47 - direito das coisas - l

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LFG CIVIL Aula 16 Prof. Cristiano Chaves Intensivo II 27/11/2012

Continuao do estudo dos direitos reais de garantia ...1. PENHOR

2. HIPOTECA

3. ALIENAO FIDUCIRIA EM GARANTIA

1. PENHOR

Trata-se de direito real de garantia sobre coisa mvel. Existem duas excees a esse objeto. Aeronaves e navios, por conta do seu valor econmico, no podem ser objeto de penhor, mas sim de hipoteca (esses bens so considerados bens imveis, exclusivamente para fins de hipoteca).

Vale lembrar tambm que o fundamento do penhor a tradio. Todo penhor se constitui pela tradio ao credor pignoratcio, como regra. O credor recebe a coisa para se manter com ela at que seja quitada a dvida.Se a coisa produzir frutos surge um problema. A coisa est com o credor pignoratcio, que tem a posse da coisa, podendo assim, naturalmente, colher os frutos da coisa. Se a coisa produzir frutos enquanto a coisa estiver na posse do credor pignoratcio, esses frutos devero ser abatidos da dvida. Trata-se de mais um exemplo de imputao ao pagamento. Como todo direito real de garantia o penhor tem natureza acessria. Com isso, quitada a dvida, extingue-se automaticamente o penhor. Sobre esse assunto preciso chamar a ateno para um detalhe: e se houver roubo ou furto da coisa empenhada? Qual ser a consequncia? R: se isso ocorrer, primeiramente importante observar que no se extinguir a obrigao principal, ou seja, a dvida permanecer, cessando a garantia. Mas no Resp. 730.925/RJ o STJ fixou o entendimento de que o roubo ou furto da coisa empenhada implica em manuteno da dvida, mas ela se mantm com o dever do credor pignoratcio de ressarcir ao devedor o valor da coisa. Com isso possvel perceber que em relao coisa o credor pignoratcio possui responsabilidade objetiva. Ainda sobre essa compreenso do penhor relevante acrescentar outro dado. Note que o credor recebe a posse direta, sendo assim, o penhor exemplo de desdobramento de posse. O credor pignoratcio recebe a posse direta, enquanto o devedor passa a ter a posse indireta.

Se durante a posse do credor, terceiros tentarem de algum modo violar a coisa ou lhe embaraar o uso, ele obrigado a comunicar ao devedor (dever anexo da boa-f objetiva dever anexo de informao). Caractersticas do penhor:a. Necessidade de solenidade contrato escrito a solenidade. No precisa ser por escritura pblica, podendo ser particular tambm.b. Exige registro no cartrio de ttulos e documentos Art. 127 da LRP esse registro condio eficacial do penhor em relao terceiros. Se o contrato de penhor no estiver registrado, a garantia permanece vlida e eficaz entre as partes, mas no poder produzir efeitos em relao a terceiros. c. Admissibilidade de subpenhor ou penhor de segundo grau quando o credor pignoratcio utiliza o bem empenhado para ofertar uma nova garantia sobre ele mesmo. Note, no entanto, que o contrato pode afastar essa possibilidade, pois trata-se de norma dispositiva. d. Ordinariamente o penhor exige a tradio da coisa. Por conta da tradio dois efeitos decorrem. I) a possibilidade de colheita de frutos pelo credor pignoratcio (com o abatimento da dvida por meio da imputao de pagamento). I) inclui-se tambm o direito de reteno.Obs: a tradio gera direito de reteno. E esse direito de reteno no vai se confundir com o direito de excusso. O direito de reteno diz respeito aos pagamentos das despesas geradas pela coisa. O direito de excusso para o pagamento da dvida (esse direito prende-se execuo da coisa). No esquecendo que o CC probe clusula comissria a clusula que permite que o credor fique com a coisa para si como pagamento de dvida.e. Possibilidade de exigir cauo na hiptese de perecimento ou deteriorao da coisa, sob pena de vencimento antecipado de dvida. Se porventura o devedor pignoratcio se recusar a promover a cauo (caucionar) ocorrer o vencimento antecipado da dvida. Espcies de penhor no CC: so trs espcies/categoriasI. PENHOR CONVENCIONAL: aquele que decorre da vontade das partes. aquele constitudo pelo oferecimento voluntrio de um bem em garantia. Desta forma, a sua principal caracterstica exatamente a tradio. Foram desse penhor aquelas caractersticas acima mencionadas.II. PENHORES ESPECIAIS:Se so penhores especiais constituem excees. So penhores excepcionais. Exemplos: penhores que dispensam a tradio ou tero tipos de registros diferenciados. a. Penhor RURAL / AGRCOLA / PECURIO: aquele que incide sobre bens da agricultura ou pecuria. Ex: animais, colheitas pendentes e at mesmo pertenas ou plantaes.Duas so as suas caractersticas: i) dispensa-se a tradio, para que o devedor possa pagar a dvida o devedor permanece na posse do bem empenhado. ii) exige-se registro no cartrio de imveis. Apesar de o credor pignoratcio no ter posse, ele ter o direito de inspeo ou vistoria, desde que no realize com abuso do direito.

