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  • 1. DIREITO CIVIL

2. 1 NDICE 1. INTRODUO AO DIREITO ........................................................................................................ 5 2. LEI DE INTRODUO AO CDIGO CIVIL .................................................................................... 6 2.1 FONTES DO DIREITO............................................................................................................ 6 2.2 VIGNCIA DAS LEIS NO TEMPO........................................................................................... 6 2.3 VIGNCIA DAS LEIS NO ESPAO .......................................................................................... 7 2.4 INTERPRETAO E INTEGRAO DAS NORMAS JURDICAS ............................................... 7 3. DIREITO CIVIL............................................................................................................................. 8 4. DAS PESSOAS (art. 1 a 78)........................................................................................................ 8 4.1 DAS PESSOAS NATURAIS (art. 1 a 39 e 70 a 78) ................................................................ 8 4.1.1 DA PERSONALIDADE..................................................................................................... 9 4.1.2 DA CAPACIDADE......................................................................................................... 11 4.2 DAS PESSOAS JURDICAS (art. 40 a 69).............................................................................. 12 4.2.1 TIPOS .......................................................................................................................... 12 4.2.2 PERSONALIDADE JURDICA......................................................................................... 13 5. DOS BENS ................................................................................................................................ 14 5.1 DAS DIFERENTES CLASSES DE BENS (art. 79 a 103)........................................................... 14 6. DOS FATOS, ATOS E NEGCIOS JURDICOS (art. 104 a 232)................................................... 17 6.1 ATO JURDICO EM SENTIDO ESTRITO................................................................................ 18 6.2 ATOS ILCITOS.................................................................................................................... 18 6.3 NEGCIOS JURDICOS........................................................................................................ 18 6.4 PRESCRIAO E DECADNCIA (art. 189 a 211).................................................................... 23 6.4.1 PRESCRIAO ............................................................................................................... 23 6.4.2 DECADNCIA............................................................................................................... 24 6.5 ATO ILCITO E RESPONSABILIDADE CIVIL (art. 186 a 188 e 927 a 954) ............................. 24 7. DIREITO DAS OBRIGAES (art. 233 a 285) ............................................................................ 27 3. 2 7.1 ELEMENTOS DA OBRIGAO: ........................................................................................... 27 7.2 FONTES DA OBRIGAO:................................................................................................... 27 7.3 CLASSIFICAO DAS OBRIGAES:................................................................................... 28 7.4 OUTRAS CLASSIFICAES OU MODALIDADES: ................................................................. 30 7.5 TRANSMISSO DAS OBRIGAES: (art. 286 a 303) .......................................................... 31 7.6 DO ADIMPLEMENTO E EXTINO DAS OBRIGAES (art. 304 a 388).............................. 32 7.6.1 DO PAGAMENTO:....................................................................................................... 32 7.6.2 DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAES (art. 389 a 420) ....................................... 35 7.7 DOS CONTRATOS EM GERAL (art. 421 a 480) ................................................................... 36 7.8 DA EXTINO DO CONTRATO ........................................................................................... 42 7.9 DAS VRIAS ESPCIES DE CONTRATO (art. 481 a 853)...................................................... 43 7.10 DOS ATOS UNILATERAIS (art. 854 a 886) ........................................................................ 62 7.11 DOS TTULOS DE CRDITO (art. 887 a 926) ..................................................................... 63 7.12 DAS PREFERNCIAS E PRIVILGIOS CREDITRIOS (art. 955 a 965)................................. 65 8. DIREITO DAS COISAS ............................................................................................................... 65 8.1 CARACTERSTICAS DOS DIREITOS REAIS:........................................................................... 66 8.2 CLASSIFICAAO DOS DIREITOS REAIS:............................................................................... 66 8.3 SISTEMTICA DO CDIGO CIVIL:....................................................................................... 67 8.4 POSSE (art. 1.196 a 1224).................................................................................................. 67 8.4.1 EFEITOS DA POSSE:..................................................................................................... 67 8.4.2 CLASSIFICAES DA POSSE: ....................................................................................... 68 8.4.3 PERTURBAAO DA POSSE........................................................................................... 69 8.4.4 DEFESA DA POSSE....................................................................................................... 69 8.4.5 PERDA DA POSSE:....................................................................................................... 71 8.5 DIREITOS REAIS (art. 1.225 a 1.227).................................................................................. 71 8.5.1 DIREITOS REIAS SOBRE COISAS PROPRIAS: (ius in re propria) ................................... 71 8.5.2 DIREITOS REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS: (ius in re aliena) (art. 1.369 a 1.510) ........ 85 4. 3 9. DIREITO DE FAMLIA................................................................................................................ 90 9.1 DO CASAMENTO (art. 1.511 a 1.590)................................................................................ 90 9.2 DA SEPARAO E DO DIVRCIO ....................................................................................... 93 9.2.1 SEPARAO................................................................................................................ 93 9.2.2 DIVRCIO ................................................................................................................... 95 9.3 REGIME DE BENS (art. 1.639 a 1.688), .............................................................................. 96 9.4 UNIO ESTVEL (art. 1.723 a 1.727)................................................................................. 98 9.5 RELAES DE PARENTESCO (art. 1.591 a 1.638)............................................................... 99 9.5.1 FILIAO................................................................................................................... 100 9.5.2 ADOO ................................................................................................................... 101 9.6 PODER FAMILIAR, TUTELA, CURATELA E AUSNCIA (art. 1.630 a 1.638, 1.689 a 1.693, 1.728 a 1.783)........................................................................................................................ 102 9.6.1 PODER FAMILIAR...................................................................................................... 102 9.6.2 TUTELA E CURATELA................................................................................................. 103 9.6.3 AUSENCIA (art. 22 a 39) ........................................................................................... 104 9.7 ALIMENTOS (art. 1.694 a 1.710)...................................................................................... 104 9.8 BEM DE FAMLIA (art. 1.711 a 1.722),............................................................................. 105 10. DIREITO DAS SUCESSES..................................................................................................... 106 10.1 DA SUCESSO EM GERAL (art. 1.784 a 1.828) .............................................................. 106 10.2 SUCESSO LEGTIMA (art. 1.829 a 1.856) ..................................................................... 109 10.2.1 Direitos do Cnjuge sobrevivente.......................................................................... 111 10.3 SUCESSO TESTAMENTRIA (art. 1.857 a 1.990) ......................................................... 111 10.4 DO INVENTRIO E DA PARTILHA (art. 1991 a 2.027) .................................................... 113 PROVAS DIREITO CIVIL OAB ...................................................................................................... 115 GABARITO.................................................................................................................................. 126 GABARITO.............................................................................................................................. 137 GABARITO.............................................................................................................................. 142 5. 4 6. 5 1. INTRODUO AO DIREITO A palavra direito possui vrias acepes. Segundo Radbruch, direito o conjunto de normas gerias e positivas, que regulam a vida social (RADBRUCH, Gustavo - Filosofia do Direito. 3A . ed., Coimbra: Universidade de Coimbra, 1953, p. 99). Direito Objetivo a norma. ele que estabelece as normas de conduta social que devem ser observadas pelos indivduos. Direito Subjetivo a faculdade. O fato de uma pessoa ter direito a algo refere-se ao direito subjetivo que tal pessoa possui. Obviamente o direito subjetivo garantido pelo direito objetivo, j que protegido pelas normas objetivas. H juristas que negam a existncia Direito Natural a idia abstrata do direito; gira em torno da filosofia do direito, correspondendo a uma justia superior. Direito Positivo o conjunto de normas jurdicas vigentes em determinado lugar em determinada poca. o direito posto; a Lei. Essas normas elaboradas pelo homem devem se relacionar de forma harmnica, em seus mais diversos ramos. Por questes didticas, o direito positivo recebeu vrias classificaes. Dentre elas pode-se dizer que a mais importante a que o divide, segundo a classe de relaes jurdicas tuteladas, em Direito Pblico e Privado (teoria dualista), no obstante a intercomunicao entre as matrias. Direito Pblico o que regula as relaes entre Estados e entre Estado e os particulares. Disciplina os interesses gerais da coletividade, sendo de aplicao obrigatria. Ramos principais: Direito Constitucional, Administrativo, Tributrio, Previdencirio, Processual, Penal, dentre outros. Direito Privado o que disciplina as relaes entre os particulares, vigorando enquanto perdurar a vontade destes. Ramos: Civil e Comercial ou Empresarial. OBS: A classificao do Direito do Trabalho controvertida, mas a tese majoritria a de que configura-se como um Direito Privado. 