diretrizes para o design de embalagens em papelão ondulado (...)

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Diretrizes para o em papelão ondulado movimentadas entre empresas com base em Design de embalagens sistemas produto-serviço Dissertação de Mestrado Universidade Federal do Paraná Curso de Pós-Graduação em Design Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes Prof. Aguinaldo dos Santos, PhD Orientador: 2008

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  • Diretrizes para o

    em papelo onduladomovimentadasentre empresascom base em

    Design de embalagens

    sistemas produto-servio

    Dissertao de MestradoUniversidade Federal do Paran

    Curso de Ps-Graduao em DesignSetor de Cincias Humanas, Letras e Artes

    Prof. Aguinaldo dos Santos, PhDOrientador:

    2008

  • DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio

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    CLUDIOPEREIRADESAMPAIO

    DIRETRIZESPARAODESIGNDEEMBALAGENSEMPAPELOONDULADO

    MOVIMENTADASENTREEMPRESASCOMBASEEMSISTEMASPRODUTO

    SERVIO

    Dissertao apresentada como requisito parcial obtenodograudeMestreemDesign,ProgramadePsGraduao em Design, Setor de CinciasHumanas,LetraseArtesdaUniversidadeFederaldoParan.

    Orientador:Prof.Dr.AguinaldodosSantos

    CURITIBA

    2008

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    TERMODEAPROVAO

    CLUDIOPEREIRADESAMPAIO

    DIRETRIZESPARAODESIGNDEEMBALAGENSEMPAPELOONDULADOMOVIMENTADASENTREEMPRESASCOMBASEEMSISTEMASPRODUTO

    SERVIO

    DissertaoaprovadacomorequisitoparcialobtenodograudeMestreemDesign,CursodePs

    GraduaoemDesign,SetordeCinciasHumanas,LetraseArtesdaUniversidadeFederaldoParan,

    pelaseguintebancaexaminadora:

    ________________________________________

    Orientador:Prof.Dr.AguinaldodosSantos,PhD

    ProgramadePsGraduaoemDesign,UFPR

    ________________________________________

    Professoraconvidada:ProfDra.MaristelaMitsukoOno

    ProgramadePsGraduaoemDesign,UFPR

    ________________________________________

    Professorconvidado:Prof.Dr.EugnioMerino

    ProgramadePsGraduaoemDesign,UFSC

    CURITIBA

    2008

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    DEDICATRIA

    DedicoestadissertaoameuavBrandsioPereira,porme incentivara fazeroquemaisgostodesdecrianaDesignmesmosemsaberoqueissosignifica,eaToshiyukiSawada, pela amizade e exemplo, e por me incentivar a tornarme professor epesquisadorquandoeuaindaeragraduando.

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    AGRADECIMENTOS

    Ao CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico, pelaconcessodebolsadepesquisaparaoProjetoCFG,quedeuorigemaestadissertao.

    s professoras Dras. Lbia Patrcia Peralta Agudelo e Maristela Mitsuko Ono, pelasvaliosas contribuies naBancadeQualificaodestadissertao, e aoprofessorDr.EugnioMerinoporaceitaroconviteparaaBancadeDefesa.

    Volkswagen do Brasil, pela oportunidade de realizao do estudo de caso, eespecialmenteaDevaniMoraes,peloapoiodado.

    Embrartportodooapoiodadonosrealizaodestadissertao,mastambmrealizaodepesquisasnoNDS,desde2003,especialmenteaSamueleDanielLeiner,eaSrgioWosch,peladisponibilidadeegenerosidade.

    Aos professores Carlo Vezzoli (Instituto Politcnico deMilo) eArnold Tukker (TNO),pelaspreciosasconsideraessobreocontedodestadissertao.

    A todososprofessoresdoMestrado emDesigndaUFPR, e especialmente aAntnioMartinianoFontoura,pormeajudaramelhorarcomoprofessor;MaristelaMitsukoOno,por me mostrar que no pode haver sustentabilidade sem respeito cultura; eStephaniaPadovani,pormemostraraimportnciadeseterserenidadenoquesefaz.

    A todos os pesquisadores do Ncleo que tem trabalhado comigo desde 2003, eespecialmenteaRosanaAparecidaVasques,VivianedaCostaRocha,GustavoToniettoeDiego Silvrio, Letcia Seleme Corra, Kelli C.A. S. Smythe,Nelson Luis Smythe Jr., eTatianaBaumgrotz,meuscompanheirosecompanheirasdoProjetoDesignemPapeloOndulado e Projeto CFG, que muito me auxiliaram na coleta e anlise dos dadospresentesnestadissertao.

    AocursodeDesigndaUniversidadePositivo,pelaoportunidadedeaplicarnaprticaosconhecimentosadquiridosduranteomestrado,eaosalunosValdirOliveira,RosngelaVieira, IuriAlencarCoutinho,CristianeFerreira,GabrielaMuraroeAngelitaZanini,poracreditaremnopotencialdoDesignsustentvelcomo temadeTrabalhodeConclusodeCurso,eemmimcomoorientadornestetema.

    Ao meu orientador, Professor Dr. Aguinaldo dos Santos, pelo apoio, incentivo econfianapermanentes,desdequando iniciei comopesquisador,masprincipalmente,pelaslidaamizadeconquistada,baseadaemvaloresquenuncaficamultrapassados.

    Finalmente,agradeodecoraoaAndra,minhamulher,peloamor,compreensoededicaoincondicionaisdurantearealizaodomestrado.

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    servio

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    SUMRIO

    SUMRIO.................................................................................................................................9

    LISTADETABELAS..................................................................................................................13

    LISTADEQUADROS................................................................................................................14

    LISTADEFIGURAS..................................................................................................................15

    LISTADESIGLAS.....................................................................................................................17

    RESUMO................................................................................................................................19

    ABSTRACT..............................................................................................................................21

    1. INTRODUO.................................................................................................................23

    1.1. CONTEXTODAPESQUISA...........................................................................................231.2. PROBLEMA.............................................................................................................231.3. OBJETIVO...............................................................................................................231.4. PROBLEMTICA.......................................................................................................23

    1.4.1. Design...................................................................................................................241.4.2. SistemasProdutoServio(PSS).............................................................................241.4.3. Justificativaambiental..........................................................................................251.4.4. Justificativaeconmica.........................................................................................291.4.5. Justificativasocial.................................................................................................32

    1.5. DELIMITAO.........................................................................................................341.6. DESCRIOGERALDOMTODO..................................................................................351.7. ESTRUTURAGERALDADISSERTAO............................................................................36

    2. SUSTENTABILIDADEPORMEIODODESIGN.....................................................................39

    2.1. CONCEITOSDESUSTENTABILIDADE..............................................................................392.2. UMBREVEHISTRICODOPERCURSODASUSTENTABILIDADEEDODESENVOLVIMENTOSUSTENTVEL 392.3. CONTEXTOFILOSFICODADISSERTAO:ASCORRENTESDEPENSAMENTOSCIOAMBIENTALISTAEODESIGNSUSTENTVEL............................................................................................................45

    2.3.1. Desenvolvimentoxcrescimento...........................................................................452.3.2. Cornucopianismo..................................................................................................452.3.3. Adaptativismoouambientalismo.........................................................................462.3.4. Comunalistas:ecomarxistas,ecofeministaseecologistassociais........................472.3.5. Ecologiaprofunda.................................................................................................482.3.6. Discusso..............................................................................................................48

    2.4. SUSTENTABILIDADENAPRODUOECONSUMODEBENSESERVIOS.................................502.4.1. Produosustentvel............................................................................................51

    2.4.1.1. Ecologiaindustrial:definioeobjetivos.......................................................................512.4.1.2. Sistemasfimdetubo(endofpipe)edePrevenodaPoluio(PPouP2).................512.4.1.3. ProduoMaisLimpa(cleanerproduction)....................................................................52

    2.4.2. Consumosustentvel............................................................................................532.4.3. Discusso..............................................................................................................54

    2.5. ABORDAGENSPARAODESIGNSUSTENTVEL.................................................................542.5.1. NveisdeatuaodoDesignparaasustentabilidade..........................................542.5.2. Foconoproduto:oEcodesign...............................................................................56

    2.5.2.1. ODesignparaociclodevida(lifecycleDesign).............................................................562.5.3. Foconosistema:PSSSistemasProdutoServio................................................59

    2.5.3.1. OconceitodePSS...........................................................................................................592.5.3.2. Tiposdesistemaprodutoservio(PSS).........................................................................60

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    2.5.3.3. AsbarreirasevantagensparaaimplementaodesistemasPSS.................................662.5.3.4. EstratgiasdecomunicaoparasuperarbarreirasaosPSS.........................................682.5.3.5. MtodosparaDesigndeSistemasProdutoServio(PSS).............................................692.5.3.6. Outrasferramentas.......................................................................................................73

    2.5.4. DISCUSSO...........................................................................................................73

    3. EMBALAGEMESUSTENTABILIDADE................................................................................75

    3.1. EMBALAGEM:CONCEITOS,DEFINIESEFUNES.........................................................753.1.1. Funesdaembalagem........................................................................................753.1.2. Sistemadeembalagem........................................................................................763.1.3. Finalidadeeutilidade...........................................................................................77

    3.2. TAXONOMIADEUSODASEMBALAGENS.......................................................................773.2.1. Classesdeembalagens.........................................................................................773.2.2. Embalagensbusinesstobusiness(B2B)...............................................................78

    3.3. AVISOORTODOXADOPROJETODEEMBALAGENS.........................................................793.4. REDUODERESDUOSEMEMBALAGENSEODESENVOLVIMENTOSUSTENTVEL.................80

    3.4.1. ExemplosdereduoderesduosemembalagensB2B.......................................823.5. VISOSISTMICADAGERAODESOLUESSUSTENTVEISPARAALOGSTICAEEMBALAGEM83

    3.5.1. Embalagemelogstica..........................................................................................833.5.2. ReduoderesduosemembalagenseosSistemasdeGestoAmbiental..........853.5.3. Sustentabilidadedaembalagemnacadeialogstica...........................................86

    3.5.3.1. Sustentabilidadenacompradematriaprima.............................................................863.5.3.2. Sustentabilidadenalogsticainterna.............................................................................873.5.3.3. Sustentabilidadenatransformao...............................................................................883.5.3.4. Sustentabilidadenalogsticaexterna............................................................................903.5.3.5. Sustentabilidadenomarketing......................................................................................903.5.3.6. Sustentabilidadenosserviospsvenda......................................................................913.5.3.7. Sustentabilidadenalogsticareversa............................................................................913.5.3.8. Sustentabilidadeeotransporte....................................................................................92

