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DIREITO E CIDADANIA DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO

FEMININA NO ESTADO DA PARAÍBA

Ana Luíza Félix Severo

Wânia Claudia Gomes Di Lorenzo Lima

RESUMO

Este trabalho teve por objetivo analisar a medida socioeducativa de internação frente ao processo de construção da cidadania na Casa Educativa, no Estado da Paraíba. A pesquisa proveio da ausência de estudos na área, em trazer os princípios específicos para a aplicação de uma medida digna, breve e proporcional promovendo a educação, sem deixar de lado a resposta imposta pelo Estado a fim da ressocialização eficaz. Como também do despertar para que o direito regulador e coercitivo exista, é necessário que acatemos os valores fundamentais; sendo a cidadania nas variadas dimensões o meio para a efetivação desses direitos. Os dados foram levantados através da aplicação de questionários, além do aporte teórico das ciências sociais e jurídica. Utilizamos a metodologia de campo descritiva. O universo amostral compreendeu quinze adolescentes internas em julho de 2013 que desejaram participar do estudo. Através dessa pesquisa pudemos identificar o modo como as adolescentes receberam ou exerceram o direito e a cidadania na unidade, através das leis específicas que as regulam. Delineamos o perfil das adolescentes que cometeram atos infracionais, analisamos o descumprimento de normas jurídicas dentro de incongruências históricas e examinamos os dados amostrais. Apontamos algumas reflexões sem ambição de exaurir o tema e resultados percebidos. Não desejamos vitimizar à adolescente feminina, mas levantar que são diversos fatores que se unem no cenário de vulnerabilidade social feminina na vida pregressa e nas instituições de internação impossibilitando o exercício efetivo da cidadania e consequentemente do direito. Palavras-chave: Educação. Direito. Cidadania. Medida socioeducativa. Internação

feminina.

Recorte do trabalho apresentado para obtenção do título de Bacharela em Direito (UNIPÊ). Especializanda em Gênero e Diversidade na Escola (UFPB/NIPAM) e Direitos Humanos, Econômicos e Sociais (UFPB/CCJ); E-mail: [email protected] Doutoranda em Direito Econômico (UFPB); Professora orientadora do trabalho (UNIPÊ); E-mail: [email protected]

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1 INTRODUÇÃO

As mulheres enfrentaram lutas e tiveram conquistas referentes às garantias

de direitos sociais, políticos, econômicos, mas ainda é vista de modo desigual seja a

respeito da sexualidade ou da vulnerabilidade, na qual o gênero está exposto.

Ao focarmos nas adolescentes, período de transição entre a fase infantil e

adulta, onde passam por várias mudanças biológicas, psíquicas e sociais,

despertamos para as autoras de atos infracionais, a fim de conhecermos as

vulnerabilidades, demandas e a influência social ligada ao comportamento com

ações positiva ou negativa aceitas socialmente.

O objetivo do presente trabalho é analisar a medida socioeducativa de

internação frente ao processo de construção da cidadania na Casa Educativa para o

cumprimento da medida socioeducativa de internação.

Pesquisas do BRASIL (2012); CONSTANTINO (2001) e DELL’AGLIO;

SANTOS; BORGES (2004) apontam aumento significativo dos atos infracionais

cometidos por elas em todo o Brasil. E a medida socioeducativa de internação

representa uma forma em garantir a autora da prática de ato infracional o direito e a

cidadania para atingir a ressocialização de forma eficaz.

Sendo assim, indagamos como a medida socioeducativa no Estado da

Paraíba tem gerenciado o direito e a cidadania na internação feminina. Para tanto,

foi realizada pesquisa de campo de cunho qualitativo na Casa Educativa, instituição

da Fundação de Desenvolvimento da Criança e do Adolescente Alice de Almeida,

durante o mês de julho/2013.

Utilizamos como instrumento o questionário semiestruturado, contendo

perguntas abertas e fechadas, além delas abrangerem conteúdo avaliativo

respondidos pelas gestoras da unidade e quinze internas em medida socioeducativa.

Essas últimas foram selecionadas com critério de mais tempo de internação por se

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acreditar que apresentaria melhor avaliação da vivência e estrutura institucional;

bem como aceitação após a exposição inicial da pesquisa.

Não foi excluída nenhuma adolescente, pois todas as selecionadas

concordaram em participar e concluiu o questionário, vale mencionar que durante a

pesquisa não houve nenhum desligamento da unidade.

