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Curso completo para concurso de direito: tocante a civil.

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Curso Intensivo I - aula 1 - 26-01-2010 Dir. Civil Prof. Pablo Stolze

PERSONALIDADE JURDICA

Conceito: personalidade uma aptido genrica para titularizar direitos e contrair obrigaes na ordem jurdica, ou seja, a qualidade para ser sujeito de direito.

Qual a minha natureza jurdica?

Pessoa fsica ou pessoa natural.

Qualidade atribuda pela lei a certos entes, conferindo-lhes aptido genrica para adquirir direitos e deveres.

PESSOA NATURAL

Lembra Clvis Bevilcqua que, a personalidade para o direito no apenas um processo de atividade psquica, mas sim uma criao social moldada pela ordem jurdica. A personalidade criada pela sociedade e moldada pela ordem jurdica. O conceito da psicologia diferente do conceito jurdico. Para o direito, a personalidade a aptido genrica para se adquirir direitos e obrigaes na ordem jurdica, ou seja, a qualidade para ser sujeito de direito.

Em que momento a pessoa adquire personalidade jurdica? Aparentemente, a resposta est no contida na primeira parte do art. 2 do CC que diz: a personalidade da personalidade civil comea a partir do nascimento com vida.

Em que momento a pessoa fsica adquire a personalidade jurdica? Em uma interpretao literal, luz do art. 2 do CC, a personalidade jurdica adquirida a partir do nascimento com vida.

Nascer com vida?

Traduz o seguinte: operar-se o funcionamento do aparelho cardiorrespiratrio do recm - nascido, independentemente da forma humana e de tempo mnimo de sobrevida, em respeito ao princpio da dignidade da pessoa humana.Nascer com vida significa o funcionamento do aparelho cardiorrespiratrio do recm-nascido (Resoluo n. 1 do Conselho Nacional de Sade). O exame para saber se o recm nascido respirou denominado Docimasia Hidrosttica de Galeno. Assim, ao nascer com vida ele se torna sujeito de direito, ainda que sobreviva apenas durante segundos.

Diferentemente da orientao do art. 30 do Cdigo Civil da Espanha, o direito brasileiro, luz do princpio da dignidade da pessoa humana, no exige do recm-nascido forma humana nem tempo mnimo de sobrevida. O CC da Espanha somente considera o recm-nascido na forma humana e com tempo de vida de no mnimo 24h.

Conforme o art. 2 do CC brasileiro, segunda parte, a lei pe a salvo desde a concepo os direitos do nascituro. Existe uma aparente contradio, pois na primeira parte o dispositivo prev que a personalidade inicia-se com a vida.

Ao se referir ao nascituro (aquele que ainda, embora concebido, no nasceu) reconhece em seu favor direitos. Ora, se o nascituro dotado de direitos, no deveria ser considerado uma pessoa? A doutrina diverge sobre o assunto e da se faz necessrio abordar as teorias abaixo.

Teorias explicativas do nascituro

Natalista (mais conservadora)( para esta teoria, o nascituro apenas um ente concebido ainda no nascido, desprovido de personalidade, vale dizer, o nascituro no pessoa gozando apenas de mera expectativa de direitos (Silvio Rodrigues, Silvio de Salvo Venosa, Eduardo Espnola, Vicente Ro e outros). A maioria da doutrina defende esta teoria, embora clssica e conservadora (tradicional).

Sustenta que a personalidade jurdica somente adquirida a partir do nascimento com vida, de maneira que o nascituro no seria considerado pessoa, tendo mera expectativa de direito.

Concepcionista (mais moderna) ( (de influncia francesa) esta a teoria adotada pela doutrina moderna, embora seja muito antiga. ( Clvis Bevilcqua, Teixeira de Freitas, Silmara Chinelato e Maria Berenice Dias). Para esta teoria, o nascituro seria considerado pessoa para efeitos patrimoniais ou extrapatrimoniais, desde a concepo. No momento em que nasce com vida, opera-se um efeito ex tunc, para ser considerado pessoa desde a sua concepo. Esta teoria explica com mais lgica a segunda parte do art. 2 do CC.

Esta a que melhor explica a natureza jurdica do nascituro. Com base na teoria concepcionista, inmeros direitos podem ser reconhecidos ao nascituro, inclusive o direito vida, aos alimentos, ao pr-natal, etc. Podem receber at doao, legado ou herana, tendo em vista que tem personalidade jurdica. Pode ser nomeado um curador para administrar o interesse do nascituro. Tudo isso demonstra que o nascituro possui direitos, e no mera expectativa.

Obs.: h uma corrente intermediria. Citada por alguns autores, como por exemplo, Maria Helena Diniz, denominada Teoria da Personalidade Formal ou Condicional. Para tal teoria, o nascituro ao ser concebido teria uma simples personalidade formal, permitindo-lhe gozar de direitos personalssimos. No entanto, s viria a adquirir direitos patrimoniais sob a condio de nascer com vida (Arnoldo Wald e Serpa Lopes). Assim, no que tange aos direitos patrimoniais, o nascituro no considerado sujeito. Afirma-se que o nascituro seria dotado apenas de uma personalidade limitada a certos / a determinados direitos personalssimos e apenas torna-se pessoa na concepo plena do termo a partir do nascimento com vida.

Qual a teria adota no direito brasileiro?

MATERIAL DE APOIO QUADRO ESQUEMATIZADO QUE ENUMERA VRIAS SITUAES LEGAIS DE TUTELA DO NASCITURO.

Nesse sentido, pode-se apresentar o seguinte quadro esquemtico, no exaustivo:

a) o nascituro titular de direitos personalssimos (como o direito vida, o direito

proteo pr-natal etc.);

( O art. 7. do Estatuto da Criana e do Adolescente dispe que: a criana e o adolescente tm direito proteo vida e sade, mediante a efetivao de polticas pblicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condies dignas de existncia.

b) pode receber doao, sem prejuzo do recolhimento do imposto de transmisso inter

vivos;

c) pode ser beneficiado por legado e herana;

d) pode ser-lhe nomeado curador para a defesa dos seus interesses (arts. 877 e 878, CPC);

e) o Cdigo Penal tipifica o crime de aborto;

f) como decorrncia da proteo conferida pelos direitos da personalidade, conclumos que

o nascituro tem direito realizao do exame de DNA, para efeito de aferio de

paternidade;

g) sufragamos, ainda, a possibilidade de se reconhecer ao nascituro direito aos alimentos.

h) e, finalmente, em 2008, fora aprovada a lei dos alimentos gravdicos, que reconhece ao nascituro direito aos alimentos.

Na esteira do pensamento de Clvis Bevilcqua (Comentrios ao Cdigo Civil dos Estados Unidos do Brasil, Editora Rio, 1975, pg. 178), o legislador teria adotado a Teoria Natalista por ser mais prtica, mas cedeu aos encantos da Teoria Concepcionista em inmeros pontos do sistema que tratam o nascituro como pessoa.

Aspectos relevantes VS questes especiais de concurso (aqui ficar claro que o nascituro tem tratamento de pessoa):1 ALIMENTOS: firme a jurisprudncia do TJRS (Agravo de instrumento n. 7000642996). Reforada pela recente lei 11.804/08, que dispe sobre os alimentos gravdicos, reconhecendo o direito de alimentos mulher gestante.

A maioria da doutrina no aceitava o direito de alimentos em favor do nascituro com fundamento na Teoria Natalista. Porm, o STJ decidiu que, no pairando dvida sobre o envolvimento sexual entre a investigante e o investigado, e havendo a necessidade da gestante, justifica-se o direito de alimentos gestante.

2 DANO MORAL: com base na teoria concepcionista, vale lembrar que o STJ, j admitiu inclusive, no REsp 399.028/SP, dano moral ao nascituro. Ex: me grvida x pai assinado. Ex2: me grvida VS pai sendo torturado na Ditadura.

Por fim, no se confundem o nascituro, o embrio e o natimorto. Nascituro: aquele ente concebido no ventre materno. um embrio com vida intra-uterina (que diferente de prole eventual); Embrio: o que tem vida intra-uterina com embrio congelado em laboratrio. Ao embrio manipulado no se utiliza a expresso nascituro; Natimorto: o nascido morto que no respirou.

A natureza jurdica do nascituro de um sujeito de direito despersonificado. O regime jurdico do nascituro dotado dos seguintes atributos: a) a lei pe a salvo seus direitos desde a concepo; b) quanto aos direitos patrimoniais, eles existem, mas sob condio suspensiva, que o nascimento com vida (ex: podem ocorrer na sucesso - 1.798 do CC; no contrato de doao - art. 542 do CC); c) quanto aos direitos da personalidade, o nascituro tem direito vida, filiao, assistncia pr-natal, aos alimentos, ao nome e a honra, etc.

Se a me for incapaz, o representante do nascituro ser o curador dela. O enunciado n. 1 da 1 Jornada Direito Civil firmou entendimento no sentido de que o natimorto goza de tutela jurdica no que tange ao nome, a imagem e a sepultura. So direitos com eficcia post mortem.

CAPACIDADE Fundamentalmente no direito, a capacidade se desdobra em: a) capacidade de direito; b) capacidade de fato (ou capacidade de exerccio).

Capacidade de direito: toda pessoa tem. genrica/geral. Ex: recm-nascido, enfermo mental. (mnemnico ( CD todo mundo tem)Capacidade de fato ou capacidade de exerccio: no so todas as pessoas que tm. Trata-se de aptido para pessoalmente exercer os atos da vida civil. Ausente tal capacidade haver incapacidade civil (absoluta ou relativa) ( ausncia de capacidade de fato. (mnemnico ( CAF no todo mundo que toma) Assim, qual a diferena de capacidade de direito de personalidade jurdica?

Segundo Orlando Gomes, confunde-se com o prprio conceito de personalidade, ou seja, a capacidade jurdica genericamente reconhecida a qualquer pessoa. No h como cientificamente distinguir capacidade de direito e a personalidade.

A capacidade civil PLENA a soma da capacidade direito com a capacidade de fato. (mnemnico ( fico PLENA ao tomar CAF e ouvir o meu CD favorito)No confundir capacidade com legitimidade. A falta de legitimidade significa que, mesmo sendo capaz, a pessoa est impedida por lei de praticar determinado ato. A ilegitimidade traduz sempre um impedimento especfico para a prtica de determinado ato (ex: apesar de serem capazes, os irmos maiores de idade no podem se casar, pois so impedidos, conforme previsto no art. 1.521, IV, do CC). Portanto, legitimao aptido especfica para a prtica de certos atos da vida civil (Ex1: o pai no tem legitimidade para vender um apartamento para um dos filhos sem o consentimento dos demais. Ex2: o indigno no tem legitimao para receber herana).

Legitimidade ( aptido especfica para adquirir determinados direitos e deveres

Capacidade ( aptido genrica para adquirir determinados direitos e deveresEm regra, a falta de legitimao torna o fato anulvel. A falta da capacidade de fato gera a incapacidade civil, que pode ser absoluta ou relativa.

