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DIREITO ADMINISTRATIVO AULAS TEÓRICAS – A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O DTO. ADMINISTRATIVO Pelo conceito ADMINISTRAR , entende-se, em geral, tomar decisões e efectuar operações com vista à satisfação regular de determinadas necessidades, obtendo para o efeito os recursos mais adequados e utilizando as formas mais convenientes. No entanto, quando se fala, de ADMINSTRAÇÃO PÚBLICA , referimo-nos a todo um conjunto de necessidades colectivas cuja satisfação é assumida como tarefa fundamental pela colectividade, através de serviços por ele organizados e mantidos. CONCEITO DE A.P. Pode ser dividido em dois sentidos: 1º - SENTIDO SUBJECTIVO OU ORGÂNICO (no sentido de organização da AP) - Conjunto de órgãos, serviços e agentes do Estado e demais entidades públicas que asseguram, em nome da colectividade, a satisfação disciplinada, regular e contínua das necessidades colectivas de segurança, cultura e bem-estar. (Ex. refere-se ao conj. de entidades como o Governo, ass. públicas, autarquias locais, institutos públicos, direcções gerais, etc.) 2º - SENTIDO OBJECTIVO OU MATERIAL (no sentido de actividade da AP) - ou FUNCIONAL, compõe-se do conjunto de acções e operações desenvolvidas pelos órgãos, serviços e agentes do Estado e - 1 -

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Page 1: Direito Administrativo FDUC

DIREITO ADMINISTRATIVO

AULAS TEÓRICAS –

A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O DTO. ADMINISTRATIVO

Pelo conceito ADMINISTRAR, entende-se, em geral, tomar decisões e efectuar

operações com vista à satisfação regular de determinadas necessidades, obtendo para o efeito

os recursos mais adequados e utilizando as formas mais convenientes.

No entanto, quando se fala, de ADMINSTRAÇÃO PÚBLICA, referimo-nos a todo

um conjunto de necessidades colectivas cuja satisfação é assumida como tarefa fundamental

pela colectividade, através de serviços por ele organizados e mantidos.

CONCEITO DE A.P.

Pode ser dividido em dois sentidos:

1º - SENTIDO SUBJECTIVO OU ORGÂNICO (no sentido de organização da AP)

- Conjunto de órgãos, serviços e agentes do Estado e demais

entidades públicas que asseguram, em nome da

colectividade, a satisfação disciplinada, regular e contínua

das necessidades colectivas de segurança, cultura e bem-

estar. (Ex. refere-se ao conj. de entidades como o Governo,

ass. públicas, autarquias locais, institutos públicos,

direcções gerais, etc.)

2º - SENTIDO OBJECTIVO OU MATERIAL (no sentido de actividade da AP)

- ou FUNCIONAL, compõe-se do conjunto de acções e

operações desenvolvidas pelos órgãos, serviços e agentes do

Estado e demais entidades públicas e ainda por outras

entidades para tanto habilitadas por normas de dto. público.

(Ex. actos administrativos, regulamentos, contratos

administrativos, etc.)

Existem assim, cinco tipos de Pessoas Colectivas Públicas:

- Estado

- Autarquias Locais (Ex. Câmaras M, J. Freguesia, Ass. Freguesia e Ass. Municipal)

- Associações Públicas (Ex.AIP)

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Page 2: Direito Administrativo FDUC

- Institutos Públicos (Ex. INPI,

- Empresas Públicas (Ex. RTP)

O Estado é, no entanto, o mais importante órgão que integra a Administração, é a

chamada Administração Central. No entanto, a AP, é nos dias de hoje, um vasto conjunto de

entidades e organismos, departamentos e serviços, agentes e funcionários, ou seja,

compreende duas realidades completamente diferentes:

a) Por um lado, as pessoas colectivas públicas e os serviços colectivos públicos -

constituídas por organizações, umas dotadas de personalidade jurídica (as pessoas

colectivas públicas), outras em regra não personificadas (os serviços públicos)

b) Por outro lado, os funcionários e agentes administrativos - formada por

indivíduos, que trabalham como profissionais especializados no Serviço da

Administração), chamados normalmente de Função Pública.

É do conjunto destas duas realidades, que obtemos o denso aparelho, que existe para

actuar, sendo desta actuação que nasce a actividade administrativa, ou AP em sentido

objectivo ou material.

DISTINÇÃO ENTRE A.P. E A.PRIVADA

A AP apresenta características próprias e específicas que tornam impossível a sua

submissão aos mesmos princípios que regem a A.Privada, que advém principalmente de a AP

ser um instrumento do poder político.

Daqui advém alguns constrangimentos à AP e que a A.Privada escapa,

nomeadamente:

1) impossibilidade de modificar os objectivos estabelecidos pelo poder político para

cada organização pública;

2) restrições financeiras resultantes da falta ou insuficiência de auto-financiamento das

organizações públicas;

3) limitações legais quanto à gestão de recursos-humanos e quanto aos preços dos

serviços prestados e bens produzidos.

Assim, o principal problema emergente desta situação reside na dificuldade em

proceder à avaliação da AP, ao contrário das entidades privadas, cuja sobrevivência advém

principalmente do mercado, enquanto que as 1ªs dependem essencialmente da linhas traçadas

pelo poder político.

- 2 -

Page 3: Direito Administrativo FDUC

Poderemos concluir, que se distinguem pelo objecto sobre que incidem, pelo fim

que visam prosseguir e pelos meios que utilizam.

A. PÚBLICA A. PRIVADAQt. ao Objecto - Versa sobre necessidades

colectivas, assumidas como tarefa e responsabilidade própria da colectividade.

- Versa sobre necessidades individuais.

Qt. aos Fins - Tem necessariamente de prosseguir um interesse público.

- Tem em vista, fins pessoais ou particulares, sem vinculação.

Quanto aos Meios - A Lei permite-lhe a utilização de determinados meios de autoridade, que possibilitam às entidades e serviços públicos impor-se aos particulares sem ter de aguardar o seu consentimento, ou mesmo, fazê-lo contra a sua vontade.

- Os meios jurídicos que cada pessoa utiliza para actuar caracterizam-se pela igualdade entre partes, sendo o contrato o seu instrumento típico

QUAIS AS FORMAS TÍPICAS DA AP

- Regulamentos

- Actos Administrativos

- Contratos Administrativos

- Operações Materiais

AS FUNÇÕES DO ESTADO

- Função Política (Gov.. PR, AR)- Funções Primárias

- Função Legislativa (Gov., AR, Órgãos RA)FUNÇÕES DO ESTADO

- Função Jurisdicional (Tribunais)- Funções Secundárias

- Função Administrativa (Autarquias, EP)

Assim, convém distinguir as F. Administrativas das restantes:

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Page 4: Direito Administrativo FDUC

F. POLÍTICA F. ADMINISTRATIVAQt. ao Carácter - Carácter livre e primário, somente

limitado em algumas zonas à CRP e pertencendo aos órgãos superiores do Estado

- Carácter condicionado e secundário, estando subordinada às orientações da política e da legislação e pertencendo a órgãos subordinados e subalternos.

Qt. ao Fim - Definir o interesse geral da colectividade

- Realizar em termos concretos o interesse geral definido pela política

Qt. ao Objecto - Grandes opções que o país enfrenta ao traçar o rumo do seu destino colectivo

- Satisfação regular e contínua das necessidades colectivas de segurança, cultura e bem-estar económico e social

Qt. à Natureza - Natureza criadora - Natureza Executiva, pondo em prática as orientações a nível política

Qt. à Eleição - Directamente pelo povo - Nomeados ou eleitos por colégios eleitorais restritos (locais ou sectoriais)

Qt. ao Governo - Tem funções simultaneamente políticas e administrativasQt. à Eleição - É nomeado, mas só pode iniciar funções e manter-se nelas, se a isso não

se opuser a AR(Art. 187º e 195º CRP

DISTINÇÃO ENTRE F. LEGISLATIVA E F. ADMINISTRATIVA:

Encontra-se no mesmo plano que a função política, isto é, tem CARÁCTER

PRIMÁRIO, isto porque, a legislação define opções, objectivos, normas abstractas enquanto a

admin. pública executa aplica e põe em prática o que foi superiormente determinado

A diferença fundamental entre administração e legislação está em que a adm. pública

é uma actividade totalmente subordinada à lei “a lei é o fundamento, o critério e o limite de

toda a actividade administrativa.

DISTINÇÃO ENTRE F. JURISDICIONAL E F. ADMINISTRATIVA:

Ambas as actividades são SECUNDÁRIAS, EXECUTIVAS e SUBORDINADAS À

LEI, todavia a diferença fundamental, encontra-se em que uma julga, a outra gere. Isto é, a

JUSTIÇA, visa APLICAR A LEI A CASOS CONCRETOS, ao passo que ADM. PÚBLICA,

visa PROSSEGUIR INTERESSES GERAIS DA COLECTIVIDADE.

Por outro lado, a JUSTIÇA, está acima dos interesses, não é parte nos conflitos que

decide, a ADMIN. PÚBLICA, defende e prossegue os interesses colectivos a seu cargo, é

parte interessada.

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Page 5: Direito Administrativo FDUC

A JUSTIÇA, é assegurada por Tribunais, a ADMIN. PÚBLICA, é exercida por órgãos

e agentes hierarquicamente organizados, de modo, em que tudo o que não seja contrário à lei,

os subalternos têm dever de obediência em relação aos superiores hierárquicos.

Finalmente, há que realçar, que do Princ. da Submissão da Administração à Lei

decorre um outro Princ. da Submissão da Administração Pública aos Tribunais para

apreciação e fiscalização dos seus actos e comportamentos.

CONCLUSÃO

À luz dos conceitos acima referidos, poderemos definir AP, como:

1º - SENTIDO SUBJECTIVO OU ORGÂNICO (no sentido de organização da AP)

- Conjunto de órgãos, serviços e agentes do Estado e demais

entidades públicas que asseguram, em nome da

colectividade, a satisfação disciplinada, regular e contínua

das necessidades colectivas de segurança, cultura e bem-

estar. (Ex. refere-se ao conj. de entidades como o Governo,

ass. públicas, autarquias locais, institutos públicos,

direcções gerais, etc.)

2º - SENTIDO OBJECTIVO OU MATERIAL (no sentido de actividade da AP)

- é a actividade típica dos organismos e indivíduos que sob

a direcção ou fiscalização do poder político desempenham

em nome da colectividade a tarefa de prover à satisfação

regular e contínua das necessidades colectivas de:

segurança, cultura e bem-estar económico e social, nos

termos estabelecidos pela legislação aplicável sob o

controle dos Tribunais competentes.

Ou seja,

1) A F. Administrativa é instrumental da F. Política

2) A F. Administrativa encontra-se subordinada à F. Legislativa

3) A F. Administrativa é controlada pela F. Jurisdicional

- 5 -

Page 6: Direito Administrativo FDUC

FORMAS JURÍDICAS DA ACTIVIDADE ADMINISTRATIVA

Temos em Portugal, 4 formas tradicionalmente utilizadas:

- Regulamentos - são as decisões dos órgãos de administração que ao abrigo de normas de

dto. público, visam regular uma situação jurídica geral e abstracta. (É

unilateral)

- Actos Administrativos - (Art. 120º CPA) - são as decisões dos órgãos de administração que

ao abrigo de normas de dto. público, visam regular uma situação jurídica

concreta e individual (É unilateral)

- Contratos Administrativos - (Art. 178º/1) - Acordo de vontades pelo qual é constituída,

modificada ou extinta uma relação jurídica administrativa. (É bilateral)

- Operações Materiais -

Assim, teremos:

- Actos de Gestão Pública -

- Actos de Gestão Privada -

Recorrendo ao Dto. Comunitário encontramos outras formas, nomeadamente:

- o Serviço Público (França)

- o Procedimento Administrativo (Itália)

- a Relação Jurídico-Administrativa (Alemanha)

SISTEMAS ADMINISTRATIVOS

SISTEMA ADMINISTRATIVO - modo jurídico de organização, funcionamento e controle

da Administração Pública

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------

SISTEMA ADMINISTRATIVO TRADICIONAL - Durante a Monarquia Absoluta

vigorava o Sistema de Concentração de Poderes, onde a AP:

a) Indiferenciação das funções administrativa e jurisdicional e consequentemente,

inexistência de uma separação rigorosa entre os órgãos do poder executivo e do poder

judicial;

b) Não subordinação da AP ao Princ. da Legalidade e consequentemente insuficiência do

sistema de garantias jurídicas dos particulares face à Administração

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Page 7: Direito Administrativo FDUC

Assim, se viveu na Europa durante séculos, até ao final do período do Absolutismo (sem

separação de poderes e sem Estado de Direito), panorama este que foi profundamente

alterado, com a Rev. Inglesa (1688) e fundamentalmente com a Rev. Francesa (1789).

Após as Rev. Liberais estabelecem-se os sistemas administrativos modernos, baseados

na Separação de Poderes e no Estado de Dto., todavia, a implantação destes sistemas, segue

vias distintas em Inglaterra e em França, ou seja:

1) SISTEMA ADMINIST. TIPO BRITÂNICO OU DE ADMINISTRAÇÃO JUDICIÁRIA

2) SISTEMA ADMINIST.TIPO FRANÇÊS OU DE ADMINISTRAÇÃO EXECUTIVA

ASPECTOS COMUNS: - Separação de Poderes e Estado de Dto.

Qt. à Org. admin. - Descentralizada - CentralizadaQt. ao Controlojurisdicional da Adm.

- Tribunais Comuns (unidade jurisdição) - Tribunais Administrativos (dualidadede jurisdição

Qt. ao dto. reguladorda Administ.

- Dto. Comum (dto. Privado) - Dto. Administrativo (Dto. Público)

Qt. à Execução dasDecisões Administ.

