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DIRETRIZES ESTRATEGICAS PARA CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM RECURSOS

HIDRICOS NO BRASILCarlos E. M. Tucci

Instituto de Pesquisas Hidráulicas - Universidade Federal do Rio Grande do Sul

GWP - South América - Global Water PartnershipPorto Alegre -RS Brasil - [email protected]

Oscar M. CordeiroUNB Universidade de Brasília

Brasília - DF - Brasil - [email protected]

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INDICE

RESUMO 3

1. INTRODUÇÃO 4

2. SÍNTES EVOLUTIVA DOS RECURSOS HÍDRICOS 52.1 Histórico e tendência 52.2 Ciência e tecnologia 5

3. DESAFIOS E OPORTUNIDADES 73.1 Visão conceitual 73.1 Desafios 7

4. ESTRUTURA DAS AREAS PRIORITÁRIAS 12

5. PROSPECCÃO 145.1 Prospectar 145.1 Prospecções aprovadas pelo comitê gestor 16

6. PROGRAMAS, MECANISMOS E INVESTIMENTOS 17

7. CONCLUSÕES 19

8. REFERÊNCIAS 20

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Um dos principais componentes da gestão dosrecursos hídricos são os investimentos em Ciência eTecnologia. O desenvolvimento do conhecimento é abase do desenvolvimento sustentável e responsável.Recursos Hídricos. Esta é uma área com característi-cas interdisciplinares e interface com as diferentesáreas do conhecimento que procuram entender osprocessos naturais e antrópicos. A construção dosfocos ou prioridades é um exercício que engloba ciên-cia básica e aplicada interdisciplinares, o uso integra-do dos recursos hídricos e o desenvolvimento susten-t á v e l .

Neste artigo são apresentadas as bases das diretrizesestratégicas utilizadas no Brasil em Ciência e Tecnologiaem Recursos Hídricos que vem apoiando o investimentodo Fundo Setorial de Recursos Hídricos CT-Hidro torna-do operacional setembro de 2001 e gerenciado peloMCT Ministério de Ciência e Tecnologia do Brasil.

O fundamento principal das diretrizes estratégicas foio de investir em pesquisa dentro uma visão orientada aoproblema em contraposição ao tradicional investimentona demanda espontânea de pesquisadores que pulveri-

zam os recursos em conteúdos que muitas vezes retratammais os interesses da literatura internacional.

Abstract: One of the main aspects of water resourcesmanagement is the investment in Science andTechnology. Development of knowledge is important forthe sustainable water resource management. It is anarea of the knowledge which is interdisciplinary and hasmany interfaces with other areas of natural resources.Identification of the main issues for research is an exerci-se which requires basic and applied research, interdisci-plinary and integrated use of water resources.

In this article is presented the strategic frameworkused in Brazil for Science and Technology in WaterR e s o u rces which is supporting the Sectorial Wa t e rResource Research Fund which has been operational inSeptember of 2001 and managed by the Science andTechnology Minister of Brasil.

The approached developed for the Strategic Frameworkwas to develop its investments on the country oriented pro-blems instead of investing on researcher demand which ismore related to international researches issues.

RESUMO

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A política de investimento em Ciência e Tecnologiano Brasil teve impulso em 2000 com a criação deFundos Setoriais de Pesquisa que retiram recursos desetores da sociedade para investimento em C & T. EstesFundos foram criados para incentivar o desenvolvimen-to científico e tecnológico em áreas estratégicas e cons -truir uma nova forma de financiamento de investimentoem C&T. Os Fundos financiam “desde encontros, con-gressos, publicações, auxílios individuais, infra-estrutu-ra de pesquisa, bolsas de formação e de fomento tecno-lógico, projetos cooperativos entre universidades eempresas, rede cooperativas, entre entidades de pesqui-sa, até grandes projetos estruturantes.”(MCT, 2000). Oprimeiro Fundo criado foi o de Petróleo, seguido porvários outros fundos, que atualmente totalizam 14.

O Fundo de Recursos Hídricos (CTHidro) foi cria-do por Lei 9993 de 24 de julho de 2000 (Brasil, 2000)e regulamentado pelo decreto n. 3874 de 19 de julhode 2001 (Brasil, 2001b). Os objetivos do Fundo foramestabelecidos na referida lei e são os seguintes: “finan-ciamento de projetos científicos e de desenvolvimentotecnológico, destinados a aperfeiçoar os diversos usosda água, de modo a garantir à atual e às futurasgerações alto padrão de qualidade, utilização racionale integrada com vistas ao desenvolvimento sustentávele à prevenção e defesa contra fenômenos hidrológicoscríticos ou devido ao uso inadequado de recursosn a t u r a i s . ”

Os recursos são obtidos à partir da compensaçãofinanceira da Usinas Hidrelétricas, que destina 6% dovalor da energia na Usina para compensar municípios,

Estados e União pela inundação de terras produtivas.Do total cobrado citado, 4% são destinados para C & Te funcionamento do Fundo de Pesquisa. Este valorrepresenta da ordem de US $ 10 milhões por ano.

O CTHidro é administrado por um comitê gestorpresidido pelo MCT - Ministério de Ciência eTecnologia e formado por representantes das entidadesde fomento a pesquisa: CNPq Conselho Nacional deDesenvolvimento Científico e Tecnológico e FINEPFinanciadora de Estudos e Projetos; Ministérios eAgências de Governo: Ministério de Meio Ambiente,representado pela Secretaria de Recursos Hídricos,Ministério de Energia e ANA Agência Nacional deÁguas; um representante da comunidade científica eoutro das empresas. Inicialmente até abril de 2003 oCTHidro tinha um secretário técnico e outro adjunto(autores do artigo) e atualmente um grupo de técnico deapoio com representantes das entidades de C & T. O pri-meiro comitê gestor foi indicado em 30 de agosto de2001.

Em janeiro de 2001 iniciaram as discussões parapreparação das bases do CTHidro que são o documen-to de diretrizes estratégicas e o Plano Pluri-anual deAplicação PPA (MCT,2001). Neste artigo são apresenta-dos: os elementos básicos que levaram a construção dasdiretrizes estratégicas, aprimorados pela discussão emvários workshops com a comunidade científica no perí -odo de fevereiro a setembro de 2001; os mecanismosutilizados e as prioridades desenvolvidas em programase prospecções e um resumo dos investimentos realiza-dos.

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1. INTRODUÇÃO

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2.1 Histórico e tendência

O século vinte foi palco de importantes transfor-mações nos processos adotados pela sociedade paraaproveitamento dos recursos hídricos. De um uso locale incipiente no início do século, passou-se a um usointenso e setorial, até se buscar, ao final do século XX,implementar o conceito de uso múltiplo, integrado esustentável da água.

