direito civil iv - exercícios completo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE DIREITO DISCIPLINA: DIREITO CIVIL IV 6º PERÍODO – 2011/01 EXERCÍCIOS COMPRA E VENDA 1) Leia e responda as questões abaixo: José, casado pelo regime da separação absoluta de bens com Matilde, resolveu vender a seu filho, Caio, um terreno de sua propriedade situado em um loteamento no Morro do Imperador, na cidade de Juiz de Fora. Matilde e o outro filho de José, Tício, estavam viajando. Apressado para consumar logo a venda, pois estava precisando do valor, José então compareceu ao Cartório de Notas e providenciou a outorga da escritura de compra e venda para Caio, acreditando que Matilde e Tício estariam de acordo. A referida escritura foi levada ao registro imobiliário. Ao tomarem conhecimento da venda poucos dias depois, Matilde e Tício sentiram-se prejudicados, pois o referido imóvel representava mais da metade do patrimônio de José e o valor cobrado pela venda foi muito baixo. Ambos resolveram, por conseguinte, procurar um advogado. Pergunta-se: 1.1) No lugar do advogado, que medida você lhes sugeriria tomar, por quem, contra quem e em que prazo? 1.2) Diferencie, sob o prisma da validade negocial, a compra e venda da doação de ascendente a descendente, bem como a compra e venda em geral da compra e venda entre ascendente e descendente, apresentando as orientações jurisprudenciais a respeito. 2) Explique a distinção entre o contrato comutativo de venda de coisa futura e os contratos de compra e venda aleatórios, apresentando os efeitos decorrentes de cada uma das respectivas espécies. 3) Caio celebrou com Manoel um contrato de compra e venda tendo por objeto o mesmo imóvel, pelo preço de R$ 200,00 por metro quadrado, sendo as respectivas medidas e confrontações minuciosamente discriminadas no respectivo

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Page 1: DIREITO CIVIL IV - exercícios completo

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORAFACULDADE DE DIREITO

DISCIPLINA: DIREITO CIVIL IV6º PERÍODO – 2011/01

EXERCÍCIOS

COMPRA E VENDA

1) Leia e responda as questões abaixo: José, casado pelo regime da separação absoluta de bens com Matilde, resolveu vender a seu filho, Caio, um terreno de sua propriedade situado em um loteamento no Morro do Imperador, na cidade de Juiz de Fora. Matilde e o outro filho de José, Tício, estavam viajando. Apressado para consumar logo a venda, pois estava precisando do valor, José então compareceu ao Cartório de Notas e providenciou a outorga da escritura de compra e venda para Caio, acreditando que Matilde e Tício estariam de acordo. A referida escritura foi levada ao registro imobiliário. Ao tomarem conhecimento da venda poucos dias depois, Matilde e Tício sentiram-se prejudicados, pois o referido imóvel representava mais da metade do patrimônio de José e o valor cobrado pela venda foi muito baixo. Ambos resolveram, por conseguinte, procurar um advogado. Pergunta-se:1.1) No lugar do advogado, que medida você lhes sugeriria tomar, por quem, contra quem e em que prazo? 1.2) Diferencie, sob o prisma da validade negocial, a compra e venda da doação de ascendente a descendente, bem como a compra e venda em geral da compra e venda entre ascendente e descendente, apresentando as orientações jurisprudenciais a respeito.

2) Explique a distinção entre o contrato comutativo de venda de coisa futura e os contratos de compra e venda aleatórios, apresentando os efeitos decorrentes de cada uma das respectivas espécies.

3) Caio celebrou com Manoel um contrato de compra e venda tendo por objeto o mesmo imóvel, pelo preço de R$ 200,00 por metro quadrado, sendo as respectivas medidas e confrontações minuciosamente discriminadas no respectivo instrumento particular. Após ter pago o preço, Manoel constatou que o imóvel tinha medida significativamente menor do que a informada no contrato de compra e venda, o que o impediria de construir a casa já projetada por seu arquiteto. Pergunta-se: 3.1) Diante dessa circunstância, poderia ele anular a venda? Responda indicando as soluções legais cabíveis.3.2) Tendo em vista que Caio ainda não havia outorgado a escritura definitiva, poderia Manoel arrepender-se do contrato ou, para livrar-se do problema, vender o imóvel a terceiro?

