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Diretor:P. Marcos Sandrini

Conselho Editorial:Coordenador:

Prof. Ms. José Nosvitz Pereira de SouzaSecretária:

Profa. Dra. Aurélia Adriana MeloConselheiros:

Prof. Dr. Luis Fernando Fortes Garcia, Prof. Ms. Luiz Dal MolinProf. Ms. Jorge Morgan de Aguiar Neto

Conselho Consultivo:Prof. Dr. Carlos Garulo – IUS/ Roma, Itália

Prof. Dr. Erneldo Schallenberger – UNIOESTE/Cascavel, PRProf. Dr. Fábio José Garcia dos Reis - UNISAL/Lorena, SP

Prof. Dr. Fábio Mesquiatti – UNISAL/ Americana, SPProf. Dr. José Néri da Silveira - Porto Alegre, RS

P. Ms. José Valmor César Teixeira – Porto Alegre, RSProf. Dr. Stefano Florissi – UFRGS/Porto Alegre, RS

Redação e Administração:Revista Atitude

Rua Mal. José Inácio da Silva, 355 – Porto Alegre – RSCEP: 90.520-280 – Tel.: (51)3361.6700

e-mail: [email protected]

Produção Gráfica:Arte Brasil Publicidade

R. P. Domingos Giovanini, 165Pq. Taquaral - Campinas - SP

CEP 13087-310Tel: (19) 3242.7922Fax: (19) 3242.7077

Revisão:Janaina Silva e Marcelo Martensen

Os artigos e manifestações assinados correspondem, exclusivamente, às opiniões dos respectivos autores.

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Revista Atitude - Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre • Ano 01 • Número 02 • Fevereiro de 2007

NOTAS PARA COLABORADORES

A Revista ATITUDE - Construindo Oportunidades está aberta a colaboraçõesdo Brasil e do exterior. A pluralidade de abordagens e perspectivas é incentivada.

Podem ser publicados artigos de desenvolvimento teórico e artigos baseados empesquisas empíricas (de 10 a 15 páginas).

A aceitação e publicação dos textos implicam a transferência de direitos do autorpara a revista. Não são pagos direitos autorais.

Os textos enviados para publicação são apreciados por pareceristas.Os artigos deverão ser encaminhados para o Núcleo de Editoração (NEd) com as

seguintes características:

• Em folha de rosto deverão constar otítulo do trabalho, o(s) nome(s) completo(s)do(s) autor(es), acompanhado(s) de brevecurrículo, relatando experiência profissio-nal e/ou acadêmica, endereço, números dotelefone e do fax e e-mail.

• A primeira página do artigo deve con-ter o título (máximo de dez palavras), oresumo em português (máximo de 250palavras) e as palavras-chave (máximo decinco), assim como os mesmos tópicosvertidos para uma língua inglesa (inglês -title, abstract, key-words).

• A formatação do artigo deve ser: ta-manho A4, editor de texto Word for Win-dows 6.0 ou posterior, margens 2,5 cm,fonte Arial 12 e espaçamento 1,5 linha.

• As referências bibliográficas devemser citadas no corpo do texto pelo siste-ma autor-data. As referências bibliográfi-cas completas deverão ser apresentadasem ordem alfabética no final do texto, deacordo com as normas da ABNT (NBR-6023).

• Diagramas, quadros e tabelas devemser numerados seqüencialmente, apresen-tar título e fonte, bem como ser referen-ciados no corpo do artigo.

• Os artigos deverão ser enviados emdisquete, acompanhado de duas vias im-pressas ou via e-mail em arquivo eletrôni-co anexo. O autor receberá a confirma-ção de recebimento.

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Sumário

Apresentação.........................................................................................................7

1. Engenharia ambiental e sanitária: deslumbrando o futuroBeatriz Stoll Moraes...................................................................................................9

2. Mecanismo de reputação em ambientes peer-to-peer baseado na teoria deinteração social de PiagetLetícia Silva Garcia..................................................................................................13

3. Uso da internet em pesquisa de campo: aspectos fundamentais Elisabeth Maria Mosele..........................................................................................31

4. Motivação: principais teorias e sua influência no comportamento empreendedor Neuri Antonio Zanchet..........................................................................................41

5. O ambiente tecnológico e a capacitação das empresas: o papel da imitaçãono desenvolvimento e competitividade de duas empresas do setor eletroeletrônico do rio grande do sul

Aurélia Adriana de MeloTatiana GhedineLisiane Celia PalmaGhíssia Hauser.........................................................................................................51

6. Regulação: uma consolidação de idéias Stefano Florissi José Nosvitz............................................................................................................63

7. Urbanismo e edificações: a acessibilidade e eliminação de barreiras comopré-requisito à inclusão

Alexandre Guella Fernandes..................................................................................75

8. Relações cliente-fornecedor na indústria automotiva: motivações, estru-turação e desenvolvimento Aurélia Adriana de Melo.............................................................................................81

9. “ConTXT: sumarização consciente de contexto como fator de adaptação em dispositivos de computação móvel” Luís Fernando Fortes Garcia........................................................................................83

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Os resultados obtidos apontam que o pro-cesso de sumarização apoiado nas informa-ções contextuais produziu resultadosmais concisos e indicativos – adaptados– para o cenário da computação móvel le-vando à confirmação da hipótese inicial.

Isto posto, considera-se como a prin-cipal contribuição desta tese a (i) apli-cação do processo de sumarização auto-mática baseado em palavras relevantes aocontexto (Palavras-Contextuais). Adicio-nalmente, também pode-se considerarcomo contribuição (ii) o aperfeiçoamen-to do processo de sumarização de tex-tos relacionados a domínios específicos,uma vez que a adaptação dos pesos derelevância são manipulados de acordocom as palavras representativas de umdomínio em particular. Uma contribuiçãoadicional (iii) consiste no fato de esten-der à sumarização automática a utilizaçãodas informações contextuais que na su-marização humana são consideradas deforma implícita no processo.

Como trabalhos futuros podem-sedestacar a possibilidade de uso de váriaslínguas, a adoção de novas funcionalida-des e métodos de sumarização, bemcomo a expansão para novos tipos demídias, tais como imagens, vídeos, som,através da implementação de métodoscorrespondentes de sumarização igual-mente baseados nas informações contex-tuais. Em se tratando de um processoeminentemente estatístico, a implemen-tação em outra língua implica na defini-ção da tabela de stop-words, bem comona definição de palavras-contextuais ade-quadas a língua dos textos que compori-am o corpus.

A continuação da pesquisa realizadadurante a elaboração da tese atualmenteprevê a adoção do conceito de ontolo-gias no processo de Sumarização Consci-ente de Contexto e a publicação de ar-tigos em periódicos e em congressos comrelevância destacada pela comunidade aca-dêmica nacional e internacional.

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9. “conTXT: Sumarização consciente de contexto comofator de adaptação em dispositivos de computaçãomóvel”1

Luís Fernando Fortes GarciaProfessor do Curso de Sistemas de Informação da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre

e-mail: [email protected]

temporalidade, bem como questõesrelacionadas a perfil do usuário e es-pecificidades técnicas.

Apresenta-se, então, uma possível re-lação entre os conceitos de adapta-ção, sumarização automática de tex-tos e computação consciente de con-texto. Propõem-se que as informações ecaracterísticas providas pela consciência docontexto, especialmente fatores ambien-tais – localização espacial e temporalidade– levem ao aprimoramento do processode sumarização no contexto da computa-ção móvel.

Desenvolveu-se, nesta tese, a Suma-rização Consciente de Contexto pelainclusão, nos cálculos de relevância dosalgoritmos de sumarização extrativa, depesos adicionais associados ao nível derelevância representativa de determinadaspalavras-chave em sua significação contex-tual, denominadas por Palavras-Contextu-ais. Por significação contextual entende-sea relação entre localização espacial,temporalidade e perfil do usuário.

A solução contempla que o processode Sumarização Consciente de Con-texto possa ser utilizado como fatorde adaptação em dispositivos de com-putação móvel com capacidades de co-municação sem fio, através da geração deextratos indicativos de informações rele-vantes ao contexto do usuário, gerados apartir de textos oriundos de repositóriosde notícias disponíveis na Internet.

Em paralelo à pesquisa de referencialteórico e trabalhos relacionados nos con-ceitos relacionados desenvolveu-se umprotótipo de software visando a análi-se e validação da hipótese levantada.

A computação móvel vem apresentan-do um consistente crescimento devido adisponibilização de inúmeros tipos de equi-pamentos – especialmente celulares, han-dhelds e palmtops - e de infra-estruturade comunicação de dados sem fio com ca-pacidade de acesso à Internet. Entretan-to, nesta plataforma computacional apre-sentam-se necessidades e restriçõesintrínsecas como, por exemplo, a baixacapacidade de armazenamento e proces-samento, interfaces restritas em termosde tamanho e linhas para exibição de tex-to e possibilidades de interação.

Consolida-se, então, a necessidade dearquiteturas de adaptação que possi-bilitem melhorias significativas na in-teração homem-máquina no âmbitoda computação móvel. A sumarizaçãoautomática de textos surge como umdos possíveis fatores de adaptação, espe-cificamente na questão da materializaçãode textos em reduzidos visores dos equi-pamentos móveis. A utilização de versõessumarizadas pode permitir um acesso maisuniversal em dispositivos inerentementelimitados em relação a capacidades de exi-bição de texto e contribui para a reduçãoda sobrecarga de leitura pela disponibiliza-ção seletiva dos conteúdos consideradosmais relevantes.

Contudo, a aplicação de técnicas desumarização automática de textos no ce-nário da computação móvel atualmentenormalmente não prevê a utilização decaracterísticas e funcionalidades na-tivas da plataforma móvel. Estas carac-terísticas incluem, desde a consideraçãode cenários dinâmicos pela variaçãocontínua da localização espacial e da

1Tese defendida em 16/11/2005 junto ao Curso de Pós-Graduação em Computação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

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ApresentaçãoATITUDE - Construindo Oportunidades, Revista da Faculdade Dom Bosco de

Porto Alegre continua neste seu segundo número. Continuamos apresentando o pro-cesso de construção do Projeto de nossos cursos de graduação. A profª. Ms BeatrizStoll Moraes apresenta o Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária.

Os demais artigos são fruto de um processo seletivo que busca estimular uma Atitu-de de renovação, apresentando temas atuais para um debate que prospecta o futuro.

Desta forma temos o estudo da profª. Dra. Letícia Silva Garcia que fala dos mecanis-mos de reputação em comunidades virtuais de aprendizagem implementadas através deredes de compartilhamento Peer-to-Peer, segundo a Teoria da Interação Social de Piagete dos conceitos de comunidade e sociedade apresentados por Ferdinand Tonnies.

Seguindo na mesma linha, o artigo da profª. Ms Elisabeth Maria Mosele, trata do usoda internet em pesquisa de campo e de suas dificuldades tendo como base à pesquisaacadêmica em administração.

Entrando propriamente no lado do empreendedorismo apresentamos o trabalhodo prof. Ms. Neuri Antonio Zanchet, que nos remete à importância e ao significado damotivação.

Trabalhando no mesmo foco empreendedor temos o trabalho encabeçado pelaprofª. dra. Aurélia Adriana de Melo e pelas Professoras Mestras Tatiana Ghedine, Lisia-ne Celia Palma e Ghíssia Hauser que discutem a atividade de imitação e sua importânciana formação do Complexo Eletroeletrônico Brasileiro.

Afastando-se um pouco da linha do empreendedorismo temos dois artigos. Oprimeiro trata sobre a regulação econômica de serviços de utilidade pública (gera-ção, transmissão e distribuição de energia elétrica; telecomunicações; rodovias; por-tos, etc.) de autoria dos professores Dr. Stefano Florissi e Ms. José Nosvitz. O segun-do é de autoria de Alexandre Guella Fernandes que enfatiza a importância de seadotar efetivamente os conceitos de acessibilidade e eliminação de barreiras, nosespaços urbanos e nas edificações para garantir a inclusão de qualquer pessoa, comsuas características e deficiências.

Inauguramos uma nova série em nossa revista. Trata-se da apresentação de comuni-cados de defesa de tese e apresentação de dissertação de professores ligados à nossaFaculdade: Dra. Aurélia Adriana de Melo e Dr. Luis Fernando Fortes Garcia.

ATITUDE – Criando oportunidades quer ser um espaço de socialização de idéi-as, projetos e perspectivas para a construção de uma comunidade acadêmica cada vezmais integrada na geração de uma nação cidadã.

Conselho Editorial da Revista Atitude – Construindo Oportunidades

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caso, foram estudadas oito empresas da in-dústria automotiva gaúcha, configurando umestudo de múltiplos casos, já que se tem porpropósito a replicação das conclusões analí-ticas do estudo, consubstanciadas na estru-tura teórica para análise para relações clien-te-fornecedor desenvolvida no trabalho.

Vale salientar que a utilização da estru-tura de análise traz, subjacente, uma pro-posta normativa. Quando aplicada emempresas clientes, os resultados da análi-se indicam caminhos para a gestão dos di-versos tipos de relações empreendidaspor uma empresa, enfatizando-se os pon-tos-chave que podem ser utilizados comoindicadores de desempenho da relação.

Quando aplicadas em empresas forne-cedoras, a utilização da estrutura teóricade análise serve como um indicador dasvantagens competitivas do fornecedor, aose reconhecer como tendo característicasmais adequadas a estabelecer, com empre-sas clientes, um determinado tipo de con-figuração de relacionamento.

Desse modo, empresas que atuam comprodutos padronizados, sendo, portanto,adequadas ao estabelecimento de relaçõescomerciais, devem verificar o preço comoprioridade competitiva. Empresas adequa-das ao estabelecimento de relações coope-rativas adaptativas devem privilegiar o apro-fundamento de sua competência técnica,construindo mecanismos de adaptação aosdiversos clientes. Essas empresas devem in-vestir na capacitação quantitativa e qualitati-va do processo produtivo. Por sua vez, em-presas adequadas ao estabelecimento derelações cooperativas empreendedoras de-vem privilegiar a inovação de processo eproduto como prioridade competitiva, já queas clientes vão reclamar uma atuação maisefetiva nos âmbitos tecnológico e organiza-cional da parte desses fornecedores.

Observe-se ainda que, no caso de em-presas fornecedoras, a estrutura teóricapara análise pode orientar processos demudança nas características dessas empre-

sas, a fim de que elas possam migrar deum tipo de configuração para outro. Des-sa forma, tal estrutura orientará as estra-tégias de investimentos que as empresasfornecedoras deverão fazer para atenderaos requisitos demandados pela configu-ração de relacionamento que desejamempreender.

Como conclusão geral do trabalho, foipossível afirmar que, numa mesma empre-sa cliente, são observadas relações comdiferentes conteúdos qualitativos, os quaisse encontram associados ao fator que fun-damenta a relação. Essa distinção de con-teúdo qualitativo faz-se necessária e temexplicações econômicas.

Quanto aos contratos, observa-se queeles têm por função ser meio de trans-missão de informações técnicas e comer-ciais. Verifica-se que eles aparecem na es-truturação das relações de fornecimentoquando as empresas clientes são filiais demultinacionais. Além disso, observa-se queempresas fornecedoras desejam estabe-lecer relações contratuais com seus clien-tes, muito embora não considerem o con-trato como um instrumento que force ocomprometimento de ambas as partes.

Sobre o desenvolvimento das relaçõescliente-fornecedor, consubstanciado emprocessos de aprendizagem, pode-se afir-mar que, nas relações de cooperaçãoempreendedoras e adaptativas, essesprocessos são interorganizacionais,havendo geração de novas competênciastécnicas e organizacionais e reforço decompetências técnicas, respectivamente.Os processos de aprendizagem interorga-nizacionais têm a relação e sua continui-dade como fatores desencadeador e ali-mentador. As relações comerciais de-senvolvem processos de aprendizagemintraorganizacionais, com reforço ougeração de novas competências técnicase organizacionais. Nesses processos, a re-lação estimula a aprendizagem, mas estase desenvolve independente da relação.

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Revista Atitude - Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre • Ano 01 • Número 02 • Fevereiro de 2007

8. Relações cliente-fornecedor na indústria automotiva:motivações, estruturação e desenvolvimento1

Aurélia Adriana de MeloProfessora do Curso de Administração da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre

e-mail: [email protected]

As relações cliente-fornecedor na in-dústria automotiva, suas motivações, es-truturação e desenvolvimento de proces-sos de aprendizagem é o tema abordadona tese defendida pela Professora do cur-so de Administração, Aurélia Adriana deMelo, no mês de maio de 2006.

O objetivo do trabalho, elaborado pelaprofessora, foi reunir os três aspectos aci-ma citados, na construção de uma estru-tura de análise que propõe explicar os di-ferentes conteúdos qualitativos das rela-ções cliente-fornecedor. Essas relações,defende a professora, devem ser aborda-das a partir de suas dimensões constituti-vas, quais sejam: dimensão fundamen-tal, dimensão contratual e dimensãoda aprendizagem. Por meio da estrutu-ra analítica, as relações cliente-fornecedorsão classificadas em três configurações:relações comerciais, relações de co-operação adaptativas e relações decooperação empreendedoras.

O arcabouço analítico surge da refle-xão teórica sobre os fatores que limitamo crescimento das firmas, sobre o papeldos contratos como elemento estrutura-dor das relações cliente-fornecedor e so-bre as possibilidades de desenvolvimentode processos de aprendizagem no bojodessas relações. Além do trabalho teóri-co, Devido à natureza das questões queemergiram no estudo, as quais buscaramentender as relações cliente-fornecedorem sua essência, optou-se pelo métodoqualitativo e, neste, pela estratégia do es-tudo de caso como forma de desdobra-mento dos objetivos inicialmente coloca-dos.

O estudo de caso que apóia a parte

empírica da tese foi realizado em duas fa-ses: uma de natureza exploratória, outrade natureza explanatória. A fase explora-tória realizou-se por meio de entrevistasnão-diretivas, feitas com pesquisadores ecom profissionais de empresas da indús-tria automotiva. O objetivo desta fase foiampliar o conhecimento sobre as relaçõescliente-fornecedor, buscando-se discutir,de forma abrangente, as característicasdessas relações bem como de suas vari-antes qualitativas.

Parte das entrevistas da fase explora-tória da investigação foi feita durante umestágio de pesquisa (doutorado-sanduíche)realizado na França, no período de maiode 2002 a maio de 2003, quando houve apossibilidade de se acompanharem os tra-balhos do Grupo Estudo e Pesquisa Per-manente sobre a Indústria e os Assalaria-dos do Automóvel (GERPISA). Além dospesquisadores do GERPISA, foram entre-vistados profissionais de empresas da in-dústria automotiva francesa, com filiais noBrasil.

Num segundo momento da fase explo-ratória, realizada no Brasil, foram feitasentrevistas com pesquisadores sobre re-lações cliente-fornecedor no contexto daindústria brasileira. Ainda como parte doestudo exploratório, no âmbito do proje-to de pesquisa Modelo de Gestão de Ali-anças Estratégicas, realizado pelo Grupode Estudos da Cadeia Automotiva do RioGrande do Sul (GCARS) em 2003, foramvisitadas dez empresas da indústria auto-motiva gaúcha. Durante as visitas, foramentrevistados profissionais das áreas de su-primentos, produção e vendas.

Para a fase explanatória do estudo de

1Com Tese defendida em 31 de maio de 2006.

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11111. Engenharia Ambiental e Sanitária: Deslumbrandoo futuro

Beatriz Stoll MoraesEngenheira Química (FURG), Especialista em Química Aplicada em Saneamento (UNISINOS), Mestre em

Engenharia de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH/UFRGS),Coordenadora do Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre

email: [email protected]

Resumo

Na concepção do Curso de Engenha-ria Ambiental e Sanitária da FaculdadeDom Bosco de Porto Alegre, considerou-se a posição estratégica da cidade de Por-to Alegre próxima aos grandes pólos in-dustriais e agrícolas, a falta de profissio-nais com formação específica direciona-dos à proteção ambiental e a oferta depessoas interessadas nos problemas atu-ais, relacionados com os recursos natu-rais cada vez mais escassos. O currículofoi baseado nas tendências do engenhei-ro global, profissional com o perfil para oséculo 21: capaz de se relacionar harmo-niosamente com seus colegas de equipe,com raciocínio rápido e lógico e, elevadaresponsabilidade social.

Palavras-chave

Engenharia Ambiental e Sanitária; Re-cursos Naturais; Profissional Global.

Abstract

In the conception of the Course of En-vironmental and Sanitary Engineering ofthe College Dom Bosco of Porto Alegre,it was considered the strategic position ofPorto Alegre city with to the great indus-trial and agricultural poles, theprofessional’s lack with specific formationto the environmental protection and thepeople’s offer interested in the currentproblems, related with the natural resour-ces more and more scarce. The curricu-lum was based on the global engineer’stendencies, professional with the profile forthe century 21: capable to link harmo-niously with its team colleagues, with fastand logical reasoning and, high social res-ponsibility.

Keywords

Environmental and Sanitary Enginee-ring; Natural Resources; Global Profes-sional.

1. Histórico do Surgimento da Engenharia Ambiental e Sanitária

ram como referência a sustentabilidade dodesenvolvimento, a continuidade das espé-

cies, o uso racional dos recur-sos naturais e o equilíbrio narelação homem/natureza. Asquestões ambientais passa-ram a ser plantadas no cam-po da cultura e no terrenodas políticas públicas. Progra-

mas de educação e projetos de preserva-ção ambiental passaram a ser enunciadoscom maior intensidade.

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Os problemas relacionados com as ques-tões ambientais suscitaram, no decorrer dadécada de 80, intensas discus-sões em torno da vida no pla-neta, dos recursos naturais eda relação entre o homem ea natureza. Novos paradig-mas começaram a desafiar osconceitos tradicionais de de-senvolvimento econômico e de qualidade devida e, em decorrência, foram introduzidosconceitos e discutidos programas que toma-

“As questões ambi-entais passaram a serplantadas no campo dacultura e no terrenodas políticas públicas.”

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Até esta década, não era exigido, ou pelomenos enfaticamente cobrado o tratamentodos resíduos domésticos ou industriais, inde-pendente do seu estado (sólido, líquido ougasoso). Erroneamente afirmava-se que a na-tureza teria capacidade de se autodepurar, in-dependente da quantidade de resíduos queseria lançada. Com o agravamento da situa-ção ambiental global, principalmente pelasmudanças provocadas pela ação do própriohomem, as autoridades foram obrigadas arever os conceitos de degradação, de con-servação e de ecologia.

Em 1974, foram introduzidas as discipli-nas de Biologia e Ecologia no Programa deEngenharia Sanitária, com outras mudan-ças curriculares, que contribuíram para aqualificação do curso frente a um contextode demandas crescentes em torno dasquestões ambientais e sanitárias.

A conferência denominada de “Rio-92”chamou a atenção do mundo para os gra-ves problemas ambientais que ameaçama humanidade. Com a necessidade de de-sencadear ações e programas mais qualifi-cados e consistentes, foi criado, em 1994,o Curso de Engenharia Ambiental estru-turada a partir do Curso de EngenhariaSanitária, já existente desde 1974.

A partir daí, houve procura crescente pelaárea. O mundo abriu forçosamente os olhospara os problemas que afetam diretamentea vida no planeta. Desafios como: derreti-mento das calotas polares, aumento da tem-peratura global, escassez dos recursos na-turais passaram a ser temas de relevância noscírculos acadêmicos, nas esferas políticas eno seio das organizações sociais.

Engajada em contribuir para a melhoriada qualidade de vida das gerações atual efuturas e apoiada na experiência de educa-ção salesiana, a Faculdade Dom Bosco dePorto Alegre concebeu o curso de Enge-nharia Ambiental e Sanitária, visando a for-mação superior de técnicos e pesquisado-res, voltados para o controle, a gestão e apreservação do meio ambiente, com umavisão atualizada de suas competências eobrigações, sempre alicerçados na éticacristã e nos compromissos com a vida.

2. Concepção do curso

A Faculdade Dom Bosco de Porto Ale-gre, comprometida com a promoção davida em todas as suas formas e dimensõese atenta aos apelos da sociedade, conce-beu o Cursos de Engenharia Ambiental eSanitária para proporcionar o debate, reu-nir o conhecimento produzido em tornodas áreas afins, promover a investigaçãocientífica em torno de problemas identifi-cados e desenvolver ações e projetos re-lacionados às áreas ambientais, em siner-gia com as comunidades locais e com asinstituições e órgãos representativos dasociedade (autorização Portaria ministeri-al 2317 de 30/06/2005, publicado em Diá-rio Oficial da União de 04/07/2005).

Localizada em região estratégica, Por-to Alegre é um pólo de convergência deum conjunto das atividades sócio-econô-micas, políticas e culturais do Estado doRio Grande do Sul, do Sul do Brasil e doCone Sul da América. Ao seu redor locali-zam-se grandes pólos industriais, como oIII Pólo Petroquímico de Triunfo, a Refina-ria Alberto Pasqualini, em Esteio, a ARA-CRUZ Celulose, em Guaíba, as arrozeirasde Camaquã e Região Sul, as montadorasde veículos pesados, em Caxias do Sul, aGeneral Motors, em Gravataí, as indústri-as do couro e calçados, no Vale do Rio dosSinos, as vinícolas, na região de Bento Gon-çalves. São espaços econômicos com iden-tidade própria, mas fortemente polariza-dos por Porto Alegre, tendo em vista aconcentração dos agentes financeiros, dopotencial de comercialização e da expor-tação e as demandas políticas, culturais eeducacionais.

Contrastando com os pólos de de-senvolvimento industriais referidos, en-contram-se áreas de proteção ambien-tal, como o Estuário do Guaíba, a Lagoado Peixe, nas proximidades de Mostar-das e Tavares e de recuperação ambi-ental, como as bacias hidrográficas doEstado, a exemplo do Camaquã e locaiscomo as minas da região de Butiá e Mi-nas do Leão.

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se preocupam com a inclusão efetiva eprática, ultrapassando as fronteiras teóri-cas. A inacessibilidade dos espaços urba-nos e das edificações não pode ampliar asdiscriminações e exclusões. A eliminação

de todas as barreiras, garantindo uma ade-quada acessibilidade, pode ser consideradacomo uma ponte concreta, que interliga de-finitivamente todos os seres humanos, comsuas virtudes e dificuldades.

Referências

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRADE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050– Acessibilidade a edificações, mo-biliário, espaços e equipamentos ur-banos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

BRASIL. Constituição federal, coletâ-nea de legislação de direito ambien-tal. Org. Odete Medauar. São Paulo: Edi-tora Revista dos Tribunais, 2002. p.395.

BRASIL, Decreto-lei 5.296, de 2 de de-zembro de 2004. Lei da acessibilida-de. Brasília: 2004.

CNBB – CONFERÊNCIA NACIONALDOS BISPOS DO BRASIL. Campanhada fraternidade 2006. Texto-base.São Paulo: Salesiana, 2005.

DELLA PERGOLA, Giuliano. Viver a ci-dade: orientações sobre problemasurbanos. Tradução: Clemente RaphaelMahl. São Paulo: Paulinas, 2000.

GIURGOLA, R. Louis L. Kahn. Tradução:Orestes Rosolia. São Paulo: Ed GustavoGili, 1982.

QUALHARINI, E. L.; ANJOS, F. C. O pro-jeto sem barreiras. Niterói: EDUFF,1997.

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O grande desenvolvimento da regiãometropolitana de Porto Alegre e o aumen-to da população geraram problemas naárea de saneamento básico. Hoje, a cida-de de Porto Alegre conta com vários pro-jetos engajados na melhoria das condiçõesde vida da população e da preservaçãoambiental. Como referência pode-se citaro projeto de despoluição da praia do Lami,processo que contou com o auxílio de umaequipe multidisciplinar, liderado por enge-nheiros civis/sanitaristas,que projetaram todas as ca-nalizações de drenagem ur-bana e sistema de esgoto,destinados à Estação de Tra-tamento de Esgotos Do-mésticos localizada noLami. No Estado do RioGrande do Sul estão sendo desenvolvidosprogramas ambientais de grande alcancesocial. A despoluição das praias, a exem-plo da do Laranjal, em Pelotas, evidenci-am a crescente demanda por engenhei-ros nas áreas ambiental e sanitária. O Cursode Engenharia Ambiental e Sanitária é pio-neiro na cidade de Porto Alegre e regiãoda grande Porto Alegre e o quarto a serinstalado na Faculdade Dom Bosco de Por-to Alegre.

Iniciando suas atividadesem março deste ano(2006), conta com uma ex-celente estrutura física,acervo bibliográfico invejá-vel em número adequadode cada obra, salas de aulasnovas, laboratórios de infor-mática com microcomputadores de últi-ma geração, laboratórios de ensino de quí-mica, física e biologia amplos, com dispo-sitivos de segurança e equipados adequa-damente; tudo isto para proporcionar umambiente saudável para convívio e forma-ção do profissional que aqui escolheu paraestudar.

O quadro docente do curso é compos-to de praticamente 100% mestres e dou-tores, com experiência na área docente etambém em consultorias.

No curso de Engenharia Ambiental eSanitária o acadêmico recebe toda a for-mação básica de engenharia, com a dife-rença desta das outras pelos conhecimen-tos adquiridos nas áreas de Ciências doAmbiente, Ecologia, Saúde Pública e Sa-neamento, em geral. A busca dos conhe-cimentos produzidos, a criação intelectu-al e o desenvolvimento de competênciase de habilidades nestas áreas serão norte-ados por princípios metodológicos que pri-

vilegiarão uma profunda re-lação teoria/prática, moti-vando o aluno para experi-ências de aprendizado quecontemplem a interaçãode professores e profissio-nais de diversas áreas, atra-vés de palestras, trabalhos

e visitas técnicas.

3. Perfil do profissional egresso

O Curso de Engenharia Ambiental e Sa-nitária da Faculdade Dom Bosco de PortoAlegre, elaborado de acordo com as no-vas diretrizes curriculares, uniu o melhorda parte técnica da área das engenhariascom a tradição salesiana na educação dosjovens, o que favorece a formação de pes-

soas com competente qua-lificação profissional e comacurada sensibilidade social,capazes de liderar progra-mas e projetos que contri-buam para o processo demudança social, em vista deuma sociedade justa e eqüi-

tativa. A formação generalista, humanista,crítica e reflexiva capacita para absorvere desenvolver de forma crítica e criativaas novas tecnologias, com competênciapara a identificação e para a resolução deproblemas, sempre considerando seus as-pectos políticos, econômicos, sociais, am-bientais e culturais.

O Engenheiro Ambiental e Sanitário é,também, um profundo conhecedor de sis-temas de controle de qualidade ambiental,onde se destacam os sistemas de distribui-

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metro variando de 3,5 cm a 4,5 cm, inclusi-ve com informações em braile. O coman-do de uma janela situado acima de 1,35 mdo piso ou uma tomada situada a 30 cm dopiso são exemplos de situações geradorasde inacessibilidade de usuários em cadeirade rodas.

A funcionalidade eficiente e eficaz dasdependências exige adequação dos equi-pamentos. Os sanitários, por exemplo, de-vem ter boxes especiais, com dimensõesque permitam a manobra de uma cadeirade rodas em seu interior, além de barrasde apoio próximas aos aparelhos. Da mes-ma forma, os lavatórios e mictórios aces-síveis exigem complementos com barrasde apoio. Os espelhos acima dos lavatóri-os devem ser inclinados, possibilitando avisualização do usuário de cadeira de ro-das. As salas devem ter portas com barrasde apoio e as portas externas, além de fai-xa de 40 cm para proteção da folha, senti-do de abertura sempre para o exterior,para facilitar a saída em caso de incêndio.As janelas devem garantir manipulação deforma segura e fácil. Da mesma forma, osmobiliários como as cadeiras e mesas de-vem ser acessíveis, ergonô-micos e com possibilidadesremotas de gerar acidentes.Com relação à quantidade equalidade da iluminação arti-ficial dos ambientes, esta pre-ocupação deve ser analisadapara que não provoque ofuscamentos oureflexos.

Para solucionar a maioria das deficiênci-as construtivas das edificações, torna-seimprescindível elaborar um projeto de aces-sibilidade. O processo de projeto deve seriniciado com um diagnóstico minucioso dasedificações existentes e seu entorno, ecomplementado com uma análise técnicae econômica das alternativas de solução dasbarreiras e dependências inacessíveis. Aexecução dos serviços propostos no pro-jeto pode ocorrer gradativamente, seguin-do um planejamento estratégico.

De acordo com estudos elaborados porEdward Steinfeld (1979), citado por Qua-

lharini & Anjos (1997), o custo à acessibili-dade, das adaptações de edificações públi-cas e coletivas, varia de 0,12% a 0,50% docusto total da construção. Entretanto, seuma edificação fosse projetada sem barrei-ras arquitetônicas, o custo dos elementosnecessários para atender à acessibilidadeseria reduzido para a faixa entre 0,006% e0,13%. Segundo o mesmo pesquisador, aacessibilidade em edificações residenciaisnecessita maiores investimentos. As refor-mas podem atingir até 21% do custo totalda construção e este custo poderia ser re-duzido para no máximo 3% do custo total,caso o projeto já contemplasse às exigên-cias de acessibilidade.

4. Considerações finais

Alguns temas refletem as tendências detransformação política, social, econômicae cultural, para o século XXI, e talvez se-jam diretrizes, para este milênio. A evolu-ção tecnológica através do conhecimentocientífico, sempre teve como meta, pri-meiramente, suprir as necessidades huma-nas e posteriormente qualificar as solu-

ções, como forma de me-lhorar o bem-estar co-mum. Atualmente, estaevolução resgata concei-tos humanitários atravésde temas específicos, taiscomo: a sustentabilidade,

a ética, a solidariedade e a inclusão.A tendência de que todas as edificações

e espaços construídos se tornem mais aces-síveis, pode ser considerada irreversível. Asinstituições públicas e privadas, que primampela evolução do conhecimento e pela van-guarda tecnológica, científica e humana, de-veriam adequar suas instalações à propos-ta construtiva baseada na acessibilidade eno desenho universal. Neste aspecto, as ins-tituições educacionais, em nível de gradua-ção, vêm contribuindo de forma significati-va, através da criação de cursos específi-cos, que aliem a ciência ao humanismo, aengenharia ao ambiente. Este pode ser umdiferencial estratégico das instituições, que

“Hoje a cidade de Por-to Alegre conta com vá-rios projetos engajados namelhoria das condiçõesde vida da população e dapreservação ambiental.”

“A formação generalis-ta, humanista, crítica e re-flexiva capacita para ab-sorver e desenvolver deforma crítica e criativa asnovas tecnologias (...)”

“A tendência de que to-das as edificações e espa-ços construídos se tornemmais acessíveis, pode serconsiderada irreversível.”

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ção e tratamento de água, controle dasemissões atmosféricas, fontes de energiasrenováveis, coleta e tratamento de efluen-tes líquidos domésticos e industriais, bemcomo o gerenciamento de resíduos sólidosem geral, planejamento e gestão de recur-sos hídricos, auditorias e estudos de impac-tos ambientais.

4. Áreas e locais de atuação

O curso de Engenharia Ambiental e Sa-nitária tem sua origem matricial no cursode Engenharia Civil, centrando a sua espe-cificidade na área ambiental e sanitária, paracomplementar a formação de profissionaiscom habilidades e competências para de-sempenhar atividades de planejamento,projeto, direção, supervisão, vistoria e ava-liação, consultoria, fiscalização e execuçãode obras e serviços, orçamentos e opera-ção nas áreas de:

· Sistemas de abastecimento de água;· Sistemas de coletas e tratamento de

efluentes líquidos;· Sistema de drena-

gem urbana e rural;· Sistemas de trata-

mento de efluentes at-mosféricos;

· Avaliação dos Im-pactos Ambientais;

· Planejamento e gestão das bacias hi-drográficas;

· Educação Ambiental;· Obras hidráulicas;· Controle de vetores;· Estudos e ações referentes à melho-

ria da saúde pública;· Gerenciamento de resíduos sólidos;· Recuperação das áreas degradadas;· Pesquisa, análise, ensaios e divulga-

ção técnica.Pela formação interdisciplinar, o Enge-

nheiro Ambiental e Sanitário está capaci-tado a atuar em vários segmentos produ-tivos, dentre os quais pode-se destacar:

· Empresas de saneamento;· Órgãos de planejamento e controle

ambiental;· Indústrias em geral;· Serviços públicos municipais, estadu-

ais e federais;· Empresas de projetos, obras e con-

sultoria;· Prefeituras;· Institutos de pesquisa e desenvolvi-

mento.

5. Perspectivas para o futuro da pro-fissão

A crescente preocupação global com aescassez dos recursos naturais, como porexemplo a água e o petróleo, tem chama-do a atenção de toda a sociedade. Deixoude ser um problema local, para um global,embora alguns países ainda resistam àstentativas de desacelerar o processo de

contaminação geral, jáque isto pode aparente-mente implicar em umadiminuição de conforto.

No Brasil, os profis-sionais que atuavam naárea ambiental comoEngenheiros Químicos,

Civis e de Minas, Geolólogos, estão per-dendo lugar para o Engenheiro Ambien-tal, preferencialmente com a complemen-tação Sanitária. Não por não terem com-petência, longe disto, mas por existir umprofissional formado com conhecimentosespecíficos e completos para a área emquestão. Isto pode ser observado nos úl-timos concursos municipais, que já inclu-em o profissional de Engenharia Ambien-tal em seus quadros de funcionários.

A Faculdade Dom Bosco de Porto Ale-gre acredita que pode fazer parte de todoum processo de conscientização globalsobre as questões ambientais, através desua forma diferenciada de ensino que en-volve conhecimento técnico, ética e pro-fundo amor com o seu semelhante.

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racterizou pelo traçado regular (desenho deum tabuleiro), independente das caracterís-ticas topográficas. Este modelo gerou, emmuitos casos, ruas com declividades acen-tuadas e inadequadas ao des-locamento de um cidadãocom deficiência física. Paraaquela época, a estrutura ur-bana tinha, como principalfunção, a organização dosespaços privados das cidades. As ruas, aindasem pavimentação, eram delimitadas pelasconstruções e utilizadas tanto por carroçase carruagens, quanto por pedestres (REISFILHO, 1978). A industrialização possibilitounovos materiais de construção para a pavi-mentação das ruas. Surgiram as calçadas epasseios públicos pavimentados para gerarconforto e segurança. Com isso, a rua res-gatou uma de suas características iniciais, de-finida por Louis Kahn, como “uma das pri-meiras instituições humanas - uma sala dereunião sem telhado” (GIURGOLA, 1982).

Sob a ótica da acessibilidade e da inclu-são, a maioria das cidades necessita de umplanejamento estratégico para reformula-ção geral de seus espaços públicos, com afinalidade de eliminar as barreiras constru-tivas arquitetônicas, atitudinais, comunica-cionais, metodológicas, instrumentais e tam-bém programáticas (CNBB, 2005).

2.2. Barreiras urbanísticas

Na maioria dos centros urbanos encon-tram-se diversas barreiras existentes nas viaspúblicas e nos espaços de uso público, queimpedem o cidadão de circular de um ponto aoutro da cidade e, até mesmo, usufruir umdeterminado espaço público. O artigo 15 doDecreto-lei 5296 (2004) descreve como algu-mas soluções para eliminar barreiras urbanas:rebaixar as calçadas com rampas ou elevaçãode vias para a travessia de pedestre em nível;instalação de piso tátil direcional e de alerta; e aconstrução de calçadas para a circulação de pe-destres. Entretanto, as soluções podem sermais complexas. Como uma seqüência de pri-oridades, podem-se consolidar rotas acessíveis,a partir dos centros urbanos e pólos comerci-

ais, que abrangem uma maior quantidade deindivíduos. Somente através de um planejamen-to estratégico a curto, médio e longo prazo,independente da gestão político-administrati-

va e definido nos Pla-nos Diretores Urba-nos de cada cidade,podem ser atingidosos objetivos especí-ficos, para garantir a

acessibilidade urbana. Desta forma, a gestãooperacional dos espaços públicos e privadospoderá ser melhor monitorada e implemen-tada. Pois, o processo de evolução dos aglo-merados urbanos só poderá ocorrer na me-dida em que as cidades forem eliminando oslocais e atitudes de exclusão e discriminação,através de uma cultura global de conscientiza-ção da sociedade, que contemple a solidarie-dade e a caridade, como fontes de qualificaçãoda vida urbana.

3. Edificações e espaços construídos

A primeira norma técnica brasileira sobreacessibilidade – NBR 9050, foi publicada em1994 e modificada em 2004. Com esta nor-ma e com as demais exigências legais, os pro-jetos arquitetônicos passaram a ter novasprerrogativas funcionais e conceituais, basea-das na acessibilidade. Diante disso, a inclusãoem qualquer edificação exige que todos osambientes construídos, internos ou externos,não apresentem barreiras ou obstáculos.

Existem barreiras nas edificações quepodem ser facilmente identificadas, comoé o caso de prédio, com dois ou mais pavi-mentos, integrados somente por escadas.Nestes casos fica evidente a inacessibilida-de aos pavimentos superiores para um usu-ário de cadeira de rodas. Entretanto, exis-tem barreiras ocultas, que podem ser iden-tificadas por profissionais habilitados, atra-vés de vistorias técnicas. As barreiras ocul-tas podem estar situadas nas calçadas, es-cadas e rampas. Estes elementos construí-dos devem ter larguras acima de 1,50 m,declividades inferiores a 10%, revestimen-tos antiderrapantes e piso tátil de alertaantes dos obstáculos e corrimões com diâ-

“A Faculdade Dom Bosco dePorto Alegre acredita que podefazer parte de todo um proces-so de conscientização global so-bre as questões ambientais (...)”

“(...) a maioria das cidades ne-cessita de um planejamento es-tratégico para reformulação ge-ral de seus espaços públicos (...)”

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Resumo

Este trabalho tem como objeto de es-tudo os mecanismos de reputação emcomunidades virtuais de aprendizagem im-plementadas através de redes de compar-tilhamento Peer-to-Peer. Os sistemas dereputação, modelados através da Teoriada Interação Social de Piaget e dos con-ceitos de comunidade e sociedade apre-sentados por Ferdinand Tonnies represen-tam a contribuição deste e visam a eficien-te implantação de Comunidades Virtuais deAprendizagem através de Peer-to-Peer.Considerando que a identificação de ori-gem e relevância é uma condição indispen-sável à constituição de Comunidade Vir-tuais de Aprendizagem, faz-se necessárioestabelecer mecanismos de reputação quecontemplem tais questões. O conceito devalor, o estabelecimento de critérios deavaliação para os objetos disponibilizados,bem como de classificação dos agentescomponentes da comunidade são objetosde estudo do presente trabalho. Este tra-balho situa-se, então, na área de intersec-ção da Ciência da Computação com asCiências da Educação e Sociologia. Na áreadas Ciências da Educação temos o aporteda Teoria de Interação Social de Piaget, daSociologia buscamos apoio em Tonnies e,visando suportar a comunidade virtual aser modelada, buscamos o aporte da Ci-ência da Computação no que diz respeitoas redes peer-to-peer.

Palavras-chave

Redes peer-to-peer, teoria da interaçãosocial de Piaget, mecanismos de reputa-ção, comunidades virtuais de aprendiza-gem.

2. Mecanismo de Reputação em ambientes peer-to-peer baseado na Teoria de Interação Social de Piaget

Letícia Silva GarciaDoutora em Informática Aplicada à Educação (UFRGS),

Coordenadora do curso de Sistemas de Informação na Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre.e-mail: [email protected]

Abstract

The main focus of this work is on thereputation mechanisms of virtual learningcommunities implemented as peer-to-peercontent sharing networks. The reputati-on systems modeled according to the So-cial Interaction Theory of Piaget and to theconcepts of community and society intro-duced by Ferdinand Tonnies are the maincontributions of the present study. The ideais to reach an effective deployment of vir-tual learning communities through peer-to-peer networks. Considering that theidentification of origin and relevance is akey condition to the constitution of virtuallearning communities, it is necessary toestablish reputation mechanisms that ap-proach such questions. The concept ofvalue, the establishment of evaluation cri-teria for objects available, as well as theclassification of agents that constitute thecommunity are objects of study of thisdissertation.This work takes place in anintersection area among Computer Scien-ce, Education and Sociology. The SocialInteraction Theory, by Piaget, supports theEducation area, Tonnies provides the su-pport for the Sociology issues and, fromComputer Science we take the supportfor the peer-to-peer networks approach.

Keywords

Peer-to-peer network, Piaget’s socialinteraction theory, reputation mechanis-ms, virtual learning communities.

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de reduzida” (BRASIL, 2004). As edifica-ções e espaços construídos serão aces-síveis quando oportunizarem a vivência,utilização, alcance e acionamento, porqualquer pessoa (ABNT, 2004). Em ou-tras palavras, a acessibilidade urbana enas edificações ocorre quando se mate-rializam os conceitos de eliminação dasbarreiras, isto é, “qualquer entrave ouobstáculo que limite ou impeça o acesso,a liberdade de movimento, a circulaçãocom segurança e a possibilidade de aspessoas se comunica-rem...” (BRASIL, 2004),atendendo à diversidade decaracterísticas antropomé-tricas, e deficiências mo-mentâneas ou permanen-tes, de ordem sensorial,motora e mental.

As deficiências específicasde cada ser humano poderi-am ser amenizadas caso os espaços cons-truídos, assim como, os equipamentos emobiliários, fossem projetados para suprirqualquer tipo de deficiência humana. Entre-tanto, em função das barreiras existentes,a maioria dos espaços urbanos das cidades,seus equipamentos e suas edificações, exi-ge progressivas modificações, dinamizandoconstantemente, todo o processo tecno-lógico, científico e sócio-humanitário. Nes-te contexto, os espaços construídos adqui-rem significativa importância para garantirum processo normal de inclusão. Desta for-ma, a inclusão de qualquer cidadão ocorre-rá quando as suas necessidades básicas fo-rem atendidas, garantindo a liberdade e aprópria autonomia, propiciando sua parti-cipação na sociedade e nos espaços cons-truídos, independente de suas dificuldadespessoais.

2. Urbanismo

As cidades tornaram-se núcleos conver-gentes para o convívio social, cultural e polí-tico dos seres humanos. O crescimentodesordenado e irregular das cidades geracaracterísticas específicas e peculiares, que

as tornam únicas. Entretanto, apesar de se-rem únicas, a maioria das cidades enfrentadiversos problemas semelhantes, principal-mente no que se refere ao atendimento aosdireitos à infra-estrutura urbana e ao uso dapropriedade urbana em prol do bem coleti-vo, da segurança e do bem-estar dos cida-dãos, para as presentes e futuras gerações(BRASIL, 2002).

As cidades são constituídas de espaçospúblicos e espaços privados. Os espaços pú-blicos, tais como: ruas, calçadas, praças e par-

ques, são os locais onde cadahabitante pode exercer a cida-dania e preservar sua autono-mia. Nestes espaços são en-contradas diversas barreiras,desde a ausência de pavimen-tação ou a presença de obstá-culos que podem gerar aciden-tes. Os espaços privados, des-tinados às edificações, podem

ser de uso individual ou coletivo. O arranjofuncional, qualificado entre espaços públicoe privado, pode ser uma alternativa para seconstruir uma sociedade mais homogênea.Desta forma, um urbanismo racionalizado,que garanta a acessibilidade e a inclusão, podeser uma das alternativas para se respeitar aintegridade física e mental de qualquer cida-dão.

2.1. Planejamento urbano

O planejamento urbano é definido atra-vés dos Planos Diretores Municipais. Este in-tervém nos espaços públicos e privados, in-terferindo nos loteamentos, na atividade daedificação, na volumetria, na taxa de ocupa-ção, na densidade populacional, etc. Entre-tanto, o planejamento não interfere nas ca-racterísticas funcionais da edificação. Esta obri-gação compete aos códigos de edificação.

Atualmente, constatam-se algumas defi-ciências nos planejamentos e traçados urba-nos de épocas passadas. Antigamente, a cul-tura da sociedade, não contemplava os atu-ais padrões e exigências de convívio em so-ciedade. Este fato pode ser constatado naorganização da cidade moderna, que se ca-

“As edificações e es-paços construídos se-rão acessíveis quandooportunizarem a vivên-cia, utilização, alcancee acionamento, porqualquer pessoa.”

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1. Introdução

Ao definir um mecanismo de reputa-ção baseado na Teoria de Interação So-cial de Piaget pretendemos que, ao in-teragir com um sistema educacionalonde as diferentes realidades sociais sãosimuláveis, através da constituição de co-munidades virtuais de aprendizagem, oaluno possa modificar suas atitudes deacordo com as regras sociais, ou aindaquestioná-las, visando o seu progressopessoal e o da comunidade como umtodo. Considerando que, para Piaget,1973, o “conhecimento humano é es-sencialmente coletivo e a vida socialconstitui um dos fatores essenciais daformação e do crescimento dos conhe-cimentos pré-científicos e científicos”,quebrar a barreira regional para a cons-tituição de comunidades do conhecimen-to pode ser considerado um avanço sig-nificativo. O fato da comunidade ser pa-rametrizável nos traz a possibilidade demodelagem de diferentes culturas, ondeas diferentes contribuiçõespodem receber valor eco-nômico e moral distintos,caracterizando comunida-des virtuais com caracterís-ticas próprias.

Quanto à forma de valo-ração das contribuições in-dividuais podemos salientara questão das contribuiçõesserem tratadas de acordocom perfis individuais distintos, propician-do assim a evolução de cada um dos indi-víduos, visando estabelecer o equilíbrioentre o mental e o social, no sentido emque o indivíduo, tornado membro adultodesta comunidade estabelecida não teriamais como pensar fora desta socializaçãoacabada. Nesta questão, é de especial im-portância a manutenção do histórico in-dividual, para que este indivíduo socialpossa ter a consciência de sua caminhadano sentido deste tornar-se social.

Para que tal situação ocorra, faz-se ne-cessário um meio parametrizável de se

efetivar as trocas materiais no processode interação social, com a potencializa-ção das diferenças uma vez que o pro-cesso de construção social se dá atravésdestas. Considerando que a interaçãoentre dois sujeitos potencialmente osmodifica significativamente, teremos, poisum espaço de construção coletiva ondea totalidade é constituída pelo “conjuntodas relações entre os indivíduos” e nãomeramente pela soma das contribuiçõesindividuais.

Cada indivíduo é anônimo na constru-ção coletiva, desta forma, as produçõesindividuais são avaliadas (ou seja, agre-gam ou perdem valor moral) na medidaque contribuem para o sucesso e o fun-cionamento da comunidade. A estrutu-ra social e o funcionamento da comuni-dade dependem de regras estabelecidaspelo gerente desta. Neste processo, nãohá mais espaço para o sucesso individuale cada um dos sujeitos torna-se respon-

sável equilíbrio da comuni-dade e, a partir disso, doconseqüente equilíbrio so-cial.

A grande diferença das co-munidades atuais está no fun-cionamento do sistema depontuação social, que podeser dinâmico e parametrizá-vel, possibilitando àquele quegerencia a sociedade estabe-

lecer e modificar regras sociais. O suces-so ou fracasso da comunidade vai ser defi-nido pelo entendimento e atuação de cadaindivíduo conforme as regras sociais esta-belecidas. Emerge daí, então, um ambien-te de suporte a comunidades virtuais ondenão são consideradas as instituições, umavez que a Teoria de Interação Social dePiaget não as contempla. Estamos propon-do, então, um modelo de sistema de re-putação que se classifica, de acordo coma taxionomia proposta por SANCHES2002, como dinâmico, absoluto e misto.

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7. Urbanismo e edificações: a acessibilidade e eliminaçãode barreiras como pré-requisito à inclusão

Alexandre Guella FernandesArquiteto (PUC-RS). Mestre em Engenharia (UFRGS).

e-mail: [email protected]

Resumo

O artigo descreve a importância de se ado-tar efetivamente os conceitos de acessibilida-de e eliminação de barreiras, nos espaços ur-banos e nas edificações para garantir a inclu-são de qualquer pessoa, com suas caracterís-ticas e deficiências. Destacam-se o planeja-mento urbano e alguns desafios para solucio-nar as diversas barreiras presentes nas cida-des e na vida dos cidadãos. Descreve-se opercentual de custo para implantação de umprojeto de acessibilidade. Conclui-se o artigoregistrando a necessidade de se adaptar e re-formar todas as edificações, espaços constru-ídos e demais equipamentos utilizados porqualquer tipo de usuário, para que ocorra oefetivo processo de inclusão.

