direito empresarial 2

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2012 DIREITO S I M P L E S Lucas Guerreiro 2 DIREITO EMPRESARIAL

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Page 1: Direito Empresarial 2

2 0 1 2

DIREITOS I M P L E S

L u c a s G u e r r e i r o

2DIREITOEMPRESARIA

L

Page 2: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALO Crédito e os Títulos de Crédito

2

Credito é “a confiança que uma pessoa

inspira a outra de cumprir, no

futuro, obrigação

atualmente assumida”

(Fran Martins)

“Crédito é um termo que traduz confiança, e deriva da expressão “crer”, acreditar em algo, ou alguém. O

crédito, sob o aspecto financeiro, significa dispor a um tomador, recursos financeiros para fazer frente a despesas ou investimentos, financiar a compra de

bens, etc.” (fonte: www.bb.com.br)

No decorrer da história, surgiram papéis que incorporavam o direito do credor de cobrar créditos contra o devedor. Surgiram, portanto, os títulos de

crédito. Os títulos são documentos que representam certos direitos e facilidades – como o possibilidade de

fácil circulação e execução.

C A R T U L A R I D A D EL I T E R A L I D A D E

A U T O N O M I A

Page 3: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALO Crédito e os Títulos de Crédito

3

CartularidadeOs títulos de crédito são

documentos representativos de

obrigações pecuniárias. Não

se confundem com a própria

obrigação, as se distinguem dela na exata medida

em que a representam

Conceito de Título de Crédito

“Título de Crédito é o documento necessário para o exercício do direito, literal e

autônomo, nele mencionado”(Cesar vivante)

Os elementos fundamentais para se configurar o crédito decorrem da noção

de confiança e tempo. A confiança é necessária , pois o crédito se assegura

numa promessa de pagamento , e como tal deve haver entre o credor e o devedor

uma relação de confiança . A temporalidade é fundamental , visto que subentende-se que o sentido do crédito é , justamente , o pagamento

futuro combinado , pois se fosse à vista , perderia a idéia de utilização para

devolução posterior.

AutonomiaInoponibilidade de exceção pessoal.Cada obrigação é

independente, existe por si só

LiteralidadeVale pelo que nele está

escrito;Limita dos direitos

incorporados no título.

SÚMULA 258 DO STJ: A nota promissória

vinculada a contrato de abertura de crédito

não goza de autonomia em razão

do título que a originou.

Page 4: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALCaracterísticas dos Títulos de Crédito

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• Vale no título apenas o que nele estiver escrito• Tudo o que esta escrito no título tem valor, assim se alguém assinar o

título não poderá, no futuro, escusar-se de sua responsabilidadeLITERALIDADE

• Cartula vem de carta, documento físico.• O título pode ser emitido a partir do computador (por e-mail, por

exemplo), mesmo sem cártula.CARTULARIDADE

• Há autonomia nas obrigações assumidas no título, o que faz capaz a promoção, com segurança, da circulação de direitos emergentes do título.

• Cada obrigação é independente uma da outra.AUTONOMIA

• Os direitos decorrentes do título de crédito são abstratos, não dependentes do negócio que deu lugar ao nascimento do título.

• A abstração relaciona-se principalmente com o negócio original, dele desvinculando-se no momento em que o título é posto em circulação.Abstração

Page 5: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALCaracterísticas dos Títulos de Crédito

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“Crédito é um termo que traduz confiança, e deriva da expressão “crer”, acreditar em algo, ou alguém. O crédito, sob o aspecto financeiro, significa dispor a um tomador, recursos financeiros para fazer frente a despesas ou investimentos, financiar a compra de bens, etc.” (fonte: www.bb.com.br)

LITERALIDADE

CARTULARIDADE

AUTONOMIA

Abstração

A simples assinatura de uma pessoa faz com que ela assuma a obrigação do título.

Títulos escriturais são títulos sem cártula, que tramitam no mundo virtual, tal como a duplicata virtual. Endosso

virtual, protesto virtual, assinatura virtual são outros fenômenos que acompanham essa inovação.

Esse princípio dá extrema segurança a quem possui um título, pois pelo que dele consta pode saber

imediatamente o montante das obrigações assumidas pelos que figuram no documento.

Outros princípios:Formalismo (Disciplinados por lei,; refere-se aos requisitos de validade)Independência ou Substancialidade (Independe de qualquer outro documento para promover a sua execução)

Page 6: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALCritérios de Classificação

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Quanto ao Modelo Quanto a Estrutura Quanto à Emissão Quanto à Circulação

Há quatro os critérios de classificação dos títulos de créditos

Page 7: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALCritérios de Classificação

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Quanto ao Modelo•Os modelos livres que não há uma rigidez quanto ao cumprimento da

legislação, formato descritivo e qualquer outra disposição específica. Mas, este pode ser ainda, realizados a critério do interessado, porém, atentando para os requisitos legais e de acordo com a legislação. Como exemplos têm a Nota Promissória e Letra de Câmbio. Os modelos vinculados, de antemão obedecem aos requisitos estabelecidos pela legislação específica, são obrigados a adotarem outros formatos mais especificados. Temos como exemplo o cheque e a duplicata mercantil e de prestação de serviços.

Quanto a Estrutura• Estruturalmente vemos a ordem de pagamento, sendo esta

representada pelo cheque, letra de câmbio e duplicata mercantil. A promessa de pagamento correspondida a nota promissória que é um título de crédito emitido pelo devedor, com a promessa de pagar ao credor, a referida quantia e em data estipulada.

Page 8: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALCritérios de Classificação

8

Quanto à Emissão• Vemos a hipótese causal, onde nesta é fundamental sua emissão e circulação, e

indispensavelmente que por tal hipótese esteja vinculado a uma determinada ocorrência prévia, esta prevista na legislação específica. Temos como seu exemplo a título de crédito a duplicada de venda mercantil ou de prestação de serviços, sendo esta emitida se ocorrer uma obrigação de venda de mercadoria ou de uma prestação de serviços. A base para a respectiva emissão de uma duplicata é a nota fiscal acompanhada da fatura ou a nota fiscal-fatura, se não conter o mesmo será considerada uma duplicata simulada, ao qual é considerado crime e sofrerá sansões penais.E ainda, hipótese não-causal ou abstrato, onde os títulos de créditos, para sua vigência não necessita vinculo sequer a nenhum fato posterior ou anterior. Os exemplos desses títulos de créditos abstratos são: o cheque e a nota promissória, que podem ser emitidos para representar qualquer obrigação, não necessitando de um evento ou situação que o crie.

Quanto à Circulação• Quanto à circulação de títulos de créditos, temos três situações, sendo estas: título ao portador,

títulos normativos, títulos a ordem.Os Títulos ao Portador são aqueles que não expressam o nome da pessoa beneficiada, tendo como característica a facilidade de circulação, pois se processa com a simples tradição do título ao outro. São transmissíveis por mera tradição ou entrega do título, não sendo necessário o endosso para sua transferência, podendo de forma prática ser transferidos, indeterminadamente, considerado o seu prazo prescricional.Os Títulos Nominativos são aqueles que possuem o nome do beneficiário e que assim, tem por característica o endosso. São os títulos que identificam o seu credor, correspondendo "à ordem" ou "não à ordem", estando prevista no verso do título a cláusula "a ordem", por exemplo, "Pague-se ao fulano de tal", o credor somente poderá transferir o título pelo endosso. Caso contrário, na ausência desta cláusula, o título será "não à ordem", podendo ser transferido mediante o procedimento da cessão de crédito, estabelecido no Código Civil. E os Títulos à Ordem, que são aqueles emitidos em favor de pessoa determinada, transferindo-se pelo endosso.

