direitos do consumidor - 15ª ed. - 2018 · coordenado pelo instituto brasileiro de política e...

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  • AEDITORAATLASseresponsabilizapelosvciosdoprodutonoqueconcernesuaedio(impressoeapresentaoafimdepossibilitaraoconsumidorbemmanuse-loel-lo).Nemaeditoranemoautorassumemqualquerresponsabilidadeporeventuaisdanosouperdasapessoaoubens,decorrentesdousodapresenteobra.

    Todososdireitosreservados.NostermosdaLeiqueresguardaosdireitosautorais,proibidaa reproduo total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrnico oumecnico,inclusiveatravsdeprocessosxerogrficos,fotocpiaegravao,sempermissoporescritodoautoredoeditor.

    ImpressonoBrasilPrintedinBrazil

    DireitosexclusivosparaoBrasilnalnguaportuguesaCopyright2018byEDITORAATLASLTDA.UmaeditoraintegrantedoGEN|GrupoEditorialNacionalRuaConselheiroNbias,1384CamposElseos01203-904SoPauloSPTel.:(11)5080-0770/(21)[email protected]/www.grupogen.com.br

    O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou de qualquer formautilizada poder requerer a apreenso dos exemplares reproduzidos ou a suspenso dadivulgao,semprejuzodaindenizaocabvel(art.102daLein.9.610,de19.02.1998).Quemvender,expuservenda,ocultar,adquirir,distribuir, tiveremdepsitoouutilizarobraoufonogramareproduzidoscomfraude,comafinalidadedevender,obterganho,vantagem,proveito,lucrodiretoouindireto,parasiouparaoutrem,sersolidariamenteresponsvelcomo contrafator, nos termos dos artigos precedentes, respondendo como contrafatores oimportadoreodistribuidoremcasodereproduonoexterior(art.104daLein.9.610/98).

    Capa:DaniloOliveira

    Produodigital:Ozone

    Datadefechamento:24.05.2018

    Ata14edio,estaobraeraintituladaManualdeDireitosdoConsumidor.

    CIPBRASIL.CATALOGAONAFONTE.SINDICATONACIONALDOSEDITORESDELIVROS,RJ.

    F524dFilomeno,JosGeraldoBrito

    Direitosdoconsumidor/JosGeraldoBritoFilomeno.15.ed.rev.,atual.eref.SoPaulo:Atlas,2018.

    Incluibibliografia

  • ISBN978-85-97-01705-2

    1.Brasil.[CdigodeDefesadoConsumidor(1990)].I.Ttulo.18-48484 CDU:34:366(81)(094.46)

    LeandraFelixdaCruzBibliotecria-CRB-7/6135

  • OBRASDOAUTOR

    LIVROS

    1.Curadoriadeproteoaoconsumidor.Depto.dePublicaesdaAssociaoPaulistadoMinistrioPblico.SoPaulo,abr.1985.2.Reformaeconmica.Depto.dePublicaesdaAssociaoPaulistadoMinistrioPblicoeProcuradoriaGeraldaJustiadoEstadodeSoPaulo.SoPaulo,mar.1986.3.Curadoria de proteo ao consumidor: aspectos gerais, prticos e ao civil pblica.Depto. de Publicaes da Associao Paulista do Ministrio Pblico, Srie CadernosInformativos.SoPaulo,set.1987.4.Prtica de curadoria do consumidor. Obra conjunta. Depto. de Publicaes daAssociaoPaulistadoMinistrioPblico.SoPaulo,out.1991.5.Manualdedireitosdoconsumidor.1.13.ed.SoPaulo:Atlas.6.Cdigobrasileirodedefesadoconsumidor:comentadopelosautoresdoanteprojeto.1.7.ed.RiodeJaneiro:ForenseUniversitria,1991a2007;10.ed.RiodeJaneiro:Forense,2011.7.Aquestodasmensalidadesescolares.Depto.dePublicaesdaAssociaoPaulistadoMinistrioPblico.SoPaulo,out.1991.TranscritonarevistaJustitian154,p.49-59.8.Promotorias do consumidor: evoluo,metas e prioridades. Depto. dePublicaes daAssociao Paulista do Ministrio Pblico. So Paulo, out. 1993. Transcrito narevistaJustitian160,p.204-235.9.ManualdeteoriageraldoEstado.RiodeJaneiro:ForenseUniversitria,1994.10.ManualdeteoriageraldoEstadoecinciapoltica.RiodeJaneiro:ForenseUniversitria,1996,1997,1999,2001,2004,2013e2014.11.Promotoriasde justiadoconsumidor: atuaoprtica.SoPaulo: ImprensaOficial doEstado, 1997. Em colaborao com os Drs. Ronaldo Porto Macedo Jr. e Dora BussabCastelo.12.OCdigoCivilesuainterdisciplinaridade:reflexosdoCdigoCivilnosdemaisramosdodireito.ObracoletivacoordenadapeloautorepelosProfs.LuizGuilhermedaCostaWagnerJnioreRenatoAfonsoGonalves.BeloHorizonte:DelRey,2004.13.CdigoCivil:anlisedoutrinriaejurisprudencial.ObracoletivacoordenadapeloautorepelosprofessoresLuizGuilhermedaCostaWagnerJnioreRenatoAfonsoGonalves.SoPaulo:Mtodo,2008.14.CursoFundamentaldeDireitodoConsumidor.1.a3.ed.SoPaulo:Atlas.15.Tutela Administrativa do Consumidor atuao dos Procons, legislao, doutrina ejurisprudncia.SoPaulo:Atlas,2014.16.HonorisCausos:histriasengraadasoutrasnemtantoetristesdeumadvogadoepromotordejustia.SoPaulo:AssociaoPaulistadoMinistrioPblico,2015.

  • ARTIGOSEPARECERES

    1.Adefesadoconsumidoreoscrimescontraaeconomiapopular,Defesadoconsumidortextosbsicos.PublicaodoConselhoNacionaldeDefesadoConsumidordoMinistriodaJustia.Braslia,DF,emduasedies:1987(p.149-159)e1988(p.187-197).2.Curadoria de proteo ao consumidor, Defesa do consumidor textos bsicos.Publicao do Conselho Nacional de Defesa do Consumidor do Ministrio da Justia,Braslia,DF,emduasedies:1987(p.161-175)e1988(p.198-213).3.Ao civil pblica e o princpio da sucumbncia, na Apelao Cvel n 107.133-1 doTribunal de Justia do Estado de So Paulo. Transcrito no teor do acrdo publicadoinRT639/73-77erevistaJustitia,doMinistrioPblicodeSoPaulo,v.146,p.123-127.4.Da responsabilidade em matria de qualidade veicular. Publicado na Revista daAssociaoBrasileiradeEngenhariaAutomotiva,nmeroespecial,jun.1989,p.78-102enarevistaJustitian147,p.36-48.5.Aocivilpblica(consumidor):execuodeliminares,medidascautelaresesentenas.RevistaJustitia,doMinistrioPblicodeSoPaulon149.6.Consumerismo, marketing e a defesa do consumidor. Revista Justitia do MinistrioPblicodeSoPaulon148,1990(p.41-47).7.Infraes penais e medidas provisrias. Revista Justitia do Ministrio Pblico de SoPaulo,n150(noprelo)eRT659/367-370.8.OCdigodeProteoaoConsumidornoBrasilearegulamentaopublicitria:aspectospenais, Revistadoadvogado.SoPaulo, n 33, dez. 1990, p. 35-46eanaisdo TallerInternacionaldeConsumidorasyPublicidade.Lima,Peru,de12a16-11-90.9.O consumidor e o processo.Anais da 2 Conferncia Regional da IOCU (InternationalOrganizationofConsumersUnions)paraAmricaLatinayElCaribe.Santiago,Chile,de19a23-11-90.10.Breves comentrios ao Cdigo do Consumidor. Revista Consumidor. Porto Alegre,nos75,76e77(encartes)erevistaJustitian155,p.69-76.11.OCdigodoConsumidoreosetoreltricobrasileiro.RevistaEletrobrasil,n7,p.16.SoPaulo,1991.12.A polmica do corte de energia eltrica e outros servios de utilidade pblica.RevistaConsumidor.PortoAlegre,n80,p.10.13.Bensdeconsumodurveissobaticadanovalei.RevistaConsumidor.PortoAlegre,n80,p.14-19.14.Aleieahoradaverdade:CdigodoConsumidoreaindstriadealimentao.RevistaConsumidor.PortoAlegre,n79,p.11-17.15.Apromotoriadoconsumidor.RevistaConsumidor.PortoAlegre,n65,p.16-18.16.VignciadoCdigodoConsumidor(umano).RevistaConsumidor.PortoAlegre,n81.17.Dauniversalidadedosdireitosdoconsumidor.RevistaConsumidor.PortoAlegre,n82.18.Abusodopodereconmicoeadefesadoconsumidor.RevistadaFaculdadedeDireitodasFMU,n6,p.31-54.

  • 19.Osdireitos do consumidor no mbito internacional: a experincia brasileira.Anaisdo ISimpsio Internacional deDireito e Educao doConsumidor. Lima, Peru, de 9 a 12-12-1991.20.Osmodelosdosistemaparlamentaristafacerealidadebrasileira.RevistadaFaculdadedeDireitodasFMU,n7,p.17-42.21.Resoluocontratualeoartigo53doCdigodoConsumidor.RevistadaFaculdadedeDireito das FMU, n 8, p. 109-154, revista Justitian 165, p. 155-180, e Edio EspecialdaRevistadosTribunais(HomenagemaCarlosHenriquedeCarvalho),SoPaulo,1995.22.PromotoriasdoconsumidordoEstado:dezanosdeexistncia.RevistaJustitia,n162,p.224-230.23.CdigodoConsumidoresuaregulamentao.RevistaConsumidor.PortoAlegre,n87.24.OCDCeaspromotoriasdoconsumidor.RevistaConsumidor.PortoAlegre,n86.25.CdigodoConsumidoreaconstruocivil.JornaldoIBAPE/SP,n21,mar./abr.1994,p.3-4.26.Cdigo do Consumidor e normas tcnicas (art. 39, VIII, CDC). Revista Tcnica doInstitutodeEngenharia.SoPaulo,1995.27.Promotoriasdoconsumidor:dezanosdeexistncia:RevistaJustitian162,p.226-230.28.Lucrosabusivos:conceitoeidentificao.RevistadaFaculdadedeDireitodasFMU, n12, nov. 1995, p. 231-244, Revista de Direito Econmico do CADE, nova fase, n 21,out./dez.1995,p.51-64,eRevistadoMinistrioPblicodeGois,anoI,n1,dez.1996,p.6-12.29.Antevisodeumafilosofiadeao.RevistaConsumidor.PortoAlegre,n91,p.10-11.30.O consumidor e o meio ambiente. Ensaio preparado a pedido do Procon-SP para aeducaodoconsumidorarespeitodoconsumosustentvel,set.1996.31.Conflitosdeconsumoejuzoarbitral.RevistaDireitodoConsumidor.EditoraRevistadosTribunais. So Paulo, n 20. Coordenado pelo Instituto Brasileiro de Poltica e Direito doConsumidor(Brasilcon)eRevistadoMinistrioPblicodoEstadodaParaba,1997.32.Coordenaodepromotoriasdoconsumidor.RevistadoMinistrioPblicodaParaba,1997.33.RegulamentaodoCdigodoConsumidorpassadaalimpo.RevistaConsumidor.PortoAlegre,n102,dez./jan.1998,p.14-20.34.OMinistrioPblicocomoguardiodacidadania.RevistadaFaculdadedeDireitodasFMU,n14, jan./ jun.1996,p.113-134,coletneadeartigosCidadania.SoPaulo:Atlas,1997e1999,ecoletnea50anosdedireitoshumanos.SOUZA,CarlosAurlioMotade;BUENO,Roberto(Org.).SoPaulo:Themis,2003.p.47-68.35.Ao civil pblica consumerista. Revista CEJ, Braslia (DF): Centro de EstudosJudiciriosdoConselhodaJustiaFederal,p.21-32,abr.1998.PublicadotambmnaobracoletivaAoCivilPblicaLein7.347/1985:15anos.MILAR,dis(Coord.).SoPaulo:RevistadosTribunais,emtrsedies:a1em2001,p.373-399,a2em2005(20anosdaLei n 7.347/85), p. 414-440 e a 3 em 2010 (25 anos da Lei n 7.347/85), p. 425-440.

