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DOUTORADO INTERNACIONAL CONVÊNIO FIOCRUZ/CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS-CES - UNIVERSIDADE DE COIMBRA-UC-PT DIREITOS HUMANOS, SAÚDE GLOBAL E POLÍTICAS DA VIDA Outubro 2012

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Page 1: DIREITOS HUMANOS, SA ÚÚÚÚDE GLOBAL E POL ......recentes, ganhou especial express ão com a intensifica çã o das coopera çõ es na Europa, com a cria çã o do CES-Am érica

DOUTORADO INTERNACIONAL CONVÊÊÊÊNIO

FIOCRUZ/CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS-CES - UNIVERSIDADE DE COIMBRA-UC-PT

DIREITOS HUMANOS, SAÚÚÚÚDE GLOBAL E

POLÍÍÍÍTICAS DA VIDA

Outubro 2012

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Direitos Humanos, Saúúúúde Global e Polííííticas da Vida -

Programa de Doutorado em Co-tutela dentro do

Convêêêênio da Fundaçãçãçãção Oswaldo Cruz –––– Fiocruz –––– Brasil

e o Centro de Estudos Sociais –––– CES da Universidade de

Coimbra –––– Portugal

1 –––– Justificativa e Relevâââância:

A proposta de Programa de Doutorado Internacional

resultante do 1o Termo Aditivo ao Convênio Geral de Cooperação

entre a Universidade de Coimbra (Portugal) e a Fundação Oswaldo

Cruz (Fiocruz) – Cooperação entre o Centro de Estudos Sociais –

(CES) da Universidade de Coimbra e a Fundação Oswaldo Cruz

(Fiocruz) surge em um momento simultaneamente de crise global,

mas também de criação coletiva de respostas a essa crise. Para que

tais respostas sejam, simultaneamente, globais, solidárias e de

sentido emancipatório, é necessário o investimento na criação de

novos perfis de formação avançada de agentes capazes de

responder a tais desafios.

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A saúde constitui, atualmente, um dos campos em que se

inscrevem, se encontram e interferem relações de poder e

desigualdades, mas também experiências de solidariedade e de

promoção da democracia e dos direitos fundamentais que estão a

emergir em diferentes regiões do mundo. Em um momento histórico

de globalização do capitalismo internacional, em que se acentuam

crises sociais, econômicas e ecológicas de âmbito local e global,

torna-se necessário aprofundar o papel da saúde na construção de

alternativas justas, democráticas e sustentáveis.

É em torno da saúde que se tem travado, e continuam a

travar, algumas das lutas mais importantes ligadas à defesa da

dignidade e dos direitos humanos. No campo mais restrito ao setor

saúde podemos assinalar a luta pelo acesso de todos os cidadãos a

cuidados de saúde; a defesa de Sistemas e Serviços Nacionais de

Saúde ou seu reforço e consolidação; a garantia de acesso à

atenção básica na maioria dos países do mundo. Em termos mais

amplos, a abordagem das questões de saúde envolvem o

questionamento das injustiças sociais e ambientais entre territórios e

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grupos populacionais, a alocação de mais recursos à pesquisa e o

combate aos grandes problemas de saúde que afetam a maioria da

população mundial.

O inventário dos problemas de saúde pública abrange

questões epistemológicas e políticas como a relação entre saberes

biomédico e outros saberes relacionados à saúde, à doença, ao

corpo, às práticas de cura ou ás condições sociais, econômicas,

culturais e ambientais que influem na saúde, configurando, no seu

conjunto, problemas de justiça cognitiva que não têm sido

enunciados, nem enfrentados de forma adequada; as relações entre

justiça social, justiça cognitiva e justiça ambiental, enquanto

condições da saúde e do bem estar de populações e de

comunidades; e, finalmente, a própria definição de saúde, em sua

visão ampliada, como um direito fundamental e humano e as suas

implicações políticas. Esses problemas configuram, hoje, importantes

constelações de lutas e de mobilizações coletivas em diferentes

regiões do mundo.

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Um programa ambicioso como o que aqui é esboçado só

poderá ser realizado através da colaboração e das sinergias entre

instituições que disponham das capacidades, dos recursos e da

energia e vontade intelectual e política, indispensáveis à sua

realização. A FIOCRUZ e o CES-UC estão numa posição privilegiada

para assumir uma iniciativa pioneira neste campo.

