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  • ISBN978850263522-7

    Teixeira,TarcisioDireitoempresarialsistematizado:doutrina,jurisprudênciaeprática/TarcisioTeixeira.–5.ed.–SãoPaulo:Saraiva,2016.Bibliografia.1.Direitoempresarial2.Direitoempresarial-BrasilI.Título.14-08893CDU-34:338.93(81)

    Índicesparacatálogosistemático:

    1.Brasil:Direitoempresarial:Direito34:338.93(81)

    2.Direitoempresarial:Brasil:Direito34:338.93(81)

    DiretoreditorialLuizRobertoCuriaGerenteeditorialThaísdeCamargoRodriguesAssistenteeditorialDanielPavaniNaveiraCoordenaçãogeralClarissaBoraschiMaria

    PreparaçãodeoriginaisMariaIzabelBarreirosBitencourtBressaneAnaCristinaGarcia(coords.)|AdrianaMariaCláudio

    ArteediagramaçãoJessicaSiqueiraRevisãodeprovasAméliaKassisWardeAnaBeatrizFragaMoreira(coords.)|Cecília

    DevusConversãoparaE-pubGuilhermeHenriqueMartinsSalvador

    ServiçoseditoriaisElaineCristinadaSilva|KelliPriscilaPinto|CamilaArtioliLoureiroCapaEstúdioInsólito

    Datadefechamentodaedição:1-10-2015

    Dúvidas?

    Acessewww.editorasaraiva.com.br/direito

    http://www.editorasaraiva.com.br/direito

  • Nenhumaparte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquermeio ou forma sem a préviaautorizaçãodaEditoraSaraiva.AviolaçãodosdireitosautoraisécrimeestabelecidonaLein.9.610/98epunidopeloartigo184doCódigoPenal.

  • SUMÁRIO

    AGRADECIMENTOS

    ABREVIATURASUTILIZADAS

    PREFÁCIO

    1-Teoriageraldodireitoempresarial

    1.1.Introduçãoaodireitoempresarial

    1.1.1.Origemeevoluçãohistóricadodireitoempresarial

    1.1.1.1.Teoriadosatosdecomércio.Mercancia.França

    1.1.1.2.Teoriadaempresa.Itália

    1.1.1.3.OdesenvolvimentododireitoempresarialnoBrasil

    1.1.1.3.1.CódigoComercialde1850

    1.1.1.4.Direitoempresarialoudireitocomercial

    1.1.2.Autonomia,importânciaeconceitododireitoempresarial

    1.1.3.Objetododireitoempresarial

    1.1.3.1.Comércioeatividadenegocial

    1.1.3.1.1.Comércioeletrônico

    1.1.4.Fontes

    1.1.4.1.Usosecostumes

    1.1.5.Alivre-iniciativanaConstituiçãoFederal

    1.1.6.Sub-ramosdodireitoempresarial

    1.1.7.Relaçãocomoutrosramosdodireito

    1.1.8.OProjetodeCódigoComercial

    1.2.Empresário

  • 1.2.1.Conceitodeempresário

    1.2.2.Caracterizaçãodoempresário

    1.2.3.Conceitodeempresaemercado.Perfisdaempresaeteoriapoliédrica

    1.2.4.Empresaeatividadeempresarial

    1.2.5.Atividadeintelectual

    1.2.5.1.Científica,literáriaeartística

    1.2.5.2.Concursodeauxiliaresoucolaboradores

    1.2.5.3.Elementodeempresa

    1.2.6.Inscriçãoeobrigações

    1.2.7.Empresárioindividual.Osdireitos

    1.2.8.Sociedadeempresária.Princípiosdaseparaçãopatrimonialedalimitaçãodaresponsabilidade

    1.2.9.EIRELI–EmpresaIndividualdeResponsabilidadeLimitada

    1.2.10.ME–MicroempresaeEPP–EmpresadePequenoPorte

    1.2.11.MEI–MicroempreendedorIndividual(EI–EmpreendedorIndividual)

    1.2.12.Empresarural

    1.2.13.Empresairregular,informaloudefato

    1.3.Capacidadeparaserempresário.emancipação

    1.3.1.Impedimentoseincapacidade

    1.3.1.1.Falidonãoreabilitado

    1.3.1.2.Funcionáriopúblico

    1.3.1.3.Militar

    1.3.1.4.DevedordoINSS

    1.3.1.5.Estrangeiro

    1.3.1.6.Incapacidadesuperveniente

    1.3.2.Empresas,empresários,sóciosecônjuges

    1.4.Registro

    1.4.1.RegistroPúblicodeEmpresasMercantis(JuntaComercial)eDREI–DepartamentodeRegistroEmpresarialeIntegração

  • 1.4.2.RegistroCivildasPessoasJurídicas

    1.4.3.REDESIM–RedeNacionalparaaSimplificaçãodoRegistroedaLegalizaçãodeEmpresaseNegócios

    1.4.4.ComitêGestordoSimplesNacional;FórumPermanentedasMicroempresaseEmpresasdePequenoPorte;eCGSIM–ComitêparaGestãodaRedeNacionalparaSimplificaçãodoRegistroedaLegalizaçãodeEmpresaseNegócios

    1.5.Estabelecimento

    1.5.1.Aviamento

    1.5.2.Clientela

    1.5.3.Trespasse/alienação

    1.5.4.Pontoefundodecomércio

    1.5.5.Açãorenovatória

    1.5.6.Estabelecimentovirtual

    1.6.Nomeempresarial

    1.6.1.Firma

    1.6.2.Denominação

    1.6.3.Títulodeestabelecimento–nomefantasia

    1.6.4.Insígnia

    1.7.Prepostos

    1.7.1.Gerente

    1.7.2.Contador/contabilista

    1.7.2.1.Responsabilidadedocontador

    1.7.3.Outrosauxiliares.Leiloeiro,tradutorpúblicoeintérpretecomercial

    1.8.Escrituração(contabilidadeempresarial)

    1.8.1.Demonstraçõescontábeis

    1.8.1.1.Balançopatrimonialebalançoderesultadoeconômico

    1.8.2.Livrosobrigatóriosefacultativos

    1.8.3.Aprovacombasenaescrituração

    1.8.4.Outrosaspectosdacontabilidadeempresarial

  • 1.8.5.Contabilidadeeletrônica

    1.8.5.1.SPED–SistemaPúblicodeEscrituraçãoDigital

    1.8.5.1.1.ECD–EscrituraçãoContábilDigital

    1.8.5.1.2.EFD–EscrituraçãoFiscalDigital

    1.8.5.1.2.1.EFD-Contribuições–EscrituraçãoFiscalDigitaldoPIS/PASEPedaCOFINS

    1.8.5.1.2.2.EFD-Social–EscrituraçãoFiscalDigitaldaFolhadePagamentoedasObrigaçõesPrevidenciárias,TrabalhistaseFiscais

    1.8.5.1.2.3.EFD-IRPJ–EscrituraçãoFiscalDigitaldoImpostosobreaRendaedaContribuiçãoSocialsobreoLucroLíquidodaPessoaJurídica

    1.8.5.1.3.NF-e–NotaFiscaleletrônica(nacional)

    1.8.5.1.3.1.DANFE–DocumentoAuxiliardaNotaFiscalEletrônica

    1.8.5.1.4.NFS-e–NotaFiscaldeServiçoseletrônica(nacional)

    1.8.5.1.5.CT-e–ConhecimentodeTransporteeletrônico(nacional)

    1.8.5.1.6.FCONT–ControleFiscalContábildeTransição

    1.8.5.1.7.CB–CentraldeBalanços

    1.8.5.1.8.E-LALUR–LivrodeApuraçãodoLucroRealEletrônico

    1.8.5.1.9.Outrosapontamentos

    1.8.5.2.Notasfiscaiseletrônicasestaduaisemunicipais

    1.8.5.2.1.Notasfiscaiseletrônicasestaduais

    1.8.5.2.2.Notasfiscaiseletrônicasmunicipais

    QuestõesdeexamesdaOABeconcursospúblicos

    2-Propriedadeindustrial

    2.1.Introduçãoàpropriedadeintelectualeindustrial

    2.1.1.INPI–InstitutoNacionaldaPropriedadeIndustrial

    2.1.1.1.E-Marcasee-Patentes

    2.1.2.Segredoempresarial(industrial)versuspatente

    2.2.Patentes

    2.2.1.Invenções

  • 2.2.1.1.Prazodevigência

    2.2.2.Modelosdeutilidade

    2.2.2.1.Prazodevigência

    2.2.3.Transgênicos

    2.2.4.Regimejurídicodaspatentes

    2.3.Desenhosindustriais

    2.3.1.Prazodevigência

    2.3.2.Regimejurídico

    2.4.Marcas

    2.4.1.Sinaisdistintivos

    2.4.2.Marcadeprodutooudeserviço(marcadeindústria,decomércioedeserviço)

    2.4.3.Marcadecertificação

    2.4.4.Marcacoletiva

    2.4.5.Marcadealtorenome

    2.4.6.Marcanotoriamenteconhecida

    2.4.7.Marcatridimensional

    2.4.8.Marcavirtual.Osconflitos

    2.4.9.Marcaconsagradaoudereferência

    2.4.10.Prazodevigência

    2.4.11.Regimejurídico

    2.5.Indicaçõesgeográficas

    2.5.1.Indicaçãodeprocedência

    2.5.2.Denominaçãodeorigem

    2.5.3.Regimejurídico

    2.6.ConTRATOSDEKNOW-HOW/TRANSFERÊNCIADETECNOLOGIA

    2.6.1.Licençaparaexploraçãodepatente

    2.6.2.Cessãodepatente

    2.6.3.Licençaparausodemarca

  • 2.6.4.Cessãodemarca

    2.6.5.Contratosdesoftware

    2.6.5.1.Encomendadesoftware

    2.6.5.2.Cessãodesoftware

    2.6.5.3.Licençadeusodesoftware

    2.7.Concorrênciadesleal

    2.7.1.Direitoconcorrencialeinfraçãodaordemeconômica

    2.7.2.Repressãonaesferapenalecivil

    QuestõesdeexamesdaOABeconcursospúblicos

    3-Títulosdecrédito

    3.1.Teoriageraldostítulosdecrédito

    3.1.1.Crédito

    3.1.2.Histórico

    3.1.3.Conceito

    3.1.4.Principaisexpressõescambiárias

    3.1.5.Características

    3.1.5.1.Negociabilidade

    3.1.5.2.Executividade

    3.1.6.Princípios

    3.1.6.1.Cartularidade

    3.1.6.2.Literalidade

    3.1.6.3.Autonomia

    3.1.6.3.1.Abstração

    3.1.6.3.2.Inoponibilidadedasexceçõespessoaisaosterceirosdeboa-fé

    3.1.7.Classificação

    3.2.Institutosdodireitocambiário

    3.2.1.Saque

    3.2.2.Aceite

  • 3.2.2.1.Aceitelimitativoemodificativo

    3.2.3.Endosso

    3.2.3.1.Endossoversuscessãodecrédito

    3.2.3.2.Espéciesdeendosso

    3.2.4.Aval

    3.2.4.1.Avalversusfiança

    3.2.4.2.Espéciesdeaval

    3.2.5.Vencimento

    3.2.5.1.Espéciesdevencimento

    3.2.6.Pagamento

    3.2.6.1.Pagamentoparcial

    3.2.7.Protesto

    3.2.7.1.Protestofacultativoeobrigatório

    3.2.8.Açõescambiais

    3.2.8.1.Execuçãodetítulosextrajudiciais

    3.2.8.2.Açãoderegresso

    3.2.8.3.Açãodeanulação/substituiçãocambial

    3.2.8.4.Açãomonitória

    3.2.8.5.Meiosdedefesa

    3.2.8.5.1.Prescrição

    3.2.9.Desconto

    3.3.Cheque

    3.3.1.Regimejurídico

    3.3.2.Requisitos

    3.3.3.Sustaçãoerevogação

    3.3.4.Chequepré-datado

    3.3.5.Chequecruzado

    3.3.6.Chequeadministrativo

  • 3.3.7.Cheque-viagem

    3.3.8.Chequevisado

    3.3.9.Chequesemfundo

    3.3.10.“Chequeeletrônico”

