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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ ROSILENE TONOLLI KUCHENBECKER DIREITO DO IDOSO DA CAPACIDADE À INTERDIÇÃO CURITIBA 2013

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

ROSILENE TONOLLI KUCHENBECKER

DIREITO DO IDOSO

DA CAPACIDADE À INTERDIÇÃO

CURITIBA

2013

ROSILENE TONOLLI KUCHENBECKER

DIREITO DO IDOSO

DA CAPACIDADE À INTERDIÇÃO

Monografia apresentada como requisito para obtenção de título de Bacharel em Direito do Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná. Orientador: Prof. Marcos Aurélio de Lima Junior

CURITIBA

2013

FOLHA DE APROVAÇÃO

ROSILENE TONOLLI KUCHENBECKER

DIREITO DO IDOSO

DA CAPACIDADE A INTERDIÇÃO

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Bacharel em Direito no Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba,___de__________ de 2013

______________________________________________ Bacharelado em Direito

Universidade Tuiuti do Paraná

_______________________________________________________ Prof. Dr. Eduardo de Oliveira Leite

Coordenador do Núcleo de Pesquisas da Universidade Tuiuti do Paraná

_______________________________________________ Orientador: Prof. Marcos Aurélio de Junior Universidade Tuiuti do Paraná

______________________________________________________

Universidade Tuiuti do Paraná

_________________________________________________

Universidade Tuiuti do Paraná

Dedico esta monografia a você Norberto Fernando, por acreditar, incentivar, apoiar, estar sempre ao meu lado. Serei eternamente grata. Dedico também aos meus filhos Fernando Henrique e Heloísa Fernanda, por tudo o que vocês representam em minha vida. Sou abençoada em tê-los

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Marcos Aurélio, pela orientação e estímulos fundamentais para o

delineamento desse trabalho.

Ao Professor Eduardo de Oliveira Leite, pelas excelentes aulas e incentivo de

que é possível alcançar os objetivos.

A todos os mestres que estiveram conosco durante o curso e deixaram seus

exemplos e aprendizagem. Levarei todos no coração.

Aos meus pais, pelo carinho, confiança e por acreditarem que a Educação era

a maior contribuição que poderiam oferecer.

Aos meus sobrinhos que são um presente em minha vida.

Ao meu único e amado irmão, juntamente com minha cunhada, que mesmo

distante estão próximos.

A minha sogra Olinda que me socorreu nas vezes em que eu estava com

excesso de trabalho e também pelo seu amor e carinho de mãe.

Aos meus amigos acadêmicos pelo convívio, colaboração e aprendizado

durante esses anos. Sentirei saudades.

A minha bela e fantástica família: Norberto, Fernando Henrique e Heloísa

Fernanda. Eu não seria nada sem vocês. Obrigada por suportarem os

momentos de ausência, minhas lágrimas e também minha falta de paciência.

Amo vocês.

Os idosos, por constituírem hoje um grupo etário politicamente frágil, não tiverem vez e voz no atendimento de suas reivindicações mais elementares. A sociedade, que hoje os exclui do contexto social, deverá viver, em um futuro bem próximo, uma situação ainda pior. Autor: Matheus Papaléo Netto

RESUMO

Esta monografia analisa a interdição do idoso. O objetivo é verificar alguns pontos relevantes sobre a interdição. Para isso serão feitos estudos bibliográficos nos quais serão definidos termos sobre o idoso, tipos de capacidade e incapacidade e suas hipóteses legais, diferença entre personalidade e capacidade jurídica. Na sequência serão abordados pontos sobre a pessoa idosa, o idoso para o direito, sociologia e gerontologia, bem como algumas doenças degenerativas do idoso que levam à incapacidade,diferença de envelhecimento e velhice, e por fim, a interdição, o processo e as responsabilidades do curador e qual é a sua obrigação de prestar contas com o judiciário, se é apenas sobre os bens e o dinheiro do interdito ou se é também sobre a qualidade de vida do idoso depois da interdição.

Palavras- chaves: Idoso. Doença. Interdição. Curatela. Patrimônio.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8

2 CAPACIDADE JURÍDICA ...................................................................................... 10

2.2.1 Capacidade De Direito ou De Gozo ................................................................. 11

2.2.2 Capacidade De Fato, Exercício ou De Ação ................................... .................12

2.3 DIFERENÇAS ENTRE PERSONALIDADE JURÍDICA E CAPACIDADE

JURÍDICA .................................................................................................................. 13

2.4 INCAPACIDADE JURÍDICA E SUAS HIPÓTESES LEGAIS ............................... 14

2.4.1 Incapacidade Absoluta ..................................................................................... 15

2.4.2 Incapacidade Relativa ...................................................................................... 17

3 A PESSOA IDOSA ................................................................................................ 20

3.1 A PESSOA IDOSA PARA O DIREITO, SOCIOLOGIA E GERONTOLOGIA ...... 22

3.2 ENVELHECIMENTO E VELHICE ....................................................................... 30

3.3 DOENÇAS DEGENERATIVA DO IDOSO ........................................................... 30

4 INTERDIÇÃO DO IDOSO ...................................................................................... 34

4.1PROCESSO DE INTERDIÇÃO ............................................................................ 36

4.2 CURADOR - REPRESENTANTE LEGAL DO INTERDITO ................................. 38

5 CONCLUSÂO ........................................................................................................ 43

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 45

8

1 INTRODUÇÃO

O Brasil está enfrentando questões de envelhecimento da população, que

segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)1 vem sofrendo

declínios. Projeções realizadas indicam que o país irá apresentar um crescimento

populacional até 2039, quando a população atingirá o chamado “crescimento zero,”

e após esse ano serão registradas taxas de crescimento negativas, que

correspondem à queda do número da população, tornando assim o Brasil num país

velho.

O envelhecimento populacional ocorreu devido os avanços da medicina e

tecnológicos, bem como a queda da taxa de natalidade e mortalidade infantil,

gerando assim, preocupação com a previdência social, sistema único de saúde e da

assistência social do idoso.

Diante dessa realidade o senador Paulo Pain afirmou no dia 25 de junho de

20122, em plenário, que a defesa dos direitos dos idosos é de interesse de milhões

de brasileiros, que em 2025 o Brasil será o país com a sexta maior população de

pessoa idosa do mundo.

Segundo o senador, necessitamos oferecer aos idosos adequados tratamento

preventivo e médico-hospitalar, com a crescente formação de geriatras e

gerontólogos que estudam o próprio fenômeno biológico do envelhecimento, afirmou

também que o Estado e a sociedade têm o dever de amparar e proteger as pessoas

idosas e ressaltou a importância do Conselho Nacional dos Direitos dos Idosos.

Para esta proteção o Brasil promulgou em 4 de janeiro de 1994 a Lei 8.842/94

que estabelecia a Política Nacional do Idoso3, entretanto, a garantia dos direitos

sociais para a população idosa não se concretizava efetivamente, pois vinha sendo

implantada gradativamente.

1Fonte: IBGE, Disponível em: ftp://ftp.ibge.gov.br/Indicadores_Sociais/Sintese_de_Indicadores_Sociais_2012/SIS_2012.pdf Acesso em 17/04/2013 2 PAIM, Paulo (on-line) A Defesa dos direitos dos idosos. Coletiva disponível em: www12. Senado. gov.br/noticias/materiais/2012/06/25. Acesso em 20/out/2012 3 Lei 8.842 de janeiro de 1994 – Política Nacional do Idoso. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/8842.htm>. Acesso em 26 mar.2013.

9

Para ampliar e garantir os direitos dos cidadãos com idade acima de 60 anos

foi aprovada e sancionada a Lei 10.741 em 1 de janeiro de 2003, o Estatuto do

Idoso. Que tem como meta o amparo e medidas de proteção, a prioridade ao acesso

da justiça, tendo em vista a urgência na finalização do processo, bem como

prioridade aos processos frente à administração pública direta e indireta, empresas

prestadores de serviços públicos, incluindo-se as instituições financeiras.

Como se vê, é uma questão de preocupação e proteção diante do Idoso, pois

a velhice é tratada como um direito constitucional a ser protegido e principalmente

quando se pensa no bem estar do Idoso e seus bens, que muitas vezes devem ser

tutelados por um curador, através do processo de interdição, quando este

apresentar algum problema na qual não consegue mais administrar seus bens, nem

sua pessoa.

Em princípio, toda pessoa com maioridade deve por si mesma administrar-se

como pessoa e seus bens, já que a capacidade sempre se presume, há pessoas

que por motivos de doenças ou debilidades mentais não podem mais cuidar de seus

próprios interesses. Essas pessoas estão sujeitas a curatela4, mas não se pode

esquecer que a velhice por mais avançada que seja não é motivo para interdição,

mas sim a demência senil, que adiante desse trabalho será apresentado através de

estudos bibliográficos os tipos de capacidade e incapacidade e suas hipóteses,

diferenças de envelhecimento e velhice, doenças degenerativas que levam a

interdição, o processo e as responsabilidades do curador e qual é sua obrigação de

prestar contas com o judiciário e por fim se a finalidade da interdição é apenas sobre

os bens e o dinheiro do interdito ou se o curador deve prestar contas também sobre

o bem estar do interdito.

.

4 A curatela, tecnicamente, indica o encargo que é conferido a uma pessoa para que, segundo os limites determinados juridicamente, fundados em lei, cuide dos interesses de alguém que não possa licitamente administrá-los. De Plácido e silva Vocabulário jurídico. (2008, p.406)

10

2 CAPACIDADE JURÍDICA

Antes de iniciarmos os estudos sobre capacidade jurídica, é interessante

verificar o instituto da personalidade jurídica, pois nem sempre foi reconhecida a

todos os seres humanos. No Direito Romano, o escravo não tinha personalidade,

pois era considerado coisa, sem aptidão de participar de uma relação jurídica ou

adquirir direitos, participava apenas como objeto e não como sujeito. Essa situação

perdurou enquanto existiu a escravidão e ainda persistiu na Idade Moderna sendo o

escravo sempre visto com grau de inferioridade. Já no direito brasileiro, a

personalidade jurídica foi concedida a todo ser humano, mesmo durante a

escravidão negra, onde o regime jurídico do escravo não se igualava ao homem

livre.