    3.5.4. Sustentabilidadeapartirdoprojetointegradoprodutoembalagem..................933.6. PAPELOONDULADOEEMBALAGENS.........................................................................94

    3.6.1. ContextotecnolgicodasEmbalagens.................................................................943.6.2. Papeloondulado:definioeclassificao........................................................953.6.3. Brevehistricodopapeloondulado...................................................................973.6.4. Ciclodevidatpicodopapeloondulado.............................................................973.6.5. Impressonopapeloondulado........................................................................1003.6.6. Abordagenscontemporneasparaaplicaoemembalagensempapeloondulado 100

    3.6.6.1. AtcnicadeproduoCFGparaopapeloondulado.................................................1013.6.7. Discusso............................................................................................................103

    4. MTODODEPESQUISA.................................................................................................107

    4.1. CARACTERIZAODOPROBLEMA..............................................................................1074.2. SELEODOMTODODEPESQUISA..........................................................................1094.3. ESTRATGIADEDESENVOLVIMENTO..........................................................................1094.4. CRITRIOSDESELEODOESTUDODECASO..............................................................111

    5. PROTOCOLODECOLETAEANLISEDEDADOSDOESTUDODECASO01EDOMETAESTUDODECASO..................................................................................................................113

    5.1. VISOGERAL.......................................................................................................1135.1.1. Etapasdapesquisadecampo............................................................................114

    5.1.1.1. Etapa01:Diagnstico..................................................................................................1145.1.1.2. Etapa02:Avaliaodasituaoinicial........................................................................1155.1.1.3. Etapa03:GeraodeNovosconceitos........................................................................1175.1.1.4. Etapa04:Avaliaodanovaproposta.........................................................................1195.1.1.5. MetaEstudodecaso:ValidaoExternadoEstudo...................................................119

    6. RESULTADOSEANLISE................................................................................................121

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    6.1. SELEODAEMPRESA............................................................................................1216.2. CARACTERIZAODAEMPRESA................................................................................1216.3. SELEODOPROCESSOEOBJETODEPESQUISA............................................................1226.4. RESULTADOSDACOLETAEANLISEDEDADOS.............................................................123

    6.4.1. Relaoentreosstakeholders............................................................................1236.4.1.1. Descriodosistemaatual(SystemMap)....................................................................1236.4.1.2. AnlisedoSistema.......................................................................................................125

    6.4.2. Mapeamentodoprocesso(fluxodemateriaiseinformao)............................1256.4.3. Descriodasoperaes(observaodiretacomregistrofotogrfico..............1276.4.4. Dadosdocumentais............................................................................................1306.4.5. Anlisedomapeamentodoprocessoedosdadosdocumentais.......................1316.4.6. Descriodasembalagens:caixasdepapeloondulado...................................1326.4.7. Entrevistasparacomplementaodacoletadedadosevalidaointernadosdadoscoletadosnaobservaodiretaenosdocumentos...................................................1336.4.8. Anlisequalitativaambientaleconmicadosistema(SDOMEPSS)..................134

    6.4.8.1. ProblemasencontradosnosistemaepossveissoluesluzdasestratgiasdePSS1346.4.8.2. ProblemasencontradosnaembalagemepossveissoluesluzdasestratgiasdeecodesignnocontextodePSS.........................................................................................................136

    6.4.9. Anlisequantitativaambientaldosistema(ACVcomSimapro)........................1376.4.10. Requisitosparaonovoconceito.........................................................................141

    6.4.10.1. Requisitosdosistema...................................................................................................1416.4.10.2. Requisitosdaembalagem............................................................................................142

    6.4.11. Outrosaspectosrelevantesparaonovoconceito..............................................1436.4.11.1. SugestesdadaspelosespecialistasdaVolkswagen....................................................144

    6.4.12. Discusso............................................................................................................1456.5. PROPOSIODENOVOSCONCEITOS..........................................................................146

    6.5.1. Cenriospara2016considerandoonousodaschapelonas(eliminaodasembalagensedoPSS)..........................................................................................................146

    6.5.1.1. Cenrio01:Impermeabilizaoeletrosttica...............................................................1466.5.1.2. Cenrio02:robsinteligentes.....................................................................................1476.5.1.3. Cenrio03:Sistemadecabosflexveis.........................................................................149

    6.5.2. Cenriospara2016considerandoousodaschapelonas(PSSagregandovaloraociclodevidadaembalagem)...........................................................................................150

    6.5.2.1. Cenrio04:Reduodonmerodechapelonasnodesenvolvimentodoautomvel.1506.5.2.2. Cenrio05:Mscarareutilizvel(PSSagregandovaloraociclodevidadaembalagem) 1516.5.2.3. Cenrio06:Alimentaoportubos(PSScomfocoemresultadosfinais)....................152

    6.5.3. Cenriospara2006considerandoousodaschapelonas(PSScomvaloragregadoaociclodevidadoproduto).................................................................................153

    6.5.3.1. Cenrio07:Caixaretornvelindividual........................................................................1536.5.3.2. Cenrio08:kitintegradopormodelodeautomvel...................................................156

    6.6. ANLISEDOSCONCEITOSPROPOSTOS........................................................................1586.6.1. AnliseComparativadosCenriosLuzdoPSS.................................................1586.6.2. Resultadosdoworkshop.....................................................................................1596.6.3. AnlisedoconceitodePSSescolhido,atoreseinteraes.................................1606.6.4. Anlisequantitativaambientaldoconceitodesistemaescolhido(ACVcomSimapro) 161

    6.7. RESULTADOSDOMETAESTUDODECASO...................................................................1656.7.1. Estudodecasonaempresa2(Fiat)....................................................................165

    6.7.1.1. Caracterizao..............................................................................................................1656.7.1.2. Descrioeanlisedosistema,atoreseinteraes(SystemMap).............................1666.7.1.3. AnlisedosproblemasencontradosnosistemaluzdasestratgiasdePSS..............1676.7.1.4. AnlisedosproblemasencontradosnaembalagemluzdasestratgiasdePSS.......168

    6.7.2. Estudodecasonaempresa3(Correios).............................................................1686.7.2.1. Caracterizao..............................................................................................................1686.7.2.2. Anlisedosistema,atoreseinteraes(SystemMap)................................................1706.7.2.3. AnlisedosproblemasencontradosnosistemaluzdasestratgiasdePSS..............1706.7.2.4. Problemasencontradosnaembalagem.......................................................................171

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    6.7.3. Estudodecasonaempresa4(indstriadecabeotes)......................................1716.7.3.1. Caracterizao.............................................................................................................1716.7.3.2. Anlisedosistema,atoreseinteraes(SystemMap)...............................................1736.7.3.3. AnlisedosproblemasencontradosnosistemaluzdasestratgiasdePSS.............1746.7.3.4. AnlisedosproblemasencontradosnaembalagemluzdasestratgiasdePSS.......175

    6.7.4. AnlisedoMetaCasoxEstudodeCaso.............................................................1756.7.5. Comparaoentreoconceitopropostoeometaestudo..................................175

    6.8. PROPOSIODEDIRETRIZESPARAPSSEMEMBALAGENSRETORNVEIS............................1776.8.1. DiretrizesparaPSScomfoconosistema............................................................1776.8.2. DiretrizesparaPSScomfoconaembalagem.....................................................178

    6.8.2.1. EtapasdePrproduoeproduo:..........................................................................1786.8.2.2. Etapadetransporte/uso:.............................................................................................1796.8.2.3. Etapadefimdevida....................................................................................................180

    7. CONCLUSO.................................................................................................................183

    7.1. CONCLUSOGERAL................................................................................................1837.2. CONSIDERAESSOBREOMTODO..........................................................................1847.3. CONSIDERAESSOBREOESTUDODECASO................................................................1847.4. CONSIDERAESSOBREAPESQUISADECAMPO...........................................................1857.5. SUGESTESDETRABALHOSFUTUROS........................................................................186

    8. REFERNCIAS................................................................................................................189

    8.1. APNDICE1......................................................................................................1938.2. APNDICE2......................................................................................................1958.3. APNDICE3......................................................................................................1978.4. APNDICE4......................................................................................................1998.5. APNDICE5......................................................................................................2048.6. APNDICE6......................................................................................................2068.7. APNDICE7......................................................................................................2108.8. APNDICE8......................................................................................................2128.9. APNDICE9......................................................................................................2148.10. APNDICE10....................................................................................................216

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    LISTADETABELAS

    TABELA1.PRODUODEPAPELOONDULADOEMMILHESDEMETROSQUADRADOSPORCONTINENTE..............29TABELA2.EXPEDIOANUALDECAIXAS,ACESSRIOSECHAPASDEPAPELOONDULADONOBRASIL....................30

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    LISTADEQUADROS

    QUADRO21.ASTRSDIFERENTESABORDAGENSDEPSSEMCOMPARAOCOMPRODUTOSTRADICIONAISDE

    ALGUMASINDSTRIAS..................................................................................................................60

    QUADRO22.ESTRATGIASDECOMUNICAOPARASUPERARBARREIRASIMPLEMENTAODEPSS................68

    QUADRO31.NMEROSDOMERCADOGLOBALDEEMBALAGEM..................................................................94

    QUADRO41.FREQNCIADEPUBLICAESSOBREPSSDE1996A2007..................................................108

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    LISTADEFIGURAS

    FIGURA11.DISTRIBUIODOCONSUMODEEMBALAGENSDEPAPELOONDULADOPORSETOREM%SOBRETONELADASEMMAIO/2005........................................................................................................30

    FIGURA21.LINHADOTEMPOCONTENDOALGUNSDOSFATOSMAISMARCANTESRELATIVOSSUSTENTABILIDADEAMBIENTALESOCIAL....................................................................................................................40