Page 9: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALCritérios de Classificação – continuação

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Classificação dos Títulos

Quanto ao Modelo

Livre

Vinculado

Quanto à Estrutura

Ordem de Pagamento

Promessa de Pagamento

Quanto à Emissão

Causal

Não-Causal

Quanto à Circulação

Título ao portador

Título nominativo

Título à ordem

Significado: não há rigidez.Exemplo: Nota Promissória, Letra de Cambio

Significado: devem seguir a legislação quanto ao formato e características. Exemplo: Cheque, duplicata mercantil

Significado: promessa do devedor de pagar o credor em data futura. Exemplo: nota promissória

Significado: é vinculado a uma determinada ocorrência prévia, constante na legislação específica. Exemplo: duplicada de venda mercantil

Significado: para sua vigência não é preciso vinculo algum a nenhum fato posterior ou anterior. Exemplo: nota promissória

Significado: não expressam o nome da pessoa beneficiada, para facilitar a circulação

Significado: possuem o nome do beneficiário e que assim, tem por característica o endosso. Exemplo:ações nominativas das S/A

Significado: são aqueles emitidos em favor de pessoa determinada. Exemplo: Título que contém a expressão “Pague-se ao sr. F, ou à sua ordem...”

Significado: nos títulos que contém essa “ordem”, a obrigação deverá se cumprir por terceiro. Exemplo: cheque, letra de cambio

A Classificação dos títulos de crédito é bem controversa. A apresentada

aqui é uma das mais usadas.

Page 10: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALRequisitos dos Títulos de Crédito

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Há três requisitos dos Títulos de crédito que são

demonstrados ao analisarmos a forma, a

oponibilidade de defesa e a importância dos títulos.

Oponibilidade

Importância

Forma

O título sempre será sinal imprescindível do

direito que nele contém. Os direitos não existem sem o documento no qual se materializa. A

forma, seja genérica ou especifica, rege o teor

nele contido.

Diante do caráter personalíssimo de individualidade em sua utilização,

podemos assim dizer que, adquirente do título não é sucessor do cedente, na

relação jurídica que o liga ao devedor

Documentos hábeis a proporcionar

negociações comerciais e uma grande máquina

propulsora do comercio em geral.

Page 11: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALCirculação dos Títulos de Crédito

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Em relação ao ato jurídico que opera a transferência da titularidade do crédito representado pela cartula, os títulos circulam:

NÃO À ORDEM - a clausula não à ordem retira do título uma das suas principais funções (a livre

circulação), fazendo com que o crédito não seja facilmente usado pela circulação através de

endosso - entretanto, o título não à ordem também pode circular, através de uma cessão, que requer um termo de transferência, assinado pelo cedente e pelo

cessionário - como conseqüência da cessão, o cedente se obriga apenas com o cessionário, não em relação aos posteriores possuidores do título - circulam mediante

a tradição acompanhada da cessão civil de crédito.

AO PORTADOR - são aqueles em que não é expressamente mencionado o nome do beneficiário da prestação - nessas condições, será considerada titular dos direitos incorporados no documento a pessoa que

com ele se apresentar (transmissível por mera tradição).

NOMINATIVOS - são os títulos cuja circulação se faz mediante um termo

de cessão ou de transferência - esses títulos trazem , sempre, o nome da

pessoa indicada como beneficiária da prestação a ser realizada.

À ORDEM - em tal caso, eles trazem os nomes dos beneficiários e, contendo

a cláusula esclarecedora de que o direito à prestação pode ser transferido

pelo beneficiário à outra pessoa - circulam mediante

tradição - ex.: Pague ao Sr. F., ou à sua ordem, ...).

Page 12: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALInoponibilidade das Exceções

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“Por Inoponibilidade das Exceções entende-se que não é permitido àquele que se obriga em uma letra a recusar o pagamento ao portador alegando suas relações pessoais com o sacador ou outros obrigados anteriores do título. (...) De acordo com a lei, são apenas três os casos em que poderão ocorrer, com validade, as oponibilidades ao pagamento na ação cambiária: a) direito pessoal do réu contra o autor; b) defeito de forma de título; c) falta de requisito ao exercício da ação” (Daniela Schaun Jalil)

"As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador as exceções

fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, a menos que o portador ao adquirir a letra tenha procedido conscientemente em detrimento do

devedor". (art. 17 Lei Uniforme)

Page 13: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALInoponibilidade das Exceções

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a) DIREITO PESSOAL DO RÉU CONTRA O AUTORNeste caso, o direito pessoal é compreendido como um direito que deriva de obrigação assumida pessoal e diretamente pelo obrigado cambiário (réu) para com o portador (autor). Dessa maneira, são válidas todas as alegações que a pessoa do réu pode opor à pessoa do autor, aquelas relativas tanto aos requisitos gerais de direito precisos à origem das obrigações, como aos atinentes à sua validade e efeitos, e também à sua extinção.Este direito que, segundo Rubens Requião, compete apenas a certo réu contra certo autor, é estranho ao Direito Cambiário, mas fundado no Direito Civil e Comercial.São exemplos das exceções que podem ser opostas pelo réu contra o autor: as relações diretas e pessoas derivadas de má fé, erro, fraude e violência, simulação, dolo, causa ilícita, pagamento, novação, condição ou contrato não cumprido, compensação, remissão, confusão, dilação e concordata.

b) DEFEITO DE FORMA DO TÍTULOConforme o princípio do formalismo, mencionado anteriormente, os títulos de crédito devem respeitar requisitos essenciais, previstos na lei, afim de que se caracterizem como tais. O defeito de forma do título é justamente a ausência destes requisitos.O defeito de forma do título pode ser extrínseco ou intrínseco. O primeiro se revela materialmente na redação do título, por exemplo, se no título faltar a expressão "letra de câmbio", deixa de ser uma cambial, não obstante, ensejando uma "defesa relativa ao conteúdo literal", parafraseando Waldo Fazzio Júnior. Já o defeito intrínseco, é o que interfere na obrigação cambial, em sua origem, como a incapacidade do signatário.

Page 14: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALInoponibilidade das Exceções

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c) FALTA DE REQUISITO PARA O EXERCÍCIO DA AÇÃOA defesa fundamentada nesta hipótese tem natureza processual, pois se refere à ação e não ao título propriamente dito. São dessa ordem as defesas que se fundarem, por exemplo, na não exibição da cambial vencida; na extinção da cambial em virtude de pagamento; na falta de posse da cambial; na falta ou nulidade do protesto se a ação é regressiva; na prescrição.As duas últimas hipóteses, segundo Fran Martins, não são exceções baseadas em relações pessoais do devedor com os obrigados anteriores, razão pela qual aquele jurista considera-as afastadas do princípio da inoponibilidade das exceções. Ainda conforme nos leciona aquele autor, apenas uma exceção comporta a regra: quando houver má fé por parte do portador caracterizada pelo fato de haver ele agido "conscientemente", ao adquirir o título, com a finalidade de prejudicar o devedor.Assim, como podemos constatar, o princípio da inoponibilidade das exceções é o que rege o nosso sistema jurídico-cambiário. No entanto, com a finalidade de assegurar os terceiros de boa fé e, conseqüentemente, fornecer à circulação dos títulos cambiários a garantia necessária para o crédito, de maneira que sem temor e riscos eles possam ser negociados, a lei, estritamente, regula as hipóteses nas quais é legitimado ao réu da ação cambiária (devedor) opor exceções de defesa ao autor desta ação (credor) e negar a este o pagamento.

Page 15: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALLei Uniforme – História e Relevância

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“É a lei básica do Direito Cambiário, estabelecendo normas aplicáveis aos títulos de crédito, ao regular a letra de câmbio e a nota promissória. A letra de câmbio é o protótipo dos títulos de crédito, o

primeiro surgido e se plasmaram nele os demais títulos, hoje em número de 36 no direito brasileiro. O surgimento da letra de câmbio deu-se há mais de 500 anos, tendo nascido na época da descoberta do Brasil. Sua origem, ao que parece, foi no comércio marítimo entre ocidente e oriente, com ponto de

encontro em Constantinopla. Os navegantes venezianos dominavam essa navegação e por isso, o berço da letra de câmbio deve ter sido Veneza. Para evitar transporte e manuseio de dinheiro em moeda, os

mercadores do fim da Idade Média e início dos tempos modernos criaram um documento que comprometesse o e devedor, para desconto posterior, formando uma conta corrente.

