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DIREITO PROCESSUAL CIVIL Rodrigo da Cunha 06.02.2009 1) PARTES Parte é aquele que pede ou contra quem se pede em juízo. Partes são os sujeitos parciais, interessados no desfecho da demanda. São aqueles que pedem ou contra quem é pedida uma providência jurisdicional. No processo de conhecimento, denominam-se autor e réu; no processo de execução, exeqüente e executado; na reconvenção, reconvinte e reconvindo etc. 1.1) CAPACIDADE DE SER PARTE E CAPACIDADE PROCESSUAL No Direito Civil há 2 tipos de capacidade – a de direito e a de fato. Capacidade de direito é uma aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações na ordem civil. Todo aquele que nascer com vida tem capacidade de direito . Capacidade de fato é a aptidão para exercer por si só direitos e deveres na ordem civil (é uma capacidade para exercita o direito por si só, sem necessitar de assistente ou representante). Tem esta capacidade todos aqueles que não forem absolutamente nem relativamente incapazes. No Processo Civil há a capacidade de ser parte e a capacidade processual. Capacidade de ser parte é a aptidão para figurar num dos pólos da relação processual. Tem esta capacidade aqueles que possuem capacidade de direito (aquele que nascer com vida). Capacidade processual (capacidade para estar em juízo; legitimatio ad processum) é uma aptidão para agir em juízo por si só, sem depender de ninguém. Tem esta capacidade aqueles que possuem capacidade de fato (os que não forem absolutamente nem relativamente incapazes). 1.1.1) Integração de capacidade Os absolutamente incapazes serão representados e os relativamente incapazes serão assistidos. DIREITO PROCESSUAL CIVIL Rodrigo da Cunha 1

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;.1.1) urisdi*!o como "un*!o  jurisdi&ão é a fun&ão do ;stado de resoler os conflitos de interesses,de forma pacífica.;.1.,) urisdi*!o como atividade  jurisdi&ão é um conjunto de atos praticados pelo juiz no processo.;.1.-) urisdi*!o como oder  jurisdi&ão é a manifesta&ão do poder estatal, precisamente o de decidir e de impor as suas decises.;.,) URISDI?O E OUTRAS QU5ES ESTATAIS  primeira doutrina para caracterizar a jurisdi&ão é a de )B";?F==7 + jurisdi&ão é a justa composi"ão da lide. Fma se-unda doutrina, de ??B7,diz que, o que caracteriza a jurisdi&ão é acoisa jul!ada?a definitividade.Fmaterceira doutrina + )[7M;"( + ensina que, o que caracteriza jurisdi&ão é aatua"ão da vontade da lei e asubstutividade.Fma terceira doutrina +)PP;??;==7 + o que caracteriza a jurisdi&ão é aimparcialidade +8 o quedi"erencia a &urisdi*!o das outras "un* le-islatio ee%ecutio1.;.-) PRI5CPIOS DA URISDI?O;.-.1) Princ'io da investidura  jurisdi&ão s/ pode ser e%ercida por quem est* le-almente inestido daautoridade de juiz. 3S.4 [* quem entenda que na aritra-em h* jurisdi&ão.;.-.,) Princ'io da unidade  jurisdi&ão, como manifesta&ão do poder estatal, não pode ser repartida, diidida.  compet!ncia é que se reparte er* posteriormente1.;.-.-) Princ'io da aderncia ao territ9rio  jurisdi&ão é e%ercida apenas no territ/rio nacional.;.-.;) Princ'io da inevita#ilidade  jurisdi&ão não pode ser eitada pelas partes$ o ;stado impe a jurisdi&ão.;.-.>) Princ'io da indelea#ilidade)omo qualquer fun&ão estatal, a jurisdi&ão não pode ser dele-ada aoutro /r-ão. ;%ce&ão4 os atos meramente ordinat/rios, como a ista e a juntada, podem ser praticados pelo serentu*rio da justi&a.;.-.N) Princ'io da indeclina#ilidade juiz não pode declinar de seu ofício, da sua fun&ão, ele não pode serecusar a jul-ar.DIREITO PROCESSUAL CIVILRodrigo da Cunha12 ;.-.4) Princ'io da ina"asta#ilidade rt. K5, \\\M, da )>. O a -arantia do acesso  justi&a$ ale dizer4nin-uém pode afastar do Audici*rio a aprecia&ão de qualquer causa.;.-.) Princ'io do &ui$ natural rt. K5, \\\M77 e ?777, da )>. Auiz natural é aquele definido pela lei comocompetente antes da ocorr!ncia do fato. (esi-na&ão de juizad ocpara ocaso1 + é proiido```=amém é proiido triunal de e%ce&ão + triunal criado para jul-ar determinada situa&ão. [* quem admitida a e%ist!ncia do Promotor "atural.;.-.J) Princ'io da in8rcia  jurisdi&ão não se moimenta se não houer a prooca&ão + art. 25, do)P).26.02.2009;.;) TUTELAS URISDICIO5AIS;%istem Y tutelas jurisdicionais conhecidas4a) tutela de conecimento%b) tutela executiva% c) tutela cautelar.  tend!ncia no Processo )iil é encontrar num mesmo processo, 2 ou mais dessas tutelas, conhecimento e e%ecutia,por e%. +sincretismo rocessualduas tutelas num mesmo processo1.;.;.1) Tutela de con7ecimento=em por ojetioconecer o direito% apurar o direito.;la pode ser classificada em outras espécies4 ) Tutela declarat0ria=em por ojetiodeclarar a e3istncia ou a ine3istncia de umarela*!o &ur'dicaou a autenticidade ou a "alsidade de um documento + art.L5 do )P).;%.4 &ão de inesti-a&ão de paternidade. rt. Lo  interesse do autor pode limitar#se  declara&ão4 7 # da e%ist!ncia ou da ine%ist!ncia de rela&ão jurídica$ 77 # da autenticidade ou falsidade de documento. Par*-rafo 8nico. O admissíel a a&ão declarat/ria, ainda que tenha ocorrido a iola&ão dodireito.  declara&ãoincide sobre direito, e não sore fato. ;%ce&ão4autenticidade ou falsidade de um documento + é fato.S8mula 2L2 do S=A + )ae a&ão declarat/ria para reconhecimento de tempo deseri&o para fins preidenci*riosDIREITO PROCESSUAL CIVILRodrigo da Cunha13 S8mula JCJ do S=A + O admissíel a&ão declarat/ria, isando a oter certeza quanto ae%ata interpreta&ão de clausula contratual.Becurso ;special +

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DIREITO PROCESSUAL CIVILRodrigo da Cunha

06.02.2009

1) PARTESParte é aquele que pede ou contra quem se pede em juízo. Partes são

os sujeitos parciais, interessados no desfecho da demanda. São aqueles que pedem ou contra quem é pedida uma providência jurisdicional. No processo de conhecimento, denominam-se autor e réu; no processo de execução, exeqüente e executado; na reconvenção, reconvinte e reconvindo etc.

1.1) CAPACIDADE DE SER PARTE E CAPACIDADE PROCESSUALNo Direito Civil há 2 tipos de capacidade – a de direito e a de fato.

Capacidade de direito é uma aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações na ordem civil. Todo aquele que nascer com vida tem capacidade de direito. Capacidade de fato é a aptidão para exercer por si só direitos e deveres na ordem civil (é uma capacidade para exercita o direito por si só, sem necessitar de assistente ou representante). Tem esta capacidade todos aqueles que não forem absolutamente nem relativamente incapazes.

No Processo Civil há a capacidade de ser parte e a capacidade processual. Capacidade de ser parte é a aptidão para figurar num dos pólos da relação processual. Tem esta capacidade aqueles que possuem capacidade de direito (aquele que nascer com vida). Capacidade processual (capacidade para estar em juízo; legitimatio ad processum) é uma aptidão para agir em juízo por si só, sem depender de ninguém. Tem esta capacidade aqueles que possuem capacidade de fato (os que não forem absolutamente nem relativamente incapazes).

1.1.1) Integração de capacidadeOs absolutamente incapazes serão representados e os relativamente

incapazes serão assistidos. OBS.: Curador especial – também integra a capacidade. Os casos de

nomeação do curador especial estão no art. 9º do CPC

Art. 9o  O juiz dará curador especial:

        I - ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste colidirem com os daquele;

        II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa

        Parágrafo único.  Nas comarcas onde houver representante judicial de incapazes ou de ausentes, a este competirá a função de curador especial

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OBS.: a nomeação do curador especial ocorrerá até mesmo na execução, se o executado não apresentar embargos à execução – entendimento do **STJ).

1.1.2) Capacidade da pessoa jurídicaAs pessoas jurídicas constituídas regularmente terão capacidade de ser

parte e capacidade processual.

1.1.3) Entes despersonalizadosExs.: o espólio, o Ministério dos Transportes, o Senado Federal etc. Em

regra, os entes despersonalizados não têm capacidade de ser parte, nem capacidade processual, tendo que ser representados; excepcionalmente, a lei pode atribuir tais capacidades. OBS.: a jurisprudência tem atribuído capacidade de ser parte e capacidade processual a alguns entes despersonalizados, como as Assembléias Legislativas, a Câmara dos Deputados e o Senador Federal, quando as ações tiverem como objeto a defesa de seus interesses institucionais.

A capacidade processual não se restringe aos entes personalizados (pessoas físicas ou jurídicas). A massa falida, o espólio, a herança vacante ou jacente, a massa do insolvente, as sociedades sem personalidade jurídica e o condomínio têm capacidade processual. Tais entes, segundo a doutrina e a jurisprudência, são pessoas formais ou morais, dotadas de personalidade judiciária.

STJ - RMS 8967 / SPRECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA1997/0067547-5

Ementa. CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. AÇÃO POPULAR. ATO DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DESÃO PAULO. PERSONALIDADE JURÍDICA. CAPACIDADE PROCESSUAL EM JUÍZO. DEFESA DE INTERESSES INSTITUCIONAIS PRÓPRIOS E VINCULADOS À SUA INDEPENDÊNCIA E FUNCIONAMENTO. ATUAÇÃO COMO SUBSTITUTO PROCESSUAL. PRECEDENTES....6. Ao impetrar o "mandamus" em face da decisão da 15ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo - que, na realidade, é o próprio Poder Legislativo - agiu em nome próprio, nos termos do art. 9º da Constituição Estadual, posto que o ato judicial combatido não afeta tão-somente os direitos dos Srs. Deputados Estaduais, individualmente considerados, mas uma prerrogativa institucional assegurada constitucionalmente ao Poder Legislativo e de fundamental importância para o efetivo exercício de sua atividade-fim. Ressalte-se que o ato impugnado configura, em última análise, inconstitucional ingerência do Poder Judiciário no Poder Legislativo, pois afronta o princípio da independência dos três Poderes.7. Na situação examinada não se trata de se enquadrar o fenômeno processual em debate no círculo da substituição processual ou da legitimidade extraordinária. O que há de se investigar é se a Assembléia Legislativa está a defender interesses institucionais próprios e vinculados ao exercício de sua independência e funcionamento, como de fato, "in casu", está . A ciência processual , em face dos fenômenos contemporâneos que a cercam, tem evoluído a fim de considerar como legitimados para estar em juízo, portanto, com capacidade de ser parte, entes sem personalidade jurídica, quer dizer, possuidores, apenas, de personalidade judiciária.

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8. No rol de tais entidades estão, além do condomínio de apartamentos, da massa falida, do espólio, da herança jacente ou vacante e das sociedades sem personalidade própria e legal, todos por disposição de lei, hão de ser incluídos a massa insolvente, o grupo, classe ou categoria de pessoas titulares de direitos coletivos, o PROCON ou órgão oficial do consumidor, o consórcio de automóveis, as Câmaras Municipais, as Assembléias Legislativas, a Câmara dos Deputados, o Poder Judiciário, quando defenderem, exclusivamente, os direitos relativos ao seu funcionamento e prerrogativas.9. Precedentes jurisprudenciais.

10. Recurso provido, reconhecendo a recorrente como parte legítima para impetrar o mandado de segurança em exame, pelo que o egrégio Tribunal "a quo" deve prosseguir com o julgamento do mérito da pretensão argüida.

1.1.4) Capacidade processual dos cônjugesAs pessoas casadas têm capacidade processual plena. Geralmente,

independem de outorga para agirem judicialmente em defesa de seus direitos ou para se defenderem em juízo. Entretanto, o art. 10 elenca as seguintes exceções:

    Art. 10.  O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

        § 1o  Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para as ações: (Renumerado do Parágrafo único pela Lei nº 8.952, de 1994)

        I - que versem sobre direitos reais imobiliários; (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

        II - resultantes de fatos que digam respeito a ambos os cônjuges ou de atos praticados por eles; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

        III - fundadas em dívidas contraídas pelo marido a bem da família, mas cuja execução tenha de recair sobre o produto do trabalho da mulher ou os seus bens reservados; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

        IV - que tenham por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóveis de um ou de ambos os cônjuges.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

        § 2o  Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nos casos de composse ou de ato por ambos praticados. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 1994)

        Art. 11.  A autorização do marido e a outorga da mulher podem suprir-se judicialmente, quando um cônjuge a recuse ao outro sem justo motivo, ou lhe seja impossível dá-la.

        Parágrafo único.  A falta, não suprida pelo juiz, da autorização ou da outorga, quando necessária, invalida o processo.

As hipóteses do art. 10, parágrafo 1º, configuram litisconsórcio passivo necessário. Qualquer que seja o regime de bens, marido e mulher devem ser citados, sob pena de nulidade do processo.

Quanto à hipótese do parágrafo 2º, em virtude de contrato ou de herança, marido e mulher tornaram-se possuidores do mesmo bem

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(composse). Nesse caso, para um cônjuge propor ação possessória, necessita do consentimento do outro. Trata-se de mera anuência, não de litisconsórcio ativo necessário.

1.2) CAPACIDADE POSTULATÓRIAHá duas teses sobre a capacidade postulatória: a primeira diz que, tem

capacidade postulatória a parte quando representada por um advogado. A segunda diz que, tem capacidade postulatória o advogado, regularmente inscrito nos quadros da OAB (é a posição mais adotada em concursos públicos).

Prova-se a capacidade postulatória através da procuração ou do substabelecimento. Se o advogado afirmar urgência, poderá atuar sem procuração por 15 dias, prorrogáveis por igual período. OBS.: advogado público não precisa de procuração – s. 644 do STF

Se o autor não junta procuração no processo, será extinto o processo sem julgamento de mérito por falta de capacidade postulatória; se o réu esquecer, será declarada sua revelia; se for o terceiro interessado, será extinto do processo.

O ato praticado por advogado sem mandato nos autos é ineficaz, passível de ratificação; já o ato praticado por quem não tem habilitação de advogado reputa-se inexistente.

Há casos que a legislação infraconstitucional, com o aval do STF, admite a postulação em juízo por pessoas que não detêm a habilitação de advogado. É o que se passa, com algumas limitações nos Juizados Especiais e na Justiça do Trabalho. Mas a regra, para a validade da relação processual, é a representação por advogado. O próprio CPC, no art. 36, admite que leigo postule em juízo, em causa própria ou representando parte, no caso de falta de advogado no lugar ou recusa ou impedimento dos que houver.

Para a prática de alguns atos, além dos poderes gerais (implícitos na cláusula ad judicia), a prática de certos atos, em razão da relevância deles sobre o direito da parte, exige poderes especiais, como, por exemplo, para receber citação inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromisso.

Art. 12.  Serão representados em juízo, ativa e passivamente:

        I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores;

        II - o Município**, por seu Prefeito ou procurador;

        III - a massa falida, pelo síndico (não existe mais a figura do síndico);

        IV - a herança jacente ou vacante, por seu curador;

        V - o espólio, pelo inventariante;

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        VI - as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores;

        VII - as sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração dos seus bens;

        VIII - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil (art. 88, parágrafo único);

        IX - o condomínio, pelo administrador ou pelo síndico.

1.4) SUCESSÃO E SUBSTITUIÇÃO PROCESSUALSucessão processual - significa a substituição da parte em razão de

uma mudança na titularidade do direito material afirmado em juízo (substitui a parte por outra pessoa), ex.: a morte do titular. Feita a citação, estabilizam-se os elementos da demanda (partes, pedido e causa de pedir). Após esse ato, o autor pode modificar o pedido ou a causa de pedir com o consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes (art. 264). “Só é permitida, no curso do processo, a substituição voluntária das partes nos casos expressos em lei”. Vê-se que, em regra, não se admite a substituição de partes (sucessão processual).

As hipóteses de sucessão processual encontram-se nos arts. 42 e 43 do CPC:

Art. 42.  A alienação da coisa ou do direito litigioso, a título particular, por ato entre vivos, não altera a legitimidade das partes – hipótese facultativa

        § 1o  O adquirente ou o cessionário não poderá ingressar em juízo, substituindo o alienante, ou o cedente, sem que o consinta a parte contrária.

