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1 DIREITO DO CONSUMIDOR Prof. Luiz Antônio de Souza Bibliografia RIZZATO NUNES HERMAN BENJAMIN (ministro STJ) CLAUDIA LIMA MARQUES SP, 09/02/2011 - Qual a razão da existência de uma legislação protetiva do consumidor? (ou seja, porque o CC não foi suficiente para dar conta dessa missão?) I- Historicamente: quando se iniciaram os direitos individuais? II- REVOLUÇÕES LIBERAIS - inglesa: 1668 - americana: 1776 - francesa: 1789 - Revolução francesa: inspirada nos princípios de LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE. - Liderada pela BURGUESIA. - Os princípios da revolução francesa foram estendidos à massa da população ? III- Estado liberal: Estado criado com a revolução. Busca o limite ao poder do governante através da constituição . - 1804: Código Civil Francês baseado no contratualismo de Rousseau em que há liberdade relativa, mas estendida igualitariamente a todos sob a regência de uma Constituição. Constitui-se o império legal . - Esses princípios foram estabelecidos pela burguesia, atendendo a seus interesses. Nesse caso, a FRATERNIDADE foi relegada a segundo plano. IV- Gofredo da Silva Telles: “a liberdade e a igualdade são princípios complementares ou antagônicos?” Na realidade, são princípios antagônicos pois, as pessoas são essencialmente desiguais, e a tendência é que cada um, em sua liberdade, busque vantagem em relação ao outro. V- Por exemplo: nos últimos 200 anos, os Códigos Civis dos diferentes países refletem os valores mais importantes para a ordem burguesa: 1) PROPRIEDADE e 2) CONTRATO sendo que a primeira é absoluta e a segunda é regida pelo “ pacta sunt servanda.

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DIREITO DO CONSUMIDOR

Prof. Luiz Antônio de Souza

Bibliografia

RIZZATO NUNES

HERMAN BENJAMIN (ministro STJ)

CLAUDIA LIMA MARQUES

SP, 09/02/2011

- Qual a razão da existência de uma legislação protetiva do consumidor? (ou seja,

porque o CC não foi suficiente para dar conta dessa missão?)

I- Historicamente: quando se iniciaram os direitos individuais?

II- REVOLUÇÕES LIBERAIS

- inglesa: 1668

- americana: 1776

- francesa: 1789

- Revolução francesa: inspirada nos princípios de LIBERDADE, IGUALDADE e

FRATERNIDADE.

- Liderada pela BURGUESIA.

- Os princípios da revolução francesa foram estendidos à massa da população ?

III- Estado liberal: Estado criado com a revolução. Busca o limite ao poder do

governante através da constituição.

- 1804: Código Civil Francês – baseado no contratualismo de Rousseau em que há

liberdade relativa, mas estendida igualitariamente a todos sob a regência de uma

Constituição. Constitui-se o império legal.

- Esses princípios foram estabelecidos pela burguesia, atendendo a seus interesses.

Nesse caso, a FRATERNIDADE foi relegada a segundo plano.

IV- Gofredo da Silva Telles: “a liberdade e a igualdade são princípios complementares

ou antagônicos?” Na realidade, são princípios antagônicos pois, as pessoas são

essencialmente desiguais, e a tendência é que cada um, em sua liberdade, busque

vantagem em relação ao outro.

V- Por exemplo: nos últimos 200 anos, os Códigos Civis dos diferentes países

refletem os valores mais importantes para a ordem burguesa: 1) PROPRIEDADE e 2)

CONTRATO sendo que a primeira é absoluta e a segunda é regida pelo “pacta sunt

servanda”.

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VI – Século XX: marcos:

- 1ª GG (1914-18)

- Quebra da Bolsa NY (1929)

- 2ª GG (1939-44)

- Diante dessas conjunturas, como as pessoas podem respeitar os contratos, apesar da

teoria contratual estabelecer que pessoas livres podem contratar e que o contrato faz lei

entre elas?

- Teoria da imprevisão (rebus sic stantibus): surge para racionalizar o tangenciamento do

contrato, justificando o seu não cumprimento.

- 2ª metade século XX:

- massificação do consumo (ler: Jean Brodrillard – analisa a sociedade de consumo)

- propaganda

- contrato de adesão

- esses valores se contrapõem ao princípio da liberdade de contratar e da

igualdade entre as partes.

- Assim, nasce na Europa e nos Estados Unidos o movimento consumerista.

SP, 14/02/2011.

I- O CDC tem uma matriz na CF/88:

Art. 5º, XXXII.

XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

- direito fundamental de toda a pessoa humana ser protegida pelo Estado,

enquanto consumidor.

- direito fundamental

- cláusula pétrea

- direito indisponível

Art. 170, caput

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim

assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes

princípios:

- ordem econômica: não é um fim em si mesma. É um meio de levar dignidade

às pessoas. (Rizzato Nunes: o mercado não é dos empresários, mas da

coletividade).

- a ordem econômica tem que atender alguns princípios, entre eles os direitos

dos consumidores.

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Art. 48 ADCT

- em 120 dias será elaborado em CDC. Na realidade, isto foi feito em 2 anos.

Art. 1º, III

III - a dignidade da pessoa humana;

- dignidade da pessoa humana

- esse princípio é aberto e seu significado se modifica historicamente.

- nesse sentido, os consumidores devem ser respeitados como decorrência da

dignidade da pessoa humana.

- visa proteger: incolumidade econômica e a físico-psíquica da pessoa.

- A legislação consumerista iniciou-se na Europa e nos Estados Unidos (ver discurso de

John Kennedy em 15/03/62).

II- CDC: Lei 8.078/90

- “Normas de ordem pública e interesse social.”

- a relação de consumo é uma relação PRIVADA, mas regida por uma norma de

ordem PÚBLICA (a norma é pública porque determinada por uma cláusula pétrea da

CF. Existem muitas outras situações como essa, por exemplo: planos de saúde

regulados pela ANS).

- Portanto: são normas COGENTES, de aplicação obrigatória. Nesse sentido, Nery,

Rizzato Nunes: “os Juízos podem aplicar de ofício”. (o CC francês: já determinava em

1810: normas cogentes devem ser aplicadas ex officio.).

- A jurisprudência brasileira não aceita pacificamente essa disposição. STJ, por 16

anos reconheceu que o juiz podia reconhecer de ofício a abusividade de uma cláusula

contratual “não há julgamento extra petita quando o juiz ou o tribunal declara

abusividade de cláusula contratual” (REsp 1013562, Min. Castro Meira) – reformatio in

pejus. Ex-ministro Rui Rosatto assim defendia. Com sua aposentadoria foi editada a

súmula 381 STJ (“os contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício,

da abusividade das cláusulas”) – primeiro para contratos bancários e mais tarde para

contratos de seguros. Justificam alegando o princípio “quantum apelatum quantum

devolutam”.

(Ler: tese do prof. Bedaqui – poderes do juiz)

- Ex: “tutela antecipada”: art. 84, CDC (de 1990) não determina que só pode ser

concedida a pedido da parte diferentemente do art. 271 CPC. Mas relações de

consumo devem-se observar as regras especificas do CDC, ou seja, que o juiz pode

conceder de ofício.

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Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá

a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente

ao do adimplemento.

§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento

final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu.

§ 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito.

Art. 271. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em contrário deste Código ou de lei especial.

RELAÇÃO DE CONSUMO

- como identificar a relação de consumo?

- não há definição clara no ordenamento jurídico.

É uma relação jurídica estabelecida entre consumidor e fornecedor, tendo por objeto

produtos e/ou serviço.

- a única diferença de uma relação jurídica comum é a existência dos personagens

“consumidor” e “fornecedor”.

CONCEITO DE CONSUMIDOR: (4)

1- CONSUMIDOR em sentido estrito

a- art. 2º, caput: conceito fundamental, em sentido estrito, em sentido próprio,

padrão.

- Conceito em (i) sentido estrito, em (ii) sentido próprio, (iii) padrão, (iiii)fundamental

Art. 2º CDC

“Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço

como destinatário final”.

Características:

1- PF ou PJ: consumidor = qualquer idade. Não está atrelado à capacidade civil para

contratar.

2- “adquirir”/ “utilizar”: equipara a responsabilidade contratual ou extracontratual.

- a relação de consumo se efetivou.

Ex. pessoa compra salgadinho para servir em festa. Se fizer mal, tem legitimidade ativa

quem foi parte do contrato (dona da festa que comprou) e quem não foi, apenas utilizou

(convidados).

3- destinatário final: 2 correntes

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- Corrente dos MAXIMALISTAS: destinatário final é o destinatário FÁTICO do

produto ou serviço. Por essa corrente: tudo é relação de consumo. Submete todos os

contratos à relação de consumo, portanto não é razoável, pois o CDC nasceu para

proteger os “VULNERÁVEIS”. Algumas vezes o “grande” (ex. Votoramtim) é consumidor

em relação que “pequeno” é fornecedor (ex. empresa de embalagem de saco de

cimento). Nesse sentido, essa corrente perde força.

- Corrente FINALISTA: destinatário final é o destinatário FÁTIDO e ECONÔMICO,

sendo que o destinatário não vai mais usar o produto na cadeia produtiva. (ou seja, não

protege os INSUMOS). Em sentido estrito, a PJ nunca seria protegida.

- STJ assume a corrente FINALISTA TEMPERADA, MITIGADA, RELATIVA: nesse

sentido, PJ é consumidora para consumo próprio, direto, imediato, ainda que, mais tarde,

seja repassado ao consumidor final. IMPORTANTE: ser VULNERÁVEL nessa relação.

- Cuidado com a jurisprudência: no início utilizava-se a corrente maximalista, depois a

finalista e atualmente a finalista temperada.

- Jurisprudência: varia muito conforme a “caneta do juiz”. Algumas vezes ainda se

evoca o maximalismo, de forma excepcional, como forma de justiça. Nesse sentido, a

segurança social é privilegiada em detrimento da segurança jurídica.

- Na Europa: leis consumeristas protegem o “não-profissional” (portanto, não protege

pessoas jurídicas) – assim, o conceito de consumidor é SUBJETIVO (considera-se a

pessoa que está adquirindo) e FINALISTA (proteção ao indivíduo que vai ao mercado

para comprar produto ou serviço para consumo imediato – e não para revender). Este

conceito foi herdado pelo direito brasileiro.

- No entanto, o CDC fala em proteção a pessoa física OU pessoa jurídica. (o projeto

previa somente microempresa, mas foi modificado no Congresso).

- Nesse sentido, o Tribunal considera “consumidor” o taxista que compra o próprio táxi, a

costureira que compra sua máquina de costura e até o caminhoneiro que compra o

próprio caminhão.

16/02/2011

- Ler: aos domingos e segundas editoriais do STJ sobre assuntos diversos.

2- CONSUMIDOR em sentido coletivo

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b- art. 2º, parágrafo único – sentido coletivo

- determinável

- indeterminável

Art. 2o, parágrafo único, CDC

Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja

intervindo nas relações de consumo.

- protege a coletividade que interveio.

Ex1. Contrato bancário ou de plano de saúde abusivo (coletividade determinável, mesmo

que muito grande).

Ex2. Laboratório que produz lote de remédio com problema (coletividade indeterminável).

- quando o consumidor (indivíduo) vem a Juízo pode alegar que utilizou ou adquiriu: pode

pleitear em nome próprio (utilizar/adquirir). (legitimação ordinária).

- pedido coletivo em ação individual, não prospera por:

a- falta de interesse: modalidade adequação

b- falta de legitimidade

- o pedido que tutela a coletividade deve ser feito pelos legitimados do art. 5º. (legitimação

extraordinária – substituição processual)

3- CONSUMIDOR by stander

Art. 17, CDC

Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.

Seção II: “responsabilidade pelo fato do serviço e do serviço” (= acidente de consumo, ou seja, é a

pessoa que não é consumidora e é considerada por consumo).

Ex. Acidente da TAM, em relação às pessoas que estavam no prédio.

- Bystander: aquele que está fora, transeunte, não adquiriu nem utilizou.

- Princípio da igualdade: se as pessoas foram atingidas pelo mesmo evento, devem estar

na mesma condição. Não é justo que os que compraram a passagem possam utilizar o

CDC e os que estavam no prédio necessitem utilizar o CC.