Palavras-chave

Edificação; acessibilidade; inclusão; pro-jeto arquitetônico e urbanístico.

Abstract

This article discribes the importanceto adopt some concepts about the ac-cessibility and barriers removed in urbanspaces and edifications, to defend inclu-sion for each person, with his characte-ristics and defectives. Urban planes andsome challenges are emphasizes to sol-ve different barriers, found in cities andcitizens life. The percentage cost to in-troduct accessibility design is describe.In the end of this article is registred theneed to adapt and renovation of all edi-fications, construction spaces and equi-pments used by any people to qualify theinclusion process.

Keywords

Edification; accessibility; inclusion; archi-tecture and urban design.

1. Introdução

“Não existem pessoas iguais... as di-ferenças entre os seres humanos, se-jam de ordem física, afetiva, intelectu-al, social ou espiritual, não significamdiferenças no que diz respeito a suadignidade” (CNBB, 2005). Estas afir-mações induzem ao conceito de quenão existe normalidade, se considerar-mos que cada ser humano é diferentede qualquer outro. O respeito a suadignidade encontra resposta e apoio namedida em que as suas necessidadesbásicas são atendidas com qualidade.Qualharini & Anjos (1997) complemen-tam este assunto, afirmando que “... amaioria das pessoas, em alguma faseda vida, pode tornar-se incapaz, para a

realização de tarefas quotidianas, de-vido à gravidez, acidentes, seqüelas dedoenças, idade avançada ou por apre-sentarem síndromes incapacitantes”.Sob este enfoque, todos os seres hu-manos poderiam ser consideradoscomo: pessoas com direitos especiaispara suprir suas deficiências específi-cas - PDESDE.

Entende-se por acessibilidade a“condição para utilização, com seguran-ça e autonomia, total ou assistida, dosespaços, mobiliários e equipamentos ur-banos, dos serviços de transporte e dosdispositivos, sistemas e meios de comu-nicação e informação, por pessoa por-tadora de deficiência ou com mobilida-

“... a totalidade éconstituída pelo “con-junto das relações en-tre os indivíduos” enão meramente pelasoma das contribui-ções individuais.”

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2. Modelagem

Para que se modele situação apre-sentada, faz-se necessário analisar aquestão das trocas na Teoria de Intera-ção Social de Piaget em relação às tro-cas realizadas em ambientes computa-cionais, chegamos aos esquemas apre-sentados por Costa, 2002. Assim, defi-nimos troca como qualquer seqüênciade operações realizada por dois agen-tes (neste caso, humanos ou computa-cionais, constituintes da comunidade)que tenha uma das formas básicas mos-tradas nos diagramas de seqüências fi-gura 1.

Denominamos de troca do tipo pro-dutor-consumidor qualquer troca que sigao padrão ao PC da figura 1, porque a se-guinte interpretação é possível da seqüên-cia de operações:

Prd = Agente Produtor;Cns = Agente Consumidor;r = Valor de investimento para P da ação reali-

zada por P;s = Valor de satisfação para C da ação realizada

por P;t = Valor de reconhecimento por parte de C da

satisfação causada pela ação de P;v = Valor de acumulação de crédito por P em

função do reconhecimento de C.

Denominamos de troca do tipo clien-te-servidor qualquer troca que siga o pa-drão Cns da figura 1, porque a seguinteinterpretação é possível da seqüência deoperações:

Cns = Agente Cliente;Srv = Agente Servidor;v’ = Valor de crédito de C frente a S devido a

ações anteriores realizadas por C;t’ = Valor de reconhecimento de S do crédito

pretendido por C;r’ = Valor de investimento de S em ação para C;s’ = Valor de realização de crédito de C em fun-

ção do investimento de S.

Os valores correspondentes a açõesefetivas dos agentes (valores r, r0, s e s0 ),Piaget chamou de valores reais, porquedizem respeito à valoração de ações con-cretas dos agentes.

Os valores correspondentes a créditosou débitos adquiridos ou reconhecidos(valores v, v0, t e t0), ele chamou de valo-res virtuais, porque se referem a repre-sentações mentais que os agentes criamdas situações de troca que se estabelece-ram entre eles.

Figura 1 – Formas básicas de interação (Rodrigues, 2003)

A partir destes, podemos classificaras trocas que ocorrem em um ambien-te peer-to-peer como sendo no mode-lo produtor-consumidor e modelar, en-tão, um ambiente que possibilite o pro-cesso educativo baseado na interaçãosocial, mediado por um coordenador.Para tal, deve ser definido um sistemade valores, composto de valores, regrase mecanismo de manipulação destes. Éimportante ressaltar que este sistemaa ser definido serve apenas como refe-rência e estudo de caso, uma vez queo mecanismo de manipulação do ambi-ente para trocas deve ser parametrizá-vel, permitindo ao coordenador a de-finição de seus próprios valores e re-gras sociais.

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· externalidades positivas que sejamtanto difíceis de internalizar ou ignoradaspelos consumidores;

· ganhos na escala de produção daeconomia como um todo; e, finalmente,

· considerações de caráter ético quese enquadram dentro do conjunto de va-lores de uma sociedade.

Como regular, ou seja, como arreca-dar recursos para colocar em prática es-tas justificativas?

· transferências diretas aos con-sumidores;

· estabelecimento de fundos;· subsídios-cruzados entre consu-

midores e/ou produtos;· flexibilidade na duração da conces-

são.Cabe, finalmente, deixar claro que

esta é uma discussão, particularmentena questão normativa das políticas so-ciais e de meio-ambiente, onde aindaexistem inúmeras dúvidas não respon-

didas.

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Um ganho importante em relaçãoaos mecanismos de troca definidos an-teriormente é que a questão da renún-cia material não está presente no quediz respeito às redes peer-to-peer, umavez que o recurso é disponibilizado, maso indivíduo que o disponibiliza não temque abrir mão do bem para que ele sejapossuído pelos demais indivíduos da so-ciedade.

Um indivíduo a disponibiliza um bem,que é utilizado por um indivíduo a’. Aoutilizar, o indivíduo a’ não consome, ouseja, não gera perda para o indivíduo a’,uma vez que não se tratam de produ-tos materiais. Ao contrário, ao consu-mir é agregado valor moral ao bem con-sumido, tornando-o mais atraente paraa sociedade, mas mesmo assim, é ge-rada uma renúncia moral em a’, umavez que este fica agradecido ao indiví-duo que disponibilizou o bem. Esta re-núncia moral de a’ caracteriza o valormoral agregado a a’, ou seja, quantomais eu disponibilizar os meus materi-ais, melhor será o meu desempenho nasociedade.

A quantificação dos valores aconte-cerá pela avaliação dos pares, ou seja,ao acessar um objeto disponibilizadopor a, a’ deverá quantificar a qualidadedeste objeto (valor econômico) e ograu de relevância deste objeto na cons-trução de seus objetos pessoais (valormoral). A partir destes valores seráconstituída a reputação de cada um dosindivíduos. Com base na reputação vãose estabelecer as trocas. O processo deconstrução da reputação de cada umdos indivíduos ocorre da seguinte for-ma:

Inicialmente o coordenador da socie-dade estabelece, através de um formulá-rio de classificação de parâmetros, pesos

de cada um dos valores obtidos dos usuá-rios, definindo assim as regras de funcio-namento da sociedade.

Os mecanismos de manipulação quepossibilitam a definição da sociedadesão:

PveP Peso valor econômico da avaliação do

produtor

PvmP Peso valor moral da avaliação do produtor

PveC Peso valor econômico da avaliação do

consumidor

PvmC Peso valor moral da avaliação do con-

sumidor

PNA Peso do numero de acessos

Figura 2 – Pesos dos valores a serem manipulados

Os pesos são relativos e o somatóriodestes é 100.

Os valores a serem obtidos dos usuári-os são:

VveP Valor econômico da avaliação do produ-

tor

VvmP Valor moral da avaliação do produtor

VveC Valor econômico da avaliação do consu-

midor

VvmC Valor moral da avaliação do consumidor

Figura 3 – Significado dos valores a serem manipulados

A reputação de cada um dos objetospertencentes aos componentes da socie-dade será calculada através da seguinteregra explicitada na equação 1:

Equação 1 – Cálculo da reputação de um objeto

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vos (custos marginais); portanto, ao definiro formato destes subsídios é importante terem mente a busca por um formato que mi-nimize este custo. O subsídio pode ser tan-to entre produtos (como no caso da telefo-nia básica sendo subsidiada por outros servi-ços mais exclusivos) ou simplesmente entreconsumidores, até porque certas indústrias(como água e saneamento) não possuemdiversidade de produtos e serviços para op-tar pela primeira opção.

Uma forma final de financiamento, par-ticularmente no caso de monopólios, seriaa extensão dos direitos de concessão desdeque estes fossem necessários ao auto-finan-ciamento, por parte da concessionária, desuas obrigações em relação à OSU.

Em alguns mercados, como o das tele-comunicações e de eletricidade, uma ou-tra discussão se faz presente: uma ques-tão fundamental, sob o ponto de vista doregulador e de política econômica, é acompreensão que a OSU é basicamenteum mecanismo externo que age sobre ospreços, distanciando-os de uma alocaçãoeficiente, e com um impacto econômicoque pode ser dividido em distributivo (en-tre consumidores) e alocativo. A princípio(baseados na regra de Ramsey) podemosafirmar que estes distúrbios de eficiênciaserão menores nos mercados onde a de-manda é menos elástica. Portanto, algu-mas questões interessantes emergem des-ta constatação:

· a OSU deve ser imposta no acessoà rede, no uso pelos consumidores ou emambos?

· qual opção possui um custo socialmenor?

Como normalmente a demanda deacesso à rede é menos elástica do que ademanda dos consumidores, uma tarifasobre o acesso à rede seria menos distor-civa e, possivelmente, teria um custo so-cial menor.

7. Conclusão

Neste trabalho nos guiamos basicamen-te por duas perguntas: por que e como re-

gular. Dividimos nossa discussão em doisaspectos: eficiência e efeitos distributivos.Vejamos então a que conclusões pude-mos chegar, para cada pergunta, em cadaaspecto:

Por que regular? Sob o ponto de vistada eficiência, temos o seguinte resultado:

· em um segmento claramente com-petitivo não parece haver nenhuma raci-onal para a regulação, portanto, sob o pon-to de vista da eficiência, a regulação só fazsentido na ausência de um ambiente cla-ramente competitivo. Isto corrobora aidéia cada vez mais defendida de que,mais importante do que privatizar é es-tabelecer, sempre que possível, um am-biente competitivo.

Como regular?

· na ausência de competição, via deregra, o mais eficiente modelo de regu-lação é o de preço teto;

· este modelo, porém, não eliminaa existência dos informational rents, oque requer incentivo à algum tipo de com-petição sempre que possível.

E, num quadro onde algum tipo decompetição é possível (o que é cada vezmais comum), que tipo de papel regula-dor ainda existe? Basicamente dois:

· primeiro, como já discutimos, a mai-oria dos serviços de utilidade pública possuialgum tipo de interconexão entre setorescompetitivos e não-competitivos que re-quer regulação sobre as tarifas de acesso;

· e, segundo, existe toda uma sériede regulamentos, que vão desde códigosde conduta até leis de meio-ambiente,que requerem, como já discutimos, ouum código de leis e regulamentos, ou(conjuntamente) um corpo regulador.

Bem, e sob o ponto de vista distributi-vo, por que regular? Existem alguns mo-tivos bem concretos que justificam a ex-tensão de um determinado serviço de uti-lidade pública a um grande número deconsumidores:

· economia nos custos fixos eleva-dos dos monopólios naturais;

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Aqui se faz necessário esclarecer o signifi-cado de cada um dos valores a serem obtidos.VveP Valor econômico da avaliação do pro-

dutor qualidade que o produtor atribui ao seu

objeto

VvmP Valor moral da avaliação do produtor

esforço dispendido pelo produtor para realizar

o objeto

VveC Valor econômico da avaliação do con-

sumidor qualidade que o consumidor atribui ao

objeto

VvmC Valor moral da avaliação do consumi-

dor aplicação que o consumidor fez do objeto

na construção de seus objetos

Figura 4

Além disso, no modelo inicialmenteproposto por Costa, a relação entre pro-dutor e consumidor é de 1-1, ou seja, cadaobjeto produzido é avaliado por um con-sumidor. No escopo deste trabalho, o mo-delo passa a ser 1-n, ou seja, cada objetoproduzido é avaliado pordiversos consumidores;sendo assim, as trocasapresentadas na figura 4passam a ser modeladasconforme a figura 1, jus-tificando-se o uso do so-matório.

Figura 5 – Interação 1 produtor – n consumidores

Para que se construa o valor da re-

putação de cada um dos indivíduos, faz-se necessário considerar cada um dosseus objetos, sendo que, visando mini-mizar o efeito de número de produções,este se dará pela média. É possível aindaao coordenador da sociedade atribuirpesos aos diferentes objetos na constru-ção da reputação do indivíduo (Pobj),sendo assim, a reputação do indivíduona sociedade será calculada através daequação 2:

Equação 2 – Cálculo da reputação de um indivíduo

A reputação vai definir a confiança a serdepositada no indivíduo no processo detroca. Indivíduos com maior reputaçãoserão mais procurados para fazer trocas,supondo que isso represente que os ob-jetos que eles disponibilizam são mais con-fiáveis e tem melhor qualidade.

A partir destes conceitos, faz-se neces-sário estabelecer as condições de equilí-brio nas trocas. O equilíbrio ocorre quan-do o investimento realizado na produçãode um objeto é equivalente à satisfação ob-tida pelo consumidor. Em uma sociedadeem equilíbrio a diferença entre as avalia-

ções do produtor e consumi-dor tende a zero. Outro fatorrelevante para a determinaçãodo equilíbrio é o interesse dosmembros da sociedade nos ob-jetos disponibilizados, assim, adiferença entre os valores mo-rais do produtor e consumidortambém deve tender a zero.

Em uma sociedade equilibrada, de acor-do com este conceito estabelecido, oscomponentes têm a real dimensão da qua-lidade de seus objetos disponibilizados (atra-vés do equilíbrio econômico) e estes têmreal significação para todos na sociedade(equilíbrio moral). Formalizando o equilí-brio, temos então as equações 3 e 4:

Equação 3 – Cálculo do crédito moral social

Equação 4 – Cálculo do crédito moral econômico

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gundo a produção é endógena se ajustan-do a uma dada tarifa, no primeiro a tarifatambém se ajusta até um nível de consu-mo satisfatório

A distinção entre estes dois conceitos éimportante, pois implica em ações diferentespor parte da agência reguladora. Impor OSUsem dúvida requer mais interferência regula-dora e deve ser bem considerado, levandoem conta particularmente a importância so-cial do serviço em questão. Um problemaparticularmente sério da OSU (e também umdos grandes dilemas dos reguladores) é en-corajar o consumo evitando, porém, proble-mas de free-rider e uso indevido do serviço.

Basicamente o conceito de SO se apli-ca quando:

· diferenças geográficas aumentam ocusto de oferta para certos consumidores;

· quando alguns consumidores apre-sentam problemas de acesso, como osdeficientes físicos;

· quando o nível de oferta de certosserviços é inferior ao socialmente desejável.

O conceito de OSU, por sua vez, seaplica quando:

· o produto é essencial;· quando há grupos de consumidores

que não podem ganhar acesso ao serviçodentro das tarifas correntes;

· quando a impossibilidade de ganharacesso, ou a falta de oferta, limitam o con-sumidor em outros mercados, como o detrabalho, por exemplo;

· quando a impossibilidade de ganharacesso, ou a falta de oferta, significam aexclusão do consumidor do progresso tec-nológico e da evolução das sociedadesmodernas, como é o caso do setor de co-municações.

O grande problema com o OSU, semdúvida, é como financiá-lo. Ao contrário doSO, o conceito de OSU é mais amplo e maisforte, requerendo reduções do nível das ta-rifas. Esta redução, muitas vezes, não é ape-nas a níveis inferiores ao praticado pelo mo-nopólio, mas também inferior a que seriapraticado em um mercado competitivo,dependendo do nível de renda das cama-das mais pobres da população. Além disso,

se o preço se distância dos custos de opor-tunidade (custos marginais), um custo soci-al não internalizado pela firma (mas pagopela sociedade como um todo) tambémdeve ser considerado.

A princípio, existem quatro métodosde financiamento das OSU:

· transferências diretas aos consumi-dores;

· estabelecimento de um fundo;· subsídio-cruzado entre consumido-

res e/ou produtos;· flexibilidade da duração da concessão.Em termos de eficiência econômica, as

transferências diretas são a melhor solução,pelo fato de que os preços relativos na eco-nomia não são alterados. Existem, porém,dois problemas práticos com esta solução;primeiro é extremamente difícil para o re-gulador saber a real capacidade de pagamen-to de cada agente e o exato custo de produ-ção de cada área; segundo, o regulador temde ter certeza de que a transferência seráusada no serviço para a qual foi concebida.

Uma solução para parte destes proble-mas é a transferência dos recursos diretopara as empresas; embora esta soluçãoresolva o problema do uso dos recursospor parte dos consumidores, continua aser difícil identificar quem realmente ne-cessita de ajuda.

O estabelecimento de um fundo é basi-camente uma forma de recolher recur-sos para transferências diretas quando aOSU recai somente sobre parte das fir-mas que operam no mercado; neste casotodas as empresas contribuiriam para estefundo e não apenas as firmas sujeitas àOSU. É preciso ter cuidado, porém, poisse os mecanismos de coleta não foremclaros e definidos os incentivos de inves-timento e a competição podem ser seri-amente prejudicados.

O uso de subsídios-cruzados é resultadodireto da incapacidade do regulador de es-tabelecer diferentes tarifas de acordo comos custos de produção. Um grande proble-ma com este subsídio é que ele possui umalto custo em termos de eficiência, pois dis-tância os preços relativos dos custos relati-

“O equilíbrio ocorrequando o investimentorealizado na produçãode um objeto é equiva-lente à satisfação obti-da pelo consumidor. “

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Crédito moral social negativo significaque os esforços na construção da socie-dade não estão sendo devidamente con-siderados, ou que estes estão sendo reali-zados na direção errada.

Crédito econômico social negativosignifica que as avaliações não estão cor-retamente dimensionadas, sendo que ouos produtores estão superestimandoseus objetos ou os consumidores nãoestão os valorizando como deveriam.Em ambos os casos se faz necessário aintervenção do coordenador da socie-dade, através do ajuste dos pesos, visan-do o diagnóstico do problema e a con-seqüente obtenção do equilíbrio. Tal re-lação é explicitada na equação 5.

EQUILÍBRIO SOCIAL = Crédito moral social =

Crédito econômico social = 0

Equação 5 – Formalização do equilíbrio social

O equilíbrio nestas comunidades significaque o os esforços realizados para a constru-ção e manutenção destas estão corretamen-te avaliados e que os objetos que a compõesão efetivamente pertinentes ao contextodesta. Além disso, a situação de equilíbrioindica que as trocas estão sendo ricas e quea avaliação dos pares justa.

Em relação às propriedades de um sis-tema de reputação apresentadas anterior-mente, podemos avaliar, já nesta propos-ta, algumas características do sistema dereputação definido. São elas:

3. Estudo de Caso

Visando a validação deste, foi implemen-tado um simulador onde as diferentes variá-veis componentes do mecanismo de repu-tação podem ser manipuladas com o objeti-vo de verificar a possibilidade de aplicaçãodeste na implementação de uma comunida-de virtual de aprendizagem, além disso, fo-

ram efetuadas observações em uma comu-nidade de aprendizagem constituída em umaturma de graduação do quarto semestre doCurso de Licenciatura em Computação daFaculdade Cenecista de Osório – FACOS,durante o primeiro semestre letivo de 2004.

Inicialmente foram modelados e simula-71

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óricas mais gerais e práticas, geralmentesempre existirão ajustamentos necessári-os, devido principalmente às especificida-des de cada economia,como sua estrutura le-gal e suas característi-cas sócio-econômicase culturais. De modoparticular, as questõesde caráter social e dis-tributivo, e como a so-ciedade as encara, têmimportância fundamental na elaboraçãodas tarifas, dos planos de investimento eno desígnio das obrigações de oferta soci-al das concessionárias. Como exemplo deítens a serem considerados temos:

· subsídios explícitos à diferentes ca-tegorias de investidores, baseados em suaslocalizações geográficas, seu nível de ren-da e as características específicas de suascurvas de consumo;

· procedimentos especiais para regu-larizar o aspecto “fantasma” de certosconsumidores;

· serviços a preços diferenciados parapensionistas ou deficientes físicos.

À parte as óbvias considerações de ca-ráter ético, existem alguns motivos bemconcretos que justificam a extensão de umdeterminado serviço a um grande núme-ro de consumidores:

· economia nos custos fixos elevadosdos monopólios naturais;

· externalidades positivas que sejamtanto difíceis de internalizar ou ignoradaspelos consumidores;

· ganhos na escalade produção da econo-mia como um todo.

Acesso à telefoniapode ser consideradoum exemplo de dinami-zação da escala produti-va; acesso ao saneamen-to básico pode ser considerado uma exter-nalidade positiva; já subsídio aos deficientese aposentados podem ser colocados nacoluna de razões éticas.

Para melhor compreendermos esta dis-

cussão precisamos agora definir dois con-ceitos que resumem bem a relação entreos problemas encontrados nesta discussão

e as possíveis soluções paraos mesmos.

6. Os conceitos de Ser-viço Obrigatório (SO) ede Obrigação de Servi-ço Universal (OSU)

Uma das principais pre-ocupações de política econômica que acom-panha as privatizações é a de manter o nívelde consumo dos serviços. O risco de queisto aconteça vem tanto do risco de ofertainsuficiente como de demanda insuficiente.O primeiro risco se refere à possibilidade daconcessionária não ter interesse em servirum determinado mercado a um determina-do preço. O segundo, simplesmente, se re-fere à possibilidade do nível de consumo pri-vado não atingir um nível satisfatório sob oponto de vista social. O conceito de ServiçoObrigatório se refere ao problema pelo ladoda oferta, enquanto o conceito de Obriga-ção de Serviço Universal se refere ao pro-blema pelo lado da demanda.

O Serviço Obrigatório ocorre quandouma concessionária é forçada a dar acessoaos seus serviços a todos os usuários queassim o desejarem ao preço corrente. Es-pecificamente existem dois tipos de servi-ço obrigatório: o uni-direcional, onde oofertante não pode discriminar preços,como é o caso das comunicações e da ele-tricidade, e o bi-direcional, onde, além do

ofertante não poder discri-minar preço, o demandan-te é forçado a aceitar o ser-viço, como no caso do sa-neamento, por razões desaúde e meio ambiente.

A Obrigação de ServiçoUniversal é baseada na idéia

de dar a todos os membros da comunida-de a possibilidade de consumo do serviçopor meio de tarifas suficientemente bai-xas. Veja que o conceito de OSU é maisforte que o de SO, pois enquanto no se-

Tabela 1 – Propriedades dos sistemas de reputação e suas implicações no sistema proposto

“À parte as óbvias consi-derações de caráter ético,existem alguns motivos bemconcretos que justificam aextensão de um determina-do serviço a um grande nú-mero de consumidores.”

“O Serviço Obrigatórioocorre quando uma conces-sionária é forçada a dar aces-so aos seus serviços a todosos usuários que assim o de-sejarem ao preço corrente.”

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dos três cenários possíveis de troca. A opçãopela construção de cenários deu-se pela pos-sibilidade de simulação das diferentes situaçõesde troca, visando validar o modelo de cons-trução de comunidades proposto. A obser-vação de trocas efetivamente realizadas nostrouxe a oportunidade de verificar eventuaisdistorções a serem corrigidas, bem comovalidar as simulações ocorridas. Inicialmentedescreveremos os cenários simulados e, porfim, apresentaremos um relato das trocasocorridas na comunidade observada. A utili-zação de cenários visando a validação demodelos encontra respaldo em (Rodrigues,2003). Convém ressaltar que, com a disponi-bilização do simulador, diferentes cenáriospodem ser modelados e simulados, sendoque as possibilidades de combinações na cons-trução destes é virtualmente infinita.

3.1. Simulador implementado

O simulador foi implementado tendo porbase o sistema de gerência de arquivos Mi-crosoft Access 2002 em ambiente MicrosoftWindows. As funcionalidades implementa-das são (i) a geração aleatória de valores paraavaliação de acordo com condições de con-torno a serem definidas, (ii) calculo do valorda reputação com base nas equações defini-das na seção 1, tanto a partir dos valoresgerados quanto de valores definidos pelousuário. A partir da tela principal (figura 6),selecionando o botão PADRÕES, podemser definidas as condições de contorno,como se observa na figura 6.

Figura 6 – Padrões: Condições de Contorno

São elas:Base: Valor a partir do qual as notas vãoser geradasRaio11111: Intervalo de variação dos valoresna nota base, par mais ou menosRaio 2: Intervalo de variação a partir danota base, para mais ou menos

Mínimo: Valor mínimo que uma notapode ter

A partir destas condições de contor-no é que serão gerados os valores alea-tórios para simulação do calculo de re-putação. Exemplificando, caso o valor

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algum tipo de interconexão entre setorescompetitivos e não-competitivos, que re-quer regulação sobre as tarifas de acesso;

· e, segundo, existe toda uma série deregulamentos, que vão desde códigos deconduta até leis de meio-ambiente, querequerem, como já discutimos, ou umcódigo de leis e regulamentos, ou (con-juntamente) um corpo regulador.

O estabelecimento das tarifas de aces-so é um exercício extremamente difícil; apossibilidade da firma incumbente de ob-ter taxas razoáveis de retorno sobre seusinvestimentos em infraestrutura, e, por-tanto, ter incentivos de gerar novos inves-timentos, depende destas tarifas. Por ou-tro lado, a possibilidade de novos e maiseficientes entrantes de terem sucesso nomercado, assim como o incentivo para evi-tarem ineficientemente a infraestruturaexistente, também dependem destas tari-fas. Vamos apresentar um breve resumodos principais argumentos desta discussão.

O debate teórico sobre as tarifas deacesso, é relativamente dominado peloECPR (Efficient Component Pricing Rule).A idéia aqui é de garantir eficiência obrigan-do a tarifa de acesso a igualar o custo deoportunidade do incumbente. O problemacom este modelo parece ser que assume amesma função custo para todas as firmas.Além disso, dimensões extremamente im-portantes do problema são negligenciadas,como custos de informação, por exemplo.

Do ponto de vista empírico, apesar deraramente usado de forma integral, o para-digma é o custo marginal, principalmente nomercado de telecomunicações. Para calcu-lar este custo, o regulador é suposto otimi-zar custos baseado em um determinadomodelo, calcular uma depreciação econô-mica que envolva tanto a depreciação físicacomo o progresso técnico, e, finalmente,calcular provável futura demanda para teruma idéia do uso total da infraestrutura.

Este paradigma tem, pelo menos, trêsproblemas:

· não obedece princípios econômicos

básicos, pois, apesar do custo marginal sero correto ponto de referência em merca-dos competitivos, o próprio conceito detarifas de acesso vem da existência de ele-vados custos fixos. Infraestruturas envol-vendo altos custos fixos jamais seriamconstruídas se seus proprietários tivessemque cobrar apenas os custo marginais;

· o fato das tarifas cobradas sob esteparadigma não permitirem lucro no acessoà rede, serve como tremendo incentivo àfirma incumbente de usar seu peso sobre aparte competitiva do mercado, através deimpedimentos de acesso de novas firmas pormétodos que não sejam preço. Estes com-portamentos acabam exigindo maior neces-sidade de interferência regulatória;

· finalmente, o cálculo do custo mar-ginal deixa a responsabilidade da determi-nação dos preços nas mãos dos regulado-res e pode ser bastante questionável. Esteponto, junto ao anterior, parece incenti-var o aparecimento de uma estrutura rígi-da e regulada, bem diferente do argumen-to dinâmico que é feito originalmente emdefesa do paradigma.

Uma alternativa interessante (Laffont,1998) parece ser o chamado global cap pri-ce (preço teto global) que basicamente in-clui no preço teto também a tarifa de aces-so; ou seja, esta tarifa é considerada comoum bem final e não como um bem inter-mediário. As grandes vantagens deste mo-delo parecem ser os incentivos geradospara otimização, já que todos os custos sãode fato usados na definição do preço teto;além disso, por simplificar as várias fragmen-tações na regulação, existe um incentivo àredução dos subsídios cruzados12.

5. Por que regular? A questão distri-butiva

Nas próximas seções iremos retomara análise da relação da atividade regulado-ra com a questão distributiva.

Mesmo quando um corpo regulador écapaz de responder às recomendações te-

11 Laffont, 1998 defende que esta combinação dá resultados próximos do ótimo, ou seja, preços do tipo Ramsey.12 Para uma maior discussão sobre tarifas de acesso ver Laffont, 1998.

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da nota base seja 6 e o valor do raio1seja 2, a nota base a partir da qual asnotas serão geradas pode estar entre 4e 8. Gerada aleatoriamente a nota base,neste intervalo, por exemplo 7, com raio2 igual a 3, as notas geradas estarão nointervalo entre 4 e 10. Caso o resultadoda soma da nota base com o raio 2 sejamaior que dez, é assumido este comovalor máximo, caso o resultado da sub-tração da nota base com a raio 2 sejamenor que a nota mínima expressa pelovalor mínimo, este é assumido comonota mínima.

Também podem ser definidos o núme-ro de agentes participantes da simulação(NúmeroPessoas) e quantas versões dosdocumentos deveriam ser idealmente dis-ponibilizadas (NumeroVersões). A partirdestas condições, deve ser definido ograu de participatividade da comunidadevirtual de aprendizagem (Participação%),que representará o quanto em média osagentes disponibilizaram os seus objetos.Tal valor varia de 0% a 100% e a partirdeste será definida a quantidade de valo-res a serem gerados.

Nesta tela também são definidos os

pesos de cada um dos valores, conformeapresentado na figura 2. Convém ressal-tar que, como se tratam de valores rela-tivos percentuais, o somatório deve ser100.

Cadastradas as condições de contorno,o número de agentes envolvidos, o núme-ro de versões, o percentual de participa-ção, devem ser estabelecidos os pesos decada uma das versões, a partir do botãopeso versões, que representa o valor rela-tivo de cada objeto disponibilizado em re-lação ao todo dos objetos, conforme apre-sentado na figura 7.

Figura 7 – Sistema de distribuição dos Pesos

Definidos os pesos, é possível gerar os valores das avaliações a partir do botãoGERA. Os valores gerados podem ser observados diretamente nas tabelas de pessoas,conforme pode ser observados parcialmente nas figuras 8 e 9.

Figura 8 – Avaliações recebidas pelo indivíduo 1

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vel exceção são os EUA, onde o proces-so regulador é mais antigo e passa no mo-mento por uma profunda desregulamen-tação que visa incorporar os ganhos com-petitivos propiciados pelas recentes ino-vações tecnológicas7. Mas, via de regra,os países que adotaram a regulação nosúltimos anos, particularmente depois deprivatizarem seus serviços de utilidadepública, têm adotado algum tipo de vari-ação do modelo por price cap.

Este modelo, todavia, não elimina oproblema de propiciar potenciais apropri-ações de bem estar por parte da conces-sionária em função da assimetria de infor-mações8. O que isto significa na prática éo que diz o velho ditado dos economistas“não existe refeição sem preço”, ou seja,os ganhos de eficiência decorrentes dosincentivos à redução de custos e da sepa-ração explícita das atividades reguladora eadministrativa, têm como preço o aumen-to das assimetrias de informação decor-rentes do alto incentivo que a firma temem mentir sobre sua performance e re-ter níveis de lucros maiores.

A teoria ótima de regulação sugereque seja determinado um dado preço tetoe que desde então só haja reposição deinflação, para que assim os efeitos do in-formational rent sejam pelo menos dis-tribuídos de forma contínua ao longo dotempo, reduzindo assim as distorções po-tênciais. Na prática, porém, isto é prati-camente impossível, pois o teto pode tan-to ser muito elevado (gerando imensoslucros e, consequentemente, tremendapressão para renegociação), ou muitobaixo (e a empresa ser levada à falência).Resta muito pouco a se fazer a não serrenegociar9 e procurar transferir os gan-hos de produtividade para o consumidor,algo que naturalmente tende a ocorrer

em regimes competitivos10. Como o pro-blema de informação sempre será umproblema para a atividade reguladora (afi-nal, a firma sabe mais de si do que a agên-cia), é importante complementar estaatividade com a promoção da eficiênciasempre que possível.

Como discutimos anteriormente, mui-tas vezes é posto, em defesa dos mono-pólios, o argumento da manutenção dostatus quo quando os custos de duplica-ção dos custos fixos superam os eventu-ais ganhos com uma maior competição,muitas vezes potencialmente apenas du-opolística. É preciso, porém, ter em men-te que, na coluna dos ganhos com a com-petição é preciso adicionar os ganhoscom a diminuição das distorções geradaspelas assimetrias de informação. Se istofor feito, o argumento em favor de se in-centivar, sempre que possível, um ambi-ente competitivo, ganha forte racionali-dade.

Bem, sintetizando um pouco as idéiasque desenvolvemos até agora temos oseguinte:

· em um segmento claramente com-petitivo não parece haver, do ponto de vis-ta da eficiência, nenhuma racional para aregulação;

· na ausência de competição, via deregra, o mais eficiente modelo de regula-ção é o de preço teto;

· este modelo, porém, não elimina aexistência dos informational rents, o querequer incentivo à algum tipo de competi-ção sempre que possível11.

E num quadro onde algum tipo de com-petição é possível (o que é cada vez maiscomum), que tipo de papel regulador ain-da existe? Basicamente dois:

· primeiro, como já discutimos, a mai-oria dos serviços de utilidade pública possui

5 Apesar de que em certas áreas, como a transmissão de eletricidade, existe uma racional para o uso do outro modelo, dadaa eventual possibilidade de ausência de interesse em investir sem uma taxa de retorno garantida. Ver EEI, 2000.6 Originalmente, o modelo por preço teto foi adotado na Inglaterra como reação à falta de incentivos à minimização de custospresente no modelo por taxa de retorno.7 Para uma maior discussão sobre a desregulamentação nos EUA veja Florissi, 2001.8 Ver Laffont, 1998.9 O chamado efeito Ratchet.10 Isto, porém, reduz o incentivo à minimização de custos.

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Figura 9– Avaliações dadas pelo indivíduo 1

Caso o objetivo seja trabalhar com valores observados e não os simulados, estesdevem ser digitados diretamente na tabela de pessoas e, a partir disso, deve ser utilizadoo botão RECALCULA. Os valores parciais e finais de reputação e credito de cada indiví-duo podem ser observados na tabela AUTO2, conforme pode ser parcialmente obser-vado na figura10.

Figura 10 – Valores de reputação e credito social

3.2. Cenários possíveis simulados

Tendo em vista a simulação de um le-que de situações possíveis de ocorrer, fo-ram definidos três cenários distintos, con-siderando os comportamentos esperadosde três tipos de grupos. O cenário (i) ego-ísta, parte do pressuposto que os agentesque compõem a comunidade não estãointeressados na construção comum, ape-nas na utilização dos recursos desta visan-do sua construção individual. Já no cená-rio (ii) cooperativo, as trocas ocorrem vi-sando à construção dos objetos na comu-nidade, sendo que todos os agentes en-volvidos estão dispostos a cooperar. Nocenário (iii) procurou-se simular uma situa-ção que posteriormente se mostrou maispróxima à observada, sendo que existe

uma tendência à cooperação contando queesta também considere os objetivos indi-viduais.

Para modelar os cenários foi conside-rada uma população de doze agentes, umavez que a população real observada foicomposta deste número. Definiu-se ain-da cada etapa disponibilizada pelo agentepara avaliação do grupo uma entrega, sen-do obrigatórias pelo menos duas entregas,uma inicial e uma final. Visando aproximaras simulações realizadas à observação efe-tuada, foram definidas no máximo seisentregas, sendo estas numeradas de um aseis. Ao efetuar a entrega, o autor realizaa auto-avaliação em relação ao esforçodesprendido na realização do trabalho (va-

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tos fornecidos pela própria empresa, exis-te uma forte tendência a lucros excessi-vos que acabam gerando uma constantenecessidade de interferência por parte daagência reguladora no sentido de confis-car estes excessos e reduzir os lucros apatamares aceitáveis.

Estes problemas podem, basicamente,ser sintetizados em dois: não há incentivoà minimização de custos e, portanto, a al-guma tendência à eficiência; e, segundo, orequerimento informacional parece sermuito elevado.

A regulação por preço teto apresenta asseguintes vantagens:

· a tendência a um resultado eficienteé mais garantido, já que se preservam to-dos os incentivos à minimização de cus-tos, o que equivale dizer que existe forteincentivo a aumentar a produtividade;

· por poderem ser baseadas em in-formações exógenas (particularmentecompetição comparatória do tipo yardsti-ck) de uma maneira aparentemente maisfácil do que no modelo anterior, os reque-rimentos informacionais parecem ser po-tencialmente mais simples neste novo con-texto; e,

· neste modelo a separação entre oaspecto regulador e o administrativo ésubstancialmente maior e, portanto, o re-querimento burocrático é menor e me-nores também são os potenciais atritosentre os objetivos de regulação e de ad-ministração.

Porém, possui também algumas desvan-tagens:

· em circunstâncias de elevado risconão há garantia de oferta, ou seja, se o in-vestimento for percebido como de altorisco é possível que não haja nenhuma fir-ma concessionária disposta a ofertar semalgum tipo de segurança extra;

· a vantagem das informações reque-ridas poderem serem exógenamente ob-tidas e, portanto, serem mais simples, temum lado negativo, pois se geram potenci-

ais ganhos de informação (informationalrents) por parte da concessionária;

· o uso excessivo deste modelo podelevar a uma falta de incentivo ao investi-mento, particularmente em áreas de in-fraestrutura relacionadas à redes, como asde transmissão no setor elétrico4. No fun-do, isto simplesmente reflete o fato de queé melhor, sempre que possível, ter comobenchmark o preço que reflete o valor demercado.

Diante deste quadro fica claro que,como o objetivo em discussão é eficiên-cia, o modelo por price cap parece semdúvida ser mais forte que o modelo portaxa de retorno; isto por que o incentivoa produzir de maneira eficiente é, obvia-mente, muito maior quando existem in-centivos à minimização de custos. Dei-xando de lado situações extremas ondeo risco percebido é suficientemente altopara requerer algum tipo de retorno as-segurado, a única vantagem do modelode taxa de retorno é sua suposta corre-ção do que podemos chamar de “dife-rencial de bem estar” entre o verdadei-ro valor social e o valor percebido pelafirma; esta vantagem porém é muito tê-nue, particularmente pela dificuldade prá-tica de ser medida.

É importante porém deixar claro umponto: a suposta vantagem informacionaldo modelo por preço teto é ilusória, poisem ambos modelos, pode ser deduzido,é possível trocar menor informação (ou,mais precisamente, informação mais sim-ples de ser obtida) por maiores custos re-lacionados a assimetrias de informação.

Assim, é possível afirmar que o mo-delo de price cap é superior ao modelode taxa de retorno sob a ótica da pro-moção de eficiência5. Na experiência prá-tica, a maioria dos países, começandopela experiência inglesa da década de 806,tem adotado sistematicamente algum tipode variação do modelo por price cap, in-clusive a Argentina e o Brasil. Uma notá-

4 No setor elétrico, há uma grande discussão também em se procurar evitar o uso excessivo deste modelo (como de qualqueroutro modelo de regulação) no segmento competitivo da geração.

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lor moral) e a qualidade que este julga queo trabalho tenha (valor econômico) e dis-ponibiliza seu objeto para a avaliação pe-los seus pares, sendo esta obrigatória.

Desta forma, se anulou o peso do nú-mero de acessos, uma vez que este foiconsiderado obrigatório. Findo o proces-so de avaliação pelos pares são calcula-dos a reputação do agente naquele mo-mento e o estado de equilíbrio da socie-dade. A avaliação final dá-se pela reputa-ção atribuída a cada um dos agentes, bemcomo pelo estado de equilíbrio alcança-do pela sociedade. Posteriormente, fo-ram realizadas novas simulações conside-rando intervenções do gerente da socie-dade visando obter o equilíbrio social.

3.2.1. Cenário egoísta

No cenário egoísta, apresentadocomo 1 nas tabelas comparativas de si-mulação existe uma forte tendência àconstrução individual e a não exposição,

sendo que os objetos são disponibiliza-dos quando já considerados “prontos”pelo autor. Observa-se que o número deobjetos disponibilizados por cada agenteé pequeno, uma vez que ele disponibili-za-os apenas quando os considera “pron-tos”. Visando simular tal cenário, defini-ram-se as seguintes condições de contor-no: Base: 4, Raio 1: 5, Raio 2: 1, Mínimo:3, Numero de pessoas = 12, Numerode Versões = 6, Percentual de participa-ção = 20%.

Também foi anulado o peso do núme-ro de acessos, uma vez que se supõe quepara cada disponibilização são realizadosonze acessos (um de cada agente da co-munidade virtual de aprendizagem) e da-dos inicialmente pesos equivalentes paraos Valores Moral e Econômico de Produ-tor e Consumidor, conforme apresenta-do na figura 11.

Figura 11 – Padrões: Condições de contorno com os valores adequados ao cenário 1

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boa política competitiva/anti-truste enquadra-da dentro do conjunto legal/jurídico de umpaís pode lidar com estas questões, e comum mercado com um certo nível de com-petição, sem a necessidade de mais custospúblicos com a burocracia de uma agênciareguladora. Esta discussão é rica de argumen-tos pelos dois lados, mas parece ser razoá-vel supor que a idéia jurídica se enquadra me-lhor em países onde o regime institucional émais sólido e a tradição legalista mais esta-belecida, como os países anglo-saxões(como a Nova Zelândia); em países como oBrasil onde nem a tradição legalista, nem ainstitucional são tão estabelecidas, o argu-mento parece ser mais forte na direção damanutenção de um corpo regulador que lidecom estas questões.

Tendo encontrado racionais para algumtipo de atividade reguladora, inclusive na pre-sença de alguma competição1, vamos agoradesviar nossa discussão para como procederà regulação em ambas as situações, come-çando pela ausência total de competição, omonopólio natural, e evoluindo em direção àsituação cada vez mais atual da existência dealgum tipo de competição.

4. Como regular? Regulação por preçoteto e por taxa de retorno

Basicamente existem duas formas maisgerais de se regular um monopólio natural,com vários tipos de “pon-tos intermediários” possí-veis entre estes dois extre-mos; uma é a regulaçãopor preço teto (price cap)e a outra por taxa de re-torno (rate of return). Vamos analisar cadauma delas procurando os prós e contrasde cada uma e como isso pode afetar o pro-cesso regulador como um todo.

A regulação por taxa de retorno oferececomo maior vantagem prática a garantiade oferta:

· como uma taxa de retorno é garanti-da a priori, o incentivo para a oferta é evi-dentemente grande, particularmente em si-tuações onde o risco envolvido é conside-rável; é bem possível que em certas situa-ções práticas não haja interesse no investi-mento se não for utilizado este esquema deretorno assegurado (Burns e Estache, 1998).

· um outro aspecto positivo, desta vezsob o enfoque teórico, é que este tipo deregulação de certa forma reflete uma tenta-tiva de correção entre o valor social da ativi-dade regulada e o valor privado percebidopela firma, diferença esta que é resultado decomponentes de externalidades existentesnos serviços de utilidade pública, como nainfraestrutura de um modo geral2.

Este sistema, porém, apresenta algunsproblemas que, pode ser argumentado,facilmente superam os pontos positivosanteriormente descritos:

· não existe nenhum incentivo à mi-nimização de custos, já que a taxa de re-torno é fixa e garantida;

· o requerimento de informações ne-cessárias para que se possa acompanharo processo de investimento e garantir quea concessionária não busque ganhos adici-onais, com investimentos ineficientes, pa-rece ser particularmente alto (Burns e Es-tache, 1998);

· dado o peso do requerimento infor-macional necessário, particularmente sobre

as decisões de investimento,este modelo tende a colo-car os reguladores no papelde administradores, criandopotenciais e complexas con-tradições entre o objetivo

regulador e o objetivo administrativo, semfalar nos requerimentos burocráticos, po-tencialmente elevados3;

· finalmente, podemos citar um aspec-to que tende a complicar ainda mais o difí-cil balanço entre garantir eficiência e regu-lar; como os preços são baseados nos cus-

1 É preciso deixar claro, porém, que na possibilidade de competição in totum, não há evidência da necessidade, sob o pontode vista da eficiência, de qualquer atividade reguladora.2 Ver Florissi, 1997.3 Para maiores informações sobre os requerimentos informacionais necessários para os diversos modelos de regulação, verBurns e Estache, 1998.

“A regulação por taxade retorno oferece comomaior vantagem práticaa garantia de oferta.”

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A partir disso foram definidos os pesosde cada versão, como apresentado na fi-gura 12.

Figura 12 – Peso das versões com os valoresadequados à primeira simulação

Ao se executar a simulação a partirdeste cenário (chamado 1.1), percebe-sevalores de reputação muito baixos e soci-edade desequilibrada, com créditos sociaismoral e econômicos distantes de zero,conforme pode se observar na tabela 2.

Tabela 2 - Valores de reputação e credito social dosagentes – cenário 1.1

Verificou-se que a manipulação dos

pesos das versões não se mostrou comoferramenta na busca do equilíbrio da so-ciedade, ou seja, se a sociedade não é pornatureza colaborativa, não adianta modi-ficar os valores de cada uma das produ-ções que ela não tenderá ao equilíbrio.

Observa-se na tabela 3os resultados obtidosno cenário 1.2 com ospesos distribuídos em20% para a primeiraprodução, 1.0 % paraas produções de doisa quatro, nenhum va-lor para a quinta pro-dução e 50 % para aultima produção (cuja

disponibilização foi obrigatória).

Tabela 3 - Valores de reputação e credito social dosagentes – cenário 1.2

Considerando esta comunidade poucoparticipativa, um terceiro cenário (cenário1.3) foi simulado, ainda alterando os pesospara 20% para a primeira e terceira produ-ções, nenhum peso para a segunda e quar-ta, 10 % para a quinta e 50% para a última.Observaram-se diferenças em torno de 10%e 15% nos valores de reputação.

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siderando este handicap, temos aqui umpoderoso incentivo para a atividade regula-dora na ausência de competição.

Mas, e se supormos que é possível ge-rar algum tipo de competição, será quemesmo assim algum tipo de regulaçãonão será necessária nos serviços de uti-lidade pública?

Nos últimos anos, praticamente todosos setores de utilidade pública têm experi-mentado grandes avanços tecnológicos quetêm propiciado uma redução considerávelnos custos fixos. Em muitas indústrias,como a de eletricidade, tem sido possívelseparar segmentos onde os custos fixoscaíram consideravelmente (geração, porexemplo), e desenvolver algum tipo decompetição, daqueles onde os custos fixoscontinuam elevados (transmissão).

Sem dúvida é razoável, baseados em nos-sa discussão anterior, defender a idéia de quea importância de regular diminui na medidaque temos um ambiente mais competitivo.

A Nova Zelândia, por exemplo, abo-liu suas agências reguladoras nas áreasonde a competição foi efetivada, substi-tuindo regulação por uma mais tradicio-nal política de competição e anti-truste.Mesmo o duopólio, o mínimo de umdeslocamento competitivo a partir domonopólio, pode ser considerado umavanço, no sentido de que a competi-ção gerada já é possivelmente suficientepara diminuir os normalmente altos gan-hos monopolísticos gerados pelas assi-metrias de informação. Na verdade,para termos uma resposta clara à ques-tão de se o duopólio é ou não é umamelhora em termos de bem estar, seriapreciso medir os custos de duplicaçãodos altos custos fixos versus os ganhoscom a redução nos custos sociais gera-dos pelas assimetrias de informação domonopólio. Mas o ponto em favor dosque defendem a abolição da regulaçãocom a introdução da competição fica cla-ro no exemplo extremo do duopólio:na medida que mais firmas podem en-trar na indústria (basicamente, menorescustos fixos), a relação perda com cus-

tos de duplicação e ganhos com redu-ção de assimetrias de informação suge-re fortes ganhos sociais com a competi-ção e a redução de uma das maiores ra-cionais para a existência em si da regula-ção, qual seja, a ausência de incentivoscompetitivos nos monopólios naturais (eseus benéficos efeitos sobre a eficiênciae, portanto, sobre o bem estar social).

O problema com a argumentação ante-rior é que, na prática, o aumento da possibi-lidade de competição nos serviços de utili-dade pública não tem sido possível além deum certo limite, ou seja, perece existir umlimite tecnológico à redução de determina-dos custos fixos, pelo menos a curto/médioprazos. Este ponto nos leva não só à ques-tão de que tipo de política competitiva/anti-truste adotar, mas se esta estaria simples-mente enquadrada no conjunto legal/jurídi-co do país (como adotado pela Nova Zelân-dia) ou se não continuaria uma responsabili-dade, apesar de que diferenciada, das agên-cias reguladoras. Esta questão dependerásem dúvida do grau de competição possívelem cada indústria.

Um outro ponto importante que pa-rece sustentar a idéia de que, sim, mesmona presença de alguma competição existea racional para algum tipo de atividade re-guladora, é o seguinte: para que a compe-tição gere um resultado que tenda ao so-cialmente ótimo, é preciso que exista apossibilidade dos agentes, se assim esco-lherem, agirem sozinhos no mercado; nosserviços de utilidade pública, porém, nor-malmente existe o problema da interco-nexão, que requer uma concordância en-tre os concorrentes. Esta característica podegerar problemas como:

· as firmas com maior poder de mer-cado podem boicotar as com menor poder;

· podem existir colusões entre firmasmaiores; e,

· enfim, a própria natureza competi-tiva se põe a risco.

A questão central aqui é a determina-ção das tarifas de acesso, discussão quetomaremos mais adiante.

É sempre possível argumentar que uma

“a sociedade nãoé por natureza cola-borativa, não adiantamodificar os valoresde cada uma das pro-duções que ela nãotenderá ao equilí-brio. “

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Tabela 4 - Valores de reputação e credito social dosagentes – cenário 1.3

O desequilíbrio pode ser observadono gráfico de dispersão apresentado nafiguras 13.

Figura 13 –Gráfico de dispersão – cenário 1

3.2.2. Cenário colaborativo

No cenário colaborativo existe umaforte tendência à construção coletiva e aexposição, sendo que os objetos são dis-ponibilizados quando em construção peloautor. Observa-se que os objetos são dis-ponibilizados quase que a cada “rodada”de interações. Visando simular tal cená-rio e ainda buscando estabelecer umaanálise comparativa, mantivemos as con-dições de contorno do cenário anterior,sendo estas: Base: 4, Raio 1: 5, Raio 2: 1,Mínimo: 3, Numero de pessoas = 12,Número de Versões = 6, alterando ape-nas o percentual de participação, ficandoeste em 90%.

Também foi anulado o peso do nume-ro de acessos, uma vez que se supõe quepara cada disponibilização são realizadosonze acessos (um de cada agente da co-munidade virtual de aprendizagem) e da-dos inicialmente pesos equivalentes paraos Valores Moral e Econômico de Pro-dutor e Consumidor, conforme apresen-tado na figura 14.

Figura 14 – Padrões : Condições de contorno com os valores adequados ao cenário 2

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(Procon, etc.); isto supondo-se que tal pro-moção venha de uma tentativa, por parteda agência reguladora, de recriar elemen-tos de incentivos à eficiência que estão au-sentes em um ambiente não competitivo.Isto nos leva então às nossas primeiras ques-tões, relacionadas ao aspecto positivo denossa discussão neste trabalho, qual seja, anecessidade de promovera eficiência:

· qual a importância daeficiência?;

· qual o relaciona-mento entre competiçãoe eficiência?;

· qual o papel de uma agência regula-dora na ausência de competição?; e, final-mente,

· qual o papel, se algum, de uma agên-cia reguladora em um mercado potencial-mente cada vez mais competitivo?