Incapacidade absoluta

Art. 3. So absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:

I - os menores de dezesseis anos;

II - os que, por enfermidade ou deficincia mental, no tiverem o necessrio discernimento para a prtica desses atos;

III - os que, mesmo por causa transitria, no puderem exprimir sua vontade.

Os absolutamente incapazes devem ser representados. (AR)1. Menores de 16 anos: so denominados menores impberes.

2. Pessoa que por enfermidade ou deficincia no tenha discernimento para os atos da vida civil: no se utiliza mais o termo "loucos de todo gnero". Esta incapacidade absoluta declarada por meio de um procedimento chamado interdio. A ao de interdio busca a declarao de incapacidade e nomeado um curador. Estes precisam ser interditados para serem privados totalmente da prtica de quaisquer atos da vida civil. Pronunciada a interdio, o juiz assinar limites curatela (limites a interdio), que podero circunscrever-se s restries do prdigo (art. 1.772 do CC).

Reconhecendo a incapacidade absoluta, qualquer ato praticado pelo interditado, sem a presena do curador, ser manifestamente nulo.

Pode ser invalidado o ato praticado por uma pessoa portadora de uma enfermidade ou deficincia mental, desprovida de discernimento, mas que ainda no foi interditada?Com base na doutrina italiana, Orlando Gomes afirma que o ato praticado pelo incapaz, ainda no interditado, pode ser invalidado, desde que concorram trs requisitos: a) incapacidade de discernimento anterior; b) prejuzo ao incapaz; c) m-f da outra parte. Portanto, exige-se a m-f da outra parte, como requisito para invalidar o ato praticado pelo deficiente mental sem discernimento que ainda no foi interditado. A m-f da parte pode ser presumida de acordo com as circunstncias do negcio (ex: agente compra veculo avaliado em R$ 30 mil, pelo valor de R$ 10 mil). O art. 503 do CC da Frana, na mesma linha, admite que os atos anteriores a interdio possam ser invalidados se a incapacidade j existia.

Ressalta-se que, uma vez reconhecida a incapacidade por sentena, o interditado no poder praticar atos jurdicos sem o seu curador, mesmo em momentos de lucidez (ex: nos casos de enfermidades cclicas, pois h efeito de lucidez em alguns momentos e comportamentos agressivos noutros).

O enfermo e o deficiente fsico so capazes (natureza jurdica). O CC atual admite que essas pessoas requeiram em juzo a nomeao de um curador para cuidar de seus bens. a denominada curatela voluntria (art. 1.780 do CC). Por ser voluntria, pode ser revogada a pedido do enfermo ou deficiente fsico. A curatela voluntria pode servir para cuidar da integralidade ou no dos bens. melhor que o mandato, pois o curador dever prestar contas em juzo.

3. Os que por causa transitria no possam exprimir a sua vontade: este dispositivo no trata de doena mental, mas sim da pessoa que no pode praticar atos por estar impossibilitada de exprimir sua vontade, decorrente de causas transitrias, como a intoxicao por ingerir boa noite cinderela ou em estado coma, por razes de traumatismo craniano. Idem fortuitamente bbado caso de embriaguez involuntria, completa. A senilidade (velhice) no causa de incapacidade no direito brasileiro.

Antes o ausente, bem como o surdo-mudo sem habilidade para se manifestar, eram considerados absolutamente incapazes.

Ausente ( tem tratamento diferente morte presumida.

Surdo-mudo ( o CC no trouxe inciso especfico para o surdo-mudo que no tem habilidade para manifestar sua vontade, porm, ele pode considerado absolutamente incapaz, implicitamente, nos termos do art. 3, III, CC. Uma vez que se trata de uma causa permanente. Se uma causa transitria pode gerar incapacidade absoluta, qui a incapacidade permanente.

Incapacidade relativa

Art. 4. So incapazes, relativamente a certos atos, ou maneira de os exercer:

I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

II - os brios habituais, os viciados em txicos, e os que, por deficincia mental, tenham o discernimento reduzido;

III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;

IV - os prdigos.

Os relativamente incapazes sero assistidos. RASA sano pela prtica de atos sem mediao de nulidade relativa (anulvel).

H possibilidade de a parte prejudicada promover ao para que o Judicirio desfaa o negcio. A inrcia das partes pode convalidar o ato. O CC de 1916, falava sobre os menores de 21 anos, prdigos e silvcolas.

1. Maiores de dezesseis e menores de dezoito anos: so denominados menores pberes.

2. Os brios habituais, os viciados em txicos, e os que, por deficincia mental, tenham o discernimento reduzido: a incapacidade somente relativa quando a embriaguez reduzir a capacidade, no a suprimindo por completo. OBS.: caso a embriaguez seja patolgica (doentia), capaz de inquinar (corromper) o discernimento, a incapacidade ser absoluta (CESP gosta muito). O agente que se intoxica para cometer um ato ilcito no fica isento da responsabilidade civil. Segundo Alvina Lina, a teoria da actio libera in causa tambm poder ser aplicada no direito civil, de maneira que, a pessoa que voluntariamente se intoxica, no est isenta de responsabilidade civil, sob a alegao de incapacidade.

3. Excepcionais sem desenvolvimento mental completo: os portadores da sndrome de daw so exemplos de excepcionais.

4. Prdigos: pessoa que desordenadamente dilapida o seu patrimnio, podendo reduzir-se a misria. O sistema jurdico brasileiro admite a interdio do prdigo, de maneira que seu curador ir assisti-lo em atos de contedo patrimonial (art. 1.782 do CC).

Art. 1.782. A interdio do prdigo s o privar de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitao, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que no sejam de mera administrao.

Por questo de ordem pblica, o Estado tem interesse em que o prdigo no dilapide seu patrimnio, pois, futuramente, poder recorrer Assistncia Social do Estado. Tambm se justifica a interdio do prdigo, alm do interesse pblico, a teoria do estatuto jurdico do patrimnio mnimo, desenvolvida pelo professor Luiz Edson Facchin. Para esta doutrina, em uma perspectiva civil constitucional, e em respeito ao princpio da dignidade humana, as normas em vigor devem resguardar um mnimo de patrimnio para que cada pessoa tenha uma vida digna. Portanto, justificam a interdio do prdigo: a) interesse social do Estado; b) estatuto jurdico do patrimnio mnimo numa perspectiva civil constitucional.

Para se casar, o prdigo precisa da manifestao do seu curador? O curador deve se manifestar quanto celebrao de pacto antenupcial e do regime de bens (atos relacionados ao direito patrimonial), mas no pode interferir na prtica dos atos relativos ao estado da pessoa e da personalidade (atos de mera administrao). O curador do prdigo no pode impedir o seu casamento sob ordem de fundamento pessoal, mas dever se manifestar acerca do regime de bens adotado. O CC no cuida mais da capacidade do ndio, sendo este regulamentado pela Lei 6.001/73 (Estatuto do ndio). Segundo o art. 8 da Lei 6.001/73, so nulos os atos cometidos entre ndios no civilizados e pessoas estranhas a comunidade, sem a interveno da FUNAI. Ou seja, o ndio tratado como absolutamente incapaz (representado pela FUNAI), de maneira que o ato praticado por ele nulo. Todavia, a mesma lei excepciona a regra da incapacidade, ao admitir a validade do ato do ndio, caso: a) revele conscincia; b) conhecimento do ato praticado; c) ato que no lhe prejudique.

No campo da proteo do incapaz, aplicvel o restitutio in intregum (benefcio de restituio)? o benefcio reconhecido ao incapaz para permitir que ele possa anular qualquer ato que lhe seja prejudicial. O CC de 1916 proibia o benefcio de restituio. O CC de 2002, embora nada disponha a respeito, leva a concluso de que este benefcio continua proibido, em respeito ao princpio da boa-f e segurana jurdica dos negcios.

MATERIAL DE APOIO RESTITUTIO IN INTREGUM:

Caso haja conflito de interesse entre o representante e o incapaz, pode-se invocar o art. 119 do CC que dispe ser anulvel o negcio concludo pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou. de 180 dias, a contar da concluso do negcio ou da cessao da incapacidade, o prazo de decadncia para pleitear-se a anulao prevista neste artigo.

OBS.:

A reduo da maioridade civil para 18 anos prejudicou a percepo de benefcios previdencirios? A lei previdenciria estabelece que determinados benefcios sejam pagos at aos 21 anos de idade. Uma vez que a maioridade foi reduzida, indaga-se: o menor de 21 anos tem direito ao recebimento do benefcio previdencirio? Prevalece o entendimento do Enunciado n. 3 da 1 Jornada de Direito Civil, no sentido de que se deve respeitar o limite etrio especfico da lei previdenciria (art. 5 da Lei 8.213/91).O governo federal publicou nota a fim de impedir que o INSS adotasse medidas incabveis. SAJ n. 42/2003 JMF. No sentido de manuteno de pgto de benefcios previdencirios at o limite da idade da norma previdenciria especial e no do CC. Contudo, quanto ao emancipado pode haver repercusso.

Esta reduo para 18 anos prejudicou o benefcio penal da menoridade? O benefcio da menoridade (atenuante) continua em vigor, luz do princpio da individualizao da pena.

A reduo da maioridade repercutiu nos direitos de famlia, especificamente no direito aos alimentos? No campo do direito de famlia, a reduo da maioridade civil para 18 anos no implicou cancelamento automtico da penso alimentcia (REsp 347.010/SP). A jurisprudncia do STJ neste ponto pacfica. Isso significa que a penso alimentcia pode continuar a ser paga at a data da concluso dos estudos (que pode ser universitrio, tcnico, etc. segundo o juiz da causa).

MP ( Por fim, o STJ tem reafirmado o entendimento de que o MP no tem legitimidade para interpor recurso da deciso que exonerou o protetor de alimentos por conta da maioridade do credor (REsp 982.403/DF), bem como editou smula ligada ao tema:Smula: 358 O cancelamento de penso alimentcia de filho que atingiu a maioridade est sujeito deciso judicial, mediante contraditrio, ainda que nos prprios autos.

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05-02-2010

Curso LFG Intensivo I Prof. Pablo Stolze Aula 2 - Direito Civil

Obs.: antes havia o chamado o benefcio de restituio ( concedido aos menores (aos incapazes em geral).

Emancipao:

Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada prtica de todos os atos da vida civil.

Pargrafo nico. Cessar, para os menores, a incapacidade:

I - pela concesso dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento pblico, independentemente de homologao judicial (emancipao voluntria), ou por sentena do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos (emancipao judicial);

II - pelo casamento; (emancipao legal)

III - pelo exerccio de emprego pblico efetivo; (emancipao legal)

IV - pela colao de grau em curso de ensino superior; (emancipao legal)

V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existncia de relao de emprego, desde que, em funo deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia prpria. (emancipao legal)

A menoridade cessa ao atingir os 18 anos completos (a maioridade civil, bem como a penal).