Para melhor compreender a dinâmica da casa educativa, teceremos breve

explanação sobre o sistema brasileiro de proteção jurídica de execução das medidas

socioeducativas, abordando-os sob o olhar atual de promoção dos direitos

fundamentais da criança e do adolescente. Além disso, não pretendemos exaurir o

tema, sendo os resultados a forma como percebemos o trabalho ao longo da

pesquisa, enquanto aprofundamento do assunto.

2 MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO E PRINCÍPIOS NORTEADORES

A denominação medida socioeducativa surgiu da compreensão de que além

do caráter punitivo existe a necessidade e finalidade primacial pedagógica da sua

aplicabilidade garantindo todos os direitos fundamentais para um bom

desenvolvimento biopsicossocial. Para isso, vamos expor alguns princípios basilares

da pessoa em desenvolvimento.

O princípio da Proteção Integral reconhece a condição peculiar da pessoa em

desenvolvimento colocando como responsáveis concorrentes a família, a sociedade

e o Estado, marco legal na Declaração dos Direitos das Crianças. Tal princípio “não

impede que se operem contenções de adolescentes que se envolvam em eventos

considerados conflitantes com a lei” (RAMIDOFF, 2011, p. 23).

Já o reconhecimento da condição peculiar da pessoa em desenvolvimento

tem importante destaque porque é onde se justifica que a/o adolescente pelo seu

estado de desenvolvimento deve receber tratamento, em resposta ao ato infracional

cometido, diferentemente de quem recebe uma pena.

A Carta Magna trouxe como princípios da medida socioeducativa: absoluta

prioridade, brevidade; excepcionalidade e a inimputabilidade penal a adolescentes

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até os 18 anos de idade. O Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Lei n°

12.494/2012) além de confirmar esses princípios, ainda trouxe os específicos, entre

eles: da legalidade, prioridade nas medidas restaurativas, proporcionalidade,

individualização da medida, mínima intervenção do Estado, não discriminação de

adolescente e o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.

As medidas socioeducativas são expostas no artigo 112 do Estatuto da

Criança e do Adolescente de forma gradativa em seis tipos: advertência, obrigação

de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida,

inserção em regime de semiliberdade e internação em estabelecimento educacional.

Por ser a Casa Educativa unidade de internação, analisaremos algumas

características dessa modalidade. Ela não apresenta tempo determinado, mas deve

atender a brevidade, sendo aplicada excepcionalmente, caracterizada pela

perspectiva educacional a que se propõe. Bem como, o juiz deverá levar em

consideração a sua capacidade em cumprir a medida proporcional à infração

cometida. Ainda assim, com a medida imposta, a/o adolescente será avaliada/o a

cada seis meses por profissionais da comunidade socioeducativa da unidade, modo,

pelo qual, é responsável pela sua progressão ou desligamento antes dos três anos

(ISHIDA, 2013).

Conforme o art. 22 do ECA, a medida privativa de liberdade não impede que

adolescente realize atividades pedagógicas externas. Além de possibilitar a sua

substituição quando houver outra medida proporcional ao ato infracional cometido

(BRASIL, 1990), somente poderá ser aplicada quando se constatar prova material

dos fatos e da autoria, mediante sentença judicial, além da possibilidade mental e

física de cumprimento.

Os dispositivos normativos asseguram a possibilidade do/a infrator/a não

receber de imediato a medida socioeducativa de internação, em casos de ato

infracional que não gere grave ameaça ou violência a pessoa, de prática reiterada de

atos infracionais graves e nem descumprido outra medida socioeducativa

anteriormente imposta. O que corrobora com o princípio da proporcionalidade da

medida socioeducativa ao ato infracional cometido.

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Apesar de constar no ECA, os direitos individuais exclusivamente para as

medidas privativas de liberdade, A Lei SINASE ampliou esses direitos, instituiu o

sistema de atendimento para execução da medida socioeducativa e uniformizou os

deveres das medidas, ponderando as peculiaridades de cada uma.

Quanto à internação de adolescentes femininas no Estado da Paraíba ela é

executada pela Casa Educativa, que foi a instituição escolhida para a pesquisa.

Portanto, seguiremos conhecendo um pouco do funcionamento dessa instituição

paralelamente com a descrição da pesquisa.

