direito econômico brasileiro - uma visão didática - janeiro - 2007

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 Direitos reservados – proibido a reprodução parcial ou total desse artigo  SUMÁRIO 1 – DIREITO ECONÔMICO BRASILEIRO. 1.1 Conceito. 1.2 O Objeto. 1.3 Autonomia. 1.3.1 – A autonomia legislativa. 1.3.2 – A autonomia científica. 1.3.3 – A autonomia didática. 1.3.4 – A autonomia jurisdicional. 1.4 Relação com Outras Ciências. 1.4.1 – Com outras ciências jurídicas. 1.4.1.1 – A estreita relação com o Direito Constitucional. 1.4.2 – Com as ciências não jurídicas. 1.4.2.1 – A relação umbilical com a Ciência Econômica. 1.5 Um Breve Histórico do Direito Econômico. 1.5.1 – No mundo. 1.5.2 – No Brasil. 2 – A ORDEM ECONÔMICA BRASILEIRA. 2.1 – Conceito. 2.2 – Os Princípios da Ordem Econômica. 2.2.1 – A soberania nacional. 2.2.2 – A propriedade privada. 2.2.3 – A função social da propriedade. 2.2.4 – A li vre concorrência. 2.2.5 – A defesa do consumidor. 2.2.6 – A defesa do meio ambiente. 2.2.7 – A redução das desigualdad es regionais e sociais. 2.2.8 – A busca pelo pleno emprego. 2.2.9 – Tratamento favoreci do para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte. 2.2.10 – O parágrafo único do artigo 170. 2.3 – A Política Econômica. 2.4 – A Relação entre Política Econômica e a Norma Constitucional.

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SUMÁRIO

1 – DIREITO ECONÔMICO BRASILEIRO.1.1 – Conceito.1.2 – O Objeto.1.3 – Autonomia.

1.3.1 – A autonomia legislativa.1.3.2 – A autonomia científica.1.3.3 – A autonomia didática.

1.3.4 – A autonomia jurisdicional.1.4 – Relação com Outras Ciências.1.4.1 – Com outras ciências jurídicas.

1.4.1.1 – A estreita relação com o DireitoConstitucional.

1.4.2 – Com as ciências não jurídicas.1.4.2.1 – A relação umbilical com a Ciência

Econômica.1.5 – Um Breve Histórico do Direito Econômico.

1.5.1 – No mundo.

1.5.2 – No Brasil.

2 – A ORDEM ECONÔMICA BRASILEIRA.2.1 – Conceito.2.2 – Os Princípios da Ordem Econômica.

2.2.1 – A soberania nacional.2.2.2 – A propriedade privada.2.2.3 – A função social da propriedade.2.2.4 – A livre concorrência.

2.2.5 – A defesa do consumidor.2.2.6 – A defesa do meio ambiente.2.2.7 – A redução das desigualdades regionais e sociais.2.2.8 – A busca pelo pleno emprego.2.2.9 – Tratamento favorecido para as empresas brasileiras

de capital nacional de pequeno porte.2.2.10 – O parágrafo único do artigo 170. 

2.3 – A Política Econômica.2.4 – A Relação entre Política Econômica e a Norma

Constitucional.

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2.5 – A Intervenção Estatal na Economia.2.6 – O Desenvolvimento Face à Finalidade da Ordem

Econômica.

2.7 – A Atividade Econômica – Conceito.2.8 – Os Serviços Públicos.2.9 – O Monopólio e os Regimes Especiais.2.10 – A Propriedade Privada e o Interesse Público.2.11 – O Planejamento: Planos, Orçamentos e Diretrizes.

2.11.1 – O plano plurianual.2.11.2 – A lei orçamentária anual.2.11.3 – A lei de diretrizes orçamentária.

2.12 – O Sistema Financeiro Brasileiro.

3 – O DIREITO ECONÔMICO E A LIVRE CONCORRÊNCIA.3.1 - O Mercado e a Livre Concorrência.3.2 - A Concorrência Face aos Princípios da Ordem Econômica.3.3 – A Lei n°8.884/94 e a Proteção da Ordem Econ ômica.3.4 – As Infrações Contra a Ordem Econômica.

3.4.1 – As penas por infrações contra a ordem econômica.3.5 – Os Crimes Contra a Ordem Econômica.3.6 – A Proteção da Ordem Econômica Face às Leis 8.884/94 e

8.078/90.

4 – OS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO DA ORDEM ECONÔMICA.4.1 – Secretaria de Direito Econômico – SDE.

4.1.1 – SDE – A sua competência.4.2 – O Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE.

4.2.1 – CADE – A sua competência.4.3 – Os Procons.

5 – A PROCESSUALÍSTICA DA LEI 8.884/94.

5.1 – O Processo na Secretaria de Direito Econômico – SDE.5.2 – O Processo no Conselho Administrativo de DefesaEconômica – CADE.

BIBLIOGRAFIA.

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1 – DIREITO ECONÔMICO.

O Direito Econômico no Brasil tem uma existência muitocurta, pois esse é um ramo do Direito relativamente novo.Explico. O Direito Econômico tem uma linha tênue entre osconceitos da Ciências Econômicas, entre os quais o de mercadolivre ou aberto ou o que podemos, vulgarmente, intitular deneoliberalismo. Assim, quanto mais aberto o mercado maioressão as necessidades de regulamentar, normatizar ou discipliná-lo. Sabidamente, o Brasil não se primou, ao longo de sua história(ou estória, como queira o leitor), por uma economia demercado. Senão vejamos, no período colonial estávamos

obrigados a consumir somente produtos que vinham dametrópole, Portugal, e vendíamos somente para ela. Dessemodo não conhecíamos a liberdade de mercado. Seguimos noimpério com igual situação comercial, quer pelo domínioeconômico da Inglaterra, quer pelos acordos celebrados peloImperador D. Pedro I. O mundo foi se transformando,economicamente ao longo dos últimos séculos, mas foi somentenas últimas décadas que o Brasil começou a mudar a sua pautade exportação e em assim sendo, mudar o panorama interno.

Há poucas décadas começamos a produzir nossosprimeiros automóveis, mais precisamente na década de 50. NosEstados Unidos, em 1954, surgiam as primeiras televisõescoloridas e a primeira capota automobilística elétrica, taisadventos só chegariam na década de 70 no Brasil. Durantevários séculos fomos meramente exportadores de matéria-primanão elaborada, como: o látex, o café, o açúcar, o ouro e tantosoutros identificados por um ciclo econômico ou não.

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Enquanto nos Estados Unidos a economia eraextremamente concorrida, nas décadas de 60 e 70,

principalmente, vivíamos no Brasil um regime de exceção,ditatorial. Como tal a economia seguia esse veio, só que ao finalnão era possível encontrar ouro, a não ser o de tolo. Vivemosàquela época uma expectativa de progresso, só que era pordecreto. O tempo passou e foi possível observar que o mundointeiro estava caminhando para o neoliberalismo, isto é, umamenor intervenção do Estado na economia. Isso não quer dizerque não houve Direito Econômico durante este período. Não éisso. Mas certamente as suas regras eram impostas e por issomesmo sem toda a presença criativa do mercado livre.

Quando se observa um mercado gessado, rígido, querpelas regras jurídicas que o rege, quer pelas possibilidadeseconômicas que o define, observamos um Direito Econômicoraquítico e sem expressão. O Brasil por ter vivido longosperíodos regidos pela estagnação econômica, levada pelo baixograu de industrialização e pouco investimento interno, ou por tersido governado com regimes colonialistas, imperialistas ou

ditatoriais, implementou ao Direito Econômico um aparecimentotardio.

Desde que o homem resolveu se organizar socialmente emgrupos, atividades que eram de competência social apareceram.Delas nasceu uma necessidade não muito boa, fazendo com quecada um pensasse como se o mundo fosse acabar amanhã.Segue uma luta pela sobrevivência e o hobby  de acumular

riquezas. Junto com essa ação que induz perder os limites, asociedade de uma forma sábia implementou regras para queisso não acontecesse. Assim, elaborou normas para estabelecerlimites ao capital e disciplinar sua convivência com ahumanidade objetivando a sua perpetuação.

Por esses motivos e não somente por esses, o DireitoEconômico se apresenta como ramo novo do direito positivo

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brasileiro, um bebê, com apenas algumas décadas, em face deum agrário ou civil que são centenários.

1.1 – Conceito.

Conceituar qualquer tema requer uma profunda discussãoe estabelecimento de referenciais. Deste modo, façamos antesuma reflexão a respeito da classificação do Direito Econômico.

A parte introdutória do estudo do direito nos traz algunspontos a serem considerados, a respeito do Direito Econômico:

a) é positivo – implica que as suas regras sãodeterminadas pela sociedade que o criou. Variaem consideração ao tempo e local de sua criação.Assim, o Direito Econômico Brasileiro presente naconstituição de 69 não é o mesmo da atualidade,

ou, o Direito Econômico Brasileiro não é o mesmodo Direito Econômico Inglês;b) é nacional – isto significa que as suas regras são

aplicadas apenas nos limites territoriais brasileiros.Incluído aí o espaço aéreo, as embaixadas, osconsulados, o mar territorial, os 8,5 milhões dequilômetros quadrados, a plataforma marítima, asembarcações e as aeronaves com bandeirasbrasileiras.

c) é público – quer dizer, as suas normasrepresentam a vontade de uma maioria e no nossoatual sistema de governo implica em dizer que anorma legal, isto é, a lei é o fruto que expressaessa vontade. O povo, através do voto, elege seusrepresentantes para que façam leis que representesua vontade. Em todo ramo público a aplicaçãodas normas são inegociáveis, vez que para amudança da regra, proposta em lei, se faznecessária a consulta de todos, mesmo que

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através de seus representantes, o que tornaimpraticável tal ato.

Assim, dessa reflexão já podemos balizar algo para oDireito Econômico. Primeiro: o nosso estudo está sujeito amudanças, pois é fruto de um consenso nacional e pode mudar,com conseqüente mudança da lei; depois, é regra aplicadasomente nos limites territoriais do Brasil e por isso nacional,assim é Direito Econômico Brasileiro (cabe uma observação deque em capítulo posterior realizarei um estudo comparado arespeito de alguns países abordando o tema desse trabalho); efinalmente, representa o interesse de todos, toda a sociedadeestá sendo protegida quando falamos de Direito Econômico,normatizar o sistema econômico é protegê-lo e desse modoperpetuar o status quo e os interesses de toda a coletividade.

Alguns doutrinadores já pensaram e expressaram arespeito do conceito de Direito Econômico, vejamos como nosensina o saudoso Professor Celso Ribeiro Bastos:

Pode-se conceituar o Direito Econômico como sendo oramo autônomo do Direito que se destina a normatizar asmedidas adotadas pela Política Econômica através de umaordenação jurídica, é dizer, a normatizar as regraseconômicas, bem como a intervenção do Estado naeconomia.1 

Do conceito do Professor Celso Ribeiro Bastos é fácil aidentificação de alguns núcleos: a) ramo autônomo do Direito; b)se destina a normatizar a Política Econômica através de umaordenação jurídica; e c) normatização da intervenção do Estadona economia. Nos parágrafos seguintes procurarei refletir arespeito desses três núcleos destacados do conceito de DireitoEconômico.

1 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito econômico. São Paulo: Celso bastos, 2004, p. 51.

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A autonomia do Direito Econômico em face de todo oDireito é relativa, vez que não nos é possível conceber um só

ramo da ciência que consiga existir em si mesmo. Todas asciências necessitam de outras para a sua sobrevivência. Assim,quando detectamos que o Direito Econômico é um ramoautônomo do Direito, o conceito de autonomia não deve serconfundido com o conceito pleno de independência, isto é,autonomia é uma independência relativisada, emoldurada, é umaliberdade dentro de limites pré-estabelecidos. Para um maiorentendimento da autonomia enfoco quatro limites distintos, osquais serão desenvolvidos em oportunidade futura, a saber, asautonomias: legislativa, científica, didática e jurisdicional.

Normatizar a política econômica através de uma ordenação  jurídica é a idéia presente no segundo núcleo. Para o seuentendimento, antes se faz necessária a compreensão doconceito de política econômica. Assim, Maria Helena Diniz nosensina:

Política econômica. Teoria e prática da direção econômica

de uma nação, que procura, oficialmente, efetivar algumasmudanças na economia, relativas à produção, circulação edistribuição de riquezas, para a consecução de certos finse obter o seu saneamento.2 

Então, se política econômica é a teoria e a prática exercidapor um país com o objetivo de suprir suas necessidades deriquezas, em diversos pontos geográficos, esse núcleo do

conceito é exatamente a normatização, isto é, o mundo jurídicoque envolve esses assuntos. Assim, a distribuição, a circulação ea produção de riquezas de uma nação é normatizada (aspecto

 jurídico) pelo Direito Econômico.

O último núcleo é a “normatização da intervenção doEstado na Economia”. Uma reclamação geral é comum quando o

2 DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. V. III. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 626.

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Estado, nos seus diversos níveis de Poder, implementa algumaação que reflete uma concorrência com o privado. Por exemplo,

quando da implantação da Farmácia do Cidadão, um programado Governo Federal que consiste em uma farmácia que vendeprodutos farmacêuticos com preço abaixo de custo. Essaintervenção deve ser monitorada pelo Direito Econômico e refleteuma intervenção do Estado na economia. Embora recente, esseexemplo é de pequena relevância o que não acontece no setorpetrolífero em que a União tem o monopólio. A União controla adistribuição, a produção, o transporte e até o preço. Aqui temosum dos maiores exemplos de intervenção do Estado naeconomia, pois os derivados de petróleo é uma das importantesfontes energéticas e base da economia brasileira e mundial. NoBrasil, essa fonte é controlada diretamente pelo Estado, no caso,a União, por esse fato se torna um símbolo de uma grandeintervenção estatal na economia, o que é certamente reguladapor normas jurídicas que vislumbram em última instância aproteção da sociedade.

A reflexão do Ministro Eros Roberto Grau é com certeza

um pensamento que deve ser estendido para vários outrosestudos, pois concebe uma ciência fazendo o seu link com o queé o mundo para o qual existe.

Pensar o Direito Econômico é pensar o Direito como umnível do todo social – nível da realidade, pois – comomediação específica e necessária das relações econômicas.Pensar Direito Econômico é optar pela adoção de ummodelo de interpretação essencialmente teleológica,funcional, que instrumentará toda a interpretação jurídica,no sentido de que conforma a interpretação de todo oDireito. É compreender que a realidade jurídica não seresume ao Direito formal.3 

O pensamento do Ministro Eros Roberto Grau estabeleceuma ligação do Direito com a realidade a qual está imerso. Não

3 GRAU, Eros Roberto.  A ordem econômica na constituição de 1988 (interpretação de crítica). São Paulo:Malheiros, 2003, p. 137.

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desvencilha a sua teoria da sua prática social, o que todos osramos e juristas jamais deveriam deixar de ter como orientação

nos seus estudos.

1.2 – Objeto.

Visto o conceito, acredito que estamos preparados para areflexão a respeito de qual é o objeto do Direito Econômico.Após o levantamento de alguns doutrinadores, todosdevidamente relacionados na bibliografia, certamente o saudosoProfessor Celso Ribeiro Bastos é o mais incisivo no assunto:

O objetivo do Direito Econômico não é outro senão oestudo das normas que dispõem sobre a organizaçãoeconômica de um País, é dizer, as leis que regem aprodução, a distribuição, a circulação e o consumo deriquezas, tanto no plano nacional como no internacional.

Trata-se do estudo das leis econômicas que regem ospreços, a moeda, o crédito e o câmbio. É, portanto, odireito da economia. 4 

Uma observação é mister ser feita: quando o ProfessorCelso Ribeiro Bastos menciona o vocábulo “leis econômicas”está falando das leis jurídicas a respeito da economia e não asleis econômicas, enquanto preceitos das Ciências Econômicas,

como por exemplo: a lei (da economia) da procura e oferta quediz, mais ou menos assim: quanto maior a procura e menor aoferta, maior será o preço e o inverso também, quanto menor aprocura e maior a oferta, menor será o preço.

O Direito Econômico tem como objeto o estudo danormatização da economia. O exemplo, se a indústria brasileira

4 BASTOS, Celso Ribeiro. Op. Cit. p. 52.

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está em uma situação econômica não muito boa, em face deconcorrência estrangeira, pode a União utilizar-se de dispositivos

legais para a proteção do nosso mercado e consequentementedos postos de trabalhos a ele vinculado. Quando impede aentrada dos produtos estrangeiros utilizando-se de aumento doImposto de Importação. Para isso a Constituição Federalexcepcionalizou a sua ação dizendo que poderá fazê-lo por atoadministrativo e não por lei, o que é comumente exigido porpreceito constitucional, e que sua cobrança poderá se dar apartir da data da publicação do ato, conforme artigo 153, §1°e150, §1°, da Constituição Federal de 1988, respecti vamente.Outro exemplo é a instituição do Empréstimo Compulsório paraobter recursos financeiros para fazer frente a despesas decaracter urgente, em conformidade com o artigo 148 daConstituição Federal de 1988. Os exemplos são inúmeros. Aquifica o registro de alguns, tributários, fundados na veia  tributáriaque tem o escritor.

1.3 – Autonomia.

A autonomia de uma ciência delimita um estudo profundo evasto a respeito do que é fundamental para qualquer uma.Fazendo assim, proporciona uma maior discussão a respeito dotema - Direito Econômico, é o aqui expresso como título. Afinalfica interrogação para a resposta a seguir: o Direito Econômico éou não é autônomo?

É no sentido de responder a esse questionamento quedesenvolvemos este item e em conformidade com o jámencionado anteriormente e para o melhor estudo, divido oscampos de análises em quatro: o legislativo, o científico, odidático e o jurisdicional.

Muitos autores consideram a autonomia como sinônimo deindependência, e esse com um significado muito amplo, ou

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melhor, com um significado de independência plena, o que ameu ver é impossível a existência de tal situação, nos dias de

hoje, senão vejamos: como podemos admitir a Física sem aMatemática, ou a Enfermagem sem a Matemática nos seuscálculos dosimétricos? Só para falarmos da importância damatemática para com outras ciências, mas a matemática declinapara outras ciências, como fazer cálculos sem utilizarmos oportuguês? Esse é apenas um dos aspectos que considero naanálise da independência de uma ciência, no qual se encaixaperfeitamente o nosso estudo. Se considerarmos que autonomiaseja sinônimo de independência plena, com certeza chegaremosà conclusão de que o Direito Econômico não é autônomo. Porisso devemos nos desprender de tal conceito antes de iniciarmosa nossa análise e observarmos a inter e a transdisciplinariedade,ou seja, o conhecimento com uma visão neo-iluminista,generalizada, no tocante a dependência de outras ciências paraa formação dos dogmas jus-econômicos, tanto dentro da gradecurricular do curso de Ciências Jurídicas como com outras.

Alguns autores não admitem a autonomia do Direito

Econômico, não reconhecendo de forma alguma a suaautonomia. Mas para reconhecermos uma ciência alguns pontoshão de ser observados, um deles é o princípio de que aindependência se faz com normas próprias e especiais,conhecidos pela expressão latina "jus proprium" e "jus specialis" ,e isso o Direito Econômico tem.

Para qualquer ramo da ciência do Direito ser considerado

como independente, hão de ser observados os pontosanteriormente mencionados, pois ficam as indagações relativas aessa inteligência, cujas respostas nos conduzem a soluçãodessa dúvida: - Tem legislação especial? - Tem princípiospróprios para ser considerada como ciência? - É disciplinaimplementada no currículo de formação do cientista jurídico? -Para a sua aplicação, tem assegurada a sua especialização na

 jurisdição, em face de sua formação ideológica jus-econômica?Com essas indagações podemos partir para o estudo de cadaum dos pontos levantados, quer seja, a autonomia legislativa, a

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autonomia científica, a autonomia didática e a autonomia jurisdicional.

1.3.1 – A autonomia legislativa.

A autonomia legislativa pode ser analisada de váriosângulos, escolhemos o que assenta a corrente dominante, querseja, o da quantidade e da qualidade dos dispositivos legais quecriam esse ramo.

A presença do Direito Econômico na Constituição Federalde 1988 é muito forte, pois o legislador constitucional de 1988dedicou um tratamento especial a esse ramo do direito. Fica oregistro que são vários os artigos constitucionais que tratam doassunto Direito Econômico, direta ou indiretamente, os quais,alguns, serão tratados no tópico 2.4 – A Relação entre Política

Econômica e a Norma Constitucional.

Data Vênia, O Professor Celso Ribeiro Bastos afirma:

A Constituição Federal de 1988 consagrou a autonomiado Direito Econômico em seu art. 24, inc. I, que reza:“Compete à União, aos Estados e ao Distrito federallegislar concorrentemente sobre: I – direito tributário,financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico.” 5 

A autonomia não deve ser considerada apenas umalimitação de competência legislativa presente na ConstituiçãoFederal. A presença do referido dispositivo traz uma certeza deimportância do tema para a nação, mas a autonomia écertamente a quantidade e a qualidade dos dispositivos legais

5 BASTOS, Celso Ribeiro. Op. Cit. p. 55.

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que tratam do assunto, no caso, o Direito Econômico. Esse secarateriza por ser um ramo extremamente emaranhado nos

outros. Melhor. A sua presença nos outros ramos do Direito éfeita de forma contundente. Assim, temos dispositivos legais noDireito Tributário que expressam normas do Direito Econômico,mas temos também no: Direito Civil, no Direito Penal, no DireitoFinanceiro, no Direito Agrário, só para citarmos alguns.

Quando falamos de uma autonomia do Direito Tributário,no aspecto legislativo, não pairam dúvidas a respeito, pois sócódigos tributários municipais, os quais são leis, são mais de5.580; estaduais ou distritais 27 e outros tantos de leiscomplementares instituindo espécies tributárias. Diferentementeno Direito Econômico, ele se quer tem um código para disciplinara área. Os normativos do Direito Econômico se apresentam deforma esparsa e por vezes, encrustados em dispositivos legaiseminentemente representantes de outros ramos autônomos doDireito.

A dificuldade de entendimento da autonomia legislativa doDireito Econômico se funda na realidade apresentada. Ela seapresenta de maneira dispersa, não concentrado, fragmentada,o que é responsável por essa inexpressão legislativa econseqüente invisibilidade do extenso arcabouço de leis queregem o Direito Econômico.

A autonomia legislativa é certa para o Direito Econômico. A

sua dependência de dispositivos que são conhecidos como deoutras disciplinas, não invalida a sua autonomia. Nenhum ramodo direito, ou de qualquer outra ciência, é absoluto. Todos sóexistem diante de uma longa e vasta dependência de outrasciências. Assim, transportando o assunto para o DireitoEconômico, a dependência de dispositivos tradicionalmenteconhecidos como de outro ramo, não descaracteriza suaautonomia, pelo contrário, revela a sua influência além dos seuslimites e marca sua interferência em outros ramos das ciênciasJurídicas.

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A quantidade e a qualidade das normas que tratam doDireito Econômico são de grandes volumes e importâncias. Por

exemplo: ele é um dos poucos que tem seus princípios escritosna Constituição, é o único que tem uma secretaria exclusivadentro do Ministério da Justiça para monitorar assunto de suacompetência é o único que tem um conselho, que funciona comoautarquia para avaliação dos temas de seu interesse. Nãoobstante a sua presença na Constituição está presente,obrigatoriamente, nas legislações: ambientais, de defesa doconsumidor, tributária, penal, trabalhista, só para citar algumas.Por estas e por outras é que, inequivocamente, possível afirmarque, diante destes padrões estabelecidos, o Direito Econômico éautônomo legislativamente falando.

1.3.2 – A autonomia científica.

Para o estudo desse tema fomos inicialmente ao Novo

Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa para buscarmos o que éciência e com esse conceito formamos o nosso posicionamentoa respeito da autonomia científica do Direito Econômico. Ele trazna sua página 404, in fine : "3. Conjunto organizado deconhecimentos relativos a um determinado objeto,especialmente os obtidos mediante a observação, a experiênciados fatos e um método próprio: ciências históricas, ciênciasfísicas.” 6. Aqui temos um bom início para delimitarmos amatéria. Então, ciência é um estudo sistematizado, com

princípios próprios, com normas específicas, objeto específico edentro das ciências jurídicas, no caso estudado.

Para falar a respeito da autonomia científica vou buscar noProfessor João Bosco Medeiros de Sousa, um relato a respeitoda autonomia científica no Direito Agrário, o que de uma forma

6 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda.  Novo dicionário da língua portuguesa . 2. ed. Rio de Janeiro:Nova Fronteira, 1986. P. 404.

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bem adequada se enquadra completamente no nosso. Assim, noseu livro Direito Agrário - Lições Básicas, página 05:

"dispõem de princípios gerais que lhe são próprios,diferenciado dos demais ramos da ciência jurídica,apresentando um objeto devidamente particularizado”. 7 

Adequando os seus ensinamentos ao Direito Econômico,não podemos discordar do seu posicionamento, pois toda ciênciatem vários princípios, muito são os pontos convergentes,embora, em algumas delas, os doutrinadores não tenhamchegado à unanimidade sobre quais e quantos são. Aconsideração de que este ramo do direito tem princípios que sãopróprios traduz-se em uma especificidade científica, poissomente a corrente jus-economista, poderá, com maioreficiência, elencá-los e traduzi-los com o fito de torná-los esteiospara o estudo da ciência ora estudada, o Direito Econômico.

Esses princípios são a coluna vertebral do Direito

Econômico e a partir daí seguem os demais estudos. É obalizamento deles. A exemplo: quando fica determinada aaplicação da função social da propriedade, é fácil verificar aintenção do legislador em proteger a sociedade de tal modo adar ao bem o verdadeiro uso para o qual foi criado. Esse é umprincípio e sua aplicação revela um pensamento dos cientistas

 jus-economistas e, por conseguinte, o da ciência. Pois é a partirde longos estudos, nascidos de seminários, convenções,congressos, a experiência mal sucedida e outros, que se servem

para a revelação de descobertas e discussões da área, é quepodemos dizer que um assunto, naquele momento, estáexaurida a sua discussão e, por conseqüência, figura como umaverdade, ainda que temporária, a respeito de algum assunto.

Esses princípios lhe traduzem uma padronização, a qual éum dos requisitos para o reconhecimento de um ramo comociência. Os princípios próprios que incorrerão em normas

7 SOUSA, João Bosco Medeiros de. Direito Agrário - Lições básicas. São Paulo: Saraiva, 1987, p. 05.

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próprias é o segundo requisito. Portanto, o Direito Econômicogoza de uma autonomia científica, facilmente identificável. Os

princípios serão objetos de nosso estudo no ítem 2.2.

Voltemos às primeiras linhas deste item para finalizá-lo. Láestá dito que ciência é sistematizada e tem princípios, objeto emétodos próprios; o que acreditamos se adaptar perfeitamenteao estudo do Direito Econômico. Por isso mesmo concluo quediante de alguns princípios aqui apresentados, que seguem umasistematização, quer seja na sua formulação quer na pesquisaque os fundamenta, sem dúvida, que o Direito Econômico tem asua autonomia, no ponto de vista científico, até mesmo pelosobjetos e métodos inerentes apenas a Ele.

1.3.3 – A autonomia didática.

Valho-me mais uma vez de um agrarista para refletir arespeito do tema autonomia didática. O Professor Igor Tenóriomuito pouco traz a respeito do tema proposto, mas o faz bem. Arespeito da autonomia didática diz em seu livro, Manual deDireito Agrário Brasileiro, objetivando a conceituação deautonomia didática: “é o ensino independente desta disciplinanos cursos superiores, de forma sistemática, para os fins degraduação ou de especialização profissional” 8. Com muitaclareza, o professor resume em poucas palavras o que é o

objeto de estudo neste item.