Quando que o incapaz se torna maior, no primeiro segundo da data de natalcio (leia-se: aniversrio) ou aps 24h desta data? Consoante entendimento do Mestre Washington de Barros, a maioridade atingida no primeiro instante do dia do natalcio.

certo que h instituto jurdico civil pelo qual se antecipa a capacidade (art. 5, pargrafo nico, do CC), a saber: a emancipao. Isto no privilgio brasileiro, h tal instituto no Cdigo Civil de Portugal (art. 133).

A emancipao permite a antecipao da capacidade e pode ser de trs espcies:

1) voluntria primeira parte inc. I do art. 5 ;

2) judicial - segunda parte do inc. I do art.5 ; e, por fim

3) legal (incisos II a V, do art.5).

A emancipao voluntria aquela concedida em carter irrevogvel, por meio de instrumento pblico, por ato dos pais (ou de um deles na falta do outro), independentemente de homologao do judicial e desde que o menor tenha 16 anos completos.

Ressalta-se que antes havia primazia do varo, mas hoje a emancipao conjunta. Contudo, na falta de um dos pais, a no importa o sexo. Vale observar que a simples deteno da guarda no autoriza o genitor que a exera o poder de emancipar sozinho o filho menor, uma vez que o outro, ainda detm o poder familiar.

lavrado um instrumento pblico, em cartrio de Registro de Pessoas, no dependendo de homologao do juiz. A emancipao no precisa ser autorizada pelo incapaz. importante que ele participe do ato, pois repercute em sua esfera jurdica, no significa que ele detenha poderes. A emancipao ato dos pais. Frisa-se que a emancipao voluntria um ato irrevogvel.

A doutrina especializada (Venosa), assim como a jurisprudncia (RTJ 62/108; RT 494/02) apontam no sentido de que em respeito vtima, no caso da emancipao VOLUNTRIA concedida por ato dos pais no os isenta de futura responsabilidade civil, por ato ilcito causado pelo filho emancipado (at que complete 18 anos de idade). Em geral, este filho emancipado no possui patrimnio. Desse modo, seria justo vtima da conduta ilcita, provocada pelo incapaz, ficar sem a reparao do dano. Caso contrrio, seria um ato sem escrpulos, bem como a manifestao de um entendimento ortodoxo.

No ECA h um caso que isso no ocorre.

Qual?

A emancipao judicial aquela concedida pelo juiz, ouvido o tutor, desde que o menor tenha pelo menos 16 anos completos. Quem emancipa o incapaz no o tutor, mas sim o juiz, com a participao do MP. Em regra, menores rfos, que esto sob tutela.

Questo oral de concurso: caso o tutor seja contra a emancipao e o menor que procure o juiz? A o procedimento deflagrado e o juiz nomeia curador para tanto.

A emancipao legal aquela que decorre da prpria lei, estando prevista no art. 5, p. nico, dos incisos II a V, do CC, no havendo necessidade de declarao judicial para sua concretizao.

1. Emancipao legal casamento: o casamento a primeira hiptese de emancipao por fora de lei. A capacidade para o casamento advm a partir dos 16 anos completos (ambos os sexos diferentemente do CC/16 que falava que aos 16 anos a mulher e aos18 anos o homem). certo que entre 16 e 18 anos, o incapaz necessita de autorizao para casar.

possvel casamento de incapaz com idade abaixo de 16 anos (sem idade nbil)?

O art. 1.520 do CC admite em carter excepcional:

a) evitar imposio ou cumprimento de pena criminal; e

b) em caso de gravidez.

Art. 1.520. Excepcionalmente, ser permitido o casamento de quem ainda no alcanou a idade nbil (art. 1517), para evitar imposio ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.

(Assim, pode se casar aos 13 anos. Mas a como fica a emancipao? Trata-se de questo polmica, especialmente, luz da reforma penal de 2009, mas NA LETRA FRIA DO CC, se o casamento for autorizado e ocorrer a emancipao existir. Explicar melhor aula de dir. de famlia.

Uma lei do final de 2009 tirou a atribuio de autorizao do juiz para casamento. Agora, casal vai ao cartrio, faz o procedimento, ouve o MP e oficial autoriza a habilitao, salvo impugnao do MP. O fato que se houver o casamento pela letra fria da lei estar emancipado o menor. OBS.: s o casamento e no a unio estvel que emancipa.

Ainda que haja separao ou divrcio, a emancipao mantida uma vez que se trata de medida de eficcia ex nunc, ou seja, para o futuro. A emancipao continua vigorando, assim, a separao e divrcio no prejudicam a emancipao anterior.

E se invalidado for o casamento (ex: casou coagido x por ameaa), a emancipao persiste?

Depende da escola. A despeito de parte doutrinria sustentar a eficcia ex nunc da sentena anulatria de casamento (Orlando Gomes, MHD).

Entendemos assistir razo queles que defendem sua eficcia retroativa (Tartuce, Venoso) e, nesta linha de pensamento o prprio registro de casamento cancelado, repondo s partes o estado anterior e operando a extino do efeito da emancipao. forte a doutrina no Brasil (Pontes de Miranda) no sentido de que a sentena que invalida o casamento tem eficcia retroativa, com o condo de cancelar o registro matrimonial. Assim, lgico concluir que a emancipao perder a eficcia (assim, voltar o estado de solteiro), ressalvada a hiptese do casamento putativo (ser aprofundado o assunto aula dir. famlia).

Suponha que o incapaz foi coagido a casar, ingressando em juzo posteriormente para invalid-lo ab initio. Se a invalidao do casamento ocorrido por meio de coao tem efeito retroativo, conclui-se estar anulada a emancipao. Assim, como no caso de anulao por erro pessoa (ex: casou com transexual ser ter cincia antes).

2. Emancipao legal exerccio de emprego pblico efetivo: a emancipao decorre tambm do exerccio de emprego pblico efetivo. Se emprego pblico emancipa, logicamente que o cargo pblico tambm. Ocorre que, muito improvvel que algum assuma um cargo pblico com menos de 18 anos, podendo se apontar como exemplo a assuno de funo pblica em carreira militar (ingressa na carreira pblica com 17 anos ex: polcia militar conforme o estado-membro).

3. Emancipao legal: a emancipao pode ocorrer com a colao de grau em curso de ensino superior. CESP ( a emancipao tambm se d por colao de grau em curso de nvel superior e no mera aprovao em vestibular.

4. Emancipao legal:tambm ocorre a emancipao legal pelo

( Estabelecimento civil (atividade intelectual ou artstica) ou

( Comercial (atividade empresarial), ou

( pela existncia de relao de emprego,

desde que, em funo de qualquer um deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia prpria. A relao de emprego pode ser comprovada por meio da CTPS (por bvio, pode no ter CTPS registrada, mas ter um vnculo empregatcio, bem como economia prpria).

No precisa de sentena, afinal, a emancipao legal, e no judicial.

Perdeu emprego? Mantm a emancipao a fim de preservar a segurana jurdica. luz do princpio da segurana jurdica, caso o menor emancipado seja demitido e deixe de possuir economia prpria, no dever retornar a situao de incapacidade.

O emancipado, nos termos do art. 16, inc. I, da Lei 8.213/91, no tem direito ao benefcio previdencirio. Neste caso, o legislador entendeu que a emancipao presume a independncia financeira.

O que se entende por economia prpria para efeito de emancipao?

Partindo-se da premissa de que temos um sistema aberto no dir. civil brasileiro (clusulas gerais e conceitos indeterminados), caber ao juiz decidir. Trata-se de um conceito aberto a ser preenchido pelo juiz no caso concreto, luz do princpio da operabilidade.

Ressalta-se que, o CC cuidou dos princpios:

> da eticidade (boa-f objetiva);

> socialidade (funo social); e

> operabilidade* (sistema aberto de normas com conceitos indeterminados e clusulas gerais, a serem construdos ou complementados pelo juiz no caso concreto).

*Miguel Realle

Um jovem de 17 anos, por exemplo, que cursa uma faculdade e trabalha, dependendo financeiramente dos pais, no se enquadra no conceito de economia prpria. Por outro lado, um jovem de famlia baixa-renda, que trabalha e se autosustenta, pode enquadrar-se no conceito de economia prpria. Tudo depender do caso concreto.

Vale ainda acrescentar que, a emancipao no antecipa a imputabilidade penal. Segundo LFG, o menor emancipado no pode ser preso penalmente, porm, poder ser preso civilmente, tendo em vista que esta no se trata de sano, mas sim de forma coercitiva de cumprimento da obrigao alimentcia.

Por fim, vale lembrar que nos termos do art. 140, inc. I, do CTN, condio para dirigir a imputabilidade penal.

Extino da pessoa fsica (ou natural)

Tradicionalmente, a extino da pessoa fsica opera-se em razo da parada total do aparelho cardiorrespiratrio. No entanto, a comunidade cientfica mundial, assim como o Conselho Federal de Medicina (Resoluo 1.480/97 art. 4 - o qual traz os parmetros clnicos), tem afirmado que o marco mais seguro para se aferir a extino da pessoa fsica a morte enceflica.

A Tanatologia a cincia que estuda a morte. Segundo esta cincia, no h como se definir a morte. Para efeito de concurso pblico, a extino da pessoa fsica ocorre por meio da morte enceflica.Segundo MHD, a noo comum de morte d-se com a parada cardaca prolongada e a ausncia de respirao, no obstante, a comunidade mdica reconhea a morte enceflica como critrio mais seguro, inclusive, para fins de transplante.

A morte deve ser declarada por profissional de medicina, admitindo-se, na ausncia deste, nos termos da Lei 6.015/73 (Lei de Registros Pblicos art. 77), a declarao de bito feita por duas testemunhas. A declarao de bito tem inscrio no Registro Civil de Pessoas Naturais livro de bitos. Contudo, quando no havendo o cadver entraremos noutra seara: morte presumida.

Morte Presumida

H duas hipteses de morte presumida: a) com declarao de ausncia; b) sem declarao de ausncia*.

*VER MATERIAL DE APOIO QUESTO / TEMA AUSNCIA

A morte presumida com declarao de ausncia o procedimento que, num primeiro momento h sucesso provisria, e num segundo h sucesso definitiva.

Art. 6. A existncia da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucesso definitiva.

Ausncia foi tratada pelo codificador como uma situao de morte presumida, a partir do momento em que aberta a sucesso definitiva dos bens do ausente. No momento em que o juiz verifica que o ausente no retornou, abrindo sucesso definitiva, o ausente ser considerado morto por presuno. A sentena que declara ausncia no registrada no livro de bito, sendo registrado em livro prprio do Cartrio de Pessoa Natural.

J a morte presumida sem declarao de ausncia somente poder ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguaes, devendo a sentena fixar a data provvel do falecimento.

Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretao de ausncia:

I - se for extremamente provvel a morte de quem estava em perigo de vida;

II - se algum, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, no for encontrado at dois anos aps o trmino da guerra.

Pargrafo nico. A declarao da morte presumida, nesses casos, somente poder ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguaes, devendo a sentena fixar a data provvel do falecimento.