3 CASA EDUCATIVA: unidade feminina de internação no Estado da Paraíba

A unidade de internação feminina Casa Educativa1 foi construída para a

lotação máxima de cinco adolescentes, visto na época não ter muitas adolescentes

em privação de liberdade.

Durante a pesquisa (julho de 2013) estavam internas 19 adolescentes mais

um bebê que se encontrava no período de amamentação, por não ter completado

ainda seis meses de vida.

A Casa Educativa está localizada na capital da Paraíba, cidade de João

Pessoa e recebe adolescentes de qualquer município do Estado, com idade de 12 a

21 anos de idade, para cumprirem: a medida provisória, que tem o prazo máximo de

45 dias; a internação, com o prazo máximo de três anos; ou o descumprimento de

medida anteriormente imposta, possui o prazo máximo de três meses.

Durante a pesquisa não encontramos na unidade adolescente que estivesse

em descumprimento de medida anteriormente imposta (Art. 122,III,§1º ECA), mas

três adolescentes em situação provisória (Art. 108 c/c 183, ECA) e dezesseis

1 Unidade pertencente à Fundação de Desenvolvimento da Criança e do Adolescente Alice de

Almeida (FUNDAC), responsável em gerir a política de atendimento socioeducativo de jovens e

adolescentes em conflito com a lei, em privação ou restrição de liberdade.

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adolescentes cumprindo a internação por decisão judicial final (Art. 121, §3º).

(BRASIL, 1990)

A unidade apresenta em seu quadro de funcionários uma diretora, uma vice-

diretora, uma pedagoga, uma assistente social, uma psicóloga, trinta e cinco agentes

sociais (feminino e masculino), dois oficineiros2 e uma defensora pública. Os

funcionários estão na situação de terceirizados, contratados por tempo determinado,

efetivos e cargos comissionados. A forma de trabalho aplicada as técnicas

(assistente social, psicóloga e defensora pública) é de revezamento por escala, não

há técnicos no período integral porque a unidade só dispõe uma sala para todas as

profissionais realizar atendimento individual.

O acolhimento, quando em horário de expediente, é realizado da seguinte

forma: primeiro, a adolescente passa pela revista, depois pelo setor técnico

(psicóloga ou assistente social); após isto, pela direção e só assim encaminhada

para o quarto. Fora do horário de expediente a adolescente fica reservada em um

quarto (quando disponível) ou é conduzida a algum quarto coletivo respeitando o

critério de idade.

Com relação à alimentação a unidade dispõe de uma cozinha completa, mas

as refeições são terceirizadas, no total de cinco: desjejum; almoço; lanche; jantar e

lanche noturno.

As adolescentes usam fardamento da própria instituição no dia a dia, exceto

em festas, audiência e quando desligadas. As roupas de cama e as fardas são

individuais, elas não trocam entre si enquanto internas e substituem no caso de

desgaste. O material de higiene pessoal e de limpeza para as roupas e quartos são

distribuídos pela unidade, entretanto, alguns familiares levam produtos de

preferência das adolescentes, que é permitida a entrada após a revista.

A unidade possui regimento interno onde prevê regras a serem respeitadas

pelas adolescentes e funcionárias/os, descrevendo as condutas que caracterizam

transgressão disciplinar e as sanções aplicáveis quando forem praticadas. A

2 Oficineiros são assim chamados os profissionais que ministram cursos ocupacionais e de artesanato

na Casa Educativa.

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adolescente toma ciência do regimento interno durante o acolhimento através da

técnica e da direção que passam as orientações necessárias para uma boa

convivência coletiva enquanto perdurar a sua medida. Além disso, o regimento é

trabalhado cotidianamente junto às adolescentes em sala de aula, oficinas

ocupacionais, cursos profissionalizantes e atendimentos individuais.

O plano individual da adolescente é realizado dentro da Casa Educativa e há

a homologação judicial, conforme sistematizou o SINASE. O projeto político

pedagógico da unidade está pronto desde o ano de 2012, contudo, como a FUNDAC

passava por um processo de reformulação, não havia concluído o projeto político

pedagógico institucional na época da pesquisa.

Contam também com um plano de segurança, mas ainda não foi instituída a

comissão de apuração disciplinar, sendo a sanção disciplinar aplicada pela direção e

equipe técnica. A unidade não dispõe de nenhum método de contenção além da

realizada por agentes sociais. A segurança individual e coletiva é trabalhada de

forma preventivamente a facilitar a mediação de conflitos. Talvez, o principal motivo

de que até o momento da pesquisa a instituição só tinha constatado a evasão de

uma adolescente, também não tinha histórico de rebeliões ou de mortes dentro da

unidade.

