Luiz Fernando de Souza PezãoGovernador do Estado do Rio de Janeiro
Wagner Granja VicterSecretário de Estado de Educação
Alexandre Azevedo de JesusDiretor-Geral do Novo DEGASE
Departamento Geral de Ações Socioeducativas - DEGASE
Coordenação de Saúde Integral e Reinserção Social - CSIRS
Divisão de Serviço Social - DSS
Assistentes SociaisDenise Ribeiro de AndradeIda Cristina Rebello MottaTalita Aguias Bittencourt FigueiredoTania Mara Trindade Gonçalves
Revisão OrtográficaAntonino Sousa Fona
Diagramação e FinalizaçãoFernando Diaz PicamilhoGabriela de O. G. Costa
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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
APRESENTAÇÃO
1. A QUESTÃO DA SOCIOEDUCAÇÃO NA AGENDA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
2. SOCIOEDUCAÇÃO E PÚBLICO-ALVO – “O DESAFIO DA (RE)CONSTRUÇÃO
DA IDENTIDADE SOCIAL”
3. A PRÁXIS PROFISSIONAL NO ATENDI-MENTO SOCIOEDUCATIVO:
“LIMITES E POSSIBILIDADES”
3.1. Eixos de Atuação
3.1.1 AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS – “O desafio da (re)significação do trabalho do
Assistente Social no espaço institucional”
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a) Acolhimento
b) Estudo de Caso
c) Atendimento/Acompanhamento
d) Plano Individual de Atendimento – PIA – “Norteando metas no processo de trabalho”
e) Preparação para o desligamento e Reinserção Sociofamiliar
3.1.2. Planejamento e Gestão
3.1.3. Participação, mobilização e controle social
3.1.4. Capacitação e formação profissional
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O Novo DEGASE, instituição integrante do Sistema de Garantia de
Direitos da Criança e do Adolescente, trabalha na atenção aos parâmetros
da Socioeducação, às diretrizes, conceitos e normas contidas em
documentos legais e específicos, no propósito de uma nova reorganização,
dentro de um alinhamento conceitual, estratégico e operacional, focado no
aprimoramento do atendimento socioeducativo. Romper com um histórico
sancionatório e com antigas práticas é tarefa desafiante. É este o desafio
que a atual administração tem percorrido nesta gestão: construir novas
práticas nos serviços de atendimento aos adolescentes e suas famílias,
oferecer formação continuada aos profissionais e sistematizar a metodologia
do conjunto de boas práticas em todo o Sistema Socioeducativo, de acordo
com o Estatuto da Criança e Adolescente, Lei 8.069 de 1990, o SINASE
- Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (2006), a Lei 12.594
de 2012 e o Plano Nacional de Proteção e Defesa do Direito de Crianças e
Adolescentes a Convivência Familiar e Comunitária (Brasília, 2010).
Nesta perspectiva, identificou-se a imperiosa necessidade de
sistematização dos componentes metodológicos existentes nas áreas de
Psicologia, Serviço Social e Pedagogia. A proposta foi promover junto a
essas categorias uma discussão para a construção de um material de
referências técnicas, visando subsidiar o alinhamento estratégico do Novo
DEGASE, a valorização e a qualificação de ações já desenvolvidas.
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A metodologia proposta aos profissionais para a construção deste
material de referências técnicas, reunidas nesta publicação, foi a de
grupos de trabalho – GT. Contudo, tivemos o cuidado de ressaltar que a
composição do grupo de trabalho fosse formada por profissionais do campo
de ação socioeducativo, com experiência nos atendimentos técnicos, nas
diferentes medidas socioeducativas, na abordagem individual, grupal e
familiar e que tivessem evidenciado, durante o exercício de sua prática,
o compromisso ético-político para com os principais protagonistas deste
cenário que são os adolescentes e seus familiares.
Para esta missão, no início de 2013, foi composto o GT de Psicologia,
o de Serviço Social e, posteriormente, o de Pedagogia, com o objetivo de
sistematizar todas as ações e trabalhos desenvolvidos dentro da Instituição
em cada área de atuação técnica, o que demandou muita dedicação,
investimento e debates.
A sistematização de uma diretriz pedagógica para o atendimento
socioeducativo no Novo DEGASE é resultado de uma construção coletiva
feita por profissionais da área, tendo como base a legislação pertinente.
Esta diretriz tem como objetivo promover uma Socioeducação cada
vez mais qualificada, buscando oportunizar ações que possibilitem
ao adolescente a construção de novos projetos de vida, através da
escolarização, formação profissional, cultura, esporte e lazer.
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A produção coletiva do trabalho das Diretrizes Técnicas da Psicologia, no
qual se debruçou o grupo de psicólogos durante o processo de criação, propõe
repensar a prática da Psicologia no Sistema Socioeducativo, refletir sobre o
significado da Psicologia no contexto dos Direitos Humanos e So ciais, em equipe
interdisciplinar e transversalizada, com um conjunto integrado de diversos saberes
e práticas, como práxis de uma realidade, apontando caminhos para a superação
de situações de vulnerabilidade e de risco social, para a construção de uma
cidadania plena para os adolescentes e suas famílias.
A proposta desta construção, das Diretrizes para a prática do Serviço Social
no Novo DEGASE, foi recebida pela categoria como um desafio. A partir de então,
a equipe iniciou o trabalho, visando sistematizar as ações desenvolvidas ao longo
dos anos, na busca da efetivação das legislações supracitadas. Com isso, o que
é apresentado são os frutos desse trabalho desejando que haja um novo ciclo
de esperança que envolva a todos, no enriquecimento da prática profissional no
Sistema Socioeducativo, no fortalecimento da interdisciplinaridade, na proposta de
articulação comunitária, em consonância com o Sistema de Garantia de Direitos no
caminho da inclusão social de adolescentes e familiares visando à construção de
uma sociedade mais justa e igualitária.
Os procedimentos que a administração do Novo DEGASE vem exercendo
têm procurado ser de diálogo com os profissionais dos diversos segmentos
de funcionários, na busca de soluções para os impasses circunstanciais
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e planejamento continuado e integrado com o conjunto dos operadores
socioeducativos. O presente trabalho fala deste momento relevante e de exercício
de democracia institucional. O que hoje aqui é colocado em debate são os
procedimentos técnicos no interior do ambiente de trabalho para que as novas
conquistas sociais de avanços nas relações humanas sejam acontecimentos no
cotidiano do Novo DEGASE.
O desafio para implementação de novas práticas, como as propostas
pelas referências técnicas das categorias nesta publicação, será superado com
o funcionamento integrado e de compromisso social da equipe dos que operam
a Socioeducação junto aos gestores da Instituição e na interlocução com a rede
externa de serviços e suporte aos adolescentes e seus familiares, na articulação
intersetorial de políticas públicas na área da infância e juventude junto à
participação responsável de toda a sociedade, conquistando e legitimando um
espaço de excelência na Socioeducação, oportunizando aos jovens uma real
oportunidade de exercer sua cidadania e ocupar seu lugar em nosso universo
sociopolítico-cultural enquanto cidadão.
Alexandre Azevedo de Jesus
Diretor-Geral do Novo DEGASE
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É imperioso reconhecer e agradecer a oportunidade e colaboração
de todas as pessoas que participaram deste processo de construção na
elaboração das Diretrizes para a Prática do Serviço Social no Novo Degase.
Pessoas que, direta ou indiretamente, cooperaram para o repensar de
uma nova prática profissional, alinhadas com o novo marco institucional.
