direito do trabalho ii

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Direito do Trabalho II Segurança e Medicina do Trabalho Segurança e medicina do trabalho são o segmento do Direito do Trabalhador incumbido de oferecer condições de proteção à saúde do trabalhador no local de trabalho, e de sua recuperação quando não estiver em condições de prestar serviços ao empregador. Preocupa-se com todas as ocorrências que interfiram em solução de continuidade em qualquer processo produtivo, independente se nele tenha resultado lesão corporal, perda material, perda de tempo ou mesmo esses três fatores conjuntos. FUNDAMENTOS Até o início do século XVIII, não havia preocupação com a saúde do trabalhador. Os problemas relacionados com a saúde intensificam-se a partir da Revolução Industrial. As doenças do trabalho aumentam em proporção a evolução e a potencialização dos meios de produção, com as deploráveis condições de trabalho e da vida das cidades. A partir de então houve a necessidade de elaboração de normas para melhorar o ambiente de trabalho em seus mais diversos aspectos, de modo que o trabalhador não seja prejudicado com agentes nocivos a sua saúde. A ordem jurídica passou a determinar certas condições mínimas para serem observadas pelo empregador, aplicando sanções para tanto, bem como exercendo a fiscalização sobre as determinadas regras. A Lei nº 6.514/77 que deu nova redação aos art. 154 a 201 da CLT, e tendo sido complementada pela Portaria nº 3.214/78, dispôs, sobre o serviço especializado em segurança e medicina do trabalho, equipamento de proteção individual, atividades e operações insalubres e perigosas etc. É sabido que prevenção de acidentes não se faz simplesmente com a aplicação de normas, porém elas indicam o caminho obrigatório e determinam limites mínimos de ação para que se alcancem, na plenitude, os recursos existentes na legislação. É necessário que se conheça seus meandros e possibilidades e, com isso, conseguir eliminar, ao máximo, os riscos nos ambientes de trabalho. FONTES

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direito de grevedireito da mulherdireito do menormenor aprendiz

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  • Direito do Trabalho II

    Segurana e Medicina do Trabalho

    Segurana e medicina do trabalho so o segmento do Direito do

    Trabalhador incumbido de oferecer condies de proteo sade do

    trabalhador no local de trabalho, e de sua recuperao quando no estiver

    em condies de prestar servios ao empregador.

    Preocupa-se com todas as ocorrncias que interfiram em soluo de

    continuidade em qualquer processo produtivo, independente se nele tenha

    resultado leso corporal, perda material, perda de tempo ou mesmo esses

    trs fatores conjuntos.

    FUNDAMENTOS

    At o incio do sculo XVIII, no havia preocupao com a sade do

    trabalhador. Os problemas relacionados com a sade intensificam-se a

    partir da Revoluo Industrial. As doenas do trabalho aumentam em

    proporo a evoluo e a potencializao dos meios de produo, com as

    deplorveis condies de trabalho e da vida das cidades.

    A partir de ento houve a necessidade de elaborao de normas para

    melhorar o ambiente de trabalho em seus mais diversos aspectos, de modo

    que o trabalhador no seja prejudicado com agentes nocivos a sua sade.

    A ordem jurdica passou a determinar certas condies mnimas para serem

    observadas pelo empregador, aplicando sanes para tanto, bem como

    exercendo a fiscalizao sobre as determinadas regras.

    A Lei n 6.514/77 que deu nova redao aos art. 154 a 201 da CLT, e tendo

    sido complementada pela Portaria n 3.214/78, disps, sobre o servio

    especializado em segurana e medicina do trabalho, equipamento de

    proteo individual, atividades e operaes insalubres e perigosas etc.

    sabido que preveno de acidentes no se faz simplesmente com a

    aplicao de normas, porm elas indicam o caminho obrigatrio e

    determinam limites mnimos de ao para que se alcancem, na plenitude,

    os recursos existentes na legislao. necessrio que se conhea seus

    meandros e possibilidades e, com isso, conseguir eliminar, ao mximo, os

    riscos nos ambientes de trabalho.

    FONTES

  • CONSTITUCIONAIS:

    Art. 7 - So direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, alm de outros que visem melhoria de sua condio social (criou um patamar civilizatrio

    mnimo): inc. XXII - reduo dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de sade, higiene e segurana;

    inc. XXIII - adicional de remunerao para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei

    inc. XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenizao a que este est obrigado, quando incorrer em

    dolo ou culpa.

    INFRACONSTITUCIONAIS: arts. 154 ao 159; 189 ao 197; 200 e 201;

    162 ao 167;

    Art. 189 "Sero consideradas atividades ou operaes insalubres aquelas

    que, por sua natureza, condies ou mtodos de trabalho, exponham os

    empregados a agentes nocivos sade, acima dos limites de tolerncia

    fixados em razo da natureza e da intensidade do agente e do tempo de

    exposio aos seus efeitos".