A unidade de medida socioeducativa de internação da Paraíba possui espaço

coletivo pequeno, têm poucos cômodos, mas desenvolve atividades como escola,

educação física, cursos profissionalizantes, cursos ocupacionais. De forma que

todas as adolescentes participem independentemente da idade, situação jurídica ou

divergência pessoal.

4 REFLEXOS DA POPULAÇÃO FEMININA NA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE

INTERNAÇÃO NA PARAÍBA

A população feminina na medida socioeducativa de internação no Estado da

Paraíba tem apresentado aumento no quantitativo de adolescentes internas

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(PARAÍBA, 2012), mas possui um percentual inferior se comparado as unidades

masculinas (BRASIL, 2012).

Esse aumento levanta o questionamento da discussão sobre o exercício da

cidadania, a limitação da liberdade e o afastamento do convívio familiar

característicos do sistema de privação de liberdade. Deste modo, podem, por si só,

se contrapor ao exercício da cidadania.

Por cidadania entendemos ser o exercício dos direitos civis e políticos de um

cidadão e deveres para com o país. Herkenhoff (2001) apresenta a cidadania em

quatro dimensões: social, econômica, educacional e existencial.

Na dimensão social afirmamos os direitos constantes no art. 6º da

Constituição Federal, em destaque o direito a uma educação digna e de qualidade,

saúde, alimentação adequada, moradia, lazer e assistência social.

Com relação à educação, a nossa Lei Maior (art. 205) diz que é direito de

todos e dever do Estado. Além da obrigação em manter escolas públicas, de boa

qualidade, com professores valorizados e qualificados, o Estado tem a missão de

não excluir ninguém.

A dimensão existencial é a condição para que alguém possa ser uma pessoa

com sua dignidade respeitada, então podemos relacionar “que para ser cidadão é

preciso ser respeitado como pessoa humana” (HERKENHOFF, 2001, p. 222). Para

isso, é necessária a obediência aos seguintes itens: tratamento igualitário das

pessoas; respeito por ser uma pessoa humana; educação pública a todos e de

qualidade; saúde pública digna e eficaz; moradia salubre. Outrossim, a privação de

liberdade deve ser cumprida com respeito aos dispositivos de proteção legal, entre

os quais, tratamento humano e esforço social para sua recuperação.

As adolescentes da unidade pouco conhecem o termo cidadania como

vocativo de direitos, pois comumente escutam em modo pejorativo. Damatta (1997,

p. 73, grifo do autor) mostra que “a palavra cidadão é usada sempre em situações

negativas no Brasil, para marcar a posição de alguém que está em desvantagem ou

mesmo inferioridade”, citamos a prática da abordagem policial como exemplo.

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Dessa forma, tem-se necessidade de conselhos representativos para lutar

pelos direitos de adolescentes internas e até mesmo orientá-las quanto aos direitos

e obrigações da pessoa humana enquanto ser coletivo. O Conselho Nacional dos

Direitos da Criança e de Adolescente, o Fórum Nacional de Organizações

Governamentais de Atendimento à Criança e ao Adolescente, a Associação

Brasileira de Magistrados e Promotores da Infância e Juventude, os Conselhos de

Direitos, gestores e a comunidade socioeducativa; reúnem-se anualmente para

debater e deliberar sobre a execução de medidas socioeducativas e também as

práticas pedagógicas desenvolvidas nas entidades (BRASIL, 2006).

Essas representações foram necessárias para a elaboração e aprovação da

Lei nº 12.594/2012, que instituiu o SINASE. Anterior à Lei a política de atendimento

socioeducativo era exercida a base do costume de cada Estado e através de

normatização ou termo de ajuste de conduta do juiz da Vara de execução e do

promotor público da Medida Socioeducativa.

O Direito estabelece uma correlação entre direitos e obrigações sancionadas

pelos Poderes para reger o comportamento, positivo ou negativo, produzido pela

pessoa e exteriorizado socialmente. No entanto, cabe ao indivíduo absorver os

valores fundamentais para uma boa convivência coletiva, pois sozinho, o Direito, não

mudará comportamentos, não modificará a natureza intrínseca do ser humano.