- Depende de Sentença de Tribunal - Atribui autoridade própria a essas decisões e dispensa a intervenção prévia de qualquer Tribunal (Privilégio de Execução Prévia)

Qt. às Garantias Jurídicas dosAdministrados

- Tribunais Comuns, têm amplos poderes face à administração, que lhes fica subordinada como a generalidade dos cidadãos

- Só os Trib. Administrativos, podem anularas decisões ilegais das autoridades ou as condenem a pagar indemnizações, ficando a Administ. independente do Poder Judicial

CONCLUSÃO Vantagens: os particulares têm as mesmas garantias que o Estado

Desvantagens: perdem em relação à celeridade

Vantagens: ganham em relação à celeridade

Desvantagens: a administração é independente do poder judicial

EVOLUÇÕES DOSSISTEMAS

A evolução ocorrida no Sec. XX, veio a determinar uma aproximação relativa dos dois Sistemas, em alguns aspectos

Qt. à Org. admin. - Tornou-se mais Centralizada, devido ao grande crescimento da burocracia central, criação de vários serviços centrais do Estado, transferência de tarefas e serviços para órgãos de nível regional (antes desempenhado a nível municipal)

- Maior Descentralização, aceita a autonomia dos corpos intermédios, eleição livre dos órgãos autárquicos, diminuição dos poderes dos prefeitos, transferência de importantes funções do Estado para as regiões

Qt. ao Controlojurisdicional da Adm.

- Mantém-se quase inalterado - Mantém-se quase inalterado

Qt. ao dto. reguladorda Administ.

- Aumentou o Intervencionismo Económico, o que levou a avolumar a função de prestação de serviços, culturais, educativos, etc., o que resultou no aparecimento de inúmeras leis administrativos

- passou a actuar em diversos domínios sob a égide do dto. privado (EP a actuar nos moldes das empresas privadas, nomeadamente, no âmbito do dto. comercial) e assim, a agir nos termos de dto. civil

Qt. à Execução dasDecisões Administ.

- Surge uma nova entidade “Administrative Tribunals”, que não sendo verdadeiro Tribunal, é sim, um órgão administrativo independente

- O dto. administ. concede ao particular a possibilidade de obter dos Trib. Admin. a suspensão da eficácia das decisões

Qt. às Garantias Jurídicas dosAdministrados

- Continuam a ser globalmente superiores em relação ao francês

-

CONCLUSÃO:

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Page 8: Direito Administrativo FDUC

1) A técnica jurídica utilizada por um e o outro é diferente, pese embora, tenha havido uma significativa aproximação (organização administrativa, dto. regulador da administ. no regime da execução das decisões administrativas e no elenco de garantias jurídicas dos particulares).2) Onde, apesar de tudo, as diferenças se mantêm mais nítidas é nos tribunais a cuja fiscalização é submetida à AP (Inglaterra - Tribunais Comuns - Unidade Jurisdição, em França - Trib. Admin. - Dualidade de Jurisdição)3) A grande diferença é pois no tipo de controlo jurisdicional da administração, isto é, enquanto em Inglaterra, os litígios suscitados entre a AP e os particulares está subordinado ao “Courts of Law” representantes exclusivos de um poder judicial unitário, em França aos “Tribunaux Administratifs” órgãos de uma jurisdição especial distinta dos Trib. Comuns.4) Contudo, o facto de ambos pertencerem à UE reforça ainda mais uma linha de aproximação, poder-se-à mesmo falar que se está perante os 1ºs passos de um “dto. comum europeu”, o que terá reflexos no Dto. Administrativo dos Estados Membros da UE

O DTO. ADMINISTRATIVO COMO RAMO DO DTO.

A AP está subordinada à lei, à justiça e aos Tribunais

Para haver DTO. ADMINISTRATIVO têm de se verificar duas condições:

1º que a AP e a actividade admin. sejam regulados por normas jurídicas propriamente

ditas, isto é, por normas de carácter obrigatório;

2º que essas normas jurídicas sejam distintas daquelas que regulam as relações

privadas dos cidadãos entre si.

No entanto, a forma, como estas condições se verificam nos diversos países podem variar,

como se viu anteriormente

1 - SUBORDINAÇÃO DA AP AO DTO.

Actualmente existe um Regime de Legalidade Democrática, onde a Admin. aparece

vinculada pelo Dto., sujeita a normas jurídicas públicas e privadas, que têm como

destinatários tanto os próprios órgãos e agentes da administração, como os particulares, os

cidadãos em geral.

As FONTES de Dto. Adm. encontram-se:

1º Constituição: Art. 6º, 13º, 22º, 23º, 112º, 198º, 199º, 235º ss. e 266ª ss

2º Tratados e Convenções Internacionais

3º Actos Legislativos

4º Regulamentos

5º Princípios

- A CODIFICAÇÃO DO DA, é efectuada através do CPA

Dividido em 4 partes:

PARTE I - Princípios Gerais (Art. 1º a 12º)

PARTE II - Dos Sujeitos (Art. 13º a 53º)

PARTE III - Do Procedimento Administrativo (Art. 54º a 113º)

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Page 9: Direito Administrativo FDUC

PARTE IV - Da Actividade Administrativa (Art.º 114º a 189º)

PRÍNC. DA LEGALIDADE - Os actos adm. em sentido amplo, os agentes e órgãos da AP,

tem de se encontrar em conformidade com a lei, isto é, com a Ordem Jurídica (Art. 266º, n.º 2

CRP)

Sempre que tal não se verifique, isto é:

- Conformidade com a Ordem Jurídica – VALIDADE DOS ACTOS

- Não conformidade com a Ordem Jurídica – INVALIDADE DOS ACTOS

Existem consequências previstas para a Invalidade dos actos, como:

- Nulidade (Art. 133º CPA)

- Anulabilidade (Art. 135º CPA)

Relativamente aos particulares, vêm consagrados no CPA, meios de reacção contra

actos administrativos (Art. 158º ss)

INVALIDADE pode ocorrer de:

1) Violação de uma norma jurídica – ILEGALIDADE

2) Por contrariar um acto adm. que constituiu dtos - ILICITUDE

Consequências: Art. 133º CPA

A AP TRADUZ-SE NOS SEGUINTES ACTOS:

- Regulamentos (Art.114º a 119º CPA)

- Actos Administrativos (Art. 120º a 177º) SÃO ACTOS DA FUNÇÃO

- Contratos Administrativos (Art. 178º ss) ADMINISTRATIVA

- Operações Materiais

O QUE DISTINGUE ESTES ACTOS DOS RESTANTES:

1º São actos secundários

2º São actos investidos de exercício do poder de autoridade

- Regulamentos (Art.114º a 119º CPA), é uma acto jurídico, normativo, geral e abstracto,

unilateral, no entanto, é um acto secundário

- Actos Administrativos (Art. 120º a 177º) não é um acto jurídico, tem aplicação concreta

individual, e é unilateral

- Contratos Administrativos (Art. 178º ss) é um acto jurídico, bi ou plurilateral

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Page 10: Direito Administrativo FDUC

A AP pode também praticar actos de Gestão Privada, como qualquer particular (ex.

gestão de património e outros), mas tem limitações de ordem pública impostas pela Ordem

Jurídica (ex. poderá ter de ser autorizado pelo órgão x, ou tem de haver verba...)

RELAÇÃO DO DTO. ADMINISTRATIVO COM OUTROS RAMOS DO DTO.

CIÊNCIA - Ramo do saber, caracterizada por uma busca de conhecimento de proposições, às

quais se obtém respostas, de onde se retiram conclusões e daí regras.

CIÊNCIA DO DTO. ADMINISTRATIVO - ramo do saber que busca o conhecimento e o

estudo das normas jurídicas que compõem o dto. admin., ver a sua abrangência, ajustando-as.

CIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO - É o estudo dos fenómenos que se passam na adm.

Aqui estamos a falar de Dto. Administrativo Geral, no entanto, haverá um domínio de

Dto. Administrativo Especial ex. Dto. do Ambiente, Dto. do Urbanismo, Dto. da

Administração dos Bens, Dto. da Segurança Social, Dto. da Saúde, etc., que são sub-ramos do

Dto. Administrativo Geral

O Dto Admin. é apenas uma parcela do dto, enquanto ordem jurídica, tendo por isso

ligações com outros ramos do dto, como exemplos, temos a ligação com o Dto.

Constitucional, que é a sua principal fonte de dto., com o Dto. das Obrigações, relativamente

aos Contratos utilizados.

O Dto. Adm. não se pode autonomizar dos restantes ramos de dto, a sua utilidade

reside nos efeitos de interpretação da lei, relativamente à forma de como a norma tem assim

de ser inserida no seu contexto, de forma, a utilizar a maior coerência, além disso temos os

efeitos de integração de lacunas e a determinação dos meios jurídicos adequados para a

salvaguarda dos cidadãos.

PRINCÍPIOS DO ORDENAMENTO JURÍDICO ADMINISTRATIVO

1º PRINC. DA PROSSECUÇÃO DO INTERESSE PÚBLICO (Art. 266º/1 e Art. 4º CPA)

2º PRINC. DA JUSTIÇA (Art. 266º/2 e Art. 6º CPA)

3º PRINC. DA IMPARCIALIDADE (Art. 266º/2 e Art. 6º CPA)

4º PRINC. DA BOA-FÉ(Art. 266º/2 e Art. 6-Aº CPA)

5º PRINC. DO RESPEITO PELOS DTOS. ADQUIRIDOS (Art. 266º/1 e Art. 4º CPA)

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Page 11: Direito Administrativo FDUC

1º PRINC. DA PROSSECUÇÃO DO INTERESSE PÚBLICO (Art. 266º/1 e Art. 4º CPA)

É o princípio motor da AP, dado que esta actua, move-se e funciona para prosseguir o

interesse público, como seu único fim. Assim, a prossecução do interesse público, é efectuada

dentro de certos limites, respeitando determinados valores e definida por parâmetros.

Interesse Público – é o interesse colectivo, é o interesse geral de uma determinada

comunidade, esta noção traduz a exigência de satisfação das necessidades colectivas. Existem

dois tipos de interesse públicos, o interesse primário que é aquele cuja definição e satisfação

cabe aos órgãos governativos do Estado, no desempenho das funções política e legislativa e o

interesse secundário cuja definição é feita pelo Legislador, mas cuja satisfação cabe à AP no

desempenho da função administrativa. Ex. segurança pública, saúde, transportes colectivos,

etc.

Assim, este Princípio tem diversas consequências práticas:

1) Só a lei pode definir os Interesses Públicos a cargo da Administração, não podendo

ser a mesma a fazê-lo;

2) Em todos os casos em que a lei não defina de forma completa e exaustiva o

interesse público, compete à Administração fazê-lo dentro dos limites que a lei o

tenha definido;

3) O interesse público tem de ser definido de uma forma variável e flexível, devido à

mudança das sociedades;

4) Definido o interesse público pela lei, a sua prossecução é obrigatória;

5) O interesse público delimita a capacidade jurídica das pessoas colectivas públicas e

competência dos respectivos órgãos, é o chamado Principio da Especialidade;

6) Se um órgão da AP praticar um acto administrativo que não tenha por motivo

principalmente a prossecução do interesse público posto pela lei a seu cargo, esse

acto estará viciado por desvio de poder, sendo um acto ilegal, como tal anulável

contenciosamente;

7) A obrigação de prosseguir o interesse público exige da AP a adopção em cada caso

concreto as melhores soluções possíveis do ponto de vista administrativo, é o

chamado dever de boa administração

2º PRINC. DA JUSTIÇA (Art. 266º/2 e Art. 6º CPA)

Assim, como já se viu a AP tem de prosseguir o interesse público, que terá de ser

efectuado em obediência à lei, ou seja, de acordo com o Princípio da Legalidade , que

manda a Administração obedecer à lei, agindo no exercício das suas funções com fundamento

na lei e dentro dos limites por ela impostos, assim um qualquer acto administrativo que

tome uma orientação contrária à lei, está a ir contra o P. da Igualdade em concreto e

contra o P. da Justiça em geral.

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Page 12: Direito Administrativo FDUC

Da mesma forma, temos o Princípio do Respeito pelos Dtos. e Interesses Legítimos

dos Particulares - que obriga a Administração a não violar as situações juridicamente

protegidas dos administrados

Dentro dos limites fixados à sua acção, a AP é muitas vezes investida pela lei de uma

liberdade de decisão, que se denomina tradicionalmente por Poder Discricionário da

Administração, não é um poder arbitrário, mas sim um poder legal, jurídico, regulado e

condicionado por lei. Assim, a lei diz que este poder deve ser exercido de acordo com o P.

da Justiça já falado, o Princípio da Igualdade e com o P. da Proporcionalidade (onde os

actos devem ser proporcionados ou adequados face aos objectivos que visa atingir, limitando-

se ao necessário para salvaguardar outros direitos ou interesses constitucionalmente

protegidos)

3º PRINC. DA IMPARCIALIDADE (Art. 266º/2 e Art. 6º CPA)

Significa que a AP deve comportar-se sempre com isenção e numa atitude de

equidistância perante todos os particulares, que com ele entrem em relação, não previligiando

ninguém, nem descriminando contra ninguém. Este principio tem como corolários:

- Proibição de favoritismo ou perseguições relativamente aos particulares;

- Proibição de os órgãos da Administração tomarem decisões sobre assuntos em que

estejam pessoalmente interessados;

- Proibição de os órgãos da Administração tomarem parte ou interesse em contratos

celebrados com a Administração ou por ela aprovados ou autorizados.

4º PRINC. DA BOA-FÉ (Art. 266º/2 e Art. 6-Aº CPA)

No exercício da actividade administrativa e em todas as suas formas e fases, a AP e os

particulares devem agir e relacionar-se segundo as regras da boa-fé

5º PRINC. DO RESPEITO PELOS DTOS. ADQUIRIDOS (Art. 266º/1 e Art. 4º CPA)

Compete aos órgãos administrativos prosseguir o interesse público, no respeito pelos

direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos.

RELEVÂNCIA FUNDAMENTAL DOS PRINCÍPIOS

A principal relevância dos princípios encontra-se no domínio do exercício dos direitos

públicos, ou seja, já vimos que a AP está subordinada à lei nos termos do P. da Legalidade,

mas a verdade é que a lei não regula sempre da mesma forma os actos a praticar pela AP, ou

seja umas vezes é precisa e outra vezes é imprecisa.

Assim, vinculação e discricionaridade, são as duas formas típicas pelas quais a lei

pode modelar a actividade da AP. Assim surgem:

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Page 13: Direito Administrativo FDUC

1º Poderes Vinculados da AP - quando a lei regula todos os aspectos da acção

administrativa. A AP desempenha tarefas puramente mecânicas, até chegar a um resultado

que é o único resultado legalmente possível. Ou seja, a lei vincula totalmente a

Administração, a Administração não tem qualquer margem dentro da qual possa exercer uma

liberdade de decisão, isto é, o acto administrativo é um acto vinculado. Desta forma, trata-se

de uma manifestação do poder administrativo, porque é uma decisão unilateral que define o

direito do caso concreto, e o define em termos que são obrigatórios, quer para as autoridades

administrativas, quer para os particulares.

