direito civil

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Apostila para concursos

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  • DIREITO CIVIL

  • 1

    NDICE

    1. INTRODUO AO DIREITO ........................................................................................................ 5

    2. LEI DE INTRODUO AO CDIGO CIVIL .................................................................................... 6

    2.1 FONTES DO DIREITO ............................................................................................................ 6

    2.2 VIGNCIA DAS LEIS NO TEMPO ........................................................................................... 6

    2.3 VIGNCIA DAS LEIS NO ESPAO .......................................................................................... 7

    2.4 INTERPRETAO E INTEGRAO DAS NORMAS JURDICAS ............................................... 7

    3. DIREITO CIVIL ............................................................................................................................. 8

    4. DAS PESSOAS (art. 1 a 78)........................................................................................................ 8

    4.1 DAS PESSOAS NATURAIS (art. 1 a 39 e 70 a 78) ................................................................ 8

    4.1.1 DA PERSONALIDADE ..................................................................................................... 9

    4.1.2 DA CAPACIDADE ......................................................................................................... 11

    4.2 DAS PESSOAS JURDICAS (art. 40 a 69) .............................................................................. 12

    4.2.1 TIPOS .......................................................................................................................... 12

    4.2.2 PERSONALIDADE JURDICA ......................................................................................... 13

    5. DOS BENS ................................................................................................................................ 14

    5.1 DAS DIFERENTES CLASSES DE BENS (art. 79 a 103) ........................................................... 14

    6. DOS FATOS, ATOS E NEGCIOS JURDICOS (art. 104 a 232) ................................................... 17

    6.1 ATO JURDICO EM SENTIDO ESTRITO ................................................................................ 18

    6.2 ATOS ILCITOS .................................................................................................................... 18

    6.3 NEGCIOS JURDICOS........................................................................................................ 18

    6.4 PRESCRIAO E DECADNCIA (art. 189 a 211) .................................................................... 23

    6.4.1 PRESCRIAO ............................................................................................................... 23

    6.4.2 DECADNCIA............................................................................................................... 24

    6.5 ATO ILCITO E RESPONSABILIDADE CIVIL (art. 186 a 188 e 927 a 954) ............................. 24

    7. DIREITO DAS OBRIGAES (art. 233 a 285) ............................................................................ 27

  • 2

    7.1 ELEMENTOS DA OBRIGAO: ........................................................................................... 27

    7.2 FONTES DA OBRIGAO:................................................................................................... 27

    7.3 CLASSIFICAO DAS OBRIGAES: ................................................................................... 28

    7.4 OUTRAS CLASSIFICAES OU MODALIDADES: ................................................................. 30

    7.5 TRANSMISSO DAS OBRIGAES: (art. 286 a 303) .......................................................... 31

    7.6 DO ADIMPLEMENTO E EXTINO DAS OBRIGAES (art. 304 a 388) .............................. 32

    7.6.1 DO PAGAMENTO: ....................................................................................................... 32

    7.6.2 DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAES (art. 389 a 420) ....................................... 35

    7.7 DOS CONTRATOS EM GERAL (art. 421 a 480) ................................................................... 36

    7.8 DA EXTINO DO CONTRATO ........................................................................................... 42

    7.9 DAS VRIAS ESPCIES DE CONTRATO (art. 481 a 853) ...................................................... 43

    7.10 DOS ATOS UNILATERAIS (art. 854 a 886) ........................................................................ 62

    7.11 DOS TTULOS DE CRDITO (art. 887 a 926) ..................................................................... 63

    7.12 DAS PREFERNCIAS E PRIVILGIOS CREDITRIOS (art. 955 a 965) ................................. 65

    8. DIREITO DAS COISAS ............................................................................................................... 65

    8.1 CARACTERSTICAS DOS DIREITOS REAIS: ........................................................................... 66

    8.2 CLASSIFICAAO DOS DIREITOS REAIS: ............................................................................... 66

    8.3 SISTEMTICA DO CDIGO CIVIL: ....................................................................................... 67

    8.4 POSSE (art. 1.196 a 1224) .................................................................................................. 67

    8.4.1 EFEITOS DA POSSE: ..................................................................................................... 67

    8.4.2 CLASSIFICAES DA POSSE: ....................................................................................... 68

    8.4.3 PERTURBAAO DA POSSE........................................................................................... 69

    8.4.4 DEFESA DA POSSE ....................................................................................................... 69

    8.4.5 PERDA DA POSSE: ....................................................................................................... 71

    8.5 DIREITOS REAIS (art. 1.225 a 1.227) .................................................................................. 71

    8.5.1 DIREITOS REIAS SOBRE COISAS PROPRIAS: (ius in re propria) ................................... 71

    8.5.2 DIREITOS REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS: (ius in re aliena) (art. 1.369 a 1.510) ........ 85

  • 3

    9. DIREITO DE FAMLIA ................................................................................................................ 90

    9.1 DO CASAMENTO (art. 1.511 a 1.590) ................................................................................ 90

    9.2 DA SEPARAO E DO DIVRCIO ....................................................................................... 93

    9.2.1 SEPARAO ................................................................................................................ 93

    9.2.2 DIVRCIO ................................................................................................................... 95

    9.3 REGIME DE BENS (art. 1.639 a 1.688), .............................................................................. 96

    9.4 UNIO ESTVEL (art. 1.723 a 1.727) ................................................................................. 98

    9.5 RELAES DE PARENTESCO (art. 1.591 a 1.638) ............................................................... 99

    9.5.1 FILIAO ................................................................................................................... 100

    9.5.2 ADOO ................................................................................................................... 101

    9.6 PODER FAMILIAR, TUTELA, CURATELA E AUSNCIA (art. 1.630 a 1.638, 1.689 a 1.693,

    1.728 a 1.783) ........................................................................................................................ 102

    9.6.1 PODER FAMILIAR ...................................................................................................... 102

    9.6.2 TUTELA E CURATELA ................................................................................................. 103

    9.6.3 AUSENCIA (art. 22 a 39) ........................................................................................... 104

    9.7 ALIMENTOS (art. 1.694 a 1.710) ...................................................................................... 104

    9.8 BEM DE FAMLIA (art. 1.711 a 1.722), ............................................................................. 105

    10. DIREITO DAS SUCESSES ..................................................................................................... 106

    10.1 DA SUCESSO EM GERAL (art. 1.784 a 1.828) .............................................................. 106

    10.2 SUCESSO LEGTIMA (art. 1.829 a 1.856) ..................................................................... 109

    10.2.1 Direitos do Cnjuge sobrevivente .......................................................................... 111

    10.3 SUCESSO TESTAMENTRIA (art. 1.857 a 1.990) ......................................................... 111

    10.4 DO INVENTRIO E DA PARTILHA (art. 1991 a 2.027) .................................................... 113

    PROVAS DIREITO CIVIL OAB ...................................................................................................... 115

    GABARITO .................................................................................................................................. 126

    GABARITO .............................................................................................................................. 137

    GABARITO .............................................................................................................................. 142

  • 4

  • 5

    1. INTRODUO AO DIREITO

    A palavra direito possui vrias acepes. Segundo Radbruch, direito o conjunto de

    normas gerias e positivas, que regulam a vida social (RADBRUCH, Gustavo - Filosofia do

    Direito. 3A. ed., Coimbra: Universidade de Coimbra, 1953, p. 99).

    Direito Objetivo a norma. ele que estabelece as normas de conduta social que devem

    ser observadas pelos indivduos.

    Direito Subjetivo a faculdade. O fato de uma pessoa ter direito a algo refere-se ao

    direito subjetivo que tal pessoa possui. Obviamente o direito subjetivo garantido pelo direito

    objetivo, j que protegido pelas normas objetivas. H juristas que negam a existncia

    Direito Natural a idia abstrata do direito; gira em torno da filosofia do direito,

    correspondendo a uma justia superior.

    Direito Positivo o conjunto de normas jurdicas vigentes em determinado lugar em

    determinada poca. o direito posto; a Lei. Essas normas elaboradas pelo homem devem se

    relacionar de forma harmnica, em seus mais diversos ramos. Por questes didticas, o direito

    positivo recebeu vrias classificaes. Dentre elas pode-se dizer que a mais importante a que

    o divide, segundo a classe de relaes jurdicas tuteladas, em Direito Pblico e Privado (teoria

    dualista), no obstante a intercomunicao entre as matrias.

    Direito Pblico o que regula as relaes entre Estados e entre Estado e os particulares.

    Disciplina os interesses gerais da coletividade, sendo de aplicao obrigatria. Ramos

    principais: Direito Constitucional, Administrativo, Tributrio, Previdencirio, Processual, Penal,

    dentre outros.

    Direito Privado o que disciplina as relaes entre os particulares, vigorando enquanto

    perdurar a vontade destes. Ramos: Civil e Comercial ou Empresarial.

    OBS: A classificao do Direito do Trabalho controvertida, mas a tese majoritria a de que

    configura-se como um Direito Privado.

  • 6

    2. LEI DE INTRODUO AO CDIGO CIVIL

    A Lei de Introduo ao Cdigo Civil constitui-se em um conjunto de normas sobre as

    prprias normas, uma vez que disciplina a sua elaborao, sua vigncia, sua aplicao no

    tempo e no espao, suas fontes, etc. Em verdade, trata-se de uma lei que se aplica a todos os

    ramos do direito, salvo os que contiverem normas regulamentando de forma diversa.

    2.1 FONTES DO DIREITO

    As fontes do Direito podem ser divididas em:

    Formais, diretas e imediatas: So a lei, a analogia, o costume e os princpios gerias de

    direito (art. 4 da LICC e 126 do CPC). A Lei a fonte principal, sendo as demais

    acessrias. Ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em

    virtude de lei.(art. 5, II da CF/88).

    Informais, indiretas e mediatas: So a doutrina e a jurisprudncia.

    2.2 VIGNCIA DAS LEIS NO TEMPO

    Qualquer lei s comea a vigorar a ps a sua publicao no Dirio Oficial. Aps sua

    entrada em vigor, a observncia da lei torna-se obrigatria, pois ningum pode escusar-se de

    cumpri-la sob a alegao de desconhecimento. (art. 3 LICC) (princpio da obrigatoriedade das

    leis).

    A regra geral de vigncia das leis est elencada no art. 1 da LICC, entrando todas em

    vigor 45 (quarenta e cinco) dias aps a data de sua publicao. A prpria lei pode estipular

    prazo diverso que dever ser observado. Caso no haja disposio a respeito de sua vigncia,

    valer a regra geral. O interregno de tempo compreendido entre a data da publicao de uma

    lei e a sua entrada em vigor chamada vacatio legis. Durante esse perodo permanece em

    vigor a lei antiga em vigor.