Esta sentena declara a morte presumida e a data presumida da morte, sem declarar a ausncia. Esta sentena registrada no livro de bito, pois no caso de ausncia.

- Com declarao de ausncia ( registro em livro especial do Cartrio de pessoa natural

- Sem declarao de ausncia ( registro em livro de bito do Cartrio de pessoa natural

ComorinciaA comorincia a presuno de morte simultnea, de uma ou mais pessoas, na mesma ocasio (tempo), em razo do mesmo evento (no necessariamente), sendo elas reciprocamente herdeiras.

Caso no haja indicao da ordem cronolgica das mortes, nos termos do art. 8 do CC, considera-se ter havido morte simultnea, de maneira que um comoriente no herda do outro, abrindo-se cadeias sucessrias, autnomas e distintas.

A rigor, os comorientes no necessariamente devem morrer no mesmo lugar, podendo se encontrar em locais distintos .

OBS.: no confundir ( PREMORINCIA ( diz quem morreu primeiro.

PESSOA JURDICA

DenominaesSegundo ensina Caio Mario, a denominao correta pessoa moral (outros falaram pessoa mstica e outros), enfim, prevalece, pessoa jurdica mesmo. Assim como a pessoa fsica, a pessoa jurdica pessoa de direito, pois a lei lhe empresta personalidade.

A tendncia do ser humano se agrupar entre pessoas. A pessoa jurdica nasce para o direito sob a influncia da sociologia, pois na histria do direito, a pessoa jurdica nasceu como decorrncia do fato associativo.

A dogmtica jurdica seca (sem sociologia ou psicologia) no oferece todas as respostas. O sentido do direito dado pela sociologia, psicologia, etc.

Num primeiro conceito, pessoa jurdica grupo humano personificado, criado por lei, dotado de personalidade jurdica prpria (pelo direito) com objetivo de realizar finalidades comuns. Grupos humanos personificados pelo direito (ex: sociedade, associaes). Exceto: fundao (falar mais para frente). No campo tecnicamente jurdico necessrio estudar a TEORIA EXPLICATIVA DA PESSOA JURDICA.

Teorias explicativas da pessoa jurdica

a) Corrente negativista (Brinz, Planiol, Digui): nega a pessoa jurdica como pessoa de direito. um conjunto de pessoas fsicas reunidas, ou um condomnio de pessoas fsicas, no aceitando personalidade jurdica (corrente no foi acolhida pelo direito).

b) Corrente afirmativista: aceita a personalidade da pessoa jurdica como pessoa de direito. Existem vrias correntes da teoria afirmativistas, mas veremos trs, a saber:

b.1) da fico (Savigny): a pessoa jurdica no tem existncia social (ou atuao social), tendo mera existncia tcnica jurdica ( uma abstrao sem realidade social).

b.2) da realidade objetiva ou organicista-sociolgica - (Clvis Bevilcqua): influenciada pelo organicismo sociolgico (influncia Darwinista), contrariamente, afirma que a pessoa jurdica tem existncia social (atuao social) consistindo em um organismo vivo na sociedade. uma clula dentro de uma sociedade, com atuao social. Bevilcqua era positivista, onde a matria me era a sociologia (teoria sociolgica demais, negando a norma tcnica).

b.3) da realidade tcnica (Ferrara): equilibra as duas anteriores, uma vez que reconhece a atuao social da pessoa jurdica (sociologia), admitindo ainda que a sua personalidade jurdica fruto da tcnica jurdica (jurdica). Esta teoria, sem dvidas, a que melhor explica a pessoa jurdica.

Adotada pelo art.45 do CC. A PJ constituda e personificada pela tcnica do direito, embora no deixe de ter atuao social.

Contudo, h doutrinadores que discordam da teoria supramencionada. Basta ver um dos enunciados da JCF. (PJ pode sofrer dano moral?). Arruda Alvim discorda. Diz dano moral, na essncia seria no fundo um dano econmico (dano material e no moral). Expresso econmica entidade beneficente ( tem. Recebe menos doaes no caso de filme queimado. Mas o prof. Pablito frisa ainda que h entidade sem qq expresso econmica (mas no falou qual...).

pacfica a tese no Brasil, nos termos da smula 227 do STJ (A pessoa jurdica pode sofrer dano moral), no sentido de que pessoa jurdica pode sofrer dano moral, alis, partindo-se da premissa que dano moral leso a direito da personalidade, o prprio art. 52 do CC reconhece PJ a titularidade de alguns desses direitos, como o direito ao nome e imagem, inclusive. O AgRg Resp 865658 do RJ concluiu que no h mais controvrsia no STJ quanto reparao do dano moral em favor da pessoa jurdica.

Em nvel doutrinrio, todavia, h quem discorde da tese (Wilson Mello da Silva), havendo inclusive um enunciado que refora esta tendncia (EN.286 da 4 jornada da CJF).

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09-02-2010

Curso LFG Intensivo I Prof. Pablo Stolze Aula 3 - Direito Civil

Existncia / Surgimento/ Constituio da pessoa jurdica

Em regra geral, a existncia da pessoa jurdica deriva da inscrio do seu ato constitutivo (contrato social ou estatuto) no registro pblico competente (em gera, Junta Comercial ou CRPJ), consoante o artigo abaixo:

CC Art. 45. Comea a existncia legal das pessoas jurdicas de direito privado com a inscrio do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessrio, de autorizao ou aprovao do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alteraes por que passar o ato constitutivo.

Pargrafo nico. Decai em trs anos o direito de anular a constituio das pessoas jurdicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicao de sua inscrio no registro.

O registro de nascimento da pessoa fsica declara o que j existe, sendo ato declaratrio. J o registro da pessoa jurdica, ao contrrio da primeira, d incio a personalidade da pessoa jurdica, sendo ato CONSTITUTIVO.

FD

JC

O ato constitutivo de uma pessoa jurdica o contrato social ou estatuto. A inscrio, em geral, feito no Registro Pblico de Empresas Mercantis (Junta Comercial) ou Cartrio de Registro Civil de Pessoa Jurdica (CRPJ).

Insta dizer que para algumas pessoas jurdicas existirem, no basta a inscrio do respectivo registro do ato constitutivo; necessria uma autorizao especfica do Poder Executivo para a constituio e o funcionamento desta, sob pena de inexistncia, conforme entendimento de Caio Mrio (ex1: instituio financeira VS autorizao do BACEN/ ex2: seguradoras VS autorizao da SUSEP).

A falta do registro pblico do ato constitutivo caracteriza o ente como sociedade despersonificada (antes do CC/02 chamada de irregular ou de fato), sendo disciplinada a partir do art. 986, do CC de 2002. Embora tecnicamente despersonificada, esta sociedade gera responsabilidade pessoal e ilimitada dos scios.

CC Art. 986. Enquanto no inscritos os atos constitutivos, reger-se- a sociedade, exceto por aes em organizao, pelo disposto neste Captulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatveis, as normas da sociedade simples.

Vale lembrar, nos termos do art. 12 do CPC, que tambm NO so pessoas jurdicas, mas apenas entes despersonificados (tambm chamados de personificao anmala por MHD) com capacidade processual, o condomnio*, o esplio, a massa falida* e a herana jacente.

*frisa-se: no so tecnicamente pessoas jurdicas, embora tenham CNJP.

CPC Art.12.Sero representados em juzo, ativa e passivamente:

I-a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Territrios, por seus procuradores;

II-o Municpio, por seu Prefeito ou procurador;

III-a massa falida, pelo sndico;

IV-a herana jacente ou vacante, por seu curador;

V-o esplio, pelo inventariante;

VI-as pessoas jurdicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, no os designando, por seus diretores;

VII-as sociedades sem personalidade jurdica, pela pessoa a quem couber a administrao dos seus bens;

VIII-a pessoa jurdica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agncia ou sucursal aberta ou instalada no Brasil (art. 88, pargrafo nico);

IX-o condomnio, pelo administrador ou pelo sndico.

1oQuando o inventariante for dativo, todos os herdeiros e sucessores do falecido sero autores ou rus nas aes em que o esplio for parte.

2o-As sociedades sem personalidade jurdica, quando demandadas, no podero opor a irregularidade de sua constituio.

3oO gerente da filial ou agncia presume-se autorizado, pela pessoa jurdica estrangeira, a receber citao inicial para o processo de conhecimento, de execuo, cautelar e especial.

ESPCIES DE PESSOAS JURDICAS DE DIREITO PRIVADO

Nos termos da redao original do artigo 45 do CC eram pessoas jurdicas de direito privado to-somente as associaes, as sociedades, bem como as fundaes. A Lei n. 10.825/03, por sua vez, acrescentou, em incisos autnomos, as organizaes religiosas e os partidos polticos.

CC Art. 44. So pessoas jurdicas de direito privado:

I - as associaes;

II - as sociedades;

III - as fundaes.

IV - as organizaes religiosas; ( espcie de associao

V - os partidos polticos. ( espcie de associao

Contudo, as ltimas inseres so espcies de associaes (organizaes religiosas e partidos polticos. Frisa-nos que o legislador fez tal alterao, pois o novo CC trouxe n regras para as associaes; a fez tal alterao a fim de excluir as organizaes religiosas e os partidos polticos das modificaes (em razo da presso das igrejas e partidos polticos). Em suma: alteraram os artigos 45 e 2031 do CC.

Art. 2.031. As associaes, sociedades e fundaes, constitudas na forma das leis anteriores, bem como os empresrios, devero se adaptar s disposies deste Cdigo at 11 de janeiro de 2007. (Redao dada pela Lei n 11.127, de 2005) Pargrafo nico. O disposto neste artigo no se aplica s organizaes religiosas nem aos partidos polticos. (Includo pela Lei n 10.825, de 22.12.2003))Enfim, as organizaes religiosas e partidos polticos so formas de associaes. Estes foram colocados em incisos distintos das associaes, em virtude das foras polticas das igrejas evanglicas e dos partidos polticos.

O art. 2031 do CC estabeleceu o prazo de um ano para que as entidades, existentes antes deste diploma legal, se adaptassem ao novo diploma civil (depois o prazo ainda foi ampliado, mas agora j cessou).

Se uma sociedade (pessoa jurdica) no se adaptasse ao novo CC, passaria a atuar de forma irregular e no poderia: participar de licitaes; obter linha de crdito em banco; podendo incorrer, inclusive, na responsabilidade pessoal dos seus scios ou administradores; dentre outras conseqncias.Temendo a aplicao deste dispositivo, as igrejas evanglicas e os partidos polticos, pressionaram por meio de sua fora poltica, para que o Poder Pblico as exclussem da submisso a estas novas regras.

Desse modo, com a redao dada pela Lei 10.825/03, as organizaes religiosas e os partidos polticos ficaram blindados do art. 2031 do CC, no obrigados a se adaptarem ao novo CC. As organizaes religiosas devem seguir o regime jurdico das associaes. Os partidos polticos tambm devem utilizar subsidiariamente o regime jurdico das associaes, caso haja omisso da legislao que trata dos partidos.