2º Poderes Discricionários da AP - ao contrário do anterior, aqui a lei praticamente nada

regula nos aspectos da acção administrativa. A AP fica assim com uma grande margem de

liberdade (quanto à forma) de decisão, tendo ela que decidir, segundo os critérios que em

cada caso entender mais adequados prossecução do interesse público.

Para além dos Princípios atrás referidos, terá relevância falar em mais alguns

princípios relevantes da actividade administrativa:

* DEVER DE FUNDAMENTAÇÃO (Art. 124º CPA) - devem ser fundamentados

todos os actos administrativos que preencham os requisitos do art.º mencionado. Da mesma

forma, deverão ser cumpridos os Requisitos de Fundamentação (Art. 125º CPA), que

deverá ser expressa, clara, congruente e completa. Na sua falta, sofre de invalidade por vício

de forma, tendo como consequência a anulabilidade (Art. 135º CPA), (Nota: só é possível

recorrer à anulabilidade quando da própria lei não resultar outro tipo de sanção, conforme

expressa o Art. 135º CPA)

* PRINCÍPIO DA LIVRE CONCORRÊNCIA - quem gere dinheiros públicos tem

que observar determinados procedimentos administrativos, isto é, em caso de concurso

público, terá de se proceder à escolha da proposta mais adequada à persecução do interesse

público.

* PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO (Art. 267º CRP, Art. 8º CPA) - A AP deve

assegurar a participação dos particulares na formação das decisões que lhes disserem respeito,

através da audiência dos mesmos. Relativamente à audiência e aos procedimentos a tomar por

parte da AP - Art. 100º a 105º CPA (Princípio da Audiência)

Procedimento (Art. 120º a 123º CPA)

Princípios Gerais do Acto Administrativo Fundamentação (Art. 124º a 126º CPA)

- 13 -

Page 14: Direito Administrativo FDUC

Audiência (Art. 100º a 105º CPA)

IDENTIFICAÇÃO DOS DIVERSOS TIPOS DE ACTOS

Para estudarmos o poder administrativo temos sempre de ter em conta o P. da

Separação dos Poderes - que consiste na distinção das funções do Estado e na a distinção

política dos órgãos que devem desempenhar tais funções - entendendo-se que para cada

função deva existir um órgão próprio, diferente dos demais ou um conjunto de órgãos

próprios

Numa situação prática, há que verificar os tipos de actos existentes na situação concreta,

nessa mesma verificação, terá de se ter em conta que podem existir:

- Actos Políticos

- Actos Legislativos

- Actos Jurisdicionais

e o mais importante, no estudo do Dto. Administrativo:

ACTO ADMINISTRATIVO EM SENTIDO AMPLO

- Acto Jurídico, Unilateral, Praticado por um órgão administrativo e visa a

produção de efeitos jurídicos, sobre uma situação individual num caso concreto.

CASO PRÁTICO:

ACTO 1 - O Ministro da Economia poderá conceder subsídios às empresas que criem postos

de trabalho em termos a definir pelo Governo

ACTO 2 - Ao abrigo do acto 1, determina-se que, podem solicitar subsídios as empresas que

criem mais de 10 postos de trabalho e revelem estabilidade no mercado.

ACTO 3 - O Ministro da Economia indefere o pedido da empresa X

Resolução

ACTO 1 - Estamos a falar aqui de um Acto Legislativo, dado que é uma norma que atribui

competência ao M.E. para conceder subsídios, aqui o acto tomaria a forma de Dec-

Lei.

Pode ser impugnado para o Tribunal Administrativo

ACTO 2 - É um acto secundário, nomeadamente um acto administrativo em sentido amplo,

emitido ao abrigo do Dec-Lei e exercido na base de poderes de autoridade , sendo

um acto unilateral, tem o entanto carácter geral e abstracto, vindo permitir o

desenvolvimento do Acto 1, ou seja, trata-se de um regulamento

Pode ser impugnado só em certos casos

- 14 -

Page 15: Direito Administrativo FDUC

ACTO 3 - É um acto administrativo em sentido amplo, individual e concreto, que

individualiza e determina os seus destinatários.

Pode ser impugnado só em certos casos.

NOTA: Os actos políticos e legislativos não podem ser impugnados para o T. Administrativo

ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A palavra Estado tem várias acepções, no caso do Direito Administrativo, o Estado é

uma pessoa colectiva entre muitas outras. Para efeitos do Direito Administrativo, o Estado

Administração é uma pessoa colectiva de dto. público, autónoma não confundivel com os

governantes que o dirigem nem com os funcionários que o servem, nem tão pouco com outras

entidades autónomas que o integram (Ex. se um funcionário age como sujeito privado, o que

responde pelas suas dívidas é o seu próprio património, ao invés, se age no âmbito das suas

funções e por causa desse exercício, é o património do Estado que em princípio responderá

pelas dívidas assumidas e danos verificados).

Também não se confunde Estado com outras entidades administrativas, o interesse

prático da figura Estado-Administração, reside na possibilidade de separar o Estado de outras

pessoas colectivas públicas que integram a Administração, assim, não se confunde Estado

com Regiões Autónomas, Autarquias Locais, Associações Públicas, Institutos Públicos e

EP’s, isto porque, apesar de estarem intimamente ligados, cada qual tem a sua personalidade

jurídica, património próprio, direitos e obrigações, atribuições e competências.

No Plano Internacional o Estado engloba e representa não só os seus cidadãos

nacionais, mas também as suas pessoas colectivas públicas e privadas.

No Plano Interno, o Estado não as abrange nem as representa.

Ao atribuir-se personalidade jurídica ao Estado, decorrem uma série de consequências:

1) Estabelecimento por via constitucional ou legal de órgãos do Estado (PR, AR, Gov,

Tribunais)

- 15 -

ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA

PESSOA COLECTIVA

PÚBLICAATRIBUIÇÕES

SERVIÇO PÚBLICO

ORGÃOS PODERES

(COMPETÊNCIAS)

ACTOS

ADMINISTRATIVOS

Regulamentos A. Administrativos C. Administrativos

Page 16: Direito Administrativo FDUC

2) Enumeração das atribuições do Estado por via legal ou constitucional;

3) Definição das atribuições e competências a cargo dos diversos órgãos do Estado

Assim, temos uma ORGANIZAÇÃO PÚBLICA que é um grupo humano estruturado

pelos representantes de uma comunidade com vista à satisfação de necessidades colectivas

predeterminadas desta.

A AP (sentido orgânico) é constituída, pelo conjunto das organizações públicas, cujo

n.º tem crescido, devido ao fenómeno da diferenciação da AP, ou seja, a tendência para fazer

corresponder a cada interesse colectivo uma organização especificamente destinada a

prossegui-lo.

ELEMENTOS DA AP: AS PESSOAS COLECTIVAS PÚBLICAS

A AP é integrada por três tipos de elementos:

- as pessoas colectivas públicas

- os órgãos

- os serviços públicos

As PESSOAS COLECTIVAS PÚBLICAS, são entes colectivos criados por iniciativa

pública para assegurar a prossecução necessária de interesses públicos, dispondo de poderes

públicos e estando submetidos a deveres públicos. As pessoas colectivas públicas podem ser

classificadas de mais de uma forma:

- Estado;

- Pessoas Colectivas Autónomas - reconhecidas pelo Estado enquanto formas de auto-

organização para a prossecução de interesses públicos próprios de comunidades de cidadãos;

podem ser de base territorial, como os municípios e as freguesias, ou base corporativa, como

muitas associações públicas; em conjunto, constituem a administração autónoma.

- Pessoas Colectivas Instrumentais - criadas pelo Estado para a prossecução dos fins

públicos que ao próprio Estado cumpre prosseguir - podem ter finalidade lucrativa, como as

EP’s, ou não, como os Institutos Públicos; em conjunto, constituem a administração

instrumental ou directa dos Estado.

Os ORGÃOS são centros de imputação de poderes funcionais; são eles que

manifestam a vontade imputada às pessoas colectivas públicas (Art. 2º, nº2 CPA). Estes

podem classificar-se de várias maneiras:

a) Usando com critério o número de titulares, temos os órgãos singulares e os órgãos

colegiais;

- 16 -

Page 17: Direito Administrativo FDUC

b) Com base no critério do tipo de funções exercidas, encontramos os órgãos activos

(decisórios ou executivos), os órgãos consultivos e os órgãos de controlo;

c) Com recurso ao critério de forma de designação, temos os órgãos representativos e os

órgãos não representativos.

Os Órgão Singulares, poderão ser por ex. um Ministro, um Presidente

Os Órgãos Colegiais, poderão ser por ex. AR, Governo, Câmara Municipal, estes

devido a serem integrados por diversos membros, obedecem a regras especiais para poderem

funcionar, regras estas que se encontram estabelecidas nos Art. 14º a 28º CPA

Da mesma forma, teremos de introduzir a noção de SERVIÇO PÚBLICO, que são as

estruturas organizativas encarregadas de preparar e executar as decisões dos órgãos das

pessoas colectivas públicas.

Ou seja, as Pessoas Colectivas Públicas compõem-se de SERVIÇOS PÚBLICOS,

que são os seus suportes funcionais, e de órgãos, que agem em nome delas.

Os Serviços Públicos, têm traços gerais do regime jurídico:

a) continuidade, significando que não é admissível a interrupção dos serviços

públicos (ex. requisição de grevistas);

b) Igualdade no Tratamento dos Cidadãos, considerando as condições específicas de

cada um.

As ATRIBUIÇÕES são os fins que a lei comete às pessoas colectivas públicas, que

justificam a sua existência, da mesma forma PODERES OU COMPETÊNCIAS, são os

poderes jurídicos de que os órgãos de uma pessoa colectiva pública dispõem para

prosseguirem as atribuições desta.

Falando agora da COMPETÊNCIA EM GERAL, a AP necessita de uma habilitação

legal para agir. Ao contrário dos particulares, que podem fazer o que a lei não proíbe, os

Órgãos da AP apenas podem fazer aquilo que a lei lhes impõe ou permite, isto é, somente a

lei pode fixar a competência, sendo esta inalienável e irrenunciável (Art. 29º CPA), devendo

o órgão administrativo certificar-se obrigatoriamente de que é competente para tomar certa

decisão (cfr. Art. 33º, n.º 1 CPA). A competência de um órgão é fixada de acordo com cinco

critérios: a matéria, a hierarquia, o valor, o território e o tempo. O momento da fixação da

competência é cfr. o Art. 30º, nº1 CPA.

Principais classificações de competências:

a) Quanto ao modo de atribuição - se for directamente pela Lei - tem Competência

Própria, se ao contrário for por outro órgão administrativo, a coberto de

habilitação legal, terá uma Competência Delegada;

- 17 -

Page 18: Direito Administrativo FDUC

b) Quanto à inserção da competência nas relações inter-orgânicas, terá Competência

Comum (a competência do superior hierárquico engloba a dos subordinados) e

terá Competência Exclusiva (a competência do subordinado não se inclui na do

superior hierárquico);

c) Quanto ao número de órgãos titulares, poderá ser Competência Singular e

Competência Conjunta;

d) Quanto à substância, pode ser Competência Dispositiva e Competência

Revogatória (cfr. Art. 142º, nº1 e 174º, nº1 CPA)

Exemplos

1 - A Pessoa colectiva - Município de Lisboa, tem as suas atribuições de satisfação de

necessidades públicas e tem os seus órgãos (Pres. da Câmara Municipal, Ass. Municipal) de

acordo com as suas competências. No entanto, o Pres. da Câmara, exerceu um acto que era da

competência da Câmara Municipal, desta forma houve um acto de incompetência, tornando-

se o acto anulável , no entanto, a pessoa a que eles pertencem é a mesma

2 - O Pres. da Câmara Municipal de Lisboa, exerce o poder que pertence ao Ministro (que é

um órgão da Pessoa Colectiva - Estado), este acto é inválido, estamos perante uma

incompetência porque ele ultrapassou as suas competências, ou seja, prosseguiu fins que não

eram da sua Pessoa Colectiva, cometeu-se aqui um vício de incompetência absoluta, agravado

por falta de competência.

3 - O Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, proferiu um acto que pertencia aos

Tribunais. Aqui dados os Tribunais serem órgãos jurisdicionais, este acto será inválido, com o

vício de usurpação de poder, sendo o acto considerado nulo, tendo como sanção a nulidade

A DELEGAÇÃO DE PODERES, é um sistema de descentralização do poder de

decisão numa organização pública, do ponto de vista administrativo, é o acto pelo qual um

órgão da AP normalmente competente em determinada matéria e devidamente habilitado por

lei possibilita que outro órgão ou agente pratique actos administrativos sobre a mesma

matéria (Art. 35, n.º 1 CPA).

Para poder existir delegação é indispensável que uma norma legal o permita; a lei

habilitação é a denominação que esta norma legal recebe (Art. 35º, n.º 2 CPA, contém uma

norma de habilitação geral para a prática de actos de administração ordinária no âmbito da

hierarquia administrativa

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS SOBRE A ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

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Page 19: Direito Administrativo FDUC

Encontram-se no Art. 267, n.º 1 e 2 da CRP

a) Princípio da Desburocratização - exige que os métodos de trabalho da AP evitem

diligências e formalidades inúteis e facilitem a vida aos cidadãos;

b) Princípio da Aproximação dos Serviços às Populações - recomenda, não só a instalação

física os serviços públicos em locais próximos daqueles em que se encontram os destinatários

da sua actividade, mas também que tais serviços sejam integrados nas pessoas colectivas

públicas de menor âmbito territorial compatível com a sua eficiência (P. da Subsidariedade);

c) Princípio da Participação dos Interessados na Gestão Efectiva dos Serviços Públicos -

aconselha a adopção por estes de modelos de administração participada, designadamente por

via da instituição de órgãos representativos de interesses;

d) Princípio da Descentralização Administrativa - determina que os interesses públicos que

a AP visa satisfazer num determinado país não estejam somente a cargo do Estado, mas

também de outras pessoas colectivas públicas . Para se poder falar em verdadeira

descentralização administrativa é ainda indispensável que estas pessoas colectivas públicas

tenham a sua existência constitucionalmente assegurada, disponham de órgãos eleitos, tenham

a sua esfera de atribuições garantida por lei e não estejam sujeitas a intervenções do Estado,

salvo quanto à tutela de legalidade.

