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CURSO DE DIREITO “O idoso perante a legislação brasileira e os crimes previstos no Estatuto do idoso” MARLENE BOEM MENDONÇA RA: 402 075/6 Turma: 3209 D02 Fone: (11) 3589 3180 / 9194 0393 E-mail: [email protected] SÃO PAULO 2012

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CURSO DE DIREITO

“O idoso perante a legislação brasileira e os crimes previstos no

Estatuto do idoso”

MARLENE BOEM MENDONÇA RA: 402 075/6 Turma: 3209 D02 Fone: (11) 3589 3180 / 9194 0393 E-mail: [email protected]

SÃO PAULO 2012

MARLENE BOEM MENDONÇA

Monografia apresentada à Banca Examinadora do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas, como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito sob a orientação do Professor Doutor José Roberto Grassi

SÃO PAULO 2012

BANCA EXAMINADORA:

Professor Orientador:____________________________

Professor Argüidor:_____________________________

Professor Argüidor:_____________________________

“O idoso se renova a cada dia que começa,

O velho se acaba a cada dia que termina,

Pois o idoso tem seus olhos postos para o horizonte e o

velho tem seu olhar voltado para as sombras do passado.

O idoso faz planos e o velho só tem saudades, e, assim o

idoso tem muita idade, e o velho perdeu a jovialidade”.

(autor desconhecido)

O Sentido da Palavra Envelhecer

Envelheço, quando o novo me assusta e minha mente insiste em não aceitar;

Envelheço, quando me torno impaciente, intransigente e não consigo dialogar;

Envelheço, quando muito me preocupo e depois me culpo porque não tinha tantos

motivos para me preocupar;

Envelheço, quando penso demasiadamente em mim mesmo e consequentemente

me esqueço dos outros;

Envelheço, quando tenho a chance de amar e deixo o coração que se põe a pensar:

“será que vale a pena correr o risco de me dar? Será que vai compensar?

Envelheço, quando permito que o cansaço e o desalento tomem conta da minha

alma que se põe a lamentar;

Envelheço enfim, quando paro de lutar.

(Conselho Municipal do idoso de Florianópolis – CMI)

Agradecimentos

Primeiramente a Deus, que tem me dado forças, apesar de tudo;

Aos meus filhos, Alexandre, Marco Aurélio e Ricardo Augusto pelo

apoio incondicional;

Ao Prof. Dr. Jose Roberto Grassi, por ter-me aceitado como orientanda;

Às minhas amigas de jornada, Franci, Gislene (GI), Gabizinha

Piovezanni, Hellen, Janine, Larissa, Laura que não me deixaram desistir no meio do

caminho;

À Cris, pelo apoio e pela ajuda neste trabalho;

A todos os professores que passaram pela minha vida;

Aos meus Amigos Espirituais de Luz, que me mostram a cada dia que

a Vida, apesar de tudo merece ser vivida com força, com garra e perseverança.

COMO SE MORRE DE VELHICE

(Cecília Meireles-1957)

Como se morre de velhice

ou de acidente ou de doença,

morro, Senhor, de indiferença

Da indiferença deste mundo

onde o que se sente e se pensa

não tem eco, na ausência imensa.

Na ausência, areia movediça

onde se escreve igual sentença

para o que é vencido e o que vença.

Salva-me, Senhor, do horizonte

sem estímulo ou recompensa

onde o amor equivale às ofensa.

Da boca amarga e de alma triste

sinto a minha própria presença

num céu de loucura suspensa.

(Já não se morre de velhice

nem de acidente nem de doença,

mas, Senhor, só de indiferença).

MENDONÇA, Marlene Boem. O idoso perante a legislação brasileira e os crimes previstos no Estatuto do idoso. 2012. 61 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Faculdades Metropolitanas Unidas, São Paulo, 2012.

RESUMO

Como são tratados os idosos pela legislação atual? Com este Trabalho de Conclusão de Curso, procuramos mostrar a evolução das leis, mas dizer também que há muito por fazer. As leis podem ser magníficas, perfeitas, mas o trabalho de conscientização dos governantes e principalmente da família está longe do ideal. Este é um pequeno alerta. Palavras-chave: idoso. legislação. Estatuto do idoso.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................

9

CAPÍTULO I - IDOSO ............................................................................................. 14

1.1 Conceito genérico do envelhecimento ............................................................ 141.2 Conceito de envelhecimento à luz da gerontologia .......................................... 151.3 Envelhecimento – ética e cidadania ................................................................. 151.4 Conceito de idoso na Legislação Brasileira ...................................................... 171.5 Histórico do idoso na Legislação Brasileira ...................................................... 181.6 O idoso e a violência familiar e doméstica ....................................................... 191.7 A importância do idoso na família e na sociedade ........................................... 241.8 A proteção do idoso em outros países ............................................................. 251.9 Situação atual dos idosos em outros países .................................................... 261.10 Situação atual dos idosos no Brasil ................................................................

27

CAPÍTULO II - O IDOSO PERANTE A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA .................. 28

2.1 Constituição Federal ......................................................................................... 282.2 Lei 10 741 de 1º de outubro de 2 003 .............................................................. 312.3 Violência contra os idosos ................................................................................

37

CONCLUSÃO ......................................................................................................... 46

REFERENCIAS ...................................................................................................... 47

ANEXO A – IDOSO ................................................................................................ 50ANEXO B – ACÓRDÃOS ...................................................................................... 57

INTRODUÇÃO

Este Trabalho de Conclusão de Curso procurará colocar o idoso, diante

da legislação que tutela seus direitos, discorrendo sobre o tema, desde os

primórdios, pincelando rapidamente legislações estrangeiras.

Procurarmos abordar o respeito e a falta dele, desde o inicio dos tempos,

mostrando estatísticas e levantamento de dados a respeito da população idosa

brasileira.

Durante a pesquisa nos perguntamos:

Será que no limiar da nominada terceira idade, devemos nos conformar

com o ostracismo, com a “vidinha” de “já cuidei dos filhos, só me resta ajudar a criar

os netos?

Nossa legislação é rica em medidas protecionistas aos idosos.

Medidas protecionistas físicas, isenção do pagamento de passagens de

ônibus, assentos preferenciais, caixas exclusivos nos bancos e nas repartições

públicas, no comércio em geral, e tantas outras, que muitas vezes não são

respeitadas.

Mas .........................e a proteção moral?

Será que o ser humano, ao completar sessenta anos não tem direito a

uma vida digna, da maneira escolhida por ele? Devem se contentar com o não

pagamento da passagem do meio de transporte, pagar eia entrada nas salas de

espetáculo, jogar truco nas praças, freqüentar bailes da saudade?

No Brasil, há um despreparo muito grande para enfrentar esse aumento

da população idosa brasileira; é alarmante a falta de respeito e consideração para

com o idoso. A cultura da sociedade brasileira é a do culto ao corpo, da eterna

juventude; a sociedade não está preparada culturalmente para enfrentar o

envelhecimento.

Outra consequência desse culto ao corpo é o aumento dos índices de

violência contra o idoso, que na maioria das vezes começa na própria família.

Há idosos que não se contentam com isso, almejam maiores

conhecimentos acadêmicos, o direito de permanecer no mercado de trabalho, de

aprender com profissionais mais jovens?

Grande parte desses jovens profissionais não aceitam compartilhar seus

conhecimentos com os idosos. Temem o que?

Outros dizem que não aceitam trabalhar com idosos, porque estes são

arrogantes, querem impor suas idéias prevalecendo-se da idade.

Claro está que muitos idosos agem dessa forma, como muitos jovens

profissionais aceitam de bom grado a colaboração dos mais velhos. Essa é uma

forma de se auto protegerem. É uma reação normal do ser humano, é a preservação

da vida.

Quando o idoso consegue ultrapassar essa barreira, se depara com

outras, muitas vezes mais vexatórias, outras vezes são olhados com um misto de

curiosidade e pena, “será que ele consegue carregar aquele pacote,” ou ”o que ele

está fazendo aqui”?

O reconhecimento dos direitos dos cidadãos quando envelhecem é um

fato recente, conseqüência de três fatores primordiais:

a – transformações sociais;

b – expansão demográfica;

c- avanço nas técnicas e descobertas médicas.

A conquista desses direitos visa à compensação das perdas e limitações

por que passam as pessoas ao envelhecer, tanto físicos como psicológicos.

Toda legislação tem por objetivo modificar a base da sociedade, porém

deve-se ter em mente que aprovar leis apenas não farão com que a sociedade

mude.

Tanto o governo quanto a sociedade devem ter bem claro que as

conquistas dos idosos devem ser valorizadas, criando-se mecanismos que garantam

não só a aplicabilidade das leis, mas também que incentivem essa parte da

população a procurar novos caminhos para uma vida digna.

Na maioria das vezes, a violência é praticada por pessoas da própria

família do idoso, que por força das circunstancias, depois da “aposentadoria” passa

a viver com algum membro mais jovem, sob o pretexto de “você está velho para se

cuidar sozinho, e se você ficar doente, quem vai te fazer um chá”?

Podem ocorrer situações piores, quando a pessoa com quem o idoso

passa a viver, o obriga a entregar-lhe uma procuração, para que possa receber sua

minguada aposentadoria ou pensão, sob a alegação de que o pai ou mãe, não é

mais capaz de ir ao banco sozinho/a.

Outras vezes poderá ouvir que está ali de favor, porque ninguém gostaria

de cuidar dele.

Essas são agressões morais, calam fundo, machucam. Outros sofrem

agressões físicas, seja por familiares, ou por cuidadores, “pessoas especializadas”

contratadas para aquele trabalho. São ameaçados, e se o agressor for da família,

permanecem calados, pois tem medo de perder o convívio, mesmo que sofrido,

familiar.

Muitos povos, desde a Antiguidade, adotavam diante das pessoas mais

velhas, atitudes que com o passar dos séculos, converteram-se em regras. Muitos

desses comportamentos tinham cunho religioso, ou era conseqüência de

determinação de sacerdotes ou da vontade do rei ou do chefe da tribo. O respeito

era transmitido pela tradição.

Na China, o respeito pelos pais tinha a forma de verdadeiro culto; no

Japão, a assistência dos filhos aos pais era o primeiro dever do homem.

Nas sociedades primitivas e mesmo nas atuais, a relação com idosos vai

desde a aceitação e respeito, a te a completa rejeição e eliminação.