  • PublicadoigualmentenaRevistaJurdica,SapucaiadoSul:Notadez,n305,p.40-60,mar.2003.36.Avendadegasolinademarcadiversadaostentadapelabandeiradoposto.In:Manualdos crimes contra as relaes de consumo. Obra do Centro de Apoio Operacional dasPromotoriasdeJustiadoConsumidordoEstadodeSoPaulo.SoPaulo:ImprensaOficialdoEstadodeSoPaulo,1999.p.249-254.37.Crimes contra o consumidor: impropriedade de matrias-primas e mercadorias,In: Manual dos crimes contra as relaes de consumo. Obra do Centro de ApoioOperacional das Promotorias de Justia do Consumidor do Estado de So Paulo. SoPaulo:EditoraImprensaOficialdoEstadodeSoPaulo,1999.p.255-278.38.O Ministrio Pblico e a defesa do consumidor. ALVES, Airton Buzzo et al.(Org.).FunesinstitucionaisdoMinistrioPblico.SoPaulo:Saraiva,2001.39.Aocivilpblicaconsumerista.MILAR,Edis (Coord.).Aocivilpblica: 15anosdaLein7.347/85.SoPaulo:RevistadosTribunais,emduasedies.40.Mercosul: homogeneizao de normas de defesa do consumidor. In: SEMINRIOINTERNACIONAL DE SEGURANA SANITRIA NO MUNDO GLOBALIZADO ASPECTOSLEGAIS,5.,1999.FaculdadedeSadePblicadaUniversidadedeSoPaulo,cadernoDireito sanitrio Srie InformesTcnicosn 74,OrganizaoPanamericanadeSade.p.87-90.41.O chequepr-datadoe o direito do consumidor: a descaracterizaodo cheque comoordemdepagamento vista.RevistadeDireitodasFMU, SoPaulo, anoXVI, n 24, p.207-220,2002.42.Da clusula penal no direito do consumidor. Revista de Direito do Consumidor. SoPaulo: Revista dos Tribunais, n 49, p. 40-76, jan./mar. 2004, Revista da AssociaoPortuguesa de Direito do Consumidor (no prelo) e disponvel no site.43.Crimes contra o consumidor: art. 7 da Lei n 8.137/90 e o Cdigo de Defesa doConsumidor.RevistaBrasileiradeCinciasCriminais,coordenadaporAnaSofiaSchmidtdeOliveira,SoPaulo:RevistadosTribunais,n28,1999.44.TutelacontratualdonovocdigocivilemfacedoCdigodeDefesadoConsumidor. In:FILOMENO, Jos Geraldo Brito;WAGNER JR., Luiz Guilherme da Costa; GONALVES,RenatoAfonso(Coord.).OCdigoCivilesuainterdisciplinaridade:reflexosdoCdigoCivilnosdemaisramosdodireito.BeloHorizonte:DeyRey,2004.45.Aescoletivas:duplacomemorao.RevistaDelReyJurdica,BeloHorizonte,ano7,n15,p.30-31.46.Ao civil pblica aps 20 anos: efetividade e desafios. In: MILAR, Edis(Coord.). Tutela coletiva do consumidor: avaliao da sua efetividade vinte anos aps aediodaleidaaocivilpblica.SoPaulo:RevistadosTribunais,p.305-322.47.Documentao grfica e a tutela do consumidor. STOCCHERO, Ithamar Nogueira;TORRES,FabrcioCarvalho.Fotografiadigitalemcirurgiaplstica.SoPaulo:LMPEditora,

  • 2005.p.31-32.48.Empresasdeavaliaoderiscosratingsesuaresponsabilidade.In:PERINJR.,cio;KALANSKY,Daniel;PEYSER,Lus(Coord.).Direitoempresarial:aspectosatuaisdedireitoempresarialbrasileiroecomparado.SoPaulo:Mtodo,p.111-130.49.Tutelacoletivadoconsumidor:avaliaodasuaefetividadevinteanosapsaediodaleidaaocivilpblica. In:SAMPAIO,Aurisvaldo;CHAVES,Cristiano (Coord.).Direitodoconsumidor: tutelacoletiva (homenagemaos20anosda leidaaocivil pblica).RiodeJaneiro:AssociaoNacionaldoMinistrioPblicodoConsumidor:LmenJris,2005.p.295-321.50.Ao civil pblica consumerista: conflitos de atribuies entre Ministrios Pblicos. In:LUCON,PauloHenriquedosSantos (Coord.).Tutelacoletiva:20anosda leidaaocivilpblica e do fundo de defesa de direitos difusos 15 anos do Cdigo de Defesa doConsumidor.SoPaulo:Atlas,2006.p.114-138.51.Deempresafamiliareconsumidor.RevistaEmpresaFamiliar,SoPaulo,anoII,n6,p.16-17,mar./abr.2006.52.Alimentos transgnicos: implicaes consumeristas e ambientais. In: CORREA, ElidiaAparecida de Andrade; GIACOIA, Gilberto; CONRADO, Marcelo (Org.). Biodireito e adignidadedapessoahumana:dilogoentreacinciaeodireito.OrdemdosAdvogadosdoBrasil,SecodoParan.Curitiba:Juru,2006.p.171-186.53.PerspectivasdemodificaesnasrelaesdeconsumonoBrasil:alteraolegislativaavanosou retrocessos.RevistadoAdvogado,AssociaodosAdvogadosdeSoPaulo,anoXXVI,n89,p.58-66,dez.2006.54.Ao civil pblica consumerista: conflitos de atribuies entre MinistriosPblicos.RevistaTRF-3Regio,v.84,SoPaulo,p.89-124,jul./ago.2007.55.Crimes contra a ordemeconmica e as relaes de consumo: conflitos de atribuiesentreMinistrioPblicoFederaleMinistriosPblicosestaduais:RevistaJustitian197, p.237-254,jul./dez.2007.56.PrazosdegarantiadeimveisnoCdigodeDefesadoConsumidorenonovoCdigoCivil.ObracoletivaCdigoCivil:anlisedoutrinriaejurisprudencial,coordenadapeloautore por LuizGuilhermeCostaWagner Jr. eRenatoAfonsoGonalves.SoPaulo:Mtodo,2008.p.255-274.57.O consumidor e a Constituio. In: A Constituio consolidada: crticas e desafios estudos alusivos aos 20 anos da Constituio brasileira,coordenada por MARCELOALKMIM. So Jos: Conceito Editorial, p. 369-384; publicado tambm na obracoletiva Reflexes sobre os vinte anos da Constituio Federal, coordenada porJACEGUARA DANTAS DA SILVA PASSOS e SANDRO ROGRIO MONTEIRO DEOLIVEIRA.CampoGrande:EditoradaUniversidadeFederaldoMatoGrossodoSul,2009.p.109-134.58.PublicidadenoCdigodeDefesadoConsumidor.Revista JurdicadaUniversidadedeFranca,EditoraUNIFRAN,ano9,n17,2sem.2007,p.75-101.

  • 59.Aocoletivaconsumerista:avanoserecuos.Asgrandestransformaesdoprocessocivil brasileiro. Obra coletiva em homenagem ao Prof. KazuoWatanabe, coordenada porCarlosAlbertodeSalles.SoPaulo:QuartierLatin,2009.p.819-844.60.Consumo, sustentabilidade e o Cdigo de Defesa do Consumidor.Sustentabilidade etemasfundamentaisdedireitoambiental.ObracoletivaemhomenagemaGilbertoPassosdeFreitaseVladimirPassosdeFreitas,organizadaporJosRobertoMarques.Campinas:Millenium,2009.p.265-279.61.Atualidade do Direito do Consumidor no Brasil: 20 anos do Cdigo de Defesa doConsumidor,conquistasenovosdesafios.RevistaJurdicaCognitioJuris,ano I,n1,abr.2011, ISSN2236-3009,editadaporwww.cognitiojuris.com.br,enaRevistaEletrnicadeAtualidadesJurdicas n 13, do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil CFOAB(www.oab.org.br/editora/default.asp).62.AlteraesdoCdigodeDefesadoConsumidor CrticassPropostasdaComissoEspecial do Senado Federal. Revista da Academia Paulista de Direito, coordenao deRogrioDonninieCelsoAntnioPachecoFiorillo.SoPaulo:Fiuza,ano1,n2, jul./dez.2011, p. 117-152; tambm publicado pela Revista Eletrnica www.cognitiojuris.com.br, epelaRevistaLuso-BrasileiradeDireitodoConsumo,Curitiba:Bonijuris,J.M.,v.II,n4,dez.2012.p.85-128.63.Consumidor e o Novo Cdigo Penal Brasileiro. Revista Luso-Brasileira de Direito doConsumo,Curitiba:Bonijuris, J.M., v. III, n10, jun.2013,p. 153-174; tambmpublicadopelaRevista da Academia Paulista de Direito, coordenao de Rogrio Donnini e CelsoAntnioPachecoFiorillo.SoPaulo:Fiuza,ano2,n4,jul./dez.2012,p.101-126.64.BancosdeDadosNegativosdeConsumidores:abusoscometidosporseusgestoresefornecedores.RevistadeDireitoEmpresarial,ano2,n5,coordenaodoProf.Dr.HaroldoMalheirosDuclercVerosa.SoPaulo:RevistadosTribunaisThomsonReuters,set./out.2014,p.257-284.65.A Tutela Administrativa do Consumidor: necessidade ou no de regulamentao doCdigo de Defesa do Consumidor, In:Tutela Administrativa do Consumidor: atuao dosProcons,legislao,doutrinaejurisprudncia.SoPaulo:Atlas,2014,p.47-84.66.OsTrintaAnosdaLeidaAoCivilPblica:algunsaspectospolmicos.RevistaJurdicadaEscolaSuperior doMinistrioPblico doEstado deSoPaulo, ano 4, vol. 7, jul./dez.2015, p. 262-294. Tambm disponvel em verso eletrnica (ISSN 2316-6959) www.esmp.sp.gov/revista/index.php/RJESMPSP/issue/view.67.CDC25Anos:tudobem?No,noesttudobem!CognitioJuris.RevistaJurdica,anoV, n 13. Edio Especial, em colaborao entre o site www.cognitiojuris.com e a PROTESTEAssociaoBrasileiradeDefesadoConsumidor.JooPessoa,set.2015,p.113-118.68.Superendividamento: seu tratamento via Cdigo do Consumidor agora sim, umanecessidade. Revista Brasileira de Direito do Consumidor ISSN 2525-8524(www.rbdc.com),anoI,n2,2.ed.,dez.2016,p.255-292.

  • 69. abusiva a clusula contratual de plano de sade que limita o tempo de internaohospitalar do segurado (Smula 302 do STJ). Teses Jurdicas dos Tribunais Superiores,DireitoCivilI.OrganizaodeArrudaAlvimetal.SoPaulo:ThompsonReuters/RevistadosTribunais,2017,p.57-68.70.Pichaes: um moto contnuo de degradao ambiental e propostas para seuequacionamento. Coletnea de Artigos de 2014 da Associao Paulista do MinistrioPblico, So Paulo, 2015, p. 143-164. Tambm publicado naRevistaMagister de DireitoAmbiental e Urbanstico Caderno de Direito do Patrimnio Cultural, Belo Horizonte:MagisterEditora,anoXII,n71,abr./maio,p.89-112.

    TESES

    1.A proteo ao consumidor e o Ministrio Pblico. VI Congresso Nacional do MinistrioPblico.SoPaulo, jun.1985,emconjuntocomoDr.AntonioHermendeVasconcelloseBenjamin, Promotor de Justia.Anais do VI Congresso Nacional doMinistrio Pblico, eRevistaJustitia,n131-A,especialsobreoevento.2.Consumidor, Ministrio Pblico e a Constituio. VII Congresso Nacional do MinistrioPblico.BeloHorizonte,MG,abr.1987,emconjuntocomosDrs.CludioEugniodosReisBressaneeEdsonJosRafael,pocaPromotoresdeJustiadoConsumidor.AnaisdoVIICongresso Nacional do Ministrio Pblico e Defesa do Consumidor textos bsicos,ConselhoNacionaldeDefesadoConsumidor,1e2edies,de1987e1988,p.197-209,ep.235-247,respectivamente.3.AtuaoconjuntadoMinistrioPblicocomasentidadesdedefesadoconsumidor.Painelde debates realizado ao ensejo do 8 Encontro Nacional das Entidades de Defesa doConsumidor. Braslia, DF, abr. 1987. Anais do 8 Encontro Nacional de Entidades deDefesadoConsumidor,p.81-89.4.Conflitos de atribuies entre Ministrios Pblicos Estaduais e da Unio em aescoletivas, sobretudo consumeristas. Tese apresentada e aprovada no 11 CongressoNacionaldoMinistrioPblico,Goinia,GO,24-9-96,livrodeteses,TomoI,p.457-470.

    PREFCIOSDELIVROS

    EstatutodaCrianaedoAdolescente:doutrinaejurisprudncia.WalterKenjiIshida,EditoraAtlas,SoPaulo,1998.Aplicao do Novo Cdigo Civil nos Contratos Empresariais Modelos de ContratuaisEmpresariais.LilianaMinardiPaesanieElisaYamasakiVeiga,EditoraManole.Barueri,SoPaulo,2004.Cdigo de Defesa do Consumidor Comentado: interpretao doutrinria, jurisprudnciacomentada, legislao referenciadaeprticaprocessual.GiseledeLourdesFriso,EditoraPrimeiraImpresso,SP,2007.Direito do Consumidor: oferta e publicidade. Markus Samuel Leite Norat, Anhanguera

  • EditoraJurdica,Leme,SoPaulo,2010.TeoriaGeraldoDireitodoConsumidor.LuizOtviodeOliveiraAmaral,EditoraRevistadosTribunais,SoPaulo,2010.DireitodoConsumidorSrieSinopsesJurdicas.MarkusSamuelLeiteNorat,CLEdijur,Leme,SoPaulo,2012.Manual deDireitos do Torcedor. Ricardo deMoraes Cabezn, Editora Atlas, So Paulo,2012.Direito do Consumidor Esquematizado Parte Material Parte Administrativa. FabrcioBolzandeAlmeida,EditoraSaraiva,SoPaulo,obradesriecoordenadapeloProf.PedroLenza,2013.PrticaJurdicadeExecuoPenal.WlterKenjiIshida,EditoraAtlas,SoPaulo,2013.41 Conselhos dos 41 Maiores Especialistas em CRM e Atendimento ao Cliente doBrasil. Organizao de Heverton Anunciao, edio impressa em San Bernardino,Califrnia, EUA: Editora Amazon Educao, 2017. Ediodigital:www.amazon.com/gp/education/publishing.