O direito reconhece os atributos da personalidade com um sentido de

universalidade e o Código Civil o exprime, afirmando que toda pessoa5 é capaz de

direitos e deveres na ordem civil, sem qualquer distinção entre as espécies humana

(Caio Mario, 2009)

Hoje podemos dizer que a personalidade jurídica é a qualidade de ser sujeito

para adquirir direitos e contrair obrigações. Toda pessoa detém a sua personalidade,

independente da sua vontade e consciência, pois ela se inicia no nascimento com

vida, mas conforme dispõe o artigo 2º do Código Civil, a lei põe a salvo, desde a

concepção, os direitos do nascituro. Assim o menor, o recém-nascido e até mesmo

aquelas pessoas com distúrbios psíquicos têm. (Trata-se de um direito ao individuo

e perdura enquanto ele viver).

Caio Mario (2009, p. 181) nos ensina: “A idéia de personalidade está

intimamente ligada à de pessoa, pois exprime a aptidão genérica para adquirir

direitos e contrair deveres”.

Conforme Orlando Gomes (2007, p. 127) “A personalidade é um atributo

jurídico. Todo homem, atualmente, tem aptidão para desempenhar na sociedade um

papel jurídico, como sujeito de direito e obrigações”.

5 Pessoa, ser ou indivíduo a que se atribuem direitos e obrigações. Ruth Rocha, Minidicionário, Editora Scipione, 2007 – São Paulo

11

Segundo Carlos Roberto Gonçalves (2012, p.94) o conceito básico da

personalidade na ordem jurídica é que:

O conceito de personalidade está umbilicalmente ligado ao de pessoa. Todo aquele que nasce com vida torna-se uma pessoa, ou seja, adquire personalidade. Esta é, portanto, qualidade ou atributo do ser humano. Pode ser definida como aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações ou deveres na ordem civil. É pressuposto para a inserção e atuação da pessoa na ordem jurídica. A personalidade é, portanto, o conceito básico na ordem jurídica, que se estende a todos os homens, consagrando-a na legislação civil e nos direitos constitucionais de vida, liberdade, igualdade.

Quando um ser humano nasce, automaticamente recebe sua personalidade,

independente de querer ou não, portanto não há nenhuma condição pré-

estabelecida para que a pessoa possa receber sua personalidade. A regra é

simplesmente nascer com vida,

2.2.1 Capacidade de Direito ou de Gozo

Como visto anteriormente, todo ser que nasce com vida é dotado de

personalidade jurídica, da qual decorre a aptidão para a titularidade de direitos e

obrigações. Não tendo a faculdade de decisão de querer ou não. Personalidade e

capacidade civil é um direito subjetivo da pessoa que nasce com vida, para adquirir

direitos e obrigações. Como exemplo: fazer doações, receber heranças. São atos

simples da vida civil. Segundo Caio Mario Da Silva Pereira (2009 p.226).” É um

atributo que é dado à pessoa e não pode ser recusada”.

Para o Direito, capacidade civil é a aptidão ou autoridade civil legal de que se

acha investida a pessoa física6ou pessoa jurídica,7 para exercer pessoalmente os

atos da vida civil.

6 Pessoa física é a denominação que também se atribui a ao ser humano, considerado como entidade de aspecto físico para que se mostre a sua individualidade jurídica em seus aspetos físicos e moral, em que se integram estados de ordem superior ao meramente biológico. De Plácido e Silva, Vocabulário Jurídico, 2008, Editoria Forense - Rio de Janeiro. 7 A pessoa jurídica somente tem existência quando o Direito lhe imprime um sopro vital, pois o Direito que lhe dá vida a essas entidades, formadas pela agremiação de homens, pela patrimonização de bens, ou para cumprir, segundo as circunstancias, realização do próprio Estado. De Plácido e Silva, Vocabulário Jurídico, 2008, Editoria Forense - Rio de Janeiro.

12

Não há restrições para a pessoa receber sua capacidade e também é

recebida no nascimento com vida.

Segundo Carlos Roberto Gonçalves (2012, p. 94) capacidade jurídica é:

“A capacidade é a medida da personalidade, pois para uns ela é plena e, para outros, limitada. A que todos têm, e adquirem ao nascer com vida, é a capacidade de direito ou de gozo, também denominada capacidade de aquisição de direito ou de gozo, Essa espécie de capacidade é reconhecida a todo ser humano, sem qualquer distinção. Entende-se aos privados de discernimento e aos infantes em geral, independentemente de seu grau de desenvolvimento mental. Podem estes, assim, herdar bens deixados por seus pais, receber doações etc.”.

Para o aludido Caio Mario Da Silva Pereira (2009, p. 226).

A capacidade de direito, de gozo ou aquisição não pode ser recusada ao indivíduo, sob pena de despi-lo dos atributos da personalidade. Por isso mesmo dizemos que todo homem é dela dotado, em princípio. Onde falta esta capacidade (nascituro, pessoa jurídica ilegalmente constituída), é porque não há personalidade.

A pessoa tem capacidade se tiver personalidade e vice e versa, ambas não

podem ser recusada, pois independe da condição física ou mental, basta nascer

com vida, se o indivíduo recusar a capacidade automaticamente estaria sem

personalidade.

2.2.2 Capacidade de Fato, Exercício ou de Ação

A única condição para a pessoa ter capacidade de direito é a condição de

pessoa, que nasce com personalidade e comum a todos os indivíduos. Célia

Barbosa Abreu (2009, p.31).

Entretanto, a capacidade de fato depende da capacidade de direito, pois a

pessoa tem que primeiro adquirir direitos para depois poder exercê-los. É a condição

que cada pessoa possui para fazer valer seus direitos e expor suas vontades sem

intermédio de ninguém.

13

Para Diniz (2008, p. 148) “A capacidade de fato ou de exercício é a aptidão de

exercer por si os atos da vida civil dependendo, portanto, do discernimento que é

critério, prudência, juízo, tino, inteligência, e sob prisma jurídico”.

No campo das capacidades, pode-se dizer que a pessoa que tem capacidade

de direito e capacidade de fato, possui capacidade plena para exercer por si só, atos

da vida civil, sem a participação de outra pessoa para representá-lo ou assistir.

Segundo Carlos Roberto Gonçalves (2012, p. 96)

Quem possui as duas espécies de capacidade tem capacidade plena. Quem só ostenta a de direito, tem capacidade limitada e necessita como visto, de outra pessoa que substitua ou complete a sua vontade. São, por isso, chamados de “incapazes”.

O sujeito que tem a falta de capacidade de fato, por algum que não consegue

expor suas vontades, cuidar da sua vida e gerir seus bens necessita de alguém que

lhe assista em seu nome, pois são considerados incapazes para si próprio praticar

atos da vida civil.

2.3 DIFERENÇAS ENTRE PERSONALIDADE JURÍDICA E CAPACIDADE

JURÍDICA

Os conceitos de personalidade e capacidade são conexos, mas não são

sinônimos, pois se interpretam sem se confundirem. A visão estrutural da

personalidade é adotar uma avaliação funcional, já que toda pessoa que nasce com

vida é capaz de direitos e obrigações. Personalidade é valor objetivo do bem

juridicamente relevante, valor e bem que se realizam de forma dinâmica desde o

nascimento até a morte da pessoa, que é desenvolvido através de uma educação

própria, por meio de escolhas próprias.

Ademais, uma depende da outra para existir no mundo jurídico, a

personalidade precisa da capacidade jurídica, e a capacidade jurídica só existe

depois que a pessoa adquiriu a personalidade ao nascer com vida.

Para alguns autores, não há diferença entre a capacidade jurídica de gozo ou

direito e a personalidade jurídica, que é a aptidão de adquirir direitos e contrair

obrigações, elas apenas se confundem.

14

Orlando Gomes (2007, p.150) reforça que não há diferença entre

personalidade e capacidade civil:

A capacidade de direito confunde-se, hoje com a personalidade, porque toda pessoa é capaz de direitos. Ninguém pode ser totalmente privado dessa espécie de capacidade”. [...] ‘ A Capacidade de fato condiciona-se a capacidade de direito. Não se pode exercer um direito sem ser capaz de adquiri-lo. Uma não se concebe, portanto, sem a outra. Mas a recíproca não é verdadeira. Pode-se ter capacidade de direito, sem capacidade de fato; adquirir o direito e não poder exercê-lo por si. “A impossibilidade do exercício é, tecnicamente, incapacidade.

Para se ter a capacidade de gozo é preciso ter a personalidade civil, e vice e

versa, ninguém pode ter uma sem ter a outra. Por isso o autor Orlando Gomes diz

que as duas se confundem, uma condiciona a outra, sendo diferente com quem tem

a capacidade de exercício, tornando a pessoa incapaz.

Carlos Roberto Gonçalves (2012, P. 96) diz que a personalidade e

capacidade são complemento uma da outra, pois uma não sobrevive sem a outra.

Personalidade e capacidade completam-se: de nada valeria a personalidade sem a capacidade jurídica, que se ajusta assim ao conteúdo da personalidade, na mesma e certa medida em que a utilização do direito integra a idéia de ser alguém titular dele. Com este sentido genérico não há restrições à capacidade, porque todo direito se materializa na efetivação ou está apto a concretizar-se.

Como já visto anteriormente, não há do que se falar de personalidade sem capacidade de gozo, ou capacidade de gozo sem personalidade. Ambas se completam, uma não significa nada sem a outra. Pois isso é que elas se completam.

2.4 INCAPACIDADE JURÍDICA E SUAS HIPÓTESES LEGAIS

Não existe incapacidade de direito ou de gozo no direito brasileiro, pois todos

se tornam capazes de adquirir direitos ao nascer. Mas nem todas as pessoas detêm

a capacidade de fato ou de ação, essas pessoas são chamadas de incapazes, pois

lhes falta a plena capacidade para exercer por si só atos da vida civil.

Portanto existe apenas incapacidade de fato ou de exercício, em sentido

jurídico significa a falta de qualidades ou ausência de requisitos relevantes para o

exercício ou gozo dos direitos,

15

A incapacidade é uma restrição legal ao exercício da vida civil, pois é a lei que

estabelece, é uma forma de proteção ao incapaz.

Para Carlos Roberto Gonçalves (2012, p. 110) “Incapacidade, destarte, é a

restrição legal ao exercício dos atos da vida civil, imposta pela lei somente aos que,

excepcionalmente, necessitam de proteção, pois a capacidade é a regra”.