Podemos citar dois povos e suas tradições: Esquimós e Siriono:

Entre os esquimós mais antigos que mantiveram contato com missionários franceses no século XVII e XVIII nos territórios canadenses de hoje, as pessoas idosas ou com defeitos físicos sérios, eram deixadas, muitas vezes, por sua própria orientação e sua própria escolha, num local mais propicio e próximo doas pontos onde todos sabiam ser área de convergência contínua dos ursos polare3s, para serem por eles devorados, pois segundo acreditavam, os ursos eram considerados animais sagrados e de grande utilidade para a tribo, devendo por isso serem bem alimentados. Dessa forma,

seu espesso pêlo mantinha-se em ótimo estado, para quando mortos, gasalharem bem toda a população (FASTER, [200-])1.

Já para os SIRIONO

[...] índios semi nômades e de língua Guarani, que habitavam nas selvas da Bolívia, próximo às fronteiras brasileiras, a doença e a incapacidade física, bem com o a velhice avançada eram motivos para que as pessoas que se encontrassem nesse estado eram abandonadas e mortas e seus pertences e cabanas eram destruídos pelo fogo. (FASTER, [200-])2.

A forma apressada como a economia mundial caminha, faz com que o

Brasil não seja mais um país de jovens. Envelhece a passos largos.

Dados estatísticos apontam que até o ano de 2 025, teremos cerca de 32

milhões de pessoas com mais de sessenta anos.

O que fazer para que a sociedade se conscientize que completar

sessenta anos não é sinônimo de paralisia mental, de improdutividade.

É certo que o organismo do idoso se curva com mais facilidade às

doenças, suas células não se regeneram com tanta facilidade como as de uma

criança, ou mesmo com as de um jovem de vinte e poucos anos.

Muitas pessoas ao atingirem sessenta anos não têm a intenção de

permanecerem sentadas numa cadeira de balanço, cuidando de netos, jardins,

cozinhas, nem participando de programas governamentais de “amparo á velhice”.

Têm o corpo cronologicamente velho, mas com espírito jovem.

Querem continuar trabalhando, estudando, sentindo-se produtivos,

dividindo sua experiência de vida com os mais jovens e aprendendo com eles,

participando do seu mundo, não apenas como espectadores, mas ativamente.

Este trabalho não tem a intenção de transformar o pensamente e o de

agir da sociedade ou das empresas.                                                             1 FASTER. CENTRO DE REFERÊNCIAS. Sociedades primitivas: atitudes face a pessoas com deficiência (culturas primitivas de ontem e de hoje). Disponível em: http://www.crfaster.com.br/Atitudes.htm>. Acesso em: 01 mar. 2012.  2 Ibidem 

Pretendemos que na atual conjuntura econômica e mundial, o idoso não,

pode contentar-se em “ficar na janela, olhando a banda passar” (HOLLANDA,

2002)3.

E com todas as leis existentes é o que acontece. Nem sempre aquele que

pretende permanecer ou voltar ao mercado de trabalho, o deseja por necessidade

financeira.

Essa é uma atitude vidando uma vida melhor do ponto de vista salutar, é

um meio de se evitar doenças relacionadas com a sensação de inutilidade, o que

custaria ao bolso do contribuinte maiores dispêndios, porque o que o governo

oferece sai do nosso próprio bolso, do idoso e do jovem, das empresas, enfim de

toda sociedade.

E numa sociedade mais saudável, há mais harmonia.

CAPÍTULO I IDOSO

Nesse capítulo abordaremos o termo idoso, definições e leis.

1.1 Conceito genérico do envelhecimento

                                                            3 HOLLANDA, Chico Buarque de. Intérprete: Nara Leão. In: Cloudy Side of Nara Leao. [S.l]: Universal, p2002. 1 CD. Faixa 1.  

Envelhecer, genericamente significa tornar-se velho, perder o viço, tonar-

se antiquado.

E o que é ser idoso? Será que o significado de idoso e velho é

semelhante?

Idoso, segundo a Lei 10 741/2003, é a pessoa maior de sessenta anos,

não é ser decrépito, insano, morto vivo. (BRASIL, 2003)4.

Velho é um termo depreciativo. Não se pode determinar com exatidão o

início da velhice. O estado de envelhecimento depende de vários fatores, dentre eles

ambientais, sócio econômicos. Há muitos idosos em pleno vigor físico e muitas

pessoas que ainda não atingiram os sessenta anos que são fracos física e

psicologicamente falando.

Biologicamente, o ser humano é um conjunto de órgãos e células, cada

qual com sua função diferente, cada ser humano tem hábitos e reações diferentes

diante de fatos da vida semelhantes. O envelheciemento é um processo biológico

natural. Ocorre com todos, porém de maneira individual. Não se pode olhar o idoso

como algo ou alguem descartável. Uma grande parte da população tem acesso às

academias de ginástica, às clínicas de estética, que prometem a manutenção da

energia corporal e o rejuvenescimento

1.2 Conceito de envelhecimento à luz da gerontologia

Segundo Associação Brasileira de Gerontologia ([200-])5:

                                                            4 BRASIL. Lei n. 10.741 de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 1 out. 2003. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=237486>. Acesso em: 02 fev. 2012.  5  ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE GERONTOLOGIA. O que é gerontologia ?. Disponível em: <http://www.abgerontologia.com.br/index.php/site/gerontologia/9>. Acesso em: 12 fev. 2012.  

A Gerontologia é o campo de estudos que investiga as experiências de velhice e envelhecimento em diferentes contextos socioculturais e históricos, abrangendo aspectos do envelhecimento normal e patológico. Investiga o potencial de desenvolvimento humano associado ao curso de vida e ao processo de envelhecimento. Caracteriza-se como um campo de estudos multidisciplinar, recebendo contribuições metodológicas e conceituais da biologia, psicologia, ciências sociais e de disciplinas como a biodemografia, neuropsicologia, história, filosofia, direito, enfermagem, psicologia educacional, psicologia clínica e medicina.

A Gerontologia cuida da personalidade e da conduta dos idosos, levando-

se em consideração todos os aspectos ambientais e culturais.

É uma ciência médico social. A Geriatria por seu turno se limita oa estudo

das doenças que atingem os idosos e seu tratamento.

1.3 Envelhecimento – ética e cidadania

Na segunda metade do século XX, ocorreu uma migração tanto dos

campos, quanto dos locais atingidos por secas intermináveis para as cidades, o que

significou um deterioramento da vida urbana, exigindo do poder publico constituído

grandes mudanças nos programas de segurança, saneamento, saúde. O

envelhecimento é um grande desafio mundial; é um processo natural da vida. Nos

países da Europa, ou mesmo em países da América do Sul como a Argentina, a

idade para ser considerada idosa é mais de sessenta e cinco anos.

Cidadania é a posse dos direitos e o exercício dos deveres constitucionais

por todos os membros da sociedade, incluindo-se aí naturalmente os idosos, muitas

vezes relegados a um segundo plano.

Diante desse crescimento é inevitável a crescente a necessidade de

programas de proteção e garantias a essa faixa etária, que tem sido indevidamente

considerada responsável pelo custo insustentável da Previdência Social pelas

autoridades competentes, quando a verdadeira razão dessa insustentabilidade da

Previdência Social deve-se aos bilhões desviados por políticos corruptos, lesando os

cofres públicos.

A garantia primordial do ser humano, perante a Constituição Federal

Brasileira é o direito à vida, preconizado no artigo 5º:

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, á liberdade, á igualdade, á segurança e á propriedade (BRASIL, 1988)6.

É o primeiro e maior de todos os direitos, haja vista não estar prevista a

pena de morte no nosso ordenamento jurídico, exceto em caso de guerra declarada,

(BRASIL, 1988)7.

A CONVENÇÃO AMERICANA DOS DIREITOS HUMANOS (1969)8 –

Pacto de San José – na sua PART I – DEVERES DOS ESTADOS E DIREITOS

PROTEGIDOS- CAPÍTULO II, artigo 4º, inciso 5, diz : “Não se deve impor a pena de

morte à pessoa que, no momento da perpetração do delito, for menor de dezoito

anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado de gravidez.”

1.4 Conceito de idoso na Legislação Brasileira

Com os avanços tecnológicos e da medicina, a expectativa de vida do

brasileiro aumentou consideravelmente. Nosso país não é mais um país de jovens.

Está envelhecendo; devido ao já citado e em parte ao controle de natalidade; casais

jovens adiam o aumento familiar, investem primeiro em suas carreiras profissionais.

Com isso o idoso tornou-se mais vulnerável, exigindo maior proteção do Estado.

                                                            6  BRASIL. Constituição (1988). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm. Acesso em: 10 fev. 2012.  7 Ibidem 8 CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (1969). (Pacto de San José da Costa Rica). Disponível em: < http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/sanjose.htm>. Acesso em: 02 fev. 2011.

O artigo 1º da Lei 10 741 de 1º de outubro de 2003, diz que “é instituído o

Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com

idade igual ou superior a 60 (sessenta anos).” (BRASIL, 2003).

A citada Lei, porém não faz distinção entre homem e mulher, condição

social. O Código Civil de 1916 não menciona a palavra “idoso”, porém já

preconizava a obrigatoriedade de se adotar o regime de separação de bens, em

casos de casamentos entre homens com idade igual a sessenta anos e mulher com

idade igual a cinquenta e cinco anos.

O Código Civil de 2.002, não faz distinção entre o homem e a mulher.

Nivelou ambos, quando preconiza que em casamentos entre maiores de setenta

anos é obrigatório o regime de separação de bens.

Essa medida visa à proteção dos direitos patrimoniais de cada um,

preservando as pessoas de golpes contra sua condição econômico social.

1.5 Histórico do idoso na Legislação penal Brasileira

A Constituição Federal, em seu artigo 230, prevê:

a família, a sociedade e o Estado tem o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando suam participação na comunidade, defendendo a sua dignidade e bem estar e garantindo-lhes o direito à vida. (BRASIL, 1988)9.

A Lei 10.741 de 01 de outubro de 2003 veio regular a previsão

constitucional, conceituando o idoso, estabelecendo medidas protetivas, inclusive no

tocante à parte criminal.

Através da referida Lei, pretende-se mudar a mentalidade, fazendo ver

aos entes estatais a prioridade da proteção ao idoso, aumentando verbas

                                                            9 BRASIL. Constituição (1988). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm. Acesso em: 10 fev. 2012. 

orçamentárias destinadas a essa garantia, protegendo-os da violência doméstica e

familiar.

A violência, tanto doméstica quanto familiar, não se restringe a atos

físicos. A agressão moral, o esquecimento a que são relegados os idosos, é

igualmente penosa e degradante.

No Código Penal, o enfoque concernente à idade para circunstancias que

atenuam a pena é de setenta anos à época da sentença.