Ao Diretor-Geral do Novo DEGASE Alexandre Azevedo de Jesus, por
impulsionar a abertura para a construção de novos caminhos, culminando
com o redesenho e avanço da política de atendimento socioeducativo,
concebendo uma nova visão e missão institucional.
Ao Subdiretor-Geral Roberto Bassan Peixoto, pela sua importância
no alinhamento estratégico da concepção metodológica e da
sistematização das modalidades prático-interventivas, promovendo uma
abertura democrática em que identificou a necessidade de releitura dos
componentes metodológicos existentes, comprometendo, assim, todos os
atores do Sistema Socioeducativo.
À Coordenadora de Saúde Integral, Christiane da Mota Zeitoune,
pela acolhida, respeito e valorização dos profissionais, rompendo com
o viés da invisibilidade, e com a qual compartilhamos tantas dúvidas,
discussões e sonhos.
Ao Grupo de Trabalho composto por Denise Ribeiro de Andrade, Ida
Cristina Rebello Motta, Talita Aguiar Bittencourt Figueiredo e Tânia Mara
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Trindade Gonçalves, pela dedicação e comprometimento, superando os
entraves da rotina de trabalho e os desafios impostos de traçar as linhas
gerais das diretrizes profissionais com muita competência.
A toda categoria, pela valiosa contribuição com seus projetos de inter-
venção desenvolvidos nos diversos espaços Institucionais, a qual resultou em
um documento de referência da categoria que, por sua natureza dinâmica,
deverá estar em constante debate pelos Assistentes Sociais.
Aos companheiros da Divisão de Serviço Social, Lourdes Fátima de
Almeida Trindade, Robson de Carvalho Alves e Jurema Monteiro Victalino
que tanto contribuíram neste período.
Leila Mayworm Costa
Divisão de Serviço Social
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O Grupo de Trabalho da categoria do Serviço Social foi composto
por quatro profissionais com experiência no atendimento socioeducativo:
Recepção (CENSE GCA), Escola de Gestão (ESGSE Paulo Freire),
Semiliberdade (CRIAAD Penha) e Capacitação Profissional (CECAP).
A equipe iniciou as atividades no mês de março de 2013, com agenda de
reuniões semanais visando atender o prazo proposto inicialmente pela gestão
do Novo DEGASE. Entretanto, dada a riqueza do processo de discussão, o
período precisou ser estendido por mais um mês, com a elaboração da versão
preliminar a ser apresentada, naquele contexto, à categoria.
Como estratégia de ação, o grupo observou que
contava com importante arcabouço produzido no ano de
2011 pelos assistentes sociais das diversas unidades e
frentes de trabalho do Novo DEGASE:
▪ Os projetos de intervenção de Serviço Social nos diversos
espaços sócio-ocupacionais da categoria, solicitados pela
Divisão de Serviço Social;
▪ O Plano de Ação elaborado pela Divisão de Serviço Social,
tendo como base as produções acima mencionadas.
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Destacamos que esta produção deu-se imbuída da preocupação em
garantir um olhar de visibilidade sobre a prática das equipes à luz dos
princípios emanados no Código de Ética da profissão, considerando tratar-
se de propostas e práticas que expressam no seu cotidiano a realidade e
angústias do fazer profissional.
Pontuamos, ainda, que a trajetória mais recente do atendimento
socioeducativo no Brasil teve o ano de 2007 como marco emblemático, já
que neste contexto foi apresentado o Sistema Nacional de Atendimento
Socioeducativo (SINASE). Com a publicação da lei, em janeiro de 2012,
o SINASE constitui-se como política pública destinada à inclusão do
adolescente em conflito com a lei, que se relaciona e demanda iniciativas
dos diferentes campos das demais políticas públicas e sociais.
Assim sendo, a equipe do GT utilizou-se de documentos e produções
teóricas voltadas para temas que tratam do universo dos jovens e suas
famílias no tocante ao Sistema de Garantia de Direitos, na perspectiva da
concretização da Doutrina da Proteção Integral adotada pelo ECA.
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Considerando a importância da participação efetiva dos demais
profissionais da categoria, bem como o pronunciamento dos mesmos junto
ao processo de elaboração do presente documento, o Grupo de Trabalho
propôs a apresentação da versão preliminar do Caderno de Referências
Técnicas através de um seminário. Com isso, a Divisão de Serviço Social
e a Coordenação de Saúde organizaram o evento comemorativo ao dia
Ressaltamos também que no campo das citadas
produções algumas bibliografias contribuíram de forma mais
efetiva na formulação das propostas apresentadas pelo GT,
quais sejam:
▪ Atribuições Privativas do/a Assistente Social em Questão-
CFESS;
▪ Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais,
CFESS, 1993
▪ Cadernos do IASP: Pensando e Praticando a Socioeducação
– Governo do Paraná;
▪ As Bases Éticas da Ação Socioeducativa: Referenciais
Normativos e Princípios Norteadores, Brasília, 2006.
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do assistente social, realizado no dia 27/05/2013, tendo como pauta a
apresentação dessa versão preliminar.
Cabe sinalizar que essa produção inicial propiciou uma excelente
receptividade e acolhida por parte da categoria que teceu considerações
fundamentais, além de ter se manifestado posteriormente, enviando
sugestões por escrito, de forma a contribuir para a versão denominada
atualmente como “Diretrizes para a Prática do Serviço Social no Novo DEGASE”.
O Grupo de Trabalho avalia que esta produção deverá estar em
constante debate pelos assistentes sociais do órgão, visto a natureza
dinâmica da instituição e do contexto societário, sendo o grande desafio
dos profissionais avançar na consolidação do projeto ético-político da
categoria dentro do Novo DEGASE.
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A elaboração de um Caderno de Referências Técnicas do Serviço
Social do Departamento Geral de Ações Socioeducativas do estado do
Rio de Janeiro representa um importante avanço para o trabalho da
categoria e um marco institucional, por constituir-se numa construção
dos profissionais que atuam no atendimento direto aos adolescentes e
suas famílias, trazendo ao longo dos anos um acúmulo de experiências,
reflexões e produções em sua prática cotidiana que se constituíram numa
importante fonte para a elaboração deste documento.
O redesenho e o avanço da política de atendimento socioeducativo,
através dos marcos legais instituídos desde a promulgação da Constituição
Federal de 1988 até a aprovação da Lei do SINASE em 2012, suscitaram
nos gestores do Novo DEGASE a avaliação da importância de produzirem-
se referências técnicas pelas diversas categorias profissionais, para
nortear o trabalho nos espaços da instituição. Reafirmando, através dessa
sistematização, o ideário da Proteção Integral e da Garantia de Direitos.
Como ferramenta para a produção de referências técnicas de
atuação dentro do Sistema Socioeducativo, foram organizados grupos
de trabalho pelos diferentes segmentos profissionais visando preservar a
identidade e especificidade de cada categoria, entretanto, sem perder de
vista a importância de compartilharem-se os saberes, numa perspectiva
da manutenção da integralidade e interdisciplinaridade das ações.
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Diante da grande responsabilidade, preocupação e comprome-
timento com os princípios emanados do Código de Ética da profissão
e considerando o fato de que as propostas de intervenção expressam
a realidade e as angústias advindas do cotidiano do trabalho, o GT do
Serviço Social definiu como estratégia a utilização desse material para
propor um alinhamento estratégico metodológico da categoria, visando
O grupo de trabalho (GT) do Serviço Social iniciou
o processo de construção deste documento em março de
2013 e, logo no início das atividades, verificou que contava
com um importante arcabouço produzido no ano de 2011
pelos assistentes sociais das diversas unidades e frentes de
trabalho do Novo DEGASE:
▪ Os projetos de intervenção de Serviço Social nos diversos
espaços sócio-ocupacionais da categoria, solicitados pela
Divisão de Serviço Social;
▪ O Plano de Ação elaborado pela Divisão de Serviço Social,
tendo como base as produções acima mencionadas.