As duas instituições proponentes possuem uma longa e

rica experiência nos campos abrangidos nesta proposta. Ambas são

instituições de excelência, fortemente internacionalizadas, com um

forte compromisso com a promoção das relações Norte-Sul e com a

promoção de uma ciência engajada, que procura responder aos

desafios de um mundo em rápida mudança.

Trata-se, então, de uma parceria que permita por em

comum os seus recursos para um programa como o que agora é

proposto e que constituirá, sem dúvida, um importante avanço na

capacidade tanto de produção de conhecimentos como na formação

avançada de novos agentes com as competências necessárias para

lidar com os novos desafios.

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A FIOCRUZ, para além do seu patrimônio de atividade e

de conhecimento nas diferentes áreas científicas solicitadas para

este projeto, tem uma riquíssima experiência no campo da

cooperação internacional, em particular na América Latina e em

países da África de língua portuguesa.

O CES, para além da sua grande experiência enquanto

instituição de investigação interdisciplinar, assumiu desde a sua

criação uma dinâmica de internacionalização que, nos tempos mais

recentes, ganhou especial expressão com a intensificação das

cooperações na Europa, com a criação do CES-América Latina e do

CES-Aquino de Bragança, sediados respectivamente em Belo

Horizonte (Brasil) e em Maputo (Moçambique), e com a criação

próxima do CES-Ásia, sediado em Goa (Índia). A parceria entre as

duas instituições garante a relevância social e científica e o caráter

inovador do programa proposto.

2 - Identificaçãçãçãção das Instituiçõçõçõções:

2.1 - Fundaçãçãçãção Oswaldo Cruz:

Promover a saúde e o desenvolvimento social, gerar e

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difundir conhecimento científico e tecnológico, ser um agente da

cidadania. Estes são os conceitos que pautam a atuação da

Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vinculada ao Ministério da Saúde,

a mais destacada instituição de ciência e tecnologia em saúde da

América Latina.

Criada em 25 de maio de 1900 - com o nome de Instituto

Soroterápico Federal -, a Fiocruz nasceu com a missão de combater

os grandes problemas da saúde pública brasileira. Para isso,

moldou-se ao longo de sua história como centro de conhecimento da

realidade do País e de valorização da medicina experimental.

Hoje, a instituição, órgão do Ministério da Saúde, abriga

atividades que incluem o desenvolvimento de pesquisas; a prestação

de serviços hospitalares e ambulatoriais de referência em saúde; a

fabricação de vacinas, medicamentos, reagentes e kits de

diagnóstico; o ensino e a formação de recursos humanos; a

informação e a comunicação em saúde, ciência e tecnologia; o

controle da qualidade de produtos e serviços; e a implementação de

programas sociais. São mais de 7.500 servidores e profissionais com

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vínculos variados, uma força de trabalho que tem orgulho de estar a

serviço da vida.

2.2 - Universidade de Coimbra:

A Universidade de Coimbra é uma referência

incontornável no panorama do ensino superior e da investigação em

Portugal, pela qualidade reconhecida do ensino ministrado nas suas

oito Faculdades e pelos avanços que tem permitido à investigação

pura e aplicada, em várias áreas do conhecimento, em Portugal e no

mundo.

O prestígio da Universidade de Coimbra pode ser

comprovado pela posição que esta instituição ocupa em

classificações internacionais de relevo sobre universidades e centros

de investigação. Neste projeto, está associado ao Centro de Estudos

Sociais da Faculdade de Economia.