Importante ainda consignar que o prazo mximo para o penhor rural ser de 3 anos no caso de agrcola e de 4 anos no caso de penhor pecurio, prorrogveis uma nica vez. b. Penhor INDUSTRIAL ou MERCANTIL Art. 1.447 do CC: aquele que tem por objeto bens da indstria ou do comrcio. Do mesmo modo que o anterior, essa modalidade dispensa a tradio e demanda registro no cartrio de imveis. Aqui, novamente o credor pignoratcio no ter posse, mas ter o direito de vistoria, compensando a sua ausncia de posse.c. Penhor de VECULOS Art. 1.461 do CC: exige registro no Detran, sob pena de ineficcia em relao terceiros Resp. 200.663/SP. Esse penhor tem como prazo mximo o de 02 anos, admitida uma prorrogao. Obs: o CC exige o seguro facultativo, que representa condio de registro do Detran. Se o devedor alienar o veculo, haver um vencimento antecipado de dvida, de modo que o credor pignoratcio possa fazer valer o seu crdito. d. Penhor de DIREITOS (ttulos de crdito) Art. 1.452 do CC: possibilidade de um penhor ter como objeto bens incorpreos e imateriais, o crdito, por exemplo. Sob uma perspectiva prtica ns j podemos perceber que o penhor de direitos, nada mais do que uma cauo de ttulos de crdito. Isto porque, verdadeiramente o penhor de direitos um contrato de mandato. O registro desse penhor no cartrio de ttulos e documentos, e nesse caso haver a tradio do ttulo representativo, havendo a possibilidade de constituio desse direito em nome de uma pluralidade de credores. III. PENHOR LEGAL OU FORADO Art. 1.467 do CC:Art. 1.467. So credores pignoratcios, independentemente de conveno:

I os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento, sobre as bagagens, mveis, joias ou dinheiro que os seus consumidores ou fregueses tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou consumo que a tiverem feito;

c Arts. 649 e 1.468 deste Cdigo.

II o dono do prdio rstico ou urbano, sobre os bens mveis que o rendeiro ou inquilino tiver guarnecendo o mesmo prdio, pelos aluguis ou rendas.So duas hipteses de penhor legal previstas no CC e duas fora dele. As suas do CC esto vista acima. As outras duas so:

iii. Artistas e auxiliares cnicos sobre o material da pea teatral Lei 6.533/78.iv. Locador industrial sobre mquinas e aparelhos da indstria DL 4191/42.O prprio credor pignoratcio, de mos prprias, exerce o direito de reteno. Trata-se de hiptese legtima de autotutela. Mas primeiramente o credor retm e depois deve requerer a homologao judicial art. 874 do CPC (homologao da reteno exercida), uma vez que se no fizer isso ele vai estar estabelecendo a mesma coisa que a clusula comissria.

Art. 874. Tomado o penhor legal nos casos previstos em lei, requerer o credor, ato contnuo, a homologao. Na petio inicial, instruda com a conta pormenorizada das despesas, a tabela dos preos e a relao dos objetos retidos, pedir a citao do devedor para, em vinte e quatro horas, pagar ou alegar defesa.

c Arts. 1.467 a 1.472 do CC.