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à efetivação de uma diretriz de trabalho nos diversos espaços da insti-
tuição. Tendo como parâmetro a Lei de Regulamentação da Profissão, Nº
8.662/93, assim como legislações pertinentes ao Sistema Socioeducativo.
Considerando os aspectos elencados acima, o GT avalia que esta
produção deverá estar em constante debate pelos assistentes sociais do
órgão, visto a natureza dinâmica da instituição e do contexto societá-
rio,em que o grande desafio dos profissionais é avançar na consolidação
do projeto ético- político da categoria dentro do Novo DEGASE.
1. A QUESTÃO DA SOCIOEDUCAÇÃO NA AGENDA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
O Departamento Geral de Ações Socioeducativas – DEGASE foi
criado pelo Decreto Lei nº 18.493 de 26/01/1993 e atualmente está
vinculado à Secretaria de Estado de Educação, através do Decreto
nº41.334 de 02/08/2008.
Importante destacar que o órgão surge num contexto sociopolíti-
co marcado por profundas mudanças societárias de ordem econômica,
política e social.
No período compreendido entre 1964 e 1985, a sociedade viveu
sob regime militar, com a supressão de direitos civis e políticos e
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expansão dos direitos sociais, gerando e condicionando a política so-
cial à política econômica, como exemplo, temos, em 1966, a criação do
INPS, FGTS, PIS, PASEP (1970).
No Brasil, de 1985 a 1999, apresenta-se um novo patamar de
relação de Estado e Sociedade, culminando na eleição de 1985, como
produto de uma grande mobilização social, em que diversos partidos
políticos, entidades de classe, sindicatos e outros movimentos promo-
veram várias manifestações pressionando os então governantes e a direita
que, numa articulação política convocou eleições civis para a Presidência
da República, via Colégio Eleitoral, quando foi eleito Tancredo Neves que
veio a falecer,e governando, assim, o Vice-Presidente, José Sarney.
O país passa, então, por um processo de reorganização política, com
o avanço dos direitos civis, políticos e sociais no plano jurídico formal.
Neste contexto de mobilizações de vários segmentos sociais,
surge no cenário do atendimento e garantia de direitos, o Estatuto da
Criança e do Adolescente - ECA, Lei Federal Nº 8.069, de 13 de Julho
de 1990.
Por outro lado, expande-se o estoque de pobreza resultante dos
governos militares que, com sua diretriz economicista, aprofundou o
fosso da desigualdade social, com forte concentração de riqueza, au-
mentando a demanda por políticas sociais.
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Destacamos, assim, que o governo José Sarney, de cunho de-
mocrático, assistencialista, promoveu a transição por eleições diretas
para Presidente da República, abrindo um amplo projeto constituinte de
direitos sociais, culminando na Constituição de 1988.
Assim, temos, em 1990, a entrada na cena política do então eleito
pela sociedade civil, Presidente Fernando Collor de Melo, de viés demo-
crático, mas pautado por orientação neoliberal, moralizante, clientelista
e assistencialista que, dois anos depois, sofreu processo de impeach-
ment. Assume o seu sucessor Itamar Franco, numa direção de continui-
dade, governo com expressão democrática, porém também clientelista
e assistencialista.
Nesse campo de lutas, a partir da demanda por construção de no-
vos paradigmas na área do atendimento a adolescentes em conflito com
a lei, da discussão e implementação do ECA, da doutrina da Proteção
Integral, da necessidade de descentralizar os campos desse atendimen-
to, surge o DEGASE (janeiro/1993), num processo de reordenamento/
estadualização da política de atendimento, executada até então pela
FUNABEM – Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor.
O contexto social pós-regime militarista, final dos anos 80, trazia à
baila as lutas por redemocratização e mobilização em torno de mudanças
sociais, na luta contra violação dos Direitos Humanos, políticas públicas,
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revisão do papel do Estado frente às liberdades individuais e coletivas.
O Novo DEGASE, portanto, traz em sua gênese, a herança das
concepções ideológicas marcadas pela doutrina da Situação Irregular,
preconizada pelo Código de Menores. Contudo, com possibilidades no
campo socioeducativo, apontando para a construção de uma prática
não correcional, visando o processo de ressocialização de adolescentes
numa perspectiva sociopedagógica sob a égide da
Proteção Integral.
Vale destacar ainda que os anos 80/90, frente às mudanças sociais,
econômicas e políticas impõem aos diversos segmentos sociais, e em par-
ticular ao Serviço Social, o desafio de concretizar o projeto profissional na
perspectiva de trabalhar na garantia da Seguridade Social Pública.
A Seguridade Social definida como sistema de proteção social, na Cons-
tituição Federal de 1988, composta pelas políticas de Previdência Social,
Saúde e Assistência Social, enfrenta a disputa teórica com ideários do
neoliberalismo. Com a consequente configuração sócio-ocupacional que se
conforma nesse ideário, surge, então, o processo de reestruturação produ-
tiva, novas formatações de organização social para dar conta das diversas
formas da expressão da questão social, colocando-se em destaque, pelo
menos duas tendências.
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Uma defendida pela lógica constitucional e, portanto, com centralidade
no Estado e de natureza pública e outra caracterizada pela transferên-
cia da responsabilidade da gestão social para as entidades privadas/
filantrópicas. Indicando, assim, um processo de privatização na área da
Seguridade Social, impondo aos assistentes sociais uma análise crítica
das demandas apresentadas nos processos de trabalho, no campo das
políticas públicas, da Seguridade Social e a necessidade premente de
lutar no caminho da concretização do projeto ético-político da profissão.
Para tanto, fazia-se necessário retomar os eixos da formação em
Serviço Social (ético- político, teórico-metodológico e técnico-operati-
vo), problematizando as competências da profissão e suas configura-
ções, refletindo sobre os novos espaços sócio-ocupacionais, de acordo
com as demandas que se apresentam pós Constituição de 1988.
Portanto, o campo sócio-ocupacional Novo DEGASE apresentava,
naquele contexto, anos 90, desafios que apontavam para a construção de
uma prática de consolidação de outro modelo de atendimento, pautado
na lógica da Proteção Integral, configurando assim, as novas equipes
profissionais, como protagonistas dessas novas metodologias e paradigmas.
Historicamente destacamos que muitos foram os desafios, embates,
mediações, no campo sociopolítico, com análises dos avanços e dos limites
impostos na execução da política de atendimento ao adolescente autor
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de ato infracional. Esse contexto propiciou trocas interdisciplinares e
produções elaboradas na comunidade acadêmica, sobre a sistematização
dessas práticas nos diversos espaços, nas últimas décadas.
Tais aspectos são explicitados para trazer à luz a contribuição de
todos os atores envolvidos na construção de uma nova perspectiva de
atuação profissional, superando o “viés do castigo”, num cenário de unidades
superlotadas, espaços precarizados de atendimento/”confinamento”,
dando lugar a uma ação profissional crítica/reflexiva. Desta forma, fez-se
necessária a mobilização por condições dignas de trabalho e atendimento ao
adolescente, na direção da compreensão dos fatores causais em torno do ato
ilícito, não pela sua banalização, mas para pensar a historicidade dos grupos
sociofamiliares e suas demandas.
Assim temos a configuração de saberes e práticas profissionais,
norteados por preceitos embasados pelas legislações pertinentes como
ECA, SINASE, Plano Nacional de Promoção, Proteção, e Defesa do
Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária.