    FIGURA22.OSQUATRONVEISDEATUAODODESIGNPARAASUSTENTABILIDADE........................................55FIGURA23.FASESDOCICLODEVIDAEESTRATGIASDEMINIMIZAODEIMPACTOSAMBIENTAIS......................57FIGURA24.FURGODERECARGADEPRODUTOSDELIMPEZADAALLEGRINI...................................................62FIGURA25.ESTOJODEEMBALAGENSRETORNVEISPARAPRODUTOSDELIMPEZAALLEGRINI............................62FIGURA26.PAINISDEAQUECIMENTOSOLARAMGINSTALADOSNOTETODEUMARESIDNCIA........................64FIGURA27.PISCINAAQUECIDACOMOSPAINISSOLARESAMG..................................................................64FIGURA28.POSSIBILIDADESDEUSODOMDULOALIMENTADOPORENERGIASOLAR.......................................65FIGURA29.MDULOGREENSTARINSTALADOEMREGIORURAL................................................................65FIGURA31.FUNESDAEMBALAGEM...................................................................................................75FIGURA32.FLUXOTPICODEEMBALAGEMB2B.......................................................................................79FIGURA33.DECISESLOGSTICASQUEAFETAMOAMBIENTE......................................................................86FIGURA34.ESTRUTURADOPAPELOONDULADO....................................................................................95FIGURA35.ILUSTRAODEONDULADEIRAANTIGA...................................................................................97FIGURA36.CICLODEVIDATPICODOPAPELOONDULADOEMEMBALAGENS................................................98FIGURA37.PROCESSOKRAFTDEPRODUODEPAPEL..............................................................................99FIGURA38.DETALHEDASDOBRADIASEMEMBALAGEMCOMUSODOCFG................................................101FIGURA39.MQUINAAUTOMATIZADADEPRODUODEEMBALAGENSEMPAPELOONDULADOCOMATCNICA

    CFG.......................................................................................................................................101FIGURA310.EXEMPLOSDEUTILIZAODATECNOLOGIACFGEMEMBALAGENS..........................................102FIGURA311.EMBALAGEMEMCFGPARAEQUIPAMENTO,PRODUZIDAPELASHIZUOKA.................................102FIGURA41.REPRESENTAOESQUEMTICADOMTODODEPESQUISAUTILIZADO........................................110FIGURA42.RELAOENTREASFASESDAPESQUISADECAMPOEASFASESDOMEPSS..................................113FIGURA51.CHAPELONASTRANSPORTADASNASCAIXASDEPAPELO.......................................................123FIGURA52.SYSTEMMAPDOSISTEMAATUAL........................................................................................124FIGURA53.MAPEAMENTODOPROCESSONOSISTEMAATUAL...................................................................126FIGURA54.DESCARREGAMENTODASEMBALAGENSAPARTIRDECAMINHOTIPOSIDER................................128FIGURA55.DESCARREGAMENTODEEMBALAGENSCOMEMPILHADEIRAELTRICA.........................................128FIGURA56.EMBALAGENSCOMFILMEPLSTICOEPALETEDEMADEIRA.......................................................128FIGURA57.ESTOQUEDEMATERIALNOPRODUTIVOCOMEMBALAGENS(NPM).........................................128FIGURA58.CARRINHOELTRICOUSADONALOGSTICAINTERNA................................................................128FIGURA59.EMBALAGENSESTOCADASNOALMOXARIFADOINTERNO..........................................................128FIGURA510.EMBALAGENSPLSTICASEMBUFFERMETLICOPARAALIMENTAODAPRODUOCOM

    CHAPELONAS(UBS)...............................................................................................................129FIGURA511.MESACOMEMBALAGENSPLSTICASCOLOCADASOBOVECULO,PARAAPLICAODASCHAPELONAS

    (UBS).....................................................................................................................................129FIGURA512.APLICAODASCHAPELONASNOSVECULOS(UBS)..........................................................129FIGURA513.RESDUOSSLIDOSORIUNDOSDAETAPADEIMPERMEABILIZAO...........................................130FIGURA514.RESDUOSDEEMBALAGENSEOUTROSMATERIAISEMCAAMBAFONTE:VOLKSWAGEN...............130FIGURA515.CAAMBAUTILIZADAPARARESDUOSSLIDOS.....................................................................130FIGURA516.EMBALAGENSEMPAPELOONDULADOUTILIZADASPARAOTRANSPORTEDECHAPELONAS........133FIGURA517.EMBALAGENSEMPAPELOONDULADOUTILIZADASPARAOTRANSPORTEDECHAPELONAS........133FIGURA518.RVOREDEIMPACTOSAMBIENTAISDAEMBALAGEMDEPAPELOONDULADONASITUAOEXISTENTE

    ..............................................................................................................................................139FIGURA519.NVELDEIMPACTOAMBIENTALDAEMBALAGEMDEPAPELOONDULADONASITUAOEXISTENTE,POR

    CATEGORIADEIMPACTO.............................................................................................................139FIGURA520.CONFIGURAESDASCHAPELONASNECESSRIASPARAOSTRSTIPOSDEVECULOSPRODUZIDOS

    PELAVOLKSWAGEN...................................................................................................................144

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    FIGURA521.STORYBOARDDOCENRIO01..........................................................................................147FIGURA522.SYSTEMMAPDOCENRIO01..........................................................................................147FIGURA523.STORYBOARDDOCENRIO02...........................................................................................148FIGURA524.SYSTEMMAPDOCENRIO02..........................................................................................148FIGURA525.STORYBOARDDOCENRIO03..........................................................................................149FIGURA526.SYSTEMMAPDOCENRIO03..........................................................................................149FIGURA527.STORYBOARDDOCENRIO04..........................................................................................150FIGURA528.STORYBOARDDOCENRIO05..........................................................................................151FIGURA529.SYSTEMMAPDOCENRIO05..........................................................................................151FIGURA530.STORYBOARDDOCENRIO06..........................................................................................152FIGURA531.SYSTEMMAPDOCENRIO06..........................................................................................153FIGURA532.STORYBOARDDOCENRIO07..........................................................................................153FIGURA533.SYSTEMMAPDOCENRIO07..........................................................................................154FIGURA534.PROPOSTADECAIXARETORNVELDESMONTVELEMPAPELOONDULADO,INDIVIDUALPARACADA

    TIPODECHAPELONA..................................................................................................................156FIGURA535.STORYBOARDDOCENRIO08..........................................................................................156536.PROPOSTADECAIXARETORNVELDESMONTVELEMPAPELOONDULADO,FORMANDOUMKITINTEGRADO

    PARACADAMODELODEAUTOMVEL............................................................................................157FIGURA537.SYSTEMMAPDOCENRIO08..........................................................................................157538.RVOREDEIMPACTOSAMBIENTAISDAEMBALAGEMNAPROPOSTADEKITINTEGRADO...........................162FIGURA539.NVELDEIMPACTOAMBIENTALDAEMBALAGEMNOSISTEMAEXISTENTEENANOVAPROPOSTA,POR

    CATEGORIA..............................................................................................................................163FIGURA540.COMPARATIVODEIMPACTOAMBIENTALENTREASITUAOINICIALEANOVAPROPOSTA,POR

    CATEGORIA..............................................................................................................................164FIGURA541.SYSTEMMAPDOSISTEMAADOTADOPELAFIATNOMETAESTUDODECASO.............................167FIGURA542.SEQNCIADEDESMONTAGEMEEMPILHAMENTODOSISTEMAEMBRAPACK.............................169FIGURA543.SYSTEMMAPDOSISTEMAADOTADOPELOSCORREIOSNOMETAESTUDODECASO.....................170FIGURA544.PALETESPLSTICOSUTILIZADOSPARAOTRANSPORTEDECABEOTESAUTOMOTIVOS...................173FIGURA545.SYSTEMMAPDOSISTEMAUTILIZADOPELOFABRICANTEDECABEOTES....................................173

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    LISTADESIGLAS

    ABIGRAFAssociaoBrasileiradaIndstriaGrficaABNTAssociaoBrasileiradeNormasTcnicasABPOAssociaoBrasileiradePapeloOnduladoABRASAssociaoBrasileiradeSupermercadosABREAssociaoBrasileiradeEmbalagemANAPAssociaoNacionaldeAparistasASLOGAssociaoBrasileiradeLogsticaB2BBusinesstobusinessB2CBusinesstoconsumerCEMPRECompromissoEmpresarialparaaReciclagemCfDNationalCentreforDesignRoyalMelbourneInstituteofTechnologyCFSDCentreforSustainableDesign/UKCFGCushionFolderGluerCNUMADConfernciadasNaesUnidasparaoMeioAmbienteeDesenvolvimentoD4SDesignforSustainabilityECREfficientConsumerResponse(RespostaEficienteaoConsumidor)EMUDEEmergingUserDemandsforSustainableSolutionsEPRExtendedProducerResponsibility(ResponsabilidadeEstendidadoProdutor)FSCForestStewardShipCouncilIBGEInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatsticaICCAInternationalCorrugatedCardboardAssociationInnopse Innovation Studio and Exemplary Developments for Product ServiceEngineeringIPCC Intergovernamental Pannel of Climate Changes (Painel Intergovernamental deMudanasClimticas)ISOInternationalStandardOrganizationITIACNRIstitutodiTecnologieIndustrialieAutomazioneConsiglioNazionaledelleRicercheIUCN International Union for Conservation of Nature (Unio Internacional paraConservaodaNatureza)LCALifeCycleAnalysis(ACVAnlisedoCiclodevida)LCCLifeCycleCosting(CustodoCicodeVida)LCCALifeCycleCostingAssessment(AvaliaodoCustodoCiclodevida)MEPSS Methodology for Product Service Systems (Metodologia para SistemasProdutoServio)NPMNonproductiveMaterial(MaterialnoProdutivo)ONGOrganizaoNoGovernamentalPBRpaletepadrobrasileiroPITCEPolticaIndustrial,TecnolgicaedeComrcioExteriorProSecCoProductandServiceCodesignRFIDRadioFrequencyIdentificationRMITRoyalMelbourneInstituteofTechnologySASocialAccountabilitySDOMEPSSSustainableDesignOrientingToolkit(FerramentadeOrientaoaoDesignSustentvel)SGASistemadeGestoAmbientalSOLINETSolutionsforInnovativeNetworks

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    SusProNetSustainableProjectsNetworkUNEP United Nations Environment Programme (PNUMA Programa de MeioAmbientedasNaesUnidas)UNESCOOrganizaodasNaesUnidasparaaEducao,aCinciaeaCulturaWCED World Comission for Environment and Development (CMMAD ComissoMundialparaoMeioAmbienteeDesenvolvimento)WCSD World Council for Sustainable Development (Conselho Mundial para oDesenvolvimentoSustentvel)