Nas próximas seções procuraremosanalisar e sintetizar as idéias que podem serestabelecidas a partir destas questões demaneira particular, e da relação eficiência-regulação de maneira mais geral. Em segui-da, retomaremos a questão distributiva.

3. Por que regular? As questões da efi-ciência e da competição

Os serviços de utilidade pública (gera-ção, transmissão e distribuição de energiaelétrica; telecomunicações; rodovias; por-tos, etc.) têm sido tradicionalmente vistoscomo monopólios naturais, ou seja, asso-cia-se a essas indústrias a presença de eco-nomias de escala em todo o segmentorelevante da curva de oferta. Isto pode sercolocado de maneira mais simples comosendo caracterizadas essas indústrias pelapresença de altos custos fixos nos seus res-pectivos processos produtivos.

Como monopólios naturais a teoria eco-nômica nos indica que, se deixados à pró-pria mercê, o grau de bem estar que cap-turam gera uma distorção tal que coloca oresultado final bem aquém do socialmenteótimo, ou seja, do nível eficiente. Comoqualquer livro texto colocaria, ou essas fir-

mas são reguladas ou o Estado se encarre-ga desses setores. Como nosso objetivonão é discutir os méritos de público versusprivado, e como o ambiente operativo noBrasil está cada vez mais direcionado à pri-vatização, assumiremos diretamente queessas firmas são privadas, concentrando-nos na questão reguladora, se bem que

nossa análise também podeser expandida para empresaspúblicas se supormos queestão são independentes deações do governo.

O ponto central aqui éque a obtenção do grau de

bem-estar socialmente ótimo requer efi-ciência em três níveis:

· eficiência produtiva, que requer, emtermos simplificados, redução dos custosde produção;

· eficiência alocativa, que requer pre-ços equivalentes ao custo de ofertar o pro-duto; e

· eficiência dinâmica, que requer queprocessos produtivos com maiores cus-tos sejam substituídos por outros commenores custos ao longo do tempo.

Apesar da competição não ser, teori-camente, necessária para a obtenção decompleta eficiência, ela dinamiza os incen-tivos para o uso da tecnologia com me-nor custo de produção (eficiência produ-tiva), força o preço a refletir custos margi-nais (eficiência alocativa) e cria uma ten-dência a buscar a provisão de novos servi-ços e métodos de produção mais custo-eficientes (eficiência dinâmica).

A questão que sempre caracterizou anecessidade de regulação sobre os mono-pólios naturais é exatamente que a ausên-cia dos incentivos competitivos não direci-ona o monopolista a gerar eficiência e, por-tanto, o grau de bem estar socialmenteótimo. A questão então, tradicionalmente,tem sido a de criar regimes reguladores quepossam recriar os incentivos competitivosausentes no mercado. O problema centralcom esta proposição está na presença deassimetrias de informação entre o mono-polista e o regulador. Porém, mesmo con-

“O ponto central aquié que a obtenção do graude bem-estar socialmen-te ótimo requer eficiên-cia em três níveis.”

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A partir disso, foram definidos os pe-sos de cada uma das versões, como sen-do de 10% para as versões de um a cincoe 50% para a versão 6.

Os valores de reputação e crédito po-dem ser observados na tabela 5.

Tabela 5 – Valores de Reputação e credito social dosagentes –cenário 2.1

Neste caso observou-se uma socieda-de um pouco mais equilibrada, porém,apesar do alto grau de participação, osvalores de credito moral e econômico ain-da permanecem distantes do equilíbriosocial representado pelo zero. Tal disper-são pode ser observada na figura 15.

Figura 15 – Gráfico de dispersão – cenário 2

Os valores de reputação e credito, parao cenário 2.2, cujos pesos atribuídos fo-ram 20% para a primeira produção, 10 %

para as produções de dois a quatro, ne-nhum valor para a quinta produção e 50 %para a ultima produção (cuja disponibiliza-ção foi obrigatória) podem ser observa-dos na tabela 6.

Tabela 6 – valores de reputação e credito social dosagentes – cenário 2.2

Em uma terceira manipulação dos pe-sos dos objetos, considerando 20% paraa primeira e terceira produções, nenhumpeso para a segunda e quarta, 10 % para aquinta e 50% para a última. Os valores dereputação e credito podem ser observa-dos na tabela 7.

Tabela 7 – valores de reputação e credito social dosagentes – cenário 2.3

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Sob o ponto de vista da eficiência, o dile-ma atual que se apresenta às atividades deserviços de utilidade pública pode ser colo-cada da seguinte forma: o velho status quode que estes serviços são basicamente mo-nopólios naturais tem enfraquecido sensivel-mente e, tudo isso devido ao forte avançotecnológico, tende a se enfraquecer aindamais com o tempo, apesar de que a curto/médio prazo esta é uma discussão que pa-rece estar ainda em aberto. O ponto queesta nova tendência parece indicar é que maise mais competição está se tornando possí-vel nos serviços de utilidade pública, o queacaba por levantar a questão de que tipo, sealgum, de regulação ainda pode ser neces-sário para garantir resultados que, sob o pon-to de vista econômico, estariam mais próxi-mos daquilo que chamamos eficiência.

Sob o ponto de vista distributivo, o di-lema pode ser colocado mais ou menosda seguinte forma: existem motivos for-tes, tanto do ponto de vista da teoria eco-nômica (fortes externalidades envolvidasnestes serviços) como do ponto de vistanormativo (existe um “mínimo” de aces-so a estes serviços que parece ser pontocomum nas sociedades modernas), paraque se tenha considerações públicas emrelação a estes serviços; a questão é sa-ber como interferir e, dado o tipo de inter-ferência, se esta seria através de um cor-po regulador (o que implicaria numa dire-ta interferência nos procedimentos dasconcessionárias) ou através de uma políti-ca social mais ampla que incluiria estes as-pectos no plano mais geral de objetivossociais de um governo, sem necessaria-mente requerer um corpo regulador es-pecífico.

O objetivo geral deste trabalho é pro-curar aprofundar estas discussões, tentan-do colocar alguma ordem lógica nos tan-tos argumentos teóricos e empíricos quetêm feito parte desta fascinante discussão.Procuraremos ter em mente três pergun-tas ao longo de nossa análise, particular-mente no que diz respeito à eficiência:

· O que é uma boa regulação de umaatividade monopolística?

· O que deveria ser desregulamenta-do?

· Como lidar com a intersecção en-tre regulação e competição?

Como objetivo mais específico, procu-raremos enquadrar, sempre que possívele válido, nossos insights com a especificasituação do Brasil. Neste sentido, a próxi-ma seção discute os objetivos básicos daregulação; a seção três discute o porquêde regular se concentrando nas questõesda eficiência e da competição; a quatro dis-cute como regular; a cinco discute o por-quê de regular se concentrando na ques-tão distributiva; a seis discute os conceitosde Serviço Obrigatório e de Obrigação deServiço Universal e, finalmente, a sete con-clui.

2. Os objetivos básicos da atividade re-guladora

A um nível mais geral, os objetivos bá-sicos da atividade reguladora são:

· proteger os interesses do consumi-dor em relação a preços e qualidade doserviço;

· assegurar que as firmas, operandode maneira eficiente, possam se auto-fi-nanciar;

· promover eficiência;· assegurar o cumprimento de eventu-

ais políticas públicas decididas a nível go-vernamental, seja executivo, seja legislati-vo; e, finalmente,

· assegurar que o regime como umtodo seja sustentável e robusto.

O quarto objetivo toca diretamente noponto normativo da distribuição de rendae de que eventuais políticas sociais se rela-cionariam com tal objetivo. Esta discussãoserá retomada mais adiante; por hora va-mos nos concentrar nos outros quatroobjetivos que basicamente podem ser sin-tetizados no terceiro ponto, promover efi-ciência. É bastante razoável de se supor quea promoção de eficiência levará, de umaforma mais ou menos automática, à reso-lução também dos objetivos 1, 2 e 5, compoucos incrementos legais necessários

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Ao se manipular os valores de pesodos objetos disponibilizados, obteve-seuma diferença em torno de 2,10% dosvalores de reputação em relação aos di-ferentes pesos atribuídos. Esta diferen-ça não foi significativa, sendo que no casoda comunidade bastante participativa foiconcluído que não há alteração nos va-lores de reputação com a manipulaçãodos pesos.

3.2.3. Cenário intermediário

No cenário intermediário buscou-seuma simulação próxima à realidade ob-servada. Visando simular tal situação e

ainda buscando estabelecer uma análisecomparativa, mantivemos as condiçõesde contorno dos cenários anteriores, sen-do estas: Base: 4, Raio 1: 5, Raio 2: 1,Mínimo: 3, Numero de pessoas = 112,Numero de Versões = 6, alterando ape-nas o Percentual de participação, ficandoeste em 90%.

Também foi anulado o peso do nume-ro de acessos, uma vez que se supõe quepara cada disponibilização são realizadosonze acessos (um de cada agente da co-munidade virtual de aprendizagem) e da-dos inicialmente pesos equivalentes paraos Valores Moral e Econômico de Produ-tor e Consumidor, conforme apresenta-do na figura 16.

Figura 16 – Padrões: Condições de contorno com os valores adequados ao cenário 3

A partir disso foram definidos os pe-sos de cada uma das versões, como sen-do de 10% para as versões de um a cin-co e 50% para a versão 6. Os valores dereputação e credito podem ser observa-dos na tabela 8.

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6. Regulação: Uma Consolidação de IdéiasStefano Florissi

Doutor em Economia.Professor Adjunto do Departamento de Economia e do Programa de Pós-Graduação

em Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.e-mail: [email protected]

José NosvitzMestre na área de Regulação Jurídico-Econômica.

Professor e Coordenador da Faculdade de Direito São Judas Tadeu de Porto Alegre.Professor da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre

e-mail: [email protected]

Resumo

Na segunda metade da década de 90, adiscussão sobre regulação de serviços deutilidade pública (geração, transmissão edistribuição de energia elétrica; telecomu-nicações; rodovias; portos, etc.) se multi-plicou não apenas no Brasil mas em todoo mundo. O objetivo geral deste trabalhoé procurar aprofundar estas discussões,tentando colocar alguma ordem lógica nostantos argumentos teóricos e empíricosque têm feito parte desta fascinante dis-cussão.

Palavras-chave

Regulação, utilidade pública.

Tabela 8 – valores de reputação e credito social dosagentes – cenário 3.1

Abstract

The second half of the 1990’s saw abig increase in the discussions about re-gulation and deregulation of public utiliti-es (generation, transmission and distri-bution of electricity; telecommunicati-ons; highways; ports, etc.) not only inBrazil but all over the world. The maingoal of this study is to try to go deep intothese discussions, shedding some lightand order in the many arguments boththeoretical and empirical that are part ofthis fascinating subject.

Keywords

Regulation, public utilities.

1. Introdução

Na segunda metade da década de 90, adiscussão sobre regulação de serviços de uti-lidade pública (geração, transmissão e distri-buição de energia elétrica; telecomunicações;rodovias; portos, etc.) se multiplicou não ape-nas no Brasil mas em todo o mundo. O quelevou a este “boom” foram basicamente doisfatores: por um lado uma forte tendênciamundial a se repensar o papel do Estado deum modo geral, com forte valorização dosmercados; por outro, a incrível evolução tec-nológica que tem destruído o conceito demonopólio natural em quase todos os seg-mentos das atividades de utilidade pública. Aomesmo tempo tem crescido mundo afora atendência da assim chamada “terceira via”,onde Estado e Mercado são vistos como po-derosos complementos e não como funda-

mentalmente antagônicos. Esta últimatendência tem influído também na discus-são sobre regulação, onde uma série deaspectos potencialmente sociais têm sidoatribuídos às concessionárias de serviçosde utilidade pública.

Como quase toda discussão em eco-nomia, particularmente em política eco-nômica, a discussão sobre regulaçãopode ser dividida nos aspectos eficiênciae distribuição. Esta divisão facilita a com-preensão da discussão pois sintetiza o quebasicamente existe para ser discutido emqualquer tópico de política econômica:como produzir mais com o que se temdisponível, e como beneficiar o maiornúmero possível de pessoas dentro doregime escolhido, com particular cuida-do com a proteção dos mais fracos.

“não havendo um volume exage-rado de objetos a serem avaliados,esta avaliação pode ser mais criterio-sa e justa (equilíbrio econômico) bemcomo estes podem ser melhor apro-veitados na construção individual denovos objetos (equilíbrio moral). “

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Este cenário foi o que apresentou me-nor dispersão nos valores de credito mo-ral e social, caracterizando a sociedade maisequilibrada. Atribuiu-se tal resultado ao fatoque, não havendo um volume exageradode objetos a serem avaliados, esta avalia-ção pode ser mais criteriosa e justa (equi-líbrio econômico) bem como estes po-dem ser melhor aproveitados na constru-ção individual de novos objetos (equilíbriomoral). Observam-se a dispersão dos va-lores de crédito moral e econômico nocenário 3 na figura 17.

Figura 17 – Gráfico de dispersão – cenário 3

Os valores de reputação e credito, parao cenário 3.2, cujos pesos atribuídos fo-ram 20% para a primeira produção, 10 %para as produções de dois a quatro, ne-nhum valor para a quinta produção e 50% para a última produção (cuja disponibi-lização foi obrigatória) podem ser obser-vados na tabela 9.

Tabela 9 – valores de reputação e credito social dosagentes – cenário 3.2

Em uma terceira manipulação dos pe-sos dos objetos, considerando 20% paraa primeira e terceira produções, nenhumpeso para a segunda e quarta, 10 % para aquinta e 50% para a última. Os valores dereputação e crédito podem ser observa-dos na tabela 10.

Tabela 10 – valores de reputação e credito social dosagentes – cenário 3.3

Ao se manipular os valores de peso dosobjetos disponibilizados, obteve-se uma di-ferença em torno de 2,30% dos valoresde reputação em relação aos diferentespesos atribuídos. Esta diferença não foi sig-nificativa, sendo que no caso da comuni-dade intermediária foi concluído que nãohá alteração nos valores de reputação coma manipulação dos pesos.

A partir das três comunidades obser-vadas, julgou-se necessário estabeleceruma comparação dos efeitos da manipu-lação dos pesos dos objetos na constru-ção da reputação em relação aos diferen-tes graus de participação na sociedade.Neste caso, observou-se que a manipu-lação dos pesos somente gerou altera-ções significativas nas sociedades combaixo grau de participação, conformepode ser observado no gráfico de dife-renças relativas entre as simulações,apresentado na figura 18.

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Figura 18 - influência da manipulação dos pesos nosvalores de reputação

3.3. Comunidade observada

A comunidade observada foi compos-ta por doze indivíduos aos quais foi pro-posto que compartilhassem objetos atra-vés de um diretório local comum. Quan-do da disponibilização dos objetos pelosautores (produtores) foi solicitado o pre-enchimento da tabela de auto-avaliação.A cada acesso realizado era solicitado aosleitores (consumidores) que realizassema avaliação do objeto acessado. A cadarodada de disponibilização, novos ele-mentos eram agregados ao objeto dispo-nibilizado e modificações eram efetuadas,sendo que os alunos foram convidados adisponibilizar seus objetos no máximoseis vezes durante a observação.

A cada uma das seis rodadas, eram efe-tuados e disponibilizados aos alunos osvalores referentes a reputação individu-al, bem como os valores globais da soci-edade. Não houve alteração nos pesosdos objetos durante o processo. Para in-troduzir a comunidade observada na aná-lise comparativa apresentada na figura 15foram efetuados cálculos de reputaçãocom os pesos alterados de forma equi-valente às comunidades observadas, es-tes, porém, não foram disponibilizadosaos alunos.

Os resultados observados são apresen-tados na tabela 11:

Tabela 11 – Valores de reputação e crédito social dosagentes: resultados observados

A partir destes valores, foi observadoque esta comunidade está próxima doequilíbrio, sendo que as avaliações tende-ram a ser justas (equilíbrio econômico àcredito econômico próximo de zero),bem como as contribuições úteis a socie-dade (equilíbrio moral à credito moral pró-ximo de zero).

Figura 19 – Valores observados de crédito moral eeconômico – representação da dispersão

Percebeu-se na sociedade observadaum volume intermediário de disponbiliza-ções. Após efetuados os cálculos, con-cluiu-se que este valor ficou em torno de45%.

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tica destaca-se por abrigar uma gama de em-presas de micro, pequeno e médio portesque se beneficiaram das condições do ambi-ente tecnológico para desenvolver tecnolo-gias próprias e realizarem imitação e adapta-ção às necessidades locais de tecnologias atéentão importadas.

No início da década de noventa ocorrea abertura da economia, forçando taisempresas a redirecionem suas estratégiasde inserção no mercado nacional. As quepassaram a atuar em nichos de mercadoe que acumularam ativos tangíveis e intan-gíveis à época da reserva conseguiram ul-trapassar os abalos trazidos pela aberturado mercado.

Por meio de dois casos apresentados noartigo foi possível apreender que o momen-to da reserva de mercado proveu condi-ções favoráveis para que as empresas inici-assem suas trajetórias de desenvolvimen-to. Naquele momento, pode-se afirmar queo ambiente se apresentava caracterizadopela existência de oportunidades propícias

às atividades inovativas, havia uma oferta deincentivos financeiros às empresas e pro-teção contra a concorrência externa. Altograu de oportunidade, de acordo com a ta-xonomia proposta por Malerba e Orseni-go (1996), favorece estratégias tecnológi-cas de inovação radical, consideradas maisimportantes na classificação das inovações.No entanto, atividades de inovação radicaldemandam pesados investimentos e longoprazo de pesquisa e desenvolvimento, osquais estão geralmente fora do alcance deempresas de pequeno porte. Por esta ra-zão, estratégias de imitação e imitação cri-ativa – em que ocorre adaptação e melho-ria do produto – são geralmente adotadaspor estas empresas, o que, longe de signifi-car falta de capacidade, é resultado de umcálculo econômico, de uma decisão empre-sarial tomada a partir da leitura que os ges-tores fazem dos recursos internos tangíveise intangíveis que a empresa possui e dasoportunidades que o mercado de atuaçãoda empresa oferece.

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4 Conclusões e Trabalhos Futuros

A principal contribuição deste trabalhoconsiste da possibilidade de simular e ob-servar o comportamento de agentes in-teragindo em comunidades virtuais deaprendizagem sob a ótica da Teoria de In-teração Social de Piaget. Ao analisarmosos diferentes cenários estudados pode-mos responder aos questionamentos ini-cialmente levantados a respeito da influ-ência do comportamento dos agentes eda intervenção do gerente da sociedade.

O mecanismo de re-putação implementadovai servir de base para aconstrução de comuni-dades virtuais de apren-dizagem no que diz res-peito ao estabelecimen-to de políticas de esco-lha de parceiros para atroca. Em uma primeiraanálise, poderíamos afir-mar que as trocas viriama ocorrer somente en-tre os indivíduos de boareputação, gerando umasociedade desequilibrada. Ao considerar talhipótese refutamo-la ao considerar que astrocas se dão aos pares, sendo assim, doisagentes de melhor reputação social efetu-am trocas entre si, mas não indefinidamen-te, pois cada um tem uma fila de espera aguar-dando para realizar trocas, a qual ele temque atender e que está organizada pela re-putação. Além disso, as trocas observadasforam muito dinâmicas; caso o indivíduo demaior reputação não estivesse disponívelpara troca no momento, o candidato a tro-ca passa ao próximo, sem se prender a umúnico parceiro.

Na análise dos cenários, percebemosque no cenário colaborativo, consideran-do um percentual de participação de 90%,obteve-se valores que representam dese-quilíbrio, assim como em uma sociedadepouco participativa (20%). O equilíbrio so-cial mais próximo de ser atingido em umasociedade com grau de participação em

50%. Atribui-se estes resultados ao fatode com um grande número de objetos dis-ponibilizados em uma sociedade muito par-ticipativa a avaliação destes tende a se tor-nar mais superficial e, portanto, menos justae criteriosa (desequilíbrio econômico).Além disso, quando há poucos objetos(como no cenário 1) ou muitos (no cená-rio 2) fica mais difícil avaliá-los e, portanto,considerá-los como úteis na construção denovos objetos (desequilíbrio moral). A par-tir de um número razoável de objetos(como no cenário 3, com participação em

50%) tende a ficar mais ob-jetiva a avaliação (tendênciaobservada ao equilíbrio eco-nômico) e os objetos ten-dem a ser mais úteis para aconstrução de novos obje-tos (tendência observada aoequilíbrio moral). No cená-rio observado, com 45% departicipação, esta se mos-trou como sendo a realida-de.

A hipótese inicial que amanipulação dos pesos dasproduções poderia levar ao

equilíbrio social foi refutada, uma vez queestes não interferem diretamente no re-sultado das avaliações e auto-avaliações.Tal manipulação somente se mostrou sig-nificativa no caso de sociedades pouco par-ticipativas, como modelado nos cenário denúmero 1.

Se o objetivo da sociedade é ser cola-borativa e esta colaboração é expressa atra-vés da disponibilização de objetos, não adi-anta manipular os pesos dos objetos, o efei-to nos valores de reputação é pequeno. Amanipulação dos pesos só se mostrou sig-nificativa quando a participação é baixa. Ma-nipular os pesos pode, então, ser uma for-ma de estimular a participação. O que fazefeito na sociedade é efetivamente a parti-cipação, através da disponibilização de ob-jetos.

A partir do trabalho realizado, faz-senecessária a exaustiva observação de co-munidades virtuais de aprendizagem, nos

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Empresa W

A empresa W tem 22 anos de atuação nomercado. Foi fundada por dois professores docurso de Engenharia Elétrica da UFRGS comfoco na área de condicionamento de energiapara informática. Ela inicia suas atividades de-senvolvendo uma solução tecnológica própriae em pleno momento da reserva de merca-do, quando este tipo de ação estava sendo es-timulado pelo governo.

A abertura da economia brasileira nos anos90 representou um momento decisivo para aempresa, no que diz respeito à condução dosnegócios. Foram necessárias mudanças na or-ganização da produção, aqual passou a adotar téc-nicas que além de garan-tirem a qualidade do pro-duto, a qual já era reco-nhecida, deveriam tam-bém possibilitar preçoscompetitivos de forma agarantir a continuidade donegócio no novo cenáriode mercado.

A realização de parcerias com empresasestrangeiras e de engenharia reversa forampráticas importantes para acelerar processosde aprendizagem e manterem a competitivi-dade da empresa W na década de noventa.Novos conhecimentos tecnológicos eram,desta forma, adicionados. O setor da pesqui-sa e desenvolvimento da Empresa W repro-jetava os produtos, implementando inovaçõesincrementais, isto trazia como resultado pro-dutos tecnologicamente mais avançados.

Se no início de suas atividades, a empre-sa W contava com um ambiente tecnológicoque estimulava o desenvolvimento de soluçõespróprias, possibilitando oportunidades pararealização de investimento e facilitando a difu-são da tecnologia desenvolvida, nos anos no-venta ela precisou reunir a capacitação cons-truída no período anterior, para desmontar tec-nologias estrangeiras, entender o princípio defuncionamento e reprojetá-las com adaptaçõese melhorias que configurassem um novo emelhor produto. A empresa W é, desta for-ma, um exemplo do quão importante é ter

capacitação prévia para apreender e transfor-mar tecnologias.

6. Síntese e considerações finais

A proposta deste artigo foi discutir o papelda imitação, entendendo-a como uma etapaimportante para alavancar processos de apren-dizagem os quais consolidam e criam novas ca-pacitações para as empresas. Neste sentido, aimitação é considerada uma estratégia tecnoló-gica que as empresas adotam na condução deseus processos de inovação. A escolha por talestratégia deve ser analisada considerando-se

conjuntamente caracte-rísticas do ambiente tec-nológico e característi-cas específicas das em-presas. Desta forma,evitam-se conclusõesdistorcidas que relacio-nam a imitação com fal-ta de capacitação dasempresas o que acabacausando uma imagem

negativa desta prática que é utilizada com fre-qüência, sobretudo pela empresas de micro, pe-queno e médio porte.

Para discutir a imitação, duas abordagenssobre os condicionantes que influenciam a es-colha de estratégias tecnológicas de inovaçãoradical, inovação incremental e imitação foramreunidas, uma vez que permitiam contemplarsimultaneamente condicionantes ligados aoambiente tecnológico e às empresas. Tendocomo referência o quadro teórico construído,o histórico de formação do Complexo Eletro-eletrônico Brasileiro e os casos de duas empre-sas eletroeletrônicas situadas no Rio Grande doSul foram apresentados como exemplos da uti-lização da estratégia de imitação criativa visandoà obtenção de vantagens competitivas.

A formação e desenvolvimento do CEBocorre ancorada em políticas de reserva demercado, estímulo ao desenvolvimento deprojetos tecnológicos nacionais e disciplina nascompras de empresas públicas. Desta forma,prepara-se o terreno para o surgimento deempresas nacionais. O segmento de informá-

“O equilíbrio social maispróximo de ser atingido emuma sociedade com grau departicipação em 50%. Atri-bui-se estes resultados aofato de com um grande nú-mero de objetos disponibili-zados em uma sociedademuito participativa a avalia-ção destes tende a se tornarmais superficial e, portanto,menos justa e criteriosa (de-sequilíbrio econômico). “

“O segmento de informática des-taca-se por abrigar uma gama deempresas de micro, pequeno e mé-dio portes que se beneficiaram dascondições do ambiente tecnológicopara desenvolver tecnologias pró-prias e realizarem imitação e adap-tação às necessidades locais de tec-nologias até então importadas.”

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mais diferentes contextos, visando a maiorvalidação do modelo proposto. Sugere-sea elaboração de questionários que analisema percepção dos indivíduos em relação asua participação na comunidade, comparan-do os resultados destes com àqueles obti-

RODRIGUES, M. Um sistema de valo-res de troca para suporte às intera-ções em sociedades artificiais.2003.134 f. Dissertação (Mestrado emCiência da Computação) – Instituto de In-formática, UFRGS, Porto Alegre.

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Empresa Y

A empresa Y tem 25 anos de atuaçãono mercado, foi fundada por três estu-dantes do curso de Engenharia Elétrica eEletrônica da Universidade Federal do RioGrande do Sul (UFRGS) e tem uma traje-tória de desenvolvimento construída pormeio de migrações entre subsegmentosdo setor de informática. Seu objetivo ini-cial foi atuar no segmento de automaçãoindustrial, no qual permaneceu até osanos 80. Durante este período, a empre-sa Y acumulou ativos tangíveis e intangí-veis que lhe permitiram, ainda nos anos80, apresentar a uma importante empre-sa pública dos ramos de exploração, co-mércio e distribuição de petróleo e deri-vados, um projeto para automação depostos de gasolina. Se no plano interno aempresa buscava desenvolver suas capa-citações específicas, no plano macroeco-nômico, o ambiente tecnológico possibi-litava a aplicação e desenvolvimento des-tas capacitações. Na década de 80, mo-mento da reserva de mercado, as empre-sas públicas puxavam este desenvolvimen-to, transformando-se no mercado paraprojetos das empresas brasileiras de pe-queno e médio porte do CEEB. O proje-to apresentado pela empresa Y foi apro-vado e ela se tornou pioneira no desen-volvimento de sistemas de automaçãopara bombas de combustíveis. Tal fatoprovocou um rápido crescimento da em-presa.

Observa-se, então, que a empresa Ycomeça atuando em ramos de atividadecuja tecnologia é difundida, portanto defácil imitação devido à baixa apropriabili-dade. Isto lhe permite dominar o conhe-cimento desta tecnologia e lhe alçar parao desenvolvimento de um projeto maisavançado do ponto de vista tecnológico,garantindo-lhe atuação exclusiva no mer-cado por um determinado período. Noentanto, este mercado mostrou-se limi-tado devido às exigências de fornecimen-to exclusivo – a bomba de gasolina era vin-culada à bandeira de um posto - e pela

possibilidade de desenvolvimento tecno-lógico futuro já que, uma vez desenvolvi-da a bomba, a empresa Y passaria a atuarapenas em sua manutenção. Tais condi-ções sinalizaram à empresa a necessidadede empreender-se num novo ramo denegócios: automação comercial, ramo emque atua até os dias de hoje.

Esta nova migração ocorreu em eta-pas ou, conforme coloca o entrevistado:“essas mudanças não são estanques, parouuma e começa outra, é um processo quecomeçou lentamente.” No entanto, foi coma automação dos postos de gasolina que aempresa Y começou a desenvolver umnovo processo de aprendizagem: “[auto-mação dos postos de gasolina] abriu asportas para nós aprendermos e dominarmoso sistema de automação comercial,”, poisela gerava a necessidade de automatizar ocontrole de estoque, serviços de impres-são, o sistema lógico para controle de cai-xa, etc.

Atualmente, a empresa Y fabrica im-pressoras de cheques que também são ter-minais de consultas a bases de dados. Hádistribuidores para seus produtos em pra-ticamente todo o território nacional. Aempresa também tem como cliente o se-tor bancário para o qual faz automatiza-ção de retaguarda (impressoras para sis-temas lógicos que imprimem slips, che-ques administrativos, docs, etc). A neces-sidade de incluir software para realizar ainterface entre seus produtos e bancos oubases de dados levou a empresa a criaruma filial especializada no desenvolvimen-to de software, localizada em São Paulo,seu principal mercado.

Em síntese, o caso da empresa Y ilus-tra uma trajetória de constante aprendi-zagem que começa de forma simples: umgrupo de estudantes de engenharia repro-duzindo tecnologia difundida. A partir desteponto, a empresa constrói um conjuntode capacitações específicas. Hoje, a em-presa Y é líder nacional no mercado emque atua. Trata-se de um mercado comcaracterísticas específicas, cujo conheci-mento ela domina.

dos através dos cálculos de reputação. Comisso, será possível que se efetivem genera-lizações, para então afirmar que o modelosugerido real e efetivamente modela o com-portamento de indivíduos em comunida-des virtuais de aprendizagem.

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3. Uso da Internet em Pesquisa de Campo: aspectosfundamentais

Elisabeth Maria MoseleMestre em Administração (PUCRJ),

Professora da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre e do Centro Universitário Metodista IPA.e-mail: [email protected], [email protected]

Abstract

This article was going developed havinglike base to the academic research in ad-ministration, where was going used themethod of the focus group in the qualitati-ve phase and, in posterior phase, a fieldresearch in the internet by means of thee-mail. The work is made up of an instru-ments available research description in theinternet and the methods used to obtainthe necessary information to reach theproposed goal. The data obtained duringthis process are related during work, evi-dencing the difficulty and necessary deter-mination to obtain success in the acade-mic research for e-mail.

Keywords

Internet, e-mail, logical operators, pro-ximity operators.

Resumo

Esse artigo foi desenvolvido tendo comobase à pesquisa acadêmica em administra-ção, onde foi utilizado o método do grupode foco na fase qualitativa e, em fase poste-rior, uma pesquisa de campo na internet pormeio do correio eletrônico. O trabalho écomposto de uma descrição dos instrumen-tos de pesquisa disponíveis na internet e osmétodos utilizados para obter as informa-ções necessárias para atingir o objetivo pro-posto. Os dados obtidos durante esse pro-cesso são relatados no decorrer do traba-lho, evidenciando a dificuldade e empenhonecessários para obter êxito na pesquisaacadêmica por correio eletrônico.

Palavras-chave

Internet, correio eletrônico, operado-res lógicos, site.

1. Introdução

Apesar dos avanços da tecnologia dainformação e comunicação (TIC) continu-ar numa progressão geométrica, concre-tizar uma pesquisa por intermédio da in-ternet ainda corresponde a um longo eárduo período de labuta por parte dospesquisadores. Esse trabalho não tem oobjetivo de demonstrar tecnologias exis-tentes, mas a realidade de uma pesquisaacadêmica sob dois contextos. O primei-ro, o de pesquisar na internet em buscade informações e como afunilar resulta-dos de busca para otimizar o resultado; eo segundo, o de relatar a experiência deoptar e utilizar a pesquisa telemática comomeio de acesso a uma pesquisa que podedelimitar uma região geográfica tão ex-

pressiva quanto todo o território brasilei-ro e isso não significar custos galopantes.

Esse trabalho foi desenvolvido tendocomo base a pesquisa de campo da disser-tação de mestrado desenvolvida em 2001pela Pontifícia Universidade Católica do Riode Janeiro. Os meios da pesquisa desenvol-vida foram dois, sendo que o primeiro en-volveu grupo de foco (técnica de aborda-gem para pesquisa exploratória) e; o segun-do foi por pesquisa telemática com o objeti-vo de pesquisar a importância e desempe-nho da videoconferência na automatizaçãoadministrativa, por meio dos atributos iden-tificados na primeira fase da pesquisa.

O espaço amostral se constituiu de253 empresas estabelecidas em territó-

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conhecimento dos problemas tecnológicose dos padrões de competitividade. Isto per-mitiu a consolidação destas empresas que, aolongo do tempo, transformaram-se emplayers de nichos de mercado2. Na próximaseção, será abordado o método utilizado napesquisa que permitiu recuperar a constru-ção deste histórico a partir dos casos especí-ficos de duas empresas gaúchas pertencen-tes ao Complexo Eletroeletrônico.

4. Procedimentos metodológicos

Este trabalho insere-se em um projetode pesquisa que tem por objetivo fazer umdiagnóstico do complexo eletroeletrôni-co gaúcho. A etapa da pesquisa que seráaqui relatada pode ser considerada de na-tureza exploratória, pois se pretende pro-ver uma familiarização com o objeto deestudo. Segundo Selliz e Wrightsman(1965), Malhotra (2001) e Pinsonneault eKraemer (1993) um estudo exploratóriopode ser utilizado com a função de aumen-tar o conhecimento do pesquisador acer-ca do fenômeno que deseja investigar emestudo posterior e, também, levantar va-riáveis que possam ser confrontadas comas obtidas da literatura, enriquecendo oinstrumento de coleta de dados que seráutilizado posteriormente.

Neste artigo são apresentadas as entre-vistas realizadas nesta etapa exploratória emduas empresas atuantes no segmento deinformática do CEE gaúcho. Estas entrevis-tas foram realizadas entre março e abril de2004 e estão baseadas em roteiro semi-es-truturado, contendo tópicos previamenteselecionados os quais procuraram levantaraspectos relacionados à fundação da empre-sa e suas estratégicas tecnológicas. Elas fo-ram gravadas e transcritas na íntegra, o quecontribui para uma melhor análise dos ca-sos. Entrevistaram-se os donos da empresaou diretores ligados ao processo de tomadade decisão, os quais tivessem vivenciado atrajetória de desenvolvimento da empresa.Cabe destacar que a escolha das duas em-presas ocorreu por conveniência, uma vezque as empresas participantes se interessa-ram pelo projeto (SCHEWE e HIAM, 2000).

5. Apresentação e discussão das evi-dências empíricas

Permaneceu quem acreditou3

O quadro 2 abaixo apresenta informaçõesgerais sobre duas empresas pertencentes aoComplexo Eletroeletrônico do Rio Grandedo Sul. Na seqüência, cada caso será discuti-do em detalhes.

2 Designação utilizada por um dos entrevistados.3 Fragmento de uma das entrevistas dos casos apresentados neste artigo

Fonte: pesquisa de campoQuadro 2 – Informações Gerais das Empresas Pesquisadas

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rio brasileiro que utilizam ou utilizaramvideoconferência no período compreen-dido entre 1997 a 2000. Para obter a ra-zão social e endereço eletrônico compa-tível com o objetivo da pesquisa telemá-tica foram utilizados vários meios de pes-quisa na internet descritos no decorrerdeste instrumento.

Os Sujeitos da Pesquisa

Fazendo uso dos mecanismos de bus-ca disponíveis na internet, foram encon-trados os sujeitos da pesquisa. Alguns naforma de website da empresa, outros ocorreio eletrônico da pessoa da área deadministração de informação ou de vide-oconferência. O contato inicial foi umaapresentação e objetivos propostos dapesquisa e, em anexo, um formulário ele-trônico em arquivo do Word, contendoinstruções e questionário a ser remetidorespondido. A tabela 1 explicita a situaçãoreal da pesquisa e possibilita se fazer algu-mas interações a respeito do fato geradordos resultados obtidos.

Tabela 1 – Resultado Obtido da Pesquisa Telemática

A primeira relação a ser feita é o re-torno obtido dos questionários respon-didos em comparação ao número dequestionários enviados. Como observa-do no gráfico 1, o percentual de respos-tas obtidas foi de 15%. No primeiro mo-mento pode parecer que a resposta àsolicitação telemática foi satisfatória. Noentanto, para obter esse percentual derespostas foi necessária uma série de e-mails solicitando um posicionamento da

empresa ou pessoa responsável. Tam-bém, foi necessária a intervenção de pes-soas que estão diretamente ligadas a ser-viços de videoconferência. Portanto, oprocesso de pesquisa pela internet nãoé tão simples quanto teclar “enter” oudar um clique com o mouse.

Gráfico 1

Os e-mails intermediários foram utiliza-dos pelos sujeitos da pesquisa na solicita-ção de esclarecimentos ou interesse emobter o resultado final do estudo. Para asempresas que foram obtido apenas o site,foi enviado e-mail utilizando a opção do“fale conosco” ou diretamente o SAC (ser-viço de atendimento ao cliente). Dessaforma de acesso, surgiram 15 respostasautomáticas de confirmação de recebi-mento do e-mail. Algumas delas já redire-cionando o endereço para a pessoa res-ponsável e enviando o endereço eletrôni-co correspondente. No gráfico 2 é possí-vel visualizar o percentual de mensagensrecebidas e categorizadas pelo conteúdodo corpo da mensagem. Ocorreram trêsmensagens de empresas que afirmaramnão disponibilizar nenhuma informação arespeito de videoconferência que no totalde e-mails recebidos correspondem a 2%.Como também houve 15 respostas(11%) que afirmaram não utilizar a tec-nologia pesquisada em suas atividades ad-ministrativas.

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Neste sentido, esforços começaram a serfeitos na década de 60 para desenvolver umapolítica industrial e tecnológica para o CEEBa qual possibilitasse o desenvolvimento detodo o complexo em suas diversas etapasde produção.Investimentos foram feitos peloBanco Nacional de Desenvolvimento (BN-DES) no sentido de capacitar recursos hu-manos em pesquisa básica e aplicada. Nasempresas nacionais, ainda nascentes, progra-mas de pesquisa e desenvolvimento come-çaram a ser efetuados. Em 1968, foi monta-do na Universidade de São Paulo (USP) oprimeiro Laboratório de Microeletrônica(Nassif, 2002, Melo et alii, 2001)

Estes esforços criaram as fundações paraacumulação e desenvolvimento de conhe-cimento tecnológico. Entretanto, é a partirdo início da década de 70, no âmbito do Se-gundo Plano Nacional de Desenvolvimento(II PND) e devido à crise provocada peloprimeiro choque dopetróleo (1973), queas iniciativas para de-senvolvimento doCEEB intensificam-se por meio de umasérie de estímulos àsubstituição das im-portações de com-ponentes eletrônicose ao desenvolvimento endógeno de proje-tos (Nassif, 2002). Neste período, o Brasilassistiu à expansão do mercado para bensde consumo – foi a década da entrada da TVa cores no país – conjugada aos investimen-tos feitos no segmento de Telecomunica-ções, cuja maior parcela da produção nacio-nal era de equipamento eletromecânicos(Melo et alii, 2001).

Nos anos 80, o CEEB se viu em francaexpansão. No segmento de informática, apolítica de reserva de mercado contribuiu parao aparecimento de uma série de empresasnacionais de pequeno e médio porte que fa-bricavam microcomputadores, especialmentepersonal computers. Estas empresas pratica-vam imitação criativa e também eram esti-muladas a desenvolver projetos apoiados pelaSecretaria Especial de Informática (SEI) - cria-

da em 1979. O que ainda era comprado noexterior, a exemplo dos periféricos mecâni-cos, deveria gradativamente ser nacionaliza-do. Desta forma, a política implementada pelaSEI puxava o desenvolvimento interno do seg-mento de componentes eletrônicos.

No contexto da criação e desenvolvi-mento do CEEB, a reserva de mercadopode ser vista tanto pelo lado positivo quan-to pelo lado negativo. No primeiro caso, elaproporcionou condições para que as em-presas desenvolvessem processos de apren-dizagem via imitação criativa e, a partir destaestratégia, migrassem para uma etapa emque as soluções tecnológicas passassem autilizar o arcabouço de conhecimento cons-truído para proporem inovações de proces-so e/ou produto específicas à realidade lo-cal. O lado negativo está no fato da reservade mercado ter também contribuído paraisolar estas empresas do contato com em-

presas estrangeiras, mui-to embora a concorrên-cia interna fosse acirrada,o que acabou por com-prometer o desenvolvi-mento mais competitivode forma a prepará-laspara a abertura da econo-mia (Schmitz e Hewitt,1992). Esta tem sido uma

das razões apontadas para o desmantela-mento do CEEB nos anos 90.

Deste cenário, as empresas que soube-ram aproveitar as condições oferecidas peloambiente tecnológico à época da reserva demercado, utilizando-as de forma a obteremautonomia tecnológica futura, conseguiramsuperar os abalos iniciais da abertura de mer-cado. O choque causado pela abertura daeconomia nos anos 90 e pela conseqüenteentrada de empresas estrangeiras, cuja parti-cipação no mercado abrangia o nível global,provocou um redirecionamento das estraté-gias de inserção no mercado nacional. Asempresas brasileiras procuraram focar emmercados específicos, não atrativos às gran-des empresas multinacionais devidos a nãorealização de ganhos de escala. Nestes mer-cados, as empresas nacionais dominavam o

“(...) as empresas que soube-ram aproveitar as condições ofe-recidas pelo ambiente tecnológi-co à época da reserva de merca-do, utilizando-as de forma a obte-rem autonomia tecnológica futu-ra, conseguiram superar os abalosiniciais da abertura de mercado.”

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Gráfico 2

Apesar dos esforços no desenvolvimen-to da pesquisa por intermédio do correioeletrônico, foi necessário utilizar outrastecnologias de comunicação como ferra-mentas auxiliares, o telefone e o fax, porexemplo. A principal razão desse fato foià necessidade de obter uma amostra mí-nima necessária para a sistematização deresultados sobre a importância e o desem-penho da videoconferência como supor-te administrativo. A descrição dos meiosde pesquisa utilizados na internet é relata-da no seguimento deste artigo.

1.1. Sites de pesquisa

Segundo Marcondes & Gomes(1997), do ponto de vista acadêmico, ainternet proporciona uma gama de sub-sídios à pesquisa acadêmica, pois os no-vos recursos informacionais ultrapassama tradicional pesquisa bibliográfica comoartigos de periódicos, congressos entreoutros. Os recursos multimídia, fórunseletrônicos e listas de discussão são al-guns dos instrumentos que tanto servempara facilitar a pesquisa como para di-vulgar resultados da mesma, implemen-tando os meios de comunicação até en-tão utilizados.

Entretanto, Blattmann & Tristão(1999), acrescentam a importância dese registrar as pesquisas realizadas nainternet, pois a volatilidade dos dadoscontidos na Web acompanha as tendên-cias das tecnologias da informação, em

outros termos, o que se encontra numdeterminado momento, pode não es-tar mais lá no futuro próximo por fato-res alheios à vontade do pesquisador:

Alteração do endereço do provedor dainformação; exclusão de documento emdeterminado endereço ou da internet; li-mite de acesso ao documento.

De acordo com Marcondes & Gomes(1997), o pesquisador necessita tomaruma série de precauções quanto à cre-dibilidade das informações encontradasna Web, Deve-se observar alguns crité-rios de avaliação de material obtidocomo:

Autoridade (link): identificação do au-tor contendo a sua área de atuação, queoutras obras tem publicado, se existe en-dereço de contato: e-mail, por exemplo.

Escopo: profundidade e abrangênciados assuntos abordados.

Conteúdo: se a informação é factual ouopinião?

Público-alvo : se for fácil de se verificara quem se destina (escolar, científico, téc-nico).

Propósito da informação: informar,exemplificar ou julgar.

Endereço do documento (URL): queinstituição é provedora da informação (aca-dêmica, órgão governamental, comercial).

Corpo editorial: se possui cabeçalho ourodapé indicando relações a outros ende-reços eletrônicos.

Atualidade: a que período de abrangên-cia e atualização o documento está vincu-lado.

O pesquisador internauta com poucaexperiência em pesquisa na internet podeutilizar sites que reúnam os principais ar-quivos eletrônicos da produção científicanacional e internacional. Veja tabela 2.

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e/ou processo. Em síntese, nesta perspecti-va, a imitação não é vista como uma estraté-gia tecnológica menor, mas sim como umaforma de enfrentar problemas e oferecersoluções no curto prazo.

Segundo Katz (1996), a imitação criati-va (imitação com modificação do produtoou processo) e até mesmo a imitação semmodificação deflagram processos deaprendizagem adaptativa que abrangem:

a) todo trabalho exploratório com oobjetivo de gerar conhecimento a ser usa-do na produção;

b) todo trabalho voltado para a formu-lação das propriedades centrais dos novosprodutos e processos;

c) todo trabalho de pesquisa e desenvol-vimento voltado para a melhoria e adapta-ção de processos e produtos. Sendo assim,a imitação, longe de ser uma estratégia quedeponha contra a empresa, deve ser vistacomo importante forma de aprendizagempois exige tanto o conhecimento sobre atecnologia imitada como conhecimento daspossibilidades de adaptação às necessidadeslocais (Schmitz; Hewitt, 1992).

Em nível microeconômico, esta apren-dizagem pode contribuir para a diminuiçãoda dependência tecnológica dos países emdesenvolvimento em relação aos países de-senvolvidos. Tal fato, no entanto, vai depen-der da taxa de deslocamento da fronteiratecnológica em questão e também do es-forço da empresa, que incorpora a tecno-logia, em acompanhar o deslocamento des-ta fronteira. Em nível macroeconômico, apossibilidade de redução da dependênciatecnológica é mais remota por razões denatureza político-institucional e econômi-ca, pois não se pode negar o atraso tecno-lógico dos países em desenvolvimento emrelação aos países desenvolvidos (Katz,1976, Schmitz; Hewitt, 1992). Em outraspalavras, os condicionantes macroeconô-micos importam no processo de inovação,mas não bastam sendo necessário tambémo esforço das empresas no sentido de bus-carem o constante aprimoramento de suascapacitações internas.

Isto posto, encontra-se na história de

formação do Complexo EletroeletrônicoBrasileiro (CEEB), que será brevementeabordada no próximo item, uma oportu-nidade de trabalhar conjuntamente as duasperspectivas acima apresentadas, evitan-do-se análises de conteúdo valorativo noentendimento das estratégias tecnológicasadotadas pelas empresas nascentes.

3. O Complexo Eletroeletrônico Brasi-leiro

O Complexo Eletroeletrônico é for-mado, predominantemente, pelos seg-mentos de componentes eletrônicos (pas-sivos e ativos), telecomunicações, infor-mática (hardware e software) e bens de con-sumo (áudio, vídeo), cabendo mencionartambém o segmento de eletrônica embar-cada. No Brasil, este complexo tem suaorigem com a instalação de empresas decapital estrangeiro já nos anos 50. A faseinicial do Complexo Eletroeletrônico Bra-sileiro (CEEB) constituiu-se basicamentena montagem final de bens de consumo, apartir da importação de componentes ele-trônicos. Tal situação perdurou até a dé-cada de 70 (Nassif, 2002).

Apesar de ser uma etapa de baixo va-lor agregado, a montagem final de produ-tos pode ser vista como uma estratégiainicial para a constituição do CEEB. Alémdisso, ela também desencadeia um pro-cesso de aprendizagem de trás-para-fren-te. Na montagem, os componentes sãoanalisados quanto à utilidade, às caracte-rísticas operacionais de suas matérias-pri-mas e à adequação ao projeto do produ-to. Embora se reconheça que o CEEB te-nha suas sementes plantadas numa das fa-ses não muito valiosa de todo o processoprodutivo - considerando-se que um pro-cesso completo abrange desde a concep-ção do produto até a distribuição – não sepode afirmar que a fragmentação das ati-vidades produtivas exclui completamenteda cena a possibilidade de reagrupamentodestas mesmas atividades, à medida quese adquire o domínio sobre uma das fasesdo processo produtivo.

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Fonte: parcialmente coletado da Católica Virtual de Brasília in Tecnologias Educacionais. http://catolicavirtual.br

Tabela 2 – Base de dados, bibliotecas digitais e periódicos on-line

As inúmeras opções existentes na Webpodem ser um grande foco de informa-ções, entretanto, pode-se tornar umtranstorno pela excessiva quantidade. Poresta razão, o pesquisador pode se benefi-ciar de vários recursos para garimpar eatingir os objetivos propostos.

Como obter informações na internet

Segundo Hide & Stilborne (2000), há umagama de meios e dispositivos de busca nainternet. Para escolher a ferramenta de pes-quisa adequada pode-se utilizar tabela 3,onde além das sugestões dos autores cita-dos acrescentou-se mais orientações.

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Fonte: Malerba e Orsenigo, 1996.Quadro 1: Relação entre regime tecnológico e estratégias tecnológicas

xonomia proposta por Malerba e Orsenigo(1996) possibilita desconsiderar a necessida-de de existência prévia de capacitação paradesenvolvê-la. Desta forma, a empresa podeimitar mesmo que não tenha capacidade es-pecífica para entender a solução tecnológicaque está imitando, bastando para isto que sejabaixo o grau de apropriabilidade do ambientetecnológico.

É justamente este o ponto nevrálgico des-ta perspectiva, em relação ao qual contra-põem-se trabalhos como os de Katz (1976)e Schmitz e Hewitt (1992), os quais privilegi-am aspectos internos às empresas tais comosuas capacitações. Para estes autores, a imi-

tação não deve ser re-lacionada à falta de ca-pacitação tecnológica eorganizacional. Tal estra-tégia tecnológica deveantes ser entendidacomo resultado de um

direcionamento de natureza objetiva, de umadecisão empresarial ligada a cálculos econô-micos. Assim como estratégias tecnológicasde inovação radical e incremental, a imitaçãodemanda esforço de aprendizagem associa-do à adaptação do produto ou processo aomeio receptor. Neste sentido, ao optar pelaimitação, as empresas não escapam da ne-cessidade de desenvolver formas específicaspara a utilização e gerenciamento do novoproduto e/ou processo que é imitado. Damesma forma como ocorre nas outras es-tratégias, elas empregam profissionais com oobjetivo de prover o fluxo de conhecimentoque promoverá o entendimento, as adapta-ções e as melhorias necessárias ao que é imi-tado. Paralelamente ao desenvolvimento des-te exercício, as empresas se apropriam dosconhecimentos empíricos adquiridos duran-te a fase de estudo e adaptação do produto

Apesar de apresentar uma relação esti-mulante entre as características do ambi-ente tecnológico e as estratégias tecnoló-gicas para inovação, a perspectiva traçadapelos autores deve ser vista com cautela,podendo conduzir o leitor a uma análise ho-mogênea sobre as opções das empresasfrente ao processo de inovação. Grossomodo, do quadro 1 pode-se extrair um pa-drão de associação entre determinadas es-tratégias tecnológicas de inovação e carac-terísticas dominantes do regime tecnológi-co. Assim, à estratégia de inovação radicalrelaciona-se alto grau de oportunidade. Àestratégia de inovação incremental associa-se alto grau de acumu-lação e, finalmente, àestratégia de imitaçãoatrela-se baixo grau deapropriabilidade.

