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Pág. 4 Pág. 4 Pág. 6 Jornal do Simesp Nº 17 Publicação mensal do SIMESP Sindicato dos Médicos de São Paulo • 2016 Pág. 3 Dissídio coletivo Para garantir reajuste, Simesp reafirma sua posição na defesa dos interesses da categoria e abre ação judicial contra Sinamge e Sindhclor Jurídico Responde O que fazer se um paciente ou acompanhante praticar uma agressão física ou verbal contra um médico? Nossos especialistas orientam a tomar as providências Conquistas no interior Catanduva: médicos da UPA 24 horas recebem salários atrasados e Simesp negocia vínculos trabalhistas Morro Agudo: prefeitura recua diante de paralisação e volta a pagar em dia Simesp lança guia de direitos para médicos Livro elaborado por juristas especializados trata de questões sensíveis da categoria de maneira objetiva, descomplicada e capaz de orientar ações práticas para a defesa da nossa profissão Entrevista Carlos Vital Corrêa Tavares Lima, do CFM: “Planos de saúde populares só atendem interesses empresariais” Pág. 7

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Jornal do SimespNº 17 • Publicação mensal do SIMESP Sindicato dos Médicos de São Paulo • 2016

Pág. 3

Dissídio coletivoPara garantir reajuste, Simesp reafirma sua posição na defesa dos interesses da

categoria e abre ação judicial contra Sinamge e Sindhclor

Jurídico RespondeO que fazer se um paciente ou acompanhante praticar uma

agressão física ou verbal contra um médico? Nossos especialistas

orientam a tomar as providências

Conquistas no interiorCatanduva: médicos da UPA 24 horas recebem salários atrasados e Simesp

negocia vínculos trabalhistasMorro Agudo: prefeitura recua diante de paralisação e volta a pagar em dia

Simesp lança guia de direitos para médicosLivro elaborado por juristas especializados trata de questões sensíveis da categoria de maneira objetiva, descomplicada e capaz de orientar ações práticas para a defesa da nossa profissão

Entrevista Carlos Vital Corrêa Tavares Lima, do CFM: “Planos de saúde populares só atendem interesses empresariais” Pág. 7

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DIRETORIAPresidente Eder Gatti [email protected]

“A tendência é a população demandar mais e mais do SUS por causa da crise e do envelhecimento. A esperança era o

governo federal fazer um aporte maior do que o atual”

Eder Gatti, presidente do Simesp, sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que congela gastos

públicos da saúde por 20 anos. A PEC tramita no Senado com o número 55

24 de outubro - UOL

“Se a atenção primária funcionasse, a demanda por especialistas e exames

seria menor. Vencer a fila [de exames] é mais caro e dificilmente ela [a

prefeitura] dará conta [de vencer]”Eder Gatti, presidente do Simesp, sobre o programa

“Corujão da Saúde”, promessa de campanha do prefeito eleito João Doria para diminuir a fila por exames

na cidade de São Paulo14 de outubro - UOL

A medicina permite a nós, mé-dicos, conhecermos com rara in-timidade o ser humano. É certo que nossas rotinas nos dão ins-trumentos para compreender-mos as doenças, os tratamentos e as pessoas – o que particulariza e dá significado à nossa profissão há mais de dois mil anos. Porém, ainda que seu exercício tenha passado por grandes transfor-mações – do trabalho liberal ao assalariado e, recentemente, dos contratos formais e vínculos pú-blicos às contratações precárias e terceirizações –, é também ver-dade que a maioria de nós desco-nhece fundamentos jurídicos e administrativos que envolvem e influenciam a nossa prática.

Além de contarmos com um sindicato forte e atuante, que faça os enfrentamentos coletivos necessários, é fundamental para a preservação dos médicos e da medicina que tenhamos noções sobre os direitos que temos como trabalhadores que somos. Cons-tatação que fica evidente, por exemplo, diante da grave crise do financiamento público da saúde.

O Simesp tem denunciado problemas em diversos serviços em nosso estado. Em visita recen-te a diferentes cidades do interior de São Paulo, o presidente do Si-mesp, Eder Gatti, deparou-se com inúmeras denúncias de falta de pagamento de salários além de condições de trabalho adversas.

