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1. Da posse Direito das Coisas

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1. Da posse

Direito das Coisas

Da conceituação

Código Civil - Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de

algum dos poderes inerentes à propriedade.

Como bem observa Tito Fulgêncio, a palavra “posse” tem sido usada abrangendo variadas significações impróprias, o que deve ser evitado a fim de garantir a precisão técnica da terminologia. Comumente, o conceito de posse tem sido exprimido com as seguintes significações: a) “Posse” como sinônimo de propriedade. Tal equívoco remonta ao

próprio direito romano e até hoje figura na linguagem do povo e mesmo de juristas. É certo que a posse exprime, em regra, o conteúdo da propriedade, mas é errônea, tecnicamente, a confusão dos dois institutos;

b) “Posse” como sinônimo de tradição, significando condição de aquisição do domínio, o que também consiste numa imprecisão técnica, tendo em vista que a posse tem um conteúdo mais amplo do que a simples forma de aquisição da coisa;

Da conceituação

Código Civil - Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de

algum dos poderes inerentes à propriedade.

Como bem observa Tito Fulgêncio, a palavra “posse” tem sido usada abrangendo variadas significações impróprias, o que deve ser evitado a fim de garantir a precisão técnica da terminologia. Comumente, o conceito de posse tem sido exprimido com as seguintes significações: c) “Posse” significando o exercício de um direito qualquer, independente

de recair diretamente sobre coisas, o que tem sido alvo de grande polêmica sobre a possibilidade de posse de direitos pessoais5. O nosso código civil, inclusive, utiliza a expressão “posse do estado de casados”, nos arts. 1.545 e 1.547;

d) “Posse” denotando o compromisso do funcionário no qual se compromete a exercer sua função com honra.

e) ”Posse” na acepção de poder sobre uma pessoa. Essa confusão tem seu âmbito no direito de família, quando da referência ao poder que os pais têm sobre os filhos.

Da conceituação

Código Civil - Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de

algum dos poderes inerentes à propriedade.

Como bem observa Tito Fulgêncio, a palavra “posse” tem sido usada abrangendo variadas significações impróprias, o que deve ser evitado a fim de garantir a precisão técnica da terminologia. Comumente, o conceito de posse tem sido exprimido com as seguintes significações: c) “Posse” significando o exercício de um direito qualquer, independente

de recair diretamente sobre coisas, o que tem sido alvo de grande polêmica sobre a possibilidade de posse de direitos pessoais5. O nosso código civil, inclusive, utiliza a expressão “posse do estado de casados”, nos arts. 1.545 e 1.547;

d) “Posse” denotando o compromisso do funcionário no qual se compromete a exercer sua função com honra.

e) ”Posse” na acepção de poder sobre uma pessoa. Essa confusão tem seu âmbito no direito de família, quando da referência ao poder que os pais têm sobre os filhos.

Ultrapassadas essas considerações preliminares sobre a significação vulgar do termo posse, é mister ressaltar

que vários doutrinadores se esforçaram na tentativa de precisar o significado técnico desse instituto, que, na

opinião de Sílvio de Salvo Venosa, é, fora de dúvida, “o instituto mais controvertido de todo o direito, não

apenas do direito civil”.

Da conceituação

Código Civil - Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de

algum dos poderes inerentes à propriedade.

Como bem observa Tito Fulgêncio, a palavra “posse” tem sido usada abrangendo variadas significações impróprias, o que deve ser evitado a fim de garantir a precisão técnica da terminologia. Comumente, o conceito de posse tem sido exprimido com as seguintes significações: c) “Posse” significando o exercício de um direito qualquer, independente

de recair diretamente sobre coisas, o que tem sido alvo de grande polêmica sobre a possibilidade de posse de direitos pessoais5. O nosso código civil, inclusive, utiliza a expressão “posse do estado de casados”, nos arts. 1.545 e 1.547;

d) “Posse” denotando o compromisso do funcionário no qual se compromete a exercer sua função com honra.

e) ”Posse” na acepção de poder sobre uma pessoa. Essa confusão tem seu âmbito no direito de família, quando da referência ao poder que os pais têm sobre os filhos.

Ultrapassadas essas considerações preliminares sobre a significação vulgar do termo posse, é mister ressaltar

que vários doutrinadores se esforçaram na tentativa de precisar o significado técnico desse instituto, que, na

opinião de Sílvio de Salvo Venosa, é, fora de dúvida, “o instituto mais controvertido de todo o direito, não

apenas do direito civil”.

Dentre as várias teorias que se dispõem a definir a posse, um ponto é fundamental, e é entendimento unânime na doutrina:

toda a discussão gira em torno da configuração jurídica de dois elementos

da posse - corpus e animus.

Da conceituação

Código Civil - Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de

algum dos poderes inerentes à propriedade.

Como bem observa Tito Fulgêncio, a palavra “posse” tem sido usada abrangendo variadas significações impróprias, o que deve ser evitado a fim de garantir a precisão técnica da terminologia. Comumente, o conceito de posse tem sido exprimido com as seguintes significações: c) “Posse” significando o exercício de um direito qualquer, independente

de recair diretamente sobre coisas, o que tem sido alvo de grande polêmica sobre a possibilidade de posse de direitos pessoais5. O nosso código civil, inclusive, utiliza a expressão “posse do estado de casados”, nos arts. 1.545 e 1.547;

d) “Posse” denotando o compromisso do funcionário no qual se compromete a exercer sua função com honra.

e) ”Posse” na acepção de poder sobre uma pessoa. Essa confusão tem seu âmbito no direito de família, quando da referência ao poder que os pais têm sobre os filhos.