    Salvo excees, a lei tem carter permanente, ou seja, tem eficcia contnua at sua

    revogao por outra lei (princpio da continuidade). O desuso no retira da lei sua eficcia. A

  • 7

    Lei s perder sua eficcia quando for revogada, o que s pode ser feito por outra lei. Se a

    revogao for total chamada de ab-rogao e se for parcial derrogao. A revogao

    poder ser expressa, quando vier no corpo da nova lei explicitada a revogao total ou parcial,

    ou tcita, quando, apesar de silente, as disposies da lei nova mostrarem-se incompatveis

    com as da lei anterior ou regular inteiramente a matria de que tratava a lei anterior (art. 2

    LICC). Salvo disposio em contrrio, a lei revogada no volta a vigorar por ter a lei revogadora

    perdido sua vigncia, no existindo em nossa legislao lei repristinadora ou de efeitos

    repristinatrios. A Lei temporria tambm perder sua eficcia, mas no por fora de outra lei,

    mas por j trazer, em seu corpo, previso para trmino de sua vigncia.

    Segundo a Lei de Introduo ao Cdigo Civil em nosso ordenamento jurdico vige o

    princpio da irretroatividade das leis, sendo respeitados o direito adquirido (j foi concedido, j

    se incorporou ao patrimnio e personalidade de seu titular), ato jurdico perfeito (aquele j

    consumado segundo a lei vigente) e coisa julgada (deciso judicial irrecorrvel) (art. 6 LICC).

    2.3 VIGNCIA DAS LEIS NO ESPAO

    A Lei de Introduo trata tambm da aplicabilidade das leis em funo da soberania

    estatal. Assim, as leis obedecem, em regra, ao princpio da territorialidade, ou seja, tm

    aplicao dentro do territrio delimitado pelas fronteiras do Estado que as promulgou.

    Diante da constante necessidade de regular relaes entre indivduos de Estados

    diferentes, vem sendo cada vez mais admitida a aplicao de leis estrangeiras nos Estados

    (princpio da extraterritorialidade), sem que isso comprometa a soberania nacional. As

    disposies estrangeiras serviro para solucionar determinados conflitos. O art. 7 da LICC

    determina que os estrangeiros sero regidos pela lei do pas em que forem domiciliados, no

    que diz respeito s regras de comeo e fim da personalidade, o nome, capacidade e os direitos

    de famlia e as disposies seguintes fundam-se todas na lei do domiclio.

    2.4 INTERPRETAO E INTEGRAO DAS NORMAS JURDICAS

  • 8

    Interpretao das normas jurdicas consiste na descoberta de seu verdadeiro sentido e

    alcance, visando uma melhor aplicao ao caso concreto (art. 5 LICC). A hermenutica a

    cincia de interpretao das leis.

    Na hiptese de omisso da lei, o Juiz decidir de acordo com a analogia (consiste na

    aplicao de um caso semelhante), costumes (reiterao permanente de uma conduta),

    princpios gerais do direito (auxiliam na compreenso das normas) (art. 4 LICC) e eqidade

    (bom senso).

    3. DIREITO CIVIL

    Direito Civil um ramo do Direito Privado que rege as relaes entre os

    particulares (pessoas fsicas ou jurdicas), destinando-se a reger as relaes pessoais,

    familiares, patrimoniais e obrigacionais.

    O Cdigo Civil divide-se em parte geral (das pessoas fsicas e jurdicas; domiclio, bens e

    fatos jurdicos) e parte especial (direito das obrigaes, direito de empresa, direito das coisas,

    direito de famlia, direito das sucesses e disposies finais e transitrias).

    4. DAS PESSOAS (art. 1 a 78)

    Toda pessoa sujeito de direitos subjetivos e em virtude de sua existncia surgiu o

    ordenamento jurdico.

    4.1 DAS PESSOAS NATURAIS (art. 1 a 39 e 70 a 78)

    Designao atribuda s pessoas fsicas ser humano que possui os atributos fsicos,

    psquicos e morais e tem personalidade jurdica, sendo titular de direitos e deveres na esfera

    civil.

  • 9

    4.1.1 DA PERSONALIDADE

    A personalidade um atributo ou valor jurdico. Ela tem incio com o nascimento com

    vida, no momento da primeira respirao, ainda que o nascituro ainda esteja ligado me pelo

    cordo umbilical ou nem tenha forma humana. O nascimento com vida atribui personalidade,

    ainda que advenha a morte posterior e os direitos adquiridos sejam transmitidos. Os direitos

    do nascituro tambm so resguardados, j que possui expectativa de vida, estando seus

    direitos assegurados sob condio suspensiva.

    O fim da personalidade se d pela morte real ou natural (bito - cessam as atividades

    cerebrais, respiratrias e circulatrias), morte presumida (ocorre quando algum desaparece

    em situao de perigo que pressuponha a probabilidade de falecimento ou for desaparecido

    ou feito prisioneiro sem localizao em at dois anos aps o trmino da guerra; deve ser

    declarada por sentena que fixar a data provvel do falecimento, admitindo a sucesso

    provisional e, aps, a definitiva), ausncia (ocorre quando o indivduo desaparece por anos

    ininterruptos, sem dar notcias; inicia-se judicialmente a curadoria dos bens, passando-se

    sucesso provisria e, aps, definitiva quando considerado morto apenas para os fins de

    sucesso. Sua esposa no considerada viva).

    Comorincia: presuno legal (relativa) de morte simultnea de pessoas. Nestes casos

    no h transferncia de bens entre os comorientes.

    Mesmo j morta, ou seja, sem personalidade, a pessoa pode ter sua moral transgredida.

    Ex: vilipndio ao cadver.

    Os direitos da personalidade so oponveis erga omnes, so indisponveis (no podem

    ser transferidos a terceiros), vitalcios (s se extinguem com a morte) intransmissveis (no se

    transmitem hereditariamente) e essenciais (indissociveis do ser humano).

    Existem alguns direitos da personalidade que so disponveis, como os direitos autorais

    (Lei 5.988/73), o direito imagem (Lei 9807/99), direito ao corpo (art. 13 CC), direito da famlia

    (art. 1513 CC protege a privacidade)

    A personalidade possui alguns atributos tais como capacidade e nome.

  • 10

    A individualizao da personalidade se d atravs do nome, que torna possvel o

    reconhecimento da pessoa no seio da famlia e da sociedade. A pessoa identifica-se pelo

    nome, pelo estado e pelo domiclio.

    A) NOME DA PESSOA NATURAL

    O nome compe-se de prenome (primeiro nome), nome ou patronmico (sobrenome) e

    agnome (Jnior, Neto, Filho, etc.). Registro de Nascimento art. 51 e 55 Lei 6015/73 deve ser

    realizado dentro do prazo estipulado em lei, sob pena de multa, e no local onde ocorreu o

    parto. Registro do bito art. 78 lei 6015/73. Alterao do nome, atravs de pedido

    justificado Art. 46 da lei 6015/73. O nome de famlia, via de regra, no poder ser alterado.

    Tanto a pessoa natural quanto a jurdica possuem esse atributo da personalidade.

    B) DOMICLIO

    Domiclio o local no qual a pessoa fixa residncia, com nimo definitivo, ou o lugar

    onde exerce sua profisso (ex: funcionrio pblico). No caso de a pessoa possuir vrias

    residncias, ser considerado domiclio qualquer uma delas e na hiptese de no possuir

    residncia fixa, ser o local em que puder ser encontrada. O domiclio pode ser alterado com a

    mudana de residncia. Os incapazes, servidores pblicos, martimos e presos tm domiclio

    necessrio previsto no C.C.

    C) ESTADO

    o elemento que distingue a situao jurdica de cada pessoa, delimitando suas relaes

    familiares, sociais, polticas, profissionais, individuais, etc. De acordo com o estado familiar as

    pessoas so solteiras, casadas, separadas, pais, filhos, etc; com o estado poltico so cidados

    ou no-cidados, nacionais, estrangeiros, etc.; o estado profissional individualiza a pessoa de

    acordo com sua profisso, seu trabalho; o estado individual consubstancia-se no modo de ser

    da pessoa: cor, idade, sexo, altura, etc. O estado das pessoas indivisvel, indisponvel,

    imprescritvel. O estado das pessoas , via de regra, provado atravs dos designados atos de

    estado, que so aqueles realizados por registro pblico.

  • 11

    4.1.2 DA CAPACIDADE

    a aptido para gozar de direitos e assumir obrigaes. O Direito Brasileiro prev a

    capacidade de Direito ou civil, inerente a toda pessoa, e a incapacidade apenas de fato ou de

    exerccio do Direito, ou seja, para a prtica dos atos da vida civil.

    A) CAPAZES

    Maiores de 18 anos ou emancipados. Aptos para praticar validamente todos os atos da

    vida civil.

    B) RELATIVAMENTE INCAPAZES:

    Maiores de 16 e menores de 18 anos; os brios, viciados em txicos e deficientes

    mentais com discernimento reduzido (sempre que no conseguirem expressar sua vontade);

    os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; os prdigos. Devem ser assistidos por

    pais, tutores ou curadores.

    OBS: Lei Especial (6001/73) regulamenta a incapacidade dos ndios.

    Estes incapazes podem praticar atos da vida civil, desde que assistidos, sob pena de

    anulabilidade do ato. Alguns atos porm podem ser praticados isoladamente pelo

    relativamente incapaz, sem a assistncia de seu representante legal, dentre eles: fazer

    testamento, testemunhar, votar, casar.

    C) ABSOLUTAMENTE INCAPAZES:

    Menores de 16 anos, portadores de enfermidade ou deficincia mental sem

    discernimento e qualquer um que no consiga expressar sua vontade, mesmo que

    transitoriamente. So representados por seus pais, tutores ou curadores.

    A incapacidade absoluta gera a proibio total do exerccio do Direito. Estes incapazes

    no praticam nenhum ato da vida civil, sendo todos eles praticados exclusivamente por seu

    representante legal, sob pena de nulidade do ato.

  • 12

    A incapacidade cessar quando cessar a sua causa (menoridade, dependncia qumica,

    etc.). Para os menores, a incapacidade cessar tambm pela emancipao que poder ser

    voluntria (concedida pelos pais), judicial (decretada pelo juiz) ou legal (decorrente de fatos

    previstos em lei, tais como o casamento, o exerccio de emprego pblico efetivo, a formatura

    em curso superior, o estabelecimento civil ou comercial ou a existncia de relao de emprego

    que propicie ao menor independncia financeira). A emancipao legal produz efeitos a partir

    da prtica do ato e a voluntria e judicial s depois de registrada no Registro Civil. A

    emancipao irrevogvel.

    OBS: Tanto nos casos de representao quanto de assistncia no pode haver conflito de

    interesses entre o assistido /representado e seus pais, tutores ou curadores, sendo passvel de

    interveno judicial caso isso ocorra, com conseqente substituio.