Segundo Caio Mario (2009, p. 231) “Incapacidade é uma restrição ao poder

de agir, deve ser sempre encarada stricti iuris, e sob iluminação do princípio

segundo o qual a capacidade é a regra e a incapacidade é a exceção”.

A incapacidade para Caio Mario (2009, p.231)

Toda incapacidade é legal, independentemente da indagação de sua causa próxima ou remota. É sempre a lei que estabelece, com caráter de ordem pública, os casos em que o individuo é privado, total ou parcialmente, do poder de ação pessoal, abrindo na presunção de capacidade genérica, a exceção correspondente estritamente as hipóteses previstas.

Como já foi visto anteriormente, toda pessoa tem capacidade de direito e que

é um atributo essencial da personalidade jurídica, mas a capacidade de fato é

aptidão para exercitar direitos e deveres. Um recém-nascido ou alguém

mentalmente incapaz poderá ser proprietário de um bem, sendo amparado por lei,

mas carecem de condição para administrar por si mesmo, os dois possuem

capacidade de direito, mas falta a capacidade de fato, tornando-os incapaz.

Sendo a pessoa incapaz de administrar patrimônios e gerir seus interesses, a

lei civil fornece suprimento da incapacidade, através da curatela, tutela ou poder

familiar.

2.4.1 Incapacidade Absoluta

A incapacidade absoluta é oriunda da capacidade relativa, mas que nem

todas as pessoas possuem, pois a incapacidade absoluta retira completamente a

pessoa de exercer por si só atos da vida civil, sendo necessário que sejam

representados por seus pais ou por um representante legal.

Conforme Caio Mario (2009 p. 234) A lei estabelece que sejam absolutamente

incapazes os que têm direitos, podem adquirir receber, mas não são aptos a praticar

16

as atividades civis. A lei também diz que os absolutamente incapazes têm uma

atividade jurídica indireta, pois a participação da vida civil é feita através do instituto

da representação. E que qualquer ato praticado por uma pessoa absolutamente

incapaz traz como conseqüência a nulidade absoluta do ato e seus efeitos são ex

tunc, como se nunca tivesse sido realizado.

Para Maria Helena Diniz (2008, p.150 apud Antonio Chaves, 1977, p. 9) “A

incapacidade será absoluta quando houver proibição total do exercício do direito

pelo incapaz, acarretando, em caso de violação do preceito, a nulidade do ato, [...]

logo, devem ser representados”.

O código civil de 2002 traz em seu artigo 3°: São absolutamente incapazes de

exercer pessoalmente seus atos da vida civil: “I- os menores de dezesseis anos; II-

os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário

discernimento para a prática desses atos; III- os que, mesmo por causa transitória,

não puderem exprimir sua vontade”.

Os menores de dezesseis anos são absolutamente incapazes devido sua

imaturidade para atuar na esfera do direito. Segundo o Estatuto da Criança e

Adolescente, até doze anos de idade incompletos considera-se a pessoa criança8.

Paulo Nader (2009, p.152) Afirma: “A evolução não se processa em estágios

uniformes nas pessoas, todavia a lei precisava optar por critério objetivo e igual

definição da incapacidade em razão da idade, [...] dezesseis anos ficou sendo o

divisor entre capacidade absoluta e relativa”.

Os privados de discernimento por enfermidade ou deficiência mental. São

pessoas que apresentam deficiência mental ou que padeçam de doença que as

tornem incapazes de praticar atos no mundo jurídico. Segundo Maria Helena Diniz

(2008, p. 152) “Inserem-se aqui os que, por motivo de ordem patológica ou

acidental, congênita ou adquirida, não estão em condições de reger sua pessoa ou

administrar seus bens, por não terem ou por falta de discernimento são

consideradas absolutamente incapazes, devendo ser representados por um

curador”.

Já os que, por causa transitória, não puderam exprimir a sua vontade. São

pessoas que mesmo não tendo problema de doença ou deficiência mental, estão 8 Art. 2° do ECA: “Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até 12 (doze) anos de idade incompletos, e adolescentes aquela entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos de idade”.

17

passando por um estado de paralisia mental, temporária ou total. A impossibilidade

total da vontade já demonstra a incapacidade absoluta. Já a impossibilidade será

temporária enquanto perdurar o problema, que poderá se tornar total se o quadro

não for revertido. Ex: acidente em que o indivíduo entra em coma. Para Carlos

Roberto Gonçalves (2012, p. 119) significa que: “Tal não significa que se vá

interditar alguém de causa transitória, pois o art. 1767, II do Código Civil, que trata

das pessoas sujeitas à curatela, só se refere aos que, por causa duradoura, não

puderam exprimir sua vontade”.

2.4.2 Incapacidade Relativa

A incapacidade relativa é intermediária entre a incapacidade absoluta e a

capacidade plena, pois a incapacidade relativa, o grau de incapacidade que afeta o

indivíduo é inferior ao da incapacidade absoluta, pois atinge certos atos ou maneira

de como exercê-los, ela dá o direito ao incapaz de poder praticar atos da vida civil

desde que acompanhados por um representante legal ou assistido.

Caio Mario destaca (2009, p. 241) em sua obra que:

Dentre os incapazes destacam-se, do outro lado, aqueles que não são totalmente privados da capacidade de fato, em razão de não vigorarem as mesmas razões predominantes na definição da incapacidade absoluta. Entende o ordenamento jurídico que, em razão de circunstâncias pessoais ou em função de uma imperfeita coordenação das faculdades psíquicas, deve colocar certas pessoas em um termo médio entre a incapacidade e o livre exercício dos direitos, que se efetiva por não lhe reconhecer a plenitude das atividades civis, nem privá-lo totalmente de interferir nos atos jurídicos. A essa categoria de pessoas chama-se de relativamente incapazes, e, ocupando elas uma zona intermediária entre a capacidade plena e a incapacidade total, diz-se que são incapazes relativamente à prática de certos atos ou ao modo de exercê-los.

Os que possuem incapacidade relativa podem praticar certos atos livremente,

sem autorização do representante legal, como por exemplo: ser testemunha, aceitar

mandado, fazer testamento, exercer empregos públicos, (se não for necessário a

maioridade), ser eleitos, celebrar contrato de trabalho, pois, como visto

anteriormente ela ocupa uma zona intermediária entre capacidade plena e a

incapacidade absoluta.

18

O Código Civil em seu artigo 4° apresenta: São incapazes, relativamente á

certos atos, ou à maneira de os exercer: I- os maiores de 16 (dezesseis) e menores

de 18 (dezoito anos); II- os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por

deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III- Os excepcionais, sem

desenvolvimento mental completo; IV- Os pródigos.

O nosso ordenamento jurídico considera relativamente incapaz os maiores de

dezesseis anos e menores de dezoito, nesta situação, à vontade, atribuindo os

efeitos jurídicos, desde que acompanhado pelo seu representante legal, pois neste

caso lhe faltam experiência e maturidade. Conforme Paulo Nader (2009, p. 155)

ensina: “os negócios jurídicos praticados sem a participação de quem lhe assiste, à

luz do art. 171, I, do Código Civil, são anuláveis”.

Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental,

tenham o discernimento reduzido. Essa situação depende do laudo pericial, pois é

preciso ter cautela para averiguar se a habitualidade traz fraqueza mental e perda da

consciência. O magistrado deve ter cautela ao declarar se a sentença de interdição

será absoluta ou relativamente incapaz. Para Maria Helena Diniz (2009, p. 243) é

preciso ter cautela. “Trata-se de incapacidade que tem de ser aferida pela justiça

com máxima cautela, a fim de evitar distorções, e resguardar a incolumidade das

relações jurídicas”.

Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo serão considerados

relativamente incapazes os surdos-mudos, se não receberam educação adequada e

não conseguem exprimir sua vontade. Os portadores de síndrome de down, os que

apresentarem desenvolvimento mental incompleto. Segundo Carlos Roberto

Gonçalves: (2012, p. 125) “Excepcional é o indivíduo que tem deficiência mental

(índice de inteligência significativamente abaixo do normal). [...] Só os que não têm

desenvolvimento mental completo são considerados relativamente incapazes”.

A prodigalidade é desvio da personalidade, por meio da qual o indivíduo

dissipa seu patrimônio sem responsabilidade, sem juízo e também fazendo gastos

abusivos e anormais.

O pródigo quando precisa de interdição terá que ser avaliado através de uma

pericia médica, assim como todo processo de interdição, os critérios que levam a

interdição e sua graduação é feita através da linguagem médica.

19

Segundo Caio Mario ensina: (2009, p. 245)

O sistema do Código Civil de 2002 mantém-se em linha intermediária, inscrevendo o pródigo entre os relativamente incapazes (art.4°), mas privando-o exclusivamente daqueles atos que possam comprometer a sua fortuna (emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, agir em juízo como tutor ou como réu), reservando-se-lhe a realização do que importa em simples administração (Código Civil, art. 1782).

O magistrado quando declara a sentença do pródigo deixa claro os atos do

curador e a liberdade do interdito, pois este será considerado relativamente incapaz

para alguns atos da vida civil, como emprestar, transigir, dar quitação, alienar,

hipotecar, agir em juízo como tutor ou como réu).

20

3 A PESSOA IDOSA

O Brasil está em crescente aumento da população idosa, o envelhecimento é

um processo de conquistas culturais de um povo, tão almejado pelo ser humano,

sinal que houve melhoria na qualidade de vida, avanço na medicina e tecnológicos,

bem como redução da taxa de natalidade e mortalidade. Mas juntamente com essa

conquista vem as consequências e a preocupação, bem como a necessidade de

mudanças no planejamento para o futuro não muito distante, principalmente na área

da previdência social que terá um choque com as aposentadorias, bem como na

área da saúde que necessita da medicina preventiva física e mental para as pessoas

que irão envelhecendo, pois é uma fase que ocorrem mais doenças e debilidades

próprias da idade, o que não significa incapacidade.

Neste sentido já decidiu o Tribuna de Justiça do RS9

AGRAVO DE INSTRUMENTO, INTERDIÇÃO, NOMEAÇÃO DO CURADOR PROVISÓRIO, PESSOA IDOSA, MAS LÚCIDA, DESCABIMENTO. NULIDADADE DA DECISÃO PO AUSENCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. .INOCORRÊNCIA. 1-Não há de falar em falta de fundamentação quando o julgador explica as razões do seu convencimento de que a antecipação de tutela é descabida. 2- A interdição é instituto destinado à proteção de pessoa incapacitada, retirando dela a faculdade de administrar seus bens e reger sua própria vida. 3- Não se justifica curatela provisória quando a interditanda, a par da idade provecta e dos problemas de saúde, é pessoa lúcida e capaz de gerir sua própria vida, como mostram os atestados médicos e constatou pessoalmente o julgador no interrogatório. Recurso desprovido> (agravo de instrumento n° 70006353171. Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, julgado em 18/06/2003).