Ultrapassadas essas considerações preliminares sobre a significação vulgar do termo posse, é mister ressaltar

que vários doutrinadores se esforçaram na tentativa de precisar o significado técnico desse instituto, que, na

opinião de Sílvio de Salvo Venosa, é, fora de dúvida, “o instituto mais controvertido de todo o direito, não

apenas do direito civil”.

Dentre as várias teorias que se dispõem a definir a posse, um ponto é fundamental, e é entendimento unânime na doutrina:

toda a discussão gira em torno da configuração jurídica de dois elementos

da posse - corpus e animus.

Teoria subjetiva de Savigny: “o poder que tem a pessoa de dispor fisicamente de uma

coisa, com intenção de tê-la para si e defendê-la contra a

intervenção de outrem (corpus e animus) – poder físico sobre a coisa com intenção de dono.

Teoria objetiva de Lhering: “para constituir a posse basta o corpus” – não é afastado o

animus, mas, este deixa de ser essencial – adotada pelo CC.

Da conceituação

Código Civil - Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de

algum dos poderes inerentes à propriedade.

Como bem observa Tito Fulgêncio, a palavra “posse” tem sido usada abrangendo variadas significações impróprias, o que deve ser evitado a fim de garantir a precisão técnica da terminologia. Comumente, o conceito de posse tem sido exprimido com as seguintes significações: c) “Posse” significando o exercício de um direito qualquer, independente

de recair diretamente sobre coisas, o que tem sido alvo de grande polêmica sobre a possibilidade de posse de direitos pessoais5. O nosso código civil, inclusive, utiliza a expressão “posse do estado de casados”, nos arts. 1.545 e 1.547;

d) “Posse” denotando o compromisso do funcionário no qual se compromete a exercer sua função com honra.

e) ”Posse” na acepção de poder sobre uma pessoa. Essa confusão tem seu âmbito no direito de família, quando da referência ao poder que os pais têm sobre os filhos.

Ultrapassadas essas considerações preliminares sobre a significação vulgar do termo posse, é mister ressaltar

que vários doutrinadores se esforçaram na tentativa de precisar o significado técnico desse instituto, que, na

opinião de Sílvio de Salvo Venosa, é, fora de dúvida, “o instituto mais controvertido de todo o direito, não

apenas do direito civil”.

Dentre as várias teorias que se dispõem a definir a posse, um ponto é fundamental, e é entendimento unânime na doutrina:

toda a discussão gira em torno da configuração jurídica de dois elementos

da posse - corpus e animus.

Teoria subjetiva de Savigny: “o poder que tem a pessoa de dispor fisicamente de uma

coisa, com intenção de tê-la para si e defendê-la contra a

intervenção de outrem (corpus e animus) – poder físico sobre a coisa com intenção de dono.

Teoria objetiva de Lhering: “para constituir a posse basta o corpus” – não é afastado o

animus, mas, este deixa de ser essencial – adotada pelo CC.

- Direito de gozar: jus fruendi; - Direito de reinvidicar: rei vindicatio; - Direito de usar – jus utendi; - Direito de dispor: jus abutendi.

Jurisprudências

Da classificação da posse

Da classificação da posse

Posse direta

Posse indireta

Em regra, os poderes ou faculdades do domínio se encontram reunidos em uma única pessoa. É o caso de pessoa que habita

residência própria. Quando os poderes decorrentes do domínio estão distribuídos entre mais pessoas, temporariamente, tem-se a posse direta e indireta. É o caso do contrato de locação, em que o locatário tem a posse direta – possui a coisa, enquanto o locador

tem a posse indireta (artigo 1.197).

jus possidendi: proprietário; locatário; comodatário; usufrutuário – posse embasada em contrato ou propriedade.

jus possessionis: é a posse sem causa. O ordenamento jurídico atribui efeitos ao jus possesionis, conferindo ao possuidor o direito de defender tal situação contra terceiros, e, até mesmo a aquisição pela usucapião.

Jurisprudências

1) Sabe-se também que no comodato há duas posses: uma exercida pelo comodatário, denominada de posse direta, ao passo que o comodante mantém a posse indireta, devendo-se estar atento que Sílvio de Salvo Venosa ressalta que: “a posse do comodatário é precária, como toda aquela que insitamente traz a obrigação de restituir”. (Direito Civil: Contratos em Espécies. 3 ed. vol. III.São Paulo: Atlas, 2003, p. 225).

2) " DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. VEËCULO AUTOMOTOR. PEDIDO LIMINAR. POSSE DIRETA E INDIRETA. 1. Nos termos dos arts. 926 e 927 do Código de Processo Civil, o autor, para que possa ser reintegrado, no caso de esbulho, precisa provar sua posse; a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; a data da turbação ou do esbulho; e a perda da posse. 2. Demonstrando o réu que compartilhava a posse do veículo com a autora, em sede liminar, não há que se falar em esbulho possessório, já que o exercício da posse direta não exclui o da indireta (art. 1.197, C. C.). 3. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso (art. 1.211, C. C.)” (TJDFT, AI nº 2006.00.2.007435-8)

Da classificação da posse

Da composse: (artigo 1.199 do Código Civil): Quando duas pessoas têm a posse de um bem sob o mesmo título – são compossuidores os irmãos que alugam um imóvel para passar um feriado, por exemplo.

Pro indiviso: Todos os possuidores exercem a posse ao mesmo tempo e sobre todo o bem

Pro diviso: Há divisão no exercício do direito, sendo a posse exercida apenas sobre uma parte definida

da coisa.