Pargrafo nico. Estando suficientemente provado o pedido nos termos deste artigo, o juiz poder homologar de plano o penhor legal.Repare que o CPC no estabeleceu um prazo para que essa homologao seja realizada. Ele apenas menciona ato contnua tendo a jurisprudncia fixado o entendimento de que se trata de prazo razovel a variar de acordo com o caso concreto.Sob o ponto de vista prtico esse penhor legal vai ser muito difcil por conta da inviolabilidade do domiclio. Em virtude disso uma parte da doutrina diz que esse instituto est em declnio. Mas CRISTIANO CHAVES enxerga neles uma forma de compensao, de equilbrio no sistema entre as pessoas envolvidas nessas relaes previstas. 2. HIPOTECA

Trata-se de direito real de garantia sobre bens imveis. Acrescentados aqui as aeronaves e navios, apesar de estes serem bens mveis.Aqui haver uma inverso em relao ao penhor (que tem como objeto bens mveis).Ao contrrio do penhor, a hipoteca dispensa a tradio. E o motivo completamente lgico, ela dispensa porque a hipoteca no exige a transferncia do bem na medida em que o interesse do credor hipotecrio estar assegurado pelo registro. Com isso o devedor hipotecrio no perde a posse da coisa. O devedor hipotecrio continua tendo a coisa consigo e a dispor de todos os seus poderes USO, GOZO/FRUIO, LIVRE DISPOSIO E REIVINDICAO. Acabamos de descobrir que a constituio de uma hipoteca (art. 1.488 do CC) no retira do devedor o real aproveitamento do bem.Art. 1.488. Se o imvel, dado em garantia hipotecria, vier a ser loteado, ou se nele se constituir condomnio edilcio, poder o nus ser dividido, gravando cada lote ou unidade autnoma, se o requererem ao juiz o credor, o devedor ou os donos, obedecida a proporo entre o valor de cada um deles e o crdito.

1o O credor s poder se opor ao pedido de desmembramento do nus, provando que o mesmo importa em diminuio de sua garantia.

2o Salvo conveno em contrrio, todas as despesas judiciais ou extrajudiciais necessrias ao desmembramento do nus correm por conta de quem o requerer.

3o O desmembramento do nus no exonera o devedor originrio da responsabilidade a que se refere o art. 1.430, salvo anuncia do credor.Verifica-se, assim, que o verdadeiro interesse do credor hipotecrio a excusso! Note que o devedor hipotecrio pode at mesmo constituir usufruto sobre o imvel hipotecado, sem problema algum, exatamente porque o interesse do credor hipotecrio a excusso. Caso ele precise excutir a coisa, terceiros no podero se opor, exatamente em virtude do registro prvio da hipoteca.Nesse mesmo sentido vale observar o art. 1.475 do CC.

Art. 1.475. nula a clusula que probe ao proprietrio alienar imvel hipotecado.

Pargrafo nico. Pode convencionarse que vencer o crdito hipotecrio, se o imvel for alienado.O devedor hipotecrio no perde, nem mesmo a livre disposio. Mas se fizer isso dever ocorrer o efeito previsto no pargrafo nico do mesmo dispositivo legal. Obs: o problema no ser vender o imvel, o problema ser achar quem queira comprar o imvel hipotecado.

Ressalte-se, mais uma vez, que a hipoteca no impede o exerccio de todos os direitos da propriedade pelo devedor hipotecrio.

ATENO para a Lei 8.004/90 essa lei estabelece a possibilidade de proibio de alienao nas hipotecas do Sistema Financeiro de Habitao. Nestes casos, a lei dispe da impossibilidade de alienao do imvel hipotecado, sem a intervenincia do credor (CEF, instituio financeira). Indaga-se: Ser que o novo CC no estaria alcanando essa lei ao estabelecer a nulidade da clusula que probe a alienao? R: Aqui deve-se aplicar o princpio da especialidade Resp. 857.548/SC. Permanece perfeitamente aplicvel, portanto, o dispositivo da Lei 8.004/90 (que por ser especial, afasta a regra geral prevista pelo CC). Aqui surge o fundamento dos famosos contratos de gaveta (de alienao desses imveis, sem a intervenincia da instituio financeira credor hipotecrio, nesse contrato de compra e venda). Objeto da hipoteca Art. 1.473 do CC: todo e qualquer bem imvel e mais aeronaves e embarcaes (navios). Art. 1.473. Podem ser objeto de hipoteca:

I os imveis e os acessrios dos imveis conjuntamente com eles;

II o domnio direto;

III o domnio til;

IV as estradas de ferro;

V os recursos naturais a que se refere o art. 1.230, independentemente do solo onde se acham;

VI os navios;

VII as aeronaves;

VIII o direito de uso especial para fins de moradia;

IX o direito real de uso;

X a propriedade superficiria.

