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Diretrizes para a prática do Serviço Social no Novo DEGASE

Editora DEGASERJ - 2017

Luiz Fernando de Souza PezãoGovernador do Estado do Rio de Janeiro

Wagner Granja VicterSecretário de Estado de Educação

Alexandre Azevedo de JesusDiretor-Geral do Novo DEGASE

Departamento Geral de Ações Socioeducativas - DEGASE

Coordenação de Saúde Integral e Reinserção Social - CSIRS

Divisão de Serviço Social - DSS

Assistentes SociaisDenise Ribeiro de AndradeIda Cristina Rebello MottaTalita Aguias Bittencourt FigueiredoTania Mara Trindade Gonçalves

Revisão OrtográficaAntonino Sousa Fona

Diagramação e FinalizaçãoFernando Diaz PicamilhoGabriela de O. G. Costa

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31

35

39

39

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

APRESENTAÇÃO

1. A QUESTÃO DA SOCIOEDUCAÇÃO NA AGENDA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

2. SOCIOEDUCAÇÃO E PÚBLICO-ALVO – “O DESAFIO DA (RE)CONSTRUÇÃO

DA IDENTIDADE SOCIAL”

3. A PRÁXIS PROFISSIONAL NO ATENDI-MENTO SOCIOEDUCATIVO:

“LIMITES E POSSIBILIDADES”

3.1. Eixos de Atuação

3.1.1 AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS – “O desafio da (re)significação do trabalho do

Assistente Social no espaço institucional”

40

42

44

47

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52

54

54

a) Acolhimento

b) Estudo de Caso

c) Atendimento/Acompanhamento

d) Plano Individual de Atendimento – PIA – “Norteando metas no processo de trabalho”

e) Preparação para o desligamento e Reinserção Sociofamiliar

3.1.2. Planejamento e Gestão

3.1.3. Participação, mobilização e controle social

3.1.4. Capacitação e formação profissional

56

60

65

CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANEXOS

PARTE IDIRETRIZES PARA A PRÁTICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NOVO DEGASE

PREFÁCIO

9

O Novo DEGASE, instituição integrante do Sistema de Garantia de

Direitos da Criança e do Adolescente, trabalha na atenção aos parâmetros

da Socioeducação, às diretrizes, conceitos e normas contidas em

documentos legais e específicos, no propósito de uma nova reorganização,

dentro de um alinhamento conceitual, estratégico e operacional, focado no

aprimoramento do atendimento socioeducativo. Romper com um histórico

sancionatório e com antigas práticas é tarefa desafiante. É este o desafio

que a atual administração tem percorrido nesta gestão: construir novas

práticas nos serviços de atendimento aos adolescentes e suas famílias,

oferecer formação continuada aos profissionais e sistematizar a metodologia

do conjunto de boas práticas em todo o Sistema Socioeducativo, de acordo

com o Estatuto da Criança e Adolescente, Lei 8.069 de 1990, o SINASE

- Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (2006), a Lei 12.594

de 2012 e o Plano Nacional de Proteção e Defesa do Direito de Crianças e

Adolescentes a Convivência Familiar e Comunitária (Brasília, 2010).

Nesta perspectiva, identificou-se a imperiosa necessidade de

sistematização dos componentes metodológicos existentes nas áreas de

Psicologia, Serviço Social e Pedagogia. A proposta foi promover junto a

essas categorias uma discussão para a construção de um material de

referências técnicas, visando subsidiar o alinhamento estratégico do Novo

DEGASE, a valorização e a qualificação de ações já desenvolvidas.

10

A metodologia proposta aos profissionais para a construção deste

material de referências técnicas, reunidas nesta publicação, foi a de

grupos de trabalho – GT. Contudo, tivemos o cuidado de ressaltar que a

composição do grupo de trabalho fosse formada por profissionais do campo

de ação socioeducativo, com experiência nos atendimentos técnicos, nas

diferentes medidas socioeducativas, na abordagem individual, grupal e

familiar e que tivessem evidenciado, durante o exercício de sua prática,

o compromisso ético-político para com os principais protagonistas deste

cenário que são os adolescentes e seus familiares.

Para esta missão, no início de 2013, foi composto o GT de Psicologia,

o de Serviço Social e, posteriormente, o de Pedagogia, com o objetivo de

sistematizar todas as ações e trabalhos desenvolvidos dentro da Instituição

em cada área de atuação técnica, o que demandou muita dedicação,

investimento e debates.

A sistematização de uma diretriz pedagógica para o atendimento

socioeducativo no Novo DEGASE é resultado de uma construção coletiva

feita por profissionais da área, tendo como base a legislação pertinente.

Esta diretriz tem como objetivo promover uma Socioeducação cada

vez mais qualificada, buscando oportunizar ações que possibilitem

ao adolescente a construção de novos projetos de vida, através da

escolarização, formação profissional, cultura, esporte e lazer.

11

A produção coletiva do trabalho das Diretrizes Técnicas da Psicologia, no

qual se debruçou o grupo de psicólogos durante o processo de criação, propõe

repensar a prática da Psicologia no Sistema Socioeducativo, refletir sobre o

significado da Psicologia no contexto dos Direitos Humanos e So ciais, em equipe

interdisciplinar e transversalizada, com um conjunto integrado de diversos saberes

e práticas, como práxis de uma realidade, apontando caminhos para a superação

de situações de vulnerabilidade e de risco social, para a construção de uma

cidadania plena para os adolescentes e suas famílias.

A proposta desta construção, das Diretrizes para a prática do Serviço Social

no Novo DEGASE, foi recebida pela categoria como um desafio. A partir de então,

a equipe iniciou o trabalho, visando sistematizar as ações desenvolvidas ao longo

dos anos, na busca da efetivação das legislações supracitadas. Com isso, o que

é apresentado são os frutos desse trabalho desejando que haja um novo ciclo

de esperança que envolva a todos, no enriquecimento da prática profissional no

Sistema Socioeducativo, no fortalecimento da interdisciplinaridade, na proposta de

articulação comunitária, em consonância com o Sistema de Garantia de Direitos no

caminho da inclusão social de adolescentes e familiares visando à construção de

uma sociedade mais justa e igualitária.

Os procedimentos que a administração do Novo DEGASE vem exercendo

têm procurado ser de diálogo com os profissionais dos diversos segmentos

de funcionários, na busca de soluções para os impasses circunstanciais

12

e planejamento continuado e integrado com o conjunto dos operadores

socioeducativos. O presente trabalho fala deste momento relevante e de exercício

de democracia institucional. O que hoje aqui é colocado em debate são os

procedimentos técnicos no interior do ambiente de trabalho para que as novas

conquistas sociais de avanços nas relações humanas sejam acontecimentos no

cotidiano do Novo DEGASE.

O desafio para implementação de novas práticas, como as propostas

pelas referências técnicas das categorias nesta publicação, será superado com

o funcionamento integrado e de compromisso social da equipe dos que operam

a Socioeducação junto aos gestores da Instituição e na interlocução com a rede

externa de serviços e suporte aos adolescentes e seus familiares, na articulação

intersetorial de políticas públicas na área da infância e juventude junto à

participação responsável de toda a sociedade, conquistando e legitimando um

espaço de excelência na Socioeducação, oportunizando aos jovens uma real

oportunidade de exercer sua cidadania e ocupar seu lugar em nosso universo

sociopolítico-cultural enquanto cidadão.

Alexandre Azevedo de Jesus

Diretor-Geral do Novo DEGASE

PARTE I

AGRADECIMENTOS

DIRETRIZES PARA A PRÁTICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NOVO DEGASE

14

É imperioso reconhecer e agradecer a oportunidade e colaboração

de todas as pessoas que participaram deste processo de construção na

elaboração das Diretrizes para a Prática do Serviço Social no Novo Degase.