    A insalubridade se d pela exposio contnua do trabalhador ao fator

    prejudicial de sua sade.

    O art. 190 da CLT, diz;

    Art. 190 "O Ministrio do Trabalho aprovar o quadro das atividades e

    operaes insalubres e adotar normas sobre os critrios de caracterizao

    da insalubridade, os limites de tolerncia aos agentes agressivos, meios de

    proteo e o tempo mximo de exposio do empregado a esses agentes.

    Pargrafo nico As normas referidas neste artigo incluiro medidas de

    proteo do organismo do trabalhador nas operaes que produzem

    aerodispersides txicos, irritantes, alergnicos ou incmodos".

    Ainda, o art. 191:

    Art. 191 "A eliminao ou a neutralizao da insalubridade ocorrer:

    I com a adoo de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro

    dos limites de tolerncia;

    II com a utilizao de equipamentos de proteo individual ao

    trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de

    tolerncia.

  • Pargrafo nico Caber s Delegacias Regionais do Trabalho, comprovada

    a insalubridade, notificar as empresas, estipulando prazos para sua

    eliminao ou neutralizao, na forma deste artigo".

    ADICIONAL DE PERICULOSIDADE: O adicional de insalubridade ser de

    40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do

    salrio mnimo da regio, segundo se classifiquem nos graus mximo,

    mdio e mnimo (art. 192, CLT).

    Resumindo: so consideradas ATIVIDADES INSALBRES aquelas que prejudiquem a sade do trabalhador, estejam previstas em rol elaborado

    pelo Ministrio do Trabalho e sejam identificadas por peritos. Nestas condies, o empregado receber um adicional de 10, 20 ou 40% do salrio

    mnimo enquanto perdurar o trabalho nestas condies.

    EQUIPAMENTOS DE PROTEO INDIVIDUAL EPI

    Obrigatoriamente, devem as empresas fornecer aos empregados o

    Equipamento de proteo Individual (EPI), de forma gratuita, para proteg-

    los contra os riscos de acidentes de trabalho e danos sua sade. A NR 6

    da Portaria n 3.214/78 especifica regras sobre EPIs.

    So considerados, entre outros, equipamentos de proteo individual:

    protetores auriculares, luvas, mscaras, calados, capacetes, culos,

    vestimentas etc.

    O empregador deve adquirir o tipo adequado de EPI s atividades do

    empregado, treinar o trabalhador para seu uso e substitu-lo quando

    danificado ou extraviado, e ainda tornar obrigatrio o seu uso.

    RGOS DE SEGURANA E MEDICINA DO TRABALHO NAS EMPRESAS

    De acordo com o art. 163 da CLT, obrigatria a constituio de Comisso

    Interna de Preveno de Acidentes (CIPA).

    Quanto composio da CIPA:

    Art. 164 Cada CIPA ser composta de representantes da empresa e dos

    empregados, de acordo com os critrios que vierem a ser adotados na

    regulamentao de que trata o pargrafo nico do artigo anterior.

    1 Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, sero por

    eles designados.

  • 2 Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, sero

    eleitos em escrutnio secreto, do qual participem, independentemente de

    filiao sindical, exclusivamente os empregados interessados.

    3 O mandato dos membros eleitos da CIPA ter a durao de 1 (um)

    ano, permitida uma reeleio.

    4 O disposto no pargrafo anterior no se aplicar ao membro suplente

    que, durante o seu mandato, tenha participado de menos da metade do

    nmero das reunies da CIPA.

    5 O empregador designar, anualmente, dentre os seus

    representantes, o Presidente da CIPA, e os empregados elegero, dentre

    eles, o Vice-Presidente.

    Os titulares da representao dos empregados nas CIPAS no podero

    sofrer despedida arbitrria, conforme determina o art. 165 da CLT:

    Art. 165 "Os titulares da representao dos empregados nas ClPAs no

    podero sofrer despedida arbitrria, entendendo-se como tal a que no se

    fundar em motivo disciplinar, tcnico, econmico ou financeiro.

    Pargrafo nico Ocorrendo a despedida, caber ao empregador, em caso

    de reclamao Justia do Trabalho, comprovar a existncia de qualquer

    dos motivos mencionados neste artigo, sob pena de ser condenado a

    reintegrar o empregado".

    Saliente-se que a garantia de emprego para o empregado eleito e no

    para o indicado pelo empregador para ser presidente da CIPA.