    3.4.Duplicata

    3.4.1.Regimejurídico

    3.4.2.Requisitos

    3.4.3.Duplicatavirtual.Boletobancário

    3.4.4.Duplicatadeprestaçãodeserviços

    3.4.5.Duplicatarural

    3.4.6.Duplicatasimulada

    3.4.7.Modelosdeduplicata

    3.5.Letradecâmbio

    3.5.1.Regimejurídico

    3.5.2.Requisitos

    3.5.3.Modelosdeletradecâmbio

    3.6.Notapromissória

    3.6.1.Regimejurídico

    3.6.2.Requisitos

    3.6.3.Modelosdenotapromissória

    3.7.Outrostítulosdecrédito

    3.7.1.Conhecimentodedepósitoewarrant

    3.7.2.Certificadodedepósitoagropecuárioewarrantagropecuário

    3.7.3.Conhecimentodetransporte/frete/carga

    3.7.4.Cédulaenotadecrédito

    3.7.4.1.Rural

    3.7.4.2.Industrial

    3.7.4.3.Comercial

  • 3.7.4.4.Àexportação

    3.7.4.5.Imobiliário

    3.7.4.6.Bancário

    3.7.5.Céduladeprodutorural

    3.7.6.Certificadodedepósitobancário

    3.7.7.Letraimobiliária

    3.7.8.Modelosdetítulosdecrédito

    3.8.TítulosdecréditoeoCódigoCivilde2002

    3.9.Títulodecréditoeletrônico

    QuestõesdeexamesdaOABeconcursospúblicos

    4-Sociedades

    4.1.Sociedades

    4.1.1.Histórico

    4.1.2.Conceito

    4.1.3.Principaisexpressõessocietárias

    4.1.4.Personalidadejurídica.Acriaçãodasociedade

    4.1.4.1.Desconsideraçãodapersonalidadejurídica

    4.1.4.1.1.Desconsideraçãoinversa(ouinvertida)

    4.1.5.Dissolução,liquidaçãoeextinção(baixa)dasociedade

    4.1.5.1.Dissoluçãoparcialeexclusãodesócio

    4.1.5.1.1.Mortedesócio

    4.1.5.1.2.Direitoderetirada

    4.1.5.1.3.Faltagrave

    4.1.5.1.4.Incapacidadesuperveniente

    4.1.5.1.5.Falênciadesócio

    4.1.5.1.6.Sóciodevedor

    4.1.5.1.7.Regimejurídicodaexclusãoeapuraçãodehaveres

    4.1.5.2.Dissoluçãototal

  • 4.1.5.3.Dissoluçãoirregular

    4.1.5.4.Partilhaentreoscredoreseossócios.Extinção

    4.1.5.5.Funçãosocialepreservaçãodaempresa

    4.1.6.Penhoradequotaseações,empresa,estabelecimento,faturamentoelucro

    4.1.7.Classificação

    4.1.7.1.Sociedadeslimitadas,ilimitadasemistas

    4.1.7.2.Sociedadesdecapitaledepessoas

    4.1.7.3.Sociedadespersonificadasenãopersonificadas

    4.1.7.4.Sociedadesempresáriasesimples(intelectuais)

    4.1.7.5.QuadrocomaclassificaçãoconformeoCódigoCivil

    4.2.Sociedadeemcomum

    4.3.Sociedadeemcontadeparticipação

    4.4.Sociedadesimples

    4.4.1.Contratosocial

    4.4.1.1.Cláusulaserequisitos

    4.4.1.2.Pactoseparado

    4.4.1.3.InscriçãoeRegistroCivildasPessoasJurídicas

    4.4.1.4.Alteraçõescontratuais

    4.4.1.5.Aberturadefilial

    4.4.2.Direitoseobrigaçõesdossócios

    4.4.2.1.Direitoseobrigaçõescontratuais

    4.4.2.2.Direitoseobrigaçõeslegais

    4.4.2.2.1.Participaçãonoslucroseprejuízos

    4.4.3.Administraçãoedecisõessociais

    4.4.3.1.Administração

    4.4.3.1.1.Teoriaultravires

    4.4.3.1.2.Teoriadaaparência

    4.4.3.2.Decisõessociais.Conflitosdeinteresses

  • 4.4.4.Relaçãocomterceiros

    4.4.5.Resoluçãodasociedadeemrelaçãoaumsócio(exclusãodesócio)

    4.4.6.Dissolução

    4.5.Sociedadeemnomecoletivo

    4.6.Sociedadeemcomanditasimples

    4.7.Sociedadelimitada

    4.7.1.Disposiçõespreliminares

    4.7.2.Capitalsocial–subscritoeintegralizado;aumentoeredução.Quotas

    4.7.3.Administração

    4.7.4.Conselhofiscal

    4.7.5.Deliberaçõesdossócios

    4.7.5.1.Reuniãoeassembleia

    4.7.5.2.Quadrocomquórunsdevotação

    4.7.6.Resoluçãodasociedadeemrelaçãoasóciosminoritários(exclusãodesócio)

    4.7.7.Dissolução

    4.8.SociedadeAnônima

    4.8.1.Regimejurídico

    4.8.2.Características

    4.8.2.1.Livrossociais

    4.8.3.Valoresmobiliários

    4.8.3.1.BolsadeValores

    4.8.3.2.MercadodeBalcão

    4.8.3.3.ComissãodeValoresMobiliários–CVM

    4.8.3.4.Ações

    4.8.3.5.Debêntures

    4.8.3.6.Bônusdesubscrição

    4.8.3.7.Partesbeneficiárias

    4.8.3.8.Commercialpapers

  • 4.8.4.Ações:regimejurídicoeespécies

    4.8.4.1.Ordinárias

    4.8.4.2.Preferenciais

    4.8.4.3.Defruição

    4.8.5.Espéciesdesociedadeanônima

    4.8.5.1.Fechada

    4.8.5.2.Aberta

    4.8.6.Acionista

    4.8.6.1.Direitos

    4.8.6.2.Minoritário

    4.8.6.3.Controlador

    4.8.6.3.1.Poderdecontrole

    4.8.6.3.2.Funçãosocialdaempresa

    4.8.6.3.3.Abusodopoderdecontrole

    4.8.6.4.Acordodeacionistas

    4.8.7.Órgãosdacompanhia

    4.8.7.1.Assembleiageral

    4.8.7.1.1.Assembleiageralordinária

    4.8.7.1.2.Assembleiageralextraordinária

    4.8.7.2.Administração

    4.8.7.2.1.Conselhodeadministração

    4.8.7.2.2.Diretoria

    4.8.7.2.3.Deveresdosadministradores

    4.8.7.2.4.Responsabilidadedosadministradores

    4.8.7.2.5.Açãojudicialcontraosadministradores

    4.8.7.3.Conselhofiscal

    4.8.8.Subsidiáriaintegral

    4.8.9.Tagalongealienaçãodecontrole

  • 4.8.10.Takeovereofertapúblicadeaquisiçãodocontroledecompanhiaaberta–OPA

    4.8.11.Governançacorporativa

    4.9.Sociedadeemcomanditaporações

    4.10.Sociedadecooperativa

    4.10.1.Áreasdeatuação

    4.10.2.Cooperativassingulares

    4.10.3.Cooperativascentraisoufederaçõesdecooperativas

    4.10.4.Confederaçõesdecooperativas

    4.11.SociedadesColigadas

    4.11.1.Controladora.Holding.Offshore

    4.11.2.Controlada

    4.11.3.Filiada

    4.11.4.Simplesparticipação

    4.12.Reorganizaçãosocietária

    4.12.1.Monopólio,oligopólio,monopsônioeoligopsônio.CADE–ConselhoAdministrativodeDefesaEconômica

    4.12.2.Transformação

    4.12.3.Incorporação

    4.12.4.Fusão

    4.12.5.Cisão

    4.12.6.Jointventure

    4.12.7.SPE–Sociedadedepropósitoespecífico

    4.13.Sociedadedependentedeautorização

    4.13.1.Sociedadenacional

    4.13.2.Sociedadeestrangeira

    4.14.Sociedadedegrandeporte

    QuestõesdeexamesdaOABeconcursospúblicos

    5-Recuperaçãodeempresasefalência

  • 5.1.Histórico

    5.2.Decreto-lein.7.661/45

    5.2.1.Concordatasuspensiva

    5.2.2.Concordatapreventiva

    5.3.Lein.11.101/2005

    5.3.1.Crisedaempresa

    5.3.2.Princípiodapreservaçãodaempresa

    5.3.3.PessoaseatividadessujeitasàaplicaçãodaLein.11.101/2005

    5.3.3.1.Pessoaseatividadesnãosujeitas

    5.3.3.2.Cooperativas

    5.4.Disposiçõescomunsàrecuperaçãojudicialeàfalência

    5.4.1.Competênciaeprevenção

    5.4.2.Suspensãodaprescrição,dasaçõesedasexecuções

    5.4.2.1.Sóciossolidáriosesóciosgarantidores(avalistasoufiadores)

    5.4.3.Verificaçãodecréditos

    5.4.4.Habilitaçãodecréditos

    5.4.4.1.Credoresretardatários(atrasados)

    5.4.5.Impugnaçãodecrédito

    5.4.6.Administradorjudicial

    5.4.6.1.Deveres

    5.4.6.2.Destituiçãoerenúncia

    5.4.6.3.Remuneração

    5.4.7.Comitêdecredores

    5.4.7.1.Composição

    5.4.7.2.Atribuições

    5.4.7.3.Remuneração

    5.4.8.Regrasgeraisparaadministradorjudicialemembrosdocomitêdecredores

    5.4.8.1.Impedidos

  • 5.4.8.2.Responsabilidade

    5.4.9.Assembleiageraldecredores

    5.4.9.1.Composição

    5.4.9.2.Atribuições

    5.4.9.3.Convocação,instalaçãoevotação

    5.5.Recuperaçãodeempresas

    5.5.1.Recuperaçãojudicial

    5.5.1.1.Créditosabrangidosenãoabrangidos

    5.5.1.2.Requisitosepressupostos

    5.5.1.3.Meiosderecuperação

    5.5.1.4.Pedidoeprocessamentojudicial

    5.5.1.5.Planoderecuperação

    5.5.1.5.1.Requisitos

    5.5.1.5.2.Objeção,rejeiçãoemodificação

    5.5.1.5.3.Aprovaçãodoplano,cramdownenovação

    5.5.1.6.Dívidasfiscais,parcelamentosecertidões

    5.5.1.7.Prazos

    5.5.1.8.Cumprimentodoplano

    5.5.1.8.1.Manutençãodagestãoegestorjudicial

    5.5.1.9.Alienaçãoeoneraçãodebensoudireitos

    5.5.1.10.Convolaçãodarecuperaçãojudicialemfalência

    5.5.2.Recuperaçãoespecialdasmicroempresaseempresasdepequenoporte

    5.5.2.1.Condiçõesespeciais(planoespecial)

    5.5.3.Recuperaçãoextrajudicial

    5.5.3.1.Créditosabrangidosenãoabrangidos

    5.5.3.2.Requisitos

    5.5.3.3.Homologação

    5.6.Falência

  • 5.6.1.Massafalida

    5.6.2.Classificaçãodoscréditos(parconditiocreditorum)

    5.6.3.Créditosextraconcursais

    5.6.4.Pedidoderestituição

    5.6.5.Decretaçãodafalência

    5.6.5.1.Hipóteses

    5.6.5.2.Quempoderequerer

    5.6.5.2.1.Falênciarequeridapeloprópriodevedor(autofalência)

    5.6.5.3.Petiçãoinicialeprocedimento

    5.6.5.4.Afastamentodafalência

    5.6.5.5.Recursoscabíveis

    5.6.5.6.Determinaçõesdadecretaçãodefalência

    5.6.5.7.Termolegaldafalência

    5.6.5.8.Inabilitaçãoempresarial

    5.6.5.9.Direitosedeveresdofalido

    5.6.6.Arrecadação,avaliaçãoecustódiadosbens

    5.6.7.Efeitosdadecretaçãodafalênciasobreasobrigaçõesdodevedor

    5.6.7.1.Resoluçãodecontratosbilateraiseunilaterais

    5.6.8.Ineficáciaerevogaçãodeatospraticadosantesdafalência

    5.6.8.1.Açãorevocatória

    5.6.9.Realizaçãodoativo

    5.6.9.1.Meiosdealienação

    5.6.9.2.Modalidades

    5.6.9.3.Sucessãotributária,trabalhistaeacidentária

    5.6.10.Pagamentoaoscredores

    5.6.10.1.Responsabilidadepessoaledesconsideraçãodapersonalidadejurídica

    5.6.11.Encerramentodafalência

    5.6.12.Extinçãodasobrigaçõesdofalido

  • 5.7.AspectospenaisecrimesdaLein.11.101/2005

    QuestõesdeexamesdaOABeconcursospúblicos

    6-Contratosmercantis

    6.1.Aspectosgeraisdoscontratos

    6.1.1.Conceitodecontrato

    6.1.2.Fasesdacontratação

    6.1.3.Inadimplementocontratualeadimplementosubstancial

    6.1.3.1.Perdasedanos

    6.1.3.1.1.Danosemergentes

    6.1.3.1.2.Lucroscessantes

    6.1.3.1.3.Danomoral

    6.1.3.1.4.Teoriadaperdadeumachance

    6.1.4.Extinçãodoscontratos

    6.1.5.Unificaçãodosdiplomasobrigacionais

    6.1.6.Especificidadesdoscontratosempresariais

    6.1.7.Classificaçãodoscontratos

    6.1.8.Distinçãoentreoscontratos:civil(c2c),deconsumo(b2c)eempresarial(b2b)