4- CONSUMIDOR em sentido amplo

- exposto

- virtual

- abstrato

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CDC art. 29

Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as

pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.

No Capítulo: Das práticas comerciais / Da proteção contratual

- a relação de consumo ainda não se concretizou.

- basta exposição às práticas comerciais ou contratuais.

Ex1. oferta comercial: vitrine em que há 2 produtos e somente 1 cartaz com o preço no

meio dos 2 – serve como chamariz para o consumidor entrar.

Ex2. Automóvel fabricado com defeito de projeto. Ação pública para modificação no

projeto. Defesa de relação de consumo futura.

Conceito de FORNECEDOR

Art. 3º, caput, CDC

Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira,

bem como entes despersonalizados, que desenvolvem as atividades de produção,

montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou

comercialização de produtos ou prestação de serviços.

- enquadram-se nessa categoria: médico, camelô,

Conceito de PRODUTOS/ SERVIÇOS

CDC art. 3º, §1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

CDC art. 3º, §2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de

natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter

trabalhista.

Trabalho

- Espécies de vulnerabilidade (art. 4º)

- Diferença (art. 6º §8) entre insuficiência e vulnerabilidade.

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SP, 23/02/2011

Relação de consumo: triangular: C(consumidor), F(fornecedor), P/S(produto ou serviço).

PRODUTO

CDC art. 3º, §1º - bem móvel, bem imóvel, material, imaterial (peça de teatro).

CC art. 79 – art. 84

- o produto NÃO precisa ser remunerado, pois o CDC expressa dessa forma.

- amostra grátis: entra em relação de consumo (remuneração é indireta).

SERVIÇO

Art. 3º, §2º, CDC - atividade remunerada (direta ou indireta).

Ex. médico atende passageiro em avião sem cobrar, se acontecer houver prejuízo, não há

responsabilização pelo CDC.

- estacionamento grátis, há remuneração embutida, portanto há responsabilização pelo

CDC. É serviço prestado.

- atividade de serviço que NÃO se enquadra no CDC: relação trabalhista.

- algumas vezes há necessidade de prova para demonstrar a relação de consumo: o réu

quer demonstrar que ela não existe (e utilizar o sistema CC) e o autor quer demonstrar

que ela existe (e utilizar o CDC).

STJ Sum. 297

“O CDC é aplicável às instituições financeiras.”

- Min. Eros Grau: o CDC não pode interferir na política monetária (competência do Banco

Central).

STJ Sum. 321

“O CDC é aplicável à relação jurídica entre a entidade de previdência privada e seus

participantes”.

Serviço Público

Art. 22, CDC

CDC, art. 4º, art. 7º, art. 10º - serviços públicos são objeto de relação de consumo.

CDC, art. 22: todos os serviços públicos? Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código.

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SERVIÇOS PÚBLICOS UTI UNIVERSI (são os gerais, indivisíveis e que o Estado presta

a todos os indivíduos a partir da arrecadação: educação, saúde etc) – posição do STJ:

NÃO é relação de consumo. Na PUC, há tendência em considerar que é CDC.

SERVIÇOS PÚBLICOS UTI SINGULI (serviços remunerados, específicos: taxa e tarifa).

Hoje, o STJ não considera os serviços remunerados por taxa como relação de consumo.

- Min. Eliana Calmon e Nancy Andrighi: taxas são reguladas pelo CTN porque são

tributos.

- O Estado invoca a “reserva do possível” (limite do orçamento) – se fosse CDC, não

poderia levantar esse argumento.

- “Serviços essenciais, contínuos”: para Rizzatto Nunes – todos os serviços públicos são

essenciais, no entanto, o legislador não utiliza palavras em vão, portanto:

- art. 10 Lei 7.783/09 (Lei de greve) enumera serviços essenciais: água, energia

elétrica, gás (entre outros que não são públicos).

- art. 6º Lei 8.987/95: autoriza a suspensão do serviço público nos casos de:

manutenção, segurança, inadimplência.

- para Rizzatto Nunes: a manutenção é previsível, portanto deve ser avisada

com antecedência. No caso de segurança: o fornecedor deve indenizar os prejuízos

causados. O risco da atividade deve ser suportada pelo fornecedor, nunca pelo

consumidor.

- inadimplência: para os consumeristas: NÃO pode cortar o serviço, nunca !

É um dever do Estado; é questão de dignidade social.

STJ: posiciona-se permitindo o corte (ler voto do min. Luiz Fux).

- Discussão: produtos essenciais: ex. celular (subjudice) – se considerado essencial, não

poderá cortar por inadimplência.

- PJ de Direito Público: pode cortar o serviço? SIM, com exceção de: hospital público,

iluminação pública, escola pública.

Necessidade de demonstração por procedimento (administrativo ou judicialmente) –

portanto, não pode interromper fornecimento:

- Diferença unilateral (apresentação de um cálculo extra pelo fornecedor)

- Suposta fraude

- Débito pretérito (conta de 6 meses passados)

- Dívida contestada

Cuidado! Exemplo: fraude apurada (em processo administrativo): pode interromper

fornecimento do serviço.

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Questão da prova: dissertação sobre relação de consumo.

POLÍTICA NACIONAL DE RELAÇÕES DE CONSUMO

Art. 4º e 5º

- Política = complexo (conjunto) de iniciativas e medidas para tutelar determinado setor.

- Objetivo: que o Estado desenvolva, continuamente, medidas para fortalecer e fomentar

as relações de consumo (tutelando o consumidor).

- Postulado: consumidor é sempre vulnerável. Se numa relação o indivíduo não é

vulnerável, ele não é consumidor. Neste caso: compra e venda de carro entre

particulares: rege-se pelo CC porque não há vulnerabilidade.

- Consumidor é sempre vulnerável, nem sempre é hipossuficiente.

VULNERABILIDADE

Art. 4º, I Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;

Técnica

- o consumidor não tem conhecimento técnico sobre o produto ou como ele é produzido.

Jurídica

- é a falta de conhecimento jurídico para escapar das abusividades do contrato ou ser

instado a se submeter.

Fática ou socioeconômica

- pressão que o mercado exerce sobre os consumidores.

- ex. Perdigão e Sadia, em determinados produtos detém 99% do mercado.

Informacional

- falta ou excesso de informação.

- A vulnerabilidade da PF é praticamente absoluta, ou facilmente demonstrável, enquanto

na PJ a presunção é relativa. Cabe ao réu demonstrar que não há vulnerabilidade.

Art. 4º, II II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor: a) por iniciativa direta

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b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas; c) pela presença do Estado no mercado de consumo; d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho.

PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO ESTATAL

- ação governamental protegendo o consumidor.

- ex. José Serra ameaçando de quebrar patente de remédios para viabilizar a distribuição

do coquetel contra AIDS.

a) De forma direta

b) Incentivando a criação de associações representativas

Art. 4º, III

II - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção

do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os

princípios nos quais se funda a ordem econômica, sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações

entre consumidores e fornecedores;

PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA e EQUILÍBRIO

Anteriormente: a boa-fé era decorrente da relação pessoal. As pessoas sentavam-se

frente a frente para contratar os serviços e estabelecer os parâmetros do contrato.

Hoje: não há relação entre o produtor e o comprador. A relação é impessoal. O que

interessa é o produto.

- não há como resolver problemas de consumo massificado com princípios de boa-fé

subjetiva.

- nesse sentido: parâmetros objetivos de aferição: produto e serviço. (art. 23 CDC).

- transferência: dos sujeitos da relação, para o objeto da relação (produtos e serviços), é

claro, preservando o equilíbrio da relação.

Art. 4º, IV IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com

vistas à melhoria do mercado de consumo;

PRINCÍPIO DA CONSCIENTIZAÇÃO

- educação e informação

- no caso da Educação Ambiental, há uma lei que torna obrigatória o ensino de educação

ambiental – Lei 9.7965/99 LPNEA. Isso não acontece em relação ao CDC.

- Não há politica efetiva nesse sentido.

Art. 4º, V V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de

produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo;

PRINCÍPIO DA AUTOINICIATIVA PROTETIVA

- fornecedores criando mecanismos de controle de qualidade e segurança (autocontrole).

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- Ex. CONAR, em relação à publicidade. Conselho Nacional de Autorregulamentação

Publicitária (Associação civil).

Art. 4º, VI VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a

concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais

e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores;

PRINCÍPIO DA NÃO ABUSIVIDADE

- repressão à concorrência desleal e utilização indevida de criações industriais.

- nem sempre a fusão de empresas é desfavorável ao consumidor. Nesse sentido, o CADI

avalia caso a caso.

Art. 4º, VII

VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;

Art. 4º, VIII VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.

Art. 5o Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o poder público com os seguintes instrumentos, entre outros: I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente; II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério Público; III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de infrações penais de consumo; IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo; V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do Consumidor.

- Criação do DECON, que depois foi fechado e posteriormente (2009) aberto por José

Serra, mas voltado a delegacias especializadas em cidadania.

DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR – art. 6º e art. 7º

Tutela

- incolumidade físico-psíquica

- incolumidade econômica

Art.6º, I Art. 6º São direitos básicos do consumidor: I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;

PROTEÇÃO à VIDA, SAÚDE, SEGURANÇA.

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Art. 6º, II, III

II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade

de escolha e a igualdade nas contratações;

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;

EDUCAÇÃO E DIVULGAÇÃO SOBRE CONSUMO ADEQUADO

- liberdade de escolha

- igualdade nas contratações

- no CDC, cada vez mais aparece a preocupação com a informação, que se relaciona

com a boa-fé objetiva.

- art. 12 CDC: “... por falta de informação ou informação insuficiente e inadequada” – gera

responsabilidade do fornecedor.

- informação: sendo direito do consumidor, é dever do fornecedor. Nesse sentido, o

consumidor nem tem que perguntar, porque sendo vulnerável, não sabe o que perguntar.

- direito subjetivo do consumidor à informação.

- consumidor é o elemento passivo da informação.

- a informação é consequência da boa-fé objetiva.

Art. 6º, IV IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem

como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;

DIREITO À NÃO ABUSIVIDADE

- art. 30 ao art. 54 CDC

- publicidade enganosa e abusiva,

- métodos comerciais coercitivos e desleais

Art. 6º, V V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisa

em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;

- remete ao CC, direitos:

- MODIFICAÇÃO das cláusulas contratuais – desproporcionalidade.

- REVISÃO das cláusulas contratuais – onerosidade excessiva superveniente.

- art. 157 CC – lesão: instituto que afasta a desproporção.

- premente necessidade

- necessidade de prova

- desproporção

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- art. 478 CC – rebus sic stantibus

- defende os dois polos, indistintamente

- acontecimentos extraordinários e imprevisíveis

- art. 6º, V CDC: só há necessidade de provar desproporção, pois a necessidade já é

pressuposto da vulnerabilidade, somente a onerosidade excessiva.

- 1ª parte: não necessidade de fato superveniente

- 2ª parte: devido a fato superveniente

NÃO é baseado na teoria da imprevisão, pois é muito mais favorável ao consumidor.

- aqui não é possível “ação civil pública invertida” (como nos EUA) – por exemplo, no caso

de um banqueiro que tem 1 milhão de contratos que, por fato superveniente, fica

extremamente oneroso. Ele não pode entrar com uma ação para discutir esses contratos,

ou seja, colocar o consumidor no polo passivo. Ele deve entrar com uma ação para cada

contrato.

Súmula 380 STJ

A simples propositura de ação de revisão de contrato não inibe a caracterização de mora

do autor.

- Decorrente dos casos em que as pessoas paravam de pagar o contrato para ficar

discutindo. Ações revisionais como fundamento de interromper o pagamento dos

contratos. má-fé objetiva.

Art. 6º, VI

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;

- efetiva reparação (reparação integral e objetiva)

- proibição de tarifação

- responsabilidade objetiva

- há dano moral difuso coletivo (pelo menos para a lei) – nesse sentido, há divisão no

STJ. Para alguns ministros a coletividade não tem dor, portanto, impossível dano moral.

Art. 6º, VII

VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos

patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e

técnica aos necessitados;

Art. 6º, VIII

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no

processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente,

segundo as regras ordinárias de experiências;

- questão da prova

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- em ação civil pública: os peritos declinam em fazer prova, uma vez que só

receberão no final da ação. (perícias ambientais) – portanto, a inversão do ônus da prova

é MUITO importante, e estão tentando levar para a ação civil pública (art. 18 Lei

7.347/85).