Pargrafo nico. A hipoteca dos navios e das aeronaves reger-se- pelo disposto em lei especial.

2o Os direitos de garantia institudos nas hipteses dos incisos IX e X do caput deste artigo ficam limitados durao da concesso ou direito de superfcie, caso tenham sido transferidos por perodo determinado.Obs: a insero das aeronaves e os navios nesse rol, derivam do simples fato do seu valor econmico. O objeto da hipoteca todo e qualquer bem imvel, bem como aeronaves e navios.

Em relao ao bem de famlia, devemos lembrar que ele pode ser legal (lei 8.009/90) ou convencional (art. 1.711/1.722 do CC). O bem de famlia convencional gera impenhorabilidade e mais inalienabilidade, enquanto que o bem de famlia legal gera apenas a impenhorabilidade. Mas na verdade a diferena vai um pouco mais longe, porque o bem de famlia legal no depende de ato nenhum do devedor, mas incide apenas sobre o imvel de menor valor. No bem de famlia convencional, incide sobre qualquer imvel que incida sobre 1/3 do patrimnio lquido do devedor. Indaga-se: os dois bens de famlia podem ser objeto de hipoteca? R: NO. O bem de famlia convencional no pode ser objeto de hipoteca, pois s pode ser objeto de hipoteca aquilo que pode ser alienado. No entanto, o STJ estabelece uma restrio, dizendo que o bem de famlia legal pode ser objeto de hipoteca se a dvida garantida tiver sido revertida em proveito do ncleo familiar. O STJ exigiu essa postura, porque o bem de famlia no protege apenas o devedor, mas tambm o seu ncleo familiar. No podemos esquecer-nos que aqui se aplica a teoria da gravitao a hipoteca que incidir sobre um bem ser acompanhada dos seus acessrios. Ateno! A hipoteca alcana tambm as pertenas da coisa? R: antes da resposta, cabe dizer que o CC corretamente, isentou as pertenas da teoria da gravitao. Para o CC as pertenas no se submetem teoria da gravitao, portanto, as pertenas no so bens acessrios. Isso porque pertena um bem que tem funo prpria e que se acopla a outro bem, onde exercer a sua funo. Portanto, a grande ideia das pertenas a funcionalidade. Ex: ar condicionado, trator na fazenda, etc. Diante dessa recordao, possvel concluir que a hipoteca sobre um bem no abrange as suas pertenas. Obs: no direito brasileiro no h hipoteca autnoma (uma garantia separada de uma dvida). Ou seja, o objeto da hipoteca sempre um bem destinado a garantir o cumprimento de uma obrigao especfica. Essa hipoteca visa garantir uma linha de crdito. Obs: o Art. 1.487 do CC permitiu a hipoteca de coisa futura.

Art. 1.487. A hipoteca pode ser constituda para garantia de dvida futura ou condicionada, desde que determinado o valor mximo do crdito a ser garantido.

1o Nos casos deste artigo, a execuo da hipoteca depender de prvia e expressa concordncia do devedor quanto verificao da condio, ou ao montante da dvida.

2o Havendo divergncia entre o credor e o devedor, caber quele fazer prova de seu crdito. Reconhecido este, o devedor responder, inclusive, por perdas e danos, em razo da superveniente desvalorizao do imvel.

Ateno! No Brasil toda hipoteca INDIVISVEL. Isso significa que independentemente do valor pago da dvida, a hipoteca somente se extingue com o pagamento total da dvida (adimplemento integral da dvida). Consequncia disso: A remisso (perdo)/remio (pagamento) somente extinguir a hipoteca quando for total.

