direito da criança e do adolescente

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Universidade Potiguar- UnP Curso de Ciências Contábeis DISCIPLINA: SOCIEDADE, DIREITO E CIDADANIA. DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 1- A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES No Brasil, além dos decretos que confirmam os documentos internacionais dos quais também faz parte, a Constituição Federal de 1988 tornou-se o marco determinante para a construção da verdadeira cidadania de todas as crianças e adolescentes, tendo em seu art. 227 a coroação dos direitos a eles destinados, colocados com clareza de redação em seu caput, como adiante transcrito: Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. A Constituição assegura: a) a garantia de todos os direitos próprios a condição peculiar de pessoas em desenvolvimento; b) a garantia de que tais direitos devem ser assegurados com absoluta prioridade, de maneira a afastar qualquer retardamento ou procrastinação no atendimento destinado a essa parcela de brasileiros. 2- UM NOVO OLHAR SOBRE O TEMA: A CRIAÇÃO DO ECA

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  • Universidade Potiguar- UnP

    Curso de Cincias Contbeis

    DISCIPLINA: SOCIEDADE, DIREITO E CIDADANIA.

    DIREITOS DA CRIANA E DO ADOLESCENTE

    1- A CONSTITUIO FEDERAL DE 1988 E A CONSTRUO DA CIDADANIA

    PARA CRIANAS E ADOLESCENTES

    No Brasil, alm dos decretos que confirmam os documentos internacionais

    dos quais tambm faz parte, a Constituio Federal de 1988 tornou-se o marco

    determinante para a construo da verdadeira cidadania de todas as crianas e

    adolescentes, tendo em seu art. 227 a coroao dos direitos a eles destinados,

    colocados com clareza de redao em seu caput, como adiante transcrito:

    Art. 227. dever da famlia, da sociedade e do Estado assegurar

    criana, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito vida,

    sade, alimentao, educao, ao lazer, profissionalizao, cultura,

    dignidade, ao respeito, liberdade e convivncia familiar e comunitria, alm de

    coloc-los a salvo de toda forma de negligncia, discriminao, explorao,

    violncia, crueldade e opresso.

    A Constituio assegura: a) a garantia de todos os direitos prprios a

    condio peculiar de pessoas em desenvolvimento;

    b) a garantia de que tais direitos devem ser assegurados com absoluta

    prioridade, de maneira a afastar qualquer retardamento ou procrastinao no

    atendimento destinado a essa parcela de brasileiros.

    2- UM NOVO OLHAR SOBRE O TEMA: A CRIAO DO ECA

  • Materializando o contedo da norma constitucional pertinente a infncia e a

    adolescncia, surgiu a Lei n 8.069/90 Estatuto da Criana e do Adolescente,

    um dos mais legtimos instrumentos da democracia participativa, porque foi uma

    conquista do povo brasileiro atravs de diversas entidades representativas da

    sociedade civil organizada.

    O Estatuto da Criana e do Adolescente adotou uma nova viso da

    proteo integral com absoluta prioridade, apontando para uma imprescindvel

    reformulao de conceitos e valores a serem adotados, como vetores capazes de

    garantir o desenvolvimento psicossocial saudvel e pleno de todas as crianas e

    adolescentes.

    O objetivo do estatuto da Criana e do Adolescente garantir proteo

    integral, a partir de um novo tratamento, em que so respeitadas as diferenas e

    a garantia a universalizao dos direitos ali determinados.

    O ECA estabelece que:

    a) Todas as crianas e adolescentes recebero atendimento

    individualizado quando necessitarem, sendo-lhes aplicadas medidas

    protetivas ou scio-educativas de acordo com suas carncias, depois

    de avaliada a situao psicolgica e o contexto social e familiar de

    cada um.

    b) Prev o reordenamento das instituies responsveis pela execuo

    das medidas aplicadas, bem como a municipalizao do atendimento.

    c) Determina a criao de organismos capazes de efetivar o novo modelo

    proposto Dos Conselhos Tutelares.