Pessoas que, direta ou indiretamente, cooperaram para o repensar de

uma nova prática profissional, alinhadas com o novo marco institucional.

Ao Diretor-Geral do Novo DEGASE Alexandre Azevedo de Jesus, por

impulsionar a abertura para a construção de novos caminhos, culminando

com o redesenho e avanço da política de atendimento socioeducativo,

concebendo uma nova visão e missão institucional.

Ao Subdiretor-Geral Roberto Bassan Peixoto, pela sua importância

no alinhamento estratégico da concepção metodológica e da

sistematização das modalidades prático-interventivas, promovendo uma

abertura democrática em que identificou a necessidade de releitura dos

componentes metodológicos existentes, comprometendo, assim, todos os

atores do Sistema Socioeducativo.

À Coordenadora de Saúde Integral, Christiane da Mota Zeitoune,

pela acolhida, respeito e valorização dos profissionais, rompendo com

o viés da invisibilidade, e com a qual compartilhamos tantas dúvidas,

discussões e sonhos.

Ao Grupo de Trabalho composto por Denise Ribeiro de Andrade, Ida

Cristina Rebello Motta, Talita Aguiar Bittencourt Figueiredo e Tânia Mara

15

Trindade Gonçalves, pela dedicação e comprometimento, superando os

entraves da rotina de trabalho e os desafios impostos de traçar as linhas

gerais das diretrizes profissionais com muita competência.

A toda categoria, pela valiosa contribuição com seus projetos de inter-

venção desenvolvidos nos diversos espaços Institucionais, a qual resultou em

um documento de referência da categoria que, por sua natureza dinâmica,

deverá estar em constante debate pelos Assistentes Sociais.

Aos companheiros da Divisão de Serviço Social, Lourdes Fátima de

Almeida Trindade, Robson de Carvalho Alves e Jurema Monteiro Victalino

que tanto contribuíram neste período.

Leila Mayworm Costa

Divisão de Serviço Social

PARTE I

CONSIDERAÇÕESINICIAIS

DIRETRIZES PARA A PRÁTICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NOVO DEGASE

17

O Grupo de Trabalho da categoria do Serviço Social foi composto

por quatro profissionais com experiência no atendimento socioeducativo:

Recepção (CENSE GCA), Escola de Gestão (ESGSE Paulo Freire),

Semiliberdade (CRIAAD Penha) e Capacitação Profissional (CECAP).

A equipe iniciou as atividades no mês de março de 2013, com agenda de

reuniões semanais visando atender o prazo proposto inicialmente pela gestão

do Novo DEGASE. Entretanto, dada a riqueza do processo de discussão, o

período precisou ser estendido por mais um mês, com a elaboração da versão

preliminar a ser apresentada, naquele contexto, à categoria.

Como estratégia de ação, o grupo observou que

contava com importante arcabouço produzido no ano de

2011 pelos assistentes sociais das diversas unidades e

frentes de trabalho do Novo DEGASE:

▪ Os projetos de intervenção de Serviço Social nos diversos

espaços sócio-ocupacionais da categoria, solicitados pela

Divisão de Serviço Social;

▪ O Plano de Ação elaborado pela Divisão de Serviço Social,

tendo como base as produções acima mencionadas.

18

Destacamos que esta produção deu-se imbuída da preocupação em

garantir um olhar de visibilidade sobre a prática das equipes à luz dos

princípios emanados no Código de Ética da profissão, considerando tratar-

se de propostas e práticas que expressam no seu cotidiano a realidade e

angústias do fazer profissional.

Pontuamos, ainda, que a trajetória mais recente do atendimento

socioeducativo no Brasil teve o ano de 2007 como marco emblemático, já

que neste contexto foi apresentado o Sistema Nacional de Atendimento

Socioeducativo (SINASE). Com a publicação da lei, em janeiro de 2012,

o SINASE constitui-se como política pública destinada à inclusão do

adolescente em conflito com a lei, que se relaciona e demanda iniciativas

dos diferentes campos das demais políticas públicas e sociais.

Assim sendo, a equipe do GT utilizou-se de documentos e produções

teóricas voltadas para temas que tratam do universo dos jovens e suas

famílias no tocante ao Sistema de Garantia de Direitos, na perspectiva da

concretização da Doutrina da Proteção Integral adotada pelo ECA.

19

Considerando a importância da participação efetiva dos demais

profissionais da categoria, bem como o pronunciamento dos mesmos junto

ao processo de elaboração do presente documento, o Grupo de Trabalho

propôs a apresentação da versão preliminar do Caderno de Referências

Técnicas através de um seminário. Com isso, a Divisão de Serviço Social

e a Coordenação de Saúde organizaram o evento comemorativo ao dia

Ressaltamos também que no campo das citadas

produções algumas bibliografias contribuíram de forma mais

efetiva na formulação das propostas apresentadas pelo GT,

quais sejam:

▪ Atribuições Privativas do/a Assistente Social em Questão-

CFESS;

▪ Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais,

CFESS, 1993

▪ Cadernos do IASP: Pensando e Praticando a Socioeducação

– Governo do Paraná;

▪ As Bases Éticas da Ação Socioeducativa: Referenciais

Normativos e Princípios Norteadores, Brasília, 2006.

20

do assistente social, realizado no dia 27/05/2013, tendo como pauta a

apresentação dessa versão preliminar.

Cabe sinalizar que essa produção inicial propiciou uma excelente

receptividade e acolhida por parte da categoria que teceu considerações

fundamentais, além de ter se manifestado posteriormente, enviando

sugestões por escrito, de forma a contribuir para a versão denominada

atualmente como “Diretrizes para a Prática do Serviço Social no Novo DEGASE”.

O Grupo de Trabalho avalia que esta produção deverá estar em

constante debate pelos assistentes sociais do órgão, visto a natureza

dinâmica da instituição e do contexto societário, sendo o grande desafio

dos profissionais avançar na consolidação do projeto ético-político da

categoria dentro do Novo DEGASE.

PARTE I

APRESENTAÇÃO

DIRETRIZES PARA A PRÁTICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NOVO DEGASE

22

A elaboração de um Caderno de Referências Técnicas do Serviço

Social do Departamento Geral de Ações Socioeducativas do estado do

Rio de Janeiro representa um importante avanço para o trabalho da

categoria e um marco institucional, por constituir-se numa construção

dos profissionais que atuam no atendimento direto aos adolescentes e

suas famílias, trazendo ao longo dos anos um acúmulo de experiências,

reflexões e produções em sua prática cotidiana que se constituíram numa

importante fonte para a elaboração deste documento.

O redesenho e o avanço da política de atendimento socioeducativo,

através dos marcos legais instituídos desde a promulgação da Constituição

Federal de 1988 até a aprovação da Lei do SINASE em 2012, suscitaram

nos gestores do Novo DEGASE a avaliação da importância de produzirem-

se referências técnicas pelas diversas categorias profissionais, para

nortear o trabalho nos espaços da instituição. Reafirmando, através dessa

sistematização, o ideário da Proteção Integral e da Garantia de Direitos.

Como ferramenta para a produção de referências técnicas de

atuação dentro do Sistema Socioeducativo, foram organizados grupos

de trabalho pelos diferentes segmentos profissionais visando preservar a

identidade e especificidade de cada categoria, entretanto, sem perder de

vista a importância de compartilharem-se os saberes, numa perspectiva

da manutenção da integralidade e interdisciplinaridade das ações.