O idoso goza de todos os direito fundamentais inerentes à pessoa

humana, tem protegido seus direitos personalíssimos, como direito à vida digna, à

saúde, ao lazer, entre outros.

O Código Criminal do Império traz uma pequena alusão aos idosos, em

seu artigo 16, quando determina as situações agravantes para o apenamento de

casos em que as vítimas são pessoas idosas: “parágrafo 5º - ter o delinquente

faltado ao devido respeito devido à idade do offendido, quando este for mais velho,

tanto que possa ser seu pai.” (SOUZA, 2004, p. 14)10.

1.6 O idoso e a violência familiar e doméstica

De acordo com os professores Caroline Fockink Ritt e Eduardo Ritt11:

[...] deve-se estabelecer uma diferenciação entre violência doméstica e violência familiar, a primeira pode ser definida como sendo aquela que ocorre no ambiente domestico em que vive o idoso, onde está inserido, não precisando ter como autores da agressão necessariamente familiares, mas sim vizinhos, cuidadores, ou, inclusive pessoas que trabalham em casas geriátricas ou asilos. Já a violência familiar, na presente dissertação, pode ser entendida como aquela que é praticada por familiares do idoso, seus filhos, netos bisnetos, cônjuges ou companheiros, dentre outras pessoas que possuem ligação com essa pessoa idosa. (2008, p. 18).

                                                            10  SOUZA, Ana Maria Viola de. Tutela jurídica dos idosos: a assistência e a convivência familiar. Campinas, SP: Alínea, 2004.  11 RITT, Caroline Flockink; RITT, Eduardo. O Estatuto do Idoso: aspectos sociais, criminológicos e penais. Porto Alegre, RS: Livraria do Advogado, 2008.  

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a

população envelhece em ritmo acelerado. Desde os anos 60, a taxa populacional

brasileira vem decrescendo devido à queda de natalidade e aos avanços da

medicina.

Na década de 50-60, a taxa de crescimento decaiu de 3,04% ao ano, para

1,05% em 2 008.

Em 2050, a taxa de crescimento cairá para 0,29%, representando uma

população de 215,3 milhões de habitantes. Segundo as projeções, em 2030 o Brasil

terá uma taxa de crescimento zero, e a partir daí, o crescimento terá taxas

negativas. (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2008)12.

                                                            

12 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE: população brasileira envelhece em ritmo acelerado. 2008. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1isp272. Acesso em: 20 fev. 2012.

 

EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO TOTAL SEGUNDO OS CENSOS DEMOGRÁFICOSE PROJEÇÕES 1950 - 2050

250.000.000

225.000.000

200.000.000

175.000.000

150.000.000

125.000.000

100.000.000

75.000.000

50.000.000

25.000.000

0 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050

Fonte - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE)

Em todas as pesquisas que se faça para apurar a violência contra os

idosos, a conclusão que se chega pode apresentar dois caminhos; ou é omissão do

Estado ou violência familiar ou doméstica.

Diariamente temos notícias de agressões a idosos nas grandes capitais, o

que não significa que nas pequenas cidades isso também não ocorra. A diferença é

que nas pequenas cidades as notícias ficam restritas na maioria das vezes não são

veiculadas.

Outras queixas freqüentes dos idosos são contra familiares que por

qualquer razão passam a residir com o idoso e paulatinamente se apropriam de seu

espaço, de seus pertences, fazendo com que o idoso, que a principio é o proprietário

da residência, se tornem ou se sintam como hóspedes indesejáveis.

No Brasil, vem aumentando o número de idosos que apesar de

aposentados, continuem sustentando filhos, netos e até mesmo bisnetos, e essa

situação é a geradora da violência entre os familiares.

O abandono também é uma forma de violência. Não só o abandono físico,

também o abandono moral. Qual ser humano sente prazer ao ser deixado num asilo,

ter que dividir o espaço de sua intimidade com pessoas estranhas. Isso sem contar

nas notícias de intoxicação de idosos que vivem em determinadas casas de repouso

ou asilos.

Os direitos humanos, reconhecidos universalmente decorrem do

movimento filosófico do Humanismo, pensamento que coloca o homem como centro

de interesse e em torno de quem tudo acontece. É nesse contexto que devemos

caminhar para alcançarmos caminhos mais dignos no tratamento da população

idosa.

De acordo com MORAES (2008, p. 39)13:

direitos humanos fundamentais é o conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano que tem por finalidade básica o respeito à sua dignidade, por meio de sua proteção contra o arbítrio do poder estatal e o estabelecimento de condições de vida e desenvolvimento da personalidade humana.

Como dito acima, os direitos humanos não são privilégio deste ou daquele

país. São direitos adquiridos através dos tempos.

                                                            13 MORAES, Alexandre. Direitos humanos fundamentais. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008.  

Dentre os esquimós era regra o cometimento do suicídio pelos mais

velhos, decisão essa que não era tomada por causa da idade, mas pela

incapacidade da pessoa em prover suas próprias necessidades. Já no Himalaia,

apenas os idosos que soubessem ler, teriam um tratamento mais digno. A família

era de forma patriarcal. Os mais velhos, pais, sogros e mesmo os irmãos mais

velhos eram chamados “avô”, e quanto maior a família, melhores cuidados e maior

respeito teriam esses idosos. Já aqueles que não soubessem ler, nem tivessem

descendentes seriam desprezados pela sociedade.

No Panamá, os cunas desfrutam de boa saúde e em conseqüência vivem

por muito mais tempo. Não tem privilégios por causa da longevidade, todos devem

trabalhar, a sociedade é matriarcal; quando atingem a velhice, são “reunidos em

grupos matrilocais, onde o marido da, mais velha das irmãs atua como chefe da

família” (SOUZA, 2004, p. 14)14. Só serão portadores de privilégios, se forem muito

inteligentes ou acumularem experiências diferentes.

No Japão os velhos eram abandonados à própria sorte, em lugares

distantes, para morrerem longe dos demais componentes da família.

Porém haviam povos que respeitavam os mais velhos, como é o caso dos

Jahgares. Essa civilização habitava o sul da Argentina, e os velhos eram

consultados e respeitados pelos mais jovens; assim como os índios Caiapós, no

Brasil, onde apenas os membros do Conselho dos Velhos tinham o direito de usar o

disco labial de madeira. Esse Conselho estabelecia regras para o comportamento

político e social da comunidade (SOUZA, 2004)15.

1.7 A importância do idoso na família e na sociedade

                                                            14  SOUZA, Ana Maria Viola de. Tutela jurídica dos idosos: a assistência e a convivência familiar. Campinas, SP: Alínea, 2004.  15  SOUZA, Ana Maria Viola de. Tutela jurídica dos idosos: a assistência e a convivência familiar. Campinas, SP: Alínea, 2004.  

Segundo Bobbio (1997, p. 18)16, a velhice apresenta três sentidos:

velhice censitária ou cronológica, decorrente da idade biológica vivida, velhice burocrática, estabelecida pela legislação em vigor; velhice psicológica ou subjetiva.

Mas a velhice é um processo biológico natural; alguns a alcançam com

saúde, discernimento, vontade de continuar vivendo. Experimentos médicos e

psicológicos atuais confirmam que, quando a pessoa tem ânimo, vontade e

principalmente saúde, consegue chegar à terceira idade desempenhando suas

tarefas cotidianas, encontram prazer nos passeios, nas viagens, etc.

Cremos que o estado de ânimo, a vontade de continuar vivendo depende,

e muito, das condições familiares do idoso. Numa família onde ele é respeitado, não

pelos seus bens materiais, mas se os filhos, netos e outras pessoas respeitam seu

espaço, suas opiniões, o idoso certamente não desenvolverá doenças, e com isso

não dependerá dos mesmos.

1.8 A proteção do idoso em outros países

A proteção jurídica, legal e social do idoso é preocupação mundial, e em

assim sendo, vários países tem em suas Constituições seus direitos resguardados.

De acordo com a professora Souza (2004)17 entre os países da América

do Sul, apenas o Brasil, Peru, Uruguai e Venezuela tutelam os direitos dos idosos

em suas Constituições.

Na Constituição Peruana, estão previstas obrigações de respeito e

assistência dos filhos em relação aos pais, da sociedade e da família em relação à                                                             16  BOBBIO, Norberto. O tempo da memória: de senectute e outros escritos autobiográficos. 8. ed. Rio de Janeiro : Elsevier, 1997.  17  SOUZA, Ana Maria Viola de. Tutela jurídica dos idosos: a assistência e a convivência familiar. Campinas, SP: Alínea, 2004.  

saúde e ao bem estar dos idosos, principalmente àqueles que possuem alguma

limitação. Essa proteção porém está apenas escrita, não são medidas efetivamente

implementadas.

Assim como no Peru, no Uruguai ocorre a mesma situação no tocante à

implementação das normas que asseguram os direitos aos idosos. Já na Venezuela,

esses direitos foram implantados em 2000.

Dentre os países da América Central, (Bahamas), Belize, Costa Rica,

Cuba, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, Jamaica, Nicarágua, Porto Rico,

Panamá, República Dominicana e Trinidad Tobago, apenas Cuba tutela a proteção

aos idosos sem recursos, amparo, sem família ou capacidade física ou psíquica

limitada.

Entre Canadá, Estados Unidos e México, apenas o México prevê

proteção aos idosos em sua Constituição.

Em nenhum dos países que compõem o continente africano há proteção

aos idosos; na Europa apenas quatro países tutelam direitos aos idosos, e são a

Espanha, a Itália, Portugal e Suíça.

Dos países asiáticos, apenas a República da China diz que a velhice é

atribuição da sociedade, do Estado e da família, e prevê a proteção à integridade

física e mental dos idosos, sendo expressamente proibido qualquer tipo de violência

contra os idosos

1.9 Situação atual dos idosos em outros países

Segundo estatísticas da ONU, IBGE E US NEWS, a proporção de idosos

em relação à população mundial cresce mais rápido nos países ricos do que nos

países pobres (SOUZA, 2004)18. Também de acordo com pesquisas da ONU e US

NEWS, a Espanha é o terceiro país com maior número de idosos, apenas a Itália e o

Japão a superam.

                                                            18  SOUZA, Ana Maria Viola de. Tutela jurídica dos idosos: a assistência e a convivência familiar. Campinas, SP: Alínea, 2004.  

O sistema de proteção aos idosos ingleses assegura aposentadoria,

tratamentos de saúde, oftalmológicos, auditivos e odontológicos, empréstimos

reembolsáveis, porém sem cobrança de juros, incentivos para viagens de turismo

com descontos, concessão de cuidados comunitários, com valores que não

necessitam ser reembolsáveis limitados a determinado montante para manutenção

da casa, visita a um parente doente, ida a um funeral, etc.