    6.1.8.1.HipótesesdeaplicaçãodoCódigodeDefesadoConsumidoraoscontratosempresariais.Teorias

    6.1.8.1.1.Odestinatáriofinal

    6.2.Contratosemespécie

    6.2.1.Compraevendamercantil

    6.2.2.Prestaçãodeserviçoempresarial

    6.2.3.Locaçãomercantil

    6.2.4.Shoppingcenter

    6.2.5.Leasing/arrendamentomercantil

    6.2.5.1.Leasingfinanceiro

    6.2.5.2.Leasingoperacional

  • 6.2.5.3.Lease-back

    6.2.5.4.Selfleasing

    6.2.5.5.Valorresidualgarantido

    6.2.6.Alienaçãofiduciária

    6.2.7.Factoring/faturização

    6.2.7.1.Maturityfactoring

    6.2.7.2.Conventionalfactoring

    6.2.8.Contratosbancáriosefinanceiros

    6.2.8.1.Contratodeaberturadecrédito

    6.2.8.2.Contratodedepósitobancário

    6.2.8.2.1.Contapoupança

    6.2.8.2.2.Contacorrente

    6.2.8.3.Cartãodedébito.“Chequeeletrônico”

    6.2.8.4.Cartãodecrédito

    6.2.8.5.Avalefiançabancária

    6.2.8.6.Créditodocumentário/documentado

    6.2.8.7.Gestãodepagamento(pagamentocaucionado)

    6.2.9.Securitizaçãodecrédito

    6.2.10.Consórcio

    6.2.11.Franquia

    6.2.12.Agênciaedistribuição

    6.2.13.Representaçãocomercial

    6.2.14.Comissãoemandatomercantis

    6.2.15.Corretagemoumediação

    6.2.16.Concessãomercantil

    6.2.17.Seguro

    6.2.17.1.Seguropatrimonial(dedano)

    6.2.17.2.Seguropessoal(depessoa)

  • 6.2.18.Transporte/frete

    6.2.18.1.Transportedepessoas

    6.2.18.2.Transportedecoisas

    6.2.18.3.Transportecumulativo

    6.2.19.Contratoseletrônicos

    6.2.20.Contratosinternacionais

    6.2.20.1.Lexmercatoria

    6.2.20.2.INCOTERMS

    6.2.20.3.AplicaçãodalegislaçãoestrangeiraeLINDB(antigaLICC)

    6.2.20.4.Aplicaçãododireitomaterialeprocessual

    6.2.21.Parceriapúblico-privada

    6.3.Arbitragem

    6.3.1.Cláusulacompromissória

    6.3.2.Compromissoarbitral

    6.3.3.Arbitragemnaprática

    QuestõesdeexamesdaOABeconcursospúblicos

    7-Temasavançados

    7.1.leianticorrupçãoeresponsabilidadeempresarialobjetiva

    Gabaritoecomentáriosdasquestões

    CAPÍTULOI

    CAPÍTULOII

    CAPÍTULOIII

    CAPÍTULOIV

    CAPÍTULOV

    CAPÍTULOVI

    REFERÊNCIAS

  • TARCISIOTEIXEIRAMestreeDoutoremDireitoEmpresarialpelaFaculdadedeDireitodoLargoSãoFrancisco–USP.Pós-graduadoemDireito

    EmpresarialpelaEscolaPaulistadaMagistratura–EPM.ProfessordaUniversidadeEstadualdeLondrina–UEL

    (graduação,pós-graduaçãolatosensuestrictosensu).LecionaemcursospreparatóriosparaaOABeconcursos.

    CoordenadordecursosjurídicosnaEscolaSuperiordeAdvocacia–ESAdaOAB/SPenaEscolaPaulistadeDireito–EPD.

    Autordelivroseartigosjurídicos.Palestrante,parecerista,advogadoeconsultordeempresa.

    [email protected]

  • AGRADECIMENTOS

    GraçasaDeus,pormepermitirencontrarsentidonavida,emespecialpelocasamentoepelosfilhos;

    e,aindasim,conseguirpublicarmaisestelivro.

    Àminhaesposaeeternanamorada,Veridiana,pelainfinitapaciênciaepelasprivaçõesemrazãodo

    meuofício;suporteindispensável.

    Aosmeuspais,TarcisioeEunice,pelaspreces.

    Aosmeusconselheiros,FábioeOswaldo,queporinspiraçãodivinameajudaramaorar,aconfiar,a

    atuareadividirmeutempo.

    ÀCleideForastierieaosdemaisprofissionaisdaEditoraSaraiva,poracreditaremnomeutrabalho.

    AoProfessorVerçosa,pormeauxiliarnodesenvolvimentoacadêmico.

    Aos assistentesAlessandradeOliveira,AlineKurahashi,CristianSantos,Francielli daCosta, José

    EduardoBalera,KarinaCocatto,MariaAngélicaLozam,MaryeleBerbel,MayaraAraújo, pelo apoio

    acadêmico.

    Aos leitoresquegentilmentepuderemnos informaracercadeeventuais imperfeiçõesnestaobrapor

    meiodocanal:[email protected]

  • ABREVIATURASUTILIZADAS

    AC–ApelaçãoCível

    ADI–AçãoDireitadeInconstitucionalidade

    Ag–AgravodeInstrumento

    AgRgnoAg–AgravoRegimentalnoAgravodeInstrumento

    AMS–ApelaçãoemMandadodeSegurança

    BACEN–BancoCentraldoBrasil

    BM&F–BolsadeMercadoriaseFuturos

    BM&FBOVESPA–BolsadeValores,MercadoriaseFuturos

    BOVESPA–BolsadeValoresdeSãoPaulo

    CADE–ConselhoAdministrativodeDefesaEconômica

    CB–CentraldeBalanços

    CC–CódigoCivil(Lein.10.406/2002)

    CC–ConflitodeCompetência(STJ)

    CDC–CódigodeDefesadoConsumidor(Lein.8.078/90)

    CFC–ConselhoFederaldeContabilidade

    CGSIM–ComitêparaGestãodaRedeNacionalparaSimplificaçãodoRegistroedaLegalizaçãode

    EmpresaseNegócios

    CMN–ConselhoMonetárioNacional

    CNPJ–CadastroNacionaldaPessoaJurídica

    CPC–CódigodeProcessoCivilde1973(Lein.5.869/73)

    (novo)CPC–(novo)CódigodeProcessoCivilde2015(Lein.13.105/2015)

    CT-e–ConhecimentodeTransporteeletrônico

  • CTN–CódigoTributárioNacional

    CUP–ConvençãodaUniãodeParis

    CVM–ComissãodeValoresMobiliários

    DANFE–DocumentoAuxiliardaNotaFiscalEletrônica

    DNRC–DepartamentoNacionaldeRegistrodoComércio

    DREI–DepartamentodeRegistroEmpresarialeIntegração

    E-LALUR–LivrodeApuraçãodoLucroRealEletrônico

    ECD–EscrituraçãoContábilDigital

    ED–EmbargosdeDeclaração

    EFD–EscrituraçãoFiscalDigital

    EREsp–EmbargosdeDivergênciaemRecursoEspecial

    FCONT–ControleFiscalContábildeTransição

    FGTS–FundodeGarantiadoTempodeServiço

    GATT–AcordoGeraldeTarifaseComércio

    ICMS–ImpostosobreCirculaçãodeMercadoriaseServiços

    IBGC–InstitutoBrasileirodeGovernançaCorporativa

    INCOTERMS–TermosInternacionaisdoComércio

    INPI–InstitutoNacionaldaPropriedadeIndustrial

    INSS–InstitutoNacionaldoSeguroSocial

    IPTU–ImpostosobreaPropriedadePredialeTerritorialUrbana

    IPVA–ImpostosobreaPropriedadedeVeículosAutomotores

    ISS–ImpostoSobreServiçosdeQualquerNatureza

    LC–LeidoCheque(Lein.7.357/85)

    LD–LeidaDuplicata(Lein.5.474/68)

    LINDB – Lei de Introdução àsNormas doDireitoBrasileiro (antiga LICC – Lei de Introdução ao

    CódigoCivil–Decreto-Lein.4.657/42)

    LPI–LeidaPropriedadeIndustrial(Lein.9.279/96)

  • LRF–LeideRecuperaçãoeFalência(Lein.11.101/2005)

    LSA–LeidasSociedadesAnônimas(Lein.6.404/76)

    LU–LeiUniforme(Decreton.57.663/66)

    MP–MedidaProvisória

    NF-e–NotaFiscalEletrônica

    NFS-e–NotaFiscaldeServiçosEletrônica

    NIRE–NúmerodeInscriçãonoRegistrodeEmpresa

    nCPC–novoCódigodeProcessoCivilde2015(Lein.13.105/2015)

    OAB–OrdemdosAdvogadosdoBrasil

    OMC–OrganizaçãoMundialdoComércio

    OMPI–OrganizaçãoMundialdaPropriedadeIntelectual

    ONU–OrganizaçãodasNaçõesUnidas

    PPP–Parceriapúblico-privada

    REsp–RecursoEspecial(STJ)

    RPI–RevistadaPropriedadeIndustrial

    SBDC–SistemaBrasileirodeDefesadaConcorrência

    SEAE–SecretariadeAcompanhamentoEconômico

    SESC–ServiçoSocialdoComércio

    SESI–ServiçoSocialdaIndústria

    SPED–SistemaPúblicodeEscrituraçãoDigital

    STJ–SuperiorTribunaldeJustiça

    STF–SupremoTribunalFederal

    SUSEP–SuperintendênciadeSegurosPrivados

    TR–TaxaReferencial

    TRIPs –AcordoRelativo aosAspectos doDireito da Propriedade IntelectualRelacionados como

    Comércio

    VRG–Valorresidualgarantido

  • PREFÁCIO

    Em pouco tempo o autor traz a lume outra edição do seuDireito empresarial sistematizado, com

    ajustes,atualizaçõesenovostemasqueoenriquecemsubstancialmente.

    O autor desde algum tempo tem-se dedicado com bastante ênfase e proveito à carreira acadêmica,

    comoprofessordeDireitoComercialnaUniversidadeEstadualdeLondrina,unindoa teoriaàprática

    essencial deste ramo do direito.Não háDireitoComercial tão somente teórico, pois ele diz respeito

    justamenteaoatendimentodasnecessidadesjurídicasdiuturnasdaatividademercantil.

    Tarcisio Teixeira, a cada edição atualiza e inclui o estudo de temas novos, como o da empresa

    individual de responsabilidade limitada (EIRELI), do microempreendedor individual (MEI), da

    desconsideração inversa da personalidade jurídica e da governança corporativa, entre outros, todos

    atuaisedereconhecidaimportância.

    AEIRELInasceudanecessidadedesedaraopequenoempresáriouminstrumentoaptoalhepermitir

    exercersuaatividadecomaminimizaçãoderiscospatrimoniaisparaoseupatrimônioparticular.Como

    serávistonoestudofeito,oinstitutonasceucomdiversosproblemasaseremresolvidos,esperamosque

    emfuturonãomuitoremoto.ÀEIRELIseagregaoexamedomicroempreendedorindividual.Quempensa

    que a pujança de nossa economia está fundada substancialmente na grande empresa desconhece uma

    realidadeespantosa:osmicroepequenoempreendedoressãoresponsáveisporumaenormequantidade

    deempregose,nasomadasuaatividade,movimentamvolumososegmentodenossaeconomia.Penaque

    olegisladoreosgovernanteslhedispensemtãopoucaatenção.Afinaldecontas,ahojegiganteMicrosoft

    nasceudentrodeumapequenagaragem.

    O desgastante tema da desconsideração da personalidade jurídica, que mereceu do legislador no

    CódigoCivilde2002edoJudiciárioumtratamentoquepodesedizerindigno,éaquitratadopeloautor

    soboutravertente,adasuainversão,queserevelabastanteinteressante.

    Finalmente,tambémfoiabordadaaquestãodagovernançacorporativaarespeitodaqualmuitosetêm

  • escrito,afavorecontra.Nesteúltimocaso,emvistadefalhasgritantesquetêmseverificadoemgrandes

    empresas,dandoaalgunsmotivosparareclamaremdeumcustoextremamenteelevadoparaasempresas

    queaadotamesemcontrapartidajustificável.Nãosemostraagovernançacorporativa,evidentemente,

    como uma panaceia que atenderá sempre adequadamente aos interesses dos que estão de fora da

    administração das sociedades e servirá para proteger os seus interesses. Mas pode-se dizer com

    tranquilidadequeruimcomela,muitopiorsemela,nãosepodendodescuidardoseuaperfeiçoamento.

    Enfim renovada, a obra de Tarcisio Teixeira continua como uma importante referência para o

    aprendizadodoindispensávelDireitoComercial.

    HaroldoMalheirosDuclercVerçosa

    Mestre,DoutoreLivre-docenteemDireitoComercialpelaUSP.ProfessorAssociadode

    DireitoComercialdaUSP.

    MembrodoCentrodeMediaçãoeArbitragemdaCâmaradoComércioBrasil-Canadá.