        § 2o  O adquirente ou o cessionário poderá, no entanto, intervir no processo, assistindo o alienante ou o cedente.

        § 3o  A sentença, proferida entre as partes originárias, estende os seus efeitos ao adquirente ou ao cessionário.

        Art. 43.  Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a substituição pelo seu espólio ou pelos seus sucessores, observado o disposto no art. 265 – hipótese obrigatória

É prevista a sucessão pelo Ministério Público na ação popular (Lei 4717/65, art. 9º) e na ação civil pública (Lei 7347/85) quando a parte originariamente desiste da ação.

Substituição processual - ocorre quando a lei atribui legitimidade a alguém para atuar como parte em nome próprio na defesa de interesse ou direito alheio. ex.: sindicato para a defesa dos interesses da categoria; O MP na defesa dos interesses dos consumidores. OBS.: nas ações coletivas, há quem prefira chamar a substituição processual de legitimação autônoma para condução do processo (legitimação extraordinária). Exs.: mandado de

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segurança coletivo, ação popular, ação civil de reparação do dano “ex delito” (O MP pode ingressar em nome próprio, pleiteando direito do titular à indenização quando este for pobre (art. 68 do CPP); ação civil pública.

OBS.: Alienação de bem litigioso ou cessão de crédito litigioso – se a parte contrária concordar com a substituição do adquirente no processo no lugar do credor originário, haverá sucessão processual. Se a parte contrária não concordar, haverá substituição processual, e o adquirente poderá ingressar no processo como assistente litisconsorcial (no caso da outra parte não concordar com o seu ingresso na ação). OBS1: na substituição processual, o substituído é alcançado pela coisa julgada material – art. 42 do CPC.

2) LITISCONSÓRCIOÉ uma pluralidade de pessoas no mesmo pólo da relação processual.

2.1) ESPÉCIESPode ser classificado de várias maneiras:

2.1.1) Ativo, passivo ou mistoAtivo é quando há mais de um autor; passivo quando há mais de um réu;

misto quando há mais de uma pessoa no pólo passivo e ativo, ao mesmo tempo.

2.1.2) Inicial ou ulteriorInicial é aquele que se forma com a propositura da ação. Ulterior é o

litisconsórcio que se forma após a propositura da ação.

2.1.3) Simples ou unitárioNo simples, o juiz pode (mas pode decidir de forma igual – o que não

transforma em unitário) decidir de forma diferente para cada litisconsorte. No unitário, a decisão do juiz deve ser igual (unitária) para todos os litisconsortes, ex.: anulação de um casamento – a decisão deve ser igual para ambos os cônjuges.

2.1.4) faculistativo ou necessárioHipóteses do litisconsórcio facultativo - art. 46 do CPC – depende da

vontade da parte em formar o litisconsórcio:

Art. 46.  Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:

        I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;

        II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito – identidade da causa de pedir – mesma fundamentação de fato e de direito

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        III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir – a conexão se dá quando as causas de pedir são iguais ou quando os pedidos são iguais. Tal identidade pode ser total ou parcial

        IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito – há uma proximidade entre as causas de pedir ou entre os pedidos.

        Parágrafo único.  O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 1994)

Litisconsórcio necessário – há dois casos: a) quando a lei determinar - ex.: usucapião de bem imóvel – deve-se citar o antigo proprietário (registrado o imóvel em seu nome) e todos os confinantes (confrontantes/vizinhos); b) quando for unitário, salvo exceções legais – há casos em que o litisconsórcio é unitário e facultativo, ex.: X, Y e Z são proprietários de um terreno e precisam reivindicar o bem de F. O litisconsórcio formado entre eles será unitário (a decisão será igual para os 3), todavia o CCB permite que um deles apenas promova a ação na proteção do interesse de todos (art. 1314 do CCB).

Assim, existem 4 combinações possíveis de litisconsórcios:1. Simples e facultativo – ex.: acidente da TAM - a formação não é

obrigatória e a decisão pode ser diferente para todas as partes;2. Simples e necessário – ex.: usucapião de imóvel – as decisões

serão distintas, mas a lei exige a sua formação por todos os interessados;

3. Unitário e facultativo – ex.: condôminos, art. 1314 do CCB;4. unitário e necessário – ex.: ação do MP para anular o casamento;

ação pauliana (fraude contra credores)

Se o litisconsórcio for necessário no pólo passivo, o autor deverá requerer a citação de todos os litisconsortes. Caso não o faça, o juiz concederá um prazo ao autor para que tome esta atitude sob pena de extinção do processo sem resolução do mérito – o juiz não pode de ofício citar o litisconsorte faltante, sob pena de violar o princípio da inércia.

Existe discussão se existe ou não litisconsorte necessário no pólo ativo.

  Art. 47 do CPC.  Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os litisconsortes no processo – do jeito que a lei, tanto num caso, como no outro, o juiz deverá decidir de forma uniforme. Deveria ter uma vírgula ou uma pausa após “disposição de lei” e retirar a vírgula após “relação jurídica”).

2.2) REGIME QUANTO AOS LITISCONSORTESSão 2: a) regime do litisconsorte simples; b) regime do litisconsorte

unitário.

2.2.1) Regime do litisconsorte simples

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O ato praticado por um litisconsorte, não produz efeitos quanto aos demais litisconsortes.

2.2.2) Regime do litisconsorte unitárioO ato benéfico praticado por um litisconsorte, produz efeitos quanto

aos demais litisconsortes, mas o ato maléfico praticado por um litisconsorte não produz efeitos, nem mesmo para quem os praticou – o ato é válido, porém, ineficaz.

2.3) LITISCONSÓRCIO MULTITUDINÁRIOOcorre quando o litisconsórcio facultativo apresenta um número

excessivo de litisconsortes, que dificulta a defesa ou a rápida solução do litígio. Nesse caso, pode o juiz, de ofício ou a requerimento, limitar o número de litisconsortes. Se o réu pedir a limitação, haverá interrupção do prazo da resposta.

3) INTERVENÇÃO DE TERCEIROS1. Assistência, que pode ser simples ou litisconsorcial;2. Oposição;3. Nomeação à autoria;4. Chamamento ao processo;5. Denunciação da lide.

3.1) ASSISTÊNCIA

3.1.1) Assistência simplesEx.: locador e locatário e um subslocatário. Há a transmissão da posse

direta ao locatário, e este a repassa ao sublocatário. O locatário não paga suas mensalidades. Assim, o locador propõe ação de despejo contra o locatário. A sentença de despejo reflete na figura do sublocatário, podendo este ingressar no processo com assistente simples do locatário, já que a sentença poderá refletir na sua relação com o locatário.

Exige 3 requisitos:1. lide pendente;2. lide alheia;3. interesse jurídico – a sentença pode atingir reflexamente uma

relação jurídica do terceiro.

O assistente simples será um auxiliar do assistido; não terá a condição de parte; apenas de sujeito do processo. Pode praticar atos benéficos ao assistido, mas não é permitido atos de disposição de direitos. Ingressará em qualquer fase do processo, mas o receberá no estágio em que ele se encontra.

20.02.2009

3.1.2) Assistência litisconsorcial

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É um litisconsórcio unitário, facultativo, ulterior (são litisconsortes que entram durante o processo).

Os requisitos são:1. lide pendente;2. lide própria;3. Interesse jurídico – o assistente será atingido diretamente pela

sentença

        Art. 54 do CPC.  Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente, toda vez que a sentença houver de influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.

        Parágrafo único.  Aplica-se ao assistente litisconsorcial, quanto ao pedido de intervenção, sua impugnação e julgamento do incidente, o disposto no art. 51

O regime adotado na relação entre assistente e assistido é de litisconsórcio unitário, tanto faz se o ato foi praticado pelo assistente ou assistido. O assistente litisconsorcial pode ingressar em qualquer fase do processo, mas recebe o processo no estado em que ele se encontra.

O assistente litisconsorcial é alcançado pela coisa julgada.

3.2) OPOSIÇÃO É a ação proposta por quem se julga titular de bem ou direito disputado

em juízo em face de autor e réu da ação anterior. A oposição, depois de proposta, será julgada primeiramente.

Se a oposição for oferecida antes da audiência de instrução e julgamento, será apensada à ação principal e decidida pela mesma sentença que julgar a ação principal. Se a oposição for oferecida depois da audiência de instrução e julgamento, correrá em separado, mas o juiz poderá suspender o processo principal por até 90 dias, para julgar conjuntamente a oposição e a ação principal.

Ela só poderá ser oferecida até a sentença.

3.3) NOMEAÇÃO À AUTORIAMero detentor – art. 1198 do CCB – há uma relação de dependência

(empregado e empregador) com o cumprimento de ordens e sucessões, ex.: caseiro de um sítio.

Possuidor – art. 1196 do CCB – exerce de fato alguns dos direitos da propriedade, ex.: locatário.

O mero detentor não pode defender a coisa em juízo (não pode ser nem autor nem réu). O possuidor pode.

Proprietário – art. 1228 do CCB – é o que reúne todos os direitos pela coisa.

Alguém, por ex. chamado A, promove uma ação em face de B, pensando que este é proprietário ou possuidor da coisa. Na verdade, B é o mero detentor. B é parte ilegítima na relação processual. Este, assim, nomeará

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á autoria a pessoa de C, que é o possuidor ou o proprietário (parte legítima). B sairá do processo e entrará C.

Nomeação à autoria é uma forma de se corrigir uma ilegitimidade passiva ad causa (para a causa) que se dá quando o mero detentor é demandado como se fosse proprietário ou possuidor.

Se o mero detentor não realizar a nomeação à autoria ou nomear a pessoa errada, será condenado em perdas e danos.

  Art. 65.  Aceitando o nomeado, ao autor incumbirá promover-lhe a citação; recusando-o, ficará sem efeito a nomeação.

        Art. 66.  Se o nomeado reconhecer a qualidade que Ihe é atribuída, contra ele correrá o processo; se a negar, o processo continuará contra o nomeante.

        Art. 67.  Quando o autor recusar o nomeado, ou quando este negar a qualidade que Ihe é atribuída, assinar-se-á ao nomeante novo prazo para contestar.

Art. 63 do CPC – caso especial de nomeação à autoria – A, proprietário ou titular de um direito sobre a coisa, promove uma ação de indenização em face de B, mas este causou dano cumprindo ordens de C. Assim, B nomeará à autoria C, que ordenou a prático do ato.

Ler art. 932, III, e art. 942, parágrafo único, do CCB.

3.4) CHAMAMENTO AO PROCESSOHipóteses: Credor contra 2 devedores; credor contra fiador e devedor;

credor contra 2 fiadores. Quando o credor acionar apenas uma dessas pessoas (uma em cada relação jurídica), a parte ré chamará ao processo o outro legitimado passivo do processo. Só existe estes 3 casos.

A palavra-chave do chamamento ao processo é solidariedade. Já na denunciação da lide, a palavra-chave é regresso.

O chamamento ao processo é uma forma de facilitar a cobrança de uma dívida, envolvendo devedores solidários, fiador e devedor ou fiadores.

3.5) DENUNCIAÇÃO DA LIDE

Art. 70.  A denunciação da lide é obrigatória (ver OBS.3):

        I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção Ihe resulta; - EVICÇÃO

        II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou direito, em casos como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o réu, citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa demandada; - POSSE

        III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda. – DIREITO DE REGRESSO

3.5.1) Evicção

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A aliena um bem a B. A é o alienante; B é o adquirente. C promove uma ação reivindicatória em face de B, dizendo já ser proprietário anteriormente à aquisição de B. Se B perder a ação proposta por C, terá ação de regresso contra A, o alienante.

3.5.2) PosseArt. 1197 do CCB. Ex.: A é locador (proprietário ou possuidor indireto) e

B locatário (possuidor direto). C promove uma ação de reintegração de posse em face de B. C diz que B invade a sua posse. B pode perder a posse direta para C. B denunciará a lide a A, e se na mesma sentença B perder a posse para C, terá direito de regresso a A.

3.5.3) Direito de regressoA é a vítima. B é o causador do dano. A promove ação contra B. Este

tem contrato com uma seguradora. B denunciará a lide à seguradora. Esta entrará no processo, ficando ao lado de B. Se B tiver que pagar a A, a seguradora deverá ressarcir B, no limite da apólice.

Art. 788 e 787 do CCB – ler. O STJ diz que não é obrigatória a denunciação da lide neste caso: A

promove ação contra o Poder Público (Fazenda Pública) em virtude de um ato praticado por um servidor público (previsão constitucional).

OBS.1: a denunciação da lide pode também ser feita pelo o autor. Ex.: no caso de evicção – A (alienante) alienou um bem a B (adquirente). Quando este entrou no imóvel, percebeu que já tinha alguém no lugar dele (o imóvel estava ocupado). B promove uma ação de imissão de posse em face de C (não é ação de reintegração pois ele nunca teve a posse antes) e também denuncia a lide a A, pois, se perder a ação de imissão de posse, já pedirá ao juiz para que A indenize B.

OBS.2: a nomeação à autoria e o chamamento ao processo são exclusivas do réu.

OBS.3: A posição que prevalece é que a denunciação da lide não é obrigatória; mesmo que não denuncie, o direito à ação de regresso não será perdido. Poder-se-á ingressar com a devida ação posteriormente. Art. 456 do CCB – neste caso, a denunciação da lide é obrigatória.

3.6) RECURSO DE TERCEIRO PREJUDICADOQuem pode recorrer é:

A parte vencida O MP Terceiro prejudicado – é, normalmente, aquele que pode atuar no

processo como assistente simples.

3.7) INTERVENÇÃO ANÔMALAÉ uma figura que está prevista na Lei 9469/97 – intervenção de qualquer

ente público quando houver interesse econômico (e não interesse jurídico). Dizem ser uma espécie de assistência simples.

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OBS.: A intervenção de terceiros não é admitida nos Juizados Especiais.

No procedimento sumário, admite-se apenas a assistência, o recurso de terceiro prejudicado e a intervenção fundada em contrato de seguro.

4) JURISDIÇÃO

4.1) CONCEITOPode ser vista como função, como atividade ou como poder.

4.1.1) Jurisdição como funçãoA jurisdição é a função do Estado de resolver os conflitos de interesses,

de forma pacífica.

4.1.2) Jurisdição como atividadeA jurisdição é um conjunto de atos praticados pelo juiz no processo.

4.1.3) Jurisdição como poderA jurisdição é a manifestação do poder estatal, precisamente o de

decidir e de impor as suas decisões.

4.2) JURISDIÇÃO E OUTRAS FUNÇÕES ESTATAISA primeira doutrina para caracterizar a jurisdição é a de CARNELUTTI –

jurisdição é a justa composição da lide. Uma segunda doutrina, de ALLORIO, diz que, o que caracteriza a jurisdição é a coisa julgada/a definitividade. Uma terceira doutrina – CHIOVENDA – ensina que, o que caracteriza jurisdição é a atuação da vontade da lei e a substutividade. Uma terceira doutrina – CAPPELLETTI – o que caracteriza a jurisdição é a imparcialidade – é o que diferencia a jurisdição das outras funções do Estado (legislativo e executivo).

4.3) PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO

4.3.1) Princípio da investiduraA jurisdição só pode ser exercida por quem está legalmente investido da

autoridade de juiz. OBS.: Há quem entenda que na arbitragem há jurisdição.

4.3.2) Princípio da unidadeA jurisdição, como manifestação do poder estatal, não pode ser

repartida, dividida. A competência é que se reparte (verá posteriormente).

4.3.3) Princípio da aderência ao territórioA jurisdição é exercida apenas no território nacional.

4.3.4) Princípio da inevitabilidade

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A jurisdição não pode ser evitada pelas partes; o Estado impõe a jurisdição.

4.3.5) Princípio da indelegabilidadeComo qualquer função estatal, a jurisdição não pode ser delegada a

outro órgão. Exceção: os atos meramente ordinatórios, como a vista e a juntada, podem ser praticados pelo serventuário da justiça.

4.3.6) Princípio da indeclinabilidadeO juiz não pode declinar de seu ofício, da sua função, ele não pode se

recusar a julgar.

4.3.7) Princípio da inafastabilidadeArt. 5º, XXXV, da CF. É a garantia do acesso à justiça; vale dizer:

ninguém pode afastar do Judiciário a apreciação de qualquer causa.

4.3.8) Princípio do juiz naturalArt. 5º, XXXVII e LIII, da CF. Juiz natural é aquele definido pela lei como

competente antes da ocorrência do fato. Designação de juiz ad hoc (para o caso) – é proibido!!!