Centro de Estudos Sociais - O Centro de Estudos

Sociais (CES), criado em 1978 na Faculdade de Economia da

Universidade de Coimbra, é uma instituição científica vocacionada

para a investigação e formação avançada na área das ciências

sociais e humanas. Dirigido desde a sua fundação pelo Professor

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Doutor Boaventura de Sousa Santos, o CES conta hoje com 115

investigadores, 27 investigadores associados e 29 investigadores

juniores. Muitos dos investigadores desenvolvem a sua atividade a

tempo inteiro no Centro, combinando os restantes a investigação

com a docência (majoritariamente nas Faculdades de Economia,

Letras e Ciências e Tecnologias) ou com outras atividades

profissionais. Entre o seu corpo de investigadores encontram-se

sociólogos, economistas, juristas, antropólogos, historiadores,

especialistas das áreas da educação, da literatura, da cultura e das

relações internacionais, geógrafos, arquitetos, engenheiros, biólogos

e médicos. Ao longo dos últimos anos, o CES tem conhecido uma

assinalável expansão da sua atividade científica, o que é observável

no alargamento do quadro dos seus investigadores, na sua

progressão acadêmica, na multiplicação dos projetos de investigação

em que estes têm estado envolvidos, no alargamento das redes de

cooperação internacional, nas atividades de cooperação com o meio

exterior e na vitalidade dos seus principais instrumentos de

divulgação científica. Os projetos de investigação e as redes

científicas internacionais, em que os seus investigadores têm estado

envolvidos na última década, dão conta do dinamismo do CES, que

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viu, em 1997, em 1999, e, mais recentemente, em inícios do 2005,

os seus méritos científicos reconhecidos ao ser classificado de

Excelente (grau de classificação máxima) por um júri internacional,

no âmbito do Processo de Avaliação de Unidades de Investigação do

Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Em Fevereiro

de 2002, foi concedido ao CES o estatuto de Laboratório Associado

pelo Ministério da Ciência com base em duas premissas centrais: em

primeiro lugar, a capacidade demonstrada de desenvolver

investigação inovadora sobre a sociedade portuguesa nas suas

diferentes vertentes, bem como sobre as transformações atuais a

nível mundial, com destaque para as sociedades semiperiféricas e

do Hemisfério Sul, particularmente nos países de língua oficial

portuguesa; em segundo lugar, o envolvimento do Centro com

questões de interesse público, nomeadamente as políticas públicas e

as novas formas de regulação; as relações entre o saber científico e

a participação dos cidadãos; e o sistema legal e a reforma da

administração da justiça.

3 –––– Organizaçãçãçãção e Estrutura:

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3.1- Temas Centrais:

A abordagem inovadora proposta por este Programa

assenta na identificação de três Temas Centrais que definem os

principais desafios à saúde no mundo atual: Direitos Humanos e

Saúde; Conhecimento e Justiça Cognitiva; Globalização e Políticas

da Vida.

Direitos Humanos e Saúúúúde: A saúde é definida como

um direito humano fundamental no artigo 25 da Declaração Universal

dos Direitos Humanos de 1948. Esse direito está inscrito nas

constituições de vários países, incluindo Portugal e o Brasil, ainda

que com formulações não coincidentes.

A área do Direito e Saúde enfrenta desafios nas

abordagens construídas numa perspectiva sociopolítica, em que a

saúde da população é pensada como direito social e humano; difuso

e coletivo, cuja garantia e aprimoramento repousa no

aprofundamento das bases epistemológicas das ciências jurídicas

em suas relações com as ciências sociais e da saúde. Face a

diferentes concepções de saúde, o debate em torno do significado e

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das implicações da definição da saúde como um direito é intenso,

particularmente quando se procura positiva-lo.

Entre as implicações desses debates está a atribuição de

meios financeiros para sustentar sistemas ou serviços públicos de

saúde, as formas de conhecimento e de práticas terapêuticas

reconhecidas e cobertas, a centralidade do modelo biomédico ou, em

alternativa, de concepções ampliadas de saúde como, no caso do

Brasil, a Saúde Coletiva. Os processos de privatização e

reorganização do setor público sob a égide dos instrumentos de

mercado, os mecanismos desiguais de acesso aos serviços de

saúde, o subsídio público ao setor privado e a influência dos

complexos médico-industriais em diferentes regiões do mundo vêm

suscitar novas interrogações sobre as políticas públicas de saúde e

sobre a sua capacidade de efetivamente cumprirem a promessa da

saúde como direito fundamental e humano .