4) Leia e responda as questões abaixo: Caio celebrou com Tício uma “Compromisso de Compra e Venda” por força do qual o primeiro comprometeu-se a vender e o segundo a comprar um apartamento, mediante o pagamento em prestações. O referido contrato, inarrependível, foi registrado no Cartório de Registro de Imóveis. Após o pagamento da integralidade das prestações, Tício solicitou a Caio que lhe fosse outorgada a escritura de compra e venda definitiva do imóvel, o que Caio, injustificadamente, recusou-se a fazer. Posteriormente, Tício apurou

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que Caio havia se comprometido a vender o mesmo bem a Névio, sendo certo que este segundo compromisso não fora registrado. Pergunta-se: 4.1) Que medida Tício poderia tomar e contra quem? Fundamente. 4.2) Caso o compromisso de compra e venda celebrado entre Caio e Tício não tivesse

sido levado ao registro imobiliário, que medida Tício poderia tomar se: a) o compromisso de compra e venda celebrado entre Caio e Névio tivesse sido registrado; b) Caio não tivesse se comprometido a vender o bem a Névio posteriormente?

5) Manoel firmou com Joaquim um “Compromisso de Compra e Venda” por força do qual o primeiro comprometeu-se a vender e o segundo a comprar um lote de terreno, mediante o pagamento em prestações. Apesar de inarrependível, o referido contrato, devido ao esquecimento de Joaquim, não foi registrado no Cartório Imobiliário. Após o pagamento de metade das prestações, Joaquim tornou-se inadimplente, deixando de quitar as parcelas vincendas. Preocupado com uma possível insolvência de Joaquim, Manoel houve por bem firmar novo compromisso de compra e venda com Maria, também irretratável, o qual foi levado a registro por esta última. Pergunta-se: 5.1) Teria Manoel alguma medida a tomar contra Joaquim antes de firmar o segundo compromisso de compra e venda com Maria? Fundamente. 5.2) Quem juridicamente tem direito a ficar com o imóvel? Explique e fundamente.

6) Caio e Tício celebraram um compromisso de permuta por instrumento particular, por meio do qual o primeiro entregaria ao segundo seu automóvel Pagero importado e receberia em troca um apartamento quarto e sala situado em Juiz de Fora, de valor compatível com o do veículo. O automóvel encontrava-se no Rio de Janeiro, domicílio de Caio, razão pela qual Tício solicitou que o bem lhe fosse entregue em Juiz de Fora. Ficou ajustado que a escritura pública seria firmada tão-logo Tício recebesse o automóvel. Ocorre que, ao passar pela Serra de Petrópolis, o Pagero, então conduzido por motorista contratado por Caio, foi subitamente fechado por outro automóvel e roubado por um grupo de assaltantes armados. Após a notícia, Tício houve por bem recusar-se a firmar a escritura definitiva, apesar de o contrato de permuta nada estabelecer sobre a possibilidade de arrependimento. Pegunta-se: qual a solução jurídica cabível e em favor de quem?

DOAÇÃO

7) Leia atentamente e responda:José da Silva, a fim de externar sua amizade pelo vizinho Claudofonso, resolve doar a este último o seu automóvel. Entretanto, considerando que José da Silva não pagou o IPVA incidente sobre o veículo nos últimos cinco anos, ficou convencionado na escritura de doação que Claudofonso assumiria o encargo de quitar integralmente o débito tributário, correspondente a aproximadamente um quinto do valor do bem. Decorridos dez dias da entrega do automóvel, tendo Claudofonso cumprido o encargo, constatou-se que o veículo apresentava um vício em seu motor, já existente à época da tradição, embora não perceptível aparentemente. José da Silva não tinha conhecimento do vício, já que pouco utilizava o veículo, e também não assumiu expressamente, no ato da doação, a responsabilidade por vícios ocultos. Pergunta-se:7.1. Poderia Claudofonso se valer da garantia legal dos vícios redibitórios? Fundamente a sua resposta.

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7.2. Desconsiderando-se o problema do vício oculto, qual seriam as conseqüências jurídicas do descumprimento do encargo por Claudofonso? Poderia José da Silva pleitear a resolução em perdas e danos? Fundamente a sua resposta.

8) O contrato preliminar de doação é admitido em nosso ordenamento? Responda fundamentadamente, enfrentando o problema da causa do contrato.