Clipping

A defesa de direitos é urgente. E não só. O conhecimento jurídico específico se faz necessário dian-te do cenário nacional. Condições de trabalho precárias e monopó-lios privados tendem a se agra-var. O financiamento público, já insuficiente, corre risco de ser congelado por 20 anos. Contextos que interferem negativamente no que guardamos de mais pre-cioso: nossas relações com os pa-cientes e com a sociedade.

É cada vez mais frequente en-contrar médicos nos tribunais, seja reclamando salários e ven-cimentos não honrados, denun-ciando condições de trabalho ou respondendo a processos das áreas cíveis e ético-profissionais. Tem se tornado corriqueiro nos apresen-tar a delegados de polícia, mem-bros do Ministério Público ou mesmo arrolados em processos.

O livro O que os médicos pre-cisam saber sobre seus direitos, produzido pelo Simesp, oferece de maneira acessível orientações para nos guiar no ambiente jurí-dico, que nos é estranho e muitas vezes hostil. Os articulistas, refe-rências em suas áreas, esclarecem direitos que temos de conhecer porque são nossos e direitos que temos de reconhecer porque são de todos, e devem orientar a nossa prática para que não cometamos iniquidades e possamos colabo-rar para a promoção de justiça e cidadania.

SECRETARIASGeralDenize Ornelas P. S. de Oliveira Comunicação e Imprensa Gerson Salvador AdministraçãoEderli M. A. Grimaldi de CarvalhoFinançasJuliana Salles de CarvalhoAssuntos JurídicosGerson MazzucatoFormação Sindical e SindicalizaçãoMarly A. L. Alonso Mazzucato Relações do TrabalhoJosé Erivalder Guimarães de OliveiraRelações Sindicais e AssociativasOtelo Chino Júnior

EQUIPE DO JORNAL DO SIMESPDiretorGerson Salvador Editora-chefe e redaçãoIvone Silva e Flávia MartinelliReportagem e revisãoLeonardo Gomes Nogueira Nádia MachadoFotosOsmar Bustos Relações-PúblicasJuliana Carla Ponceano Moreira IlustraçãoCélio LuigiRedação e administraçãoRua Maria Paula, 78, 3° andar 01319-000 – SP – Fone: (11) 3292-9147

Todas as matérias publicadas terão seus direitos resguardados pelo Jornal do Simesp e só poderão ser publicadas (parcial ou integralmente) com a autorização, por escrito, do Sindicato.

A versão digital desta publicação está disponível no site do Simesp. Caso não queira receber a edição impressa, basta mandar e-mail para [email protected]

2 • Jornal do Simesp

[email protected]

PROJETO GRÁFICOMed Idea - Design para médicosOscar Freire, 2189, Pinheiros São Paulo/SP 05409-011 Fone: (11) [email protected] www.medidea.com.brEditor de arte e diagramaçãoIgor Bittencourt

Tiragem: 14 mil exemplaresCirculação: Estado de São Paulo

“Os médicos da região de Bauru tinham que ligar para São Paulo ou

viajar até lá para tirar dúvidas. A sede regional aproxima o médico do sindicato. Temos funcionários

treinados para orientá-los sobre os trâmites trabalhistas”

Antonio Aurélio Lordello de Moraes, presidente da Diretoria Regional de Bauru do Simesp, sobre a sede

recém-inaugurada 5 de outubro – Jornal da Cidade de Bauru (JCNET)

Diretoria do Simesp

Editorial

Os direitos dos médicos

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O Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) acaba de lançar o livro O que os médicos precisam saber sobre seus direitos. A obra chega em momento mais que oportuno. Em tempos de pre-cários vínculos empregatícios, atrasos salariais e condições de trabalho em declínio, o guia ju-rídico se faz necessário.

“Em momentos de crise, como vivemos hoje, precisamos nos fortalecer, conhecer e defen-der ainda mais nossos direitos”, ressalta Eder Gatti, presidente do Simesp. No lançamento da pu-blicação, Gerson Salvador, secre-tário de comunicação e impren-sa, reafirmou o posicionamento do Simesp sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, atualmente em trâmite no Sena-do como PEC 55: “Somos contra o congelamento do financia-mento da saúde por 20 anos. E é muito bom defender ao lado de vocês o médico, o seu trabalho e a saúde como um direito funda-mental de todos”, destacou.