7. 6 2. LEI DE INTRODUO AO CDIGO CIVIL A Lei de Introduo ao Cdigo Civil constitui-se em um conjunto de normas sobre as prprias normas, uma vez que disciplina a sua elaborao, sua vigncia, sua aplicao no tempo e no espao, suas fontes, etc. Em verdade, trata-se de uma lei que se aplica a todos os ramos do direito, salvo os que contiverem normas regulamentando de forma diversa. 2.1 FONTES DO DIREITO As fontes do Direito podem ser divididas em: Formais, diretas e imediatas: So a lei, a analogia, o costume e os princpios gerias de direito (art. 4 da LICC e 126 do CPC). A Lei a fonte principal, sendo as demais acessrias. Ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei.(art. 5, II da CF/88). Informais, indiretas e mediatas: So a doutrina e a jurisprudncia. 2.2 VIGNCIA DAS LEIS NO TEMPO Qualquer lei s comea a vigorar a ps a sua publicao no Dirio Oficial. Aps sua entrada em vigor, a observncia da lei torna-se obrigatria, pois ningum pode escusar-se de cumpri-la sob a alegao de desconhecimento. (art. 3 LICC) (princpio da obrigatoriedade das leis). A regra geral de vigncia das leis est elencada no art. 1 da LICC, entrando todas em vigor 45 (quarenta e cinco) dias aps a data de sua publicao. A prpria lei pode estipular prazo diverso que dever ser observado. Caso no haja disposio a respeito de sua vigncia, valer a regra geral. O interregno de tempo compreendido entre a data da publicao de uma lei e a sua entrada em vigor chamada vacatio legis. Durante esse perodo permanece em vigor a lei antiga em vigor. Salvo excees, a lei tem carter permanente, ou seja, tem eficcia contnua at sua revogao por outra lei (princpio da continuidade). O desuso no retira da lei sua eficcia. A 8. 7 Lei s perder sua eficcia quando for revogada, o que s pode ser feito por outra lei. Se a revogao for total chamada de ab-rogao e se for parcial derrogao. A revogao poder ser expressa, quando vier no corpo da nova lei explicitada a revogao total ou parcial, ou tcita, quando, apesar de silente, as disposies da lei nova mostrarem-se incompatveis com as da lei anterior ou regular inteiramente a matria de que tratava a lei anterior (art. 2 LICC). Salvo disposio em contrrio, a lei revogada no volta a vigorar por ter a lei revogadora perdido sua vigncia, no existindo em nossa legislao lei repristinadora ou de efeitos repristinatrios. A Lei temporria tambm perder sua eficcia, mas no por fora de outra lei, mas por j trazer, em seu corpo, previso para trmino de sua vigncia. Segundo a Lei de Introduo ao Cdigo Civil em nosso ordenamento jurdico vige o princpio da irretroatividade das leis, sendo respeitados o direito adquirido (j foi concedido, j se incorporou ao patrimnio e personalidade de seu titular), ato jurdico perfeito (aquele j consumado segundo a lei vigente) e coisa julgada (deciso judicial irrecorrvel) (art. 6 LICC). 2.3 VIGNCIA DAS LEIS NO ESPAO A Lei de Introduo trata tambm da aplicabilidade das leis em funo da soberania estatal. Assim, as leis obedecem, em regra, ao princpio da territorialidade, ou seja, tm aplicao dentro do territrio delimitado pelas fronteiras do Estado que as promulgou. Diante da constante necessidade de regular relaes entre indivduos de Estados diferentes, vem sendo cada vez mais admitida a aplicao de leis estrangeiras nos Estados (princpio da extraterritorialidade), sem que isso comprometa a soberania nacional. As disposies estrangeiras serviro para solucionar determinados conflitos. O art. 7 da LICC determina que os estrangeiros sero regidos pela lei do pas em que forem domiciliados, no que diz respeito s regras de comeo e fim da personalidade, o nome, capacidade e os direitos de famlia e as disposies seguintes fundam-se todas na lei do domiclio. 2.4 INTERPRETAO E INTEGRAO DAS NORMAS JURDICAS 9. 8 Interpretao das normas jurdicas consiste na descoberta de seu verdadeiro sentido e alcance, visando uma melhor aplicao ao caso concreto (art. 5 LICC). A hermenutica a cincia de interpretao das leis. Na hiptese de omisso da lei, o Juiz decidir de acordo com a analogia (consiste na aplicao de um caso semelhante), costumes (reiterao permanente de uma conduta), princpios gerais do direito (auxiliam na compreenso das normas) (art. 4 LICC) e eqidade (bom senso). 3. DIREITO CIVIL Direito Civil um ramo do Direito Privado que rege as relaes entre os particulares (pessoas fsicas ou jurdicas), destinando-se a reger as relaes pessoais, familiares, patrimoniais e obrigacionais. O Cdigo Civil divide-se em parte geral (das pessoas fsicas e jurdicas; domiclio, bens e fatos jurdicos) e parte especial (direito das obrigaes, direito de empresa, direito das coisas, direito de famlia, direito das sucesses e disposies finais e transitrias). 4. DAS PESSOAS (art. 1 a 78) Toda pessoa sujeito de direitos subjetivos e em virtude de sua existncia surgiu o ordenamento jurdico. 4.1 DAS PESSOAS NATURAIS (art. 1 a 39 e 70 a 78) Designao atribuda s pessoas fsicas ser humano que possui os atributos fsicos, psquicos e morais e tem personalidade jurdica, sendo titular de direitos e deveres na esfera civil. 10. 9 4.1.1 DA PERSONALIDADE A personalidade um atributo ou valor jurdico. Ela tem incio com o nascimento com vida, no momento da primeira respirao, ainda que o nascituro ainda esteja ligado me pelo cordo umbilical ou nem tenha forma humana. O nascimento com vida atribui personalidade, ainda que advenha a morte posterior e os direitos adquiridos sejam transmitidos. Os direitos do nascituro tambm so resguardados, j que possui expectativa de vida, estando seus direitos assegurados sob condio suspensiva. O fim da personalidade se d pela morte real ou natural (bito - cessam as atividades cerebrais, respiratrias e circulatrias), morte presumida (ocorre quando algum desaparece em situao de perigo que pressuponha a probabilidade de falecimento ou for desaparecido ou feito prisioneiro sem localizao em at dois anos aps o trmino da guerra; deve ser declarada por sentena que fixar a data provvel do falecimento, admitindo a sucesso provisional e, aps, a definitiva), ausncia (ocorre quando o indivduo desaparece por anos ininterruptos, sem dar notcias; inicia-se judicialmente a curadoria dos bens, passando-se sucesso provisria e, aps, definitiva quando considerado morto apenas para os fins de sucesso. Sua esposa no considerada viva). Comorincia: presuno legal (relativa) de morte simultnea de pessoas. Nestes casos no h transferncia de bens entre os comorientes. Mesmo j morta, ou seja, sem personalidade, a pessoa pode ter sua moral transgredida. Ex: vilipndio ao cadver. Os direitos da personalidade so oponveis erga omnes, so indisponveis (no podem ser transferidos a terceiros), vitalcios (s se extinguem com a morte) intransmissveis (no se transmitem hereditariamente) e essenciais (indissociveis do ser humano). Existem alguns direitos da personalidade que so disponveis, como os direitos autorais (Lei 5.988/73), o direito imagem (Lei 9807/99), direito ao corpo (art. 13 CC), direito da famlia (art. 1513 CC protege a privacidade) A personalidade possui alguns atributos tais como capacidade e nome. 11. 10 A individualizao da personalidade se d atravs do nome, que torna possvel o reconhecimento da pessoa no seio da famlia e da sociedade. A pessoa identifica-se pelo nome, pelo estado e pelo domiclio. A) NOME DA PESSOA NATURAL O nome compe-se de prenome (primeiro nome), nome ou patronmico (sobrenome) e agnome (Jnior, Neto, Filho, etc.). Registro de Nascimento art. 51 e 55 Lei 6015/73 deve ser realizado dentro do prazo estipulado em lei, sob pena de multa, e no local onde ocorreu o parto. Registro do bito art. 78 lei 6015/73. Alterao do nome, atravs de pedido justificado Art. 46 da lei 6015/73. O nome de famlia, via de regra, no poder ser alterado. Tanto a pessoa natural quanto a jurdica possuem esse atributo da personalidade. B) DOMICLIO Domiclio o local no qual a pessoa fixa residncia, com nimo definitivo, ou o lugar onde exerce sua profisso (ex: funcionrio pblico). No caso de a pessoa possuir vrias residncias, ser considerado domiclio qualquer uma delas e na hiptese de no possuir residncia fixa, ser o local em que puder ser encontrada. O domiclio pode ser alterado com a mudana de residncia. Os incapazes, servidores pblicos, martimos e presos tm domiclio necessrio previsto no C.C. C) ESTADO o elemento que distingue a situao jurdica de cada pessoa, delimitando suas relaes familiares, sociais, polticas, profissionais, individuais, etc. De acordo com o estado familiar as pessoas so solteiras, casadas, separadas, pais, filhos, etc; com o estado poltico so cidados ou no-cidados, nacionais, estrangeiros, etc.; o estado profissional individualiza a pessoa de acordo com sua profisso, seu trabalho; o estado individual consubstancia-se no modo de ser da pessoa: cor, idade, sexo, altura, etc. O estado das pessoas indivisvel, indisponvel, imprescritvel. O estado das pessoas , via de regra, provado atravs dos designados atos de estado, que so aqueles realizados por registro pblico. 12. 11 4.1.2 DA CAPACIDADE a aptido para gozar de direitos e assumir obrigaes. O Direito Brasileiro prev a capacidade de Direito ou civil, inerente a toda pessoa, e a incapacidade apenas de fato ou de exerccio do Direito, ou seja, para a prtica dos atos da vida civil. A) CAPAZES Maiores de 18 anos ou emancipados. Aptos para praticar validamente todos os atos da vida civil. B) RELATIVAMENTE INCAPAZES: Maiores de 16 e menores de 18 anos; os brios, viciados em txicos e deficientes mentais com discernimento reduzido (sempre que no conseguirem expressar sua vontade); os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; os prdigos. Devem ser assistidos por pais, tutores ou curadores. OBS: Lei Especial (6001/73) regulamenta a incapacidade dos ndios. Estes incapazes podem praticar atos da vida civil, desde que assistidos, sob pena de anulabilidade do ato. Alguns atos porm podem ser praticados isoladamente pelo relativamente incapaz, sem a assistncia de seu representante legal, dentre eles: fazer testamento, testemunhar, votar, casar. C) ABSOLUTAMENTE INCAPAZES: Menores de 16 anos, portadores de enfermidade ou deficincia mental sem discernimento e qualquer um que no consiga expressar sua vontade, mesmo que transitoriamente. So representados por seus pais, tutores ou curadores. A incapacidade absoluta gera a proibio total do exerccio do Direito. Estes incapazes no praticam nenhum ato da vida civil, sendo todos eles praticados exclusivamente por seu representante legal, sob pena de nulidade do ato. 13. 