Jurisprudências

1) “É a chamada composse de mão comum, que na lição de Silvio de Salvo Venosa "...Nenhum dos sujeitos tem poder fático independente dos demais. É o caso da posse dos herdeiros, isto é, os herdeiros A, B e C são titulares em conjunto da posse e não cada herdeiro especificamente." (Direito Civil - Direitos Reais, 3ª edição, atlas, 2003, fls. 67 ).” (Ap. Civ. Nº 2007.000124-7, rel. Des. Marcus Tulio Sartorato, TJSC)

2) "USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO - FILHO QUE PRETENDE SOMAR A SUA POSSE À DOS PAIS - EXISTÊNCIA DE OUTROS HERDEIROS - IMPOSSIBILIDADE. "'Não pode o filho somar à sua a posse do genitor, para usucapir sozinho, quando possui irmãos, que herdaram, tanto quanto ele, a alegada posse. Ineficácia da cessão de direitos hereditários feita por instrumento particular' (in revista de Jurisprudência do TJRS, n. 7 - Ano III - 1968 - pág. 295)" (JC 42/227) (AC n. 1996.010009-1, Rel. Des. Mazoni Ferreira)

3) "PROCESSUAL CIVIL. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO. EXISTÊNCIA DE COMPOSSE. ILEGITIMIDADE ATIVA CARACTERIZADA. RECURSO DESPROVIDO. Havendo consciência do possuidor quanto ao estado de comunhão da gleba por ele possuída não corre usucapião contra os demais condôminos, enquanto indivisa a coisa (Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery). ". (AC n. 2003.027994-6, Des. Luiz Carlos Freyesleben – 29.09.2005).

Da classificação da posse

Posse justa

Posse injusta

A posse justa é a que não for violenta, clandestina ou precária, nos termos do artigo 1.200 do Código Civil.

Posse injusta

Violenta

Clandestina

Precária

Aquela que é adquirida pela força.

Quando às ocultas daquele que tem interesse em conhecê-la.

Aquela havia com abuso de confiança, aquele que recebe a coisa com o dever de

restituição e não o faz.

Jurisprudências

1) “Enunciado n. 302 da IV Jornada de Direito Civil do CJF: Pode ser considerado justo título para a posse de boa-fé o ato jurídico capaz de transmitir a posse ad usucapionem, observado o disposto no art. 113 do Código Civil.” Enunciado do Conselho da Justiça Federal

2) "Acórdão: Apelação Cível n. 1.0701.09.257753-8/001, de Uberaba, Relator: Des. Alvimar de Ávila. EMENTA: AÇÃO REIVINDICATÓRIA - PROVA DA PROPRIEDADE - POSSE INJUSTA - PEDIDO JULGADO PROCEDENTE . Evidenciado nos autos todos os requisitos indispensáveis a sustentar a ação reinvindicatória, ou seja, a titularidade do domínio pelo requerente, a individuação da coisa, e o fato de a mesma encontrar-se injustamente em poder do réu, com base em critérios objetivamente considerados, levam ao sucesso do pleito ajuizado. O conceito de posse injusta não se infere apenas da violência, precariedade ou clandestinidade a que se refere o art. 1200 do Código Civil, entendendo-se como tal a detenção sem título de propriedade ou sem caráter de posse direta pelas vias adequadas, tendo sentido mais amplo, porque se a posse de boa-fé pudesse excluir a reinvindicatória, o domínio estaria praticamente extinto.”

Da classificação da posse

Posse Boa-fé

Posse Má-fé

A posse de boa-fé se dá quando o possuidor ignora o vício, ou obstáculo que impede a aquisição da coisa, nos termos do artigo

1.201 do Código Civil.

A posse de má-fé é aquela eivada dos vícios mencionados (violência, clandestinidade, precariedade)

O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé (artigo 1.201 CC).

Da classificação da posse

Posse Boa-fé

Posse Má-fé

A posse de boa-fé se dá quando o possuidor ignora o vício, ou obstáculo que impede a aquisição da coisa, nos termos do artigo

1.201 do Código Civil.

A posse de má-fé é aquela eivada dos vícios mencionados (violência, clandestinidade, precariedade)

O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé (artigo 1.201 CC).

O conceito de justo título é aquele que seria hábil a

transferir o domínio, caso fosse firmado pelo

verdadeiro proprietário.

Da classificação da posse

Posse Boa-fé

Posse Má-fé

A posse de boa-fé se dá quando o possuidor ignora o vício, ou obstáculo que impede a aquisição da coisa, nos termos do artigo

1.201 do Código Civil.

A posse de má-fé é aquela eivada dos vícios mencionados (violência, clandestinidade, precariedade)

O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé (artigo 1.201 CC).

O conceito de justo título é aquele que seria hábil a

transferir o domínio, caso fosse firmado pelo

verdadeiro proprietário.

Nos termos do artigo 1.202 CC: “a posse de boa-fé só perde este caráter no caso e

desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o

possuidor não ignora que possui indevidamente” – ou seja, tomando

ciência de algum vício, desde o momento da contestação da posse, o possuidor

passa a ser de má-fé.

Da classificação da posse

Posse Boa-fé

Posse Má-fé

A posse de boa-fé se dá quando o possuidor ignora o vício, ou obstáculo que impede a aquisição da coisa, nos termos do artigo

1.201 do Código Civil.

A posse de má-fé é aquela eivada dos vícios mencionados (violência, clandestinidade, precariedade)

O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé (artigo 1.201 CC).