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    RESUMO

    EstadissertaotratadopapeldoDesigncomoatividadequefavoreaasustentabilidadeambientalde embalagens em papelo ondulado movimentadas entre empresas (B2B), e prope o uso dediretrizes de projeto baseadas em sistemas produtoservio (PSS). Para tanto, utilizouse comoestratgia de pesquisa o estudo de caso, realizado em uma indstria automotiva da regiometropolitanadeCuritiba/PRnoperodode2006a2007,seguidodemetaestudodecasoformadoporoutrostrsestudosdecasocomplementares.Comoobjetodepesquisa,estudouseembalagensde papelo ondulado e sua logstica, e que so utilizadas para o transporte de peas plsticasdestinadas proteodaparte inferiordos veculosduranteoprocessode impermeabilizao.Areviso bibliogrfica inclui temas como o aumento mundial no consumo de embalagens e seuimpactosobreomeioambiente,aimportnciadaembalagemnoprocessologsticoentreempresaseseu impactoemcadaumadasetapasda logstica.Discutesetambmsobreopapeloondulado,seuuso,relevnciaepossibilidadesemembalagensB2B.Soapresentadasediscutidastambmasabordagensdeecodesignedesistemasprodutoservio(PSS),bemcomoalgumasmetodologiasdeDesign especficas para cada uma destas abordagens. Em seguida, propese o PSS como umaestratgia efetiva para a reduo dos impactos ambientais por considerar de forma sistmica oproblema,considerandooenvolvimentodosvriosatores(stakeholders).Propesetambmousode um mtodo especfico de PSS, o MEPSS, composto de cinco fases, e o estudo de caso estruturadoapartirdousodastrsprimeirasfasesdestemtodo,quesoaanliseestratgica,aexploraodeoportunidadeseodesenvolvimentodonovo conceito.Oestudode casoenvolvearealizao de pesquisa de campo junto indstria automotiva estudada, e abrange as fases dediagnstico da situao existente, anlise do diagnstico, interveno, anlise da interveno evalidao. A abordagem de Design baseada no ciclo de vida da embalagem (life cycle Design) utilizada ao longo do estudo de caso, e complementada pelo uso de ferramentas de avaliaoqualitativaequantitativa,comooSDOMEPSSeaAnlisedoCiclodevida.Adissertaofinalizadacom a proposio de diretrizes de Design baseadas em PSS para embalagens B2B em papeloondulado.

    Palavraschave:embalagensB2B;papeloondulado;sistemasprodutoservio;diretrizesdeDesign

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    ABSTRACT

    This dissertation deals with the use of Design as an activity that favors the environmentalsustainabilityofcorrugatedcardboardpackagesusedbetweencompanies (B2B),andconsiderstheuse ofDesign guidelines based in productservice systems (PSS). For this, it adopted as researchstrategy based on case study which was carried out within an automotive manufacturer in theMetropolitanRegionofCuritiba,StateofParan,intheperiodof20062007.Itsresearchobjectwascorrugatedcardboardpackagesand its logisticsused fortransportationofplasticpartsdestined totheprotectionof the inferiorpartof thevehiclesduring thewaterproofingprocess.The literaturereview includessubjectsastheworldwide increase intheconsumptionofpackagesand its impactontheenvironment,the importanceofthepackage inthe logisticprocessbetweencompaniesandits impact in eachoneof the stagesof the logistics. It is also reviews themain characteristicsofcorrugatedcardboard, including itsuseand relevance forpackagingB2B.Moreover, it reviews theapproaches for ecodesign and ProductService Systems (PSS).After that, the PSS is chosen as anhypothesisofeffective strategy for the reductionof theenvironmental impactsofpackagingB2B.Theresearchmethod includedtheuseofaprotocolforPSSDesignproposedbyvanHalen,VezzoliandWimmer(2005).Thecasestudyinvolvesafieldstudywiththephasesofdiagnosisoftheexistingsituation, analysis of the diagnosis, intervention, analysis of the intervention and validation. TheapproachofDesignbased in thepackage lifecycleDesign isused throughout thecase study,andcomplementedfortheuseofqualitativeandquantitativeevaluationtoolssuchasSDOMEPSSandLifeCycleAnalysis.ThedissertationpresentsaproposalforPSSDesignguidelinesforB2Bpackages,specificallyforthosepackagesmadeoutofcorrugatedcardboard.

    Keywords:B2Bpackages;corrugatedcardboard;productservicesystems;Designguidelines

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  • Captulo 01

    Introduo

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    1. INTRODUO

    1.1. Contextodapesquisa

    A presente dissertao foi desenvolvida dentro de um projeto de pesquisa

    intitulado Desenvolvimento de Embalagens e Produtos para ExportaoUtilizando a

    TecnologiaCFGparaoPapeloOndulado.Esteprojetoteveduraodedoisanos(de

    agostode2005aagostode2007),efoifinanciadopeloConselhoNacionaldePesquisae

    DesenvolvimentoCNPqeAgnciaFinanciadoradeEstudosePesquisasFINEP.Foram

    concedidastrsbolsasdepesquisa,sendoduasparaIniciaoCientfica(IC)eumapara

    DesenvolvimentoTecnolgicoIndustrial(DTI).

    Alm disso, o projeto foi apoiado com acesso a materiais de consumo e a

    informaes de produo e mercado pelas duas empresas que so objeto desta

    dissertao,sendoumamontadoradeveculos(VolkswagendoBrasil)euma indstria

    deembalagensempapeloondulado (Embrart).Oprojetodepesquisa supradescrito

    abrangeu trs estudos de caso, e esta dissertao referese especificamente ao

    primeiro,destinadoaodesenvolvimentodeembalagens retornveisparao transporte

    decomponentesautomotivos.

    1.2. Problema

    Comoreduziroimpactoambientaldousodaembalagemempapeloondulado

    movimentadaentreempresas?

    1.3. Objetivo

    Propor um mtodo de Design de sistemas produto servio (Product Service

    Systems, ou PSS) voltadas a embalagens em papelo ondulado movimentadas entre

    empresas,demodoareduziroimpactoambientaldasmesmas,edediretrizesparaeste

    mtodo.

    1.4. Problemtica

    Este trabalho prope que a utilizao de sistemas produtoservio (PSS) pode

    minimizaro impactoambientaldousodeembalagensmovimentadasentreempresas.

    Para contextualizar e justificar esta proposio, so apresentadas a definio de

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    sistemas produtoservio, e dados relativos s trs grandes dimenses da

    sustentabilidade:ambiental,econmicoesocial.

    1.4.1. Design

    OICSIDdefineDesigncomo:

    ...uma atividade criativa que busca estabelecer as

    qualidades multifacetadas dos objetos, processos,

    servioseseussistemasemtodososciclodevida.Alm

    disso,designofatorcentraldehumanizaoinovadora

    das tecnologias e fator crucial nas trocas culturais e

    econmicas(ICSID,2008).

    Nesta definio atualizada percebese uma preocupao com as implicaes

    sociais,econmicaseambientaisdaatividadededesign,aqualreafirmadaquandose

    definemastarefasprincipaisquecabemaodesigner,poissegundooICSID(opcit):

    Odesignbuscadescobrireavaliarrelaesestruturais,

    organizacionais, funcionais, expressivas e econmicas,

    comatarefade:

    Aprimorarasustentabilidadeglobaleaproteoambiental(ticaglobal);

    Trazerbenefcioseliberdadeparatodaacomunidadehumana,usuriosfinais,produtoreseprotagonistasdemercado,individuaisecoletivos(ticasocial);

    Garantiradiversidadeculturaladespeitodaglobalizaomundial(ticacultural);

    Forneceremprodutos,serviosesistemas,formasquesoexpressivasde(semiologia)ecoerentescom(esttica)suacomplexidadeprpria(ICSID,2008).

    Deveseressaltar,nestadefinio,queaatividadededesignnoserestringe

    configuraodeprodutosindustriais,mastambmaserviosesistemas.

    1.4.2. SistemasProdutoServio(PSS)

    SistemasProdutoServio (PSS)podem serdefinidos, segundooUNEP (2002),

    comooresultadodeumainovaoestratgica,commudananofocodosnegciosdo

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    planejamento e venda de produtos fsicos to somente, para a comercializao de

    sistemas de produtos e servios que, em conjunto, que so capazes de atender a

    demandas especficas dos clientes. Brezet et al (2001) ressalta ainda a dimenso

    ambientaldosPSS,afirmandoqueserviosecoeficientessosistemasdeprodutose

    servios que so desenvolvidos para causar um mnimo impacto ambiental com o

    mximodevaloragregado.

    Com base nestas definies, percebese o potencial destes sistemas para a

    sustentabilidadetantoeconmicaquantoambiental,oquejustifica,emparte,adefesa

    dousodaestratgiadePSSnestadissertao.

    1.4.3. Justificativaambiental

    ConformeBrodyeMarsh(1997),asembalagenssoresponsveisporcercade

    65%dovolumeglobalde resduos.Esta situao revelaanecessidadede seprocurar

    reduzir a necessidade de embalagens no padro de consumo da sociedade atual e,

    simultaneamente, o desenvolvimento de embalagens com materiais ecologicamente

    corretos.

    ManzinieVezzoli (2002)argumentamqueo impactoambientalcausadopelos

    produtosindustriais(eporsuasembalagens)nopodesercombatidoapenascomouso

    demateriaismenosimpactantes,queaestratgiamaisfreqentenomeioindustrial.

    preciso,segundoestesautores,estratgiasmaisavanadasquepermitam,sepossvel,a

    desmaterializao no consumo destes produtos. Neste caso, o uso de servios

    associados s embalagens uma das alternativas que tm semostrado ambiental e

    economicamenteviveis.

    Para Levy (1999), o desenvolvimento de solues mais sustentveis em

    embalagens de responsabilidade de todos os atores envolvidos na cadeia de

    fornecimento: fornecedores de matriaprima, fabricantes e montadores de

    embalagens, distribuidores, revendedores e mesmo usurios (empresas que utilizam

    embalagensemseusprodutos).

    O aumento no consumo de matriaprima virgem para embalagens vem

    ocorrendoemtodoomundoetambmnoBrasil(verdetalhesnoitem1.5.3),apesarda

    taxa de reciclagem do papelo ondulado no pas ser relativamente alta, 77,3%,

    conformeoCEMPRE (2006), eboapartedopapeloonduladoproduzidonopas ter

    parteda composio emmaterial reciclado, em tornode18%. Embora estamatria

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    primavirgemprovenhadeflorestasmanejadas,principalmentedepinuseeucalipto,h

    vrios impactos ambientais associados a este tipo de explorao, devido s extensas

    reas demonocultura, como, por exemplo, as alteraes na qualidade do solo e na

    cadeiaalimentardosanimaisquehabitamestasregies.Apesardisso,em2006,iniciou

    se no Brasil a produo de papelo ondulado com certificao Forest StewardShip

    Council (FSC),oqueo reflexodeumademanda emergenteporprodutos comesta

    caracterstica.

    Almda certificaodeorigemdamatriaprima,h tambm aestratgiade

    ampliarotaxadereciclagemdamatriautilizadanaembalagem.ConformeoCEMPRE

    (2006),aquantidadedemadeiraeconomizadacomasubstituiode fibrasvirgensde

    celuloseporuma toneladadeaparas,considerandoseumaperdade20%nasaparas

    (devido a impurezas) de 4 m. Isto equivale a dizer que uma tonelada de aparas

    correspondeaumrendimentolenhosodeumareaplantadadeat350m.