A legislação federal norte americana criou em 1967, a proteção aos

cidadãos com mais de 40 anos, através da criação de postos de trabalhos,

seguridade social, adaptações nas casas e órgãos públicos de condições de

movibilidade a idosos com limitações físicas, proteção contra abusos físicos e

mentais contra idosos, proteção essa que difere de Estado para Estado.

Na República Federal da Alemanha, a legislação prevê sistema único de

aposentadoria, pensão aos maiores de 65 anos, pensão aos inválidos, aos

desempregados, aos subempregados, às mulheres com mais de 60 anos, aos

mineiros que trabalharam continuamente em minas subterrâneas a partir dos 60

anos, ajuda domiciliar a quem tem seguro de enfermidade obrigatório.

Na Itália é considerado idoso o cidadão com idade entre 75 e 80 anos,

chamada terceira idade. Em razão de ter grande população idosa, há outra

classificação para os cidadãos acima de 80 anos; é a chamada quarta idade. Porém,

os estudos sobre idosos restringem-se a três cidades: Napoli, Torino e Milão.

1.10 Situação atual dos idosos no Brasil

Segundo o Censo de 2010, realizado pelo IBGE, os grupos etários de

menores de 20 anos apresentaram uma diminuição absoluta no seu contingente. O

crescimento absoluto da população brasileira nos últimos 10 anos se deu

principalmente em função do crescimento da população adulta, preponderantemente

da população idosa, a qual representa um contingente de quase 15 milhões de

pessoas com mais de 60 anos, representando 8,6% da população total.

Com um rendimento médio de R$657,00, o idoso ocupa cada vez mais

um papel de destaque na sociedade brasileira, sendo que a maioria dos idosos vive

nas grandes cidades, sendo o Rio de Janeiro o Estado com maior população de

idosos.

Daquele total, 62,4% são responsáveis pelo domicílio, sendo que os que

vivem em domicílios unipessoais são mais freqüentes nas regiões Sul e Sudeste, e

que o seu rendimento médio, cresceu de R$ 403,00 para R$ 657,00. O Censo

mostrou ainda que o número de idosos alfabetizados aumentou significativamente,

sendo que em São Paulo, se concentra a maior parte dos idosos com mais anos de

estudo. (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2011)19.

CAPÍTULO II O IDOSO PERANTE A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

Até pouco tempo, no país e mesmo no mundo, somente políticos, artistas,

e outros intelectuais acima de 60 anos eram respeitados.

O panorama está mudando:

Não podemos deixar proliferar a imagem da mulher idosa, prostrada frente à televisão fazendo tricô, ou o homem idoso, sentado numa cadeira de balanço, cochilando, babando, ou diariamente sentado á praçinha jogando truco. Essa é uma imagem preconceituosa. Existe idoso de todo tipo, pobre ou rico, aposentado ou na ativa, casado, viúvo, separado, homossexual, heterossexual, cabeludo, careca, sedentário, malhado. O erro é estereotipar o idoso como doente, incapaz e dependente. (SOUZA, 2004, p. 33)20.

2.1 Constituição Federal

                                                            19 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Primeiros resultados definitivos do Censo 2010: população do Brasil é de 190.755.799 pessoas. 2011. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1866&id_pagina=1>. Acesso em: 20 fev. 2012. 20  SOUZA, Ana Maria Viola de. Tutela jurídica dos idosos: a assistência e a convivência familiar. Campinas, SP: Alínea, 2004.  

A Constituição Federal considera idosa para fins de obtenção da

gratuidade nos transportes coletivos pessoas maiores de 65 anos, e 70 anos para

aposentadoria compulsória no serviço público.

O artigo 230, no seu Título VIII – Da Ordem Social, Capítulo VII – Da

Família, da Criança, do Adolescente e do Idoso, prevê:

a família, a sociedade e o Estado, tem o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem estar e garantindo-lhes o direito à vida. (BRASIL, 1988)21.

O artigo 1º, incisos II e III, refere-se aos direitos fundamentais, tendo

como fundamento a cidadania e a dignidade humana; o artigo 3º dispõe sobre a

proibição de quaisquer tipos de preconceito, e com relação ao idoso, dizendo que a

idade não deve ser fator restritivo ao Princípio do Estado de Direito.

O artigo 5º, referindo-se aos direitos e garantias fundamentais, garante a

igualdade perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos

brasileiros e estrangeiros residente no país, a não violação dos direitos à vida, à

liberdade, à igualdade, à segurança, à propriedade, e em seu inciso XLVIII, o direito

de ter resguardada a sua integridade física em razão da idade, no tocante ao

cumprimento de pena, que deverá ser feito em estabelecimento distinto.

Através do artigo 14, §1º, inciso II, alínea b, os idosos têm seus direitos

políticos assegurados em igualdade de condições, sendo o voto facultativo aos

maiores de 70 anos; o artigo 201,§ 7º inciso II, prevê o direito ao idoso de se

aposentar aos 65 anos, se homem, e 60 se mulher, diminuindo em 5 anos para

ambos os casos, quando se tratar de trabalhador rural.

                                                            21  BRASIL. Constituição (1988). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm. Acesso em: 10 fev. 2012.  

A assistência social está assegurada e será prestada a quem necessitar,

independente de contribuição ao Instituto de Previdência e Seguro Social (INSS).

Além da Carta Magna, os idosos residentes no Estado de São Paulo têm

seus direitos tutelados pela Constituição Estadual, em seu artigo 97, inciso I que

delega competência ao Ministério Público Estadual, para fiscalizar os

estabelecimentos que abriguem idosos, sem prejuízo da correição judicial; o artigo

277 reforça o preconizado no artigo 230 da Constituição Federal. (CONSTITUIÇÃO

DO ESTADO DE SÃO PAULO, 1989)22.

Toda legislação infraconstitucional reitera todos os direitos tutelados pela

Carta Magna. Senão vejamos.

A Lei 8 842 de 04 de janeiro de 1994 criou o Conselho Nacional do Idoso

(ANEXO A).

O Conselho Nacional do Idoso (CNDI), é um órgão superior de natureza e

deliberação colegiada, permanente, paritário e deliberativo, integrante da estrutura

regimental da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, tem por

finalidade elaborar as diretrizes para a formulação e implementação da Política

Nacional do Idoso, observadas as linhas de ação de as diretrizes dispostas na lei 10

741/2003, bem como acompanhar e avaliar a sua execução, dando apoio aos

Conselhos Estaduais, do Distrito Federal, dos Municípios dos Direitos dos idosos,

aos órgão estaduais, municipais e entidades não governamentais, para tornar

efetivos os princípios, as diretrizes e os direitos estabelecidos pelo Estatuto do

Idoso.

Deve ainda avaliar a política desenvolvida nas esferas estadual, distrital e

municipal e a atuação desses conselhos, acompanhando o reordenamento

institucional, propondo, sempre que necessário as modificações nas estruturas

públicas e privadas destinadas ao atendimento do idoso, apoiando a promoção de

campanhas educativas sobre os direitos dos idosos, com a indicação das medidas a

serem adotadas nos casos de atentados ou violação desses direitos; deve

acompanhar a elaboração e a execução orçamentária da União, indicando

                                                            22 CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1989, com as alterações adotadas pelas Emendas Constitucionais nºs 1/1990 a 32/2009. Disponível em: < http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/constituicao/1989/constituicao%20de%2005.10.1989.htm>. Acesso em: 12 fev. 2012.  

modificações necessárias à consecução da política formulada para a promoção dos

direitos do idoso, alem de elaborar o regimento interno que será aprovado pelo voto

de no mínimo dois terços de seus membros, nele definindo a forma de indicação de

seu Presidente e Vice Presidente.

2.2 Lei 10 741 de 1º de outubro de 2 003

A Lei 10 741, sancionada pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em

seu artigo 1º “institui o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos

assegurados às pessoas idosas, com idade igual ou superior a 60 (sessenta).”

(BRASIL, 2003)23.

A referida lei se dirigir aos idosos, não diferencia sexo, condição social, ou

qualquer outra diferenciação da pessoa humana. O Código Civil de 1916, não

mencionava a palavra idoso, mas protegia homens que tivessem 60 anos, e

mulheres com 55 anos, de golpes contra sua condição econômico social,

estabelecendo que, casamentos entre pessoas dessa idade ou pessoas nessa faixa

etária que se casassem com outras de faixa etária mais baixa, deveria

obrigatoriamente ser adotado o regime matrimonial de separação de bens.

O Código Civil atual mudou a faixa etária, conforme artigo 1641:

É obrigatório o regime de separação de bens no casamento: I – das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; II da pessoa maior de sessenta anos; De todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. (DINIZ, 2002, p. 1141-1142)24.

                                                            23 BRASIL. Lei n. 10.741 de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 1 out. 2003. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=237486>. Acesso em: 02 fev. 2012.  24  DINIZ, Maria Helena. Código civil anotado. 8. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2002.  

Porém, conforme ensina a Prof.ª Maria Helena Diniz (2008)25 essa

proteção não se aplicará às pessoas maiores de sessenta anos, quando o

casamento for precedido de união estável iniciada antes dessa idade.

A Lei 10 173 de 09 de janeiro de 2 001, sancionada pelo então Presidente

Fernando Henrique Cardoso, acrescentou ao artigo 1211 do Código de Processo

Civil, (Lei 5 869 – 11/01/73), mais três artigos, referindo-se aos idosos:

1211-A – os procedimentos judiciais em que figure como parte ou interveniente, pessoa com idade igual ou a 65 anos, terão prioridade na tramitação de todos os atos e diligências em qualquer instancia”; 1211-B – o interessado na obtenção desse benefício, juntando prova de idade, deverá requerê-lo à autoridade judiciária competente para decidir o feito, que determinará ao cartório do juízo as providências a serem cumpridas: 1211 –C – concedida a prioridade, esta não cessará com a morte do beneficiado, estendendo-se ao cônjuge supérstite, companheiro ou companheira, com união estável, maior de 65 anos. (BRASIL, 2001)26.

Esta sem dúvida foi uma grande conquista, haja vista, que várias pessoas

se encontram na condição de interessadas em processos requerendo benefícios à

que tinham direito e que não lhes foram pagos, como por exemplo, perdas com os

Planos Econômicos instituídos por diversos governos.

