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Direito Internacional dos Direitos Humanos Alichelly Carina Macedo Ventura Especialista em Direitos Humanos – Washington College of Law Mestranda em Direito – Universidade Autônoma de Lisboa

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Page 1: Direito Internacional dos Direitos Humanos Alichelly Carina Macedo Ventura Especialista em Direitos Humanos – Washington College of Law Mestranda em Direito

Direito Internacional dos Direitos Humanos

Alichelly Carina Macedo VenturaEspecialista em Direitos Humanos – Washington

College of LawMestranda em Direito – Universidade Autônoma de

Lisboa

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Fontes dos DH

• Tratados Internacionais x costume:- “normas dadas por escrito do que as normas

invisíveis do costume internacional”- hierarquia? Não! Ex.:Art. 63.1 CADH: Quando decidir que houve violação de um direito ou liberdade

protegidos nesta Convenção, a Corte determinará que se assegure ao prejudicado o gozo do seu direito ou liberdade violados. Determinará também, se isso for procedente, que sejam reparadas as consequências da medida ou situação que haja configurado a violação desses direitos, bem como o pagamento de indenização justa à parte lesada.

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Fontes dos DHCaso Yatama Vs. Nicaragua parágrafo 231. “El artículo 63.1 de la

Convención Americana acoge una norma consuetudinaria que constituye uno de los principios fundamentales del Derecho Internacional contemporáneo sobre la responsabilidad de los Estados. Al producirse un hecho ilícito imputable a un Estado, surge la responsabilidad internacional de éste, con el consecuente deber de reparar y hacer cesar las consecuencias de la Violación”.

Fontes: Caso Caesar, supra nota 11, párr. 121; Caso Huilca Tecse, supra nota 178, párr. 87; y Caso de las Hermanas Serrano Cruz, supra nota 10, párr. 134

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Fontes dos DH• Tratados Internacionais:- Universais (convenções centrais – Cançado Trindade): dois Pactos de Direitos Humanos de 1966 Convenções sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação

Racial, de 1966, e contra a Mulher, de 1979; a Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis,

Desumanos ou Degradantes, de 1984, e a Convenção sobre os Direitos da Criança, de 1989;

a Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Migrantes Trabalhadores e dos Membros de suas Famílias, de 1999;

a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência; Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra

Desaparecimento Forçado, ambas de 2006

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Fontes dos DH• Tratados internacionais:- regionais: Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, de

1985;Convenção contra a Tortura, de 1984Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de

Pessoas, de 1994; Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a

Violência contra a Mulher, de 1994;Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas

de Discriminação contra Pessoas Portadoras de Deficiência, de 1999

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Fontes dos DH• Tratados internacionais:- conceito: Art. 2º, 1. “a” da Convenção de Viena sobre

Tratados Internacionais: Para os fins da presente Convenção: a)“tratado” significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica;

- Natureza vinculante? Depende!- Status de soft law x declarações unilaterais. Ex.: Decreto n.

4.463, de 8.11.2002.

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Fontes dos DH• Costume:- Cria obrigações, dispensa formalidades;- Art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça:Artigo 38. 1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as

controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará:a) as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais. que estabeleçam regras

expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o

direito;c) os princípios gerais de direito reconhecidos pelas Nações civilizadas;d) sob ressalva da disposição do art. 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos

publicistas mais qualificados das diferentes Nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.

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Prática Geral (consuetudo)

Obrigação jurídica (opinio iuris sive necessitatis)

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Fontes dos DH• Ius Cogens- dispõem de um status especial na ordem jurídica internacional,

em virtude do seu significado fundamental para a comunidade internacional que, por isso, não permitem Estados qualquer derrogação. Ex.: proibição do genocídio, da tortura, da escravidão e da discriminação racial;

- persistent objectors: comprovação; - Efeito Erga omnes

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FONTES DOS DH• Princípios gerais Fazer parte de todas as ordens jurídicas. Ex.:

proporcionalidade e perempção;Fechar lacunas;

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Direitos Humanos para todos?Ratificação é necessária?Direitos Humanos como princípio geral do Direito?• Simma e Alston: tornaria desnecessária a preocupação com aprova dos

elementos constitutivos do costume internacional, em particular com a prova da opinio iuris;

• Kälin e Künzli: construir direitos humanos sem alguma forma de consentimento dos sujeitos originais do Direito Internacional Público – os Estados – dificultaria a luta por sua melhor aceitação e realização.