O conceito de justo título é aquele que seria hábil a

transferir o domínio, caso fosse firmado pelo

verdadeiro proprietário.

Nos termos do artigo 1.202 CC: “a posse de boa-fé só perde este caráter no caso e

desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o

possuidor não ignora que possui indevidamente” – ou seja, tomando

ciência de algum vício, desde o momento da contestação da posse, o possuidor

passa a ser de má-fé.

Segundo o artigo 1.203 CC, se a posse iniciou-se injusta,

mantem-se o mesmo caráter relativamente aos adquirentes.

Da classificação da posse

Posse Boa-fé

Posse Má-fé

A posse de boa-fé se dá quando o possuidor ignora o vício, ou obstáculo que impede a aquisição da coisa, nos termos do artigo

1.201 do Código Civil.

A posse de má-fé é aquela eivada dos vícios mencionados (violência, clandestinidade, precariedade)

O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé (artigo 1.201 CC).

O conceito de justo título é aquele que seria hábil a

transferir o domínio, caso fosse firmado pelo

verdadeiro proprietário.

Nos termos do artigo 1.202 CC: “a posse de boa-fé só perde este caráter no caso e

desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o

possuidor não ignora que possui indevidamente” – ou seja, tomando

ciência de algum vício, desde o momento da contestação da posse, o possuidor

passa a ser de má-fé.

Segundo o artigo 1.203 CC, se a posse iniciou-se injusta,

mantem-se o mesmo caráter relativamente aos adquirentes.

Jurisprudências

1) Acórdão: Apelação Cível n. 70026174227, de Porto Alegre. Relator: Des. Luiz Renato Alves da Silva. EMENTA: AGRAVO RETIDO. APELAÇÃO CÍVEL. COMODATO. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. LOTEAMENTO CLANDESTINO. EXCEÇÃO DE USUCAPIÃO. FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE. 1. AGRAVO RETIDO. Desistência, em juízo, de produção de prova oral. Desnecessidade de produção de prova pericial. Ausência de cerceamento de defesa. 2. APELAÇÃO CÍVEL. Comprovação da posse do bem pela parte autora. Existência de comodato verbal. Comodatário que restou notificado pessoalmente pelo Batalhão de Polícia Ambiental pela prática de infração à legislação ambiental, com a edificação de loteamento clandestino e comercialização de lotes no campo objeto da lide. Ausência de posse com ânimo de dono, hábil a permitir direito de usucapir. Posse com o mesmo caráter com que foi adquirida. Leitura do art. 1.203 do Código Civil. Sendo um dos demandados o responsável pela alienação dos lotes aos demais réus e sua posse decorria de comodato, tal posse foi transferida com a mesma qualidade àqueles que passaram a residir no local, sendo evidente o esbulho praticado pelos demandados. Impossibilidade de acolhimento da exceção de usucapião. Atos de mera tolerância ou permissão não resultam em posse. Alegação, como matéria de defesa, de descumprimento da função social da propriedade não autoriza o reconhecimento do direito de os demandados permanecerem na propriedade particular dos autores, em loteamento clandestino, cujos lotes foram comercializados pelo comodatário do bem.AGRAVO RETIDO E APELO DESPROVIDOS.

2) “Acórdão: Apelação Cível c/ Revisão n. 233.024-5/2-00, da comarca de Várzea Paulista. Relator: Des. Castilho Barbosa. Data da decisão: 23.10.2007. EMENTA: Apelação - Ocupação de bem público e reintegração de posse — Ação julgada procedente – Tempo corrigido em relação a ocupação de área pública - Não se pode desconsiderar o aspecto social - Inconformismo - Ocupação da área por mais de 05 anos - inadmissibilidade - Invasão de área pública - Os bens dominiais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião — Aplicabilidade da Súmula 340 do STF - Não há direito à indenização por benfeitorias, dada a precariedade da posse injusta - Mantida a condenação em honorários advocatícios - Recurso improvido.”

4) “Enunciado n. 303 da IV Jornada de Direito Civil do CJF: Considera-se justo título para presunção relativa da boa-fé do possuidor o justo motivo que lhe autoriza a quisição derivada da posse, esteja ou não materializado em instrumento público ou particular. Compreensão na perspectiva da função social da posse.” (Enunciado do Conselho da Justiça Federal)

5) Acórdão: Recurso Especial n. 855.040 - DF. Relator: Min. Sidnei Beneti.Data da decisão: 22.06.2010. EMENTA: DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. INDENIZAÇÃO POR BENFEITORIAS. JUSTO TÍTULO. BOA-FÉ. ACESSÃO. PREQUESTIONAMENTO. I - Nos termos do artigo 1.201 do Código Civil, a existência de justo título instaura a presunção de que a posse é exercida de boa-fé, mas a sua falta, ao contrário, não autoriza a conclusão de que há má-fé. Com efeito, para que a posse seja considerada de boa-fé, basta que o possuidor ignore a existência de obstáculo legal à aquisição da coisa. II - De acordo com o artigo 1.219 do Código Civil o possuidor de boa-fé deve ser indenizado tanto pelas benfeitorias necessárias quanto pelas benfeitorias úteis. III - Quanto à caracterização da edificação como benfeitoria ou acessão, observa-se que essa questão não foi debatida no acórdão recorrido e nem foram opostos embargos de declaração com esse propósito. O tema carece do necessário prequestionamento, merecendo aplicação as Súmulas 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal. IV - Recurso especial a que se nega provimento.