Logo após a 2a Guerra Mundial, houve um períodode grandes investimentos em infra-estrutura, visandorecuperar os países que sofreram com o conflito, segui-do por um período de crescimento econômico e popu-lacional significativo. Esse período foi caracterizado porforte industrialização e crescimento das áreas urbanas,o que levou ao início da crise ambiental do final deséculo XX, como resultado da degradação das con-dições de vida da população e dos sistemas naturais. Noinício da década de 70 iniciou a mobilização socialpara controle desses impactos através das primeiraslegislações ambientais em países desenvolvidos. Foiuma década, de maciços investimentos no tratamentode esgoto das cidades e das indústrias nos referidos paí-ses. Nos anos 80, o mundo deparou-se com um grandedivisor na percepção dos limites dos impactos ambien-tais, que foi o acidente da Usina Nuclear de Chernobyl,na antiga União Soviética. No meio científico, já sesabia da interação global de diversos efeitos dapoluição. No entanto, pela primeira vez, a opiniãopública confrontava-se com uma situação em que oambiente de cada cidadão não era delimitado pelasfronteiras de sua região, mas que havia uma fortíssimainteração ambiental global. Nesse mesmo período,observou-se, também, o início de grande pressão sobreos investimentos internacionais em hidrelétricas emáreas como a Amazônia, região identificada pelo seupapel de destaque no processo de equilíbrio climático.No Brasil, pelas pressões externas, foram eliminados osempréstimos internacionais para construção de hidrelé-tricas, com grande impacto na capacidade de expansãodo sistema elétrico no Brasil. Nessa década, também, foiaprovada a legislação ambiental brasileira. Os anos 90foram marcados pela idéia do desenvolvimento susten-tável, fruto do equilíbrio entre o investimento no cresci-mento dos países e a conservação ambiental. Tornou-seclara a necessidade do aproveitamento dos recursoshídricos se dar de forma integrada, com múltiplos usos.No que se refere à poluição das águas, iniciou-se, nospaíses desenvolvidos, o controle da poluição difusa de

origem urbana e agrícola. Os empréstimos de organis-mos internacionais no Brasil que, no passado, privile-giavam, principalmente, o setor energético, mudarampara a melhoria sanitária e ambiental das cidades, ini-ciando-se com as grandes metrópoles brasileiras. Esseperíodo foi marcado no Brasil pela aprovação da legis-lação nacional de recursos hídricos em 1997, pelaimplantação do sistema nacional de gerenciamento derecursos hídricos, o mesmo tendo ocorrido em váriosEstados brasileiros ao longo da década

O início deste novo século (e milênio) tem se caracte-rizado internacionalmente, pela busca de uma maior efi-ciência e conservação no uso dos recursos hídricos, tendocomo base os princípios básicos aprovados na Rio 92. NoBrasil o processo institucional tem avançado com acriação da Agência Nacional de Águas, início dacobrança pelo uso da água e pela poluição gerada. Essecenário se mostra promissor, uma vez que preconiza aparticipação de diferentes atores sociais no processo deci-sório do uso dos recursos hídricos e sua conservação.

2.2 Ciência e tecnologia

Até a década de 70 do século vinte, os aspectos téc-nico-científicos de recursos hídricos eram respondidos,isoladamente, por engenheiros civis, quando se tratavade construir uma barragem, um canal, a drenagem deuma bacia; por engenheiros sanitários e civis quando setratava de um sistema de água e esgoto; por químicos ebiólogos, no caso do desenvolvimento de processos detratamento de água e esgoto; por agrônomos, quando setratava de irrigação ou programas de conservação dosolo; por geólogos quando se tratava de obter água sub-terrânea; por meteorologistas para prever as condiçõesde tempo e clima, etc.

Definiam-se, assim, sistemas de intervenção limita-dos pelo espaço e pelas áreas do conhecimento e porobjetivos específicos. O desenvolvimento em C&T eraditado, até então, tanto por uma visão setorial de apro-veitamento da água quanto por uma ótica de controleda poluição e de proteção ambiental. Devido à evo-lução no desenvolvimento industrial e urbano, assimcomo na exploração dos recursos naturais, ficou evi-dente que o ambiente, ora em desequilíbrio, necessita-va de uma avaliação mais precisa e integral dos proces-sos e impactos, buscando-se evitar prejuízos que com-prometessem a sustentabilidade da própria sociedade.

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2. SÍNTES EVOLUTIVA DOS RECURSOS HÍDRICOS

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Até os anos 70, os resultados da ação do homemsobre o meio ambiente eram vistos sob a ótica estrita daescala local, isto é, de uma cidade de um trecho de rioou de uma área irrigada. Atualmente, os problemasdevem ser vistos na escala da bacia hidrográfica. Algunsproblemas expandem-se até a escala do país e do globoterrestre, em decorrência dos potenciais efeitos namodificação tanto do uso do solo e quanto do clima, ede sua variabilidade. A complexidade do gerenciamen-to dos sistemas hídricos cresce devido à diminuição dadisponibilidade dos recursos hídricos e ao aumento dadeterioração da qualidade da água nos diferentes siste-mas hídricos (rios, lagos, açudes, represas, aqüíferos,estuários e águas costeiras) com maior ocorrência deconflitos no aproveitamento da água. O uso integradodos recursos hídricos é uma necessidade para . Alémdisso, há o aumento do interesse público no impactodos aproveitamentos hídricos sobre o meio ambiente. Oplanejamento da ocupação da bacia hidrográfica é uma

necessidade em uma sociedade com usos crescentes daágua, e que tende a ocupar a bacia de forma desorde-nada, inclusive avançando sobre as áreas de inundação,danificando ainda mais o seu meio ambiente.

O desenvolvimento em C&T incorpora, assim, preo-cupações de natureza multi-setorial no uso de água e debusca de soluções sustentáveis. A necessidade da inte-gração é, portanto, um fato. No entanto, a formação téc-nica e profissional em Recursos Hídricos dão-se, quaseque exclusivamente, por meio de programas de pós-gra-duação, no âmbito das áreas de engenharia civil. Amaioria desses programas de pós-graduação se desen-volve voltando-se, primordialmente, para aspectos seto-riais dos usos dos recursos hídricos como energia, águapotável, saneamento e irrigação. Na última década,alguns programas voltaram-se para o desenvolvimentode pesquisas de âmbito ambiental, criando programascom características interdisciplinares.

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Os principais desafios de C&T relacionam-se àbusca de soluções sustentáveis para problemas de:Escassez de água, Excesso de água, Deterioração daqualidade da água, percepção inadequada de gestores edo público em geral sobre a gravidade da questão daágua, fragmentação e dispersão das ações de gerencia-mento dos recursos hídricos, Fontes de financiamentoinsuficientes para a resolução dos problemas relativosaos recursos hídricos, conflitos potenciais em rios com-partilhados por mais de um Estado ou país e perspecti-vas de mudanças climáticas na Terra que afetarão a dis-tribuição e a disponibilidade de água.