Também é proibido tribunal de exceção – tribunal criado para julgar determinada situação.

Há quem admitida a existência do Promotor Natural.

4.3.9) Princípio da inérciaA jurisdição não se movimenta se não houver a provocação – art. 2º, do

CPC.

26.02.2009

4.4) TUTELAS JURISDICIONAISExistem 3 tutelas jurisdicionais conhecidas: a) tutela de conhecimento; b)

tutela executiva; c) tutela cautelar. A tendência no Processo Civil é encontrar num mesmo processo, 2 ou mais dessas tutelas, conhecimento e executiva, por ex. – sincretismo processual (duas tutelas num mesmo processo).

4.4.1) Tutela de conhecimentoTem por objetivo conhecer o direito; apurar o direito. Ela pode ser

classificada em outras espécies:

A) Tutela declaratóriaTem por objetivo declarar a existência ou a inexistência de uma

relação jurídica ou a autenticidade ou a falsidade de um documento – art. 4º do CPC. Ex.: Ação de investigação de paternidade.

Art. 4o  O interesse do autor pode limitar-se à declaração:

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        I - da existência ou da inexistência de relação jurídica;

        II - da autenticidade ou falsidade de documento.

        Parágrafo único.  É admissível a ação declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito.

A declaração incide sobre direito, e não sobre fato. Exceção: autenticidade ou falsidade de um documento – é fato.

Súmula 242 do STJ – Cabe ação declaratória para reconhecimento de tempo de serviço para fins previdenciários

Súmula 181 do STJ – É admissível ação declaratória, visando a obter certeza quanto a exata interpretação de clausula contratual.

Recurso Especial – não se admite para interpretar cláusula contratual – súmula 5 do STJ.

B) Tutela constitutivaTem por objetivo constituir, desconstituir, conservar ou modificar

uma relação jurídica. Ex.: separação judicial; renovatória de locação.

C) Tutela condenatóriaTem por objetivo determinar o pagamento de uma quantia em

dinheiro. Ex.: cobrança, reparação de danos. Previsão legal: art. 475 letras do CPC.

D) Tutela mandamentalTem por objetivo expedir uma ordem para que alguém faça ou deixe

de fazer alguma coisa. Incide sobre uma obrigação de fazer ou não fazer. Ex.: mandado de segurança, habeas data. Previsão legal básica: art. 461 do CPC.

E) Tutela executiva lato sensuTem por objetivo determinar a entrega de uma coisa. Ex.: reintegração

de posse. Previsão legal: art. 461-A do CPC.

Há quem entenda que as tutelas de conhecimento são apenas 3: declaratória, constitutiva e condenatória. Neste caso, a condenatória incluiria a obrigação de fazer ou não fazer e a entrega de coisa.

A classificação trinária ou ternária, compreende 3 tutelas de conhecimento (decl,const,cond). A classificação quinária compreende 5 tutelas de conhecimento (as 5 acima estudadas).

OBS.: tutela inibitória – é uma espécie de tutela mandamental, que tem por objetivo evitar a prática, a repetição ou a continuação de um ilícito. Existem 2 artigos que prevêem tal tutela:

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Art. 5º, XXXV, da CF - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

  Art. 461 do CPC. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

Pode-se ter ilícito e não ter dano, ex.: venda de um medicamento proibido por lei (pode não causar nenhum dano), como pode ter também o dano sem o ilícito, ex.: ato praticado em estado de necessidade.

Tutela inibitória é voltada ao ilícito.

4.4.2) Tutela executivaTem por objetivo satisfazer concretamente o direito do credor já

conhecido devido à existência de um título executivo.

4.4.3) Tutela cautelarTem por objetivo conservar o mesmo estado inicial de coisas, pessoas

ou provas, assegurando o resultado útil de outra tutela.

A) Tutela antecipadaÉ um adiantamento de efeitos práticos da sentença de mérito. Precipita

no tempo os efeitos práticos da sentença de mérito. É uma tutela satisfativa – ela satisfaz o direito (é o que diferencia da tutela cautelar, que é conservativa).

As duas tutelas são fungíveis

Art. § 7o, do CPC. Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.  (Incluído pela Lei nº 10.444, de 2002)

Requisitos da tutela antecipada – art. 273 do CPC; requisitos da tutela cautelar – art. 978 do CPC.

4.4.4) Tutelas específicas – art. 461 e 461-A do CPCArt. 461 – obrigações de fazer ou não fazerArt. 461-A – obrigações de entrega de coisa

O juiz vai tentar, primeiramente, obter a tutela específica. Se não for possível, o juiz converterá em resultado prático equivalente; se também não for possível, converterá em perdas e danos. Inicia-se como mandamental; não conseguindo obtê-la, converterá em condenatória.

Para obter a tutela específica ou o resultado prático equivalente, o juiz pode, de ofício, tomar diversas medidas, tais como: busca e apreensão, desfazimento de obras, remoção de pessoas ou coisas, aplicação de multa periódica (astreinte), pode determinar o uso de força policial etc.

Quanto à entrega de coisa, aplica-se tudo o que foi dito, porém, o juiz dá um prazo para o cumprimento da obrigação e, se isto não ocorrer, determina a

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expedição de mandado de busca e apreensão (para bem móvel) ou de imissão na posse (para bem imóvel).

OBS.: A multa periódica (astreinte) pode ser modificada pelo juiz quanto ao valor e à periodicidade. Pode ele alterar ex tunc? R: Tal questão é controvertida, mas prevalece que é possível. Poderia então o juiz alterar tal valor para trás.

5) COMPETÊNCIA

5.1) CONCEITOÉ uma atribuição conferida pela lei a um determinado órgão ou a um

grupo de órgãos estatais, para o exercício da jurisdição em concreto. A lei atribui competência segundo critérios determinativos.

5.2) CRITÉRIOS DETERMINATIVOS DE COMPETÊNCIACritérios usados para fixar competência. São 5 ao todo:

5.2.1) Critério materialA competência é fixada em razão da natureza da causa (da matéria),

ex.: competência da vara cível, competência da Justiça do Trabalho, competência da vara de família e sucessões etc.

5.2.2) Critério pessoalA competência é fixada em razão da condição ou da qualidade das

pessoas do processo (das pessoas que atuam no processo), ex.: competência da vara da Fazenda Pública, competência da Justiça Federal definida no art. 109, I da CF.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

I - as causas em que a União, entidade autárquica (inclui também a fundação pública federal) ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; - Sociedade de economia mista não entra.

Súmulas 517, 556 do STF e súmula 42 do STJ

SÚMULA Nº   517 AS SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA SÓ TÊM FORO NA JUSTIÇA FEDERAL, QUANDO A UNIÃO INTERVÉM COMO ASSISTENTE OU OPOENTE.

SÚMULA Nº   556 É COMPETENTE A JUSTIÇA COMUM PARA JULGAR AS CAUSAS EM QUE É PARTE SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA.

Súmula: 42COMPETE A JUSTIÇA COMUM ESTADUAL PROCESSAR E JULGAR AS CAUSAS CIVEIS EM QUE E PARTE SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA E OS CRIMES PRATICADOS EM SEU DETRIMENTO.

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Compete à Justiça Federal apreciar se há interesse do ente federal no processo – súmulas 150, 254 e 224, todas do STJ.

Súmula: 150Compete a justiça federal decidir sobre a existencia de interesse juridico que justifique a presença, no processo, da união, suas autarquias ou empresas publicas.

Súmula 254A decisão do Juízo Federal que exclui da relação processual ente federal não pode ser reexaminada no Juízo Estadual.

Súmula: 224Excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz Estadual a declinar da competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar conflito.

Há um caso em que o TRF julga o recurso contra juiz de direito: nos casos de jurisdição federal delegada – ocorre quando não há Justiça Federal naquela localidade; assim o juiz de direito exercerá tal função – súmula 55 do STJ

Súmula: 55Tribunal regional federal não é competente para julgar recurso de decisão proferida por juiz estadual não investido de jurisdição federal.

5.2.3) Critério funcionalA competência é fixada em razão da atividade ou da função exercida

pelo órgão julgador, ex.: competência do tribunal para julgar recurso. É também um critério residual – se não for nenhum outro, aplica-se o critério funcional. Ex.: competência da Justiça Federal para execução de sentença estrangeira homologada pelo STJ.

5.2.4) Critério territorialA competência é fixada em razão da circunscrição territorial (do

território). Ex.: competência da comarca de São Luis do Maranhão, competência da comarca de Natal.

Existem regras especiais para definir a competência territorial – art. 95 a 100 do CPC e em leis especiais. Existem, todavia, uma regra geral, prevista no art. 94 do CPC – foro do domicílio do réu. Primeiro, verificar-se-á se para aquela hipótese há uma regra especial; não havendo, o foro será o do domicílio do réu. Ex.: ação de usucapião de um bem imóvel – foro da situação do imóvel (regra especial – art. 95 do CPC); foro para reparação de acidente de veículo (foro do domicílio do autor ou local do fato – art. 100 do CPC).

5.2.5) Critério econômicoA competência é fixada em razão do valor da causa, ex.: competência

do JEC (Estadual – 40 salários mínimos (até 20 salário mínimos pode litigar sem advogado); Federal – 60 salários mínimos).

5.3) CLASSIFICAÇÕES DA COMPETÊNCIA

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5.3.1) Competência originária e derivadaOriginária é aquela para conhecer da causa em 1º grau. Normalmente,

ela pertence aos juízes, mas os Tribunais também possuem tal competência. Derivada é aquela para conhecer da causa em grau de recurso. Normalmente é de competência dos tribunais, mas os juízes também podem ter, ex.: embargos de declaração – juiz de 1ª instância que julgará, referente a decisões por ele prolatada.

5.3.2) Competência exclusiva e concorrenteExclusiva é aquela atribuída a apenas um órgão jurisdicional, ex.: art.

95 do CPC – ações reais imobiliárias – foro da situação da coisa (único lugar). Concorrente é aquela estabelecida para mais de um órgão jurisdicional, ex.: reparação de danos decorrentes de acidente de veículos.

5.3.3) Competência absoluta e relativa

Absoluta Prevalece o interesse público; Dar-se-á quando o critério for

material, pessoal ou funcional; Não pode ser modificada pela

vontade das partes; A incompetência absoluta pode ser

declarada de ofício ou alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição (anula os atos decisórios). Se a incompetência absoluta não for alegada na primeira oportunidade, o réu responderá pelas custas de retardamento;

Relativa Prevalece o interesse particular; Dar-se-á quando o critério for

territorial ou econômico; Pode ser modificada pela vontade

das partes, ex.: foro de eleição; A incompetência relativa não pode

ser declarada de ofício, devendo ser alegada pelo réu no prazo da sua resposta, sob a forma de exceção de incompetência. Se a exceção não for apresentada, prorroga-se a competência (o foro que era incompetente se torna competente) – súmula 33 do STJ.

OBS.1: art. 95 do CPC – ações reais imobiliárias são propostas no foro da situação do imóvel.

Art. 95.  Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro da situação da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicílio ou de eleição, não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova (se a causa não dispor sobre qualquer dessas matérias, poderá o autor optar pelo foro de domicílio ou de eleição - é de pouco incidência, quase inexistente).

Tal competência é absoluta.

Súmula: 11 do STJA presença da União ou de qualquer de seus entes, na ação de usucapião especial, não afasta a competência do foro da situação do imóvel.

OBS.2: art. 112, parágrafo único, e art. 114, todos do CPC – nulidade de foro de eleição em contrato de adesão. Em contrato de adesão pode ter

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foro de eleição. Mas se esta cláusula dificultar o acesso á justiça de quem está aderindo, será ela nula.

        Art. 112, parágrafo único. A nulidade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão, pode ser declarada de ofício pelo juiz, que declinará de competência para o juízo de domicílio do réu.

Art. 114. Prorrogar-se-á a competência se dela o juiz não declinar na forma do parágrafo único do art. 112 desta Lei ou o réu não opuser exceção declinatória nos casos e prazos legais. (Redação dada pela Lei nº 11.280, de 2006)

Quando tal dificuldade existir, o juiz, de ofício, poderá declarar a nulidade da cláusula e remeter os autos ao foro competente. Caso o juiz não declare de ofício a incompetência, ordenando a citação, caberá ao réu apresentar exceção de incompetência, sob pena da mesma ser prorrogada – preclusão pro judicato.

5.4) MODIFICAÇÕES DA COMPETÊNCIAAplica-se à competência relativa. As principais formas são:

o foro de eleição; a conexão ou continência.

5.4.1) Foro de eleiçãoÉ uma cláusula acessória pela qual os contratantes elegem um

determinado foro para o exercício de quaisquer ações sobre direitos e deveres oriundos do contrato.

5.4.2) Conexão e continência

A) ConexãoDar-se-á entre causas quando estas apresentam a mesma causa de

pedir ou o mesmo pedido. A identidade pode ser relativa.

B) ContinênciaDar-se-á entre causas quando elas apresentam as mesmas partes, as

mesmas causas de pedir e quando o pedido de uma for mais abrangente que o pedido da outra. A doutrina majoritária diz que a continência é uma espécie de conexão.

24.03.2009

C) Conseqüências da conexão (que se aplica também à continência):1. distribuição por dependência – art. 253 do CPC

Art. 253. Distribuir-se-ão por dependência as causas de qualquer natureza: (Redação dada pela Lei nº 10.358, de 2001)

        I - quando se relacionarem, por conexão ou continência, com outra já ajuizada; (Redação dada pela Lei nº 10.358, de 2001) – não há obrigatoriedade dessa distribuição.

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        II - quando, tendo sido extinto o processo, sem julgamento de mérito, for reiterado o pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da demanda; (Redação dada pela Lei nº 11.280, de 2006) – se ocorrer qualquer situação do art. 267 do CPC e a parte quiser repropor a ação, deverá fazer isso na mesma vara.

        III -  quando houver ajuizamento de ações idênticas, ao juízo prevento.  (Incluído pela Lei nº 11.280, de 2006) – fala em litispendência – identidade de partes, de causas de pedir e de pedido. Esta regra não é voltada para a parte; ela é voltada ao Judiciário (detectando a litispendência, deverá remeter ao juízo prevento). Há a obrigatoriedade da distribuição por dependência.

        Parágrafo único. Havendo reconvenção ou intervenção de terceiro, o juiz, de ofício, mandará proceder à respectiva anotação pelo distribuidor

*Ação acessória:

  Art. 108.  A ação acessória será proposta perante o juiz competente para a ação principal.

        Art. 109.  O juiz da causa principal é também competente para a reconvenção, a ação declaratória incidente, as ações de garantia e outras que respeitam ao terceiro interveniente.

2. Reunião de processos – reunião num juízo só, que ficará com todas as causas conexas. É o chamado juízo prevento.

  Se as causas estiverem no mesmo foro, o juízo prevento será o do primeiro despacho.

Art. 106.  Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar.

   

  Se as causas estiverem em foros diferentes, o juízo prevento será o da primeira citação válida.

Art. 219.  A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Prevalece o entendimento de que a reunião entre os processos não é obrigatória. Vale dizer, não haverá nulidade da sentença se os processos não forem reunidos.

Os critérios utilizados serão: a) a intensidade da conexão e a utilidade da reunião.

Súmula: 235 do STJA conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado. – Logo, se não forem reunidos os processos, não haverá nulidade.

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OBS.: A conexão pode ser alegada pela parte ou pelo o MP e pode ser declarada de ofício pelo o juiz – ou seja, conexão é matéria de ordem pública (até a sentença).

5.5) CONFLITOS DE COMPETÊNCIAExistem, basicamente, dois conflitos de competência: o negativo e o

positivo.

5.5.1) Conflito negativo de competênciaDar-se-á quando dois ou mais juízes se julgam incompetentes para a

mesma causa. Proposta uma ação na Justiça Estadual, o juiz entende ser de

competência da Justiça do Trabalho; lá chegando o processo, o juiz trabalhista entende ser de competência cível – está instaurado o conflito negativo (há um processo só). Pode também acontecer quando, por ex, o juiz da 1ª vara está com o processo A; o juiz da 2ª vara está com o processo B. O da 1ª vara entende que haja uma conexão entre as causas A e B e o juízo prevento seria o da 2ª vara. Este, por sua vez, não entende existir conexão.

5.5.2) Conflito positivo de competênciaQuando dois ou mais juízes se julgam competentes.

Art. 115.  Há conflito de competência:

        I - quando dois ou mais juízes se declaram competentes;

        II - quando dois ou mais juízes se consideram incompetentes;

        III - quando entre dois ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de processos

Súmula: 59 do STJNÃO HA CONFLITO DE COMPETENCIA SE JA EXISTE SENTENÇA COM TRANSITO EM JULGADO, PROFERIDA POR UM DOS JUÍZOS CONFLITANTES.