Direitos sob ataqueO primeiro livro do selo “Cole-ção Simesp” conta com a cola-boração dos advogados do Sin-dicato – José Carlos Callegari, Casemiro Narbutis Filho, Ve-nicio Di Gregorio, Mariana Sa-linas Serrano e Gabriel Franco da Rosa. Todos profissionais es-pecializados na área médica que esmiúçam desde temas clássicos do direito trabalhista – como o pagamento de horas extras e

plantões, regime previdenciário, acúmulo de benefícios e aposen-tadoria – a questões jurídicas de complexidade filosófica; caso da responsabilidade civil do profis-sional médico e processos ético- profissionais do Conselho Regio-nal de Medicina. A obra ainda traz artigos de análise e opinião de consultores convidados.

Diversidade sexual, organizações sociais e pejotização A juíza do trabalho Patrícia Ma-eda, mestra pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, escreve sobre assédio mo-ral . “Abordei o tema para além do problema entre vítima e as-sediador”, resume. “O assédio moral exige uma abordagem tridimensional.” Ela explica que é preciso considerar o aspecto individual (já que esse crime se configura pela relação abusiva de uma das partes sobre a outra), a organização do trabalho e a es-trutura da própria sociedade. “As próprias empresas se organizam de uma forma predatória, o que propicia, por sua vez, essa rela-ção de violência entre os traba-lhadores”, explica.

Já o advogado Renan Qui-nalha, especialista em direito do trabalho e questões ligadas à diversidade sexual, tratou de

Jornal do Simesp • 3

Leonardo Gomes Nogueira

discriminação. “O artigo foca nas possibilidades e nos instru-mentos de que os médicos dis-põem para combater o crime ou recorrer caso sejam vítimas de preconceito no ambiente de tra-balho”, resume.

As especificidades das orga-nizações sociais (OSs), que hoje gerem boa parte dos equipamen-tos de saúde, também merece-ram análise. Artigo elaborado pelos advogados Ana Navarrete e Gabriel Franco da Rosa explica como esse modelo de prestação de serviços tem facilitado a preca-rização das relações de trabalho.

A malfadada “pejotização”, neologismo criado a partir do termo pessoa jurídica, ganhou capítulo esclarecedor. O advoga-do Gabriel Franco Rosa denun-cia a lógica perversa da fraude imposta aos trabalhadores e tra-balhadoras da área médica. “O que se tem é a manutenção de um padrão salarial incompatí-vel com a taxa de lucros pratica-da pela empresa.”

Desigualdade racial e preconceito Até o fundamental e ainda tão pouco debatido tema do racismo foi trazido à tona. O advogado Silvio Luiz de Almeida destaca que nas políticas de saúde, nas relações entre médico e paciente

Simesp publica guia para orientar o médico na busca por seus direitos trabalhistas. Obra aponta ações práticas e articulistas analisam questões específicas da carreira

e na própria composição da cate-goria médica é possível observar a desigualdade racial. O médico não está livre da violência nas relações de trabalho, inclusive as de cunho racial. “Apesar da pequena quantidade de médicos negros, não são incomuns rela-tos dos que sofreram algum tipo de agressão racial praticada por pacientes, colegas de profissão ou empregadores”, pontua.

Mais do que um guia, o livro O que os médicos precisam saber sobre seus direitos também é um registro histórico dos conflitos da nossa época. E faz jus à neces-sidade de preservar conquistas e lutar por justiça.

Capa

Livro esclarece legislação para médicos

O livro é gratuito e será encaminhado a todos os sócios do Sindicato. A obra também está disponível em versão digital, basta acessar o site do Simesp (simesp.org.br).

> Equipe de advogados e juristas especializados tratam de maneira descomplicada questões éticas e trabalhistas

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4 • Jornal do Simesp

Catanduva

Salário atrasado resolvido, hora de negociar vínculos! Após o pagamento do salário atrasado do mês de setembro, médicos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas de Catanduva, a cerca de 400 qui-lômetros de São Paulo, agora negociam a regularização dos vínculos trabalhistas.

A UPA é administrada, des-de o ano passado, pela organiza-ção social Hospital Psiquiátrico Espírita Mahatma Gandhi, que contrata os médicos como pes-soa jurídica. “Trata-se de vín-culo precário”, alerta Eder Gat-ti, presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp). A “pejotização” das relações tra-balhistas deixa o empregado sem garantias legais enquanto diminui os custos do emprega-dor.