• princípios gerais normalmente não dispõem de conteúdo e de consequência jurídica suficientemente determináveis que permitissem a derivação de reivindicações e obrigações concretas

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STF: União Estável Homoafetiva - Legitimidade Constitucional - Afeto como Valor Jurídico - Direito à Busca da Felicidade - Função Contramajoritária do STF. RE 477554/MG. RELATOR: Min. Celso de Mello

“(...) Relação homoerótica – União estável – Aplicação dos princípios constitucionais da dignidade humana e da igualdade – Analogia – Princípios gerais do direito – Visão abrangente das entidades familiares – Regras de inclusão (...) – Inteligência dos arts. 1.723, 1.725 e 1.658 do Código Civil de 2002 – Precedentes jurisprudenciais. Constitui união estável a relação fática entre duas mulheres, configurada na convivência pública, contínua, duradoura e estabelecida com o objetivo de constituir verdadeira família, observados os deveres de lealdade, respeito e mútua assistência. Superados os preconceitos que afetam ditas realidades, aplicam-se, os princípios constitucionais da dignidade da pessoa, da igualdade, além da analogia e dos princípios gerais do direito, além da contemporânea modelagem das entidades familiares em sistema aberto argamassado em regras de inclusão. Assim, definida a natureza do convívio, opera se a partilha dos bens segundo o regime da comunhão parcial. Apelaçõesdesprovidas.” (Apelação Cível 70005488812, Rel. Des. JOSÉ CARLOS TEIXEIRA GIORGIS, 7ª Câmara Civil - grifei)”

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FONTES DOS DH• Decisões jurisprudenciais: Artigo 59 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça Sem efeito erga omnes? Voto concordante Juiz Cançado Trindade no Caso das Crianças  e Adolescentes  Privados  de 

Liberdade no Complexo do  Tatuapé da  FEBEM:  20. Ao longo da memorável audiência pública ontem realizada perante esta Corte, no presente caso das Crianças e Adolescentes Privados de Liberdade no Complexo do Tatuapé da FEBEM, - em que as três partes processuais intervenientes (os representantes dos beneficiários, o Estado brasileiro e a Comissão Interamericana) apresentaram importantes elementos factuais a esta Corte, imbuídos de um notável espírito construtivo e de cooperação processual, - ficou a meu ver demonstrado que a situação de violência crônica do presente caso se manifesta tanto nas relações dos jovens detidos com os agentes de segurança, como nas relações dos jovens detidos inter se. Daí a importância do correto entendimento das obrigações erga omnes de proteção, abarcando também as relações inter-individuais. 21. Na presente Resolução (considerandum 13), a Corte dispõe corretamente que o dever do Estado de proteger todas as pessoas que se encontrem sob sua jurisdição compreende a obrigação de controlar as atuações de terceiros particulares, - obrigação esta de caráter erga omnes.

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Resumindo:

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CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS

• Também chamadas de princípios:a)Universais e inalienáveis: Conferência Mundial

dos Direitos Humanos em Viena 1993;b)Interdependentes e indivisíveis;c) Igualdade e não discriminação: Ex.: Caso

Luana Piovani; d)Direitos e obrigações.

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Decisão TJ/RJ Caso Dado e Luana Piovani:

“Entretanto, uma simples análise dos personagens do processo, ou do local do fato – não doméstico – ou mesmo da notoriedade de suas figuras públicas, já que ambos são atores renomados, nos leva à conclusão de que a indicada vítima, além de não conviver em uma relação de afetividade estável com o réu ora embargante, não pode ser considerada uma mulher hipossuficiente ou em situação de vulnerabilidade”.

Desembargador Sidney Rosa da Silva

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Desafios dos DH

1) Universalismo x relativismo cultural- Por que temos direitos?- As normas de direitos humanos são

culturalmente relativas ou universais?- Dignidade humana

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Desafios dos DH

2) Laicidade estatal vs. Fundamentalismo religioso

- Estado laico: todas as religiões merecem respeito igual;

- Surgimento dos sistemas regionais: europeu, interamericano, africano. Árabe e asiático estão frustrados ainda.

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Desafios dos DH

3) Direito ao desenvolvimento vs. Assimetrias globais:- desenvolvimento: a) Importância da participação popular –

accountability;b) Proteção às necessidades básicas;c) Necessidade de adoção de políticas de cooperação

internacionalOBS: Carta Africana de Direitos Humanos – prevê

direitos civis e políticos, bem como os ECOSOC.

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Desafios dos DH

4) Proteção dos ECOSOC vs. Globalização- Responsabilidade do Estado no tocante à

implementação dos direitos ECOSOC- Incorporação de atores não estatais: agências

financeiras internacionais e o setor privado;- Papel dos sistemas regionais: enfrentar as

violações de DH através de respostas para as vítimas;

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Desafios dos DH

5) Respeito à diversidade vs. Intolerância- Entender a indivisibilidade dos DH – Ler Amartya

Sem;- Vulneráveis: mulheres, índios - Políticas públicas direcionadas: e as quotas?- Três tipos de igualdades: a) Formal;b) Material (critério sócio-econômico);c) Material (reconhecimento de identidades).

