direito processual penal - 09ª aula - 28.11.2008

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1 Assuntos Tratados 1º Horário Procedimento do Júri 2º Horário Procedimento do Júri (continuação) 1º HORÁRIO PROCEDIMENTO DO JÚRI Judicium acusationis (1ª Fase) Remete para o corpo de jurados apenas e tão somente os processos aptos a julgamento. Desenvolve-se da seguinte forma: - Apresentação da inicial acusatória (denúncia ou queixa crime). Há queixa crime nas hipóteses de ação privada subsidiária da pública e quando houver crime de ação privada conexo com crime de ação pública. - Juiz pode rejeitar a inicial acusatória com base no art. 395 do CPP ou receber a denúncia ou queixa, caso em que o processo será iniciado. - Recebida a denúncia haverá a citação. A citação ganha relevo com a reforma, sendo uma citação real (pessoal) e duas fictas (por edital e por hora certa). Obs: O ato citatório irá integralizar a relação jurídica processual. A citação tem por objetivo convocar o réu para que se defenda e informá-lo da existência do processo. - Realizada a citação, abre-se prazo para defesa preliminar, que tem as seguintes características: Prazo de 10 dias; Apresentação obrigatória; Necessidade de capacidade postulatória. A defesa preliminar traz argumentos de fato, de direito e o requerimento de diligências. É aqui que são arroladas as testemunhas, que no procedimento do júri são 8 para cada parte. - Apresentada a defesa preliminar, a acusação pode se manifestar, desde que a defesa preliminar tenha trazido elementos novos. O juiz deve abrir vistas à acusação, que disporá de 5 dias para se manifestar. Em seguida, os autos são conclusos ao juiz, que disporá de 10 dias para promover uma espécie de saneamento

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Assuntos Tratados

1º Horário � Procedimento do Júri 2º Horário � Procedimento do Júri (continuação)

1º HORÁRIO

PROCEDIMENTO DO JÚRI

Judicium acusationis (1ª Fase) Remete para o corpo de jurados apenas e tão somente os processos aptos a julgamento. Desenvolve-se da seguinte forma: - Apresentação da inicial acusatória (denúncia ou queixa crime). Há queixa crime nas hipóteses de ação privada subsidiária da pública e quando houver crime de ação privada conexo com crime de ação pública. - Juiz pode rejeitar a inicial acusatória com base no art. 395 do CPP ou receber a denúncia ou

queixa, caso em que o processo será iniciado. - Recebida a denúncia haverá a citação. A citação ganha relevo com a reforma, sendo uma citação real (pessoal) e duas fictas (por edital e por hora certa). Obs: O ato citatório irá integralizar a relação jurídica processual. A citação tem por objetivo convocar o réu para que se defenda e informá-lo da existência do processo. - Realizada a citação, abre-se prazo para defesa preliminar, que tem as seguintes

características: Prazo de 10 dias; Apresentação obrigatória; Necessidade de capacidade postulatória. A defesa preliminar traz argumentos de fato, de direito e o requerimento de diligências. É aqui que são arroladas as testemunhas, que no procedimento do júri são 8 para cada parte. - Apresentada a defesa preliminar, a acusação pode se manifestar, desde que a defesa

preliminar tenha trazido elementos novos. O juiz deve abrir vistas à acusação, que disporá de 5 dias para se manifestar. Em seguida, os autos são conclusos ao juiz, que disporá de 10 dias para promover uma espécie de saneamento