Legislações consideradas as mais avançadas do mundo, porém com
muitos desafios em sua efetivação, tendo em vista os cenários sociais
marcados por estigmatizações e preconceitos. Tais cenários, perpassados
pela naturalização da violência, transgressão na juventude, criminalização
da pobreza, moralização da família, patologização do adolescente, trazem
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muitas reflexões às equipes de trabalho, num movimento de provocação
à aquisição de novas ferramentas de análise e intervenção na realidade
social e suas contradições históricas e dinâmicas.
Destacamos, ainda, que a trajetória mais recente do atendimento
socioeducativo no Brasil teve o ano de 2007 como marco emblemático,
já que neste contexto foi apresentado como política de governo o
Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo- SINASE, e as
ações preconizadas permitiram ao Novo DEGASE, conforme registros
documentais, receber um investimento financeiro importante da União,
de forma a se adaptar aos parâmetros conceituais, arquitetônicos e
metodológicos previstos pela normativa que definia mecanismos de
operacionalização do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Esta dinamização proporcionou uma modificação substancial no
atendimento, considerando ainda os esforços realizados pelo Estado e
sociedade civil na elaboração e na sistematização de ações que pudessem
definir a proposta metodológica. A título de ilustração do processo é
possível apontar a construção do Plano de Atendimento Socioeducativo
do Rio de Janeiro (PASE) e o Projeto Pedagógico Institucional do Novo
DEGASE (PPI), aprovados no ano 2010, como produções conceituais
importantes para definição da direção sociopolítica do Sistema
Socioeducativo na atualidade.
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2 - SOCIOEDUCAÇÃO E PÚBLICO-ALVO – “O desafio da (re)construção da identidade social”
“É na adolescência, segundo a educadora argentina Cláudia Jacinto,
que o ser humano nasce pela segunda vez. No primeiro nascimento, no
momento do parto, ele nasce para sua família e para o mundo; nasce
como um novo integrante do grupo familiar é mais um a ser mencionado
na estatística do censo”. Presidência da República – Secretaria Especial
de Direitos Humanos – COSTA, Antonio Carlos Gomes da. (Org.) – As
Bases Éticas da Ação Socioeducativa: Referenciais Normativos e Princípios
Norteadores, Brasília, 2006.
O segundo nascimento deve acontecer ao longo da adolescência,
quando, a partir de sua maior inserção no grupo sociocomunitário, ele
vai plasmar sua identidade social. É nessa fase singular que ele nasce
para a sociedade, num movimento de ocupação do seu lugar de pertença,
buscando no convívio social a construção do seu projeto de vida.
Nesse sentido, ele vai ao encontro do exercício de escolhas que,
se encaminhadas de forma saudável, recebendo um suporte que o
auxilie nas suas vivências, etapas que vão dando sentido a sua vida,
poderá fazê-lo estar apto a construir uma trajetória que o coloque como
protagonista de sua própria história.
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O que vemos, contudo, é que a formação da sociedade brasileira,
nas suas diversas dimensões socioculturais, conceitua a infância e a
adolescência através de modelos impregnados de concepções presentes
no debate entre as ciências, filosofia, artes, que vão compondo o
caldo cultural dos distintos segmentos e opondo-se muitas vezes
aos mecanismos de manutenção de uma determinada ordem social.
Suscitando, assim, um conflito em que os segmentos mais fragilizados e/
ou em formação estão invisíveis, ao olhar da sociedade no que se refere
as suas necessidades reais.
Assim vemos que a produção de um saber voltado para a juventude
deverá levar em conta os olhares e a leitura que esta mesma sociedade tem dos
jovens, das suas preocupações, anseios, o que tem permeado a sua história.
Se temos nos apresentado a eles como um espelho existencial que reflita suas
virtudes, suas qualidades, seus valores, suas potencialidades. Qual tem sido o
nosso lugar na história do adolescente que chega ao Novo DEGASE?
Nesse lugar onde, pela “inclusão social forçada”, ele adentra, pois em
geral vem das classes mais empobrecidas, temos a missão institucional de
contribuir na ressignificação de valores, imprimindo um novo olhar sobre
o outro, lutando pela construção de políticas públicas sólidas e metas
abrangentes que respondam às reais necessidades dos adolescentes.
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Assim, pode-se dizer que a ação socioeducativa constitui-se num
processo que tem por objetivo preparar a pessoa em formação
(adolescentes) para assumir papéis sociais relacionados à vida coletiva,
à reprodução das condições de existência (trabalho), ao comportamento
justo na vida pública e ao uso adequado e responsável de seus
conhecimentos e habilidades.
Cabe a indagação, que lugar seria esse, se os modelos que se
apresentam, encontram-se tão fragmentados, diluídos num fosso que por
vezes coisifica as suas motivações, colocando-o num patamar de valores
pautados no poder de consumo, solitário nas suas decisões, pois, como
o historiador Eric Hobsbawn descrevia, no século XX três fatos muito
importantes se destacam na sociologia da família. Em primeiro lugar, a
dissolução da família como célula fundamental da organização social. Em
segundo, a formação da juventude como categoria social independente,
com poder, moda e economia próprios. Uma categoria que fez, num certo
sentido, com que todos invertessem a cronologia da vida. Crianças querem
ser jovens, adultos querem ser jovens, todo mundo quer ser jovem.
Em terceiro lugar deu-se um grande esvaziamento das
instituições, antes dotadas como fontes do comportamento moral. Essas
transformações evidentemente atingem a juventude e são a própria
expressão da formação dessa juventude. Que novos dilemas surgem
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quando não há uma família a que se dirigir? Na verdade, transformamos
a sociedade num novo sistema de poder, e a essência desse poder
está em que, do ponto de vista cultural, os jovens têm mais poder que
os adultos, como construtores da nossa sociedade e do futuro dessa
sociedade, como interlocutores hábeis dessa aprendizagem para a vida.
Nesta perspectiva, o enfoque histórico-crítico da Socioeducação
deve partir da análise das realidades sociais em que estão imersos
os adolescentes e seus familiares, bem como a própria produção dos
chamados atos infracionais e sua dimensão social, econômica e cultural.
Essa é a perspectiva socioeducativa que se vislumbra como uma
promessa de educação para a cidadania, a qual se compromete com o
reconhecimento do adolescente como pessoa em situação peculiar de
desenvolvimento, sujeito de direitos e de responsabilidades, e como
pertencente a uma coletividade. A ele deve ser dada a condição e o
apoio, a partir de instrumentos legais-institucionais, para cumprir a
Medida Socioeducativa -MSE em condições respeitosas e dignas que lhe
permitam o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários.
E, considerando sua historicidade, há que vislumbrar ainda a
capacidade da família de cuidar, frente aos projetos pessoais de cada
membro e as lutas pela sobrevivência, conforme elabora Regina
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Célia Mioto, doutora em Serviço Social, quando discorre sobre o papel da
família e do estado, do público e do privado que se imbricam, apontando
as políticas públicas como campo de mediações e garantias da efetivação
e materialidade de direitos antes ausentes na cotidianidade dos sujeitos.
3 - A PRÁXIS PROFISSIONAL NO ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO: “Limites e Possibilidades”
Para a construção da metodologia do trabalho, utilizamos o
acervo documental, fruto de produções da categoria, como registro da
sistematização da prática nos diversos espaços sócio-ocupacionais, cujo
arcabouço deu origem ao Plano de Ação da Divisão de Serviço Social do
Novo DEGASE (2011).