Da classificação da posse

Posse Detenção

Nos termos do artigo 1.198 do Código Civil: “Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência

para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.Parágrafo único.

Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se

detentor, até que prove o contrário.”

Não tem posse aquele que se limita a deter a coisa em nome de outro, como no caso do empregado que cuida

de um imóvel.

Da classificação da posse

Posse Detenção

Nos termos do artigo 1.198 do Código Civil: “Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência

para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.Parágrafo único.

Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se

detentor, até que prove o contrário.”

Não tem posse aquele que se limita a deter a coisa em nome de outro, como no caso do empregado que cuida

de um imóvel.

Considera-se o detentor como sendo o “fâmulo da posse” –

criado, servidor da posse.

Jurisprudências

1) Enunciado n. 492 da V Jornada de Direito Civil do CJF: O detentor (art. 1.198 do Código Civil) pode, no interesse do possuidor, exercer a autodefesa do bem sob seu poder. 2) Enunciado n. 301 da IV Jornada de Direito Civil do CJF: É possível a conversão da detenção em posse, desde que rompida a subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio dos atos possessórios.

3) TJMT - Acórdão: Apelação Cível n. 54977/2011, de Vera. Relator: Des. Sebastião de Moraes Filho. Data da decisão: 17.08.2011. EMENTA: RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - PRELIMINAR - DECISÃO EXTRA PETITA E CITRA PETITA - NÃO CONFIGURAÇÃO - NULIDADE DA SENTENÇA - LAUDO PERICIAL AUSÊNCIA DE ASSINATURA - PRECLUSÃO - MÉRITO - RUPTURA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO - DETENÇÃO TRANSFIGURADA EM POSSE PRECÁRIA - INVIABILIDADE DE O DETENTOR, FÂMULO DA POSSE, TRANSMUDAR DETENÇÃO EM NOME DE OUTREM EM POSSE EM NOME PRÓPRIO - EXEGESE DO ARTIGO 1.198 E 1.208 DO CÓDIGO CIVIL - CONFIGURAÇÃO DO ESBULHO POSSESSÓRIO - REQUISITOS DO ART. 927 DO CPC - POSSE ANTERIOR, ESBULHO E TURBAÇÃO COMPROVADOS - REINTEGRAÇÃO CONCEDIDA - PERÍCIA – CRÍTICAS AO LAUDO - INCONSISTÊNCIA - RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA. Como houve pedido expresso na peça de contestação para a manutenção na posse da área total em litígio (diante da natureza dúplice das ações possessórias, ao réu é lícito, em sede de contestação, formular em seu favor pedido de tutela possessória, além dos constantes no art. 921 do CPC), não há que se falar em decisão extra petita. Não há que se falar em julgamento citra petita, uma vez que a matéria trazida em sede de preliminar foi examinada e afastada. Não se conformando a parte com a decisão interlocutória proferida pelo juiz, cabe-lhe o direito de recurso através do agravo de instrumento. Mas se não o interpõe no prazo legal, opera-se a preclusão, não sendo mais lícito reabrir discussão sobre a questão. Caracterizada a posse anterior do bem imóvel e sua perda e perturbação, por ato de esbulho e turbação praticados pela parte ré, impõe-se a procedência do pedido de reintegração e manutenção de posse, nos termos do art. 927 do Código de Processo Civil. Nas relações empregatícias, a ocupação, pelo empregado, de imóvel do empregador, tem seu prazo definido pelo próprio tempo de duração do contrato laboral que os vincula. Rescindido este, inexiste qualquer fomento legal para a continuidade da posse, pelo empregado, de imóvel de propriedade do empregador. Nesse contexto, a renitência do ex-empregado à devolução espontânea do bem ocupado, estampa a prática de esbulho, legitimando a reintegração initio litis do ex-empregador na posse do mesmo bem.

Da classificação da posse

Posse Nova

Posse Velha

A posse nova é aquela dentro de ano e dia, enquanto a posse

velha é a mais disso.

Art. 924. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as

normas da seção seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da turbação

ou do esbulho; passado esse prazo, será ordinário, não perdendo, contudo, o

caráter possessório.

Turbação

Posse nova

Posse velha

Da classificação da posse

Posse Nova

Posse Velha

A posse nova é aquela dentro de ano e dia, enquanto a posse

velha é a mais disso.

Art. 924. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as

normas da seção seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da turbação

ou do esbulho; passado esse prazo, será ordinário, não perdendo, contudo, o

caráter possessório.

Turbação

Posse nova

Posse velha

Estando dentro de ano e dia, caberá liminar para as ações

possessórias; ultrapassado este prazo, é de força velha, portanto,

não sendo lícito à parte o requerimento de liminar.

Jurisprudências

1) AI AGTR 67164 PE 2006.05.00.008322-0: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. BEM IMÓVEL DA UNIÃO. ESBULHO OCORRIDO HÁ MAIS DE ANO E DIA. POSSE VELHA. CPC, ART. 924. PEDIDO DE LIMINAR. INDEFERIMENTO. - De acordo com o art. 924, do CPC, o esbulho ocorrido há mais de ano e dia caracteriza a chamada "posse velha". Dessa forma, o procedimento para manutenção ou reintegração da posse será o ordinário, sem prejuízo do caráter possessório; - Na hipótese, sendo o caso de "posse velha", há de ser mantida a decisão singular que indeferiu a concessão de liminar; - Agravo de instrumento improvido.

