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DIREITO E JUTIÇA No pensar de Tércio Sampaio Ferraz Jr, sobre direito e justiça, a questão que se impõe é a de saber se existem normas jurídicas totalizadoras e unificadoras capazes de estimar se o direito é legitimo ou ilegítimo, uma vez que, a sociedade está em constantes mudanças, em resumo, se o direito possui um fundamento passional, subjetivo e irracional, ou se existe uma razão, uma universalidade por traz da noção de direito que dê sentido à estrutura de normatização das condutas por meio do direito. É preciso que haja uma ideia de universalidade e racionalidade no conceito de justiça. O direito deve ser justo (ou não terá sentido respeitá-lo) para que a justiça possa manter-se com um sentido unificador da moral e da ordem, para que se construa um senso de justiça e não se perca o sentido do dever-ser da norma instituída. Desse modo, a noção de justiça deve ser resistente à mudança histórica mesmo que, embora, não deva ser insensível à ela. Na modernidade discute-se a justiça sob dois aspectos: o formal, onde aparece como um valor ético-social e se exige a atribuição daquilo que lhe é devido; e o material, aspecto que trata da determinação daquilo que é devido a cada um. Desde Aristóteles, na obra Ética a Nicômaco, a justiça, no aspecto formal, corresponde a ideia de proporcionalidade aritmética. Ele opera uma divisão entre justiça comunicativa, e distributiva. A primeira diz respeito à relação de proporcionalidade entre sujeitos iguais, enquanto a segunda diz respeito à proporcionalidade entre sujeitos diferentes, embora em ambas a noção de igualdade se encontre como norteador do conceito de justo. Portanto, a noção de racionalização para um equilíbrio das relações sociais e das coisas entre indivíduos em relações bilaterais pautada pela ideia de igualdade subjaz desde então como fundamento da noção de justiça no direito. Se em seu aspecto formal se dá essa generalização da racionalidade, no aspecto material operam diferentes graus de racionalização (onde se aceitam certas desigualdades proporcionais entre os membros), variando conforme a decodificação do sistema. Em caso de decodificação forte se dá uma valorização da exatidão, do cumprimento coerente das normas, em suma, da obediência ascética do código tendo em vista o interesse comum. No segundo caso, de decodificação fraca, se dá uma valorização do personalismo, a valorização da “bondade equitativa, espaçosa e ilimitada, donde o reconhecimento de que a administração pública é um bem em sí” (FERRAZ JR, 1996 p.354).

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Direito e Jutiça

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Page 1: Direito e Jutiça

DIREITO E JUTIÇA

No pensar de Tércio Sampaio Ferraz Jr, sobre direito e justiça, a questão que se impõe é a de saber se existem normas jurídicas totalizadoras e unificadoras capazes de estimar se o direito é legitimo ou ilegítimo, uma vez que, a sociedade está em constantes mudanças, em resumo, se o direito possui um fundamento passional, subjetivo e irracional, ou se existe uma razão, uma universalidade por traz da noção de direito que dê sentido à estrutura de normatização das condutas por meio do direito.

É preciso que haja uma ideia de universalidade e racionalidade no conceito de justiça. O direito deve ser justo (ou não terá sentido respeitá-lo) para que a justiça possa manter-se com um sentido unificador da moral e da ordem, para que se construa um senso de justiça e não se perca o sentido do dever-ser da norma instituída. Desse modo, a noção de justiça deve ser resistente à mudança histórica mesmo que, embora, não deva ser insensível à ela.

Na modernidade discute-se a justiça sob dois aspectos: o formal, onde aparece como um valor ético-social e se exige a atribuição daquilo que lhe é devido; e o material, aspecto que trata da determinação daquilo que é devido a cada um.

Desde Aristóteles, na obra Ética a Nicômaco, a justiça, no aspecto formal, corresponde a ideia de proporcionalidade aritmética. Ele opera uma divisão entre justiça comunicativa, e distributiva. A primeira diz respeito à relação de proporcionalidade entre sujeitos iguais, enquanto a segunda diz respeito à proporcionalidade entre sujeitos diferentes, embora em ambas a noção de igualdade se encontre como norteador do conceito de justo.

Portanto, a noção de racionalização para um equilíbrio das relações sociais e das coisas entre indivíduos em relações bilaterais pautada pela ideia de igualdade subjaz desde então como fundamento da noção de justiça no direito. Se em seu aspecto formal se dá essa generalização da racionalidade, no aspecto material operam diferentes graus de racionalização (onde se aceitam certas desigualdades proporcionais entre os membros), variando conforme a decodificação do sistema. Em caso de decodificação forte se dá uma valorização da exatidão, do cumprimento coerente das normas, em suma, da obediência ascética do código tendo em vista o interesse comum. No segundo caso, de decodificação fraca, se dá uma valorização do personalismo, a valorização da “bondade equitativa, espaçosa e ilimitada, donde o reconhecimento de que a administração pública é um bem em sí” (FERRAZ JR, 1996 p.354).