- o direito básico desse inciso é: FACILITAÇÃO DA DEFESA DOS DIREITOS DO

CONSUMIDOR.

- nesse sentido: inversão do ônus da prova = o réu passa a ter o ônus de afastar as

alegações com a produção de provas.

- juiz pode, de ofício, determinar a inversão do ônus da prova.

- outros exemplos de facilitação de defesa do consumidor: art. 101 CDC (foro do domicílio

do consumidor, cláusula de eleição de foro que prejudique o consumidor é nula),

responsabilidade solidária, responsabilidade objetiva.

- nesse sentido: art. 51, VI, inversão do ônus da prova contra o consumidor é considerada

cláusula abusiva.

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de

produtos e serviços que:

VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;

- “a critério do juiz”: na realidade não se trata de arbitrariedade, de juízo de conveniência

e oportunidade. É poder/dever do juiz estando presentes os requisitos, pois o princípio a

ser observado é a facilitação da defesa do consumidor.

- STJ: a inversão do ônus da prova não é direta.

- Requisitos a serem observados:

a- VEROSSIMILHANÇA (plausibilidade, certeza do direito, pois demonstrado na

ação(Ada Pellegrini))

b- HIPOSSUFICIÊNCIA: incapacidade de fazer prova.

Diferença entre vulnerabilidade e hipossuficiência:

Vulnerável: instituto de caráter MATERIAL (todo consumidor é vulnerável).

Hipossuficiência: instituto de caráter PROCESSUAL (dificuldade em fazer prova).

Exemplo1: milionário compra helicóptero e em caso de problema, não

consegue provar que há defeito no projeto (hipossuficiência).

Teoria da carga dinâmica de prova (criada por um argentino): o juiz aprecia o caso e

determina o ônus da prova para o polo que ele considerar apropriado

- art. 130 CPC: não se confunde com a teoria da carga dinâmica

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MOMENTO DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

a- despachar na inicial (o juiz não deve isso, deve-se esperar a contestação

para ter acesso ao contraditório).

b- saneador (ao determinar a produção de provas, o juiz despacha: “determino

a inversão do ônus da prova”, que o réu pode agravar. Melhor momento para o juiz fazer

isso, porque não haverá surpresas).

STJ: o réu não é obrigado a suportar a pagamento da perícia, mas em arcar com o ônus

da prova (que o réu determinará se será pericial ou não).

- art. 333 CPC

c- decisão como regra de julgamento: consumidor e fornecedor fazem prova.

Consumidor fez prova de verossimilhança e réu não faz prova de seu direito. Na

sentença, o juiz diz: (por exemplo: “havendo verossimilhança e não fazendo prova o réu,

considero a inversão do ônus da prova como regra de julgamento e dou procedência à

ação”).

- Melhor momento: a doutrina considera o melhor momento para decidir a inversão do

ônus da prova, o saneador e o STJ determina que é como regra de julgamento o melhor

momento para determinar a inversão do ônus da prova.

Art. 7º, caput Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções

internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos

pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito,

analogia, costumes e eqüidade.

DIREITO À INCLUSÃO DE NOVOS DIREITOS

- Direito de ver incorporado ao CDC os avanços de outros diplomas.

Exemplo1: art. 940 CC/2002 (“cobrado”) X art. 42 CDC (“pago”)

- art. 42 CDC: válido nas cobranças extrajudiciais

- art. 940 CC: válido nas cobranças judiciais

Exemplo2: vício em imóvel – Art. 26 CDC- “vício oculto”, 90 dias / Art. 445 CC, 1 ano-

“vício redibitório”.

Exemplo3: acidente de ônibus (transporte de passageiro) – Art. 14, §3º, CDC - se a culpa

é de terceiro, afasta a responsabilidade X Súmula 187 STF, não afasta a responsabilidade

por culpa de terceiro.

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Art. 7º, parágrafo único

Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos

danos previstos nas normas de consumo.

- responsabilidade solidária do causador do dano.

- solidariedade: permite ao autor a escolha de quem colocar no polo passivo.

Não se aplica ao CDC:

- art. 70 CPC: denunciação da lide.

- art. 77 CPC: chamamento ao processo.

O CDC não discute CULPA (sistema de responsabilidade objetiva), portanto não há

chamar terceiro para discutir de quem é a culpa.

Art. 90 CDC: o CPC é aplicado subsidiariamente, quando não atrapalhar (e terceiro só

atrapalha)

Exceção: CDC art. 101, II (seguradora). II - o réu que houver contratado seguro de responsabilidade poderá chamar ao processo o segurador,

vedada a integração do contraditório pelo Instituto de Resseguros do Brasil. Nesta hipótese, a sentença que

julgar procedente o pedido condenará o réu nos termos do art. 80 do Código de Processo Civil. Se o réu

houver sido declarado falido, o síndico será intimado a informar a existência de seguro de responsabilidade,

facultando-se, em caso afirmativo, o ajuizamento de ação de indenização diretamente contra o segurador,

vedada a denunciação da lide ao Instituto de Resseguros do Brasil e dispensado o litisconsórcio obrigatório

com este.

Art. 8º

Prevenção de dano Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito. Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, através de impressos apropriados que devam acompanhar o produto.

- princípio da segurança nas relações de consumo.

- há uma periculosidade esperada, admitida, dentro de uma expectativa padrão.

Art. 12 CDC

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem,

independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por

defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação

ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua

utilização e riscos.

§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera,

levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:

SP, 16/3/2011

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Prevenção

Art. 8º

- admitida

- expectativa padrão

Art. 9º

- periculosidade

- latente

Art. 10º

- periculosidade

- proibida

- não admitida

§1º e §2º

- recall

- autoridade competente DPDC (“Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor -

órgão federal ligado à Secretaria de Defesa Econômica, ligado ao Ministério da Justiça–

Portaria ____).

- publicidade às expensas do fornecedor.

- prazo: na realidade é o prazo é para forçar a celeridade, mas ele não caduca.

- controle: geralmente realizado por amostragem.

- o recall deve ser feito por meio de publicidade e não individualmente (mesmo que em

número reduzido) porque:

- pode ocorrer que o produto não esteja mais na mão do comprador,

- também é uma espécie de punição, deve estar na mídia porque é direito do

consumidor a informação.

Art. 12, §3º

- “culpa exclusiva do consumidor”: não alberga o caso em que a empresa chama o recall

e o consumidor não faz o reparo. Nesse caso, a culpa é concorrente, o que não afasta a

responsabilidade do art. 12, §3º. Na realidade, há uma dosagem da culpa e pode haver

diminuição da indenização.

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RESPONSABILIDADE CIVIL

Fato X Vício

1) Polo passivo

Art. 12 – “Fato do produto”

- polo passivo: fabricante, produtor, construtor, importador.

Art. 18 – “vício do produto”

- polo passivo: todos os anteriores + COMERCIANTE (é um dos responsáveis solidários).

2) Prazo

- Fato: prazo prescricional – 5 anos.

- Vício: prazo decadencial – 30 dias ou 90 dias.

- Ex. problema de viagem: prazo de 30 dias após a prestação do serviço.

TEORIA DA QUALIDADE (de Herman Benjamin)

- tudo parte de um vício (problema) de qualidade, que pode resultar:

- inadequação (impropriedade) = VÍCIO

- insegurança (vida, saúde, segurança) = FATO

- Para Luiz Antônio: “Fato é um vício que extrapola”.

- Waldyr Passarinho Jr.: “Fato é um vício intrínseco que potencializa ....”.

Ex. Celular que não passa torpedo – trata-se de VÍCIO DO PRODUTO.

Celular que super aquece e explode – trata-se de FATO DO PRODUTO.

Art. 14 CDC: FATO do serviço. Exemplo: balanceamento de pneus em que não há

colocação correta da roda. O motorista percebe a instabilidade, estaciona e corrige. Trata-

se de fato do serviço e houve perigo real. Não houve dano. A base seria

responsabilização por dano moral pelo fato do serviço (art. 14).

Exemplo: Pizzaria contratou publicidade em jornalzinho de bairro que publicou número

trocado. Os clientes que ligavam errado e eram destratados. Erroneamente o magistrado

considerou “fato”, apesar de ser “vício”.

CUIDADO! Rigor terminológico.

Usa-se o termo defeito para definir “vício” (meu relógio está com defeito), mas para o

CDC, defeito trata-se de “fato”. Portanto, meu relógio está com vício.

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Art. 12

- fabricante, produtor, consumidor, importador.

- responsabilidade solidária e objetiva (“respondem”)

- danos (considerando material (efetivo) e moral (possibilidade))

SP, 21/3/2011.

Fato do Produto Fato do Serviço

Art. 12 CDC Art. 14 CDC

- fabricante - produtor - construtor - importador

- prestador de serviço

- responsabilidade solidária - responsabilidade objetiva

- responsabilidade solidária - responsabilidade objetiva

- danos

- danos

- defeitos: 1- criação, concepção (projeto)

2- Produção, fabricação 3- Informação

- defeitos: 1- prestação de serviço 2- informação

- Defeito = não tem a segurança que se espera (normal e previsível). §2º: não é defeito, a existência de outro produto mais moderno.

- idem.

§3º eximentes de reponsabilidade: (ônus da prova: polo passivo) 1- não colocou no mercado, 2- não há defeito, 3- culpa exclusiva do consumidor. (a culpa concorrente – recall – não exclui) ou de terceiro da relação (concessionária não é terceiro). - afasta o nexo causal.

§4º responsabilidade dos profissionais liberais: - é subjetiva. Ex. responsabilidade do hospital é objetiva, do médio é subjetiva.

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Em relação ao §3º: “caso da pílula de farinha da Schering” – para o STJ: “colocar no

mercado” é fabricar, ou seja, se mais tarde as pílulas fabricadas foram roubadas e

colocadas no mercado, a culpa é do fabricante.

- Se houve indicação do fabricante (ex. montagem), faz parte da relação de consumo.

RISCO DO DESENVOLVIMENTO

- É defeito de concepção, mas não há conhecimento de possíveis dano.

- Ex. novo medicamento que após 10 anos causa câncer.

- Doutrina: Hernan Benjamin: se a empresa lucrou com o medicamento, deve arcar com

a indenização. Se há risco de causar problema, deve estar embutido no preço o valor de

uma possível indenização.

Caso fortuito e Força maior (previsibilidade)

- afastam ou não a responsabilidade?

- para os consumeristas, não afastam a responsabilidade.

- trata-se de “previsibilidade” e o CDC não trabalha com esta premissa.

- previsibilidade é componente da culpa. O CDC não trabalha com culpa, mas com

responsabilidade objetiva. (Nelson Nery)

No entanto, o STJ acata o caso fortuito em que divide (exemplos de julgados):

- FORTUITO INTERNO: NÃO afasta a responsabilidade. (ex. furto em

estacionamento de shopping, supermercado, acidente em academia, assalta em agência

bancária, furto em oficina mecânica, joias em cofre, acidente em excursão de colégio,

malote de transportadora (mesmo que não esteja escrito no contrato, é inerente).

- FORTUITO EXTERNO: roubo em ônibus, assalto em estação do metro, roubo a

mão armada no interior do hotel, furto de valise no interior da loja ou shopping, furto de

notebook no FDDJ,

Art. 13

COMERCIANTE responde:

1- na impossibilidade de identificação do fabricante.

- ex. comida em restaurante que faz mal à saúde.

2- não houve a identificação do produtor pelo comerciante.

- ex. no mercadão azeitona à granel oriundas de mais da 10 produtores.

3- quando não houver a conservação de produto perecível.

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Art. 14

FATO DO SERVIÇO

- Fornecedor (é gênero)

- Prestador de serviço (é espécie)

TRABALHO: responsabilidade dos profissionais liberais.

- definir profissional liberal

- quem são os profissionais liberais

- é relação de consumo? Cabe inversão do ônus da prova?

- fundamento da modificação “profissional liberal é responsabilidade subjetiva”.

- como se quebra o nexo causal?

- responsabilidade do médico.

- responsabilidade do advogado.

Será perguntado em prova.

Mandar o trabalho até dia 04/4/2011 no email:

[email protected]

23/3/2011

Vício do produto

- esfera intrínseca (não extrapola o produto, ou seja, não afeta a saúde ou segurança).