A) A quem compete julgar o conflito de competência?Tal solução está na própria CF:

STF – art. 102, I, “o” STJ – art. 105, I, “d” TRF – art. 108, I, “e”

B) Súmulas sobre o assunto

Súmula: 3 do STJ

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COMPETE AO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DIRIMIR CONFLITO DE COMPETENCIA VERIFICADO, NA RESPECTIVA REGIÃO, ENTRE JUIZ FEDERAL E JUIZ ESTADUAL INVESTIDO DE JURISDIÇÃO FEDERAL.

Súmula: 180 do STJNA LIDE TRABALHISTA, COMPETE AO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DIRIMIR CONFLITO DE COMPETENCIA VERIFICADO, NA RESPECTIVA REGIÃO, ENTRE JUIZ ESTADUAL E JUNTA DE CONCILIAÇÃO E JULGAMENTO. – casos em que na localidade não há justiça do Trabalho e o juiz de direito que julga a causa.

Súmula: 236 do STJNão compete ao Superior Tribunal de Justiça dirimir conflitos de competência entre juízes trabalhistas vinculados a Tribunais Regionais do Trabalho diversos.

Súmula: 348 do STJCompete ao Superior Tribunal de Justiça decidir os conflitos de competência entre juizado especial federal e juízo federal, ainda que da mesma seção judiciária.

Súmula 376 do STJ: Compete à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial (dando um status de tribunal á turma recursal).

OBS.: O conflito de competência será suscitado pelo presidente do Tribunal, pela parte, pelo o MP e pelo o juiz.

5.6) PERPETUATIO JURISDICTIONISEstá no art. 87 do CPC. A competência será fixada (estabilizada) no

momento da propositura da ação, com o despacho da inicial ou com a distribuição, onde houver mais de uma vara. Se modificarem as circunstâncias de fato ou de direito que determinaram a competência (por ex.: mudança do domicílio do réu) esta não será alterada.

Ela não se dará em 2 casos: a) quando houver supressão de órgão jurisdicional – extinção de uma comarca, por ex.; b) se a competência for absoluta.

Súmula: 10 do STJINSTALADA A JUNTA DE CONCILIAÇÃO E JULGAMENTO, CESSA A COMPETÊNCIA DO JUIZ DE DIREITO EM MATERIA TRABALHISTA, INCLUSIVE PARA A EXECUÇÃO DAS SENTENÇAS POR ELE PROFERIDAS.

    Art. 87 do CPC.  Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia.

STF – se já sentenciou, permanece onde está! – Súmula 367 do STJ

Súmula 367 do STJ. A competência estabelecida pela EC n. 45/2004 não alcança os processos já sentenciados.

6) CONDIÇÕES DA AÇÃO E PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS

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São requisitos de admissibilidade para exame do mérito.

6.1) CONDIÇÕES DA AÇÃOSão requisitos que, se preenchidos, possibilitam o exercício regular da

ação e, consequentemente, o exame do mérito. Segundo a concepção eclética, conquanto abstrato o direito à ação quanto ao resultado, seu manejo ou nascimento pressupõe o preenchimento de certas condições sem as quais o Estado se exime de prestar a tutela jurídica solicitada, isto é, extingue o processo sem resolução do mérito, fenômeno que se denomina carência de ação.

6.1.1) Condições da ação específicasExigidas em algumas situações. Estão espalhadas pelo o

ordenamento jurídico. Ex.: direito líquido e certo para o mandado de segurança. Para cada procedimento pode ser exigida uma condição específica.

6.1.2) Condições da ação genéricasExigidas em todas as situações. São 3:

A) Possibilidade jurídica do pedidoAusência de vedação normativa, expressa ou implícita quanto ao

pedido formulado pelo o autor. Exs. de vedação expressa: usucapião de bem público, prisão civil por dívida, a não ser quando a CF permitir. Exs. de vedação implícita: revisão judicial do ato administrativo discricionário; dissolução de união estável homossexual.

Hoje, na doutrina majoritária, a possibilidade jurídica abrange as partes, causa de pedir e pedido (ela não se limita ao pedido). DINAMARCO entende dessa forma, chamando-a de possibilidade jurídica da demanda. Ex.: Pessoa jurídica (não sendo micro-empresa nem empresa de pequeno porte) entrando com uma ação no Juizado Especial Cível haverá uma impossibilidade jurídica quanto à pessoa.

Para a maioria da doutrina, cientificamente, a impossibilidade jurídica é uma improcedência. CALMÃO DE PASSOS chama de improcedência prima face. MARINONI chama de improcedência macroscópica.

Para o CPC, a possibilidade jurídica do pedido é uma causa de extinção do processo sem resolução do mérito.

Constitui erro grosseiro argumentar que o pedido do autor é juridicamente impossível porque o direito material não o ampara. Se o direito não ampara a pretensão, o caso é de improcedência; se o ordenamento jurídico veda a discussão do pedido no plano processual, o caso é de impossibilidade jurídica do pedido.

B) Legitimidade para a causa (legitimatio ad causam)Deve-se separar capacidade de legitimidade. Capacidade processual

é uma aptidão genérica para agir em juízo por si só. Tem capacidade processual quem não for absolutamente nem relativamente incapaz.

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Legitimidade para a causa é uma aptidão específica para agir em juízo diante de um determinado caso concreto. Pode-se ter uma e não ter outra (ex.: uma pessoa pode ser considerada credor numa relação jurídica, todavia, trata-se de um menor de idade, não possuindo capacidade processual).

Têm legitimidade os titulares da relação jurídica material hipotética (afirmada em juízo).

      Art. 6o do CPC. Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei.

Teoria da asserção e da exposição – Segundo a teoria da asserção, as condições da ação são aferidas segundo as afirmações, as assertivas. Não se exige que a pertinência com o direito material seja real, basta a mera afirmação. OBS.: Esta teoria também pregava que as condições da ação deveriam ser analisadas apenas no início do processo, antes da produção das provas. Assim, se José afirma que tem um crédito contra João, tem legitimidade para figurar no pólo ativo da relação processual, ainda que posteriormente, na sentença, fique definido que o direito não o ampara. Porém, esta regra não se aplica ao processo civil brasileiro. As condições da ação podem ser conhecidas em qualquer tempo e grau de jurisdição (art. 267, parágrafo 3º e art. 301, parágrafo 4º, do CPC).

Vigora, no Brasil, a teoria da exposição (comprovação). Segundo tal teoria, as partes serão legítimas quando provarem sua pertinência subjetiva com o direito material controvertido. Esta teoria admite que as condições da ação devam ser demonstradas pela parte, que pode, para tal desiderato, valer-se da produção de provas para formar o convencimento do juiz.

        Art. 267, § 3o  O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a sentença de mérito, da matéria constante dos ns. IV, V e Vl; todavia, o réu que a não alegar, na primeira oportunidade em que Ihe caiba falar nos autos, responderá pelas custas de retardamento.

       Art. 301, § 4o  Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da matéria enumerada neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Legitimação extraordinária – dar-se-á quando a lei confere legitimidade a quem não é titular do direito. Ex.: sindicato para a defesa das categorias. OBS.: Alguns autores chamam tal legitimação extraordinária de legitimação processual, e considera que a mesma é um pressuposto processual e não uma condição da ação.

OBS.: A legitimidade para a causa não se confunde com a legitimidade para o processo (legitimatio ad processum). Aquela é condição da ação, ao passo que está pressuposto processual que se relaciona com a capacidade para estar em juízo. O menor de 16 anos tem legitimidade ad causam para propor ação contra seu suposto pai, mas não tem legitimidade ad processum por não ter capacidade para estar em juízo, devendo ser representado.

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C) Interesse de agirUtilidade potencial da jurisdição. A jurisdição deve ser apta a

produzir alguma vantagem ou benefício jurídico. Exs. de falta de interesse: ação declaratória de solvência (a solvência é presumida, a insolvência é que deve ser declarada); ação de cobrança proposta por quem detém título executivo; execução fiscal de valor irrisório.

É comum dizer que o interesse é resultado do binômio: necessidade + adequação (LIEBMAN). Para este, interesse é utilidade, e esta se subdivide em necessidade e adequação.

Necessidade – a jurisdição deve ser indispensável, imprescindível. Adequação – significa a pertinência do procedimento escolhido e

do provimento requerido (pedido). Deve-se escolher a via processual adequada. Ex.: locador promove ação de reintegração de posse em face do locatário (a via adequada é a ação de despejo); mandado de segurança impetrado para cobrança de dívida.

Súmula 269 do STF. O MANDADO DE SEGURANÇA NÃO É SUBSTITUTIVO DE AÇÃO DE COBRANÇA

6.1.3) Elementos da açãoAs ações (ou causas) são identificadas pelos seus elementos

subjetivos e objetivos. Eles têm importância para determinar a existência de coisa julgada, litispendência, conexão e continência.

A) Parte – elemento subjetivoÉ quem pede ou em face de quem é pedida uma providência

jurisdicional (autor e réu/exequente e executado/requerente e requerido).

B) Pedido – elemento objetivoDesdobra-se em pedido imediato (providência jurisdicional solicitada)

e pedido mediato (bem jurídico pretendido). Numa ação de cobrança, a condenação constitui o pedido imediato, ao passo que o recebimento do crédito constitui o pedido mediato.

C) Causa de pedir (causa petendi) – elemento objetivoSubdivide-se em causa remota (relaciona-se com o fato) e causa

próxima (relaciona-se com as consequências jurídicas desse fato). O abalroamento culposo, numa ação de reparação de danos por acidente de veículo constitui a causa remota; já as conseqüências jurídicas desse fato (obrigação de indenizar) caracterizam a causa próxima.

6.2) PRESSUPOSTOS PROCESSUAISForam criados por um autor alemão chama BULOW. Ele dizia que o

processo era uma relação jurídica processual entre autor, juiz e réu. São

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requisitos para a existência desta relação jurídica processual, logo, do próprio processo.

Uma doutrina moderna diz que os pressupostos processuais são requisitos para a validade do processo. Para o CPC, segundo o art. 267, IV, do CPC, adota-se as duas idéias.

             

  Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição (existência) e de desenvolvimento válido e regular (validade) do processo;

Assim, pressupostos processuais são requisitos para a existência e a validade do processo e, consequentemente, para o exame do mérito.

6.2.1) Classificação dos pressupostos processuaisSerá vista uma classificação parecida com a de THEREZA ARRUDA

ALVIM WAMBIER. Não se confundem os pressupostos processuais com as condições da

ação. Os pressupostos processuais são requisitos necessários à validade e à eficácia da relação processual, dizem respeito, portanto, ao processo. Condições da ação nada têm a ver com a constituição e o desenvolvimento do processo, até porque, quando são examinadas, o processo já se instaurou. Condições da ação, não é demais repetir, são requisitos que legitimam o autor a pleitear a tutela jurisdicional do Estado.

30.03.2009

A) Pressupostos de existênciaI) petição ou demanda

]II) Jurisdição

III) CitaçãoHá duas exceções de julgamento do pedido antes da citação, art. 285-A

e 739, III - matéria unicamente de direito em que não há discussão sobre fato; mesmo juízo com pelo menos duas sentenças proferidas para casos idênticos desde que seja sentença de total improcedência.

B) Pressupostos de validadeI) Petição inicial aptaPreencham os requisitos do art. 282 do CPC.

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II) Competência do juízo e imparcialidade do juizTrata-se de competência absoluta

III) Citação válidaAquela que preencha os requisitos legais.

IV) Capacidade postulatória, capacidade processual e legitimação processual

C) Pressupostos processuais negativosNa presença de um deles, o processo é extinto sem resolução do mérito.

O processo será inválido. Trata-se de pressupostos de validade às avessas.

I) PerempçãoNo Processo Civil, perempção é a perda do exercício do direito de ação

que ocorre quando o autor abandona a causa por 3 vezes. O abandono da causa se dá quando o autor deixa o processo parado

por mais de 30 dias. O juiz confere 48 horas ao autor para que ele se pronuncie, sob pena de extinção do processo sem resolução do mérito. Súmula 240 do STJ

Súmula: 240 do STJA extinção do processo, por abandono da causa pelo autor, depende de requerimento do réu.

II) Litispendência e coisa julgadaExige uma identidade de partes, causas de pedir e pedido. Na coisa

julgada, o primeiro processo já foi extinto com resolução do mérito. Na litispendência, os processos estão pendentes.

III) Convenção de arbitragemEla é um gênero. Há duas espécies:

Cláusula compromissória: é uma cláusula acessória, estabelecendo que eventuais conflitos acerca do contrato serão resolvidos por meio de arbitragem. A cláusula compromissória pode ser declarada de ofício pelo juiz.

Compromisso arbitral: ocorrido um conflito de interesses, as pessoas em conflito convencionam que o mesmo será resolvido por meio de arbitragem (não precisa existir um contrato para usar do direito arbitral). OBS.: o compromisso arbitral não pode ser declarado de ofício pelo juiz (art. 301, parágrafo 4º, do CPC).

Dentro do processo não existem diferenças entre os pressupostos de existência e de validade. Encerrado o processo, surgem as diferenças. Se faltou um pressuposto de validade, o processo será inválido ou nulo, portanto, a sentença será inválida ou nula, mas transitará em julgado. Caberá ação

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rescisória no prazo decadencial de 2 anos. Se faltou um pressuposto de existência, o processo é inexistente, portanto a sentença é inexistente e não transita em julgado. Caberá ação declaratória de inexistência (querela nulitatis), que não se submete a prazo prescricional ou decadencial - o STJ admite esta ação tanto para a falta como para a nulidade da citação – são vícios transrrescisórios. O STJ também admite o mandado de segurança no prazo de 120 dias (súmula 202 do STJ)

Súmula: 202A IMPETRAÇÃO DE SEGURANÇA POR TERCEIRO, CONTRA ATO JUDICIAL, NÃO SE CONDICIONA A INTERPOSIÇÃO DE RECURSO.

7) ATOS PROCESSUAISÉ uma manifestação de vontade que tem por objetivo constituir,

desconstituir, conservar ou modificar a relação jurídica processual. Ato processual é modalidade de fato processual. Fato processual é todo acontecimento com influência sobre o processo.

7.1) PRINCÍPIOSBasicamente, há 3 princípios:

7.1.1) Princípio da liberdade das formas – art. 154 do CPCOs atos processuais não terão forma determinada, salvo quando a lei

exigir.

Art. 154.  Os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, Ihe preencham a finalidade essencial.

7.1.2) Instrumentalidade das formas – art. 154 e 244 do CPCReputa-se válido o ato processual quando, apesar de não cumprido a

forma legal, alcançar a sua finalidade essencial. OBS. Exceções: reconvenção apresentada dentro da contestação, recurso adesivo dentro das contra-razões.

        Art. 244.  Quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação de nulidade, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, Ihe alcançar a finalidade.

7.1.3) Princípio da publicidade – art. 5º, LX e art. 93, IX, da CF e art. 155 do CPC

Todos devem ter acesso aos autos dos processos e as audiências e sessões dos tribunais devem ser realizadas de portas abertas. Exceções: casos em que envolve segredo de justiça – este se dará em 2 situações: 1º - para proteção do interesse público ou social; 2º - para defesa da intimidade, exceto se prejudicar o interesse público à informação.

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       Art. 155, Parágrafo único, do CPC.  O direito de consultar os autos e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e a seus procuradores. O terceiro, que demonstrar interesse jurídico, pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença (nunca de sua fundamentação ou de outro dado do processo), bem como de inventário e partilha resultante do desquite – Na verdade, este parágrafo único é aplicado aos casos de segredo de justiça.

7.2) TEMPO E LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS

Tempo dos atos processuais

        Art. 172. Os atos processuais realizar-se-ão em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

Exceção ao tempo: Art. 172, parágrafo 1º e 2º, do CPC – alguns exemplos: citação e penhora – podem ser realizados no domingo e fora do horário previsto em lei.

     § 1o  Serão, todavia, concluídos depois das 20 (vinte) horas os atos iniciados antes, quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

§ 2o  A citação e a penhora poderão, em casos excepcionais, e mediante autorização expressa do juiz, realizar-se em domingos e feriados, ou nos dias úteis, fora do horário estabelecido neste artigo, observado o disposto no art. 5o, inciso Xl, da Constituição Federal. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 1994)

Não há proibição para a prática de atos processuais no sábado, porquanto é dia útil. O que ocorre é que, em razão do que estabelecem as leis de organização judiciária, não há expediente forense aos sábados, entretanto, nada impede que um ato processual, a citação, por exemplo, seja levado a efeito nesse dia.