Como visto a idade não é sinônimo de incapacidade, principalmente quando o

idoso é lúcido, consegue expor sua vontade, cuidar da sua vida e seus bens, por

isso o processo de interdição deve ser rigoroso e cauteloso, pois ele é um

instrumento que protege o idoso contra pessoas gananciosas e mal intencionadas

que querem apenas usufruir do dinheiro e bens do idoso.

9 BRASIL. Tribunal de Justiça de Rio Grande do Sul. Agravo de Instrumento nº 70006353171 de 18 de Junho de 2003.Sétima Câmara Cível, Disponível em: http://www1.tjrs.jus.br/busca/?q=INTERDI%C7AO+E+CURATELA+DO+IDOSO&tb=jurisnova&partialfields=tribunal%3: Acesso em 22 de Jun. de2013

21

Segundo O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.10 O Brasil

daqui a quatro décadas terá um perfil etário na forma de um pote, semelhante ao da

França. Haverá quase tantos idosos, quantos jovens. Como apresenta a evolução

da pirâmide etária ao longo dos anos:

Fonte: IBGE. Disponível em: www.ibge.gov.br/home/...da.../piramide/piramide.shtm. Acesso em 15/04/2013

Diante dessa perspectiva há necessidade de ter uma visão global do

processo de envelhecimento e os idosos enquanto individuo, levando sempre em

consideração o melhor interesse do idoso, principalmente para aqueles que estão

nos grupos etários frágeis que por algum motivo não consegue mais cuidar de seus

bens e reger-se como pessoa. Para Viola de Souza (2004, p.90): “A preocupação

com a real situação dos idosos em nosso país nos levou a repensar formas ou

meios que conduzissem o legislador e o aplicador do direito a fazer justiça a essa

camada crescente em nossa sociedade”.

Foram elaboradas muitas leis, todas voltadas ao idoso, classificando que têm

direitos e garantias. A Constituição Federal classificou os direitos da pessoa idosa, e

10 Fonte: IBGE. Disponível em: www.ibge.gov.br/home/...da.../piramide/piramide.shtm. Acesso em 15/04/2013

22

qual a idade para usufruir do benefício. Aos maiores de sessenta e cinco anos é

garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos, setenta anos de idade,

com proventos proporcionais ao tempo de contribuição. Estabelece também idade

para aposentadoria no seu art. 201 § 7° II - “sessenta e cinco anos de idade, se

homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite para

os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades

em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o

pescador artesanal”.

A principal Lei que protege e dita os direitos da pessoa idosa é o Estatuto do

Idoso que classificou como sujeitos de direito e proteção a pessoa com idade igual

ou superior a sessenta anos. Essa lei reconheceu a importância de cuidar e zelar

pelo idoso após prestar uma vida de contribuição perante a sociedade em prol das

novas gerações, que deve e merece ter a proteção e o beneficio da lei, que pode e

deve ter uma vida ativa e um papel central na família, não sofrer maus tratos,

abandono e carência, pois ser idoso não é sinônimo de demência senil11.

3.1 A PESSOA IDOSA PARA O DIREITO, SOCIOLOGIA EGERONTOLOGIA.

A constituição Federal, o Código Civil e o Estatuto do Idoso, têm entre seus

objetivos, a proteção e a regulamentação dos direitos da pessoa idosa. Essas leis se

completam entre si, pois a Constituição Federal traz em seus artigos o amparo

constitucional aos idosos. Que é um dever do Estado da sociedade e da família, os

quais devem assegurar sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade

e bem estar, garantindo-lhes o direito à vida.

A Constituição Federal de 1988 apresenta assuntos tratados em seus artigos

que se reportam aos idosos: a cidadania, dignidade da pessoa humana, que o idoso

não sofra preconceito pela sua idade, e se cometer algum crime, a pena será

cumprida em estabelecimento distintos. Bem como alistamento eleitoral e o voto são

facultativos para os maiores de setenta anos.

11 Demência. Derivado do latim demência (loucura, desatino, desvario) é expressão usada, na linguagem jurídica, para indicar a falta de integridade mental, em virtude do que se considera o demente (pessoa atacada de demência), sem razão suficiente ou sem discernimento bastante para praticar atos validamente perfeitos. Várias causas podem promover a demência, podendo mesmo resultar da velhice, quando se diz demência senil.

23

A Previdência Social prevê ao idoso o direito a aposentadoria por idade, ou

seja, 65 anos de idade aos homens e 60 anos para as mulheres, com redução de 5

anos aos trabalhadores rurais de ambos os sexos, aos que tem atividade em regime

de economia familiar, como o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.

A assistência social será prestada como garantia ao idoso de um salário

mínimo de beneficio mensal se comprovar não possuir meios de prover sua própria

manutenção ou pela sua família. A família e cada um dos seus membros têm a

proteção do Estado, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas

relações, bem como amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na

comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e garantindo-lhes o direito a

vida.

O Código Civil, Lei n° 10.406/2002 refere-se ao idoso no seu o artigo 1696

quando diz que: “O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e

extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em

grau, uns em falta dos outros”.

Ele apresenta também em seu artigo 1767 os sujeitos a curatela, incluindo o

idoso que fica com deficiência mental e não consegue mais administrar-se como

pessoa, nem seus bens.

O Código Penal traz em seu artigo 61 inciso II alínea h, “São circunstâncias

que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: ter o

agente cometido crime: contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou

mulher grávida”.

O idoso também tem proteção no Código de Defesa do Consumidor em seu

artigo 76, IV alínea b, “São circunstâncias agravantes dos crimes tipificados neste

Código, quando cometidos em detrimento de operário ou rurícola, de menor de

dezoito anos ou maior de 60 anos ou de pessoas portadoras de deficiência mental,

interditadas ou não”.

O Plano de Benefício de Previdência Social foi criado pela Lei n° 8.21312, de

24 de julho de 1991 e dispõe em seus artigos, o plano da previdência Social em

relação ao idoso, com objetivo de assegurar aos seus beneficiários meios

indispensáveis de manutenção, motivados entre outros, por idade avançada. Art. 1º 12 Lei 8.213, de 24 de julho de 1991 – Plano de Benefício de Previdência Social. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm> Acesso em: 26 mar. 2013

24

“A previdência social, mediante contribuição, tem por fim assegurar aos seus

beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade,

desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e

prisão ou morte daqueles de quem dependendiam economicamente”.

Essa lei traz segurança para o idoso diante da velhice e aposentadoria para

que possa reger-se diante da vida. Nesse mesmo pensamento surge a lei 8.74213 de

7 de dezembro de 1993, Lei Orgânica de Assistência Social- LOAS. Essa Lei traz

segurança para o idoso diante da velhice e aposentadoria, para que possa reger-se

diante da vida. Um dos objetivos dessa lei é dar assistência com beneficio mensal

de um salário mínimo, para o idoso que comprovar não possuir meios de prover a

própria manutenção ou de tê-la provida por sua família.

Art. 1° “A assistência Social, direito do cidadão e dever do estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas”.

A Lei 8.842 14de 4 de janeiro de 1994 dispõe sobre a Política Nacional do

Idoso, tem como objetivo assegurar os direitos sociais do idoso com idade superior a

60 anos, criando condições para promover sua autonomia, integração e a

participação efetiva na sociedade.

CEDI- Conselho Estadual dos Direitos do Idoso, Lei n° 11.86315 23 de outubro

de 1997, com sede em Curitiba/PR, é um órgão colegiado de caráter público, sem

fins lucrativos, com prazo indeterminado de duração e será regido pelo Estatuto do

Idoso. É vinculado à Secretaria de Estado responsável pela coordenação da política

Estadual de defesa dos direitos do Idoso e tem como objetivo juntar e unir esforços

dos órgãos públicos, entidades privadas e grupos organizados que tenham objetivo

a proteção e o bem estar do idoso, estabelecendo diretrizes das políticas.

13 Lei 8.742 de 7 de dezembro. de 1993 – Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS. Disponível em: http://www.assistenciasocial.al.gov.br/legislacao/legislacao-federal/LOAS.pdf> Acesso em: mar. 2013 14 Lei 8.842 de janeiro de 1994 – Política Nacional do Idoso. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/8842.htm>. Acesso em 26 mar.2013. 15 Lei 11.863 de outubro de 1997 – CEDI – Conselho Estadual dos Direitos do Idoso. Disponível em: http://www.codic.pr.gov.br/arquivos/File/regimentointerno_cedi.pdf. Acesso em: 26 de mar. 2013.

25

CMDPI - Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa foi criado pela lei

11.91916 de 26 de setembro de 2006 é vinculado a Fundação de Ação Social (FAS)

é um órgão de caráter consultivo, deliberativo, controlador e fiscalizador da Política

da Pessoa Idosa, com sede a abrangência no Município de Curitiba. A principal

função é supervisionar, avaliar, fiscalizar, cumprir a política municipal da pessoa

idosa.

O Conselho Nacional dos Direitos do Idoso (CNDI) foi criado em 2002 na

estrutura básica do Ministério da Justiça, por meio do Decreto n°4.22717, Esse

conselho foi criado para ser consultivo e sem paridade, através do Decreto 5.109,de

2004, que o classificou conselho como órgão de caráter deliberativo integrante da

estrutura regimental da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da

Republica.

Em 2009 a Política Nacional do Idoso passa a fazer parte das competências

da SEDH/PR (Secretaria Especial de Direitos Humanos) e adquiriu status de

Ministério no ano de 2010 por meio do Decreto n° 6.800. Hoje é denominada

Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da Republica (SDH/PR) e o

Conselho Nacional de Direitos do Idoso é um de seus órgãos colegiados de caráter

permanente.

O Estatuto do Idoso surgiu através da Lei 10.74118, de 1° de outubro de 2003,

são regidos por princípios próprios que irão informar as regras contidas na

legislação, eles auxiliarão na interpretação de um determinado caso concreto, já que

não é possível o legislador prever todos os fatos da vida.