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Desafios dos DH

6) Combate ao terrorismo vs preservação de direitos e liberdades públicas

- Terrorismo- Papel dos Sistemas regionais de DH

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Desafios dos DH

7)Direito da força vs. Força do Direito: desafios da justiça internacional

- Estado democrático de direito é o Poder Judiciário, desarmado, e com poder

- Hegemonia dos Estados e soberania;- Cortes dos sistemas regionais

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Surgimento dos Sistemas Regionais1- Tribunal de Nuremberg: Acordo de Londres 1945a) Aplicação do costume internacional – art. 38 da Corte

Internacional de Justiça;

Art. 38. A Corte, cuja função seja decidir conforme o direito internacional ascontrovérsias que sejam submetidas, deverá aplicar;I - as convenções internacionais, sejam gerais ou particulares, que estabeleçamregras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;II - o costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita comodireito;III - os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas;IV - as decisões judiciais e as doutrinas dos publicitários de maior competência dasdiversas nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito,sem prejuízo do disposto no Artigo 59.V - A presente disposição não restringe a faculdade da Corte para decidir um litígioex aequo et bono, se convier às partes.

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B ) Jurisdição: crimes contra a paz; crimes de guerra; crimes contra a humanidade;

c) Processo de justicialização dos DH

2) Tribunais ad hoc: Ruanda e Iuguslávia:a) Resolução n. 827 ONU (1993): Tribunal para Crimes

de Guerra – investigar a “limpeza”;b) Resolução n. 935 ONU (1994): Tribunal ad hoc;c) Fundamento: Capítulo VII Carta da ONU - AÇÃO

RELATIVA A AMEAÇAS À PAZ, RUPTURA DA PAZ E ATOS DE AGRESSÃO

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Surgimento dos sistemas regionais

3) Jurisdição internacional:a)Norberto Bobbio: - Promoção: aperfeiçoamento pelos estados; - Controle: cobrança do compromisso

internacional;- Garantia: imposição de jurisdição

internacional sobre a nacional – cortes, comitês,

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Surgimento dos sistemas regionais

4)Tribunal Penal Internacional:- 1998: em Roma- 1948: Convenção para Prevenção de Crimes de

Genocídio – criação do Tribunal Penal Internacional

- Primado da legalidade + universalidade;- Competência: genocídio, crimes contra a

humanidade, crimes de guerra (violações à convenção e Genebra 1949), crimes de agressão

Page 28: Direito Internacional dos Direitos Humanos Alichelly Carina Macedo Ventura Especialista em Direitos Humanos – Washington College of Law Mestranda em Direito

Surgimento dos sistemas regionais

Próxima aula: 1- Tribunal Penal Internacional;2- Sistema global de direitos humanos:a)Surgimento da ONU;b)Formação da ONU;c) Corte Internacional de Justiça.

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ESTATUTO DE ROMA. INCORPORAÇÃO DESSA CONVENÇÃO MULTILATERAL AO ORDENAMENTO JURÍDICO INTERNO BRASILEIRO (DECRETO Nº 4.388/2002). INSTITUIÇÃO DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL. CARÁTER SUPRA-ESTATAL DESSE ORGANISMO JUDICIÁRIO. INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA COMPLEMENTARIDADE (OU DA SUBSIDIARIEDADE) SOBRE O EXERCÍCIO, PELO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL, DE SUA JURISDIÇÃO. COOPERAÇÃO INTERNACIONAL E AUXÍLIO JUDICIÁRIO: OBRIGAÇÃO GERAL QUE SE IMPÕE AOS ESTADOS PARTES DO ESTATUTO DE ROMA (ARTIGO 86). PEDIDO DE DETENÇÃO DE CHEFE DE ESTADO ESTRANGEIRO E DE SUA ULTERIOR ENTREGA AO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL, PARA SER JULGADO PELA SUPOSTA PRÁTICA DE CRIMES CONTRA A HUMANIDADE E DE GUERRA. SOLICITAÇÃO FORMALMENTE DIRIGIDA, PELO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL, AO GOVERNO BRASILEIRO. DISTINÇÃO ENTRE OS INSTITUTOS DA ENTREGA ("SURRENDER") E DA EXTRADIÇÃO. QUESTÃO PREJUDICIAL PERTINENTE AO RECONHECIMENTO, OU NÃO, DA COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA EXAMINAR ESTE PEDIDO DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL. CONTROVÉRSIAS JURÍDICAS EM TORNO DA COMPATIBILIDADE DE DETERMINADAS CLÁUSULAS DO ESTATUTO DE ROMA EM FACE DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. O § 4º DO ART. 5º DA CONSTITUIÇÃO, INTRODUZIDO PELA EC Nº 45/2004:

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CLÁUSULA CONSTITUCIONAL ABERTA DESTINADA A LEGITIMAR, INTEGRALMENTE, O ESTATUTO DE ROMA? A EXPERIÊNCIA DO DIREITO COMPARADO NA BUSCA DA SUPERAÇÃO DOS CONFLITOS ENTRE O ESTATUTO DE ROMA E AS CONSTITUIÇÕES NACIONAIS. A QUESTÃO DA IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO DO CHEFE DE ESTADO EM FACE DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL: IRRELEVÂNCIA DA QUALIDADE OFICIAL, SEGUNDO O ESTATUTO DE ROMA (ARTIGO 27). MAGISTÉRIO DA DOUTRINA. ALTA RELEVÂNCIA JURÍDICO-CONSTITUCIONAL DE DIVERSAS QUESTÕES SUSCITADAS PELA APLICAÇÃO DOMÉSTICA DO ESTATUTO DE ROMA. NECESSIDADE DE PRÉVIA AUDIÊNCIA DA DOUTA PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA.DO SENHOR MINISTRO CELSO DE MELLO. STF - PETIÇÃO: Pet 4625, Ministra Relatora Ellen Gracie.

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Tribunal Penal Internacional

• Sede: A sede do Tribunal será na Haia, Países Baixos ("o Estado anfitrião") – art. 3º;

• Competência: art. 5º a)O crime de genocídio;b)b) Crimes contra a humanidade;c) Crimes de guerra;d)O crime de agressão.

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Tribunal Penal Internacional

• Genocídio (art. 6º): a) Homicídio de membros do grupo; b) Ofensas graves à integridade física ou mental de membros do

grupo; c) Sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista a

provocar a sua destruição física, total ou parcial; d) Imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos no

seio do grupo; e) Transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo.

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Tribunal Penal Internacional• Crimes contra a humanidade:a) Homicídio; b) Extermínio; c) Escravidão; d) Deportação ou transferência forçada de uma população; e) Prisão ou outra forma de privação da liberdade física

grave, em violação das normas fundamentais de direito internacional;

f) Tortura;

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Tribunal Penal Internacional g) Agressão sexual, escravatura sexual, prostituição forçada, gravidez forçada,

esterilização forçada ou qualquer outra forma de violência no campo sexual de gravidade comparável;

h) Perseguição de um grupo ou coletividade que possa ser identificado, por motivos políticos, raciais, nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou de gênero, tal como definido no parágrafo 3o, ou em função de outros critérios universalmente reconhecidos como inaceitáveis no direito internacional, relacionados com qualquer ato referido neste parágrafo ou com qualquer crime da competência do Tribunal;

i) Desaparecimento forçado de pessoas; j) Crime de apartheid; k) Outros atos desumanos de caráter semelhante, que causem

intencionalmente grande sofrimento, ou afetem gravemente a integridade física ou a saúde física ou mental.

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Tribunal Penal Internacional

• Crimes de guerra: art. 8º - O Tribunal terá competência para julgar os crimes de

guerra, em particular quando cometidos como parte integrante de um plano ou de uma política ou como parte de uma prática em larga escala desse tipo de crimes.

- "crimes de guerra": As violações graves às Convenções de Genebra, de 12 de Agosto de 1949, a saber, qualquer um dos seguintes atos, dirigidos contra pessoas ou bens protegidos nos termos da Convenção de Genebra.

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Tribunal Penal Internacional

• Artigo 20: Ne bis in idem- Salvo disposição contrária do presente

Estatuto, nenhuma pessoa poderá ser julgada pelo Tribunal por atos constitutivos de crimes pelos quais este já a tenha condenado ou absolvido.

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Tribunal Penal Internacional• Artigo 22Nullum crimen sine leqe- Nenhuma pessoa será considerada criminalmente responsável, nos termos do

presente Estatuto, a menos que a sua conduta constitua, no momento em que tiver lugar, um crime da competência do Tribunal.    

• Artigo 23Nulla poena sine lege        Qualquer pessoa condenada pelo Tribunal só poderá ser punida em

conformidade com as disposições do presente Estatuto.

• Artigo 24- Não retroatividade ratione personae: Nenhuma pessoa será considerada

criminalmente responsável, de acordo com o presente Estatuto, por uma conduta anterior à entrada em vigor do presente Estatuto.

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Tribunal Penal Internacional• Artigo 26- Exclusão da Jurisdição Relativamente a Menores

de 18 anos: o Tribunal não terá jurisdição sobre pessoas que, à data da alegada prática do crime, não tenham ainda completado 18 anos de idade.

• Artigo 27: Irrelevância da Qualidade Oficial- O presente Estatuto será aplicável de forma igual a

todas as pessoas sem distinção alguma baseada na qualidade oficial.

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Tribunal Penal Internacional

• Artigo 29: Imprescritibilidade- Os crimes da competência do Tribunal não

prescrevem.• Artigo 53: abertura de inquérito- Qual o procedimento de inquérito estipulado

pelo TPI?