  • Nota15EdioNestanovaediodonossoDireitosdoConsumidor,deliberamoseliminar

    do texto escrito o captulo 8 da edio anterior, que cuidava de exemplos datutela individual do consumidor, inclusive, com formulrios utilizados pelosPROCONs,PromotoriasdoConsumidoreoutrasentidadesnogovernamentaiseseusestatutos.Issoemrazodejestarempresentesemsiteseoutrosmeiosdeinformao por eles mesmos mantidos. Tambm, em parte, foram eliminadosalgunsdiplomaslegaisdocaptulo9daedioanterior,umavezquedisponveisnoscompndiosdelegislaooficiaisepublicadospelasdiversaseditoras,aelesse fazendo,porm,menoe citao textual semprequenecessrionos textosabordadosemoutroscaptulos.

    Com efeito, esta obra fruto de uma evoluo, que comeou com apublicaodenossomodestomanualdeorientaoaosPromotoresde Justia,ainda no ano de 1985 Curadorias de Proteo ao Consumidor , pelaAssociaoPaulistadoMinistrioPblico.

    Assim, seis anos antes da edio do prprio Cdigo de Defesa doConsumidor, tratou-se, na verdade, de uma compilao e relato de nossaexperinciapessoalnaqualidadedeprimeiromembrodoMinistrioPblicodopas investido da funo poca nova e indita , qual seja de tutela doconsumidor(apartirde1983)nombitodoPROCONdeSoPaulo.Apsessaprimeira edio, outras duas se seguiram (1987 e 1991), alm de uma obrabastantepragmticaReformaEconmica1986,atchegarmosaesta,jemsua15edio.

    poca do primeiro opsculo pouco se sabia a esse respeito e rara era aliteratura doutrinria nacional a ela dedicada. Ou seja, resumiam-se a: doisartigos publicados naRevista deDireitoMercantil, de autoria dos professoresFbioKonderComparato eWaldyrioBulgarelli; de uma tese de concluso decursonaEscolaSuperiordeGuerra,deJorgeTorresdeMelloRollemberg;edopioneiro livro Proteo ao Consumidor, de Othon Sidou. Obras essas queelencamos e citamos com especial nfase na bibliografia deste livro. Destarteprocuramos, por solicitao do ento diretor da iniciante Escola Superior doMinistrio Pblico do Estado de So Paulo, reunir textos baseados naquelesescritos, mas muito mais em nossa experincia e pragmatismo, com vistas orientao dos colegas doMinistrio Pblico. Da por que tambm conteremmodelos de intimaes, termos de acordo e outras peas de interesse prtico,hojejconsolidados.

    Mantivemos,contudo,osubitemquecuidadeexemplosdatutelacoletivadoconsumidor,sobretudo,porquantomuitaspolmicasaindaacercam.

  • Ottulo tambmfoimudadoparaDireitosdoConsumidorporsugestodaeditora,umavezqueno se tratariamaisdeumsimplesmanual,masdeumaobra doutrinria de referncia, no apenas em cursos de graduao, comotambmnosdeps-graduao.

    Direitos no plural , dadas as caractersticas fundamentais do nossoCdigoBrasileirodeDefesadoConsumidor.Ouseja:umaleideordempblicae interesse social, mas tambm um microssistema jurdico, caracterizado porumaprincipiologiabastanteparticular,almdesermultieinterdisplinar.

    Ou, para sermos mais exato: contm ele um elenco de princpiosepistemolgicos inarredveis a vulnerabilidade do consumidor alm de secuidar do destinatrio final das atividades econmicas, fontes de produtos eservios , bem como dispositivos de variada gama (i.e., de cunho civil,administrativoepenal).Daasuamultidisciplinaridade.

    Maseletambminterdisciplinar,namedidaemqueseinter-relacionacomos demais ramos doDireito, a comear pela Constituio Federal, que lhe dgnese (cfr. arts. 5, XXXII, e 170, por exemplo), alm do Direito Civil (emtermosderesponsabilidadecivil,obrigaes,contratosetc.),DireitoProcessualCivil (a questo das tutelas individual e coletiva), Direito Administrativo(sanesdecorrentesde infraesqueafetamas relaesdeconsumo),DireitoPenal (delitos contra as relaes de consumo e outros previstos pelo CdigoPenalelegislaopenalespecial)eoutrosramosdoordenamentojurdico.

    Com efeito, dispe o art. 7, caput, do Cdigo deDefesa do Consumidorque os direitos previstos neste cdigo no excluem outros decorrentes detratados ou convenes internacionais de que o Brasil seja signatrio, dalegislao interna ordinria, de regulamentos expedidos pelas autoridadesadministrativas competentes,bemcomodosquederivemdosprincpiosgeraisdodireito,analogia,costumeseequidade.

    Isso quer dizer, portanto, que, diante de uma questo a ser analisada porqualquerumdosoperadoresdoDireito emmatriade relaesdeconsumo, arespostaadequadapodeestarnoapenasnosdispositivosdoprpriocdigodequeorasecuida,comotambmemoutrosdiplomaslegais.

    Daporquepreferirmosdireitos,noplural,adireito,nosingular.Nessesquasedoisanosentrea14eaatualedio,podemosassinalarque

    quase nada de significativo aconteceu, sobretudo, em termos de legislao nocampo do Direito do Consumidor, exceo de trs pequenos acrscimos dedispositivos.

    Comefeito,trata-se,emprimeirolugar,doacrscimodeumnovopargrafo,osegundo transformando-seoatentopargrafonicoapostoaoart.8doCdigodeDefesadoConsumidoremprimeiro.

  • Ouseja,nosentidodedeterminar-sequeofornecedordeverhigienizarosequipamentos e utenslios utilizados no fornecimento de produtos ou servios,ou colocados disposio do consumidor, e informar, demaneira ostensiva eadequada,quandoforocaso,sobreoriscodecontaminao.

    Em segundo lugar, ao art. 39, que cuida das chamadas prticas abusivas,comosesabeemenumeraonotaxativa,masmeramenteexemplificativa,foiacrescidoo incisoXIV,de teor seguinte: (i.e., constitui prtica abusiva, dentreoutras) permitiro ingressoemestabelecimentoscomerciaisoude serviosdeumnmeromaiordeconsumidoresqueofixadopelaautoridadeadministrativacomomximo.

    E, por ltimo, a introduo de um novo delito contra as relaes deconsumo.Ouseja,namedidaemqueseacrescentouumnovopargrafoaoart.65 do Cdigo de Defesa do Consumidor, o 2, transformando-se o entopargrafonicoem1. Isto: erigiu-seanormadecunhoadministrativodomencionado novo inciso XIV do art. 39 em crime contra as relaes deconsumo.

    Comefeito, passa a ser crime contra as relaes de consumoo fato de sepermitir o ingresso em estabelecimentos comerciais ou de servios de umnmero maior de consumidores que o fixado pela autoridade administrativacomomximo.

    Embora reservemos comentrios, sobretudo, com vistas ao novo delitocontraasrelaesdeconsumonotpicoapropriado(videnovosubitem6.3.5.2),temos de novamente argumentar que o oportunismo do Congresso Nacional,dando vazo a vaidades de alguns de seus integrantes que certamente teriamquestesmaisatinentesaosseusmisteresefetivosatratar,acabaportransformaronossoCdigodeDefesadoConsumidoreminentementeummicrossistemajurdico fundamentalmente principiolgico, multi e interdisciplinar numacolchaderetalhos,esemqualquerutilidade.1

    E ainda nesse af legislativo desnecessrio e embora no se refiradiretamenteao textodaLein8.078/1990, impendesalientarque,pormeiodaLeiFederaln13.543,de12-12-2017,quetratadaprecificaodeprodutosouserviosexpostosouoferecidosvenda, foiacrescentadoumnovodispositivoque tambm exige as formas de sua afixao nas vendas pela internet. Comefeito, cuida-se do inciso III do art. 2, que estabelece que os preos tambmdeverosermostradosmediantedivulgaoostensivadopreovista,juntoimagemdoprodutooudescriodo servio, emcaracteres facilmente legveiscomtamanhodefontenoinferioradoze.

    ApenasemumaspectooCdigodeDefesadoConsumidor talvezestejaaensejar um acrscimo importante: no que diz respeito aos procedimentosde insolvncia civil, e que a jurisprudncia consumerista chama

  • desuperendividamentoeseutratamento.Nesseaspecto,emboratenhamoscriticadooprojetodeleiquevisafaz-lo,

    rendemo-nosparcialmenteaosargumentosdeseuselaboradores.MasnopelofatodequeoCdigodoConsumidordevessemerecermaisumremendo.

    E, comefeito, sementrarmos, como j advertido linhas atrs, emdetalhesdosdemaisdispositivosaventadosparaaleicujoprojetoestsobapreciaodaCmaradosDeputados,concentramo-nosnosque,emsuma,procuramtratardofenmenodosuperendividamentoemjuzoouantesdele.

    Istoporque,consoantedispeoart.1.052doatualCdigodeProcessoCivil(LeiFederaln13.105,de16-3-2015):

    At a edio de lei especfica, as execues contra devedorinsolvente, em curso ou que venham a ser propostas, permanecemreguladaspeloLivroII,TtuloIV,daLein5.869,de11dejaneirode1973.

    Impendesalientar,aindanesseaspecto,quenemoPLSn283/2011nemoora em trmite perante a Cmara dos Deputados, PLC n3515/2015,preocuparam-secomessedetalhe.Ouseja,comarevogaodosdispositivosquetratamexatamentedainsolvnciacivilnoantigoCdigodeProcessoCivil, conforme aguarda o dispositivo retro colacionado do estatutoprocessualciviloraemvigor.

    Atualmente, portanto, hora de se regulamentar, sim, o tratamento dofenmeno do superendividamento que no deixa de ser uma insolvnciacivil,conformeacentuamoslinhasatrs,emqueseprevejamashipteseseosprocedimentosparaanovaodasdvidas,emltimainstncia.

    Continuamos a nos opor, contudo, a eventual regulamentao demecanismos preventivos do superendividamento, eis que j suficientementereguladopeloprprioCdigodeDefesadoConsumidor.2

    Esperamoscontinuaracontarcomoprestgiodomundoacadmico,oqualnostemestimuladoasempremanteratualizadaestaobra.

    OAutorMaiode2018.

    [email protected]

    1Cf.nossoartigoAlteraesdoCdigodeDefesadoConsumidorCrticassPropostasdaComissoEspecialdoSenadoFederal.RevistadaAcademiaPaulistadeDireito,coordenaodeRogrioDonninieCelso Antnio Pacheco Fiorillo. So Paulo: Fiuza, ano 1, n 2, jul./dez. 2011, p. 117-152. Tambm

  • publicadopelaRevistaeletrnicaCognitioJuris(www.cognitiojuris.com.br)epelaRevistaLuso-BrasileiradeDireitodoConsumo,Curitiba:Bonijuris,J.M.,v.II,n4,dez.2012,p.83-128.2 Cf. nosso artigo Superendividamento: seu tratamento via Cdigo do Consumidor agora sim, umanecessidade.RevistaBrasileiradeDireitodoConsumidor(eletrnica)ISSN2525-8524(www.rbdc.com),anoI,n2,2.ed.,dez.2016,p.255-292.

  • Nota14EdioLanadanoinciode2015,aedioanterioresgotou-serapidamente,razo

    pelaqualjnosdebruamossobreapresentenovaediodoManualdeDireitosdoConsumidor,comvistassuaatualizao.

    Como costumeiramente procuramos fazer, destacamos algumas novidadeshavidas,poucasdestavez,nesseespaodetempo,asaber:

    a Portaria Normativa Procon (SP) n 45, de 13-5-2015, que dispesobreoprocessoadministrativosancionatrionombitodaFundaode Proteo e Defesa do Consumidor Procon-SP, e d outrasprovidncias, substituindo as anteriores, de n 26 e 33 (cf. subitem9.8.2);a atualizao da clebre Resoluo ONU n 39/248, de 1985, quetraa as diretrizes internacionais sobre os direitos do consumidores,aprovadaem22-11-2015(cf.subitem9.5);a Lei Federal n 13.111, de 25-3-2015 (DOU de 26-3-2015), quedispe sobre a obrigatoriedadedeos empresrios que comercializamveculos automotores informarem ao comprador sobre o valor detributos incidentes sobre a venda e a situao de regularidade doveculo quanto a furto, multas, taxas anuais, dbitos de impostos,alienao fiduciria ou quaisquer outros registros que limitem ouimpeam a circulao do veculo; referida lei, outrossim, prev aaplicao de sanes pela infringncia de tais obrigaes, emltimaanlise,pelosrgosdeproteoaoconsumidor,ouseja,aosProcons(cf.pargrafonicodoart.3);a Portaria SENACON n 7, de 5-5-2016, que disciplinoudetalhadamente os procedimentos para aplicao das sanesadministrativasprevistaspeloDecretoFederaln2.181,de20-3-1997,no mbito da Senacom-MJ - SecretariaNacional doConsumidor doMinistriodaJustia.

    No que concerne primeira novidade, foram introduzidas novas diretrizesquanto ao comrcio por meios eletrnicos, turismo, operaes de crdito,mecanismos de cooperao internacionais entre os diversos organismos dedefesadosconsumidores,deu-semaiornfaseaoconsumosustentvelmatriade que vimos tratando desde a 5 edio desteManual, alm da seguranaalimentar edeoutraspreocupaesmais candentes, procurando-se atualizar asdiretrizes fixadas em 1985. Deve-se salientar, outrossim, que a mencionadaresoluo reveste-sedeumestmulo aqueospases filiados ONU instituamsuas leis de proteo e defesa do consumidor, guardadas as peculiaridades de

  • cada um. Reportamo-nos, assim, chamada lei-tipo, uma espcie de modelobsicoparaaquelemister,aqualconstadosubitem9.5.2.

    J no que toca Portaria Normativa do Procon-SP, cuida-se de maiordetalhamento dos procedimentos administrativos, sobretudo, na apurao deinfringncia a normas de proteo ao consumidor e sua sano pelo referidorgopblicooqual,conformejasseveramosemdiversasoportunidades,noobedecesnormaseaosritosdoDecretoFederaln2.181/1997.