12 A incapacidade cessar quando cessar a sua causa (menoridade, dependncia qumica, etc.). Para os menores, a incapacidade cessar tambm pela emancipao que poder ser voluntria (concedida pelos pais), judicial (decretada pelo juiz) ou legal (decorrente de fatos previstos em lei, tais como o casamento, o exerccio de emprego pblico efetivo, a formatura em curso superior, o estabelecimento civil ou comercial ou a existncia de relao de emprego que propicie ao menor independncia financeira). A emancipao legal produz efeitos a partir da prtica do ato e a voluntria e judicial s depois de registrada no Registro Civil. A emancipao irrevogvel. OBS: Tanto nos casos de representao quanto de assistncia no pode haver conflito de interesses entre o assistido /representado e seus pais, tutores ou curadores, sendo passvel de interveno judicial caso isso ocorra, com conseqente substituio. 4.2 DAS PESSOAS JURDICAS (art. 40 a 69) Pessoa jurdica Ente criado por lei e ao qual a mesma atribuiu personalidade, tornando-a sujeito capaz de direitos e obrigaes. Deve ser registrada nos moldes da lei, de acordo com o tipo de sociedade e no pode ter atividade ilcita ou diversa da prevista em seu ato constitutivo. A pessoa jurdica distinta da pessoa de seus scios, possuindo personalidade, patrimnio e vida prprios, podendo exercer todos os atos da vida civil que no sejam privativos das pessoas naturais e podendo ser sujeito ativo ou passivo de delitos (ex: sonegao fiscal). 4.2.1 TIPOS A) PESSOA JURDICA DE DIREITO PBLICO Art. 40 c/c art. 42 CC Interno: Administrao Direta: Unio, Estados Membros, Distrito Federal, Territrios (no existe hoje, mas poder ser criado e deve ser considerado), Municpios; Administrao Indireta: Autarquias (DL 200/67), Associaes Pblicas (Lei 11.107/05) e Fundaes Pblicas (criadas por lei). 14. 13 Externo: Organismos internacionais (ex: ONU), outros Pases. B) PESSOA JURDICA DE DIREITO PRIVADO - art. 44 CC Sociedades privadas (simples ou empresrias), fundaes particulares, ONGs, organizaes religiosas e partidos polticos. Empresas pblicas e sociedades de economia mista esto submetidas ao regime das empresas privadas (art. 173, 1, CR/88). C) ENTES DESPERSONALIZADOS: No so titulares de direitos. Esplio, massa falida, sociedade de fato. 4.2.2 PERSONALIDADE JURDICA A personalidade jurdica inicia-se com o registro de seu ato constitutivo. No caso de pessoa jurdica de Direito Privado, depende da vontade humana e, no caso de pessoa jurdica de direito pblico, so criadas pelo poder pblico (Constituio da Repblica, lei especial, tratados). O local onde est localizada a sede da pessoa jurdica o seu domiclio. No caso de pessoa jurdica de Direito Privado o local pode ser diverso, quando houver indicao em seu ato constitutivo (foro de eleio). A personalidade jurdica se extingue por lei, por vontade dos scios, com baixa no registro, ou por sentena judicial. A Teoria da Desconsiderao da Personalidade Jurdica (Disregard of the legal entity): Casos em que a personalidade da pessoa jurdica quebrada para se atingir o patrimnio pessoal dos scios e administradores. uma exceo regra de que o patrimnio da pessoa jurdica responder pelos atos praticados em seu nome. A desconsiderao acontece sempre que as pessoas naturais utilizam-se das pessoas jurdicas para cometer ilcitos e tem por fim 15. 14 conter abusos, desvio de finalidade e fraudes. Deve ser provada a m administrao, a fraude ou o desvio para que seja ultrapassada a personalidade da pessoa jurdica. 5. DOS BENS Bem tudo aquilo que tem utilidade para as pessoas, que serve para satisfazer uma necessidade humana. Todo bem individualizvel, economicamente valorvel e representa interesse de ordem econmica. 5.1 DAS DIFERENTES CLASSES DE BENS (art. 79 a 103) A) BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS: Bens mveis e imveis Bens Mveis: so aqueles que podem ser removidos ou transportados, sem alterao de sua forma. Estes bens so transferidos pela entrega do bem (tradio). Navios e avies, apesar de serem registrados em rgo prprio e serem passveis de hipoteca, so bens mveis. Bens Imveis: so aqueles que no podem ser transportados sem destruio de sua essncia. A transferncia da propriedade, com validade erga omnes, se d atravs do registro no Cartrio de Registros de Imveis. A promessa de compra e venda no transfere a propriedade. Bens Fungveis e Infungveis Bens Infungveis: so os bens que no podem ser substitudos por outro da mesma espcie, qualidade e quantidade. So bens insubstituveis. Ex: Obras de arte. Alguns bens tornam-se infungveis pelo valor afetivo. Ex: jia de famlia. 16. 15 Bens Fungveis: so aqueles que podem ser trocados, substitudos por outros do mesmo gnero, qualidade e quantidade. Ex: alimentos. Bens Divisveis e Indivisveis Bens Divisveis: so aqueles que podem ser fracionados, partidos em pores distintas, formando, cada qual, um todo perfeito, sem que isso importe em alterao de sua substncia, perda do seu valor econmico ou em prejuzo na utilizao a que se destina.Ex: terreno Bens Indivisveis: so aqueles que no podem ser partilhados, sob pena de ser alterada sua substncia. Ex: Semoventes. Bens Consumveis e Inconsumveis Bens Consumveis: so bens cujo uso importa em destruio da sua substncia. Admitem apenas uma utilizao e desaparecem com o consumo. Bens Inconsumveis: so aqueles bens que podem ser usados reiteradas vezes, sem alterao de sua integridade. No deixam de existir com o uso. Bens Singulares e Coletivos Bens Singulares: so os bens individualizados, que se consideram de per si. Ex: apartamento. Bens Coletivos: so aqueles considerados em seu conjunto, que abrangem uma universalidade. Os bens so agregados em um todo. Ex: biblioteca, herana. 17. 16 B) BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS Principais: so aqueles que existem por si mesmos, independentemente da existncia de outros. Ex: terreno. Acessrios: so aqueles cuja existncia pressupe a de um principal, dependendo deste para existirem. (Regra: o acessrio acompanha o principal). Ex: a plantao acessrio do solo. Os bens acessrios so classificados em frutos, produtos e benfeitorias. Frutos so as utilidades produzidas periodicamente por uma coisa, sendo que sua retirada no afetar o valor nem a substncia da coisa, e os produtos so as utilidades que so extradas de uma coisa, diminuindo-lhe a quantidade (so recursos no renovveis). As benfeitorias se classificam em necessrias (realizada para conservar a coisa), teis (realizada visando para otimizar o uso da coisa) e volupturias (realizadas para mero embelezamento). As benfeitorias volupturias em nenhuma hiptese sero objeto de indenizao. No caso de possuidor de boa f, so indenizveis as benfeitorias teis e as necessrias e no caso de possuidor de m f so indenizveis apenas as necessrias. C) BENS CONSIDERADOS EM RELAO S PESSOAS Particulares: so os que pertencem s pessoas fsicas ou jurdicas de Direito Privado. Pblicos: so aqueles que pertencem s pessoas jurdicas de Direito Pblico interno. Guarnecem o povo. Os bens pblicos se dividem em bens de uso comum do povo (que podem ser usados sem restries pelo pblico em geral. Ex: rios, lagos), bens de uso especial (que so destinados a servio ou estabelecimento da administrao pblica. Ex: viaturas, hospitais pblicos, ministrios) e bens dominicais (so os que constituem o patrimnio disponvel da Administrao Pblica. Ex: terras devolutas) Res nullius: coisas sem dono, que no pertencem a ningum. (Ex: peixes no mar). D) BENS CONSIDERADOS EM RELAAO SUA COMERCIALIDADE 18. 17 Bens que se acham no comrcio: podem ser adquiridos e alienados sem qualquer impedimento. Bens fora do comrcio: so os inapropriveis e de uso inexaurvel (Ex: sol e as estrelas) e os inalienveis, seja por fora de lei (ex: bem de famlia da Lei 8009/90) ou por conveno (ex: art. 1.711 do CC). OBS: Os bens pblicos de uso comum e os de uso especial so inalienveis enquanto conservarem a sua qualificao. J os dominicais podem ser alienados, desde que cumpridas as exigncias legais. 6. DOS FATOS, ATOS E NEGCIOS JURDICOS (art. 104 a 232) Fato Jurdico todo acontecimento que produz efeitos jurdicos. Os Fatos Jurdicos, em sentido amplo, podem ser classificados em naturais ou humanos. Os fatos naturais, ou fatos jurdicos em sentido estrito, so aqueles que independem da atuao humana, mas possuem repercusso no mundo jurdico. Podem ser divididos em ordinrios (nascimento, morte, etc.) e extraordinrios (terremoto, tempestade, caso fortuito ou fora maior). J os Fatos Jurdicos humanos decorrem da atuao humana e so, portanto, atos jurdicos. (ex: contrato, batida de carros). Fato comum: Ao humana ou fato da natureza que no possui repercusso no Direito. Fato jurdico: Todo acontecimento natural ou decorrente de ao ou omisso humana que cria, modifica ou extingue relaes jurdicas. Ato Jurdico todo fato jurdico decorrente de ao, lcita ou ilcita, ou omisso humana. Um ato jurdico s ser vlido e produzir efeitos se estiverem presentes os seguintes requisitos: pessoa capaz, objeto lcito e forma prescrita ou no defesa em lei. Estando presentes todos os requisitos temos o Ato Jurdico Perfeito. 19. 18 Quando a forma do ato jurdico no estiver prescrita em lei, admitir-se- prova atravs de confisso (quando se tratar de direitos disponveis), documentos pblicos ou particulares, testemunhas, presuno (ex: confisso tcita) e percia. Em sentido amplo divide-se em 03 espcies: ato jurdico em sentido estrito, atos ilcitos e negcios jurdicos. 6.1 ATO JURDICO EM SENTIDO ESTRITO toda ao humana lcita cujos efeitos esto previstos em lei e, portanto, independem da vontade do agente. (ex: registro civil) 6.2 ATOS ILCITOS So os praticados em desconformidade com o ordenamento jurdico, que violam a ordem jurdica e produzem efeitos contrrios ao Direito. Esses atos violam o dever legal de no lesar ningum e so fonte de obrigaes, j que geram para o agente o dever de ressarcir o prejuzo causado. A obrigao de indenizar decorre da violao de um direito e da configurao do dano, que devem ocorrer concomitantemente. No constituem atos ilcitos os praticados em legtima defesa, no exerccio regular de um direito ou em estado de necessidade. Os atos ilcitos podem ter efeitos na esfera penal, administrativa e civil. Sero novamente abordados no tpico da responsabilidade civil. 6.3 NEGCIOS JURDICOS Para configurao do negcio jurdico necessria a vontade qualificada das partes visando um fim especfico permitido em lei. Geralmente so bilaterais (ex: contratos), mas existem negcios jurdicos unilaterais (ex: testamento, renncia de herana). A) REQUISITOS DO NEGCIO JURDICO Agente capaz: a aptido para realizar o negcio. A incapacidade relativa do agente torna o ato anulvel e a absoluta o torna nulo. 20. 19 Objeto lcito e possvel: o que no infringe os ditames legais e possvel. Quando impossvel ou ilcito o objeto o negcio nulo. Consentimento: a manifestao da vontade como pressuposto para a realizao do negcio. Essa manifestao pode se dar de forma expressa ou tcita (quando no houver exigncia de forma expressa). Constituem defeitos: ausncia de consentimento, erro, dolo, coao, leso, estado de perigo, simulao, fraude contra credores. Forma prescrita ou no defesa em lei. Em regra a forma livre, mas a lei pode prescrever forma determinada. O defeito na forma torna o ato nulo. B) ELEMENTOS DO NEGCIO JURDICO DA CONDIO: a clusula que deriva da vontade das partes e subordina o efeito do negcio jurdico a evento futuro e incerto. a) Suspensiva: o negcio s produzir efeitos com a ocorrncia de um evento futuro e incerto. b) Resolutiva: a ocorrncia do evento extingue o direito; c) Casual: a ocorrncia do evento depende de algo imprevisvel e fortuito, dependendo do acaso. d) Potestativa: depende da vontade de uma das partes DO TERMO: o dia em que se inicia ou se finda a eficcia o negcio jurdico, podendo a data ser determinada ou indeterminada. a) Inicial (dies a quo): fixa o incio da eficcia do negcio jurdico. O termo inicial suspende o exerccio, mas no a aquisio do direito; b) Final (dies ad quem): fixa o final dos efeitos do negcio jurdico. 