É o que sucede em Portugal com as autarquias locais, resultados da descentralização de base

territorial:

- a CRP garante a sua existência e as suas atribuições (Art. 235º a 237º)

- as autarquias locais dispõem necessariamente de um órgão colegial eleito (Art. 239, nºs. 1 e

2 CRP)

- o Estado apenas exerce sobre os órgãos autárquicos tutela de legalidade (Art. 242º, nº1

CRP)

Do ponto de vista jurídico existe pois entre nós uma verdadeira descentralização

administrativa territorial. O mesmo não se pode afirmar da descentralização administrativa a

nível não territorial (também conhecida por devolução de poderes): o Estado (e as outras

pessoas colectivas de população e território) não tem o dever constitucional, nem legal, de

criar institutos públicos ou empresas públicas ou sequer, de assegurar a continuidade daquele

que hoje existem. O Estado deve orienta-se no sentido da descentralização administrativa de

base não territorial (Art. 6º, nº1 e 267º, nº2 CRP) mas a CRP, contrariamente ao que ocorre

com a descentralização de base territorial, não contém regras que a assegurem. O que não

deve causar admiração, considerando que os Institutos Públicos são pessoas colectivas

públicas instrumentais.

e) Princípio da Desconcentração - recomenda que em cada pessoa colectiva pública as

competências necessárias à prossecução das respectivas atribuições não sejam todas confiadas

aos órgãos de topo de hierarquia, mas distribuídas pelos diversos níveis de subordinados.

- 19 -

Page 20: Direito Administrativo FDUC

Esta distribuição - que tanto pode resultar directamente da lei (desconcentração originária)

como de delegação (desconcentração derivada) - não tem a sua medida regulada na CRP, o

que significa que se trata de um principio constitucional orientador da organização

administrativa pública cuja concretização se encontra, em larga medida, nas mãos do

legislador ordinário.

VALIDADE E EFICÁCIA DO ACTO ADMINISTRATIVO

Antes de se entrar nos Direitos dos Administrados, convém relembrar.

1) CARACTERÍSTICAS DO ACTO ADMINISTRATIVO: (Art. 120º CPA)

- Acto Jurídico, é uma conduta voluntária geradora de efeitos jurídicos

- Acto Unilateral, para a sua perfeição não é necessária a concorrência de qualquer outra

vontade jurídica (nunca pode ser um Contrato Administrativo)

- Actos praticados por órgãos do Estado, por outros órgãos públicos, ou eventualmente

por empresas privadas concessionárias de poder de autoridade (V. Art. 120º e 2º CPA)

- Actos sempre praticados no desempenho de uma actividade administrativa

- Visam produzir efeitos numa situação individual e concreta (nunca pode ser um

regulamento)

2) NOTAS PARA DISTIGUIR UM ACTO DA ADMINISTRAÇÃO DE UMA

SENTENÇA

1º A aplicação do Dto. ao caso concreto no Acto Administrativo no fim visa não a

aplicação do direito, mas a prossecução do interesse público, tem um carácter

instrumental, ou já é o meio, no caso da sentença visa um fim.

2º Os Actos Administrativos são revogáveis (Art. 138º ss CPA), as Sentenças uma vez

transitadas em julgado esgotaram todos os seus meios, logo são irrevogáveis.

3º Os Actos Administrativos só podem ser efectuados pelos órgãos acima indicados, as

sentenças só podem ser efectuados pelos órgãos jurisdicionais.

3) NOÇÃO DE VALIDADE É DIFERENTE DE EFICÁCIA

Validade dos Actos Jurídicos (ou invalidade) - aptidão intrínseca de um acto

administrativo para produzir os efeitos jurídicos correspondentes ao tipo legal a

que pertence, em função da sua conformidade com a ordem jurídica (se não se

verificarem em cada acto administrativo todos os requisitos de validade que a lei

exige, o acto é inválido).

Eficácia Jurídica dos Actos Administrativos - tem a ver com a efectiva produção de

efeitos jurídicos do acto (se não se verificarem todos os requisitos de eficácia que

a lei exige o acto será ineficaz).

- 20 -

Page 21: Direito Administrativo FDUC

4) REQUISITOS DE VALIDADE

a) Quanto aos sujeitos:

- competência do autor do acto (Art. 123º, nº1, alínea a) CPA)

- identificação do destinatário do acto (Art. 123º, nº1, alínea b) CPA)

b) Quanto à forma:

- observância da forma legal (Art. 122º CPA)

- cumprimento das formalidades essenciais (Art. 122 º CPA)

- quanto ao acto tácito, normalmente o silêncio da administração sobre assuntos de

interesse público - regra geral - não tem consequência jurídica, todavia, em certas

situações - a lei - atribui ao silêncio da administração determinado significado

jurídico, logo efeitos jurídicos

c) Quanto ao fim:

- exercício dos poderes discricionários só é válido quanto à finalidade desde que seja

atingido o fim que a lei atribuiu ao autor do acto administrativo a competência para o

praticar (Art. 19º LOSTA)

4) REQUISITOS DE EFICÁCIA

a) Elemento externo - A publicidade do acto, consubstanciada na respectiva publicação,

quando exigida (Arts. 130º e 131º CPA), ou na sua notificação aos interessados (Arts.

132º e 66º a 70º CPA)

b) Elemento interno - A aprovação tutelar de que o acto, eventualmente, careça e o visto

do Tribunal de Contas, quando a ele houver lugar.

5) CAUSAS OU FONTES DA INVALIDADE DO ACTO

A invalidade do acto administrativo (pode resultar da ilegalidade ou da ilícitude) é o juízo

de desvalor emitido sobre ele em resultado da sua desconformidade com a ordem jurídica, as

duas causas admitidas da invalidade são a ilegalidade e os vícios da vontade.

Ilegalidade

INVALIDADE - Erro

Vícios da Vontade - Dolo Condicionam a vontade do sujeito

- Coacção do acto administrativo

Ilegalidade - é uma consequência de se verificar um dos vícios da vontade

- 21 -

Page 22: Direito Administrativo FDUC

A Ilegalidade do acto administrativo é tradicionalmente apreciada através da

verificação dos chamados vícios do acto, modalidades típicas que tal ilegalidade pode

revestir e que historicamente assumiram o papel de limitar a impugnabilidade contenciosa dos

actos administrativos.

Assim, de seguida, enunciaremos os vícios ou causas da invalidade:

- Usurpação de Poder Vícios

- Incompetência Orgânicos

VICIOS OU CAUSAS DE INVALIDADE - Vício de Poder Vício de forma

- Desvio de Poder Vícios

- Violação da Lei Materiais

1) Vícios Orgânicos, ou seja, relativos aos sujeitos do acto administrativo, isto é, do seu

autor

- Usurpação do Poder - consiste na ofensa por um órgão da AP do P. da Separação

de Poderes, por via da prática de acto incluído nas atribuições do poder judicial ou

do poder administrativo;

- Incompetência consubstancia-se na prática por um órgão de uma pessoa colectiva

pública de um acto incluído nas atribuições de outra pessoa colectiva pública (ou de

outro ministério, no caso da pessoa colectiva Estado) - incompetência absoluta, ou na

competência de outro órgão da mesma pessoa colectiva, incompetência relativa.

2) Vícios Formais, que consiste na carência de forma legal ou na preterição de

formalidades essenciais

3) Vícios Materiais, ou seja, relativos ao objecto, ao conteúdo ou aos motivos do acto:

- Desvio de Poder - consiste no exercício de um poder discricionário só é válido

quanto à finalidade desde que seja atingido o fim que a lei atribuiu ao autor do acto

administrativo a competência para o praticar (Art. 19º LOSTA)

- Violação da Lei consiste na discrepância entre o objecto ou o conteúdo do acto e as

normas jurídicas com que estes deveriam conformar-se. Integram este vício,

nomeadamente, a falta de base legal do acto administrativo, a impossibilidade ou a

imperceptibilidade do objecto ou do conteúdo do acto e a ilegalidade dos elementos

acessórios deste.

- 22 -

Page 23: Direito Administrativo FDUC

4) Vícios da Vontade, podem gerar a invalidade do acto administrativo, na medida em

que a formação da vontade dos órgãos da AP deve ser livre, esclarecida e ponderada.

Uma vontade administrativa deformada pelo erro, pelo dolo, por coacção ou por

incapacidade acidental não é em si uma ilegalidade, mas deve, em princípio, constituir

causa de invalidade deste.

- Nulidade (Art. 133º,134º CPA, tem algumas excepções)

REGIMES DA INVALIDADE - Anulabilidade (Art. 135º CPA

- Inexistência Jurídica

A prática de um acto administrativo inválido não se encontra sempre sujeita ao mesmo

regime legal, de acordo com a gravidade da invalidade, pode ser aplicável o regime da

anulabilidade. A nulidade e a anulabilidade são modalidades da invalidade.

Regime da Nulidade Regime da Anulabilidade

- São nulos todos os actos expressos no n.º 2,

do Art. 133º CPA

- São anuláveis todos os actos para os quais a

legislação não preveja outra sanção - Art.

135º CPA

- o acto nulo é ineficaz - o acto anulável é eficaz até ser anulado

- o acto nulo não produz efeitos (no entanto,

pode acarretar consequências)

- o acto anulável produz efeitos retroactivos

até ao momento da sua prática

- a nulidade é insanável - a anulabilidade é sanável por decurso do

tempo, pelo que o acto só pode ser anulado

dentro de certos prazos (Art. 28º LEPTA)

- o acto nulo é passível de impugnação

contenciosa ilimitada no tempo

- o acto nulo é passível de impugnação

contenciosa dentro do prazo estipulado (Art.

28º LEPTA)

- Qualquer Tribunal ou órgão da AP pode

declarar a nulidade

- apenas os Tribunais Administrativos podem

anular um acto administrativo

- a sentença judicial que declare a nulidade

tem natureza declarativa

- a sentença judicial de anulação tem natureza

constitutiva

- assiste aos funcionários públicos

confrontados com um acto nulo o direito de

desobediência e aos cidadãos, em

circunstâncias idênticas, o direito fundamental

de resistência (Art. 21º CRP)

- não assistem, aos funcionários públicos o

direito de desobediência, nem aos cidadãos, o

direito resistência, uma vez que o acto goza

da chamada presunção de legalidade até ser

anulado (Art. 21º CRP)

- 23 -

Page 24: Direito Administrativo FDUC

ÂMBITO DE APLICAÇÃO

- Regime Regra, dado este ser imposto por razões de segurança e certezas jurídicas

- Regime excepcional, mas que viu o seu âmbito de aplicação substancialmente alargado pelo

Art. 133º CPA - aplica-se:

a) aos actos a que falte qualquer dos elementos essenciais;

b) aos actos para os quais uma norma legal estabeleça tal consequência - ex. os actos

previstos nas alíneas c), d) e f) do n.º 1 do Art. 88º LAL e nos Arts. 4 e 5 do Art. 2º da

Lei das Finanças Locais.

c) aos actos contidos na enumeração exemplificativa do n.º 2 do Art. 133º CPA.

O Regime da anulabilidade aplica-se a todos os restantes actos administrativos

inválidos (Art. 135 CPA).

Se, consideradas as causas de invalidade do acto, este for simultaneamente anulável

e nulo, prevalecerá o regime da nulidade

CORRESPONDÊNCIA ENTRE AS CAUSAS DA INVALIDADE E OS

RESPECTIVOS REGIMES

São designadamente nulos:

- os actos viciados de Usurpação de Poder

- os actos viciados de Incompetência Absoluta

- os actos que sofram de vício de forma, na modalidade de carência absoluta de forma legal

- os actos praticados sob coacção

- os actos de conteúdo ou objecto impossível ou ininteligível

- os actos que consubstanciem a prática de um crime

- os actos que lesem o conteúdo essencial de um direito fundamental

São designadamente anuláveis:

- os actos viciados de Incompetência Relativa

- os actos que sofram de vício de forma, na modalidade de carência relativa de forma legal e,

salvo se a lei estabelecer para o caso de nulidade, de preterição de formalidade essencial

- os actos viciados por desvio de poder

- os actos praticados por erro, dolo ou incapacidade acidental

SANAÇÃO DOS ACTOS ANULÃVEIS

- 24 -

Page 25: Direito Administrativo FDUC

A Sanação consiste na transformação de um acto anulável num acto válido - ou, pelo

menos, insusceptível de impugnação contenciosa - ditada por razões de segurança e certezas

jurídicas. Constituem causas de sanação:

a) o decurso de um prazo mais longo de interposição de recurso contencioso - é a sanação

ope legis (Art. 28º LEPTA)

b) a prática de um acto administrativo secundário (Art. 136º, n.º 1 CPA) Remissão

Efeitos da Sanação, esta somente obsta à impugnação contenciosa do acto, não

extinguindo a obrigação de indemnizar com fundamento nos prejuízos causados pelo acto.

RELAÇÃO ENTRE A VALIDADE E A EFICÁCIA

- Existem actos válidos e eficazes

- Existem actos inválidos e eficazes

- Existem actos válidos e ineficazes

- Existem actos inválidos e ineficazes

IDENTIFICAÇÃO DO ACTO DA AP

GARANTIAS DOS PARTICULARES

GARANTIAS - meios que o ordenamento jurídico põe à disposição dos particulares e que

funcionam como protecção contra os abusos e ilegalidades da AP, ou seja, são os meios

criados pela ordem jurídica com a finalidade de evitar ou sancionar quer as violações do

direito objectivo, quer as ofensas dos direitos subjectivos e dos interesses legítimos dos

particulares, pela AP

Esta definição contém em si duas classificações de garantias:

- 25 -

Identificaçãodo

Acto

Tipode

Classificação

Validadedo

ActoIdentificação

do Acto

Identificaçãodo

Acto

Anulabilidade Nulidade

Page 26: Direito Administrativo FDUC

1º as garantias preventivas e garantias repressivas - que se destinam a evitar violações

por parte da AP ou a sancioná-las, isto é, aplicar sanções em consequência das

violações cometidas

2º as garantias da legalidade ou dos particulares - dado que têm por objectivo

primordial defender a legalidade objectiva contra actos ilegais da AP, ou

defender os direitos subjectivos e os interesses legítimos dos particulares

cornam as actuações da AP que os violem. (Ex. a lei confere ao MP a

possibilidade de recorrer dos actos da AP que sejam inválidos)

Assim, muitas vezes a lei organiza a Garantia dos Particulares através de uma

Garantia de Legalidade - o recurso contencioso - que funciona na prática com a mais

importante garantia dos direitos e interesses legítimos dos particulares. Desta forma, as

GARANTIAS DOS PARTICULARES, desdobram-se em:

1) Garantia Políticas - trata-se de garantias a efectivar através dos órgãos políticos do Estado

2) Garantias Administrativas - trata-se de garantias a efectivar através dos órgãos da AP

3) Garantias Jurisdicionais - trata-se de garantias a efectivar através dos tribunais

O critério de distinção destas garantias é a do órgão a quem é confiada a efectivação

das garantias.