Retornando ao Estatuto do Idoso, em seu artigo 3º:

é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e o Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, á cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade,

                                                            25 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.  26 BRASIL. Lei n. 10.173 de 09 de janeiro de 2001. Altera a Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, para dar prioridade de tramitação aos procedimentos judiciais em que figure como parte pessoa com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 9 jan. 2001. Disponível em: < http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=231630>. Acesso em: 02 fev. 2012.  

ao respeito e à convivência familiar e comunitária.” e em seu parágrafo único, inciso V “priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência. (BRASIL, 2003)27.

Em seu artigo 4º “nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de

negligencia, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado a seus

direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei.” (BRASIL, 2003)28.

Entendeu o legislador que entre os membros da família deve haver

respeito, carinho e as melhores condições de vida que a família puder oferecer ao

idoso, que o asilamento deve ser a última escolha a ser recorrida, cabendo por fim

ao Estado assumir a responsabilidade de amparar o idoso, quando a família não

tiver condições, ou quando a sobrevivência do idoso exigir cuidados excepcionais.

O idoso pode ter firmeza, vontade, capacidade e autonomia para

gerenciar suas próprias vontades por mais simples que seja, como trocar sua roupa,

cozinhas seus alimentos.

Muitas vezes a família prefere a liberação do convívio com os mais

velhos, considerado efetivo encargo, casos em que o asilo é considerado a solução

ideal, ao menos para os jovens, pois para o idoso será efetiva violação à dignidade

humana de que sempre serão detentores.

O Capítulo I do Título II é dedicado ao Direito à Vida.

Este é o primeiro, o maior de todos os direitos, pois sem a vida não há o

que se falar em liberdade, em saúde inerentes à vida humana. São direitos

irrenunciáveis.

O artigo 8º diz que “o envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua

proteção um direito social” (BRASIL, 2003)29, donde conclui-se que qualquer dano a

esse direito personalíssimo deve ser reparado.

                                                            27 BRASIL. Lei n. 10.741 de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 1 out. 2003. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=237486>. Acesso em: 02 fev. 2012.  28 Ibidem  

O artigo 9º diz que “é responsabilidade do Estado garantir á pessoa idosa,

proteção á vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que

permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade”. (BRASIL,

2003)30.

O Estatuto do Idoso, embora seja uma reafirmação dos ditames da

Constituição Federal, estabelece normas que dependem de uma lei que o

regulamente. São as chamadas Normas de Eficácia Programática, quando na

verdade deveria ser de eficácia plena, integral, ou seja, sua aplicabilidade deve ser

imediata, independente de legislação infraconstitucional.

À título de ilustração, registramos que a classificação das normas

constitucionais é meramente didática; não se especifica no corpo da norma a sua

classificação.

Outra classificação é a de eficácia contida, que como o enunciado

declara, pode ter seu alcance reduzido pela atividade do legislador ordinário, embora

tenha aplicação imediata, integral e plena; e ainda as normas de eficácia limitada,

pois dependem de uma normatividade futura, quando o legislador ordinário lhe dá

capacidade de execução, regulamentando os interesses visados.

A doutrina classifica ainda outros dois tipos; as normas de Principio

Programático, onde se encaixam aquelas que dependem de lei para dar corpo às

instituições, pessoas e órgãos previstos na Constituição Federal, que como exemplo

podemos citar o artigo 224 “para os efeitos do disposto neste Capítulo V (Da Comunicação Social – grifo nosso), o Congresso Nacional instituirá, como órgão

auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na forma da lei.” (BRASIL, 2003)31.

                                                                                                                                                                                          29 BRASIL. Lei n. 10.741 de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 1 out. 2003. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=237486>. Acesso em: 02 fev. 2012.  30 Ibidem.  31 BRASIL. Lei n. 10.741 de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 1 out. 2003. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=237486>. Acesso em: 02 fev. 2012. 

O segundo é o Princípio Programático, se encontram as normas que

estabelecem programas a serem desenvolvidas, mediante legislação interativa da

vontade do constituinte, e como exemplo podemos citar o artigo 215, Capítulo III –

Da Educação, da Cultura e do Desporto, Seção II – Da Cultura.

o Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes de cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e difusão das manifestações culturais”, e o próprio artigo 9º do Estatuto do Idoso, acima descrito. (BRASIL, 2003)32.

Mesmo diante de leis protecionistas, o que vemos diariamente são idosos

nas filas dos postos médicos e hospitais públicos, à procura de atendimento médico,

pessoas que chegam ainda de madrugada, correndo riscos de assaltos, de

acidentes, na maioria das vezes sem uma refeição digna, ficando ao relento, sob

chuva, frio, sol excessivo, objetivando uma senha, para ao final serem atendidos por

profissionais mal humorados, por médicos bem ou mal remunerados, o que não vem

ao caso, que mal levanta os olhos do papel, rabisca o nome de um remédio

qualquer, que na maior parte das vezes o idoso não terá condições de comprar e

que o posto de saúde não dispõe para fornecer-lhe, porque aquela verba destinada

à compra de medicamentos foi desviada por políticos corruptos.

A psicologia já provou que um sorriso, um bom dia, uma simples

pergunta, “como vai o senhor/a senhora” conseguem uma melhora eficaz que as

drogas prescritas.

O artigo 10 do Estatuto diz que “é obrigação do Estado e da Sociedade

assegurar à pessoa idosa, o respeito e a dignidade”. (BRASIL, 2003)33.

Muito se tem feito no cumprimento desse artigo, facilitando o ir e vir, de

estar nos logradouros públicos especialmente reservados para eles quando o

Estado e a sociedade oferecem jogos, passeios, atividades físicas, incentivando a

prática de esportes e diversões. Porém muito mais poderia ser feito, caso as verbas                                                             32 Ibidem 33 BRASIL. Lei n. 10.741 de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 1 out. 2003. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=237486>. Acesso em: 02 fev. 2012. 

públicas destinadas aos programas de proteção da sociedade não servissem aos

interesses escusos dos políticos, em sua grande maioria maiores de sessenta anos.

No Capítulo III da referida lei, os seus artigos 11 a 14, garantem aos

idosos, a prestação de alimentos, que esses prestadores poderão ser de escolha

livre do idoso, e que se nem este, nem sua família tiverem condições de prove-lo, o

Estado deverá fazê-lo.

No Código Penal, em seu Capítulo III, Dos Crimes Contra a Assistência

Familiar, artigo 244, dá proteção contra o abandono material, não só aos idosos,

estes especificados no artigo 99 do Estatuto do Idoso, mas também ao cônjuge, ao

filho menor de 18 anos, ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido.

(BRASIL, 2009)34.

No Capítulo VI do Estatuto do Idoso, Da Profissionalização e do Trabalho,

temos em seu artigo 26 “o idoso tem direito ao exercício de atividade profissional,

respeitadas suas condições físicas, intelectuais e psíquicas”. (BRASIL, 2003)35.

O que vemos na realidade, na maioria das empresas é a negação de

empregos aos idosos, e aquelas que detêm em seu quadro de empregados um

idoso, não o faz em atendimento ou respeito à lei, e sim com o intuito de menores

custos e maior rentabilidade de seus serviços, porque o idoso atualmente

desempenha o papel de “office-boy”, que há algum tempo era destinado aos jovens.

Isto se deve ao fato de que o idoso não paga condução, tem guichês especiais em

bancos e repartições públicas.

2.3 Violência contra os idosos

                                                            34  BRASIL. Código penal e Constituição Federal. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia Céspedes. 47. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.  35 BRASIL. Lei n. 10.741 de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 1 out. 2003. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=237486>. Acesso em: 02 fev. 2012.  

A violência contra os idosos verifica-se sob as mais variadas formas; não

é só física, mas psíquica, moral, social. A indiferença familiar, sofrida

silenciosamente, a apropriação por parte de outros integrantes da família de sua

renda, de seus bens, também elencam o rol de violência.

Não adianta apenas o legislador elaborar normas de proteção, se não se

derem à elas divulgação maciça, para que todos os idosos a conheçam e façam

valer seus direitos, seja junto à sociedade, ao poder constituído ou mesmo aos seus

familiares.

As leis são bonitas, mas também devem ser conhecidas, e aplicadas.

O Código Penal por sua vez, ao tratar das circunstancias que atenuam a

pena para o agente infrator, considera a idade de 70 anos.

O Estatuto do Idoso, em seu artigo 96, prevê pena de reclusão de seis

meses a uma não e multa a quem:

discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu cesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade, e a quem desdenhar, humilhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo, terá aquela pena aumentada de um terço se a vítima se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do agente. (BRASIL, 2003)36.

                                                            36 BRASIL. Lei n. 10.741 de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 1 out. 2003. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=237486>. Acesso em: 02 fev. 2012. 

Cumpre dizer que o crime de discriminação fere o disposto no artigo 5º

inciso XLI, da Constituição Federal “a lei punirá qualquer discriminação atentatória

dos direitos e liberdades fundamentais”. (BRASIL, 1988)37.

O Estatuto do Idoso reafirma a punição prevista no artigo 135 do Código

Penal, (crime de omissão de socorro), acrescentando os verbos retardar, dificultar

além do qualificativo justa causa, quando o crime for praticado contra pessoa idosa.

Outra reafirmação vemos no artigo 98 do Estatuto do Idoso, desta vez em

pauta o artigo 244 do Código Penal – Capítulo III – Doso Crimes Contra a

Assistência Familiar – que diz

deixar de prover sem justa causa a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 anos, não lhes proporcionando os recursos necessários, ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia, judicialmente acordada, fixada ou majorada, deixar sem justa causa de socorrer descendente ou ascendente gravemente enfermo. (BRASIL, 2003)38.

Como não poderia deixar de ser, o Estatuto do Idoso em seu artigo 98,

tutela a pessoa idosa, penalizando o agente que a abandonar em hospitais, casas

de saúde, entidades de longa permanência ou semelhantes, ou não prover suas

necessidades básicas, quando a lei ou mandado o obrigar, o que inicialmente se

configura um abandono físico, estendendo-se para um abandono moral. (BRASIL,

2003)39.

                                                            37  BRASIL. Constituição (1988). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm. Acesso em: 10 fev. 2012.  38 BRASIL. Lei n. 10.741 de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 1 out. 2003. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=237486>. Acesso em: 02 fev. 2012. 39 BRASIL. Lei n. 10.741 de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 1 out. 2003. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=237486>. Acesso em: 02 fev. 2012.  

Essa violência moral abala mais profundamente que a física. Dessa

violência moral, podem decorrer doenças que noutras circunstancias não

ocorreriam.

Como já dito anteriormente, na maioria das vezes a violência física é

praticada pelos próprios familiares. Mas a violência moral também o é. O artigo 34

do Estatuto do Idoso, determina que aos “idosos maiores de 65 anos, e que não

possuam meios para prover sua subsistência, nem de tê-la provida pela família, lhe

é assegurado o beneficio mensal de 01 salário mínimo”. (BRASIL, 2003)40.