9) Tício, proprietário, entre outros bens, de um valioso apartamento no centro da cidade, resolveu doá-lo a Névio, seu filho mais velho. Para concretizar sua intenção, Tício lavrou uma escritura pública de doação, sem o conhecimento de sua esposa e de seus demais filhos, transferindo o imóvel para Névio, que ficou com o encargo de efetuar a respectiva mobília. Passado algum tempo, Névio, com sérias dificuldades financeiras, não conseguiu mobiliar o imóvel e resolveu vendê-lo a um terceiro. Pergunta-se: 9.1. Ao tomar ciência da doação efetuada sem o seu consentimento, a esposa de Tício e os seus demais filhos poderiam anulá-la? 9.2. Chegando ao seu conhecimento o fato de que Névio não cumpriu o encargo, poderia Tício revogar a doação e reaver do terceiro a coisa vendida?

10) Diferencie, quanto aos seus principais efeitos, as causas de revogação da doação. 11) Caio, famoso jogador de futebol e proprietário de um amplo terreno localizado no centro da cidade, houve por bem doá-lo a uma instituição beneficente, desde que esta construísse no imóvel uma quadra esportiva destinada às crianças carentes assistidas pela referida entidade. Para formalizar a sua intenção, Caio compareceu em reunião designada na sede da fundação donatária e, na presença de todos os dirigentes e voluntários da casa, proclamou, oral e publicamente, a transferência do imóvel. Ocorre que, passados aproximadamente dois anos, Caio verificou que a instituição donatária não havia cumprido o encargo, por absoluta falta de recursos. Desapontado, Caio ajuizou imediatamente uma ação revocatória, pleiteando ainda perdas e danos. Pergunta-se: deverá o juiz julgar procedente o pedido? Responda fundamentadamente.

12) Afrânio, casado pelo regime da separação absoluta obrigatória de bens com Matilde, contente com a notícia de que teria um neto, filho de seu descendente mais velho, decidiu, a fim de regularizar sua futura herança, doar ao nascituro o seu patrimônio, consistente em bens imóveis comuns adquiridos juntamente com Matilde. Como advogado de Afrânio, o que você lhe recomendaria quanto à forma do negócio, ao consentimento de possíveis interessados, à aceitação do donatário e ao objeto da doação, a fim de que esta não configure ato anulável ou nulo?

RESPOSTAS EXERCÍCIO DE CIVIL VI

QUESTÃO 1

a) Primeiramente antes de solucionar a questão ,temos que saber os regimes de bens, atualmente em vigora no Brasil que é antecipadamente determinado por lei para vigorar

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durante o casamento, mesmo os habilitantes não se manifestando nesse sentido, é o da comunhão parcial de bens.E atualmente o parágrafo 2° do artigo 1.639 do Código Civil prevê que é admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.Os regimes de bens,que estão previstos no Código Civil são:a) o da comunhão parcial de bens (comunicam-se os bens adquiridos depois do casamento, com exceção de herança e da doação (salvo se esta for feita a ambos os cônjuges). São incomunicáveis os bens que cada um possuir antes de casar);b) o da comunhão universal de bens (arts. 1667 a 1671; comunicam-se todos os bens, presentes e futuros. Será necessário o consentimento de ambos os cônjuges para alienação dos bens comuns. É necessário fazer escritura de pacto antenupcial.);c) regime de participação final nos aqüestos,( É necessário fazer escritura de pacto antenupcial. Neste regime, comunicam-se os bens adquiridos depois do casamento, com exceção de herança e doação (salvo se esta for feita a ambos os cônjuges). São incomunicáveis os bens que cada um possuir ao casar, bem como os de uso pessoal, livros e instrumentos da profissão. A administração do bem é exclusiva daquele que tiver sua titularidade, podendo inclusive aliená-lo sem consentimento do outro cônjuge.)d) o da separação de bens(O Código Civil prevê duas modalidades, a convencional e a obrigatória. Em ambas, cada cônjuge cuida de seus próprios bens, que não são colocados em comum.Convencional ou Absoluta: Nessa modalidade, os noivos fazem um pacto que define quais bens serão colocados em unidade e quais serão incomunicáveis. Refere aos bens anteriores ao casamento, os presentes e futuros, bem como os seus frutos e rendimentos. art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:". Obrigatório: Caso um dos noivos tenha mais de 70 anos, é obrigatório a adoção desse regime. Existem outros casos previstos em lei que tornam obrigatório o casamento por separação de bens.O art. 1.641,CC/02, trata do regime obrigatório. Não é necessário o pacto antenupcial por se tratar de regime imposto pela lei.)