Até hoje ele é tido como lei principal que definem quais são os direitos

efetivos do idoso e tem como objetivo regulamentar e amparar os direitos da pessoa

idosa com idade igual ou superior a 60 anos. O Estatuto dita que, aquele que por

ação ou omissão atentar sobre seus direitos, será punido na forma da lei.

16 Lei 11.919 de 26 de setembro de 2006 – CMDPI – Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa. Disponível em: http://www.fas.curitiba.pr.gov.br/conteudo.aspx?idf=59. Acesso em: 26 de mar. 2013 17 CNDI – Conselho Nacional dos Direitos do Idoso foi criado em 2002 pelo Decreto 4.227. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/participacao/conselhos/conselho-nacional-de-combate-a-discriminacao-lgbt/132-conselho-nacional-dos-direitos-do-idoso/266-conselho-nacional-de-direitos-do-idoso. Acesso em: 26 de mar. 2013 18Lei 10.741 de 01 de outubro de 2003 – Estatuto do Idoso (art. 2) Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741. Acesso em: 26 de mar.2013

26

Os direitos do idoso como visto anteriormente são regidos por princípios, e o

primeiro deles é o Princípio da Proteção Integral do Idoso, que tem como objetivo os

direitos fundamentais, assegurando-lhes por outros meios, todas as facilidades para

a preservação de sua saúde física e mental, assim como seu aperfeiçoamento

moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. (art. 2°

Lei 10.741/2003).

O segundo princípio que rege o estatuto é da Absoluta Prioridade do idoso,

tendo como fundamento: A obrigação da família, bem como a sociedade e o Poder

Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação dos seus direitos,

como à vida, saúde, alimentação, educação, cultura, esporte, lazer, trabalho,

cidadania, liberdade, dignidade, respeito e a convivência familiar e comunitária. (art.

3° Lei 10.741/03) 19.

O terceiro princípio é o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana que se

apresenta no art. 4° também da Lei 10.741/200320: Nenhum idoso será objeto de

qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão e todo

atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei. A

proteção é dever de todos, de comunicar à autoridade competente qualquer violação

ao Estatuto do Idoso.

Outro Princípio importante que rege o Estatuto é o Princípio do Melhor

interesse ao Idoso. No processo de interdição é observado quem tem melhores

condições para cuidar dos bens e a vida do idoso, levando em consideração quando

já existe um vínculo afetivo entre o interessado a curatela e o idoso, bem como a

afinidade e as condições emocionais do curador para cuidar e zelar pelo idoso e

seus bens.

Nem sempre quem entra com a ação de interdição é que será o curador, a

prioridade é o idoso e o juiz verificará quem é o mais indicado para assumir o

encargo da curatela, respeitando sempre o que é melhor para o idoso.

19 Lei 10.741 de 01 de outubro de 2003 – Estatuto do Idoso (art. 3) Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741. Acesso em: 26 de mar.2013 20 Lei 10.741 de 01 de outubro de 2003 – Estatuto do Idoso (art. 4) Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741 Acesso em: 26 de mar.2013

27

Quando o idoso consegue expor com quem quer ficar, ele pode escolher e

deve ser ouvido, pois o que conta é o melhor para o idoso principalmente quando já

existe um vinculo afetivo.

Nesse sentido, já decidiu o Supremo Tribunal de Justiça do Rio Grande do

Sul:21

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INTERDIÇÃO. IDOSO FOI RETIRADO DA CASA ONDE RESIDIA E FOI LEVADO A UM ASILO, MAS MANIFESTA DESEJO DE VOLTAR AO SEU LAR. VONTADE QUE DEVE SER RESPEITDA. Consoante referido pelo Ministério Público, “O que se tem, portanto, é o seguinte: o ancião J.V.O. morava com o filho R. que, ao que tudo indica, era o único a dar atenção ao pai. Em determinado momento, J.V. ajuizou ação de alimentos contra todos os seus filhos (inclusive o próprio R.), conforme se vê às fls. 89/91. Diante disso, os demais filhos de J.V. o retiraram da casa de R. e o colocaram na casa geriátrica onde atualmente se encontra. Esta ação, data máxima vênia, não encontra amparo nem na lei e nem no bom senso. A uma porque, ao que tudo indica, foi feita manu militari, sem consulta a R. (com quem o pai J. vivia) e sem consulta ao próprio J. que viu-se, de um momento para o outro, retirado do lar onde vivia com o filho, para ser colocado em uma casa geriátrica, para viver no meio de estranhos. E a duas porque, ao que tudo também indica tal ação não passou de represália pelo fato de J. ter ajuizado ação de alimentos contra os demais filhos. É de se perguntar: se estavam tão preocupados com a situação do pai, porque não agiram antes do ajuizamento da ação de alimentos. Ou, ainda, porque não levaram o pai para suas casas, e preferiam colocá-lo em uma casa geriátrica, com estranhos? O ideal, no caso concreto, é que as partes entrem a um acordo a fim de propiciar ao seu pai uma boa qualidade de vida. Diante do exposto, com fundamento no art. 557, § 1º-A, do CPC, com a redação dada pela Lei n. 9.756/98, dou parcial provimento ao agravo de instrumento, determinando a retirada de J.V. do lar onde se encontra para que volte a residir com o filho R.(Agravo de instrumento nº 70033601253, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Claudir Fidelis Faccenda, Julgado em 04 de fev. de 2010).

A Constituição Federal de 1988 sacramenta em seu art. 230: “a família, a

sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas assegurando sua

participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem estar e garantindo-

lhes o direito à vida”.

Além desse artigo, surgiram novas leis para lembrar a sociedade da

responsabilidade em relação à pessoa idosa, após nove anos da criação do Estatuto

21 BRASIL. Tribunal de Justiça de Rio Grande do Sul. Agravo de Instrumento nº 70033601253 de 04 de fev.de 2010. Sétima Câmara Cível, Disponível em: www1.tjrs.jus.br/site_php/consulta/consulta_processo.php%: Acesso em 22 de Jun. de2013

28

do Idoso, a maioria dos princípios e direitos ainda não são cumpridos, como

exemplos: o preconceito, isolamento, abandono, violência, falta de respeito e carinho

faz parte da realidade de muitos idosos.

Muitos idosos chegam à velhice sem condições de ter uma vida digna,

resultado da atual sociedade que obteve uma inversão de valores, hoje o homem é

julgado pela sua capacidade produtiva e assim o idoso passou a ser descriminado. A

idade reduz sua capacidade fisiológica de trabalho, muitas vezes associados a

doenças próprias da idade, outras por doenças que levam a interdição. Diante dessa

realidade o idoso passou a ser visto como estorvo, perdas de papeis, que traz como

conseqüência uma visão negativa da velhice.

Segundo autores Paschoal; Franco; Sales, Ibid Netto (2007, p. 54).

A falta de adaptação do idoso, mais evidente no contexto da sociedade, é provocada pela perda do papel profissional, visto que se dá grande importância à produtividade. Desta forma, a aposentadoria traz o sentimento de desvalor, desprestigio e perda da identidade social. O idoso passa a ser marginalizado pela sociedade. Associado a isso, aquilo que deveria ser uma assistência ao direito adquirido por um tempo de trabalho é vergonhoso, insuficiente para uma sobrevida digna.

Vivemos num país capitalista, onde a produtividade e o consumo são

priorizado e quando um indivíduo chega na aposentadoria os valores são invertidos,

ao invés de se ter a benesse de ter cumprido seu papel com a sociedade, surge a

discriminação, o preconceito e muitos outros motivos que levam o idoso a uma

realidade triste e vergonhoso.

A partir desse quadro é que vão surgindo os problemas emocionais, físicos e

mentais, pois os valores vão sumindo, o preconceito aumentando, bem como a

posição sociais, já que a aposentaria é uma outra realidade da vida do trabalhador.

Diante da atual realidade da sociedade, surgiu a gerontologia (Matheus 2007,

p. 4) que é a ciência que se propõe a estudar o processo de envelhecimento e os

múltiplos problemas que envolvem a pessoa idosa e tem como objetivo fazer com

que haja velhice positiva, saudável.

Quanto ao envelhecer saudável, o idoso deve ser visto como uma pessoa

completa perante os profissionais da saúde e assim oferecer um tratamento

adequado nos aspectos psicológicos, sociais, psíquicos, legais, culturais do

29

envelhecimento, para que a pessoa idosa possa ter uma vida digna, independente e

garantindo assim seu próprio sustento, bem estar, bem como comandar seus bens e

sua vida, facilitando assim ter um envelhecimento feliz e bem sucedido e com

liberdade de escolhas e vontades.

Sérgio Marcio Pacheco Paschoal Ibid Netto (2007, p. 619)

Quanto à autonomia, sua correlação com um envelhecer mais saudável é perfeita. Todos querem ser donos de sua própria vida, ter a capacidade de decidir e escolher caminhos, mesmo para atos corriqueiros do dia-a-dia, como na escolha da roupa a vestir ou da marca do produto a comprar. Se esse objetivo não for alcançado, sentem-se infelizes, despojados da possibilidade de auto-realização, adoentados, impotentes. Portanto, saúde e bem-estar se correlacionam com independência e, principalmente com autonomia.

Como vimos anteriormente, durante o envelhecimento, ocorrem às

transformações físicas e psicológicas, em torno de si mesmo, pois, vivemos numa

sociedade em que o consumo, a beleza e a produtividade é que são valorizados e

muitas vezes, o homem de modo geral não se prepara para o envelhecimento no

qual entra em conflito, gerando doenças psíquicas como a depressão, gerando uma

outra realidade, já não tem mais o trabalho remunerado, ocorre o afastamento da

geração mais jovem que não está preparada para receber a geração de idosos, fica

dependente de uma aposentadoria que geralmente difere daquela de quando

laborava e como conseqüência cai sua posição social.

Nascemos, crescemos e morremos como tudo aquilo que possui vida, mas

durante esse percurso há regras de conduta que são impostas em cada fase da

vida. Envelhecer é um processo individual que se manifesta de forma diferente em

cada indivíduo, ocorre de forma lenta, irreversível e não significa que acontece só

com os outros. Quem tiver o privilégio de envelhecer saberá de toda essa trajetória,

que mesmo com a diminuição das funções vitais, envelhecer não é sinal de

patologia ou demência, mas sim uma fase que deve ser planejada, bem como

ampara, principalmente pelos profissionais de saúde que tem condições de fazer um

trabalho de prevenção para que durante a velhice tenha condições de continuar com

seu projeto de vida.