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do processo, dizendo quais as providências serão tomadas para assegurar a regularidade da marcha processual. - Ocorre a audiência que marca o fim da 1ª fase. Essa audiência decide a sorte do réu (continuidade ou não do procedimento) e se desencadeia da seguinte forma. - Oitiva da vítima, se possível; - Oitiva das testemunhas (8 para acusação e 8 para a defesa); - Interpelação do perito; - Interpelação eventual dos assistentes técnicos; - Acareações; - Reconhecimento de pessoas ou coisas; - Interrogatório do Réu; - Debates orais. O tempo de fala durante os debates orais é de 20 minutos. Caso haja assistente de acusação, ele falará por 10 minutos, hipótese em que esse tempo também será dado à defesa. Essa audiência, que marca o fim da primeira fase, pode se encerrar de 4 maneiras: Haver decisão de pronúncia O juiz conclui que existem indícios de autoria e prova da materialidade. Isso significa que o magistrado visualizou a existência de um lastro probatório mínimo para submeter o caso ao corpo de jurados. Conceito de pronúncia É a decisão interlocutória mista não terminativa que encerra a primeira fase do procedimento do júri, remetendo o réu à segunda etapa do procedimento. Conteúdo da pronúncia É uma decisão de viabilidade, não cabendo ao juiz, sob pena de nulidade absoluta, emitir juízo de certeza ou afastar peremptoriamente as teses defensivas. Na pronúncia o juiz analisará as qualificadoras e as causas de aumento de pena, mas não as agravantes. Sistema recursal na pronúncia Em regra, as decisões interlocutórias são irrecorríveis, mas quando forem recorríveis o recurso cabível é o recurso em sentido estrito (R.E.S.E.). Fato superveniente Uma vez superada a admissibilidade dos recursos, a pronúncia torna-se imodificável, contudo, havendo fato superveniente que altere a classificação do crime, o juiz deve abrir vistas ao MP para aditamento, e na seqüência ele estará apto a proferir uma nova pronúncia. Não há oitiva da defesa nesse caso.

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Princípio da correlação: admite-se integralmente na primeira fase do júri, tanto o instituto da emendatio libelli quanto da mutatio libelli, logo, o juiz não pode reconhecer na pronúncia qualificadora que não foi narrada na denúncia, cabendo aplicação da mutatio. Se o réu já está preso desde a primeira fase, o magistrado tem que dizer porque o réu tem que continuar preso na segunda fase e porque não cabe liberdade provisória. Se o réu estiver solto, só poderá ser preso se estiverem presentes os requisitos da prisão preventiva. Haver decisão de impronúncia Nesse caso, o magistrado conclui que não existem indícios de autoria ou prova da materialidade. A decisão de impronúncia simboliza a falência do procedimento. Conceito de impronúncia É a decisão (sentença) que extingue o processo sem julgamento de mérito em razão da ausência do lastro probatório mínimo que viabilizasse a decretação da pronúncia. O juiz não pode absolver aqui. Obs.: esta decisão não faz coisa julgada material, de modo que, se surgirem novas provas, admite-se a propositura de uma nova denúncia, enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade. A decisão de pronúncia é volátil, ou seja, pode mudar até a data em que se opera a prescrição, quando estará extinta a punibilidade. Assim, a pronúncia é uma decisão rebus sic stantibus (se perpetua enquanto as coisas estiverem como estão). Conceito de despronúncia É a obtenção da impronúncia em razão da procedência do recurso em sentido estrito apresentado para combater a pronúncia. A sentença de impronúncia é atacável por apelação.

2º HORÁRIO HAVER ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA Conceito de absolvição sumária É a sentença de mérito que faz coisa julgada material se o magistrado, em grau de certeza, entende que está presente uma das hipóteses do art. 415 do CPP. Hipóteses de cabimento: - Certeza da negativa de autoria; - Certeza da inexistência do fato; - Excludente de tipicidade; - Excludente de ilicitude; - Excludente de culpabilidade. Obs.: Os inimputáveis não serão absolvidos sumariamente, pois isso não lhes é favorável, salvo

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se a inimputabilidade é única tese da defesa, tendo como conseqüência a imposição de medida de segurança (absolvição sumária imprópria). Os, relativamente, inimputáveis serão pronunciados normalmente. Sistema recursal Além da apelação, a absolvição sumária submete-se ao chamado recurso de ofício, o que significa dizer que, mesmo que as partes não recorram, o juiz está obrigado a remeter a decisão para que o Tribunal faça uma nova análise, sendo esta uma condição para que a mesma transite em julgado (súm. 423 do STF). Apesar de ser chamado “recurso de ofício”, tecnicamente, não é um recurso. Haver decisão desclassificatória Conceito É a decisão interlocutória que reconhece a inexistência de competência do júri, e por conseqüência, leva à remessa dos autos ao juízo competente. É atacável por recurso em sentido estrito (art. 581, II do CPP). Essas são as 4 decisões possíveis no procedimento do júri. Quando existir conexão entre um crime doloso contra a vida e outro crime, procede-se da seguinte forma: - Se o juiz pronunciou o réu pelo crime doloso, todos os crimes vão a júri; - Se o crime doloso e o conexo não tiverem lastro probatório mínimo, haverá impronúncia em