O ramo do direito aqui trabalhado, o Direito Econômico, émuito importante para a sociedade, sobretudo com a suacomplexidade econômica. O Brasil ainda é um país que nãosabe viver na livre concorrência, por isso o desenvolvimento doDireito Econômico também não alcançou, ainda, nível

8 TENÓRIO, Igor. Manual de Direito Agrário Brasileiro. São Paulo: Resenha Universitária. 1.975, p. 23.

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substancial. No mundo, observamos que quanto maiscompetitivo o mercado mais consistente é o Direito Econômico.

A razão é simples, quando o Estado intervém de forma maisforte na economia, as relações econômicas tende a se estreitar,pois de igual forma estreitam as relações sociais. Quanto maislivre a economia, mais distante o Estado está dela, mais regrassão necessárias para o seu controle.

Assim, a necessidade do estudo do Direito Econômico éindiscutível, fundado na necessidade que temos, enquanto país,de regras que nos preparem para receber uma economia demercado cada vez mais crescente. Se estamos caminhando parauma globalização, se faz necessário o estudo das regras

 jurídicas que disciplinam a economia no país e isso é objeto deestudo do Direito Econômico. Estudá-lo é fundamental parareceber um desenvolvimento que está apenas no seu início. Asua presença nos currículos de graduação do Bacharel emCiências Jurídicas é ponto que autentica a afirmação de que asua maturação didática foi alcançada, isto é, o Direito Econômicoé autônomo, didaticamente falando fundado na necessidade do

seu estudo pela sociedade. Quanto a exigência por norma legalou infra-legal, o Direito Econômico não é disciplina integrante doconhecido “currículo mínimo” do Curso de Ciências Jurídicas.Este situação reflete uma não autonomia didática no aspectonormativo e como vivemos em um sistema jurídico onde a maisimportante fonte do Direito é a lei, não nos resta outra conclusãoa não ser a de que o Direito Econômico não é autônomodidaticamente falando, pois raramente teremos faculdades deCiências Jurídicas incluindo no seu currículo obrigatório a

disciplina Direito Econômico, uma vez que não temos umdispositivo normativo obrigando. Quanto a possibilidade dasociedade assumir este papel, discutindo e reproduzindo esteconhecimento é utópico (ironizo), estamos muito ocupados com“outras coisas”.

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1.3.4 – A autonomia jurisdicional.

Muito já se buscou no sentido de se conseguir a autonomia jurisdicional em várias áreas, mas por enquanto os esforços nãomelhoraram muito a situação da justiça brasileira. De tal sorteque apenas alguns poucos ramos do direito a tem, comoexemplo: o trabalhista, o eleitoral e o militar. A respeito doassunto, no Brasil se quer temos Varas especializadas daJustiça Federal e Comum, para tratar do Direito Econômico,mesmo que o tratamento fosse meramente burocrático ou,meramente, de expediente ou ainda, estatístico, onde apenasseriam agrupados processos semelhantes em uma determinadavara.

A conclusão é clara: o Direito Econômico Brasileiro não éautônomo no aspecto jurisdicional, pois lhe falta uma “justiçaespecializada”, formada por membros que tenham uma formação

 jus-economista.

A semente está plantada e faço fé que em um futuropróximo possamos vislumbrar um judiciário que contemple deforma especial os assuntos do Direito Econômico, para que anossa cidade, o nosso Estado ou o nosso País, não figure emmanchetes jornalísticas como o da reintegração de posse nocaso da ocupação do Parque Oeste Industrial, em Goiânia, ou ocaso Avestruz Master. Tal aspecto é observado na

Administração Pública com a criação da legislação a respeito doassunto e, conseqüente, o aparecimento do ConselhoAdministrativo de Defesa Econômica – CADE para os“julgamentos administrativos”.

A presença do Poder Executivo Federal na gestão de uma“justiça administrativa” não caracteriza a presença de uma“justiça especializada”, ou seja, não traz autonomia para o DireitoEconômico. Tal autonomia só é possível diante da presença de

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um órgão judiciário, isto é, uma parte do Poder Judiciário o quenão é o caso.

1.4 – Relação com Outras Ciências.

Quando falo em outras ciências incluo também outrosramos do direito, em concordância com o já exposto emcapítulos anteriores. A interdisciplinaridade e atransdiciplinaridade, ou seja, a relação estabelecida entre oDireito Econômico e os outros ramos do direito e do DireitoEconômico com outras ciências não jurídicas.

Tenho debatido com muitos a respeito do costume dedesenvolver um ensino meramente informativo que tem sidolevado aos cursos de Ciências Jurídicas. Dessa forma, osAcadêmicos são transformados em meramente depositários de

informações por reprodutores de artigos e dispositivos legais,muita informação e, às vezes, reflexão. Não estou abominandoos dispositivos legais dos nossos estudos, mas é maisimportante a formação do profissional com uma visão científica.A formação universitária deve ser produtora de recursostecnológicos para a sociedade e ela só é assim porque temaquelas características que discutimos anteriormente, definindo-a como ciência, portanto, a formação não é em Direito, mas emCiências Jurídicas.

A partir deste ponto, podemos concluir com facilidade queo Direito Econômico tem relação com outras disciplinas do Cursode Ciências Jurídicas e com outras alienígenas.

O interfaceamento do Direito Econômico com outrasciências não revela uma fragilidade. O entendimento deve ser oinverso. Tão grande é sua importância que ele interfere em

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muitas outras áreas determinando como eles devem ser, o quepor si só revela o poder que ele tem em modificar ou regular

outros ramos das Ciências Jurídicas.

1.4.1 – Com outras ciências jurídicas.

O Direito Econômico tem seu maior relacionamento jurídicocom o Direito Constitucional, certamente. Por esse motivo,dediquei a essa relação um título exclusivo de estudo, 1.4.1.1 –A estreita relação com o Direito Constitucional, o qual está postonos próximos parágrafos. Como o interfaceamento com outrasdisciplinas jurídicas é plurifacetado me limitarei a falar a respeitode algumas dessas facetas:

a) com o Direito Tributário – a relação com o DireitoTributário é certamente uma dos mais importantes, pois,por exemplo, para proteger a economia interna, como as

montadoras de veículos, o Estado - a União, no casoem questão – aumenta do Imposto de Importação paradificultar a entrada de produtos que irão concorrerdiretamente com os nossos. A função social dapropriedade que é principio do Direito Econômico,instituída no artigo 170 da nossa Constituição, éaplicada no ITR – Imposto sobre a PropriedadeTerritorial Rural de forma embutida nas alícotas quecrescem à medida que não utilizo a minha propriedade.

Podemos elencar outras relações, como o caso do IPTU  – Imposto sobre a Propriedade Predial e TerritorialUrbano progressivo no tempo ou em razão do valor doimóvel, a progressividade do Imposto sobre a Renda eprovento de qualquer natureza – IR, entre outros.

b) com o Direito Civil – a sua contribuição é enorme. Odireito civil, apesar de ser o braço mais importante dodireito privado, todos os ramos das ciências jurídicasdependem de vários institutos só definidos nele, e no

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Direito Econômico não é diferente. A respeito, aexemplo: a definição dos sujeitos de direito; a

capacidade; a função social presente nos contratos;todos são institutos do direito civil, porém são objetos deestudo do Direito Econômico.

c) com o Direito Ambiental – a definição elaborada peloambiental de limitações ao uso da terra, estabelecendoreserva legais que chegam a 80% (oitenta por cento) daárea total do imóvel, traduz muito bem no seu reflexoeconômico e por isso mesmo, sendo uma norma jurídicaque disciplina o uso econômico de um bem, éconsiderado como objeto do Direito Econômico. Outroponto muito debatido é a propriedade da União sobretodas as águas do país. Sendo ela proprietária exclusivade toda a água o seu uso se torna regulamentado e emalguns lugares já se paga uma taxa para a suautilização, outro ponto econômico que com certeza jáalterou os preços de produtos como os refrigerantes ecervejas, como é o caso do Rio Paraíba do Sul quecorta São Paulo e o Rio de Janeiro, no qual o Conselho

Nacional de Recursos Hídricos – CNRH optou porcobrar taxa de utilização de recurso hídrico em umprojeto pioneiro.

d) com o Direito Financeiro – a conceituação de atividadefinanceira do Estado é um bom referencial paradelimitarmos a sua importância para o estudo do DireitoEconômico. A receita pública é peça importante naeconomia e, consequentemente, para o nosso estudo. A

contribuição do Direito Financeiro é como ciência irmã,pois ambas tratam de assuntos inerentes a parteeconômica e para o Direito Econômico não importa se aeconomia que estamos falando é pública ou privada,cada uma com suas particularidades, será devidamentenormatizada pelo Direito Econômico.

e) finalmente, apenas uma rápida citação: do DireitoAdministrativo com os poderes conferidos aosadministradores públicos como é o caso do poder de

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polícia e do direito penal com a tipificação de váriosdelitos envolvendo o Direito Econômico.

1.4.1.1 – A estreita relação com o Direito Constitucional.

O Direito Constitucional é, certamente, o ramo do direitomais importante para o estudo do Direito Econômico. Não sópelo motivo das regras constitucionais estarem no ápice dapirâmide a qual estabelece uma ordem decrescente deimportância, desta forma, o estudo do Direito Constitucional,sempre ocupa lugar de destaque. É dele que parte todas asregras para o funcionamento do Estado e, sobretudo, da suaparte financeira, a qual engloba o Direito Econômico, mas é maisimportante pela razão de ser ele quem estuda e traz nos seusnormativos assuntos de fundamental importância para o DireitoEconômico como: os seus princípios; o monopólio – suaconceituação e limites; o serviço público; a defesa da relação de

consumo, só para citar alguns.

A Constituição Federal de 1988 congrega o que de maisimportante deve a sociedade seguir, sobretudo, no tocante aprincípios. A formação teleológica de um povo está presente nasua Constituição. Por exemplo, a pena de morte no Brasil não éuma constante e esta verdade está expressa na Constituiçãobrasileira onde no artigo 5° temos a única possibil idade de

aplicação da pena de morte, sabidamente, em caso de guerra.Esse é o jeito cultural do povo brasileiro e está impresso na suaConstituição. Dizemos sempre sim a vida e não a morte, é anossa formação cristã.

De forma semelhante, o Direito Econômico está espelhadona Constituição e por se apresentar ainda sem codificação e compouca legislação específica a respeito do assunto, a Constituiçãoé o grande norte desse novo ramo. A constituição como guardiã

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dos nossos princípios mais sublimes, guarda também osprincípios econômicos, ou seja, as normas regulamentadoras, no

sentido de dar orientação, da economia que é por excelência,objeto do Direito Econômico.

1.4.2 – Com outras ciências não jurídicas.

A certeza de que outros interfaceamentos existem e queeste autor não tem a intenção de exaurí-las, passo a falar sobrea sua ocorrência com outras ciências alienígenas ou não

 jurídicas.

A relação estabelecida com outras ciências alienígenasnão é diferente da já exposta. Nenhuma ciência pode existirisolada, por isso o Direito Econômico vai se socorrer em outrasciências para tornar possível o seu estudo. Para uma melhor

ilustração do tema veja algumas destas ajudas:

a) com a ciência das Finanças Públicas – saber a posiçãodas finanças públicas é de fundamental importânciapara o funcionamento do Direito Econômico, pois é elaquem trata, elabora e agrupa os números das finançaspúblicas. Saber quanto é o recurso público que estásendo injetado na economia e a partir daí limitá-lo ouexpandí-lo, através de regras legais, é objeto de estudo

do Direito Econômico.b) com a Matemática – a álgebra e a aritmética são partes

da matemática muito utilizada no Direito Econômico.Tudo na economia tem fundamento matemático, como obalanço comercial internacional obtido pela diferençaentre os valores importados e os exportados pelo nossoPaís. Não é possível a existência dele sem a economia,de igual relação vive a economia com a matemática. Aconclusão é óbvia: não podemos admitir a sua

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existência sem a matemática, pois o mundo dosnúmeros habita o mundo do Direito Econômico. É

fundado nos números apurados pela economia que oele estuda, normatiza e propõem soluções jurídicas paraos problemas que envolvem a área.

c) com a Contabilidade – responsável pelo registro dosfatos contábeis, ou seja, os fatos que mudam naqualidade ou na quantidade o patrimônio de umaentidade, pública ou privada; é comum a expressão emtextos legais referido a Contabilidade apurando osvalores financeiros movimentados pelos entes públicosou privados, que é certamente objeto de estudo daeconomia e necessita de normatização jurídica para oseu perfeito funcionamento. A escrita fiscal é obtidaatravés do lançamento contábil o qual é institutopertencente às Ciências Contábeis e é através dela queé possível conhecer os números da economia públicaou privada e a possibilidade de sua normatização passaexatamente pelo conhecimento e estudo dessesnúmeros registrados pela Contabilidade.

d) com a Sociologia - a visão do sociólogo jamais deve seresquecida por nenhum estudioso do Direito econômico.Esse é um ramo público por excelência e como tal deveatender aos anseios da sociedade. Como detectar essavontade é um grande questionamento que poder serlevantado pelos sociólogos e carreado a sua aplicaçãopara uma arrecadação mais justa, socialmente falando.

Normatizar a economia, objeto do Direito Econômico,sem conhecer a sociedade é uma situação inimaginável.

A relação do Direito Econômico com outras ciências é tãogrande como o conhecimento humano. Por vezes, nãopercebemos o uso delas. É comum usarmos de várias ciênciassem a percepção de que elas estão sendo usadas, agora mesmoestou usando de um vernáculo que é essencial a qualquerpublicação.

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1.4.2.1 – A relação umbilical com a Ciência Econômica.

A Ciência Econômica é uma ciência de fundamentalimportância para a sobrevivência do Direito Econômico, noâmbito não jurídico. Se o Direito Econômico tem como objeto deestudo a normatização da relação econômica em um país, se faznecessário que a existência da economia seja anterior ao DireitoEconômico, pois é sobre o objeto da Economia que estáassentado o estudo desse Direito.

Para uma melhor reflexão a respeito da interação daCiência Econômica com o Direito Econômico, vou transcreverum conceito do economista e escritor Marco Antonio SandovalVasconcellos:

Etimologiamente, a palavra economia vem do grego oikos (casa) e nomos (norma,lei). Seria a “administração dacasa”, que pode ser generalizada como “administração da

coisa pública”.Economia pode ser definida como a ciência social queestuda como o indivíduo e a sociedade decidem utilizarrecursos produtivos escassos, na produção de bens eserviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas egrupos da sociedade, com a finalidade de satisfazer àsnecessidades humanas.Assim, trata-se de uma ciência social, já que objetivaatender às necessidades humanas. Contudo, depende derestrições físicas, provocadas pela escassez de recursosprodutivos ou fatores de produção (mão-de-obra, capital,terra, matérias-primas). 9 

Quando estudamos a livre concorrência, princípio doDireito Econômico expresso no artigo 170, IV, da ConstituiçãoFederal de 1988, existe uma necessidade imperiosa da definição

9 VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de. Economia: micro e macro: teoria e exercícios,glossário com os 260 principais conceitos econômicos. São Paulo: Atlas, 2000, p. 21.

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desse vocábulo pela economia que nada mais é do que,segundo a Professora Maria Helena Diniz10, “liberdade dada aos

comerciantes para exercerem suas atividades segundo seusinteresses, limitadas tão-somente pelas leis econômicas”;situação essa impossível de existir na sociedade moderna, pormais socialista ou liberalista que seja a forma de governo dopaís, pois o Estado está sempre intervindo na economia.

Assim, a economia produz um bom ambiente para aproliferação do Direito Econômico. É ela responsável pelaprodução do mundo onde terá atuação o Direito Econômico. Éda observação do mundo econômico que nasce a necessidadede normatizá-lo, estabelecer regras jurídicas para preservar asociedade sob uma visão econômica. Dessa forma, quando seestabelece um Código de Defesa do Consumidor, Lei número8.078, de 11 de setembro de 1990, não é um “11 de setembro” –alusão ao ocorrido nos Estados Unidos na mesma data – para ocomerciante, o industrial e o importador, enfim, o Código querpreservar a relação de consumo e com isso proteger aeconomia, através de normatização de um assunto que é

eminentemente econômico, quer seja, a compra e venda queenvolve o consumo final.

Por esse e outros tantos, a economia se envolve de formaumbilical com o Direito Econômico, como a mãe e seu filho, emuma interatividade muito estreita, assim, configura a CiênciaEconômica como a mais importante ciência não jurídica quemantém relação com o Direito Econômico. É a mãe quem

fornece todos os nutrientes para o filho, sem ela o filho morre. Ébaseado nesta relação que o Direito Econômico sobrevive emrelação as Ciências Econômicas. É esta que nutri oaparecimento daquela, sem ela, ele não sobrevive. Antes doaparecimento do Direito Econômico se faz necessário oaparecimento das Ciências Econômicas.

10 DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. V. III. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 153.

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1.5 – Um Breve Histórico do Direito Econômico.

Como o assunto é econômico normativo, quer seja, asnormas que regem a economia, vamos navegar no tempo e noespaço - no ítem 1.5.1 – No mundo - verificando algunsdispositivos legais nos seguintes normativos jurídicos, o Códigode Manu, A Lei das XII Tábuas, o Código de Hamurabi, oDigesto de Justiniano, a Constituição da Espanha, da França, daNicarágua, de Cuba, do Japão, da Grã-Bretanha, dos EstadosUnidos da América, da China e da extinta União das RepúblicasSocialistas Soviéticas. As Encíclicas Papais – desde a “RerumNovarum” do Papa Leão XIII até a “Pacem in Terris” do PapaJoão Paulo II - terão uma abordagem a parte face à importânciahistórica da Igreja Católica na construção da história ocidental.

Já, no item 1.1.2 – No Brasil, verificaremos algunsdispositivos constitucionais dedicando especial atenção aos quetratam de assuntos econômicos.

A pretensão nesse capítulo não é só o de um breve relatoa respeito da história, nas também de fazer um estudocomparado com alguns países. Observando a norma de cadapaís e vinculando a isto a sua cultura é possível entender onosso sistema normativo. Observar como ao longo do tempo osnormativos que cuidam do assunto evoluíram e as diferençascom os diversos lugares é enriquecedor.

1.5.1 – No mundo.

A propriedade tão estudada pelo Direito Civil e que étambém tópico de estudo do Direito Econômico, pois o seu usoafeta diretamente a economia de qualquer país (e com o nosso

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não é diferente, e por isso, a necessidade do seu estudo), émencionada pelo Digesto de Justiniano, o qual é uma espécie de

código de conduta integral, normatizada, que foi formulado apartir dos pretórios na antiga Roma, quer seja, as falas dostribunais romanos antigos, dentre outras fontes.

Pinço um pequeno texto para reflexão, trazendo primeiro aversão original, em latim, e logo em seguida a sua tradução.

Riparum usus publicus est iure gentium sicut ipsiusfluminis. Itaque navem ad eas appellere, funes exarboribus ibi natis religare, retia siccare et ex marereducere, onus aliquid in his reponere cuilibet liberum est,sicuti per ipsum flumen navigare. Sed proprietas illorumest, quorum praediis haerent: qua de causa arbores quoquein his natae eorundem sunt.

O uso público das margens é do direito das gentes como ouso do próprio rio. Assim, é livre a quem quer que sejadirigir sua nave até elas, atar suas amarras nas árvores ali

nascidas, secar as redes e trazê-las do mar, nelas depositaralguma carga, assim como navegar pelo próprio rio. Masa propriedade é daqueles a cujo prédios os rios se aderem;por esta razão, as árvores neles nascidas são precisamentedeles também. 11 

Esse dispositivo é um exemplo inconteste de que desdeaqueles tempos, da Roma antiga, a propriedade já era limitada

pelo poder de polícia do Estado para servir a toda sociedade, oque claramente se traduz, hoje, no princípio do DireitoEconômico, conhecido como “função social da propriedade”.Quando o texto de Justiniano abre a possibilidade de quem, porexemplo, exercita a pesca como profissão poder utilizar-se dasmargens ou mesmo dos cursos de água (ou no mar) para dalitirar o seu sustento e promover o desenvolvimento da economia,

11 MADEIRA, Hélcio Maciel França. Digesto de Justiniano – Livro 1. São Paulo: Revista dos Tribunais,2000, p. 89.

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desembarcando na margem com toda liberdade é uma regra,ainda que primária, do Direito Econômico na história romana.

O texto citado a seguir não se sabe precisamente a data deseu aparecimento, porém, estimam os historiadores que seja,aproximadamente, de 1300 a 800 a.C., por isso consideradocomo um das mais antigas legislações do mundo. Estou falandodo Código de Manu. O que é certo é que esse código orientou opovo indiano, teocentrista, por muitos séculos. A consideração élimitada por um conhecimento mais antigo, o Código deHamurabi, que por sua pequena abrangência não seriatecnicamente considerado um código por alguns doutrinadores, oqual será objeto de citação mais a frente.

O texto do artigo 150 do Código de Manu, apesar de tantosséculos e da distância cultural entre a Índia e o Brasil, éverossímil que o seu conteúdo é semelhante ao que busca anossa sociedade, vejamos:

Art. 150. Um juro que ultrapassa a taxa legal e que seafasta da regra precedente, não é válido; os sábios ochamam processo usurário; o mutuante não deve receberno máximo senão cinco por cento. 12 

A limitação dos juros é uma proteção à economia e feitaatravés de norma legal é Direito Econômico. No Código de Manué muito incisiva a participação do Estado na economia no sentido

de ordená-la e, desta feita, por norma jurídica. Esse artigo 150 éa verdadeira expressão da vontade do Estado em equilibrar ademanda por recursos financeiros através dos juros, entendendoque quem ganha muito leva alguém a estar em situação nãoprivilegiada ou até mesmo de penúria, dado o peso dos altos

  juros cobrados. Situação similar observa-se no Brasil, nasúltimas décadas, tanto é que as empresas mais lucrativas noPaís são empresas de créditos, sobretudo os bancos.

12 VIEIRA, Jair Lot. Código de Hamurabi, Código de Manu, Lei das XII Tábuas. Bauru: Edipro, 1994, p. 67.

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Hamurabi, Kamu-Rabi (do árabe), rei do amorritas, povoque se fixou na Média Mesopotâmia, unificou-os e fundou o

Primeiro Império Babilônico e viveu de 2067 a 2025 a.C., períodono qual instituiu a legislação conhecida como Código deHamurabi. Para o nosso estudo destaco o seguinte:

Art. 48. Se um homem tem sobre si uma dívida e o seucampo foi inundado, ou a torrente carregou ou por falta deágua não cresceu grão no campo; naquele ano ele não darágrão a seu credor, ele anulará o seu contrato e não pagaráos juros daquele ano. 13 

O dispositivo legal citado é inteligente e utilizado até osdias de hoje. O agricultor que vive pela vontade da natureza, sechove na hora certa ele colhe bem, se não, a colheita é pífia eele não tem como pagar suas dívidas. Economicamente, nãopode o Estado permitir que esse agricultor seja espoliado, poisse não tem colheita e se cobra dele o que não tem como pagarisso pode significar que estamos tirando um agricultor domercado, o que não interessa ao mercado, nem a sociedade.

Existe um motivo teleológico para a existência dessa norma,naquele tempo e hoje. Manter a economia funcionando,principalmente com a participação dos produtores do campo eraimportante na época de Hamurabi e ainda é hoje, quer paraeconomia, quer para segurança alimentar, ou seja, amanutenção de estoques de alimentos para suprir a falta nasantre-safras. Assim, a norma do Código de Hamurabi seconsubstancia em uma norma de Direito Econômico, ou seja, éuma regra jurídica que normatiza um elemento da economia.

A conhecida Lei das XII Tábuas começou com dez eposteriormente lhe foi adicionada mais duas, um ano depois. Foiem 451 a.C. a publicação do resultado dos estudos propostopelo tribuno Tarentílo Arsa em 462 a.C. e que resultou em deztábuas. Como um dos marcos históricos da legislação ocidental,a Lei da XII Tábuas era a época uma fonte de direito público e

13 VIEIRA, Jair Lot. Op.cit., p. 19.

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privado relatada pelo historiador Tito Lívio como sendo a fons omnis publici privatique juris , ou seja, a fonte de todo direito

público e privado.

As doze tábuas foram destruídas em 390 a.C. quando daguerra entre os romanos e os gauleses, mas como suadivulgação foi muito grande, os vestígios deixados possibilitarama sua reconstrução quase que total. O princípio esboçado noartigo 170, inciso VI, da nossa atual Constituição que reza arespeito da proteção ao meio ambiente já estava presentenaquele dispositivo legal, assim, na Tábua Oitava temos:

1.  A distância entre as construções vizinhas deve ser dedois pés e meio;2.  omissis ...3. A área de cinco pés, deixada livre entre os camposlimítrofes, não pode ser adquirida por usucapião; 14 

Era comum a construção geminada na antigüidade, o que

tornava as habitações insalubres, pois não recebiam a luz solarnem a ventilação necessárias. Com esse dispositivo o GovernoRomano limitava a propriedade e regulava a construção,atividade eminentemente econômica, não só naqueles temposcomo também nos de hoje.

Ainda tratando de assunto eminentemente econômico citamais a frente, na Tábua Nona:

2. Aqueles que foram presos por dívidas e as pagaram,gozam dos mesmos direitos como se não tivessem sidopresos; os povos que foram sempre fiéis e aqueles cujadefecção foi apenas momentânea gozarão de igual direito;15 

14 VIEIRA, Jair Lot. Op.cit., p. 143.15 VIEIRA, Jair Lot. Op.cit., p. 144.

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A proteção ao crédito já era objeto de normatizaçãonaqueles tempos. Lá, a pena chegava até a prisão. A norma

 jurídica presente nesse dispositivo dá tratamento ao devedor quese torna adimplente, lhe dando a possibilidade de recuperar seucrédito, podendo voltar a negociar sem nenhum empecilho. Ocrédito é um dispositivo econômico muito importante naatualidade, é um elemento de desenvolvimento para os países,para as empresas e para as pessoas físicas. Funciona com umfomentador de desenvolvimento e as normas jurídicas queregem esse ponto é Direito Econômico.

A China, esse gigante que se avoluma cada vez mais,trata, também, na sua Constituição de assuntos que são decompetência do Direito Econômico, como por exemplo: apropriedade e os meios de produção. No seu artigo sextoregistra o pensamento deste povo a respeito desses dois temas,a propriedade e os meios de produção, da seguinte forma:

Artigo 6.° A base do sistema econômico socialista daRepública Popular da China é a propriedade pública

socialista dos meios de produção, designadamente apropriedade de todo o povo e a propriedade coletiva dopovo trabalhador.O Sistema de propriedade pública socialista substitui osistema de exploração do homem pelo homem e aplica oprincípio “de cada um conforme as suas capacidades, acada um segundo o seu trabalho”. 16 

A leitura pura e simples do artigo sexto da Constituição deRepública Popular da China nos revela as suas regraseconômicas. Pelo perfil das normas jurídicas que tratam deassuntos eminentemente econômicos é possível traçar o perfildo funcionamento da economia de um país. Aqui no exemplo daChina temos o traço do seu Direito Econômico translúcidoquanto à propriedade e os meios de produção, que são muitodiferentes do que observamos no Brasil.

16 Constituição da República Popular da China, aprovada em 4 de dezembro de 1982. Rio de Janeiro: Ediçõestrabalhistas, 1987, p.7-8.