OBS.: Não se confunde horário para prática de ato processual com horário de expediente forense. O expediente forense pode encerrar-se às 17, 18 ou 19 horas. Nesse caso, se o ato tiver que ser praticado por meio de petição, esta deverá ser apresentada no protocolo, no horário de expediente, nos termos da lei de organização judiciário local (art. 172, parágrafo 3º do CPC). Tratando-se de ato externo, este pode ser praticado até as 20 horas, independentemente de o expediente encerrar-se antes desse horário.

Nos Juizados Especiais, os atos processuais podem ser realizados em horário noturno, conforme dispuserem as normas de organização judiciária (art. 12 da Lei 9099/95).

No processo eletrônico, consideram-se realizados os atos processuais no dia e hora do seu envio ao sistema do Poder Judiciário. Assim, transmitida a petição eletrônica, o que será comprovado por meio de protocolo eletrônico (recibo expedido pelo sistema), interrompida estará a prescrição ou afastada a decadência ou preclusão, caso ainda não consumadas.

Lugar dos atos processuais - Na sede do juízo

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Exceção ao lugar: art. 176 do CPC:

Art. 176.  Os atos processuais realizam-se de ordinário na sede do juízo. Podem, todavia, efetuar-se em outro lugar, em razão de deferência, de interesse da justiça, ou de obstáculo argüido pelo interessado e acolhido pelo juiz.

A audição do Presidente da República e dos desembargadores (art. 411 do CPC) são exemplos de prática de atos fora da sede do juízo em razao de deferência. Já a inspeção judicial é realizada fora da sede do juízo, no interesse da Justiça (art. 440 do CPC).

Férias e feriados forenses – com o advento da Reforma do Judiciário (EC 45/2004), as férias coletivas foram vedadas nos juízos de primeiro grau e nos tribunais de 2º grau. Agora, de acordo com o texto do mencionado dispositivo constitucional, a regra é que a atividade jurisdicional seja ininterrupta, funcionando, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente. A exceção ficou por conta dos tribunais superiores (STF, STJ, TST e TSE), onde ainda há férias coletivas. Ministros, gozam de férias coletivas; desembargadores e juízes, não.

  Art. 173.  Durante as férias e nos feriados não se praticarão atos processuais. Excetuam-se:

        I - a produção antecipada de provas (art. 846);

        II - a citação, a fim de evitar o perecimento de direito; e bem assim o arresto, o seqüestro, a penhora, a arrecadação, a busca e apreensão, o depósito, a prisão, a separação de corpos, a abertura de testamento, os embargos de terceiro, a nunciação de obra nova e outros atos análogos.

        Parágrafo único.  O prazo para a resposta do réu só começará a correr no primeiro dia útil seguinte ao feriado ou às férias.

        Art. 174.  Processam-se durante as férias e não se suspendem pela superveniência delas:

        I - os atos de jurisdição voluntária bem como os necessários à conservação de direitos, quando possam ser prejudicados pelo adiamento;

        II - as causas de alimentos provisionais, de dação ou remoção de tutores e curadores, bem como as mencionadas no art. 275;

        III - todas as causas que a lei federal determinar.

        Art. 175.  São feriados, para efeito forense, os domingos e os dias declarados por lei.

PRAZOSQuanto à natureza, os prazos podem ser:

Dilatórios – prazos são fixados em normas dispositivas, que podem ser ampliados ou reduzidos com a convenção das partes.

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Prazo de suspensão do processo por convenção das partes e o prazo para o advogado continuar a representar o mandante são exemplos de prazos dilatórios;

Peremptórios – são os prazos fixados de forma imperativa, que não permitem qualquer alteração pelas partes. Os prazos para contestar e para recorrer constituem exemplos de prazos peremptórios.

Qualquer que seja a natureza do prazo, pode o juiz prorrogá-lo por até 60 dias nas comarcas onde for difícil o transporte (art. 182). Em caso de calamidade pública, a prorrogação não tem limite (art. 182, parágrafo único).

Art. 184.  Salvo disposição em contrário, computar-se-ão os prazos, excluindo o dia do começo e incluindo o do vencimento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

        § 1o  Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se o vencimento cair em feriado ou em dia em que: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

        I - for determinado o fechamento do fórum;

        II - o expediente forense for encerrado antes da hora normal.

        § 2o  Os prazos somente começam a correr do primeiro dia útil após a intimação (art. 240 e parágrafo único). (Redação dada pela Lei nº 8.079, de 1990)

        Art. 185.  Não havendo preceito legal nem assinação pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte.

        Art. 186.  A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em seu favor.

        Art. 187.  Em qualquer grau de jurisdição, havendo motivo justificado, pode o juiz exceder, por igual tempo, os prazos que este Código Ihe assina.

        Art. 188.  Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte  for a Fazenda Pública ou o Ministério Público.

PreclusãoÉ a perda, extinção ou consumação de uma faculdade processual.

Existem 3 modalidades de preclusão: Preclusão temporal – decorre da inércia da parte que deixa de

praticar um ato no tempo devido (art. 183). No procedimento ordinário, a faculdade de oferecer resposta preclui 15 dias após a citação;

Preclusão lógica – decorre da incompatibilidade entre o ato praticado e outro, que se queria praticar também (art. 503). Ao cumprir o julgado, perde a parte o interesse no recurso;

Preclusão consumativa – origina-se do fato de ter praticado o ato, não importa se bem ou mal. Uma vez praticado, não será possível realizá-lo novamente.

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A preclusão não ocorre com relação aos despachos, uma vez que não ferem direitos ou interesses das partes, podendo, portanto, ser revistos ou revogados pelo juiz.

7.3) ATOS DAS PARTESPodem ser unilaterais – quando praticados por uma das partes, ex.:

contestação; ou bilaterais – quando praticados por ambas as partes. Estes são de 2 tipos: concordantes e contratuais.

Em regra, tais atos produzem seus efeitos imediatamente (art. 158 do CPC). Determinados atos, entretanto, para produzir efeitos processuais, exigem homologação judicial. É o que ocorre com a desistência da ação (art. 158, parágrafo único), a conciliação e a transação.

Art. 158.  Os atos das partes, consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade, produzem imediatamente a constituição, a modificação ou a extinção de direitos processuais.

        Parágrafo único.  A desistência da ação só produzirá efeito depois de homologada por sentença.

        Art. 159.  Salvo no Distrito Federal e nas Capitais dos Estados, todas as petições e documentos que instruírem o processo, não constantes de registro público, serão sempre acompanhados de cópia, datada e assinada por quem os oferecer.

        § 1o  Depois de conferir a cópia, o escrivão ou chefe da secretaria irá formando autos suplementares, dos quais constará a reprodução de todos os atos e termos do processo original.

        § 2o  Os autos suplementares só sairão de cartório para conclusão ao juiz, na falta dos autos originais.

        Art. 160.  Poderão as partes exigir recibo de petições, arrazoados, papéis e documentos que entregarem em cartório.

        Art. 161.  É defeso lançar, nos autos, cotas marginais ou interlineares; o juiz mandará riscá-las, impondo a quem as escrever multa correspondente à metade do salário mínimo vigente na sede do juízo

7.4) ATOS JUDICIAIS

7.4.1) Atos do juizEle pratica inúmeros atos no processo. Os mais importantes são os

chamados pronunciamentos.

A) DespachosAtos que põem o processo em movimento, ex.: “manifeste-se o autor

sobre a petição de folhas 3”; ou o “cite-se”.

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Ele não possui caráter decisório. Assim, ele não causa prejuízo. Desta feita, não cabe recurso – são irrecorríveis.

        Art. 162§ 3o, do CPC. São despachos todos os demais atos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma.

Se causarem gravame, podem ensejar correição parcial.

B) Decisões interlocutóriasÉ o ato do juiz que resolve uma questão incidente. Pode ter qualquer

conteúdo, exceto uma das situações do art. 267 e 269 do CPC, ex.: decisão de tutela antecipada; deferimento ou indeferimento de produção de provas; decisão de exceção de incompetência.

Ela possui caráter decisório , podendo causar prejuízo. Cabe recurso – agravo e embargos de declaração (segundo a jurisprudência e a doutrina quanto a este último).

O conceito de decisão interlocutória é obtido por exclusão. Todo ato do juiz com conteúdo decisório, que não se enquadrar no conceito de sentença e não puser fim ao processo, será reputado decisão interlocutória.

Nos tribunais, também há prolação de decisões interlocutórias. O julgamento do agravo de instrumento, por exemplo, dá-se por meio de decisão (acórdão) interlocutória.

C) SentençasÉ o ato que tem como conteúdo uma das hipóteses do art. 267 ou do

art. 269 do CPC. Ex.: prescrição; falta de condição da ação. Vê-se que o legislador, na conceituação da sentença, abdicou do critério meramente finalístico (pôr termo ao processo), presente na redação anterior do art. 162, parágrafo 1º, do CPC.

A sentença extingue o procedimento (põe termo ao procedimento). Não se conceitua mais “sentença” como a decisão que extingue o processo, pois a execução é agora mais uma fase/procedimento do processo de conhecimento.

Ela possui caráter decisório, podendo causar prejuízo. Cabe recurso – apelação e os embargos de declaração.

Verifica-se que nem todo ato que implica alguma das situações previstas no art. 269 (contém resolução do mérito) põe fim ao processo e por isso mesmo não é recorrível por meio de apelação. São exemplos: decisão que rejeita um dos pedidos; decisão que homologa transação com relação a um ou alguns dos pedidos e decisão que homologa a renúncia do autor com referência a um ou alguns dos pedidos constantes da inicial. Tais ato, na literalidade do art. 162, parágrafo 1º, constituem sentença, porquanto resolvem matéria de mérito, mas o recurso cabível é o agravo.

D) Pronunciamentos dos tribunais

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São os acórdãos. Acórdão é decisão de um órgão colegiado pertencente a um tribunal.

Ele possui caráter decisório, podendo causar prejuízo. Cabe recurso – embargos de declaração, embargos infringentes, recurso ordinário, recurso especial, recurso extraordinário, embargos de divergência.

Pouco importa se julgou questão incidente (agravo) ou se pôs fim ao processo, com ou sem resolução de mérito, o ato denomina-se acórdão.

E) Atos meramente ordinatórios ou de mero expedientePrevistos no art. 162, parágrafo 4º, do CPC e art. 92, XIV, da CF. São

atos de pouca complexidade, como a vista e a juntada. São praticados pelos servidores do tribunal.

§ 4o  Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessários. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 1994)

        Art. 164.  Os despachos, decisões, sentenças e acórdãos serão redigidos, datados e assinados pelos juízes. Quando forem proferidos, verbalmente, o taquígrafo ou o datilógrafo os registrará, submetendo-os aos juízes para revisão e assinatura.

        Parágrafo único.  A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdição, pode ser feita eletronicamente, na forma da lei.(Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

7.4.2) Atos dos serventuários (segundo o código, atos do escrivão ou chefe de secretaria)

Eles podem ser:

A) Atos de documentaçãoOs serventuários devem numerar e rubricar todas as folhas dos autos

dos processos e certificar todas as ocorrências do processo, normalmente por meio de termos. Exs.: termo de vista, termo de juntada, termo de conclusão, termo de recebimento etc.

B) Atos de comunicação

art. 200 do CPC.  Os atos processuais serão cumpridos por ordem judicial ou requisitados por carta, conforme hajam de realizar-se dentro ou fora dos limites territoriais da comarca.

São 3: Cartas – estabelecem um intercâmbio entre 2 ou mais juízos. Há

a carta de ordem (estabelece uma comunicação entre um tribunal e um juiz que lhe é subordinado; o juízo que expede a ordem é o juízo ordenante; o que cumpre a carta é o juízo ordenado); carta rogatória (estabelece uma comunicação entre um juízo nacional e uma autoridade judiciária estrangeira; ex.:

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citação de alguém no exterior; quem expede é o juízo rogante; aquele que cumpre é o juízo rogado); carta precatória (estabelece comunicação entre juízos nas demais situações; juízo que expede a carta precatória é o juízo deprecante; o juízo que cumpre é o juízo deprecado). OBS.1: art. 202, parágrafo 3º, do CPC e na Lei do processo eletrônico (Lei 11419 de 2006 – art. 7º). OBS.2: requisitos das cartas – art. 202 e 203 do CPC.

Citações – é o ato pelo qual se chama o réu ou interessado a juízo a fim de que possa se defender.

Espécies de citação:o Citação pelo correio – art. 222 e requisitos no art. 223 do

CPC. É a regra no Processo Civil. Ela pode se dar em qualquer comarca do país. Ela se dará por AR. No silêncio, é pelo correio que se fará a citação.

o Citação pelo o oficial de justiça – pode ser Comum – art. 222 e 224 do CPC. Os casos são o

seguinte: a) nas ações de estado (família, paternidade, cidadania ou nacionalidade); nas execuções; quando o réu for incapaz ou pessoa jurídica de direito público; quando impossível ou frustrada as citações pelo correio; quando o autor a requerer.

Por hora certa – art. 227 e 228 e requisitos do art. 229 do CPC. Dar-se-á quando o oficial de justiça procura o réu por 3 vezes em seu domicílio ou residência e não o encontra, havendo suspeita de ocultação. Nesse caso, o oficial de justiça deixará um documento com um vizinho ou uma pessoa da família dizendo que retornará no dia seguinte, numa hora determinada, para fazer a citação. Caso o réu não se encontre, o oficial dará o réu por citado e certificará nos autos.

o Citação por edital – art. 232 do CPC. Dar-se-á em duas situações: a) quando o réu for incerto ou desconhecido, ex.: reintegração de posse contra diversos invasores; b) quando o réu estiver em lugar ignorado, incerto ou inacessível. OBS.: Se a carta rogatória não for cumprida, considera-se que o réu está em lugar inacessível. OBS.2: se o réu for citado por edital ou com hora certa e não contestar (revelia), o juiz nomeará curador especial (súmula 282 do STJ – ler)

o Citação eletrônica – Lei 11419 de 2006, art. 6º. Ela depende de regulamentação pelo tribunal.

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Intimações – é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos termos e atos processuais para faça ou deixe de fazer alguma coisa. Ela, normalmente, dar-se-á via publicação no diário oficial. Existem outras formas de intimação (por correio, por oficial de justiça, em cartório, em audiência. Há a intimação por diário de justiça eletrônico – lei 11419/2006, art. 4º. A intimação eletrônica está na mesma lei, no art. 5º.).

04.05.2009

7.4.3) Prazos

A) ClassificaçãoPodem ser classificados em:Legais – são os prazos fixados pela lei, ex.: prazo para a interposição de

recursos. Judiciais – são os prazos fixados pelo juiz, ex.: prazo para depositar em

cartório o rol de testemunhas. Se o juiz nada fixar, o prazo será de até 10 dias antes da audiência.

Convencionais – são os prazos fixados pelas partes, ex.: prazo de suspensão do processo.

Também podem ser classificados em:Peremptórios – são os prazos que não podem ser alterados pela

vontade das partes, ex.: prazo para recursos;Dilatórios – são os prazos que podem ser alterados pela vontade das

partes, ex.: prazo para apresentação de memoriais, prazo para suspensão do processo.

Prazo comum – prazo estabelecido para ambas as partes, ex.: quando o juiz julga parcialmente procedente o pedido e ambas as partes poderão apelar.

Prazos particulares – prazo estabelecido para uma das partes, ex.: prazo para a réplica.

Prazos próprios – são aqueles cujo descumprimento acarreta conseqüência processual específica, ex.: prazos para as partes, em regra.

Prazos impróprios – são aqueles cujo descumprimento não acarreta conseqüência processual específica, ex.: prazos para juízes, em regra.

Prazo geral – quando não há nenhuma previsão sobre ele. No silêncio, o prazo será de 5 dias. Para comparecer em juízo, o prazo é de 24 horas.

Prazos especiais – a Fazenda Pública e o MP têm prazo em dobro para recorrer e em quádruplo para contestar (responder). O defensor público e os litisconsortes com procuradores diferentes têm prazo em dobro para todos os atos processuais.

Súmula: 116 do STJ

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A FAZENDA PUBLICA E O MINISTERIO PUBLICO TEM PRAZO EM DOBRO PARA INTERPOR AGRAVO REGIMENTAL NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.

SÚMULA Nº   641 DO STF NÃO SE CONTA EM DOBRO O PRAZO PARA RECORRER, QUANDO SÓ UM DOS LITISCONSORTES HAJA SUCUMBIDO (PERDEU).

B) Contagem do prazo processualEstá prevista no art. 184 do CPC, complementado com a súmula 310

do STF. Art. 4º, parágrafo 4º da Lei do Processo Eletrônico.

Art. 184.  Salvo disposição em contrário, computar-se-ão os prazos, excluindo o dia do começo e incluindo o do vencimento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

        § 1o  Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se o vencimento cair em feriado ou em dia em que: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

        I - for determinado o fechamento do fórum;

        II - o expediente forense for encerrado antes da hora normal.

