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AGU-PFN Discursiva
Flvio Germano
Ficha 02: Direito Administrativo
Questo
Universidade Federal faz licitao e o edital estabelece que no poderiam participar as
empresas que tivessem sofrido a penalidade de suspenso do direito de licitar e contratar,
aplicada pela prpria Universidade. Ocorre que a Empresa X, vencedora do certame,
havia sido penalizada com suspenso (art. 87, III, da Lei 8.666/93), mas pelo Tribunal de
Justia de um Estado da Federao. Ento, participou da licitao e apresentou o
menor preo. A Procuradoria da Universidade, durante a licitao, mas j aps a
habilitao, entendeu que a suspenso deveria alcanar todos os rgos, o que ensejou
a desclassificao da proposta da empresa.
Acrescente-se, por fim, que a segunda classificada ofertou proposta com preo
significativamente maior que a primeira, mas, em face da habilitao daquela, recorre,
alegando que a suspenso a impediria de participar daquela licitao. Pleiteia, tambm,
que o objeto lhe seja adjudicado, vez que tem tal direito, ante a necessria inabilitao
da primeira. Como deve proceder a Universidade, segundo o entendimento do TCU?
1. Jurisprudncia do TCU sobre a distino entre o alcance da suspenso e da
declarao de inidoneidade.
1.1 Fundamentos da distino (Deciso 352/908):
a) Sentidos dos termos Administrao e Administrao Pblica;
b) Lgica do preceito legal (art. 87).
2. Precedente do TCU em sentido diverso - Acrdo 2218/2011 - 1 Cmara, proferido na
sesso de 12/4/2011, assumindo o entendimento do STJ.
3. Proposta de posio intermediria Alcance da esfera federativa - TC 013.294/2011-3. 4. Jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia - (REsp 151567/RJ, Rel Min. Francisco
Peanha Martins - 2 Turma - 25/02/2003):
"ADMINISTRATIVO. SUSPENSO DE PARTICIPAO EM LICITAES. MANDADO DE
SEGURANA. ENTES OU RGOS DIVERSOS. EXTENSO DA PUNIO PARA TODA A
ADMINISTRAO.
1. A punio prevista no inciso III do art. 87 da Lei 8.666/1993 no produz efeitos somente
em relao ao rgo ou ente federado que determinou a punio, mas a toda a
Administrao Pblica, pois, caso contrrio, permitir-se-ia que empresa suspensa
contratasse novamente durante o perodo de suspenso, tirando desta a eficcia
necessria."
5. Posio de Marcas Justen Filho:
Maral Justen Filho, in Comentrios Lei de Licitaes e Contratos Administrativos (fl. 623):
"A distino entre os pressupostos da suspenso temporria de participar em licitao
(inc. III) e da declarao de inidoneidade (inc. IV) no simples. Ambas as figuras
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Ficha 02: Direito Administrativo
importam retirar do particular o direito de manter vnculo com a Administrao. O que se
pode inferir, da sistemtica legal, que a declarao de inidoneidade mais grave do
que a suspenso temporria do direito de licitar - logo, pressupe-se que aquela
reservada para infraes dotadas de maior reprovabilidade do que esta.
Seria possvel estabelecer uma distino de amplitude entre as duas figuras. Aquela do
inc. III produziria efeitos no mbito da entidade administrativa que a aplicasse; aquela do
inc. IV abarcaria todos os rgos da Administrao Pblica. Essa interpretao deriva da
redao legislativa, pois o inc. III utiliza apenas o vocbulo `Administrao', enquanto o
inc. IV contm `Administrao Pblica'. No entanto, essa interpretao no apresenta
maior consistncia, ao menos enquanto no houver regramento mais detalhado. Alis,
no haveria sentido em circunscrever os efeitos da `suspenso de participao em
licitao" a apenas um rgo especfico.
Se um determinado sujeito apresenta desvios de conduta que o inabilitam para contratar
com a Administrao Pblica, os efeitos dessa ilicitude se estendem a qualquer rgo.
Nenhum rgo da Administrao contratar com aquele que teve o seu direito de licitar
"suspenso". A menos que lei posterior atribua contornos distintos figura do inc. III, essa a
concluso que se extrai da atual disciplina legislativa."