Tomamos também como referência, os parâmetros de atuação
apontados pelos conselhos da cate goria (CFESS e CRESS) e elencados
pela Divisão de Serviço Social do Novo DEGASE na elaboração do
plano supracitado, o qual faz menção a quatro eixos de atuação: Ações
Socioeducativas, Planejamento e Gestão, Participação, Mobilização e
Controle Social e Capacitação e Formação Profissional.
Dando prosseguimento ao suporte teórico utilizado, consideramos
a contribuição do registro de experiências de ações da Socioeducação
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do estado do Paraná, editados em forma de cadernos educativos pelo
Instituto de Ação Social do Paraná (IASP – 2007), cujo reordenamento
do Sistema Socioeducativo serviu de base para mudanças na política de
atendimento ao adolescente no estado. Assim como nos reportamos à
matéria produzida pelo professor Antonio Carlos Gomes da Costa, editada
em forma de guias pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República, por meio da Subsecretaria de Promoção dos
Direitos da Criança e do Adolescente (SPDCA), denominado “As Bases
Éticas da Ação Socioeducativa”.
A produção do IASP aponta uma linha metodológica que
remete para as diversas fases de atendimento ao adolescente na
Socioeducação, desde a sua entrada até o desligamento e reinserção
familiar: Acolhimento, Estudo de Caso, Elaboração e Desenvolvimento
do PIA e Preparação para o Desligamento e Reinserção Familiar, em
cujas etapas mencionamos as ações a serem desenvolvidas pelo Serviço
Social. Sendo importante registrar a dinamicidade dos diferentes
momentos que perpassa o processo de trabalho e ressaltar que a atuação
técnico-operacional do assistente social nesta trajetória, aponta para
a integralidade no atendimento socioeducativo, numa perspectiva de
atuação interdisciplinar em que há o reconhecimento do outro como
sujeito de direitos.
37
Neste contexto, o Serviço Social comprometido com o projeto ético político da profissão atua em conjunto com outros atores profissionais visando à inclusão social, numa busca constante do respeito aos Direitos Humanos, da legalidade e da democracia, em consonância com as diretrizes do SINASE, do Estatuto da Criança e do Adolescente, e com os princípios fundamentais do Código de Ética da Profissão. (Projeto de Intervenção Social - CRIAAD Bangu, 2011)
Considerando ainda os marcos teóricos apontados no Plano Nacional
de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à
Convivência Familiar e Comunitária, destacamos a importância da política
socioeducativa estar pautada na matricialidade sociofamiliar.
Neste sentido, o presente projeto visa compreender a família e as transformações sociais pelas quais vem passando ao longo da história. Alguns fatores vêm afetando intimamente sua dinâmica, como a mudança de valores sociais [...], aumento expressivo na expectativa de vida [...], mudanças nas relações de trabalho [...], um crescimento da participação da mulher como pessoa de referência da família [...]. Na sociedade contemporânea, laços biológicos têm sido substituídos por laços socioafetivos, definindo assim a constituição do arranjo familiar. [Assim,] as políticas públicas vêm direcionando as suas ações na direção da matricialidade sociofamiliar, pois a família se faz insubstituível no que se refere à proteção e socialização primárias, é provedora de cuidados, contudo, também precisa ser cuidada e protegida (Projeto de Intervenção do Serviço Social – ESD, 2011)
“
“
38
Diante do exposto, temos que considerar os diversos espaços sócio-
ocupacionais existentes e suas particularidades que configuram o Novo DEGASE,
nos quais os profissionais de Serviço Social desenvolvem o seu trabalho:
Centro de Recepção (porta de entrada), unidades de atendimento de
internação provisória, unidades de atendimento de internação, unidades
de atendimento de semiliberdade, unidade de tratamento para uso
abusivo de drogas, Centro de Capacitação Profissional, Escola de Gestão
Socioeducativa, Núcleo de Saúde do Trabalhador, Núcleos de Saúde Mental,
Assessoria de Medidas Socioeducativas e de Egressos, Coordenação de
Saúde e Reinserção Social, Divisão de Serviço Social.
Ressaltamos ainda que, levando em consideração as competências dos
diversos setores do Novo DEGASE constantes no Regimento Interno (em processo
de revisão), identifica-se a perspectiva de inserção da categoria em outros espaços
de trabalho delineados dentro da nova estrutura organizacional do órgão, revelando-
se, assim, a contribuição profissional do assistente social fundamental para garantir
a nova lógica do atendimento socioeducativo, de forma a enriquecer ainda mais as
ações desenvolvidas e garantir a prática interdisciplinar. Tais setores seriam:
Assessoria de Sistematização Institucional, Gerência de Escritórios de
Projetos, Assessoria de Planejamento e Gestão Institucional, Coordenação
de Execução de Medidas Socioeducativas, Centro de Documentação e
Pesquisa, Assessoria de Projetos Especiais, dentre outros.
39
3.1 - Eixos de Atuação:
3.1.1 - AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS – “O desafio da (re)significação do
trabalho do Assistente Social no espaço institucional”.
(A idéia do subtítulo foi extraída do Projeto de Intervenção da equipe do
antigo IPS - hoje nomeado CENSE Dom Bosco, cuja construção aponta
para reflexão sobre a prática profissional e sua articulação com o projeto
ético-político profissional, 2011)
Considerando que:
A execução de Medidas Socioeducativas constitui-se em um campo privilegiado de atuação para o Serviço Social, uma vez que se configura em um espaço permeado por contradições que impulsionam a necessidade de novas modalidades prático-interventivas que possam mediá-las. O assistente social tem o desafio de construir uma intervenção qualificada que possibilite identificar os fatores sociais, econômicos, políticos que perpassam o campo socioeducativo, viabilizando o acesso aos direitos sociais para os adolescentes em conflito com a lei e seus familiares, subsidiando-os para o exercício da cidadania e participação política na sociedade (Projeto de Intervenção – CRIAAD Menina, 2011).
“
40
Desta forma:
O exercício da profissão exige, portanto, um sujeito profissional que tem competência para propor, para negociar com a instituição os seus projetos, para defender o seu campo de trabalho, suas qualificações e atribuições profissionais. Requer ir além das rotinas institucionais para buscar apreender no movimento da realidade, as tendências e possibilidades, ali presentes, passíveis de serem apropriadas pelo profissional, desenvolvidas e transformadas em projetos de trabalho (Iamamoto apud NOVO DEGASE/CECAP, 2011)
Como dito anteriormente, abordaremos abaixo as atribuições dos
assistentes sociais, tomando por base as fases da Socioeducação, por
entendermos que esses pressupostos metodológicos norteiam a prática
profissional na linha da garantia de direitos:
a) Acolhimento: O acolhimento é um momento fundamental no processo socioeducativo, pois demarca o primeiro contato do adolescente e de sua família com a unidade e os profissionais sendo, portanto, extremamente relevante que a postura do socioeducador contribua para formação de vínculos positivos com o adolescente e essa família, constituindo-se num aspecto facilitador para o desdobramento das demais fases do atendimento. Neste sentido, ressaltamos que em cada núcleo de atendimento socioeducativo caberá, ainda, às equipes de profissionais, realizarem o acolhimento às famílias:
“
41
O grande desafio, no campo da garantia do espaço de escuta, propiciando assim, o acesso a fala e construção da condição de parceria e cidadanização das demandas das famílias, na revisão dos papéis sexuais/sociais, visando fomentar o resgate dos vínculos de afeto sob novos paradigmas (Projeto de Intervenção de Serviço Social/Psicologia CENSE GCA).“ Assim, definimos como ações pertinentes ao
assistente social, nesta etapa:
▪ Atendimento inicial com o adolescente e família para escuta
e interpretação da MSE, reconhecendo os novos arranjos
familiares, devendo ser realizado em sala própria, conforme
legislações que orientam o exercício profissional da categoria;
▪ Leitura sobre o funcionamento da unidade, rotinas e regras
de convivência;
▪ Esclarecimentos sobre as atividades sociopedagógicas;
▪ Registro das primeiras observações técnicas sobre a sua
historicidade e do grupo sociofamiliar;
42
▪ Realização de atividades interdisciplinares que propiciem
a visibilidade da rotina institucional e do trabalho
socioeducativo, a ser desenvolvido com os adolescentes e
suas respectivas famílias;
▪ Acompanhamento do processo de visitação familiar,
junto com os demais profissionais envolvidos no trabalho
socioeducativo.
