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DIREITO CIVIL I Profa. Dra. Edna Raquel Hogemann SEMANA 11 AULA 22

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  • DIREITO CIVIL IProfa. Dra. Edna Raquel HogemannSEMANA 11 AULA 22

  • DEFEITO NOS NEGCIOS JURDICOS - 3. Parteportalmaritimo.com

  • Distinguir os casos de fraude contra credores e sua normatizao.Reconhecer os requisitos, efeitos e diferenas entre figuras jurdicas semelhantes.OBJETIVOS

  • Contedo Programtico1 - DEFEITOS NOS NEGCIOS JURDICOS1.4 Fraude contra credores;1.4.1 Credor quirografrio;1.4.2 Ao pauliana

  • FRAUDE CONTRA CREDORES Artifcio ou ardil utilizado pelo devedor com o intuito de burlar o recebimento do credor; consiste na alienao de bens capazes de satisfazer a pretenso legtima do detentor do crdito. todo ato praticado pelo devedor com a inteno de defraudar os seus credores do que lhes devido.

  • Assim, preocupa-se o Direito com dois aspectos do problema: a fraude lei e a fraude contra o direito de terceiros.Na fraude contra o direito de terceiros, alm da transgresso lei, a ao fraudulenta dirigida com malcia, com ou sem a inteno de ocasionar prejuzo contra o titular do direito lesado. fora de dvida que toda fraude, em princpio, atenta contra o Direito. Secundariamente, pode existir prejuzo de terceiros.Aqui, trataremos da fraude contra credores, matria colocada em nosso Cdigo Civil antigo e atual, em sua Parte Geral, como um dos defeitos dos atos jurdicos, um dos chamados vcios sociais.

  • Um pouco de histriaLogo aps o surgimento da Lex Poetelia Papiria (326 a.C), que impossibilitou a continuidade da aplicao da execuo pessoal (como pessoa) do devedor, comearam, tambm, a surgir manobras fraudulentas que visavam despir o credor da garantia do recebimento do seu crdito.

  • A actio paulianaA actio pauliana terminologia aposta pelos glosadores, segundo alguns, na Idade Mdia.Por ela, o pretor punia a fraude contra credores e a inteno de causar prejuzo na diminuio do patrimnio; que o devedor conhecesse o carter fraudulento do ato e que tivesse a noo do eventus damni, bem como tivesse conhecimento da fraude o terceiro adquirente . Visa a anulao da alienao fraudulenta, para que o credor possa, assim, ter o seu crdito satisfeito.

  • Conceitos fundamentaisCREDOR QUIROGRAFRIO - o credor que no possui qualquer ttulo de garantia ou preferncia, em relao aos bens do devedor, devendo, por isso, ser pago segundo a fora dos bens livres do devedor.No havendo garantia real, privilegiada, conta o credor exclusivamente com a garantia genrica, proporcionada pelos bens, ou seja, apenas possui a garantia comum: o patrimnio do devedor.

  • DEVEDOR INSOLVENTE - o devedor que deve mais do que possui, aquele que no paga suas dvidas na data aprazada.

  • Fraude em GeralA fraude vcio de muitas faces. Est presente em sem-nmero de situaes na vida social e no Direito.Sua compreenso mais acessvel a de todo artifcio malicioso que uma pessoa emprega com inteno de transgredir o Direito ou prejudicar interesses de terceiros. A m-f encontra guarida no s na fraude, mas tambm em outros vcios, como dolo, coao e simulao. Na fraude, o negcio jurdico real, verdadeiro, mas feito com o intuito de prejudicar terceiros ou burlar a lei.

  • Fraude Contra Credores (arts. 158 a 165)Na fraude contra credores, o preceito a ser protegido a defesa dos credores, a igualdade entre eles e o patrimnio do devedor, enfim, a garantia dos crditos. Trata-se, pois, de aplicao do conceito mais amplo de fraude..A fraude contra credores vcio social e corresponde a todo ato suscetvel de diminuir ou onerar seu patrimnio, reduzindo ou eliminando a garantia que este representa para o pagamento de suas dvidas, praticada pelo devedor insolvente ou por este ato reduzido insolvncia.

  • Ao pauliana ou revocatriaA ao que pode socorrer os credores em caso de fraude a ao pauliana ou revocatria e, pode incidir no s nas alienaes onerosas, mas igualmente nas gratuitas ( doaes). que visa a anulao da alienao fraudulenta, para que o credor possa, assim, ter o seu crdito satisfeito.H o nus de se provar o consilium fraudis e o eventus damni (art. 158 do C.C.).

  • Requisitos da fraude contra credoresH trs requisitos caractersticos: anterioridade do crdito,eventus damni (a insolvncia) e; consilium fraudis (conluio fraudulento).

    Podemos ao analisar certo contrato presumi-lo como fraudulento, por exemplo, se este ocorre na clandestinidade, se h continuao da posse de bens alienados pelo devedor; se h falta de causa do negcio; se h parentesco ou afinidade entre o devedor e o terceiro; se ocorre a negociao a preo vil; e pela alienao de todos os bens.

