direitos humanos e saúde mental em portugal · —elaboração e aprovação do plano nacional da...

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Direitos Humanos e Saúde Mental em Portugal 18ª Reunião da CNDH/ 6ª Reunião Plenária alargada à sociedade civil ÁLVARO CARVALHO/ Diretor do PNSM MNE 16/12/2016

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Direitos Humanos e Saúde

Mental em Portugal

18ª Reunião da CNDH/ 6ª Reunião Plenária alargada à sociedade

civil

ÁLVARO CARVALHO/ Diretor do PNSM

MNE – 16/12/2016

1) A Nível Legislativo e de Política de

Saúde Mental – Lei de Saúde Mental (Lei n.º 36/98)

Direitos Humanos das pessoas com problemas de SM,

atualizados e enquadrados por:

Legislação

nacional

Orientações e

compromissos

internacionais

• Constituição da República Portuguesa,

• Lei de Bases da Saúde (Lei n.º 48/1990),

• Estatuto do Serviço Nacional de Saúde

(DL n.º 10/1993 e DL n.º 11/1993)

• Conselho da Europa

• Convenção Europeia dos Direitos do Homem

• Tribunal Europeu dos Direitos do Homem

• Assembleia Geral da ONU

• Organização Mundial da Saúde

Artigo 4º

Conselho Nacional de Saúde Mental, “órgão de consulta do Governo em

matéria de política de saúde mental, nele estando representadas as

entidades interessadas no funcionamento do sistema de saúde mental,

designadamente as associações de familiares e de utentes (...)”.

Artigo 5.º

Regulação dos direitos e deveres do utente com problemas de saúde

mental

Lei de Saúde Mental

Artigos 38º a 40º

Comissão de Acompanhamento da Execução do Regime Jurídico do

Internamento Compulsivo, “constituída por psiquiatras, juristas, por um

representante das associações de familiares e utentes de saúde mental e outros

técnicos de saúde mental, nomeados por despacho conjunto dos Ministros da

Justiça e da Saúde”.

Lei de Saúde Mental

prevenção de abusos em relação àquelas pessoas ou à utilização

indevida da perda de liberdade e de tratamento compulsivo por doença

mental

Artigo 46º

“A gestão do património dos doentes mentais não declarados incapazes é

regulada por decreto-lei”,

Proposta do Conselho Nacional de Saúde Mental através da

Subcomissão da Gestão do Património e outros Direitos de Natureza

Patrimonial dos Doentes Mentais

2) A nível da prestação de cuidados de

saúde mental (melhoria do acesso)

O modelo organizativo e a qualidade assistencial em SM têm uma relação

intrínseca com o respeito pelos direitos humanos, em particular das pessoas

com doença mental grave

1985: Portugal subscreveu o compromisso decorrente da II Conferência de

Ministros da Saúde do Conselho da Europa:

— transformação do modelo assistencial hospitalar-psiquiátrico em

serviços comunitários, articulados com o sistema geral de saúde

redução do estigma e maior respeito pelos Direitos Humanos

2005: Portugal subscreveu a Declaração Final decorrente da Conferência

Ministerial dos Estados Membros da região europeia da OMS sobre a

melhoria da saúde mental da população:

— publicação de um Livro Verde pela UE

2013/2016: Joint Action on Mental Health and Wellbeing, coordenada por

Portugal, cujas conclusões integram as Linhas de Ação Estratégica para a

Saúde Mental e Bem-estar da UE

2007: definição do sector como um dos quatro prioritários para o Ministério

da Saúde

— criação da Coordenação Nacional para a Saúde Mental

— elaboração e aprovação do Plano Nacional da Saúde Mental 2007-

2016 (RCM n.º 49/2008)

Alargamento da rede de Serviços Locais de Saúde Mental, integrantes da

generalidade dos hospitais gerais do SNS

— de 20 para 41, dos quais 36 têm unidades de Saúde Mental da Infância

e Adolescência

Redução dos hospitais psiquiátricos em 2011/2012 de

— Diminuição de 6 para 3

— Diminuição das camas do sector público de cerca de 3000 para 1200

2-a) Evolução em Portugal

3) Defesa dos direitos

Artigo 29º Participação na vida política e pública

Artigo 30º Participação na vida cultural, recreação, lazer e

desporto

a) pessoas com experiência de

doença mental

b) familiares de pessoas com

experiência de doença mental

3) Defesa dos direitos das pessoas com

experiência de doença mental

Em 2008, constituição da Comissão Consultiva para a Participação de

Utentes e Cuidadores (CCPUC), de assessoria à Coordenação Nacional

(depois Programa Nacional para a Saúde Mental):

• salvaguarda dos direitos dos doentes no contexto do tratamento e da

reabilitação psicossocial

• apoio aos cuidadores

• apoio à:

• participação da sociedade civil na gestão dos serviços de

saúde mental,

• ao desenvolvimento de ONG’s de utentes e familiares e grupos

de ajuda mútua,

• ao movimento de defesa dos direitos das pessoas com

problemas de saúde mental (advocacy) a nível nacional e

internacional.