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A extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas -URSS trazia em seu artigo 39, no Capítulo 7 – Direito, liberdades

e deveres fundamentais dos cidadãos da URSS, as normasgerais quanto a vários pontos, inclusive o econômico, nossoobjeto de estudo. Assim reza:

Artigo 39. Os cidadãos da URSS gozam plenamente dasliberdades e dos direitos sociais, econômicos, políticos epessoais proclamados e garantidos pela Constituição daURSS e pelas leis soviéticas. O regime socialista asseguraa ampliação dos direito e das liberdades e o constantemelhoramento das condições de vida dos cidadãos àmedida que se cumprem os programas dedesenvolvimento social, econômico e cultural. 17 

Apesar de ter como característica principal a rigidez naeconomia, o regime socialista da extinta URSS traz umaliberdade que não foi conhecida no sistema econômico,figurando apenas como uma letra morta, pois jamais foi aplicada.Não é um relato contra o socialismo, mas sim um relato contra a

mentira expressa na sua Constituição, o que certamente é muitopresente na nossa Carta Magna atual. As regras do DireitoEconômico, presentes na Constituição de um país ou em outrodispositivo legal qualquer, refletem a sua forma de funcionar aeconomia. Esse artigo não reflete em nada o que o povosoviético viveu durante a existência da URSS, o que, por isso,não deixa de ser objeto do nosso estudo.

A Espanha reserva um título da sua Constituição para otema economia e finanças. Nele é possível observar aimportância da limitação da economia pelo direito. Aqui as regrasfundamentam a utilização da economia e por ser a constituiçãodo país, é uma regra suprema. No seu Título VII – Economia efinanças, artigo 128, diz:

17 Constituição da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, aprovada em 7 de outubro de 1977. Rio deJaneiro: Edições trabalhistas, 1987, p.15.

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Artigo 128. – 1 – Toda a riqueza dos paises, nas suasdiversas formas e seja qual for a sua titularidade, está

subordinada ao interesse geral.2 – É reconhecida a iniciativa pública na atividadeeconômica. A lei poderá reservar ao setor público recursosou serviços essenciais, especialmente em caso demonopólios, e admitir a intervenção em empresas quandoassim o exigir o interesse geral. 18 

Aqui, na Constituição espanhola, um país que fez opçãopelo Estado Democrático de Direito, a intervenção do Estado naeconomia é clara e determinada pela sua Carta Magna. Tem ointeresse geral colocado acima do interesse econômico, talhandosulcos profundos que revelam o traço cultural desse povo quantoao assunto econômico. Admitir a intervenção nas empresas, viapreceito constitucional, é muito salutar no tocante à economiaprivada. É a Constituição dizendo o que é mais importante para oseu povo. O monopólio é outro caso a ser pensado por todagrande economia e aqui não foi diferente, a ConstituiçãoEspanhola dedicou uma atenção para com ele, sabedora que é

dos benefícios ou malefícios que podem originar-se da boa oumá prática do exercício dos monopólios em qualquer economia.Na Espanha, as normas a respeito da economia marcamprofundamente a presença do Direito Econômico na vida dosespanhóis.

O Japão, um país dominado pelo império e de economialivre, dedica alguns artigos de sua Constituição para proteger os

elementos da sua economia de modo a perpetuar a suaexistência e equilibrar os mercados, por menor que sejam, com oobjetivo de manter funcionando o seu desenvolvimento socio-econômico.

O povo japonês tem uma visão coletiva de povo que oocidente não compreende. A sua Constituição reflete exatamente

18 Constituição da Espanha, publicada em 29 de dezembro de 1978. Rio de Janeiro: Edições trabalhistas,1987, p.37.

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isso. Apesar dessa visão individualista no Brasil, existem pontosem comum, por exemplo, eles respeitam a propriedade privada,

mas não obsta que o particular seja desapropriado, com justaindenização, em função de um objetivo que seja público.Vejamos o artigo 29 da sua constituição:

Artigo 29. O direito de propriedade é inviolável.Os direitos de propriedade serão definidos por lei, deconformidade com o bem estar público.A propriedade privada pode ser desapropriada por usopúblico desde que seja paga compensação justa. 19 

A intervenção na propriedade privada em função de umaproteção dos interesses coletivos é característica de todas asconstituições e aqui, na do Japão, não é diferente. Representa apresença do Estado na economia, intervindo na sua forma de sere em assim sendo, objeto do Direito Econômico.

Na Grã-Bretanha, apesar de ser um país onde impera o

direito consuetudinário, ou seja, o costume, a sua Constituição20

 permite a observação de muita proteção à economia e, emsendo assim, ganha realce no nosso estudo. Vejamos o seuartigo 41:

41. Os mercadores terão plena liberdade para sair e entrarna Inglaterra, e para nela residir e percorrer tanto por terracomo por mar, comprando e vendendo quaisquer coisas,de acordo com os costumes antigos e consagrados, e semterem de pagar tributos injustos, excepto em tempo deguerra ou quando pertencerem a alguma nação em guerracontra nós. E, se no começo da guerra houver mercadoresno nosso país, eles ficarão presos, embora sem dano paraos seus corpos e os seus bens, até ser conhecida por nós

19 Constituição do Japão, promulgada em 3 de novembro de 1946. Rio de Janeiro: Edições trabalhistas, 1987,p. 09.

20 A Constituição da Grã-Bretanha foi outorgada pelo João sem Terra em 15 de junho de 1215 e confirmada:seis vezes por Henrique II; três vezes por Eduardo I, catorze vezes por Eduardo III; seis vezes por RicardoII; seis vezes por Henrique IV; uma vez pro Henrique V; e uma vez por Henrique VI.

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ou pelas nossas autoridades judiciais como são tratados osnossos mercadores na nação em guerra conosco; e se os

nossos não correm perigo também os outros não correrãoperigo. 21 

Como país de nascimento de John Locke, o pai doliberalismo, a liberdade de mercado está presente há váriosséculos. A liberdade de movimentação das pessoas, juntos comseus bens, é muito presente no artigo transcrito anteriormente ea Grã-Bretanha vem, ao longo dos séculos, mantendo uma linhaliberalista economicamente falando. É mais uma presença deuma norma jurídica regulando assunto da economia, no caso emquestão, na Inglaterra.

Os Estados Unidos da América seguem uma linha depensamento parecida como a da Inglaterra. A sua Constituição,redigida em 1787, teve pouco menos de 30 emendas e suacaracterística de ser consuetudinária é muito forte. Elarepresenta o pensamento, o princípio, sob o qual vive aquela

nação. Por serem fundados na liberdade econômica o seuDireito Econômico é muito presente e na sua Constituição não édiferente. Para uma melhor observação, veja um trecho daSeção 8:

1. Será da competência do Congresso: lançar e arrecadartaxas, direitos, impostos e tributos, pagar dívidas e proverà defesa comum e ao bem-estar geral dos Estados Unidos;mas todos os direitos, impostos e tributos serão uniformesem todos os Estados Unidos;2. omissis ...3.  Regular o comércio com as nações estrangeiras, entreos diversos estados, e com as tribos indígenas;4.  omissis ...5.  Cunhar moeda e regular o seu valor, bem como o dasmoedas estrangeiras, e estabelecer o padrão de pesos emedida;

21 Constituição da Grã-Bretanha (Magna Charta Libertatum), outorgada 15 de junho de 1215. Rio de Janeiro:Edições trabalhistas, 1987, p.25.

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6. Tomar providências para a punição dos falsificadoresde títulos públicos e da moeda corrente dos Estados

Unidos;22

 

Quando a Constituição se preocupa com assuntoseminentemente econômicos está traçando o seu DireitoEconômico. A preocupação com a circulação de moeda, afalsificação de títulos públicos ou o comércio estrangeiro estátratando de normatizar juridicamente assuntos da economia eassim fazendo, faz Direito Econômico.

O povo francês, na sua Constituição entende que oassunto econômico e social é tão importante que criou umconselho para falar a respeito de assuntos econômicos e sociais,no tocante a projetos de leis que tratam do assunto. No artigo 70está uma das suas atribuições no âmbito econômico que énormatizado pela constituição. Assim reza:

Artigo 70. O Conselho Econômico e Social também

poderá ser consultado pelo governo sobre qualquerproblema de caráter econômico ou social de interesse paraa República ou a Comunidade. Todo Plano ou projeto delei de planejamento econômico ou social será submetidoao Conselho para que opine. 23 

A França, com isso, enfatiza a importância dos assuntoseconômicos para um país e por esse motivo devem estar

regulados por lei para que a sociedade não seja impactada desurpresa nos assuntos econômicos. Oportunidade, como a queteve o ex-presidente Fernando Collor de Melo, de bloquear aeconomia no conhecido Plano Collor, na França não seriapossível, pois deveria ter o referendo do Conselho Econômico e

22 Constituição dos Estados Unidos da América, redigida pela Convenção Federal de 1787. Rio de Janeiro:Edições Javoli, 1987, p.24.

23 Constituição da França, promulgada em 04 de outubro 1958 (atualizada em 23 de novembro de 1983). Riode Janeiro: Edições Trabalhista, 1987, p.36.

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Social. É mais segurança para a economia e,conseqüentemente, para a população.

A República de Cuba por ter um sistema econômico maisfechado reflete em um Direito Econômico mais pífio, embora aatuação do Estado na economia simbolize uma intervençãoavassaladora e muito distante de uma economia livre. Certo éque a economia se dirige para atender ao regime sob o qual estátoda a sociedade cubana. Isso é realçado no artigo 16 da suaconstituição o qual vai transcrito:

Art. 16 – O Estado dirige e controla a atividadeeconômica nacional de acordo com o Plano Único deDesenvolvimento Econômico-Social, em cuja elaboraçãoe execução participam, ativa e conscientemente, ostrabalhadores de todos os setores da economia e dasdemais esferas da vida social.O desenvolvimento da economia serve aos fins defortalecer o sistema socialista, satisfazer cada vez melhoras necessidades materiais e culturais da sociedade e dos

cidadãos, promover a evolução da personalidade humanae de sua dignidade, o avanço e a segurança do País e acapacidade nacional para cumprir os deveresinternacionalistas de nosso povo. 24 

Certamente mais um grande exemplo de norma que regulaa economia e, portanto, objeto de estudo do Direito Econômico,no caso, cubano.

Na República da Nicarágua a sua Constituição no artigo98, dentro do Título VI – Economia nacional, reforma agrária efinanças públicas, no capítulo I – Economia nacional, orientatoda a economia do país, mostrando qual é o “norte” a serseguido. Vejamos:

24 Constituição da República de Cuba, proclamada em 24 de fevereiro 1976. Rio de Janeiro: EdiçõesTrabalhista, 1987, p.10.

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Art. 98 – La función principal del Estado em la economíaes desarrollar materialmente el país, suprimir el atraso y la

dependencia heredados; mejorar las condiciones de vidadel pueblo y realizar una distribuición cada vez mais justade la riqueza. 25 

Quanto à tradução do artigo 98 da ConstituiçãoNicaragüense não existe uma oficial, mas para suprimir essadeficiência preparei uma que segue:

Art. 98 – A função principal do Estado na economia édesenvolver materialmente o país, suprimir o atraso e adependência herdados; melhorar as condições de vida dopovo e realizar uma distribuição cada vez mais justa dariqueza.

A importância da economia é realçada mais uma vez. Olegislador constitucional Nicaragüense dedicou uma atençãoespecial em orientar a direção do Estado na economia. Como

não define se na sua atuação é como agente econômico, porexemplo: através das empresas estatais, ou através daregulação da atuação dos agentes privados na economia,entende-se que são ambos. Tal artigo regula a participação doEstado, seja como agente privado, seja como interventor,objetivando se libertar do atraso do passado e construir umfuturo melhor, através de uma distribuição mais justa dasriquezas. Aqui temos elementos extremamente econômicospresentes em normas constitucionais que traduzem em Direito

Econômico, mais uma vez.

Quanto aos textos Papais, as mencionadas encíclicas,estão dispostas em mais de 100 anos, desde 15 de maio de1891, com a Rerum Novarum – Carta Encíclica de sua santidadeo Papa Leão XIII sobre a condição dos operários, até 1°de maiode 1991 com a Pacem in Terris – Carta encíclica no centenário

25 Constituição da República da Nicarágua, de 19 de novembro de 1986. Rio de Janeiro: Edições Trabalhista,1987, p.27.

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da “Rerum Novarum” do Papa João Paulo II. Por ser um textoreligioso e não tendo cunho coercitivo para a sociedade, sua

presença vale como reflexão a respeito do assunto, assimtranscrevo como sinal do final desse subtítulo:

A moderna economia de empresa comporta aspectospositivos, cuja raiz é a liberdade da pessoa, que seexprime no campo econômico e em muitos outroscampos. A economia, de fato, é apenas um sector damultiforme atividade humana, e nela, como em qualqueroutro campo, vale o direito à liberdade, da mesma formaque o dever de usar responsavelmente. Mas é importantenotar a existência de diferenças específicas entre essastendências da sociedade atual, e as do passado, mesmo serecente. Se outrora o fator decisivo da produção era aterra e mais tarde o capital, visto como o conjunto demaquinarias e de bens instrumentais, hoje o fator decisivoé cada vez mais o próprio homem, isto é, a sua capacidadede conhecimento que se revela no saber científico, a suacapacidade de organização solidária, a sua capacidade deintuir e satisfazer a necessidade do outro. 26 

1.5.2 – No Brasil.

No Brasil, um país de característica de norma escrita, asnossas Constituições têm sido responsáveis pelo registro da

presença do Direito Econômico no mundo jurídico. Assimfaremos uma retrospectiva apenas constitucional, iniciando pelaConstituição outorgada de 1824 até a de 1988.

Desse modo, a Constituição de 25 de março de 1824pouco trouxe ou quase nada trouxe a respeito do assuntoeconômico, normatizando-o. Como na constituição atual, o artigo

26 Encíclicas e documentos sociais / coletânea organizada por Frei Constantino Bombo. São Paulo: Ltr, 1993,p.605-6.

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170 da Constituição de 1824 reza a respeito de assunto deinteresse do Direito Econômico, mas não temos um capítulo

dedicado ao assunto, pois como já foi objeto de nosso estudoesse assunto, naqueles tempos, era incipiente e a forma defuncionar a economia brasileira não era favorável aoaparecimento de um estudo mais profundo a respeito doassunto.

Vejamos o artigo 170:

Art. 170. A Receita, e despeza da Fazenda Nacional seráencarregada a um Tribunal, debaixo do nome “ThesouroNacional” aonde em diversas Estações, devidamenteestabelecidas por Lei, se regulará a sua administração,arrecadação e contabilidade, em reciprocacorrespondencia com as Thesourarias, e Autoridades daProvincias do Imperio. 27 28 

Outro merece destaque:

Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Politicosdo Cidadãos Brazileiros, que tem por base a liberdade, asegurança individual, e a propriedade, é garantida pelaConstituição do Imperio, pela maneira seguinte:I – omissis ...

omissis ... XV. Ninguém será exempto de contribuir para as despezasdo Estado em proporção dos seus haveres. 29 30 

Quando a Constituição de 1824 estabelece essa proporçãode contribuição para com as despesas públicas, estabelece o

27 CAMPANHOLE, Adriano e CAMPANHOLE, Hilton Lobo. Constituições do Brasil. 10. Ed. São Paulo:Atlas, 1989, p 767.

28 É importante ressaltar que o texto é fiel ao que foi escrito naquele tempo, portanto diferente do vernáculoatual.

29 CAMPANHOLE, Adriano e CAMPANHOLE, Hilton Lobo. Op. cit. p 768-9.30 É importante ressaltar que o texto é fiel ao que foi escrito naquele tempo, portanto diferente do vernáculo

atual.

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que hoje é conhecido como o princípio tributário da capacidadecontributiva, onde cada um contribui com o que potencialmente

pode. É certamente uma regra econômica presente naquelaConstituição.

Não diferente é a observação ao artigo 170, pois ali temoso início de uma organização do que mais tarde seria oorçamento público, atualmente regulado pela Lei 4.320 de 17 demarço de 1964, a qual estabelece normas de elaboração eexecução da gestão das finanças públicas. Assunto meramenteeconômico, mas com reflexo na vida social da população e porisso a necessidade de normatizá-lo, transformando-se assim emobjeto de estudo do Direito Econômico.

O tempo avança e estamos em 24 de fevereiro de 1891, aprimeira Constituição Republicana, nesta, além do registro depela primeira vez da mudança da capital para o interior presenteno seu artigo terceiro, o artigo 72 é o maior representante doDireito Econômico. Do qual destaco um parágrafo, a seguir:

Art. 72. A Constituição assegura a brazileiros eestrangeiros residentes no paíz a inviolabilidade dosdireitos concernentes á liberdade, á segurança individual eá propriedade nos termos seguintes:Omissis ...

§ 17. O direito de propriedade mantem-se em toda aplenitude, salva a desapropriação por necessidade ouutilidade pública, mediante indenização prévia.As minas pertencem aos proprietarios do solo, salvas aslimitações que forem estabelecidas por lei a bem daexploração deste ramo de indústria. 31 32 

O direito de propriedade é muito relatado desde a épocaromana. Por ser ela muito importante para a cultura ocidental, as

31 CAMPANHOLE, Adriano e CAMPANHOLE, Hilton Lobo. Op. cit. p 704-5.32 É importante ressaltar que o texto é fiel ao que foi escrito naquele tempo, portanto diferente do vernáculo

atual.

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normas jurídicas expressam essa importância lhe dandodestaque em todos os normativos, inclusive nas Constituições. O

artigo 72 reflete bem esse posicionamento do povo brasileiro dofinal do século XIX, porém, quanto às riquezas do subsolo oposicionamento é diferente do atual. No final do parágrafo 17 épossível a observação da presença do proprietário de uma mina,ou de minas, riquezas, na sua grande maioria, incrustada pelosolo. Hoje, quem é dono do solo não o é do subsolo, pois essepertence à União, enquanto que aquele pode pertencer aoparticular. Esse assunto reveste a economia de uma situaçãodiferente e como tal, as normas do Direito Econômico vão juntas.

Passamos pela primeira guerra mundial, mudanças nocenário mundial. Aparecimento de um socialismo mais forte noleste europeu. Quebra da Bolsa de Nova York. Enfim, assuntosdiversos influenciaram e tivemos mais uma Constituição em 16de julho de 1934 e pela primeira vez a Constituição Brasileiradedicou um Título ao assunto – Da ordem econômica e social.Para um registro no que coloco como um grande avançolegislativo, destaco os artigos115 e 117, em seguida:

Art. 115. A ordem econômica deve ser organizadaconforme os princípios da justiça e as necessidades davida nacional, de modo que possibilite a todos existenciadigna. Dentro desses limites, é garantida a liberdadeeconômica.Parágrapho único. Os poderes publicos verificarão,periodicamente, o padrão de vida nas varias regiões dopaiz.

 Art. 116. Omissis ...

Art. 117. A lei promoverá o fomento da economiapopular, o desenvolvimento do credito e a nacionalizaçãoprogressiva dos bancos de deposito. Igualmenteprovidenciará sobre a nacionalização das empresas deseguros em todas as suas modalidades, devendoconstituir-se em sociedade brasileira as estrangeiras queactualmente operam no paiz.

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_____________________________________________________________________________________44Direitos reservados – proibido a reprodução parcial ou total desse trabalho. 

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Parágrafo único. É prohibida a usura, que será punida naforma da lei. 33 34 

Os artigos de 115 a 143, da Constituição de 16 de julho de1934 são dedicados a normatizarem a ordem econômica esocial, de tal modo que, em face de esse novo cenário mundialvivido naquele tempo, o aparecimento de uma nova Constituiçãoestaria marcada de muitas mudanças, como esteve. Aparecepela primeira vez, na Constituição, a usura atrelada ao temaOrdem Econômica, pois o tema foi de muita importância nosanos anteriores com a falta de recursos financeiros que assolouo mundo com a crise do início da década de 30.

A Constituição de 1934 reflete uma maior interferência naeconomia por parte do Estado. Um bom exemplo é afederalização das jazidas presente no artigo 119, portantocontrário à Constituição de 1891, o qual transcrevo:

Art. 119. O aproveitamento industrial das minas e das  jazidas mineraes, bem como das aguas e da energiahydraulica, ainda que de propriedade privada, depende deautorização ou concessão federal, na forma da lei.§ 1° As autorizações ou concessões serão conferidasexclusivamente a brasileiros ou a empresas organizadasno Brasil, resalvada ao proprietario preferencia naexploração ou coparticipação no lucros.Omissis ...

§ 4° A lei regulará a nacionalização progressiva dasminas, jazidas mineraes e quedas dagua ou outras fontesde energia hydraulica, julgadas basicas ou essenciaes ádefesa econômica ou militar do paiz. 35 36 

33 CAMPANHOLE, Adriano e CAMPANHOLE, Hilton Lobo. Op. cit. p 654-5.34 É importante ressaltar que o texto é fiel ao que foi escrito naquele tempo, portanto diferente do vernáculo

atual.35 CAMPANHOLE, Adriano e CAMPANHOLE, Hilton Lobo. Op. cit. p 655.36 É importante ressaltar que o texto é fiel ao que foi escrito naquele tempo, portanto diferente do vernáculo

atual.

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Essa Constituição registrou um grande avanço na ordemeconômica, mas, sobretudo, expressou uma tendência ao

socialismo e por isso mesmo, poucos anos depois tivemos outra,certamente, pela influência econômica mundial e, lógico, comoutras regras para normatizar a economia e, consequentemente,força o aparecimento de um novo Direito Econômico.

A reação a uma Constituição com traços socialistas foiimediata e em 10 de novembro de 1937 tivemos mais umaConstituição. A ordem econômica tem agora um ConselhoNacional que foi feito nos moldes do que tem a França. EssaConstituição dedicou os artigos de 57 a 63 para falar a respeitodo Conselho. Assim, aí temos a sua composição, a suacompetência e atribuições nestes sete artigos, do qual destaco oprincipal, não por ser o primeiro, mas por se o que fala a respeitoda sua composição, a saber:

Art. 57. O Conselho da Economia Nacional compõe-se derepresentantes dos vários ramos da produção nacionaldesignados, dentre pessôas qualificadas pela sua

competência especial, pelas associações profissionais ousindicatos reconhecidos em lei, garantida a igualdade derepresentação entre empregadores e empregados.Parágrafo único. O conselho da Economia Nacional sedividirá em cinco secções:a)  secção de indústria e do artesanato;b)  secção da agricultura;c)  secção do comércio;d)  secção dos transportes;e)  secção do crédito. 37 38 

Essa Constituição já revela uma preocupação maior comos rumos da economia e para tanto institui um Conselho paracuidar dos seus destinos. É a preocupação da população com a

37 CAMPANHOLE, Adriano e CAMPANHOLE, Hilton Lobo. Op. cit. p 543.38 É importante ressaltar que o texto é fiel ao que foi escrito naquele tempo, portanto diferente do vernáculo

atual.

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normatização da economia, estabelecer regra para ela é tambémfunção deste Conselho.

De novo a história fundamenta uma mudançaconstitucional e em 18 de setembro de 1946 temos outraConstituição. O motivo da mudança? A II Guerra Mundial, em1945. Mudanças profundas foram provocadas pela existência deuma guerra que utilizou pela primeira vez a bomba atômica. Aausteridade aumenta. O motivo é a instabilidade vivida durante operíodo de guerra, assim o Direito Econômico ganha um reforçoobjetivando maior proteção. O trabalho é apresentado comoobrigação, objetivando a maior produção e consequentemente ofim dos efeitos econômicos da guerra. Essa Constituição dedicoudo artigo 145 ao 162 para a ordem econômica e social, dos quaistranscrevo o 145 e o 148:

Art. 145. A ordem econômica deve ser organizadaconforme os princípios da justiça social, conciliando aliberdade de iniciativa com a valorização do trabalhohumano.

Parágrafo único. A todos é assegurado trabalho quepossibilite existência digna. O trabalho é obrigação social.

Art. 148. A lei reprimirá tôda e qualquer forma de abusodo poder econômico, inclusive as uniões ou agrupamentosde emprêsas individuais ou sociais, seja qual fôr a suanatureza que tenham por fim dominar os mercadosnacionais, eliminar a concorrência e aumentararbitràriamente os lucros. 39 40 

A proteção de mercado contra os trustes  e cartéis quevislumbram dominar economicamente uma parcela do mercadoestá presente nesta Constituição. Esse tema é objeto de estudomais a frente.

39 CAMPANHOLE, Adriano e CAMPANHOLE, Hilton Lobo. Op. cit. p 449.40 É importante ressaltar que o texto é fiel ao que foi escrito naquele tempo, portanto diferente do vernáculo

atual.

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No Brasil, em 31 de março de 1964 ocorreu o golpe militare por isso mais uma profunda mudança na sociedade brasileira e

também na Constituição. Depois de três anos de um regime deexceção, a partir de 24 de janeiro de 1967 surgiu uma novaConstituição. Os artigos de 157 a 166 foram reservados para oTítulo III – Da ordem econômica e social. Pela primeira vez,foram inseridos os princípios da ordem econômica naConstituição, o que reflete em uma evolução legislativa. Para suaobservação trancrevo o caput do artigo 157, com seus incisos:

Art. 157. A ordem econômica tem por fim realizar a justiça social, com base nos seguintes princípios:I – liberdade de iniciativa;II – valorização do trabalho como condição da dignidadehumana;III – função social da propriedade;IV – harmonia e solidariedade entre os fatôres deprodução;V – desenvolvimento econômico;VI – repressão ao abuso do poder econômico,caracterizado pelo domínio dos mercados, a eliminação da

concorrência e o aumento arbitrário dos lucros.41

 42

 

A preocupação com as grandes empresas, as grandesfusões de empresas e grandes negócios que caracterizavam aeconomia naqueles tempos, provocaram uma reação contráriaatravés de uma normatização do assunto. O inciso VI é umatranscrição do final, do artigo 148 da Constituição de 1946. Umamostra de que essa preocupação permaneceu desde 1946.

Veremos que permanece até nossos tempos.

A Constituição de 1969, fruto de muitos atos institucionais,os conhecidos “Ais”, também dedicou um título a ordemeconômica e social, instituindo os artigos de 160 até o 174 paratratar do assunto. No artigo 160, dedica-se a elencar os

41 CAMPANHOLE, Adriano e CAMPANHOLE, Hilton Lobo. Op. cit. p 370.42 É importante ressaltar que o texto é fiel ao que foi escrito naquele tempo, portanto diferente do vernáculo

atual.

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princípios que espelham cópia do artigo 157 da constituição de64, porém suprimindo o inciso que tratava do desenvolvimento

econômico por outro, a saber:

Art. 160. A ordem econômica e social tem por fim realizaro desenvolvimento nacional e a justiça social, com basenos seguintes princípios:I – liberdade de iniciativa;II – valorização do trabalho como condição da dignidadehumana;III – função social da propriedade;IV – harmonia e solidariedade entre as categorias sociaisde produção;V – repressão ao abuso do poder econômico,caracterizado pelo domínio dos mercados, a eliminação daconcorrência e o aumento arbitrário dos lucros; eVI – expansão das oportunidades de emprego produtivo.43 

Finalmente, estamos diante da Constituição que foi

promulgada em 05 de outubro de 1988 e a presença do DireitoEconômico é pontual. Essa Constituição dedicou os artigos de170 a 181 para o Título VII – Da ordem econômica e financeira,Capítulo I – Dos princípios gerais da atividade econômica. Aquitemos vários assuntos de competência do Direito Econômicosendo tratado e sobre os quais explanaremos mais tarde,deixando para agora a citação apenas dos princípios presentesno artigo 170, a saber:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização dotrabalho humano e na livre iniciativa, tem por fimassegurar a todos existência digna, conforme os ditamesda justiça social, observados os seguintes princípios:I - soberania nacional;II - propriedade privada;III - função social da propriedade;IV - livre concorrência;

43 CAMPANHOLE, Adriano e CAMPANHOLE, Hilton Lobo. Op. cit. p 256.

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V - defesa do consumidor;VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante

tratamento diferenciado conforme o impacto ambientaldos produtos e serviços e de seus processos de elaboraçãoe prestação;VII - redução das desigualdades regionais e sociais;VIII - busca do pleno emprego;IX - tratamento favorecido para as empresas de pequenoporte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham suasede e administração no País.Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício dequalquer atividade econômica, independentemente deautorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstosem lei. 44 

As preocupações na década de 80 eram outras e como talo pensamento da sociedade a respeito da economia. Osprincípios presentes no artigo 170 da Constituição de 1988refletem uma outra preocupação. O meio ambiente passou a serprioridade no desenvolvimento econômico, preservar e conservar

os recursos naturais é fundamental para qualquerempreendimento. Mais, o consumidor conquista destaque com oobjetivo de fortalecer a relação de consumo e com isso fortalecera economia. As pequenas empresas ganham destaque comoprincípio, tratá-las de forma diferente agora é princípio da ordemeconômica e está presente na Constituição. Portanto, a evoluçãodo Direito Econômico atinge esse ponto, que certamente, face ao

 já vivido no passado, se resume no ápice de sua história.