    Consultoreadvogado.

  • 1

    Teoriageraldodireitoempresarial

    1.1.INTRODUÇÃOAODIREITOEMPRESARIAL

    ComoadventodoCódigoCivilde2002ea revogaçãodepartedoCódigoComercialde1850,no

    Brasiltem-seusadoaexpressão“DireitoEmpresarial”emvezde“DireitoComercial”,oqueensejouaté

    amudançadenomenclaturadasdisciplinasdegrandepartedoscursosjurídicos.

    Poderíamos dizer que Direito Empresarial é o mesmo que Direito Comercial, mas o Direito

    Empresarial émais amplo que este, pois alcança todo exercício profissional de atividade econômica

    organizada para produção ou circulação de bens ou de serviços (exceto intelectual). Já o Direito

    Comercial alcançava, em sua concepção inicial, apenas os comerciantes que compravam para depois

    revenderealgumasoutrasatividades,queserãovistasadiante.

    Dequalquerforma,oDireitoComercialéumramohistóricodoDireito,quesurgiupelasnecessidades

    doscomerciantesnãorespaldadaspelasnormasdoDireitoCivil.

    1.1.1.Origemeevoluçãohistóricadodireitoempresarial

    Nas palavras de LevinGoldschmidt, o desenvolvimento do conceito de propriedade individual foi

    fundamental para o intercâmbio de bens, especialmente dos bens móveis; isso desde os tempos

    primitivos. Toda circulação de mercadorias na sua fase inicial é o comércio de troca, um comércio

    realizadoporandarilhos(comércioderua)emqueanegociaçãosedáporcontaprópria.Masaospoucos

    foiaparecendoamercadoriaintermediária,odinheiro,edonaturalnegóciodetrocafoi-seformandoo

    comérciodecompra,certamentepelaprimeiraveznotráficointernacional.

    Obviamente que a troca de bens era pequena nos tempos primitivos entre os membros da mesma

    comunidade.Oseucrescimentoeasuaregularidadesederamemrazãodaintervençãodointermediário

  • (comercianteestrangeiro),oqualexcitavae satisfaziao sentidoestéticodaspessoas,oque implicava

    novasnecessidades,consequentementelevandoaspessoasa importarembensdesejados(joias,metais,

    armas, ferramentas, vinho, licor etc.) e exportarem bens superabundantes. Assim, o comerciante que

    vinhadeoutrolugarpoderiaseraomesmotempobem-vindoeodiado,poismuitasvezeseratidocomo

    umespertoenganador.

    Aos poucos o comércio foi se fixando fisicamente, normalmente nas praças das cidades (comércio

    estável), adicionado ao comércio ambulante (de rua). Mais tarde, em muitas localidades, os

    estabelecimentos físicos tornaram-sepredominantes;entretanto,aindahoje,emalgunspaíses (comoda

    África e da Ásia) o comerciante nômade desempenha um papel extremamente relevante. Também

    gradualmenteavendadebensagranel(soltos)foicrescendo,massomentecomodesenvolvimentoda

    vendaporatacadoéqueaatividadedocomerciantepassouasertidacomoumaprofissão1.

    HánotíciadeinstitutosdoDireitoComercialnoCódigodeHammurabi[1.772a.C.] 2,comoocontrato

    desociedadeeoempréstimoajuros.

    Durante o Império Romano não havia tratamento jurídico específico para o tráfico mercantil

    (comércio).Osgrandesjuristas-historiadoresafirmamqueadisciplinadoDireitoComercialemRoma

    estavasubmetidaàsregrasdodireitoprivadocomum(DireitoCivil).

    Aausênciadenormasespecíficasparaocomérciofoideterminanteparaaprogressivaelaboraçãode

    umcorpoderegrasquemaistardecaracterizariaoDireitoComercialcomoramodoDireito.

    Como fimdo ImpérioRomano, oDireitoCanôniconãodeixou incorporar às suasnormas algumas

    práticascomerciais,comoacobrançadejuros(aIgrejaconsideravaqueodinheiroeraestéril,logonão

    podiaterfilhos–juros).

    Para superar os impedimentos, os comerciantes desenvolveram técnicas negociais complexas e

    institutos,comoaletradecâmbio(quemaisadianteseráestudada)paraabuscadecrédito.

    Assim, os comerciantes conseguiram vencer a ausência de normas dos ordenamentos jurídicos

    influenciadospeloDireitoRomano.TambémsuperaramasrestriçõesdoDireitoCanônico,jáqueapartir

    daíocomérciopassouatermaisoportunidades,dopontodevistajurídico,paraseudesenvolvimento.

    Pode-se dizer que o desenvolvimento doDireito Comercial se deu “quase no escuro”, isto é, sem

    préviaexperiênciasocialejurídica,arriscandosemmedirasconsequências.

    Mas,quandoodireitocomumdispunhadeinstitutossatisfatóriosaoscomerciantes,estessesocorriam

  • deles, enãocriavamnovos.Talvez sejaessaa razãopelaqualnuncahouveumgrandemarcodivisor

    entreDireitoCivileComercial.Muitosinstitutosoriginalmentemercantisacabaramporsegeneralizarna

    suautilização,masnemporissopode-sedizerqueoDireitoComercialprecedeoDireitoCivil.

    OnascimentoeaevoluçãodoDireitoComercialocorrerampelanecessidadedeestruturaçãodosetor

    econômico.DiferentedoDireitoCivil,queéestático,oDireitoComercialsempreesteveemconstante

    evolução (nas suas disposições), livre de tecnicismos e abstrações, aberto ao espírito de criação dos

    comerciantesporseususosecostumes.

    Alémdisso,naIdadeMédiaaspessoascomeçaramamigrardocampoparaascidades,ondeartesãos

    e mercadores passavam a exercer atividades negociais. Assim, desenvolveram-se as feiras e os

    mercados, que facilitaram o encontro dos comerciantes, o que, por sua vez, contribuiu para o

    desenvolvimentodeumcomérciointernoeinternacionalfortenaEuropa.

    Vale mencionar que o desenvolvimento do comércio marítimo também teve papel relevante na

    construçãodoDireitoComercialcomoramodoDireito.

    Em razão dos entraves já mencionados, os comerciantes criaram as Corporações de Ofícios e de

    Artes, com normas e justiça próprias (Tribunal dos Comerciantes), destinadas a solucionar possíveis

    conflitos entre eles, combase na equidade, na boa-fé e nos usos e costumes, umgrandepasso para a

    afirmaçãodoDireitoComercial 3.

    Sucintamente,oDireitoComercial,emsuaevolução,podeserdivididoem3 fases:1ª–dosusose

    costumes(fasesubjetiva,queseiniciafundamentalmentenaIdadeMédiaevaiaté1807,anodaedição

    doCódigoComercialfrancês);2ª–dateoriadosatosdecomércio(faseobjetiva,quevaide1807até

    1942, anomarcado pela edição do Código Civil italiano); 3ª – da teoria da empresa (fase subjetiva

    moderna,apartirde1942).Passaremosaoestudodessasteorias;osusosecostumesserãotratadosno

    itemsobreasfontesdoDireito.

    1.1.1.1.Teoriadosatosdecomércio.Mercancia.França

    Comomovimentodasgrandescodificações(promovidosubstancialmenteporNapoleão,apartirdo

    CódigoCivilfrancêsde1804),adisciplinadoDireitoComercialpassouaternova“roupagem”,coma

    criaçãodateoriadosatosdecomércio,positivadapeloCódigoComercialfrancêsde1807emaistarde

    adotadapeloCódigoComercialbrasileirode1850.

  • Deacordocomoart.110-1doCódigoComercialfrancêsde1807,atodecomércioéacompracom

    intençãoderevender.

    Nessa fase, oDireito Comercial tinha por objeto, principalmente, estabelecer regras sobre os atos

    daquelesquecompravampararevender,ouseja,aatividadedoscomerciantes.

    Paraquealguémfosseconsideradocomerciante,osatosdecomérciodeviamserrealizadoshabituale

    profissionalmente4.Issotambémerachamadodemercancia.

    Assim,atosdecomérciooumercanciapressupunhamhabitualidade,atuaçãocontínuanoexercícioda

    atividade comercial. Conforme o art. 19 do então vigente Decreto (Regulamento) n. 737/1850,

    considerava-semercancia:acompraevendaoutrocacomofimderevenderporatacadoouagranelna

    mesmaespécieoumanufaturadosoucomoobjetivodealugar;asoperaçõesbancárias,decorretageme

    de câmbio; as empresas de fábrica, de comissão, de depósito, de expedição, de consignação, de

    transporte de mercadorias e de espetáculos públicos; os seguros, fretamentos e demais contratos do

    comérciomarítimo;armaçãoeexpediçãodenavios.Essadisposiçãolegalbrasileira,emgrandemedida,

    equivaliaaoart.110-1doCódigoComercialfrancêsde1804.

    Além disso, o revogado art. 4º do Código Comercial brasileiro de 1850 previa que somente era

    considerado comerciante para fins de proteção legal quem estivesse matriculado em um Tribunal do

    Comércio e fizesse da mercancia sua profissão habitual. O emprego da terminologia comerciante se

    explica, em parte, porque a industrialização ainda começava, e a atividade de prestação de serviços

    também era incipiente. A principal atividade desenvolvida até então era o comércio, sobretudo pela

    comprapararevenda.

    1.1.1.2.Teoriadaempresa.Itália

    Com o passar do tempo, em especial pelo grande desenvolvimento de atividades econômicas

    complexas–principalmentena industrial e naprestaçãode serviços–, a teoriados atosde comércio

    tornou-seinsuficientecomodisciplinajurídicaparaoDireitoComercial,atéporqueasnovasatividades

    econômicasnãoeramalcançadasporessateoria.

    Surgiu então, a partir da vigência do Código Civil italiano de 1942, a teoria da empresa, como

    evoluçãodateoriadosatosdecomércio,tendoemvistasuamaioramplitude.

    A teoria da empresa é mais ampla que a teoria dos atos de comércio porque alcança qualquer

  • atividadeeconômicaorganizadaparaaproduçãoouparaacirculaçãodebensoudeserviços(excetoas

    atividadesintelectuais),enãoapenasosatosdecomércio.

    Vale considerar que a palavra “comércio” (base da teoria dos atos de comércio) em sua acepção

    primária teria o sentido de compras e vendas, intermediação.Muitas vezes, a expressão comércio é

    empregada de forma ampla para designar todo o gênero de atividades econômicas. Porém, o mais

    adequado,especialmenteapósoadventoda teoriadaempresa,seriautilizarapalavracomérciocomo

    espéciedeatividadeempresarialounegocial(gênero).Dessaforma,comércio,indústriaeprestaçãode

    serviçoseriamasespéciesdeumgênerocomum.Issosealinhacomodispostopeloart.966,caput,do

    CódigoCivilqueadotouateoriadaempresa.

    Ocomerciantepassouaserreferidopeloart.966,caput,doCódigoCivilaodisporque:“Considera-

    se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a

    circulaçãodebensoudeserviços.”Afiguradocomercianteestáretratadanaexpressão“circulaçãode

    bensoudeserviços”.Ouseja,comercianteéaquelequepromoveacirculaçãodebensouacirculação

    deserviços.OCódigoCivilitaliano,art.2.082(cujaredaçãofoiafonteinspiradoradoart.966donosso

    CódigoCivil),utilizaaexpressão“trocadebensoudeserviços”.

    O Código Civil brasileiro externa a opção legislativa pela adoção da teoria da empresa em

    substituiçãoàteoriadosatosdecomércio.Ateoriadaempresasefundamentanoconceitodeempresário

    previsto no caput do art. 966; já a teoria dos atos de comércio era baseada na mercancia, sendo

    positivadainicialmentepeloCódigoComercialfrancêsde1807,art.110-1.Adiante,nositensarespeito

    doconceitoedacaracterizaçãodoempresário,ateoriadaempresaserátratadacommaisprofundidade.

    1.1.1.3.OdesenvolvimentododireitoempresarialnoBrasil

    DuranteoperíodoBrasil-colônia,asrelaçõesjurídicasbrasileiraseramreguladaspelasOrdenações

    Portuguesas(àépocaimperavamasFilipinas),sobinfluênciadoDireitoCanônicoeDireitoRomano.

    ComachegadadaFamíliaRealaoBrasil,em1808(quesaiudePortugalemrazãoda invasãodas

    tropasnapoleônicas),surgiuanecessidadedeorganizaçãodaCorteedeumalegislaçãocomfinalidade

    econômica.

    Por obra de Visconde de Cairu – com a chamada Lei de Abertura dos Portos de 1808 –, os

    comerciantes, antes impedidos pela política mesquinha da metrópole, abrem-se plenamente para o

  • comércio.

    Em seguida, surgem a Real Junta de Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegações e o Banco do

    Brasil(criadopeloAlvaráde12deoutubrode1808),entreoutrasdeterminaçõeslegais.