3.1 Visão conceitual

Com organizar os focos de pesquisa numa área tãointerdisciplinar? É possível escolher as disciplinas doconhecimento como Hidrologia, Hidráulica,Meteorologia, Qualidade da Água, entre outras e suassub-divisões. De outro lado se o foco é a realidade dopaís pode-se escolher os principais biomas brasileiroscomo: Amazônia, Pantanal, Cerrado,Semi-árido,Costeiro, Sul e Sudeste. Outra alternativa de foco podeser os sistemas hídricos como: rios, reservatórios, aqüí-feros e bacias hidrográficas como muitos visualizam agestão dos recursos hídricos. Olhando pelo sócioeconômico os focos podem ser: energia, agricultura,meio ambiente, transporte, entre outros. Como seobserva todas estas linhas tem seu atrativo próprio, masnenhuma delas atende o conjunto das preocupações dedesenvolvimento de C & T. De outro lado, consideran-do que o CTHidro foi criado para investir no conheci-mento que apóie a melhoria da qualidade de vida dapopulação e na conservação ambiental é natural que osseus investimentos sejam orientados para a solução deproblemas da sociedade (problem-oriented).

O investimento tradicional em pesquisa vinha oco-rrendo de forma pulverizada e dentro dos focos de inte-resses dos pesquisadores que nem sempre tinham com-ponentes integradores e voltados para problemas críti-cos da sociedade. A figura 1 retrata de forma figurativaos vários componentes e caracteriza a gestão dos recur-sos hídricos e o foco dos investimentos para os princi-pais problemas nacionais.

Conceitualmente o fundo busca o seguinte: (a) criarum base de investimento permanente no qual a pesqui-sa tenha sustentabilidade para se desenvolver; (b)

desenvolver o foco de pesquisa para problemas desociedade, convidando os pesquisadores a buscarsolução para os mesmos; (c) concentrar esforços para abusca de inovação em C & T que alavanque o desen-volvimento social e econômico e garanta a sustentabili-dade ambiental.

Figura 1

Visão dos focos de pesquisa emRecursos Hídricos

3.2 Desafios

Os grandes desafios que necessitam investimento depesquisa em ciência e tecnologia e inovação em recur-sos hídricos no país envolvem os vários componentescitados nos itens anteriores e podem ser representadospor uma tipologia que privilegie a visibilidade social.Para chegar aos referidos temas foi realizada a seguintepergunta: Quais são os principais problemas de recursoshídricos no país visto pela maioria das pessoas? Estesaspectos foram elencados discutidos e aprimorados esão relacionados a seguir:

3.2.1 Sustentabilidade hídrica de regiões semi-áridas:As regiões semi-áridas geralmente possuemgrande fragilidade quanto à sua sustentabilidade

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3. DESAFIOS E OPORTUNIDADES

Sistemashídricos

Ambientesbrasileiros

Disciplinasconhecimento

Sócio-econõmico

Gestão dosRecursosHídricos

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hídrica. Poucos anos com disponibilidade hídri-ca fazem com que a população se estabeleçapara, logo em seguida, quando ocorrem os lon-gos períodos secos, os prejuízos sejam inevitá-veis, com forte empobrecimento da região emigração para outras áreas.

As conseqüências desses eventos extremos, sobo ponto de vista físico e climático, dão-se sobresaúde, trabalho e habitação da população, com-prometendo a sustentabilidade da região.Contribuem, também, para isso, processos dedegradação do solo e a desertificação.

O desafio do desenvolvimento científico e tec-nológico é o de dispor de elementos que criemcondições para a permanência da população naregião, melhorando suas condições econômicas,e também suas condições de educação, saúde,trabalho e habitação. Para isso, é preciso aumen-tar a disponibilidade hídrica por meio de técni-cas inovadoras como novas formas de explo-ração de água subterrânea no cristalino, coleta earmazenamento da água da chuva em cisternase açudes, processos de dessalinização, proces-sos integrados de gestão da demanda e de racio-nalização do uso da água, controle e melhoriada qualidade da água e melhoria da previsão cli-matológica.

3.2.2 Água e gerenciamento urbano integrado: Ocrescimento das cidades tem causado impactossignificativos sobre o meio ambiente e, com isso,a população sofre com o comprometimento doabastecimento público, a piora das condições dequalidade da água, as inundações, a má gestãodos resíduos sólidos, entre outros.

A falta de integração na gestão desses proble-mas, principalmente devido à setorização dasações públicas, tem sido uma das grandes cau-sas do agravamento das condições hídricas emáreas urbanas. Os principais impactos verifica-dos sobre os sistemas hídricos das cidades brasi-leiras são os seguintes: Contaminação dosmananciais urbanos, como conseqüência dapoluição dos sistemas hídricos e da ocupaçãodesordenada das áreas de proteção de manan-ciais, levando à redução da disponibilidadehídrica; Falta de tratamento e de disposição ade-quada de esgoto sanitário, industrial e de resí-duos sólidos; Aumento das inundações e dapoluição devido à drenagem urbana deficiente;Ocupação das áreas de risco de inundação, comgraves conseqüências para a população;Redução da disponibilidade hídrica.

O principal desafio é a busca de soluções inte-gradas e economicamente sustentáveis. Odesenvolvimento tecnológico deve buscara

visão integrada para: a proteção de mananciais,racionalização do uso da água, com programasde redução de consumo, reuso da água, equipa-mentos de menor consumo; sistemas eficientesde tratamento de água, adequados à realidadelocal; sistemas de controle da poluição que mel-horem a qualidade da água; controle das inun-dações e priorizem o planejamento urbano queconserve o ambiente; controle e disposição dosresíduos sólidos.

3.2.3 Gerenciamento dos impactos da variabilidadeclimática sobre sistemas hídricos e a sociedade:São significativos os efeitos da modificação douso do solo e da variabilidade climática de curtoe médio prazo sobre a bacia hidrográfica e sobreas atividades humanas. O conhecimento dessesimpactos sobre os sistemas hídricos é, ainda,limitado. Dessa forma, o gerenciamento integra-do dessa questão praticamente não existe.

Existem várias características desse problemaque são essencialmente brasileiras como, aoperação e a garantia do sistema energético eo comportamento dos grandes ecossistemascomo o Pantanal e a Amazônia. Além disso,para melhor gerenciar conflitos de uso da águacomo, por exemplo, entre irrigação, energ i a ,navegação fluvial, controle de inundações eproteção ambiental, é essencial o conhecimen-to antecipado do comportamento hídrico des-ses sistemas.

Os desafios para a ciência são a avaliação inte-grada dos processos meteorológicos, hidrológi-cos e dos ecossistemas sujeitos à variabilidadeclimática; desenvolvimento de modelagem des-ses processos integrados e a avaliação e miti-gação dos cenários de desenvolvimento dasregiões brasileiras.