VER NO MATERIAL DE APOIO 02- DRAMA EXISTENCIAL DO ART. 2032, CC

IN VERBIS:

assunto que cuida do direito intertemporal, o qual de suma importncia para os concursos pblicos.

FUNDAO (importante para MP)

As fundaes (de direito privado) resultam no da unio de indivduos, mas sim da AFETAO DE PATRIMNIO, por testamento ou escritura pblica, que o instituidor faz para realizar finalidade ideal ou no lucrativa (fins religiosos, morais, culturais ou de assistncia), consoante art. 62, do CC, in verbis:Art. 62. Para criar uma fundao, o seu instituidor far, por escritura pblica ou testamento, dotao especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administr-la.

Pargrafo nico. A fundao somente poder constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistncia.

Fundao ( mo.re. cu.ass

Obs.: fundao pode gerar receita (o que difere de lucro situao em que o din din reverte para a instituio e no ao scio). Da o porqu da fiscalizao do MP a fim de evitar lavagem de dinheiro e outras fraudes. A fundao que adquire receita prpria deve ter os valores reinvestidos nela prpria.

Prova objetiva:

Escritura pblica; e

Testamento (no fala qual o tipo, logo, permite-se ambos os tipos).

Para criar uma fundao, o seu instituidor far, por meio de uma escritura pblica ou de um testamento, a dotao especial de bens livres e, especificar o fim a que se destina. E, ainda, poder declarar a maneira de administr-los, para logo aps, ser elaborado o estatuto. Portanto, para formar uma fundao observam-se os seguintes requisitos:

a) afetao de bens livres do instituidor;

b) por meio de escritura pblica ou testamento; e

c) elaborao do estatuto da fundao.

A lei no especifica o tipo de testamento deve ser utilizado para criao da fundao. Porm, no se pode por meio de instrumento particular criar uma fundao (ex: codicilo).

A fundao, diferentemente da associao, no grupo de pessoas, mas sim, um patrimnio destacado pelo fundador que se personifica para perseguir uma finalidade ideal. Na associao, o foco so as pessoas (coorporaes); j na fundao, o foco so os bens.

Obs.: as organizaes no-governamentais ONGs somente podem se constituir como associaes ou fundaes, e para atuarem em parceria com o Poder Pblico devem se qualificar como organizao da sociedade civil de interesse pblico (Lei 9.790/99).

REQUISITOS PARA A CONSTITUIO DE UMA FUNDAO:

1 realizar a afetao ou o destacamento de bens livres do instituidor;

2 a sua instituio s poder ser feita por escritura pblica no Tabelionato de Notas ou por testamento (formas em geral);

3 a elaborao do estatuto da fundao: o ato constitutivo organizacional da fundao o estatuto. O estatuto pode ser elaborado pelo prprio fundador (instituio direta) ou fiduciariamente (instituio fiduciria). o ato normativo da fundao. Toda fundao deve ter um, o qual elaborado nos termos do art. 65 do CC: ( Instituidor; ( Terceiro a quem delegue fiduciariamente o encargo; e ( Subsidiariamente pelo MP.

CC Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicao do patrimnio, em tendo cincia do encargo, formularo logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundao projetada, submetendo-o, em seguida, aprovao da autoridade competente, com recurso ao juiz.

Pargrafo nico. Se o estatuto no for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, no havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbncia caber ao Ministrio Pblico.

Se o estatuto no for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, no havendo prazo, em 180, a incumbncia caber ao Ministrio Pblico, ou seja, o MP, supletivamente poder elaborar o estatuto caso o terceiro incumbido no o faa.

4 a aprovao do estatuto: em geral, quem aprova o estatuto quando for elaborado pelo instituidor ou por um terceiro, a aprovao ser feita pelo MP. A fundao de interesse pblico, devendo sempre atuar sob fiscalizao do Ministrio Pblico. Por este motivo que estatuto elaborado por queles dever ser aprovado previamente pelo MP. Contudo, caso seja o prprio MP, a estranha norma do art. 1.202 do CPC estabelece que a aprovao do estatuto seja feita pelo juiz.

CPC Art.1.202.Incumbir ao rgo do Ministrio Pblico elaborar o estatuto e submet-lo aprovao do juiz:

I-quando o instituidor no o fizer nem nomear quem o faa;

II-quando a pessoa encarregada no cumprir o encargo no prazo assinado pelo instituidor ou, no havendo prazo, dentro em 6 (seis) meses.

5 finalmente, para se considerar constituda a fundao, o seu estatuto dever ser devidamente REGISTRADO no CRPJ Cartrio de Registro de Pessoas Jurdicas.

PAPEL DO MP E AS FUNDAES

O MP (estadual) tem um papel essencial nas fundaes, pois tem atribuio legal e constitucional de fiscaliz-las, seja a fundao de direito pblico, seja a de direito privado.

CC Art. 66. Velar pelas fundaes o Ministrio Pblico do Estado onde situadas.

1o Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Territrio, caber o encargo ao Ministrio Pblico Federal. (Vide ADIN n 2.794-8)2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caber o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministrio Pblico.

Velar pelas fundaes o Ministrio Pblico do Estado onde situadas. Se a fundao estender suas atividades em mais de um Estado, caber a cada um dos MPs estaduais a fiscalizao das atividades.

Quando em funcionamento no Distrito Federal ou em Territrio, o encargo era do MPF.

Foi interposta a ADIN 2.794 e o STF declarou a inconstitucionalidade deste dispositivo, reconhecendo a usurpao da atribuio constitucional constante do p. 1, do art. 66. Assim, com o julgamento da ao, a correta interpretao no sentido de que fundao situao no DF deve ser fiscalizada pelo prprio MPDFT e no pela Procuradoria da Unio (MPF).

Em princpio, quem fiscaliza o MP estadual, mas caso a fundao receba uma verba da Unio, seja mantida por esta ou haja interesse que justifique a interveno, nada impede que o MP Federal realize uma fiscalizao. Inclusive, pode atuar em parceria ao MP estadual.

Os artigos 67 e 68 do CC cuidam da alterao do estatuto de uma fundao. O art. 67 do CC alterou o qurum de deliberao para alterao do estatuto da fundao que, no CC anterior, exigia maioria absoluta.

Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundao mister que a reforma:

I - seja deliberada por 2/3 (dois teros) dos competentes para gerir e representar a fundao;

II - no contrarie ou desvirtue o fim desta;

III - seja aprovada pelo rgo do MP, e, caso este a denegue, poder o juiz supri-la, a requerimento do interessado.

Quando a alterao no houver sido aprovada por votao unnime, os administradores da fundao, ao submeterem o estatuto ao rgo do Ministrio Pblico, requerero que se d cincia minoria vencida para impugn-la, se quiser, em 10 dias.

Art. 68. Quando a alterao no houver sido aprovada por votao unnime, os administradores da fundao, ao submeterem o estatuto ao rgo do Ministrio Pblico, requerero que se d cincia minoria vencida para impugn-la, se quiser, em 10 (dez) dias.

E o artigo 69 do CC cuida do destino de um patrimnio de uma fundao que cessa.

Art. 69. Tornando-se ilcita, impossvel ou intil a finalidade a que visa a fundao, ou vencido o prazo de sua existncia, o rgo do Ministrio Pblico, ou qualquer interessado, lhe promover a extino, incorporando-se o seu patrimnio, salvo disposio em contrrio no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundao, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.

SOCIEDADESConceito: a sociedade, espcie de pessoa jurdica de direito privado, instituda por meio de contrato social, dotada de personalidade jurdica prpria e visa fins econmicos, bem como a partilha lucro. O elemento teleolgico (finalstico) lucro o que a diferencia das associaes.

da fundao (bens)/ aqui temos um agrupamento de PESSOAS e no de bens.

da fundao (estatuto)/aqui CONTRATO SOCIAL, o qual delimita o objeto, a forma societria, o administrador.

A sociedade pessoa jurdica com objetivo de lucro ou objetivo econmico (ex: sociedades empresrias, sociedades simples, sociedades de economia mista e empresas pblicas).

Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou servios, para o exerccio de atividade econmica e a partilha, entre si, dos resultados.

OBS.: uma sociedade no possui associados e sim scios, os quais objetivam fins econmicos.

juridicamente possvel haver sociedade entre cnjuges?

Segundo art. 977 do CC, faculta-se aos cnjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que no sejam casados no regime de comunho universal de bens ou de separao obrigatria.

CC Art. 977. Faculta-se aos cnjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que no tenham casado no regime da comunho universal de bens, ou no da separao obrigatria.

A inteno do legislador, ao proibir que marido e mulher possam contratar sociedades, foi evitar fraudes no regime de bens (legislador criou uma presuno de fraude). Este dispositivo muito criticado devido a esta presuno.

Os casados pelo regime de comunho universal que possuem sociedade formada antes do novo CC tero que desfaz-las ou se adapt-las as regras deste novo CC?

O Departamento Nacional de Registro de Comrcio Conselho Jurdico DNRC/COJUR, por meio do parecer jurdico 125/03, firmou o entendimento correto de que o art. 977, em respeito ao princpio do ato jurdico perfeito, no atinge sociedade entre cnjuges formada anteriormente ao novo CC.

*DNRC: coordena as juntas comerciais.

Hoje sociedade tem finalidade lucrativa de forma obrigatria. Caso no seja assim constituir fundao ou associao. Atentar para a questo dos clubes de futebol, ora associao, ora sociedade.

CLASSIFICAO DAS SOCIEDADES

Tradicionalmente, no Brasil, as sociedades eram classificadas em civis e mercantis (comerciais). Esta era a classificao tradicional. O que havia em comum entre sociedades civis e mercantis era que ambas buscavam finalidades econmicas, ou seja, perseguiam o lucro.

A diferena entre sociedades civis e mercantis, que estas, para alcanarem o lucro, praticavam atos de comrcio previstos no rol taxativo do CCom de 1850. As sociedades civis no praticavam atos de comrcio e as mercantis sim. No sc. XX, a noo de comrcio passou a ser substituda pelo conceito de empresa.

A teoria da empresa (do cdigo civil Italiano) modificou essa tipologia, no se falando mais em sociedades civis e mercantis. O novo CC, subdivide em sociedades simples e sociedades empresrias ( de empresarial que a atividade que esta exerce). A chave da diferena entre sociedades simples e empresria est no art. 982 do CC:

Art. 982. Salvo as excees expressas, considera-se empresria a sociedade que tem por objeto o exerccio de atividade prpria de empresrio sujeito ao registro (art. 967); e, simples, as demais.

Pargrafo nico. Independentemente de seu objeto, considera-se empresria a sociedade por aes; e, simples, a cooperativa.

Uma sociedade para ser EMPRESRIA dever conjugar um requisito material (exerccio de atividade empresarial) e um requisito formal (registro na Junta Comercial); ausncia de qualquer desses requisitos, em geral, torna a sociedade SIMPLES.

A sociedade empresria quando se observam dois requisitos: a) material (realiza uma atividade econmica organizada - atividade empresarial); e b) formal (registro na Junta Comercial).