    4.2 DAS PESSOAS JURDICAS (art. 40 a 69)

    Pessoa jurdica Ente criado por lei e ao qual a mesma atribuiu personalidade,

    tornando-a sujeito capaz de direitos e obrigaes. Deve ser registrada nos moldes da lei, de

    acordo com o tipo de sociedade e no pode ter atividade ilcita ou diversa da prevista em seu

    ato constitutivo. A pessoa jurdica distinta da pessoa de seus scios, possuindo

    personalidade, patrimnio e vida prprios, podendo exercer todos os atos da vida civil que no

    sejam privativos das pessoas naturais e podendo ser sujeito ativo ou passivo de delitos (ex:

    sonegao fiscal).

    4.2.1 TIPOS

    A) PESSOA JURDICA DE DIREITO PBLICO Art. 40 c/c art. 42 CC

    Interno: Administrao Direta: Unio, Estados Membros, Distrito Federal, Territrios

    (no existe hoje, mas poder ser criado e deve ser considerado), Municpios;

    Administrao Indireta: Autarquias (DL 200/67), Associaes Pblicas (Lei 11.107/05) e

    Fundaes Pblicas (criadas por lei).

  • 13

    Externo: Organismos internacionais (ex: ONU), outros Pases.

    B) PESSOA JURDICA DE DIREITO PRIVADO - art. 44 CC

    Sociedades privadas (simples ou empresrias), fundaes particulares, ONGs,

    organizaes religiosas e partidos polticos. Empresas pblicas e sociedades de economia mista

    esto submetidas ao regime das empresas privadas (art. 173, 1, CR/88).

    C) ENTES DESPERSONALIZADOS:

    No so titulares de direitos. Esplio, massa falida, sociedade de fato.

    4.2.2 PERSONALIDADE JURDICA

    A personalidade jurdica inicia-se com o registro de seu ato constitutivo. No caso de

    pessoa jurdica de Direito Privado, depende da vontade humana e, no caso de pessoa jurdica

    de direito pblico, so criadas pelo poder pblico (Constituio da Repblica, lei especial,

    tratados).

    O local onde est localizada a sede da pessoa jurdica o seu domiclio. No caso de

    pessoa jurdica de Direito Privado o local pode ser diverso, quando houver indicao em seu

    ato constitutivo (foro de eleio).

    A personalidade jurdica se extingue por lei, por vontade dos scios, com baixa no

    registro, ou por sentena judicial.

    A Teoria da Desconsiderao da Personalidade Jurdica (Disregard of the legal entity):

    Casos em que a personalidade da pessoa jurdica quebrada para se atingir o patrimnio

    pessoal dos scios e administradores. uma exceo regra de que o patrimnio da pessoa

    jurdica responder pelos atos praticados em seu nome. A desconsiderao acontece sempre

    que as pessoas naturais utilizam-se das pessoas jurdicas para cometer ilcitos e tem por fim

  • 14

    conter abusos, desvio de finalidade e fraudes. Deve ser provada a m administrao, a fraude

    ou o desvio para que seja ultrapassada a personalidade da pessoa jurdica.

    5. DOS BENS

    Bem tudo aquilo que tem utilidade para as pessoas, que serve para satisfazer uma

    necessidade humana. Todo bem individualizvel, economicamente valorvel e representa

    interesse de ordem econmica.

    5.1 DAS DIFERENTES CLASSES DE BENS (art. 79 a 103)

    A) BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS:

    Bens mveis e imveis

    Bens Mveis: so aqueles que podem ser removidos ou transportados, sem alterao de

    sua forma. Estes bens so transferidos pela entrega do bem (tradio). Navios e avies,

    apesar de serem registrados em rgo prprio e serem passveis de hipoteca, so bens

    mveis.

    Bens Imveis: so aqueles que no podem ser transportados sem destruio de sua

    essncia. A transferncia da propriedade, com validade erga omnes, se d atravs do

    registro no Cartrio de Registros de Imveis. A promessa de compra e venda no

    transfere a propriedade.

    Bens Fungveis e Infungveis

    Bens Infungveis: so os bens que no podem ser substitudos por outro da mesma

    espcie, qualidade e quantidade. So bens insubstituveis. Ex: Obras de arte. Alguns bens

    tornam-se infungveis pelo valor afetivo. Ex: jia de famlia.

  • 15

    Bens Fungveis: so aqueles que podem ser trocados, substitudos por outros do mesmo

    gnero, qualidade e quantidade. Ex: alimentos.

    Bens Divisveis e Indivisveis

    Bens Divisveis: so aqueles que podem ser fracionados, partidos em pores distintas,

    formando, cada qual, um todo perfeito, sem que isso importe em alterao de sua

    substncia, perda do seu valor econmico ou em prejuzo na utilizao a que se

    destina.Ex: terreno

    Bens Indivisveis: so aqueles que no podem ser partilhados, sob pena de ser alterada

    sua substncia. Ex: Semoventes.

    Bens Consumveis e Inconsumveis

    Bens Consumveis: so bens cujo uso importa em destruio da sua substncia. Admitem

    apenas uma utilizao e desaparecem com o consumo.

    Bens Inconsumveis: so aqueles bens que podem ser usados reiteradas vezes, sem

    alterao de sua integridade. No deixam de existir com o uso.

    Bens Singulares e Coletivos

    Bens Singulares: so os bens individualizados, que se consideram de per si. Ex:

    apartamento.

    Bens Coletivos: so aqueles considerados em seu conjunto, que abrangem uma

    universalidade. Os bens so agregados em um todo. Ex: biblioteca, herana.

  • 16

    B) BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS

    Principais: so aqueles que existem por si mesmos, independentemente da existncia

    de outros. Ex: terreno.

    Acessrios: so aqueles cuja existncia pressupe a de um principal, dependendo

    deste para existirem. (Regra: o acessrio acompanha o principal). Ex: a plantao

    acessrio do solo.

    Os bens acessrios so classificados em frutos, produtos e benfeitorias. Frutos so as

    utilidades produzidas periodicamente por uma coisa, sendo que sua retirada no afetar

    o valor nem a substncia da coisa, e os produtos so as utilidades que so extradas de

    uma coisa, diminuindo-lhe a quantidade (so recursos no renovveis). As benfeitorias

    se classificam em necessrias (realizada para conservar a coisa), teis (realizada visando

    para otimizar o uso da coisa) e volupturias (realizadas para mero embelezamento).

    As benfeitorias volupturias em nenhuma hiptese sero objeto de indenizao. No caso

    de possuidor de boa f, so indenizveis as benfeitorias teis e as necessrias e no caso

    de possuidor de m f so indenizveis apenas as necessrias.

    C) BENS CONSIDERADOS EM RELAO S PESSOAS

    Particulares: so os que pertencem s pessoas fsicas ou jurdicas de Direito Privado.

    Pblicos: so aqueles que pertencem s pessoas jurdicas de Direito Pblico interno.

    Guarnecem o povo. Os bens pblicos se dividem em bens de uso comum do povo (que

    podem ser usados sem restries pelo pblico em geral. Ex: rios, lagos), bens de uso

    especial (que so destinados a servio ou estabelecimento da administrao pblica. Ex:

    viaturas, hospitais pblicos, ministrios) e bens dominicais (so os que constituem o

    patrimnio disponvel da Administrao Pblica. Ex: terras devolutas)

    Res nullius: coisas sem dono, que no pertencem a ningum. (Ex: peixes no mar).

    D) BENS CONSIDERADOS EM RELAAO SUA COMERCIALIDADE

  • 17

    Bens que se acham no comrcio: podem ser adquiridos e alienados sem qualquer

    impedimento.

    Bens fora do comrcio: so os inapropriveis e de uso inexaurvel (Ex: sol e as estrelas)

    e os inalienveis, seja por fora de lei (ex: bem de famlia da Lei 8009/90) ou por

    conveno (ex: art. 1.711 do CC).

    OBS: Os bens pblicos de uso comum e os de uso especial so inalienveis enquanto

    conservarem a sua qualificao. J os dominicais podem ser alienados, desde que

    cumpridas as exigncias legais.

    6. DOS FATOS, ATOS E NEGCIOS JURDICOS (art. 104 a 232)

    Fato Jurdico todo acontecimento que produz efeitos jurdicos.

    Os Fatos Jurdicos, em sentido amplo, podem ser classificados em naturais ou humanos.

    Os fatos naturais, ou fatos jurdicos em sentido estrito, so aqueles que independem da

    atuao humana, mas possuem repercusso no mundo jurdico. Podem ser divididos em

    ordinrios (nascimento, morte, etc.) e extraordinrios (terremoto, tempestade, caso fortuito

    ou fora maior). J os Fatos Jurdicos humanos decorrem da atuao humana e so, portanto,

    atos jurdicos. (ex: contrato, batida de carros).

    Fato comum: Ao humana ou fato da natureza que no possui repercusso no Direito.

    Fato jurdico: Todo acontecimento natural ou decorrente de ao ou omisso humana que

    cria, modifica ou extingue relaes jurdicas.

    Ato Jurdico todo fato jurdico decorrente de ao, lcita ou ilcita, ou omisso humana.

    Um ato jurdico s ser vlido e produzir efeitos se estiverem presentes os seguintes

    requisitos: pessoa capaz, objeto lcito e forma prescrita ou no defesa em lei. Estando

    presentes todos os requisitos temos o Ato Jurdico Perfeito.

  • 18

    Quando a forma do ato jurdico no estiver prescrita em lei, admitir-se- prova atravs

    de confisso (quando se tratar de direitos disponveis), documentos pblicos ou particulares,

    testemunhas, presuno (ex: confisso tcita) e percia. Em sentido amplo divide-se em 03

    espcies: ato jurdico em sentido estrito, atos ilcitos e negcios jurdicos.

    6.1 ATO JURDICO EM SENTIDO ESTRITO

    toda ao humana lcita cujos efeitos esto previstos em lei e, portanto, independem

    da vontade do agente. (ex: registro civil)

    6.2 ATOS ILCITOS

    So os praticados em desconformidade com o ordenamento jurdico, que violam a

    ordem jurdica e produzem efeitos contrrios ao Direito. Esses atos violam o dever legal de no

    lesar ningum e so fonte de obrigaes, j que geram para o agente o dever de ressarcir o

    prejuzo causado. A obrigao de indenizar decorre da violao de um direito e da

    configurao do dano, que devem ocorrer concomitantemente. No constituem atos ilcitos os

    praticados em legtima defesa, no exerccio regular de um direito ou em estado de

    necessidade. Os atos ilcitos podem ter efeitos na esfera penal, administrativa e civil. Sero

    novamente abordados no tpico da responsabilidade civil.