23

Diante da grande responsabilidade, preocupação e comprome-

timento com os princípios emanados do Código de Ética da profissão

e considerando o fato de que as propostas de intervenção expressam

a realidade e as angústias advindas do cotidiano do trabalho, o GT do

Serviço Social definiu como estratégia a utilização desse material para

propor um alinhamento estratégico metodológico da categoria, visando

O grupo de trabalho (GT) do Serviço Social iniciou

o processo de construção deste documento em março de

2013 e, logo no início das atividades, verificou que contava

com um importante arcabouço produzido no ano de 2011

pelos assistentes sociais das diversas unidades e frentes de

trabalho do Novo DEGASE:

▪ Os projetos de intervenção de Serviço Social nos diversos

espaços sócio-ocupacionais da categoria, solicitados pela

Divisão de Serviço Social;

▪ O Plano de Ação elaborado pela Divisão de Serviço Social,

tendo como base as produções acima mencionadas.

24

à efetivação de uma diretriz de trabalho nos diversos espaços da insti-

tuição. Tendo como parâmetro a Lei de Regulamentação da Profissão, Nº

8.662/93, assim como legislações pertinentes ao Sistema Socioeducativo.

Considerando os aspectos elencados acima, o GT avalia que esta

produção deverá estar em constante debate pelos assistentes sociais do

órgão, visto a natureza dinâmica da instituição e do contexto societá-

rio,em que o grande desafio dos profissionais é avançar na consolidação

do projeto ético- político da categoria dentro do Novo DEGASE.

1. A QUESTÃO DA SOCIOEDUCAÇÃO NA AGENDA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

O Departamento Geral de Ações Socioeducativas – DEGASE foi

criado pelo Decreto Lei nº 18.493 de 26/01/1993 e atualmente está

vinculado à Secretaria de Estado de Educação, através do Decreto

nº41.334 de 02/08/2008.

Importante destacar que o órgão surge num contexto sociopolíti-

co marcado por profundas mudanças societárias de ordem econômica,

política e social.

No período compreendido entre 1964 e 1985, a sociedade viveu

sob regime militar, com a supressão de direitos civis e políticos e

25

expansão dos direitos sociais, gerando e condicionando a política so-

cial à política econômica, como exemplo, temos, em 1966, a criação do

INPS, FGTS, PIS, PASEP (1970).

No Brasil, de 1985 a 1999, apresenta-se um novo patamar de

relação de Estado e Sociedade, culminando na eleição de 1985, como

produto de uma grande mobilização social, em que diversos partidos

políticos, entidades de classe, sindicatos e outros movimentos promo-

veram várias manifestações pressionando os então governantes e a direita

que, numa articulação política convocou eleições civis para a Presidência

da República, via Colégio Eleitoral, quando foi eleito Tancredo Neves que

veio a falecer,e governando, assim, o Vice-Presidente, José Sarney.

O país passa, então, por um processo de reorganização política, com

o avanço dos direitos civis, políticos e sociais no plano jurídico formal.

Neste contexto de mobilizações de vários segmentos sociais,

surge no cenário do atendimento e garantia de direitos, o Estatuto da

Criança e do Adolescente - ECA, Lei Federal Nº 8.069, de 13 de Julho

de 1990.

Por outro lado, expande-se o estoque de pobreza resultante dos

governos militares que, com sua diretriz economicista, aprofundou o

fosso da desigualdade social, com forte concentração de riqueza, au-

mentando a demanda por políticas sociais.

26

Destacamos, assim, que o governo José Sarney, de cunho de-

mocrático, assistencialista, promoveu a transição por eleições diretas

para Presidente da República, abrindo um amplo projeto constituinte de

direitos sociais, culminando na Constituição de 1988.

Assim, temos, em 1990, a entrada na cena política do então eleito

pela sociedade civil, Presidente Fernando Collor de Melo, de viés demo-

crático, mas pautado por orientação neoliberal, moralizante, clientelista

e assistencialista que, dois anos depois, sofreu processo de impeach-

ment. Assume o seu sucessor Itamar Franco, numa direção de continui-

dade, governo com expressão democrática, porém também clientelista

e assistencialista.

Nesse campo de lutas, a partir da demanda por construção de no-

vos paradigmas na área do atendimento a adolescentes em conflito com

a lei, da discussão e implementação do ECA, da doutrina da Proteção

Integral, da necessidade de descentralizar os campos desse atendimen-

to, surge o DEGASE (janeiro/1993), num processo de reordenamento/

estadualização da política de atendimento, executada até então pela

FUNABEM – Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor.

O contexto social pós-regime militarista, final dos anos 80, trazia à

baila as lutas por redemocratização e mobilização em torno de mudanças

sociais, na luta contra violação dos Direitos Humanos, políticas públicas,

27

revisão do papel do Estado frente às liberdades individuais e coletivas.

O Novo DEGASE, portanto, traz em sua gênese, a herança das

concepções ideológicas marcadas pela doutrina da Situação Irregular,

preconizada pelo Código de Menores. Contudo, com possibilidades no

campo socioeducativo, apontando para a construção de uma prática

não correcional, visando o processo de ressocialização de adolescentes

numa perspectiva sociopedagógica sob a égide da

Proteção Integral.

Vale destacar ainda que os anos 80/90, frente às mudanças sociais,

econômicas e políticas impõem aos diversos segmentos sociais, e em par-

ticular ao Serviço Social, o desafio de concretizar o projeto profissional na

perspectiva de trabalhar na garantia da Seguridade Social Pública.

A Seguridade Social definida como sistema de proteção social, na Cons-

tituição Federal de 1988, composta pelas políticas de Previdência Social,

Saúde e Assistência Social, enfrenta a disputa teórica com ideários do

neoliberalismo. Com a consequente configuração sócio-ocupacional que se

conforma nesse ideário, surge, então, o processo de reestruturação produ-

tiva, novas formatações de organização social para dar conta das diversas

formas da expressão da questão social, colocando-se em destaque, pelo

menos duas tendências.

28

Uma defendida pela lógica constitucional e, portanto, com centralidade

no Estado e de natureza pública e outra caracterizada pela transferên-

cia da responsabilidade da gestão social para as entidades privadas/

filantrópicas. Indicando, assim, um processo de privatização na área da

Seguridade Social, impondo aos assistentes sociais uma análise crítica

das demandas apresentadas nos processos de trabalho, no campo das

políticas públicas, da Seguridade Social e a necessidade premente de

lutar no caminho da concretização do projeto ético-político da profissão.

Para tanto, fazia-se necessário retomar os eixos da formação em

Serviço Social (ético- político, teórico-metodológico e técnico-operati-

vo), problematizando as competências da profissão e suas configura-

ções, refletindo sobre os novos espaços sócio-ocupacionais, de acordo

com as demandas que se apresentam pós Constituição de 1988.

Portanto, o campo sócio-ocupacional Novo DEGASE apresentava,

naquele contexto, anos 90, desafios que apontavam para a construção de

uma prática de consolidação de outro modelo de atendimento, pautado

na lógica da Proteção Integral, configurando assim, as novas equipes

profissionais, como protagonistas dessas novas metodologias e paradigmas.

Historicamente destacamos que muitos foram os desafios, embates,

mediações, no campo sociopolítico, com análises dos avanços e dos limites

impostos na execução da política de atendimento ao adolescente autor

29

de ato infracional. Esse contexto propiciou trocas interdisciplinares e

produções elaboradas na comunidade acadêmica, sobre a sistematização

dessas práticas nos diversos espaços, nas últimas décadas.

Tais aspectos são explicitados para trazer à luz a contribuição de

todos os atores envolvidos na construção de uma nova perspectiva de

atuação profissional, superando o “viés do castigo”, num cenário de unidades

superlotadas, espaços precarizados de atendimento/”confinamento”,

dando lugar a uma ação profissional crítica/reflexiva. Desta forma, fez-se

necessária a mobilização por condições dignas de trabalho e atendimento ao

adolescente, na direção da compreensão dos fatores causais em torno do ato

ilícito, não pela sua banalização, mas para pensar a historicidade dos grupos

sociofamiliares e suas demandas.