Algumas destas asso-ciações parecem lógicas,a priori, entretanto se analisadas nas entreli-nhas desconsideram questões importantes esensíveis às empresas. Muito embora inova-ções radicais requeiram elevados investimen-tos e, portanto, preferencialmente ocorramem ambientes com alto grau de oportunida-de, isto não significa que todas as empresasde base tecnológica, inseridas em ambientescom esta característica, sejam igualmente porela beneficiadas. Empresas de médio, peque-no ou micro porte, por exemplo, apresen-tam clássicos problemas de acesso a financia-mentos, seja por falta de informação interna,seja por carência de recursos que possam seroferecidos como garantia, seja pelo caráterarriscado e pelo longo tempo que deman-dam empreendimentos desta monta, o queacaba comprometendo a própria sobrevivên-cia da empresa. No que diz respeito à imita-ção, estratégia destacada neste artigo, a ta-

“(...) a imitação não é vistacomo uma estratégia tecnológicamenor, mas sim como uma formade enfrentar problemas e ofere-cer soluções no curto prazo.”

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Fonte: parcialmente os dados foram extraídos de Hide&Stilborne (2000) p. 109.Tabela 3 – Sites de Busca na Internet

1http://portal.acm.org/dl.cfm?coll=portal&dl=ACM&CFID=7844127&CFTOKEN=613874042 http://kilimanjaro.eas.asu.edu/

Os sites descritos na tabela 3 são deconteúdo geral. Há, entretanto, moto-res de busca de conteúdos específicosna área acadêmica como informática eadministração. Alguns são gratuitos, ou-tros são restritos aos assinantes e con-veniados.

O ProQuest Information and Learning(http://www.umi.com/ ) é uma base de da-dos em temas relacionados a negócios.Algumas instituições de ensino superiortêm assinatura e, normalmente, é acessa-do por meio da chave que correspondeaos endereços IP cadastrados da institui-ção ao site.

O Scientific Literature Digital Library -CiteSeer (http://citeseer.com/) é um me-

canismo de busca de artigos científicos eacadêmicos da área de ciência da compu-tação. A Association for Computing Ma-chinery (ACM) possui o portal ACM Digi-tal Library1 que conforme a descrição dosite, é composto de informação bibliográ-fica, abstracts, reviews e textos sobre te-mas relacionados à ciência da computaçãoe informação relacionados entre 54 milartigos on-line.

Um outro site de busca na ciência dacomputação, o Bibfinder: A computer Sci-ence Bibliography Mediator2 que inclue oThe Collection of Computer Science Bi-bliographies, a ACM, Cience Direct, oCiteSeer e o Google.

Existe o software Copernic Agents3

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presas operam determinam suas possibilida-des de inovação. Estas características pro-vêm de três condições fundamentais: 1)oportunidade: corresponde às facilidadesproporcionadas às empresas para que estasinovem. Estas facilidades dizem respeito àpossibilidade de realização de investimento,à disponibilidade de sistemas que permitama aquisição de informações tecnológicas e adifusão da inovação em outros se-tores da economia. 2) Apropria-bilidade: corresponde aos sistemasde proteção criados com o intui-to de proteger a inovação propor-cionando lucros acima dos lucrosnormais às firmas inovadoras, du-rante um determinado período. 3)Acumulação de ativos tangíveis eintangíveis: corresponde ao co-nhecimento organizacional, ou seja, aqueleque foi acumulado pelas empresas ao longode suas trajetórias de desenvolvimento de-vido a processos de aprendizagem e aos re-cursos físicos decorrentes de investimentosfeitos em modernização e atividades de pes-quisa e desenvolvimento.

A combinação destas três condiçõesapresenta como resultado oito possíveis am-

bientes ou regimes tecnológicos (quadro 1)nos quais estratégias tecnológicas de inova-ção radical, incremental ou imitação podemser levadas adiante pelas empresas (Maler-ba e Orsenigo, 1996). Em linhas gerais e, deacordo com esta perspectiva, quando as em-presas optam pela imitação isto se deve aofato dos sistemas de proteção da inovaçãoserem frágeis, isto é, ser baixo o grau de

apropriabilidade, o co-nhecimento não ter na-tureza complexa, o quepode favorecer empre-sas mesmo com baixograu de acumulação deativos tangíveis e intangí-veis, e haver oportunida-des para aquisição de in-vestimentos e informa-

ções tecnológicas. Inovações radicais só apa-recem em ambientes que apresentem altograu de oportunidade podendo ser alto oubaixo os graus de apropriabilidade e acumu-lação de ativos tangíveis e intangíveis. Já asinovações incrementais demandam semprealta acumulação de ativos tangíveis e intangí-veis podendo ser os graus oportunidade eapropriabilidade alto ou baixo.

“Já as inovações in-crementais demandamsempre alta acumula-ção de ativos tangíveis eintangíveis podendo seros graus oportunidade eapropriabilidade alto oubaixo.”

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em duas versões. A primeira é para do-wnload gratuito com algumas restriçõese a segunda é a versão full, mas não égratuita. Este software possibilita fazeruma pesquisa com vários filtros e, por-tanto, reduzir significativamente o núme-ro de sites listados, facilitando a pesquisapara o acadêmico.

Portanto, há inúmeras possibilidadesem termos de instrumental à disposiçãodo pesquisador na internet. A escolhidadepende das finalidades propostas do es-tudo em questão, além das preferênciasde cada indivíduo. O principal problemaé como escolher e chegar à informaçãodesejada. De acordo com Denega(2000, p. 21):

Para se obter os resultados desejados,

3 http://www.copernic.com/index.html

o pesquisador deverá ajustar a pesquisapara ampliar, reduzir ou dirigir de acordocom a observação dos resultados ou dasnossas previsões iniciais. Existem diversostipos de operadores que facilitam a pes-quisa.

1.2. Procedimentos de Racionalizaçãoda Pesquisa Telemática

Um dos principais meios para definir oque se deseja pesquisar na internet são osoperadores lógicos (tabela 4). Com eles épossível delimitar ou ampliar as informaçõesna internet. Desta forma, o pesquisador tor-na possível chegar ao objetivo proposto semincorrer num interminável e incontável nú-mero de endereços contendo o assuntoprocurado.

Fonte: Denega (2000, p. 22-25).Tabela 4 – Operadores Lógicos

Outra ferramenta para auxiliar no suporte à pesquisa na internet são os operadoresde proximidade que permitem que se especifique a relação entre os elementos dapesquisa, conforme exemplificado tabela 5.

Fonte: Denega (2000, p.25-27).Tabela 5 – Operadores de Proximidade

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duas dimensões de gestão: a gestão adminis-trativa do parque – focando aspectos relaciona-dos à sua operacionalização – e a gestão do pro-cesso de aprendizagem e da transferência detecnologia entre as empresas pertencentes aoparque e entre estas e o ambiente externo.

O artigo apresenta-se dividido em seis se-ções além desta introdução. Na seção 2, seráfeita uma revisão da literatura em que as duasabordagens teóricas sobre condicionantes deestratégias tecnológicas para inovação serãoapresentadas. A seção 3 traz um breve histó-rico do Complexo Eletroeletrônico Brasilei-ro (CEEB) destacando as características doambiente tecnológico deste Complexo. Nasseções 4 e 5 serão apresentados, respectiva-mente, o procedimento metodológico dapesquisa de campo feita com empresas doComplexo Eletroeletrônico da RMPA e se-rão descritos e discutidos os casos de duasempresas pertencentes a este Complexo. Nadiscussão destes casos, pode-se observar tan-to a influência das características do ambientetecnológico como das competências e capa-citações internas nas opções feitas para o de-senvolvimento de inovação. Na seção 6, faz-se uma síntese do artigo e apresentam-se asconsiderações finais.

2. Condicionantes de Estratégias tec-nológicas para inovação

Ultimamente, tem-se assistido à propagaçãoampla do termo “sociedade do conhecimen-to” dando indicações de que o atual cenário emque operam as empresas exige destas habilida-des para compreendê-lo, coletar informaçõestecnológicas1 relevantes e compatíveis com suasestratégias competitivas e transformar estas in-formações em conhecimento interno (Silva etalii, 2002). Observa-se, porém, que paralelo àidéia de coletividade que o termo perpassa, estáo seu caráter seletivo. Da “sociedade do co-nhecimento” participam as empresas que sepropõem a ler e interpretar as possibilidadesfornecidas pelo seu conjunto de recursos inter-nos tangíveis e intangíveis e as oportunidades que

seu mercado de atuação oferece (Penrose,1995). Tal processo de compreensão é dinâmi-co impondo um exercício constante de auto-avaliação e busca de aprimoramentos no qualas empresas delineiam trajetórias tecnológicasem que sucessos e fracassos co-existem (Dosi,Gianetti e Toninelli, 1992).

Em países em desenvolvimento, empresasde base tecnológica estão constantementepassando por este processo de tentativa-e-erro, pois acompanhar a fronteira da tecnolo-gia é, ao mesmo tempo, uma necessidade eum desafio. Pouco capital para investimento,falta de mão-de-obra qualificada e sistemas deinovação com fragilidades traduzidas pela arti-culação insuficiente de seus atores relevantesconfiguram sérios obstáculos à competitivida-de destas empresas. Neste contexto, o acom-panhamento da fronteira tecnológica muitasvezes ocorre por meio de processos de imita-ção e adaptação, às necessidades locais, de tec-nologias de produto ou processo geradas empaíses desenvolvidos. Tal estratégia tecnológi-ca, freqüentemente utilizada para promoverprocessos de aprendizagem e inovação incre-mental, mimetiza-se nos discursos empresari-ais como a opção por não reinventar a roda,mas buscar adaptá-la e/ou aprimorá-la.

Apesar deste aspecto positivo, a imitaçãoé vista de forma reservada por alguns seg-mentos da literatura acadêmica (Carpenter eNakamoto, 1989; Robinson e Minn, 2002;Zhou, 2006) e até mesmo por parte do em-presariado, o que contribui para colocá-la nocentro de um debate sobre os condicionan-tes das estratégias tecnológicas de inovaçãolevadas adiante pelas empresas. Este debatecoloca-se em dois planos: um plano privilegiaa influência das características do ambientetecnológico nas escolhas de estratégias tec-nológicas. O outro acentua decisões empre-sariais balizadas pela avaliação das potenciali-dades internas e das oportunidades externas.

No primeiro plano encontram-se traba-lhos como os de Malerba e Orsenigo (1996).Para estes autores, as características do am-biente ou regime tecnológico no qual as em-

1 Informações tecnológicas devem informar às empresas sobre: tecnologias existentes e em desenvolvimento, aspectos denatureza mercadológica, econômicas e sociais capazes de causar impacto na estrutura produtiva e dinamizar as estruturasempresariais (Silva et alii, 2002 p. 2).

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Fonte: Denega (2000, p.27-28).Tabela 6 – Operadores de Existência

Há, também, os operadores de exis-tência que, conforme Denega (2000),oferecem vantagem em relação aos ope-radores lógicos e de proximidade, poispermitem realizar uma pesquisa sobre

um assunto bem específico, proporcio-nando uma economia de tempo ao pes-quisador. A tabela 6 demonstra as facili-dades destes operadores.

Os operadores de exatidão “* ou $” sãoutilizados quando não se tem conhecimen-to de como se escreve a expressão procu-rada ou quando as palavras digitadas apare-

cem como partes de outra palavra. A Ta-bela 7 apresenta exemplos da descrição feita(Denega, 2000).

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1. Introdução

Este artigo tem como objetivo discutiro papel da imitação, entendendo-a comoestratégia adotada por empresas no desen-volvimento de processos de aprendizagem.Para tanto, vai-se buscar apoio em duasabordagens teóricas que, nesta discussão,se complementam ao acentuarem, de umlado, a influência das características do am-biente tecnológico no delineamento dasestratégias de aprendizagem e inovação e,de outro lado, as características internas daspróprias empresas, tais como suas compe-tências e capacitações, na condução des-ses processos. A reunião destas duas abor-dagens fornecerá elementos para a análisedos condicionantes macro e microeconô-micos que podem levar uma empresa à ino-vação radical, incremental e a imitação.

Outrossim, a discussão desenvolvida noartigo insere-se num de-bate que se apresenta sobduas linhas. Na primeira,a estratégia de imitação écomparada à estratégia deinovação e, sendo assim,passa a ser vista como ati-vidade menor. Nesta linha,alguns autores afirmam que inovação e imi-tação são duas estratégias distintas, ambascom méritos específicos e que a opção, poruma ou por outra, dependerá de fatores in-ternos e externos às empresas. Entretanto,a estratégia de inovação é mais desejávelmesmo quando as empresas operam sobcondições de incerteza quanto à demanda,intensidade de mudanças tecnológicas e con-corrência acirrada (Zhou, 2006).

A segunda vertente do debate já coloca aestratégia de imitação como um meio paraalavancar o crescimento econômico. Nestaperspectiva, políticas de subsídio à imitaçãocontribuiriam para intensificar a competiçãoentre empresas, já que empresas seguidorastransformar-se-iam em empresas líderes nomercado. Este fenômeno influenciaria positi-vamente o desenvolvimento tecnológico e ocrescimento econômico (Mukoyama, 2003).

No que tange ao artigo, a estratégia de

imitação é entendida como complementarà de inovação e é o papel desempenhadopela prática de imitação criativa no desen-volvimento de empresas nascentes do Com-plexo Eletroeletrônico Brasileiro (CEEB) quese quer destacar. À guisa de ilustração, se-rão apresentados e discutidos dois casos deempresas pertencentes ao Complexo Ele-troeletrônico Gaúcho (CEEG).

Estes casos foram objetos de estudo deuma pesquisa que foi realizada pela Supervi-são de Desenvolvimento Tecnológico da Se-cretaria Municipal da Produção, Indústria eComércio da Prefeitura de Porto Alegre(SDTEC/SMIC). Tal pesquisa integrou o Pro-jeto Parque Tecnológico Urbano do IV Distri-to (PTU), o qual se desenvolveu em três ei-xos de investigação: 1) elaboração do pano-rama e diagnóstico do Complexo Eletroele-

trônico da Região Metro-politana de Porto Alegre(CEERMPA); 2) estudo doterritório urbano; 3) estu-do de modelos de gestãode parques tecnológicos.

A necessidade de infor-mações e compreensão da

situação atual do CEERMPA no que diz respei-to aos seus pontos fortes e fracos, suas poten-cialidades e a organização do processo de ino-vação justificam o primeiro eixo de investiga-ção. Com base nestas informações, é possívelformatar medidas de políticas públicas que es-timulem a atividade de inovação por meio demecanismos tais como a constituição de par-ques tecnológicos. No caso específico da re-gião do IV Distrito de Porto Alegre, caracteri-zada por possuir uma aglomeração espontâ-nea de empresas eletroeletrônicas (Hauser,1995), a constituição de um parque tecnoló-gico deve considerar prerrogativas de inser-ção no espaço urbano, o qual tanto pode fa-vorecer como gerar obstáculos ao desenvol-vimento de tal empreendimento, sendo estaa problemática do segundo eixo de investiga-ção do projeto. A gestão de parques tecno-lógicos compõe o terceiro eixo de investiga-ção do PTU e deve ser compreendida em

Fonte: Denega (2000, p. 28).Tabela 7 – Operadores de Exatidão

Os recursos provenientes dos ope-radores descritos podem ser utilizadosem conjunto uns com os outros, de-pendendo do interesse e desejo do pes-quisador. É importante salientar, tam-bém, que a maioria dos sites de buscaautomática descritos na tabela 1 possuirecursos de pesquisa avançada que pos-sibilitam delimitar o assunto pesquisa-do por expressões que determinam ainclusão ou exclusão de determinadas

expressões, além de permitir escolherse a pesquisa deverá mencionar no títu-lo o assunto pesquisado e a data contidana internet, embora o pesquisador ain-da possa se utilizar dos operadores men-cionados nas tabelas 3 a 6. A descriçãoda pesquisa avançada foi exemplificada,utilizando-se do motor de busca Goo-gle e para melhor entendimento obser-ve a figura 1.

“(...) é possível formatar me-didas de políticas públicas queestimulem a atividade de inova-ção por meio de mecanismostais como a constituição de par-ques tecnológicos.”

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Fonte: http://www.google.com.br/advanced_search?hl=pt-BRFigura 1 – Pesquisa Avançada no Google

1.3. Considerações Finais

O acesso à informação é cada vez maisintenso e abrangente. Entretanto, fazeruma pesquisa acadêmica ainda é uma ta-refa árdua e que exige muita dedicação eempenho do pesquisador.

Os 15% de respondentes da pesquisarepresentam uma amostra de êxito limi-tado. Representa uma proporção do uni-verso pesquisado muito pouco represen-tativo. No entanto, essa proporção é, viade regra, um percentual que normalmen-te uma pesquisa acadêmica obtém de re-torno, pois o estímulo à participação sedá por vontade e interesse do responden-te e a tecnologia da informação não con-seguiu eliminar esse entrave na vida aca-dêmica. As facilidades da internet têm au-xiliado o desenvolvimento de referencialteórico e possibilitam um intercâmbio deconhecimento imenso, entretanto o tem-po e disposição das pessoas para respon-derem a expectativa de um pesquisadoracadêmico não denotam diferença de ou-tros métodos de pesquisa de campo.Quanto à pesquisa por correio eletrôni-

co, transparece a distância entre remeten-te e destinatário. A falta de contato per-sonalizado pode ser um dos fatores nega-tivos. Por outro lado, de que forma ummestrando ou doutorando poderia fazeruma pesquisa de âmbito nacional, porexemplo?

O processo de coleta de dados destapesquisa teve como alvo pessoas relacio-nadas à tecnologia de informação. Apesardas pessoas serem questionadas a respei-to de uma ferramenta de trabalho, foi pro-blemático conseguir a resposta dos 46questionários. Esse fato evidencia que apesquisa telemática tem seus atrativos pelafacilidade de endereçar-se a inúmeros des-tinatários com o auxílio da cópia carbono.Obter êxito é a meta, conseguir que aspessoas simplesmente não deletem amensagem exige criatividade, tenacidade,ousadia e uma boa dose de persistênciado remetente, pois a facilidade de deletaré executada por um simples toque, e esteelimina a possibilidade de alcançar o obje-tivo traçado. É a facilidade tecnológica danão comunicação.

Atualmente, é possível se estender uma

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Resumo

Este artigo discute a atividade de imitação esua importância na formação do ComplexoEletroeletrônico Brasileiro. Aqui, a imitação éentendida como uma estratégia adotada pelasempresas, sobretudo as de pequeno e médioporte, para o desenvolvimento de processosde aprendizagem. Sendo assim, ela exigirá acú-mulo de ativos tangíveis e intangíveis, ao mes-mo tempo em que contribuirá para a consoli-dação de competências já existentes. Utilizan-do uma abordagem baseada na discussão so-bre regimes tecnológicos e seu impacto no de-senvolvimento de processos de aprendizagemintra-organizacionais, o artigo analisa o caso deduas empresas pertencentes ao Complexo Ele-troeletrônico da Região Metropolitana de PortoAlegre. O estudo exploratório realizado mos-tra que a estratégia de imitação foi adotada pelasempresas, permitindo que as mesmas usufru-íssem as oportunidades oferecidas pela políti-ca de reserva de mercado que marcou o ce-nário brasileiro nos anos 80. Por meio da es-tratégia de imitação, estas empresas puderamse consolidar no mercado e dar o salto quepossibilitou, futuramente, estratégias pró-ativasde inovação.

Palavras-chave

Imitação, complexo eletroeletrônico,estratégias tecnológicas, inovação.

Abstract

This article discuss the influences of thetechnological environment and firms’ capa-bilities at the technological strategies to ino-vation. In this sense, the imitation is seem asan important practice to develop learningprocesses. As far as, this practice demands adegree of cumulativeness, it also contribu-tes to reinforce firms’ capabilities. We arguethat imitation practice should be analysed ina boader perspective that considers the cha-racterists of the technological environmentand those in the firm. This way, it would beavoid the pejorative conclusions that relatesimitation at lack of firms capabilities. The firstyears of the Brazilian Eletroeletrocnic Indus-try is presetend in the article as an examplethat shows how industrial policies can crea-te a technological environment that permitssmall and medium companies emerges. Asempirical evidence, the cases of two smalleletroeletronics companies situated at RioGrande do Sul - South of Brazil - show that itis important to have some degree of cumu-lativeness to take these oportunities an, byimitating, to develop learning processes thatreinforce theirs already capabilities.

Keywords

Imitation, Brazilian Eletroelectronic In-dustry, technological strategies, innovation.

5. O ambiente tecnológico e a capacitação dasempresas: o papel da imitação no desenvolvimento ecompetitividade de duas empresas do setoreletroeletrônico do Rio Grande do Sul

Aurélia Adriana de MeloDoutora em Administração (UFRGS), Mestre em Política Científica e Tecnológica (UNICAMP), Professora do

curso de Administração da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre e Escola de Administração/UFRGSe-mail: [email protected]

Tatiana GhedineMestre em Administração de Empresas (PPGA/UFRGS);

e-mail: [email protected] Celia Palma

Mestre em Administração de Agronegócios (UFRGS),e-mail: [email protected]

Ghíssia HauserMestre em Desenvolvimento Regional (Université Paris I), coordenadora de pesquisa do

Centro de Tecnologia Eletrônica Avançada (CEITEC);e-mail: [email protected]

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pesquisa acadêmica contendo questioná-rios via website. Em outros termos, pode-se inserir uma pesquisa por meio de umaenquete num site ou um link. Por inter-médio de uma base de dados armazenadacom as respostas dos internautas-respon-dentes pode-se gerar uma planilha do Ex-cel. Dessa forma, é possível interagir comos principais softwares estatísticos existen-tes no mercado e eliminar o retrabalhode redigitação de resultados e, conseqüen-

temente, possíveis erros de digitação. Tam-bém é possível se utilizar ferramentas domarketing digital (banners, propaganda viaURL, promoções e eventos) para divulgara pesquisa proposta. No entanto, é bomsalientar que a internet é um meio de pu-blicação e como tal deve-se ter o cuidadode mencionar as fontes usadas e, depen-dendo do conteúdo, solicitar autorizaçãodo autor, principalmente tratando-se deum trabalho acadêmico.

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ques a respeito das características e do pro-cesso em que ela ocorre, há consideraçõesgerais de alguns autores que podem carac-terizar-se como sintomas capazes de se dis-tinguir, destacando-se os seguintes:

Maslow propôs a idéia de que as neces-sidades que o indivíduo estabelece são degrande importância para o seu despertarmotivacional. Nesta perspectiva, um bomambiente de trabalho colabora para o cres-cimento do indivíduo, não descartando-sea questão do salário que detém uma par-cela significativa para o bom desempenhodo trabalhador. Herzberg adotou uma linhade pesquisa semelhante à de Maslow, ondeo salário está classificado como um elemen-to extrínseco à satisfação da necessidadehumana. Segundo este último autor, os ele-mentos intrínsecos ao sujeito são fatorespredominantes da motivação.

McClelland enfocou as necessidades derealização, poder e associação como ele-mentos constituintes da motivação do indi-víduo. Sob este aspecto, o salário pode in-fluenciar na conquista destes elementos,podendo ser trabalhada de forma paralelaao progresso do indivíduo no ambiente or-ganizacional.

Vroom conseguiu estabelecer um para-lelo entre o desejo de uma pessoa por umadeterminada recompensa e o esforço des-pendido para o sucesso de tal tarefa. Estemodelo leva em consideração os interes-ses do sujeito, bem como o fator “salário”para a manutenção do resultado almejado.

Bandura estabeleceu que a motivação eo desempenho são determinados pela cren-ça no potencial individual de cada ser huma-no. Sua compensação salarial pode ser tra-balhada a partir de uma escala relativa deaproveitamento do sujeito, baseado em umaanálise do comportamento do mesmo.

Segundo Locke e Latham, o compor-

tamento é regulado por valores e metas.As organizações tendem a trabalhar comobjetivos que atrelem o desenvolvimentodo indivíduo e o da empresa. Com a com-pensação financeira atrelada ao alcance dasmetas estabelecidas, o indivíduo tende abuscar aquilo que lhe agrada e almejacomo desenvolvimento pessoal.

Adams afirmou que os trabalhadoresrealizam comparações psicológicas de suasrazões e contribuições com os outros tra-balhadores. A desigualdade do salário ten-de a ser vista como elemento desmotiva-dor nos aspectos mais diversos do con-texto organizacional.

McGregor, com as teorias X e Y, estabe-leceu uma abordagem voltada para as práti-cas das ações gerenciais. Os componentesque delegam as funções e atividades dos fun-cionários devem se adequar com vistas aoaperfeiçoamento profissional e organizacio-nal. Chefes e subordinados devem andar jun-tos em seus interesses com vistas a um ob-jetivo comum: o crescimento global.

De acordo com a Teoria da AvaliaçãoCognitiva, devem ser valorizados os moti-vos intrínsecos do sujeito. O salário estariavoltado para um âmbito delicado e contro-lado de maneira a não influenciar, de formaprejudicial, nos valores individuais do sujeito.

Desta forma, pode-se concluir que,segundo as principais teorias motivacio-nais, o salário tem uma parcela importan-te no comportamento empreendedor,porém é necessário salientar que seus re-cursos são limitados e, portanto, não deveser adotado como o único método paraanálise e desenvolvimento do fator huma-no nas empresas. O salário, portanto,deve ser compreendido como uma carac-terística auxiliar, uma grande ferramenta,que pode ser utilizada para o aprimora-mento do indivíduo e da organização.

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Resumo

O presente artigo tem como proposta,além de abordar a importância e o signifi-cado da motivação, investigar e analisar di-ferentes abordagens motivacionais. Adici-onalmente, pretende-se analisar a estrutu-ração e a aplicação da motivação em umcontexto que abrange algumas relaçõescom o comportamento destas pessoas ouequipes de pessoas empreendedoras.

Palavras-chave

Motivação, teorias, comportamentoempreendedor, salário.

Abstract

The present work deals with the impor-tance and significance of motivation, as wellas investigates and analyses various motiva-tional approaches. In addition, it is intendedto analyse the structure and practice ofmotivation in a context which include somerelationships with the behaviour of entre-preneur people or groups of people.

Keywords

Motivation, theories, entrepreneurbehavior, wages.

4. Motivação: principais teorias e sua influência nocomportamento empreendedor

Neuri Antônio ZanchetDoutorando em Desenvolvimento Regional(UNISC),

Professor do Curso de Administração da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre.e-mail: [email protected].

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as pessoas empenharão seus esforços naconsecução de seus objetivos e que o de-sempenho no trabalho é uma função dosobjetivos definidos.

Segundo Davis (2004), quando os indi-víduos estão envolvidos na fixação demetas, os mesmos percebem como seusesforços levarão a um bom desempenho,a recompensas e à satisfação pessoal. Des-ta forma, os objetivos efetivamente ori-entam os empregadospara as direções aceitáveis.

Conforme Milkovich(2000), nas teorias com-portamentais, são neces-sárias três condições para que o salárioafete o desempenho: os comportamen-tos e as condições necessárias para o al-cance dos objetivos precisam estar sob ocontrole do indivíduo; o salário tem queestar claramente vinculado à conquista dosobjetivos; o salário tem que ser suficien-temente grande para justificar o esforçorequerido para o alcance do objetivo.

4.10. Teoria da Avaliação Cognitiva

De acordo com Robbins (2002), histori-camente, os teóricos da motivação têm as-sumido que as motivações intrínsecas, comorealização, responsabilidade e competên-cia, são independentes dos fatores extrín-secos como alta remuneração, promoçõese condições agradáveis no emprego, ouseja, o estímulo de um nãoafetaria o outro. Mas a te-oria da avaliação cognitivasugere que, quando as re-compensas externas sãousadas pela organizaçãocomo forma de premiar de-sempenhos superiores, as recompensas in-ternas, que resultam do indivíduo fazer o quegosta, são reduzidas. Este autor comenta,ainda, que, em um ambiente organizacio-nal, o fator salário só tem seu valor motiva-cional quando este ou o pagamento de ou-tras recompensas atuam de maneira con-tingente ao desempenho do indivíduo.

5. Conclusão

Embora todos os enfoques acima comen-tados tenham, de certa forma, representadouma contribuição para a evolução dos estu-dos do elemento humano, é significativo queestejamos atentos ao fato que, durante mui-tos anos, a questão do ser humano foi colo-cada à parte em razão do fator econômicoque dominava as organizações no auge da Re-

volução Industrial. As aborda-gens de Taylor, onde o homemera peça atrelada à produtivida-de e ao salário, detiveram umaatenção especial sob o ponto

de vista mecanicista da época. Sentimentos eemoções eram vistos como elementos depouca importância para o crescimento das in-dústrias. O salário era a base para o desen-volvimento da motivação do trabalhador. Opensamento da época estava, então, voltadoao aumento do salário atrelado ao bom de-sempenho do indivíduo. Porém, este recur-so acabava por ser limitado, pois o crescimen-to salarial não poderia extrapolar o bem es-tar econômico da organização.

A partir desta análise, passou-se a ques-tionar os elementos do salário e seu realvalor no contexto motivacional. Com asanálises científicas de Elton Mayo, as esco-las administrativas da época começaram aenxergar um novo conceito sobre o de-senvolvimento organizacional e o relacio-namento humano. Uma escola humanísti-

ca estava por surgir. O uni-verso psicológico tomavaum caminho que antes ha-via sido negado. O fatorhumano surge como umanova vertente desafiadorae fundamental para o bom

crescimento e sucesso organizacional.A partir deste momento da evolução dos

estudos do elemento humano nas organi-zações surgem diversas teorias e aborda-gens sobre o universo motivacional e seuscomponentes intrínsecos e extrínsecos aodesempenho das pessoas nas organizações.

Embora diferentes teorias sobre moti-vação tenham apresentado distintos enfo-

1. Introdução

A sociedade do início do século XXI estáse caracterizando pelo aumento da competi-tividade entre empresas, pessoas, cadeias pro-dutivas, setores industriais, países e blocos eco-nômicos. Do ponto de vista das organizações,a disputa pelos consumidores está a cada diamais acirrada e sob o ciclo da produção ima-terial, exigindo delas novas estratégias para ade-quação ao mercado, baseadas em grande par-te na capacidade de en-xergar novas oportuni-dades de negócios e lu-cro.

No que diz respei-to às pessoas, encon-tramos um conflitocom a ordem estabelecida pelas organi-zações. Elas não fazem somente parte davida produtiva. Elas constituem o princí-pio essencial de sua dinâmica.

As organizações produtivas têm valoriza-do como uma das características dos seus

funcionários a sua capacidade empreende-dora. Tal capacidade baseia-se na atençãopermanente de idéias para proposição denovas e melhores formas de desenvolver onegócio. Porém, é sabido que apenas a pre-sença de características empreendedorasem indivíduos não é suficiente. A influênciados componentes intrínsecos e extrínsecosda motivação, entre outros aspectos do ser

dos homens, como a curiosi-dade e a necessidade de estí-mulo ou impulso de saber, con-ferem vitalidade às atividades eprocessos num ambiente orga-nizacional.

2. Histórico das Teorias da Motivação

Inicialmente, faz-se necessário salientaros primórdios do pensamento administra-tivo. Temos, então, primeiramente, a Teo-ria da Administração Científica de Taylor. Se-

“As organizações produ-tivas têm valorizado comouma das características dosseus funcionários a sua ca-pacidade empreendedora.”

“Meta é o que umapessoa de maneira cons-ciente tenta realizar.”

“O fator humano surgecomo uma nova vertentedesafiadora e fundamentalpara o bom crescimento esucesso organizacional.”

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gundo Pontes (2002), esta teoria, dentro deuma abordagem mecanicista, procura con-ciliar empresa e empregado em termos deprodutividade e salário. Taylor acreditavapoder tornar as fábricas da época, em mea-dos do século XX, mais produtivas atravésda simplificação das tarefas e dos movimen-tos executados pelos empregados, procu-rando também uma maior especializaçãodos funcionários. O relacionamento socialera excluído desse processo. Como recom-pensa, o empregado recebia melhores salá-rios, mais estes, embora altos, não lhe trazi-am satisfação, eram apenas uma forma degarantir a sobrevivência.

Segundo Taylor (1990), seria impossí-vel fazer os operários trabalharem porum longo período de tempo, sem quelhes fossem assegurado o aumento desalário constante. Em suas experiências,Taylor considerava que muitos operáriosestão sempre desejosos de trabalhar commaior rapidez, desde que lhes dêem umacréscimo substancial de ordenado.

Segundo Wood (2002), este enfoque pre-via que o administrador não só pode, comodeve, mudar o comportamento dos funcio-nários de forma a fazê-los adotar compor-tamentos predeterminados pela orientaçãofilosófica da organização. Os funcionários,nesse caso, seriam passivos e sofreriam semreagir à ação das variáveis condicionantes domeio ambiente de trabalho. O referido au-tor conclui seu pensamento ao explicitar que,de acordo com esta teoria, as pessoas sãoconsideradas como praticamente iguaisumas às outras e, portanto, reagiriam invari-avelmente de uma mesma maneira.

Para Tachizawa (2003), na Administra-ção Científica, preconizada por Taylor, aspessoas são motivadas para trabalhar ex-clusivamente por razões pecuniárias, deforma que as emoções humanas devemser eliminadas e afastadas do funcionamen-to das organizações. Por esta razão, a for-ma mais adequada de organizar o traba-lho baseia-se na análise das funções e naeliminação da individualidade. O trabalha-dor, portanto, deve ser encarado comouma peça de uma máquina. Contudo, esta

visão mecanicista foi perdendo sua forçacom o decorrer dos anos.

Segundo Tachizawa (2003), com o de-senvolvimento do capitalismo nas primei-ras décadas do século XX, que terminoucom a crise econômica de 1930, houve umquestionamento a respeito da racionalida-de, enfatizada por Taylor, na organizaçãodo trabalho. A contestação do modelo me-canicista, em que o homem é consideradoparte de uma máquina, ganha força ao re-dor do mundo. As pessoas passam a serconsideradas em suas emoções e necessi-dades sociais e é neste ambiente que se vaitornar possível o aparecimento de umanova visão das organizações, conhecidacomo Escola das Relações Humanas.

A Experiência de Hawthorne pode serconsiderada como um dos primórdios parao estudo das relações humanas no ambi-ente de trabalho, isto é, uma das basespara a avaliação do papel do indivíduo nocontexto organizacional. Segundo Chiave-nato (2000), o Conselho Nacional de Pes-quisas (EUA), realizou, em 1927, uma ex-periência na fábrica da Western EletricCompany com o intuito de pesquisar a cor-relação entre iluminação e eficiência dosoperários, medida por meio da produção.Para Chiavenato (2000), a experiência deHawthorne permitiu a contextualizaçãoque o pagamento salarial, mesmo quandoefetuado de maneira justa e generosa, nãoé o único fator decisivo na satisfação dotrabalhador dentro da situação de traba-lho em uma organização. Observou-se en-tão uma tomada para uma nova teoria damotivação, oposta à idéia de um indivíduovoltado somente para o lado econômico.O homem passou a ser visto como moti-vado não por estímulos econômicos e sa-lariais, mas por recompensas sociais e sim-bólicas, não materiais. Finaliza com o pen-samento de que, com a Teoria das Rela-ções Humanas, houve uma mudança noprocesso do contexto organizacional.Com uma nova visão, passou-se a dar umaênfase mais apurada sobre a influência damotivação no comportamento humano.

Carvalho (2002), ressalta que a contri-

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Bandura (apud Spector 2002) comentacomo a auto-eficácia pode ser desenvol-vida através de uma série de sucessos emtarefas de dificuldades crescentes. Estaestratégia pode ser aplicada com funcio-nários relativamente novos na empresa,onde por meio da introdução de tarefasque consistem, em sua essência, de con-teúdos a priori fáceis, com o adjunto detarefas mais difíceis sendo introduzidas len-tamente. Isso é realizado de forma que aspessoas experimentem pouco ou nenhumfracasso. À medida que o indivíduo expe-rimenta o sucesso em tarefas mais difíceissua auto-eficácia tende a aumentar.

Wagner (2004) corrobora este pensa-mento ao comentar que a auto-eficáciadetermina quanto esforço as pessoas des-penderão e por quanto tempo persistirãodiante de obstáculos ou experiências ad-versas. Quando confrontadas com dificul-dades, as pessoas que possuem dúvidas arespeito de suas capacidades esmorecemem seus esforços ou desistem completa-mente, à medida que outras que possu-em um forte senso de eficácia envidam umesforço maior para dominar os desafios.

4.8. Teoria X e Teoria Y de McGregor

Robbins (2002) afirma que DouglasMcGregor propôs duas visões distintas doser humano, uma basicamente negativa,chamada de Teoria X, e outra basicamen-te positiva, chamada de Teoria Y. Depoisde avaliar a forma como os executivos tra-tavam seus funcionários, McGregor con-clui que a visão que os executivos têm danatureza dos seres humanos se baseia emcertos agrupamentos de premissas, e queeles tendem a moldar seu próprio com-portamento em relação aos funcionáriosde acordo com essas premissas.

Sobre a Teoria X, de acordo comMcGregor (apud Robbins, 2002), as qua-tro premissas dos executivos são: os fun-cionários, por natureza, não gostam detrabalhar e sempre que possível, tentarãoevitar o trabalho; como eles não gostamde trabalhar, precisam ser coagidos, con-

trolados ou ameaçados com punições paraque atinjam as metas; os funcionários evi-tam responsabilidades e buscam orienta-ção formal sempre que possível; a maio-ria dos trabalhadores coloca a segurançaacima de todos os fatores associados aotrabalho e mostram pouca ambição.

Contrapondo com estas visões acimadescritas, Mcgregor (apud Robbins, 2002)relata quatro premissas positivas sob a cha-mada Teoria Y, são elas: os funcionáriospodem achar o trabalho algo tão naturalquanto descansar ou se divertir; as pessoasdemonstrarão auto-orientação e autocon-trole se estiverem comprometidas com osobjetivos; as pessoas podem aprender aaceitar ou até buscar a responsabilidade; acapacidade de tomar decisões inovadoraspode estar em qualquer pessoa, não sendoum privilégio exclusivo daquelas em posi-ções hierárquicas mais altas.

Gil (2001) comenta que a maneira depensar dos gerentes influencia significativa-mente o comportamento das pessoas comquem convivem. Devido a isto, convém queeles conheçam suas características pesso-ais, especialmente suas ambições profissi-onais, antes de tentar motivar os outros.

Robbins (2002) conclui que, de acordocom a Teoria X, as necessidades de nívelbaixo dominam o indivíduo, enquanto,segundo Teoria Y, as necessidades de nívelalto predominam. McGregor acreditavaque as premissas da Teoria Y eram maisválidas que as da Teoria X. Para maximizara motivação dos funcionários, propôs idéi-as como a do processo decisório partici-pativo, a das tarefas desafiadoras e commuita responsabilidade e a de bom relaci-onamento de grupo.

4.9. Teoria de Fixação de Metas

Spector (2002) define o trabalho desen-volvido por Locke e Latham, em meadosda década de 90, como tendo em sua pre-missa básica a idéia de que o comporta-mento é regulado por valores e metas.Meta é o que uma pessoa de maneira cons-ciente tenta realizar. Esta teoria afirma que

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buição de Elton Mayo para a consolidaçãodo movimento das relações humanas notrabalho foi decisiva, com influência dura-doura sobre a literatura e prática das rela-ções humanas na empresa. Neste contex-to, a motivação é a grande mola propul-sora que leva o emprega-do a agir com vistas à con-secução das metas de seugrupo de trabalho.

Tachizawa (2003) chamaatenção para o fato de que as organizaçõessão sistemas sociais complexos; portanto,seus membros não podem ser controladospor regras rígidas e incentivos puramenteeconômicos. Os seres humanos têm neces-sidades econômicas e emocionais, assim, oformato do trabalho deve ir ao encontrodestes dois tipos de necessidades.

3. A importância e o significado da mo-tivação

De acordo com Chiavenato (2003), amotivação constitui-se de um importantecampo para conhecimento eexplicitação da natureza huma-na e seu comportamento. Paraentender este comportamen-to faz-se necessário conhecersua motivação, bem como, ainteração da mesma no indiví-duo. O referido autor continua seu pensa-mento destacando a dificuldade de se estabe-lecer um conceito exato para motivação, umavez que o mesmo é utilizado em diferentessentidos. Sua teoria aborda a idéia de que “mo-tivo” é tudo aquilo que impulsiona o indivíduoa agir de uma forma específica, ou origina umcomportamento específico.

Bowditch (2004) esclarece uma distinçãoentre a motivação extrínseca e a motivaçãointrínseca. Quando se refere à motivaçãoextrínseca, o autor revela que esta diz res-peito essencialmente a um tipo de rela-ção entre meios e fins, ou seja, ao adotarcertos tipos de comportamentos para re-ceber certos incentivos externos a umatarefa, os indivíduos são motivados a realizartarefas para receber a recompensa desejada.

Quanto à motivação intrínseca, a mesma estárelacionada essencialmente à motivação pelopróprio trabalho, ou seja, o desejo de traba-lhar simplesmente pelo prazer de cumpriruma missão.

Vergara (2003) define a motivaçãocomo sendo um produtonão acabado, onde o mes-mo pode ser consideradocomo um processo que seconfigura a cada momen-

to, no fluxo permanente da vida, isto é,tem um caráter de continuidade.

Robbins (2002) estabelece a motivaçãocomo um processo responsável pela in-tensidade, direção, persistência dos esfor-ços de uma pessoa para o alcance de umadeterminada meta. Ele estabelece três ele-mentos como sendo de fundamental im-portância para definição da motivação,estes são: a intensidade, a direção e a per-sistência. A intensidade está relacionada àquantidade de esforço que a pessoa des-pende para a atividade, sendo que este ele-mento necessita de uma direção, a qual

beneficie o processo mo-tivacional. E, por último, apersistência está ligada aquanto tempo uma pessoaconsegue manter seu es-forço para determinada ati-vidade.

4. Ciclos das principais teorias da mo-tivação

Segundo Chiavenato (2003), o primeiropasso para compreender a motivação huma-na deriva da tentativa de explicitar como ocor-re este comportamento nas pessoas. Seumodelo consiste na utilização de um estímuloque poderá variar de acordo com a percep-ção da pessoa, bem como seu modelo de cog-nição, sua representação interna. Porém, parao referido autor, as necessidades ou motivosnão são estáticos, isto é, estas consistem deforças dinâmicas e persistentes que ocasionamdeterminados comportamentos.

Gil (2001) esclarece que o comporta-mento humano é motivado pelo desejo

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nho resultará no recebimento da recom-pensa. A teoria da expectação define quea motivação resulta de escolhas nas quaiso sujeito define a fim de atingir resultadosque lhe tragam benefícios.

Bergamini (1997) ressalta que as expec-tativas dos indivíduos sobre seus esforçosou desempenhos e suas crenças sobre seudesempenho e recompensa são influenci-ados por amplo número de fatores queincluem a cultura organizacional e as ex-periências passadas do indivíduo. É neces-sário que as organizações concebam aidéia de tal modo que os indivíduos pos-sam perceber uma ligação entre desem-penhar bem e receber as recompensasque valorizam. Para ser motivadora, umarecompensa precisa ser nãosó importante, mas tam-bém passível de obtençãopor um membro da organi-zação.

Bowditch (2004) afirmaque, para que um indivíduoesteja motivado, ele precisa dar valor aoresultado ou recompensa. Precisa, destaforma, acreditar que um esforço adicionalo levará a um desempenho melhor e queeste desempenho resultará em recompen-sas e resultados maiores.

Vergara (2003) relata que a teoria daexpectação relaciona o desempenho comrecompensa, isto é, ela esta associada di-retamente ao desempenho da produtivi-dade do colaborador em relação ao seuganho dentro da empresa.

4.6. Teoria da Equidade

Vergara (2003) comenta que, de acor-do com a teoria da Equidade, as pessoasse sentirão mais ou menos motivadas parao trabalho na medida em que percebam,ou não, a presença da justiça e da igualda-de nas relações de trabalho. Quanto aosfatores referentes à injustiça, Adams (apudMuchinsky, 2004) define dois tipos de ini-quidade: iniquidade de sub-salário, onde apessoa percebe a si mesma como rece-bendo menos recompensas do que o ou-

tro, quando ambos estão contribuindocom subsídios comparáveis; e iniquidadede super-salário, que consiste na condiçãodo indivíduo perceber a si mesmo comorecebendo mais recompensas de um em-prego do que o outro indivíduo, quandoambos estão contribuindo com subsídioscomparáveis.

Adams (apud Spector, 2002) afirmaque as pessoas são motivadas a alcançaruma condição de igualdade ou justiça nassuas relações com outras pessoas e comas organizações. Os funcionários que seencontram em situação de desigualda-de experimentam uma insatisfação etensão emocional que procurarão redu-zir. Segundo este autor, a desigualdade

por má remuneraçãoinduz à raiva, e o salá-rio excessivo leva aum sentimento de cul-pa. Em ambos os ca-sos o funcionário sesentirá motivado a re-

duzir a desigualdade por diferentes mei-os possíveis.

4.7. Teoria da Auto-eficácia

Spector (2002) afirma que, segundo ateoria da auto-eficácia, a motivação e o de-sempenho são em parte determinadospela crença das pessoas sobre o quantoelas podem ser eficientes, isto é, pessoascom uma grande capacidade de auto-efi-cácia acreditam que são capazes de reali-zar tarefas e estão motivadas a aplicar oesforço necessário para realização dasmesmas. Do outro lado, porém, tem-se aidéia de que pessoas com pequena auto-eficácia não acreditam ser capazes de rea-lizar determinadas tarefas e nem serão mo-tivadas para se esforçar no exercício dasmesmas.

A Teoria da Auto-eficácia tem suas uti-lidades e apresenta resultados na determi-nação do trabalho, sugerindo que a moti-vação e o desempenho podem ser me-lhorados pelo aumento da auto-eficácia dosfuncionários.

“Os seres humanostêm necessidades econô-micas e emocionais (...)”

“(...) a persistênciaestá ligada a quanto tem-po uma pessoa conseguemanter seu esforço paradeterminada atividade.”

“Para ser motivadora, umarecompensa precisa ser nãosó importante, mas tambémpassível de obtenção por ummembro da organização.”

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de atingir algum objetivo, porém este ob-jetivo nem sempre é conhecido pelo indi-víduo. Os motivos é que impulsionam emantêm o comportamento do indivíduo.São, por assim dizer, as molas da ação.

4.1. Hierarquia das necessidades bási-cas

Amplamente conhecida, a teoria deAbraham Maslow tem sido aceita comoestrutura conceitual no estudo da motiva-ção humana. Maslow caracterizou as ne-cessidades básicas como um dos aspectosde sua teoria de motivação humana. Noentanto, se essa feiçãode modelo parcial nãofor claramente indica-da e compreendida, avalidade da pirâmidemotivacional poderáser seriamente questi-onada.

Gil (2001) relata que a teoria de Mas-low é particularmente importante no am-biente de trabalho, porque ressalta que aspessoas não necessitam apenas de recom-pensas financeiras, mas também de res-peito e atenção dos outros.

Spector (2002) define que, na Teoria daHierarquia das necessidades, descrita porMaslow, cinco sistemas de necessidades,inatas dos seres humanos, são dispostoshierarquicamente em forma de pirâmide:fisiológicas; segurança; sociais; estima e auto-realização. Estas necessidades são de ex-trema importância para a saúde física emental do indivíduo. Quando uma necessi-dade de qualquer nível é satisfeita, o nívelseguinte passa a predominar. Desta forma,para se motivar alguém, de acordo com ateoria de Maslow, precisa-se entender emque nível da hierarquia aquela pessoa estáatualmente e concentrar-se em satisfazeras necessidades daquele nível ou acima dele.

4.2. Teoria dos Dois Fatores

Segundo Gil (2001), o psicólogo Frederi-ck Herzberg ofereceu importante contribui-

ção aos estudos sobre motivação ao consi-derar os fatores conhecidos como higiênicose motivadores. Os fatores higiênicos referem-se aos fatores necessários para ajustar osempregados a seu ambiente, tais como paga-mento e condições de trabalho. Esses fato-res não são suficientes para promover a mo-tivação, mas precisam ser pelo menos satis-fatórios para não desmotivar as pessoas. Osfatores motivadores estão relacionados à res-ponsabilidade e ao reconhecimento e são osque realmente promovem a motivação.

Para Herzberg (apud Spector, 2002) exis-te uma distinção entre satisfação no traba-lho e motivação no trabalho. O referido

autor afirma que a motivaçãoé resultado da natureza do tra-balho e não de recompensasextrínsecas ou das condiçõesdo trabalho. As necessidadeshumanas no trabalho são divi-didas em duas categorias de-nominadas de fatores higiêni-

cos (extrínsecos) e fatores de motivação(intrínsecos). Os fatores que levam à satis-fação no trabalho são denominados fato-res higiênicos, sendo estes relacionadoscom as condições em que o trabalho é re-alizado. Já os fatores motivacionais sãoaqueles que estão diretamente relaciona-dos com a tarefa ou o trabalho, e influenci-am diretamente a produtividade dos mem-bros da organização. São eles: liberdade,responsabilidade, criatividade e inovação dotrabalho são elementos que levam o sujei-to a formar atitudes positivas em relaçãoao trabalho. Segundo Herzberg (apud Spec-tor 2002), os fatores higiênicos são neces-sários, mas não são suficientes, para pro-mover a motivação e a produtividade dosmembros dentro de uma organização. Aforma de motivar os funcionários está nooferecimento de níveis apropriados de fa-tores de motivação.

4.3. Teoria da Tríade Realização-Poder-Afiliação

De acordo com Robbins (2002), a Teo-ria das necessidades foi desenvolvida por

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David McClelland. A teoria enfoca três ne-cessidades: realização, que engloba a buscada excelência de se realizar em relação adeterminados padrões de lutar pelo suces-so; poder, que revela a necessidade de fa-zer as outras pessoas se comportarem deuma maneira que não o fariam naturalmen-te; e associação, que demonstra o desejode relacionamentos interpessoais próximose amigáveis. Em sua pesquisa sobre a ne-cessidade de realização, McClelland definiuque os grandes realizadores se diferenciamdas outras pessoas pelo seu desejo de fa-zer melhor as coisas. A necessidade depoder é o desejo de impactar, de ter influ-ência e de controlar as outras pessoas. Aterceira necessidade identificada é a de as-sociação, que consiste no desejo de seramado e aceito pelos outros.

Motta (2002) relata que, para McCle-lland, um motivador é a projeção de umestado, um objetivo ou uma condição fu-tura que impulsiona, direciona e selecionao comportamento do indivíduo, encami-nhando suas ações em uma certa direção.

Vergara (2003) argumenta que, deacordo com esta teoria, não nascemoscom tais necessidades, estas são adquiri-das socialmente, através do contato comoutras pessoas no decorrer do convíviodo indivíduo. Uma outra leitura sobre estateoria é explicitada por Maximiano (1997),que define a existência de três necessida-des específicas de grande importância (Trí-ade Realização-Poder-Afiliação), além dasexpostas na teoria das necessidades deMaslow. São elas: a necessidade de reali-zação, que consiste em adquirir algumobjeto de desejo com seus próprios mé-ritos; a necessidade de poder, que temcomo base o desejo de controlar outraspessoas para influenciar seu comporta-mento e ser responsável por ela; e a ne-cessidade de afiliação, que é o desejo deestabelecer e manter um relacionamentoamigável e caloroso com os outros. ParaMcClelland, as pessoas adquirem ouaprendem certas necessidades de acordocom sua cultura, isto é, sob influência dafamília, dos meios de comunicação e do

próprio ambiente de trabalho.

4.4. Teoria do Reforço

Para Dubrin (2003), autor da Teoria doReforço, o comportamento é determina-do por suas conseqüências, isto é, as re-compensas e as punições que as pessoasrecebem por se comportar de certa ma-neira. As pessoas aprendem a repetir oscomportamentos que lhes trazem resul-tados prazerosos e evitam os comporta-mentos que levam a resultados desagra-dáveis.

Gil (2001) relata que se nota, na práti-ca, certa preferência por modelos demotivação fundamentados na aplicação sis-temática de objetivos, sobretudo o damodificação do comportamento organiza-cional, fundamentado no trabalho de Skin-ner. De acordo com esse modelo, o com-portamento depende de suas conseqüên-cias, tornando possível, portanto, contro-lar, ou pelo menos afetar, certo númerode comportamentos dos empregadosmediante a manipulação de suas conse-qüências.