21. 20 DO ENCARGO: clusula que contm um encargo ou uma obrigao a ser cumprida pela pessoa a ser beneficiada (so atos de mera liberalidade). O encargo no suspende nem o exerccio nem a aquisio do direito, mas se o encargo no for cumprido a liberalidade poder ser revogada. Encargos ilcitos ou impossveis so considerados como no escritos e invalidam o negcio jurdico, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade. C) DEFEITOS DO NEGCIO JURDICO Constituem vcios de consentimento o erro, ignorncia, dolo, coao, estado de perigo e leso. J a fraude contra credores e a simulao so vcios sociais. ERRO OU IGNORNCIA: erro consiste na falsa noo que se tem a respeito de algo ou algum e ignorncia consiste no total desconhecimento da realidade. No caso do defeito recair sobre aspectos secundrios ou acessrios do negcio, o mesmo ser vlido, mas se recair sobre aspectos principais ou primrios, ser anulvel. DOLO: o autor do dolo induz algum prtica de um ato que lhe prejudicial, usando de artifcios para engan-la. Se recair sobre aspectos essenciais (dolo principal) o negcio ser anulvel, mas se recair sobre aspectos secundrios (condies do negcio) o negcio ser vlido, obrigando o autor satisfao de perdas e danos. O dolo pode ser praticado por ao ou omisso. No caso de dolo bilateral, isto , praticado por ambas as partes, nenhuma delas poder alega-lo para anular o negcio ou requerer perdas e danos (ningum pode valer-se da prpria torpeza) COAO: caracteriza-se pelo emprego de presso ou ameaa fsica ou moral sobre algum viciando sua vontade na prtica de um ato ou realizao de um negcio. A coao moral torna anulvel o negcio e a fsica torna nulo. A coao principal, que recai sobre a causa determinante do negcio, torna o negcio anulvel e a coao sobre condies da avena obriga ao ressarcimento do prejuzo. Nem toda ameaa configura 22. 21 coao, devendo a coao ser grave, ser a causa da prtica do ato, de dano iminente, acarretar justo receio de dano e constituir ameaa de prejuzo pessoa ou a bens da vtima (ou de sua famlia). ESTADO DE PERIGO: ocorre quando algum, premido da necessidade de salvar-se, ou a algum de sua famlia, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigao excessivamente onerosa. Pode ocorrer tambm quando houver necessidade de salvar algum que, mesmo no pertencendo a sua famlia, possua grande vnculo afetivo que justifique o ato. O defeito torna o negcio anulvel. LESO: ocorre quando algum, aproveitando-se da necessidade ou inexperincia de outrem, obtm lucro demasiado e manifestamente desproporcional. O valor da prestao assumida totalmente desproporcional prestao oposta, caracterizando a leso. O negcio anulvel, mas o lesado poder optar pela reviso do contrato e, assim, se for oferecido suplemento suficiente, no ser decretada a anulao do negcio. FRAUDE CONTRA CREDORES: a vontade manifestada com a inteno de prejudicar terceiros, ou seja, os credores. S se caracteriza se o devedor j for insolvente e desfizer de seu patrimnio em detrimento de suas obrigaes, fraudando seus credores. Aqui vale ressaltar que a lei protege os adquirentes de boa-f que no tinham conhecimento da situao do alienante. Pode ocorrer esse tipo de fraude na transmisso onerosa ou gratuita de bens, remisso de dvida, no pagamento antecipado de dvidas vincendas e na constituio de garantias a algum credor quirografrio. O negcio jurdico celebrado com fraude a credores anulvel atravs de ao pauliana ou revocatria que poder ser ajuizada pelos credores quirografrios e que j 0o eram poca da alienao fraudulenta. 23. 22 SIMULAO: a declarao que cria uma aparncia diversa do que realmente , iludindo terceiros ou burlando a lei. O ato nulo, mas subsistir se for vlido na forma e substncia. D) INVALIDADE DO NEGCIO JURDICO: abrange a nulidade e a anulabilidade do negcio jurdico. ATO NULO: ofende os preceitos de ordem pblica Considera-se nulo o ato quando: praticado por pessoa absolutamente incapaz; foi ilcito, impossvel ou indeterminvel seu objeto; o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilcito; no revestir a forma prescrita em lei; for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; tiver por objetivo fraudar lei imperativa; a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prtica, sem cominar sano e o negcio jurdico simulado, se invlido na forma e na substncia. ATO ANULVEL: ofende os interesses particulares de pessoas que o legislador pretendeu proteger, criando para estas a possibilidade de promover a anulao do ato. O ato, no entanto, ser considerado vlido se o particular no o atacar ou confirm-lo. Considera-se anulvel o ato: praticado por relativamente incapaz, sem assistncia de seus representantes legais; por vcio resultante de erro, dolo, doao, leso, estado de perigo ou fraude contra credores, quando essenciais; por falta de legitimao; se a lei assim o exigir. ATO INEXISTENTE: quando lhe falta algum elemento estrutural, como o consentimento. Quadro comparativo Anulabilidade do Negcio Jurdico Nulidade do Negcio Jurdico 24. 23 Matria de ordem privada, interesse de particular. Matria de ordem pblica, interesse da coletividade. Pode haver convalescncia com o decurso de tempo. No h convalescncia pelo decurso de tempo S pode ser argida pelo prejudicado. Pode ser argida por qualquer interessado ou pelo Ministrio Pblico. Depende de provocao do interessado. Pode ser pronunciada de ofcio. Pode ser suprida pelo juiz ou sanada pelas partes. No pode ser suprida nem confirmada. Por ser anulvel, gera efeitos ex nunc, no retroagindo data da celebrao. A declarao gera efeitos ex tunc, retroagindo data da celebrao. A sentena constitutiva positiva ou negativa. A sentena meramente declaratria. Ocorre a prescrio em prazos mais ou menos curtos. Em regra no prescreve. Havendo prejuzos, devem ser indenizados Havendo prejuzos deve-se compens-los restituindo a coisa ao seu estado anterior. No caso de ser impossvel a compensao, ser devida indenizao. 6.4 PRESCRIAO E DECADNCIA (art. 189 a 211) 6.4.1 PRESCRIAO a perda do direito de ao (direito subjetivo). A inrcia do titular do direito, pelo decurso de tempo fixado em lei, extingue a sua pretenso. Pode ser declarada de ofcio pelo Juiz. No corre o prazo prescricional entre os cnjuges, na constncia da sociedade conjugal; entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; entre tutor e tutelado e curador e curatelado durante a tutela e curatela; contra os absolutamente incapazes; contra os ausentes do pas em servio pblico; contra os que se acharem servindo nas Foras Armadas em tempo de guerra. A prescrio pode ser suspensa, interrompida ou impedida. A prescrio renuncivel, mas s aps a sua consumao. Regra geral de prazo: 10 (dez) anos. Prescrio em 1, 2, 3, 4 e 5 anos em casos especiais previstos em lei. (arts. 205 e 206). 25. 24 Nosso ordenamento jurdico prev duas espcies de prescrio, a extintiva e a aquisitiva (usucapio). 6.4.2 DECADNCIA a perda do prprio direito. Essa perda, por bvio, atingir e extinguir o direito de ao. O prazo decadencial pode ser legal ou convencional. Em sendo legal, a decadncia pode ser declarada de ofcio pelo Juiz. No se aplicam decadncia as regras que suspendem, interrompem ou impedem a prescrio, admitindo-se exceo (ex: a decadncia no corre contra os absolutamente incapazes). A decadncia irrenuncivel. No h regra geral de prazo decadencial legal, existindo prazos em diversos artigos esparsos do Cdigo Civil. 6.5 ATO ILCITO E RESPONSABILIDADE CIVIL (art. 186 a 188 e 927 a 954) Atos ilcitos so os praticados em desconformidade com o ordenamento jurdico, que violam a ordem jurdica e produzem efeitos contrrios ao Direito. Tambm comete ato ilcito aquele que pratica abuso de direito. Esses atos violam o dever legal de no lesar ningum e so fonte de obrigaes, j que geram para o agente o dever de ressarcir o prejuzo causado. A obrigao de indenizar decorre da violao de um direito e da configurao do dano, que devem ocorrer concomitantemente. Assim temos que, inexistindo prejuzo, nenhuma indenizao ser devida, ainda que haja violao de um dever jurdico e configurao de dolo ou culpa. Responsabilidade Contratual e Extracontratual: Quando o prejuzo for acarretado por descumprimento de uma obrigao contratual, o descumprimento ir gerar para o agente a responsabilidade de indenizar o lesado por perdas e danos. No entanto, quando a 26. 25 responsabilidade no advier de um descumprimento contratual, mas sim de infrao a um dever legal de conduta, estaremos diante da responsabilidade extracontratual ou aquiliana. A violao do direito pode ser acarretada por ao ou omisso do agente e ir gerar, comprovada a relao de causalidade entre a conduta e o prejuzo, a obrigao de reparar os danos sofridos, de ordem material e moral. Responsabilidade civil ato ilcito (conduta antijurdica e culpvel) + dano + relao de causalidade. A conduta do agente (fato lesivo) pode ser positiva (ao) ou negativa (omisso), sendo que na negativa ser necessria a prova da obrigatoriedade da conduta positiva que, caso tivesse sido praticada pelo agente, o dano teria sido evitado. Os danos indenizveis dividem-se em danos morais, que so aqueles decorrentes do abalo psquico de uma pessoa, e os patrimoniais, que comportam o dano emergente (efetiva diminuio do patrimnio do lesado) e o lucro cessante (o que este deixou de ganhar). Os danos morais sero fixados pelo Juiz visando atenuar a dor sofrida pela vtima, devendo levar em conta a extenso do dano, as condies econmicas dos envolvidos e o grau de culpa do agente, se for o caso. Os danos patrimoniais e morais decorrentes do mesmo fato ensejaro pedidos de indenizaes cumulveis. A Relao de causalidade entre a conduta ilcita e o dano pressuposto da existncia da responsabilidade civil. Na hiptese de existir um dano que, apesar de ocorrido, no mantm qualquer relao com a conduta do agente, este no ser passvel de indenizao, por no estar configurado o nexo de causalidade. A) RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SUBJETIVA A teoria da responsabilidade subjetiva ou da culpa pressupe a existncia da culpa do agente como pilar da responsabilidade civil. Neste caso, em no havendo culpa, no h responsabilidade. A prova da culpa (culpa ou dolo) constitui-se em pressuposto inarredvel do dano indenizvel. Aqui temos a culpa em sentido amplo, que abrange o dolo e a culpa em sentido estrito: 27. 