Art. 18

VÍCIO DE QUALIDADE

- impropriedade e inadequação do produto

- afeta o valor do produto (ex. carro com pintura na porta abaixo do tom)

- disparidade entre o anunciado e o produto

- fornecedores: responsabilidade solidária e objetiva.

- No vício, o âmbito do dano é menor.

- Tudo depende do caso concreto. Por exemplo: iogurte estragado. Se a pessoa compra,

percebe e não bebe, é vício do produto. Se a pessoa beber e passar mal, é fato do

produto.

§1º: 30 dias

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- quando, na NF, aparece que em 7 dias o fornecedor troca o produto em caso de defeito,

é liberalidade da empresa, pois o CDC determina um prazo de 30 dias. Somente a partir

do transcurso desse prazo, o consumidor pode reclamar.

- Se um produto for devolvido com o mesmo vício ? 2 posições:

1- se consertou em 3 dias e o problema reaparece: deve dar um produto novo, pois

a empresa abriu mão dos outros 27 dias. (posição do prof.)

2- outros acham que há soma de prazo.

Cuidado! O CDC dá o prazo de 30 dias para cada vício. Alguns “inventam” que é outro

vício para estender o prazo. (principalmente nos casos de indústria de automóvel)

§2º - não se adequa aos dias atuais.

- porque há impedimento abaixo de 7 dias? A 1ª parte do §2º já foi afastada pela prática.

Várias empresas dão 3 dias de prazo.

- 180 dias:

§3º - vício muito grave ou produto essencial – possibilita as alternativas do §1º (= trocar o

produto ou o dinheiro de volta).

- DPDC (Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor): em junho/2010

determinou que celular é produto essencial.

§4º - quando não há produto para repor. Trocar por outro e a diferença (a mais ou a

menos) deve ser paga.

§5º - produto in natura: quem responde é o fornecedor se o produtor não for indicado.

§6º - enumera os produtos impróprios para consumo:

I- prazo de validade vencido,

II- deteriorados, alterados, adulterados, avariados, fraudados, nocivos,

perigosos, em desacordo com as normas de fabricação, distribuição,

apresentação,

III- por qualquer outro motivo: inadequados ao fim a que se destinam.

- o artigo 18 é o que mais cai nos concursos.

Art. 19

VÍCIO DE QUANTIDADE

- respeitam-se as variações próprias da natureza do produto,

- quantidade (peso, medida),

- não há prazo estipulado.

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Medidas:

- abatimento proporcional do preço,

- complementação de peso ou medida

- substituição do produto

- restituição do dinheiro

- aplica-se o §4º do art. 19.

Art. 20

QUALIDADE DOS SERVIÇOS

- prestador de serviço

- vício de qualidade (não tem nada a ver com saúde, vida e segurança)

- torna o serviço impróprio

- diminui o valor

- não corresponde ao anunciado

- não há prazo

I- reexecução do serviço sem custo, quando cabível

- há omissão da lei para vício de quantidade. Nesse caso, aplicar o art. 19 por analogia.

§1º - pode procurar um terceiro que será pago pelo primeiro fornecedor (não há confiança

no profissional – ex. ortodontia).

§2º - serviços impróprios:

- inadequados para os fins que deles se esperam

- não atendem as normas

RESPONSABILIDADE OBJETIVA

- a responsabilidade é objetiva

- exceção: responsabilidade subjetiva, somente quando há previsão expressa

(profissionais liberais, art. 14, §4º).

Art. 23

- responsabilidade objetiva – “a ignorância do fornecedor sobre os vícios ...”

Art. 24

- é obrigado fornecer produto adequado, independentemente de lei.

Art. 25

- não pode haver cláusula contratual que de antemão limite a responsabilidade do

fornecedor.

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- é redundante ao art. 51, I CDC = técnica legislativa. O redator colocou várias previsões

para se precaver do caso em que o legislador, na votação, cortasse algum dispositivo.

DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO

- O CC trabalha somente com vício redibitório (vício oculto).

- “vender no estado”: não há responsabilidade por vício aparente.

- O CDC trabalha com vício oculto ou aparente.

Art. 26

Vício aparente (= fácil constatação)

- “caduca” (= prazo decadencial): 30 dias (produto e serviço não durável) e 90 dias (prod.

e serviço durável.

- prazo:

- “entrega efetiva”: prazo aberto à interpretação. Para a jurisprudência: para quem

pode ver o vício. Exemplo: dar TV de presente de casamento com 1 mês de

antecedência. A TV só funcionará após o casamento.

Ex. viagem para a Grécia (30 dias após o término da viagem)

Vício oculto

- 90 dias a partir do aparecimento do vício (a qualquer tempo).

- não confundir vício oculto com desgaste.

Art. 50 – a garantia contratual soma-se à legal. Ex. carro com 2 anos de garantia

(contratual) = 2 anos + 90 dias – para vício aparente!

- garantia estendida: só é favorável quando também tem seguro integrado e pelo fato de

não ter a discussão se é desgaste ou vício oculto.

13/4/2011

Decadência e Prescrição

Art. 26

- vícios X defeito

- vício aparente: fácil constatação.

- 30 dias: produto ou serviço não é durável (§1º).

- 90 dias: produto ou serviço durável (§1º).

- vício oculto: mesmo prazo (§3º) – a partir do conhecimento do defeito.

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26

Art. 27

- fato produto

- fato serviço

- prazo prescricional de 5 anos a partir do conhecimento do ano e sua autoria.

Desconsideração da PJ

Art. 28

Caput: Teoria subjetiva da mesma que o CC.

§5º : adota a Teoria Objetiva. “Também”.....

Art. 50 CC

Teoria Subjetiva da Desconsideração: só permite desconsideração se houve conduta sem

probidade dos sócios. É uma punição ao administrador ou sócio havendo ABUSO do

direito.

Nancy Andrighi, 2003: Teoria Maior da Desconsideração (CC): exige-se a prova da

insolvência ou improbidade ou confusão patrimonial.

Teoria Menor da Consideração (CDC e Direito Ambiental): o risco patrimonial não pode

ser suportado por terceiro. (art. 28, §5º).

Digressão...

- O CC introduziu 3 novos princípios: eticidade (probidade e boa-fé, mesmo nos contratos

individuais), sociabilidade (função social do contrato, ou seja, os efeitos do contrato

perante a sociedade), economicidade (equilíbrio econômico entre as partes – cláusula

rebus sic stantibus) que aderem às cláusulas dando nova significação às normas.

Ler Humberto Theodoro Jr. A função social do contrato.

Claudia Lima Marques sobre contratos no CDC.

OFERTA E PUBLICIDADE

- CC: PROPOSTA

- art. 427, estabelece exceções, ex. “sujeito à confirmação”, “para divulgação”

- art. 428

- art. 429 (invitação: proposta pública) –só vale se trouxer TODOS os elementos do

contrato.

- art. 431, contraproposta (invalida a proposta anterior)

- art. 458 (contrato aleatório)

Dever de casa: ler todos os artigos sobre proposta no CC e no CDC, estabelecendo os pontos de

convergência e divergência.

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- CDC: OFERTA

primeiro se exige o cumprimento da obrigação e somente no final recorre a PD (perdas e

danos).

Art. 30

Toda informação:

- publicitária

- não publicitária

Requisitos:

- precisão (suficientemente aferível). Ex. “melhor bolo do mundo” não apresenta o

requisito da precisão (técnica de exagero publicitário - puffing). Por outro lado, “pilha mais

durável do mercado”, é aferível.

- veiculação

Trata-se do princípio da vinculação oferta/ fornecedor.

Art. 31

Nenhuma oferta publicitária traz todas as informações elencadas nesse artigo. Portanto,

esse artigo deve ser lido juntamente com as normas administrativas. Assim,

medicamentos e alimentos devem trazer todas as informações e outros produtos nem

todas. Mas as informações devem ser claras, precisas, objetivas em língua portuguesa.

§ único: gravado de forma indelével.

18/4/2011

OFERTA

Art. 32

- fabricantes e importadores: devem assegurar componentes e peças por período de

tempo razoável.

- “período de tempo razoável”: a velocidade de novos lançamentos faz com que a partir de

2 anos já haja dificuldade de reposição. Os fabricantes e fornecedores

DL 2.181/97: regulamentar o CDC. Art. 13, XXI

Período razoável de tempo: vida útil do produto (carro 10 anos, eletrodoméstico: 4 anos,

mais ou menos).

Art. 33

Parágrafo único: o consumidor liga para uma empresa e enquanto espera fica escutando

propaganda; há desobediência legal porque é o consumidor quem está pagando.

O CDC não prevê sanção para esta prática.

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Art. 34

- nexo causal: fornecedor de produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos

de seus prepostos ou representantes autônomos.

- mesmo processo dos crimes ambientais.

Art. 35

- se a oferta é obrigatória, ela deve ser cumprida.

- consumidor pode escolher 3 alternativas:

I- execução específica (exigir o cumprimento da obrigação)

II- aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente

III- rescindir o contrato, restituição atualizada do que foi paga e perdas e danos.

Publicidade ou propaganda

Histórico

- “propaganda”: termo criado em 1597, Roma, Papa Clemente VII.

- “propagare”: congregação para a propagação da fé cristã.

- 1740: vocábulo introduzido do dicionário da Academia Francesa, com sentido

eclesiástico. (ideias, doutrinas).

- “publicidade”: ligado ao mercado de consumo.

- Ou seja, na Europa: o termo “propaganda” é utilizado com o sentido de difusão de ideias

e publicidade de difusão de produtos.

- CF, art. 22, XXIX

- CF, art. 220, §4o

- Utiliza o termo “propaganda comercial” com o significado de publicidade e

publicidade como o princípio constitucional.

- Portanto, ao utilizar o termo “propaganda” no contexto do CDC, deve-se fazê-lo

como “propaganda comercial”, pois sozinha a palavra tem a significação de propagação

de ideias.

Controle

- misto

- Autorregulamentação (CONAR: associação civil, criado em 1980 (10 anos antes

do CDC)) - autocontrole

- Legal

- Administrativo (órgãos de defesa do consumidor)

- MP: inquérito civil: TAC (Termo de Ajustamento de Conduta)

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29

- Legal Ação Civil Pública (somente MP, não é possível entrar

judicialmente como consumidor particular para retirar a publicidade do ar porque faltam

legitimidade e modalidade adequação.)

Princípios

VINCULAÇÃO CONTRATUAL

- toda oferta feita pela publicidade vincula.

IDENTIFICAÇÃO

Art. 36, caput

- não é cumprido: merchandising

TRANSPARÊNCIA DA FUNDAMENTAÇÃO ou FUNDAMENTAÇÃO DA PUBLICIDADE

Parágrafo único

- impede a publicidade de produtos do tipo “tônico para queda de cabelo”.

- MP pedia que o anunciante enviasse as pesquisas e os dados

- é infração penal: art. 69 CDC (IMPO)

- 1ª vez: transação da pena

- 2ª vez: suspensão do processo

- 3ª vez: ...

- 4ª vez: indiciado como fraude

NÃO ENGANOSIDADE

Art. 37, caput

- Publicidade enganosa (características conforme art. 37, caput)

- por ação

- por omissão

1- inteira ou parcialmente falsa

2- “capaz de induzir em erro” – não há necessidade de um consumidor concreto.

3- não importa a intenção do anunciante (responsabilidade objetiva)

- crimes relacionados com a publicidade enganosa: CDC, art. 66, art. 67, art.

68. Nesses artigos é preciso provar dolo e culpa.

- ou seja: âmbito civil: reponsabilidade objetiva

âmbito penal: responsabilidade subjetiva (arts. 66, 67, 68)

4- por ação ou por omissão.

Exemplos da vida prática:

1) Publicidade chamariz: sorteio inexistente.

2) Produto inexistente: produto com preço ótimo, mas numeração fora da realidade.

Depois que o consumidor entra, há venda

3) Preço bifronte

4) Ambiguidade: “a partir de 35 mil”.

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30

5) Publicidade comparativa: tudo o que for dito ser melhor que o do concorrente, deve ser.

Cuidado: publicidade enganosa por omissão. Na publicidade comparativa não deve se

esquecer de falar dos dados essenciais do produto.

Publicidade enganosa por omissão

- falta de dado essencial.