    3- A DEFINIO DE CRIANA E ADOLESCENTE

    Conforme o artigo 2 considera-se criana a pessoa de at 12 anos incompletos e

    adolescentes de 12 e 18 anos. Trata-se de critrio etrio/biolgico.

    Excepcionalmente o maior de 18 e menor de 21 anos podero ser considerados.

    Mesmo que o sujeito tenha sido emancipado, o ECA continuar valendo. A

    exemplo de menor emancipada que queira posar nua em uma revista masculina.

  • Diz que estas pessoas so inimputveis, o que no significa irresponsveis.

    Imputabilidade uma terminologia prpria do Direito Penal que quer dizer que

    so passveis de punio aquelas pessoas com idade a partir de dezoito anos

    que cometem atos tipificados em lei como crime ou contraveno.

    Portanto, dezoito anos a idade onde tem inicio a maioridade penal.

    No se pode confundir inimputabilidade penal com irresponsabilidade dos

    adolescentes, vistos que a estes so aplicadas medidas scio-educativas

    sempre que venham a cometer atos tipificados em lei como crime ou

    contraveno.

    Logo, ao contrrio do que muitos pensam, os adolescentes so sim

    responsabilizados pelos atos ilcitos que praticam, sendo-lhes aplicados medidas

    que tem natureza de sano com carter retributivo (sano aplicada em

    retribuio a uma conduta ilcita) e pedaggico (scio-educativa com o fim

    ressocializante.

    4- MEDIDA SOCIOEDUCATIVA:

    A medida socioeducativa s aplicvel ao adolescente. E se a criana cometer um

    ato infracional? Como regra geral, aplica-se uma medida de proteo.

    As medidas socioeducativas esto elencadas no artigo 112 do ECA:

    1. advertncia;

    2.obrigao de reparar o dano;

    3. prestao de servios comunidade;

    4. liberdade assistida;

    5. insero em regime de semi-liberdade;

  • 6. internao em estabelecimento educacional;

    7. qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.

    Apenas o juiz pode aplicar medida socioeducativa. Ele deve analisar no caso

    concreto as circunstncias do caso, familiar, a idade do infrator, entre outros

    (autoria do fato e materialidade). Existe uma gradao de medida.

    Podem ser aplicadas conjunta ou separadamente. Exemplo: liberdade assistida

    com reparao de danos. Tambm pode ser aplicadas juntamente com medidas

    de proteo.

    4.1- APURAO DE ATO INFRACIONAL:

    i) regulamentada pelo ECA (artigo 171 e seguintes);

    ii) aplica-se subsidiariamente o CPP e o CPC (no que se refere aos recursos, por

    exemplo);

    Havendo representao, antes da produo de provas, o juiz pode determinar a

    internao provisria, o que deve ocorrer em entidade de atendimento

    especializada em internao provisria (45 dias).

    A competncia da vara da infncia e juventude em no da vara criminal.

    Poder Judicirio:

    O acesso justia uma garantia delineada no artigo 141 do ECA:

    Art. 141. garantido o acesso de toda criana ou adolescente Defensoria

    Pblica, ao Ministrio Pblico e ao Poder Judicirio, por qualquer de seus rgos.

    1. A assistncia judiciria gratuita ser prestada aos que dela

    necessitarem, atravs de defensor pblico ou advogado nomeado.

  • 2 As aes judiciais da competncia da Justia da Infncia e da Juventude so

    isentas de custas e emolumentos, ressalvada a hiptese de litigncia de m-

    f.

    Interveno precoce: se for demorar para chegar autoridade correta, pode-se

    invocar esse princpio para outra autoridade decidir.

    A Lei 12010 foi invocada nos casos da pulseira do sexo. O juiz que proibiu a

    venda dessas pulseiras invocou o princpio da interveno precoce.

    5- MEDIDAS DE PROTEO:

    Ocorrem sempre que a criana ou o adolescente estiverem em situao de risco, a

    qual est prevista no artigo 98 e desloca a competncia para a vara da infncia e

    juventude.