26 Dolo: a violao intencional do dever de conduta. O agente que pratica o fato lesivo quer a produo do resultado (dolo direto) ou assume o risco de produzi-lo (dolo eventual); Culpa: a violao do dever de conduta sem inteno do agente, podendo ser acarretada por imprudncia (prtica de fato que o agente sabia ser perigoso), negligncia (ausncia de precauo) ou impercia (falta de aptido para o exerccio de arte ou profisso). Nesta teoria h aplicao da teoria da previsibilidade, donde se extrai que se o fato no foi intencional, mas era previsvel, restar configurada a culpa do agente. Ser apurada tambm a culpa exclusiva da vtima no evento danoso, sendo esta excludente da responsabilidade civil. A teoria da responsabilidade objetiva funda-se na necessidade de reparao de um dano ainda que cometido sem o elemento culpa. A lei determina determinadas situaes em que a responsabilidade do agente causador do dano ser objetiva, sendo o mesmo responsvel pela indenizao pelo dano, no importando se concorreu para a ocorrncia do mesmo. Segundo essa teoria todo dano indenizvel, bastando a configurao do dano e nexo de causalidade, independendo, no entanto, da prova de culpa do agente. O Cdigo Civil adota, como regra, a teoria da responsabilidade subjetiva havendo, no entanto, dispositivos legais acerca de hipteses de aplicao da responsabilidade objetiva. B) AO INDENIZATRIA a ao a ser intentada visando a reparao de danos oriundos de atos ilcitos. Os bens do(s) agente(s) do ato ilcito respondero pelos danos causados. No caso de apenas um agente arcar com a indenizao ter direito de regresso contra os demais. No caso de falecimento do 28. 27 responsvel pela reparao, a herana, dentro de seus limites, garantir a indenizao a ser quitada pelos herdeiros. Algumas hipteses de obrigao de indenizar esto elencadas no Cdigo, dentre elas a cobrana de dvida j paga ou no vencida e os danos causados por animais ou por coisas lanadas das casas. A responsabilidade civil independente da criminal, sendo certo que uma sentena penal condenatria (autoria e fato comprovados) ter repercusso na esfera civil, com condenao em indenizao. No caso da sentena penal absolutria sero analisadas as causas da absolvio para anlise de sua repercusso na esfera cvel, j que a ausncia de provas no mbito penal no implica em inexistncia de responsabilidade no mbito cvel, e a responsabilidade ser apurada de acordo com as provas produzidas em processo prprio. 7. DIREITO DAS OBRIGAES (art. 233 a 285) Obrigao o vnculo jurdico que liga o credor (sujeito ativo) ao devedor (sujeito passivo) podendo aquele exigir deste o cumprimento de prestao pessoal e econmica. 7.1 ELEMENTOS DA OBRIGAO: Subjetivo: credor (sujeito ativo) e devedor (sujeito passivo); Objetivo: objeto da obrigao; Vnculo jurdico: elo que gera para o credor um direito e para o devedor obrigao e responsabilidade (no caso de no ser possvel o cumprimento da obrigao, ser responsvel por perdas e danos). 7.2 FONTES DA OBRIGAO: Lei Vontade humana (negcio jurdico unilateral, bilateral ou ato ilcito). 29. 28 7.3 CLASSIFICAO DAS OBRIGAES: A) QUANTO AO OBJETO: Obrigao de dar ou entregar: 1. coisa certa o devedor se obriga a entregar coisa especfica, individualizada (mvel ou imvel). O devedor no obrigado a aceitar nenhuma outra coisa em troca; havendo perecimento da coisa, antes da tradio, a obrigao se extinguir (no caso de ausncia de culpa) ou gerar para o devedor a obrigao de ressarcir pelo valor da coisa, mais perdas e danos (no caso de agir com culpa: imprudncia, negligncia ou impercia); havendo deteriorao da coisa, poder o credor resolver a obrigao ou aceitar a coisa diminuindo-lhe o valor (no caso de ausncia de culpa) ou exigir o valor equivalente ou aceitar a coisa no estado em que se achar, podendo pleitear, em ambos os casos, indenizao por perdas e danos (no caso de restar configurada a culpa do devedor). A coisa pertencer ao devedor, com seus acrscimos, at a tradio e os frutos, se houverem, sero seus, cabendo ao credor os pendentes. 2. coisa incerta: o devedor se obriga a entregar definido apenas pelo gnero e quantidade, ficando pendente a qualidade. A escolha do bem deve ser feita pelo devedor. A determinao da coisa se d pela concentrao ( a escolha que torna certa a coisa incerta; aps a concentrao a obrigao passa a ser de entregar coisa certa). Obrigao de fazer: Consiste em uma conduta positiva. Se refere a obrigao do devedor de praticar um ato ou fazer um servio. Ocorre o inadimplemento quando o devedor no cumpre a obrigao, por 30. 29 impossibilidade ou recusa. No caso de recusa ou impossibilidade por culpa do devedor, este incorrer na obrigao de indenizar o credor por perdas e danos; no caso de ausncia de culpa, a obrigao de resolver. Se a obrigao de fazer no for personalssima o credor poder contratar outro para executar, s expensas do devedor, efetivando a compensao, e sem prejuzo da indenizao cabvel. Se for personalssima, se resolver em perdas e danos, podendo ainda o credor propor medida judicial para obrigar o devedor a cumprir sua obrigao, com aplicao de multa diria. Obrigao de no fazer (conduta negativa): uma absteno obrigatria. Na hiptese de o devedor, sem culpa sua, praticar o ato cuja absteno se obrigara, a obrigao se extinguir. Em tendo concorrido com culpa o devedor, o credor poder exigir dele que o desfaa, sob pena de arcar com os custos do desfazimento, sem prejuzo das perdas e danos. B) QUANTO AOS SEUS ELEMENTOS: Simples: um credor, um devedor e um objeto; Compostas: 1. Pluralidade de sujeitos: 31. 30 Credores e devedores se obrigam pelo cumprimento integral da obrigao. A solidariedade no se presume, resultando de lei ou da vontade das partes. Pode ser ativa (pluralidade de credores) ou passiva (pluralidade de devedores); 2. Pluralidade de objetos: Obrigao alternativa: o devedor se obriga a cumprir uma ou outra obrigao, devendo fazer uma escolha. O cumprimento de uma delas j exonera o devedor. As obrigaes alternativas so ligadas pela conjuno OU. Obrigao com objeto facultativo: obrigao com faculdade de substituio. Caber ao devedor fazer a escolha e a entrega o exonerar da obrigao. Obrigao cumulativa: o devedor se obriga a cumprir duas ou mais obrigaes e s se exonera com o cumprimento de todas. So ligadas pela conjuno E. 7.4 OUTRAS CLASSIFICAES OU MODALIDADES: Divisveis (aquelas em que o objeto pode ser dividido entre os sujeitos) e indivisveis (o objeto no pode ser dividido sem prejuzo de sua substncia); Lquidas (obrigao com objeto certo e determinado) e ilquidas (dependem de apurao prvia); Principais (subsistem por si) e acessrias (dependem da existncia de uma obrigao principal). Obrigao propter rem so as chamadas obrigaes mistas, parte em direito real e parte em pessoal (ex: condomnio). 32. 31 Solidrias: a solidariedade pode se dar tanto no plo passivo quanto no ativo e ocorrer sempre que mais de uma pessoa for credora ou devedora de uma obrigao. 7.5 TRANSMISSO DAS OBRIGAES: (art. 286 a 303) A) TRANSFERNCIA DA OBRIGAO PELO CREDOR: Cesso de Crdito: o credor pode negociar o crdito que possui, desde que a isso no se oponham a natureza da obrigao, a lei ou a conveno entre as partes. Pode ser efetivada a ttulo oneroso ou gratuito. Salvo estipulao em contrrio, o cedente no responde pela solvncia do devedor. A cesso de crditos pode ser feita por instrumento pblico ou particular (desde que cumpridos requisitos do art. 654, 1 CC). A cesso s obrigar o devedor que for dela notificado. B) TRANSFERNCIA DA OBRIGAO PELO DEVEDOR: Assuno de Dvida: a faculdade que um terceiro tem de assumir dvida do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando o devedor exonerado de cumprir a obrigao, salvo se j era insolvente na poca da assuno e o credor o ignorava. Se no houver anuncia expressa do credor no momento da assuno, qualquer das partes pode fixar prazo para que o credor se manifeste a respeito, sendo seu silncio tido como recusa. Salvo concordncia expressa do devedor primitivo, com a assuno da dvida todas as garantias especiais oferecidas pelo mesmo ao credor so extintas. O novo devedor no poder, em sua defesa, utilizar-se das excees pessoais que cabiam ao devedor primitivo. A assuno poder ser feita por instrumento pblico ou particular. 33. 32 7.6 DO ADIMPLEMENTO E EXTINO DAS OBRIGAES (art. 304 a 388) 7.6.1 DO PAGAMENTO: A) PESSOAS (quem deve e a quem se deve pagar): Quem paga: qualquer interessado na extino da dvida (devedor, seu representante ou o devedor sub-rogado (devedores solidrio)). O terceiro no interessado poder efetuar o pagamento, desde que com a anuncia do devedor e em nome e conta deste. A quem se paga: credor, quem de direito o represente ou cessionrio. O pagamento feito de boa-f ao credor putativo valido. B) LUGAR DO PAGAMENTO: Obrigao qurable: no domiclio do devedor. a regra, inclusive para o caso de ausncia de estipulao contratual. Obrigao portable: domiclio do credor. Quando no houver pronuncia no contrato a regra pagamento no domiclio do devedor. C) TEMPO: Obrigao a termo: quando se fixa uma data. Obrigao sem termo: cumprimento imediato. Obrigao Condicionada: cumprem-se na data do implemento da condio. 34. 33 D) PROVA DO PAGAMENTO: Pelo recibo Pela devoluo do ttulo. Se no for possvel sua devoluo, o devedor poder exigir declarao do credor que inutilize o ttulo desaparecido. A entrega do ttulo cria a presuno do pagamento, cabendo ao credor fazer prova em contrrio no prazo de 60 (sessenta) dias. Pagamento judicial. O devedor tem direito a quitao regular, podendo reter o pagamento enquanto no lhe seja dada. E) FORMAS DE PAGAMENTO: 1. Pagamento em consignao consiste no depsito do bem ou importncia da obrigao, a ser realizada pelo devedor, visando eximir-se da obrigao. A consignao considerada pagamento e extingue a obrigao. Pode ocorrer em caso de mora do credor, de o devedor no saber a quem pagar ou quando o devedor no souber onde encontrar o credor. Pode ser judicial e extrajudicial e dever obedecer aos mesmos requisitos do pagamento. Sub-Rogao a transferncia quando a obrigao honrada em nome de outro, transfere a si o crdito (quem pagou). 35. 34 2. Pagamento com sub-rogao: ocorre quando uma pessoa cumpre uma obrigao em nome de outra e sub-rogada em seus direitos, aes, privilgios e garantias na relao jurdica. A sub-rogao pode ser legal ou convencional. 3. Imputao do pagamento: a indicao do devedor no que respeita ao dbito que est quitando junto ao credor, uma vez que tem a pagar mais de um, da mesma natureza. 4. Dao em Pagamento: ocorre quando o credor consente em receber prestao diversa da que lhe devida. Por bvio decorre de um acordo entre as partes. Ex: pessoa paga dvida atravs da entrega de um veculo. 5. Novao: realizada atravs de um novo contrato, que extingue a obrigao anterior e cria uma nova. No havendo nimo de novar, a nova obrigao no extingue a primeira e sim a confirma. Salvo estipulao em contrrio, a novao extingue os acessrios e as garantias da dvida (ocorrer extino sempre que as garantias forem de terceiro que no participou da novao). A novao feita sem anuncia do fiador o exonera das obrigaes anteriormente assumidas. 6. Compensao: a extino de obrigaes entre pessoas que forem credor e devedor uma da outra, ao mesmo tempo. As obrigaes se extinguem, at onde se compensarem. A compensao efetua-se entre dvidas lquidas, vencidas e de coisas fungveis e no ser admitida em prejuzo de terceiros. 7. Confuso: ocorrer confuso quando na mesma pessoa estiverem o credor e o devedor, extinguindo-se a obrigao. 36. 35 8. Da remisso de dvidas: a remisso (exonerao do devedor do cumprimento da obrigao) extinguir a obrigao, desde que haja aceitao do devedor e no cause prejuzo a terceiros. uma liberalidade do credor. F) EXTINAO DA OBRIGAO SEM PAGAMENTO: Ocorre nos casos de remisso, renncia, prescrio, com advento do termo, da nulidade, impossibilidade de execuo sem culpa do devedor (caso fortuito ou fora maior). 