E é nesse momento que as famílias ou por não terem condições, ou por

que há pouca vontade dos mais jovens de trabalhar, se aproveitam do minguado

salário mínimo apropriando-se dele. Se um salário mínimo não é suficiente para

prover as necessidades de uma só pessoa mais jovem, o que dirá de um idoso que

necessita de remédios que, também é obrigação do Estado em lhe fornecer.

Outro tipo de usurpação do benéfico do idoso acontece quando uma

pessoa bem mais jovem passa a cuidar do idoso, e o faz durante algum tempo. No

momento em que o idoso falece, a jovem propõe uma ação solicitando o

recebimento de pensão devido à união estável. Como exemplo juntamos a Ementa

abaixo:

Ementa: PENSÃO POR MORTE. UNIÃO ESTÁVEL NÃO COMPROVADA. É indevida a pensão por morte quando a autora, bem mais jovem que o segurado, com ele convive por breve período, tendo a clara função de somente prestar-lhe auxílio na velhice.. PENSÃO POR MORTE. MULHER, ALEGAÇÃO, UNÃO ESTÁVEL, DE CUJUS. DESCABIMENTO. EXCESSO, DIFERENÇA, IDADE. CONVÍVIO, OBJETIVO, EXCLUSIVIDADE, AUXÍLIO, IDOSO, PERÍODO, INTERNAÇÃO, HOSPITAL. Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 5ª ... Encontrado em: tendo a clara função de somente prestar-lhe auxílio na velhice.. PENSÃO..., IDADE. CONVÍVIO, OBJETIVO, EXCLUSIVIDADE, AUXÍLIO, IDOSO, PERÍODO, INTERNAÇÃO TRF4 - Inteiro Teor. APELAÇÃO CIVEL AC 8888 RS 2007.71.99.008888... (http://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/8925811/apelacao-civel-ac-8888-rs-20077199008888-0-trf4/inteiro-teor-1  – acesso em 29/02/2012)

O papel de socorrista do Estado deveria ser visto pela sociedade como

último recurso a ser procurado.

                                                            40 Ibidem 

E o que se vê? Na família muitas vezes há a inversão dos papeis.

Algumas famílias buscam no idoso uma fonte de renda, porque seus

filhos enveredaram por caminhos ilegais, ou pela falta deles.

Quando o Estado socorre, o faz com o mínimo do mínimo para a

sobrevivência do idoso, e mais uma vez algumas famílias se aproveitam da situação.

Estado está cumprindo sua função e ao determinado legalmente?

Não. O mesmo desamparo a que são deixados os moradores de rua, os

mendigos, doentes, cadeirantes, quando não são oferecidas opções de

ressocialização, de uma volta a uma vida produtiva, á tratamentos de saúde e

fornecimento de medicamentos, sem oferecer opções de locomoção decentes pelas

ruas das cidades, onde imperam buracos de toda sorte, lixo, é imposto aos idosos.

E o que é mais triste, esse desamparo também é cometido pelos

familiares (VER ANEXO B).

O artigo 15 do Estatuto, garante ao idoso, atendimento à saúde, através

do Sistema único de Saúde – SUS.

O Sistema Único de Saúde (SUS) foi regulamentado pela Lei 8 080 de 19

de novembro de 1990. Anteriormente havia um serviço de assistência ligado ao

antigo INAMPS, que atendia à quem necessitasse desses serviços, e quem não

tivesse acesso aos serviços do INAMPS deveria ser atendido por outro sistema. O

objetivo do SUS era unificar o atendimento de forma geral á todas as pessoas e em

todas as patologias e doenças. Porém logo de início, o SUS enfrentou uma realidade

política e econômica bem diferente da preconizada na Constituição de 1988, que

previa uma verba de 30% do orçamento da Seguridade Social, e isso na realidade

não ocorre. Por quê?

É muito simples, a corrupção é bem maior. Os médicos são mal

remunerados, precisam se desdobrar em três ou quatro empregos para

sobreviverem, as condições dos ambulatórios na sua grande maioria são precárias,

os equipamentos hospitalares são obsoletos, mas diuturnamente nos deparamos

com noticias de equipamentos de última geração apodrecem, enferrujam em

depósitos, porque não existe vontade política de alguns dirigentes.

Os prefeitos se desculpam, dizendo que não tem verba para a construção

ou reforma de hospitais, enquanto isso, áreas milionárias são doadas á clubes de

futebol para a construção de estádios, clubes esses que por sua vez devem

verdadeiras fortunas ao INSS.

Outro direito fundamental à existência digna do idoso é assegurado pela

Constituição e reforçado pelo artigo 16 do Estatuto do Idoso; é o direito à

acompanhante ao idoso internado ou em observação. Seria cômico se não fosse

trágico, mas o que presenciamos é falta de leitos para o próprio idoso, o que

esperarmos para o acompanhante. Segundo depoimento de pessoas que

necessitam ou necessitaram desse atendimento, o que há é uma cadeira ao lado da

cama, onde o acompanhante deve ficar e dormir, sem direito à privacidade para um

banho, sem a oferta de uma refeição decente.

O artigo 20 estatui essa obrigação governamental, porém adequando aos

currículos escolares matérias pertinentes aos idosos.

O objetivo desse artigo, segundo a lei, é eliminar o preconceito etário,

promovendo a convivência entre as diferentes gerações.

Uma educação o aprimoramento dela, dirigida especificamente aos

maiores de sessenta anos, até existe, mas não largamente difundida, como seria por

exemplo, o caso do idoso que deseja voltar aos bancos escolares.

No tocante ao ensino básico, é fácil encontrar instituições não

governamentais que dispõe de pessoal habilitado para esse ensinamento.

Mas................... e aquela pessoa que deseja voltar ao ensino superior,

seja para um primeiro curso, para completar o iniciado á algum tempo, ou mesmo

para complementar seus conhecimentos, mesmo que seja como aluno ouvinte.

Os cursos superiores em instituições públicas não são amplamente

divulgados.

Não há incentivo governamental para esse tipo de serviço á essa faixa

etária. O idoso não é obrigado a acabar seus dias num banco de praça.

O Decreto 1 948/96, que regulamenta a Política Nacional do Idoso, prevê

a instalação de Centros de Convivência, onde o idoso permaneça durante o dia;

Centro de Cuidados Diurnos, algo semelhante ao Hospital Dia, destinado aos idosos

que necessitem de cuidados multiprofissionais; a Casa Lar , -sistema participativo

entre instituições públicas e privadas. É um local que deve prestar ao idoso sem

recursos e sem família, condições de morar dignamente. (BRASIL, 1996)41.

                                                            41 BRASIL. Decreto-lei n. 1. 948 de 03 de julho de 1996. Regulamenta a Lei n° 8.842, de 4 de janeiro de 1994, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d1948.htm>. Acesso em: 10 fev. 2012.

Nenhumas dessas instituições são encontradas facilmente, asilos são

encontrados, mas essa palavra é deprimente. Remete-nos ao abandono, ao

esquecimento de nossos idosos; e é o que se vê.

Os particulares, revestidos de uma fachada de preocupação com os

idosos, muitas vezes ficam com a minguada aposentadoria deles, em troca de uma

prestação de serviço medíocre.

No tocante à cultura e lazer, vemos opções várias, oferecidas tanto pelo

poder público como pelo particular, proporcionando bons espetáculos, exposições,

etc, obedecendo ao artigo 23, que prevê o desconto de no mínimo 50% nos eventos

artísticos, culturais esportivos etc.

Outro ponto onde nos deparamos com abusos diz respeito ao disposto no

Capítulo VI da Lei 10 741/03.

Trata esse capítulo da profissionalização e do trabalho. Diz que o idoso

tem o direito ao exercício de atividade profissional, “desde que respeitadas suas

condições físicas, intelectuais e psíquicas”. (BRASIL, 2003)42.

Se a pessoa nessa faixa etária desfruta de posição relevante numa

empresa ou mesmo no serviço público não se afasta dele ao tempo da

aposentadoria.

Porém o idoso que necessita continuar trabalhando para prover o

sustento de sua família, não encontra junto ás empresas o mesmo tratamento. Na

maioria das vezes essas pessoas são contratadas para desempenhar o trabalho que

há algum tempo o era por menores, hoje, menores aprendizes, porque não tem

necessidade de enfrentar filas quilométricas nos bancos, nos órgãos públicos, os

maiores de 65 anos não pagam passagens em ônibus, metrô, o que significa

redução de custos para a empresa; sem contar que o salário pago é o mínimo.

A partir do artigo 29 até o artigo 77, o Estatuto do Idoso trata da

Previdência Social, das Entidades de Atendimento aos Idosos e das penalidades

atribuídas pelo não cumprimento do estabelecido.

                                                                                                                                                                                           42 BRASIL. Lei n. 10.741 de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 1 out. 2003. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=237486>. Acesso em: 02 fev. 2012.  

A partir do artigo 78, temos elencadas a proteção judicial dos interesses

difusos, coletivos e individuais indisponíveis ou homogêneos, porém de acordo com

o parecer do Prof. Dr. Marco Antonio Villas Boas (2011, p. 2) 43.:

[...] desnecessária a inclusão do artigo 78 – as manifestações processuais do representante do Ministério Público deverão ser fundamentadas – no texto da lei, porque qualquer manifestação processual por quem quer que seja deve ser fundamentada.

O artigo 79 abre a oportunidade de se aplicar ao Estatuto do Idoso, todas

as ações de responsabilidade por ofenda aos direitos assegurados aos idosos, que

também não é divulgado, haja vista a situação em que os mesmos se deparam à

toda hora; essas ações devem ser propostas no foro do domicílio do idoso; nas

ações cujo objeto seja o cumprimento de fazer ou não fazer, será concedida pelo

juiz, a tutela específica da obrigação, determinando providencias assecuratórias do

resultado prático, sendo imposto ao réu como pena, multa diária devida a partir do

dia em que o ato tiver acontecido, porém exigível após o transito em julgado da

sentença favorável ao autor. Os valores dessas multas serão revertidas ao Fundo

do idoso onde houver, ou na falta dele, ao Fundo Municipal de Assistência Social, e

se não forem recolhidas até trinta dias após o transito em julgado da decisão, serão

as mesmas exigidas por meio de execução promovida pelo Ministério Público, nos

mesmos autos, sendo facultada a iniciativa aos demais legitimados (União, estado,

Distrito Federal ou, OAB, associações legalmente constituídas há pelo menos um

ano, e cujo objeto seja a defesas dos interesses das pessoas idosas) em caso de

inércia do Ministério Público.