Bowditch (2004) afirma que, para oscientistas da linha comportamental, à me-dida que o indivíduo explora o meio ambi-ente e reage a ele, certos comportamen-tos serão reforçados e subseqüentemen-te repetidos. Assim sendo, o comporta-mento ou a motivação de um indivíduo éuma função das conseqüências daquelecomportamento.

4.5. Teoria da Expectação

Segundo Davis (2004), um enfoqueamplamente aceito sobre motivação é omodelo da expectância, também conhe-cido como a Teoria da Expectação, quefoi desenvolvido por Victor H. Vroom.

Este autor explica que a motivação éum produto de três fatores: do quantouma pessoa deseja uma recompensa, suaestimativa da probabilidade que o esforçoresultará num desempenho bem sucedi-do e a estimativa de que aquele desempe-

“As necessidades huma-nas no trabalho são divididasem duas categorias denomi-nadas de fatores higiênicos(extrínsecos) e fatores demotivação (intrínsecos).”

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de atingir algum objetivo, porém este ob-jetivo nem sempre é conhecido pelo indi-víduo. Os motivos é que impulsionam emantêm o comportamento do indivíduo.São, por assim dizer, as molas da ação.

4.1. Hierarquia das necessidades bási-cas

Amplamente conhecida, a teoria deAbraham Maslow tem sido aceita comoestrutura conceitual no estudo da motiva-ção humana. Maslow caracterizou as ne-cessidades básicas como um dos aspectosde sua teoria de motivação humana. Noentanto, se essa feiçãode modelo parcial nãofor claramente indica-da e compreendida, avalidade da pirâmidemotivacional poderáser seriamente questi-onada.

Gil (2001) relata que a teoria de Mas-low é particularmente importante no am-biente de trabalho, porque ressalta que aspessoas não necessitam apenas de recom-pensas financeiras, mas também de res-peito e atenção dos outros.

Spector (2002) define que, na Teoria daHierarquia das necessidades, descrita porMaslow, cinco sistemas de necessidades,inatas dos seres humanos, são dispostoshierarquicamente em forma de pirâmide:fisiológicas; segurança; sociais; estima e auto-realização. Estas necessidades são de ex-trema importância para a saúde física emental do indivíduo. Quando uma necessi-dade de qualquer nível é satisfeita, o nívelseguinte passa a predominar. Desta forma,para se motivar alguém, de acordo com ateoria de Maslow, precisa-se entender emque nível da hierarquia aquela pessoa estáatualmente e concentrar-se em satisfazeras necessidades daquele nível ou acima dele.

4.2. Teoria dos Dois Fatores

Segundo Gil (2001), o psicólogo Frederi-ck Herzberg ofereceu importante contribui-

ção aos estudos sobre motivação ao consi-derar os fatores conhecidos como higiênicose motivadores. Os fatores higiênicos referem-se aos fatores necessários para ajustar osempregados a seu ambiente, tais como paga-mento e condições de trabalho. Esses fato-res não são suficientes para promover a mo-tivação, mas precisam ser pelo menos satis-fatórios para não desmotivar as pessoas. Osfatores motivadores estão relacionados à res-ponsabilidade e ao reconhecimento e são osque realmente promovem a motivação.

Para Herzberg (apud Spector, 2002) exis-te uma distinção entre satisfação no traba-lho e motivação no trabalho. O referido

autor afirma que a motivaçãoé resultado da natureza do tra-balho e não de recompensasextrínsecas ou das condiçõesdo trabalho. As necessidadeshumanas no trabalho são divi-didas em duas categorias de-nominadas de fatores higiêni-

cos (extrínsecos) e fatores de motivação(intrínsecos). Os fatores que levam à satis-fação no trabalho são denominados fato-res higiênicos, sendo estes relacionadoscom as condições em que o trabalho é re-alizado. Já os fatores motivacionais sãoaqueles que estão diretamente relaciona-dos com a tarefa ou o trabalho, e influenci-am diretamente a produtividade dos mem-bros da organização. São eles: liberdade,responsabilidade, criatividade e inovação dotrabalho são elementos que levam o sujei-to a formar atitudes positivas em relaçãoao trabalho. Segundo Herzberg (apud Spec-tor 2002), os fatores higiênicos são neces-sários, mas não são suficientes, para pro-mover a motivação e a produtividade dosmembros dentro de uma organização. Aforma de motivar os funcionários está nooferecimento de níveis apropriados de fa-tores de motivação.

4.3. Teoria da Tríade Realização-Poder-Afiliação

De acordo com Robbins (2002), a Teo-ria das necessidades foi desenvolvida por

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David McClelland. A teoria enfoca três ne-cessidades: realização, que engloba a buscada excelência de se realizar em relação adeterminados padrões de lutar pelo suces-so; poder, que revela a necessidade de fa-zer as outras pessoas se comportarem deuma maneira que não o fariam naturalmen-te; e associação, que demonstra o desejode relacionamentos interpessoais próximose amigáveis. Em sua pesquisa sobre a ne-cessidade de realização, McClelland definiuque os grandes realizadores se diferenciamdas outras pessoas pelo seu desejo de fa-zer melhor as coisas. A necessidade depoder é o desejo de impactar, de ter influ-ência e de controlar as outras pessoas. Aterceira necessidade identificada é a de as-sociação, que consiste no desejo de seramado e aceito pelos outros.

Motta (2002) relata que, para McCle-lland, um motivador é a projeção de umestado, um objetivo ou uma condição fu-tura que impulsiona, direciona e selecionao comportamento do indivíduo, encami-nhando suas ações em uma certa direção.

Vergara (2003) argumenta que, deacordo com esta teoria, não nascemoscom tais necessidades, estas são adquiri-das socialmente, através do contato comoutras pessoas no decorrer do convíviodo indivíduo. Uma outra leitura sobre estateoria é explicitada por Maximiano (1997),que define a existência de três necessida-des específicas de grande importância (Trí-ade Realização-Poder-Afiliação), além dasexpostas na teoria das necessidades deMaslow. São elas: a necessidade de reali-zação, que consiste em adquirir algumobjeto de desejo com seus próprios mé-ritos; a necessidade de poder, que temcomo base o desejo de controlar outraspessoas para influenciar seu comporta-mento e ser responsável por ela; e a ne-cessidade de afiliação, que é o desejo deestabelecer e manter um relacionamentoamigável e caloroso com os outros. ParaMcClelland, as pessoas adquirem ouaprendem certas necessidades de acordocom sua cultura, isto é, sob influência dafamília, dos meios de comunicação e do

próprio ambiente de trabalho.

4.4. Teoria do Reforço

Para Dubrin (2003), autor da Teoria doReforço, o comportamento é determina-do por suas conseqüências, isto é, as re-compensas e as punições que as pessoasrecebem por se comportar de certa ma-neira. As pessoas aprendem a repetir oscomportamentos que lhes trazem resul-tados prazerosos e evitam os comporta-mentos que levam a resultados desagra-dáveis.

Gil (2001) relata que se nota, na práti-ca, certa preferência por modelos demotivação fundamentados na aplicação sis-temática de objetivos, sobretudo o damodificação do comportamento organiza-cional, fundamentado no trabalho de Skin-ner. De acordo com esse modelo, o com-portamento depende de suas conseqüên-cias, tornando possível, portanto, contro-lar, ou pelo menos afetar, certo númerode comportamentos dos empregadosmediante a manipulação de suas conse-qüências.

Bowditch (2004) afirma que, para oscientistas da linha comportamental, à me-dida que o indivíduo explora o meio ambi-ente e reage a ele, certos comportamen-tos serão reforçados e subseqüentemen-te repetidos. Assim sendo, o comporta-mento ou a motivação de um indivíduo éuma função das conseqüências daquelecomportamento.

4.5. Teoria da Expectação

Segundo Davis (2004), um enfoqueamplamente aceito sobre motivação é omodelo da expectância, também conhe-cido como a Teoria da Expectação, quefoi desenvolvido por Victor H. Vroom.

Este autor explica que a motivação éum produto de três fatores: do quantouma pessoa deseja uma recompensa, suaestimativa da probabilidade que o esforçoresultará num desempenho bem sucedi-do e a estimativa de que aquele desempe-

“As necessidades huma-nas no trabalho são divididasem duas categorias denomi-nadas de fatores higiênicos(extrínsecos) e fatores demotivação (intrínsecos).”

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buição de Elton Mayo para a consolidaçãodo movimento das relações humanas notrabalho foi decisiva, com influência dura-doura sobre a literatura e prática das rela-ções humanas na empresa. Neste contex-to, a motivação é a grande mola propul-sora que leva o emprega-do a agir com vistas à con-secução das metas de seugrupo de trabalho.

Tachizawa (2003) chamaatenção para o fato de que as organizaçõessão sistemas sociais complexos; portanto,seus membros não podem ser controladospor regras rígidas e incentivos puramenteeconômicos. Os seres humanos têm neces-sidades econômicas e emocionais, assim, oformato do trabalho deve ir ao encontrodestes dois tipos de necessidades.

3. A importância e o significado da mo-tivação

De acordo com Chiavenato (2003), amotivação constitui-se de um importantecampo para conhecimento eexplicitação da natureza huma-na e seu comportamento. Paraentender este comportamen-to faz-se necessário conhecersua motivação, bem como, ainteração da mesma no indiví-duo. O referido autor continua seu pensa-mento destacando a dificuldade de se estabe-lecer um conceito exato para motivação, umavez que o mesmo é utilizado em diferentessentidos. Sua teoria aborda a idéia de que “mo-tivo” é tudo aquilo que impulsiona o indivíduoa agir de uma forma específica, ou origina umcomportamento específico.

Bowditch (2004) esclarece uma distinçãoentre a motivação extrínseca e a motivaçãointrínseca. Quando se refere à motivaçãoextrínseca, o autor revela que esta diz res-peito essencialmente a um tipo de rela-ção entre meios e fins, ou seja, ao adotarcertos tipos de comportamentos para re-ceber certos incentivos externos a umatarefa, os indivíduos são motivados a realizartarefas para receber a recompensa desejada.

Quanto à motivação intrínseca, a mesma estárelacionada essencialmente à motivação pelopróprio trabalho, ou seja, o desejo de traba-lhar simplesmente pelo prazer de cumpriruma missão.

Vergara (2003) define a motivaçãocomo sendo um produtonão acabado, onde o mes-mo pode ser consideradocomo um processo que seconfigura a cada momen-

to, no fluxo permanente da vida, isto é,tem um caráter de continuidade.

Robbins (2002) estabelece a motivaçãocomo um processo responsável pela in-tensidade, direção, persistência dos esfor-ços de uma pessoa para o alcance de umadeterminada meta. Ele estabelece três ele-mentos como sendo de fundamental im-portância para definição da motivação,estes são: a intensidade, a direção e a per-sistência. A intensidade está relacionada àquantidade de esforço que a pessoa des-pende para a atividade, sendo que este ele-mento necessita de uma direção, a qual

beneficie o processo mo-tivacional. E, por último, apersistência está ligada aquanto tempo uma pessoaconsegue manter seu es-forço para determinada ati-vidade.

4. Ciclos das principais teorias da mo-tivação

Segundo Chiavenato (2003), o primeiropasso para compreender a motivação huma-na deriva da tentativa de explicitar como ocor-re este comportamento nas pessoas. Seumodelo consiste na utilização de um estímuloque poderá variar de acordo com a percep-ção da pessoa, bem como seu modelo de cog-nição, sua representação interna. Porém, parao referido autor, as necessidades ou motivosnão são estáticos, isto é, estas consistem deforças dinâmicas e persistentes que ocasionamdeterminados comportamentos.

Gil (2001) esclarece que o comporta-mento humano é motivado pelo desejo

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nho resultará no recebimento da recom-pensa. A teoria da expectação define quea motivação resulta de escolhas nas quaiso sujeito define a fim de atingir resultadosque lhe tragam benefícios.

Bergamini (1997) ressalta que as expec-tativas dos indivíduos sobre seus esforçosou desempenhos e suas crenças sobre seudesempenho e recompensa são influenci-ados por amplo número de fatores queincluem a cultura organizacional e as ex-periências passadas do indivíduo. É neces-sário que as organizações concebam aidéia de tal modo que os indivíduos pos-sam perceber uma ligação entre desem-penhar bem e receber as recompensasque valorizam. Para ser motivadora, umarecompensa precisa ser nãosó importante, mas tam-bém passível de obtençãopor um membro da organi-zação.

Bowditch (2004) afirmaque, para que um indivíduoesteja motivado, ele precisa dar valor aoresultado ou recompensa. Precisa, destaforma, acreditar que um esforço adicionalo levará a um desempenho melhor e queeste desempenho resultará em recompen-sas e resultados maiores.

Vergara (2003) relata que a teoria daexpectação relaciona o desempenho comrecompensa, isto é, ela esta associada di-retamente ao desempenho da produtivi-dade do colaborador em relação ao seuganho dentro da empresa.

4.6. Teoria da Equidade

Vergara (2003) comenta que, de acor-do com a teoria da Equidade, as pessoasse sentirão mais ou menos motivadas parao trabalho na medida em que percebam,ou não, a presença da justiça e da igualda-de nas relações de trabalho. Quanto aosfatores referentes à injustiça, Adams (apudMuchinsky, 2004) define dois tipos de ini-quidade: iniquidade de sub-salário, onde apessoa percebe a si mesma como rece-bendo menos recompensas do que o ou-

tro, quando ambos estão contribuindocom subsídios comparáveis; e iniquidadede super-salário, que consiste na condiçãodo indivíduo perceber a si mesmo comorecebendo mais recompensas de um em-prego do que o outro indivíduo, quandoambos estão contribuindo com subsídioscomparáveis.

Adams (apud Spector, 2002) afirmaque as pessoas são motivadas a alcançaruma condição de igualdade ou justiça nassuas relações com outras pessoas e comas organizações. Os funcionários que seencontram em situação de desigualda-de experimentam uma insatisfação etensão emocional que procurarão redu-zir. Segundo este autor, a desigualdade

por má remuneraçãoinduz à raiva, e o salá-rio excessivo leva aum sentimento de cul-pa. Em ambos os ca-sos o funcionário sesentirá motivado a re-

duzir a desigualdade por diferentes mei-os possíveis.

4.7. Teoria da Auto-eficácia

Spector (2002) afirma que, segundo ateoria da auto-eficácia, a motivação e o de-sempenho são em parte determinadospela crença das pessoas sobre o quantoelas podem ser eficientes, isto é, pessoascom uma grande capacidade de auto-efi-cácia acreditam que são capazes de reali-zar tarefas e estão motivadas a aplicar oesforço necessário para realização dasmesmas. Do outro lado, porém, tem-se aidéia de que pessoas com pequena auto-eficácia não acreditam ser capazes de rea-lizar determinadas tarefas e nem serão mo-tivadas para se esforçar no exercício dasmesmas.

A Teoria da Auto-eficácia tem suas uti-lidades e apresenta resultados na determi-nação do trabalho, sugerindo que a moti-vação e o desempenho podem ser me-lhorados pelo aumento da auto-eficácia dosfuncionários.

“Os seres humanostêm necessidades econô-micas e emocionais (...)”

“(...) a persistênciaestá ligada a quanto tem-po uma pessoa conseguemanter seu esforço paradeterminada atividade.”

“Para ser motivadora, umarecompensa precisa ser nãosó importante, mas tambémpassível de obtenção por ummembro da organização.”

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gundo Pontes (2002), esta teoria, dentro deuma abordagem mecanicista, procura con-ciliar empresa e empregado em termos deprodutividade e salário. Taylor acreditavapoder tornar as fábricas da época, em mea-dos do século XX, mais produtivas atravésda simplificação das tarefas e dos movimen-tos executados pelos empregados, procu-rando também uma maior especializaçãodos funcionários. O relacionamento socialera excluído desse processo. Como recom-pensa, o empregado recebia melhores salá-rios, mais estes, embora altos, não lhe trazi-am satisfação, eram apenas uma forma degarantir a sobrevivência.

Segundo Taylor (1990), seria impossí-vel fazer os operários trabalharem porum longo período de tempo, sem quelhes fossem assegurado o aumento desalário constante. Em suas experiências,Taylor considerava que muitos operáriosestão sempre desejosos de trabalhar commaior rapidez, desde que lhes dêem umacréscimo substancial de ordenado.

Segundo Wood (2002), este enfoque pre-via que o administrador não só pode, comodeve, mudar o comportamento dos funcio-nários de forma a fazê-los adotar compor-tamentos predeterminados pela orientaçãofilosófica da organização. Os funcionários,nesse caso, seriam passivos e sofreriam semreagir à ação das variáveis condicionantes domeio ambiente de trabalho. O referido au-tor conclui seu pensamento ao explicitar que,de acordo com esta teoria, as pessoas sãoconsideradas como praticamente iguaisumas às outras e, portanto, reagiriam invari-avelmente de uma mesma maneira.

Para Tachizawa (2003), na Administra-ção Científica, preconizada por Taylor, aspessoas são motivadas para trabalhar ex-clusivamente por razões pecuniárias, deforma que as emoções humanas devemser eliminadas e afastadas do funcionamen-to das organizações. Por esta razão, a for-ma mais adequada de organizar o traba-lho baseia-se na análise das funções e naeliminação da individualidade. O trabalha-dor, portanto, deve ser encarado comouma peça de uma máquina. Contudo, esta

visão mecanicista foi perdendo sua forçacom o decorrer dos anos.

Segundo Tachizawa (2003), com o de-senvolvimento do capitalismo nas primei-ras décadas do século XX, que terminoucom a crise econômica de 1930, houve umquestionamento a respeito da racionalida-de, enfatizada por Taylor, na organizaçãodo trabalho. A contestação do modelo me-canicista, em que o homem é consideradoparte de uma máquina, ganha força ao re-dor do mundo. As pessoas passam a serconsideradas em suas emoções e necessi-dades sociais e é neste ambiente que se vaitornar possível o aparecimento de umanova visão das organizações, conhecidacomo Escola das Relações Humanas.

A Experiência de Hawthorne pode serconsiderada como um dos primórdios parao estudo das relações humanas no ambi-ente de trabalho, isto é, uma das basespara a avaliação do papel do indivíduo nocontexto organizacional. Segundo Chiave-nato (2000), o Conselho Nacional de Pes-quisas (EUA), realizou, em 1927, uma ex-periência na fábrica da Western EletricCompany com o intuito de pesquisar a cor-relação entre iluminação e eficiência dosoperários, medida por meio da produção.Para Chiavenato (2000), a experiência deHawthorne permitiu a contextualizaçãoque o pagamento salarial, mesmo quandoefetuado de maneira justa e generosa, nãoé o único fator decisivo na satisfação dotrabalhador dentro da situação de traba-lho em uma organização. Observou-se en-tão uma tomada para uma nova teoria damotivação, oposta à idéia de um indivíduovoltado somente para o lado econômico.O homem passou a ser visto como moti-vado não por estímulos econômicos e sa-lariais, mas por recompensas sociais e sim-bólicas, não materiais. Finaliza com o pen-samento de que, com a Teoria das Rela-ções Humanas, houve uma mudança noprocesso do contexto organizacional.Com uma nova visão, passou-se a dar umaênfase mais apurada sobre a influência damotivação no comportamento humano.

Carvalho (2002), ressalta que a contri-

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Bandura (apud Spector 2002) comentacomo a auto-eficácia pode ser desenvol-vida através de uma série de sucessos emtarefas de dificuldades crescentes. Estaestratégia pode ser aplicada com funcio-nários relativamente novos na empresa,onde por meio da introdução de tarefasque consistem, em sua essência, de con-teúdos a priori fáceis, com o adjunto detarefas mais difíceis sendo introduzidas len-tamente. Isso é realizado de forma que aspessoas experimentem pouco ou nenhumfracasso. À medida que o indivíduo expe-rimenta o sucesso em tarefas mais difíceissua auto-eficácia tende a aumentar.

Wagner (2004) corrobora este pensa-mento ao comentar que a auto-eficáciadetermina quanto esforço as pessoas des-penderão e por quanto tempo persistirãodiante de obstáculos ou experiências ad-versas. Quando confrontadas com dificul-dades, as pessoas que possuem dúvidas arespeito de suas capacidades esmorecemem seus esforços ou desistem completa-mente, à medida que outras que possu-em um forte senso de eficácia envidam umesforço maior para dominar os desafios.

4.8. Teoria X e Teoria Y de McGregor

Robbins (2002) afirma que DouglasMcGregor propôs duas visões distintas doser humano, uma basicamente negativa,chamada de Teoria X, e outra basicamen-te positiva, chamada de Teoria Y. Depoisde avaliar a forma como os executivos tra-tavam seus funcionários, McGregor con-clui que a visão que os executivos têm danatureza dos seres humanos se baseia emcertos agrupamentos de premissas, e queeles tendem a moldar seu próprio com-portamento em relação aos funcionáriosde acordo com essas premissas.

Sobre a Teoria X, de acordo comMcGregor (apud Robbins, 2002), as qua-tro premissas dos executivos são: os fun-cionários, por natureza, não gostam detrabalhar e sempre que possível, tentarãoevitar o trabalho; como eles não gostamde trabalhar, precisam ser coagidos, con-

trolados ou ameaçados com punições paraque atinjam as metas; os funcionários evi-tam responsabilidades e buscam orienta-ção formal sempre que possível; a maio-ria dos trabalhadores coloca a segurançaacima de todos os fatores associados aotrabalho e mostram pouca ambição.

Contrapondo com estas visões acimadescritas, Mcgregor (apud Robbins, 2002)relata quatro premissas positivas sob a cha-mada Teoria Y, são elas: os funcionáriospodem achar o trabalho algo tão naturalquanto descansar ou se divertir; as pessoasdemonstrarão auto-orientação e autocon-trole se estiverem comprometidas com osobjetivos; as pessoas podem aprender aaceitar ou até buscar a responsabilidade; acapacidade de tomar decisões inovadoraspode estar em qualquer pessoa, não sendoum privilégio exclusivo daquelas em posi-ções hierárquicas mais altas.

Gil (2001) comenta que a maneira depensar dos gerentes influencia significativa-mente o comportamento das pessoas comquem convivem. Devido a isto, convém queeles conheçam suas características pesso-ais, especialmente suas ambições profissi-onais, antes de tentar motivar os outros.

Robbins (2002) conclui que, de acordocom a Teoria X, as necessidades de nívelbaixo dominam o indivíduo, enquanto,segundo Teoria Y, as necessidades de nívelalto predominam. McGregor acreditavaque as premissas da Teoria Y eram maisválidas que as da Teoria X. Para maximizara motivação dos funcionários, propôs idéi-as como a do processo decisório partici-pativo, a das tarefas desafiadoras e commuita responsabilidade e a de bom relaci-onamento de grupo.

4.9. Teoria de Fixação de Metas

Spector (2002) define o trabalho desen-volvido por Locke e Latham, em meadosda década de 90, como tendo em sua pre-missa básica a idéia de que o comporta-mento é regulado por valores e metas.Meta é o que uma pessoa de maneira cons-ciente tenta realizar. Esta teoria afirma que

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Resumo

O presente artigo tem como proposta,além de abordar a importância e o signifi-cado da motivação, investigar e analisar di-ferentes abordagens motivacionais. Adici-onalmente, pretende-se analisar a estrutu-ração e a aplicação da motivação em umcontexto que abrange algumas relaçõescom o comportamento destas pessoas ouequipes de pessoas empreendedoras.

Palavras-chave

Motivação, teorias, comportamentoempreendedor, salário.

Abstract

The present work deals with the impor-tance and significance of motivation, as wellas investigates and analyses various motiva-tional approaches. In addition, it is intendedto analyse the structure and practice ofmotivation in a context which include somerelationships with the behaviour of entre-preneur people or groups of people.

Keywords

Motivation, theories, entrepreneurbehavior, wages.

4. Motivação: principais teorias e sua influência nocomportamento empreendedor

Neuri Antônio ZanchetDoutorando em Desenvolvimento Regional(UNISC),

Professor do Curso de Administração da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre.e-mail: [email protected].

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as pessoas empenharão seus esforços naconsecução de seus objetivos e que o de-sempenho no trabalho é uma função dosobjetivos definidos.

Segundo Davis (2004), quando os indi-víduos estão envolvidos na fixação demetas, os mesmos percebem como seusesforços levarão a um bom desempenho,a recompensas e à satisfação pessoal. Des-ta forma, os objetivos efetivamente ori-entam os empregadospara as direções aceitáveis.

Conforme Milkovich(2000), nas teorias com-portamentais, são neces-sárias três condições para que o salárioafete o desempenho: os comportamen-tos e as condições necessárias para o al-cance dos objetivos precisam estar sob ocontrole do indivíduo; o salário tem queestar claramente vinculado à conquista dosobjetivos; o salário tem que ser suficien-temente grande para justificar o esforçorequerido para o alcance do objetivo.

4.10. Teoria da Avaliação Cognitiva

De acordo com Robbins (2002), histori-camente, os teóricos da motivação têm as-sumido que as motivações intrínsecas, comorealização, responsabilidade e competên-cia, são independentes dos fatores extrín-secos como alta remuneração, promoçõese condições agradáveis no emprego, ouseja, o estímulo de um nãoafetaria o outro. Mas a te-oria da avaliação cognitivasugere que, quando as re-compensas externas sãousadas pela organizaçãocomo forma de premiar de-sempenhos superiores, as recompensas in-ternas, que resultam do indivíduo fazer o quegosta, são reduzidas. Este autor comenta,ainda, que, em um ambiente organizacio-nal, o fator salário só tem seu valor motiva-cional quando este ou o pagamento de ou-tras recompensas atuam de maneira con-tingente ao desempenho do indivíduo.

5. Conclusão

Embora todos os enfoques acima comen-tados tenham, de certa forma, representadouma contribuição para a evolução dos estu-dos do elemento humano, é significativo queestejamos atentos ao fato que, durante mui-tos anos, a questão do ser humano foi colo-cada à parte em razão do fator econômicoque dominava as organizações no auge da Re-

volução Industrial. As aborda-gens de Taylor, onde o homemera peça atrelada à produtivida-de e ao salário, detiveram umaatenção especial sob o ponto

de vista mecanicista da época. Sentimentos eemoções eram vistos como elementos depouca importância para o crescimento das in-dústrias. O salário era a base para o desen-volvimento da motivação do trabalhador. Opensamento da época estava, então, voltadoao aumento do salário atrelado ao bom de-sempenho do indivíduo. Porém, este recur-so acabava por ser limitado, pois o crescimen-to salarial não poderia extrapolar o bem es-tar econômico da organização.

A partir desta análise, passou-se a ques-tionar os elementos do salário e seu realvalor no contexto motivacional. Com asanálises científicas de Elton Mayo, as esco-las administrativas da época começaram aenxergar um novo conceito sobre o de-senvolvimento organizacional e o relacio-namento humano. Uma escola humanísti-

ca estava por surgir. O uni-verso psicológico tomavaum caminho que antes ha-via sido negado. O fatorhumano surge como umanova vertente desafiadorae fundamental para o bom

crescimento e sucesso organizacional.A partir deste momento da evolução dos

estudos do elemento humano nas organi-zações surgem diversas teorias e aborda-gens sobre o universo motivacional e seuscomponentes intrínsecos e extrínsecos aodesempenho das pessoas nas organizações.

Embora diferentes teorias sobre moti-vação tenham apresentado distintos enfo-

1. Introdução

A sociedade do início do século XXI estáse caracterizando pelo aumento da competi-tividade entre empresas, pessoas, cadeias pro-dutivas, setores industriais, países e blocos eco-nômicos. Do ponto de vista das organizações,a disputa pelos consumidores está a cada diamais acirrada e sob o ciclo da produção ima-terial, exigindo delas novas estratégias para ade-quação ao mercado, baseadas em grande par-te na capacidade de en-xergar novas oportuni-dades de negócios e lu-cro.

No que diz respei-to às pessoas, encon-tramos um conflitocom a ordem estabelecida pelas organi-zações. Elas não fazem somente parte davida produtiva. Elas constituem o princí-pio essencial de sua dinâmica.

As organizações produtivas têm valoriza-do como uma das características dos seus

funcionários a sua capacidade empreende-dora. Tal capacidade baseia-se na atençãopermanente de idéias para proposição denovas e melhores formas de desenvolver onegócio. Porém, é sabido que apenas a pre-sença de características empreendedorasem indivíduos não é suficiente. A influênciados componentes intrínsecos e extrínsecosda motivação, entre outros aspectos do ser

dos homens, como a curiosi-dade e a necessidade de estí-mulo ou impulso de saber, con-ferem vitalidade às atividades eprocessos num ambiente orga-nizacional.

2. Histórico das Teorias da Motivação

Inicialmente, faz-se necessário salientaros primórdios do pensamento administra-tivo. Temos, então, primeiramente, a Teo-ria da Administração Científica de Taylor. Se-

“As organizações produ-tivas têm valorizado comouma das características dosseus funcionários a sua ca-pacidade empreendedora.”

“Meta é o que umapessoa de maneira cons-ciente tenta realizar.”

“O fator humano surgecomo uma nova vertentedesafiadora e fundamentalpara o bom crescimento esucesso organizacional.”

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ques a respeito das características e do pro-cesso em que ela ocorre, há consideraçõesgerais de alguns autores que podem carac-terizar-se como sintomas capazes de se dis-tinguir, destacando-se os seguintes:

Maslow propôs a idéia de que as neces-sidades que o indivíduo estabelece são degrande importância para o seu despertarmotivacional. Nesta perspectiva, um bomambiente de trabalho colabora para o cres-cimento do indivíduo, não descartando-sea questão do salário que detém uma par-cela significativa para o bom desempenhodo trabalhador. Herzberg adotou uma linhade pesquisa semelhante à de Maslow, ondeo salário está classificado como um elemen-to extrínseco à satisfação da necessidadehumana. Segundo este último autor, os ele-mentos intrínsecos ao sujeito são fatorespredominantes da motivação.

McClelland enfocou as necessidades derealização, poder e associação como ele-mentos constituintes da motivação do indi-víduo. Sob este aspecto, o salário pode in-fluenciar na conquista destes elementos,podendo ser trabalhada de forma paralelaao progresso do indivíduo no ambiente or-ganizacional.

Vroom conseguiu estabelecer um para-lelo entre o desejo de uma pessoa por umadeterminada recompensa e o esforço des-pendido para o sucesso de tal tarefa. Estemodelo leva em consideração os interes-ses do sujeito, bem como o fator “salário”para a manutenção do resultado almejado.

Bandura estabeleceu que a motivação eo desempenho são determinados pela cren-ça no potencial individual de cada ser huma-no. Sua compensação salarial pode ser tra-balhada a partir de uma escala relativa deaproveitamento do sujeito, baseado em umaanálise do comportamento do mesmo.

Segundo Locke e Latham, o compor-

tamento é regulado por valores e metas.As organizações tendem a trabalhar comobjetivos que atrelem o desenvolvimentodo indivíduo e o da empresa. Com a com-pensação financeira atrelada ao alcance dasmetas estabelecidas, o indivíduo tende abuscar aquilo que lhe agrada e almejacomo desenvolvimento pessoal.

Adams afirmou que os trabalhadoresrealizam comparações psicológicas de suasrazões e contribuições com os outros tra-balhadores. A desigualdade do salário ten-de a ser vista como elemento desmotiva-dor nos aspectos mais diversos do con-texto organizacional.

McGregor, com as teorias X e Y, estabe-leceu uma abordagem voltada para as práti-cas das ações gerenciais. Os componentesque delegam as funções e atividades dos fun-cionários devem se adequar com vistas aoaperfeiçoamento profissional e organizacio-nal. Chefes e subordinados devem andar jun-tos em seus interesses com vistas a um ob-jetivo comum: o crescimento global.

De acordo com a Teoria da AvaliaçãoCognitiva, devem ser valorizados os moti-vos intrínsecos do sujeito. O salário estariavoltado para um âmbito delicado e contro-lado de maneira a não influenciar, de formaprejudicial, nos valores individuais do sujeito.

Desta forma, pode-se concluir que,segundo as principais teorias motivacio-nais, o salário tem uma parcela importan-te no comportamento empreendedor,porém é necessário salientar que seus re-cursos são limitados e, portanto, não deveser adotado como o único método paraanálise e desenvolvimento do fator huma-no nas empresas. O salário, portanto,deve ser compreendido como uma carac-terística auxiliar, uma grande ferramenta,que pode ser utilizada para o aprimora-mento do indivíduo e da organização.

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pesquisa acadêmica contendo questioná-rios via website. Em outros termos, pode-se inserir uma pesquisa por meio de umaenquete num site ou um link. Por inter-médio de uma base de dados armazenadacom as respostas dos internautas-respon-dentes pode-se gerar uma planilha do Ex-cel. Dessa forma, é possível interagir comos principais softwares estatísticos existen-tes no mercado e eliminar o retrabalhode redigitação de resultados e, conseqüen-

temente, possíveis erros de digitação. Tam-bém é possível se utilizar ferramentas domarketing digital (banners, propaganda viaURL, promoções e eventos) para divulgara pesquisa proposta. No entanto, é bomsalientar que a internet é um meio de pu-blicação e como tal deve-se ter o cuidadode mencionar as fontes usadas e, depen-dendo do conteúdo, solicitar autorizaçãodo autor, principalmente tratando-se deum trabalho acadêmico.

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Fonte: http://www.google.com.br/advanced_search?hl=pt-BRFigura 1 – Pesquisa Avançada no Google

1.3. Considerações Finais

O acesso à informação é cada vez maisintenso e abrangente. Entretanto, fazeruma pesquisa acadêmica ainda é uma ta-refa árdua e que exige muita dedicação eempenho do pesquisador.

Os 15% de respondentes da pesquisarepresentam uma amostra de êxito limi-tado. Representa uma proporção do uni-verso pesquisado muito pouco represen-tativo. No entanto, essa proporção é, viade regra, um percentual que normalmen-te uma pesquisa acadêmica obtém de re-torno, pois o estímulo à participação sedá por vontade e interesse do responden-te e a tecnologia da informação não con-seguiu eliminar esse entrave na vida aca-dêmica. As facilidades da internet têm au-xiliado o desenvolvimento de referencialteórico e possibilitam um intercâmbio deconhecimento imenso, entretanto o tem-po e disposição das pessoas para respon-derem a expectativa de um pesquisadoracadêmico não denotam diferença de ou-tros métodos de pesquisa de campo.Quanto à pesquisa por correio eletrôni-

co, transparece a distância entre remeten-te e destinatário. A falta de contato per-sonalizado pode ser um dos fatores nega-tivos. Por outro lado, de que forma ummestrando ou doutorando poderia fazeruma pesquisa de âmbito nacional, porexemplo?

O processo de coleta de dados destapesquisa teve como alvo pessoas relacio-nadas à tecnologia de informação. Apesardas pessoas serem questionadas a respei-to de uma ferramenta de trabalho, foi pro-blemático conseguir a resposta dos 46questionários. Esse fato evidencia que apesquisa telemática tem seus atrativos pelafacilidade de endereçar-se a inúmeros des-tinatários com o auxílio da cópia carbono.Obter êxito é a meta, conseguir que aspessoas simplesmente não deletem amensagem exige criatividade, tenacidade,ousadia e uma boa dose de persistênciado remetente, pois a facilidade de deletaré executada por um simples toque, e esteelimina a possibilidade de alcançar o obje-tivo traçado. É a facilidade tecnológica danão comunicação.

Atualmente, é possível se estender uma

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Resumo

Este artigo discute a atividade de imitação esua importância na formação do ComplexoEletroeletrônico Brasileiro. Aqui, a imitação éentendida como uma estratégia adotada pelasempresas, sobretudo as de pequeno e médioporte, para o desenvolvimento de processosde aprendizagem. Sendo assim, ela exigirá acú-mulo de ativos tangíveis e intangíveis, ao mes-mo tempo em que contribuirá para a consoli-dação de competências já existentes. Utilizan-do uma abordagem baseada na discussão so-bre regimes tecnológicos e seu impacto no de-senvolvimento de processos de aprendizagemintra-organizacionais, o artigo analisa o caso deduas empresas pertencentes ao Complexo Ele-troeletrônico da Região Metropolitana de PortoAlegre. O estudo exploratório realizado mos-tra que a estratégia de imitação foi adotada pelasempresas, permitindo que as mesmas usufru-íssem as oportunidades oferecidas pela políti-ca de reserva de mercado que marcou o ce-nário brasileiro nos anos 80. Por meio da es-tratégia de imitação, estas empresas puderamse consolidar no mercado e dar o salto quepossibilitou, futuramente, estratégias pró-ativasde inovação.

Palavras-chave

Imitação, complexo eletroeletrônico,estratégias tecnológicas, inovação.

Abstract

This article discuss the influences of thetechnological environment and firms’ capa-bilities at the technological strategies to ino-vation. In this sense, the imitation is seem asan important practice to develop learningprocesses. As far as, this practice demands adegree of cumulativeness, it also contribu-tes to reinforce firms’ capabilities. We arguethat imitation practice should be analysed ina boader perspective that considers the cha-racterists of the technological environmentand those in the firm. This way, it would beavoid the pejorative conclusions that relatesimitation at lack of firms capabilities. The firstyears of the Brazilian Eletroeletrocnic Indus-try is presetend in the article as an examplethat shows how industrial policies can crea-te a technological environment that permitssmall and medium companies emerges. Asempirical evidence, the cases of two smalleletroeletronics companies situated at RioGrande do Sul - South of Brazil - show that itis important to have some degree of cumu-lativeness to take these oportunities an, byimitating, to develop learning processes thatreinforce theirs already capabilities.

Keywords

Imitation, Brazilian Eletroelectronic In-dustry, technological strategies, innovation.

5. O ambiente tecnológico e a capacitação dasempresas: o papel da imitação no desenvolvimento ecompetitividade de duas empresas do setoreletroeletrônico do Rio Grande do Sul

Aurélia Adriana de MeloDoutora em Administração (UFRGS), Mestre em Política Científica e Tecnológica (UNICAMP), Professora do

curso de Administração da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre e Escola de Administração/UFRGSe-mail: [email protected]

Tatiana GhedineMestre em Administração de Empresas (PPGA/UFRGS);

e-mail: [email protected] Celia Palma

Mestre em Administração de Agronegócios (UFRGS),e-mail: [email protected]

Ghíssia HauserMestre em Desenvolvimento Regional (Université Paris I), coordenadora de pesquisa do

Centro de Tecnologia Eletrônica Avançada (CEITEC);e-mail: [email protected]

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Fonte: Denega (2000, p.27-28).Tabela 6 – Operadores de Existência

Há, também, os operadores de exis-tência que, conforme Denega (2000),oferecem vantagem em relação aos ope-radores lógicos e de proximidade, poispermitem realizar uma pesquisa sobre

um assunto bem específico, proporcio-nando uma economia de tempo ao pes-quisador. A tabela 6 demonstra as facili-dades destes operadores.

Os operadores de exatidão “* ou $” sãoutilizados quando não se tem conhecimen-to de como se escreve a expressão procu-rada ou quando as palavras digitadas apare-

cem como partes de outra palavra. A Ta-bela 7 apresenta exemplos da descrição feita(Denega, 2000).

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1. Introdução

Este artigo tem como objetivo discutiro papel da imitação, entendendo-a comoestratégia adotada por empresas no desen-volvimento de processos de aprendizagem.Para tanto, vai-se buscar apoio em duasabordagens teóricas que, nesta discussão,se complementam ao acentuarem, de umlado, a influência das características do am-biente tecnológico no delineamento dasestratégias de aprendizagem e inovação e,de outro lado, as características internas daspróprias empresas, tais como suas compe-tências e capacitações, na condução des-ses processos. A reunião destas duas abor-dagens fornecerá elementos para a análisedos condicionantes macro e microeconô-micos que podem levar uma empresa à ino-vação radical, incremental e a imitação.

Outrossim, a discussão desenvolvida noartigo insere-se num de-bate que se apresenta sobduas linhas. Na primeira,a estratégia de imitação écomparada à estratégia deinovação e, sendo assim,passa a ser vista como ati-vidade menor. Nesta linha,alguns autores afirmam que inovação e imi-tação são duas estratégias distintas, ambascom méritos específicos e que a opção, poruma ou por outra, dependerá de fatores in-ternos e externos às empresas. Entretanto,a estratégia de inovação é mais desejávelmesmo quando as empresas operam sobcondições de incerteza quanto à demanda,intensidade de mudanças tecnológicas e con-corrência acirrada (Zhou, 2006).

A segunda vertente do debate já coloca aestratégia de imitação como um meio paraalavancar o crescimento econômico. Nestaperspectiva, políticas de subsídio à imitaçãocontribuiriam para intensificar a competiçãoentre empresas, já que empresas seguidorastransformar-se-iam em empresas líderes nomercado. Este fenômeno influenciaria positi-vamente o desenvolvimento tecnológico e ocrescimento econômico (Mukoyama, 2003).

No que tange ao artigo, a estratégia de

imitação é entendida como complementarà de inovação e é o papel desempenhadopela prática de imitação criativa no desen-volvimento de empresas nascentes do Com-plexo Eletroeletrônico Brasileiro (CEEB) quese quer destacar. À guisa de ilustração, se-rão apresentados e discutidos dois casos deempresas pertencentes ao Complexo Ele-troeletrônico Gaúcho (CEEG).

Estes casos foram objetos de estudo deuma pesquisa que foi realizada pela Supervi-são de Desenvolvimento Tecnológico da Se-cretaria Municipal da Produção, Indústria eComércio da Prefeitura de Porto Alegre(SDTEC/SMIC). Tal pesquisa integrou o Pro-jeto Parque Tecnológico Urbano do IV Distri-to (PTU), o qual se desenvolveu em três ei-xos de investigação: 1) elaboração do pano-rama e diagnóstico do Complexo Eletroele-

trônico da Região Metro-politana de Porto Alegre(CEERMPA); 2) estudo doterritório urbano; 3) estu-do de modelos de gestãode parques tecnológicos.

A necessidade de infor-mações e compreensão da

situação atual do CEERMPA no que diz respei-to aos seus pontos fortes e fracos, suas poten-cialidades e a organização do processo de ino-vação justificam o primeiro eixo de investiga-ção. Com base nestas informações, é possívelformatar medidas de políticas públicas que es-timulem a atividade de inovação por meio demecanismos tais como a constituição de par-ques tecnológicos. No caso específico da re-gião do IV Distrito de Porto Alegre, caracteri-zada por possuir uma aglomeração espontâ-nea de empresas eletroeletrônicas (Hauser,1995), a constituição de um parque tecnoló-gico deve considerar prerrogativas de inser-ção no espaço urbano, o qual tanto pode fa-vorecer como gerar obstáculos ao desenvol-vimento de tal empreendimento, sendo estaa problemática do segundo eixo de investiga-ção do projeto. A gestão de parques tecno-lógicos compõe o terceiro eixo de investiga-ção do PTU e deve ser compreendida em

Fonte: Denega (2000, p. 28).Tabela 7 – Operadores de Exatidão

Os recursos provenientes dos ope-radores descritos podem ser utilizadosem conjunto uns com os outros, de-pendendo do interesse e desejo do pes-quisador. É importante salientar, tam-bém, que a maioria dos sites de buscaautomática descritos na tabela 1 possuirecursos de pesquisa avançada que pos-sibilitam delimitar o assunto pesquisa-do por expressões que determinam ainclusão ou exclusão de determinadas

expressões, além de permitir escolherse a pesquisa deverá mencionar no títu-lo o assunto pesquisado e a data contidana internet, embora o pesquisador ain-da possa se utilizar dos operadores men-cionados nas tabelas 3 a 6. A descriçãoda pesquisa avançada foi exemplificada,utilizando-se do motor de busca Goo-gle e para melhor entendimento obser-ve a figura 1.

“(...) é possível formatar me-didas de políticas públicas queestimulem a atividade de inova-ção por meio de mecanismostais como a constituição de par-ques tecnológicos.”

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em duas versões. A primeira é para do-wnload gratuito com algumas restriçõese a segunda é a versão full, mas não égratuita. Este software possibilita fazeruma pesquisa com vários filtros e, por-tanto, reduzir significativamente o núme-ro de sites listados, facilitando a pesquisapara o acadêmico.

Portanto, há inúmeras possibilidadesem termos de instrumental à disposiçãodo pesquisador na internet. A escolhidadepende das finalidades propostas do es-tudo em questão, além das preferênciasde cada indivíduo. O principal problemaé como escolher e chegar à informaçãodesejada. De acordo com Denega(2000, p. 21):

Para se obter os resultados desejados,

3 http://www.copernic.com/index.html

o pesquisador deverá ajustar a pesquisapara ampliar, reduzir ou dirigir de acordocom a observação dos resultados ou dasnossas previsões iniciais. Existem diversostipos de operadores que facilitam a pes-quisa.

1.2. Procedimentos de Racionalizaçãoda Pesquisa Telemática

Um dos principais meios para definir oque se deseja pesquisar na internet são osoperadores lógicos (tabela 4). Com eles épossível delimitar ou ampliar as informaçõesna internet. Desta forma, o pesquisador tor-na possível chegar ao objetivo proposto semincorrer num interminável e incontável nú-mero de endereços contendo o assuntoprocurado.

Fonte: Denega (2000, p. 22-25).Tabela 4 – Operadores Lógicos

Outra ferramenta para auxiliar no suporte à pesquisa na internet são os operadoresde proximidade que permitem que se especifique a relação entre os elementos dapesquisa, conforme exemplificado tabela 5.

Fonte: Denega (2000, p.25-27).Tabela 5 – Operadores de Proximidade

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duas dimensões de gestão: a gestão adminis-trativa do parque – focando aspectos relaciona-dos à sua operacionalização – e a gestão do pro-cesso de aprendizagem e da transferência detecnologia entre as empresas pertencentes aoparque e entre estas e o ambiente externo.

O artigo apresenta-se dividido em seis se-ções além desta introdução. Na seção 2, seráfeita uma revisão da literatura em que as duasabordagens teóricas sobre condicionantes deestratégias tecnológicas para inovação serãoapresentadas. A seção 3 traz um breve histó-rico do Complexo Eletroeletrônico Brasilei-ro (CEEB) destacando as características doambiente tecnológico deste Complexo. Nasseções 4 e 5 serão apresentados, respectiva-mente, o procedimento metodológico dapesquisa de campo feita com empresas doComplexo Eletroeletrônico da RMPA e se-rão descritos e discutidos os casos de duasempresas pertencentes a este Complexo. Nadiscussão destes casos, pode-se observar tan-to a influência das características do ambientetecnológico como das competências e capa-citações internas nas opções feitas para o de-senvolvimento de inovação. Na seção 6, faz-se uma síntese do artigo e apresentam-se asconsiderações finais.

2. Condicionantes de Estratégias tec-nológicas para inovação

Ultimamente, tem-se assistido à propagaçãoampla do termo “sociedade do conhecimen-to” dando indicações de que o atual cenário emque operam as empresas exige destas habilida-des para compreendê-lo, coletar informaçõestecnológicas1 relevantes e compatíveis com suasestratégias competitivas e transformar estas in-formações em conhecimento interno (Silva etalii, 2002). Observa-se, porém, que paralelo àidéia de coletividade que o termo perpassa, estáo seu caráter seletivo. Da “sociedade do co-nhecimento” participam as empresas que sepropõem a ler e interpretar as possibilidadesfornecidas pelo seu conjunto de recursos inter-nos tangíveis e intangíveis e as oportunidades que

seu mercado de atuação oferece (Penrose,1995). Tal processo de compreensão é dinâmi-co impondo um exercício constante de auto-avaliação e busca de aprimoramentos no qualas empresas delineiam trajetórias tecnológicasem que sucessos e fracassos co-existem (Dosi,Gianetti e Toninelli, 1992).

Em países em desenvolvimento, empresasde base tecnológica estão constantementepassando por este processo de tentativa-e-erro, pois acompanhar a fronteira da tecnolo-gia é, ao mesmo tempo, uma necessidade eum desafio. Pouco capital para investimento,falta de mão-de-obra qualificada e sistemas deinovação com fragilidades traduzidas pela arti-culação insuficiente de seus atores relevantesconfiguram sérios obstáculos à competitivida-de destas empresas. Neste contexto, o acom-panhamento da fronteira tecnológica muitasvezes ocorre por meio de processos de imita-ção e adaptação, às necessidades locais, de tec-nologias de produto ou processo geradas empaíses desenvolvidos. Tal estratégia tecnológi-ca, freqüentemente utilizada para promoverprocessos de aprendizagem e inovação incre-mental, mimetiza-se nos discursos empresari-ais como a opção por não reinventar a roda,mas buscar adaptá-la e/ou aprimorá-la.

Apesar deste aspecto positivo, a imitaçãoé vista de forma reservada por alguns seg-mentos da literatura acadêmica (Carpenter eNakamoto, 1989; Robinson e Minn, 2002;Zhou, 2006) e até mesmo por parte do em-presariado, o que contribui para colocá-la nocentro de um debate sobre os condicionan-tes das estratégias tecnológicas de inovaçãolevadas adiante pelas empresas. Este debatecoloca-se em dois planos: um plano privilegiaa influência das características do ambientetecnológico nas escolhas de estratégias tec-nológicas. O outro acentua decisões empre-sariais balizadas pela avaliação das potenciali-dades internas e das oportunidades externas.

No primeiro plano encontram-se traba-lhos como os de Malerba e Orsenigo (1996).Para estes autores, as características do am-biente ou regime tecnológico no qual as em-

1 Informações tecnológicas devem informar às empresas sobre: tecnologias existentes e em desenvolvimento, aspectos denatureza mercadológica, econômicas e sociais capazes de causar impacto na estrutura produtiva e dinamizar as estruturasempresariais (Silva et alii, 2002 p. 2).

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Fonte: parcialmente os dados foram extraídos de Hide&Stilborne (2000) p. 109.Tabela 3 – Sites de Busca na Internet

1http://portal.acm.org/dl.cfm?coll=portal&dl=ACM&CFID=7844127&CFTOKEN=613874042 http://kilimanjaro.eas.asu.edu/

Os sites descritos na tabela 3 são deconteúdo geral. Há, entretanto, moto-res de busca de conteúdos específicosna área acadêmica como informática eadministração. Alguns são gratuitos, ou-tros são restritos aos assinantes e con-veniados.

O ProQuest Information and Learning(http://www.umi.com/ ) é uma base de da-dos em temas relacionados a negócios.Algumas instituições de ensino superiortêm assinatura e, normalmente, é acessa-do por meio da chave que correspondeaos endereços IP cadastrados da institui-ção ao site.

O Scientific Literature Digital Library -CiteSeer (http://citeseer.com/) é um me-

canismo de busca de artigos científicos eacadêmicos da área de ciência da compu-tação. A Association for Computing Ma-chinery (ACM) possui o portal ACM Digi-tal Library1 que conforme a descrição dosite, é composto de informação bibliográ-fica, abstracts, reviews e textos sobre te-mas relacionados à ciência da computaçãoe informação relacionados entre 54 milartigos on-line.

Um outro site de busca na ciência dacomputação, o Bibfinder: A computer Sci-ence Bibliography Mediator2 que inclue oThe Collection of Computer Science Bi-bliographies, a ACM, Cience Direct, oCiteSeer e o Google.

Existe o software Copernic Agents3

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presas operam determinam suas possibilida-des de inovação. Estas características pro-vêm de três condições fundamentais: 1)oportunidade: corresponde às facilidadesproporcionadas às empresas para que estasinovem. Estas facilidades dizem respeito àpossibilidade de realização de investimento,à disponibilidade de sistemas que permitama aquisição de informações tecnológicas e adifusão da inovação em outros se-tores da economia. 2) Apropria-bilidade: corresponde aos sistemasde proteção criados com o intui-to de proteger a inovação propor-cionando lucros acima dos lucrosnormais às firmas inovadoras, du-rante um determinado período. 3)Acumulação de ativos tangíveis eintangíveis: corresponde ao co-nhecimento organizacional, ou seja, aqueleque foi acumulado pelas empresas ao longode suas trajetórias de desenvolvimento de-vido a processos de aprendizagem e aos re-cursos físicos decorrentes de investimentosfeitos em modernização e atividades de pes-quisa e desenvolvimento.