    Trabalho da Mulher

    PROTEO PR - CONTRATO

    a. Art. 373-A:

    Ressalvadas as disposies legais destinadas a corrigir as distores que

    afetam o acesso da mulher ao mercado de trabalho e certas especificidades

    estabelecidas nos acordos trabalhistas, vedado:

    I - publicar ou fazer publicar anncio de emprego no qual haja referncia ao

    sexo, idade, cor ou situao familiar, salvo quando a natureza da

    atividade a ser exercida, pblica e notoriamente, assim o exigir;

    b. Lei 9.029/95:

  • Probe a exigncia de atestados de gravidez e esterilizao, e outras prticas

    discriminatrias, para efeitos admissionais ou de permanncia da relao

    jurdica de trabalho, e d outras providncias.

    PROTEO DURANTE O CONTRATO

    c. Gerais:

    Revista pessoal (revista na bolsa) e revista ntima (corporal) - permito

    promover a proteo do patrimnio privado da empresa desde que no fira

    a dignidade humana;

    d. Especficas (Maternidade):

    Proteo maternidade (proteo criana e no me):

    Mudar o horrio de trabalho;

    Mudana de funo;

    Perodos de descanso para amamentar e para consultas mdicas;

    Pode rescindir o contrato se nenhuma dessas regras for observada;

    Direito a estabilidades (so garantias de emprego):

    Desde a confirmao da concepo desde a confirmao mdica;

    At 05 meses aps parto;

    Licena maternidade por um perodo de 120 dias que poder ser prorrogado

    por mais 60 dias se:

    A empresa estiver inscrito no Programa Empresa Cidad;

    Se a mulher at o 1 ms aps o parto requerer a prorrogao da licena;

    Se abortar de forma no criminosa, ter direito a duas semanas de

    afastamento;

    Smula 244 - TST

    244. Gestante. Estabilidade Provisria (redao do item III alterada na sesso do Tribunal Pleno realizada em 14-9-2012) I - O desconhecimento do estado gravdico pelo empregador no afasta o

    direito ao pagamento da indenizao decorrente da estabilidade. (art. 10, II, b do ADCT). (ex- OJ 88 - DJ 16-4-2004)

    II - A garantia de emprego gestante s autoriza a reintegrao se esta se der durante o perodo de estabilidade. Do contrrio, a garantia restringe-se

    aos salrios e demais direitos correspondentes ao perodo de estabilidade. (ex-Smula 244 - Res. 121/2003, DJ 21-11-2003)

  • III - A empregada gestante tem direito estabilidade provisria prevista no

    art. 10, II, b, do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias, mesmo

    na hiptese de admisso mediante contrato por tempo determinado.

    No h distino entre filho adotado ou natural;

    O empregador manter creche para o empregado. ART. 194 CF

    Trabalho do Menor

    Os artigos 402 ao 441 da CLT trata do Trabalho do Menor, estabelecendo as

    normas a serem seguidas por ambos os sexos no desempenho do trabalho.

    A Constituio Federal, em seu artigo 7, inciso XXXIII considera menor o trabalhador de 16 (dezesseis) a 18 (dezoito) anos de idade.

    Segundo a legislao trabalhista brasileira proibido o trabalho do menor

    de 18 anos em condies perigosas ou insalubres. Os trabalhos tcnicos ou administrativos sero permitidos, desde que realizados fora das reas de risco sade e segurana.

    Ao menor de 16 anos de idade vedado qualquer trabalho, salvo na

    condio de aprendiz a partir de 14 anos.

    A partir dos 14 anos admissvel o Contrato de Aprendizagem, o qual deve ser feito por escrito e por prazo determinado conforme artigo 428 da CLT.

    Ao menor devido, no mnimo, o salrio mnimo federal, inclusive ao menor

    aprendiz garantido o salrio mnimo hora, uma vez que sua jornada de trabalho ser de no mximo 6 horas dirias, ficando vedado prorrogao

    e compensao de jornada, podendo chegar ao limite de 8 horas dirias desde que o aprendiz tenha completado o ensino fundamental, e se nelas forem computadas as horas destinadas aprendizagem terica.

    Outra funo que pode ser exercida por menores o Estgio. Alunos que

    estiverem frequentando cursos de nvel superior, profissionalizante de 2 grau, ou escolas de educao especial podem ser contratados como

    estagirios. O estgio no cria vnculo empregatcio de qualquer natureza e o estagirio poder receber bolsa, ou outra forma de contraprestao que

    venha a ser acordada, devendo o estudante, em qualquer hiptese, estar segurado contra acidentes pessoais.

    O atleta no profissional em formao, maior de quatorze anos de idade, poder receber auxlio financeiro da entidade de prtica desportiva

    formadora, sob a forma de bolsa de aprendizagem livremente pactuada mediante contrato formal, sem que seja gerado vnculo empregatcio entre

    as partes.