1) Garantia Políticas

As garantias políticas através de toda a organização democrática do Estado constitui

em si mesma uma garantia dos particulares (ex. a fiscalização da constitucionalidade das leis,

a regra de aprovação anual do Orçamento de Estado e das contas públicas, as formas de

controle parlamentar sobre a actuação do Governo, etc.). No entanto, verdadeiramente só

existem duas garantias políticas dos particulares, os chamados:

a) Direito de petição, que pode ser exercido perante qualquer órgão de soberania

(Art.52ºCRP)

b) Direito de Resistência (Art. 21º CRP)

No entanto, estas garantias não são nem suficientes, nem inteiramente seguras dado

estarem confiadas aos órgãos políticos, sendo efectivadas segundo critérios de conveniência

política.

2) Garantias Administrativas

Trata-se de garantias que se efectivam através de actuação dos próprios órgãos de

Administração activa. A ideia fundamental destas garantias baseia-se na institucionalização,

- 26 -

Page 27: Direito Administrativo FDUC

isto é, que dentro da própria administração, existam mecanismos de controle da sua

actividade, designadamente controles hierárquicos, controles tutelares e outros, os quais são

criados por lei para assegurar o respeito pela legalidade e a observância do dever de boa

administração, no entanto, serve também para assegurar o respeito pelos direitos subjectivos e

interesses legítimos dos particulares. Estas garantias são bem mais eficazes do que as

garantias políticas, no entanto não são completamente satisfatórias.

3) Garantias Jurisdicionais

Trata-se de garantias que são efectivadas através dos tribunais

PRINCIPAIS ESPÉCIES DE GARANTIAS ADMINISTRATIVAS

Dentro destas garantias administrativas dos particulares, temos de destinguir, por m

lado, aquelas que funcionam como garantias de legalidade e as que funcionam como garantia

de mérito; e por outro lado, temos que destinguir aquelas que funcionam como garantias de

tipo petitório (por meio de petição) e as que funcionam como garantias do tipo impugnatório

(por meio de impugnação). Assim termos de ver as garantia petitórias, as garantias

impugnatórias e a queixa ao Provedor de Justiça.

1) As Garantias Petitórias - Existem cinco espécies:

a) o direito de petição - consiste na faculdade de dirigir pedidos à AP para que tome

determinadas decisões ou providências que fazem falta, ou seja, na petição

não se ataca um acto que se rejeita, requer-se uma decisão que se deseja

b) o direito de representação - pressupõe-se a existência de uma decisão anterior, ou seja,

é uma figura completamente distinta da anterior direito de petição, ou seja, o

interessado vai exercer o seu direito de representação, não para que a AP

revogue ou substitua a decisão tomada, mas sim, para chamar a atenção para

as consequências da decisão e para obter do seu autor um confirmação escrita

que exclua a responsabilidade de quem vai ter de cumprir ou executar tal

decisão.

c) o direito de queixa - consiste na faculdade de promover a abertura de um processo que

culminará na aplicação de uma sanção a um agente administrativo

(apresentada uma queixa normalmente desencadeia-se um processo

disciplinar, que se tiver fundamente, culminará na aplicação de uma pena

disciplinar ao funcionário), ou seja, este é o poder disciplinar, isto é, o poder

de aplicar sanções ao agente (aqui há uma queixa não do acto, mas do agente

que o praticou).

- 27 -

Page 28: Direito Administrativo FDUC

d) o direito de denúncia - é o acto pelo qual o particular leva ao conhecimento de certa

autoridade a ocorrência de um determinado facto ou situação sobre os quais

aquela autoridade tenha, por dever de ofício, a obrigação de investigar (Ex.

quando se tem conhecimento de um crime e se faz a respectiva denúncia à

Polícia Judiciária). Há uma relação particular entre uma queixa e uma

denúncia: toda a queixa é uma denúncia, no entanto, nem todas as denúncias

são queixas, dado que pode-se denunciar uma situação irregular sem com isso

estar a querer visar determinada pessoa em particular como responsável por

essa situação.

e) o direitos de oposição administrativa - consiste numa contestação que em certos

processos administrativos os contra-interessados têm o direito de apresentar

para combater quer os pedidos formulados à administração, quer os projectos

divulgados pela administração ao público. Ou seja, são garantias petitórias,

dado que os pedidos assentam na existência de um pedido dirigido à AP para

que considere as razões do particular.

2) As Garantias Impugnatórias - são aquelas que perante um acto administrativo já

praticado, os particulares são admitidos por lei a impugnar esse acto, isto é, a atacá-lo com

determinados fundamentos, ou seja, são os meios de impugnação de actos administrativos

perante autoridades da própria AP. Existem quatro espécies:

a) a reclamação - se a impugnação é feita perante o autor do acto impugnado

a) o recurso hierárquico - se a impugnação é feita perante o superior hierárquico do autor

do acto impugnado

a) o recurso hierárquico impróprio - se a impugnação é feita perante autoridades

administrativas que não são superiores hierárquicos do autor do acto

impugnado, mas que são órgãos da mesma pessoa colectiva e que exercem

sobre o autor do acto impugnado poderes de supervisão

a) o recurso tutelar - se a impugnação é feita perante uma autoridade tutelar, isto é,

perante um órgão de outra pessoa colectiva diferente daquela cujo órgão

praticou o acto impugnado e que exerce sobre esta poderes tutelares.

De seguida vamos analisar cada um deles.

A RECLAMAÇÃO

Reclamação - meio de impugnação de um acto administrativo perante o seu próprio autor.

(Art. 161º a 165º CPA)

- 28 -

Page 29: Direito Administrativo FDUC

Assim, fundamenta-se esta garantia, em os actos administrativos poderem, em geral, ser

revogados pelo órgão que os tenha praticado, partindo-se do princípio de que quem

praticou o acto administrativo não se recusará a revê-lo e eventualmente, a revogar ou

substituir um acto por si anteriormente praticado.

Numa fase anterior, a reclamação era chamada de “reclamação necessária”, sendo

necessária, para que houvesse lugar a um recurso contencioso. Hoje temos o sistema de

“reclamação facultativa”, assente no Art. 35º, n.º 1 LEPTA, não dependendo o recurso

contencioso da reclamação, podendo o mesmo recurso ser apresentados através de

petição na secretaria do tribunal.

Acrescente-se ainda que a reclamação não interrompe nem suspende os prazos legais

de impugnação do acto administrativo, sejam eles de recurso gracioso ou de recurso

contencioso: se o particular opta por interpor uma reclamação, não pode ficar

eternamente à espera da decisão dela para só depois recorrer, tem de recorrer dentro do

prazo legal, mesmo que a decisão da reclamação ainda não tenha sido tomada ou ainda

não lhe tenha sido comunicada.

Quem pode reclamar ?

- Quem tiver interesse directo, legítimo e pessoal (Art. 160º). O interesse tem na sua essência

uma relação de alguém e um bem, ou seja alguém - que tem uma necessidade e um

bem - para satisfazer essa necessidade, ou seja, um sujeito e uma determinada relação

ou bem.

De que se pode reclamar ? Qual pode ser o objecto da reclamação ?

- De acordo, com o Art. 161º CPA, pode reclamar-se de qualquer acto administrativo, salvo

disposição em contrário (como causa de reclamação pode ser a invalidade ou a

inconveniência)

Que pedidos se podem formular numa reclamação c/ base na própria reclamação ?

- Consoante os casos, pode ser:

Revogação

Suspensão

Modificação

Substituição

Declaração de Nulidade

Declaração de Inexistência

De que não se pode reclamar ?

- Art. 161º, n.º 2 CPA

Quando se pode reclamar ?

- Art. 162º CPA., poderá ser apresentada no prazo de 15 dias (da publicação , no caso de ser

obrigatória, da notificação do acto, se a publicação não for obrigatória ou da data em

- 29 -

Page 30: Direito Administrativo FDUC

que o interessado tiver conhecimento do acto, nos restantes casos). Ainda

relativamente aos prazos, ver Art.º 71º - Prazo Geral e Art. 72º - para a contagem dos

prazos.

Se alguém reclamar, quais são os efeitos dessa reclamação em relação aos actos ?

- Convém saber 1º se do acto que se reclama, cabe ou não recurso contencioso, sendo que, em

princípio cabe recurso contencioso dos actos administrativos que sejam lesivos e que

sejam praticados por determinados órgãos e que estejam acima de determinados níveis

hierárquicos (a partir dos Directores Gerais). Art. 268º, n.º 4 CRP e Art. 25º LEPTA.

(Se couber recurso contencioso, ver Art. 26º ETAF e Art. 25º LEPTA, Ex. Se for um

acto administrativo lesivo, praticado por um Ministro, um Sec. de Estado ou uma

Câmara Municipal, por estes serem órgãos altos , cabe recurso aos Tribunais

Administrativos).

Será que nestes casos o acto suspende a sua vigência ?

- Não, porque um acto sendo aprovado produz efeitos, apesar da reclamação efectuada (Art.

163º, n.º 1 CPA)

E se do acto em causa não couber recurso contencioso ?

- Ex. se o acto for praticado por um chefe de divisão, em princípio a reclamação de um acto

que não caiba recurso contencioso tem efeito suspensivo, salvo nos casos que a lei disponha

o contrário ou quando o autor do acto considere que a sua não execução imediata causa grave

prejuízo ao interesse público - Art. 163º, n.º 1 CPA.

E se se reclamar será que o prazo do recurso contencioso se suspende ?

- Só suspende o prazo de interposição para os actos insusceptíveis de recurso contencioso,

Art. 165º CPA - Prazo para reclamação.

E se se reclamar sem legitimidade, sem ser para o órgão competente ? Ou se se

reclamar de um acto que não é susceptível de reclamação ? Que deverá ser feito ?

- Não estando reunidos os pressupostos procedimentais para a reclamação andar para a frente,

deverá ser rejeitada a reclamação ou deve indeferir-se liminarmente a reclamação, ou não

aprecia o fundo da causa. Ou seja, não se vai sequer apreciar a causa de pedido, se tem

procedência, porque o procedimento não pode passar da fase inicial - Art. 173º - Rejeição do

Recurso.

O RECURSO HIERÁRQUICO

Recurso Hierárquico - meio de impugnação de um acto administrativo praticado por um

órgão subalterno, perante o respectivo superior hierárquico, a fim de obter a revogação

ou a substituição do acto recorrido (Art. 166º CPA)

- 30 -

Page 31: Direito Administrativo FDUC

Trata-se de uma garantia graciosa dos particulares, que consiste num meio de

impugnação: é uma garantia de tipo impugnatório, que tem por objecto o acto

administrativo praticado por um órgão subalterno sujeito a dependência hierárquica, ou

seja, só há recurso hierárquico, quando existe hierarquia. A sua finalidade é obter a

revogação do acto impugnado, ou a sua substituição.

Este tem sempre uma estrutura tripartida:

a) O recorrente - que o particular que interpõe o recurso;

b) O recorrido - que é o órgão subalterno de cuja decisão se recorre, também chamado

o órgão a quo;

c) E a autoridade de recurso - que é o órgão superior para quem se recorre, ou ad

quem.

Assim, parte-se do principio de que o subalterno que praticou o acto administrativo, não

goza por lei de competência exclusiva.

De que actos se pode recorrer ? Qual pode ser o objecto do recurso ?

- Todos os actos administrativos são impugnáveis hierarquicamente, desde que a lei não

exclua tal possibilidade - Art. 166º CPA

ESPÉCIES DE RECURSOS HIERÁRQUICOS

Com base nos fundamentos do recurso hierárquico, pode ser:

de legalidade - são aqueles em que o particular pode alegar como fundamento do

recurso a ilegalidade do acto administrativo impugnado.

de mérito - são aqueles em que o particular pode alegar, como fundamento, a

inconveniência do acto impugnado.

ou mistos - são aqueles em que o particular pode alegar, simultaneamente, a

ilegalidade a inconveniência do acto impugnado.

Poderá dizer-se, que normalmente os recursos hierárquicos têm como base o carácter

misto, há, todavia, excepções a esta regra, nomeadamente, os casos em que a lei estabelece

que só é possível alegar no recurso hierárquico fundamentos de mérito, e não também

fundamentos de legalidade.

Que fundamentos se pode evocar ou que causa de pedir ?

- Quer por invalidade, quer por demérito - Art. 159º CPA

Uma outra classificação dos recursos hierárquicos é nomeadamente:

Recursos Hierárquicos Necessários

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Page 32: Direito Administrativo FDUC

Recursos Hierárquicos Facultativos

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Antes de explicar este tipo de recursos convém saber, o conceito de acto definitivo e

executório, sobretudo porque é nele que assenta a garantia do recurso contencioso, ou seja, o

direito que os particulares têm de recorrer para os tribunais administrativos contra os actos

ilegais da AP.

Assim, um acto definitivo e executório - é um acto administrativo completo, é o acto em que

a AP se manifesta plenamente como autoridade, como poder unilateral de decisão dotado do

privilégio da execução prévia, ou seja, a AP tem o poder de legitimamente definir o direito

no caso concreto de forma unilateral (auto-tutela declarativa) - função do acto definitivo,

e de impor pela força essa definição se o particular não se conformar voluntariamente

com ela (auto-tutela executiva) - função do acto executório.

Vamos assim, debruçar-nos, somente no Acto Definitivo, assim, um acto

administrativo, como já se sabe, é sempre precedido de um conjunto de formalidades, sendo o

acto administrativo o culminar de todas as referidas formalidades aos quais se chama

procedimentos administrativos. No termo destes procedimentos, a AP, pratica um acto, sendo

a este que se chama acto definitivo, num certo sentido, que se pode considerar horizontal.