2) TJPR - Agravo de Instrumento AI 7626606 PR 0762660-6 (TJPR) Data de Publicação: 22 de Junho de 2011 Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. POSSE VELHA TUTELA ANTECIPADA (art. 273) PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS FUNDADO RECEIO DE DANO IRREPARÁVEL OU DE DIFICIL REPARAÇÃO INTERESSE DE AGIR CONFIGURADO DECISÃO MANTIDA AGRAVO NÃO PROVIDO. . ACORDAM os integrantes do Décima Oitava Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em conhecer e negar seguimento ao recurso nos termos do voto e sua fundamentação

Dos efeitos da posse

Dos direitos aos Interditos Possessórios

É o direito de ajuizar ações possessórias: Artigo 1.210 CC - Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser

mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e

segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.

Havendo turbação da posse, ou seja agressão contra a posse, sem ter sido privado da posse, a

ação cabível é a de MANUTENÇÃO DE

POSSE

Havendo esbulho, ou seja, com a perda da

posse, caberá AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE

POSSE

Dos direitos aos Interditos Possessórios

É o direito de ajuizar ações possessórias: Artigo 1.210 CC - Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser

mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e

segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.

Havendo turbação da posse, ou seja agressão contra a posse, sem ter sido privado da posse, a

ação cabível é a de MANUTENÇÃO DE

POSSE

Havendo esbulho, ou seja, com a perda da

posse, caberá AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE

POSSE

Havendo ameaça, tem-se o Interdito Proibitório, de natureza preventiva.

Dos direitos aos Interditos Possessórios

É o direito de ajuizar ações possessórias: Artigo 1.210 CC - Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser

mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e

segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.

Havendo turbação da posse, ou seja agressão contra a posse, sem ter sido privado da posse, a

ação cabível é a de MANUTENÇÃO DE

POSSE

Havendo esbulho, ou seja, com a perda da

posse, caberá AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE

POSSE

Havendo ameaça, tem-se o Interdito Proibitório, de natureza preventiva.

O parágrafo primeiro do artigo 1.210 CC autoriza a autotutela: “§

1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos

de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à

manutenção, ou restituição da posse.”

Jurisprudências

1) Enunciado n. 494 da V Jornada de Direito Civil do CJF: No desforço possessório, a expressão “contanto que o faça logo” deve ser entendida restritivamente, apenas como a reação imediata ao fato do esbulho ou da turbação, cabendo ao possuidor recorrer à via jurisdicional nas demais hipóteses.

2) Enunciado n. 78 da I Jornada de Direito Civil do CJF: Tendo em vista a não recepção pelo novo Código Civil da exceptio proprietatis(art. 1.210, §2º) em caso de ausência de prova suficiente para embasar decisão liminar ou sentença final ancorada exclusivamente no ius possessionis, deverá o pedido ser indeferido e julgado improcedente, não obstante eventual alegação e demonstração de direito real sobre o bem litigioso.

3) Enunciado n. 79 da I Jornada de Direito Civil do CJF: A exceptio proprietatis, como defesa oponível às ações possessórias típicas, foi abolida pelo Código Civil de 2002, que estabeleceu a absoluta separação entre os juízos possessório e petitório.

4) Enunciado n. 238 da III Jornada de Direito Civil do CJF: Ainda que a ação possessória seja intentada além de “ano e dia” da turbação ou esbulho, e, em razão disso, tenha seu trâmite regido pelo procedimento ordinário(CPC, art. 924), nada impede que o juiz conceda a tutela possessória liminarmente, mediante antecipação de tutela, desde que presentes os requisitos autorizadores do art. 273, I ou II, bem como aqueles previstos no art. 461-A e §§, todos do CPC.

5) STF (n. 487): “Será deferida a posse a quem, evidentemente, tiver o domínio, se com base neste for ela disputada”. 6) STJ (n. 228): "É inadmissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral. 7) STJ (n. 84): “É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do registro”.

8) Acórdão: Apelação Cível n. 108957/2008, de Campo Verde. Relator: Des. Diocles de Figueiredo. Data da decisão: 09.02.2009. CIVIL - PROCESSUAL CIVIL - RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO POSSESSÓRIA - PRELIMINAR - ALEGADO CERCAMENTO DE DEFESA - AFASTADA - PRELIMINAR - JULGAMENTO ULTRA PETITA - ALEGADA INVASÃO DO JUÍZO CÍVEL NA SEARA CRIMINAL - INOCORRÊNCIA - INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL - MATÉRIA DE NATUREZA CÍVEL - MÉRITO - PRETENDIDA REINTEGRAÇÃO NA POSSE DO IMÓVEL - ALEGADA FRAUDE CONTRA ADQUIRENTE DE BOA-FÉ - EXCEÇÃO DE DOMÍNIO - PRECINDIBILIDADE, PODENDO SER UTILIZADA, APENAS, COMO ELEMENTOS DE CONVICÇÃO JUDICIAL - DIREITO POSSESSÓRIO QUE SE FUNDA, PRINCIPALMENTE, EM POSSE LEGÍTIMA, MANSA E PACÍFICA - CONJUNTO PROBATÓRIO QUE AFASTA A PRETENSÃO RECURSAL - MELHOR POSSE EM FAVOR DO DEMANDADO - RECURSO IMPROVIDO. Inexiste ofensa a garantia e o direito fundamental previsto no art. 5º, inciso LIV e LV - contraditório e ampla defesa - se a parte autora tem livre acesso aos autos para, no prazo legal, esquadrinhar todos os termos dos documentos apresentados pela parte ré. Embora haja fatos que gerem duplicidade de ações, em jurisdições distintas, a condenação ou absolvição na esfera criminal não elide a civil. Não há julgamento ultra petita quando há reconhecimento pelo juízo cível de negócio nulo (fraude), máxime que no direito civil, tal como no criminal, esta possibilidade é legalmente prevista. Considerando que a posse é o exercício de alguns dos poderes inerentes à propriedade, a análise eventual da titularidade dominial na ação possessória pode ser feita para formar a convicção do Juiz, tão-somente, no sentido de fornecer elementos para dar ou não proteção possessória ao autor ou ao réu, segundo inteligência do artigo 1.210, § 2º do CC/02. Se a forma da aquisição do imóvel não é reconhecida pelo ordenamento civil, máxime que houve negócio jurídico nulo (fraude), inexiste efeito no mundo jurídico, dentre eles a posse legítima.