- dado essencial: é o que define a compra do consumidor.

Publicidade abusiva:

- ofende a boa-fé objetiva, a saúde e a segurança.

- dissemina medo e discriminação.

- alvo: ingenuidade da criança.

Ônus da prova

- legal: a lei impõe ao anunciante provar.

20/4/2011

Art. 39

Práticas abusivas

- rol exemplificativo, 12 hipóteses (elaborada em 1990, baseado nas reclamações do

PROCON).

- o decreto 21.891/97 amplia as hipóteses de práticas abusivas (30) e alguns alegaram

ser inconstitucional, uma vez que sua finalidade seria regulamentar o CDC. Essa

afirmação é afastada uma vez que no caput expressa: “dentre outras”, portanto o decreto

de 97 amplia o rol considerando as práticas abusivas do momento.

Inciso I

1- venda ou operação casada. (Não confundir com oferta),

2- limite quantitativo injustificado.

Exemplos1: Cinemark (vedação de consumo de alimentos não comprados no

Cinemark); Seguro; cláusula de fidelização do serviço de operadora de celular em troca

de aparelho; Revista Caras (jan/2002) revista + DVD casa dos artistas.

Exemplo2: Produto em promoção com limitação de quantidade. (cuidado!

Publicidade enganosa por omissão. Não se diz que há limite de quantidade).

- há produtos em que se autoriza uma limitação de quantidade mínima (até para justificar

o preço). Ex. 1 rolo de papel higiênico.

Inciso III

- TAC sobre banco enviar cartão gratuito. Sujeito a multa diária se o MP fez TAC do

Banco.

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31

Inciso IV

- gerente de Banco: não é inescusável que gerente não saiba quais práticas do Banco

configurem crime ou não. OU seja, não pode alegar que não sabia que a venda casada

era irregular.

- culpabilidade

Inciso V

- situações de vulnerabilidade onde abusa-se da venda casada: internação, velório.

““Teje” preso, sr. Taxista”: art. 6º, III Lei 8.137/90 (taxista na saída de jogo de futebol)

Inciso VI

- orçamento é oferta, é contrato.

- profissional inicia serviço sabendo que ao final

- orçar já é prever

- pronto pagamento: dinheiro, cartão de débito.

- cartão de crédito (há discussão)

- cheque não é pronto pagamento

Inciso X

- no Brasil, vigora o regime de liberdade de preço.

Espécies de preço:

1- Preço tabelado: última tabela, da SUNAB, 1986, extinta pelo Sarney.

2- Preço controlado: plano de Saúde, medicamentos etc. (governo determina uma

faixa em que podem ocorrer reajuste). Não exige o cumprimento da oferta.

3- Preço ofertado

4- Preço contratado.

Inciso XI

5- Índice de reajuste

Inciso XII

Cobrança de dívida

Art. 42

Art. 71

- cobrar dívida: CC, art. 188, I: é uma prática regular, exercício regular do direito de

propriedade.

- cobrança abusiva (art. 42, art. 71 CDC): não é permitida pelo CDC.

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32

Não pode:

- exposição ao ridículo

- ameaça

- interferência no trabalho, descanso ou lazer (“injustificadamente”)

- constrangimento físico ou moral

- afirmações falsas ou enganosas

Art. 5º, III Lei 8.117/90

27/4/2011

Art. 42, parágrafo único

- cobrança extrajudicial.(só tem direito em dobro, se pagar).

- salvo, “engano justificável”: Hernam Benjamin introduziu essa hipótese de exceção a

partir de sua experiência de trabalho nos EUA. Muito difícil de se adequar ao sistema

brasileiro, pois trabalhamos com responsabilidade objetiva.

Art. 940, CC

- trabalha com cobranças ajuizadas (quer tenha pago ou não)

Art. 42-A

- Bancos de Dados e Cadastros

- Cadastro = feito pelo consumidor para um fornecedor. Nesse caso, os problemas

podem ser: (i) transcrição errônea de dados; (ii) se há venda de seus dados; (iii) recebem

informações de terceiro.

- Banco de Dados = dados fornecidos pelos fornecedores ao mercado de consumo

(Serasa, SPC etc.). Nessa situação há práticas abusivas.

Art. 43

a- Informação e fontes: acessibilidade ampla do consumidor.

b- Clareza e objetividade das informações constantes na ficha cadastral: não pode

informação cifrada (ex. na ficha cadastral está escrito, por exemplo, “conduta

23”).

§1º Direito de negativação: pode manter informação durante 5 anos.

- ofende o direito de personalidade, mas deve haver uma composição com o direito

do mercado (Luhman – Princípio de tolerância).

Art. 72

Infração:

- impedir

- dificultar (“só quando o gerente chegar”.... já configura infração)

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33

Requisitos (negativação)

- dívida existente

- dívida vencida

- valor líquido e certo

- inexistência de oposição do consumidor (não entrou com processo adm. ou judicial)

- comunicação por escrito ao consumidor (art. 43, §§2º, 3º ) – 5 dias úteis.

STJ

Súmula 323:

Súmula 259: Quem deve informar o consumidor da negativação? Fornecedor ou Banco

de Dados?

- STJ: reconhece a obrigação de dar informação do Banco de Dados.

Súmula 385: (negativado incorretamente, ou mantida incorretamente (mais de 5 anos) –

cabe dano moral ou não ?)

- não cabe dano moral se você é reincidente, ou seja, cabe dano moral se você não

é reincidente.

- portanto, a Sum. 385 reafirma o cabimento de dano moral.

Súmula 404: não precisa mandar AR da notificação. Mas, o ônus de provar a notificação

do consumidor é do Banco de Dados.

Art. 43, §3º

- alteração de dados – 5 dias

Art. 43, §4º

- os dados não são públicos, mas tem caráter público.

- pode se valer de Habeas Data.

Art. 44

- direcionado aos órgãos públicos de defesa do consumidor.

- Ex. Procon: anualmente deve divulgar cadastro de reclamações fundamentadas (no

CDC) atendidas e não atendidas.

Art.. 73 – tipo penal

- omissão referente ao art. 43, §3º.

Proteção Contratual

I) Introdução.

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1) período pós-revolução: Estado liberal liberdade e igualdade e fraternidade (boa fé

objetiva) autonomia da vontade pacta sunt servanda

Liberalismo economia

Voluntarismo Direito

Na economia, quis afastar a figura do Estado absolutista. No direito, a vontade da pessoa

passou a dominar a relação contratual. A vontade em que as partes estabeleciam suas

relações era primordial.

2) teoria contratual clássica: autonomia da vontade + pacta sunt servanda (força

vinculante dos contratos) + efeito relativo das obrigações

Presume que todas as pessoas que irão contratar são livres e iguais.

3) Estado social Estado intervencionista (estado do bem-estar social) limitação na

liberdade contratual

1ª metade do séc. XX: crise na bolsa de NY e duas guerras mundiais

Estado intervencionista começa a limitar a liberdade contratual.

4) Estado pós-social autonomia da vontade? liberdade de contratar, escolher outra

parte e escolher o conteúdo das obrigações

5) autonomia da vontade:

- negativa: a autonomia da vontade é negativa quando analisada individualmente

(dirigismo legal = CDC) CDC, arts. 46 e ss.

- positiva: é positiva quando se trabalha com duas ideias: legislação e judiciário (dirigismo

judicial = Judiciário)

Dirigismo contratual (art. 51, §4º) = dirigismo legal + dirigismo judicial

CC, art. 421

O “pacta sunt servanda” existe e só deixa de ter valor quando não se obedece os

princípios, quando há abuso.

Dois princípios que devem estar sempre presentes na hora de contratar: boa-fé objetiva e

equilíbrio contratual

II) Sistema de Proteção Contratual (arts. 46 a 50).

1) art. 46: princípio da transparência

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35

Antes de contratar, o consumidor tem que ter o conhecimento prévio do conteúdo. Não

pode usar termos técnicos sem explicação.

2) art. 47: princípio da proteção do vulnerável

3) art. 48: princípio da vinculação do fornecedor

Mero escrito particular vale como contrato (ex. recibo).

4) art. 49: direito de arrependimento

Protege da compra por impulso ou da compra sem conhecimento mais profundo do que se

está comprando (ex. compra pela internet).

Conta-se o prazo a partir da data da assinatura.

Parágrafo único: arrependimento durante o prazo de reflexão (7 dias)

5) art. 50

Garantia contratual complementar a garantia legal.

III) Controle de Cláusulas.

1) administrativo: órgãos públicos de defesa do consumidor e MP (art. 51, §4º)

Inquérito civil = termo de ajustamento de conduta

2) legal – judicial: ação individual ou ação civil pública

IV) Cláusulas Abusivas.

- nulidade de pleno direito = nulidade absoluta

- efeitos ex tunc

- natureza da decisão judicial: declaratória e constitutiva negativa (desconstitui todos os

efeitos que a cláusula gerou)

- art. 51: rol exemplificativo (“entre outros”)

Súm. 381, STJ: contrato bancário. O Ministro Sidney Benetti estendeu essa súmula aos

contratos de seguro.

Art. 51:

I – cláusula de não-indenizar (não pode dispor que não indenizará o objeto do contrato) –

ex. “o CJDJ não se responsabiliza por objetos pessoais deixados nas salas de estudos ou

em outras dependências” não é considerado abusiva porque o CJDJ não oferece

segurança aos alunos, e sim qualidade de ensino. Seria considerado abusivo o aviso “o

CJDJ não se responsabiliza pela qualidade da aula”.

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A cláusula é considerada abusiva, ainda que você assine contrato de adesão renunciando

direito que o CDC dá.

III – duas situações em que se atribuem responsabilidade a terceiros: prestação de

serviços e indenização.

IV – fere a boa-fé dos contratos de consumo.

Lei 9.307/96, arts. 4º e 18

VIII – cláusula-mandato: permite o fornecedor se obrigar pelo consumidor.

Súm. 60, STJ

IX – o fornecedor se dá o direito de modificar o contrato (ex. contrato de viagem).

04/05/11

Art. 52: tentativa de evitar o superendividamento.

§1º: antes, a taxa era de 10%, agora, com o CDC é de 2%.

Art. 53: o STJ entende que 10% do valor será devolvido se o imóvel não foi ocupado, pois

entende-se que não houve depreciação do imóvel. Mas, se imóvel já tiver sido ocupado,

20% do valor.

Lei 9.547/97: alienação fiduciária de coisa imóvel

Art. 54: ainda que modifique, se a modificação não for substancial, o contrato continua

sendo de adesão.

Não adianta invocar que a cláusula foi colocada por autoridade competente, pois

continuará sendo contrato de adesão.

Tutela dos Direitos e Interesses Metaindividuais

I) Introdução.

1) realidade = adequação do direito

A realidade social é mais rápida que a transformação sob o aspecto jurídico. Transforma a

lei, mas não transforma a “cabeça do juiz”.

2) multiplicação/universalização dos direitos

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Tudo parte da dignidade da pessoa humana e constitucionalização do direito privado.

Surgiu pós-segunda guerra.

- Norberto Bobbio: “A era dos direitos”

3) direitos de 3ª geração: direitos voltados à fraternidade.

II) Dicotomia: direito público x direito privado.

A dicotomia entre direito público (interesse do Estado) e privado (interesse particular)

passou a ser insuficiente.

A partir de 1970, passou a existir o direito metaindividual, direito que não é considerado

particular e nem do Estado, e sim da coletividade.

- Mauro Capeletti: “Acesso à Justiça”

TUTELA DE INTERESSES METAINDIVIDUAIS

I- Introdução

II- Dicotomia

Desde 1988 não se pode falar na dicotomia entre direito público e privado. A

função social da propriedade atinge

III- Interesses metaindividuais no Brasil – breve histórico

1- Lei 4.717/65 (art. 1º) – Lei Ação Popular (LAP)

2- Lei 6.766/ 79 (art. 45) – Lei parcelamento do solo urbano (LPSU)

3- Lei 6.938/81 (art. 14, §1º) (embrião da Ação Civil Pública) Lei da política

nacional de meio ambiente (LPNMA) – 1ª ação civil do MP

4- Lei 7.347/85 (art. 1º) (LACP) – na época da promulgação da lei, o inciso IV

foi vetado porque não havia conceituação dos interesses difusos e coletivos.