Da letra de câmbio surgiu um título mais simplificado a que foi dado o nome de nota promissória. A princípio, o nome era o mesmo para os dois títulos: cambiale. Com o desdobramento, a cambiale

passou a ser chamada de cambiale-tratta (letra de câmbio) e a nota promissória de cambiale propria. Essa nomenclatura vigora ainda no direito italiano. Outros títulos foram criados

posteriormente, como o cheque, que é uma variante da letra de câmbio. Aliás, são conceitualmente quase a mesma coisa: ambos são uma ordem de pagamento, mas o cheque é uma ordem de

pagamento à vista e a letra de câmbio pode ser à vista e a prazo, havendo ainda algumas diferenças secundárias. O Brasil criou muitos títulos de crédito, mas todos eles à imagem e semelhança da letra de

câmbio, e segundo normas semelhantes.

Diplomas legais que regulam a Letra de Câmbio, vigentes no Brasil•Decreto 2.044/1908, nas partes não derrogadas;•Decreto 57.663/1966 que introduziu no Direito brasileiro a Lei Uniforme da Convenção de Genebra de 07/06/1930,

constante do Anexo I, excetuados alguns artigos do Anexo II. •Tanto a lei brasileira n. 2.044, como a Lei Uniforme tratam da Letra de Câmbio e da Nota promissória - são esses

títulos diferentes, se bem que tenham muitos princípios em comum - dada a existência de tais princípios, a letra de câmbio e a nota promissória são chamadas de títulos cambiários ou, simplesmente, cambiais.

Page 16: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALLei Uniforme – História e Relevância

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Como a letra de câmbio e a nota promissória fossem títulos de crédito aplicados em quase todos os países do mundo e circulavam extrafronteiras, sentiram vários deles a necessidade de se estabelecer

uma lei uniforme para esses títulos, em vista da confusão surgida quando a letra de câmbio tornou-se título frequente nas operações internacionais e, às vezes, era emitida num país sob uma lei, e paga em outro sob outra lei. Assim foi que em 1930 reuniram-se na cidade suíça de Genebra numerosos países

para celebrarem uma convenção adotando uma lei uniforme sobre letras de câmbio e notas promissórias. Foi chamada de CONVENÇÃO PARA A ADOÇÃO DE UMA LEI UNIFORME PARA AS LETRAS

DE CÂMBIO E NOTAS PROMISSÓRIAS, celebrada por 19 países, entre eles o Brasil. Pouco a pouco, outros países foram aderindo. O tratado foi assinado em 7.6.1930.

Uma convenção (ou tratado) assinada pelo Brasil implica o país e não os brasileiros, pois tem validade apenas no plano internacional e entre países. Para se transformar em lei nacional, dois passos

essenciais devem ser dados: ser aprovada pelo Congresso Nacional por um decreto legislativo e ser promulgada pelo Presidente da República por um decreto executivo. E a Convenção de Genebra foi

aprovada em 1964 pelo Poder Legislativo, por meio do Decreto 54, e foi promulgada pelo Presidente da República por meio do Decreto 57.663, de 14.1.1966. Estava transformada em lei nacional, passando a regular a letra de Câmbio e a nota promissória, com extensão aos demais títulos de crédito. O Decreto

57.663/66 é também chamado de Lei Cambiária ou LUG, ou então, simplesmente Convenção de Genebra. (...)

Nosso atual Código Civil minorou um pouco a crise legislativa referente à Lei Cambiária, ao dar pequena regulamentação aos títulos de crédito. Essa contribuição, porém, foi insignificante, em vista dos

inumeráveis problemas que nossa lei básica do Direito Cambiário vem oferecendo.” (Texto de Sebastião José Roque, Revista Jus Vigilantibus, 21 de janeiro de 2008)

Page 17: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALVisão Geral

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Saque – declaração cambial que cria o título, pela assinatura do declarante

Declaração Cambial – A declaração cambial consiste em assinaturas ou expressões, que

expressam a vontade, obrigações e vínculos em se tratando de um

título de credito. Podem ser necessárias (como o Saque) ou

Eventuais (como o Aceite, Endosso e Aval).

Aceite – é a declaração cambial

eventual e sucessiva, pela qual

o signatário (sacado) reconhece seu dever de pagar e cumprir a ordem

do título.

Endosso – é uma declaração pela qual o signatário transfere o título a terceiro e, por consequência, transfere também o

direito cambial emergente do título.

Aval – É uma garantia cambial, instituído pela simples assinatura de quem o procede a fim de garantir o pagamento do título de crédito.

Pode ser firmado por terceiro ou pelo próprio emitente da letra que a assina.

Protesto – ato, pelo qual se comprova a falta de

cumprimento da obrigação (pagamento) firmada num título de

crédito.

Vencimento – é o ato que torna o título de crédito exigível. Pode ser à vista, a um certo termo de vista, a um

certo termo de data e num dia fixo.

Intervenção – é o ato pelo qual uma

pessoa, indicada ou não para aceitar o

título, aceita a letra de câmbio para

evitar o seu protesto e honrar o nome de alguém já obrigado no título

Pagamento – é quando o devedor voluntariamente,

entrega ao credor a prestação devida. É um meio direto de se extinguir a obrigação. Existem

meios indiretos que também se enquadram, tais como:-Dação em pagamento; compensação,

novação; etc.

Título de Crédito

Saque

Declaração Cambial

Aceite

Protesto

EndossoAval

Vencimento

Intervenção

Pagamento

Page 18: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALDeclaração Cambial

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Declaração cambial é a manifestação de vontade do signatário no sentido de criar, completar, garantir ou transferir título de crédito. Toda declaração encerra-se pela assinatura do declarante que, pro ela,

fica obrigado no título de crédito se tiver capacidade para tanto.

•Emissão

•SaqueDeclaração Cambial

Necessária ou Originária

•Aceite•Endoss

o•Aval

Declaração Cambial

Eventual ou Sucessiva

Emissão e Saque são termos que identificam a criação do título de crédito. Corresponde a declaração principal e essencial do título. Na Letra de Câmbio a declaração inicial e principal se chama saque e corresponde a uma ordem de pagamento. Na Nota Promissória a declaração principal, que cria o título chama-se emissão, e representa uma promessa direta de pagamento que o emitente faz a favor de um beneficiário.

Após o título ser criado (pela emissão ou saque) outras declarações podem surgir ou não. Elas não são declarações indispensáveis. Entretanto são coniventes, pois quanto mais assinaturas o título tiver, maior garantia ele oferece ao portador. Signatário é aquele que assina.Aceite é a declaração cambial eventual e sucessiva, pela qual o signatário (sacado) reconhece seu dever de pagar e cumprir a ordem do título.Endosso é uma declaração pela qual o signatário transfere o título a terceiro e, por consequência, transfere também o direito cambial emergente do título.Aval é uma declaração pela qual o signatário garante o pagamento do título.

Page 19: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALDeclaração Cambial

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Declaração cambial é a manifestação de vontade do signatário no sentido de criar, completar, garantir ou transferir título de crédito. Toda declaração encerra-se pela assinatura do declarante que, pro ela, fica obrigado no título de

crédito se tiver capacidade para tanto.

Saque de Letra da CambioLetra de Cambio com aceite

Endosso e Avais no Verso da Nota Promissória

Avais dados no verso da Letra de Cambio

Page 20: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALLetra de Câmbio

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É um título de crédito que consiste em uma ordem de pagamento à vista ou à prazo, sacada por uma pessoa, chamada de SACADOR, em favor de uma terceira pessoa designada TOMADOR.

Vencimento

À Vista

Aceite

Protesto

A termo certo de vista

Aceite

Protesto

Dia certoPrazo

determinado na emissão

Acerto termo de data

Data escrita na letra

Estudar a Letra de Câmbio de acordo com o vencimento, permite identificar suas modalidades.

Ver também página 24

A letra de câmbio é o saque de

uma pessoa contra outra, em favor de

terceiro.

SACADOR: é o EMITENTE ou DADOR da letra. Credor.SACADO: é aquele contra quem é efetuado o saque. Se der o aceite ao título, passará a se chamar ACEITANTE. Devedor.TOMADOR: é o FAVORECIDO pelo título. Aquele que fica no lugar do credor.

VENCIMENTO A DIA CERTO – Fica estabelecido um dia específico de vencimento. Exemplo: “Aos quinze dias do mês de março de 2012...”