Conhecimento e Justiçççça Cognitiva: Este conceito está

associado a dois sentidos diferentes, mas complementares. Face a

diferentes concepções de saúde, o debate em torno do significado e

das implicações da definição da saúde como um direito é intenso,

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particularmente quando se procura positiva-lo, primeiro diz respeito

ao reconhecimento da diversidade de modos de conhecimento que

existem hoje no mundo, e que se constitui como a condição

indispensável do encontro, diálogo e negociação entre saberes

associados a experiências e a contextos de produção e de

apropriação distintos, desde os saberes científicos e técnicos –

incluindo a biomedicina, a epidemiologia e as ciências sociais – aos

saberes locais e aos saberes indígenas e populares, emergentes de

experiências de diferentes comunidades e coletivos.

Inegavelmente, o reconhecimento dessa pluralidade de

conhecimentos, ancorado principalmente nas ciências sociais, traz

avanços para a área da saúde, possibilitando o diálogo entre as

dimensões êmica e ética, de objetivação e subjetivação, de agentes

e instituições, bem como do aprofundamento das conexões entre o

campo simbólico, representacional e o das práticas. Por outro lado,

essas ciências podem permitir uma negociação entre diferentes

saberes como uma estratégia fundamental para se conviver com a

diversidade.

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São esses encontros entre saberes, em convergência ou

conflito, que permitem a constituição do que Boaventura de Sousa

Santos designa de ecologias de saberes, de configurações de modos

de conhecer que resgatem e ponham em diálogo a enorme riqueza

epistémica associada a histórias e experiências distintas, nas suas

convergências e divergências, nas suas complementaridades e

diálogos, nas suas traduções e negociações.

O segundo sentido associado ao conceito de justiça

cognitiva está vinculado ao acesso aos conhecimentos e à sua

apropriação, especialmente ao conhecimento científico e técnico. No

domínio da saúde, a distribuição desigual dos recursos cognitivos, de

diagnóstico e de terapia facultados pela biomedicina –

especialmente, ainda que não exclusivamente, o acesso a meios

existentes, mas disponibilizados de maneira desigual, de enfrentar as

doenças infecciosas que continuam a afetar e a matar a maior parte

da população do mundo - é hoje vinculada à definição global de

orientações no campo das políticas de saúde que tendem a negar às

populações do Hemisfério Sul, mas também aos setores mais pobres

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das populações dos países do Norte, o direito ao acesso integral a

cuidados de saúde garantidos por serviços públicos. A justiça

cognitiva global aparece, pois, como indissociável da justiça social

global.

Globalizaçãçãçãção e Polííííticas da Vida. O conceito de

políticas da vida aqui proposto assenta no “princípio de vida” proposto pela filosofia da libertação latino-americana (Enrique

Dussel, Franz Hinkelammert). O postulado principal do “princípio de

vida” é o da garantia das condições materiais de existência e de

desenvolvimento da vida humana como condição para o exercício de

todos os direitos, políticos e cívicos, econômicos e sociais, culturais e

ambientais. Essas condições só podem ser realizadas através de

políticas que articulem noções ampliadas de saúde com uma

concepção ampla de políticas sociais, com o objetivo não só de

garantir a sobrevivência física dentro de padrões considerados

dignos, mas também de possibilitar o desenvolvimento do potencial

humano, pessoal e coletivo, apoiada numa tensão dinâmica entre os

princípios da igualdade e da diferença. A esta outra política da vida

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estão associadas novas figuras da cidadania, mas também novas

formas e dispositivos de governo e de participação dos cidadãos na

definição de políticas, na alocação dos recursos, e no controlo social

da execução das políticas e dos seus resultados. Um dos desafios

maiores a esta orientação decorre da necessidade de a pensar em

diferentes escalas, do local e do nacional a formas transnacionais de

política da vida e de governo da saúde.

No plano global, a política da vida implica a redefinição

de políticas de saúde como parte de políticas de âmbito mais amplo,

que vinculem as intervenções sanitárias à efetivação de direitos

políticos, sociais, econômicos e culturais mais amplos e ao exercício

ativo da cidadania.