b) Estudo de Caso:
O estudo de caso é um processo de trabalho dinâmico realizado pela
equipe de socioeducadores, em que os diferentes saberes congregam-
se e cada profissional, a partir dos instrumentais específicos, busca o
conhecimento do adolescente em sua singularidade, da sua realidade
sociofamiliar e do contexto que propiciou o cometimento do ato
infracional. Objetiva a elaboração e desenvolvimento do plano de trabalho
que vá ao encontro das demandas apresentadas, com vista ao resgate
da cidadania, a construção de um processo de responsabilização frente à
prática ilícita, revisão de valores na direção do protagonismo social, assim
como a inclusão nas políticas setoriais vigentes.
43
Em prosseguimento às ações realizadas nesta etapa, o
assistente social:
▪ Atua junto a outras equipes visando à interlocução com
os atores da rede do Sistema de Garantia de Direitos
(Conselhos de Direitos e Conselhos Tutelares; Rede do
Sistema Único de Saúde – SUS; Rede do Sistema Único
de Assistência Social – SUAS; Centro de Referência
Especializado de Assistência Social – CREAS; Centro de
Referência de Assistência Social - CRAS; Unidades de
Reinserção Social - URS; Coordenadoria Regional de
Educação – CRE; Secretaria de Estado de Educação –
SEEDUC; Poder Judiciário; Sociedade Civil; dentre outros);
▪ Realiza visita domiciliar, após avaliar-se a necessidade,
para o conhecimento do contexto de vida do adolescente
e família, localização e implicação do grupo sociofamiliar
no processo socioeducativo e outras demandas que
avaliar pertinência. Confirmada essa hipótese, deverão ser
asseguradas ao profissional as condições e recursos para
44
realização da atividade (transporte, motorista e segurança
do território);
▪ Organiza junto aos demais membros da equipe calendário
periódico (semanal, quinzenal) para as discussões de casos
numa dimensão interdisciplinar;
▪ Articula-se com a rede pública e privada, tendo em vista
a incompletude institucional, numa perspectiva de
atuação inter/multidisciplinar, visando à ampliação dos
mecanismos de inclusão no campo das aptidões e interesses
do adolescente, no caminho da construção de seu
protagonismo social, dentro da visão da proteção integral.
c) Atendimento/Acompanhamento:
O acompanhamento inicia-se desde o momento do
acolhimento do adolescente, com a escuta da história
socioafetiva, a implicação do grupo familiar, buscando o
resgate dos vínculos e a participação efetiva deste e de
sua família no processo de cumprimento da MSE até a
45
fase da reinserção familiar. Para tanto, o assistente social
utiliza-se do conhecimento teórico/ metodológico e técnico/
operacional acumulado pela profissão, norteado pelos
preceitos éticos da categoria e legislações vigentes na
política da Socioeducação, tendo como uma das ferramentas
principais o Plano Individual do Adolescente (PIA). Dentre as
atividades previstas, o assistente social:
▪ Realiza ações individuais e grupais, na perspectiva
interdisciplinar, que contemplem tema relacionado às
diversas expressões sociais pertinentes às questões de
gênero, sexualidade, direitos sociais, profissionalização,
geração de renda, empregabilidade e protagonismo social,
visando garantir o acesso às políticas setoriais voltadas
para os adolescentes e suas famílias;
▪ Participa de atividades interdisciplinares no campo da
saúde mental, para os adolescentes em cumprimento de
MSE e suas famílias;
46
▪ Acompanha o processo de visitação familiar, junto à equipe
interdisciplinar;
▪ Participa de estudo de casos, reuniões e demais espaços
institucionais, numa dimensão interdisciplinar, visando ao aten-
dimento socioeducativo e produção de documentos técnicos;
▪ Elabora pareceres e relatórios sociais relacionados aos
adolescentes e suas famílias, de forma a subsidiar o
cumprimento das MSEs, bem como projetos de intervenção
na área de Serviço Social (Atribuição Privativa do
assistente social);
▪ Elabora projetos interdisciplinarmente, voltados para os
adolescentes e seu grupo socioafetivo;
▪ Desenvolve ações que garantam o exercício da cidadania
do jovem e sua família, como o acesso à documentação civil.
47
d) Plano Individual de Atendimento – PIA – “Norteando metas no
processo de trabalho”:
A Construção do PIA é um momento singular da Socioeducação em
que todos os sujeitos envolvidos debruçam-se para o planejamento das
ações a serem desenvolvidas com o adolescente e seu grupo sociofamiliar.
A elaboração do mesmo dá-se com a participação efetiva deste e de
suas referências socioafetivas para que sejam traçadas, conjuntamente
com a equipe interdisciplinar, as metas a serem alcançadas no trabalho
socioeducativo, as quais deverão abarcar as aptidões, habilidades e
projetos de vida do adolescente e as demandas apresentadas pelos grupos
supramencionados.
Este processo pressupõe as seguintes etapas:
levantamento de dados sobre o adolescente e sua
família; planejamento das ações; desenvolvimento e ava-
liação. Ressaltamos que essa trajetória de construção e
desenvolvimento do PIA, dá-se de forma dinâmica, imbri-
cada e articulada, devendo processar-se através de uma
avaliação contínua. Elencamos abaixo as ações previstas:
48
▪ Escuta do adolescente para o conhecimento da sua história
de vida e expectativas em relação ao cumprimento da MSE;
▪ Diálogo com o adolescente sobre a sua percepção
quanto às relações que trava com o grupo sociofamiliar
e comunitário e sua avaliação do que é preciso ser
transformado para garantir o exercício da cidadania;
▪ Escuta e registro sobre os desejos e expectativas do
adolescente em relação às oportunidades que poderão ser
oferecidas durante o cumprimento da MSE e seus projetos
de vida;
▪ Atendimento à família para a escuta da sua história,
compreensão de sua configuração, as relações travadas
no cotidiano, com o mundo do trabalho e com a rede de
proteção social. Levantamento de suas expectativas em
relação ao trabalho a ser desenvolvido e identificação das
demandas apresentadas pela mesma, inserindo-a como
coparticipante do processo socioeducativo;
49
▪ Pactuação com o jovem e seu grupo sociofamiliar sobre as
metas a serem alcançadas com o cumprimento da MSE;
▪ Criação de espaço (como oficinas para a cidadania
e grupos socioeducativos) com os adolescentes, para
a reflexão sobre a sua trajetória de vida, visando a
ressignificação de valores;
▪ Interlocução contínua com os demais profissionais
envolvidos no atendimento socioeducativo, através de
reuniões para estudo de caso e outros espaços de trabalho,
para a troca dos olhares obtidos sobre o adolescente e família;
▪ Articulação com os demais socioeducadores, visando à
construção, desenvolvimento e avaliação do Plano
Individual de Atendimento - PIA;
▪ Promoção da participação efetiva do adolescente e sua
família no processo de construção, desenvolvimento e
avaliação do PIA;
50
▪ Intercâmbio com as demais políticas setoriais na
perspectiva de prover e acompanhar a escolarização,
profissionalização, inserção no mercado de trabalho e o
acolhimento na rede socioassistencial;
▪ Avaliação de cada etapa desenvolvida pelo PIA, a ser
realizada por todos os sujeitos envolvidos no trabalho;
e) Preparação para o desligamento e Reinserção Sociofamiliar:
Esta etapa do atendimento demanda importante sensibilidade
de todos os sujeitos envolvidos no trabalho socioeducativo, a partir da
construção coletiva do PIA. Esta avaliação acontece no momento em
que a equipe interdisciplinar, em conjunto com o adolescente e sua
família, percebe em que dimensão o trabalho desenvolvido propiciou ao
adolescente reflexão acerca das causas que motivaram o cometimento do
ato infracional, provocando um movimento de ressignificação de valores,
bem como se oportunizou ao grupo familiar a compreensão da dimensão
do seu potencial de luta na busca de acesso aos direitos sociais, visando
transformações positivas no cotidiano de sua trajetória social.