44 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira, Capítulo I– Dos princípios gerais da atividade econômica, artigo 170.

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2 – A ORDEM ECONÔMICA BRASILEIRA.

A ordem econômica é um assunto tratado por váriosdoutrinadores, inclusive de áreas não jurídicas e a dúvida ésempre a mesma: de que a ordem econômica segue por umalinha normativa jurídica, do dever ser, ou do normatizar, nosentido de dar ordem, de sistematizar a economia, referindo-se auma situação atual ou uma situação futura.

2.1 – Conceito.

Para o início do estudo da ordem econômica brasileiraprimeiro pensemos a respeito da palavra “ordem” para depoispensarmos no vocábulo “ordem econômica” e posteriormente, a

localização territorial dessa ordem econômica, quer seja, noBrasil e finalmente formarmos o conceito final para a expressãoordem econômica brasileira. Assim prescreve De Plácido e Silvaa respeito de ordem:

Ordem. Do latim ordo, ordinis (classe, disposição), é ovocábulo empregado na terminologia jurídica em trêssignificações técnicas:I . Ordem é a classe, ou seja, a colocação ou a disposição,em que se põem ou se mostram as coisas, para que assim

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dispostas, colocadas, classificadas ou graduadas, sejamvistas ou anotadas. (...)

II. Ordem é a prescrição, é o sistema de regras ou a somade princípios criados para estabelecer o modo ou amaneira por que se deve proceder ou agir, dentro dasociedade, em que se vive, ou das instituições, de que sepossa participar.É afinal, o conjunto de regras que determinam e regem asatividades dos homens. (...)III. Ordem. Propriamente derivada de ordenar, deordenare (regular, dar princípio, dispor), é tida nasignificação de mando, autorização, outorga. (...) 45 

A reflexão acima proporcionada pelo professor De Plácidoe Silva é válida no momento em que levanta três aspectosplenamente aplicáveis na conceituação do vocábulo ordemeconômica brasileira. Assim devemos incorporar na formação doconceito do vocábulo três núcleos: colocação ou disposição emordem; sistema de regras prescritas e autorização para regular.

O vocábulo “econômica” quer dizer: referente à economia epor ser um adjetivo, qualifica um substantivo, no caso em estudo,a ordem. Aqui a junção do significado do vocábulo ordemacrescido do significado do vocábulo econômica, ficamos comuma nova escrita dos núcleos mencionados anteriormente:colocação ou disposição da economia; sistema de regrasprescritas da economia e autorização para regular a economia.

O vocábulo “brasileira” refere-se ao Brasil, ou melhor, doBrasil, de origem brasileira. De tal modo que a junção do núcleospesquisados nos leva a conceituação da expressão ordemeconômica brasileira, que nada mais é do que: regrasprescritas que dispõem a respeito da disposição doselementos da economia brasileira, de modo a autorizar eregular o seu funcionamento.

45 SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1987. v.3. p. 289.

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2.2 – Os princípios da Ordem Econômica.

Uma divergência sempre é comum entre os doutrinadoresde vários ramos das Ciências Jurídicas: a quantidade e anomenclatura atribuída a cada princípio que rege a ação de cadaramo desta incomensurável ciência. Assim, há discussão arespeito do princípio da isonomia ou da igualdade, cada um comsua razão, uns defendem e adotam a primeira forma, sãosimpatizantes da origem grega da palavra, outros adotam asegunda, são simpatizantes da origem latina da palavra. Ao final,todos se encontram no sentido de que o princípio existe e temsignificado igual, quer seja usando uma ou outra nomenclatura.

No Direito Econômico não é diferente. As discussões sãomuitas em torno da quantidade e quais são os princípios. Acerteza é uma só: os princípios são os esteios que sustentamuma ciência, é a estrutura sobre a qual é erigida toda aconjuntura. Deste modo, o princípios devem estar contidos em

normativos legais de alto poder, de tal modo a estaremsobrepostos aos demais, como em um patamar mais alto setraduzindo em uma hierarquia normativa legal superior.

Uma conclusão surge dessa reflexão: o melhor lugar paratodos os princípios, de todos os ramos das Ciências Jurídicas,estarem é, sem dúvida, na Constituição. Então, os princípios,não só do Direito Econômico, mas de todo o funcionamento de

um país, com as características de Estado Democrático deDireito, devem estar na sua Constituição.

Para iniciarmos o assunto princípios do Direito Econômicocitarei o artigo 170 da atual Constituição e depois,comentaremos o caput e cada um dos seus incisos. O presentetrabalho não pretende ser exaustivo no que tange ao comentáriodos princípios e nem tem a pretensão de aprofundar, o objetivo éatender ao Acadêmico de Ciências Jurídicas que se inicia no

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estudo do Direito Econômico. Assim reza o artigo 170 daConstituição de 1988:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização dotrabalho humano e na livre iniciativa, tem por fimassegurar a todos existência digna, conforme os ditamesda justiça social, observados os seguintes princípios:I - soberania nacional;II - propriedade privada;III - função social da propriedade;IV - livre concorrência;V - defesa do consumidor;VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediantetratamento diferenciado conforme o impacto ambientaldos produtos e serviços e de seus processos de elaboraçãoe prestação;VII - redução das desigualdades regionais e sociais;VIII - busca do pleno emprego;IX - tratamento favorecido para as empresas de pequenoporte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham suasede e administração no País.

Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício dequalquer atividade econômica, independentemente deautorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstosem lei. 46 

A completa exploração do artigo anteriormente transcritonos levará a um total entendimento através de um dissecamentode todo o texto.

O vocábulo ordem econômica já foi conceituadoanteriormente, portanto não há necessidade de uma repetição. Avalorização do trabalho humano e a livre iniciativa é nada maisdo que entender que o trabalho realizado ou produzido por umser humano é o centro da riqueza das nações, é a valorização doser humano sobre as máquinas, por exemplo. A livre iniciativa é

46 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira, Capítulo I– Dos princípios gerais da atividade econômica, artigo 170.

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deixar que cada um entenda, ao seu modo, o que é aplicar,desenvolver, empreender ou realizar uma atividade econômica,

rentável, ou seja, economicamente definida. Com essa base, aordem econômica objetiva produzir uma existência dentro dospadrões de dignidade humana em conformidade com as regrasda justiça social.

2.2.1 – A soberania nacional.

A soberania nacional tem hoje um conceito relativo, vezque com a economia cada vez mais globalizada a soberanianacional é definida de uma forma global, pois as mudanças daeconomia globalizada determinam também dentro do nosso paíscomportamentos que por vezes podem se interpretados comoum desrespeito a nossa soberania. Se o Brasil negocia com aChina, por exemplo, vende e compra produtos daquele país, háde se observar o respeito dos valores desse ou daquele país, por

um e por outro. Se o comércio implica em entrelaçamentos dosmais diversos, às vezes poderá implicar em uma interpretaçãode um fato que revele, para alguns, em desrespeito dasoberania.

Assim, por exemplo, quando tomamos um empréstimo emum banco, ele nos pede para que façamos um cadastro ondenós revelamos, voluntariamente, várias informações sigilosas

sobre nossa vida econômica, inclusive abrindo mão do sigilofiscal oferecendo cópia da declaração do Imposto de Renda - IR.Com a relação do Brasil e o Fundo Monetário Internacional – FMInão é diferente. Ele quer saber qual o superávit primário,estabelecer metas, com o objetivo de ter recursos financeirossuficientes para o pagamento do respectivo empréstimo. Paraalguns está atingida a soberania nacional.

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A soberania nacional tem conceito relativo e significa dizerque é a livre determinação de um povo para designar os seus

caminhos, nas mais diversas áreas, inclusive na econômica,como por exemplo, designando pagar ou não as suas dívidasexternas, como fez a Argentina, e aí arcar com asconseqüências de um ou outro ato. Não somos obrigados arecorrermos ao FMI, mas assinados os contratos é defundamental importância o cumprimento das suas cláusulas.

Então, este é um princípio constitucional-econômico e estápresente no artigo 170, inciso I da Constituição Federal de 1988:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização dotrabalho humano e na livre iniciativa, tem por fimassegurar a todos existência digna, conforme os ditamesda justiça social, observados os seguintes princípios:I - soberania nacional; 47 

Mais do que princípio constitucional-econômico, ele é

princípio fundamental da República Federativa do Brasil e estáno artigo primeiro da atual Constituição:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pelaunião indissolúvel dos Estados e Municípios e do DistritoFederal, constitui-se em Estado Democrático de Direito etem como fundamentos:I - a soberania; 48 (grifo meu)

Finalmente, vislumbrando manter a soberania e aindependência da economia nacional face ao capital estrangeiro,a Constituição Federal de 1988 dedicou o artigo, o qual estátranscrito a seguir:

47 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira, Capítulo I– Dos princípios gerais da atividade econômica, artigo 170, inciso I.

48 Constituição da República Federativa do Brasil, Título I – Dos Princípios Fundamentais, artigo 1º, inciso I.

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Art. 172. A lei disciplinará, com base no interessenacional, os investimentos de capital estrangeiro,

incentivará os reinvestimentos e regulará a remessa delucros. 49 

2.2.2 – A propriedade privada.

A propriedade privada é fundamento constitucional defuncionamento do nosso País. Optamos por um sistemacapitalista e se assim escolhemos, a propriedade privada e não acoletiva é definidora de um traço econômico do sistema queadotamos. A propriedade pertencendo a uma pessoa ou a umgrupo de pessoas e não coletivamente ao Estado, comoestudamos em capítulos anteriores onde citamos asconstituições de países socialistas, é princípio da ordemeconômica. Veja o artigo:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização dotrabalho humano e na livre iniciativa, tem por fimassegurar a todos existência digna, conforme os ditamesda justiça social, observados os seguintes princípios:(...) omissis;II - propriedade privada; 50 

Deve ser enfatizado que no nosso sistema não se proíbe a

propriedade pública ou do Estado, mas a preferência é dapropriedade privada. Por exemplo: quando a União desapropriadeve ter o objetivo de distribuir as terras para atender umadeterminação de assentamento e desenvolvimento do planonacional de reforma agrária, devendo manter estoque de terrassomente para os fins de, por exemplo, exploração de pesquisas

49 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira, Capítulo I– Dos princípios gerais da atividade econômica, artigo 172.

50 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira, Capítulo I– Dos princípios gerais da atividade econômica, artigo 170, inciso II.

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agropecuárias, sendo proibida a especulação imobiliária. Paramaior elucidação veja o artigo da Constituição:

Art. 188. A destinação de terras públicas e devolutas serácompatibilizada com a política agrícola e com o planonacional de reforma agrária. 51 

Embora presente aqui, a propriedade privada é tópico deoutros títulos constitucionais, a exemplo no artigo 5º, cujo textosegue:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção dequalquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aosestrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direitoà vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e àpropriedade, nos termos seguintes:(...);XXII - é garantido o direito de propriedade; 52 (grifomeu)

Um questionamento é presente quanto ao textoconstitucional referindo-se à propriedade e não a propriedadeprivada. A resposta é clara e basta lembrar que este capítulo é oque trata dos direitos e deveres individuais e coletivos, então apropriedade aqui tratada é a privada, individual ou coletiva, e nãoa do Estado, com, por exemplo, as elencadas nos artigos 20 e26 da Constituição Federal de 1988.

A propriedade privada é prioridade da sociedade brasileira,mas não sobrepõe ao interesse público. Quando o interessepúblico estiver presente a propriedade privada poderá serexpropriada, na modalidade de desapropriação, isto é, mediante

 justa indenização. O único caso de confisco, ou melhor, de perda

51 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII – Da Ordem Econômica e Financeira, CapítuloIII – Da política agrícola e fundiária e da reforma agrária, artigo 188, caput.

52 Constituição da República Federativa do Brasil, Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais,Capítulo I – Dos direitos e deveres individuais e coletivos, artigo 5º, inciso XXII.

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da propriedade sem justa indenização é o caso do artigo 243 daConstituição Federal de 1988, que se refere às propriedades

territoriais rurais utilizadas para plantação de plantaspsicotrópicas ilegais.

A propriedade foi ao longo dos séculos, e ainda é, objetode discussão entre os seres humanos, no ocidente e no oriente.A propriedade utilizada para o simples adorno, como no caso doouro, ou para a produção de sustento, como é o caso da terra, ésempre motivo de guerras, até os monges tibetanos brigam porela. Alguns matam em nome de Deus para preservá-la. Outros,declaradamente, para colecioná-la.

Maria Helena Diniz, no seu Dicionário Jurídico, trata o temacomo propriedade individual. Assim para ela, os termospropriedade individual e propriedade privada se equivalem. Etraz o seguinte a respeito:

PROPRIEDADE INDIVIDUAL.   Direito civil. É a

pertencente a determinada pessoa, em relação a um bem,podendo usá-lo, gozá-lo, fruí-lo e dele dispor. É apropriedade privada ou particular de uma pessoa. 53 

A propriedade está definida no Código Civil Brasileiro, a Leinº. 10.406 de 10 de janeiro de 2002, e é para lá que vamosagora.

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar edispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quemquer que injustamente a possua ou detenha.§ 1

oO direito de propriedade deve ser exercido em

consonância com as suas finalidades econômicas esociais e de modo que sejam preservados, deconformidade com o estabelecido em lei especial, aflora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio

53 DINIZ, Maria Helena. Dicionário jurídico. V. III. São Paulo: Saraiva, 1988.p. 823. 

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ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bemcomo evitada a poluição do ar e das águas. 

§ 2o

São defesos os atos que não trazem ao proprietárioqualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pelaintenção de prejudicar outrem.§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos dedesapropriação, por necessidade ou utilidade pública ouinteresse social, bem como no de requisição, em caso deperigo público iminente.§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se oimóvel reivindicado consistir em extensa área, na posseininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, deconsiderável número de pessoas, e estas nela houveremrealizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviçosconsiderados pelo juiz de interesse social e econômicorelevante.§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a

  justa indenização devida ao proprietário; pago o preço,valerá a sentença como título para o registro do imóvel emnome dos possuidores.

Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaçoaéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidadeúteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-sea atividades que sejam realizadas, por terceiros, a umaaltura ou profundidade tais, que não tenha ele interesselegítimo em impedi-las.

Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas,minas e demais recursos minerais, os potenciais deenergia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outrosbens referidos por leis especiais.Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito deexplorar os recursos minerais de emprego imediato naconstrução civil, desde que não submetidos atransformação industrial, obedecido o disposto em leiespecial.

Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva,até prova em contrário.

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 Art. 1.232. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem,

ainda quando separados, ao seu proprietário, salvo se, porpreceito jurídico especial, couberem a outrem. 54 (grifomeu)

2.2.3 – A função social da propriedade.

A função social da propriedade é um dos mais conhecidose também o mais incompreendido dos princípios, pelo fato deque quando se fala em social o pensamento número um é que épara atender a classe menos favorecida, economicamentefalando. Não é. Pensar em uma função social da propriedade épensar em que benefício traz para toda a sociedade aquelapropriedade ou seu uso.

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do

trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fimassegurar a todos existência digna, conforme os ditamesda justiça social, observados os seguintes princípios:(...) omissis;III - função social da propriedade; 55 

Por exemplo: quanto à propriedade sobre imóvel rural devese observar a “exploração que favoreça o bem-estar dos

proprietários e dos trabalhadores”, dispositivo presente no artigo186, IV, da Constituição Federal de 1988. Veja que o dispositivonão se refere apenas aos trabalhadores, a parte mais frágil darelação, mas refere-se também aos proprietários. Então, afunção social é atender a todos e aí atender a sociedade. Noexemplo, atender a função social é observar vários quesitos,

54 Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, Livro III – Do direto das coisas, Título III – Da propriedade,Capítulo I – Da propriedade em geral, Seção I – Disposições preliminares.

55 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira, Capítulo I– Dos princípios gerais da atividade econômica, artigo 170, inciso III.

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inclusive conservar e preservar o meio ambiente. Aqui aintersecção de dois princípios, os dois, função social da

propriedade e a preservação do meio ambiente. A funçãoobjetivada é a social, a preservação da sociedade. Veja o artigo:

Art. 186. A função social é cumprida quando apropriedade rural atende, simultaneamente, segundocritérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aosseguintes requisitos:I - aproveitamento racional e adequado;II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveise preservação do meio ambiente;III - observância das disposições que regulam as relaçõesde trabalho;IV - exploração que favoreça o bem-estar dosproprietários e dos trabalhadores. 56 

Mas não é só na propriedade sobre o imóvel rural. AConstituição atenta em vários artigos para a utilização dapropriedade com uma visão social, ou seja, com um ângulo que

proporcione bem-estar a coletividade. Assim, a propriedadeimobiliária urbana também é tratada pela Constituição Federal de1988. Veja o artigo:

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano,executada pelo Poder Público municipal, conformediretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo

ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociaisda cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. § 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal,obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes,é o instrumento básico da política de desenvolvimento ede expansão urbana.§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função socialquando atende às exigências fundamentais deordenação da cidade expressas no plano diretor.

56 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII – Da Ordem Econômica e Financeira, CapítuloIII – Da política agrícola e fundiária e da reforma agrária, artigo 186. 

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§ 3º - As desapropriações de imóveis urbanos serão feitascom prévia e justa indenização em dinheiro.

§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediantelei específica para área incluída no plano diretor, exigir,nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbanonão edificado, subutilizado ou não utilizado, que promovaseu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente,de:I - parcelamento ou edificação compulsórios;II - imposto sobre a propriedade predial e territorialurbana progressivo no tempo;III - desapropriação com pagamento mediante títulos dadívida pública de emissão previamente aprovada peloSenado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, emparcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valorreal da indenização e os juros legais. 57 (grifos meus)

2.2.4 – A livre concorrência.

A livre concorrência é outro princípio que ajuda naformatação desse ramo do direito. Livre concorrência não deveser confundida com livre iniciativa, esse um princípio é umprincípio constitucional e presente no art. 1° da n ossa atualconstituição e aquele, embora esteja incluso também no textoconstitucional, está no Título VII – Da ordem econômica efinanceira, no Capítulo I – Dos princípios gerais da atividade

econômica, isto é, enquanto a livre iniciativa é de abrangênciageral, a livre concorrência é de abrangência especial, isto é, seualcance é restrito a atividade econômica. Veja o artigo:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização dotrabalho humano e na livre iniciativa, tem por fimassegurar a todos existência digna, conforme os ditamesda justiça social, observados os seguintes princípios:

57 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII – Da Ordem Econômica e Financeira, CapítuloIII – Da política urbana, artigo 182.

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(...) omissis IV - livre concorrência; 58 

A livre concorrência é princípio de funcionamento de umcapitalismo utópico, onde observamos todos os agentes atuandona economia sem intervenção do Estado, coisa que não é arealidade brasileira atual. A atuação desimpedida de cadaagente da economia é o que podemos chamar de livreconcorrência. Enquanto princípio, ele pretende criar umasituação de concorrência de forma que os preços sejamformados pelo mercado e não ao sabor dos fornecedores.

O exemplo dos combustíveis, nos postos, e somente nospostos de gasolina, é o que podemos observar em livreconcorrência. Enquanto alguns praticam um preço menor outrospraticam outros preços maiores. A concorrência estabelecidaentre eles implica em uma concorrência que é feita de maneiralivre, sem interferência governamental, ou pelo menos é o quedispõe a teoria jurídica a respeito do assunto, pois a atuação do

Ministério Público é também uma intervenção estatal que deveser avaliada até que ponto é boa. Por exemplo, em 09 de maiode 2005, estava em vigor um ajuste de conduta estabelecido, emGoiânia, entre Sindiposto – Sindicato dos Postos de Gasolina doEstado de Goiás, o Estado de Goiás e o Ministério Público doEstado de Goiás, onde foi fixado o preço da gasolina para operíodo, em R$2,37 (dois reais e trinta e sete centavos); mas oque se observou naqueles dias foi que os preços chegavam aaté R$1,99 (um real e noventa e nove centavos). Certamente a

participação do Estado na economia é por vezes desastrosa,quando não produz exatamente um resultado oposto aopretendido.

No sistema projetado por John Locke, a economia funcionasem interferência e é o sistema mencionado no início do estudodeste item. Neste âmbito, a livre concorrência é a regra que

58 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira, Capítulo I– Dos princípios gerais da atividade econômica, artigo 170, inciso IV.

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normatiza o sistema, estabelecendo a prática da “lei daeconomia” da oferta e procura. A concorrência funcionando de

forma livre, o preço se estabilizará em um patamar que o própriomercado estabelece, sem intervenção do Estado e dos grandesconglomerados econômicos. Se o Estado ou os grandesconglomerados agirem de forma diferente estarão atuando nomercado de forma inconstitucional.

Este assunto foi objeto de apreciação em Ação Direta deInconstitucionalidade – nº. 3.710 proposta pela ConfederaçãoNacional dos Estabelecimentos de Ensino - CONFENE tendocomo objeto a Lei do Estado de Goiás nº. 15.223/05, promulgadapela Assembléia Legislativa de Goiás a qual foi julgada no dia 09do mês de fevereiro de 2007, cuja decisão foi erga omnes –  alcança a todos, autorizando os vários estabelecimentos acobrarem pelo uso de seus estacionamentos59. Assim poderãocobrar pelo estacionamento, em Goiás: shoppings, aeroportos,hipermercados, escolas e cemitérios, só para citar algunsestabelecimentos. Como a lei proibia a cobrança, entendeu oSupremo Tribunal Federal – STF que seu conteúdo era

inconstitucional, pois seria uma intervenção na economia e umaausência de livre concorrência. Alguns entendem que osestabelecimentos que cobrarem pelo estacionamento terão oscustos de seus clientes majorados e isto diminuirá a freqüênciadeles com conseqüente redução nas vendas, outros não,somente o tempo pode dizer.

2.2.5 – A defesa do consumidor.

A Constituição Federal de 1988 evidenciou a defesa doconsumidor em vários artigos e aqui, na ordem econômica,estabeleceu este assunto dentre os seus princípios. Veja o artigoe respectivo inciso:

59 Jornal Diário da manhã, circulado dia 10 de fevereiro de 2007, caderno Cidades, matéria editada pelo jornalista Wellinton Carlos, p. 05.

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 Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do

trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fimassegurar a todos existência digna, conforme os ditamesda justiça social, observados os seguintes princípios:(...) omissis;V - defesa do consumidor; 60 

A defesa do consumidor é por certo o calcanhar de Aquilisdos fornecedores. É essa visão que muitos têm a respeito dadefesa do consumidor. Defender o consumidor é preservá-lo edessa forma preserva-se, também, o sistema. Esse princípio écertamente o mais conservacionista de todos, pretende manter ostatus quo ante , isto é, preservar a situação como está. Amanutenção da situação como está entre comprador e vendedorlevará o sistema ao colapso. Somente é possível a perpetuaçãodo sistema protegendo o consumidor de ser espoliadototalmente, pois isso significa não ter para quem vender. Adefesa do consumidor é algo novo no nosso sistema jurídicobrasileiro, o conhecido Código de Defesa do Consumidor – CDC

 – a Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990, revelou um grandeavanço no assunto. Com ele, o consumidor ganhou umaproteção jurídica que antes não estava presente no nossoordenamento jurídico, como a inversão do ônus da prova, queprivilegiou o consumidor e colocou a margem os que praticam ocomércio de forma desleal, para consumidores e concorrentes.

O “apagão aéreo”, como ficou conhecida a crise deflagrada

pela colisão do avião da Companhia aérea Gol, vôo 1793, e o  jato americano fabricado pela Embraer, modelo Legace, emsetembro de 2006, revelou a iniqüidade das ações estatais,federais ou estaduais, para resolver os problemas que foramcriados por culpa do Estado ou das companhias aéreas. Para oconsumidor, de um lado, e contribuinte, de outro, a certeza quemuitos “apagões” ainda iremos enfrentar.

60 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira, Capítulo I– Dos princípios gerais da atividade econômica, artigo 170, inciso V.

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Apesar do sistema de proteção de defesa do consumidorcomemorar mais de 16 anos, vivemos a mercê  da vontade do

capital, nacional ou estrangeiro. Quanto a isso, os nossossistemas parecem não ter preconceito, qualquer um podemandar, basta ter muito, muito dinheiro. Decidimoscoletivamente contrário aos atores mais fracos da relação,mesmo sabendo da importância que a presença deles tem paraa manutenção do status quo. 

Outro dispositivo Constitucional que revela a preocupaçãocom a relação de consumo é o artigo 150, pois estabelece oesclarecimento a respeito do impostos incidentes sobre o que oconsumidor adquire, produtos ou serviços, veja:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas aocontribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao DistritoFederal e aos Municípios:(...) omissis ;§ 5º - A lei determinará medidas para que osconsumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que

incidam sobre mercadorias e serviços.61

 

As franquias tornaram ao longo do tempo um excelentenegócio para o franqueador e o franqueado. Para o consumidornão poderia ser mais selvagem. Por isso, o Código de Defesa doConsumidor, a Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990,estabelece equiparação ao fornecedor, todos envolvidos nacadeia de consumo. A responsabilização de todos envolvidos,

vinculando-os aos prejuízos e obrigações, garante asobrevivência do sistema. É comum entre os franqueados deempresas locadoras de veículos não honrarem: as reservas, osprazos e preços de suas centrais, o que é uma pena! Este é umexemplo a não ser seguido, pois denigre a imagem do sistema. Écomo um calote dado por um cerimonialista em uma turma deformandos, todas as próximas comissões de formaturas estarãoinseguras quanto à lisura das ações do seu cerimonialista

61 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VI – Da Tributação e do Orçamento, Capítulo I –Do Sistema Tributário Nacional, seção II – Das limitações do poder de tributar, artigo 150, § 5º. 

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contratado. Esta é outra área onde são comuns os crimes contraos consumidores.

2.2.6 – A defesa do meio ambiente.

A defesa do meio ambiente tem um questionamento queaqui coloco como uma pergunta: de que vale ganhar todo odinheiro do mundo e deteriorar todo o meio ambiente? O meioambiente é nossa casa no universo, se o deteriorarmos ondevamos morar? Na lua? Em marte? A importância da preservaçãodo nosso sistema ambiental ultrapassa os limites das nossasfronteiras secas, marítimas ou fluviais. A responsabilidade demanter o equilíbrio ecológico é de toda nação e não deve serdiferente aqui, no Brasil. Esse princípio é referente àpreservação da nossa casa no universo, a terra, e aí todossomos responsáveis. Nos Estados Unidos da América,sabidamente um país com grande presença de lagos, tem 84%

deles contaminados ou impróprios para o uso humano. Fica apergunta: onde buscar água potável? E a vida lacustre existentenestes lagos e que atuam no equilíbrio ecológico? Certamente,quando a nossa Constituição determina que as empresas, cujasatividades tenham impactos no meio ambiente, recebamtratamento diferente, inferindo uma diferenciação privilegiadapara as menos poluidoras, está agindo de forma correta e emconformidade com a preservação e conservação do meioambiente.

