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Direito Penal Marcelo Uzeda

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Page 1: Direito Penal Marcelo Uzeda · Ação penal Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública incondicionada. (Redação

Direito Penal

Marcelo Uzeda

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TÍTULO VI

DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL

(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

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ASPECTOS GERAIS

Ação penal

Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II desteTítulo, procede-se mediante ação penal públicaincondicionada. (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018)

Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº13.718, de 2018)

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O art. 225 do Código Penal, com a redação conferida pelaLei 12.015/09, estabelecia a regra da ação penal públicacondicionada a representação do ofendido, a não ser que setratasse de vítima menor de dezoito anos ou vulnerável (art.217-A).

Com a entrada em vigor da Lei 13.718/18, que modificounovamente o art. 225, a ação penal nos crimes sexuais ésempre pública incondicionada.

A mudança da titularidade da ação penal é matéria deprocesso penal, mas conta com reflexos penais imediatos.Daí a imperiosa necessidade de tais normas (processuais,mas com reflexos penais diretos) seguirem a mesmaorientação jurídica das normas penais: quando a inovação édesfavorável ao réu, não retroage.

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ASPECTOS GERAIS

Aumento de pena

Art. 226. A pena é aumentada: (Redação dada pela Lei nº11.106, de 2005)

I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2(duas) ou mais pessoas; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de2005)

II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio,irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ouempregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridadesobre ela; (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018)

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ASPECTOS GERAISIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime épraticado: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

Estupro coletivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes; (Incluído pela Leinº 13.718, de 2018)

Estupro corretivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

b) para controlar o comportamento social ou sexual davítima. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

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Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena éaumentada: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

I – (VETADO); II – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015,de 2009)

III - de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resultagravidez; (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018)

IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agentetransmite à vítima doença sexualmente transmissível de quesabe ou deveria saber ser portador, ou se a vítima é idosa oupessoa com deficiência. (Redação dada pela Lei nº 13.718,de 2018)

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Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimesdefinidos neste Título correrão em segredo de justiça.

(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

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CAPÍTULO I

DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL

(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

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Estupro

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou graveameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir quecom ele se pratique outro ato libidinoso: (Redaçãodada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redaçãodada pela Lei nº 12.015, de 2009)

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§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza graveou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14(catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluídopela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 2o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Leinº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta)anos (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

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Violação sexual mediante fraude

(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)

Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro atolibidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio queimpeça ou dificulte a livre manifestação de vontade davítima:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obtervantagem econômica, aplica-se também multa.

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Trata-se do estelionato sexual, comportamentocaracterizado quando o agente, sem emprego de qualquerespécie de violência ou ameaça, pratica ato de libidinagemlançando mão de meios fraudulentos que impeçam a livremanifestação de vontade da vítima.

Segundo Rogério Greco,

“existem casos, infelizmente não incomuns, em que, porexemplo, ‘líderes espirituais’, ou melhor dizendo ‘cafajestesespirituais’, enganam suas vítimas, abatidasemocionalmente, e, mediante a sugestão da conjunçãocarnal ou da prática de qualquer outro ato libidinoso, alegaque lhes resolverão todos os problemas” (Curso de DireitoPenal: parte especial. 10 ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2014.v. 3 (11 ed.), p. 517).

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STJ: “Não há se falar em vulnerabilidade pelo simples fatode se tratar de relação médico e pacientes, uma vez quereferida situação já configura a fraude necessária a tipificaro tipo penal do art. 215 do Código Penal.

Ademais, as hipóteses de vulnerabilidade legal se referem àausência de necessário discernimento, em virtude deenfermidade ou deficiência mental, e impossibilidade deoferecer resistência por qualquer outra causa. Na hipótese,as vítimas tinham o necessário discernimento e podiamoferecer resistência, tanto que os relatos revelam aestranheza com o comportamento do médico, tendoalgumas vítimas se negado a seguir suasorientações.” (RHC 57.336/BA, j. 07/12/2017)

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STJ:

“A ameaça de mal espiritual, em razão da garantia deliberdade religiosa, não pode ser considerada inidônea ouinacreditável.