Sabemos que o Direito vive em constante adaptação para atender o

progresso social e este papel de modificá-lo é exercido através da cidadania,

portanto: “Este processo de adaptação externa da sociedade compõem-se de

normas jurídicas, que são células do Direito, modelos de comportamento social, que

fixam limites à liberdade do homem, mediante imposição de condutas” (NADER,

2006, p. 20).

O direito e a cidadania estão intrinsecamente ligados, pois um depende do

outro para sua existência, o direito se relaciona ao exercício da cidadania para

existir, e esta depende de um ambiente democrático para nascer. Então, a

democracia compreende as formas do exercício da cidadania, sendo definidos

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através dos meios diretos ou indiretos de participação dos cidadãos no exercício do

poder (BARACHO, 1995).

Na tentativa de exibir melhor a percepção sobre a efetivação da cidadania

pelas jovens internas pesquisadas neste trabalho, trataremos a seguir de apresentar

os resultados obtidos na pesquisa, fazendo uma breve discussão sobre a estrutura e

dinâmica dos atos infracionais femininos.

5 CASA EDUCATIVA: amostra populacional, representação e prática social

A coleta de dados realizada com as gestoras, pedagoga e assistente social

nos permitiram ter uma visão ampla das internas, bem como da parte estrutural,

pedagógica, da rotina e da gestão socioeducativa da unidade.

Durante o mês de julho a lotação atual da unidade era de 19 (dezenove)

adolescentes; sendo a média mensal de 25 (vinte e cinco) internas. Se compararmos

as médias estatísticas dos anos 2010 (9), 2011 (15) e 2012 (22), obtidas por meio da

FUNDAC, percebemos o aumento de internações femininas. Assim, “recentemente,

o fenômeno de criminalidade entre jovens do sexo feminino tem aumentado em

muitos países no mundo, elevando a preocupação da sociedade civil, das

instituições sociais e do meio acadêmico” (CONSTANTINO, 2001, p. 1).

É certo e notável que “as mulheres participam muito menos do que os

homens da criminalidade em geral” (ZALUAR, 1993, p. 135); todavia esse aumento

da população feminina pode se dá, para continuar a atividade ilícita praticada pelos

parceiros, protegê-los, escondendo armas e ou drogas, ou até mesmo por

desejarem posição de destaque na comunidade e com o lucro possuir objetos de

desejo de qualquer adolescente (CONSTANTINO, 2001).

Com relação à faixa etária das adolescentes internas durante o mês da

pesquisa observamos que a frequência maior foi entre 16 e 17 anos (total de 7 numa

amostra de 15 internas) e estão entre as mais antigas no cumprimento da medida

socioeducativa de internação. Estudo realizado pela Coordenação da Infância e

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Juventude no ano de 2009, revelou maior quantidade de adolescentes internas

também entre a 16 e 17 anos de idade (PARAÍBA, 2009).

O Conselho Nacional de Justiça em 2012 publicou dado que indica a faixa

etária predominante nas casas de internação do Brasil. Também prevalece as

idades de 16 e 17 anos, sendo este com 22% e aquele com 31% da amostra total

pesquisada (BRASIL, 2012).

As adolescentes da Casa Educativa são separadas internamente ao alcançar

a maioridade, assim às adolescentes de 12 a 17 não dormem no mesmo quarto das

jovens de 18 a 21 anos.

No que diz respeito ao estado civil, constatamos que dez das internas

consideram-se solteira. O Censo 2000 aponta que a mulher tem casado cada vez

mais tarde. Da mesma forma, que o Censo Demográfico 2010 apresentou uma

diminuição dos casamentos entre as idades de 17 a 20 anos, assim como comprou

aumento na união estável, em contrapartida do casamento civil. (BRASIL, 2000 -

2010).

Zaluar (1993) revela que as mulheres são iniciadas ao mundo ilícito por meio

do companheiro ou namorado, começando pelo amor ou vício, seja furtando,

pagando dívida da droga, guardando drogas ou armas para o masculino.

Embora os dados obtidos na Casa Educativa indiquem que dez adolescentes

internas estão solteiras, isto não afasta o incentivo masculino, pois além do grupo

iniciado por causa dos namorados, maridos ou companheiros, existe outro aonde as

garotas podem ter a entrada facilitada por pais, tios ou amigos. Deste modo, não

excluiremos a influência masculina da vida delas, nem outros fatores que podem ser

determinantes na entrada e continuidade da atividade infracional (CONSTANTINO,

2001).