    Após a Proclamação da Independência, em 7 de setembro de 1822, foi convocada a Assembleia

    Legislativade1823,ficandoentãodeterminadoqueaindateriamvigêncianoBrasilasleisportuguesas,

    comapossibilidadedeinvocarleismercantisdepaísescristãoscomboajurisprudência. Issosedeu

    emfacedaausênciadeumordenamentojurídicobrasileironaquelemomento.

    Assim, o Código Comercial francês de 1807, o Código Comercial espanhol de 1829 e o Código

    Comercialportuguêsde1833foramverdadeirasfonteslegislativasparaoBrasilnoséculoXIX.

    1.1.1.3.1.CódigoComercialde1850Mesmodiantedorelatadohápouco,oespíritodesoberanianoBrasilàquelaépocaexigialegislação

    própria. Assim, em 1834, foi elaborado um projeto de Código do Comércio, que tramitou no Poder

    Legislativoaté1850,anoemquefoisancionadaaLein.556,de25dejunhode1850–conhecidacomo

    CódigoComercialbrasileiro.

    EsseCódigoéatéhojeelogiávelemrazãodatécnicaedaprecisão.TevecomoinspiraçãoosCódigos

    ComerciaisdaFrança,daEspanhaedePortugal.Nomesmoanodesuaediçãofoiregulamentadopelo

    Decreton.737,de1850.

    Depoissurgiramlegislaçõesmercantissobreregrasdoprocessocomercial;matrículaequalificação

    docomerciante;extinçãodosTribunaisdoComércio;sociedadeanônima;sociedadelimitada;concordata

    preventiva;reformafalimentaretc.

    OCódigoComercialbrasileirode1850adotavaateoriadosatosdecomércio.Nasegundametadedo

    séculoXX,ajurisprudênciaeadoutrinabrasileirascomeçaramaperceberainsuficiênciadessateoriae

    passaramaadmitirateoriadaempresa.Issopodeserpercebidonaconcepçãodeváriasnormas,comoa

    Lein.8.078/90–CódigodeDefesadoConsumidor.

    Como é sabido, com a vigência doCódigoCivil de 2002, revogou-se a primeira parte doCódigo

    Comercialde1850(amaioreprincipalparte).Apartirdisso,oDireitoEmpresarialdeixoudetercomo

    fonteprincipaloCódigoComercial,passandoaserreguladopeloCódigoCivil.

    Valeressaltarqueolegisladorbrasileiro,naconcepçãodoCódigoCivilde2002,seguiuemgrande

    medida as disposições doCódigoCivil italiano de 1942, em especial quanto às disposições sobre o

  • direitoobrigacionaleodireitodeempresa.

    Emrazãodisso,oCódigoCivilde2002adotouateoriadaempresaemdetrimentodateoriadosatos

    de comércio, conforme seu art. 966. Logo, a partir da vigência do Código Civil de 2002, o Direito

    Empresarialpassouatercomodisciplinaqualqueratividadeprofissionaleconômicaeorganizadaparaa

    produçãoouacirculaçãodebensoudeserviços,excetoasatividadesintelectuais.

    1.1.1.4.Direitoempresarialoudireitocomercial

    AindaémuitorecorrenteousodaexpressãoDireitoComercialnomeiojurídico,alternando-secomo

    usodeDireitoEmpresarial.

    Pode-sedizerqueDireitoEmpresarialéomesmoqueDireitoComercial,porém,emumaversãomais

    amplaemoderna,jáqueapartirdoCódigoCivilde2002,comaadoçãodateoriadaempresa,passou-se

    a abranger qualquer exercício profissional de atividade econômica organizada (exceto a de natureza

    intelectual)paraaproduçãooucirculaçãodebensoudeserviços,diferenciando-sedoregimeanterior

    (CódigoComercialde1850),queadotavaateoriadosatosdecomércio.

    HaroldoMalheirosDuclercVerçosa ilustra essa situação comdois círculos concêntricos, emqueo

    DireitoEmpresarialseriaocírculomaioreoDireitoComercial,omenor 5.

    Anossover,DireitoEmpresarialseriaapenasaexpressão“DireitoComercial”atualizada.Boaparte

    da doutrina continua a usar Direito Comercial, inclusive nos títulos das obras. Independentemente da

    terminologia, trata-se de um ramodoDireito, como será visto adiante.Ospaíses de língua espanhola

    preferemusarDireitoMercantil.

    1.1.2.Autonomia,importânciaeconceitododireitoempresarial

    AvigênciadoCódigoCivilde2002levouàunificaçãodosdiplomasobrigacionais,jáqueobrigações

    civiseempresariaisseguemessemesmoregimejurídico(ouseja,oestabelecidopeloCódigoCivil).

    Essefatofezcomquealgunschegassemafalarem“unificaçãododireitoprivado”e/ou“extinçãodo

    DireitoEmpresarial”,jáqueestepassariaapertenceraoDireitoCivil.Nãosepodeconcordarcomisso,

    poisumramodoDireitonãosejustificaemrazãodeumCódigo.Odireitoadministrativo,porexemplo,

    nãotemumCódigo,masnemporissodeixadeserumramodoDireito.

  • Na Itália, a unificação das regras obrigacionais, em 1942, não ocasionou a extinção do Direito

    Comercial,quesemantevecomodisciplinaautônoma,semgrandescontrovérsias.

    ODireitoEmpresarialcontinuatendoautonomiaemrelaçãoaosdemaisramosdoDireito,mesmocom

    arevogaçãodeboapartedoCódigoComercial,porpossuirprincípiospróprios,principalmentequanto

    aosusosecostumes.Alémdisso,aautonomiadoDireitoComercial sedápelaprópriadisposiçãoda

    ConstituiçãoFederal,emseuart.22,inc.I.

    ODireitoEmpresarialdiferedoDireitoCivilporsermaisdinâmicoemsuas relaçõesenormas.O

    DireitoCiviléestável,eoDireitoEmpresarialécriativoemutante.Navidacivilcontrata-sepoucas

    vezes(comparando-secomavidamercantil)esepensamuitoantesderealizaralgo(p.ex.,acomprae

    vendadeimóvelparamoradiadafamília).Navidamercantilcontrata-sereiteradamente,váriasvezes(p.

    ex.,contratodedistribuição,franquia,know-howetc.)

    Considerado um ramo doDireito, o Direito Empresarial guarda uma principiologia própria, sendo

    dinâmicoecambiante,ocupando-sedenegóciosdemassa,diferentedosdemais,notadamentedoDireito

    Civil,quetemapeculiaridadedesermaisconservadoreestávelnassuasrelaçõesequantoàsmudanças,

    tratandodeatosisolados.

    IssoestáalinhadocomaposiçãodeCesareVivante,quandoeleseretrata.Issopois,nofinaldoséculo

    XIX,Vivante,professordaUniversidadedeRoma,maiorcomercialistadetodosostempos,proferindo

    conferência inaugural do curso jurídico naUniversidadedeBolonha, escandalizouomeio jurídico ao

    atacaradivisãododireitoprivado,condenandoaautonomiadoDireitoComercial.

    Maistarde,orenomadojuristamudoudeopiniãoquantoàdivisãododireitoprivado.Aoseretratar,

    defendeu a manutenção da autonomia do Direito Comercial em relação ao Direito Civil, pois, do

    contrário, acarretariaprejuízoparaoDireitoComercial, vistoqueoDireitoCivil équaseestáticona

    disposiçãodesuasnormas,tratandodeatosisolados.JáoDireitoComercialprecisadedinamismonas

    suasnormasemrazãodoconstantedesenvolvimentoeconômico,tratandodenegóciosdemassa6.

    Diantedoexposto,pareceentãocontinuarválidoodifundidoconceitodeDireitoComercial,qualseja:

    “Odireitocomercialconstituiaquelapartedodireitoprivadoquetem,principalmente,porobjetoregularacirculaçãodosbensentreaquelesqueosproduzemeaquelesqueosconsomem”(traduçãolivre) 7.

    ParaLevinGoldschmidt,odireitocomercialpodeserconsideradoumapartedaciênciadocomércio,

  • istoé,asomadetodososconhecimentosquesãoimportantesparaoexercíciodecomércio8.

    Pode-se dizer também que oDireito Empresarial influencia oDireito Civil, pois ele arriscamais,

    inventandoeexperimentandoinstitutosnovos,quemaistardeserãoounãoconsolidadosnoâmbitocivil.

    Por exemplo, os sistemas de pagamentos foram inventados peloDireito Empresarial, primeiro com a

    letradecâmbio(paraevitaroriscodeassaltosnopercursodosmercadores)e,posteriormente,como

    chequeeocartãodecrédito,que,devidoàgrandeaceitação,passaramafazerpartedavidacivil.

    RubensRequião lembraaposiçãodeSylvioMarcondesMachado–autordoanteprojetodeCódigo

    dasObrigaçõesde1965,naparterelativaàssociedadeseaoexercíciodaatividademercantil–,aodizer

    que as razões da retratação de Cesare Vivante continuavam válidas, mas nem por isso excluíam a

    coordenaçãounitáriadeatosjurídicosconcernentesaofenômenoeconômico,equeoDireitoComercial

    podiaconvivercomoDireitoCivilemumcódigounificado.EqueparaCaioMáriodaSilvaPereira,

    presidente da redação do mesmo anteprojeto, a unificação do direito das obrigações não significa a

    aboliçãodavidacomercial,eumaunidadeorgânicanãoconflitacomadisciplinadavidamercantil 9.

    Alémdetodosessesargumentos,FábioUlhoaCoelhoponderaqueajustificativafundamentalparaa

    autonomia do Direito Empresarial se dá pela manutenção dessa disciplina nos bancos universitários,

    inclusivenoexterior,comonaItáliaenaEspanha10.

    1.1.3.Objetododireitoempresarial

    O objeto doDireito Empresarial é, essencialmente, regular as relações entre empresários e dispor

    sobreasregrasdassociedadesempresariais.IssosemperderdevistaoconceitodeDireitoEmpresarial

    deCesareVivante,disciplinadordacirculaçãodosbensentreaquelesqueosproduzemeaquelesqueos

    consomem.

    Se antes o objeto do Direito Empresarial era tido a partir da teoria dos atos de comércio, com a

    vigênciadoCódigoCivilde2002oobjetopassaasermaisamplo,odateoriadaempresa,abrangendo

    todaequalqueratividadeeconômica(cf.art.966doCódigoCivil).

    ConformeRubensRequião,éaleiquedeterminaamatériaempresarial,porexemplo,alegislaçãodos

    títulosdecrédito,dapropriedadeindustrial,bancária,concorrencialetc.11.

    Sãomuitas as leis empresariais. As principais podem ser encontradas no que as editoras chamam

    “Código Comercial”. O mais adequado seria chamá-los de consolidação das leis

  • comerciais/empresariais,poisnãocontêmapenasoCódigoComerciale,muitopelocontrário,amaior

    parteédelegislaçãoextravagante.

    Assim, o Direito Empresarial, em sua evolução, chegou à atualidade como uma alavanca ao

    desenvolvimentodosnegócios,emrazãodos instrumentosquecolocaàdisposiçãoparaasoperações,

    atendendo,assim,àsnecessidadesdosempresários,comsuasnormasediversostiposdecontratos.

    Apenasparaexemplificar,ocontratodecâmbiofuncionacomoformadedareficáciaàsnegociações,

    eliminando qualquer barreira quanto à distância entre os negociantes e movimentando grandes

    quantidades de mercadorias/serviços ou de dinheiro (nesse caso, sem necessidade de movimentar

    efetivamenteonumerário).

    1.1.3.1.Comércioeatividadenegocial

    Ocomércioéaatividadecomfinslucrativosrelevanteparaomovimentodemercadorias,sendocada

    elementopertencenteaocomércio(necessáriosparaasuarealização;osseusobjetos;eoutrosassuntos)

    chamadodematériadecomércio12.

    DeacordocomAlfredoRocco,“ocomércioéaqueleramodaproduçãoeconômicaquefazaumentaro

    valor dos produtos pela interposição entre produtores e consumidores, a fim de facilitar a troca das

    mercadorias”13.

    EsseconceitoestádiretamenterelacionadocomodeDireitoComercial trazidoporCesareVivante:

    “Odireitocomercialconstituiaquelapartedodireitoprivadoquetem,principalmente,porobjetoregular

    acirculaçãodosbensentreaquelesqueosproduzemeaquelesqueosconsomem”(traduçãolivre) 14.

    Peloexpostoanteriormentesobreaevoluçãodateoriadosatosdecomércioparaateoriadaempresa,

    omaisadequadoédizerqueoobjetodoDireitoEmpresarialéqualqueratividadenegocial(excetoas

    intelectuais).

    Atividadenegocialpodeserentendidacomoqualqueratividadequetenhaporfinalidadeolucro,isto

    é,desdeaatividadeextrativadematéria-prima,aindústria,ocomércioeaprestaçãodeserviços.Logo,

    atividade negocial é uma expressão mais ampla do que comércio, pois inclui qualquer atividade de

    prestaçãodeserviços,quetambémfazpartedoescopodoDireitoEmpresarial.