Assim temos a configuração de saberes e práticas profissionais,

norteados por preceitos embasados pelas legislações pertinentes como

ECA, SINASE, Plano Nacional de Promoção, Proteção, e Defesa do

Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária.

Legislações consideradas as mais avançadas do mundo, porém com

muitos desafios em sua efetivação, tendo em vista os cenários sociais

marcados por estigmatizações e preconceitos. Tais cenários, perpassados

pela naturalização da violência, transgressão na juventude, criminalização

da pobreza, moralização da família, patologização do adolescente, trazem

30

muitas reflexões às equipes de trabalho, num movimento de provocação

à aquisição de novas ferramentas de análise e intervenção na realidade

social e suas contradições históricas e dinâmicas.

Destacamos, ainda, que a trajetória mais recente do atendimento

socioeducativo no Brasil teve o ano de 2007 como marco emblemático,

já que neste contexto foi apresentado como política de governo o

Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo- SINASE, e as

ações preconizadas permitiram ao Novo DEGASE, conforme registros

documentais, receber um investimento financeiro importante da União,

de forma a se adaptar aos parâmetros conceituais, arquitetônicos e

metodológicos previstos pela normativa que definia mecanismos de

operacionalização do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Esta dinamização proporcionou uma modificação substancial no

atendimento, considerando ainda os esforços realizados pelo Estado e

sociedade civil na elaboração e na sistematização de ações que pudessem

definir a proposta metodológica. A título de ilustração do processo é

possível apontar a construção do Plano de Atendimento Socioeducativo

do Rio de Janeiro (PASE) e o Projeto Pedagógico Institucional do Novo

DEGASE (PPI), aprovados no ano 2010, como produções conceituais

importantes para definição da direção sociopolítica do Sistema

Socioeducativo na atualidade.

31

2 - SOCIOEDUCAÇÃO E PÚBLICO-ALVO – “O desafio da (re)construção da identidade social”

“É na adolescência, segundo a educadora argentina Cláudia Jacinto,

que o ser humano nasce pela segunda vez. No primeiro nascimento, no

momento do parto, ele nasce para sua família e para o mundo; nasce

como um novo integrante do grupo familiar é mais um a ser mencionado

na estatística do censo”. Presidência da República – Secretaria Especial

de Direitos Humanos – COSTA, Antonio Carlos Gomes da. (Org.) – As

Bases Éticas da Ação Socioeducativa: Referenciais Normativos e Princípios

Norteadores, Brasília, 2006.

O segundo nascimento deve acontecer ao longo da adolescência,

quando, a partir de sua maior inserção no grupo sociocomunitário, ele

vai plasmar sua identidade social. É nessa fase singular que ele nasce

para a sociedade, num movimento de ocupação do seu lugar de pertença,

buscando no convívio social a construção do seu projeto de vida.

Nesse sentido, ele vai ao encontro do exercício de escolhas que,

se encaminhadas de forma saudável, recebendo um suporte que o

auxilie nas suas vivências, etapas que vão dando sentido a sua vida,

poderá fazê-lo estar apto a construir uma trajetória que o coloque como

protagonista de sua própria história.

32

O que vemos, contudo, é que a formação da sociedade brasileira,

nas suas diversas dimensões socioculturais, conceitua a infância e a

adolescência através de modelos impregnados de concepções presentes

no debate entre as ciências, filosofia, artes, que vão compondo o

caldo cultural dos distintos segmentos e opondo-se muitas vezes

aos mecanismos de manutenção de uma determinada ordem social.

Suscitando, assim, um conflito em que os segmentos mais fragilizados e/

ou em formação estão invisíveis, ao olhar da sociedade no que se refere

as suas necessidades reais.

Assim vemos que a produção de um saber voltado para a juventude

deverá levar em conta os olhares e a leitura que esta mesma sociedade tem dos

jovens, das suas preocupações, anseios, o que tem permeado a sua história.

Se temos nos apresentado a eles como um espelho existencial que reflita suas

virtudes, suas qualidades, seus valores, suas potencialidades. Qual tem sido o

nosso lugar na história do adolescente que chega ao Novo DEGASE?

Nesse lugar onde, pela “inclusão social forçada”, ele adentra, pois em

geral vem das classes mais empobrecidas, temos a missão institucional de

contribuir na ressignificação de valores, imprimindo um novo olhar sobre

o outro, lutando pela construção de políticas públicas sólidas e metas

abrangentes que respondam às reais necessidades dos adolescentes.

33

Assim, pode-se dizer que a ação socioeducativa constitui-se num

processo que tem por objetivo preparar a pessoa em formação

(adolescentes) para assumir papéis sociais relacionados à vida coletiva,

à reprodução das condições de existência (trabalho), ao comportamento

justo na vida pública e ao uso adequado e responsável de seus

conhecimentos e habilidades.

Cabe a indagação, que lugar seria esse, se os modelos que se

apresentam, encontram-se tão fragmentados, diluídos num fosso que por

vezes coisifica as suas motivações, colocando-o num patamar de valores

pautados no poder de consumo, solitário nas suas decisões, pois, como

o historiador Eric Hobsbawn descrevia, no século XX três fatos muito

importantes se destacam na sociologia da família. Em primeiro lugar, a

dissolução da família como célula fundamental da organização social. Em

segundo, a formação da juventude como categoria social independente,

com poder, moda e economia próprios. Uma categoria que fez, num certo

sentido, com que todos invertessem a cronologia da vida. Crianças querem

ser jovens, adultos querem ser jovens, todo mundo quer ser jovem.

Em terceiro lugar deu-se um grande esvaziamento das

instituições, antes dotadas como fontes do comportamento moral. Essas

transformações evidentemente atingem a juventude e são a própria

expressão da formação dessa juventude. Que novos dilemas surgem

34

quando não há uma família a que se dirigir? Na verdade, transformamos

a sociedade num novo sistema de poder, e a essência desse poder

está em que, do ponto de vista cultural, os jovens têm mais poder que

os adultos, como construtores da nossa sociedade e do futuro dessa

sociedade, como interlocutores hábeis dessa aprendizagem para a vida.

Nesta perspectiva, o enfoque histórico-crítico da Socioeducação

deve partir da análise das realidades sociais em que estão imersos

os adolescentes e seus familiares, bem como a própria produção dos

chamados atos infracionais e sua dimensão social, econômica e cultural.

Essa é a perspectiva socioeducativa que se vislumbra como uma

promessa de educação para a cidadania, a qual se compromete com o

reconhecimento do adolescente como pessoa em situação peculiar de

desenvolvimento, sujeito de direitos e de responsabilidades, e como

pertencente a uma coletividade. A ele deve ser dada a condição e o

apoio, a partir de instrumentos legais-institucionais, para cumprir a

Medida Socioeducativa -MSE em condições respeitosas e dignas que lhe

permitam o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários.

E, considerando sua historicidade, há que vislumbrar ainda a

capacidade da família de cuidar, frente aos projetos pessoais de cada

membro e as lutas pela sobrevivência, conforme elabora Regina

35

Célia Mioto, doutora em Serviço Social, quando discorre sobre o papel da

família e do estado, do público e do privado que se imbricam, apontando

as políticas públicas como campo de mediações e garantias da efetivação

e materialidade de direitos antes ausentes na cotidianidade dos sujeitos.

3 - A PRÁXIS PROFISSIONAL NO ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO: “Limites e Possibilidades”

Para a construção da metodologia do trabalho, utilizamos o

acervo documental, fruto de produções da categoria, como registro da

sistematização da prática nos diversos espaços sócio-ocupacionais, cujo

arcabouço deu origem ao Plano de Ação da Divisão de Serviço Social do

Novo DEGASE (2011).