Notas

VENCIMENTO A TERMO CERTO DA DATA – Fica estabelecido um prazo, a contar da data de emissão. Exemplo: “Dentro de dois meses...” ou “Em quinze dias...”

VENCIMENTO A TERMO CERTO DA VISTA – Fica estabelecido um prazo, a contar da data do aceite. Exemplo: “Dois meses após o aceite...” ou “Trinta dias após sua vista...” Deve ser apresentada ao aceite dentro do prazo de 1 (um) ano das suas datas. O sacador pode reduzir este prazo ou estipular um prazo maior. Esses prazos podem ser reduzidos pelos endossantes. Mas se não apresentada para aceite no prazo, a letra perde força executiva.

À VISTA – A letra em que se não indique a época do pagamento entende-se pagável à vista. Deve ser apresentada a pagamento dentro do prazo de 1 (um) ano, a contar da sua data. O sacador pode reduzir este prazo ou estipular um outro mais longo. Estes prazos podem ser encurtados pelos endossantes. O sacador pode estipular que uma letra pagável à vista não deverá ser apresentada a pagamento antes de uma certa data. Nesse caso, o prazo para a apresentação conta-se dessa data.

Page 21: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALLetra de Câmbio – continuação

21

Requisitos da Letra de Cambio são descritos abaixo

•Diferencia a Letra dos demais títulos

•Aquele que assina uma Letra tem ciência disso

Denominação “Letra de Câmbio”

•O valor deve ser expresso em algarismos e por extenso

•O valor expresso pro extenso vale sobre o expresso em algarismos caso haja discrepância.

Soma de dinheiro a pagar e tipo de moeda

•Nome do Sacado

Nome da pessoa que deve pagá-la

•Tomador

•Sacador (A letra pode ser utilizada para cobrança de créditos)

Nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga

•Mandatário especial pode assinar

•Não é possível a emissão de letra através de marca pessoal, impressão digital ou qualquer outro meio mecânico.

Assinatura do sacador

•Época do pagamento (conforme as modalidades apresentadas na página anterior)

Vencimento

Page 22: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALLetra de Câmbio – continuação

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Requisitos da Letra de Cambio são descritos abaixo

Além da Letra de Cambio usual, temos, segundo J. B. Torres de Alburquerque, as seguintes:

1. Letra Bancária – apresentada para o aceite do importador de mercadorias estrangeiras através de um estabelecimento bancário, que depois de aceita a mesma será entregue ao importador juntamente com as faturas, despachos de transporte, seguro, atos pelos quais possa o mesmo desembaraçar as mercadorias junto ao alfândega.

2. Letra Domiciliada – Letra cujo pagamento tem que ser feito em raça diferente daquela em que foi dado o aceite, ou domicílio ou aceitante.

3. Letra Nundianal – letra pagável nas feiras, que também foi muito difundida em Roma.

A emissão da letra de câmbio é denominada saque; por meio dele, o sacador (quem emite o título), expede uma ordem de pagamento ao sacado (pessoa que deverá paga-la), que fica

obrigado, havendo aceite, a pagar ao tomador (um credor específico), o valor determinado no título.

Apesar de atribuir ao sacado a obrigação de pagar o tomador, o sacador permanece subsidiariamente responsável pelo pagamento da letra. Não sendo pago o título no seu

vencimento, poderá ser efetuado o protesto e a cobrança judicial do crédito, que se dá por meio da ação cambial. Porém, para que o credor possa agir em juízo, é necessário que esteja

representado por um advogado.Quanto à possibilidade de transferência, diz-se que a letra de câmbio é um título de crédito

nominativo, ou seja, em favor de um credor específico, suscetível de circulação mediante endosso. Assim, o endossante (tomador original), transfere a letra para um endossatário (novo tomador).

Estudaremos endosso mais a frente.

Page 23: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALLetra de Câmbio – comentários gerais

23

COMENTÁRIOS segundo Márcia Pelissari:· Muitas vezes o sacador é também beneficiário - neste caso o sacado aceitante pagará àquele que criou a letra de câmbio - ocorre nos contratos de alienação fiduciária, por exemplo, onde a financeira emite o título de crédito para que o sacado (a pessoa que está alienando o carro) pague a ela mesma.· Muitas vezes o sacador ocupa o lugar do sacado - A dá uma ordem para que B pague e este não dá o aceite - o beneficiário vai cobrar do sacador.· Todos os que fazem parte da obrigação cambiária são coobrigados (quem emite a letra é que é o obrigado a pagar quando o sacado não paga).· A letra de câmbio é muito usada no comércio de importação e exportação.· A letra de câmbio é sempre nominativa (emitido em nome de uma pessoa determinada).· Enquanto não houver o aceite não há qualquer obrigação por parte do sacado se houver uma dívida entre o sacador e o sacado, o primeiro tem outras formas admitidas em Direito para buscar o cumprimento da obrigação - se o sacador pagar ao beneficiário há o direito de regresso, mas não no Direito Cambiário, ou seja, nesse caso não há o que se falar em execução.· Quando houver o aceite, o sacado passa a ser coobrigado, mas o sacador também o é, e se o primeiro não pagar é ele quem assume essa responsabilidade.· Todos se obrigam na relação, ou seja, são coobrigados e a responsabilidade pelo pagamento é subsidiária e autônoma. Não confundir (o que é muito comum) SUBSIDIARIEDADE e SOLIDARIEDADE - ex.: responsabilidade solidária é aquela do pai e da mãe na criação e sustento dos filhos, ou seja, ambos são responsáveis - responsabilidade subsidiária é aquela dos padrinhos ou tutores, que na falta dos pais são responsáveis pela criação e sustento das crianças.

COMENTÁRIOS segundo Wille Duarte Costa:· Inexistindo época do pagamento (vencimento) entende-se como sendo título pagável à vista.· Não havendo indicação especial da praça do pagamento considera-se como tal o local indicado ao lado do nome do sacado.· Não sendo indicado o lugar da emissão considera-se como tal o lugar designado ao lado do nome do sacador da letra de cambio ou do subscritor da nota promissória.

Notas

Page 24: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALSaque

24

A Lei Uniforme, no Capítulo I do Título I, trata da criação e forma da letra de câmbio, tendo a tradução brasileira, adotada pelo Decreto n. 57.663, substituído a palavra criação por emissão. A Lei n. 2.044, intitulava o Capítulo I, DO SAQUE. Em ambas as leis, nesses capítulos, é regulada a criação da letra, com os requisitos essenciais para a sua validade. A criação, segundo tais dispositivos legais, é equivalente à emissão. Emitir é fazer o título, já criado, entrar em circulação. Com a criação da letra de câmbio, alguém, denominado sacador, ordena a outra pessoa, chamada sacado, que pague a um terceiro, designado tomador, em certa época, uma importância determinada.

OBSERVAÇÃOSacador, sacado e tomador têm, na letra, posições definidas e diversas. E, como ao participarem do título, assumem direitos e obrigações autônomas

(não dependentes dos demais direitos ou obrigações dos que estão vinculados à

letra), sacado e tomador podem ser a mesma pessoa física ou jurídica que deu a ordem

(sacador). Não regesse o título o princípio da autonomia das obrigações cambiárias, certamente

isso não seria possível; mas, como a figura e a responsabilidade do sacador, do tomador e

do sacado divergem, pode, uma mesma pessoa, física ou jurídica, constar na letra como aquele que

dá a ordem (sacador), beneficiário da letra (tomador) e o indicado para cumprir a ordem dada

(sacado).

Os requisitos devem estar totalmente cumpridos antes da cobrança do título ou do protesto, não precisando constar do instrumento no

momento do saque (art. 3o do Decreto n. 2.044 em consonância com a súmula 387 do STF)  -  caso contrário, o sacado pode alegar defeito

formal do título.