Em outubro os médicos não haviam recebido o pagamen-to do mês anterior e, diante da promessa de paralisação (caso a situação não fosse resolvida em até 30 dias), a prefeitura de Catanduva fez o repasse do valor devido aos dirigentes da organização social. A entidade, então, fez o pagamento.

Diante da falta de acordo ou mes-mo da recusa em negociar, o Sin-dicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) decidiu entrar na justiça contra diversos sindicatos patro-nais para garantir que os médicos tenham um reajuste salarial que proporcione ganhos reais à cate-goria. O Simesp exige correção sa-larial de 15% (como ficou decidido em assembleia ocorrida na sede do Sindicato em 13 de junho).

Morro Agudo

Campanha Salarial

Depois do Sindhosfil-SP, Simesp entra na justiça contra Sinamge e Sindhclor para garantir reajuste de médicos

Só após paralisação prefeitura propõe acordo e médicos voltam ao trabalho

Os médicos da prefeitura da cidade de Morro Agudo, no interior de São Paulo, volta-ram a receber salários depois de atrasos de pagamentos que variavam de três a seis meses. O que só ocorreu, no entanto, após uma paralisação, em 22 de outubro, orientada pelo Si-mesp e comunicada ao Conse-lho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).

Motivados pelo compro-misso ético com a medicina e com os pacientes, os profis-sionais do hospital filantró-pico São Marcos estavam em atividade mesmo sem remu-neração quando negociaram prazo de 30 dias para que a prefeitura pagasse os salários atrasados. “O não pagamen-to dos médicos demonstrou

> Eder Gatti, presidente do Simesp (de gravata), com os médicos de Morro Agudo: empregador regularizou pagamentos

descaso do hospital e da pre-feitura com a saúde da po-pulação”, avaliou Eder Gatti, presidente do Simesp, na ocasião.

Quando o prazo negocia-do expirou, em 22 de outu-bro, a equipe da ortopedia foi a primeira a aderir à parali-sação. Outras especialidades começaram a apoiar o mo-vimento. Foram necessários três dias de paralisação até o poder municipal se ver obri-gado a propor um acordo. A proposta feita aos médicos foi aceita e os profissionais voltaram prontamente ao trabalho. Os salários, até o momento, estão sendo pa-gos em dia e os vencimentos atrasados estão sendo quita-dos de forma parcelada.

De acordo com o site da pró-pria prefeitura, a cidade possui uma única UPA. Daí, portanto, a importância desse serviço para o município de 120 mil habitantes.

O caso chamou a atenção, ainda, por causa das relações trabalhistas que antecedem esse episódio. O presidente do Simesp apurou, em reunião ocorrida em outubro, que os profissionais já haviam tomado um calote em 2015, quando a gestão da unidade passou das mãos da organização social (OS) Iapemesp para a do atual gestor.

Os médicos estavam preocu-pados, portanto, que a mesma situação se repetisse. “A OS dei-xou de pagar de um a dois meses de plantões e temiam acontecer a mesma coisa”, avaliou o presi-dente do Simesp.

Agora, resolvida a questão dos salários atrasados, o Simesp auxi-lia os médicos, que seguem mobi-lizados, nas negociações que tra-tam dos vínculos empregatícios. A luta dos médicos é para que, no futuro, a contratação se dê por meio do vínculo CLT (Consolida-ção das Leis do Trabalho).

O primeiro a ser alvo de dis-sídio coletivo foi o Sindhosfil--SP (representante de hospitais filantrópicos e santas casas no estado de São Paulo), que sequer compareceu à mesa de negocia-ção agendada para 23 de agosto. O Simesp considera o fato como um rompimento unilateral das negociações.

Agora é a vez de Sinamge e Sindhclor, que representam,

respectivamente, operadoras de planos de saúde e hospitais, clí-nicas e laboratórios da cidade de Osasco e região. Ambos propuse-ram, inicialmente, um reajuste salarial de 9,62% (o que equivale ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC – dos meses de agosto do ano passado até o mesmo período de 2016). A data-base das campanhas salariais é o mês de setembro.