Tomamos também como referência, os parâmetros de atuação

apontados pelos conselhos da cate goria (CFESS e CRESS) e elencados

pela Divisão de Serviço Social do Novo DEGASE na elaboração do

plano supracitado, o qual faz menção a quatro eixos de atuação: Ações

Socioeducativas, Planejamento e Gestão, Participação, Mobilização e

Controle Social e Capacitação e Formação Profissional.

Dando prosseguimento ao suporte teórico utilizado, consideramos

a contribuição do registro de experiências de ações da Socioeducação

36

do estado do Paraná, editados em forma de cadernos educativos pelo

Instituto de Ação Social do Paraná (IASP – 2007), cujo reordenamento

do Sistema Socioeducativo serviu de base para mudanças na política de

atendimento ao adolescente no estado. Assim como nos reportamos à

matéria produzida pelo professor Antonio Carlos Gomes da Costa, editada

em forma de guias pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da

Presidência da República, por meio da Subsecretaria de Promoção dos

Direitos da Criança e do Adolescente (SPDCA), denominado “As Bases

Éticas da Ação Socioeducativa”.

A produção do IASP aponta uma linha metodológica que

remete para as diversas fases de atendimento ao adolescente na

Socioeducação, desde a sua entrada até o desligamento e reinserção

familiar: Acolhimento, Estudo de Caso, Elaboração e Desenvolvimento

do PIA e Preparação para o Desligamento e Reinserção Familiar, em

cujas etapas mencionamos as ações a serem desenvolvidas pelo Serviço

Social. Sendo importante registrar a dinamicidade dos diferentes

momentos que perpassa o processo de trabalho e ressaltar que a atuação

técnico-operacional do assistente social nesta trajetória, aponta para

a integralidade no atendimento socioeducativo, numa perspectiva de

atuação interdisciplinar em que há o reconhecimento do outro como

sujeito de direitos.

37

Neste contexto, o Serviço Social comprometido com o projeto ético político da profissão atua em conjunto com outros atores profissionais visando à inclusão social, numa busca constante do respeito aos Direitos Humanos, da legalidade e da democracia, em consonância com as diretrizes do SINASE, do Estatuto da Criança e do Adolescente, e com os princípios fundamentais do Código de Ética da Profissão. (Projeto de Intervenção Social - CRIAAD Bangu, 2011)

Considerando ainda os marcos teóricos apontados no Plano Nacional

de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à

Convivência Familiar e Comunitária, destacamos a importância da política

socioeducativa estar pautada na matricialidade sociofamiliar.

Neste sentido, o presente projeto visa compreender a família e as transformações sociais pelas quais vem passando ao longo da história. Alguns fatores vêm afetando intimamente sua dinâmica, como a mudança de valores sociais [...], aumento expressivo na expectativa de vida [...], mudanças nas relações de trabalho [...], um crescimento da participação da mulher como pessoa de referência da família [...]. Na sociedade contemporânea, laços biológicos têm sido substituídos por laços socioafetivos, definindo assim a constituição do arranjo familiar. [Assim,] as políticas públicas vêm direcionando as suas ações na direção da matricialidade sociofamiliar, pois a família se faz insubstituível no que se refere à proteção e socialização primárias, é provedora de cuidados, contudo, também precisa ser cuidada e protegida (Projeto de Intervenção do Serviço Social – ESD, 2011)

38

Diante do exposto, temos que considerar os diversos espaços sócio-

ocupacionais existentes e suas particularidades que configuram o Novo DEGASE,

nos quais os profissionais de Serviço Social desenvolvem o seu trabalho:

Centro de Recepção (porta de entrada), unidades de atendimento de

internação provisória, unidades de atendimento de internação, unidades

de atendimento de semiliberdade, unidade de tratamento para uso

abusivo de drogas, Centro de Capacitação Profissional, Escola de Gestão

Socioeducativa, Núcleo de Saúde do Trabalhador, Núcleos de Saúde Mental,

Assessoria de Medidas Socioeducativas e de Egressos, Coordenação de

Saúde e Reinserção Social, Divisão de Serviço Social.

Ressaltamos ainda que, levando em consideração as competências dos

diversos setores do Novo DEGASE constantes no Regimento Interno (em processo

de revisão), identifica-se a perspectiva de inserção da categoria em outros espaços

de trabalho delineados dentro da nova estrutura organizacional do órgão, revelando-

se, assim, a contribuição profissional do assistente social fundamental para garantir

a nova lógica do atendimento socioeducativo, de forma a enriquecer ainda mais as

ações desenvolvidas e garantir a prática interdisciplinar. Tais setores seriam:

Assessoria de Sistematização Institucional, Gerência de Escritórios de

Projetos, Assessoria de Planejamento e Gestão Institucional, Coordenação

de Execução de Medidas Socioeducativas, Centro de Documentação e

Pesquisa, Assessoria de Projetos Especiais, dentre outros.

39

3.1 - Eixos de Atuação:

3.1.1 - AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS – “O desafio da (re)significação do

trabalho do Assistente Social no espaço institucional”.

(A idéia do subtítulo foi extraída do Projeto de Intervenção da equipe do

antigo IPS - hoje nomeado CENSE Dom Bosco, cuja construção aponta

para reflexão sobre a prática profissional e sua articulação com o projeto

ético-político profissional, 2011)

Considerando que:

A execução de Medidas Socioeducativas constitui-se em um campo privilegiado de atuação para o Serviço Social, uma vez que se configura em um espaço permeado por contradições que impulsionam a necessidade de novas modalidades prático-interventivas que possam mediá-las. O assistente social tem o desafio de construir uma intervenção qualificada que possibilite identificar os fatores sociais, econômicos, políticos que perpassam o campo socioeducativo, viabilizando o acesso aos direitos sociais para os adolescentes em conflito com a lei e seus familiares, subsidiando-os para o exercício da cidadania e participação política na sociedade (Projeto de Intervenção – CRIAAD Menina, 2011).

40

Desta forma:

O exercício da profissão exige, portanto, um sujeito profissional que tem competência para propor, para negociar com a instituição os seus projetos, para defender o seu campo de trabalho, suas qualificações e atribuições profissionais. Requer ir além das rotinas institucionais para buscar apreender no movimento da realidade, as tendências e possibilidades, ali presentes, passíveis de serem apropriadas pelo profissional, desenvolvidas e transformadas em projetos de trabalho (Iamamoto apud NOVO DEGASE/CECAP, 2011)

Como dito anteriormente, abordaremos abaixo as atribuições dos

assistentes sociais, tomando por base as fases da Socioeducação, por

entendermos que esses pressupostos metodológicos norteiam a prática

profissional na linha da garantia de direitos:

a) Acolhimento: O acolhimento é um momento fundamental no processo socioeducativo, pois demarca o primeiro contato do adolescente e de sua família com a unidade e os profissionais sendo, portanto, extremamente relevante que a postura do socioeducador contribua para formação de vínculos positivos com o adolescente e essa família, constituindo-se num aspecto facilitador para o desdobramento das demais fases do atendimento. Neste sentido, ressaltamos que em cada núcleo de atendimento socioeducativo caberá, ainda, às equipes de profissionais, realizarem o acolhimento às famílias:

41

O grande desafio, no campo da garantia do espaço de escuta, propiciando assim, o acesso a fala e construção da condição de parceria e cidadanização das demandas das famílias, na revisão dos papéis sexuais/sociais, visando fomentar o resgate dos vínculos de afeto sob novos paradigmas (Projeto de Intervenção de Serviço Social/Psicologia CENSE GCA).“ Assim, definimos como ações pertinentes ao

assistente social, nesta etapa:

▪ Atendimento inicial com o adolescente e família para escuta

e interpretação da MSE, reconhecendo os novos arranjos

familiares, devendo ser realizado em sala própria, conforme

legislações que orientam o exercício profissional da categoria;

▪ Leitura sobre o funcionamento da unidade, rotinas e regras

de convivência;

▪ Esclarecimentos sobre as atividades sociopedagógicas;

▪ Registro das primeiras observações técnicas sobre a sua

historicidade e do grupo sociofamiliar;

42

▪ Realização de atividades interdisciplinares que propiciem

a visibilidade da rotina institucional e do trabalho

socioeducativo, a ser desenvolvido com os adolescentes e

suas respectivas famílias;

▪ Acompanhamento do processo de visitação familiar,

junto com os demais profissionais envolvidos no trabalho

socioeducativo.

b) Estudo de Caso:

O estudo de caso é um processo de trabalho dinâmico realizado pela

equipe de socioeducadores, em que os diferentes saberes congregam-

se e cada profissional, a partir dos instrumentais específicos, busca o

conhecimento do adolescente em sua singularidade, da sua realidade

sociofamiliar e do contexto que propiciou o cometimento do ato

infracional. Objetiva a elaboração e desenvolvimento do plano de trabalho

que vá ao encontro das demandas apresentadas, com vista ao resgate

da cidadania, a construção de um processo de responsabilização frente à

prática ilícita, revisão de valores na direção do protagonismo social, assim

como a inclusão nas políticas setoriais vigentes.

43

Em prosseguimento às ações realizadas nesta etapa, o

assistente social:

▪ Atua junto a outras equipes visando à interlocução com

os atores da rede do Sistema de Garantia de Direitos

(Conselhos de Direitos e Conselhos Tutelares; Rede do

Sistema Único de Saúde – SUS; Rede do Sistema Único

de Assistência Social – SUAS; Centro de Referência

Especializado de Assistência Social – CREAS; Centro de

Referência de Assistência Social - CRAS; Unidades de

Reinserção Social - URS; Coordenadoria Regional de

Educação – CRE; Secretaria de Estado de Educação –

SEEDUC; Poder Judiciário; Sociedade Civil; dentre outros);

▪ Realiza visita domiciliar, após avaliar-se a necessidade,

para o conhecimento do contexto de vida do adolescente

e família, localização e implicação do grupo sociofamiliar

no processo socioeducativo e outras demandas que

avaliar pertinência. Confirmada essa hipótese, deverão ser

asseguradas ao profissional as condições e recursos para

44

realização da atividade (transporte, motorista e segurança

do território);

▪ Organiza junto aos demais membros da equipe calendário

periódico (semanal, quinzenal) para as discussões de casos

numa dimensão interdisciplinar;

▪ Articula-se com a rede pública e privada, tendo em vista

a incompletude institucional, numa perspectiva de

atuação inter/multidisciplinar, visando à ampliação dos

mecanismos de inclusão no campo das aptidões e interesses

do adolescente, no caminho da construção de seu

protagonismo social, dentro da visão da proteção integral.

c) Atendimento/Acompanhamento:

O acompanhamento inicia-se desde o momento do

acolhimento do adolescente, com a escuta da história

socioafetiva, a implicação do grupo familiar, buscando o

resgate dos vínculos e a participação efetiva deste e de

sua família no processo de cumprimento da MSE até a

45

fase da reinserção familiar. Para tanto, o assistente social

utiliza-se do conhecimento teórico/ metodológico e técnico/

operacional acumulado pela profissão, norteado pelos

preceitos éticos da categoria e legislações vigentes na

política da Socioeducação, tendo como uma das ferramentas

principais o Plano Individual do Adolescente (PIA). Dentre as

atividades previstas, o assistente social:

▪ Realiza ações individuais e grupais, na perspectiva

interdisciplinar, que contemplem tema relacionado às

diversas expressões sociais pertinentes às questões de

gênero, sexualidade, direitos sociais, profissionalização,

geração de renda, empregabilidade e protagonismo social,

visando garantir o acesso às políticas setoriais voltadas

para os adolescentes e suas famílias;

▪ Participa de atividades interdisciplinares no campo da

saúde mental, para os adolescentes em cumprimento de

MSE e suas famílias;

46

▪ Acompanha o processo de visitação familiar, junto à equipe

interdisciplinar;

▪ Participa de estudo de casos, reuniões e demais espaços

institucionais, numa dimensão interdisciplinar, visando ao aten-

dimento socioeducativo e produção de documentos técnicos;

▪ Elabora pareceres e relatórios sociais relacionados aos

adolescentes e suas famílias, de forma a subsidiar o

cumprimento das MSEs, bem como projetos de intervenção

na área de Serviço Social (Atribuição Privativa do

assistente social);

▪ Elabora projetos interdisciplinarmente, voltados para os

adolescentes e seu grupo socioafetivo;

▪ Desenvolve ações que garantam o exercício da cidadania

do jovem e sua família, como o acesso à documentação civil.

47

d) Plano Individual de Atendimento – PIA – “Norteando metas no

processo de trabalho”:

A Construção do PIA é um momento singular da Socioeducação em

que todos os sujeitos envolvidos debruçam-se para o planejamento das

ações a serem desenvolvidas com o adolescente e seu grupo sociofamiliar.

A elaboração do mesmo dá-se com a participação efetiva deste e de

suas referências socioafetivas para que sejam traçadas, conjuntamente

com a equipe interdisciplinar, as metas a serem alcançadas no trabalho

socioeducativo, as quais deverão abarcar as aptidões, habilidades e

projetos de vida do adolescente e as demandas apresentadas pelos grupos

supramencionados.

Este processo pressupõe as seguintes etapas:

levantamento de dados sobre o adolescente e sua

família; planejamento das ações; desenvolvimento e ava-

liação. Ressaltamos que essa trajetória de construção e

desenvolvimento do PIA, dá-se de forma dinâmica, imbri-

cada e articulada, devendo processar-se através de uma

avaliação contínua. Elencamos abaixo as ações previstas:

48

▪ Escuta do adolescente para o conhecimento da sua história

de vida e expectativas em relação ao cumprimento da MSE;

▪ Diálogo com o adolescente sobre a sua percepção

quanto às relações que trava com o grupo sociofamiliar

e comunitário e sua avaliação do que é preciso ser

transformado para garantir o exercício da cidadania;

▪ Escuta e registro sobre os desejos e expectativas do

adolescente em relação às oportunidades que poderão ser

oferecidas durante o cumprimento da MSE e seus projetos

de vida;

▪ Atendimento à família para a escuta da sua história,

compreensão de sua configuração, as relações travadas

no cotidiano, com o mundo do trabalho e com a rede de

proteção social. Levantamento de suas expectativas em

relação ao trabalho a ser desenvolvido e identificação das

demandas apresentadas pela mesma, inserindo-a como

coparticipante do processo socioeducativo;

49

▪ Pactuação com o jovem e seu grupo sociofamiliar sobre as

metas a serem alcançadas com o cumprimento da MSE;

▪ Criação de espaço (como oficinas para a cidadania

e grupos socioeducativos) com os adolescentes, para

a reflexão sobre a sua trajetória de vida, visando a

ressignificação de valores;

▪ Interlocução contínua com os demais profissionais

envolvidos no atendimento socioeducativo, através de

reuniões para estudo de caso e outros espaços de trabalho,

para a troca dos olhares obtidos sobre o adolescente e família;

▪ Articulação com os demais socioeducadores, visando à

construção, desenvolvimento e avaliação do Plano

Individual de Atendimento - PIA;

▪ Promoção da participação efetiva do adolescente e sua

família no processo de construção, desenvolvimento e

avaliação do PIA;

50

▪ Intercâmbio com as demais políticas setoriais na

perspectiva de prover e acompanhar a escolarização,

profissionalização, inserção no mercado de trabalho e o

acolhimento na rede socioassistencial;

▪ Avaliação de cada etapa desenvolvida pelo PIA, a ser

realizada por todos os sujeitos envolvidos no trabalho;

e) Preparação para o desligamento e Reinserção Sociofamiliar:

Esta etapa do atendimento demanda importante sensibilidade

de todos os sujeitos envolvidos no trabalho socioeducativo, a partir da

construção coletiva do PIA. Esta avaliação acontece no momento em

que a equipe interdisciplinar, em conjunto com o adolescente e sua

família, percebe em que dimensão o trabalho desenvolvido propiciou ao

adolescente reflexão acerca das causas que motivaram o cometimento do

ato infracional, provocando um movimento de ressignificação de valores,

bem como se oportunizou ao grupo familiar a compreensão da dimensão

do seu potencial de luta na busca de acesso aos direitos sociais, visando

transformações positivas no cotidiano de sua trajetória social.