Vários acidentes com vazamentos de petróleo já foramvistos por nós, o mais divulgado talvez tenha sido o quecontaminou a Lagoa Rodrigues de Freitas, no Rio de Janeiro,mas as ocorrências continuam. No início do ano 2007, o RioMuriaé, em Minas-Gerais foi inundado por lama contaminada derejeitos de lavagem da bauxita, matéria-prima do alumínio, a qualcontaminou vários Municípios por mais de 1.000 quilômetros nasua trajetória rumo ao mar e dois Estados-membros, antes de

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chegar ao Oceano Atlântico, com conseqüências incalculáveispara o meio-ambiente fluvial e marinho. De que valem as multas

de R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões de reais) diante dosdesastres? Quanto custa um novo leito de rio? E um novooceano? A prevenção é mais valiosa. Conservar o que temos éfundamental.

Por este motivo é que a defesa do meio ambiente estápresente no artigo 170 da Constituição Federal de 1988:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização dotrabalho humano e na livre iniciativa, tem por fimassegurar a todos existência digna, conforme os ditamesda justiça social, observados os seguintes princípios:(...) omissis; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediantetratamento diferenciado conforme o impacto ambientaldos produtos e serviços e de seus processos de elaboraçãoe prestação; 62 

As presenças do Rima – Relatório de Impacto no MeioAmbiente e o Eima – Estudo de Impacto no Meio ambiente nasobras de grande porte tem trazidos mais segurança nasexecuções de grandes projetos cujos impactos ambientais,também, poderão ter grandes repercussões. O condicionamentoda aprovação dos projetos as indicações do Rima e do Eima,envolve um número maior de profissionais, uma vez que estessão produzidos por ambientalistas, como: engenheiros

agrônomos e biólogos.

2.2.7 – A redução das desigualdades regionais e sociais.

62 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira, Capítulo I– Dos princípios gerais da atividade econômica, artigo 170, inciso VI.

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O princípio mais altruístico de todos é a redução dasdesigualdades regionais e sociais. Luiz Gonzaga, o tocador de

forró, certamente morreu triste de ver seu sertão não andar nadano que se refere à desigualdade regional. Ele cantou por mais decinqüenta anos o sertão do nordeste e durante estes anos nadamudou. Continua ao Deus dará, mesmo depois de mais de umadécada de sua morte. Os Estados mais ricos e poderosos têmuma tradição por carrear mais recursos financeiros nacionais doque os mais pobres. A Constituição tentou estabelecer umadesigualdade na hora da distribuição dos recursos tentandoprivilegiar algumas regiões, no caso em questão o nordeste. Mastodo esse esforço não se efetiva na prática o sertão nordestinocontinua pobre.

O mesmo se repete nas desigualdades sociais. Atuar deforma a não manter as desigualdades sociais é atuar de forma alevar para toda à sociedade oportunidades iguais. Na prática, aobservação desta verdade é pífia, não temos ações verdadeirasno sentido de buscar a igualdade social, no máximo, umaatividade assistencial, o que difere, em muito, de uma atividade

que vislumbre fomentar desenvolvimento com equilíbrio, deforma a gerar igualdade social.

O inciso traz a certeza da exigência quer seja: a reduçãodas desigualdades regionais e sociais:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização dotrabalho humano e na livre iniciativa, tem por fimassegurar a todos existência digna, conforme os ditamesda justiça social, observados os seguintes princípios:(...) omissis; VII - redução das desigualdades regionais e sociais; 63 

Quando relata a respeito da repartição das receitastributárias, a Constituição estabelece que 3% das receitas

63 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira, Capítulo I– Dos princípios gerais da atividade econômica, artigo 170, inciso VII.

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_____________________________________________________________________________________70Direitos reservados – proibido a reprodução parcial ou total desse trabalho. 

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obtidas com o Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI ecom o Imposto sobre Rendas e Proventos de Qualquer Natureza

  – IR serão destinados a incentivarem desenvolvimento nasregiões Norte, Nordeste e Centro-oeste. Este recursos, no iníciode 2007, ainda tem sua operacionalização incumbida ao Bancodo Brasil, através de projetos estudados pelo Sebrae.Infelizmente, mais uma vez o micro e pequeno empresário fica a“ver navios” e não tem acesso ao recurso que deveria incentivarsua atividade econômica. Em um futuro bem próximo osrecursos poderão ser administrados de forma diferente e maiseficiente, principalmente, com o ressurgimento da: Sudam –Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (AmazôniaLegal composta de 10 Estados acima do paralelo 13); da Sudene

  – Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste e daSudeco – Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste. Veja o artigo constitucional:

Art. 159. A União entregará:I - do produto da arrecadação dos impostos sobre renda eproventos de qualquer natureza e sobre produtosindustrializados, quarenta e sete por cento na seguinte

forma:a) vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fundode Participação dos Estados e do Distrito Federal;b) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento aoFundo de Participação dos Municípios;c) três por cento, para aplicação em programas de

financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte,Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituiçõesfinanceiras de caráter regional, de acordo com os

planos regionais de desenvolvimento, ficandoassegurada ao semi-árido do Nordeste a metade dosrecursos destinados à Região, na forma que a leiestabelecer; 64 (grifo meu)

64 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VI – Da Tributação e do Orçamento, Capítulo I –Do Sistema Tributário nacional, seção VI – Das repartições das receitas tributárias, artigo 159, inciso I,alínea “c”. 

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Outro artigo constitucional, o 43, trata do assunto genérico,ou seja, a redução das desigualdades regionais e sociais. Este

artigo cuida da: formação dos organismos que executam apolítica estabelecida para o objetivo proposto e os incentivosfiscais para áreas estabelecidas pela Constituição comoprioritárias nas ações determinadas para Ela, além dadeterminação dos assuntos a serem tratados por leicomplementar, só para citar três. Veja o artigo:

Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderáarticular sua ação em um mesmo complexo geoeconômicoe social, visando a seu desenvolvimento e à redução dasdesigualdades regionais.§ 1º - Lei complementar disporá sobre:I - as condições para integração de regiões emdesenvolvimento;II - a composição dos organismos regionais queexecutarão, na forma da lei, os planos regionais,integrantes dos planos nacionais de desenvolvimentoeconômico e social, aprovados juntamente com estes.§ 2º - Os incentivos regionais compreenderão, além de

outros, na forma da lei:I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens decustos e preços de responsabilidade do Poder Público;II - juros favorecidos para financiamento de atividadesprioritárias;III - isenções, reduções ou diferimento temporário detributos federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas;IV - prioridade para o aproveitamento econômico e socialdos rios e das massas de água represadas ou represáveisnas regiões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas.§ 3º - Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a Uniãoincentivará a recuperação de terras áridas e cooperará comos pequenos e médios proprietários rurais para oestabelecimento, em suas glebas, de fontes de água e depequena irrigação. 65 (grifo meu)

65 Constituição da República Federativa do Brasil, Título III – Da Organização do Estado, Capítulo VII – Daadministração pública, seção IV – Das regiões, artigo 43.

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Quando ficaram estabelecidos alguns incentivos fiscaispara a tão conhecida Zona Franca de Manaus – ZFM e mantida

na atual Constituição o objetivo era o de fixar a populaçãonaquela região, através do seu desenvolvimento. Além deestratégico é um atendimento a este princípio, pois aquela regiãoé uma região considerada pobre e com um vazio demográficoimenso. A área de incentivo mais conhecida é esta, mas existemoutras, como no Amapá e em Roraima.

2.2.8 – A busca pelo pleno emprego.

A busca pelo pleno emprego nos conduz a um mito, poispensamos que essa busca leva, necessariamente, ao plenoemprego. Aqui o jogo de palavras nos leva a uma falsa visão dofuturo, o de que todos terão emprego. A mecanização eultimamente a chamada mecatrônica, tem substituído o trabalhohumano pelo da robótica. O ser humano disputava mercado com

seus semelhantes e passou a disputar com a máquina. Assim, amodernidade tem ocupado mais as máquinas do que o serhumano. Aliado a isso, as reengenharias, ou seja, o repensarcomo fazer de forma mais econômica tem levado a redução dospostos de trabalho. No Brasil, o Ente Público ainda é um grandeempregador. Isso implica em um alto custo e,conseqüentemente, em altas despesas que necessitam de altasreceitas para custeá-las e é claro que, na sua maioria das vezes,são receitas tributárias. A política econômica não tem conduzido

a economia para a busca do pleno emprego. Há décadas, ogoverno federal tem orientado sua política econômica para altos juros que por sua vez induz a uma recessão no mercado. Altos  juros implicam em poucos investimentos. Desta forma, o plenoemprego fica cada vez mais só no sonho.

Eis o inciso que trata do assunto:

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Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização dotrabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim

assegurar a todos existência digna, conforme os ditamesda justiça social, observados os seguintes princípios:(...) omissis;VIII - busca do pleno emprego; 66 

2.2.9 – Tratamento favorecido para as empresas brasileirasde capital nacional e de pequeno porte. 

A citação do inciso que trata do assunto será o primeiroenfoque que darei a este item, veja-o:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização dotrabalho humano e na livre iniciativa, tem por fimassegurar a todos existência digna, conforme os ditamesda justiça social, observados os seguintes princípios:

(...) omissis;IX - tratamento favorecido para as empresas de pequenoporte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham suasede e administração no País. 67 

Para atendimento a este inciso, não basta ser empresa depequeno porte definida na lei. Há de ser constituída sob as leisbrasileiras e isto implica em dizer que devem obedecer as regras

legais vigentes no Brasil. Mais, a sua sede e a administraçãodevem estar no nosso país, ou seja, a unidade conhecida comomatriz deve estar instalada aqui. Isto por que não podemosincentivar as empresas que destinarão seus lucros para oexterior. O favorecimento deve ser aplicado para o crescimentodo mercado interno. Não podemos admitir que os recursos da

66 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira, Capítulo I– Dos princípios gerais da atividade econômica, artigo 170, inciso VIII.

67 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira, Capítulo I– Dos princípios gerais da atividade econômica, artigo 170, inciso II.

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sociedade brasileira sejam utilizados para favorecer empresasestrangeiras, ainda que sejam de pequeno porte.

O pensamento Keinisianista de investir na base éexplorado no último inciso do artigo 170 da Constituição Federal,pois esboça um tratamento diferenciado de modo a favorecer asempresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte.Apesar de imenso esforço de toda sociedade, aí eu excluo ogoverno, em todos os níveis, em tentar dar sobrevida àspequenas e médias empresas, nos últimos anos tem sido emvão. No Brasil, boa parte das pequenas e médias empresasfecham suas portas mesmo antes de completarem 01 ano devida. A estatística revela o absurdo de que em quatro abertas,três fecham suas portas antes de um ano. O esforço está nasociedade. Organismos, governamentais ou não, inclusive oSebrae, se constitui por vezes em uma entidade inócua e queserve, na maioria das vezes, apenas para onerar o “custo Brasil”e de “cabide de emprego” para políticos sem expressão. Assimtem sido no Brasil, por onde observo, gastando milhões compublicidade a título de tornar público as práticas bem sucedidas

de empresários de pequenas e médias empresas. Só altosgastos e fechamentos de empresas são os resultados, suasações são inócuas.

Os administradores públicos, mormente os que deveriamter como missão trabalhar para o fortalecimento das pequenas emicro-empresas, conhecem o artigo da Constituição Federal de1988 que requer tratamento diferenciado para elas.

Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e osMunicípios dispensarão às microempresas e às empresasde pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento

  jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pelasimplificação de suas obrigações administrativas,tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pelaeliminação ou redução destas por meio de lei. 68 

68 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII – Da Ordem Econômica e Financeira, Capítulo I– Dos Princípios Gerais da Atividade Econômica, artigo 179. 

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As pequenas empresas precisam de uma burocraciamenor para funcionar. O Sebrae é uma espécie de laboratório doEstado, onde os microempresários, os próprios ou seusempregados, são submetidos a um método de aprendizado decomo aprender e fazer o que o Estado quer. Sabemos dealguma luta do Sebrae para a redução da carga tributária?Algum desses órgãos paraestatais tem atuação assim? Algumdeles encampou uma luta para inclusão da impostos estaduais emunicipais no sistema conhecido como “simples” de pagamentode tributos, agora presente no chamado “super simples”? Osincentivos fiscais para as grandes empresas são muitos.

Para estudarmos somente o caso do Governo de Goiásque recepcionou as grandes como: a Mitishubishi, a Perdigão, aHunday, a Schincariol dando-lhe grandes benesses em nome dopovo. Entretanto, não concede incentivos fiscais aos pequenos.Pelo contrário, estabelece uma verdadeira “guerra” contra eles.Será que os pequenos também têm que ter “padrinhos

políticos”? O Estado não cria emprego e nem dá tratamentodiferenciado aos pequenos. O tratamento é certamentediferenciado, mas a favor dos grandes. Se estiver errado, solicitoao leitor que me envie exemplos para ilustrar esse ponto naspróximas edições.

Quanto ao Sebrae-GO, um caso pelo menos esdrúxulomerece destaque. Trata-se do Edital Pregão nº. 018/2006, onde

o objeto de contratação era a locação de alguns produtos desom e iluminação, incluindo transporte, locação e operação dosmesmos.

O Sebrae-GO estabeleceu tantos requisitos que apesar deter remetido o edital para 13 empresas, apenas 04compareceram, entre elas a Lady Mil – Profissionais de Som &Luz Ltda. Apresentadas as propostas iniciais e preparado opregão, três empresas não se sentiram seguras diante da

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proposta até então vencedora e não ofertaram lances eprotocolizaram um recurso administrativo. A empresa vencedora

apresentava planilha, como todas, nos quinze itens com trêsdiferentes preços: a) para Goiânia e até 30 km, b) para distânciade 31 a 200 km e c) para distâncias superiores a 201 km.Acontece que a empresa, até então vencedora, apresentavapreços que diminuíam na medida em que a distância aumentava.Uma total e inequívoca falta de habilidade para tratar de custos.Esta empresa foi adjudicada pelo Sebrae-GO sob a justificativade ter o menor preço. A verdade certamente não é esta, poisapesar de parecer contrário da Comissão Permanente deLicitação – CPL e de dois economistas contratados pelo Sebrae-GO, o superintendente adjudicou a empresa como vencedora.Está clara a inaptidão da empresa, administrativamente falando,especialmente em custos. A decisão do superintendente,certamente, não foi pela capacidade administrativa em prestarserviços de som e luz. São coisas do Brasil e de Goiás, o eternoatraso e o constante clientelismo, o que quero acreditar, não é ocaso.

Uma ressalva merece registro. O Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social – BNDES que ao longodas últimas décadas só favoreceu aos grandes empresários,criou nos últimos anos um produto que incentiva a participaçãodo pequeno, através de financiamentos, ainda que através dosistema bancário privado, no financiamento de bens de capital.Integram o chamado Cartão BNDES as instituições bancárias:Caixa Econômica Federal – CEF, o Banco do Brasil e o BancoBrasileiro de Descontos – BRADESCO. Certamente, o produto

bancário conhecido por “Finame”, de outros Bancos, tambémrecebem dinheiro do BNDES. Finalmente, uma pequena parceladestes recursos foi para os pequenos. Ressalto que a suacomposição é integrada por recursos do Tesouro Federal e aí apresença de tributos financiando esta atividade. No passado,estes recursos foram destinados até para emprestar para quemquisesse comprar empresas que estavam sendo privatizadas.Um absurdo! E depois a gente faz piada de português.

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Finalmente, e não menos importante, a observação de quenão basta ser de pequeno porte, o capital da empresa deve ser

nacional. O privilégio é dado para que o capital brasileiroempreendido em pequenas empresas se multiplique. Talprivilégio não deve ser aplicado ao capital internacional, aindaque em empresa de pequeno porte.

2.2.10 – O parágrafo único do artigo 170. 

Para iniciar o estudo se faz necessária a transcrição dotexto constitucional, veja:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização dotrabalho humano e na livre iniciativa, tem por fimassegurar a todos existência digna, conforme os ditamesda justiça social, observados os seguintes princípios:(...) omissis 

Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício dequalquer atividade econômica, independentemente deautorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstosem lei. 69 

O parágrafo único do artigo 170 é outro vazio jurídico. Aomesmo tempo em que determina ações no sentido de deixar livreo exercício de qualquer atividade econômica, excepcionaliza

uma prévia autorização aos ditames da lei. Pergunto: existealguma atividade que possa ser exercida sem prévia autorizaçãolegal? Se existe não conheço. O que é tido como exceção aregra é regra geral. Não é possível o funcionamento de qualqueratividade econômica sem prévia autorização do ente público.Dessa feita, o parágrafo único se torna letra morta para o nossoestudo.

69 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira, Capítulo I– Dos princípios gerais da atividade econômica, artigo 170, parágrafo único.

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 De um “carrinho de pipoca” até uma grande empresa,

todos devem ter licença para funcionar, neste caso, expedidapelo município. De outro lado pergunto: e se a pipoca intoxicaros consumidores? É assunto de quem? É muito relativo, intervirou liberar.

2.3 – A Política Econômica.

A respeito do conceito de política econômica vou iniciarreescrevendo o conceito da Professora Maria Helena Diniz, quereza assim:

Política econômica. Teoria e prática da direção econômicade uma nação, que procura, oficialmente, efetivar algumasmudanças na economia, relativas à produção, circulação edistribuição de riquezas, para a consecução de certos fins

e obter o seu saneamento.70

 

Quando no Vocabulário Jurídico do autor De Plácido eSilva buscamos a conceituação do vocábulo política econômicaencontramos a expressão política que nos leva a uma maiorreflexão a respeito do assunto, uma vez que a junção da palavrapolítica mais a palavra econômica nos levam a locução quetrabalhamos. É a junção das duas expressões que nos revela o

verdadeiro significado, observado que em forma de locução enão uma justaposição dos dois conceitos. Vejamos o que nosrevela a respeito de política, o professor De Pláclido e Silva:

Política. Derivado do latim  politice, procedente do grego politikê, forma feminina de  politikos, possui, na acepção  jurídica, o mesmo sentido filosófico, em que é tido:

70 DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. V. III. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 626.

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designa a ciência de bem governar um povo, constituídoem Estado.

Assim, é seu objetivo estabelecer os princípios, que semostrem indispensáveis à realização de um governo, tantomais perfeitos, quanto seja o desejo de conduzir o Estado,ao cumprimento de suas precípuas finalidades, em melhorproveito dos governantes e governados.Nesta razão, a  política mostra o corpo de doutrinas, indispensável ao bom governo de um povo, dentro dasquais devem ser estabelecidas as normas jurídicas necessárias ao bom funcionamento das instituiçõesadministrativas do Estado, para que assegure a realizaçãode seus fundamentais objetivos, e para que traga atranqüilidade e o bem-estar a todos quantos nele seinteragem. 71 

Vejam que da fala transcrita anteriormente quatro pontosse tornam relevantes e podemos registrar: a) ciências de bemgovernar um povo; b) corpo de doutrinas; c) normas jurídicas ed) bem estar de todos. Com esses quatro núcleos do significado

da palavra política podemos pensar, e muito, a respeito dalocução política econômica.

Waldir Vitral na edição do quinto volume da célebre obraVocabulário Jurídico conceitua o vocábulo, dessa forma:

Política econômica. (econ.) Diz-se do conjunto de atosgovernamentais adotados em relação à produção,circulação ou distribuição de riquezas. 72 

Assim, a política econômica é reflexo do ordenamento daeconomia dada pelas autoridades que comandam um Estado.Os governantes determinam um caminho a ser seguido pelaeconomia e editam regras ou normas com o objetivo deconseguirem os seus objetivos na economia. É essa a política

71 SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1987. v.3. p. 389.72 VITRAL, Waldir. Vocabulário jurídico. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1986. v. 5. p. 460.

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econômica que nem sempre se verifica na realidade, pois a elapode ter resultados diferentes dos projetados pelas autoridades

e por isso, nem sempre se verificam na prática os resultadospretendidos pelos seus condutores. Temos vários exemplos,como: o plano Bresser, plano verão, plano cruzado, plano Collore tantos outros que revelavam uma política econômicaequivocada e teve como projeto inicial levar a economia a umaestabilização econômica, isto é, o fim da inflação, mas acaboupor prejudicar a vida de muitos brasileiros e quase nos leva ahiperinflação, com números mensais perto dos 100% (cem porcento). Um absurdo!

A política econômica é, então, o estabelecimento de regraslegais que visam estabelecer um caminho que deve a economiaseguir para consumar o objetivo de proteger o mercado e aeconomia como um todo e em assim sendo, proteger osinteresses econômicos de toda a sociedade.

2.4 – A Relação entre Política Econômica e a NormaConstitucional.

Como já foi discorrido a respeito em outros tópicosanteriores, a norma constitucional é de estrema importância parao nosso estudo. No Brasil, a prática da diretriz implementadapelo Governo Federal a respeito da polícia econômica, vale dizer

da macro-economia, está esboçada na Constituição e reguladapor legislação infraconstitucional. Assim, os grandes assuntoseconômicos devem ser tratados por lei e essa determinação éconstitucional.

A Constituição, sabidamente, institui o Governo Federalcomo responsável pela elaboração e execução das políticaseconômicas. Não podia ser outro ente federado, pois somente aUnião tem a abrangência mundial no tocante a relação. Assim,

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poderá atuar de modo mais preciso. Por exemplo: imaginemosos 26 Estados-Membros cuidando de tratados internacionais

referentes à importação e exportação. Ou pior. Imaginem osmais de 5.000 municípios fazendo o mesmo. Impossível.

A União é quem detém a competência para elaborar apolítica econômica, isto é ponto pacífico. Agora, qual é o melhordispositivo legal para conter as normas que tratam de tãorelevante assunto? A resposta não pode ser outra, aConstituição da República Federativa. Por quê? E eu elencoalguns motivos, não exaustivamente, mas como exemplos: a) éela que atribui a competência de cada ente federado; b) é ela anorma de maior importância; c) dado a forma do seu processolegislativo, da sua criação ou alteração, a legitimação dasnormas é maior; e d) a maior segurança jurídica para asociedade.

A relação entre a política econômica e a ConstituiçãoFederal é a maior possível. Todo o seu sistema, as

competências, a sua organização e a representação de cadafunção estão descritas e sustentadas nela. No sistema capitalistaa manutenção do equilíbrio econômico é fundamental e assim,as regras que delimitam a política econômica estão naConstituição Federal, pois é o instrumento jurídico maispoderoso e legítimo.

2.5 – A Intervenção Estatal na Economia.

Para se entender intervencionismo ou a intervenção estatalna economia, é necessário entender o liberalismo, o processoinverso.

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O mundo, não só o ocidental, pois a China é um grandeexemplo de avanço em direção ao capitalismo, está caminhando

para um processo intitulado pelos estudiosos como neoliberal.Neo de novo e liberal referindo-se a teoria levantada por JohnLocke há cerca de 300 anos.

A idéia liberalista de John Locke era a da retirada doEstado da economia. Elas fomentaram movimentos como: oiluminismo, a abolição da escravatura e a independência devários países. Foi intelectualmente responsável pela saída doabsolutismo e a entrada no capitalismo e o, conseqüente,aparecimento da classe chamada de burguesia.

Quando ouvimos falar em privatizações estamos falandode implantação de um neoliberalismo. O Estado vende algumaempresa ou delega algum serviço público para a área privada,deixando escapar de sua gerência direta aquela área. EmGoiânia-Goiás, um dos terminais rodoviários foi privatizado, istoé, sua gerência foi transferida para uma empresa que participou

de uma licitação. Este é um exemplo de desestatização ou dachamada saída do Estado da economia, deixando as atividadesmenos relevantes por conta da iniciativa privada.

Obviamente, o Estado continua a exercer seu controle paraque os serviços públicos ali desenvolvidos não fujam daqualidade pretendida pelo Estado. O que antes era execução efiscalização passa a ser apenas fiscalização. Apesar de ser

assim hoje, os idosos com mais de 60 anos e que tem rendamensal de até 02 salários mínimos não conseguem embarcarnas viagens interestaduais de graça, nos moldes previstos noEstatuto do Idoso, a Lei nº. 10.741, de 1º de outubro de 2003,sinal de que a fiscalização não consegue atingir seus objetivos,quer seja, o de proteger toda uma sociedade. Nem mesmo aação da ANTT – Agência Nacional de Transporte Terrestre, emnível federal, e da AGR – Agência Goiana de Regulação, emnível estadual, conseguem reverter o caso. Este é um exemplo

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da ineficácia da ação estatal face ao poder econômico dosgrandes conglomerados econômicos.

O Estado exerce e deve exercer intervenção na economia,pois é Ele o agente executor da soberania, ou seja, é Ele oagente que pratica os atos que determinam a soberania. OEstado é o representante do povo e as práticas de conservaçãodos mercados e da economia nacional é dever Dele preservá-la,quer por uma legitimação constitucional, pois assim eladetermina, quer por uma determinação política, pois o povoassim o quer e necessita.

A cada momento da história, o Estado, sobretudo obrasileiro, tem se posicionado de forma diferente. Por exemplo: aCompanhia Elétrica do Rio de Janeiro, a Light, já foi privatizada eestatizada por cinco vezes. Qual o motivo? A concepção deeconomia muda a cada momento e se em uma época é bomprivatizar em outra o bom é estatizar. Por vezes, para atenderaos ditames da norma, a exemplo, a Constituição de 1934, no

seu artigo 119, § 4º, como já visto no Capítulo 1, que determinoua nacionalização de todo potencial hidráulico. A experiênciaapurada, neste exemplo, revela um prejuízo muito grande. Acada operação o Estado perdia mais. O Estado vendia barato,comprava caro, saneava a empresa e depois, a vendia, em umconstante círculo, por cinco vezes.

O Estado-membro ou em outros Entes Federados ou

órgãos deles, pois o exemplo anterior referiu-se a gestão de umestado, podem e devem atuar interferindo na economia de modoa preservá-la. Então a intervenção poderá ser, a exemplo, naforma que o Banco Central do Brasil – Bacen, uma AutarquiaFederal, intervém na economia estabelecendo uma taxa Selic deremuneração ou juros mais altos ou mais baixos, aumentando ademanda ou restringindo-a e aqui temos uma intervenção doEstado. Ou, quando o Estado utiliza sua força econômica paraformar um parque petroquímico objetivando suprir umanecessidade da economia. A intervenção do Estado Brasileiro na

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economia já chegou a um ponto extremo, como foi o caso doconhecido “Plano Cruzado”, onde houve um tabelamento

combinado com um “congelamento” de preços, estas sãoalgumas dentre as várias modalidades de intervenção que oEstado pode fazer na economia.

Como exemplo, o artigo 174 da Constituição Federal de1988 expressa bem o que relatamos aqui:

Art. 174. Como agente normativo e regulador daatividade econômica, o Estado exercerá, na forma dalei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento,sendo este determinante para o setor público e indicativopara o setor privado.§ 1º - A lei estabelecerá as diretrizes e bases doplanejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, oqual incorporará e compatibilizará os planos nacionais eregionais de desenvolvimento.§ 2º - A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outrasformas de associativismo.

§ 3º - O Estado favorecerá a organização da atividadegarimpeira em cooperativas, levando em conta a proteçãodo meio ambiente e a promoção econômico-social dosgarimpeiros.§ 4º - As cooperativas a que se refere o parágrafo anteriorterão prioridade na autorização ou concessão parapesquisa e lavra dos recursos e jazidas de mineraisgarimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelasfixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei. 73 (grifo meu)

Segue no artigo 175 relatando o que expressa intervençãodo Estado na economia:

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei,diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,

73 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira, Capítulo I– Dos princípios gerais da atividade econômica, artigo 174.