A combinação destas três condiçõesapresenta como resultado oito possíveis am-

bientes ou regimes tecnológicos (quadro 1)nos quais estratégias tecnológicas de inova-ção radical, incremental ou imitação podemser levadas adiante pelas empresas (Maler-ba e Orsenigo, 1996). Em linhas gerais e, deacordo com esta perspectiva, quando as em-presas optam pela imitação isto se deve aofato dos sistemas de proteção da inovaçãoserem frágeis, isto é, ser baixo o grau de

apropriabilidade, o co-nhecimento não ter na-tureza complexa, o quepode favorecer empre-sas mesmo com baixograu de acumulação deativos tangíveis e intangí-veis, e haver oportunida-des para aquisição de in-vestimentos e informa-

ções tecnológicas. Inovações radicais só apa-recem em ambientes que apresentem altograu de oportunidade podendo ser alto oubaixo os graus de apropriabilidade e acumu-lação de ativos tangíveis e intangíveis. Já asinovações incrementais demandam semprealta acumulação de ativos tangíveis e intangí-veis podendo ser os graus oportunidade eapropriabilidade alto ou baixo.

“Já as inovações in-crementais demandamsempre alta acumula-ção de ativos tangíveis eintangíveis podendo seros graus oportunidade eapropriabilidade alto oubaixo.”

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Fonte: parcialmente coletado da Católica Virtual de Brasília in Tecnologias Educacionais. http://catolicavirtual.br

Tabela 2 – Base de dados, bibliotecas digitais e periódicos on-line

As inúmeras opções existentes na Webpodem ser um grande foco de informa-ções, entretanto, pode-se tornar umtranstorno pela excessiva quantidade. Poresta razão, o pesquisador pode se benefi-ciar de vários recursos para garimpar eatingir os objetivos propostos.

Como obter informações na internet

Segundo Hide & Stilborne (2000), há umagama de meios e dispositivos de busca nainternet. Para escolher a ferramenta de pes-quisa adequada pode-se utilizar tabela 3,onde além das sugestões dos autores cita-dos acrescentou-se mais orientações.

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Fonte: Malerba e Orsenigo, 1996.Quadro 1: Relação entre regime tecnológico e estratégias tecnológicas

xonomia proposta por Malerba e Orsenigo(1996) possibilita desconsiderar a necessida-de de existência prévia de capacitação paradesenvolvê-la. Desta forma, a empresa podeimitar mesmo que não tenha capacidade es-pecífica para entender a solução tecnológicaque está imitando, bastando para isto que sejabaixo o grau de apropriabilidade do ambientetecnológico.

É justamente este o ponto nevrálgico des-ta perspectiva, em relação ao qual contra-põem-se trabalhos como os de Katz (1976)e Schmitz e Hewitt (1992), os quais privilegi-am aspectos internos às empresas tais comosuas capacitações. Para estes autores, a imi-

tação não deve ser re-lacionada à falta de ca-pacitação tecnológica eorganizacional. Tal estra-tégia tecnológica deveantes ser entendidacomo resultado de um

direcionamento de natureza objetiva, de umadecisão empresarial ligada a cálculos econô-micos. Assim como estratégias tecnológicasde inovação radical e incremental, a imitaçãodemanda esforço de aprendizagem associa-do à adaptação do produto ou processo aomeio receptor. Neste sentido, ao optar pelaimitação, as empresas não escapam da ne-cessidade de desenvolver formas específicaspara a utilização e gerenciamento do novoproduto e/ou processo que é imitado. Damesma forma como ocorre nas outras es-tratégias, elas empregam profissionais com oobjetivo de prover o fluxo de conhecimentoque promoverá o entendimento, as adapta-ções e as melhorias necessárias ao que é imi-tado. Paralelamente ao desenvolvimento des-te exercício, as empresas se apropriam dosconhecimentos empíricos adquiridos duran-te a fase de estudo e adaptação do produto

Apesar de apresentar uma relação esti-mulante entre as características do ambi-ente tecnológico e as estratégias tecnoló-gicas para inovação, a perspectiva traçadapelos autores deve ser vista com cautela,podendo conduzir o leitor a uma análise ho-mogênea sobre as opções das empresasfrente ao processo de inovação. Grossomodo, do quadro 1 pode-se extrair um pa-drão de associação entre determinadas es-tratégias tecnológicas de inovação e carac-terísticas dominantes do regime tecnológi-co. Assim, à estratégia de inovação radicalrelaciona-se alto grau de oportunidade. Àestratégia de inovação incremental associa-se alto grau de acumu-lação e, finalmente, àestratégia de imitaçãoatrela-se baixo grau deapropriabilidade.

Algumas destas asso-ciações parecem lógicas,a priori, entretanto se analisadas nas entreli-nhas desconsideram questões importantes esensíveis às empresas. Muito embora inova-ções radicais requeiram elevados investimen-tos e, portanto, preferencialmente ocorramem ambientes com alto grau de oportunida-de, isto não significa que todas as empresasde base tecnológica, inseridas em ambientescom esta característica, sejam igualmente porela beneficiadas. Empresas de médio, peque-no ou micro porte, por exemplo, apresen-tam clássicos problemas de acesso a financia-mentos, seja por falta de informação interna,seja por carência de recursos que possam seroferecidos como garantia, seja pelo caráterarriscado e pelo longo tempo que deman-dam empreendimentos desta monta, o queacaba comprometendo a própria sobrevivên-cia da empresa. No que diz respeito à imita-ção, estratégia destacada neste artigo, a ta-

“(...) a imitação não é vistacomo uma estratégia tecnológicamenor, mas sim como uma formade enfrentar problemas e ofere-cer soluções no curto prazo.”

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Gráfico 2

Apesar dos esforços no desenvolvimen-to da pesquisa por intermédio do correioeletrônico, foi necessário utilizar outrastecnologias de comunicação como ferra-mentas auxiliares, o telefone e o fax, porexemplo. A principal razão desse fato foià necessidade de obter uma amostra mí-nima necessária para a sistematização deresultados sobre a importância e o desem-penho da videoconferência como supor-te administrativo. A descrição dos meiosde pesquisa utilizados na internet é relata-da no seguimento deste artigo.

1.1. Sites de pesquisa

Segundo Marcondes & Gomes(1997), do ponto de vista acadêmico, ainternet proporciona uma gama de sub-sídios à pesquisa acadêmica, pois os no-vos recursos informacionais ultrapassama tradicional pesquisa bibliográfica comoartigos de periódicos, congressos entreoutros. Os recursos multimídia, fórunseletrônicos e listas de discussão são al-guns dos instrumentos que tanto servempara facilitar a pesquisa como para di-vulgar resultados da mesma, implemen-tando os meios de comunicação até en-tão utilizados.

Entretanto, Blattmann & Tristão(1999), acrescentam a importância dese registrar as pesquisas realizadas nainternet, pois a volatilidade dos dadoscontidos na Web acompanha as tendên-cias das tecnologias da informação, em

outros termos, o que se encontra numdeterminado momento, pode não es-tar mais lá no futuro próximo por fato-res alheios à vontade do pesquisador:

Alteração do endereço do provedor dainformação; exclusão de documento emdeterminado endereço ou da internet; li-mite de acesso ao documento.

De acordo com Marcondes & Gomes(1997), o pesquisador necessita tomaruma série de precauções quanto à cre-dibilidade das informações encontradasna Web, Deve-se observar alguns crité-rios de avaliação de material obtidocomo:

Autoridade (link): identificação do au-tor contendo a sua área de atuação, queoutras obras tem publicado, se existe en-dereço de contato: e-mail, por exemplo.

Escopo: profundidade e abrangênciados assuntos abordados.

Conteúdo: se a informação é factual ouopinião?

Público-alvo : se for fácil de se verificara quem se destina (escolar, científico, téc-nico).

Propósito da informação: informar,exemplificar ou julgar.

Endereço do documento (URL): queinstituição é provedora da informação (aca-dêmica, órgão governamental, comercial).

Corpo editorial: se possui cabeçalho ourodapé indicando relações a outros ende-reços eletrônicos.

Atualidade: a que período de abrangên-cia e atualização o documento está vincu-lado.

O pesquisador internauta com poucaexperiência em pesquisa na internet podeutilizar sites que reúnam os principais ar-quivos eletrônicos da produção científicanacional e internacional. Veja tabela 2.

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e/ou processo. Em síntese, nesta perspecti-va, a imitação não é vista como uma estraté-gia tecnológica menor, mas sim como umaforma de enfrentar problemas e oferecersoluções no curto prazo.

Segundo Katz (1996), a imitação criati-va (imitação com modificação do produtoou processo) e até mesmo a imitação semmodificação deflagram processos deaprendizagem adaptativa que abrangem:

a) todo trabalho exploratório com oobjetivo de gerar conhecimento a ser usa-do na produção;

b) todo trabalho voltado para a formu-lação das propriedades centrais dos novosprodutos e processos;

c) todo trabalho de pesquisa e desenvol-vimento voltado para a melhoria e adapta-ção de processos e produtos. Sendo assim,a imitação, longe de ser uma estratégia quedeponha contra a empresa, deve ser vistacomo importante forma de aprendizagempois exige tanto o conhecimento sobre atecnologia imitada como conhecimento daspossibilidades de adaptação às necessidadeslocais (Schmitz; Hewitt, 1992).

Em nível microeconômico, esta apren-dizagem pode contribuir para a diminuiçãoda dependência tecnológica dos países emdesenvolvimento em relação aos países de-senvolvidos. Tal fato, no entanto, vai depen-der da taxa de deslocamento da fronteiratecnológica em questão e também do es-forço da empresa, que incorpora a tecno-logia, em acompanhar o deslocamento des-ta fronteira. Em nível macroeconômico, apossibilidade de redução da dependênciatecnológica é mais remota por razões denatureza político-institucional e econômi-ca, pois não se pode negar o atraso tecno-lógico dos países em desenvolvimento emrelação aos países desenvolvidos (Katz,1976, Schmitz; Hewitt, 1992). Em outraspalavras, os condicionantes macroeconô-micos importam no processo de inovação,mas não bastam sendo necessário tambémo esforço das empresas no sentido de bus-carem o constante aprimoramento de suascapacitações internas.

Isto posto, encontra-se na história de

formação do Complexo EletroeletrônicoBrasileiro (CEEB), que será brevementeabordada no próximo item, uma oportu-nidade de trabalhar conjuntamente as duasperspectivas acima apresentadas, evitan-do-se análises de conteúdo valorativo noentendimento das estratégias tecnológicasadotadas pelas empresas nascentes.

3. O Complexo Eletroeletrônico Brasi-leiro

O Complexo Eletroeletrônico é for-mado, predominantemente, pelos seg-mentos de componentes eletrônicos (pas-sivos e ativos), telecomunicações, infor-mática (hardware e software) e bens de con-sumo (áudio, vídeo), cabendo mencionartambém o segmento de eletrônica embar-cada. No Brasil, este complexo tem suaorigem com a instalação de empresas decapital estrangeiro já nos anos 50. A faseinicial do Complexo Eletroeletrônico Bra-sileiro (CEEB) constituiu-se basicamentena montagem final de bens de consumo, apartir da importação de componentes ele-trônicos. Tal situação perdurou até a dé-cada de 70 (Nassif, 2002).

Apesar de ser uma etapa de baixo va-lor agregado, a montagem final de produ-tos pode ser vista como uma estratégiainicial para a constituição do CEEB. Alémdisso, ela também desencadeia um pro-cesso de aprendizagem de trás-para-fren-te. Na montagem, os componentes sãoanalisados quanto à utilidade, às caracte-rísticas operacionais de suas matérias-pri-mas e à adequação ao projeto do produ-to. Embora se reconheça que o CEEB te-nha suas sementes plantadas numa das fa-ses não muito valiosa de todo o processoprodutivo - considerando-se que um pro-cesso completo abrange desde a concep-ção do produto até a distribuição – não sepode afirmar que a fragmentação das ati-vidades produtivas exclui completamenteda cena a possibilidade de reagrupamentodestas mesmas atividades, à medida quese adquire o domínio sobre uma das fasesdo processo produtivo.

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rio brasileiro que utilizam ou utilizaramvideoconferência no período compreen-dido entre 1997 a 2000. Para obter a ra-zão social e endereço eletrônico compa-tível com o objetivo da pesquisa telemá-tica foram utilizados vários meios de pes-quisa na internet descritos no decorrerdeste instrumento.

Os Sujeitos da Pesquisa

Fazendo uso dos mecanismos de bus-ca disponíveis na internet, foram encon-trados os sujeitos da pesquisa. Alguns naforma de website da empresa, outros ocorreio eletrônico da pessoa da área deadministração de informação ou de vide-oconferência. O contato inicial foi umaapresentação e objetivos propostos dapesquisa e, em anexo, um formulário ele-trônico em arquivo do Word, contendoinstruções e questionário a ser remetidorespondido. A tabela 1 explicita a situaçãoreal da pesquisa e possibilita se fazer algu-mas interações a respeito do fato geradordos resultados obtidos.

Tabela 1 – Resultado Obtido da Pesquisa Telemática

A primeira relação a ser feita é o re-torno obtido dos questionários respon-didos em comparação ao número dequestionários enviados. Como observa-do no gráfico 1, o percentual de respos-tas obtidas foi de 15%. No primeiro mo-mento pode parecer que a resposta àsolicitação telemática foi satisfatória. Noentanto, para obter esse percentual derespostas foi necessária uma série de e-mails solicitando um posicionamento da

empresa ou pessoa responsável. Tam-bém, foi necessária a intervenção de pes-soas que estão diretamente ligadas a ser-viços de videoconferência. Portanto, oprocesso de pesquisa pela internet nãoé tão simples quanto teclar “enter” oudar um clique com o mouse.

Gráfico 1

Os e-mails intermediários foram utiliza-dos pelos sujeitos da pesquisa na solicita-ção de esclarecimentos ou interesse emobter o resultado final do estudo. Para asempresas que foram obtido apenas o site,foi enviado e-mail utilizando a opção do“fale conosco” ou diretamente o SAC (ser-viço de atendimento ao cliente). Dessaforma de acesso, surgiram 15 respostasautomáticas de confirmação de recebi-mento do e-mail. Algumas delas já redire-cionando o endereço para a pessoa res-ponsável e enviando o endereço eletrôni-co correspondente. No gráfico 2 é possí-vel visualizar o percentual de mensagensrecebidas e categorizadas pelo conteúdodo corpo da mensagem. Ocorreram trêsmensagens de empresas que afirmaramnão disponibilizar nenhuma informação arespeito de videoconferência que no totalde e-mails recebidos correspondem a 2%.Como também houve 15 respostas(11%) que afirmaram não utilizar a tec-nologia pesquisada em suas atividades ad-ministrativas.

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Neste sentido, esforços começaram a serfeitos na década de 60 para desenvolver umapolítica industrial e tecnológica para o CEEBa qual possibilitasse o desenvolvimento detodo o complexo em suas diversas etapasde produção.Investimentos foram feitos peloBanco Nacional de Desenvolvimento (BN-DES) no sentido de capacitar recursos hu-manos em pesquisa básica e aplicada. Nasempresas nacionais, ainda nascentes, progra-mas de pesquisa e desenvolvimento come-çaram a ser efetuados. Em 1968, foi monta-do na Universidade de São Paulo (USP) oprimeiro Laboratório de Microeletrônica(Nassif, 2002, Melo et alii, 2001)

Estes esforços criaram as fundações paraacumulação e desenvolvimento de conhe-cimento tecnológico. Entretanto, é a partirdo início da década de 70, no âmbito do Se-gundo Plano Nacional de Desenvolvimento(II PND) e devido à crise provocada peloprimeiro choque dopetróleo (1973), queas iniciativas para de-senvolvimento doCEEB intensificam-se por meio de umasérie de estímulos àsubstituição das im-portações de com-ponentes eletrônicose ao desenvolvimento endógeno de proje-tos (Nassif, 2002). Neste período, o Brasilassistiu à expansão do mercado para bensde consumo – foi a década da entrada da TVa cores no país – conjugada aos investimen-tos feitos no segmento de Telecomunica-ções, cuja maior parcela da produção nacio-nal era de equipamento eletromecânicos(Melo et alii, 2001).

Nos anos 80, o CEEB se viu em francaexpansão. No segmento de informática, apolítica de reserva de mercado contribuiu parao aparecimento de uma série de empresasnacionais de pequeno e médio porte que fa-bricavam microcomputadores, especialmentepersonal computers. Estas empresas pratica-vam imitação criativa e também eram esti-muladas a desenvolver projetos apoiados pelaSecretaria Especial de Informática (SEI) - cria-

da em 1979. O que ainda era comprado noexterior, a exemplo dos periféricos mecâni-cos, deveria gradativamente ser nacionaliza-do. Desta forma, a política implementada pelaSEI puxava o desenvolvimento interno do seg-mento de componentes eletrônicos.

No contexto da criação e desenvolvi-mento do CEEB, a reserva de mercadopode ser vista tanto pelo lado positivo quan-to pelo lado negativo. No primeiro caso, elaproporcionou condições para que as em-presas desenvolvessem processos de apren-dizagem via imitação criativa e, a partir destaestratégia, migrassem para uma etapa emque as soluções tecnológicas passassem autilizar o arcabouço de conhecimento cons-truído para proporem inovações de proces-so e/ou produto específicas à realidade lo-cal. O lado negativo está no fato da reservade mercado ter também contribuído paraisolar estas empresas do contato com em-

presas estrangeiras, mui-to embora a concorrên-cia interna fosse acirrada,o que acabou por com-prometer o desenvolvi-mento mais competitivode forma a prepará-laspara a abertura da econo-mia (Schmitz e Hewitt,1992). Esta tem sido uma

das razões apontadas para o desmantela-mento do CEEB nos anos 90.

Deste cenário, as empresas que soube-ram aproveitar as condições oferecidas peloambiente tecnológico à época da reserva demercado, utilizando-as de forma a obteremautonomia tecnológica futura, conseguiramsuperar os abalos iniciais da abertura de mer-cado. O choque causado pela abertura daeconomia nos anos 90 e pela conseqüenteentrada de empresas estrangeiras, cuja parti-cipação no mercado abrangia o nível global,provocou um redirecionamento das estraté-gias de inserção no mercado nacional. Asempresas brasileiras procuraram focar emmercados específicos, não atrativos às gran-des empresas multinacionais devidos a nãorealização de ganhos de escala. Nestes mer-cados, as empresas nacionais dominavam o

“(...) as empresas que soube-ram aproveitar as condições ofe-recidas pelo ambiente tecnológi-co à época da reserva de merca-do, utilizando-as de forma a obte-rem autonomia tecnológica futu-ra, conseguiram superar os abalosiniciais da abertura de mercado.”

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3. Uso da Internet em Pesquisa de Campo: aspectosfundamentais

Elisabeth Maria MoseleMestre em Administração (PUCRJ),

Professora da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre e do Centro Universitário Metodista IPA.e-mail: [email protected], [email protected]

Abstract

This article was going developed havinglike base to the academic research in ad-ministration, where was going used themethod of the focus group in the qualitati-ve phase and, in posterior phase, a fieldresearch in the internet by means of thee-mail. The work is made up of an instru-ments available research description in theinternet and the methods used to obtainthe necessary information to reach theproposed goal. The data obtained duringthis process are related during work, evi-dencing the difficulty and necessary deter-mination to obtain success in the acade-mic research for e-mail.

Keywords

Internet, e-mail, logical operators, pro-ximity operators.

Resumo

Esse artigo foi desenvolvido tendo comobase à pesquisa acadêmica em administra-ção, onde foi utilizado o método do grupode foco na fase qualitativa e, em fase poste-rior, uma pesquisa de campo na internet pormeio do correio eletrônico. O trabalho écomposto de uma descrição dos instrumen-tos de pesquisa disponíveis na internet e osmétodos utilizados para obter as informa-ções necessárias para atingir o objetivo pro-posto. Os dados obtidos durante esse pro-cesso são relatados no decorrer do traba-lho, evidenciando a dificuldade e empenhonecessários para obter êxito na pesquisaacadêmica por correio eletrônico.

Palavras-chave

Internet, correio eletrônico, operado-res lógicos, site.

1. Introdução

Apesar dos avanços da tecnologia dainformação e comunicação (TIC) continu-ar numa progressão geométrica, concre-tizar uma pesquisa por intermédio da in-ternet ainda corresponde a um longo eárduo período de labuta por parte dospesquisadores. Esse trabalho não tem oobjetivo de demonstrar tecnologias exis-tentes, mas a realidade de uma pesquisaacadêmica sob dois contextos. O primei-ro, o de pesquisar na internet em buscade informações e como afunilar resulta-dos de busca para otimizar o resultado; eo segundo, o de relatar a experiência deoptar e utilizar a pesquisa telemática comomeio de acesso a uma pesquisa que podedelimitar uma região geográfica tão ex-

pressiva quanto todo o território brasilei-ro e isso não significar custos galopantes.

Esse trabalho foi desenvolvido tendocomo base a pesquisa de campo da disser-tação de mestrado desenvolvida em 2001pela Pontifícia Universidade Católica do Riode Janeiro. Os meios da pesquisa desenvol-vida foram dois, sendo que o primeiro en-volveu grupo de foco (técnica de aborda-gem para pesquisa exploratória) e; o segun-do foi por pesquisa telemática com o objeti-vo de pesquisar a importância e desempe-nho da videoconferência na automatizaçãoadministrativa, por meio dos atributos iden-tificados na primeira fase da pesquisa.

O espaço amostral se constituiu de253 empresas estabelecidas em territó-

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conhecimento dos problemas tecnológicose dos padrões de competitividade. Isto per-mitiu a consolidação destas empresas que, aolongo do tempo, transformaram-se emplayers de nichos de mercado2. Na próximaseção, será abordado o método utilizado napesquisa que permitiu recuperar a constru-ção deste histórico a partir dos casos especí-ficos de duas empresas gaúchas pertencen-tes ao Complexo Eletroeletrônico.

4. Procedimentos metodológicos

Este trabalho insere-se em um projetode pesquisa que tem por objetivo fazer umdiagnóstico do complexo eletroeletrôni-co gaúcho. A etapa da pesquisa que seráaqui relatada pode ser considerada de na-tureza exploratória, pois se pretende pro-ver uma familiarização com o objeto deestudo. Segundo Selliz e Wrightsman(1965), Malhotra (2001) e Pinsonneault eKraemer (1993) um estudo exploratóriopode ser utilizado com a função de aumen-tar o conhecimento do pesquisador acer-ca do fenômeno que deseja investigar emestudo posterior e, também, levantar va-riáveis que possam ser confrontadas comas obtidas da literatura, enriquecendo oinstrumento de coleta de dados que seráutilizado posteriormente.

Neste artigo são apresentadas as entre-vistas realizadas nesta etapa exploratória emduas empresas atuantes no segmento deinformática do CEE gaúcho. Estas entrevis-tas foram realizadas entre março e abril de2004 e estão baseadas em roteiro semi-es-truturado, contendo tópicos previamenteselecionados os quais procuraram levantaraspectos relacionados à fundação da empre-sa e suas estratégicas tecnológicas. Elas fo-ram gravadas e transcritas na íntegra, o quecontribui para uma melhor análise dos ca-sos. Entrevistaram-se os donos da empresaou diretores ligados ao processo de tomadade decisão, os quais tivessem vivenciado atrajetória de desenvolvimento da empresa.Cabe destacar que a escolha das duas em-presas ocorreu por conveniência, uma vezque as empresas participantes se interessa-ram pelo projeto (SCHEWE e HIAM, 2000).

5. Apresentação e discussão das evi-dências empíricas

Permaneceu quem acreditou3

O quadro 2 abaixo apresenta informaçõesgerais sobre duas empresas pertencentes aoComplexo Eletroeletrônico do Rio Grandedo Sul. Na seqüência, cada caso será discuti-do em detalhes.

2 Designação utilizada por um dos entrevistados.3 Fragmento de uma das entrevistas dos casos apresentados neste artigo

Fonte: pesquisa de campoQuadro 2 – Informações Gerais das Empresas Pesquisadas

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mais diferentes contextos, visando a maiorvalidação do modelo proposto. Sugere-sea elaboração de questionários que analisema percepção dos indivíduos em relação asua participação na comunidade, comparan-do os resultados destes com àqueles obti-

RODRIGUES, M. Um sistema de valo-res de troca para suporte às intera-ções em sociedades artificiais.2003.134 f. Dissertação (Mestrado emCiência da Computação) – Instituto de In-formática, UFRGS, Porto Alegre.

RODRIGUES, M.; COSTA, A.; BORDINI,R. A system of exchange values to su-pport social interactions in artificialsocieties. In: AAMAS’03. Proceedings...Melbourne, Australia. July, 2003.

SANCHES, F. Utilizando mecanismosde reputação em ambientes peer-to-peer. 2002. 106f. Dissertação (Mestradoem Ciência da Computação) – Curso dePós-Graduação em Ciência da Computa-ção, UFMG, Belo Horizonte.

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Empresa Y

A empresa Y tem 25 anos de atuaçãono mercado, foi fundada por três estu-dantes do curso de Engenharia Elétrica eEletrônica da Universidade Federal do RioGrande do Sul (UFRGS) e tem uma traje-tória de desenvolvimento construída pormeio de migrações entre subsegmentosdo setor de informática. Seu objetivo ini-cial foi atuar no segmento de automaçãoindustrial, no qual permaneceu até osanos 80. Durante este período, a empre-sa Y acumulou ativos tangíveis e intangí-veis que lhe permitiram, ainda nos anos80, apresentar a uma importante empre-sa pública dos ramos de exploração, co-mércio e distribuição de petróleo e deri-vados, um projeto para automação depostos de gasolina. Se no plano interno aempresa buscava desenvolver suas capa-citações específicas, no plano macroeco-nômico, o ambiente tecnológico possibi-litava a aplicação e desenvolvimento des-tas capacitações. Na década de 80, mo-mento da reserva de mercado, as empre-sas públicas puxavam este desenvolvimen-to, transformando-se no mercado paraprojetos das empresas brasileiras de pe-queno e médio porte do CEEB. O proje-to apresentado pela empresa Y foi apro-vado e ela se tornou pioneira no desen-volvimento de sistemas de automaçãopara bombas de combustíveis. Tal fatoprovocou um rápido crescimento da em-presa.

Observa-se, então, que a empresa Ycomeça atuando em ramos de atividadecuja tecnologia é difundida, portanto defácil imitação devido à baixa apropriabili-dade. Isto lhe permite dominar o conhe-cimento desta tecnologia e lhe alçar parao desenvolvimento de um projeto maisavançado do ponto de vista tecnológico,garantindo-lhe atuação exclusiva no mer-cado por um determinado período. Noentanto, este mercado mostrou-se limi-tado devido às exigências de fornecimen-to exclusivo – a bomba de gasolina era vin-culada à bandeira de um posto - e pela

possibilidade de desenvolvimento tecno-lógico futuro já que, uma vez desenvolvi-da a bomba, a empresa Y passaria a atuarapenas em sua manutenção. Tais condi-ções sinalizaram à empresa a necessidadede empreender-se num novo ramo denegócios: automação comercial, ramo emque atua até os dias de hoje.

Esta nova migração ocorreu em eta-pas ou, conforme coloca o entrevistado:“essas mudanças não são estanques, parouuma e começa outra, é um processo quecomeçou lentamente.” No entanto, foi coma automação dos postos de gasolina que aempresa Y começou a desenvolver umnovo processo de aprendizagem: “[auto-mação dos postos de gasolina] abriu asportas para nós aprendermos e dominarmoso sistema de automação comercial,”, poisela gerava a necessidade de automatizar ocontrole de estoque, serviços de impres-são, o sistema lógico para controle de cai-xa, etc.

Atualmente, a empresa Y fabrica im-pressoras de cheques que também são ter-minais de consultas a bases de dados. Hádistribuidores para seus produtos em pra-ticamente todo o território nacional. Aempresa também tem como cliente o se-tor bancário para o qual faz automatiza-ção de retaguarda (impressoras para sis-temas lógicos que imprimem slips, che-ques administrativos, docs, etc). A neces-sidade de incluir software para realizar ainterface entre seus produtos e bancos oubases de dados levou a empresa a criaruma filial especializada no desenvolvimen-to de software, localizada em São Paulo,seu principal mercado.

Em síntese, o caso da empresa Y ilus-tra uma trajetória de constante aprendi-zagem que começa de forma simples: umgrupo de estudantes de engenharia repro-duzindo tecnologia difundida. A partir desteponto, a empresa constrói um conjuntode capacitações específicas. Hoje, a em-presa Y é líder nacional no mercado emque atua. Trata-se de um mercado comcaracterísticas específicas, cujo conheci-mento ela domina.

dos através dos cálculos de reputação. Comisso, será possível que se efetivem genera-lizações, para então afirmar que o modelosugerido real e efetivamente modela o com-portamento de indivíduos em comunida-des virtuais de aprendizagem.

Referências

COSTA, A. A Teoria Piagetiana das Tro-cas Sociais e sua aplicação aos ambi-entes de Ensino-Aprendizagem.[S.l.:S.n].

COSTA, A.; DIMURO, G. Uma estrutu-ra formal normativa para sistemascomputacionais. In: VI Oficina de Inteli-gência Artificial. Proceedings... Pelotas, RS.Outubro 2002.

COSTA, A.; RODRIGUES, M. Usingquantitative exchange values to im-prove the modelling of social interac-tions. [S.l.:S.n]

PIAGET, J. Estudos Sociológicos. Rio deJaneiro: Forense, 1973.

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4 Conclusões e Trabalhos Futuros

A principal contribuição deste trabalhoconsiste da possibilidade de simular e ob-servar o comportamento de agentes in-teragindo em comunidades virtuais deaprendizagem sob a ótica da Teoria de In-teração Social de Piaget. Ao analisarmosos diferentes cenários estudados pode-mos responder aos questionamentos ini-cialmente levantados a respeito da influ-ência do comportamento dos agentes eda intervenção do gerente da sociedade.

O mecanismo de re-putação implementadovai servir de base para aconstrução de comuni-dades virtuais de apren-dizagem no que diz res-peito ao estabelecimen-to de políticas de esco-lha de parceiros para atroca. Em uma primeiraanálise, poderíamos afir-mar que as trocas viriama ocorrer somente en-tre os indivíduos de boareputação, gerando umasociedade desequilibrada. Ao considerar talhipótese refutamo-la ao considerar que astrocas se dão aos pares, sendo assim, doisagentes de melhor reputação social efetu-am trocas entre si, mas não indefinidamen-te, pois cada um tem uma fila de espera aguar-dando para realizar trocas, a qual ele temque atender e que está organizada pela re-putação. Além disso, as trocas observadasforam muito dinâmicas; caso o indivíduo demaior reputação não estivesse disponívelpara troca no momento, o candidato a tro-ca passa ao próximo, sem se prender a umúnico parceiro.

Na análise dos cenários, percebemosque no cenário colaborativo, consideran-do um percentual de participação de 90%,obteve-se valores que representam dese-quilíbrio, assim como em uma sociedadepouco participativa (20%). O equilíbrio so-cial mais próximo de ser atingido em umasociedade com grau de participação em

50%. Atribui-se estes resultados ao fatode com um grande número de objetos dis-ponibilizados em uma sociedade muito par-ticipativa a avaliação destes tende a se tor-nar mais superficial e, portanto, menos justae criteriosa (desequilíbrio econômico).Além disso, quando há poucos objetos(como no cenário 1) ou muitos (no cená-rio 2) fica mais difícil avaliá-los e, portanto,considerá-los como úteis na construção denovos objetos (desequilíbrio moral). A par-tir de um número razoável de objetos(como no cenário 3, com participação em

50%) tende a ficar mais ob-jetiva a avaliação (tendênciaobservada ao equilíbrio eco-nômico) e os objetos ten-dem a ser mais úteis para aconstrução de novos obje-tos (tendência observada aoequilíbrio moral). No cená-rio observado, com 45% departicipação, esta se mos-trou como sendo a realida-de.

A hipótese inicial que amanipulação dos pesos dasproduções poderia levar ao

equilíbrio social foi refutada, uma vez queestes não interferem diretamente no re-sultado das avaliações e auto-avaliações.Tal manipulação somente se mostrou sig-nificativa no caso de sociedades pouco par-ticipativas, como modelado nos cenário denúmero 1.

Se o objetivo da sociedade é ser cola-borativa e esta colaboração é expressa atra-vés da disponibilização de objetos, não adi-anta manipular os pesos dos objetos, o efei-to nos valores de reputação é pequeno. Amanipulação dos pesos só se mostrou sig-nificativa quando a participação é baixa. Ma-nipular os pesos pode, então, ser uma for-ma de estimular a participação. O que fazefeito na sociedade é efetivamente a parti-cipação, através da disponibilização de ob-jetos.

A partir do trabalho realizado, faz-senecessária a exaustiva observação de co-munidades virtuais de aprendizagem, nos

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Empresa W

A empresa W tem 22 anos de atuação nomercado. Foi fundada por dois professores docurso de Engenharia Elétrica da UFRGS comfoco na área de condicionamento de energiapara informática. Ela inicia suas atividades de-senvolvendo uma solução tecnológica própriae em pleno momento da reserva de merca-do, quando este tipo de ação estava sendo es-timulado pelo governo.

A abertura da economia brasileira nos anos90 representou um momento decisivo para aempresa, no que diz respeito à condução dosnegócios. Foram necessárias mudanças na or-ganização da produção, aqual passou a adotar téc-nicas que além de garan-tirem a qualidade do pro-duto, a qual já era reco-nhecida, deveriam tam-bém possibilitar preçoscompetitivos de forma agarantir a continuidade donegócio no novo cenáriode mercado.

A realização de parcerias com empresasestrangeiras e de engenharia reversa forampráticas importantes para acelerar processosde aprendizagem e manterem a competitivi-dade da empresa W na década de noventa.Novos conhecimentos tecnológicos eram,desta forma, adicionados. O setor da pesqui-sa e desenvolvimento da Empresa W repro-jetava os produtos, implementando inovaçõesincrementais, isto trazia como resultado pro-dutos tecnologicamente mais avançados.

Se no início de suas atividades, a empre-sa W contava com um ambiente tecnológicoque estimulava o desenvolvimento de soluçõespróprias, possibilitando oportunidades pararealização de investimento e facilitando a difu-são da tecnologia desenvolvida, nos anos no-venta ela precisou reunir a capacitação cons-truída no período anterior, para desmontar tec-nologias estrangeiras, entender o princípio defuncionamento e reprojetá-las com adaptaçõese melhorias que configurassem um novo emelhor produto. A empresa W é, desta for-ma, um exemplo do quão importante é ter

capacitação prévia para apreender e transfor-mar tecnologias.

6. Síntese e considerações finais

A proposta deste artigo foi discutir o papelda imitação, entendendo-a como uma etapaimportante para alavancar processos de apren-dizagem os quais consolidam e criam novas ca-pacitações para as empresas. Neste sentido, aimitação é considerada uma estratégia tecnoló-gica que as empresas adotam na condução deseus processos de inovação. A escolha por talestratégia deve ser analisada considerando-se

conjuntamente caracte-rísticas do ambiente tec-nológico e característi-cas específicas das em-presas. Desta forma,evitam-se conclusõesdistorcidas que relacio-nam a imitação com fal-ta de capacitação dasempresas o que acabacausando uma imagem

negativa desta prática que é utilizada com fre-qüência, sobretudo pela empresas de micro, pe-queno e médio porte.

Para discutir a imitação, duas abordagenssobre os condicionantes que influenciam a es-colha de estratégias tecnológicas de inovaçãoradical, inovação incremental e imitação foramreunidas, uma vez que permitiam contemplarsimultaneamente condicionantes ligados aoambiente tecnológico e às empresas. Tendocomo referência o quadro teórico construído,o histórico de formação do Complexo Eletro-eletrônico Brasileiro e os casos de duas empre-sas eletroeletrônicas situadas no Rio Grande doSul foram apresentados como exemplos da uti-lização da estratégia de imitação criativa visandoà obtenção de vantagens competitivas.

A formação e desenvolvimento do CEBocorre ancorada em políticas de reserva demercado, estímulo ao desenvolvimento deprojetos tecnológicos nacionais e disciplina nascompras de empresas públicas. Desta forma,prepara-se o terreno para o surgimento deempresas nacionais. O segmento de informá-

“O equilíbrio social maispróximo de ser atingido emuma sociedade com grau departicipação em 50%. Atri-bui-se estes resultados aofato de com um grande nú-mero de objetos disponibili-zados em uma sociedademuito participativa a avalia-ção destes tende a se tornarmais superficial e, portanto,menos justa e criteriosa (de-sequilíbrio econômico). “

“O segmento de informática des-taca-se por abrigar uma gama deempresas de micro, pequeno e mé-dio portes que se beneficiaram dascondições do ambiente tecnológicopara desenvolver tecnologias pró-prias e realizarem imitação e adap-tação às necessidades locais de tec-nologias até então importadas.”

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Figura 18 - influência da manipulação dos pesos nosvalores de reputação

3.3. Comunidade observada

A comunidade observada foi compos-ta por doze indivíduos aos quais foi pro-posto que compartilhassem objetos atra-vés de um diretório local comum. Quan-do da disponibilização dos objetos pelosautores (produtores) foi solicitado o pre-enchimento da tabela de auto-avaliação.A cada acesso realizado era solicitado aosleitores (consumidores) que realizassema avaliação do objeto acessado. A cadarodada de disponibilização, novos ele-mentos eram agregados ao objeto dispo-nibilizado e modificações eram efetuadas,sendo que os alunos foram convidados adisponibilizar seus objetos no máximoseis vezes durante a observação.

A cada uma das seis rodadas, eram efe-tuados e disponibilizados aos alunos osvalores referentes a reputação individu-al, bem como os valores globais da soci-edade. Não houve alteração nos pesosdos objetos durante o processo. Para in-troduzir a comunidade observada na aná-lise comparativa apresentada na figura 15foram efetuados cálculos de reputaçãocom os pesos alterados de forma equi-valente às comunidades observadas, es-tes, porém, não foram disponibilizadosaos alunos.

Os resultados observados são apresen-tados na tabela 11:

Tabela 11 – Valores de reputação e crédito social dosagentes: resultados observados

A partir destes valores, foi observadoque esta comunidade está próxima doequilíbrio, sendo que as avaliações tende-ram a ser justas (equilíbrio econômico àcredito econômico próximo de zero),bem como as contribuições úteis a socie-dade (equilíbrio moral à credito moral pró-ximo de zero).

Figura 19 – Valores observados de crédito moral eeconômico – representação da dispersão

Percebeu-se na sociedade observadaum volume intermediário de disponbiliza-ções. Após efetuados os cálculos, con-cluiu-se que este valor ficou em torno de45%.

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tica destaca-se por abrigar uma gama de em-presas de micro, pequeno e médio portesque se beneficiaram das condições do ambi-ente tecnológico para desenvolver tecnolo-gias próprias e realizarem imitação e adapta-ção às necessidades locais de tecnologias atéentão importadas.

No início da década de noventa ocorrea abertura da economia, forçando taisempresas a redirecionem suas estratégiasde inserção no mercado nacional. As quepassaram a atuar em nichos de mercadoe que acumularam ativos tangíveis e intan-gíveis à época da reserva conseguiram ul-trapassar os abalos trazidos pela aberturado mercado.

Por meio de dois casos apresentados noartigo foi possível apreender que o momen-to da reserva de mercado proveu condi-ções favoráveis para que as empresas inici-assem suas trajetórias de desenvolvimen-to. Naquele momento, pode-se afirmar queo ambiente se apresentava caracterizadopela existência de oportunidades propícias

às atividades inovativas, havia uma oferta deincentivos financeiros às empresas e pro-teção contra a concorrência externa. Altograu de oportunidade, de acordo com a ta-xonomia proposta por Malerba e Orseni-go (1996), favorece estratégias tecnológi-cas de inovação radical, consideradas maisimportantes na classificação das inovações.No entanto, atividades de inovação radicaldemandam pesados investimentos e longoprazo de pesquisa e desenvolvimento, osquais estão geralmente fora do alcance deempresas de pequeno porte. Por esta ra-zão, estratégias de imitação e imitação cri-ativa – em que ocorre adaptação e melho-ria do produto – são geralmente adotadaspor estas empresas, o que, longe de signifi-car falta de capacidade, é resultado de umcálculo econômico, de uma decisão empre-sarial tomada a partir da leitura que os ges-tores fazem dos recursos internos tangíveise intangíveis que a empresa possui e dasoportunidades que o mercado de atuaçãoda empresa oferece.

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Este cenário foi o que apresentou me-nor dispersão nos valores de credito mo-ral e social, caracterizando a sociedade maisequilibrada. Atribuiu-se tal resultado ao fatoque, não havendo um volume exageradode objetos a serem avaliados, esta avalia-ção pode ser mais criteriosa e justa (equi-líbrio econômico) bem como estes po-dem ser melhor aproveitados na constru-ção individual de novos objetos (equilíbriomoral). Observam-se a dispersão dos va-lores de crédito moral e econômico nocenário 3 na figura 17.

Figura 17 – Gráfico de dispersão – cenário 3

Os valores de reputação e credito, parao cenário 3.2, cujos pesos atribuídos fo-ram 20% para a primeira produção, 10 %para as produções de dois a quatro, ne-nhum valor para a quinta produção e 50% para a última produção (cuja disponibi-lização foi obrigatória) podem ser obser-vados na tabela 9.

Tabela 9 – valores de reputação e credito social dosagentes – cenário 3.2

Em uma terceira manipulação dos pe-sos dos objetos, considerando 20% paraa primeira e terceira produções, nenhumpeso para a segunda e quarta, 10 % para aquinta e 50% para a última. Os valores dereputação e crédito podem ser observa-dos na tabela 10.

Tabela 10 – valores de reputação e credito social dosagentes – cenário 3.3

Ao se manipular os valores de peso dosobjetos disponibilizados, obteve-se uma di-ferença em torno de 2,30% dos valoresde reputação em relação aos diferentespesos atribuídos. Esta diferença não foi sig-nificativa, sendo que no caso da comuni-dade intermediária foi concluído que nãohá alteração nos valores de reputação coma manipulação dos pesos.

A partir das três comunidades obser-vadas, julgou-se necessário estabeleceruma comparação dos efeitos da manipu-lação dos pesos dos objetos na constru-ção da reputação em relação aos diferen-tes graus de participação na sociedade.Neste caso, observou-se que a manipu-lação dos pesos somente gerou altera-ções significativas nas sociedades combaixo grau de participação, conformepode ser observado no gráfico de dife-renças relativas entre as simulações,apresentado na figura 18.

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Ao se manipular os valores de pesodos objetos disponibilizados, obteve-seuma diferença em torno de 2,10% dosvalores de reputação em relação aos di-ferentes pesos atribuídos. Esta diferen-ça não foi significativa, sendo que no casoda comunidade bastante participativa foiconcluído que não há alteração nos va-lores de reputação com a manipulaçãodos pesos.

3.2.3. Cenário intermediário

No cenário intermediário buscou-seuma simulação próxima à realidade ob-servada. Visando simular tal situação e

ainda buscando estabelecer uma análisecomparativa, mantivemos as condiçõesde contorno dos cenários anteriores, sen-do estas: Base: 4, Raio 1: 5, Raio 2: 1,Mínimo: 3, Numero de pessoas = 112,Numero de Versões = 6, alterando ape-nas o Percentual de participação, ficandoeste em 90%.

Também foi anulado o peso do nume-ro de acessos, uma vez que se supõe quepara cada disponibilização são realizadosonze acessos (um de cada agente da co-munidade virtual de aprendizagem) e da-dos inicialmente pesos equivalentes paraos Valores Moral e Econômico de Produ-tor e Consumidor, conforme apresenta-do na figura 16.

Figura 16 – Padrões: Condições de contorno com os valores adequados ao cenário 3

A partir disso foram definidos os pe-sos de cada uma das versões, como sen-do de 10% para as versões de um a cin-co e 50% para a versão 6. Os valores dereputação e credito podem ser observa-dos na tabela 8.

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6. Regulação: Uma Consolidação de IdéiasStefano Florissi

Doutor em Economia.Professor Adjunto do Departamento de Economia e do Programa de Pós-Graduação

em Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.e-mail: [email protected]

José NosvitzMestre na área de Regulação Jurídico-Econômica.

Professor e Coordenador da Faculdade de Direito São Judas Tadeu de Porto Alegre.Professor da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre

e-mail: [email protected]

Resumo

Na segunda metade da década de 90, adiscussão sobre regulação de serviços deutilidade pública (geração, transmissão edistribuição de energia elétrica; telecomu-nicações; rodovias; portos, etc.) se multi-plicou não apenas no Brasil mas em todoo mundo. O objetivo geral deste trabalhoé procurar aprofundar estas discussões,tentando colocar alguma ordem lógica nostantos argumentos teóricos e empíricosque têm feito parte desta fascinante dis-cussão.

Palavras-chave

Regulação, utilidade pública.

Tabela 8 – valores de reputação e credito social dosagentes – cenário 3.1

Abstract

The second half of the 1990’s saw abig increase in the discussions about re-gulation and deregulation of public utiliti-es (generation, transmission and distri-bution of electricity; telecommunicati-ons; highways; ports, etc.) not only inBrazil but all over the world. The maingoal of this study is to try to go deep intothese discussions, shedding some lightand order in the many arguments boththeoretical and empirical that are part ofthis fascinating subject.

Keywords

Regulation, public utilities.

1. Introdução

Na segunda metade da década de 90, adiscussão sobre regulação de serviços de uti-lidade pública (geração, transmissão e distri-buição de energia elétrica; telecomunicações;rodovias; portos, etc.) se multiplicou não ape-nas no Brasil mas em todo o mundo. O quelevou a este “boom” foram basicamente doisfatores: por um lado uma forte tendênciamundial a se repensar o papel do Estado deum modo geral, com forte valorização dosmercados; por outro, a incrível evolução tec-nológica que tem destruído o conceito demonopólio natural em quase todos os seg-mentos das atividades de utilidade pública. Aomesmo tempo tem crescido mundo afora atendência da assim chamada “terceira via”,onde Estado e Mercado são vistos como po-derosos complementos e não como funda-

mentalmente antagônicos. Esta últimatendência tem influído também na discus-são sobre regulação, onde uma série deaspectos potencialmente sociais têm sidoatribuídos às concessionárias de serviçosde utilidade pública.

Como quase toda discussão em eco-nomia, particularmente em política eco-nômica, a discussão sobre regulaçãopode ser dividida nos aspectos eficiênciae distribuição. Esta divisão facilita a com-preensão da discussão pois sintetiza o quebasicamente existe para ser discutido emqualquer tópico de política econômica:como produzir mais com o que se temdisponível, e como beneficiar o maiornúmero possível de pessoas dentro doregime escolhido, com particular cuida-do com a proteção dos mais fracos.

“não havendo um volume exage-rado de objetos a serem avaliados,esta avaliação pode ser mais criterio-sa e justa (equilíbrio econômico) bemcomo estes podem ser melhor apro-veitados na construção individual denovos objetos (equilíbrio moral). “

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A partir disso, foram definidos os pe-sos de cada uma das versões, como sen-do de 10% para as versões de um a cincoe 50% para a versão 6.

Os valores de reputação e crédito po-dem ser observados na tabela 5.

Tabela 5 – Valores de Reputação e credito social dosagentes –cenário 2.1

Neste caso observou-se uma socieda-de um pouco mais equilibrada, porém,apesar do alto grau de participação, osvalores de credito moral e econômico ain-da permanecem distantes do equilíbriosocial representado pelo zero. Tal disper-são pode ser observada na figura 15.

Figura 15 – Gráfico de dispersão – cenário 2

Os valores de reputação e credito, parao cenário 2.2, cujos pesos atribuídos fo-ram 20% para a primeira produção, 10 %

para as produções de dois a quatro, ne-nhum valor para a quinta produção e 50 %para a ultima produção (cuja disponibiliza-ção foi obrigatória) podem ser observa-dos na tabela 6.

Tabela 6 – valores de reputação e credito social dosagentes – cenário 2.2

Em uma terceira manipulação dos pe-sos dos objetos, considerando 20% paraa primeira e terceira produções, nenhumpeso para a segunda e quarta, 10 % para aquinta e 50% para a última. Os valores dereputação e credito podem ser observa-dos na tabela 7.

Tabela 7 – valores de reputação e credito social dosagentes – cenário 2.3

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Sob o ponto de vista da eficiência, o dile-ma atual que se apresenta às atividades deserviços de utilidade pública pode ser colo-cada da seguinte forma: o velho status quode que estes serviços são basicamente mo-nopólios naturais tem enfraquecido sensivel-mente e, tudo isso devido ao forte avançotecnológico, tende a se enfraquecer aindamais com o tempo, apesar de que a curto/médio prazo esta é uma discussão que pa-rece estar ainda em aberto. O ponto queesta nova tendência parece indicar é que maise mais competição está se tornando possí-vel nos serviços de utilidade pública, o queacaba por levantar a questão de que tipo, sealgum, de regulação ainda pode ser neces-sário para garantir resultados que, sob o pon-to de vista econômico, estariam mais próxi-mos daquilo que chamamos eficiência.

Sob o ponto de vista distributivo, o di-lema pode ser colocado mais ou menosda seguinte forma: existem motivos for-tes, tanto do ponto de vista da teoria eco-nômica (fortes externalidades envolvidasnestes serviços) como do ponto de vistanormativo (existe um “mínimo” de aces-so a estes serviços que parece ser pontocomum nas sociedades modernas), paraque se tenha considerações públicas emrelação a estes serviços; a questão é sa-ber como interferir e, dado o tipo de inter-ferência, se esta seria através de um cor-po regulador (o que implicaria numa dire-ta interferência nos procedimentos dasconcessionárias) ou através de uma políti-ca social mais ampla que incluiria estes as-pectos no plano mais geral de objetivossociais de um governo, sem necessaria-mente requerer um corpo regulador es-pecífico.

O objetivo geral deste trabalho é pro-curar aprofundar estas discussões, tentan-do colocar alguma ordem lógica nos tan-tos argumentos teóricos e empíricos quetêm feito parte desta fascinante discussão.Procuraremos ter em mente três pergun-tas ao longo de nossa análise, particular-mente no que diz respeito à eficiência:

· O que é uma boa regulação de umaatividade monopolística?

· O que deveria ser desregulamenta-do?

· Como lidar com a intersecção en-tre regulação e competição?

Como objetivo mais específico, procu-raremos enquadrar, sempre que possívele válido, nossos insights com a especificasituação do Brasil. Neste sentido, a próxi-ma seção discute os objetivos básicos daregulação; a seção três discute o porquêde regular se concentrando nas questõesda eficiência e da competição; a quatro dis-cute como regular; a cinco discute o por-quê de regular se concentrando na ques-tão distributiva; a seis discute os conceitosde Serviço Obrigatório e de Obrigação deServiço Universal e, finalmente, a sete con-clui.

2. Os objetivos básicos da atividade re-guladora

A um nível mais geral, os objetivos bá-sicos da atividade reguladora são:

· proteger os interesses do consumi-dor em relação a preços e qualidade doserviço;

· assegurar que as firmas, operandode maneira eficiente, possam se auto-fi-nanciar;

· promover eficiência;· assegurar o cumprimento de eventu-

ais políticas públicas decididas a nível go-vernamental, seja executivo, seja legislati-vo; e, finalmente,

· assegurar que o regime como umtodo seja sustentável e robusto.

O quarto objetivo toca diretamente noponto normativo da distribuição de rendae de que eventuais políticas sociais se rela-cionariam com tal objetivo. Esta discussãoserá retomada mais adiante; por hora va-mos nos concentrar nos outros quatroobjetivos que basicamente podem ser sin-tetizados no terceiro ponto, promover efi-ciência. É bastante razoável de se supor quea promoção de eficiência levará, de umaforma mais ou menos automática, à reso-lução também dos objetivos 1, 2 e 5, compoucos incrementos legais necessários

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Tabela 4 - Valores de reputação e credito social dosagentes – cenário 1.3

O desequilíbrio pode ser observadono gráfico de dispersão apresentado nafiguras 13.