Obs.: ao diferenciar as sociedades do CC/16 e do CC/02 cuidado (no falar das diferenas, mas sim das semelhanas, pois dir. empresarial mais ampla que comercial, assim, evita-se contradio).

A sociedade empresria tem um conceito mais abrangente que a antiga sociedade mercantil. A doutrina especializada sustenta que uma sociedade empresria conjuga estes dois requisitos (formal e material), somados a caracterstica tipicamente capitalista - impessoal.

Os scios atuam como articuladores de fatores de produo (capital, trabalho, tecnologia e matria-prima). Os acionistas majoritrios de uma instituio financeira, por exemplo, apenas articulam fatores de produo, no prestando diretamente o servio da empresa (impessoal). Esta sociedade tem a caracterstica da impessoalidade, pois no so os articuladores que exercem a atividade pessoalmente. certo que as sociedades empresrias esto sujeitas a lei falimentar, bem como ao registro realizado perante a Junta Comercial. As SOCIEDADES SIMPLES, por sua vez, tm por nota a pessoalidade: os scios realizam ou supervisionam a atividade desenvolvida o fim da sociedade. A principal caracterstica da sociedade simples a pessoalidade, em que os seus scios no so apenas articuladores de fatores de produo, uma vez que prestam e supervisionam direta e pessoalmente a atividade desenvolvida. certo que no esto sujeitas falncia e, em geral, so registradas no CRPJ.

Em geral, so sociedades prestadoras de servios tcnicos ou cientficos, a exemplo da sociedade de advogados ou de mdicos. O seu registro feito no Cartrio de Registro de Pessoas Jurdicas. Por exceo, a sociedade de advogados sociedade simples com registro perante a OAB.

Uma grande sociedade de advogados ou de mdicos poder se transformar em sociedade empresria; os scios no praticam mais as atividades fins da sociedade (pessoalmente), mas apenas articulam os fatores de produo, administrando a sociedade.

Todavia, a soc. de adv. se mantm como simples (em razo do requisito formal registro perante a OAB); quanto aos mdicos fica mais fcil, pois podem se transformarem em empresrias.

OBS.: vale observar que a sociedade annima sempre empresria e a cooperativa sociedade simples. Ver AGRG no RESP 208241 DE SP.

Quanto s COOPERATIVAS, so tratadas como sociedades simples, por fora de lei. Cooperativa no sociedade empresria, tendo em vista que o cooperado deve realizar a atividade fim (pessoalidade), como por exemplo, a cooperativa de frota de txi.

Na cooperativa, se partilha o resultado do trabalho. A Lei 8.934/94 obrigava as cooperativas a se registrarem na Junta Comercial (hoje no CRPJ). O novo CC, posteriormente, definiu que a cooperativa sociedade simples. O magistrado poder ser scio, porm, no pode administrar.

ASSOCIAESConceito: as associaes so pessoas jurdicas de direito privado, formadas pela unio de indivduos com propsito de realizarem fins no-econmicos (ex: clubes recreativos, associao de moradores de bairros, os sindicatos, etc.). um grupo de pessoas que recebem personalidade jurdica, no possuindo fins lucrativos, segundo o art. 53, do CC. Vejamos:

CC Art. 53. Constituem-se as associaes pela unio de pessoas que se organizem para fins no econmicos.

Pargrafo nico. No h, entre os associados, direitos e obrigaes recprocos.Parte da doutrina sustenta que no cabe MS contra ato de dirigente de sindicato, tendo em vista que no se trata de autoridade pblica. A associao pode gerar receita, porm, deve ser reinvestida nela prpria.

A associao tem por ato normativo, ou melhor, o ato constitutivo da associao seu ESTATUTO, o qual deve ser registrado no CRPJ (e responsvel por sua organizao). Os requisitos do estatuto esto previstos no art. 54 do CC:

Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associaes conter:

I - a denominao, os fins e a sede da associao;

II - os requisitos para a admisso, demisso e excluso dos associados;

III - os direitos e deveres dos associados;

IV - as fontes de recursos para sua manuteno;

V o modo de constituio e de funcionamento dos rgos deliberativos;

VI - as condies para a alterao das disposies estatutrias e para a dissoluo.

VII a forma de gesto administrativa e de aprovao das respectivas contas.

O rgo mximo de uma associao a assemblia-geral de associados. Uma associao composta por conselho fiscal e conselho administrativo, como acontece nas sociedades annimas. O presidente pode fazer parte dos conselhos, mas no o rgo mximo.

O art. 59 do CC traz as atribuies das associaes.

Art. 59. Compete privativamente assemblia geral:

I destituir os administradores;

II alterar o estatuto.

. Para as deliberaes a que se referem os incisos I e II deste artigo exigido deliberao da assemblia especialmente convocada para esse fim, cujo quorum ser o estabelecido no estatuto, bem como os critrios de eleio dos administradores.

Pegadinha de concurso: vale lembrar que possvel a existncia de categorias diferenciadas de associados, mas dentro de cada categoria os associados no podem ser discriminados entre si (art. 55 do CC), ou seja, possuem direitos e deveres iguais.

Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poder instituir categorias com vantagens especiais.

Ex: os fundadores terem voto de maior valor.

Qual o destino do patrimnio de uma associao extinta?

Nos termos do art. 61 do CC, regra geral, dissolvida a associao, o seu patrimnio ser atribudo a entidades de fins no econmicos designadas no estatuto, ou, se omisso este, ser atribudo a instituio municipal, estadual ou federal de fins iguais ou semelhantes.O CC, regulando de forma inovadora, passou a admitir a excluso do associado, nos termos do art. 57 do CC.

Art. 57. A excluso do associado s admissvel havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.

Direitos fundamentais ( eficcia horizontal entre as partes. Frisa-se que dentre os princpios do CC (eticidade, socialidade e operabilidade) notria a presena do p. da operabilidade (clusula aberta). No tem nada a ver a possibilidade de excluso de condmino com base em tal artigo.

As associaes tm finalidades ideais, culturais, educacionais, corporativos, culturais, artsticos, esportivos, de cidadania, cientficos, polticos, etc. A CF assegura a liberdade de associao para fins lcitos.

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18-02-2010

Curso LFG Intensivo I Prof. Pablo Stolze Aula 4 - Direito Civil

Cita: STJ ( RESP 1.026.981 RJ ( unio estvel VS relao homoafetiva ( pode ser beneficirio de previdncia privada. Ser de suma importncia na seara do dir. de famlia.

EXTINO DA PESSOA JURDICA

Fundamentalmente temos trs formas de extino da pessoa jurdica: 1) convencional; 2) administrativa; e 3) judicial. Vejamos:

1) A dissoluo convencional ( se opera por ato de vontade dos prprios scios que firmaro o distrato. Os prprios scios deliberam acerca da extino da pessoa jurdica. mais comum para as sociedades tal forma de extino.

2) A dissoluo administrativa ( aquela que decorre da cassao da autorizao de especfica de constituio e funcionamento da pessoa jurdica. Caio Mrio trata muito bem de tal tema. Ex: a instituio financeira depende de autorizao especfica do Banco Central. possvel, em algumas situaes, a cassao administrativa de uma instituio financeira, caso no siga seus fins.

3) A dissoluo judicial ( por bvio, a mais importante, aquela que opera por meio de sentena, a exemplo do se d no procedimento de falncia.

OBS.: entidades no sujeitas falncia podem ter a sua dissoluo judicial regulada pelo art. 1.218, inc. VII, do CPC ( a qual remete ao rito do CPC de 1939.

Art.1.218.Continuam em vigor at serem incorporados nas leis especiais os procedimentos regulados pelo Decreto-lei no 1.608, de 18 de setembro de 1939, concernentes:

Vll- dissoluo e liquidao das sociedades (arts. 655 a 674);

Art. 655. A penhora observar, preferencialmente, a seguinte ordem:

I - dinheiro, em espcie ou em depsito ou aplicao em instituio financeira;

II - veculos de via terrestre;

III - bens mveis em geral;

IV - bens imveis;

V - navios e aeronaves;

VI - aes e quotas de sociedades empresrias;

VII - percentual do faturamento de empresa devedora;

VIII - pedras e metais preciosos;

IX - ttulos da dvida pblica da Unio, Estados e Distrito Federal com cotao em mercado;

X - ttulos e valores mobilirios com cotao em mercado;

XI - outros direitos.

1o Na execuo de crdito com garantia hipotecria, pignoratcia ou anticrtica, a penhora recair, preferencialmente, sobre a coisa dada em garantia; se a coisa pertencer a terceiro garantidor, ser tambm esse intimado da penhora.

2o Recaindo a penhora em bens imveis, ser intimado tambm o cnjuge do executado.

Art. 655-A. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depsito ou aplicao financeira, o juiz, a requerimento do exeqente, requisitar autoridade supervisora do sistema bancrio, preferencialmente por meio eletrnico, informaes sobre a existncia de ativos em nome do executado, podendo no mesmo ato determinar sua indisponibilidade, at o valor indicado na execuo.

1o As informaes limitar-se-o existncia ou no de depsito ou aplicao at o valor indicado na execuo.

2o Compete ao executado comprovar que as quantias depositadas em conta corrente referem-se hiptese do inciso IV do caput do art. 649 desta Lei ou que esto revestidas de outra forma de impenhorabilidade.

3o Na penhora de percentual do faturamento da empresa executada, ser nomeado depositrio, com a atribuio de submeter aprovao judicial a forma de efetivao da constrio, bem como de prestar contas mensalmente, entregando ao exeqente as quantias recebidas, a fim de serem imputadas no pagamento da dvida.

4o Quando se tratar de execuo contra partido poltico, o juiz, a requerimento do exeqente, requisitar autoridade supervisora do sistema bancrio, nos termos do que estabelece o caput deste artigo, informaes sobre a existncia de ativos to-somente em nome do rgo partidrio que tenha contrado a dvida executada ou que tenha dado causa a violao de direito ou ao dano, ao qual cabe exclusivamente a responsabilidade pelos atos praticados, de acordo com o disposto no art. 15-A da Lei no 9.096, de 19 de setembro de 1995.

Art. 655-B. Tratando-se de penhora em bem indivisvel, a meao do cnjuge alheio execuo recair sobre o produto da alienao do bem.

Art. 656. A parte poder requerer a substituio da penhora:

I - se no obedecer ordem legal;

II - se no incidir sobre os bens designados em lei, contrato ou ato judicial para o pagamento;

III - se, havendo bens no foro da execuo, outros houverem sido penhorados;

IV - se, havendo bens livres, a penhora houver recado sobre bens j penhorados ou objeto de gravame;

V - se incidir sobre bens de baixa liquidez;

VI - se fracassar a tentativa de alienao judicial do bem; ou

VII - se o devedor no indicar o valor dos bens ou omitir qualquer das indicaes a que se referem os incisos I a IV do pargrafo nico do art. 668 desta Lei.