    Curiosamente,oLivroIIdoCódigoCivilde2002,denominado“Dodireitodeempresa”,noprojeto

    inicialdeSylvioMarcondeserachamado“Daatividadenegocial”.

  • 1.1.3.1.1.ComércioeletrônicoÉfatoqueocomércio–emseusprimórdiosdesenvolvidopormeiodefeiras,caravanasterrestresou

    marítimas etc. – chegou ao final do século XX impulsionado ainda mais por um sistema eletrônico

    denominado internet, formando, então, o que se tem chamado noBrasil “comércio eletrônico” ou e-

    commerce15.

    O e-commerce representa o futuro do comércio. Existem milhares de oportunidades de negócios

    espalhadaspelarede,eémuitoprovávelqueumapesquisadepreçosnainternetlhetraránãosóomenor

    preço, como omelhor produto. Apesar do gargalo representado pelo “analfabetismo digital” de uma

    grande parcela da população, o e-commerce já desponta junto a uma geração que nasceu com o

    computadornocolo.Ocrescimentodonúmerodeinternautasnaúltimadécadaéespantoso.

    Atualmente,oBrasilpossui45,6%(cercade90milhõesdepessoas)desuapopulaçãocomacessoà

    internet. Se fizermos um comparativo entre os anos de 2000 e 2012, perceberemos um aumento de

    aproximadamente1.500%donúmerodeinternautasnoBrasil 16.

    O grande destaque dentre os dados recentes foi a China. Com um aumento de 1.766,7% na última

    década, os internautas chineses agora representam 22,4% do total de pessoas com acesso à rede no

    mundointeiro.Apesardesseenormepercentual,osinternautaschinesesaindapodemsemultiplicar,uma

    vezqueapenas40,1%dapopulaçãochinesapossuiacessoàrede.

    Orankingdospaísescommaiornúmerodeinternautasemnúmerosabsolutoséoseguinte:1ºChina

    (22,4%);2ºEUA(10,2%);3ºÍndia(5,7%);4ºJapão(4,2%);e5ºBrasil(3,7%).Emmédia,ospaíses

    desenvolvidos têmentre78%e83%de suapopulação comacesso à internet, a exemplodosEstados

    Unidos,Alemanha,JapãoeCoreiadoSul.

    Oquesepodeconstatararespeitodetaisdadoséqueoacessoàinternetcresceumuitonosúltimos

    anos, o que foi crucial para o alavancamento do comércio eletrônico em todo o mundo, e também

    significativamentenoBrasil.Aqui,ascategoriasdebensmaiscomercializadossão:modaeacessórios,

    19%;cosméticoseperfumaria,18%;eletrodomésticos,10%;livroserevistas,9%;informática,7%.Veja

    astabelasilustrativasaseguir,referentesaocrescimentodocomércioeletrônicovarejistanoBrasil,por

    meiodapesquisae-Bit.17

  • *Osdadosde2015sãoumaestimativa,somente.Fonteebit–www.e-commerce.org.br

    Pode-se entender que comércioeletrônico é o conjunto de compras e vendas demercadorias e de

    prestaçãodeserviçospormeioeletrônico,istoé,asnegociaçõessãocelebradaspormeiodainternetou

    outrorecursodatecnologiadainformação.

    No comércio eletrônico é possível ocorrer a contratação de bens corpóreos/materiais – com

    existência física – (utensílios domésticos, equipamentos de informática, livros etc.) e

    incorpóreos/imateriais(programasdecomputador,músicas,vídeosetc.).

    Quandosetratadebenscorpóreos,anegociaçãoéfeitapormeioeletrônico,eaentregadobemsedá

    fisicamente,pelasviastradicionais,comooserviçopostal.

    Sendo compra de bens incorpóreos, além da negociação, a entrega do bem é feita diretamente ao

    compradorpormeioeletrônico,comoocorrecomodownloaddesoftware.

    Épossívelqueocomércioeletrônicosejarealizadoforadainternet.Noentanto,osgrandesproblemas

    jurídicosaseremenfrentadosocorrem,notadamente,noâmbitodocomércioeletrônicorealizadonarede

    mundialdecomputadores.

    Noâmbitobrasileiro,ocomércioeletrônicoeosrespectivoscontratoscelebradosestãosujeitosaos

    mesmosprincípioseregrasaplicáveisaosdemaiscontratoscelebradosnoterritórionacional–Código

    CivileCódigodeDefesadoConsumidor(CDC),bemcomooDecreton.7.962,de15demarçode2013,

    cuja finalidade é regulamentar o CDC quanto à contratação no comércio eletrônico18. Frise-se que o

    Marco Civil da Internet, Lei n. 12.965, de 23 de abril de 2014, não trata especificamente de e-

  • commerce19.

    Quanto aos casos de relação jurídica firmada entre partes sediadas em países diversos, deve ser

    observada a LINDB – Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (antiga LICC – Lei de

    IntroduçãoaoCódigoCivil), cujoart.9º,capute§2º,disciplinaque seaplicaa leidopaísonde se

    constituíremasobrigações.Sobesteaspecto,seráconsideradolocaldaconstituiçãodaobrigaçãoolugar

    emqueresidiroproponente,ouseja,daquelequeestiverofertandooprodutoouoserviçonainternet.

    Nesta seara, apesar de não tratar expressamente sobre comércio eletrônico, poderá ser aplicável a

    ConvençãodeViena,emvigornoBrasilporforçadoDecretoLegislativon.538/2012,queaprovouo

    texto do Tratado sobre Contratos de Compra e Venda Internacional de Mercadorias, no âmbito da

    ComissãodasNaçõesUnidasparaoDireitoMercantilInternacional.

    1.1.4.Fontes

    FontesdoDireitosãoasmaneiraspelasquaisseestabelecemasregrasjurídicas.Ouseja,fonteéde

    ondenasceoDireito;éaorigemdasnormasjurídicas.

    Pode-sedizerqueasfontesnutremooperadordoDireitodasregrasaplicáveisàsrelaçõesjurídicas.

    NoDireitoEmpresarialasfontespodemserdividasemprimáriasesecundárias.

    Fontesprimárias(oudiretas)sãoasleisemgeral,sobretudoasdeconteúdoempresarial(p.ex.,as

    leisdefranquia,deconcessãomercantil,falimentar,detítulosdecrédito),oCódigoComercial(aparte

    nãorevogadadedireitomarítimo),oCódigoCiviletc.AConstituiçãoFederaltambémseincluientreas

    fontesprimárias.Alémdisso,respeitadasasnormasdeordempública,tendoemvistaqueocontratofaz

    leientreaspartes(pactasuntservanda),ele tambéméfontedodireitoempresarial,bemcomooutras

    obrigaçõescomoostítulosdecrédito.

    Por sua vez, as fontes secundárias (ou indiretas) são formadas pelos princípios gerais do direito,

    analogia,equidadeeprincipalmenteosusosecostumes.Secundárianosentidodequesuaimportânciaé

    subsidiária,nãoprincipal.Masébomesclarecerqueosusosecostumesjáforamaprincipalfontedo

    DireitoEmpresarial.

    O operador do Direito deve inicialmente aplicar as fontes primárias, sendo que quando estas não

    tiverem respostas plenas ao caso, aí sim, socorrer-se-á das fontes secundárias. Ou seja, as fontes

    secundáriasterãoaplicaçãoàsrelaçõesjurídicasquandohouveromissãodasprimárias.

  • 1.1.4.1.Usosecostumes

    Usos e costumes empresariais são “práticas continuadas” de determinados atos pelos agentes

    econômicos, que são aceitas pelos empresários como regras positivadas e obrigatórias. Eles vigoram

    quandoalei(empresarialecivil)nãopossuinormasexpressaspararegularoassunto.

    Exemplo disso são a emissão e o pagamento de boletos bancários, que se tornou uma prática

    corriqueiranocomércio,independentementedeprevisãolegal.

    Outroexemplosãoasarrasassecuratórias(diferentementedasarrasconfirmatóriasedaspenitenciais)

    consistentesnaquelasdadasemgeralcomosinalnaaquisiçãode imóveis, ficandoonegóciocomuma

    condiçãosuspensivapelaaprovaçãoposterior.Namaioriadasvezes,comanãoefetivaçãodonegócio,

    apenassedevolveosinal,sendoissopossívelportratar-sedeumaformaatípicadearras.

    Essa espécie de arras funciona, na verdade, como uma reserva, em que a parte a entrega a fim de

    assegurarareservadedeterminadoimóvel,mastemodireitodearrepender-sesem,contudo,perdera

    quantiaentregue,poiselaserádevolvida.

    No Brasil, os usos e costumes, para valerem (“como se fossem leis”), devem estar assentados no

    RegistroPúblicodeEmpresasMercantiseAtividadesAfins,conformeaLein.8.934/94,art.8º,inc.VI.

    Também é aplicável aos usos e costumes o Decreto n. 1.800/96, que regulamenta a Lei n. 8.934/94,

    especialmenteseusarts.87e88.

    Taldeterminaçãolegal,decertaforma,acabaminimizandoopapeldosusosecostumescomofontedo

    DireitoEmpresarial,diferentementedoqueocorrianopassado,quandofoiamaissignificantedasfontes

    paraasrelaçõesentreoscomerciantes20.

    1.1.5.Alivre-iniciativanaConstituiçãoFederal

    Livre-iniciativa significa liberdade de exercício de atividade econômica lícita, implicando a

    possibilidade de entrar, permanecer e sair do segmento empresarial em que se atua. Trata-se de um

    princípiopeloqualosagenteseconômicosagemdeformalivre,semaintervençãodiretadoEstado.A

    isso tambémsedenominaeconomiademercadoouneoliberalismo,emqueamaiorpartedaatividade

    econômica (comércio, indústria e prestação de serviços) é gerada pela iniciativa privada, ficando o

    poder público com a função de regulamentar e fiscalizar, bem como a de promover áreas essenciais,

    como,porexemplo,energia,educação,saúde,segurança.Deformadiversa,aeconomiadeestadosedá

  • quandooEstadoéoprotagonistadaeconomiapordesenvolverelepróprioocomércio,aindústriaea

    prestaçãodeserviço.

    AConstituiçãoFederalde1988,art.1º,inc.IV,assegurouàlivre-iniciativa,hajavistasuarelevância,

    ostatusde fundamentoparaoEstadoDemocráticodeDireito,ao ladodeoutroscomoa soberania,a

    cidadania,adignidadedapessoahumana,opluralismopolíticoeosvaloressociaisdotrabalho.

    Alémdisso,otextoconstitucionalaotratardaordemeconômicaexpressanoseuart.170queelaestá

    fundadanalivre-iniciativaenavaloraçãodotrabalhohumano.Paratanto,deverãoserobservados,entre

    outros,osseguintesprincípios:livreconcorrência;defesadoconsumidor;tratamentofavorecidoparaas

    empresas de pequeno porte; defesa do meio ambiente; propriedade privada; função social da

    propriedade.

    E, especificamente, o parágrafo único do mesmo art. 170 assegura a todos o livre exercício de

    qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos

    previstos em lei.Ou seja, todapessoa físicaou jurídica (não impedida legalmente)podedesenvolver

    qualquer atividade econômica (que vise lucro), seja ela indústria, comércio ou prestação de serviço,

    desdequelícita,nãoprecisandoparatantodeautorizaçãodoEstado.

    Vale ter em conta que o registro da atividade na Junta Comercial ou Registro Civil das Pessoas

    Jurídicas não é tido como autorização estatal, pois se trata de mera formalidade e publicidade da

    constituição.Tantoéqueestesórgãosnãopodemrecusaroregistro,salvoseporatoqueatenteanorma

    deordempúblicaouaosbonscostumes.

    Celso Ribeiro Bastos e Ives Gandra da Silva Martins afirmam que a livre-iniciativa é uma

    manifestaçãodosdireitosfundamentais,poisohomemnãopoderealizar-seplenamenteenquantonãolhe

    for assegurado o direito de projetar-se pormeio de uma realização transpessoal: a realização de um

    objetivopelaliberdadedeiniciativacomconotaçãoeconômica,poistodostêmodireitodeselançarno

    mercadovisandoàproduçãoouàcirculaçãodebensoudeserviços,cadaqualporsuacontaerisco21.

    Quanto aos casos de necessidade de autorização de órgãos públicos, eles devem ser vistos como

    exceção,tendoemvistacertaspeculiaridades,edevemnecessariamenteestarprevistosnoordenamento

    jurídico, comono caso dos bancos e administradoras de consórcio, cujas autorizações são fornecidas

    peloBancoCentraldoBrasil–BACEN(Lein.4.595/64eLein.11.795/2008,respectivamente),edas

    seguradoras,emqueaautorizaçãoédadapelaSuperintendênciadeSegurosPrivados–SUSEP(Decreto-

  • lein.73/66).