Ou seja, considerando o procedimento administrativo como uma linha horizontal, em que

se vão sucedendo os vários actos e formalidades, o termo final dessa linha é o acto definitivo

em sentido horizontal.

Em segundo lugar, temos de ter presente que o órgão que pratica o acto definitivo em

sentido horizontal é um órgão da AP, situado num certo nível hierárquico: pode ser um órgão

subalterno, pode ser um órgão superior de uma hierarquia, não inserido em nenhuma

hierarquia. À luz da nossa lei, só são definitivos os actos praticados por aqueles que em cada

momento ocupam o topo de uma hierarquia. Aqui a definitividade do acto já aparece em

outro sentido, o vertical, referente ao da posição ocupada pelo órgão que pratica o acto na

estrutura hierárquica da AP.

Ou seja, o acto é verticalmente definitivo quando é praticado pelo órgão que ocupa a

posição suprema na hierarquia, isto é, um órgão cuja lei lhe confere o poder de falar em nome

da administração, conforme os Art. 26º, 40º e 51º ETAF (é lá que sabe quais os órgãos que

materialmente e horizontalmente se pode apresentar recurso).

Ex. De um acto praticado por um chefe de secção não seria permitido recurso

contencioso, porque a lei não o permite, independentemente de ele ter aprovado

um acto horizontal e materialmente definitivo.

Em terceiro lugar, há que ponderar que a nossa lei só considera actos administrativos,

cujo conteúdo não consista na definição de situações jurídicas, ou seja aqui já não se atende

nem à localização temporal do acto no procedimento, nem à localização hierárquica do autor

do acto.

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Page 33: Direito Administrativo FDUC

Desta forma, considera-se que um acto é materialmente definitivo, quando for definidor

de situações jurídicas, que criando, modificando ou extinguindo situações jurídicas.

Vamos agora, debruçar-nos, somente no Acto Executório, assim, se o acto administrativo

definitivo manifesta o poder de decisão unilateral da AP, o acto administrativo executório

manifesta o seu poder de auto-tutela executiva, ou seja, é o acto administrativo que obriga por

si e cuja execução coercitiva sem prévio recurso aos tribunais a lei permite, isto é, um acto

dotado de executoriedade - Art. 149º ss a 157º do.

O n.º 1 do Art. 149º CPA, diz-nos que os actos são executórios logo que são eficazes,

ou seja que estão reunidos todos os pressupostos necessários à sua eficácia (ex. um acto que

não é publicado não é eficaz), dado que um acto ineficaz não está apto a produção de efeitos

jurídicos, ou seja, não é executório, ou seja, não pode ser executado.

Encontramos no Art. 150º CPA, os actos não executórios.

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Assim, e como já vimos, há actos administrativos que são verticalmente definidos,

porque são praticados por autoridades de cujos actos se pode recorrer directamente para o

Tribunal Administrativo, e há actos que não sendo verticalmente definitivos, porque

praticados por autoridades de cujos actos se não pode recorrer directamente para os tribunais.

É este nomeadamente o caso dos actos praticados por subalternos (a menos que este tenha

competência exclusiva, excepção que diz que só aqui se pode recorrer directamente para o

Tribunal).

Poderemos, então concluir, que de forma a que seja possível ao particular atingir a via

contenciosa (aquela, que em última análise lhe interessa), é necessário que interponha

primeiro um recurso hierárquico do acto do subalterno, para que depois do superior

hierárquico, este possa recorrer então para o Tribunal da decisão do superior hierárquico.

Logo, por Recurso Hierárquico Necessário - entendemos, aquele que é

indispensável utilizar para se atingir um acto verticalmente definitivo do qual se possa

recorrer contenciosamente.

Por outro lado, Recurso Hierárquico Facultativo - é o que respeita a um acto

verticalmente definitivo, do qual já cabe recurso contencioso, hipótese esta em que o recurso

hierárquico é apenas uma tentativa de resolver o caso fora dos tribunais, mas sem constituir

um passo intermédio indispensável para atingir a via contenciosa, dado que aqui já existe um

acto contenciosamente recorrível, podendo o particular, se quiser, limitar-se a recorrer

contenciosamente.

REGIME JURÍDICO DO RECURSO HIERÁRQUICO

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Page 34: Direito Administrativo FDUC

Interposição de um recurso hierárquico - é sempre dirigido à autoridade “ad quem” (no

entanto, a lei permite que o mesmo seja apresentado, junto do órgão “a quo”, o qual o fará

depois seguir para a entidade “ad quem”, a fim de que esta o julgue, é o que resulta do Art.

34º a), da LEPTA, tendo assim, o recorrente dto. de escolha).

Estando perante casos, onde entre o órgão “a quo” e o órgão “ad quem” exista um n.º

maior ou menor de graus hierárquicos intermédios (ex. chefe de repartição, chefe de divisão,

director de serviços, sub-director geral, director geral, ministro), a lei permite recorrer “per

saltum” para a autoridade “ad quem” - Art. 34º, b) da LEPTA.

Prazo do recurso hierárquico - se o recurso for interposto fora do prazo, terá repercussões,

assim:

Se se tratar de recurso hierárquico necessário, Art. 168/1º CPA e Art. 34º a) da LEPTA,

em que se terá o prazo de 30 dias se outro não for especialmente fixado

Se o mesmo for interposto dentro desse prazo, o recurso contencioso que se venha depois a

interpor do acto pelo qual o superior decida o recurso hierárquico, será extemporâneo, e

consequentemente, rejeitado, por ter sido interposto fora de prazo

Se se tratar de recurso hierárquico facultativo, Art. 168/2º CPA, que diz que o mesmo deve

ser interposto dentro do prazo estabelecido para interposição de recurso contencioso do acto

em causa.

Quais os efeitos do recurso ?

- Os efeitos produzidos - Art. 170º CPA, produz um certo n.º de efeitos jurídicos,

nomeadamente o:

Efeito Suspensivo - consiste na suspensão automática da eficácia do acto recorrido,

havendo efeito suspensivo, o acto impugnado, mesmo que fosse plenamente eficaz, e até

executório, perde a sua eficácia e executoriedade, ficando suspenso até à decisão final do

recurso, só se esta for desfavorável ao recorrente, é que o acto recupera a sua eficácia plena.

No nosso dto. a regra é que os recursos hierárquicos necessários têm efeito suspensivo - Art.

170º/1 CPA, ao passo que os facultativos não o têm - Art. 170º/3 CPA

Efeito Devolutivo - consiste na atribuição ao superior da competência dispositiva,

que sem o recurso, pertence como competência própria ao subalterno. Em regra o recurso

hierárquico necessário tem efeito devolutivo, quanto ao recurso facultativo, normalmente não

o tem

Decisão do Recurso Hierárquico por acto tácito

Se for interposto o recurso hierárquico de certo acto administrativo, e a autoridade “ad

quem” não se pronunciar sobre ele no prazo normal de produção do acto tácito (em regra 90

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Page 35: Direito Administrativo FDUC

dias Art. 108º CPA) poderá considerar-se que o recurso foi negativamente decidido mediante

indeferimento tácito ?

Não há dúvidas, produz-se indeferimento tácito, dado que a administração tem o

dever de decidir (Art. 9º CRP), é o princípio da decisão, sendo que se esta não

responder no prazo de 90 dias, verificam-se os pressupostos do indeferimento tácito

(Art. 109º CPA).

No entanto, nem sempre o acto é indeferido, por vezes a lei pode considerar o

acto diferido (Art. 108º CPA), no caso por ex. do licenciamento de obras, dado que

pode haver corrupção)

Tipos de Decisão do Recurso Hierárquico

- Existem três tipos de decisões possíveis:

Rejeição do Recurso ou Indeferimento Liminar - dá-se quando o recurso não pode

ser recebido por questões de forma (falta de legitimidade, extemporaneidade, etc.),

no entanto, esta rejeição deve ser comunicada (Art. 173º CPA e Art. 34º CPA) por

meio de notificação (Art. 66º CPA), dado que existe o dever de notificar (Art. 268º

CRP), só não se fará, no caso de o particular já ter tido conhecimento por outro

meio.

Negação de Provimento - dá-se quando o julgamento do recurso, versando sobre a

questão de fundo, é desfavorável ao ponto de vista do recorrente. Equivale à

manutenção do acto recorrido.

Concessão de Provimento - dá-se quando a questão de fundo é julgada

favoravelmente ao pedido do recorrente. Pode originar a revogação ou a substituição

do acto recorrido.

O RECURSO HIERÁRQUICO IMPRÓPRIO

Recurso Hierárquico Impróprio - são recursos administrativos mediante os quais se

impugna um acto praticado por um órgão de certa pessoa colectiva pública perante outro

órgão da mesma pessoa colectiva, que, não sendo superior do primeiro, exerça sobre eles

poderes de supervisão (estes poderes consistem nos poderes de revogar, confirmar, suspender

e modificar) - Art. 176º CPA

Sempre que se esteja perante um recurso administrativo a interpor de um órgão de

uma pessoa colectiva para outro órgão da mesma pessoa colectiva, sem que entre eles haja

relação hierárquica, está-se perante um recurso hierárquico impróprio, só há recurso

hierárquico quando a lei expressamente o previr.

Ex: No plano administrativo, Ministro e Sec. de Estado estão no mesmo plano

hierárquico, existe uma posição de delegante (tem o poder de suspender a delegação, como de

- 35 -

Page 36: Direito Administrativo FDUC

revogar os actos praticados) - Art. 39º/2 e 142 - e uma posição de delegado, pode então haver

recurso para o delegante.

Quais são os fundamentos ?

- A ilegalidade ou o demérito do acto administrativo (cfr. Arts. 159º e 167, n.º 2 CPA)

Quais são as espécies ?

- O Recurso hierárquico impróprio por natureza (Art. 176º/1 CPA) e o Recurso hierárquico

impróprio por determinação de lei (Art. 176º/2 CPA)

O Recurso hierárquico impróprio tem aplicação subsidiária das regras relativas ao

recurso hierárquico (cfr. Art. 176º CPA)

. O RECURSO TUTELAR

Recurso Tutelar - é o recurso administrativo, que consiste no pedido de reapreciação de um

acto administrativo praticado por um órgão de uma entidade pública dirigido a um órgão de

outra entidade pública, que exerce sobre aquela um poder de superintendência ou de tutela

(Art. 177º, n.º 1 CPA)

Ex: É o que se passa quando a lei sujeita a recurso para o Governo certas deliberações das

câmaras municipais

O Recurso Tutelar tem natureza excepcional, só existindo quando a lei expressamente

o previr. (Art. 177º, n.º 2)

Quais são os seus fundamentos de pedir ? São a ilegalidade ou o demérito do acto

administrativo (Art. 159º e 167º, n.º 2 CPA)

A sua relação com os poderes de tutela está referida nos Art. 177º, n.º 3 e 4 CPA, tendo

natureza facultativa, em princípio (Art. 177º, n.º 2 CPA), da mesma forma, tem aplicação

subsidiária das regras relativas ao recurso hierárquico (Art. 177º, n.º 5 CPA)

QUEIXA AO PROVEDOR DE JUSTIÇA

Provedor de Justiça - alta autoridade administrativa (equivalente à categoria de ministro),

com carácter de órgão independente e órgão de administração central do Estado, designado

pela AR, que tem por função receber queixas por acções ou omissões (Art. 23º, nº1 CRP -

âmbito de actuação) dos poderes públicos, dos cidadãos, que os apreciará sem poder

decisório (dado que ele não pode revogar, nem modificar actos administrativos), dirigindo

aos órgãos competentes as recomendações necessárias para prevenir e reparar injustiças, isto

é, a sua única “arma” é a persuasão..

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Page 37: Direito Administrativo FDUC

A actividade do Provedor de Justiça é independente dos meios administrativos e

contenciosos previstos.

Os seus meios de actuação passam pelos poderes persuasórios, onde ele estuda o

caso, e existindo razões, ele dirige as recomendações às autoridades competentes (podem ser

pedidos de revogação, de substituição, a execução, etc.).

Qual a vantagem desta figura, que afinal não tem poder decisório ?

Consiste, em ser um órgão considerado como uma alta autoridade, com prestígio e

independência, podendo levar a AP a seguir as suas recomendações.

Quando estas recomendações não são seguidas , o Provedor tem dto. , quer de dar

conta desses casos através de notas oficiosas ou em conferências de empresa, denunciando

as autoridades administrativas, quer ainda de tornar pública a existência desses casos através

de um relatório anual que é objecto de publicação, e de envio, à AR, perante quem o

Provedor presta contas.

- 37 -

Page 38: Direito Administrativo FDUC

AS GARANTIAS CONTENCIOSAS OU JURISDICIONAIS

Garantias Contenciosas - representam a forma mais elevada e mais eficaz de defesa dos

dtos. subjectivos e dos interesses legítimos dos particulares, sendo as garantias que se

efectivam através da intervenção dos tribunais administrativos.

Estas garantias assentam no Princ. da Separação de Poderes: separação entre AP e

Tribunais.

O conjunto dessas garantias corresponde a um dos sentidos possíveis de expressões

jurisdição administrativa ou contencioso administrativo.

MEIOS CONTENCIOSOS

Existem meios principais (autónomos) e meios acessórios (dependentes de outros)

1 - MEIOS PRINCIPAIS

ACÇÕES ADMINISTRATIVAS RECURSOS

NOÇÃO Meio de garantia que consiste no

pedido, feito ao tribunal administrativo

competente, de uma primeira definição

do dto aplicável a um litígio entre um

particular e a AP

Meio de garantia que consiste na

impugnação, feita perante o tribunal

administrativo competente, de um acto

administrativo ou de um regulamento

ilegal, a fim de obter a respectiva

anulação

DIFERENÇAS visa resolver um litígio sobre o

qual a AP não se pronunciou

mediante um acto administrativo

definitivo, (não o tendo feito porque

não podia legalmente ou porque se

pronunciou através de um simples acto

opinativo)

visa resolver um litígio sobre o qual

a AP já tomou uma posição, através de

um acto de autoridade - acto

administrativo ou regulamento - de tal

forma, que já existe um dto. aplicável.