3.2.4 Uso e conservação do solo e de sistemas hídri-cos: No desenvolvimento agrosilvopastoril, apartir da ocupação dos espaços naturais em dife-rentes partes do país observam-se vários impac-tos, tais como: a erosão do solo e produção desedimentos que se depositam nos rios, agregadosa pesticidas; a própria degradação da superfíciedo solo com impacto local e a jusante da bacia;a drenagem e o conflito pela água em áreas debanhado, que representam ecossistemas a seremconservados como o Pantanal, Taim, entreoutros; o desmatamento de extensas áreas comconseqüências importantes sobre o ciclo hidro-lógico; a redução da proteção das áreas margi-nais de rios, reservatórios, lagos, etc. o uso inten-sivo da irrigação em certas regiões agrícolas dopaís, com ocorrência de uma série de conflitosentre a irrigação e outros usos da água e mesmoconflitos de irrigantes entre si.

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O conhecimento quantitativo dos efeitos daação antrópica sobre ecossistemas brasileiros é,ainda, limitado. Necessita-se de monitoramentoe metodologias robustas que permitam uma ade-quada avaliação dos processos nas diferentesescalas de comportamento dos sistemas hídri-cos, além de práticas adequadas de gestão.

Os desafios dessa linha são o desenvolvimentode tecnologias de aumento da produtividade dossistemas agrossilvopastoris que contribuam parao ordenamento sustentável do espaço rural e queaumentem a eficiência do uso da água, manten-do a conservação do solo. Incluem-se, aqui, aavaliação e a mitigação dos impactos do desma-tamento e das queimadas, particularmente emrelação aos impactos sobre as áreas de proteçãode mananciais.

3.2.5 Prevenção e controle de eventos extremos:Tanto as enchentes como as estiagens produzemimportantes impactos sócio-econômicos. Nessesprocessos, é importante desenvolver mecanis-mos que permitam minimizar esses impactos. Aconvivência com esses processos naturais geral-mente não encontra na sociedade um planeja-mento adequado para enfrentar as situações deemergência e nem mesmo mecanismos de pre-visão de ocorrência dessas situações.

São considerados eventos extremos a ocorrênciade estiagem, das cheias, de incêndios florestais,entre outros. O desafio associado a esse tipo deintervenção envolve o desenvolvimento de siste-mas de previsão de eventos extremos, de ações deplanejamento preventivas necessárias para a miti-gação dos impactos e do gerenciamento dos con-flitos resultantes da ocorrência desses eventos.

3.2.6 Usos integrados dos sistemas hídricos e conser-vação ambiental: A Agenda 21 e a lei n.º 9433de 08/01/97 que institui a Política Nacional deRecursos Hídricos estabelecem como prioridadeo uso múltiplo dos recursos hídricos. Entre oobjetivo e a prática existe uma grande distânciaem função de diferentes condicionantes regio-nais, econômicos, sociais e culturais. O uso daágua tem sido essencialmente setorial e quandoexiste um uso suplementar, esse se dá, geral-mente, de forma marginal.

O uso integrado não é somente a integração deusos, mas também a integração dos diferentessistemas hídricos dentro da bacia hidrográfica.Cada sistema não pode ser visto isoladamente,mas dentro de um mesmo conjunto de sistemasque, de alguma forma, interagem no funciona-mento e podem propiciar um melhor uso daágua. A prática, além de setorizada em termosde uso, tem a visão essencialmente local.

O desafio é o de criar tecnologias que permitamviabilizar o conjunto de planejamento, projeto eoperação de sistemas hídricos que compatibili-zem de forma sustentável e adequada diferentesusos no conjunto da bacia ou região hidrográfi-ca.

3.2.7 Qualidade da água dos sistemas hídricos: Umdos maiores problemas que o setor de recursoshídricos hoje enfrenta é o da redução da dispo-nibilidade hídrica devido à degradação da qua-lidade da água dos rios, lagos e aqüíferos.Durante muito tempo, o controle da qualidadeda água foi visto apenas de forma setorial, inter-vindo-se, prioritariamente, no efluente da indús-tria e nos efluentes domésticos, geralmente semtratamento. A indústria foi fiscalizada e obrigadaa melhorar seu efluente. O poder público tembuscado financiamento para os efluentes domés-ticos, mas, na ótica de gestão de bacias hidro-gráficas, apenas essa ação não é suficiente.Juntam-se a essa fonte de poluição, as cargasdifusas de origem urbana e rural, além dapoluição oriunda da mineração.

Para a melhoria da qualidade da água dos rios énecessário identificar as cargas das bacias, iden-tificar os locais críticos e investir na redução des-sas cargas. O levantamento de informações, afiscalização e o monitoramento dos rios sãoessenciais para entender os impactos e sobreeles atuar.

Os desafios deste componente são o de desen-volver metodologias eficientes para levantamen-to das cargas das bacias, para fiscalização, moni-toramento e simulação dos processos que per-mitam a adequada gestão dos recursos hídricos.Nesse processo é essencial o desenvolvimentode infra-estrutura de laboratórios e equipamen-tos que permitam a identificação das condiçõesde qualidade da água.

3.2.8 Gerenciamento de bacias hidrográficas: Aimplantação dos mecanismos e instrumentostécnicos e institucionais para o gerenciamentodos recursos hídricos, conforme a Lei 9.433/97,requer desenvolvimento de metodologia decaráter científico, tecnológico e institucional,que permita o sistema alcançar plenamente seusobjetivos.

Alguns dos desafios são: o desenvolvimento desistemas de suporte à decisão dos sistemas deoutorga para uso da água, tanto para captaçõescomo para lançamentos; sistemas de cobrançapelo uso da água, com as respectivas avaliaçõeseconômicas necessárias; metodologia deenquadramento dos corpos de água, com vistasà integração plena da gestão quantidade-quali-

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dade da água e dos mecanismos de participaçãopública.

3.2.9 Estudo do comportamento dos sistemas hídri-cos: O entendimento do comportamento hidro-lógico na bacia hidrográfica, que envolve pro-cessos químicos, físicos e biológicos, é essencialpara fazer face aos demais desafios aqui apre-sentados.

A diversidade dos ecossistemas brasileiros sujei-tos às diferentes ações antrópicas se caracterizapor singularidades que necessitam ser compre-endida para buscar a sustentabilidade dos ecos-sistemas. A quantidade de informações existentesobre esses diferentes sistemas é limitada nopaís, o que tem dificultado o seu gerenciamentoem bases científicas adequadas.

Os desafios deste componente são de identificaras necessárias características-chave relacionadasa esses sistemas e de monitorar na forma de pro-jetos-piloto representativos as variáveis explica-tivas criando uma base concreta para as açõespúblicas e privadas no uso e conservação dossistemas hídricos nos diferentes biomas brasilei-ros.

3.2.10 Uso sustentável de recursos hídricos costeiros:No Brasil, as características complexas da ZonaCosteira são acentuadas pela sua imensaextensão, de cerca de 8.500 km ao longo de sualinha de litoral. Numa estreita faixa terrestre dazona costeira se concentra, aproximadamente,mais de um quarto da população brasileira,resultando numa densidade demográfica decerca de 87 hab./km_, índice cinco vezes supe-rior à média do território nacional.