Figura 13 –Gráfico de dispersão – cenário 1

3.2.2. Cenário colaborativo

No cenário colaborativo existe umaforte tendência à construção coletiva e aexposição, sendo que os objetos são dis-ponibilizados quando em construção peloautor. Observa-se que os objetos são dis-ponibilizados quase que a cada “rodada”de interações. Visando simular tal cená-rio e ainda buscando estabelecer umaanálise comparativa, mantivemos as con-dições de contorno do cenário anterior,sendo estas: Base: 4, Raio 1: 5, Raio 2: 1,Mínimo: 3, Numero de pessoas = 12,Número de Versões = 6, alterando ape-nas o percentual de participação, ficandoeste em 90%.

Também foi anulado o peso do nume-ro de acessos, uma vez que se supõe quepara cada disponibilização são realizadosonze acessos (um de cada agente da co-munidade virtual de aprendizagem) e da-dos inicialmente pesos equivalentes paraos Valores Moral e Econômico de Pro-dutor e Consumidor, conforme apresen-tado na figura 14.

Figura 14 – Padrões : Condições de contorno com os valores adequados ao cenário 2

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(Procon, etc.); isto supondo-se que tal pro-moção venha de uma tentativa, por parteda agência reguladora, de recriar elemen-tos de incentivos à eficiência que estão au-sentes em um ambiente não competitivo.Isto nos leva então às nossas primeiras ques-tões, relacionadas ao aspecto positivo denossa discussão neste trabalho, qual seja, anecessidade de promovera eficiência:

· qual a importância daeficiência?;

· qual o relaciona-mento entre competiçãoe eficiência?;

· qual o papel de uma agência regula-dora na ausência de competição?; e, final-mente,

· qual o papel, se algum, de uma agên-cia reguladora em um mercado potencial-mente cada vez mais competitivo?

Nas próximas seções procuraremosanalisar e sintetizar as idéias que podem serestabelecidas a partir destas questões demaneira particular, e da relação eficiência-regulação de maneira mais geral. Em segui-da, retomaremos a questão distributiva.

3. Por que regular? As questões da efi-ciência e da competição

Os serviços de utilidade pública (gera-ção, transmissão e distribuição de energiaelétrica; telecomunicações; rodovias; por-tos, etc.) têm sido tradicionalmente vistoscomo monopólios naturais, ou seja, asso-cia-se a essas indústrias a presença de eco-nomias de escala em todo o segmentorelevante da curva de oferta. Isto pode sercolocado de maneira mais simples comosendo caracterizadas essas indústrias pelapresença de altos custos fixos nos seus res-pectivos processos produtivos.

Como monopólios naturais a teoria eco-nômica nos indica que, se deixados à pró-pria mercê, o grau de bem estar que cap-turam gera uma distorção tal que coloca oresultado final bem aquém do socialmenteótimo, ou seja, do nível eficiente. Comoqualquer livro texto colocaria, ou essas fir-

mas são reguladas ou o Estado se encarre-ga desses setores. Como nosso objetivonão é discutir os méritos de público versusprivado, e como o ambiente operativo noBrasil está cada vez mais direcionado à pri-vatização, assumiremos diretamente queessas firmas são privadas, concentrando-nos na questão reguladora, se bem que

nossa análise também podeser expandida para empresaspúblicas se supormos queestão são independentes deações do governo.

O ponto central aqui éque a obtenção do grau de

bem-estar socialmente ótimo requer efi-ciência em três níveis:

· eficiência produtiva, que requer, emtermos simplificados, redução dos custosde produção;

· eficiência alocativa, que requer pre-ços equivalentes ao custo de ofertar o pro-duto; e

· eficiência dinâmica, que requer queprocessos produtivos com maiores cus-tos sejam substituídos por outros commenores custos ao longo do tempo.

Apesar da competição não ser, teori-camente, necessária para a obtenção decompleta eficiência, ela dinamiza os incen-tivos para o uso da tecnologia com me-nor custo de produção (eficiência produ-tiva), força o preço a refletir custos margi-nais (eficiência alocativa) e cria uma ten-dência a buscar a provisão de novos servi-ços e métodos de produção mais custo-eficientes (eficiência dinâmica).

A questão que sempre caracterizou anecessidade de regulação sobre os mono-pólios naturais é exatamente que a ausên-cia dos incentivos competitivos não direci-ona o monopolista a gerar eficiência e, por-tanto, o grau de bem estar socialmenteótimo. A questão então, tradicionalmente,tem sido a de criar regimes reguladores quepossam recriar os incentivos competitivosausentes no mercado. O problema centralcom esta proposição está na presença deassimetrias de informação entre o mono-polista e o regulador. Porém, mesmo con-

“O ponto central aquié que a obtenção do graude bem-estar socialmen-te ótimo requer eficiên-cia em três níveis.”

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A partir disso foram definidos os pesosde cada versão, como apresentado na fi-gura 12.

Figura 12 – Peso das versões com os valoresadequados à primeira simulação

Ao se executar a simulação a partirdeste cenário (chamado 1.1), percebe-sevalores de reputação muito baixos e soci-edade desequilibrada, com créditos sociaismoral e econômicos distantes de zero,conforme pode se observar na tabela 2.

Tabela 2 - Valores de reputação e credito social dosagentes – cenário 1.1

Verificou-se que a manipulação dos

pesos das versões não se mostrou comoferramenta na busca do equilíbrio da so-ciedade, ou seja, se a sociedade não é pornatureza colaborativa, não adianta modi-ficar os valores de cada uma das produ-ções que ela não tenderá ao equilíbrio.

Observa-se na tabela 3os resultados obtidosno cenário 1.2 com ospesos distribuídos em20% para a primeiraprodução, 1.0 % paraas produções de doisa quatro, nenhum va-lor para a quinta pro-dução e 50 % para aultima produção (cuja

disponibilização foi obrigatória).

Tabela 3 - Valores de reputação e credito social dosagentes – cenário 1.2

Considerando esta comunidade poucoparticipativa, um terceiro cenário (cenário1.3) foi simulado, ainda alterando os pesospara 20% para a primeira e terceira produ-ções, nenhum peso para a segunda e quar-ta, 10 % para a quinta e 50% para a última.Observaram-se diferenças em torno de 10%e 15% nos valores de reputação.

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siderando este handicap, temos aqui umpoderoso incentivo para a atividade regula-dora na ausência de competição.

Mas, e se supormos que é possível ge-rar algum tipo de competição, será quemesmo assim algum tipo de regulaçãonão será necessária nos serviços de uti-lidade pública?

Nos últimos anos, praticamente todosos setores de utilidade pública têm experi-mentado grandes avanços tecnológicos quetêm propiciado uma redução considerávelnos custos fixos. Em muitas indústrias,como a de eletricidade, tem sido possívelseparar segmentos onde os custos fixoscaíram consideravelmente (geração, porexemplo), e desenvolver algum tipo decompetição, daqueles onde os custos fixoscontinuam elevados (transmissão).

Sem dúvida é razoável, baseados em nos-sa discussão anterior, defender a idéia de quea importância de regular diminui na medidaque temos um ambiente mais competitivo.

A Nova Zelândia, por exemplo, abo-liu suas agências reguladoras nas áreasonde a competição foi efetivada, substi-tuindo regulação por uma mais tradicio-nal política de competição e anti-truste.Mesmo o duopólio, o mínimo de umdeslocamento competitivo a partir domonopólio, pode ser considerado umavanço, no sentido de que a competi-ção gerada já é possivelmente suficientepara diminuir os normalmente altos gan-hos monopolísticos gerados pelas assi-metrias de informação. Na verdade,para termos uma resposta clara à ques-tão de se o duopólio é ou não é umamelhora em termos de bem estar, seriapreciso medir os custos de duplicaçãodos altos custos fixos versus os ganhoscom a redução nos custos sociais gera-dos pelas assimetrias de informação domonopólio. Mas o ponto em favor dosque defendem a abolição da regulaçãocom a introdução da competição fica cla-ro no exemplo extremo do duopólio:na medida que mais firmas podem en-trar na indústria (basicamente, menorescustos fixos), a relação perda com cus-

tos de duplicação e ganhos com redu-ção de assimetrias de informação suge-re fortes ganhos sociais com a competi-ção e a redução de uma das maiores ra-cionais para a existência em si da regula-ção, qual seja, a ausência de incentivoscompetitivos nos monopólios naturais (eseus benéficos efeitos sobre a eficiênciae, portanto, sobre o bem estar social).

O problema com a argumentação ante-rior é que, na prática, o aumento da possibi-lidade de competição nos serviços de utili-dade pública não tem sido possível além deum certo limite, ou seja, perece existir umlimite tecnológico à redução de determina-dos custos fixos, pelo menos a curto/médioprazos. Este ponto nos leva não só à ques-tão de que tipo de política competitiva/anti-truste adotar, mas se esta estaria simples-mente enquadrada no conjunto legal/jurídi-co do país (como adotado pela Nova Zelân-dia) ou se não continuaria uma responsabili-dade, apesar de que diferenciada, das agên-cias reguladoras. Esta questão dependerásem dúvida do grau de competição possívelem cada indústria.

Um outro ponto importante que pa-rece sustentar a idéia de que, sim, mesmona presença de alguma competição existea racional para algum tipo de atividade re-guladora, é o seguinte: para que a compe-tição gere um resultado que tenda ao so-cialmente ótimo, é preciso que exista apossibilidade dos agentes, se assim esco-lherem, agirem sozinhos no mercado; nosserviços de utilidade pública, porém, nor-malmente existe o problema da interco-nexão, que requer uma concordância en-tre os concorrentes. Esta característica podegerar problemas como:

· as firmas com maior poder de mer-cado podem boicotar as com menor poder;

· podem existir colusões entre firmasmaiores; e,

· enfim, a própria natureza competi-tiva se põe a risco.

A questão central aqui é a determina-ção das tarifas de acesso, discussão quetomaremos mais adiante.

É sempre possível argumentar que uma

“a sociedade nãoé por natureza cola-borativa, não adiantamodificar os valoresde cada uma das pro-duções que ela nãotenderá ao equilí-brio. “

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lor moral) e a qualidade que este julga queo trabalho tenha (valor econômico) e dis-ponibiliza seu objeto para a avaliação pe-los seus pares, sendo esta obrigatória.

Desta forma, se anulou o peso do nú-mero de acessos, uma vez que este foiconsiderado obrigatório. Findo o proces-so de avaliação pelos pares são calcula-dos a reputação do agente naquele mo-mento e o estado de equilíbrio da socie-dade. A avaliação final dá-se pela reputa-ção atribuída a cada um dos agentes, bemcomo pelo estado de equilíbrio alcança-do pela sociedade. Posteriormente, fo-ram realizadas novas simulações conside-rando intervenções do gerente da socie-dade visando obter o equilíbrio social.

3.2.1. Cenário egoísta

No cenário egoísta, apresentadocomo 1 nas tabelas comparativas de si-mulação existe uma forte tendência àconstrução individual e a não exposição,

sendo que os objetos são disponibiliza-dos quando já considerados “prontos”pelo autor. Observa-se que o número deobjetos disponibilizados por cada agenteé pequeno, uma vez que ele disponibili-za-os apenas quando os considera “pron-tos”. Visando simular tal cenário, defini-ram-se as seguintes condições de contor-no: Base: 4, Raio 1: 5, Raio 2: 1, Mínimo:3, Numero de pessoas = 12, Numerode Versões = 6, Percentual de participa-ção = 20%.

Também foi anulado o peso do núme-ro de acessos, uma vez que se supõe quepara cada disponibilização são realizadosonze acessos (um de cada agente da co-munidade virtual de aprendizagem) e da-dos inicialmente pesos equivalentes paraos Valores Moral e Econômico de Produ-tor e Consumidor, conforme apresenta-do na figura 11.

Figura 11 – Padrões: Condições de contorno com os valores adequados ao cenário 1

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boa política competitiva/anti-truste enquadra-da dentro do conjunto legal/jurídico de umpaís pode lidar com estas questões, e comum mercado com um certo nível de com-petição, sem a necessidade de mais custospúblicos com a burocracia de uma agênciareguladora. Esta discussão é rica de argumen-tos pelos dois lados, mas parece ser razoá-vel supor que a idéia jurídica se enquadra me-lhor em países onde o regime institucional émais sólido e a tradição legalista mais esta-belecida, como os países anglo-saxões(como a Nova Zelândia); em países como oBrasil onde nem a tradição legalista, nem ainstitucional são tão estabelecidas, o argu-mento parece ser mais forte na direção damanutenção de um corpo regulador que lidecom estas questões.

Tendo encontrado racionais para algumtipo de atividade reguladora, inclusive na pre-sença de alguma competição1, vamos agoradesviar nossa discussão para como procederà regulação em ambas as situações, come-çando pela ausência total de competição, omonopólio natural, e evoluindo em direção àsituação cada vez mais atual da existência dealgum tipo de competição.

4. Como regular? Regulação por preçoteto e por taxa de retorno

Basicamente existem duas formas maisgerais de se regular um monopólio natural,com vários tipos de “pon-tos intermediários” possí-veis entre estes dois extre-mos; uma é a regulaçãopor preço teto (price cap)e a outra por taxa de re-torno (rate of return). Vamos analisar cadauma delas procurando os prós e contrasde cada uma e como isso pode afetar o pro-cesso regulador como um todo.

A regulação por taxa de retorno oferececomo maior vantagem prática a garantiade oferta:

· como uma taxa de retorno é garanti-da a priori, o incentivo para a oferta é evi-dentemente grande, particularmente em si-tuações onde o risco envolvido é conside-rável; é bem possível que em certas situa-ções práticas não haja interesse no investi-mento se não for utilizado este esquema deretorno assegurado (Burns e Estache, 1998).

· um outro aspecto positivo, desta vezsob o enfoque teórico, é que este tipo deregulação de certa forma reflete uma tenta-tiva de correção entre o valor social da ativi-dade regulada e o valor privado percebidopela firma, diferença esta que é resultado decomponentes de externalidades existentesnos serviços de utilidade pública, como nainfraestrutura de um modo geral2.

Este sistema, porém, apresenta algunsproblemas que, pode ser argumentado,facilmente superam os pontos positivosanteriormente descritos:

· não existe nenhum incentivo à mi-nimização de custos, já que a taxa de re-torno é fixa e garantida;

· o requerimento de informações ne-cessárias para que se possa acompanharo processo de investimento e garantir quea concessionária não busque ganhos adici-onais, com investimentos ineficientes, pa-rece ser particularmente alto (Burns e Es-tache, 1998);

· dado o peso do requerimento infor-macional necessário, particularmente sobre

as decisões de investimento,este modelo tende a colo-car os reguladores no papelde administradores, criandopotenciais e complexas con-tradições entre o objetivo

regulador e o objetivo administrativo, semfalar nos requerimentos burocráticos, po-tencialmente elevados3;

· finalmente, podemos citar um aspec-to que tende a complicar ainda mais o difí-cil balanço entre garantir eficiência e regu-lar; como os preços são baseados nos cus-

1 É preciso deixar claro, porém, que na possibilidade de competição in totum, não há evidência da necessidade, sob o pontode vista da eficiência, de qualquer atividade reguladora.2 Ver Florissi, 1997.3 Para maiores informações sobre os requerimentos informacionais necessários para os diversos modelos de regulação, verBurns e Estache, 1998.

“A regulação por taxade retorno oferece comomaior vantagem práticaa garantia de oferta.”

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Figura 9– Avaliações dadas pelo indivíduo 1

Caso o objetivo seja trabalhar com valores observados e não os simulados, estesdevem ser digitados diretamente na tabela de pessoas e, a partir disso, deve ser utilizadoo botão RECALCULA. Os valores parciais e finais de reputação e credito de cada indiví-duo podem ser observados na tabela AUTO2, conforme pode ser parcialmente obser-vado na figura10.

Figura 10 – Valores de reputação e credito social

3.2. Cenários possíveis simulados

Tendo em vista a simulação de um le-que de situações possíveis de ocorrer, fo-ram definidos três cenários distintos, con-siderando os comportamentos esperadosde três tipos de grupos. O cenário (i) ego-ísta, parte do pressuposto que os agentesque compõem a comunidade não estãointeressados na construção comum, ape-nas na utilização dos recursos desta visan-do sua construção individual. Já no cená-rio (ii) cooperativo, as trocas ocorrem vi-sando à construção dos objetos na comu-nidade, sendo que todos os agentes en-volvidos estão dispostos a cooperar. Nocenário (iii) procurou-se simular uma situa-ção que posteriormente se mostrou maispróxima à observada, sendo que existe

uma tendência à cooperação contando queesta também considere os objetivos indi-viduais.

Para modelar os cenários foi conside-rada uma população de doze agentes, umavez que a população real observada foicomposta deste número. Definiu-se ain-da cada etapa disponibilizada pelo agentepara avaliação do grupo uma entrega, sen-do obrigatórias pelo menos duas entregas,uma inicial e uma final. Visando aproximaras simulações realizadas à observação efe-tuada, foram definidas no máximo seisentregas, sendo estas numeradas de um aseis. Ao efetuar a entrega, o autor realizaa auto-avaliação em relação ao esforçodesprendido na realização do trabalho (va-

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tos fornecidos pela própria empresa, exis-te uma forte tendência a lucros excessi-vos que acabam gerando uma constantenecessidade de interferência por parte daagência reguladora no sentido de confis-car estes excessos e reduzir os lucros apatamares aceitáveis.

Estes problemas podem, basicamente,ser sintetizados em dois: não há incentivoà minimização de custos e, portanto, a al-guma tendência à eficiência; e, segundo, orequerimento informacional parece sermuito elevado.

A regulação por preço teto apresenta asseguintes vantagens:

· a tendência a um resultado eficienteé mais garantido, já que se preservam to-dos os incentivos à minimização de cus-tos, o que equivale dizer que existe forteincentivo a aumentar a produtividade;

· por poderem ser baseadas em in-formações exógenas (particularmentecompetição comparatória do tipo yardsti-ck) de uma maneira aparentemente maisfácil do que no modelo anterior, os reque-rimentos informacionais parecem ser po-tencialmente mais simples neste novo con-texto; e,

· neste modelo a separação entre oaspecto regulador e o administrativo ésubstancialmente maior e, portanto, o re-querimento burocrático é menor e me-nores também são os potenciais atritosentre os objetivos de regulação e de ad-ministração.

Porém, possui também algumas desvan-tagens:

· em circunstâncias de elevado risconão há garantia de oferta, ou seja, se o in-vestimento for percebido como de altorisco é possível que não haja nenhuma fir-ma concessionária disposta a ofertar semalgum tipo de segurança extra;

· a vantagem das informações reque-ridas poderem serem exógenamente ob-tidas e, portanto, serem mais simples, temum lado negativo, pois se geram potenci-

ais ganhos de informação (informationalrents) por parte da concessionária;

· o uso excessivo deste modelo podelevar a uma falta de incentivo ao investi-mento, particularmente em áreas de in-fraestrutura relacionadas à redes, como asde transmissão no setor elétrico4. No fun-do, isto simplesmente reflete o fato de queé melhor, sempre que possível, ter comobenchmark o preço que reflete o valor demercado.

Diante deste quadro fica claro que,como o objetivo em discussão é eficiên-cia, o modelo por price cap parece semdúvida ser mais forte que o modelo portaxa de retorno; isto por que o incentivoa produzir de maneira eficiente é, obvia-mente, muito maior quando existem in-centivos à minimização de custos. Dei-xando de lado situações extremas ondeo risco percebido é suficientemente altopara requerer algum tipo de retorno as-segurado, a única vantagem do modelode taxa de retorno é sua suposta corre-ção do que podemos chamar de “dife-rencial de bem estar” entre o verdadei-ro valor social e o valor percebido pelafirma; esta vantagem porém é muito tê-nue, particularmente pela dificuldade prá-tica de ser medida.

É importante porém deixar claro umponto: a suposta vantagem informacionaldo modelo por preço teto é ilusória, poisem ambos modelos, pode ser deduzido,é possível trocar menor informação (ou,mais precisamente, informação mais sim-ples de ser obtida) por maiores custos re-lacionados a assimetrias de informação.

Assim, é possível afirmar que o mo-delo de price cap é superior ao modelode taxa de retorno sob a ótica da pro-moção de eficiência5. Na experiência prá-tica, a maioria dos países, começandopela experiência inglesa da década de 806,tem adotado sistematicamente algum tipode variação do modelo por price cap, in-clusive a Argentina e o Brasil. Uma notá-

4 No setor elétrico, há uma grande discussão também em se procurar evitar o uso excessivo deste modelo (como de qualqueroutro modelo de regulação) no segmento competitivo da geração.

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da nota base seja 6 e o valor do raio1seja 2, a nota base a partir da qual asnotas serão geradas pode estar entre 4e 8. Gerada aleatoriamente a nota base,neste intervalo, por exemplo 7, com raio2 igual a 3, as notas geradas estarão nointervalo entre 4 e 10. Caso o resultadoda soma da nota base com o raio 2 sejamaior que dez, é assumido este comovalor máximo, caso o resultado da sub-tração da nota base com a raio 2 sejamenor que a nota mínima expressa pelovalor mínimo, este é assumido comonota mínima.

Também podem ser definidos o núme-ro de agentes participantes da simulação(NúmeroPessoas) e quantas versões dosdocumentos deveriam ser idealmente dis-ponibilizadas (NumeroVersões). A partirdestas condições, deve ser definido ograu de participatividade da comunidadevirtual de aprendizagem (Participação%),que representará o quanto em média osagentes disponibilizaram os seus objetos.Tal valor varia de 0% a 100% e a partirdeste será definida a quantidade de valo-res a serem gerados.

Nesta tela também são definidos os

pesos de cada um dos valores, conformeapresentado na figura 2. Convém ressal-tar que, como se tratam de valores rela-tivos percentuais, o somatório deve ser100.

Cadastradas as condições de contorno,o número de agentes envolvidos, o núme-ro de versões, o percentual de participa-ção, devem ser estabelecidos os pesos decada uma das versões, a partir do botãopeso versões, que representa o valor rela-tivo de cada objeto disponibilizado em re-lação ao todo dos objetos, conforme apre-sentado na figura 7.

Figura 7 – Sistema de distribuição dos Pesos

Definidos os pesos, é possível gerar os valores das avaliações a partir do botãoGERA. Os valores gerados podem ser observados diretamente nas tabelas de pessoas,conforme pode ser observados parcialmente nas figuras 8 e 9.

Figura 8 – Avaliações recebidas pelo indivíduo 1

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vel exceção são os EUA, onde o proces-so regulador é mais antigo e passa no mo-mento por uma profunda desregulamen-tação que visa incorporar os ganhos com-petitivos propiciados pelas recentes ino-vações tecnológicas7. Mas, via de regra,os países que adotaram a regulação nosúltimos anos, particularmente depois deprivatizarem seus serviços de utilidadepública, têm adotado algum tipo de vari-ação do modelo por price cap.

Este modelo, todavia, não elimina oproblema de propiciar potenciais apropri-ações de bem estar por parte da conces-sionária em função da assimetria de infor-mações8. O que isto significa na prática éo que diz o velho ditado dos economistas“não existe refeição sem preço”, ou seja,os ganhos de eficiência decorrentes dosincentivos à redução de custos e da sepa-ração explícita das atividades reguladora eadministrativa, têm como preço o aumen-to das assimetrias de informação decor-rentes do alto incentivo que a firma temem mentir sobre sua performance e re-ter níveis de lucros maiores.

A teoria ótima de regulação sugereque seja determinado um dado preço tetoe que desde então só haja reposição deinflação, para que assim os efeitos do in-formational rent sejam pelo menos dis-tribuídos de forma contínua ao longo dotempo, reduzindo assim as distorções po-tênciais. Na prática, porém, isto é prati-camente impossível, pois o teto pode tan-to ser muito elevado (gerando imensoslucros e, consequentemente, tremendapressão para renegociação), ou muitobaixo (e a empresa ser levada à falência).Resta muito pouco a se fazer a não serrenegociar9 e procurar transferir os gan-hos de produtividade para o consumidor,algo que naturalmente tende a ocorrer

em regimes competitivos10. Como o pro-blema de informação sempre será umproblema para a atividade reguladora (afi-nal, a firma sabe mais de si do que a agên-cia), é importante complementar estaatividade com a promoção da eficiênciasempre que possível.

Como discutimos anteriormente, mui-tas vezes é posto, em defesa dos mono-pólios, o argumento da manutenção dostatus quo quando os custos de duplica-ção dos custos fixos superam os eventu-ais ganhos com uma maior competição,muitas vezes potencialmente apenas du-opolística. É preciso, porém, ter em men-te que, na coluna dos ganhos com a com-petição é preciso adicionar os ganhoscom a diminuição das distorções geradaspelas assimetrias de informação. Se istofor feito, o argumento em favor de se in-centivar, sempre que possível, um ambi-ente competitivo, ganha forte racionali-dade.

Bem, sintetizando um pouco as idéiasque desenvolvemos até agora temos oseguinte:

· em um segmento claramente com-petitivo não parece haver, do ponto de vis-ta da eficiência, nenhuma racional para aregulação;

· na ausência de competição, via deregra, o mais eficiente modelo de regula-ção é o de preço teto;

· este modelo, porém, não elimina aexistência dos informational rents, o querequer incentivo à algum tipo de competi-ção sempre que possível11.

E num quadro onde algum tipo de com-petição é possível (o que é cada vez maiscomum), que tipo de papel regulador ain-da existe? Basicamente dois:

· primeiro, como já discutimos, a mai-oria dos serviços de utilidade pública possui

5 Apesar de que em certas áreas, como a transmissão de eletricidade, existe uma racional para o uso do outro modelo, dadaa eventual possibilidade de ausência de interesse em investir sem uma taxa de retorno garantida. Ver EEI, 2000.6 Originalmente, o modelo por preço teto foi adotado na Inglaterra como reação à falta de incentivos à minimização de custospresente no modelo por taxa de retorno.7 Para uma maior discussão sobre a desregulamentação nos EUA veja Florissi, 2001.8 Ver Laffont, 1998.9 O chamado efeito Ratchet.10 Isto, porém, reduz o incentivo à minimização de custos.

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dos três cenários possíveis de troca. A opçãopela construção de cenários deu-se pela pos-sibilidade de simulação das diferentes situaçõesde troca, visando validar o modelo de cons-trução de comunidades proposto. A obser-vação de trocas efetivamente realizadas nostrouxe a oportunidade de verificar eventuaisdistorções a serem corrigidas, bem comovalidar as simulações ocorridas. Inicialmentedescreveremos os cenários simulados e, porfim, apresentaremos um relato das trocasocorridas na comunidade observada. A utili-zação de cenários visando a validação demodelos encontra respaldo em (Rodrigues,2003). Convém ressaltar que, com a disponi-bilização do simulador, diferentes cenáriospodem ser modelados e simulados, sendoque as possibilidades de combinações na cons-trução destes é virtualmente infinita.

3.1. Simulador implementado

O simulador foi implementado tendo porbase o sistema de gerência de arquivos Mi-crosoft Access 2002 em ambiente MicrosoftWindows. As funcionalidades implementa-das são (i) a geração aleatória de valores paraavaliação de acordo com condições de con-torno a serem definidas, (ii) calculo do valorda reputação com base nas equações defini-das na seção 1, tanto a partir dos valoresgerados quanto de valores definidos pelousuário. A partir da tela principal (figura 6),selecionando o botão PADRÕES, podemser definidas as condições de contorno,como se observa na figura 6.

Figura 6 – Padrões: Condições de Contorno

São elas:Base: Valor a partir do qual as notas vãoser geradasRaio11111: Intervalo de variação dos valoresna nota base, par mais ou menosRaio 2: Intervalo de variação a partir danota base, para mais ou menos

Mínimo: Valor mínimo que uma notapode ter

A partir destas condições de contor-no é que serão gerados os valores alea-tórios para simulação do calculo de re-putação. Exemplificando, caso o valor

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algum tipo de interconexão entre setorescompetitivos e não-competitivos, que re-quer regulação sobre as tarifas de acesso;

· e, segundo, existe toda uma série deregulamentos, que vão desde códigos deconduta até leis de meio-ambiente, querequerem, como já discutimos, ou umcódigo de leis e regulamentos, ou (con-juntamente) um corpo regulador.

O estabelecimento das tarifas de aces-so é um exercício extremamente difícil; apossibilidade da firma incumbente de ob-ter taxas razoáveis de retorno sobre seusinvestimentos em infraestrutura, e, por-tanto, ter incentivos de gerar novos inves-timentos, depende destas tarifas. Por ou-tro lado, a possibilidade de novos e maiseficientes entrantes de terem sucesso nomercado, assim como o incentivo para evi-tarem ineficientemente a infraestruturaexistente, também dependem destas tari-fas. Vamos apresentar um breve resumodos principais argumentos desta discussão.

O debate teórico sobre as tarifas deacesso, é relativamente dominado peloECPR (Efficient Component Pricing Rule).A idéia aqui é de garantir eficiência obrigan-do a tarifa de acesso a igualar o custo deoportunidade do incumbente. O problemacom este modelo parece ser que assume amesma função custo para todas as firmas.Além disso, dimensões extremamente im-portantes do problema são negligenciadas,como custos de informação, por exemplo.

Do ponto de vista empírico, apesar deraramente usado de forma integral, o para-digma é o custo marginal, principalmente nomercado de telecomunicações. Para calcu-lar este custo, o regulador é suposto otimi-zar custos baseado em um determinadomodelo, calcular uma depreciação econô-mica que envolva tanto a depreciação físicacomo o progresso técnico, e, finalmente,calcular provável futura demanda para teruma idéia do uso total da infraestrutura.

Este paradigma tem, pelo menos, trêsproblemas:

· não obedece princípios econômicos

básicos, pois, apesar do custo marginal sero correto ponto de referência em merca-dos competitivos, o próprio conceito detarifas de acesso vem da existência de ele-vados custos fixos. Infraestruturas envol-vendo altos custos fixos jamais seriamconstruídas se seus proprietários tivessemque cobrar apenas os custo marginais;

· o fato das tarifas cobradas sob esteparadigma não permitirem lucro no acessoà rede, serve como tremendo incentivo àfirma incumbente de usar seu peso sobre aparte competitiva do mercado, através deimpedimentos de acesso de novas firmas pormétodos que não sejam preço. Estes com-portamentos acabam exigindo maior neces-sidade de interferência regulatória;

· finalmente, o cálculo do custo mar-ginal deixa a responsabilidade da determi-nação dos preços nas mãos dos regulado-res e pode ser bastante questionável. Esteponto, junto ao anterior, parece incenti-var o aparecimento de uma estrutura rígi-da e regulada, bem diferente do argumen-to dinâmico que é feito originalmente emdefesa do paradigma.

Uma alternativa interessante (Laffont,1998) parece ser o chamado global cap pri-ce (preço teto global) que basicamente in-clui no preço teto também a tarifa de aces-so; ou seja, esta tarifa é considerada comoum bem final e não como um bem inter-mediário. As grandes vantagens deste mo-delo parecem ser os incentivos geradospara otimização, já que todos os custos sãode fato usados na definição do preço teto;além disso, por simplificar as várias fragmen-tações na regulação, existe um incentivo àredução dos subsídios cruzados12.

5. Por que regular? A questão distri-butiva

Nas próximas seções iremos retomara análise da relação da atividade regulado-ra com a questão distributiva.

Mesmo quando um corpo regulador écapaz de responder às recomendações te-

11 Laffont, 1998 defende que esta combinação dá resultados próximos do ótimo, ou seja, preços do tipo Ramsey.12 Para uma maior discussão sobre tarifas de acesso ver Laffont, 1998.

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Crédito moral social negativo significaque os esforços na construção da socie-dade não estão sendo devidamente con-siderados, ou que estes estão sendo reali-zados na direção errada.

Crédito econômico social negativosignifica que as avaliações não estão cor-retamente dimensionadas, sendo que ouos produtores estão superestimandoseus objetos ou os consumidores nãoestão os valorizando como deveriam.Em ambos os casos se faz necessário aintervenção do coordenador da socie-dade, através do ajuste dos pesos, visan-do o diagnóstico do problema e a con-seqüente obtenção do equilíbrio. Tal re-lação é explicitada na equação 5.

EQUILÍBRIO SOCIAL = Crédito moral social =

Crédito econômico social = 0

Equação 5 – Formalização do equilíbrio social

O equilíbrio nestas comunidades significaque o os esforços realizados para a constru-ção e manutenção destas estão corretamen-te avaliados e que os objetos que a compõesão efetivamente pertinentes ao contextodesta. Além disso, a situação de equilíbrioindica que as trocas estão sendo ricas e quea avaliação dos pares justa.

Em relação às propriedades de um sis-tema de reputação apresentadas anterior-mente, podemos avaliar, já nesta propos-ta, algumas características do sistema dereputação definido. São elas:

3. Estudo de Caso

Visando a validação deste, foi implemen-tado um simulador onde as diferentes variá-veis componentes do mecanismo de repu-tação podem ser manipuladas com o objeti-vo de verificar a possibilidade de aplicaçãodeste na implementação de uma comunida-de virtual de aprendizagem, além disso, fo-

ram efetuadas observações em uma comu-nidade de aprendizagem constituída em umaturma de graduação do quarto semestre doCurso de Licenciatura em Computação daFaculdade Cenecista de Osório – FACOS,durante o primeiro semestre letivo de 2004.

Inicialmente foram modelados e simula-71

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óricas mais gerais e práticas, geralmentesempre existirão ajustamentos necessári-os, devido principalmente às especificida-des de cada economia,como sua estrutura le-gal e suas característi-cas sócio-econômicase culturais. De modoparticular, as questõesde caráter social e dis-tributivo, e como a so-ciedade as encara, têmimportância fundamental na elaboraçãodas tarifas, dos planos de investimento eno desígnio das obrigações de oferta soci-al das concessionárias. Como exemplo deítens a serem considerados temos:

· subsídios explícitos à diferentes ca-tegorias de investidores, baseados em suaslocalizações geográficas, seu nível de ren-da e as características específicas de suascurvas de consumo;

· procedimentos especiais para regu-larizar o aspecto “fantasma” de certosconsumidores;

· serviços a preços diferenciados parapensionistas ou deficientes físicos.

À parte as óbvias considerações de ca-ráter ético, existem alguns motivos bemconcretos que justificam a extensão de umdeterminado serviço a um grande núme-ro de consumidores:

· economia nos custos fixos elevadosdos monopólios naturais;

· externalidades positivas que sejamtanto difíceis de internalizar ou ignoradaspelos consumidores;

· ganhos na escalade produção da econo-mia como um todo.

Acesso à telefoniapode ser consideradoum exemplo de dinami-zação da escala produti-va; acesso ao saneamen-to básico pode ser considerado uma exter-nalidade positiva; já subsídio aos deficientese aposentados podem ser colocados nacoluna de razões éticas.

Para melhor compreendermos esta dis-

cussão precisamos agora definir dois con-ceitos que resumem bem a relação entreos problemas encontrados nesta discussão

e as possíveis soluções paraos mesmos.

6. Os conceitos de Ser-viço Obrigatório (SO) ede Obrigação de Servi-ço Universal (OSU)

Uma das principais pre-ocupações de política econômica que acom-panha as privatizações é a de manter o nívelde consumo dos serviços. O risco de queisto aconteça vem tanto do risco de ofertainsuficiente como de demanda insuficiente.O primeiro risco se refere à possibilidade daconcessionária não ter interesse em servirum determinado mercado a um determina-do preço. O segundo, simplesmente, se re-fere à possibilidade do nível de consumo pri-vado não atingir um nível satisfatório sob oponto de vista social. O conceito de ServiçoObrigatório se refere ao problema pelo ladoda oferta, enquanto o conceito de Obriga-ção de Serviço Universal se refere ao pro-blema pelo lado da demanda.

O Serviço Obrigatório ocorre quandouma concessionária é forçada a dar acessoaos seus serviços a todos os usuários queassim o desejarem ao preço corrente. Es-pecificamente existem dois tipos de servi-ço obrigatório: o uni-direcional, onde oofertante não pode discriminar preços,como é o caso das comunicações e da ele-tricidade, e o bi-direcional, onde, além do

ofertante não poder discri-minar preço, o demandan-te é forçado a aceitar o ser-viço, como no caso do sa-neamento, por razões desaúde e meio ambiente.

A Obrigação de ServiçoUniversal é baseada na idéia

de dar a todos os membros da comunida-de a possibilidade de consumo do serviçopor meio de tarifas suficientemente bai-xas. Veja que o conceito de OSU é maisforte que o de SO, pois enquanto no se-

Tabela 1 – Propriedades dos sistemas de reputação e suas implicações no sistema proposto

“À parte as óbvias consi-derações de caráter ético,existem alguns motivos bemconcretos que justificam aextensão de um determina-do serviço a um grande nú-mero de consumidores.”

“O Serviço Obrigatórioocorre quando uma conces-sionária é forçada a dar aces-so aos seus serviços a todosos usuários que assim o de-sejarem ao preço corrente.”

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Aqui se faz necessário esclarecer o signifi-cado de cada um dos valores a serem obtidos.VveP Valor econômico da avaliação do pro-

dutor qualidade que o produtor atribui ao seu

objeto

VvmP Valor moral da avaliação do produtor

esforço dispendido pelo produtor para realizar

o objeto

VveC Valor econômico da avaliação do con-

sumidor qualidade que o consumidor atribui ao

objeto

VvmC Valor moral da avaliação do consumi-

dor aplicação que o consumidor fez do objeto

na construção de seus objetos

Figura 4

Além disso, no modelo inicialmenteproposto por Costa, a relação entre pro-dutor e consumidor é de 1-1, ou seja, cadaobjeto produzido é avaliado por um con-sumidor. No escopo deste trabalho, o mo-delo passa a ser 1-n, ou seja, cada objetoproduzido é avaliado pordiversos consumidores;sendo assim, as trocasapresentadas na figura 4passam a ser modeladasconforme a figura 1, jus-tificando-se o uso do so-matório.

Figura 5 – Interação 1 produtor – n consumidores

Para que se construa o valor da re-

putação de cada um dos indivíduos, faz-se necessário considerar cada um dosseus objetos, sendo que, visando mini-mizar o efeito de número de produções,este se dará pela média. É possível aindaao coordenador da sociedade atribuirpesos aos diferentes objetos na constru-ção da reputação do indivíduo (Pobj),sendo assim, a reputação do indivíduona sociedade será calculada através daequação 2:

Equação 2 – Cálculo da reputação de um indivíduo

A reputação vai definir a confiança a serdepositada no indivíduo no processo detroca. Indivíduos com maior reputaçãoserão mais procurados para fazer trocas,supondo que isso represente que os ob-jetos que eles disponibilizam são mais con-fiáveis e tem melhor qualidade.

A partir destes conceitos, faz-se neces-sário estabelecer as condições de equilí-brio nas trocas. O equilíbrio ocorre quan-do o investimento realizado na produçãode um objeto é equivalente à satisfação ob-tida pelo consumidor. Em uma sociedadeem equilíbrio a diferença entre as avalia-

ções do produtor e consumi-dor tende a zero. Outro fatorrelevante para a determinaçãodo equilíbrio é o interesse dosmembros da sociedade nos ob-jetos disponibilizados, assim, adiferença entre os valores mo-rais do produtor e consumidortambém deve tender a zero.

Em uma sociedade equilibrada, de acor-do com este conceito estabelecido, oscomponentes têm a real dimensão da qua-lidade de seus objetos disponibilizados (atra-vés do equilíbrio econômico) e estes têmreal significação para todos na sociedade(equilíbrio moral). Formalizando o equilí-brio, temos então as equações 3 e 4:

Equação 3 – Cálculo do crédito moral social

Equação 4 – Cálculo do crédito moral econômico

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gundo a produção é endógena se ajustan-do a uma dada tarifa, no primeiro a tarifatambém se ajusta até um nível de consu-mo satisfatório

A distinção entre estes dois conceitos éimportante, pois implica em ações diferentespor parte da agência reguladora. Impor OSUsem dúvida requer mais interferência regula-dora e deve ser bem considerado, levandoem conta particularmente a importância so-cial do serviço em questão. Um problemaparticularmente sério da OSU (e também umdos grandes dilemas dos reguladores) é en-corajar o consumo evitando, porém, proble-mas de free-rider e uso indevido do serviço.

Basicamente o conceito de SO se apli-ca quando:

· diferenças geográficas aumentam ocusto de oferta para certos consumidores;

· quando alguns consumidores apre-sentam problemas de acesso, como osdeficientes físicos;

· quando o nível de oferta de certosserviços é inferior ao socialmente desejável.

O conceito de OSU, por sua vez, seaplica quando:

· o produto é essencial;· quando há grupos de consumidores

que não podem ganhar acesso ao serviçodentro das tarifas correntes;

· quando a impossibilidade de ganharacesso, ou a falta de oferta, limitam o con-sumidor em outros mercados, como o detrabalho, por exemplo;

· quando a impossibilidade de ganharacesso, ou a falta de oferta, significam aexclusão do consumidor do progresso tec-nológico e da evolução das sociedadesmodernas, como é o caso do setor de co-municações.

O grande problema com o OSU, semdúvida, é como financiá-lo. Ao contrário doSO, o conceito de OSU é mais amplo e maisforte, requerendo reduções do nível das ta-rifas. Esta redução, muitas vezes, não é ape-nas a níveis inferiores ao praticado pelo mo-nopólio, mas também inferior a que seriapraticado em um mercado competitivo,dependendo do nível de renda das cama-das mais pobres da população. Além disso,

se o preço se distância dos custos de opor-tunidade (custos marginais), um custo soci-al não internalizado pela firma (mas pagopela sociedade como um todo) tambémdeve ser considerado.

A princípio, existem quatro métodosde financiamento das OSU:

· transferências diretas aos consumi-dores;

· estabelecimento de um fundo;· subsídio-cruzado entre consumido-

res e/ou produtos;· flexibilidade da duração da concessão.Em termos de eficiência econômica, as

transferências diretas são a melhor solução,pelo fato de que os preços relativos na eco-nomia não são alterados. Existem, porém,dois problemas práticos com esta solução;primeiro é extremamente difícil para o re-gulador saber a real capacidade de pagamen-to de cada agente e o exato custo de produ-ção de cada área; segundo, o regulador temde ter certeza de que a transferência seráusada no serviço para a qual foi concebida.

Uma solução para parte destes proble-mas é a transferência dos recursos diretopara as empresas; embora esta soluçãoresolva o problema do uso dos recursospor parte dos consumidores, continua aser difícil identificar quem realmente ne-cessita de ajuda.

O estabelecimento de um fundo é basi-camente uma forma de recolher recur-sos para transferências diretas quando aOSU recai somente sobre parte das fir-mas que operam no mercado; neste casotodas as empresas contribuiriam para estefundo e não apenas as firmas sujeitas àOSU. É preciso ter cuidado, porém, poisse os mecanismos de coleta não foremclaros e definidos os incentivos de inves-timento e a competição podem ser seri-amente prejudicados.

O uso de subsídios-cruzados é resultadodireto da incapacidade do regulador de es-tabelecer diferentes tarifas de acordo comos custos de produção. Um grande proble-ma com este subsídio é que ele possui umalto custo em termos de eficiência, pois dis-tância os preços relativos dos custos relati-

“O equilíbrio ocorrequando o investimentorealizado na produçãode um objeto é equiva-lente à satisfação obti-da pelo consumidor. “

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Um ganho importante em relaçãoaos mecanismos de troca definidos an-teriormente é que a questão da renún-cia material não está presente no quediz respeito às redes peer-to-peer, umavez que o recurso é disponibilizado, maso indivíduo que o disponibiliza não temque abrir mão do bem para que ele sejapossuído pelos demais indivíduos da so-ciedade.

Um indivíduo a disponibiliza um bem,que é utilizado por um indivíduo a’. Aoutilizar, o indivíduo a’ não consome, ouseja, não gera perda para o indivíduo a’,uma vez que não se tratam de produ-tos materiais. Ao contrário, ao consu-mir é agregado valor moral ao bem con-sumido, tornando-o mais atraente paraa sociedade, mas mesmo assim, é ge-rada uma renúncia moral em a’, umavez que este fica agradecido ao indiví-duo que disponibilizou o bem. Esta re-núncia moral de a’ caracteriza o valormoral agregado a a’, ou seja, quantomais eu disponibilizar os meus materi-ais, melhor será o meu desempenho nasociedade.

A quantificação dos valores aconte-cerá pela avaliação dos pares, ou seja,ao acessar um objeto disponibilizadopor a, a’ deverá quantificar a qualidadedeste objeto (valor econômico) e ograu de relevância deste objeto na cons-trução de seus objetos pessoais (valormoral). A partir destes valores seráconstituída a reputação de cada um dosindivíduos. Com base na reputação vãose estabelecer as trocas. O processo deconstrução da reputação de cada umdos indivíduos ocorre da seguinte for-ma:

Inicialmente o coordenador da socie-dade estabelece, através de um formulá-rio de classificação de parâmetros, pesos

de cada um dos valores obtidos dos usuá-rios, definindo assim as regras de funcio-namento da sociedade.

Os mecanismos de manipulação quepossibilitam a definição da sociedadesão:

PveP Peso valor econômico da avaliação do

produtor

PvmP Peso valor moral da avaliação do produtor

PveC Peso valor econômico da avaliação do

consumidor

PvmC Peso valor moral da avaliação do con-

sumidor

PNA Peso do numero de acessos

Figura 2 – Pesos dos valores a serem manipulados

Os pesos são relativos e o somatóriodestes é 100.

Os valores a serem obtidos dos usuári-os são:

VveP Valor econômico da avaliação do produ-

tor

VvmP Valor moral da avaliação do produtor

VveC Valor econômico da avaliação do consu-

midor

VvmC Valor moral da avaliação do consumidor

Figura 3 – Significado dos valores a serem manipulados

A reputação de cada um dos objetospertencentes aos componentes da socie-dade será calculada através da seguinteregra explicitada na equação 1:

Equação 1 – Cálculo da reputação de um objeto

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vos (custos marginais); portanto, ao definiro formato destes subsídios é importante terem mente a busca por um formato que mi-nimize este custo. O subsídio pode ser tan-to entre produtos (como no caso da telefo-nia básica sendo subsidiada por outros servi-ços mais exclusivos) ou simplesmente entreconsumidores, até porque certas indústrias(como água e saneamento) não possuemdiversidade de produtos e serviços para op-tar pela primeira opção.

Uma forma final de financiamento, par-ticularmente no caso de monopólios, seriaa extensão dos direitos de concessão desdeque estes fossem necessários ao auto-finan-ciamento, por parte da concessionária, desuas obrigações em relação à OSU.

Em alguns mercados, como o das tele-comunicações e de eletricidade, uma ou-tra discussão se faz presente: uma ques-tão fundamental, sob o ponto de vista doregulador e de política econômica, é acompreensão que a OSU é basicamenteum mecanismo externo que age sobre ospreços, distanciando-os de uma alocaçãoeficiente, e com um impacto econômicoque pode ser dividido em distributivo (en-tre consumidores) e alocativo. A princípio(baseados na regra de Ramsey) podemosafirmar que estes distúrbios de eficiênciaserão menores nos mercados onde a de-manda é menos elástica. Portanto, algu-mas questões interessantes emergem des-ta constatação:

· a OSU deve ser imposta no acessoà rede, no uso pelos consumidores ou emambos?

· qual opção possui um custo socialmenor?

Como normalmente a demanda deacesso à rede é menos elástica do que ademanda dos consumidores, uma tarifasobre o acesso à rede seria menos distor-civa e, possivelmente, teria um custo so-cial menor.

7. Conclusão

Neste trabalho nos guiamos basicamen-te por duas perguntas: por que e como re-

gular. Dividimos nossa discussão em doisaspectos: eficiência e efeitos distributivos.Vejamos então a que conclusões pude-mos chegar, para cada pergunta, em cadaaspecto:

Por que regular? Sob o ponto de vistada eficiência, temos o seguinte resultado:

· em um segmento claramente com-petitivo não parece haver nenhuma raci-onal para a regulação, portanto, sob o pon-to de vista da eficiência, a regulação só fazsentido na ausência de um ambiente cla-ramente competitivo. Isto corrobora aidéia cada vez mais defendida de que,mais importante do que privatizar é es-tabelecer, sempre que possível, um am-biente competitivo.

Como regular?

· na ausência de competição, via deregra, o mais eficiente modelo de regu-lação é o de preço teto;

· este modelo, porém, não eliminaa existência dos informational rents, oque requer incentivo à algum tipo de com-petição sempre que possível.

E, num quadro onde algum tipo decompetição é possível (o que é cada vezmais comum), que tipo de papel regula-dor ainda existe? Basicamente dois:

· primeiro, como já discutimos, a mai-oria dos serviços de utilidade pública possuialgum tipo de interconexão entre setorescompetitivos e não-competitivos que re-quer regulação sobre as tarifas de acesso;

· e, segundo, existe toda uma sériede regulamentos, que vão desde códigosde conduta até leis de meio-ambiente,que requerem, como já discutimos, ouum código de leis e regulamentos, ou(conjuntamente) um corpo regulador.

Bem, e sob o ponto de vista distributi-vo, por que regular? Existem alguns mo-tivos bem concretos que justificam a ex-tensão de um determinado serviço de uti-lidade pública a um grande número deconsumidores:

· economia nos custos fixos eleva-dos dos monopólios naturais;

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2. Modelagem

Para que se modele situação apre-sentada, faz-se necessário analisar aquestão das trocas na Teoria de Intera-ção Social de Piaget em relação às tro-cas realizadas em ambientes computa-cionais, chegamos aos esquemas apre-sentados por Costa, 2002. Assim, defi-nimos troca como qualquer seqüênciade operações realizada por dois agen-tes (neste caso, humanos ou computa-cionais, constituintes da comunidade)que tenha uma das formas básicas mos-tradas nos diagramas de seqüências fi-gura 1.

Denominamos de troca do tipo pro-dutor-consumidor qualquer troca que sigao padrão ao PC da figura 1, porque a se-guinte interpretação é possível da seqüên-cia de operações:

Prd = Agente Produtor;Cns = Agente Consumidor;r = Valor de investimento para P da ação reali-

zada por P;s = Valor de satisfação para C da ação realizada

por P;t = Valor de reconhecimento por parte de C da

satisfação causada pela ação de P;v = Valor de acumulação de crédito por P em

função do reconhecimento de C.

Denominamos de troca do tipo clien-te-servidor qualquer troca que siga o pa-drão Cns da figura 1, porque a seguinteinterpretação é possível da seqüência deoperações:

Cns = Agente Cliente;Srv = Agente Servidor;v’ = Valor de crédito de C frente a S devido a

ações anteriores realizadas por C;t’ = Valor de reconhecimento de S do crédito

pretendido por C;r’ = Valor de investimento de S em ação para C;s’ = Valor de realização de crédito de C em fun-

ção do investimento de S.

Os valores correspondentes a açõesefetivas dos agentes (valores r, r0, s e s0 ),Piaget chamou de valores reais, porquedizem respeito à valoração de ações con-cretas dos agentes.

Os valores correspondentes a créditosou débitos adquiridos ou reconhecidos(valores v, v0, t e t0), ele chamou de valo-res virtuais, porque se referem a repre-sentações mentais que os agentes criamdas situações de troca que se estabelece-ram entre eles.

Figura 1 – Formas básicas de interação (Rodrigues, 2003)

A partir destes, podemos classificaras trocas que ocorrem em um ambien-te peer-to-peer como sendo no mode-lo produtor-consumidor e modelar, en-tão, um ambiente que possibilite o pro-cesso educativo baseado na interaçãosocial, mediado por um coordenador.Para tal, deve ser definido um sistemade valores, composto de valores, regrase mecanismo de manipulação destes. Éimportante ressaltar que este sistemaa ser definido serve apenas como refe-rência e estudo de caso, uma vez queo mecanismo de manipulação do ambi-ente para trocas deve ser parametrizá-vel, permitindo ao coordenador a de-finição de seus próprios valores e re-gras sociais.