Também observamos o envolvimento das adolescentes com o masculino

quando foram perguntadas se houve incentivo à prática infracional. Na frequência de

quinze adolescentes, oito adolescentes responderam que as más amizades

masculinas foram o que as levaram a prática infracional; quatro disseram que o

incentivo foi de amigos.

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A privação de liberdade feminina revela uma característica peculiar no que se

refere ao baixo índice de reincidência. Apesar da pesquisa do CNJ (BRASIL, 2012)

apresentar elevado índice de reincidência em adolescentes internas, a diferença de

dados pode ser justificada pelo fato de que a referida pesquisa foi realizada com

adolescentes de ambos os sexos, como há maior representatividade do sexo

masculino (de acordo com o levantamento nacional) a reincidência de atos

infracionais feminina é bem menor em comparação com a masculina.

Além do fator de gênero e das questões culturais em inserir a mulher no

mundo ilícito, outro motivo pode justificar o baixo envolvimento feminino no ato

infracional porque para o masculino, as mulheres “desempenham função de caráter

sexual e são consideradas perigosas, capazes de traição e não confiáveis, com

exceção das que passam por provas especiais que demonstrem seu valor”. Também

chamam atenção para fato que “o perfil típico das mulheres que infringem a lei

mostra que são adolescentes ou jovens, primárias no crime, presas por roubo em

lojas e têm como destino a advertência ou a sentença sem detenção”

(CONSTANTINO, 2001, p. 2).

Sobre a escolaridade, todas estavam atrasadas no calendário escolar no que

se refere à série/idade. Observamos que todas frequentaram a escola antes da

apreensão (não quer dizer que estavam estudando no tempo da apreensão). Uma

adolescente entrevistada com idade entre 18 e 19 anos prestou vestibular em 2013.

As quinze adolescentes reconheceram ser o estudo importante para um

emprego no futuro, da mesma forma que os cursos profissionalizantes a preparam

para o trabalho.

Várias são as razões para o abandono escolar pelas adolescentes, que além

do mero desinteresse pelos estudos, está ligada a fatores subjetivos que, muitas

vezes, estão arraigados a sua infância, ou seja, ao início da sua vida escolar. Nesta

fase os abusos são mais frequentes, seja através da violência sexual, abandono

familiar, responsabilidade precoce ou qualquer outro. Não há um fator determinante

a ser considerado (CONSTANTINO, 2001).

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Observamos que três adolescentes possuíam um filho, enquanto que uma

tinha dois filhos. No momento da entrevista uma dessas adolescentes havia

terminado o período gestacional e estava com a criança na Casa Educativa, que

contava com dois meses de vida. Segundo IBGE, censo 2010, a fecundidade

durante a adolescência tem diminuído, passando a idade média entre 24 a 27 anos.

Para confirmar esses dados há publicação do Ministério da Saúde, no Painel

Panorâmico de Indicadores do SUS nº 7, dizendo que “a taxa específica de

fecundidade entre adolescentes e jovens mantém o padrão nacional” (2013, p. 43),

essa diminuição vem ocorrendo desde o ano 2007 entre adolescentes de 10 a 19

anos.

Com relação ao nível econômico, verificamos que existia uma adolescente

interna que ninguém da família exercia atividade remunerada, recebendo apenas

auxílio governamental no valor de R$ 300,00; três delas disseram viver abaixo de um

salário mínimo brasileiro (R$ 678,00) e não faziam parte do programa de assistência

do governo; cinco adolescentes falaram que a família tinha uma renda acima de dois

salários mínimos e sete famílias sobreviviam com a renda de um salário mínimo por

mês.

Tratar do envolvimento das adolescentes no ato infracional e sua relação com

a representação e prática social que elas levam na construção da sua identidade,

não são características restritas delas, mas que faz parte da constituição de toda a

sua trajetória na história.

Duas das adolescentes que participaram da pesquisa aparentavam

estereótipo masculino, demonstrados através de expressões corporais, corte de

cabelo. Segundo os seus relatos, mantinham esse padrão para serem mais

facilmente aceitas no mundo do tráfico, desta forma eram tratadas como homens,

recebendo até nomes masculinos.