No campo específico da saúde, as desigualdades, não só

no interior de cada sociedade, mas à escala global, entre o Norte e o

Sul, constituem outro aspecto central com implicações para a

discussão da saúde como direito humano. A influência de

corporações transnacionais e de lógicas de mercado também vem

afetando os sistemas e serviços públicos de saúde, mercantilizando

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a fragmentando de forma crescente o setor. Finalmente, a

globalização de práticas como os ensaios clínicos vem trazer para o

centro desta discussão problemas que têm sido tratados, sobretudo,

no âmbito da bioética.

Nos países do Norte, a crescente importância dos

saberes biomédicos, da ampliação das profissões ligadas à saúde e

das transformações de instituições e práticas, configurando uma

nova economia política da saúde, permite identificar formas

emergentes de política e de cidadania em que a promoção da saúde

e a sua afirmação como um imperativo de cidadania assumem uma

importância central. A expressão “política da vida em si mesma” tem

sido utilizada para descrever os processos e os efeitos dessas novas

configurações, em particular a promoção da figura do cidadão

enquanto “sujeito somático”, centrado no cuidar de si mesmo e no

princípio da prevenção, entendido como monitorização permanente

de susceptibilidades. Uma consequência desta orientação é a

crescente transferência da responsabilidade pela defesa e promoção

da saúde aos indivíduos, com a correspondente minimização de uma

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concepção ampliada de saúde, que a vincule a condições como a

proteção ambiental, as condições de vida, as políticas urbanas e de

ordenamento do território, as políticas laborais, a distribuição da

renda, o acesso à educação, a políticas sociais e a cuidados de

saúde, ao combate às condições de violência estrutural que

reproduzem desigualdades.

A essa orientação têm sido contrapostas, como acontece

no Brasil, novas figuras de uma política da vida que procura articular

noções ampliadas de saúde com uma concepção ampla de políticas

sociais, com o objetivo não só de garantir a sobrevivência física

dentro de padrões considerados dignos, mas também de possibilitar

o desenvolvimento do potencial humano, pessoal e coletivo, apoiada

numa tensão dinâmica entre os princípios da igualdade e da

diferença. A esta outra política da vida estão associadas novas

figuras da cidadania, mas também novas formas e dispositivos de

governo e de participação dos cidadãos na definição de políticas, na

alocação dos recursos, e no controle social da execução das

políticas e dos seus resultados. Um dos maiores desafios a esta

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orientação decorre da necessidade de pensar em diferentes escalas,

do local e do nacional, a formas transnacionais de política da vida e

de governo da saúde.

3.2 –––– Organizaçãçãçãção e Funcionamento do Curso:

O curso será organizado a partir dos programas de

doutoramento já existentes. No CES, a âncora será o programa

doutoral ““““Governaçãçãçãção, Conhecimento, Inovaçãçãçãção”””” e programa Póóóós

Colonialismos e Cidadania Global. Na FIOCRUZ, serão os

Programas de Pós Graduação em Saúúúúde Púúúública da Escola

Nacional de Saúúúúde Púúúública Séééérgio Arouca - ENSP, em Históóóória

das Ciêêêências e da Saúúúúde da Casa Oswaldo Cruz - COC, em

Saúúúúde da Criançççça e da Mulher do Instituto Fernandes Figueiras -

IFF, em Informaçãçãçãção e Comunicaçãçãçãção em Saúúúúde do Instituto de

Comunicaçãçãçãção e Informaçãçãçãção Tecnolóóóógica –––– ICICT, em Ensino em

Biociêêêências e Saúúúúde do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), Saúúúúde

Púúúública do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhãããães –––– CPqAM e

Saúúúúde Púúúública do Centro de Pesquisa Renéééé Rachou - CPqRR.

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Linhas de Pesquisa:

As linhas de pesquisas que deverão compor o Programa

são as seguintes:

1 - Desigualdades Sociais, Modelos de Desenvolvimento e

Saúúúúde: a linha de pesquisa estuda: (1) a epidemiologia dos

determinantes sociais de saúde, que investiga a forma como

relações sociais, passadas e presentes, acarretam diferentes

exposições e, portanto, diferenças nos desfechos de saúde; (2)

sistemas locais de saúde, com ênfase no impacto sobre a

reorganização da rede, a reestruturação da oferta e as condições de

acesso da população; (3) a organização dos serviços urbanos nas

áreas metropolitanas latino-americanas e sistemas locais de

informação; (4) a produção e reprodução das desigualdades sociais,

em particular os aspectos referentes ao conceito e sua mensuração,

estrutura social e reprodução social, e saúde/sobrevivência; (5) o

ambiente e a qualidade de vida, especialmente no que se refere à

problemática do desenvolvimento auto sustentado; (6) a análise das

desigualdades sócio-espaciais em problemas de saúde e ambiente

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relacionadas aos modelos de desenvolvimento, incluindo questões

relacionadas à vulnerabilidade social e à justiça ambiental.