As entidades, porém, volta-ram atrás na proposta inicial e agora querem pagar apenas 8%. Diante do impasse, o Simesp en-trou na justiça contra os dois sin-

dicatos patronais. Negociamos, ainda, com o Sindhosfil de Ribei-rão Preto, Vale do Paraíba e, pela primeira vez, com o Sindhosfil- Linosesp (que representa santas casas e hospitais filantrópicos da Baixada Santista e litoral norte e sul de São Paulo).

Além do reajuste de 15%, o Simesp reivindica piso salarial de R$ 13 mil (para jornada de 20 horas semanais), licença-pater-nidade de 20 dias consecutivos após o nascimento e estabilidade para médicos designados como delegados sindicais nos termos do estatuto social do Simesp.

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Golpe de Estelionatários

PMSP

Aprovados em concurso não serão nomeados este ano

Cuidado! Simesp jamais solicita depósitos em conta!

Apesar de reconhecer o déficit de 1.400 profissionais na rede, a Secretaria Municipal da Saúde informou ao Jornal do Simesp, por meio de nota, que não fará, neste ano, a nomeação dos 1.090 médicos já aprovados em con-curso público.

O edital do concurso (nº 01/2016), publicado pelo Diário Oficial da Cidade de São Paulo em 12 de fevereiro deste ano, prevê a contratação de profis-sionais de diversas especiali-dades, como anestesiologistas, pediatras e, pela primeira vez, para a carreira de médicos de família e comunidade. Em 1º de

Pessoas mal-intencionadas usaram o nome do Simesp para ludibriar médicos. Na tentativa de obter dinheiro, entraram em contato com profissionais dizendo que o médico havia ganhado processo referente a preca-tórios. Para receber o mon-tante, pediam um depósito em conta corrente. O caso foi levado à polícia e está em in-vestigação.

O Simesp jamais solicita

junho, o Diário Oficial divul-gou a lista dos 1.090 aprovados que, desde então, aguardam a nomeação.

O Simesp, representado por Gerson Salvador, secretário de Comunicação e Imprensa, pediu o apoio do presidente da Câmara dos Vereadores, Antonio Donato, para que os aprovados sejam no-meados pelo prefeito Fernando Haddad antes da troca da gestão municipal. O encontro ocorreu no dia 25 de outubro.

A secretaria municipal infor-mou ainda que os médicos apro-vados podem ser nomeados em até dois anos, prorrogáveis por

> Gerson Salvador (à esq.), do Simesp, no gabinete do presidente da Câmara de Vereadores de São Paulo busca apoio em nome dos 1.090 concursados

qualquer tipo de depósito. No caso de ganho de ação na jus-tiça, todo procedimento for-mal é realizado em nossa sede sob a supervisão do nosso de-partamento jurídico.

Essa é uma clara ação de estelionato. Caso receba esse tipo de abordagem, entre em contato imediatamente com nosso Relacionamento pelo telefone 3292-9147 e também aconselhamos a registrar bo-letim de ocorrência (BO).

Jornal do Simesp • 5

Inauguração

Regional Bauru ganha sede e atende 15 cidades

O Simesp inaugurou no final de setembro a regional de Bauru. A diretoria já existia como delegacia de base e ga-nhou espaço físico e maior representatividade: agora 15 cidades são atendidas pelo sindicato.

“Queremos estar no local de trabalho, ao lado do médi-co”, diz Antonio Aurélio Lor-dello de Moraes, presidente da regional. Ele destaca duas pautas principais a serem trabalhadas na região: reajus-te real (ultimamente tem sido só recomposição) e melhores condições de trabalho.

Além do diretor-presiden-te Antonio Aurélio Lordello de Moraes, a diretoria regio-nal de Bauru, cidade a cerca de 300 quilômetros da capi-tal paulista, é composta por Edson Virgilio Zen (diretor- tesoureiro) e Jeferson Kengi Sato (diretor-adjunto).

A diretoria regional tam-bém quer estreitar relações com os profissionais, trazen-do os médicos para dentro do Sindicato. “A grande maioria tem, no mínimo, um víncu-lo empregatício. Integrar o Simesp significa ter força de negociação”, avalia Moraes.

A inauguração contou com a presença de Eder Gat-ti, presidente do Simesp, que ressaltou a importância da regional que representa as cidades de Agudos, Arealva, Avai, Balbinos, Bauru, Bocai-na, Borebi, Iacanga, Macatu-ba, Pirajuí, Piratininga, Pre-sidente Alves, Reginópolis, São Manuel e Uru.