    No consumo de energia, podese afirmar que se economiza mais de 50%,

    quandosecomparaaproduodepapelmiolocomaparas,comaproduodecelulose

    epapel (CEMPRE,2006).Apesardisto,hna reciclagemum alto consumode guae

    energia, que pode ser minimizado se as embalagens no fossem descartadas

    precocemente.

    Finalmente,hnoprocessodereciclagemdopapeloonduladoacontaminao

    causadapela freqentemisturadediferentesmateriaisnodescarte.Papelepapelo,

    presentes em grande quantidade entre os resduos descartados pelas empresas, so

    freqentementedescartadossujosderesduosorgnicosemisturadoscommateriaisde

    difcilseparao,comogramposmetlicos,colas,vernizesetintas.

    Aproduoderejeitos(tudoaquiloquenoseaproveitanatriagemdopapelo

    onduladoequeacabasendodestinadoincineraoouaterrossanitrios),emmdia,

    de 42% (GRIMBERG; BLAUTH, 1998). A incinerao, embora seja uma forma de

    produodeenergia, contribuiparaoaquecimentoglobal,devidoemissodeCO,

    principal gs causador deste efeito, segundo o IPCC (2006). Mesmo em grandes

    indstriasquepossuemcertificaoambientalpodeocorreresteproblema.

    Percebese,apartirdessesdados,queareciclagemdasembalagensB2Bjno

    maissuficienteparaminimizaro impactoambientalcausadopelodescartecrescente

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    de papelo ondulado e de outros materiais, seja pelo consumo de gua, energia e

    matriaprima,oupelacontaminaocomoutrosmateriais.

    Outro aspecto importante que nem sempre as empresas exigem de seus

    fornecedores certificao ambiental dos processos, e menos ainda dos produtos

    adquiridos, embora tenhahavidoum crescimentoneste sentido, conforme Epelbaum

    (2004). Isto se torna um problema para as empresas que possuem certificao

    ambiental, na medida em que esta certificao traz consigo a responsabilizao do

    produtorpeladestinaoderesduos(EPR,ouExtendedProducerResponsibility).

    NoBrasil,encontraseemtramitaonocongresso,jhvriosanos,oProjeto

    deLeidosResduos (PL203/91),que instituiaPolticaNacionaldeResduosSlidos,

    seusprincpios,objetivoseinstrumentos,equeestabelecediretrizesenormasparao

    gerenciamento dos diferentes tipos de resduos slidos, conforme o Relatrio

    PreliminardoProjetode Lei203/91 (2002).EsteProjetode Leidefineque Art.43

    Compete aos estabelecimentos industriais e de minerao a responsabilidade pelo

    gerenciamentocompletodeseusresduos,desdeasuageraoatadestinaofinal.

    Muitoembora,napocadestadissertao,aindaestafosseumaLeiaguardando

    aprovao no CongressoBrasileiro, alguns estados j se encontram adiantados neste

    aspecto, como o Paran, que possui uma lei especfica, tambm chamada Lei de

    Resduos.Esta leidefinequeArt.4. Asatividadesgeradorasderesduosslidos,de

    qualquer natureza, so responsveis pelo seu acondicionamento, armazenamento,

    coleta, transporte, tratamento, disposio final, pelo passivo ambiental oriundo da

    desativaodesuafontegeradora,bemcomopelarecuperaodereasdegradadas

    (Lein12493,de22deJaneirode1999).

    Mas,almdeleisquebuscamminimizarosimpactosgeradospelosresduos,os

    governos tm sidopressionadospela sociedadeaestabelecermetas scioambientais

    delongoprazo,inclusivenoBrasil.Comisso,oobjetivodestadissertaoalinhasecom

    asestratgiasdedesenvolvimentodelongoprazodoPlanoPlurianual(PPA)20042007

    doGovernoFederal,ecomaAgenda21Nacional.

    No caso do PPA, o estudo alinhase com o Mega Objetivo II, que busca o

    Crescimento com gerao de trabalho, emprego e renda (...) ambientalmente

    sustentvel e redutor das desigualdades sociais, especialmente no item 21, que se

    propeamelhoraragestoeaqualidadeambientalepromoveraconservaoeuso

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    sustentvel dos recursos naturais, com nfase na promoo da educao ambiental

    (PLANOBRASIL,2004).Desta forma,aproposiodediretrizesdeprojetoparaPSSem

    embalagens sustentveis busca principalmente reduzir os impactos ambientais das

    atividades industriais,commaioreficincianousoderecursoseenergiae reduona

    emissoderesduosegasestxicos.

    No caso daAgenda 21Nacional, este trabalho alinhase com as diretrizes do

    captulo 21, referente ao manejo ambientalmente saudvel dos resduos slidos, e

    captulos29e30,sobreofortalecimentodopapeldocomrcioedaindstria(AGENDA

    21NACIONAL,2007).Nesteltimo,otrabalhoest ligadodiretamentepromoode

    umaproduomaislimpaedaresponsabilidadeempresarial.

    Almdisso,aproposiodeusodeserviosdeembalagensmaissustentveis

    coerentecomainiciativadaUNESCO/ONUempromover,noperodoentre2005e2014,

    aDcada da Educao para oDesenvolvimento Sustentvel, que consiste de amplos

    esforosvoltadoseducaoparaasustentabilidade,envolvendoosvriossegmentos

    dasociedade,inclusiveasempresas.NoBrasil,estainiciativafeitaemcooperaocom

    oMinistrio doMeioAmbiente para a execuo do ProgramaNacional de Educao

    Ambiental(ProNEA).

    Quanto sustentabilidade na poltica industrial, Campanrio e Silva (2004)

    propemasustentabilidadecomoumentreonzecritriosnormativosparaelaborao

    deumapolticaindustrial,comentandoqueapolticaindustrialdeveprocurarconciliar

    os parmetros bsicos do desenvolvimento sustentvel preservao da natureza,

    eliminaodapobreza,crescimentoeconmicoegarantiaparaasgeraes futuras,

    comaexploraodosrecursosnaturaisparaatenderaosinteressesnacionais.

    Apoltica industrialbrasileiranoexplicitaestapreocupao,ea sintonizao

    destadissertaocomaPoltica Industrial,TecnolgicaedeComrcioExteriorPITCE

    (2005)seddevidoaoobjetivodestadeinduziramudanadopatamarcompetitivoda

    indstria brasileira, rumo maior inovao e diferenciao de produtos, almejando

    competitividadeinternacional.Ainseroprincipalmentenosaspectosdeinovaoe

    desenvolvimento tecnolgico, inclusive com apoio oficial s parcerias universidade

    empresa,pormeiodoCNPq.

    Este o caso do projeto de pesquisa Desenvolvimento de embalagens e

    produtos para exportao utilizando a tecnologia CFG para o papelo ondulado,

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    desenvolvido pelo Ncleo de Design e Sustentabilidade da Universidade Federal do

    Paranem20062007,equeoriginouestadissertao.

    1.4.4. Justificativaeconmica

    Em termoseconmicos,ovalordomercadoglobaldeembalagensestimado

    em500bilhesdedlares,entre1e2%doPIBmundial(Packforsk,2001),eomercado

    de alimentosomaior consumidormundialdeembalagens, com cercade35% (The

    Packaging Federation, 2004a). O mercado mundial de embalagens est em franco

    crescimentoe,emparticular,omercadodeembalagensdepapeloondulado,escopo

    destetrabalho,querespondeporaproximadamente38%detodoomercadomundialde

    embalagemeapresentaprevisodecrescimentode4,2%aoano(EMBALAGEMMARCA,

    2005).SomenteosetordealimentosmovimentaemtornodeUS$176bilhesem2004,

    ehexpectativadequecontinuarcrescendoataxasde4,6%aoano,comprevisode

    cerca de US$ 216 bilhes para 2009. Contudo, o maior crescimento (7,1%) dever

    acontecernosetordemedicamentos(EMBALAGEMMARCA,2005).

    Segundoa ICCA (2005),asiaograndeprodutormundialdeembalagensde

    papeloondulado,commaisde53milhesdemetrosquadradosecrescimentode9%

    em apenas um ano. Com isso, os asiticos dominammais de um tero domercado

    mundial de papelo ondulado. A produo norteamericana e europia quase

    equivalente,compoucomaisde40milhesdem/cada,conformeilustraaTabela1.

    Tabela1.Produodepapeloonduladoemmilhesdemetrosquadradosporcontinente

    CONTINENTE 2003 2004 CRESCIMENTOEM%sia 48,537 53,036 9,0AmricadoNorte 41,255 42,367 2,7Europa 40,862 41,563 1,7AmricaCentraledoSul 7,441 8,163 9,7Oceania 2,272 2,324 2,3frica 1,660 1,693 2,0TOTAL 142,126 149,147 4,9

    Fonte:ICCA(2005)

    QuantoaosprodutoresdaAmricaLatina,apesardaparticipao inferiorde

    asiticos, norteamericanos e europeus, significativo o crescimento de quase 10%

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    entreos anosde2003 e2004,omais alto entre todososmercadosprodutores (ver

    Tabela1).

    OBrasiltemumpapel importantenestecrescimento,poisproduzcercade3,9

    milhesdospoucomaisdeoitomilhesdem2depapeloonduladoproduzidospela

    AmricaCentraledoSul,ouseja,quasemetadedaproduodaAmricaLatina.Nos

    ltimos cincoanos,omercadobrasileiro temosciladoentre3,7e3,9milhesdem,

    comumaquedasignificativaem2003,anodeturbulnciaeconmicanopas,emquea

    produocaiupara3,4milhes,conformemostraaTabela2(ABPO,2005).

    Tabela2.Expedioanualdecaixas,acessriosechapasdepapeloonduladonoBrasil

    ANO TONELADAS 1.000M2000 2.048.937 3.737.7722001 2.061.022 3.701.6032002 2.144.113 3.920.1752003 1.885.916 3.464.7502004 2.106.832 3.918.961

    Fonte:ABPO(2005)

    Assim como nos dados apontados por EMBALAGEMMARCA (2005), no Brasil

    tambm a indstria alimentcia a grande consumidora do papelo ondulado,

    absorvendo mais de um tero de toda a produo (ABPO, 2005). O mesmo estudo

    apontaqueumadistribuiomistaocupaosegundolugar,eaproduodechapasfica

    na terceiraposio.Emseguida,a indstriade fumose tabacos,com7,69%,superaa

    indstriaqumica,fruticultura,floriculturaeavicultura(videogrfico11).