  • O artigo 427 da CLT determina que todo empregador que empregar menor

    ser obrigado a conceder-lhe o tempo que for necessrio para a frequncia s aulas.

    A prestao de servio extraordinrio pelo empregado menor somente

    permitida em caso excepcional, por motivo de fora maior e desde que o trabalho do menor seja imprescindvel ao funcionamento do

    estabelecimento.

    O empregado estudante, menor de 18 (dezoito) anos, ter direito a fazer coincidir suas frias com as frias escolares.

    proibido ao empregador fracionar o perodo de frias dos empregados menores de 18 (dezoito) anos.

    Outras caractersticas no contrato de trabalho com menores:

    So proibidos de trabalhar no horrio das 22:00 as 05:00 (considerado como horrio noturno);

    licito ao menor firmar recibos de pagamentos, mas a resciso dever ter a

    representao dos pais ou responsveis legais; Mesmo que o menor fique afastado para cumprimento de servio militar e

    no receba nenhum vencimento da empresa, dever ter seu FGTS depositado ms a ms.

    Prescrio e Decadncia

    PRESCRIO

    A prescrio, na esfera trabalhista, ocorre e passa a fluir a partir de

    dois lapsos temporais:

    1. Na vigncia do contrato de trabalho: prazo prescricional de 5

    anos - caso haja leso a determinado direito o trabalhador ter direito

    a buscar reparao no prazo de 5 (cinco) anos contados da data em

    que houve a violao do direito ( a denominada prescrio

    quinquenal); e

    2. A partir da extino do contrato de trabalho: 2 anos - os

    direitos lesados no quinqudio (perodo de 05 anos) anterior data da

    propositura da ao estaro protegidos. Aqueles que antecederem este

    perodo estaro prescritos ( a denominada prescrio bienal).

    DECADNCIA

  • Na decadncia, h perda do direito pelo decurso de prazo, e conceitua-se como a perda da possibilidade de obter uma vantagem jurdica e garanti-la judicialmente, em face do no exerccio oportuno da correspondente

    faculdade de obteno.

    de decadncia o prazo estabelecido, pela lei ou pela vontade unilateral ou bilateral, quando prefixado ao exerccio do direito pelo seu titular. E ser

    de prescrio quando fixado no para o exerccio do direito, mas para o exerccio que o protege. Quando, porm, o direito deve ser exercido por meio da ao, originando-se ambos do mesmo fato, de modo que o

    exerccio da ao representa o prprio exerccio do direito, o prazo estabelecido para a ao deve ser tido como prefixado ao exerccio do

    direito, sendo, portando, de decadncia, embora aparentemente se afigure de prescrio. Praticamente, portanto, para se saber se um prazo estatudo de decadncia ou prescrio, basta indagar se a ao constitui, em si, o

    exerccio do direito, que lhe serve de fundamento, ou se tem por fim proteger um direito, cujo exerccio distinto do exerccio da ao. No

    primeiro caso, o prazo extintivo do direito e o seu decurso produz a decadncia; no segundo caso, o prazo extintivo da ao e o seu decurso produz a prescrio (Cmara Leal).

    Prazos Prescricionais Art 7, inc XXIX CF. SMULA 308 TST

    XXIX - ao, quanto aos crditos resultantes das relaes de trabalho, com

    prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais,

    at o limite de dois anos aps a extino do contrato de trabalho;

    308. Prescrio quinquenal (incorporada a Orientao Jurisprudencial n.

    204 da SDI-1)

    I. Respeitado o binio subsequente cessao contratual, a prescrio da

    ao trabalhista concerne s pretenses imediatamente anteriores a cinco

    anos, contados da data do ajuizamento da reclamao e, no, s anteriores

    ao quinqunio da data da extino do contrato. (ex-OJ 204- inserida em 8-

    11-2000)

    II. A norma constitucional que ampliou o prazo de prescrio da ao

    trabalhista para 5 (cinco) anos de aplicao imediata e no atinge

    pretenses j alcanadas pela prescrio bienal quando da promulgao da

    CF/1988. (ex-Smula 308 - Res. 6/1992, DJ 5-11-1992)

    Direito Coletivo

    O Direito Coletivo do Trabalho a parte do Direito do Trabalho que trata da organizao sindical, dos conflitos coletivos de trabalho e sua soluo e da

    representao dos trabalhadores. o elo entre o direito pblico e o direito privado do trabalho.

    Complexo de institutos, princpios e regras jurdicas que regulam as relaes laborais de empregados e empregadores e outros grupos jurdicos

    normativamente especificados, considerada sua ao coletiva, realizada

  • autonomamente ou atravs das respectivas entidades sindicais. (Maurcio Godinho).