1o dever do executado (art. 600), no prazo fixado pelo juiz, indicar onde se encontram os bens sujeitos execuo, exibir a prova de sua propriedade e, se for o caso, certido negativa de nus, bem como abster-se de qualquer atitude que dificulte ou embarace a realizao da penhora (art. 14, pargrafo nico).

2o A penhora pode ser substituda por fiana bancria ou seguro garantia judicial, em valor no inferior ao do dbito constante da inicial, mais 30% (trinta por cento).

3o O executado somente poder oferecer bem imvel em substituio caso o requeira com a expressa anuncia do cnjuge.

Art. 657. Ouvida em 3 (trs) dias a parte contrria, se os bens inicialmente penhorados (art. 652) forem substitudos por outros, lavrar-se- o respectivo termo. Pargrafo nico. O juiz decidir de plano quaisquer questes suscitadas.

Art.658.Se o devedor no tiver bens no foro da causa, far-se- a execuo por carta, penhorando-se, avaliando-se e alienando-se os bens no foro da situao (art. 747).

Subseo III - Da Penhora e do Depsito Art. 659. A penhora dever incidir em tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, juros, custas e honorrios advocatcios.

1o Efetuar-se- a penhora onde quer que se encontrem os bens, ainda que sob a posse, deteno ou guarda de terceiros.

2oNo se levar a efeito a penhora, quando evidente que o produto da execuo dos bens encontrados ser totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execuo.

3oNo caso do pargrafo anterior e bem assim quando no encontrar quaisquer bens penhorveis, o oficial descrever na certido os que guarnecem a residncia ou o estabelecimento do devedor.

4o A penhora de bens imveis realizar-se- mediante auto ou termo de penhora, cabendo ao exeqente, sem prejuzo da imediata intimao do executado (art. 652, 4o), providenciar, para presuno absoluta de conhecimento por terceiros, a respectiva averbao no ofcio imobilirio, mediante a apresentao de certido de inteiro teor do ato, independentemente de mandado judicial.

5o Nos casos do 4o, quando apresentada certido da respectiva matrcula, a penhora de imveis, independentemente de onde se localizem, ser realizada por termo nos autos, do qual ser intimado o executado, pessoalmente ou na pessoa de seu advogado, e por este ato constitudo depositrio.

6o Obedecidas as normas de segurana que forem institudas, sob critrios uniformes, pelos Tribunais, a penhora de numerrio e as averbaes de penhoras de bens imveis e mveis podem ser realizadas por meios eletrnicos.

Art.660.Se o devedor fechar as portas da casa, a fim de obstar a penhora dos bens, o oficial de justia comunicar o fato ao juiz, solicitando-lhe ordem de arrombamento.

Art.661.Deferido o pedido mencionado no artigo antecedente, dois oficiais de justia cumpriro o mandado, arrombando portas, mveis e gavetas, onde presumirem que se achem os bens, e lavrando de tudo auto circunstanciado, que ser assinado por duas testemunhas, presentes diligncia.

Art.662.Sempre que necessrio, o juiz requisitar fora policial, a fim de auxiliar os oficiais de justia na penhora dos bens e na priso de quem resistir ordem.

Art.663.Os oficiais de justia lavraro em duplicata o auto de resistncia, entregando uma via ao escrivo do processo para ser junta aos autos e a outra autoridade policial, a quem entregaro o preso. Pargrafo nico.Do auto de resistncia constar o rol de testemunhas, com a sua qualificao.

Art.664.Considerar-se- feita a penhora mediante a apreenso e o depsito dos bens, lavrando-se um s auto se as diligncias forem concludas no mesmo dia. Pargrafo nico.Havendo mais de uma penhora, lavrar-se- para cada qual um auto.

Art.665.O auto de penhora conter:

I-a indicao do dia, ms, ano e lugar em que foi feita;

II-os nomes do credor e do devedor;

III-a descrio dos bens penhorados, com os seus caractersticos;

IV-a nomeao do depositrio dos bens.

Art. 666. Os bens penhorados sero preferencialmente depositados:

I-no Banco do Brasil, na Caixa Econmica Federal, ou em um banco, de que o Estado-Membro da Unio possua mais de metade do capital social integralizado; ou, em falta de tais estabelecimentos de crdito, ou agncias suas no lugar, em qualquer estabelecimento de crdito, designado pelo juiz, as quantias em dinheiro, as pedras e os metais preciosos, bem como os papis de crdito;

II-em poder do depositrio judicial, os mveis e os imveis urbanos;

III - em mos de depositrio particular, os demais bens.

1o Com a expressa anuncia do exeqente ou nos casos de difcil remoo, os bens podero ser depositados em poder do executado.

2o As jias, pedras e objetos preciosos devero ser depositados com registro do valor estimado de resgate.

3o A priso de depositrio judicial infiel ser decretada no prprio processo, independentemente de ao de depsito.

Art.667.No se procede segunda penhora, salvo se:

I-a primeira for anulada;

II-executados os bens, o produto da alienao no bastar para o pagamento do credor;

III-o credor desistir da primeira penhora, por serem litigiosos os bens, ou por estarem penhorados, arrestados ou onerados.

Art. 668. O executado pode, no prazo de 10 (dez) dias aps intimado da penhora, requerer a substituio do bem penhorado, desde que comprove cabalmente que a substituio no trar prejuzo algum ao exeqente e ser menos onerosa para ele devedor (art. 17, incisos IV e VI, e art. 620). Pargrafo nico. Na hiptese prevista neste artigo, ao executado incumbe:

I - quanto aos bens imveis, indicar as respectivas matrculas e registros, situ-los e mencionar as divisas e confrontaes;

II - quanto aos mveis, particularizar o estado e o lugar em que se encontram;

III - quanto aos semoventes, especific-los, indicando o nmero de cabeas e o imvel em que se encontram;

IV - quanto aos crditos, identificar o devedor e qualific-lo, descrevendo a origem da dvida, o ttulo que a representa e a data do vencimento; e

V - atribuir valor aos bens indicados penhora.

Art. 669. (Revogado pela Lei n 11.382, de 2006)Art.670.O juiz autorizar a alienao antecipada dos bens penhorados quando:

I-sujeitos a deteriorao ou depreciao;

II-houver manifesta vantagem.

Pargrafo nico.Quando uma das partes requerer a alienao antecipada dos bens penhorados, o juiz ouvir sempre a outra antes de decidir.

Subseo IV - Da Penhora de Crditos e de Outros Direitos PatrimoniaisArt.671.Quando a penhora recair em crdito do devedor, o oficial de justia o penhorar. Enquanto no ocorrer a hiptese prevista no artigo seguinte, considerar-se- feita a penhora pela intimao:

I-ao terceiro devedor para que no pague ao seu credor;

II-ao credor do terceiro para que no pratique ato de disposio do crdito.

Art.672.A penhora de crdito, representada por letra de cmbio, nota promissria, duplicata, cheque ou outros ttulos, far-se- pela apreenso do documento, esteja ou no em poder do devedor.

1oSe o ttulo no for apreendido, mas o terceiro confessar a dvida, ser havido como depositrio da importncia.

2oO terceiro s se exonerar da obrigao, depositando em juzo a importncia da dvida.

3oSe o terceiro negar o dbito em conluio com o devedor, a quitao, que este Ihe der, considerar-se- em fraude de execuo.

4oA requerimento do credor, o juiz determinar o comparecimento, em audincia especialmente designada, do devedor e do terceiro, a fim de Ihes tomar os depoimentos.

Art.673.Feita a penhora em direito e ao do devedor, e no tendo este oferecido embargos, ou sendo estes rejeitados, o credor fica sub-rogado nos direitos do devedor at a concorrncia do seu crdito.

1oO credor pode preferir, em vez da sub-rogao, a alienao judicial do direito penhorado, caso em que declarar a sua vontade no prazo de 10 (dez) dias contados da realizao da penhora.

2oA sub-rogao no impede ao sub-rogado, se no receber o crdito do devedor, de prosseguir na execuo, nos mesmos autos, penhorando outros bens do devedor.

Art.674.Quando o direito estiver sendo pleiteado em juzo, averbar-se- no rosto dos autos a penhora, que recair nele e na ao que Ihe corresponder, a fim de se efetivar nos bens, que forem adjudicados ou vierem a caber ao devedor.

Frisa-nos que, recentemente, julgando o RESP 976522, o STJ tambm aplicou o CPC de 1939 para decidir sobre diviso de bem com mltiplas penhoras. Isso brbaro para uma prova do CESPE.

DESCONSIDERAO DA PESSOA JURDICA

PRECEDENTE HISTRICO:

O precedente do qual nasceu a desconsiderao da pessoa jurdica surgiu na Inglaterra, com o disregand doctrine, por meio do caso de Salomon vs Salomon Co. Salomon emitiu no mercado de valores, ttulos privilegiados de sua companhia que estava beira de crise, em que ele (pessoa fsica) mesmo os comprou (20 mil aes).

Na iminncia da quebra da empresa, o primeiro credor a receber foi o prprio Salomon (o prprio presidente), tendo em vista que adquiriu ttulos privilegiados de bolsa. Assim, os credores sem garantia (os quirografrios) pediram a desconsiderao da personalidade para que os seus bens respondessem pelas obrigaes. Todavia, restou infrutfero o pedido, mas foi da que surgiu a teoria em comento.

Foi Rubens Requio quem trouxe para o Brasil a Teoria da Desconsiderao da Pessoa Jurdica e quanto doutrina internacional o precursor foi o alemo Rolf Serick.

CONCEITO:

A teoria da desconsiderao pretende o afastamento temporrio da personalidade de uma pessoa jurdica, para permitir que os seus credores prejudicados possam satisfazer os seus direitos no patrimnio pessoal do scio ou administrador que cometera o ato abusivo.

Segundo Fbio Ulhoa Coelho, a personalidade da pessoa jurdica afastada para que o patrimnio do credor responda para com suas obrigaes. Diz que por meio de tal teoria pretende-se o superamento episdico da pessoa jurdica, isto , quando aplicada tal doutrina, o que se quer o afastamento da personalidade da pessoa jurdica que foi usada como escudo para fraude a fim de atingir os bens pessoais. Obs.: no s para sociedades empresrias. Ex: pode ser uma ONG objeto de tal desconsiderao.

DESCONSIDERAR E DESPERSONIFICAR

No confundir a desconsiderao e a despersonificao da pessoa jurdica. A desconsiderao, consoante o princpio da continuidade da empresa, tende a admitir a mantena posterior de suas atividades, ou seja, poder voltar a funcionar normalmente, conforme o caso.

J na despersonificao aniquila-se a pessoa jurdica, isto , cancela-se o seu registro. Aqui muito mais pesado. No pretende to-somente afast-la temporariamente.

Na despersonificao busca-se a extino da prpria pessoa jurdica, bem como o cancelamento do seu registro. Como se deu com algumas torcidas organizadas de futebol. Cita MP de SP x associao de torcedores. Aqui pressupe o cometimento de atos muitssimos graves.