30

3.2 ENVELHECIMENTO E VELHICE

O envelhecimento não pode ser equiparado com a velhice, pois o

envelhecimento é um processo irreversível, personalíssimo que passa por

transformações estruturais, funcionais que vão ocorrendo durante toda a vida, desde

o nascimento até a morte do indivíduo. Assim em qualquer idade estamos no

processo de envelhecimento, já a velhice é uma etapa vital da vida, chegando a

durar 25, 30 anos, dependendo da qualidade e compromisso com a vida.

Ruth Gelehrter da Costa Lopes e Sila Zugman Calderoni, (2007, p. 227). A

idade cronológica é apenas um referencial. O que importa é como a pessoa vive

quais os cuidados e atitudes que levam a longevidade:

Aprender a lidar com a perda das capacidades orgânicas e, portanto, com as dificuldades para enfrentar tarefas da rotina do dia-a-dia; Manter-se atento às questões ligadas à saúde e buscar ajuda de especialistas sempre que necessário; Praticar exercícios físicos adequados à própria condição; Alimentar- se adequadamente; Cuidar das capacidades cognitivas (por exemplo, exercitar memória e raciocínio; Aprender a usar o tempo livre, antes um bem tão escasso e precioso e, depois, algo que incomoda e pode conduzir ao tédio ou até a depressão; Não se isolar, manter-se em contato com pessoas e participar de grupos; Resistir a posturas de preocupação exagerada para evitar hipocondria, seja diante das transformações físicas, seja diante do medo da perda de potencia sexual, para evitar a promiscuidade.

O bem estar, bem como o envelhecimento saudável depende muito de como

a pessoa enfrenta o envelhecimento. A idade cronológica pode ser diferente da

biológica se a pessoa tiver hábitos saudáveis tendo uma vida mais feliz e bem

humorada, juntamente com o otimismo e a vontade de viver.

Neste sentido Rodrigues e Terra (2006, p.13) afirmam:

A velhice não é sinônimo de doenças, debilidade mental, incompetência,

decrepitude, inutilidade, incapacidade como pensam alguns. Modificar esse

conceito constitui uma das principais tarefas da Gerontologia social. A

velhice não representa uma mudança radical. Suas necessidades tanto

físicas como sociais não serão modificadas e seus valores não deixarão de

31

serem os mesmos. O respeito aos direitos dos idosos nesse país pode e

deve ser assegurado por eles próprios.

A velhice deve ser encarada como um processo natural, feliz e com

realizações, que doenças que causam interdição é a exceção.

Segundo Anísio Baldessin (2007, p.869) Tratado da Gerontologia, nos ensina

que envelhecemos quando:

Você é velho não quando tem certa idade, mas quando tem certos pensamentos. Você é velho quando lembra as desgraças e as ofensas sofridas e esquece as alegrias e os dons que a vida lhe oferece. Você é velho quando se aborrece com as crianças que conversam animadamente, os jovens que se beijam. Você é velho quando continua a louvar os tempos antigos e lamenta toda a novidade. Você é velho quando não gosta mais do canto dos pássaros, do azul do céu, do sabor do pão, da frescura das águas, da beleza das flores. Você é velho quando continua a dizer que precisa ter os pés no chão e apaga da sua vida a fantasia, o sonho, o riso, a poesia, a música. Você acha que é velho quando acha que terminou a estação da esperança e do amor. Você é velho quando pensa na morte como no descer ao tumulo ao invés de subir ao céu. Se, em vez disso, você ama, espera, ri, Deus alegra a tua juventude, mesmo que tenha 90 anos. Por isso é que existem pessoas velhas aos 45 e jovens com 70 anos.

Sinais e sintomas clínicos da velhice não podem nem devem atrapalhar a

alegria de viver plenamente, tendo assim, flexibilidade e capacidade emocional para

administração da vida diária, superando limitações, ansiedades e incertezas da vida.

Que conseguem ter sua autonomia e As pessoas quando envelhecem com

pensamentos positivos, feliz e com capacidade para reger sua vida e seus bens, é

considerada uma pessoa que tem um envelhecimento bem sucedido, claro que com

as limitações que a própria idade impõe.

3.3 DOENÇAS DEGENERATIVA DO IDOSO

Como visto anteriormente, o Brasil está envelhecendo, esse envelhecimento é

uma conquista da humanidade, que através dos progressos tecnológicos e

principalmente do avanço da medicina aumentou a expectativa de vida. Mas, não

32

significa que longevidade é sinal de envelhecimento saudável. Começamos a

envelhecer no dia em que nascemos, é neste momento que iniciamos o processo de

envelhecimento, o que acarreta com o passar dos anos a perda de certas funções

orgânicas.

A maioria das pessoas envelhece bem, claro, aquelas que tiveram condições

de se preparar para o envelhecimento, bem como acompanhamento e prevenção de

doenças físicas e emocionais, apresentando apenas dificuldades próprias da idade,

tendo sua autonomia e independência, cuidando da sua vida e seus bens. Mas do

outro lado a sociedade apresenta idosos que envelheceram doentes alguns por

natureza, outros que não tiveram o mesmo tratamento e prevenção, com qualidade

de vida reduzida e pobre, que apresentam doenças que impõem restrições

acentuadas de autonomia e dependência, precisando além de um curador, um lugar

para se alojar, pois lhe falta tudo. Este é um olhar negativo sobre o envelhecimento.

Conforme ensina Matheus (2007, p. 326):

O aumento da população idosa em todo mundo pode ser considerado uma vitória do progresso tecnológico, da melhoria das condições sócio-econômicos e, principalmente, dos avanços da medicina. Paralelamente, e como decorrência natural e indesejável do crescimento da longevidade, aumenta a cada ano de vida, principalmente após os 60 anos de idade, o declínio funcional dos diversos órgãos, tornando o idoso mais vulnerável à maior incidência de processos agudos graves e, particularmente, de doenças crônico-degenerativas. Com efeito, cerca de 80% de pessoas com idade igual ou maior de 75 anos são acometidas de uma ou mais doenças, cuja gravidade varia de um indivíduo para o outro, situando-se entre estas a síndrome demência22.

Não existem testes laboratoriais específicos para diagnosticar a demência,

essa doença é reconhecida através de exames clínico com historia detalhada, mais

o exame físico, neurológico, exame cognitivo, exames laboratoriais hematológicos e

exames de mapeamento como tomografia e ressonância.

A demência possui três estágios, o primeiro deles é a demência leve, que é a

perda cognitiva leves; juízo e crítica relativamente preservados, pouca dificuldade na

22 Demência é uma síndrome clínica caracterizada por declínio cognitivo, com caráter permanente e progressivo ou transitório, causada por múltiplas etiologias, acarretando repercussões sociais e ocupacionais ao paciente. A demência geralmente se manifesta por déficit de memória e de outras funções cognitivas, como linguagem, orientação parcial ou temporal, julgamento e pensamento. Matheus Papaléo Netto. Tratado de Gerontologia. (2007, p. 326)

33

linguagem, vida independente apesar das perdas. A segunda é a demência

moderada, que é a perda cognitiva moderadas; juízo e crítica prejudicados;

dificuldade de linguagem que compromete a comunicação; riscos de vida

independente, necessária alguma supervisão. A terceira e mais grave é a demência

acentuada ou avançada23, que acarreta a perda acentuada na cognição;

incapacidade de juízo e crítica; incapacidade de comunicar-se; incapacidade na

atividade da vida diária.

A demência pode ocorrer em qualquer período da vida, mas geralmente é

caracterizada na pessoa idosa, a demência pode ser causada por diversas doenças:

o abuso do álcool e drogas que resultam em mudanças prejudiciais no

funcionamento cognitivo; doenças infecciosas ou depressão também podem causar

demência e pode ser classificada como processo patológico localizada no cérebro.

Ensina Matheus Papaléo Netto (2007, p. 329) que tanto a doença de

Alzheimer, ou demência senil, são perturbações mentais graves que levam a perda

gradual e progressiva das funções intelectuais. É uma doença que se caracteriza por

deterioração lenta e progressiva, revelada pelo declínio da memória que é o primeiro

sintoma, e vem acompanhada de alterações da personalidade, apatia e diminuição

de outras funções corticais, como linguagem, julgamento, habilidades visuais e

espaciais, aprendizado, raciocínio e concentração, também se caracteriza em duas

fases, a primeira fase tem duração de dois a três anos, neste caso o paciente tem

dificuldades de lidar com situações complexas, o idoso perde seu senso crítico,

levando o doente a dificuldades cognitivos. Na segunda fase, a duração é de três a

cinco anos no qual ocorre a perda acentuada de suas funções levando o paciente a

não conseguir mais cuidar de si próprio e seus bens, tendo a necessidade de ser

interditado e direito a um curador. Demência Vascular é um infarto cerebral que

podem ser de natureza leve ou grave, a maioria dos casos é reversível, mas a casos

graves que deixam seqüelas irreversíveis em que levam a interdição da pessoa, pois

esta ficou sem condições de expor sua vontade, cuidar de si e de seus bens

necessitando de um curador.

23 Demência leve, Demência Moderada e Demência Avançada. Disponível em: www.mp.fmp.usp.br. Acessado em 28 mar.2013.

34

4 INTERDIÇÃO DO IDOSO

Embora se saiba que as pessoas que não morrem prematuramente,

envelhecem e que o envelhecimento é um processo natural, ele ainda intimida, pois

o que todos desejam é ter uma velhice saudável, independente e com autonomia,

sem depender de ninguém e assim garantir seu próprio sustento, bem estar. Mas

infelizmente nem sempre é possível chegar à velhice com saúde, devido algumas

doenças degenerativas há uma redução da capacidade de discernimento, isto é, o

idoso não consegue mais expor sua vontade, cuidar da sua vida e seus bens, que

segundo a Lei 10.406 de10 de janeiro de 2002 (Código Civil) ele é civilmente

incapaz, pois ficou com uma enfermidade mental no qual o fez perder o

discernimento.

Em caso de enfermidade mental a pessoa é interditada. A lei visa proteger o

idoso, conforme artigo 1767 do Código Civil de 2002, inciso I – “aqueles que, por

enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para os

a todos da vida civil”.