    Funes do Direito Coletivo do Trabalho Alm das funes gerais, que englobam aquelas inerentes a todo o Direito

    do Trabalho, principalmente a garantia de melhores condies de pactuao das relaes de trabalho, as funes especficas do Direito Coletivo do

    Trabalho compreendem a gerao de normas coletivas (autonomia privada coletiva que se expressa nos Acordos Coletivos e Convenes Coletivas), a soluo de conflitos coletivos de trabalho (atravs do entendimento direto

    entre os entes coletivos ou entre sindicato obreiro e empresa, ou ainda, atravs de busca do entendimento com a intermediao de terceiros); a

    funo sociopoltica (relaes democrticas que distribuem poder), e a funo econmica (buscando adequar as relaes de trabalho realidade econmica, visando melhorias salariais a partir do exerccio da negociao

    direta).

    Princpios do Direito Coletivo do Trabalho

    H um conjunto de princpios que asseguram as condies de criao e afirmao dos entes coletivos. Englobam, principalmente, o princpio da liberdade sindical e associativa e o princpio da autonomia sindical.

    O Principio da Autonomia Sindical, um principio respaldado na

    Constituio Federal, em especial, no seu art. 8, I que garante direito de organizao sindical, sem a interferncia do poder pblico, como era no passado. Isto significa o reconhecimento do ente coletivo e seu

    representante o sindicato.

    Todas as empresas devem abster-se de prticas que induzam ou probam a

    sindicalizao ou prtica que vincule a manuteno ou extino do contrato

    de trabalho ou prtica que condicionem a manuteno do trabalho

    sindicalizao. Tambm vedado s empresas que dirijam indiretamente as

    empresas.

    J o Princpio da Liberdade Sindical confere a cada empregado o direito de participar de associaes e de sindicatos, a consequncia lgica e sistemtica da anlise das normas que integram o sistema jurdico a de

    que o trabalhador no seja obrigado a contribuir para entidades das quais no tem interesse de associar-se.

    Todo e qualquer trabalhador deve ter garantia ou direito de filiar-se ou

    desfiliar-se de uma ou qualquer entidade sindical. Garantia atuao sindical - No adianta ter autonomia sindical se gerar a

    demisso do empregado.

    PRINCPIOS QUE TRATAM DAS RELAES ENTRE SERES COLETIVOS

  • Intervenincia Sindical Obrigatria: pressupe que negociao coletiva

    somente h com a presena do sindicato na mesa de negociao;

    Equivalncia dos Contratantes Coletivos: sindicatos entre empregados

    e empregadores tem a mesma conformao jurdica e exercem as mesmas

    prerrogativas e poderes;

    Lealdade e Transparncia: durante a vigncia da negociao coletiva as

    partes so proibidas de provocarem, por exemplo, greve. Salvo se as

    condies se alterarem.

    PRINCPIOS QUE TRATAM DOS EFEITOS DOS NEGCIOS COLETIVOS

    Criatividade Jurdica: as negociaes coletivas criam normas jurdicas que

    por serem abstratas, gerais e impessoais, no aderem ao contrato

    individual do trabalho; e somente podero ser suprimidas por outra

    negociao coletiva. Para a criao dessa norma jurdica, obrigatria a

    interveno do sindicato. Sem a presena do sindicato, cria-se uma clusula

    contratual (individual, pessoal e concreta no pode ser suprimida em

    prejuzo do empregado);

    Adequao Setorial Negociado (patamar civilizatrio mnimo): as

    normas autnomas coletivas podem prevalecer sobre as normas estatais

    desde que: 1 implementem padro setorial superior ao padro geral; 2 as

    normas coletivas s podem transacionar normas de indisponibilidade

    relativa, ou seja, deve respeitar o patamar civilizatrio mnimo (um rol de

    direitos mnimos garantidos ao empregador);

    CONFLITOS COLETIVOS DE TRABALHO

    So conflitos entre contratados em forma ampla e contratantes, igualmente

    de forma amplificada.

    Jurdico > aquele que versa acerca da interpretao de uma

    norma jurdica.

    Econmico -> aquele que versa acerca das condies de trabalho

    (clusulas salariais e ambiente de trabalho)

    MODALIDADES DE RESOLUO DE CONFLITO

    Autocompositiva - A autocomposico um meio de soluo de

    conflitos, no jurisdicional, em que as prprias partes pem fim s

    suas pendncias, sem a interveno de um terceiro. Pode ser

    endoprocessual (dentro do processo) ou extraprocessual (fora do

    processo):

    - Renncia denominada tambm desistncia, um dos litigantes abdica do

    seu direito total ou parcialmente. um negcio jurdico unilateral.