OBS.:

No confundir a desconsiderao da pessoa jurdica, que tem requisitos prprios, com responsabilidade tributria subsidiria de scio ou administrador.

Igualmente, no confundir a teoria da desconsiderao com a teoria ULTRA VIRES. Mas o que se entende por Teoria Ultra Vires Societatis? de origem anglo-saxnica, prevista no art. 1.015 do CC, teoria que sustenta ser invlido e ineficaz o ato praticado pelo scio que extrapole os limites do contrato social, no vinculando, por conseqncia, a referida pessoa jurdica; o instituto responsabiliza exclusivamente o scio. Esta teoria visa proteger a pessoa jurdica. Enfim, matria de dir. empresarial.

Art. 1.015, Pargrafo nico. O excesso por parte dos administradores somente pode ser oposto a terceiros se ocorrer pelo menos uma das seguintes hipteses:

I - se a limitao de poderes estiver inscrita ou averbada no registro prprio da sociedade;

II - provando-se que era conhecida do terceiro;

III - tratando-se de operao evidentemente estranha aos negcios da sociedade.

DIREITO POSITIVO E DESCONSIDERAO DA PESSOA JURDICA

Ressalvada a legislao do Direito do Trabalho, a primeira grande lei a tratar da desconsiderao foi o CDC, em seu art. 28, foi o primeiro diploma a consagrar a desconsiderao da pessoa jurdica.

Art. 28. O juiz poder desconsiderar a personalidade jurdica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infrao da lei, fato ou ato ilcito ou violao dos estatutos ou contrato social. A desconsiderao tambm ser efetivada quando houver falncia, estado de insolvncia, encerramento ou inatividade da pessoa jurdica provocados por m administrao.

c Art. 18 da Lei n 8.884, de 11-6-1994 (Lei Antitruste).

1o VETADO. 2o As sociedades integrantes dos grupos societrios e as sociedades controladas, so subsidiariamente responsveis pelas obrigaes decorrentes deste Cdigo.

3o As sociedades consorciadas so solidariamente responsveis pelas obrigaes decorrentes deste Cdigo.

4o As sociedades coligadas s respondero por culpa.

5o Tambm poder ser desconsiderada a pessoa jurdica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstculo ao ressarcimento de prejuzos causados aos consumidores.

Posteriormente, foi prevista pela Lei Antitruste, Lei Ambiental e, por fim, pelo CC/2002.

O CC no revogou as leis especiais anteriores, tendo em vista que estas so aplicadas s situaes especficas.

Contra empresa prestadora de servio pblico, por exemplo, continua se aplicando o art. 28 do CDC. Citar num caso de relao de consumo.

Agora numa relao civilista, a matria tratada no CC, no artigo abaixo:

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurdica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confuso patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do MP quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relaes de obrigaes sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou scios da pessoa jurdica.

Pode aplicar tal artigo s pessoas jurdicas constitudas antes de tal preceito, pois norma de eficcia.

Mas o que norma de eficcia?

Por fim, em regra, a desconsiderao matria sob reserva de jurisdio, somente cabendo ao juiz.

Obs.:

A desconsiderao matria sob reserva de jurisdio?

Regra geral, segundo a doutrina brasileira (Edmar Andrade e Gustavo Tepedino), a desconsiderao matria sob RESERVA DE JURISDIO, nos termos do art. 50 do CC; mas, na excepcional situao de fraude grave comprovada, a desconsiderao pode se dar de ofcio pela Administrao pblica (RMS 15.166/BA*).

*paradigma ler.

Ex: desconsiderao administrativa da pessoa jurdica, conforme j decidiu o STJ, no julgamento do REsp 15.166. Este julgado trouxe o caso em que a AP declarou a idoneidade da empresa, no podendo esta licitar. Os scios desta empresa, no mesmo endereo, apenas alteraram seu nome, registrando uma nova sociedade. O STJ, excepcionalmente, permitiu que a AP declarasse a desconsiderao da pessoa jurdica de forma administrativa, sem ordem judicial.

REQUISITOS PARA DESCONSIDERAO DA PESSOA JURDICA NO CC

CC, Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurdica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confuso patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministrio Pblico quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relaes de obrigaes sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou scios da pessoa jurdica.

Requisitos para desconsiderao:

a) descumprimento da obrigao ou insolvncia da pessoa jurdica; e

b) abuso da personalidade caracterizado pelo desvio de finalidade (ex: emisso de notas frias) ou ela confuso patrimonial (ex: constituio de empresa podre dentro do grupo empresarial; scio embolsa os crditos da pessoa jurdica).

Requisitos para caracterizar o abuso de poder:

1) desvio de finalidade (utilizao da pessoa jurdica para fim diverso daquele para qual foi criada lavagem de capitais); e

2) confuso patrimonial entre os bens dos scios com os bens da pessoa jurdica (caso da Inglaterra).

Logo, para desconsiderar precisamos dos requisitos A, B + ATO ABUSIVO (= 1 e 2) ( mas seguindo a doutrina de Fbio Konder Comparato (em sua obra O PODER DE CONTROLE DA S.A., Ed. Forense), pode-se concluir que o art. 50 do CC, CONCEBEU A TEORIA DA DESCONSIDERAO COM CARTER OBJETIVO, dispensando a prova do dolo especfico /inteno do scio ou administrador no cometimento de ato ilcito.

Exemplo grave de abuso em que h confuso patrimonial opera-se quando uma pessoa jurdica atua por meio de outra visando a se eximir de responsabilidade. Neste caso, poder o juiz desconsiderar a primeira empresa e atingir indiretamente a que est por trs.

Ocorre em muitos conglomerados de empresas que criam uma nova empresa a qual absorve o passivo das demais, servindo de escudo para a empresa controladora. O credor da nova empresa (empresa podre) pode pedir a desconsiderao indireta.

Pode caracterizar abuso por confuso de patrimnio, apto a permitir a desconsiderao, a situao em que uma empresa controladora atua fraudulentamente por meio de outra empresa do mesmo grupo. Neste caso, opera-se uma desconsiderao INDIRETA: desconsidera a empresa controlada para atingir a empresa controladora.

*Por fim, para aprofundar no tema: lerobra O NOVO DIR. SOCIETRIO Prof. Calixto Salomo Filho.

Qual a diferena entre teoria maior e teoria menor da desconsiderao da PJ? (STJ tem abordado o tema; logo, questo tpica do CESPE)

Em mais de uma oportunidade o STJ, tem afirmado, que a regra geral, no mbito da desconsiderao, a TEORIA MAIOR que exige alm do descumprimento da obrigao ou da insolvncia, os requisitos especficos caracterizadores do abuso. adotada pelo CC, no art. 50, exigindo uma gama maior de requisitos, uma vez que demanda a prova do abuso do scio ou administrador.

Entretanto, em situaes jurdicas especiais, para facilitar a satisfao do direito adota-se a TEORIA MENOR que se contenta simplesmente com a demonstrao do descumprimento da obrigao ou insolvncia da pessoa jurdica. adotada pelo CDC e pela Legislao Ambiental, de aplicao mais facilitada, pois no exige a demonstrao do abuso, basta o descumprimento da obrigao (REsp 279.273)*.

*o STJ, ao tratar do caso do Osasco Plaza Shopping, doutrinou a matria diferenciando a Teoria Maior e Menor da desconsiderao da pessoa jurdica.

VER FARTA JURISPRUDNCIA MATERIAL DE APOIO.

De acordo com o Cdigo do Consumidor e a Lei de Crimes Ambientais possvel desconsiderar a personalidade sempre que esta for obstculo para o ressarcimento do dano. Ou seja, causou dano ambiental ou dano ao consumidor, pode se desconsiderar a personalidade jurdica da empresa, sempre que esta impedir o ressarcimento do dano.

QUESTES ESPECIAIS ENVOLVENDO A

DESCONSIDERAO DA PESSOA JURDICA

firme a jurisprudncia do STJ no sentido de que a desconsiderao possvel no curso da execuo (REsp 9020.602/DF), desde que se garanta o contraditrio no processo (advertncia: no necessria a discusso no curso do processo de conhecimento, desde que garantido o contraditrio no bojo da execuo).

Quais scios so atingidos pela desconsiderao? Resguardando-se o nexo de causalidade, deve-se invadir o patrimnio do scio que praticou o ato abusivo ou dele se beneficiou. Nos termos do Enunciado n. 7 da I Jornada de Direito Civil, seguindo a vereda dos projetos de Lei 3.401/2008 e 4.298/08, a desconsiderao, a ser formulada em requerimento especfico, respeitando o nexo de causalidade, dever atingir o patrimnio do scio ou administrador que cometeu o ato abusivo ou dele se beneficiou. No sabe quem cometeu? Ajuza em face de todos. A os scios fazem as provas. O que Desconsiderao inversa da pessoa jurdica? O juiz no afasta a personalidade da pessoa jurdica, pelo contrrio: verificando que um scio se valeu da pessoa jurdica para ocultar bens, atinge o patrimnio desta para alcanar o agente causador do dano (ocultao de bens pessoais para prejudicar terceiros - pioneiro: Fbio Comparato).O que desconsiderao inversa? H situaes inversas da teoria da desconsiderao, em que a pessoa fsica insolvente, tem todo seu patrimnio aplicado na pessoa jurdica registrada em nome de seus familiares. Contra esta fraude, a doutrina criou a teoria da desconsiderao inversa. O juiz toma a pessoa jurdica para se chegar at a pessoa fsica inadimplente (REsp 33.453-01).

Essa teoria se aplica tambm ao Direito de Famlia, conforme lio de Rolf Madaleno. Isso muito freqente nos casos em que a pessoa fsica, para evitar o pagamento de alimentos ex-esposa, transfere seu patrimnio para pessoa jurdica. OBS.: o enunciado 283 da 4 Jornada de Direito Civil admite este tipo desconsiderao inversa.

DOMICLIO

( Etimologia: der. do lat. domus 'habitao, morada, domiclio'.( A noo de domiclio veio para o direito moderno, em que a importncia residiu no aspecto de segurana jurdica, pois, em regra geral, o foro de domiclio do ru, fixa a competncia territorial do processo.

( Para se atingir a noo de domiclio, deve-se passar pela noo de residncia e pela de morada. Vejamos:

.Morada e estada (para De Ruggiero - italiano): o lugar em que a pessoa fsica se estabelece temporariamente/provisria; no desloca o domiclio; e

.Residncia: mais do que morada. Pressupe estabilidade. o lugar em que a pessoa fsica se estabelece habitualmente (estvel/habitual). Ex: moro em SP e vivo indo na casa de veraneio (Santos).

( Qual a diferena entre a residncia e o domiclio? Domiclio o conceito mais abrangente, uma vez que traduz o lugar em que a pessoa fsica se estabelece com nimo definitivo** (animus manendi), convertendo-o em centro principal de sua vida jurdica ( a residncia com um plus**). Consoante CC: Art. 70. O domiclio da pessoa natural o lugar onde ela estabelece a sua residncia com nimo definitivo.