A ação de interdição serve para declarar a incapacidade relativa ou absoluta

do idoso, mas depende da perícia médica e da gravidade do caso, bem como

protegê-lo contra pessoas que desejam se aproveitar da situação, utilizando-se da

sua inércia mental para praticar atos que lhe causem prejuízos e perdas de ordem

patrimonial e moral, como assinar papéis para vender ou gastar seu dinheiro.

Portanto, com a interdição declarada da sua incapacidade absoluta, o idoso

não poderá mais praticar ou exercer atos da vida civil por si só, com reflexos de

nulidade, o juiz, nomeará um representante legal para que possa em seu nome

praticar todos os atos da vida civil, este será seu curador.

Segundo Abreu (2009, p.107 apud NADER, 2003, pp. 193-194) afirma que “a

situação de falta de discernimento ocorre quando se está diante de alguém que

carece de condições para compreender a natureza e o alcance do ato e para

participar, coerentemente com sua vontade real”.

Venosa ensina que: (2008, p. 139) “a senilidade, por si só não é motivo de

incapacidade, a menos que venha acompanhada de estado mental patológica. No

exame do caso concreto, deve ser avaliado se o agente, independentemente de sua

idade, tinha capacidade de entender o ato ou negocio jurídico”.

35

Para saber se a pessoa idosa apresenta algum tipo de distúrbio psíquico ou

degenerativo e se tem capacidade para a cuidar de seus bens e expor sua vontade,

é preciso o encontro de duas práticas e saberes – direito e medicina.

Pois é a medicina quem define o que é doença, qual sua gravidade e o grau

de discernimento e vontades do idoso. Isso através de uma pericia feita por um

médico a pedido do juiz. Quem define o que é doença é o médico nomeado na

perícia, mas o que orienta e determina a capacidade civil ou incapacidade, são leis

que encontram a definição através do juiz.

Segundo Zarias (2005, p.47)

No processo de interdição, os critérios para a definição da graduação da

“capacidade civil” de uma pessoa são expressos em linguagem médica, ou

seja, dependem de um saber profissional especifico que em nossa

sociedade tem a competência validada oficialmente para determinar se

alguém esta ou não está doente. Isso significa que a justiça olha através de

um anteparo, que é a “doença” identificada, descrita e atribuída ao

interditando, para definir o conjunto de ações possíveis e impossíveis de

serem realizadas no âmbito da vida civil.

A incapacidade civil é definida pela doença diante do processo de interdição e

nos coloca diante da união dessas duas instituições: medicina e justiça. Na qual,

marca proteção e muitas vezes punição para o idoso, pois a doença mental,

diferentemente de outras, não se faz acompanhada, necessariamente, de dor ou

sofrimento. O doente na maioria das vezes não percebe sua condição, alguém o

define como tal.

Portanto, não há de se falar em interdição do idoso, pelo motivo da velhice,

ela não induz à incapacidade e até mesmo as faculdades mentais, se a pessoa por

mais idade avançada que tenha consegue manifestar o que pensa e cuidar de seus

negócios, reger sua vida e seus bens, embora seja uma medida que protege o

idoso, a interdição é uma medida drástica, ademais, não há como privar alguém de

continuar tendo sua vida livre e com dignidade, pelo motivo da idade, podendo ainda

reger sua pessoa e dispor os seus bens enquanto puder fazê-lo. Ensina Abreu

(2009, p. 109): “Prevalece na doutrina o pensamento de que a idade avançada não é

36

causa de incapacidade, salvo se acompanhada de patologias, tais como

arteriosclerose ou doença de Alzheimer, em virtude que o intelecto seja

prejudicado”.

A interdição traz o beneficio da preservação dos bens e dinheiro do interdito,

no qual é feito a prestação de contas com o judiciário, mas ela não traz nenhuma

segurança quanto à pessoa do interdito, como o idoso será cuidado após a

interdição. O Ministério Público só irá intervir se houver denúncia de maus tratos,

salvo em alguns casos em que é acionada a assistente social e esta locada junto

com a promotoria para ajudar em casos de fiscalização. O que ocorre muitas vezes

após intervenção é briga em família, pois todos querem o dinheiro e poucos o idoso,

que acaba pagando uma dura pena, pois a sentença que declara a interdição e o

dever de prestar contas fica sem as devidas recomendações quanto aos deveres

com o idoso.

4.1 PROCESSO DE INTERDIÇÃO

Ação de interdição é feita através de um advogado que possui capacidade

postulatória que fará uma petição inicial, a interdição pode ser promovida, conforme

Código Civil (2002 artigo 1768) pelos pais e tutores, pelo cônjuge, ou qualquer

parente e também pelo Ministério Público.

Processada essa petição inicial, o interdito será citado para comparecer

mediante o juiz, que fará o interrogatório com as perguntas que achar conveniente

para avaliar seu estado mental e se não for possível o interdito comparecer devido

sua incapacidade, essa avaliação será substituído por uma inspeção judicial,

mediante contato direto e pessoal do magistrado com o interditando, para

juntamente com os laudos possa formar sua convicção e tomar a melhor decisão

para posteriormente proferir a sentença.

. O interditando tem como garantia que durante o processo pode impugnar o

pedido de interdição, sendo representado pelo Ministério Público (caso o MP não

tenha sido o autor da ação), ou contratar um advogado para se defender, desde que

pague os honorários com seus próprios recursos. No qual juiz nomeará um perito

37

psiquiatra para realizar exames de suas capacidades e discernimentos, bem como

reverter à incapacidade.

O Ministério Público só poderá promover interdição: (Código Civil, 2002,

artigo 1769): “I - em caso de doença metal grave; II - se não existir ou não promover

a interdição alguma das pessoas designadas nos incisos I e II do artigo antecedente;

III – se, existindo, forem incapazes as pessoas Mencionadas no inciso antecedente”.

A sentença serve para oficializar uma situação fática, ela não cria a

incapacidade, apenas reconhece, oficializa e nomeia um curador ao interdito, no

qual irá firmar compromisso, assumindo encargo público de zelar pela pessoa e

pelos bens do curatelado.

Dispõe o art. 1.184 “A sentença de interdição produz efeito desde logo,

embora sujeita a apelação. Será inscrita no Registro de Pessoas Naturais e

publicada pela imprensa local e pelo órgão oficial por três vezes, com intervalo de 10

(dez) dias, constando no edital os nomes do interdito e do curador, a causa da

interdição e os limites da curatela”.

Segundo Medeiros (2007, p. 105)

É a partir desse momento que se inicia, oficialmente, uma nova trajetória para o interdito: a de sujeito incapaz. Considerado dessa forma, o sujeito não rege sua pessoa, seus bens, seus filhos; perde sua capacidade de exercício e perde seu poder de voz e de vontade; fica sem autonomia, torna-se um cidadão incompleto. A exclusão, assim oficializada, se fundamenta em regras e impõe uma condição especifica. Decorre da mobilização de aparelhos especializados e se concretiza por meio de rituais preestabelecidos. Tendo por base uma condição específica, ela é justificada, e sua legitimidade é atestada e reconhecida.

O interdito após sentença declarada passa a ser reconhecido legalmente

como incapaz para os atos da vida cível, bem como reger-se a si e seus bens, tendo

assim a necessidade de um curador para assumir o encargo da curatela. Esse

curador é escolhido com cautela, procurando sempre o melhor interesse para o

idoso, essa é a função da ação de interdição, denominar um curador para assumir o

compromisso de cuidar e zelar pela pessoa e seus bens, bem como prestar contas

com o judiciário de como está administrando os bens do idoso.

38

4.2 CURADOR - REPRESENTANTE LEGAL DO INTERDITO

Como visto em capítulos anteriores, são absolutamente incapazes aqueles

que a lei considera totalmente incapazes aos exercícios das atividades da vida civil,

que têm direitos, podem adquiri-los, mas não são habilitados a exercê-los, a não ser

através da representação legal. (Caio Mario 2009, p. 234) “A ligação que se

estabelece entre os absolutamente incapazes e a vida jurídica é indireta, por via do

instituto da representação”.

Depois de decretada a interdição será nomeado um curador ao interdito,

sendo a sentença declaratória e têm efeitos ex-nunc, significa dizer que os atos

praticados pelo interdito serão nulo a partir da data da sentença. O curador pode ser

quem ajuizou a ação ou por outra pessoa que parece mais apropriada para cuidar

do interdito, sempre levando em conta o melhor interesse para o idoso.

Este curador será o representante do interditado, nomeado pelo juiz, que

passará a exercer todos os atos da vida civil no lugar do idoso interditado. Esse

curador irá administrar os bens, assinará documentos, administrará o dinheiro, a

casa, enfim a vida civil do idoso.

Para anular ou pedir nulidade dos atos praticados antes da interdição, terá

que ser feita através de uma ação autônoma, pois a ação de interdição é um

procedimento especial, exclusivo e, com efeito, ex-nunc.

Respeitando a dignidade da pessoa humana, a curatela é uma medida que só

deve ser imposta na pronuncia da interdição pelo juiz, com todas as provas cabais

possíveis de sua incapacidade, para que um curador possa gerir sua pessoa e seus

bens.

Conforme Abreu (2009, p. 160)

“Portanto, a curatela é um instituto que exige interpretação compatível com os valores de que a pessoa é portadora, como forma de assegurar o respeito às suas exigências particulares. É preciso observar que a CRFB/1988 colocou a pessoa humana como valor fundamental da ordem jurídica, o que impõe que lhe seja reconhecidos direitos e garantidas condições de se fazer presente e atuante na sociedade”.

39

O curador tem a responsabilidade de zelar, pelos direitos fundamentais do

idoso, administrar seus bens, aposentadoria ou pensão. Cuidar e proteger do bem

estar físico e psíquico social do interdito.

Do mesmo modo, tem obrigação de apresentar na forma contábil e

encaminhada periodicamente ao juiz, através do advogado ou defensor público a

descrição dos ganhos e despesas na administração do interdito.

Quando o curador não cumprir com a obrigação de prestar conta, este pode

ser destituído do encargo.

Neste sentido já decidiu o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul24.