6. Premissas assumidas pelo TCU:
6.1 Jurisprudncia do TCU - do Em que pese as posies jurisprudencial e doutrinria
mencionadas acima, na situao em exame h de se considerar o disposto, de forma
expressa, no edital, que, como j mencionei, exclua da licitao apenas as empresas
suspensas de contratar com a prpria Universidade. Ademais, a interpretao restritiva da
aplicao do art. 87, III, da Lei 8.666/1993 seguia o entendimento ento predominante
nesta Corte.
6.2 Princpio da Vinculao ao Instrumento Convocatrio - Princpio da Nesse sentido, a
preservao do que foi inicialmente publicado me parece a melhor soluo, ante o
princpio da vinculao ao instrumento convocatrio, expresso no caput do art. 41 da Lei
8.666/1993. No caso concreto, no me parece adequado adotar a orientao da AGU
contida no Parecer 87/2011 em licitao j em andamento, inclusive aps a fase de
habilitao.
6.2.1 Relatrio da SECEX/AC: Assim, conclui o Diretor da Secex/AC em seu parecer: "Com
efeito, considerando que a mudana de entendimento da UFAC acerca dos efeitos da
penalidade aplicada representante com supedneo no art. 87, inciso III, da Lei
8.666/1993 somente veio a lume meses aps a publicao dos certames, inclusive aps
superadas as fases de habilitao jurdica das licitaes, no se poderia aplicar essa nova
interpretao, que alterou a prpria norma jurdica, com efeitos retroativos."
6.3 Princpio da Economicidade - De igual forma, h de se levar em conta, ainda, o
princpio da economicidade. As contrataes das empresas que se qualificaram em
segundo lugar nas Concorrncias 6, 13, 14 e 15/2011 representaro incremento no valor
dos contratos, a ser assumido pelos cofres da UFAC.
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Ficha 02: Direito Administrativo
AC-0902-13/12-P Sesso: 18/04/12 Grupo: I Classe: VII Relator: Ministro JOS JORGE Fiscalizao.
PROVA DISCURSIVA
Casos
Bens Pblicos
Empresa pblica federal, prestadora de servio pblico, pode ceder bens relacionados
prestao do servio, sob regime locatcio, para o uso de particulares?
Resposta
1.Os bens de empresa pblica afetados sua finalidade no podem ser utilizados seno
dentro das regras de Direito Pblico.
2. Bens da INFRAERO na rea das atividades aeroporturias no seguem as regras de
locao (precedentes desta Corte).
REsp 447867 / ES - SEGUNDA TURMA DJ 28/10/2003 Contrato Administrativo
Determinada Ministrio pretende contratar servio de contabilidade, com base na Lei
8.666/93, apesar de existir em seu quadro, contadores. Entretanto, salienta que a
necessidade decorre de elevao de demanda, que j vem ocorrendo h alguns meses.
lcita tal contratao?
Requisitos para a Terceirizao Lcita
1. A legislao e a jurisprudncia corrente nesta Corte de Contas apontam para a
impossibilidade de que sejam terceirizados servios relativos s atividades fins dos rgos e
entidades, bem como aqueles a contemplados nas atribuies dos cargos que compem
sua estrutura organizacional.
2. De qualquer modo, impende ressaltar que a terceirizao, em sua concepo mais
adequada, volta-se apenas para atividades de cunho acessrio, tais como aquelas
previstas no Decreto n. 2.271/1997, quais sejam, conservao, limpeza, segurana,
vigilncia, transportes, informtica, copeiragem, recepo, reprografia,
telecomunicaes e manuteno de prdios, equipamentos e instalaes.