    Aps anos de marchas e contramarchas, foi finalmente institudo ochamadoProconPaulistano,medianteoDecretoMunicipaln56.871,de15demarode2016.Essedecreto,comefeito,dispesobreaorganizaodoSistemaMunicipaldeDefesadoConsumidorSMDC,doDepartamentodeDefesadoConsumidor Procon paulistano e do Conselho Municipal de Defesa doConsumidor Condecon paulistano, estabelece novas regras para o FundoMunicipal deDefesa doConsumidor FMDC, bem como transfere e altera adenominaodoscargosdeprovimentoemcomissoqueespecifica.

    H anos, ainda na qualidade de Procurador de Justia e Coordenador dasPromotoriasdeJustiadoConsumidordoEstadodeSoPaulohaviatransmitidos autoridadesmunicipais, por sua solicitao, algumas ideias a respeito dessapretenso, que remonta ao governo municipal do saudoso governador MrioCovas.E,em2008,japosentado,emfacedenovasolicitao,produzisucintoparecerarespeito.

    J eramais do que tempode amaior cidade daAmrica doSul ter o seuprprio Procon, somando-se aos mais de 210 outros Procons municipais doEstadodeSoPaulo.

    Particularmente, sentimo-nos honrado em poder colaborar com o novelrgodedefesaeproteoaoconsumidor,naqualidadedeprofessornocursodetreinamentodeseupessoal,realizadoemmaiode2016.

    Finalmente,quantoLein13.111/2015,cuida-sedeumaobrigaoimpostaaosvendedoresdeveculosnosentidodefornecereminformaescompletasdosadquirentes-consumidores sobre suas condies, impondo-se, outrossim, maisum nus aos Procons no que diz respeito fiscalizao, para que essasimposies sejam de fato obedecidas e cumpridas. Quanto a esse aspecto, ouseja,asobrecargadefunesacargodosrgospblicosdedefesaeproteodos consumidores, remetemos o leitor obra coletiva que coordenamos, pelaAtlas (2014), Tutela Administrativa do Consumidor: atuao dos Procons,legislao,doutrinaejurisprudncia.

    Enfim,esperamosquecontinuemosareceberahonrosaatenoeoprestgiodetodosquantossedediquemaessafascinantematria.

    OAutor

  • Junhode2016.

  • Nota13EdioLanada emmaio do corrente ano de 2014, esgotou-se rapidamente a 12

    edio desta obra, razo pela qual j nos preocupamos em preparar para olanamentoda13.

    E, sempre preocupados em manter atualizado o presente repertrio delegislao, doutrina, jurisprudncia e questes pragmticas do Direito doConsumidor,acrescentamosapenasalgumasdelasquenospareceramrelevantes,alm de termos corrigido pequenos pontos bastante pontuais da legislao demaiorrelevo,como,porexemplo,aLein9.099,de1995.

    Como novidade desta nova edio, destacamos comentrios acerca dachamadaobsolescnciaprogramada(cf.subitem5.3.4.2)1,questopoucotratadapelosdoutrinadores,masquetemchamadomaisaatenodosconsumidoresefornecedores, sobretudo diante da grande rapidez da evoluo tecnolgica,designadamentedosaparelhoscelularesedeinformticademodogeral.Prope-se,porexemplo,aexemplodospasesdaUnioEuropeia,oaumentodoprazode garantia legal de noventa dias para dois anos, uma vez verificado que osvcios e defeitos tm ocorrido pouco alm dos exguos trs meses parareclamaes.

    Entretanto,houtrosprodutosmaissimples,masdelargussimouso,como,por exemplo, a lmpada eltrica. Inventada h mais de cem anos e que vemsendoaperfeioada,mereceuumaespecialateno,tendo-seemvistaqueatoano de 2016 todo omercado dever ser suprido por lmpadas que consumammenos energia, mas com maior rendimento da chamada unidade deluminncia. Dessa forma, os fabricantes das recentes lmpadas de LED, porexemplo,prometemque,aocontrriodastradicionaisincandescentes,somaisduradouras,eficienteseexigemmenorenergiaparafornecer1.000lmens,atofinal de sua vida til, estimada em 80.000 horas, ou seja, funcionandocomcapacidade total,enquantoaquelasoutraseasfluorescentesvoperdendooslmensnamedidaquevoalcanandoofinaldesuavidatil.

    Igualmente mereceu nossa ateno recente medida do governo federaldisciplinandonovas tcnicasde soluo extrajudicial de conflitosnascidosdasrelaes de consumo. Embora no seja novidade, a atividade desempenhadanessa seara no apenas pelos Procons, como tambm peloMinistrio Pblicoespecializado em defesa e proteo do consumidor e entidades nogovernamentaisqueigualmentesededicamaessesmisteres,oqueseobservauma polticamais abrangente da atuao dos Procons e atitudes proativas dosprpriosfornecedores.

  • OAutorNovembrode2014.

    1Asremissesfeitasnasnotassediesanteriorespodemnocondizercomositensdaedioatual.

  • Nota12EdioSempre sintonizado com a evoluo dos temas relativos ao Direito do

    Consumidor, anotamos nesta nova edio, revista, atualizada e ampliada,algumasboas inovaesemtermosdeoperacionalidade,sobretudo,dosrgosdedefesadoconsumidorProcons,eoutrasnemtanto.

    Comefeito,merecemdestaquedoisdecretosfederaisDecretosnos7.962e7.963,amboseditadosnodia15demarode2013,dataemque,comosabido,se comemoram osDias Internacional eNacional dosDireitos do Consumidor(vide subitem 2.1), tratando, respectivamente, da regulamentao dochamado comrcio eletrnico (vide subitem 9.8.5), e da criao do PlanoNacional de Consumo e Cidadania, bem como da instituio da CmaraNacionaldasRelaesdeConsumo(videsubitem3.4.6).

    Sem pretendermos proceder neste passo a uma anlise mais aprofundadadessasduasquestes, jqueofaremosnos itensesubitensapropriadosqueasenvolvem, pa-receu-nos extremamente oportuna a regulamentao dochamado comrcio eletrnico, sem qualquer necessidade, como vimosapregoando,demodificaodotextodoCdigodeDefesadoConsumidor.Atporque nos parece que se cuida de matria, no obstante sua relevncia, jprevista, intuitiva e implicitamente, pelo seu art. 49, quando trata dochamadodireitodearrependimento,para ficarmoscomumdosaspectosdessatemtica (cf.onossoartigoAlteraesdoCdigodeDefesadoConsumidorCrticas s Propostas da Comisso Especial do Senado Federal, in Revista daAcademiaPaulistadeDireito,coordenaodeRogrioDonninieCelsoAntnioPacheco Fiorillo, Editora Fiuza, SP, ano 1, n 2, jul./dez. 2011, p. 117-152;tambm publicado pela Revista Eletrnica, epelaRevistaLuso-Brasileira deDireito doConsumo,Bonijuris, J.M.Editora,Curitiba,PR,v.II,n4,dez.2012,p.85-128).

    NoquetangeaoPlanoNacionaldeConsumoeCidadania,cuida-sedeumaadequao do que j constava do Decreto Federal n 2.181/1997 (i.e.,a Regulamentao do Cdigo de Defesa do Consumidor), diante dareestruturao do sistema federal de proteo e defesa do consumidor,principalmente aps a transformao do ento DPDC Departamento deProteo e de Defesa do Consumidor, em Secretaria de Estado, a Senacon SecretariaNacionaldeProteoedeDefesadoConsumidor,doMinistriodaJustia.

    IgualmentemerecedestaqueaResoluoConjuntaCNJ-CNMPn02/2011,queestabeleceuoCadastroNacionaldeInquritosCiviseAesCivisPblicas(videsubitem9.2.6),queemparteatendeuaumaantigatesepornsapresentada

  • em congresso nacional do Ministrio Pblico (vide Ao Civil PblicaConsumerista: conflitos de atribuies entre Ministrio Pblico Federal eMinistriosPblicosEstaduais,naRevistadoTRF3Regio,v.84,SoPaulo,p.89-124,jul./ago.2007).Nesseaspecto,porexemplo,jemnossaprticacomoadvogadoconsumerista,constatamosainstauraodeinquritocivilemfacedeumamesma empresa, pelos mesmos e idnticos fatos, em nada menos que 5(cinco) Ministrios Pblicos estaduais. Nesse caso, muito embora j tivessehavidoumaaocivilpblicaquefindoucomacordojudicial,inclusive,comaconcordnciadaPromotoriadeJustiadoConsumidordaCapitaldeSoPaulo,e, ipso facto,comoarquivamentode inquritosporoutros3 (trs)MinistriosPblicos,noevitouqueaempresafosseremumasegundaaocivilpblicamovidaporumquintomembrodoMinistrioPblicodeumaoutraunidadedafederao.Espera-seque, coma instituiodessenovo cadastro, esse e outrosconflitossejamevitados.

    Tardandoemmaisdevinteanos,eisqueveiotambmalumeaLeiFederaln12.741,de8-12-2012,medianteaqualseregulamentouodispostopelo5doart.150daConstituioFederal.Ouseja,quedeterminaqueoconsumidorseja sempre informado sobre o montante de tributos que recaem sobre osprodutos que adquire, bemcomo sobre os servios que contrata (vide subitem1.4).

    Poroutrolado,contudo,nombitodoEstadodeSoPaulo,sobreveioaLein15.248,de17-12-2013,medianteaqual,emltimaanlise,seobrigouosdezprimeiros estabelecimentos comerciais que tenham o maior nmero dereclamaesregistradasnosProcons,adivulgaremessacircunstncia(inseridosna lista negra de fornecedores) de maneira visvel, clara, ostensiva, nosrespectivos pontos de atendimento ou de venda, fsicos e virtuais, inclusive,aquelesemformadestandsoudestinadosexclusivamenteaatendimento.

    Oart.1dessaleifala,inclusive,emrankingdos10(dez)fornecedoresmaisreclamados,deacordocomocadastrodereclamaesfundamentadasdivulgadoanualmentepelaFundaoProcon-SP.

    Ora,almdesecuidardenormadeduvidosaconstitucionalidade,mormentesetendoemcontaquenenhumalesoouameaaadireitopoderserexcludadeapreciao judicial, alm de se cuidar de matria que envolve a imagem deterceiros(cf.art.5,incisosXeXXXV,daCartaConstitucional),usa-setermoquenopertenceaovernculorankingquandoneleexistetermoequivalenteouatmaissignificativorol.Atporforadeargumentao,emborasesaibaque o nome dos rus criminais, aps o trnsito em julgado de sentenacondenatria, lanado no rol dos culpados, no nos consta que tenham deostentaresseestigmaoulabu,scomparvelaostrajesridculosaqueestavamobrigadosospobrescondenadospelainquisioapsostorturantesautosdefe

  • expiao.Infelizmente, entretanto, de se constatar que o Cdigo de Defesa do

    Consumidor, em razo de seu prestgio indiscutvel e de seu amplo apoio eestimapopular,venhasendoalvodeiniciativasdemaggicaseoportunistas,deresto totalmente desnecessrias, como, alis, o so centenas de projetos emandamentonoCongressoNacionaltentandoremend-loaquieali.

    Por fim, embora em vigor desde 2003, ainda no havamos tratado, aindaque de forma perfunctria, do Estatuto do Torcedor. Entretanto, em face deimportantes eventos a serem realizados em nosso pas (Copa do Mundo deFutebol,em2014,eOlimpadas,em2016),eorecrudescimentodaviolnciaemcamposdefutebol,ousamosacrescentaralgumaslinhasaesserespeito,guisadetemasrelevantesdedireitodoconsumidor.Nada,entretanto,quesecompareexcelenteeimprescindvelobradonossoestimadocolegaeamigo,ProfessorRicardodeMoraesCabezn,emseuManualdeDireitosdoTorcedor, tambmdaEditoraAtlas,2012,obraquetivemosahonradeprefaciar,equeindicamosatodos quantos se interessempor esse fascinante e envolvente tema, por razesatbvias.

    OAutorJaneirode2014.

  • Nota11EdioOsanosde2010e2011,maisespecificamenteoprimeiro,forammarcados

    porinmeroseventoscomemorandoos20anos,respectivamente,dasanodaLein8.078,em11-9-1990,esuaentradaemvigor,em11-3-1991.

    Eotemriopraticamenteinvarivelfoicentradoemduaspreocupaes:(a)uma espcie de balano do perodo enfocado, com crticas, sobretudo, aofuncionamentodosinstrumentosquedevemimplementarapolticanacionaldasrelaes de consumo, ao lado de futuros desafios; e (b) a necessidadedeaggiornamentodoprprioCdigodeDefesadoConsumidor(CDC).

    Embora possamos parecer conservadores intransigentes a todos quantosperfilhamacorrentedequeoCDCdevamerecerreparosouacrscimos,dadootempodecorridoeaevoluodinmicadomercadodeconsumo,teimosamentepersistimosnosentidodequeoCDCnoestaensejarqualqueralterao.

    Restaevidente,todavia,comoderestononoscansamosdeafirmaremtodaaoportunidadeque tivermosquea referidadinmica evolutivadomercadodeconsumo no pode ser ignorada. Entretanto, mister que a legislao queousamosdenominardeorbitriaaoCDCquevenhaasepreocuparcomessaevoluo.Atporque,comoigualmentenonoscansamosdeafirmar,oCDC,antes demais nada, uma lei principiolgica, embora contenha no seu bojo,evidentemente, dispositivos que procuraram inovar em campos como aresponsabilidade civil objetiva, as condies gerais dos contratos, as prticasabusivas, os crimes especficos contra as relaes de consumo e, sobretudo, aaocoletivacontemplandoosdireitose interessesdeordemdifusa,coletivaehomogneos de origem comum, apenas para ficarmos com os destaques quereputamosmaisinovadores.