51

[...] Já processo reflexivo se tornará o caminho para a construção de respostas para as necessidades sociais dos sujeitos,”ele tem como objetivo a formação da consciência crítica” (Miotto apud NOVO DEGASE/CRIAAD Cabo Frio, 2011)“Esta fase prevê:

▪ O diálogo reflexivo com o adolescente sobre a trajetória

da MSE, as experiências que acumulou, as competências

que desenvolveu e como as oportunidades vivenciadas

poderão ressignificar a sua vida e da família;

▪ A orientação ao adolescente e família sobre a MSE em

meio aberto;

▪ Articulação com o Centro de Referência Especializado de

Assistência Social (CREAS) do território de moradia, vi-

sando a sequência no acompanhamento socioeducativo

e/ou social do adolescente e sua família.

52

3.1.2. PLANEJAMENTO E GESTÃO:

▪ Participação em reuniões periódicas e de trocas

profissionais com os diversos atores envolvidos na

Socioeducação, de forma a garantir a efetivação de

propostas metodológicas que contemplem a discussão

inter/multidisciplinar nos espaços sócio-ocupacionais;

▪ Realização de projetos, na perspectiva interdisciplinar,

que contemplem tema relacionado às diversas expressões

sociais pertinentes às questões de gênero, sexualidade,

direitos sociais, profissionalização, geração de renda, pro-

tagonismo social, visando garantir o acesso às políticas

setoriais voltadas para os adolescentes e suas famílias;

▪ Realização de estudos e pesquisas visando à investiga

ção da realidade social, na perspectiva de retroalimentar

a prática e formular políticas institucionais;

▪ Participação no planejamento e na proposição de ações

pertinentes à saúde do trabalhador, ampliando o campo

53

de atuação do Núcleo de Saúde do Trabalhador – NUPST

- no Novo DEGASE;

▪ Levantamento das condições de trabalho considerando o

nível de insalubridade, exposição ao stress, grau de ten-

sionamento que colocam em risco a saúde do trabalha-

dor do Novo DEGASE, na perspectiva de proposição de

ações pertinentes;

▪ Participação em práticas inovadoras no campo da políti

ca pública, ética e Direitos Humanos, dentro das uni-

dades do Novo DEGASE, de forma a contribuir com as

ações do serviço social e do atendimento socioeducativo;

▪ Participação no planejamento e acompanhamento inter

disciplinar de ações voltadas para os jovens egressos do

Sistema Socioeducativo e suas famílias pela Assessoria

de Medidas Socioeducativas e Egressos (AMSEG).

54

3.1.3. PARTICIPAÇÃO, MOBILIZAÇÃO E CONTROLE SOCIAL:

▪ Participação nos fóruns e conselhos de direitos voltados

para a infância e adolescência, Assistência Social e outros

pertinentes à atuação do Serviço Social e ao trabalho no

campo Sociojurídico;

▪ Garantia de espaços de discussão, dentro das unidades

do Novo DEGASE, objetivando dar visibilidade sobre a

dinâmica institucional e potencializar os adolescentes e

suas famílias à participação efetiva no processo de con-

trole social da política socioeducativa.

▪ Fomentar a participação dos adolescentes e suas famí-

lias na construção/ desenvolvimento/ avaliação do PIA.

3.1.4. CAPACITAÇÃO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL

▪ Participação em espaços de capacitação profissional,

visando à qualificação das ações socioeducativas e a reali-

zação de estudos e pesquisas no âmbito do Novo DEGASE;

55

▪ Participação do profissional de Serviço Social na cons-

trução e implementação de projetos de capacitação

profissional pertinentes à área de Serviço Social, na

perspectiva interdisciplinar;

▪ Construção, em conjunto com a Divisão de Serviço So

cial, de diretrizes, norteando as ações de supervisão em

Serviço Social, dentro do espaço institucional voltado para

a capacitação e formação dos profissionais do campo so-

cioeducativo (Atribuição Privativa do Assistente Social).

PARTE I

ConsideraçõesFinais

DIRETRIZES PARA A PRÁTICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NOVO DEGASE

57

O desafio de produzir o documento ora apresentado traz à baila

indagações, angústias contidas, mescladas com sentimentos diversos em

torno da dimensão do nosso lugar no sistema de atendimento a adoles-

centes em cumprimento de MSE.

Refletindo sobre o processo de trabalho, sua pluralidade, subjetivi-

dades, deparamo-nos com várias concepções/construções sobre o lugar

do outro, seus anseios e expectativas.

Na riqueza da produção da categoria, apresentada nos Projetos de

Intervenção do Serviço Social, no ano de 2011, encontramos o lugar co-

letivo, as angústias compartilhadas, os sonhos construídos em espaços,

muitas vezes, marcados por circunstâncias adversas. Impregnados pelo

viés “disciplinante”, diante do qual, insistimos com intensidade no caminho

da ruptura com velhas práticas travestidas em modelos humanizantes,

contudo, coercitivas e excludentes.

Neste lugar, celeiro de posturas, olhares, atitudes “o desafio coti-

diano é direcionar nossa prática para a garantia de direitos e não para o

disciplinamento[...], levando-se em conta o histórico que permeia as uni-

dades de atendimento aos adolescentes em conflito com a lei” (Projeto de

Intervenção do CRIAAD Cabo Frio).

Neste cenário, as equipes buscam dar voz aos adolescentes que, na

procura por um lugar social de pertencimento, rompem com o elo do (des)

58

afeto, direcionando seu potencial à prática de atos ilícitos que os tornem

visíveis socialmente.

Mesmo com todas as dificuldades, há que se possibilitar ao jovem uma internação com novos ares, humana, resgatando a cidadania e auto-estima, trabalhando responsabilidades, limites, direitos, deveres..., desburocratizando os atendimentos e deixando a instituição com um clima menos conflituoso, menos tenso e mais seguro e saudável para todos os que dela participam (Projeto de Intervenção do ESE).

O caminho a ser percorrido pelos atores sociais envolvidos no

processo sociopedagógico junto aos adolescentes e jovens remete-nos a

pensar em dois campos de semeadura e seus frutos, estando o profissional

diante de dois paradigmas: trabalhar com o adolescente a partir da questão

de seus direitos e deveres, da sua identidade, da sua autoestima, do seu

projeto de vida, na perspectiva da potencialização de suas aptidões; ou

focando apenas as situações de risco relacionadas às drogas, gravidez

precoce, doenças sexualmente transmissíveis, violência e outras nessa

linha, fortalecendo uma visão moralizante sobre a sua história.