Época do pagamento - a Lei Uniforme admite a existência e validade do título sem esse requisito, uma vez que, semelhantemente à lei brasileira, dispõe que “a letra em que não se indique a época do pagamento será pagável à vista”, ou seja, no ato da apresentação (art. 2o, 2).Lugar do pagamento - quando se executa uma letra, pode-se fazê-lo ou no lugar do aceite ou onde deveria ser paga.Lugar da emissão - tem por finalidade saber qual a lei a aplicar nas relações internacionais - só é permitida a ausência do lugar de emissão se constar da letra o lugar do domicílio do sacador, que é o que vem ao lado do seu nome - havendo omissão de ambos a letra não terá os efeitos da letra de câmbio.Quantia determinada - letra de câmbio indexada - proibição somente para as cambiais vinculadas a contrato de aquisição da casa própria pelo SFH em razão de normas próprias autorizadas e aos contratos de crédito nacionais. Notas

Page 25: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALAceite

25

Ato pelo qual o sacado reconhece a existência e a validade da ordem de pagamento, mediante assinatura no anverso do título (LU, art. 25). Ao contrário do que ocorre com a duplicata, o aceite da letra de câmbio é facultativo.

APRESENTAÇÃO PARA ACEITEA apresentação pode ser:• Incompatível: na letra à vista, o título vence no momento em que for apresentado.• Facultativa: na letra a dia certo ou a tempo certo da data.• Obrigatória: na letra a tempo certo da vista.• Proibida: se o sacador inserir a cláusula não aceitável (LU, art. 22, 2ª alínea), a letra somente poderá ser apresentada para pagamento.

O aceite é um ato formal pelo qual o sacado

se obriga a efetuar, no

vencimento, o pagamento da ordem que lhe

é dada. Ele pode assinar em qualquer

parte da Letra, inclusive no

verso.

O aceite deve ser aposto no próprio título, “não valendo em relação a terceiros a promessa feita em documento separado.” O art. 29 LUG introduziu importante alteração no direito cambiário pátrio, na medida em que passou a admitir o aceite mediante a informação por escrito ao portador ou a qualquer signatário de que aceita o título, ficando obrigado perante eles, nos termos de sue aceite.A recusa do aceite, total ou parcialmente, gera o vencimento do título, provando-se por via de protesto (art. 43, LUG). Conforme registra o Prof. Amador Paes de Almeida: “Recusando-se ao aceite, todavia, não se obrigará cambialmente o sacado, só ensejando ao credor ação ordinária em que se faz referência à origem do débito.” A apresentação do título ao sacado, no caso de ter sido sacado à vista, dificilmente se compreende para aceitação, mas sim para pagamento. Assim, compreendemos que a apresentação para aceite se dá, geralmente, em títulos que vencem e serão pagos a prazo.

Page 26: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALAceite

26

Ato pelo qual o sacado reconhece a existência e a validade da ordem de pagamento, mediante assinatura no anverso do título (LU, art. 25). Ao contrário do que ocorre com a duplicata, o aceite da letra de câmbio é facultativo.

O direito brasileiro foi inovado, também, pelo surgimento da cláusula non acceptable dos franceses. Entretanto, a lei exclui a cláusula “sem-aceite” ou de “não-aceitação” nos casos em que se tratar de um título cujo pagamento deva ser realizado no domicílio de terceiro ou em localidade diferente da do domicílio do sacado. O emérito professor paranaense lembra que as “letras sacadas a certo termo de vista não podem, evidentemente, dispensar a apresentação ou aceite que se determina o termo do prazo de vencimento.” O aceite é puro e simples, bastando a assinatura do sacado no anverso, ou no verso desde que precedido da palavras “aceito”, no entanto, admite-se que o sacado limite o aceite a uma parte da importância sacada, porém, constitui recusa qualquer modificação introduzida pelo aceite ao enunciado do título.

ACEITE PARCIAL - É o que se dá quando o “sacado” aceita pagar apenas parcialmente o valor da letra (aceitel imitativo) ou, então, dá o aceite e, conjuntamente, altera alguma condição contida na cártula, como o local de pagamento, valor do título, moeda de pagamento ou época de vencimento (aceite modificativo). Via de regra, em quaisquer desses casos haverá, como conseqüência, o vencimento antecipado da letra de câmbio e o “aceitante” somente se obriga de acordo com os termos e limites de seu aceite.

“PRAZO DE RESPIRO”: Apresentada a letra de câmbio para aceite, o sacado deve devolvê-la imediatamente, sob pena de cometer crime de apropriação indébita caso retenha a cártula (art. 168 do CP). Contudo, o sacado tem direito de requerer prazo para avaliar se aceita ou não a letra de câmbio, hipótese em que o sacador deverá reapresentar a cártula em 24 horas.

Page 27: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALAceite – explicação sucinta

27

Declaração cambial pela qual o signatário admite a ordem contra ele dada para pagar uma quantia determinada, concordando com os termos do

saque e assumindo a qualidade de responsável principal pelo pagamento do titulo.

O sacado é a pessoa indicada para pagar o título. É ele quem deve aceitá-lo. Depois que assina, o sacado passa a denominar-se aceitante. O aceite dado produz uma obrigação direta e principal. A assinatura do sacado pode ser

seguida ou não de uma declaração: “aceito”, “concordo”, “prometo pagar”. Irá ser cobrado antes de todos, apesar da solidariedade das obrigações

cambiárias. Se o título for pago por um obrigado de regresso , o aceitante responde, da mesma forma, `a quem pagou o título (sacador, endossante,

avalista).

Data de vencimento: “Aceito para pagar no dia 18 de setembro de 2006”Praça de pagamento: “Aceito para pagar no São Paulo”

Valor: “Aceito pagar R$ 1000,00”

A falta de aceite deve ser comprovada pelo protesto cambial (vencimento antecipado do título). Porém, o sacado não se obriga nem havendo o

protesto do título. Sua obrigação só ocorrerá se aceitar a ordem (assinatura).

O aceite é irretratável (circular), porém pode ser cancelado pelo aceitante antes que ele restitua o título ao apresentante. A ação de execução contra

o aceitante independe do protesto cambial.

O aceite qualificado (aceite limitado ou modificativo) é aquele em que o aceitante

restringe a ordem, não o aceitando inteiramente.

Portanto, ocorrerá recusa parcial de aceite. O aceitante fica obrigado nos termos do aceite por

ele dado. Porém, o possuidor do título poderá levar o título a protesto por falta ou recusa parcial

de aceite, promovendo, logo após o protesto, a ação de execução contra os outros obrigados nas condições originais do titulo. Só o aceitante, que

não concordou com parte do título, deve ser cobrado dentro dos limites por ele próprio fixados

e após o vencimento do título (datado).

Pode haver aceite por intervenção, que é o ato pelo qual uma pessoa, indicada ou não para aceitar o título, o aceita para evitar o seu protesto (antecipação do vencimento: promover a execução) e honrar o nome de

alguém já obrigado no título (indicada ou voluntária). O possuidor terá de aguardar o vencimento regular para receber o valor do título. O

interveniente (indicado ou voluntário) fica diretamente obrigado no título com o portador ou para com o endossante posterior `aquele por honra de

quem interveioSua obrigação equipara-se à do obrigado principal: o aceitante. Contudo, se o interveniente (voluntário ou indicado) aceitou e pagou o título, não tem ele ação alguma contra aquele cujo nome honrou e nem contra qualquer outro obrigado no título..

Sem o aceite, na letra de câmbio, o sacado não assume obrigação alguma no titulo, já que não o assinou. Este não será parte legítima “ad causam” para figurar no pólo passivo da execução.

Page 28: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALEndosso

28

Ato unilateral e abstrato, formal; deve ser puro e simples. Quando há condição que fique subordinado, considera-se como não escrita.

Quem pode endossar é o beneficiário do titulo. Só o proprietário do título pode transferi-lo a terceiros. Aquele se encontra em todos os títulos que nascem com o seu nome, pois o título de crédito ao portador só existe, atualmente, nos cheques até R$ 100,00. Letra de Câmbio: o beneficiário é o tomador (credor), a favor de quem a ordem é dada.Nota Promissória e Cheque: beneficiário endossa a terceiros.Duplicata: sacador quem pode endossar o título a terceiros. O endosso é forma de transferência do título pela assinatura do credor no verso do titulo (beneficiário-endossante). O endosso obriga o endossante: responde solidariamente com outros endossantes (pode escolher qualquer um para executar): garante o aceite quanto o pagamento do título (art. 15º da LUG).É autônomo (independe entre si): principio da autonomia das obrigações cambiais (art 7º LUG). As assinaturas continuam válidas, a despeito da possível invalidade de alguma outra obrigação contida no mesmo título.