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sempre através de licitação, a prestação de serviçospúblicos.

Parágrafo único. A lei disporá sobre:I - o regime das empresas concessionárias epermissionárias de serviços públicos, o caráter especial deseu contrato e de sua prorrogação, bem como ascondições de caducidade, fiscalização e rescisão daconcessão ou permissão;II - os direitos dos usuários;III - política tarifária;IV - a obrigação de manter serviço adequado. 74 (grifomeu)

2.6 – O Desenvolvimento em Face da Finalidade da OrdemEconômica.

Primeiramente, o objetivo final da ordem econômica é

preservar o sistema na integridade, isto é, vislumbra o bem-estarsocial. Atendendo aos bens enumerados no artigo 170 daConstituição Federal de 1988 estará próximo do ideal depreservação.

O que os colegas doutrinadores do mundo inteiro e filiadosà União Mundial dos Agraristas Universitários – UMAU têmsustentado é que o desenvolvimento produz desajustes no

ambiente e na economia, só para citar dois, mas a crescentenecessidade por alimentos, principalmente, tem levado a umaexpressão muito usual: o crescimento sustentado. Então,desenvolver é certo, e o ferimento de alguns preceitos, também.Por isso, vigilantes devem estar atentos para as ocorrências e apunição dos abusos ocorridos.

74 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira, Capítulo I– Dos princípios gerais da atividade econômica, artigo 175.

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O desenvolvimento a todo e qualquer custo leva o mundoao apocalipse. Os princípios estabelecidos no artigo 170 da

Constituição Federal de 1988 não são suficientes para atender oque seria o ideal em controle de desenvolvimento, vislumbrandoa preservação da sociedade como um todo.

Neste sistema capitalista, a manutenção da ordemeconômica implica em manutenção do desenvolvimento e, porconseguinte, no desenvolvimento da economia. É fácil concluirque o desenvolvimento do sistema econômico está atrelado aalguns pontos, dos quais vários estão contemplados no artigo170 e seus incisos, já discorrido anteriormente a respeito.

Então, a ordem econômica objetiva nada mais, nadamenos, do que promover o desenvolvimento da economia e comisso preservar o sistema e seus atores, a classe proprietária dosmeios de produção, como: dinheiro, terra e “vagas deempregos”, só para citar alguns. Assim, a finalidade da ordemeconômica é em um primeiro plano proporcionardesenvolvimento e em um segundo momento, manter o sistema.

2.7 – A Atividade Econômica.

A atividade econômica é tema trabalhado pelo DireitoAdministrativo, lugar onde o Direito Econômico vai buscar o seu

conceito para estabelecer o elo com os assuntos aquitrabalhados.

Entende a Professora Maria Helena Diniz que:

ATIVIDADE ECONÔMICA. 1.   Direito Administrativo.Diz-se o serviço estatal de natureza industrial oucomercial exercido por empresa pública ou sociedadede economia mista. 2. Direito comercial. Soma de ações

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dirigidas à produção, circulação e consumo de riquezas. 75 (grifo meu)

O nosso objeto de estudo tem como foco o DireitoEconômico, então, entendo como suficiente e clara a definiçãoda professora Maria Helena Diniz a respeito de atividadeeconômica. O conceito reúne os ingredientes integrantes dapolítica econômica e por isto é objeto de apreciação neste item,presente no 1.2 - Objeto.

Uma vez que o Estado é o maior empregador da nossaeconomia e que é impossível ignorar os quase 70 milfuncionários da Caixa Econômica Federal, os quase 100 mil doBanco do Brasil e os quase 200 mil da Petrobrás, além dos seusbilhões de dólares de receita anual, de lucro anual, de despesaanual e de capital social. A dedicação de um item para esteestudo é razoável. A citação é pequena, foram somente trêsempresas, dentre as centenas de empresas públicas ou deeconomia mista, cujo controle acionário é da União. Se

considerarmos as estaduais, distritais e municipais, outro “mar”econômico aparecerá.

Sendo um assunto tão importante para a sociedade e parao Direito Econômico, a sua presença na Constituição éobrigatória, pois temas imprescindíveis para a sociedade devemser tratados por normas de “grosso calibre”. Estando naConstituição a legitimidade do assunto é maior e sua mudança

se vê dificultada, pois o processo legislativo é mais complicado enão facilita a sua mudança.

Acredito que a simples leitura dos artigos constitucionaisserá elucidante para o tema, caso contrário, voltaremos a tratardele em outros capítulos, veja:

75 DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. V. I. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 307.

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Art. 173. Ressalvados os casos previstos nestaConstituição, a exploração direta de atividade

econômica pelo Estado só será permitida quandonecessária aos imperativos da segurança nacional ou arelevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresapública, da sociedade de economia mista e de suassubsidiárias que explorem atividade econômica deprodução ou comercialização de bens ou de prestação deserviços, dispondo sobre:I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estadoe pela sociedade;II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresasprivadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis,comerciais, trabalhistas e tributários;III - licitação e contratação de obras, serviços, compras ealienações, observados os princípios da administraçãopública;IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos deadministração e fiscal, com a participação de acionistasminoritários;

V - os mandatos, a avaliação de desempenho e aresponsabilidade dos administradores.§ 2º - As empresas públicas e as sociedades deeconomia mista não poderão gozar de privilégiosfiscais não extensivos às do setor privado.§ 3º - A lei regulamentará as relações da empresa públicacom o Estado e a sociedade.§ 4º - A lei reprimirá o abuso do poder econômico quevise à dominação dos mercados, à eliminação daconcorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.§ 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individualdos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá aresponsabilidade desta, sujeitando-a as puniçõescompatíveis com sua natureza, nos atos praticados contraa ordem econômica e financeira e contra a economiapopular.

Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividadeeconômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções

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de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo estedeterminante para o setor público e indicativo para o setor

privado.§ 1º - A lei estabelecerá as diretrizes e bases doplanejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, oqual incorporará e compatibilizará os planos nacionais eregionais de desenvolvimento.§ 2º - A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outrasformas de associativismo.§ 3º - O Estado favorecerá a organização da atividadegarimpeira em cooperativas, levando em conta a proteçãodo meio ambiente e a promoção econômico-social dosgarimpeiros.§ 4º - As cooperativas a que se refere o parágrafo anteriorterão prioridade na autorização ou concessão parapesquisa e lavra dos recursos e jazidas de mineraisgarimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelasfixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei. 76 (grifo meu)

2.8 – Os Serviços Públicos.

Os serviços públicos serão desenvolvidos, diretamente ounão, pelos Entes Federados, os quais nada mais são do que apersonificação do Estado.

Um questionamento poderá fruir ao final do estudo desteitem: o que serviço público tem haver com Ordem Econômica e,conseqüentemente, com Direito Econômico? Para a respostarecomendo uma leitura atenta, principalmente no tocante aosserviços públicos prestados e continuo com um exemplo,questionando: será que os preços dos serviços de transporte

76 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira, Capítulo I– Dos princípios gerais da atividade econômica, artigos 173-4.

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coletivo não têm reflexo na Ordem Econômica? E o caso dastarifas de água, energia ou gás?

A citação constitucional enumera outros tantos serviçospúblicos prestados, direta ou indiretamente, pelos EntesFederados o que recomendo uma atenta leitura, de novo, e oexercício de estabelecer um elo entre eles e a OrdemEconômica, a qual será enriquecedora.

No caso da União, o artigo 21 da Constituição Federal de1988 delimita o que é entendido como serviço público. Nacitação do dito artigo inclui-se outros tópicos como é o caso domonopólio, que não é objeto de estudo deste item, mas que nãodeixa de ser serviço público. Veja o artigo e seus incisosaplicáveis ao assunto, transcritos a seguir com a relação dosserviços públicos federais:

Art. 21. Compete à União:(...)

VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio dematerial bélico;VII - emitir moeda;VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizaras operações de natureza financeira, especialmente as decrédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros ede previdência privada;IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais deordenação do território e de desenvolvimento econômico esocial;X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;XI - explorar, diretamente ou mediante autorização,concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações,nos termos da lei, que disporá sobre a organização dosserviços, a criação de um órgão regulador e outrosaspectos institucionais;XII - explorar, diretamente ou mediante autorização,concessão ou permissão:

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a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons eimagens;

b) os serviços e instalações de energia elétrica e oaproveitamento energético dos cursos de água, emarticulação com os Estados onde se situam os potenciaishidroenergéticos;c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estruturaaeroportuária;d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entreportos brasileiros e fronteiras nacionais, ou quetransponham os limites de Estado ou Território;e) os serviços de transporte rodoviário interestadual einternacional de passageiros;f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;(...)XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística,geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;(...)XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento derecursos hídricos e definir critérios de outorga de direitosde seu uso;

XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano,inclusive habitação, saneamento básico e transportesurbanos;XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistemanacional de viação;XXII - executar os serviços de polícia marítima,aeroportuária e de fronteiras;XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares dequalquer natureza e exercer monopólio estatal sobre apesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, aindustrialização e o comércio de minérios nucleares e seusderivados, atendidos os seguintes princípios e condições:a) toda atividade nuclear em território nacional somenteserá admitida para fins pacíficos e mediante aprovação doCongresso Nacional;b) sob regime de permissão, são autorizadas acomercialização e a utilização de radioisótopos para apesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais;

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c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção,comercialização e utilização de radioisótopos de meia-

vida igual ou inferior a duas horas;d) a responsabilidade civil por danos nucleares independeda existência de culpa;XXIV - organizar, manter e executar a inspeção dotrabalho;XXV - estabelecer as áreas e as condições para oexercício da atividade de garimpagem, em formaassociativa. 77 

Quanto aos municípios, a Constituição Federal de 1988reza enumerando os serviços públicos municipais, veja:

Art. 30. Compete aos Municípios:(...)III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência,bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo daobrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetesnos prazos fixados em lei;

(...)V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime deconcessão ou permissão, os serviços públicos deinteresse local, incluído o de transporte coletivo, quetem caráter essencial;(...)VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira daUnião e do Estado, serviços de atendimento à saúde dapopulação;VIII - promover, no que couber, adequado ordenamentoterritorial, mediante planejamento e controle do uso, doparcelamento e da ocupação do solo urbano;IX - promover a proteção do patrimônio histórico-culturallocal, observada a legislação e a ação fiscalizadora federale estadual. 78 (grifo meu)

77 Constituição da República Federativa do Brasil, Título III - Da Organização do Estado, Capítulo II – DaUnião, artigo 21.

78 Constituição da República Federativa do Brasil, Título III - Da Organização do Estado, Capítulo IV – DosMunicípios, artigo 30.

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Outro tópico muito importante é a remuneração pela suaprestação. Em alguns casos temos a cobrança de taxa, onde oEnte Federado exerce diretamente o serviço público e por issocobra um valor para remunerá-lo, como nos casos de: taxa deinscrição em concursos públicos, taxa de matrícula e taxas deexpediente. Em outros, a prestação de serviço público é feita porentes não públicos que exercem essa atividade de formaconcedida ou autorizada, como por exemplo: preço cobrado notransporte coletivo, na entrega de energia elétrica e de águatratada. E muitos, não são remunerados diretamente, pois jáestão inclusos na cobrança de tributos, como os serviços de:segurança pública, confecção da legislação e serviço deatendimento médico emergencial.

O serviço público por certo tem uma definição muitoconfusa. Como o nosso objeto não é o Direito Administrativo,relato o que Celso Antônio Bandeira de Mello registra a respeitodeste assunto:

Serviço público é toda atividade de oferecimento deutilidade ou comodidade material fruível diretamentepelos administrados, prestados pelo Estado ou por quemlhe faças as vezes, sob um regime de Direito Público –portanto, consagrador de prerrogativas de supremacia e derestrições especiais –. Instituído pelo Estado em favor dosinteresses que houver definido como próprios no sistemanormativo. 79 

A concessão e a permissão são concedidas pelos entespúblicos e consiste em uma delegação da incumbência deprestar serviço público. O artigo 175 da Constituição Federal de1988 traduz bem o tema e estabelece as regras gerais,sobretudo quanto à obrigatoriedade de licitação nestas duasmodalidades de delegação, a concessão ou permissão:

79 MELLO, Celso Antônio Bandeira. Curso de Direito Administrativo. 10. ed. São Paulo: Malheiros, 1998. p.433.

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 Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei,

diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,sempre através de licitação,  a prestação de serviçospúblicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre:I - o regime das empresas concessionárias epermissionárias de serviços públicos, o caráter especial deseu contrato e de sua prorrogação, bem como as condiçõesde caducidade, fiscalização e rescisão da concessão oupermissão;II - os direitos dos usuários;III - política tarifária;IV - a obrigação de manter serviço adequado. 80 (grifomeu) 

2.9 – O Monopólio e os Regimes Especiais.

O monopólio é uma modalidade de atuação no mercado.Ele existe quando alguém ou alguma empresa é exclusivanaquela área, a única a produzir aquele bem ou a ofereceraquele serviço. Quando esta situação ocorre na economia demercado, modalidade esta que rege o sistema brasileiro, asatenções devem ser redobradas, pois poderá significar umestrangulamento do sistema e prejuízo para a sociedade comoum todo.

A Constituição Federal de 1988 determina quais osmonopólios são permitidos. Todos têm o fito de estabelecer ocontrole do Ente Federado direto sobre a atuação do monopólio.

80 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira, Capítulo I– Dos princípios gerais da atividade econômica, artigo 175.

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Ele poderá ser exercido direta ou indiretamente, nestecaso, através de empresas públicas ou de economia mista. Para

exercitar este monopólio a legislação infraconstitucional criaregimes especiais a serem aplicados na sua gerência.

Para cada monopólio estabelecido a legislaçãoinfraconstitucional estabelece norma a serem aplicadasestabelecendo: definições das expressões, a forma deconstituição das empresas, a forma de gerenciamento, o controleacionário e seu posicionamento em face da Ordem Econômica,só para citarmos alguns pontos relevantes.

Alguns exemplos destas leis que tratam de regimesespeciais: a Lei nº. 9.478, de 06 de agosto de 1997 que trata doassunto petróleo; a Lei nº. 2004, de 03 de outubro de 1953 quecriou a Petrobrás e a Lei nº. 9.611, de 19 de fevereiro de 1998que trata do transporte multimodal de cargas.

Para um maior esclarecimento a respeito de quaisassuntos são tratados como monopólio, recomendo a leitura doartigo 177 da Constituição Federal de 1988 transcrito a seguir:

Art. 177. Constituem monopólio da União: I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gásnatural e outros hidrocarbonetos fluidos;II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;III - a importação e exportação dos produtos e derivadosbásicos resultantes das atividades previstas nos incisosanteriores;IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origemnacional ou de derivados básicos de petróleo produzidosno País, bem assim o transporte, por meio de conduto, depetróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquerorigem;V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, oreprocessamento, a industrialização e o comércio deminérios e minerais nucleares e seus derivados, com

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exceção dos radioisótopos cuja produção, comercializaçãoe utilização poderão ser autorizadas sob regime de

permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII docaput do art. 21 desta Constituição Federal.§ 1º A União poderá contratar com empresas estatais ouprivadas a realização das atividades previstas nos incisos Ia IV deste artigo observadas as condições estabelecidasem lei.§ 2º A lei a que se refere o § 1º disporá sobre:I - a garantia do fornecimento dos derivados de petróleoem todo o território nacional;II - as condições de contratação;III - a estrutura e atribuições do órgão regulador domonopólio da União;§ 3º A lei disporá sobre o transporte e a utilização demateriais radioativos no território nacional.§ 4º A lei que instituir contribuição de intervenção nodomínio econômico relativa às atividades de importaçãoou comercialização de petróleo e seus derivados, gásnatural e seus derivados e álcool combustível deveráatender aos seguintes requisitos:

I - a alíquota da contribuição poderá ser:a) diferenciada por produto ou uso;b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo,não se lhe aplicando o disposto no art. 150, III, b;II - os recursos arrecadados serão destinados:a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte deálcool combustível, gás natural e seus derivados ederivados de petróleo;b) ao financiamento de projetos ambientais relacionadoscom a indústria do petróleo e do gás;c) ao financiamento de programas de infra-estrutura detransportes.

Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportesaéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto à ordenaçãodo transporte internacional, observar os acordos firmadospela União, atendido o princípio da reciprocidade.Parágrafo único. Na ordenação do transporte aquático, alei estabelecerá as condições em que o transporte de

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mercadorias na cabotagem e a navegação interior poderãoser feitos por embarcações estrangeiras. 81 (grifo meu)

O grande exemplo deste artigo, o 178, é o transportemarítimo sendo feito pela Marinha Mercante ou a parte “privada”da Marinha. A Marinha Mercante é responsável pelo transportemarítimo e é um braço da Marinha que, por sua vez, é um braçodo Ministério da Defesa, por sua vez, integrante do PoderExecutivo Federal, mais um monopólio dotado de regimeespecial de funcionamento.

2.10 – A Propriedade Privada e o Interesse Público.

A propriedade privada é garantida pela ConstituiçãoFederal de 1988, porém deve ser observado o interesse público,ou seja, onde existir um conflito entre o interesse privado e o

público diante de uma propriedade deverá prevalecer o segundo.

Por exemplo: uma avenida deve ser duplicada e ao longodo leito da ampliação dela se encontram alguns imóveis. Osproprietários não querem “vender” seus imóveis e se negam adesocupá-los. A pergunta deve ser: qual é o interesse maior, oprivado ou público? A resposta é óbvia e a desapropriação seráimplementada. Os proprietários serão expropriados diante de

uma justa indenização.

Talvez aqui esteja presente a função social da propriedadeem oposição à propriedade privada. A sobreposição do interessepúblico sobre o privado reflete a importância que tem a funçãosocial da propriedade, ou seja, a propriedade tem que atender a

81 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira, Capítulo I– Dos princípios gerais da atividade econômica, artigo 177-8.

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um objetivo coletivo, primeiramente, depois aos interessesparticulares ou privados.

Outro exemplo desta sobreposição é o atendimento dosditames constitucionais presente no capítulo da política agrícolae fundiária e da reforma agrária, veja o artigo:

Art. 184. Compete à União desapropriar por interessesocial, para fins de reforma agrária, o imóvel ruralque não esteja cumprindo sua função social, medianteprévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis noprazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de suaemissão, e cuja utilização será definida em lei.§ 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serãoindenizadas em dinheiro.§ 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interessesocial, para fins de reforma agrária, autoriza a União apropor a ação de desapropriação.§ 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimentocontraditório especial, de rito sumário, para o processo

 judicial de desapropriação.§ 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total detítulos da dívida agrária, assim como o montante derecursos para atender ao programa de reforma agrária noexercício.§ 5º - São isentas de impostos federais, estaduais emunicipais as operações de transferência de imóveisdesapropriados para fins de reforma agrária. 82 (grifo meu)

2.11 – O Planejamento: Planos, Orçamentos e Diretrizes.

82 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira, CapítuloIII – Da política agrícola e fundiária e da reforma agrária, artigo 175.

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A presença deste ponto, o planejamento, nos parece, emum primeiro momento, inócuo no estudo, mas é um engano. O

Estado é o maior empregador, o maior comprador e o maiortomador de empréstimos na economia brasileira, não podemosdeixá-lo de fora dos estudos do Direito Econômico. Como oassunto é normatizar a economia, ou seja, estudar as leis queinterferem na economia, sobretudo, no enfoque da políticaeconômica, então o planejamento é fundamental. A LeiOrçamentária Anual - LOA – Federal estabelece gastos naordem de centenas de bilhões de reais, só o Ministério daSaúde, o maior orçamento ministerial, ultrapassa 30 bilhões dereais. No Estado de Goiás é na ordem de dezenas de bilhões dereais e no Município de Goiânia, na ordem de bilhões de reais,precisamente 1,7 bilhões de reais no ano de 2006.

Estes três temas estão agrupados por força constitucional.O planejamento público se fará por três instrumentos: o PlanoPlurianual – P.P.A., a Lei Orçamentária Anual – L.O.A. e a Lei deDiretrizes Orçamentária – L.D.O., todos expressos naConstituição Federal de 1988, veja o seu texto:

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivoestabelecerão:I - o plano plurianual;II - as diretrizes orçamentárias;III - os orçamentos anuais. 83 

As citações a seguir em alguns trechos serão repetitivas,

pois o texto constitucional é por vez comum a todas asmodalidades aqui apresentadas, o que no estudo impele umarepetição do texto referenciado.

2.11.1 – O plano plurianual – P.P.A.

83 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VI – Da Tributação e do Orçamento, Capítulo II –Das Finanças Públicas, Seção II – Dos orçamentos, artigo 165.

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O plano plurianual deve ser elaborado envolvendo todos osgastos que deverão, na sua execução, ultrapassar a um ano. Seo programa ou obra, na sua execução ultrapassar a um ano deveconstar no plano plurianual. Por exemplo o programa decombate à dengue que não se extingue em um ano, pois é umprograma contínuo, assim, deve constar no plano plurianual.Outro, a construção da Ferrovia Norte-Sul não se inicia e acabaem um ano, para sua finalização são necessários vários anos,então, deve estar presente no plano plurianual.

O plano plurianual é uma lei de iniciativa exclusiva do chefedo Poder Executivo e que tem abrangência mínima de 03 anosou como quer a lei, mais de dois anos. Tem parâmetrosconstitucionais que seguem abaixo:

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivoestabelecerão:

I - o plano plurianual;(...) omissis § 1º - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá,de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas daadministração pública federal para as despesas de capital eoutras delas decorrentes e para as relativas aos programasde duração continuada.(...) omissis

§ 4º - Os planos e programas nacionais, regionais esetoriais previstos nesta Constituição serão elaborados emconsonância com o plano plurianual e apreciados peloCongresso Nacional.(...) omissis

§ 9º - Cabe à lei complementar:I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, osprazos, a elaboração e a organização do plano plurianual,da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentáriaanual;

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Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual,às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos

créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas doCongresso Nacional, na forma do regimento comum.§ 1º - Caberá a uma Comissão mista permanente deSenadores e Deputados:I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidosneste artigo e sobre as contas apresentadas anualmentepelo Presidente da República;II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programasnacionais, regionais e setoriais previstos nestaConstituição e exercer o acompanhamento e a fiscalizaçãoorçamentária, sem prejuízo da atuação das demaiscomissões do Congresso Nacional e de suas Casas,criadas de acordo com o art. 58.§ 2º - As emendas serão apresentadas na Comissão mista,que sobre elas emitirá parecer, e apreciadas, na formaregimental, pelo Plenário das duas Casas do CongressoNacional.§ 3º - As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ouaos projetos que o modifiquem somente podem ser

aprovadas caso:I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a leide diretrizes orçamentárias;(...) omissis

§ 4º - As emendas ao projeto de lei de diretrizesorçamentárias não poderão ser aprovadas quandoincompatíveis com o plano plurianual.§ 5º - O Presidente da República poderá enviar mensagemao Congresso Nacional para propor modificação nosprojetos a que se refere este artigo enquanto não iniciada avotação, na Comissão mista, da parte cuja alteração éproposta.§ 6º - Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizesorçamentárias e do orçamento anual serão enviados peloPresidente da República ao Congresso Nacional, nostermos da lei complementar a que se refere o art. 165, §9º.

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§ 7º - Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo,no que não contrariar o disposto nesta seção, as demais

normas relativas ao processo legislativo.§ 8º - Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ourejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem semdespesas correspondentes poderão ser utilizados,conforme o caso, mediante créditos especiais ousuplementares, com prévia e específica autorizaçãolegislativa.

Art. 167. São vedados:(...) omissis

§ 1º - Nenhum investimento cuja execução ultrapasseum exercício financeiro poderá ser iniciado sem préviainclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize ainclusão, sob pena de crime de responsabilidade. 84 (grifo meu)

2.11.2 – A lei de diretrizes orçamentária – L.D.O.

Esta lei também é obrigatória a cada ano civil ou exercíciofinanceiro. Seu feitio deve ser anterior ao aparecimento da leiorçamentária. O motivo é simples, a lei de diretrizesorçamentária indica o caminho genérico a ser seguido peloorçamento. Assim, se a lei de diretrizes orçamentária é quemindica o caminho a ser trilhado, então, deve anteceder.

Ela é mais narrativa do que numérica, diferente do caso dalei orçamentária. Trará as preferências daquela gestão públicapara o gasto público e a arrecadação de receitas, tributárias ounão. Respeitará as determinações constitucionais federais,estaduais e distritais, conforme cada caso, além de respeitar os

84 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VI – Da Tributação e do Orçamento, Capítulo II –Das Finanças Públicas, Seção II – Dos orçamentos, artigo 165, 166 e 167.

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_____________________________________________________________________________________103Direitos reservados – proibido a reprodução parcial ou total desse trabalho. 

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dispositivos legais ordinários e complementares que regem oassunto em nível federal.

Para um maior e melhor entendimento, veja os dispositivosconstitucionais a respeito:

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivoestabelecerão:(...) omissis II - as diretrizes orçamentárias;§ 2º - A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá asmetas e prioridades da administração pública federal,incluindo as despesas de capital para o exercíciofinanceiro subseqüente, orientará a elaboração da leiorçamentária anual, disporá sobre as alterações nalegislação tributária e estabelecerá a política de aplicaçãodas agências financeiras oficiais de fomento.(...) omissis § 9º - Cabe à lei complementar:I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os

prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual,da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentáriaanual;II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonialda administração direta e indireta bem como condiçõespara a instituição e funcionamento de fundos.

Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual,às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aoscréditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas doCongresso Nacional, na forma do regimento comum.§ 1º - Caberá a uma Comissão mista permanente deSenadores e Deputados:I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidosneste artigo e sobre as contas apresentadas anualmentepelo Presidente da República;II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programasnacionais, regionais e setoriais previstos nestaConstituição e exercer o acompanhamento e a fiscalização

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orçamentária, sem prejuízo da atuação das demaiscomissões do Congresso Nacional e de suas Casas,

criadas de acordo com o art. 58.§ 2º - As emendas serão apresentadas na Comissão mista,que sobre elas emitirá parecer, e apreciadas, na formaregimental, pelo Plenário das duas Casas do CongressoNacional.(...) omissis § 4º - As emendas ao projeto de lei de diretrizesorçamentárias não poderão ser aprovadas quandoincompatíveis com o plano plurianual.§ 5º - O Presidente da República poderá enviar mensagemao Congresso Nacional para propor modificação nosprojetos a que se refere este artigo enquanto não iniciada avotação, na Comissão mista, da parte cuja alteração éproposta.§ 6º - Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizesorçamentárias e do orçamento anual serão enviados peloPresidente da República ao Congresso Nacional, nostermos da lei complementar a que se refere o art. 165, §9º.

§ 7º - Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo,no que não contrariar o disposto nesta seção, as demaisnormas relativas ao processo legislativo. 85 

2.11.3 – A lei orçamentária anual – L.O.A.

Esta lei também pertence ao mundo jurídico de todos osentes federados. Todos devem elaborar seus orçamentosanualmente, através de uma lei aprovada nas suas respectivascasas de lei. É o Poder Legislativo que discute a lei orçamentáriaanual, mas é o Chefe do Poder Executivo quem temprivativamente, a iniciativa no processo legislativo e o poder deveto.

85 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VI – Da Tributação e do Orçamento, Capítulo II –Das Finanças Públicas, Seção II – Dos orçamentos, artigo 165 e 166.

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É obrigatória a sua presença na administração pública e érealizada anualmente. Todo o exercício financeiro de um entefederado deve estar aqui colocado. A cada ano temos um novoorçamento e uma nova lei orçamentária anual aprovada. Emboranão incomum as desavenças entre o Poder Legislativo e o PoderExecutivo e, consequentemente, a não aprovação da LOA dentrodo ano anterior, no início de cada ano nova lei orçamentáriadeve entrar em vigor.