  • - Transao - tambm chamada negociao ou acordo. Ocorre quando

    ambas as partes, por concesses recprocas ( de nus e de vantagens),

    chegam a um ajuste, colocando fim ao litgio ou prevenindo-o. negcio

    jurdico bilateral.

    - Conciliao - a conciliao no pode ser uma espcie de mediao.

    Embora sejam figuras afins, existe uma sutil diferena, j que o mediador

    apresenta propostas e sugestes, tornando-se agente do acordo, enquanto

    o objetivo do conciliador a transao das partes (meio autocompositivo da

    soluo dos conflitos).

    Heterocompositiva - aquela em que a soluo do conflito

    encontrada e imposta por terceiro. Ex.: Arbitragem e Mediao.

    - Mediao - O objetivo da mediao a aproximao das partes em busca

    de um ponto comum, viabilizando um acordo.

    A mediao ocorre, quando um terceiro intervm na disputa, a fim de

    propor-lhe soluo, ou seja, a fim de promover acordo entre os

    contendores.

    Para haver mediao, no necessrio o acordo final, basta a inteno do

    mediador e at das partes para tanto. O mediador o elo de ligao entre

    as partes, no emitindo parecer ou laudo e sequer tomando qualquer

    medida, como por exemplo, ouvindo testemunhas e diligenciando.

    O mediador deve ser neutro, fazendo com que as partes participem na

    busca das solues que sero as que melhor se ajustem a seus interesses.

    - Arbitragem - Arbitragem o meio de soluo de controvrsias em que as

    partes, facultativamente, escolhem um terceiro, denominado rbitro, sem

    funo jurisdicional, para dirimir o conflito, atravs de uma sentena

    arbitral.

    So caractersticas da arbitragem: a) conflito de interesses, atual ou

    potencial, entre dois ou mais sujeitos; b) indicao de um terceiro, alheio

    contenda; c) soluo do conflito vinculante para os interessados, desde que

    estes se submetam voluntariamente deciso do terceiro, com o que a

    deciso se torna obrigatria em virtude da vontade dos contendores que

    acertam expressamente a soluo dada ao conflito pelo rbitro nomeado.

    rbitro toda pessoa natural que, sem estar investida na judicatura

    pblica, eleita por duas ou mais pessoas para solucionar conflitos entre

    elas surgidos, prolatando deciso de mrito.

    Organizao Sindical Brasileira

    Sindicatos so associaes permanentes que visam defesa de direitos e

    interesses de trabalhadores ligados entre si por laos profissionais ou laborativos comuns;

  • A aglutinao destes trabalhadores sob uma associao se d pelos critrios

    dos sistemas sindicais. Uma associao ser associao nos termos do CC com o devido registro no cartrio de registro de pessoas jurdicas. Pra que

    essa associao se torne sindicato depende do registro sindical no Ministrio do Trabalho desta associao.

    SISTEMA SINDICAIS

    SINDICATO POR OFCIO OU PROFISSO:

    SINDICATO POR CATEGORIA PROFISSIONAL:

    A organizao sindical no Brasil se d por categorias, conforme estabelece a Consolidao das Leis do Trabalho - CLT, em seu art. 511:

    " lcita a associao para fins de estudo, defesa e coordenao dos seus

    interesses econmicos ou profissionais de todos os que, como empregadores, empregados, agentes ou trabalhadores autnomos, ou

    profissionais liberais, exeram, respectivamente, a mesma atividade e profisso ou atividades ou profisses similares ou conexas."

    SINDICATO POR EMPRESA [NO FOI ACOLHIDA PELO D.

    BRASILEIRO];

    SINDICATO POR RAMO EMPRESARIAL [NO FOI ACOLHIDA PELO D.

    BRASILEIRO].

    ESTRUTURA:

    EXTERNA:

    SINDICATO

    Sindicato uma associao que rene pessoas da mesma categoria trabalhista. Os sindicatos tm como objetivo principal a defesa dos interesses econmicos, profissionais, sociais e polticos dos seus associados. Eles so tambm dedicados aos estudos da rea que atuam e tambm realizam atividades voltadas para o aperfeioamento profissional dos seus associados. Sindicatos so responsveis tambm pela organizao de greves e manifestaes voltadas para a defesa dos interesses da sua categoria trabalhista.

    FEDERAO

    Federaes sindicais so associaes que renem ao menos cinco sindicatos representativos ou de atividades ou profisses idnticas, similares ou conexas. Cada ramo de sindicato pode formar uma federao sindical. Federao sindical a representao em segundo grau do trabalhador.