    Figura11.Distribuiodoconsumodeembalagensdepapeloonduladoporsetorem%sobretoneladasemMaio/2005Fonte:ABPO(2005)

    Com este crescimento generalizado, h uma necessidade cada vez maior de

    diferenciaopois,segundoPorter(1992),humaestreitarelaoentreodesempenho

    econmicodasempresasea criaodediferencial competitivo.Estepode serobtido

  • DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio

    31

    pelomenosde trs formas:pordiferenciaodeprodutose/ou servios,por criao

    e/ouexploraodenichosdemercado,oupelocustodeseusprodutos(PORTER,1992).

    No casoda diferenciao,Ottman (1994), citadopor Epelbaum (2004) afirma

    queempresasqueapresentamdiferencialsustentvelnosprocessoseprodutospodem

    explorloemtermosdemarketing,criandoumposicionamentoevalornicoparaseus

    clientes.Desta forma,produtosou servios comestediferencialpodemdestinarsea

    nichos demercado especficos formados por consumidores que valorizam a questo

    scioambiental(OTTMAN,1994citadoporEPELBAUM,2004).ManzinieVezzoli(2002)

    colocam que os sistemas produtoservio levam em considerao necessidades

    especficas dos clientes, buscando atendlas ao mximo e, ao mesmo tempo,

    minimizandooimpactoambiental.

    Essadiferenciaopossvel,porqueasociedadeemgeralmostrasecadavez

    mais informadaeexigentequantoatuaoambientaldasempresas.SegundoPorter

    (1985),aanlisecompetitivadasempresasnasltimasdcadaspassouaser feitapor

    uma diversidade de atores com preocupaes distintas. ONGs, comunidades, rgos

    governamentais, investidores,seguradoraseamdiatmpapelcadavezmaisdecisivo,

    com reflexos namudana de percepo de valor ao longo da cadeia de produo e

    consumo.

    Rundh (2005) coloca a embalagem como possvel elemento de vantagem

    competitiva,emboraaindapoucoexploradapelasempresas,que tm sido foradasa

    reavaliar suas estratgias devido internacionalizao e globalizao crescente dos

    negcios. Com isto, percebese um grande potencial de melhoria em termos de

    competitividade a partir do Design desde que considerado em uma abordagem

    sistmica, focada no apenas na embalagem em si, mas em todo o processo de

    produoedistribuio.

    As exigncias quanto a processos e produtos mais limpos so as mais

    significativas, conforme Epelbaum (2004). Com isso, segundo ele, houve um grande

    crescimentona implantaodos chamados sistemasdegestoambiental (SGAs)ede

    certificaesparaestessistemas,sendoaISO14001amaisconhecida.

    Nocasodoscustos,asempresasbuscamatingiroscustosmaisbaixostantode

    produoquantodedistribuio,apartirdamximaeficinciaoperacional,parapoder

    oferecer aos clientes/consumidores preos mais baixos nos produtos do que os

  • DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio

    32

    concorrentes. Porm, segundo Epelbaum (2004), o balano econmico de qualquer

    estratgia que venha a ser implantada deve levar em conta no apenas custos

    financeiros pontuais (custo de implantao de um novo sistema de embalagem ou o

    preo da embalagem),mas custos financeiros globais (recursos humanos, tempos de

    espera, estoques, tratamento dos resduos gerados) e seu tempo de amortizao

    (payback).

    Conforme Lee e Lye (2003), os trs componentes principais do custo da

    embalagemsoamodeobra,oequipamentoeomaterial.Stern (1981)apontaque

    apenas cercade10%docustodaembalagemdeveseaomaterialdequeela feita,

    sendoo restante relacionadoaoprocessoprodutivoe logstico,que incluigastoscom

    transporte,custodearmazenagem,temposdeespera,entreoutrosfatores.

    Segundo Lazl (1990), aproximadamente 9% do custo de qualquer produto

    deveseembalagem,eoutrosautoresapontamqueaembalagemrepresentaentre15

    e50%dopreode vendadoproduto contido (RAUCHASSOCIATES,2002;Harckham,

    1989;BristonandNeill,1972).

    Morabito,MoraleseWidmer(2000)apontamqueosetor logstico,namaior

    partedasempresas,oquemaisconsomerecursosfinanceiros,oque indicaumgrande

    potencialdeatuaoparaoDesignemtermosdeembalagensoperacionalmentemais

    eficientes. H, tambm, uma srie de outros custos envolvidos no tratamento e

    destinao dos resduos industriais, entre eles os de embalagens, que podem ser

    minimizados, por exemplo, pelo reuso das mesmas. O aumento da eficincia

    operacionaleaminimizaoderesduossoaspectosinerentesaoconceitodesistema

    produtoservio,conformeHalen,VezzolieWimmer(2005).

    Almdaminimizaodecustos,outroaspectoderelevnciaeconmicaligado

    eficinciaoperacional, segundooUNEP (2001),amaximizaodaprodutividade.As

    embalagenspodemtornarseumelementodeaumentodaprodutividade,seplanejadas

    dentro de uma viso sistmica, considerando outras funes, alm da proteo e

    transporte, como a comodidade na produo (ex.: caixasdispensers) e o controle

    inteligentedeestoque(ex.:etiquetasRFIDidentificaoporrdiofreqncia).

    1.4.5. Justificativasocial

    Nombitodasempresasbrasileiras, crescenteonmerodeaes ligadas

    responsabilidade social.Noentanto, aeqidadee justiaentreos stakeholders ainda

  • DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio

    33

    representam um desafio, pois amaior parte das relaes empresariais fortemente

    baseadaem relaes custobenefciode curtoprazo.Os sistemasprodutoservio, ao

    contrrio,baseiamsefundamentalmenteemparceriasdelongoprazo(HALEN;VEZZOLI;

    WIMMER,2005).

    Muitasempresas j implantaram sistemasdegestoambientaleobtiverama

    certificao ISO14001 (EPELBAUM, 2004), mas ainda pequeno o nmero de

    organizaesbuscandoacertificaosocial.Jexisteminiciativasnestesentido,comoa

    SocialAccountability8000(SA8000),voltadacertificao,eanormaABNTNBR16001,

    sobrerequisitosparasistemasdegestoemresponsabilidadesocial(ABNT,2004).Ouso

    de indicadoresscioambientaisdo InstitutoEthos(ETHOS,2006)permitesempresas

    fazerumaautoanlisedodesempenhoscioambientalquepodesertransformadoem

    umrelatrioparaposteriorcomparao(benchmarking)comaconcorrncia.

    Para2008,esperaseaconclusodanormaISO26000,quenotemopropsito

    decertificao,masdeorientaoparaaimplantaodesistemasdegesto.Apesarde

    nohaveraexignciadasempresasseremcertificadasemgestoambiental(ISO14001)

    para adequarse NBR16001,Ursini e Sekigushi (2005) apontam que as corporaes

    familiarizadascomacertificaoambiental teromuitomais facilidadedecertificao

    deresponsabilidadesocial.Porconseguinte,denotasequepoderoapresentartambm

    condiesdeimplementaraabordagemdePSScommaisfacilidade.

    Aquestodacoesosocialoutrodesafioparaasempresasbrasileiras,embora

    ajustiabrasileiraconsidereadiscriminaoumcrimeinafianvel.Damesmaforma,a

    influncia na identidade cultural regional e no bem estar das comunidades onde as

    empresasseinstalam,eaexploraopredatriaderecursoslocaisnorenovveisainda

    ocorrememvriaspartesdopas.Estesaspectossoconsideradosna implantaode

    umPSS,portanto,paraqueaempresaadoteestaabordagemdenegcioprecisoque

    elaseconsideredeformaresponsvelestasquestes.

    Comrelaoaobemestaregeraodetrabalhoerenda,relevanteofatode

    que,noBrasil,muitasdaspessoasdebaixa renda trabalhamnaatividadede coletar,

    separar, vender e reciclar resduos. O papelo ondulado um dos materiais mais

    presentesdevidoaograndeusoemembalagens.DadosdoIBGE(2002)mostramquea

    atividade de catar papel empregava, em 2002, ao redor de 25.000 pessoas nas

    unidadesdeseparaodelixo.Htambmoschamadoscatadoresderuaecarroceiros,

  • DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio

    34

    cujaatividadeinformalenvolvecercade200milpessoasnoBrasil(ANAP,2005).Nesse

    contexto,umaestratgiaque impliquenareduodageraoderesduosdepapelo

    onduladonasempresasdevetambm levaremcontao impactosocialnestaatividade,

    umavezqueosmaioresafetadosseriamdasclassesmaispobres.

    Cabe ressaltar que as mudanas decorrentes de melhorias ambientais nas

    embalagens movimentadas entre empresas podem influenciar nos aspectos sociais

    ligadosaessaatividade,comoageraodetrabalhoerendaeascondiesdevidadas

    pessoas.Destaforma,estetrabalhoconsiderou,comoescopodeestudo,empresasque

    destinamseusresduosaempresasespecializadas,pressupondo,portanto,quenoh

    um impactodiretonageraodetrabalhoerendaparaoscatadoresautnomos,mas

    apenasnaquelasatividades ligadassempresasde coletade resduos.Noentanto,

    necessrio um estudo mais aprofundado para verificar o real impacto no nvel de

    empregodestasltimas.

    Todos os aspectos ambientais, econmicos e sociais anteriormente discutidos

    formamopanode fundodestadissertao,e apontampara anecessidadedenovas

    estratgias de negcios nas empresas quanto movimentao de embalagens. No

    mbito doDesign sustentvel, propese o foco de pesquisa e desenvolvimento no

    apenasnasembalagensemsi,masemtodoosistemaprodutivoelogsticoempresarial.

    Neste sentido,este trabalhoprocuracontribuirparaadimensoambientalda

    sustentabilidade por meio do estudo de sistemas alternativos para embalagens

    movimentadasentreempresas.Aseguir,apresentadaadelimitaodoestudo,eem

    seguidaomtododepesquisautilizado.

    1.5. Delimitao

    O objeto de estudo compreende embalagens de papelo ondulado para

    produtos noperecveis movimentadas entre empresas, com nfase nas questes

    ligadasdimensoambientalda sustentabilidade,muitoemboranaanlise teamse

    consideraes tambm sobre as dimenses econmicas. A dimenso social no ser

    estudadanestetrabalho.

    O recorte geogrfico dos dados coletados nesta pesquisa abrange a

    movimentaointerestadualdeembalagensB2BentreacidadedeSoPauloeacidade

    deSoJosdosPinhais,naRegioMetropolitanadeCuritiba,Paran.

  • DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio

    35

    1.6. Descriogeraldomtodo

    Omtododepesquisaadotadooestudodecaso,realizadoemumaindstria

    montadorade automveisda regiometropolitanadeCuritiba/PR.A fundamentao

    terica para este trabalho foi feita a partir de reviso de literatura relacionada

    sustentabilidade,comumrecortetericoparaoDesignsustentvel,embalagensB2Be

    opapeloonduladonestecontexto.

    Apesquisade campo foi realizada em cinco etapas:diagnstico, avaliaoda

    situao inicial, interveno, anlise da nova proposta e validao da proposta de

    interveno.Devidoao fatodestadissertao relacionarseabordagemde sistemas

    produtoservio (PSS), a pesquisa foi feita utilizando etapas e ferramentas de um

    mtodoespecficoparaodesenvolvimentodePSS,oMEPSS.

    Oprotocolodecoletadedadosrelativoetapadediagnstico,eenvolveuo

    uso de ferramentas verbais e visuais, para a obteno de dados tanto quantitativos

    quanto qualitativos (LAUREL, 2003), pois, nas fases seguintes de avaliao (tanto da

    proposta inicial quanto da interveno) buscouse avaliar de forma quantitativa e

    qualitativa os dados obtidos. O diagnstico inclui entrevistas semiestruturadas,

    observaodireta,registrofotogrfico,eacoletadedadosquantitativosdaembalagem

    no sistema logsticoprodutivodaempresa, comoquantidade, composioepesodas

    matriasprimas e insumos, tempo e distncia de transporte e operaes internas.

    Foramcoletadastambmamostrasdecomponentesutilizadosdaempresa.

    A anlisedosdados foi feitade formaquantitativa equalitativa tantopara a

    situao inicialmenteencontradaquantoparaapropostade interveno,eenvolveuo

    usodasferramentasACVAnlisedoCiclodevida(anlisequantitativa),comousodo

    Software Simapro7 na verso educacional, e SDOMEPSS (anlise qualitativa). A

    visualizao tanto do sistema atual quanto do proposto foi feita com o uso da

    ferramentaSystemMap,doMEPSS.Paraaanlise tambm foi realizado tambmum

    workshopcomespecialistasdaindstriaestudadaedeumfornecedordeembalagens.

    Paraa interveno,foramutilizadasferramentasdecriaotambmpresentes

    noMEPSS, como asdiretrizesdeDesign sustentvel (MANZINI eVEZZOLI,2002)eos

    storyboardsparaproposiode cenrios futuros,almdobrainstorming clssico com

    usodeanalogias.

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    36

    Avalidaodoestudofoifeitaapartirdacomparaocomosresultadosobtidos

    emummetaestudodecasoformadoportrsestudosdecaso,emtrsoutrasempresas

    queutilizamembalagensretornveisemseusrespectivosprocessoslogsticos.

    1.7. Estruturageraldadissertao

    Ocaptulo1(INTRODUO)apresentaoproblema,sugereahipteseedefineo

    objetivo da dissertao, a partir de justificativas ambientais, econmicas e sociais.

    Delimitatambmoescopodapesquisaeotipodeempresanaqualserrealizada,bem

    comoomtodoaserutilizado,eosprocedimentosdecoletaeanlisededadoseda

    intervenoproposta.

    O captulo 2 (EMBALAGEM E SUSTENTABILIDADE) apresenta a reviso de

    literatura sobre quatro temas principais: sustentabilidade, Design sustentvel,

    embalagens e papelo ondulado, e o relato de estudos de caso similares ao tema

    pesquisado.

    No captulo 3 (MTODO DE PESQUISA) justificase a escolha do mtodo de

    pesquisa, e descrevese o estudo de caso realizado junto a uma montadora de

    automveis da Regio Metropolitana de Curitiba. So apresentados os critrios de

    seleodaempresaedoprocesso,oprotocolodecoletadedadosutilizado,eaforma

    deapresentaoeavaliaotantodosdadoscoletadosdasituaoencontradaquanto

    dapropostademelhoria,eoprocessodevalidaoutilizado.

    Nocaptulo4(RESULTADOSEANLISES)sodescritososresultadosdapesquisa

    decampo,eaavaliaoqualitativaequantitativadosdadosobtidostantonasituao

    encontradaquantonaintervenoproposta,comoauxliodasferramentasSDOMEPSS

    e ACV Anlise do Ciclo de vida. So apresentados tambm os resultados de um

    workshop realizado para coletar opinies, crticas e sugestes de profissionais

    especialistasdaempresaedeumfornecedordeembalagenssobreosdados.

    A partir dos resultados obtidos, e da comparao destes com os obtidos em

    outrostrsestudosdecasoreportadosnarevisobibliogrfica,sopropostasdiretrizes

    de Design de sistemas produtoservio para embalagens em papelo ondulado

    movimentadasentreempresas.Estaumadascontribuiescentraisdapesquisa,pois

    se entende que, para que sejam atingidos os objetivos propostos no Captulo 1

    (INTRODUO),aexistnciadeuma teoriadoDesigndeembalagens, com conceitos,

  • DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio

    37

    metodologiaseferramentasdeDesignsustentvelorientadasespecificamenteaosetor,

    condioparaefetivamenteinovarnabuscaporprticasmaissustentveis.

    Nocaptulo5 (CONCLUSO)finalizaseotrabalhocomumadiscussosobreos

    resultados da pesquisa realizada, e sugeremse possibilidades de continuidade de

    pesquisaapartirdelacunasdetectadasnarealizaodesteestudodecaso.

  • DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio

    38

  • Captulo 02

    Sustentabilidadepor meio do Design

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    39

    2. SUSTENTABILIDADEPORMEIODODESIGN

    2.1. Conceitosdesustentabilidade

    A palavra sustentabilidade definida no dicionrio Aurlio (2006) como a

    qualidade do que sustentvel ou como um estado que se deseja atingir. Esta

    definioabstrataadquireumsentidoprticoquandorelacionadastrsdimensesda

    existnciahumana:ambiental,socialeeconmica.

    A sustentabilidadeambiental referese, conformeManzinieVezzoli (2002),s

    condiessistmicassegundoasquais (...)asatividadeshumanasnodevem intervir

    nosciclosnaturaisemquesebaseiatudooquearesilinciadoplanetapermite(...),no

    devemempobrecerseucapitalnatural,quesertransmitidosgeraesfuturas.

    A sustentabilidade social, segundo oUNEP (2006), est associada a questes

    como: respeito identidade e diversidade cultural, incluso das minorias,

    marginalizadosedeficientes,bemestarsocial,trabalhoemcondiesadequadasesem

    anecessidadedegrandesdeslocamentos,geraoeequilbrionadistribuioderenda,

    acesso alimentao, gua potvel e servios de sade, escolarizao e abolio do

    trabalhoinfantil,dentreoutrostemas.

    Asustentabilidadeeconmicaapresentaumaligaobastantefortecomasocial

    pelageraodetrabalhoerenda,masconsideratambmadimensodasempresas,de

    todos os portes. Segundo D4S (CRUL e DIEHL, 2006), alm da lucratividade,

    fundamental para as empresas a gerao de valor tanto para ela quanto para os

    stakeholderseconsumidores.estevalorquepodepermitirsempresasposicionarem

    sedeformacompetitivanomercado.

    Estasconsideraescompemoconceitodedesenvolvimentosustentvel,que

    consiste em um desenvolvimento que satisfaa as necessidades do presente sem

    comprometer a capacidade das geraes futuras satisfazerem as suas prprias

    necessidades(BRUNDTLANDetal,1987).

    2.2. Um breve histrico do percurso da sustentabilidade e do

    desenvolvimentosustentvel

    Aproblemticadoimpactodasatividadesindustriaisnoplanetanoumtema

    recente,embora somentenaltimadcada tenhaganho intensidadededivulgaoe

  • DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio

    40

    debate por uma parcela maior da sociedade. Segundo Foladori (2001, p. 113),

    possivelmente surgiu como conservacionismoem reao industrializaono sculo

    XIX, a partir do livro Man and Nature de Marsh (1864). No entanto, a questo do

    crescimentopopulacionaldesenfreadoe seuspossveisefeitos jhavia sidoestudada

    porMalthusem1798,emEnsaiosobreoprincpiodapopulao(verFigura21).

    Figura 21. Linha do tempo contendo alguns dos fatos mais marcantes relativos sustentabilidadeambientalesocial

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    41

    Na virada do sculo XIX para o sculo XX, prosseguiu com a criao de

    sociedadesdeproteonaturezanosEUA,Canad,Chile,PortoRicoeUruguai,dentre

    outros pases, bem como de parques e reservas. A questo ambiental tornase

    particularmentecrticacomodetonamentodabombaatmicaemHiroshima,aotornar

    clarooquantoa capacidade tecnolgicapodeafetarabiosferaegerardanosque se

    perpetuam por dcadas aps este evento. A criao da Unio Internacional para

    Conservao da Natureza IUCN, em 1948, foi a primeira grande tentativa de

    organizaonogovernamentalvoltadaapensarestratgiasdeconservao.

    A Organizao da Naes Unidas definiu 1957 como o Ano Geofsico

    Internacionale,nestemesmoano,foi iniciadaamediodaquantidadededixidode

    carbononaatmosfera,noHava.Nadcadade60houveum crescimento substancial

    das discusses ambientais, sempre fortemente ligadas s questes polticas e

    econmicas, como aGuerra do Vietn. Com isto, houve um grande crescimento dos

    movimentosambientalistas,antinuclearesepacifistascomooGreenPeace,OsAmigos

    daTerraeosVerdesalemes.

    Papanek (1971) foi um dos primeiros a defender uma postura social e

    ambientalmentemaisresponsvelporpartedoDesign,emsuaspublicaesDesignfor

    theRealWorldHumanEcologyandSocialChange(1971,eaproporumanovaforma

    deatuaoemTheGreen ImperativeEcologyandEthics inDesignandArchitecture

    (1995).

    A questo social tambm ganha cada vez mais importncia nesta poca, e

    questes como o crescimento populacional e seu impacto no meioambiente, j

    levantadasdesdeMalthus(17661834)eMill(18061873),foramreforadasporautores

    como Ehrlich e Ehrlich (1972), em Population, resources, environment.Nestemesmo

    ano,oClubedeRomapublicou Os limitesdo crescimento, sobre as relaes entre

    produo industrial,crescimentopopulacionaleexploraode recursos,prevendoum

    limitesuportvelpelanaturezadeapenascemanos,casoestemodelodesequilibrado

    fossemantido.Esteummarco importantepois,pelaprimeiravez,cogitousefrearo

    crescimentocapitalista(FOLADORI,2001,p.115).