Por isso é importante dar especial atenção aouso sustentável dos recursos costeiros, com pla-nejamento integrado da utilização de taisrecursos, visando o ordenamento da ocupaçãodos espaços litorâneos. A Zona Costeira abrigaum mosaico de ecossistemas de alta relevânciaambiental, cuja diversidade é marcada pelatransição de ambientes terrestres e marinhoscom interações que lhe conferem um caráter defragilidade e que requerem, cuidados do poderpúblico, conforme demonstra sua inserção naConstituição Brasileira como área de patrimô-nio nacional. Além disso, há uma tendênciapermanente ao aumento da concentraçãodemográfica nas Zonas Costeiras. A saúde, obem-estar e, em alguns casos, a própria sobre-vivência das populações costeiras depende dosecossistemas costeiros, incluindo áreas úmidas,regiões estuarinas, bacias de recepção e drena-gem e as águas interiores próximas à costa. Éfundamental um maior conhecimento sobre

esses recursos naturais e do uso dos espaçoscosteiros para subsidiar e otimizar a aplicaçãodos instrumentos de controle e de gestão.Ciência, Tecnologia e Inovação podem contri-buir para elevar a qualidade de vida da popu-lação, e a proteção do patrimônio natural. Odesenvolvimento sistemático do diagnóstico daqualidade ambiental da Zona Costeira, identifi-cando suas potencialidades, vulnerabilidades etendências predominantes, é elemento essen-cial para o processo de gestão. Ele permitiriaefetivo controle sobre os agentes causadores depoluição ou degradação ambiental sob todas assuas formas, que ameacem a qualidade de vidana Zona Costeira e a produção e difusão doconhecimento científico.

3.2.11 Desenvolvimento de Produtos e Processos: Paraenfrentar todos os desafios anteriormente descri-tos haverá enorme potencial de geração de pro-dutos e processos que, não só contribuam para asolução de problemas específicos, mas permi-tam a expansão das suas aplicações para todo opaís de forma bastante eficiente. Esse item espe-cífico de desenvolvimento refere-se à criação denovas tecnologias que poderão resultar em pro-dutos comercializáveis, quer sob a forma de soft-wares e patentes, quer sob a forma de equipa-mentos.

Uma das formas de aumento de produtividade emaior utilização das tecnologias é o de criaçãode softwares que permitam o gerenciamentohídrico e uma maior transferência de tecnologiaao setor produtivo. Além disso, o desenvolvi-mento desses programas tem um potencialimportante de geração de uma linha de serviçosdentro do país em função da sua diversidade deproblemas. Como conseqüência natural desseprocesso é possível criar produtos para expor-tação onde problemas e ambientes semelhantesnecessitam de ferramentas como as que poten-cialmente podem ser desenvolvidas para a reali-dade brasileira. Modelos de operação de gran-des sistemas, sistemas de previsão e alerta,modelos de operação para a área de saneamen-to e drenagem, entre outros, podem estar nessalinha de produção.

O mesmo ocorre com a área de desenvolvimen-to de equipamentos. A área de recursos hídricosse ressente de uma falta de capacidade de apri-moramento tecnológico no desenvolvimento deequipamentos que atendam seus vários setorescomo: monitoramento hidrológico e de qualida-de da água; equipamentos para a produção deágua, saneamento, equipamentos para tornar efi-ciente o uso e reduzir o consumo da água nosmeios urbano, rural e na indústria e equipamen-tos de redução e controle da poluição.

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Grande parte dos equipamentos hoje utilizadosé importada e, muitas vezes, não atende à reali-dade e aos condicionantes naturais do país. Oinvestimento atual no setor é pequeno e sãograndes os desafios para se criar uma base per-manente de tecnologia para alavancar esse tipode indústria dentro do país.

3.2.12 Capacitação de recursos humanos: O desenvol-vimento e a preservação dos recursos hídricosdependem de profissionais qualificados parapesquisa, tomada de decisão e ações no setor. Ofoco da capacitação é voltado para: ampliar acapacidade de pesquisa em regiões carentescomo o Norte do país; grupos de pesquisa volta-dos para as diferentes realidades brasileiras; pelomenos nos primeiros anos de investimento emcapacitação, a formação deve abranger todos osníveis: desde o nível técnico, até a pós-gra-duação, passando por programas de especiali-zação e de extensão, atingindo profissionais etambém os participantes do processo decisório,como os membros de comitês e conselhos derecursos hídricos.

É imprescindível que essa formação se dê deforma integrada e multidisciplinar e voltados ini-cialmente para: (a) capacitação de profissionaisque atuem nos Estados ou no Governo Federal,no gerenciamento dos recursos hídricos deforma mais ampla, denominado curso deGerenciamento de Recursos Hídricos; (b) paraprofissionais que atuem nos municípios e neces-sitam de um enfoque específico, relacionadocom o gerenciamento dos recursos hídricos

municipais, denominado de curso deGerenciamento Hídrico Municipal; (c) capaci-tação de membros dos órgãos colegiados dos sis-temas de recursos hídricos, para que conheçamas particularidades dos sistemas sobre os quaiseles tomam decisões; (d) ao sistema formal deformação de pesquisadores.

O desafio de aumentar e melhor qualificar osquadros profissionais do país é imenso. O ade-quado desenvolvimento do setor somente sedará com a formação de equipes integradas,multidisciplinares e treinadas nas várias especifi-cidades de sua região.

3.2.13 Infraestrutura de apoio à pesquisa e ao desen-v o l v i m e n t o . Por muitos anos, a quantidade derecursos financeiros não permitiu o aumentoda infra-estrutura de pesquisa em recursoshídricos.

Devido à falta de recursos e à sua intermitênciaao longo do tempo, a infra-estrutura para o setorde recursos hídricos tem ficado deteriorada edesatualizada, necessitando apoio significativopara se tornar moderna e poder criar uma baseconcreta para o desenvolvimento dos projetosdas diferentes linhas de pesquisa do Fundo.

Os desafios envolvem a modernização de: labo-ratórios de qualidade da água, de hidráulica,sedimentos, solos, entre outros; laboratórios deaferição de equipamentos utilizados no monito-ramento e no setor produtivo; monitoramento deáreas-piloto de processos e sistemas hídricos.

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As áreas prioritárias para financiamento de açõespelo CT-HIDRO são baseadas nos desafios citados ante-riormente e organizadas segundo o seguinte:

4.1 Pesquisa e Desenvolvimento: visam à criação deconhecimento para solução de problemas existentesno gerenciamento dos recursos hídricos para asociedade;

4.2 Estudos de Base: são pesquisas voltadas para o con-hecimento do comportamento dos processos hídri-cos nos biomas brasileiros sob condições naturaisou sujeitos a impactos antrópicos;

4.3 Produtos e Processos: criação de novos produtos eprocessos comercializáveis ou não, quer sob a

forma de softwares e patentes, quer sob a forma deequipamentos;

4.4 Recursos Humanos: programas que qualifiquemprofissionais para o desenvolvimento de ciência etecnologia para receberem a transferência de con-hecimento, com ênfase na difusão junto ao setorprodutivo;

4.5 Infraestrutura: desenvolver infra-estrutura que per-mita ampliar o conhecimento científico e tecnológi-co, no atendimento dos diferentes projetos.