    6.3 NEGCIOS JURDICOS

    Para configurao do negcio jurdico necessria a vontade qualificada das partes

    visando um fim especfico permitido em lei. Geralmente so bilaterais (ex: contratos), mas

    existem negcios jurdicos unilaterais (ex: testamento, renncia de herana).

    A) REQUISITOS DO NEGCIO JURDICO

    Agente capaz: a aptido para realizar o negcio. A incapacidade relativa do agente

    torna o ato anulvel e a absoluta o torna nulo.

  • 19

    Objeto lcito e possvel: o que no infringe os ditames legais e possvel. Quando

    impossvel ou ilcito o objeto o negcio nulo.

    Consentimento: a manifestao da vontade como pressuposto para a realizao do

    negcio. Essa manifestao pode se dar de forma expressa ou tcita (quando no houver

    exigncia de forma expressa). Constituem defeitos: ausncia de consentimento, erro,

    dolo, coao, leso, estado de perigo, simulao, fraude contra credores.

    Forma prescrita ou no defesa em lei. Em regra a forma livre, mas a lei pode

    prescrever forma determinada. O defeito na forma torna o ato nulo.

    B) ELEMENTOS DO NEGCIO JURDICO

    DA CONDIO: a clusula que deriva da vontade das partes e subordina o efeito do

    negcio jurdico a evento futuro e incerto.

    a) Suspensiva: o negcio s produzir efeitos com a ocorrncia de um evento futuro e

    incerto.

    b) Resolutiva: a ocorrncia do evento extingue o direito;

    c) Casual: a ocorrncia do evento depende de algo imprevisvel e fortuito, dependendo

    do acaso.

    d) Potestativa: depende da vontade de uma das partes

    DO TERMO: o dia em que se inicia ou se finda a eficcia o negcio jurdico, podendo

    a data ser determinada ou indeterminada.

    a) Inicial (dies a quo): fixa o incio da eficcia do negcio jurdico. O termo inicial

    suspende o exerccio, mas no a aquisio do direito;

    b) Final (dies ad quem): fixa o final dos efeitos do negcio jurdico.

  • 20

    DO ENCARGO: clusula que contm um encargo ou uma obrigao a ser cumprida pela

    pessoa a ser beneficiada (so atos de mera liberalidade). O encargo no suspende nem o

    exerccio nem a aquisio do direito, mas se o encargo no for cumprido a liberalidade

    poder ser revogada. Encargos ilcitos ou impossveis so considerados como no

    escritos e invalidam o negcio jurdico, salvo se constituir o motivo determinante da

    liberalidade.

    C) DEFEITOS DO NEGCIO JURDICO

    Constituem vcios de consentimento o erro, ignorncia, dolo, coao, estado de perigo e

    leso. J a fraude contra credores e a simulao so vcios sociais.

    ERRO OU IGNORNCIA: erro consiste na falsa noo que se tem a respeito de algo ou

    algum e ignorncia consiste no total desconhecimento da realidade. No caso do defeito

    recair sobre aspectos secundrios ou acessrios do negcio, o mesmo ser vlido, mas

    se recair sobre aspectos principais ou primrios, ser anulvel.

    DOLO: o autor do dolo induz algum prtica de um ato que lhe prejudicial, usando

    de artifcios para engan-la. Se recair sobre aspectos essenciais (dolo principal) o negcio

    ser anulvel, mas se recair sobre aspectos secundrios (condies do negcio) o

    negcio ser vlido, obrigando o autor satisfao de perdas e danos. O dolo pode ser

    praticado por ao ou omisso. No caso de dolo bilateral, isto , praticado por ambas as

    partes, nenhuma delas poder alega-lo para anular o negcio ou requerer perdas e

    danos (ningum pode valer-se da prpria torpeza)

    COAO: caracteriza-se pelo emprego de presso ou ameaa fsica ou moral sobre

    algum viciando sua vontade na prtica de um ato ou realizao de um negcio. A

    coao moral torna anulvel o negcio e a fsica torna nulo. A coao principal, que recai

    sobre a causa determinante do negcio, torna o negcio anulvel e a coao sobre

    condies da avena obriga ao ressarcimento do prejuzo. Nem toda ameaa configura

  • 21

    coao, devendo a coao ser grave, ser a causa da prtica do ato, de dano iminente,

    acarretar justo receio de dano e constituir ameaa de prejuzo pessoa ou a bens da

    vtima (ou de sua famlia).

    ESTADO DE PERIGO: ocorre quando algum, premido da necessidade de salvar-se, ou a

    algum de sua famlia, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigao

    excessivamente onerosa. Pode ocorrer tambm quando houver necessidade de salvar

    algum que, mesmo no pertencendo a sua famlia, possua grande vnculo afetivo que

    justifique o ato. O defeito torna o negcio anulvel.

    LESO: ocorre quando algum, aproveitando-se da necessidade ou inexperincia de

    outrem, obtm lucro demasiado e manifestamente desproporcional. O valor da

    prestao assumida totalmente desproporcional prestao oposta, caracterizando a

    leso. O negcio anulvel, mas o lesado poder optar pela reviso do contrato e,

    assim, se for oferecido suplemento suficiente, no ser decretada a anulao do

    negcio.

    FRAUDE CONTRA CREDORES: a vontade manifestada com a inteno de prejudicar

    terceiros, ou seja, os credores. S se caracteriza se o devedor j for insolvente e desfizer

    de seu patrimnio em detrimento de suas obrigaes, fraudando seus credores. Aqui

    vale ressaltar que a lei protege os adquirentes de boa-f que no tinham conhecimento

    da situao do alienante. Pode ocorrer esse tipo de fraude na transmisso onerosa ou

    gratuita de bens, remisso de dvida, no pagamento antecipado de dvidas vincendas e

    na constituio de garantias a algum credor quirografrio. O negcio jurdico celebrado

    com fraude a credores anulvel atravs de ao pauliana ou revocatria que poder

    ser ajuizada pelos credores quirografrios e que j 0o eram poca da alienao

    fraudulenta.

  • 22

    SIMULAO: a declarao que cria uma aparncia diversa do que realmente ,

    iludindo terceiros ou burlando a lei. O ato nulo, mas subsistir se for vlido na forma e

    substncia.

    D) INVALIDADE DO NEGCIO JURDICO: abrange a nulidade e a anulabilidade do negcio

    jurdico.

    ATO NULO: ofende os preceitos de ordem pblica

    Considera-se nulo o ato quando: praticado por pessoa absolutamente incapaz; foi ilcito,

    impossvel ou indeterminvel seu objeto; o motivo determinante, comum a ambas as

    partes, for ilcito; no revestir a forma prescrita em lei; for preterida alguma solenidade

    que a lei considere essencial para a sua validade; tiver por objetivo fraudar lei

    imperativa; a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prtica, sem cominar

    sano e o negcio jurdico simulado, se invlido na forma e na substncia.

    ATO ANULVEL: ofende os interesses particulares de pessoas que o legislador

    pretendeu proteger, criando para estas a possibilidade de promover a anulao do ato.

    O ato, no entanto, ser considerado vlido se o particular no o atacar ou confirm-lo.

    Considera-se anulvel o ato: praticado por relativamente incapaz, sem assistncia de

    seus representantes legais; por vcio resultante de erro, dolo, doao, leso, estado de

    perigo ou fraude contra credores, quando essenciais; por falta de legitimao; se a lei

    assim o exigir.

    ATO INEXISTENTE: quando lhe falta algum elemento estrutural, como o

    consentimento.

    Quadro comparativo

    Anulabilidade do Negcio Jurdico Nulidade do Negcio Jurdico

  • 23

    Matria de ordem privada, interesse de particular. Matria de ordem pblica, interesse da coletividade.

    Pode haver convalescncia com o decurso de tempo. No h convalescncia pelo decurso de tempo

    S pode ser argida pelo prejudicado. Pode ser argida por qualquer interessado ou pelo

    Ministrio Pblico.

    Depende de provocao do interessado. Pode ser pronunciada de ofcio.

    Pode ser suprida pelo juiz ou sanada pelas partes. No pode ser suprida nem confirmada.

    Por ser anulvel, gera efeitos ex nunc, no retroagindo

    data da celebrao.

    A declarao gera efeitos ex tunc, retroagindo data

    da celebrao.

    A sentena constitutiva positiva ou negativa. A sentena meramente declaratria.

    Ocorre a prescrio em prazos mais ou menos curtos. Em regra no prescreve.

    Havendo prejuzos, devem ser indenizados Havendo prejuzos deve-se compens-los restituindo

    a coisa ao seu estado anterior. No caso de ser

    impossvel a compensao, ser devida indenizao.

    6.4 PRESCRIAO E DECADNCIA (art. 189 a 211)

    6.4.1 PRESCRIAO

    a perda do direito de ao (direito subjetivo). A inrcia do titular do direito, pelo

    decurso de tempo fixado em lei, extingue a sua pretenso.

    Pode ser declarada de ofcio pelo Juiz. No corre o prazo prescricional entre os cnjuges,

    na constncia da sociedade conjugal; entre ascendentes e descendentes, durante o poder

    familiar; entre tutor e tutelado e curador e curatelado durante a tutela e curatela; contra os

    absolutamente incapazes; contra os ausentes do pas em servio pblico; contra os que se

    acharem servindo nas Foras Armadas em tempo de guerra.

    A prescrio pode ser suspensa, interrompida ou impedida. A prescrio renuncivel,

    mas s aps a sua consumao.

    Regra geral de prazo: 10 (dez) anos. Prescrio em 1, 2, 3, 4 e 5 anos em casos especiais

    previstos em lei. (arts. 205 e 206).

  • 24

    Nosso ordenamento jurdico prev duas espcies de prescrio, a extintiva e a aquisitiva

    (usucapio).

    6.4.2 DECADNCIA

    a perda do prprio direito. Essa perda, por bvio, atingir e extinguir o direito de

    ao.

    O prazo decadencial pode ser legal ou convencional. Em sendo legal, a decadncia pode

    ser declarada de ofcio pelo Juiz. No se aplicam decadncia as regras que suspendem,

    interrompem ou impedem a prescrio, admitindo-se exceo (ex: a decadncia no corre

    contra os absolutamente incapazes). A decadncia irrenuncivel.

    No h regra geral de prazo decadencial legal, existindo prazos em diversos artigos

    esparsos do Cdigo Civil.

    6.5 ATO ILCITO E RESPONSABILIDADE CIVIL (art. 186 a 188 e 927 a 954)

    Atos ilcitos so os praticados em desconformidade com o ordenamento jurdico, que

    violam a ordem jurdica e produzem efeitos contrrios ao Direito. Tambm comete ato ilcito

    aquele que pratica abuso de direito. Esses atos violam o dever legal de no lesar ningum e

    so fonte de obrigaes, j que geram para o agente o dever de ressarcir o prejuzo causado.