Depois de saber dos regimes poderíamos, aconselhar a Matilde de duas formas, se for regime de separação de bens obrigatório ela não poderia entrar com a ação,pois o Código Civil prevê que neste caso ,Matilde não pode requerer sobre os bens do marido,porém se for regime separação de bens convencional(voluntaria)ela poderia entrar com ação de anulação da venda junto com seu filho Ticio contra o seu marido e seu outro filho Caio.Caso fosse o primeira situação,Ticio entrar com um pedido de anulação da venda feita pelo seu pai ao seu irmão,pois perante o art.496 a venda poderá se subordinada a validade à anuência dos demais descendentes. Como o valor da venda do imóvel foi menor que o valor real do bem isso, pode configurar fraude,lesando os demais descendentes,além do imóvel citado representar mais de 50% do patrimônio real de José,sendo que o art. 549 impede que o doador desfaça mais da metade do seus bens se tiver herdeiros necessários ,e /ou se tiver descendentes e ascendentes,por isso Tício pode entrar com a impugnação ao excesso da doação.Não .dentro de um prazo decadencial de 2 anos(art.179/CC).b)a diferença existente entre a compra e venda da doação de ascendente e descendente e a compra e venda em geral é que a primeira existe diversas restrições ,como observar anuência dos demais descendentes e o cônjuge(não é obrigatório),deste que não se trate de regime de separação de bens;o doador não pode doar mais que a metade de seus bens,pois a parte excedente será nula;e se a doação ocorrer de fato este bens será considerado como parte legitima de sua herança. Já os contratos de compra e venda em geral precisa ter três elementos a coisa ,o preço e o consentimento;não tem limitação em relação a terceiros,observar os preço para não gerar simulação,isto é,vende num preço

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menor para que este possa depois revender o bens para um filho ou afins do vendedor(doação indevida) QUESTÃO 2

A diferença entre contratos comutativos de venda de coisa futura (art.483,2ºparte. Ex. frutas de uma colheita futura) e os contratos de compra e venda aleatórios e que o primeiro,contratos comutativos, a extensão das prestações é conhecida desde a formação do contrato,é certa,determinada e definitiva, apresenta relativa equivalência de valores e não são suscetíveis de variação durante o implemento do contrato;portanto,o contrato comutativo é oneroso e bilateral pois para cada prestação existe uma contraprestação.A coisa deve ser existente no momento de sua formação sob pena de nulidade Já nos contratos aleatórios(artigos 458 a 461 do CC) são contratos onerosos, que têm na sua essência a incerteza (álea) sobre as vantagens e prejuízos, a extensão das prestações é indeterminada, pois ela fica condicionada a um evento causal, incerto e futuro, sem o qual as prestações jamais serão exigíveis.

Os vícios redibitórios só existem para os contratos comutativos (art. 441). Nos contratos aleatórios não existe ação redibitória..A rescisão por lesão só cabe nos contratos comutativos. Nos contratos aleatórios não. A lesão pode ser interpretada como a exploração da situação econômica, jurídica ou moral de uma das partes, que por isso recebe contraprestações desproporcionais à que efetuou. Nesses casos, o contrato será anulável (CC, 157, 171, II) por ser uma lesão especial.

QUESTÃO 3a)Manoel realizou o contrato de compra e venda com termo ad mensuram ,isto é por medida de extensão,onde a medida exata é decisiva para a aquisição da coisa pelo preço, por isso terá o direito de exigir o seu complemento não sendo possível,poderá postular a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço.Isto esta previsto no art.500/CC,num prazo de um ano;porem este contrato não tem validade pois possui um vicio e não passível de anulação. b)não se trata do direito de arrependimento,pois é um contrato de imóvel com característica de ser irretratável,ele poderá pedir sim o cumprimento da clausula ad mensuram,se isto não for possível poderá rescindir do contrato,já sobre a venda não é possível pois ele não possui o aquisição real sobre o imóvel ,porque ainda não foi lavrado a escritura definitiva,por tanto não pode vender a terceiros só ceder os direitos a outrem.QUESTÃO 4a)na presente questão, Ticio poderia pedir aquisição real do imóvel com base no art 1418,onde é garantido exigir do promitente vendedor , a outorga da escritura definitiva de compra e venda;e no caso se houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel.esta ação teria que ser movida contra Caio.b)caso o registro de compra e venda tivesse sido registrado por Nevio ,Ticio não poderia entrar com ação adjudicação,mas caberia entrar com ação contra Caio pedindo perdas e danos.C)não sei...............QUESTÃO 5A)

QUESTÃO 6

No caso da questão há um contrato preliminar entre Caio e Tício. De acordo com o art. 493, a tradição se dá no lugar onde a coisa se encontra. Poderia se dizer, então, que