    CONFEDERAO

    Confederaes sindicais so organizaes sindicais que renem no mnimo

    trs federaes sindicais de uma mesma categoria econmica ou

  • profissional

    INTERNA:

    CENTRAL SINDICAL (LEI. 11.648/08):

    BASE TERRITORIAL: a base mnima de 01 Sindicato por Municpio

    Centrais sindicais renem sindicatos de diversas categorias. A CUT (Centra nica dos Trabalhadores) uma central sindical, da qual o Sindisade faz parte. As centrais sindicais possuem estrutura independente dos sindicatos que a formam, e mais forte que um sindicato individual. Elas lutam pelos interesses de vrias categorias, participando ativamente da poltica do pas. UNICIDADE/PLURALIDADE SINDICAL:

    RECEITAS SINDICAIS: so recursos para manuteno dos sistemas sindicais;

    CONTRIBUIO SINDICAL OBRIGATRIA: valor anualmente

    recolhido dos trabalhadores de forma obrigatria (tributo) em favor

    do sindicato;

    CONTRIBUIO CONFEDERATIVA: Valor anualmente recolhido

    dos trabalhadores sindicalizados em favor da Confederao. Esta

    modalidade de receita somente devida pelo trabalhador que,

    voluntariamente, adere ao sindicato. Precedente Normativo 119 do

    TST e Smula 666 do STF.

    CONTRIBUIO ASSISTNCIAL: Valor anualmente recolhido dos

    trabalhadores sindicalizados em favor do Sindicato. Esta modalidade

    de receita somente devida pelo trabalhador que, voluntariamente,

    adere ao sindicato. Precedente Normativo 119 do TST e Smula 666

    do STF

    MENSALIDADE: Valor mensalmente recolhido dos trabalhadores

    sindicalizados em favor do Sindicato. Esta modalidade de receita

    somente devida pelo trabalhador que, voluntariamente, adere ao

    sindicato. Precedente Normativo 119 do TST e Smula 666 do STF.

    NEGOCIAO COLETIVA DO TRABALHO

    fruto de negociao entre as partes, atravs de respectivas comisses de negociao, que so escolhidas e tm o poder de negociao outorgado em

    assembleias convocadas para esta finalidade. O sucesso da CCT ou do ACT depende de vrios fatores, dentre os quais:

    a) Garantia da liberdade e da autonomia sindical;

    b) Razovel ndice de sindicalizao do grupo representado;

  • c) Espao para complementao e suplementao do

    sistema legal de proteo ao trabalho.

    CONVENO COLETIVA DE TRABALHO CCT,

    um ato jurdico pactuado entre sindicatos de empregadores e de empregados para o estabelecimento de regras nas relaes de trabalho

    em todo o mbito das respectivas categorias (econmica) e (profissional). Diferentemente dos acordos coletivos, os efeitos das Convenes no se limitam apenas s empresas acordantes e seus empregados.

    Uma conveno coletiva de trabalho acaba determinando obrigaes e

    direitos para as partes, que devem ser respeitadas durante sua vigncia. Ressalta-se que suas clusulas no podem ferir direitos previstos na legislao, sob pena de nulidade.

    O artigo 611 da CLT define Conveno Coletiva de Trabalho como o acordo

    de carter normativo, pelo qual dois ou mais sindicatos representativos de categorias econmicas e profissionais estipulam condies de trabalho

    aplicveis, no mbito das respectivas representaes, s relaes individuais de trabalho.

    ACORDO COLETIVO DE TRABALHO

    o acordo que estipula condies de trabalho aplicveis, no mbito da empresa ou empresas acordantes, s respectivas relaes de trabalho. A celebrao dos acordos coletivos de trabalho facultado aos sindicatos

    representativos das categorias profissionais, de acordo com o art. 611 1 da CLT.

    Assim, conveno coletiva de trabalho o instrumento firmado por

    sindicatos de trabalhadores e de empregadores, de aplicao s categorias por eles representadas.

    J o acordo coletivo de trabalho celebrado por uma das empresas e o sindicato que representa os trabalhadores daquela empresa.

    Quando a categoria, profissional ou econmica, no estiver organizada em sindicato, este ser substitudo pela federao do grupo ou confederao.

    CENTRAIS SINDICAIS

    As Centrais Sindicais, que tambm denominadas de unies ou

    confederaes de trabalhadores, so consideradas entidades de cpula, pois

    se situam no topo da estrutura sindical, acima dos sindicatos, das

    federaes e confederaes de trabalhadores.

    Assim, as Centrais Sindicais representam outras entidades sindicais (e no

    trabalhadores isoladamente), que a ela se filiam espontaneamente. So

    consideradas entidades intercategoriais, pois abraam categoriais

    profissionais distintas.