Endosso Pleno

Endosso em Preto

Endosso em Branco

Endosso Mandato

Endosso ao Portador

Endosso Caução

ENDOSSANTE: é o que assina o endosso.

ENDOSSATÁRIO: é o que se beneficia do endosso dado, e a

pessoa a quem o título e o direito é transferido.

Page 29: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALEndosso

29

Endosso Pleno

Endosso em Preto

Endosso em Branco

Endosso Mandato

Endosso ao Portador

Endosso Caução

Endosso Pleno (endosso completo): é aquele em que a transferência do título e do direito dele decorrente se dá por completo. O endossante torna-se obrigado indireto por força do endosso, mas ele deve ser capaz de se obrigar, se for incapaz, não se obrigará.

Endosso Nominativo ou Endosso em Preto: especifica o nome de quem se deve pagar. Ex: Paga-se a Alexandre Rodrigues, Fulano

Endosso mandato: ocorre quando o credor do título o transfere não para que o endossatário torna-se proprietário do título, mas para que ele receba seu crédito pelo endossante. É tipo uma procuração. O instrumento é o próprio título. A forma é a cobrança: entrega o título para que a pessoa receba por si. Deve usar as expressões “valor a cobrar”, “para cobrança”, por “procuração”; Se não usar a Expressão, presume-se que é translativo (comum, pleno, pois transfere o título). O endossante indica o endossatário como seu procurador, subentendendo-se a outorga ao mandatário de todos os poderes para cobrança e recebimento do título.

Endosso ao portador: discrimina, pague-se ao portador. Ex: Pague-se ao portador, Alexandre Silva.Obs: o endosso em branco é diferente ao portador. Se o deixei em branco como fazer para que ele circule ao portador ou nominativo? Para ser sempre ao portador, deve estar escrito “ao portador”.

Endosso em Branco: é a simples assinatura do endossante. Ex: Giovanni

Endosso caução (endosso pignoratício ou endosso garantia): o título é transferido ao endossatário apenas como garantia de alguma obrigação. O endossatário recebe, além da posse do título, todos os poderes para cobrança e recebimento do valor do título. Não se transmite a propriedade do título e nem os direitos dele emergentes, mas apenas a posse do título, para garantia do crédito do endossatário e para cobrança ou recebimento do valor (art 19º LUG): “valor em caução”, “valor em penhor”, “valor garantia”.Ex: Pague-se a Carlos da Silva Custos, valor garantia. Assinatura da pessoa

Page 30: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALEndosso

30

Endosso Pleno

Endosso em Preto

Endosso em Branco

Endosso Mandato

Endosso ao Portador

Endosso Caução

Endossante(mandante) / endossatário(mandatário)Qualquer endosso posterior ao endosso-mandato, ainda que sem as expressões antes mencionadas, será considerado endosso-mandato. Portanto, não transmite a propriedade do título e nem direito dele

emergente a terceiro. A 3ª alínea do art. 18 LUG deve ser lida: o mandato que resulta de um

endosso-mandato não se extingue por morte ou sobrevinda incapacidade legal do mandante (e não

do mandatário).Ex: Pague-se a Fulano de Tal, valor a “cobrar”

Assinatura da pessoa.Pague-se Fulano de Tal, por procuração

Assinatura da pessoa

Page 31: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALEndosso e Cessão

31

Endosso não é cessão. Eis algumas diferenças:

Endosso Cessão

Declaração cambial, sucessiva e eventual, pela qual o portador do título e titular do direito

cambial transfere o título de crédito e o direito dele constante para terceiros.

Ato pelo qual o credor de um título de crédito com a cláusula “não à ordem” transmite os seus

direitos à outra pessoa.

Ato unilateral e abstrato, com base em um negocio bilateral e causal. Sempre formal.

Contrato bilateral, que pode revestir-se de qualquer forma

O endossatário recebe um direito emergente do título, não um direito do endossante.

Transferência do próprio direito do cedente ao cessionário

No endosso, quem transfere o título de crédito responde pela existência do título e também pelo

seu pagamento. Todavia, o devedor não pode alegar contra o endossatário de boa-fé exceções

pessoais.

Já na cessão civil, quem é responsável pela transferência do título, somente responde pela existência do título, mas não responde pelo seu pagamento. No entanto, o devedor pode alegar

contra o cessionário de boa-fé exceções pessoais

No endosso constata-se, como regra, a responsabilidade do endossante pela existência

do crédito e pela solvência do devedor.

Já no caso da cessão de crédito, o cedente tem, perante o cessionário, responsabilidade

obrigatória pela existência do crédito (pro soluto) e responsabilidade opcional pela

solvência do devedor (pro solvendo), sendo nessa última a necessária convenção prévia

entre as partes (art. 296 do CC).

Page 32: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALAval

32

Um terceiro que garante o pagamento firmado pelo devedor principal no título de crédito é chamado de avalista. O credor pode exigir o cumprimento da obrigação cambiária tanto do devedor principal, como

do avalista. A simples assinatura no anverso do título de crédito configura o aval.

Avalista – é quem responde solidariamente pelo pagamento.Avalizado – é o devedor principal.

AVAL FIANÇAVISA GARANTIR O PAGAMENTO DE DETERMINADO TÍTULO DE

CRÉDITOA FIANÇA SERVE PARA GARANTIR CONTRATOS EM GERAL

REGE-SE PELAS REGRAS DO DIREITO CAMBIÁRIO REGE-SE PELO CÓDIGO CIVIL

O AVAL NÃO DECORRE DE UM ACORDO ENTRE AS PARTES, POIS A PESSOA QUE PRESTA O AVAL SE OBRIGA PELO TÍTULO. NESSE CASO

NÃO HÁ UMA RELAÇÃO ENTRE AS PESSOAS, POIS O AVALISTA GARANTIRÁ A SOLVÊNCIA DO TÍTULO INDEPENDENTE DE SEU

TITULAR

A FIANÇA É O CONTRATO ESTABELECIDO EM QUE O FIADOR TEM A OBRIGAÇÃO DE ASSUMIR A OBRIGAÇÃO EM RELAÇÃO A UM

CREDOR ESPECÍFICO.

NO AVAL A RESPONSABILIDADE É SOLIDÁRIA, OU SEJA, TANTO O DEVEDOR QUANTO AVALISTA SÃO RESPONSÁVEIS PELO MONTANTE

INTEGRAL DA DÍVIDA

NA FIANÇA A RESPONSABILIDADE É SUBSIDIÁRIA, OU SEJA, O FIADOR SOMENTE SERÁ ACIONADO CASO O DEVEDOR PRINCIPAL

NÃO CUMPRA A OBRIGAÇÃO.

ATO AUTÔNOMO. ATO ACESSÓRIO

AVAL NÃO NECESSITA DE AUTORIZAÇÃO DO CONJUGE A FIANÇA REQUER ATOS DO CÔNJUGE (SE HOUVER), TAIS COMO A OUTORGA UXÓRIA OU AUTORIZAÇÃO MARITAL. PARA A PRÁTICA

DE DETERMINADOS ATOS, A LEI EXIGE QUE A PESSOA CASADA TENHA O CONSENTIMENTO DO OUTRO CÔNJUGE (MARIDO OU

ESPOSA). ESSA AUTORIZAÇÃO É O QUE SE DENOMINA OUTORGA UXÓRIA.

Aval e FiançaO aval e a fiança são modalidades de garantias pessoais, ou seja, são prestadas

por pessoas, mas essas duas possibilidades são bastante diferentes.