    A obrigao de indenizar decorre da violao de um direito e da configurao do dano,

    que devem ocorrer concomitantemente. Assim temos que, inexistindo prejuzo, nenhuma

    indenizao ser devida, ainda que haja violao de um dever jurdico e configurao de dolo

    ou culpa.

    Responsabilidade Contratual e Extracontratual: Quando o prejuzo for acarretado por

    descumprimento de uma obrigao contratual, o descumprimento ir gerar para o agente a

    responsabilidade de indenizar o lesado por perdas e danos. No entanto, quando a

  • 25

    responsabilidade no advier de um descumprimento contratual, mas sim de infrao a um

    dever legal de conduta, estaremos diante da responsabilidade extracontratual ou aquiliana.

    A violao do direito pode ser acarretada por ao ou omisso do agente e ir gerar,

    comprovada a relao de causalidade entre a conduta e o prejuzo, a obrigao de reparar os

    danos sofridos, de ordem material e moral.

    Responsabilidade civil ato ilcito (conduta antijurdica e culpvel) + dano + relao de

    causalidade.

    A conduta do agente (fato lesivo) pode ser positiva (ao) ou negativa (omisso), sendo

    que na negativa ser necessria a prova da obrigatoriedade da conduta positiva que, caso

    tivesse sido praticada pelo agente, o dano teria sido evitado.

    Os danos indenizveis dividem-se em danos morais, que so aqueles decorrentes do

    abalo psquico de uma pessoa, e os patrimoniais, que comportam o dano emergente (efetiva

    diminuio do patrimnio do lesado) e o lucro cessante (o que este deixou de ganhar). Os

    danos morais sero fixados pelo Juiz visando atenuar a dor sofrida pela vtima, devendo levar

    em conta a extenso do dano, as condies econmicas dos envolvidos e o grau de culpa do

    agente, se for o caso. Os danos patrimoniais e morais decorrentes do mesmo fato ensejaro

    pedidos de indenizaes cumulveis.

    A Relao de causalidade entre a conduta ilcita e o dano pressuposto da existncia da

    responsabilidade civil. Na hiptese de existir um dano que, apesar de ocorrido, no mantm

    qualquer relao com a conduta do agente, este no ser passvel de indenizao, por no

    estar configurado o nexo de causalidade.

    A) RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SUBJETIVA

    A teoria da responsabilidade subjetiva ou da culpa pressupe a existncia da culpa do

    agente como pilar da responsabilidade civil. Neste caso, em no havendo culpa, no h

    responsabilidade. A prova da culpa (culpa ou dolo) constitui-se em pressuposto inarredvel do

    dano indenizvel. Aqui temos a culpa em sentido amplo, que abrange o dolo e a culpa em

    sentido estrito:

  • 26

    Dolo: a violao intencional do dever de conduta. O agente que pratica o fato lesivo

    quer a produo do resultado (dolo direto) ou assume o risco de produzi-lo (dolo

    eventual);

    Culpa: a violao do dever de conduta sem inteno do agente, podendo ser

    acarretada por imprudncia (prtica de fato que o agente sabia ser perigoso),

    negligncia (ausncia de precauo) ou impercia (falta de aptido para o exerccio de

    arte ou profisso).

    Nesta teoria h aplicao da teoria da previsibilidade, donde se extrai que se o fato no

    foi intencional, mas era previsvel, restar configurada a culpa do agente. Ser apurada

    tambm a culpa exclusiva da vtima no evento danoso, sendo esta excludente da

    responsabilidade civil.

    A teoria da responsabilidade objetiva funda-se na necessidade de reparao de um dano

    ainda que cometido sem o elemento culpa. A lei determina determinadas situaes em que a

    responsabilidade do agente causador do dano ser objetiva, sendo o mesmo responsvel pela

    indenizao pelo dano, no importando se concorreu para a ocorrncia do mesmo. Segundo

    essa teoria todo dano indenizvel, bastando a configurao do dano e nexo de causalidade,

    independendo, no entanto, da prova de culpa do agente.

    O Cdigo Civil adota, como regra, a teoria da responsabilidade subjetiva havendo, no

    entanto, dispositivos legais acerca de hipteses de aplicao da responsabilidade objetiva.

    B) AO INDENIZATRIA

    a ao a ser intentada visando a reparao de danos oriundos de atos ilcitos. Os bens

    do(s) agente(s) do ato ilcito respondero pelos danos causados. No caso de apenas um agente

    arcar com a indenizao ter direito de regresso contra os demais. No caso de falecimento do

  • 27

    responsvel pela reparao, a herana, dentro de seus limites, garantir a indenizao a ser

    quitada pelos herdeiros. Algumas hipteses de obrigao de indenizar esto elencadas no

    Cdigo, dentre elas a cobrana de dvida j paga ou no vencida e os danos causados por

    animais ou por coisas lanadas das casas.

    A responsabilidade civil independente da criminal, sendo certo que uma sentena

    penal condenatria (autoria e fato comprovados) ter repercusso na esfera civil, com

    condenao em indenizao. No caso da sentena penal absolutria sero analisadas as causas

    da absolvio para anlise de sua repercusso na esfera cvel, j que a ausncia de provas no

    mbito penal no implica em inexistncia de responsabilidade no mbito cvel, e a

    responsabilidade ser apurada de acordo com as provas produzidas em processo prprio.

    7. DIREITO DAS OBRIGAES (art. 233 a 285)

    Obrigao o vnculo jurdico que liga o credor (sujeito ativo) ao devedor (sujeito passivo) podendo aquele exigir deste o cumprimento de prestao pessoal e econmica.

    7.1 ELEMENTOS DA OBRIGAO:

    Subjetivo: credor (sujeito ativo) e devedor (sujeito passivo);

    Objetivo: objeto da obrigao;

    Vnculo jurdico: elo que gera para o credor um direito e para o devedor obrigao e

    responsabilidade (no caso de no ser possvel o cumprimento da obrigao, ser

    responsvel por perdas e danos).

    7.2 FONTES DA OBRIGAO:

    Lei

    Vontade humana (negcio jurdico unilateral, bilateral ou ato ilcito).

  • 28

    7.3 CLASSIFICAO DAS OBRIGAES:

    A) QUANTO AO OBJETO:

    Obrigao de dar ou entregar:

    1. coisa certa o devedor se obriga a entregar coisa especfica, individualizada (mvel ou

    imvel). O devedor no obrigado a aceitar nenhuma outra coisa em troca; havendo

    perecimento da coisa, antes da tradio, a obrigao se extinguir (no caso de ausncia

    de culpa) ou gerar para o devedor a obrigao de ressarcir pelo valor da coisa, mais

    perdas e danos (no caso de agir com culpa: imprudncia, negligncia ou impercia);

    havendo deteriorao da coisa, poder o credor resolver a obrigao ou aceitar a coisa

    diminuindo-lhe o valor (no caso de ausncia de culpa) ou exigir o valor equivalente ou

    aceitar a coisa no estado em que se achar, podendo pleitear, em ambos os casos,

    indenizao por perdas e danos (no caso de restar configurada a culpa do devedor). A

    coisa pertencer ao devedor, com seus acrscimos, at a tradio e os frutos, se

    houverem, sero seus, cabendo ao credor os pendentes.

    2. coisa incerta: o devedor se obriga a entregar definido apenas pelo gnero e

    quantidade, ficando pendente a qualidade. A escolha do bem deve ser feita pelo

    devedor. A determinao da coisa se d pela concentrao ( a escolha que torna certa a

    coisa incerta; aps a concentrao a obrigao passa a ser de entregar coisa certa).

    Obrigao de fazer:

    Consiste em uma conduta positiva. Se refere a obrigao do devedor de praticar um ato

    ou fazer um servio. Ocorre o inadimplemento quando o devedor no cumpre a obrigao, por

  • 29

    impossibilidade ou recusa. No caso de recusa ou impossibilidade por culpa do devedor, este

    incorrer na obrigao de indenizar o credor por perdas e danos; no caso de ausncia de culpa,

    a obrigao de resolver. Se a obrigao de fazer no for personalssima o credor poder

    contratar outro para executar, s expensas do devedor, efetivando a compensao, e sem

    prejuzo da indenizao cabvel. Se for personalssima, se resolver em perdas e danos,

    podendo ainda o credor propor medida judicial para obrigar o devedor a cumprir sua

    obrigao, com aplicao de multa diria.

    Obrigao de no fazer (conduta negativa):

    uma absteno obrigatria. Na hiptese de o devedor, sem culpa sua, praticar o ato

    cuja absteno se obrigara, a obrigao se extinguir. Em tendo concorrido com culpa o

    devedor, o credor poder exigir dele que o desfaa, sob pena de arcar com os custos do

    desfazimento, sem prejuzo das perdas e danos.

    B) QUANTO AOS SEUS ELEMENTOS:

    Simples: um credor, um devedor e um objeto;

    Compostas:

    1. Pluralidade de sujeitos:

  • 30

    Credores e devedores se obrigam pelo cumprimento integral da obrigao. A

    solidariedade no se presume, resultando de lei ou da vontade das partes. Pode ser ativa

    (pluralidade de credores) ou passiva (pluralidade de devedores);

    2. Pluralidade de objetos:

    Obrigao alternativa: o devedor se obriga a cumprir uma ou outra obrigao,

    devendo fazer uma escolha. O cumprimento de uma delas j exonera o devedor. As

    obrigaes alternativas so ligadas pela conjuno OU.

    Obrigao com objeto facultativo: obrigao com faculdade de substituio. Caber ao

    devedor fazer a escolha e a entrega o exonerar da obrigao.

    Obrigao cumulativa: o devedor se obriga a cumprir duas ou mais obrigaes e s se

    exonera com o cumprimento de todas. So ligadas pela conjuno E.

    7.4 OUTRAS CLASSIFICAES OU MODALIDADES:

    Divisveis (aquelas em que o objeto pode ser dividido entre os sujeitos) e indivisveis (o

    objeto no pode ser dividido sem prejuzo de sua substncia);

    Lquidas (obrigao com objeto certo e determinado) e ilquidas (dependem de

    apurao prvia);

    Principais (subsistem por si) e acessrias (dependem da existncia de uma obrigao

    principal).

    Obrigao propter rem so as chamadas obrigaes mistas, parte em direito real e

    parte em pessoal (ex: condomnio).

  • 31

    Solidrias: a solidariedade pode se dar tanto no plo passivo quanto no ativo e

    ocorrer sempre que mais de uma pessoa for credora ou devedora de uma obrigao.