Para a vítima e boa parte do povo brasileiro, existe a crençana existência de força ou forças sobrenaturais, manifestadaem doutrinas e rituais próprios, não havendo falar que sãofantasiosas e que nenhuma força possuem para constrangero homem médio.

Os meios empregados foram idôneos, tanto que ensejaram aintimidação da vítima, a consumação e o exaurimento daextorsão” (REsp 1.299.021/SP, j. 14/02/2017).

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Importunação sexual (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018)

Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência atolibidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia oua de terceiro:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato nãoconstitui crime mais grave.

Page 17: Direito Penal Marcelo Uzeda · Ação penal Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública incondicionada. (Redação

A Lei 13.718/18 revogou a contravenção penal do art. 61 doDecreto-lei 3.688/41 (importunação ofensiva ao pudor).

Não se trata de abolitio criminis relativa à contravenção, emvirtude do princípio da continuidade normativo-típica.

O tipo do art. 61 da LCP é formalmente revogado, mas seuconteúdo migra para outra figura para que a importunaçãoseja punida com nova e mais grave roupagem.

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A Lei 13.718/18 revogou a contravenção penal do art. 61 doDecreto-lei 3.688/41 (importunação ofensiva ao pudor).

Não se trata de abolitio criminis relativa à contravenção, emvirtude do princípio da continuidade normativo-típica.

O tipo do art. 61 da LCP é formalmente revogado, mas seuconteúdo migra para outra figura para que a importunaçãoseja punida com nova e mais grave roupagem.

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SUJEITOS DO CRIME

Crime comum, que não exige nenhuma qualidade especialdo sujeito ativo, assim como pode vitimar qualquer pessoa.

ATENÇÃO: praticar, na presença de alguém menor dequatorze anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnalou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própriaou de outrem, caracteriza o crime do art. 218-A do CP,punido com reclusão de dois a quatro anos.

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Conduta

praticar (levar a efeito, fazer, realizar) ato libidinoso, isto é,ação atentatória ao pudor, praticada com propósito lascivoou luxurioso.

O tipo exige que o ato libidinoso seja praticado contraalguém, ou seja, pressupõe uma pessoa específica a quemdeve se dirigir o ato de autossatisfação.

Não confundir com o crime de ato obsceno.

Ex.: importunação sexual – sujeito se masturba em frente aalguém porque aquela pessoa lhe desperta um impulsosexual;

ato obsceno - sujeito se masturba em uma praça públicasem visar a alguém específico, apenas para ultrajar ouchocar os frequentadores do local.

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A falta de anuência da vítima não pode decorrer de nenhumaforma de constrangimento, que aqui deve ser compreendidono sentido próprio que lhe confere o tipo do estupro –obrigar alguém à prática de ato de libidinagem –, não nosentido usual, de mal-estar, de situação embaraçosa, ínsitaao próprio tipo do art. 215-A.

TIPO SUBJETIVO

É o dolo, consistente na vontade consciente de praticar oato libidinoso contra alguém.

Exige-se o elemento subjetivo especial: o objetivo desatisfazer a própria lascívia ou a de terceiro.

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CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

Consuma-se o crime com a prática do ato libidinoso.

A tentativa é de improvável caracterização, pois, se o agenteinicia a execução de qualquer ato libidinoso, há de sereconhecer a consumação.

Antes disso, ocorrem apenas atos preparatórios.

Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato nãoconstitui crime mais grave.

O preceito secundário do art. 215-A contém subsidiariedadeexpressa.

Cabe sursis processual.

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Assédio sexual (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de2001)

Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obtervantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se oagente da sua condição de superior hierárquico ouascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo oufunção.

Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.

Parágrafo único. (VETADO) (Incluído pela Lei nº10.224, de 15 de 2001)

§ 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima émenor de 18 (dezoito) anos. (Incluído pela Lei nº12.015, de 2009)

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