    Issoéexplicadopelofatodequealgumasatividadeseconômicastêmparticularidadesquedemonstram

    a necessidade de existirmaior controle e fiscalização doEstado. Por exemplo, bancos e seguradoras

    fazemcaptaçãodequantiaselevadasderecursosjuntoàspessoas;alémdisso,seumbanco“quebrar”,

    poderáocasionarriscosistêmico(ouefeitocascata)aosdemaisagentesdomercado.

    Devido a essa possibilidade, surge a necessidade da autorização estatal, a fim de verificar se o

    pretendente aobter a autorizaçãopreencheos requisitosmínimospara se estabelecernomercado.No

    passado,jáexistiramquotasdeautorização,umaespéciedelimitaçãodeautorizações;logo,sealguém

    quisesseentraremdeterminadomercado,deveriacompraraautorizaçãodequemjáapossuía.

    Mas,atualmente,a regraéosistemada livre-iniciativa,emqueoparticular templena liberdadede

    empresariar (desenvolver atividade econômica), sem se submeter à vontade do poder público, não

    podendosercerceadopeloEstado,salvoexceçãoprevistaemlei.

    Alémdisso,oparticular,comoregra,nãosofreaconcorrênciadoEstadocomoagentedesenvolvedor

    daeconomia.Issoporqueoart.173,caput,daConstituiçãoFederalafirmaqueaexploraçãodiretade

    atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança

    nacionalouarelevante interessecoletivo, ressalvadososcasosprevistosnaprópriaConstituiçãoeas

    definiçõeslegais.

    Contudo,atodoséasseguradoodireitodeparticipardaeconomia,pormeiododesenvolvimentode

    atividade industrial, comercial ou de prestação de serviço, desde que atendidos os requisitos de

    capacidade do agente e o respeito aos impedimentos legais para empreender, conforme estudaremos

    adiante.

    1.1.6.Sub-ramosdodireitoempresarial

    AssimcomooDireitoCivil,porexemplo,possuisub-ramos–comoodireitodefamília,odireitodas

    sucessõesetc.–,oDireitoEmpresarialtambémpossuisub-ramos:

    1)direitosocietário–tratadosváriostiposdesociedadesempresariais(anônima,limitadaetc.);

    2) direito falimentar – cuida da recuperação judicial e extrajudicial e da falência de empresáriosindividuaisesociedadesempresárias;

    3)direitoindustrial(propriedadeindustrial)–regulaasmarcas,aspatentes,osdesenhosindustriaisetc.;

  • 4)direitocambiário–cuidadostítulosdecrédito(cheque,duplicata,notapromissóriaetc.);

    5)direitoconcorrencial– tratadaconcorrência leal entreasempresas, inibindoabusoseconômicosecondutasdesleais;

    6)direitobancário–cuidadosistemafinanceiro,especialmentenoâmbitoprivado;

    7) direito do mercado de capitais – regula o mercado de valores mobiliários: ações e derivativoscomercializadosembolsas;

    8)direitomarítimo–tratadasregrassobreembarcações,fretamento,naufrágio,direitoseobrigaçõesdosoficiaisedatripulaçãoetc.;

    9)direitosecuritário–estabeleceasregrassobresegurosdepessoasedecoisas(segurodevida,segurodeautomóveletc.).

    Não há um consenso sobre se oDireito doConsumidor – que trata da relação entre fornecedor e

    consumidor que adquire produto ou serviço como destinatário final – é um sub-ramo do Direito

    Empresarial.Ofatoéqueodireitodoconsumidorécompostoporregrasdosdireitosempresarial,civil,

    administrativo,penaletc.

    Paraseterumaideia,naFaculdadedeDireitodoLargoSãoFrancisco(USP)adisciplinadireitodo

    consumidor é ministrada por professores de várias áreas, cabendo aos professores de Direito

    Empresarial principalmente a parte de responsabilidade civil dos fornecedores. Se considerarmos o

    conceitodeDireitoComercialdeVivante(comovistoanteriormente),poderemosdizerqueodireitodo

    consumidorseaproximabastantedoDireitoEmpresarial.

    Dos sub-ramos citados, alguns serão tratados nesta obra, por serem objeto de estudo nos cursos

    regularesdeDireito.Jáoutrostêmseuestudomaisaprofundadoemcursosdepós-graduação.

    1.1.7.Relaçãocomoutrosramosdodireito

    Apar da discussão sobre a divisão doDireito, em especial em público e privado, a doutrina já é

    pacíficaemafirmarqueessadivisãoémeramentedidática, especificamentepara finsdeaprendizado.

    UmramodoDireitonãoseconseguemantersemoauxíliodosdemais.

    Nessesentido,oDireitoEmpresarialnãoconseguiriaprosperardeformaisolada,poissuasnormase

    princípiosfazempartedeumtodo,denominadoordenamentojurídico.Assim,oDireitoEmpresarialse

    relacionacomoutrosramosdoDireito,comoserávistodeformasucinta:

    1)DireitoConstitucional–éaConstituiçãoFederalquetratadaordemeconômica,assegurandoatodos

  • o livre exercício para empreender em qualquer atividade econômica lícita, independentemente deautorizaçãodeórgãospúblicos,salvonoscasosprevistosemlei(p.ex.,bancoseseguradoras);

    2) Direito Civil – é o ramo que estabelece os conceitos de pessoa natural e pessoa jurídica, bens,obrigações, contratos em geral, atos unilaterais, propriedade etc. (todos utilizados pelo DireitoEmpresarial);

    3) Direito Tributário – a atividade empresarial é fonte de recursos para o Estado; os negócios e osresultadosdasempresassãofatoresde incidência tributáriaedearrecadação,que,porsuavez,sãoobjetosdodireitotributário;

    4)DireitoPenal–muitoscrimespodemserpraticadosporempresáriosouporseusrepresentantes,comooscrimesfalimentares,alavagemdedinheiro,oscrimescontraaordemeconômica;

    5)Direito doTrabalho– este ramovisa proteger a relaçãode trabalho e de emprego.No entanto, àsvezes, o empresário procura mascarar essa relação, por exemplo, com contratos de representaçãocomercialautônoma,desóciosminoritários,decooperativasetc.Assimatuaparaverificareventuaisdistorçõesnasrelaçõesdetrabalhonaatividadeempresarial;

    6)DireitoProcessual–forneceinstrumentosparaqueoempresáriopossaalcançarsuaspretensões(p.ex.,açãorenovatóriadelocaçãodeimóveldoestabelecimentoempresarial,recuperaçãodeempresas,execuçãodetítulosdecrédito);

    7)DireitoEconômico–oEstadopodeserumagenteeconômicodireto(quandoháummercadorelevantenãoexploradopelainiciativaprivada)e,aomesmotempo,éotutordaatividadeempresarialpormeiodaregulaçãocomnormas(parapreservaromercado);

    8)DireitodoConsumidor–nasrelaçõesdeconsumo(entreconsumidorefornecedor),normalmenteemumadaspontasestáoempresário;énessecampoqueestãoasdisposiçõessobreresponsabilidadeseobrigaçõesdofornecedor(p.ex.,responsabilidadepordefeitodoproduto,prazosdegarantia).

    1.1.8.OProjetodeCódigoComercial

    EstáemtrâmitenoCongressoNacionaloProjetodeLein.1.572/2011,oqualpretende instituirum

    novoCódigoComercial.Ocorpodoprojetoestádivididoemlivros,títulosecapítulosquetratamdos

    variados institutosdodireitoempresarial, a começarporprincípios, empresário individual, sociedade

    empresáriae intelectual,obrigaçõesecontratosempresariais, títulosdecrédito,agronegócio,processo

    empresarial,comérciomarítimoeeletrônico,entreoutros.

    OprojetovisarevogarapartequeaindarestaemvigordoCódigoComercialde1850,dispositivosdo

  • CódigoCivilquecuidadasquestõesempresariais,especialmenteoLivroIIdaParteEspecial,eoutras

    normasdeconteúdoempresarial.

    UmnovoCódigoComercialqueestivessesistematizadodeacordocomarealidadeatualdosnegócios

    jurídicos seria bem vindo, tanto no plano da prática forense quanto da teoria acadêmica. Isso, sem

    dúvida, poderia implicar maior segurança jurídica para os agentes econômicos, além de elevar a

    “autoestima”dodireitoempresarial,muitoembaixadepoisdavigênciadoCódigoCivilde2002,cujo

    ramodoDireitofoialvodemuitosataquesquechegavamadefenderoseufime/ouasuaincorporação

    pelodireitocivil(unificaçãodosdiplomasobrigacionais) 22.

    Entretanto,oProjetodeLein.1.572/2011temsidosubmetidoàsváriasconsultaspúblicasdurantesua

    tramitação,bemcomo temsidoobjetodeestudosediscussõesporentidadesprivadas.Muitos juristas

    têmsedeclaradoabertamentecontraoprojetodevidoaváriosproblemasquepermeariamomesmo,de

    ordemprincipiológica,conceitualeestrutural.

    Contudo,apreciaroconteúdodoreferidoprojetodeCódigoComercialescapadapropostadestelivro,

    por issovamosdestacarecomentarum temaquechamamuitoaatençãonoprojetode lei; trata-seda

    partesobrecomércioeletrônico.

    O art. 108 do projeto define comércio eletrônico como a relação cujas partes se comunicam e

    contratampormeiodetransmissãoeletrônicadedados,abrangendoacomercializaçãodemercadorias,

    insumos e prestação de serviços. Já o seu art. 111 prevê que se o site for destinado tão somente a

    possibilitar a aproximação entre potenciais interessados na concretização de negócios entre eles, o

    empresário que o mantém não terá responsabilidade pelos atos praticados pelos vendedores e

    compradoresdeprodutosouserviçosporeleintermediados.Paratanto,caberáaoempresáriotitulardo

    siteodeverde:retirardositeasofertasquelesemdireitodepropriedadeintelectualalheio,noprazode

    vinteequatrohorasdorecebimentodanotificaçãoemitidaporquemsejacomprovadamenteoseutitular;

    disponibilizar no site um procedimento de avaliação dos vendedores pelos compradores, acessível a

    qualquerpessoa;emanterumapolíticadeprivacidadenapáginainicialdosite,aqualdevemencionar

    claramenteainstalaçãodeprogramasnocomputadordequemoacessa,bemcomoaformapelaqualeles

    podemserdesinstalados.Comosepodeperceber,háumaclara intençãodeafastara responsabilidade

    objetivaparaosintermediáriosdenegóciospelainternet,aindaqueosrequisitosprevistosparatantonão

    sejamosmelhores,especialmenteodaexigênciademanterumsistemadeavaliaçãodosvendedores,por

  • setratardeclaraintromissãonaliberdadedeorganizaraempresa,semdizerque,napráticaatual,oque

    seobservaéumafaltadefidelidadedessesdados,sendo,portanto,muitodiscutível.

    1.2.EMPRESÁRIO

    1.2.1.Conceitodeempresário

    Empresárioéaquelequeexerceprofissionalmenteatividadeeconômicaorganizadaparaaproduçãoou

    acirculaçãodebensoudeserviços,deacordocomoart.966doCódigoCivilde2002.

    O art. 966doCódigoCivil brasileiro de 2002 é reflexodo art. 2.082doCódigoCivil italianode

    1942,quedispõe:“Éempreendedorquemexerceprofissionalmenteumaatividadeeconômicaorganizada

    paraofimdaproduçãooudatrocadebensoudeserviços”(traduçãolivre).

    É correto afirmar que o empresário é um ativador do sistema econômico. Ele é o elo entre os

    capitalistas (que têm capital disponível), os trabalhadores (que oferecem a mão de obra) e os

    consumidores(quebuscamprodutoseserviços).

    Aindapode-sedizerqueoempresáriofuncionacomoumintermediário,poisdeumladoestãoosque

    oferecemcapitale/ouforçadetrabalhoedeoutroosquedemandamsatisfazersuasnecessidades.

    Vale ressaltar que o conceito de empresário, a princípio, compreende a figura do empresário

    individual(umasópessoafísica)edasociedadeempresária(pessoajurídicacomdoisoumaissócios),

    que também pode ser denominada de empresário coletivo. Mais recentemente foi criada a figura da

    EIRELI (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada), a qual pode ser tida como a terceira

    espéciedeempresário.Essestemasserãotratadosmaisàfrente.

    Sequencialmente,serãoestudadosaME(Microempresa),aEPP(EmpresadePequenoPorte),oMEI

    (Microempreendedor Individual), o empresário rural e o empresário irregular, mas que não são

    enquadráveisperfeitamentecomoespéciesdeempresário,umavezqueestasfiguraspodemseencaixar

    comoempresárioindividual,sociedadeempresáriaouempresaindividualderesponsabilidadelimitada.

    1.2.2.Caracterizaçãodoempresário

    Paramelhorentenderoconceitodeempresário,bemcomoanalisaroselementosqueocaracterizam

    (atividade econômica, organização, profissionalidade e produção ou circulação de bens ou de

  • serviços) 23,seguir-se-áumestudodivididoemcincogrupos:

    1º)oexercíciodeumaatividade;

    2º)anaturezaeconômicadaatividade;

    3º)aorganizaçãodaatividade;

    4º)aprofissionalidadenoexercíciodetalatividade;

    5º)afinalidadedaproduçãooudacirculaçãodebensoudeserviços.