Obs: quanto necessidade de vnia conjugal para a constituio da hipoteca exige-se o consentimento do cnjuge. O motivo simples, que a hipoteca tem como objeto bens imveis. Mas lembrando sempre que a vnia conjugal no exigida pela lei se o casamento for no regime da separao convencional.Se o casamento no regime de participao final nos aquestos o prprio pacto poder dispensar a vnia.

Lembrando que na unio estvel no h a necessidade para constituio de hipoteca ou mesmo para a alienao de bens imveis.

necessrio o consentimento do cnjuge para constituir hipoteca, sob pena de anulabilidade. Mas e se a hipoteca for sobre aeronaves e navios, tambm incidir a necessidade de consentimento (vnia conjugal)? R: NO, porque esses so bens mveis. Espcies de hipoteca:O direito brasileiro estabelece trs hipteses de hipoteca Convencional, Judicial e Legal.I. CONVENCIONAL:Esta seguramente no nos trs maiores dificuldades, porque simplesmente aquela que decorre da vontade do devedor. Quando este oferece o bem voluntariamente, para assegurar o pagamento da dvida. II. JUDICIAL:Esta hipoteca judicial tem ndole processual Art. 466 do CPC. Esta hipoteca decorre de sentena condenatria, determinando o juiz a constituio de uma hipoteca para garantir o seu cumprimento. Um timo exemplo so as sentenas condenatrias em prestaes peridicas como a da prestao de alimentos ressarcitrio, art. 475-Q, 2 do CPC indenizao de alimentos no caso de homicdio - (no entra aqui o de prestao de alimentos do direito de famlia que possuem regramento prprio).Art. 466. A sentena que condenar o ru no pagamento de uma prestao, consistente em dinheiro ou em coisa, valer como ttulo constitutivo de hipoteca judiciria, cuja inscrio ser ordenada pelo juiz na forma prescrita na Lei de Registros Pblicos.

Pargrafo nico. A sentena condenatria produz a hipoteca judiciria:

I embora a condenao seja genrica;

II pendente arresto de bens do devedor;

III ainda quando o credor possa promover a execuo provisria da sentena.Art. 475Q. Quando a indenizao por ato ilcito incluir prestao de alimentos, o juiz, quanto a esta parte, poder ordenar ao devedor constituio de capital, cuja renda assegure o pagamento do valor mensal da penso.

2o O juiz poder substituir a constituio do capital pela incluso do beneficirio da prestao em folha de pagamento de entidade de direito pblico ou de empresa de direito privado de notria capacidade econmica, ou, a requerimento do devedor, por fiana bancria ou garantia real, em valor a ser arbitrado de imediato pelo juiz.III. LEGAL Art. 1.489 do CC.Ela possui o mesmo fundamento do penhor legal. Credores que o CC quer proteger de uma forma diferenciada, pela sua peculiar condio.

Art. 1.489. A lei confere hipoteca:

I s pessoas de direito pblico interno (art. 41) sobre os imveis pertencentes aos encarregados da cobrana, guarda ou administrao dos respectivos fundos e rendas;

Bens dos servidores pblicos do fisco. Como esses servidores pblicos podem causar prejuzo sobre o errio, o poder pblico j possui a hipoteca sobre esses bens.

II aos filhos, sobre os imveis do pai ou da me que passar a outras npcias, antes de fazer o inventrio do casal anterior;

Os bens dos pais de filhos menores que casam novamente sem realizar a partilha do leito anterior Smula 197 do STJ demonstra que possvel o divrcio sem realizar a partilha dos bens.

III ao ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os imveis do delinquente, para satisfao do dano causado pelo delito e pagamento das despesas judiciais;

Os bens dos criminosos para garantir indenizao da vtima de um crime ou dos seus descendentes. IV ao coerdeiro, para garantia do seu quinho ou torna da partilha, sobre o imvel adjudicado ao herdeiro reponente;

Os bens de um herdeiro que adjudicou um imvel indivisvel para garantir os interesses dos outros coerdeiros.