De acordo com o Estatuto do Simesp, diretorias regio-nais não podem ter base ter-ritorial menor que a de um município e representam le-galmente o sindicato em sua respectiva área de atuação.

mais dois, após a homologação do concurso. “Em razão da Lei de Responsabilidade Fiscal, não há previsão de nomeações. Esta gestão já nomeou mais de 900

profissionais médicos e apro-vou o novo plano de carreira que elevou os salários e criou uma carreira de estado na secretaria”, finaliza a nota.

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Plantão Médico

6 • Jornal do Simesp

O residente em infectologia Luiz Zanella, do Emílio Ribas, conta como se interessou pela área

Diante das condições precárias de materiais e de recursos humanos nas instituições de saúde, casos de violência praticados por pacientes ou acompanhantes estão cada vez mais comuns. Uma realidade que nos obriga a estar juridicamente preparados para enfrentar

Como agir em caso de agressão

O que fazer se ocorrer uma agres-são física e/ou verbal?Se a injúria ou violência acon-tecer no ambiente de traba-lho, o médico deverá anotar, se possível, os nomes dos pro-fissionais que presenciaram o ocorrido. Se houver agressão fí-sica, deve ainda passar por um colega médico para examiná--lo e emitir um relatório sobre esse atendimento. Em seguida, o profissional vitimado deve, imediatamente, registrar um

boletim de ocorrência na dele-gacia de polícia mais próxima.

O que ocorre depois da ida à de-legacia? Feito o boletim de ocorrência, em caso de agressão física, o médico será encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para exame de corpo de delito, que atestará a agressão. Após, deverá enviar cópias do BO para o RH do local de trabalho, o Si-mesp e o Cremesp. Deverá ainda

> O que você gostaria de ler na próxima edição? Mande suas sugestões: [email protected] <

Jurídico Responde

acompanhar o caso, por meio de um advogado, para requerer a produção das provas que sejam necessárias para comprovar e reforçar as agressões.

A eficácia do procedimento judi-cial pode ser questionada?Sim. Comprovada a agressão nos autos do termo circunstanciado

Leonardo Gomes Nogueira

Pela clínica e pela sociedade

> Zanella durante manifestação, em 2015, em frente ao Emílio Ribas

Luiz Gonzaga Francisco de As-sis Barros D’ Elia Zanella se in-teressou pela infectologia por dois motivos: um clínico e ou-tro social. No segundo ano de residência médica do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, ele conta ser bastante comum atender uma população muito carente e, além disso, portadora de doenças ainda hoje estigma-tizadas pela sociedade (como tuberculose e HIV).

“Eu sempre gostei de traba-lhar com esse perfil de pesso-as”, conta. “Além de ser uma es-pecialidade em que você acaba

abordando diversos sistemas do organismo. Você não fica focado em um único sistema”, explica. “Pois tem infecção em todo lugar”, lembra.

Antes de cursar medicina, na Faculdade de Medicina de Marília, entre os anos de 2009 a 2014, Zanella se formou em biotecnologia pela Universida-de Estadual Paulista (Unesp) na cidade de Assis. Agora, luta para que o Emílio Ribas se mantenha como referência em formação e atendimento.

No final do ano passado, ele foi um dos porta-vozes da para-

lisação dos residentes que exigia que médicos já aprovados em concurso fossem convocados. Os grevistas também reivindi-cavam a normalização dos esto-ques de medicamentos e outros insumos. Os concursados, diz, foram convocados. Quanto aos estoques, Zanella lamenta que o problema ainda se repita com alguma regularidade.

A greve, em dezembro de

2015, durou cerca de duas sema-nas e teve uma adesão maciça. Dos 49 residentes, apenas três não teriam se engajado no mo-vimento. Em 14 e 17 de dezem-bro, os residentes bloquearam parcialmente a Avenida Dou-tor Arnaldo (via importante da capital paulista que fica em frente ao Emílio Ribas) para exigir que o governo estadual negociasse.

Célio

Lui

gi

ou do inquérito policial, o poder judiciário tomará as medidas pertinentes ao paciente/agres-sor ou acompanhante. Caberá ao médico e seu advogado observar e constatar a eficácia do proce-dimento judicial, podendo agir, nos termos da lei, quando este for considerado insuficiente e/ou injusto.