Notas

Page 33: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALAval: Espécies

33

Aval Total

Aval Parcial

Aval Branco

Aval em Preto

Aval Simultâneo

Aval Sucessivo

Nunca foi problema até a entrada em vigor do novo Código Civil, artigo 897, § único. O dispositivo é expresso: “É vedado o aval parcial”.O artigo 903, por sua vez, diz “Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código”. Dessa forma, o Código Civil é aplicado de forma subsidiária. A Lei Uniforme (Decreto 57.663/66) afirma, no artigo 30: O aval parcial pode garantir-se no todo ou em parte. Desde que tratar-se de título de crédito próprio regido pela lei especial. A Lei Uniforme é a lei-base dos Títulos de Crédito. Ainda que não estivesse expresso no artigo 903, a Lei Uniforme prevaleceria.

Garante a totalidade da obrigação do avalizado.

É o que não indica o avalizado. Não diz para quem é o aval. O aval em branco presume-se do devedor principal. Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessivos

“O aval em preto é aquele que indica o nome da pessoa por quem é dado com a expressão “Por aval em favor de ...” . Esta expressão deve vir acompanhada de data e lugar do aval e da assinatura do avalista. A principal característica desta espécie de aval é que só garante quem indicar, e pode ser dado tanto no verso como no anverso do título, porque especifica-se a natureza da assinatura pela expressão cambial.” (Amilcar Douglas Packer)

“Os avais simultâneos são aqueles prestados em favor de um mesmo avalizado, podem ser em branco, se o endossante for somente um, ou em preto, quando há mais de um endossante no verso do título. Se, entretanto, forem prestados em branco, no anverso do título; e se o título estiver aceito, garantirão o sacado ou acidente; se não estiver aceito, garantirão o sacador. O pagamento da dívida por um dos avalistas simultâneos dá ao pagador direito de regresso contra os anteriores, inclusive contra o avalizado, mas não dá ao pagador ação contra os avalistas simultâneos a ele próprio. Istoé assim, porque os avalistas garantem o avalizado , mas não garantem o pagamento da dívida entre si.” (Amilcar Douglas Packer)

Ocorre quando um avalista garante a obrigação de avalista anterior. É O AVALISTA DO AVALISTA. A cadeia de aval não é limitada. Um avalista garantindo em preto outro avalista. Qualquer dos avalistas pode cobrar do devedor – SEMPRE. “NO AVAL SUCESSIVO, O REGRESSO PODE SER FEITO PELO TOTAL EM FACE DO DEVEDOR PRINCIPAL E DOS AVALISTAS ANTERIORES.”

Page 34: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALAval: Espécies

34

O aval pode ser cancelado, e para isto, basta que se risque o aval. Riscar aqui não significa simplesmente passar um risco. Riscar significa borrar a assinatura, de tal forma que não se

consiga compreender o que está sob o borrão. Se a assinatura não pode ser identificada, quem a apôs sobre o título também não pode ser identificado, e por conseqüência, não se obriga.

Page 35: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALAval – diferenças com o Endosso

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AVAL EndossoÉ GARANTIA. UM DOS MEIOS PELO QUAL SE TRANSFERE TÍTULOS DE CRÉDITO.

É PRESTADO NO ANVERSO DO TÍTULO É PRESTADO NO VERSO DO TÍTULO.

O AVALISTA PODE AVALIZAR QUALQUER PESSOA. PRIMEIRO ENDOSSANTE É O BENEFICIÁRIO DA LETRA OU DA NOTAPROVISÓRIA.

O AVAL PODERÁ SER SEMPRE PRESTADO SOBRE O TÍTULO. SÓ PODE OCORRER SE O TÍTULO CONTIVER A CLÁUSULA “À ORDEM”.

A CONDIÇÃO DE AVALISTA NÃO IMPLICA NA DE PROPRIETÁRIO DO TÍTULO.

O PORTADOR DO TÍTULO DE CRÉDITO, CUJO ÚLTIMO ENDOSSO É EM BRANDO, É O PROPRIETÁRIO DO TÍTULO.

AINDA QUE O PORTADOR SEJA DE MÁFÉ E O ENDOSSANTE SE DESOBRIGUE O AVALISTA CONTINUA RESPONSÁVEL.

ENDOSSANTE GARANTE O PAGAMENTO DO TÍTULO, SALVO SE PROVAR A MÁ-FÉ DO PORTADOR.

O AVAL APÓS O VENCIMENTO, NÃO PRODUZ EFEITOS, SALVO SE NÃO CONTIVER A DATA EM QUE FOI APOSTO SOBRE O TÍTULO.

O ENDOSSO APÓS O VENCIMENTO PRODUZ EFEITOS DE CESSÃO DE CRÉDITO. O ENDOSSANTE É QUEM RECEBE O TÍTULO VIA

ENDOSSO, E POR CONSEQUÊNCIA PROPRIETÁRIO.

SEU REGIME LEGAL É O DO DECRETO Nº 2.044/1908, ARTIGOS 14 E 15, E DECRETO Nº 57.663/66, ARTIGOS 30 A 32.

SEU REGIME LEGAL É O DO DECRETO 2.044/1908, ARTIGO 8 E ARTIGOS 11 A 14, 16 A 20 DO DECRETO 57.663/66.

Aval e Endosso“Problema que também tem afligido os meios jurídicos é a distinção entre aval e endosso. (...) Verifica-se, de outro

lado, que existem vários pontos de convergência do aval frente ao endosso, porque ambos são responsáveis solidários; as assinaturas tanto do aval como do endosso são autônomas, não necessitam da outorga do cônjuge, não

podem ser parciais e ambos são prestados sobre título de crédito. Sendo assim, é fundamental ressaltar que a natureza de ambos é diferente, o aval é garantia do título e o avalista não assume a propriedade do título. O endosso é

o meio pelo qual se transfere o título que dá ao endossatário a propriedade do mesmo.” (Amilcar Douglas Packer)

Page 36: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALVencimento

36

Vencimento é o término do prazo estabelecido na letra tornando-a exigível. O vencimento da letra pode ser extraordinário ou ordinário:

ORDINÁRIO É aquele que se opera quando o título atinge o prazo nele marcado, ou seja, que se opera pelo fato jurídico do tempo ou pela apresentação da letra ao sacado, quando à vista. A letra de câmbio pode ser passada: à vista, a certo tempo de vista, a um certo tempo da data e a dia certo.· À VISTA - o vencimento da letra se verifica no ato da apresentação ao sacado, para que ele a pague imediatamente - aceite e pagamento têm o mesmo vencimento, ou seja, se confundem na mesma data - ex.: “À vista desta única via de letra de câmbio, pagará V.S.a a importância de . . .”· A CERTO TEMPO DE VISTA - a letra vence para pagamento a tantos dias ou meses da data do aceite - inicia-se a contagem desse prazo no dia seguinte à data do aceite - ex.: “Três meses após o aceite, V.S.a pagará, por esta única via de letra de câmbio, a Fulano, a importância de . . .”· A CERTO TEMPO DA DATA - aquele em que o dia do pagamento será determinado a partir do momento em que a letra é sacada - em termos de aceite, o prazo fica estabelecido entre a data do saque e a data do vencimento - sendo o vencimento fixado para o “princípio”, o “meado” ou o “fim” do mês, essas expressões devem ser entendidas como o dia primeiro, o dia quinze e o último dia do mês - ex.: “Seis meses desta data pagará, V.S.a a Fulano, por esta única via de letra de câmbio, a importância de Um mil reais. Rio de Janeiro, 31 de Janeiro de 2.000 - esta letra vencerá em 31 de Julho de 2.000 - caso o mês não tenha o dia 31, vencerá no último dia do mês.· A DIA CERTO - o vencimento da letra de câmbio vem expressamente indicado na letra - é a modalidade mais comum - ex.: “Aos 31 dias do mês de Agosto de 2.000, pagará, V.S.a a Fulano, por esta única via de letra de câmbio, a importância de . . .”

Page 37: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALVencimento

37

Vencimento é o término do prazo estabelecido na letra tornando-a exigível. O vencimento da letra pode ser extraordinário ou ordinário:

EXTRAORDINÁRIO É aquele que se opera pela recusa do aceite ou pela falência do aceitante (pois este é o obrigado principal), produzindo o vencimento antecipado - o art. 43 da Lei Uniforme não considera a antecipação do vencimento – o Professor Fran Martins assim o admite, mas Rubens Requião (como a maioria dos doutrinadores) tem visão contrária.