    7.5 TRANSMISSO DAS OBRIGAES: (art. 286 a 303)

    A) TRANSFERNCIA DA OBRIGAO PELO CREDOR:

    Cesso de Crdito: o credor pode negociar o crdito que possui, desde que a isso

    no se oponham a natureza da obrigao, a lei ou a conveno entre as partes.

    Pode ser efetivada a ttulo oneroso ou gratuito. Salvo estipulao em contrrio, o

    cedente no responde pela solvncia do devedor. A cesso de crditos pode ser

    feita por instrumento pblico ou particular (desde que cumpridos requisitos do art.

    654, 1 CC). A cesso s obrigar o devedor que for dela notificado.

    B) TRANSFERNCIA DA OBRIGAO PELO DEVEDOR:

    Assuno de Dvida: a faculdade que um terceiro tem de assumir dvida do

    devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando o devedor exonerado

    de cumprir a obrigao, salvo se j era insolvente na poca da assuno e o credor

    o ignorava. Se no houver anuncia expressa do credor no momento da assuno,

    qualquer das partes pode fixar prazo para que o credor se manifeste a respeito,

    sendo seu silncio tido como recusa. Salvo concordncia expressa do devedor

    primitivo, com a assuno da dvida todas as garantias especiais oferecidas pelo

    mesmo ao credor so extintas. O novo devedor no poder, em sua defesa,

    utilizar-se das excees pessoais que cabiam ao devedor primitivo. A assuno

    poder ser feita por instrumento pblico ou particular.

  • 32

    7.6 DO ADIMPLEMENTO E EXTINO DAS OBRIGAES (art. 304 a 388)

    7.6.1 DO PAGAMENTO:

    A) PESSOAS (quem deve e a quem se deve pagar):

    Quem paga: qualquer interessado na extino da dvida (devedor, seu representante

    ou o devedor sub-rogado (devedores solidrio)). O terceiro no interessado poder

    efetuar o pagamento, desde que com a anuncia do devedor e em nome e conta

    deste.

    A quem se paga: credor, quem de direito o represente ou cessionrio. O pagamento

    feito de boa-f ao credor putativo valido.

    B) LUGAR DO PAGAMENTO:

    Obrigao qurable: no domiclio do devedor. a regra, inclusive para o caso de

    ausncia de estipulao contratual.

    Obrigao portable: domiclio do credor. Quando no houver pronuncia no contrato a

    regra pagamento no domiclio do devedor.

    C) TEMPO:

    Obrigao a termo: quando se fixa uma data.

    Obrigao sem termo: cumprimento imediato.

    Obrigao Condicionada: cumprem-se na data do implemento da condio.

  • 33

    D) PROVA DO PAGAMENTO:

    Pelo recibo

    Pela devoluo do ttulo. Se no for possvel sua devoluo, o devedor poder exigir

    declarao do credor que inutilize o ttulo desaparecido. A entrega do ttulo cria a

    presuno do pagamento, cabendo ao credor fazer prova em contrrio no prazo de 60

    (sessenta) dias.

    Pagamento judicial.

    O devedor tem direito a quitao regular, podendo reter o pagamento enquanto no lhe

    seja dada.

    E) FORMAS DE PAGAMENTO:

    1. Pagamento em consignao consiste no depsito do bem ou importncia da

    obrigao, a ser realizada pelo devedor, visando eximir-se da obrigao. A consignao

    considerada pagamento e extingue a obrigao. Pode ocorrer em caso de mora do

    credor, de o devedor no saber a quem pagar ou quando o devedor no souber onde

    encontrar o credor. Pode ser judicial e extrajudicial e dever obedecer aos mesmos

    requisitos do pagamento.

    Sub-Rogao a transferncia quando a obrigao honrada em nome de outro,

    transfere a si o crdito (quem pagou).

  • 34

    2. Pagamento com sub-rogao: ocorre quando uma pessoa cumpre uma obrigao em

    nome de outra e sub-rogada em seus direitos, aes, privilgios e garantias na relao

    jurdica. A sub-rogao pode ser legal ou convencional.

    3. Imputao do pagamento: a indicao do devedor no que respeita ao dbito que

    est quitando junto ao credor, uma vez que tem a pagar mais de um, da mesma

    natureza.

    4. Dao em Pagamento: ocorre quando o credor consente em receber prestao

    diversa da que lhe devida. Por bvio decorre de um acordo entre as partes. Ex: pessoa

    paga dvida atravs da entrega de um veculo.

    5. Novao: realizada atravs de um novo contrato, que extingue a obrigao anterior

    e cria uma nova. No havendo nimo de novar, a nova obrigao no extingue a

    primeira e sim a confirma. Salvo estipulao em contrrio, a novao extingue os

    acessrios e as garantias da dvida (ocorrer extino sempre que as garantias forem de

    terceiro que no participou da novao). A novao feita sem anuncia do fiador o

    exonera das obrigaes anteriormente assumidas.

    6. Compensao: a extino de obrigaes entre pessoas que forem credor e devedor

    uma da outra, ao mesmo tempo. As obrigaes se extinguem, at onde se

    compensarem. A compensao efetua-se entre dvidas lquidas, vencidas e de coisas

    fungveis e no ser admitida em prejuzo de terceiros.

    7. Confuso: ocorrer confuso quando na mesma pessoa estiverem o credor e o

    devedor, extinguindo-se a obrigao.

  • 35

    8. Da remisso de dvidas: a remisso (exonerao do devedor do cumprimento da

    obrigao) extinguir a obrigao, desde que haja aceitao do devedor e no cause

    prejuzo a terceiros. uma liberalidade do credor.

    F) EXTINAO DA OBRIGAO SEM PAGAMENTO: Ocorre nos casos de remisso, renncia,

    prescrio, com advento do termo, da nulidade, impossibilidade de execuo sem culpa do

    devedor (caso fortuito ou fora maior).

    7.6.2 DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAES (art. 389 a 420)

    A) DA MORA

    o retardamento ou imperfeito cumprimento da obrigao. o descumprimento da

    obrigao, mas que o credor permite que seja compensada atravs de juros ou correo.

    Espcies de mora:

    Do devedor (solvendi ou debitoris): no cumpre a sua obrigao;

    Do credor (accipiendi ou creditoris): recusa em aceitar o cumprimento da obrigao

    A parte que incorreu em mora poder purg-la, neutralizando seus efeitos. O devedor responder pelos prejuzos a que sua mora der causa, mais juros, atualizao monetria e honorrios advocatcios. No caso de a mora do devedor inutilizar a prestao, o credor poder enjeitar a prestao em atraso e exigir perdas e danos (inadimplemento da obrigao sem possibilidade de convalidao). No havendo fato ou omisso imputvel ao devedor ele no incorrer em mora.

    B) DA CLUSULA PENAL

  • 36

    Tem por finalidade obrigar as partes ao cumprimento do contrato. uma condio

    dentro da obrigao em que resguarda o credor ou devedor do cumprimento de todas as

    obrigaes compactuadas. H cominao de uma multa a ser imposta nas hipteses de

    inadimplemento total ou parcial (multa compensatria) ou retardamento na execuo (multa

    moratria). O limite da multa o valor da obrigao principal.

    C) ARRAS OU SINAL

    Arras: aquilo que pago ou entregue (no caso de bem mvel) pelo devedor ao credor

    por ocasio da concluso do contrato.

    Podem ser confirmatrias quando servirem para confirmar o negcio jurdico que vai se

    perfazer ou compensatrias quando o credor ou devedor no realizam a obrigao principal.

    Se o negcio no se realizar por culpa do devedor, este perder em favor do credor o

    que pagou a tal ttulo e, se por culpa do credor, este ser obrigado a restitu-las em dobro,

    mas atualizao monetria, juros e honorrios advocatcios.

    7.7 DOS CONTRATOS EM GERAL (art. 421 a 480)

    Contrato o acordo de vontades estabelecido entre duas ou mais pessoas capazes

    visando constituir, modificar ou extinguir uma relao jurdica de natureza patrimonial.

    A) CLASSIFICAO DOS CONTRATOS

    1. Bilaterais (direitos e obrigaes para ambas as partes sinalagmtico) ou unilaterais (obrigaes para uma das partes);

  • 37

    2. Onerosos (os dois assumem obrigaes) ou gratuitos (oneram somente uma das

    partes);

    3. Comutativos (a prestao e a contraprestao guardam equivalncia) ou aleatrios

    (prestaes desproporcionais);

    4. Solenes (forma prescrita em lei, ex. fiana) ou no formais;

    5. Principais (existem independentemente de outro) ou acessrios (dependem de um

    principal);

    6. Tpicos (nominados, previstos na lei) e atpicos;

    7. Consensuais (aperfeioam-se com o acordo de vontades entre as partes - proposta e

    aceitao) e reais (perfazem-se com a entrega efetiva da coisa);

    8. Paritrios (as partes discutem as disposies contratuais em situao de igualdade) ou

    de adeso (uma das partes estabelece as clusulas e a outra somente adere);

    9. Necessrios: so os contratos em que h a obrigao de contratar (ex. seguro

    obrigatrio);

    10. Conexos: so os contratos relacionados entre si, por justaposio ou por

    dependncia;

  • 38

    11. Derivados: (ou subcontrato) so os que tm por objeto direitos estabelecidos em

    outro contrato, chamado bsico ou principal (ex. sublocao ou subempreitada).

    B) PRINCPIOS FUNDAMENTAIS

    1. Princpio da autonomia da vontade: liberdade das partes para estipular o que lhes

    convier;

    2. Supremacia das normas de ordem pblica: os contratos se sujeitam lei e aos princpios da moral e da ordem pblica; 3. Princpio da relatividade dos efeitos dos contratos: em regra, os contratos s

    produzem efeitos em relao s partes, no afetando terceiros;

    4. Princpio da obrigatoriedade dos contratos (pacta sunt servanda): o contato faz lei

    entre as partes, vinculando-as. Tem por fundamentos: a necessidade de segurana dos

    negcios e a imutabilidade do contrato;

    5. Princpio da reviso dos contratos (rebus sic stantibus, teoria da impreviso): consiste

    na concluso implcita de que a obrigatoriedade do cumprimento do contrato pressupe

    inalterabilidade da situao ftica e, no caso de tal situao ser modificada em funo de

    acontecimentos extraordinrios que tornem a obrigao excessivamente onerosa para

    op devedor, este poder requerer ao juiz a resciso contratual ou o reajustamento da

    prestao. Esta teoria aplicada em casos excepcionais e com bastante cautela.

    6. Princpio da boa f: as partes devem agir de forma correta, sempre com lealdade, probidade e confiana recprocas, desde a proposta at a execuo do contrato.

  • 39

    C) DA FORMAO DOS CONTRATOS

    A proposta de contrato d incio formao do contrato e tem efeito vinculante para o

    proponente, obrigando-o a seu cumprimento.