3. Para que a terceirizao ocorra de forma legal no pode consistir em tentativa de
fraudar a necessidade de concurso pblico para ingresso de pessoal nos quadros da
entidade. (AC TCU-1466-22/10-P; Acrdo 1.520/2006)
Dispensa de Licitao
Ministrio pretende contratar, diretamente, empresa subsidiria do Banco do Brasil para
prestar servio na rea de tecnologia da informao. A empresa apresenta como seu
objeto social "desenvolver, fabricar, comercializar, alugar, integrar, importar e exportar
equipamentos e sistemas de eletrnica digital, perifricos, programas e produtos
associados, insumos e suprimentos, bem como prestar servios afins", podendo "celebrar
contratos e
convnios com empresas nacionais e estrangeiras, bem como participar do capital de
outras empresas. O fundamento da dispensa seria o art. 24, XVI. vivel a contratao direta
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Ficha 02: Direito Administrativo
Art. 24, XVI - para a impresso dos dirios oficiais, de formulrios padronizados de uso da
administrao, e de edies tcnicas oficiais, bem como para prestao de servios de
informtica a pessoa jurdica de direito pblico interno, por rgos ou entidades que
integrem a Administrao Pblica, criados para esse fim especfico;(Includo pela Lei n
8.883, de 1994)
Resposta
A dispensa de licitao prevista em tal dispositivo somente se aplica se o ente a ser
contratado integrar a Administrao Pblica e houver sido criado para o fim especfico
de prestar a essa mesma Administrao Pblica os servios que se pretende obter (vide
Deciso 496/1999 - TCU - Plenrio e Acrdo 314/2001 - TCU - Plenrio);
De outro lado, em funo de ser entidade que desenvolve atividade econmica, que
deve se sujeitar disciplina do 1 do art. 173 da CF/88, no podendo, por decorrncia,
contar com privilgios em contrataes governamentais.
Exceo existe apenas em relao ao Banco do Brasil S.A., empresa controladora, que
pode contratar a controlada com fundamento no inciso XXIII do art. 24 daquela Lei,
desde que o preo seja compatvel com o praticado no mercado e que haja relao de
pertinncia entre o servio a ser prestado ou os bens a serem adquiridos e o objetivo
institucional ou social da entidade subsidiria e controlada.
Art. 24
XXIII - na contratao realizada por empresa pblica ou sociedade de economia mista
com suas subsidirias e controladas, para a aquisio ou alienao de bens, prestao
ou obteno de servios, desde que o preo contratado seja compatvel com o
praticado no mercado. (Includo pela Lei n 9.648, de 1998)
Dispensa de Licitao
Ministrio, em 22/12/2010, por meio da Tomada de Preos, contratou a empresa X para
executar servios de limpeza, conservao, copeiragem, reprografia e atendimento
telefnico. A avena foi firmada pelo prazo inicial de 24 meses, com a possibilidade de
renovao por at 60 meses.
12. Em 12/08/2012, o Ministrio rescindiu, unilateralmente, o referido ajuste e pretende
contratar a empresa Y, a segunda colocada na Tomada de Preos, com base no art. 24,
inciso XI, da Lei de Licitaes, para prosseguir na prestao dos servios. vivel a
contratao ou o Ministrio ter que contratar por emergncia, j que se trata de servio
de vigilncia.
A controvrsia reside em saber se a Administrao poderia ou no ter dispensado a
referida licitao. O gestor defende a possibilidade por entender que o edital do certame
previa a prorrogao da avena por at 60 meses.
Resposta
Art. 24, XI:
XI - na contratao de remanescente de obra, servio ou fornecimento, em
conseqncia de resciso contratual, desde que atendida a ordem de classificao da
licitao anterior e aceitas as mesmas condies oferecidas pelo licitante vencedor,
inclusive quanto ao preo, devidamente corrigido; (...)
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Ficha 02: Direito Administrativo
Resposta
1. Assim, como houve a resciso do contrato inicial antes deste prazo, a segunda
colocada, com fundamento no j transcrito art. 24, inciso XI, poderia prosseguir com a
prestao do servio por todo o perodo.
2. A contratao do segundo colocado por conta de resciso contratual serve para
tornar mais gil a Administrao Pblica. No se pode reclamar a realizao de novo
certame, quando a legislao permite a contratao direta. Ademais, no caso concreto,
seria desarrazoado exigir que o rgo funcionasse sem receber os servios de
conservao e limpeza enquanto outra licitao fosse realizada. AC TCU -0412-07/08-P
Convnio
Muncipio contratou empresa que representa empresrios e artistas para determinado
show, porque apresentou declaraes de exclusividade de tais artistas para aquele
evento. A contratao poderia ter ocorrido, com base no art. 25, III, da Lri 8.666/93? O
dinheiro foi repassado por convnio com a Unio.