A lei orçamentária anual é numérica, ou seja, nesta leiestão relacionadas todas as receitas e todas as despesas de umente federado. Todas, uma a uma, serão relacionadas nesta lei.A ordem destas contas e seus respectivos valores estãopresentes na Lei nº. 4.320, de 17 de março de 1964. Lá estão ascontas com respectivos grupos, quer das receitas, quer dasdespesas. Então, por exemplo, se quisermos saber quanto oParque Municipal de Diversão Mutirama, uma autarquiamunicipal, irá gastar em 2007 com o pagamento de pessoal da

ativa, basta olhar na lei orçamentária do Município de Goiânia elá estará o gasto autorizado pela população através de seusrepresentantes na Câmara de Vereadores de Goiânia.

É através desta lei que podemos conhecer exatamente, atéos centavos, quanto o ente federado pretende arrecadar egastar. A movimentação financeira dele estará relatada nesta leie só poderá executar o que constar ali e nada mais. Gastar

diferente do autorizado implica em responsabilização fiscal comimplicações: penais, administrativas, civis e eleitorais.

A mencionada Lei, a de nº. 4.320, de 17 de março de 1964,traz a operacionalização da aplicação, mas é a ConstituiçãoFederal de 1988 que traça a direção. Assim, veja os artigosconstitucionais:

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Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivoestabelecerão:

(...) omissis III - os orçamentos anuais.§ 5º - A lei orçamentária anual compreenderá:I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seusfundos, órgãos e entidades da administração direta eindireta, inclusive fundações instituídas e mantidas peloPoder Público;II - o orçamento de investimento das empresas em que aUnião, direta ou indiretamente, detenha a maioria docapital social com direito a voto;III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todasas entidades e órgãos a ela vinculados, da administraçãodireta ou indireta, bem como os fundos e fundaçõesinstituídos e mantidos pelo Poder Público.§ 6º - O projeto de lei orçamentária será acompanhado dedemonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas edespesas, decorrente de isenções, anistias, remissões,subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária ecreditícia.

§ 7º - Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo,compatibilizados com o plano plurianual, terão entre suasfunções a de reduzir desigualdades inter-regionais,segundo critério populacional.§ 8º - A lei orçamentária anual não conterá dispositivoestranho à previsão da receita e à fixação da despesa, nãose incluindo na proibição a autorização para abertura decréditos suplementares e contratação de operações decrédito, ainda que por antecipação de receita, nos termosda lei.§ 9º - Cabe à lei complementar:I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, osprazos, a elaboração e a organização do plano plurianual,da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentáriaanual;II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonialda administração direta e indireta bem como condiçõespara a instituição e funcionamento de fundos.

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Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual,às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos

créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas doCongresso Nacional, na forma do regimento comum.§ 1º - Caberá a uma Comissão mista permanente deSenadores e Deputados:I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidosneste artigo e sobre as contas apresentadas anualmentepelo Presidente da República;II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programasnacionais, regionais e setoriais previstos nestaConstituição e exercer o acompanhamento e a fiscalizaçãoorçamentária, sem prejuízo da atuação das demaiscomissões do Congresso Nacional e de suas Casas,criadas de acordo com o art. 58.§ 2º - As emendas serão apresentadas na Comissão mista,que sobre elas emitirá parecer, e apreciadas, na formaregimental, pelo Plenário das duas Casas do CongressoNacional.§ 3º - As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ouaos projetos que o modifiquem somente podem ser

aprovadas caso:I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a leide diretrizes orçamentárias;II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas osprovenientes de anulação de despesa, excluídas as queincidam sobre:a) dotações para pessoal e seus encargos;b) serviço da dívida;c) transferências tributárias constitucionais para Estados,Municípios e Distrito Federal; ouIII - sejam relacionadas:a) com a correção de erros ou omissões; oub) com os dispositivos do texto do projeto de lei.(...) omissis

§ 5º - O Presidente da República poderá enviar mensagemao Congresso Nacional para propor modificação nosprojetos a que se refere este artigo enquanto não iniciada avotação, na Comissão mista, da parte cuja alteração éproposta.

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§ 6º - Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizesorçamentárias e do orçamento anual serão enviados pelo

Presidente da República ao Congresso Nacional, nostermos da lei complementar a que se refere o art. 165, §9º.§ 7º - Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo,no que não contrariar o disposto nesta seção, as demaisnormas relativas ao processo legislativo.§ 8º - Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ourejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem semdespesas correspondentes poderão ser utilizados,conforme o caso, mediante créditos especiais ousuplementares, com prévia e específica autorizaçãolegislativa.

Art. 167. São vedados:I - o início de programas ou projetos não incluídos na leiorçamentária anual;II - a realização de despesas ou a assunção de obrigaçõesdiretas que excedam os créditos orçamentários ouadicionais;

III - a realização de operações de créditos que excedam omontante das despesas de capital, ressalvadas asautorizadas mediante créditos suplementares ou especiaiscom finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativopor maioria absoluta;IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo oudespesa, ressalvadas a repartição do produto daarrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e159, a destinação de recursos para as ações e serviçospúblicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento doensino e para realização de atividades da administraçãotributária, como determinado, respectivamente, pelos arts.198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias àsoperações de crédito por antecipação de receita, previstasno art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º desteartigo;V - a abertura de crédito suplementar ou especial semprévia autorização legislativa e sem indicação dosrecursos correspondentes;

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VI - a transposição, o remanejamento ou a transferênciade recursos de uma categoria de programação para outra

ou de um órgão para outro, sem prévia autorizaçãolegislativa;VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados;VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica,de recursos dos orçamentos fiscais e da seguridade socialpara suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas,fundações e fundos, inclusive dos mencionados no art.165, § 5º;IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, semprévia autorização legislativa.X - a transferência voluntária de recursos e a concessão deempréstimos, inclusive por antecipação de receita, pelosGovernos Federal e Estaduais e suas instituiçõesfinanceiras, para pagamento de despesas com pessoalativo, inativo e pensionista, dos Estados, do DistritoFederal e dos Municípios.XI - a utilização dos recursos provenientes dascontribuições sociais de que trata o art. 195, I, a, e II, paraa realização de despesas distintas do pagamento de

benefícios do regime geral de previdência social de quetrata o art. 201.(...) omissis

§ 2º - Os créditos especiais e extraordinários terãovigência no exercício financeiro em que foremautorizados, salvo se o ato de autorização for promulgadonos últimos quatro meses daquele exercício, caso em que,reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporadosao orçamento do exercício financeiro subseqüente.§ 3º - A abertura de crédito extraordinário somente seráadmitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes,como as decorrentes de guerra, comoção interna oucalamidade pública, observado o disposto no art. 62.§ 4.º É permitida a vinculação de receitas próprias geradaspelos impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dosrecursos de que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, eII, para a prestação de garantia ou contragarantia à Uniãoe para pagamento de débitos para com esta.

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Art. 168. Os recursos correspondentes às dotaçõesorçamentárias, compreendidos os créditos suplementares e

especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo eJudiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública,ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, emduodécimos, na forma da lei complementar a que se refereo art. 165, § 9º.

Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União,dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios nãopoderá exceder os limites estabelecidos em leicomplementar.§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento deremuneração, a criação de cargos, empregos e funções oualteração de estrutura de carreiras, bem como a admissãoou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãose entidades da administração direta ou indireta, inclusivefundações instituídas e mantidas pelo poder público, sópoderão ser feitas:I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente paraatender às projeções de despesa de pessoal e aos

acréscimos dela decorrentes;II - se houver autorização específica na lei de diretrizesorçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e associedades de economia mista.§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementarreferida neste artigo para a adaptação aos parâmetros aliprevistos, serão imediatamente suspensos todos osrepasses de verbas federais ou estaduais aos Estados, aoDistrito Federal e aos Municípios que não observarem osreferidos limites.§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos combase neste artigo, durante o prazo fixado na leicomplementar referida no caput, a União, os Estados, oDistrito Federal e os Municípios adotarão as seguintesprovidências:I - redução em pelo menos vinte por cento das despesascom cargos em comissão e funções de confiança;II - exoneração dos servidores não estáveis.

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§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafoanterior não forem suficientes para assegurar o

cumprimento da determinação da lei complementarreferida neste artigo, o servidor estável poderá perder ocargo, desde que ato normativo motivado de cada um dosPoderes especifique a atividade funcional, o órgão ouunidade administrativa objeto da redução de pessoal.(...) omissis

§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a seremobedecidas na efetivação do disposto no § 4º. 86 

2.12 – O Sistema Financeiro Brasileiro.

Chegamos a um tema totalmente desgarrado da realidadebrasileira. O sistema financeiro brasileiro é o mais selvagem domundo. A pressão dos capitalistas banqueiros realizou até arevogação dos dispositivos constitucionais que tratavam da

matéria.

Para entendermos o que vem a ser o sistema financeirobrasileiro se faz necessário a execução de uma outra obra.Como não é este o objetivo deste trabalho, faremos umaabordagem superficial com o objetivo de entendermos o que otema tem de relação com o Direito Econômico.

Este é um tema muito mais econômico do que jurídico, oupelo menos deveria ser, então é lá que vou buscar osfundamentos para depois aqui, no jurídico, correlacionar a umanorma que estabelece aquela regra econômica. Talvez pelo quetemos hoje seja mais um caso de polícia do que econômico, masvamos lá.

86 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VI – Da Tributação e do Orçamento, Capítulo II –Das Finanças Públicas, Seção II – Dos orçamentos, artigo 165, 166, 167, 168 e 169.

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 Saber um pouco da estrutura do Sistema Financeiro

Brasileiro é primordial. Ele é composto por todos os atoresfinanceiros que atuam neste mercado. Assim, o integram: todosos bancos, múltiplos ou não e, em especial, a Caixa EconômicaFederal, o Banco do Brasil e o Banco de Desenvolvimento Sociale Econômico - BNDS, as administradoras de consórcios, ascorretoras de valores, as distribuidoras de títulos, as financeiras,as seguradoras, as entidades custodiadoras de títulos públicosou privados, setip e selic, as bolsas de valores, inclusive a decomodities futuras, o Banco Central do Brasil, a Casa da Moedae o Copom – Conselho de Política Monetária, só para citarmosalguns.

A cada um destes atores incumbe uma tarefa. Digo melhor,a cada um é determinada uma tarefa, todas através de normalegal. Por exemplo, o Copom tem, além de outras atividades, aobrigação de fixar os juros anuais pagos pela União nasoperações que envolvam a emissão de títulos. Sendo ele umórgão colegiado, paira sempre uma incerteza do posicionamento

dos juros a cada reunião do Copom. Sua composição integra,entre outros: os presidentes do Banco Central, da CaixaEconômica Federal, do Banco do Brasil, do Banco deDesenvolvimento Social e Econômico – BNDS e umrepresentante do Ministério da Fazenda.

Algumas ações determinadas pelo Banco Central do Brasil  – Bacen interferem sobremaneira na Ordem Econômica. Por

exemplo, quando determinou que 100% dos saldos bancários dedeposito à vista fossem recolhidos a Ele. O deposito bancário àvista é o dinheiro que deixamos na conta corrente, que nãorende juros e que faz parte do conhecido saldo médio. É dinheirodos correntistas que fica parado e como todos sacam aospoucos este saldo, sempre tem dinheiro de correntista paradonos bancos e eles nos emprestam este dinheiro. Quando oBacen determinou que 100% destes recursos fossemdepositados junto a Ele, “enxugou” o mercado financeiro ediminuiu a oferta de crédito.

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Para finalizarmos o tópico veja o artigo 164 da atualconstituição, o qual trata do assunto:

Art. 164. A competência da União para emitir moeda seráexercida exclusivamente pelo banco central.§ 1º - É vedado ao banco central conceder, direta ouindiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e aqualquer órgão ou entidade que não seja instituiçãofinanceira.§ 2º - O banco central poderá comprar e vender títulos deemissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de regular aoferta de moeda ou a taxa de juros.§ 3º - As disponibilidades de caixa da União serãodepositadas no banco central; as dos Estados, do DistritoFederal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades doPoder Público e das empresas por ele controladas, eminstituições financeiras oficiais, ressalvados os casosprevistos em lei. 87 

87 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VI – Da Tributação e do Orçamento, Capítulo II –Das Finanças Públicas, Seção I – Normas gerais, artigo 164.

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3 – O DIREITO ECONÔMICO E A LIVRECONCORRÊNCIA.

A livre concorrência é fundamento do capitalismo e doliberalismo, ou do neoliberalismo. A não intervenção do Estadona economia possibilita que a economia encontre de formanatural o seu ponto de equilíbrio entre a demanda e a oferta deum produto ou serviço. Assim, a formação dos preços se faz deforma natural e equilibrada, chegando a um patamar deacomodação de forma natural, sem ser de forma forçada ou

provocada pelo Estado.

O Direito Econômico tem como objeto, nada mais, nadamenos, que tornar jurídicas as regras da economia que garantemesse equilíbrio, ou seja, a aplicação de regras econômicas efilosóficas, sobretudo.

3.1 – O Mercado e a Livre Concorrência.

A livre concorrência é uma idéia utópica da economia e dosistema filosófico capitalista e liberalista. A utopia está expressano objetivo que pretende, ou seja, que os fornecedores econsumidores se encontrem nos mercados para adquiriremprodutos e serviços e de acordo com a oferta e a procura os

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preço se equilibram. Esta situação por muitas vezes é utópica,pois, por exemplo, no caso da produção do cimento brasileiro, o

Grupo Votorantim é responsável por 85% da produção nacional.Não é um monopólio, mas um oligopólio, designação estautilizada para definir a participação majoritária de um empresa nomercado.

O mercado só pode existir diante da livre concorrência,pois a chamada economia de mercado é aquela que se submeteà lei econômica da oferta e procura. A relação é direta entre osdois. Somente com a presença da livre concorrência é que épossível observar o aparecimento do preço fundado na procura eoferta. Maior oferta implica em menor preço, menor oferta implicaem maior preço, isto é o preço formado pela oferta e procura.Neste caso, o preço não é tabelado ou determinado pelo Estado.A economia é quem dita o preço.

Fica um registro de causar estranheza. O Presidente LuizInácio da Silva Lula, no ano de 2005 reconheceu a economia da

República da China como sendo uma economia de mercado. Nomínimo estranho! Na China a censura invade até a internet  quanto mais a economia. Para a fixação do preço pelo mercadoa liberdade é fundamental.

O mercado, até mesmo nos países de maior liberdade,sofre intervenções, o que não descaracteriza o seu mercadolivre. O tamanho desta intervenção é que determinará ser o

mercado livre ou não, ou seja, sujeito a livre concorrência ounão.

Economicamente falando, mercado é um local onde osprodutos e serviços são oferecidos e comprados, diante destaexposição, os compradores escolhem e compram. Negociandoou pagando o primeiro preço o consumidor ajuda a formá-lo. Umexemplo corriqueiro e comum é o caso do aumento do preço dashortaliças e verduras durante o período de chuvas, pois esta traz

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consigo o aumento das pragas e perdas na produção diminuindoa oferta. Como a presença das chuvas não refletem em uma

redução de consumo, então, a conseqüência é o aumento dopreço.

A utopia reside no conceito de que a liberdade é relativa,pois até os Estados Unidos da América, o grande exemplo deeconomia de mercado, tem a intervenção do Estado naeconomia o que, teoricamente, se distancia do conceito demercado por interferir na livre concorrência.

3.2 – A Concorrência Face aos Princípios da OrdemEconômica.

A ordem econômica está estabelecida, principalmente,através dos princípios estabelecidos no artigo 170, da

Constituição Federal de 1988. Assim, a ordem econômica sedisciplina e coloca ordem, sistematizando o mercado.

A sistematização do mercado estabelece padrões deatuação, determinando o que devemos observar, fazer ou nãofazer, com o objetivo de preservar o mercado. Destasistematização nasce, entre outros, a normatização daconcorrência. Ela é responsável pelo equilíbrio mencionado no

item anteriormente desenvolvido. Para o mercado sobreviver sefaz necessário que regras sejam criadas a fim de protegê-lo.

O ponto fundamental na conservação dos mercados, nestesistema, é a concorrência. É ela que estabelece o preço que éfixado a partir da oferta maior ou menor no mercado. Produtosou serviço que em grande oferta em relação a uma pequenaprocura, tem pouco preço. O inverso é observado quando temospouca oferta diante de grande procura. Exemplifico. A areia tem

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preço baixo, com, mais ou menos, duas centenas de reaiscompramos várias toneladas deste produto. Entretanto, com o

mesmo valor compramos apenas algumas gramas do preciosoouro. Com os serviços não é diferente. Para uma viagem deônibus de Goiânia a São Paulo se paga pouco mais de umacentena de reais, mas para uma viagem de “ônibus espacial”entorno da Terra o pagamento é de várias dezenas de milhõesde reais, um prêmio de loteria.

A observação dos princípios da ordem econômica objetivaa preservação do mercado, preservando a concorrência. Vejampor exemplo o principio expresso no inciso do IX, do artigo 170:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização dotrabalho humano e na livre iniciativa, tem por fimassegurar a todos existência digna, conforme os ditamesda justiça social, observados os seguintes princípios:(...) omissis;IX - tratamento favorecido para as empresas de pequenoporte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham suasede e administração no País. 88 

O favorecimento dado às empresas de pequeno porteobjetiva a sua preservação. A grande empresa tem mais força nomercado, realiza maiores compras e por isso paga um preçounitário menor, tem prazos de pagamentos maiores, custosfinanceiros menores e isto propiciam uma maior facilidade para oseu agigantamento. Se não houver proteção a estas pequenasempresas elas irão falir e sair do mercado deixando as grandes

livres para estipularem o preço que quiserem.

Aparentemente, os princípios do Direito Econômico nãotêm relação com a concorrência, mas tem. Veja a defesa doconsumidor expressa no inciso V, do artigo 170:

88 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira, Capítulo I– Dos princípios gerais da atividade econômica, artigo 170, inciso II.

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Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização dotrabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim

assegurar a todos existência digna, conforme os ditamesda justiça social, observados os seguintes princípios:(...) omissis;V - defesa do consumidor; 89 

Se não temos proteção ao consumidor, o fornecedor iráexplorá-lo até a sua completa destruição. Sem consumidor nãotemos fornecedor, sem consumidor e sem fornecedor não temosmercado, sem mercado não temos concorrência.

Finalizo este item não discorrendo sobre a importância detodos os princípios para a existência da concorrência, pois não éeste o objetivo deste trabalho. Alertar a respeito da importânciados princípios da ordem econômica para preservação domercado, preservando a concorrência é o foco maior deste item,o qual considero finalizado após os dois exemplos discorridosanteriormente.

3.3 – A Lei nº. 8.884/94 e a Proteção da OrdemEconômica.

Como já dito anteriormente, a ordem econômica não é do

Governo, ou de um grupo de pessoas. A ordem econômica é dasociedade. Uma pequena mudança no vocábulo estudado já nosdá a importância do tema, vejamos: se ao invés de termos ordemeconômica imaginemos que fosse desordem econômica? Olhemsó o caos que foi imaginar “desordem econômica”. Vivê-la seriapior.

89 Constituição da República Federativa do Brasil, Título VII - Da Ordem Econômica e Financeira, Capítulo I– Dos princípios gerais da atividade econômica, artigo 170, inciso V.

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A proteção a essa ordem econômica é fundamental.Somente no último século, pelo seu meado, é que normatizamos

o assunto. Nós, brasileiros, somos neófitos em economia demercado. Não sabemos viver imersos nela. Ainda estamosaperfeiçoando-o.

A Lei nº. 8.884/94 é o terceiro dispositivo legal a tratarexclusivamente do assunto. Representa os avanços ocorridos aolongo de décadas e espelha o nosso posicionamento naeconomia mundial. As relações estabelecidas com outros paísesprovocam mudanças na nossa sociedade mercantilista e,consequentemente, na legislação a respeito do assunto.

Esta lei tem como foco materializar as proteçõesdeterminadas na Constituição Federal de 1988, especialmenteas contidas no seu artigo 170, como exemplo tendo presente osseguintes temas: cartel, truste, infrações, fusões e incorporaçõesde empresas.

Quando estabelece comportamentos que pretendedesenvolver, através da proibição de outros, por exemplo,vislumbra proteger, conservar, estabilizar, a ordem econômica.Assim, ela institui penas pecuniárias e administrativas paracomportamentos que entende contrário a ordem econômica.Deste modo exerce a proteção ao sistema econômico atual,protegendo a ordem econômica.

3.4 – As Infrações Contra a Ordem Econômica.

Como todo sistema normatizado por lei, este estabelececomportamentos padrões e respectivas penas, objetivandoações para facilitar a fiscalização e o exercício do poder depolícia, exercido pelo Estado. As infrações estão colocadas em

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nível administrativo e não judiciário. Deste modo, este sistemafunciona com penas administrativas, as quais serão estudadas

no item seguinte. Porém, os títulos extrajudiciais produzidoscomo pena por infrações contra a ordem econômica sãoexecutáveis e não tem efeito suspensivo.

Aqui neste normativo legal um padrão diferente doestabelecido, normalmente, nos sistemas normativos penais écolocado, ou seja, existe uma separação entre a condutadescrita como infração em um artigo e a cominação da penaretratada em outro. Certamente uma não normalidade, o querequer uma maior atenção para o pesquisador. Apesar de seresta a regra nesta lei, também estabelece exceções, as quaisestão colocadas em parágrafos seguintes.

Quanto aos artigos 20 e 21 que tratam exclusivamente dasinfrações as quais têm cominações de penas em outros artigos,veja a sua transcrição:

Art. 20. Constituem infração da ordem econômica,independentemente de culpa, os atos sob qualquer formamanifestados, que tenham por objeto ou possam produziros seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados:I - limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livreconcorrência ou a livre iniciativa;II - dominar mercado relevante de bens ou serviços;III - aumentar arbitrariamente os lucros;IV - exercer de forma abusiva posição dominante.§ 1º A conquista de mercado resultante de processonatural fundado na maior eficiência de agente econômicoem relação a seus competidores não caracteriza o ilícitoprevisto no inciso II.§ 2º Ocorre posição dominante quando uma empresa ougrupo de empresas controla parcela substancial demercado relevante, como fornecedor, intermediário,adquirente ou financiador de um produto, serviço outecnologia a ele relativa.

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§ 3º A posição dominante a que se refere o parágrafoanterior é presumida quando a empresa ou grupo de

empresas controla 20% (vinte por cento) de mercadorelevante, podendo este percentual ser alterado pelo Cadepara setores específicos da economia.

Art. 21. As seguintes condutas, além de outras, na medidaem que configurem hipótese prevista no art. 20 e seusincisos, caracterizam infração da ordem econômica;I - fixar ou praticar, em acordo com concorrente, sobqualquer forma, preços e condições de venda de bens oude prestação de serviços;II - obter ou influenciar a adoção de conduta comercialuniforme ou concertada entre concorrentes;III - dividir os mercados de serviços ou produtos,acabados ou semi-acabados, ou as fontes deabastecimento de matérias-primas ou produtosintermediários;IV - limitar ou impedir o acesso de novas empresas aomercado;V - criar dificuldades à constituição, ao funcionamento ou

ao desenvolvimento de empresa concorrente ou defornecedor, adquirente ou financiador de bens ou serviços;VI - impedir o acesso de concorrente às fontes de insumo,matérias-primas, equipamentos ou tecnologia, bem comoaos canais de distribuição;VII - exigir ou conceder exclusividade para divulgação depublicidade nos meios de comunicação de massa;VIII - combinar previamente preços ou ajustar vantagensna concorrência pública ou administrativa;IX - utilizar meios enganosos para provocar a oscilação depreços de terceiros;X - regular mercados de bens ou serviços, estabelecendoacordos para limitar ou controlar a pesquisa e odesenvolvimento tecnológico, a produção de bens ouprestação de serviços, ou para dificultar investimentosdestinados à produção de bens ou serviços ou à suadistribuição;XI - impor, no comércio de bens ou serviços, adistribuidores, varejistas e representantes, preços de

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revenda, descontos, condições de pagamento, quantidadesmínimas ou máximas, margem de lucro ou quaisquer

outras condições de comercialização relativos a negóciosdestes com terceiros;XII - discriminar adquirentes ou fornecedores de bens ouserviços por meio da fixação diferenciada de preços, ou decondições operacionais de venda ou prestação de serviços;XIII - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços,dentro das condições de pagamento normais aos usos ecostumes comerciais;XIV - dificultar ou romper a continuidade oudesenvolvimento de relações comerciais de prazoindeterminado em razão de recusa da outra parte emsubmeter-se a cláusulas e condições comerciaisinjustificáveis ou anticoncorrenciais;XV - destruir, inutilizar ou açambarcar matérias-primas,produtos intermediários ou acabados, assim comodestruir, inutilizar ou dificultar a operação deequipamentos destinados a produzi-los, distribuí-los outransportá-los;XVI - açambarcar ou impedir a exploração de direitos de

propriedade industrial ou intelectual ou de tecnologia;XVII - abandonar, fazer abandonar ou destruir lavouras ouplantações, sem justa causa comprovada;XVIII - vender injustificadamente mercadoria abaixo dopreço de custo;XIX - importar quaisquer bens abaixo do custo no paísexportador, que não seja signatário dos códigosAntidumping e de subsídios do Gatt;XX - interromper ou reduzir em grande escala a produção,sem justa causa comprovada;XXI - cessar parcial ou totalmente as atividades daempresa sem justa causa comprovada;XXII - reter bens de produção ou de consumo, exceto paragarantir a cobertura dos custos de produção;XXIII - subordinar a venda de um bem à aquisição deoutro ou à utilização de um serviço, ou subordinar aprestação de um serviço à utilização de outro ou àaquisição de um bem;

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XXIV - impor preços excessivos, ou aumentar sem justacausa o preço de bem ou serviço.

Parágrafo único. Na caracterização da imposição depreços excessivos ou do aumento injustificado de preços,além de outras circunstâncias econômicas emercadológicas relevantes, considerar-se-á:I - o preço do produto ou serviço, ou sua elevação, não

 justificados pelo comportamento do custo dos respectivosinsumos, ou pela introdução de melhorias de qualidade;II - o preço de produto anteriormente produzido, quandose tratar de sucedâneo resultante de alterações nãosubstanciais;III - o preço de produtos e serviços similares, ou suaevolução, em mercados competitivos comparáveis;IV - a existência de ajuste ou acordo, sob qualquer forma,que resulte em majoração do preço de bem ou serviço oudos respectivos custos. 90 

É importante ressaltar que tanto as infrações quanto assuas respectivas penas, foram estudadas tendo como referencialapenas a Lei nº. 8.884, de 11 de junho de 1994.

3.4.1 – As penas por infrações contra a ordem econômica.

De nada serve estabelecer infrações sem estabelecer asrespectivas penas. Assim, a Lei nº. 8.884, de 11 de junho de

1994, se preocupou em estabelecer penas e suas aplicações,mormente as pecuniárias e as administrativas, vez que acriminalização está em outras normas legais.

Como o assunto aqui é econômico, as penalidadesimpostas em “processo administrativo”, em oposição ao

  judiciário, elencadas na lei, na sua totalidade são financeiras e

90 Lei nº. 8.884, de 11 de junho de 1994, Título V – Das Infrações da Ordem Econômica, Capítulo II – Dasinfrações, artigos 20 e 21. 

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administrativas, no sentido de não judiciais, isto é, são aplicadaspor autoridades administrativas com reflexos neste ambiente.