    Atividade–Parasabermosoqueéumaatividade,énecessáriofazeradistinçãoentreatoeatividade.

    Ato é cada parte de uma peça; significa algo que se exaure, que é completo e alcança o resultado

    pretendido.Eleatingeafinalidadeparaaqualfoipraticadosemanecessidadedeoutroato.

    Já a atividade é o conjunto de atos coordenados para alcançar um fim comum. Não é uma mera

    sequênciadeatos;énecessáriaacoordenação,comoocorre,porexemplo,comaslinhasdeproduçãode

    automóveis.

    Porsuavez,aatividadepodeenvolveratosjurídicoseatosmateriais.Osatosjurídicossãoaqueles

    quetêmefeitonaesferadoDireito(p.ex.,avendademercadoriasgeraumaobrigaçãodepagartributo).

    Osatosmateriais sãoaquelesquenãogeramefeitos jurídicos (p. ex.,odeslocamentodemercadorias

    dentrodaempresadeumalmoxarifadoparaoutro).

    Atividade pressupõe uma habilidade do sujeito que a exerce ou a organiza, assumindo o seu risco

    econômico.

    Éoempresário (àsvezes,comajudadeauxiliares)quemexerceaempresa,ouseja,quemexercea

    atividade, pois, no âmbito dos negócios, atividade é sinônimo de empresa. Ele coordena os atos que

    formamaatividade(p.ex.,emumaconfecção).

    Econômica – É a atividade que cria riqueza por meio da produção ou circulação de bens e de

    serviços.

    Aatividadeeconômicatemcomofimolucro.Quemexploraaatividadeobjetivaolucro,aindaqueàs

    vezesexperimenteprejuízos.

    Seo lucro formeio–porexemplo,nocasodeumaassociaçãoou fundaçãonaqualo lucroé todo

    destinadoaprogramasassistenciais–,nãoéatividadeeconômica.Obazarrealizadoporumaigrejavisa

    arrecadar fundos que serão empregados em suas obras; logo, não há lucro, pois a igreja não tem a

    finalidadedeobterlucronasuaatividadeprincipal,queéreligiosa.

  • “Econômica”éumaexpressãoqueaquiestárelacionadaaofatodeaatividadeapresentar“risco”.A

    atividadeéexercidacomtotalresponsabilidadedoempresário,poisháoriscodeperderocapitalali

    empregado,oquejustificaoproveitoqueeletememretirarolucrodecorrentedaatividade.

    Organização –Oempresário équemorganiza a atividade.Ele combinaos fatoresdeproduçãode

    formaorganizada.

    Osfatoresdeproduçãosão:1)natureza(matéria-prima);2)capital(recursosfinanceiros,bensmóveis

    eimóveisetc.);3)trabalho(mãodeobra);e4)tecnologia(técnicasparadesenvolverumaatividade).

    O empresário, ao combinar os fatores de produção, cria riquezas e atende às necessidades do

    mercado.

    Podeoempresáriocontarcomauxiliares,masnãohánecessidadedoconcursodotrabalhodepessoas

    alémdele, jáqueépossívelele terumafirmaindividualouumasociedadeemquesomenteossócios

    trabalham(p.ex.,umalavanderia).

    Aorganizaçãodaatividadepressupõeumestabelecimento,queseráestudadoadiante(CC,art.1.142).

    Estabelecimentoéocomplexodebensparaoexercíciodaatividadee,namaioriadasvezes,incluium

    ponto físico, mas não necessariamente. Por exemplo, um carrinho de pipoca pode ser considerado o

    estabelecimentodeumempresário.

    Cabe esclarecer que “organização” não significa necessariamente “regularização”. Isso porque, um

    empresário irregular (sem inscriçãona JuntaComercial) poderádesenvolver de formaorganizada sua

    atividadeemumestabelecimentoempresarial.

    Profissionalidade – Significa que o empresário é um profissional/expert naquele ofício; faz do

    exercíciodaatividadeeconômicaasuaprofissão.Aprofissionalidadedoempresáriopressupõe:

    1)habitualidade(continuidade;atuaçãocontínuadoempresáriononegócio);

    2)pessoalidade(oempresárioéquemestáàfrentedonegócio,diretamenteoupormeiodecontratadosqueorepresentam);

    3) especialidade (o empresário é quem detém as informações a respeito do negócio; o conhecimentotécnico,porexemplo,decomoproduzirlinguiçasaromatizadas).

    Todaatividadenegocialéde risco,então,poder-se-iadizerqueoempresárioéumprofissionalem

    correrriscos.

    Produçãooucirculaçãodebensoudeserviços–Paracompreendermosmelhoresteponto,eleserá

  • divididoemquatropossibilidades:

    1ª)Produzirbensésinônimodefabricarmercadorias.Éacrescentarvaloraelaspormeiodeprocessodetransformação,comoocorreemfábricasdesapatos,padarias,metalúrgicas,montadorasdeveículosetc.

    2ª)Produzir serviços é prestar serviços em geral (exceto intelectuais), como acontece com bancos,seguradoras,locadoras,lavanderias,encadernadorasetc.Trata-sedeprestaçãodeserviçosemgeral,excetoosdecaráterintelectual.

    3ª)Circular bens é adquirir bens para revendê-los (em regra, sem transformá-los). É apenas umaintermediação.É a típica atividadedo comerciante (p. ex., lojas de sapatos e de roupas, farmáciasetc.).

    4ª)Circularserviçosé fazera intermediaçãoentreoclienteeofornecedordoserviçoaserprestado,comoocorretordeseguroseoagentedeviagens.

    Assim,apartirdaproduçãoedacirculação,sejadebensoudeserviços,estão-segerandoriquezas.

    Frise-seque taismodalidadespodemserdesenvolvidas individualmenteouconcomitantementepelo

    empresário.Hipoteticamente,umaempresapodeproduzirecircularbensaomesmo tempo (comouma

    fábricaquemantém lojavarejistanaportadoseuestabelecimento industrial);oupodecircularbense

    prestar serviço concomitantemente (por exemplo, uma concessionária que vende veículos e realiza

    assistênciatécnica).

    1.2.3.Conceitodeempresaemercado.Perfisdaempresaeteoriapoliédrica

    O italianoAlbertoAsquini foiquemmelhor já escreveu sobreoconceitodeempresa, emseu texto

    “Perfisda empresa”, aoponderarque empresa éumnegócio econômicoque se apresentadediversas

    maneiras24.

    DeacordocomAlbertoAsquini,aempresapodeserentendidaemquatroperfis,porissoaexpressão

    “teoriapoliédrica”,queserãodiscorridossucintamente:

    1) objetivo – a empresa significa patrimônio, oumelhor, estabelecimento, enquanto conjunto de bensdestinadosaoexercíciodaempresa(nessesentido:art.1.142doCódigoCivil);

    2)subjetivo–aempresaéentendidacomosujeitodedireitos,nocasooempresário,individual(pessoanatural) ou sociedade empresária (pessoa jurídica), que possui personalidade jurídica, com acapacidade de adquirir direitos e contrariar obrigações (nesse sentido: arts. 966 e 981 do Código

  • Civil);

    3) corporativo – a empresa significa uma instituição, como um conjunto de pessoas (empresário,empregadosecolaboradores)emrazãodeumobjetivocomum:umresultadoprodutivoútil;

    4)funcional(oudinâmico)–aempresasignificaatividadeempresarial,sendoumaorganizaçãoprodutivaapartirdacoordenaçãopeloempresáriodosfatoresdeprodução(capital, trabalho,matéria-primaetecnologia)paraalcançarsuafinalidade(queéolucro).

    Diantedoexposto,pode-sedizerque,aprincípio,apalavraempresasignificaatividade,queporsua

    vezéexercidapeloempresário.Essaatividadeéoconjuntodeatoscoordenadospeloempresário.Mas,

    modernamente, aexpressãoempresa, comoatividadeeconômica, contemplaa somade todososperfis

    apontadosporAlbertoAsquini.

    NãosepodedeixardemencionarqueRonaldH.Coase,emseutexto“Thenatureofthefirm”,datado

    inicialmentede1937,apontouparaofatodequeasempresassãoconstituídasporagenteseconômicos,

    quesãomaximizadoresdeutilidadeseriquezas,afimdereduziroscustosdetransação(custosparase

    concretizar os negócios), bem como atender às necessidades dos mercados em que pessoas buscam

    satisfazersuasnecessidadeseaumentarseubem-estar.

    Para Ronaldo H. Coase a empresa é um feixe de contratos (nexo de contratos) coordenados pelo

    empresário ao estabelecer relações com fornecedores, empregados e clientes, visando a oferta de

    produtosouserviçosnosmercados25.

    Pormercado,entenda-seolocalondeosagenteseconômicos(empresas,consumidoresetc.)operam

    comovendedoresoucompradores,efetuandoassimtrocasdebenseserviçosporunidadesmonetáriasou

    poroutrosbensouserviços.Omercadofacilitaoencontrodessesoperadores,diminuindooscustosde

    transação,ouseja,asdespesasparaseconcretizarosnegócios.

    1.2.4.Empresaeatividadeempresarial

    O conceito de atividade empresarial está diretamente relacionado com o conceito de empresário,

    previstonocaputdoart.966doCódigoCivil.Aatividadedesenvolvidapeloempresárioéempresarial,

    poiséexercidaprofissionalmentenabuscadelucro.

    Pode-sedizerqueaatividadeéumaorganizaçãoprofissionalparaproduçãooucirculaçãodebensou

    deserviçoscomafinalidadedelucro.

  • Assim, a empresa é justamente a atividade econômica organizada, exercida profissionalmente. A

    empresaenvolveaproduçãoouacirculaçãodebensoudeserviços(excetoosdenaturezaintelectual),

    sem prejuízo do que foi considerado anteriormente sobre os elementos que compõem o conceito de

    empresário,àluzdoart.966doCódigoCivil.

    Aprincípio,aempresapodeternaturezacivilouempresarial.Asatividadesintelectuaiseruraiseas

    cooperativaspodemsertidascomoexemplosdanaturezacivildaatividade.Aindústria,ocomércioea

    prestaçãodeserviçostêmnaturezaempresarial.

    RachelSztajnafirmaqueempresaégênerodeatividadeeconômicaquecomportaalgumasespécies,

    desdeaproduçãodebensatéaprestaçãodeserviçosouatividadesartesanais.Aautoraapontaque,neste

    aspecto,oBrasilnãosegueosmodelosdadoutrinaedalegislaçãoitalianas,mantendoaseparaçãoentre

    atividadeeconômicadeempresaeoutrasatividadeseconômicas26.

    Destaca-se que o empresário, titular da atividade empresarial, goza de alguns direitos, como a

    possibilidadederequererarecuperaçãodeempresajudicialouextrajudicial;aautofalência;utilizarseus

    livros como prova judicial em seu favor, o que, por sua vez, não são direitos assegurados aos

    profissionaisintelectuais.

    Mesmo que alguém exerça uma atividade que entenda não ser empresarial ela o será, em razão do

    exposto27.

    1.2.5.Atividadeintelectual

    Aatividadeintelectualdiferedaatividadeempresarial,queestáprevistanoparágrafoúnicodoart.

    966doCódigoCivil.

    Em regra, as atividades de natureza intelectual ficaram fora do campo da empresa e do Direito

    Empresarial.Issofoiumameraopçãodolegisladorconsiderandoque,dopontodevistaorganizacional

    (fatores de produção), econômico (busca de lucros) e de existência de estabelecimento(s), não há

    diferençascomrelaçãoàatividadeempresarial.

    O vocábulo “intelectual” significa os dotes que vêm do intelecto (inteligência), da mente, e está

    relacionadoàerudição,aoestudo,aopensar.

    Assim,asatividadesintelectuaissãoaquelasquenecessitamdeumesforçocriadorque,porsuavez,

    estánamentedoprofissionalquearealiza,comonocasodemédicos,arquitetosetc.

  • Sãoatividadespersonalíssimas,pornãoseadmitir,viaderegra,afungibilidadedodevedorquantoà

    suaprestação,ouseja,odevedornãopodesersubstituído.

    Geralmenteasatividadesintelectuaissãorealizadasporprofissionaisdeatividadesregulamentadas

    ouporprofissionaisliberais(semvínculos).Porém,issonãoéumaregraabsoluta,comoocorrecomo

    corretor de seguros, quepode ser umprofissional liberal,masnão exerce atividade intelectual, e sim

    atividadeempresarial.Omesmovaledizerdorepresentantecomercialautônomo.

    Profissionalliberaléaqueleprofissionalindependentequetemcursouniversitário.Masexistemcasos

    em que se exerce uma atividade intelectual sem necessariamente se ter um curso universitário, como

    acontececomartistaseescr