Atividades regulares da CCPUC:

•Tradução do Instrument to Monitor Quality and Human Rights in Mental Health

Facilities da OMS, para avaliação o cumprimento dos direitos humanos nas

instituições e serviços de saúde mental

• Promoção da formação de equipas de profissionais, utentes e familiares na

aplicação da versão portuguesa do instrumento “WHO Quality Rights Toolkit”, de

avaliação e melhoria da qualidade e direitos humanos em instituições de saúde

mental e de apoio social

• Desde 2011, organização anual do Encontro Nacional de Utentes e Cuidadores

da Área de Saúde Mental

• Edição de conteúdos informativos e formativos sobre recovery e advocacy

• Apoio a iniciativas da Rede Nacional de Pessoas com Experiência de Saúde

Mental e de Caminhadas pela Saúde Mental

• Representação em eventos internacionais das áreas de Utentes/ Familiares/

Reabilitação Psicossocial

• Promoção de formações sobre reabilitação psicossocial e gestão de IPSS

4) Formação e Defesa dos direitos dos

cuidadores informais

• Ações de formação descentralizadas, nas 5 Regiões de Saúde, sobre

Psicoeducação de Familiares de Pessoas com Doença Mental

Grave, que envolveu cerca de 600 profissionais dos serviços

públicos, Ordens Religiosas e IPSS, parte dos quais idquriu a

competência de formador.

• Dinamização e apoio à constituição da Federação das Associações

de Familiares de Pessoas com Experiência de Doença Mental

Familiarmente, em 2015

5) A nível da formação dos profissionais/

cuidadores formais

Promoção de abordagens terapêuticas mais evoluídas, iniciativa da

Coordenação Nacional:

• Formações descentralizadas, no sector público e no social, sobre “case

management”, difundindo a metodologia do “técnico de referência”

• Apoio a IPSS/Alzheimer Portugal na formação de cuidadores formais de

pessoas com perturbações demenciais direcionadas para Equipas de Apoio

Domiciliário de Centros de Saúde e de lares residenciais;

• Colaboração com Projeto VIDAS, da UMP: após caracterização cognitiva

dos residentes em lares das suas associadas, desenvolvem apoio à

adaptação arquitetónica das estruturas e formação dos profissionais,

bem como dos que integram as equipas de apoio domiciliário

2013

Desenvolvimento de ações de formação no âmbito do Diagnóstico Duplo de

Doença Mental em Pessoas com Deficiência Intelectual, em articulação

com o Instituto Nacional de Reabilitação (INR), a FENACERCI (Federação

Nacional de Cooperativas de Solidariedade Social/CERCIS) e CECD-Mira

Sintra

2013

Início da estruturação de plano nacional de intervenção em perturbações

demenciais, com definição do estatuto do cuidador para defesa dos direitos

humanos dos pacientes e dos seus cuidadores informais.

2015

Apoio à Agência para a Prevenção do Trauma e da Violação dos Direitos

Humanos, iniciativa do Serviço de Psiquiatria do CHUC, em parceria com

outras entidades, tendo como alvo situações de violência familiar, escolar,

prisional, refugiados e imigrantes

6) Prestação de cuidados a grupos

vulneráveis (em maior risco de doença mental)

Em 2012, criação do projeto SAÚDE MENTAL E ARTE no âmbito de combate

ao estigma e em defesa das pessoas com doença mental, no espírito da

Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU 2006, ratificada

por Portugal em 2010), com várias iniciativas descentralizadas:

• levantamento do acervo nacional de criações artísticas produzidas por

pessoas com doença mental grave em processo de reabilitação psicossocial

• publicação de catálogos de artes

• exposições das obras em espaços públicos dignos, como museus

nacionais (artes plásticas e fotografia)

• representações teatrais, dança e música

• iniciativas em outras áreas (gastronomia)

7) Combate ao Estigma e

Promoção da Saúde Mental

Concluindo ...

É um facto que:

• Mundialmente, as pessoas com perturbações mentais estão mais

sujeitas a discriminação, exclusão e violência, a

institucionalização ilegal ou arbitrária e a práticas de

sobremedicação

• A Saúde Mental em Portugal tem continuado a ser um parente

pobre dentro do macro sector da Saúde

• Mas os passos já dados e os programados permitem concluir

que a Resolução de iniciativa luso-brasileira sobre Saúde Mental e

Direitos Humanos, aprovada na 32ª. Sessão do CDH do ONU, tem

substrato significativo na evolução do sector em Portugal,

embora muito esteja ainda por fazer.

O Diretor do Programa Nacional para a Saúde

Mental CONGRATULA-SE, em nome de utentes,

familiares e cuidadores, pelo precioso contributo do

MNE nesta caminhada persistente pelo respeito dos

Direitos Humanos desses nossos concidadãos