7.6.2 DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAES (art. 389 a 420) A) DA MORA o retardamento ou imperfeito cumprimento da obrigao. o descumprimento da obrigao, mas que o credor permite que seja compensada atravs de juros ou correo. Espcies de mora: Do devedor (solvendi ou debitoris): no cumpre a sua obrigao; Do credor (accipiendi ou creditoris): recusa em aceitar o cumprimento da obrigao A parte que incorreu em mora poder purg-la, neutralizando seus efeitos. O devedor responder pelos prejuzos a que sua mora der causa, mais juros, atualizao monetria e honorrios advocatcios. No caso de a mora do devedor inutilizar a prestao, o credor poder enjeitar a prestao em atraso e exigir perdas e danos (inadimplemento da obrigao sem possibilidade de convalidao). No havendo fato ou omisso imputvel ao devedor ele no incorrer em mora. B) DA CLUSULA PENAL 37. 36 Tem por finalidade obrigar as partes ao cumprimento do contrato. uma condio dentro da obrigao em que resguarda o credor ou devedor do cumprimento de todas as obrigaes compactuadas. H cominao de uma multa a ser imposta nas hipteses de inadimplemento total ou parcial (multa compensatria) ou retardamento na execuo (multa moratria). O limite da multa o valor da obrigao principal. C) ARRAS OU SINAL Arras: aquilo que pago ou entregue (no caso de bem mvel) pelo devedor ao credor por ocasio da concluso do contrato. Podem ser confirmatrias quando servirem para confirmar o negcio jurdico que vai se perfazer ou compensatrias quando o credor ou devedor no realizam a obrigao principal. Se o negcio no se realizar por culpa do devedor, este perder em favor do credor o que pagou a tal ttulo e, se por culpa do credor, este ser obrigado a restitu-las em dobro, mas atualizao monetria, juros e honorrios advocatcios. 7.7 DOS CONTRATOS EM GERAL (art. 421 a 480) Contrato o acordo de vontades estabelecido entre duas ou mais pessoas capazes visando constituir, modificar ou extinguir uma relao jurdica de natureza patrimonial. A) CLASSIFICAO DOS CONTRATOS 1. Bilaterais (direitos e obrigaes para ambas as partes sinalagmtico) ou unilaterais (obrigaes para uma das partes); 38. 37 2. Onerosos (os dois assumem obrigaes) ou gratuitos (oneram somente uma das partes); 3. Comutativos (a prestao e a contraprestao guardam equivalncia) ou aleatrios (prestaes desproporcionais); 4. Solenes (forma prescrita em lei, ex. fiana) ou no formais; 5. Principais (existem independentemente de outro) ou acessrios (dependem de um principal); 6. Tpicos (nominados, previstos na lei) e atpicos; 7. Consensuais (aperfeioam-se com o acordo de vontades entre as partes - proposta e aceitao) e reais (perfazem-se com a entrega efetiva da coisa); 8. Paritrios (as partes discutem as disposies contratuais em situao de igualdade) ou de adeso (uma das partes estabelece as clusulas e a outra somente adere); 9. Necessrios: so os contratos em que h a obrigao de contratar (ex. seguro obrigatrio); 10. Conexos: so os contratos relacionados entre si, por justaposio ou por dependncia; 39. 38 11. Derivados: (ou subcontrato) so os que tm por objeto direitos estabelecidos em outro contrato, chamado bsico ou principal (ex. sublocao ou subempreitada). B) PRINCPIOS FUNDAMENTAIS 1. Princpio da autonomia da vontade: liberdade das partes para estipular o que lhes convier; 2. Supremacia das normas de ordem pblica: os contratos se sujeitam lei e aos princpios da moral e da ordem pblica; 3. Princpio da relatividade dos efeitos dos contratos: em regra, os contratos s produzem efeitos em relao s partes, no afetando terceiros; 4. Princpio da obrigatoriedade dos contratos (pacta sunt servanda): o contato faz lei entre as partes, vinculando-as. Tem por fundamentos: a necessidade de segurana dos negcios e a imutabilidade do contrato; 5. Princpio da reviso dos contratos (rebus sic stantibus, teoria da impreviso): consiste na concluso implcita de que a obrigatoriedade do cumprimento do contrato pressupe inalterabilidade da situao ftica e, no caso de tal situao ser modificada em funo de acontecimentos extraordinrios que tornem a obrigao excessivamente onerosa para op devedor, este poder requerer ao juiz a resciso contratual ou o reajustamento da prestao. Esta teoria aplicada em casos excepcionais e com bastante cautela. 6. Princpio da boa f: as partes devem agir de forma correta, sempre com lealdade, probidade e confiana recprocas, desde a proposta at a execuo do contrato. 40. 39 C) DA FORMAO DOS CONTRATOS A proposta de contrato d incio formao do contrato e tem efeito vinculante para o proponente, obrigando-o a seu cumprimento. A formao do contrato depender da aceitao da outra parte, podendo o proponente retratar-se antes ou simultaneamente aceitao, sendo neste caso considerada inexistente a proposta. A oferta ao pblico equivale a uma proposta e poder ser revogada pela mesma via de sua divulgao. D) DA ESTIPULAO EM FAVOR DE TERCEIROS Aquele que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigao, podendo tambm faz-lo o prprio terceiro, sujeitando-se s estipulaes contratuais. E) DA PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO Aquele que prometer fato de terceiro responder por perdas e danos no caso de inexecuo por este. F) DOS VCIOS REDIBITRIOS 41. 40 So defeitos ocultos em coisa (mvel ou imvel) recebida em virtude de contrato comutativo ou doaes onerosas, que a tornam imprpria ao uso a que se destina, ou lhe diminuam o valor. O adquirente poder redibir o contrato (devolvendo a coisa), reclamar o abatimento no preo, sua substituio ou conserto. Poder optar em intentar com Ao Redibitria (na qual caber tambm pedido de restituio das despesas contratuais e perdas e danos) ou Ao Quanti Minoris. O direito do adquirente decai em 30 dias, no caso de coisa mvel, e em 01 ano, no caso de imvel. A entrega de coisa diversa da contratada consiste em inadimplemento e enseja perdas e danos, o erro quanto s qualidades essenciais do objeto erro subjetivo que enseja ao anulatria. O Cdigo de Defesa do Consumidor tambm trata de defeitos ou vcios, mas em produtos ou servios, nas relaes de consumo. Os defeitos podem ser ocultos, aparentes ou de fcil constatao; pode ser na qualidade do produto ou no corresponder ao anunciado, etc. Os prazos decadenciais so: 90 dias da constatao ou da entrega de produtos ou servios durveis e 30 dias para os produtos no-durveis. G) DA EVICO 42. 41 Salvo disposio expressa em contrrio, o alienante responder pela evico, que a perda da coisa em virtude de sentena judicial, que a atribui a outrem em decorrncia de reconhecimento de causa jurdica preexistente ao contrato. O evicto ( o adquirente vencido na demanda movida por terceiro), ainda que do contrato conste clusula de excluso, ter direito a receber o preo que pagou pela coisa, se ignorava o risco da evico ou tendo conhecimento, no o assumiu. O evicto, alm da restituio integral do preo que pagou, ainda ter direito indenizao dos frutos que tiver sido obrigado a restituir, indenizao pelas despesas contratuais e prejuzos decorrentes da evico e s custas judiciais e honorrios advocatcios. H) DOS CONTRATOS ALEATRIOS O contrato ser aleatrio quando: 1) disser respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de no virem a existir seja assumido por um dos contratantes, devendo o outro receber integralmente o que lhe foi prometido (salvo dolo ou culpa de sua parte); 2) o objeto forem coisas futuras, assumindo o adquirente o risco de virem a existir em qualquer quantidade, devendo o alienante receber todo o preo ajustado (salvo culpa de sua parte). Na hiptese de nada vir a existir, no haver alienao, devendo o alienante restituir o preo recebido; 3) se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, sendo este assumido pelo adquirente, devendo o alienante receber todo o preo ajustado. I) DO CONTRATO PRELIMINAR 43. 42 O contrato firmado entre as partes em carter preliminar dever conter todos os requisitos exigidos para o contrato a ser celebrado. Depois de concludo o contrato, qualquer uma das partes, estipulando prazo, poder exigir da outra a celebrao do definitivo, salvo se contiver clusula de arrependimento. Esgotado o prazo sem a celebrao a parte poder solicitar ao juiz que supra a vontade da parte inadimplente e confira carter definitivo ao contrato particular, salvo se a natureza da obrigao no permitir. J) DO CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR O contrato assinado resguardando-se a uma das partes o direito de indicar a pessoa que o substituir nos deveres e obrigaes assumidos. Salvo estipulao em contrrio, essa indicao dever ser feita no prazo de cinco dias da concluso do contrato e depender da aceitao da outra parte, que dever seguir as mesmas formalidades exigidas no contrato. 7.8 DA EXTINO DO CONTRATO A regra a extino do contrato pelo cumprimento das obrigaes assumidas por ambas as partes contratantes, em conformidade com os prazos e condies estipulados. No entanto, o contrato pode ser extinto sem que as obrigaes tenham sido adimplidas, podendo ocorrer por diversas causas: A) CAUSAS QUE ANTECEDEM A FORMAO DO CONTRATO 1. Nulidade absoluta ou relativa: a nulidade absoluta consiste na transgresso a preceito de ordem pblica e impede que o contrato produza efeitos desde a sua formao (ex tunc); j a nulidade relativa ou anulabilidade advm de imperfeio da vontade, 44. 43 podendo ser sanada e s ser causa de extino do contrato quando decretada por sentena, que produzir efeitos a partir de ento (ex nunc). 2. Condio resolutiva: pode ser expressa ou tcita. Em no sendo cumprida a condio, o contrato se resolve. 3. Direito de arrependimento: dever estar expresso no contrato a possibilidade de resciso contratual, mediante declarao unilateral da vontade, sujeitando-se perda do sinal, ou sua devoluo em dobro (art. 420 do CC). B) CAUSAS SUPERVENIENTES A FORMAO DO CONTRATO 1. Resoluo: pode ser conseqncia de um inadimplemento voluntrio (a parte s poder exigir da outra o cumprimento da obrigao se j tiver cumprido a sua, estando o inadimplente sujeito s perdas e danos), involuntrio (caso fortuito ou fora maior) ou por onerosidade excessiva; 2. Resilio: ocorre em decorrncia da manifestao de vontade, que pode ser bilateral (distrato) ou unilateral (denncia); 3. Morte dos contraentes: acarreta a dissoluo dos contratos personalssimos, subsistem as prestaes cumpridas, pois o seu efeito opera-se ex nunc. 7.9 DAS VRIAS ESPCIES DE CONTRATO (art. 481 a 853) A) CONTRATO DE COMPRA E VENDA 45. 