Resposta
1. Houve infrao ao art. 25, inciso III, Lei 8666/93, tendo em vista que a citada empresa no
empresrio ou representante exclusivo dos cantores contratados.
2. Como forma de fraudar a lei, obteve declarao de exclusividade s para aquele evento.
3. A empresa foi contratada por inexigibilidade para atuar como mera intermediria entre
a prefeitura e os empresrios dos artistas participantes do festival. As pretensas
declaraes de exclusividade apresentadas pela empresa apenas confirmam essa
constatao, pois foram firmadas pelos empresrios/artistas para conceder empresa
poderes de representao especificamente para fins de realizao de show
mencionado.
Contrato Administrativo
A Superintendncia Regional do Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria no
Estado de So Paulo celebra contrato com fundao privada e cujo objeto consistiu em
servios de assessoria tcnica, social e ambiental, de forma continuada, s famlias
assentadas nos Projetos de Reforma Agrria e Projetos de Assentamentos reconhecidos
pelo Incra. Na firmatura do primeiro termo aditivo ao ajuste, elevou o custo anual por
famlia atendida de R$ 540,00 para R$ 796,00, a partir de 30/10/2011, em razo de ato
normativo editado pelo Incra em 29/08/2011 (norma de execuo n 00). Como o
contrato inicial fora firmado em 02/07/2011, o reajuste estaria condizente com a Lei
8.666/1993?
Alega que o INCRA que a majorao regular por corresponder ao valor mximo
prevista na nova disciplina normativa da matria.
Resposta
1. A atribuio de um novo valor para o contrato, de modo to prematuro, s seria
justificado em razo de desequilbrio econmico-financeiro da avena, o que no seria o
caso, posto no ter sido demonstrado nem pelo Incra, nem pela Fundao contratada, a
supervenincia "de fatos imprevisveis, ou previsveis porm de consequncias
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Ficha 02: Direito Administrativo
incalculveis, retardadores ou impeditivos da execuo do ajustado, ou, ainda, em caso
de fora maior, caso fortuito ou fato do prncipe, configurando lea econmica
extraordinria e extracontratual", conforme dispe o art. 65, II, 'd' da Lei n 8.666/1993.
2. ASR-Incra/SP teria utilizado indevidamente o novo teto referencial estabelecido pela
norma de execuo n 00 como se fosse espcie de tabelamento, para reajustar, de
forma automtica e injustificada, o Contrato CRT/SP/6/2008.
3. Necessidade de adoo de medidas para recomposio do errio. Acrdo n
1556/2011-Plenrio
ADMINISTRAO PBLICA
Municpio pretende cobrar ISS de sociedade de economia mista federal, pela explorao
do servio de infra-estrutura porturia. Posicione-se sobre o assunto, enfocando os
seguintes aspectos:
1. Aplicao ou no, e respectiva justificativa, do art. 173, 1, II e 2 da CF, empresa
estadual;
2. Caracterizao ou no da sociedade estadual como sociedade de economia mista anmala; 3. Conceito de atividade de explorao econmica;
4. Limites concesso do benefcio.
RESPOSTA
1. A submisso ao regime jurdico das empresas privadas, inclusive quanto s obrigaes
tributrias, justifica-se como consectrio natural do postulado da livre concorrncia (CF, art.
170, IV), se e quando empresas estatais explorarem atividade econmica em sentido estrito,
no se aplicando o art. 173, 1, s S.E.M que se qualifiquem como delegatrias de servio
pblico (Ag. Reg. No AI 551.556 SP) 2. Sociedade de economia mista anmala aquela que se caracterize inequivocamente como instrumentalidade estatal ou administrativa, cuja atividade-fim, portanto, tpico
servio pblico.
3. Atividade de explorao econmica aquela destinada a aumentar o patrimmio do
Estado ou de particulares, com foco no lucro.
4. A concesso do benefcio sempre encontra limite nos princpios da livre concorrncia e da
livre iniciativa.
(RE 253.452 SP)