Foi a AP, que actuando como poder, que

definiu unilateralmente o dto aplicável

(acto definitivo)

PEDIDO EM

TRIBUNAL

PELO

PARTICULAR

O Particular vai pedir ao Tribunal,

que ele faça a 1ª definição do dto.

aplicável ao caso concreto, através de

uma sentença.

O Particular vai apenas impugnar, ou

seja contestar, a definição que foi feita

pela AP

OBJECTIVO Que o Tribunal declare o dto

aplicável no caso concreto

Recorrer da 1ª definição dada pela

AP, para se obter um 2ª , dada pelo Trib.

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Page 39: Direito Administrativo FDUC

Qual a função das Garantias Contenciosas ?

- Pode haver várias formas de análise:

1) O recurso contencioso de anulação, quando interposto por particulares que sejam titulares

de um interesse directo, pessoal e legítimo, tem uma função predominantemente subjectiva;

2) O recurso contencioso de anulação, quando interposto pelo Ministério Público ou pelos

titulares do dto. de acção popular, tem uma função predominantemente objectiva;

3) As acções administrativas, no âmbito do contencioso administrativo por atribuição, têm

uma função predominantemente subjectiva;

4) As acções administrativas, no âmbito do contencioso administrativo por atribuição, têm

uma função predominantemente subjectiva;

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Assim, Recurso Contencioso, é o meio de impugnação de um acto administrativo a fim de

obter a anulação ou a declaração de nulidade ou inexistência desse acto - Concepção

Objectivista.

A esta concepção, opõe-se outra concepção Subjectivista, o recurso é um verdadeiro

processo de partes em que o interesse da AP não se confundiria com a legalidade e o Tribunal

Administrativo seria um verdadeiro órgão do poder judicial.

Actualmente, a regulamentação do Recurso Contencioso, revela uma confluência de

elementos destas duas concepções, assim:

1) Elementos de índole objectivista:

a) Recurso interpõe-se contra o órgão autor do acto e não contra a pessoa colectiva (Art.

36º, n.º 1, al.c) LEPTA)

b) Resposta ao recurso é assinada pelo autor do acto e não pelo advogado (Art. 26º, n.º 2

LEPTA)

c) O órgão recorrido é obrigado a remeter todo o processo ao Tribunal, inclusivamente, os

elementos que lhe forem desfavoráveis (Art. 46º, n.º 1 LEPTA)

d) Não existem sentenças condenatórias

2) Elementos de índole subjectivista:

a) Poderes processuais do órgão recorrido (Art. 26º, n.º 1 LEPTA)

b) Garantia contra a lesão de dtos. subjectivos e interesses legítimos através do recurso

contencioso (Art. 268º, n.º 4 CRP)

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Page 40: Direito Administrativo FDUC

2 - ELEMENTOS DO RECURSO CONTENCIOSO

1) Sujeitos

a) Recorrente

b) Recorrido (ou autoridade recorrida)

c) Contra-Interessados (ou recorridos particulares ou demais recorridos)

d) Ministério Público

e) Tribunal

2) Objecto - o objecto de recurso é um acto administrativo

3) O Pedido - o pedido de recurso é sempre a anulação ou declaração de nulidade ou

declaração de inexistência do acto recorrido. Não é possível pedir qualquer outra coisa. É

pois, o meio contencioso de mera legalidade e não de jurisdição plena.

4) Causa de Pedir - invalidade do acto recorrido

3 - PRINCIPAIS PODERES DOS SUJEITOS SOBRE O OBJECTO DO PROCESSO

1) Recorrente

a) Desistir

b) Pedir a ampliação ou substituição do processo, quando seja proferido acto expresso

na pendência de recurso de acto tácito (Art. 51º, n.º 1 LEPTA)

2) Do órgão Recorrido

- Princípio Geral do Art. 26º LEPTA

3) Ministério Público

a) Arguir vícios não invocados pelo recorrente (Art. 27º, al. d) LEPTA)

b) Requerer o prosseguimento do recurso em caso de desistência do recorrente (Art.

27º, al.e) LEPTA)

c) Suscitar questões que obstem ao conhecimento do objecto de recurso (Art. 54º, n.º

1 LEPTA)

4) Tribunal

a) Fazer prosseguir o recurso quando o acto seu objecto tenha sido revogado, com

eficácia, meramente extintiva (Art. 48º LEPTA)

b) Determinar a apensação de processos (Art. 39º LEPTA)

4 - PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS (Condições de Interposição de Rec. Contencioso)

A) Competência do Tribunal - o principal factor que determina a competência dos

Tribunais Administrativos no âmbitos dos recursos contenciosos, é a categoria do autor do

acto recorrido. A partir de 1996, passou a existir um Tribunal Central Administrativo, que no

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Page 41: Direito Administrativo FDUC

âmbito do recurso contencioso, possui competências especializadas em função da matéria, nas

questões relativas ao funcionalismo público.

1) Competência do STA - Supremo Tribunal Administrativo (Art. 26º, n.º 1, al. c)

ETAF)

2) Competência do TCA - Tribunal Central Administrativo (Art. 40º, al. b) ETAF)

3) Competência do TAC - Tribunal Administrativos de Círculo (Art. 51º, n.º 1, al. a) a

d.2) ETAF)

Determinação da Competência Territorial (Art. 52º ETAF)

Regime da Incompetência do Tribunal (Art. 4º LEPTA)

Nota: o conhecimento da competência do Tribunal é de ordem pública e precede o de outra

matéria

B) A legitimidade das partes

Por remissão em cadeia, dos Art. 5º ETAF e 2º LEPTA as regras relativas à

legitimidade processual, continuam a constar dos Arts. 46º RSTA e 821º CA.

Nota: Legitimidade Processual é uma posição das partes em relação ao objecto do processo,

posição tal que justifica que possam ocupar-se em juízo desse objecto.

1) Legitimidade Activa

O recorrente é o titular do interesse directo, pessoal e legítimo.

O interessado é aquele que pode e espera obter um benefício com a

destruição dos efeitos do acto recorrido, esse interesse é directo, quando se

repercute imediatamente, pessoal, quando tal repercussão ocorre na esfera

jurídica do próprio recorrente e legítima quando é valorado positivamente

pela ordem jurídica enquanto interesse do recorrente.

O MP pode recorrer no âmbito da acção pública (Art. 219º, n.º 1 CRP. 69º

ETAF e 27ª LEPTA).

Nota: Mais recentemente a CRP, no n.º 3, do Art. 52º, alargou o âmbito da acção popular, que

foi concretizada, através do Cap. 3, da L. 83/95 de 31.08. Acção Popular passa com esta lei a

abranger a acção popular civil e a acção procedimental administrativa, podendo esta última,

servir-se, tanto da via do recurso contencioso, como da via da acção administrativa

(Art.12º/1). A legitimidade activa pertence a qualquer cidadão, às associações e fundações

que tenham como propósito a defesa dos interesses expressos no Art. 2º.

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2) Legitimidade Passiva

O recurso interpõe-se sempre contra o órgão que foi o autor do acto que se

recorre, é a autoridade recorrida. Os contra-interessados são aquelas pessoas titulares

do interesse na manutenção do acto recorrido, interesse portanto, oposto ao do

recorrente. São os demais recorridos a que se refere o Art. 49º LEPTA ou os

interessados a quem o provimento de recurso possa directamente prejudicar, Art. 36º,

nº1, al.b) da LEPTA

C) Cumulações e Coligações

Art. 38º LEPTA, têm ambas carácter facultativo, tendo como limites a competência

do Tribunal e a forma de processo.

Cumulação - refere-se aos pedidos (podem cumular-se pedidos de impugnação de

actos interdependentes ou conexos)

Coligação - refere-se aos recorrentes (podem coligar-se os recorrentes que

pretendam impugnar o mesmo acto ou com os mesmos fundamentos, actos contidos

num mesmo instrumento)

D) Recorribílidade do Acto

Tradicionalmente, o Art. 25º, n.º 1 LEPTA, sustentava que só poderia ser interposto

recurso dos actos administrativos definitivos e executórios, todavia havia algumas excepções,

isto é, admitia-se a recorribilidade de actos não executórios que apesar disso tivessem sido

executados, etc.

Actualmente, o Art. 268º, n.º 4 CRP, já não faz referência a actos definitivos e

executórios, admitindo portanto, que se possa recorrer de actos que não satisfaçam as

exigências do Art. 25º, nº1 LEPTA (definitivos e executórios) impondo, contudo, que tenham

esses actos como característica, a lesão de dtos. subjectivos ou interesses legítimos.

Existe no entanto, uma grande polémica entre estes dois art.º

E) Oportunidade do Recurso

É um pressuposto processual exclusivo dos actos anuláveis , visto que, os actos nulos

podem ser impugnados a todo o tempo (Art. 134º, n.º 2 CPA).

Os prazos de recurso (Art. 28º LEPTA), regra geral, o recurso contencioso tem de

ser interposto dentro de um certo prazo, sem o que, será rejeitado por extemporâneo ou

inoportuno. Isto porque, a anulabilidade, tem de ser invocada perante o Tribunal competente

dentro de um certo prazo, sob pena, de se produzir a sanação do acto.

O momento a partir do qual se começa a contar o prazo para o recurso contencioso, é

no caso dos actos expressos (Art. 29ºLEPTA)

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Page 43: Direito Administrativo FDUC

No caso da publicação ou notificação serem insuficientes (requisitos da publicação ou

notificação, para que sejam considerados suficientes, 1) autor do acto, 2) no caso de

delegação ou subdelegação de poderes, em que qualidade o autor decidiu e qual ou quais os

actos de delegação ao abrigos dos quais decidiu, 3) a data da decisão, 4) o sentido da decisão

e os respectivos fundamentos) - Art. 31º , n.º 1 LEPTA

Se o interessado, usar desta faculdade, o prazo só começará a contar, conforme o

disposto no Art. 31º, n.º 2 LEPTA.

Modo de Contagem dos Prazos. Natureza do Prazo de Recurso Contencioso -

Quanto à natureza:

Prazos Substantivos - Prazo para o exercício de um dto., contam-se nos termos do Art.

279º CC (contam-se Sábados, Domingos e feriados) ex: Prazo

substantivo de 2 meses, que comece a 15 de Janº acaba a 15 de

Março.

Prazos Processuais - Prazo para o funcionamento dos tribunais ou administração, onde

só se contam os dias úteis.

Recursos Urgentes (DL 134/98, Art. 3º, n.º 2 e Artº 4, n.º 4)

F) Patrocínio Judiciário - , ou seja, é obrigatória a constituição de advogado nos processos

administrativos (Art. 5º LEPTA)

G) Pagamento de Preparos (Art. 41º LEPTA)

H) Marcha do Processo

1) O processo é desencadeado por uma Petição (Art. 35º LEPTA)

2) Requisitos da Petição (Art. 36º LEPTA)

3) Análise pelo Juiz relator do processo (Art. 40º LEPTA)

4) O recorrente terá de efectuar o pagamento do preparo (Art. 41º LEPTA)

5) Procedimentos seguintes (Art. 42ºss LEPTA)

6) Notificada para responder a autoridade recorrida, pode optar por uma de três atitudes:

a) responde suscitando a validade do acto recorrido, b) responde limitando-se a oferecer

o merecimento dos autos, c) não responde, tal não importa a confissão dos factos

articulados pelo recorrente, todavia, o Tribunal aprecia livremente essa conduta, o que na

prática resulta, que a não resposta equivale à confissão (Art. 50º LEPTA)

7) Com a resposta ou contestação, dentro do respectivo prazo, a autoridade recorrida é

obrigada a remeter o proc. administrativo em que foi praticado o acto (Art. 46º LEPTA)

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8) A AP, pode dar resposta negativa, mantendo a sua posição, ou pode dar o seu próprio

acto como errado, revogando a sua decisão, tendo que o fazer até ao prazo para resposta

(Art. 47º LEPTA - conjugado com Art. 141º CPA).

9) Proferida a decisão (Art. 106º CPA)

Caso exista interesse, após a decisão ser proferida, a mesma pode ser posta em causa, através

do Art. 102º LEPTA, desde que o prazo para recurso não tenha já decorrido, se o mesmo já

houver decorrido, este transita em julgado.

Às decisões do STA, é dada a devida publicidade nos termos do Art. 16º e 58º da LEPTA.

A Sentença é o acto final do processo (designa-se acórdão, se provier de um Tribunal

colectivo) assim, se o recorrente não tem razão o tribunal nega provimento ao recurso, se o

recorrente tem razão concede provimento ao recurso, tendo duas hipóteses:

a) Acto recorrido é anulável e o tribunal anula-o;

b) Acto recorrido é nulo ou inexistente e o tribunal declara a sua nulidade ou

inexistência

I) EXECUÇÃO DAS DECISÕES JURISDICIONAIS

A lei aplicável, de acordo com o Art. 95º LEPTA, das decisões jurisdicionais

transitadas em julgado, são os Art. 5º ss do DL 256-A/77.

Executar - é reconstituir a situação hipotética real actual , isto é, a AP tomar todas as

medidas e actos por forma a que a situação inicial seja reposta para o recorrente. A questão

coloca-se fundamentalmente quando tal é impossível de ser realizado,

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1 - AS ACÇÕES NO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO

A AP surge despojada dos seus poderes de autoridade (o poder de decisão unilateral e

de autotutela executiva)

Acção é o meio adequado para pedir ao Trib. Administrativo uma definição de dto.

aplicável ao caso concreto, nos casos em que, não podendo a AP proceder a tal definição

unilateralmente, através da prática de um acto administrativo, não existe objecto para o

recurso contencioso.