V ao credor sobre o imvel arrematado, para garantia do pagamento do restante do preo da arrematao.Os bens do arrematante em hasta pblica para garantir os interesses do credor exequente.Note que os credores no precisam fazer esforo para conseguir a constituio dessa hipoteca. Mas eles preciso tomar uma medida: um procedimento de jurisdio voluntria, chamado de especializao de hipoteca legal Art. 1.205 do CPC. Nesse procedimento o juiz apenas especificar sobre qual o bem incidir a garantia real. Esse procedimento no serve para discutir a constituio, mas apenas para saber sobre qual bem incidir a garantia.Captulo XI

Da Especializao da Hipoteca Legal

Art. 1.205. O pedido para especializao da hipoteca legal declarar a estimativa da responsabilidade e ser instrudo com a prova do domnio dos bens, livres de nus, dados em garantia.O art. 1.486 do CC permite que todas as espcies hipotecrias sejam cedulares uma hipoteca representada em um ttulo de crdito. A finalidade do CC foi dar a hipoteca uma finalidade prtica, um maior dinamismo econmico, facilitando a sua circulao (circulao de riquezas).

Art. 1.486. Podem o credor e o devedor, no ato constitutivo da hipoteca, autorizar a emisso da correspondente cdula hipotecria, na forma e para os fins previstos em lei especial.

Obs: essa possibilidade somente se abriu a todas as hipotecas aps o CC/02. Antes dele essa possibilidade s existia nos casos das hipotecas do SFH.

Ateno! O direito brasileiro admite a sub-hipoteca ou hipoteca de 2 grau que nada mais do que o real aproveitamento da coisa. Suponha que eu tenha um imvel que vale R$ 100 mil e vou garantir um dvida que vale R$ 50 mil. Este bem tem idoneidade para suportar outras hipotecas que garantam outras dvidas. Ento possvel constituir tantas hipotecas quantas forem as possibilidades de garantir as dvidas, englobadas pelo valor total do imvel. Ressalte-se que para se constituir essas outras hipotecas, de graus posteriores, no necessrio o consentimento do credor de grau antecedente, exatamente porque o valor do bem ser capaz de garantir todas as dvidas. Mas note que o credor de primeiro grau sempre ter preferncia no recebimento da garantia, caso esta falte.

O credor de segundo grau pode querer remir (pagar a garantia) a hipoteca de primeiro grau, para conquistar essa preferncia.

Tudo isso possvel por conta do real aproveitamento da coisa que permanece com o credor hipotecrio.

Obs: todo esse raciocnio se aplica ao penhor tambm.

PREEMPO ou USUCAPIO DA LIBERDADE Art. 1.485 do CC. o prazo limite de 30 anos para a existncia da hipoteca. Nesse prazo de 30 anos, importante notar que o que se extingue a garantia, no necessariamente a dvida, que poder permanecer como crdito quirografrio (dvida comum). Art. 1.485. Mediante simples averbao, requerida por ambas as partes, poder prorrogarse a hipoteca, at trinta anos da data do contrato. Desde que perfaa esse prazo, s poder subsistir o contrato de hipoteca reconstituindose por novo ttulo e novo registro; e, nesse caso, lhe ser mantida a precedncia, que ento lhe competir.3. ALIENAO FIDUCIRIA E GARANTIA

necessrio lembrar esta foi a primeira garantia real surgida no Direito. Ela se chamava fiducia cum creditore. Tecnicamente no h que se falar em alienao fiduciria apenas. Ns precisamos ir mais longe e falar em negcios fiducirios.

Existem vrios negcios fiducirios no direito brasileiro e a alienao fiduciria apenas um deles.

Alm da alienao fiduciria o CC fala em outro que o fideicomisso substituio do beneficirio de um testamento feito em favor de prole eventual (que tambm um negcio fiducirio).

Lembrando que prole eventual (nem mesmo concebido) diferente de nascituro (j concebido).Conceito de alienao fiduciria em garantia: o negcio jurdico baseado na confiana, regulamentando uma garantia para a aquisio de bens mveis ou imveis, atravs da transferncia da propriedade de um bem para o credor. Nunca podemos perder de vista que a alienao fiduciria tem a peculiaridade da oferta da propriedade da coisa em garantia. No penhor e na hipoteca o credor possui apenas o direito de excutir a coisa para garantir a obrigao. Repare que na alienao fiduciria, portanto, a garantia muito mais forte. Em virtude dessa excelente garantia, a alienao fiduciria um importante instrumento de circulao de riquezas, vez que sobre ela incidem juros muito menores (como decorrncia da boa garantia).Quanto ao tema, devemos observar a Sm. 28 do STJ