    A formao do contrato depender da aceitao da outra parte, podendo o proponente

    retratar-se antes ou simultaneamente aceitao, sendo neste caso considerada inexistente a

    proposta.

    A oferta ao pblico equivale a uma proposta e poder ser revogada pela mesma via de

    sua divulgao.

    D) DA ESTIPULAO EM FAVOR DE TERCEIROS

    Aquele que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigao,

    podendo tambm faz-lo o prprio terceiro, sujeitando-se s estipulaes contratuais.

    E) DA PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO

    Aquele que prometer fato de terceiro responder por perdas e danos no caso de

    inexecuo por este.

    F) DOS VCIOS REDIBITRIOS

  • 40

    So defeitos ocultos em coisa (mvel ou imvel) recebida em virtude de contrato

    comutativo ou doaes onerosas, que a tornam imprpria ao uso a que se destina, ou lhe

    diminuam o valor.

    O adquirente poder redibir o contrato (devolvendo a coisa), reclamar o abatimento no

    preo, sua substituio ou conserto.

    Poder optar em intentar com Ao Redibitria (na qual caber tambm pedido de

    restituio das despesas contratuais e perdas e danos) ou Ao Quanti Minoris.

    O direito do adquirente decai em 30 dias, no caso de coisa mvel, e em 01 ano, no caso

    de imvel.

    A entrega de coisa diversa da contratada consiste em inadimplemento e enseja perdas e

    danos, o erro quanto s qualidades essenciais do objeto erro subjetivo que enseja ao

    anulatria.

    O Cdigo de Defesa do Consumidor tambm trata de defeitos ou vcios, mas em

    produtos ou servios, nas relaes de consumo. Os defeitos podem ser ocultos, aparentes ou

    de fcil constatao; pode ser na qualidade do produto ou no corresponder ao anunciado,

    etc. Os prazos decadenciais so: 90 dias da constatao ou da entrega de produtos ou servios

    durveis e 30 dias para os produtos no-durveis.

    G) DA EVICO

  • 41

    Salvo disposio expressa em contrrio, o alienante responder pela evico, que a

    perda da coisa em virtude de sentena judicial, que a atribui a outrem em decorrncia de

    reconhecimento de causa jurdica preexistente ao contrato.

    O evicto ( o adquirente vencido na demanda movida por terceiro), ainda que do

    contrato conste clusula de excluso, ter direito a receber o preo que pagou pela coisa, se

    ignorava o risco da evico ou tendo conhecimento, no o assumiu. O evicto, alm da

    restituio integral do preo que pagou, ainda ter direito indenizao dos frutos que tiver

    sido obrigado a restituir, indenizao pelas despesas contratuais e prejuzos decorrentes da

    evico e s custas judiciais e honorrios advocatcios.

    H) DOS CONTRATOS ALEATRIOS

    O contrato ser aleatrio quando:

    1) disser respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de no virem a existir seja assumido por um dos contratantes, devendo o outro receber integralmente o que lhe foi prometido (salvo dolo ou culpa de sua parte); 2) o objeto forem coisas futuras, assumindo o adquirente o risco de virem a existir em qualquer quantidade, devendo o alienante receber todo o preo ajustado (salvo culpa de sua parte). Na hiptese de nada vir a existir, no haver alienao, devendo o alienante restituir o preo recebido; 3) se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, sendo este assumido pelo adquirente, devendo o alienante receber todo o preo ajustado.

    I) DO CONTRATO PRELIMINAR

  • 42

    O contrato firmado entre as partes em carter preliminar dever conter todos os

    requisitos exigidos para o contrato a ser celebrado. Depois de concludo o contrato,

    qualquer uma das partes, estipulando prazo, poder exigir da outra a celebrao do

    definitivo, salvo se contiver clusula de arrependimento. Esgotado o prazo sem a

    celebrao a parte poder solicitar ao juiz que supra a vontade da parte inadimplente

    e confira carter definitivo ao contrato particular, salvo se a natureza da obrigao

    no permitir.

    J) DO CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR

    O contrato assinado resguardando-se a uma das partes o direito de indicar a pessoa

    que o substituir nos deveres e obrigaes assumidos. Salvo estipulao em contrrio, essa

    indicao dever ser feita no prazo de cinco dias da concluso do contrato e depender da

    aceitao da outra parte, que dever seguir as mesmas formalidades exigidas no contrato.

    7.8 DA EXTINO DO CONTRATO

    A regra a extino do contrato pelo cumprimento das obrigaes assumidas por ambas

    as partes contratantes, em conformidade com os prazos e condies estipulados.

    No entanto, o contrato pode ser extinto sem que as obrigaes tenham sido adimplidas,

    podendo ocorrer por diversas causas:

    A) CAUSAS QUE ANTECEDEM A FORMAO DO CONTRATO

    1. Nulidade absoluta ou relativa: a nulidade absoluta consiste na transgresso a preceito

    de ordem pblica e impede que o contrato produza efeitos desde a sua formao (ex

    tunc); j a nulidade relativa ou anulabilidade advm de imperfeio da vontade,

  • 43

    podendo ser sanada e s ser causa de extino do contrato quando decretada por

    sentena, que produzir efeitos a partir de ento (ex nunc).

    2. Condio resolutiva: pode ser expressa ou tcita. Em no sendo cumprida a condio, o contrato se resolve. 3. Direito de arrependimento: dever estar expresso no contrato a possibilidade de

    resciso contratual, mediante declarao unilateral da vontade, sujeitando-se perda do

    sinal, ou sua devoluo em dobro (art. 420 do CC).

    B) CAUSAS SUPERVENIENTES A FORMAO DO CONTRATO

    1. Resoluo: pode ser conseqncia de um inadimplemento voluntrio (a parte s

    poder exigir da outra o cumprimento da obrigao se j tiver cumprido a sua, estando o

    inadimplente sujeito s perdas e danos), involuntrio (caso fortuito ou fora maior) ou

    por onerosidade excessiva;

    2. Resilio: ocorre em decorrncia da manifestao de vontade, que pode ser bilateral

    (distrato) ou unilateral (denncia);

    3. Morte dos contraentes: acarreta a dissoluo dos contratos personalssimos,

    subsistem as prestaes cumpridas, pois o seu efeito opera-se ex nunc.

    7.9 DAS VRIAS ESPCIES DE CONTRATO (art. 481 a 853)

    A) CONTRATO DE COMPRA E VENDA

  • 44

    o contrato pelo qual um dos contratantes se obriga a transferir o domnio de certa

    coisa, e o outro, a pagar-lhe o preo estabelecido. O domnio de bem mvel se transfere pela

    tradio e de imvel pela transcrio no registro de imveis. At que seja efetivada a tradio,

    os riscos da coisa correro por conta do vendedor e os do preo por conta do comprador.

    A.1) Caractersticas gerais:

    1. A compra e venda um contrato consensual (depende da manifestao de vontade

    das partes); oneroso (envolve alterao do patrimnio de ambos os contratantes);

    sinalagmtico (envolve o cumprimento de prestaes recprocas) e comutativo (as

    prestaes de ambas as partes se equivalem);

    2. so obrigaes do comprador: pagar o preo e receber a coisa; e do vendedor: transferir a propriedade, responder pela evico e vcios redibitrios.

    TRADIO: a entrega de coisa mvel ao adquirente, em cumprimento a um contrato.

    Geralmente a entrega efetiva ou real, mas em certos casos poder ser simblica (ex: entrega

    das chaves de um armrio) ou ficta (hiptese em que o proprietrio vende a coisa mas

    continua na posse direta da mesma (ex: emprstimo), agora em nome do adquirente e a outro

    ttulo. o chamado constituto possessrio.

    A.2) - Limitaes compra e venda:

    1. Preempo ou preferncia no pode o vendedor vender a coisa, sem antes oferec-

    la a certa pessoa (condmino de bem indivisvel) ou ao locatrio do bem locado art. 27

    da Lei 8.245/91;

    2. O cnjuge no pode vender imvel sem consentimento do outro;

  • 45

    3. O ascendente no pode vender ao descendente sem consentimento dos demais

    descendentes e do cnjuge do alienante (o consentimento do cnjuge ser dispensado

    se o regime de bens for o da separao obrigatria);

    4. No podem comprar bens do vendedor, ainda que em hasta pblica, as pessoas

    encarregadas de zelar por seus interesses, como os tutores, curadores, testamenteiros e

    administradores, dentre outros;

    5. Os bens penhorados podem ser objeto de compra e venda, desde que o comprador tenha cincia do fato, mas permanecero gravados e vinculados execuo.

    A.3) Clusulas especiais compra e venda:

    1. Retrovenda: a clusula que estipula a possibilidade de o vendedor recobrar a coisa

    imvel vendida, desde que exera o direito no prazo decadencial de 03 (trs) anos e

    restitua ao comprador o preo recebido e as despesas desembolsadas. No caso de

    recusa do comprador, o vendedor pode realizar o depsito judicial e exercer o seu

    direito de resgate;

    2. Da venda a contento e da sujeita a prova: a clusula que determina condio

    suspensiva para a venda, sendo que a venda feita a contento do comprador s ser

    perfeita com a manifestao de agrado do comprador e a venda sujeita a prova estar

    condicionada s qualidades da coisa mencionadas pelo devedor e ao fato de que a

    mesma seja idnea ao fim a quer se destina;

  • 46

    3. Preempo ou preferncia: clusula que obriga o adquirente a oferecer ao alienante

    a coisa a ser vendida, para que este utilize seu direito de prelao na compra. O direito

    deve ser exercido em at 180 (cento e oitenta) dias no caso de bem mvel e at 02 (dois)

    anos, no caso de imvel. O adquirente que alienar a coisa sem oferec-la ao alienante

    responder por perdas e danos. O direito de preferncia no pode ser cedido e nem ser

    transmitido aos herdeiros. Difere da retrovenda, j que naquela o vendedor tem o

    direito de recobrar o bem vendido, independentemente da vontade do comprador em

    vend-la;

    4. Da venda com reserva de domnio: a clusula atravs da qual o vendedor reserva

    para si a propriedade do bem vendido, at o pagamento integral do preo estipulado;

    5. Da venda sobre documentos: clusula em que se estipula a entrega do ttulo

    representativo da coisa em substituio prpria coisa.

    B) TROCA OU PERMUTA

    As disposies concernentes compra e venda sero aplicveis troca. anulvel a

    troca de valores desiguais feita entre ascendentes e descendentes, salvo se realizada com

    consentimento dos outros descendentes e do cnjuge do alienante. As despesas com o

    instrumento de troca, salvo disposio em contrrio, sero rateadas igualmente entre os

    contratantes.