    As centrais sindicais passam a possuir duas prerrogativas, que so a de coordenar a representao dos trabalhadores por meio das organizaes sindicais filiadas e participar de negociaes em fruns, colegiados de

  • rgos pblicos e demais espaos de dilogo social, nos quais se discutam

    questes afetas aos interesses gerais dos trabalhadores.

    Aps o termino da vigncia da conveno ou do acordo coletivo, que

    de dois anos, normalmente, a clusula continua eficaz?

    Temos trs teorias para responder questo acima:

    Aderncia irrestrita: com base no art. 7, caput, que fala da melhoria

    na condio social do trabalhador, seria vedada a reduo dos

    direitos conquistados pelo instrumento normativo que perdeu o vigor.

    Essa teoria no condiz com a realidade, pois se assim fosse,

    engessaria o direito, o faria perder sua razo de existir.

    Aderncia pelo prazo: aps os dois anos de durao seria extinto,

    fazendo com que os trabalhadores perdessem totalmente os direitos

    adquiridos;

    Aderncia por revogao: o instrumento coletivo tem vigncia at

    que outra negociao a revogue.

    Esta ltima teoria (c) a mais adequada, tendo sido

    inclusive sumulada pelo TST (Smula 277).

    Hierarquia entre Acordo Coletivo e Conveno Coletiva

    Art. 620: As condies estabelecidas em Conveno, quando mais

    favorveis, prevalecero sobre as estipuladas em Acordo.

    Desta forma, entende-se que o Acordo Coletivo prevalece sobre a

    Conveno Coletiva.

    Pela Pirmide do Ordenamento Jurdico de Hans Kelsen temos a supremacia

    da constituio do pas. No caso do direito do trabalho, a supremacia advm

    pela norma mais favorvel ao trabalhador. A exceo se uma norma

    estatal heternoma dispuser que se aplica uma norma, mesmo que outra

    mais favorvel advenha.

    Direito Comum

    CF

    LO LC

  • Direito do Trabalho

    Norma Favorvel

    Como distinguir a norma mais favorvel:

    a) Teoria da Acumulao: acumula, soma as normas mais favorveis de

    cada instituto e forma um terceiro instituto, compilando as normas.

    b) Teoria do Conglobamento: para analisar qual norma mais favorvel,

    faz-se uma anlise geral de seu contedo. Esta a teoria aplicada Lei

    8.064/82.

    Assim sendo, a ACT, por ser mais especfica, torna-se mais favorvel.

    Natureza Jurdica

    A natureza jurdica do ACT e do CCT de contrato, porm, um contrato

    vinculante, com carter normativo, pois vincula os que assinaram e os

    trabalhadores da classe, impessoal, abstrato, lei de natureza especial,

    que atinge apenas aqueles que desejam.

    Trabalhar na categoria e estar dentro da base territorial so expresses do

    desejo de fazer parte do sindicato.

    Paralizaes do Direito Coletivo do Trabalho

    As paralizaes so reconhecidas como uma forma de autotutela.

    LOCAUTE (LOCK OUT): Paralizao total ou parcial da atividade empresarial

    para inibir manifestaes dos empregados, ou para deles obter

    concordncia pretenso empresarial. Locaute paralizao empresarial,

    proibida por lei.

    GREVE (Lei 7.783/89): Greve a sustao total ou parcial da prestao de

    servios pela categoria profissional.

  • Considera-se legtimo o exerccio do direito de greve, que a suspenso

    coletiva temporria e pacfica, total ou parcial da prestao de servios ao

    empregador.

    Pode-se tanto suspender como fazer a operao tartaruga (trabalhar

    muito devagar) ou trabalhar com excesso de zelo (Ex: a Receita Federal

    abre cada pacote que vem da China para o Brasil).

    Greve o direito de causar prejuzo ao empregador sustando a prestao

    dos servios.

    Direitos que podem ser defendidos - proibida a dispensa do empregador durante o perodo de greve;

    - permitido o Piquet e a arrecadao de fundos para o movimento paredista;

    - o contrato de trabalho ser suspenso e a remunerao ser decidida por negociao coletiva.

    Objetivos da greve: Art. 1 da Lei 7.783 c/c art. 9 da CF: possvel greve

    poltica, greve solidria.

    Requisitos: Art. 3 da L 7.783: prvia negociao coletiva, ou seja, a

    participao dos sindicatos essencial. Convocao de assembleia dos empregados. Comunicao ao empregador e ao pblico.

    Pargrafo nico. vedada a resciso de contrato de trabalho durante a

    greve, bem como a contratao de trabalhadores substitutos, exceto na ocorrncia das hipteses previstas nos arts. 9 e 14.