório (PT) e Dep. Freitas (PSB). CE das Divisas Municipais no ES (Res. Nº 4.503/16) Presidente: Dep. Nunes (PT) Vice-Presidente: Dep. Enivaldo dos Anjos (PSD) Relator: 01 (uma) vaga. Efetivos: Suplentes: Dep. Padre Honório (PT) e Dep. Freitas (PSB). CE do Desenvolvimento do Sul (Res. Nº 4.604/17) Presidente: Dep. Rodrigo Coelho (PDT) Vice-Presidente: Dep. Pr. Marcos Mansur (PSDB) Relator: Efetivos: Suplentes: Dep. Amaro Neto (PRB), Dep. Doutor Hércules (MDB) e Dep. Janete de Sá (PMN). CE dos Processos dos Policiais Militares (Res. Nº 4.608/17) Presidente: Dep. Gilsinho Lopes (PR) Vice-Presidente: Dep. Da Vitória (PPS) Relator: Dep. Jamir Malini (PP) Efetivos: Suplentes: Dep. Padre Honório (PT), Dep. Eliana Dadalto (PTC), Dep. Dr. Rafael Favatto (PATRI), Dep. Marcelo Santos (PDT) e Dep. Luzia Toledo (MDB).

CE da Reforma da Previdência Social (Res. Nº 4.609/17) Presidente: Dep. Da Vitória (PPS) Vice-Presidente: Dep. Nunes (PT) Efetivos: Suplentes: Dep. Rodrigo Coelho (PDT), Dep. Pr. Marcos Mansur (PSDB) e Dep. Marcos Bruno (REDE).

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ASSEMBLEIA LEGISLATIVA ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

SECRETARIA-GERAL

JOEL RANGEL PINTO JÚNIOR Diretor-Geral

CARLOS EDUARDO CASA GRANDE Secretário-Geral da Mesa

RAFAEL HENRIQUE GUIMARÃES TEIXEIRA DE FREITAS Procurador-Geral

FABIANO BUROCK FREICHO Secretário de Gestão de Pessoas

JEFERSON GONÇALVES FERREIRA Secretário de Comunicação Social

FERNANDO VAILANT SÁ PRADO CARREIRO Chefe de Comunicação Social da Presidência

TATIANA SOARES DE ALMEIDA

Subdiretora-Geral

RICARDO BENETTI FERNANDES MOÇA Subprocurador-Geral

DIRETORIAS LEGISLATIVAS

MARCELO SIANO LIMA Diretor das Comissões Parlamentares

MARCUS FARDIN DE AGUIAR Diretor de Processo Legislativo

WANDERSON MELGAÇO MACEDO Diretor de Redação

JOÃO MANOEL MIRANDA NUNES Diretor da Procuradoria

PAULO MARCOS LEMOS Diretor de Taquigrafia Parlamentar

JONSTON ANTÔNIO CALDEIRA DE SOUZA JÚNIOR Diretor de Tecnologia da Informação

DENILSON JOSE DE OLIVEIRA Diretor de Documentação e Informação

JOSÉ ROBERTO SILVA HERNANDES Diretor da Consultoria Temática

SEBASTIÃO DA SILVEIRA CARLOS NETO Diretor de Infraestrutura e Logística

CLAUDIO VICTOR Diretor de Segurança Legislativa

JANAÍNA DO NASCIMENTO VALOIS Diretora de Finanças

ANDRE GOMES GIORI Diretor de Controle Interno