Page 38: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALPagamento

38

Pelo pagamento extinguem-se uma, algumas ou todas as obrigações representadas por um título de crédito - uma ou algumas = quando o pagamento é feito por um dos coobrigados, desobrigando os posteriores e tendo ação de regresso quanto aos anteriores; todas = ocorre quando a letra é paga pelo devedor principal.O pagamento de uma letra de câmbio deve ser feito no prazo estipulado pela lei, que difere segundo o lugar de sua realização. Para uma letra de câmbio pagável no exterior, o credor deve apresentar o título ao aceitante no dia do vencimento ou num dos dois dias úteis seguintes. No Brasil, recaindo este num dia não útil, no primeiro dia útil seguinte (L.U., art. 38).

O devedor principal (aceitante) é o

primeiro a ser cobrado  -  se pagar esgotam-se todas as

obrigações  -  o avalista estará sempre

imediatamente após o avalizado.

Se o devedor principal (aceitante) não pagar, apresenta-se a letra ao

sacador (ao seu avalista) e aos endossantes (e

seus avalistas) seguindo um critério cronológico.

Alternativamente apresenta-se a letra

ao avalista do devedor imediatamente posterior

ao avalizado.

A letra de câmbio, como ordem de pagamento, deve ser apresentada segundo o seguinte critério: 1 32

Page 39: Direito Empresarial 2

2D I R E I T OEMPRESARIALPagamento

39

O pagamento de uma cambial deve se cercar de cautelas próprias. Em virtude do princípio da

cartularidade, o devedor que paga a letra deve exigir que lhe seja entregue o título e em decorrência do princípio da literalidade, deverá exigir que se lhe dê

quitação no próprio título.

É admissível o pagamento parcial da letra de câmbio, observadas as cautelas que a lei e a doutrina impõem neste caso.Uma obrigação

cambial é de natureza quezível, ou seja, sabe ao credor a iniciativa para a obtenção da satisfação

do crédito.

INTERVENÇÃOÉ o ato pelo qual uma pessoa, indicada ou não, aceita ou paga a letra por honra de outrem. A essa

pessoa dá-se o nome de interveniente; procura, a intervenção, evitar que a letra caia em descrédito pelo não acatamento da ordem dada ou pelo não cumprimento da obrigação assumida (L.U., arts. 55 a63). O interveniente que paga a letra por honra do aceitante exonera de responsabilidade os coobrigados regressivos uma vez que o aceitante é o obrigado principal; tem ele (o interveniente) direito de ação contra o próprio aceitante que não se livrou da obrigação cambial pelo fato de outro haver pago por ele. Se o pagamento é feito por honra de qualquer obrigado de regresso, ficam desonerados os obrigados posteriores, permanecendo o direito de ação contra por quem pagou e contra todos quantos na letra são obrigados anteriores a esse (L.U., art. 63).

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2D I R E I T OEMPRESARIALProtesto

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Entende-se por protesto o ato solene destinado principalmente a comprovar a falta ou recusa do aceite ou do pagamento da letra - o protesto apenas atesta esses fatos, não cria direitos e é um simples meio de prova para o exercício do Direito Cambiário - com o protesto o juiz tem o convencimento de que o credor esgotou todas as tentativas para a cobrança do título. A lei que regulamenta o protesto é a Lei 9.492/97. Um título não aceito ou não pago no seu vencimento incidirá em uma ação de cobrança que poderá ser provada por protesto cambial - ato notarial extrajudicial de responsabilidade do portador do título.

PRESCRIÇÃOPara o exercício do direito de cobrança por via de execução a lei determina prazos prescricionais (L.U., art.70) de:

6 MESES 1 ANO 3 ANOS3 anos - contra o

sacado aceitante, o avalista do aceitante e

sacador

1 ano - endossantes e avalistas dos demais

coobrigados

6 meses - dos coobrigados contra os demais coobrigados.

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2D I R E I T OEMPRESARIALProtesto

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Se não forem observados os prazos fixados na lei para a extração do protesto, o portador do título perderá o direito de regresso contra os coobrigados da letra, permanecendo o direito contra o devedor principal - diante dessas conseqüências da lei, a doutrina costuma chamar o protesto denecessário ( = contra os coobrigados) ou facultativo ( = contra o devedor principal e seu avalista).

Tais conseqüências não se aplicam no caso da letra de câmbio contemplar a cláusula “sem despesa”, “sem protesto” ou outra equivalente (L.U., art. 46), que dispensa o portador de fazer um protesto por falta de aceite ou de pagamento, para poder exercer os seus direitos de ação.

OBS.: Em uma letra de câmbio a certo tempo de vista que não contenha a data do aceite deve, o portador, protestá-la para que o termo inicial do respectivo prazo seja definido caso o aceitante, procurado, se recuse a datá-lo.

Compelido a comparecer em cartório para datar o título, se não o fizer, a data do aceite pode ser pautada a partir da data do protesto ou considerar o aceite praticado no último dia do prazo para a apresentação da letra (ou seja, um ano da data do saque).

AÇÃO DE LOCUPLETAMENTO OU AÇÃO CAUSAL Quando a letra de câmbio (e a nota promissória) encontra-se ligada a um contrato original (ou seja, a existência do título fica presa ao cumprimento do contrato de que resultou o título como condição para a perfeição daquele), encerram-se todas as questões de direito abstrato (isto é, o título se desprende da causa que lhe deu origem). Em tais casos é admissível a oposição do devedor ao pagamento pelo não cumprimento do contrato original - para comprovar esse direito o réu poderá invocar a causa da obrigação, ou seja, o contrato de que a emissão do título era condição - se tal contrato não foi cumprido, ao emissor não caberá atender ao pagamento, pois, se assim o fizer, provocará um enriquecimento indevido por parte do credor.A admissão da ação causal por locupletamento ou enriquecimento ilícito por parte do credor é aceita pela doutrina e pela jurisprudência.

AÇÃO CAMBIAL Se não for pago no vencimento, o credor poderá promover a execução judicial do título de crédito contra qualquer devedor cambial, observadas as condições de exigibilidade do crédito e a cadeia de anterioridade e posterioridade, já examinada.Assim como a nota promissória, a duplicata e o cheque, a letra de câmbio vem definida pela Lei Processual (art. 585, CPC) como título executivo extrajudicial (ou seja, não é preciso provar nada, salvo na ação de locupletamento), cabendo a execução do crédito correspondente..

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2D I R E I T OEMPRESARIALProtesto (cont.) e Direito de Regresso

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Requisitos da Letra de Cambio são descritos abaixo

PROTESTO EXTRAJUDICIAL E JUDICIALO protesto extrajudicial ou cambial não cria direitos, constituindo-se tão-somente em prova de que o devedor deixou de pagar no vencimento obrigação líquida e certa, não se podendo alçar à categoria do protesto judicial, previsto no art. 867 – CPC. De acordo com a redação do art. 15 da Lei 9492/97, antes do título ser protestado, o Tabelião de Protesto expedirá intimação ao devedor, onde fará constar os requisitos a que se refere o § 1º, precipuamente o prazo limite para o cumprimento da obrigação.

FINALIDADES DO PROTESTOcomprovação da mora;►comprovação da apresentação do título ao ►

devedor (obrigação querable)comprovação da falta ou recusa, total ou ►

parcial, do aceite e do pagamento do título cambial no vencimento;

interrupção da prescrição (art. 202, III C.C.);►garante o direito de regresso contra os ►

coobrigados;torna público o ato contra terceiros.►

LUGAR DO PROTESTOLocal do pagamento; ou, na sua ausência, no domicílio do devedor

FORMALIZAÇÃO E REGISTRO DO PROTESTO Transcorrido o prazo legal (03 dias úteis) sem o pagamento, sustação ou desistência. Lavra-se e registra-se o protesto, entregando-se ao apresentante o respectivo instrumento.

DIREITO DE REGRESSOO direito de regresso, presente nos títulos de crédito, supõe três sujeitos: o sucumbente, ou seja, aquele que perde um bem ou direito; o vitorioso, aquele que recebe o bem ou direito perdido pelo sucumbente; o devedor de regresso, aquele que tem a obrigação da recompor, no todo ou em parte, o patrimônio do sucumbente.