28. O contrato de alienao fiduciria em garantia pode ter por objeto bem que j integrava o patrimnio do devedor.NO necessrio que o bem ofertado em garantia seja exatamente o bem adquirido, sendo possvel dar em garantia um bem que j integrava o patrimnio do devedor. De qualquer maneira, em se tratando de bens imveis ou de automvel exige-se o registro no cartrio de imveis ou no Detran, respectivamente.Note tambm que esse registro condio eficacial para terceiros smulas 92 do STJ e 489 do STF.92. A terceiro de boa-f no oponvel a alienao fiduciria no anotada no Certificado de Registro do veculo automotor.489. A compra e venda de automvel no prevalece contra terceiros, de boa-f, se o contrato no foi transcrito no Registro de Ttulos e Documentos.Outro detalhe importante que esse contrato pode ser realizado entre pessoas fsicas, jurdicas e at mesmo entre entes despersonalizados, como, por exemplo, os grupos de consrcio.

A alienao fiduciria permite tanto a cesso de crdito quanto a cesso de dbito. Ou seja, tanto o credor quanto o devedor fiducirio podem ceder os seus direitos e obrigaes. Mas tem um detalhe: a cesso de crdito independe de anuncia do devedor, mas a cesso de dbito, por bvio, depende de prvio consentimento do credor fiducirio. Ateno! na alienao fiduciria em garantia vamos ter uma exceo a regra do pagamento feito por terceiro art. 304 do CC.

Art. 304. Qualquer interessado na extino da dvida pode pagala, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes exonerao do devedor.

Pargrafo nico. Igual direito cabe ao terceiro no interessado, se o fizer em nome e conta do devedor, salvo oposio deste.Ateno! na alienao fiduciria o pagamento feito por terceiro no interessado, gera sub-rogao, exatamente para facilitar a circulao de riquezas. Escapando a regra do art. 304 do CC.Lei 10.931/04 Lei do Mercado Imobilirio essa lei estabelece que a alienao fiduciria corresponde patrimnio de afetao. O bem fiducirio um patrimnio de afetao (afetado ao cumprimento do contrato) isso significa que o bem fiducirio no pode ser penhorado nem pelo credor do credor fiducirio nem pelo credor do devedor fiducirio. Note, no entanto, que o bem no pode ser penhorado, mas absolutamente possvel penhorar o crdito, sem penhorar o bem.Aspectos processuais da alienao fiduciria em garantia: DL 911/69 e Lei 9.514/98.

A tutela processual da alienao fiduciria reintegrao de posse (para os imveis) OU busca e apreenso (para os mveis).

Obs: Com toda razo o STJ vem entendendo que essa busca e apreenso no possui natureza cautelar e, portanto, dispensa a ao principal Resp. 577.693/MG.Tanto uma quanto a outra s podem ser propostas depois de constitudo o devedor em mora. Apesar de a mora se ex re (constituda automaticamente), exige-se como condio de procedibilidade dessas aes a prvia notificao (isso no significa dizer que essa mora virou ex persona). Smula 72 do STJ. 72. A comprovao da mora imprescindvel busca e apreenso do bem alienado fiduciariamente.CRISTIANO CHAVES critica muito a smula 245 do STJ, que se encontra em rota de coliso com a boa-f objetiva por no exigir a indicao do valor do dbito na notificao.Perdeu o objeto a smula 284 do STJ. A Lei 10.931/04 em seu art. 56 permite a purgao da mora independentemente do montante pago. E com a purgao da mora evita-se a reintegrao de posse ou a busca e apreenso.Ateno! Resp. 272.739/MG o STJ vai mandando aplicar nos contratos de alienao fiduciria a tese do SUBSTANCIAL PERFORMANCE ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL se a alienao fiduciria foi substancialmente cumprida, no se permite a reintegrao nem busca e apreenso, sendo cabvel somente a execuo da dvida.

Ateno! A smula vinculante 25 do STF, mandou aplicar na alienao fiduciria a impossibilidade de imposio de priso civil do devedor fiducirio como depositrio infiel.19