AGRAVO DE INTRUMENTO, FAMÍLIA, INTERDIÇÃO, CERCEAMENTO DE DEFESA, INOCORRENCIA, DESTITUIÇÃO DO ENCARGO DE CURADORA PROVISÓRIA. MANUTENÇÃO. CONDUTAS REALIZADAS EM DASACORDO COM O ORDENAMENTO JURÍDICO. AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL PARA PRÁTICA DE ATOS RELATIVOS À BENSE VALORES DO INTERDITANDO. 1 No caso, após a juntada do primeiro estudo social confeccionado, a recorrente manifestou-se nos autos ao menos por duas ocasiões, tomando ciência, assim, daquele estudo. 2 Considerando que as necessidades básicas do interditando estão sendo plenamente atendidas no lar do Idoso, e que, enquanto curadora provisória, a recorrente contraiu ao menos três empréstimos bancários em nome no interditando, em desacordo com o ordenamento jurídico, exercendo atividade relativa a bens e valores do interditando sem a imperiosa autorização judicial (arte. 1.748 e 1.781), e sopesando, ainda, que a agravante deixou de informar ao juízo a que a realização dos empréstimos bancários, tampouco comprovando a destinação do dinheiro, deve ser mantida a decisão que a destituiu do encargo. AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO: (Agravo de Instrumento N° 70045692423, oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ricardo Moreira Lins Patl, julgado em 16/02/2012)

O interditado tem a proteção do Ministério Público para que seus bens e seu

dinheiro sejam protegidos do curador que se utiliza da má-fé e o leve a miséria.

Pode ocorrer que durante o encargo da curatela, o curador venha a falecer, o

juiz deve ser informado para que seja feita a substituição por outra pessoa.

As leis: Código Civil, Estatuto do Idoso e a Constituição Federal, fala da

importância do curador, de quem pode ser curador, como deve prestar contas, mas

nenhuma sobre a obrigatoriedade da fiscalização da pessoa interditada, de como

24 BRASIL. Tribunal de Justiça de Rio Grande do Sul. Agravo de Instrumento nº 70045692423 de16 de fev. de 2012. Oitava Câmara Cível, Disponível em: www1.tjrs.jus.br/site_php/consulta/consulta_processo.php%: Acesso em 22 de Jun. de2013.

40

está sendo cuidada, se está sendo amada e protegida ou carente e abandonada

após a interdição.

A interdição é um processo na qual tem o intuito de proteger o idoso que não

consegue mais reger sua vida e seus bem sendo declarada sua incapacidade e

nomeando um curador que assume o compromisso de cuidar de seus bens, mas,

muitas vezes essa decisão da escolha do curador provoca brigas em família, que até

então eram unidos, mas a ganância e a preocupação com os bens do interditando

que pode provocar lesão na herança, leva os outros interessados a curatela e assim

entrar com recurso para pedir o encargo para si, mas nessa briga o mais importante

é esquecido, o idoso.

Quando ocorre desavença em família sobre a administração dos bens e

cuidados com o idoso, tanto o juiz quanto o Ministério Público podem pedir a

nomeação de um protutor25 para fiscalizar os atos do curador.

Neste sentido o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul tem se

pronunciado:26

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INTERDIÇAO. PEDIDO DE DECLARACAO DE INIDONEIDADE DA CURADORA PROVISÓRIA. PRESTAÇAO DE CONTAS. NOMEAÇÀO DE PROTUTOR. 1 Avaliação das condições vivenciais do curatelado através de estudo psico social. Cabível do provimento ao Agravo de Instrumento no ponto de deferir avaliação do curatelado, através de estudo social já determinado pelo juiz de origem. 2 Determinação de prestação de contas dos bens do curatelado pela curadora. Nomeação de um protutor para a fiscalização dos atos da curadora. Aconselhável que a decisão a respeito do protutor seja tomada após realização do estudo social para averiguar quem detém melhores condições de exercer a curatela. Caso em que se mantém o entendimento do juiz de primeiro grau. AGRAVO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NA PARTE CONHECIDA, PARCIALMENTE PROVIDO. EM MONOCRÁTICA. (Agravo de Instrumento n° 70034865410, oitava Câmara Cível, Tribunal de justiça do RS, Relator: Rui Portanova, julgado em 04/03/2010).

25 Protutor- indivíduo nomeado pelo conselho de família para exercer a tutela conjuntamente com o tutor, curador e conselho de família: Incumbe ao protutor... Vigiar a administração do tutor, curador. Disponível em< www.dicio.com.br/protutor. Acesso em: 20 de mar. De 2013. 26 BRASIL. Tribunal de Justiça de Rio Grande do Sul. Agravo de Instrumento nº 70034865410, de 04 de mar.. de 2010. Oitava Câmara Cível, Disponível em: www1. tjrs.jus.br/site.php/consulta/consulta_processo.php% : Acesso em 22 de mar.de 2013

41

O protutor é a pessoa designada pelo juiz para fiscalizar os atos do curador

ou tutor, sendo co-responsável pelos prejuízos causados pelo curador. Mas a

nomeação do protutor não descarta a intervenção do Ministério Público.

Segundo o código civil de 2002, art. 1.742. “Para fiscalização dos atos do

tutor, pode o juiz nomear um protutor”.

Segundo Medeiros (2007, p. 108) São objetivos do Projeto de Interdição:

-Otimizar a atuação do Ministério Público em sua função fiscalizadora quanto ao exercício das curatelas, assim como sobre as condições de assistência à pessoa do incapaz e no zelo por seu direito à vida, à liberdade, à educação, à saúde, ao bem-estar e ao seu patrimônio e rendas. -Proporcionar maior controle institucional sobre a tramitação do processo judicial de interdição, a partir do ajuizamento da respectiva ação até a decretação judicial e incapacidade e o acompanhamento posterior à sentença. -Possibilitar maior eficiência no controle das prestações de contas das rendas e do patrimônio do incapaz. -Fiscalizar o exercício do encargo dos curadores quanto à aplicação dos recursos públicos de prestação continuada em proveito dos beneficiados. (termignoni, 2003:8)

Este protutor surge na relação entre o curador e o interdito, quando a suspeita

de má administração dos bens do interdito. Este protutor será co-responsável pelas

atitudes do curador com os bens do interdito.

.

Segundo Maria Bernadete de Morais Medeiros (2007, p. 106)

“O que se advoga não é o fim dos estatutos de interdição e da curatela, mas sua utilização como instrumento de proteção, àquelas pessoas cujas incapacidades requeiram reais cuidados, no limite de suas necessidades, a isso deve estar aliado um sistema de proteção social que garanta a esses indivíduos seus direitos sociais de atenção à saúde, à moradia e à sobrevivência com dignidade, não como seres dependentes, desprovidos de possibilidades, mas com respeito às suas diferenças como outra forma possível de estar no mundo”.

O Ministério Público tem um grupo no qual da assistência nos casos em que é

necessária a fiscalização e intervenção para possíveis irregularidades do idoso

interditado, mas o que se advoga são mudanças quanto à atuação do curador, que

quando é declarada a incapacidade civil do idoso através do processo de interdição,

a sentença estabeleça os limites da curatela, o dever de prestar contas fiscais dos

42

bens do idoso, mas também um prestar conta social do idoso, com o dever de visita

da assistente social para fiscalizar como está à vida o idoso após interdição.

Essa fiscalização não deve ser uma exceção e sim uma regra, para que o

idoso interditado possa ter qualidade e dignidade na sua vida.

43

5 CONCLUSÂO

Pelo exposto, verificou-se que o Brasil está envelhecendo e inúmeras leis

foram criadas para tentar ajustar a essa nova realidade da sociedade.

Apresentaram-se conceitos sobre idoso, capacidade e incapacidade,

diferenças sobre velhice e processo de envelhecimento, doenças que atingem a

velhice e bem como aquelas que levam a interdição, o que é interdição e qual é o

caminho quando um idoso precisa ser interditado, como é feita a escolha do curador

e seu compromisso com o interdito.

O processo de envelhecimento vai proporcionando inúmeras situações,

gerando na sociedade motivo de mudanças e comportamentos. Recentemente foi

criada dentro da medicina a gerontologia. Que é a ciência que estuda o processo de

envelhecimento, como preparar o adulto para uma velhice mais tranqüila, para que

possa entrar nessa fase mais seguro e confiante, claro que com doenças próprias da

idade, mas que não prejudique sua liberdade, sua vontade e que possa ser confiante

e independente para gerir seus bens, suas vontades e sua vida.

No entanto, deve-se lembrar que não fica idoso quando se chega aos

sessenta anos, é a lei quem estabelece a idade do inicio da velhice, mas isso não

pode ser sinônimo de inválido, doente, incapaz para quaisquer atos da vida civil, já

que a realidade mostra que muitos ainda têm disposição invejável, que continuam

trabalhando e têm uma vida tranqüila que conseguem cuidar da sua família e

amparar seus netos.

Mas, de um outro lado, temos uma dura realidade, idosos acometidos de

doenças degenerativas que levam a incapacidade, em que muitas vezes estão

sendo amparados por pessoas egoístas que estão apenas preocupados com seus

bens e os deixam a própria sorte.

Diante da análise feita, percebeu-se que quando um idoso é interditado, o

curador passa a assumir todos os atos da vida civil no lugar do interdito e sim o

compromisso de prestar contas no judiciário através de relatórios contábeis dos

bens, gastos e investimentos que fez com o idoso. Mas o prestar contas e a

supervisão de como está à situação do idoso após a interdição, é feita, mas de uma

forma não com regularidade e sim eventual, por equipes de assistentes sociais que

44

dão apoio ao Ministério Público, mas, não em todos os casos e sim quando à

necessidade, irregularidade ou denúncia, se não o judiciário nada mais fica sabendo

sobre a pessoa do interdito, apenas o cuidado se os bens estão sendo zelado.

Precisa-se urgente que a lei seja retificada, que o prestar contas perante o

judiciário não seja apenas sobre os bens e que assistentes sociais acompanhem a

vida do interdito, pois até mesmo o Estatuto do Idoso, que se preocupou tanto no

cuidado, proteção e a saúde do idoso, nada comentou sobre a proteção e vigilância

obrigatória de prestar contas no judiciário sobre o idoso após a interdição. A

fiscalização não pode ser exceção e sim regra. O interesse não pode apenas ser se

seus os bens estão sendo zelado. É por esse motivo que os asilos estão virando

deposito de pessoas idosas mal amadas e carentes.

Diante do estudo feito, ficou constatado que a interdição é um instituto sério e

rigoroso, mas ainda dominado por uma visão essencialmente patrimonialista.

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REFERÊNCIAS

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46

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