        § 2o  Os prazos somente começam a correr do primeiro dia útil após a intimação (art. 240 e parágrafo único). (Redação dada pela Lei nº 8.079, de 1990)

SÚMULA Nº   310 DO STF QUANDO A INTIMAÇÃO TIVER LUGAR NA SEXTA-FEIRA, OU A PUBLICAÇÃO COM EFEITO DE INTIMAÇÃO FOR FEITA NESSE DIA, O PRAZO JUDICIAL TERÁ INÍCIO NA SEGUNDA-FEIRA IMEDIATA, SALVO SE NÃO HOUVER EXPEDIENTE, CASO EM QUE COMEÇARÁ NO PRIMEIRO DIA ÚTIL QUE SE SEGUIR.

Os prazos têm início no primeiro dia útil seguinte à intimação; são corridos (não tem feriado) e terminam sempre num dia útil. Se houver publicação na quinta-feira, o prazo começa a correr na sexta-feira.

Se for eletrônico o Diário da Justiça (Lei 11419/2006) – art. 4º , parágrafo 3º e 4º

§ 3o  Considera-se como data da publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico.

§ 4o  Os prazos processuais terão início no primeiro dia útil que seguir ao considerado como data da publicação.

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C) PreclusãoÉ a perda da possibilidade de se praticar um ato processual com efeitos

limitados ao próprio processo. Há 4 tipos de preclusão:

Preclusão temporal – é a perda da faculdade de praticar um ato processual em razão do esgotamento do prazo;

Preclusão consumativa – é a perda da faculdade de praticar um ato processual porque o ato já foi praticado;

Preclusão lógica – é a perda da faculdade de praticar um ato processual porque já se praticou um ato incompatível com o ato que se deseja praticar, ex.: 15 dias para contestar; no 5º dia o sujeito reconhece juridicamente o pedido; no 8º dia o mesmo sujeito se arrepende e quer voltar atrás, mas já ocorreu a preclusão;

Preclusão pró judicato – nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, salvo exceções legais – prevista no art. 471 do CPC. Exceção: matérias de ordem pública (o juiz pode decidir e rever a sua decisão.

8) PETIÇÃO INICIAL

8.1) REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIALEstão previstos no art. 282 do CPC.

Endereçamento – relaciona-se com a competência; Qualificações das partes – não se fala em nacionalidade; Causa de pedir; Pedido; Valor da causa; Provas (art. 283 do CPC); Requerimento de citação;

O estudo será centrado em 3 requisitos: causa de pedir, pedido e valor da causa.

8.1.1) Causa de pedirÉ o porquê se pede; o motivo/fundamento do pedido. A causa de pedir

se divide em dois aspectos: a) fundamentação de fato e, b) fundamentação de direito.

A fundamentação de fato se subdivide: fato constitutivo do direito do autor e fato violador do direito do autor. Ex.: um sujeito possui uma terra e um grupo invade esta terra; é proposta uma ação de reintegração de posse (fato constitutivo do direito – a posse do lugar; fato violador ao direito – o esbulho possessório).

A fundamentação de direito é a repercussão jurídica dos fatos narrados, é a consequência jurídica dos fatos narrados. Não integram a fundamentação de direito: a) a mera fundamentação legal (não há a obrigação de citar o

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dispositivo legal). O juiz é obrigado a conhecer a lei. Exceção: Tratando-se de direito municipal, estrangeiro ou consuetudinário, o juiz pode exigir que a parte prove o teor e a vigência da norma; b) a qualificação jurídica dada ao fato pelo o autor (é dar o nomen iuris ao fato). O fato, sim, é obrigatório ser descrito corretamente.

Há duas teorias sobre causa de pedir: a) teoria da individuação ou individualização – causa de pedir é apenas fundamentação de direito; b) substanciação ou substancialização – para esta teoria, causa de pedir é fundamentação de fato e fundamentação de direito – está é a teoria adotada no Brasil.

Há quem divida a causa de pedir em causa de pedir próxima (mesmo que fundamentação de direito) e causa de pedir remota (mesmo que fundamentação de fato). NELSON NERY troca uma causa de pedir pelo conceito da outra.

8.1.2) PedidoO pedido deve ser expresso. Exceções: a) atualização monetária; b)

juros legais; c) aplicação de multa coercitiva para cumprimento de tutela específica; d) condenação do vencido ao pagamento de custas e de honorários (são exemplos de pedidos que são considerados implícitos; o juiz concede mesmo que não seja expresso).

O pedido deve ser determinado – deve especificar a qualidade e a quantidade do que se deseja. Exceções: art. 286 do CPC

Art. 286.  O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico (indeterminado):  (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

        I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973) – são ações que versão sobre universalidade de bens, ex.: acervo de uma biblioteca.

        II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do fato ilícito;  (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

        III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.  (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973) – ex.: ação de prestação de contas (far-se-á um pedido genérico, e depois, com a prestação de contas, é que se verificará o montante a ser recebido)

OBS.: Há uma quarta hipótese de pedido genérico que a jurisprudência vem aceitando – pedido nas ações de indenização por danos morais.

O pedido deve ser concludente – o pedido deve ser uma conclusão lógica da causa de pedir.

A) Espécies de pedidoPedido alternativo – art. 288 do CPC. Deve ser formulado quando o

réu/devedor puder cumprir a obrigação por mais de uma forma, ex.: arrendamento rural - o arrendatário pode cumprir a obrigação pagando uma quantia ou entregando uma parte da produção. O juiz vai condenar o réu a

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cumprir a obrigação (o juiz não escolhe a forma). O réu que poderá escolher a forma de cumprimento da obrigação. OBS.: É diferente de cumulação alternativa de pedidos – o autor formula mais de um pedido sem ordem de preferência para que o juiz acolha um deles, ex.: X propõe ação de investigação de paternidade em face de A, B e C porque não sabe quem é o seu pai; consignação em pagamento quando não se sabe quem é o credor (art. 335, IV, do CCB).

Art. 288.  O pedido será alternativo, quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo.

        Parágrafo único.  Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz Ihe assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo.

Pedido sucessivo – Art. 289 do CPC. O autor requer ao juiz que acolha um pedido posterior na hipótese de não acolher um pedido anterior (só acolhe o pedido B se não acolher o A). Ex.; o autor pede a anulação do casamento, mas se o juiz entender que não tem direito a isto, pede a separação judicial. É também chamado de cumulação eventual de pedidos. É diferente de cumulação sucessiva de pedidos - o autor requer ao juiz que acolha um pedido posterior na hipótese de acolher um pedido anterior (é o oposto de pedido sucessivo). Ex.: paternidade + alimentos (se declarar a paternidade, quero que condene a alimentos).

        Art. 289.  É lícito formular mais de um pedido em ordem sucessiva, a fim de que o juiz conheça do posterior, em não podendo acolher o anterior.

OBS.: Cumulação de ações – ela pode ser subjetiva ou objetiva. A subjetiva é que conhecemos por litisconsórcio; a objetiva é a que chamamos de cumulação de pedidos. A cumulação de pedidos pode ser dividida em própria – dar-se-á quando o juiz pode acolher mais de um pedido, ex.: paternidade + alimentos; dano material + dano moral; ou em imprópria – dar-se-á quando o juiz não pode acolher mais de um pedido, ex.: pedido alternativo e pedido sucessivo, cumulação alternativa de pedidos.

OBS.2: A cumulação própria pode ser simples ou sucessiva. Simples – quando a decisão de um pedido não influencia a decisão do outro pedido; sucessiva – a decisão de um pedido influencia a decisão do outro pedido, ex.: paternidade e alimentos.

Requisitos da cumulação própria: a) pedidos compatíveis entre si b) mesmo juízo competente, c) compatibilidade de ritos ou adoção do rito ordinário para todos.

8.1.3) Valor da causa

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Toda causa deve ter um valor. Ele serve para determinar o valor das custas, serve para determinar o procedimento (sumário, sumaríssimo, ordinário).

Para algumas situações, a lei estabelece a forma de calcular o valor da causa – art. 259 e 260 do CPC

Art. 259.  O valor da causa constará sempre da petição inicial e será:

        I - na ação de cobrança de dívida, a soma do principal, da pena e dos juros vencidos até a propositura da ação;

        II - havendo cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles;

        III - sendo alternativos os pedidos, o de maior valor;

        IV - se houver também pedido subsidiário, o valor do pedido principal;

        V - quando o litígio tiver por objeto a existência, validade, cumprimento, modificação ou rescisão de negócio jurídico, o valor do contrato;

        VI - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais, pedidas pelo autor;

        VII - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, a estimativa oficial para lançamento do imposto.

        Art. 260.  Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, tomar-se-á em consideração o valor de umas e outras. O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado, ou por tempo superior a 1 (um) ano; se, por tempo inferior, será igual à soma das prestações.

Para as demais situações, o autor deve atribuir um valor a causa, desde que, segundo a jurisprudência, não seja irrisório.

8.2) ATITUDES DO JUIZChegando a PI às mãos do juiz, terá ele 3 possibilidades/atitudes

possíveis: Se houver um vício insanável, o juiz deve indeferir a petição inicial

(dar-se-á por meio de sentença – trata-se de sentença processual exceto em duas situações; a) prescrição; b) decadência – a sentença é de mérito. Indeferindo a inicial, estará o juiz agindo de ofício. Só há indeferimento com a citação do réu. O juiz pode, de ofício, declarar a decadência? Sim, art. 219, parágrafo quinto, do CPC (qualquer tipo de prescrição). O juiz pode declarar de ofício apenas a decadência legal, mas não a convencional;

Se houver um vício sanável, o juiz determinará o saneamento da inicial. Significa que o juiz concederá um prazo ao autor para que ele emende ou complete a inicial (geralmente terá 10 dias para tanto). Se o autor cumprir, sanou o vício, o juiz citará o réu; se o

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autor não cumprir, o processo será extinto sem resolução do mérito. Segundo o entendimento do STJ, a emenda da inicial é direito subjetivo do autor, e não faculdade do juiz;

Se não houver vício, o juiz vai proferir o despacho liminar positivo – juiz vai ordenar a citação do réu.

Art. 265-A e 273, III, do CPC – julgamento do pedido antes de ouvir o réu.

22.05.2009

9) RESPOSTAS DO RÉU

9.1) FORMAS DE RESPOSTAHá basicamente 3 espécies de resposta: contestação, reconvenção,

exceção de incompetência (apenas a relativa, pois a incompetência absoluta, o juiz poderá declarar de ofício e o réu poderá alegar em qualquer tempo), de impedimento e suspeição.

9.2) CONTESTAÇÃO

9.2.1) DefesasÉ a forma de defesa por excelência. Há dois tipos de defesa na

contestação: defesa processual e defesa de mérito. A defesa processual consiste na alegação das matérias do art. 301 do

CPC – matérias processuais (dentre elas, a falta de condição da ação ou de pressuposto processual). Nem toda defesa processual gera a extinção do processo. Quando a defesa acarreta a extinção do processo, é chamada de peremptória, ex.: ilegitimidade para a causa. Quando a defesa não acarreta a extinção do processo, é chamada de dilatória, ex.: conexão – se o réu alega a conexão e o juiz acolhe, não ocorrerá a extinção do processo.

A defesa de mérito é composta por: questões de fato e questões de direito. Questão de fato – impugnação dos fatos narrados pelo o autor; apresentação de um fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Questões de direito – impugnação das conseqüências jurídicas descritas pelo o autor; alegação de inconstitucionalidade ou de ilegalidade.

A) Princípio da eventualidadeTodas as defesas devem ser apresentadas na contestação.

9.2.2) Alegações posterioresArt. 303 do CPC

  Art. 303.  Depois da contestação, só é lícito deduzir novas alegações quando:

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        I - relativas a direito superveniente – pode também compreender o fato superveniente (deve ser combinado com o art. 462 do CPC*), ex.: o pagamento que se dá no curso do processo;

        II - competir ao juiz conhecer delas de ofício – matérias cognoscíveis de ofício, ex.: todas as matérias da defesa processual (art. 301 do CPC, exceto o compromisso arbitral);

        III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e juízo.

(*)Art. 462.  Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento da lide, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a sentença. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

9.2.3) ReveliaÉ a falta de contestação na forma e tempo devidos.

A) Efeitos da reveliaNo Brasil, são 3 os efeitos:

a) presunção de veracidade/confissão ficta – todos os fatos narrados pelo o autor presumem-se verdadeiros. A presunção de veracidade é relativa (presunção iuris tantum). Assim, admite prova em contrário. O juiz poderá determinar de ofício a produção da prova (art. 130 do CPC), mesmo que exista revelia.

        Art. 130.  Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias.

O revel pode produzir, desde que compareça em tempo oportuno (súmula 231 do STF)

SÚMULA Nº   231  O REVEL, EM PROCESSO CÍVEL, PODE PRODUZIR PROVAS, DESDE QUE COMPAREÇA EM TEMPO OPORTUNO

OBS.: A produção de provas pelo o réu revel é limitada, devendo ocorrer apenas quanto às alegações posteriores do art. 303 do CPC.

A presunção de veracidade não ocorrerá nas situações dos arts. 302 e 320 do CPC.

Art. 302.  Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, salvo:

        I - se não for admissível, a seu respeito, a confissão;

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        II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da substância do ato;

        III - se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.

        Parágrafo único.  Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos, não se aplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério Público.

Art. 320.  A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo antecedente:

        I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;

        II - se o litígio versar sobre direitos indisponíveis;

        III - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público, que a lei considere indispensável à prova do ato.

b) julgamento antecipado da lide – é decorrência lógica do primeiro (se não há mais por que produzir prova, o juiz poderá julgar).

c) contra o revel, sem advogado constituído nos autos, correm todos os prazos independentemente de intimação a partir da publicação de cada ato decisório

9.3) RECONVENÇÃOÉ uma ação proposta pelo réu em face do autor no mesmo processo.

9.3.1) Requisitos da reconvenção Lide pendente Mesmo juízo competente Compatibilidade de ritos ou procedimentos Conexão entra a ação principal e a reconvenção ou entre um dos

fundamentos da defesa e a reconvenção. Tal identidade pode ser parcial.

9.3.2) Processos e procedimentos que não admitem reconvençãoNão admitem reconvenção: a) processo de execução; b) processo

cautelar; c) ações dúplices*, inclusive no procedimento sumário e no juizado especial cível.

(*) Ações dúplices – há dois casos: 1º) a lei autoriza o réu a formular pedido na contestação, ex.: procedimento sumário e juizado (pedido contraposto); ações possessórias (art. 922 do CPC). 2º) Pela natureza da ação jurídica, a improcedência para o autor equivale a uma procedência para o réu, vale dizer, a defesa contém, implicitamente, uma pretensão, exs.: ação declaratória, ação divisória, ação demarcatória, ação de prestação de contas, ação renovatória de locação etc.

Súmula 258 do STF

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É admissível reconvenção em ação declaratória.

Súmula 292 do STJA reconvenção é cabível na ação monitória, após a conversão do procedimento em

ordinária.

9.4) EXCEÇÕES

9.4.1) Exceção de incompetênciaDeve ser apresentada em 15 dias (no prazo da resposta) por meio de

petição dirigida ao juízo da causa ou apresentada no foro do domicílio do réu. Tal exceção formará novos autos e suspenderá o processo (inclusive

suspendendo o prazo da resposta). Se a exceção for manifestamente improcedente, o juiz rejeita (decisão

interlocutória, cabível agravo da decisão). Se não for manifestamente improcedente, o juiz ouvirá o autor (excepto) em 10 dias. Se houver necessidade, terá audiência e o juiz decidirá (decisão interlocutória, cabendo agravo)

Partes: excipiente (quem apresenta – réu) e excepto (autor da ação principal).

9.4.2) Exceções de impedimento e de suspeiçãoA exceção será apresentada no prazo de 15 dias, contado do

conhecimento do fato, pois às vezes, o impedimento ou suspeição não se dá no início do processo. A petição é dirigida ao próprio juiz. Neste caso, não se ouvirá a outra parte; o juiz simplesmente já decide. Acolhendo o pedido de exceção, o juiz remeterá os autos para um substituto legal – tal decisão é irrecorrível. O juiz rejeitando o pedido, produzirá as suas razoes e manda os autos para o tribunal. O tribunal acolhendo a exceção, condenará o juiz ao pagamento de custas e determinará o envio dos autos ao substituto legal.

10) TEORIA GERAL DAS PROVAS

10.1) CONCEITO DE PROVAHá dois conceitos de prova: o objetivo e o subjetivo.Objetivo – prova é o meio legal hábil a demonstrar a existência ou

inexistência de um fato jurídicoSubjetivo – prova é o convencimento que o meio legal empregado

provocou no espírito do juiz.