Desse modo, a justiça, aspecto fundamental na constituição do sentido do direito, é, em seu aspecto formal, estruturalmente fundada na noção de igualdade proporcional, embora em seu aspecto material seja tida como “problema significativo permanente”.

FERRAZ JR, TERCIO S. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação. São Paulo: Atlas, 1996.

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DIREITO E JUSTIÇA

INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa ao entendimento do que se conhece por Direito e Justiça, conceitos que equilibram a vida, nas mais diversas sociedades. Direito e Justiça são fenômenos paralelos. A Justiça é tema fundamental da filosofia, deve ser vista como um valor, como uma realidade axiológica e um desafio permanente para os estudiosos. Já o Direito é buscar permanentemente da justiça. Essa é a finalidade que define e justifica o Direito.

DIREITO

É o estudo do conjunto de normas jurídicas (direitos e deveres), que tem como objetivo regular a conduta do indivíduo na sociedade. O Direito procura oferecer uma visão unitária e panorâmica dos diversos campos em que se desdobra à conduta humana. Pode ser caracterizado pela função deste ser um

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“manto protetor” de organização e de direção dos comportamentos sociais. Para que essa garantia seja possível é que existem as regras e as normas de Direito.

TIPOS DE DIREITO

Direito PositivoSão um conjunto de normas escritas, gravadas nas Leis,  criadas e

aprovadas pelo poder legislativo, a serem aplicadas pelo Estado em determinada sociedade. Deve ser respeitado como um todo e, quando violadas essas normas, tipifica uma sanção pelo Estado, devendo o Juiz ser o aplicador dessas normas. Exemplo: Código Penal. Art. 121- Matar alguém.Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Direito NaturalDireito natural se traduz-se na existência de um direito fundado na natureza

das coisas e, em último tempo, na vontade divina, no direito justo. É o direito que nasce com a gente, tem conotação moral. Ex: direito a vida, a liberdade de pensamento, a locomoção.

Direito PúblicoSão as regras que organizam politicamente a sociedade e que conferem

aos órgãos públicos e aos particulares em geral, direitos e deveres de comprimento obrigatório, visando a melhor organização social. O dever do direito público é organizar os direitos gerais da coletividade, garantir os direitos individuais dos cidadãos, reprimir os delitos e estabelecer as normas de relações internacionais.

Direito PrivadoSão conjuntos de normas que regulam as relações horizontais, ou seja, de

particulares entre si.  O dever do direito privado é estabelecer um conjunto de normas, de comprimento obrigatório, que organizam as relações dos indivíduos nacionais ou estrangeiros, em suas atividades cotidianas ou em suas relações pessoais e ou comerciais. Assim, compete ao direito privado, estabelecer normas para o casamento entre pessoas, o direito de propriedade, o direito de sucessão, o exercício da atividade empresarial e comercial, entre outros.

FONTES DO DIREITO

Fontes EstataisAs fontes estatais do direito são constituídas de normas escritas vigentes

em determinado Estado e por ele promulgadas, no qual têm validade e aplicação pelas autoridades administrativas ou pelas judiciárias.

Fontes Não EstataisAs fontes não Estatais do direito são nomas proveniente de Doutrina e

certos costumes adotados por uma sociedade em determinado tempo.

Fontes Diretas ou ImediatasAs fontes diretas são a lei e os costumes, tendo em vista os hábitos sociais

que aderem ou não a uma determinada lei. O fato de uma lei existir é suficiente para se tornar fonte direta.

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Fontes Indiretas ou MediatasAs fontes indiretas são a doutrina e a jurisprudência. A doutrina são as

publicações, os livros, enfim as divulgações das considerações de um jurista ou pensador na área jurídica. A jurisprudência nada mais é que o conjunto de interpretações e sentenças dos tribunais, utilizado pelo juiz para tomadas de decisões.

Fontes FormaisDiz respeito a fatos que fornecem a uma regra o caráter de direito positivo e

obrigatório. Regras jurídicas especialmente escritas como as legislações.

Fontes MateriaisSão os fatos sociais que contribuem para a formação do direito. São

acontecimentos de extrema importância para a vida que devem ser disciplinados pelo direito como os costumes.

JUSNATURALISMO

Acrescentar conceito. Tem a ver com o direito natural

JUSTIÇA

Justiça significa respeito à igualdade de todos os cidadãos. É o principio básico que tem o objetivo de manter a ordem social através da preservação dos direitos em sua forma legal. É um termo abstrato que designa o respeito pelo direito de terceiros, a aplicação ou do seu direito por ser maior em virtude moral ou material. A Justiça pode ser reconhecida por mecanismos automáticos ou intuitivos nas relações sociais, ou por mediação através dos tribunais.