    Importante notar que podem ser aplicadas em conjunto e no apenas isoladamente.

    Durante a medida de proteo, o menor deve ter contato com a famlia.

    Princpios que regem a aplicao da medida de proteo: Foram includos pela

    Lei 12010.

    i) toda aplicao de medida de proteo precisa ter em mente a condio do menor

    como sujeito de direitos;

    ii) princpio da proteo integral e prioritria;

    iii) princpio da responsabilidade primria e solidria do Poder Pblico;

    iv) princpio do melhor interesse da criana e do adolescente;

    v) princpio da privacidade;

    vi) princpio da interveno precoce;

  • vii) princpio da interveno mnima;

    viii) princpio da proporcionalidade e razoabilidade;

    ix) princpio da responsabilidade parental;

    x) princpio da prevalncia da famlia;

    xi) princpio do direito informao;

    xii) oitiva do menor;

    As medidas de proteo esto elencadas no artigo 101 do ECA:

    Medidas que o Conselho Tutelar pode aplicar sem interveno judicial:

    1 - encaminhamento aos pais ou responsvel, mediante termo de responsabilidade;

    2 - orientao, apoio e acompanhamento temporrios;

    3 - matrcula e frequncia obrigatrias em estabelecimento oficial de ensino

    fundamental;

    4 - incluso em programa comunitrio ou oficial de auxlio famlia, criana e ao

    adolescente;

    5 - requisio de tratamento mdico, psicolgico ou psiquitrico, em regime

    hospitalar ou ambulatorial;

    6 - incluso em programa oficial ou comunitrio de auxlio, orientao e tratamento

    a alcolatras e toxicmanos;

    Medidas que s o Juiz pode aplicar:

    7 - acolhimento institucional;

  • **no passado era chamado de abrigo e orfanato.

    8 - incluso em programa de acolhimento familiar;

    9 - colocao em famlia substituta.

    6. CONSELHO TUTELAR:

    Trata-se de uma forma de participao da sociedade nos direitos da criana e do

    adolescente.

    um rgo permanente e autnomo, desvinculado do Poder Judicirio.

    Em cada municpio deve haver, no mnimo, 1 Conselho Tutelar, composto por 5

    membros.

    O Conselho Tutelar tem papel fundamental e imprescindvel na concretizao dos

    direitos e garantias destinados a infncia e a juventude, necessitando de condies

    adequadas para seu funcionamento, sob pena de prejuzo para toda a comunidade, j

    que o no atendimento ao seguimento infanto- juvenil perpetua e agrava seus

    problemas, ultrapassando os limites intramuros familiar, interferindo na dinmica de

    desenvolvimento do individuo e na harmonia da convivncia comunitria.

    As atribuies do Conselho Tutelar esto previstas no artigo 136 do ECA.

    7- PAPEL DO MINISTERIO PUBLICO

    Ao Ministrio Pblico cabe zelar pela garantia e respeito a todos os direitos afetos a

    criana e adolescentes, propondo, para tanto, as medidas judiciais e extrajudiciais

    cabveis, alm de sua atividade fiscalizatria extraprocessual.

    8- PAPEL DO ADVOGADO

    O advogado, tambm, retoma seu fundamental papel na estrutura da Justia Infanto-

    Juvenil, sendo necessria sua presena na defesa das crianas e dos adolescentes,

  • especialmente junto aos que respondem pela autoria de atos infracionais, j que esses

    tem direito a defesa- garantia constitucional que se estende a todos os cidados. No

    podendo contratar advogado, por impossibilidade pagar honorrios, ser nomeado

    defensor dativo, da a importncia de implementao das Defensorias Pblicas.

    DISCURSSO EM SALA DE AULA

    VOCS SO A FAVOR DA REDUO DA MAIORIDADE PENAL?

    POSIO CONTRARIA: O aumento das penas e a reduo da maioridade penal no

    so, sequer de longe, soluo para os problemas sociais vivenciados. O modelo

    prisional brasileiro, na prtica, funciona como armazns de pessoas amontoadas em

    cubculos, despidas no mnimo de dignidade, sem qualquer proposta de recuperao,

    em que alguns poucos comandam, de dentro, o crime que continua devorando a

    sociedade, com o auxilio da corrupo que contamina todo o sistema.