10.2) OBJETO DA PROVAÉ o fato jurídico pertinente (diz respeito ao processo) relevante

(influencia o resultado do processo) e controvertido (impugnado).Excepcionalmente, pode ocorrer a prova do direito quando se tratar de

direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário.

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10.3) O ÔNUS DA PROVAArt. 333 do CPC

Art. 333.  O ônus da prova incumbe:

        I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;

        II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.

        Parágrafo único.  É nula a convenção que distribui de maneira diversa o ônus da prova quando:

        I - recair sobre direito indisponível da parte;

        II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.

10.3.1) Teoria da carga dinâmica ou da distribuição dinâmica do ônus da prova

Cabe ao juiz decidir em cada caso a quem pertence o ônus da prova, levando em consideração o critério da maior facilidade para produzir a prova.

OBS.: O ônus da prova é regra de procedimento ou regra de julgamento? R.: Regra de procedimento (ônus da prova subjetivo) - a parte tem o encargo de produzir a prova; regra de julgamento (ônus da prova objetivo) – a parte sofre as conseqüências da não produção da prova, exceto se recair sobre direito indisponível ou se tornar excessivamente difícil o exercício de um direito.

10.3.2) Inversão do ônus da provaA inversão do ônus da prova pode ocorrer por autorização legal (ex.: art.

6º, VIII, do CDC) ou por convenção das partes.

A) Momento da inversão1ª corrente: é do despacho que ordena a citação do réu (minoritária); 2ª

corrente: no saneamento do processo (antes de produzida a prova o juiz já diz de quem será o ônus da prova); 3ª corrente: na sentença. Há decisões no STJ dizendo ser a segunda ou a terceira corrente.

10.4) SISTEMAS DE VALORAÇÃO/AVALIAÇÃO DAS PROVAS

10.4.1) Sistema da prova legalHavia uma hierarquia entre as provas; a prova era tarifada (cada prova

possuía um valor específico).

10.4.2) Sistema do livre convencimento Não há hierarquia entre as provas; o juiz é livre ao dar o valor que achar

necessário àquela prova, não estando obrigado a motivar a sua sentença.

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10.4.4) Persuação racional/livre convencimento motivadoNão há hierarquia de provas, porém, o juiz é obrigado a fundamentar, a

motivar a sua sentença com as provas existentes nos autos. É o adotado no Brasil – art. 131 do CPC.

        Art. 131.  O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que Ihe formaram o convencimento. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

No próprio ordenamento ainda existem resquícios da prova legal – art. 366 do CPC, art. 401, do CPC, art. 108 e 109 do CCB e art. 227 do CCB.

10.5) MEIOS DE PROVATodos os meios de prova serão admitidos os ilegais e os ilícitos. Provas

atípicas – provas não previstas expressamente no CPC, porém, são admitidas. OBS.: Prova emprestada – necessita de 2 requisitos: a) as partes devem

ser as mesmas deste processo; b) a prova deve ser produzida em obediência ao contraditório.

10.6) PROVA ILEGAL E ILÍCITAProva ilegal - É a vedada pelo o ordenamento jurídico, ex.: prova

exclusivamente testemunhal de contrato cujo valor supera 10 salários mínimos. Prova ilícita – É a obtida por meio ilícito. Ex.: interceptação de conversa

telefônica (no Processo Civil não é permitido nem por autorização judicial).

29.05.2009

11) SENTENÇA E COISA JULGADASentença é o ato do juiz que tem como conteúdo uma das situações do

art. 267 ou do art. 269 do CPC

Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

        I - quando o juiz indeferir a petição inicial;

        Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;

        III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;

        IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;

        V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada;

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        Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;

        Vll - pela convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº 9.307, de 1996)

        Vlll - quando o autor desistir da ação;

        IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;

        X - quando ocorrer confusão entre autor e réu;

        XI - nos demais casos prescritos neste Código.

Art. 269. Haverá resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

        I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor;(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

        II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

        III - quando as partes transigirem; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

        IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

        V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

Antigamente, a sentença era o ato do juiz que extinguia o processo/que encerrava o processo.

11.1) ESPÉCIES DE SENTENÇASentença processual e sentença de mérito.Sentença processual: é conhecida também como terminativa. É a

sentença que tem como conteúdo uma das situações do art. 267 do CPC – “extinção do processo sem resolução do mérito” – exs.: falta de condição da ação ou de pressuposto processual.

Sentença de mérito: é conhecida também como definitiva. É a sentença que tem como conteúdo uma das situações do art. 269 do CPC. Não quer dizer que toda sentença de mérito julgue o mérito propriamente dito. Mérito é o mesmo que pedido.

11.2) REQUISITOS DA SENTENÇAHá dois tipos de questões prévias: questões preliminares e questões

prejudiciais.

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11.2.1) Questões preliminaresPossuem duas características:

A decisão da questão preliminar condiciona a mera apreciação da questão de mérito;

A decisão da questão preliminar não influencia o teor da decisão da questão de mérito.

OBS.: As questões sobre pressupostos processuais e condições da ação são preliminares em relação ao mérito.

11.2.2) Questões prejudiciaisPossuem duas características:

A decisão da questão prejudicial influencia o teor da decisão da questão de mérito (se procedente ou improcedente);

A decisão da questão prejudicial não condiciona a mera apreciação da questão de mérito.

Os requisitos da sentença são 3: relatório, fundamentação e o dispositivo (no JEC, o relatório é dispensável).

11.2.3) RelatórioDeve conter os nomes das partes, uma síntese do pedido do autor e da

resposta do réu e o resumo das principais ocorrências do processo.

11.2.4) FundamentaçãoÉ a parte da sentença onde o juiz decide as questões de fato e de

direito. São as questões prévias – as questões preliminares e as questões prejudiciais, principalmente as prejudiciais, pois as preliminares são matérias de ordem pública, podendo ser decididas a qualquer tempo.

11.2.5) DispositivoO juiz decidirá, aqui, todas as questões a ele submetidas (questões de

mérito/todos os pedidos).

OBS.: Proibição de sentença ilíquida: a) nos juizados especiais cíveis; b) no procedimento sumário para as ações de reparação de danos ou de cobrança de seguro decorrentes de acidentes de veículos; c) em qualquer procedimento quando o autor formular pedido certo e determinado.

11.3) NULIDADES DA SENTENÇAA sentença pode ser nula por vício intrínseco ou por vício extrínseco.

11.3.1) Vício intrínsecoPrimeira situação é a falta de um requisito da sentença (faltar o relatório,

o dispositivo ou fundamentação). Para alguns autores, a falta de dispositivo torna a sentença inexistente.

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Outra sentença é o caso de sentença citra petita, ultra petita ou extra petita. Citra petita – é aquela que não aprecia parte do pedido (ela deixa de apreciar uma parte do pedido). Ultra petita – é aquela que ultrapassa qualitativamente ou quantitativamente o pedido. Extra petita – é aquela que aprecia matéria estranha ao pedido. Deve-se observar o princípio da congruência – deve haver uma correlação entre o pedido e o dispositivo da sentença.

11.3.2) Vício extrínsecoOcorre quando um ato processual anterior à sentença é nulo,

contaminando os atos posteriores, inclusive a sentença.

11.4) COISA JULGADA

11.4.1) Coisa julgada formal e coisa julgada materialCoisa julgada formal é a impossibilidade de se impugnar a sentença,

processual ou de mérito, não mais sujeita a recurso ou remessa necessária dentro do processo em que foi proferida.

Dentre de determinado processo não se poderá mais impugnar a matéria.

OBS.: A coisa julgada formal se dá nas sentenças processuais, produzindo efeitos endoprocessuais (dentro do processo).

Coisa julgada material é a qualidade de imutabilidade do dispositivo da sentença de mérito, que não pode ser revisado em outros processos. Ela pega o dispositivo da sentença e projeta para fora do processo.

Ela só acontece em sentença de mérito (não existe coisa julgada material em sentença processual).

Antigamente se pensava que a coisa julgada material era o efeito da sentença. Hoje se entende que a coisa julgada material é uma qualidade do dispositivo da sentença.

11.4.2) Limites da coisa julgadaLimites subjetivos da coisa julgada – a coisa julgada só alcança as

partes do processo, salvo exceções legais. Exceção: o substituído é alcançado pela coisa julgada

Limites objetivos da coisa julgada – a coisa julgada só alcança o dispositivo da sentença, vale dizer, a fundamentação não transita em julgado.

Art. 469 do CPC.  Não fazem coisa julgada:

        I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença;

        Il - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença;

        III - a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo.

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   Art. 470.  Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a parte o requerer (arts. 5o e 325), o juiz for competente em razão da matéria e constituir pressuposto necessário para o julgamento da lide.

Assim, a decisão da questão prejudicial transita em julgado se houver a propositura de uma ação declaratória incidental (arts. 5º e 325 do CPC). A ação declaratória incidental pode ser proposta pelo o autor no prazo da réplica (normalmente 10 dias) ou pelo réu no prazo da resposta (normalmente 15 dias). Correrá nos mesmos autos da ação principal e é decidida pela mesma sentença que decide a principal.

11.4.3) Eficácia preclusiva da coisa julgada ou princípio do deduzido e do dedutível

Ocorrido o trânsito em julgado, o autor e o réu não mais poderão deduzir as alegações já deduzidas ou que poderiam ser deduzidas com relação à mesma causa de pedir e ao mesmo pedido.

        Art. 474 do CPC.  Passada em julgado a sentença de mérito, reputar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e defesas, que a parte poderia opor assim ao acolhimento como à rejeição do pedido.

11.4.4) Relativização da coisa julgadaÉ o afastamento da coisa julgada numa determinada situação que não

admite mais o uso da ação rescisória porque esta não é cabível ou porque o prazo já se esgotou. Meio: rito ordinário.

Há quem também admita o uso da própria ação rescisória, contando o prazo de 2 anos a partir da nova prova.

Há duas correntes permitindo a relativização: a 1ª corrente diz que a coisa julgada deve ser relativizada quando ela contrariar a Constituição Federal; a 2ª corrente diz que caberá quando a coisa julgada contrariar um princípio constitucional fundante/mais importante que a coisa julgada (princípio da dignidade da pessoa humana e da moralidade, por ex.).

Existe uma situação no CPC que está prevista em dois dispositivos: art. 475-L, parágrafo 1º, do CPC (impugnação ao cumprimento de sentença) e art. 741, parágrafo único, do CPC (embargos à execução proposta contra a Fazenda Pública). Os dois artigos possuem a mesma redação.

        § 1o Para efeito do disposto no inciso II (inexigibilidade do título) do caput deste artigo, considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)

O título se torna inexigível quando a decisão do STF é posterior ao trânsito em julgado? Alguns dizem que sim, outros dizem que não. O STJ, recentemente, entendeu que só vai alcançar aquilo que não foi transitado em julgado (o que já foi transitado em julgado, está concretizado).

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01.06.2009

12) RECURSOS

12.1) CONCEITO DE RECURSORecurso é o meio que a lei põe à disposição da parte vencida, do MP e

do terceiro prejudicado para anular, reformar, aclarar ou integrar uma decisão judicial dentro do processo em que foi proferida.

12.2) NATUREZA JURÍDICAO recurso é um prolongamento do direito de ação (e defesa). O recurso é também um ônus processual.

12.2) ADMISSIBILIDADE E MÉRITOPrimeiramente, o julgador analisará se estão presente os pressupostos

recursais, que formam o juízo de admissibilidade. Se estiverem presentes tais pressupostos, julga-se o mérito recursal (é o pedido do recorrente) – juízo de mérito.

12.2.1) Juízo de admissibilidade Cabimento; Legitimidade recursal; Interesse recursal; Tempestividade; Regularidade formal; Preparo; Ausência de fato impeditivo e extintivo do poder de recorrer.

A) CabimentoDiz respeito à recorribilidade do pronunciamento jurisdicional e à escolha

da via recursal adequada. Pode-se dizer que o cabimento é a previsão legal de recurso e a previsão legal do recurso.

Há 3 princípios que se relacionam com o cabimento: a) taxatividade – os recursos estão todos previstos em lei. Não são recursos, por ex., a remessa necessária, o pedido de reconsideração, e a reclamação constitucional. b) singularidade – também chamado de unicidade ou unirrecorribilidade. Para cada decisão judicial cabe apenas um tipo de recurso. Tal princípio comporta exceções: I- contra o mesmo acórdão serão cabíveis recurso especial e recurso extraordinário se houver violação à lei federal e à constituição federal. c) fungibilidade – é o princípio que admite o recebimento de um recurso por outro ou a troca de um recurso por outro. O requisito é a dúvida objetiva –

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divergência na doutrina ou jurisprudência sobre qual o recurso cabível. Na dúvida, usa-se do recurso com menor prazo.

B) Legitimidade recursalTem legitimidade recursal a parte vencida, o MP e o terceiro prejudicado. Parte vencida: no conceito de parte vencida estão incluídos os

litisconsortes, o sucessor processual e o substituto processual. MP: possui legitimidade recursal atuando como parte ou como fiscal da

lei, ainda que a parte não recorra.

Súmula: 99 do STJO MINISTERIO PUBLICO TEM LEGITIMIDADE PARA RECORRER NO PROCESSO EM QUE OFICIOU COMO FISCAL DA LEI, AINDA QUE NÃO HAJA RECURSO DA PARTE.

Terceiro prejudicado: é, normalmente, aquele que atua ou que pode atuar no processo como assistente simples. Excepcionalmente, o terceiro prejudicado pode não ser o assistente simples; é o que ocorre, por ex., com o litisconsorte necessário que não foi citado.

C) Interesse recursalSignifica a utilidade do recurso, vale dizer, o recurso deve ser apto a

produzir alguma vantagem jurídica. É comum na doutrina se identificar o interesse como a sucumbência.

D) TempestividadeÉ a interposição do recurso no prazo legal. Prazos:

05 dias – embargos de declaração e para o agravo interno ou regimental (por ex.: art. 557, parágrafo 1º, do CPC);

10 dias – para os demais agravos – agravo de instrumento, agravo retido;

15 dias – para a apelação, os embargos infringente, o embargos de divergência e todos os outros recursos restantes.

Recuso prematuro: é o recurso interposto antes da abertura do prazo. Para o STF, o recurso prematuro é extemporâneo (intempestivo) e não deve ser admitido. Para o STJ, o recurso prematuro é tempestivo.

Os embargos de declaração interrompem os prazos para a interposição de outros recursos. OBS.: No JEC, os embargos de declaração opostos contra a sentença suspendem prazo para o recurso inominado.

Prevalece o entendimento segundo o qual a inadmissibilidade dos embargos de declaração não afasta a interrupção do prazo para outros recurso, exceto se forem intempestivos.

A Fazenda Pública, o MP, o Defensor Público e os litisconsortes com procuradores diferenteS, tem prazo em dobro para recorrer – aplica-se a qualquer recurso, inclusive ao agrava regimental.

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Súmula: 116 do STJA FAZENDA PUBLICA E O MINISTERIO PUBLICO TEM PRAZO EM DOBRO PARA INTERPOR AGRAVO REGIMENTAL NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.

SÚMULA Nº   641 DO STF NÃO SE CONTA EM DOBRO O PRAZO PARA RECORRER, QUANDO SÓ UM DOS LITISCONSORTES HAJA SUCUMBIDO (haja perdido).

E) Regularidade formalSignifica que o recurso deve obedecer a uma forma legal que o torne

apto a alcançar sua finalidade. As razões devem ser compreensíveis e ainda devem atacar os

fundamentos da decisão recorrida.

SÚMULA Nº   284 DO STF É INADMISSÍVEL O RECURSO EXTRAORDINÁRIO, QUANDO A DEFICIÊNCIA NA SUA FUNDAMENTAÇÃO NÃO PERMITIR A EXATA COMPREENSÃO DA CONTROVÉRSIA.

Súmula: 182 do STJE INVIAVEL O AGRAVO DO ART. 545 DO CPC QUE DEIXA DE ATACAR ESPECIFICAMENTE OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA

F) PreparoÉ um tributo da espécie taxa.

SÚMULA Nº   667 do STF VIOLA A GARANTIA CONSTITUCIONAL DE ACESSO À JURISDIÇÃO A TAXA JUDICIÁRIA CALCULADA SEM LIMITE SOBRE O VALOR DA CAUSA. 

A falta de preparo acarreta a deserção, ou seja, o recurso não será admitido. A insuficiência do preparo enseja na entrega de prazo para que o recorrente complemente.

Ele deve ser comprovado no momento da interposição do recurso. Prevalece o entendimento segundo o qual o preparo não pode ser apresentado após a interposição do recurso – haveria uma preclusão consumativa.