Na tabela 1 apresenta-se um resumo dessas áreasprioritárias, considerando-se a organização citada, defi-nidas suas principais características e seus objetivos.

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4. ESTRUTURA DAS ÁREAS PRIORITÁRIAS

Tabela 1

Áreas Prioritárias para Financiamento de Ações pelo CT-Hidro (MCT, 2001)

Categorias Áreas Prioritárias Principais Problemas Observados Objetivo da Intervençãode IntervençãoPesquisa e Sustentabilidade Limitações ao desenvolvimento Ampliar a disponibilidade hídricaDesenvolvimento hídrica de regiões devido à falta de água para a para os diferentes usos (superficial

semi-áridas. população e para a produção e subterrâneo), com vista àde alimentos. melhoria dos índices de

desenvolvimento humano.Água e o Saneamento ambiental inadequado, Racionalizar o uso urbano dagerenciamento com problemas de água, esgoto e água, buscando melhoria da saúdeurbano integrado. drenagem urbana, acarretando e da qualidade de vida das

contaminação e poluição de populações, assim como amananciais, ocorrência de doenças qualidade da água dos mananciais.e perda de qualidade de vida.

Gerenciamento dos Incapacidade técnica e institucional Prevenir-se contra os efeitos deimpactos da para se gerenciarem, de forma curto, médio e longo prazos variabilidade eficiente, os efeitos da variabilidade da variação associado ao clima,climática sobre climática na sociedade, nas por meio da ação de previsão esistemas hídricos e atividades humanas e no meio planejamento.sociedade. ambiente.Uso e conservação Erosão e sedimentação do solo, Desenvolver práticas de ocupaçãodo solo e de perda de cobertura natural e e aproveitamento do espaço, comsistemas hídricos. revegetação inadequados. conservação do solo e dos

sistemas hídricos.Usos integrados dos Uso setorial dos recursos hídricos, Otimizar e racionalizar os usossistemas hídricos e conflitos dos usos e impactos integrados dos sistemas hídricos comconservação resultantes. o mínimo impacto ambiental.ambiental.Prevenção e Fortes impactos sócio econômicos Minimizar o impacto doscontrole de eventos devido a enchentes e secas em eventos extremos sobre a sociedadeextremos. diferentes partes do país. e o ambiente, por meio da previsão

e do planejamento.

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Qualidade da água Degradação dos mananciais devido Evitar e controlar o impacto dasdos sistemas à incipiência de saneamento urbano diferentes ações nas bacias sobrehídricos. e rural e a outras formas de poluição. a qualidade da água dos sistemas

hídricos.Gerenciamento de Limitações legais, técnicas, Desenvolver mecanismos bacias hidrográficas. institucionais e financeiras para eficientes para o gerenciamento

implementar ações integradas e de bacias e regiões hidrográficas.eficientes de gestão de água.

Uso sustentável dos Fortes impactos associados ao Desenvolver conhecimento sobrerecursos hídricos desenvolvimento industrial e os ecossistemas costeiros ecosteiros. urbano, nas áreas costeiras, com mecanismos que compatibilizam

desaparecimento e degradação de ocupação, aproveitamento eimportantes ecossistemas. conservação dessas áreas.

Estudos Comportamento dos Lacunas no conhecimento do Ampliar o conhecimento sobrede Base sistemas hídricos. comportamento dos sistemas comportamento dos biomas

hídricos, impossibilitando processo brasileiros e de seus sistemaseficiente de gerenciamento dos hídricos para apoiar orecursos hídricos. desenvolvimento sustentável

Produtos e Desenvolvimento Produtos e processos produtivos de Favorecer o fortalecimento daProcessos de produtos e controle da emissão de rejeitos indústria nacional de equipamentos

processos. incompatíveis com a realidade do e de serviços para o atendimentopaís ou com a sustentabilidade dos às demandas dos diferentes usos eecossistemas, assim como da conservação da água.dependência externa em equipamentos, insumos e aplicativos.

Recursos Capacitação de Falta de profissionais capacitados Formar o pessoal necessário paraHumanos recursos humanos. em todos os níveis do setor de atuar nas ações de pesquisa,

recursos hídricos como forte desenvolvimento e gestão do setor limitação ao desenvolvimento de recursos hídricosdo setor.

Infra-estrutura Infra-estrutura de Infra-estrutura de pesquisa e Implementar, ampliar, equipar apoio à pesquisa e desenvolvimento no setor, e modernizar centros de pesquisaao desenvolvimento ainda limitada. e laboratórios que atuam no setor tecnológico. de recursos hídricos.

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As prospecções dentro de recursos hídricos foramrealizadas em dois níveis:

Prospectar (MCT, 2002): que é uma ação de pros-pecção em diferentes áreas de C & T desenvolvido den-tro do MCT com o objetivo de validar os temas identifi-cados e verificar a tendência junto aos pesquisadores.

Prospecções aprovadas no comitê gestor: Dentro doC T-Hidro foram discutidas e aprovadas seis prospecçõesde temas identificados como relevantes, mas que necessi-tavam identificar os focos e mecanismos de investimentos.

5.1 Prospectar

A síntese do projeto PROSPECTAR em RecursosHídricos desenvolvido pelo MCT (2001) é apresentado as e g u i r. Na 1ª rodada de consultas à comunidade científicae tecnológica do setor, o tema foi subdividido, a partir dalistagem de áreas de pesquisa da Plataforma Lattes, doCNPq, em 116 sub-temas, cada um contendo de um aquatro tópicos, totalizando 139 tópicos. Ao final dessa pri-meira consulta, da qual participaram 1.332 respondentes,foram sugeridos 442 novos tópicos, distribuídos em 97subtemas. Para a 2ª rodada de consultas à comunidade, asinstituições âncoras, auxiliadas por um comitê de triagem,procuraram consolidar os resultados parciais, eliminandorepetições de tópicos, tópicos que não diziam respeitodiretamente ao tema, etc., além de propor alguns novostemas. Os 218 tópicos de pesquisa resultantes desse pro-cesso de consolidação foram redistribuídos em 11 sub-temas, obtidos das áreas prioritárias de pesquisa descritasno item anterior. Na 3ª rodada, conforme a metodologiaDelphi, o mesmo conjunto de subtemas e tópicos foi rea-presentado para as pessoas que responderam na rodadaa n t e r i o r, para que os mesmos revissem suas respostas, àluz do conjunto de respostas obtidas na 2ª rodada, confir-mando-as ou não. Nesse processo, participaram 228 pes-soas, resultando daí um conjunto de respostas sobre 213tópicos de pesquisa.