    C) ESTIMATRIO

    Por este contrato o consignante entre bem mveis ao consignatrio que fica autorizado

    a vend-los, pagando quele o preo ajustado. Poder o consignatrio optar por restituir a

  • 47

    coisa, mas no se eximir do pagamento caso a restituio, na mesma integridade, se torne

    impossvel, mesmo que no tenha concorrido para tal fato.

    D) DOAO

    Atravs deste contrato uma pessoa, por liberalidade, transfere de seu patrimnio bens

    ou vantagens para o de outra, que os aceita. No caso de ausncia de manifestao do

    donatrio, entende-se aceita a doao, desde que no esteja sujeita a encargo. Poder ser

    feita por escritura pblica ou instrumento particular, e, no caso de ser verbal, s ter validade

    se versar sobre bens mveis e de pequeno valor e cuja tradio ocorra incontinenti.

    A doao de ascendentes a descendentes ou entre cnjuges importa em

    adiantamento de legtima. nula a doao: sem reserva de parte ou renda suficiente

    subsistncia do doador; quanto parte que exceder que poderia o doador dispor

    em testamento. A doao pode ser revogada por ingratido do donatrio ou

    descumprimento de encargo.

    D.1) Modalidades:

    pura e simples: mera liberalidade;

    remuneratria: quando feita em retribuio a servios ou favores no cobrados;

    com encargo: quando se impe uma obrigao ao donatrio;

    condicional: quando sua eficcia depende de acontecimento futuro e incerto.

    E) LOCAO

  • 48

    E.1) LOCAO DE COISAS

    o contrato no qual uma das partes (locador) se obriga a ceder outra (locatrio), por

    tempo determinado ou no, o uso e o gozo de coisa no fungvel, mediante certa retribuio.

    E.2) LOCAO DE IMVEL URBANO

    Os contratos de locao de imveis so regidos pela Lei. 8.245/91, podendo a locao

    ser para fins comercias ou residenciais.

    No sero regidos por esta lei as locaes de imveis pblicos, garagens

    autnomas espaos destinados publicidade, apart-hotis e outros elencados no art.

    1, a, bem como o arrendamento mercantil, que permanecero sendo regulados

    pelo Cdigo Civil ou leis especiais.

    1. Algumas regras aplicveis aos contratos de locao:

    O aluguel pode ser fixado por qualquer prazo, dependendo da anuncia conjugal se

    igual ou superior a 10 anos.

    Durante o prazo de locao o locador no poder reav-lo, mas o locatrio poder

    restitu-lo mediante o pagamento da multa contratualmente estipulada ou, no caso de

    omisso, a judicialmente determinada.

  • 49

    A ao do locador para reaver o imvel locado ser sempre a de DESPEJO, que poder

    ser cumulada com a cobrana de aluguis e demais encargos.

    O aluguel no pode ser estipulado em moeda estrangeira e nem ser vinculado

    variao cambial ou ao salrio mnimo.

    O aluguel no pode ser cobrado antecipadamente, salvo na locao por temporada, ou

    se no foi dada garantia (a garantia pode ser por cauo, fiana, seguro de fiana

    locatcia ou cesso fiduciria de quotas de fundo de investimento, s podendo ser

    exigida do locatrio uma delas).

    As partes convencionaro acerca do reajuste dos aluguis e, no havendo acordo,

    qualquer uma das partes poder, aps 03 (trs) anos de vigncia do contrato ou do

    ltimo acordo, requerer reviso judicial do aluguel, para ajust-lo ao preo de mercado.

    Na hiptese de separao de fato ou judicial, divrcio ou dissoluo de sociedade

    concubinria, prosseguir a locao com o cnjuge ou companheiro que permanecer no

    imvel.

    No caso de alienao do imvel o locatrio ter direito de preferncia na aquisio,

    devendo ser-lhe comunicada todas as condies do negcio atravs de notificao

    judicial, extrajudicial ou outro meio de cincia inequvoca. O locatrio dever manifestar-

    se acerca da proposta no prazo de 30 dias. Em sendo alienado o imvel, o adquirente

    poder denunciar o contrato, concedendo ao locatrio o prazo de 90 (noventa) dias para

    desocupao. Salvo se a locao for por tempo determinado, o contrato contiver

    clusula de vigncia mesmo em caso de alienao e estiver averbado no Cartrio de

    Registro de Imveis.

    A locao poder ser desfeita por mtuo acordo entre os contratantes, em decorrncia

    da prtica de infrao legal ou contratual, por falta de pagamento do aluguel ou

    encargos, ou para reparaes urgentes determinadas pelo Poder Pblico.

  • 50

    2. Modalidades de locao:

    2.1Da locao residencial:

    2.1.1Comum:

    Locao com prazo contratual de 30 meses ou mais: nesta hiptese o contrato

    se resolve no trmino do prazo estipulado, independentemente de aviso ou

    notificao. O contrato ser prorrogado prorrogao por tempo indeterminado,

    caso o locatrio permanea na posse sem oposio do locador por mais de 30

    dias. Em ocorrendo a prorrogao, caber denncia imotivada (denncia vazia) a

    qualquer tempo, com 30 dias para desocupao.

    Locao com prazo contratual inferior a 30 (trinta) meses, ajustada verbalmente ou

    por escrito: findo o prazo ajustado, a locao prorroga-se automaticamente, por tempo

    indeterminado. A retomada do imvel somente ser possvel atravs de denncia cheia,

    baseada em um dos motivos previstos na lei (ex. uso prprio, reforma, etc) ou atravs de

    denncia vazia, se a locao tiver mais de 5 anos contnuos.

    Contratos antigos: todas as locaes celebradas anteriormente Lei 8.245/1991, ao

    trmino do contrato, sero prorrogadas por prazo indeterminado. Cabvel a denncia

    vazia, com prazo de 12 meses ao locatrio para desocupao.

    Livre negociao: no caso de imveis com habite-se concedido aps a entrada em vigor

    da lei, bem como contratos celebrados aps 5 anos desta vigncia sero livremente

    estipulados: o preo do aluguel e o prazo de reajuste (periodicidade) e o ndice de

  • 51

    correo, sendo vedada a vinculao variao do salrio mnimo, variao cambial e

    moeda estrangeira.

    2.1.2 Por Temporada

    Contrato pelo prazo de at 90 (noventa) dias. A locao deve ter fins especficos como

    prtica de lazer, realizao de cursos, tratamento de sade, obras em seu imvel e outros.

    Neste contrato o locador poder receber antecipadamente o aluguel e encargos, de uma s

    vez, bem como exigir qualquer das modalidades de garantia. Em sendo prorrogada a locao

    por mais de 30(trinta) dias sem a oposio do locador, o contrato se indeterminar, no

    cabendo mais a cobrana antecipada e sendo possvel a denncia apenas aps o prazo de 30

    (trinta) meses de seu incio.

    2.2 Da locao no residencial:

    2.2.1 Comercial

    Este tipo de contrato de locao abrange locatrios comerciantes ou industriais. O

    contrato poder ser firmado por qualquer prazo, com prorrogao por tempo indeterminado,

    se no seu termo final no houver oposio do locador por mais de 30 dias. Prorrogado o

    contrato, caber denncia vazia, a qualquer tempo, com 30 dias para desocupao. possvel,

    desde que cumpridos os requisitos legais, a renovao do contrato de locao.

    2.2.2 Civil

  • 52

    Este tipo de contrato abrange locatrios com atividades civis, suas sedes, escritrios,

    estdios e consultrios. Caber denncia vazia nos mesmos moldes da locao comercial, mas

    no h o direito renovao do contrato, salvo se tratar de sociedade civil com fins lucrativos.

    2.2.3 Especial

    Abrange estabelecimentos de ensino, hospitais, asilos, estabelecimentos de sade e

    outros autorizados e fiscalizados pelo poder pblico, bem como entidades religiosas

    registradas. Os contratos regem-se por lei especial, no cabe denncia vazia e h concesso de

    prazo especial para desocupao.

    2.2.4 De benefcio ou vantagem profissional indireta

    Ocorre quando o locatrio pessoa jurdica e o imvel destinado ao uso de seus

    dirigentes ou empregados art. 55 para denncia vazia ser nos mesmos moldes da locao

    comercial.

    F) EMPRSTIMO

    Consiste na entrega de uma coisa a algum, que dever devolv-la posteriormente.

    F.1) COMODATO

    o emprstimo gratuito de coisa no fungvel. o emprstimo de uso e gozo, devendo

    a coisa restituda no prazo convencionado. Perfaz-se com a tradio do objeto, devendo o

    comodatrio conserv-lo como se fosse seu, sendo que o mau uso poder acarretar perdas e

  • 53

    danos. O comodatrio que no restituir a coisa, alm de por ela responder, pagar aluguel at

    restitu-la.

    F.2) MTUO

    o emprstimo de coisas fungveis atravs do qual o muturio obriga-se a restituir ao

    mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gnero, qualidade e quantidade. Por este

    emprstimo transfere-se o domnio da coisa, emprestada ao muturio, desde a tradio. O

    mtuo destina-se a fins econmicos, razo pela qual presumem-se devidos juros. Ter carter

    mercantil quando uma das partes for comerciante. Pode ser gratuito ou oneroso.

    G) PRESTAO DE SERVIOS

    As prestaes de servios regidas pelo Cdigo Civil so as no sujeitas s leis trabalhistas

    ou a lei especial. Todo servio ou trabalho lcito poder ser contratado mediante retribuio.

    No caso de contratos de prestao de servios firmados para pagamento de dvida ou

    execuo de certa e determinada obra, o prazo de sua durao no poder ser superior a 04

    (quatro) anos, findos os quais extingue-se o contrato.

    O contrato de prestao de servios finda: com a morte de qualquer das partes;

    pelo escoamento do prazo; pela concluso da obra; pela resciso do contrato

    mediante aviso prvio; por inadimplemento de qualquer das partes ou pela

    impossibilidade de continuao do contrato, motivada por fora maior.

    H) CONTRATO DE EMPREITADA

  • 54

    o contrato atravs do qual o empreiteiro obriga-se a realizar determinada obra,

    podendo contratar apenas a mo-de-obra ou, juntamente com esta, os materiais. No caso de

    contrato de empreitada com incluso de materiais, o empreiteiro correr os riscos at a

    efetiva entrega da obra e na hiptese de empreitada apenas da mo-de-obra estes sero

    suportados pelo dono da obra, salvo culpa do empreiteiro.

    O empreiteiro executar a empreitada pessoalmente ou por meio de terceiros, mediante

    remunerao a ser paga pelo dono da obra, devendo faz-lo de acordo com as instrues

    deste e sem qualquer relao de subordinao.

    I) DEPSITO

    Por este contrato recebe o depositrio um objeto mvel, para guardar, por certo