51
[...] Já processo reflexivo se tornará o caminho para a construção de respostas para as necessidades sociais dos sujeitos,”ele tem como objetivo a formação da consciência crítica” (Miotto apud NOVO DEGASE/CRIAAD Cabo Frio, 2011)“Esta fase prevê:
▪ O diálogo reflexivo com o adolescente sobre a trajetória
da MSE, as experiências que acumulou, as competências
que desenvolveu e como as oportunidades vivenciadas
poderão ressignificar a sua vida e da família;
▪ A orientação ao adolescente e família sobre a MSE em
meio aberto;
▪ Articulação com o Centro de Referência Especializado de
Assistência Social (CREAS) do território de moradia, vi-
sando a sequência no acompanhamento socioeducativo
e/ou social do adolescente e sua família.
52
3.1.2. PLANEJAMENTO E GESTÃO:
▪ Participação em reuniões periódicas e de trocas
profissionais com os diversos atores envolvidos na
Socioeducação, de forma a garantir a efetivação de
propostas metodológicas que contemplem a discussão
inter/multidisciplinar nos espaços sócio-ocupacionais;
▪ Realização de projetos, na perspectiva interdisciplinar,
que contemplem tema relacionado às diversas expressões
sociais pertinentes às questões de gênero, sexualidade,
direitos sociais, profissionalização, geração de renda, pro-
tagonismo social, visando garantir o acesso às políticas
setoriais voltadas para os adolescentes e suas famílias;
▪ Realização de estudos e pesquisas visando à investiga
ção da realidade social, na perspectiva de retroalimentar
a prática e formular políticas institucionais;
▪ Participação no planejamento e na proposição de ações
pertinentes à saúde do trabalhador, ampliando o campo
53
de atuação do Núcleo de Saúde do Trabalhador – NUPST
- no Novo DEGASE;
▪ Levantamento das condições de trabalho considerando o
nível de insalubridade, exposição ao stress, grau de ten-
sionamento que colocam em risco a saúde do trabalha-
dor do Novo DEGASE, na perspectiva de proposição de
ações pertinentes;
▪ Participação em práticas inovadoras no campo da políti
ca pública, ética e Direitos Humanos, dentro das uni-
dades do Novo DEGASE, de forma a contribuir com as
ações do serviço social e do atendimento socioeducativo;
▪ Participação no planejamento e acompanhamento inter
disciplinar de ações voltadas para os jovens egressos do
Sistema Socioeducativo e suas famílias pela Assessoria
de Medidas Socioeducativas e Egressos (AMSEG).
54
3.1.3. PARTICIPAÇÃO, MOBILIZAÇÃO E CONTROLE SOCIAL:
▪ Participação nos fóruns e conselhos de direitos voltados
para a infância e adolescência, Assistência Social e outros
pertinentes à atuação do Serviço Social e ao trabalho no
campo Sociojurídico;
▪ Garantia de espaços de discussão, dentro das unidades
do Novo DEGASE, objetivando dar visibilidade sobre a
dinâmica institucional e potencializar os adolescentes e
suas famílias à participação efetiva no processo de con-
trole social da política socioeducativa.
▪ Fomentar a participação dos adolescentes e suas famí-
lias na construção/ desenvolvimento/ avaliação do PIA.
3.1.4. CAPACITAÇÃO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL
▪ Participação em espaços de capacitação profissional,
visando à qualificação das ações socioeducativas e a reali-
zação de estudos e pesquisas no âmbito do Novo DEGASE;
55
▪ Participação do profissional de Serviço Social na cons-
trução e implementação de projetos de capacitação
profissional pertinentes à área de Serviço Social, na
perspectiva interdisciplinar;
▪ Construção, em conjunto com a Divisão de Serviço So
cial, de diretrizes, norteando as ações de supervisão em
Serviço Social, dentro do espaço institucional voltado para
a capacitação e formação dos profissionais do campo so-
cioeducativo (Atribuição Privativa do Assistente Social).
57
O desafio de produzir o documento ora apresentado traz à baila
indagações, angústias contidas, mescladas com sentimentos diversos em
torno da dimensão do nosso lugar no sistema de atendimento a adoles-
centes em cumprimento de MSE.
Refletindo sobre o processo de trabalho, sua pluralidade, subjetivi-
dades, deparamo-nos com várias concepções/construções sobre o lugar
do outro, seus anseios e expectativas.
Na riqueza da produção da categoria, apresentada nos Projetos de
Intervenção do Serviço Social, no ano de 2011, encontramos o lugar co-
letivo, as angústias compartilhadas, os sonhos construídos em espaços,
muitas vezes, marcados por circunstâncias adversas. Impregnados pelo
viés “disciplinante”, diante do qual, insistimos com intensidade no caminho
da ruptura com velhas práticas travestidas em modelos humanizantes,
contudo, coercitivas e excludentes.
Neste lugar, celeiro de posturas, olhares, atitudes “o desafio coti-
diano é direcionar nossa prática para a garantia de direitos e não para o
disciplinamento[...], levando-se em conta o histórico que permeia as uni-
dades de atendimento aos adolescentes em conflito com a lei” (Projeto de
Intervenção do CRIAAD Cabo Frio).
Neste cenário, as equipes buscam dar voz aos adolescentes que, na
procura por um lugar social de pertencimento, rompem com o elo do (des)
58
afeto, direcionando seu potencial à prática de atos ilícitos que os tornem
visíveis socialmente.
Mesmo com todas as dificuldades, há que se possibilitar ao jovem uma internação com novos ares, humana, resgatando a cidadania e auto-estima, trabalhando responsabilidades, limites, direitos, deveres..., desburocratizando os atendimentos e deixando a instituição com um clima menos conflituoso, menos tenso e mais seguro e saudável para todos os que dela participam (Projeto de Intervenção do ESE).
O caminho a ser percorrido pelos atores sociais envolvidos no
processo sociopedagógico junto aos adolescentes e jovens remete-nos a
pensar em dois campos de semeadura e seus frutos, estando o profissional
diante de dois paradigmas: trabalhar com o adolescente a partir da questão
de seus direitos e deveres, da sua identidade, da sua autoestima, do seu
projeto de vida, na perspectiva da potencialização de suas aptidões; ou
focando apenas as situações de risco relacionadas às drogas, gravidez
precoce, doenças sexualmente transmissíveis, violência e outras nessa
linha, fortalecendo uma visão moralizante sobre a sua história.