ambos; - Se o crime doloso não tiver lastro probatório mínimo, mas o crime conexo o tiver, remetem-se

os autos ao juízo competente; - Se houver absolvição sumária do réu pelo crime doloso, remetem-se os autos ao juízo

competente (absolvição sumária é só para os crimes dolosos contra a vida); - Se ocorrer a desclassificação do crime doloso, os autos são remetidos ao juízo competente. Obs.: O prazo para o encerramento da primeira fase é de 90 dias, contados do recebimento da denúncia. Obs.: Intimação da Pronúncia: deve o juiz determinar a intimação das partes de acordo com as regras gerais do CPP, sendo que o réu, será intimado pessoalmente, e se não for encontrado, será declarado revel, e a sua intimação realizada por edital, encerrando-se assim a crise de instância, que era a paralisação anormal do processo em razão da pendência de um ato procedimental. Judicium causae ou fase de julgamento (2º Fase) Desenvolve-se da seguinte forma: - Requerimento de diligências Primeiro pela acusação, que disporá de 5 dias para tal. É nesse momento em que são arroladas as testemunhas, em número máximo de 5. Em seguida, a defesa faz o requerimento de suas

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diligências. - Autos são conclusos ao juiz, que irá sanear o processo, decidindo quais as diligências serão

realizadas. - Audiência de Instrução e Julgamento. A sessão será declarada aberta quando, dos 25 jurados sorteados, 10 a 15 dias úteis antes da sessão, ao menos 15 comparecerem. - Formação do conselho de sentença As partes podem recusar, sem fundamentar, até 3 jurados. Primeiro fala a defesa, depois a acusação, cabendo ainda a alegação e a demonstração imediata das hipóteses de suspeição ou impedimento. Obs.: Estouro de urna: é a possibilidade de não se obter o número mínimo de jurados para a formação do conselho de sentença, em razão das recusas e das alegações de suspeição ou de impedimento. - Os jurados serão compromissados e informados do seu dever de incomunicabilidade (entre si

e com terceiros) - Oitiva da vítima - Oitiva das testemunhas - Interpelação dos peritos - Interpelação dos assistentes técnicos - Acareações - Reconhecimento de pessoas ou coisas Obs.: o sistema de interpelação na segunda fase do júri é direto, ressalvada a figura do jurado, que vai fazer as suas perguntas por intermédio do juiz presidente. - Debates orais Primeiro fala a acusação, em uma hora e meia, depois a defesa ao mesmo tempo. O promotor pode replicar em uma hora, e a defesa pode treplicar em uma hora. Obs.: Pluralidade de réus: havendo 2 ou mais réus haverá mais uma hora em cada etapa de defesa, acusação, réplica e tréplica independentemente do número de réus. - Juiz presidente Ao final dos debates, ele deve indagar os jurados se eles estão aptos a decidir, e por conseqüência, ele irá ler os quesitos perguntando se eles têm alguma complementação a fazer. Caso contrário, seguirão para a sala secreta. - Sala secreta É onde irão o juiz, o MP, o defensor, os jurados e os serventuários da justiça, sendo que o objetivo é a votação dos quesitos, à luz do que dispõe o art. 415. Nesse momento é decidida a sorte do réu.

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- Juiz presidente profere a sentença, e no plenário, a mesma será lida, saindo as partes intimadas para a apresentação de eventuais recursos.

Obs.: os arts. 607 e 608 do CPP foram revogados, e o recurso do protesto por novo júri saiu da esfera jurídica.