Os artigos 93 e 94 abordam ‘CRIMES – DISPOSIÇÕES GERAIS -

estabelecendo a aplicação subsidiariamente no que couber do disposto na Lei 7 347

de 24 de junho de 1985, lei essa que disciplina a ação civil pública por danos

causados ao meio ambiente, consumidor, entre outros, dando margem á criação do

Inquérito Civil, similar ao Inquérito Policial, aplicando-se o disposto na Lei 9 099/95,

                                                            43 BOAS, Marco Antonio Vilas. Estatuto do idoso comentado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011.  

n o que couber , aos crimes cujas penas privativas de liberdade não seja superiores

a quatro anos.

A partir do artigo 95 são tratados os crimes em espécie e suas penas,

com discriminação de pessoas idosas, dificultando seu acesso à operações

bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou exercer sua cidadania

em razão da idade, deixar de prestar assistência sem risco pessoal em situação de

iminente perigo, retardar, recusar ou dificultar sua assistência á saúde, sem justa

causa, não pedindo socorro à autoridade pública, abandonar o idoso em hospitais,

casas de saúde, entidades de longa permanência , não, provendo suas

necessidades básicas, entre outros.

O legislador lembrou-se de proteger o idoso em todas as esferas, só

esqueceu-se de implementar na mente dos dirigentes do país a verdadeira

cidadania.

CONCLUSÃO

O principal foco, porém é deixar registradas as experiências boas e más

colecionadas nos últimos quatro anos, quando de repente, às portas de nos

tornarmos mais um integrante da terceira idade.

O principal foco deste trabalho foi registrar as experiências boas e más

colecionadas nos últimos anos, quando de repente às portas de nos tornarmos mais

um integrante da terceira idade.

Sem sombra de dúvida não nos encaixamos no rol da maioria dos idosos

brasileiros, carentes em muitas áreas; pertencemos à uma minoria privilegiada que

pode contar com a oportunidade de frequentar cursos superiores, que não

necessitam de enfrentar fila do SUS, mas nem por isso nos condoemos com essa

situação.

A velhice deve ser respeitada pelo trabalho que desempenharam, pela

experiência acumulada, pelos ensinamentos que podem transmitir às gerações

futuras, que se não forem educadas, conscientizadas, preparadas para um convívio

mútuo de ajuda e respeito na sociedade em transformação, condenarão a população

idosa à um final de vida solitária, totalmente desprovida de amor, carinho e garantias

mínimas de seus direitos.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE GERONTOLOGIA. O que é gerontologia ?. Disponível em: <http://www.abgerontologia.com.br/index.php/site/gerontologia/9>. Acesso em: 12 fev. 2012.

BOAS, Marco Antonio Vilas. Estatuto do idoso comentado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011.

BOBBIO, Norberto. O tempo da memória: de senectute e outros escritos autobiográficos. 8. ed. Rio de Janeiro : Elsevier, 1997.

BRASIL. Código penal e Constituição Federal. Obra coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz de Toledo Pinto, Márcia Cristina Vaz dos Santos Windt e Livia Céspedes. 47. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

BRASIL. Decreto-lei n. 1. 948 de 03 de julho de 1996. Regulamenta a Lei n° 8.842, de 4 de janeiro de 1994, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d1948.htm>. Acesso em: 10 fev. 2012.

BRASIL. Constituição (1988). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm. Acesso em: 10 fev. 2012.

BRASIL. Lei n. 10.741 de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 1 out. 2003. Disponível em: <http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=237486>. Acesso em: 02 fev. 2012.

BRASIL. Lei n. 10.173 de 09 de janeiro de 2001. Altera a Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, para dar prioridade de tramitação aos procedimentos judiciais em que figure como parte pessoa com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 9 jan. 2001. Disponível em: < http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=231630>. Acesso em: 02 fev. 2012. CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (1969). (Pacto de San José da Costa Rica). Disponível em: < http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/sanjose.htm>. Acesso em: 02 fev. 2011.

CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1989, com as alterações adotadas pelas Emendas Constitucionais nºs 1/1990 a 32/2009. Disponível em: < http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/constituicao/1989/constituicao%20de%2005.10.1989.htm>. Acesso em: 12 fev. 2012.

DINIZ, Maria Helena. Código civil anotado. 8. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2002.

DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

FASTER. CENTRO DE REFERÊNCIAS. Sociedades primitivas: atitudes face a pessoas com deficiência (culturas primitivas de ontem e de hoje). Disponível em: http://www.crfaster.com.br/Atitudes.htm>. Acesso em: 01 mar. 2012.

HOLLANDA, Chico Buarque de. Intérprete: Nara Leão. In: Cloudy Side of Nara Leao. [S.l]: Universal, p2002. 1 CD. Faixa 1.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE: população brasileira envelhece em ritmo acelerado. 2008. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1isp272. Acesso em: 20 fev. 2012.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Primeiros resultados definitivos do Censo 2010: população do Brasil é de 190.755.799 pessoas. 2011. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1866&id_pagina=1>. Acesso em: 20 fev. 2012.

MORAES, Alexandre. Direitos humanos fundamentais. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

RITT, Caroline Flockink; RITT, Eduardo. O Estatuto do Idoso: aspectos sociais, criminológicos e penais. Porto Alegre, RS: Livraria do Advogado, 2008.

SOUZA, Ana Maria Viola de. Tutela jurídica dos idosos: a assistência e a convivência familiar. Campinas, SP: Alínea, 2004.

ANEXO A – IDOSO

LEI N. 8.842, DE 4 DE JANEIRO DE 1994* Dispõe sobre a política nacional do idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá

outras providências.

O Presidente da República:

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

Da Finalidade

Artigo 1º - A política nacional do idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais

do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação

efetiva na sociedade.

Artigo 2º - Considera-se idoso, para os efeitos desta Lei, a pessoa maior de

sessenta anos de idade.

CAPÍTULO II

Dos Princípios e das Diretrizes

SEÇÃO I

Dos Princípios

Artigo 3° - A política nacional do idoso reger-se-á pelos seguintes princípios:

I - a família, a sociedade e o estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os

direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua

dignidade, bem-estar e o direito à vida;

II - o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser

objeto de conhecimento e informação para todos;

III - o idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza;

IV - o idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a serem

efetivadas através desta política;

V - as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as contradições

entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser observadas pelos poderes

públicos e pela sociedade em geral, na aplicação desta Lei.

SEÇÃO II

Das Diretrizes

Artigo 4º - Constituem diretrizes da política nacional do idoso:

I - viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso,

que proporcionem sua integração às demais gerações;

II - participação do idoso, através de suas organizações representativas, na

formulação, implementação e avaliação das políticas, planos, programas e projetos

a serem desenvolvidos;

III - priorização do atendimento ao idoso através de suas próprias famílias, em

detrimento do atendimento asilar, à exceção dos idosos que não possuam condições

que garantam sua própria sobrevivência;

IV - descentralização político-administrativa;

V - capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e

gerontologia e na prestação de serviços;

VI - implementação de sistema de informações que permita a divulgação da política,

dos serviços oferecidos, dos planos, programas e projetos em cada nível de

governo;

VII - estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações

de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais do envelhecimento;

VIII - priorização do atendimento ao idoso em órgãos públicos e privados

prestadores de serviços, quando desabrigados e sem família;

IX - apoio a estudos e pesquisas sobre as questões relativas ao envelhecimento.

Parágrafo único - É vedada a permanência de portadores de doenças que

necessitem de assistência médica ou de enfermagem permanente em instituições

asilares de caráter social.

CAPÍTULO III

Da Organização e Gestão

Artigo 5º - Competirá ao órgão ministerial responsável pela assistência e promoção

social a coordenação geral da política nacional do idoso, com a participação dos

conselhos nacionais, estaduais, do Distrito Federal e municipais do idoso.

Artigo 6º - Os conselhos nacional, estaduais, do Distrito Federal e municipais do

idoso serão órgãos permanentes, paritários e deliberativos, compostos por igual

número de representantes dos órgãos e entidades públicas e de organizações

representativas da sociedade civil ligadas à área.

Artigo 7º - Compete aos conselhos de que trata o artigo anterior a formulação,

coordenação, supervisão e avaliação da política nacional do idoso, no âmbito das

respectivas instâncias político-administrativas.

Artigo 8º - À União, por intermédio do ministério responsável pela assistência e

promoção social, compete:

I - coordenar as ações relativas à política nacional do idoso;

II - participar na formulação, acompanhamento e avaliação da política nacional do

idoso;

III - promover as articulações intraministeriais e interministeriais necessárias à

implementação da política nacional do idoso;

IV - vetado;

V - elaborar a proposta orçamentária no âmbito da promoção e assistência so-cial e

submetê-la ao Conselho Nacional do Idoso.

Parágrafo único. Os ministérios das áreas de saúde, educação, trabalho, previdência

social, cultura, esporte e lazer devem elaborar proposta orçamentária, no âmbito de

suas competências, visando ao financiamento de programas nacionais compatíveis

com a política nacional do idoso.

Artigo 9º - Vetado.

Parágrafo único - Vetado.