2 - Direito, Saúúúúde e Cidadania: a linha aborda os processos

sociopolíticos de constituição da saúde da população como um

direito social e humano, difuso e coletivo, cuja realização decorre do

encontro entre o diálogo construtivo e inovador das ciências

jurídicas, das ciências sociais e da saúde, bem como de formas de

mobilização cidadã e de construção de políticas públicas solidárias e

democráticas. A procura da justiça no domínio da saúde e a

realização da saúde como imperativo de justiça constituem, assim,

os horizontes da pesquisa e da intervenção social nesta área. A

transversalização da concepção ampla da saúde como defesa e

promoção da vida tem como corolário a ampliação da relação entre

saúde e direito.

3 - Violêêêência e Saúúúúde: A linha estuda a violência e seu impacto na

saúde coletiva a partir de uma perspectiva ampliada, interdisciplinar

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e propositiva. Entende-se que um plano de estudo sobre o impacto

da violência no campo da saúde envolve um amplo trabalho

investigativo interdisciplinar sobre: (1) grupos específicos e

vulneráveis e as formas de violência prevalentes em cada segmento;

(2) dinâmicas sociais que produzem e reproduzem distintos tipos de

violência que atingem à saúde de indivíduos e grupos populacionais;

(3) produção social do registro e da informação sobre eventos

violentos; (4) planejamento, oferta e qualidade dos serviços, segundo

finalidades de atendimento (promoção à saúde, prevenção,

tratamento e reabilitação); (5) avaliação das políticas, programas e

ações de prevenção da violência e promoção de uma cultura de paz.

4 - Históóóória da Saúúúúde: a linha de pesquisa compreende um conjunto

de investigações sobre os saberes e as práticas que configuram a

saúde como fenômeno político e social em distintos contextos

históricos. Tem como diretriz analisar as ideias, ações e práticas

institucionais e coletivas, públicas e voluntárias, que visam assistir,

proteger e socorrer indivíduos, grupos e a sociedade dos efeitos da

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pobreza e da doença. Contempla ainda estudos sobre as distintas

concepções de saúde/doença (e as práticas a elas relacionadas), por

parte de grupos sociais diversos (do Estado e da sociedade civil), e a

dinâmica da relação entre teorias biomédicas e ações e políticas no

campo da saúde. A história da formação de profissionais e suas

organizações no campo da saúde também é tema importante de

investigação nessa linha. Indaga-se como instituições, interesses e

ações se conformam na associação de contextos e dinâmicas locais,

regionais, nacionais e internacionais. Tal vertente de estudos se

expressa particularmente nas discussões sobre os processos

históricos constitutivos da chamada saúde global, ao longo do século

XX, e sobre o papel dos organismos internacionais e multilaterais

neste campo em suas interfaces com as políticas e atores nacionais

e internacionais. Destacam-se ainda as discussões sobre a saúde

como um elemento relevante do processo pelo qual grupos sociais

específicos (entre os quais aqueles marcados por situações de

exclusão social) interagem com o poder público, estabelecem formas

de sociabilidade e produzem concepções sobre a ordem social.

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5 - Sexualidade, Reproduçãçãçãção, Gêêêênero e Saúúúúde: a linha inclui

estudos sobre a sexualidade e a reprodução nas relações de gênero,

ancorados nas abordagens epidemiológicas, sócio-culturais, das

políticas públicas e da avaliação de tecnologias. Dentre as temáticas

que integram a linha, destacam-se as seguintes: representações

socioculturais do corpo; equidade entre os gêneros no campo da

saúde; direitos sexuais e reprodutivos; movimentos sociais e as

questões de gênero; masculinidades e os cuidados de saúde;

intervenções tecnológicas em corpos generificados.