As sementes que carregamos certamente foram gestadas no

âmago de nossas próprias vivências, pois segundo Jean Paul Sartre:“Na

verdadeira educação para a vida, não se ensina apenas aquilo que

se sabe, nem aquilo que se quer ensinar. Ensina-se aquilo que se é”

59

Presidência da República – Secretaria Especial de Direitos Humanos

– COSTA, Antonio Carlos Gomes da. (Org.) – As Bases Éticas da Ação

Socioeducativa: Referenciais Normativos e Princípios Nortea-dores,

Brasília, 2006, página 94.

60

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61

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NOVO DEGASE – Projetos de Intervenção do Serviço Social, Rio de

Janeiro, 2011:

• Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente –

CRIAAD Bangu.

• Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente –

CRIAAD Cabo Frio.

64

• Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente –

CRIAAD Ricardo de Albuquerque.

• Centro de Capacitação Profissional - CECAP

• Educandário Santos Dumont - ESD.(Atualmente, CENSE PACGC)

• CENSE Gelson Carvalho do Amaral - GCA

• Educandário Santo Expedito - ESE

• Instituto Padre Severino - IPS. (Atualmente CENSE Dom Bosco)

NOVO DEGASE – Projeto Pedagógico Institucional, Rio de Janeiro, 2010.

NOVO DEGASE – Regimento Interno – Versão Preliminar, Rio de Janeiro,

Outubro, 2012.

Presidência da República – Secretaria Especial de Direitos Humanos –

COSTA, Antonio Carlos Gomes da. (Org.) – As Bases Éticas da Ação

Socioeducativa: Referenciais Normativos e Princípios Nortea-dores,

Brasília, 2006.

65

CARGO: ASSISTENTE SOCIAL

▪ Intervir em matéria e situações pertinentes ao Serviço

Social nas unidades de atendimento socioeducativo do

Novo DEGASE;

▪ Definir, em parceria com a Divisão Técnica de Serviço

Social, as referências teórico-metodológicas, instrumentos

e técnicas adequadas e necessárias à intervenção do

assistente social no Novo DEGASE;

▪ Definir o espaço adequado ao atendimento técnico, a fim

de que seja garantido o sigilo profissional e de acordo com

o que preconiza a lei estadual nº 5261/08;

▪ Atender e prestar acompanhamento técnico-social aos

adolescentes, familiares e responsáveis durante o aguardo

de decisão judicial bem como durante o cumprimento de

medida socioeducativa;

▪ Definir o conteúdo dos registros e apontamentos relativos

à sua atividade profissional, bem como preservar o

ATRIBUIÇÕES DOS CARGOS

(Anexo V – Edital de Convocação de 13/10/2011)

66

material técnico referente aos adolescentes, de modo a

garantir o sigilo de seu conteúdo;

▪ Participar, juntamente com os demais profissionais

técnicos, da elaboração de critérios de visita aos

adolescentes, respeitando a garantia de direitos e os

diversos arranjos familiares presentes na realidade

brasileira contemporânea;

▪ Investigar e produzir estudos, documentação e

sistematização de informações que tragam subsídios a

projetos e ações do Serviço Social no Novo DEGASE;

▪ Elaborar, coordenar, executar e constituir comissões

e grupos de trabalho para avaliar planos, programas e

projetos, em matéria pertinente ao Serviço Social;

▪ Integrar equipe interprofissional para realizar estudos

de caso, reuniões e congêneres sobre adolescentes,

famílias e suas referências comunitárias, a fim de subsidiar

intervenções e documentos técnicos;

▪ Elaborar pareceres e relatórios sociais para subsidiar o

judiciário, projetos de intervenção e de outra natureza

pertinentes ao Serviço Social e de caráter multidisciplinar e

interdisciplinar;

67

▪ Elaborar projetos de intervenção técnica e de outras

naturezas, pertinentes ao Serviço Social e de caráter

multidisciplinar e interdisciplinar;

▪ Democratizar informações aos usuários do Serviço

Social, que sejam pertinentes ao acompanhamento

técnico realizado, de forma que sejam utilizadas para o

fortalecimento de seus interesses e direitos;

▪ Identificar, mobilizar e articular recursos, serviços e

direitos propiciados por órgãos públicos e da sociedade

civil que favoreçam adolescentes, familiares e responsáveis

atendidos pelo Novo DEGASE;

▪ Avaliar, juntamente com os demais profissionais técnicos,

o acesso ao espaço institucional de candidatos a ações de

voluntariado e ações diversas da sociedade civil, com base nas

garantias legais definidas no Estatuto da Criança e do Adolescente;

▪ Participar de projetos que contribuam para melhoria das

condições de trabalho no Novo DEGASE;

▪ Treinar, avaliar e supervisionar estagiários de Serviço

Social no Novo DEGASE;

▪ Buscar a atualização constante, visando uma prática mais

competente, no estudo dos casos dos adolescentes em

conflito com a lei;

68

▪ Acompanhar o adolescente no processo de (re)avaliação

das medidas socioeducativas no Juizado da Infância e da

Juventude, quando avaliada a necessidade técnica;

▪ Participar de ações de promoção social voltadas para o

adolescente egresso do Sistema Socioeducativo, bem como

suas famílias e responsáveis;

▪ Organizar eventos e atividades acadêmicas, com a parceria

da Divisão Técnica de Serviço Social e setores afins, no

sentido de garantir o aprimoramento profissional em serviço;

▪ Atuar na construção de ações do campo socioeducativo

pertinentes a questão racial, de gênero, geracional, da

família, da seguridade social, da religião, do trabalho,

emprego e geração de renda, respeitando a diversidade e

os grupos socialmente discriminados;

▪ Democratizar informações referentes à dinâmica

institucional junto aos usuários e responsáveis, com base

na legislação vigente, facilitando o seu acesso aos direitos

e serviços existentes na rede intra e extrainstitucional;

▪ Contribuir para viabilizar a participação efetiva dos

usuários em geral, na elaboração dos programas e projetos

a eles destinados;

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▪ Participar, sempre que necessário, do processo de

avaliação das MSEs no estado;

▪ Produzir estudos de caso, pareceres, relatórios, projetos

de intervenção e de outra natureza, pertinentes aoServiço

Social, relacionados ao adolescente e à sua família, de

forma a subsidiar o cumprimento das MSEs;

▪ Atender e prestar acompanhamento técnico aos servidores,

no campo da saúde do trabalhador;

▪ Prestar orientação social, identificar recursos e esclarecer

os familiares, amigos e responsáveis, a respeito dos

benefícios e direitos referentes à situação de óbito, tais

como os relacionados à Previdência Social, ao mundo do

trabalho (licenças) e a seguros sociais (DPVAT);

▪ Prestar esclarecimentos e assessoramento a outros

profissionais, no que se refere ao Exercício Profissional do

assistente social;

▪ Participar dos espaços de discussão que sejam pertinentes

à sua prática profissional, e que fortaleçam o Projeto Ético

Político do Serviço Social;

▪ Realizar o cadastramento e inclusão de informações

dos adolescentes internos no Novo DEGASE e de seus

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familiares ou responsáveis, no Sistema de Identificação de

Adolescentes – SIAD e no prontuário único móvel, zelando

pela integridade e segurança do sistema;

▪ Utilizar o Sistema de Identificação de Adolescentes – SIAD

como ferramenta para consulta, coleta e consolidação dos

dados necessários ao exercício de suas atribuições;

▪ Registrar em livro próprio, as ocorrências do plantão;

▪ Zelar pelo patrimônio sob a sua guarda direta;

▪ Portar no interior das unidades, obrigatoriamente, o crachá

como identificação funcional;

▪ Executar determinações judiciais e/ou administrativas,

bem como todas as normas emanadas do Novo DEGASE;

▪ Intervir em matéria e situações pertinentes ao Serviço

Social nas Unidades de atendimento socioeducativo do

Novo DEGASE.