CAPÍTULO IV

Das Ações Governamentais

Artigo 10 - Na implementação da política nacional do idoso, são competências dos

órgãos e entidades públicos:

I - na área de promoção e assistência social:

a) prestar serviços e desenvolver ações voltadas para o atendimento das

necessidades básicas do idoso, mediante a participação das famílias, da sociedade

e de entidades governamentais e não-governamentais.

b) estimular a criação de incentivos e de alternativas de atendimento ao idoso, como

centros de convivência, centros de cuidados diurnos, casas-lares, oficinas abrigadas

de trabalho, atendimentos domiciliares e outros;

c) promover simpósios, seminários e encontros específicos;

d) planejar, coordenar, supervisionar e financiar estudos, levantamentos, pesquisas

e publicações sobre a situação social do idoso;

e) promover a capacitação de recursos para atendimento ao idoso;

II - na área de saúde:

a) garantir ao idoso a assistência à saúde, nos diversos níveis de atendimento do

Sistema Único de Saúde;

b) prevenir, promover, proteger e recuperar a saúde do idoso, mediante programas e

medidas profiláticas;

c) adotar e aplicar normas de funcionamento às instituições geriátricas e similares,

com fiscalização pelos gestores do Sistema Único de Saúde;

d) elaborar normas de serviços geriátricos hospitalares;

e) desenvolver formas de cooperação entre as Secretarias de Saúde dos Estados,

do Distrito Federal, e dos Municípios e entre os Centros de Referência em Geriatria

e Gerontologia para treinamento de equipes interprofissionais;

f) incluir a Geriatria como especialidade clínica, para efeito de concursos públicos

federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais;

g) realizar estudos para detectar o caráter epidemiológico de determinadas doenças

do idoso, com vistas a prevenção, tratamento e reabilitação; e

h) criar serviços alternativos de saúde para o idoso;

III - na área de educação:

a) adequar currículos, metodologias e material didático aos programas educa-cionais

destinados ao idoso;

b) inserir nos currículos mínimos, nos diversos níveis do ensino formal, conteúdos

voltados para o processo de envelhecimento, de forma a eliminar preconceitos e a

produzir conhecimentos sobre o assunto;

c) incluir a Gerontologia e a Geriatria como disciplinas curriculares nos cursos

superiores;

d) desenvolver programas educativos, especialmente nos meios de comunicação, a

fim de informar a população sobre o processo de envelhecimento;

e) desenvolver programas que adotem modalidades de ensino à distância,

adequados às condições do idoso;

f) apoiar a criação de universidade aberta para a terceira idade, como meio de

universalizar o acesso às diferentes formas do saber;

IV - na área de trabalho e previdência social:

a) garantir mecanismos que impeçam a discriminação do idoso quanto a sua

participação no mercado de trabalho, no setor público e privado;

b) priorizar o atendimento do idoso nos benefícios previdenciários;

c) criar e estimular a manutenção de programas de preparação para aposentadoria

nos setores público e privado com antecedência mínima de dois anos antes do

afastamento;

V - na área de habitação e urbanismo:

a) destinar, nos programas habitacionais, unidades em regime de comodato ao

idoso, na modalidade de casas-lares;

b) incluir nos programas de assistência ao idoso formas de melhoria de condições

de habitabilidade e adaptação de moradia, considerando seu estado físico e sua

independência de locomoção;

c) elaborar critérios que garantam o acesso da pessoa idosa à habitação popular;

d) diminuir barreiras arquitetônicas e urbanas;

VI - na área de justiça:

a) promover e defender os direitos da pessoa idosa;

b) zelar pela aplicação das normas sobre o idoso determinando ações para evitar

abusos e lesões a seus direitos;

VII - na área de cultura, esporte e lazer:

a) garantir ao idoso a participação no processo de produção, reelaboração e fruição

dos bens culturais;

b) propiciar ao idoso o acesso aos locais e eventos culturais, mediante preços

reduzidos, em âmbito nacional;

c) incentivar os movimentos de idosos a desenvolver atividades culturais;

d) valorizar o registro da memória e a transmissão de informações e habilidades do

idoso aos mais jovens, como meio de garantir a continuidade e a identidade cul-

tural;

e) incentivar e criar programas de lazer, esporte e atividades físicas que

proporcionem a melhoria da qualidade de vida do idoso e estimulem sua

participação na comunidade.

§ 1º - É assegurado ao idoso o direito de dispor de seus bens, proventos, pensões e

benefícios, salvo nos casos de incapacidade judicialmente comprovada.

§ 2º - Nos casos de comprovada incapacidade do idoso para gerir seus bens, ser-

lhe-á nomeado Curador especial em juízo.

§ 3º - Todo cidadão tem o dever de denunciar à autoridade competente qualquer

forma de negligência ou desrespeito ao idoso.

CAPÍTULO V

Do Conselho Nacional

Artigo 11 - Vetado.

Artigo 12 - Vetado.

Artigo 13 - Vetado.

Artigo 14 - Vetado.

Artigo 15 - Vetado.

Artigo 16 - Vetado.

Artigo 17 - Vetado.

Artigo 18 - Vetado.

CAPÍTULO VI

Das Disposições Gerais

Artigo 19 - Os recursos financeiros necessários à implantação das ações afetas às

áreas de competência dos governos federal, estaduais, do Distrito Federal e

municipais serão consignados em seus respectivos orçamentos.

Artigo 20 - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de sessenta dias, a

partir da data de sua publicação.

Artigo 21 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Artigo 22 - Revogam-se as disposições em contrário.

Esta lei foi regulamentada pelo Decreto Federal 1948 de 03 de

julho de 1 996.

ANEXO B – ACÓRDÃOS

o Acórdão nº 70041145145 de Tribunal de Justiça do RS, Vigésima

Primeira Câmara Cível, 23 de Novembro de 2011

APELAÇÃO. DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO. MEDIDA DE

PROTEÇÃO. IDOSO. PORTADOR DE DOENÇA NEURODEGENERATIVA,

COM PERDA PROGRESSIVA DO CONTROLE DOS MOVIMENTOS, DE

FORÇA MUSCULAR E DE COORDENAÇÃO MOTORA. ABANDONADO

PELOS FAMILIARES. "ABRIGAMENTO", TRATAMENTO MÉDICO E

MEDICAMENTOSO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO MUNCÍPIO. A

verba constitucional, fundada no princípio da dignidade da pessoa humana,

revela o propósito de assegurar o mínimo existencial aos cidadãos da terceira

idade que construíram com trabalho, amor e esperança, a história nacional,

transferindo às novas gerações a responsabilidade de preserva-lhes o bem

estar, a saúde, a alimentação, em suma, a vida, ou ao menos o que lhes resta

da vida. A lhe dar concretude é que promulgada a Lei 10.741/2003 - Estatuto

do Idoso - a conceber...

... as circunstâncias revelam o estado de abandono do idoso, e suas

precaríssimas condições de saúde, incapaz até mesmo de alimentar-se por

via oral, necessita...

o Acórdão nº 70043227677 de Tribunal de Justiça do RS, Sétima

Câmara Cível, 19 de Outubro de 2011

APELAÇÃO CÍVEL. ESTATUTO DO IDOSO. CAUTELAR PARA AFERIÇÃO

DE SITUAÇÃO DE PESSOA IDOSA AJUIZADA PELO MINISTÉRIO

PÚBLICO. LEGITIMIDADE ATIVA DECORRENTE DE EXPRESSA

DISPOSIÇÃO LEGAL. LEI Nº 10.741/03 - ESTATUTO DO IDOSO. PESSOA

IDOSA QUE HÁ MAIS DE TRÊS ANOS VEM SENDO ACOMPANHADA

PELO MINISTÉRIO PÚBLICO E PELA SECRETARIA MUNICIPAL DE

SAÚDE, SENDO EXPOSTA A SITUAÇÕES DE RISCO PELOS FAMILIARES.

ESPOSA QUE IMPOSSIBILITA A CIÊNCIA ACERCA DAS ATUAIS

CONDIÇÕES DO IDOSO. PETIÇÃO INICIAL QUE DEVE SER RECEBIDA,

DANDO-SE REGULAR PROCESSAMENTO AO FEITO. APELAÇÃO

PROVIDA. (Apelação Cível Nº 70043227677, Sétima Câmara Cível, Tribunal

de Justiça do RS, Relator: Roberto Carvalho Fraga, Julgado em 19/10/2011)

... colocam o idoso em situação de risco e abandono. A necessidade da

demanda veio fundada na notícia... faz diferença entre ser o idoso capaz ou

incapaz, bastando que se apresente em situação de risco.

o Acórdão nº 2007/0163999-1 de Superior Tribunal de Justiça, Quinta

Turma, 13 de Agosto de 2009

HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. MEDIDA DE SEGURANÇA EM

CURSO HÁ MAIS DE 44 ANOS EM HOSPITAL PSIQUIÁTRICO

PENITENCIÁRIO. PACIENTE POSSUIDOR DE TRANSTORNO MENTAL DE

CARÁTER DEGENERATIVO COM LAUDO ATESTANDO CONDIÇÕES

PARA SUA DESINTERNAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO ESTADO

QUANTO À GARANTIA DOS DIREITOS CONSTITUCIONAIS E DA

CONTINUAÇÃO DO TRATAMENTO MÉDICO. LEI 10.216/2001. ORDEM

PARCIALMENTE CONCEDIDA. Embora facilmente perceptível a

plausibilidade dos fundamentos do acórdão atacado, que entendeu, a partir

do constatado abandono familiar e da longa permanência no manicômio

judiciário, somados à deficiência mental comprovada, que a colocação em

liberdade atentaria contra a própria segurança do paciente, é obrigação do

Poder Público garantir-lhe o constitucional direito de ir, vir e ficar...

... e “era, ao tempo da ação, inteiramente incapaz de entender o caráter

criminoso do fato e de dete”..., das penas previstas no Estatuto do Idoso. O

Ministério Público Federal, em parecer da lav...

ÓRGÃO ESPECIAL - INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE

JURISPRUDÊNCIA - NOMEAÇÃO DE CURADOR ESPECIAL CRIANÇA OU

ADOLESCENTES CUJOS INTERESSES COLIDEM COM OS

REPRESENTANTES LEGAIS - NOS CASOS DE ACOLHIMENTO

INSTITUCIONAL OU FAMILIAR - APLICAÇÃO DO DISPOSTO NOS

ARTIGOS 142 PARÁGRAFO ÚNICO E 148 PARÁGRAFO ÚNICO "F" DO

ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE C/C ART. 9º INCISO I DO

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - NOMEAÇÃO DO REPRESENTANTE DA

DEFENSORIA PÚBLICA - NECESSIDADE. DECISÃO UNÂNIME. Verificado

o conflito de interesses de criança ou adolescente em acolhimento

institucional ou familiar, como de seus representantes legais, se faz

necessária a nomeação de Curador Especial, pelo Juízo da Vara da Infância

e Juventude, por isso que a Constituição Federal em seu artigo 227, bem

como o Estatuto da Criança e...

... Regional da Infância e Juventude e do Idoso Regional de Santa Cruz

Comarca da Capital, sendo d...I - ao incapaz, se não tiver representante

legal, ou se os int..., se um menor esta em situação de abandono parental,

principalmente, com a intervenção

PL 1420/2011 Inteiro teor Projeto de Lei Situação: Apensado ao PL 1235/2011

Identificação da Proposição

Autor Washington Reis - PMDB/RJ

Apresentação

24/05/2011

Ementa

Aumenta as penas previstas nos arts. 133 e 134 do Código Penal.

Explicação da Ementa

Crimes de abandono de incapaz e abandono de recém-nascido.

Indexação

Informações de Tramitação Forma de Apreciação

Proposição Sujeita à Apreciação do Plenário

Regime de Tramitação

Ordinária

Despacho atual:

Data Despacho

07/06/2011

Apense-se ao PL-1235/2011.

Proposição Sujeita à Apreciação do Plenário

Regime de Tramitação: Ordinária