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· externalidades positivas que sejamtanto difíceis de internalizar ou ignoradaspelos consumidores;

· ganhos na escala de produção daeconomia como um todo; e, finalmente,

· considerações de caráter ético quese enquadram dentro do conjunto de va-lores de uma sociedade.

Como regular, ou seja, como arreca-dar recursos para colocar em prática es-tas justificativas?

· transferências diretas aos con-sumidores;

· estabelecimento de fundos;· subsídios-cruzados entre consu-

midores e/ou produtos;· flexibilidade na duração da conces-

são.Cabe, finalmente, deixar claro que

esta é uma discussão, particularmentena questão normativa das políticas so-ciais e de meio-ambiente, onde aindaexistem inúmeras dúvidas não respon-

didas.

Referências

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1. Introdução

Ao definir um mecanismo de reputa-ção baseado na Teoria de Interação So-cial de Piaget pretendemos que, ao in-teragir com um sistema educacionalonde as diferentes realidades sociais sãosimuláveis, através da constituição de co-munidades virtuais de aprendizagem, oaluno possa modificar suas atitudes deacordo com as regras sociais, ou aindaquestioná-las, visando o seu progressopessoal e o da comunidade como umtodo. Considerando que, para Piaget,1973, o “conhecimento humano é es-sencialmente coletivo e a vida socialconstitui um dos fatores essenciais daformação e do crescimento dos conhe-cimentos pré-científicos e científicos”,quebrar a barreira regional para a cons-tituição de comunidades do conhecimen-to pode ser considerado um avanço sig-nificativo. O fato da comunidade ser pa-rametrizável nos traz a possibilidade demodelagem de diferentes culturas, ondeas diferentes contribuiçõespodem receber valor eco-nômico e moral distintos,caracterizando comunida-des virtuais com caracterís-ticas próprias.

Quanto à forma de valo-ração das contribuições in-dividuais podemos salientara questão das contribuiçõesserem tratadas de acordocom perfis individuais distintos, propician-do assim a evolução de cada um dos indi-víduos, visando estabelecer o equilíbrioentre o mental e o social, no sentido emque o indivíduo, tornado membro adultodesta comunidade estabelecida não teriamais como pensar fora desta socializaçãoacabada. Nesta questão, é de especial im-portância a manutenção do histórico in-dividual, para que este indivíduo socialpossa ter a consciência de sua caminhadano sentido deste tornar-se social.

Para que tal situação ocorra, faz-se ne-cessário um meio parametrizável de se

efetivar as trocas materiais no processode interação social, com a potencializa-ção das diferenças uma vez que o pro-cesso de construção social se dá atravésdestas. Considerando que a interaçãoentre dois sujeitos potencialmente osmodifica significativamente, teremos, poisum espaço de construção coletiva ondea totalidade é constituída pelo “conjuntodas relações entre os indivíduos” e nãomeramente pela soma das contribuiçõesindividuais.

Cada indivíduo é anônimo na constru-ção coletiva, desta forma, as produçõesindividuais são avaliadas (ou seja, agre-gam ou perdem valor moral) na medidaque contribuem para o sucesso e o fun-cionamento da comunidade. A estrutu-ra social e o funcionamento da comuni-dade dependem de regras estabelecidaspelo gerente desta. Neste processo, nãohá mais espaço para o sucesso individuale cada um dos sujeitos torna-se respon-

sável equilíbrio da comuni-dade e, a partir disso, doconseqüente equilíbrio so-cial.

A grande diferença das co-munidades atuais está no fun-cionamento do sistema depontuação social, que podeser dinâmico e parametrizá-vel, possibilitando àquele quegerencia a sociedade estabe-

lecer e modificar regras sociais. O suces-so ou fracasso da comunidade vai ser defi-nido pelo entendimento e atuação de cadaindivíduo conforme as regras sociais esta-belecidas. Emerge daí, então, um ambien-te de suporte a comunidades virtuais ondenão são consideradas as instituições, umavez que a Teoria de Interação Social dePiaget não as contempla. Estamos propon-do, então, um modelo de sistema de re-putação que se classifica, de acordo coma taxionomia proposta por SANCHES2002, como dinâmico, absoluto e misto.

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7. Urbanismo e edificações: a acessibilidade e eliminaçãode barreiras como pré-requisito à inclusão

Alexandre Guella FernandesArquiteto (PUC-RS). Mestre em Engenharia (UFRGS).

e-mail: [email protected]

Resumo

O artigo descreve a importância de se ado-tar efetivamente os conceitos de acessibilida-de e eliminação de barreiras, nos espaços ur-banos e nas edificações para garantir a inclu-são de qualquer pessoa, com suas caracterís-ticas e deficiências. Destacam-se o planeja-mento urbano e alguns desafios para solucio-nar as diversas barreiras presentes nas cida-des e na vida dos cidadãos. Descreve-se opercentual de custo para implantação de umprojeto de acessibilidade. Conclui-se o artigoregistrando a necessidade de se adaptar e re-formar todas as edificações, espaços constru-ídos e demais equipamentos utilizados porqualquer tipo de usuário, para que ocorra oefetivo processo de inclusão.

Palavras-chave

Edificação; acessibilidade; inclusão; pro-jeto arquitetônico e urbanístico.

Abstract

This article discribes the importanceto adopt some concepts about the ac-cessibility and barriers removed in urbanspaces and edifications, to defend inclu-sion for each person, with his characte-ristics and defectives. Urban planes andsome challenges are emphasizes to sol-ve different barriers, found in cities andcitizens life. The percentage cost to in-troduct accessibility design is describe.In the end of this article is registred theneed to adapt and renovation of all edi-fications, construction spaces and equi-pments used by any people to qualify theinclusion process.

Keywords

Edification; accessibility; inclusion; archi-tecture and urban design.

1. Introdução

“Não existem pessoas iguais... as di-ferenças entre os seres humanos, se-jam de ordem física, afetiva, intelectu-al, social ou espiritual, não significamdiferenças no que diz respeito a suadignidade” (CNBB, 2005). Estas afir-mações induzem ao conceito de quenão existe normalidade, se considerar-mos que cada ser humano é diferentede qualquer outro. O respeito a suadignidade encontra resposta e apoio namedida em que as suas necessidadesbásicas são atendidas com qualidade.Qualharini & Anjos (1997) complemen-tam este assunto, afirmando que “... amaioria das pessoas, em alguma faseda vida, pode tornar-se incapaz, para a

realização de tarefas quotidianas, de-vido à gravidez, acidentes, seqüelas dedoenças, idade avançada ou por apre-sentarem síndromes incapacitantes”.Sob este enfoque, todos os seres hu-manos poderiam ser consideradoscomo: pessoas com direitos especiaispara suprir suas deficiências específi-cas - PDESDE.

Entende-se por acessibilidade a“condição para utilização, com seguran-ça e autonomia, total ou assistida, dosespaços, mobiliários e equipamentos ur-banos, dos serviços de transporte e dosdispositivos, sistemas e meios de comu-nicação e informação, por pessoa por-tadora de deficiência ou com mobilida-

“... a totalidade éconstituída pelo “con-junto das relações en-tre os indivíduos” enão meramente pelasoma das contribui-ções individuais.”

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Resumo

Este trabalho tem como objeto de es-tudo os mecanismos de reputação emcomunidades virtuais de aprendizagem im-plementadas através de redes de compar-tilhamento Peer-to-Peer. Os sistemas dereputação, modelados através da Teoriada Interação Social de Piaget e dos con-ceitos de comunidade e sociedade apre-sentados por Ferdinand Tonnies represen-tam a contribuição deste e visam a eficien-te implantação de Comunidades Virtuais deAprendizagem através de Peer-to-Peer.Considerando que a identificação de ori-gem e relevância é uma condição indispen-sável à constituição de Comunidade Vir-tuais de Aprendizagem, faz-se necessárioestabelecer mecanismos de reputação quecontemplem tais questões. O conceito devalor, o estabelecimento de critérios deavaliação para os objetos disponibilizados,bem como de classificação dos agentescomponentes da comunidade são objetosde estudo do presente trabalho. Este tra-balho situa-se, então, na área de intersec-ção da Ciência da Computação com asCiências da Educação e Sociologia. Na áreadas Ciências da Educação temos o aporteda Teoria de Interação Social de Piaget, daSociologia buscamos apoio em Tonnies e,visando suportar a comunidade virtual aser modelada, buscamos o aporte da Ci-ência da Computação no que diz respeitoas redes peer-to-peer.

Palavras-chave

Redes peer-to-peer, teoria da interaçãosocial de Piaget, mecanismos de reputa-ção, comunidades virtuais de aprendiza-gem.

2. Mecanismo de Reputação em ambientes peer-to-peer baseado na Teoria de Interação Social de Piaget

Letícia Silva GarciaDoutora em Informática Aplicada à Educação (UFRGS),

Coordenadora do curso de Sistemas de Informação na Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre.e-mail: [email protected]

Abstract

The main focus of this work is on thereputation mechanisms of virtual learningcommunities implemented as peer-to-peercontent sharing networks. The reputati-on systems modeled according to the So-cial Interaction Theory of Piaget and to theconcepts of community and society intro-duced by Ferdinand Tonnies are the maincontributions of the present study. The ideais to reach an effective deployment of vir-tual learning communities through peer-to-peer networks. Considering that theidentification of origin and relevance is akey condition to the constitution of virtuallearning communities, it is necessary toestablish reputation mechanisms that ap-proach such questions. The concept ofvalue, the establishment of evaluation cri-teria for objects available, as well as theclassification of agents that constitute thecommunity are objects of study of thisdissertation.This work takes place in anintersection area among Computer Scien-ce, Education and Sociology. The SocialInteraction Theory, by Piaget, supports theEducation area, Tonnies provides the su-pport for the Sociology issues and, fromComputer Science we take the supportfor the peer-to-peer networks approach.

Keywords

Peer-to-peer network, Piaget’s socialinteraction theory, reputation mechanis-ms, virtual learning communities.

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de reduzida” (BRASIL, 2004). As edifica-ções e espaços construídos serão aces-síveis quando oportunizarem a vivência,utilização, alcance e acionamento, porqualquer pessoa (ABNT, 2004). Em ou-tras palavras, a acessibilidade urbana enas edificações ocorre quando se mate-rializam os conceitos de eliminação dasbarreiras, isto é, “qualquer entrave ouobstáculo que limite ou impeça o acesso,a liberdade de movimento, a circulaçãocom segurança e a possibilidade de aspessoas se comunica-rem...” (BRASIL, 2004),atendendo à diversidade decaracterísticas antropomé-tricas, e deficiências mo-mentâneas ou permanen-tes, de ordem sensorial,motora e mental.

As deficiências específicasde cada ser humano poderi-am ser amenizadas caso os espaços cons-truídos, assim como, os equipamentos emobiliários, fossem projetados para suprirqualquer tipo de deficiência humana. Entre-tanto, em função das barreiras existentes,a maioria dos espaços urbanos das cidades,seus equipamentos e suas edificações, exi-ge progressivas modificações, dinamizandoconstantemente, todo o processo tecno-lógico, científico e sócio-humanitário. Nes-te contexto, os espaços construídos adqui-rem significativa importância para garantirum processo normal de inclusão. Desta for-ma, a inclusão de qualquer cidadão ocorre-rá quando as suas necessidades básicas fo-rem atendidas, garantindo a liberdade e aprópria autonomia, propiciando sua parti-cipação na sociedade e nos espaços cons-truídos, independente de suas dificuldadespessoais.

2. Urbanismo

As cidades tornaram-se núcleos conver-gentes para o convívio social, cultural e polí-tico dos seres humanos. O crescimentodesordenado e irregular das cidades geracaracterísticas específicas e peculiares, que

as tornam únicas. Entretanto, apesar de se-rem únicas, a maioria das cidades enfrentadiversos problemas semelhantes, principal-mente no que se refere ao atendimento aosdireitos à infra-estrutura urbana e ao uso dapropriedade urbana em prol do bem coleti-vo, da segurança e do bem-estar dos cida-dãos, para as presentes e futuras gerações(BRASIL, 2002).

As cidades são constituídas de espaçospúblicos e espaços privados. Os espaços pú-blicos, tais como: ruas, calçadas, praças e par-

ques, são os locais onde cadahabitante pode exercer a cida-dania e preservar sua autono-mia. Nestes espaços são en-contradas diversas barreiras,desde a ausência de pavimen-tação ou a presença de obstá-culos que podem gerar aciden-tes. Os espaços privados, des-tinados às edificações, podem

ser de uso individual ou coletivo. O arranjofuncional, qualificado entre espaços públicoe privado, pode ser uma alternativa para seconstruir uma sociedade mais homogênea.Desta forma, um urbanismo racionalizado,que garanta a acessibilidade e a inclusão, podeser uma das alternativas para se respeitar aintegridade física e mental de qualquer cida-dão.

2.1. Planejamento urbano

O planejamento urbano é definido atra-vés dos Planos Diretores Municipais. Este in-tervém nos espaços públicos e privados, in-terferindo nos loteamentos, na atividade daedificação, na volumetria, na taxa de ocupa-ção, na densidade populacional, etc. Entre-tanto, o planejamento não interfere nas ca-racterísticas funcionais da edificação. Esta obri-gação compete aos códigos de edificação.

Atualmente, constatam-se algumas defi-ciências nos planejamentos e traçados urba-nos de épocas passadas. Antigamente, a cul-tura da sociedade, não contemplava os atu-ais padrões e exigências de convívio em so-ciedade. Este fato pode ser constatado naorganização da cidade moderna, que se ca-

“As edificações e es-paços construídos se-rão acessíveis quandooportunizarem a vivên-cia, utilização, alcancee acionamento, porqualquer pessoa.”

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ção e tratamento de água, controle dasemissões atmosféricas, fontes de energiasrenováveis, coleta e tratamento de efluen-tes líquidos domésticos e industriais, bemcomo o gerenciamento de resíduos sólidosem geral, planejamento e gestão de recur-sos hídricos, auditorias e estudos de impac-tos ambientais.

4. Áreas e locais de atuação

O curso de Engenharia Ambiental e Sa-nitária tem sua origem matricial no cursode Engenharia Civil, centrando a sua espe-cificidade na área ambiental e sanitária, paracomplementar a formação de profissionaiscom habilidades e competências para de-sempenhar atividades de planejamento,projeto, direção, supervisão, vistoria e ava-liação, consultoria, fiscalização e execuçãode obras e serviços, orçamentos e opera-ção nas áreas de:

· Sistemas de abastecimento de água;· Sistemas de coletas e tratamento de

efluentes líquidos;· Sistema de drena-

gem urbana e rural;· Sistemas de trata-

mento de efluentes at-mosféricos;

· Avaliação dos Im-pactos Ambientais;

· Planejamento e gestão das bacias hi-drográficas;

· Educação Ambiental;· Obras hidráulicas;· Controle de vetores;· Estudos e ações referentes à melho-

ria da saúde pública;· Gerenciamento de resíduos sólidos;· Recuperação das áreas degradadas;· Pesquisa, análise, ensaios e divulga-

ção técnica.Pela formação interdisciplinar, o Enge-

nheiro Ambiental e Sanitário está capaci-tado a atuar em vários segmentos produ-tivos, dentre os quais pode-se destacar:

· Empresas de saneamento;· Órgãos de planejamento e controle

ambiental;· Indústrias em geral;· Serviços públicos municipais, estadu-

ais e federais;· Empresas de projetos, obras e con-

sultoria;· Prefeituras;· Institutos de pesquisa e desenvolvi-

mento.

5. Perspectivas para o futuro da pro-fissão

A crescente preocupação global com aescassez dos recursos naturais, como porexemplo a água e o petróleo, tem chama-do a atenção de toda a sociedade. Deixoude ser um problema local, para um global,embora alguns países ainda resistam àstentativas de desacelerar o processo de

contaminação geral, jáque isto pode aparente-mente implicar em umadiminuição de conforto.

No Brasil, os profis-sionais que atuavam naárea ambiental comoEngenheiros Químicos,

Civis e de Minas, Geolólogos, estão per-dendo lugar para o Engenheiro Ambien-tal, preferencialmente com a complemen-tação Sanitária. Não por não terem com-petência, longe disto, mas por existir umprofissional formado com conhecimentosespecíficos e completos para a área emquestão. Isto pode ser observado nos úl-timos concursos municipais, que já inclu-em o profissional de Engenharia Ambien-tal em seus quadros de funcionários.

A Faculdade Dom Bosco de Porto Ale-gre acredita que pode fazer parte de todoum processo de conscientização globalsobre as questões ambientais, através desua forma diferenciada de ensino que en-volve conhecimento técnico, ética e pro-fundo amor com o seu semelhante.

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racterizou pelo traçado regular (desenho deum tabuleiro), independente das caracterís-ticas topográficas. Este modelo gerou, emmuitos casos, ruas com declividades acen-tuadas e inadequadas ao des-locamento de um cidadãocom deficiência física. Paraaquela época, a estrutura ur-bana tinha, como principalfunção, a organização dosespaços privados das cidades. As ruas, aindasem pavimentação, eram delimitadas pelasconstruções e utilizadas tanto por carroçase carruagens, quanto por pedestres (REISFILHO, 1978). A industrialização possibilitounovos materiais de construção para a pavi-mentação das ruas. Surgiram as calçadas epasseios públicos pavimentados para gerarconforto e segurança. Com isso, a rua res-gatou uma de suas características iniciais, de-finida por Louis Kahn, como “uma das pri-meiras instituições humanas - uma sala dereunião sem telhado” (GIURGOLA, 1982).

Sob a ótica da acessibilidade e da inclu-são, a maioria das cidades necessita de umplanejamento estratégico para reformula-ção geral de seus espaços públicos, com afinalidade de eliminar as barreiras constru-tivas arquitetônicas, atitudinais, comunica-cionais, metodológicas, instrumentais e tam-bém programáticas (CNBB, 2005).

2.2. Barreiras urbanísticas

Na maioria dos centros urbanos encon-tram-se diversas barreiras existentes nas viaspúblicas e nos espaços de uso público, queimpedem o cidadão de circular de um ponto aoutro da cidade e, até mesmo, usufruir umdeterminado espaço público. O artigo 15 doDecreto-lei 5296 (2004) descreve como algu-mas soluções para eliminar barreiras urbanas:rebaixar as calçadas com rampas ou elevaçãode vias para a travessia de pedestre em nível;instalação de piso tátil direcional e de alerta; e aconstrução de calçadas para a circulação de pe-destres. Entretanto, as soluções podem sermais complexas. Como uma seqüência de pri-oridades, podem-se consolidar rotas acessíveis,a partir dos centros urbanos e pólos comerci-

ais, que abrangem uma maior quantidade deindivíduos. Somente através de um planejamen-to estratégico a curto, médio e longo prazo,independente da gestão político-administrati-

va e definido nos Pla-nos Diretores Urba-nos de cada cidade,podem ser atingidosos objetivos especí-ficos, para garantir a

acessibilidade urbana. Desta forma, a gestãooperacional dos espaços públicos e privadospoderá ser melhor monitorada e implemen-tada. Pois, o processo de evolução dos aglo-merados urbanos só poderá ocorrer na me-dida em que as cidades forem eliminando oslocais e atitudes de exclusão e discriminação,através de uma cultura global de conscientiza-ção da sociedade, que contemple a solidarie-dade e a caridade, como fontes de qualificaçãoda vida urbana.

3. Edificações e espaços construídos

A primeira norma técnica brasileira sobreacessibilidade – NBR 9050, foi publicada em1994 e modificada em 2004. Com esta nor-ma e com as demais exigências legais, os pro-jetos arquitetônicos passaram a ter novasprerrogativas funcionais e conceituais, basea-das na acessibilidade. Diante disso, a inclusãoem qualquer edificação exige que todos osambientes construídos, internos ou externos,não apresentem barreiras ou obstáculos.

Existem barreiras nas edificações quepodem ser facilmente identificadas, comoé o caso de prédio, com dois ou mais pavi-mentos, integrados somente por escadas.Nestes casos fica evidente a inacessibilida-de aos pavimentos superiores para um usu-ário de cadeira de rodas. Entretanto, exis-tem barreiras ocultas, que podem ser iden-tificadas por profissionais habilitados, atra-vés de vistorias técnicas. As barreiras ocul-tas podem estar situadas nas calçadas, es-cadas e rampas. Estes elementos construí-dos devem ter larguras acima de 1,50 m,declividades inferiores a 10%, revestimen-tos antiderrapantes e piso tátil de alertaantes dos obstáculos e corrimões com diâ-

“A Faculdade Dom Bosco dePorto Alegre acredita que podefazer parte de todo um proces-so de conscientização global so-bre as questões ambientais (...)”

“(...) a maioria das cidades ne-cessita de um planejamento es-tratégico para reformulação ge-ral de seus espaços públicos (...)”

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O grande desenvolvimento da regiãometropolitana de Porto Alegre e o aumen-to da população geraram problemas naárea de saneamento básico. Hoje, a cida-de de Porto Alegre conta com vários pro-jetos engajados na melhoria das condiçõesde vida da população e da preservaçãoambiental. Como referência pode-se citaro projeto de despoluição da praia do Lami,processo que contou com o auxílio de umaequipe multidisciplinar, liderado por enge-nheiros civis/sanitaristas,que projetaram todas as ca-nalizações de drenagem ur-bana e sistema de esgoto,destinados à Estação de Tra-tamento de Esgotos Do-mésticos localizada noLami. No Estado do RioGrande do Sul estão sendo desenvolvidosprogramas ambientais de grande alcancesocial. A despoluição das praias, a exem-plo da do Laranjal, em Pelotas, evidenci-am a crescente demanda por engenhei-ros nas áreas ambiental e sanitária. O Cursode Engenharia Ambiental e Sanitária é pio-neiro na cidade de Porto Alegre e regiãoda grande Porto Alegre e o quarto a serinstalado na Faculdade Dom Bosco de Por-to Alegre.

Iniciando suas atividadesem março deste ano(2006), conta com uma ex-celente estrutura física,acervo bibliográfico invejá-vel em número adequadode cada obra, salas de aulasnovas, laboratórios de infor-mática com microcomputadores de últi-ma geração, laboratórios de ensino de quí-mica, física e biologia amplos, com dispo-sitivos de segurança e equipados adequa-damente; tudo isto para proporcionar umambiente saudável para convívio e forma-ção do profissional que aqui escolheu paraestudar.

O quadro docente do curso é compos-to de praticamente 100% mestres e dou-tores, com experiência na área docente etambém em consultorias.

No curso de Engenharia Ambiental eSanitária o acadêmico recebe toda a for-mação básica de engenharia, com a dife-rença desta das outras pelos conhecimen-tos adquiridos nas áreas de Ciências doAmbiente, Ecologia, Saúde Pública e Sa-neamento, em geral. A busca dos conhe-cimentos produzidos, a criação intelectu-al e o desenvolvimento de competênciase de habilidades nestas áreas serão norte-ados por princípios metodológicos que pri-

vilegiarão uma profunda re-lação teoria/prática, moti-vando o aluno para experi-ências de aprendizado quecontemplem a interaçãode professores e profissio-nais de diversas áreas, atra-vés de palestras, trabalhos

e visitas técnicas.

3. Perfil do profissional egresso

O Curso de Engenharia Ambiental e Sa-nitária da Faculdade Dom Bosco de PortoAlegre, elaborado de acordo com as no-vas diretrizes curriculares, uniu o melhorda parte técnica da área das engenhariascom a tradição salesiana na educação dosjovens, o que favorece a formação de pes-

soas com competente qua-lificação profissional e comacurada sensibilidade social,capazes de liderar progra-mas e projetos que contri-buam para o processo demudança social, em vista deuma sociedade justa e eqüi-

tativa. A formação generalista, humanista,crítica e reflexiva capacita para absorvere desenvolver de forma crítica e criativaas novas tecnologias, com competênciapara a identificação e para a resolução deproblemas, sempre considerando seus as-pectos políticos, econômicos, sociais, am-bientais e culturais.

O Engenheiro Ambiental e Sanitário é,também, um profundo conhecedor de sis-temas de controle de qualidade ambiental,onde se destacam os sistemas de distribui-

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metro variando de 3,5 cm a 4,5 cm, inclusi-ve com informações em braile. O coman-do de uma janela situado acima de 1,35 mdo piso ou uma tomada situada a 30 cm dopiso são exemplos de situações geradorasde inacessibilidade de usuários em cadeirade rodas.

A funcionalidade eficiente e eficaz dasdependências exige adequação dos equi-pamentos. Os sanitários, por exemplo, de-vem ter boxes especiais, com dimensõesque permitam a manobra de uma cadeirade rodas em seu interior, além de barrasde apoio próximas aos aparelhos. Da mes-ma forma, os lavatórios e mictórios aces-síveis exigem complementos com barrasde apoio. Os espelhos acima dos lavatóri-os devem ser inclinados, possibilitando avisualização do usuário de cadeira de ro-das. As salas devem ter portas com barrasde apoio e as portas externas, além de fai-xa de 40 cm para proteção da folha, senti-do de abertura sempre para o exterior,para facilitar a saída em caso de incêndio.As janelas devem garantir manipulação deforma segura e fácil. Da mesma forma, osmobiliários como as cadeiras e mesas de-vem ser acessíveis, ergonô-micos e com possibilidadesremotas de gerar acidentes.Com relação à quantidade equalidade da iluminação arti-ficial dos ambientes, esta pre-ocupação deve ser analisadapara que não provoque ofuscamentos oureflexos.

Para solucionar a maioria das deficiênci-as construtivas das edificações, torna-seimprescindível elaborar um projeto de aces-sibilidade. O processo de projeto deve seriniciado com um diagnóstico minucioso dasedificações existentes e seu entorno, ecomplementado com uma análise técnicae econômica das alternativas de solução dasbarreiras e dependências inacessíveis. Aexecução dos serviços propostos no pro-jeto pode ocorrer gradativamente, seguin-do um planejamento estratégico.

De acordo com estudos elaborados porEdward Steinfeld (1979), citado por Qua-

lharini & Anjos (1997), o custo à acessibili-dade, das adaptações de edificações públi-cas e coletivas, varia de 0,12% a 0,50% docusto total da construção. Entretanto, seuma edificação fosse projetada sem barrei-ras arquitetônicas, o custo dos elementosnecessários para atender à acessibilidadeseria reduzido para a faixa entre 0,006% e0,13%. Segundo o mesmo pesquisador, aacessibilidade em edificações residenciaisnecessita maiores investimentos. As refor-mas podem atingir até 21% do custo totalda construção e este custo poderia ser re-duzido para no máximo 3% do custo total,caso o projeto já contemplasse às exigên-cias de acessibilidade.

4. Considerações finais

Alguns temas refletem as tendências detransformação política, social, econômicae cultural, para o século XXI, e talvez se-jam diretrizes, para este milênio. A evolu-ção tecnológica através do conhecimentocientífico, sempre teve como meta, pri-meiramente, suprir as necessidades huma-nas e posteriormente qualificar as solu-

ções, como forma de me-lhorar o bem-estar co-mum. Atualmente, estaevolução resgata concei-tos humanitários atravésde temas específicos, taiscomo: a sustentabilidade,

a ética, a solidariedade e a inclusão.A tendência de que todas as edificações

e espaços construídos se tornem mais aces-síveis, pode ser considerada irreversível. Asinstituições públicas e privadas, que primampela evolução do conhecimento e pela van-guarda tecnológica, científica e humana, de-veriam adequar suas instalações à propos-ta construtiva baseada na acessibilidade eno desenho universal. Neste aspecto, as ins-tituições educacionais, em nível de gradua-ção, vêm contribuindo de forma significati-va, através da criação de cursos específi-cos, que aliem a ciência ao humanismo, aengenharia ao ambiente. Este pode ser umdiferencial estratégico das instituições, que

“Hoje a cidade de Por-to Alegre conta com vá-rios projetos engajados namelhoria das condiçõesde vida da população e dapreservação ambiental.”

“A formação generalis-ta, humanista, crítica e re-flexiva capacita para ab-sorver e desenvolver deforma crítica e criativa asnovas tecnologias (...)”

“A tendência de que to-das as edificações e espa-ços construídos se tornemmais acessíveis, pode serconsiderada irreversível.”

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Até esta década, não era exigido, ou pelomenos enfaticamente cobrado o tratamentodos resíduos domésticos ou industriais, inde-pendente do seu estado (sólido, líquido ougasoso). Erroneamente afirmava-se que a na-tureza teria capacidade de se autodepurar, in-dependente da quantidade de resíduos queseria lançada. Com o agravamento da situa-ção ambiental global, principalmente pelasmudanças provocadas pela ação do própriohomem, as autoridades foram obrigadas arever os conceitos de degradação, de con-servação e de ecologia.

Em 1974, foram introduzidas as discipli-nas de Biologia e Ecologia no Programa deEngenharia Sanitária, com outras mudan-ças curriculares, que contribuíram para aqualificação do curso frente a um contextode demandas crescentes em torno dasquestões ambientais e sanitárias.

A conferência denominada de “Rio-92”chamou a atenção do mundo para os gra-ves problemas ambientais que ameaçama humanidade. Com a necessidade de de-sencadear ações e programas mais qualifi-cados e consistentes, foi criado, em 1994,o Curso de Engenharia Ambiental estru-turada a partir do Curso de EngenhariaSanitária, já existente desde 1974.

A partir daí, houve procura crescente pelaárea. O mundo abriu forçosamente os olhospara os problemas que afetam diretamentea vida no planeta. Desafios como: derreti-mento das calotas polares, aumento da tem-peratura global, escassez dos recursos na-turais passaram a ser temas de relevância noscírculos acadêmicos, nas esferas políticas eno seio das organizações sociais.

Engajada em contribuir para a melhoriada qualidade de vida das gerações atual efuturas e apoiada na experiência de educa-ção salesiana, a Faculdade Dom Bosco dePorto Alegre concebeu o curso de Enge-nharia Ambiental e Sanitária, visando a for-mação superior de técnicos e pesquisado-res, voltados para o controle, a gestão e apreservação do meio ambiente, com umavisão atualizada de suas competências eobrigações, sempre alicerçados na éticacristã e nos compromissos com a vida.

2. Concepção do curso

A Faculdade Dom Bosco de Porto Ale-gre, comprometida com a promoção davida em todas as suas formas e dimensõese atenta aos apelos da sociedade, conce-beu o Cursos de Engenharia Ambiental eSanitária para proporcionar o debate, reu-nir o conhecimento produzido em tornodas áreas afins, promover a investigaçãocientífica em torno de problemas identifi-cados e desenvolver ações e projetos re-lacionados às áreas ambientais, em siner-gia com as comunidades locais e com asinstituições e órgãos representativos dasociedade (autorização Portaria ministeri-al 2317 de 30/06/2005, publicado em Diá-rio Oficial da União de 04/07/2005).

Localizada em região estratégica, Por-to Alegre é um pólo de convergência deum conjunto das atividades sócio-econô-micas, políticas e culturais do Estado doRio Grande do Sul, do Sul do Brasil e doCone Sul da América. Ao seu redor locali-zam-se grandes pólos industriais, como oIII Pólo Petroquímico de Triunfo, a Refina-ria Alberto Pasqualini, em Esteio, a ARA-CRUZ Celulose, em Guaíba, as arrozeirasde Camaquã e Região Sul, as montadorasde veículos pesados, em Caxias do Sul, aGeneral Motors, em Gravataí, as indústri-as do couro e calçados, no Vale do Rio dosSinos, as vinícolas, na região de Bento Gon-çalves. São espaços econômicos com iden-tidade própria, mas fortemente polariza-dos por Porto Alegre, tendo em vista aconcentração dos agentes financeiros, dopotencial de comercialização e da expor-tação e as demandas políticas, culturais eeducacionais.

Contrastando com os pólos de de-senvolvimento industriais referidos, en-contram-se áreas de proteção ambien-tal, como o Estuário do Guaíba, a Lagoado Peixe, nas proximidades de Mostar-das e Tavares e de recuperação ambi-ental, como as bacias hidrográficas doEstado, a exemplo do Camaquã e locaiscomo as minas da região de Butiá e Mi-nas do Leão.

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se preocupam com a inclusão efetiva eprática, ultrapassando as fronteiras teóri-cas. A inacessibilidade dos espaços urba-nos e das edificações não pode ampliar asdiscriminações e exclusões. A eliminação

de todas as barreiras, garantindo uma ade-quada acessibilidade, pode ser consideradacomo uma ponte concreta, que interliga de-finitivamente todos os seres humanos, comsuas virtudes e dificuldades.

Referências

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRADE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050– Acessibilidade a edificações, mo-biliário, espaços e equipamentos ur-banos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

BRASIL. Constituição federal, coletâ-nea de legislação de direito ambien-tal. Org. Odete Medauar. São Paulo: Edi-tora Revista dos Tribunais, 2002. p.395.

BRASIL, Decreto-lei 5.296, de 2 de de-zembro de 2004. Lei da acessibilida-de. Brasília: 2004.

CNBB – CONFERÊNCIA NACIONALDOS BISPOS DO BRASIL. Campanhada fraternidade 2006. Texto-base.São Paulo: Salesiana, 2005.

DELLA PERGOLA, Giuliano. Viver a ci-dade: orientações sobre problemasurbanos. Tradução: Clemente RaphaelMahl. São Paulo: Paulinas, 2000.

GIURGOLA, R. Louis L. Kahn. Tradução:Orestes Rosolia. São Paulo: Ed GustavoGili, 1982.

QUALHARINI, E. L.; ANJOS, F. C. O pro-jeto sem barreiras. Niterói: EDUFF,1997.

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11111. Engenharia Ambiental e Sanitária: Deslumbrandoo futuro

Beatriz Stoll MoraesEngenheira Química (FURG), Especialista em Química Aplicada em Saneamento (UNISINOS), Mestre em

Engenharia de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH/UFRGS),Coordenadora do Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre

email: [email protected]

Resumo

Na concepção do Curso de Engenha-ria Ambiental e Sanitária da FaculdadeDom Bosco de Porto Alegre, considerou-se a posição estratégica da cidade de Por-to Alegre próxima aos grandes pólos in-dustriais e agrícolas, a falta de profissio-nais com formação específica direciona-dos à proteção ambiental e a oferta depessoas interessadas nos problemas atu-ais, relacionados com os recursos natu-rais cada vez mais escassos. O currículofoi baseado nas tendências do engenhei-ro global, profissional com o perfil para oséculo 21: capaz de se relacionar harmo-niosamente com seus colegas de equipe,com raciocínio rápido e lógico e, elevadaresponsabilidade social.

Palavras-chave

Engenharia Ambiental e Sanitária; Re-cursos Naturais; Profissional Global.

Abstract

In the conception of the Course of En-vironmental and Sanitary Engineering ofthe College Dom Bosco of Porto Alegre,it was considered the strategic position ofPorto Alegre city with to the great indus-trial and agricultural poles, theprofessional’s lack with specific formationto the environmental protection and thepeople’s offer interested in the currentproblems, related with the natural resour-ces more and more scarce. The curricu-lum was based on the global engineer’stendencies, professional with the profile forthe century 21: capable to link harmo-niously with its team colleagues, with fastand logical reasoning and, high social res-ponsibility.

Keywords

Environmental and Sanitary Enginee-ring; Natural Resources; Global Profes-sional.

1. Histórico do Surgimento da Engenharia Ambiental e Sanitária

ram como referência a sustentabilidade dodesenvolvimento, a continuidade das espé-

cies, o uso racional dos recur-sos naturais e o equilíbrio narelação homem/natureza. Asquestões ambientais passa-ram a ser plantadas no cam-po da cultura e no terrenodas políticas públicas. Progra-

mas de educação e projetos de preserva-ção ambiental passaram a ser enunciadoscom maior intensidade.

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Os problemas relacionados com as ques-tões ambientais suscitaram, no decorrer dadécada de 80, intensas discus-sões em torno da vida no pla-neta, dos recursos naturais eda relação entre o homem ea natureza. Novos paradig-mas começaram a desafiar osconceitos tradicionais de de-senvolvimento econômico e de qualidade devida e, em decorrência, foram introduzidosconceitos e discutidos programas que toma-

“As questões ambi-entais passaram a serplantadas no campo dacultura e no terrenodas políticas públicas.”

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8. Relações cliente-fornecedor na indústria automotiva:motivações, estruturação e desenvolvimento1

Aurélia Adriana de MeloProfessora do Curso de Administração da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre

e-mail: [email protected]

As relações cliente-fornecedor na in-dústria automotiva, suas motivações, es-truturação e desenvolvimento de proces-sos de aprendizagem é o tema abordadona tese defendida pela Professora do cur-so de Administração, Aurélia Adriana deMelo, no mês de maio de 2006.

O objetivo do trabalho, elaborado pelaprofessora, foi reunir os três aspectos aci-ma citados, na construção de uma estru-tura de análise que propõe explicar os di-ferentes conteúdos qualitativos das rela-ções cliente-fornecedor. Essas relações,defende a professora, devem ser aborda-das a partir de suas dimensões constituti-vas, quais sejam: dimensão fundamen-tal, dimensão contratual e dimensãoda aprendizagem. Por meio da estrutu-ra analítica, as relações cliente-fornecedorsão classificadas em três configurações:relações comerciais, relações de co-operação adaptativas e relações decooperação empreendedoras.

O arcabouço analítico surge da refle-xão teórica sobre os fatores que limitamo crescimento das firmas, sobre o papeldos contratos como elemento estrutura-dor das relações cliente-fornecedor e so-bre as possibilidades de desenvolvimentode processos de aprendizagem no bojodessas relações. Além do trabalho teóri-co, Devido à natureza das questões queemergiram no estudo, as quais buscaramentender as relações cliente-fornecedorem sua essência, optou-se pelo métodoqualitativo e, neste, pela estratégia do es-tudo de caso como forma de desdobra-mento dos objetivos inicialmente coloca-dos.

O estudo de caso que apóia a parte

empírica da tese foi realizado em duas fa-ses: uma de natureza exploratória, outrade natureza explanatória. A fase explora-tória realizou-se por meio de entrevistasnão-diretivas, feitas com pesquisadores ecom profissionais de empresas da indús-tria automotiva. O objetivo desta fase foiampliar o conhecimento sobre as relaçõescliente-fornecedor, buscando-se discutir,de forma abrangente, as característicasdessas relações bem como de suas vari-antes qualitativas.

Parte das entrevistas da fase explora-tória da investigação foi feita durante umestágio de pesquisa (doutorado-sanduíche)realizado na França, no período de maiode 2002 a maio de 2003, quando houve apossibilidade de se acompanharem os tra-balhos do Grupo Estudo e Pesquisa Per-manente sobre a Indústria e os Assalaria-dos do Automóvel (GERPISA). Além dospesquisadores do GERPISA, foram entre-vistados profissionais de empresas da in-dústria automotiva francesa, com filiais noBrasil.

Num segundo momento da fase explo-ratória, realizada no Brasil, foram feitasentrevistas com pesquisadores sobre re-lações cliente-fornecedor no contexto daindústria brasileira. Ainda como parte doestudo exploratório, no âmbito do proje-to de pesquisa Modelo de Gestão de Ali-anças Estratégicas, realizado pelo Grupode Estudos da Cadeia Automotiva do RioGrande do Sul (GCARS) em 2003, foramvisitadas dez empresas da indústria auto-motiva gaúcha. Durante as visitas, foramentrevistados profissionais das áreas de su-primentos, produção e vendas.

Para a fase explanatória do estudo de

1Com Tese defendida em 31 de maio de 2006.

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ApresentaçãoATITUDE - Construindo Oportunidades, Revista da Faculdade Dom Bosco de

Porto Alegre continua neste seu segundo número. Continuamos apresentando o pro-cesso de construção do Projeto de nossos cursos de graduação. A profª. Ms BeatrizStoll Moraes apresenta o Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária.

Os demais artigos são fruto de um processo seletivo que busca estimular uma Atitu-de de renovação, apresentando temas atuais para um debate que prospecta o futuro.

Desta forma temos o estudo da profª. Dra. Letícia Silva Garcia que fala dos mecanis-mos de reputação em comunidades virtuais de aprendizagem implementadas através deredes de compartilhamento Peer-to-Peer, segundo a Teoria da Interação Social de Piagete dos conceitos de comunidade e sociedade apresentados por Ferdinand Tonnies.

Seguindo na mesma linha, o artigo da profª. Ms Elisabeth Maria Mosele, trata do usoda internet em pesquisa de campo e de suas dificuldades tendo como base à pesquisaacadêmica em administração.

Entrando propriamente no lado do empreendedorismo apresentamos o trabalhodo prof. Ms. Neuri Antonio Zanchet, que nos remete à importância e ao significado damotivação.

Trabalhando no mesmo foco empreendedor temos o trabalho encabeçado pelaprofª. dra. Aurélia Adriana de Melo e pelas Professoras Mestras Tatiana Ghedine, Lisia-ne Celia Palma e Ghíssia Hauser que discutem a atividade de imitação e sua importânciana formação do Complexo Eletroeletrônico Brasileiro.

Afastando-se um pouco da linha do empreendedorismo temos dois artigos. Oprimeiro trata sobre a regulação econômica de serviços de utilidade pública (gera-ção, transmissão e distribuição de energia elétrica; telecomunicações; rodovias; por-tos, etc.) de autoria dos professores Dr. Stefano Florissi e Ms. José Nosvitz. O segun-do é de autoria de Alexandre Guella Fernandes que enfatiza a importância de seadotar efetivamente os conceitos de acessibilidade e eliminação de barreiras, nosespaços urbanos e nas edificações para garantir a inclusão de qualquer pessoa, comsuas características e deficiências.

Inauguramos uma nova série em nossa revista. Trata-se da apresentação de comuni-cados de defesa de tese e apresentação de dissertação de professores ligados à nossaFaculdade: Dra. Aurélia Adriana de Melo e Dr. Luis Fernando Fortes Garcia.

ATITUDE – Criando oportunidades quer ser um espaço de socialização de idéi-as, projetos e perspectivas para a construção de uma comunidade acadêmica cada vezmais integrada na geração de uma nação cidadã.

Conselho Editorial da Revista Atitude – Construindo Oportunidades

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caso, foram estudadas oito empresas da in-dústria automotiva gaúcha, configurando umestudo de múltiplos casos, já que se tem porpropósito a replicação das conclusões analí-ticas do estudo, consubstanciadas na estru-tura teórica para análise para relações clien-te-fornecedor desenvolvida no trabalho.

Vale salientar que a utilização da estru-tura de análise traz, subjacente, uma pro-posta normativa. Quando aplicada emempresas clientes, os resultados da análi-se indicam caminhos para a gestão dos di-versos tipos de relações empreendidaspor uma empresa, enfatizando-se os pon-tos-chave que podem ser utilizados comoindicadores de desempenho da relação.

Quando aplicadas em empresas forne-cedoras, a utilização da estrutura teóricade análise serve como um indicador dasvantagens competitivas do fornecedor, aose reconhecer como tendo característicasmais adequadas a estabelecer, com empre-sas clientes, um determinado tipo de con-figuração de relacionamento.

Desse modo, empresas que atuam comprodutos padronizados, sendo, portanto,adequadas ao estabelecimento de relaçõescomerciais, devem verificar o preço comoprioridade competitiva. Empresas adequa-das ao estabelecimento de relações coope-rativas adaptativas devem privilegiar o apro-fundamento de sua competência técnica,construindo mecanismos de adaptação aosdiversos clientes. Essas empresas devem in-vestir na capacitação quantitativa e qualitati-va do processo produtivo. Por sua vez, em-presas adequadas ao estabelecimento derelações cooperativas empreendedoras de-vem privilegiar a inovação de processo eproduto como prioridade competitiva, já queas clientes vão reclamar uma atuação maisefetiva nos âmbitos tecnológico e organiza-cional da parte desses fornecedores.

Observe-se ainda que, no caso de em-presas fornecedoras, a estrutura teóricapara análise pode orientar processos demudança nas características dessas empre-

sas, a fim de que elas possam migrar deum tipo de configuração para outro. Des-sa forma, tal estrutura orientará as estra-tégias de investimentos que as empresasfornecedoras deverão fazer para atenderaos requisitos demandados pela configu-ração de relacionamento que desejamempreender.

Como conclusão geral do trabalho, foipossível afirmar que, numa mesma empre-sa cliente, são observadas relações comdiferentes conteúdos qualitativos, os quaisse encontram associados ao fator que fun-damenta a relação. Essa distinção de con-teúdo qualitativo faz-se necessária e temexplicações econômicas.

Quanto aos contratos, observa-se queeles têm por função ser meio de trans-missão de informações técnicas e comer-ciais. Verifica-se que eles aparecem na es-truturação das relações de fornecimentoquando as empresas clientes são filiais demultinacionais. Além disso, observa-se queempresas fornecedoras desejam estabe-lecer relações contratuais com seus clien-tes, muito embora não considerem o con-trato como um instrumento que force ocomprometimento de ambas as partes.

Sobre o desenvolvimento das relaçõescliente-fornecedor, consubstanciado emprocessos de aprendizagem, pode-se afir-mar que, nas relações de cooperaçãoempreendedoras e adaptativas, essesprocessos são interorganizacionais,havendo geração de novas competênciastécnicas e organizacionais e reforço decompetências técnicas, respectivamente.Os processos de aprendizagem interorga-nizacionais têm a relação e sua continui-dade como fatores desencadeador e ali-mentador. As relações comerciais de-senvolvem processos de aprendizagemintraorganizacionais, com reforço ougeração de novas competências técnicase organizacionais. Nesses processos, a re-lação estimula a aprendizagem, mas estase desenvolve independente da relação.

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9. “conTXT: Sumarização consciente de contexto comofator de adaptação em dispositivos de computaçãomóvel”1

Luís Fernando Fortes GarciaProfessor do Curso de Sistemas de Informação da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre

e-mail: [email protected]

temporalidade, bem como questõesrelacionadas a perfil do usuário e es-pecificidades técnicas.

Apresenta-se, então, uma possível re-lação entre os conceitos de adapta-ção, sumarização automática de tex-tos e computação consciente de con-texto. Propõem-se que as informações ecaracterísticas providas pela consciência docontexto, especialmente fatores ambien-tais – localização espacial e temporalidade– levem ao aprimoramento do processode sumarização no contexto da computa-ção móvel.

Desenvolveu-se, nesta tese, a Suma-rização Consciente de Contexto pelainclusão, nos cálculos de relevância dosalgoritmos de sumarização extrativa, depesos adicionais associados ao nível derelevância representativa de determinadaspalavras-chave em sua significação contex-tual, denominadas por Palavras-Contextu-ais. Por significação contextual entende-sea relação entre localização espacial,temporalidade e perfil do usuário.

A solução contempla que o processode Sumarização Consciente de Con-texto possa ser utilizado como fatorde adaptação em dispositivos de com-putação móvel com capacidades de co-municação sem fio, através da geração deextratos indicativos de informações rele-vantes ao contexto do usuário, gerados apartir de textos oriundos de repositóriosde notícias disponíveis na Internet.

Em paralelo à pesquisa de referencialteórico e trabalhos relacionados nos con-ceitos relacionados desenvolveu-se umprotótipo de software visando a análi-se e validação da hipótese levantada.

A computação móvel vem apresentan-do um consistente crescimento devido adisponibilização de inúmeros tipos de equi-pamentos – especialmente celulares, han-dhelds e palmtops - e de infra-estruturade comunicação de dados sem fio com ca-pacidade de acesso à Internet. Entretan-to, nesta plataforma computacional apre-sentam-se necessidades e restriçõesintrínsecas como, por exemplo, a baixacapacidade de armazenamento e proces-samento, interfaces restritas em termosde tamanho e linhas para exibição de tex-to e possibilidades de interação.

Consolida-se, então, a necessidade dearquiteturas de adaptação que possi-bilitem melhorias significativas na in-teração homem-máquina no âmbitoda computação móvel. A sumarizaçãoautomática de textos surge como umdos possíveis fatores de adaptação, espe-cificamente na questão da materializaçãode textos em reduzidos visores dos equi-pamentos móveis. A utilização de versõessumarizadas pode permitir um acesso maisuniversal em dispositivos inerentementelimitados em relação a capacidades de exi-bição de texto e contribui para a reduçãoda sobrecarga de leitura pela disponibiliza-ção seletiva dos conteúdos consideradosmais relevantes.

Contudo, a aplicação de técnicas desumarização automática de textos no ce-nário da computação móvel atualmentenormalmente não prevê a utilização decaracterísticas e funcionalidades na-tivas da plataforma móvel. Estas carac-terísticas incluem, desde a consideraçãode cenários dinâmicos pela variaçãocontínua da localização espacial e da

1Tese defendida em 16/11/2005 junto ao Curso de Pós-Graduação em Computação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

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Sumário

Apresentação.........................................................................................................7

1. Engenharia ambiental e sanitária: deslumbrando o futuroBeatriz Stoll Moraes...................................................................................................9

2. Mecanismo de reputação em ambientes peer-to-peer baseado na teoria deinteração social de PiagetLetícia Silva Garcia..................................................................................................13

3. Uso da internet em pesquisa de campo: aspectos fundamentais Elisabeth Maria Mosele..........................................................................................31

4. Motivação: principais teorias e sua influência no comportamento empreendedor Neuri Antonio Zanchet..........................................................................................41

5. O ambiente tecnológico e a capacitação das empresas: o papel da imitaçãono desenvolvimento e competitividade de duas empresas do setor eletroeletrônico do rio grande do sul

Aurélia Adriana de MeloTatiana GhedineLisiane Celia PalmaGhíssia Hauser.........................................................................................................51

6. Regulação: uma consolidação de idéias Stefano Florissi José Nosvitz............................................................................................................63

7. Urbanismo e edificações: a acessibilidade e eliminação de barreiras comopré-requisito à inclusão

Alexandre Guella Fernandes..................................................................................75

8. Relações cliente-fornecedor na indústria automotiva: motivações, estru-turação e desenvolvimento Aurélia Adriana de Melo.............................................................................................81

9. “ConTXT: sumarização consciente de contexto como fator de adaptação em dispositivos de computação móvel” Luís Fernando Fortes Garcia........................................................................................83

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Revista Atitude - Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre • Ano 01 • Número 02 • Fevereiro de 2007

Os resultados obtidos apontam que o pro-cesso de sumarização apoiado nas informa-ções contextuais produziu resultadosmais concisos e indicativos – adaptados– para o cenário da computação móvel le-vando à confirmação da hipótese inicial.

Isto posto, considera-se como a prin-cipal contribuição desta tese a (i) apli-cação do processo de sumarização auto-mática baseado em palavras relevantes aocontexto (Palavras-Contextuais). Adicio-nalmente, também pode-se considerarcomo contribuição (ii) o aperfeiçoamen-to do processo de sumarização de tex-tos relacionados a domínios específicos,uma vez que a adaptação dos pesos derelevância são manipulados de acordocom as palavras representativas de umdomínio em particular. Uma contribuiçãoadicional (iii) consiste no fato de esten-der à sumarização automática a utilizaçãodas informações contextuais que na su-marização humana são consideradas deforma implícita no processo.

Como trabalhos futuros podem-sedestacar a possibilidade de uso de váriaslínguas, a adoção de novas funcionalida-des e métodos de sumarização, bemcomo a expansão para novos tipos demídias, tais como imagens, vídeos, som,através da implementação de métodoscorrespondentes de sumarização igual-mente baseados nas informações contex-tuais. Em se tratando de um processoeminentemente estatístico, a implemen-tação em outra língua implica na defini-ção da tabela de stop-words, bem comona definição de palavras-contextuais ade-quadas a língua dos textos que compori-am o corpus.

A continuação da pesquisa realizadadurante a elaboração da tese atualmenteprevê a adoção do conceito de ontolo-gias no processo de Sumarização Consci-ente de Contexto e a publicação de ar-tigos em periódicos e em congressos comrelevância destacada pela comunidade aca-dêmica nacional e internacional.

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Revista Atitude - Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre • Ano 01 • Número 02 • Fevereiro de 2007

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REVISTA ATITUDE - Construindo OportunidadesPeriódico da Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre- Ano 1- No 2 - abril de 2007Porto Alegre - Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre

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