44 o contrato pelo qual um dos contratantes se obriga a transferir o domnio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe o preo estabelecido. O domnio de bem mvel se transfere pela tradio e de imvel pela transcrio no registro de imveis. At que seja efetivada a tradio, os riscos da coisa correro por conta do vendedor e os do preo por conta do comprador. A.1) Caractersticas gerais: 1. A compra e venda um contrato consensual (depende da manifestao de vontade das partes); oneroso (envolve alterao do patrimnio de ambos os contratantes); sinalagmtico (envolve o cumprimento de prestaes recprocas) e comutativo (as prestaes de ambas as partes se equivalem); 2. so obrigaes do comprador: pagar o preo e receber a coisa; e do vendedor: transferir a propriedade, responder pela evico e vcios redibitrios. TRADIO: a entrega de coisa mvel ao adquirente, em cumprimento a um contrato. Geralmente a entrega efetiva ou real, mas em certos casos poder ser simblica (ex: entrega das chaves de um armrio) ou ficta (hiptese em que o proprietrio vende a coisa mas continua na posse direta da mesma (ex: emprstimo), agora em nome do adquirente e a outro ttulo. o chamado constituto possessrio. A.2) - Limitaes compra e venda: 1. Preempo ou preferncia no pode o vendedor vender a coisa, sem antes oferec- la a certa pessoa (condmino de bem indivisvel) ou ao locatrio do bem locado art. 27 da Lei 8.245/91; 2. O cnjuge no pode vender imvel sem consentimento do outro; 46. 45 3. O ascendente no pode vender ao descendente sem consentimento dos demais descendentes e do cnjuge do alienante (o consentimento do cnjuge ser dispensado se o regime de bens for o da separao obrigatria); 4. No podem comprar bens do vendedor, ainda que em hasta pblica, as pessoas encarregadas de zelar por seus interesses, como os tutores, curadores, testamenteiros e administradores, dentre outros; 5. Os bens penhorados podem ser objeto de compra e venda, desde que o comprador tenha cincia do fato, mas permanecero gravados e vinculados execuo. A.3) Clusulas especiais compra e venda: 1. Retrovenda: a clusula que estipula a possibilidade de o vendedor recobrar a coisa imvel vendida, desde que exera o direito no prazo decadencial de 03 (trs) anos e restitua ao comprador o preo recebido e as despesas desembolsadas. No caso de recusa do comprador, o vendedor pode realizar o depsito judicial e exercer o seu direito de resgate; 2. Da venda a contento e da sujeita a prova: a clusula que determina condio suspensiva para a venda, sendo que a venda feita a contento do comprador s ser perfeita com a manifestao de agrado do comprador e a venda sujeita a prova estar condicionada s qualidades da coisa mencionadas pelo devedor e ao fato de que a mesma seja idnea ao fim a quer se destina; 47. 46 3. Preempo ou preferncia: clusula que obriga o adquirente a oferecer ao alienante a coisa a ser vendida, para que este utilize seu direito de prelao na compra. O direito deve ser exercido em at 180 (cento e oitenta) dias no caso de bem mvel e at 02 (dois) anos, no caso de imvel. O adquirente que alienar a coisa sem oferec-la ao alienante responder por perdas e danos. O direito de preferncia no pode ser cedido e nem ser transmitido aos herdeiros. Difere da retrovenda, j que naquela o vendedor tem o direito de recobrar o bem vendido, independentemente da vontade do comprador em vend-la; 4. Da venda com reserva de domnio: a clusula atravs da qual o vendedor reserva para si a propriedade do bem vendido, at o pagamento integral do preo estipulado; 5. Da venda sobre documentos: clusula em que se estipula a entrega do ttulo representativo da coisa em substituio prpria coisa. B) TROCA OU PERMUTA As disposies concernentes compra e venda sero aplicveis troca. anulvel a troca de valores desiguais feita entre ascendentes e descendentes, salvo se realizada com consentimento dos outros descendentes e do cnjuge do alienante. As despesas com o instrumento de troca, salvo disposio em contrrio, sero rateadas igualmente entre os contratantes. C) ESTIMATRIO Por este contrato o consignante entre bem mveis ao consignatrio que fica autorizado a vend-los, pagando quele o preo ajustado. Poder o consignatrio optar por restituir a 48. 47 coisa, mas no se eximir do pagamento caso a restituio, na mesma integridade, se torne impossvel, mesmo que no tenha concorrido para tal fato. D) DOAO Atravs deste contrato uma pessoa, por liberalidade, transfere de seu patrimnio bens ou vantagens para o de outra, que os aceita. No caso de ausncia de manifestao do donatrio, entende-se aceita a doao, desde que no esteja sujeita a encargo. Poder ser feita por escritura pblica ou instrumento particular, e, no caso de ser verbal, s ter validade se versar sobre bens mveis e de pequeno valor e cuja tradio ocorra incontinenti. A doao de ascendentes a descendentes ou entre cnjuges importa em adiantamento de legtima. nula a doao: sem reserva de parte ou renda suficiente subsistncia do doador; quanto parte que exceder que poderia o doador dispor em testamento. A doao pode ser revogada por ingratido do donatrio ou descumprimento de encargo. D.1) Modalidades: pura e simples: mera liberalidade; remuneratria: quando feita em retribuio a servios ou favores no cobrados; com encargo: quando se impe uma obrigao ao donatrio; condicional: quando sua eficcia depende de acontecimento futuro e incerto. E) LOCAO 49. 48 E.1) LOCAO DE COISAS o contrato no qual uma das partes (locador) se obriga a ceder outra (locatrio), por tempo determinado ou no, o uso e o gozo de coisa no fungvel, mediante certa retribuio. E.2) LOCAO DE IMVEL URBANO Os contratos de locao de imveis so regidos pela Lei. 8.245/91, podendo a locao ser para fins comercias ou residenciais. No sero regidos por esta lei as locaes de imveis pblicos, garagens autnomas espaos destinados publicidade, apart-hotis e outros elencados no art. 1, a, bem como o arrendamento mercantil, que permanecero sendo regulados pelo Cdigo Civil ou leis especiais. 1. Algumas regras aplicveis aos contratos de locao: O aluguel pode ser fixado por qualquer prazo, dependendo da anuncia conjugal se igual ou superior a 10 anos. Durante o prazo de locao o locador no poder reav-lo, mas o locatrio poder restitu-lo mediante o pagamento da multa contratualmente estipulada ou, no caso de omisso, a judicialmente determinada. 50. 49 A ao do locador para reaver o imvel locado ser sempre a de DESPEJO, que poder ser cumulada com a cobrana de aluguis e demais encargos. O aluguel no pode ser estipulado em moeda estrangeira e nem ser vinculado variao cambial ou ao salrio mnimo. O aluguel no pode ser cobrado antecipadamente, salvo na locao por temporada, ou se no foi dada garantia (a garantia pode ser por cauo, fiana, seguro de fiana locatcia ou cesso fiduciria de quotas de fundo de investimento, s podendo ser exigida do locatrio uma delas). As partes convencionaro acerca do reajuste dos aluguis e, no havendo acordo, qualquer uma das partes poder, aps 03 (trs) anos de vigncia do contrato ou do ltimo acordo, requerer reviso judicial do aluguel, para ajust-lo ao preo de mercado. Na hiptese de separao de fato ou judicial, divrcio ou dissoluo de sociedade concubinria, prosseguir a locao com o cnjuge ou companheiro que permanecer no imvel. No caso de alienao do imvel o locatrio ter direito de preferncia na aquisio, devendo ser-lhe comunicada todas as condies do negcio atravs de notificao judicial, extrajudicial ou outro meio de cincia inequvoca. O locatrio dever manifestar- se acerca da proposta no prazo de 30 dias. Em sendo alienado o imvel, o adquirente poder denunciar o contrato, concedendo ao locatrio o prazo de 90 (noventa) dias para desocupao. Salvo se a locao for por tempo determinado, o contrato contiver clusula de vigncia mesmo em caso de alienao e estiver averbado no Cartrio de Registro de Imveis. A locao poder ser desfeita por mtuo acordo entre os contratantes, em decorrncia da prtica de infrao legal ou contratual, por falta de pagamento do aluguel ou encargos, ou para reparaes urgentes determinadas pelo Poder Pblico. 51. 50 2. Modalidades de locao: 2.1Da locao residencial: 2.1.1Comum: Locao com prazo contratual de 30 meses ou mais: nesta hiptese o contrato se resolve no trmino do prazo estipulado, independentemente de aviso ou notificao. O contrato ser prorrogado prorrogao por tempo indeterminado, caso o locatrio permanea na posse sem oposio do locador por mais de 30 dias. Em ocorrendo a prorrogao, caber denncia imotivada (denncia vazia) a qualquer tempo, com 30 dias para desocupao. Locao com prazo contratual inferior a 30 (trinta) meses, ajustada verbalmente ou por escrito: findo o prazo ajustado, a locao prorroga-se automaticamente, por tempo indeterminado. A retomada do imvel somente ser possvel atravs de denncia cheia, baseada em um dos motivos previstos na lei (ex. uso prprio, reforma, etc) ou atravs de denncia vazia, se a locao tiver mais de 5 anos contnuos. Contratos antigos: todas as locaes celebradas anteriormente Lei 8.245/1991, ao trmino do contrato, sero prorrogadas por prazo indeterminado. Cabvel a denncia vazia, com prazo de 12 meses ao locatrio para desocupao. Livre negociao: no caso de imveis com habite-se concedido aps a entrada em vigor da lei, bem como contratos celebrados aps 5 anos desta vigncia sero livremente estipulados: o preo do aluguel e o prazo de reajuste (periodicidade) e o ndice de 52. 51 correo, sendo vedada a vinculao variao do salrio mnimo, variao cambial e moeda estrangeira. 2.1.2 Por Temporada Contrato pelo prazo de at 90 (noventa) dias. A locao deve ter fins especficos como prtica de lazer, realizao de cursos, tratamento de sade, obras em seu imvel e outros. Neste contrato o locador poder receber antecipadamente o aluguel e encargos, de uma s vez, bem como exigir qualquer das modalidades de garantia. Em sendo prorrogada a locao por mais de 30(trinta) dias sem a oposio do locador, o contrato se indeterminar, no cabendo mais a cobrana antecipada e sendo possvel a denncia apenas aps o prazo de 30 (trinta) meses de seu incio. 2.2 Da locao no residencial: 2.2.1 Comercial Este tipo de contrato de locao abrange locatrios comerciantes ou industriais. O contrato poder ser firmado por qualquer prazo, com prorrogao por tempo indeterminado, se no seu termo final no houver oposio do locador por mais de 30 dias. Prorrogado o contrato, caber denncia vazia, a qualquer tempo, com 30 dias para desocupao. possvel, desde que cumpridos os requisitos legais, a renovao do contrato de locao. 2.2.2 Civil 53. 52 Este tipo de contrato abrange locatrios com atividades civis, suas sedes, escritrios, estdios e consultrios. Caber denncia vazia nos mesmos moldes da locao comercial, mas no h o direito renovao do contrato, salvo se tratar de sociedade civil com fins lucrativos. 2.2.3 Especial Abrange estabelecimentos de ensino, hospitais, asilos, estabelecimentos de sade e outros autorizados e fiscalizados pelo poder pblico, bem como entidades religiosas registradas. Os contratos regem-se por lei especial, no cabe denncia vazia e h concesso de prazo especial para desocupao. 2.2.4 De benefcio ou vantagem profissional indireta Ocorre quando o locatrio pessoa jurdica e o imvel destinado ao uso de seus dirigentes ou empregados art. 55 para denncia vazia ser nos mesmos moldes da locao comercial. F) EMPRSTIMO Consiste na entrega de uma coisa a algum, que dever devolv-la posteriormente. F.1) COMODATO o emprstimo gratuito de coisa no fungvel. o emprstimo de uso e gozo, devendo a coisa restituda no prazo convencionado. Perfaz-se com a tradio do objeto, devendo o comodatrio conserv-lo como se fosse seu, sendo que o mau uso poder acarretar perdas e 54. 