Da percepção dos frutos

Conforme preceituam os artigos 1.214 e 1.215 do Código Civil Brasileiro, o possuidor de boa-fé tem direito, enquanto durar a boa-fé, aos frutos percebidos.

O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu

de má-fé, tendo direito somente às despesas e custeio.

Jurisprudências

1) Enunciado n. 302 da IV Jornada de Direito Civil do CJF: Pode ser considerado justo título para a posse de boa-fé o ato jurídico capaz de transmitir a posse ad usucapionem, observado o disposto no art. 113 do Código Civil.

2) Acórdão: Apelação Cível n. 1216670- 0/6, de Penápolis. Relator: Des. Pereira Calças. Data da decisão: 11.02.2009.

EMENTA: "Apelação. Ação de cobrança. Alegação de cerceamento de defesa. Inocorrência. O julgamento antecipado da lide não implica cerceamento de defesa se as provas que se pretendiam produzir eram inúteis ao deslinde da questão. Interpretação pretendida pelos apelantes contrária à literalidade do documento. Autorização de uso feita em contrapartida à administração de móvel. Com a revogação dos poderes de administração, inexiste fundamento para a autorização de uso. Posse de má-fé. Sentença mantida. Recurso improvido.“

3) Acórdão: Agravo de Instrumento n. 70018661710, da comarca de Porto Alegre. Relator: Des. André Luiz Planella Villarinho. Data da decisão: 29.03.2007. EMENTA: agravo de instrumento. ação de manutenção de posse. locação do imóvel. aluguéis depositados em juízo. levantamento pela possuidora. possibilidade. Deferido, na origem, liminar pleiteada em ação de manutenção de posse ajuizada pela agravante, determinando, inclusive, o pagamento dos aluguéis à ora recorrente, deve ser-lhe possibilitado exercer todos os direitos inerentes à posse, entre eles locar o bem a terceiros e gozar dos locatícios, mormente se ausentes elementos que determinem ser a posse de má-fé. Art. 1214 do Código Civil. Ausência de notícia nos autos de revogação da referida decisão liminar. Ademais, os depósitos judiciais foram efetuados por liberalidade da locatária, sem que tenha havido determinação do juízo, razão por que não se vislumbra, enquanto mantida a decisão de antecipação de tutela, ser vedado à possuidora levantar os valores depositados a título de aluguel. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO.

Da perda e deterioração da coisa

O possuidor de boa-fé não responde pela deterioração da coisa, a que não der causa; o possuidor de má-fé, responde pela perda ou deterioração, ainda que acidentais,

salvo se provar que de igual modo teriam dado, estando ela na posse do reinvidicante, com fundamento legal nos artigos 1.218 e 1.219 do Código Civil

Da perda e deterioração da coisa

O possuidor de boa-fé não responde pela deterioração da coisa, a que não der causa; o possuidor de má-fé, responde pela perda ou deterioração, ainda que acidentais,

salvo se provar que de igual modo teriam dado, estando ela na posse do reinvidicante, com fundamento legal nos artigos 1.218 e 1.219 do Código Civil

Perda ou perecimento e a destruição total do objeto ou prestação devida, enquanto deterioração é a parcial.

Jurisprudências

1) Acórdão: Apelação Cível n. 500.004.4/9-00, de Barueri. Relator: Des. Jomar Juarez Amorim. Data da decisão: 18.03.2009.

EMENTA: SOCIEDADE LIMITADA - Ação de dissolução - Sociedade entre cônjuges - Evidências de que apenas o autor atuava na empresa, posto que titular de apenas uma quota social - Circunstância que ele mesmo reconheceu nos autos da separação -Pretensão de apuração de haveres e perceber pro labore equivalente a um salário mínimo - Alteração da verdade dos fatos e objetivo ilegal - Dissolução total, porém, recomendável, pois nenhuma das partes manifestou interesse em prosseguir na empresa - Medida que convém à tutela de terceiros de boa-fé - Recurso provido para esse fim, com imposição de multa e indenização. 2) Enunciado n. 81 da I Jornada de Direito Civil do CJF: O direito de retenção previsto no art. 1.219 do CC, decorrente da realização de benfeitorias necessárias e úteis, também se aplica às acessões(construções e plantações) nas mesmas circunstâncias.