Esse tipo de caracterização é comum para a inserção no mundo ilícito, pois

as mulheres para entrar nessas atividades precisam demonstrar força, frieza de um

homem, coragem, disposição, correr rápido, saber pular muros e nadar, além de não

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poder dedurar os integrantes do tráfico. Desta forma, são mais facilmente aceitas

quando exibem que podem ser iguais aos homens (CONSTANTINO, 2001).

No entanto, não é o bastante, as adolescentes precisam dar provas de que

suportariam tudo, elas são testadas constantemente através de vivências arriscadas,

como troca de tiros com policiais ou rivais, prática de cobrança de dívida com drogas

para terem asseguradas sua permanência no tráfico (CONSTANTINO, 2001).

A relação de poder construída socialmente sobre a mulher como se fosse

algo natural, tenta trocar a identidade feminina pela masculina para submetê-la a

esta inversão com o fim de exercer a dominação. É sob esta dominação que a

mulher passa a fazer parte do mundo ilícito através do poder masculino.

Em nossa pesquisa, encontramos que oito adolescentes afirmaram que

praticaram o ato ilícito por influência de más amizades masculinas, uma adolescente

por influência do namorado, quatro através de amigos e duas disseram que

praticaram por vontade própria.

Do mesmo modo como as influências negativas é um grande fator para o

desenvolvimento de distúrbios de comportamento na adolescência; as influências

positivas podem ser um fator preponderante para o processo de ressocialização das

internas (DELL’AGLIO; SANTOS; BORGES, 2004).

Todas as adolescentes moram com pelo menos um membro da família (mãe,

tia, avó, irmão), mas uma adolescente reside com a família nuclear completa, ou

seja, mãe, pai e irmãos. Sabemos que a família é o primeiro grupo social do

indivíduo, pois é a partir dela que recebemos os primeiros valores fundamentais para

uma boa convivência social (DELL’AGLIO; SANTOS; BORGES, 2004).

Podemos perceber que as adolescentes da Casa Educativa apresentam

vários fatores para o cumprimento da medida socioeducativa de internação. Mais do

que a questão econômica e do incentivo negativo dos amigos, mesmo que a

influência masculina apareça negativamente de forma direta ou indiretamente na

vida do tráfico; ou da localidade onde residem; elas apresentaram índices de

desestrutura na fase inicial de formação biopsicossocial, que é na família.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As mulheres alcançaram direitos em âmbito social e financeiro, outrossim,

como produto da sociedade também se voltou para a prática criminosa com mais

intensidade nos últimos anos. Nunca é demais lembrar que a submissão ao

masculino se mantém até na iniciação da mulher no crime.

Com as adolescentes não poderia ser diferente, diante de todas as

vulnerabilidades de gênero, familiar e do meio social com suas influências negativas,

nessa fase transitória biopsicossocial, elas também possuem incentivo do masculino

para a prática ilícita.

A medida socioeducativa de internação deveria ser o meio eficaz em garantir

a ressocialização das adolescentes internas, mas com os problemas observados na

estrutura física e de pessoal da unidade ficou evidenciado que a unidade não possui

condição para cumprimento digno da medida. No entanto, podemos considerar que

as adolescentes rompem com essas barreiras ao freqüentar a escola, cursos

profissionalizantes e oficinas ocupacionais, compreendendo que devem se preparar

para um futuro melhor.

Como visto, a medida socioeducativa de internação feminina na Paraíba

aumentou nos últimos dois anos, merecendo maior preocupação do Estado e da

sociedade, sendo assim, verificamos que há necessidade de investigar componentes

das infrações, bem como, os fatores sociais interligados a prática infracional em

questão.

Além da consolidação da Lei nº 12.594/12 o investimento em formação

continuada de toda a comunidade que trabalha com adolescentes infratores é

indispensável para avançarmos na sócioeducação, para isso, se faz necessária

também a participação da família. Por outro lado, a necessidade em contratação

através de concurso público de todo corpo técnico e agente sociais, pois diminuiria a

rotatividade desses profissionais e os solidariamente responsáveis.

Resta claro que parte da população adolescente está em situação vulnerável,

por outro lado, a sociedade em resposta a este fato reage com incentivo a retroceder

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as leis garantidoras dos direitos, principalmente em proteção aos direitos das

crianças e de adolescentes. Diante de tudo isso, torna-se urgente e necessário que

o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo se consolide cada vez mais

garantindo uma ressocialização eficaz.

REFERÊNCIAS

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