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Jornal do Simesp • 7

Entrevista

O prazo de 60 dias dado ao grupo de trabalho para dis-cutir PL de criação de planos populares de saúde se extin-guiu em 5 de outubro. Até o momento ainda não apre-sentaram nenhuma propos-ta. Quais suas expectativas a respeito desse grupo?Propostas como a de “planos populares de saúde” servem aos interesses intrínsecos ao populismo. Apropriam-se e distorcem legítimos desejos e anseios de uma sociedade vulnerável à publicidade e à propaganda. São propostas características das políticas partidárias de causas meno-res e não são condutas espe-radas pelo povo brasileiro na expectativa de um novo governo, cultura de profici-ência, eficácia e probidade na nação.

É uma proposta para bene-ficiar ainda mais o mercado privado?Desde sua concepção o Con-selho Federal de Medicina tem denunciado esse proje-to que propõe a criação de planos de saúde com caráter popular. Se aprovada, a me-dida beneficiará apenas os empresários da saúde suple-

mentar - setor que movimen-tou, em 2015 e em 2016, em torno de R$ 180 bilhões, de acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) - e não tra-rá solução para as dificuldades do SUS. Pelo contrário, a pro-posta servirá apenas ao gáudio empresarial em detrimento das pessoas com baixa renda. Sem o poder de discernimento diante de propagandas sensa-cionalistas, estreitos limites ou exclusões de direitos previs-tos em tais planos, muitos se-rão induzidos à expectativa de cumprimento contratual que não será concretizado.

O SUS continuará arcando com os tratamentos mais onerosos como os de alta complexidade. Diante disso, o PL não apresen-ta solução para os problemas da saúde pública. Sim, isso é o que pensamos. Na nota pública que divulgamos sobre o assunto, esclarecemos que os serviços suplementares de atenção à saúde prospera-ram com incentivos fiscais que reduziram o volume dos cofres públicos e atingiram propor-ções bilionárias. Segundo rela-tório da ANS, de janeiro de 2006 a junho de 2016, esses planos movimentaram receita de mais

de R$ 870 bilhões. Não obstante, nos últimos 12 meses, 102 mil reclamações de seus usuários foram levadas à ANS. Entre os motivos estão dificuldades nas autorizações de procedimen-tos (32,6 mil), em atendimentos (10,9 mil) e por suspensões ou rescisões contratuais (10,2 mil).

Um exemplo de mau uso do dinheiro público são os par-tos. Sem leitos disponíveis, as gestantes que deveriam ser atendidas pelas operadoras de planos recorreram ao sistema público, o que provocou, ao lon-go de três anos (de 2010 a 2013), o maior ressarcimento desses agentes mercantis ao SUS. Fo-ram realizados na rede pública 183.535 partos que deveriam ter ocorrido na área da saúde su-plementar. Assim, é evidente que os planos cognominados de acessíveis ou populares não te-rão impacto positivo no finan-ciamento do SUS.

Para o CFM, do que o SUS neces-sita imediatamente?A atenção básica é componente essencial do SUS, assim como o são a assistência hospitalar, a alta e a média complexidade,

as urgências e emergências, a prevenção e a promoção da saúde. No entanto, por conta do subfinanciamento histó-rico e da má gestão, todo o modelo está comprometido. As dificuldades não se res-tringem a uma área e a crise é sistêmica. Assim, é preciso aperfeiçoar o SUS como um todo.

No caso da atenção bási-ca, as mudanças passam pela oferta de melhores condições de trabalho, pelo investimen-to na contratação de recursos humanos, pela valorização do médico e de outros profis-sionais de saúde, com a ofer-ta de remuneração adequada e de mecanismos que esti-mulem sua ida e fixação em áreas consideradas de difícil provimento. Por isso, defen-demos que o estado crie uma carreira específica para o médico, com foco na atenção básica, nos moldes das que já existem no âmbito do Poder Judiciário e do Ministério Público. Certamente, isso au-mentaria o interesse dos jo-vens médicos em preencher os vazios assistenciais.

Para o presidente do Conselho Federal de Medicina, Carlos Vital Corrêa Tavares Lima, a proposta apenas beneficia interesses empresarias. Em vez de atender às demandas da população de baixa renda, “muitos pacientes serão induzidos à expectativa de cumprimento contratual que não será concretizado”.