Ou seja, até 1895 havia instrumentos para a tutela dos interesses

metaindividuais, mas faltava

5- CF/88 art. 127 a 129 – voltou o MP a ter legitimidade para defender todos os

interesses difusos e coletivos. Mas continuava a haver controvérsia sobre o

que eram os interesses difusos e coletivos. Nesse momento, buscou-se

apoio da doutrina italiana, pois não havia uma definição legal.

6- Lei 8.078/90 (art. 81) – CDC (redator Nelson Nery que participou ativamente

da redação das leis anteriores). Nesse artigo há a definição de interesses

difusos, coletivos e introduz-se o direito individual homogêneo.

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IV- Modelo de sistematização

1) Titularidade

- pessoas indeterminadas coletividade INTERESSE DIFUSO

- pessoas indetermináveis “corpo social”

- pessoas determináveis/ grupo INTERESSE COLETIVO

(in)determinadas determinável

- pessoas lesadas grupo INTERESSE INDIV. COLETIVO

Origem comum

2) Objeto

- indivisível INTERESSE

(o que pede um é para todos) DIFUSO / COLETIVO

- divisível INTERESSE IND. HOM

É pelo pedido que se reconhece a tutela pedida. (prof. Ada Pelegrini – o objeto litigioso é

delimitado pelo pedido)

EXEMPLO: contrato com Banco que tem N cláusulas abusivas.

Pedido 1: “não inserir as cláusulas abusivas nos próximos contratos”

- consumidor (art. 29) – consumidor exposto (pedido difuso).

- circunstância de fato: todas as pessoas que estão expostas ao contrato.

Pedido 2: “expurgar as cláusulas abusivas dos contratos já realizados”

- consumidor (art. 2º, parag. único)

- pedido

Pedido 3: “indenizar os danos sofridos pelos consumidores”

- consumidor

- pedido é divisível

- (cada consumidor sofreu um dano diferente, porque cada contrato começou em

dia diferente etc.)

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- é uma tutela individual enfeixada coletivamente (trata-se do fenômeno da

substituição processual, da legitimação extraordinária – o MP representa cada

consumidor lesado)

- Promotor tem legitimidade para tutelar o consumidor do art. 2º, caput?

SIM. Há ação civil pública para defender o interesse de um consumidor, desde que seja

idoso, criança ou adolescente. A Defensoria Pública que também é legitimada pode

defender o interesse de qualquer um.

Art. 81 CDC

A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida

em juízo individualmente ou a título coletivo.

Parágrafo único

- Se ao longo do tempo o grupo de pessoas indeterminadas se tornar grupo de pessoas

determinadas, transforma-se em interesse difuso.

- Na prática, uma ação contra banco, o grupo só se fecha (determinado) quando o juiz

concede pedido liminar para que a prática combatida se estanque. No início da ação o

grupo era indeterminável e se torna determinado.

- relação jurídica básica: o contrato com o banco.

- origem comum = ato, fato ou contrato.

- transindividuais

- natureza indivisível

DIFUSOS COLETIVOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS

Sob aspecto subjetivo são:

Transindividuais, com

indeterminação absoluta de titulares.

Ligação entre os vários titulares difusos decorre de mera circunstância

de fato.(morar na mesma região)

Transindividuais, com determinação relativa

de titulares. Ligação entre os vários

titulares coletivos decorre de uma relação

jurídica-base. (Estatuto OAB)

Individuais, há perfeita identificação

do sujeito. Sua identificação com outros sujeitos

decorre de serem titulares (individuais) de direitos de origem

comum.

Sob aspecto objetivo são:

Indivisíveis.

Só podem ser satisfeitos ou lesados de forma que afete todos os possíveis

titulares.

Indivisíveis.

Só podem ser satisfeitos ou lesados de forma que afete todos os possíveis

titulares.

Divisíveis.

Podem ser satisfeitos ou lesados de forma diferenciada.

Em decorrência de sua natureza...

- insuscetíveis de apropriação individual, - insuscetíveis de transmissão (nem por ato inter vivos, nem por mortis causa), - insuscetíveis de renúncia ou transação

- individuais, divisíveis, fazem parte do patrimônio individual do seu titular. - são transmissíveis por ato inter

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Defesa: -sempre em forma de substituição processual (sujeito ativo da relação processual não é o sujeito ativo da relação material), - objeto do litígio é indisponível para o autor da demanda (não poderá celebrar acordos, nem renunciar, nem confessar, CPC, art. 351, nem assumir ônus probatório não fixado na Lei)

vivos (cessão) ou mortis causa, salvo exceções (direitos extrapatrimoniais) - são suscetíveis de renúncia e transação, salvo exceções (direitos personalíssimos) Defesa: - são defendidos em juízo, geralmente pelo próprio titular, - a defesa de terceiro se dará na forma de representação, - o regime de substituição processual dependerá de expressa autorização em lei (CPC, art. 6º) - mutação de pólo ativo na relação de direito material decorre de fato ou ato jurídico (contrato, usucapião

etc.)

TUTELA PROCESSUAL COLETIVA

I- Princípios constitucionais

- Princípios processuais gerais +

1- Princípio da dignidade humana

- todos os direitos coletivos são direitos fundamentais da pessoa humana

- Título II – “Dos direitos e garantias fundamentais”

- Capítulo I – “Dos direitos e deveres individuais e coletivos”

2- Princípio da igualdade

- a tutela coletiva permite que uma solução seja estendida para todos.

- trata-se da igualdade substancial

3- Princípio da proteção do vulnerável

- meio ambiente, idoso, criança, deficiente.

II- Princípios específicos

1- Acesso à justiça coletiva – baseado no art. 5º, XXXV, CF

- art. 1º, parágrafo único da LACP: prof. Luiz Antônio considera

inconstitucional. Quando o MP entra com ação civil pública para discutir

esses temas, sofre improcedência por falta de interesse e adequação.

2- Primazia da tutela coletiva

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- art. 104, CDC: permite que ação individual em curso possa se aproveitar

da tutela coletiva, desde que haja suspensão em 30 dias.

- Não se deve desistir da ação, mas suspendê-la porque se o MP perder a

ação, o consumidor pode retomar a sua ação individual que não se prejudica

pelo resultado desfavorável da ação coletiva.

3- Participação

- inserir a coletividade e as famílias na tutela.

- art. 5º LACP e art. 82 CDC – associações

4- Ativismo judicial

- Art. 84 CDC: o juiz deverá ter participação ativa providenciando medidas de

ofício. O artigo 461 CPC, mais tarde (1994), acabou copiando o que foi

introduzido pelo CDC.

- “tais como”: rol exemplificativo.

- O juiz deve agir com razoabilidade.

5- Não taxatividade ou atipicidade da demanda coletiva

- a tipificação das situações engessa a tutela. Nesse sentido o art. 1º da

6- Máxima amplitude e máximo benefício

- art. 83 CDC (ação mandamental, condenatória, desconstitutiva etc.)

- a tutela coletiva só pode BENEFICIAR. Se tiver resultado desfavorável,

não há prejuízo individual. Não existe litispendência e coisa julgada para

ações individuais. Ou seja, se o MP perdeu a ação coletiva, ainda assim o

consumidor pode entrar individualmente com ação. A única exceção é se o

consumidor individual entrar no polo ativo com o MP. Nesse caso, ele

também é atingido pela perda.

III- Instrumentos

Ação Civil Pública (ACP) – Lei 7.347/85

Ação Coletiva (AC) – Lei 8.078/90

IV- Normas processuais coletivas

- transformou-se um sistema único que aproveita as regras das diferentes leis.

O nome in iures não significada nada, ou seja, ao entrar com a ação, o MP pode

nomear a ação de diferentes maneiras.

1- Princípio da interação/ integração

- art. 21 LACP

- art. 90 CDC

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42

2- Princípio da primazia das normas processuais coletivas

- O CPC só é aplicado de forma subsidiária e na medida em que não contrarie

as regras processuais coletivas.

- É permitido denunciação da lide em tutela coletiva? Como regra geral NÃO,

porque assim dispõe o art. 88 CDC. Excepcionalmente, se favorecer o

consumidor, pode ser admitida (CPC aplicado subsidiariamente).

16-05-2011

V- Objeto

1- Art.1º, Lei 7.347/85 (ACP)

Parágrafo único: limitação ao objeto da tutela processual coletiva. Há discussão sobre

a constitucionalidade do dispositivo, embora o STF e STJ considerem que não há

afronta constitucional.

VI- Legitimação ativa

- LACP (art. 5º) + CDC (art. 82, III)

MP,

Defensoria Pública,

União, Estados, DF, Municípios,

Autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista,

Associação (constituída há mais de 1 ano e com pertinência temática),

Entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem

personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e

direitos protegidos por esse Código (CDC).

1- Legitimação ordinária ou extraordinária? (questão doutrinária)

o Ordinária (o próprio interessado vai a Juízo discutir seu interesse): Nelson

Nery e Mancuso, no caso dos interesses difusos e coletivos. (será

extraordinária para os interesses individuais homogêneos) – baseado no

insituto da doutrina alemã “legitimação autônoma para condução do

processo”.

o Extraordinária (alguém em nome próprio defende interesse alheio): Hugo

Mazzili; Fredie Didier; Barbosa Moreira.

2- Legitimação concorrente e disjuntiva

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o Concorrente: todos têm legitimação.

o Disjuntiva: “um não precisa do outro” – litisconsórcio facultativo.

- Questão: se qualquer um dos legitimados propuser ACP e perder por falta de prova,

permite-se que outro legitimado entre com outra ACP. Se perder no mérito,

impossibilita outra demanda coletiva. (somente os interessados poderão propor ação

individualmente). Nesse sentido a crítica do prof. Luiz Antônio de que deveria existir

um cadastro nacional. Na prática, um legitimado entra com ACP quando outro (por

exemplo MP) não fica sabendo e tem provas mais consistentes. Ver matéria: efeitos

da coisa julgada.

3- Legitimados

MP:

1º entendimento- Hugo Mazzili: destinação constitucional. Para os interesses

difusos, MP sempre tem legitimidade. Para a tutela dos interesses coletivos e

individuais homogêneos cujos objetos estão em consonância com o art. 127 CF.

Súmula 07: o MP SP adota esse pensamento parcialmente porque somente o

individual homogêneo é limitado pelo art. 127 CF. Da mesma forma o STF e STJ

(seguem o MPSP).

2º entendimento- Nelson Nery: tutela coletiva é de interesse social, portanto o MP

tem sempre legitimidade. Nesse sentido, vem reconhecendo o STJ.

Defensoria Pública

- passa a ser legitimada desde 2007.

- Adin 3.943/STF – para declarar a inconstitucionalidade (pelo menos parcial) do

art. 50, II da Lei 7.347/85. Para Prof. Luiz Antônio: “A Defensoria Pública só poderia

defender interesses coletivos (de necessitados) e interesses individual homogêneo

(de necessitados), jamais interesses coletivos. Além disso, a DP não tem o

instrumento „inquérito civil‟ de que dispõe o MP”.

- Por enquanto, os Tribunais aceitam a legitimidade ampla da DP.

Associações civis

- problema: se tornou um meio de sobrevivência de advogados inescrupulosos que

criam associações se legitimando a propor ACP com o objetivo de receber

honorários. Muitas vezes, essas Associações civis fazem acordos com os réus,

independentemente do interesse público.

- Requisitos da associação:

* representatividade adequada (art. 5º, V, a, LACP)

- constituída há mais de um ano E

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- pertinência temática

Mitigação: §4º: o requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo

juiz quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou

característica do dano, ou relevância do bem jurídico a ser protegido.

Litisconsórcio/ assistência

o Litisconsórcio ativo

art. 5º, §2º LACP: admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os MP da União, do DF, e dos Estados na

defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei.

- inicial (Leg. 1 + Leg. 2).

- ulterior: quando entra outro legitimado, altera pedido ou causa de

pedir, antes da citação (art. 294, CPC) ou, após a citação, com o

consentimento do réu (art. 264, CPC). Geralmente ocorre com o MP que ao

consertar a inicial, torna-se também autor.

o Assistente litisconsorcial: entra no curso da ação, tem os mesmos

poderes do litisconsorte, mas ingressa na ação SEM alterar pedido ou causa

de pedir. O MP NUNCA será assistente litisconsorcial.