Assim, a exemplo, poderá ser uma multa de um valor vultoso,penalidade financeira, ou a inclusão no Cadastro Nacional deDefesa do Consumidor como infrator, penalidade administrativa.As penalidades são aplicadas às entidades públicas ou privadas.Para uma melhor elucidação veja os artigos 23 e 24:

Art. 23. A prática de infração da ordem econômica sujeitaos responsáveis às seguintes penas:I - no caso de empresa, multa de um a trinta por cento dovalor do faturamento bruto no seu último exercício,excluídos os impostos, a qual nunca será inferior àvantagem auferida, quando quantificável;II - no caso de administrador, direta ou indiretamenteresponsável pela infração cometida por empresa, multa dedez a cinqüenta por cento do valor daquela aplicável àempresa, de responsabilidade pessoal e exclusiva aoadministrador.III - No caso das demais pessoas físicas ou jurídicas dedireito público ou privado, bem como quaisquer

associações de entidades ou pessoas constituídas de fatoou de direito, ainda que temporariamente, com ou sempersonalidade jurídica, que não exerçam atividadeempresarial, não sendo possível utilizar-se o critério dovalor do faturamento bruto, a multa será de 6.000 (seismil) a 6.000.000 (seis milhões) de Unidades Fiscais deReferência (Ufir), ou padrão superveniente.Parágrafo único. Em caso de reincidência, as multascominadas serão aplicadas em dobro.

Art. 24. Sem prejuízo das penas cominadas no artigoanterior, quando assim o exigir a gravidade dos fatos ou ointeresse público geral, poderão ser impostas as seguintespenas, isolada ou cumulativamente:I - a publicação, em meia página e às expensas do infrator,em jornal indicado na decisão, de extrato da decisãocondenatória, por dois dias seguidos, de uma a trêssemanas consecutivas;

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II - a proibição de contratar com instituições financeirasoficiais e participar de licitação tendo por objeto

aquisições, alienações, realização de obras e serviços,concessão de serviços públicos, junto à AdministraçãoPública Federal, Estadual, Municipal e do DistritoFederal, bem como entidades da administração indireta,por prazo não inferior a cinco anos;III - a inscrição do infrator no Cadastro Nacional deDefesa do Consumidor;IV - a recomendação aos órgãos públicos competentespara que:a) seja concedida licença compulsória de patentes detitularidade do infrator;b) não seja concedido ao infrator parcelamento de tributosfederais por ele devidos ou para que sejam cancelados, notodo ou em parte, incentivos fiscais ou subsídios públicos;V - a cisão de sociedade, transferência de controlesocietário, venda de ativos, cessação parcial de atividade,ou qualquer outro ato ou providência necessários para aeliminação dos efeitos nocivos à ordem econômica. 91 

Apesar deste capítulo III da Lei estabelecer o título de“Penas”, também descreve comportamentos e estabelece penasao mesmo tempo, diferentemente do que parece ser a intençãodo legislador ao estabelecer capítulos diferentes para asinfrações e as penas. É o caso dos artigos 25, 26 e 26-A, veja:

Art. 25. Pela continuidade de atos ou situações queconfigurem infração da ordem econômica, após decisãodo Plenário do Cade determinando sua cessação, ou pelodescumprimento de medida preventiva ou compromissode cessação previstos nesta lei, o responsável fica sujeito amulta diária de valor não inferior a 5.000 (cinco mil)Unidades Fiscais de Referência (Ufir), ou padrãosuperveniente, podendo ser aumentada em até vinte vezesse assim o recomendar sua situação econômica e agravidade da infração.

91 Lei nº. 8.884, de 11 de junho de 1994, Título V – Das Infrações da Ordem Econômica, Capítulo III – Daspenas, artigos 23 e 24. 

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 Art. 26. A recusa, omissão, enganosidade, ou

retardamento injustificado de informação ou documentossolicitados pelo Cade, SDE, Seae, ou qualquer entidadepública atuando na aplicação desta lei, constitui infraçãopunível com multa diária de 5.000 Ufirs, podendo seraumentada em até vinte vezes se necessário para garantirsua eficácia em razão da situação econômica do infrator.§ 1o O montante fixado para a multa diária de que trata ocaput deste artigo constará do documento que contiver arequisição da autoridade competente.§ 2o A multa prevista neste artigo será computadadiariamente até o limite de noventa dias contados a partirda data fixada no documento a que se refere o parágrafoanterior.§ 3o Compete à autoridade requisitante a aplicação damulta prevista no caput deste artigo.§ 4o Responde solidariamente pelo pagamento da multa deque trata este artigo, a filial, sucursal, escritório ouestabelecimento, no País, de empresa estrangeira.§ 5o A falta injustificada do representado ou de terceiros,

quando intimados para prestar esclarecimentos orais, nocurso de procedimento, de averiguações preliminares oude processo administrativo, sujeitará o faltante à multa deR$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.700,00 (dez mil esetecentos reais), conforme sua situação econômica, queserá aplicada mediante auto de infração pela autoridaderequisitante.

Art. 26-A. Impedir, obstruir ou de qualquer outra formadificultar a realização de inspeção autorizada pela SDE ouSEAE no âmbito de averiguação preliminar,procedimento ou processo administrativo sujeitará oinspecionado ao pagamento de multa de R$ 21.200,00(vinte e um mil e duzentos reais) a R$ 425.700,00(quatrocentos e vinte e cinco mil e setecentos reais),conforme a situação econômica do infrator, mediante a

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_____________________________________________________________________________________127Direitos reservados – proibido a reprodução parcial ou total desse trabalho. 

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lavratura de auto de infração pela Secretaria competente.92 

Esta Lei também estabelece além das penas aplicadas àsinfrações, as agravantes possíveis de aplicação na fixação daspenas aplicáveis a cada caso. Veja o artigo:

Art. 27. Na aplicação das penas estabelecidas nesta leiserão levados em consideração:I - a gravidade da infração;II - a boa-fé do infrator;III - a vantagem auferida ou pretendida pelo infrator;IV - a consumação ou não da infração;V - o grau de lesão, ou perigo de lesão, à livreconcorrência, à economia nacional, aos consumidores, oua terceiros;VI - os efeitos econômicos negativos produzidos nomercado;VII - a situação econômica do infrator;VIII - a reincidência. 93 

3.5 – Os Crimes Contra a Ordem Econômica.

Os crimes e as contravenções contra a ordem econômicaestão dispostos em vários dispositivos legais, bem como as suas

atenuantes e agravantes, além de outras normas gerais deaplicação de penas. Relaciono-os abaixo e, posteriormente,transcreverei alguns artigos e discorrerei a respeito objetivandoum efeito meramente exemplificativo. A relação abaixo, traz 19normativos legais a respeito do assunto:

92 Lei nº. 8.884, de 11 de junho de 1994, Título V – Das Infrações da Ordem Econômica, Capítulo III – Daspenas, artigos 25, 26 e 26-A. 

93 Lei nº. 8.884, de 11 de junho de 1994, Título V – Das Infrações da Ordem Econômica, Capítulo III – Daspenas, artigo 27. 

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- Lei nº. 556, de 25 de junho de 1850, que trata do CódigoComercial Brasileiro, nos artigos de 279 e 655;

- Decreto nº. 177-A, de 15 de setembro de 1893, que tratade regular a emissão de empréstimos em obrigações ao portador(debêntures) das companhias ou sociedades anônimas, no artigo3º;

- Decreto nº. 22.626, de 7 de abril de 1933, que trata delimites dos juros contratuais – “Lei de Usura”, nos artigos de 13até 15;

- Lei nº. 492, de 30 de agosto de 1937, que trata de regularo penhor rural e a cédula pignoratícia, no artigo de 35;

- Lei nº. 1.521, de 26 de dezembro de 1951, que trata decrimes contra a economia popular, todos os seus artigos queainda estiverem em vigor;

- Lei nº. 4.591, de 16 de dezembro de 1964, que trata decondomínio em edificações e as incorporações imobiliárias, nosartigos de 65 e 66;

- Lei nº. 4.595, de 31 de dezembro de 1964, que tratasobre a política e as instituições monetárias, bancárias ecreditícias e cria o Conselho Monetário Nacional, nos seusartigos 34, 38 e 44;

- Lei nº. 4.728, de 14 de julho de 1965, que trata dedisciplinar o mercado de capitais e estabelece medidas para oseu desenvolvimento, nos artigos de 73 e 74;

- Decreto-Lei nº. 70, de 21 de novembro de 1966, que tratasobre autorização de funcionamento de associações depoupança e empréstimo e institui a cédula hipotecária, no artigode 27;

- Decreto nº. 73, de 21 de novembro de 1966, que tratasobre o sistema nacional de seguros privados, no artigo 110;

- Decreto-Lei nº. 167, de 14 de fevereiro de 1967, que tratasobre títulos de crédito rural, no artigo de 21;- Lei nº. 5.741, de 1º de dezembro de 1969, que trata sobre

a proteção do financiamento de bens imóveis vinculados aosistema financeiro da habitação, no artigo de 9º;

- Lei nº. 7.347, de 24 de julho de 1985, que trata dedisciplinar a ação civil pública de responsabilidade por danoscausados ao meio ambiente e ao consumidor, nos artigos de 10ao 15;

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- Lei nº. 7.492, de 16 de junho de 1986, que trata de definiros crimes contra o sistema financeiro nacional, todos os artigos;

- Lei nº. 8.078, de 11 de setembro de 1990, que trata daproteção do consumidor, nos artigos de 63 até 80;- Lei nº. 8.137, de 27 de dezembro de 1990, que trata de

definir os crimes contra a ordem tributária, econômica e contraas relações de consumo, nos artigos de 4º ao 7º;

- Lei nº. 8.176, de 8 de fevereiro de 1991, que trata dedefinir os crimes contra a ordem econômica e cria o sistema deestoques de combustíveis, nos artigos de 1º e 2º;

- Lei nº. 8.245, de 18 de outubro de 1991, que trata daslocações de imóveis urbanos, nos artigos de 43 e 44;

- Lei nº. 9.613, de 3 de março de 1998, que trata sobre oscrimes de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores, noartigo de 1º.

A escolha poderia recair sobre qualquer um, mas dada asua proximidade, escolhi alguns crimes presentes na Lei nº.8.078/90, o Código de Defesa do Consumidor, por razãomeramente didática. Assim, dois exemplos, artigos 67 e 71:

Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe oudeveria saber ser enganosa ou abusiva:Pena – Detenção de três meses a um ano e multa.Parágrafo único. (vetado)

Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça,coação, constrangimento físico ou moral, afirmaçõesfalsas, incorretas ou enganosas ou de qualquer outroprocedimento que exponha o consumidor,injustificadamente, a ridículo ou interfira com seutrabalho, descanso ou lazer:Pena – detenção de três meses a um ano e multa.

A criminalização de atos contrários à Ordem Econômicaabrange os que são contra o consumidor. O artigo 67 ficouvulgarmente conhecido como “propaganda enganosa”. Quando ofornecedor pratica a “propaganda enganosa” atenta contra o

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sistema e faz gerar dúvida na consciência do consumidorestabelecendo um preconceito ao sistema e inibindo o consumo.

No artigo 71 a proteção pretendida é a forma com quedevem ser cobradas as dívidas. Este comportamento já estáprevisto no Código Penal, mas a sua adequação ao tema, tornao artigo especial, visto que no seu tipo traz uma cobrança feitautilizando a ameaça e a coação. Este tipo penal é mais umaproteção ao consumidor e, conseqüentemente, à OrdemEconômica.

3.6 – A Proteção da Ordem Econômica Face às Leis nº.8.884/94 e nº. 8.078/90.

A combinação de penalização econômica e administrativacom penal traduz-se em um resultado que obstrui todos os

caminhos imagináveis, no nosso sistema jurídico, para aqueleque deseja desenvolver um comportamento contrário aofuncionamento da ordem econômica.

A Lei nº. 8.884/94 regula o sistema de levantamento desituações puníveis e de seu julgamento administrativo,imputando-lhes penalizações pecuniárias e administrativas.Atuando em um âmbito econômico e cobrando um valor

monetário dos infratores, imprime no sistema um temor para arealização de atos que são contrários à ordem econômica. Poroutro lado, e atrelado a penalização pecuniária, estabeleceações administrativas como a inclusão do nome do infrator emuma lista de infratores, o que certamente provoca um desgastena sua boa imagem e, por conseqüência, redução no seufaturamento.

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Já, a Lei nº. 8.078/90 trata da proteção do consumidor. Oconsumidor, no aspecto meramente mercadológico, não

considerando os outros aspectos abordados pelo artigo 170 daConstituição Federal de 1988, é o ator mais importante naOrdem Econômica, pois toda a riqueza produzida, distribuída ecirculada tem como objetivo final chegar nas “mãos” de umconsumidor. A sua proteção significa a perpetuação dofornecedor, pois não tem fornecedor sem consumidor. Proteger oconsumidor é perpetuar o sistema. Estabelecendo crimes einfrações, bem como suas correspondentes penalidadespecuniárias, penais e administrativas, o Código de Defesa doConsumidor cria um arcabouço de proteção para o sistema deprodução, distribuição e circulação de riquezas no País.

Quando as Leis nº. 8.884/94 e nº. 8.078/90 estabelecemnormas para funcionamento da economia, protegem a OrdemEconômica, pois age diretamente nos elementos da políticaeconômica e proporcionam a intervenção do Estado.

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4 – OS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO DA ORDEMECONÔMICA.

A defesa da ordem econômica é e deve ser feita por toda asociedade e não só por alguém, algum órgão ou ente federado.Quantas vezes, na história brasileira, foi possível observar que oGoverno Federal, liderado pelo Presidente da República, direcionou apolítica econômica para um caminho e os Governos Estaduais ouMunicipais escolheram outros, apenas por questões políticas. Umcaso ficou patente na recente história quando no Governo Federalestava na Presidência da República Fernando Henrique Cardoso, e no

Governo do Estado de Minas-Gerais o ex-presidente da RepúblicaItamar Franco, eleitos por partidos diferentes. Ocorreu umdesentendimento entre eles e o Governador Itamar Francosimplesmente disse que não pagaria a dívida externa do Estado deMinas-Gerais. Imediatamente, houve uma queda nas bolsas devalores de todo o mundo, inclusive as do Brasil. Mais. O capitalestrangeiro que estava no Brasil ameaçou migrar para outro país e,certamente, o que estava por vir, não veio. Este é um bom exemplo arespeito do que os outros atores deste processo podem fazer em prol

do equilíbrio ou do desequilíbrio do sistema.

A idéia exposta neste primeiro parágrafo é só para umareflexão maior a respeito do assunto. O enfoque do capítulo se resumeem dizer quem é responsável, constitucional e/ou legalmente, porcuidar da ordem econômica. Vale dizer: quem é o guardiãoadministrativo para vislumbrar, fiscalizar e atuar de forma a provocar apreservação da política econômica definida em nível nacional.

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4.1 – A Secretaria de Direito Econômico – SDE.

A Secretaria de Direito Econômico é órgão vinculado aoMinistério da Justiça, portanto um órgão federal. Ela estápresente na estrutura federal por intervir diretamente emassuntos que tratam da política econômica, um assunto a sertratado pela União, em conformidade com a Constituição Federalde 1988.

Art. 13. A Secretaria de Direito Econômico do Ministérioda Justiça (SDE), com a estrutura que lhe confere a lei,será dirigida por um Secretário, indicado pelo Ministro deEstado de Justiça, dentre brasileiros de notório saber

 jurídico ou econômico e ilibada reputação, nomeado peloPresidente da República. 94 

4.1.1 – SDE – A Sua competência.

A Secretaria de Direito Econômico funciona como umestágio anterior ao Conselho Administrativo de DefesaEconômica – CADE, pois é ela que executa, operacionaliza ouinstrumenta as ações do Cade. Simploriamente e guardadas asdevidas proporções, a SDE está para o CADE, assim como aPolícia Judiciária está para o Poder Judiciário.

Art. 14. Compete à SDE:I - zelar pelo cumprimento desta lei, monitorando eacompanhando as práticas de mercado;II - acompanhar, permanentemente, as atividades epráticas comerciais de pessoas físicas ou jurídicas quedetiverem posição dominante em mercado relevante debens ou serviços, para prevenir infrações da ordem

94 Lei nº. 8.884, de 11 de junho de 1994, Título IV – Da Secretaria de Direito Econômico (SDE), artigo 13. 

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econômica, podendo, para tanto, requisitar as informaçõese documentos necessários, mantendo o sigilo legal,

quando for o caso;III - proceder, em face de indícios de infração da ordemeconômica, a averiguações preliminares para instauraçãode processo administrativo;IV - decidir pela insubsistência dos indícios, arquivandoos autos das averiguações preliminares;V - requisitar informações de quaisquer pessoas, órgãos,autoridades e entidades públicas ou privadas, mantendo osigilo legal quando for o caso, bem como determinar asdiligências que se fizerem necessárias ao exercício dassuas funções;VI - instaurar processo administrativo para apuração erepressão de infrações da ordem econômica;VII - recorrer de ofício ao Cade, quando decidir peloarquivamento das averiguações preliminares ou doprocesso administrativo;VIII - remeter ao Cade, para julgamento, os processos queinstaurar, quando entender configurada infração da ordemeconômica;

IX - celebrar, nas condições que estabelecer, compromissode cessação, submetendo-o ao Cade, e fiscalizar o seucumprimento;X - sugerir ao Cade condições para a celebração decompromisso de desempenho, e fiscalizar o seucumprimento;XI - adotar medidas preventivas que conduzam à cessaçãode prática que constitua infração da ordem econômica,fixando prazo para seu cumprimento e o valor da multadiária a ser aplicada, no caso de descumprimento;XII - receber e instruir os processos a serem julgados peloCade, inclusive consultas, e fiscalizar o cumprimento dasdecisões do Cade;XIII - orientar os órgãos da administração pública quantoà adoção de medidas necessárias ao cumprimento destalei;XIV - desenvolver estudos e pesquisas objetivandoorientar a política de prevenção de infrações da ordemeconômica;

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XV - instruir o público sobre as diversas formas deinfração da ordem econômica, e os modos de sua

prevenção e repressão;XVI - exercer outras atribuições previstas em lei. 95 

Cabe ressaltar ainda, a Lei nº. 9.021, de 30 de março de1995 que dispõe sobre a implementação da autarquia ConselhoAdministrativo de Defesa Econômica (CADE), criada pela Lei nº.8.884, de 11 de junho de 1994, traça com detalhe ofuncionamento da autarquia, inclusive sobre o provimento doscargos de conselheiro.

4.2 – O Conselho Administrativo de Defesa Econômica –CADE.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE

é uma autarquia vinculada ao Ministério da Justiça e tem raio deação fixado em todo o território nacional. É formada por umcolegiado, isto é, através de seus conselheiros os “julgamentos”administrativos são realizados via voto aberto e direto, sendovencedora a tese que tiver a maioria dos votos. A Lei nº. 8.884,de 11 de junho de 1994 é clara quanto ao Conselho, veja o artigo3º:

Art. 3º O Conselho Administrativo de Defesa Econômica(Cade), órgão judicante com jurisdição em todo oterritório nacional, criado pela Lei nº 4.137, de 10 desetembro de 1962, passa a se constituir em autarquiafederal, vinculada ao Ministério da Justiça, com sede eforo no Distrito Federal, e atribuições previstas nesta lei.96 

95 Lei nº. 8.884, de 11 de junho de 1994, Título IV – Da Secretaria de Direito Econômico (SDE), artigo 14. 96 Lei nº. 8.884, de 11 de junho de 1994, Título II – Do Conselho Administrativo de Defesa Econômica

(Cade), Capítulo I – Da Autarquia, artigo 3º. 

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4.2.1 – CADE – a sua competência.

Sinteticamente, o Cade é uma autarquia que funcionacomo um órgão de julgamento administrativo de assuntostratados pelo Direito Econômico. Apesar de ser “órgãoadministrativo”, suas decisões geram títulos extrajudiciais deexecução imediata, inclusive não suspendendo a sua execuçãodiante da utilização de nenhum recurso, ainda que judicial.

Para análise das atribuições do Cade se faz necessária aelaboração de um parâmetro. Explanar sobre todas asatribuições do Cade em um trabalho didático será desgastante,entretanto, a sua omissão pode levar ao não entendimento dasfinalidades de existência desta autarquia. Assim, a competênciado plenário é descrita no artigo 7º, da lei 8.884/94, cuja citaçãosegue:

Art. 7º Compete ao Plenário do Cade:

I - zelar pela observância desta lei e seu regulamento e doRegimento Interno do Conselho;II - decidir sobre a existência de infração à ordemeconômica e aplicar as penalidades previstas em lei;III - decidir os processos instaurados pela Secretaria deDireito Econômico do Ministério da Justiça;IV - decidir os recursos de ofício do Secretário da SDE;V - ordenar providências que conduzam à cessação deinfração à ordem econômica, dentro do prazo quedeterminar;VI - aprovar os termos do compromisso de cessação deprática e do compromisso de desempenho, bem comodeterminar à SDE que fiscalize seu cumprimento;VII - apreciar em grau de recurso as medidas preventivasadotadas pela SDE ou pelo Conselheiro-Relator;VIII - intimar os interessados de suas decisões;IX - requisitar informações de quaisquer pessoas, órgãos,autoridades e entidades públicas ou privadas, respeitandoe mantendo o sigilo legal quando for o caso, bem como

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determinar as diligências que se fizerem necessárias aoexercício das suas funções;

X - requisitar dos órgãos do Poder Executivo Federal esolicitar das autoridades dos Estados, Municípios, DistritoFederal e Territórios as medidas necessárias aocumprimento desta lei;XI - contratar a realização de exames, vistorias e estudos,aprovando, em cada caso, os respectivos honoráriosprofissionais e demais despesas de processo, que deverãoser pagas pela empresa, se vier a ser punida nos termosdesta lei;XII - apreciar os atos ou condutas, sob qualquer formamanifestados, sujeitos à aprovação nos termos do art. 54,fixando compromisso de desempenho, quando for o caso;XIII - requerer ao Poder Judiciário a execução de suasdecisões, nos termos desta lei;XIV - requisitar serviços e pessoal de quaisquer órgãos eentidades do Poder Público Federal;XV - determinar à Procuradoria do Cade a adoção deprovidências administrativas e judiciais;XVI - firmar contratos e convênios com órgãos ou

entidades nacionais e submeter, previamente, ao Ministrode Estado da Justiça os que devam ser celebrados comorganismos estrangeiros ou internacionais;XVII - responder a consultas sobre matéria de suacompetência;XVIII - instruir o público sobre as formas de infração daordem econômica;XIX - elaborar e aprovar seu regimento interno dispondosobre seu funcionamento, na forma das deliberações,normas de procedimento e organização de seus serviçosinternos, inclusive estabelecendo férias coletivas doColegiado e do Procurador-Geral, durante o qual nãocorrerão os prazos processuais nem aquele referido no §6º do art. 54 desta lei.XX - propor a estrutura do quadro de pessoal daautarquia, observado o disposto no inciso II do art. 37 daConstituição Federal;XXI - elaborar proposta orçamentária nos termos desta lei.

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XXII - indicar o substituto eventual do Procurador-Geralnos casos de faltas, afastamento ou impedimento. 97 

4.3 – Os Procons.

Os Estados-membros e os Municípios, em determinaçãodos normativos legais e constitucionais, organizaram estruturaspara atuarem em defesa do consumidor.

Toda a sua estrutura está relacionada a uma Secretaria deEstado. Na maioria dos Estados-membros está vinculada àSecretaria de Justiça. Nos Municípios, o vínculo é feito com assuas procuradorias.

Os Procons têm um objetivo no âmbito dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios, semelhante ao proposto para aSecretaria de Direito Econômico – SDE e para o ConselhoAdministrativo de Defesa Econômica – CADE, isto é, receber asreclamações dos consumidores, patrocinar o acordo entre eles enão sendo possível, propor ação contra o fornecedor, nos casoscabíveis.

Eles também atuam exercitando o poder de polícia e

“julgando” administrativamente, aplicam respectivas penaspecuniárias e administrativas, as quais a normatização legal lheimputa a competência de aplicador.

97 Lei nº. 8.884, de 11 de junho de 1994, Título II – Do Conselho Administrativo de Defesa Econômica(Cade), Capítulo III – Da Competência do Plenário do Cade, artigo 7º. 

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5 – A PROCESSUALÍSTICA DA LEI 8.884/94.

A Lei nº. 8.884, de 11 de junho de 1994, nos artigos de 32até o 53 traz como é instaurado o “processo administrativo”, asocorrências incidentes, a produção de prova, o julgamento e aexecução.

Procurando uma melhor didática, dividi o “processo” emduas partes: na Secretaria de Direito Econômico – SDE e noConselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE.

A sistemática implantada tem um pequeno comentário, emcada item, e logo em seguida um fluxograma do processo,relevando que dado a alto detalhamento do “processo”recomendo a leitura do fluxograma combinada com o texto legal.

5.1 – O Processo na Secretaria de Direito Econômico –SDE.

Partindo dos artigos 32 ao 41, elaborei um fluxograma queretrata o caminho a ser seguido do início, na Secretaria de

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Direito Econômico – SDE, até a remessa para o ConselhoAdministrativo de Defesa Econômica – CADE ou seu

arquivamento.

Veja o fluxograma:

Conhecimento do fato, representaçãoou encerramento das averiguações

Instauração do “processo” pordespacho do Secretário da SDE

até 08dias

Intimaçãoda

SEAE

Notificação inicial do Representado

Primeiro porcomunicaçãovia correio

com A.R. nãosurtindo

efeito poredital

Depois, por editalno D.O.U. ou em jornal de grande

circulação noestado do

Representado.

Representado apresenta defesa em até15 dias, contados da juntada

As demaisintimaçõesserão feitasvia D.O.U.

Nãoapresentandodefesa, ocorre

a revelia enão haverá

maisintimações.

Conhecimento do fato, representaçãoou encerramento das averiguações.

SDE - instrução - produção de provas:- inquirição de testemunhas,

- inspeção local,- diligências,

Em 45 dias prorrogáveis por mais 45

Se necessário,a Advocacia

Geral da

Possibilidade de leniência

Ocorrênciaart. 35-B

NãoOcorrência

Acompanhamentopela SDE

Totalcumprimentodo acordado

Em caso de

crime, impede adenúncia

Fim com oarquivamento

decretadopelo CADE

Prazo de 45 dias daapresentação da

defesa para juntadade documentos erequerimento para

a oitiva detestemunhas

Uniãoprovocará oJudiciário

PrazoMáximo

para

a juntada denovos

documentos

Fim da instrução

Notificação do Representadopara em 05 dias apresentar

alegações finais

Relatório conclusivo doSecretário da SDE e

posterior remessa ao CADE

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5.2 – O Processo no Conselho Administrativo de DefesaEconômica – CADE.

Aqui não é diferente, sendo fundado nos artigos 42 ao 53.Abaixo elaborei um fluxograma que retrata o caminho a serseguido do início, o recebimento pelo Presidente do CADE, até asua execução ou seu arquivamento.

Veja o fluxograma:

Secretário da SDE remete osautos ao Presidente do CADE

Recebimento pelo Presidente doCADE e distribuição por sorteio

Conselheiro-relator recebe osautos e abre vista para aProcuradoria por 20 dias

O conselheiro-relatornecessitando requererá novas

diligências e informações

O conselheiro-relatornecessitando autorizará ao

Representado a produção denovas provas

O Presidente, por solicitação doconselheiro-relator, convidará pessoa

para prestar esclarecimentos

Intimação daspartes para o julgamentono plenário

com nomínimo 05

dias deantecedência

Julgamento pelo plenário iniciará

quando presentes 05 conselheiros

Iniciado o julgamento, lido o relatório, oProcurador-geral e o Representado ouseu Advogado, farão sustentação oral

por 15 minutos cada um

As decisões do CADE serão por maioriaabsoluta e publicada em 05 dias no

D.O.U.

Absolvido oRepresen-tado, os

autos serãoarquivados

Condenado oRepresentado não tem

recurso no Executivo e oseu não cumprimento

acarreta execução judicial

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