    Almdisso, ummicrossistema jurdico inter emultidisciplinar. Ou seja:noapenasserelacionaatodososramosdodireito(cf.osseusarts.7,capute61,porexemplo),comotambmcontmemseubojodispositivosquepoderiamconstar de outros diplomas legais (veja, ainda guisa de exemplo, o novotratamentodado responsabilidadecivil, agoraobjetiva, tambm,peloCdigoCivilde2002,emseuart.927,pargrafonico,emcomparaoaosarts.12e14doCDC).

    Desta forma, parece-nos absolutamente desarrazoado que se proponham,comoderestoofezcomissoinstitudapelapresidnciadoSenadoFederal,emfins de 2010,modificaes, adendos ou qualquer outra forma de alterao dotexto original do CDC, somando-se s centenas de projetos de lei que jtramitam no Congresso Nacional procurando aqui e ali fazer exatamente amesmacoisa.Corre-se,comisso,oriscodefazerque,abertaaoportunidadede

  • modificaes,desfigurar-seoCDC,jqueatodosserialcito,ento,propor-seuma vrgula ali, outra acol, uma frase a mais ou a supresso de outra,mutilando-se ou aumentando para pior, assim, uma lei de tal magnitude equepegou,ao ladodeoutras tantasqueficaramsepultadasnoscompndiosdelegislao.

    Veja-se, como exemplo do que se quer deixar claro, o caso do CdigoFlorestal brasileiro, reputado um dos melhores de sua espcie pelosambientalistas,esoboriscodepiorasemseusdispositivosemprejuzoefetivaproteoecolgica.

    At o momento em que esta apresentao da nova edio donossoManual foi redigida,entretanto,no tivemosnotciadeoutrasalteraesno CDC, alm das felizmente cosmticas, que j foram objeto de anlise naedioanterior.

    Todavia, sabedor de que diretrizes foram imprimidas pela sobreditacomisso instituda pelo Senado Federal, ou seja, concernenteao superendividamento, ao comrcio eletrnico (na verdade por meioeletrnico), eaatribuiesmaiscontundentesdosProcons,procuramos inserirreforos aos argumentos j utilizados em edies anteriores, com vistas aesclarecerquetaisassuntosoujsotratadospelalegislaoptria,dependendoda sua implementao de rgos especficos (como o casodosuperendividamento, tratadonoCdigodeProcessoCivilcomo insolvnciacivil),ou,ento,quepoderiamserobjetode leiorbitria especfica, comoocasodocomrcioviaInterneteoperacionalidadedosProcons.

    Nesta 11 edio, procuramos, ainda, manter a mesma estrutura dasanteriores, dandoumdestaque especial ao chamadoconsumosustentvel, parans um dos mais relevantes e inadiveis desafios aos consumidores efornecedores neste sculo, em que o equilbrio ecolgico do planeta estseriamenteemrisco.assimdesumaimportnciaaLein12.305,de2-8-2010,quecuidadaPolticaNacional deResduosSlidos, a qual no apenas impeobrigaesaosfornecedoresdeprodutoseserviosqueoscolocamnomercadocomprometendo o meio ambiente, como tambm ao Poder Pblicoe consumidores, obrigaes no tocante sua disposio. Sua regulamentao,outrossim, foi estabelecida pelo Decreto n 7.404, de 23-12-2010. Emconsonnciacomessamesmapreocupao,oCdigodeticadoConselhodeAutorregulamentao Publicitria (Conar)modificou o teor de seu art. 36, nosentidodepreveroscuidadoscomapromoodeprodutoseserviosquedigamrespeitoaomeioambiente,bemcomoquestosocial,paratantoacrescentandoumanexoespecialquerecebeualetraU(videsubitem9.8.4).

    Poroutrolado,ejquecomemoramoscomtantoentusiasmoos20anosdesano e de vigncia do CDC, entendemos por bem inserir no apndice de

  • legislao a chamada Lei-Tipo elaborada pela International Organization ofConsumers Unions (IOCU), atualmente Consumers International (CI), eaprovada pela ONU, em 1987, a qual, ao lado de outras diversas legislaes,serviudebaseparaaelaboraodonossoanteprojetodeCdigoBrasileirodeDefesa do Consumidor. Isso para registro histrico e memria dos trabalhosrealizadospelacomissoespecialentre1988-1989(subitem9.5.2).

    Dachamadarbitadecorposlegislativosque integramosistemadoCDC,tambm consignamos a Lei n 12.291, de 20-7-2010, que torna obrigatria amanuteno de exemplar do Cdigo de Defesa do Consumidor nosestabelecimentos comerciais e de prestao de servios. Certamente, plena deboasintenes,teriaoescopodepromoveroesclarecimentoeainformaodoconsumidor sobre seus direitos nos estabelecimentos que frequenta. Trata-se,todavia, de iniciativa discutvel e de forma alguma indita, porquanto algunsEstadoseatmunicpiosjahaviamadotado.

    Esperamos, destarte, continuar a contar com a honrosa receptividade donossoManualcomonasediesanteriores.

    OAutorSoPaulo,agostode2011.

  • Nota10EdioEmbora entendamosqueoCdigodeDefesadoConsumidor sejauma lei

    fundamentalmenteprincipiolgicaeque traadiretrizesgeraisparaa tuteladoconsumidor, no podemos deixar de assinalar algumas modificaes de seutexto,apsapublicaoda9ediodesteManual.

    Fruto, qui, da vaidade de deputados e senadores, que certamente teriamoutras questes a demandarem, sim, um aperfeioamento legislativo (e. g., asreformas tributria e poltica, alm de outras), ou, ento, de sugestes deterceiros, entidadesoupessoas fsicas,masde formacasustica e incua, nadamais fizeramdoqueacrescentaraditivoscosmticos,sobretudoaosartigos31,33,42e54,asaber:Art.31.[...]Pargrafonico.Asinformaesdequetrataesteartigo,nosprodutosrefrigeradosoferecidosaoconsumidor,serogravadasde forma indelvel (redao dada pela Lei n 11.989, de 27 de julho de2009); Art. 33. [...] Pargrafo nico. proibida a publicidade de bens eservios por telefone, quando a chamada for onerosa ao consumidor que aorigina(redaodadapelaLein11.800,de29deoutubrode2008);Art.42-A.Em todososdocumentosdecobranadedbitosapresentadosaoconsumidor,devero constar o nome, o endereo e o nmero de inscrio noCadastro dePessoasFsicas(CPF)ounoCadastroNacionaldePessoaJurdica(CNPJ)dofornecedor do produto ou servio correspondente (redao dada pela Lei n12.039,de1-10-2009);Art.54.[...]3Oscontratosdeadesoescritosseroredigidosemtermosclarosecomcaracteresostensivoselegveis,cujotamanhodafontenoserinferioraocorpodoze,demodoafacilitarsuacompreensopeloconsumidor(redaodadapelaLeiFederaln11.785,de22desetembrode2008).

    Com efeito, conforme j tivemos a oportunidade de salientar em outrasoportunidades, tanto nesteManual, como em artigos publicados em revistas ejornais da rea jurdica, palestra, simpsio, seminrios, debates, o CdigoBrasileirodeDefesadoConsumidor,conquantoconcebidonofinaldadcadadeoitenta do sculo passado, quando no se tinha, ainda, uma ideia clara dosprogressosda informtica,sobretudonoque tange internet,porexemplo,elenoprecisadequalquermodificao.

    Continua,pois,atualizadoeadaptadoaosnovostempos.Alm das novidades no texto da prpria Lei n 8.078/1990, desde a

    publicao da nossa edio anterior, assinalamos mais as seguintes: (a) aregulamentao do inqurito civil, investigao conduzida pelos rgos doMinistrioPblico incumbidosdaapuraodeatentadoscontraos interessesedireitos difusos, coletivos e individuais homogneos de origem comum, no

  • mbito do Conselho Nacional do Ministrio Pblico, e a remodelagem domesmo procedimento no Ministrio Pblico do Estado de So Paulo; (b) aregulamentao dos conhecidos SACs (Servios de Atendimento aoConsumidor)oucallcenters;(c)amodificaodaLeiEstadualn6.536,de13-11-1989(i.e.,acercadoFundoEstadualdeReparaodosInteressesDifusos).

    Quantoprimeiranovidadeassinaladaacima,observa-se,desdelogo,quearegulamentaodoinquritocivil,emnvelfederal,peloConselhoNacionaldoMinistrio Pblico, uma cpia quase integral do antigo regulamento doinquritocivilfeitonombitodoMinistrioPblicodoEstadodeSoPaulo,em1994.NoquetocaregulamentaopeloMinistrioPblicoPaulista,cuidou-se,em ltima anlise, de uma consolidao das normas a ele atinentes, masconstantesde,pelomenos,quatroatosdoColgiodeProcuradoresdeJustiaedo Conselho Superior do Ministrio Pblico daquele mesmo Estado (videsubitem9.2.3).

    No obstante os frequentes alertas que vimos fazendo, pelo menos desde1996,aoensejodo11CongressoNacionaldoMinistrioPblico,ereiteradosemartigo intituladoAoCivilPblicaConsumerista:conflitosdeatribuiesentreMinistriosPblicos,publicadonaRevistaTRF-3Regio, v. 84, julho eagostode2007,SoPaulo,p.89-124,nosepreviunemnaregulamentaoemnvelfederal,nemestadual,qualquerpreocupaocomessaquesto.

    O que se viu, ao contrrio, foi a insistncia do Sr. Procurador-Geral daRepblica, no sentido de submeter tais divergncias aos rgos jurisdicionaissuperiores,nocasooSupremoTribunalFederal,quandoasuasoluoestarianombito,agora,domencionadoConselhoNacionaldoMinistrioPblico,desdequedevidamenteregulamentado.2

    No que concerne regulamentao dos Servios de Atendimento aoConsumidor, realmente, cuidou-se de amenizar o verdadeiro tormentoexperimentado por todos ns, consumidores, quanto aos irritantes minutospassados ao telefone para nos queixarmos ou solicitarmos algumaprovidnciados diversos fornecedores de produtos e servios (vide item 5.2.3). Espera-se,entretanto, que o Decreto Federal n 6.523, de 31 de julho de 2008,complementadopelaPortaria-MJn2.014,de13deoutubrode2008nofiquemapenasnopapelcomotantasoutrasmedidas.

    Quanto modificao da Lei Estadual do Fundo de Reparao dosInteressesDifusos,porforadaLeiEstadualn13.555,de9-6-2009,foiparapior.Comefeito,em1997,quandoesteautoracumulavaasfunesdeChefedeGabinete da Procuradoria-Geral de Justia do Estado de So Paulo, eCoordenador do Cenacon (Centro de Apoio Operacional das Promotorias deJustiadoConsumidor),foiincumbidodeelaboraranteprojetodenovaleiquedesse maior flexibilidade do referido fundo. At porque seu correspondente

  • federal,maisrecente,jofaziacomvantagem.Ouseja,osrecursosnoficavamamarradosecomdestinaoindefinida,genericamentedestinadosarepararosinteresses difusos lesados. Ao contrrio, definiram-se claramente as hiptesesemqueosrecursospodiamserutilizados(e.g.Art.2OFundoEstadualdeDefesa dos Interesses Difusos, integrante da estrutura organizacional doMinistrioPblicodoEstadodeSoPauloevinculadoUnidadedeDespesaDiretoria Geral, tem por objetivo gerir os recursos destinados aoressarcimento e preveno de danos ao meio ambiente, inclusive ao meioambientedotrabalho,aosbensdevalorartstico,esttico,histrico,tursticoepaisagstico, ao consumidor, ao contribuinte, ao portador de deficincia, aoidoso,aomercadodevaloresmobilirios,ordemeconmica,concorrncia,habitaoeurbanismo,sadepblica,cidadania,bemcomoaqualqueroutro interessedifusooucoletivono territriodoEstado.1Os recursosdoFundo seroaplicados:1. na preveno de danos e na recuperao dos benslesados; 2. na promoo de eventos educativos ou cientficos e na edio dematerial informativoespecificamenterelacionadoscomanaturezada infraoou do dano causado; 3. no custeio de exames periciais, estudos e trabalhostcnicos necessrios instruo de ao civil pblica, de inqurito civil ouprocedimento investigatrio preliminar instaurados para a apurao de fatolesivoainteressedifuso,coletivoouindividualhomogneo.2Nahiptesedoinciso III deste artigo, dever o Conselho Gestor considerar a gravidade dodano,aexistnciadefontesemeiosalternativosparacusteiodapercia,asuarelevncia,asuaurgnciaeasevidnciasdesuanecessidade).

    Referido trabalho chegou a ser encaminhado Assembleia Legislativa deSoPaulo,mediantemensagemdogovernadorGeraldoAlckmin (i.e.,ProjetodeLein205,de2001,pormeiodaMensagemn86/01),masporalificouporquasedezanos,atqueculminoucomasupracitadalei.Naverdade,peloquesepode verificar no subitem 9.3, houvemodificao na prpria denominao dofundo,atransfernciadesuaadministraodarbitadoMinistrioPblicoparaa da Secretaria da Justia e de Defesa da Cidadania, nova composio doConselho Gestor. Oxal esse mesmo conselho se imbua de criatividade parafazerofundoefetivamentefuncionar,oquenoocorredesdesuainstituio.