Ivone Silva

“Se aprovados, os planos de saúde populares vão continuar a onerar o SUS”

> Tavares Lima, do CFM, lembra que planos atuais não dão conta da demanda e encaminham pacientes ao SUS. Os tais “acessíveis” tendem a agravar o quadro

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Cultura

8 • Jornal do Simesp

Mais cultura

Estique seu passeio no Largo do AroucheBem próximo do Museu da

Diversidade, a cerca de 500

metros dali, fica o Largo do

Arouche. Um local bastante

arborizado, ideal para um pas-

seio a pé. O largo é famoso por

abrigar esculturas de bronze

como Depois do Banho, de Vic-

tor Brecheret, e pelos bares e

baladas em seu entorno. Abri-

ga tradicionais restaurantes da

região central de São Paulo:

como o italiano O Gato Que Ri

e o francês La Casserole.

Flores e poesia urbana nos arredores Também no Largo do Arouche

está o famoso Mercado das Flo-

res, que completou 100 anos

em 2014. O mercado, aponta-

do como o primeiro do tipo na

cidade, foi criado por causa do

Dia de Finados e hoje oferece

uma enorme diversidade de

flores e vasos de plantas e foi

imortalizado nos versos ini-

ciais de Freguês da Meia-Noite,

música do cantor e compositor

Criolo.

“Meia-Noite

Em pleno Largo do Arouche

Em frente ao Mercado das Flores

Há um restaurante francês

E lá te esperei”

No centro da cidade, o Museu da Diversidade

> Espaço dedicado à coleta, organização e divulgação de referências materiais e imateriais do universo LGBT

Criado em 2012, vinculado à Se-cretaria de Cultura do Gover-no do Estado de São Paulo, o Museu da Diversidade (MDS) tem como objetivo principal garantir a preservação do pa-trimônio cultural da comu-nidade LGBT brasileira. É o primeiro equipamento desse tipo em toda a América Latina e toda programação é gratuita.

Até 28 de janeiro, o local abriga a exposição Caio Mon Amour – Amor e Sexualida-de na obra de Caio Fernando Abreu. A mostra reúne fotos e textos do escritor do clássi-co Morangos Mofados, livro de contos libertários publicado em 1982, plena época de aber-tura política, que registra o estranhamento, a solidão e a marginalização de persona-gens urbanos condicionados aos julgamentos da sociedade.

A mostra traz uma linha do tempo que lembra a trajetória do escritor que morreu muito jovem, aos 47 anos, em decor-

rência do vírus HIV. Em 2016, sua morte completa 20 anos.

A exposição ainda conta com um mimeógrafo para a impres-são de poemas do autor e uma máquina de escrever (com a qual o público poderá criar os seus próprios textos). No mesmo es-paço, há um ambiente de boate (com o estilo dos anos 80), no qual estão pendurados poemas do jor-nalista, dramaturgo e escritor.

Educação para diversidadePara o ano que vem o Museu já planeja a II Mostra Diversa, que tem como objetivo promover e abrigar projetos culturais que discutam questões ligadas ao campo da diversidade sexual. As técnicas usadas podem ser variadas (fotografia, pintura, grafite, entre outras). Qualquer interessado pode se inscrever e propor iniciativas. O edital está disponível no site da institui-ção: www.mds.org.br.

O museu oferece programa que disponibiliza seu acervo

para circulação em todo o esta-do (em parceria com cidades do interior e do litoral). A proposta é levar ideias e conceitos sobre o tema da diversidade sexual e diretos humanos a um público mais amplo.

O espaço também conta com um núcleo de ação educativa para estabelecer diálogos com os visitantes sobre preconcei-to, discriminação, orientação sexual, identidade e expressão de gênero, cidadania e direitos humanos.

É possível agendar visitas guiadas, de terça a sexta-feira, para grupos de até 30 pessoas. As visitas têm cerca de uma hora e podem ser marcadas pelo e-mail: [email protected]. Não há classificação etária.

O MDS está localizado den-tro da estação República do Metrô (piso mezanino, atrás da bilheteria, loja 518). Funciona de terça a domingo (das 10h às 18h) e há acessibilidade para de-ficientes físicos.

Leonardo Gomes Nogueira

Dentro do Metrô República, em São Paulo, encontra-se o primeiro museu da América Latina a tratar de questões relacionadas à comunidade LGBT

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