Os 11 subtemas de Recursos Hídricos estão represen-tados nas Figuras 2 e 3 por suas posições médias emrelação aos índices de Relevância e de Disponibilidade,bem como ao Horizonte de Realização. Estes índicesforam obtidos a partir da média das respostas ponderadaspelo grau de conhecimento das pessoas que responderamsobre os tópicos específicos. O índice de Relevância agre-ga os três índices de efeito esperado levantados nos ques-

tionários: aumento da eficiência do sistema produtivo;melhoria da qualidade de vida da população; avanço doconhecimento científico e tecnológico. O índice deDisponibilidade agrega os três índices de disponibilidadeutilizados na pesquisa: recursos humanos qualificados;infra-estrutura de pesquisa; capacitação tecnológica nosetor produtivo. Estes índices agregados de Relevância ede Disponibilidade podem variar de -1 até +1, represen-tando os valores negativos uma condição desfavorável naopinião das pessoas que responderam; os valores positi-vos, uma condição favorável e o zero uma situação inter-mediária. O horizonte de realização, por sua vez, estabe-lece o ano em que, segundo estimativa dos que respon-deram a pesquisa, o sub-tema em média, ou cada tópicode per si, será concretizado.

Os sub-temas são apresentados na Figura 2 comoum gráfico da Relevância (ordenada) em relação àDisponibilidade (abscissa), no qual o tamanho das esfe-ras é proporcional ao número de tópicos do sub-tema.Pode-se constatar que os sub-temas de RecursosHídricos foram em média avaliados pelos respondentesde modo muito favorável quanto a sua relevância.

Dez dos onze sub-temas situam-se entre 0,28 e 0,39e o sub-tema “Uso do Solo e os Sistemas Hídricos” sepa-ra-se dos demais com o valor 0,50. Esta avaliação favo-rável parece refletir o destaque que a importância dosrecursos hídricos como um todo vem recebendo nomundo e na sociedade brasileira. Quanto ao índice deDisponibilidade, a avaliação dos sub-temas foi maisdiferenciada, refletindo uma percepção de carências emrecursos humanos, infra-estrutura e capacitação tecno-lógica em várias áreas de pesquisa.

Os índices variam entre -0,08 e +0,12, com seis sub-temas em situação desfavorável (valores negativos) ecinco em situação favorável (valores positivos). Onúmero de tópicos por sub-temas (tamanho das esferas)revela três sub-temas preponderantes (“Produtos eProcessos para Uso e Conservação da Água” - 47 tópi-cos, “Gerenciamento de Bacias Hidrográficas” - 34 tópi-cos e “Água e Gerenciamento Urbano Integrado” - 34tópicos), seguidos de mais dois sub-temas intermediá-rios (“Uso Integrado dos Sistemas Hídricos” - 22 e “Usodo Solo e os Sistemas Hídricos” - 20). Estes números ele-vados de tópicos refletem, no caso, a diversidade dosusos e dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos,e de soluções na área dos produtos e processos voltadospara o uso e gestão. O sub-tema “Va r i a b i l i d a d eClimática e os Recursos Hídricos” (com apenas quatrotópicos) é avaliado com alta relevância (0,39), porémcom baixa disponibilidade (-0,08).

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5. PROSPECÇÃO

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Na Figura 3 estão representados os mesmos sub-temas da figura anterior, relacionando os índices deDisponibilidade (ordenada) com o Horizonte deRealização (abscissa). O tamanho das esferas, nestecaso, é proporcional ao módulo do índice deNecessidade de Cooperação Internacional, ou seja,pode crescer entre zero e +1 (necessidade crescente decooperação internacional; esferas mais escuras), oucrescer entre zero e -1 (indicando necessidade decres-cente de cooperação; esfera mais clara).

Os sub-temas com maior horizonte de realizaçãosão os que têm índice de disponibilidade mais desfavo-rável, e também maior necessidade de cooperaçãointernacional. Por exemplo, Variabilidade Climática eos Sistemas Hídricos, Prevenção e Controle de EventosCríticos e, em menor escala, Recursos HídricosCosteiros e Qualidade da Água dos Sistemas Hídricos.O sub-tema Gerenciamento de Bacias Hidrográficas,

cuja realização foi estimada para concretizar-se em2010, tem um índice de disponibilidade relativamentedesfavorável (-0,066), porém sua necessidade de coo-peração é relativamente mais baixa (0,038). Uma possí-vel interpretação para este fato é a natureza local, oumesmo “interna”, dos problemas relacionados com oassunto. O sub-tema com menor necessidade de coo-peração internacional é Uso do Solo e os SistemasHídricos, único sub-tema de Recursos Hídricos comvalor negativo deste índice. Apesar da baixa avaliaçãodo índice de Disponibilidade deste sub-tema, verifica-seque a maior parte dos tópicos são propostos para usoamplo, referindo-se a tecnologias em princípio já domi-nadas no país, o que pode explicar a baixa necessidadede cooperação internacional. Dois sub-temas, Água naRegião do Semi-árido e Água e o Gerenciamento urba-no Integrado chamam a atenção pelo horizonte de rea-lização dilatado em relação ao elevado índice deDisponibilidade.

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Figura 2

Os sub-temas de Recursos Hídricos em relação ao índice de Relevância (MCT, 2002).

Índice de Disponibilidade

Uso do Solo e os Sistemas Hídricos

Uso integrado dos Sistemas Hídricos

Variabilidade Climática e os Sistemas Hídricos

Água e oGerenciamentoUrbano Integrado

Qualidade da Aguados Sistemas Hídricos

Recursos HídricosCosteiros

Prevenção eControle deEventos Críticos

Comportamento dosSistemas Hídricos

Água na Regiáo doSemi-Árido

Gerenciamento de BaciasHidrográficas

Produtos e Processos para Uso eConservação da Água

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5.2 Prospecções aprovadas pelocomitê gestor

O comitê gestor aprovou as seguintes prospecçõespara serem realizadas em 2003 (em fase de conclusão):Racionalização da água na agricultura; Saneamento;Qualidade da Água Superficial e Subterrânea, Clima e

Recursos Hídricos e produtos e Equipamentos. Este pro-cesso se baseia num documento de base preparado porum ou dois consultores, consulta a especialistas atravésde reuniões específicas, revisão e discussão em works-hop conjunto no qual são definidos os focos, interfacese mecanismos de investimentos. O workshop foi reali-zado em dezembro de 2003. e o documento final estáem fase de elaboração (CGEE, 2003).

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Figura 3

Os subtemas de Recursos Hídricos em relação ao índice de Disponibilidade (MCT, 2002).