TIPOS DE JUSTIÇA

Justiça ComutativaImplica uma reciprocidade de prestações, um dar e receber o que é devido

a cada um. Essa modalidade rege as relações entre os membros da sociedade. Essa idéia é muito ligada ao direito privado e mormente aos negócios jurídicos: numa compra e venda, o direito do vendedor é receber o preço e o do comprador receber a coisa; no contrato de trabalho, é justo que quem trabalhou receba remuneração, ou, em palavras mais singelas, todo trabalho, em princípio, deve ser remunerado. A idéia básica da justiça comutativa vem dos primórdios da história do Direito, quando o comércio se baseava em trocas. Quando surge a moeda e conseqüentemente a compra e venda, a idéia transfere-se para esse negócio jurídico. Destarte, quando na compra e venda discute-se à exaustão o preço, as partes tendem a acordar sobre um preço justo. Atualmente, há todo um aparato estrutural, desde regras interpretativas até, inclusive, uma lei de defesa do consumidor.

Justiça Distributiva

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Nesse campo, a idéia central é no sentido de que os iguais sejam tratados igualmente e os desiguais de acordo com a sua desigualdade. Distribui-se a justiça da melhor forma, ou da forma mais adequada possível. Levam-se em conta, como linha geral, o mérito, a capacidade e a necessidade de cada um. Esse papel é modernamente desempenhado curialmente pelo Estado. Difícil será sempre, no caso concreto, aferir o mérito, a capacidade e a necessidadede cada um, em cotejo com toda a sociedade. Daí por que serão freqüentes as distorções que podem trazer inquietação social, cabendo ao governante sentir as necessidades sociais a cada momento.

Justiça PenalA justiça penal, deve ser essencialmente distributiva, pois é seu princípio

básico a individualização da pena. O juiz penal deve levar em conta, ao condenar um delinqüente, as circunstâncias objetivas e subjetivas que envolvem a conduta punível. Daí por que o adolescente e o ancião não devem receber, pela mesma conduta punível, a mesma pena doadulto; o reincidente deve ser visto de forma mais rigorosa do que o primário, por exemplo, e assim em diante.

Justiça Geral ou LegalA justiça legal ou geral tem em mira os deveres dos membros da sociedade

com relação à sociedade em geral. Das partes integrantes com relação ao todo. É aquela geralmente descrita pelo ordenamento. A idéia central é no sentido de que cada pessoa deve dar sua contribuição em prol do chamado bem comum. Esse critério identifica-se, com freqüência, com a denominada justiça convencional, aquela que aplica as normas jurídicas. Diz-se convencional porque é fruto de uma criação humana. É aquela concepção de justiça admitida pelos positivistas ao contrário da justiça substancial, que se lastreia no direito natural. Quando coincidem os princípios de uma e de outra a sociedade estará protegida por uma justiça legítima e verdadeira.

Justiça SocialA chamada justiça social, assim referida nos últimos tempos mormente por

influência da Igreja, repousa na necessidade de proteção aos menos aquinhoados de bens, os hipossuficientes, como indivíduos e como nações. Na justiça social devem estar presentes os princípios de proteção e critérios para uma melhor distribuição de riquezas. Essa hipossuficiência, contudo, modernamente não deve ser vista unicamente sob o prisma material: deve ser melhor protegido, com instrumentos jurídicos, também aquele que se mostra juridicamente mais fraco, perante o que se apresenta forte no esquema judicial, como ocorre com o consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços e o administrado perante o Estado ou a Administração. A Constituição Federal apresenta inúmeras normas buscando essa justiça social nos planos da seguridade social, saúde, previdência social, educação, cultura e esportes. Quanto mais acentuada a preocupação do ordenamento com esses fenômenos, maior será a solução e o alcance social do Estado. Também será, de certa forma, na maioria das oportunidades, uma justiça distributiva, quando a seletividade reside, por exemplo, na capacidade contributiva do contribuinte de impostos. De qualquer forma, o que se pretende com essa denominada justiça social é evoluir no sentido de traduzir uma concepção mais ampla de justiça que transcenda os simples direitos individualistas, dando ênfase à

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responsabilidade solidária dos membros da sociedade e do Estado para os menos favorecidos.

ESTADO DE DIREITO

Não sei se abordamos esse tema

Bibliografia:Dimitri Dimoulis - Manual de Introdução ao estudo do Direito pag 80Silvio de Salvo Venosa - Introdução ao estudo do direito pag 226