- O MP entra desde o início: ou como autor ou como custos legis (ser livre,

falar a favor e contra). Como custos legis ele fala por último, antes do juiz. O

MP não abrirá mão desse privilégio para atuar como assistente

litisconsorcial que fala após o autor e antes do réu.

- Ordem de se manifestar na ação:

Autor, Assistente Litisconsorcial, Réu, Custos Legis, Juiz.

VII- Legitimação passiva

1- Legitimados

- Consumidor: art. 7º, parágrafo único.

- Art. 12, 13, 14, 18

- CDC: Litisconsórcio FACULTATIVO

- regra: não cabe denunciação da lide e chamamento ao processo.

(art.88 CDC)

- exceção: seguradora (art. 101, II CDC).

- responsabilidade solidária.

- Meio Ambiente: Lei 6.938/81, art. 14, §1º; art. 3º, IV

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- Lei Improbidade Administrativa: art. 1º e 3º Lei 8.429/92

- Posso colocar um legitimado ativo no polo passivo?

Em geral NÃO. Hugo Mazilli e parte da doutrina defendem que, nos moldes do

direito americano, deveria haver previsão para o fornecedor discutir em ação coletiva a

situação contrária. Ex. se o Banco tem 1 milhão de contratos e por causa superveniente

tem que rediscutir os termos sob pena de falência, ele não pode discutir todos os

contratos com o MP (que representaria todos os 1 milhão de contratos), mas deve discutir

individualmente cada um deles, mesmo que as decisões sejam díspares. (“vulnerabilidade

do fornecedor”)

Possibilidades excepcionais do legitimado ativo estar no polo passivo:

- Embargos da Execução

- Embargos de Devedor

- Ação Rescisória

- Ação de improbidade: polo passivo é a autoridade, prefeito Fulano de Tal.

- Ente federativo no polo passivo = município “de SP”, Fazenda Pública de SP; Estado de

SP etc.

- Desconsideração da pessoa jurídica (art. 28 DCD): quando quiser pedir, na causa de

pedir deve-se argumentar e instruir a PI com provas que demonstrem que o patrimônio da

empresa é insuficiente para cobrir os gastos.

- Lembrando: não é possível discutir provas no STJ (Súmula n. 7).

- Quando se pede a desconsideração da pessoa jurídica, os sócios são colocados no polo

passivo.

- Kazuo Watanabe – ler sobre “ação pseudo-individuais”. Por exemplo, em 1 milhão de

ações é possível muitas decisões diferentes. Devido às em que há sucumbência (por

exemplo plano de saúde), o fornecedor acaba jogando o custo da demanda nos produtos

ou serviços que presta.

SP, 18/05/2011

VIII- Causa de pedir e pedido

Causa de pedir

FATOS

- a narrativa fática deve abarcar todos os fatos relacionados a seus pedidos.

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- se o promotor não narrar determinado fato (esquecimento), deve promover

expressamente o arquivamento daquele pedido.

FUNDAMENTOS JURÍDICOS

- art. 337 CPC: o juiz deve conhecer o direito nacional. Quando a ação versar sobre leis

estaduais ou municipais, deve-se juntar os dispositivos legais.

- Prof. Luiz Antônio recomenda que a ACP deve ter 3 anexos:

(i) inicial; (ii) inquérito civil; (iii) legislação.

Pedido

a) CERTO e DETERMINADO (art. 286 CPC)

- Pode ser genérico? SIM. O pedido continua a ser (art. 95 CDC: trata de pedido

individual homogêneo) certo e determinado, faltando apenas liquidez que ser

conseguido com a execução da sentença. .

Exemplo de pedido: “requeiro a condenação do Banco a indenizar os danos

sofridos”. Nesse caso, o pedido é genérico e a condenação será genérica. Com a

liquidação da sentença

b) Pedido congruente: trata-se de situações em que o juiz deve se ater, na

sentença, ao que for pedido. No caso do CDC, deve haver “temperança”. Não há

necessidade de observação do princípio da congruência de maneira absoluta. Por

exemplo: em danos ambientais (Lei 6.938) “reparar” pode significar “demolir”.

Nesse sentido: art. 84 CDC que permite ao juiz certo ativismo.

c) Controle de política pública:

- SIM, se a política pública for definida por lei.

- se se tratar de direito fundamental ou política pública fixada em lei, fica suscetível

de controle por ação civil pública. NÃO há discussão da esfera de

discricionariedade (conveniência e oportunidade).

- ofensa à independência dos Poderes: carência de ação – impossibilidade jurídica

do pedido.

- Ex: Pode-se protocolar ACP para município fornecer creche (não atinge o mérito

de discricionariedade), mas NÃO cabe pedido para construir creche.

- Estado: alega reserva do possível (há falta de recurso). Para os tribunais: “não

existe reserva do possível para direito fundamental”.

d) Controle de ato administrativo

- SIM, se for vinculado. Mesmo pensamento do item anterior.

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e) Controle de constitucionalidade

- Não é possível ACP com este pedido “genérico”.

- Pode pedir “Declaração incidental de constitucionalidade”, ou seja, a

inconstitucionalidade figurando como causa de pedir. Exemplo: área de APP (= 30

m) e município aprova lei em que a área de APP é de 5 m (o município pode

aumentar a área). Pedido da ACP: pedir a anulação de todas as licenças

concedidas e impedimento de concessão de outras licenças com base nessa lei =

efeito do pedido de constitucionalidade. Nesse caso, só poderia por ADIN.

f) Danos patrimoniais

g) Danos morais

- art. 1º, caput, Lei 7.347/85

- art. 6º, VI do CDC

- As leis admitem danos morais em direitos difusos, mas o STF não tem admitido.

IX- Pluralidade de ações judiciais

- art. 83 do CDC.

X- Competência

INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS

- Lei 7.347/85 (LACP), art. 2º: foro do local onde ocorreu o dano.

a) Dano ou prevenção de dano local: foro do local do dano (competência funcional (é

absoluta)). CUIDADO: o critério é territorial, mas a competência é funcional. Ex.

matadouro na cidade X. (foro da cidade X).

- local

- local, atingindo comarcas vizinhas (CPC, art. 219) – citação válida torna prevento

o Juízo.

- dano regional ou nacional: LACP não faz referência. Utiliza-se o CDC por

analogia (art. 93, II, CDC) – foro da capital do Estado e

- na prática: se dano regional restrito (até 5 comarcas) – não se traz a ACP

para a capital. Aplica-se o art. 219, CDC.

- dano regional expressivo: art. 93,II, CDC.

b)

Resumindo:

a) Dano local (ou local restrito): foro LOCAL (absoluto).

b) Dano regional ou nacional: foro CAPITAL.

INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS

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- Lei 8.078/90 (CDC)

a) Dano local: art. 93, I CDC.

b) Dano regional ou nacional: art. 93, II do CDC.

REGRAS ESPECÍFICAS

- art. 101, I: ação individual do consumidor.

- ECA (Lei 8.069/90) art.

- Estatuto do idoso: se individual, no domicílio do idoso. Se Política Pública para idoso:

foro da Capital.

25-05-2011

XI- Conexão, continência e litispendência

1. ACP x ACP (Ação Civil Pública)

a. LITISPENDÊNCIA (ocorre quando há tríplice identidade: mesmas partes,

mesmo pedido e mesma causa de pedir).

- a doutrina considera há litispendência entre os legitimados ativos. (ou seja,

se uma foi proposta pelo MP e outra por associação, ambos legitimados

ativos, há litispendência).

- art. 219 CPC: primeira citação.

- art. 267 CPC: assistente litisconsorcial

b. CONTINÊNCIA (mesmas partes, mesma causa de pedir, mas um pedido é

mais amplo que o outro. (art. 104 do CPC).

- é uma espécie de conexão, portanto, vale a prevenção (art. 219 CPC) –

quem despachou em primeiro lugar.

- não existe obrigatoriedade de continência (“juiz PODE ordenar”, faculdade

do juiz). Para prof. Luiz Antônio, trata-se de poder-dever por se tratar de

ação coletiva e para evitar decisões contraditórias.

- Teoricamente pode ocorrer 2 decisões transitadas em julgado

contraditórias. Nesse caso, só cabe ao MP propor ação rescisória daquela

menos vantajosa para a coletividade, ou relativização de coisa julgada.

- Súmula 235, STJ:

c. CONEXÃO (art. 103) (mesma causa de pedir, mas pedidos diversos)

- art. 219, CPC (faculdade)

- art. 105, CPC (faculdade)

- idem comentários.

2. ACP x AI (Ação Civil Pública X Ação Individual)

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a. LITTISPENDÊNCIA. NÃO há. As partes são diferentes.

b. CONTINÊNCIA. NÂO há.

- art. 104, CDC)

c. CONEXÃO. HÁ. (mesma causa de pedir: exemplo: determinado contrato

bancário lesivo.). No entanto, o sistema não admite reunião das ações. A ação

individual deve ser suspensa (regra própria). Art. 104 CDC.

XII- Tutela de urgência / demandas

a. AÇÃO CAUTELAR

- para garantir que um dano não acontece. Refere-se à situação limite: vida,

saúde, segurança, consumidor envolvendo segurança, ambiental.

- art. 4º da Lei : situações imperiosas. “evitar o dano”. Obrigação de fazer/

não fazer.

- Nesse sentido, podemos classificar a ação tutelar em:

1. CAUTELAR INSTRUMENTAL

- exemplo: natureza instrumental para produção de provas antecipadas (ex.

de degradação ambiental, contaminação gravíssima com vítimas no

hospital, arresto de bens, perícia etc.) para acautelar providência para

instruir a ação principal. Deve-se entrar com a ação principal em 30 dias.

2. CAUTELAR SATISFATIVA

- nos termos do art. 4º (por exemplo: impedir demolição de prédio histórico

em que, imediatamente o CONDEPAH entra com procedimento

administrativo de investigação de patrimônio histórico; impedir (não-fazer) o

leilão de animais do zoológico, mais tarde governo do Estado edita norma

que proíbe o leilão; exibição de documentos).

- é uma tutela inibitória (do dano urbanístico, ao meio-ambiente etc.).

- nesses casos, não se propõe a demanda principal, porque o direito já foi

satisfeito.

Lembrando... 3 licenças ambientais (em sequência)

1- licença prévia

2- licença de instalação

3- licença de operação

- exemplo: empresa pede licença provisória para operar antes da instalação

de determinado filtro importado. MP propõe ação cautelar para impedir a concessão da

licença provisória de operação sem o filtro ambiental (de não-fazer). Tem natureza

satisfativa.

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b. AÇÃO PRINCIPAL

- art. 1º e art. 3º LACP

- exceção: art. 1º, parágrafo

- art. : “ou” = “e”

1. Pode ser feito:

- Pedido liminar antecipatório: necessário para o não perecimento do direito.

- NÃO usar o art. 273 do CPC. (instrumento do processo comum)

- USAR o art. 84, §3º do CDC.

- tutela antecipatória: antecipa o pedido principal.

- é mais que aparência do direito, é evidência do direito.

- Pedido liminar acautelatório:

Exemplos:

- loteamento irregular (não observou a Lei 6.766/79, sem licença, sem

RI, sem esgoto, sem escoamento de águas pluviais). Pedido principal:

adequar o loteamento à Lei 6.766 e imediatamente fazer o escoamento

(pedido antecipatório).

- Pedido acautelatório: colocar placa em frente ao loteamento

avisando que o loteamento é objeto de ACP; pedir que os compradores

depositem em conta bancária à disposição da Justiça (impedir que o

loteador fuja com o dinheiro).

- pedido liminar: condicionado à “astreinte”. (art. 12, §2º ACP,

execução de quantia certa de devedor solvente) – o valor vai para o “Fundo

Estadual de Interesse Difusos Lesados” (Lei 7.347/85), em SP há o fundo

municipal (finalidade: reconstruir bens lesados).

- não concessão de liminar: AGRAVO com efeito ativo (autor).

- se houve concessão liminar: AGRAVO com efeito suspensivo (reu

pede).

- se o relator não deu o efeito pedido: AGRAVO REGIMENTAL

(fria! Demora muito (6 meses) e o entendimento está sedimentado que não

cabe ), deve-se fazer PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO.

- art. 18 ACP. Surgiu para ajudar, mas não tem mais aplicação prática. Os peritos se

recusam a fazer a perícia. É letra morta.