    Por outro lado, esta 10 edio traz baila discusso que nos parecerelevante,noqueconcernesrelaesdecartertrabalhistaesuaconsideraoounocomorelaesdeconsumo,questoessaquenospareciaresolvidacomamenoexpressadesuacolocaoforadessasltimasrelaes(cf.oart.3,2,parte final, do Cdigo deDefesa do Consumidor). E isto em decorrncia dospostuladosdaEmendaConstitucionaln45,de8-12-2004(i.e.,aReformadoJudicirio), porquanto ampliou a competncia da Justia do Trabalho, noapenasnoquetangesaesacidentrias,aincludasasrelativasaoambiente

  • laboral,comotambmnoquetocasrelaesdetrabalhopropriamenteditas.Destaforma,esperamosqueestanovaediocontinueaserprestigiadapelo

    meioacadmicoeprofissional,comoasanteriores,desde1991.

    OAutorSoPaulo,outubrode2009.

    2 O procurador-geral da Repblica, Antonio Fernando Souza, ingressou com duas aes no SupremoTribunal Federal (STF) para definir qual ramo doMinistrio Pblico (MP) competente para instaurarinvestigao sobre quebra de sigilo bancrio e sobre ato de improbidade supostamente praticado porservidorapblicafederalexercendocargoemrgomunicipal.Fonte:sitedoSTF,em31-3-08.

  • Nota9EdioComonasoitoediesanteriores,procuramostransmitir,atodosquantosse

    interessem pela tutela do consumidor, nossa experincia haurida em quase 25anos, inicialmentecomooprimeiroPromotordeJustiadopas(1983-1985)aexerceraentoCuradoriadeProteoaoConsumidornombitodoMinistrioPblicodoEstadodeSoPaulo,depoiscomoCoordenadordasPromotoriasdeJustia do Consumidor desse mesmo Estado (1985-1993 e 1996-1997) e,finalmente,comoprofessorespecialistapornotriosabernessanovadisciplina,DireitodoConsumidor,econsultorjurdico.

    Antes de cada nova edio, procuramos atualizar nossas informaes,pesquisas e estudos, de molde a manter nossos leitores sempre o mais beminformados possvel, j que a sociedade humana e, consequentemente, asrelaesjurdicassoinexoravelmentedinmicas.

    Na questo da informtica, para ficarmos apenas num exemplo do queacabamos de afirmar, os progressos so notveis e surpreendentes a cada dia.Noobstanteessarealidade,contudo,ousamosdiscordardaquelesqueentendemdeva o Cdigo do Consumidor sofrer modificaes por isso. Como o leitorpoder verificar na remodelagem do subitem 3.4.6, os golpes ou, nanomenclaturadoCdigodeDefesadoConsumidor,prticasabusivas,clusulasabusivas em contratos de adesoe publicidade enganosa ou abusiva, soexatamente os mesmos praticados tanto no chamado ambiente real, comono ambiente virtual. Ou seja: o que varia apenas o meio empregado pelofraudador, enganador, aproveitador etc. Com relao aos contratos,impropriamente agora denominados de eletrnicos, sendo a sua denominaocorreta,istosim,contratosporviaeletrnica,comojhavamosponderadoemedies anteriores, as cautelasdevemsermaiores, no sentidodaautenticidadedoscontratantes.PorissomesmoqueestaindapendentedeaprovaopeloCongresso Nacional, mas em pleno vigor, a medida provisria que cuida daschamadas chaves pblicas e privadas, exatamente no sentido de conferirautenticidadeaoscontratosemqueaspartessoinvisveis!Ousenoinvisveis,porcontadosannciospublicitriospornovomeio (i.e., os sites da Internet),pelomenosdistantesdosolhose,porconseguinte,docorao(rectius,princpiodaboa-fsubjetiva,precedidadaboa-fobjetiva).

    No vemos, pois, razo para modificao do Cdigo de Defesa doConsumidorcomrelaoaoqual, alis,nonoscansamosdeafirmarconsistirnummicrossistema jurdicomultidisciplinar e interdisciplinar. Isto : alm detrazer em seu bojo dispositivos jurdicos da mais diversa natureza (e. g., dedisciplinacivil,relativamenteaobrigaes,contratos,responsabilidadecivil;de

  • cunhoadministrativo,ao traarnormasgeraisde infraesesanesdecunhopolicial-administrativo, e de natureza penal, ao criar tipos penais especficoscontraasrelaesdeconsumo),relaciona-seforadeseumbitocomtodososdemaisramosdoDireito,acomearpeloDireitoConstitucional.

    Engana-se,porconseguinte,quemseaventuraa tentar resolverpendnciasconsumeristassemtertambm,comofontedepesquisaeinspirao,postuladosdos Direitos Constitucional, Administrativo, Civil, Penal, Processual Civil ePenal,regulamentosetc.

    Submetemosaosleitores,porconseguinte,umanovaediodaobraManualdedireitosdoconsumidor,esperandoqueatendaaosseuspropsitos.

    OAutorSoPaulo,agostode2007.

  • NotadoAutorNose tratadeumcomentrio, artigopor artigo,doCdigodeDefesado

    Consumidor(Lein8.078,de11-9-90),masdeumverdadeiromanualtericoeprticodareferidatutela(nosmbitosadministrativo,civilepenal),organizadopor temas que julgamos de maior relevncia. Ou seja, procuramos discorrersobre a prpria filosofia ou poltica de proteo e defesa do consumidor,preocupao essa j constante de resoluo da ONU e diretivas de outrosorganismosinternacionais,seutratamentoconstitucionalentrens,antecedenteshistricos, e as novidades trazidas pelo Cdigo Brasileiro de Defesa doConsumidor. Alm disso, procuramos abordar temas do chamado direitoconsumerista,sobretudonotocanteprprianecessidadeounodeumcdigoespecfico, j que se cuida de cincia complexa, interdisciplinar, e de difcilsistematizao.

    Emseguida,sotratadososconceitosdeconsumidorefornecedor,traandoumaretrospectivahistricadadefesaeproteoaoconsumidor.Remontamo-nosatoCdigodeHammurabi,passandodepoisdefiniodachamadapolticanacional das relaes de consumo, que tem como pedra de toque no s oreconhecimento da vulnerabilidade do consumidor em face do fornecedor deprodutoseservios,porrazesatbvias,comotambmaharmoniaquedevepresidir tais relaes, no fundo um emaranhado de relaes jurdicas. Noentanto, mereceram elas ateno especial, tendo por objeto de interesse umagama formidvel de produtos e servios de toda a espcie, a includos osprestados pelas entidades estatais ou paraestatais mediante sua atividadeempresarial,ouentomedianteempresasconcessionriasoupermissionrias.Etal aspecto assume papel fundamental, visto que hoje a onda da chamadaglobalizaodaeconomiaeaprivatizaodealgunsdeseus setoresexigemnovasposturasdasagnciasreguladorasedosprpriosconsumidores.

    Em face, ainda, do referido processo de globalizao da economia, comoincremento do comrcio eletrnico, via Internet, e a preocupao em produzirsempre mais alimentos, mediante o cultivo dos chamados transgnicos,acrescentamos a questo do superendividamento do consumidor, tendo j sidoobjeto de edies anteriores tambm o consumo sustentvel. Da nossapreocupao em cuidar dessas novas questes sob a rubrica de TemasCorrelatos, ao lado de outros, como a livre concorrncia, o abuso do podereconmico, alm da trade qualidade-produtividade-competitividade. Alis,muitoemborajtenhamostratadodamatriaconcorrencialeseuentrelaamentoinevitvel com a defesa do consumidor, somente agora que os profissionaisligadosreaeaosrgosdeconcorrncia,propriamenteditos,tmcuidadodo

  • assunto(videitem3.4.2).Chamamos ainda a atenoparao fatodequeno por estar emvigoro

    CdigodoConsumidor,desde11-3-91,que,semnenhumfavor,certamenteomais avanado domundo, que se desprezou todo o universo do ordenamentojurdicovigenteentrens.

    Aocontrrio.Seuart.7bastanteclaro,aotratardasfontesvariadasdessesdireitos do consumidor, sobretudo em decorrncia de tratados e convenesinternacionaisdequeoBrasilvenhaasersignatrio,princpiosgeraisdodireito,analogia, costumes e equidade. Como sabido, integramos o Mercosul, epreparamo-nos para integrar outros mercados globais, como a Alca, porexemplo. Da a necessidade de homogeneizao das normas de proteo aoconsumidor, tema esse igualmente objeto de nossas preocupaes. O mesmoocorrecomoart.55doCdigodeDefesadoConsumidor,aotratardassanesadministrativas, o qual apenas sinaliza ao administrador pblico, reclamandomelhorsistematizaodosmecanismosdepolciaadministrativaqueenvolvemasrelaesdeconsumo.Noobstanteisso,sobrevieramdoisdecretos(n861/93e n 2.181/97), visando regulamentao domencionado cdigo que, a rigor,delanonecessitaria.

    Oquesefez,dadaacomplexidadeeamplitudedotemadefesaeproteoao consumidor, foi definir os direitos fundamentais, j elencados namencionadaresoluodaONU,de1985,masacrescidosdemaisum,qualseja,um verdadeiro direito-dever relativo ao chamado consumo sustentvel(Resoluon153/95),oqualmerecertpicoespecfico.

    Em seguida, procuramos comentar temas que, embora j tradicionalmenteversados pelo Direito Civil ou pelo Direito Comercial, como os vciosredibitrios,forammodernizadospeloCdigodoConsumidor.Outrasquestes,como a responsabilidade civil objetiva e a inverso do nus da prova, atuteladapublicidade,sobretudocomacriaodeuminstrumentodecoibiodecunho administrativo, a contrapropaganda, tambm foram objeto de nossapreocupao.

    Oscontratos,notadamentedeadeso,igualmentemereceramtratamentoqueatdiramosrevolucionrionoCdigodoConsumidor.Comefeito,afastando-sedosprincpios tradicionaisdaplenaautonomiadavontadeedospactasuntsemper servanda, o cdigo disciplinou essa atividade negocial mediantecondies gerais ou salvaguardas, passando pela repulsa decomportamentoslesivos,chamadosdeprticasabusivas,bemcomofulminoudenulidadeabsolutaasclusulasreputadasabusivas.

    Apublicidadeeaofertadeprodutoseserviostambmforamtratadasnosmbitos das tutelas administrativa, civil e penal, assim como a jmencionadacontrapropaganda.Mereceramtambmabordagemoscrimescontraalisuraque

  • deve cercar aqueles tipos penais contra o consumidor, coibindo as chamadaspublicidadesenganosaseabusivas.

    Aopardisso,cuidamosdoscrimescontraoconsumidor,noapenasosqueestonobojodocdigo,como tambmosque reflexamenteoafetam,sejanombitodoCdigoPenal,sejadalegislaopenalespecialouextravagante.

    No mbito das chamadas aes coletivas, relatamos o que j se vinhafazendoemmatriadasaescoletivas,antesmesmodaediodoCdigodoConsumidor,eemgrandepartepeloMinistrioPblico,eporalgumasentidadesno governamentais de defesa do consumidor. E, aps a edio do cdigo, asaes aumentaram significativamente, em face da instituio de uma terceiracategoria dos interesses coletivos, qual seja, a dos interesses individuaishomogneos de origem comum. Dessa forma, procuramos trazer colaoaescivispblicasajuizadasantesedepoisdavignciadocdigo.Salientamosneste passo, contudo, que grande relevncia assumiu o inqurito civil, criadopela Lei n 7.347/85, instrumento destinado coleta de subsdios para que oPromotor de Justia ajuze a competente ao coletiva, ou ento obtenha oschamados termos de compromisso de ajustamento de conduta. Tanto assimque, conforme as estatsticas que se vm repetindo nos ltimos anos, dasquestes suscitadas perante o Ministrio Pblico, 97% redundam emarquivamento,sobocrivodoConselhoSuperior,enosmencionadostermosdeajustamento, nos quais so cominadas multas em caso de descumprimento,restandoapenas3%quesoconvoladosemaesjudiciriasefetivamente.

    Preocupamo-nos,tambm,pragmaticamente,emexplicarcomofuncionamecomo so constitudos os diversos organismos de defesa ou proteo aoconsumidor(isto,PromotoriasdeProteoaoConsumidor,Procons,JuizadosEspeciais Cveis, e Delegacias Especializadas), assim como as entidades nogovernamentais.

    Com relaoaosrgosprecpuosdedefesa eproteoaoconsumidor, osProcons ou Sedecons assumem papel fundamental. E isso porque, alm dedesempenharem funes de orientao, educao, conciliao entre osinteressados,organizaodesimpsiosetc.,dispemhojedamesmalegitimaoativaparaaproposituradasmencionadasaescoletivas,almdeterempassadoaatuarcomorgosdepolciaadministrativa.Comefeito,comaextinodaSunab,osProconseCedecons,consoanteo jmencionadoDecretoFederaln2.181/97, que regulamentou o Cdigo de Defesa do Consumidor, passaram aintegrar o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor e devero assumir aresponsabilidade de fiscalizao das relaes de consumo no mbitoadministrativo. Cabe-lhes, em ltima anlise, a autuao dos infratores quevenham a desrespeitar os limites estabelecidos pelo citado decreto, comotambmseveremtpicoespecficodestemanual.

  • D-se destaque tambm hoje sadia preocupao das prprias empresas afimdecriaremmecanismosdecomunicaocomseusconsumidores,medianteochamado marketing de defesa do consumidor, recall e campanhas deinformaoeeducao,quecertamentetenderoaaumentarcomapreocupaocada vez maior com a trade competitividade qualidade produtividade,mormenteemdecorrnciadaglobalizaodaeconomia.Dequalquerforma,taisinstrumentos, que denominamos tutela administrativa no institucionalizadadoconsumidor,revelam-seutilssimosparabuscar-seaharmonia,alealdadeeaboa-f nas relaes de consumo, sem falar na maior competitividade dasempresasquebemsouberemutiliz-losemfacedeseusconsumidoresatuaisepotenciais.