    A reduo da maioridade penal servir, exclusivamente, para aumentar o numero de

    reclusos, a violncia e a morte nos presdios. No h chance de reduo no ndice de

    criminalidade com medidas tais.

    Filme "Anjos do Sol" e ECA

    Durante todo o filme o Estatuto da Criana e do Adolescente infrigido;

    Art.7- A Criana e o adolescente tem direito a proteo vida e a sade, mediante a

    efetivao de polticas sociais pblicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento

    sadio e harmonioso, em condies dignas de existncias.

    Durante o filme as menores foram submetidas a falta de sade, quando umas das

    meninas ficou doente, adquiriu doena sexualmente transmissvel, foi lhe tirado a prpria

    vida para no ser oferecido tratamento mdico.

    Tambm foi tirado a vida de Ins quando a mesma relutou em seguir as ordens que

    foram impostas por saraiva, que tirou a liberdade de Ins e de vrias outras meninas e

    ainda intutulou-se 'padrinho' delas.

    Art. 15- A criana e o adolescente tem direito liberdade, ao respeito e dignidade

    como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitas de direitos

    civis, humanos e sociais garantidos na Constituio e nas leis.

  • Durante todo o filme a liberdade das meninas foi tirada, tanto que se fugissem seriam

    castigadas ou at mortas.

    ECA E O FILME PROVA DE AMOR

    A prpria Declarao Universal dos Direitos Humanos, assinada em 10 de dezembro de 1948, por

    aprovao unnime de 48 Estados, acrescenta, no seu prembulo, que a criana, por sua falta de

    maturidade fsica e mental, necessita de cuidados e proteo especiais, antes e depois do nascimento.

    Sabemos que nem todas as crianas nascem em lares felizes. H crianas pobres, crianas que fazem

    parte de uma minoria tnica, crianas negras, crianas, deficientes, aidticas, portadoras de cncer e

    outras. O que termos certeza que todas so sujeito de direitos.

    O firme Prova de Amor retrata o drama de uma famlia que tem uma criana com leucemia um dos tipos

    de cncer existente, como todo tipo de doena afeta a famlia na sua totalidade, e no firme isto ficou

    claro tanto o envolvimento de toda a famlia, mais em especial da me no sentido de salvar a Keit a

    criana doente que morreu j adolescente.

    Ao conceber a outra criana chamada Ana, a me s pensava em salvar a filha doente e em nenhum

    momento se preocupou que ao seu lado tinha tambm uma criana um ser em formao, uma argila

    moldvel, tudo deixa marcas em seu psiquismo; visto que a infncia chave necessria para a

    compreenso dos perodos subseqentes. E deste que a Ana nasceu ela se tornou um objeto da famlia

    para a cura da leucemia da Keit sua irm. A ela no foi respeitado o direito de ser criana e nem a

    preservao dos seus rgos foi respeitado, e como o Estatuto da Criana e do Adolescente ECA diz que

    a criana tem a capacidade em opinar sobre matrias que lhes dizem respeito; e no art. 5 que nem uma

    criana ou adolescente ser objeto de qualquer forma de negligencia, discriminao, explorao,violncia,

    crueldade e opresso. Como tambm o art.7 determina a proteo a vida e a sade, por tanto a historia

    do firme se relacionam com o ECA nas questes de proteo e garantia de direitos.

    O que ficou claro tambm foi a violncia psicolgica visto que todos os procedimentos executado em Ana

    Art.53- A criana e o adolescente tm direito educao, visando o pleno

    desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exerccio da cidadania e qualificao

    para o trabalho.

    Saraiva no deixava que as meninas estudassem, dizendo ainda que no gostava de

    'putas alfabetizadas'; esses foram apenas exemplos de trs artigos infringidos, existem

    muitos outros durante o filme.