As sementes que carregamos certamente foram gestadas no
âmago de nossas próprias vivências, pois segundo Jean Paul Sartre:“Na
verdadeira educação para a vida, não se ensina apenas aquilo que
se sabe, nem aquilo que se quer ensinar. Ensina-se aquilo que se é”
“
59
Presidência da República – Secretaria Especial de Direitos Humanos
– COSTA, Antonio Carlos Gomes da. (Org.) – As Bases Éticas da Ação
Socioeducativa: Referenciais Normativos e Princípios Nortea-dores,
Brasília, 2006, página 94.
60
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61
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NOVO DEGASE – Projetos de Intervenção do Serviço Social, Rio de
Janeiro, 2011:
• Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente –
CRIAAD Bangu.
• Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente –
CRIAAD Cabo Frio.
64
• Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente –
CRIAAD Ricardo de Albuquerque.
• Centro de Capacitação Profissional - CECAP
• Educandário Santos Dumont - ESD.(Atualmente, CENSE PACGC)
• CENSE Gelson Carvalho do Amaral - GCA
• Educandário Santo Expedito - ESE
• Instituto Padre Severino - IPS. (Atualmente CENSE Dom Bosco)
NOVO DEGASE – Projeto Pedagógico Institucional, Rio de Janeiro, 2010.
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Presidência da República – Secretaria Especial de Direitos Humanos –
COSTA, Antonio Carlos Gomes da. (Org.) – As Bases Éticas da Ação
Socioeducativa: Referenciais Normativos e Princípios Nortea-dores,
Brasília, 2006.
65
CARGO: ASSISTENTE SOCIAL
▪ Intervir em matéria e situações pertinentes ao Serviço
Social nas unidades de atendimento socioeducativo do
Novo DEGASE;
▪ Definir, em parceria com a Divisão Técnica de Serviço
Social, as referências teórico-metodológicas, instrumentos
e técnicas adequadas e necessárias à intervenção do
assistente social no Novo DEGASE;
▪ Definir o espaço adequado ao atendimento técnico, a fim
de que seja garantido o sigilo profissional e de acordo com
o que preconiza a lei estadual nº 5261/08;
▪ Atender e prestar acompanhamento técnico-social aos
adolescentes, familiares e responsáveis durante o aguardo
de decisão judicial bem como durante o cumprimento de
medida socioeducativa;
▪ Definir o conteúdo dos registros e apontamentos relativos
à sua atividade profissional, bem como preservar o
ATRIBUIÇÕES DOS CARGOS
(Anexo V – Edital de Convocação de 13/10/2011)
66
material técnico referente aos adolescentes, de modo a
garantir o sigilo de seu conteúdo;
▪ Participar, juntamente com os demais profissionais
técnicos, da elaboração de critérios de visita aos
adolescentes, respeitando a garantia de direitos e os
diversos arranjos familiares presentes na realidade
brasileira contemporânea;
▪ Investigar e produzir estudos, documentação e
sistematização de informações que tragam subsídios a
projetos e ações do Serviço Social no Novo DEGASE;
▪ Elaborar, coordenar, executar e constituir comissões
e grupos de trabalho para avaliar planos, programas e
projetos, em matéria pertinente ao Serviço Social;
▪ Integrar equipe interprofissional para realizar estudos
de caso, reuniões e congêneres sobre adolescentes,
famílias e suas referências comunitárias, a fim de subsidiar
intervenções e documentos técnicos;
▪ Elaborar pareceres e relatórios sociais para subsidiar o
judiciário, projetos de intervenção e de outra natureza
pertinentes ao Serviço Social e de caráter multidisciplinar e
interdisciplinar;
67
▪ Elaborar projetos de intervenção técnica e de outras
naturezas, pertinentes ao Serviço Social e de caráter
multidisciplinar e interdisciplinar;
▪ Democratizar informações aos usuários do Serviço
Social, que sejam pertinentes ao acompanhamento
técnico realizado, de forma que sejam utilizadas para o
fortalecimento de seus interesses e direitos;
▪ Identificar, mobilizar e articular recursos, serviços e
direitos propiciados por órgãos públicos e da sociedade
civil que favoreçam adolescentes, familiares e responsáveis
atendidos pelo Novo DEGASE;
▪ Avaliar, juntamente com os demais profissionais técnicos,
o acesso ao espaço institucional de candidatos a ações de
voluntariado e ações diversas da sociedade civil, com base nas
garantias legais definidas no Estatuto da Criança e do Adolescente;
▪ Participar de projetos que contribuam para melhoria das
condições de trabalho no Novo DEGASE;
▪ Treinar, avaliar e supervisionar estagiários de Serviço
Social no Novo DEGASE;
▪ Buscar a atualização constante, visando uma prática mais
competente, no estudo dos casos dos adolescentes em
conflito com a lei;
68
▪ Acompanhar o adolescente no processo de (re)avaliação
das medidas socioeducativas no Juizado da Infância e da
Juventude, quando avaliada a necessidade técnica;
▪ Participar de ações de promoção social voltadas para o
adolescente egresso do Sistema Socioeducativo, bem como
suas famílias e responsáveis;
▪ Organizar eventos e atividades acadêmicas, com a parceria
da Divisão Técnica de Serviço Social e setores afins, no
sentido de garantir o aprimoramento profissional em serviço;
▪ Atuar na construção de ações do campo socioeducativo
pertinentes a questão racial, de gênero, geracional, da
família, da seguridade social, da religião, do trabalho,
emprego e geração de renda, respeitando a diversidade e
os grupos socialmente discriminados;
▪ Democratizar informações referentes à dinâmica
institucional junto aos usuários e responsáveis, com base
na legislação vigente, facilitando o seu acesso aos direitos
e serviços existentes na rede intra e extrainstitucional;
▪ Contribuir para viabilizar a participação efetiva dos
usuários em geral, na elaboração dos programas e projetos
a eles destinados;
69
▪ Participar, sempre que necessário, do processo de
avaliação das MSEs no estado;
▪ Produzir estudos de caso, pareceres, relatórios, projetos
de intervenção e de outra natureza, pertinentes aoServiço
Social, relacionados ao adolescente e à sua família, de
forma a subsidiar o cumprimento das MSEs;
▪ Atender e prestar acompanhamento técnico aos servidores,
no campo da saúde do trabalhador;
▪ Prestar orientação social, identificar recursos e esclarecer
os familiares, amigos e responsáveis, a respeito dos
benefícios e direitos referentes à situação de óbito, tais
como os relacionados à Previdência Social, ao mundo do
trabalho (licenças) e a seguros sociais (DPVAT);
▪ Prestar esclarecimentos e assessoramento a outros
profissionais, no que se refere ao Exercício Profissional do
assistente social;
▪ Participar dos espaços de discussão que sejam pertinentes
à sua prática profissional, e que fortaleçam o Projeto Ético
Político do Serviço Social;
▪ Realizar o cadastramento e inclusão de informações
dos adolescentes internos no Novo DEGASE e de seus
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familiares ou responsáveis, no Sistema de Identificação de
Adolescentes – SIAD e no prontuário único móvel, zelando
pela integridade e segurança do sistema;
▪ Utilizar o Sistema de Identificação de Adolescentes – SIAD
como ferramenta para consulta, coleta e consolidação dos
dados necessários ao exercício de suas atribuições;
▪ Registrar em livro próprio, as ocorrências do plantão;
▪ Zelar pelo patrimônio sob a sua guarda direta;
▪ Portar no interior das unidades, obrigatoriamente, o crachá
como identificação funcional;
▪ Executar determinações judiciais e/ou administrativas,
bem como todas as normas emanadas do Novo DEGASE;
▪ Intervir em matéria e situações pertinentes ao Serviço
Social nas Unidades de atendimento socioeducativo do
Novo DEGASE.