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houve a tradição ficta, já que o antigo proprietário do Pajero contratou motorista para entregá-lo em JF a pedido de Tício. O roubo do Pajero foi um caso fortuito,fugindo da previsibilidade de ambos contratantes. De acordo com os dizeres do art 494, se a pedido do comprador a coisa for expedida para lugar diverso de onde ocorreu a tradição, fica com o comprador os riscos desse transporte, salvo se o transportador não seguir as instruções do contratante, o que não parece ser o caso. sendo assim, Tício não poderia voltar atrás no seu compromisso pelo motivo do roubo, e diante do fato de não haver clausula de arrependimento. (mesmo assim esta só teria efeito antes do começo da execução do contrato) Caio deve impetrar ação de adjudicação compulsória para obter o cumprimento forçado do contrato preliminar, fazendo com que Tício firme a escritura definitiva para a transferência da propriedade do imóvel.

QESTÃO 7a) Claudofonso poderia, pois os contratos com objeto de vício redibitório são os comutativos e os de doação com encargo (doações em que o beneficiário, para receber o bem doado, assume algum ônus). (CC, art. 1107). Por isso, se Jose não conhecia o vicio existente antes da tradição (art. 444 CC), pode claudofonso pedir uma ação estimatória (também chamada de quanti minoris) –visa conservar a coisa, reclamando o abatimento proporcional do preço em que o defeito a depreciou,como neste caso houve pagamento de um tributo(IPVA) deste pedir o abatimento ,deveria pedir a restituição da preço pago.b)As conseqüências jurídicas do descumprimento do encargo por Claudofonso seria o que prevê o art. 562, CC se refere às doações com encargos (onerosa, modal ou gravada) e diz que caso o encargo não seja cumprido, o contrato poderá ser revogado, inclusive com restituição da coisa doada,pois se o doador estipulou prazo para o cumprimento, e este expirou, o donatário incorreu em mora, ensejando uma possível rescisão do contrato. Se não foi estipulado prazo, o beneficiário será notificado judicialmente, e partir daí será dado prazo adequado a cumprimento da condição imposta. Não cumprindo, estará incorrendo em mora. Ressalta-se que esse prazo dever ser razoável, para que o beneficiário não alegue, na contestação, que a ação de revogação não procede, pois não teria incorrido em mora.Já sobre José da Silva poderia pleitear a resolução em perdas e danos,segundo Clovis Bevilaqua “a mora no cumprimento do encargo autoriza o doador a reclamar a restituição do bem doado,mas não responsabiliza o donatario por perdas e danos,porque o encargo não é um correspectivo da liberalidade ;é apenas um acessório, que a modifica.A natureza do contrato explica esta diferença entre a doação sub modo e os outros onerosos”

QUESTÃO 8

O direito brasileiro considera a promessa de doação é inexigível,pois a impossibilidade de se harmonizar a exigibilidade contratual e a espontaneidade, característica do animus donandi. Admitir a promessa de doação equivale a concluir pela possibilidade de uma doação coativa, incompatível, por definição, com um ato de liberalidade Portanto, é juridicamente impossível um pedido de cumprimento de promessa de doação ou mesmo de sua resolução em perdas e danos,deste que seja de promessa de doação pura é o que o Superior Tribunal de Justiça.Porém existem outras três correntes. A primeira diz que seria obrigatório segundo Caio Mário da Silva Pereira possível a promessa de doação com encargo já cumprido e o Superior Tribunal de Justiça que aceita a promessa de doação apenas em casos específicos, como na situação de separação dos cônjuges, em que se tem como válida a promessa de doação em favor da prole;a segunda corrente é obrigatório com ou sem

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encargo Sendo a doação pura e simples,pois o máximo que se poderia exigir do doador, e, assim mesmo, caso sua promessa venha a criar expectativa no donatário, causando a revogação prejuízos, seria a reparação dos danos ocorridos ,isto é, apenas o direito a perdas e danos pois é essencial “do animus donandi”e por ultimo a existe uma corrente que acretida que é sim possível a promessa de doação com ou sem encargos ,inclusive admitindo a execução forçada dessa promessa,pois a doação também é uma forma de contrato devendo então obedecer as clausulas de contrato de promessa.