    Selecionamos, alm certamente do texto da lei que instituiu o Cdigo deDefesadoConsumidor, a legislaobsicaparaconsulta, sobretudoquandosefaladosinstrumentosoumecanismosdedefesaouproteodoconsumidor,quer no mbito institucional (Promotorias, Procons, Cade/SDE etc.), quer nombitooperacional.

    Hoje,maisdoquenunca,asFaculdadesdeDireito,PropagandaeMarketing,Arquitetura,Engenharia,RelaesPblicas,ComunicaoSocial,ProduodeModa etc. tm procurado adaptar seus contedos disciplinares a essa novatemtica, quer nos cursos de bacharelado, como o caso das Faculdades deDireito das FMU, da Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo e daUniversidadeAnhembi-Morumbi, quer nos de ps-gra-duao. E profissionaisdas respectivas reas, nas Escolas Superiores de Magistratura, do MinistrioPblicoedaAdvocacia, igualmente tmprocuradoaespecializaonecessriaaos novos desafios que se apresentam na implementao do direitoconsumerista.

    Esperamos,porissomesmo,queocarteressencialmentepragmticodestaobra,muitomaisfrutodenossaexperinciademaisde15anoscomomembrodo Ministrio Pblico de So Paulo na rea de que ora se cuida, do que depostura doutrinria ortodoxa, possa atender aos anseios de todos quantosdesejem inteirar-se de to palpitante tema: afinal de contas, todos somos, emmenoroumaiorgrau,consumidoresdeprodutoseservios,acada instantedenossasvidas.

    FoiessaadiretrizprticaquetambmprocuramosimprimiraostrabalhosdeelaboraodoanteprojetodeCdigodeDefesadoConsumidor,naqualidadedecoordenadoradjuntodacomissoespecialaeladedicado.

    E para facilitar a consulta aos diversos temas contidos neste manual, foiorganizadondicealfabticoeremissivo.

  • Sumrio1NoesGerais

    1.1Introduomatria:defesaeproteoaoconsumidor1.2Brevehistricodomovimentoconsumerista1.3Preocupaosupraestatal1.4Tratamentoconstitucional1.5Consumerismo:princpioseinstrumentos1.6Harmonizaodeinteresses,educaoeinformao1.7Meios eficientes de autocontrole de qualidade e segurana,prevenoesoluodeconflitos1.8Recallecoibiodeabusos1.9Racionalizaoemelhoriadosserviospblicos1.10Estudoconstantedomercado

    2Conceitos2.1Consumidor

    2.1.1Apessoajurdicacomoconsumidora2.1.2Apessoajurdicadedireitopblico2.1.3Acoletividadedeconsumidores

    2.2Fornecedor2.3Harmonizaodosinteressesenvolvidos2.4Objetosdosinteresses:produtoseservios

    2.4.1Produtos2.4.2Servios:noesgerais

    2.4.2.1Atividadesbancrias,financeirasedecrdito2.4.2.2Aplicaesfinanceiras2.4.2.3Relaesdecartertrabalhista

    3DireitodoConsumidor3.1Amplitudedotema:defesaeproteoaoconsumidor3.2Fontes:direitooudireitos?3.3Limitaesdocdigo3.4Temascorrelatos

    3.4.1Consumosustentvel3.4.2Livre concorrncia, abuso do poder econmico econsumidor3.4.3Qualidade-produtividadeeconsumidor3.4.4Aglobalizaodaeconomiaeadefesadoconsumidor3.4.5Os alimentos transgnicos: novo desafio do

  • consumerismo3.4.6Comrcioeletrnicooupormeioeletrnico?3.4.7Superendividamentodoconsumidor3.4.8EstatutodeDefesadoTorcedor

    3.4.8.1Consideraesgerais3.4.8.2BrevesanotaesLein10.671/2003

    3.5Aspectosprticosdadefesaouproteodoconsumidor3.5.1Camposdeatuao3.5.2rgos ou entidades de defesa ou proteo aoconsumidor3.5.3Instrumentosdeproteoedefesa

    4OMinistrioPbliconaDefesadoConsumidor4.1Fundamentolegal4.2Promotorias ou curadorias de proteo ao consumidor em SoPaulo

    4.2.1Brevehistrico4.2.2Estrutura

    4.3MinistrioPblicoeombudsmandoconsumidor4.4TratamentonoCdigodeDefesadoConsumidor

    4.4.1Macrotemasdedefesadoconsumidor4.4.2Eleiodeprioridades

    5DefesadoConsumidor:mbitosdeAtuao(Administrativo,CivilePenal)

    5.1Notasintrodutrias5.2No mbito administrativo: atividades precpuas dos rgos dedefesadoconsumidor

    5.2.1Atividadesdepolciaadministrativaemgeral5.2.2Atividadesdepolciaadministrativadoconsumidor

    5.2.2.1Cdigo do Consumidor: necessidade ou noderegulamentao5.2.2.2Poder de polcia e os rgos de Defesa eProteoaoConsumidor5.2.2.3Poderdepolciasupletivo?5.2.2.4AtuaodoProcondeSoPauloemmatriadepolciaadministrativanombitodoconsumidor5.2.2.5Metodologia para a disciplina administrativadasrelaesdeconsumo5.2.2.6Breve comentrio ao Decreto Federal n2.181/97

  • 5.2.2.7Mrito e crticas ao Decreto Federal n2.181/975.2.2.8Concluses

    5.2.3Atividadesdeempresas:marketing,SACs(ServiosdeAtendimentoaoConsumidor)recalleconvenocoletivadeconsumo

    5.2.3.1Marketing5.2.3.2SACs (Servios de Atendimento aoConsumidor)5.2.3.3Recall5.2.3.4Convenocoletivadeconsumo

    5.3Nombitocivil:notasintrodutrias5.3.1Responsabilidadecivil5.3.2Vciosedefeitos5.3.3Ofertaepublicidadedistino

    5.3.3.1Necessidadeetiposdetutela5.3.3.2Conceitosdepublicidadeenganosaeabusiva5.3.3.3Princpios norteadores: da vinculao, datransparnciaedaidentificao

    5.3.4Prazosdeprescrioedecadnciaemfacedasgarantias5.3.4.1Conceitosdegarantia5.3.4.2GarantianonovoCdigoCivil5.3.4.3Dos prazos prescricionais e decadenciais nonovo Cdigo Civil, Cdigo do Consumidor ejurisprudncia5.3.4.4Aplicabilidade do novo Cdigo Civil ou doCdigodeDefesadoConsumidorquantoavciosedefeitos

    5.3.5Proteo contratual do consumidor (condies geraisdoscontratos,mecanismosde salvaguardas, interpretaoeexecuo)

    5.3.5.1Dospostuladosclssicosquantoaoscontratos5.3.5.2Tratamentodesigualdedesiguais5.3.5.3Dassalvaguardascontratuais5.3.5.4Daproteopropriamentecontratual5.3.5.5Concluses5.3.5.6OnovoCdigoCivilemcotejocomoCdigodeDefesa doConsumidor emmatria obrigacionaldeproteocontratual5.3.5.7Principais dispositivos do Cdigo Civil e

  • consideraes: artigos113,187e422 (boa-f e atoilcito); 157 (leso); clusula rebus sic stantibus ebase do negcio; circunstncias futuras;consequncias[]5.3.5.8Resoluocontratual

    5.4Nombitopenal5.4.1Crimedeapropriaoindbita5.4.2Estelionato5.4.3Fraudenocomrcio5.4.4Defraudaonaentregadecoisa(inc.IVdo2doart.171doCdigoPenal)5.4.5Sadepblica5.4.6Crimescontraaeconomiapopular

    5.4.6.1Exemplosprticos5.4.6.2Tabelamentoigualacongelamento?Produtosessenciais5.4.6.3Remarcaodepreos5.4.6.4RevogaoposteriordetabelasIrrelevncia5.4.6.5Responsabilidade do patro e no doempregado5.4.6.6Flagrantepreparadoouflagranteesperado5.4.6.7Violaodecontratodevendaaprestaes5.4.6.8Fraudesempesosemedidas5.4.6.9Gestotemerriaoufraudulenta5.4.6.10Usurapecuniriaereal5.4.6.11Lei de crimes contra a ordem econmica,tributriaerelaesdeconsumo5.4.6.12IncidnciaprticadaLein8.137/905.4.6.13ComparaoentreaLein1.521/51eaLein8.137/905.4.6.14Aplicao do recurso de ofcio aos delitoscontraasrelaesdeconsumoeeconomiapopular

    5.4.7Incorporaesdeimveis(Lein4.591/64)5.4.8Lein8.245,de18-10-915.4.9Parcelamentodosolourbano(Lein6.766/79)

    5.4.9.1Conceitodeloteamentoclandestino5.4.9.2Medidasadministrativascoercitivas5.4.9.3Dassanespenais

    5.4.10Crimesdocolarinhobranco

    6DefesadoConsumidoreCrimesPrevistosnoCdigo

  • 6.1Consideraesgerais6.1.1Crimes contra as relaes de consumo na legislaocomparada6.1.2Daresponsabilidadepenaldapessoajurdica

    6.2Crticasconcepopenaldocdigo6.3Doscrimesemespcie

    6.3.1Aadvertnciadoart.616.3.2Colocao no mercado de produtos ou serviosimprprios(art.62vetado)6.3.3Omissodedizeresousinaisostensivos(art.63)6.3.4Omisso na comunicao s autoridades competentes(art.64)6.3.5Execuodeserviosperigosos(art.65)

    6.3.5.1O 1 Resultados danosos docomportamentodelituosoconsumerista6.3.5.2O 2 Delito de superlotao emestabelecimentoscomerciaisedeentretenimento

    6.3.6Dosabusosnapublicidade(arts.66a69)6.3.6.1AnteprojetodoCdigoPenal(Portarian790,de27-10-87)6.3.6.2InserodetipoespecficonaLein1.521/516.3.6.3Publicidade enganosa como concorrnciadesleal

    6.3.6.3.1Lei n 8.137, de 27-12-90, e apublicidade

    6.3.6.4Dosdelitosemespcie6.3.6.4.1Artigo666.3.6.4.2Artigo676.3.6.4.3Artigo686.3.6.4.4Artigo69

    6.3.6.5Concluses6.3.6.6Oferta e publicidade enganosas e suainterpretaojurisprudencial

    6.3.7Empregodepeasecomponentesdereposiousados(art.70)6.3.8Meiosvexatriosparacobranadedvidas(art.71)6.3.9Impedimentodeacessoabancodedados(art.72)6.3.10Omissonacorreodedadosincorretos(art.73)6.3.11Omissonaentregadetermosdegarantia(art.74)6.3.12Daresponsabilidadeeconcursodepessoas(art.75)

  • 6.3.13Circunstnciasagravantes(art.76)6.3.14Penademulta(art.77)6.3.15Outraspenas(art.78)6.3.16Dafiana(art.79)6.3.17Interveno de assistentes de acusao e ao penalsubsidiria(art.80)6.3.18Procedimentos em face da Lei n 9.099/95 (Lei n8.137/90, Cdigo do Consumidor e Crimes contra aEconomiaPopular)

    7AsAesColetivasnaDefesaeProteodoConsumidor7.1Introduo7.2Atutelajurisdicionaldoconsumidor

    7.2.1Justificativasesalvaguardas7.2.1.1Inversodonusdaprova:verossimilhanaehipossuficincia7.2.1.2Desconsideraodapersonalidadejurdica7.2.1.3Multas(astreintes)

    7.2.2Aescoletivasemoutrospases7.3TutelajurisdicionaldoconsumidornoBrasil

    7.3.1Doinquritociviletermosdeajustamentodeconduta7.3.2Medidascautelares,liminares:suaexecuoecrimededesobedincia

    7.3.2.1Medidascautelaresetutelaantecipatria7.3.2.2Liminares:execuo7.3.2.3Desobedincia7.3.2.4Aomonitria

    7.3.3Sentenasdemrito7.3.3.1Obrigaesdefazerounofazer7.3.3.2Indenizaes,multaseo fundodoart.13daLein7.347/85

    7.4AesprevistasnoCdigodoConsumidor: tuteladosinteressesdifusos,coletivoseindividuaishomogneos7.5Exemplosdetutelacoletivadoconsumidor

    7.5.1Exemploprtico7.5.2Do objeto das aes coletivas; legitimidade para suaproposituraeprincpiodasucumbncia

    7.5.2.1Objetodaao7.5.2.2Foroprivilegiado

    7.5.3Legitimidadeparapropositura7.5.4Dasucumbncia

  • 7.5.4.1Ao Civil Pblica Ministrio Pblico Sucumbncia7.5.4.2Competnciadeforo

    8LegislaoBsicaeDocumentaodeInteresse8.1Advertncianecessria.Impossibilidadedecompilaoexaustivaecitaoporordemalfabtica8.2Aocivilpblicaouaescoletivas

    8.2.1Lein7.347,de24dejulhode19858.2.2Lei Orgnica Federal (Lei n 8.625/93) e LeiComplementarEstadualn734/93

    8.3AONUeadefesadoconsumidor8.3.1Resoluon39/248,de10-4-1985,dasNaesUnidassobreproteodoconsumidor8.3.2ProjetodeLei-TiposugeridopelaIOCU(atualmenteICONU)

    8.4CdigodeDefesadoConsumidorLein8.078,de11-9-1990eseuregulamentoDecretoFederaln2.181,de20-3-1997

    8.4.1CdigodeDefesadoConsumidorLein8.078,de11-9-19908.4.2Regulamento do Cdigo de Defesa do Consumidor DecretoFederaln2.181,de20-3-1997

    Bibliografia

  • 1NoesGerais

    1.1Introduomatria:defesaeproteoaoconsumidor

    Emboranosejanovidadenospasesmaisavanados,tantoassimquePaulN. Bloom e Ruth Belk Smith,1 em interessante trabalho coletivo em que socolhidasasopiniesdosexpoentesnorte-americanosecanadensesdadefesadoconsumidor, mais particularmente do chamado movimento consumeristachamam a ateno para o esgotamento das estratgias at hoje adotadas, noBrasil e outros pases do denominado terceiro mundo, muito se temultimamente falado e escrito a respeito da chamada proteo ou defesa doconsumidor.