6 - Informaçãçãçãção e Comunicaçãçãçãção em Saúúúúde: compreendendo o

direito à informação e à comunicação como inerentes e inalienáveis

do direito á saúde, a linha de pesquisa dedica-se à investigação e

análise crítica do circuito social do conhecimento, buscando

compreender a especificidade dos contextos e processos de

produção, mediação, circulação e apropriação de informações e

dispositivos de comunicação, assim como dos atores, redes e

políticas públicas presentes no campo da saúde. Privilegia os

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estudos interdisciplinares que articulem abordagens teóricas e

metodológicas dos campos da informação, comunicação, saúde e

ciência & tecnologia. Seus projetos priorizam: as características das

mediações culturais, sociais, institucionais e tecnológicas,

principalmente aquelas relacionadas ao acesso e à apropriação, pela

população, das políticas públicas, da informação, do conhecimento e

das tecnologias de informação e comunicação; a produção social dos

sentidos da saúde, com ênfase nas relações de poder; abordagens

da informação e comunicação como determinantes sociais da saúde

e intrinsecamente relacionadas ao tema do negligenciamento em

saúde; as formas discursivas e relações entre a saúde e os meios de

comunicação, incluindo os meios digitais; análise das políticas,

ações, práticas e processos de produção, aplicação e difusão de

conhecimentos científicos e técnicos no campo da saúde.

7 - Abordagens Educativas na Pesquisa em Saúúúúde e Ambiente: a

linha de pesquisa engloba as diferentes perspectivas teórico-

conceituais e metodológicas do campo da educação que atravessam

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o campo da pesquisa em saúde e ambiente e que envolvem ações

de promoção da saúde e a participação da população. Nesta

perspectiva, considera-se a necessária crítica à insuficiência do

modelo biomédico frente à complexidade do processo saúde-

doença-cuidado entendido como positivo e dinâmico, integrando

aspectos somáticos, mentais, ambientais e socioculturais. O foco é

investigar e avançar no processo de reflexão, produção de

conhecimento e experimentação de novos saberes no campo da

educação, ambiente, trabalho e formação em saúde nos quais

estratégias educativas formais e/ou informais estejam presentes. As

principais temáticas da linha são: (1) articulação ensino, pesquisa,

escolas e serviços de saúde; (2) pesquisa clínica em saúde em uma

perspectiva “ampliada”; (3) produção compartilhada de

conhecimento; (4) tendências das práticas pedagógicas na educação

permanente e formação em saúde; (5) teorias interpretativas e sua

contribuição ao campo da pesquisa e educação em saúde; (6)

tecnologias educacionais na área da saúde; (7) saúde, ambiente e

transição tecnológica; (8) saúde como campo de construção de

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práticas cuidadoras socialmente determinadas; (9) avaliação no

contexto da Promoção da Saúde: foco no Movimento Internacional

Cidades, Municípios, Comunidades e Ambientes Saudáveis; (10)

promoção da saúde e fortalecimento de políticas públicas

comprometidas com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS);

(11) desenvolvimento e avaliação de atividades pedagógicas sobre

questões de saúde e ambiente para crianças, jovens, professores e

profissionais de saúde.

8 - Polííííticas, Gestãããão e Avaliaçãçãçãção em Saúúúúde: a linha de pesquisa

envolve projetos que analisam as diversas políticas de saúde, de

abrangência nacional e internacional, bem como os aspectos

relacionados à gestão das políticas, programas, serviços e sistemas

de saúde. Também se enquadram nessa linha os projetos de

pesquisas avaliativas em suas diversas dimensões, que focalizam a

saúde e assistência à saúde.

Do Funcionamento e da Grade Curricular:

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O Programa deverá decorrer, em paralelo, nas duas

instituições, admitindo estudantes através de ambas, a partir dos

Programas de Pós Graduação elencados nesta proposta. Serão

criadas condições de mobilidade de estudantes e de docentes. Serão

admitidos à candidatura estudantes com formações diversas,

relevantes para a área.