53 danos. O comodatrio que no restituir a coisa, alm de por ela responder, pagar aluguel at restitu-la. F.2) MTUO o emprstimo de coisas fungveis atravs do qual o muturio obriga-se a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gnero, qualidade e quantidade. Por este emprstimo transfere-se o domnio da coisa, emprestada ao muturio, desde a tradio. O mtuo destina-se a fins econmicos, razo pela qual presumem-se devidos juros. Ter carter mercantil quando uma das partes for comerciante. Pode ser gratuito ou oneroso. G) PRESTAO DE SERVIOS As prestaes de servios regidas pelo Cdigo Civil so as no sujeitas s leis trabalhistas ou a lei especial. Todo servio ou trabalho lcito poder ser contratado mediante retribuio. No caso de contratos de prestao de servios firmados para pagamento de dvida ou execuo de certa e determinada obra, o prazo de sua durao no poder ser superior a 04 (quatro) anos, findos os quais extingue-se o contrato. O contrato de prestao de servios finda: com a morte de qualquer das partes; pelo escoamento do prazo; pela concluso da obra; pela resciso do contrato mediante aviso prvio; por inadimplemento de qualquer das partes ou pela impossibilidade de continuao do contrato, motivada por fora maior. H) CONTRATO DE EMPREITADA 55. 54 o contrato atravs do qual o empreiteiro obriga-se a realizar determinada obra, podendo contratar apenas a mo-de-obra ou, juntamente com esta, os materiais. No caso de contrato de empreitada com incluso de materiais, o empreiteiro correr os riscos at a efetiva entrega da obra e na hiptese de empreitada apenas da mo-de-obra estes sero suportados pelo dono da obra, salvo culpa do empreiteiro. O empreiteiro executar a empreitada pessoalmente ou por meio de terceiros, mediante remunerao a ser paga pelo dono da obra, devendo faz-lo de acordo com as instrues deste e sem qualquer relao de subordinao. I) DEPSITO Por este contrato recebe o depositrio um objeto mvel, para guardar, por certo tempo, at que o depositante o reclame. Apesar de gratuito, as partes podem estipular que o depositrio seja gratificado. I.1) DEPSITO VOLUNTRIO: decorre da vontade das partes, gratuito podendo, no entanto, as partes estipularem recompensa para o depositrio. I.2) DEPSITO NECESSRIO: feito em decorrncia de obrigao legal ou por ocasio de alguma calamidade. O depsito necessrio no se presume gratuito e, no caso de depsito de bagagens dos hspedes nas hospedarias, o preo do depsito j est includo na diria cobrada. O depositrio dever guardar a coisa como se fosse sua, zelando pela sua conservao. 56. 55 O depositrio que no restitui a coisa depositada quando solicitado poder ser compelido a faz-lo, mediante priso no excedente a um ano, e a ressarcir os prejuzos ( o depositrio infiel). J) MANDATO Opera-se o mandato quando algum recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procurao o instrumento de mandato. Todas as pessoas capazes esto aptas para dar procurao mediante instrumento particular, e os absoluta ou relativamente incapazes devero faz-lo mediante instrumento pblico, sendo admitido, no entanto, em todos os casos, substabelecimento por instrumento particular. O mandato pode ser expresso ou tcito, verbal ou escrito. A outorga de mandato sujeita- se forma prescrita em lei, no se admitindo a forma verbal quando a lei o exigir por escrito. A aceitao do mandato pode ser tcita, e resulta do comeo da execuo. O mandato pode ser ad negotia (para negcios) ou ad judicia (para fins judiciais), podendo conferir poderes gerais (amplos) ou especiais (restritos e especificados). L) DA COMISSO Este contrato tem por objeto a aquisio ou a venda de bens pelo comissrio, em seu prprio nome, conta do comitente. O comissrio se obrigar perante as pessoas com quem contratar, mas dever agir em conformidade com as ordens e instrues do comitente, respondendo por perdas e danos em caso de prejuzos, salvo fora maior. 57. 56 A remunerao devida ao comissrio, quando no entabulada entre as partes, ser fixada segundo os usos correntes do lugar, podendo ser proporcional aos servios prestados (no caso de morte do comissrio ou de impossibilidade de concluso do negcio por fora maior). No caso de dispensa sem justa causa do comissrio, ter este direito a ser remunerado pelos trabalhos prestados e ressarcimento das perdas e danos resultantes de sua dispensa. M) DA AGNCIA E DISTRIBUIO Por este contrato uma pessoa se obriga, conta de outra, mediante retribuio, a realizar certos negcios em determinada zona de atuao. Quando o agente tiver sua disposio a coisa a ser negociada, estaremos diante da distribuio. O agente dever agir com toda a diligncia e em conformidade com as instrues recebidas do proponente, arcando com os custos inerentes agncia ou distribuio, salvo estipulao em contrrio. O agente ou distribuidor ter direito remunerao correspondente a todos os negcios realizados em sua zona de atuao, ainda que sem sua interferncia, salvo estipulao diversa. N) DA CORRETAGEM O contrato de corretagem ocorre entre duas pessoas no vinculadas por mandato, prestao de servios ou qualquer relao de dependncia, no qual uma delas se obriga a obter para a outra um ou mais negcios, de acordo com seus interesses e sempre na defesa destes. 58. 57 O corretor far a mediao dos negcios, mantendo seu cliente sempre informado acerca dos andamentos e ser remunerado de acordo com o fixado em lei ou ajustado entre as partes sendo que, no caso de omisso, esta ser fixada de acordo com a natureza do negcio e os usos locais. A remunerao ser devida ao corretor que tenha conseguido o resultado contratado, ainda que o negcio no se efetive por arrependimento das partes. O) DO TRANSPORTE um contrato atravs do qual algum se obriga, mediante retribuio, a transportar pessoas ou coisas de um lugar para outro. O.1) TRANSPORTE DE PESSOAS Salvo fora maior, o transportador responder pelos danos causados s pessoas transportadas e sua bagagem, podendo exigir declarao de seu valor, visando fixar o valor da indenizao. A responsabilidade contratual do transportador objetiva, mas este ter ao regressiva contra o terceiro que deu causa ao sinistro. O transporte feito a ttulo gratuito, por amizade ou cortesia, e sem vantagens indiretas para o transportador, no se subordina s normas do contrato de transporte. O passageiro ter direito a rescindir o contrato de transporte e ser reembolsado pelo valor da passagem, desde que o faa em tempo de ser renegociada ou, aps este prazo, desde que prove que outra pessoa foi transportada em seu lugar. O.2) TRANSPORTE DE COISAS 59. 58 O transportador ser responsvel pela integridade da coisa que lhe for confiada e pela sua entrega ao destinatrio no prazo estipulado, sendo sempre necessrio a individualizao da coisa para que no se confunda com outras. O transportador, ao receber a coisa, emitir o conhecimento, de acordo com lei especial (especificando a coisa e seu valor), e dever, sempre, se recusar a transportar coisa cujo transporte ou comercializao no sejam permitidos, ou que venha desacompanhada dos documentos legais exigidos. P) CONTRATO DE SEGURO um contrato escrito pelo qual o segurador se obriga para com o segurado, mediante o pagamento de um prmio, a garantir-lhe interesse legtimo relativo a pessoa ou coisa e a indeniz-la do prejuzo resultante de riscos futuros, previstos no contrato. Se o segurado estiver em mora no pagamento do prmio e ocorrer um sinistro antes da purgao, no ter direito indenizao. Salvo conveno das partes em contrrio, o segurador obrigado a pagar ao segurado, em dinheiro, o prejuzo resultante do risco assumido. O segurador tem ao regressiva contra o causador do dano, pelo que efetivamente pagou, at o limite previsto no contrato de seguro. P.1) SEGURO DE DANO 60. 59 Neste tipo de seguro, a garantia prometida no pode ultrapassar o valor do interesse segurado no momento do contrato o mesmo ocorrendo com a indenizao. No seguro de transporte de coisa, a vigncia da garantia ser do momento em que so recebidas pelo transportador at a efetiva entrega ao destinatrio. Fica excludo da garantia o sinistro provocado por vcio intrnseco da coisa (defeito da prpria coisa). Aps a efetivao do pagamento, o segurador sub-roga-se, at o seu limite, nos direitos do segurado contra o causador do dano, salvo se este for cnjuge do segurado, seus ascendentes ou descendentes, consangneos ou afins (nestas hipteses s haver sub- rogao se houver dolo). No seguro de responsabilidade civil o segurador garante a terceiros o pagamento por perdas e danos devidos pelo segurado, devendo este comunicar imediatamente a ocorrncia do sinistro ao segurador, sendo-lhe vedado reconhecer sua responsabilidade ou confessar a ao, bem como transigir com o terceiro prejudicado ou indeniz-lo diretamente, sem a anuncia expressa do segurador. P.2) SEGURO DE PESSOA (seguro de vida ou de acidentes pessoais) Neste tipo de seguro, o capital segurado livremente estipulado pelo proponente que poder, inclusive, contratar o mesmo seguro com diversas seguradoras. Na hiptese de o proponente contratar seguro de vida para terceiros, dever declarar o seu interesse na vida do segurado, presumindo-se o interesse quando o segurado seu cnjuge, ascendente ou descendente. O segurado indicar os beneficirios do seguro (podendo indicar inclusive companheiro, se poca do contrato o segurado era separado judicialmente ou de fato) e, no caso de falta 61. 60 de indicao ou de no prevalncia da que foi feita, o capital segurado ser pago metade ao cnjuge no separado legalmente e o restante aos herdeiros do segurado, obedecida a ordem de vocao hereditria. Na falta deste sero beneficirios os que provarem que a morte do segurado os privou dos meios necessrios sua subsistncia. No seguro de vida ou de acidentes pessoais para o caso de morte, o capital recebido no est sujeito s dvidas do segurado e no ser considerado herana para os fins de direito. No seguro de vida para o caso de morte, lcito estipular-se um prazo de carncia. Para o caso de suicdio o beneficirio s receber o capital segurado se o sinistro ocorrer depois de dois anos da vigncia do contrato, sendo nula qualquer clusula contratual que exclua o pagamento por suicdio do segurado. Neste tipo de seguro o segurador no pode sub-rogar-se nos direitos do segurado ou beneficirio contra o causador do sinistro. Q) CONSTITUIO DE RENDA Por meio deste contrato pode uma pessoa, a ttulo gratuito, obrigar-se para com outra a uma prestao peridica. O contrato poder ser a ttulo oneroso, hiptese em que sero entregues bens mveis ou imveis pessoa que se obriga a satisfazer as prestaes a favor do credor ou de terceiros, podendo neste caso ser exigida uma garantia real ou fideijussria. Este contrato ser sempre feito por escritura pblica e ser feito por prazo certo, ou por vida, podendo ultrapassar a vida do devedor, mas no a do credor, seja ele contraente ou terceiro. 62. 61 R) JOGO E APOSTA So contratos aleatrios. As dvidas de jogo ou de aposta no obrigam a pagamento, mas no se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo ou se o perdedor menor ou incapaz. No jogo o resultado decorre da participao dos contraentes, o xito ou insucesso depender de cada um e o vencedor ter direito a uma quantia ou coisa previamente estipulados e na aposta o resultado depende de um ato ou fato alheio e incerto, sem interferncia das partes. S) FIANA Por via de um contrato, uma pessoa se obriga, perante o credor, a satisfazer a obrigao, caso o devedor no a cumpra. A fiana deve obedecer formalidades,