    Assim, dela procuram ocupar-se entidades pblicas e privadas, alm delderescomunitriosepolticos.

    Referido tema,entretanto,hquepreocuparnoapenas taisentidades (porexemplo,Procons,sociedadesamigosdebairros,associaesdedonasdecasaou precpuas de proteo ou defesa do consumidor) e a classe poltica, mastambm o jurista, o economista, o psiclogo, o socilogo e, naturalmente, oprprioempresrioeoconsumidor.Eistodiantedasimplesebviaconstataode que todos ns somos, em maior ou menor grau, consumidores de bens eserviosacadainstantedenossasvidas.

    Comefeito, a prpria estruturaodoEstado, como sociedadepoltica porexcelncia, revela no apenas a organizao do poder e tecido social porintermdio de seu ordenamento jurdico, como tambm a disciplinao dosmeios de produo com vistas ao consumo, uma das facetas do prprio bem-comum.

    Desde Adam Smith,2 em seu tratado que estabeleceu os princpios daeconomiademercadocompetitivo:

    O consumo o nico fim e propsito de toda a produo; e ointeressedoprodutordeveseratendidoatoponto,apenas,emquesejanecessrio para promover o do consumidor. A mxima toperfeitamenteevidenteporsimesma,queseriaabsurdotentarprov-la(...). No sistemamercantilista, o interesse do consumidor quase queconstantementesacrificadopelodoprodutor;eeleparececonsideraraproduo, e no o consumo, como o fim ltimo e objeto de toda a

  • indstriaecomrcio.Assim,comoasseveradopeloProf.MiguelReale(1984:320-321),oEstado

    deve sempre ter em vista o interesse geral dos sditos, deve ser sempre umasntese dos interesses tanto dos indivduos como dos grupos particulares,acrescentando ainda que se considerarmos, por exemplo, os vrios gruposorganizadosparaaproduoecirculaodasriquezas,necessrioreconhecerqueoEstadonoseconfunde,nempodeseconfundir,comnenhumdeles,emparticular, porquanto cabe ao governo decidir segundo o bem comum o qual,nessahiptese,seidentificacomointeressegeraldosconsumidores.Econcluio referido pensamento, enfatizando que a autoridade do Estado devemanifestar-se no sentido da generalidade daqueles interesses, representando atotalidadedopovo.

    Daporqueseobserva,deimediato,oquocomplexaamatriaquesenosapresenta,eisqueenvolve,emltimaanlise,aprpriapolticadeproduocirculaoconsumo,sntese,alis,constantedoTtuloVIIdaConstituiodaRepblica, que versa sobre a ordem econmica e financeira. E ainda maisparticularmente no Captulo I, que trata dos princpios gerais da atividadeeconmica, com especial destaque para o art. 170, que, ao enunciar que aordem econmica, fundada na valorizao do trabalho humano e na livreiniciativa,temporfimasseguraratodosexistnciadigna,conformeosditamesda justia social, expressamente elenca, dentre os princpios a seremobservados para a consecuo dos fins ali expressos, a defesa doconsumidor(inc.V,art.170).

    1.2Brevehistricodomovimentoconsumerista

    Hquemdenote (LeizerLernerapud JorgeT.M.Rollemberg,1987) jnoantigo Cdigo de Hammurabi certas regras que, ainda que indiretamente,visavamaprotegeroconsumidor.Assim,porexemplo,aLein233rezavaqueoarquitetoqueviesseaconstruirumacasacujasparedesserevelassemdeficientesteria a obrigao de reconstru-las ou consolid-las s suas prprias expensas.Extremas, outrossim, eram as consequncias de desabamentos com vtimasfatais:oempreiteirodaobra,almdeserobrigadoarepararcabalmenteosdanoscausados ao empreitador, sofriapunio (morte), casohouvesseomencionadodesabamentovitimadoochefedafamlia;casomorresseofilhododonodaobra,penademorteparaorespectivoparentedoempreiteiro,eassimpordiante.Damesma forma o cirurgio que operasse algum com bisturi de bronze e lhecausasse amortepor impercia: indenizao cabal e pena capital.Consoante aLein235,oconstrutordebarcosestavaobrigadoarefaz-loemcasodedefeitoestrutural, dentro do prazo de at um ano (noo j bem delineada do vcio

  • redibitrio?).Nandia,nosculoXIIIa.C.,osagradocdigodeManupreviamulta e punio, alm de ressarcimento dos danos, queles que adulterassemgnerosLein697ouentregassemcoisadeespcieinferiorquelaacertada,ouvendessembensdeigualnaturezaporpreosdiferentesLein698.

    Na Grcia, conforme a lio extrada da Constituio de Atenas, deAristteles (1995:103-247), tambm havia essa preocupao latente com adefesa do consumidor. Como explicitado pelo mestre estagirita, so tambmdesignadosporsorteioosfiscaisdemercado,cincoparaoPireuecincoparaacidade; as leis atribuem-lhes os encargos atinentes smercadorias emgeral, afim de que os produtos vendidos no contenham misturas nem sejamadulterados; so tambm designados por sorteio os fiscais dasmedidas, cincoparaacidadeecincoparaoPireu;ficamaseuencargoasmedidaseospesosemgeral, a fim de que os vendedores utilizem os corretos; havia tambm osguardiesdotrigo;elesseencarregam,emprimeirolugar,dequeotrigoemgrocolocado no mercado seja vendido honestamente; depois, de que os moleirosvendam a farinha por um preo correspondente ao da cevada, e de que ospadeirosvendamospesporumpreocorrespondenteaodotrigoecomoseupesonamedidaporelesprescrita(comefeito,aleiordenaqueelesofixem);sotambm designados por sorteio dez inspetores do comrcio, aos quais seatribuem os encargos mercantis, devendo eles obrigar os comerciantes atrazeremparaa cidadedois terosdo trigo transportadosparacomercializao(...)ojurodeumadracmaincidentesobreocapitaldeumaminaimplicavaumataxade1%aomsou12%aoano.

    ConformeaindarelataLeizerLerner(apudJorgeT.M.Rollemberg,1987),Ccero sempre chamava a ateno nas causas que defendia, para que seassegurassesempreaoadquirentedebensdeconsumodurveisagarantiadequeas deficincias ocultas nas operaes de compra e venda seriam sanadas ouento, em caso de impossibilidade, haveria a resilio contratual (clusula exempto), circunstncia essa, como sabido, consagrada j h muito em nossodireito ptrio sob a rubrica de vcios redibitrios. Tambm na Europamedieval, notadamente na Frana e na Espanha, previam-se penas vexatriaspara os adulteradores de substncias alimentcias, sobretudo a manteiga e ovinho.Assim, naFrana, em1481, o reiLusXIbaixouumdito quepuniacombanhoescaldantequemvendessemanteigacompedranoseuinteriorparaaumentaropeso,ouleitecomguaparaincharovolume(LeizerLernerapudJorgeT.M.Rollemberg,1987).

    Almdisso,emDonQuixotedelaMancha,MigueldeCervantesSaavedra,no incio do sculoXVI, coloca como ordens baixadas por Sancho Pana, naqualidadedegovernadorda imaginria ilhaBaratria, aobrigatoriedadede seranunciadaaprocednciaeonomedovinhoquefosseadulteradocomacrscimo

  • deguaoufalsificaodonome,castigando-seoculpadocomosuplciodeterdebeb-loataasfixia.Destacam-seainda,noImprioRomano,asprticasdocontroledeabastecimentodeprodutos,principalmentenasregiesconquistadas,bemcomoadecretaodecongelamentodepreos,noperododeDeocleciano,uma vez que tambm nesse perodo se fazia sentir o processo inflacionrio,gerado em grande parte pelo dficit do tesouro imperial na manuteno dashostesdeocupao.

    DocumentosdapocacolonialguardadosnoArquivoHistricodeSalvador,conformenos relatao jornalistaBiaggioTalento (OEstadodeS.Paulo, 24-9-2000,p.A-20),do-noscontadequetambmerapreocupaodasautoridadescoloniais do sculo XVII a punio dos infratores a normas de proteo aosconsumidores. Assim, por exemplo, entre as principais normas que regiam acidade de Salvador, elaboradas pelo Senado daCmara, pormeio de posturasmunicipais, uma delas, editada em 27-8-1625, obrigava todos os vendeiros afixaremosescritosdaalmoatarianaportaparaqueopovooslesse.Impunha-seaosinfratoresamulta,nadadesprezvelparaapoca,deseismilris,jqueofsico e cirurgio-mordaBahia,FranciscoVazCabral, recebia30mil ris porano;eumadvogado,queexerciaafunodesndicodaCmara,ganhava20milris anualmente. Havia tambm multa desse valor para quem vendessemercadorias acimadas tabelas fixadas, comopeixeepastel,multade500 risparaquemvendessebananasacimadotabelamento(quatrobananasacincoris,porexemplo).Venderdoisovosamaisde20risresultavaparaoinfratormultadedoismilris.Eamesmapunioeraprevistaparaquemburlasseaseguintetabela: quatro laranjas umamoeda (cinco ris); 10mangabas umamoeda;seis cajus uma moeda; seis pepinos um vintm; trs limas doces umamoedaetc.Dizoautorcitado,porm,queapenamaisseveraerareservadaparaos taberneirosquevendessemvinho acimadopreo tabelado.Acomearpelalimitaode tabernas, foramfixadasemnomximo12emSalvador,mediantelei de 3-4-1652. Por conta da grande demanda de vinho, era comum aostaverneiros inflacionar o mercado. E, aps muitas queixas da populao, aCmara decidiu punir severamente os infratores. Assim, quem vendesse ocanada (medida da poca equivalente a 1,4 litros) acima de 2 cruzados (800ris), seria preso na envoxia (a pior cela da cidade) e dela levado para seraoitadopelas ruas, ficar inbilparavender edesterradodessa capitaniaparatodoosempre.

    Conforme relatado por Laurentino Gomes, em seu 18223, o imperadorD.PedroI,comodetestavadelegarpoderesaosministroseauxiliares,faziaquasetudosozinho:inspecionavaosnaviosnoporto,visitavaasfortalezas,percorriaasrepartiespblicasparaconferirseosfuncionriostrabalhavamdireito,iaaoteatroverospreparativosparaosespetculos,supervisionavaascavalarias

  • dopalcioeseimiscuaemquestespequenasdiantedaimportnciadocargoqueocupava.E,maisespecificamente,emtermosdeconsumo:Numaocasio,chegou de surpresa s lojas do centro doRio de Janeiro depois de receber adenncia de que os comerciantes fraudavam as medidas para enganar osclientesnavendadetecidoseoutrasmercadorias.Munidodamedidapadrodoimprio,foidelojaemlojamensurandoasrguasmtricasetomandonotadosinfratores,queseriampunidosmaistarde.

    No que diz respeito aomovimento consumerista, porm, j com a plenaconscincia dos interesses a serem defendidos e definio de estratgias paraproteg-los, pode-se detectar nos chamados movimentos dos frigorficos deChicago j o despertar daquela conscincia. Entretanto, embora coevos, osmovimentos trabalhista e consumerista acabaram por cindir-se, maisprecisamentepelacriaodadenominadaConsumerLeague,em1891,tendoevoludo posteriormente para o que hoje a poderosa e temida ConsumerUnion dos Estados Unidos. A referida entidade, dentre outras atividadesdeconscientizaodosconsumidores,promoodeaesjudiciaisetc.,chegaaadquirirquasetodososprodutosquesolanadosnomercadonorte-americanopara anlise e, em seguida, por intermdio de sua revistaConsumer Reports,apontaasvantagensedesvantagensdoprodutodissecado.

    Anote-se, nesse sentido, que tanto o Instituto Brasileiro de Defesa doConsumidor (IDEC), sediado em So Paulo, como o Instituto Nacional deMetrologia, Normalizao e Qualidade Industrial (Inmetro) tm direcionadopartedesuasatividadesexatamentenaquelesentido,destacando-sepesquisasemmatria de garrafas trmicas, chuveiros eltricos, botijes de gs, fusveis,chupetas, leites, guas minerais, temperos, contraceptivos de ltex etc., comespecialnfaseparaaquestodaqualidadedosprodutosesegurana,emfacedaincolumidadedoconsumidor.

    Adivulgaode tais trabalhos foi feitapelorgo informativodo IDECepor encarte (Informes Tcnicos) da Revista Consumidor S.A., o que,certamente,temcontribudonoapenasparaainformaodoconsumidorcomotambm para que os prprios fabricantes procurem sanar irregularidades oufalhasconstatadasnaconcepodosprojetoseoutrasparticularidadesdecadaproduto.

    1.3Preocupaosupraestatal

    Ficaevidenciado,por conseguinte,queaqualidadedevida, sobretudo eno por acasoqueomovimento consumerista caminhou lado a lado comosmovimentos sindicalistas, notadamente a partir da segunda metade do sculoXIX,pormelhorescondiesdetrabalhoedopoderaquisitivoinsere-se,em

  • ltimaanlise,nomacrotemadireitoshumanose,pois,universais.Assim que Wagner Rocha DAngelis (1989), na introduo de seu

    magnficotrabalhosobreosdireitoshumanosea