Os alunos deverão cursar as disciplinas obrigatórias do programa ao

qual se filiaram. Além disso, o programa CES-FIOCRUZ conterá uma

programação extra, constituída por um tronco comum de disciplinas,

seminários/escolas de inverno ou verão, de frequência obrigatória

para os alunos inseridos no mesmo, ministrado por professores do

CES e FIOCRUZ replicado em ambas as instituições com mobilidade

de docentes.

Disciplinas do Tronco em Comum:

A) Direitos Humanos e Saúde

B) Conhecimento, Ciência e Justiça Cognitiva

C) Globalização e Políticas da Vida

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O Programa será constituído por uma parte curricular

(Curso de Doutorado), que deverá contemplar os três temas já

referidos, que são Direitos Humanos e Saúde, Conhecimento e

Justiça Cognitiva e Políticas da Vida. A partir das linhas de

pesquisas, as unidades curriculares assumirão a forma de

seminários ou de cursos intensivos. Serão incluídas as diferentes

áreas científicas relevantes, incluindo as ciências da vida, as ciências

da saúde e as ciências sociais e humanas. Poderão ser convidados

palestrantes externos. Os estudantes deverão elaborar uma tese,

baseada em investigação original, a realizar em ligação com linhas

ou projetos de pesquisa em curso nas instituições proponentes.

Ingresso dos alunos:

Os candidatos interessados em ingressar no programa

CES-FIOCRUZ deverão se selecionados por comissões compostas

por pesquisadores/professores do CES e FIOCRUZ. Deverão se

inscrever através dos Programas de Pós Graduação e, no caso da

Fiocruz, pelas linhas de pesquisas definidas neste documento. A

seleção será compartilhada e específica.

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Para aprofundamento de todas as regras de

funcionamento do referido Programa de Doutorado Internacional

serão realizadas reuniões com a comissão presidida pela

Coordenação Geral de Pós Graduação, composta pelos

Coordenadores dos Programas de Pós Graduação do CES e da

Fiocruz e os Coordenadores Gerais do Convênio Fiocruz/CES.

Em relação aos programas da Fiocruz, serão oferecidas

10 (dez) vagas, condicionadas a disponibilidade de doutores-

orientadores de ambas as instituições, já que a orientação deverá ser

em parceria.

Mobilidade de alunos

É desejável a mobilidade dos alunos entre os dois países para

estágio, frequentar disciplinas/seminários e realizar trabalhos de

campo. Esta possibilidade está condicionada ao financiamento

(bolsas da FCT/CAPES, doutorando-sanduíche ou ainda um

financiamento próprio para este projeto).

Orientaçãçãçãção dos alunos:

Os alunos obrigatoriamente terão um orientador de cada

instituição, podendo este número aumentar de acordo com a

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disponibilidade e necessidade do projeto de pesquisa. Serão

incentivadas as propostas de teses que pretendam realizar estudos

comparativos entre Brasil e Portugal. Ambos orientadores de CES e

FIOCRUZ estariam nas bancas de defesa.

Da Titulaçãçãçãção:

Os alunos teriam a titulação do programa doutoral de

origem com uma certificação em seus diplomas que o doutorado foi

realizado dentro do Convênio Fiocruz/CES.

Taxas:

O programa não deverá ter nenhuma taxa adicional,

sendo um projeto totalmente financiado.

3 –––– Objetivos:

3. 1 - Formação avançada de uma nova geração de agentes de

saúde, com competências que articulam diferentes áreas de

conhecimento ligadas à saúde global e capacidades de intervenção

no desenho, execução e avaliação de políticas públicas nos planos

nacional e internacional, na organização de formas inovadoras de

produção compartilhada de conhecimentos e de ação pública no

campo da saúde e de facilitação de novas formas de governo do

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sector da saúde, especialmente através de procedimentos

participativos envolvendo os diferentes protagonistas dos processos

ligados à saúde, entendida no sentido amplo que aqui lhe é

conferido;

3.2 - Promoção de pesquisa inovadora e de caráter transdisciplinar

sobre a saúde, articulando diferentes formas de conhecimento no

quadro de ecologias de saberes.

4 - Corpo docente: será constituído por pesquisadores do CES, da

Fiocruz e convidados de outras instituições.

5 - Recursos:

A proposta será encaminhada para as agências de

fomento dos dois países.