- art. 33 CPC: cada parte paga o seu assistente técnico e o perito será pago por quem o

pedir. Se o reu também pedir perícia, quem paga é o autor (no caso, MP que não tem

verba para tanto). Portanto, o MP tem requisitado perícia pelos órgãos técnicos (CESP,

IPT) no inquérito civil. Quando entra com ação, diz que as provas estão no processo e

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serão submetidas ao contraditório diferido. Cabe ao reu, pagar seu perito para derrubar as

provas.

XIII- Coisa Julgada

- Lei 4.717/65 LAP, art. 18: faz coisa julgada erga omnes.

- não incomodava porque pouco usada.

- ACP, aprimora o disposto inicialmente na Lei de Ação Popular. Como a ACP é muito

mais abrangente, a coisa julgada erga omnes (art. 16 ACP) incomoda muito mais.

- ACP, art. 16: restringe a coisa julgada. Portanto, aplica-se o art. 103 CDC porque [e

mais favorável à coletividade. No entanto, STJ firmou entendimento que a coisa julgada

da ACP só vale no Estado.

- Toda coisa julgada em ação coletiva tem seus efeitos secundum eventum litis.

- se o resultado da demanda coletiva é favorável à coletividade, deve ser

respeitada.

- se o resultado for desfavorável à coletividade, não pode ser imposta

individualmente. (coletivamente há prejuízo, pois não pode haver proposta de outra ação

coletiva, salvo se houver novas provas.)

- ou seja, o particular pode demandar 2 vezes sobre o seu direito. (i) por meio de

ação civil pública, coletivamente; (ii) e havendo improcedência, individualmente com o

mesmo pedido.

30-05-2011

Finalidade da coisa julgada (art. 103 CDC): uniformizar os julgados.

- art. 16 ACP (Lei 7.347/85) A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator,

exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer

legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.

- trata-se de “erga omnes” estadual.

- art. 103 CDC (Lei n. 8.078/90)

OBS: Trata-se do sistema processual coletivo, portanto o art. 103

CDC aplica-se à meio-ambiente, ECA etc.

I- Erga omnes

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Improcedência por falta de prova (trata-se de questão fática): qualquer

legitimado (inclusive o mesmo) poderá propor outra ACP baseado em nova

prova. Portanto, não faz coisa julgada material, apenas coisa julgada formal.

Improcedência por análise de mérito OU procedência: não pode propor outra

ação coletiva (por nenhum legitimado), somente individualmente. Coisa julgada:

efeito erga omnes. Se baseado no art. 103 CDC erga omnes nacional, se no

art. 16 ACP, erga omnes estadual.

Exemplo: pedido = requeiro que o Banco nunca mais coloque a cláusula abusiva X.

1) Sentença, as cláusulas não são abusivas (improcedência no mérito). Consumidor,

após algum tempo assina contrato com esta cláusula. Individualmente, o

consumidor pode entrar contra a cláusula, mas o MP não poderá pedir

coletivamente, mesmo que o consumidor individual ganhe.

II- Ultra partes

Improcedência por falta de prova (trata-se de questão fática): qualquer

legitimado (inclusive o mesmo) poderá propor outra ACP baseado em nova

prova. Portanto, não faz coisa julgada material, apenas coisa julgada formal.

Improcedência por análise de mérito OU procedência: não pode propor outra

ação coletiva (por nenhum legitimado), somente individualmente. Coisa julgada:

efeito ultra partes. Se baseado no art. 103 CDC ultra partes nacional, se no art.

16 ACP, ultra partes estadual.

- única forma de salvar ACP com sentença de mérito improcedência:

- AÇÃO RESCISÓRIA (2 anos)

- RELATIVIZAÇÃO DA COISA JULGADA. (depois de 2 anos) (ler Nelson Nery Jr.

“Princípios do

III- A lei diz “erga omnes”, mas pode ser “ultra partes” (exemplo: contratos, trata-se

de direito individual homogêneo).

Prodecência: erga omnes ou ultra partes: decisão in utilibus = se a sentença é

útil para todas as vítimas e sucessores. (art. 103, III CDC).

Improcedência por falta de provas: pode-se propor outra ACP baseado em

novas provas.

Improcedência no mérito: assistente litisconsorcial não poderá propor ação

individual (art. 103, §2º). Quem não era assistente litisconsorcial, pode propor

ação individual.

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OBS: 103, §2º: onde está “litisconsorte”, leia-se “assistente litisconsorcial”.

Art. 104 CDC

- necessidade de requerer a suspensão do processo (individual) em 30 dias da ciência

nos autos do ajuizamento da ação coletiva para não ser afetado no caso de prejuízo na

ação coletiva. Se o resultado for favorável, desiste da ação individual e executa a

sentença coletiva.

OBS: exceção.

MS Coletivo, Lei n. 12.016/09, art. 22, §2º: não permite suspenção da ação individual,

prescrevendo desistência da ação, em sentido contrário ao sistema de ações coletivas.

Além disso, o MS Coletivo só é cabível nos casos de ação coletiva e individual

homogêneo. Não abrange os direitos difusos.

XIV- Liquidação e execução

1- O sistema admite condenação genérica:

- difuso (art. 13 e 15 LACP)

- individual homogênea (art. 95, CDC).

Exemplo: empresa poluidora:

Pedidos: requer que a empresa compense os danos causados. Caso não seja

possível compensar os danos, requeiro sucessivamente a empresa a pagar o dano não

passível de compensação (dinheiro vai para o Fundo). Trata-se de DIREITO DIFUSO.

Necessidade de passar por liquidação (para fixar o valor).

2- Liquidação: não há previsão no sistema. Utiliza-se as regras do CPC.

- danos difusos

- danos individuais homogêneos

- Liquidação por artigos

- Liquidação por arbitramento

Liquidação e execução DIFUSA

- LACP, art. 15: “qualquer legitimado” pode fazer em 15 dias. Se o MP for custos

legis, deverá promover a liquidação e execução se, em 60 dias, os legitimados não

fizerem.

- Não colocar o valor do dano ambiental na inicial, pois ele é muito mais

progressivo que a recuperação do valor do dinheiro. Portanto, a valor só deverá ser

apurado na fase de liquidação.

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Liquidação e execução INDIVIDUAL

- CDC, art. 97: legitimado: vítima e seus sucessores.

CDC, art. 97 A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus

sucessores, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82.

CDC, art. 100 Decorrido o prazo de 1 ano sem habilitação de interessados em número

compatível com a gravidade da dano,

- prazo para habilitação: CDC = prazo de 1 ano da sentença. Como saber? O juiz

manda publicar no Diário Oficial. (ninguém lê!) Alguns promotores pedem na PI: “requeiro

que transitado em julgado a sentença condenatória, a empresa publique em jornal de

grande circulação para informar os interessados.”

- conta-se o prazo do edital que será publicado.

- art. 27, CDC: prescrição em 5 anos. O prazo de “1 ano” do art. 100 CDC, refere-

se à possibilidade do MP iniciar (após 1 anos) a execução por arbitramento, baseado nas

execuções individuais que já ocorreram. O dinheiro vai para uma contra no Banco à

disposição da Justiça. Quando ocorre a prescrição, o dinheiro que sobrar na conta, vai

para o Fundo.

Liquidação e execução COLETIVA

- CDC, art. 98

- Exemplo: ação contra laboratório que fraudava R$0,32 em cada frasco (deixava de

colocar um ingrediente). Nenhum consumidor individual promoveu execução individual.

Decorrido 1 ano, MP executou coletivamente encaminhando o montante para conta. Após

5 anos, o dinheiro foi para o Fundo.

Art. 98, §2º CDC

- o consumidor individual pode executar a ação coletiva (certidão da sentença transitada

em julgado) em seu domicílio.

- coletivo, difuso: execução no foro da ação.

Matéria da prova: 4ª feira

- decadência e prescrição até o fim.

01-6-2011

INFRAÇÕES PENAIS

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- crimes de menor potencial ofensivo (suscetível de transação)

E

- de difícil caracterização (complexidade dos tipos)

Art. 61

- sem prejuízo do disposto no CP.

Art. 75 CDC

- Teoria unitária ou monista.

- amplia o dever legal do art. 13, §1º CP.

- engloba, por omissão, todos aqueles (diretor, gerente etc.) que deveriam, em suas

atribuições atuar.

- dessa forma, não é necessário determinar a conduta ou omissão de determinada

pessoa na empresa, mas analisar o dever de agir do cargo.

- acontece muito nos crimes financeiros.

Art. 13 CP

- omissão relevante quando o agente podia e devia agir.

-

- garante

- ingerência da norma

Art. 80 CDC Art. 80 No processo penal atinente aos crimes previstos neste Código, bem como a outros crimes e

contravenções que envolvam relações de consumo, poderão intervir, como assistentes do Ministério

Público, os legítimos indicados no art. 82, incisos III e IV, aos quais também é facultado propor ação penal

subsidiária, se a denúncia não for oferecida no prazo legal.

Art. 82 Para fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:

I- MP

II- União, os Estados, os Municípios e DF

III- As entidades e órgãos da administração pública, direta ou indireta, ainda que sem

personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protetivos

por este Código,

IV- As associações legalmente constituídas há pelo menos 1 (um) ano e que incluam entre seus

fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por esse Código, dispensada

autorização assemblear.

- estende a legitimação para entrar com APPrivada (art. 82 CDC) nos casos de crime

contra o consumidor.

- ex. Procon, IDEC, pode atuar como assistente de acusação ou entrar com ação.

- possibilidade de associação entrar com ação penal privada subsidiária

- litisconsórcio ativo no Processo Penal – se reunirão por conexão.

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- aplica-se

Art. 63 CDC

- ligado aos art. 8º e 9º CDC

- geralmente: quem incorre este crime é o fornecedor bem como todos os que

participaram na cadeia até colocar o produto no mercado.

- caput: produto

- parágrafo: serviço

Art. 64 CDC

- relaciona-se ao recall (art. 10 CDC)

- traz os reflexos penais se o sujeito tiver conhecimento posterior sobre a periculosidade

do produto.

- deve-se examinar quem, na empresa, tenha o poder tenha de decisão de comunicação

À autoridade competente. (é a maior dificuldade de aplicação desse artigo).

- parágrafo único: retirada do mercado.

Art. 65

- mesmas características do anterior, mas voltado ao serviço.

- dificuldade: estabelecer qual o serviço de alto grau de periculosidade. Para prof. seria o

caso de alerta anterior.

- omisso próprio (basta a conduta, sem necessidade de consequência).

- parágrafo único: caso de concurso material (mais de uma conduta) ou concurso formal

impróprio (mesma conduta).

Art. 66

- informação falsa ou enganosa.

- pode ser na publicidade ou não, por exemplo, no manual de instrução.

Art. 67

Art. 68

Art.69

- ligado ao art. 36 CDC.

- quem faz a publicidade deve ter em mãos as informações que confirmem o que foi

veiculado. (dados fáticos, técnicos e científicos – a carência desses dados já caracteriza o

art. 69 CDC).

Art. 70

- ligado ao art. 21

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- serviço + produto

- peças originais e novas OU com especificações técnicas.

- não há impedimento de usar peça usada, mas deve-se ter autorização do consumidor.

- não se confunde com estelionato (peça usada, preço de nova),

Art. 71

- ligado ao art. 42

Art. 72 e 73

- basta criar dificuldades.

-

Art. 74

- criticado por todos os doutrinadores. Não deveria ser criminalizado. Bastava ser uma

infração administrativa.

- a garantia não está atrelada ao termo de garantia.

- muitas vezes não há dolo, portanto não se aplica o dispositivo.

Lei 8.137/90 (Dos crimes contra a ordem econômica e as relações de consumo)

- crimes contra a ordem tributária

- crimes contra a ordem econômica (art. 4º. 5º, 6º)

- atrelado à venda casada (art. 39 CDC)

- art. 7º

I- favorecimento de comprador ou freguês sem justa causa (preterir e preferir)

II-

VII- induzir o consumidor a erro..... inclusive publicidade....

- estelionato contra o consumidor. FRAUDE.

- no CP, o estelionato (art. 171 CP) necessita de obtenção de vantagem; no

CDC, o estelionato não precisa de configurar vantagem.

IX- norma penal em branco – complemento “condições impróprias ao consumo”:

art. 18, §6º CDC.