  • A anterioridade do crdito em face da prtica fraudulenta est expressamente prevista no art. 158, 2o(pargrafo nico do art. 106 do Cdigo Civil de 1916). facilmente perceptvel a razo dessa exigncia. Quem contrata com algum j insolvente no encontra patrimnio garantidor. Os credores posteriores no encontram a garantia almejada pela lei. Sua obrigao certificar-se da situao patrimonial do devedor.

  • Observao importanteQuanto aos crditos condicionais, no que tange ao crdito sob condio resolutiva, no h dvida de que o ato fraudulento o atinge. Com relao aos crditos sob condio suspensiva, h divergncias na doutrina, pois, sendo seu implemento futuro, resta saber como colocar o requisito da anterioridade do crdito. Acreditamos que, mesmo no caso de suspensividade da condio, h direito eventual do credor; existe, portanto, anterioridade; j pode ser resguardada qualquer violao de direito, como a fraude contra credores.

  • H a tipificao de fraudes aos credores tambm quando ocorre a remisso de dvidas (perdo) ou a concesso fraudulenta de garantias tais como penhor, hipoteca e anticrese.(art. 1563 do C.C.) ou pagamento antecipado de dvidas Somente nas alienaes onerosas se exige provar o consilium fraudis ou a m f do terceiro adquirente.

  • o eventus damni necessita estar presente para ocorrer a fraude tratada. Aqui no h divergncia. Sem o prejuzo, no existe legtimo interesse para propositura da ao pauliana.O objeto da ao revogar o ato em fraude, ou, na forma acolhida pela doutrina, tornar a declarar a ineficcia do ato em relao aos credores. Esse ato danoso para o credor tanto pode ser alienao, gratuita ou onerosa, como remisso de dvida etc. Verifica-se o eventus damni sempre que o ato for a causa do dano, tendo determinado a insolvncia ou a agravado. Protege-se o credor quirografrio, bem como aquele cuja garantia se mostrar insuficiente (art. 158, 1 Cdigo).O dano, portanto, constitui elemento da fraude contra credores.

  • O terceiro requisito elemento subjetivo, ou seja, o consilium fraudis. Dispensa a inteno precpua de prejudicar, bastando para a existncia da fraude o conhecimento dos danos resultantes da prtica do ato.Tambm diferente o tratamento para os atos ou negcios a ttulo gratuito e a ttulo oneroso. Nos casos de transmisso gratuita e de remisso de dvidas, nos termos do art. 158 , a fraude constitui-se por si mesma, independentemente do conhecimento ou no do vcio. Basta o estado de insolvncia do devedor para que o ato seja tido como fraudulento, pouco importando que o devedor ou o terceiro conhecesse o estado de insolvncia.

  • Esclarecendo importante esclarecer que a ao pauliana no ao real, nem quando referir-se aos bens imveis; trata-se de ao pessoal, pois visa anular o negcio fraudulento restaurando o status quo ante do patrimnio do devedor. Note, igualmente, que o conceito atual de fraude no implica a utilizao de meios ilcitos. Pode o vcio consistir em atos plenamente vlidos, perfeitos e lcitos, mormente porque, sempre que desaparecer a insolvncia, ainda que no curso de ao, desaparece o interesse para a demanda.A inteno de prejudicar tambm no requisito. Geralmente, quem contrata com insolvente no conhece seus credores. Se a inteno fosse erigida em requisito para a ao, estaria ela frustrada, porque muito difcil o exame do foro ntimo do indivduo.

  • Detalhes da Ao PaulianaOs credores quirografrios que movem a ao o fazem em seu nome, atacando o ato fraudulento como um direito seu.Apesar da redao do art. 161, o que se deve entender na dico legal que a ao dever ser movida contra todos os participantes do ato em fraude. Isso porque s com a participao de todos ser atingido o objetivo de anulao ou ineficcia do negcio, com efeito de coisa julgada. Caso contrrio, o ato seria anulado ou ineficaz para uns e no para outros, o que inadmissvel. H alguns julgados que contrariam essa afirmao, mas so minoria.

  • Efeitos da ao paulianaNo tocante aos credores, as legislaes optam por trs tipos de efeitos:1. restitui-se o objeto do ato invalidado ao patrimnio do devedor, aproveitando indistintamente essa invalidao a todos;2. restitui-se o objeto do ato invalidado ao patrimnio do devedor, aproveitando apenas aos credores anteriores ao ato;3. faz-se aproveitar a invalidao apenas aos que a promoveram.Por outro lado, a anulao s ser acolhida at o montante do prejuzo dos credores.