QUESTÃO 9a)poderar ser nulo o contrato se for comprovado que a doação é superior a 30 salarios mínimos perante os termos do art.108/CCb) Apesar da doação ocorreu em mora,pois não foi cumprido o acordo entre as partes,não pode exigir que a restituição do bem,primeiro não houve prazo para cumprimento do encargo e segundo, quem seria o beneficiário do encargo é o próprio donatário. Por isso,ao se tratar de direitos de terceiros na revogação, cumpre ressaltar que se o bem doado vier a ser vendido pelo donatário a um terceiro de boa-fé, e se o doador vier a propor ação de revogação da doação contra o donatário, sendo procedente a revogação, terá o donatário a obrigação de restituir o equivalente em dinheiro ao doador em ressarcimento de danos, já que o comprador de boa-fé não será atingido pela revogação. O donatário, por seu turno, não responderá pelos frutos percebidos da coisa antes da citação, mas sim, somente pelos posteriores, conforme estabelece a lei civil:

QUESTÃO 10Os efeitos da revogação podem ser ex nunc ou ex tunc. Assim, segundo preleciona PONTES DE MIRANDA, quem “revoga podêres outorgados que já foram em parte exercidos sòmente revoga ex nunc” (sic)[23]. Já na doação, a revogação com relação à propriedade do bem doado é ex tunc, e ex nunc com relação ao uso dele[24], pois não há como, fisicamente, o donatário devolver o uso que fez da coisa.feitos da revogação

A revogação dum contrato assemelha-se à sua resolução, mas não se identifica com ela, por virtude da eficácia retroactiva de que goza, em princípio, a resolução. É por vezes difícil fixar os limites divisórios dos dois fenómenos, porque, em qualquer dos casos, a ideia geral que domina a sua eficácia é a da eliminação do contrato. Simplesmente, aqui não pareceu correcto falar de resolução, com aplicação das disposições dos arts. 432º segs. CC, julgando-se antes preferível falar em revogação, com aplicação do regime especial dos arts. 978º e 979º CC: o primeiro, quanto aos efeitos em relação aos contraentes; o segundo, quanto aos efeitos em relação a terceiros. Em vez de se equiparar a revogação à nulidade, como se fez no art. 433º CC em relação à resolução do contrato, considera-se apenas extinto o contrato a partir da proposição da acção, de acordo com a eficácia ex nunc própria da revogação.

Decretada a revogação pelo tribunal, os bens doados devem ser restituídos ao doador, no estado em que se encontrem. Este direito não tem porém, natureza real; é simplesmente um direito de crédito, pois se os bens tiverem sido alienados ou não poderem ser restituídos em espécie, por causa imputável ao donatário, serão restituídos apenas em valor – o valor que tinham ao tempo em que forma alienados ou se verificou a impossibilidade da restituição.

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Se os bens tiverem perecido por causa não imputável ao donatário, este não é obrigado à restituição, nem em espécie nem em valor. O risco corre, portanto, por conta do doador e não do donatário. O donatário goza, na verdade, até à proposição da acção, do direito absoluto de utilizar a coisa em seu benefício. O donatário responderá, no entanto, pelo prejuízo que cause intencional ou culposamente, com base na responsabilidade por factos ilícitos, uma vez que o direito do doador à revogação existe desde a verificação do facto que lhe serve de fundamento.

QUESTÃO 11

QUESTÃO 12É a doação feita sob a condição suspensiva do nascimento, comvida, do nascituro, porque este é o momento em que ele adquire personalidade.Dispõe o art. 542 que tal espécie de doação “valerá, sendo aceita pelo seu representante legal”. Pode o nascituro ser contemplado com doações, tendo em vista que o art. 2º põe a salvo os seus direitos desde a concepção. A aceitação será manifestada pelos pais, ou por seu curador, nesse caso com autorização judicial (art.1748, II, c/c 1774). Sendo titular de direito eventual, sob condição suspensiva,caducará a liberalidade, se não nascer com vida

O nascituro terá direito de receber bens por doação, desde que já esteja concebido no momento da liberalidade. Nos termos do art. 542 do CC, “A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal” A partir da liberalidade, seus representantes legais poderão usufruir o bem doado e entrar em sua posse, percebendo-lhe os frutos, desde então, mas – acrescentam os doutrinadores – sob condição suspensiva, o que significa dizer que, a validade da liberalidade está condicionada ao nascimento com vida do donatário. Se nascer morto, caducará (a doação será considerada inexistente, como se nunca tivesse ocorrido e o bem volta a incorporar o patrimônio do doador) E se o mesmo tiver um instante de vida, receberá o benefício, transmitindo - o a seus sucessores, seus ascendentes (pais).

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