Horizonte de Realização

Água na Regiáo do Semi-Árido

Uso do Solo e osSistemas Hídricos

Uso integrado dos Sistemas Hídricos

Água e o Gerenciamento Urbano Integrado

Produtos e Processos paraUso e Conservação daÁgua

Prevenção e Controle de EventosCríticos

Comportamento dosSistemas Hídricos

Recursos Hídricos Costeiros

Qualidade da Agua dosSistemas Hídricos

Gerenciamento de Bacias Hidrográficas

Variabilidade Climática e os Sistemas Hídricos

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Dentro do PPA Plano Plurianual de Investimentosforam definidos Programas, que são ações específicas emsetores identificados, prospecções onde devem ser inves-tigados os focos de investimentos (ver item anterior). Osprogramas definidos foram: Capacitação, Águas urbanas,Gerenciamento dos Recursos Hídricos e Semi-Árido. Osmecanismos de investimentos utilizados foram desde aseleção de projetos específicos, investimento em rede depesquisa como editais específicos dentro de linhas depesquisa detalhadas. Na tabeka 2 são apresentados umresumo dos investimentos por tema. Deve-se considerarque escolheu-se um tema para o projeto, mesmo que o

mesmo incorpore mais de uma das áreas prioritárias. Porexemplo, no ambiente do semi-árido existem vários inves-timentos incorporados nas outras linhas como gerencia-mento de recursos hídricos e capacitação.

Na figura 4 é apresentada a distribuição dos recur-sos por região do país, mostrando a grande lacuna queé a falta de projetos e investimentos na região Norte. Emtermos legais o CTHidro deve aplicar no mínimo 30%para Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O que se obser-vou que o investimento se concentrou mais noNordeste, dentro deste grupo.

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6. PROGRAMAS, MECANISMOS E INVESTIMENTOS

Figura 4

Distribuição dos investimentos aprovados até 2002 (CGEE, 2002).

Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul

Regiões

20

15

10

5

0

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Pode-se observar nos investimentos realizados queficaram algumas lacunas em função dos seguintes fatores:O pequeno investimento em algumas linhas se deve prin-cipalmente as áreas que estão sendo realizadas pros-pecções como Produtos e Equipamentos, Qualidade daágua; Uma das áreas que não possui investimento emprospecção e os investimentos são aproximadamentenulos se deve ao ambiente costeiro; Falta de investimen-

tos na região devido a falta de grupos de pesquisas quali-ficados na área de recursos hídricos; Faltam concretizarinvestimentos nos outros ambientes brasileiros como:Amazônia, Pantanal, Cerrado e Costeiro (mencionadoacima); Os eventos críticos relacionados com inundaçõese secas foram planejados dentro do programa de clima erecursos hídricos, mas os investimentos realizados se refe-rem a projetos isolados.

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Tabela 2

Projetos aprovados em 2001 e 2002 (CGEE, 2002)

Áreas Prioritárias Número de Proporção do Projetos total dos

Recursos (*) %- Sustentabilidade hídrica de regiões semi-áridas 5 1,1- Água e o gerenciamento urbano integrado 57 33,6- Gerenciamento dos impactos da variabilidade climática sobre 9 2,3

sistemas hídricos e sociedade- Uso e conservação do solo e de sistemas hídricos 27 8,1- Usos integrados dos sistemas hídricos e conservação ambiental 8 4,0- Prevenção e controle de eventos extremos 1 0,4- Qualidade da água dos sistemas hídricos 25 10,9- Gerenciamento de bacias hidrográficas 33 17,8- Uso sustentável dos recursos hídricos costeiros 1 0,4- Comportamento dos sistemas hídricos 4 1,0- Desenvolvimento de produtos e processos 6 1,8- Capacitação de recursos humanos 221 18,0- Outros 10 0,7Total de bolsas para os projetos acima 305Total de projetos 407Total 712 100

(*) total investido de R$ 42,8 milhões, equivalentes a aproximadamente US $ 14,3 milhões; (**) incluídas as bolsas de mestrado e doutorado.

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A promoção de uma forte articulação entre o CT-Hidro e os Programas do Governo Federal provavel-mente deverá pautar as ações do Fundo nos próximosanos. As ações do Fundo deverão unir-se ao esforçogovernamental em busca de soluções que minimizem apobreza do país e que alavanquem o seu desenvolvi-mento. Soluções estas que irão passar, muitas vezes,pelo equacionamento de questões ligadas a: ampliaçãoda disponibilidade de água no semi-árido brasileiro,soluções para o saneamento ambiental nas cidades: dre-nagem urbana, esgotamento sanitário, abastecimento deágua (articulação com o Ministério das Cidades e com aFundação Nacional de Saúde); otimização do uso daágua na agricultura (Ministério da Agricultura,Ministério do Desenvolvimento Agrário).

Deverá, ainda, ser fortalecida a articulação de açõespromovida com a ANA nas questões afetas à implan-

tação do Sistema Nacional de Gerenciamento deRecursos Hídricos; com a Agência Nacional de EnergiaElétrica (ANEEL) e com o Operador Nacional deSistemas nos temas voltados ao monitoramento hidroló-gico, planejamento de usos múltiplos de reservatórios,dentre outros.

Por fim, a combinação de ações e recursos finan-ceiros do CT-HIDRO deverá se estender, também, ausuários dos recursos hídricos, fabricantes de equipa-mentos e empresas de engenharia, a exemplo daCarta-Convite lançada em 2002. A aproximaçãoentre a iniciativa privada e a comunidade empresa-rial é vantajosa não apenas no sentido de ampliar oaporte de recursos destinados ao desenvolvimentocientífico e tecnológico, como também no sentido deaproximar pesquisadores e usuários dos resultadosdas pesquisas.

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7. CONCLUSÕES

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BRASIL, 2000 Lei n.º 9.984, de 17 de julho de 2000.Dispõe sobre a Criação da Agência Nacional de Águas-ANA, Senado federal, 11p.

BRASIL, 2001 a Decreto n. 3874 de 19/07/2001.Regulamenta o inciso v do arti 1º da Lei n. 8001 de 13de março de 1990 e da Lei n. 167 9993 de 24 de julhode 2000, no que destinam, ao setor de ciência e tecno-logia, recursos da compensação financeira pela utili-zação de recursos hídricos para fins de geração de ener-gia elétrica.

BRASIL, 2001b Portaria MCT no 386, de30.08.2001: Institui o Comitê Gestor com a finalidadede administrar a aplicação dos recursos repassados aoFundo Nacional de Desenvolvimento Científico eTecnológico - FNDCT para financiar atividades de pes-

quisa científica e desenvolvimento tecnológico do setorde recursos hídricos.

CGEE, 2002. Relatório CTHidro 2001-2002. Centrode Gestão de Estudos Estratégicos.

MCT, 2000. Fundos setoriais de desenvolvimentocientífico e tecnológico, uma estratégia deDesenvolvimento, Ministério de Ciência e TecnologiaJulho de 2000.

MCT, 2001. Diretrizes Estratégicas do CTHidro.Ministério de Ciência e Tecnologia CGEE Centro deGestão de Estudos Estratégicos.

M C T, 2002. PROSPECTAR: Recursos Hídricos.Ministério de Ciência e Tecnologia.

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8. REFERÊNCIAS

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