    Tambm em 1972 houve, em Estocolmo, a primeira Conferncia das Naes

    UnidassobreoMeioAmbiente,quetevecomoresultadoumadeclaraoquecontm

    tantoosproblemasambientaisquantoaproposiodesepreservaroplanetaparaas

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    42

    geraes futuras. Isto defendidopormeiodousode tecnologias limpasnospases

    desenvolvidosetransfernciaderecursosfinanceirosetcnicosparaaqueleschamados

    depasesemdesenvolvimento.

    Criouse tambm o Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente

    PNUMA (PNUMA, 2006), e a Comisso Mundial para o Meio Ambiente e

    Desenvolvimento CMMAD (CMMAD, 2007). tambm relevante o trabalho da

    ComissoBarilochenaAmricaLatina,propondonovamenteocrescimento limitado,a

    partir da limitao da exportao dos recursos naturais, em claro contraponto ao

    sistemacapitalistadeproduoeconsumo.

    AcatstrofenucleardeChernobyl,em1986,umadasmarcasdadcadade80,

    provocandograndes impactosambientaisehumanospelaEuropaequestionamentos

    sobreosavanoscientficos.Umdosautoresmaislidosnadcadade80sobreecologia

    JamesLovelock,que,emGaia:ANewLookatLifeonEarth(1982),consideravaaTerra

    comoumgrandeorganismovivo.

    Tambm neste ano foi criado o programa cientfico Global Change, que

    influenciano ano seguinteo trabalhodaComissoMundialparaoMeioAmbiente

    WCED(19841987),dirigidopelaexprimeiraministradaNoruega,GroBrundtland.Esta

    comissoproduzo informeOurCommonFuture,quepelaprimeiravezutilizaotermo

    desenvolvimentosustentveldeformaexplcitaepropequeosproblemasambientais,

    sociaiseeconmicossejamtratadosdeformaintegrada(BRUNDTLANDetal,1987).

    No finaldosanos80 foi criadooGrupo IntergovernamentaldeEstudos sobre

    ClimasIPCC(1988),eem1991,iniciaseumfundodeproteoaomeioambientepara

    pasesemdesenvolvimento,criadopelaONUeBancoMundial,oGlobalEnvironmental

    Facility. No ano de 1992 ocorre a Conferncia da ONU sobre Meio Ambiente e

    Desenvolvimento (CNUMAD) no Rio de Janeiro, com resultados prticos bastante

    limitadosquantoreduodasemissesdeCOoudo impactosobreas florestasea

    biodiversidade,porexemplo.

    nesteevento, tambm chamadodeRio92,que seproduz aAgenda21,um

    conjuntodeaesformadopor31pontosvoltadostantoafrearoimpactoambientalda

    produo e consumo quanto a promover o desenvolvimento mais equilibrado dos

    pases, tanto no mbito social quanto econmico. A partir do slogan Pensar

  • DiretrizesparaoDesigndeembalagensempapeloonduladomovimentadasentreempresascombaseemsistemasprodutoservio

    43

    globalmente, agir localmente, a Agenda 21 serviu de base, posteriormente, para a

    elaboraodeplanosnacionais,estaduais,regionais,municipais,locaiseatsetoriais.

    Apsaviradado sculo,asmudanasclimticasque jvinhamocorrendoem

    todooplanetapassamafazerpartedosnoticiriosdirios,principalmenteapseventos

    climticoscomoodegelodascalotaspolaresecumesdemontanhas,asondasgigantes

    (tsunamis)queassolarampasesasiticosematarammilharesdepessoas,ouasondas

    de calor forade poca empases europeus, tambm fatais.No anode 2006,o IPCC

    divulgouum relatrioonde,pelaprimeiravez,afirmasecommaisde90%decerteza

    queasgrandesmudanasclimticasocorridasnoplanetatmcomocausaasatividades

    humanas.

    Atualmente,humagrandemovimentaonombitocorporativoembuscade

    novasestratgiasdenegciosqueconsideremasustentabilidadecomoumdosaspectos

    principais. Iniciativas como o World Council for Sustainable Development WCSD

    (WCSD, 2007), formado por grandes corporaes mundiais, desenvolvem grandes

    projetosintegradoscomasociedade,instituiesegovernos,buscandoaproximarseus

    negciosdestanovarealidade.

    Podese perceber, pela seqncia histrica descrita na seo anterior, que a

    discusso sobre a questo da sustentabilidade iniciouse com uma grande nfase na

    questoambiental, comuma forte tendnciapreservacionistaem relaonatureza.

    Percebese tambmque,emboraalgunsautores jprevissemos impactosambientais

    do crescimento populacional desde o sculo XIX, somente a partir da dcada de 80

    comearamaserdelineadasestratgiasconsiderandoadimensosocialdeformamais

    integrada.

    Da mesma forma, o modo como a maioria das corporaes agia segue esta

    seqnciahistrica.Asprimeiraspolticas industriaisvoltadas sustentabilidadeeram

    ligadaspreservaodosrecursosnaturaiseaotratamentodoprocessoprodutivopara

    minimizarosimpactosdaproduonoambiente,oschamadosprocessosendofpipe.

    Esta abordagem vem gradualmente se expandindo em direo ao incio do

    processo, tendo entooprodutoou serviooferecido comonovopontode ateno.

    Mais que isso, deslocase em direo ao motivo da existncia de todo o sistema, o

    consumidor.Destaforma,asustentabilidadeganhaumanovadimensodeatuaopor

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    parte das empresas, seja pelo desenvolvimento de produtos ambientalmente mais

    responsveis,sejapelamaioratenoaosestilosdevidaemergentes.

    Nestenovocontexto,oDesigneomarketingassumemimportnciaestratgica,

    e, com isso, ampliase a possibilidade de se criar produtos e servios socialmente

    adequados,ambientalmenteresponsveiseeconomicamenteviveis.

    Adimensoambientaldasustentabilidadetemsidolargamenteexploradapelas

    empresas,apontodealgumasdelasconstruremsuaimagemjuntoaomercadoapartir

    desta abordagem. Empresas como a brasileira Natura e a americana BodyShop so

    emblemticasnesteaspecto.

    A dimenso social da sustentabilidade, normalmente tratada no meio

    empresarial sobo tema responsabilidade social ainda algo recente, frutoemboa

    partedepressesadvindasdeumasociedadecadavezmaisbeminformadaarespeito

    dosseusdireitos,bemcomodeexignciasgovernamentais.

    Empasesemdesenvolvimento comooBrasil,aatuaodeONGs cadavez

    mais forte, em diversas reas de interesse: educao ambiental, educao para o

    consumo, fiscalizao das aes empresariais, gerao de trabalho e renda em

    comunidades, cultura local, dentre outras. relevante, por exemplo, o trabalho

    desenvolvido por instituies como o Instituto Akatu (AKATU, 2007), voltado ao

    consumosustentvel,eEthos(ETHOS,2007),queincentivaempresasaadotaremnovos

    parmetros de responsabilidade scioambiental. Com isso, possibilitase a busca por

    certificaessociais,sendoaSA8000(SocialAccountability),ISO21000eOSHASasmais

    conhecidas.

    Htambminiciativasvoltadasaatenderdeformasustentvelasnecessidades

    damaiorpartedapopulaomundialpobre,queaindasoexcludasdoconsumo,como

    osProjetosBaseofthePyramideDesign4Billions(UNEP,2007).

    Todasasiniciativasanteriormentecitadasapontamparaumanovaformadese

    fazernegcios.AsmudanascitadaspodemfavoreceraimplementaoeofertadePSS

    por parte de vrias empresas namedida em que, havendo umamaior exigncia dos

    consumidoresegovernosporprodutoseserviosmaisresponsveis,criaseademanda

    porestetipodenegcio.

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    2.3. Contexto filosficodadissertao:Ascorrentesdepensamento

    scioambientalistaeoDesignsustentvel

    2.3.1. Desenvolvimentoxcrescimento

    Emboradesenvolvimentoecrescimentoeconmicosejamconceitosdiferentes,

    aabordagemeconmicaortodoxaconsideraquespossvelodesenvolvimentoseum

    pas crescer economicamente por meio da produo de bens fsicos. Desta forma,

    enquantoalgunsespecialistasdefendemquespossvelasadeambientaldoplaneta

    com crescimento econmico nulo, outros consideram a possibilidade de conciliao

    entrecrescimentoeconmicoemeioambiente.

    Pearce (1993) apresenta quatro principais posturas ideolgicas tendo como

    refernciaadimensoambiental,equevodeumextremo tecnocentrismo (focono

    desenvolvimento tecnolgicocomo soluoparaosproblemas sociaiseambientais)a

    outro igualmente radical ecocentrismo (foco no meio ambiente em detrimento do

    desenvolvimentotecnolgico).Soelas:cornucopianismo,adaptativismo,comunalismo

    eecologiaprofunda.

    H tambm aqueles que consideram que no h mais como inverter os

    problemasambientaisesociaiscausadospelaaohumana (fatalistas),quenosero

    consideradosnestetrabalho.

    2.3.2. Cornucopianismo

    Adescrenanosargumentosecolgicossobreoslimitesdoplanetaemsuportar

    a presso das atividades humanas e a defesa do crescimento econmico e do livre

    mercado so as bases da postura cornucopiana, suportada de forma terica por

    economistas tradicionais e financeiramente por vrios grupos industriais

    antiambientalistas(GALLARD,2006,p.33).Combasenestapostura,oDesignseriauma

    ferramentavoltadaaagregarvaloraprodutoseservios,semquenecessariamentese

    considereadimensosustentveldasuaatuao.

    Como o cornucopianismo valoriza os direitos e interesses dos indivduos

    contemporneos, dentre eles o de consumir indefinidamente, em detrimento da

    natureza,vistaaquicomofonteilimitadaderecursosecomvalorapenasinstrumental,

    compreensvelqueoDesignestejapresentecomoumaferramentavoltadaaestimular

    esse consumo sem grandespreocupaes ecolgicas.Afinal, segundo estapostura,o

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    livremercadoeatecnologiapodemresolverqualquerproblemaambientalquevenhaa

    ocorrer.

    Esseotipodepensamentoaindapreponderantenosistemacapitalistaatual,e

    que,segundoosadeptosdaecologiacomunalista,temlevadosgrandesdesigualdades

    sociaisedesequilbriosambientais.Onveldesustentabilidade,portanto,quasenulo,

    segundoPearce(1993)citadoporVanBellen(2005).

    2.3.3. Adaptativismoouambientalismo