Algumas pessoas são dispensadas do preparo, por ex.: a Fazenda Pública, o MP e o beneficiário de Justiça gratuita.

Alguns recursos não exigem o preparo, ex.: embargos de declaração e agravo retido.

G) Ausência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer Renúncia ao recurso – ela é prévia (antes de propor o recurso) Desistência do recurso – após a propositura do recurso. A

desistência e a renúncia independem da concordância do recorrido ou de algum litisconsorte;

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Aquiescência à decisão – significa a anuência à decisão; a parte aceita a decisão expressa ou tacitamente (esta se dá quando a parte pratica um ato incompatível com o recurso – preclusão lógica)

Desistência da ação – pode se dar em qualquer fase do processo. A desistência da ação ocorrida após o prazo da resposta, exige a concordância do réu. A desistência da ação gera a extinção do processo sem resolução do mérito;

Transação, Reconhecimento jurídico do pedido e Renúncia ao direito sobre o qual se funda a ação – são casos de sentença de mérito. Podem acontecer em qualquer fase

12.2.2) Juízo de méritoO mérito recursal é o pedido do recorrente.

OBS.: Recursos de fundamental vinculada – a tipicidade do erro é pressuposto do cabimento. Os erros (aquilo que você pode alegar no recurso) são o que geram o cabimento do recurso.

12.3) RECURSOS EM ESPÉCIE

12.3.1) ApelaçãoÉ o recurso cabível contra as sentenças.

A) Dos requisitos da apelaçãoEla deve conter:

Os nomes e qualificações das partes (apelante e apelado) – ela é praticamente dispensável, pois ela é interposta nos próprios autos onde já se encontram tais qualificações devidas;

As razões (fundamentos de fato e de direito); O pedido.

B) Efeitos da apelaçãoA apelação, como regra, apresenta os efeitos devolutivo e suspensivo.

Excepcionalmente, a apelação pode apresentar apenas o efeito devolutivo

Art. 520.  A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

        I - homologar a divisão ou a demarcação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

        II - condenar à prestação de alimentos;  (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

        III - (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005)

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        IV - decidir o processo cautelar; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973)

        V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes; (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 1994)

        VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem.  (Incluído pela Lei nº 9.307, de 1996)

        VII – confirmar a antecipação dos efeitos da tutela; (Incluído pela Lei nº 10.352, de 2001)

Situações previstas em lei especial: sentença que concede a segurança; a sentença que decreta a interdição; a sentença que decreta o despejo.

O efeito devolutivo produz 3 consequências: O tribunal não pode apreciar matéria estranha ao recurso (tantum

devolutum quantum appellatum); Proibição da reformatio in pejus – não pode a situação do

recorrente ser piorada; Proibição de inovar – o tribunal não pode conhecer de fatos ou de

provas que não foram alegados ou não foram produzidas em primeira instância;

Exceções ao efeito devolutivo: prevista em dispositivos legais: art. 515, parágrafo 1º ao 3º, do CPC; art. 516; art. 517, art. 462 (trata de fato superveniente – em primeira instância – mas o entendimento é de que este artigo se aplica também aos recursos); art. 267, parágrafo 3º cumulado com o art. 301, parágrafo 4º, do CPC.

Efeito translativo – matéria de ordem pública que pode ser apreciada/conhecida em recurso, de ofício.

Fumus boni iuris e o periculum in mora – para se concedido, deve tais requisitos ser previsots – art. 558, parágrafo único, do CPC.

Súmula impeditiva de recurso – art. 518, parágrafo 1º, do CPC

        § 1o O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal. (Renumerado pela Lei nº 11.276, de 2006)

Não se trata de súmula vinculante. Trata-se de uma limitação ao direito de recorrer.

Art. 515, parágrafo 4º, do CPC

        § 4o Constatando a ocorrência de nulidade sanável, o tribunal poderá determinar a realização ou renovação do ato processual, intimadas as partes; cumprida a diligência, sempre que possível prosseguirá o julgamento da apelação. (Incluído pela Lei nº 11.276, de 2006)

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Trata-se de uma espécie de emenda recursal – apesar de previsto no capítulo da apelação, tal instituto se aplica a todos os recursos.

Súmula: 115 do STJNA INSTANCIA ESPECIAL É INEXISTENTE RECURSO INTERPOSTO POR ADVOGADO SEM PROCURAÇÃO NOS AUTOS.

Só se aplica tal súmula na instância especial. O EOAB permite a juntada da procuração posteriormente

15.06.2009

12.3.2) AgravoÉ o recurso cabível contra decisão interlocutória.

A) Espécies de agravo Agravo retido; Agravo de instrumento;

Estes dois são cabíveis contra as decisões interlocutórias de primeira instância. Possui prazo de 10 dias.

Agravo interno/regimental/inominado/agravinho – é cabível contra as decisões monocráticas dos integrantes dos tribunais. Ao contrário dos outros, ele possui prazo de 5 dias. Ex.: art. 557, parágrafo 1º, do CPC

                Art. 557. O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior.  (Redação dada pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

§ 1o   Da decisão caberá agravo, no prazo de cinco dias, ao órgão competente para o julgamento do recurso, e, se não houver retratação, o relator apresentará o processo em mesa, proferindo voto; provido o agravo, o recurso terá seguimento.  (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

Agravo contra decisão denegatória de seguimento de RESP ou de RE – conhecido como agravo de despacho denegatório – o RESP ou o RE são direcionados ao Presidente ou Vice-Presidente do Tribunal a quo, fazendo um juízo de admissibilidade. Se este juízo é denegativo, será cabível o presente agravo.

Art. 544. Não admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, caberá agravo de instrumento, no prazo de 10 (dez) dias, para o Supremo Tribunal

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Federal ou para o Superior Tribunal de Justiça, conforme o caso.  (Revigorado e alterado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

Antes da reforma do CPC, era possível optar pelo agravo retido ou pelo agravo de instrumento.

Depois da reforma do CPC, a regra passou a ser a interposição do agravo retido, exceto em 5 casos – quando cabe agrave de instrumento:

Quando houver urgência ou periculum in mora; Decisão de inadmissibilidade da apelação; Decisão quanto aos efeitos da apelação; Decisão da liquidação de sentença – antes da reforma do CPC, a

decisão de liquidação de sentença desafiava apelação. A liquidação de sentença, antes da reforma, era um processo autônomo;

Decisão da impugnação ao cumprimento de sentença quando não houver extinção da execução.

Ler 475-M e 475-H, do CPC – tratam das outras espécies de agravo.

B) Decisão em audiência de instrução em julgamentoDentro desta audiência, o juiz proferindo decisão interlocutória, caberá

agravo retido, oral e imediato – já era assim antes da reforma.

C) Conversão do agravo de instrumento em agravo retidoCabe ao relator isto fazer. Verificando não ser nenhum dos casos acima

arrolados de agravo de instrumento, o agravo deverá ser convertido em agravo retido.

D) Requisitos do agravo de instrumentoPossui vários requisitos:

A petição do agravo de instrumento deve apresentar uma exposição do fato e do direito;

As razões e o pedido; Nomes e endereços dos advogados.

Como o Tribunal não tem os dados do processo, tais requisitos são necessários.

O agravo também exige determinadas peças: Peças obrigatórias – cópia da decisão agravada; cópia da

certidão de intimação; cópias das procurações; Peças necessárias – são os documentos indispensáveis à

compreensão da controvérsia. Só caso a caso é que se saberá qual peça é necessária ou não;

Peças facultativas – todas as outras que o agravante queira juntar.

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Se faltar uma obrigatória ou necessária, o recurso não será admitido.

E) Proibição de agravo internoHá duas situações nas quais a lei proíbe a interposição do agravo

interno. Decisão do relator convertendo o agravo de instrumento em

agravo retido; Decisão do relator quanto ao efeito suspensivo ou ao efeito ativo

(antecipação da tutela recursal) no agravo de instrumento (art. 527, III, e art. 558, caput, do CPC);

Contra tais decisões, cabe pedido de reconsideração. O STJ também tem admitido o mandado de segurança.

12.3.3) Embargos de declaração São cabíveis quando houver pronunciamento jurisdicional obscuro,

omisso ou contraditório.

A) ObscuridadeO pronunciamento jurisdicional é ininteligível.

B) OmissãoÉ aquela decisão que não resolve pedido ou argumento relevante (é

aquele que não decide fundamento relevante). Como eu sei se a alegação é ou não relevante? Quando o juiz decidir contrariamente a parte deve apreciar todas as alegações que ela formular.

C) ContradiçãoO pronunciamento contém proposições inconciliáveis.

OBS.: Há duas outras situações admitidas pela doutrina e pela jurisprudência: a) o erro material; b) erro de fato ou equívoco manifesto – supor que um fato existe quando não existe ou o inverso.

12.3.4) Embargos infringentesSão cabíveis nas seguintes situações:

Acórdão não-unânime;o Em apelação, reforme uma sentença de mérito;o Em ação rescisória, julgue o pedido procedente.

OBS.1: Cabe embargos infringentes em decisão de agravo? R.: Súmula 255 do STJ

Súmula: 255 do STJCabem embargos infringentes contra acórdão, proferido por maioria, em agravo retido, quando se tratar de matéria de mérito.

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A jurisprudência do STJ estende ao agravo de instrumento, mesmo que a súmula só fale em agravo retido.

OBS.2.: No procedimento de MS cabe embargos infringentes? R.: Não.

Súmula: 169 do STJSÃO INADMISSIVEIS EMBARGOS INFRINGENTES NO PROCESSO DE MANDADO DE SEGURANÇA.

SÚMULA Nº   597 do STF

NÃO CABEM EMBARGOS INFRINGENTES DE ACÓRDÃO QUE, EM MANDADO DE SEGURANÇA DECIDIU, POR MAIORIA DE VOTOS, A APELAÇÃO.

 12.3.5) Recurso ordinárioÉ cabível para o STF e para o STJ. No STF é admitido quando houver decisão denegatória em MS, MI ou

HD de competência originaria de Tribunal superior. Decisão denegatória significa improcedência ou extinção do processo sem resolução do mérito.

No STJ cabe contra decisão denegatória de MS de competência de tribunal local; contra sentença numa causa em que atue de um lado estado estrangeiro ou organismo internacional e do outro município ou pessoa residente ou domiciliada no Brasil. É uma causa de competência do juiz federal de 1º grau, só que da sentença desse juiz não cabe apelação, mas sim ROC para o STJ (vai funcionar como uma apelação).

Se a segurança for concessiva, não caberá recurso ordinário.

12.3.6) Recurso Especial e Recurso Extraordinário

A) Recurso EspecialArt. 105, III, a, b e c, da CF.

Pressupostos gerais Prequestionamento (“causas decididas”) – a matéria federal

controvertida deve ser apreciada previamente pelo tribunal a quo. Deve-se embargar (de declaração) a matéria para que haja prequestionamento do tribunal a quo sobre a matéria. Tais embargos não são protelatórios. Súmula 98 do STJ

Súmula: 98 do STJEMBARGOS DE DECLARAÇÃO MANIFESTADOS COM NOTORIO PROPOSITO DEPREQUESTIONAMENTO NÃO TEM CARATER PROTELATORIO.

Súmula: 211 do STJInadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo. – Tribunal a quo foi omisso. A parte embargou para que ele suprisse e houvesse o prequestionamento, porém o Tribunal permaneceu omisso. Neste caso, você não pode interpor o Resp. porque não há prequestionamento ainda.

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Decisão final – se ainda cabe outro recurso ordinário, não caberá RESP;

Decisão proferida por Tribunal local – TJ ou TRF

Súmula: 203 do STJNão cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão desegundo grau dos Juizados Especiais

Matéria de direito – súmula 7 do STJ

Súmula: 7 do STJA PRETENSÃO DE SIMPLES REEXAME DE PROVA NÃO ENSEJA RECURSO ESPECIAL.

Súmula: 5 do STJA SIMPLES INTERPRETAÇÃO DE CLAUSULA CONTRATUAL NÃO ENSEJA RECURSO ESPECIAL.

Pressupostos específicos Contrariar tratado ou lei federal ou negar-lhes vigência –

“negar vigência” significa não aplicar a norma ou aplicar outra norma em detrimento dela;

Julgar válido ato de governo local em face de lei federal – é caso de negar vigência à lei federal;

Ter a lei federal interpretação divergente da que haja atribuído outro tribunal – é o que se chama de dissídio jurisprudencial. O recorrente deve comparar os acórdãos demonstrando que para o mesmo fato os tribunais apresentam soluções jurídicas diversas

OBS.: Multiplicidade de recursos especiais ou recursos especiais repetitivos – art. 573-C do CPC – o RESP será processado de acordo com este artigo. Resumo: Recurso contra posição do STJ – nem sobe; a favor do STJ – o tribunal a quo pode mudar a sua posição.

  Art. 543-C. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica questão de direito, o recurso especial será processado nos termos deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).

        § 1o  Caberá ao presidente do tribunal de origem admitir um ou mais recursos representativos da controvérsia, os quais serão encaminhados ao Superior Tribunal de Justiça, ficando suspensos os demais recursos especiais até o pronunciamento definitivo do Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).

        § 2o  Não adotada a providência descrita no § 1o deste artigo, o relator no Superior Tribunal de Justiça, ao identificar que sobre a controvérsia já existe jurisprudência dominante ou que a matéria já está afeta ao colegiado, poderá determinar a suspensão, nos tribunais de segunda instância, dos recursos nos quais a controvérsia esteja estabelecida. (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).

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        § 3o  O relator poderá solicitar informações, a serem prestadas no prazo de quinze dias, aos tribunais federais ou estaduais a respeito da controvérsia. (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).

        § 4o  O relator, conforme dispuser o regimento interno do Superior Tribunal de Justiça e considerando a relevância da matéria, poderá admitir manifestação de pessoas, órgãos ou entidades com interesse na controvérsia. (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).

        § 5o  Recebidas as informações e, se for o caso, após cumprido o disposto no § 4o deste artigo, terá vista o Ministério Público pelo prazo de quinze dias. (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).

        § 6o  Transcorrido o prazo para o Ministério Público e remetida cópia do relatório aos demais Ministros, o processo será incluído em pauta na seção ou na Corte Especial, devendo ser julgado com preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus. (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).

        § 7o  Publicado o acórdão do Superior Tribunal de Justiça, os recursos especiais sobrestados na origem: (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).

        I - terão seguimento denegado na hipótese de o acórdão recorrido coincidir com a orientação do Superior Tribunal de Justiça; ou (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).

        II - serão novamente examinados pelo tribunal de origem na hipótese de o acórdão recorrido divergir da orientação do Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).

        § 8o  Na hipótese prevista no inciso II do § 7o deste artigo, mantida a decisão divergente pelo tribunal de origem, far-se-á o exame de admissibilidade do recurso especial. (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).

        § 9o  O Superior Tribunal de Justiça e os tribunais de segunda instância regulamentarão, no âmbito de suas competências, os procedimentos relativos ao processamento e julgamento do recurso especial nos casos previstos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.672, de 2008).

        Art. 544. Não admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, caberá agravo de instrumento, no prazo de 10 (dez) dias, para o Supremo Tribunal Federal ou para o Superior Tribunal de Justiça, conforme o caso.  (Revigorado e alterado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

B) Recurso ExtraordinárioArt. 102, III, a, b, c e d, parágrafo 3º, do CPC.

Pressupostos gerais Prequestionamento – mesmo conceito dado no RESP, só que se

trata de matéria constitucional. Se o tribunal a quo for omisso, a parte embarga (embargos de declaração); permanecendo omisso o tribunal a quo, ocorre o prequestionamento ficto, vale dizer, é possível interpor o recurso extraordinário quanto à matéria principal;

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SÚMULA Nº   281 do STF É INADMISSÍVEL O RECURSO EXTRAORDINÁRIO, QUANDO COUBER NA JUSTIÇA DE ORIGEM, RECURSO ORDINÁRIO DA DECISÃO IMPUGNADA.

Órgão jurisdicional – a decisão recorrida pode ser proferida por qualquer órgão jurisdicional, inclusive juiz, tribunal superior e turma recursal de juizado;

Matéria de direito – idêntica à situação do RESP

SÚMULA Nº   279 do STF PARA SIMPLES REEXAME DE PROVA NÃO CABE RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Repercussão geral – deve apresentar uma preliminar de repercussão geral. Divide em 2 aspectos:

o Transcendência – a questão constitucional deve ultrapassar os interesses subjetivos das partes ou da causa

o Relevância – a questão constitucional deve ser relevante do ponto de vista econômico, ex.: matéria tributária, político, ex.: conflito entre Estados, social ou jurídico, ex.: definição de direito adquirido;

DIREITO PROCESSUAL CIVILRodrigo da Cunha

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