  • GabaritoCasos concretos

  • CASO CONCRETO 1Ana Elisa empresta R$ 15.000,00 (quinze mil reais) a seu amigo, Luiz Gustavo. No vencimento da obrigao, Luiz Gustavo no paga o emprstimo. Ana Elisa, dispondo de ttulo executivo, ingressa com a ao de execuo. Nenhum bem de Luiz Gustavo encontrado para ser penhorado. Ana Elisa, porm, descobre que Luiz Gustavo, aps vencido o dbito, havia vendido para seu irmo Otaclio o nico imvel de que era titular, mais precisamente, uma sala comercial avaliada em R$ 95.000,00 (noventa e cinco mil reais). Pergunta-se:1) vlida a venda entre Luiz Gustavo e Otaclio?A venda entre Luiz Gustavo e Otaclio anulvel em razo da fraude contra credores.2) A situao seria diferente caso, ao invs de venda, tivesse havido uma doao?Quando o devedor insolvente doa um bem ou se torna insolvente por causa da doao, o negcio jurdico sempre anulvel, estando tambm presente a figura da fraude contra credores. 3) Que providncias devem ser tomadas por Ana Elisa, caso ela queira reaver o dinheiro emprestado?Ana Elisa pode mover ao pauliana para anular a venda e poder penhorar a sala comercial.

  • CASO CONCRETO 2Em ao anulatria de negcio jurdico ajuizada por Berenice em face de Cludia, alega a autora que celebrou contrato preliminar de promessa de compra e venda com a r, atribuindo a uma luxuosssima manso preo vil, o que s constatou posteriormente. Neste sentido, pretende a autora a anulao invocando ter ocorrido a figura da leso. Por outro lado, em contestao, a r sustenta que a autora pessoa culta, que inclusive se qualificou como comerciante no instrumento do contrato. Logo, no poderia alegar que desconhecia o valor de seu prprio imvel, devendo prevalecer o negcio celebrado. Pergunta-se: a) Se ficasse comprovado nos autos que o valor do bem estava prximo ao valor de mercado poderia se considerar a existncia da figura da leso? Justifique. Na hiptese, no h ocorrncia da figura da leso em razo de no ter ficado demonstrado a desproporcionalidade, bem como, a situao de inferioridade do contratante, que figura como autor da ao. A Leso se configura como a exagerada desproporo de valor entre as prestaes de um contrato bilateral, concomitante sua formao, resultado do aproveitamento, por parte do contratante beneficiado, de uma situao de inferioridade em que ento se encontrava o prejudicado;b) O argumento da r quanto s condies pessoais da autora pertinente para o estudo da figura da leso? Justifique. coerente e pertinente em razo de que o instituto da leso justifica-se como forma de proteo ao contratante que se encontra em estado de inferioridade.

  • CASO CONCRETO 3Carla sofre acidente, vindo a necessitar urgentemente de socorro mdico. Um mdico que estava na cidade a socorre e a interna em uma pequena clnica, que exige o pagamento de um exorbitante valor de trezentos mil reais. No dia seguinte, Cludio, marido de Carla, aps pagar o valor, consulta seu advogado para saber se tal negcio pode ser anulado. Com fundamentos legais, responda consulta do cliente.Sugesto de gabarito : Cludio pode pleitear judicialmente a anulao do negcio jurdico pois o mesmo foi realizado sob o vcio do estado de perigo, previsto no art. 156 do Cdigo Civil.

  • 1) O erro no prejudica a validade do negcio jurdico quando a pessoa, a quem a manifestao de vontade se dirige, oferecer-se para execut-la na conformidade da vontade real do manifestante. II) Configura-se a leso quando algum, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua famlia, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigao excessivamente onerosa. III) Subsistir o negcio jurdico se a coao decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento, mas o autor da coao responder por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto. IV) No negcio jurdico viciado por leso, no se decretar a anulao do negcio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a reduo do proveito. Marque a alternativa CORRETA. (A) As proposies I, III e IV so verdadeiras. (B) Todas as proposies so verdadeiras. (C) As proposies I, II e IV so verdadeiras. (D) As proposies I, II e III so verdadeiras. (E) Todas as proposies so falsas.

  • QUESTO OBJETIVA 22)Em relao ao estado de perigo, considerando o novo Cdigo Civil e as seguintes assertivas:I - Est disposto na categoria de causa de anulabilidade do negcio jurdico. II - Em seu substrato no est a fico de igualdade das partes, de modo que a regra tem relevncia na tutela do contratante fraco. III - indiferente que a parte beneficiada saiba que a obrigao foi assumida pela parte contrria para que esta se salve de grave dano. IV - No pode o juiz considerar circunstncias favorveis para o efeito de estender a regra para pessoa no integrante da famlia do declarante. V - Confunde-se com o instituto da leso, pois como ocorre nesta ltima, considera-se, alm da premente necessidade econmica, a inexperincia de quem se obriga a contratar, circunstncias determinantes das prestaes avenadas de maneira manifestamente desproporcional.Assinale a alternativa correta:(A)Somente as assertivas I, II esto corretas.(B)Somente as assertivas II, III e IV esto corretas.(C)Somente as assertivas I, II, III, e IV esto corretas.(D)Somente as assertivas III e V esto corretas.(E)Somente as assertivas IV e V esto corretas.

  • Paramos por aqui. No esquea de fazer as leituras e resolver os casos da prxima semana.At l!!!noticias-irrelevantes.com