Há um Princípio de que nenhum cidadão poderá ficar desprotegido e sem meio legal

expresso (Art. 268º, n.º 4 CRP)

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1.1 - ESPÉCIES DE ACÇÕES

1) Acções sobre contratos administrativos

2) Acções sobre responsabilidade extracontratual da administração

3) Acções para reconhecimento de dtos. e interesses legítimos

4) Acções para determinação de um acto administrativo legalmente devido

1) Acções sobre contratos administrativos :

Âmbito: Art. 9º ETAF e 186º, n.º 1 CPA

Pressupostos Processuais:

- Tribunal competente - TAC (Art. 51º, nº1, al. g) ETAF)

- Competência territorial - (Art. 55º, n.º 2 ETAF)

- Legitimidade - somente os contraentes podem ser partes (Art. 825º CA)

- Oportunidade - não estão sujeitas a prazo de caducidade (Art. 71º, n.º 1 LEPTA)

Tramitação:

- Forma Ordinária (Art. 72º, n.º 1 LEPTA)

Existem 4 modalidades:

a) Acção sobre interpretação dos Contratos Administrativos - visam obter uma

sentença declarativa do Trib. que esclareça o sentido ou alcance das cláusulas

contratuais

b) Acção sobre validade dos Contratos Administrativos- visam obter do Trib. uma

sentença constitutiva que anule um contrato administrativo anulável ou uma sentença

declarativa que declare a nulidade ou a inexistência de um contrato administrativo

nulo ou inexistente (pode acontecer que o Tribunal se pronuncie pela validade)

c) Acção sobre Execução dos Contratos Administrativos - visam obter uma

sentença condenatória do Trib. que condene a administração ou o contraente particular

a executar integralmente o acordo celebrado ou se pronuncie sobre quaisquer outros

aspectos relativos à execução do contrato.

d) Acção sobre responsabilidade contratual - visam obter uma sentença condenatória

do Trib. que condene a administração ou o contraente particular a pagar à outra parte

uma indemnização pelo não cumprimento total ou parcial de um contrato

administrativo

2) Acções sobre responsabilidade extracontratual da administração

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Âmbito: Art. 22º e 271º CRP e DL 48 051

Pressupostos Processuais:

- Tribunal competente - TAC (Art. 51º, nº1, al. h) ETAF)

- Competência territorial - (Art. 55º, n.º 1 ETAF)

- Legitimidade - estas acções têm como autores as vítimas do dano e como réus os

causadores do mesmo (Art. 824º CA), podem ser propostas contra pessoa colectiva

pública, contra os órgãos e agentes desta ou contra uma e outros

- Oportunidade - estão sujeitas a prazo de caducidade, de 3 anos (Art. 71º, n.º 2 LEPTA)

Tramitação:

- Forma Ordinária (Art. 72º, n.º 1 LEPTA)

O Art. 51º, n.º 1, al b) ETAF, veio alargar o seu âmbito por forma a incluir nos Tribunais

Administrativos três tipos de acções:

a) Acções intentadas contra a própria Administração (Estado ou outras pessoas

colectivas públicas) - no contexto da responsabilidade por actos de gestão pública

b) Acções intentadas contra os órgãos e agentes da Adm. a título pessoal - por

prejuízos decorrentes de actos de gestão pública, pelos quais eles sejam

individualmente responsáveis

c) Acção de regresso - da pessoa colectiva pública contra os seus órgãos ou agentes

também no âmbito de responsabilidade por actos de gestão pública

3) Acções para reconhecimento de dtos. e interesses legítimos

???????????????????- Estas acções têm carácter residual, isto é, a sua utilização limita-se

apenas ao casos em que o recurso contencioso e os demais meios processuais se revelem

insuficientes para assegurar aquela protecção efectiva

Âmbito: Art. 268º, n.º 5 CRP

Pressupostos Processuais:

- Tribunal competente - TAC (Art. 51º, nº1, al. f) ETAF)

- Legitimidade activa - podem ser propostas por quem evocar a titularidade do dto. ou

interesse legítimo (Art. 69, n.º 1 LEPTA)

- Legitimidade passiva - pertence ao órgão contra qual o pedido é dirigido (Art. 70, n.º 1

LEPTA)

- Oportunidade - podem ser propostas a todo o tempo

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4) Acções para determinação de um acto administrativo legalmente devido

Âmbito: Art. 268º, n.º 4 CRP (dado que foi introduzido pela revisão de 1997) - é uma

norma exequível por si só, a falta de lei ordinária, não impede o exercício desta garantia, por

força do Art. 18º, n.º 1 da CRP

Pressupostos Processuais:

- Especificidade própria destas acções é a omissão de um acto legalmente devido

- Tribunal competente - TAC

- Legitimidade activa - todas as pessoas que teriam legitimidade se o acto legalmente

devido tivesse sido praticado (titulares de interesse directo, pessoal e legítimo) e ainda o

MP e os titulares de dto. de acção popular.

- Legitimidade passiva - o órgão que devia ter praticado o acto

- Tramitação - uma vez que não há lei ordinária. com as necessárias adaptações deve-se

seguir a forma ordinária (como sucede com as acções administrativas sobre contratos e

responsabilidade - Art. 72, n.º 1 LEPTA)

MEIOS CONTENCIOSOS

Existem meios principais (autónomos) e meios acessórios (dependentes de outros)

(Art. 268º , n.º 4 CRP - P. da tutela jurisdicional efectiva)

1 - MEIOS ACESSÓRIOS OU PROVIDÊNCIAS CAUTELARES OU ATÍPICAS

1 - Suspensão da Eficácia dos Actos Administrativos

O instituto da suspensão da eficácia dos actos administrativos, vem regulada nos Arts. 76º

a 81º da LEPTA

Razão de ser deste Instituto - a lei confere aos particulares que recorram ou tencionem

recorrer de um acto administrativo definitivo e executório, perante um tribunal administrativo

o dto. de pedirem ao juiz a suspensão da eficácia do acto uma vez verificados certos

requisitos cumulativos (Art. 76º , n.º 1 LEPTA).

Se o tribunal decretar a suspensão, significa que o acto administrativo não produz

quaisquer efeitos, enquanto não for tomada uma decisão, isto porque, em Portugal a AP goza

do privilégio de execução prévio e o recurso contencioso de anulação não tem efeito

suspensivo.

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Noção - meio processual acessório pelo qual o particular pede ao tribunal (Art. 77º

LEPTA) que ordene a ineficácia temporária de um acto administrativo, de que se interpôs ou

irá interpor recurso contencioso de anulação, a fim de evitar os prejuízos que para o particular

adviriam da execução imediata da acção.

Espécies: o particular, de acordo com o Art. 77º, n.º 1 LEPTA, tem duas possibilidades à

escolha:

a) Suspensão em Simultâneo - interessado pede a suspensão da eficácia do acto

administrativo no momento em que recorre (feito em requerimento próprio);

b) Pedido Antecipado - em momento anterior ao do recurso.

Isto porque, havendo dois meses para recorrer (regra geral, Art. 28º, n.º 1, al. a)

LEPTA), o particular pode nisso ter vantagem.

O Tribunal competente para a suspensão é o mesmo que é competente para o Recurso

(Art. 77º, n.º 1 LEPTA)

A suspensão caduca, caso o requerente não interponha acção no prazo fixado para o

recurso (Art. 79º, n.º 3 LEPTA)

Uma vez decretada a suspensão, ela mantém-se até ao trânsito em julgado da decisão

do recurso contencioso (Art. 79º, n.º 2 LEPTA)

Em caso de Suspensão Provisória (Art. 80º LEPTA)

Outros meios processuais e acessórios

Vêm previstos , no Art. 51º, n.º 1, al. m), o) e p) do ETAF, bem como, Art. 82º a 94º da

LEPTA, todos da competência dos Tribunais Administrativos de Círculo

2 - Pedidos de Intimação para Consulta de Documentos ou Passagem de Certidões

Este instituto, vem regulado nos Arts. 82º a 85º da LEPTA

Pressupostos Processuais

Tribunal Competente - estes pedidos só podem ser apresentados nos TACírculo (Art.

51º, n.º 1, al. m) ETAF).

Legitimidade Activa - estes pedidos só podem ser apresentados por aqueles que

pretendem utilizar meios administrativos ou contenciosos contra uma entidade pública

(Art. 82º, n.º 1 LEPTA).

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Page 49: Direito Administrativo FDUC

Oportunidade - o pedido tem de ser apresentado no prazo de 1 mês, após o decurso do

prazo referido no n.º 1, do Art. 82º da LEPTA (Art. 82º, n.º 2 LEPTA)

Pressuposto processual específico - ver Art. 82º, n.º 1 LEPTA)

Tramitação - o pedido de intimação é tramitado como processo urgente (Art. 6º

LEPTA)

Efeitos da Apresentação do Pedido - suspensão do prazo que o interessado tem para

interpor recurso hierárquico ou contencioso (ver Art. 85º LEPTA).

Efeitos de incumprimento da intimação - o incumprimento faz incorrer o seu

responsável em responsabilidade civil disciplinar e criminal, nos termos do Art. 84º,

n.º 2 LEPTA).

3 - Pedidos de Intimação para um Comportamento

Este instituto, vem regulado nos Arts. 86º a 91º da LEPTA

Pressupostos Processuais

Tribunal Competente - estes pedidos só podem ser apresentados nos TACírculo (Art.

51º, n.º 1, al. o) ETAF).

Legitimidade Activa - estes pedidos podem ser apresentados por qualquer pessoa a

cujos interesses a violação de normas de Dto. Administrativo, cause ofensa digna de

tutela jurisdicional e ainda pelo MP (Art. 86º, n.º 1 LEPTA)

Legitimidade Passiva - constitui especialidade única deste meio processual a

circunstância de não poder ser utilizado contra entidades públicas (como é regra para

os restantes meios processuais), mas apenas contra entidades privadas ou

concessionários (Art. 86º, n.º 1 LEPTA), todavia, esta limitação deixou de fazer

qualquer sentido após a consagração constitucional das acções para a determinação de

um acto administrativo legalmente devido

Oportunidade - este pedido pode ser apresentado ao tribunal administrativo previamente

ou na pendência dos meios contenciosos adequados (Art. 86º, n.º 2 LEPTA)

Pressuposto processual específico positivo - a violação efectiva ou o fundado receio de

violação de normas de dtos. administrativo por parte de particulares ou

concessionárias da AP (Art. 86º, n.º 1 LEPTA)

Pressuposto processual específico negativo - é indispensável que os interesses para que

se pretende obter tutela não sejam susceptíveis de ser garantidos através da suspensão

jurisdicional da eficácia (Art. 86º, n.º 3 LEPTA)

Tramitação - o pedido de intimação é tramitado como processo urgente (Art. 6º

LEPTA)

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Page 50: Direito Administrativo FDUC

Efeitos da Apresentação do Pedido - o não cumprimento da intimação, sujeita cada um

dos seus responsáveis a uma medida compulsória consubstanciada no pagamento de

uma multa por cada dia de mora (Art. 88º, n.º 3 LEPTA). Tal como acontece com o

pedido de suspensão de eficácia o pedido também caduca, entre outras circunstâncias

se o interessado, não utilizar o meio processual adequado à tutela dos seus interesses,

dentro do prazo previsto, não havendo prazo previsto, dentro de 1 mês ou outro fixado

pelo juiz (Art. 90º, n.º 1, al. a) e 88º, n.º 2 LEPTA)

4 - Produção Antecipada da Prova

Este instituto, vem regulado nos Arts. 92º a 94º da LEPTA

Razão de Ser - entende-se antecipada relativamente à fase do processo em que devia

acontecer, isto porque, devido à lenta marcha da justiça, pode haver um receio fundado, que o

decurso do tempo faça inutilizar os meios destinados a fazer prova de certos factos. (Ex.

prova testemunhal)

Pressupostos Processuais

Tribunal Competente - estes pedidos tanto podem ser apresentados no STA, se o

processo estiver pendente neste tribunal (Art. 26º, n.º 1, al. o) ETAF), como nos

TCAdm., se o processo estiver pendente neste tribunal (Art. 40º, al. h) ETAF), como

ainda nos TACírculo, se o processo estiver pendente num destes tribunais ou a

instaurar em qualquer tribunal administrativo (Art. 51º, n.º 1, al. p) ETAF)

Pressuposto processual específico - a produção antecipada da prova está condicionada à

demonstração pelo requerente de que existe o justo receio de que esta venha a tornar-

se impossível ou muito difícil de obter (Art. 92º LEPTA)

Tramitação - o pedido de intimação é tramitado como processo urgente (Art. 6º

LEPTA)

5 - Medidas Provisórias

Este instituto, vem regulado no DL 134/98 de 15 de Maio, pelo n.º 2 do Art. 2º, encontrando-

se regulada, no Art. 5º do mesmo diploma legal (o CPA, no Art. 84º e 85º também regula

medidas provisórias , contudo, são de natureza administrativa, nada tendo a ver com as

presentes)

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Objecto e Requisitos do Deferimento do Pedido - através destas medidas provisórias

podem requerer-se providências destinadas a corrigir ilegalidades de que o procedimento

contratual enferme ou em pedir a produção de maiores prejuízos. O Trib. administrativo, não

pode deferir o pedido da medida provisória quando tendo em conta os interesses em

confronto, concluir que as consequências negativas para o interesse público excedem os

benefícios a obter pelo requerente (Art. 5º, n.º 4)

Pressupostos Processuais

Tribunal Competente - é o mesmo do recurso (Art. 5, n.º 4)

Oportunidade - são pedidas em requerimento próprio apresentado juntamente com a

petição do recurso (Art. 2º, n.º 2)

Tramitação - o processo pela sua natureza cautelar, tem carácter urgente (Art. 5º, n.º 4),

este carácter determina a obrigação de apresentar o requerimento com os respectivos

meios de prova (Art. 5º, n.º 1) e o encurtamento dos prazos (Art. 5º n.º 2 e 3), quanto

às lacunas de regulamentação, aplica-se subsidiariamente as disposições da LEPTA

relativas à suspensão jurisdicional da eficácia dos actos administrativos (Art. 5º, n.º 6)

6 - Providências Cautelares não Especificadas

Este instituto, vem regulado nos Art. 381º CPCivil

Pressupostos Processuais

Tribunal Competente - estes pedidos deverão ser apresentados nos TACírculo, na falta

de lei, dada a sua natureza, deverá recorrer-se à regra relativa aos pedidos de

intimação.

Legitimidade Activa - estes pedidos podem ser propostos por quem mostre fundado

receio que outrem cause lesão grave e dificilmente reparável do seu dto. (Art. 381º, n.º

1 do CPC)

Legitimidade Passiva - estes pedidos devem ser dirigidos contra o órgão da

administração do qual provenha ameaça de lesão.

Pressuposto processual específico - estes pedidos tem carácter subsidiário, isto é, só são

admissíveis quando a lesão que se vise prevenir não possa ser evitada por um dos

procedimentos cautelares consagrados no contencioso administrativo (Art. 381º, n.º 3

do CPC)

Tramitação - os pedidos têm carácter urgente (Art. 382º, n.º 1 do CPC)

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