3) STF (n. 158): “Salvo estipulação contratual averbada no registro imobiliário, não responde o adquirente pelas benfeitorias do locatário”. 4) Acórdão: Apelação Cível n. 2009.08.1.001765-9, de Brasília. Relator: Des. J.J. Costa Carvalho. Data da decisão: 21.09.2011. EMENTA: CIVIL – APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO REIVINDICATÓRIA – OCUPAÇÃO INDEVIDA – IMÓVEL PARTICULAR – PAGAMENTO PELA OCUPAÇÃO – SEMENTES, PLANTAÇÕES, CONSTRUÇÕES E BENFEITORIAS – ARTIGOS 1.219 E 1.255 DO CÓDIGO CIVIL – HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA – SENTENÇA REFORMADA. 1. O proprietário do imóvel deve ser indenizado pela ocupação e uso indevidos por terceiro que o detinha precariamente, podendo o valor ser arbitrado com base no que seria devido a título de aluguel. 2. De acordo com o artigo 1.255 do Código Civil, quem semeia, planta ou constrói em terreno alheio perde, em favor do proprietário, sementes, plantações e construções, tendo direito a indenização se procedeu de boa-fé. 3. Para fins de identificar a presença da posse justa e da boa-fé do ocupante, a jurisprudência deste Tribunal de Justiça admite o documento de cessão de direitos sobre o imóvel. 4. Embora o possuidor de boa-fé faça jus à indenização pelas benfeitorias úteis, necessárias e voluptuárias, nos termos do artigo 1.219 do Código Civil, a determinação de pagamento em favor do ocupante depende de prova da realização das benfeitorias no imóvel. 5. Se todos os pedidos formulados pelos autores foram acolhidos, as verbas de sucumbência devem ser atribuídas, em sua totalidade, ao réu. 6. Apelação cível conhecida e provida.

Do direito à indenização quanto à benfeitorias

O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias úteis e necessárias, bem como às voluptuárias, se não lhe foram pagas, a levantá-las, quando o puder sem

detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis;

O possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias, não lhe assistindo o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as

voluptuárias, a teor dos artigos 1.219 e 1.220 do CC.

Jurisprudências

1) Enunciado n. 81 da I Jornada de Direito Civil do CJF: O direito de retenção previsto no art. 1.219 do CC, decorrente da realização de benfeitorias necessárias e úteis, também se aplica às acessões(construções e plantações) nas mesmas circunstâncias.

2) Decisão Monocrática: Apelação Cível n. 0000423-36.1997.8.19.0203. Relator: Des. Vera Maria Van Hombeeck. Data da decisão: 29.04.2011.

EMENTA: REINTEGRAÇÃO DE POSSE. COMODATO VERBAL CONFIRMADO PELO RÉU. BENFEITORIAS. PERMANÊNCIA DO COMODATÁRIO NO IMÓVEL POR TRINTA ANOS, CATORZE DOS QUAIS APÓS A CITAÇÃO. COMPENSAÇÃO DO VALOR GASTO NA CONSTRUÇÃO COM OS ALUGUÉIS QUE DEVERIAM TER SIDO PAGOS NO PERÍODO. INTELIGÊNCIA DOS ARTIGOS 582 E 1.219 DO CÓDIGO CIVIL. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA, RECURSO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO, COM FULCRO NO ARTIGO 557, CAPUT, DO CPC.

3) Acórdão: Apelação Cível n. 2006.048785-3, de Catanduvas. Relator: Des. Carlos Prudêncio. Data da decisão: 09.11.2010. EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REIVINDICATÓRIA. IMÓVEL ALIENADO POR INADIMPLEMENTO DOS REQUERIDOS, POSTERIORMENTE ADQUIRIDO PELOS REQUERENTES. AUSENTE O DIREITO DE RETENÇÃO, BEM COMO DE INDENIZAÇÃO POR BENFEITORIAS. PREVISÃO EXPRESSA NO CONTRATO CELEBRADO JUNTO À CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. ÓBICE INJUSTIFICADA À IMISSÃO NA POSSE PELOS NOVOS PROPRIETÁRIOS. DIREITO INCONTESTE DOS REQUERENTES DE REIVINDICAR E TOMAR POSSE DO IMÓVEL. RECURSO NÃO PROVIDO. "São requisitos do sucesso da ação reivindicatória, diante do artigo 1.228 do Código Civil de 2002 (com mesmo teor do artigo 524, do Código Civil de 1916): a) a prova do domínio; b) a posse injusta do réu. Comprovado o domínio e configurada a posse injusta do réu, é inegável a procedência da ação reivindicatória. Na hipótese, incontroversa a prova da propriedade, a posse injusta resta caracterizada (...) nos casos de alienação do imóvel, dispõe o adquirente de direito imediato ao pleito reivindicatório, bastando a mera citação para constituir o comodatário em mora. Precedente do Superior Tribunal de Justiça". (AC n. 2005.030959-4, Rel. Des. Carlos Adilson Silva, DJ de 29-10-2009).

Posse - artigo 1.196 e ss. do CC

Possuidor é quem tem de fato o ecercício, pleno ou não, de alguns poderes inerentes à propriedade

Difere-se do detentor, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.

Classificação

Posse direta e indireta Posse justa e injusta Posse de boa-fé e má-fé Posse ad interdicta e ad usucapionem

Efeitos

1) Proteção possesória

-Legítima defesa da posse -desforço (desagravo) imediato -ações possessórias (Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade - exceção de domínio - ou de outro dirieto sobre a coisa)

2) Posse de boa-fé

-Direito de perceber os frutos enquanto perdurar a posse de boa-fé;

-Direito de indenização e retenção quanto às benfeitorias úteis e necessárias, bem como às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando puder sem detrimento da coisa.

3) Posse de má-fé - responsabilidade:

-Por todos os frutos colhidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé (mas com direito às despesas da produção e custeio);

-Pela perda ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante;

-Ressarcimento somente das benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, mas de levantar as voluptuárias.

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